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em universitários
Você sabe
identificar
como começa?
VOCÊ SABIA No Brasil, dados do Ministério da Saúde (2013)³ mostram que
a depressão atinge aproximadamente 7,6% da população adulta,
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a de- sendo a maioria mulheres. Em relação a escolaridade, indivíduos com
pressão atinge globalmente mais de 300 milhões de pessoas (4,4% da o Ensino Médio completo, Ensino Superior incompleto e Superior
população mundial). Esse número aumentou 18,4% de 2005 a 2015, e completo somam 15,1% da população diagnosticada com depressão.
continua aumentando, principalmente em países de baixa renda. No Rio de Janeiro estima-se que 6% dos habitantes sofrem com a
A OMS constatou que a depressão é a principal causa de problemas depressão.
de saúde e incapacidade no mundo todo. Além disso, ela aumenta Prevalência de autorrelato de diagnóstico médico de depressão na
o risco de abuso de substâncias e pode contribuir para o surgimento população brasileira de adultos (≥ 18 anos), segundo sexo, faixa
de distúrbios orgânicos como a diabetes e problemas cardíacos. De etária e nível de escolaridade. Pesquisa Nacional de Saúde, 2013.
uma forma geral, as mulheres são mais afetadas do que os homens. Variáveis
Autorrelato de depressão %
Apesar de existirem diversas formas eficazes de tratá-la, menos da (Intervalo de Confiança de 95%)
metade das pessoas afetadas pela depressão recebem tratamento, Sexo
dependendo do país esse número pode ser menor que 10%¹ ‘ ². Masculino 3,9 (3,5 - 4,4)
Feminino 10,9 (10,3 - 11,6)
Faixa etária (anos)
Prevalência global de transtornos depressivos, por idade e sexo (%)
18 - 29 3,9 (3,3 - 4,5)
Mulher Homem 30 - 59 8,8 (8,2 - 9,4)
60 - 64 11,1 (9,1 - 13,1)
9%
65 - 74 9,9 (8,3 - 11,5)
8% 75 + 6,9 (5,3 - 8,5)
7% Nível de escolaridade
Sem instrução e fundamental incompleto 8,6 (7,9 - 9,3)
6%
Fundamental completo e médio incompleto 6,9 (5,9 - 8,0)
5%
Médio completo e superior incompleto 6,4 (5,8 - 7,0)
4% Superior completo 8,7 (7,5 - 9,9)
3% Na pior das hipóteses a depressão pode levar ao suicídio.
2% A Organização Pan-Americana de Saúde alerta para o fato de que a
1% depressão é a segunda maior causa de suicídio entre jovens de 15 a
29 anos².
0%
-19 -2
4
-2
9
-3
4
-3
9
-4
4
-4
9
-5
4
-5
9
-6
4
-6
9
-7
4
-7
9 + Todos esses dados apontam para a necessidade de ações
15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80
para prevenir e tratar a depressão em jovens. A presente cartilha tem
como objetivo informar os universitários sobre o que é a depressão,
Fonte: Estudo da Carga Global da Doença 2015 (http://ghdx.healthdata.org/gbd-results-tool)
Os dados regionais apresentados são estimativas padronizadas por idade.
explicar como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) pode aju-
dar em casos de depressão e onde procurar ajuda.
2 Depressão em universitários - você sabe identificar como começa? Depressão em universitários - você sabe identificar como começa? 3
TÁ, MAS O QUE É DEPRESSÃO⁴ desafios que requerem maior assertividade e empatia, além de outras
habilidades sociais.
A depressão é um transtorno de humor, que afeta a maneira Do meio para o final do curso de graduação, o estresse é
como as pessoas pensam, sentem e realizam as atividades do dia a maior, devido a necessidade de combinar o estágio com as deman-
dia. Ela pode se manifestar em diferentes graus: leve, moderado e das do curso. O aumento de projetos e trabalhos acadêmicos, pouco
grave. Em alguns casos, a pessoa consegue realizar as tarefas do co- tempo de lazer, a pressão de quantos créditos puxar, a monografia, a
tidiano, em outros, tem dificuldade até para realizar pequenas tarefas cobrança da família, e o vislumbre da formatura e início de carreira.
do dia a dia. Essa é uma fase muito atribulada, onde incertezas sobre a inserção
O desânimo, assim como os sentimentos de tristeza e desvalor, são no mercado de trabalho, qual caminho seguir depois da faculdade e
predominantes no quadro. mesmo dúvidas sobre a escolha do curso escolhido, costumam surgir.
A maioria dos estudantes, ao final, passa por um processo de cons-
- Fatores Estressores trução de maturidade, ingressando no mundo adulto.
