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Ares(2015)1075180 - 11/03/2015
COMISSÃO EUROPEIA
EMPRESAS E INDÚSTRIA

Guia de aplicação da
Diretiva Máquinas
2006/42/CE

2.ª Edição
Junho de 2010
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Introdução à 2.ª Edição

A Diretiva 2006/42/CE é uma versão revista da Diretiva Máquinas, cuja primeira


versão foi adoptada em 1989. A nova Diretiva Máquinas está em vigor desde 29 de
Dezembro de 2009. A diretiva tem o objectivo duplo de harmonizar os requisitos
de saúde e segurança aplicáveis a máquinas, com base num elevado nível de
proteção da saúde e da segurança, assegurando simultaneamente a livre
circulação de máquinas no mercado da UE. A Diretiva Máquinas revista não
introduz alterações radicais em comparação com as versões anteriores. Clarifica e
consolida as disposições da diretiva com o objectivo de melhorar a sua aplicação
prática.
Enquanto a Diretiva Máquinas era objecto de discussão pelo Conselho e pelo
Parlamento Europeu, a Comissão acordou em elaborar um novo Guia para a sua
aplicação. O objectivo deste Guia é fornecer explicações dos conceitos e requisitos
da Diretiva 2006/42/CE para assegurar a interpretação e aplicação uniformes em
toda a UE. O Guia também fornece informações sobre outros atos legislativos da
UE conexos. Dirige-se a todas as partes envolvidas na aplicação da Diretiva
Máquinas, incluindo fabricantes, importadores e distribuidores de máquinas,
organismos notificados, organismos de normalização, agências para a higiene e
segurança no trabalho e de defesa do consumidor, funcionários das
administrações nacionais pertinentes e autoridades de vigilância do mercado.
Também pode ter interesse para advogados e estudantes da legislação da UE nas
áreas do mercado interno, da higiene e segurança no trabalho e da defesa do
consumidor.
O Guia foi aprovado pelo Comité Máquinas a 2 de Junho de 2010.
Sublinha-se o facto de apenas serem juridicamente vinculativos a Diretiva
Máquinas e os textos que implementam as suas disposições na lei nacional.

Esta 2.ª Edição do Guia foi complementada com comentários sobre os


Anexos III a XI da Diretiva Máquinas. Alguns erros observados pelos
leitores foram corrigidos. As referências e os termos jurídicos foram
atualizados em conformidade com o Tratado de Lisboa - nomeadamente
onde a diretiva se refere à "Comunidade", o Guia agora refere-se à "UE".
Após discussão com a indústria, os comentários relacionados com
correntes, cabos e correias de elevação nos §44, §330, §340, §341 e §357
foram revistos de forma a clarificar a aplicação prática dos requisitos
relativos a estes produtos.
A 2.ª Edição inclui também um índice temático para facilitar a consulta do
Guia. A numeração das secções do Guia não foi alterada.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O Guia foi publicado em Inglês no sítio da internet EUROPA da Comissão. Prevê-


se a realização da tradução do Guia nas outras línguas da UE, mas apenas a
versão inglesa será verificada pela Comissão, por conseguinte, em caso de dúvida,
a versão inglesa prevalecerá como referência.
O Guia pode ser descarregado e é apresentado em formato de impressão.
Enquadrado a vermelho e itálico encontra-se o texto da diretiva - os comentários
seguem-se a preto. Está prevista a publicação de atualizações regulares do Guia,
de forma a responder às questões aprovadas pelo Comité Máquinas e o Grupo de
Trabalho Máquinas.
O Guia considera as alterações à Diretiva 2006/42/CE introduzidas pelo
Regulamento (CE) N.° 596/2009 referentes ao procedimento de regulamentação
com controlo para o Comité Máquinas. Considera também as disposições do
Regulamento (CE) N.° 765/2008 referentes à vigilância do mercado, que se
aplicam de forma complementar.
A 2.ª Edição do Guia à Diretiva Máquinas não tem em conta a alteração no que se
refere a máquinas de aplicação de pesticidas, introduzida pela Diretiva
2009/127/CE, que será aplicada a 15 de Dezembro de 2011. Esta alteração será
incluída na 3.ª Edição, a publicar no final de 2010.
O Guia foi preparado com o apoio de um Grupo Editorial 1 . A Comissão gostaria
de agradecer especialmente aos membros do Grupo Editorial pelo grande esforço
e trabalho que levaram a cabo e pelo espírito construtivo, de cooperação e
eficiência no qual foram elaborados os projetos. Além do trabalho realizado pelo
Grupo Editorial, contou-se também com o contributo valioso do Grupo de
Trabalho sobre a Diretiva Máquinas estabelecido pela ORGALIME, com
representantes dos principais sectores de fabrico de máquinas. Os projetos
elaborados pelo Grupo Editorial foram submetidos à apreciação dos Estados-
Membros e das partes interessadas. A Comissão gostaria de agradecer também a
todos aqueles que colaboraram com os seus comentários. Tentámos incluir todos,
na medida do possível.
A Comissão responsabiliza-se inteiramente pelo conteúdo do Guia. Convidamos
os leitores a comunicar qualquer correção ou comentário a esta 2.ª Edição do Guia2
para que possam ser considerados na preparação da 3.ª Edição.

Bruxelas, Junho de 2010


O Editor Geral,
Ian Fraser

1 As pessoas a seguir mencionadas participaram no trabalho do Grupo Editorial:


Lennart Ahnström, Emilio Borzelli, Robert Chudzik, Roberto Cianotti, Mike Dodds, Cosette
Dussaugey, Marcel Dutrieux, Pascal Etienne, Ludwig Finkeldei, Tuiri Kerttula, Thomas Kraus,
Partrick Kurtz, Wolfgang Lentsch, Göran Lundmark, Phil Papard, Boguslaw Piasecki, Marc
Schulze, Katri Tytykoski, Gustaaf Vandegaer, Henk van Eeden, Richard Wilson, Jürg Zwicky.
2 As correções, comentários e propostas de melhoria deverão ser enviados para:
ian.fraser@ec.europa.eu

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Índice

Citações

§1 Citações
§2 Fundamentos jurídicos da Diretiva Máquinas
Considerandos

§3 Considerandos
Considerando 1 §4 Historial da Diretiva Máquinas
Considerando 2 §5 A importância económica e social da Diretiva Máquinas
Considerando 3 §6 Saúde e Segurança
Considerando 4 §7 Definições
Considerando 5 §8 Inclusão de elevadores de estaleiro
Considerando 6 §9 Inclusão de aparelhos portáteis de fixação de carga explosiva e
outras máquinas de impacto
Considerando 7 §10 Equipamentos destinados à elevação de pessoas com máquinas
concebidas para a elevação de mercadorias
Considerando 8 §11 Tratores agrícolas e florestais
Considerando 9 e 10 §12 Vigilância do Mercado
Considerando 11 §13 Objecção formal às normas e cláusula de salvaguarda
Considerando 12 §14 Regulamentos relativos ao uso de máquinas
Considerando 13 §15 Medidas relativas a grupos de máquinas perigosas que
apresentam os mesmos riscos
Considerando 14 §16 Estado da técnica
Considerando 15 §17 Máquinas para utilização pelo consumidor
Considerando 16 §18 Quase-máquinas
Considerando 17 §19 Feiras e exposições
Considerando 18 §20 A Nova Abordagem
Considerando 19 §21 Avaliação da conformidade
Considerando 20 §22 Anexo IV relativo a máquinas
Considerando 21 e §23 A marcação CE
22
Considerando 23 §24 Avaliação de riscos
Considerando 24 §25 O processo técnico de fabrico
Considerando 25 §26 Recursos
Considerando 26 §27 Cumprimento
Considerando 27 §28 Alteração da Diretiva Ascensores
Considerando 28 §29 Subsidiariedade e proporcionalidade
Considerando 29 §30 Quadros de correspondência nacionais
Considerando 30 §31 Comité Máquinas
Artigos

Artigo 1.º, n.º 1 §32 Produtos abrangidos pela Diretiva Máquinas


Artigo 2.º §33 O uso do termo "máquinas" em sentido lato
Artigo 1.º, alínea a) §34 Máquinas em sentido restrito
Artigos 1.º, alínea a) §35 Definição de base
e 2.º, alínea a)
1.º travessão
2.º travessão §36 Máquinas fornecidas sem componentes de ligação
3.º travessão §37 Máquinas a instalar num suporte específico
4.º travessão §38 Conjunto de máquinas
§39 Conjuntos que incluem máquinas novas e existentes
5.º travessão §40 Máquinas manuais para a elevação de cargas
Artigos 1.º, alínea b) §41 Equipamento intermutável
e 2.º, alínea b)
Artigos 1.º, alínea c) §42 Componentes de segurança
e 2.º, alínea c)
Artigos 1.º, alínea d) §43 Acessórios de elevação
e 2.º, alínea d)

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigos 1.º, alínea e) §44 Correntes, cabos e correias


e 2.º, alínea e)
Artigos 1.º, alínea f) §45 Dispositivos amovíveis de transmissão mecânica
e 2.º, alínea f)
Artigos 1.º, alínea g) §46 Quase-máquinas
e 2.º, alínea g)
Artigo 1.º, n.º 2 §47 Produtos excluídos do âmbito de aplicação da Diretiva Máquinas
Artigo 1.º, n.º 2, §48 Componentes de segurança destinados a substituir componentes
alínea a) idênticos, fornecidos pelo fabricante da máquina de origem
Artigo 1.º, n.º 2, §49 Materiais para feiras e/ou parques de atracões
alínea b)
Artigo 1.º, n.º 2, §50 Máquinas para fins nucleares
alínea c)
Artigo 1.º, n.º 2, §51 Armas, incluindo armas de fogo
alínea d)
Artigo 1.º, n.º 2, §52 Meios de transporte
alínea e)
1.º travessão §53 Tratores agrícolas e florestais
2.º travessão §54 Veículos rodoviários de quatro ou mais rodas e respectivos
reboques
3.º travessão §55 Veículos rodoviários de duas ou três rodas
4.º travessão §56 Veículos a motor destinados à competição
5.º travessão §57 Meios de transporte aéreo, aquático e ferroviário
Artigo 1.º, n.º 2, §58 Navios de mar e unidades móveis offshore, bem como máquinas
alínea f) instaladas a bordo desses navios e/ou unidades
Artigo 1.º, n.º 2, §59 Máquinas para fins militares ou de manutenção da ordem pública
alínea g)
Artigo 1.º, n.º 2, §60 Máquinas para efeitos de investigação
alínea h)
Artigo 1.º, n.º 2, §61 Ascensores para poços de minas
alínea i)
Artigo 1.º, n.º 2, §62 Máquinas destinadas a mover artistas durante representações
alínea j) artísticas
Artigo 1.º, n.º 2, §63 Máquinas abrangidas pela Diretiva Baixa Tensão
alínea k)
1.º travessão §64 Aparelhos domésticos destinados a utilização doméstica
2.º travessão §65 Equipamentos áudio e vídeo
3.º travessão §66 Equipamentos da tecnologia da informação
4.º travessão §67 Máquinas de escritório comuns
5.º travessão §68 Aparelhos de conexão e de controlo de baixa tensão
6.º travessão §69 Motores eléctricos
Artigo 1.º, n.º 2, §70 Equipamentos eléctricos de alta tensão
alínea l)
Artigo 2.º, alínea h) §71 Definição de "colocação no mercado"
§72 Máquinas novas e usadas
§73 Fase na qual a Diretiva Máquinas se aplica às máquinas
§74 Formas jurídicas e contratuais de colocação no mercado
§75 Leilões
§76 Colocação no mercado de conjuntos de máquinas
§77 Colocação no mercado de quase-máquinas
Artigo 2.º, alínea i) §78 Definição de "fabricante"
§79 Quem é o "fabricante"?
§80 Pessoa que fabrica máquinas para uso próprio
§81 Outras pessoas que podem ser consideradas como fabricantes
§82 Máquinas alteradas antes da sua primeira entrada em serviço
§83 Distribuidores
Artigo 2.º, alínea j) §84 A possibilidade de nomear um mandatário
§85 As tarefas de um mandatário
Artigo 2.º, alínea k) §86 Definição de "entrada em serviço"
Artigo 2.º, alínea l) §87 Definição de "norma harmonizada"
§88 (Reservado)

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 3.º §89 Diretiva Máquinas e outras diretivas relativas ao mercado interno
§90 Diretivas específicas que se aplicam a máquinas do seu âmbito
em detrimento da Diretiva Máquinas
§91 Diretivas específicas que podem ser aplicadas a máquinas em
detrimento da Diretiva Máquinas no que se refere a riscos
específicos
§92 Diretivas que podem ser aplicadas a máquinas, além da Diretiva
Máquinas, no que se refere a riscos que não estão cobertos pela
Diretiva Máquinas
Artigo 4.º, n.º 1 §93 Vigilância do mercado
§94 Vigilância do mercado de máquinas
Artigo 4.º, n.º 2 §95 Vigilância do mercado de quase-máquinas
Artigo 4.º, n.os 3 e 4 §96 Autoridades de vigilância do mercado
§97 Sistema de vigilância do mercado
§98 Ferramentas para a vigilância do mercado
§99 Documentos relativos a máquinas do Anexo IV
§100 Medidas a tomar em relação a máquinas não conformes
§101 Produtos de consumo perigosos
§102 Controlo nas fronteiras externas da UE
Artigo 5.º, n.º 1 §103 Obrigações dos fabricantes de máquinas
Artigo 5.º, n.º 2 §104 Obrigações dos fabricantes de quase-máquinas
Artigo 5.º, n.º 3 §105 Meios para garantir a conformidade das máquinas
Artigo 5.º, n.º 4 §106 Marcação CE em conformidade com outras diretivas
Artigo 6.º, n.os 1 e 2 §107 Livre circulação de máquinas e quase-máquinas
Artigo 6.º, n.º 3 §108 Feiras, exposições e demonstrações
Artigo 7.º, n.º 1 §109 Presunção de conformidade conferida pela marcação CE e a
Declaração CE de Conformidade
Artigo 7.º, n.º 2 §110 Presunção de conformidade conferida pela aplicação de normas
harmonizadas
§111 Classificação das normas de máquinas
§112 Desenvolvimento de normas harmonizadas para máquinas
§113 Identificação de normas harmonizadas
Artigo 7.º, n.º 3 §114 Publicação das referências de normas harmonizadas no Jornal
Oficial da União Europeia
Artigo 7.º, n.º 4 §115 Participação de parceiros sociais na normalização
Artigo 8.º, n.º 1 §116 Medidas sujeitas ao Procedimento de Comité de Regulamentação
Artigo 8.º, n.º 2 §117 Medidas sujeitas ao Procedimento de Comité Consultivo

Artigo 9.º §118 Medidas a tomar em relação a máquinas perigosas que


apresentam riscos semelhantes
Artigo 10.º §119 Objecções formais a normas harmonizadas
§120 Procedimento para objecções formais
§121 Resultados de uma objecção formal
Artigo 11.º, n.º 1 §122 Cláusula de salvaguarda
Artigo 11.º, n.os 2 e 3 §123 Procedimento de salvaguarda
Artigo 11.º, n.º 4 §124 Lacunas das normas harmonizadas
Artigo 11.º, n.º 5 §125 Medidas contra quem apôs a marcação CE
Artigo 11.º, n.º 6 §126 Informações relativas a procedimentos de salvaguarda
Artigo 12.º, n.º 1 §127 Avaliação de conformidade das máquinas
Artigo 12.º, n.º 2 §128 Categorias de máquinas que não fazem parte da lista do Anexo IV
Artigo 12.º, n.º 3 §129 Máquinas do Anexo IV concebidas conforme normas
harmonizadas que cobrem todos os requisitos essenciais de
saúde e de segurança aplicáveis
Artigo 12.º, n.º 4 §130 Outras máquinas do Anexo IV
Artigo 13.º §131 Procedimento para quase-máquinas
§132 Diagrama dos procedimentos para colocação de máquinas e
quase-máquinas no mercado

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Artigo 14.º, nos 1 a 5 §133 Organismos Notificados


§134 Avaliação e controlo dos organismos notificados
Artigo 14.º, n.º 6 §135 Retirada de certificados ou decisões emitidos pelos organismos
notificados
Artigo 14.º, n.º 7 §136 Intercâmbio de experiências entre as autoridades de notificação
§137 A coordenação dos organismos notificados
Artigo 14.º, n.º 8 §138 Retirada de notificação
Artigo 15.º §139 Regulamentação nacional relativa à instalação e utilização de
máquinas
§140 Regulamentação nacional relativa à saúde e segurança dos
trabalhadores
Artigo 16.º §141 A marcação CE
Artigo 17.º §142 Marcação não conforme
Artigo 18.º §143 Sigilo e transparência
Artigo 19.º §144 Grupo da Cooperação Administrativa (ADCO) Máquinas
Artigo 20.º §145 Motivos das decisões e recursos
Artigo 21.º §146 Fontes de informação
Artigo 22.º §147 Comité Máquinas
§148 Grupo de Trabalho Máquinas
§149 Diagrama de instituições que lidam com a Diretiva Máquinas
Artigo 23.º §150 Sanções relativas a infracções contra as disposições da diretiva
Artigo 24.º §151 Delimitação entre a Diretiva Máquinas e a Diretiva Ascensores
Artigo 25.º §152 Revogação da Diretiva 98/37/CE
Artigo 26.º §153 Transposição e aplicação das disposições da diretiva
Artigo 27.º §154 Período de transição para aparelhos portáteis de fixação de carga
explosiva e outras máquinas de impacto
Artigo 28.º §155 Data de entrada em vigor da diretiva
Artigo 29.º §156 Destinatários e signatários da diretiva
ANEXO I
Requisitos essenciais de saúde e de segurança relativos
à concepção e ao fabrico de máquinas
Princípios Gerais §157 Princípios Gerais
Princípio Geral 1 §158 Avaliação de riscos
§159 Avaliação de riscos e normas harmonizadas
Princípio Geral 2 §160 Aplicabilidade dos requisitos essenciais de saúde e de segurança
Princípio Geral 3 §161 Estado da técnica
§162 Normas harmonizadas e estado da técnica
Princípio Geral 4 §163 A estrutura do Anexo I
1.1.1 Definições
1.1.1 (a) §164 Perigo
1.1.1 (b) §165 Zona perigosa
1.1.1 (c) §166 Pessoa exposta
1.1.1 (d) §167 Operador
1.1.1 (e) §168 Risco
1.1.1 (f) §169 Protetor
1.1.1 (g) §170 Dispositivo de proteção
1.1.1 (h) §171 Utilização prevista
1.1.1 (i) §172 Má utilização razoavelmente previsível
1.1.2 Princípios de integração da segurança
1.1.2 (a) §173 Princípios de integração da segurança
1.1.2 (b) §174 O método dos 3 passos
1.1.2 (c) §175 Evitar utilização anómala

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1.1.2 (d) §176 Limitações causadas pela utilização de EPI


1.1.2 (e) §177 Equipamentos e acessórios especiais
1.1.3 §178 Materiais e produtos utilizados
1.1.4 §179 Iluminação integrada
1.1.5 §180 Manuseamento de máquinas e peças de máquinas
1.1.6 §181 Princípios ergonómicos
1.1.7 §182 Postos de trabalho inseridos em ambientes perigosos
1.1.8 §183 Assentos e fornecimento de assentos
1.2 Sistemas de comando
1.2.1 §184 Segurança e fiabilidade dos sistemas de comando
1.2.2 §185 Dispositivos de comando
1.2.2 – 1.º travessão §186 Identificação dos dispositivos de comando
1.2.2 – 2.º travessão §187 Posicionamento dos dispositivos de comando
1.2.2 – 3.º travessão §188 Movimento dos dispositivos de comando
1.2.2 – 4.º e 5.º §189 Localização e posicionamento dos dispositivos de comando
travessões
1.2.2 – 6.º travessão §190 Evitar operações involuntárias de dispositivos de comando
1.2.2 – 7.º travessão §191 Resistência dos dispositivos de comando
1.2.2 – 2.º parágrafo §192 Dispositivos de comando para exercer diferentes ações
1.2.2 – 3.º parágrafo §193 Dispositivos de comando e princípios ergonómicos
1.2.2 – 4.º parágrafo §194 Dispositivos de sinalização e visualização
1.2.2 – 5.º e 6.º parágrafos §195 Visibilidade das zonas perigosas durante o arranque
1.2.2 – 7.º parágrafo §196 Localização dos postos de comando
1.2.2 – 8.º parágrafo §197 Múltiplos postos de comando
1.2.2 – último parágrafo §198 Múltiplos postos de trabalho
1.2.3 §199 Controlo do arranque
1.2.4.1 §200 Dispositivos de comando de paragem normal
1.2.4.2 §201 Paragem por razões operacionais
1.2.4.3 §202 Dispositivos de paragem de emergência
1.2.4.4 §203 Comandos de paragem para conjuntos de máquinas
1.2.5 §204 Seleção de modos
1.2.6 §205 Avaria no circuito de alimentação de energia
1.3 Medidas de proteção contra perigos de natureza mecânica
1.3.1 §206 Estabilidade
1.3.2 §207 Ruptura em serviço
1.3.3 §208 Quedas ou projeções de objetos
1.3.4 §209 Arestas e ângulos vivos e superfícies rugosas
1.3.5 §210 Máquinas combinadas
1.3.6 §211 Variações das condições de funcionamento
1.3.7 §212 Partes móveis
1.3.8.1 §213 Elementos móveis de transmissão
1.3.8.2 §214 Elementos móveis que concorrem para o trabalho
1.3.9 §215 Movimentos não comandados
1.4 Características exigidas para os protetores e os dispositivos de proteção
1.4.1 §216 Requisitos gerais para os protetores e os dispositivos de proteção
1.4.2 §217 Requisitos especiais para os protetores
1.4.2.1 §218 Protetores fixos
1.4.2.2 §219 Protetores móveis com dispositivos de encravamento
1.4.2.3 §220 Protetores reguláveis que limitam o acesso
1.4.3 §221 Dispositivos de proteção
1.5 Riscos devidos a outros perigos
1.5.1 §222 Energia eléctrica
1.5.2 §223 Eletricidade estática indesejada
1.5.3 §224 Outras fontes de energia que não a eletricidade
1.5.4 §225 Erros de montagem
1.5.5 §226 Temperaturas extremas
1.5.6 §227 Incêndio
1.5.7 §228 Explosão

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1.5.8 §229 Redução da emissão de ruído


1.5.8 – 2.º parágrafo §230 Dados de emissão comparáveis
1.5.9 §231 Vibrações
1.5.10 §232 Radiação ionizante e não ionizante
01.5.11 §233 Radiação externa
01.5.12 §234 Radiação laser
01.5.13 §235 Emissões de materiais e substâncias perigosas
01.5.14 §236 Risco de aprisionamento
01.5.15 §237 Escorregadelas, tropeções e quedas
01.5.16 §238 Descargas atmosféricas
1.6 Manutenção
1.6.1 §239 Manutenção
1.6.2 §240 Acesso aos postos de trabalho e aos pontos de intervenção
1.6.3 §241 Isolamento das fontes de energia
1.6.4 §242 Intervenção do operador
1.6.5 §243 Limpeza das partes internas
1.7 Informações §244 Informações para os utilizadores
1.7.1 §245 Informações e avisos apostos na máquina
§246 As línguas oficiais da UE
1.7.1.1 §247 Informações e dispositivos de informação
1.7.1.2 §248 Dispositivos de alerta
1.7.2 §249 Avisos sobre os riscos residuais
1.7.3 – 1.º e 2.º parágrafos §250 Marcação das máquinas
1.7.3 – 3.º parágrafo §251 Marcação de conformidade para máquinas sujeitas à Diretiva ATEX
1.7.3 – 4.º parágrafo §252 Informações essenciais para uma utilização segura
1.7.3 - último parágrafo §253 Partes da máquina com marcação para manipulação com meios de
elevação
1.7.4 §254 Manual de instruções
§255 Formato do manual de instruções
§256 Língua do manual de instruções
1.7.4.1 (a) e (b) §257 ação Redação e tradução do manual de instruções
1.7.4.1 (c) §258 Evitar a má utilização previsível
1.7.4.1 (d) §259 Instruções para utilizadores não profissionais
1.7.4.2 (a) e (b) §260 Conteúdo do manual de instruções - especificidades da máquina e
do fabricante
1.7.4.2 (c) §261 Inclusão da Declaração CE de Conformidade nas instruções
1.7.4.2 (d), (e) e (f) §262 Descrições, desenhos, diagramas e explicações
1.7.4.2 (g) e (h) §263 Utilização prevista e má utilização previsível
1.7.4.2 (i) e (j) §264 Montagem, instalação e ligação
1.7.4.2 (k) §265 Entrada em serviço e utilização
§266 Formação do operador
1.7.4.2 (l) e (m) §267 Informações sobre os riscos residuais
1.7.4.2 (n) §268 Características essenciais das ferramentas
1.7.4.2 (o) §269 Condições de estabilidade
1.7.4.2 (p) §270 Transporte, movimentação e armazenamento
1.7.4.2 (q) §271 Procedimentos em caso de emergência e métodos de
desbloqueamento
1.7.4.2 (r), (s) e (t) §272 Regulação, manutenção e peças de substituição
1.7.4.2 (u) §273 Declaração relativa à emissão de ruído
1.7.4.2 (v) §274 Dispositivos médicos implantáveis
1.7.4.3 §275 Documentação comercial
2 Requisitos essenciais complementares de saúde e de segurança para determinadas
categorias de máquinas
§276 Requisitos complementares para determinadas categorias de
máquinas
2.1.1 §277 Requisitos de higiene para máquinas destinadas à indústria
alimentar ou de produtos cosméticos e farmacêuticos
2.2.1 §278 Requisitos complementares para máquinas portáteis e/ou guiadas à
mão

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

2.2.1.1 §279 Declaração relativa a vibrações emitidas por máquinas portáteis e


máquinas guiadas à mão
2.2.2 §280 Aparelhos portáteis de fixação e outras máquinas de impacto
2.3 §281 Máquinas para madeira e materiais com características físicas
semelhantes
§282 a §290 (Reservado)
3 Requisitos essenciais complementares de saúde e de segurança para limitar perigos
associados à mobilidade das máquinas
§291 Requisitos complementares para perigos associados à mobilidade
de máquinas
3.1.1 (a) §292 Definição de "perigos devidos à mobilidade"
3.1.1 (b) §293 Definição de "condutor"
3.2.1 §294 Posição de condução
3.2.2 §295 Sistema de retenção dos assentos
3.2.3 §296 Postos destinados a outras pessoas além do condutor
3.3 - 1.º parágrafo §297 Uso não autorizado dos comandos
3.3 - 2.º, 3.º e 4.º §298 Comandos à distância
parágrafos
3.3.1 – 1.º parágrafo §299 Localização e posicionamento dos dispositivos de comando
3.3.1 – 2.º parágrafo §300 Pedais
3.3.1 – 3.º parágrafo §301 Voltar à posição neutra
3.3.1 – 4.º e 5.º parágrafos §302 Direção
3.3.1 - último parágrafo §303 Sinais de aviso em marcha atrás
3.3.2 – 1.º parágrafo §304 Controlo das deslocações comandadas por um condutor
transportado
3.3.2 – 2.º, 3.º e 4.º §305 Dispositivos que ultrapassam o seu gabarito normal
parágrafos
3.3.2 - último parágrafo §306 Deslocação involuntária da máquina
3.3.3 – 1.º, 2.º e 3.º §307 Diminuição de velocidade, paragem e imobilização
parágrafos
§308 Regulamentos de circulação rodoviária
3.3.3 – 4.º parágrafo §309 Parar e controlar funcionamentos potencialmente perigosos com
comando à distância
3.3.3 – último parágrafo §310 Paragem da função de deslocação
3.3.4 §311 Deslocação de máquinas com condutor apeado
3.3.5 §312 Falha na alimentação da direção assistida
3.4.1 §313 Movimentos não comandados
3.4.2 §314 Acesso ao compartimento do motor
3.4.3 §315 Capotamento e tombamento
3.4.4 §316 Quedas de objetos
3.4.5 §317 Degraus e pegas de acesso
3.4.6 §318 Dispositivos de reboque
3.4.7 §319 Dispositivos amovíveis de transmissão mecânica
3.5.1 §320 Baterias
3.5.2 §321 Extintores e sistemas de extinção de incêndio
3.5.3 §322 Proteção dos operadores de máquinas de pulverização contra
riscos provocados pela exposição a substâncias perigosas
3.6.1 §323 Sinalização, sinais e avisos
3.6.2 §324 Marcação de máquinas móveis
3.6.3.1 §325 Declaração relativa a vibrações emitidas por máquinas móveis
3.6.3.2 §326 Instruções para utilizações múltiplas
4 Requisitos essenciais complementares de saúde e de segurança para limitar os
perigos associados a operações de elevação
§327 Âmbito de aplicação da Parte 4
4.1.1 (a) §328 Operação de elevação
4.1.1 (b) §329 Carga guiada
4.1.1 (c) §330 Coeficiente de utilização
4.1.1 (d) §331 Coeficiente de ensaio
4.1.1 (e) §332 Prova estática
4.1.1 (f) §333 Prova dinâmica
4.1.1 (g) §334 Habitáculo
4.1.2.1 §335 Riscos devidos a falta de estabilidade

9
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

4.1.2.2 §336 Caminhos de rolamento e guiamentos


4.1.2.3 – 1.º, 2.º e 3.º §337 Resistência mecânica
parágrafos
4.1.2.3 – 4.º parágrafo §338 Resistência mecânica - coeficiente de prova estática
4.1.2.3 – último parágrafo §339 Resistência mecânica - coeficiente de prova dinâmica
4.1.2.4 §340 Roldanas, tambores, rolos, cabos e correntes
4.1.2.5 §341 Acessórios de elevação e seus componentes
4.1.2.6 §342 Controlo dos movimentos
4.1.2.7 §343 Prevenção dos riscos de colisão
4.1.2.8 §344 Máquinas que servem pisos fixos
4.1.2.8.1 §345 Deslocação do habitáculo
4.1.2.8.2 §346 Acesso ao habitáculo
4.1.2.8.3 §347 Contacto com o habitáculo em movimento
4.1.2.8.4 §348 Queda de cargas do habitáculo
4.1.2.8.5 §349 Segurança nos pisos
4.1.3 §350 Verificação da adequação aos fins previstos
§351 Provas estáticas e dinâmicas
§352 Verificação da adequação aos fins previstos no local de utilização
4.2.1 §353 Controlo dos movimentos da máquina e da carga
4.2.2 §354 Prevenção de sobrecarga e derrube
§355 Controlo das solicitações de empilhadores industriais
4.2.3 §356 Cabos guia
4.3.1 §357 Informações e marcações para correntes, cabos e correias
4.3.2 §358 Marcação de acessórios de elevação
4.3.3 §359 Marcação de máquinas de elevação
4.4.1 §360 Manual de instruções para acessórios de elevação
4.4.2 §361 Manual de instruções para máquinas de elevação
5 Requisitos essenciais complementares de saúde e de segurança para máquinas
destinadas a ser utilizadas em trabalhos subterrâneos
§362 Requisitos complementares para máquinas destinadas a trabalhos
subterrâneos
5.1 e 5.2 §363 Máquinas de sustentação dos tectos de minas
5.3 §364 Dispositivos de comando
5.4 §365 Controlo dos movimentos de deslocação
5.5 §366 O risco de incêndio em máquinas destinadas a trabalhos
subterrâneos
5.6 §367 Emissões de gases de escape
6 Requisitos essenciais complementares de saúde e de segurança para máquinas que
impliquem perigos específicos devido a operações de elevação de pessoas
§368 Âmbito da Parte 6
6.1.1 §369 Resistência mecânica
6.1.2 §370 Controlo das solicitações
6.2 §371 Dispositivos de comando
6.3.1 §372 Deslocação do habitáculo
6.3.2 – 1.º parágrafo §373 Inclinação do habitáculo
6.3.2 – 2.º e 3.º §374 Utilização do habitáculo como posto de trabalho
parágrafos
6.3.2 - último parágrafo §375 Portas no habitáculo
6.3.3 §376 Tecto de proteção
6.4 §377 Máquinas de elevação de pessoas de serviço a pisos fixos
6.4.1 §378 Riscos para pessoas que se encontram no habitáculo ou sobre o
mesmo
6.4.2 §379 Comandos situados nos pisos
6.4.3 §380 Acesso ao habitáculo
6.5 §381 Marcações no habitáculo
ANEXO II
Declarações
Anexo II 1 A §382 Declaração CE de Conformidade para máquinas
Anexo II 1 A (1) a (10) §383 Conteúdo da Declaração CE de Conformidade
Anexo II 1 B §384 Declaração de Incorporação de quase-máquinas
Anexo II 1 B (1) a (8) §385 Conteúdo da Declaração de Incorporação
Anexo II 2 §386 Conservação da Declaração CE de Conformidade e da Declaração

10
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

de Incorporação
ANEXO III
Marcação CE
Anexo III §387 Grafismo da marcação CE
ANEXO IV
Categorias de máquinas às quais a aplicação de um dos procedimentos referidos nos n.os 3
e 4 do artigo 12.º é obrigatória
Anexo IV §388 Categorias de máquinas sujeitas a um dos procedimentos de
avaliação da conformidade que envolvem um organismo
notificado
ANEXO V
Lista indicativa dos componentes de segurança referida na alínea c) do artigo 2.
Anexo V §389 Lista indicativa dos componentes de segurança
ANEXO VI
Manual de montagem das quase-máquinas
Anexo VI §390 Manual de montagem das quase-máquinas
ANEXO VII
Processo técnico para máquinas - Documentação técnica relevante para quase-máquinas
Anexo VII A §391 Processo técnico para máquinas
Anexo VII A 1 (a) e b) §392 Conteúdo do processo técnico
Anexo VII A 2 e 3 §393 Comunicação do processo técnico
Anexo VII B §394 Documentação técnica relevante para quase-máquinas
ANEXO VIII
Avaliação da conformidade com controlo interno do fabrico de máquinas
Anexo VIII §395 Avaliação da conformidade com controlo interno do fabrico de
máquinas
ANEXO IX
Exame CE de tipo
Anexo IX 1 §396 Exame CE de tipo
Anexo IX 2 §397 O pedido de exame CE de tipo
Anexo IX 3 §398 Conteúdo do exame CE de tipo
Anexo IX 4 a 8 §399 O certificado de exame CE de tipo
Anexo IX 9 §400 Validade e revisão do certificado de exame CE de tipo
ANEXO X
Garantia de qualidade total
Anexo X 1 §401 Garantia de qualidade total
Anexo X 2.1 §402 O pedido para avaliação de um sistema de garantia de qualidade
total
Anexo X 2.2 §403 Os objectivos e o conteúdo do sistema de garantia de qualidade
total
Anexo X 2.3 §404 Avaliação do sistema de garantia de qualidade total
Anexo X 2.4 §405 Implementação e alteração do sistema de garantia de qualidade
total
Anexo X 3 §406 Vigilância do sistema de garantia de qualidade total
Anexo X 4 §407 Conservação de documentação, decisões e relatórios
relacionados com o sistema de garantia de qualidade total
ANEXO XI
Critérios mínimos a ter em consideração pelos Estados-Membros para a notificação dos
organismos
Anexo XI §408 Avaliação de organismos notificados

ÍNDICE

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

DIRETIVA 2006/42/CE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO de


17 de Maio de 2006 relativa às máquinas e que altera a Diretiva 95/16/CE
(reformulação)
(Texto relevante para efeitos do EEE)

PREÂMBULO À DIRETIVA MÁQUINAS - CITAÇÕES

§1 Citações
As citações incluídas no preâmbulo da Diretiva Máquinas indicam os fundamentos
jurídicos da diretiva, os pareceres emitidos pelo Comité consultivo responsável e
os procedimentos segundo os quais a diretiva foi aprovada.

