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Roteiro

1. Caracterização da atividade
a. Resíduos de Serviço de Saúde coletados
b. Funcionamento do equipamento: Autoclave
c. Geração de efluente
2. Caracterização do efluente gerado
a. Apresentação das análises laboratoriais
b. Caracterização do Sulfeto de Hidrogênio
3. Proposta para Tratamento do Efluente
3.1. Redução de DBO
a. Referencial teórico
b. Análise laboratorial
3.2. Adequação do Sulfeto de Hidrogênio
a. Referencial teórico
b. Descrição dos testes de bancada
c. Análise laboratorial
3.3. Design da Estação de Tratamento do Efluente
3.3.1. Tanque séptico
a. Referencial teórico
b. Descrição e dimensionamento
3.3.2. Clorador
a. Descrição e dimensionamento
3.3.3. Decantador
a. Descrição e dimensionamento
1. CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE

O Consórcio Público para o Tratamento e Destinação Final Adequada


de Resíduos Sólidos da Região Doce Oeste do Estado do Espírito Santo –
Condoeste é uma associação pública que opera coleta, tratamento e
destinação final adequada de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)
para os municípios consorciados.

A coleta é realizada em veículos coletores do tipo furgão de 15 m³ de


capacidade e devidamente licenciados (INSERIR LICENÇAS) em rotas
previamente estabelecidas para atender a todos os participantes do
Consórcio.

Os resíduos coletados são aqueles pertencentes as classes A1, A2, A4 e


E.

Depois de tratados os RSS são considerados rejeitos (conforme


parágrafo único do artigo 43 – RDC/Anvisa Nº. 222/2018) e são
encaminhados para aterro sanitário devidamente licenciado.

O tratamento dispensado aos resíduos coletados é a esterilização. O


equipamento utilizado para esse fim é uma autoclave (INSERIR
LICENÇA) especificamente preparada para esterilização de resíduos de
serviços de saúde.

O princípio de funcionamento da autoclave é a exposição do material


a ser esterilizado ao vapor úmido em pressões e temperaturas
conhecidas por determinado intervalo de tempo. O vapor é obtido
através de uma caldeira. A ação combinada de temperatura, pressão
e umidade promovem a termo coagulação e desnaturação de
proteínas enzimáticas e estruturais do microrganismo causando sua
morte. Cientificamente a esterilização começa a ocorrer acima de
121ºC em pressões a partir de 1,1 kgf/cm².

A eficiência dos ciclos de esterilização é atestada com o uso de


indicadores físicos, biológicos de leitura rápida e de indicadores
integradores químicos.

Os indicadores físicos são os parâmetros operacionais do equipamento:


pressão, temperatura e tempo de ciclo. A autoclave operacionalizada
pelo Condoeste é habilitada para temperatura mínima de esterilização
de 135º C e sua pressão de trabalho se situa entre 3,0 ~ 3,2 kgf/cm². O
controle automatizado é programado para 15 minutos de esterilização
atingidas as condições anteriormente especificadas.

Todos os ciclos são antecedidos pela aplicação de pressões negativas


(vácuo) para a eliminação de ar e perfeito assentamento do vapor em
todo o volume do material a ser tratado e procedidos de secagem a
vácuo antes da abertura da autoclave e finalização do ciclo. As
pressões de vácuo aplicadas se situam entre – 0,4 ~ -0,5 kgf/cm².

A duração média dos ciclos com todas as fases – vácuo, admissão de


vapor, esterilização e secagem é de 45 minutos, podendo se estender a
1 hora de acordo com as condições de carga e clima.

Os indicadores biológicos são constituídos por caldo nutriente e esporos


secos de Geobacillus Stearothermophilus. Os fracos são submetidos,
juntamente com os RSS, ao processo de autoclavagem e só são
destruídos se a temperatura mínima de esterilização for atingida e
mantida por 15 minutos.