O estresse parece ser um fator de vulnerabilidade para o de-
A entrada na universidade é um novo ciclo no qual são exi- senvolvimento do transtorno de humor, já que estudos apontam que
gidas novas habilidades interpessoais e acadêmicas. Diferentemen- episódios de estresse precedem sintomas de depressão⁵. De acordo
te do ensino médio, na universidade surgem novos colegas, novos com Joca (2003)⁶, 60% dos casos de depressão são precedidos pela
professores e novas regras, acarretando um processo de adaptação ocorrência do estresse, relacionados com fatores psicossociais. Esses
à novas demandas: saber se organizar; dar conta das provas; fazer fatores são descritos em dois momentos distintos com características
novas amizades; realizar trabalhos em grupo; falar em público; lidar próprias: o primeiro sendo o ingresso na faculdade, período marcado
com figuras de autoridade (professores); manter boas notas; buscar pelas dificuldades de adaptação e o afastamento com a família de
estágios e saber conciliar a faculdade com o trabalho. origem. O segundo é o período final, no qual a colocação no merca-
O ambiente universitário exige uma maior autonomia, e a do de trabalho e os projetos finais passam a pesar⁵. Nesse contexto, a
maior liberdade para fazer escolhas trás o desafio de aprender a identificação de sintomas do quadro depressivo nesta população é de
balancear responsabilidade e prazer. Além disso, há também maior extrema importância, para que esses indivíduos recebam a assistência
exposição social: interagir com professores e colegas em aulas expo- adequada, possibilitando uma melhora na sua qualidade de vida e
sitivas, fazer parte de debates, falar em público e lidar com críticas são atuando de forma preventiva.
4 Depressão em universitários - você sabe identificar como começa? Depressão em universitários - você sabe identificar como começa? 5
- Sintomas E O QUE É A TERAPIA
COGNITIVO COMPORTAMENTAL⁹
Uma forma de compreender os sintomas da depressão é ima-
ginar que a pessoa deprimida deixa de ver sentido na vida, como se Tendo em vista o que é a depressão e quais são os sintomas
passasse a usar um óculos com lentes cinza; o mundo perde as cores do transtorno, pode ser que você esteja se perguntando: “Ok, mas e
e o sentimento de desânimo prevalece. A pessoa ativa uma visão ne- agora? Como lidar com algo que me deixa tão incapaz?”. Para res-
gativa sobre si mesmo, os outros e o mundo, sem esperanças sobre o ponder esse questionamento, essa seção da cartilha explicará o que é
futuro⁷. A pessoa deprimida pode apresentar os seguintes sintomas⁸: a Terapia Cognitivo-Comportamental(TCC), um dos métodos eficazes
de tratamento do transtorno depressivo.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma forma de
psicoterapia que tem sua eficácia comprovada no tratamento de di-
Comportamentos irritadiços ou agressivos versos transtornos mentais. O princípio fundamental da TCC é de que
Falta de motivação
os nossos comportamentos e as nossas emoções são influenciados
Diminuição do interesse
por nossos pensamentos que, por sua vez, interferem na forma como
por atividades que percebemos o mundo. Assim, não é a situação em si, mas a nos-
Isolamento social
considerava prazerosas sa interpretação que influencia nossos sentimentos, reações físicas e
Humor deprimido comportamentos.
Dificuldade de concentração
Desânimo
Sentimento de vazio
Choro excessivo
Aumento/diminuição do apetite
Diminuição do interesse sexual
Cansaço excessivo Tristeza sem provável explicação Pensamento
Falta de autocuidado pessoal
Aumento ou diminuição do sono
6 Depressão em universitários - você sabe identificar como começa? Depressão em universitários - você sabe identificar como começa? 7
- Mas quem tem depressão
Para a TCC processamos a informação em três níveis:
Camilla é estudante de enge-
nharia, com 22 anos. Está com
1 - Pensamentos automáticos: pensamentos rápidos ou imagens dificuldade no ciclo básico, com
que pipocam na nossa cabeça após um acontecimento. Exemplo: pe- notas baixas e algumas reprova-
gar a prova e pensar “nunca vou conseguir passar nessa matéria”. ções. Durante toda a sua vida,
teve um alto rendimento escolar
2 - Crenças intermediárias: regras, atitudes e pressupostos que o com notas muito acima da mé-
indivíduo possui para lidar com as ideias a respeito de si e a respeito dia. Começou a sentir-se muito
do mundo. Exemplo: “se eu for mal na prova de cálculo, então não triste e pensa que não consegui-
sou boa aluna” (pressuposto); “só posso ser considerado um bom alu- rá terminar o ciclo básico.
no se eu for o melhor da turma” (regra); “ir mal numa prova é a pior Isolou-se mais dos amigos, chora
coisa que pode me acontecer”. bastante e sente-se muito cansa-
da, não tem fome e também não
3 - Crenças nucleares: crenças mais fundamentais, rígidas e in- tem energia para fazer atividades
flexíveis que o indivíduo tem sobre si e sobre o outro. Exemplo: “Eu de lazer que antes gostava.
sou incapaz”; “Eu não sou amado” ou “ Sou um fracasso”. As crenças
centrais são o resultado da soma de nossas características de perso- Hugo é estudante de design, tem
nalidade e nossas experiências de vida. 29 anos. Demorou a descobrir
qual carreira queria seguir, antes
Esses três níveis funcionam como uma engrenagem e na de- disso, trabalhava para ajudar a
pressão se ativa de forma negativa e inflexível, formando um ciclo família. Começou a sentir-se ir-
que se perpetua e contribui para manter o quadro. ritado quando teve dificuldades
com a finalização dos projetos.