O PARLAMENTO EUROPEU E O CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA


Tendo em conta o Tratado que institui a Comunidade Europeia, nomeadamente o
artigo 95.º,
Tendo em conta a proposta da Comissão (1)
Tendo em conta o parecer do Comité Económico e Social Europeu (2)
Deliberando nos termos do artigo 251.º do Tratado (3)
(1)
JO C 154 E de 29.5.2001, p. 164.
(2)
JO C 311 de 7.11.2001, p. 1.
(3)
Parecer do Parlamento Europeu de 4 de Julho de 2002 (JO C 271 E de 12.11.2003, p. 491),
posição comum do Conselho de 18 de Julho de 2005 (JO C 251 E de 11.10.2005, p. 1) e posição
do Parlamento Europeu de 15 de Dezembro de 2005 (ainda não publicada no Jornal Oficial).
Decisão do Conselho de 25 de Abril de 2006.

§2 Fundamentos jurídicos da Diretiva Máquinas


Os fundamentos jurídicos da Diretiva Máquinas estão previstos no artigo 95.º do
Tratado CE (agora substituído pelo artigo 114.º do Tratado sobre o
Funcionamento da União Europeia - TFUE) que permite que a UE tome medidas
para harmonizar a legislação dos Estados-Membros de forma a assegurar o
estabelecimento e o funcionamento do mercado interno. Tais medidas devem ter
como base um nível elevado de proteção da saúde e da segurança das pessoas e
do ambiente.
A Diretiva Máquinas tem assim um objectivo duplo: permitir a livre circulação de
máquinas no mercado interno ao mesmo tempo que assegura um elevado nível
de proteção da saúde e da segurança.
Na sequência da proposta apresentada pela Comissão, a Diretiva Máquinas foi
aprovada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho, após parecer do Comité
Económico e Social, em conformidade com o processo de co-decisão
estabelecido pelo artigo 251.º do Tratado CE (agora referido como processo
legislativo ordinário no artigo 294.º do TFUE).
As notas de rodapé da citação indicam as referências e as datas das diligências
do processo. (A posição do Parlamento Europeu de 15 de Dezembro de 2005 não
foi publicada no Jornal Oficial da União Europeia).

12
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

PREÂMBULO À DIRETIVA MÁQUINAS - CONSIDERANDOS

§3 Considerandos
Os considerandos introduzem as disposições principais da diretiva e apresentam
os motivos da sua adopção. Vários considerandos explicam as alterações
efectuadas na nova Diretiva Máquinas em comparação com a Diretiva 98/37/CE.
Os considerandos não têm valor legal e normalmente não figuram na legislação
nacional que transpõe a diretiva. No entanto, ajudam a compreender a diretiva,
nomeadamente ao esclarecer o significado de determinadas disposições. Ao
interpretar o texto da diretiva, os Tribunais podem ter em conta os considerandos
de forma a determinar a intenção dos legisladores.
Nos comentários que se seguem, faz-se referência aos artigos e anexos da
diretiva introduzidos por cada um dos considerandos. Para mais informações,
devem ser consultados os comentários dos respectivos artigos e anexos.

(1) A Diretiva 98/37/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 22 de Junho


de 1998, relativa à aproximação das legislações dos Estados-Membros
respeitantes às máquinas (4), codificou a Diretiva 89/392/CEE (5). Efetuando-
se agora novas e substanciais alterações à Diretiva 98/37/CE, por uma
questão de clareza, deverá proceder-se a uma reformulação da citada
diretiva.
(4)
JO L 207 de 23.7.1998, p. 1. Diretiva alterada pela Diretiva 98/79/CE (JO L 331 de
7.12.1998, p.1).
(5)
Diretiva 89/392/CEE do Conselho, de 14 de Junho de 1989, relativa à aproximação
das legislações dos Estados-Membros respeitantes às máquinas (JO L 183 de
29.6.1989, p. 9).

§4 Historial da Diretiva Máquinas


O primeiro considerando recorda que a Diretiva 2006/42/CE não é uma diretiva
completamente nova, mas sim baseada na Diretiva 98/37/CE 3 que codificou a
Diretiva Máquinas 89/392/CEE 4 alterada. Codificação significa apresentar num
texto jurídico a diretiva original e as suas sucessivas alterações:
 A Diretiva 91/368/CEE 5 alargou o âmbito da Diretiva Máquinas a
equipamentos intermutáveis, máquinas móveis e máquinas para elevação
de mercadorias. As partes 3, 4 e 5 foram aditadas ao anexo I.
 A Diretiva 93/44/CEE 6 alargou o âmbito da Diretiva Máquinas a
componentes de segurança e máquinas para a elevação e deslocação de
pessoas. A parte 6 foi aditada ao anexo I.
 A Diretiva 93/68/CEE 7 introduziu disposições harmonizadas relativas à
marcação CE.

3
JO L 207 de 23.7.1998, p. 1.
4
JO L 183 de 27.6.1989, p.9.
5
JO L198 de 22.7.1991, p. 16.
6
JO L175 de 19.7.1993, p. 12.
7
JO L220 de 31.8.1993, p. 1.

13
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

A Diretiva 98/37/CE foi objecto de uma pequena alteração pela Diretiva 98/79/CE
relativa à exclusão de dispositivos médicos.
A Diretiva 98/37/CE permanece em vigor até 29 de Dezembro de 2009.
A Diretiva 2006/42/CE é designada como uma reformulação da Diretiva
Máquinas, uma vez que as alterações são apresentadas na forma de uma nova
diretiva.

(2) O sector das máquinas constitui uma parte importante do sector da indústria
mecânica e é um dos núcleos industriais da economia da Comunidade. O
custo social decorrente do elevado número de acidentes diretamente
provocados pela utilização de máquinas pode ser reduzido através da
integração da segurança na concepção e no fabrico das máquinas, bem como
através da correta instalação e manutenção.

§5 A importância económica e social da Diretiva Máquinas


O segundo considerando descreve a importância económica e social do duplo
objectivo da Diretiva Máquinas. O estabelecimento de um quadro regulamentar
harmonizado para a concepção e construção de máquinas é de extrema importância
económica para a indústria mecânica europeia. Ao mesmo tempo, máquinas mais
seguras são um importante contributo para a redução do custo social de acidentes e
danos para a saúde, tanto no local de trabalho como em ambiente doméstico.

(3) Os Estados-Membros são responsáveis por assegurar no respectivo território


a saúde e a segurança das pessoas, nomeadamente dos trabalhadores e dos
consumidores e, se for o caso, dos animais domésticos e dos bens,
nomeadamente em relação aos riscos decorrentes da utilização de máquinas.

§6 Saúde e segurança
A proteção da saúde e segurança é um dever fundamental e uma prerrogativa
dos Estados-Membros. Tendo em conta que a Diretiva Máquinas harmoniza os
requisitos em matéria de saúde e segurança para a concepção e construção de
máquinas a nível da UE, a responsabilidade dos Estados-Membros de proteger a
saúde e a segurança das pessoas no que diz respeito aos riscos associados a
máquinas implica assegurar que os requisitos da Diretiva Máquinas sejam
corretamente aplicados.

(4) Para garantir a segurança jurídica dos utilizadores, é necessário definir com
a maior precisão possível o âmbito de aplicação da presente diretiva e os
conceitos relativos à sua aplicação.

§7 Definições
O quarto considerando salienta que a nova Diretiva Máquinas providencia uma
apresentação mais esclarecedora do âmbito da mesma e inclui definições dos
termos e conceitos chave utilizados no texto. As definições dos termos utilizados
na diretiva estão indicadas no artigo 2.º e as definições adicionais de conceitos
relacionados com os requisitos essenciais de saúde e segurança encontram-se
nos pontos 1.1.1, 3.1.1 e 4.1.1 do anexo I.

14
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

(5) As disposições vinculativas dos Estados-Membros aplicáveis aos elevadores


de estaleiro destinados à elevação de pessoas ou pessoas e mercadorias,
frequentemente complementadas com especificações técnicas obrigatórias de
facto e/ou normas voluntárias, não conduzem necessariamente a níveis de
saúde e de segurança diferentes, mas constituem, devido às suas
disparidades, entraves ao comércio no interior da Comunidade. Além disso,
os sistemas nacionais de avaliação da conformidade e certificação destas
máquinas divergem consideravelmente. Como tal, é conveniente não excluir
do âmbito de aplicação da presente diretiva os elevadores de estaleiro
destinados à elevação de pessoas ou de pessoas e mercadorias.

§8 Inclusão de elevadores de estaleiro


Os elevadores de estaleiro, excluídos anteriormente do âmbito da Diretiva
Máquinas 98/37/CE e da Diretiva Ascensores 95/16/CE, são dispositivos de
elevação para instalação temporária para o transporte de pessoas ou pessoas e
materiais para os níveis diferentes de um edifício durante a sua construção ou
reparação. O quinto considerando esclarece que os referidos elevadores de
estaleiro já não estão excluídos do âmbito de aplicação da Diretiva Máquinas.
Foram acrescentados ao anexo I novos requisitos essenciais em matéria de
saúde e de segurança para lidar com riscos específicos associados a máquinas
que servem pisos fixos.
Em relação ao procedimento de avaliação da conformidade aplicável a elevadores
de estaleiro, também se verifica que os elevadores de estaleiro com risco de cair
de uma altura vertical superior a três metros estão incluídos entre os dispositivos
de elevação de pessoas ou de pessoas e mercadorias indicados no ponto 17 do
anexo IV.

(6) Convém excluir do âmbito de aplicação da presente diretiva as armas,


incluindo as armas de fogo, que estão sujeitas à Diretiva 91/477/CEE do
Conselho de 18 de Junho de 1991 relativa ao controlo da aquisição e da
posse de armas (6). Esta exclusão de armas de fogo não deverá aplicar-se a
aparelhos portáteis de fixação de carga explosiva e a outras máquinas de
impacto concebidos exclusivamente para fins industriais ou técnicos.
Deverão prever-se disposições transitórias que permitam aos Estados-
Membros autorizar a colocação no mercado e a entrada em serviço de tais
máquinas fabricadas em conformidade com as disposições nacionais em
vigor à data de aprovação da presente diretiva, incluindo as disposições de
implementação da Convenção de 1 de Julho de 1969 relativas ao
Reconhecimento Mútuo de Punções de Prova das Armas de Fogo Portáteis.
Tais disposições transitórias permitirão igualmente aos organismos europeus
de normalização a elaboração de normas que garantam o nível de segurança
correspondente ao estado da técnica.
(6)
JO L 256 de 13.9.1991, p. 51.

§9 Inclusão de aparelhos portáteis de fixação de carga explosiva e outras


máquinas de impacto
As armas, incluindo as armas de fogo, estão excluídas do âmbito de aplicação da
Diretiva Máquinas – ver §51: comentários à alínea d) do n.º 2 do artigo 1.º. O

15
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

sexto considerando esclarece que esta exclusão deve ser entendida à luz do
âmbito da legislação da UE relativa ao controlo de armas, a qual não se aplica ao
equipamento concebido exclusivamente para fins industriais ou técnicos.
Os aparelhos de fixação de carga explosiva e outras máquinas de impacto de
carga explosiva concebidos para fins industriais ou técnicos, excluídos da Diretiva
Máquinas original através da alteração pela Diretiva 91/368/CEE, são assim
reintroduzidos no âmbito de aplicação da nova Diretiva Máquinas. Além disso,
foram acrescentados ao anexo I determinados requisitos essenciais de saúde e
de segurança relacionados com os riscos específicos associados aos aparelhos
portáteis de fixação e a outras máquinas de impacto. Estes requisitos aplicam-se
aos aparelhos de fixação e máquinas de impacto de carga explosiva e a outras
máquinas de fixação e de impacto que usam outras fontes de energia – ver §280:
comentários ao ponto 2.2.2 do anexo I. Em relação à avaliação da conformidade
de tais máquinas, é de notar igualmente que os aparelhos de fixação portáteis de
carga explosiva e outras máquinas de impacto de carga explosiva se encontram
indicados no ponto 18 do anexo IV, – ver §388: comentários ao ponto 18 do
anexo IV.
Em relação às disposições transitórias indicadas na última frase do sexto
considerando – ver §154: comentários ao artigo 27.º.

(7) A presente diretiva não se aplica à elevação de pessoas por meio de


máquinas não concebidas para esse efeito. Contudo, tal não afecta o direito
de os Estados-Membros tomarem medidas nacionais, em conformidade com o
Tratado, relativamente a essas máquinas, tendo em vista a aplicação da
Diretiva 89/655/CEE do Conselho, de 30 de Novembro de 1989, relativa aos
requisitos mínimos de segurança e de saúde para a utilização de
equipamentos de trabalho pelos trabalhadores no trabalho (segunda diretiva
especial, na acepção do n.º 1 do artigo 16.º da Diretiva 89/391/CEE (7)).
(7)
JO L 393 de 30.12.1989, p. 13. Diretiva com a última ação Redação conferida pela
Diretiva 2001/45/CE do Parlamento Europeu e do Conselho (JO L 195 de 19.7.2001,
p.46).

§10 Equipamentos destinados à elevação de pessoas com máquinas


concebidas para elevação de mercadorias
A utilização excepcional de máquinas concebidas para elevação de mercadorias
para a elevação de pessoas pode submeter-se à regulamentação nacional no
quadro das disposições de aplicação da Diretiva 2009/104/CE – ver §140:
comentários ao artigo 15.º. O considerando 7 implica que o equipamento colocado
no mercado para tal utilização excepcional com máquinas concebidas para a
elevação de mercadorias não faz parte do âmbito de aplicação da Diretiva
Máquinas. A colocação no mercado de tal equipamento pode, por conseguinte,
submeter-se à regulamentação nacional.
O equipamento para esse uso excepcional deve ser diferenciado do equipamento
intermutável concebido para ser montado com máquinas de elevação de forma a
conferir uma nova função de elevação de pessoas. O referido equipamento

16
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

intermutável está sujeito à Diretiva Máquinas 8 – ver §388: comentários ao ponto


17 do anexo IV.

(8) No que se refere aos tratores agrícolas e florestais, o disposto na presente


diretiva relativamente aos riscos que não são atualmente cobertos pela
Diretiva 2003/37/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 26 de Maio
de 2003, relativa à homologação de tratores agrícolas ou florestais, seus
reboques e máquinas intermutáveis rebocadas e dos sistemas, componentes e
unidades técnicas destes veículos (1), deixará de ser aplicado depois de tais
riscos passarem a ser cobertos pela Diretiva 2003/37/CE.

(1) JO L 171 de 9.7.2003, p. 1. Diretiva com a última ação Redação conferida pela
Diretiva 2005/67/CE (JO L 273 de 19.10.2005, p.17).

§11 Tratores agrícolas e florestais


O oitavo considerando diz respeito à exclusão dos tratores agrícolas e florestais
do âmbito de aplicação da Diretiva Máquinas relativamente aos riscos cobertos
pela Diretiva 2003/37/CE – ver §53: comentários ao primeiro travessão da alínea
e) do n.º 2 do artigo 1.º.

(9) A vigilância do mercado é um instrumento essencial, na medida em que


garante a aplicação correta e uniforme das diretivas. Convém, pois, criar o
quadro legal no âmbito do qual a vigilância do mercado possa ocorrer
harmoniosamente.
(10) Os Estados-Membros são responsáveis por assegurar, no seu território, a
aplicação eficaz da presente diretiva e, na medida do possível, pela melhoria
do nível de segurança das máquinas em questão, em conformidade com as
suas disposições. Os Estados-Membros deverão assegurar a sua capacidade
para efetuar uma vigilância eficaz do mercado, tendo em conta as
orientações elaboradas pela Comissão, por forma a garantir uma aplicação
correta e uniforme da presente diretiva.

§12 Vigilância do mercado


O termo “vigilância do mercado” designa a atividade das autoridades dos
Estados-Membros responsáveis pela verificação da conformidade dos produtos
sujeitos à diretiva depois de terem sido colocados no mercado ou em serviço e
pela adopção das medidas necessárias para lidar com os produtos não
conformes. O nono e décimo considerandos introduzem várias disposições na
nova Diretiva Máquinas que estabelecem uma base jurídica mais sólida
relativamente à vigilância do mercado e às medidas de controlo do cumprimento e
preveem igualmente a cooperação entre os Estados-Membros e a Comissão
nesta área – ver §93 a §102: comentários ao artigo 4.º, §118: comentários ao
artigo 9.º, §122 a §126: comentários ao artigo 11.º e §144: comentários ao artigo
19.º.
8
Consultar o documento de orientação sobre equipamento intermutável para elevação de
pessoas e equipamento utilizado com máquinas concebidas para a elevação de mercadorias
utilizadas para a elevação de pessoas:
http://ec.europa.eu/enterprise/sectors/mechanical/files/machinery/interchangeable_equipment_lift
ing_persons_-_lifting_goods_dec_2009_en.pdf

17
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

(11) No âmbito da vigilância do mercado, deverá ser feita uma distinção clara
entre a oposição a uma norma harmonizada que confere uma presunção de
conformidade a uma máquina e a cláusula de salvaguarda relativa às
máquinas.

§13 Objecção formal às normas e cláusula de salvaguarda


O décimo primeiro considerando indica que o procedimento para oposição a uma
norma harmonizada (conhecido como uma objecção formal) e o procedimento de
salvaguarda relativo a produtos não conformes e perigosos são procedimentos
diferentes indicados em artigos distintos da diretiva – ver §119 a §121:
comentários ao artigo 10.º e §122 a §126: comentários ao artigo 11.º.

(12) A entrada em serviço de uma máquina, na acepção da presente diretiva, só


pode dizer respeito ao emprego da máquina propriamente dita para a
utilização prevista ou razoavelmente previsível. Este facto não prejudica o
estabelecimento de eventuais condições de utilização exteriores à máquina,
desde que tais condições não provoquem modificações da máquina em
relação às disposições da presente diretiva.

§14 Regulamentos relativos ao uso de máquinas


O décimo segundo considerando esclarece a noção de entrada em serviço de
máquinas que são regulamentadas pela Diretiva Máquinas – ver §86: comentários
à alínea k) do artigo 2.º. A entrada em serviço deve ser distinguida da utilização
de máquinas que pode ser regulamentada pelos Estados-Membros,
nomeadamente no âmbito do quadro legislativo da UE relativo à utilização de
equipamento de trabalho – ver §139 e §140: comentários ao artigo 15.º.

(13) É igualmente necessário instituir um mecanismo que permita a adopção de


medidas específicas a nível comunitário, que exijam aos Estados-Membros a
proibição ou a restrição da colocação no mercado de determinados tipos de
máquinas que apresentem os mesmos riscos para a saúde e a segurança das
pessoas, quer devido a lacunas da(s) norma(s) harmonizada(s) pertinente(s),
quer devido às suas características técnicas, ou submeter essas máquinas a
condições especiais. A fim de garantir a avaliação adequada da necessidade
de tais medidas, estas deverão ser tomadas pela Comissão, assistida por um
comité, à luz de consultas com os Estados-Membros e outras partes
interessadas. Uma vez que essas medidas não são diretamente aplicáveis aos
operadores económicos, os Estados-Membros deverão tomar todas as
medidas necessárias à sua aplicação.

§15 Medidas relativas a grupos de máquinas perigosas que apresentam


os mesmos riscos
O procedimento de salvaguarda indicado no artigo 11.º exige aos Estados-
Membros a tomada das medidas necessárias em relação a modelos específicos
de máquinas que não cumprem os requisitos da diretiva e ameaçam a saúde e a
segurança das pessoas. O décimo terceiro considerando introduz uma disposição
que permite a tomada de medidas a nível da UE se for constatado que um grupo

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completo de modelos semelhantes de máquinas dá origem ao mesmo risco – ver


§118: comentários ao artigo 9.º.
As medidas em questão devem ser submetidas ao Comité Máquinas em
conformidade com o procedimento de regulamentação com controlo – ver §147:
comentários ao artigo 22.º.

(14) Os requisitos essenciais de saúde e de segurança deverão ser cumpridos a


fim de garantir a segurança da máquina, devendo ser aplicados com
discernimento, por forma a ter em conta o estado da técnica à data do
fabrico, bem como as exigências de carácter técnico e económico.

§16 Estado da técnica


O considerando (14) introduz o conceito de "estado da técnica" que deve ser tido
em conta na aplicação dos requisitos essenciais de saúde e segurança indicados
no Anexo I – ver §161 e §162: comentários ponto 3 dos Princípios Gerais do
Anexo I,

(15) Caso a máquina possa ser utilizada por um consumidor, ou seja, um


operador não profissional, o fabricante deverá atender a esse facto na
concepção e fabrico. O mesmo se aplica se a máquina for normalmente
utilizada para o fornecimento de um serviço a um consumidor.

§17 Máquinas para utilização pelo consumidor


A Diretiva Máquinas aplica-se a máquinas para utilização pelos trabalhadores no
local de trabalho e a máquinas para utilização pelos consumidores ou para o
fornecimento de um serviço a consumidores. Geralmente, a concepção e o fabrico
de máquinas devem ter em conta o uso previsto. O considerando 15 destaca que
o fabricante de máquinas tem de considerar se as máquinas se destinam à
utilização por um profissional ou por um operador não profissional ou ao
fornecimento de um serviço a consumidores. A diretiva inclui um requisito
específico relativo à elaboração de instruções para máquinas destinadas à
utilização por operadores não profissionais – ver §259: comentários à alínea (d)
do ponto 1.7.4.1 do anexo I.

(16) Ainda que os requisitos da presente diretiva não se apliquem na sua


totalidade a quase-máquinas, importa que a livre circulação destas esteja
assegurada através de um procedimento específico.

§18 Quase-máquinas
O considerando 16 introduz o conceito de quase-máquinas – ver §46:
comentários à alínea g) do n.º 1 do artigo 1.º e à alínea g) do artigo 2.º. A
colocação no mercado de quase-máquinas é submetida a um procedimento
específico – ver §131: comentários ao artigo 13.º. As quase-máquinas não podem
cumprir integralmente os requisitos essenciais de saúde e de segurança indicados
no anexo I, uma vez que determinados riscos podem resultar do facto de estas
máquinas não estarem completas ou da interface entre as quase-máquinas e as
máquinas ou o conjunto de máquinas nas quais deverão ser incorporadas. No
entanto, o fabricante de quase-máquinas tem de declarar, numa Declaração de
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Incorporação, quais os requisitos essenciais de saúde e de segurança que


cumpriu – ver §385: comentários ao ponto 1 da parte B do anexo II e §394:
comentários à parte B do anexo VII.

(17) Por ocasião de feiras, exposições e eventos semelhantes deverá ser possível
expor máquinas que não cumpram os requisitos da presente diretiva.
Todavia, os interessados deverão ser informados, de forma adequada, dessa
não conformidade e da impossibilidade de aquisição das referidas máquinas
no estado em que se encontram.

§19 Feiras e exposições


O considerando 17 introduz a disposição que permite aos fabricantes expor em
feiras e exposições novos modelos de máquinas antes de ser efectuada a
avaliação da conformidade dos referidos produtos com a Diretiva Máquinas ou
expor máquinas com determinados elementos como por exemplo protetores
retirados para fins de demonstração. Em tais casos, o expositor tem de
apresentar uma indicação apropriada e tomar medidas de segurança adequadas
de forma a proteger as pessoas dos riscos decorrentes das máquinas expostas –
ver §108: comentários ao n.º 3 do artigo 6.º.

(18) A presente diretiva define apenas os requisitos essenciais de saúde e de


segurança de alcance geral, completados por uma série de requisitos mais
específicos para certas categorias de máquinas. Para tornar mais fácil a
prova de conformidade com os requisitos essenciais por parte dos fabricantes
e permitir o controlo da conformidade com esses requisitos, é desejável
dispor de normas harmonizadas a nível comunitário no que se refere à
prevenção dos riscos decorrentes da concepção e do fabrico de máquinas.
Essas normas são elaboradas por organismos de direito privado e deverão
manter o estatuto de textos não vinculativos.

§20 A Nova Abordagem


O considerando 18 lembra que a Diretiva Máquinas assenta no método de
regulamentação conhecido como a "Nova Abordagem à harmonização técnica e
normas”. A própria legislação estabelece os requisitos essenciais de saúde e de
segurança que os produtos colocados no mercado da UE têm de cumprir e os
procedimentos de avaliação da sua conformidade – ver §103: comentários à
alínea a) do n.º 1 do artigo 5.º e §163: comentários ao ponto 4 dos princípios
gerais do anexo I.
As soluções técnicas detalhadas para o cumprimento desses requisitos
essenciais de saúde e de segurança constam das normas harmonizadas
europeias. A aplicação das normas harmonizadas permanece voluntária, mas
confere uma presunção de conformidade com os requisitos essenciais de saúde e
de segurança que abrangem – ver §87: comentários à alínea l) do artigo 2.º e
§110: comentários ao n.º 2 do artigo 7.º.

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(19) Tendo em conta a natureza dos riscos decorrentes da utilização das


máquinas abrangidas pela presente diretiva, convém criar procedimentos de
avaliação da conformidade com os requisitos essenciais de saúde e de
segurança. Esses procedimentos deverão ser concebidos em função do grau
de perigo inerente a essas máquinas. Por conseguinte, para cada categoria
de máquinas deverá ser criado o procedimento adequado, de acordo com a
Decisão 93/465/CEE do Conselho, de 22 de Julho de 1993 relativa aos
módulos referentes às diversas fases dos procedimentos de avaliação da
conformidade e às regras de aposição e de utilização da marcação CE de
conformidade, destinados a ser utilizados nas diretivas de harmonização
técnica(2) e tendo em conta a natureza da verificação exigida no que se refere
a essas máquinas.
(2)
JO L 220 de 30.8.1993, p. 23.

§21 Avaliação da conformidade


O considerando 19 apresenta os procedimentos para a avaliação da
conformidade de máquinas com os requisitos essenciais de saúde e de
segurança – ver §127 a §130: comentários ao artigo 12.º – e as regras para a
marcação CE – ver §141: comentários ao artigo 16.º.

(20) Os fabricantes deverão ser plenamente responsáveis pela certificação da


conformidade das suas máquinas com as disposições da presente diretiva.
Todavia, para certo tipo de máquinas que apresentem um maior potencial de
risco, é desejável um processo de certificação mais exigente.

§22 Máquinas do Anexo IV


O procedimento de avaliação da conformidade aplicável a um determinado
produto depende se o mesmo pertence ou não a uma das categorias indicadas no
Anexo IV que são consideradas como tendo um factor de risco elevado ou que
servem uma função de proteção crítica. Os diferentes procedimentos de avaliação
da conformidade estão referenciados nos anexos VIII, IX e X e as regras para a
sua seleção são dadas no artigo 12.º.

(21) A marcação CE deverá ser plenamente reconhecida como a única que


garante a conformidade da máquina com os requisitos da presente diretiva.
Qualquer marcação susceptível de induzir terceiros em erro relativamente ao
significado ou ao grafismo, ou a ambos, da marcação CE deverá ser
proibida.
(22) Para garantir a mesma qualidade à marcação CE e à marca do fabricante, é
importante que a sua aposição obedeça às mesmas técnicas. A fim de evitar
confusões entre eventuais marcações CE que possam aparecer em certos
componentes e a marcação CE correspondente à máquina, é conveniente
apor esta última ao lado do nome de quem assumiu a responsabilidade por
ela, ou seja, do fabricante ou do seu mandatário.

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§23 A marcação CE
Os considerandos 21 e 22 introduzem as disposições relativas à marcação CE –
ver §141: comentários ao artigo 16.º, §250: comentários ao ponto 1.7.3 do anexo I
e §387: comentários ao anexo III.

(23) O fabricante, ou o seu mandatário, deverá igualmente assegurar que seja


efectuada uma avaliação dos riscos relativamente à máquina que deseja
colocar no mercado. Para o efeito, deverá determinar quais os requisitos
essenciais de saúde e de segurança aplicáveis à máquina em causa e
relativamente aos quais deverá tomar medidas.

§24 Avaliação de riscos


O considerando 23 apresenta o requisito do anexo I sobre a avaliação dos riscos
relativamente a máquinas que determina a aplicação dos requisitos essenciais de
saúde e de segurança – ver §158 e §159: comentários ao ponto 1 dos princípios
gerais do anexo I.

(24) É indispensável que, antes de emitir a declaração CE de conformidade, o


fabricante, ou o seu mandatário estabelecido na Comunidade, elabore um
processo técnico de fabrico. Embora não seja indispensável que toda a
documentação exista permanentemente sob forma material, deverá no
entanto ser possível disponibilizá-la, quando solicitada. Essa documentação
pode não incluir os planos detalhados dos subconjuntos utilizados para o
fabrico das máquinas, a menos que o conhecimento dos mesmos seja
indispensável para a verificação da conformidade com os requisitos de saúde
e de segurança.

§25 O processo técnico de fabrico


O processo técnico de fabrico do fabricante referido no considerando 24 é, por um
lado, uma forma de permitir às autoridades de vigilância do mercado a verificação
da conformidade de máquinas após a sua colocação no mercado e, por outro, um
meio de o fabricante demonstrar a conformidade do seu produto – ver §103:
comentários à alínea b) do n.º 1 do artigo 5.º, §383: comentários à alínea 2 da
parte A do ponto 1 do anexo II e §391 a §393: comentários à parte A do anexo
VII.

(25) Os destinatários de qualquer decisão tomada no quadro da presente diretiva


deverão conhecer os fundamentos da mesma e os meios de recurso de que
dispõem.

§26 Recursos
O considerando 25 introduz as disposições referentes aos direitos dos fabricantes
ou de outros interessados sujeitos a decisões tomadas ao abrigo da Diretiva
Máquinas – ver §135: comentários ao n.º 6 do artigo 14.º e §145: comentários ao
artigo 20.º.

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(26) Os Estados-Membros deverão prever sanções aplicáveis à violação das


disposições da presente diretiva. Essas sanções deverão ser efetivas,
proporcionadas e dissuasivas.

§27 Cumprimento
O considerando 26 lembra que as autoridades nacionais responsáveis pelo
controlo do cumprimento das disposições da Diretiva Máquinas (as autoridades
de vigilância do mercado) deverão ser capazes de impor sanções adequadas,
caso as referidas disposições não sejam corretamente aplicadas. As sanções
deverão estar previstas na legislação e nos regulamentos nacionais que
transpõem as disposições da diretiva para a legislação nacional – ver §153:
comentários ao artigo 26.º.

(27) A aplicação da presente diretiva a um certo número de máquinas destinadas


à elevação de pessoas exige uma melhor delimitação dos produtos
abrangidos pela presente diretiva relativamente aos produtos abrangidos
pela Diretiva 95/16/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de
Junho de 1995, relativa à aproximação das legislações dos Estados-Membros
respeitantes aos ascensores(1). Considera-se necessário proceder a uma
redefinição do âmbito de aplicação desta última diretiva. A Diretiva
95/16/CE deverá, pois, ser alterada em conformidade.
(1)
JO L 213 de 7.9.1995, p. 1. Diretiva alterada pelo Regulamento (CE) N.º 1882/2003
(JO L 284 de 31.10.2003, p.1).

§28 Alteração da Diretiva Ascensores


O considerando 27 explica que a nova Diretiva Máquinas 2006/42/CE inclui uma
alteração da Diretiva Ascensores 95/16/CE de forma a esclarecer a fronteira entre
os âmbitos das duas diretivas – ver §151: comentários ao artigo 24.º.

(28) Atendendo a que o objectivo da presente diretiva, nomeadamente, a


definição de requisitos essenciais de saúde e de segurança relacionados com
a concepção e o fabrico, a fim de melhorar a segurança das máquinas
colocadas no mercado, não pode ser realizado pelos Estados-Membros de
forma satisfatória e pode ser melhor alcançado a nível comunitário, a
Comunidade pode tomar medidas em conformidade com o princípio da
subsidiariedade consagrado no artigo 5.º do Tratado. Em conformidade com
o princípio da proporcionalidade consagrado no mesmo artigo, a presente
diretiva não excede o necessário para atingir aquele objectivo.

§29 Subsidiariedade e proporcionalidade


O considerando 28 é uma justificação da Diretiva Máquinas em relação aos
princípios de subsidiariedade e proporcionalidade indicados no artigo 5.º do
Tratado da CE (agora artigo 5.º do Tratado da União Europeia – TUE). Segundo
estes princípios, a UE apenas tomará medidas, se os mesmos objectivos não
puderem ser melhor alcançados através da ação dos Estados-Membros. É óbvio
que, sem a Diretiva Máquinas, os fabricantes de máquinas teriam que aplicar
regras e procedimentos diferentes relativamente à segurança das máquinas em

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cada Estado-Membro, o que representaria um sério obstáculo ao mercado interno


e seria um meio menos eficaz de melhoria da segurança das máquinas.

(29) Nos termos do ponto 34 do Acordo Interinstitucional "Legislar melhor"(2), os


Estados-Membros são encorajados a elaborarem, para si próprios e no
interesse da Comunidade, os seus próprios quadros, que ilustrem, na medida
do possível, a concordância entre a presente diretiva e as medidas de
transposição, e a publicá-los.
(2)
JO C 321 de 31.12.2003, p. 1.

§30 Quadros de correspondência nacionais


O considerando 29 diz respeito a um acordo entre o Parlamento Europeu, o
Conselho e a Comissão relativamente à melhoria da qualidade e à transparência
da legislação da UE. Em relação à melhor transposição e aplicação, os Estados-
Membros são encorajados a publicar quadros de correspondência que mostram a
relação entre as disposições da diretiva e as medidas que as transpõem para a
legislação nacional. Tal é importante uma vez que, embora as medidas nacionais
de transposição tenham valor jurídico no diálogo entre intervenientes económicos,
o próprio texto da Diretiva Máquinas providencia naturalmente uma referência
comum. Os Estados-Membros devem igualmente comunicar à Comissão uma
tabela de correspondência, assim como o texto das medidas que transpõem a
diretiva para a legislação nacional – ver §153: comentários ao artigo 26.º.

(30) As medidas necessárias à execução da presente Diretiva serão aprovadas nos


termos da Decisão 1999/468/CE do Conselho, de 28 de Junho de 1999, que
fixa as regras de exercício das competências de execução atribuídas à
Comissão(3)
(3)
JO L 184 de 17.7.1999, p. 23.

§31 Comité Máquinas


O considerando 30 diz respeito a certas medidas que podem ser tomadas pela
Comissão após consulta do Comité Máquinas – ver §116: comentários ao artigo
8.º e §147: comentários ao artigo 22.º.

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ARTIGOS DA DIRETIVA MÁQUINAS

Artigo 1.º Âmbito de aplicação


1. A presente diretiva é aplicável aos seguintes produtos:
(a) Máquinas;
(b) Equipamentos intermutáveis;
(c) Componentes de segurança;
(d) Acessórios de elevação;
(e) Correntes, cabos e correias;
(f) Dispositivos amovíveis de transmissão mecânica;
(g) Quase-máquinas.

