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FACULDADE DE ENGENHARIAS, ARQUITETURA E URBANISMO E

GEOGRAFIA

MARCOS PAULO SOUZA DA SILVA

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO

CAMPO GRANDE

Junho de 2018.
FACULDADE DE ENGENHARIAS, ARQUITETURA E URBANISMO E
GEOGRAFIA

MARCOS PAULO SOUZA DA SILVA

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO

Relatório Final apresentado à disciplina de Estágio Obrigatório


do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul, Faculdade de Engenharias, Arquitetura e
Urbanismo e Geografia, como requisito parcial para obtenção do
título de graduado em Engenharia Elétrica.

Professor Orientador: Paulo Irineu Koltermann

CAMPO GRANDE

Junho de 2018
Dr. MARCELO AUGUSTO SANTOS TURINE

Reitor

Dr. ROBERT SCHIAVETO DE SOUZA

Diretor da FAENG

Drª LUCIANA CAMBRAIA LEITE

Coordenadora de Curso

Dr. VALMIR MACHADO PEREIRA

Coordenador da COE

___________________________________

Assinatura

HENRIQUE FERREIRA DA SILVA COLOMBELLI

Supervisor do Estágio

___________________________________

Assinatura

PAULO IRINEU KOLTERMANN

Orientador do Estágio

____________________________________

Assinatura

MARCOS PAULO SOUZA DA SILVA

Estagiário
RESUMO

O presente relatório visa apresentar as atividades realizadas e os conhecimentos


adquiridos durante o período de estagio supervisionado realizado na empresa Engetec Medical,
empresa prestadora de serviços de Engenharia Clínica, por meio de contrato ou por demanda,
a hospitais e clinicas residentes em Campo Grande. A Engenharia Clinica é um ramo da
engenharia biomédica que possui foco na gestão do parque tecnológico de hospitais, realizando
planos de manutenções preventivas e corretivas, testes de calibrações, bem como consultorias
para adequação a normas vigentes na área da saúde.

As atividades executadas no estágio compreenderam, primeiramente, o


acompanhamento na criação de planos de manutenções e na organização da prioridade dada a
cada equipamento, visto que existem aparelhos que são de vital importância para o
funcionamento do hospital e que não podem ter seu funcionamento interrompido por muito
tempo. Posteriormente, foi feita a apresentação e a explicação, por parte do supervisor, do
funcionamento de uma grande diversidade de aparelhos hospitalares e, ainda, fora mostrado
como cada um destes equipamentos era essencial aos processos de tratamento do paciente,
como também aos procedimentos realizados dentro do hospital.

Finalmente, foi acompanhado e desempenhado de forma supervisionada correções em


equipamentos hospitalares, tais como mesas cirúrgicas, bisturis eletrônicos, desfibriladores,
arcos cirúrgicos, fontes de luz, dentre muitos outros. À vista disso, pretende-se expor os detalhes
do estudo e da execução dos planos de manutenção, mostrando a importância dos mesmos para
os processos clínicos-hospitalares.

Palavras – chave: estágio, engenharia clínica, plano de manutenções, equipamentos


hospitalares.
SOBRE A EMPRESA

Empresa: ENGETEC MEDICAL LTDA - ME

Endereço: R. João Pedro de Souza, nº 561, Bairro Monte Libano, CEP: 79004-680, Campo
Grande – MS

CNPJ: 26.813.651/0001-94

Fone: (67) 3028-3838.

Ramo Empresarial: Engenharia Clínica.

Principais Atividades: Empresa responsável pelo serviço de engenharia clínica de grandes


hospitais de Campo Grande, tais como Clinica Geral de Campo Grande (Hospital do Coração),
KZT, Hospital Adventista do Pênfigo, Hospital Santa Marina, dentre outros hospitais e clínicas
do município.

A companhia é formada por diversos engenheiros que já atuam no ramo da saúde por
longa data, contendo experiência: na gestão do parque de equipamentos hospitalares; em
serviços técnicos especializados; no conhecimento das melhores tecnologias a serem adquiridas
pelos hospitais; e na realização de treinamentos aos funcionários da unidade de saúde, de forma
a adequá-los aos procedimentos do hospital e às normas vigentes da área.

Figura 1 – Serviços desempenhados pela companhia

Fonte: site da empresa.

Grupo de Funcionários: a equipe de trabalho é composta por 9 pessoas, dentre estas, 4


engenheiros, 2 técnicos, 2 estagiários e 1 gestor de marketing.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Serviços desempenhados pela companhia................................................................ 5


Figura 2 – Software Genesis e sua visão inicial. ..................................................................... 18
Figura 3 – Plano de Manutenções do Hospital analisado. ...................................................... 19
Figura 4 – Bisturi eletrônico. ................................................................................................... 21
Figura 5 – Desfibrilador .......................................................................................................... 21
Figura 6 – Foco Cirúrgico ....................................................................................................... 22
Figura 7 – A Mesa Cirúrgica e os possíveis movimentos descritos ......................................... 22
Figura 8 – Bomba de perfusão rotativa ................................................................................... 23
Figura 9 – Monitor multiparâmetro ......................................................................................... 24
Figura 10 – Ventilador Pulmonar, monitor de configuração dos parâmetros. ....................... 24
Figura 11 – Oxímetro de dedo ................................................................................................. 25
Figura 12 – Esfigmomanômetro aneroide manual .................................................................. 25
Figura 13 – Autoclave .............................................................................................................. 26
Figura 14 – Osmose Reversa.................................................................................................... 27
Figura 15 – Seladora realizando selagem de papel grau cirúrgico ........................................ 28
Figura 16 – Termohigrômetro em calibração .......................................................................... 29
Figura 17 – Termômetro Padrão com calibração RBC utilizado ............................................ 30
Figura 18 – Centrífuga em bancada para realização da calibração ...................................... 31
Figura 19 – Tacômetro padrão com calibração RBC .............................................................. 31
Figura 20 – Manômetro padrão e manômetro aguardando calibração, respectivamente. ..... 31
Figura 21 – Analisador de segurança elétrica ......................................................................... 32
Figura 22 – Aparelho executando rotina para medição das correntes de fuga ...................... 33
Figura 23 – Manutenção preventiva em equipamentos de uma sala de cirurgia .................... 34
Figura 24 – Destaque para o filtro de saída do circuito de ventilação ................................... 35
Figura 25 – Ventilador pulmonar e circuito de ventilação acoplados ao equipamento .......... 35
Figura 26 – Circuito de ventilação de um ventilador pulmonar .............................................. 36
Figura 27 – Identificação do vazamento na mangueira de silicone ........................................ 36
Figura 28 – Aspirador Cirurgico aberto para verificação ...................................................... 37
Figura 29 – Entendendo o funcionamento e analisando as causas do problema .................... 37
Figura 30 – Explicação do funcionamento do Concentrador de O2 ........................................ 37
LISTA DE SIGLAS

