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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA

CULTURA RELIGIOSA:

O SURGIR DAS RELIGIÕES NO MUNDO.


AS VÁRIAS RELIGIÕES EXISTENTES HOJE.
RESPEITO PELO DIFERENTE.
ECUMENISMO E DIÁLOGO RELIGIOSO.

Bibliografia:
- ALVES, Ruben A. O que é religião. São Paulo. Brasiliense, 1986.
- WILGES, Irineu. Cultura religiosa: As religiões do mundo. 7 edição. Petrópolis: Vozes. 1993.
- SAMUEL, Albert. As religiões hoje. 3a edição. São Paulo.
- Konings, Johan, A bíblia nas suas origens e hoje, Vozes, Petrópolis, 2003

- BOFF, Leonardo. Os sacramentos da vida. Petrópolis: Vozes. 1980.


- Texto Campanha da Fraternidade 2008 – Fraternidade e defesa da vida .
- Cada ano a CNBB apresenta um tema diferente sobre a Campanha da Fraternidade.
- GAARDER, Jostein, O mundo de Sofia, Cia das Letras.
- GAARDER, Jostein, O Livro das Religiões, Cia das Letras.-
- BETTENNCOURT, Estevão, 15 Questões de fé. Aparecida, SP. Ed. Santuário.
- COLLINS, Francis S. A linguagem de Deus, segunda edição, editora Gente

- Bíblia Sagrada.
- Enciclopédia Barsa.
- Revistas da Banca de Revistas.
- Enciclopédia Britânica.
- Dicionários de filosofia.
- Anotações nas aulas

SITE: www.pscjdi.com.br

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
INDICE

1 – CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2008...............................................................................4


1.1 – VIDA OU MORTE, UMA OPÇÃO DE CADA UM DE NÓS ......................................................................... 4
1.2 – VIDA HUMANA DESDE A CONCEPÇÃO ..................................................................................................... 4
1.3 – JESUS QUER A VIDA PARA TODOS ............................................................................................................. 5
2 – RELIGIÃO : O QUE É? .............................................................................................................5
2.1 – RELIGIÃO E VIDA ............................................................................................................................................ 6
2.2 – FENÔMENO RELIGIOSO ................................................................................................................................ 6
2.3 – VISÃO GERAL DO FENÔMENO RELIGIOSO MUNDIAL ........................................................................ 7
2.4 – SOMOS TODOS AFRICANOS? - NOSSAS ORIGENS... .............................................................................. 7
2.5 – MITO – LENDA – FÁBULA .............................................................................................................................. 8
2.6 - TENDÊNCIAS MISTICAS ................................................................................................................................. 8
2.7 – CARACTERÍSTICAS DO ESTADO MÍSTICO ............................................................................................ 10
2.8 – GRANDES CIENTISTAS RELIGIOSOS....................................................................................................... 11
2.8.1 – ELEMENTOS DA RELIGIÃO ................................................................................................................... 11
2.9 – CIÊNCIA E RELIGIÃO: UM DIÁLOGO COM A BIOLOGIA .................................................................. 12
2.10 – CONHEÇA O CAMELO ................................................................................................................................ 13
2.11 – DEUS CRIOU TUDO QUE EXISTE?........................................................................................................... 15
2.12 – ARTIGOS – OPINIÕES – ENTREVISTAS.................................................................................................. 16
2.12.1 – Revista Veja – Edição 2040 ano 4 - nº 51................................................................................................. 16
2.12.2 – Ciência não exclui Deus ............................................................................................................................ 22
2.12.3 – Entrevista: Michel Onfray – Veja 25 de maio de 2005 ............................................................................. 24
2.12.4 – Deus, Ele existe? Como provar?................................................................................................................ 27
2.13 – FORMAS RELIGIOSAS ................................................................................................................................ 27
3 – AS 5 BASES DA RELIGIÃO....................................................................................................29
4 – RELIGÕES PRIMTIVAS.........................................................................................................30
4.1 – HALLOWEEN: ALL HALLOW EVE............................................................................................................ 30
4.2 – ALGUMAS PALAVRAS QU DEVEM SER CONHECIDAS E NÃO CONFUNDIDAS ........................... 30
4.3 – FRASES LATINAS ........................................................................................................................................... 31
5 – RELIGIÃO OCIDENTAL E RELIGIÃO ORIENTAL – DUAS VISÕES DISTINTAS ...31
5.1 – RELIGIÕES SAPIENCIAIS, ORIENTAIS, CRIADAS POR SÁBIOS, INTERESSADAS NO BEM
ESTAR EM VIVER DIGNAMENTE ....................................................................................................................... 32
5.1.1 –HINDUÍSMO = Sanatana Darma = Lei Eterna.......................................................................................... 32
5.1.2 - BUDISMO .................................................................................................................................................... 33
5.1.3 – JAINISMO ................................................................................................................................................... 36
5.1.4 – CONFÚCIO: poeta, professor, músico, filósofo, administrador, sábio, pensador. ................................... 36
5.1.5 – XINTOÍSMO: caminho dos deuses............................................................................................................. 37
5.1.6 – TAOÍSMO .................................................................................................................................................... 38
5.1.7 – IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL........................................................................................................... 38
5.1.8 – PERFECT LIBERTY – PL.......................................................................................................................... 39
5.1.9 – MOONISMO: Reverendo Moon.................................................................................................................. 39

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5.1.10 – HARE KRISHNA - (SALVE A DIVINDADE) ......................................................................................... 40
6 – ESPIRITISMO E PARAPSICOLOGIA..................................................................................40
6.1 – ESPIRITISMO................................................................................................................................................... 40
6.2 - CULTOS AFRO-BRASILEIROS..................................................................................................................... 42
6.2.1 – Sincretismo................................................................................................................................................... 42
6.2.2 – O Candomblé (atabaque) ............................................................................................................................. 43
6.2.3 – Umbanda ...................................................................................................................................................... 45
6.2.4 – Vudu ou Vodu .............................................................................................................................................. 48
6.3 – PARAPSICOLOGIA = AO LADO DA PSICOLOGIA. ................................................................................ 48
6.4 – HOROSCOPO COMPROVADAMENTE FALSO ........................................................................................ 51
7 – MAÇONARIA............................................................................................................................53
7.1 – MAÇON: PEDREIRO ...................................................................................................................................... 53
7.2 – A IGREJA CATÓLICA E A MAÇONARIA.................................................................................................. 55
7.3 – PARECER DA IGREJA CATÓLICA QUANTO A UM FIEL PERTENCER À MAÇONARIA:............ 56
8 – RELIGIÕES PROFÉTICAS ....................................................................................................57
8.1 – MUÇULMANOS ............................................................................................................................................... 57
8.2 – JUDAÍSMO ........................................................................................................................................................ 59
8.3 – ORIENTE MÉDIO – CONFLITOS PALESTINOS E JUDEUS .................................................................. 60
8.4 – O CRISTIANISMO ........................................................................................................................................... 60
8.4.1 - Igreja Oriental – Ortodoxa – Russa – Grega X Ocidental – Roma............................................................. 62
8.4.2 - Uma papisa uma mulher que se tornou Papa?............................................................................................ 62
8.5 – INQUISIÇÃO..................................................................................................................................................... 62
8.6 - REFORMA PROTESTANTE........................................................................................................................... 64
9 - BÍBLIA ........................................................................................................................................65
9.1 – BÍBLIA O QUE É? ............................................................................................................................................ 65
9.2 – ALGUMAS CITAÇÕES BÍBLICAS: devem ser entendidas dentro do contexto antigo. ........................... 67
9.3 – BÍBLIA: FUNDAMENTALISMO OU EXEGESE ........................................................................................ 68
9.4 – FATOS OCORRIDOS NO EVANGELHO..................................................................................................... 69
9.5 – OS MANUSCRITOS DO MAR MORTE: ...................................................................................................... 70
9.6 - LINHA DO TEMPLO BÍBLICO ANTIGO TESTAMENTO: ...................................................................... 72
9.7 – BÍBLIA: NOVO TESTAMENTO .................................................................................................................... 74
9.8 – O POVO ESSÊNIO ........................................................................................................................................... 75
10 – RECAPITULAÇÃO ................................................................................................................78

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1 – CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2008
TEMA: FRATERNIDADE E DEFESA DA VIDA.
LEMA: “ESCOLHE, POIS, A VIDA” – Deuteronômio 30,19.

1.1 – VIDA OU MORTE, UMA OPÇÃO DE CADA UM DE NÓS

A CF 2008 propõe-nos defender a vida. Seu lema é o seguinte: ”escolhe, pois, a vida” - Dt 30,19.
Vida e morte são colocadas diante de nossos olhos. Vamos escolher a vida, preservando-a dentro de princípios
morais, éticos, cristãos, resguardando os Direitos Humanos, declarados e assumidos pela ONU em 1948, exigindo que
todos os seres humanos sejam respeitados em seus direitos fundamentais, independentemente da idade, peso, cor, raça
ou religião. A Igreja e a sociedade defendem a vida humana, desde a concepção até a sua morte natural, como um dom
de Deus. Proteger a vida é co-responsabilidade de todos, na busca de sua plenificação, a partir da beleza e do sentido da
vida em todas as circunstâncias e do compromisso do amor fraterno.
Os bispos da América Latina e do Caribe, reunidos com o Papa, em Aparecida, São Paulo, maio passado,
afirmaram que somos chamados a escolher entre caminhos que conduzem à vida ou caminhos que conduzam à morte.
Os caminhos da morte são os que dilapidam os bens que recebemos de Deus, que traçam uma cultura atéia ou
deísta, sem os mandamentos de Jesus ou inclusive contra Deus, animada pelos ídolos do poder, da riqueza e do prazer
passageiro.
Os caminhos da vida são os que conduzem à plenitude de vida que Cristo nos trouxe. Na vida divina cristã se
desenvolve em cheio a existência humana, em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural. Essa é a verdadeira vida
que Deus nos oferece gratuitamente. Só essa vida nos realiza plenamente como pessoas humanas.
Os caminhos da morte são enganosos. Podem até causar lucro e prazer imediatos. São, porém, sempre fugazes.
Podendo até ter explicação científica. Mas não têm consistência antropológica. Não apresentam solução definitiva.
Impedem de se poder ver o que seja mesmo o sentido do sofrer, do bem e do mal especialmente do amor gratuito
dignificante. Uma ciência pragmática sem Deus leva à destruição da vida.
Perde-se, assim, o sentido sagrado da vida humana. O amor ali se confunde com a realização do desejo egoísta
e da mais valia. O desejo de posse sobre o mais fraco, desconhece a grandeza da doação gratuita. A vida perde seu
caráter de dignidade sagrada. As pessoas mais pobres são utilizadas como objeto e como cobaias de laboratório, algo
descartável. Não se respeita a pessoa humana inteligente e livre, feita à imagem e semelhança de Deus.
A CF 2008 quer levar-nos a:
- VER. Ver a realidade da saúde o povo brasileiro em todos os aspectos, desde a concepção da criança, a
gestação, a amamentação e alimentação dos seres humanos, bem como a mortalidade infantil, as desigualdades sociais e
a falta de atendimento médico básico.
- JULGAR. Analisar sobre a educação, a formação, a proteção da vida humana, a gestão da saúde pública, seus
valores, conquistas, bem como a corrupção que suga e desaparece o dinheiro destinado à saúde pública.
- AGIR, fazer algo em favor da saúde especialmente dos mais desfavorecidos pela sorte, vitimas da corrupção
e da violência de parte dos governantes que provocam o desemprego, a falta de moradia, o êxodo rural e a falta de
instrução.

1.2 – VIDA HUMANA DESDE A CONCEPÇÃO

A vida humana começa no ato da fecundação, na junção de dois gametas, um espermatozóide e em óvulo,
formando-se uma nova unidade genética diferente da soma das duas partes que se uniram, provenientes do pai e da mãe.
Um ser especial, diferenciado, para viver independente de suas origens! Aos 24 dias da fecundação, o zigoto, apenas
chegado ao útero, é um tubo neural. Já faz o coração ter batimentos próprios. Com 70 dias de gestação já tem todos os
órgãos formados até mesmo sua impressão digital, deixando de ser embrião para ser chamado de feto. Não é um animal
ou vegetal, mas GENTE HUMANA que está nascendo.
Vejamos o que está ameaçando a vida: A pobreza, a exclusão social. A falta de recursos básicos para uma vida
digna até mesmo para a sobrevivência física das pessoas. A precariedade dos serviços públicos de saúde e seguridade
social. Sofrem as gestantes, padecem as crianças. Doentes e idosos são tratados com desprezo.
A falta de instrução. A violência urbana. As drogas. O tabagismo. O alcoolismo. O materialismo. Os que
levam uma vida sem sentido. A poluição. O desmatamento. A destruição dos rios, da fauna e da flora. Tudo isso destrói
a vida.
A vida humana tem como autor o mesmo Deus que é o Criador. Os pais unem-se em amor comprometido,
criando um fruto abençoado de seu amor, que é a criança gerada com toda a santidade no útero materno. A vida vem de
Deus. A vida leva-nos a Deus. Devemos preservá-la e fazer de tudo para que se viva dignamente. Os abortistas
para os cristãos não passam de assassinos covardes, dado que o ser humano que está sendo gerado, não pode se
defender. O feto é outra pessoa com seus direitos inalienáveis e próprios de viver e de receber total assistência bio e
psicológica, afetiva e moral. As mães são honradas com esta criança a ser gerada em seu útero. Os seus filhos não são
seus! A criança não pediu para nascer. Assim que foi concebida, a criança é gente, pessoa, um dom de Deus feito para
ser feliz, para ser amada e para amar.
Preservemos a vida, dom de Deus!

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1.3 – JESUS QUER A VIDA PARA TODOS

A proposta de Jesus é que todos tenham vida e em abundância.


Cabe a nós cristãos defender, resgatar, restaurar e promover a vida especialmente a vida humana.
A vida criada por Deus é perfeita. A beleza e a bondade manifestas na criação foram consideradas
tradicionalmente um caminho para se chegar ao conhecimento de Deus e de seu amor. A vida é um bem, um presente de
Deus, oferecido a nós gratuitamente.
A vida é uma grande manifestação de Deus, um sinal da sua presença, claro vestígio da sua glória. A glória de
Deus é o homem vivo.
“Vê, ofereço-te hoje, de um lado, a vida e o bem; do outro, a morte e o mal. Coloco diante de ti a vida e a
morte, a felicidade e a maldição. Escolhe a vida. Então, viverás feliz com toda a tua posteridade, Dt 30.
Jesus inaugura para nós o Reino da Vida do Pai. Jesus, o bom pastor quer nos comunicar a sua vida e se
colocar a serviço da vida. Dá a vista ao cego. Dignifica a samaritana. Cura os enfermos. Acolhe os leprosos. Alimenta
os famintos. Liberta os prisioneiros do egoísmo.
Cristo é o caminho, a verdade e a vida. Sua conduta contrasta com a da eutanásia e a do aborto. Anuncia a
dignidade única da pessoa humana.
Somos amados por Deus de modo especial, de modo personalizado. Antes que fôssemos concebidos, Deus já
nos amava.
Temos valor único e irrepetível.
Cristo, bom pastor, dá a vida pelas suas ovelhas, Jo 10,10. Viver dignamente é o critério válido de todas as
nossas ações, ou seja, é a opção fundamental do ser humano: ser livre de escolher o bem viver e se afastar das obras da
morte.
A caridade é uma postura de acolhida e discernimento diante das ameaças à vida. A caridade leva-nos a acolher
gratuitamente o outro como irmão. A caridade leva-nos a nos relacionar intimamente com Deus e ter o verdadeiro
sentido da vida como um dom divino.
Quem se forma como médico, doutor em prol da vida, prepara-se longos anos para defender a vida desde os
seus primeiros momentos até os últimos minutos de funcionamento de seu sistema nervoso e glandular. É o guardião, o
anjo, o protetor competente e ético, sábio e inteligente, amoroso e compassivo, misericordioso e totalmente dedicado ao
bem estar das pessoas. Aliás, TODOS nós somos seres vivos, humanos, racionais, chamados a viver dignamente e a
preservar a vida. Jesus quer que TODOS tenham a vida e a tenham em abundância.

2 – RELIGIÃO : O QUE É?
“A religião é um sentimento ou uma sensação de absoluta dependência” Friedrich Schleiermacher. 1768-1804.
“Religião significa a relação entre o homem e o poder sobre-humano no qual ele acredita ou do qual se sente
dependente. Essa relação se expressa em emoções especiais – confiança, medo – e ações – culto e ética”. C.P. Tiele
1830-1902.
“A religião é a convicção de que existem poderes transcendentes, pessoais ou impessoais, que atuam no
mundo, e se expressa por insight, pensamento, sentimento, intenção e ação”. Helmuch von Glasenapp – 1891-1963.
“A única coisa interessante sobre a terra são as religiões”: Baudelaire.
O Homem é um animal religioso. A diferença entre o homem e o animal: o homem tem religião e o animal não
tem religião...
O homem primitivo, fascinado, espantado, estarrecido, assustado, sem saber explicar a causa dos fenômenos da
natureza, criou Alguém como a causa das causas. Esse Alguém foi chamado de Deus. Alguns povos imaginavam que
existisse UM Deus apenas. Outros criaram vários. Outros conjeturaram um deus para cada fenômeno da natureza. Para
agradar ao(s) deuses, os povos faziam ofertas, sacrifícios, danças, rituais, celebrações, procurando apaziguá-los.
Sacrifícios, ofertas, celebrações oferecendo aos deuses os PRIMOGÊNITOS OU AS PRIMÍCIAS deram início
ao sacerdócio e às religiões. Juanita foi a menina inca, do Peru, oferecida aos deuses.
Daí nasceu a religião, a tentativa de entrar em contacto com força, energia ou Pessoa, que causasse fenômenos
como relâmpagos, frio, quente, vento, trovoadas, chuvas, tempestades, rios, marés e mares, florestas, vulcões, vida,
gestação, doenças, curas, o ciclo das estações do ano, germinação das plantas. Pelo medo ou pela gratidão, os primitivos
criaram e organizaram a religião que deveria orientar a vida, as famílias, os costumes, a organização das tribos e dos
governos.
O medo e a culpa devem ter sido o primeiro fator que suscitou o nascimento da religião.
O homem primitivo acreditava que os animais, as plantas, os rios, as montanhas, o sol, a lua e as estrelas
continham espíritos, os quais era fundamental apaziguar. Até hoje há pessoas que praticam a religião para “apaziguar” o
Deus terrível... Outros batizam as crianças, com medo de elas morrerem pagãs e serem castigadas por Deus...

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2.1 – RELIGIÃO E VIDA

RELIGAR ? – religar o homem a Deus.


RELER ? - re ler, re perceber a importância de Deus.
RE-ELEGER ? Re escolher Deus na própria vida.

- “Não devemos permitir que alguém saia de nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz”. Madre Teresa de
Calcutá.
- “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição. Numerosos são
os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram”. Mt 7,
13-14.
- “Faça o necessário, depois o possível e, de repente, você estará fazendo o impossível”. São Francisco de Assis.
- “A semente plantada não germina no mesmo dia. Precisa de tempo para brotar. Confiar e esperar é o segredo da boa
colheita”. Masaharu Taniguschi - Seicho No Iê.
“Aprenda a amar a todos indistintamente, para conseguir encontrar a luz que tanto anseia”. Carlos Torres Passarinho.
“Uma sociedade onde coexistem desenvolvimento material e o progresso do espírito é uma sociedade verdadeiramente
feliz”. Dalai Lama.
“As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguirmos diferentes,
desde que alcancemos o mesmo objetivo?”. Mahatma Gandhi.

2.2 – FENÔMENO RELIGIOSO

FENÔMENO RELIGIOSO: φαινοµεναι:


φαινοµεναι: o que aparece. O que acontece no mundo sobre religião.

- Fenômeno religioso. As religiões existem em todos os tempos e em todos os lugares.


- Proibir a prática da religião é sinônimo de fortalecê-la.
- Os povos têm suas religiões e suas manifestações religiosas.
- Cada povo tem a sua religião. Cada família tem a sua religião. Os membros das famílias pertencem à religião da
própria família. Não existe na História um filho que tenha religião diferente da dos seus pais. O povo tem a religião do
seu rei: “cuius régio, eius religio”.
- Deus: causa primeira de tudo: minerais, vegetais, vida animal e humana. Fonte. Criador.
- - Algumas pessoas não freqüentam, criticam, difamam, desdenham da religião. Mas, quando precisam: procuram a
religião. Ou vão na alegria ou na dor...
- - Como se explica que muitas pessoas têm coragem de dar sua vida pela religião? São Pedro. Paulo. João.
Sebastião. Lourenço. Águeda. Policarpo. Luzia. Inês. Tarcísio. Brás. Oscar Romero e milhares de outros...
- Cícero: não há povo sem religião.
- Plutarco: você encontra de tudo, mas não um povo sem religião...
- Max Scheler: Lei universal: todo o espírito finito crê num Deus, se é substituído ou proibido, um dia retorna a
mesma crença.
- Jung: Seus clientes doentes padeciam de uma religião mal-orientada.
- Pavlov: Descrê na união da ciência com a fé. Mas pessoalmente é religioso. A cura de seus clientes neuróticos:
retornar para a religião onde nasceram.
- O povo brasileiro é religioso. Isso é bom e ruim. É bom na medida em que o povo brasileiro é piedoso e respeitoso.
Ruim porque muitos brasileiros acreditam com facilidade em charlatães, impostores e enganadores.
- Morte de Deus: Pensou-se que o moderno havia vencido a fé. Mas... a ciência sem Deus tende a sucumbir.
- O Comunismo não conseguiu acabar com a fé.
- É possível e positiva a convivência entre a Fé e a ciência. Fé e razão. Fé e pesquisa científica.
- Fé e cultura: a cultura envolve crenças, ritos, costumes e celebrações.
- Tempo sagrado: por exemplo, a semana santa, o domingo. Um tempo reservado para a religião.
- Espaço sagrado: um local reservado para a religião, para as orações e celebrações: capela, templo.
- A vida religiosa está ligada ao passado, ao presente e ao futuro.
- O mito: uma tentativa de explicar sobre a vida e sobre a morte.
- Religião: re legere reler - Cícero.
- Lactâncio: re ligare.
- Agostinho: re-eligere – tornar a eleger a Deus.
- A RELIGIÃO: Religião: Conjunto de crenças, leis e ritos que visam um poder que o homem, julga supremo,
independente, senhor de tudo e de todos, com o qual pode entrar em contato para pedir, agradecer e louvar. O homem
reconhece sua dependência de um ser supremo pessoal, pela aceitação de várias crenças e observância de várias leis e
ritos atinentes a este Ser.
- Muitos jovens afastam-se da Religião. Mas, depois retornam...
- Deve-se respeitar a outra religião. Umbanda: significa: Pai, Filho e Espírito.

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2.3 – VISÃO GERAL DO FENÔMENO RELIGIOSO MUNDIAL

- Entre 1946 e 1984: O número de cristãos passou de 670 milhões para 1.056 bilhões.
- Muçulmanos: triplicaram.
- Judeus: aumentaram 4 milhões.
- Budistas: de 105 milhões para 254 milhões.
- Confucionistas: aumentaram 10 milhões entre 79 e 84.
- Estónia comunista: 1/3 da população permanece católica.
- Lituânia: ½ dos cristãos é batizada.
- Rússia: 1/5: declara-se atéia.
- China: os católicos aumentaram 300% desde 1950.
- 460 milhões de hinduístas e 445 estão na Ásia.
- Franca: 80% se dizem católicos e 97% são batizados.
- 1982: 20% praticavam a religião.
- 1980: 220 mil catequistas.
- 200 mil são leigos.
- 87% ainda se casam na Igreja.
- 72% desejam ser enterrados com funeral religioso.
- Bélgica: 72% - católicos. Nem sempre praticam.
- 82% batizados.
- Católicos: de 80 a 85%.
- Praticantes: 35%.
- No Vale do Aço deve haver mais de 1.000 igrejas. Cada uma vai criando outras e cada vez mais...
- O Papa: presença no mundo.
- Personagens importantes religiosas: Papa – Tereza de Calcutá – Dom Helder – Dom Romero – Dalai-Lama – Billy
Graham – Jimmy Swaggart – O Pastor Irlandês Ian Paisley – Khomeini – Rev. Moon.
- Meca: 1 milhão de fiéis peregrinos anualmente.
- Ramila: festa hinduísta, dedicada a Rama- Índia.
- Eslovênia: O catolicismo é proibido. Tem 100 mil católicos.
- Aparecida do Norte, Belém do Pará: cada ano recebe milhões de peregrinos, que com fé, com sentimento religioso,
aparecem ali para pedir, rezar, fazer promessas, agradecer e louvar a Deus na pessoa da Virgem Maria.
- Escritos: jornais – TV – Rádio: anunciam Deus Vivo. Despertais dos Testemunhas de Jeová: 11 milhões de tiragem
em 53 línguas. Veja: quantos programas religiosos acontecem nas emissoras de rádio e de televisão!

- A DISTRIBUIÇÃO DAS RELIGIÕES NO MUNDO:


- De 6 bilhões de habitantes do mundo:
- 1 bilhão e 729 milhões: cristãos
Destes: 1,045 bilhão: católicos.
1,2 bilhão: muçulmanos.
- 1 bilhão de hinduístas –
- 333 milhões: confucionistas –
- 325 milhões: budistas
- 19 milhões: judeus
- 17 milhões: siks
- 265 milhões: diversas religiões ou sem religião: 6,165.
- Observação: as estatísticas variam de ano para ano. Esses dados aqui apresentados servem apenas para nos dar uma
idéia geral da situação.
- Atenção: Esses dados estatísticos devem ser atualizados cada ano.

2.4 – SOMOS TODOS AFRICANOS? - NOSSAS ORIGENS...

Sempre que entram em crise, as civilizações começam a olhar para seu passado, buscando inspiração para o
futuro. Hoje estamos no coração de uma fenomenal crise planetária que afeta todas as civilizações. Ela pode significar
um salto rumo a um estado superior da hominização bem como uma tragédia ameaçadora para toda a nossa espécie.
Num momento assim radical, não é sem interesse sondar as nossas raízes mais ancestrais e aquele começo seminal em
que deixamos de ser primatas e passamos a ser humanos. Aqui deve haver lições que nos podem ser muito úteis.
Hoje é consenso entre os paleontólogos e antropólogos que a aventura da hominização se iniciou na África,
cerca de sete milhões de anos atrás. Ela se acelerou passando pelo homo habilis, erectus, neandertalense até chegar ao
homo sapiens cerca de cem mil anos atrás. Da África ele se propagou para a Ásia, há sessenta mil anos, para Europa, há
quarenta mil anos e para as Américas há trinta mil anos.
A África não é apenas o lugar geográfico das origens. É o arquétipo primal, o conjunto das marcas, impressas
na alma do ser humano, presentes ainda hoje como informações indeléveis à semelhança daquelas inscritas em nosso

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código genético. Foi na África que o ser humano elaborou suas primeiras sensações, onde se articularam as crescentes
conexões neurais (cerebralização), brilharam os primeiros pensamentos, se fortaleceu a juvenilização (processo
semelhante ao de um jovem que mostra plasticidade e capaz de aprendizagem) e emergiu a complexidade social que
permitiu o surgimento da linguagem e da cultura. Há um espírito da África, presente em cada um dos seres humanos.
Veja três eixos principais do espírito da África que podem significar verdadeira terapia para a nossa crise
global.
O primeiro é a Mãe Terra. Espalhando-se pelos vastos espaços Africanos, nossos ancestrais entraram em
profunda comunhão com a Terra, sentindo a interconexão que todas as coisas guardam entre si. Mesmo vítimas da
exploração colonialista, os atuais Africanos não perderam esse sentido materno da Terra, tão bem representado pela
keniana Wangari Mathai, ganhadora do prêmio Nobel da Paz por plantar milhões de árvores e devolver assim a
vitalidade à Terra. Precisamos nos reapropriar deste espírito da Terra para salvar Gaia, nossa Mãe e única Casa Comum.
O segundo eixo é a matriz relacional (relational matrix no dizer dos antropólogos). Os Africanos usam a
palavra ubuntu que significa a força que conecta a todos, formando a comunidade dos humanos. Quer dizer, eu me faço
humano através do conjunto das conexões com a vida, a natureza, os outros e o Divino. O que a física quântica e a nova
cosmologia ensinam acerca de interdependência de todos como todos é uma evidência para o espírito Africano. À essa
comunidade pertencem os mortos. Eles não vão ao céu. Ficam no meio do povo como conselheiros e guardiães das
tradições sagradas.
O terceiro eixo são os rituais. Experiências importantes da vida pessoal, social e sazonal são celebrados como
ritos, danças, músicas e apresentações de máscaras, portadoras de energia cósmica. É nos rituais que as forças negativas
e positivas se equilibram e se aprofunda o sentido da vida. Se reincorporarmos o espírito da África, a crise não precisará
ser uma tragédia. Aqui vai uma reflexão radical sobre nossas origens e sua atualidade para a crise atual.

(...) “Vamos rir, chorar e aprender. Aprender especialmente como casar Céu e Terra, vale dizer, como
combinar o cotidiano com o surpreendente, a imanência opaca dos dias com a transcendência radiosa do espírito, a vida
na plena liberdade com a morte simbolizada como um unir-se com os ancestrais, a felicidade discreta nesse mundo com
a grande promessa na eternidade. E, ao final, teremos descoberto mil razões para viver mais e melhor, todos juntos,
como uma grande família, na mesma Aldeia Comum, generosa e bela, o planeta Terra.”
Leonardo Boff: teólogo e escritor

2.5 – MITO – LENDA – FÁBULA

- A mitologia: O mito é uma história que geralmente acompanha um rito. O rito confirma o um ato em que o mito se
baseia. Mito: tentativa para explicar a origem do universo, das coisas, dos animais, das pessoas. Para isso, se criaram
histórias sem lógica, imaginárias, lendárias e sagradas. Essas histórias não podiam ser desmentidas, pois, se dizia, eram
originadas dos deuses. A bíblia também tem narrações mitológicas como a da criação do mundo no Gênesis. As
histórias mitológicas não são verdadeiras, mas tentam explicar as origens e sentido das coisas e da vida. O livro do
Gênesis, dos capítulos 1 a 11: desde Adão e Eva, tem uma linguagem mítica. São histórias míticas da bíblia: Sansão. As
pragas do Egito. Josué que parou o sol: Josué 12. Jonas foi engolido pela baleia. O autor bíblico utilizou-se de um estilo
literário mítico para poder transmitir a palavra e a mensagem de Deus.
- O personagem principal do mito é Deus ou os Deuses: Cosmogonia, Teogonia. Antropogenia.
- Nas lendas o personagem principal é a pessoa humana.
- Nas fábulas o personagem principal é um ou vários animais.

- COMO SURGIU O UNIVERSO, O COSMOS, O MUNDO?


- Cada povo, cada cultura tem seus mitos tentando explicar a origem do mundo: gregos, egípcios, romanos, nórdicos,
índios da América, Orientais. Cada um criou histórias lendárias e ou míticas, tentando explicar o começo do mundo.
- Basicamente há duas teorias para explicar a origem do universo: creacionismo e evolucionismo.

2.6 - TENDÊNCIAS MISTICAS

Podemos encontrar tendências místicas em todas as grandes religiões do mundo. E as descrições que os
místicos nos fornecem da experiência mística demonstram uma notável uniformidade, apesar das fronteiras sociais,
culturais e religiosas, e de enormes diferenças cronológicas e geográficas. Isso nos permite falar de uma dimensão
mistica em todas as religiões, e foi por essa razão que o filósofo alemão Leibniz chamou o misticismo de philosophia
perennis: a “filosofia perene”.
- FIM DOS TEMPOS DO MITO: INÍCIO DA FILOSOFIA, DA CIÊNCIA, DA EXPLICAÇÃO LÓGICA:
Antes do século VI, os Gregos explicavam a origem do mundo pela mitologia. A partir de Tales de Mileto
surge a FILOSOFIA que tenta explicar realidade através da matemática, da lógica, do raciocínio e da ciência.
- Século VI ac - Tales de Mileto: deu início à filosofia natural – Grécia.
- Pitágoras: Místico. Usa a matemática para explicar os fenômenos naturais.
- Séc IV aC - Aristóteles: ressalta a idéia da observação como fonte de conhecimento.
- Arquimedes: Em Siracusa, aprimora a abordagem da matemática da natureza.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
- Século XIII dC - São Tomás de Aquino: adota as teorias de Aristóteles, por ver nelas coerência com as doutrinas da
Igreja.
- 1543 dC - Nicolau Copérnico: polonês, afirma que a terra gira em torno do sol e desafia o modelo aristotélico
vigente.
- 1633 – Galileu Galilei: Inicia o método científico da investigação natural. Defende as idéias de Copérnico e sofre a
condenação ao silêncio pela Inquisição.
- 1687 - Isaaque Newton: Propõe sua mecânica e a Lei da Gravitação Universal. Achava que a estabilidade do
Sistema Solar tinha “uma mão divina”.
- 1827- Físico e matemático francês: a estabilidade do Sistema Solar tem causas naturais.
- 1859 - Charles Darwin: Teoria da Evolução, capaz de explicar o surgimento do homem sem recorrer a elementos
sobrenaturais.
- Thomas Huxley: evolucionista, cria o conceito de agnosticismo, para dizer que a ciência não pode comprovar a
existência de Deus.
- 1931 - O Padre George Lamaitre: Propõe a existência de um átomo primordial que teria originado o universo e diz
que a teoria permite que se negue a existência de um Ser transcendental, Deus.
- 1948 – George Gamow: propõe nos EUA o modelo do Big Bang.
- Em resumo: os gregos dizem que a matéria é eterna.
- Os cristãos dizem que Deus criou tudo a partir do nada.
- Alguns evolucionistas afirmam que a matéria, por si só, evolui. É a teoria da evolução sem Deus.
- Os evolucionistas cristãos afirmam que a evolução acontece por força de Deus.
- Os nórdicos diziam que a terra foi criada ou formada por um ser primordial ou por uma matéria primordial. Os
deuses mataram YMER, o gigante da montanha e do seu corpo formaram o mundo.
- Os gregos afirmavam que o mundo era uma massa informe-amorfa-confusa-caótica que foi por um poder divino
organizada e se transformou em COSMOS.
- O Xintoísmo diz que as ilhas japonesas são filhas do divino casal eu criou o mundo.
- No Egito se acreditava que o mundo saiu de um grande OVO.
- A bíblia, Gênesis 1 e 2, diz que Deus fez o mundo em seis dias.
- Todos praticamente afirma que o homem foi criado por algum deus.
A MORTE:
- Os vikings sepultam os cadáveres com as suas armas para continuar a lutar.
- Os gregos dizem que os mortos vão para o HADES.
- Depois da morte, o defunto irá para os eternos campos de caça.
- Em algumas tribos se diz que não existe alma
- Os animistas afirmam que tudo tem ALMA.
- Os cristãos afirmam que há outra vida, um castigo ou um prêmio. Os cristãos afirmam ainda que, que quem está em
Cristo e vive o amor, já está ressuscitando para uma vida melhor desde agora.
- A fé na TRANSMIGRAÇÃO diz que as almas retornam aqui ao mundo para se purificar. Elas se ligam ao mundo pelo
pensamento. Quando alguém morre, passa a viver noutra pessoa, vegetal ou animal para se PURIFICAR.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA

A cosmovisão de
hoje não é a de
antigamente. O que
conhecemos hoje sobre o
universo é bem mais
amplo do que se conhecia
nos tempos bíblicos. Hoje
sabemos que existe um
universo com milhões de
galáxias, planetas, astros,
constelações etc.
Sabemos que a terra é
REDONDA COMO
UMA LARANJA. Mas,
quem escreveu a bíblia
não imaginava que a terra
estivesse rodando ao
redor do sol. Por isso,
TRANSMITIU AS
MENSAGENS DE DEUS
numa linguagem ainda
ingênua, simples, popular,
com uma criança vê e
imagina que o mundo
seja. Observe o desenho
abaixo, mostrando o que
o povo israelita pensava o
que fosse e como fosse o
CÉU e a TERRA.
Imagine o que o povo
pensou e o susto das
pessoas quando
Copérnico e Galileu
falaram que a terra é
redonda e que girava ao
redor do sol...

2.7 – CARACTERÍSTICAS DO ESTADO MÍSTICO

Com base nos relatos de místicos de várias épocas e culturas, normalmente são atribuídas as seguintes
características à experiência mística:

 O místico sente uma unidade em todas as coisas. Há apenas uma consciência – ou um Deus – que permeia
tudo.
 Embora o místico já venha se preparando há muito tempo para seu encontro com Deus, ou com o espírito
universal, sente-se passivo quando isso acontece. É como se ele fosse tomado por uma força externa.
 Essa condição se caracteriza pela intemporalidade. O místico se sente arrancado para fora da existência normal
de quatro dimensões.
 O êxtase em si é transitório, e em geral não dura mais que alguns minutos.
 Mas ele possibilita um novo insight, que permance com o místico depois da experiência.
 Essa compreensão é inexprimível, não pode ser comunicada a outros.
 Como a experiência é paradoxal em si mesma, o místico vai usar paradoxos ao tentar descrever o estado que
experimentou. Assim, pode definir o ser encontrado como “abundância e vazio”, “escuridão ofuscante” ou algo
parecido.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
É somente quando o místico apresenta uma interpretação religiosa ou filosófica de sua experiência mística que
o seu contexto cultural entra em foco. Especialmente no misticismo ocidental (cristianismo, judaísmo e islã), o místico
irá ressaltar que seu encontro foi com um Deus pessoal. Mesmo que tenha sido “absorvido em Deus”, ele costuma dar
ênfase ao fato de que havia uma certa distância entre Deus e o mundo. Algo da relação eu-tu, ou eu-Deus, se mantém.
Esse tipo de misticismo já foi chamado de misticismo teísta. No misticismo oriental (hinduísmo, budismo e taoísmo) é
mais comum afirmar uma identidade total entre o indivíduo e a divindade, ou o espírito universal. Poderíamos dizer que
esse encontro do místico com a divindade ocorre como uma relação eu-eu. Sim, pois Deus não está presente como uma
mera centelha na alma do homem. O divino existe em todas as coisas deste mundo, é uma realidade imanente. Já se
denominou esse tipo de misticismo de misticismo panteísta.
Também para o homem moderno a dimensão mística pode desempenhar um papel decisivo. Muitas pessoas
reconhecem que tiveram experiências místicas, sem atribuí-las a nenhuma religião específica. É típico desses “místicos
modernos” o fato de que, de modo geral, não tomaram nenhuma atitude ativa para se transportar a um estado místico.
De repente, no meio da agitação rotineira da vida diária, experimentaram aquilo que chamam de “consciência cósmica”,
“sensação oceânica” ou “osmose mental”.

2.8 – GRANDES CIENTISTAS RELIGIOSOS

Isaac Newton (1642 – 1727) – Fundador da física clássica – “A maravilhosa disposição e harmonia do universo só
pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode.”
William Herschel (1738 – 1822) – Astrônomo, descobriu o planetaUrano. “Quanto mais o campo das ciências naturais
se dilata, tanto mais numerosas e irrefutáveis se tornam as provas da eterna existência de uma sabedoria a quem use
apenas a sua razão.
Alessandro Volta (1779 – 1855) – Físico italiano, descobriu a pilha elétrica. “Submeti a um estudo profundo as
verdades fundamentais da fé, e deste modo concentrei eloquentes teste, munhos que tornam a religião acreditável a
quem use apenas a sua razão.
André Marie Ampére (1775 – 1836) – Físico e matemático, descobridor da lei da eletrodinâmica – “A mais persuasiva
demonstração da existência de Deus depreende-se da evidente harmonia daqueles meios que asseguram a ordem do
univero e pelos quais os seres vivos encontram no seu organismo tudo aquilo que precisam para a sua subsistência, a
sua reprodução e o desenvolvimento das suas virtualidades físicas e espirituais.
Ians Jacob Berzelius (1779 – 1848) – Químico sueco, descobridor de vários elementos. “Tudo o que se relaciona com
a natureza orgênica revela uma sábia finalidade e apresenta-se como produto de uma inteligência Superior.”
Karl Friedrich Gauss (1777 – 1855) – Astrônomo, físico e, considerado um dos maiores matemáticos de todos os
tempos. “Quando tocar a nossa última hora, teremos a indizível alegria de ver Aquele que em trabalho apenas pudemos
pressentir.”
Agustin – Louis Cauchy (1789 – 1857) – Matemático, desenvolveu o cálculo infinitesimal. “Sou cristão, isto é, creio
na divindade de Cristo como Tycho Brahe, Copérnico, Descartes, Newton, Leibniz, Pascal (...), como todos os grandes
astrônomos e matemáticos da antiguidade.”
James Prescott Joule (1818 – 1889) – Físico, estudioso do calor, do eletromagnetismo e descobridor da lei que leva
seu nome. “Nós topamos com uma grande variedade de fenômenos quem em linguagem inequívoca falam da sabedoria
e da bendita mão do Grande Mestre das obras.”
Ernest Werner von Siemens (1816 – 1892) – Engenheiro inventor da eletrotécnica e estudioso de telecomunicações.
“Quanto mais fundo penetramos na harmonia dinâmica da natureza, tanto mais nos sentimos inspirados a uma atitude
de modéstia e humildade a tanto mais se eleva a nossa admiração pela infinita Sabedoria, que penetra todas as
criaturas.”
William Thompson kelvin (1824 – 1907) – Físico, pai termodinâmica. “Estamos cercados de assombrosos
testemunhos de inteligência e benévolo planejamento; eles nos mostram através de toda a natureza a obra de uma
vontade livre e ensinam-nos que todos os seres vivos são dependentes de um eterno Criador e Senhor.”
Albert Eistein (1879 – 1955) – Físico, judeu alemão, criador da teoria da relatividade. Nobel de 1921. “Todo o
profundo pesquisador da natureza deve conceber uma espécie de sentimento religioso, pois não pode admitir que seja
ele o primeiro a perceber os extraordinariamente belos conjuntos de seres que contempla. No universo, incompreensível
como é, manifesta-se uma inteligência superior e ilimitada. A opinião corrente de que sou ateu baseia-se num grande
equívoco. Quem a quisesse depreender das minhas teorias científicas, não teria compreendido o meu pensamento.”

2.8.1 – ELEMENTOS DA RELIGIÃO

Elementos da Religião: Para ser religião completa exigem-se seis elementos essenciais. Se faltar algum deles, nós não
podemos dizer que se trate realmente de uma religião verdadeira e completa.

a) doutrina (crença - dogma): procura dar explicação da origem de tudo, do sentido da vida, dor, matéria, o além etc. As
religiões têm sua doutrina escrita num Livro Sagrado.
- Sua fonte: Para as religiões primitivas: animismo, fetichismo, politeísmo: a tradição dos antepassados.
- Para as sapienciais: a palavra dos sábios iluminados: hinduísmo, budismo, xintoísmo, confucionismo, taoísmo,

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
- Para as religiões proféticas: Deus se revela pelos profetas.
b) Ritos – cerimônias, celebrações, sacerdócio. Liturgia. Culto, Altar.
c) Ética – leis- comportamentos. Assume a ética e a moralidade.
d) Comunidade: compromisso social, comunitário, especialmente com os mais pobres..
e) Relacionamento eu-tu .Cria-se a fraternidade. Ensina-se que somos todos irmãos.
f) Ligação do temporal com o eterno. Do homem com Deus ou com os Deuses.
Observe-se que em nossa região deve haver mais de 1.000 igrejas: quantas são mesmo uma Religião?
O Rotary Clube e o Lions Clube são Entidades sérias, mas não são religião.
Como surgiu a religião? O antropólogo TYLOR criou o termo animismo para explicar o início das religiões, em que o
homem primitivo acreditava que tudo tem ALMA =ANIMA.

2.9 – CIÊNCIA E RELIGIÃO: UM DIÁLOGO COM A BIOLOGIA

TERMOS QUE DEVEM SER ESTUDADOS: CIÊNCIA. RELIGIÃO. BIOQUÍMICA. BIOÉTICA.


EUTANÁSIA. DISTANÁSIA. ORTOTANÁSIA ABORTO. SUICÍDIO.