2. Estão excluídos do âmbito de aplicação da presente diretiva:


(a) Os componentes de segurança destinados a substituir componentes idênticos,
fornecidos pelo fabricante da máquina de origem;
(b) Os materiais específicos para feiras e/ou parques de atrações;
(c) As máquinas especialmente concebidas ou colocadas em serviço para utilização
nuclear, cuja avaria possa causar uma emissão de radioatividade;
(d) As armas, incluindo as armas de fogo;
(e) Os seguintes meios de transporte:
— tratores agrícolas e florestais para os riscos cobertos pela Diretiva
2003/37/CE, excepto as máquinas montadas nesses veículos,
— veículos a motor e seus reboques abrangidos pela Diretiva 70/156/CEE do
Conselho, de 6 de Fevereiro de 1970, relativa à aproximação das
legislações dos Estados-Membros respeitantes à homologação dos veículos
a motor e seus reboques(1), excepto as máquinas montadas nesses veículos,
— veículos abrangidos pela Diretiva 2002/24/CE do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 18 de Março de 2002, relativa à homologação dos veículos a
motor de duas ou três rodas(2), excepto as máquinas montadas nesses
veículos,
— veículos a motor exclusivamente destinados à competição, e
— meios de transporte aéreo, aquático e ferroviário, excepto as máquinas
montadas nesses meios de transporte;
(f) Os navios de mar e as unidades móveis offshore, bem como as máquinas
instaladas a bordo desses navios e/ou unidades;
(g) As máquinas especialmente concebidas e construídas para fins militares ou de
manutenção da ordem pública;
(h) As máquinas especialmente concebidas e construídas para efeitos de
investigação para utilização temporária em laboratórios;
(i) Os ascensores para poços de minas;
(j) As máquinas destinadas a mover artistas durante representações artísticas;

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(k) Na medida em que se encontrem abrangidos pela Diretiva 73/23/CEE do


Conselho, de 19 de Fevereiro de 1973, relativa à harmonização das legislações
dos Estados-Membros no domínio do material eléctrico destinado a ser
utilizado dentro de certos limites de tensão(3), os produtos eléctricos e
electrónicos a seguir indicados:
— aparelhos domésticos destinados a utilização doméstica,
— equipamentos áudio e vídeo,
— equipamentos da tecnologia da informação,
— máquinas de escritório comuns,
— aparelhos de conexão e de controlo de baixa tensão,
— motores eléctricos;
(l) Os seguintes equipamentos eléctricos de alta tensão:
— dispositivos de conexão e de comando,
— transformadores.
(1)
JO L 42, de 23.2.1970, p. 1 Diretiva com a última ação Redação conferida pela
Diretiva 2006/28/CE da Comissão (JO L 65, de 7.3.2006, p. 27).
(2)
JO L 124 de 9.5.2002, p. 1. Diretiva com a última ação Redação conferida pela
Diretiva 2005/30/CE (JO L 106 de 27.4.2005, p.17).
(3)
JO L 77 de 26.3.1973, p. 29. Diretiva alterada pela Diretiva 93/68/CEE (JO L 220 de
30.8.1993, p. 1).

Artigo 2.º Definições


Para efeitos da presente diretiva, o termo "máquina" designa os produtos
enumerados nas alíneas a) a f) do n.º 1 do artigo 1.º. .
São aplicáveis as seguintes definições:
(a) "Máquina":
 conjunto, equipado ou destinado a ser equipado com um sistema de
acionamento diferente da força humana ou animal diretamente aplicada,
composto por peças ou componentes ligados entre si, dos quais pelo menos
um é móvel, reunidos de forma solidária com vista a uma aplicação
definida,
 conjunto referido no primeiro travessão a que faltam apenas os elementos
de ligação ao local de utilização ou às fontes de energia e de movimento,
 conjunto referido nos primeiro e segundo travessões, pronto para ser
instalado, que só pode funcionar no estado em que se encontra após
montagem num veículo ou instalação num edifício ou numa construção.
 conjunto de máquinas referido nos primeiro, segundo e terceiro travessões
e/ou quase-máquinas referidas na alínea g) que, para a obtenção de um
mesmo resultado, estão dispostas e são comandadas de modo a serem
solidárias no seu funcionamento.
 conjunto de peças ou de componentes ligados entre si, dos quais pelo menos
um é móvel, reunidos de forma solidária com vista a elevarem cargas, cuja

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

única fonte de energia é a força humana aplicada diretamente;


(b) "Equipamento intermutável": dispositivo que, após a entrada em serviço de uma
máquina ou de um trator, é montado nesta ou neste pelo próprio operador para
modificar a sua função ou introduzir uma nova função, desde que o referido
equipamento não constitua uma ferramenta;
(c) "Componente de segurança" é um componente:
 que serve para garantir uma função de segurança, e
 que é colocado isoladamente no mercado, e
 cuja avaria e/ou mau funcionamento ponham em perigo a segurança das
pessoas, e
 que não é indispensável para o funcionamento da máquina ou que pode ser
substituído por outros componentes que garantam o funcionamento da
máquina.
Consta do Anexo V uma lista indicativa dos componentes de segurança, que
pode ser atualizada nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 8.º;
(d) "Acessório de elevação": componente ou equipamento não ligado à máquina de
elevação, que permite a preensão da carga e é colocado entre a máquina e a
carga ou sobre a própria carga, ou destinado a fazer parte integrante da carga
e que é colocado isoladamente no mercado. São igualmente considerados como
acessórios de elevação as lingas e seus componentes;
(e) "Correntes, cabos e correias": correntes, cabos e correias concebidos e
construídos para efeitos de elevação como componentes das máquinas ou dos
acessórios de elevação;
(f) "Dispositivo amovível de transmissão mecânica": componente amovível
destinado à transmissão de potência entre uma máquina automotora ou um
trator e uma máquina receptora, ligando-os ao primeiro apoio fixo. Sempre que
aquele seja colocado no mercado com o protetor, deve considerar-se como um
só produto;
(g) "Quase-máquina": conjunto que quase constitui uma máquina mas que não
pode assegurar por si só uma aplicação específica. Um sistema de acionamento
é uma quase-máquina. A quase-máquina destina-se a ser exclusivamente
incorporada ou montada noutras máquinas, ou noutras quase-máquinas ou
equipamentos, com vista à constituição de uma máquina à qual é aplicável a
presente diretiva;
...
§32 Produtos abrangidos pela Diretiva Máquinas
O n.º 1 do artigo 1.º especifica o âmbito da diretiva, ou seja, os produtos aos quais
se aplicam as disposições da diretiva. Cada uma das sete categorias indicadas
nas alíneas a) a g) do n.º 1 do artigo 1.º submete-se à definição dada nas alíneas
a) a g) do artigo 2.º. Por conseguinte, o artigo 1.º deverá ler-se juntamente com o
artigo 2.º. Nos comentários que se seguem, analisa-se cada uma das sete
categorias de produtos abrangidas pela Diretiva Máquinas, juntamente com a sua
definição.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 2.º Definições


Para efeitos da presente diretiva, o termo "máquina" designa os produtos
enumerados nas alíneas a) a f) do n.º 1 do artigo 1.º.
...

§33 O uso do termo 'máquina' em sentido lato


A primeira categoria de produto referida na alínea a) do n.º 1 do artigo 1.º e
definida na alínea a) do artigo 2.º é máquina. Na alínea a) do n.º 1 do artigo 1.º e
na alínea a) do artigo 2.º o termo "máquina" é empregue em sentido restrito.
Todavia, as definições das categorias de produto enumeradas no artigo 2.º são
precedidas de uma frase que explica que o termo "máquina" deve também ser
entendido em sentido lato para referir as seis categorias de produto indicadas nas
alíneas a) a f) do n.º 1 do artigo 1.º.
As obrigações enumeradas nos artigos da diretiva que se aplicam a máquinas
devem, pois, ser entendidas como aplicando-se quer às máquinas em sentido
restrito referidas na alínea a) do n.º 1 do artigo 1.º, quer aos produtos
enumerados nas alíneas b) a f) do n.º 1 do artigo 1.º: o equipamento intermutável,
os componentes de segurança, os acessórios de elevação, correntes, cabos e
correias e dispositivos amovíveis de transmissão mecânica.
É, por exemplo, o caso das obrigações enumeradas no n.º 1 do artigo 4.º,
relativas à vigilância do mercado, no n.º 1 do artigo 5.º, relativas à colocação no
mercado e entrada em serviço, no n.º 1 do artigo 6.º, relativas à livre circulação,
nos n.os 1 e 2 do artigo 7.º, relativas à presunção da conformidade e às normas
harmonizadas, no artigo 9.º relativas às medidas específicas em relação a
máquinas potencialmente perigosas, no artigo 11.º relativas à cláusula de
salvaguarda, no artigo 12.º relativas aos procedimentos de avaliação da
conformidade das máquinas, no artigo 15.º relativas à instalação e utilização das
máquinas, no artigo 16.º relativas à marcação CE, no artigo 17.º relativas à
marcação não conforme e no artigo 20.º relativas aos recursos. As obrigações
enumeradas nestes artigos não se aplicam às quase-máquinas referidas na
alínea g) do n.º 1 do artigo 1.º.
Sempre que as obrigações se apliquem a quase-máquinas, tal é explicitamente
indicado, por exemplo, no n.º 2 do artigo 4.º relativo à vigilância do mercado, no
n.º 2 do artigo 5.º relativo à colocação no mercado e no n.º 2 do artigo 6.º relativo
à livre circulação e no artigo 13.º relativo ao procedimento para as quase-
máquinas.
Sempre que as obrigações se apliquem a máquinas em sentido lato e a quase-
máquinas, tal é também explicitamente indicado, por exemplo, no n.º 3 do artigo
4.º relativo à vigilância do mercado e no n.º 3 do artigo 6.º relativo à livre
circulação.
Nos requisitos essenciais de saúde e de segurança enumerados no anexo I da
Diretiva Máquinas, o termo "máquina" deve geralmente ser entendido em sentido
lato para designar qualquer categoria de produto referida nas alíneas a) a f) do n.º
1 do artigo 1.º. Sempre que determinados requisitos essenciais de saúde e de
segurança se apliquem a apenas uma ou mais destas categorias, tal é
explicitamente indicado ou pode ser deduzido do contexto. Por exemplo, na parte
4 do anexo I, determinados requisitos aplicam-se explícita e exclusivamente a
acessórios de elevação.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§34 Máquinas em sentido restrito


A categoria de produto referida na alínea a) do n.º 1 do artigo 1.º, ou seja,
máquinas em sentido restrito, está definida na alínea a) do artigo 2.º. A definição
inclui cinco travessões. Nos comentários que se seguem, os diferentes elementos
de cada travessão relativos à definição são analisados individualmente.

Artigo 2.º, alínea a) - primeiro travessão


"Máquina":
 conjunto, equipado ou destinado a ser equipado com um sistema de
acionamento diferente da força humana ou animal diretamente aplicada,
composto por peças ou componentes ligados entre si, dos quais pelo menos um é
móvel, reunidos de forma solidária com vista a uma aplicação definida,
...
§35 Definição de base
O primeiro travessão relativo à definição do termo "máquina" inclui os seguintes
elementos:

…conjunto… composto por peças ou componentes ligados entre si…


Os produtos com peças ou componentes não ligados entre si num conjunto não
são considerados como máquina.
Tal não exclui o fornecimento de máquinas com certas peças desmontadas para
fins de armazenamento ou transporte. Nesses casos, as máquinas devem ser
concebidas e fabricadas de forma a evitar erros de montagem quando as peças
separadas são montadas. Tal é especialmente importante se a máquina se
destinar a utilizadores não profissionais inexperientes. O fabricante deve
igualmente providenciar as instruções de montagem adequadas, tendo em conta,
se for caso disso, o nível de educação geral e perspicácia que se pode
razoavelmente esperar dos utilizadores não profissionais – ver §225: comentários
ao ponto 1.5.4 do anexo I, §259: comentários à alínea d) do ponto 1.7.4.1 do
anexo I e §264: comentários à alínea i) do ponto 1.7.4.2 do anexo I.

…pelo menos um é móvel…


Os produtos sem elementos móveis não são considerados máquinas.

…equipado ou destinado a ser equipado com um sistema de acionamento…


Os elementos móveis da máquina são alimentados por um sistema de
acionamento que usa uma ou mais fontes de energia, tais como, energia térmica,
eléctrica, pneumática, hidráulica ou mecânica. A máquina poderá ter um motor
que use a sua própria fonte de energia, tal como energia térmica ou energia
fornecida por uma bateria. Poderá ser ligada a uma ou mais fontes externas de
energia, tais como a uma alimentação eléctrica ou de ar comprimido. A máquina
poderá usar energia mecânica fornecida por outro equipamento, como por
exemplo, máquina agrícola rebocada e acionada pela tomada de força de um
trator, ou bancos de ensaio para veículos a motor, acionados pelos veículos que
estão a ser ensaiados. A máquina pode igualmente ser alimentada por fontes de
energia natural, como a energia eólica ou hidráulica.
Normalmente o fabricante da máquina completa fornece a máquina equipada com
o seu sistema de acionamento. Todavia, as máquinas destinadas a ser equipadas
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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

com um sistema de acionamento, mas fornecidas sem o mesmo, podem também


ser consideradas máquinas. Esta disposição tem em consideração, por exemplo,
o facto de determinados utilizadores de máquinas preferirem ter um stock
homogéneo de motores para as suas máquinas de forma a facilitar o processo de
manutenção.
Máquinas a fornecer sem um sistema de acionamento:
 a avaliação dos riscos pelo fabricante deve ter em conta todos os riscos
associados à máquina, incluindo aqueles relacionados com o sistema de
acionamento a ser montado na máquina – ver §158: comentários ao ponto
1 dos princípios gerais do anexo I;
 o fabricante da máquina deve indicar nas suas instruções todas as
especificações necessárias relativas à montagem do sistema de
acionamento, incluindo o tipo, potência e meios de conexão, assim como
facultar as instruções de montagem precisas relativas ao sistema de
acionamento – ver §264: comentários à alínea i) do ponto 1.7.4.2 do anexo
I;
 a avaliação da conformidade da máquina deve incluir as especificações do
sistema de acionamento a ser montado e as instruções de montagem;
 a marcação CE na máquina e a declaração CE de conformidade que
acompanha a máquina devem abranger as especificações e instruções
relativas ao sistema de acionamento a ser montado.
Se as condições acima não forem respeitadas, as máquinas que não
apresentarem um sistema de acionamento totalmente especificado devem ser
consideradas quase-máquinas – ver §46: comentários à alínea g) do artigo 2.º,.
Nesse caso, a combinação de quase-máquinas e o sistema de acionamento deve
ser considerada como a máquina final e submetida a uma avaliação da
conformidade específica – ver §38: comentários ao quarto travessão da alínea a)
do artigo 1.º.

…diferente da força humana ou animal diretamente aplicada…


Os elementos móveis da máquina, sujeitos à Diretiva Máquinas, devem ser
acionados por uma fonte de energia diferente da força humana ou animal
diretamente aplicada. As máquinas acionadas pela força humana ou animal
diretamente aplicada, como por exemplo, máquinas manuais de cortar relva,
furadores manuais ou carrinhos manuais, que deixam de funcionar assim que o
esforço manual deixa de ser aplicado, não estão sujeitas à Diretiva Máquinas. As
máquinas de elevação são a única exceção a esta regra geral – ver §40:
comentários ao quinto travessão da alínea a) do artigo 2.º.
Por outro lado, a Diretiva Máquinas é aplicável às máquinas acionadas pelo
esforço manual que não é aplicado diretamente, mas armazenado, por exemplo,
em molas ou acumuladores hidráulicos ou pneumáticos, para que a máquina
possa funcionar depois de ter cessado o esforço manual.

…reunidos de forma solidária com vista a uma aplicação definida…


A máquina deve ser utilizável para uma aplicação específica. As aplicações
típicas de máquina incluem, por exemplo, o processamento, tratamento, ou
acondicionamento de materiais, ou a movimentação de materiais, objetos ou
pessoas.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

A Diretiva Máquinas não se aplica a componentes separados de máquinas, como


por exemplo juntas vedantes, rolamentos de esferas, roldanas, uniões elásticas,
válvulas solenoide, cilindros hidráulicos, caixas de transmissão ligadas por flanges
e afins, que não têm uma aplicação específica e são destinados a ser
incorporados na máquina. A máquina completa que incorpora esses componentes
deve satisfazer os requisitos essenciais de saúde e de segurança. O fabricante da
máquina deve, pois, escolher os componentes com as especificações e
características adequadas.

Artigo 2.º, alínea a) - segundo travessão


...
"Máquina":
...
 conjunto referido no primeiro travessão a que faltam apenas os elementos de
ligação no local de utilização ou de conexão com as fontes de energia e de
movimento,
...
§36 Máquinas fornecidas sem componentes de ligação
O segundo travessão da definição do termo máquina reconhece que as
características dos componentes necessários para ligar uma máquina no local às
fontes de energia e de movimento podem depender do local onde a máquina será
utilizada ou instalada. A máquina poderá, por conseguinte, ser fornecida sem
estes componentes. Nesse caso, o fabricante da máquina deve apresentar nas
suas instruções todas as especificações necessárias para uma ligação segura –
ver §264: comentários à alínea i) do ponto 1.7.4.2 do anexo I.

Artigo 2.º, alínea a) - terceiro travessão


...
"Máquina":
...
 conjunto referido nos primeiro e segundo travessões, pronto para ser instalado,
que só pode funcionar no estado em que se encontra após montagem num
veículo ou instalação num edifício ou numa construção,
...
§37 Máquinas a instalar num suporte específico
O terceiro travessão da definição do termo máquina diz respeito às máquinas
destinadas à instalação num veículo ou num edifício ou numa construção.
Os veículos estão, de uma maneira geral, excluídos do âmbito de aplicação da
Diretiva Máquinas, no entanto, as máquinas montadas em veículos estão sujeitas
à Diretiva Máquinas – ver §54: comentários à alínea e) do n.º 2 do artigo 1.º. As
gruas de carga, as plataformas elevatórias, os reboques basculantes, os
compressores montados no veículo ou no reboque, os sistemas de compactação
montados no veículo, as betoneiras montadas no veículo, as pás carregadoras, os
guinchos motorizados, as basculantes e as plataformas móveis de trabalho de
elevação montadas no veículo são exemplos de máquinas montadas em veículos.
Se essas máquinas forem montadas em veículos ou reboques rodoviários,
excluídos do âmbito de aplicação da Diretiva Máquinas, os requisitos da Diretiva
Máquinas não se aplicarão ao veículo ou ao reboque em si. No entanto, aplicam-

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

se tanto às máquinas montadas como a todos os aspectos relacionados com a


interface entre a máquina e o chassis no qual está montada, podendo afectar a
segurança durante a deslocação e o funcionamento da máquina. Assim, as
máquinas montadas em veículos distinguem-se das máquinas móveis
automotoras, como por exemplo, máquinas automotoras para a construção ou
máquinas agrícolas automotoras, abrangidas integralmente pela Diretiva
Máquinas.
O terceiro travessão da definição do termo máquina implica que o fabricante da
máquina destinada a ser instalada num veículo ou num edifício ou numa
construção seja responsável pela conformidade da máquina com os requisitos
essenciais de saúde e de segurança pertinentes. Este deve apor a marcação CE
na máquina e elaborar e assinar a declaração CE de conformidade. O fabricante
dessa máquina deve considerar na sua avaliação de riscos todos os riscos
associados à máquina, incluindo aqueles relacionados com a instalação da
máquina no chassis de um veículo ou reboque ou numa estrutura de suporte – ver
§158: comentários ao ponto 1 dos princípios gerais do anexo I. O fabricante da
máquina deve enunciar nas suas instruções as especificações necessárias para a
estrutura de suporte e facultar instruções de instalação precisas – ver §264:
comentários à alínea i) do ponto 1.7.4.2 do anexo I.
Os fabricantes de máquinas destinadas a ser instaladas em veículos devem, por
conseguinte, especificar os veículos ou reboques nos quais as máquinas podem
ser instaladas com segurança, seja por referência às suas características
técnicas, ou, se necessário, por referência a modelos específicos de veículos.
Se um produto destinado a ser instalado num veículo não for fornecido pronto a
instalar, por exemplo, se elementos importantes como a estrutura de suporte ou
os estabilizadores não forem fornecidos, ele deve ser considerado quase-máquina
– ver §46: comentários à alínea g) do artigo 2.º. Nesse caso, quem montar a
quase-máquina e os outros elementos no veículo deverá ser considerado como o
fabricante da máquina final.
Os fabricantes de máquinas destinadas a ser instaladas num edifício ou
construção como, por exemplo, gruas de pórtico fixo, determinados elevadores ou
escadas rolantes devem especificar as características, nomeadamente as de
resistência de carga, da estrutura necessária para suportar a máquina. Todavia, o
fabricante da máquina não é responsável pela construção do edifício ou estrutura
em si – ver §262: comentários à alínea i) do ponto 1.7.4.2 do anexo I e §361:
comentários à alínea a) do ponto 4.4.2 do anexo I.
Quem instalar tal máquina num veículo ou num edifício ou numa construção é
responsável pelo cumprimento das instruções de instalação dos fabricantes das
máquinas.
A avaliação da conformidade das máquinas destinadas a ser instaladas num
veículo ou num edifício ou numa construção abrange a própria máquina, as
especificações para a estrutura de suporte e as instruções de instalação. Os
ensaios e as inspeções necessários devem ser levados a cabo na máquina
instalada no seu suporte de forma a verificar a conformidade com os requisitos
essenciais de saúde e de segurança. A marcação CE na máquina e a declaração
CE de conformidade, que devem acompanhar a máquina, abrangem a
conformidade da própria máquina e as especificações e instruções relacionadas
com a sua instalação.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

No caso de máquinas destinadas a operações de elevação, o fabricante é


responsável pela verificação da adequação aos fins previstos das máquinas
prontas a serem colocadas em serviço – ver §350 a §352: comentários ao ponto
4.1.3 do anexo I e §361: comentários à alínea e) do ponto 4.4.2 do anexo I.
Determinadas categorias de máquinas a ser instaladas em edifícios estão
também sujeitas à Diretiva 89/106/CE relativa aos produtos de construção como,
por exemplo, portões, portas, janelas, estores, persianas eléctricas – ver §92:
comentários ao artigo 3.º.

Artigo 2.º, alínea a) - quarto travessão


...
"Máquina":
...
 conjunto de máquinas referido nos primeiro, segundo e terceiro travessões e/ou
quase-máquinas referidas na alínea g) que, para a obtenção de um mesmo
resultado, estão dispostas e são comandadas de modo a serem solidárias no seu
funcionamento.
...
§38 Conjunto de máquinas
O quarto travessão diz respeito ao conjunto de máquinas composto por duas ou
mais máquinas ou quase-máquinas montadas de forma solidária com vista a uma
aplicação específica. O conjunto de máquinas pode ser constituído por duas
unidades como, por exemplo, uma empacotadora e uma etiquetadora, ou por
várias unidades montadas de forma solidária, por exemplo, numa linha de
produção.
A definição de conjunto de máquinas indica que o conjunto é disposto e
comandado de modo a ser solidário no seu funcionamento para a obtenção de um
mesmo resultado. Para que um grupo de unidades de máquinas ou quase-
máquinas seja considerado como um conjunto de máquinas, todos os seguintes
critérios devem ser satisfeitos:
 as unidades constitutivas são montadas de forma solidária para
desempenharem uma função comum, por exemplo, a produção de um
determinado produto;
 as unidades constitutivas estão ligadas funcionalmente de tal forma que o
funcionamento de cada unidade afecta diretamente o funcionamento das
outras unidades ou do conjunto como um todo, sendo, pois, necessária
uma avaliação dos riscos para todo o conjunto;
 as unidades constitutivas dispõem de um sistema de controlo comum – ver
§184: comentários ao ponto 1.2.1 do anexo I e §203: comentários ao ponto
1.2.4.4 do anexo I.
Um grupo de máquinas que estão ligadas entre si, mas em que cada máquina
funciona independentemente, não é considerado como um conjunto de máquinas
no sentido expresso acima.
A definição de conjunto de máquinas não abrange necessariamente instalações
industriais compostas por um número considerável de máquinas, de conjuntos de
máquinas e de outros equipamentos provenientes de diferentes fabricantes.
Todavia, para a aplicação da Diretiva Máquinas, essas instalações amplas podem

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

geralmente ser divididas em secções que podem ser consideradas como


conjuntos de máquinas, por exemplo, descarga de matéria-prima e equipamento
de recepção - equipamento de processamento - equipamento de
acondicionamento e de carga. Nesse caso, quaisquer riscos criados pelas
interfaces com as outras secções da fábrica deverão ser abrangidos pelas
instruções de instalação – ver §264: comentários à alínea i) do ponto 1.7.4.2 do
anexo I. É também de salientar que a colocação no mercado de equipamentos
instalados em instalações industriais, que não fazem parte do âmbito de aplicação
da Diretiva Máquinas, pode estar sujeita a outras diretivas do mercado interno
na UE.
Quem constituir um conjunto de máquinas é considerado como o fabricante do
conjunto de máquinas e é responsável por garantir que o conjunto, como um todo,
está em conformidade com os requisitos essenciais de saúde e de segurança da
Diretiva Máquinas – ver §79: comentários à alínea i) do artigo 2.º. Em alguns
casos, o fabricante do conjunto é também o fabricante das unidades constitutivas.
Todavia, as unidades constitutivas são, mais frequentemente, colocadas no
mercado por outros fabricantes, seja como uma máquina completa que também
pode funcionar de forma independente, conforme o primeiro, segundo e terceiro
travessões da alínea a) do artigo 2.º ou como uma quase-máquina conforme com
a alínea g) do artigo 2.º.
Se as unidades em causa forem colocadas no mercado como máquinas
completas que podem funcionar de forma independente, estas deverão
apresentar a marcação CE e fazer-se acompanhar de uma declaração CE de
conformidade – ver §103: comentários ao n.º 1 do artigo 5.º. Se forem colocadas
no mercado como quase-máquinas, estas não deverão apresentar a marcação
CE, mas devem fazer-se acompanhar da declaração de Incorporação e do
manual de montagem - ver §104: comentários ao n.º 2) do artigo 5.º e §131,
comentários ao artigo 13.º.
Os conjuntos de máquinas estão sujeitos à Diretiva Máquinas na medida em que
a sua segurança depende não só de uma concepção e fabrico seguros das suas
unidades constitutivas, mas também da adequação das unidades e das
interfaces entre elas. A avaliação de riscos a ser efectuada pelo fabricante de um
conjunto de máquinas deve, pois, abranger a adequação das unidades
constitutivas para a segurança do conjunto como um todo e os perigos resultantes
das interfaces entre as unidades constitutivas. Deve abranger quaisquer perigos,
resultantes do conjunto, que não estejam abrangidos pela declaração CE de
conformidade (para máquinas) ou pela declaração de incorporação e pelo manual
de montagem (para quase-máquinas) fornecidos pelos fabricantes das unidades
constitutivas.
O fabricante do conjunto de máquinas deve:
 realizar o procedimento de avaliação da conformidade adequado para o
conjunto de máquinas – ver §127 a §130: comentários ao artigo 12.º;
 apor uma marcação específica (por exemplo, uma placa específica) no
conjunto de máquinas com a informação exigida na secção 1.7.3 e, se for o
caso, nas secções 3.6.2, 4.3.3 e 6.5, do Anexo I, incluindo a marcação CE;
 elaborar e assinar uma declaração CE de conformidade para o conjunto de
máquinas – ver §103: comentários ao n.º 1 do artigo 5.º;
A declaração CE de conformidade para máquinas completas e a declaração de
incorporação e o manual de montagem para quase-máquinas incorporadas no
34
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

conjunto de máquinas devem ser incluídas no processo técnico relativo ao


conjunto de máquinas – ver §392: comentários à alínea a) do ponto 1 da parte A
do anexo VII. O processo técnico relativo ao conjunto de máquinas deverá
igualmente documentar quaisquer alterações que tenham sido efectuadas às
unidades constitutivas ao incorporá-las no conjunto.

§39 Conjuntos que incluem máquinas novas e existentes


A Diretiva Máquinas aplica-se a máquinas aquando da primeira colocação no
mercado e da entrada em serviço na UE. Trata-se, em geral, de máquinas
novas– ver §72: comentários à alínea h) do artigo 2.º. Por conseguinte, os
conjuntos de máquinas enunciados no quarto travessão da alínea a) do artigo 2.º
são normalmente novos conjuntos de máquinas novas. Em relação a máquinas
em serviço (usadas no trabalho), a entidade patronal deve assegurar que é
mantida a conformidade e a segurança das máquinas ao longo da sua vida útil,
em conformidade com a regulamentação nacional de aplicação da Diretiva
2009/104/CE – ver §140: comentários ao artigo 15.º.
Em alguns casos, uma ou mais unidades constitutivas dos conjuntos de máquinas
existentes pode ser substituída por novas unidades, ou novas unidades podem
ser acrescentadas a um conjunto existente de máquinas. A questão é saber se
um conjunto de máquinas composto por unidades novas e existentes está, como
um todo, sujeito à Diretiva Máquinas. Para responder a esta questão não é
possível providenciar critérios precisos em cada caso particular. Em caso de
dúvida, é, pois, recomendável que a pessoa que constituir esse conjunto de
máquinas consulte as autoridades nacionais competentes. Todavia, pode facultar-
se a seguinte orientação geral:
1. Se a substituição ou a adição de uma unidade constitutiva num conjunto
existente de máquinas não afectar significativamente o funcionamento ou a
segurança do resto do conjunto, a nova unidade pode ser considerada como
máquina submetida à Diretiva Máquinas e, nesse caso, não é necessária
nenhuma medida segundo a Diretiva Máquinas relativamente às peças do
conjunto que não são afectadas pela alteração. A entidade empregadora
mantém-se responsável pela segurança da totalidade do conjunto em
conformidade com as disposições nacionais de aplicação da Diretiva
2009/104/CE – ver §140: comentários ao artigo 15.º.
 Se a nova unidade for uma máquina completa, podendo também
funcionar de forma independente, que ostente a marcação CE e seja
acompanhada de uma declaração CE de conformidade, a
incorporação da nova unidade no conjunto existente deverá ser
considerada como instalação da máquina e não dá lugar a uma
nova avaliação de conformidade, a uma marcação CE ou a uma
declaração CE de conformidade.
 Se a nova unidade for composta por quase-máquinas
acompanhadas de uma declaração de incorporação e do manual de
montagem, quem incorporar as quase-máquinas no conjunto deverá
ser considerado como o fabricante da nova unidade. Este deverá,
pois, avaliar quaisquer riscos resultantes da interface entre as
quase-máquinas, outros equipamentos e o conjunto de máquinas,
satisfazer quaisquer requisitos essenciais de saúde e de segurança
relevantes que não tenham sido aplicados pelo fabricante das
quase-máquinas, aplicar o manual de montagem, elaborar uma

35
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

declaração CE de conformidade e apor a marcação CE na nova


unidade montada.
2. Se a substituição ou a adição de novas unidades constitutivas num conjunto
existente de máquinas tiver um impacto significativo no funcionamento ou na
segurança do conjunto como um todo, ou implicar alterações significativas do
conjunto, poderá considerar-se que a alteração equivale à constituição de um
novo conjunto de máquinas ao qual a Diretiva Máquinas deve ser aplicada.
Nesse caso, a totalidade do conjunto, incluindo as suas unidades constitutivas,
deve cumprir as disposições da Diretiva Máquinas. Tal poderá também ser
necessário se um novo conjunto de máquinas for composto por unidades
novas e usadas.

Artigos 2.º, alínea a) - quinto travessão


...
"Máquina":
...
 conjunto de peças ou de componentes ligados entre si, dos quais pelo menos um
é móvel, reunidos de forma solidária com vista a elevarem cargas, cuja única
fonte de energia é a força humana aplicada diretamente;
...
§40 Máquinas manuais para a elevação de cargas
O quinto travessão da definição do termo máquina enuncia uma exceção à regra
geral de que as máquinas manuais são excluídas da Diretiva Máquinas. As
máquinas manuais destinadas à elevação de cargas, seja de mercadorias,
pessoas, ou ambos, estão sujeitas à Diretiva Máquinas – ver §328: comentários à
alínea (a) do ponto 4.1.1 do anexo I. Os elevadores de estaleiro e gruas manuais,
os macacos, as mesas elevatórias, os carregadores de paletes e os
empilhadores e as plataformas elevatórias móveis de trabalho exemplificam esse
tipo de máquinas. Os aparelhos que não elevam carga, mas mantêm-na
simplesmente numa determinada altura não estão abrangidos por esta definição.

Artigo 2.º
...
(b) "Equipamento intermutável": dispositivo que, após a entrada em serviço de uma
máquina ou de um trator, é montado nesta ou neste pelo próprio operador para
modificar a sua função ou introduzir uma nova função, desde que o referido
equipamento não constitua uma ferramenta;

§41 Equipamento intermutável


O equipamento intermutável enunciado na alínea b) do n.º 1 do artigo 1.º
encontra-se definido na alínea b) do artigo 2.º. É de salientar que o equipamento
intermutável é também designado pelo termo "máquina" usado em sentido lato –
ver §33: comentários no primeiro parágrafo do artigo 2.º.
Nos comentários que se seguem, os diferentes elementos da definição de
equipamento intermutável são analisados individualmente.

36
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

…após a entrada em serviço de uma máquina ou de um trator…


O equipamento intermutável é o equipamento que é concebido e fabricado com
vista a ser montado nas máquinas após a colocação em serviço da máquina de
base. O equipamento que é montado nas máquinas pelo fabricante quando a
máquina é colocada no mercado e que não se destina a ser modificado pelo
utilizador não é considerado como equipamento intermutável, mas é considerado
como parte da máquina.

Um ou mais elementos do equipamento intermutável pode ser fornecido pelo


fabricante da máquina juntamente com a máquina de base ou por um outro
fabricante. Em qualquer caso, cada elemento do equipamento intermutável
deverá ser considerado como um produto separado e deve ser acompanhado de
uma declaração CE de conformidade, exibir a marcação CE e ser fornecido com o
seu próprio manual.
…é montado nesta ou neste pelo próprio operador…
O facto de o equipamento intermutável se destinar a ser montado nas máquinas
implica que a combinação da máquina de base e o equipamento intermutável seja
solidária no seu funcionamento. O equipamento que é utilizado com a máquina,
mas que não é montado na mesma, não deverá ser considerado como
equipamento intermutável.

…para modificar a sua função ou introduzir uma nova função, desde que o referido
equipamento não constitua uma ferramenta…
O equipamento intermutável não deverá ser confundido com peças de
substituição que não modificam a função da máquina nem introduzem uma nova
função à mesma, mas que simplesmente se destinam a substituir peças gastas ou
danificadas.
O equipamento intermutável distingue-se também das ferramentas como, por
exemplo, lâminas, pontas, brocas, pás carregadoras simples, etc. que não
modificam nem introduzem uma nova função à máquina de base. Essas
ferramentas não estão sujeitas à Diretiva Máquinas (embora o fabricante da
máquina deva especificar as características essenciais das ferramentas que
podem ser montadas na máquina – ver §268: comentários à alínea n) do ponto
1.7.4.2 do anexo I.
O equipamento montado em tratores agrícolas ou florestais para funções como
lavoura, colheita, elevação ou carga e o equipamento montado em equipamento
de terraplanagem para funções como perfuração ou demolição são exemplos de
equipamento intermutável. As plataformas de trabalho destinadas a ser montadas
em máquinas de elevação com vista a modificar a sua função para efeitos de
elevação de pessoas são exemplo de equipamento intermutável – ver §388:
comentários ao ponto 17 do anexo IV. Outros exemplos de equipamento
intermutável são os suportes destinados a montagem em máquinas portáteis
para convertê-las em máquinas fixas e os dispositivos intermutáveis de
alimentação automática para máquinas para trabalhar madeira.
O equipamento intermutável pode ser colocado no mercado pelo fabricante da
máquina de base ou por outro fabricante. Em qualquer caso, o fabricante do
equipamento intermutável deve especificar no seu manual de instruções a
máquina na qual se pode montar e ser usada com segurança, quer por referência
às características técnicas da máquina, ou, se necessário, por referência aos

37
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

modelos específicos da máquina. Deverá igualmente facultar as instruções


necessárias para a montagem e utilização seguras do equipamento intermutável –
ver §264: comentários à alínea i) do ponto 1.7.4.2 do anexo I.
O fabricante do equipamento intermutável deve assegurar que a combinação do
equipamento intermutável e a máquina de base na qual se pretende proceder à
montagem cumpre todos os requisitos essenciais de saúde e de segurança
constantes no anexo I e deve levar a cabo o procedimento de avaliação da
conformidade.
É de salientar que a montagem do equipamento intermutável na máquina de base
pode ter o efeito de criar uma combinação que pertença a uma das categorias
de máquinas enunciadas no anexo IV. Poderá ser, por exemplo, o caso de um
suporte que é montado com máquina portátil para trabalhos em madeira para
convertê-la numa máquina fixa, tal como uma serra circular ou uma máquina de
moldar de eixo vertical; ou no caso em que uma plataforma de trabalho é montada
na máquina de elevação de forma a modificar a sua função para efeitos de
elevação de pessoas. 9 Nesses casos, o fabricante do equipamento intermutável
deve levar a cabo uma avaliação dos riscos relativamente à combinação do
equipamento intermutável e da máquina de base e aplicar um dos procedimentos
de avaliação da conformidade previstos no anexo IV relativo a máquinas – ver
§129 e §130: comentários ao artigo 12.º. A avaliação da conformidade deve
garantir que o conjunto do equipamento intermutável e o tipo ou tipos de
máquinas de base no qual se pretende efetuar a montagem cumpre todos os
requisitos essenciais de saúde e de segurança pertinentes do anexo I.
As informações necessárias relacionadas com a avaliação da conformidade da
combinação do equipamento intermutável e da máquina de base deve constar da
declaração CE de conformidade relativamente aos equipamentos intermutáveis.
As instruções relativas aos equipamentos intermutáveis devem também
especificar o tipo ou tipos de máquinas de base nas quais se pretende que o
equipamento seja montado e incluir o respectivo manual de montagem – ver
§264: comentários à alínea i) do ponto 1.7.4.2 do anexo I.