A avaliação da eficiência do ciclo fica completa com o uso de


indicadores químicos. O Condoeste utiliza os indicadores tipo V,
conhecidos como Integradores Químicos. É uma tira de papel que
contém em sua base um reativo multiparamétrico. O Integrador,
portanto, reage a uma combinação de fatores (e não apenas um
único fator) e denuncia a qualidade do ciclo em um a escala que vai
de rejeitado a aceito.

1.1. Caracterização do equipamento

Marca: Fhaizer Industrial


Produto: Autoclave
Tipo: Horizontal
Modelo: Esterilização de RSS
Volume do reservatório: 3,5 m³
Data de fabricação: 08/2012
Nº. de série: SBAL – 3,5/515 – 2012
PMTA: - 0,60 kgf/cm²/ + 03,99 kgf/cm²
PPH: 05,19 kff/cm²
Dispositivo de Pnegativa: Bomba de vácuo de anel líquido
Material de fabricação: Costado e Tampos ASTM – A – 36
Temp. Projeto: 160,0 ºC
Categoria NR – 13: IV
Grupo Potencial de Risco: 4
Classe de fluído: C
Norma: ASME VIII – Div. I – Ed. 2004
Peso Líquido: 1368 kg

1.2. Geração de Efluentes

A geração de efluentes no processo de autoclavagem ocorre pelo


funcionamento da bomba de pressão negativa e pela própria
eliminação de condensado realizada pelo sistema de purga da
autoclave.
1.2.1. Bomba de vácuo de anel líquido

A bomba de vácuo utiliza a tecnologia de anel líquido para seu


funcionamento. O rotor é montado com pás ligadas a um cubo central
e montado, por meio de um eixo, no interior de um corpo cilíndrico oco.
O eixo é montado de forma excêntrica na câmara de bombeamento e
essa é preenchida a pouco mais da metade com água. O rotor, ao
girar, faz com que a água a girar contra o corpo da bomba – o anel
líquido. A diferença de pressão gerada entre as pás que estão imersas
no líquido e as que estão fora do mesmo e a distanciado corpo da
bomba é responsável pela extração de gases/vapor do interior da
autoclave e sua expulsão com uma pequena quantidade do líquido
selante pela extremidade oposta.

A bomba utilizada na autoclave do Condoeste é a Omel BVM/II –


120/46. Operacionalizada sem recirculação de água – como é o caso,
o consumo de água deste equipamento, de acordo com o catálogo
do próprio fabricante, pode chegar a 250 l/h.
1.2.2. Autoclave

A autoclave admite vapor superaquecido e, à medida que ocorre


contato desse vapor com as paredes do equipamento e com o
material em esterilização, se torna condensado e precisa ser retirado do
interior da autoclave.

Para a correta realização da purga é empregado um purgador


termodinâmico. Trata-se de uma válvula automática que drena o
condensado e mantém o vapor útil dentro da autoclave. Ele é formado
por canais internos e um disco que abre e fecha de acordo com as
variações termodinâmicas do vapor.

O condensado recolhido é conduzido por meio de tubulações ao


interior da autoclave e levado a um recipiente metálico para que tenha
contato com alta temperatura – garantindo sua esterilização. O
condensado eventualmente se vaporiza no interior deste recipiente,
portanto, a eliminação de efluentes da autoclave ocorre em grandes
quantidades de vapor e em pequenas quantidades em fase líquida.
Nas tubulações esse vapor se condensa.

2. CARACTERIZAÇÃO DO EFLUENTE

Atualmente o centro operacional do Condoeste conta com um tanque


séptico onde são recolhidos os efluentes provenientes da bomba de
pressão negativa e os efluentes gerados pela purga da autoclave. O
efluente resultante é coletado por empresa ambientalmente licenciada
para tratamento e destinação final adequada.

Com o objetivo de determinar a melhor tecnologia para tratamento dos


efluentes gerados pela atividade de esterilização de Resíduos de
Serviços de Saúde foi solicitado a CIMAA – Centro Integrado de
Monitoramento Ambiental e Analítico uma análise completa do
efluentes gerados, bem como, do efluente resultante no tanque
séptico.

A legislação adotada foi a Resolução Conama 430 de 13 de maio de


2011 que estabelece os padrões para lançamento de efluentes.