É uma opinião unânime nos mais abalizados cientista de hoje e ao longo da história, que entre ciência natural e religião
não há oposição. As coisas últimas, como por exemplo, a questão do sentido da vida, não se podem entender só
cientificamente. Não podemos explicar o mundo partindo do homem, mas partindo de Deus.
A biologia moderna traçou um quadro bastante rico e respeitoso das formas, da complexa estrutura interna da
vida e dos vários comportamentos dos seres viventes. Estamos inseridos naquilo que podemos chamar de século da
biologia, com todos os seus temores e esperanças. A biologia tem o poder de intervir em nossa própria “persona”, em
nosso modo de ser e de agir, basta ver a influência da medicina e dos bioquímicos em nossa vida hoje. Sem dúvida,
todos nos sentimos muito gratos à ciência que, por um lado apresenta a maravilha magnitude da natureza viva de um
modo jamais imaginado em séculos precedentes. Por outro lado a ciência traz consigo novos problemas. Num tempo de
tensão espiritual, de lutas e incertezas, parece-nos que o cristão, de modo especial o teólogo, possui um papel
importante. Qual seja, não o de negar o valor e os resultados alcançados pela biologia moderna, e sim o de se opor a que
ser vivente seja rebaixado como simples produto de matéria ou de um misterioso e enigmático salto dialético. O teólogo
deve opor-se á idéia de que o “acaso” e o “salto dialético” contradizem o Espírito Divino, que está por trás de toda
natureza ordenada e penetra o mundo. Isso quer dizer que, onde está o homem está contemporaneamente Deus.
Pode se dizer que a biologia, como a conhecemos hoje, é uma ciência nova. Por quase dois mil anos, esta
ciência somente existe sob a forma de botânica, fisiologia, ou zoologia. Seu papel se limitava a explicar a história
natural, a partir dos elementos fornecidos pela Sagrada Escritura. A discussão sobre as origens de uma doutrina da vida
na história do ocidente, como tentativa de compreensão das causas científicas naturais do fenômeno biológico, encontra
suas origens a partir do século XIII. Precisamente nem tempo em que a matemática e a física começaram a acelerar com
notáveis êxitos o processo de “profanação do cosmo”.
A biologia, até bem poucos anos atrás, estava ainda muito distante converte-se numa doutrina científica sobre a
vida. É a partir dos últimos centos e cinqüenta anos que esta ciência começa a crescer e a ocupar um papel importante
no cenário cientifico, seu crescimento vem ocorrendo com a velocidade de um torvelinho e amplia o seu ralo de ação
alcançando um domínio gigantesco. Basta ver os campos em que penetra a Biologia como alcance de suas conclusões.
Presenciamos hoje uma verdadeira revolução em nossas vidas a partir dessa ciência. Não é ocasional que uma
das grandes discussões éticas atuais seja no campo da ética aplicada à biologia e à medicina: a Bioética. O domínio das
possibilidades, a moderação, o abuso das manipulações a que dão lugar os mais variados laboratórios em todo o mundo
se converte numa questão ética fundamental para toda a humanidade, que mais do que nunca se vê ameaçada em sua
cultura e em sua integridade física.
Não se trata aqui de fazermos uma viagem no tempo para elevarmos ao longo da história as grandes
descobertas da biologia, de modo especial, nos últimos anos, apenas partimos de uma constatação que teve lugar em
1828, quando um jovem químico alemão, A. Wöhler, obteve artificialmente num tubo de ensaio os primeiros cristais de
uréia. Esta nova era para as ciências se inicie no momento em que a biologia e a química se dão as mãos, traçando assim
a fronteira do orgânico e do inorgânico. Essa nova ciência se denominará: Bioquímica. Apenas como fato: o século XIX
é testemunho de uma entusiasta marcha triunfal dessas sínteses de compostos orgânicos, que se contínua com seu
trabalho investigativo e industrial de nosso século.
A grande indústria farmacêutica se converte hoje gradualmente em produtora de um dos meios básicos para a
vida humana. A partir do momento em que é possível obter-se artificialmente produtos, anteriormente considerados
exclusivos do organismo vivente, os bioquímicos se sentiram testados por empreendimento mais audaz: obter a vida de
modo artificial.
Dentro de uma perspectiva teológica e religiosa para o século XIII esta idéia de se obter a vida em laboratório
era simplesmente imaginável. Mesmo porque essa idéia não concordava com o relato bíblico da criação, que nada sabe
de geração espontânea. A preocupação profunda era descobrir a viver o milagre inrepetível da vida como criação divina.
“E Deus viu que tudo era bom”, nos diz o primeiro livro das origens. Para o medieval o cosmo inteiro era considerado
como um organismo vivo e em toda a matéria está insinuada a vida, ao menos enquanto possibilidades. A grande
pergunta do homem medievo, já presente nos gregos, de modo especial nos pré-socráticos, a que por sua vez uma das
primeiras questões da biologia diz respeito ao problema da diversidade presente na natureza. De onde e para que esta

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
diversidade? Aristóteles já adverte a respeito dos níveis que esta pergunta comporta: o problema da causa eficiente
(causa effciens) e o problema da causa final (causa finalis).
De um modo estava resolvido o problema da diversidade e todos os problemas da biologia medieval, assim
como em Aristóteles, se movia no segundo nível da finalidade. O importante, portanto, era explicar a intenção secreta
do Criador com as suas criaturas, não se tratava de responder o porquê de toda a diversidade e sim qual o sentido que
tinham para o mundo as distintas espécies de plantas e de animais, e de modo especial, que sentido teriam para o
homem, já que este se constituía como o centro de criação. Com a idade moderna a biologia que não havia se nutrido
destas raízes filosóficas e teológicas, adquire sua própria autonomia. Ao mesmo tempo que começa a conhecer a
abundância da diversidade em suas formas particulares, começa a fazer sempre mais apuradas e complexas relações de
semelhanças e diferenças existentes entre elas. E assim que aos poucos vai surgindo na biologia, e, cada vez assuma
mais consistência a idéia de evolução e de geração espontânea.
A questão que poderemos colocar é justamente esta: a geração espontânea de formas sensíveis de vida poderá
converter-se nas mãos do homem no resultado de uma evolução tecnológica cuja a direção já está apontada? Converter-
se-á, pois, o homem no “pequeno Deus do mundo?” O criador também da vida? Erítis sicut Deus...dita pela boca da
velha e sempre nova sedução da serpente converterá o homem não na semelhança com Deus mas sim na igualdade com
Deus?
Mas também podemos ver de outra forma. O homem com a sua penetração científica pode chegar mais perto
de Deus e aprofundar a sua fé religiosa. Se de um lado a ciência procura dar um sentido à vida e à história universal, o
mesmo pode-se dizer da religião e da fé. Ambas podem conviver harmoniosamente, ajudando-se mutuamente nessa
busca. Importante que cada uma conserve seu âmbito de ação específico, respeitando cada uma seu espaço de
autonomia. Ciência e religião possuem em metodologia distinta. Esta e justamente uma das sábias orientações do Papa
João Paulo II em seu último documento Fides el flatio, sobre fé e razão. Para Albert Einsten, e sem dúvida para muitos
espíritos orientados de acordo com as ciências naturais, a religiosidade consiste em ter “consciência de que exista o
impenetrável para nós, de que as manifestações da mais profunda razão e mais deslumbrante beleza, somente em suas
formas mais primitivas são acessíveis à nossa razão”. O próprio Einsten numa conferência sobre Religião e Ciência,
feita num congresso da comissão mista cristã-hebraica dizia; A ciência sem a religião é paralítica – a religião sem a
ciência é cega”. Numa entrevista para um jornal americano em 1950, afirmava: “A opinião corrente que eu seja um ateu
se baseia num grande erro. Quem a deduz das minhas teorias científicas, não as compreendeu tal pouco a minha posição
frente a religião. Creio em um Deus pessoal, e posso dizer com plena consciência que na minha vida nunca induzi a
uma concepção ateísta”. Vale a pena fazermos referência a Max Planck que fala de um profundo respeito da existência
e da natureza de Deus, da importância da religião e do cristianismo. Dois problemas lhe eram particularmente caros: o
problema da lei da casualidade e o do livre arbítrio em relação à religião a à ciência. “Em qualquer direção e por mais
longe que possamos ver, não encontramos em nenhuma parte uma contradição entre religião e ciência; ao contrário, há
um pleno acordo nos pontos mais decisivos. Religião e ciência não estão em contraste, mas necessitam uma da outra
para completar-se na mente de cada homem que reflita seriamente.
Ainda é válido o que diz o grande físico teórico Sussam (1962): “Que Deus criou o mundo com a sua palavra é
algo de que nos dá testemunho a Bíblia, em sua primeira página, como aconteceu esta criação (e segue acontecendo) em
sua dimensão espaço – temporal, é algo que Deus nos mostra hoje meio da ciência da natureza”.
A teologia cristã não limita o ato criativo de Deus ao momento inicial, mas considera como ao perpetuando
através da existência de cada criatura. Importante, porém, á distinção que a teologia faz entre a primeira criação, ou
também chamada de criação sobrenatural, pois cria do nada, e aquela criação que segue mediante a natureza, quer dizer,
o desenvolvimento sucessivo da evolução no qual age a lei natural. Isto não quer dizer que Deus, depois de criar o
mundo, deixa que todos fenômenos sucessivos aconteçam por meio das leis naturais imutáveis, assim como um
relojoeiro que constrói um relógio e depois o deixa andar através de seu próprio mecanismo. Para a doutrina cristã cada
evolução é criação, mesmo que cada criação seja evolução. A fé, portanto num Deus criador consiste no primeiro artigo
do credo e o fundamento da fé cristã. Deus é a causa primeira e fundamento último de tudo a que existe.
Para o homem moderno, que vive num constante florescer das grandes descobertas científicas, a dentre essas
de modo especial aquela pertencentes à biologia, ainda são válidas as idéias de Santo Agostinho que afirmava que a
criação e a Escritura podem conduzi-lo a Deus, e também um encontro consigo mesmo, ajudando-o a dar-se conta da
dignidade recebida. O homem ainda pode escutar em nossos dias uma chamada nova, formulada pela ciência e a
técnica, que convidam a buscar em seu coração a força moral necessária para utilizar com critério a discernimento todo
esse poder. Mais do que nunca, num mundo em que a vida é mais ameaçada, serve a frase de Jesus, e neste sentido,
consiste num recado para todos os biólogos: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”.
Podemos ser cientistas. Não admitimos que a pessoa humana seja usada como cobaia e desrespeitada.

2.10 – CONHEÇA O CAMELO

Se alguma vez você duvidou da existência de Deus conheça um projeto extremamente técnico e de construção
complexa: o camelo dromedário.
Diz o CAMELO: “Quando estou com fome, como qualquer coisa que encontro – uma correia de couro, um
pedaço de corda, a tenda do meu dono, ou até um par de sapatos”.
Minha boca é extremamente grossa por dentro e nem mesmo um pedaço de cacto chega a incomodar. Mas o
que eu gosto mesmo é de comer grama e outras plantas que crescem no deserto da Arábia.

13
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
Sou um camelo, um dromedário, mais exatamente. Vivo nos desertos do Oriente Médio.
Meu nome cientifico é Camelus dromedarius, de modo que você pode me chamar de uma forma ou de outra,
que não incomodo. Tenho um primo chamado Camelus bactrianus e muitas pessoas me confundem. Eu só tenho uma
corcova. Meu primo é que tem duas.
Minha corcova, que chega a pesar trinta e seis quilos, contém gordura, o combustível para meu organismo, e
não água, como algumas pessoas imaginam. Meu poderoso Criador me deu essa corcova, pois sabia que nem sempre
conseguiria encontrar vegetação para comer ao atravessar os desertos... Quando não encontro nada para comer, meu
organismo automaticamente consome a gordura que está armazenada na corcova, alimenta meu corpo e eu continuo
forte e posso caminhar. A corcova é meu suprimento de energia de emergência.
Se eu não conseguir nada para comer, meu corpo vai consumindo a gordura que está na corcova, até que ela
fica murcha e começa a cair para um dos lados do meu corpo. No entanto, assim que chego a um oásis e começo a
comer novamente, rapidamente a corcova volta a forma normal.
Sou famoso porque consigo beber quase cem litros de água em apenas dez minutos. Meu Projetista criou-me
de uma forma fantástica que em questão de minutos toda a água que bebo chega aos bilhões de células microscópicas
que formam meu corpo.
Logicamente, a água que bebo vai primeiro para meu estômago. Ali, os vasos sangüíneos sedentos absorvem e
transportam rapidamente essa água para todo o meu corpo. Alguns cientistas fizeram uma verificação no meu estômago
dez minutos após eu beber setenta litros de água e constataram que estava totalmente vazio.
Em um dia inteiro de caminhada, consigo carregar uma carga de 180 kg por quase 150 quilômetros,
atravessando um deserto seco, sem parar um minuto para beber ou comer coisa alguma. Se o homem fosse inteligente:
iria me tratar melhor para eu viver mais. Entretanto o homem é burro! Peso exagerado pode me causar danos e morrerei
mais cedo!
Na verdade, consigo ficar até oito dias sem beber água, mas então fico realmente esgotado. Perco mais de 100
kg e fico magérrimo, no osso e na pele.
Mesmo assim, ainda me agüento em pé! Emagreço porque bilhões de células no meu corpo perdem água e
ficam sem gordura.
Normalmente, meu sangue contém 94% de água, exatamente como o seu. No entanto, quando não encontro
água para beber, o calor do sol gradualmente me faz perder um pouco da água do meu sangue. Os cientistas
descobriram que meu sangue pode perder até 40% da água, e mesmo assim continuo saudável. Somente para você ter
uma idéia, se um ser humano perder 5% da água do sangue, a sua vida fica comprometida – se a perda for de 10%, a
pessoa enlouquece: com 12%, o sangue fica tão espesso que o coração não consegue bombeá-lo mais e pára. Você
morre. No entanto isso não acontece comigo. Por quê? Os cientistas dizem que meu sangue é diferente. Meus glóbulos
vermelhos são alongados, e não arredondados, como no ser humano. Talvez seja isso que faça a diferença.
Isso prova que fui projetado especificamente para o deserto, ou o deserto foi criado para mim. Alguma vez
você já ouviu falar que pode existir um projeto sem que exista o projetista?
Quando encontro água bebo sem parar por quase dez minutos e meu corpo magro começa a mudar quase
imediatamente. Perco a magreza e recupero os 100 kg que perdi.
Embora eu perca muita água no deserto, meu corpo a conserva da melhor maneira possível.
Quando meu inteligente Engenheiro me projetou, ele me deu um nariz que poupa água. Quando expiro, meu
nariz retém toda a umidade do ar que sai dos meus pulmões e absorve essa água nas membranas nasais.
Os vasos sangüíneos nessas membranas absorvem a umidade e devolvem essa água para o sangue. É uma
espécie de sistema de reprocessamento, como se diz na engenharia. Muito interessante não acha? Ele só funciona
porque meu nariz tem uma temperatura inferior à do corpo. Meu nariz transforma a umidade do ar que sai dos meus
pulmões em água novamente. Mas, como nariz é mais frio? Respiro o ar quente e seco do deserto e ele passa pelos
meus orifícios nasais umedecidos. Isso produz efeito de resfriamento e a temperatura no inferior do meu nariz fica graus
abaixo da temperatura do resto do corpo.
Gosto de percorrer as belas dunas de areias. Na verdade, acho o trabalho fácil, pois meu Criador me deu pés
especialmente projetados para caminhar no deserto. Minhas patas são bem largas e ficam mais largas quando eu piso.
Cada um dos meus pés tem longos dedos revestidos de um couro bem grosso. Minhas solas são almofadas. Elas não
permitem que eu afunde na areia macia. Isso é bom, pois freqüentemente meu dono quer que eu o carregue por mais de
cento e cinqüenta quilômetros, atravessando o deserto em apenas um dia. (Caminho em um ritmo de aproximadamente
quinze quilômetros por hora).
Algumas vezes, uma grande tempestade de areia acontece no deserto e ergue poeira no ar. Meu projetista
colocou músculos especiais nas entradas das minhas narinas, que fecham as aberturas nasais, mantendo a areia fora do
meu nariz, mas ainda permitindo a passagem do ar para os pulmões.
Minhas pálpebras descem sobre meus olhos como telas, protegendo-me da areia e do sol, mas ainda permitindo
que eu veja claramente. Se um grão de areia conseguir passar e entrar no meu olho, o Criador previu isso e me deu um
colírio interno que automaticamente remove a areia dos meus olhos.
Algumas pessoas acham que sou orgulhoso só porque sempre ando com minha cabeça bem erguida e meu
nariz empinado, mas isso é por causa da forma com fui criado. Minhas pestanas são tão espessas e grandes, pelo que
preciso manter minha cabeça bem erguida ver de cima para baixo. Estou contente e com elas, pois protegem meus olhos
da luz excessiva do sol.
Os povos do deserto dependem de mim para muitas coisas. Não apenas sou a melhor forma de transporte para
eles, mas também sirvo como fonte de alimento. A dona Camelo produz leite rico em gordura que as pessoas usam para

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
produzir manteiga e queijo. Eu troco minha pelugem uma vez por ano e ela pode ser usada para produzir tecido e
roupas. Alguns camelos jovens também são usados para a produção de carne, mas não gosto de falar sobre esse assunto.
Por muito tempo, os camelos foram chamados de “navios do deserto” por causa do modo como balançamos de
um lado para o outro quando caminhamos. Algumas pessoas que montam sentem enjôos quando não estão
acostumadas.
Balanço de um lado para o outro ao caminhar por causa da forma como minhas pernas funcionam. Ambas as
pernas de um lado movem-se para frente ao mesmo tempo, elevando aquele lado. Meu movimento “esquerdo, direito,
esquerdo, direito” dá à pessoa que esta montada a impressão que está em uma cadeira de balanço, mas que se move nas
laterais.
Quando eu tinha seis meses de idade, uma joelheira especial começou a crescer nas minhas pernas dianteiras.
O criador sabia que eu precisaria delas. Elas me ajudam a levantar meu corpo de 450 kg do chão. Se eu as não tivesse,
rapidamente meus joelhos ficariam feridos ou inflamados e eu teria dificuldades para me abaixar. Talvez até morresse
de cansaço.
É difícil para mim compreender por que algumas pessoas dizem que evolui de alguma outra forma para o que
sou hoje. Sou um dromedário, uma criatura de constituição muita complexa e técnica. Criaturas como eu não
apareceriam do nada. Elas são planejadas em uma prancheta por alguém muito brilhante, de uma mente muito lógica.
Com a história do Senhor Camelo, será que existe Deus?

DEUS SE MANIFESTA NA NATUREZA:


Existem duas bíblias: a) A natureza – b) O livro do AT e do NT.
- O beija-flor: conhecemos deles 600 espécies
- O marimbondo calicurgus e a aranha
- O uruá: bota seus ovos sempre acima do nível máximo das enchentes que irão acontecer nas próximas chuvas.
- A tabela periódica dos elementos químicos
- O micro mundo dos átomos: prótons, elétrons e nêutrons.
- O cosmo, o macrossistema do universo
- A gestação de uma criança.
- A perfeição da organização das formigas, cupins e abelhas.
- A perfeição de qualquer célula vegetal ou animal
- O olho humano
- O sistema nervoso central e periférico humano ou animal
- O sistema glandular dos animais e dos homens. - Os instintos dos animais. Veja como a vaca zela pelo bezerro! Os
pássaros fazem seus ninhos perfeitos.
- As marés: movimenta as águas dos mares.
- O mar: sua riqueza e sua grandiosidade.
- O leite materno: sua riqueza e importância para o recém-nascido.
- O joão de barro: sua casa protege os filhotes contra o vento.
- Os gansos voam em forma de V para se protegerem
- A fotossíntese: o sol, o vapor d´água, gás carbônico: formam a clorofila. Cada folha vegetal verde é um laboratório!
- Quem não percebe a presença de Deus na natureza: Só Deus abastece ao homem. Santo Agostinho dizia que o nosso
coração está inquieto enquanto não repousar em Deus...
Observe-se, porém, que os Cristãos, não só acreditam em Deus, mas O têm como Pai, Irmão, Protetor presente
em nossas vidas.

2.11 – DEUS CRIOU TUDO QUE EXISTE?

Na Alemanha, início do século 20 durante uma conferência com vários universitários, um professor da
Universidade de Berlim desafiou seus alunos com esta pergunta: Deus criou tudo o que existe?
Um aluno respondeu valentemente: Sim, Ele criou....
Deus criou tudo? Perguntou novamente o professor.
Sim senhor, respondeu o jovem.
O professor respondeu, “Se Deus criou tudo, então Deus fez o mal? Pois o mal existe, e partindo do preceito de
que nossas obras são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau?”
O jovem ficou calado diante de tal resposta e o professor, feliz, se regozijava de ter provado mais uma vez que
a fé ema um mito.
Outro estudante levantou a mão e disse: Posso fazer uma pergunta, professor?
Lógico, foi a resposta do professor.
O jovem ficou de pé e perguntou: professor, o frio existe?
Que pergunta é essa? Lógico que existe, ou por acaso você nunca sentiu frio?
O rapaz respondeu: De fato, senhor, o frio não existe. Segundo as leis da física não existe, o que consideramos
frio, na realidade é a ausência de calor. Todo corpo ou objeto é suscetível de estudo quando possui ou transmite energia,
o calor é o que faz com que este corpo tenha ou transmite energia.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
O zero absoluto é a ausência total de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não
existe. Nós criamos essa definição para descrever como nos sentimos se não temos calor.
E, existe a escuridão? Continuou o estudante.
O professor respondeu: Existe.
O estudante respondeu: novamente comete um erro, senhor, a escuridão também não existe. A escuridão na
realidade é a ausência de luz. “A luz pode-se estudar, a escuridão não!”
Até existe o prisma de Nichols para decompor a luz branca em várias cores de que está composta, com suas
diferentes longitudes de ondas. A escuridão não! Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde
termina o raio de luz.
Como pode saber quão escuro está o espaço determinado? Como base na quantidade de luz presente nesse
espaço, não é assim?
“Escuridão é uma definição que o homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz
presente.”
E o estudante respondeu: O mal não existe, senhor, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente
a ausência do bem, é o mesmo dos casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever a
ausência de Deus. Deus não criou o mal.
Não é como a fé ou como amor, que existem como existem o calor e a luz. O mal é o resultado da humanidade
não ter Deus presente nos seus corações. É como acontece com o frio quando não há calor, ou escuridão quando não há
luz.
Por volta dos anos 1900, este jovem foi aplaudido de pé, e o professor apenas balançou a cabeça permanecendo
calado...
Imediatamente o diretor dirigiu-se aquela jovem e perguntou qual era seu nome? E ele respondeu: ALBERT
EINSTEIN.

2.12 – ARTIGOS – OPINIÕES – ENTREVISTAS

2.12.1 – Revista Veja – Edição 2040 ano 4 - nº 51

COMO A FÉ RESISTE A DESCRENÇA

Desde que se espalhou a notícia extraída do censo demográfico do IBGE de 2000. Nova Ibiá, vilarejo de 7000
habitantes no interior da Bahia, ganhou um estigma e uma obsessão. Como os números do censo mostravam que
59,85% dos seus habitantes diziam não ter religião alguma, Nova Ibiá passou a conviver com o estigma de ser a cidade
mais atéia do Brasil. Em nenhuma outra, em ponto algum do país, tanta gente dizia não ter filiação religiosa. A
segunda cidade com a maior tropa de sem-religião era Pitimbu, no interior da Paraíba, mas com números mais
modestos – 42,44%. Desde então, a obsessão de Nova Ibiá é livrar-se do estigma do ateísmo. “Conheço dois ou três
ateus, e só. Isso não é verdade”, diz Raimundo Santana, bispo da Igreja Batista, atualmente ocupado em preparar os
festejos do ano que vem, quando sua igreja completará 100 anos na região. “Não acredito nisso, nunca ninguém aqui
me disse que não tem religião”, reforça Albervan da Silva Cruz, o primeiro padre a residir em Nova Ibiá. “A cidade
mais atéia? Não é verdade”, sentencia o prefeito José Murilo Nunes de Souza, de 41 anos, com a autoridade de quem
confessa, meio a contragosto, que se criou católico, mas não tem religião.

Os porta-vozes de Nova Ibiá, um povoado que nos confins da falida zona cacaueira da Bahia, estão em
harmonia sintonia com a maioria dos brasileiros. No maior país católico do planeta, no país do sincretismo religioso, no
país onde católicos têm benzedeira e evangélicos vão a sessões espíritas, no país que alega, num misto de gracejo e
esperança, ser a terra natal de Deus, o Todo-Poderoso, quase nada é pior do que ser ateu. Uma pesquisa encomendada
por VEJA, realizada pela CNT/Sensus, mostra que 84% dos brasileiros votariam em um negro para presidente da
República, 57% dariam o voto a uma mulher, 32% aceitariam votar em um homossexual, mas – perdendo de capote –
apenas 13% votariam em um candidato ateu (veja quadro nesta página). Pior que isso só o capeta. O levantamento
mostra que, entre os grupos populacionais que se convencionou chamar de minorias – racial, sexual ou de gênero –, a
minoria mais rejeitada é a religiosa, ou a anti-religiosa. No Brasil de São Frei Galvão, portanto, ser temente a Deus é
mais do que uma marca nacional – chega a ser, informa a pesquisa, um imperativo social.
Às vésperas do Natal, quando 2,1 bilhões de cristãos vão comemorar os 2007 anos do nascimento de Jesus
Cristo, os católicos brasileiros seguem diminuindo ano após ano, como vem acontecendo desde 1940, mas ainda
formam uma estupenda multidão: são quase 74% da população brasileira – o que equivale a mais de 130 milhões de
fiéis. Com alguns disciplinados e praticantes e muitos displicentes e relapsos, os católicos do Brasil, com seu número
espetacular, mostram o vigor da crença divina, a pujança da fé, a robustez de Deus – uma potência curiosamente dotada
de todas as qualidades inversas às da humanidade, que é criada (e Deus é incriado), que é limitada (e Deus é ilimitado) e
que é mortal (e Deus é imortal). Os números da fé no Brasil talvez sirvam como explicação para dois fenômenos.
Explicam a resistência da religiosidade em um mundo marcado pela descrença e, ao mesmo tempo, o notável
preconceito da maioria dos brasileiros em relação aos ateus. Faz sentido rejeitar alguém apenas porque não acredita em
Deus?

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
"Faz todo o sentido", afirma a historiadora Eliane Moura Silva, professora da Universidade Estadual de
Campinas e especialista em religião, ela própria uma atéia. "O brasileiro ainda entende o ateu como alguém sem caráter,
sem ética, sem moral." É um entendimento que parece espalhar-se de modo mais ou menos homogêneo por todas as
classes sociais. Recentemente, a historiadora deu duas aulas sobre ateísmo na Casa do Saber, instituição criada para
eliminar lacunas intelectuais dos endinheirados de São Paulo, e a platéia teve uma reação adversa, quase hostil, às idéias
ateístas. Antes, a neurocientista Silvia Helena Cardoso, doutora em psicobiologia pela Universidade da Califórnia, em
Los Angeles, publicou um artigo num jornal de Campinas discutindo se os santos seriam esquizofrênicos, dada a
freqüência com que tinham visões – ou alucinações. Recebeu tantas ameaças que resolveu abandonar o assunto. O
professor Antônio Flávio Pierucci, da Universidade de São Paulo, especialista em sociologia da religião, explica o
fenômeno: "Os brasileiros não estão habituados a se confrontar com a realidade do ateu". É o que leva os políticos –
antes, durante e depois da eleição – a sempre dizer que ninguém é mais temente a Deus do que eles.
Em maio passado, o instituto Datafolha fez uma pesquisa sobre religiosidade por ocasião da visita ao país do
papa Bento XVI. A pesquisa relevou a dimensão impressionante da fé brasileira: 97% disseram acreditar na existência
de Deus, 93% informaram crer que Jesus Cristo ressuscitou depois de morrer crucificado e 86% concordaram que Maria
deu à luz sendo virgem. Com números tão possantes, não há dúvida de que o Brasil figura entre os países mais crédulos
do mundo – e isso abre um paradoxo. São cada vez mais abundantes as descobertas científicas sobre a origem do
universo e das espécies. Se a credulidade não se abala diante disso, é lícito questionar que talvez nenhuma prova
científica, por mais sólida e contundente, seja capaz de reduzir a pó o teísmo, a crença no divino (veja reportagem) "O
último deus desaparecerá com o último dos homens", diz o filósofo francês Michel Onfray, em seu Tratado de
Ateologia, sucesso retumbante com mais de 200.000 exemplares vendidos na França. E, ateu convicto, ele alfineta: "E
com o último dos homens desaparecerão o temor, o medo, a angústia, essas máquinas de criar divindades".
Antes que o último homem se vá, percebem-se aqui e ali sinais de que a religião, em que pese seu vigor,
começa a perder público – no Brasil, inclusive. De 1940 a 1970, a turma dos brasileiros sem religião ficou praticamente
do mesmo tamanho, atolada em menos de 1% da população. Nas últimas três décadas, saltou de 1,6% para 7,3% (veja
gráficos e mapa). Os sem-religião já são o terceiro maior grupo, atrás de católicos e de evangélicos. Pelos dados do
último censo, os sem-religião eram 12,5 milhões, mais que um Portugal inteiro. Não são todos ateus, é claro. Entre eles,
há agnósticos, secularistas, céticos e até quem acredita em Deus, mas não pratica nenhuma religião. O IBGE não
pergunta aos entrevistados se são ateus ou não. Calcula-se, no entanto, que os ateus sejam uns 2%. Nos Estados Unidos,
eles oscilam nessa faixa, mas os sem-religião de lá chegam aos 15%. No mundo, os ateus são uns 4%. São poucos,
sobretudo se comparados aos bilhões de cristãos, muçulmanos e judeus, para ficar apenas nas três grandes religiões
monoteístas, mas é uma massa crescente, principalmente nos países desenvolvidos. Na Espanha, Alemanha e Inglaterra,
menos da metade da população acredita em Deus. Na França, os crentes não chegam a 30%.
Entre os brasileiros sem religião, a maior curiosidade está na Bahia de Todos os Santos, terra onde frei
Henrique de Coimbra rezou a mítica primeira missa, em 26 de abril de 1500. A Bahia, que abriga Nova Ibiá e seu
esquadrão de sem-religião, é o terceiro estado com o maior contingente de brasileiros sem filiação religiosa. E Salvador,
entre as capitais, é a campeã nacional: 18% dos soteropolitanos não têm religião. Considerando-se o país todo, os sem-
religião são mais numerosos entre os homens e entre os brasileiros com menos de 55 anos. Não se sabe de onde eles
vêm. É provável que venham do rebanho de católicos desgarrados. O Rio de Janeiro, por exemplo, é o estado menos
católico do país e, simultaneamente, tem o maior pelotão de sem-religião. Também é certo que boa parte dos católicos
está virando neopentecostal. Nas duas últimas décadas, à queda acentuada de católicos correspondeu uma alta
igualmente acentuada de evangélicos – em especial da Igreja Universal do Reino de Deus, que, sendo uma voraz
sugadora de fiéis e dízimos, se transformou em potência divina e comercial.
A raiz do fenômeno que irriga o crescimento de evangélicos e de sem-religião faz parte da mesma genealogia:
os laços étnicos e culturais de boa parte dos brasileiros estão se desfazendo como resultado da modernidade – do que a
modernidade traz de positivo, como o aumento da escolarização e a crescente profissionalização de certas camadas
sociais, e do que traz de negativo, como a desestruturação das famílias e a favelização das metrópoles. "É a religião
atuando como solvente", diz o professor Flávio Pierucci, da USP. Seus números apóiam sua percepção. Um laço étnico
que se desfaz: entre os adeptos do candomblé, credo de origem africana, 40% são brancos. Outro: nos cultos afro-
brasileiros há cerca de 100.000 negros, e nos cultos evangélicos os negros já são 1,7 milhão. Mais um: os brasileiros
que trocam o catolicismo pelo neopentecostalismo estão dissolvendo um laço cultural e histórico, substituindo a religião
fundadora do Brasil, herança que vem do fundo do passado colonial, por uma novidade na cena religiosa do país. É aí,
nesse processo de dissolução, que crescem os ateus e os sem-religião.
Por razões distintas, o ateísmo também é crescente lá fora. Nos Estados Unidos, o embate entre religiosos e
sem-fé ficou mais intenso depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, praticados por dezenove muçulmanos, e da
eleição do presidente George W. Bush, o astro da direita cristã que se julga interlocutor de Deus. Com os cristãos
conservadores exercendo notável influência em tribunais e escolas, os Estados Unidos são um caso único entre os países
ricos e democráticos. Nenhum outro tem grau tão elevado de religiosidade – e de radicalismo. Em 2001, os mais
fanáticos líderes religiosos americanos, em vez de condenar os atentados, disseram que eram uma punição contra um
país que aceitava o aborto e o homossexualismo... Nesse ambiente, a literatura sobre o ateísmo tem feito barulho e
sucesso, como é o caso do biólogo inglês Richard Dawkins, autor de Deus, um Delírio, do jornalista inglês Christopher
Hitchens, que mora em Washington e escreveu Deus Não É Grande, e do filósofo americano Sam Harris, autor de Carta
a uma Nação Cristã, um manifesto cortante em defesa do ateísmo (veja entrevista).
Ainda que sua história seja pouco conhecida, o ateísmo nasceu junto com a primeira religião, mas só entrou no
cardápio das idéias abertamente debatidas com o advento do iluminismo, no século XVIII. Assim como os crentes, que

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
se dividem em uma miríade de correntes e denominações, os ateus de hoje divergem em muitos pontos, mas há alguns
consensos. Um deles é que a moralidade não depende das religiões, e, portanto, um ateu pode ser ético e bom. A favor
da tese está a neurociência, cujas descobertas já provaram que até os chimpanzés têm noções morais, sentimentos de
empatia e solidariedade – e não rezam nem crêem em Deus. Outro ponto em que todos os autores sobre ateísmo
concordam é que as religiões produziram (e ainda produzem) notável rastro de sangue. Além dos exemplos clássicos
das Cruzadas dos cristãos ou da expansão islâmica à base da espada, há exemplos contemporâneos. Na Irlanda do
Norte, protestantes lutam contra católicos. Na Caxemira, são muçulmanos contra hindus. No Sudão, cristãos contra
muçulmanos, que também se confrontam na Etiópia, na Costa do Marfim, nas Filipinas... Crentes de diferentes religiões
ou denominações guerreiam no Irã, no Iraque, no Cáucaso, no Sri Lanka, no Líbano, na Índia, no Afeganistão...
É evidente que a moralidade não é mesmo resultado da religião, mas também não é resultado de sua ausência. Adolf
Hitler (1889-1945), que planejou dizimar um povo inteiro, se dizia religioso. Josef Stalin (1879-1953), cujas vítimas
fatais podem chegar a 20 milhões de soviéticos, se dizia ateu. Os religiosos também concordam que a fé já provocou
guerras e violência. Em outubro passado, o papa Bento XVI, num encontro em Nápoles com lideranças
multiconfessionais, conclamou a todos para "reiterar que a religião nunca poderia ser um veículo do ódio". Mas também
se sabe que as religiões já contribuíram para a paz e desempenham um valoroso trabalho missionário nas áreas mais
miseráveis do planeta. Ninguém pode afirmar que os deuses, os livros sagrados e as preces são uma criação do homem,
sem nenhuma intervenção divina. Também ninguém pode garantir o contrário. Sendo assim, enquanto a idéia de Deus, a
imagem do menino Jesus na manjedoura ou o espírito do Natal servirem para confortar e congregar milhares, milhões,
bilhões de seres humanos, é bom que a fé possa seguir contribuindo para levar paz a homens e mulheres. Incluindo os
moradores da pequena Nova Ibiá.

ONDE FORAM PARAR OS ATEUS DE NOVA IBIÁ?

No caminho para Nova Ibiá, a cidade baiana onde 60% da população diz não ter nenhuma religião, há uma
igreja abandonada. Cercada por um mato alto e paredes descascando, a Igreja Nossa Senhora de Lourdes, onde se
celebrava uma missa mensal, não abre mais as portas. Lília Lisboa, que cuidava do prédio, mudou-se para Salvador e
ninguém se interessou em tomar conta do templo. Quinze quilômetros à frente, já no centro de Nova Ibiá, diante da
praça central, fica a modesta Igreja de São José, o principal templo católico do vilarejo. Ali, numa noite de segunda-
feira, dezoito pessoas escutavam a leitura da Bíblia sob a luz tênue de uma vela grande e oito velas pequenas. Não havia
padre no altar. A leitura da Bíblia era feita por uma beata, sentada no primeiro banco de madeira. À entrada da igreja,
um cartaz conclamava: "Toda a igreja está feliz com sua vinda. Quando voltar, traga um convidado".
Apresentada assim, com igreja abandonada e campanha de recrutamento de fiéis, Nova Ibiá parece fazer jus à
fama de a cidade mais atéia do Brasil. Mas há algo que não se encaixa. Tudo em Nova Ibiá recende a religião. O
município não tem agência bancária, médico, hospital nem juiz, mas tem três lan houses – e nada menos que doze
igrejas. São três católicas e nove templos evangélicos, além de um terreiro de candomblé. "Também", diz o prefeito,
José Murilo de Souza, "é mais fácil abrir uma igreja do que um comércio." Na Igreja de São José, cujo santo é o
padroeiro do povoado, as missas de domingo reúnem 150 fiéis. Dobrando a esquina, a Igreja Batista de Nova Ibiá,
fundada em 1908, recebe 400 pessoas nos dias mais concorridos – uma enormidade para um vilarejo de 7 000
habitantes. O altar é um móvel de compensado, custou 180 reais logo ali, na Paloma Móveis, mas o sistema de som,
para não perder um único aleluia, é coisa de 25 000 reais. "Aqui, ou é crente ou é católico", diz o bispo Raimundo
Santana, negro corpulento de 51 anos, casado, quatro filhos, todos batistas e um já missionário, que há 28 anos comanda
a Igreja Batista de Nova Ibiá.
Onde estão os ateus, os agnósticos, os sem-religião de Nova Ibiá? Há algo que não se encaixa. Em 1991, o
censo do IBGE descobriu que havia 6,35% de pessoas sem religião na cidadezinha e que 83,35% da população dizia ser
católica. Em 2000, no novo censo, a realidade havia virado de ponta-cabeça: 59,85% afirmavam não ter religião e
apenas 16,02% diziam-se católicos. Tamanha mudança só se justificaria com uma rebelião de católicos, mas ninguém
tem notícia de um movimento dessa natureza. Ao contrário. Até fevereiro do ano passado, o padre não morava em Nova
Ibiá. Ia à cidade de vez em quando, para celebrar a missa, e partia. Agora, o padre Albervan da Silva Cruz mora na
cidade e reza muita missa. Na Igreja Matriz, há missa no domingo, na terça, na primeira sexta de cada mês e, de quinze
em quinze dias, no sábado. Na Igreja de São Roque, a missa é na quinta. Na Igreja de São Francisco, na zona rural, a
missa é rezada duas vezes por mês, sempre aos domingos. Aos 30 anos, o padre Albervan é o primeiro pároco de Nova
Ibiá, e Nova Ibiá é a primeira paróquia do padre Albervan. Ali, ele já fez dez casamentos e dá aula de filosofia para
quinze turmas da 5ª à 8ª série da escola pública local.
O cenário religioso de Nova Ibiá é um retrato em miniatura da realidade brasileira: os evangélicos crescem,
enquanto os católicos lutam para que seu rebanho não se disperse – ainda assim, a queda vertiginosa de 83,35% para
16,02% de católicos em nove anos é inexplicável. O padre, rival dos evangélicos, tem uma explicação conspiratória.
Diz que ouviu falar que os pesquisadores do IBGE eram protestantes e, quando um católico dizia ser católico, mas não
praticante, eles cravavam "sem religião" por conta própria. "Não sei se é verdade", afirma. É improbabilíssimo que seja,
mas é certo que os evangélicos estão ganhando terreno. De 1991 para 2000, saltaram de 9,69% para 23,65%. O pulo,
conforme o bispo Raimundo Santana, deu-se em 1998, quando a Igreja Batista resolveu "renovar-se", ou seja, passou a
acreditar em dons espirituais e curas divinas. "Eu mesmo não acreditava, mas hoje acredito", diz ele. "Depois da
renovação, a igreja cresceu muito." De dízimo, ela recolhe entre 3 000 e 4 000 reais mensais.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
O comerciante Idevaldo Prazeres da Silva, de 50 anos, é um dos convertidos. Era católico, há nove anos virou
evangélico, tem um irmão pastor e está lendo a Bíblia pela quarta vez. Veste uma camiseta na qual se lê: "Em Deus
tenho posto minha confiança". Da loja de material de construção de Idevaldo da Silva, sobe-se uma ladeira para chegar
à casa do único ateu identificado de Nova Ibiá. Ateu? Não, ele diz que não, que é católico há anos e perdeu a conta do
tempo que freqüenta a igreja. Com a barba por fazer, mãos levemente trêmulas, o ateu enrustido – ou o católico
caluniado – diz que só conhece gente de fé em Nova Ibiá. O bispo Raimundo Santana, com sua experiência de quase
três décadas pregando, garante que há outros dois ateus no vilarejo, mas não os identifica. Porque um está indo a um
centro espírita e abandonando o ateísmo. O outro está dando os primeiros passos para aderir à igreja do bispo. Ele não
quer estragar essa peregrinação rumo à fé revelando quem são. Acredita que em breve Nova Ibiá não terá nem ateus
nem materialistas – e explica, com sua metafísica peculiar, a diferença entre um e outro: "Ateu não acredita em nada,
materialista só acredita no que pega e vê".

O CONFLITO ENTRE FÉ E CIÊNCIA

O sonho do geólogo americano Kurt Wise era ser professor de biologia em alguma universidade de ponta nos Estados
Unidos. Sua carreira acadêmica vinha numa rota brilhante. Ele foi aluno célebre paleontólogo Stephen Jay Gould, um
dos gigantes da biologia do século XX, e carregava debaixo do braço diplomas das universidades de Chicago e
Harvard. Até que um dia, pressionado pela irresistível tensão entre a ciência e os ensinamentos da Bíblia, Kurt Wise
tomou uma atitude radical: pegou uma tesoura e saiu cortando todos os trechos da Bíblia que contrariam as
descobertas da ciência. Cortou, cortou e cortou,até que não sobrou quase nada do livro sagrado. “Tive de tomar uma
decisão entre a evolução e as Escrituras”, relembra Wise. Era uma coisa ou outra. Ele acertou renunciando ao sonho
de ser professore de biologia e aceitando integralmente a palavra de Deus. “Assim, com grande tristeza, lancei ao fogo
todos os meus sonhos e as minhas esperanças na ciência.” O caso dramático de Kurt Wise é relatado no livro Deus, um
Delírio, do biólogo inglês Richard Dawkins, e coloca uma questão central: é possível conciliar religião e ciência?

Como a ciência é movida pela dúvida e pela razão, enquanto o motor da fé são a crença e o espírito, os
cientistas costumam ser os mais descrentes. Pesquisas indicam que 93% dos membros da Academia Nacional de
Ciências dos Estados Unidos não aceitam a idéia de um Deus. Há dez anos, a revista Nature informou que 60% dos
cientistas não acreditavam em Deus, a mesma porcentagem encontrada em levantamento similar feito em 1916. entre os
mais incrédulos, estão os biólogos. Os matemáticos são os mais crentes. Mesmo vinda de longe, a questão até hoje
divide os cientistas. Dawkins, por exemplo, afirma que é inaceitável um cientista ter idéias religiosas, pois o conflito é
incontornável. Um geólogo com Kurt Wise sabia, cientificamente, que o planeta tem bilhões de anos, mas a Bíblia
garanta que foi criado por Deus apenas 10 000 anos atrás. O que fazer? Há quem aceite a idéias de que a Bíblia contém
imprecisões ou passagens metafóricas, que não devem ser interpretadas literalmente. Mas, nesse caso, cada crente é o
hermeneuta de sua própria crença?
São raros, mas existem cientistas devotos. O mais famoso é o biólogo americano Francis Collins, autor de um
dos feitos mais notáveis da ciência recente: o mapeamento do DNA humano. Collins, temente a Deus desde os 27 anos,
escreveu A linguagem de Deus para mostrar que ciência e fé não são incompatíveis, mas complementares. A ciência
investida o natural, a religião investiga o espírito – e uma não responde às dúvidas da outra. Entre os cientistas, muitos
rejeitam essa divisão compartimental do saber humano, mas Collins alega que a ciência tem respostas empobrecedoras
para indagações primordiais. Por exemplo: por que estamos aqui? Qual é o sentido da vida? Os cientistas ateus não
sabem dizer e, em defesa de sua visão atéia, alegam que a ausência de uma explicação natural não exige
necessariamente uma explicação sobrenatural. Eles acusam os religiosos de aproveitar a lacuna do conhecimento
humano para preenchêla com o pensamento mágico.
Ciência e fé não foram inimigas escancaradas desde sempre, porque a fé, por séculos, foi mais forte, mais
influente e mais poderosa que a ciência. Mas o choque entre ambas tem fundas raízes na história – a começar por
Demócrito, que cinco séculos antes da era cristã, intuiu a existência do átomo em um exercício mental de um vigor
espantoso. Diante da afirmação de que tudo era matéria, tudo era átomo, a fé sentiu-se contrariada porque, se tudo é
assim, Deus não pode ser imaterial. E, pior, sendo material, é corruptível. Séculos mais tarde, a Igreja Católica,
autoridade no Ocidente, entraria em rota de colisão aberta com as mais fantásticas descobertas científicas. Foi contra o
heliocentrismo. O Sol não poderia ser o centro do universo, pois esse lugar perfeito, o centro, era da Terra, obra de
Deus. Foi contra a datação do mundo, o estudo da anatomia em cadáveres e até se insurgiu contra o número zero, noção
central para a evolução da matemática. Desagradou-lhe também o pára-raio, cuja invenção nos dispensou de temer um
Deus que nos enviava descargas elétricas punitivas de vez em quando.
É possível que nada tenha sido tão devastador para a crença divina quanto a descoberta de Charles Darwin
(1809-1882), que chegou às livrarias inglesas no dia 22 de novembro de 1859, sob o título A Origem das Espécies, com
modestos 1250 exemplares – esgotados rapidamente. Darwin dizia que não havia nada como um criatório divino em
algum canto do planeta, de onde Deus sacava de vez em quando uma espécie nova. As espécies evoluíam segundo o
principio da seleção natural. Ruía a idéia de que Deus fez do barro Adão e de sua costela Eva. A hecatombe reverbera
até hoje, 150 anos depois, quando criacionistas, em especial nos Estados Unidos, insistem no “desenho inteligente”,
roupagem nova para o velho criacionismo. A descoberta de Darwin é genial porque, como é próprio das obras-primas,
contraria o padrão mental vigente. O homem está habituado a acreditar que, para criar algo, é preciso algo maior. Que

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
só o complexo gera o simples. Ou seja: um homem pode fazer um livro, mas um livro não faz um homem. Darwin
mostrou que a simplicidade dá origem à complexidade. Da ameba original veio tudo, o besouro, o coelho, o macaco, o
homem. Para ressaltar o repúdio da fé ao darwinismo, o filósofo Michel Onfray, em seu Tratado de Ateologia, indaga,
ironicamente: “O papa, primo de um babuíno?”.
O avanço da ciência também subverte a idéia religiosa de que a natureza e as espécies carregam o germe da
perfeição – como se tivessem sido projetadas para funcionar como uma máquina maravilhosa. É engano. As espécies
são imperfeitas, redundantes. Os embriões humanos produzem caudas e guelras nos primórdios, que acabam perdendo
na fase fetal tardia. Os biólogos enxergam nesse processo a prova cabal da evolução darwinista e da impropriedade do
conceito de criação e seu corolário, a perfeição do desenho divino. A evolução não tende à perfeição. Entre os bichos, a
evolução produziu aves que não voam, cobras com pélvis e peixes cegos. Esse processo em vez de perfeito e retilíneo, é
tateante e reincidente em seu incessante trabalho de produção de mutações. O que se atribui à perfeição do desenho é
somente o resultado da adaptação às vezes apenas temporária da espécie ao ambiente em que vive. Um exemplo? A ave
batizada pelos navegadores portugueses de dodo, corruptela de doido. Por milênios, dodo viveu nas Ilhas Maurício em
relativa segurança, sem predadores e com comida rasteira abundante. Com o passar das eras nesse ambiente, as asas
tornaram-se um acessório dispensável e a evolução permitiu que os dodos incapazes de voar sobrevivessem tão bem ou
melhor do que os voadores. Logo sobraram apenas dodos incapacitados para o vôo. Resultado: os dodos foram extintos
logo depois da chegada dos homens às Ilhas Maurício, em meados do século XVII. Sem asas, essas aves tornaram-se
presa fácil para os predadores bípedes humanos.
Mas, apesar do dodo, do átomo, das galáxias, da nanotecnologia e da prova da conjectura de Poincaré, a
religião resiste. Porquê? Para uns, a religião surge com a descoberta da finitude, e o peso esmagador de saber-se mortal
só pode ser suportado com a muleta do pensamento mágico. Para outros, a religião é um instrumento que o homem
criou para adaptar-se ao meio ambiente, que lhe parecia misterioso – como, de outro modo, entender a noite, a chuva, o
trovão, a neve? Existe ainda a tese de que estamos biologicamente programados para acreditar em coisas que não
podemos provar porque, para sobreviver, acreditamos nos perigos e alertas que recebemos de pai e mãe – ainda que ,
como crianças, não possamos entender o perigo real de ficar no parapeito da janela do 10º andar. Por fim, a própria
teleologia, que nos leva a julgar que tudo existe com alguma finalidade – a nuvem para chover, o sol para aquecer, o
mar para nadar -, acaba por predispor a espécie humana à religião. O biólogo americano David Sloan Wilson, da
Universidade Binghamton, outro especialista em Darwin, acredita que a religião pode acabar um dia, mas sempre
haverá espaço para a fé. Wilson é ateu.
Sua tese tem respaldo em uma pesquisa da década de 70 que estudou 53 pares de gêmeos idênticos e 31 pares
de gêmeos não idênticos. A conclusão dos pesquisadores é que a espiritualidade tem raiz genética, mas a opção por
determinada liturgia, por um culto específico, pelo hábito de rezar, por freqüentar o templo ou a igreja, por ler a Bíblia
ou o Corão é algo culturalmente adquirido. Um dia, o homem saberá ler com precisão os 3 bilhões de letras do DNA
humano, nossa carteira de identidade. Certamente, esse conhecimento científico fará com que seja possível evitar um
câncer, uma disfunção renal, a tendência à depressão ou a fragilidade dos ossos do tórax. Mas, ainda assim, com toda
essa pujança, esse conhecimento imenso, não saberemos como fazer um homem bom ou mau, triste ou feliz. Talvez, da
estupenda trajetória percorrida da simplória ameba primeva à potência do cérebro de Albert Einstein (1879-1955), o
fundamental seja apenas isso: ser bom, ser feliz.