9
Consultar o documento de orientação Equipamento Intermutável para elevação de pessoas e
equipamento utilizado com máquinas concebidas para a elevação de mercadorias utilizadas para
a elevação de pessoas:
http://ec.europa.eu/enterprise/sectors/mechanical/files/machinery/interchangeable_equipment_liftin
g_persons_-_lifting_goods_dec_2009_en.pdf

38
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 2.º
...
(c) "Componente de segurança" componente:
 que serve para garantir uma função de segurança, e
 que é colocado isoladamente no mercado, e
 cuja avaria e/ou mau funcionamento ponham em perigo a segurança das
pessoas, e
 que não é indispensável para o funcionamento da máquina ou que pode ser
substituído por outros componentes que garantam o funcionamento da
máquina.
Consta do Anexo V uma lista indicativa dos componentes de segurança, que pode ser
atualizada nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 8.º

§42 Componentes de segurança


Os componentes de segurança enunciados na alínea c) do n.º 1 do artigo 1.º
encontram-se definidos na alínea c) do artigo 2.º. É de salientar que os
componentes de segurança são também designados pelo termo "máquina" usado
em sentido lato – ver §33: comentários ao primeiro parágrafo do artigo 2.º.
Muitos componentes de máquinas são essenciais para a saúde e a segurança
das pessoas. Todavia, os componentes exclusivamente operacionais não são
considerados como componentes de segurança. Os componentes de segurança
são componentes destinados pelo fabricante do componente a serem instalados
em máquinas de forma a cumprir especificamente um papel de proteção. Os
componentes colocados isoladamente no mercado que são destinados pelo
fabricante do componente tanto a funções operacionais como de segurança, ou
que são destinados pelo fabricante do componente a serem utilizados para
funções de segurança ou para funções operacionais deverão ser considerados
como componentes de segurança.
A exclusão de aparelhos de conexão e de controlo de baixa tensão enunciada no
quinto travessão da alínea k) do n.º 2 do artigo 1.º, não se aplica a componentes
de segurança eléctricos – ver §68: comentários à alínea k) do n.º 2 do artigo 1.º.
A última frase da definição diz respeito à lista de componentes de segurança
mencionada no anexo V. O anexo V lista categorias de componentes de
segurança que são normalmente instalados em máquinas. A consulta da lista
ajuda a compreender a definição de "componente de segurança". Todavia, a lista
é indicativa, não limitativa. Por outras palavras, qualquer componente que
obedeça à definição enunciada na alínea c) do artigo 2.º deve ser considerado
como componente de segurança sujeito à Diretiva Máquinas, ainda que não
esteja incluído na lista que consta do anexo V.
Se, no futuro, forem identificados componentes de segurança que não estão
incluídos na lista que consta do anexo V, como por exemplo, componentes de
segurança inovadores, a Comissão pode adoptar uma decisão para atualizar a
lista, após consulta do Comité Máquinas, em conformidade com o procedimento
de regulamentação com controlo – ver §116: comentários à alínea a) do n.º 1 do
artigo 8.º e §147: comentários ao n.º 3 do artigo 22.º.

39
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O segundo travessão da definição enunciada na alínea c) do artigo 2.º implica que


somente os componentes de segurança colocados isoladamente no mercado
estão sujeitos à Diretiva Máquinas. Como tal, os componentes de segurança
fabricados por um fabricante de máquinas, destinados a ser instalados nas suas
próprias máquinas, não estão sujeitos à diretiva, embora estes devam assegurar
que as máquinas cumprem os requisitos essenciais de saúde e de segurança
pertinentes. É de salientar que, se tal fabricante fornecer os componentes de
segurança para substituir os componentes de segurança de origem, nas
máquinas que colocou no mercado, os mesmos não estarão sujeitos à Diretiva
Máquinas – ver §48: comentários à alínea a) do n.º 2 do artigo 1.º.
Relativamente ao procedimento de avaliação da conformidade aplicável aos
componentes de segurança é de salientar que determinados componentes de
segurança constam da lista do anexo IV – ver §129 e §130: comentários ao artigo
12.º e §388: comentários aos pontos 19 a 23 do anexo IV.

Artigo 2.º
...
(d) "Acessório de elevação": componente ou equipamento não ligado à máquina de
elevação, que permite a preensão da carga e é colocado entre a máquina e a
carga ou sobre a própria carga, ou destinado a fazer parte integrante da carga
e que é colocado isoladamente no mercado. São igualmente considerados como
acessórios de elevação as lingas e seus componentes;

§43 Acessórios de elevação


Os acessórios de elevação enunciados na alínea d) do n.º 1 do artigo 1.º
encontram-se definidos na alínea d) do artigo 2.º. É de salientar que os acessórios
de elevação são também designados pelo termo "máquina" usado em sentido lato
– ver §33: comentários ao primeiro parágrafo do artigo 2.º.
Normalmente, as máquinas de elevação dispõem de um dispositivo de preensão
da carga como, por exemplo, um gancho. Esses dispositivos de preensão da
carga instalados nas máquinas de elevação não deverão ser considerados como
acessórios de elevação. Todavia, tendo em conta a forma, a dimensão e a
natureza variadas das cargas a elevar, o equipamento é frequentemente colocado
entre o dispositivo de preensão das máquinas de elevação e a carga, ou sobre a
própria carga, de forma a segurar a carga durante a operação de elevação. Tal
equipamento é referido como um acessório de elevação. São igualmente
considerados como acessórios de elevação os produtos que são isoladamente
colocados no mercado destinados a ser incorporados nas cargas.
O equipamento colocado entre o dispositivo de preensão de máquinas de
elevação e a carga é considerado como acessório de elevação, ainda que seja
fornecido com a máquina de elevação ou com a carga.
O último ponto da definição de "Acessório de elevação" refere:
… são igualmente considerados como acessórios de elevação as lingas e seus
componentes
Tal implica que o equipamento destinado a ser utilizado como uma linga
independente ou em várias combinações a ser montado pelo utilizador, por
exemplo, montar uma linga multi-pernas, é considerado como acessório de
elevação. Por outro lado, os componentes que são destinados a ser incorporados

40
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

em lingas e que não são destinados a ser utilizados isoladamente não são
considerados como acessórios de elevação – ver §358: comentários ao ponto
4.3.2 do anexo I.
O Comité Máquinas elaborou uma lista de várias categorias de equipamento
utilizado em operações de elevação, na qual indica as categorias que são
consideradas acessórios de elevação. A lista não é exaustiva mas destina-se a
facilitar uma interpretação e aplicação uniformes da Diretiva Máquinas
relativamente a acessórios de elevação. 10
Os acessórios de elevação estão sujeitos a determinados requisitos essenciais
específicos de saúde e de segurança no ponto 4 do Anexo I, – ver §337 a §341:
comentários às secções 4.1.2.3, 4.1.2.4 e 4.1.2.5 do anexo I, §358: comentários
ao ponto 4.3.2 e §360: comentários ao ponto 4.4.1.

Artigo 2.º
...
(e) "Correntes, cabos e correias": correntes, cabos e correias concebidos e
construídos para efeitos de elevação como componentes das máquinas ou dos
acessórios de elevação;

§44 Correntes, cabos e correias


As correntes, os cabos e as correias enunciados na alínea e) do n.º 1 do artigo 1.º
encontram-se definidos na alínea e) do artigo 2.º.
Os produtos designados pelos termos "correntes, cabos e correias" são correntes,
cabos e correias concebidos e fabricados para incorporação em máquinas de
elevação ou acessórios de elevação para efeitos de elevação – ver §328:
comentários à alínea a) do ponto 4.1.1 do anexo I. As correntes, cabos ou
correias concebidos para efeitos diferentes da elevação não estão sujeitos à
Diretiva Máquinas. Todavia, as correntes, cabos ou correias concebidos,
fabricados e especificados pelo fabricante para dupla ou múltipla finalidade,
incluindo a finalidade de elevação, estão sujeitos à diretiva.
Tendo em conta que as correntes, cabos e correias para efeitos de elevação
encontram-se entre os produtos designados pelo termo "máquina" usado em
sentido lato – ver §33: comentários ao primeiro parágrafo do artigo 2.º – os
fabricantes de correntes, cabos e correias para efeitos de elevação devem
cumprir todas as obrigações previstas no n.º 1 do artigo 5.º – ver §103:
comentários ao n.º 1 do artigo 5.º.
É de salientar que os produtos designados pelos termos "correntes, cabos e
correias" são os produtos colocados no mercado pelo fabricante de correntes,
cabos ou correias, como por exemplo enroladores a granel, tambores, rolos,
bobinas ou feixes de correntes, cabos ou correias. Estes produtos poderão ser
fornecidos pelo fabricante da corrente, cabo ou correia aos distribuidores, aos
fabricantes de máquinas de elevação ou de acessórios de elevação, ou aos
utilizadores.

10
Consultar documento de orientação: Classificação de equipamento utilizado para elevação de
cargas com máquinas de elevação.
http://ec.europa.eu/enterprise/sectors/mechanical/files/machinery/classification_of_equipment_liftin
g_machinery_dec_2009_en.pdf

41
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

As obrigações estabelecidas no n.º 1 do artigo 5.º aplicam-se aquando da


primeira colocação no mercado das correntes, cabos ou correias. O distribuidor
ou o utilizador não se torna num fabricante na acepção da diretiva, pelo corte de
porções individuais para incorporação em máquinas ou em acessórios de
elevação. Por conseguinte, as obrigações consagradas no n.º 1 do artigo 5.º, não
voltam a ser aplicadas às porções de correntes, cabos ou correias cortadas dos
produtos já colocados no mercado pelo fabricante de correntes, cabos ou
correias. Tais porções devem ser consideradas componentes das máquinas de
elevação ou dos acessórios de elevação nos quais estão incorporados.
Todavia, os distribuidores de correntes, cabos e correias devem assegurar o
fornecimento da declaração CE de conformidade, da referência do certificado que
indica as características da corrente, cabo ou correia e do manual de instruções,
juntamente com a porção da corrente, cabo ou correia aos fabricantes de
máquinas ou de acessórios de elevação ou aos utilizadores – ver §83:
comentários à alínea i) do artigo 2.º e §357: comentários ao ponto 4.3.1
do anexo I.

Artigo 2.º
...
(f) "Dispositivo amovível de transmissão mecânica": componente amovível
destinado à transmissão de potência entre uma máquina automotora ou um
trator e uma máquina receptora, ligando-os ao primeiro apoio fixo. Sempre que
aquele seja colocado no mercado com o protetor, deve considerar-se como um
só produto;

§45 Dispositivos amovíveis de transmissão mecânica


Os dispositivos amovíveis de transmissão mecânica enunciados na alínea f) do
n.º 1 do artigo 1.º encontram-se definidos na alínea f) do artigo 2.º. É de salientar
que os dispositivos amovíveis de transmissão mecânica são também designados
pelo termo "máquina" usado em sentido lato – ver §33: comentários ao primeiro
parágrafo do artigo 2.º.
Os dispositivos amovíveis de transmissão mecânica estão sujeitos a
determinados requisitos essenciais de saúde e de segurança no ponto 3 do
anexo I – ver §319: comentários ao ponto 3.4.7 do anexo I.
É de salientar que os protetores dos dispositivos amovíveis de transmissão
mecânica estão incluídos no ponto 1 da lista indicativa de componentes de
segurança que consta do anexo V. Ao serem colocados no mercado
isoladamente, esses protetores estão, pois, sujeitos à Diretiva Máquinas como
componentes de segurança. Todavia, nos termos da segunda frase da definição
acima, se um dispositivo amovível for colocado no mercado juntamente com o seu
protetor, está sujeito à Diretiva Máquinas como um só produto.
Relativamente ao procedimento de avaliação da conformidade, salienta-se
também que os dispositivos amovíveis de transmissão mecânica e os respectivos
protetores, encontram-se listados no ponto 14 do anexo IV, e os protetores dos
dispositivos amovíveis de transmissão mecânica encontram-se listados no ponto
15 do anexo IV.

42
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 2.º
...
(g) "Quase-máquina": conjunto que quase constitui uma máquina mas que não
pode assegurar por si só uma aplicação específica. Um sistema de acionamento
é uma quase-máquina. A quase-máquina destina-se a ser exclusivamente
incorporada ou montada noutras máquinas, ou noutras quase-máquinas ou
equipamentos, com vista à constituição de uma máquina à qual é aplicável a
presente diretiva;

§46 Quase-máquinas
As quase-máquinas enunciadas na alínea g) do artigo 1.º encontram-se definidas
na alínea g) do artigo 2.º. É de salientar que as quase-máquinas não estão
incluídas nos produtos designados pelo termo "máquina" usado em sentido lato –
ver §33: comentários ao primeiro parágrafo do artigo 2.º.
Uma quase-máquina abrangida pela Diretiva Máquinas é um produto destinado a
constituir, após incorporação ou montagem, uma máquina que faz parte do
âmbito da Diretiva Máquinas.
"Um conjunto que quase constitui uma máquina" significa que uma quase-
máquina é um produto que é semelhante a uma máquina no sentido restrito
referido na alínea a) do n.º 1 do artigo 1.º, ou seja, um conjunto composto por
peças ou componentes, dos quais pelo menos um é móvel, mas ao qual faltam
alguns elementos necessários para desempenhar a sua aplicação específica. A
quase-máquina deve assim submeter-se a um processo de fabrico adicional de
forma a tornar-se definitivamente máquina, capaz de desempenhar a sua
aplicação específica.
Este processo de fabrico adicional não é a instalação de um sistema de
acionamento na máquina fornecida sem um sistema de acionamento, cujo
sistema de acionamento a ser instalado é abrangido pela avaliação da
conformidade do fabricante – ver §35: comentários ao primeiro travessão da
alínea a) do artigo 2.º – ou a ligação no local ou às fontes de energia ou de
movimento – ver §36: comentários ao segundo travessão da alínea a) do artigo
2.º. As quase-máquinas deverão também ser distinguidas das máquinas prontas a
ser montadas num veículo, num edifício ou numa construção – ver §37:
comentários ao terceiro travessão da alínea a) do artigo 2.º.
As máquinas que podem por si só efetuar a sua aplicação específica, mas às
quais somente faltam os meios necessários de proteção ou os componentes de
segurança não deverão ser consideradas quase-máquinas.
Tendo em conta que a quase-máquina ”quase constitui uma máquina”, esta deve
ser distinguida dos componentes de máquinas que não estão sujeitos à Diretiva
Máquinas – ver §35: comentários ao primeiro travessão da alínea a) do artigo 2.º.
Os componentes de máquinas podem normalmente ser integrados num vasto
leque de categorias de máquinas com aplicações diferentes.

A segunda frase da definição de quase-máquina refere:


…Um sistema de acionamento é uma quase-máquina.
Esta disposição também se aplica aos sistemas de acionamento prontos a serem
instalados em máquinas e não aos componentes individuais de tais sistemas.

43
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Por exemplo, um motor de combustão interna ou um motor eléctrico de alta


tensão colocados no mercado, prontos a serem instalados em máquinas sujeitas
à Diretiva Máquinas, devem ser considerados como quase-máquinas.
É de salientar que a maioria dos motores eléctricos de baixa tensão estão
excluídos do âmbito da Diretiva Máquinas e estão sujeitos à Diretiva Baixa
Tensão 2006/95/CE – ver §69: comentários à alínea k) do n.º 2 do artigo 1.º.
A colocação no mercado de quase-máquinas está sujeita a um procedimento
específico – ver §104: comentários ao n.º 2 do artigo 5.º, §131: comentários ao
artigo 13.º, §384 e §385: comentários à secção B do ponto 1 do anexo II e aos
anexos VI e VII.

§47 Produtos excluídos do âmbito da Diretiva Máquinas


O âmbito da Diretiva Máquinas enunciado no n.º 1 do artigo 1.º é limitado de duas
formas:
 Determinados produtos que correspondem às definições enunciadas nas
alíneas a) a g) do artigo 2.º são expressamente excluídos do âmbito da
Diretiva Máquinas. A lista de produtos expressamente excluídos é referida
nas alíneas a) a l) do n.º 2 do artigo 1.º.
 Em conformidade com o artigo 3.º – diretivas específicas, a Diretiva
Máquinas não se aplica aos produtos mencionados no n.º 1 do artigo 1.º
relativamente aos riscos abrangidos mais especificamente por outras
diretivas da UE. Sempre que estas diretivas específicas abrangerem todos
os riscos associados aos produtos em causa, esses produtos serão
totalmente excluídos do âmbito da Diretiva Máquinas. Sempre que as
diretivas específicas abrangerem exclusivamente alguns dos riscos
associados aos produtos em causa, esses produtos permanecerão no
âmbito da Diretiva Máquinas relativamente aos outros riscos – consultar
§89 a §91: comentários ao artigo 3.º.

Artigo 1.º, n.º 2

(a) Os componentes de segurança destinados a substituírem componentes idênticos,


fornecidos pelo fabricante da máquina de origem;

§48 Componentes de segurança destinados a substituírem componentes


idênticos, fornecidos pelo fabricante da máquina de origem
A exclusão enunciada na alínea a) do n.º 2 do artigo 1.º refere-se exclusivamente
a componentes idênticos aos componentes fabricados pelo fabricante das
máquinas, instalados nas suas próprias máquinas. Esses componentes não estão
sujeitos à Diretiva Máquinas uma vez que não são colocados no mercado
isoladamente – ver §42: comentários à alínea c) do artigo 2.º.
Sempre que tal fabricante de máquinas fornecer componentes idênticos utilizados
como peças de substituição para substituir os componentes de origem, essas
peças de substituição não ficam sujeitas à Diretiva Máquinas. Esta isenção é
igualmente aplicada nos casos em que já não existem componentes idênticos e o
fabricante das máquinas fornece peças de substituição com a mesma função de
segurança e com o mesmo desempenho de segurança dos componentes que
estavam originalmente instalados na máquina.

44
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 1.º, n.º 2


...
(b) Os materiais específicos para feiras e/ou parques de atrações;

§49 Materiais para feiras e/ou parques de atrações


Os materiais concebidos e fabricados especificamente para utilização em feiras
ou parques de atrações estão excluídos do âmbito da Diretiva Máquinas pela
alínea b) do n.º 2 do artigo 1.º. A concepção e o fabrico de tais materiais não
estão sujeitos à legislação da UE e podem, por conseguinte, estar sujeitos às
regulamentações nacionais. É de salientar que existem duas normas europeias
relativas a esses equipamentos. 11
A utilização de tais equipamentos pelos trabalhadores (por exemplo, durante a
montagem, desmontagem ou operações de manutenção ) está sujeita às
disposições nacionais de aplicação da Diretiva 2009/104/CE relativamente à
utilização pelos trabalhadores de equipamento de trabalho no trabalho – ver §140:
comentários ao artigo 15.º.

Artigo 1.º, n.º 2


...
(c) As máquinas especialmente concebidas ou colocadas em serviço para utilização
nuclear, cuja avaria possa causar uma emissão de radioatividade;

§50 Máquinas para fins nucleares


A exclusão enunciada na alínea c) do n.º 2 do artigo 1.º refere-se às máquinas
especialmente concebidas para utilização na indústria de energia nuclear ou para
a produção ou processamento de materiais radioativos, cuja avaria pode provocar
uma emissão de radioatividade.
As máquinas utilizadas na indústria de energia nuclear que não provocam um
risco de emissão de radioatividade não estão excluídas do âmbito da Diretiva
Máquinas.
As máquinas abrangidas pela exclusão enunciada na alínea c) do n.º 2 do artigo
1.º devem também ser distinguidas das máquinas que possuem fontes
radioativas, por exemplo, para efeitos de medição, para ensaios não destrutivos
ou para evitar a acumulação de carga eléctrica estática, mas que não são
concebidas nem usadas para fins nucleares e que, por conseguinte, não estão
excluídas do âmbito da Diretiva Máquinas – ver §232: comentários ao ponto
1.5.10 do anexo I.
É de salientar que a utilização de fontes radioativas pode estar sujeita à
autorização e ao controlo, em conformidade com as disposições nacionais de
aplicação da Diretiva 96/29/Euratom e da Diretiva 2003/122/Euratom. 12

11
EN 13814: 2004 - Máquinas e estruturas para feiras e parques de atrações – Segurança;
EN 13782: 2005 - Estruturas provisórias – Tendas – Segurança.
12
Diretiva 96/29/Euratom do Conselho, de 13 de Maio de 1996, que define as normas básicas de
segurança para a proteção da saúde dos trabalhadores e do público em geral contra os perigos
resultantes da radiação ionizante – JO L 159 de 29.6.1996 p. 1.

45
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 1.º, n.º 2


...
(d) As armas, incluindo armas de fogo;

§51 Armas, incluindo armas de fogo


Conforme explicado no considerando 6, a exclusão de armas, incluindo armas de
fogo, enunciada na alínea d) do n.º 2 do artigo 1.º, deve ser entendida à luz do
âmbito da legislação da UE relativamente ao controlo da aquisição e posse de
armas enunciado no anexo I da Diretiva 91/477/CEE do Conselho. 13 A alínea b)
do ponto III do referido anexo exclui dispositivos concebidos para fins industriais
ou técnicos, desde que os mesmos possam ser exclusivamente usados para os
fins indicados.
Por conseguinte, a exclusão de armas, incluindo armas de fogo, do âmbito de
aplicação da Diretiva Máquinas não abrange os aparelhos portáteis de fixação de
carga explosiva e as outras máquinas de impacto de carga explosiva concebidos
para fins industriais ou técnicos – ver §9: comentários ao considerando 6.

§52 Meios de transporte


As exclusões relativas a vários meios de transporte são enunciadas nos cinco
travessões da alínea e) do n.º 2 do artigo 1.º. Nos comentários que se seguem,
estes travessões são analisados individualmente.

Artigo 2.º, n.º 2, alínea e) – primeiro travessão


os seguintes meios de transporte:
...
— tratores agrícolas e florestais para os riscos cobertos pela Diretiva 2003/37/CE,
excepto as máquinas montadas nesses veículos,
...
§53 Tratores agrícolas e florestais
A exclusão enunciada no primeiro travessão da alínea e) do n.º 2 do artigo 1.º diz
respeito aos tratores agrícolas e florestais abrangidos pela Diretiva 2003/37/CE
relativa à homologação de tratores agrícolas e florestais, seus reboques e
máquinas intermutáveis rebocadas e dos sistemas, componentes e unidades
técnicas destes veículos (Diretiva Tratores 14 Na altura em que a nova Diretiva
Máquinas foi adoptada, a Diretiva Tratores não abordava todos os riscos
associados ao uso de Tratores. De forma a garantir que a legislação da UE
abrange todos os riscos pertinentes, os tratores agrícolas e florestais são assim
excluídos do âmbito de aplicação da Diretiva Máquinas somente relativamente
aos riscos abrangidos pela Diretiva Tratores. Relativamente aos riscos não
abrangidos pela Diretiva Tratores, aplica-se a Diretiva Máquinas.

Diretiva 2003/122/Euratom do Conselho, de 22 de Dezembro de 2003, relativa ao controlo de


fontes radioativas seladas de alta atividade e de fontes órfãs – JO L 346 de 31.12.2003, p. 57.
13
JO L 256 de 13.9.1991, p. 51:
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:31991L0477:EN:HTML
14
JO L 171 de 9.7.2003, p. 1:
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:32003L0037:EN:HTML

46
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O fabricante de um trator deverá, pois, avaliar a conformidade do trator com os


requisitos essenciais de saúde e de segurança do anexo I da Diretiva Máquinas
relativos aos riscos em causa, apor a marcação CE no trator e elaborar uma
declaração CE de conformidade com estes requisitos. Esta declaração CE de
conformidade deve ser incluída na documentação facultada pelo fabricante com o
pedido de homologação CE em conformidade com a Diretiva 2003/37/CE.
Quando a Diretiva Máquinas 2006/42/CE foi adoptada, o Parlamento Europeu, o
Conselho e a Comissão fizeram em conjunto a seguinte declaração:
O Parlamento, o Conselho e a Comissão declaram que, no intuito de abranger
todos os aspectos relacionados com a saúde e a segurança dos operadores
dostratores agrícolas e florestais numa diretiva de harmonização, deve ser alterada,
a Diretiva 2003/37/CE relativa à homologação de tratores agrícolas e florestais,
seus reboques e máquinas intermutáveis rebocadas e dos sistemas, componentes e
unidades técnicas destes veículos, a fim de ter em conta todos os riscos pertinentes
da Diretiva Máquinas.
Essa alteração da Diretiva 2003/37/CE deve incluir uma alteração da Diretiva
Máquinas para que seja eliminada a expressão " para os riscos" no primeiro
travessão da alínea e) do n.º 2 do artigo 1.º.
A Comissão reconhece a necessidade de incluir nas diretivas relativas aos tratores
agrícolas e florestais outros requisitos para os riscos ainda não abrangidos por
essas diretivas. Para tal, a Comissão está a ponderar medidas apropriadas que
incluem referências aos regulamentos das Nações Unidas, às normas CEN e ISO e
aos códigos da OCDE.
Neste contexto, a Comissão identificou vários requisitos essenciais de saúde e de
segurança da Diretiva Máquinas que não estão totalmente abrangidos pela
Diretiva 2003/37/CE e propõe uma alteração à Diretiva Tratores relativamente a
estes requisitos. Logo que esta alteração seja adoptada e passe a ser aplicável,
os tratores agrícolas e florestais serão completamente excluídos do âmbito de
aplicação da Diretiva Máquinas.
É de salientar que a exclusão relativa a tratores agrícolas e florestais se aplica
exclusivamente aos tratores em si e não aos seus reboques, às máquinas
rebocadas ou empurradas ou às máquinas montadas ou semi-montadas.
Os reboques e as máquinas intermutáveis rebocadas estão incluídos no âmbito
de aplicação da Diretiva Tratores 2003/37/CE assim como da Diretiva Máquinas,
embora não tenham ainda sido elaborados requisitos técnicos específicos de
forma a permitir a homologação CE dessas máquinas rebocadas. Se esses
requisitos forem futuramente elaborados, os requisitos relativos à segurança na
circulação rodoviária desses reboques e das máquinas rebocadas seriam
harmonizados pela Diretiva 2003/37/CE, ao passo que os requisitos de saúde e
de segurança relativos à utilização fora de estrada de tais máquinas
permaneceriam sujeitos à Diretiva Máquinas.

47
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 1.º, n.º 2, alínea e) – segundo travessão


...
Os seguintes meios de transporte:
...
— veículos a motor e seus reboques abrangidos pela Diretiva 70/156/CEE do
Conselho, de 6 de Fevereiro de 1970, relativa à aproximação das legislações
dos Estados-Membros respeitantes à homologação dos veículos a motor e seus
reboques (1), excepto as máquinas montadas nesses veículos,
(2)
JO L 42 de 23.2.1970, p. 1. Diretiva com a última ação Redação que lhe foi dada pela Diretiva
2006/28/CE da Comissão (JO L 65 de 7.32006, p. 27).
...
§54 Veículos rodoviários de quatro ou mais rodas e respectivos reboques
A exclusão enunciada no segundo travessão da alínea e) do n.º 2 do artigo 1.º diz
respeito aos veículos a motor e aos seus reboques. Quando a 2006/42/CE foi
adoptada, a homologação desses veículos estava abrangida pela Diretiva
70/156/CEE do Conselho. A partir de 29 de Abril de 2009, a Diretiva 70/156/CEE
foi substituída pela Diretiva 2007/46/CE. 15 Esta diretiva aplica-se a veículos
acionados por motor que tenham pelo menos quatro rodas, com velocidade
máxima superior a 25 km/h, concebidos e fabricados numa ou mais fases para
utilização na estrada e aos sistemas, componentes e unidades técnicas
concebidos e fabricados para esses veículos, assim como veículos sobre rodas
não automotores concebidos e fabricados para serem rebocados por um veículo a
motor.
O n.º 3 do artigo 2.º da Diretiva 2007/46/CE prevê a possibilidade de
homologação opcional ou aprovação individual de máquinas móveis,
assegurando, no entanto, que essas aprovações opcionais não prejudicarão a
aplicação da Diretiva Máquinas 2006/42/CE. Por conseguinte, qualquer máquina
móvel sujeita à homologação ou à aprovação individual para circulação na
estrada continua sujeita à Diretiva Máquinas relativamente a todos os riscos
diferentes daqueles relacionados com a circulação rodoviária.
Os veículos não destinados à utilização na estrada como, por exemplo, moto 4,
veículos todo-o-terreno, karts, carrinhos de golfe e motas de neve, estão sujeitos
à Diretiva Máquinas, a menos que se destinem exclusivamente à competição –
ver §56: comentários ao quarto travessão da alínea e) do n.º 2 do artigo 1.º.
O mesmo se aplica a veículos com uma velocidade máxima que não exceda os
25 km/h, tais como, por exemplo, determinadas varredoras urbanas.
As máquinas montadas nos veículos rodoviários ou reboques como, por exemplo,
gruas de carga, plataformas elevatórias, compressores montados no veículo ou
no reboque, sistemas de compactação montados no veículo, betoneiras montadas
no veículo, pás carregadoras, guinchos motorizados, basculantes e plataformas
elevatórias móveis de trabalho montadas no veículo ou no reboque, estão
sujeitas à Diretiva Máquinas – ver §37: comentários ao terceiro travessão da
alínea a) do artigo 2.º.

15
Diretiva 2007/46/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 5 de Setembro de 2007, que
estabelece um quadro para a aprovação de veículos a motor e seus reboques e de sistemas,
componentes e unidades técnicas destinadas a tais veículos - JO L 263 de 9.10.2007, p. 1-160:
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2007:263:0001:01:EN:HTML

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 1.º, n.º 2, alínea e) – terceiro travessão


...
— veículos abrangidos pela Diretiva 2002/24/CE do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 18 de Março de 2002, relativa à homologação dos veículos a
motor de duas ou três rodas(2), excepto as máquinas montadas nesses veículos,
(2)
JO L 124 de 9.5.2002, p. 1. Diretiva com a última ação Redação que lhe foi dada pela
Diretiva 2005/30/CE da Comissão (JO L 106 de 27.4.2005, p. 17).
...
§55 Veículos rodoviários de duas ou três rodas
A exclusão enunciada no terceiro travessão da alínea e) do n.º 2 do artigo 1.º
refere-se a veículos abrangidos pela Diretiva 2002/24/CE 16 que se aplica a
veículos a motor de duas ou três rodas, com rodas gémeas ou não, destinados a
circular na estrada.
A exclusão não se aplica a veículos não destinados à utilização na estrada como,
por exemplo, motociclos todo-o-terreno que estão, por conseguinte, sujeitos à
Diretiva Máquinas, a menos que se destinem exclusivamente à competição – ver
§56: comentários ao quarto travessão da alínea e) do n.º 2 do artigo 1.º.
A exclusão não se aplica a veículos com uma velocidade máxima de projeto não
superior a 6 km/h, veículos destinados a condução apeada, veículos destinados à
utilização por pessoas com deficiências físicas, veículos todo-o-terreno, ou
bicicletas eléctricas (EPACs ou pedelecs) que não fazem parte do âmbito de
aplicação da Diretiva 2002/24/CE. Estas categorias de veículos a motor de duas
ou três rodas estão, pois, sujeitas à Diretiva Máquinas.

Artigo 1.º, n.º 2, alínea e) – quarto travessão


...
— veículos a motor exclusivamente destinados à competição,
...
§56 Veículos a motor destinados à competição
A exclusão enunciada no quarto travessão da alínea e) do n.º 2 do artigo 1.º diz
respeito aos veículos a motor destinados à competição. Tais veículos são
excluídos do âmbito de aplicação da Diretiva Máquinas quer se destinem à
utilização rodoviária ou à utilização fora de estrada.
A exclusão diz respeito a veículos destinados exclusivamente à competição,
portanto, por exemplo, os veículos destinados à utilização recreativa que podem
também ser usados para competições informais não são excluídos. O principal
critério a ser aplicado para aferir se os veículos deverão ser considerados como
exclusivamente destinados à competição é verificar se os mesmos são
concebidos em conformidade com as especificações técnicas definidas por uma
das associações de corridas reconhecida oficialmente.
Relativamente a motociclos de competição, a motos 4 de competição ou a todos
os veículos todo-o-terreno (ATV’s) e às motas de neve de competição, as
especificações técnicas são definidas pela FIM (Fédération Internationale de
Motocyclisme) e pelas suas federações afiliadas nacionais. De forma a ajudar as

16
JO L 124 de 09.05.2002, p.1 - 44:
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:32002L0024:EN:HTML

49
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

autoridades de vigilância do mercado a distinguirem os modelos de competição


de outros, a FIM publica na sua página da Internet a lista de motociclos de
competição, motos 4 e motas de neve que estão em conformidade com as suas
especificações técnicas e que participam em competições de desportos a motor
nacionais ou internacionais organizadas sob a orientação da federação
internacional e suas afiliadas nacionais. 17

Artigo 1.º, n.º 2, alínea e) – quinto travessão


...
— meios de transporte aéreo, aquático e ferroviário, excepto as máquinas
montadas nesses meios de transporte;

§57 Meios de transporte aéreo, aquático e ferroviário


Em conformidade com a exclusão enunciada no quinto travessão da alínea e) do
n.º 2 do artigo 1.º a Diretiva Máquinas não abrange nenhum tipo de aeronave ou
meio de transporte aquático.
As embarcações sujeitas à Diretiva Embarcações de Recreio 94/25/CE alterada
pela Diretiva 2003/44/CE estão excluídas do âmbito de aplicação da Diretiva
Máquinas. A Diretiva Máquinas não se aplica, pois, a motores interiores e com
transmissão por coluna que são considerados como parte da embarcação.
Todavia, a Diretiva Máquinas é aplicável a motores fora de borda, com exceção
dos requisitos estabelecidos especificamente na Diretiva Embarcações de
Recreio relativos ao manual do proprietário, às características de manuseamento
da embarcação, ao arranque dos motores fora de borda e às emissões de escape
e sonoras.
As máquinas montadas em embarcações como, por exemplo, guindastes
flutuantes, perfuradoras, escavadoras e dragas, não estão excluídas do âmbito de
aplicação da Diretiva Máquinas.
A exclusão de meios de transporte ferroviário refere-se às máquinas destinadas
ao transporte de pessoas e/ou mercadorias em redes ferroviárias suburbanas,
urbanas, regionais, nacionais ou internacionais ou em sistemas ferroviários
ligados a essas redes.
Por outro lado, as máquinas destinadas à utilização em sistemas ferroviários que
não estão ligados a essas redes, como, por exemplo, máquinas automotoras que
operam sobre carris em trabalhos subterrâneos, estão incluídas no âmbito de
aplicação da Diretiva Máquinas.
As máquinas destinadas à utilização em redes ferroviárias que não se destinam
ao transporte de pessoas e/ou mercadorias como, por exemplo, as máquinas para
construção, manutenção e inspeção de carris e estruturas de circulação
exclusivamente ferroviária, também fazem parte do âmbito de aplicação da
Diretiva Máquinas. O mesmo se aplica às máquinas montadas em veículos que
circulam exclusivamente sobre carris como, por exemplo, gruas de carga e
plataformas elevatórias móveis de trabalho.