ISO Organização Internacional de normalização


EAS Estabelecimento de Assistência à Saúde.

ONA Organização Nacional de Acreditação

EC Engenharia Clinica

ANVISA Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

PGAQS Programa de Garantia e Aprimoramento da Qualidade em Saúde

HCMS Hospital do Coração de Mato Grosso do Sul

CC Centro Cirúrgico

CME Central de Material e Esterilização

CTI Centro de Tratamento Intensivo

PEEP Pressão Positiva Mantida no Final da Expiração

PIP Pico de Pressão Insparatória

RBC Rede Brasileira de Calibração


SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................................................ 10

2. Fundamentação Teórica ....................................................................................................... 12

2.1. Gestão e plano de manutenções .................................................................................... 13


2.2. Calibrações e Testes de Segurança Elétrica .................................................................. 15
2.3. Acreditação Hospitalar ................................................................................................. 16
3. Atividades desenvolvidas e processos observados .............................................................. 18

3.1. Plano de Manutenções .................................................................................................. 19


3.2. Principais aparelhos do EAS. ....................................................................................... 20
3.3. Calibrações e Testes de segurança elétrica acompanhados e realizados ...................... 28
3.4. Acompanhamento nas manutenções preventivas e corretivas. ..................................... 33
4. Conclusão e considerações finais ........................................................................................ 38

5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 40


1. Introdução

Este relatório tem como objetivo expor, de forma aparente, os procedimentos


decorrentes da ação da engenharia clinica como melhoria para os processos hospitalares,
visando apresentar as atividades desenvolvidas, em todas as partes do sistema de gestão,
manutenção e calibração do parque de aparelhos clínicos, durante o período de estagio
contemplado.

Brevemente, pode-se dizer que as atividades desenvolvidas foram divididas em três


partes, tais como são descritas a seguir.

Gestão do parque tecnológico: acompanhamento de ações da gestão do parque de


equipamentos médicos, hospitalares e laboratoriais, assim como do acompanhamento de
consultorias para adequação do parque em normas vigentes (acreditação hospitalar). As normas
vigentes e as acreditações hospitalares, impactam diretamente na qualidade do funcionamento
hospitalar e no atendimento ao paciente, do mesmo modo que melhora a confiabilidade do
hospital diante da opinião pública.

Manutenções Preventiva e Corretiva: execução e criação de procedimentos e


cronogramas envolvendo manutenções preventivas e corretivas (plano de manutenções), que
são fundamentais, principalmente, quando é necessária a execução da manutenção preventiva
de grande quantidade de aparelhos, já que, sem um cronograma ou plano a efetivação das
manutenções seria quase impossível. Ademais, foi realizado não só os planos e cronogramas,
mas também, o acompanhamento na execução das manutenções preventivas e corretivas.

Calibrações e Teste de segurança elétrica: acompanhamento em calibrações e teste de


segurança elétrica (isolação) obrigatórios aos equipamentos do parque tecnológico hospitalar.
Execução e criação de procedimentos e cronogramas envolvendo calibrações e teste de
segurança elétrica destes equipamentos. A seriedade na execução ou na falta de calibração em
um equipamento de sustentação de vida após sua manutenção é muito grande, uma vez que, a
vida dos pacientes que serão atendidos com tal aparelho dependerá da calibração realizada
durante a manutenção. Sendo assim, é indispensável que a calibração seja realizada de forma
periódica (que o equipamento não fique sem calibração) e que os procedimentos durante a
calibração sejam seguidos.
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Durante os próximos tópicos será apresentado a descrição e o detalhamento do trabalho
desenvolvido, tais como: a base teórica, para o entendimento das atividades realizadas; a
descrição das atividades anteriormente citadas; os procedimentos e técnicas utilizadas durante
a execução das tarefas; e, por fim, as análises e considerações finais do relatório.

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2. Fundamentação Teórica

A evolução no sistema de saúde levou a um cenário onde a maioria dos hospitais do


fazem uso de tecnologias, tanto para o atendimento ao paciente quanto para diagnósticos
medicinais, o que tem transformado as organizações em verdadeiros parques tecnológicos, que
reúnem conhecimentos de muitas áreas: óptica, microeletrônica, robótica, informática,
bioquímica, biofísica, mecânica, elétrica, etc. De forma benéfica, esse processo evolutivo tem
melhorado a qualidade e a seguridade dos atendimentos clínicos.

Porém, esse rápido avanço é acompanhado de relevantes riscos à integridade humana,


pois equipamentos eletromédicos sem manutenção ou gerenciamento podem causar danos ao
paciente em casos de suporte à vida, por exemplo. Assim, de forma a maximizar os benefícios
deste novo sistema de tecnologias, é imprescindível que o Estabelecimento de Assistência à
Saúde (EAS) faça uso do planejamento e da gestão da Engenharia Clínica (EC), de forma a
seguir os requisitos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e de organizações
de acreditação hospitalar como a Organização Nacional de Acreditação (ONA).

