Você está na página 1de 1

Amostragem em duas fases adaptativa

para estimar a abundância de populações raras


Anabela Afonso e Russell Alpizar-Jara
Departamento de Matemática e Centro de Investigação em Matemática e Aplicações, Évora

Resumo Objectivo Delineamento amostral


Em 2003, Royle e Nichols desenvolveram um mode- ˆ Amostrar populações raras ou com tendência para Amostragem em duas fases adaptativa:
lo para estimar a abundância a partir de dados de formar agrupamentos.
presenças-ausências em diferentes instantes de visita. ˆ Incrementar esforço de amostragem nas zonas com
1ª fase Amostragem pouco intensiva para detectar
Neste modelo assume-se que a detecção numa zona maior abundância. zonas mais ocupadas.
está relacionada com a probabilidade de detecção ine- ˆ A região de estudo é dividida em M1 zonas.
ˆ Estimar a abundância e a probabilidade de
rente à espécie em estudo e com a abundância. ˆ Cada zona é visitada T vezes.
ocupação das zonas.
Baseado neste modelo, Conroy et al. (2008) pro- ˆ Em cada visita regista-se apenas se foram ou
puseram um delineamento amostral adaptativo em não detectados animais nessa zona (zonas a
duas fases para populações cuja distribuição apresenta coloridas).
um padrão/agregação. Numa primeira fase estima- Como? 2ª fase Nas M2 ≤ M1 zonas com maior ocupação
se a ocupação verificando apenas se existem ou não (i.e., que verificam a condição x.j > τ ) utilizar
animais nas zonas amostradas e na 2ª fase estima-se ˆ Estimar a abundância nas zonas onde não foi um plano de amostragem mais intensivo, por
a abundância com recurso aos modelos de captura- detectada ocupação a partir de dados de ocupação ex. métodos de captura-recaptura ou
recaptura nas zonas onde foi detectada ocupação. (presenças-ausências). amostragem por distâncias (proposta).
Neste artigo pretende-se adaptar a metodologia desen- ˆ Estimar a probabilidade de detecção e a
volvida por estes autores quando na 2ª fase é realizada abundância nas restantes zonas com métodos de Por simplicidade assume-se τ = 0, ou seja, que foi
uma amostragem por distâncias. captura-recaptura ou amostragem por distâncias. detectado pelo menos um indivı́duo na zona.

1ª fase: Modelo de ocupação 2ª fase: Métodos de captura-recaptura 2ª fase: Amostragem por distâncias
Delineamento amostral Delineamento amostral Delineamento amostral proposto

Informação amostral Informação amostral


Informação amostral
 

1 1 ... 0
 1 se na visita t foi detectada ocupação na zona j 1 se na visita t foi detectada ocupação na zona j
xtj = xtj =
0 1 ... 1 0 c.c. 0 c.c.
X = [xtj ] = 
 .. .. ... .. 

com t = 1, ..., T e j = 1, ..., M1. com Pt = 1, ..., M1 e j = 1, ..., M1.
M2
1 0 0 0 n = k=1 nk . onde nk é o número de animais detectados

1 se o animal i foi capturado na amostra h da zona k
uihk = na zona k, k = 1, ..., M2.
onde o elemento genérico xtj , t = 1, ..., T , j = 1, ..., M1. 0 c.c.
yik distância perpendicular (ou radial) ao animal i,

1 se na visita t foi detectada ocupação na zona j com i = 1, ..., Nj , h = 1, ..., H, H o n.º de amostras de
xtj = i = 1, ..., nk , na zona k, k = 1, ..., M2.
0 c.c. captura por zona j obtidas na 2ª fase e k = 1, ..., M2.
Pressupostos
Pressupostos
Pressupostos 1 Todos os animais sobre a linha ou ponto são
1 A população é fechada.
1 A probabilidade de detecção na zona j está relacionada detectados.
2 As marcas não se perdem e não passam despercebidas.
com probabilidade de detecção inerente à espécie, Pa, 2 Não há erros de medição.
3 Homogeneidade na probabilidade de captura.
e a abundância nessa zona, Nj , j = 1, ..., M1. 3 Os animais não se movem em reacção ao observador.
2 Independência entre detecções de animais e zonas.
Modelo
3 Todos os animais têm igual probabilidade de detecção, Modelo proposto
Pa . M2
Y
L(Pa, N., β|x., U ) = L(Pa|x., N.) f (u..k |Nk , πk ). L(Pa, N., β|x., y, n) = L(Pa|x., N.)L(Pa. , N., β|y, n.)
Modelo k=1 (4)
ˆ nj o número de animais detectados na zona j. (3) onde
ˆ Probabilidade de detectar animais numa zona j com onde f (u..k |Nk , πk ) é a função de probabilidade conjunta M2
Y
Nj animais é [3]: da história das capturas, U = [uihk ], na zona k para um L(Pa. , N., β|y, n.) = L(Nk , Pak |nk )L(βk |y.k , nk ),
determinado modelo de captura-recaptura [4] e β é um k=1
pj = P (nj > 0|Nj ) = 1 − P (nj = 0|Nj ) (1) (5)
vector de parâmetros utilizado para definir os πk quando
= 1 − (1 − Pa)Nj .
 
modelados numa abordagem log-linear [2]. Nk
PT L(Nk , Pak |nk ) = (Pak )nk (1 − Pak )Nk −nk , (6)
ˆ x.j = t=1 xtj número visitas em que foi detectada nk
ocupação na zona j, em T visitas. nk
Y
Logo X.j _ B(T, pj ). L(βk |y.k , nk ) = f (ylk |βk ), (7)
l=1
M 1
e f é a f. d. p. das distâncias y que permitem estimar a
Y T  
x.j T −x.j
L(Pa|x., N.) = pj (1 − pj ) , (2) probabilidade de detecção na zona k, Pak [1].
j=1
x .j

onde N. = (N.1, ..., N.M1 ), x. = (x.1, ..., x.M1 ) e pj é dado A primeira parte das verosimilhanças (3) e (4) permite estimar a ocupação em todas nas zonas e a segunda parte permite
por (1) [3]. estimar a abundância nas zonas onde se efectuou a 2ª fase da amostragem bem como as probabilidades de captura ou
detecção nos diferentes instantes de captura.
Agradecimentos Referências bibliográficas
Os autores são membros do CIMA-UÉ, centro de inves-
[1] Buckland, S. T., Anderson, D. R., Burnham, K. P., Laake, J. L., Borchers, D. L. e Thomas, L. (2004). Advanced distance sampling: estimating
tigação financiado no âmbito do FEDER, pelo programa
abundance of biological populations. Oxford University Press, New York.
de Financiamento Plurianual da FCT.
[2] Conroy, M. J., Runge, J. P., Barker, R. J., Schofield, M. R., Fonnesbeck, C. J. (2008). Efficient estimation of abundance for patchily
distributed populations via two-phase, adaptive sampling. Ecology, 89(12), pp. 3362-3370.
[3] Royle, J. A., Nichols, J. D. (2003). Estimating abundance from repeated presence-absence data or points counts. Ecology, 84(3), pp. 777-790.
[4] Williams, B. K., Nichols, J. D., Conroy, M. J. (2002). Analysis and Management of Animal Populations. Academic Press.

Você também pode gostar