17
http://www.fim-live.com/fr/fim/homologations-fim/motocycles/

50
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 1.º, n.º 2

(f) Os navios de mar e as unidades móveis offshore, bem como as máquinas


instaladas a bordo desses navios e/ou unidades;

§58 Navios de mar e unidades móveis offshore, bem como máquinas


instaladas a bordo desses navios e/ou unidades
Os navios de mar e unidades móveis offshore como, por exemplo, plataformas de
perfuração móveis e máquinas instaladas nessas plataformas não fazem parte do
âmbito de aplicação da Diretiva Máquinas conforme a alínea f) do n.º 2 do artigo
1.º uma vez que estão sujeitos às convenções da Organização Marítima
Internacional.
Parte do equipamento afectado por esta exclusão poderá também estar sujeito à
Diretiva relativa aos Equipamentos Marítimos 96/98/CE 18 alterada pela Diretiva
2002/75/CE. 19
Uma unidade móvel offshore é uma unidade offshore que não se destina a ser
localizada de forma permanente ou a longo prazo num campo de petróleo, mas
que é concebida para ser transferida de local para local, independentemente de
possuir ou não um meio de propulsão ou de rebaixamento de pernas para o fundo
marinho.
Todavia, as unidades flutuantes destinadas à produção, como, por exemplo,
FPSOs (estruturas flutuantes de produção, armazenamento e descarga -
normalmente baseadas em configurações de petroleiros) e FPPs (plataformas
flutuantes de produção - baseadas em embarcações semi-submersíveis), assim
como as máquinas instaladas nessas unidades não estão excluídas do âmbito de
aplicação da Diretiva Máquinas.
As máquinas destinadas a serem instaladas em plataformas fixas offshore como,
por exemplo, plataformas de produção de petróleo, assim como as máquinas que
podem ser utilizadas tanto em unidades offshore fixas como móveis também
estão sujeitas à Diretiva Máquinas.

Artigo 1.º, n.º 2

(g) As máquinas especialmente concebidas e construídas para fins militares ou de


manutenção da ordem pública;

§59 Máquinas para fins militares ou de manutenção da ordem pública


A exclusão enunciada na alínea g) do n.º 2 do artigo 1.º aplica-se às máquinas
especialmente concebidas e fabricadas para fins militares ou de manutenção da
ordem pública. As máquinas normais usadas pelas forças armadas ou pela
polícia, que não são especialmente concebidas para fins militares ou de
manutenção da ordem pública estão sujeitas à Diretiva Máquinas.
Em alguns países, alguns serviços de luta contra incêndio pertencem aos serviços
militares, no entanto, as máquinas concebidas para utilização destes serviços não

18
JO L46 de 17.02.1997, p. 25.
19
JO L254 de 23.09.2002, p. 1.

51
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

são por conseguinte consideradas como sendo concebidas e fabricadas para fins
militares e, assim, estão sujeitas à Diretiva Máquinas.

Artigo 1.º, n.º 2

(h) As máquinas especialmente concebidas e construídas para efeitos de


investigação para utilização temporária em laboratórios;

§60 Máquinas para efeitos de investigação


A exclusão enunciada na alínea h) do n.º 2 do artigo 1.º foi introduzida na medida
em que não se considerou razoável submeter aos requisitos da Diretiva Máquinas
os equipamentos de laboratório especialmente concebidos e fabricados para as
necessidades de projetos de investigação específicos. Por conseguinte, a
exclusão não se aplica às máquinas instaladas de forma permanente em
laboratórios que podem ser usadas para fins gerais de investigação ou às
máquinas instaladas em laboratórios para outros fins diferentes da investigação
como, por exemplo, para fins de ensaios.
A exclusão aplica-se exclusivamente ao equipamento concebido e fabricado para
utilização temporária na investigação, ou seja, equipamento que deixará de ser
usado quando o projeto de investigação para o qual foi concebido e fabricado for
concluído.

Artigo 1.º, n.º 2

(i) Os ascensores para poços de minas;

§61 Ascensores para poços de minas


A exclusão prevista na alínea i) do n.º 2 do artigo 1.º refere-se a ascensores para
acesso às minas. Os ascensores para poços de minas estão também excluídos
do âmbito de aplicação da Diretiva Ascensores 95/16/CE. Considerou-se que tais
ascensores eram instalações específicas cujas características variavam em
conformidade com o local e que deram origem a poucos obstáculos ao comércio.
Os ascensores para poços de minas permanecem assim sujeitos às
regulamentações nacionais.
É de salientar que esta exclusão se refere às instalações em poços de minas. Os
ascensores instalados em outras partes de uma mina não estão abrangidos pela
exclusão e podem assim estar sujeitos quer à Diretiva Ascensores quer à Diretiva
Máquinas, conforme for o caso – ver §90: comentários ao artigo 3.º e §151:
comentários ao artigo 24.º.

Artigo 1.º, n.º 2

(j) As máquinas destinadas a mover artistas durante representações artísticas;

§62 Máquinas destinadas a mover artistas durante representações


artísticas
A exclusão enunciada na alínea j) do n.º 2 do artigo 1.º refere-se às máquinas
destinadas a mover artistas durante atuações artísticas. Esse equipamento é
52
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

excluído do âmbito de aplicação da Diretiva Máquinas e da Diretiva Ascensores


95/16/CE, uma vez que a aplicação dos requisitos destas diretivas poderia ser
incompatível com a função artística do equipamento em causa – ver §151:
comentários ao artigo 24.º.
A exclusão não se aplica às máquinas destinadas exclusivamente a mover
objetos como, por exemplo, cenário ou iluminação, ou às máquinas destinadas a
mover outras pessoas que não os artistas como, por exemplo, técnicos.
É de salientar que a exclusão não se refere a outros equipamentos, tais como,
escadas rolantes ou elevadores, concebidos para mover pessoas em teatros ou
noutras instalações de entretenimento para fins que não estão diretamente
relacionados com a execução da representação artística. O referido equipamento
está sujeito à Diretiva Ascensores e à Diretiva Máquinas, conforme for o caso –
ver §90: comentários ao artigo 3.º e §151: comentários ao artigo 24.º.

Artigo 1.º, n.º 2

(k) Na medida em que se encontrem abrangidos pela Diretiva 73/23/CEE do


Conselho, de 19 de Fevereiro de 1973, relativa à harmonização das legislações
dos Estados-Membros no domínio do material eléctrico destinado a ser
utilizado dentro de certos limites de tensão (3), os produtos eléctricos e
electrónicos a seguir indicados:
 aparelhos domésticos destinados a utilização doméstica,
 equipamentos áudio e vídeo,
 equipamentos da tecnologia da informação,
 máquinas de escritório comuns,
 aparelhos de conexão e de controlo de baixa tensão,
 motores eléctricos.
(3)
JO L 77 de 26.3.1973, p. 29. Diretiva alterada pela Diretiva 93/68/CEE (JO L 220 de
30.8.1993, p. 1).

§63 Máquinas abrangidas pela Diretiva Baixa Tensão


Um dos objectivos da revisão da Diretiva Máquinas era clarificar a fronteira entre
o âmbito de aplicação da Diretiva Máquinas e a Diretiva Baixa Tensão
2006/95/CE 20 (antiga Diretiva 73/23/CEE alterada) de forma a dar uma maior
segurança jurídica.
A alínea k) do n.º 2 do artigo 1.º lista as categorias de máquinas eléctricas e
electrónicas de baixa tensão que estão excluídas do âmbito de aplicação da
Diretiva Máquinas.
As máquinas eléctricas que não constam em nenhuma das categorias
discriminadas na alínea k) do n.º 2 do artigo 1.º (e que não estão abrangidas em
nenhuma das outras exclusões) fazem parte do âmbito de aplicação da Diretiva
Máquinas. Sempre que a alimentação eléctrica das referidas máquinas estiver
dentro dos limites de tensão da Diretiva Baixa Tensão (entre 50 e 1 000 V
relativamente à corrente alternada ou entre 75 e 1 500 V relativamente à corrente

20
JO L 374 de 27.12.2006, p. 10.

53
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

contínua), estas deverão satisfazer os objectivos de segurança da Diretiva Baixa


Tensão – ver §222: comentários ao ponto 1.5.1 do anexo I. Todavia, nesse caso,
a declaração CE de conformidade do fabricante não deverá fazer referência à
Diretiva Baixa Tensão.
Por outro lado, os equipamentos eléctricos de baixa tensão colocados no
mercado isoladamente para incorporação em máquinas estão sujeitos à Diretiva
Baixa Tensão 21

Artigo 1.º, n.º 2 - primeiro travessão


...
 aparelhos domésticos destinados a utilização doméstica,
...
§64 Aparelhos domésticos destinados a utilização doméstica
Relativamente à exclusão mencionada no primeiro travessão da alínea k) do n.º 2
do artigo 1.º, são necessários vários esclarecimentos:
 a expressão "aparelhos domésticos" designa equipamentos destinados a
funções domésticas, tais como, lavar, limpar, aquecer, arrefecer, cozinhar,
etc. As máquinas de lavar roupa, as máquinas de lavar loiça, os
aspiradores e as máquinas para preparar e cozinhar alimentos são
exemplos de aparelhos domésticos. Pelo contrário, as máquinas eléctricas
de jardinagem ou as ferramentas eléctricas destinadas a construção e a
trabalhos de reparação domésticos não fazem parte desta exclusão e
estão sujeitas à Diretiva Máquinas;
 a exclusão refere-se a aparelhos "destinados a utilização doméstica", ou
seja, aparelhos destinados a utilização por pessoas privadas
(consumidores) em ambiente doméstico. Assim, os aparelhos para as
funções domésticas acima mencionadas, que se destinam a utilização
comercial e industrial, não estão excluídos do âmbito de aplicação da
Diretiva Máquinas.
Embora um consumidor possa adquirir um aparelho destinado a utilização
comercial ou um comerciante possa adquirir um aparelho destinado a utilização
doméstica, o critério a ter em consideração para determinar a utilização a que se
destina o produto é a utilização prevista e declarada pelo fabricante do aparelho
nas suas informações relativas ao produto ou na sua declaração de
conformidade. É certo que esta declaração deve refletir rigorosamente a utilização
prevista do produto.

Artigo 1.º, n.º 2, alínea k) - segundo travessão


...
 equipamentos áudio e vídeo,
...
§65 Equipamentos áudio e vídeo
A exclusão enumerada no segundo travessão da alínea k) do n.º 2 do artigo 1.º
refere-se a equipamentos como, por exemplo, receptores de rádio e televisão,

21
Ver Orientações relativas à aplicação da Diretiva 2006/95/CE:
http://ec.europa.eu/enterprise/electr_equipment/lv/guides/index.htm

54
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

leitores e gravadores de cassetes e de vídeo, leitores e gravadores de CD e DVD,


amplificadores e altifalantes, câmaras e projetores.

Artigo 1.º, n.º 2, alínea k) - terceiro travessão


...
 equipamentos da tecnologia da informação,
...
§66 Equipamentos da tecnologia da informação
A exclusão enunciada no terceiro parágrafo da alínea k) do n.º 2 do artigo 1.º
refere-se aos equipamentos utilizados para o processamento, conversão,
transmissão, armazenamento, proteção e recuperação dos dados ou da
informação. O equipamento em causa inclui, por exemplo, equipamento
informático, equipamento de rede de comunicações e equipamento telefónico e
de telecomunicações.
A exclusão não abrange o equipamento electrónico incorporado nas máquinas
como, por exemplo, sistemas de controlo electrónico programáveis, considerados
como uma integrante das máquinas sujeitas à Diretiva Máquinas e que devem
permitir que as máquinas cumpram os requisitos essenciais de saúde e de
segurança do anexo I da diretiva. Determinados dispositivos que incorporam
equipamentos da tecnologia da informação podem estar também sujeitos à
Diretiva Máquinas como componentes de segurança.

Artigo 1.º, n.º 2, alínea k) - quarto travessão


...
 máquinas de escritório comuns,
...
§67 Máquinas de escritório comuns
A exclusão referida no quarto travessão da alínea k) do n.º 2 do artigo 1.º aplica-
se aos equipamentos eléctricos como, por exemplo, impressoras, fotocopiadoras,
faxes, máquinas de triagem, máquinas para encadernar e agrafadoras.
Esta exclusão não se refere às máquinas com funções semelhantes destinadas à
utilização em indústrias como, por exemplo, a indústria gráfica ou de papel.
A exclusão de máquinas de escritório comuns não abrange mobiliário de escritório
com motor eléctrico, que está sujeito à Diretiva Máquinas.

Artigo 1.º, n.º 2, alínea k) - quinto travessão


...
 aparelhos de conexão e de controlo de baixa tensão,
...
§68 Aparelhos de conexão e de controlo de baixa tensão
Os aparelhos de conexão e de controlo de baixa tensão referenciados no quinto
travessão da alínea k) do n.º 2 do artigo 1.º são dispositivos para conectar e
desconectar a corrente em circuitos eléctricos e equipamentos de controlo, de
medida e de regulação associados para o comando de equipamentos que utilizam
a energia eléctrica.

55
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Esses equipamentos não estão sujeitos à Diretiva Máquinas. Nos casos em que
tais equipamentos são incorporados nas máquinas, os mesmos deverão permitir
que as máquinas cumpram os requisitos essenciais de saúde e de segurança do
anexo I da Diretiva Máquinas.
É de salientar que esta exclusão não se aplica a componentes de segurança
eléctricos de baixa tensão – ver §42: comentários à alínea c) do artigo 2.º.

Artigo 1.º, n.º 2, alínea k) - sexto travessão


...
 motores eléctricos;

§69 Motores eléctricos


A exclusão referida no sexto travessão da alínea k) do n.º 2 do artigo 1.º implica
que os motores eléctricos que fazem parte do âmbito de aplicação da Diretiva
Baixa Tensão 2006/95/CE (ou seja, os motores eléctricos com uma alimentação
de energia dentro dos limites de tensão e que não estão referenciados no anexo II
dessa diretiva) estejam sujeitos exclusivamente à Diretiva Baixa Tensão.
Um motor eléctrico é um dispositivo que converte energia eléctrica em energia
mecânica. A exclusão aplica-se ao motor em si sem uma aplicação específica e
sem elementos mecânicos adicionais de um sistema de acionamento.
A exclusão também se aplica aos grupos electrogéneos eléctricos de baixa
tensão que são dispositivos semelhantes de conversão de energia mecânica em
energia eléctrica. Pelo contrário, os grupos geradores compostos por uma fonte
de energia mecânica como, por exemplo, um motor de combustão interna e um
gerador eléctrico, estão sujeitos à Diretiva Máquinas.

Artigo 1.º, n.º 2


(l) Os seguintes equipamentos eléctricos de alta tensão:
— dispositivos de conexão e de comando,
— transformadores.

§70 Equipamentos eléctricos de alta tensão


Os equipamentos eléctricos de alta tensão excluídos conforme a alínea l) do n.º 2
do artigo 1.º são compostos por dispositivos de conexão e de comando e por
transformadores que fazem parte do fornecimento de energia de alta tensão ou
que estão conectados ao mesmo (acima de 1 000 V relativamente à corrente
alternada ou acima dos 1 500 V relativamente à corrente contínua).
Estes equipamentos eléctricos de alta tensão não estão sujeitos à Diretiva
Máquinas. Sempre que esses equipamentos estão incorporados nas máquinas,
deverão permitir que as máquinas cumpram os requisitos essenciais de saúde e
de segurança do anexo I da Diretiva Máquinas – ver §222: comentários ao ponto
1.5.1 do anexo I.

56
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 2.º
(h) "Colocação no mercado": primeira colocação à disposição de uma máquina ou
quase-máquina com vista a distribuição ou utilização, a título oneroso ou
gratuito, na Comunidade;

§71 Definição de "colocação no mercado"


O termo "máquina" na definição de "colocação no mercado" é usado no sentido
lato, ou seja, a definição aplica-se à colocação no mercado de quaisquer produtos
discriminados nas alíneas a) a f) do artigo 1.º – ver §33: comentários ao primeiro
parágrafo do artigo 2.º – assim como a quase-máquinas.
A Diretiva Máquinas aplica-se a máquinas ou quase-máquinas colocadas no
mercado na UE. Não se aplica aos produtos fabricados na UE com vista a serem
colocados no mercado ou entrar em serviço em países fora da UE, ainda que
alguns destes países possam ter regulamentações nacionais baseadas na
Diretiva Máquinas ou aceitar no seu mercado máquinas que cumpram a diretiva.

§72 Máquinas novas e usadas


As máquinas são consideradas como colocadas no mercado quando são
disponibilizadas pela primeira vez na UE. A Diretiva Máquinas aplica-se, por
conseguinte, a todas as máquinas novas colocadas no mercado ou em serviço na
UE, sejam as referidas máquinas fabricadas na UE, ou fora dela.
De forma geral, a Diretiva Máquinas não se aplica à colocação no mercado de
máquinas usadas ou em segunda mão. Em alguns Estados-Membros, a
colocação no mercado de máquinas usadas ou em segunda mão está sujeita a
regulamentações nacionais específicas. Por outro lado, a entrada em serviço e a
utilização de máquinas em segunda mão para fins profissionais está sujeita às
regulamentações nacionais relativas à utilização de equipamentos de trabalho
que implementam as disposições da Diretiva 2009/104/CE – ver §140:
comentários ao artigo 15.º.
Há uma exceção a esta regra geral. A Diretiva Máquinas aplica-se a máquinas
usadas ou em segunda mão que foram postas à disposição pela primeira vez com
vista à sua distribuição ou utilização fora da UE, quando são posteriormente
colocadas no mercado ou em serviço pela primeira vez na UE. 22 A pessoa
responsável pela primeira colocação no mercado ou pela primeira entrada em
serviço na UE das referidas máquinas usadas, quer seja o fabricante das
máquinas, um importador, um distribuidor ou o próprio utilizador, deve cumprir as
obrigações previstas no artigo 5.º da diretiva.
A Diretiva Máquinas também se aplica às máquinas baseadas em máquinas
usadas que foram transformadas ou reconstruídas de forma tão significativa que
podem ser consideradas como novas máquinas. A questão é saber quando é que
a transformação de uma máquina é considerada como construção de uma nova
máquina sujeita à Diretiva Máquinas. Não é possível fornecer critérios precisos
para responder a esta questão em cada caso particular. Em caso de dúvida, é,
pois, recomendável que a pessoa que colocar essas máquinas reconstruídas no
mercado ou em serviço consulte as autoridades nacionais competentes.

22
As máquinas colocadas no mercado pela primeira vez em países que aderiram posteriormente à
União Europeia são consideradas como tendo sido colocadas no mercado na UE.

57
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§73 Fase na qual a Diretiva Máquinas se aplica às máquinas


A definição de "colocação no mercado" em conjunto com a definição de "entrada
em serviço" prevista na alínea k) do artigo 2.º, determina a fase na qual as
máquinas devem cumprir as disposições pertinentes da diretiva. O fabricante ou o
seu mandatário deve ter cumprido todas as obrigações relativas à conformidade
da máquina que lhe dizem respeito, quando esta é colocada no mercado ou em
serviço.– ver §103: comentários ao artigo 5.º.
A colocação no mercado refere-se a cada exemplar de máquina ou quase-
máquina e não a um modelo ou tipo. As disposições pertinentes da Diretiva
2006/42/CE aplicam-se, por conseguinte, a todos os exemplares da máquina ou
quase-máquina colocados no mercado a partir de 29 de Dezembro de 2009 – ver
§153: comentários ao artigo 26.º.
A Diretiva Máquinas não se aplica às máquinas antes que estas sejam colocadas
no mercado ou entrem em serviço. As máquinas transferidas pelo fabricante ao
seu mandatário na UE de forma a cumprir todas ou parte das obrigações
previstas no artigo 5.º, não são consideradas como colocadas no mercado até
que sejam disponibilizadas com vista à sua distribuição ou utilização – ver §84 e
§85: comentários à alínea j) do artigo 2.º. O mesmo se aplica às máquinas que
ainda estão em fase de construção, transferidas por um fabricante a partir de
fábricas fora da UE com vista à sua conclusão em fábricas na UE.
O fabricante poderá ter de utilizar ou ensaiar a máquina ou partes desta durante a
construção, montagem, instalação ou ajuste antes que seja colocada no mercado
ou em serviço. Nesse caso, deve tomar as precauções necessárias para proteger
a saúde e a segurança dos operadores e de outras pessoas expostas ao efetuar
essas operações (em conformidade com as regulamentações nacionais relativas
à saúde e segurança no trabalho e à utilização de equipamento de trabalho que
implementam as disposições da Diretivas 89/391/CEE e 2009/104/CE – ver §140:
comentários ao artigo 15.º. No entanto, as máquinas em causa não têm de
cumprir as disposições da Diretiva Máquinas até que sejam colocadas no
mercado ou em serviço.
Aplicam-se regras específicas às máquinas expostas em feiras, exposições e
demonstrações – ver §108: comentários ao n.º 3 do artigo 6.º.

§74 Formas jurídicas e contratuais de colocação no mercado


A colocação no mercado é definida como a disponibilização da máquina com vista
à sua distribuição ou utilização. Disponibilizar a máquina implica que a máquina
seja transferida do fabricante para outra pessoa, como por exemplo um
distribuidor ou um utilizador. Todavia, não existe restrições quanto à forma jurídica
ou contratual desta transferência.
Em muitos casos, a colocação no mercado implica uma transferência da
propriedade da máquina do fabricante para o distribuidor ou utilizador em troca de
pagamento (por exemplo, venda ou locação com opção de compra).
Noutros casos, a colocação no mercado poderá assumir outras formas contratuais
(tais como locação ou aluguer). Nesses casos, concede-se o direito de usar a
máquina em troca de pagamento, sem a transferência de propriedade. A Diretiva
Máquinas aplica-se a essas máquinas quando estas são pela primeira vez
sujeitas a contrato de locação ou aluguer na UE. A Diretiva Máquinas não se
aplica nos casos em que máquinas usadas, que foram colocadas no mercado
pela primeira vez, em conformidade com a Diretiva Máquinas, são sujeitas a

58
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

posteriores contratos de locação e de aluguer na UE. O aluguer ou locação de


máquinas usadas pode estar sujeito a regulamentações nacionais – ver §140:
comentários ao artigo 15.º.
Considera-se também que a máquina foi colocada no mercado se tiver sido posta
à disposição, sem custos, com vista à sua distribuição ou utilização (por exemplo,
como um presente ou um empréstimo).

§75 Leilões
Leilões realizados em zonas francas
Uma das formas através da qual as máquinas são colocadas no mercado é
através de leilões. Esses leilões podem ser realizados numa zona franca. 23 O
principal objectivo da realização de leilões numa zona franca facto é a venda de
máquinas novas e usadas de fora da UE para utilização nos países fora da UE.
As máquinas vendidas com esse propósito não são consideradas como estando
colocadas no mercado na UE.
Pelo contrário, as máquinas postas à venda nos referidos leilões são
consideradas como estando colocadas no mercado ou em serviço na UE se e
sempre que saírem da zona franca com vista à sua distribuição ou utilização na
UE. Se a máquina em causa for uma máquina nova ou usada que é colocada no
mercado ou em serviço pela primeira vez no mercado na UE e se o fabricante da
máquina em causa ou o seu mandatário não tiver cumprido as suas obrigações
em conformidade com a Diretiva Máquinas, aquele que adquire a máquina em
leilão e a leva da zona franca para a UE com vista à sua distribuição ou utilização
deve ser considerado como a pessoa que coloca a máquina no mercado ou em
serviço na UE, devendo portanto cumprir todas as obrigações previstas no
artigo 5.º

Leilões realizados fora das zonas francas


Se um leilão é realizado na UE fora de uma zona franca, pode assumir-se que a
máquina é posta à venda com vista à sua distribuição ou utilização na UE e, por
conseguinte, deverá ser considerada como colocada no mercado na UE.
Se a máquina posta à venda num leilão realizado na UE fora de uma zona franca
for nova, fabricada dentro ou fora da UE, a mesma deverá respeitar as
disposições pertinentes da Diretiva Máquinas. O mesmo se aplica a máquinas
usadas postas à venda, se forem colocadas no mercado na UE pela primeira vez
– ver §72 supra.
Se o fabricante da máquina em questão ou o seu mandatário não tiver cumprido
as suas obrigações em conformidade com a Diretiva Máquinas, quem colocar a
máquina à venda nesse leilão (o consignador) deve ser considerado como o
responsável pela colocação da máquina no mercado na UE e deve, pois, cumprir
todas as obrigações do fabricante previstas no artigo 5.º. Estas obrigações
incluem assegurar que a máquina satisfaz os requisitos essenciais de saúde e de
segurança, garantir que o processo técnico existe, facultar as instruções, levar a
cabo o procedimento de avaliação da conformidade adequado, elaborar e assinar

23
A UE dispõe de Zonas Francas onde é permitido o armazenamento temporário de mercadorias
antes de serem exportadas ou reexportadas do território aduaneiro da UE ou levadas para outra
parte do território aduaneiro da UE – consultar Artigos 155.º a 161.º do Regulamento (CE) N.°
450/2008 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Abril de 2008, que definem o Código
Aduaneiro Comunitário (Código Aduaneiro Atual) – JO L 145 de 4.6.2008 p. 1.

59
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

a declaração CE de conformidade da máquina e apor a marcação CE – ver §81:


comentários à alínea i) do artigo 2.º.
O leiloeiro que organiza a venda por leilão dessa máquina, colocada à venda
pelos consignadores, deve ser considerado como um distribuidor e deve, por
conseguinte, assegurar que a máquina exibe a marcação CE, e é acompanhada
não só da declaração CE de conformidade elaborada e assinada pelo fabricante
ou o seu mandatário, como do manual de instruções – ver §83: comentários à
alínea i) do artigo 2.º.

§76 Colocação no mercado de conjuntos de máquinas


Os conjuntos de máquinas, montados nas instalações do utilizador por uma
pessoa diferente do utilizador, devem ser considerados como colocados no
mercado sempre que as operações de montagem tiverem sido concluídas e o
conjunto seja entregue ao utilizador para sua utilização – ver §38: comentários ao
quarto travessão da alínea a) do artigo 2.º e §79: comentários à alínea i) do
artigo 2.º.

§77 Colocação no mercado de quase-máquinas


As quase-máquinas são consideradas como colocadas no mercado sempre que
sejam postas à disposição de um fabricante de máquinas ou de um conjunto de
máquinas nas quais deverão ser incorporadas – ver §46: comentários à alínea g)
do artigo 2.º.

Artigo 2.º
(i) "Fabricante" - qualquer pessoa singular ou colectiva responsável pela
concepção e/ou fabrico de uma máquina ou quase-máquina abrangida pela
presente diretiva, bem como pela conformidade da máquina ou quase-máquina
com a presente diretiva, tendo em vista a sua colocação no mercado, com o seu
próprio nome ou a sua própria marca ou para seu uso próprio. Na falta de um
fabricante, conforme definido supra, considera-se fabricante qualquer pessoa
singular ou colectiva que proceda à colocação no mercado ou à entrada em
serviço de uma máquina ou quase-máquina abrangida pela presente diretiva;

§78 Definição de "fabricante"


As obrigações decorrentes da Diretiva Máquinas relativamente à conformidade de
uma máquina ou quase-máquina recaem sobre o fabricante ou o seu mandatário.
Estas obrigações estão resumidas no artigo 5.º. A definição de "fabricante", bem
como a definição de "mandatário" que se segue determinam quem deverá cumprir
estas obrigações.
O termo "máquina" na definição de "fabricante" é usado em sentido lato, ou seja,
a definição aplica-se ao fabricante de qualquer produto discriminado nas alíneas
a) a f) do artigo 1.º – ver §33: comentários ao primeiro parágrafo do artigo 2.º. A
definição aplica-se igualmente ao fabricante de quase-máquinas.

§79 Quem é o "fabricante"?


Um fabricante pode ser uma pessoa singular ou colectiva, ou seja, uma pessoa
física ou uma entidade jurídica como, por exemplo uma empresa ou uma
associação. O processo de concepção e fabrico de máquinas ou quase-máquinas
poderá envolver várias pessoas físicas ou empresas, mas uma delas deve
60
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

assumir a responsabilidade, enquanto fabricante, pela conformidade das


máquinas ou quase-máquinas com a diretiva.
Tendo em conta que os requisitos essenciais de saúde e de segurança dizem
principalmente respeito à concepção e ao fabrico das máquinas, quem está em
melhor posição de preencher estes requisitos é claramente quem concebe e
fabrica as máquinas ou, pelo menos, quem controla o processo de concepção e
de fabrico. Em alguns casos, o fabricante pode, ele próprio, conceber e fabricar as
máquinas. Noutros casos, a totalidade ou parte da concepção ou do fabrico das
máquinas pode ser levada a cabo por outras pessoas (fornecedores ou empresas
subcontratadas). No entanto, quem assumir a responsabilidade legal pela
conformidade das máquinas ou das quase-máquinas, com vista à sua colocação
no mercado, com o seu próprio nome ou a sua própria marca, deve assegurar um
controlo suficiente em relação aos seus fornecedores e às empresas
subcontratadas e possuir informações suficientes, para garantir que é capaz de
cumprir todas as suas obrigações nos termos da diretiva conforme previsto no
artigo 5.º – ver §105: comentários ao n.º 3 do artigo 5.º.
Considera-se fabricante de um conjunto a pessoa que constituir um conjunto de
máquinas – ver §38: comentários à alínea a) do artigo 2.º. Normalmente, os
elementos que constituem um conjunto de máquinas são fornecidos por diferentes
fabricantes, no entanto, a responsabilidade pela conformidade do conjunto como
um todo deve ser assumida por uma pessoa. Esta responsabilidade pode ser
assumida pelo fabricante de uma ou mais unidades constitutivas, por uma
entidade contratada ou pelo utilizador. Se um utilizador constituir um conjunto de
máquinas para uso próprio, será considerado fabricante desse conjunto – ver §80
seguinte.

§80 Pessoa que fabrica máquinas para uso próprio


Uma pessoa que fabrica máquinas para uso próprio é considerada fabricante e
deve cumprir todas as obrigações previstas no artigo 5.º. Nesse caso, a máquina
não é colocada no mercado, uma vez que o fabricante não a coloca à disposição
de outra pessoa, mas utiliza-a ele próprio. Todavia, a referida máquina deve
cumprir a Diretiva Máquinas antes de entrar em serviço – ver §86: comentários à
alínea k) do artigo 2.º. O mesmo se aplica a um utilizador que constitui um
conjunto de máquinas para uso próprio – ver §79 supra.

§81 Outras pessoas que podem ser consideradas como fabricantes


A disposição enunciada na segunda frase da definição de "fabricante" destina-se
a abranger situações que surgem em relação à importação de determinadas
máquinas para a UE. Se um fabricante de máquinas, estabelecido fora da UE,
tomar a decisão de colocar os seus produtos no mercado na UE, poderá ele
próprio cumprir as suas obrigações nos termos da Diretiva Máquinas ou delegar
autoridade a um mandatário para exercer todas ou parte destas obrigações em
seu nome – ver §84 e §85: comentários à alínea j) do artigo 2.º. Por outro lado, a
decisão de importar máquinas para a UE pode ser tomada por um importador,
distribuidor ou utilizador. Em alguns casos, as máquinas podem ser
encomendadas por um intermediário, tal como uma empresa de exportação.
Noutros casos, uma pessoa pode adquirir uma máquina fora da UE e levá-la, ela
própria, para a UE, encomendá-la pela Internet, ou adquiri-la numa zona franca
com vista à sua distribuição ou utilização na UE.

61
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Quem colocar essa máquina no mercado na UE deve poder certificar-se que o


fabricante cumpre as suas obrigações em conformidade com a diretiva. Todavia,
se tal não for assegurado, a pessoa que colocar a máquina no mercado na UE
deve, ela própria, cumprir estas obrigações. O mesmo se aplica à pessoa que
importar a máquina para a UE para uso próprio. Nestes casos, considera-se o
fabricante a pessoa que coloca a máquina ou quase-máquina no mercado ou em
serviço na UE e, por conseguinte, deve cumprir todas as obrigações do fabricante
enunciadas no artigo 5.º.
Tal implica que a pessoa que coloca a máquina no mercado tenha os meios
necessários para satisfazer estas obrigações, o que inclui assegurar que a
máquina satisfaz os requisitos essenciais de saúde e de segurança, garantir que
o processo técnico está disponível, facultar o manual de instruções, levar a cabo o
procedimento de avaliação da conformidade apropriado, elaborar e assinar a
declaração CE de conformidade da máquina e apor a marcação CE – ver §103 a
§105: comentários ao artigo 5.º.
É de salientar que a disposição enunciada na segunda frase da definição indicada
na alínea i) do artigo 2.º não pode ser invocada por um fabricante na UE ou por
um fabricante fora da UE que toma a iniciativa de colocar a máquina no mercado
na UE, para evitar as suas obrigações nos termos da Diretiva Máquinas.

§82 Máquinas alteradas antes da sua primeira entrada em serviço


Em alguns casos, as máquinas são vendidas a um importador ou a um
distribuidor que posteriormente modifica a máquina, a pedido de um cliente, antes
da sua primeira entrada em serviço. Se as modificações foram previstas ou
acordadas pelo fabricante e abrangidas pela avaliação dos riscos do fabricante, a
documentação técnica e a declaração CE de conformidade, a marcação CE do
fabricante de origem permanece válida. Por outro lado, se a modificação for
significativa (por exemplo, uma alteração de função e/ou do desempenho da
máquina) e não tiver sido prevista nem acordada pelo fabricante, a marcação CE
do fabricante de origem perde a validade e tem de ser renovada – ver §72:
comentários à alínea h) do artigo 2.º. Aquele que modifica a máquina é então
considerado fabricante e deve cumprir todas as obrigações enunciadas no n.º 1
do artigo 5.º.