A ANVISA determina requisitos mínimos a serem atendidos pelos EAS em relação ao


gerenciamento de seu parque tecnológico, através da RDC 02 de 2010, [1]. Esta agência
regulamentadora estabelece que os atuantes na área de engenharia clínica se responsabilizem
pelo funcionamento apropriado dos equipamentos, pelo treinamento de usuários, pela inserção
e uso de novas tecnologias, assim como pela desativação das mesmas quando estas não podem
mais ser recuperadas.

“O estabelecimento de saúde deve designar profissional com nível de escolaridade


superior, com registro ativo junto ao seu conselho de classe, quando couber, para exercer a
função de responsável pela elaboração e implantação do Plano de Gerenciamento de cada
Tecnologia utilizada na prestação de serviços de saúde (RDC 02 de 2010, Art. 8º)” [1].

Apesar de ser indispensável, grande parte dos hospitais no mercado nacional não
possuem serviços de engenharia clínica especializada. Por ser uma área relativamente nova, não
existem dados oficiais que dão embasamento formal do quadro atual da implantação da
engenharia clínica no Brasil.

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“Dentre os mais de 6.000 hospitais brasileiros, podem-se encontrar serviços de
engenharia clínica em alguns hospitais universitários, em hospitais privados de maior
complexidade e em alguns institutos especializados. Ainda que boa parte desses hospitais seja
de pequeno e médio porte, existe uma clara defasagem entre o número de serviços de
engenharia clínica existentes e a capacidade hospitalar instalada com base tecnológica” [2].

O quadro atual de serviços disponíveis de engenharia clínica não condiz com a demanda
necessária pelo mercado, no cenário nacional ainda não são muitas as universidades que
oferecem especialização ou graduação na área de engenharia biomédica ou engenharia clínica.
De acordo com o sistema CONFEA/CREA existem, no Brasil, somente trezentos e trinta e nove
profissionais de engenharia biomédica registrados [3]. Isto é, uma realidade muito defasada
com a demanda necessária pelos EAS, como pode ser visto na analise feita em [4] “[...] ainda
existem poucos profissionais qualificados no mercado para a alta demanda de
estabelecimentos de saúde”.

2.1. Gestão e plano de manutenções

Durante a instauração de um sistema de manutenção de equipamentos hospitalares,


deve-se levar em conta que, existem fatores cruciais para a tomada de decisões durante o
planejamento da manutenção, sendo necessário conhecer o quão importante o equipamento é
para os procedimentos de atendimento do hospital, além da aquisição de dados sobre as
atividades de supervisão, controle e manutenção que devem ser atualizados constantemente
para a rastreabilidade dos processos.

“É necessário conhecer a história do equipamento [...], a que grupo ou família de


equipamentos ele pertence, sua vida útil, seu nível de obsolescência, suas características de
construção, a possibilidade de substituição durante a manutenção’’ [5].

Este tipo de informação pode determinar se haverá limitações quanto a realização de um


determinado serviço, visto que, em alguns casos não existem aparelhos reservas para suprir as
demandas da unidade de saúde, sendo necessário alocar as datas do serviço de forma a mitigar
o número de atendimentos que deixam de ser feitos pela falta do equipamento.

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O grupo de gerência e manutenção deve considerar, também, durante a implantação do
sistema, informações como: a frequência de correções necessárias para cada equipamento ou
modelo; o tipo de manutenção a ser executada por grupo de equipamentos; a média diária de
atendimentos; o nível de dificuldade da execução da manutenção; a decisão da manutenção ser
interna ou externa, dentre outros conhecimentos.

Como pode ser visto, há muitas informações que precisam ser analisadas e organizadas
de maneira eficiente durante a criação de um plano de manutenções, dentre essas, uma que se
destaca é a decisão entre manutenções internas ou externas, dado que na grande variedade de
equipamentos do parque se encontra equipamentos de variadas complexidades de manutenção.

Para equipamentos com alta complexidade, geralmente, são realizadas manutenções


externas, pois esse tipo de aparelho demanda alto valor de conhecimento técnico especializado,
muito das vezes não sendo factível (viável financeiramente) a contratação de profissionais aptos
para a efetuação da manutenção. A realização do serviço por demanda é mais interessante para
o gerenciamento do que arcar com os custos de manter um profissional com aperfeiçoamento
técnico específico.

“No Brasil, os contratos são normalmente destinados a equipamentos de alta e média


complexidade, que devem, em princípio, representar de 4% a 10% do parque de equipamentos
instalados em termos quantitativos. Por outro lado, esses equipamentos podem atingir de 30%
a 60% do valor total do parque.” [5].

Em contrapartida há uma grande quantidade de equipamentos de baixa complexidade


dentro da unidade de saúde, onde as manutenções podem ser realizadas internamente, isto é,
pelo grupo de engenharia clínica.

Após todas essas considerações, é possível a criação do plano de manutenções dividindo


os equipamentos de maior importância até os de menor importância e classificando a prioridade
do serviço a ser realizado. O cronograma deve ser claro e de fácil compreendimento, para que
os executantes da manutenção possam se familiarizar com a organização do planejamento de
manutenções. Não somente isso, o planejamento deve, evidentemente, seguir os requisitos
mínimos estabelecidos pela agencia regulamentadora, a ANVISA.

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2.2. Calibrações e Testes de Segurança Elétrica

Existem diversos termos que podem ser confundidos com a calibração, para muitos a
calibração significa “consertar”, “reparar”, “ajustar”, todos estes termos não se referem a
calibração, mas são associados com ela.

Por definição normativa calibração significa o conjunto de operações que estabelece,


sob condições especificadas, a relação entre os valores indicados por um instrumento ou sistema
de medição ou valores representados por uma medida materializada ou um material de
referência, e os valores correspondentes das grandezas estabelecidos por padrões. Em outras
palavras, calibração é a ação de comparar as medições do aparelho a ser calibrado com um
padrão (de rastreabilidade confiável) que mede a mesma referência durante o processo de
medição, não só isso, mas a calibração também é composta pela análise dos resultados obtidos.