A RELIGIÃO FAZ MAL AO MUNDO

O filósofo Sam Harris, um dos ateus mais barulhentos do EUA, diz que só com o fim da fé poderá erguer uma
civilização global.

Dependendo do ângulo em que é observado, o filósofo americano Sam Harris, de 40 anos, exibe uma desconcertante
semelhança física com o ator Ben Stiller, mas seu trabalho nunca está para comédias. Junto com o biólogo inglês
Richard Dawkins, autor de Deus, um Delírio, Sam Harris é um dos mais ativos militantes contra as religiões. Em 2005,
nos Estados unidos, ele lançou O Fim da Fé e ficou mais de trinta semanas na lista dos mais vendidos do jornal The
New York Times. Neste ano, produziu um novo best-seller com críticas à religião. Com 91 páginas, Carta a uma Nação
Cristã, já lançado no Brasil pela Companhia das Letras, é um compêndio em defesa do ateísmo. É redigido com uma
linguagem tão cortante e argumentos tão implacáveis que, por vezes, roça o panfletário, mas dá seu recado com
clareza absoluta. O filósofo bate em cada um dos pilares da fé e conclui: “A religião agrava e exacerba os conflitos
humanos muito mais do que o tribalismo, o racismo ou a política”. Ele deu a seguinte entrevista:

O MOVIMENTO DOS ATEUS É FORTE NOS ESTADOS UNIDOS E NA INGLATERRA,


PRINCIPALMENTE. É UMA DECORRÊNCIA OS ATENTADOS DE 11 DE SETEMBRO DE 2001? Vejo dois
motivos simultâneos para essa confluência geográfica: os atentados de 11 de setembro e a escancarada religiosidade do
governo de George W. Bush. A conjunção desses dois fatores levou muitas pessoas a se preocupar com o fato de que a
fé está agora dos dois lados do balcão. Esse é um jogo altamente perigoso.

POR QUÊ? A fé é, intrinsecamente, um elemento que, em vez de unir, divide. A única coisa que leva os seres humanos
a cooperar uns com os outros de modo desprendido é nossa prontidão para termos nossas crenças e comportamentos
modificados pela via do diálogo. A fé interdita o diálogo, faz com que as crenças de uma pessoa se tornem

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
impermeáveis a novos argumentos, novas evidências. A fé até pode ser benigna no nível pessoal. Mas, no plano
coletivo, quando se trata de governos capazes de fazer guerras ou desenvolver políticas públicas, a fé é um desastre
absoluto.

O SENHOR ACHA QUE O MUNDO SERIA MELHOR SEM RELIGIÃO, SEM FÉ SEM CRENÇA EM
DEUS? Seria melhor se não houvesse mentias. A religião é construída, e num grau notável, sobre mentias. Não me
refiro aos espetáculos de hipocrisia, como quando um pastor evangélico é flagrado com um garoto de programa ou
metanfetamina, ou ambos. Refiro-me à falência sistemática da maioria dos crentes em admitir que as alegações básicas
para sua fé são profundamente suspeitas. É mamãe dizendo que vovó morreu e foi para o céu, mas mamãe não sabe. A
verdade é que mamãe está mentindo, para si própria e para seus filhos, e a maioria de nós encara tal comportamento
como se fosse perfeitamente normal. Em vez de ensinarmos as crianças a lidar com o sofrimento e ser felizes apesar da
realidade da morte, optamos por alimenta seu podre de se iludir e se enganar.

É POSSÍVEL CONCILIAR CIÊNCIA E RELIGIÃO? A diferença entre ciência e religião é a diferença entre ter
bons ou maus motivos para acreditas nas hipóteses sobre o mundo. Se houvesse boas razões para crer que Jesus nasceu
de uma virgem ou que voltará à Terra, tais proposições fariam parte de nossa visão racional e científica do mundo. Mas,
como não há boas razões para acreditar nisso, quem o faz está em franco conflito com a ciência. É claro que as pessoas
sempre acham um modo de mentir para elas mesmas e para os outros. A estratégia, nesse caso, é dizer que tal crença
decorre da fé. Com freqüência, ouvimos dizer que não há conflito entre razão e fé. É o mesmo que dizer que não há
conflito entre fingir saber e realmente saber. Ou que não há conflito entre auto-engano e honestidade intelectual.

HAVERÁ O DIA EM QUE A HUMANIDADE DEIXARÁ DE TER FÉ OU A FÉ FAZ PARTE DA NATUREZA


HUMANA? O desejo de compreender o que se passa no mundo é inato, assim como o desejo de ser feliz, de estar
cercado por pessoas que amamos ou o desejo de ser mais feliz, mais carinhoso, mais ético no futuro. Mas nada disso
nos obriga a mentir para nós mesmos, ou para nossos filhos, a respeito da natureza do universo é incompleta e
desconhecemos a extensão exata de nossa ignorância. Não temos como antecipar as maravilhosas descobertas que serão
feitas. O que sabemos com absoluta certeza, aqui e agora, é que nem a Bíblia nem o Corão trazem nossa melhor
compreensão do universo.

MAS NEM A BÍBLIA NEM O CORÃO SE PRETENDEM UM MANUAL CIENTÍFICO PARA ENTENDER O
MUNDO. Esses livros não são sequer um guia sobre moralidade que possamos considerar minimamente adequado, e
falo de moralidade porque é um campo em que ambos se consideram exemplares. A Bíblia e o Corão por exemplo,
aceitam a escravidão. Qualquer um que os considere guias morais deve ser a favor da escravidão. Não há uma única
linha no Novo Testamento que denuncie a iniqüidade da escravidão. São Paulo até aconselha aos escravos que sirvam
bem aos seus senhores e sirvam especialmente bem aos seus senhores cristãos. É desnecessário dizer que a Bíblia e o
Corão, além de não servir como guias em termos de moralidade, também não são autoridade em física, astronomia ou
economia.

QUE TIPO DE IMPACO SEU LIVRO PODE TER SOBRE OS LEITORES RELIGIOSO? Eu ficaria feliz se o
livro levasse os leitores a se perguntar porque, em pleno século XXI, ainda aplaudimos pessoas que fingem saber o que
elas manifestamente não sabem nem podem saber. Não há uma única pessoa viva que saiba se Jesus era filho de Deus
ou se nasceu de uma virgem. Na verdade, não há uma pessoa viva que saiba se o Jesus histórico tinha barba. No
entanto, em muitos países é uma necessidade política simular que sabemos coisas sobre Deus, sobre Jesus, sobre a
origem divina da Bíblia. Imagino que qualquer pessoa religiosa que leia Carta a uma Nação Cristã com a cabeça aberta
descobrirá que os argumentos usados contra a fé religiosa são absolutamente irrespondíveis. Isso deve ter algum efeito
sobre o modo de ver o mundo dos leitores. Eles certamente vão perceber que ser um cristão devotado faz tanto sentido
quanto ser um muçulmano devotado, que, por sua vez, é tão lógico quanto ser um adorador de Poseidon, o deus do mar
na Grécia antiga. É hora de falarmos sobre a felicidade humana e nossa disponibilidade para experiências espirituais na
linguagem da ciência do século XXI, deixando a mitologia para trás.

O BRASIL É UM PAÍS APARENTEMENTE TOLERANTE COM AS DIFERENTES RELIGIÕES E


CONHECIDO PELO SINCRETISMO RELIGIOSO, NUM PAÍS ASSIM, É MAIS FÁCIL OU MAIS DIFÍCIL
PARA O ATEÍSMO CRESCER? Em certo sentido, deve ser mais fácil. O convívio intenso de crenças inconciliáveis
deve levar as pessoas a compreender que tais crenças são produtos de acidentes históricos, são contingenciais, são
criadas pelo homem e, portanto, não são o que pregam ser. Judeus e cristãos não podem estar ambos certos porque o
núcleo de suas crenças é contraditório. Na verdade, eles estão equivocados sobre muitas coisas, exatamente como
estavam antes os adoradores dos deuses egípcios ou gregos. Ou os adoradores de milhares de deuses que morreram
durante a longa e escura noite da superstição e da ignorância humana. Em qualquer lugar que os seres humanos façam
um esforço honesto para chegar à verdade, nosso discurso transcende o sectarismo religioso. Não há física cristã,
álgebra muçulmana. No futuro, não haverá nada como espiritualidade de muçulmana ou ética cristã. Se há verdades
espirituais ou éticas e ser descobertas, e tenho certeza de que há, elas vão transcender os acidentes culturais e as
localizações geográficas. Falando honestamente, esse é o único fundamento sobre o qual podemos erguer uma
civilização verdadeiramente global.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA

2.12.2 – Ciência não exclui Deus

“O biólogo que desvendou o genoma humano explica por que é possível aceitar as teorias de Darwin e ao mesmo
tempo manter a fé religiosa”

O biólogo americano Francis Collins é um dos cientistas mais notáveis da atualidade. Diretor do Projeto Genoma,
bancado pelo governo americano, foi um dos responsáveis por um feito espetacular da ciência moderna: o mapeamento
do DNA humano, em 2001. Desde então, tornou-se o cientista que mais rastreou genes com vistas ao tratamento de
doenças em todo mundo. Collins também é conhecido por pertencer a uma estripe rara, a dos cientistas cujo
compromisso com a investigação do mundo natural não impede a profissão da fé religiosa. Alvo de críticas de seus
colegas, cuja maioria nega a existência de Deus, Collins decidiu reagir. Ele lançou há pouco nos Estados Unidos livro
The Language of God (A linguagem de Deus). Nas 300 páginas da obra, o biólogo conta como deixou de ser ateu para
se tornar cristão aos 27 anos e narra as dificuldades que enfrentou no meio acadêmico ao revelar sua fé. “As sociedades
precisam tanto da ciência como da religião. Elas não são incompatíveis, mas complementares”, explica o cientista. “A
seplementares”, explica o cientista. A seguir, a entrevista de Collins a VEJA:

Veja – No livro a linguagem de Deus, o senhor conta que era um “ateu insolente” e, depois se converteu AP
Cristianismo. O que o fez mudar suas convicções?

Collins - Houve um período em minha vida em que era conveniente não acreditar em Deus. Eu era jovem, e a física, a
química e a matemática pareciam ter todas as respostas para os mistérios da vida. Reduzir tudo a equações era uma
forma de exercer total controle sobre meu mundo. Percebi que a ciência não substitui a religião quando ingressei na
faculdade de medicina. Vi pessoas sofrendo de males terríveis. Uma delas, depois de me contar sobre sua fé e como
conseguia forças para lutar contra a doença, perguntou-me em que eu acreditava. Disse a ela que não acreditava em
nada. Pareceu-me uma resposta vaga, uma frase feita de um cientista ingênuo que se achava capaz de tirar conclusões
sobre o assunto tão profundo e negar a evidência de que existe algo maior do que equações. Eu tinha 27 anos. Não
passava de um rapaz insolente. Estava negando a possibilidade de haver algo capaz de explicar questões para as quais
nunca encontramos respostas, mas que movem o mundo o mundo e fazem as pessoas superar desafios.

Veja – Que questões são essas para as quais não encontramos respostas?

Collins - Falo de questões filosóficas que transcendem a ciência, que fazem parte da existência humana. Os cientistas
que se dizem ateus têm uma visão empobrecida sobre perguntas que todos nós, seres humanos, nos fazemos todos os
dias. “o que acontece depois da morte?” ou “Qual o motivo de eu estar aqui?”. Não é certo negar aos seres humanos o
direito de acreditar que a vida não é um simples episódio da natureza. explicado cientificamente e sem um sentido
maior. Esse lado filosótico da fé, na minha opinião, é uma das facetas mais importantes da religião. A busca por Deus
sempre esteve presente na história e foi necessária para o progresso. Civilizações que tentaram suprimir a fé e justificar
a vida exclusivamente por meio da ciência — como, recentemente, a União Soviética de Stalin e a China de Mao —
falharam. Precisamos da ciência para entender o mundo e usar esse conhecimento para melhorar as condições humanas.
Mas a ciência deve permanecer em silêncio nos assuntos espirituais.

Veja - A maioria dos cientistas argumenta que a crença em Deus é irracional e incompatível com as descobertas
científicas. O zoólogo Richard DawKins, com quem o senhor trava um embate filosófico sobre o tema, diz que a
religião é a válvula de escape do homem, o vírus da mente. Como o senhor responde a isso?

Collins — Essa perspectiva de Dawkins é cheia de presunção. Eu acredito que o ateísmo é a mais irracionai das
escolhas. Os cientistas ateus, que acreditam apenas na teoria da evolução e negam todo o resto, sofrem de excesso de
confiança. Na visão desses cientistas, hoje adquirimos tanta sabedoria a respeito da evolução e de como a vida se
formou que simplesmente não precisamos mais de Deus. O que deve ficar claro é que as sociedades necessitam tanto da
religião como da ciência. Elas não são incompatíveis, mas sim complementares. A ciência investiga o mundo natural.
Deus pertence a outra esfera. Deus está fora do mundo natural. Usar as ferramentas da ciência para discutir religião é
uma atitude imprópria e equivocada. No ano passado foram lançados vários livros de cientistas renomados, como
Dawkins, Daniel Dennett e Sam Harris, que atacam a religião sem nenhum propósito. É uma ofensa àqueles que têm fé
e respeitam a ciência. Em vez de blasfemarem, esses cientistas deveriam trabalhar para elucidar os mistérios que ainda
existem. É o que nos cabe.

Veja — O senhor afirma que as sociedades precisam da religião. mas como justificar as barbaridades cometida,. em
nome de Deus através da história?

Collins — Apesar de tudo o que já aconteceu, coisas maravilhosas foram feitas em nome da religião. Pense em Madre
Teresa de Calcutá ou em William Wilberforce, o cristão inglês que passou a vida lutando contra a escravatura. O
problema é que a água pura da fé religiosa circula nas veias defeituosas e enferrujadas dos seres humanos, o que às

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
vezes a torna turva. Isso não significa que os princípios estejam errados, apenas que determinadas pessoas usam esses
princípios de forma inadequada para justificar suas ações. A religião é um veículo da fé — essa, sim, imprescindível
para a humanidade.

Veja — O senhor diz que a ciência e a religião convergem, mas devem ser tramadas separadamente. Como vê o
movimento do “design inteligente”, em que cientistas usam a religião para explicar, fatos da natureza que permanecem
um mistério para a ciência?

Collins — Essa abordagem é um grande erro. Os cientistas não podem cair na armadilha a que chamo de “lacuna
divina”. Lamento que o movimento do design inteligente tenha caído nessa cilada ao usar o argumento de que a
evolução não explica estruturas tão complicadas como as células ou o olho humano. É dever de todos os cientistas,
inclusive dos que têm fé, tentar encontrar explicações racionais para tudo o que existe. Todos os sistemas complexos
citados pelo design inteligente — o mais citado é o “hacterial flagellum’, um pequeno motor externo que permite à
bactéria se mover nos líquidos — são um conjunto de trinta proteínas. Podemos juntar artificialmente essas trinta
proteínas, que nada vai acontecer. Isso porque esses mecanismos se formaram gradualmente através do recrutamento de
outros componentes. No curso de longos períodos de tempo, as máquinas moleculares se desenvolveram por meio do
processo que Darwin vislumbrou, ou seja, a evolução.

Veja — Qual a sua leitura da Bíblia?

Collins — Santo Agostinho, no ano 400, alertou para o perigo de se achar que a interpretação que cada um de nós dá à
Bíblia é a única correta, mas a advertência foi logo esquecida. Agostinho já dizia que não há como saber exatamente o
que significam os seis dias da criação. Um exemplo de que uma interpretação unilateral da Bíblia é equivocada é que há
duas histórias sobre a criação no livro do Gênesis 1 e 2— e elas são discordantes. Isso deixa claro que esses textos não
foram concebidos como um livro científico, mas para nos ensinar sobre a natureza divina e nossa relação com Ele.
Muitas pessoas que crêem em Deus foram levadas a acreditar que, se não levarmos ao pé da letra todas as passagens da
Bíblia, perderemos nossa fé e deixaremos de acreditar que Cristo morreu e ressuscitou. Mas ninguém pode afirmar que
a Terra tem menos de 10000 anos a não ser que se rejeitem todas as descobertas fundamentais da geologia, da
cosmologia, da física, da química e da biologia.

Veja — O senhor acredita na Ressurreição?

Collins — Sim. Também acredito na Virgem Maria e em milagres.

Veja — Não é uma contradição que um cientista acredite em dogmas e milagres?

Collins — A questão dos milagres está relacionada à forma como se acredita em Deus. Se uma pessoa crê e reconhece
que Ele estabeleceu as leis da natureza e está pelo menos em parte fora dessa natureza, então é totalmente aceitável que
esse Deus seja capaz de intervir no mundo natural. Isso pode aparecer como um milagre, que seria uma suspensão
temporária ou um adiamento das leis que Deus criou. Eu não acredito que Deus faça isso com frequencia — nunca
testemunhei algo que possa classificar como um milagre. Se Deus quis mandar uma mensagem para este mundo na
figura de seu filho, por meio da Ressurreição e da Virgem Maria, e a isso chamam milagre, não vejo motivo para
colocar esses dogmas como um desafio para a ciência. Quem é cristão acredita nesses dogmas — ou então não é cristão,
Faz parte do jogo.

Veja — É possível acreditar nas teorias de Darwin e em Deus ao mesmo tempo?

Colins — Com certeza. Se no começo dos tempos Deus escolheu usar o mecanismo da evolução para criar a
diversidade de vida que existe no planeta para produzir criaturas que à sua imagem tenham livre-arbítrio, alma e
capacidade de discernir entre o bem e o mal, quem somos nós para dizer que ele não deveria ter criado o mundo dessa
forma?

Veja — Alguns cientistas afirmam que a religião e certas características ligadas à crença em Deus, como o altruísmo,
são ferramentas inerentes ao ser humano para garantir a evolução e a sobrevivência. O senhor concorda?
Collins — Esses argumentos podem parecer plausíveis, mas não há provas de que o altruísmo seja uma característica do
ser humano que permite sua sobrevivencia e seu progresso, como sugerem os evolucionistas. Eles querem justificar
tudo por meio da ciência, e isso acaba sendo usado para difundir o ateísmo.

Veja — Mas o altruísnmo é visto hoje( pela genérica do comportamento como uma característica herdada pelos genes,
assim como a inteligência. O senhor, como geneticisa, discorda da genética comportamental?

Collins — Há muitas teorias interessantes nessa área, mas são insuficientes para explicar os nobres atos altruístas que
admiramos. O recado da evolução para cada um de nós é propagar o nosso DNA e tudo que está contido nele. É a nossa

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
missão no planeta. Mas não é assim. de forma tão lógica, que entendo o mundo, muito menos o altruísmo e a
religiosidade.
Penso em Oskar Schindler, que se sacrificou por um longo período para salvar judeus, e não pessoas de sua própria fé.
Por que coisas desse tipo acontecem? Se estou caminhando à beira de um rio, vejo uma pessoa se afogar e decido ajudá-
la mesmo pondo em risco a minha vida, de onde vem esse impulso? Nada na teoria da evolução pode explicar a noção
de certo e errado, a moral. que parece ser exclusiva da espécie humana.

Veja — Muitas religiões são contrárias ao uso de técnicas científicas que poderiam salvar vidas, como a do uo de
células-tronco. Como o senhor se posiciona nessa polêmica?

Collins — temos de ser sensíveis e respeitar as diferentes religiões no que diz respeito aos avanços científicos. Mas
interromper as pesquisas científicas ou impedir que uma pessoa com uma doença terrível tenha uma vida melhor só
porque a religião não aceita determinado tratamento é antiético. Por outro lado, existem fronteiras que a ciência não
deve transpor, como a clonagem humana, que além de tudo não serviria para nada a não ser para nos repugnar. Cada
caso tem de ser avaliado isoladamente.

Veja — Os geneticistas são muitas vezes acusados de brincar de Deus. Como o senhor encara essas críticas?

Collins — Se todos brincássemos de Deus como Deus gostaria, com esperança e amor, ninguém se abateria muito com
comentários do gênero. Mas somos seres humanos e temos propensão ao egoísmo e aos julgamentos equivocados. O
importante é não reagir de forma exagerada à perspectiva de que as pessoas possam vir a fazer mau uso das descobertas
da genética, mas sim focar o lado bom dessa brincadeira”. A maior parte das pesquisas genéticas busca a cura de
doenças como câncer, problemas cardíacos, esquizofrenia. São objetivos louváveis. Para evitar o uso impróprio da
ciência, o Projeto Genonia Humano apóia um programa que visa a preservar a ética nas pesquisas genéticas e certificar-
se de que todas as nossas descobertas beneficiarão as pessoas e a sociedade.

Veja — O que esperar das pesquisas genéricas no futuro?

Collins — Nos próximos dois ou três anos vamos descobrir os fatores genéticos que criam a propensão ao câncer, ao
diabetes e Lis doenças cardiovasculares. Isso possibilitará que as pessoas saibam que provavelmente vão desenvolver
esses males e tomem medidas preventivas contra eles, com a ajuda do médico. Mais à frente, as descoberta das relações
entre o genoma e as doenças farão com que os tratamentos e os remédios sejam personalizados. tornando-os mais
eficientes e com menos efeitos colaterais.

Veja — O senhor acredita que Deus ouve suas preces e as atende?


Collins — Eu nunca ouvi Deus falar. Algumas pessoas ouviram. Não acredito que rezar seja um caminho para
manipular as intenções de Deus. Rezar é uma forma de entrarmos em contato com Ele. Nesse processo, aprendemos
coisas sobre nós mesmos e sobre nossas motivações.

2.12.3 – Entrevista: Michel Onfray – Veja 25 de maio de 2005

“Deus está nu”

“Quem começa a fazer perguntas sobre os textos sagrados e a doutrina das Religiões só pode chegar à conclusão de
que estão erradas.”
“O filósofo francês mais lido da atualidade diz que as três grandes religiões monoteístas vendem ilusões e devem ser
desmascaradas como o rei da fábula de Anderen”

Em um tempo em que a religiosidade está em alta, surpreende o livro que se encontra no topo da lista dos mais
vendidos na França desde o mês passado, à frente até das biografias de João Paulo II: Tratado de Ateologia. Escrita pelo
filósofo mais popular da França na atualidade, Michel Onfray, de 46 anos, a obra é um ataque pesado ao que o autor
classifica como “os três grandes monoteísmos”. Segundo Onfray, por trás do discurso pacifista e amoroso, o
cristianismo, o islamismo e o judaísmo pregam na verdade a destruição de tudo o que represente liberdade e prazer:
“Odeiam o corpo, os desejos, a sexualidade, as mulheres, a inteligência e todos os livros, exceto um”. Essas religiões,
afirma o filósofo, exaltam a submissão, a castidade, a fé cega e conformista em nome de um paraíso fictício depois da
morte. Para defender essa argumentação, Onfray valeu-se de uma análise detalhada dos textos sagrados, cujas
contradições aponta ao longo de todo o livro, e do legado de outros filósofos, como o alemão Friedrich Nietzsche
(1844-1900), que proclamou, em uma célebre expressão, a “morte de Deus”. O filósofo escreve em linguagem
acessível, a mesma que emprega ao lecionar na cidade de Caen, no norte da França. Ali criou uma “universidade
popular” que atrai milhares de pessoas a palestras diárias e gratuitas sobre filosofia, artes e política. Gravadas pela rádio
pública France Culture, as aulas de Onfray são sucesso de audiência. Os fãs o consideram um sucessor de Michel
Foucault (1926-1984), o mais influente filósofo francês do século passado. Em seus livros, Onfray propõe o que chama
de “projeto hedonista ético”, em que defende o direito do ser humano ao prazer. Uma de suas obras, A Escultura de Si,

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
ganhou em 1993 o Prêmio Médicis, o mais importante da França para jovens autores. Onfray também tem detratores,
que o acusam de repetir idéias ultrapassadas. Em dois meses seu Tratado vendeu 150.000 exemplares. De seu escritório
em Argentan, Onfray concedeu a seguinte entrevista a VEJA.

Veja – Em sua opinião, só o ateu é verdadeiramente livre?


Onfray – Só o homem ateu pode ser livre, porque Deus é incompatível com a liberdade humana. Deus pressupõe a
existência de uma providência divina, o que nega a possibilidade de escolher o próprio destino e inventar a própria
existência. Se Deus existe, eu não sou livre; por outro lado, se Deus não existe, posso me libertar. A liberdade nunca é
dada. Ela se constrói no dia-a-dia. Ora, o princípio fundamental do Deus do cristianismo, do judaísmo e do Islã é um
entrave e um inibidor da autonomia do homem.
Veja – A que o senhor atribui o sucesso de seu livro num momento em que há tanta discussão sobre religiosidade?
Onfray – Acho que muitos franceses esperavam uma declaração claramente atéia. As primeiras páginas de jornais e as
capas de revistas sobre o retorno da religiosidade, a polêmica sobre o direito de usar ou não o véu muçulmano na escola
leiga, a oposição maniqueísta entre um eixo do bem judeu-cristão e um eixo do mal muçulmano, a obrigação de
escolher um lado entre George W. Bush e Osama bin Laden, a religiosidade dos políticos exposta na imprensa, o
crescimento do Islã nos subúrbios franceses, tudo isso contribuiu para uma presença monoteísta forte no primeiro plano
da mídia. Meu livro provavelmente funciona como um antídoto a esse estado de coisas, pelo menos na França. Ele
ainda está sendo traduzido para outros idiomas.

Veja – Seu livro defende um ateísmo “fundamentado, construído, sólido e militante”. Isso quer dizer que é preciso
convencer as pessoas da inexistência de Deus?
Onfray – Isso quer dizer que, quando uma pessoa não se contenta apenas em acreditar estupidamente, mas começa a
fazer perguntas sobre os textos sagrados, a doutrina, os ensinamentos da religião, não há como não chegar às conclusões
que eu proponho. Trata-se de não deixar a razão, com R maiúsculo, em segundo plano, atrás da fé – e sim dar à razão o
poder e a nobreza que ela merece. Essa é a missão, a tarefa e o trabalho do filósofo, pelo menos de todo filósofo que se
dê ao respeito.

Veja – A desconstrução dos três grandes monoteísmos equivale a mostrar que o rei está nu, como na fábula de Hans-
Christian Andersen?
Onfray – Sim. É preciso mostrar que o rei está nu, deixar claro que o mecanismo das religiões é o de uma ilusão. É
como um brinquedo cujo mistério tentamos decifrar quebrando-o. O encanto e a magia da religião desaparecem quando
se vêem as engrenagens, a mecânica e as razões materiais por trás das crenças.

Veja – O senhor cita constantemente trechos do Corão, da Bíblia e da Torá para apontar contradições. Por que razão,
se em muitos casos esses trechos nem são mencionados pelos religiosos na defesa de suas convicções?
Onfray – Os sacerdotes limitam-se a usar apenas um punhado de palavras, textos e referências, sempre postos em
evidência porque são aqueles trechos que permitem assegurar melhor o domínio sobre os corpos, os corações e as almas
dos fiéis. A mitologia das religiões precisa de simplicidade para se tornar mais eficaz. Elas fazem uma promoção
permanente da fé em detrimento da razão, da crença diante da inteligência, da submissão ao clero contra a liberdade do
pensamento autônomo, da treva contra a luz.

Veja – Seu livro cita contradições entre a pregação da paz e a da violência. O senhor pode dar os exemplos mais
marcantes dessa situação?
Onfray – O famoso sexto mandamento da Torá ensina: “Não matarás”. Linhas abaixo, uma lei autoriza a matar quem
fere ou amaldiçoa os pais (Exodo 21:15 e adiante). Nos Evangelhos, lê-se em Mateus (10:34) a seguinte frase de Jesus:
“Não vim trazer a paz, e sim a espada”. O mesmo evangelista afirma a todo instante que Jesus traz a doçura, o perdão e
a paz. O Corão afirma que “quem matar uma pessoa sem que ela tenha cometido homicídio será considerado como se
tivesse assassinado toda a humanidade” (quinta sura, versículo 32). Mas ao mesmo tempo o texto transborda de
incitações ao crime contra os infiéis (”Matai-os onde quer que os encontreis”, segunda sura, versículo 191), os judeus
(”Que Deus os combata”, nona sura, versículo 30), os ateus (”Deus amaldiçoou os descrentes”, 33ª sura, versículo 64) e
os politeístas (”Matai os idólatras, onde quer que os acheis”, nona sura, versículo 5).

Veja – O livro ataca com virulência particular o apóstolo Paulo, descrevendo-o como um histérico. Por quê?
Onfray – Basta ler os Atos dos Apóstolos, nos trechos que descrevem a conversão de Paulo, e conhecer um pouco de
psiquiatria, ou ter um manual de psicologia ao alcance da mão, para ver quanto os sintomas da visão que originou sua
conversão coincidem com os descritos pelos especialistas em histeria: perda de tônus muscular, queda, cegueira
momentânea etc. Ao me referir a Paulo, eu não emprego o termo neurose como um insulto de caráter moral, mas como
um diagnóstico que pode ser estabelecido por um psiquiatra.

Veja – Há uma diferença entre ser contra as religiões e não acreditar na existência de Deus?
Onfray – É possível acreditar em Deus e viver sem religião. Mas não conheço religião que viva sem Deus. Trata-se do
mesmo combate, verso e reverso da mesma medalha.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
Veja – Mas não são poucos os que sustentam que a necessidade de Deus é inerente ao ser humano. Há quem acredite
que essa necessidade é genética.
Onfray – Essa necessidade é cultivada culturalmente. É claro que não existe. Muito menos geneticamente. Essa é uma
idéia ridícula. Não há nada no cérebro além daquilo que é posto nele. Já se viu alguma criança – imagem do que pode
haver de mais natural – nascer acreditando em algum deus ou em alguma transcendência? Deus e a religião são
invenções puramente humanas, assim como a filosofia, a arte ou a metafísica. Essas criações, é bem verdade,
respondem a necessidades, como a de esconjurar a angústia da morte, mas podemos reagir de outra forma: por exemplo,
com a filosofia.

Veja – Como o senhor explica o fato de muitos cientistas, diante da impossibilidade de explicar a imensa complexidade
do universo, se voltarem para a hipótese da criação divina?
Onfray – O recurso a Deus e à transcendência é um sinal de impotência. A razão não pode tudo. Deve ser consciente de
suas possibilidades. Quando ela não consegue provar alguma coisa, é preciso reconhecer essas limitações e não fazer
concessões à fábula, ao pensamento mitológico ou mágico. A idéia da criação divina é uma espécie de doença infantil
do pensamento reflexivo.

Veja – Como filósofo ateu, como o senhor viu a forte comoção popular pela morte do papa?
Onfray – Tamanho fervor deve ser relacionado com o fato de que João Paulo II foi de fato o primeiro “papa catódico”, o
primeiro sumo pontífice da era da comunicação de massa. Foi o homem mais filmado do planeta. Logo, era o maior
portador da aura que a mídia confere. A maioria das pessoas tem fascínio pelos ícones eleitos pela mídia e acredita mais
neles do que na verdade física. Daí a estranha sensação quando a TV prova que por trás daquela imagem divinizada
havia alguém bem real, de carne e osso. Isso ficou demonstrado, na morte do papa, pelo uso espetaculoso da exposição
do cadáver e pela criação de uma reação histérica entretida e amplificada pela transmissão televisiva.

Veja – O senhor retoma casos recentes e antigos em que o papel da Igreja Católica não foi dos melhores: ataques a
Galileu, silêncio diante do holocausto ou do genocídio em Ruanda. Mas é possível encontrar outros tantos exemplos de
bons momentos do catolicismo. Isso não mostra que o problema não são as religiões e sim os homens que as
interpretam?
Onfray – Não me proponho a escrever uma resposta ao livro O Gênio do Cristianismo (obra de 1802 do escritor francês
François-René de Chateaubriand, que refutava os filósofos anti-religiosos de seu tempo). O que quero é mostrar que as
religiões, que dizem querer promover a paz, o amor ao próximo, a fraternidade, a amizade entre os povos e as nações,
produzem na maior parte do tempo o contrário. Não me parece muito digno de interesse que os monoteísmos possam ter
gerado o bem aqui ou acolá. Afinal, é a isso mesmo que eles dizem se propor. Não há motivo para espanto. Em
compensação, que se devam a eles tantas barbaridades terrenas, extremamente humanas, me parece muito mais
importante como prova da inanidade das doutrinas.

Veja – Críticos católicos alegam que seu livro nada fez senão repetir antigos argumentos contra a religião. Quais são
seus argumentos novos?
Onfray – Não se pode fazer muito a respeito, a não ser dizer e redizer o que é verdade há muito tempo. E repetir que os
cristãos têm pouca moral para me reprovar por dizer antigas verdades, quando eles mesmos propagandeiam erros ainda
mais antigos.

Veja – Não se pode negar que a religião proporciona valores morais e éticos a muitas pessoas que de outra forma não
os teriam. Isso, por si, não bastaria para justificar a existência das religiões?
Onfray – Se não houvesse alternativa, certamente. Mas há. A filosofia permite a cada um a apreensão do que é o
mundo, do que pode ser a moral, a justiça, a regra do jogo para uma existência feliz entre os homens, sem que seja
preciso recorrer a Deus, ao divino, ao sagrado, ao céu, às religiões. É preciso passar da era teológica à era da filosofia de
massa.

Veja – O senhor acha que um dia o mundo será predominantemente ateu?


Onfray – Não. A fraqueza, o medo, a angústia diante da morte, que são as fontes de todas as crenças religiosas, nunca
abandonarão os homens. Por outro lado, é preciso que alguns espíritos fortes, para usar uma expressão do século XVII,
defendam as idéias justas. A questão é converter novos espíritos fortes. Só isso já seria muita coisa.

Veja – Quando e como o senhor se tornou ateu?


Onfray – Até onde consigo me lembrar, sempre fui ateu, a não ser na infância, quando acreditava na mitologia católica
como se acredita em Papai Noel ou nas lendas do folclore. A história contada pelo catolicismo tem tanto valor quanto
essas. Está no mesmo nível dos contos da carochinha, em que os animais conversam e os ogros comem criancinhas.
Assim que um embrião de razão habitou meu espírito, não me importei mais com esse pensamento mágico – que só
serve, justamente, para as crianças.

Veja – Do que se trata, exatamente, a “universidade popular” que o senhor criou?


Onfray – Eu criei essa universidade, com um grupo de amigos, três anos atrás, com o objetivo de proporcionar um saber
filosófico exigente ao maior número possível de pessoas, de todas as origens, sem distinção de classe, religião, sexo,

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
idade, formação, poder aquisitivo ou nível intelectual. E, ao mesmo tempo, permitir a construção de si mesmo como
pessoa livre, independente e autônoma. Organizamos seminários sobre idéias feministas, política, cinema, arte
contemporânea ou psicanálise, entre outros. Também temos uma oficina de filosofia para crianças. No que me diz
respeito, ensino uma contra-história da filosofia – atéia, materialista, sensualista, hedonista, anarquista.

Veja – Que tipo de público freqüenta seus cursos?


Onfray – O público é indefinível, verdadeiramente popular: jovens, velhos, homens, mulheres, universitários, gente sem
diploma, trabalhadores especializados, como pilotos de Airbus e neurocirurgiões, não qualificados ou desempregados,
como os demitidos de uma montadora de automóveis da região.

Veja – A idéia está dando certo?


Onfray – O princípio dela já permitiu que se espalhe por cinco ou seis outras cidades. Há outros projetos de expansão.

2.12.4 – Deus, Ele existe? Como provar?

A forma de explicar Deus é muito complexa, porque o que sabemos é que é um ser superior. Mas existe uma
forma de explicarmos este ser pela criação do universo.
Muitos acreditam que o universo surgiu pela grande explosão que foi Big Bang; onde uma minúscula bola de
fogo de extrema densidade e altíssima temperatura, se expandiu e esfriou dando origem às galáxias e a tudo que existe
no espaço. Mas como surgiu a vida na terra? Os seres vivos são as coisas mais complexas existentes no universo. A vida
surgiu por acaso ou por uma vontade superior?
Existem teóricos, cientistas, naturalistas, como por exemplo, Darwin que afirmou em sua tese que a vida
resultou de mutações onde essas espécies foram evoluindo a partir da seleção natural, pela necessidade de
sobrevivência.
Mas, crendo que existe um ser superior teremos um discurso muito apurado. A prova seria a complexidade dos
sistemas celular e molecular; verdadeiras máquinas cujas partes independentes estão estreitamente interligadas, onde a
ausência de um único componente é o bastante para impedir que elas não funcionem.
É, um sistema que funciona apenas se todos os seus mecanismos estiverem ali para servir o todo. Órgão como
olho humano e o sistema de coagulação do sangue seriam os exemplos desse modelo, eles só conseguem trabalhar se
todas as suas “peças” estão encaixadas, ou seja; essa engenharia cheia de detalhes e de encaixes únicos e precisos não
poderia ser fruto de mutações aleatórias, outra confirmação seria que até hoje não foram encontrados registros de
animais transacionais (um fóssil de animal que fosse exatamente uma transição de um a espécie para outra). Com essas
informações podemos provar que existe sim uma força superior, de onde surgimos, o mundo foi criado só mesmo por
planejamento de uma inteligência superior que até hoje, apesar de muitos progressos a ciência sem falhas não pôde
explicar.

2.13 – FORMAS RELIGIOSAS

♦ TEÍSMO: Deus se nos revela como pessoa, Trindade, vivo, sagrado. É o sujeito dos atributos divinos. É próximo de
nós e transcendental. É o criador do mundo e sua causa vivificante. Um Deus que se relaciona com a criatura.
♦ TEÍSMO: mono, di, tri, tetrra, pentateísmo etc.
♦ Politeísmo: crê em muitos deuses.
♦ Henoteismo = monolatria: veneração de um Deus supremo, mas não nega a existência de outros deuses.
♦ Panteísmo: tudo é Deus.
♦ Ateu: não crê em Deus.
♦ Animismo: religião que vê A ALMA (ANIMA) em cada objeto, em cada coisa, animal ou planta

♦ DEÍSMO: Iluminismo. Religião natural, fruto da razão e das instituições humanas. Rejeição da Revelação. Intuição
de um Ser, cuja natureza e atributos desconhecemos. Um Ser distante, que não intervém. Ceticismo. Secularização da
razão: atreva-se a pensar. Abandone a menoridade. . O iluminismo rompe o equilíbrio entre fé e razão e sua tensão
dialética. Reduz a fé ao racional para a total secularização da vida humana mediante a sacralização. Oposto ao teimo:
Deus, sem atributos morais e intelectuais. Não intervém na criação. Não há relação sobrenatural. Porta aberta para o
ateísmo e à indiferença.

♦ ANIMISMO: Mais crença do que religião. É uma mentalidade, idéia, melhor do que uma religião com doutrina
elaborada. Atrás de objetos sensíveis: uma vida divina, psique ou espírito capaz de se relacionar diretamente com o
homem. Diferente de religião. É uma tentativa de explicar os fenômenos da natureza. Pode ser religioso quando leva o
homem ao culto de adoração.

♦ MAGISMO: crença num poder oculto, impessoal, que excede as forcas naturais, de que certos homens podem se
apropriar e produzir feitos extraordinários. O mágico capta essas forcas e as coloca à sua disposição.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA

♦ MAGIA BRANCA= Umbanda. Procura fazer o bem.

♦ MAGIA NEGRA. Quimbanda. Feita para prejudicar.

♦ EUHEMERO: Manismo = euhemerismo: os deuses são – (como homens divinizados). As pessoas boas e dotadas,
depois de mortas, tornam-se patronas, protetoras, guias, exemplos.

♦ TOTEMISMO: tribo, clã. Há um parentesco entre o clã e uma espécie de animal ou vegetal. O clã p.e. é
descendente de urso com uma mulher. Então o nome do seu TOTÉM será URSO, animal tornado sagrado para aquele
clã. Não pode ser matado, a não ser em sacrifícios em que se come de sua carne e se bebe do seu sangue para se poder
participar de seus poderes.

♦ MONOTEÍSMO: Deus uno infinito, Sua presença: no amor-justica-verdade-bem.

- DEUS: Ser supremo. Causa primeira. Existente por Si. Absoluto. Infinito. Independente. Livre. Acima do tempo e
do espaço. Para quem não existe ANTES nem DEPOIS.
- Deus está acima e fora do tempo e do espaço.
- Eternidade: é a posse, total e perfeita, ao mesmo tempo, de uma vida sem limites. Interminabilis vitae tota simul et
perfecta possessio”- S.Tomás e Boécio. Eterno. Perfeito- Onisciente-Onipresente-Onipotente. Bem supremo. Summum
bonum. Proposto pela razão e pelo sentimento. Base para explicar o Homem, e os valores morais. Diferente de tudo e
de todos. Acima do tempo e do espaço. Superior a tudo e a todos. A essência de Deus é inatingível por nós. Temos dEle
idéia geral. Deus: símbolo para a idéia mais alta. Fundamento de tudo o que existe. Princípio lógico que permite
entender o que existe. DEle depende o cosmos e a possibilidade de conhecer.

- CRIACIONISMO OU EVOLUCIONISMO? ONDE ESTÁ A VERDADE?

- Hoje a Igreja aceita a doutrina da EVOLUÇÃO CIENTÍFICA, considerando-se que quem criou a força propulsora
da evolução foi DEUS.
- Três argumentos filosóficos, lógicos para provar a existência de Deus:
a) Cosmológico: sua origem e movimento naturais. Todo o movimento é causado por alguma força externa
b) Teleológico: tudo tem finalidade específica e precisa. Nada existe sem motivo.
c) Ontológico: Se é lógico, então é também ontológico.-real. O real é inteligível porque sua existência é racional.
Penso os seres que supõem um Ser superior como a causa primeira. Então esse ser existe. logicamente. Então
existe o Ser Supremo.
- O big bang teve um início e uma causa: Deus.
- A Jung se perguntou se existe Deus. Jung retrucou: não acredito. EU SEI.
- A FHC se fez a mesma pergunta. FHC retrucou: ”esta pergunta não vale...”
- Nietzsche: “Deus morreu”.
- Freud: a religião como neurose coletiva, criada para apagar a culpa causada pela libido, levando Édipo a matar o pai.
- Karl “Marx: A religião é ópio do povo”.

- FORMAS RELIGIOSAS PRIMITIVAS – ORIGEM DAS RELIGIÕES:


1) ESCOLA MITOLÓGICA: as formas religiosas derivam de mitos mal interpretados pelos primitivos.
a) Escola simbolista: Fred e Kreuzer. A sensação de ser uma só coisa com a natureza. O homem a exprimiu
simbolicamente na arte e na literatura, personificando as forças da natureza. Isso foi mal entendido e originou
o politeísmo.
b) Escola natural-mitológica: Max Mueller. A multiplicidade de nomes para a mesma coisa deu origem a diversas
personagens. Nomeia. Hoje muitos pensam que existam várias Nossas Senhoras.
c) Escola Astral: Mitológica. Winker. A mitologia dos astros deu origem à religião, que foi no início politeísta.
- Observação: a mitologia não produz a religião. A religião produz a mitologia. As concepções sobre os deuses, os
fatos extraordinários da antiguidade, os antepassados, as idéias religiosas são expressas na sua mitologia.

2) ESCOLA ANTROPOLÓGICA EVOLUCIONÍSTICO-PSICOLÓGICA: Pelos povos primitivos de hoje, pelas suas


idéias religiosas, se vai aos mais antigos. Idéias: teísmo, magismo, totemismo.

3) ESCOLA DE MÉTODO HISTÓRICO CULTURAL. Estuda a relação entre as várias culturas: sua origem – idade. O
Pe. Schmidt conclui que a forma primitiva foi o monoteísmo que nasceu do animismo.

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DEUSES DA MITOLOGIA GREGA

Adonis: Nascido da casca de uma árvore, é o mais belo dos deuses.


Afrodite: Deusa do amor, da beleza e da fertilidade. Apoio Deus da música, da profecia e do arco-e-flecha.
Ares Deus da guerra.
Ártemi:Deus da caça e protetora das amazonas.
Atena: Deusa da prudência e da sabedoria. Diz a lenda que Atena saiu adulta de dentro da cabeça de Zeus,
aberta com um machado por Hefesto.
Cérbero: Cão de três cabeças, o guardião do inferno. Impedia os vivos de entrarem no reino dos mortos.
Dionísio: Deus do vinho, e da fertilidade. Zeus o escondeu em sua coxa quando era bebê.
Eros: Ele despertava o amor e o desejo dos homens acertando flechas em seus corações.
Graias: Três irmãs que nasceram já velhas. Possuíam apenas um olho e um dente, que revezavam entre si.
Hades: Deus dos mortos. Comandava o Tártaro, o mundo inferior.
Hecate: Deusa da escuridão, protetora das bruxas e das feiticeiras.
Hefesto: Deus do fogo e da metalurgia. Forjava todas as armas e ferramentas dos outros deuses.
Hera: É a deusa mais importante da mitologia grega. Esposa de Zeus, reinava a seu lado e era muito
ciumenta.
Heracles: Filho de Zeus e Alcmera, o grande herói da mitologia grega. Na mitologia romana é conhecido
como Hércules.
Hermes: Filho espoleta de Zeus, também era seu mensageiro. Protetor dos comerciantes e dos viajantes.
Hidra de Lerna: Serpente monstruosa, foi morta por Néracles.
Hypnos: Deus do sono.
Medusa: Uma das três górgonas. Tinha cobras na cabeça e seu olhar transformava os homens em pedra.
Minotauro: Monstro que habitava um palácio-labirinto em Creta. Seu nome original é Astérion.
Narciso: Belo rapaz que se apaixonou por seu próprio reflexo.
Nyx: Deus da noite.
Orfeu: Cantor, poeta e compositor. Era fraquinho, mas sua música acalmava até mesmo mares bravios.
Pã: Deus dos rebanhos e dos pastores.
Panacéia: Deusa da cura pelas ervas.
Pandora: A primeira mulher, criada por Hefesto. Famosa por abrir uma caixa de onde saíram todos os males
do mundo.
Pégaso: Cavalo alado divino. Algumas lendas dizem que ele nasceu do solo molhado do sangue da Medusa,
morta por Perseu.
Perséfone: Esposa de Nades. Comandava o mundo inferior a seu lado.
Perseu: Herói, filho de Zeus. Matou e cortou a cabeça da Medusa.
Polifemo: Cíclope gigante, tentou devorar Ulisses, mas teve seu único olho furado por ele.
Poseidon: Deus dos mares e dos terremotos.
Quimera: Terrível monstro de duas cabeças que soltava fogo pela boca.
Quiron: O mais sábio dos Centauros. Foi o professor de Asclépio, deus da cura e da medicina.
Sereias: Monstros marinhos alados, metade mulher, metade peixe.
Tanatos: Irmão de Hypnos, deus da morte.
Tífon: Monstro gigantesco, conseguiu capturar e aprisionar Zeus.
Tykhe: Deusa do acaso e da coincidência.
Zeus: Divindade suprema da mitoIoga grega. Deus do Céu e da Terra.