§83 Distribuidores
O Regulamento (CE) N.º 765/2008, que estabelece os requisitos de acreditação
e fiscalização do mercado relativos à comercialização de produtos, define o
"distribuidor" como "qualquer pessoa singular ou colectiva na cadeia de
distribuição, diferente do fabricante ou do importador, responsável pela colocação
de um produto no mercado". 24 A Diretiva Máquinas não inclui obrigações
explícitas para os distribuidores de máquinas, a menos que o distribuidor seja o
mandatário do fabricante ou a pessoa que coloca a máquina no mercado – ver
§81 supra. O papel dos distribuidores das máquinas foi esclarecido por um
acórdão do Tribunal de Justiça Europeu. 25

24
O Artigo 2.º, n.º 6 do Regulamento (CE) N.º 765/2008 do Parlamento Europeu e do Conselho,
de 9 de Julho de 2008, que estabelece os requisitos para acreditação e vigilância do mercado
relativamente à comercialização de produtos e que revoga o Regulamento (CEE) N.º 339/93.
25
Acórdão do TJE, 8 de Setembro de 2005, Processo C-40/04:
http://curia.europa.eu/jurisp/cgi-
bin/form.pl?lang=en&Submit=Rechercher&alldocs=alldocs&docj=docj&docop=docop&docor=docor

62
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O Tribunal considerou que as disposições nacionais podem exigir que os


distribuidores assegurem que, antes de as máquinas serem entregues ao
utilizador, estas:
 exibem a marcação CE,
 estão acompanhadas de uma declaração CE de conformidade, elaborada e
assinada pelo fabricante ou pelo seu mandatário, traduzida para uma das
línguas oficiais do Estado-Membro onde a máquina é colocada no
mercado,
 estão acompanhadas do manual de instruções na língua ou línguas oficiais
do Estado-membro em causa.
Se o fabricante não tiver facultado as instruções originais nessa(s) língua(s), o
distribuidor que colocar a máquina no mercado na zona linguística em causa deve
fornecer uma tradução – ver §257: comentários ao ponto 1.7.4.1 do Anexo I
Em geral, espera-se que o distribuidor tenha o devido cuidado relativamente à
máquina que fornece, conheça as regulamentações às quais está sujeita e se
abstenha de fornecer uma máquina que claramente não esteja em conformidade
com os requisitos da Diretiva Máquinas. Todavia, não pode esperar-se do
distribuidor que ele próprio verifique a conformidade da máquina com os
requisitos essenciais de saúde e de segurança da Diretiva Máquinas.
Em caso de dúvida sobre a conformidade da máquina, o distribuidor deverá
colaborar com as autoridades de vigilância do mercado, por exemplo, ajudando-
os a estabelecer contacto com o fabricante ou com o seu mandatário e a obter
deste último as informações necessárias, tais como os elementos pertinentes do
processo técnico – ver §98: comentários ao artigo 4.º.
No que respeita às obrigações específicas dos distribuidores de correntes, cabos
e correias – ver §44: comentários à alínea e) do artigo 2.º e §357: comentários ao
ponto 4.3.1 do anexo I.

Artigo 2.º
(j) "Mandatário": qualquer pessoa singular ou colectiva, estabelecida na
Comunidade, que tenha recebido um mandato escrito do fabricante para
cumprir, em seu nome, a totalidade ou parte das obrigações e formalidades
ligadas à presente diretiva;

§84 A possibilidade de nomear um mandatário


As obrigações inerentes à colocação no mercado e à entrada em serviço de
máquinas e à colocação no mercado de quase-máquinas, recaem sobre o
fabricante ou o seu mandatário. A nomeação de um mandatário na UE é uma
solução disponível aos fabricantes de máquinas e quase-máquinas, estejam eles
estabelecidos dentro ou fora da UE, de forma a facilitar o cumprimento das suas
obrigações nos termos da diretiva. O mandatário deve possuir um mandato
escrito do fabricante que especifique explicitamente quais das obrigações
enunciadas no artigo 5.º lhe são confiadas. O mandatário é assim diferente de um
agente comercial ou distribuidor.

&docjo=docjo&numaff=C-
40/04%20&datefs=&datefe=&nomusuel=&domaine=&mots=&resmax=100

63
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Um mandatário pode ser uma pessoa singular ou colectiva, ou seja, uma entidade
singular ou jurídica, como por exemplo uma empresa ou associação. Deve estar
estabelecido na UE, ou seja, deve ter uma morada no território de um dos
Estados-Membros.
O fabricante deve assegurar que o seu mandatário possui os meios necessários
para cumprir todas as obrigações que lhe são conferidas. Tal é particularmente
importante se for confiada ao mandatário a tarefa de levar a cabo a avaliação da
conformidade da máquina – ver §105: comentários ao n.º 3 do artigo 5.º.
O fabricante, estabelecido fora da UE, não tem de obrigatoriamente nomear um
mandatário: esse fabricante pode cumprir todas as suas obrigações diretamente.
Todavia, independentemente de o fabricante nomear ou não um mandatário, deve
indicar sempre na declaração CE de conformidade ou na declaração de
incorporação o nome e a morada da pessoa estabelecida na UE que tem
autorização para compilar o processo técnico ou a documentação técnica
relevante – ver §383: comentários à alínea 2 do ponto A do ponto 1 do anexo II e
§385: comentários à alínea 2 da arte B do ponto 1 do anexo II.
É de salientar que, se o fabricante tiver nomeado um mandatário para qualquer
das obrigações enunciadas no artigo 5.º, a declaração CE de conformidade da
máquina ou a declaração de incorporação da quase-máquina deve incluir
obrigatoriamente o nome e a morada do fabricante e do seu mandatário – ver
§383: comentários à alínea 1 do ponto A do ponto 1 do anexo II, §385:
comentários à alínea 1 da parte B do ponto 1 do anexo II.

§85 As tarefas de um mandatário


Um fabricante pode delegar autoridade a um mandatário para executar a
totalidade ou parte das obrigações enunciadas no artigo 5.º.
No caso de máquinas, as tarefas confiadas pelo fabricante ao mandatário
poderão, por conseguinte, incluir assegurar que a máquina satisfaz os requisitos
essenciais de saúde e de segurança, garantir que o processo técnico está
disponível, facultar o manual de instruções, aplicar o procedimento de avaliação
da conformidade apropriado, elaborar e assinar a declaração CE de conformidade
da máquina e apor a marcação CE – ver §103 a §105: comentários ao artigo 5.º.
No caso de quase-máquinas, pode ser dada ao mandatário do fabricante a
responsabilidade de compilar a documentação técnica relevante, de preparar e
fornecer as instruções de montagem e de elaborar e assinar a declaração de
incorporação de quase-máquina – ver §131: comentários ao artigo 13.º.

Artigo 2.º
(k) "Entrada em serviço": primeira utilização, na Comunidade, de uma máquina
abrangida pela presente diretiva de acordo com o fim a que se destina;

§86 Definição de "entrada em serviço"


A Diretiva Máquinas aplica-se a máquinas aquando da sua colocação no mercado
e/ou entrada em serviço. As máquinas que são colocadas no mercado na UE
entram em serviço quando são utilizadas pela primeira vez na UE. Nestes casos,
as obrigações do fabricante em relação à colocação no mercado e entrada em
serviço das máquinas são as mesmas.

64
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

No caso de máquinas concebidas por uma pessoa para utilização própria ou um


conjunto de máquinas constituído pelo utilizador (que não está colocado no
mercado), a Diretiva Máquinas aplica-se quando as máquinas ou o conjunto de
máquinas entra em serviço pela primeira vez. Por outras palavras, tais máquinas
devem cumprir com todas as disposições da diretiva antes de serem utilizadas
pela primeira vez na UE de acordo com o fim a que se destinam.

Artigo 2.º
(l) "Norma harmonizada": especificação técnica, não obrigatória, adoptada por
um organismo de normalização, a saber, o Comité Europeu de Normalização
(CEN), o Comité Europeu de Normalização Electrotécnica (CENELEC) ou o
Instituto Europeu de Normas de Telecomunicações (ETSI), com base numa
delegação de autoridade conferida pela Comissão de acordo com os
procedimentos estabelecidos na Diretiva 98/34/CE do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 22 de Junho de 1998, relativa a um procedimento de informação
no domínio das normas e regulamentações técnicas e das regras relativas aos
serviços da sociedade da informação(1).
(1)
JO L 204 de 21.7.1998, p. 37. Diretiva com a última ação Redação que lhe foi dada pelo
Ato de Adesão de 2003.

§87 Definição de "norma harmonizada"


As normas harmonizadas são ferramentas essenciais para a aplicação da Diretiva
Máquinas. A sua aplicação não é obrigatória. No entanto, quando as referências
das normas harmonizadas são publicadas no Jornal Oficial da União Europeia, a
aplicação das suas especificações confere uma presunção da conformidade com
os requisitos essenciais de saúde e de segurança que abrangem – ver §110:
comentários ao n.º 2 do artigo 7.º.

Por outro lado, as normas harmonizadas conferem uma boa indicação do estado
da técnica que deve ser tido em conta na aplicação dos requisitos essenciais de
saúde e de segurança indicados no anexo I – ver §162: comentários ao ponto 3
dos princípios gerais do anexo I.

Apesar de a definição de "normas harmonizadas" se referir aos três Organismos


Europeus de Normalização (OEN), na realidade, apenas dois organismos de
normalização, o CEN e o CENELEC, estão envolvidos no desenvolvimento das
normas do âmbito da Diretiva Máquinas – ver §112: comentários ao n.º 2 do
artigo 7.º.

Como indicado na definição, a Comissão confere uma delegação de autoridade


geralmente designada por mandato. A 19 de Dezembro de 2006, a Comissão
emitiu o mandato M/396 ao CEN e ao CENELEC requerendo aos organismos de
normalização uma revisão do conjunto existente de normas harmonizadas para
máquinas à luz da Diretiva 2006/42/CE e o desenvolvimento de novas normas
necessárias. 26

(§88 Reservado)

26
http://ec.europa.eu/enterprise/mechan_equipment/machinery/mandates/m-396_en.pdf

65
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 3.º
Diretivas específicas
Sempre que relativamente a uma máquina os riscos descritos no Anexo I estejam total
ou parcialmente abrangidos mais especificamente por outras diretivas, a presente
diretiva não se aplicará ou deixará de se aplicar à máquina e aos perigos em causa a
partir do início de aplicação dessas outras diretivas.

§89 Diretiva Máquinas e outras diretivas relativas ao mercado interno


Em conformidade com o artigo 3.º, em relação a produtos no âmbito da Diretiva
Máquinas, as disposições da Diretiva Máquinas podem ser total ou parcialmente
substituídas por outras diretivas da UE que abranjam mais especificamente a
totalidade ou parte dos perigos em causa.
Estas diretivas específicas podem ser diretivas abrangentes relativas a saúde e
segurança que cobrem todos os perigos associados às máquinas em produtos do
seu âmbito. Em conformidade com o artigo 3.º, estas diretivas serão aplicadas em
detrimento da Diretiva Máquinas para os produtos do seu âmbito – ver §90
abaixo.
Noutros casos, a sobreposição entre as diretivas específicas e a Diretiva
Máquinas é limitada a um ou a apenas alguns perigos. Em conformidade com o
artigo 3.º, nestes casos, os requisitos pertinentes da diretiva específica são
aplicados em detrimento dos respectivos requisitos de saúde e de segurança da
Diretiva Máquinas – ver §91 abaixo.
Além das diretivas específicas referidas no artigo 3.º, podem aplicar-se outras
diretivas da UE, de forma complementar, a máquinas no âmbito da Diretiva
Máquinas para aspectos que não são abrangidos pela mesma, como por exemplo
compatibilidade electromagnética ou a proteção do meio ambiente – ver §92
abaixo.
As outras diretivas da UE referidas nos próximos comentários são diretivas que
visam garantir a livre circulação de mercadorias através da harmonização técnica
baseada no artigo 95.º do Tratado CE (agora artigo 114.º do TFUE). Não incluem
diretivas baseadas no artigo 175.º CE (agora artigo 192.º do TFUE) relativo à
proteção do meio ambiente, ou diretivas baseadas no artigo 137.º CE (agora
artigo 153.º do TFUE) relativo à proteção da saúde e da segurança dos
trabalhadores. Para a relação entre a Diretiva Máquinas e as diretivas baseadas
no artigo 137.º CE (agora artigo 153.º TFUE) – ver §140: comentários ao
artigo 15.º.
As diretivas referidas nos comentários §90 a §92 também podem ser aplicadas às
quase-máquinas referidas na alínea g) do artigo 1.º.
É de salientar que, quando mais do que uma diretiva se aplica a máquinas, o
procedimento de avaliação da conformidade exigido pode ser diferente em cada
uma das diretivas. Nesse caso, a avaliação da conformidade a efetuar ao abrigo
de cada uma das diretivas apenas diz respeito aos aspectos mais
especificamente abrangidos por cada uma delas.
A marcação CE aposta nas máquinas significa que as máquinas cumprem toda a
legislação da UE aplicável que exige a marcação CE – ver §106: comentários ao
n.º 4 do artigo 5.º e §141: comentários ao artigo 16.º.

66
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Quando, além da Diretiva Máquinas, uma outra ou mais diretivas que exigem a
declaração CE de conformidade são aplicáveis a máquinas, o fabricante pode
elaborar uma única declaração CE de conformidade para todas as diretivas
pertinentes, desde que esta declaração contenha todas as informações exigidas
pelas diferentes diretivas. Tal pode não ser possível em todos os casos, uma vez
que algumas diretivas determinam a utilização de um formato específico para a
declaração de conformidade. Seja qual for o caso, a declaração CE de
conformidade das máquinas deve incluir uma declaração que indique que as
mesmas cumprem com as outras diretivas aplicáveis – ver §383: comentários à
alínea 4 da parte A do ponto 1 do anexo II.

§90 Diretivas específicas que se aplicam a máquinas do seu âmbito em


detrimento da Diretiva Máquinas

Diretiva 2009/48/CE A Diretiva Brinquedos é uma diretiva abrangente em matéria


de saúde e de segurança, lidando mais especificamente do
relativa à que a DM com os perigos de máquinas destinadas a ser
segurança dos utilizadas como brinquedos.
brinquedos 27
Em conformidade com o artigo 3.º, a DM não se aplica a
máquinas que estão no âmbito da Diretiva Brinquedos.

Diretiva 89/686/CEE A DEPI é uma diretiva abrangente em matéria de saúde e de


segurança, lidando mais especificamente do que a DM com
relativa a os perigos de máquinas destinadas a ser utilizadas como EPI.
equipamentos de
proteção Em conformidade com o artigo 3.º, a DM não se aplica a
individual 28 máquinas que estão no âmbito da DEPI.

(DEPI) É de salientar que os produtos sujeitos à DEPI podem ser


instalados em máquinas como, por exemplo, linhas de
ancoragem rígidas ou flexíveis para equipamentos individuais
de prevenção de quedas.

Diretiva A DDM é uma diretiva abrangente em matéria de saúde e de


93/42/CEE 29 segurança, lidando mais especificamente do que a DM com
alterada pela os perigos de máquinas destinadas a uso médico.
Diretiva
2007/47/CE 30 Em conformidade com o artigo 3.º, a DM não se aplica a
máquinas que estão no âmbito da DDM.
relativa a
dispositivos É de salientar que o artigo 3.º da DDM, alterada, torna
médicos qualquer requisito essencial de saúde e de segurança da DM
que seja pertinente e que não esteja incluído na DDM
(DDM) aplicável a dispositivos médicos que são máquinas, enquanto
todas as outras obrigações relacionadas com a colocação no
mercado de tais dispositivos, incluindo o procedimento de
avaliação da conformidade, são reguladas apenas pela DDM.

27
JO L 170 de 30.6.2009, p. 1
28
JO L 399 de 30.12.1989, p. 18
29
JO L 169 de 12.7.1993, p. 1
30
JO L 247 de 21.9.2007, p. 21

67
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Diretiva 95/16/CE 31 A DA é uma diretiva abrangente em matéria de saúde e de


segurança, lidando mais especificamente do que a DM com
relativa a os perigos de máquinas destinadas a serem utilizadas como
ascensores ascensores e com os perigos de componentes de segurança
para ascensores.
(DA)
Em conformidade com o artigo 3.º, a DM não se aplica a
ascensores ou componentes de segurança que estão no
âmbito da DA.

É de salientar que o ponto 1.1 do Anexo I da DA, torna


qualquer requisito essencial de saúde e de segurança da DM
que não esteja incluído no Anexo I da DA, aplicável a
ascensores, enquanto todas as outras obrigações
relacionadas com a colocação no mercado de tais
ascensores, incluindo o procedimento de avaliação da
conformidade, são estabelecidas apenas pela DA.

A DM aplica-se a ascensores que estão excluídos do âmbito


da DA, excepto quando estão excluídos também do âmbito da
DM – ver §47 a §70: comentários ao n.º 2 do artigo 1.º e §151:
comentários ao artigo 24.º.

Diretiva A Diretiva Instalações por Cabos é uma diretiva abrangente


2000/9/CE 32 em matéria de saúde e de segurança, lidando mais
especificamente do que a DM com os perigos de máquinas
relativa a destinadas a serem utilizadas como instalações por cabos
instalações por para transportar pessoas.
cabos concebidas
para transportar Em conformidade com o artigo 3.º, a DM não se aplica a
pessoas instalações por cabos concebidas para transportar pessoas
que estão no âmbito da Diretiva Instalações por Cabos.

A DM aplica-se a determinadas instalações por cabos que


estão fora ou são excluídas do âmbito da Diretiva Instalações
por Cabos como, por exemplo, instalações por cabos que
efectuam apenas o transporte de mercadorias e instalações
por cabos para fins agrícolas, de exploração mineira ou
industriais.

Outras instalações que estão excluídas do âmbito da Diretiva


Instalações por Cabos também estão excluídas do âmbito da
DM como, por exemplo, meios de transporte aquáticos ou
ferroviários ou equipamentos específicos para utilização em
feiras ou parques de atrações – ver §49 e §57: comentários
ao n.º 2 do artigo 1.º.

31
JO L 213 de 7.9.1995, p. 1
32
JO L 106 de 3.5.2000, p. 21

68
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§91 Diretivas específicas que podem ser aplicadas a máquinas em


detrimento da Diretiva Máquinas no que se refere a riscos específicos

Diretiva 94/9/CE 33 Em conformidade com o artigo 3.º, a Diretiva ATEX


aplica-se, no que diz respeito ao perigo de explosão,
relativa a aparelhos e
a máquinas destinadas a serem utilizadas em
sistemas de proteção
atmosferas potencialmente explosivas.
destinados a serem
utilizados em atmosferas
A referência às “diretivas específicas” no ponto 1.5.7
potencialmente explosivas
do anexo I da DM deve ser considerada como uma
referência à Diretiva ATEX.
(Diretiva ATEX)
É de salientar que a Diretiva ATEX não se aplica a
zonas no interior das máquinas nas quais possa
existir uma atmosfera potencialmente explosiva ou
perigo de explosão, que não se deva a condições
atmosféricas. 34

O risco de explosão provocado pelas máquinas ou


nas próprias máquinas ou por gases, líquidos,
poeiras, vapores ou outras substâncias produzidas
ou utilizadas pelas máquinas está abrangido pela DM
– ver §228: comentários ao ponto 1.5.7 do anexo I.

O fabricante de máquinas pode incorporar


equipamento ATEX, componentes ou sistemas de
proteção que já foram colocados no mercado de
forma a prevenir o risco de explosão em zonas no
interior das máquinas. Nesse caso, a declaração CE
de conformidade das máquinas não deve referir a
Diretiva ATEX, mas as declarações de conformidade
CE do equipamento ATEX, dos sistemas ou dos
componentes incorporados nas máquinas devem ser
incluídas no processo técnico do fabricante das
máquinas – ver §392: comentários à alínea a) do
ponto 1 da parte A do anexo VII.

33
JO L 100 de 19.4.1994, p. 1
34
Ver: Orientações sobre a aplicação da Diretiva 94/9/CE, de 23 de Março de 1994, relativa à
aproximação das legislações dos Estados-Membros sobre aparelhos e sistemas de proteção
destinados a serem utilizados em atmosferas potencialmente explosivas - Terceira edição Junho
de 2009:
http://ec.europa.eu/enterprise/sectors/mechanical/documents/guidance/atex/application/index_en.h
tm

69
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Diretiva 84/500/CEE Em conformidade com o artigo 3.º, as disposições da


UE relativas a materiais e objetos destinados a entrar
relativa a objetos
em contacto com os alimentos aplicam-se às partes
cerâmicos destinados a
pertinentes das máquinas destinadas à indústria
entrar em contacto com
alimentar.
géneros alimentícios 35
A referência na alínea a) do ponto 2.1.1. do anexo I
Regulamento (CE)
da Diretiva Máquinas às “diretivas que lhes dizem
N.° 1935/2004 36
respeito” deve ser entendida como uma referência à
relativo a materiais e Diretiva 84/500/CEE, Regulamento (CE) N.°
objetos destinados a entrar 1935/2004 e à Diretiva 2002/72/CE.
em contacto com os
alimentos e que revoga as
Diretivas 80/590/CEE e
89/109/CEE

Diretiva 2002/72/CE da
Comissão 37
relativa a materiais e
objetos destinados a entrar
em contacto com géneros
alimentícios

Diretiva 2009/105/CE 38 Em conformidade com o artigo 3.º, a DRPS aplica-se,


no que diz respeito a perigos provocados pela
relativa a recipientes
pressão, a recipientes simples sob pressão
simples sob pressão
fabricados em série, dentro do seu âmbito, que estão
incorporados nas máquinas ou ligados a elas.
(versão codificada)
É de salientar que a DM abrange o risco de ruptura
(DRPS) durante o funcionamento – ver §207: comentários ao
ponto 1.3.2 do anexo I.

35
JO L 277 de 20.10.1984, p. 12
36
JO L 338 de 13.11.2004, p. 4
37
JO L 220 de 15.08.2002, p. 18
38
JO L 264 de 8.10.2009, p. 12

70
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Diretiva 2009/142/CE 39 A DAG aplica-se a aparelhos a gás utilizados para


cozinhar, aquecimento, produção de água quente,
relativa a aparelhos a gás refrigeração, iluminação ou lavagem, incluindo
queimadores de ventilação forçada e acessórios para
(DAG) tais aparelhos.

Em conformidade com o artigo 3.º, a DAG também


se aplica, em relação aos perigos que abrange, a
aparelhos a gás do seu âmbito que estão
incorporados nas máquinas.

Os aparelhos concebidos especialmente para serem


utilizados em processos industriais levados a cabo
em instalações industriais estão excluídos da DAG.
Tais aparelhos e outros aparelhos a gás excluídos do
âmbito da DAG, estão sujeitos à DM se estiverem no
seu âmbito ou estiverem incorporados nas máquinas.

A DM também se aplica a aparelhos a gás no âmbito


da DAG que dispõem de elementos móveis
motorizados, para perigos que não estão abrangidos
pela DAG.

Diretiva 97/23/CE 40 Em conformidade com o artigo 3.º, a DEP é aplicável,


no que diz respeito a perigos provocados pela
relativa a equipamentos pressão, a equipamentos sob pressão do seu âmbito
sob pressão que estão incorporados nas máquinas ou ligados a
elas. Se o equipamento sob pressão que já foi
(DEP) colocado no mercado é incorporado nas máquinas, o
processo técnico do fabricante das máquinas deve
incluir a declaração CE de conformidade desse
equipamento sob pressão na DEP – ver §392:
comentários à alínea a) do ponto 1 da parte A do
anexo VII.

Os equipamentos sob pressão classificados com


categoria não superior a 1 que estão incorporados
nas máquinas no âmbito da DM estão excluídos do
âmbito da DEP. A DM é, portanto, integralmente
aplicável a tais equipamentos.

É de salientar que a DM abrange o risco de ruptura


durante o funcionamento – ver §207: comentários ao
ponto 1.3.2 do anexo I.

39
JO L 330 de 16.12.2009, p. 10
40
JO L 181 de 9.7.1997, p. 1

71
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§92 Diretivas que podem ser aplicadas a máquinas, além da Diretiva


Máquinas, no que se refere a riscos que não estão cobertos pela
Diretiva Máquinas

Diretiva 89/106/CE 41 A DPC estabelece requisitos relacionados com a


adequação de produtos de construção para obras
relativa a produtos de de construção nas quais serão incorporados.
construção
A DPC aplica-se, cumulativamente à Diretiva
(DPC) Máquinas, a máquinas concebidas para serem
incorporadas de forma permanente em obras de
construção como, por exemplo, portões, portas,
janelas, persianas e estores eléctricos, sistemas de
ventilação e ar condicionado.

É de salientar que a aplicação da DPC apenas é


possível quando existe uma especificação técnica
harmonizada.

Diretiva 97/68/CE 42 alterada A DMMNR estabelece requisitos de proteção do


pelas Diretivas 2002/88/CE 43 meio ambiente para as emissões gasosas e de
e 2004/26/CE 44 partículas pelos motores de combustão interna a
instalar em máquinas móveis não rodoviárias que
relativa à emissão de estão no seu âmbito.
poluentes gasosos e de
partículas pelos motores de Os motores instalados em máquinas móveis não
combustão interna a instalar rodoviárias devem dispor da marcação referida no
em máquinas móveis não artigo 6.º e descrita no ponto 3 do anexo I da
rodoviárias Diretiva 97/68/CE, mas essa diretiva não deve ser
mencionada na declaração CE de conformidade
(DMMNR) das máquinas.

Diretiva 1999/5/CE 45 Os requisitos da DR&ETT em relação à utilização


do espectro de frequências de rádio aplicam-se a
relativa a rádio e equipamentos rádio e de telecomunicações no seu
equipamentos terminais de âmbito que são incorporados em máquinas como,
telecomunicações por exemplo, determinados dispositivos de
comando à distância.
(DR&ETT)
É de salientar que a segurança dos sistemas de
comando à distância para máquinas está sujeita à
DM – ver §184: comentários ao ponto 1.2.1 do
anexo I.

41
JO L 40 de 11.2.1989, p. 12
42
JO L 59 de 27.2.1998, p. 1
43
JO L 35 de 11.2.2003, p. 28
44
JO L 146 de 30.4.2004, p. 1
45
JO L 91 de 7.4.1999, p. 10

72
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Diretiva 2000/14/CE 46 A DEE estabelece requisitos de emissão sonora


alterada pela Diretiva para o meio ambiente das máquinas concebidas
2005/88/CE 47 para serem utilizadas no exterior no seu âmbito. 48

relativa às emissões sonoras É de salientar que o último parágrafo da alínea u)


para o meio ambiente dos do ponto 1.7.4.2 do anexo I da DM indica que os
equipamentos para requisitos da DEE relacionados com a medição dos
utilização no exterior níveis de pressão sonora ou dos níveis de potência
sonora são aplicáveis a máquinas no âmbito da
(DEE) DEE e que as disposições correspondentes dessa
secção não se aplicam – ver §229 e §230:
comentários ao ponto 1.5.8 do anexo I e §273:
comentários à alínea u) do ponto 1.7.4.2.

Diretiva 2002/95/CE 49 A Diretiva ROHS estabelece restrições ao uso de


determinadas substâncias perigosas em
relativa à restrição do uso de equipamentos eléctricos e electrónicos
determinadas substâncias pertencentes às categorias 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 10,
perigosas em equipamentos conforme enunciado na parte A do anexo I da
eléctricos e electrónicos Diretiva 2002/96/CE (REEE).

(ROHS) Determinados produtos destas categorias podem


estar também no âmbito da Diretiva Máquinas
como, por exemplo, as categorias 1 – grandes
electrodomésticos que não estão destinados a
serem utilizados em ambiente doméstico, 6 –
ferramentas eléctricas e electrónicas, 7 –
equipamento eléctrico de lazer e de desporto e 10 –
distribuidores automáticos.

Diretiva 2004/108/CE 50 A DCEM aplica-se a máquinas que contêm


componentes eléctricos ou electrónicos que podem
relativa à compatibilidade originar ou ser afectados por distúrbios
electromagnética electromagnéticos. A DCEM cobre aspectos de
compatibilidade electromagnética em relação ao
(DCEM) funcionamento das máquinas. 51

No entanto, a DM cobre a imunidade das máquinas


no que diz respeito a distúrbios electromagnéticos
relacionados com a segurança, sejam transmitidos
através da radiação ou por condução – ver §184:
comentários ao ponto 1.2.1 do anexo I e §233:
comentários ao ponto 1.5.11 do anexo I.

46
JO L 162 de 3.7.2000, p. 1
47
JO L 344 de 27.12.2005, p. 44
48
Ver Orientações relativas à aplicação da Diretiva 2000/14/CE do Parlamento Europeu e do
Conselho:
http://ec.europa.eu/enterprise/mechan_equipment/noise/index.htm
49
JO L 37 de 13.2.2003, p. 19
50
JO L 390 de 31.12.2004, p. 24
51
Ver o Guia sobre a aplicação da Diretiva 2004/108/CE, de 21 de Maio de 2007:
http://ec.europa.eu/enterprise/electr_equipment/emc/guides/emcguide_may2007.pdf

73
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Diretiva 2005/32/CE A Diretiva Eco design fornece um quadro para a


adopção de requisitos de concepção ecológica para
relativa à criação de um produtos industriais.
quadro para definir os
requisitos de concepção As medidas de implementação adoptadas no
ecológica dos produtos que quadro da Diretiva Eco design podem aplicar-se a
consomem energia máquinas ou a equipamentos a serem incorporados
em máquinas como, por exemplo, bombas.
(Diretiva Eco design)

Artigo 4.º
Vigilância do mercado
1. Os Estados-Membros tomam todas as medidas adequadas para que as
máquinas só possam ser colocadas no mercado e/ou entrar em serviço se
cumprirem as disposições pertinentes da presente diretiva e não
comprometerem a saúde e a segurança das pessoas e, se for o caso, dos animais
domésticos ou dos bens, quando convenientemente instaladas e mantidas, e
utilizadas de acordo com o fim a que se destinam ou em condições
razoavelmente previsíveis.
...
§93 Vigilância do mercado
O artigo 4.º enuncia a obrigação de os Estados-Membros assegurarem que as
disposições da Diretiva Máquinas para máquinas e quase-máquinas são
corretamente aplicadas e que as máquinas colocadas no mercado e em serviço
são seguras.
O termo "máquinas" no n.º 1 do artigo 4.º é utilizado no sentido lato para referir as
categorias de produtos referidas nas alíneas a) a f) do n.º 1 do artigo 1.º – ver
§33: comentários ao primeiro parágrafo do artigo 2.º.
As regras básicas para a vigilância do mercado são apresentadas no capítulo III
do Regulamento (CE) N.° 765/2008, que estabelece os requisitos de acreditação
e fiscalização do mercado relativos à comercialização de produtos. 52 O
regulamento é diretamente aplicável diretamente a partir de 1 de Janeiro de 2010.
As suas disposições em relação à vigilância do mercado são complementares às
da Diretiva Máquinas, por outras palavras, aplicam-se quando a Diretiva
Máquinas não inclui disposições específicas com o mesmo objectivo. 53
Os comentários que se seguem referem-se às disposições do artigo 4.º da
Diretiva Máquinas e às disposições complementares incluídas no capítulo III do
regulamento. As disposições pertinentes do regulamento estão resumidas e são
efectuadas referências aos artigos pertinentes do regulamento nos rodapés, no
entanto, o leitor deve consultar o texto na íntegra no regulamento.
O termo "vigilância do mercado" designa as atividades levadas a cabo e as
medidas tomadas pelas entidades públicas para assegurar que os produtos

52
Regulamento (CE) N.° 765/2008 do Parlamento Europeu e do Conselho que estabelece
requisitos para a acreditação e vigilância do mercado em relação à comercialização de produtos e
Regulamento revogado (CEE) N.º 339/93 – JO L 218 de 13.8.2008, p. 30.
53
Ver n.º 2 do artigo 15.º do Regulamento (CE) N.º 765/2008.

74
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

sujeitos à diretiva foram objecto dos necessários procedimentos de avaliação da


conformidade, que cumprem os requisitos essenciais de saúde e de segurança
aplicáveis e que, os produtos acabados são seguros. 54 A vigilância do mercado é
levada a cabo aquando ou após a colocação de tais produtos no mercado ou da
respectiva entrada em serviço. Assim, a vigilância do mercado distingue-se da
avaliação da conformidade, que tem o objectivo de assegurar a conformidade dos
produtos antes de serem colocados no mercado ou entrarem em serviço.

§94 Vigilância do mercado de máquinas


A vigilância do mercado de máquinas exigida pelo n.º 1 do artigo 4.º inclui, pelo
menos, as atividades que se seguem:
 verificar que as máquinas colocadas no mercado ou que entram em serviço
têm a marcação CE e que estão acompanhadas por uma correta
declaração CE de conformidade – ver §103: comentários ao n.º 1 do artigo
5.º, §141: comentários ao artigo 16.º, §383: comentários à parte A do ponto
1 do anexo II e §387: comentários ao anexo III;
 assegurar que as máquinas que são colocadas no mercado ou que entram
em serviço foram sujeitas ao procedimento de avaliação da conformidade
adequado – ver §127 a §130: comentários ao artigo 12.º;
 verificar que as máquinas colocadas no mercado ou que entram em serviço
estão acompanhadas das informações necessárias, como o manual de
instruções – ver §103: comentários ao n.º 1 do artigo 5.º e §254 a §256:
comentários ao ponto 1.7.4 do anexo I;
 se as máquinas incorporarem quase-máquinas, verificar que as instruções
de montagem do fabricante das quase-máquinas foram devidamente
seguidas pelo fabricante da máquina final ou do conjunto de máquinas;
 controlar a conformidade das máquinas que são colocadas no mercado ou
que entram em serviço para assegurar que cumprem com os requisitos
essenciais de saúde e de segurança que são aplicáveis e que não colocam
em perigo a saúde e a segurança das pessoas e, se for o caso, dos
animais domésticos ou dos bens – ver §103: comentários ao n.º 1 do artigo
5.º e §160: comentários ao ponto 2 dos princípios gerais do anexo I;
 tomar as medidas necessárias para assegurar que os produtos não
conformes são postos em conformidade são retirados do mercado – ver
§122 a §126: comentários ao artigo 11.º e §142, comentários ao artigo 17.º.
Os requisitos essenciais de saúde e de segurança da Diretiva Máquinas dizem
respeito principalmente à saúde e à segurança das pessoas, incluindo operadores
e outras pessoas expostas – ver §166 e §167: comentários às alíneas c) e d) do
ponto 1.1.1 do anexo I. Os requisitos essenciais de saúde e de segurança
também se aplicam, quando adequado, à saúde e segurança de animais
domésticos. Tal é relevante, por exemplo, em máquinas destinadas a serem
utilizadas, ou que podem estar em contacto, com animais de exploração agrícola,
cavalos ou animais de estimação. Os requisitos essenciais de saúde e de
segurança também se aplicam, quando adequado, à proteção de bens, por
exemplo, contra o risco de fogo ou explosão – ver §227 e §228: comentários aos
pontos 1.5.6 e 1.5.7 do anexo I.

54
Ver Artigo 2.º, n.º 17, do Regulamento (CE) N.º 765/2008.

75
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

A vigilância do mercado pode ser efectuada em qualquer momento após a


construção da máquina estar concluída e assim que o produto em questão é
disponibilizado para distribuição ou utilização na UE – ver §73: comentários à
alínea h) do artigo 2.º. As máquinas podem ser examinadas nas instalações dos
fabricantes, importadores, distribuidores, empresas de aluguer, em trânsito ou nas
fronteiras externas da UE.
A conformidade de máquinas também pode ser verificada nas instalações do
utilizador após entrar em serviço, no entanto, nesse caso, as autoridades de
vigilância do mercado devem ter o cuidado de distinguir as características da
máquina tal como fornecida pelo fabricante das características que podem ter
resultado de modificações levadas a cabo pelo utilizador – ver §382: comentários
à parte A do ponto 1 do anexo II. Tal pode ser facilitado inspeção através do
exame dos elementos pertinentes do processo técnico do fabricante – ver §392:
comentários à parte A do anexo VII. A conformidade de máquinas fabricadas pelo
utilizador para uso próprio também pode ser verificada após entrarem em serviço
– ver §86: comentários à alínea k) do artigo 2.º.
Se a não conformidade de máquinas em utilização criar um risco para os
utilizadores, as autoridades nacionais responsáveis pela saúde e segurança no
trabalho podem exigir que os utilizadores tomem as medidas necessárias para
proteger as pessoas e, em caso de risco grave, podem proibir a utilização das
máquinas. Tais medidas podem ser tomadas no âmbito da legislação nacional
que implementa a Diretiva 2009/104/CE relativa à utilização de equipamento de
trabalho – ver §140: comentários ao artigo 15.º. No entanto, nestes casos, as
autoridades de vigilância do mercado também deverão tomar as medidas
necessárias em conformidade com a Diretiva Máquinas em relação ao fabricante
da máquina em causa.
Quando as autoridades de vigilância do mercado avaliam a conformidade de
máquinas, devem ter em conta o estado da técnica incluindo, se for o caso, as
normas harmonizadas em vigor, na altura em que as máquinas foram colocadas
no mercado – ver §161 e §162: comentários ao ponto 3 dos princípios gerais do
anexo I.
As autoridades de vigilância do mercado devem ter em conta a utilização das
máquinas prevista pelo fabricante, mas também a má utilização razoavelmente
previsível – ver §171 e §172: comentários às alíneas h) e i) do ponto 1.1.1 do
anexo I.