Todo e qualquer equipamento que seja utilizado para medição de processos físicos,
químicos ou biológicos, necessita de calibração. Levando em conta a evolução das tecnologias
e o aumento das exigências quanto à qualidade, se torna cada vez mais necessária a calibração
e rastreabilidade dos equipamentos responsáveis por medidas, seja na área da indústria ou na
área da saúde e laboratorial onde foi direcionado o estágio.

Por isso, dentro da gestão e do planejamento das manutenções deve-se realizar o plano
de calibrações e testes de segurança elétrica, estes dois serviços compreendem grande patamar
de importância quanto a seguridade do atendimento dentro da unidade de saúde. Valores de
medidas incorretos podem levar a diagnósticos incorretos do estado de saúde do paciente,
trazendo risco a vida do mesmo. Assim como, equipamentos que não foram analisados
conforme as normas de segurança elétricas, estabelecidas pelos órgãos regulamentadores, se
tornam riscos reais aos pacientes e operadores do aparelho, provendo perigo de choque elétrico.

Com o crescimento das exigências por qualidade sugiram algumas normas em conjunto
entre o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) e ANVISA, que
determinam as ações mínimas que devem ser tomadas para assegurar a realização dos testes de
segurança elétrica. Como pode ser visto na norma NBR IEC 60601-1 e em IEC 62353, a
determinação de padrões de segurança elétrica mínimos para a operação do aparelho. Estes
parâmetros de segurança elétrica são analisados por um dispositivo padrão que consegue

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verificar os principais termos exigidos pelas normas, tais como: continuidade de aterramento,
correntes de fuga e resistência de isolamento.

2.3. Acreditação Hospitalar

As instituições hospitalares tendem a atender seus pacientes da forma mais satisfatória


possível. Todo hospital deve se preocupar com a constante melhoria dos processos de qualidade
dos serviços prestados, de forma a incrementar a eficiência e eficácia no atendimento ao
paciente, desta forma o incentivo do aprimoramento destes serviços deve ser estimulado por
algum agente externo, sejam estes a opinião pública ou as agências regulamentadoras.

O fato da maior exigência, por partes das agências regulamentadoras e a fiscalização da


mídia em relação a saúde, faz com que o cenário de estimulação aconteça e, portanto, aumente
a busca por certificações dentre as organizações de acreditação na área da saúde, de forma a
mostrar para a visão pública que os serviços prestados pela unidade de saúde estão dentre os
melhores.

A acreditação hospitalar é um assunto muito discutido dentre a ultima década, porém


nem sempre foi assim. Este tema só começou a ser analisado depois da criação do Programa
Brasileiro de Acreditação Hospitalar, desenvolvido pelo Ministério da Saúde, dentro do
Programa de Garantia e Aprimoramento da Qualidade em Saúde (PGAQS), por volta do final
dos anos 90.

Com a criação do Programa de Acreditação Hospitalar tiveram que surgir


procedimentos e metodologias para a realização de fato da acreditação, onde, por fim, ocorreu
a criação do Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar (Manual Brasileiro de Acreditação
Hospitalar. Série A. Normas e Manuais Técnicos; n. 117. 3.ª Edição Revista e Atualizada.
Brasília – DF 2002) em realização conjunta com a ONA.

“O Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar define que o processo de Acreditação


é um método de consenso, racionalização e ordenação das Organizações Prestadoras de
Serviços Hospitalares e, principalmente de educação permanente dos seus profissionais.” [6].

Desta forma, algumas organizações realizam acreditações para o setor da saúde, dentre
estas a de maior destaque é a ONA. A acreditação por parte desta organização privada tem
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grande importância na visibilidade pública que a companhia de saúde possui, onde as
acreditações da companhia podem indicar que a unidade saúde retém ou não níveis de qualidade
e segurança nos procedimentos de serviço ao paciente.

A ONA possui 3 níveis para a avaliação da acreditação, estes são:

• Nível 1: Segurança
• Nível 2: Gestão Integrada
• Nível 3: Excelência em Gestão.

O trabalho da Engenharia Clinica nesse processo de acreditação é essencial para os EAS,


visto que a execução das atividades desse grupo visa melhorar os procedimentos do hospital e
a adequação dos mesmos conforme as normas das agencias regulamentadoras. Trazendo, assim,
melhores índices durante as avaliações da acreditação da ONA.

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3. Atividades desenvolvidas e processos observados

Durante a parte inicial do período de estagio, fora apresentado pelo supervisor o


software Genesis de acompanhamento para engenharia clinica utilizado pela empresa. Este
software reúne todas as informações de equipamentos (descritas na teoria) dos diversos
hospitais atendidos pela companhia.

O software é intuitivo e possui variadas ferramentas para a criação de relatórios e de


planilhas, podendo fazer separações com relação a classificação dos equipamentos, da
prioridade de atendimento, do tipo de manutenção, dentre outras maneiras de categorização.

Figura 2 – Software Genesis e sua visão inicial.

Fonte: Autor.

Na Figura 2 é possível ver a visão inicial do software, contemplando os chamados de


manutenção a serem atendidos conforme o nível de prioridade, definido previamente no
cadastro do equipamento. É possível ver que um dos aparelhos está com uma faixa vermelha,
diferentemente dos outros, significando alta prioridade durante o atendimento do chamado.

Boa parte do tempo inicial do período de estagio foi dedicado a estudar o software
Genesis, devido a sua aplicabilidade nos processos que ocorrem dentro da empresa. O programa
tem real funcionalidade nos procedimentos da empresa, dado que o mesmo está vinculado a
todas as ações tomadas no âmbito da companhia, podendo dar rastreabilidade às manutenções
realizadas de forma a comprovar que as mesmas foram feitas.
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3.1. Plano de Manutenções

Um dos hospitais no qual a empresa cedente do estágio presta o serviço de engenharia


clínica é o Hospital do Coração de Mato Grosso do Sul (HCMS). O grande triunfo, foi a
coincidência entre o início do serviço de engenharia clínica no hospital e o início do estágio na
empresa, dando a oportunidade de conseguir acompanhar todas as metodologias aplicadas pela
engenharia clínica na unidade de saúde, desde a instauração das atividades até o pleno
gerenciamento do EAS.