3 – AS 5 BASES DA RELIGIÃO
1) PRIMITIVAS: sem racionalização: politeísmo – animismo – totemismo – manismo – magismo.
2) SAPIENCIAIS: vêm de um ou de vários sábios: meditação, sabedoria, contemplação: hinduísmo, budismo,
jainismo, taoísmo, confucionismo, xintoísmo, perfect liberty. Igreja messiânica mundial – Moon – Hare Krisna.
3) PROFÉTICAS: Um profeta recebe de Deus a revelação: Judeus – Muçulmanos – Cristãos.
4) RELIGIÕES ESPIRITUALISTAS: a revelação vem dos espíritos: espiritismo de Allan Kardec e a umbanda.
5) RELIGIÕES OU ATITUDES FILOSÓFICAS: Materialismo = ateísmo – Humanismo ateu = deismo –
Agnosticismo – maçonaria – Yoga – Seicho-no-iê – Rosa Cruz – Teosofia – Esoterismo - Ananda Marga ...
Ensinam e vivem atitudes ou místicas filosóficas: opções de vida que supõem uma crença religiosa sem dogma:
positivismo, marxismo, humanismo ateu.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
4 – RELIGÕES PRIMTIVAS
As religiões primitivas são baseadas no medo, no pavor, nos mitos, na crença em castigos por parte de Deus.
Os fenômenos da natureza, do universo, da vida são interpretados como vozes dos deuses: trovoadas, chuva, doenças,
germinação das plantas, estações dos anos, astros etc. Até hoje há pessoas que têm MEDO de Deus. Praticam a religião,
pagam o dízimo por medo de Deus ou para se livrar de seus castigos. Outros fazem PROMESSAS, prometendo a Deus
até o impossível ou prejudicial à saúde: peregrinações caras, ficar sem comer o necessário, causar a si mesmo
sofrimentos etc. Essas atitudes revelam uma religiosidade primitiva.
MAGISMO:Pelo poder de algum pagé, se consegue da divindade algum favor. Usam palavras, gestos, coisas, objetos,
orações para se obter o que desejam. Pode ser magia branca, quando pedem o bem. Magia negra: pede o mal e a
vingança contra alguma pessoa.
TOTEMISMO: Cada tribu tem seus mitos. O totem é na tribu o animal ou planta que deram origem à mesma tribo. Esse
animal ou planta tornam seus protetores. Não podem ser mortos ou destruídos.

4.1 – HALLOWEEN: ALL HALLOW EVE

NOITE DE TODOS OS ESPÍRITOS.


TRICKS OR TREATS

- 2.200 anos atrás: aldeias Celtas na Grã Bretanha: seus sacerdotes (Druidas) apresentavam um misticismo.
- Falava-se da volta dos espíritos desencarnados, na noite de 31 de outubro.
- Festa de Sam-Haim: em que eles aguardavam a volta dos espíritos desencarnados, na noite de 31 de outubro.
- Agradeciam aos deuses pela colheita no final do outono.
- Histórias de comunicação com o outro mundo.
- Para não ficarem sós em casa, saiam pedindo alimentos para um banquete.
- Século IX a Igreja proclama o 1o Novembro o dia de todos os santos.
- Século XVII: o dia das bruxas chega aos USA, trazido pelos imigrantes irlandeses.
- Tricks or treats: ou abre as portas ou nós invadimos tua casa.
- Druidas = sacerdotes.
- Abóboras: = jacks em forma de caveiras, tendo dentro velas acesas: para espantar o espírito de um morto que
perambulava pelas casas.
- Elementos de sua crença: Lua cheia. Fogueiras.Gatos. Morcegos.
- No Brasil, sobretudo os jovens, faz-se a festa de Halloween mais como folclore, brincadeira, promovendo-se bailes e
desfiles. No Brasil a festa de Halloween não parece ter um caráter religioso, mas festivo e jocoso.

4.2 – ALGUMAS PALAVRAS QU DEVEM SER CONHECIDAS E NÃO CONFUNDIDAS

- CONIC: Conselho Nacional das Igrejas Cristãs.


- CNBB: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
- Mito – Fábula – Lenda.
- Místico – mítico
- Gnóstico. Gnosticismo: crer somente no poder do conhecimento, desprezando a fé.
- Agnóstico. Agnosticismo. Não crê que possamos conhecer a Deus através do conhecimento.
- Cético: não crê em ninguém, muito menos em Deus.
- Asceta. Ascético. Ascese. Ascetismo: praticar a religião.
- A seta: 
- Ser religioso: apenas rezar e ter fé.
- Ser cristão: ter fé, orando, fazendo, seguindo Jesus, criando uma nova sociedade.
- Auto-salvação: algumas religiões ensinam que a pessoa se salva a si mesma pelos seus próprios méritos.
- Hetero-salvação: quando se crê que alguém mais do que nós nos salva. Jesus nos salva!
- Padre religioso: pertence a uma congregação, faz os votos de castidade, obediência e pobreza.
- Padre secular: pode viver sozinho. Faz os votos de castidade e obediência ao bispo.
- Ordens e Congregações religiosas: padres – irmãos e irmãs, vivem em comunidade com os 3 votos.
- Fanatismo religioso – Ecumenismo – Sincretismo religioso
- Profano: mundano. Secular. Externo.
- Sagrado: reservado. Separado. Consagrado. Íntimo.
- Profanar: pecar. Sujar, desrespeitar, desvalorizar os princípios da família, da sociedade e da religião.
- Ressuscitar: ter vida nova em Cristo desde agora.
- Reviver: voltar a viver, mas morrerá depois de algum tempo.
- Teologia: fé, crença, religião, confio em Deus pela fé e não pelo raciocínio
– Teodicéia: a parte da filosofia que tenta provar a existência de Deus pela razão e pela lógica = Deísmo

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
- Teocracia: um governo religioso, como em Jerusalém e no Iraque
- Teísmo: parte da teologia que estuda sobre a fé em Deus.
Teofobia – teofilia – teófilo
- Iluminismo, racionalismo,
- Concílio Vaticano II: reunião dos bispos do mundo inteiro no Vaticano pela segunda vez.
- Superstição: crer no poder de algumas pessoas, de objetos, de palavras ou gestos.
- Seitas religiosas: grupos fanáticos até mesmo dentro de Igrejas sérias.
- Dogmas: verdades fundamentais essenciais básicas de alguma religião. Todas as religiões têm algum dogma.
- Normas da Igreja: cada tempo, diante das necessidades, a Igreja cria normas, como a do celibato etc.
- Heresia: uma parte da doutrina.
- Herege: aquela pessoa que crê somente numa parte da doutrina de uma religião
- Apóstata: aquela pessoa que NEGA todas as verdades de uma religião.
- Santo ou São (por exemplo: Santo Antônio ou São Geraldo): pessoas cristãs, cristãs, católicas, que são
reconhecidas publicamente pela Igreja como verdadeiros seguidores de Jesus na Igreja.
- A Virgem Maria: é a mãe de Jesus, conforme os Evangelhos. Se a mãe de Jesus não for importante: quem o
será?- Ler o início do Evangelho de Mateus ou de Lucas.
- Cada Religião tem a sua nomenclatura e seus cargos e serviços. A Católica tem: Papa, Cardeais, Arcebispos, -
- Bispos, Bispos prelados, Monsenhor, Cônego, Padre, Diácono, Seminarista.
Pároco.Vigário. Diácono.
- Monge, monja.

4.3 – FRASES LATINAS

- Memento mori: lembra-te que hás de morrer.


- Hodie mihi cras tibi: hoje para mim, amanhã para você.
-Morituri mortuis: os que vão morrer saúdam os que já morreram.
- Mens sana in corpore sano: mente sadia num corpo sadio.
- Libertas quae sera tamen: queremos a liberdade, mesmo que seja tardia.
- Sic transit gloria mundi: assim passa a glória do mundo.
- Si iste et ille, cur non ego: se este e aquele podem se converter, por quê não eu?
- Qui te creavit te sine te, non salvabit te sine te: quem te salvou sem ti, não te salvará sem ti.-
- Defunto: Vem do verbo latino: defungor: cumprir o dever.
- Cadáver: CAro. DAta. VERmibus: carne dada aos vermes.
- Cemitério: dormitório.
- Funeral: o trabalho de usar CORDAS.
- Cor meu inquietum est donec quiescat in Deo: o meu coração está inquieto enquanto não repousar em Deus.
Observação: A igreja não condena mais a CREMAÇÃO DOS DEFUNTOS. Pois é mais higiênica. Não polui o
nível freático nem as cisternas. Os cemitérios tradicionais espalham as doenças dos defuntos, através de uma proteína
forte chamada CADAVERINA... Muitas cidades bebem água contaminada pela CADAVERINA, pois o cemitério fica
no alto... e a população bebe água dos poços contaminados... Realmente, antigamente a Igreja não aceitava a cremação.

5 – RELIGIÃO OCIDENTAL E RELIGIÃO ORIENTAL – DUAS VISÕES


DISTINTAS
OCIDENTAL ORIENTAL

Visão da História Visão linear da história, isto é, a história Visão cíclica da história, isto é, a história se
tem um começo e um fim, o mundo doi repete num ciclo eterno e o mundo dura de
criado num certo ponto e um dia irá eternidade em eternidade.
terminar.

Conceito de Deus Deus é o criador; Ele é todo-poderoso e é O divino está presente em tudo. Ele se
único. O monoteísmo é tipicamente manisfesta em muitas divindades
ocidental. (politeísmo), ou como uma força impessoal
que permeia tudo e todos (panteísmo).

Noção de Há um abismo entre Deus e o ser humano, O homem pode alcançar a união com o
Humanidade entre o criador e a criatura. O grande divino mediante a iluminação súbita e o
pecado é o homem desejar se transformar conhecimento.
em Deus em vez de se sujeitar à vontade de
Deus.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA

Salvação Deus redime o ser humano do pecado, julga A salvação é se libertar do eterno ciclo da
e dá a punição. Existe a noção de vida após reencarnação da alma e do curso da ação. A
a morte, no céu ou no inferno. graça vem por meio de atos de sacrifício ou
do conhecimento místico.

Ética O fiel é um instrumento da ação divina e Os ideais são a passividade e a fuga do


deve obedecer a vontade de Deus, mundo.
abandonando o pecado e a passividade
diante do mal.

Culto Orar, pregar, louvar. Meditação, Sacrifício.

5.1 – RELIGIÕES SAPIENCIAIS, ORIENTAIS, CRIADAS POR SÁBIOS, INTERESSADAS NO BEM ESTAR
EM VIVER DIGNAMENTE

5.1.1 –HINDUÍSMO = Sanatana Darma = Lei Eterna

HINDUISMO: SANATANA DARMA: O CAMINHO A SER PERCORRIDO: Início: 1500 aC. Síntese de
elementos religiosos dos arianos – vencedores – e dos vencidos – autóctones. Provém de uma experiência humana:
investigação das profundezas da alma, na reflexão sobre si mesmo, na preocupação em não deixar escapar nada da
experiência. Fundado em:??? Local: Índia.
Livros sagrados: Vedas – Brahma – Upanichades – Bhagavadgita = canto.
Adeptos: deve haver mais de 1 bilhãode adeptos hinduístas.A sexta parte da humanidade é hinduísta.
Só pode ser Hindu quem nasce Hindu. Está na Índia, Indonésia, Paquistão, Ceilão, Birmânia, Malásia e África
do Sul. Três Fases:
a) Vedismo: 1500 aC. Salvação pelo sacrifício. Sem idéia de reencarnação.
b) Bramanismo: IX século aC. Salvação pelo conhecimento. Livros: Brahma: manuais para sacrifícios e
Upanichades: comunicações confidenciais.
c) Hinduísmo: Início da Era Cristã. A salvação vem pelo amor. Livro: Puranas, Antiguidades.

DEUS: Espírito Universal. Brahma: alma do mundo = Trimurti = Deus Uno e Criador.
Brahma: Deus Criador.
Vishnu: O Conservador. Perdoa. Ajuda. Vive conosco. Está presente.
Shiva: O Destruidor. O fogo. O reparador.
Acredita em Deuses menores: Há 33 milhões deles. Representação de diferentes atributos de Brahma, os
nomes dos mesmos deuses.
A idéia do Deus Trinitário dos cristãos provém do Hinduísmo? O Hinduísmo apresenta um Deus com 3 nomes
diferentes. Os Cristãos: um só Deus em 3 pessoas diferentes: O Pai não é o Filho. O Filho não é o Pai nem o E. Santo. O
E.S. não é o Pai nem o Filho. Cada Um é Ele mesmo.
O Deus hinhdu VISHNU: se encarna em RAMA. KRISHNA: Nasceu num estábulo, de uma Virgem,
milagrosamente. Foi perseguido por um Rei, que, para fazê-lo desaparecer, massacra crianças. Salvo por acaso, é o 1o
Pastor. Levado ao Templo, impressiona pela sua sabedoria. Tornado homem, leva vida de pecado. Tem 6.000 amantes,
às quais prega a resignação, o desinteresse e a bondade.
CASTAS: Brahma criou primeiro o Homem. Depois a mulher. Desde o início havia diferentes castas:
A) Da cabeça de Manu (Homem)  as pessoas melhores: sacerdotes – Brâmanes.
B) Das mãos  os guerreiros.
C) Dos pés  o povo – os súbditos – a classe baixa.
Abaixo de qualquer casta estão os PÁRIAS = escravos.
Não se pode passar de uma Casta para a outra. PÁRIA: discriminado. Imisturáveis.
1950: A Constituição aboliu as castas. Mas...
Aliás, no Brasil existem castas: preconceitos, racismo, machismo, elites privilegiadas e pobres marginalizados.

PONTOS FUNDAMENTAIS DO HINDUÍSMO:

- REENCARNACAO: as almas humanas retornariam depois da morte para uma nova pessoa humana. As almas podem
se reencarnar até 16 milhões de vezes, o que daria cerca de 800 000 000 anos...
- SAMSARA = TRANSMIGRAÇÃO DAS ALMAS HUMANAS = METEMPSICOSE = METEMSOMATOSE: após
a morte, as almas retornariam também para vegetais e animais.
- LEI DO KARMA: Sobe para o Nirvana quem viveu bem. Baixa de nível: se viveu mal.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
- O ultimo estágio da reencarnação é ser sacerdote. Se for um bom sacerdote, ele vai regressar à alma do mundo, o
Brahma.
- O EU = Alma – se perde em Brahma. No hinduismo as almas perdem sua identidade após a morte.
- No cristianismo as almas serão glorificadas, não perdendo sua identidade junto de Deus. No Cristianismo haverá na
eternidade um reencontro no Amor, um desabrochar pleno da pessoa e não uma dissolução no Todo.
- MUNDO = Todo. A realidade terrestre é aparência enganosa. É fonte de sofrimento. Livro-me disso pela renúncia e
pela introversão = meditação – concentração – duísmo – yoga – que usa filosofia e uma técnica.
- Fugir do sofrimento = o ATMA (= EU) – integrar-se no Todo = Brahma. O homem percebe que o Atma é
semelhante a Brahma – para poder dizer: “eu sou Brahma”: resolve-se o problema pessoal mas não do mudo. Por isso,
existe tanta pobreza no mundo.
- ANIMAIS SAGRADOS: Vaca, Macaco, Serpente = neles habita a divindade = Brahma.
- Vaca: último estágio da perfeição, da alma no mundo, antes de atingir a divindade, alimentando-os com leite. Quem
comer carne de vaca ficará tantos anos no inferno quantos forem os pedaços de vaca que se comeu.
- VEGETARIANOS: Brahma está presente em tudo, especialmente nos animais. Não comem carne para não engolir
a Divindade = filtrar a água para pouparem algum bichinho...
- IMPUREZA: A própria sombra de um Paria pode tornar uma pessoa impura – por isso, a necessidade das abluções.
- NAO VIOLÊNCIA: A arma usada por GANDHI na luta pela independência contra os ingleses. Entre nós: Luther
King, Dom Hélder Câmara, Teresa de Calcutá, Dom Oscar Romero.
- Em cada homem pode estar uma pessoa antepassada, reencarnada.
- CREMAÇÃO: A Igreja a proibiu antigamente por causa de ter sido ela usada para ridicularizar a Ressurreição dos
mortos. Hoje aceitamos a cremação.
- RIO GANGES: Há muitos rios sagrados: Ganges: onde eles se banham, se purificando nas abluções. Hoje ele está
bem poluído. Mas, é ali que o indiano faz suas purificações...
- Os cristãos fazem sua purificação na água do batismo: O batismo significa mergulho na Santíssima Trindade.
Lembra ainda o Dilúvio,o Mar Vermelho, o Rio Jordão.
- ISLAMITAS: fonte sagrada de Zanzem, em Kaaba, Meca.
- BENARES: O centro: cidade santa dos Indus.
- MECA: Para os Islamitas.
- JERUSALÉM: para os judeus.
- ROMA: para os cristãos.
- Para o brasileiro: fazer peregrinação em Aparecida do Norte.

5.1.2 - BUDISMO

SIDHARTA GAUTAMA = BUDA = ILUMINADO. Século VI aC.


Origem: Nepal: Norte da Índia.
Livro sagrado: TRIP PITAKE = 3 CESTOS DE SABEDORIA.
- Adeptos: 329 milhões em 1992.
- Estão: Na China, Japão, Ceilão, Tailândia, Birmânia, Vietnam, Coréia, Mongólia, Cambodja, Nepal, Laos, Índia.
DUAS SEITAS BUDISTAS:
A) MAHAYAMA: grande veículo. Menos intelectualista.
B) HINAYANA: pequeno veículo. Quer manter as teses primitivas. Ortodoxo. Individualista. O ideal: ser monge.
- Ascético, pessimista. Vale a pena lançar-se no ilusório por amor aos outros.
- VI século aC: o rei SOUDHOHANA pede um filho aos deuses. Aos 50 anos lhe nasce SIDHARTA.
- Sidarta salva a POMBA flechada pelo primo que se irritou. Sedara disse que quem mata uma criatura inocente não
tem direito a ela, mas sim quem a salva da morte.
- Aos 12 anos se consagrou como monge.
- Aos 19: casa-se. Mora num palácio. É feliz. Renuncia a tudo. Raspa a cabeça e barba. Procurou a sabedoria com
vários mestres que lhe indicaram OS VEDAS, que ele já tinha estudado, mas não tinha encontrado a PAZ.
- Encontrou 5 monges que também procuravam a sabedoria. Mostram-lhe o caminho da ASCESE. Fez jejum por 7
anos. Desmaiou. Comeu algo. Convenceu-se de que não era pelo ascetismo que poderia chegar à sabedoria. Os 5 o
abandonaram. Sob uma figueira, disse: “Fico aqui para encontrar a Sabedoria". Buda = o iluminado.
- Em 08/12: Buda exclamou: “descobri que do bem deve vir o bem e que do mal deve vir o mal.” Essa foi a noite
sagrada em que SIDHARTA se tornou BUDA = O ILUMINADO. Foi a Benares contar a novidade aos monges que lhe
retrucaram: “ISSO NÃO É NOVO”.
- Buda lhes respondeu: “se esta lei lhe é verdadeira, então os sacrifícios e orações dos deuses são estúpidas”. Os
ídolos são inúteis, os Vedas não são livros sagrados, pois mandam fazer orações e sacrifícios e adoram os ídolos.
Mandam crer em Brahma que dividiu os homens em castas, sendo que a única divisão existente é entre BONS E
MAUS. Nem creio que o mundo foi criado por Brahma. O mundo sempre existiu e sempre existirá.

- A SALVAÇÃO: As verdades e o caminho:


- Buda mostra o verdadeiro caminho da salvação.
DOR: Todos temos uma dor.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
- 1a verdade = a vida é cheia de dor: passado, presente e futuro.
- 2a: origem da dor: o desejo de experiências sensoriais.
- 3a: Supressão da dor: NIRVANA = aniquilamento da existência individual e a extinção do sofrimento. É o céu do
Budismo.
- O Budismo: não é encontro com Deus. Não se preocupa com a existência de Deus. Não a nega. Não se preocupa
com a idéia da existência ou não de Deus. Quer tirar a idéia do Deus que encoraja os regimes totalitários.
- 4a: Verdade: o caminho que leva ã supressão do desejo. O desejo apaga-se quando se segue o meio caminho. Nada
de prazeres, renúncia, ódio, amor, tristeza e alegria.

8 REGRAS DO MEIO CAMINHO:

1) Fé pura. A verdade é o que guia o homem para ser salvo. Nunca fazer dano a nenhuma criatura.
2) Vontade pura.
3) Palavra pura: nunca mentir, difamar nem usar linguagem grosseira ou áspera.
4) Ação pura: Não roubar. Não matar. Não fazer algo de que possa se arrepender.
5) Meios de existência: Nunca escolher uma ocupação que seja má: falsificar, manejar coisas roubadas, usura.
6) Atenção pura: procurar o que é bom. Evitar o que é mau.
7) Memória pura: ser calmo. Não se permitir pensamentos que estejam dominados pela alegria ou tristeza.
8) Meditação pura: consegue-se quando todas as outras regras foram seguidas e a pessoa atingiu o nível de paz perfeita.

MORAL BUDISTA:

- Negativa: Não matar nem animal. Não furtar. Não tomar a mulher do próximo. Não mentir. Não tomar bebidas
alcoólicas.
- Positiva: resignação ao sofrimento individual – meditar sobre o sofrimento dos vivos – esforço em participar de suas
dores e alegrias – a benevolência – libertação do coração – piedade – o perdão das ofensas – o sacrifício por outros.
- MONGES: O Budismo: é por excelência um relacionamento de Monges e Monjas.
- Tailândia: um país budista. Tem 26 milhões de habitantes. Tem 18.000 mosteiros. 240 mil monges = BONZOS:
cabeça raspada, manto cor de laranja, flor de loto na mão, pendurado ao braço: um prato para esmola. O fiel lhe
agradece por ter tido a honra e oportunidade de lhe dar uma oferta. Pois ganhou a oportunidade de alcançar os méritos e
chegar a uma futura reencarnação. Ser monge, é o último estágio antes de chegar ao NIRVANA.
- Ser monge proporciona ter mais mérito.
- Regulamento dos monges:
- Não tomar qualquer alimento além da refeição do meio dia.
- Evitar os espetáculos públicos mundanos.
- Evitar os leitos macios e elevados do chão.
- Viver em constante pobreza.
- Suas obrigações: estudos dos textos antigos e a oração à base de fórmulas e ladainhas, ensino e problemas
assistenciais.
- SALVACAO: O Budismo prega a auto-salvação. Basta seguir as próprias forcas.
- k) CULTO: Nem sim, nem não. Culto de recordação. BUDA: Não é Deus nem Santo. Nada pode fazer pelos seus.
Em algumas cerimônias jogam-se flores diante da estátua do mestre.
- Mensalmente: pregação no templo para difundir sua doutrina. Há festas em torno dos monumentos para comemorar o
salvador.
CONTRIBUIÇÃO: Ideal de doçura e compaixão contra a crueldade dos povos.
BUDA: Morreu aos 88 anos, em 477 aC. Disse que não era Deus. Não queria ser adorado. Mais tarde o idolatraram:
imagens e budinhas.
O Budismo vê o mundo com aparência enganosa. Aceita a reencarnação. É a religião universal.
TIBET: O Budismo misturou-se com o totemismo e o animismo. Daí surgiu o LAMAÍSMO.
Buda é visto como uma espécie de Papa.

DALAI LAMA: chefe de uma teocracia.


- DALAI LAMA é o atual líder, o papa dos Budistas. É uma pessoa culta, sábia, respeitada no mundo inteiro. Escreve
muitos e bons livros.

Algumas idéias de Dalai Lama:


Julgue seu sucesso pelas coisas que você teve que renunciar para consegui-lo. – Lembre-se que o seu caráter é o seu
destino. Dê mais às pessoas do que elas esperam e faça-o com alegria. Não acredite em tudo o que você ouve. Quando
disser sinto muito, olhe para as pessoas nos olhos. Nunca ria dos sonhos de outra pessoa. Em desentendimento, brigue
de forma justa. Não use palavrões. Não julgue as pessoas pelos seus parentes. Fale devagar. Pense com rapidez. Quando
alguém perguntar algo que você não quer responder, sorria e pergunte: por que você quer saber? Lembre-se: grandes
amores e grandes conquistas envolvem grandes riscos. Ligue para a sua mãe. Quando você se der conta que cometeu

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
um erro, tome as atitudes necessárias. Quando você perder, não perca a lição. Lembre-se de três Rs: Respeito por si
próprio – Respeito pelo próximo e Responsabilidade por suas ações. Não deixe uma pequena disputa ferir uma grande
amizade. Sorria ao atender ao telefone. A pessoa que estiver chamando, ouvirá isso em sua voz. Passe mais tempo
sozinho. Abra os seus braços para mudança, mas não mão de seus valores. Lembre-se que o silêncio às vezes é a melhor
resposta. Leia mais livros. Assista menos TV. Viva ima vida boa e honrada. Assim, quando você ficar mas velho e
olhar para trás, você poderá aproveita-la mais uma vez. Confie em Deus, mas tranque o seu carro. Uma atmosfera de
amor em sua casa é muito importante. Faça tudo o que puder para criar um lar tranqüilo e com harmonia. Em
desentendimento com entes queridos, enfoque a situação atual. Não fale do passado. Leia o que está nas entrelinhas.
Reparta o seu conhecimento. É a forma de alcançar a imortalidade. Seja gentil com o planeta. Reze. Há um poder
imensurável nisso. Nunca interrompa quando estiver sendo elogiado. Cuide de sua própria vida. Uma vez por ano, vá a
algum lugar onde nunca esteve antes. Se você ganhar muito dinheiro, coloque-o a serviço de ajudar outros, enquanto for
vivo. Esta é a melhor satisfação de riqueza. Lembre-se que nao conseguir algo que você deseja, às vezes é um golpe de
sorte. Aprenda as regras e quebre algumas”.

JAPAO: O Budismo tornou-se ZEN-BUDISMO no século XII. É um budismo reformado diferente. Leva o homem ao
estado de não pensar, de imperturbabilidade. É a meditação vazia. O maior pensador Budista: professor de Kyoto=
DAISETZ TEINARO SUZUKI.
- Não tem Deus. Reencarnação. Cheios de estátuas com ornamentos, suntuosos, brocados, incenso em turíbulos de
bronze.
- O patriotismo religioso do xintoísmo.
- Levou a desprezar os direitos dos outros povos. São contrários aos direitos dos povos. Reconhecimento aos
ancestrais, polidez, amor à natureza. São sorridentes e alegres. Amar a natureza, adorar as montanhas e os vales.
- Confucionismo: os japoneses aprenderam o gosto de aprender com o Budismo o amor ao belo.
1889 dC: O Xintoísmo é declarado religião do Estado, Instituição governamental, com o fim de manter entre o povo a
devoção ao Imperador.
- Depois da 2a Guerra: Hiroíto declara falsa essa sentença. Desde então o xintoísmo entrou em crise e seu êxito é
obscuro.

TANTRA TOTEM

Nunca esqueça que existem quatro coisas na vida que não se recuperam:
A pedra - depois de atirada;
A palavra - depois de proferida;
A ocasião - depois de perdida:
O tempo - depois de passado

1. Dê mais às pessoas do que elas esperam, e faça-o com alegria.


2. Case com alguém com quem você goste de conversar. À medida em que vocês forem envelhecendo, seu
talento para a conversa se tornará tão importante quanto os outros todos
3. Não acredite em tudo o que ouve:
Não gaste tudo o que tem;
Não durma tanto quanto gostaria.
4. Quando disser "eu te amo", seja sincero
5. Quando disser "sinto muito” olhe nos olhos da pessoa.
6. Fique noivo pelo menos durante seis meses antes do casamento.
7. Acredite no amor à primeira vista.
8. Nunca ria dos sonhos dos outros. Quem não tem sonhos tem muito pouco.
9. Ame profundamente e com paixão. Você pode se ferir, mas é o único meio de viver uma vida completa.
10. Quando se desentender, lute limpo. Por favor, nada de insultos.
11. Não julgue ninguém pelos seus parentes.
12. Fale devagar mas pense depressa.
13. Quando lhe fizerem uma pergunta a que não quer responder, sorria e pergunte; "Porque deseja saber?"
14. Lembre-se que grandes amores e grandes realizações envolvem grandes riscos.
15. Diga "saúde" quando alguém espirrar.
16. Quando você perder, não perca a lição.
17. Recorde-se dos três "R":
* Respeito por si mesmo,
* Respeito pelos outros,
* Responsabilidade pelos seus atos.
18. Não deixe uma pequena disputa afetar uma grande amizade.
19. Quando notar que cometeu um engano, tome providências imediatas para corrigí-lo.
20. Sorria quando atender o telefone. Quem chama vai percebe-lo na sua voz.
21. Passe algum tempo sozinho e reflita.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
5.1.3 – JAINISMO

Fundado: Séc VI aC. – Índia. Por MAHAVIRA: O Grande Herói.


Livro sagrado: Ágamas.
Adeptos: 1.5 milhão. Encontra-se especialmente na Índia.
Doutrina: Reverência pela vida, NÃO MATAR a nenhum ser vivente: por palavra, pensamento, atos, nem mosquito.
Nem para comer. Não pescar. Não guerrear. Não se defender. Até o verme tem alma. Vegetarianos. Não cultivar a
terra. Não cortar árvore. Não ferver água. Não usam fogo: para não se matar algum possível inseto. Em geral são
mercadores e banqueiros. São ricos. Constroem templos e casas para vacas. Hospitais para animais doentes.
Enfermarias para pássaros e ata para insetos. Ascetas. Valorizam o suicida. Nada de rezas e sacrifícios, nem adoração
de ídolos. Só fazendo-se o bem se poderá alcançar o NIRVANA.
Como os hindus e budistas: Auto salvação – reencarnação – vegetarianos – vana.

5.1.4 – CONFÚCIO: poeta, professor, músico, filósofo, administrador, sábio, pensador.

Séc. VI aC. K’ung Fu Tzu = Confúcio – Foi um filósofo, poeta e músico. Livro: Anaclets.
Adeptos: 338 milhões.
Seitas: Não há. São livres para freqüentar outra fé. DEUS: Para os chineses no início não havia nada. Então apareceu
qualquer coisa, Disso foi criado o P’AN KU. Quando morreu, dele nasceu o trovão, o sol, o vento, a lua, os rios, as
flores e a terra. Depois apareceram as pessoas. Adoravam o Sol, a Lua, os rios, as montanhas, porque tinham espíritos,
almas.
Havia vários Deuses. Deus dos Deuses = T’IEN.
A chuva, trovão, vento, arco-íris: vinham do céu.
T’Ien também morava no céu.
Adoravam ainda os antepassados: pais – heróis – imperadores.
Um imperador disse que os deuses queriam templos, e assim se construíram templos, música e sacrifícios.
- Para Confúcio nada dessas crenças tem valor.
CONFÚCIO: Nasceu quando seu pai tinha 70 anos. Aos 3 o pai morreu. Aos 15: tornou-se administrador do celeiro,
superintendente dos campos. Aos 23: perdeu a mãe. Chorou-a por 3 anos. Não mais trabalhou. Começou a lecionar.
Aos 34 anos: 3.000 alunos, inclusive o filho do 1o Ministro da Província. Aos 50: Magistrado, chefe de CHUNG-TU,
Ministro do crime. Percebeu que os prisioneiros eram gente pobre e ignorante. Era necessário lecionar, ensinando a
ocupação e profissões úteis. É dele o princípio: ensinar a pescar e não dar o peixe. Educar = dar bom exemplo. Se os
governantes são bons, o povo será bom. Não faças ao outro o que não queres para si. Jesus disse: “Faça aos outros
aquilo que quer que lhe façam”. Esvaziaram-se as prisões. Os juízes e soldados ficaram desempregados. Confúcio
tornou-se conselheiro do Conde Ting e essa Província se tornou a mais rica da China. Os outros governantes o
invejavam. Mandaram dançarinas e cavalos de presente e seduziram o Conde. A Província retornou à pobreza. Confúcio
abandonou a Província. Pediu a um eremita um barco. Este lhe diz: “é melhor se fazer eremita do que ficar vagando”.
Por 15 anos tentou ser escutado pelo Governo. Perdeu a esposa. Retornou à sua terra, onde escreveu a história de LHU,
sua província natal: reuniu poesias chinesas. – Não se deve pagar o mal com o mal. Aconselhava. Não falava sobre
Deus ou o Céu ou sobre se havia vida além da morte.
AMOR: Dar mais apreço ao esforço: isto é amor. A alegria em si = amor. Fazer o bem pelo bem = amor. Paz = fruto do
amor. O desejo de ser justo. Seguir o bem. Repousar no amor. Agie com arte: esses são os caminhos que conduzem à
Vida do Bem.
Morreu: aos 74 anos, em 428 aC.
TSÉ-TSÉ: seu neto recolheu seus escritos e ensinou a doutrina de Confúcio: aqueles que fazem caridade devem ter
compreensão e não humilhar a pessoa à qual fazem caridade.
MANG: 100 anos depois, espalhou a doutrina de Confúcio: O governante deve administrar o seu País conforme as 5
virtudes constantes:
1) Benevolência: desejar trabalhar para o bem do povo.
2) Retidão: Não fazer aos outros aquilo que não queres que te façam.
3) Sabedoria: ter como guias o conhecimento e a compreensão.
4) Sinceridade: em tudo o que se faz. Sem ela o mundo não pode existir.
5) Paz: Uma das finalidades do Estado é garantir a paz.
- OBEDIÊNCIA: Obedecer aos pais e ao Estado.
- Maior dever do filho: piedade filial. Dormindo pai e filhos num mesmo local, numa noite cheia de mosquitos, o filho
deve atrair os mosquitos para si.
- Nada de metafísica: minha vida é minha prece. Não sabemos se os mortos sobrevivem.
- O homem honrado não tem vergonha de andar mal-vestido. Ganhar $ somente para viver. Não viver para ganhar $.
- Ter pelos antepassados: respeito – fé – homenagens – apego.
- Confúcio usava linguagem simples – do povo. Por ele se deve conhecer os clássicos.
- Esse era o teste para o serviço público na China: conhecer a doutrina de Confúcio.
- Até hoje são ensinados os ensinamentos de Confúcio nas Escolas e nos Templos.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
- Foram-lhe erigidos monumentos, templos em toda a China.
- Os monumentos erigidos a Confúcio são civis como museus e não religiosos.
- Pio XII – 1939 – “Os católicos e chineses podiam atribuir semelhantes formas de honra não só ao mestre Confúcio,
como às almas dos seus defuntos”.O nome Confúcio foi criado pelos padres Jesuítas que quiseram canoniza-lo, tal a
importância dada a Kung Fu.
- Os chineses o veneram como um Santo. Hoje os jovens chineses destronaram Confúcio. Consideram-no patrono da
extinta monarquia, indigno de figurar entre os líderes da revolução chinesa.

5.1.5 – XINTOÍSMO: caminho dos deuses.

- Fundação: pré-histórica.
- Fundador: Desconhecido.
Local: Japão.
- Livros sagrados: Kojiki: livro das coisas antigas – este é o mais importante.
- Nihon-Ji: crônicas do Japão.
- Yengishiki: hinos e preces.
- Distribuição: Japão e onde vivem Xintoístas.
- Centro religioso: ICÊ.
- Não teve nome por muito tempo.
- XINTO: Caminho dos deuses. Surgiu em oposição ao budismo, que entrou no Japão no século VI aC.
- 2.000 aC: Doutrina: o mundo era pouco conhecido. Pensava-se que eram os únicos seres humanos do mundo.
- Sua origem: Uma seta furou o céu, de onde saíram as plantas e os seres vivos.
- CÉU: Japão melhorado.
- Seu mito: Debaixo da terra havia pessoas como em cima, onde as coisas não eram tão boas. Havia uma entrada que
um tremor fechou com uma grande pedra a ponte e a porta que dava para o céu. A ponte para o céu foi quebrada e não
reparada.
- Religião: simples, sem livros, nem mandamentos nem sacerdócio.
- Sol, lua, florestas e rios: têm um espírito que podia fazer o mal ou o bem – esse último tinha que ser adorado.
- Adoravam a natureza e MIKADO: Varão sedutor - e IDZANAMI: A fêmea sedutora. Foram encarregados por seus
deuses de criar o mundo. Ele tomou a lança de jóias do céu e arremessou-a ao oceano. Quando levantou a lança a água
que pingou nela se endureceu e, então, nasceu uma Ilha. E os dois foram viver nela e aí criaram a grande terra das 8
Ilhas japonesas. Fizeram aparecer a deusa Sol, o deus Lua e o deus Tempestade.
- A deusa Sol constitui a família e o seu neto Jimmi Tenno tornou-se o 1o Imperador do Japão.
- Ele não pode ter relação com os mortais. Os japoneses devem obedecer-lhe. O imperador é divino, é deus...
- MIKADO: sofreu com a última guerra, pois perdeu a batalha. Perdeu a moral e a sacralidade.
- Bandeira do Japão: sol vermelho. Esse é um país do Sol Nascente, onde viveu a deusa Sol.
- KAMI: Culto dos Kami: espírito dos mortos.
- Mortos: eles têm poderes sobrenaturais – tornam-se deuses – passeiam entre os vivos – são poderosos para o bem e
para o mal. Por isso, não é preciso oferecer-lhes oferendas.
- MORTOS: Têm necessidade dos vivos: alimentos – objetos pessoais sobre os túmulos. É preciso dar uma espada ao
guerreiro e um espelho à mulher: depois a idéia espiritualiza-se. É de respeito e reconhecimento que os mortos
necessitam.
- OS VIVOS: dependem dos mortos: a proteção ou austeridade dos mortos produz a felicidade ou a infelicidade dos
vivos.
- Existem: KAMIS: da família – do clã – da vila – da Nação – dos ancestrais – espírito do Imperador – os que animam
a natureza, o céu, as árvores, pedras até os utensílios domésticos.
- Alguns espíritos tornam-se deuses.
- Divindades mais populares: JIZO = protetor das criações. KWANNON: contra os males – protetor da humanidade.
- CULTO: arrepender-se de ter ofendido os mortos, mesmo sem ter consciência disso.
- Apresentar-se ao Templo: com o corpo limpo, um dever religioso.
- Sacerdote: assume o celibato.
- Há muitos templos.
- Culto: recitar muitas preces antigas – oferenda aos deuses – danças religiosas. Liturgia poucas oferendas, poucas
fórmulas. Rito: purificação pela água.
- Moral: não tem código ou decálogo. Porque os japoneses são uma raça divina que precisa seguir apenas a sua
natureza.
- Os filhos: obedecem aos pais.
- A mulher:obedece ao marido.
Quem não tem filhos: adote um, masculino, que continuará prestar homenagem aos antepassados.
- Pregam o patriotismo e lealdade até o sacrifício pela Pátria.
- Há infinidade de deuses.
Os espíritos dos mortos sobrevivem sem recompensa ou punição. Não crêem na reencarnação.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA

5.1.6 – TAOÍSMO

- FUNDACAO: SÉC VI Ac. LAO TSE ou TSEU.


- Livro sagrado: Tão Tem-King = o livro da razão e da virtude.
- Contém 25 páginas – 5.000 palavras. Obscuro. Dele surgiram vários livros e explicações.
- Livro principal: Tchuang-Tseu.
- Adeptos: 56 milhões em 1972.
- Distribuição: China, Coréia, Manchúria.
- Li, pai de Lao-Tsé, era pobre. Seu filho Li-Pen-Yang, foi o zelador do arquivo real de Lo-Yang, onde estudou e se
tornou o Velho Filosofo, segundo o povo. Demitiu-se aos 90 anos porque os dirigentes eram egoístas e desonestos. Quis
fugir. Mas foi preso. LAO-TSÉ prometeu escrever os seus ensinamentos que deram 25 páginas. Deu-o ao guarda e
conseguiu deixar a Província. LAO-TSÉ: foi-se embora e ninguém mais teve notícias dele.
- EDUCAÇÃO: Segundo Confúcio, todas as pessoas nascem boas e precisam de educação para se manterem tais.
- EDUCAÇÃO: segundo o taoísmo, não precisamos educar a ninguém. O pombo já nasce branco ou preto...
- LAO-TSÉ: diz que as pessoas nascem boas. Não precisam instrução. O pombo branco não se banha para se tornar
branco. Se as pessoas são boas e justas, não precisamos ensinar-lhes a justiça.
- Observação: São Francisco: no início era contra os estudos porque poderiam causar orgulho e vaidade.
- TAO: Nada sobre Deus-Céu ou a Outra Vida. É preciso preocupar-se com a vida aqui. Deus se preocupa com Ele
mesmo.
- 1o dever: crer no TAO = caminho de Deus. Ordem no mundo = Deus.
- TAO: Aqueles que sabem não o dizem. Aqueles que falam não o sabem. - No entanto, é a coisa mais importante da
vida.
- TAO: inefável – indizível.
- GUERRA: Confúcio e Lao-Tsé: eram contra: “quem venceu na guerra: comporte-se como se estivesse num
funeral”
- PENA DE MORTE: Contra a p.m. para os criminosos: “O criminoso se corrige, se for tratado com bondade”. -
“Sou bom com os bons. Sou bom com os maus. Assim todos se tornarão bons”.
- Confúcio: “se pago o mal com o bem, com que eu vou ainda pagar o bem?”.
AS 3 VIRTUDES DO TAOÍSMO:
1) Economia. Simplicidade de existência.
2) Modéstia – retraimento.
3) Piedade.
- JUVENTUDE ETERNA: LAO teria falado de uma Ilha, onde haveria um rio, onde a pessoa, banhando-se, adquiria a
Juventude Eterna.
- Conhecer o TAO pode mudar ferro  ouro  prata.
- ADORAÇÃO: adorar o Imperador, os dragões, os ratos e as cobras.
- Usar certas cinzas: a bala não os mata – a água não os afoga – o fogo não os queima.
- CRENÇA: diabos – espíritos.
- Assobiar – cantar: afasta os maus espíritos.
- Espírito mau: KNEI.
- Espírito bom: SHEN, que, às vezes deixa de ser bom. Nem sempre dá a chuva quando convém; é porque está
dormindo.
- DRAGAO: símbolo do espírito bom: levado em procissão para adorar os SHEN que estão dormindo. Essa já é uma
decadência da doutrina.
- TAOÍSMO E CONFUCIONISMO: não procura resposta ao que acontecerá aos seus antepassados, depois de
terem morrido.
- O Budismo, por isso entrou bem na China. Que se fez budista, continuou a seguir LAO e CONFÚCIO, que teve
mais influência.

5.1.7 – IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL

1935: Fundação.
1950: NOME.
Fundador: Meishu-Sama = Mokito Okada.
Lugar: Japão.
Crenças: Reencarnação.
Doutrina: Há máculas no corpo espiritual, provenientes dos ancestrais, causadas pelo desvio de uma encarnação anterior
ou pelos erros nesta vida, pela turvação do sangue do corpo físico, aceitando remédios, produtos químicos.
- As máculas do corpo astral provocam doenças, pobreza, conflitos etc.
- O Johrei elimina estas máculas: método para criar felicidade e saúde. Não é tratamento médico nem terapia.
Canaliza a luz divina da mão. Elimina a infelicidade do ser humano. Não é necessário crer nele. Pode ministrá-lo quem

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
participou da iniciação. Na ocasião de filiar-se à Igreja: recebe o OHIKARI: LUZ DIVINA – e, a partir daí, o fiel pode
ministrar o JOHREI. Dura cerca de 15 minutos.
- Pede-se pela felicidade da pessoa, para canalizar a Luz do amor de Deus a fim de tornar-se consciente de sua
bondade. O JOHREI leva à construção do Paraíso sobre a terra.
- Os sofrimentos deste mundo nascem da mente humana. Basta renová-la para que desapareça qualquer sofrimento.
- Temos que suportar o sofrimento para podermos atingir a felicidade, acumular virtudes e contatar elevadas artes.
- Cultivo da arte para a elevação da pessoa humana e amar a natureza.
- Contra os remédios da farmácia e adubos químicos.
- Agricultura natural. Os químicos maculam o homem, seu corpo espiritual e físico, tornando-o infeliz.

5.1.8 – PERFECT LIBERTY – PL

- Fundador: Tokuharu Miki = Kyosso, ex-monge budista zen, Japão.


- Recebeu de Deus uma mensagem e em 1935 cria a Ordem Hito-No-Michi (= o caminho da humanidade), dissolvida
em 1937 pelo Governo. Japonês.
- 1946: Tocochita a restaurou com o nome de PL.
- Tsgui-Oyá: Chefe atual.
- Sede central, desde 1935: Tondabay Ashi – Osaka.
- Templo central, palacetes laterais, mausoléu do fundador, a Torre da Grande Luz, edifícios de treinamento, hospitais
da PL, centro de computação eletrônico, Instituições educacionais e esportivas.
- Onde está? No Japão, USA, Brasil, Argentina.
- Deus: a divindade e o mundo e o homem são só uma substância. Panteísmo.
- O Patriarca? Conhece o espírito divino e o transmite aos homens.
- Intermediário entre Deus e os homens. Conhece a origem dos males. Conhece o método para alcançar a felicidade.
Deus distribui graças e ele também.
- Ensina os homens a viver em Arte e Beleza.
- Tem dois códigos: guia da vida cotidiana e os 21 preceitos: Não reclamar. Agradecer. Beneficiar. Não se zangar.
Fidelidade matrimonial. Os filhos são criaturas de Deus. Não super protegê-los. Acordar com disposição.
- A vida é arte. O homem é manifestação de Deus. Paz. Convivência. Espírito positivo.
- PL quer ser uma religião. Tem templos, patriarca e orações.
- Exalta a natureza e os artefatos humanos.
- Felicidade: satisfação comedida dos desejos humanos.
- Procura curar os males físicos e mentais.
- Tem atividades sociais. A ajuda que se dá não é esmola.
- Doenças: caminhar por caminhos errôneos.
- Reencarnação? Não tem uma doutrina clara sobre o além da morte.

5.1.9 – MOONISMO: Reverendo Moon.

- Fundador: Sun Myung Moon – nasceu em 1920 – é sul coreano.