Nas próximas seções serão fornecidas tabelas dos parâmetros


avaliados, seus resultados e o comparativo com o que estabelece a
Resolução adotada. Demais dados referentes a metodologia – como
incertezas de medição, métodos de referência e datas de análise etc
podem ser verificados nos laudos anexos.
2.1. Bomba de pressão negativa

Os resultados para a análise do efluente da bomba de vácuo foram os


seguintes

Análise Unidade Resultado Conama 430/11


Ph - 7,10 5-9
Temperatura ºC 123,00 40,00
Sólidos Sedimentáveis ml/L <0,10 1,00
Vazão m³/h 0,20 -
Óleos e Graxas Vegetais e mg/L <5,00 50,00
Gorduras Animais
Óleos e Graxas Minerais mg/L 6,00 20,00
Materiais Flutuantes mg/L Ausente Ausente
DBO5 mg/L 146,64 NA
DQO mg/L 4.109,86 NA
Arsênio Total mg/L <0,005 0,50
Bário Total mg/L 0,02 5,00
Boro Total mg/L <0,10 5,00
Cádmio Total mg/L <0,001 0,20
Chumbo Total mg/L <0,005 0,50
Cianeto Total mg/L <0,002 1,00
Cianeto Livre mg/L <0,002 0,20
Cobre Solúvel ou Dissolvido mg/L <0,005 1,00
Cromo Trivalente mg/L <0,025 1,00
Cromo Hexavalente mg/L <0,025 0,10
Estanho Total mg/L <0,005 4,00
Ferro Solúvel ou Dissolvido mg/L 0,25 15,00
Fluoreto mg/L 2,32 10,00
Manganês Solúvel ou mg/L <0,067 1,00
Dissolvido
Mercúrio Total mg/L <0,0002 0,01
Níquel Total mg/L <0,005 2,00
Nitrogênio Amoniacal mg/L 2,72 20,00
Prata Total mg/L <0,005 0,10
Selênio Total mg/L <0,005 0,30
Sulfeto de Hidrogênio mg/L <0,01 1,00
Zinco Total mg/L 0,22 5,00
Benzeno mg/L <0,001 1,20
Clorofórmio mg/L 0,16 1,00
Dicloroeteno mg/L <0,001 1,00
Estireno mg/L 0,01 0,07
Etilbenzeno mg/L <0,001 0,84
Fenóis Totais mg/L 0,09 0,50
Tetracloreto de Carbono mg/L <0,001 1,00
Tricloroeteno mg/L <0,001 1,00
Tolueno mg/L <0,001 1,20
Xilenos Totais mg/L <0,001 1,60
2.1.2. Saída da Autoclave

Análise Unidade Resultado Conama 430/11


Ph - 7,20 5-9
Temperatura ºC 26,00 40,00
Sólidos Sedimentáveis ml/L 0,30 1,00
Vazão m³/h - -
Óleos e Graxas Vegetais e mg/L 47,20 50,00
Gorduras Animais
Óleos e Graxas Minerais mg/L <5,00 20,00
Materiais Flutuantes mg/L Ausente Ausente
DBO5 mg/L 820,00 NA
DQO mg/L 2.279,51 NA
Arsênio Total mg/L <0,01 0,50
Bário Total mg/L 0,02 5,00
Boro Total mg/L <0,01 5,00
Cádmio Total mg/L <0,001 0,20
Chumbo Total mg/L <0,005 0,50
Cianeto Total mg/L <0,002 1,00
Cianeto Livre mg/L <0,002 0,20
Cobre Solúvel ou Dissolvido mg/L <0,005 1,00
Cromo Trivalente mg/L <0,025 1,00
Cromo Hexavalente mg/L <0,025 0,10
Estanho Total mg/L <0,01 4,00
Ferro Solúvel ou Dissolvido mg/L <0,20 15,00
Fluoreto mg/L <0,004 10,00
Manganês Solúvel ou mg/L <0,067 1,00
Dissolvido
Mercúrio Total mg/L <0,0002 0,01
Níquel Total mg/L <0,01 2,00
Nitrogênio Amoniacal mg/L 5,32 20,00
Prata Total mg/L <0,01 0,10
Selênio Total mg/L <0,01 0,30
Sulfeto de Hidrogênio mg/L 4,40 1,00
Zinco Total mg/L 0,38 5,00
Benzeno mg/L <0,001 1,20
Clorofórmio mg/L <0,002 1,00
Dicloroeteno mg/L <0,002 1,00
Estireno mg/L <0,002 0,07
Etilbenzeno mg/L <0,001 0,84
Fenóis Totais mg/L 0,17 0,50
Tetracloreto de Carbono mg/L <0,001 1,00
Tricloroeteno mg/L <1,00 1,00
Tolueno mg/L <0,001 1,20
Xilenos Totais mg/L <0,002 1,60