Foi acompanhada a criação do plano e cronograma de manutenções que seria instaurado


no hospital citado. A utilização do software Genesis nesse processo foi fundamental, já que,
após a coleta de dados dos equipamentos e cadastramento dos mesmos dentro do programa
(etapa que demandou incontáveis horas de serviço do grupo de engenharia clínica), foi
exportada uma planilha que reunia todas estas informações. Com a análise dos dados foi
determinado os melhores meses para a realização da manutenção de cada equipamento.

Para efeito de exemplificação, pôde-se colocar no relatório parte do plano realizado,


porém, muitos dos dados da planilha real foram ocultados por medidas de segurança da empresa
prestadora do serviço, a exemplificação pode ser vista na Figura 3.

Figura 3 – Plano de Manutenções do Hospital analisado.

Fonte: Autor.

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Os equipamentos do exemplo da Figura 3 foram colocados em ordem não alfabética
propositalmente, de forma a mostrar que em uma pequena quantidade de setores do hospital há
uma grande diversidade de aparelhos com características completamente diferentes. No
exemplo é notório, também, que existe uma classificação dos aparelhos quanto a criticidade do
atendimento, podendo estes serem baixo, médio ou alto, como discutido na seção da teoria.
Além disso, verifica-se que alguns dos equipamentos necessitam de manutenções preventivas
periódicas mensais, outros, no entanto, necessitam de manutenções preventivas trimestrais,
semestrais ou até mesmo anuais, diversificando as tomadas de decisões conforme a
especificidade dos aparelhos.

Ainda na Figura 3, pode se ver apenas parte da planilha, isto é, dos equipamentos
cadastrados, no exemplo é observável apenas 17 linhas (114 até 130) de equipamentos,
entretanto a planilha real possui, evidentemente, um número muito maior do que este. Destaca-
se este fato, pois a complexidade de aquisição e análise de dados de um grande número de
equipamentos é uma tarefa exaustiva e que necessita de grande organização dos procedimentos
para que seja factível a sua realização.

Pelo fato da proteção de informações confidenciais da empresa e do hospital analisado,


não é possível discorrer, neste relatório, o detalhamento de todas as medidas tomadas na criação
do plano de manutenções que fora acompanhado, mas para efeitos de exemplificação é possível
compreender a complexidade das medidas tomadas durante a instauração do plano.

3.2. Principais aparelhos do EAS.

Como foi visto na seção anterior, a diversidade dos aparelhos dentro da unidade de saúde
é muito grande, para que fossem entendidas as tomadas de decisões da criação do plano, foi
necessário estudar e conhecer os principais aparelhos do EAS. Inegavelmente, está fora de
cogitação a citação de todos os aparelhos estudados durante o período de estagio, porém a
descrição dos mais importantes deve ser feita.

Para facilitação da descrição dos aparelhos, os mesmos serão apresentados pelos setores
onde se encontram no hospital, começando pelo Centro Cirúrgico (CC), geralmente se tem os
aparelhos de suporte aos procedimentos de cirurgia, como pode ser visto a seguir.
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Bisturi Eletrônico: atualmente as cirurgias não são mais realizadas com bisturis
convencionais, o bisturi eletrônico consiste num aparelho de substituição ao bisturi
convencional que oferece corte e cauterização simultâneos, retendo sangramentos
desnecessários durante a cirurgia. A Figura 4 mostra um destes aparelhos.

Figura 4 – Bisturi eletrônico.

Fonte: site do fabricante, WEM.

Desfibrilador: equipamento utilizado para reverter quadros de arritmia ou fibrilações


cardíacas utilizando de descarga elétrica em tempo hábil, de forma que não sejam causados
danos cardíacos ou cerebrais.

Figura 5 – Desfibrilador

Fonte: site do fabricante, Nihon Kohden.

Foco Cirúrgico: consiste no aparelho de iluminação de alta intensidade de


iluminamento para a realização dos procedimentos cirúrgicos. Este equipamento é fundamental,

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pois consegue alterar a focalização dos feixes de luz podendo se adequar ao tipo de cirurgia
realizada (micro ou macro cirurgias).

Figura 6 – Foco Cirúrgico

Fonte: site do fabricante, Sismatec.

Mesa Cirúrgica: é onde ocorre os procedimentos da cirurgia, claramente, essa não é


uma mesa comum, o dispositivo dispõe de acionamentos eletro-hidráulicos que geram
movimentos de deslocamentos verticais, deslocamentos laterais, deslocamentos horizontais,
inclinação lateral e inclinação vertical. O equipamento geralmente aguenta cargas superiores a
400 Kg e possui robustez em sua criação.

Figura 7 – A Mesa Cirúrgica e os possíveis movimentos descritos

Fonte: site do fabricante, Sismatec.

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Outro setor do hospital que possui variados equipamentos eletrônicos é o Centro de
Tratamento Intensivo (CTI), devido a necessidade de monitoração do paciente após
procedimentos são utilizados diversos aparelhos que têm este fim, de monitorar ou assistir na
recuperação do paciente.

Bomba de infusão (perfusão): aparelho que controla o fluxo e o volume de fluidos que
serão administrados ao paciente como fármacos ou nutrientes, dando seguridade e precisão na
quantidade que será aplicada ao paciente e no tempo que demorará a ser aplicada.

Figura 8 – Bomba de perfusão rotativa

Fonte: site do fabricante, Sismatec.

Monitor multiparâmetro: É um dos equipamentos mais comuns dentro do CTI, pois é


justamente este dispositivo que fica responsável pela monitoração dos sinais vitais do paciente
como frequência cardíaca, pressão arterial não invasiva, temperatura corporal, taxa de
oxigenação do sangue e eletrocardiograma sendo este os principais parâmetros medidos. Porém,
existem outros módulos de medição para situações específicas, como a medição do débito
cardíaco, capnografia, pressão arterial invasiva, dentro outros parâmetros.