A TCC é uma terapia estruturada, colaborativa e focada no Sente-se cansado e sem fome.
aqui e agora. O objetivo da TCC é ensinar o paciente a identificar os Está mais agressivo e grita com
seus pensamentos distorcidos e como tais pensamentos, que podem os amigos e colegas quando se
estar disfuncionais, afetam nossos sentimentos e comportamentos. frustra com os projetos.
8 Depressão em universitários - você sabe identificar como começa? Depressão em universitários - você sabe identificar como começa? 9
Exemplos de pensamentos automáticos Situação: Não consegue finalizar a tarefa / projeto
É o projeto mais
importante do
curso! Como eu não
consigo terminar?
10 Depressão em universitários - você sabe identificar como começa? Depressão em universitários - você sabe identificar como começa? 11
Como a TCC atua na depressão Camila:
“Todos
entregaram Atraso na “Sou burra”
menos eu.” entrega do
trabalho final. Ao identificar esse ciclo de funcionamento, Camila e Hugo co-
meçam a perceber que seus pensamentos e comportamentos con-
tribuem para manter o problema. Eles começam na terapia a apren-
Ansiedade der a questionar seus pensamentos para ver se está exagerando e
Dor no peito
e angústia
e taquicardia catastrofizando ao ativar o ciclo da depressão. Ao identificar como
funciona e como os pensamentos influenciam seus sentimentos e
comportamentos, Camila e Hugo começam a traçar estratégias de
Professor Postergar mudança. A terapeuta os ajuda a refletir também sobre sua história
cobra o projeto e fazer outras coisas de vida, como esses pensamentos e crenças se formaram ao longo
do tempo. Assim, na terapia, Camila e Hugo vão desenvolvendo no-
Raiva “Ele é muito exigente”, vas estratégias para lidar com sua vida.
“Não vou conseguir”, Toda terapia é um processo no qual os problemas e dificulda-
“Eu sou um fracasso”. des pessoais são acolhidos. Ao longo desse processo desenvolve-se
Procrastinar Tensão um maior auto-conhecimento e conhecimento sobe os problemas e
e descontar muscular como manejá-los. O importante é procurar ajuda e prevenir conse-
nos amigos quências piores. Se você se identificou com os sintomas de depressão
busque ajuda!
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Onde posso procurar ajuda na PUC? Referências
1 - Depression and Other Common Mental Disorders: Global Health
Estimates. Geneva: World Health Organization; 2017
• SPA PUC-Rio. Telefone (21) 3527-1573 / 3527-1574 / 3527-1575. 2 - Organização Pan-Americana da Saúde. Folha informativa - De-
( http://www.psi.puc-rio.br/site/index.php/spa-servicos) pressão [Internet]. Paho.org/bra [atualizado em 2018 Mar.; citado
• Procure um terapeuta cognitivo no site: (http://www.atc-rio. em 2019 Jun. 19]. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.
org.br) php?option=com_content&view=article&id=5635:folha-informativa-
-depressao&Itemid=1095.
Procure 3 - Stopa, S. R., Malta, D. C., Oliveira, M. M. D., Lopes, C. D. S., Mene-
ajuda! zes, P. R., & Kinoshita, R. T. Prevalência do autorrelato de depressão
no Brasil: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Revista
Brasileira de Epidemiologia. 2015; 18: 170-180.
4 - American Psychiatric Associarion. Manual diagnóstico e estatístico
de transtornos mentais. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
5 - Padovani R.C., Neufeld C.B., Maltoni J., Barbosa L.N.F., Souza W.F.,
Cavalcanti H.A.F., Lameu J.N. Vulnerabilidade e bem-estar psicológi-
cos do estudante universitário. Revista Brasileira de Terapias Cogniti-
vas; 2014; vol 10; n 1.
6 - Joca, S. R. L, Padovan, C. M., & Guimarães, F. S. Estresse, depres-
são e hipocampo. Revista Brasileira de Psiquiatria. 2003; 25 (Supl. 2):
46-51.
7 - Hofmann, Stefan G. Lidando com a depressão. Em: Hoffmann,
Stefan G. Introdução à Terapia Cognitivo Comportamental Contem-
porânea. 1ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. cap. 8, p. 121-134. v. 1.
8 – Da Costa, Rafael Thomaz. et al. Psicoeducação em Terapia Cog-
nitivo comportamental. Organizado por Marcele Regine de Carvalho,
Lúcia Emmanoel Novaes Malagris e Bernard P. Rangé. 1ª Edição. Novo
Hamburgo: Sinopsys, 2018. cap. 8, p. 110-121. v. 1.
9 - Beck J.. Terapia Cognitivo Comportamental: Teoria e Pratica. 2ª ed.
Porta Alegre: Artmed; 2013.
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