2.1.3. Tanque Séptico

Análise Unidade Resultado Conama 430/11


Ph - 5,20 5-9
Temperatura ºC 37,00 40,00
Sólidos Sedimentáveis ml/L <0,10 1,00
Vazão m³/h - -
Óleos e Graxas Vegetais e mg/L <5,00 50,00
Gorduras Animais
Óleos e Graxas Minerais mg/L 11,00 20,00
Materiais Flutuantes mg/L Ausente Ausente
DBO5 mg/L 300,75 NA
DQO mg/L 947,51 NA
Arsênio Total mg/L <0,01 0,50
Bário Total mg/L 0,03 5,00
Boro Total mg/L <0,01 5,00
Cádmio Total mg/L <0,001 0,20
Chumbo Total mg/L <0,005 0,50
Cianeto Total mg/L <0,002 1,00
Cianeto Livre mg/L <0,002 0,20
Cobre Solúvel ou Dissolvido mg/L <0,005 1,00
Cromo Trivalente mg/L <0,025 1,00
Cromo Hexavalente mg/L <0,025 0,10
Estanho Total mg/L <0,01 4,00
Ferro Solúvel ou Dissolvido mg/L <0,20 15,00
Fluoreto mg/L 0,92 10,00
Manganês Solúvel ou mg/L <0,067 1,00
Dissolvido
Mercúrio Total mg/L <0,0002 0,01
Níquel Total mg/L <0,01 2,00
Nitrogênio Amoniacal mg/L 2,64 20,00
Prata Total mg/L <0,01 0,10
Selênio Total mg/L <0,01 0,30
Sulfeto de Hidrogênio mg/L 9,80 1,00
Zinco Total mg/L 0,36 5,00
Benzeno mg/L <0,001 1,20
Clorofórmio mg/L <0,002 1,00
Dicloroeteno mg/L <0,002 1,00
Estireno mg/L <0,002 0,07
Etilbenzeno mg/L <0,001 0,84
Fenóis Totais mg/L 0,12 0,50
Tetracloreto de Carbono mg/L <0,001 1,00
Tricloroeteno mg/L <1,00 1,00
Tolueno mg/L <0,001 1,20
Xilenos Totais mg/L <0,002 1,60

2.1.4. CONCLUSÃO INICIAL

Nos três pontos coletados a maioria absoluta dos parâmetros analisados


encontra-se abaixo dos valores mínimos de quantificação. Verifica-se
também que a maioria absoluta dos parâmetros está dentro dos limites
preconizados pela Resolução Conama 430/2011.

O grande destaque é a concentração fora do valor normatizado de


sulfeto de hidrogênio nas amostras retiradas do tanque séptico e da
saída da purga da autoclave. Na saída do sistema de purga do
equipamento a concentração foi de 4,4 mg/L, enquanto no tanque
séptico foi de 9,8 mg/L. A Resolução Conama estabelece uma
concentração aceitável de 1,0 mg/L
2.2. O Sulfeto de Hidrogênio

O gás sulfídrico é um gás incolor, solúvel em água e possui um cheiro


característico de “ovo podre”. É altamente tóxico aos seres humanos,
porque se combina com o ferro do citocromo e outros compostos
essenciais que contêm ferro na célula.