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Figura 9 – Monitor multiparâmetro

Fonte: site do fabricante, ProLife.

Ventilador pulmonar: consiste no aparelho que auxilia pacientes em casos de


insuficiência respiratória, realizando a ventilação, “respiração”, do paciente. Vários parâmetros
podem ser ajustados, tais como a duração das fases inspiratória e expiratória (taxa I: E), o
volume de ar entregue, o nível de PEEP (pressão positiva mantida no final da expiração), o
nível de PIP (pico de pressão insparatória), concentração de O2, dentre outras configurações.

Figura 10 – Ventilador Pulmonar, monitor de configuração dos parâmetros.

Fonte: site do fabricante, Intermed.

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Oxímetro de dedo: dispositivo de medição da taxa de oxigenação do sangue (SpO2), é
um tipo de aparelho mais simples do que os citados anteriormente, mas que são facilmente
encontrados dentro do CTI. Pode substituir a medição do monitor multiparâmetro em caso de
falha ou falta de acessórios.

Figura 11 – Oxímetro de dedo

Fonte: site do fabricante, Choicemmed.

Esfigmomanômetro: aparelho também mais simples do que os citados anteriormente,


é responsável pela indicação da pressão arterial do paciente, que pode ser aferida através de
métodos manuais de insuflação da braçadeira do dispositivo. Na Figura 12 é mostrado um
dispositivo manual, porém já existem aparelhos para a medição automática.

Figura 12 – Esfigmomanômetro aneroide manual

Fonte: site do fabricante, Premium.

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Por fim, será mencionado um último setor do hospital que não envolve diretamente o
atendimento ao paciente, mas que, indubitavelmente, se refere a um dos setores mais
importantes da unidade clínica-hospitalar, a Central de Material e Esterilização (CME). Os
principais aparelhos deste setor são apenas três: autoclave, osmose reversa e seladora. As
manutenções e verificações preventivas destes aparelhos são feitas com maior frequência do
que em outros setores. Pois, quando algum destes equipamentos é parado, grande parte dos
processos do hospital pode ficar sem atendimento.

Autoclave: equipamento de higienização empregado em hospitais para esterilizar


materiais e utensílios, de modo que todas as impurezas sejam totalmente removidas para não
proporcionar riscos médicos, como infecções e transmissões de doenças por meio de
instrumentos. A autoclave realiza o processo de esterilização utilizando vapor de água ou outra
substância, em elevadas temperaturas, dentro de uma câmara com pressão ora positiva e ora
negativa.

Figura 13 – Autoclave

Fonte: site do fabricante, Baumer.

Osmose Reversa: peça essencial no funcionamento do CME, a osmose consiste numa


série de vasos de pressão e filtros que estabelecem a purificação da água a ser utilizada nas

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autoclaves. O equipamento separa os sais e minerais da molécula de água, retendo partículas e
direcionando apenas o recurso hídrico puro para a autoclave. A utilização de água purificada
pela osmose é de extrema importância, já que evita incrustações de minérios nas paredes do
maquinário da autoclave, além de não deixar que os instrumentos esterilizados sejam corroídos
(ao longo do tempo) pelos sais e minerais da água.

Figura 14 – Osmose Reversa

Fonte: site do fabricante, Baumer.

Seladora: antes que os materiais e utensílios sejam esterilizados dentro da autoclave é


necessário fazer a separação e embalagem destes em papel especial. A embalagem destes
utensílios é realizada na seladora, de forma que o material é colocado dentro de um papel
específico para esta função e depois selado. A selagem do papel é realizada com o aquecimento
do mesmo e posteriormente com um tipo de prensa na região aquecida. As novas seladoras não
necessitam mais de intervenção operacional fazendo esse processo de aquecimento e prensa
automaticamente.

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Figura 15 – Seladora realizando selagem de papel grau cirúrgico

Fonte: site do fabricante, Baumer.

Após o estudo destes equipamentos e de muitos outros – que não foram citados devido
a objetividade do relatório, pois se houvesse real aprofundamento do funcionamento de cada
aparelho citado já poderia ser feito um trabalho extremamente grande, isto é, quem dirá se
fossem citados todos os aparelhos estudados – foi possível compreender melhor a organização
dos sistemas e setores dentro do hospital, dos procedimentos médicos, da quantidade de
tecnologias usadas, da grande diferença entre cada equipamento e da melhoria que os aparelhos
trouxeram para a segurança e qualidade do serviço ao paciente.

O estudo dos equipamentos também trouxe curiosidade sobre os processos, físicos,


químicos, mecânicos, eletrônicos e medicinais de cada aparelho, pois a grande variedade de
áreas de conhecimento envolvida pôde ser comparada às áreas base estudadas nos anos iniciais
da graduação, onde foi crucial o conhecimento prévio da graduação para o entendimento do
funcionamento e da genialidade da criação dos aparelhos.

3.3. Calibrações e Testes de segurança elétrica acompanhados e realizados

Foram realizadas, principalmente, calibrações de esfigmomanômetros aneroides e a


calibração de termohigrômetros, mas também a calibração de centrífugas e eletrocardiogramas
de monitores multiparâmetro. Algumas outras calibrações foram acompanhadas, mas não
realizadas, como será descrito posteriormente.
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Diante das calibrações realizadas, pode-se citar a calibração de termohigrômetros. Estes
são aparelhos de medição de temperatura e umidade relativa do ar ambiente. Normalmente estes
aparelhos são utilizados dentro do hospital para controlar a temperatura e umidade de alguns
setores, que têm normas estabelecidas sobre o controle destes dois parâmetros.

Para a execução das calibrações de termohigrômetro era necessário um termômetro


padrão, vide Figura 17, este termômetro deve necessariamente ser calibrado conforme a RBC.
Durante execução da calibração era verificada de forma primária as partes físicas do
equipamento a ser calibrado e observar a temperatura ambiente e a umidade relativa do ar, que
deveria estar sempre entre 22°C até 26°C e entre 45% a 70%, respectivamente. Após estas
verificações do ambiente controlado, eram feitas três medidas comparativas com o termômetro
padrão por ponto a ser calibrado, alocando os dados nas tabelas de cálculos para então gerar os
dados necessários para emissão do certificado de calibração e o gráfico curva de calibração.