Artigo 4.º (continuação)


...
2. Os Estados-Membros tomam todas as medidas adequadas para que as quase-
máquinas só possam ser colocadas no mercado se estiverem em conformidade
com as disposições pertinentes da presente diretiva.
...
§95 Vigilância do mercado de quase-máquinas
O n.º 2 do artigo 4.º exige que os Estados-Membros levem a cabo a vigilância de
mercado das quase-máquinas.
A vigilância de mercado das quase-máquinas pode ser levada a cabo antes das
quase-máquinas serem incorporadas nas máquinas finais ou serem montadas
nas máquinas. As autoridades de vigilância do mercado também podem levar a
cabo verificações em máquinas ou montagens de máquinas onde as quase-
76
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

máquinas foram incorporadas. Nesse caso, a vigilância de mercado das quase-


máquinas é um aspecto da vigilância de mercado da máquina final.
Se for detectada uma não conformidade nas quase-máquinas após serem
incorporadas, as autoridades de vigilância do mercado podem verificar no
processo técnico da máquina final, se a declaração de incorporação para quase-
máquinas indica que o respectivo requisito essencial de saúde e de segurança foi
aplicado e cumprido – ver §384: comentários à parte B do ponto 1 do anexo II.
Nesse caso, as autoridades de vigilância do mercado devem entrar em contacto
com o fabricante das quase-máquinas.
A vigilância do mercado das quase-máquinas inclui as atividades que se seguem:
a) assegurar que as quase-máquinas que são colocadas no mercado foram
sujeitas aos procedimentos adequados – ver §131: comentários ao
artigo 13.º;
b) verificar que as quase-máquinas que foram colocadas no mercado estão
acompanhadas por uma declaração de incorporação correta.
Principalmente assegurar que a declaração de incorporação inclui uma
declaração que indique quais os requisitos essenciais de saúde e de
segurança que foram aplicados e cumpridos – ver §131: comentários ao
artigo 13.º e §384: comentários à parte B do ponto 1 do anexo II;
c) verificar que as instruções de montagem do fabricante foram redigidas de
forma a permitir que o fabricante da máquina completa faça a montagem
da quase-máquina corretamente – ver §131: comentários ao artigo 13.º e
§390: comentários ao anexo VI;
d) verificar a conformidade das quase-máquinas que são colocadas no
mercado com os requisitos essenciais de saúde e de segurança que o
fabricante declara como tendo sido aplicados e cumpridos – ver §385:
comentários à alínea 4 da parte B do anexo II. O controlo das quase-
máquinas pode ser facilitado com o recurso à documentação técnica
relevante – ver §394: comentários à parte B do anexo VII;
e) tomar as medidas adequadas para lidar com as quase-máquinas que não
cumprem alguma das disposições referidas nas alíneas a) a d) acima.
Apesar de a Diretiva Máquinas não especificar as medidas a tomar, está
claro que as autoridades de vigilância do mercado devem exigir que o
fabricante da quase-máquina coloque o seu produto em conformidade com
as disposições referidas das alíneas a)a (d) acima e, não conseguindo tal,
devem assegurar-se que o produto é retirado do mercado.

Artigo 4.º (continuação)


...
3. Os Estados-Membros criam ou designam as entidades competentes para
controlar a conformidade das máquinas e quase-máquinas com as disposições
referidas nos n.os 1 e 2.
4. Os Estados-Membros definem as funções, a organização e os poderes das
entidades competentes referidas no n.º 3, as quais comunicam à Comissão e aos
outros Estados-Membros, notificando-os também de qualquer alteração
posterior.

77
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§96 Autoridades de vigilância do mercado


O termo “autoridades competentes” refere-se à autoridade ou autoridades de
cada Estado-Membro responsáveis por fiscalizar o mercado no seu território. 55 O
n.º 3 e n.º 4 do artigo 4.º exige aos Estados-Membros que nomeiem as
autoridades responsáveis pela vigilância do mercado e definam as suas tarefas,
organização e poderes. Os Estados-Membros são livres de determinar o modo
como a vigilância do mercado é organizada, no entanto o sistema de controlo de
mercado deve cumprir determinados critérios:
 As autoridades de vigilância do mercado devem realizar as suas funções
de forma independente, imparcial e sem influências. 56
 Os Estados-Membros devem fornecer às autoridades de vigilância do
mercado os recursos adequados em termos de pessoal e meios financeiros
para executarem as suas tarefas.
 Os poderes legais a conceder às autoridades de vigilância do mercado,
devem incluir o poder de exigir que os operadores económicos
disponibilizem a documentação e informação necessárias e, quando se
justifique, aceder às instalações dos operadores económicos e obter as
amostras representativas de produtos que se revelarem necessárias. 57
 Os Estados-Membros devem garantir que os poderes concedidos às
autoridades de vigilância do mercado são exercidos de acordo com o
princípio de proporcionalidade. 58
 Os Estados-Membros devem tomar as medidas necessárias para garantir
que o público tenha conhecimento da existência, das responsabilidades e
da identidade das autoridades nacionais de vigilância do mercado e de
como estas podem ser contactadas. 59
 O sistema de vigilância do mercado deve abranger toda a gama de
produtos sujeitos à Diretiva Máquinas, incluindo máquinas para uso
profissional e máquinas para uso por consumidores. 60 Em alguns Estados-
Membros, uma única autoridade pode abranger toda a gama de produtos,
enquanto noutros Estados-Membros a vigilância do mercado no âmbito da
Diretiva Máquinas pode ser partilhada, por exemplo, entre a autoridade
responsável pela defesa do consumidor e a autoridade responsável pela
segurança e saúde no trabalho.
 Se mais do que uma autoridade concorrer para o processo, o Estado-
Membro deve instituir todos os mecanismos para garantir a coordenação e
comunicação entre as mesmas. 61
 As autoridades de vigilância do mercado devem dispor de instalações para
realizarem as inspeções técnicas e ensaios necessários, ou, no mínimo, ter

55
Ver o n.º 18 do artigo 2.º do Regulamento (CE) N.º 765/2008.
56
Ver o n.º 4 do artigo 19.º do Regulamento (CE) N.º 765/2008.
57
Ver o n.º 1 do artigo 19.º, do Regulamento (CE) N.º 765/2008.
58
Ver o n.º 4 do artigo 18.º, do Regulamento (CE) N.º 765/2008.
59
Ver o n.º 2 do artigo 17.º, do Regulamento (CE) N.º 765/2008.
60
Ver o n.º 3 do artigo 16.º, do Regulamento (CE) N.º 765/2008.
61
Ver o n.º 1 do artigo 18.º, do Regulamento (CE) N.º 765/2008.

78
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

acesso às instalações necessárias, se for o caso. 62 As autoridades


públicas responsáveis pela vigilância do mercado podem confiar
determinadas tarefas, tais como ensaios ou inspeções técnicas às
máquinas, a organismos de inspeção e de ensaio competentes, incluindo
organismos privados. Contudo, as autoridades públicas de vigilância do
mercado continuam a ser responsáveis por todas as decisões e medidas
relativas à vigilância de mercado tomadas com base nos ensaios e
inspeções efectuados em seu nome pelos referidos organismos.

§97 Sistema de vigilância do mercado


O sistema de vigilância do mercado deve incluir:
 um procedimento para lidar com reclamações sobre máquinas
não conformes;
 um sistema de atuação e monitorização de relatórios e
informações sobre acidentes e danos para a saúde
provocados pelas máquinas;
 a realização de estudos sobre categorias especiais de
máquinas e inspeção ou ensaios de amostras;
 meios adequados para verificar se as ações corretivas foram
efetivamente realizadas;
 meios de acompanhamento dos conhecimentos técnicos e
científicos sobre questões de segurança e saúde relativas a
máquinas. 63
Obviamente, as autoridades de vigilância do mercado não podem examinar todos
os produtos colocados no mercado; contudo, o nível de monitorização de
produtos no mercado deve ser suficiente para garantir que a atividade de
vigilância do mercado seja percepcionada pelas partes interessadas e influencie
significativamente o comportamento dos operadores económicos.
As autoridades de vigilância do mercado devem tomar as medidas necessárias
quando as reclamações ou relatórios de acidentes, incidentes ou danos para a
saúde provocados por máquinas indicarem que a máquina em questão não
cumpre os requisitos essenciais de segurança e saúde estabelecidos na Diretiva
Máquinas.
As autoridades de vigilância do mercado devem efetuar o acompanhamento das
decisões tomadas pela Comissão em conformidade com o procedimento da
cláusula de salvaguarda – ver §122 a §126: comentários ao artigo 11.º. As
autoridades de vigilância do mercado também devem efetuar o acompanhamento
das informações sobre produtos perigosos notificados ao abrigo do sistema
RAPEX, estabelecido no âmbito da Diretiva relativa à segurança geral dos
produtos. 64
Além das referidas ações reativas, a atividade de vigilância do mercado deve
organizar-se com base em programas de vigilância do mercado periódicos, que

62
Ver o n.º 1 do artigo 19.º, do Regulamento (CE) N.º 765/2008.
63
Ver o n.º 2 do artigo 18.º, do Regulamento (CE) N.º 765/2008.
64
Diretiva 2001/95/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 3 de Dezembro de 2001 relativa
à segurança geral dos produtos – JO L 11 de 15.1.2002, p. 4.

79
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

devem ser revistos e atualizados regularmente de modo a melhorar a sua


eficácia. O programa de vigilância do mercado relativo a máquinas pode ser
incluído num programa geral ou constituir um programa específico para o sector.
Os programas de vigilância devem ser comunicados aos demais Estados-
Membros e à Comissão e devem ser divulgados ao público, nomeadamente por
meio de comunicações electrónicas. A primeira comunicação deve ter lugar no dia
1 de Janeiro de 2010. Os programas de vigilância do mercado devem ser revistos,
no mínimo, de quatro em quatro anos e os resultados da revisão devem ser
comunicados aos restantes Estados-Membros e à Comissão e disponibilizados ao
público. 65
Tendo em vista a sua eficácia, a atividade de vigilância do mercado deve basear-
se na avaliação dos riscos. Há que dar especial atenção às categorias de
produtos para as quais existam indicações de má aplicação das disposições da
diretiva ou, àquelas em que, apesar da aplicação da diretiva, a taxa de acidentes
ou danos para a saúde provocados pelo uso de máquinas continue a ser elevada.
Com vista a optimizar o uso de recursos é necessária a cooperação e
coordenação entre as autoridades de vigilância do mercado dos Estados-
Membros – ver §144: comentários ao artigo 19.º. O regulamento que estabelece
os requisitos de acreditação e fiscalização do mercado, relativos à
comercialização de produtos, prevê medidas específicas para melhorar a referida
cooperação e para garantir a cooperação adequada com as autoridades
competentes de países terceiros. 66

§98 Ferramentas para a vigilância do mercado


A marcação CE e a declaração CE de conformidade
A marcação CE afixada na máquina e a declaração CE de conformidade do
fabricante que deve acompanhar a máquina constituem os primeiros elementos
que podem ser verificados pelas autoridades de vigilância do mercado – ver §141:
comentários ao artigo 16.º, §385: comentários à parte A do ponto 1 do anexo II e
§387: comentários ao anexo III.
Em particular, a declaração CE de conformidade fornece informação fundamental
para que as autoridades de vigilância do mercado realizem as verificações
necessárias:
 a identidade do fabricante da máquina e do respectivo mandatário, quando
apropriado;
 a pessoa autorizada a compilar o processo técnico;
 o procedimento de avaliação da conformidade que foi seguido e a
identidade do organismo notificado, quando apropriado;
 outras diretivas aplicadas para abranger de forma mais específica
determinados perigos – ver §89 a §92: comentários ao artigo 3.º;
 as normas harmonizadas ou outras especificações técnicas aplicadas, se
for o caso.
A fim de beneficiar da presunção de conformidade conferida pela aplicação das
normas harmonizadas, os fabricantes devem indicar as referências da(s) norma(s)
65
Ver os n.º 5 e n.º 6 do Artigo 18.º do Regulamento (CE) N.° 765/2008.
66
Ver os artigos 24.º, 25.º e 26.º, do Regulamento (CE) N.° 765/2008.

80
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

harmonizada(s) aplicada(s) na declaração CE de conformidade. Contudo, convém


lembrar que a aplicação das normas harmonizadas é voluntária – ver §110 e
§111: comentários ao n.º 2 do artigo 7.º, §114: comentários ao n.º 3 do artigo 7.º e
§385: comentários à parte A do ponto 1 do anexo II.
No caso de uma máquina pertencente a uma das categorias indicadas no
anexo IV, em relação à qual o fabricante seguiu o procedimento de avaliação da
conformidade de controlo interno do fabrico da máquina em conformidade com o
anexo VIII, o fabricante deve indicar a(s) referência(s) da(s) norma(s)
harmonizada(s) usada(s) na declaração CE de conformidade, visto que a
aplicação de normas harmonizadas que abrangem todos os requisitos essenciais
de segurança e saúde aplicáveis à máquina constitui uma condição para se usar
esse procedimento específico de avaliação da conformidade – ver §129:
comentários ao n.º 3 do artigo 12.º.
Nos casos em que a referência a uma norma harmonizada conste da declaração
CE de conformidade, as autoridades de vigilância do mercado têm o direito de
considerar que o fabricante aplicou as especificações da norma na íntegra. Se o
fabricante não tiver aplicado todas as especificações de uma norma harmonizada,
pode, mesmo assim, indicar a referência da norma na declaração CE de
conformidade, mas, nesse caso, deve indicar quais as especificações da norma
aplicadas ou não.

As instruções
A análise das instruções que devem acompanhar a máquina também pode
fornecer informação essencial para fins de vigilância do mercado. As instruções
devem ser fornecidas na língua ou línguas oficiais do país em que a máquina vai
ser utilizada – ver §256: comentários ao ponto 1.7.4 do anexo I.
Em particular, as instruções devem especificar a utilização prevista da máquina,
que deve ser tida em conta no decurso da investigação da conformidade da
máquina – ver §171: comentários à alínea h) do ponto 1.1.1 do anexo I.

O processo técnico ou a documentação técnica relevante


Se as autoridades de vigilância do mercado tiverem dúvidas quanto à
conformidade da máquina com os requisitos essenciais de segurança e saúde,
podem solicitar o processo técnico do fabricante – ver §393: comentários aos
pontos 2 e 3 da parte A do anexo VII. No caso de quase-máquinas, as
autoridades de vigilância do mercado podem solicitar a documentação técnica
relevante do fabricante – ver §394: comentários à parte B do anexo VII. Esse
pedido pode ser feito em qualquer momento do processo da vigilância do
mercado.
Estas disposições têm um duplo objectivo: por um lado, os elementos pertinentes
do processo técnico ou da documentação técnica permitem ao fabricante explicar
as medidas tomadas com vista a lidar com os riscos associados à máquina, de
modo a cumprir os requisitos essenciais de segurança e saúde aplicáveis. Por
outro lado, a análise destes documentos ajuda as autoridades de vigilância do
mercado a completar a sua investigação e dissipar ou confirmar quaisquer
dúvidas em relação à conformidade da máquina em questão. Contudo, as
autoridades de vigilância do mercado não têm de solicitar esses documentos se
considerarem que a documentação de que dispõem é suficiente para basearem a
sua decisão.

81
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O pedido referente ao processo técnico ou à documentação técnica relevante


deve indicar a natureza da dúvida sobre a conformidade da máquina e as partes
ou aspectos da máquina sujeitos a investigação. Deve solicitar-se apenas os
elementos do processo técnico ou a documentação técnica relevante necessários
à investigação, para que não seja um encargo demasiado para o fabricante.
Caso o processo técnico da máquina ou a documentação técnica da quase-
máquina não seja entregue no seguimento de um pedido devidamente justificado,
tal constitui fundamento para se duvidar da conformidade da máquina ou da
quase-máquina – ver §393: comentários ao ponto 3 da parte A do anexo VII e
§394: comentários à alínea b) da parte B do anexo VII,. Ou seja, se o fabricante
não responder a um pedido devidamente justificado para fornecer os elementos
relevantes do seu processo técnico ou documentação técnica, as autoridades de
vigilância do mercado têm o direito de decidir qual a ação a tomar com base nos
elementos de prova de que dispõem.

§99 Documentos relativos a máquinas do anexo IV


Quando máquinas que se enquadrem numa das categorias apresentadas no
anexo IV foram submetidas a um dos procedimentos de avaliação da
conformidade que envolva um organismo notificado, além dos pedidos de
documentação referidos no parágrafo anterior, as autoridades de vigilância do
mercado podem obter determinados documentos do organismo notificado em
questão.

Exame CE de tipo
No caso de máquinas sujeitas ao procedimento de exame CE de tipo estabelecido
no anexo IX, as autoridades de vigilância do mercado podem, mediante pedido,
obter uma cópia do respectivo certificado de exame. Esta permite às autoridades
verificarem se foi realmente emitido um certificado para a máquina em questão.
Mediante um pedido fundamentado, as autoridades de vigilância do mercado
podem obter uma cópia do processo técnico e os resultados dos exames
efectuados pelo organismo notificado – ver §399: comentários ao ponto 7 do
anexo IX.
Os pedidos podem ser feitos diretamente pela autoridade de vigilância do
mercado ao organismo notificado que realizou o exame CE de tipo, devendo este
responder à autoridade nacional de vigilância do mercado. Se existirem
impedimentos, por exemplo, devido ao idioma, as autoridades de vigilância do
mercado podem solicitar a ajuda das autoridades nacionais responsáveis pela
notificação do organismo notificado em questão – ver §144: comentários ao
artigo 19.º.

Garantia de qualidade total


Com vista a verificar se o procedimento de avaliação da conformidade relativo ao
sistema de garantia de qualidade total do fabricante foi aplicado corretamente, as
autoridades de vigilância do mercado podem solicitar ao fabricante ou ao seu
mandatário os elementos relevantes da documentação sobre o referido sistema
de garantia – ver §407: comentários ao ponto 4 do anexo X.

82
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§100 Medidas a tomar em relação a máquinas não conformes


Marcação CE não conforme
Se a autoridade de vigilância do mercado descobrir uma não conformidade em
relação à marcação CE, a ação corretiva a tomar está estabelecida no artigo 17.º.
A cláusula de salvaguarda indicada no artigo 11.º só deve ser usada se a ação
tomada em conformidade com o artigo 17.º não for capaz de pôr termo à não
conformidade – ver §142: comentários ao artigo 17.º.

Incumprimento dos requisitos essenciais de saúde e de segurança


Se a autoridade de vigilância do mercado descobrir que a máquina colocada no
mercado não cumpre os requisitos essenciais de segurança e saúde, deve em
primeiro lugar solicitar que o fabricante ou o seu mandatário tome as medidas
corretivas necessárias para restabelecer a conformidade da máquina ou retirá-la
do mercado num espaço de tempo determinado pela autoridade de vigilância do
mercado. 67 Tais medidas corretivas devem ser tomadas em relação a todas as
máquinas que tenham o mesmo defeito de concepção ou de construção e ser
implementadas em todo o mercado da UE.
Se o produto em questão constituir um risco grave que exige intervenção rápida, a
autoridade de vigilância do mercado também deve solicitar ao fabricante que tome
as medidas adequadas em relação às máquinas que já tenham sido colocadas no
mercado ou em serviço, tais como, por exemplo, a recolha do produto. 68
Se as medidas corretivas necessárias não forem executadas voluntariamente pelo
fabricante no prazo determinado pela autoridade de vigilância do mercado, o
Estado-Membro deve tomar as medidas necessárias para garantir que os
produtos perigosos sejam retirados do mercado. Tais medidas devem ser
notificadas à Comissão e aos restantes Estados-Membros, em conformidade com
a cláusula de salvaguarda – ver §123: comentários ao artigo 11.º.
As autoridades de vigilância do mercado também devem tomar as medidas
necessárias para alertar os utilizadores, se possível, em colaboração com os
agentes económicos em questão, de modo a prevenir acidentes ou danos para a
saúde que possam resultar do defeito identificado. 69
Se a conformidade da máquina que apresenta um risco grave, retirada do
mercado quer voluntariamente quer por meio de uma medida restritiva, for
restabelecida por meio de uma ação corretiva voluntária, o Estado-Membro em
questão deve informar os restantes Estados-Membros e a Comissão para que
estes possam verificar se as ações corretivas necessárias foram implementadas
em toda a UE – ver §144: comentários ao artigo 19.º. Prevê-se que o sistema
RAPEX estabelecido no âmbito da Diretiva relativa à segurança geral dos
produtos seja usado para este efeito. 70
Salienta-se que, quando as autoridades de vigilância do mercado tomam uma
medida obrigatória que limite a colocação no mercado de máquinas que
apresentem um risco grave, a notificação ao abrigo do sistema RAPEX não
dispensa o Estado-Membro em questão de comunicar a medida, em

67
Ver o n.º 15 do artigo 2.º do Regulamento (CE) N.º 765/2008.
68
Ver o n.º 14 do artigo 2.º e o artigo 20.º do Regulamento (CE) N.º 765/2008.
69
Ver o n.º 2 do artigo 19.º do Regulamento (CE) N.º 765/2008.
70
Ver o n.º 4 do Artigo 22.º do Regulamento (CE) N.º 765/2008.

83
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

conformidade com a cláusula de salvaguarda da Diretiva Máquinas – ver §123:


comentários ao artigo 11.º.

§101 Produtos de consumo perigosos


Além das disposições da Diretiva Máquinas e do regulamento que estabelece os
requisitos relativos à acreditação e vigilância do mercado, aplicáveis à
comercialização de produtos, existem determinadas disposições específicas da
Diretiva relativa à segurança geral dos produtos que se aplicam a máquinas
destinadas a, ou susceptíveis de, serem usadas por consumidores em que a
Diretiva Máquinas ou o regulamento não incluem disposições equivalentes. 71 Em
particular, aplicam-se as seguintes disposições:
 os distribuidores são obrigados a agir com diligência e a cooperar com as
autoridades de vigilância do mercado; 72
 os produtores e distribuidores são obrigados a informar as autoridades
sobre produtos perigosos e a cooperar com as autoridades com vista a
prevenir os riscos para os consumidores; 73
 as autoridades de vigilância do mercado podem tomar determinadas
medidas em relação a produtos perigosos. 74

§102 Controlo nas fronteiras externas da UE


Em muitos casos, nomeadamente no caso de produtos produzidos em série
importados de países terceiros para a UE, a forma mais eficaz de fiscalizar o
mercado consiste em verificar a conformidade de tais produtos no ponto de
entrada no mercado da UE, antes de estes entrarem nas redes de distribuição
dos Estados-Membros.
Os artigos 27.º a 29.º do Regulamento (CE) N.° 765/2008, que a este respeito
revoga e substitui o Regulamento (CEE) N.° 339/93, providenciam o
enquadramento legal que sustenta tais controlos. As referidas disposições
aplicam-se, integralmente, a máquinas importadas.
Os Estados-Membros devem atribuir às autoridades responsáveis pelo controlo
de produtos que entram no mercado da UE (normalmente, as autoridades
aduaneiras) os poderes e os recursos necessários que lhes permitam verificar, a
uma escala adequada, as características das máquinas antes de estas serem
colocadas em livre circulação. 75
A cooperação e a troca de informações devem ser organizadas entre estas
autoridades e a autoridade ou autoridades responsáveis pela vigilância do
mercado de máquinas. 76 Em particular, as autoridades de vigilância do mercado
devem fornecer às autoridades responsáveis pelo controlo nas fronteiras externas

71
Ver a alínea b) do n.º 2 do artigo 1.º da Diretiva 2001/95/CE e o n.º 3 do artigo 15.º do
Regulamento (CE) N.º 765/2008.
72
Ver o n.º 2 do artigo 5.º da Diretiva 2001/95/CE.
73
Ver o n.º 3 do artigo 5.º da Diretiva 2001/95/CE.
74
Ver o artigo 8.º da Diretiva 2001/95/CE.
75
Ver o n.º 1 do artigo 27.º do Regulamento (CE) N.º 765/2008.
76
Ver o n.º 2 do artigo 27.º do Regulamento (CE) N.º 765/2008.

84
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

as informações sobre as categorias de produtos nas quais foi identificado um


risco grave ou uma não conformidade. 77
As autoridades responsáveis pelo controlo nas fronteiras externas devem
suspender a introdução das máquinas em livre prática no espaço da UE nos
seguintes casos:
 se as máquinas completas não apresentarem a marcação CE e outras
marcações exigidas pela Diretiva Máquinas, ou apresentarem a
marcação CE de um modo enganoso ou falso, ou se não se fizerem
acompanhar da declaração CE de conformidade assinada pelo
fabricante ou pelo seu mandatário;
 se existirem motivos para se considerar que as máquinas apresentam
um risco grave para a segurança e saúde. 78
As autoridades responsáveis pelo controlo nas fronteiras externas devem
suspender a introdução das quase-máquinas em livre prática no espaço da EU
nos seguintes casos:
 se as quase-máquinas não se fizerem acompanhar da declaração de
incorporação – ver §384: comentários à parte B do ponto 1 do anexo II;
 se as quase-máquinas não se fizerem acompanhar das instruções de
montagem – ver §390: comentários ao anexo VI.
As autoridades de vigilância do mercado devem ser imediatamente informadas
sobre qualquer suspensão desta natureza. Devem autorizar o produto para
introdução em livre prática no espaço de 3 dias, salvo se iniciarem uma ação.
O regulamento estabelece os procedimentos a seguir se as máquinas não
forem sujeitas ao procedimento de avaliação da conformidade adequado, se
não cumprirem os requisitos essenciais de segurança e saúde aplicáveis, ou se
apresentarem um risco grave. 79

77
Ver o n.º 5 do artigo 29.º do Regulamento (CE) N.º 765/2008.
78
Ver o n.º 3 do artigo 27.º do Regulamento (CE) N.º 765/2008.
79
Ver os artigos 28.º e 29.º do Regulamento (CE) N.º 765/2008.

85
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 5.º
Colocação no mercado e entrada em serviço
1. O fabricante ou o seu mandatário, antes de colocar uma máquina no mercado
e/ou de a pôr em serviço, deve:
(a) Certificar-se de que a máquina cumpre os requisitos essenciais de saúde e de
segurança pertinentes enunciados no Anexo I;
(b) Certificar-se de que o processo técnico descrito na parte A do anexo VII está
disponível;
(c) Fornecer, nomeadamente, as informações necessárias, tais como o manual de
instruções;
(d) efetuar os procedimentos de avaliação da conformidade adequados nos termos
do artigo 12.º;
(e) Elaborar a declaração CE de conformidade nos termos da parte A do ponto 1
do anexo II e certificar-se de que a mesma acompanha a máquina;
(d) Apor a marcação CE nos termos do artigo 16.º;
...
§103 Obrigações dos fabricantes de máquinas
O n.º 1 do artigo 5.º resume as obrigações relativas à conformidade das
máquinas, que deverão ser cumpridas pelo fabricante ou pelo seu mandatário,
antes de proceder à sua colocação no mercado ou à sua entrada em serviço,– ver
§78 a §81: comentários à alínea i) do artigo 2.º.
Salienta-se que o termo “máquina” é usado no presente contexto no sentido lato.
Por conseguinte, as obrigações aplicam-se aos fabricantes de máquinas referidas
nas alíneas a) a f) do n.º 1 do artigo 1.º: máquinas no sentido estrito,
equipamentos intermutáveis, componentes de segurança, acessórios de
elevação, correntes, cabos e correias e dispositivos amovíveis de transmissão
mecânica - ver §33: comentários ao primeiro parágrafo do artigo 2.º.
Todas ou parte das obrigações resumidas nas alíneas a) a f) do n.º 1 do artigo 5.º
também podem ser cumpridas pelo mandatário do fabricante – ver §84 e §85:
comentários à alínea j) do artigo 2.º.
Na maioria dos casos, essas obrigações devem ser cumpridas antes de a
máquina ser colocada no mercado da UE – ver §73: comentários à alínea h) do
Artigo 2.º. Contudo, no caso de máquinas não colocadas no mercado, tais como,
por exemplo, máquinas fabricadas ou importadas para a UE por um utilizador
para uso próprio, as obrigações devem ser cumpridas antes da entrada em
serviço da máquina – ver §80 e §81: comentários à alínea i) do artigo 2.º.
A alínea c) do n.º 1 do artigo 5.º, exige que o fabricante forneça a informação e
instruções necessárias juntamente com a máquina. A este respeito, salienta-se
que o fornecimento das referidas informações e a elaboração das instruções são
considerados parte integrante da concepção e construção da máquina, e estão
sujeitos a requisitos essenciais de segurança e saúde específicos– ver §244:
comentários ao ponto 1.7 do anexo I.

86
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 5.º (continuação)


...
2. O fabricante ou o seu mandatário, antes de colocar uma quase-máquina no
mercado, deve certificar-se de que os procedimentos previstos no artigo 13.º
foram observados.
...
§104 Obrigações dos fabricantes de quase-máquinas
O n.º 2 do artigo 5.º refere-se às obrigações dos fabricantes de quase-máquinas,
tal como definidas no artigo 2.º - ver §46: comentários à alínea g) do artigo 2.º. As
referidas obrigações encontram-se resumidas no artigo 13.º – ver §131:
comentários ao artigo 13.º.

Artigo 5.º (continuação)


...
3. Para efeitos dos procedimentos referidos no artigo 12.º, o fabricante, ou o seu
mandatário, deve dispor dos meios necessários, ou ter acesso a esses meios,
para poder certificar-se da conformidade da máquina com os requisitos
essenciais de saúde e de segurança enunciados no anexo I.
...
§105 Meios para garantir a conformidade das máquinas
O n.º 3 do artigo 5.º refere-se à obrigação indicada na alínea d) do n.º 1 do
artigo 5.º, de realizar o procedimento de avaliação da conformidade adequado, tal
como estipulado no artigo 12.º.
No caso de máquinas sujeitas ao procedimento de avaliação da conformidade
com controlo interno de fabrico descrito no anexo VIII, as verificações necessárias
podem ser realizadas pelo fabricante ou em seu nome ou pelo seu mandatário.
Quer a avaliação da conformidade da máquina seja efectuada pelo próprio
fabricante, quer seja confiada ao seu mandatário, a pessoa que realize a
avaliação da conformidade deve dispor de, ou ter acesso aos meios necessários
para verificar a conformidade da máquina com os requisitos de segurança e
saúde aplicáveis. Esses meios podem incluir, por exemplo, o pessoal
especializado, o acesso às informações necessárias, as competências e o
equipamento necessários para efetuar verificações de concepção, cálculos,
medições, ensaios funcionais, ensaios de resistência, inspeções visuais e
verificações das informações e instruções, com vista a garantir a conformidade da
máquina com os requisitos de segurança e saúde pertinentes.
Quando a máquina for concebida e fabricada em conformidade com as normas
harmonizadas, estas normalmente especificam os meios a usar na verificação da
conformidade da máquina com as respectivas especificações. 80
No caso de máquinas pertencentes a uma das categorias indicadas no anexo IV,
em relação às quais se usa o procedimento de garantia de qualidade total descrito
no anexo X, os meios a usar para realizar as verificações necessárias devem
constar do sistema de garantia de qualidade total do fabricante – ver §403:
comentários ao parágrafo 2.2 do anexo X.

80
Ver secção 6.9 – Secção "Verificação dos requisitos de segurança e/ou medidas de proteção"
do Guia CEN 414: 2004 - Segurança de máquinas – Regras para elaboração e apresentação de
normas de segurança.

87
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 5.º (continuação)


...
4. Sempre que as máquinas forem também objecto de outras diretivas relativas a
outros aspectos e que prevejam a aposição da marcação CE, esta deve indicar
que as máquinas observam igualmente o disposto nessas diretivas.
Todavia, no caso de uma ou mais dessas diretivas deixarem ao fabricante ou ao
seu mandatário, durante um período transitório, a escolha do regime a aplicar,
a marcação CE indica apenas a conformidade com as disposições das diretivas
aplicadas pelo fabricante ou pelo seu mandatário. As referências das diretivas
aplicadas, tal como publicadas no Jornal Oficial da União Europeia, devem ser
indicadas na declaração CE de conformidade.

§106 Marcação CE em conformidade com outras diretivas


O n.º 4 do artigo 5.º refere-se à obrigação indicada na alínea f) do n.º 1 do
artigo 5.º: a afixação da marcação CE. O n.º 4 do artigo 5.º informa que outras
diretivas que preveem a afixação da marcação CE podem aplicar-se às máquinas.
Nesse caso, o fabricante deve garantir que cumpriu as suas obrigações em
conformidade com todas as diretivas aplicáveis ao seu produto antes de afixar a
marcação CE – ver §89 a §92: comentários ao artigo 3.º.

Artigo 6.º
Livre Circulação
1. Os Estados-Membros não podem proibir, restringir ou entravar a colocação no
mercado e/ou a entrada em serviço no seu território das máquinas que
obedeçam à presente diretiva.
2. Os Estados-Membros não devem proibir, restringir ou entravar a colocação no
mercado de quase-máquinas que se destinem, segundo declaração de
incorporação do fabricante ou do seu mandatário, prevista na parte B do ponto
1 do anexo II, a ser incorporadas numa máquina ou montadas com outras
quase-máquinas com vista a constituir uma máquina.
...
§107 Livre circulação de máquinas e quase-máquinas
Os n.º 1 e n.º 2 do artigo 6.º estabelecem as obrigações destinadas a cumprir um
dos objectivos fundamentais da Diretiva Máquinas: a livre circulação de máquinas
e de quase-máquinas no mercado único.
No n.º 1 do artigo 6.º, o termo “máquina” é usado no sentido lato para designar
todos os produtos referidos nas alíneas a) a f) do n.º 1 do artigo 1.º – ver §33:
comentários ao primeiro parágrafo do artigo 2.º.
De acordo com as obrigações estabelecidas no artigo 6.º, os Estados-Membros
não podem impor quaisquer requisitos ou procedimentos em relação à colocação
no mercado de máquinas ou quase-máquinas, ou à entrada em serviço de
máquinas, no que respeita aos perigos abrangidos pela Diretiva Máquinas, para
além dos estabelecidos na referida diretiva.
A obrigação de permitir a livre circulação de máquinas e quase-máquinas que são
conformes com a diretiva não impede os Estados-Membros de regularem a
instalação e o uso de máquinas dentro de certos limites – ver §139 e §140:

88
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

comentários ao artigo 15.º.


Devido ao Acordo sobre o Espaço Económico Europeu (EEE), 81 as máquinas que
cumprem a Diretiva Máquinas também beneficiam da livre circulação na Islândia,
no Liechtenstein e na Noruega. O mesmo se aplica em relação à Suíça devido ao
acordo de reconhecimento mútuo com a UE 82 e em relação à Turquia devido à
união aduaneira UE – Turquia. 83

Artigo 6.º (continuação)


3. Os Estados-Membros não colocam obstáculos à apresentação de máquinas ou
quase-máquinas que não sejam conformes com a presente diretiva em feiras,
exposições, demonstrações e eventos semelhantes, desde que um letreiro visível
indique claramente a sua não conformidade e a impossibilidade de aquisição de
tais máquinas antes de serem colocadas em conformidade. Além disso, por
ocasião de demonstrações de tais máquinas ou quase-máquinas não conformes,
devem ser tomadas medidas de segurança adequadas, a fim de garantir a
proteção das pessoas.