Dissolvido em água passa a se chamar ácido sulfídrico. O


H2S dissolvido em água comporta-se como um ácido inorgânico fraco,
formado pela ionização do H2S em água.
Dentre os processos industriais e urbanos que podem produzir sulfeto de
hidrogênio estão: (i) tratamento de águas residuais; (ii) processamento
de alimentos; (iii) refino de petróleo e gás natural; (iv) indústrias
petroquímicas; (v) curtumes; (vi) fabricação de celulose e papel; (vii) e
os processos de compostagem (SHAREEFDEEN, 2009; AROCA, 2007).
Em condições, geralmente anaeróbicas, os micro-organismos
decompõem o enxofre orgânico encontrado nas proteínas dos seres
vivos (aminoácidos, cisteína e metionina), transformando em sulfeto de
hidrogênio (GARCIA JR, 1989).

A bibliografia consultada, portanto, é unânime em apontar que o


sulfeto de hidrogênio surge de maneira natural em tratamentos
anaeróbios de efluentes (sanitários ou industriais). Como o efluente da
autoclave do Condoeste encontra-se armazenado em um tanque
fechado, a tendência é a decomposição anaeróbia dos compostos
orgânicos presentes no mesmo e o respectivo aumento da
concentração do sulfeto de hidrogênio.

3. PROPOSTA PARA O TRATAMENTO DE EFLUENTES

Introdução

Com a realização das análises laboratoriais ficou patente que é


imprescindível uma tecnologia para a diminuição/remoção do Sulfeto
de Hidrogênio para que o efluente final seja considerado enquadrado
nos limites estabelecidos pela Resolução Conama 430/2011.

Além do devido tratamento do Sulfeto de Hidrogênio é importante


cumprir a exigência contida na Resolução Nº. 430/2011 de redução de,
minimamente, 60% de Demanda Bioquímica de Oxigênio antes do
lançamento do efluente.

3.1. Tratamento do Sulfeto de Hidrogênio

Existem diferentes maneiras de tratar o sulfeto de hidrogênio. As duas


formas mais conhecidas são a adsorção e a oxidação.

Cavalcanti (2012) descreve a adsorção como um “processo de


separação de substâncias orgânicas e inorgânicas que estão em
solução sobre uma interface entre um líquido e um sólido”.

Para a adsorção o elemento mais utilizado é o carvão ativado. A


grande área superficial interna desenvolvida durante a ativação,
formada por milhões de micro, meso e macroporos é a responsável pela
poderosa capacidade de adsorção do carvão ativado.
Vários compostos inorgânicos (sulfetos, nitrogênio e metais pesados)
podem ser removidos por filtração em carvão ativado (Cavalcanti,
2012).

Outra alternativa para a remoção de sulfeto de hidrogênio é a


oxidação.

Em Fundamentos da Oxidação Química no Tratamento de Efluentes e


Remediação de Solos (2004), Wilson F. Jardim e Maria Cristina Canela
escrevem “sob uma ótica mais ampliada, a do tratamento de efluentes
e remediação de solos contaminados, a oxidação química e uma
forma de transformar moléculas altamente indesejáveis em outras
moléculas menos tóxicas, para que estas possam ser assimiladas de
modo mais harmonioso nos ciclos da natureza”.

Na esteira dos tratamentos oxidantes, o cloro surge como um dos


agentes mais conhecidos.

Cavalcanti (2012) esclarece que “quando o cloro é adicionado,


substâncias facilmente oxidáveis como Fe², Mn², H2S e matéria orgânica
reagem reduzindo a maior parte destas substâncias ao íon cloreto”.

3.1.1. Testes

Foram conduzidos testes de bancada a fim de determinar a eficácia


práticas das hipóteses para remoção do sulfeto de hidrogênio
encontradas na bibliografia.