Figura 16 – Termohigrômetro em calibração

Fonte: autor.

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Figura 17 – Termômetro Padrão com calibração RBC utilizado

Fonte: autor.

Para calibração em centrifugas, não era diferente da calibração em termohigrômetros


quanto as exigências normativas, a qualidade sempre é o objetivo da ANVISA, sendo assim
também é necessário calibra-las anualmente para ter histórico de sua rastreabilidade.

Antes de iniciar a calibração é necessário garantir que o aparelho esteja funcionando


corretamente, para os casos que necessitem de manutenção a calibração deve ser feita sempre
após as manutenções corretivas.

Para calibrar centrifugas é necessário um tacômetro padrão, vide Figura 19, também
com calibração RBC. Ao calibrar a centrifuga deve-se posicionar a fita refletora requerida pelo
tacômetro utilizado no lugar onde ocorrerá a rotação da máquina, logo após, dispor o tacômetro
de forma a apontar para a fita refletora, utilizando o suspiro (local que dá acesso visível ao
interior da máquina quando a mesma está fechada). Então, com segurança, ligar a centrifuga na
rotação desejada e comparar com o padrão, escolhendo 3 pontos e fazer 3 medidas por ponto
para inserir os dados na tabela de cálculos para emissão do certificado de calibração

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Figura 18 – Centrífuga em bancada para realização da calibração

Fonte: autor.

Figura 19 – Tacômetro padrão com calibração RBC

Fonte: autor.

Figura 20 – Manômetro padrão e manômetro aguardando calibração, respectivamente.

Fonte: autor.

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Os procedimentos para todas as calibrações realizadas eram parecidos em sua essência:
sempre a comparação de valores entre o instrumento padrão e os objetos ou aparelhos a serem
calibrados.

Como dito anteriormente, algumas das calibrações realizadas pelo grupo de engenharia
clinica foram acompanhadas e puderam ser realizadas durante o estágio, já outras, com maior
risco de segurança ao paciente só puderam ser acompanhadas, pois todas as calibrações
envolviam a emissão de certificados e documentos, sendo de responsabilidade da engenharia
clinica as informações constadas nestes documentos. Devido a gravidade que alguns aparelhos
podem ter durante a assistência ao paciente, tais como ventiladores pulmonares, não foi possível
a realização própria da calibração deste tipo de equipamento, mas somente o acompanhamento
dos procedimentos e técnicas utilizadas.

A par de todas as calibrações realizadas, houveram também os testes de segurança


elétrica dos aparelhos que seguem duas principais normas descritas na teoria, a NBR IEC
60601-1 e a IEC 62353. Os testes de segurança elétrica avaliam se elementos, como carcaças
metálicas de aparelhos, estão devidamente aterrados, se a corrente de fuga que passa por eles
está dentro do limite estabelecido na norma.

Foi realizado teste de segurança elétrica em um monitor multiparâmetro, de forma a


analisar se tanto o aparelho, quanto seus acessórios (cabos que são ligados ao paciente) estavam
em conformidade com a segurança requerida.

Figura 21 – Analisador de segurança elétrica

Fonte: autor.
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O aparelho utilizado para a realização da análise pode ser visto Figura 21, já com
os acessórios do monitor conectados aos seus pinos de análise. O aparelho é comandado através
de um software da própria fabricante do analisador, que necessita estar instalado em um
computador para comandar os processos iniciais. Após a determinação dos processos a serem
analisados basta realizar o inicio da rotina que o próprio aparelho fará a análise e gerará
automaticamente os dados de certificados, conforme é pedido nas normas.

Figura 22 – Aparelho executando rotina para medição das correntes de fuga

Fonte: autor.

3.4. Acompanhamento nas manutenções preventivas e corretivas.

As manutenções são divididas em 3 tipos geralmente as mais comuns são preventivas e


corretivas, as manutenções preditivas não ocorrem com frequência pois exige um alto custo de
equipamentos e analise.

As manutenções corretivas como definição ocorrem quando o equipamento sofre parada


recorrente a danos no equipamento, sendo necessário parar o processo para a devida

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manutenção, estas manutenções além de ter um elevado custo pela urgência, podem gerar mais
prejuízos dependendo do tempo necessário para solucionar o problema.

As manutenções preventivas ocorrem de acordo com um plano de manutenção, tendo


datas programadas para as interrupções e datas programadas para troca de peças, com o objetivo
de evitar manutenções corretivas consequentemente reduzindo o número de paradas
inesperadas, estas manutenções estão presentes em todas a áreas sendo a melhor forma de
garantir o prolongamento da vida útil do equipamento.

Geralmente as manutenções preventivas são realizadas diretamente no local onde o


equipamento está, devido a sua programação, já é sabido todas as ferramentas e possíveis peças
necessárias para esse tipo de manutenção, raro os casos onde é necessária a retirada do
equipamento. Desta forma, algumas das manutenções acompanhadas foram realizadas dentro
do próprio hospital e não no local da empresa, como pode ser visto na Figura 23, onde foi
acompanhada a manutenção preventiva dos equipamentos de uma sala cirúrgica.

Figura 23 – Manutenção preventiva em equipamentos de uma sala de cirurgia

Fonte: autor.

Pode ser citada também algumas outras manutenções preventivas realizadas em


ventiladores pulmonares, como pode ser visto na Figura 24 e Figura 25. Onde foi realizada
verificação de vazamentos no circuitos de traqueias e testes gerais de funcionamento do
equipamento de ventilação, as imagens do equipamento podem ser vistas nas Figuras citadas.

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Figura 24 – Destaque para o filtro de saída do circuito de ventilação

Fonte: autor.

Figura 25 – Ventilador pulmonar e circuito de ventilação acoplados ao equipamento

Fonte: autor.