- Só em 1954 respondeu ao chamado de Deus acontecido aos 12 anos.
- Está na Coréia do Sul - USA – Alemanha – França.
- Chamado por Deus na sexta-feira santa, para completar as obras de Deus no mundo. Mas não ouviu o chamado de
Deus. Só em 1954 no 4o casamento com a Eva da nova humanidade, colocada ao lado do 3o Adão.
- Jesus foi o segundo Adão .
- Moon funda a Associação do Cristianismo mundial.
- 3,5 milhões. A maioria: jovens.
- Livro sagrado: os princípios divinos – 500 páginas.
- Bíblia: As várias interpretações não valem. Deus é quem interpreta e revela corretamente.
- Adão e Eva: Eva pecou. Cedeu ao demônio. Por isso, somos todos da linhagem do demônio.
- Jesus: mero homem. Não aceito pelos seus, Deus lhe pediu salvar as almas. Os corpos continuam sob o domínio do
satã. Em breve virá o Senhor da 2a vinda. Não será crucificado. Muitos o terão como herege. Será casado. Fundará a
humanidade perfeita. Nascerá na Coréia.
- João Batista: Era Elias, mas não o disse. Cético. Provocou Herodes. Morreu sem se tornar o 1o Ministro do Rei
Jesus.
- Riqueza: Deus não se revela na cruz, mas na riqueza. Não há problema em ser milionário.
- A história do mundo: Luta entre Deus e Satã, ou Caim X Abel, as democracias ocidentais X regimes totalitários
materialistas.
- O Messias irá aterrissar na América neste século XX. – Olhe que já estamos no século XXI...
- Contra o comunismo. Conta com a vitória do capitalismo.
- Recrutamento: A AUCM convida especialmente jovens.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
- Dizem-se cristãos. Para convencer os jovens eles Lavagem cerebral.
- Sexo: satânico. Tomam tranqüilizantes. Moon escolhe os pares para se casar. Sexo: só para reprodução. Sair da
comunidade: obra de satanás. Moon tem vida sexual livre...
- Os jovens vivem na austeridade. Moon: dono de todo o patrimônio e de Empresas.
- Moon: controla as finanças.
- Seu princípio: Ajam. Não pensem. Doravante eu serei o cérebro de vocês. Os fieis irão para o paraíso. Os apostatas:
para as chamas do inferno.

5.1.10 – HARE KRISHNA - (SALVE A DIVINDADE)

- Associação internacional para a consciência de Krishna.


- Fundador: A. C. Bhaktivedanta Swami PraBhuda - indiano. Nasceu: 1896.
- Livro sagrado: Bhagavad-Gita.
- Publicação: Back to Godhead.
- Adeptos: Mais de 5.000 em 80 Ashrams, uns 50 países.
- Brahma = Brah = crescimento. O absoluto. Origem de tudo. Têm um conceito panteísta sobre Deus.
- Deus está em tudo e em todos.
- Brahma – Vishnu, Shiva: três nomes da divindade= princípio que faz sempre surgir – conserva - e destrói os seres
visíveis.
- Vishnu, princípio conservador do mundo, em forma de peixe, tartaruga, javali, leão. São reencarnações.
- O Avitar: o mais célebre – manifestação humana, chamado KRISHNA, o Negro.
- Krishna: educado pelo pastor Nanda – fundador da cidade Dvarak, ladrão de bois.
- Hare Krishna: um dos ramos do Hinduísmo.
- Quem repete “Hare Krishna” é penetrado e beneficiado pelo poder de Krishna.
- 1965: levado para os USA. Por Prabhuda.
- Doutrina: Krishna: Deus único – criador de tudo. Pessoa suprema, Última morada. Verdade absoluta. Pessoa divina
e eterna. Não é apenas um dos avatares, encarnação de Vishnu.
- Bhakti-yoga: permite conhece-lo e amá-lo.
- A) Os homens são parcelas de Deus. Poderão ter corpos, como camisas diferentes que nada tem a ver com a nossa
identidade real. É como alma pura, parte do senhor supremo. Panteísta.
- Há 8.400 milhões de espécies de vida. Os homens formam somente 400 mil delas. Tudo é filho de Krishna.
- B) Reencarnação: Lei do Karma. Pago agora o que fiz de errado anteriormente. O desapego – libertação pela
meditação ou concentração interior e da repetição da palavra KRISHNA.
- C) Castas sociais. Sistema inviolável - vida pobre e monástica. Vestes dos monges da Índia.
- Organização: Os Ashrams têm certa autonomia sob a direção de um mestre espiritual.
- Todos dependem do SWAMI PRABHUDA.
- Recrutamento: proselitismo nas ruas. Comunidades formativas fechadas.
- Sustento: venda de incenso e livros como o BHAGAVA-GITA.

6 – ESPIRITISMO E PARAPSICOLOGIA
6.1 – ESPIRITISMO

É religião? A religião liga-nos a Deus. O espírita liga-se aos antepassados, aos mortos, às almas.
Irmãs Fox: Catarina e Margarida: provocavam RAPS, e diziam que eram respostas da alma de um velho morto.
O povo acreditou. Elas tiveram sucesso mundial.
24/9/1888: elas retratam-se pelo Jornal New York Herald.
Espiritismo: baseado nas revelações dos espíritos.
Leão Hipólito Denizard Rivail - 1804-1860 – Allan Kardec, dizia-se a reencarnação de um Druida – Sacerdote
antigo com esse nome. É o codificador das mensagens dos espíritas – almas desencarnadas.

Sete obras decodificadas por Allan Kardec:

1) O livro dos espíritos – 1857.


2) O que é espiritismo – 1859.
3) O livro dos médiuns – 1861.
4) O evangelho segundo o espiritismo – 1864.
5) O céu e o inferno – 1865.
6) A gênese – 1868.
7) Obras póstumas.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA

O ESPIRITISMO – DOUTRINA:

A) Possibilidade de evocar os mortos.


B) Honestidade dos médiuns. Revelam a verdade pura recebida dos espíritos.
C) As revelações provêm de bons e não de maus espíritos.
D) O codificador é honesto e leal.

Allan Kardec usou estes critérios para qualificar o Espiritismo puro:


Critérios da linguagem usada pelos médiuns: digna e nobre dos espíritos.
Lógica do bom-senso.
Concordância dos espíritos.
O espiritismo é uma filosofia com bases científicas e conseqüências religiosas. Pela ciência prova a
sobrevivência da alma.
Como filosofia: traz luz sobre problemas como a existência de Deus, Amor, reencarnação, livre arbítrio,
determinismo, causas e objetivos da existência nesta terra.
Como religião: orienta o homem no sentido do ensino moral do Evangelho de Jesus e a revivescência do
cristianismo dos tempos de Jesus e da época apostólica.
Não tem dogmas – rituais – liturgia – sacerdócio orgânico – santos – incenso – velas – amuletos – quiromancia
– cartomante. Não se confunda Espiritismo com charlatanismo.

PRINCIPIOS:

O Espiritismo acredita em: Deus – evolução – reencarnação – sobrevivência da alma – comunicação entre os
dois mundos físico e espiritual – lei de causa e efeito – se alguém fez algo de errado: paga em outra encarnação – crê
ainda na pluralidade de mundos habitados.
DEUS: não é o uno e trino dos cristãos – Deus existe por s. Não há efeito sem causa. Há nos homens um
sentimento instintivo que diz: “Deus existe” – Conforme o Espiritismo, o dogma da SS. Trindade dos cristãos foi criado
na Idade Média.
ANJOS: são espíritos desencarnados que chegaram ao grau máximo da perfeição. Para os cristãos, judeus e
islamitas. Anjos são Espíritos que nunca encarnaram.
DEMÔNIOS: espíritos maus, imperfeitos que praticam o mal no espaço.
HOMEM: composto de alma, perispírito e corpo.
CORPO: alambique em que a alma tem de entrar e se purificar. É temporário, invólucro da alma. Seu
instrumento – necessário somente nos primeiros estágios do progresso, na infância e na adolescência da alma. Depois
torna-se prescindível.
Allan Kardec diz que todas as almas foram criadas por Deus totalmente iguais e destinadas a evoluir
irredutivelmente rumo à perfeição, sem possibilidade de retrocesso. Deus criou as almas desde toda a eternidade – elas
pré-existem aos seus corpos.
Os cristãos dizem que a alma é criada no ato da concepção da criança.
PERISPÍRITO: invólucro da alma – envolve o espírito – corpo fluídico da alma – corpo psíquico – ectoplasma
– é de matéria etérea – sua substância é haurida do fluido universal ou cósmico que o forma e o alimenta como o ar.
O Espírito manda no perispírito e muda-lhe as propriedades e qualidades – dá-lhe aparências que quiser:
visibilidade – tangibilidade – opacidade. O perispírito pode denotar calor, ser apalpado, oferecer resistência de um
corpo sólido – agarra – deixa marcas na pele – dá pancadas – desaparece – é o jeito de o espírito se fazer visível a um
encarnado que possua a vista psíquica – cria objetos.
- Pessoas podem entrar em contacto com falecidos, através do perispírito – pode perceber pensamentos por
intuição.
Os médiuns comunicam-se com os espíritos através do perispírito – do médium e do espírito desencarnado –
que devem estar num mesmo grau de afinidade.
- Todos os fenômenos extraordinários – milagres – são explicados pelo perispírito. Para os espíritas não
existem milagres, mas manifestações do perispírito.
PECADO ORIGINAL: o que existe é o pecado feito pelo homem nas encarnações anteriores.
CÉU: após uma longa série de reencarnações, o homem atinge o estágio de puro espírito.
PURGATORIO: A purificação das almas acontece através das múltiplas reencarnações cuja purificação se
pode dar aqui na terra como em outro planeta. Vivendo agora, eu já estou no purgatório...
INFERNO: Um lugar de castigo eterno não existe. É sem sentido e contra a sabedoria divina. Céu e inferno:
dogmas criados na I.M. que tornaram o cristianismo obscuro.
3a Revelação: O Espiritismo se consideram a 3a revelação – assim como o Islamismo. A 1a: Moisés. A 2a:
Cristo. A 3a: O Espiritismo. Dada pelos espíritos. Aperfeiçoa e corrige as imperfeições das duas primeiras.
Antigo Testamento: não é Palavra de Deus como o é para os judeus e cristãos. Não é inspirado. Aceita só os 10
Mandamentos. Não há problemas quanto à evocação dos mortos.
Novo Testamento: Aceita a Cristo e a sua moral. Cristo existiu, mas não era Deus. Aperfeiçoa-se através das
muitas reencarnações e conseguiu a escala final das perfeições.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
Cristo: médium incomparável – mandado por Deus à terra, veio ensinar-nos como podemos nos aperfeiçoar.
Não é o nosso salvador. O homem salva-se a si mesmo, (auto-salvação) seguindo o caminho de Cristo. Jesus nasceu
apenas para dar um exemplo de conformidade à Vontade divina.
O ESPIRITISMO NÃO TEM UNIDADE DOUTRINÁRIA:
1934: Congresso internacional do Espiritismo: Barcelona. Ficou clara a divisão entre os espíritas. Os latinos
crêem na reencarnação. Os europeus: não. No Brasil as divisões dificultam estudar e classificar o espiritismo: a)
tendência ortodoxa: é o Kardecismo puro, exclusivo, que não permite ulterior desenvolvimento nem tolera a presença
de outros espiritismos. – b) tendência rutenista: João Batista Roustaing – advogado de Bordeus – Ensina que o corpo de
Jesus era apenas aparente, não real. c) Tendência Ubaldista: Pietro Ubaldi – italiano – 1886 – panteísta e
reencarnacionista. Os próximos decênios serão caracterizados por lutas apocalípticas, que porão fim à civilização atual.
Mas o Brasil conservar-se-á em paz e será o coração do novo mundo, no século XXI. Em 1951 Ubaldi transferiu-se para
o Brasil. d) Tendência paganizante: já não querem saber da expressão: “espiritismo cristão” – Carlos Embassy.
O Espiritismo racionalista do redentor: investe contra os Kardecistas. Quer um movimento racional e científico
e não religioso. A sua especialidade é a cura dos obcecados e o fornecimento de prescrições médicas astrais – limpeza
psíquica.
O Espiritismo umbandista: Os umbandistas querem ser espíritas. Há muitos espíritas kardecistas que não os
contam entre os espíritas. A Federação Espírita Brasileira, kardecista, em nota oficial – órgão oficial da entidade – julho
1953 – declarou: “todo aquele que crê nas manifestações dos espíritas é espírita. Ora, o umbandista nelas crê, logo o
umbandista é espírita”.

6.2 - CULTOS AFRO-BRASILEIROS

6.2.1 – Sincretismo

História: Os estudiosos costumam agrupar os escravos vindos da África em duas categorias: sudaneses e
bantos. Os sudaneses vinham do Daomé, da Nigéria e do Sudão. Pertencem, em sua maioria, às tribos nagô (ou yoruba),
gêge, fanti-ashanti (negros-mina) ehaussás (de culto islamizado). A sua cultura era, de modo geral, superior à dos
outros, os bantos. Estes vinham do Congo, de Angola, de Moçambique e Quelimane. Sudaneses e bantos geralmente se
misturavam, formando uma única população escrava, com o conseqüente cruzamento biológico e cultural.

Religião dos Africanos:


a) Os sudaneses (yoruba) conhecem uma divindade suprema: Olorum (o céu), mas que não é cultuada.
Cultuam-se os orixás (voduns entre os gêges), que são intermediários e comandam os atos da vida humana.
Havia uns 400 orixás. Os principais são:
- Obatalá ou Orixalá (o grande Orixá, o firmamento).
- Odudua (a terra). Destes dois nascem:
- Aganju (a terra firme).
- Lemanjá (a água). Deste dois nascem:
- Orungan (o ar). Do amor incestuoso e deste por sua mãe, lemanjá, brotaram os demais Orixás:
- Xangô personificação do raio.
Ogum, personificação da guerra.
- Oxalá, orixá dos lagos.
- Dada, orixá dos vegetais.
- Oxôsse, divindade de caça.
- Xapaña ou Omolu, divindade das doenças.
- Olokum, divindade do mar.
- Ajexaluka, divindade da saúde.
Existem ainda outros orixás que não são filhos de lemanjá:
- Exu, mensageiro entre os homens, e os orixás, identificado primeiro á fecundidade sexual, depois ao prazer
sexual.
- Ifá, orixá da adivinhação.
- Ibêju, protetor dos gêmeos.

b) Os gêges ou dameanos chamam os orixás de voduns, sendo os principais:


- Namã, divindade do mar.
- Dã, a cobra.
- Legbá, correspondente a Exu.
- Cada um destes voduns (orixás) tem suas insígnias e seus sacrifícios característicos.

c) Os bantos não cultuavam orixás, mas as almas (eguns), e acima delas um Deus Supremo, Zambi. As almas
dos mortos passaram a se chamar recentemente de zambis (zumbis), e vagueiam.
Religião dos índios:

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
Os africanos, no Brasil, encontraram-se com os índios, com o conseqüente cruzamento biológico e religioso.
O índio admitia um Princípio Superior Pessoal, Tupã, e uma infinidade de deuses ou gênios. Entre eles
temos:
- Yara ou Uauara: divindade da água dos rios, protetora dos peixes.
- Jurupari, espírito mau, que veio a ser identificado com o demônio.
- Curupira, protetor das florestas e dos animais.
- Anhangá.
- Boitatá.
- Caipora.
- Saci-pererê, que mete medo às crianças.
Os povos tupis tinham muito medo das almas dos falecidos e acreditavam piamente que elas voltavam
em forma de animais, vagando principalmente à noite.
Os pajés eram os conselheiros e orientadores que ensinavam aos índios como afastar as almas dos
falecidos e o Jurupari. Também curavam as doenças. Os índios conheciam a feitiçaria propriamente dita.
O índio, a partir de D. João VI, foi exaltado como representação material da nacionalidade brasileira.
O negro aceitou essa posição, presumindo que o índio era Deus, e levou-o para as suas unidades religiosas na
figura do caboclo.
Religião católica: Os escravos eram batizados e catequizados rudimentarmente nos navios que os
traziam para o Brasil por missionários jesuítas e franciscanos, ou então nos portos de desembarque. Eram
feitos cristãos à força. Recebiam um nome cristão. Até o sobrenome era mudado. Perdiam a sua identidade.
Os portugueses não toleravam as práticas religiosas negras. Conseqüência: os africanos procuraram
identificar alguns orixás com os santos. Assim, Jesus Cristo se identificou com Oxalá, o primeiro dos orixás.
- lemanjá com a Virgem Maria.
- Xangô com São Jerônimo.
- Oxôsse com São Sebastião.
- Ogum com São Jorge.
- lansã com Santa Bárbara.
- Xafenã ou Omulu com São Lázaro, São Roque ou São Bento.
- Oxumaré ou Oxum com São Bartolomeu.
- Nana Bukuru com Sant’Ana.
- Ibêji com São Cosme e Damião.
- Oba com Santa Joana d’Arc.
- Ifá com o Espírito Santo.
- Exu com o Demônio, etc.
- Algumas identificações variam segundo os lugares.
A religião espírita influenciou os cultos afro-brasileiros. Dessas eles têm a comunicação com os
mortos, a reencarnação, os passes, adivinhações pela água e a ênfase na caridade assistencial e no
aconselhamento.
Ocultismo: O contato com ele, a partir de 1930, trouxe para a umbanda os defumadores, os banhos de
descarga, os pontos riscados, os “trabalhos e as encantações”, etc.
Resultado do sincretismo são os chamados cultos afro-brasileiros:
Pajelança (Amazonas e Pará).
Casa de Mina (Maranhão).
Catimbó (do Piauí ao Rio Grande do Norte).
Xangô (da Paraíba ao Sergipe).
Candomblé (Bahia).
Macumba (quimbanda) e umbanda (Espírito Santo, Rio e São Paulo).
Batuque (Rio Grande do Sul)
Estas colocações nos ajudam a entender melhor os cultos Afro-brasileiros existentes atualmente.
Faremos agora um estudo dos dois principais: O candomblé e a umbanda.

6.2.2 – O Candomblé (atabaque)

O candomblé incorpora elementos das religiões africanas (é o predominante), indígenas, catolicismo e


espiritismo.
Doutrina: Olorum é o ser supremo e criador, mas que agora rege o mundo através de outras divindades: Não
tem culto nem é representado, talvez porque o considere tão grande que ninguém pode entrar em contato com Ele. Entre
os bantos é conhecido como Zambi ou Zambiapongo.
Os orixás estão abaixo de Olorum. Oxalá é o pai e chefe de todos os orixás. É o avô de todos os homens.
Controla as funções de reprodução. Veste-se de branco. É identificado com Jesus Cristo (na Bahia com o Senhor do
Bonfim). Oxalá é conhecido sob duas modalidades: Oxalupã, velho; e Oxodinhã, moço (como se fora o Menino Jesus).
As outras divindades abaixo de Oxalá são chamadas orixás (pelos nagôs), voduns (pelos gêges), inkices (pelos
bantos), encantados ou simplesmente santos (por outros).

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
Os orixás têm o trabalho de decidir as pequenas questões humanas. São mensageiros de Deus encarregados por
Ele de governar o mundo e de intervir em favor dos homens e puni-los quando necessário. A criança, pelo movimento
que faz no útero materno, já denuncia como sendo devota de tal ou qual Orixá. Este Orixá irá comandar a vida da
pessoa até a morte. Ao nascer ela é dedicada ao seu Orixá. Isto significa que a pessoa deverá procurar identificar-se com
ele. Se o Orixá gosta de cães, ela deve gostar de cães; se o Orixá não gosta de quiabo, ela não deve gostar de comer
quiabo; se o Orixá não gosta de uma certa pessoa por ser de outro Orixá, ela também não deve gostar dela. O Orixá não
é bom nem mau, mas exige uma obediência do crente. Obediência produz proteção, generosidade da parte do Orixá,
enquanto desobediência produz castigo. O Orixá pode castigá-lo, deixando-o aleijado; pode fazer que tenha derrame,
que perca tudo o que ganhou, etc. O crente tem que seguir o seu Orixá, homenageá-lo, recebe-lo (se for pessoa capaz de
transe místico) ou servi-lo. Todo crente se submete a uma série de cerimônias religiosas de iniciação. Um é o período
para os que vão ser filhos ou filhas de santo (vão ser cavalo de orixás. A pessoa é tão infinitamente pequena diante dos
orixás que se chama até de cavalo), outro é o período para os ogãs e ekebis (os que não são capazes de ter transe
místico).
Na África o número dos orixás era de 401, tendo divindades para todas as condições de vida. Com a travessia
do mar, a maioria deles naufragou. Uma das explicações para o fenômeno talvez seja porque com eles tenham vindo
poucos ou até mesmo nenhum sacerdote.
Os principais orixás nagôs são:
Xangô, lobo entre os gêges, Zaze entre os bantos, é poderosíssimo e o próprio nome de Xangô significa, em
alguns lugares, o candomblé, a própria casa, o templo onde se realizam as cerimônias. Identificado geralmente com São
Jerônimo. Festa: 30 de setembro. Suas cores: branco e vermelho. Insígnia: um machado com asas.
Oxôsse, identificado com São Jorge (no Rio: São Sebastião). Festa: dia de Corpus Christi. Cores: verde, azul,
vermelho.
Ogum, Gum entre os gêges, Sumbo entre os bantos, identificado com Santo Antônio (Bahia), e no Rio é São
Jorge. É o dono das encruzilhadas, devido às relações com Exu, seu escravo. Quando o incorpora, a pessoa se veste de
azul.
Omulu, Barungunço entre os bantos, velho é identificado com São Lázaro ou São bento, e moço com São
Roque ou São Sebastião. É o médico dos negros. Festa: 16 de agosto. Cores: vermelho e preto.
Orôko, identificado com São Francisco de Assis. Baixa raramente nos candomblés.
Oxumaré, Obecém entre os gêges, identificado com São Bartolomeu. Criado de Xangô. Festa: 24 de agosto.
Cor: banco.
Ibêji (Béji), Hohô entre os gêges, identificado com os gêmeos Cosme e Damião ou com São Crispim e São
Crispiniano. Os erês, meninos, aparecem sempre depois da manifestação de qualquer Orixá, para fazer transição para o
estado normal. Cada pessoa tem também o seu erê. Muitas famílias têm em casa duas pequenas velas acessas diante da
imagem dos ibêjis. São tidos como casamenteiros. Ajudam a encontrar os objetos perdidos, protegem contra doenças,
abrem caminhos, melhoram a sorte. Festa: 27 de setembro. No dia, a família e aderentes assistem a uma missa para eles.
Esta missa deve ser celebrada todos os anos, a fim de não atrasar o devoto.
Nana, Nana Burucu entre os gêges, Kerê-Kerê entre os bantos, identificada com Sant’Ana. Festa: 26 de julho.
Cores: azul-claro e branco. É a mãe de todos os orixás e a mais velha das mães-d’água.
Iemanjá, identificada com Nossa Senhora da Conceição. Festa: 8 de dezembro. Cores: azul e vermelho. É mais
cultuada em público do que no candomblé.
Oxum, identificada com Nossa Senhora das Candeias. No Rio é Nossa Senhora da Conceição. Festa: 2 de
fevereiro. É a deusa das fontes e dos rios. Seu assento no candomblé está sempre cheio de brinquedos.
Lansã, mulher de Xangô, identificada com Santa Bárbara. Festa: 4 de dezembro. Cores: vermelho e branco. É
de gênio altivo, irrequieto e empreendedor.
Ossaê, identificada com a Caipora indígena, deusa do mato. Cores: rosa e verde.
Oba, deusa guerreira, identificada com Santa Joana d’Arc, uma das mulheres de Xangô.
Exu ou Elegbará, Legbá entre os gêges, Aluvaiá ou Bombomgira entre os bandos, é intermediário entre os
orixás e dos homens. Assim, se alguém quer conseguir algo de um Orixá deve despachar Exu a fim de que, por sua
influência, o consiga mais facilmente e Exu obedecerá se a gente der a ele coisas de que gosta (azeite de dendê, bode,
água ou cachaça, fumo); caso contrário, desencadeia as forças do mal. Por isso, a primeira coisa que se deve fazer antes
de qualquer ritual é dedicar-lhe os primeiros momentos do ritual. No barracão, o “assento” do Exu é uma casinhola de
pedra e cal, fechada a cadeado; e em sua representação está armado com sete espadas.
Exu pode manifestar-se como fazem os orixás. Neste caso a pessoa que o recebe tem um “carrego” de Exu.
Mora nas encruzilhadas e em lugares perigosos. Exu é identificado, indevidamente, com o demônio, pois não é
necessariamente mau, como vimos acima.
Entre os gêges os orixás são chamados voduns, cada um deles tem o seu nome gêge. Entre os bantos os orixás
chamados inkices também têm os seus nomes próprios. Entre os candomblés de caboclo (os que misturam o elemento
negro e o ameríndio, e há também os que só trabalham com caboclo, índio) os orixás são chamados encantados. Há
encantados também de influência espírita: Sete Negra, etc.
Representações: Os orixás são representados por objetos (água, pedras, etc), lugares onde de preferência
moram; ou então por insígnias (machado alado: Xangô), às vezes por pessoas possuídas por eles, chamadas oxês.
Saudações especiais: Cada Orixá tem a sua. A de Oxalá, por exemplo, é Exê-ê babá. Elas animam as
divindades durante as cerimônias, dando força á música e à dança.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
Danças: Cada Orixá também tem a sua maneira especial de dançar. Xangô dança com as mãos para cima;
Ogum trançando espada, Oba, pulando num pé só, etc.
Casa do candomblé ou terreiro: É uma casa comum, tendo no fundo um barracão onde se realiza o ritual. Ele é
retangular, com duas ou três portas e algumas janelas. Acima da porta principal há um chifre de boi, um arco ou uma
casinha de barro, em homenagem ao Orixá protetor. De um lado a outro estendem-se cortinas e enfeites de palha ou de
papel de cor. Ao fundo, cadeiras para os visitantes. De um lado há lugar para os atabaques. De outro está sempre um
altar católico com imagens. Junto às paredes estão os bancos de madeira para os assistentes, que são divididos por sexo.
As crianças ficam no meio.
Em volta do barracão há os “assentos” (casinholas) dos santos, um dos quais é sempre dedicado a Exu. Ás
vezes há também árvores sagradas, onde deixam oferendas.
A casa do candomblé serve para o culto ou simplesmente como casa, até para dança. Ali as “filhas” vão uma
vez por semana oferecer alimentos aos orixás e ás vezes sacrificar animais para conseguir proteção.
Instrumentos musicais: Atabaque (essencial para a invocação do Orixá), agogô (objeto de ferro, com duas
campânulas superpostas, batido por uma vareta de ferro), cabeça (coberta com uma rede de malhas de contas de Santa
Maria), adjá (usado entre os nagôs e gêges para auxiliar o atabaque), caxixi (saquinho de palha trançado, cheio de
semente, usado entre os bantos).
Hierarquia: Chefe é o pai-de-santo, babalorixá (entre os nagôs), vodunô (entre os gêges), tata de inkice (entre
os bantos), padrinhos ou zelador (nos candomblés de caboclo).
Se a mulher for chefe, ela é chamada mãe-de-santo, iyalorixá (entre os nagôs), vodunô (entre os gêges),
mameto de inkice (entre os bantos), madrinha ou zeladora (nos candomblés de caboclo).
Parece que antigamente a chefia era só da mulher, cuja predominância atual da mulher no candomblé confirma.
Nada se faz sem a licença do chefe. Sua vontade é lei. Ele pode compelir as filhas-de-santo a obedecer-lhe através de
multas ou castigos corporais.
A mãe-de-santo escolhe, entre as filhas, as iyás (mães), auxiliares. Iyá moro a acompanha em todos serviços
religiosos. Dagã e a sidagã são encarregadas do despacho de Exu, no início das festas. Iyá bassê cozinha para os orixás.
Iyá têbêxê puxa os cânticos nas festas.
Quanto ao poder espiritual, hierarquia é a seguinte:
Pegi-gã, dono do altar.
Iyalaxá, zeladora do altar. Eles estão logo abaixo do(a) chefe. Suas funções são delegadas a filhas de sua
confiança.
Iyá Kêkêkê (a mãe-pequena) é a substituta imediata da mãe-de-santo, como administradora civil e religiosa do
candomblé.
Oxogum, o sacrificador de animais.
Ogãs protegem o candomblé, fornecem dinheiro para suas cerimônias.
Filhas, e, raramente, filhos, sustentam o candomblé econômica e religiosamente.
Ekéde que faz voto a este ou àquele Orixá, mas não tem capacidade de recebê-lo.
Abias, simpatizantes do Candomblé numa fase anterior à iniciação.
Reencarnação: O candomblé não parece ser reencarnacionista, pelo menos não dá ênfase à doutrina da
reencarnação. Conforme seus dogmas primitivos, o homem, após a sua carreira terrestre (feliz ou sofredor), vai para
junto dos orixás numa região de felicidade. Os nagôs não cultuavam as almas dos mortos. As almas dos bons recebiam
a recompensa e não retornavam. As almas dos maus retornavam e faziam mal ao vivos, e daí a necessidade de ritos
mágicos para repeli-las.

6.2.3 – Umbanda

Termo: Para Lourenço Braga, a palavra umbanda é resultante da convenção feita pelos sete arcanjos, pois ela
possui sete letras. Para Sylvio Pereira Maciel, um-ban-da é dividida em três sílabas e quer dizer pai, Filho e Espírito
Santo. Para Aluísio Fontenelle, umbanda significa legionário de Deus. Outros: umbanda significa “luz divina”. Segundo
o Catecismo de umbanda, é uma palavra africana (ymbanda), significa ora o sacerdote, ora o lugar onde se pratica o
culto. Há os que acham que a palavra veio da Índia: Aun e Bandha, que deu em umbanda.
Elementos da umbanda: Elementos africanos, ameríndios, católicos, da bruxaria européia (livro de São
Cipriano), elementos constantes das superstições universais (mau-olhado, o galo preto) e elementos espíritas
kardecistas.
Surgimento: A umbanda nasceu juntamente com as grandes cidades e a industrialização, quando o negro se
torna uma espécie de sub-proletário. É uma tentativa de reorganização dos cultos africanos desfigurados sob o nome de
macumba.
O espiritismo entrou no Brasil em 1863 e teve sucesso no meio pobre negro, de maneira especial, porque
acenava com a libertação por vias preter-naturais, pregando a fraternidade em relação estreita com a felicidade no
“astral”. Houve, assim, uma interação entre cultos afro-brasileiros e o espiritismo. Esses cultos já tinham sofrido a
influência, de elementos ameríndios (caboclo) e da situação da escravatura (o preto velho, espírito do escravo que
baixa). A macumba, com a influência espírita, conserva do africanismo só o que é compatível com a civilização e
divide-se em umbanda (magia branca, fins bons) e quimbanda (magia negra, fins maléficos). Hoje em dia se usa

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
macumba como sinônimo de quimbanda. A umbanda, diz-se, foi fundada em 1930 em Niterói, pelo capitão José Pessoa,
espírita kardecista. Difere no Brasil de tenda para tenda, segundo o elemento que mais acentua.
Confederações: Houve diversas tentativas de união, mas não existe uma só federação nacional. Há mais de uma
dezena de federações em âmbito nacional. A confederação Espírita Umbandista parece ser a mais forte.
Pontos essenciais: Não obstante a diversidade de tendências na umbanda, verificamos alguns elementos
comuns.
1) Deus é onipotente, irrepresentável, adorado sob vários nomes (Zambi). Deus é o todo em sua parte. O homem
é partícula da divindade e, finalmente, reintegrada nela. Deus dorme no mineral, sonha no vegetal, desperta no
animal e é consciente no homem.
2) Orixás e santos estão em plano superior de evolução e chefiam legiões (reinos) e falanges. Abaixo de Deus
(Zambi) está Oxalá (Jesus Cristo), o maior dos orixás. Na umbanda todo Orixá é Santo, mas nem todo Santo é
Orixá. Este irradia forças espirituais em circunstâncias determinadas. No dualismo Orixá-Santo há os que
viveram na terra e os que nunca tiveram vida humana (como se diz dos anjos). Uns e outros se entrelaçam
formando linhas, em números de sete. Há classificações diversas. Vejamos duas:

Linha de Oxalá - linha dos santos e das santas – ligadas a Oxalá

Iemanjá-Caboclos - ligados a Ogum e Oxôsse.

Oriente - Oriente – ligados a Xangô e Oxalá.

Oxôsse - Pretos velhos – ligados aos Orixás

Xangô - Almas - ligadas a S. Miguel, Omulu e Pretos velhos.

Ogum - Crianças - ligadas a Ibêji.

Africana - Elementares e enfeitiçadores – ligados aos exus.

Todas as entidades dessas linhas (da primeira classificação) pertencem a três categorias: ou são orixás e exus
(entidades animísticas), ou são caboclos espíritos dos índios) ou são pretos velhos (espíritos de escravos africanos). Os
orixás são identificados com os santos católicos, mais ou menos, como no candomblé, mas estão introduzidos em novas
entidades “que vieram de Aruanda”. Os orixás estão se transformando de forças da natureza para o plano do poder
moral. Assim, Ogum, de guerreiro torna-se administrador da justiça, etc. Cada Orixá tem também a sua saudação
específica. Oxalá, Elia Babá. Oxum, Aiê, ieu, etc.
Exu, na umbanda, divide-se em Exu pagão e Exu Batizado, que são aglutinados em torno do conceito de Exu-
alma. Exu Pagão é um espírito sem luz, que trabalha na magia do mal e para o mal no reino de quimbanda. Exu
Batizado é um espírito em evolução que trabalha para o bem. Não tem sempre o caráter demoníaco que alguns lhe
atribuem.
Pombagira, corruptela de Bombongira, é o Exu feminino.

3) Espíritos. Além dos Orixás e santos, existem também espíritos, ainda em evolução, mensageiros dos primeiros
e guias nossos. Os orixás e espíritos são cultuados, como também são incorporados pelos “cavalos” no
fenômeno do transe.
4) Fuidos (vibrações). Além dos orixás, santos e espíritos há ainda fluidos bons e maus, positivos e negativos,
que influenciam os vivos.
5) O espírito do homem sobrevive à morte e está em busca de evolução e aperfeiçoamento.
6) Reencarnação: O espírito do homem desencarnado, para o seu progresso, volta a encarnar, como também para
pagar faltas em vida anterior e para missões especiais.
7) A lei do Karma: Funciona segundo a lei de causa e efeito. “Fez, pagou”. Fez o mal na vida passada, paga na
nova reencarnação, mas há uma certa remissão pelo sofrimento e pela prática do bem.
8) Mediunidade: Os orixás e espíritos podem ser incorporados por pessoas capazes de transe e ser mobilizados
para efeitos preciosos, como cura de doenças, emprego, solução de casos de amor, etc.
9) Religiões: São as diversas vias que conduzem o homem a Deus.
10) Caridade: É um meio para libertar-se dos resíduos de vidas anteriores. Não é em primeiro lugar dar esmola,
mas ajudar mediante passes e conselhos, receitas e remédios baratos e comuns. A caridade está no plano da
filantropia.
11) Ritual: É um dos pontos que distingue os umbandistas dos espíritas. “Todo umbandista é espírita, porque
aceita a manifestação dos espíritos, mas, mas nem todo espírita é umbandista, porque nem todo espírita aceita
as práticas da umbanda”. A umbanda é um movimento essencialmente ritualista.
Há rituais de quatro feitos segundo as influências:

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
--Feitio espírita, para gente mais intelectualizada. Manifestam-se caboclos e pretos velhos. Os orixás são assimilados a
espíritos.
-- Feitio ritualista: manifestação também de orixás.
-- Feitio ritmado é mais africanizado. Aceita também os “assentos” dos orixás.
-- Feitio ritmado e ritualizado, com forte influência africana e do candomblé.

Feitios mais comuns (o 2º e o 3º). O seu desenrolar é este:


• Cinco minutos antes do inicio da sessão os médiuns já se acham se acham no local, uniformizados e concentrados,
como também os cambono(e)s. etc.
• Defumação do ambiente pelos cambonos, acompanhada do ponto cantado.
• Prece do chefe ou de pessoa por ele indicada seguida de explanação doutrinária (cerca de 15 minutos).
• Declaração de abertura dos trabalhos em nome de Deus (Zambi), de Jesus Cristo (Oxalá), do padroeiro da casa e
dos guias invisíveis.
• Canto dos pontos das falanges ou linhas que deverão baixar. E geralmente, enquanto isso, o chefe do terreiro risca o
ponto de segurança (ou porteira) contra os exus, e derrama o marafo (cachaça) nas quatro paredes do terreiro.
• Transe e descida dos guias (incorporação), que dão passes e conselhos.

Sacrifício, oferendas e obrigações: São presentes feitos a entidades (orixás e espíritos, exus) para pedir ou
agradecer. O ofertante deve tomar banhos de descarga e purificar o espírito pela prece. Do material se deve tirar as
etiquetas e selos. O local onde deve ser feita a oferenda depende das entidades. Deve ser feito lá onde elas vibram: nas
águas para lemanjá, nos gramados para os pretos velhos, nas encruzilhadas para exu, etc.
Hierarquia: O chefe chama-se pai-de-santo, babalorixá ou babalaô, cacique, pajé, príncipe de umbanda, senhor de
Olorum, chefe de rebanho, etc.
Se é mulher, chama-se babá ou mãe de umbanda.

Funções:
1) incorpora-se o espírito protetor;
2) identificam-se os espíritos que baixam;
3) inicia o(a)s filho(a)s-de-santo;
4) consagra as imagens (otás) dos orixás;
5) risca o ponto;
6) explica a doutrina;
7) dá os passes;
8) cura as doenças;
9) adivinha. Lança os búzios (pequenas conchas marinhas) ou usa um rosário ou colar de Ifá (orixás das
adivinhações sincretizado com o Espírito Santo).
Ogãs: São auxiliares do pai-de-santo, entoam os cânticos, dirigem os trabalhos de incorporação dos médiuns.
Jabonan, mulher que tem as mesmas funções de Ogã.
Cambono(e)s, filhos-de-santos, competindo-lhes abrir o terreiro, ajudar os médiuns em estado de transe, como
nas danças.
Sambas, filhas-de-santo com as mesmas funções dos cambonos.
Médiuns são os que incorporam as entidades, chamados cavalos ou aparelhos. Burros, se incorporam um Exu.
Cada sessão tem 10 ou mais médiuns, que dão passes nas sessões de caridade.
Sacramentos: Alguns catecismos falam em sete sacramentos: o batismo, a confirmação, o cruzamento,
ordenação, batismo, casamento e acruzamento. O mais comum é o batismo, que difere de terreiro para terreiro. Trata-se
de um batismo no sentido de passagem para o culto umbandista e para receber um anjo-da-guarda, um espírito guia. É
um batismo diferente da Igreja católica, que é feito com águas e realizado em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo.
Terreiro ou tenda ou cabana é o local da reunião. Distinguem-se: a casa do Orixá, casa do Exu, casa das almas
(Egum). Há um local para os assistentes, para a dança, para o altar, para os que tocam o tambor. O altar (pégi, gongá,
estado, etc.) é repleto de santos, pretos velhos e no altar, caboclos. Há, às vezes, mais de 100... Exu nunca estará no
altar, mas ele tem casinha (tamanho de uma casa de cachorro) na entrada do terreiro.
No terreiro encontramos ainda o armazém de objetos para a realização dos ritos: pemba (espécie de giz com
preparação especial), mironga (para riscar os pontos), cachaça, cerveja, vinho, cachimbos, fumo em rolo, azeite-de-
dendê, pedras, conchas, ervas, pólvora (que é muito importante no tratamento de doenças), amuletos, cambiás, patuás,
galos, galinhas, pombos (nos terreiros, onde se matam animais), etc.
Vestes: A tendência geral é a veste branca, mas há também outras cores, segundo os orixás e o dia.
Terapêutica umbandista: Geralmente as doenças são vistas como “encostos”. São causadas por espíritos
maléficos e trevosos. Há espíritos sofredores que se encostam na pessoa e precisam ser tirados por meios mágicos.
Também uma pessoa pode olhar outra com inveja... e teremos quebranto ou mau-olhado. Outras vezes a doença pode
ser causada pelas entidades, quando não se cumprem os deveres que se têm com elas. Pode também ser feitiço... ou
então castigo por crimes cometidos na vida anterior.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA

Terapia

1) Defumador, que aparece com as finalidades as mais diversas e com a mais variada composição. Os dois fins
principais são: primeiro a essência do defumador, desfazendo-se, é sentida pelos espíritos. O segundo efeito é
despertar alguns centros do protetor. Há defumações para crianças com dificuldades de estudos, defumações para
início de viagem, defumações para esposas que se querem fazer amadas pelos maridos, defumações para
solteironas que procuram marido, defumações para descarga de casa e de pessoas, etc.
2) Banhos: servem para lavar o corpo das infelicidades e urucubacas. Há obrigações a serem cumpridas antes e
depois do banho.
3) Água fluídica ou magnetizada: é também um ótimo medicamento. A água poderá ser magnetizada pela própria
pessoa (concentrando-se e pedindo o que deseja), pelo médium (através de uma cerimônia especial) ou pelos
próprios espíritos (deixando-a durante a noite exposta ao sereno; no dia seguinte ela estará fluidificada).
4) Passes: São outro remédio, e geralmente dados pelos médiuns tomados pelos pretos velhos e algumas vezes
pelos caboclos.
5) Troca de cabeça: procura-se transferir a doença para outra pessoa, um animal ou outro objeto. Quem tocar no
objeto para o qual se transferiu a doença, atrairá esta para si.
6) Fechamento de corpo: A cerimônia dura vários dias, e assim a pessoa fica imunizada contra o inimigo, desastres,
facadas, mordidas de animais, etc.
7) Dar de comer à cabeça: A cerimônia pode durar, seis dias e é bastante complicada, mas cura qualquer doença.
8) Contrafeitiços: São remédios para desfazer um trabalho feito contra uma pessoa. São os despachos feitos, em
geral, pelo babalaô e levados para uma encruzilhada.

Umbanda e espiritismo. Diferença: Para os umbandistas o espiritismo é grande, mas a umbanda é maior. Ela é
a quarta revelação. A primeira veio com Moisés, a segunda com Cristo, a terceira veio com Kardec, e a quarta é a
umbanda. Isto porque os umbandistas tiveram a dita de entrar em relação com os espíritos superiores: orixás e exus,
enquanto Kardec só conheceu os espíritos desencarnados (eguns), cujas mensagens codificou.
O espiritismo evoca só os espíritos desencarnados, a umbanda também os orixás e exus; e as entidades se
apoderam totalmente dos médiuns, enquanto no espiritismo a incorporação é parcial.

6.2.4 – Vudu ou Vodu

Essa crença existe principalmente no Haiti. É o resultado da fé trazida pelos escravos de Daomé misturado com a
dos colonizadores franceses católicos. Vudu significa espírito. Afirma que o espírito dos mortos (zumbi) pode ajudar ou
prejudicar os vivos. No vudu o principal é chamado: “Senhor do Sábado”. O método para fazer aos inimigos é, por
exemplo, espetando bonecos de cera com agulhas ou queimando-os. Assim pode-se causar ferimentos e até a morte dos
inimigos.

*Cultos afro-brasileiros, retirado do livro:


Cultura Religiosa: As religiões do Mundo /
Irineu Wilges – 6. ed. rev. e atual
Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

6.3 – PARAPSICOLOGIA = AO LADO DA PSICOLOGIA.

À margem da psicologia – surpreendente – extraordinário – inexplicável à primeira vista.


Os fenômenos parapsicológicos são subdivididos em extranormais, paranormais e supranormais.
Os fenômenos extra normais são catalogados em três tipos: os de efeitos físicos, os de conhecimento e os
mistos. Parapsicologia: Percepção à distância – Previsão – conhecimento além do normal.
Telergia exteriorização e transformação da energia biofísica proveniente do nosso psíquico inconsciente.
Produzida pela psicobulia – vontade inconsciente, manifesta-se em situações de extremo desequilíbrio da pessoa
fazendo-a entrar em transe (estado alterado de consciência) seu campo de ação não vai além de 50m. a causa dos
fenômenos parapsicológicos que acontecem nas casas mal assombradas. Nossos atos psíquicos não são apenas
espirituais pois, somos corpo e alma. Todo ato psíquico tem um componente físico-material.
O estudo da parapsicologia visa comprovar e analisar os fenômenos e comportamentos psicológicos diferentes,
paranormais – fenômenos paranormais, parapsicológicos e aqueles relacionados com eles. Estuda o comportamento
paranormal. Estuda o anormal, o não-comum.
As faculdades parapsicológicas são faculdades normais. Todos nós as temos. Manifestam-se em algumas
pessoas especiais ou em circunstancias especiais não programadas Não depende do normal ou patológico. Os
fenômenos parapsicológicos são espontâneos, irreproduzíveis voluntariamente.

Psicogênese: efeito telérgico térmico. – produzir calor ou frio.


Autocombustão: auto-incineração, formando uma chama azul ou amarela.

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Osmogênese: produção de odores.
Fotogênese: produção de luz.
Telecinesia: movimento de objetos a distância.
Tiptologia: ação telérgica caracterizada por golpear, bater.
Aporte: aparição de objetos através de objetos opacos.
Pneumografia: raspagem escrita, escrita e desenhos em paredes lisas.
Levitação: ação de levantar o próprio corpo por emissão telérgica.

CASAS MAL-ASSOMBRADAS: psicorragia. A sensação de perceber grãos de milho caindo no telhado ou ruídos
dentro do congelador fechado. Pedras no telhado. Portas que se abrem sozinhas. Pedras e cavacos entram em casa...

PSICORRAGIA: liberação de forças psíquicas do inconsciente humano, de efeitos polipsíquicos. Adolescentes


aterradas e mulheres em gestação favorecem esse tipo de manifestação. Tenha-se calma, silêncio. Nada de show ou de
pavor. Usa-se sono hipnótico.

PRECOGNIÇÃO: sonho às vezes e acontece o que sonhei. Existe no homem uma faculdade de conhecimento direto do
futuro. O psi-gama - ψ−γ é uma faculdade espiritual que não se submete às leis do tempo nem do espaço como a
matéria. É espontâneo e incontrolável, imprevisível. Precognição não é fatalismo. O pensamento consciente de uma
palavra pode excitar por associação no inconsciente a sua tradução para outra língua. O pensamento inconsciente pode
ser captado por telepatia sobre o inconsciente excitado.

PROFECIAS BÍBLICAS SOBRE CRISTO: são diferentes de pré-cognição.

SUGESTÃO TELEPÁTICA: acordar e ver no espelho alguém que está a km de distância que sofreu algum acidente, no
mesmo instante. É um conhecimento de psigama que irrompe durante o sono – estado que facilita a percepção
consciente das captações inconscientes. As superfícies lisas como o espelho, facilitam a projeção das percepções
inconscientes. O inconsciente de quem estava longe pedia ajuda e isso foi percebido pelo inconsciente da noiva que o
projetou no espelho.

MAU-OLHADO: com o olho de inveja pode-se matar pequenos animais e plantas. Uma energia exteriorizada pelo
homem. – telergia – que pode exercer influência sobre pequenos animais, podendo matá-los e ou machucá-los.

ASTROS-CARTAS-BOLAS-DE-CRISTAL: Os astros podem influir no caráter, na saúde, mas é pouco. O caráter


depende também da hereditariedade, alimentação, educação. As estruturas podem influenciar a vontade humana. É o
inconsciente que pode errar ou acertar e se diz que os astros influenciaram a favor ou contra...

LER A SORTE: o inconsciente se inspira nas linhas das mãos ou com cartas ou com os astros ou com bola de cristal e
pode adivinhar, por telepatia, ou por clarividência. Mas se engana freqüentemente.

FEITIÇOS: as bruxas fazem feitiço, para se vingar de alguém – enterrar um sapo – e a vítima adoece. Desenterrar o
sapo: a vítima sara. Foi obra do demônio? Os espíritos? A má intenção da namorada foi captada pelo inconsciente do
rapaz e o pode matar.