O ponto de partida de todos os testes é o efluente contido no tanque


séptico, local de maior concentração de sulfeto de hidrogênio.
Os testes realizados foram os seguintes:

1. Filtragem com carvão ativado.


2. Cloração.
3. Filtragem com carvão ativado mais cloração.

Para os testes com carvão foram utilizadas duas velas de carvão


ativado simples precedidas de elemento filtrante cerâmico. Para os
testes envolvendo cloração foi aplicada solução diluída de hipoclorito
de cálcio, Ca(ClO)2, com 65% de cloro ativo. A dosagem, de 500 g/m³,
foi aplicada em excesso para garantir a ocorrência total da reação,
apenas para fins amostrais.

Para fins comparativos, uma amostra do efluente do tanque séptico foi


usada para determinar exclusivamente a concentração de sulfeto de
hidrogênio que estava sendo tratada nos testes.
Os resultados obtidos estão representados na tabela abaixo.

PROCESSO CONCENTRAÇÃO
Tanque Séptico 9,49 mg/L
Filtragem 2,61 mg/L
Cloração Menor que 0,005 mg/L
Filtragem + Cloração Menor que 0,005 mg/L

Os laudos demonstraram a capacidade do carvão ativado e do cloro


em remover o sulfeto de hidrogênio. Todavia, o cloro, em dosagem
adequada, é capaz de realizar sozinho essa tarefa.
3.2. Redução de DBO

A Demanda Bioquímica de Oxigênio é a mensuração laboratorial da


quantidade de oxigênio necessária para a metabolização aeróbica do
efluente (Cavalcanti, 2012). Esse é um parâmetro de grande
importância para medir o impacto ambiental do efluente em um corpo
hídrico, por exemplo. Efluentes com DBO elevada reduzem o oxigênio
disponível para espécies aquáticas.

A Resolução Conama 430/2011 estabelece redução de 60% de DBO do


efluente.

No caso da atividade em análise, esse requisito já é cumprido no


próprio tanque séptico, como demonstram os laudos.

LOCAL CONCENTRAÇÃO
Saída do sistema de purga da 820,00 mg/L
autoclave
Tanque Séptico 300,75 mg/L

Cálculo da redução de DBO


Redução % = (Conc. do tanque – Conc. da purga) / Conc. da purga
Redução % = (820,00 – 300,75)/820,00 = - 63,32%.
4. DESIGN DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO

Com base nos estudos realizados, o Condoeste propõe uma estação de


tratamento de efluente industrial composta pelos seguintes elementos:

1. Caixa de Gordura
2. Tanque Séptico
3. Misturador
4. Tanque de decantação
5. Sumidouro

4.1. Tanque Séptico

Os tanques ou fossas sépticas consistem em unidades de escoamento


horizontal e contínuo que realizam a separação de sólidos leves e
pesados, decompondo-os a partir de processos anaeróbios. Num
tanque séptico não ocorre a decomposição aeróbia e somente ocorre
a decomposição anaeróbia devido à ausência quase total de oxigênio.

Este mecanismo funciona a partir da remoção de materiais flutuantes,


que por serem mais leves, tendem a permanecer em suspensão no
efluente, próximos a superfície do tanque e, também, dos materiais
sólidos, que por serem mais pesados, acabam se depositando no fundo
da unidade.

Os materiais flutuantes, podem ser constituídos de óleos, graxas e


materiais leves e formam um material chamado de Escuma, na
superfície do tanque. Já o material depositado no fundo do tanque,
chamado de lodo de fundo, é constituído de sólidos orgânicos e
tendem a sedimentação por serem mais pesados.

O material que ficou retido no fundo do tanque irá sofrer decomposição


através da ação de bactérias anaeróbias. Devido a decomposição, a
quantidade de matéria orgânica será reduzida, de forma que o volume
de lodo depositado no fundo do tanque também reduzirá e ocupará
menos espaço.

A eficiência é de 40 – 70% na remoção de DQO (Demanda Química de


Oxigênio/DBO Demanda Biológica de Oxigênio) e 50 – 80% na remoção
de TSS (Teor de Sólidos em Suspensão) dependendo da carga orgânica
e hidráulica, geometria dos tanques, temperatura e condições de
operação.
A capacidade de redução de DBO do tanque séptico instalado na
planta operacional do Condoeste se encontra dentro das faixas
apontadas pela literatura especializada.

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