Ao contrário das manutenções preventivas, as manutenções corretivas normalmente


aconteciam não no hospital. Alguns casos onde a complexidade do problema era baixa ou onde
se tinha todas as ferramentas e peças para a realização do conserto, a manutenção era feita direto

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no local do equipamento, mas na maioria dos casos se descolava o equipamento até o local da
empresa.

Um exemplo de manutenção corretiva no local do equipamento, foi durante a


verificação do funcionamento de um outro ventilador pulmonar que indicava vazamento.
Primeiramente fez a verificação do circuito de ventilação, onde normalmente ocorre os
vazamentos, para só então realizar verificação interna do aparelho.

Já na primeira etapa foi possível identificar o problema do vazamento, como pode ser
visto nas Figuras 26 e 27.

Figura 26 – Circuito de ventilação de um Figura 27 – Identificação do vazamento na


ventilador pulmonar mangueira de silicone

Porém, como foi dito, as manutenções corretivas eram normalmente realizadas na


empresa, fazendo com que aparelho fosse retirado do hospital e analisado com maior
detalhamento sobre seus princípios funcionais.

Algumas dessas manutenções corretivas são exemplificadas nas Figuras 28, 29 e 30, nas
duas primeiras há a realização da manutenção corretiva de um aspirador cirúrgico que não
estava realizando a sucção (ou pressão negativa) desejada.

E na Figura 30, ocorre a explicação, por parte do supervisor, do funcionamento de um


concentrador de oxigênio e as possíveis causas do problema. A analise posterior indicou que o

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módulo que realiza as trocas gasosas e concentra o oxigênio estava danificado e não possuía
possibilidade de reparo.

Figura 28 – Aspirador Cirurgico aberto Figura 29 – Entendendo o funcionamento e


para verificação analisando as causas do problema

Figura 30 – Explicação do funcionamento do Concentrador de O2

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4. Conclusão e considerações finais

Diante dos aspectos esclarecidos no decorrer do relatório, pode-se dizer que o período
de estagio compreendeu satisfatoriamente aos objetivos almejados, onde foi possível identificar
diversos conhecimentos teóricos básicos da engenharia no funcionamento dos equipamentos
estudados. Vale destacar que o envolvimento de muitas áreas para o desenvolvimento de
tecnologias hospitalares foi, ao mesmo tempo, um incentivo ao estudo do funcionamento dos
equipamentos, como também uma dificuldade.

Primeiramente falando sobre o incentivo, as diversas áreas do conhecimento, que foram


necessárias para o entendimento dos processos estudados, despertaram curiosidade sobre os
conhecimentos básicos de física, química, eletrônica, mecânica, dentre outros, que são
essências na formação de qualquer área da engenharia, seja elétrica ou não. Foi fascinante
reconhecer cada uma das áreas do conhecimento, em uma junção para a formação de um
produto final (equipamento) que melhora os procedimentos dos hospitais e a saúde pública no
geral. Já sobre as dificuldades, é compreensível que o estudo de muitas áreas do conhecimento
em pouco tempo do período de estagio, claramente, não dá o aprofundamento total de uma
formação detalhada e, por isso, ao mesmo tempo que foi um incentivo também se tornou uma
dificuldade.

Foi notório também que, a gestão da unidade de saúde traz real seguridade aos processos
do hospital e que a engenharia clinica consegue estabelecer medidas claras de soluções para o
seguimento das normas. Antes não era sabido, mas foi importante notar (enquanto cidadão) que
existem melhorias constantes na área da saúde e que os processos destas melhorias são
assegurados por grupos especializados para tal função. Destaca-se este ponto, pois é
reconfortante saber que, em um futuro breve, os atendimentos em hospitais brasileiros terão
qualidade exímia dos seus serviços, justamente pela criação de uma área do conhecimento que
assegura essa qualidade, a engenharia clínica.

Outro detalhe importante observado, é o de que não há profissionais o bastante, ainda,


no mercado para suprir as demandas de engenharia clinica dos hospitais, sobrando vagas de
emprego nesta área do mercado de trabalho. O número pesquisado de profissionais, segundo o
sistema CREA/CONFEA, indica somente 339 profissionais aptos no mercado para atender as

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mais de 6000 unidades de saúde no Brasil. Pode-se ver que os números não condizem, a área
da Engenharia Clínica é um mercado em potencial no país e deve ser explorada, pois certamente
haverá demanda.

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5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC 2 - Dispõe sobre o


gerenciamento de tecnologias em saúde em estabelecimentos de saúde. 2010. Disponível em:

[2] ANVISA. CAP. 4 - A ENGENHARIA CLÍNICA COMO ESTRATÉGIA NA GESTÃO


HOSPITALAR. Disponível em:

http://portal.anvisa.gov.br/documents/33868/327133/capitulo4.pdf/. Ultimo acesso em: 20 de


Junho de 2018.

[3] CONFEA. Profissionais por título. Disponível em:


http://ws.confea.org.br:8080/EstatisticaSic/ModEstatistica/Pesquisa.jsp?vw=ProfTitulo.
Acesso em: 20 de junho de 2018.

[4] SOUZA, A. F.; MORE, R. F. O PERFIL DO PROFISSIONAL ATUANTE EM


ENGENHARIA CLÍNICA NO BRASIL. XXIV Congresso Brasileiro de Engenharia
Biomédica – CBEB, 2014

[5] BRASIL. Equipamentos Médico-Hospitalares e o Gerenciamento Da Manutenção –


Capacitação a Distância. Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão de Investimentos em
Saúde, Projeto REFORSUS, Brasília – DF, 2002. 709p.

[6] ASSIS, V. C. A importância da Acreditação Hospitalar: qualidade na assistência à


saúde oferecida pelos serviços. 2010. 11p.

[7] INFORMES TÉCNICOS INSTITUCIONAIS. Acreditação: a busca pela qualidade nos


serviços de saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Rev. Saúde Pública
2004; 38(2): 335-6

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