EU JÁ ESTIVE AQUI: (déjà vu): uma psicose, doença mental ou o inconsciente capta tudo. A criança, dormindo, pode
perceber. No futuro esse adulto diz que já viu e vivenciou tal ou tal situação ou lugar. O inconsciente de uma pessoa
pode captar do outro inconsciente algum já visto e ou vivenciado por outrem.

XENOGLOSSIA: falar línguas estrangeiras sem nunca tê-las estudado. Ninguém nunca falou ao mesmo tempo duas
línguas. Muitos falam línguas diferentes e eu, que nunca estudei, as entendo todas...

GLOSSOLALIA – Pentecostes. Atos 2.Falar uma língua e ser entendido por pessoas que falam línguas diferentes.

MILAGRE= maravilha. Um fenômeno que acontece contrariando as leis da física. Curandeiros operam e dão receitas à
distância. Mas não curam câncer ou osso quebrado. Não ressuscitam mortos. Suas curas não resistem a um exame sério
científico. Em geral o truque funciona bem diante do povo simples. Jesus curou os leprosos de longe. Fez reviver: Naim
– filha de Jairo – Lázaro. Ele mesmo ressuscitou.
Lourdes: milagre: perder um osso e vê-lo recomposto, depois de alguma oração. Muitos prodígios e milagres de Cristo:
podem ser vistos como ações naturais da mente humana. Jesus os realizava sem preparativos, sem esgotamento nervoso
– com segurança – tudo claro, com a intenção divino-humana de ensinar. – Cuidado: há muita gente ganhando $,
fazendo truques, impressionando o povo indefeso...

COMUNICAÇÃO COM MORTOS: Vivos e mortos não se comunicam, conforme a doutrina cristã. A parapsicologia
tem estudado esse assunto: os mortos podem se comunicar conosco? Podemos falar com eles?

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VISÃO-APARIÇÃO: num sono hipnótico alguém vê, com os olhos fechados, Nossa Senhora – conversa com ela. É
uma alucinação pessoal ou coletiva-sugestiva. O sol girou em Fátima em 13/10/1917: uma alucinação coletiva.

POSSESSOS: Pe. Surin, exorcizando as endemoniadas monjas ursulinas, ficou possesso. A Igreja hoje não nega a
aparente possessão, apesar de ter acreditado nela: alguém fala língua desconhecida – revela coisas ocultas ou distantes –
mostra força física e mental superior – (esses fenômenos podem ser explicados pela parapsicologia). No Antigo
Testamento não se fala em nenhum caso de possessão. NT: vários casos. Foi escrito na época em que a cabala levou aos
hebreus a terminologia do mundo greco-romano, que atribuía ao daemônium, de sua mitologia, certos fenômenos
parapsicológicos. Os judeus confundiram o daemonium com o demônio bíblico, os anjos rebeldes. Jesus e os apóstolos
usam a terminologia da cultura de sua época. Marcos 5: até a maldade reconhece o poder de Jesus. Legião: lógica
megalomaníaca compensadora de um psicopata que tem sido expulso da cidade porque o consideravam endemoniado.
Jesus manda-os para os porcos: desde quando espíritos necessitam de moradia? Passam frio? Nadam? Molham-se?
2.000 porcos? Afogaram-se? A telecinesia ou o influxo psíquico poderia ter atuado sobre um ou dois porcos. Esses
teriam se assustado e provocado o estouro da porcada...
Contorções: repulsões – atitudes extravagantes – gritos – risos – choros- lamentações – ataques: são fenômenos
patológicos comuns. Em poucas palavras: possessão não existe. O que existe são prodígios de nossas faculdades
inconscientes atribuídas a demônios.

HIPERESTESIA DIRETA - grande sensibilidade - Escola Materialista: A histérica perde a visão pelos olhos, mas pode
ver por outra parte do corpo. Pode-se ler hipnotizado, por outros órgãos. Sente-se a luz, calor, vento e o cérebro
interpreta, causando uma alucinação a modo de visão ou mau cheiro. Algo é captado do inconsciente da outra pessoa
presente.

CUMBERLANDISMO: por contato se poderia conhecer o que está no inconsciente da outra pessoa. Ao lado de alguém
que sabe de algo, pode-se fazer ou falar o que a outra pessoa sabe. Captar do inconsciente de outra pessoa presente.

PANTOMNÉSIA: o inconsciente não esquece nada. Pode-se lembrar de tudo e, de repente, falar algo exatamente o que
a outra pessoa diz nunca ter visto ou ouvido. Há pessoas que DECORARAM tudo o que vêem.

SABEDORIA DO INCONSCIENTE: mais de 75% das invenções foram sonhadas ou intuídas, sem raciocínio
consciente. Banting: sonâmbulo, levantou-se e escreveu a fórmula de se obter a insulina. Beethoven: acreditava que
tinha dentro da cabeça uma orquestra infernal, de tal modo que se tornou surdo. Ouvia a composição musicável.
Bastava transcreve-la. Coleridge: com o seu kuba khan, ganhou o prêmio Nobel. Escreveu-o, dormindo. A Musa era a
causa da inspiração para os antigos gregos. Depois passaram a ser vistas como espíritos dos mortos e demônios. Hoje: o
inconsciente, através das diversas faculdades normais e arquivando pela memória, é capaz de elucubrações fantásticas.

FOGOS FÁTUOS: nos pântanos, cemitérios e depósitos de lixo. É o hidrogênio protocarbônico, metano, que se inflama
em chamas azuladas em contato com o ar. Pouca umidade do ar, fósforo, nitrogênio, cálcio, carbono, capim seco,
especialmente nos cemitérios podem provocar combustão e fogo... As beatas pensam que são as almas...

FOGO DE SANTELMO: sobre mastros de navios, torres, copas de árvores em dia de tempestade, nos pára-raios,
roupas de pessoas. Eu, ao dar comunhão, na missa, no tempo de inverno, sobre grossos tapetes e carpetes, nos USA,
sentia um foguinho e choque elétrico, ao encostar meu dedo na mão de quem recebia a partícula sagrada. Trata-se do
acúmulo de eletricidade estática ou de fósforo e enxofre existentes no organismo.

TIPTOLOGIA: raps- golpes. As irmãs Fox produziam golpes com a articulação do dedo polegar.
- A telergia, sob o comando do inconsciente, atua analogamente à eletricidade ou ao magnetismo, na estrutura interna
da madeira e dá origem a certos tipos de raps. Prince e Stela: uma mesa de um metro, cujas tábuas estavam todas
solidamente unidas, quebraram-se em pequenos pedaços em meio a ruídos violentos assim que as pessoas se apoiavam
nelas, de leve, os dedos.

TELECINERGIA: Objetos se movem pela telergia emitida pelo inconsciente do sujeito. O psiquismo, que deixa nos
fenômenos sinais de sua inteligência, vontade e demais qualidades.

ECTOPLASMA: de fora – coisa formada. Uma massa informe parece sair do corpo, se organizando pouco a pouco.
Condensação da telergia, pode ser visível – parece uma espuma – ou algo invisível. Esse produto visível desaparece
logo imediatamente. Será uma energia transformada em algum produto químico?

ECTOPLASMA-PLASMA: É o ectoplasma modelado em forma de membros ou partes de pessoas, animais ou objetos,


de um modo imperfeito, mas impressionante.

FANTASMOGÊNESE: a reprodução ectoplasmática completa de um “fantasma” de pessoa, animal ou objeto. Não é


subjetivo. Possui consistência material tênue, viscoso, leve fosco.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
TRANSFIGURAÇÃO: A fisionomia muda-se de forma, tamanho e aspecto em uma pessoa diferente. Ou simples
modificação do próprio corpo do dotado. Não é uma pessoa nova que se materializa. Seria o próprio dotado revestido de
ectoplasma e inclusive corporalmente modificado, representando outra pessoa?. Mateus 17,2 – Mc 9,2 – Lc 9,29.

MATERIALIZAÇÃO: reprodução perfeita de um modo de ser. O ser materializado, sendo vivo, tem peso, medida,
movimento, respiração, calor etc. É real? É ilusão ótica?

ECTO-COLO-PLASMIA: é a telergia condensada e maleável. Plasma exteriorizado – ecto – para formar um membro
ou parte de um ser – colo.
Daniel 5,1-5: festa do rei Baltazar. Dedos humanos escrevem na parede do palácio real. É ectoplamia?

FANTASMA: uma forma “espiritual” que entra-sai-atravessa paredes, vidros e estruturas sólidas. Age-conversa-
desaparece. Sombra densamente transparente?

HORÓSCOPO: o estudo da vida de uma pessoa através do dia, hora, local em que nasceu. ‘Pode’ orientar sobre o
caminho da vida de cada pessoa. Às vezes coincide. Mas não tem exatidão. A astrologia estuda a relação dos astros com
os homens e sua influência neles. A lua, as marés – plantas e nuvens: podem exercer influência nas tendências das
pessoas? Até quando?

LEVITAÇÃO: show-truque. A telergia a motivaria, em momentos de muita emotividade, atuaria sobre anormais
pequenos e objetos materiais: madeira, pedra, mas não sobre animais grandes ou outras pessoas.

PSICOGRAFIA: movimento impulsivo e involuntário da mão do dotado com o lápis. Escrita inconsciente, mas
inteligente, produzindo uma mensagem superior ou diferente do que o sujeito pode produzir. Não é “espírito”, alma ou
fantasma, mas a lei da motricidade específica das imagens que são capazes de desencadear movimentos musculares
complexos e inconscientes, produzidos pelo mesmo sujeito. Impulsivo, involuntário. Os livros escritos, atribuídos a
algum espírito, são inferiores aos livros escritos pelos supostos espíritos inspiradores.

SUGESTÃO: força – pode cura-enganar. Passes não passam de sugestão. Pode fazer o bem ou o mal.

URI GELLER: entortar garfos – o nitrato de mercúrio pode corroer o metal por dentro. Pode ser também telergia ou
truque.

PRECOGNIÇÃO: acertar o resultado de jogo. Levantar um peso enorme com o dedo. Sugestão exercida pelo sujeito
sobre as pessoas que “ajudam” com o dedo.

A MENTE HUMANA AINDA NÃO ESTÁ BEM CONHECIDA.


NÓS NOS UTILIZAMOS APENAS DE 6% DA CAPACIDADE DE NOSSA INTELIGÊNCIA. A MAIOR
FORÇA DA MENTE HUMANA PROVÉM DO INCONSCIENTE. A PARTE CONSCIENTE É A MENOR E DELA
NOS UTILIZAMOS APENAS UMA PARTE.
QUANDO NÃO SABEMOS DA EXPLICAÇÃO CORRETA PARA ALGUM FENÔMENO, JOGAMOS
PARA OS ESPÍRITOS A CAUSA DOS FENÔMENOS.
A PARAPSICOLOGIA É UMA CIÊNCIA QUE ESTUDA OS FATOS E FENÔMENOS, USANDO
CRITÉRIOS DA CIÊNCIA E DA EXPERIÊNCIA HUMANA, TENTANDO BUSCAR UMA EXPICAÇÃO NÃO
MÍTICA, MAS INTELIGENTE E LÓGICA.

6.4 – HOROSCOPO COMPROVADAMENTE FALSO

REVISTA PERGUNTE E RESPONDEDEREMOS


DEZEMBRO 2003 Nº 498.

Em síntese: O jornal O GLOBO, de 19/08/03, publicou a notícia de que cientistas de língua inglesa acompanharam duas mil pessoas
que nasceram no mesmo dia e na mesma hora, e verificaram que muito diferiam entre si no tocante à personalidade e ao currículo
de vida - o que contradiz frontalmente aos ensinamentos da astrologia.
***
Em sua edição de 19/08/03 o jornal O GLOBO informa ter sido cientificamente comprovada a falsidade do horóscopo ou da
astrologia. Eis o teor da notícia:

CIÊNCIA MOSTRA QUE PREVISÃO ASTROLÓGICA NÃO FUNCIONA


Pesquisa acompanhou duas mil pessoas nascidas em mesmo dia e hora e revelou que são muito diferentes.

LONDRES. Boas notícias para os racionais e equilibrados virginianos: cientistas acabam de comprovar que a astrologia
não tem fundamento. Sua principal alegação - de que as características humanas são moldadas pela influência dos astros no momento

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
do nascimento - acaba de ser desmentida, de uma vez por todas e além de qualquer dúvida, pelo maior estudo científico já realizado
sobre o tema.
Por quatro décadas, cientistas acompanharam mais de duas mil pessoas - nascidas no mesmo dia e na mesma hora, com
apenas alguns minutos de diferença. De acordo com a astrologia, essas pessoas deveriam ter características bastante similares.
O estudo teve início em Londres, em 1958. As pessoas tiveram seu desenvolvimento monitorado em intervalos regulares.
Os cientistas avaliaram mais de cem diferentes características, como profissão escolhida, níveis de ansiedade, estado civil,
agressividade, sociabilidade, QI, além de habilidades em artes, esportes e matemática - todas que, segundo astrólogos, poderiam ser
estimadas pela conformação dos astros no momento do nascimento.
Os cientistas, entretanto, não conseguiram encontrar nenhuma prova de similaridade entre as pessoas que nasceram no
mesmo horário. De acordo com artigo publicado na "Journal of Consciousness Studies":
"As condições do teste não poderiam ser melhores (...) e os resultados foram uniformemente negativos".
A análise dos dados foi feita pelo cientista Geoffrey Dean, um ex-astrólogo baseado na Austrália, e pelo psicólogo Ivan
Kelly, da Universidade de Saskatchewan, no Canadá.
O resultado do estudo caiu como uma bomba entre os astrólogos que, há séculos, asseguram ser capazes de revelar aspectos
importantes da personalidade e do destino das pessoas com base apenas nas informações referentes à hora e ao local de nascimento.
Roy Gillett, presidente da Associação Astrológica da Grã-Bretanha, afirmou que as conclusões deveriam ser tratadas "com extrema
cautela" e acusou Dean de tentar "desacreditar a astrologia".
- A astrologia não tem mecanismo aceitável e seus princípios são inválidos - afirmou Dean, garantindo estar pronto para as
críticas. – Sou provavelmente a pessoa mais odiada na astrologia porque sou considerado um vira-casaca.

COMENTANDO...

1. Em que consiste a astrologia


A astrologia e o horóscopo são cultivados desde remotas épocas antes de Cristo, ou seja, desde a civilização dos caldeus da
Mesopotâmia, por volta de 2500 a.C. Pode-se explicar o surto dessa "arte" se se leva em conta que a vida humana é cheia de
insegurança (nas épocas remotas ainda mais do que em nossos tempos): um dia é feliz e próspero, outro é desgraçado ou sem êxito.
Ora essa versatilidade outrora era atribuída a forças superiores que influenciariam a conduta do homem; tais forças eram os astros,
que os homens facilmente identificavam com divindades. Destas premissas originou-se o desejo de conhecer de antemão as
circunstâncias e ocasiões em que os astros seriam favoráveis ou desfavoráveis ao homem. Conhecendo-as, o homem poderia superar
a sua insegurança ou o seu medo, pois se acautelaria contra as más influências dos seres superiores.
Na época em que a astrologia começou a ser cultivada; os estudiosos pouco sabiam a respeito do sistema solar e dos astros
em geral; ignoravam as distâncias dos planetas ao Sol ou à Terra; mal conheciam a natureza do Sol, da Lua e dos outros astros.
Imaginavam a existência do zodíaco, isto é, de uma faixa ou de um anel que cercaria a Terra; nessa faixa mover-se-iam o Sol, a Lua,
os planetas maiores e grande parte dos menores; a circunferência desse anel imaginário (360º) estaria dividida em doze segmentos
(cada qual de 30°); em cada um desses segmentos existiria um compartimento chamado “casa do horóscopo”; tais compartimentos
teriam o símbolo ou sinal próprio; os doze símbolos assim concebidos seriam os sinais do zodíaco (do grego zódion, figura de animal
ou de vivente), que assim eram (e são) denominados: Carneiro, Touro, Gêmeos (irmãos), Câncer (caranguejo), Leão, Virgem,
Balança, Escorpião, Arqueiro (Sagitário), Capricórnio (cabra ou cauda de peixe), Aquário, Peixes. Os sinais do zodíaco,
reunidos em grupos de três, correspondem às estações do ano de tal modo que a primavera abrange Carneiro, Touro e Gêmeos...

2. Porque anticientífica?
Três são os principais pontos que, no caso, ocorrem à reflexão do estudioso:
1)A astrologia supõe uma mentalidade mitológica e uma realidade cósmica já superada. A sua origem está na época em que
os homens se julgavam totalmente dependentes das forças da natureza; personificavam essas forças e as concebiam como deuses e
demônios; adoravam o Sol e a Lua. Os predicados legendários dos deuses do Panteon grego, eles os transferiam aos planetas. O
planeta mais belo foi identificado como Vênus e considerado benfazejo. A cor de sangue de Marte levou os astrólogos a qualificá-lo
como deus da guerra, da peste e da morte. O planeta majestoso que leva doze anos para percorrer a abóbada celeste, é Júpiter. O
último dos planetas conhecidos na antiguidade tem aspecto pálido e sinistro; leva trinta anos para percorrer as constelações do
zodíaco; por isto foi chamado Saturno; identificaram-no também com Chronos, o deus que devora seus filhos; por isto aquele bloco
de rochas e de gases foi tido como maléfico. Ora todos estes elementos derivados de religiosidade primitiva ainda estão na base da
astrologia moderna, que diz ser científica!
2)Na verdade, a astrologia é anticientífica. Com efeito:
- Os pressupostos da astrologia e do horóscopo estão todos ultrapassados. Sim; a astrologia baseia-se na cosmologia geocêntrica de
Ptolomeu: conhece "sete planetas" apenas, entre os quais é enumerado o Sol! Hoje conhecemos mais planetas e nossa visão do
grande cosmo se alterou profundamente, pois passamos do geocentrismo para o heliocentrismo.
- A existência das casas do horóscopo ou dos compartimentos do zodíaco é algo de totalmente arbitrário e irreal.
- Os sinais do zodíaco não são unidades cosmológicas, mas são estrelas separadas por vastos mundos ou sistemas.
De modo geral, as figuras, os sinais, as casas, os ângulos com que lida a astrologia, só existem como tais na imaginação do homem.
O retângulo da "Grande Urso" só existe na retina do homem e não na realidade do espaço; as estrelas que popularmente parecem
próximas e relacionadas entre si, muitas vezes não estão no mesmo plano nem à mesma distância de nós.
- Mais ainda: há cerca de dois mil anos a passagem do Sol pelo ponto vernal (início da primavera) coincidia com a entrada do Sol no
compartimento correspondente à constelação do Carneiro (Áries). Mas verifica-se que o ponto vernal retrocede sobre a eclíptica[1]
segundo o ritmo de 50",26 por ano, ou seja, de 30º (um sinal do zodíaco) em 2.150 anos. Nos tempos atuais, quando se inicia a
primavera, o Sol já ultrapassou a metade da constelação dos Peixes, mas continua-se a dizer que ele então entra na casa do
Carneiro. Existe, pois, uma defasagem entre os nomes das pretensas casas do zodíaco e os nomes das constelações
correspondentes. Serão necessários 25.790 anos para se restabelecer a coincidência entre essas pretensas casas e as constelações de
que tiram o nome.
Com outras palavras: o sinal do Carneiro corresponde hoje não à constelação do Carneiro, mas à constelação dos Peixes. Por
conseguinte, a pessoa a quem os astrólogos dizem: "Você nasceu sob o signo do Carneiro!", na verdade foi, ao nascer, irradiada
pela constelação dos Peixes. Não obstante, dar-se-Ihe-á o horóscopo do Carneiro! Esta verificação por si só evidencia quão pouco
científica ou quão anticientífica vem a ser a horoscopia.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
- Hoje se sabe que os astros existentes no cosmo são quase inumeráveis: conhecem-se interferências dos mesmos no espaço e nos
planetas que outrora se ignoravam. É notório também o fato de que os astros modificam incessantemente a sua posição no espaço.
Por que então a astrologia leva em conta a influência de uma constelação apenas?
- Por último, merece atenção a desigualdade de sortes de crianças nascidas no mesmo lugar e no mesmo instante, até mesmo dos
gêmeos. Se os astros regem a vida dos homens, como não a regem uniformemente no caso citado?
É por ser anticientífica (dada à fantasia exuberante e primitiva) que a astrologia não encontra aceitação por parte dos astrônomos ou
dos homens de ciência. Estes, ao descobrirem mais e mais a existência, a distância, a composição, as transformações e atividades dos
planetas e das estrelas, verificam que as afirmações dos astrólogos são arbitrárias ou mesmo falsas.
[1] Eclíptica em astronomia é o círculo da esfera celeste que corta o Equador, formando com ele um ângulo de 23º28’, e que
corresponde à órbita aparente do Sol em volta da Terra.
José Roldão

7 – MAÇONARIA
7.1 – MAÇON: PEDREIRO

Alguns dizem que a Maçonaria existe desde os tempos dos egípcios, 3000 anos antes de Cristo.
Ano 1175 dC a Inglaterra adotou, nas construções das Igrejas, o estilo gótico da França. Os pedreiros franceses
conservaram em segredo a maneira de fazer o gótico, organizando uma fraternidade sob a proteção de S.J. Batista, onde
ensinavam os segredos da construção gótica, instruções religiosas morais e sociais.
Ano 1356: o segredo ficou para uma organização especial, enquanto a fraternidade continuou nas outras
instituições.
1475: Eduardo VI acabou com a fraternidade e eles se organizaram como Sociedade dos pedreiros livres, com
o fim de fomentar a Educação para a sociedade e boas maneiras. Depois entraram em idéias alquimistas e cabalísticas
que foram guardadas em segredo.
Século XVII: abraçaram o deísmo.
1630: Afastaram-se ainda mais dos pedreiros e passaram a ver sua utilidade na construção do Templo da
humanidade.
1713: Londres cria 4 lojas que se reuniram sob o comando de um grão mestre. A Maçonaria nascia então para
espalhar o deísmo e os preceitos naturais e reunir os homens acima das religiões e para quebrar o poder da casa Stuart.
No Brasil: Hoje 60 Lojas e 200 mil maçons.
Portugal: a M estava forte no tempo de Pombal. .
Fim do século XVII: aparecem os primeiros M no Brasil. Influenciaram a Inconfidência Mineira.
1852: José Bonifácio comunicou sua fundação em 1801 da primeira Loja M do rito escocês.
1804: As lojas portuguesas enviam ao Brasil um delegado para garantir a adesão e a fidelidade dos maçons
brasileiros, não conseguindo bons efeitos.
1813: foi criada a 1a grande oriente, mas morreu em 1817.
1815: fundou-se a loja “comércio e artes” para lutar pela Independência. Alguns de seus membros: Cônego
Januário da Cunha, Francisco Sampaio. Essa loja fez parte do grande oriente do Brasil em 17/06/1882, sendo José
Bonifácio seu 1o grão mestre e D. Pedro 1o o 2o o qual desentendeu-se e fechou a loja. J. Bonifácio fundou uma nova
seita secreta chamada ‘o apostolado’ de que o imperador participou.
1831: o grande oriente foi restabelecido e Bonifácio se tornou o seu grande mestre.

RITOS: 72. Conforme o número de ritos, temos também o número de graus diferentes. Rito escocês: 33 graus.
York Schoeder: os graus equivalem distinções e podem incluir autoridade: mestre = 3o - soberano, príncipe Rosa Cruz
18o, cavaleiro do sol = 28o - grande inquisidor 30o - sublime príncipe = 32o. Os cargos dependem dos graus. Todos os
membros do supremo conselho devem ser do grau 33o. – 33 é a suposta idade de Jesus quando morreu.
Inicialmente se adotou o rito único francês. Posteriormente surgem outros ritos:
1828: fundação de uma loja do rito escocês antigo e aceito, que deu origem ao supremo conselho.
1927: cisão entre o grande oriente e o supremo conselho.
1863: cisão do grande oriente.

LEIS: Os artigos Landmarks - as ordenanças gerais de 1720 – as constituições de Anderson de 1723 - as


constituições, estatutos e regulamentos de 1786 – as resoluções de Bruxelas de 1907 – as resoluções de Lausana de
1875 – as resoluções de Washington de 1912 – a constituição do grande oriente – o regulamento geral – o código
processual – os regulamentos internos – os mais diversos rituais, conforme o rito adotado.

ORGANIZAÇÃO: Há variedade de ritos, e segundo essa variedade, há diversos números de graus. Mas os três
primeiros são iguais em todos os ritos: aprendiz, companheiro e mestre. O conjunto desses graus constitui a maçonaria
simbólica. A confederação das lojas desta maçonaria chama-se grande oriente ou grande loja. Seguem os chamados
‘altos graus’ conferidos depois do grau de mestre, denominados filosóficos. Seu número difere de rito para rito.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
A maçonaria chamada filosófica é dirigida pelo supremo conselho – rito escocês – e pelo grande capítulo – rito
moderno, pelo grande capítulo das noaquitas – rito adonhiramico. As revelações entre o grande capítulo e supremo
conselho no Brasil são muito difíceis.

ORGANIZAÇÃO DO GRANDE ORIENTE: Há o poder executivo que é exercido por um presidente: grão
mestre geral, eleito com um vice. É auxiliado pelo conselho da ordem, composto de 21 membros.
O poder judiciário é exercido pela soberana assembléia federal legislativa. Cada oficina da federação pode
eleger um membro efetivo. O mandato é de um ano. O poder judiciário é exercido pelas oficinas por meio de jurados,
pelos tribunais de justiça, pelo superior tribunal, pelo federal da ordem e pela soberana assembléia federal legislativa,
cabendo a esta o julgamento de seus membros.

MAÇONARIA INTERNACIONAL: Não há maçonaria brasileira, mas M no Brasil, pois a M é universal,


internacional. As Ms acionais não são de todo independentes das potências maçônicas estrangeiras. As resoluções de
Lousana foram reconhecidas no Brasil. Em 1947 foi decidido fundar a Frente Maçônica interamericana. Em 1954
muitas potências maçônicas se reuniram igualmente, onde o Brasil se fez representar, fundando a Aliança Fraternal de
Potências Maçônicas.
Art. 85: não há o grande oriente não depende do exterior, mas se atém a princípios gerais, universais da
maçonaria; caso contrário, será excomungado.
1952: a grande loja universal do Uruguai resolveu eliminar a referência ao grande arquiteto do universo: logo a
loja-mãe de Londres, rompeu com esta loja, sendo imediatamente seguida pelas outras potências ‘regulares’.
1945: a grande loja de New York ordenou a grande loja de Cuba recolocar a bíblia sobre o altar.

SOCIEDADE SECRETA: discreta, não secreta. O neófito deve guardar o segredo maçônico, art. 163. A pena
para quem revelar algo pode ser a morte.

LOJAS: As lojas simbólicas compreendem os 3 primeiros graus. As lojas capitulares compreendem os graus 4
a l8. O conselho de Kadosch compreende os graus 18 a 30. As lojas simbólicas são regidas pelo venerável (presidente)
1o vigilante, 2o vigilante e 3o expertos.

TEMPLOS: lugares onde os maçons costumam realizar suas sessões. Seu espaço é feito sob medida e sagrado.

SESSÕES: s. magnas, dd iniciação, de posse, de batismo, econômicas e brancas, da qual podem participar
convidados.

PROPAGANDA: Instituição caritativa, reconhece o grande arquiteto do universo, não é contra religião
nenhuma, em cada loja deve estar a bíblia, considera todos os homens como irmãos, proíbe discutir política, seu lema é:
liberdade, igualdade, fraternidade, muitos eclesiásticos, até papas foram maçons. O maçom deve ajudar e proteger seus
irmãos em qualquer circunstância com o risco da própria vida. Usar de sua influência para ajudar aos irmãos. Guardar o
segredo fortalece a adesão.

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO: É maçom quem pode e não quem quer. Escolhe-se quem tem influência na
sociedade e na economia, forças armadas e nos bancos. O candidato tenha ao menos 21 anos, reputação, costumes
irrepreensíveis, profissão honesta, instrução suficiente, sem defeitos físicos.

SINAIS DE RECONHECIMENTO: gestos típicos com as mãos na garganta. Aclamação: Huzzé.

INSÍGNIAS: cada grau tem suas insígnias.

ABREVIATURAS: Maç: Am: Lj:

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
ALFABETO MAÇÔNICO:

A C E B. D. F.
G I K. H. J. L.
M O Q N. P. R.

S T.
Y U Z. V.
W X.

BANQUETES: Sempre nos edifícios maçônicos: mesas em forma de ferradura – insígnias – aventais – água =
pólvora fraca - cerveja = pólvora amarela etc.

CALENDÁRIO MAÇÔNICO: Usam o calendário hebraico – o primeiro mês do ano é tirsi = setembro. O
religioso começa por nisan = março – sivan = maio - tamuz = junho - ab = junho - elul = julho - tirsi = setembro -
koivan = outubro - kislev = novembro - tebet = dezembro - shebet = janeiro - adar = fevereiro.
O ano: somam o ano corrente da era cristã mais 4000 anos.

PRINCÍPIOS IMUTÁVEIS:
Reconhecer um ser supremo – admitir a moral universal e a lei natural – admitir a prevalência do espírito sobre
a matéria – não combater a ninguém por sua crença religiosa – não discutir religião nas reuniões – não impor limites à
livre investigação da verdade – proclamar o sagrado direito de pensar livremente – reconhecer o direito do homem de
dirigir a sua vida exclusivamente segundo a razão – liberdade – igualdade – fraternidade – combater o obscurantismo, a
hipocrisia, o fanatismo, a superstição e os preconceitos (a igreja católica?) – amar a família e respeitar e respeitar as leis
da pátria – ser fiel aos juramentos e deveres maçônicos, submeter-se às ordens recebidas dos poderes superiores –
reconhecer o trabalho manual e intelectual como um dever essencial do homem – proscrever o recurso à violência.

7.2 – A IGREJA CATÓLICA E A MAÇONARIA

1738: Clemente XIII - Aconteceu a 1a condenação, por causa de seu caráter sigiloso e secreto, mantido sob
juramentos graves.
1751: Bento XIV condena a maçonaria.
1825, 13 de março: Leão XIII denunciou o ataque feito pela M às verdades de fé.
Pio IX, tido como se fosse M, em mais de 20 documentos, renovou a condenação à M.
1884, 20 de abril: Leão XIII elabora a Encíclica humanum genus analisa, critica e condena a M. Condena
padres e bispos M.
1872: no Brasil a famosa questão religiosa, conflito dirigido pelo barão do R. Branco e Saldanha Marinho,
pretendendo combater o ultramontanismo e o jesuitismo, mas combateu de fato, a Igreja.
1908: Congresso m. brasileiro: a M se empenhará para que se negue a competência especial aos representantes
das religiões para a catequese e civilização dos selvagens que seja condenada como contraria amoral, retrograda e anti-
social a existência de corporações religiosas que segregam seres humanos da sociedade e da família.
Não houve Papas M, mas sim Bispos e padres. No Brasil padres entraram na m com o interesse de trabalhar
pela Independência.
1904: Das atas do congresso m. de SP.: agir perante o governo no sentido de impedir a atividade do clero:
exigir que o governo expulse o clero e proíba a sua invasão - contrariar as confrarias lutando contra a equiparação de
seus ginásios ao nacional, falseando seus dogmas – afastara mulher do confessionário – enfrentar o clericalismo até
sufocar e enforcar o último papa com os intestinos do último frade.
1920: Anais dos veneráveis gaúchos combater o predomínio do clero na sociedade.
1954: “O Malhete” SP, mostra seu ódio contra o clero.
O Almirante Benjamin Sodré afirmou que não há incompatibilidade entre M e Ig: “sou católico convicto e m.
dedicado”.
1966, outubro: O episcopado escandinavo concedia aos m que desejassem entrar na Ig. permissão de
continuarem com sua loja. A S. Sé teria autorizado a permanência a organização m às pessoas convertidas ao cat., com
intenção de modificar profundamente a atual disciplina canônica . REB, junho 1948, p 488: “pelo competente dicastério
da S. Sé, estamos autorizados a desmentir tais informações de fundamento”.
Não é indiferente a inscrição de um cat. na M, segundo o Pe. Jesus Hortal. A CNBB não está convencida de
que as lojas m sejam leais ou não contrárias à Igreja.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
26/11/83: Sagrada Congregação para a doutrina afirma que a incompatibilidade entre a doutrina m e a católica
e a pertença à Igreja. Os católicos que se inscreverem na m cometem objetivamente uma transgressão grave – DC 1373.
Entretanto a Igreja não expulsa seus filhos que se tornaram. Acolhe-os. Não os discrimina.

7.3 – PARECER DA IGREJA CATÓLICA QUANTO A UM FIEL PERTENCER À MAÇONARIA:


DOM LÉLIS LARA

Coronel Fabriciano, 21 de novembro de 2004.

Prezados leitores:

Tenho recebido muitas consultas sobre Maçonaria, por exemplo, se um católico pode se inscrever na
Maçonaria, se um maçom pode comungar e outras.
Achei oportuno escrever este artigo sobre a matéria, imaginando que muitas pessoas também tenham as
mesmas dúvidas e queiram se esclarecer. Para muitos a Maçonaria é uma entidade filantrópica, semelhante a um clube
de serviço como Rotary e o Lions. Para esses poderia parecer implicância da Igreja Católica vetar aos seus fiéis o
ingresso na Maçonaria.
Na realidade a Maçonaria não é mera entidade filantrópica. Ela se apresenta também como instituição com
princípios filosófico-religiosos.
Por diversas vezes, ao longo dos séculos, a Igreja católica condenou a maçonaria.. Nunca ficaram muito claras
as razões aduzidas para essas condenações. Podemos talvez dizer que a Igreja condenava a Maçonaria por ser sociedade
suspeita de heresia e de maquinar contra os poderes instituídos e contra a própria Igreja.
Com essa última conotação foi introduzida no antigo Código de Direito Canônico uma pena de excomunhão
para os que ingressarem na Maçonaria.
Ficou claro para a igreja hoje que a Maçonaria é uma entidade com princípios filosófico-religiosos
inconciliáveis com a doutrina cristã. Já não se considera o aspecto de “maquinação contra a igreja “. O novo Código de
Direito Canônico não faz nenhuma referência à Maçonaria.
O Episcopado alemão, após seis anos de estudos, concluiu pela inconciliabilidade entre a igreja Católica e
Maçonaria, pelos seguintes motivos:

a) o relativismo e o subjetivismo são convicções fundamentais na visão que os maçons têm do mundo;

b) o conceito maçônico da verdade nega a possibilidade de um conhecimento objetivo da verdade;

e) o conceito maçônico da religião é relativista: todas as religiões seriam tentativas, entre si competitivas, de
anunciar a verdade divina, a qual, em última análise, seria inatingível. Tal conceito de religião implica uma
visão relativista, que não pode conciliar-se com a convicção cristã; o conceito maçônico de Deus (Grande
Arquiteto do Universo) é uma concepção marcadamente deísta: um “ser” neutro, indefinido e aberto a toda
compreensão possível e impessoal, minando o conceito de Deus dos católicos e da resposta ao Deus que os
interpela como Pai e Senhor;

e) a visão maçônica de Deus não permite pensar numa revelação de Deus, como se dá na fé e na tradição de
todos os cristãos;

f) a idéia maçônica de tolerância deriva de seu relativismo com relação à verdade. Semelhante conceito abala a
atitude do católico na sua fidelidade à fé e no reconhecimento do magistério da Igreja;

g) a prática ritual maçônica manifesta, nas palavras e nos símbolos, um caráter semelhante ao dos sacramentos,
como se, sob aquelas atividades simbólicas, se produzisse algo que objetivamente transformasse o homem;

h) o conceito maçônico acerca do aperfeiçoamento ético do homem é absolutizado e de tal modo desligado da
graça divina, que já não resta espaço algum para a justificação do homem, segundo o conceito cristão;

i) a espiritualidade maçônica pede a seus adeptos uma tal e exclusiva adesão para a vida e para a morte, que já
não deixa lugar à ação específica e santificadora da igreja. Esta fica, de fato, sobrando.

No dia 26 de novembro de 1983, a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, deu uma declaração,
reafirmando o “parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram
considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas “. Quem der o seu
nome à Maçonaria, diz a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, está em pecado mortal. “Teria sido mais exato
dizer que pratica uma transgressão objetivamente grave”
(Pe. Jesús Hortal, Nota ao cân. 1.374 do Código de Direito Canônico).

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA

Outras denominações cristãs aos poucos vão chegando à mesma conclusão que
a Igreja Católica. Entre outros, citamos a igreja Anglicana da inglaterra, a Igreja Metodista da Inglaterra, a Igreja
Presbiteriana da Escócia, a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil.
Como devemos agir na prática pastoral?
Parece-me que, de modo geral, em nossa região, a Maçonaria é considerada
como uma espécie de clube de serviço, mais ou menos à semelhança do Rotary Club e Lions Club. Muitos de nossos
fiéis, mesmo agentes de pastoral e outros bem engajados e participantes, são membros da Maçonaria. Estes dizem que
não estão percebendo nada que contrarie a doutrina católica. Caso percebam contradições entre princípios da Maçonaria
e doutrina da igreja Católica, devem fazer sua opção. Se, neste caso, optarem pela Maçonaria, já não serão católicos.
Se alguém nos consultar sobre se pode aceitar o convite para ingressar na Maçonaria, creio que devemos
dissuadi-lo de aceitar tal convite, porque não há razões que justificam o ingresso de um católico na Maçonaria.

Com o abraço fraterno, Dom Lelis Lara, CSsR.

8 – RELIGIÕES PROFÉTICAS
RELIGIÕES PROFÉTICAS OU REVELADAS: MUÇULMANOS – JUDEUS E CRISTÃOS.

As religiões proféticas acreditam que Deus se lhes revela através de pessoas, de fatos, da história, da natureza.
Deus vem a eles. Deus lhes fala. Deus os ama. Deus os corrige. Deus está presente em sua história.
As religiões proféticas começaram a existir com Abraão, cerca de 1850 anos antes de Cristo.
São 3 as religiões proféticas: MUÇULMANOS, - JUDEUS E CRISTÃOS.

8.1 – MUÇULMANOS

ISLAMISMO – MUÇULMANOS – PALESTINOS – MAOMETANOS


ISMAELITAS – FILHOS DE AGAR E DE ABRAÃO

- Islamismo quer dizer: Abandono a Deus.


- Maometismo: criado por Maomé.
- Muçulmano = verdadeiros crentes.
- Fundação: 622 dC em Meca, Arábia Saudita – no tempo da Hégira: fuga.
- Fundador: Maomé, Mafona, analfabeto.

- Muçulmanos: 1,2 bi
- Cristãos: 1,759 000 000
- Protestantes: 600 milhões +
- Católicos: 1,2 bi
- Judeus: 19.400 000
- Budistas: 338 milhões.
- Hinduístas: 1 bilhão.

- Os muçulmanos estão especialmente no O. Médio – África – Ásia e espalhados pela Europa e América.
- Maomé, numa gruta, teria tido visões e revelações recebidas de Alá (Deus), perto de Meca. Seus secretários
escreveram o Alcorão: 114 capítulos = suratas. Foi ditado por Deus.
- Deus: há só Um. Todo Poderoso. Absoluto. Deus ordena tudo previamente. Tudo está escrito. Não há estímulo para
o progresso material. Se sou rico ou pobre, é porque Deus assim o quer.
- Céu: Deus manda os justos para o céu: jardim de delícias, de prazeres, virgens à disposição dos homens etc.
- Inferno: Os maus vão para o inferno: sofrimento, vento quente, escuridão, fumaça.
- Juízo final: será inaugurado por Jesus. Antes do final, virá a restauração do Islã. Todo o mundo será islamita.
- Os demônios são seres espirituais.
- Guerra Santa: Maomé precisava defender-se dos habitantes de Meca e organizou um exército. Isso custou muito
caro. Gabriel orientou-o no sentido de assaltar as caravanas. Bem sucedido, viu nisso a aprovação divina. Venceu Meca.
Impôs-lhe sua religião. Alá o aprovou. Daí que, quem morre neste tipo de guerra santa vai direto para o céu. Os outros
devem esperar até o fim dos tempos. Hoje é uma guerra espiritual.
- Poligamia: O homem tem o direito de possuir quatro mulheres. Maomé teve nove. Aceita o divórcio. A mulher não
tem direitos contra o marido. Seu adultério é pago com a morte. Maomé pede que o homem seja bom para com a
mulher.
- Em algumas regiões mais fechadas a mulher é escrava. Nem podem ir às Mesquitas. Têm alma? Devem ficar dentro
de casa. Ao sair: cobrir o rosto.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
- Circuncisão: para homens e mulheres.
- MUEZIN: Aquela pessoa que convida, do alto do minarete, em voz forte, os fieis para a oração.
- Mesquitas: lugar sagrado para oração. Sem cadeiras, imagens nem instrumentos musicais. Somente tapetes.
Especialmente para homens. Antes de entrar: purificar-se.
- Não há clero, bispo ou papa, ou Concílio. Há apenas teólogos eruditos para interpretar o Alcorão.
- Sexta-feira: dia de oração. Na Mesquita se houver pelo menos quarenta pessoas.
As cinco principais obrigações religiosas:
- 1) A profissão de fé: Alá é Deus e Maomé o seu profeta.
- 2) Cinco vezes por dia rezar. Antes das orações: purificar-se. Voltado para Meca.
- 3) Esmola. Hoje o fazem quando vão a Meca.
- 4) Jejuar no mês de Ramada, desde o surgir até o desaparecer do sol. Desde os quatorze anos.
- 5) Peregrinação a Meca: uma vez na vida. Na Arábia, se reúne em Arafate, 20 km de Meca. Veste-se de branco.
Dirige-se Muzdalifa, a seis km de Meca. Depois de se purificarem, vão para Meca. Seguem este ritual:
a) Sete voltas ao redor da Casa Santa.
b) Beijar a Pedra Negra.
c) Beber a água Zenzem.
- Ir e voltar correndo entre as duas colunas: Safa e Al Marva.
- Rosário: 99 contas. Enquanto caminham, dedilham o Rosário, dizendo nomes de Alá.
Revelações vindas de Deus:
1a veio com Moises. Livro do Êxodo da bíblia.
2a veio com Jesus – um pouco melhor. Evangelhos.
3a veio com Maomé: a melhor de todas. – Alcorão.
- Conversão: Considera os cristãos idólatras, porque adoram deuses, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
- Religião e política: identificam-se. Seu governo é teocrático.
- Não se pode ser um bom cidadão sem ser um bom muçulmano.
- Moral: facilitada pela poligamia.
- Severo com quem abandona a fé maometana.
- SUNITAS X XIITAS: Iraque.
- Sunitas: ortodoxos. Conservam a tradição = Suna, conjunto de tradições, completando o Alcorão.
- Xiitas: Estão concentrados na Pérsia. Dizem que Maomé é o último dos profetas. Há outros: o seu filho adotivo e
genro: Ali e dois filhos de Ali: Hassan e Hossein, martirizados pela fé. Sua morte é comemorada como a Semana Santa.
Uma religião só para homens.
- Mês de Moarram: consagrado a essas recordações sangrentas.
- Seitas: Sifismo (data do século VII, Místico. Desenvolveu-se mais na Pérsia.)
- Os SIKKS: da Índia, desde o século XV. É a fusão do hinduismo com o muçulmano.
- Os Wahhabita: radicais – contra o culto das relíquias. Austeros.
- BAHAISMO: igualdade – fraternidade – apresenta-se como a religião da união de todas – universal.
- CALENDÁRIO: Ano 1 = 622 de nossa Era – fuga de Maomé de Meca para Medina.
- CRISTO E MARIA: Jesus, um grande profeta Jesus: não é divino – é um profeta – precursor de Maomé.
- Maria é a mãe do Profeta. Os muçulmanos elogiam muito a mãe de Jesus pela sua pureza.
- Maria: uma pessoa especial, santa, escolhida por Deus para ser a mãe do Profeta.
- A prima de Maomé, Varaka, o instruiu sobre o cristianismo. Ouviu o NT. Convenceu-se de que a Arábia necessitava
de um Profeta e dirigente, que seria ele mesmo.
- Sexta-feira é o dia semanal sagrado de oração e de descanso.
- Bíblia: fonte de revelação. Maomé copiou muito do AT para elaborar o alcorão.
- Todos os povos que não têm religião superior: devem se submeter ao Islam.
- Judeus e cristãos: devem lhe pagar impostos, quando vivem no meio dos Muçulmanos.

JUDEUS X ÁRABES. Leia-se e analise-se Gn 12 ss.

- Gn 12: a briga começa na casa de Abraão: Sara estéril X escrava Agar com o filho Ismael, de Abraão.
- Agar é expulsa de casa: Gn 21. Daí vai surgir um povo do qual Maomé lança mão para formar o Islamismo.
- Ismael, em fuga, com a Mãe Agar, no deserto, procurando água, fura na areia um buraco, de onde brota água.
- Abraão construiu ali um Templo (KAABA) no qual colocou a Pedra Negra, que Adão e Eva tinha levado ao serem
expulsos do Paraíso e que tinham passado de geração em geração até chegar a Abraão.
- De Ismael descendem os Árabes.
- De Isaque descendem os Judeus.
- Jesus nasceu da família judaica.

Quando os hebreus - (do outro lado do rio) - se tornavam dominados pelos egípcios, assírios, babilônios,
persas, gregos, selêucidas e romanos, puderam sempre manifestar sua fé e sua cultura. Não eram dizimados como
costumavam fazer, quando venciam algum povo.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
Jerusalém já existia havia cerca de mil anos quando Davi ali chegou e a invadiu. Entretanto, Jerusalém foi
tomada e se tornou a capital dos judeus. Hoje a capital civil é Tel Aviv. Mas Jerusalém é o lugar sagrado, onde se
encontra o Templo construído por Salomão, destruído pelos babilônios 586 aC e pelos romanos – 70 dC.
Conta-se que foi na área do Templo, Monte Moriá, que Abraão teria ido sacrificar o seu filho Isaque.
Diferentemente, os mulçumanos acreditam que foi desse lugar que Maomé partiu para o seio de Alá. Por isso
construíram no lugar do templo sagrado e destruído as mesquitas de Omar e El Aksa.
No ano 131 os romanos expulsaram os judeus de suas terras, fazendo acontecer o que nós conhecemos como diáspora.
Na Idade Média os judeus eram perseguidos por pertencerem à raça que matou a Jesus.
No século XIX os judeus foram perseguidos na Rússia. Refugiaram-se na Alemanha, Polônia e Tchecoslováquia.
Em 1870 os judeus pedem ajuda financeira e militar à Inglaterra e a judeus milionários para retornarem para a
Palestina - (nome originado de Filisteus, ou filistins, inimigos incircuncisos primeiros moradores do sudoeste da terra
dos cananeus).
Depois da Primeira Guerra, a Palestina se transforma em um Protetorado Inglês, quando havia apenas 2% de
judeus e 95% de mulçumanos. Os Judeus compraram, então, barato, muitas propriedades dos moradores autóctones
palestinos.
Em 1947 a Palestina teve suas terras demarcadas. Em 1948 foi criado o Estado de Israel, privilegiando a
situação total dos judeus sobre os muçulmanos, hoje chamados de palestinos.
A Palestina foi dividida depois da 2a Guerra Mundial, ficando, pela resolução 181, 56% para os palestinos e
44% para os judeus. Os judeus conseguem 78% das terras palestinas em 1948, restando apenas 22% para os palestinos.
Em 1967, com a guerra dos Seis Dias, os judeus ocuparam 100% das terras palestinas: Cisjordânia –
Jerusalém, Sinai, Gaza, Golan. Praticamente a autonomia palestina ficou anulada. Foi estabelecido um controle militar
severo para todas a cidades e ruas onde morassem palestinos. Os judeus podem ter imprensa, controlar a mídia mundial,
armas pesadas, tanques, fuzis, exército contra os palestinos que têm apenas pedras e alguns fuzis. A ONU – cujos
líderes geralmente são judeus - é controlada pelos USA e Inglaterra e não querem demarcar as terras palestinas de um
modo racional, justo, dando a cada um o que lhe pertence.
Paz, Shalon, Peace, Pace, Paz: um desafio para a humanidade. A guerra não acontece somente no O.M. A
imposição injusta sobre os palestinos atinge também os Países em desenvolvimento da América Latina. Argentina,
Brasil e o Caribe hoje têm milhões de filhos, mais do que no O.M., morrendo de fome por causa da política neoliberal
imposta a nós pelos Bancos e FMI.
Está na hora de percebermos que o conflito do Oriente Médio é, na realidade, uma guerra que está provocando
no mundo inteiro mortes por bombas, tanques e mais profusamente por fome, desemprego, prostituição, alienação
religiosa, servilismo, provocado pelo sistema econômico mundial escravizante. É uma guerra que ajuda a classe
dominante em vendas de armas e até de remédios. É o Golias bem armado contra o menino desarmado, num gesto
truculento de força dominante a espalhar medo e escravidão.
Entretanto, o dia onze de setembro de 2.001 pode ser um símbolo inicial de algo novo em que Davi vence o
Golias e o Menino vence o Dragão. Quem é a Besta do Apocalipse: Sadan, Bush, Blair, Palestinos, Judeus?
Sabendo que a guerra somente provoca desastres, está na hora de vivermos a Bem-Aventurança: “bem-aventurados os
que promovem a paz” – Mt5,9. “Si vis pacem, para pacem”.

8.2 – JUDAÍSMO

JUDEUS – SEMITAS – HEBREUS – POVO ESCOLHIDO – FILHOS DE ABRAÃO E SARA

Início: 1850 aC com Abraão e Sara. Sua bíblia tem 39 livros, somente do Antigo Testamento. Tora – Nebin ou profetas:
anteriores e posteriores. Ketubin ou escritos
1300: Moisés – saída do Egito – Êxodo.
Josué: as doze Tribos: Judá, Ruben, Dã, Gad, Aser, Neftali, Manasses, Simeão, Levi, Issacar, Zabulon, José = Efraim,
Benjamim.
Juizes:Débora, Sansão, Jefté, Gedeão, Samuel.
Reis: Saul, Davi, Salomão, Roboão, Jeroboão, Omri, Acab, , Josafá, Acaz, Ezequias, Josias, Jeconias, Zorobabel.
722: invasão do Norte de Israel, Samaria, pela Assíria.
586: Exílio para a Babilônia
538: Ciro, rei dos Persas, permite aos hebreus retornar para Jerusalém.
333: Alexandre Conquista a Pérsia, incluso a Palestina.
63: Os romanos dominam os gregos, incluso a Palestina.
+ ano –6 aC nasce Jesus.
Profetas: Isaias, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Jonas, Miquéias, Sofonias, Abdias etc.
O judaísmo preservou o MONOTEÍSMO. Defendeu a moral e a fidelidade a Javé, Tora, a Lei. Criticou os falsos
deuses. Defendeu o projeto igualitário e justo.
Mantém a circuncisão como um sinal de pertença, de consagração, de compromisso.
Guarda o sábado como dia semanal sagrado.
Páscoa: celebra a libertação: ervas amargas, pão ázimo, cordeiro-Êxodo 12 ss.
Seitas: fariseus, saduceus, escribas, essênios.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
Festa da criação: O ano 2008 da era cristã os judeus comemoram o ano 5789 da criação do mundo.
Yon Kipur: dia do perdão e do arrependimento.
Hoje: existe o Judaísmo ortodoxo, extrema direita – tradicional-conservador – reformador, tendo a Lei como fonte de
ética – e judaísmo liberal.
Festa da SHAVUOT: celebra o encontro de Deus no Sinai com Moisés.
Sucot: festa que relembra os 40 anos passados no deserto, Lv 23,40.

8.3 – ORIENTE MÉDIO – CONFLITOS PALESTINOS E JUDEUS

JUDEUS-CRISTÃOS-MUÇULMANOS: GÊNESIS 12,SS


IRMÃOS-DESCENDENTES DE ABRAÃO

Quantos somos?
- Judeus: 19.400.000
- Muçulmanos: 1.200.000.000
- (católicos e as demais denominações cristãs: 1.760.000.000.
- Católicos:1,2 bi.
- Os católicos crescem 20 milhoes por ano.

O MUNDO GLOBALIZANTE E NEOLIBERAL ESTÁ SE TORNANDO UMA VERDADEIRA


BABILÔNIA CONFUSA, AGRESSIVA, INJUSTA, COVARDE, INSENSÍVEL À DOR HUMANA. POUCOS TÊM
MUITO. MUITOS NADA TÊM. O CONFLITO DO ORIENTE MÉDIO É APENAS UM ASPECTO DE TODA
UMA GUERRA DOS MAIS FORTES CONTRA OS MAIS FRACOS, ATINGINDO O MUNDO INTEIRO.

A leitura do Apocalipse de João, especialmente 18, faz-nos pensar que o autor do livro estava diante das Torres
do World Trade Center, em Nova York, A Nova Roma, a Nova Babilônia, A BESTA do Apocalipse. A queda das
Torres, na verdade, simboliza a queda de um poder que já não tem mais muita consistência moral – Daniel 8 - Sofonias
3,6 – Miquéias 4,8. Os oprimidos começam a se organizar. Respondem com violência aos ataques dos poderosos. A
destruição do destruidor é inevitável. Inocentes estão pagando pela ignorância dos adultos. Entretanto, o Príncipe da
Paz, Jesus anunciou a paz em Jerusalém - (cidade da paz). A criança vence o dragão que queria devorá-la, Apocalipse
12.
Não haverá paz sem justiça. Não haverá paz sem perdão. A religião não justifica a violência. O ideal bíblico é
o que reza o salmo 84,11: “justiça e paz se abraçarão”.
Abraão - (pai de muita gente) - ano 1850 aC caldeu, de Ur, hoje Iraque, tendo vivido entre pagãos politeístas, - Gênesis
12 ss - descobriu a fé nUm Único Senhor. Com Sara (princesa), Abraão partiu para a terra de Canaã, onde se inicia a
formação do povo escolhido por Deus.
Ismael - (aquele que Deus ouve) - nasceu da escrava Agar - (egípcia – estrangeira), expulsa para a Arábia, da
qual foi nascendo um povo, hoje identificado como árabe, islamita, palestino ou muçulmano.
Isaque – (riso) nasceu de Sara e foi considerado como o filho legítimo da promessa. Casou-se com Rebeca – (aquela
que cativa), de quem nasce Esaú – (cabeludo) e Jacó – (enganador), chamado também Israel- (aquele que luta com
Deus). De Esaú nasceram os edomitas – (vermelhos) inimigos terríveis de seus primos, os judeus.
Os judeus herdaram seu nome de Judá (louvor), quarto filho de Jacó e Lia (vaca brava).
O povo judeu nasceu entre conflitos. Foi o único povo que, nas guerras, costumava fazer o massacre total dos vencidos,
dado que eles não admitiam outras raças como dignas de viver. Os outros povos, quando venciam em suas guerras,
aproveitavam o que lhes pudesse servir como riquezas, mulheres bonitas e homens fortes para o trabalho.
Deuteronômio 20: propõe a “paz”, sinônimo de o inimigo aceitar ser escravo submisso. Se não aceitasse a
“paz”, o inimigo deveria ser dizimado, em nome de Deus. Dt 2 mostra o massacre, o extermínio e o genocídio dos
edomitas moabitas e seonitas. Os judeus, pelas suas invasões de terras eram acostumados com massacres, extermínios e
matanças em massa de seus inimigos em nome de Deus. Saul – pedido a Deus - foi punido por ter poupado o rei
amalecita Agag e alguns bens materiais – I Samuel 15. Os antigos moradores da terra de Canaã, os cananeus, os heteus,
os amorreus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus foram sempre perseguidos pelos judeus.

8.4 – O CRISTIANISMO

O cristianismo nasceu dos judeus, do AT. Jesus é o Messias anunciado pelos profetas. Sua ressurreição é um
sinal de que podemos ter Fé, Esperança e Caridade. Jesus venceu a morte. Paulo começou a evangelizar os gentios.
Pedro evangelizou suas próprias comunidades.
Jesus nasceu mais ou menos no ano –6 da era cristã. Deve ter vivido uns 33 anos. Logo depois de sua morte e
ressurreição, os cristãos receberam o Espírito Santo e assim nasceu a Igreja – Veja-se o livro dos Atos dos Apóstolos.
Muitas heresias confundiram os inícios do cristianismo:
Arianismo: 25 - negavam que Jesus é Deus feito homem.
Nestorianos: 431 – afirmavam que Jesus tem só a vontade divina, que assumiu a sua vontade humana.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
Monofisitas: 451 – Afirmavam que Jesus tem uma só natureza, a divina. Negam a verdadeira humanidade de
Cristo. Ela é apenas aparente.
Os Coptas, do Egito, e os armênios não aceitam o Concílio de Calcedônia (451) que condenou o monofisitismo
de Eutíquio.

MORRER É RESSUSCITAR.

“Quero ver a Deus e para vê-lo é preciso que eu morra” - Santa Teresa de Ávila.
“Morituri mortuis”: (os que vão morrer saúdam aos que já morreram). Essa é a frase escrita no frontispício da
porta de entrada do cemitério do Bonfim em Belo Horizonte. Pessoas novas, jovens ou velhos: sem exceção, TODOS
morreremos. Não somos deuses. Morremos. Somos mortais. Todos nós vamos morrer. Ninguém escapa. Crendo em
Deus ou não, aceitando-O ou zombando dEle, todos nós nascemos, crescemos, nos envelhecemos e morremos. Algumas
pessoas, por algum acidente involuntário, morrem mais cedo.
São Bernardo dizia que a morte é a porta da Vida. Aceitamos a morte como um nascimento para a vida
definitiva. Santo Afonso se perguntava: “que melhor penitência existe do que aceitar com resignação a morte, se Deus
assim o quer?” E rezava: “Senhor, fazei-me morrer porque, se não morro, não posso vos amar e vos ver face a face.” E
mais: “faz parte da nossa limitação o ser privado de parentes e amigos pela morte.”
A morte é o término de uma missão terrena. A palavra defunto, significa: cumpriu o dever, do verbo latino:
defungor – cumprir o dever. Para os que crêem em Cristo a morte abre-nos as portas da vida definitiva. A vida não é
aniquilada, mas transformada. Feliz de quem, durante a vida, escutou e cumpriu a vontade de Deus: Mt 24,42-44; 25,
13; Lc 12, 12-36; Mc 14,38.
O termo cadáver significa: carne dada aos vermes. Cremos que somos corpo e alma. O homem é um ser
racional composto de corpo e alma. A verdadeira e definitiva vida não é a terrena, mas a eterna. Na morte acontece o
desenlace entre o corpo químico e a alma espiritual. O corpo é o cadáver, perecível. A alma espiritual, após a morte,
continua viva, participando da Vida Divina.
Morremos uma só vez: Hb 9,27, porque vivemos uma única vez. O cristão crê na ressurreição e não crê na
reencarnação. O cristão não entende os que tentam falar com os mortos, vê-los ou invocá-los: Lc 16,19-30. O cristão
respeita os outros modos de pensar sobre a morte. Respeita a crença da reencarnação, mas não acredita nela: Hb 9,27.
Crê em Jesus, a Ressurreição e a Vida.
A vida continua depois da morte. A morte terrena não é o fim de tudo: Lc 23,43 e sim a passagem para a vida
definitiva: II Cor 5,6-8. A palavra cemitério significa dormitório, lembrando que os mortos estão vivos, como que
dormindo, aguardando o chamado final da Ressurreição. Vivos em Cristo, os defuntos podem até rezar a Deus por nós.
Jesus morreu porque assumiu em tudo a condição humana. Carregou os nossos pecados: I Pd 2,24. Viveu o
drama do sofrimento: Mc 14,32-34. Assumiu a morte como conseqüência de sua missão terrena: Jo 10, 17-18. Pela
ressurreição Cristo venceu e tragou a morte: Rm 6,8-11. Jesus ressuscitou para nunca mais morrer: I Cor 15,20.
Ressuscitar é passar da morte para a vida. É tornar-se desde agora nova criatura em Cristo. É sair do ser nada
para o Ser tudo em Cristo. Jesus livrou-nos da morte. Cremos que se estamos com Cristo agora, já estamos nos
tornando nova criatura e estamos ressuscitando para uma nova vida. Assim, ao invés de temermos a morte, devemos nos
preparar, ressuscitando desde agora com Cristo para a justiça, o amor e a paz.
Rezamos pelos mortos por alguns motivos: Agradecer a Deus por eles, sabendo que Deus está acima do tempo
e do espaço. Pedir a Deus por eles: I Pd 1,3-9; II Mc 13,33-37. Preparar-nos para a nossa volta definitiva ao Pai.
Converter-nos enquanto é tempo. Aprender dos falecidos a ser sal, luz e fermento de Cristo aqui e agora. Rezamos pelos
mortos, mas não os incomodamos, querendo invocá-los ou chamá-los de volta. Cremos que os mortos não voltam à
terra. Cremos que eles rezem por nós junto de Cristo.
Cremos que não se salva somente quem não o quer. Santo Agostinho disse que “Deus te criou sem ti e não te
salvará sem ti”. Os méritos de Jesus são infinitos. Jesus veio buscar o que estava perdido, ou seja, os pecadores
convertidos. Ele veio para que todos tenham vida e vida em abundância: Jo 10,10. Nossa resposta a Deus consiste na fé
e nas obras, dando continuidade à missão de Jesus.
A vontade de Deus é que todos morramos, como que retornando a Ele na hora certa. Santa Catarina de Sena
afirmava que, quando Deus permite a morte trágica de alguém é para livrá-lo da morte eterna.”Quem morre criança, de
acidente ou assassinado, certamente não está morrendo por vontade de Deus, pois, a morte prematura ou provocada que
são contrários ao plano de Deus”, se bem que o importante não é viver muito mas viver com muito amor.
Podemos visitar os cemitérios, enfeitar as tumbas e acender velas. Tudo isso simboliza nossa saudade,
amizade, carinho e respeito pelos falecidos que já retornaram ao Pai, rezam e esperam por nós.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
8.4.1 - Igreja Oriental – Ortodoxa – Russa – Grega X Ocidental – Roma

Desde o tempo de Constantino houve alguma diferença entre Constantinopla e Roma, pois cada uma reclamava
para si o privilegio de sediar o centro do cristianismo no mundo. Em 1054 houve a divisão, o cisma, entre o Oriente e o
Ocidente. Os orientais não aceitam o Papa de Roma, não aceitam imagens e os seus padres podem se casar.
Os cristãos estão espalhados no mundo inteiro, há dois mil anos. Hospitais, creches, obras sociais, Vicentinos,
lutas pela justiça social, escolas e universidades, escolas teológicas e bíblicas são algumas manifestações da presença
dos cristãos no mundo.
Hoje inúmeras denominações evangélicas estão nascendo. Muitas delas fazem o bem, outras são até utilizadas
por fins eleitoreiros.
O Papa Paulo VI em 1967 visitou a Turquia e a Grécia, fortalecendo o ecumenismo, procurando dialogar com
a Igreja Oriental Ortodoxa, fazendo público um pedido de desculpas pelos acontecimentos históricos que provocaram o
Cisma de 1054. O Patriarca Atenágoras, Oriental, igualmente pediu desculpas à Igreja Católica, tirando-lhe a
excomunhão imposta por ocasião do Cisma.
O CONIC, Conselho Nacional das Igrejas Cristãs faz trabalho ecumênico no Brasil, tentando unir as Igrejas
Cristãs em momentos de oração, de fé e de ações em favor do bem social: Igreja Luterana, Metodista, Católica,
Anglicana entre outras.

8.4.2 - Uma papisa uma mulher que se tornou Papa?

A história da Igreja tem muitas curiosidades que intrigam a nossa imaginação. Os Papas são alvo de estudos,
de críticas, de calúnias e de controvérsias. Dizem que já houve até u’a mulher que se tornou papa, ou melhor Papisa,
com o nome de João VIII.
Vejamos a história: Carlos Magno morreu em 850. Era o monarca das terras que posteriormente se tornariam a
França e a Alemanha. Seu filho Luis II sucedeu-lhe no trono. Morrendo Leão IV, o palácio imperial escolheu não
legitimamente o ambicioso e douto Anastácio, que deveu renunciar em favor de Benedito III, - ano 855-856 - eleito
papa legalmente, sucessor de Leão IV.
Surgiu dessa época a lenda da papisa JOANA. Leão IV teria sido substituído por uma papisa com o nome de João
VIII. Seria a tal então lendária papisa uma moça, de origem inglesa, da Mogúncia, disfarçada em homem, ela teria
conseguido estudar no seminário e se formar padre e ser bispo. Veio de Atenas para Roma, onde teria sido eleita papisa.
Entretanto há muitos dados que desmentem essa lenda.
- Não se demarcou uma data precisa para esse pretenso papado feminino. Diz a lenda que a falsa papisa, em uma
procissão, teria entrado em trabalho de parto, sendo descoberta, assustando a todos e morrendo em seguida.
- Leão IV foi substituído por Benedito III e não pela “papisa” João VIII.
conforme documentos comprobatórios da história da Igreja.
- Existem moedas com o nome do Imperador Lotário e do papa Benedito III, sucessor do Papa Leão IV.
- O Imperador Lotário morreu em 28/09/855.
- Há um diploma de Benedito III, para o mosteiro de Córbia, com a data de 07/10/855.
- Benedito II foi sucedido pelo Papa - 858-867. Foi um importante papa, inclusive eleito na presença do
imperador Luis II. Foi o único Papa existente entre Gregório I e Gregório VII. Foi um Papa doce, mas severo,
amado pelos reis e querido pelo povo.
- Adriano II – ano 876-872 - sucedeu ao Papa Nicolau.
- João VIII – 872-882 - sucedeu a Nicolau. Foi fraco, inábil e se deixou dominar por Carlos, o Gordo, filho de
Luís, o Teotônio.
- A João VIII sucedeu Marino I,
- A lenda só apareceu em 1250, trezentos anos depois das datas propostas para o reinado da papisa lendária. As
lendas são tradições orais ou narrativas populares que envolvem acontecimentos fantásticos, exagerados e até
falsos, não merecendo crédito.
- Não há nenhuma notícia ou documento histórico sobre a lendária papisa daquela época.
- Não há prova científica e histórica da existência da pretensa e falsa papisa João VIII.
- São Paulo disse: “somos feitos espetáculos para o mundo – I Cor 4,9”.

8.5 – INQUISIÇÃO

A história da Igreja propõe reflexões, críticas, perguntas e censuras. Creio que tudo isso é válido, desde que se
analise todo o contexto e não apenas fatos isolados de sua realidade cultural. A Inquisição, ou Santo Ofício, causa
polêmicas e serve de instrumento para combater a Igreja hoje e sempre, pois não se tem uma visão de conjunto nem das
conjunturas históricas.
A Inquisição foi, na verdade, um Tribunal Eclesiástico da Idade Média, constituído para julgar os hereges e
suspeitos de se desviarem da ortodoxia da cristandade. Julgava os que se posicionavam contra a fé e a unidade do
cristianismo, que incluía a cultura, a política, o reinado e a religião.

62
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
Desde o século IV havia Órgãos encarregados de censurar o que não parecesse de acordo com a visão cultural
da cristandade. Seu auge se deu no século XIII. Entrou em declínio, até ressurgir em novos moldes na Espanha e em
Roma, onde se tornou forte.
As dissensões provocadas pelas investiduras - entre a Igreja e o Estado - que culminaram no início do século
XII, eram causadas pelo fato de os Reis quererem impor sua vontade, escolher bispos e papas e usar a Igreja
politicamente para seu bem estar pessoal ou de seu País, tendo a Igreja como um prolongamento de seu Poder Civil, o
que foi conhecido com o nome de cesaropapismo.
Na Idade Média, no regime de cristandade, a cultura, a religião, e o governo civil constituíam um só bloco. Não
se imaginava Igreja separada dos costumes, do Governo e do povo. As Universidades bem como as Cruzadas,
organizadas para resgatar os lugares santos da Palestina, foram criadas pelo regime de cristandade.
Os hereges eram sintomas de revoltas sociais. Ameaçavam quebrar o sistema de cristandade. Por isso, eram
perseguidos, julgados e até mortos.
Na segunda metade do século XII houve muitas execuções, condenações a morrer na fogueira ou pelo
estrangulamento. Não havia um tribunal especializado para esses tipos de condenação. A Igreja julgava e o Estado
executava. No Concílio de Verona, ano de 1184, a Igreja exigiu providências severas contra as manifestações
cismáticas, para se evitarem divisões no regime de cristandade.
Em 1229, diante dos fracassos das medidas de repressão contra os Albigenses, - (cátaros, maniqueus,
paulicianos, bogomilos, anti-eclesiásticos, gazzari, patareni, dualistas) - o Sínodo de Toulouse decidiu instituir o
Tribunal contra os hereges.
Em 1231 o Papa Gregório IX criou o Tribunal da Inquisição, entregue aos Dominicanos, para investigar,
prender e julgar todos os suspeitos de heresia.
O Tribunal atuou no sul da França, no norte da Itália, no Reino de Aragão e na Alemanha. Na Inglaterra não foi
implantada a Inquisição. Os hereges Lolardos, discípulos de Lollard, queimado na fogueira em 1320, destacando-se pela
austeridade de costumes, foram condenados por um Edito do Rei Henrique IV.
O Papa Gregório IX organizou um manual prático dos inquisidores. Havia também o Diretório dos
inquisidores de Frei Nicolau Ermerich. Mulheres e crianças e escravos serviam como testemunhas de acusação e nunca
de defesa. O condenado, acusando algum parente, poderia ser beneficiado. O crime de judaísmo consistia em se praticar
a religião judaica. Eram ainda crimes a feitiçaria, a usura, blasfêmia, bigamia e sodomia. Aceitavam-se denúncias
anônimas. O acusado era preso, interrogado e não informado sobre o motivo de sua condenação. O nome dos
acusadores era mantido em segredo. O advogado de defesa era indicado pelo Santo Ofício. Os réus que se declaravam
culpados podiam ser reconciliados com a Igreja. Se fossem absolvidos, deveriam assinar um termo, jurando nada
revelar do que lhes acontecera nos julgamentos. Se falassem algo, deveriam ser mortos. Muitos arrependidos eram
condenados às galés. As prisões perpétuas foram convertidas para uma reclusão de oito anos, desterro, confinamento,
ter sua casa destruída, confisco dos bens, penas para os descendentes por várias gerações. Eram ainda proibidos de usar
seda, portar armas ou andar a cavalo. O sistema repressor era bem mais suave do que daquele que vivemos no Brasil
entre 1964 e 1980.
Os Autos-de-fé consistiam em se publicar as sentenças dos condenados.
Quem não reconhecia seu “crime” era entregue ao “braço secular”, o Governo, para a pena capital. Alguns
Papas condenaram severamente e prenderam inquisidores torturadores.
Na Espanha, Isabela e Fernando de Aragão conseguiram do Papa Sisto IV, ano de 1478, o direito de nomear
inquisidores. Em 1483 Tomás de Torquemada, matou cruelmente mais ou menos duas mil pessoas.
Ninguém aceita os horrores da Inquisição. Entretanto, pondere-se o seguinte:
Não podemos julgar a Inquisição sem estudar a fundo a mentalidade da civilização da Idade Média, dentro de
seu contexto total.
Não podemos julgá-la sem antes colocar os fatos históricos dentro do contexto filosófico, teológico, sócio-
cultural-político-econômico e religioso da época.
A Igreja era parte e vítima da engrenagem do tempo chamado cristandade. Não era autônoma. Dependia dos
Reis e dos poderosos, que inclusive chegavam até a nomear papas como foi o caso da nomeação do papa João XII, com
dezesseis anos de idade, pelo imperador Otãi I, da Alemanha.
O estudo da história deve ser neutro, sem tendências, sem querer defender ou atacar. Ninguém vai me dizer que
o Governo hoje não tenha censura. Tente-se denunciar as grandes empresas nacionais ou estrangeiras que são isentas de
impostos no Brasil e veja o que vai acontecer com os denunciadores...
A Igreja não pode ser julgada apenas pela Inquisição, mas por sua obra imensa no mundo inteiro: artes,
arquitetura, universidades, hospitais, obras científicas, manutenção dos escritos antigos, filosofia escolástica, teologia.
Grandes escritores como Ambrósio, Jerônimo, Gregório e Agostinho atestam uma Igreja que contribuiu para o
progresso dos povos. Engrandecem a humanidade santos e eruditos como Anselmo, Alberto Magno, Tomás de Aquino,
Francisco, Inácio, Vicente etc. Os Concílios da Igreja congregaram grandes santos e cientistas para o bem de todo o
gênero humano. A Igreja, santa e pecadora, sempre estendeu sua mão aos pobres e nunca deixou de anunciar o
evangelho de Jesus.

63
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
8.6 - REFORMA PROTESTANTE

SOLA FIDES. SOLA SCRIPTURA. SOLUS CHRISTUS

A Reforma Protestante- rf
A Contra-Reforma – crf.

A rf teve diversas causas. A Igreja Católica – ic – estava em decadência moral, econômica, doutrinária, e ética.
Seu desprestígio era inegável. Grandes descobertas ofereciam ao mundo novos conhecimentos geográficos, científicos,
filosóficos e comerciais. As mentes das pessoas estavam se abrindo. O bloco “cristandade única” estava se quebrando.
Passou-se a questionar o que era considerado intocável. A liderança absoluta da ic estava sendo criticada. A pobreza
atingia todos os aspectos da vida humana especialmente dos fiéis comuns. A secularização, o humanismo liberal, o
Renascimento, a ignorância e o relaxamento do clero exigiam nova ordem na vida e na sociedade, ameaçando a ic.
A rf consistiu em ser um movimento radical registrado na Idade Média do Ocidente ao longo do século XVI.
Ultrapassou dos problemas disciplinares aos doutrinários. As divergências entre os reformadores e a ic provocaram uma
cisão histórica com conseqüências inegáveis até hoje.
A crf consistiu em ser uma reação da ic fiel a Roma, provocando movimento reformista dentro da mesma –
séculos XVI e XVII.
ANTECEDENTES:
A ic estava em crise e em decadência. Os protestos eram comuns entre 1378 e 1417. A transferência da Sede
papal para Avignon, França. A eleição de 2 e 3 Papas simultâneos. O surgimento do conciliarismo, doutrina da corrente
do cisma, que subordinava a autoridade papal à dos fiéis reunidos em Concílios, bem como o nepotismo e a
imoralidade de alguns pontífices pediam uma e reforma radical dentro da ic.
Lutero afixou 95 teses contestatórias contra a ic em Wintemberg, Alemanha, coincidindo com a chegada dos
legados papais, anunciando a venda de indulgências, em troca da doação em dinheiro para a construção da basílica de S.
Pedro em Roma.
Dentro da ic havia também movimentos, exigindo reforma. No século XII surgiram os mendicantes, Francisco,
Domingos. Século XIV: Vicente Ferrer, Bernardino de Sena, João Capistrano. Século XV: a renovação da piedade
popular, com sentimentalismo em torno da paixão de Cristo.
Outros se opunham à hierarquia eclesiástica comandada por Imperadores. Século XII: os Valdenses = os
pobres de Lyon ou de Cristo, questionavam a autoridade do Papa, o purgatório e as indulgências. Século XII e XIII: os
Cátaros, Albigenses, defenderam um ascetismo exacerbado, considerando a si mesmos os únicos puros e perfeitos.
Século XIV, na Inglaterra, John Wyccliffe defendeu a posse do mundo por Deus, a secularização dos bens eclesiásticos,
o fortalecimento do poder temporal dos reis e negavam a presença corpórea de Jesus na Eucaristia. Ele influenciou a
John Huss e os seus seguidores em Boêmia, os hussistas, os taboistas do século XIV.
Erasmo de Roterdam ocupou posição intermediária entre a fidelidade e a crítica à ic de Roma. Era humanista,
conciliador, oposto à violência, um pouco ambíguo, traduziu o NT para uma nova versão diferente da Vulgata, fez sátira
contra Júlio II em 1513. Pressionado por Lutero, defendeu a liberdade humana em seu Tratado sobre o livre arbítrio,
1524, contestado por Lutero em sua tese sobre o arbítrio escravizado.

A REFORMA PROTESTANTE:

Lutero desafiou os Legados pontifícios e a excomunhão imposta a ele. Houve ainda outras agressões de todos
os lados: todos unidos contra a doutrina e a disciplina da ic, com lutas políticas e militares contra o Papa e o Imperador.
Naquele momento tudo valia para apedrejar a ic.
Lutero, monge agostininiano, sentiu como que uma experiência mística pessoal, baseada em Rm, que a
salvação de Deus é comandada pela fé e não pelas obras que decorrem da natureza corrompida pelo pecado original -
sola fides. Alguns dizem que ele padecia de alucinações epilépticas, que o faziam ter visões ameaçadoras e aterradoras.
A excomunhão a ele imposta por parte de Roma e a proteção a ele oferecida por príncipes alemães, numa
estratégia política contra Roma, Itália, impeliram Lutero à indisciplina. Foi, de certo modo usado pelo Poder alemão
contra a Itália, onde se encontrava a Sede da ic.
A autoridade papal e a Tradição foram destronadas pela SOLA SCRIPTURA. A bíblia, segundo Lutero,
poderia, então, ser interpretada individualmente à luz do ES, única fonte de autoridade na comunidade cristã. Lutero
deveu defender sua ortodoxia porque Thomas Muezer, 1524-1525, reformista revolucionário, começou a organizar
comunidades sem culto nem sacerdotes, instigando a sublevação de camponeses alemães. A revolta foi reprimida
severamente com o apoio de Lutero, quando milhares de seus fieis foram massacrados e mortos.
Lutero era um homem sério, e procurou dialogar com a ic. Foi convidado para participar do Concílio de
Trento, onde teria que ouvir e aceitar as propostas da crf. Mas ele não foi ao Concílio. Ele casou-se com... Era devoto
da Virgem Maria.
Ano de 1523: o reformador Huldrych Zwiingli fundou em Zurique uma teocracia que se estendeu a Berna,
Basileia e Estraburgo. Negou a presença de Jesus na Eucaristia. Sua Igreja foi excluída da aliança evangélica de Gotha,
1526. Foi readmitida em l536.

64
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
Os Anabatistas defendiam um novo batismo para os adultos, já que as crianças não poderiam receber a graça
que só se transmite pela fé. Eram vinculados a Zwingli. Eram ainda mais revolucionários e exigiam uma observância
mais radical dos ensinamentos da bíblia. Rechaçavam a violência. Proclamaram a separação entre a ic e o Estado.
Criaram comunidades vivas. Católicos e Reformadores se uniram e assaltaram Münster, castigando os seus dirigentes.
João Calvino: teólogo francês, refugiou-se em Basiléia e Genebra por causa de suas idéias reformistas. Em
1535 ele publicou a Christianae religionis, que se tornou o 1o catecismo da rp. Tentou unir os vários grupos
protestantes. Atraiu importantes seguidores de Zwingli, mas brigou com os luteranos, separando-se deles. Doutrina:
predestinação à salvação e à condenação, severa disciplina sobre a concepção teocrática da Cidade-Igreja e o Governo
presbiteral das Igrejas. Suas doutrinas constituiram a 2a Reforma. Era severo e rígido. Quis impor a supremacia de sua
Igreja acima do governo e dos príncipes. Separou-se de Lutero, dos Presbiterianos e dos Anglicanos. Chegou a mandar
executar 58 pessoas e exilar outras 76 de Genebra. Provocou pelo seu espírito violento a matança de milhares de
huguenotes na noite de S. Bartolomou em 24/08/1572. Quando o poder civil se lhe opôs, ele se uniu à oposição.
Na Inglaterra a mudança da Igreja teve como origem fundamentalmente política, logo aproveitada para uma
reforma religiosa. Henrique VIII, irritado pela negativa do papa Clemente VII em não lhe conceder o divórcio,
conseguiu em 1531, que o Parlamento inglês aprovasse subornação da ic à Coroa. O monarca pode se sobrepor à ic até
se consumar o cisma anglicano em 1534. À separação política se seguiu a reforma litúrgica – common prayer book – e
doutrinária, imposta mediante a perseguição e a pena de morte.
Na Escócia predominou o presbiterianismo liderado por John Knox, colega de Calvino.
A CONTRA-REFORMA – crf.
A ic reagiu lenta e desarticuladamente. Carlos V, imperador e rei da Alemanha, da Espanha e Nápoles, impediu
a Aliança entre a ic e a Itália. Tentou anular a crf.
O Concílio de Trento foi realizado emn três etapas, conseguindo deter a propagação da rprotestante, instaurar
de forma orgânica e oficial uma r. católica.
1549-1551: Paulo III reuniu um grupo de teólogos, nomeou cardeais dignos, impulsionou a criação de novas
Ordens Religiosas, como a dos Teatinos, 1524, fundada por Jean Pietro Carafa, futuro Paulo IV e São Caetano de
Triana, as Ursilinas , os Jesuítas, 1534, e reorganizou o Tribunal da Inquisição.
Júlio IV, 1550, sucessor de Júlio III, asceta, baniu o espírito mundano da Corte do Vaticano. Moralizou os
bispos, fazendo-os regressar às suas dioceses. Intransigente para com os príncipes que poderiam ajudá-lo na
implantação das reformas.
Paulo V: moderado, conciliador, conseguiu a paz entre as Potências cristãs e o Concílio da ic.
O Concílio de Trento: ressaltou a doutrina e a disciplina católicas – o valor das Escrituras, a tradição
eclesiástica como fonte de fé, liberdade do homem não destruída pelo pecado original, a justificação pela fé e pelas
obras, revalorização dos sacramentos, o saerdócio ministerial, a Eucaristia, a Confissão; regulou os cargos e residências
dos eclesiásticos e organizou a formação dos seminaristas.
Pio V e Carlos Borromeu reformaram a Cúria Romana.
Os Jesuítas: teólogos e missionários, grande força da ic. Reagindo à proibição do uso de imagens, se promoveu
o ensino através das mesmas. Promoveram a piedade popular, de onde nasceu o Barroco, especialmente na Espanha,
com temas religiosos em contraste com os temas mitológicos do Renascimento.
Exaltou-se o triunfo da fé, do pontificado, dos mártires e dos santos. Gian Lorenzo Bernini e os místicos como
Tintoretto e El Greco.
Arquitetura: o estilo da crf passou a chamar-se jesuítico, por seguir o estilo que Giacomo Vignola à igreja de
Gesù, de Roma e por coincidir com a rápida expansão da S.J.. A união da arte e da teologia provou que a crf havia
chegado até o povo.
Estude-se a “Declaração conjunta sobre a doutrina da justificação”.
Declaração conjunta católica romana e federação luterana mundial.
Augsburgo, 31 de outubro de 1999. Paulinas.
As Igrejas Luteranas e católicas declaram unidas que a salvação é um Dom de Deus. Fé e obras são a nossa resposta ao
chamado de Deus para que aceitemos o seu convite.

9 - BÍBLIA
9.1 – BÍBLIA O QUE É?

ALGUMAS NOTAS SOBRE A LEITURA BÍBLICA:


01- Os cristãos são filhos de Abraão - Igualmente são os judeus e árabes. Tudo começou mais ou menos em 1850
anos antes de Jesus .Gen 12

02- Bíblia: coleção de 73 livros: 46 do AT-27 do NT.

03- ANTIGO TESTAMENTO:


AT: É a história do povo escolhido por Deus, começando em Abraão.
Desse povo nasce Jesus, 1850 anos depois de Abraão.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
Fatos importantes do AT:
Escravidão No Egito.
Libertação por Moises - Livro Êxodo.
Aliança do Sinai – 10 mandamentos. Ás 613 leis.
Entrada na terra prometida – Moises – Aarão - Josué.
A Assíria invade Israel 722 AC.
Exílio da Babilônia 586 AC.
Retorno da Babilônia 538 AC.
Juízes – Samuel e Reis.
Saul – Davi- Salomão e todos os Reis até chegar a Jesus.
Profetas: animam – denunciam – anunciam a esperança em Javé.
Os Israelitas conservam a fé monoteíta em Javé.

04- NOVO TESTAMENTO:


Jesus nasce. (a data não esta muito certa há um erro de 06 anos).
O povo, fiel ou não, recebe o Messias, sinal da Misericórdia de Deus.
Jesus: cumprimento das profecias -Gal 4,4.

05- Quando foi escrita: Antes do ano 1250 Ac: a transmissão era ORAL.
Lá pelo ano 1000- de Salomão –começaram a escrever – Juízes.
Depois do Exílio surge o Pentateuco: Gen –Ex - Lev -Num – Dt.
Os últimos livros do AT a serem escritos em grego.

06- A Bíblia nasceu da preocupação de não esquecerem o passado.

07- Divisão em capítulos: somente no ano 1212 DC - pelo inglês Estevão Langton – arcebispo de cantuária.
Divisão em Versículos: em 1527 DC pelo padre dominicano: paganini.
1º Bíblia a ser impressa - em 1450 DC. Antes: em rolos.

08- Onde? Em lugares, em culturas diferentes: palestina - Egito e na Babilônia - durante o Exílio – 600 AC.
NT: Síria –Ásia menor – Grécia e Itália (onde havia Discípulos de São Paulo.) Foi esse Paulo quem começou o
NT –Tess).

09- Quem:
Muitas pessoas diferentes:
Escreveram por INSPIRAÇÃO DE DEUS.
Nem tudo foi escrito.
Escreveram dentro de sua cultura, ambiente, época e conhecimentos.
Gêneros literários diferentes – usos – costumes- históricos- proféticos – salmos – mitos – apocalípticos –
poéticos - Sapienciais – 2 Timóteo 3,16-17: toda a escritura é divinamente inspirada.

10- A Bíblia: Obra de Deus, escrita em linguagem humana.


Livro da Fé e da Vida de um povo monoteísta, que acreditou na fidelidade de Deus.
É a palavra de Deus em forma humana: I Tess 2,13.

11- Língua: Hebraica (sagrada) – aramaica (do povo) e grega (que o povo foi obrigado a falar, com a invasão).
Dos gregos -333 AC.
Alguns Livros em gregos não são aceitos pelos Protestantes. São 7: Tobias –Judite – Baruc – Eclesiástico
Sabedoria – I e II Macabeus – parte de Daniel e Éster. É importante não pegar ao pé da letra, mas sim a
Mensagem.

12- Duas Traduções: em hebraico e a dos 70 sábios, em grego – 250 AC. Alexandria AT hebraica AT hebraico: 39
Livros AT grego: 46 livros.

13- O NT: escrito basicamente em grego - para facilitar sua expansão. 27 livros: (mesmo número de livros da
Bíblia protestante).
4 Evangelhos: Mateus – O Anjo – Jesus: cumpre a Justiça. (A)
Marcos – O Leão – Jesus: Ofilho de Deus. (B)
Lucas - O Boi – As criaturas os adoram (C)
João – A águia – Jesus se fez Carne, habitou entre nós.

1 Atos dos Apóstolos: A Igreja nasce e se expande – entre perseguições.


14 Cartas de Paulo: Rom – Cor- Tess- Fil- Col- Fim – Tim etc.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
3 Cartas de São João – 2 e3: menores livros da Bíblia.
2 Cartas de São Pedro.
1 Carta de São Tiago.
1 Carta de São Judas.
1 Apocalipse – Livro da Revelação do Amor de Deus – escrito por São João Evangelistas.

OBS. Os evangelhos: escritos depois de Cristo cerca de 30 anos.

14- Atenção:
Ler a Bíblia com respeito – fé – inteligência;
Ler a Bíblia, sempre vendo o conjunto. Frases soltas pouco valem.
Ler, rezar, meditar, aprender, estudar, jamais discutir. Bíblia não é porrete...
Ler, sem Fanatismo, sem exagero. Ler para mim, para minha conversão.
Qualquer interpretação vale se levarmos em conta o que o autor queria dizer naquela época, para aquele.
Determinado povo, naquela situação específica.
Por exemplo: O Pentateuco apresenta 613 leis. Algumas delas para nós hoje são ridículas. Assim qual delas
Vale hoje? É claro valem aquelas que se encaixam com a Nova lei de Jesus, que é o amor e a misericórdia de Deus por
nós. 1947 DC: Kumram e outras descobertas despertaram o estudo de exegese e hermenêutica Bíblicas.

15- Citações: Jó 2,15 -20; 13-14.


Vírgulas (,): separa capítulos dos versículos. Mc 6,7-10
Traço (-): liga versículos Intermediários.
Ponto e Vírgula (;): separa capítulos do mesmo livro e de outros livros.
S: significam versículos seguintes Heb 1,15.
A –b –c – quando o versículo (frase) é dividido em partes.

16- Deus é libertador. Fez e manteve a aliança.


Deus sempre conosco. Emanuel. Revela-se especialmente no pobre.
Deus fala na vida, porque Deus é vida.
Deus nos convoca para continuar sua obra de amor em cristo.

SABER LER A BÍBlIA: TEXTO E CONTEXTO.

9.2 – ALGUMAS CITAÇÕES BÍBLICAS: devem ser entendidas dentro do contexto antigo.

LER, MEDITAR, APRENDER COM INTELIGÊNCIA.

No Pentateuco temos 613 leis. Jesus as resumiu nesta: Amar a Deus e Amar-nos.

 Imagem Êxodo 20
 Pena de morte Ex 21,12 ss-Lv 24,17-Dt 4,15
 Se não morrer... Ex 21,20
 Vaca louca Ex 21,28
 Magia Ex 22,17- Dt 18,10 ss.
 Imigrante Ex 22,20-Ex 23,9- Lv 19,33
 Carne de animal matado – Ex 22,30
 Trabalhar 06 dias por semana Ex 23,12- Lv 19,33
 Para onde foi Agar?Gen 21,14- 16,6-9
 Onanismo Gen 38,1-4
 Judá engravida nora Gen 38,12 ss.
 Trabalho no Sábado Ex 35,1-4
 Animais impuros Dt 14,3
 Não comer sangue Lv 7,26
 Parto. Circuncisão Lv 12.1 ss.
 Lepra. Impuro. Lv 13
 Leproso Keep away –Lv 13,45-Num 5
 Sexo-never com parenta Lv 18
 Adultério Lv 20,10
 O sacerdote Lv 21,08
 Deficiente Físico – não fazer ofertas Lv 21,18
 Filho desobediente Dt 21,15

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
 Sangue Dt 12,21
 Cortar a mão Dt 25,11
 Focinheira Dt 25,4
 Divórcio Dt 24,1
 Suspeita contra a esposa Nm 5,11
 Direitos do sacerdote Nm 18,8
 Cadáver Nm 19,6
 Javé irado Nm 22,22 – Dt 1,34
 Marido pode anular as promessas da esposa – Nm 30,14
 Incesto Dt 23,1
 Os 10 Mandamentos Dt 5- Ex 20
 O amor de Javé Dt 7,7
 Animal estragado: para os imigrantes: Dt 14,12
 Olho por olho Dt, 20/19, 20- Lei de Talião - Ex 21,24.
 Não penhorar a Mó Dt 24,6
 O açoite Dt 25
 Origem do povo Judeu Dt 26
 Maldições Dt 27,16 ss. - Dt 28,15 ss.
 Circuncisão Gen 17,11
 Lei regulamentando a escravidão Ex
 Pá Dt 23,13
 Mulher não entra na briga de marido Dt 25,11
 Carne impura Dt 14
 Vestido em homem: não Dt 22,5
 Sábado Nm 15,32
 Justiça Dt 24,14-15
 Mulher injustiçada Nm 5,11
 Leproso Lv 13,45
 Blasfêmias – assassínio Lv 24,16
 Sábado Ex 32,12
 Gonorréia Lv 15

Temos no Pentateuco a Lei. Uma presença histórica de Deus, orientando, ajudando, iluminando o povo. Mas tudo isso
aconteceu antes de se conhecerem o Cristo, antes de tantas descobertas positivas de hoje.
Essas leis valem, se estiverem de acordo com a NOVA LEI DE CRISTO; o amor, perdão, fraternidade, justiça e
verdade.

9.3 – BÍBLIA: FUNDAMENTALISMO OU EXEGESE

As descobertas dos “rolos” do Mar Morto, Qumram, perto de Jerusalém em 1947, suscitaram uma verdadeira
revolução no estudo bíblico. A partir de então, os biblistas ultrapassaram a leitura piedosa e ingênua do livro sagrado.
Os estudiosos começaram não só ler, comentar e escrever sobre as sagradas Escrituras. Foram além, para poderem
estender melhor o texto milenar. Descobriu-se o valor do estudo do CONTEXTO para de poder entender o TEXTO.
Qurmram despertou a exegese bíblica. Passou - se a valer dos estudos da literatura antiga oriental, de seus
costumes.
Do contexto sócio- político – religioso e social. Passou - se desde então a considerar o contexto histórico como
essencial para se entender à mensagem bíblica. A exegese surgiu como um instrumento com o qual se Poe tentar tirar do
texto, dentro de seu contexto, a MENSAGEM de Deus para nós hoje e agora.
Assim se pode dizer que a Igreja, só “interpreta” o texto depois de se fazer estudo profundo e o mais completo
possível sobre o autor, seu estudo literário, seu ambiente, suas motivações para poder escrever tal texto. O tal de se
dizer:
“Eu acho que deve se assim” ou dizer que: “sempre aprendi desse modo” pouco ou nada valem para uma
compreensão correta da Bíblia.
As descobertas arqueológicas e os estudos comparativos das línguas e costumes antigos têm contribuído para
um estudo mais profundo da Bíblia As Igrejas estão se unindo as Universidades para poderem estender realmente como,
quando, porque, para quem se escreveu algo na Bíblia.
A hermenêutica vai nos orientar e mostrar os caminhos, regras normas e métodos a serem percorridos para se
poder entender melhor e mais profundamente o texto sagrado da Bíblia. Até os evangelhos apócrifos são estudados para
que possamos entender melhor o ambiente e as circunstâncias antigas.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
Frases isoladas do contexto bíblico podem ser inúteis ou utilizados tendenciosamente. Textos e Leis bíblicas
fora do contexto podem nos levar ao ridículo: Vejam esses isoladamente, sem se considerar ao contexto: Nm 5,15 e
19,13--- Dt 21,18ss e 23,13ss –Js 10,22ss. –Mt 5.12ss. .
Ou nós nos atualizamos, ou vamos ficar acreditando ao pé da letra. Ou fazemos exegese, para poder entender
efetivamente a mensagem divina que os autores sagrados quiseram nos transmitir, ou somos fundamentalistas, escravos
da letra, desses livros abaixo elencados:
A) Rosana Pulga, BÊ-Á BÁ da Bíblia - Paulinas.
B) Johan Konings, A bíblia, suas histórias e leituras: uma introdução. Vozes.
C) Diane Bergant e Robert Karris, comentários bíblicos – Loyola

9.4 – FATOS OCORRIDOS NO EVANGELHO


CIDADES QUE APARECEM NOS EVANGELHOS
FREQUENTADAS OU NÃO POR JESUS. MUITAS DELAS AINDA EXISTEM!

AIN CARIM - Visita de Maria a Isabel: Lc 1,39-56

MONTE DAS BEM AVENTURANÇAS


- Sermão da Montanha: Lc 6,17-23; Mt 5,1-

BETÂNIA
- Jesus hóspede de Maria e Marta Lc 10,38- 42
- Ressurreição de Lázaro: Jô 11,1-44
- Maria unge os pés de Jesus: Mc 14,3-9; Mt.26,6-13; Jô 12,1-11.

BETÂNIA - além do Jordão -João Batista dá testemunho de cristo: Jô 1,19-34

BELÉM
- Nascimento de Jesus: Lc 2,1-14
- Adoração dos Magos: Mt 2,1-12
- Circuncisão e determinação do nome: Lc 2,21; Mt 1,25.

BETSAIDA
- Cidade de Simão, André, Tiago e João: Jô.1,44
- Primeira multiplicação dos pães:Mt 14,13-21; Mc 6,30-44; Jô 6,1-15; Lc9-10-17.
- Cura do cego: Mc: Mc 8,22-26

CAFARNAUM
- Jesus ensina na sinagoga de Cafarnaum: Mc1,21-28; Lc 4,31-37.

CAFARNAUM
- Cura do paralítico: Mt: 9,1-8; Mc2, 1-12; Lc5, 17-26.
- Cura da hemorroissa e ressurreição da filha de Jairo: I 9,18-26; Mc 5,21-43; Lc 8,40-56.
- Sermão sobre o pão vivo: Jô 6,22-71
- Tributo para o Templo: Mt 17,24-27

CANÁ
- Bodas de Caná: Jô 2,1-11
- Cura do filho de um funcionário real: Jô 4,46-54

CESARÉIA DE FILIPE
- Jesus confere o primado a Pedro: Mt 16,13-20; Mc 8,27-3 Lc 9,18-21.

EFRAIM
- Jesus retira-se para a cidade de Efraim, onde permanece com seus discípulos: Jô 11,54-57.

EMAÚS
- Jesus aparece a dois discípulos: Lc 24-13-32; Mc 16,12-13.

JERICÓ
- Cura do cego Bartimeu: Lc 18,35-43; Mc 10,46-52; Mt 20,2-34.
- Jantar na casa de Zaquel: Lc 19,1-10

69
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA

- Apresentação de Jesus no Templo: Lc 2,22-38


- Jesus no Templo entre os doutores: Lc 2,41-50
- Nicodemos: Jô 3,1-21
- Cura do paralítico: Jô 5,1-18

- A adultera; Jô 8,1-11
- Cura do hidrópico: Lc 14,1-6
- Cura do cego de nascença: Jô 9,1-41

Jerusalém – Entrada triunfal de Jesus: Lc 19,28-10; Mc 11,1-10; Mt 21,1-9; Jô 12,12-19


- Jesus chora sobre Jerusalém: Lc 19,41-44
- Instituição da eucaristia: Lc: 22,19 -20; Mt 26,26-29; Mc: 14,22-24
- Paixão e morte de Jesus: Jô 18,12-19,30; Lc 22,54-23,46; Mc14,53-15,38; Mt 26,57- 27,50

- Ressurreição: Jô 20,1-10; Mc 16,1-8; Lc 24,1-12; Mt 28,1-8


- Aparições: a Maria Madalena: Mc 16,9-12; Jô 20,11-18; ás Mulheres: Mt 28,8-10; Lc24,9-11; aos onze
apóstolos: Lc 24, 36-43; Jô 20,19-23; Mc 16,14; Aos doze apóstolos: Jô 20,24-29

Rio Jordão
- Lugar do batismo de Jesus: Lc 3,21-22; Mc 1,9-11; Mt 3,13-1

Naim
- Ressurreição do filho da viúva: Lc 7,11-17

Nazaré
- Anunciação: Lc 1,26-38
- Jesus ensina na sinagoga: Lc 4,16-24

Monte Tentações
- Oração de Jesus, agonia, traição.
Das Prisões: Lc 22,39-53; Mc14, 26-52; Mt26, 30-56; Jo18, 1-11 Ascensão: Mc 16,19-20; Lc 24,50-53.
Monte das _Jejum e tentação: Mt 4,1-11; Tentações Lc 4,1-13; Mc 1,12-13.

Sicar
- Encontro com a Samaritana: Jô 4,4-42

Monte Tabor
- Transfiguração: Mt 17,1-13; Lc 9,28-36; Mc 9,2-13.

Lado de Genesaré
- Chamado dos primeiros apóstolos: Mt 4,18-22; Mc1, 16-20
- Pesca milagrosa: Lc 5,1-11
- Jesus acalma a tempestade: Mt 8,23-27; Mc4, 35-41 Lc8, 22-25
- Jesus caminha sobre as águas: Jô 6,16-21 Mt 14,22-33; Mt 6,45-52
- Aparição de Jesus aos apóstolos: Jô 21,1-14; Mt 28,16
- Jesus confirma Pedro no cargo de Pastor supremo: Jô 21,15-23

Tiro e Sidônia
- A Cananéia: Mt 15,21-28; Mc 7,24-30. Oliveiras

9.5 – OS MANUSCRITOS DO MAR MORTE:

UMA GRANDE DESCOBERTA QUE MODIFICOU O JEITO DE SE LER, ESTUDAR, MEDITAR,


CONHECER E VIVER A BÍBLIA:

Num final de tarde, em abril de 1947, o pastor beduíno Juma Mohamed recolhida seu rebanho no vale de
“Khirbet Qumran”, junto as encostas do Mar Morto. Ao sair atrás de uma ovelha dispersa do rebanho, deparou-se com
uma fenda entre duas rochas. Atirou uma pedra e ouviu o ruído de um vaso se quebrando. Juma chamou seu primo
Muhammed Ahmed e os dois ao examinar o interior da caverna, encontraram alguns jarros de cerâmica. Dentro dos
jarros, havia vários pergaminhos. Este momento caracterizou-se como um marco para o mundo arqueológico: A
descoberta dos manuscritos do Mar Morto, ou seja, os manuscritos mais antigos da Bíblia sagrada.

70
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
A partir do achado dos pergaminhos, os arqueólogos descobriram que os jarros teriam sido aquele escondidos
nas cavernas pelos essênios por ocasião do massacre do Monastério de Qumran em 68 d.C. pelos romanos.
Pesquisadores constataram pelo método do carbono 14 e posteriormente pelo método, MAS (Espectrometria
com aceleração de Massa) que os manuscritos foram redigidos entre 225 a.C . E 68 d.C . Em hebraico, aramaico e
grego.
Com esta fabulosa descoberta, iniciou-se então um longo e árduo trabalho de tradução dos manuscritos
envolvendo teólogos e cientistas de várias partes do mundo, os quais se depararam com várias dificuldades para montar
o quebra cabeças pois, grande parte dos manuscritos estava fragmentada em aproximadamente 15000 pedaços. (Alguns
manuscritos foram encontrados em bom estado de conservação, facilitando a sua tradução, outros tinham fragmentos do
tamanho de uma unha).
Para ordenar estes milhares de fragmentos os paleógrafos analisaram a pele do pergaminho, a escrita (tinta e
pena usados), o estilo literário e a caligrafia do escriba. Também levou em consideração o tipo de estrago: os causados
por roedores e os causados pela umidade.
A coleção dos livros contidos nos pergaminhos é bastante grande, bastando considerar que foram encontrados
45 dos 46 livros do AT (faltava o livro de Éster).
Através de exames paleográficos, ficou confirmado que o texto mais antigo é um fragmento do livro de
Samuel, detado de 225 a.C. O livro do profeta Isaias era do ano de 100 a.C. Em comparação, o mais antigo manuscrito
existente do AT até então, era da idade média (1000 D. C.)
Segundo a sua natureza, os manuscritos encontrados, podem ser distinguidos em: bíblicos, apócrifos,
comentários e sectários.
Os livros bíblicos são aqueles incluídos no cânon ( livro escrito sobre a inspiração de Deus).
Os apócrifos são os 7 livros considerados não sagrados pelos judeus por terem sido redigidos em grego e
aramaico. São eles: Tobias, Eclesiástico, Judit, Baruc, Sabedoria, I Macabeus e II Macabeus ( são os Deuterocanômicos,
isto é, da 2º lista).
Os comentários bíblicos de Qumran são do gênero pesher, palavra hebraica que significa explicação. O método
pesher consiste em comentar o texto bíblico versículo por versículo, procurando aplica-lo as circunstancias da
comunidade.
Os sectários são os livros que trazem as normas de constituição e atividades da comunidade de Qumran
(manual de disciplina dos essênios). Além da descoberta dos manuscritos do Mar Morto, os arqueólogos encontraram
também as ruínas do Monastério de Qumran bem como objetos pessoais pertencentes aos essênios e restos mortais dos
habitantes deste Monastério.
Para os interessados em conhecer mais sobre os essênios e sobre os manuscritos do Mar Morto existe uma
vasta literatura disponível nas grandes livrarias e na internet.

71
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA

9.6 - LINHA DO TEMPLO BÍBLICO ANTIGO TESTAMENTO:

“DONOS DO MUNDO” “POVO DE DEUS” SÉC PROFETAS TRADIÇÕES E ESCRITURAS


(grifo= livros bíblicos)
Babilônia (antiga) PATRIARCAS (Abraão, Isaac, Jacó) 19-15 Tradições dos
Israel e Egito patriarcas/poços/Santuários...
Egito 14
ISRAEL ANTIGO
= 1220 Êxodo / entrada na terra prometida
Edon-Moab Filisteus /Josué Moisés Tradições de Moisés/Lei/Aliança/Tenda
13 Débora /Arca/ culto/ocupação da terra
JUÍZES - Israel em Canaã
primeiros textos/tradições da corte e do
REIS - Saul/Davi/Salomão 12 Samuel/Nata
Templo/salmos
Assíria 930 divisão 11 Aias
10
NORTE (ISRAEL) __________ SUL (JUDÁ)
Jeroboão Robão
Tradições javista,,eloísta sacerdotal e
Aram (Síria) Elias/Miquéias pré- deuteronômica
Omri (Constr. De Samaria) Josafá.
Acab
9 de Jemla Anais do reinado.
Jeroboão II Eliseu Amós/
Aças/Ezequias 8 Oséias
Babilônia (612 Nabuc) 722 quedas de Samaria 701cerco de Jerusalém Miquéias
Isaias
Josias/ Manassés/Joaquim
Persas (539 Ciro) 597 exílios (Jeconias)
586 destruições do templo
DT primitivo
Exílio II (Sedeciais) 7 Sofonias/
538 fins do exílio (decreto de Ciro)
2º Templo (Zorobabel /Sac.Josué)
6 Jeremias
GREGOS (333 Esequiel
Alexand.) JUDAÍSMO
(HELENISMO) Neemias/Esdras Isaias II Historiografia deuteronômica
Egípcios (Lapidas) 330 Alexandre na Judéia Literatura sacerdotal
“Lei” (Gn, Ex, Lv, Nm, Dt).
Sírios (Selêucidas) = 300 cisma samaritano Isaias III/
“PROFETAS ANTERIORES” (Js, Jz,
Ageu /Zacarias 1-2Sm, 1-2Rs).
167- 164 macabeus =Antíoco Epifanes 5
Dinastia hasmonéia /fariseus e essênios x
saduceus “PROFETAS POSTERIORES” (Is, Jr.
ROMANOS (63 128 Hircano destrói templo Samaritano
4 Malaquias
Es + 12 profetas menores)
Pompeu) 63 “convite” aos romanos /48 Herodes, o /Zacarias Inicio versão grega Septuaginta (LXX)
29 Ac Augusto grande =05 aC nascimento de Jesus Literatura apocalíptica (Dn...).
14 Dc Tibério Tetrarcas Arquelau, Filipe, Herodes Antipas. 3
=30 morte de Jesus 2 (apocalipse)

37 Herod Agripa I __CRISTIANISMO "ESCRITOS” (Si, Jô, Pr, Rt, Ct, Ecl,
37 Calígula Conversão de Saulo de Lm, Est, Dn, Esd, Ne, 1-2cr)
Tarso Deuterocanômicos (Jt, Tb, 1,2Mc, Sb,
41 Cláudio Jerusalém (Tiago).
1Ac Eclo, Br).
Antioquia =0= João Batista Intertestamento, apócrifos, Qumram
1Dc /Jesus Etc.
48 Herod Agripa II 48 reunião dos apóstolos
Roma
(= 65+ Pedro e Paulo)
66 Guerras Judaicas 70 destruição do 2º tempo
Judaísmo rabínico _______= 85 cristãos x
judeus
Perseguições Tradição cristã oral / “querigna”
Apóstolos e Primeiras formas de catequese e
romanas.
evangelistas exportação “fonte Q “(ditos de Jesus)”“?
profetas e /inícios dos “escritos cristãos”
=50 cartas de Paulo “primeiras” (1-2Ts)
79 Tito mártires
E ‘“grandes” (Rm, Cor, Gl).
81Domiciano =60 cartas do cativeiro (FI, CL) e Fm.
96 Nerva. Trajano... 65-70 MC/ cartas pastorais (1-2Tm, Tf)
Ef?
=80 Mt,Lc –At-Tg?1Pd ?, Hb?
= 90 Jo, 1-3Jo /Ap?Jd?/=100 2Pd

2 “ NOVO TESTAMENTO “(coleção dos


escritos cristãos)

72
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
NOVO TESTAMENTO
ACONTECIMENTOS DO MUNDO ACONTECIMENTOS BÍBLICOS ESCRITOS
63 aC Roma invade a Palestina aC
37-4 aC Herodes, o Grande, rei da Palestina 50
27 aC-14 dC César Augusto Imperador de Roma
Obras de Herodes: 22 Construção de Cesaréia / 20 Restauração do templo
4aC Morte de Herodes, o Grande. – Seus filhos no poder: Arquelau na judéia (até 6 dC) ± 6 aC Nascimento de Jesus
Jesus em Nazaré
Herodes Antipas na Galiléia (até 39) 0
6 Páscoa sangrenta em Jerusalém / Arquelau substituído por um procurador romano / dC (entre 5 e 110 Nascimento de Paulo de Tarso)
início do zelotismo ?
14-37 Tibério Imperador de Roma
17 Construção de Tiberíades
26 Pôncio Pilatos procurador da Judéia 27 João Batista / Batismo e pregação de Jesus
30 30 Paixão, morte e ressurreição
35 Pilatos massacra os samaritanos ±35 Martírio de Estêvão / Conversão de Paulo
37-41 Imperador Calígula / 38 persegue judeus em Expansão da igreja na Samaria e na Síria
Alexandria / 39 quer estátua no templo de Jerusalém ± 40 Fundação da Igreja de antioquia (Síria)
41-54 Imperador Cláudio 40
41-44 Herodes Agripa I Último rei da Judéia 42/43 Agripa manda matar Tiago Maior
± 43 Paulo e Barnabé em Antioquia (Síria)
44 Toda a Palestina vira província romana Fome na Judéia / c.46/47 1ª viagem de Paulo
49 Edito de Cláudio expulsando os judeus (e judeu-cristãos) de Roma 48/49 Reunião dos Apóstolos em Jerusalém [Q] (palavras de Jesus)
50-100 Herodes Agripa II governador na Palestina 50 50-52 2ª viagem de Paulo / evangelizando a Grécia
51-52 Galião procônsul em Corinto 51-52 1ª estada de Paulo em Corinto / comparecimento perante Galião 1 (e 2?) Ts
52-60 Félix procurador romano na Palestina Fim de 52 em Jerusalém e Antioquia
53-58 3ª viagem de Paulo / Apolo em Éfeso e Corinto
54-68 Nero Imperador 54-57 Paulo mais de 2 anos em Éfeso / 1Cor Gl
2ª visita a Corinto 2Cor Rm
Fim de 57 3ª visita a Corinto Fm? Fl?
58 Paulo em Filipos, Cesaréia e Jerusalém
Prisão em Jerusalém e Cesaréia
60-62 Pórcio Festo procurador 60 Fim de 60 Viagem de Paulo para Roma Cl? (Ef?)
62 Tiago Menor apedrejado Tg?
64 Incêndio de Roma / perseguição dos cristãos 64 ou 67 Martírio de Pedro 1Pd? Mc
66-73 “Guerra Judaica” contra os romanos
69-79 Vespasiano Imperador
70 Destruição do templo por Tito 70
73 Suicídio dos zelotes em Massada
79-81 Tito Imperador 80 Mt, Lc, At, Hb
81-96 Domiciano Imperador 1/2 Tm,Tt,Ef?
± 85 Sínodo rabínico em Jâmnia Cristãos excluídos da sinagoga (1Pd?)
90 Culto ao Imperador / Decreto contra os cristãos: “religião ilícita” 90 Perseguição e martírio Jo (Ev.+ cartas)
96-98 Nerva Imperador
98-117 Trajano Imperador ± 100 2Pd
73
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
9.7 – BÍBLIA: NOVO TESTAMENTO

Mensagem central: Jesus, Filho de Deus, veio para estabelecer o Reino de Deus e realizar a aliança definitiva entre
Deus e os homens e mulheres. Mostra que Deus é Pai. Mostra-nos o caminho para nos tornarmos filhos de Deus.
Inaugura o Reino de Deus, o caminho de felicidade proposto para todos os povos. Jesus pregou. Não escreveu. Foi
perseguido. Matado. Ressuscitou. Enviou o Espírito Santo, para continuar sua obra. O Evangelho é anúncio de Jesus
para que os homens tivessem fé e se comprometessem com Ele. O Novo Testamento tem 27 livros: evangelhos, atos,
cartas e apocalipse.

1. PALESTINA

20.000 k2 – 240 km por 85 km. Leste do Mediterrâneo. Oeste do Jordão. Vento vindo de oeste provoca chuvas. O lado
leste das montanhas é seco, quente e árido. O Vale do Jordão, Galiléia e Norte têm terras cultiváveis. Judéia:
montanhosa, rebanhos, pastos e oliveiras. Jerusalém: 50 mil habitantes, está num planalto 760 m acima do nível do mar.
1.145 m acima do Mar Morto.
Nas festas pode ter 180 mil peregrinos.

2. JESUS

Jesus nasceu numa sociedade e contexto que dependiam do: político-econômico e religioso.

ECONOMIA: Agricultura – Galiléia. Pequenos proprietários. Trigo, cevada, legumes, hortaliças, frutas, figo, uva e
oliveira. O bálsamo é extraído das árvores de Jericó.
Pecuária: Judéia – camelo, vaca, ovelha, cabra.
Pesca: Mediterrâneo – Lago de Genezaré – Rio Jordão. Os anciões, que vivem na cidade, têm seus administradores para
controlar diaristas e escravos. Os pequenos dependem dos grandes proprietários. Os empréstimos com seus juros
exorbitantes aumentam a pobreza. Os sem terra e os meeiros.
Artesanato: cerâmica, couro, madeira, fiação, tecelagem, lã. É um trabalho feito por autônomos, passando-se de pai
para filho. Há pequenas unidades de trabalho: Padeiros, açougueiros, barbeiros, carregadores de água e escravos. A
circulação de mercadoria é mais comum. Os impostos controlam a atividade comercial. O Estado Judaico e Roma
cobram altos impostos, são cobrados pelos publicanos.
Jesus é artesão. Alguns discípulos são pescadores. Mateus é cobrador de impostos.
O Estado é o maior empregador – construção de palácios, monumentos, aquedutos, muralhas, etc.

TEMPLO: Coleta de impostos, comércio com peregrinos, ofertas. Tesouro do Templo – a administração por
sacerdotes. Artesões ganhavam dinheiro, com as obras do Templo. Roma cobra tributos – imposto pessoal e agrário,
contribuição anual para os soldados romanos e o ICM.

POLÍTICA: O Centro é Jerusalém. Roma domina a Palestina. Judéia e Samaria são dirigidas por um procurador
romano. O sumo Sacerdote tem poder de gerir questões internas, segundo a Lei judaica. É nomeado por Roma. O
Sinédrio: 71 membros – sacerdotes – anciões escribas. É o tribunal supremo – criminal – político e religioso.
Nas cidades há conselhos locais dominados pelos grandes proprietários de terra e mais tarde pelos escribas e também
um conselho de anciãos.

3. GRUPOS POLÍTICO-RELIGIOSOS:

 Saduceus: Anciãos proprietários de terra e membros da elite sacerdotal. Controlam o sinédrio. Intransigentes.
Preocupados com a ordem. Responsáveis pela morte de Jesus. Colaboradores do Império. Conservadores. Puxa
saco. Aceitam somente a Lei escrita. Não aceitam as crenças dos escribas e fariseus: anjos, demônios, messianismo
e ressurreição.
 Escribas: Doutores da Lei. Intérpretes da bíblia, do direito, juristas – administração e educação. Influentes no
sinédrio e nas sinagogas, seus intérpretes e nas escolas, onde formam discípulos. Gozam de prestígio. Guias
espirituais. Esotéricos.
 Fariseus: Separados. Nacionalistas. Hostis passivos de Roma. Leigos de origem diversa. É o clero pobre.
Rigorosos. Conservadores. Zelosos. Criam a Sinagoga. Acreditam na predestinação, ressurreição e messianismo.
Espera um messias forte, político, espiritual, para cumprir as profecias e libertar o povo. O Messias será o Filho de
Davi. A estrita observância da lei, oração e jejum causarão a vinda do Messias amigos dos escribas.
 Zelotas: Nascem dos fariseus, pequenos camponeses massacrados. Fisco. Religiosos Nacionalistas. Querem
expulsar os romanos. Contra Herodes na Galiléia. Querem restaurar um Estado onde Deus é o único Rei,
representado por um descendente de Davi – Messianismo Reformistas. Lutam com armas. Terroristas. Perseguidos
pelo poder de Roma. Simão – Mc 3,19 e Judas Iscariotes, São Pedro.

74
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA

 Herodianos: Funcionários da corte de Herodes. Concretizam a dependência dos judeus aos Romanos.
Conservadores. Têm o poder civil na Galiléia. Contra os zelotes. Responsáveis pela morte do Batista.
 Essênios: Qumram 1947. Resultado da fusão de sacerdotes dissidentes do clero de Jerusalém e leigos. Exilados.
Comunidade vida severa. Sacerdócio. Hierarquia. Legalismo. Espiritualidade apocalíptica. Pretensão de ser o
judaísmo oficial. Ideal monástico. Grutas. Esperam um Messias, Mestre da justiça.
 Samaritanos: Observam escrupulosamente a Lei. Não aceitam outros escritos. Não freqüentam o templo de
Jerusalém. Garizim, perto de Siquém, na Samaria e o local legítimo do culto. Esperam o Messias – TAEB – aquele
que volta não descendente de Davi e sim o Novo Moisés. Raça impura.

9.8 – O POVO ESSÊNIO

Para os historiadores, os essênios seriam até hoje uma nota de rodapé na história se, em 1947, dois pastores beduínos
não tivessem por acidente levado a uma das maiores descobertas arqueológicas do século: a descoberta dos
“manuscritos do mar morto”.

QUEM FORAM OS ESSÊNIOS ?


O surgimento da doutrina essênia aconteceu em tempos conturbados. Por volta do ano 170 a. C, durante a dominação da
palestina pelo império Selêucida – Dinastia fundada por seleuco, um dos generais de Alexandre o grande - os essênios,
povo originário do Egito, formaram um pequeno grupo composto de sacerdotes dissidentes do clero de Jerusalém e de
leigos exilados. Os membros desse grupo abandonaram suas cidades e rumaram para o deserto da Judéia, atual Israel.

ONDE VIVERAM OS ESSÊNIOS?


No deserto da Judéia, os essênios se estabeleceram próximo da antiga cidade de Engadi ás margens do Mar Morto e,
passaram a viver como eremitas constituindo uma seita judaica, cujo objetivo era meditar, orar e estudar as leis
sagradas.Nesta região localizada entre o Mar Morto e a cidade de Jerusalém, os essênios fundaram o Monastério de
Qumran , longe de tudo o que eles consideravam impuro.
A região escolhida para a construção do Monastério, próxima ao chamado “Vale de Acor”, citada pelo profeta Josué
(Js 7,24 ss), situa-se a – 400 m abaixo do nível do mar. Nesta região, as chuvas são raras e o Mar Morto é tão salgado
que é impossível mergulhar nele, pois a alta densidade da água impede que banhista permaneça submerso.

COMO VIVERAM OS ESSÊNIOS?


É possível conhecer o dia –a -dia dos essênios a partir do legado do historiador judeu Flávio Josefo (37d .c -100d.c).
É “Flávio Josefo quem dizia:” Existem, com efeito, entre os judeus, três escolas filosóficas: os adeptos da primeira
são os fariseus; os da segunda, os saduceus; os da terceira que apreciam justamente praticar uma vida venerável são
denominados essênios; são judeus pela raça, mas, além disso, estão unidos entre si por uma afeição mútua maior que
a dos outros” Os essênios usavam um calendário diferenciado para medir o tempo, baseado no sol. Normalmente, os
membros da seita acordam com a aptidão de cada um. Trabalhavam 5 horas em atividades como o cultivo de vegetais
ou o estudo das escrituras. Terminadas as tarefas, banhavam-se em água fria (apesar da falta de água no deserto, os
essênios tomavam banho 2 vezes por dia sempre antes das refeições, pois assim acreditavam que purificaram o corpo e
a alma)e vestiam suas túnicas brancas que simbolizavam a pureza moral que cultivavam.
Os essênios viviam em comum e tinham seus bens em comum. Levavam uma vida muito austera , em regime de
celibato ( a presença de mulheres em Qumran era proibida)
Adotavam um rígido ritual durante as refeições, permanecendo em silêncio absoluto, só quebrado pelas orações
recitadas pelo sacerdote no inicio e no fim.
Retiravam então a túnica branca considerada sagrada, e retornavam ao trabalho até o por do sol. Tomavam outro
banho e jantavam obedecendo a mesma cerimônia.

QUE FIM LEVARAM OS ESSÊNIOS?


No ano 68 d.C, o Monastério de Qumran foi aniquilado numa devastadora investida do exército romano que arrasou a
Judéia e destruiu Jerusalém. Qumram, que não era nenhuma fortaleza, foi presa fácil para as legiões de César.
Durante esta investida, os essênios guardaram seus textos manuscritos em jarros de cerâmica e os esconderam em
cavernas, para protegê-los do ataque romano. Estes manuscritos permaneceram escondidos nas cavernas até meados dos
séculos XIX, quando foram então descobertos por acaso.


4. A RELIGIÃO NO TEMPO DE JEUS

O Templo, centro de Israel, para o culto oficial e grandes festas. Onde os judeus devem adorar ao único Deus, puro,
santo, perfeito. Por natureza são impuros, imperfeitos, banais é profanos. Para purificar-se aproximar-se de Deus. Tudo
depende dos sacerdotes. Eles decidem o que é puro ou impuro. O poder sacerdotal aumenta o poder público e

75
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
econômico do templo – tesouro e sinédrio. Banco é lugar de poder político. A religião se torna instrumento de
exploração e opressão do povo.

5. SINAGOGA

Centro comum religioso. Oração. Escuta. Pregação. Qualquer israelita adulto pode fazer a leitura bíblica e explicá-lo.
Convida o povo a viver segundo a Lei. Não é lugar de culto dos sacerdotes. O povo simples é dominado pelos doutores
e fariseus. Pertence à comunidade local. Nos povoados serve como escola. Em Jerusalém há sinagogas até com
hospedaria.

MATEUS

Jesus é o Emanuel – 1,23. Deus conosco, presente em Jesus, comunicando palavra e ação que liberta os homens e os
reúnem como novo povo de Deus. “Estarei convosco – 28,20”. A comunidade é semente do novo povo de Deus, povo
que é o lugar onde se manifesta a presença, ação e palavra de Jesus. Jesus é o Messias que realiza todas as promessas
feitas no AT. Não é apenas terreno, material, nacionalista. Rejeitam-no e o entregam a morte. A comunidade anuncia a
boa nova para que todos pertençam ao Reino de Deus. Jesus e o mestre que veio realizar a justiça. “Devemos cumprir a
justiça – 3,15”. Jesus educa a comunidade para a prática da justiça para realizar a vontade de Deus. Do prólogo até a
morte e ressurreição, Mateus divide a narração em 5 partes: cada uma com uma ação e um ensinamento. A
comunidade deve aprender a realizar a ação oportuna onde estiver vivendo.

MARCOS

Quem é Jesus. Relata a prática à atividade de Jesus, deixando ao leitor chegar a conclusão de que Jesus é o Messias, o
Filho de Deus: 1,1 – 8,29 – 14,61 – 15,39 – Jesus faz pela sua prática, Jesus realiza o projeto messiânico, segundo a
vontade do Pai. Entra em conflito com o esquema vigente de um messias poderoso, que libertaria os judeus das mãos
dos romanos, Jesus não fala de poder, mas de amor. 1,15: transformação radical das relações humanas. O poder –
serviço – campo político – comércio – partilha – economia. Alienação – senso crítico – ideologia – inimigo – irmão. As
autoridades e os proprietários protestam. Matam-no. Jesus continua presente e ressuscitado em cada seguidor. Marcos
inicia o evangelho. Hoje o continuamos, pela vida e pelo compromisso. Jesus é a Plenitude da vida: 8,29 – 15,29.
Vamos encontrá-lo vivo na Galiléia – 16,27.

LUCAS

Com Jesus nasce uma nova história. Lc 1,1-4 At 1,1ss.


Lucas escreveu o evangelho de Jesus – o caminho de Jesus e do espírito Santo – Atos, o caminho da igreja. Juntos, o
Evangelho e Atos formam caminho da salvação. O centro de referência é Jerusalém, ponto de chegada, onde morre e
ressuscita e sobe ao céu. É o ponto de partida da Igreja, continuando a missão de Jesus até os confins da terra – At 1,8.
O Evangelho é o caminho de Jesus como o caminho que realiza na história. Para percorrê-lo, Jesus – 1,32 – se faz
homem – 2,27 – trazendo para dentro da História o projeto de salvação, conforme as promessas do AT. O caminho de
Jesus: libertação. Os oprimidos e pobres são libertados – 4,16-22. Entra em conflito com os que querem manter o
sistema injusto. Jesus entende a história como um caminho de libertação. Jesus força a revisão e a mudança – 1,46-55 –
1,67-79. “ Pai, em tuas mãos entrego meu espírito – 23,46 ”. Sua morte é sua libertação nas mãos de Deus. É
conseqüência de sua vida voltada para os pobres e oprimidos, provocando violência por parte dos grandes. Deus
responde com a ressurreição – At 2,22-24 e 3,15. Jesus é a nova ordem, a história libertadora dos pobres.

JOÃO

“O Verbo se fez carne e habitou entre nós” – Sete milagres, sinais – consequência do compromisso da fé e discursos
com temas-chave (vinho – cura – paralítico, pães, sobre as águas, cego, Lázaro). Meditação sobre a catequese existente.
Visa despertar a fé em Jesus, o Filho de Deus, a fim de que os homens tenham a Vida – 20,30-31. Jesus é o enviado de
Deus, aquele que revela o Pai aos homens. Deus ama os homens e lhes quer dar a vida. Jesus revela este amor e realiza
a vontade do Pai aos homens e mulheres, dando sua vida em favor da humanidade pecadora. A importância do amor: a
volta de Jesus ao Pai pela morte e ressurreição. A revelação de Deus em Jesus julga o mundo. Luz que ilumina. A
vontade de Deus: próximo de Jesus. Ou o aceitamos ou não. Ou luz ou trevas. Ou vida ou morte. A sua aceitação
produz a primeira comunidade que continua Jesus vivo. Ressuscitado. Deus mostra seu amor cedendo Jesus para nos
mostrar a Luz verdadeira. Provamos nosso amor, imitando a Jesus. Aceitar. Continuar a obra de Jesus para que o mundo
tenha Vida. Se o rejeitamos, somos a morte.

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
MILAGRES DE JESUS: São narrados como uma Catequese. São ensinamentos, mensagens para serem realizadas
hoje -aqui - agora.
As narrações Bíblicas não podem ser tomadas ao pé da letra. O mesmo fato narrado por evangelistas diferentes pode
oferecer detalhes secundários diferentes dos outros.
Entretanto o importante mesmo é a mensagem, a catequese, aquilo que é inspirado por Deus e que vale para sempre.

LUCAS 18.36-45: MARCOS 10,46-52 Mateus 20,29-34: João 9,1-7:


Ora, quando ele (Jesus) se Eles chegaram a Jericó. Como saíssem de Ao passar, Jesus viu um
aproximava de Jericó , Estando Jesus a sair de Jericó, uma grande homem cego de
um cego estava sentado a Jericó com seus discípulos multidão o seguia. E nascença. Os seus
beira do caminho,pedindo e uma multidão eis que dois cegos. discípulos lhe fizeram a
multidão, perguntou o considerável, o cego Sentados á beira do pergunta seguinte:
que era. Anunciaram: É Bartimeu, filho de Timeu, caminho, ao saberem Rabi, quem pecou para
Jesus, o Nazoreu, que está estava sentado á beira do que era Jesus quem que ele macesse cego,
passando. Ele exclamou: caminho, mendigando. Ao passava,puseram-se ele ou seus pais?Jesus
Jesus filho de Davi, tem saber que era Jesus de a gritar :senhor,filho respondeu: nem ele
compaixão de mim, os Nazaré, pôs - se a gritar: de Davi, tem nem seus pais. Mas é
que iam na frente o ”Filho de Davi tem compaixão de nós!A para que as obras de
repreendiam para que se compaixão de mim” muitos multidão os Deus se manifestem
calasse mas ele gritava o repreendiam para que se repreendia para que nele.Enquanto é dia, é
ainda mais:filho de Davi calasse, mas ele gritava se calassem. Mas mister trabalharmos nas
tem compaixão de mim. ainda mais: Filho de David eles gritavam com obras daquele que me
Jesus se deteve e ordenou tem compaixão de mais força ainda: enviou: aproxima-se a
que lhe trouxessem; mim!Jesus deteve-se e Senhor filho de Davi noite na qual ninguém
quando ele se aproximou, disse: Chamai-o. tem compaixão de pode trabalhar,enquanto
Jesus o interrogou: que Chamaram o cego, dizem- nós!Jesus deteve-se eu estiver no mundo, eu
queres que eu faça por ti? lhe: confiança levanta-te, lhe disse: que sou a luz do
Ele respondeu: senhor ele te chama. Deitando fora quereis que eu faça mundo.Tendo assim
que eu recupere a vista - o manto, ele se levantou por vós?Eles lhe falado, Jesus cuspiu no
Jesus lhe disse: a tua fé te num salto e foi ter com dizem: Senhor que chã, fez lama com a
salvou! No mesmo Jesus. Dirigindo-se a ele, os nossos olhos se saliva e aplicou –a nos
instante, ele recuperou a Jesus lhe disse: Que queres abram!Tomado de olhos do cego,e lhe
vista e foi seguindo a que eu faça por ti?O cego compaixão, Jesus lhe disse:vai lavar-te na
Jesus, dando glória a respondeu-lhe: Rabuni, que toca os olhos. piscina de siloé.-o que
Deus. Todo o povo vendo eu recupere a vista!e foi Imediatamente significa enviado. O
isto ergue a Deus o seu seguindo a Jesus pelo recuperaram a vista e cego foi, lavou-se e, ao
louvor. caminho. eles o seguiram. voltar, enxergava.
Marcos 8,22-26
Chegaram a betsaida.
Trouxeram-lhe um cego e
pediram que tocassem nele.

9.9 – CALENDÁRIO LITÚRGICO:

Muitas Igrejas, inclusive a Católica, adotam o calendário litúrgico seriado. Ou seja, dividem a Bíblia para ser
lida pelo ano inteiro nas celebrações. As celebrações são, assim, repartidas em 3 anos: Ano A, Ano B, Ano C.
No ano A: lê-se o evangelho de Mateus nas celebrações dominicais. No ano B: lê-se Marcos. No ano C: lê-se
Lucas. Em cada domingo há 4 leituras nas celebrações: 1) Antigo Testamento. 2) Salmo. 3) Novo Testamento. 4)
Evangelho.
Nos dias da semana lêem-se 3 leituras em cada celebração: 1) Antigo ou Novo Testamento. 2) Salmo. 3)
Evangelho.
Quem freqüenta aos domingos durante um ano: ouvirá cerca de 200 leituras básicas da Bíblia. Quem freqüenta
aos domingos por 3 anos: ouvirá cerca de 600 leituras básicas da bíblia.
Quem vai à celebração diária por 1 ano: ouvirá cerca de 1000 leituras bíblicas. Quem vai às celebrações
diárias: em 3 anos, terá ouvido cerca de 3000 leituras bíblicas básicas da bíblia.
Professor: Geraldo Ildeo Franco. 2008

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA

10 – RECAPITULAÇÃO
Cultura religiosa

1) Ser cristão:
- é continuar a obra redentora de Jesus neste mundo.
- É orar e agir.
- É ter coragem de defender o irmão.
- É fazer da vida uma oração contínua de 24 horas por dia.
- É viver o amor agápico da gratuidade sem interesse próprio. Sem egoísmo.
- Lê, conhece, ama e segue a bíblia sem fanatismo.
- Vive a bíblia.
- Trabalha construindo a justiça.
- No jogo, no lazer, no passeio, em qualquer lugar e tempo é sal e luz de amor.

2) Ser religioso:
- rezar algumas horas por dia
- fazer promessa
- ler a bíblia
- cantar
- batizar
- ir à igreja
- procurar dizer que está salvo.
- É rezar pelos corruptos apenas, sem fazer nada contra a injustiça social.
- Decora algumas frases e fatos da bíblia para rezar ou para atacar a outra religião. As piores guerras são as religiosas.
Obs. Jesus brigou contra os religiosos: fariseus, escribas, essênios, saduceus e sacerdotes vendidos aos romanos contra o
povo.

3) O amor tem 4 níveis: O QUE É O AMOR? VOCÊ ESTÁ AMANDO?

a) Sexus: EU. Infantil. Carnal. Egoísta. Instintivo. Busca o meu prazer. Os que usam as prostitutas porque estão
pagando ou não. Usa as pessoas. Não ama as pessoas, mas gosta do que ganha das pessoas. Se não me agradar mais:
acabou-se...

b) Eros: EU-ELA. Adolescente. Bom para nós dois. Faço tudo pela pessoa que amo, porque ela me satisfaz, é bonita, é
agradável, saudável, atraente, me atende, me entende, me faz feliz, me suporta, me completa. Quando a outra pessoa
não me satisfizer mais: acabou-se...

c) Amor filia: EU-ELA-FILHOS: Interesseira. Uma família linda fechada em si mesma, sem se preocupar com a
comunidade em que vive. Ama a sua família: as outras que se danem. Ganha dinheiro, progride, cresce, forma os filhos,
usa a comunidade. Doa-se internamente.

d) Amor agápico. A Ágape. O amor de Cristo. O amor gratuito universal cósmico total a exemplo do amor de Jesus:
para todos, sem egoísmo. O casal que se ama totalmente cria seus filhos, está ligado à comunidade para fazer o bem a
todos. É uma bênção de Deus para os pobres e sofridos. O esposo ama tanto sua esposa e seus filhos que o seu amor
transborda para o povo sofrido. O modelo é Jesus que manda a chuva para os bons e para os maus.

4) Os primeiros cristãos eram chamados de:


a) Nazarenos – seguidores de Jesus.
b) Cristãos – em Antioquia receberam esse nome
c) Católicos = universais – para o mundo inteiro – Concílio de Nicéia – ano 325.

5) Mito – lenda – fábula


Doutrina
Normas
Dogma
Heresia
Apostasia

6) Heresias do início do cristianismo:


- Arianismo
- Nestorianismo

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA
- Monofisitas
- Coptas

7) O cristianismo cresceu tanto que recebeu o nome de COELHO;


Porquê?
- Acreditavam em Jesus que é mais do que a morte.
- Jesus venceu a morte. Ressuscitou.
- A partilha do pão.
- A oração
- A fraternidade.- A caridade.
- A celebração do amo agápico.
- A vivencia em comunidade fraterna.

8) Ano A: Mateus.
Ano B: Marcos
Ano C: Lucas.
O Evangelho de João cai nos 3 anos, em momentos como o da Páscoa.
- Quem vai à missa diariamente em um ano: escuta cerca de: 365 dias vezes 3 leituras diárias = 1095 textos bíblicos.
- Em 3 anos: quem vai à missa diariamente escutará: 3.285 textos bíblicos.
- Quem vai à missa aos domingos por um ano escuta: 50 domingos vezes 4 leituras = 200 textos por ano.
- Quem vai aos domingos por 3 anos: escuta 600 textos bíblicos.
- A missa diária me oferece em 3 anos a bíblia completa.
- A missa dominical em 3 anos: me oferece os textos mais importantes da bíblia.
- Esse calendário vale para os 5 continentes e muitas igrejas não católicas o adotam.
HÁ DOIS TIPOS DE PADRE:
- SECULAR
- RELIGIOSO

9) Igreja Católica Ortodoxa Oriental.


Igreja Católica Ocidental de Roma.
- Sempre houve polêmica entre a Oriental e a Ocidental.
- 1054: cisma – separação – excomunhão.
- 1976: Paulo VI e Atenágoras se unem, se desculpam, retiram a Excomunhão.

10) Houve uma Papisa?


Crio-se uma lenda: houve uma papisa.
- Ano 855-856: Papa Bento III
- Papa Leão IV
Após Leão IV foi eleito o papa João VIII que a lenda diz ter sido uma mulher.
Na verdade, depois de Leão IV foi eleito o papa.
O único papa entre Gregório I e Gregório II foi o papa Bento IV.
- Adriano II reinou entre 876 e 882.
- A lenda apareceu em 1250.

11) INQUISIÇÃO:
Santo Ofício – Rota – Tribunal eclesiástico.
- Devia julgar os hereges que ameaçava a unidade da cristandade.
- Desde o século IV houve inquisição: Concílios eram convocados para condenar.
- Investidura: Reis queriam mandar e governar a Igreja.
- Idade Média: Governo/Igreja = cristandade.
- Século XII: muitos tumultos por causa das idéias diferentes e ameaçadoras.
- Exigem da Igreja um tribunal para colocar ordem nos desordeiros: nasceu assim a Inquisição.
- Concílio de Verona: A Igreja exige providências. O Governo secular devia agir. A Igreja julga. O braço secular
executa.

- 1229: Os albigenses = puros. Esse grupo se colocou como os melhores cristãos. Foram reprimidos.
- Sínodo de Toulouse: Institui o Tribunal contra os hereges e judeus, homossexuais e bruxas.
- 1231: Gregório IX cria o Tribunal da Inquisição. Entregou essa missão aos dominicanos.
- França – Itália – Reino de Aragão e a Alemanha: a Inquisição perseguiu os hereges.
-Qualquer pessoa poderia denunciar sem provas. Até mulheres e crianças poderiam fazer denúncias.
- Na Inglaterra não houve Inquisição. Surgiu ali o grupo dos Lolardos, que foram condenados por Henrique IV..
- Autos de fé: matar os hereges em público.

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- Espanha: Isabela e Fernando conseguiram do Papa Sisto IV – 1478 – o direito de nomear inquisidores. A Inquisição
não tem nada a ver com o Vaticano, mas é cria dos reis da Espanha.
- 1483: Tomás de Torquemada. Quantos ele matou?
- Temos na Idade Média grandes homens e mulheres: Agostinho, Anselmo, Alberto Magno, Tomás de Aquino,
Francisco de Assis, Francisco de Sales, Domingos, Ignácio, Vicente de Paulo.

12) A REFORMA PROTESTANTE.


- A Idade Média ( de 470 a 1500) é chamada de Tempo de Trevas.
- Nos séculos XIV a cristandade estava em total decadência: moral, intelectual, religiosa, filosófica etc.
- As idéias novas e as ciências AMEAÇAVAM.
- Novas descobertas científicas: ciência sem Deus????
- Renascimento: novos filósofos, cientistas, artistas, gênios: incomodam a cristandade que tinha respostas prontas.
- A América – as viagens a outros continentes. Nova mentalidade que ameaça o comodismo da Idade Média.
- 1378-1417 - Avignon – França. Papas são exilados na França. A existência de 3 papas simultâneos.
- Conciliarismo: Queriam diminuir o poder do papa. Exaltaram o Concílio sem o Papa.
-Nepotismo
- Martinho Lutero e as 95 Teses em Wintmberg.
- Século XIII: Grandes santos reformadores foram mais severos que Lutero.
- Valdenses: um grupo extremista, que quis contester, vivendo a pobreza total
- Cátaros: maniqueus. Diziam que há dois princípios: o bem e o mal.
- John Wyccliffe
- John Huss
- Erasmo de Roterdam
- 31/10/199: em Augsburg: Papa e Protestantes assinam acordo teológico – Declaração conjunta de ecumenismo.
- Lutero sofria de alucinações mentais. Tinha pavor da morte. Vivia com medo da condenação eterna.Era epiléptico
forte.
- Lutero era um monge agostiniano
- Lutero inicialmente ataca a indisciplina da Igreja – 95 teses.
- Depois Lutero cai na heresia:
a) Sola fides: basta crer. Só a fé salva.
b) Solus Christus: Basta Jesus. Onde fica a Trindade e a Igreja?
c) Sola scriptura. Basta a bíblia. Onde ficam os novos desafios de hoje que não estão na bíblia?
d) Sola Gratia: Basta a graça de Deus. Onde ficam as virtudes, o nosso esforço, os sacramentos, a penitência, o jejum, a
prática religiosa?

13) Questão política: Príncipes alemães apóiam Lutero contra Roma. Motivo: queriam se apossar dos bens da Igreja na
Alemanha.
O capitalismo: que valoriza só o lucro é fruto da teologia da PROSPERIDADE DOS PROTESTANTES. Jesus prega a
GRATUIDADE.
- 1524-5 Thomas Muezer quis organizar uma igreja sem sacerdotes e sem hierarquia e foi condenado por Lutero.
- Lutero foi convidado para participar do Concílio de Trento. Não aceitou.
- Casou-se com a ex freira Katarina Von Bora.
- Lutero foi devoto da mãe de Jesus.
- No leito de morte arrependeu-se de ter brigado com a Igreja.
- A CONTRA REFORMA: A Igreja reagiu. Organizou-se.
- Concílio de Trento. 1549-1551. Em 3 etapas,
- Jesuítas: Padres preparados e doutores para defender a Igreja.
- Teatinos: Padres preparados para formar bem os novos padres.
- Papa Júlio IV organiza a Igreja.
- Paulo V conseguiu a paz.
O concílio: é uma reunião dos bispos do mundo inteiro para determinar, organizar, condenar, atualizar, estudar etc os
novos problemas aparecidos na Igreja e no mundo.
Já houve 22 Concílios.
Os 3 últimos Concílios:
a) Trento – 1549: organizar a Igreja.
b) Vaticano I: sobre o poder papal. Não teve conclusão.
c) Vaticano II: para atualizar a Igreja. Provocou a modernização da Igreja.

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