§108 Feiras, exposições e demonstrações


As feiras, exposições e demonstrações representam uma oportunidade para os
fabricantes, importadores e distribuidores de máquinas promoverem produtos
novos e inovadores. As disposições constantes do n.º 3 do artigo 6.º destinam-se
a garantir que a Diretiva Máquinas não constitui um obstáculo à promoção de tais
produtos – ver §19: comentários ao considerando 17. Em alguns casos, as
empresas em questão podem estar interessadas em perceber se os seus
produtos interessam aos potenciais clientes antes de realizarem o procedimento
relevante de avaliação da conformidade. Noutros casos, o procedimento pode não
estar concluído quando a máquina é apresentada. Os fabricantes, importadores e
distribuidores também podem querer exibir produtos que não se destinem ao
mercado da UE. Os produtos também podem ser apresentados sem
determinados protetorou dispositivos de proteção, de modo a exibirem as suas
características operacionais de forma mais clara.
De acordo com o n.º 3 do artigo 6.º, tais práticas são permitidas. Contudo, com
vista a fornecer informações claras aos potenciais clientes e evitar a concorrência
desleal com os expositores de produtos que estão conformes com a Diretiva
Máquinas, os produtos que não estejam em conformidade com as disposições
estabelecidas pela diretiva devem fazer-se acompanhar de um aviso claramente
visível indicando que não se encontram em conformidade e que não estarão
disponíveis até a conformidade ser estabelecida. Convém que os organizadores
de feiras alertem os expositores para as suas obrigações a este respeito.

81
http://www.efta.int/legal-texts/eea.aspx
82
http://ec.europa.eu/enterprise/policies/single-market-goods/international-aspects/mutual-recognition-
agreement/switzerland/index_en.htm
83
http://ec.europa.eu/taxation_customs/customs/customs_duties/rules_origin/customs_unions/article_414_en.htm

89
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

A Diretiva Máquinas não especifica um formato ou ação Redação especiais


aplicáveis a este aviso. Sugere-se a seguinte ação Redação para as máquinas
que o fabricante pretenda por em conformidade e colocar no mercado da UE:

A máquina apresentada não cumpre a Diretiva Máquinas


2006/42/CE.
Avisam-se os visitantes que a máquina será disponibilizada
na União Europeia apenas depois de ter sido colocada em
conformidade com a diretiva.

Durante as exposições e demonstrações, devem tomar-se as devidas precauções


com vista a garantir a segurança dos demonstradores e do público, sobretudo se
os protetores ou dispositivos de proteção dos produtos em exposição tiverem sido
retirados. As medidas aplicáveis à segurança e saúde dos demonstradores e de
outros funcionários dos expositores devem cumprir as disposições nacionais que
implementam as diretivas da UE pertinentes relativas à proteção da segurança e
saúde dos trabalhadores.

Artigo 7.º
Presunção de conformidade e normas harmonizadas
1. Os Estados-Membros devem considerar que as máquinas que ostentem a
marcação CE e sejam acompanhadas da declaração CE de conformidade, cujos
elementos se encontram previstos na parte A do ponto 1 do anexo II, cumprem
as disposições da presente diretiva.
...
§109 Presunção de conformidade conferida pela marcação CE e a
declaração CE de conformidade
O n.º 1 do artigo 7.º explica a função da marcação CE e da declaração CE de
conformidade como sendo “passaportes” que facilitam a livre circulação de
máquinas num mercado único, tal como referido no n.º 1 do artigo 6.º.
A declaração CE de conformidade deve acompanhar a máquina, ou seja, o
fabricante deve fornecê-la com a máquina quando esta é colocada no mercado e
os demais operadores económicos, tais como importadores ou distribuidores,
devem transmiti-la ao utilizador da máquina – ver §83: comentários à alínea i) do
artigo 2.º.
Salienta-se que a obrigação estabelecida no n.º 1 do artigo 7.º, que determina que
os Estados-Membros devem considerar as máquinas que apresentem a
marcação CE e a declaração CE de conformidade como estando em
conformidade com a Diretiva Máquinas, não afecta o dever dos Estados-Membros
de realizarem fiscalizações do mercado com vista a garantir que os produtos que
apresentem a marcação CE e sejam acompanhados da declaração CE de
conformidade cumprem efetivamente os requisitos da Diretiva Máquinas, nem o
seu dever de garantir que os produtos não conformes que apresentem a
marcação CE são retirados do mercado – ver §93 e §94: comentários ao n.º 1 do
artigo 4.º, §122 a §126: comentários ao artigo 11.º e §142: comentários ao
artigo 17.º.

90
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 7.º (continuação)


...
2. Presume-se que a máquina fabricada de acordo com uma norma harmonizada,
cujas referências tenham sido publicadas no Jornal Oficial da União Europeia,
está em conformidade com os requisitos essenciais de saúde e de segurança
abrangidos por essa norma harmonizada.
...
§110 Presunção de conformidade conferida pela aplicação de normas
harmonizadas
A referência a normas europeias constitui um elemento chave da “ Nova
Abordagem à harmonização técnica e normas” que é seguido na Diretiva
Máquinas. A diretiva estabelece os requisitos essenciais obrigatórios de
segurança e saúde aplicáveis a máquinas, ao passo que as especificações
técnicas detalhadas para o cumprimento desses requisitos de segurança e saúde
são apresentadas nas normas europeias harmonizadas – ver §87: comentários à
alínea l) do artigo 2.º.
Uma vez aprovada uma norma europeia harmonizada, o organismo europeu de
normalização comunica o facto à Comissão Europeia para que as referências da
norma possam ser publicadas no Jornal Oficial da União Europeia (JOUE).
Uma vez publicada a referência de uma norma harmonizada no JOUE, a
aplicação das suas especificações confere uma presunção de conformidade com
os requisitos essenciais de segurança e saúde abrangidos pela norma. Essa
presunção de conformidade fica em vigor a partir da data em que a norma é
publicada pela primeira vez no JOUE e deixa de existir quando a norma for
substituída por uma nova norma, ou por uma norma revista, na “data de cessação
de presunção de conformidade” especificada no JOUE para máquinas colocadas
no mercado após essa data – ver §114: comentários ao n.º 3 do artigo 7.º.
Salienta-se que, na sequência de uma objecção formal, as referências de
determinadas normas podem ser publicadas no JOUE com um aviso informando
que se retira a presunção de conformidade relativamente a determinadas partes
da norma – ver §121: comentários ao artigo 10.º.
A aplicação de projetos de normas europeias (identificados pelo prefixo "prEN")
ou de normas europeias cujas referências não foram publicadas no JOUE não
confere a presunção de conformidade com os requisitos essenciais de segurança
e saúde da Diretiva Máquinas.
A cláusula da norma relativa ao seu âmbito contém informação sobre o objecto da
norma (a categoria de máquinas ou o aspecto da segurança das máquinas
abrangido pela norma). O anexo “Z” à norma, de carácter informativo, contém
informações adicionais sobre os requisitos essenciais de segurança e saúde da
Diretiva Máquinas, cobertos ou não pela norma.
Quando uma referência normativa numa norma europeia harmonizada remete
para uma norma, ou parte de norma, as especificações da norma ou parte da
norma em referência passam a fazer parte integrante da norma harmonizada e a
sua aplicação confere uma presunção de conformidade com os requisitos
essenciais de segurança e saúde por ela abrangidos. Tal aplica-se mesmo se a
norma a que se refere já não estiver em vigor (salvo se a sua referência tiver sido
retirada do JOUE em consequência de uma objecção formal - ver §121:
comentários ao artigo 10.º). Por outro lado, a aplicação da versão mais recente da

91
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

norma referida também confere uma presunção de conformidade com os


requisitos essenciais de segurança e saúde em questão, desde que a sua
referência tenha sido publicada no JOUE.
A presunção de conformidade conferida pela aplicação de uma norma
harmonizada não é absoluta, visto que a conformidade da própria norma pode ser
contestada – ver §119 a §121: comentários ao artigo 10.º. Contudo, a presunção
de conformidade conferida pela aplicação de uma norma harmonizada dá uma
certa segurança legal ao fabricante, visto que este não tem de fornecer provas
adicionais de conformidade com os requisitos essenciais de segurança e saúde
abrangidos pela norma.
Por outro lado, no caso de categorias de máquinas indicadas no Anexo IV, a
aplicação de uma norma harmonizada que abranja todos os requisitos essenciais
de segurança e saúde aplicáveis à máquina permite ao fabricante realizar a
avaliação de conformidade da máquina sem recorrer a um organismo notificado –
ver §129: comentários ao n.º 3 do artigo 12.º.
Salienta-se que, embora a aplicação das normas harmonizadas facilite a
avaliação dos riscos, não dispensa o fabricante da máquina da obrigação de
realizar uma avaliação de riscos à máquina – ver §159: comentários ao ponto 1
dos princípios gerais do anexo I.
Mesmo quando um determinado requisito essencial de segurança e saúde for
abrangido por uma norma harmonizada, o fabricante da máquina é livre de aplicar
especificações alternativas. A natureza voluntária das normas harmonizadas
destina-se a evitar que as normas técnicas constituam um obstáculo à colocação
no mercado de máquinas que integrem soluções inovadoras.
Todavia, a norma harmonizada fornece uma indicação sobre o estado da técnica
na data em que a norma foi aprovada. Ou seja, a norma harmonizada indica o
nível de segurança expectável de um dado tipo de produto nessa data. O
fabricante de máquinas que opte por aplicar outras especificações técnicas deve
demonstrar que a sua solução alternativa está em conformidade com os requisitos
essenciais de segurança e saúde da Diretiva Máquinas e que oferece um nível de
segurança, no mínimo, equivalente ao nível de segurança proporcionado pela
aplicação das especificações constantes da norma harmonizada – ver §161 e
§162: comentários ao ponto 3 dos princípios gerais do anexo I.
Quando um fabricante optar por não aplicar as normas harmonizadas, ou aplicar
apenas partes de uma norma harmonizada, deverá incluir no processo técnico a
avaliação dos riscos realizada e as medidas tomadas no sentido de cumprir os
requisitos essenciais de segurança e saúde – ver §392: comentários à alínea a)
do ponto 1 da parte A do anexo VII. Nesse caso, a referência à norma
harmonizada não deve ser indicada como tal na declaração CE de conformidade
do fabricante, mas esta poderá indicar quais as partes ou cláusulas da norma
harmonizada que foram aplicadas – ver §383: comentários ao n.º 7 da parte A do
ponto 1 do anexo II.

92
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§111 Classificação das normas de máquinas


As normas relativas às máquinas são classificadas segundo três tipos: A, B e C.
O objectivo desta classificação é permitir que os responsáveis pela elaboração de
normas aplicáveis a determinadas categorias de máquinas possam referir-se a
normas horizontais apresentando soluções técnicas amplamente testadas. As
normas horizontais de tipo A e B também podem ajudar os fabricantes a
conceberem máquinas para as quais as normas de tipo C não estejam
disponíveis.
Deve distinguir-se a natureza da presunção de conformidade conferida pela
aplicação destes três tipos de normas harmonizadas:

Normas de tipo A
As normas de tipo A especificam os conceitos básicos, a terminologia e princípios
de concepção aplicáveis a todas as categorias de máquinas. A aplicação
exclusiva destas normas, apesar de propiciarem um quadro fundamental para a
aplicação correta da Diretiva Máquinas, não é suficiente para garantir a
conformidade com os requisitos essenciais relevantes de segurança e saúde da
diretiva e, por conseguinte, não confere uma presunção completa de
conformidade.
Por exemplo, a aplicação da norma EN ISO 14121-1 84 garante que a avaliação
dos riscos é realizada em conformidade com o ponto 1 dos princípios gerais
constante do anexo I, mas não é suficiente para demonstrar que as medidas de
proteção tomadas pelo fabricante relativas aos perigos apresentados pela
máquina cumprem os requisitos essenciais relevantes de segurança e saúde
constantes do mesmo anexo.

Normas de tipo B
As normas de tipo B abordam aspectos específicos de segurança das máquinas
ou tipos específicos de meios de proteção que podem ser usados numa vasta
gama de categorias de máquinas. A aplicação das especificações das normas de
tipo B confere uma presunção de conformidade com os requisitos essenciais da
Diretiva Máquinas abrangidos por estas especificações quando uma norma de
tipo C ou a avaliação de riscos realizada pelo fabricante demonstrar que uma
solução técnica especificada pela norma de tipo B é adequada para a categoria
ou modelo da máquina em questão.
A aplicação de normas de tipo B que fornecem especificações aplicáveis aos
componentes de segurança que sejam colocados isoladamente no mercado
confere presunção de conformidade aos componentes em questão em relação
requisitos essenciais de segurança e saúde abrangidos pelas normas – ver §42,
comentários à alínea c) do artigo 2.º.

Normas de tipo C
As normas de tipo C fornecem as especificações para uma determinada categoria
de máquinas, tais como, por exemplo, prensas mecânicas, ceifeiras-debulhadoras
ou compressores. Os diferentes tipos de máquina que pertencem à categoria
abrangida pela norma de tipo C têm um uso previsto semelhante e apresentam

84
EN ISO 14121-1:2007 – Segurança de máquinas – Avaliação de riscos – Parte 1: Princípios
(ISO 14121-1:2007).

93
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

riscos semelhantes. As normas de tipo C podem referir-se a normas de tipo A ou


B e indicam quais as especificações da norma de tipo A ou B se aplicam à
categoria de máquina em questão. Quando, em relação a um dado aspecto da
segurança da máquina, a norma de tipo C se afasta das especificações de uma
norma de tipo A ou B, as especificações da norma de tipo C prevalecem sobre as
especificações da norma de tipo A ou B.
A aplicação das especificações de uma norma de tipo C com base na avaliação
dos riscos realizada pelo fabricante confere uma presunção de conformidade com
os requisitos essenciais de segurança e saúde da Diretiva Máquinas abrangidos
pela norma.
Algumas normas de tipo C estão organizadas em séries de várias partes, em que
a Parte 1 da norma apresenta as especificações gerais aplicáveis a uma família
de máquinas e outras partes da norma apresentam as especificações relativas a
categorias específicas de máquinas que pertencem à família, acrescentando ou
alterando as especificações gerais da Parte 1. Em relação a normas de tipo C
com esta organização, a presunção de conformidade com os requisitos essenciais
da Diretiva Máquinas é conferida pela aplicação da Parte 1 geral da norma,
juntamente com a parte específica relevante da norma.

§112 Desenvolvimento de normas harmonizadas para máquinas


Os Comités Técnicos (CT) dos organismos europeus de normalização, CEN e
CENELEC, são responsáveis pelo desenvolvimento de normas harmonizadas
relativas a máquinas. Os CT são constituídos por representantes mandatados
pelas organizações nacionais membros do CEN e CENELEC. Os CT envolvidos
no desenvolvimento de normas que sustentam a Diretiva Máquinas incluem:

CEN
CT 10 Ascensores, escadas mecânicas e tapetes rolantes
CT 33 Portas, janelas, estores
CT 47 Queimadores de óleo com atomização e respectivos componentes –
Função – Segurança – Ensaios
CT 98 Plataformas de elevação
CT 114 Segurança de máquinas
CT 122 Ergonomia
CT 123 Lasers e fotónica
CT 131 Queimadores a gás utilizando ventiladores
CT 142 Máquinas para trabalhar madeira – Segurança
CT 143 Máquinas ferramentas – Segurança
CT 144 Tratores e máquinas agrícolas e florestais
CT 145 Máquinas para matérias plásticas e borracha
CT 146 Máquinas de embalagem
CT 147 Gruas – Segurança
CT 148 Equipamento e sistemas de movimentação contínua – Segurança
CT 149 Equipamento motorizado para armazenamento
CT 150 Veículos para movimentação de carga – Segurança
CT 151 Equipamento de construção e máquinas para produção de materiais
de construção
CT 153 Máquinas destinadas a serem utilizadas com produtos alimentares
CT 168 Correntes, cabos, correias, lingas e acessórios – Segurança
CT 169 Luz e iluminação
CT 182 Sistemas de refrigeração, requisitos de segurança e de proteção
ambiental
CT 186 Processamento termo industrial – Segurança
CT 188 Correias transportadoras
CT 192 Equipamento de combate a incêndios

94
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

CT 196 Máquinas destinadas a trabalhos subterrâneos em minas –


Segurança
CT 197 Bombas
CT 198 Máquinas para as indústrias gráficas e do papel – Segurança
CT 200 Máquinas de curtir e instalações de curtumes – Segurança
CT 201 Máquinas para fabrico de calçado artigos de couro e materiais
semelhantes– Segurança
CT 202 Máquinas de fundição
CT 211 Acústica
CT 213 Ferramentas portáteis de carga explosiva – Segurança
CT 214 Máquinas têxteis e acessórios
CT 221 Cisternas metálicas pré-fabricadas e equipamento para reservatórios
de armazenagem e estações de serviço
CT 231 Vibrações e impactos mecânicos
CT 232 Compressores – Segurança
CT 255 Ferramentas portáteis, não eléctricas – Segurança
CT 256 Aplicações ferroviárias
CT 270 Motores de combustão interna
CT 271 Equipamento de tratamento de superfícies - Segurança
CT 274 Equipamento de solo para assistência a aeronaves
CT 305 Atmosferas potencialmente explosivas – Prevenção de explosões e
proteção
CT 310 Tecnologias de fabrico avançadas
CT 313 Centrifugadoras – Requisitos de segurança
CT 322 Equipamentos para moldagem trabalho e conformação de metais –
Segurança
CT 354 Veículos motorizados para transporte que não são destinados para
utilização na via pública
CT 356 Ventiladores industriais – Requisitos de segurança

CENELEC
CT 44X Segurança das máquinas – Aspectos electrotécnicos
CT 61 Segurança de aparelhos electrodomésticos e aparelhos similares
CT 61F Ferramentas eléctricas portáteis e transportáveis a motor - Segurança
CT 76 Segurança de radiação óptica e equipamento laser
CT 88 Sistemas eólicos
Os projetos de normas são preparados pelos Grupos de Trabalho (GT) criados
pelo CT relevante. Os GT são formados por especialistas nomeados pelos
organismos nacionais de normalização. O projeto de norma (prEN) preparado
pelo GT é enviado pelo CT aos organismos nacionais de normalização, que
fazem circular o projeto pelas partes interessadas, a nível nacional, para que
possa ser sujeito a comentários (Inquérito Público). Os comentários recebidos são
devolvidos ao CT e examinados pelo GT com o objectivo de melhorar o projeto.
Em seguida, o projeto final da norma é submetido aos organismos nacionais de
normalização para aprovação por maioria de votos.
Algumas normas harmonizadas também são desenvolvidas no âmbito dos
acordos relativos à cooperação entre o CEN e o Organismo Internacional de
Normalização, ISO, ou entre o CENELEC e a Comissão Electrotécnica
Internacional, IEC. O acordo entre o CEN e a ISO também é conhecido por
Acordo de Viena. O acordo entre o CENELEC e a IEC é conhecido por Acordo de
Dresden. Na aplicação destes acordos, os projetos de normas podem ser
preparados pelos CT e GT da ISO ou da IEC. Contudo, antes de serem
aprovados como normas europeias harmonizadas, os projetos são sujeitos a
procedimentos de inquérito e de aprovação por parte do CEN ou do CENELEC,
que por sua vez são efectuados em simultâneo com os procedimentos da ISO ou
da IEC.

95
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§113 Identificação de normas harmonizadas


Os projetos de normas europeias são identificados por um número de referência
precedido pelo prefixo “prEN”, seguido da data do projeto. Estes projetos de
normas europeias são divulgados ao público durante a fase do Inquérito Público.
Uma vez aprovado pelo CEN ou pelo CENELEC, o projeto é identificado pelo
mesmo número precedido pelo prefixo “EN”, seguido da data (ano) de aprovação.
Se a norma for alterada ou revista e a nova versão apresentar o mesmo número,
a data de aprovação permite distinguir a nova versão da versão anterior.
Quando uma norma CEN é idêntica à norma internacional aprovada pela ISO, as
normas europeias e internacionais apresentam o mesmo número e a referência
da norma harmonizada apresenta o prefixo “EN ISO”. Por outro lado, quando uma
norma CENELEC se baseia numa norma IEC, apresenta um número diferente.
Contudo, para ambos os organismos europeus de normalização, a referência da
norma ISO ou IEC correspondente é apresentada entre parêntesis a seguir ao
título da norma europeia.
As organizações nacionais membros do CEN e do CENELEC devem atribuir à
norma harmonizada o estatuto de norma nacional sem quaisquer alterações. A
referência da versão nacional de uma norma harmonizada deve apresentar o
prefixo “EN” após o prefixo que identifica as normas nacionais no país em
questão. As normas harmonizadas são publicadas pelas organizações nacionais
de normalização dos Estados-Membros da UE com os seguintes prefixos:
“ÖNORM EN” na Áustria “LVS EN” na Letónia
“NBN EN” Bélgica “LST EN” na Lituânia
“БДС EN” na Bulgária “EN” em Luxemburgo
“CYS EN” no Chipre “MSA EN” em Malta
“ČSN EN” na República Checa “NEN EN” nos Países Baixos
“DS EN” na Dinamarca “PN EN” na Polónia
“EVS EN” na Estónia “NP EN” em Portugal
“SFS EN” na Finlândia “SR EN” na Roménia
“NF EN” em França “STN EN” na Eslováquia
“DIN EN” na Alemanha “SIST EN” na Eslovénia
“EN” na Grécia “UNE EN” em Espanha
“MSZ EN” na Hungria “SS EN” na Suécia
“IS EN” na Irlanda “BS EN” no Reino Unido
“UNI EN” na Itália
As mesmas normas são publicadas nos países da EFTA com os seguintes
prefixos:
"IST EN" na Islândia
"SN EN" na Suíça
"NS-EN" na Noruega
m alguns casos, a data mencionada na referência da versão nacional da norma
harmonizada é posterior à data referida na norma publicada no JOUE, visto que a
publicação da norma a nível nacional pode ter ocorrido no ano seguinte.
Na declaração CE de conformidade da máquina, as normas europeias
harmonizadas aplicadas pelo fabricante podem ser identificadas através quer da
referência nacional, incluindo um dos prefixos nacionais referidos anteriormente,
quer pela referência tal como é indicada no JOUE, com apenas o prefixo "EN" –
ver §383: comentários ao n.º 7 da parte A do ponto 1 do anexo II .

96
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 7.º (continuação)


...
3. A Comissão publica no Jornal Oficial da União Europeia as referências das
normas harmonizadas.
...
§114 Publicação das referências de normas harmonizadas no JOUE
As listas consolidadas de normas harmonizadas são publicadas nas séries C do
JOUE sob a forma de comunicação da Comissão no quadro da implementação da
Diretiva Máquinas. A lista é atualizada regularmente quando as referências de
normas novas ou revistas são comunicadas à Comissão Europeia pelo CEN e
pelo CENELEC.
A lista publicada no JOUE inclui 5 colunas:
Coluna 1 indica a organização europeia de normalização que aprovou a
norma: CEN ou CENELEC;
Coluna 2 indica a referência da norma, ou seja, o número, a data de
aprovação pelo CEN ou pelo CENELEC e o título;
Se a norma tiver sido alterada, é indicada a referência da versão
alterada da norma. Após a publicação no JOUE das referências
dessas normas alteradas, a versão alterada da norma confere a
presunção de conformidade com os requisitos essenciais relevantes
de segurança e saúde da Diretiva Máquinas;
Coluna 3 indica a data na qual a referência da norma foi publicada pela
primeira vez no JOUE. Esta é a data a partir da qual a aplicação da
norma confere uma presunção de conformidade com os requisitos
essenciais de segurança e saúde abrangidos pela norma;
Coluna 4 fornece as referências da norma substituída. Esta coluna deve usar-
se apenas se já tiver existido uma norma harmonizada sobre o
mesmo assunto quando a nova norma ou a norma revista foi
aprovada. Na maior parte dos casos, a norma substituída é uma
versão anterior de uma norma que foi revista;
Coluna 5 indica a data em que a presunção de conformidade da norma
substituída cessou. Esta coluna deve usar-se apenas quando for
feita referência, na quarta coluna, a uma norma substituída. A data
de cessação da presunção de conformidade é fixada pela
Comissão. De um modo geral, a data da cessação de presunção de
conformidade é a mesma que a data fixada pelo CEN ou pelo
CENELEC para a retirada da norma substituída pelas organizações
nacionais de normalização.
A nova norma confere presunção de conformidade a partir da data
na qual a sua referência for publicada no JOUE, ao passo que a
norma substituída continua a conferir a presunção de conformidade
até à data de cessação da presunção de conformidade indicada na
quinta coluna. Durante o período que medeia as duas datas (o
período de transição), as especificações tanto da nova norma como
da norma substituída conferem uma presunção de conformidade
com os requisitos essenciais de segurança e saúde abrangidos
pelas normas.

97
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 7.º (continuação)


...
4. Os Estados-Membros tomam as medidas adequadas para permitir que os
parceiros sociais tenham alguma influência, a nível nacional, no processo de
elaboração e de acompanhamento das normas harmonizadas.

§115 Participação de parceiros sociais na normalização


A normalização baseia-se num consenso entre as partes interessadas, que, no
caso de normas aplicáveis a máquinas, incluem, por exemplo, fabricantes de
máquinas, utilizadores de máquinas tais como entidades patronais, trabalhadores
e consumidores, instituições de saúde e segurança no trabalho, organismos
notificados, outras ONG relevantes e autoridades públicas. As regras que se
aplicam à participação das partes interessadas estão normalmente sujeitas às
disposições nacionais relativas à organização de normalização.
O n.º 4 do artigo 7.º estabelece um requisito específico para os Estados-Membros
com vista a garantir a tomada de medidas apropriadas que permitam aos
parceiros sociais, ou seja, os representantes das entidades patronais e
trabalhadores, influenciarem o processo de normalização a nível nacional. Cabe
aos Estados-Membros decidir quais as medidas apropriadas e o modo como são
postas em prática.

Artigo 8.º 85
Medidas específicas
1. A Comissão pode adoptar todas as medidas adequadas em relação a:
(a) atualização da lista indicativa de componentes de segurança constante
do anexo V e referida na alínea c) do artigo 2.º;
(b) restrições à colocação no mercado das máquinas referidas no Artigo 9.º.
Estas medidas, que têm por objecto alterar elementos não essenciais da presente
diretiva, completando-a, são aprovadas pelo procedimento de regulamentação
com controlo a que se refere o n.º 3 do artigo 22.º.
...
§116 Medidas sujeitas ao Procedimento do Comité de Regulamentação
O n.º 1 do artigo 8.º prevê os dois casos em que a Comissão pode aprovar as
medidas depois de consultar o Comité Máquinas, em conformidade com o
procedimento de regulamentação com controlo – ver §147: comentários ao n.º 3
do artigo 22.º,.
 A alínea a) do n.º 1 do artigo 8 prevê que a Comissão atualize a lista
indicativa de componentes de segurança estabelecida no anexo V, por
exemplo, acrescentando à lista outros exemplos de componentes que
correspondam à definição dada no artigo 2.º – ver §42: comentários à
alínea c) do artigo 2.º. Tal é possível se considerar que determinados
85
O artigo 8.º foi reformulado pelo Regulamento (CE) N.º 596/2009 do Parlamento Europeu e do
Conselho de 18 de Junho de 2009, adaptando um número de instrumentos sujeitos ao
procedimento referido no artigo 251.º do Tratado para a Decisão do Conselho 1999/468/CE no
que diz respeito ao procedimento de regulamentação com controlo (PRAC) – Adaptação ao
procedimento de regulamentação com controlo — Parte Quatro – JO L188 de 18.7.2009, p.14.

98
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

componentes de segurança existentes foram omitidos da lista, ou se foram


desenvolvidos novos componentes de segurança.
 A alínea b) do n.º 1 do artigo 8 prevê que a Comissão aprove uma medida
que limite a colocação no mercado de uma máquina que apresente riscos
devido a lacunas de uma norma harmonizada, que apresente o mesmo
risco que máquinas sujeitas a uma cláusula de salvaguarda justificada, ou
a pedido de um Estado-Membro – ver §118: comentários ao artigo 9.º.

Artigo 8.º (continuação)


...
2. Nos termos do n.º 2 do artigo 22.º, a Comissão pode adoptar todas as medidas
adequadas de execução e de aplicação prática da presente diretiva, incluindo as
medidas necessárias para garantir a cooperação dos Estados-Membros entre si
e com a Comissão, tal como previsto no n.º 1 do artigo 19.º.

§117 Medidas sujeitas ao Procedimento de Comité Consultivo


O n.º 2 do artigo 8 prevê que a Comissão adopte as medidas necessárias
relacionadas com a aplicação prática da Diretiva Máquinas depois de consultar o
Comité Máquinas, em conformidade com o procedimento de comité consultivo –
ver §147: comentários ao n.º 2 do artigo 22.º. Também estabelece o
enquadramento jurídico para o apoio da Comissão à organização da cooperação
e troca de informações entre as autoridades de vigilância do mercado dos
Estados-Membros – ver §144: comentários ao n.º 1 do artigo 19.º.

99
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 9.º 86
Medidas específicas relativas a máquinas potencialmente perigosas
1. Sempre que, de acordo com o procedimento referido no artigo 10.º, a Comissão
considere que uma norma harmonizada não satisfaz inteiramente os requisitos
essenciais de saúde e de segurança por ela abrangidos tal como enunciados no
anexo I, a Comissão pode, nos termos do n.º 3 do presente artigo, tomar
medidas que exijam aos Estados-Membros a proibição ou a restrição da
colocação no mercado de máquinas que, pelas suas características técnicas,
apresentem riscos devidos a lacunas da norma, ou submeter essas máquinas a
condições especiais.
Sempre que, nos termos do artigo 11.º, a Comissão considere justificada uma
medida tomada por um Estado-Membro, a Comissão pode, nos termos do n.º 3
do presente artigo, tomar medidas que exijam aos Estados-Membros a
proibição ou a restrição da colocação no mercado de máquinas que, pelas suas
características técnicas, apresentem o mesmo risco, ou submeter essas
máquinas a condições especiais.
2. Qualquer Estado-Membro pode requerer à Comissão que analise a necessidade
de adopção das medidas referidas no n.º 1.
3. Nos casos referidos no n.º 1, a Comissão consulta os Estados-Membros e outras
partes interessadas, indicando as medidas que tenciona tomar a fim de
assegurar, a nível comunitário, um elevado nível de proteção da saúde e da
segurança das pessoas.
Tendo em devida conta os resultados desta consulta, a Comissão adoptará as
medidas necessárias.
Estas medidas, que têm por objecto alterar elementos não essenciais da presente
diretiva, completando-a, são aprovadas pelo procedimento de regulamentação
com controlo a que se refere o n.º 3 do artigo 22.º.

§118 Medidas a tomar em relação a máquinas perigosas que apresentam


riscos semelhantes
A cláusula de salvaguarda do artigo 11.º, que prevê as medidas que os Estados-
Membros devem tomar caso se verifique que a máquina com marcação CE é
perigosa, aplica-se a todos os exemplares de um mesmo modelo de máquinas. O
artigo 9.º prevê a adopção de medidas por parte da Comissão para proibir ou
limitar a colocação no mercado de todos os modelos de máquinas que
apresentem riscos devido a características técnicas semelhantes.
Essas medidas poderão ser adoptadas nos seguintes casos:

86
O n.º 3 do artigo 9.º foi reformulado pelo Regulamento (CE) N.º 596/2009 do Parlamento
Europeu e do Conselho de 18 de Junho de 2009, adaptando um número de instrumentos sujeitos
ao procedimento referido no artigo 251.º do Tratado para a Decisão do Conselho 1999/468/CE no
que diz respeito ao procedimento de regulamentação com controlo (PRAC) – Adaptação ao
procedimento de regulamentação com controlo — Parte Quatro – JO L188 de 18.7.2009, p.14.

100
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Após uma objecção formal a uma norma harmonizada, em conformidade


com o artigo 10.º
O primeiro caso está associado ao procedimento previsto no artigo 10.º relativo à
oposição a uma norma harmonizada, em que a Comissão pode decidir retirar ou
limitar a presunção de conformidade conferida pela aplicação da norma visto que
algumas das suas especificações não satisfazem os requisitos essenciais de
segurança e saúde – ver §121: comentários ao artigo 10.º. Em seguida e para
proteger a segurança e saúde das pessoas, poderá ser necessário garantir que
as máquinas concebidas em conformidade com a norma anómala sejam retiradas
do mercado ou sujeitas a certas restrições.

Após uma medida de salvaguarda, em conformidade com o artigo 11.º


O segundo caso está associado ao procedimento de cláusula de salvaguarda
previsto no artigo 11.º. Após a notificação de uma medida tomada por um Estado-
Membro no sentido de proibir ou restringir a colocação no mercado de um modelo
específico de máquinas perigosas, a Comissão decide se a medida é justificada
ou não – ver §123: comentários ao n.º 3 do artigo 11.º. Em seguida, a Comissão
poderá adoptar uma decisão que exige que todos os Estados-Membros tomem as
medidas necessárias para proteger a segurança e saúde das pessoas, de modo a
garantir que outras máquinas com o mesmo defeito do modelo sujeito à medida
nacional inicial sejam retiradas do mercado ou sujeitas a certas restrições.

A pedido do Estado-Membro
O n.º 2 do artigo 9.º prevê que os Estados-Membros possam iniciar o processo
solicitando à Comissão que examine a necessidade de tomar medidas que
proíbam ou restrinjam a colocação no mercado de máquinas que apresentem o
mesmo risco devido às suas características técnicas, ou de sujeitar tais máquinas
a condições especiais.
Antes de tomar tais medidas, a Comissão deve consultar as partes interessadas.
Uma vez que as medidas não interessam apenas a um único fabricante, mas
também a todos os fabricantes de uma dada categoria de máquinas, é óbvio que
se deve consultar as organizações que representam os fabricantes de máquinas
na UE. De um modo geral, a consulta às partes interessadas é organizada no
quadro do Grupo de Trabalho Máquinas – ver §148: comentários ao artigo 22.º.
Antes de serem aprovadas, as medidas em questão, têm de ser submetidas ao
Comité Máquinas em conformidade com o procedimento de regulamentação com
controlo – ver §147: comentários ao n.º 3 do artigo 22.º.

101
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 10.º
Procedimento de oposição a uma norma harmonizada
Sempre que um Estado-Membro ou a Comissão considere que uma norma
harmonizada não satisfaz inteiramente os requisitos essenciais de saúde e de
segurança por ela abrangidos tal como enunciados no anexo I, a Comissão ou o
Estado-Membro submete a questão à apreciação do comité criado pela Diretiva
98/34/CE, expondo as suas razões. O comité emite um parecer com carácter de
urgência. Face ao parecer do comité, a Comissão toma uma decisão de publicação,
de não publicação, de publicação com restrições, de manutenção, de manutenção
com restrições ou de supressão das referências à norma harmonizada em questão no
Jornal Oficial da União Europeia.

§119 Objecções formais a normas harmonizadas


A aplicação de normas harmonizadas cujas referências sejam publicadas no
Jornal Oficial da União Europeia confere uma presunção da conformidade com os
requisitos essenciais de segurança e saúde por elas abrangidas – ver §110:
comentários ao n.º 2 do artigo 7.º. Contudo, de acordo com os artigos 10.º e 11.º,
a presunção de conformidade pode ser contestada:
 O artigo 10.º determina que o Estado-Membro ou a Comissão informe o
comité responsável pela Diretiva 98/34/CE 87 se uma norma harmonizada
não satisfizer adequadamente os requisitos essenciais de segurança e
saúde que abrange.
 Se o procedimento de salvaguarda previsto no artigo 11.º for usado e o
Estado-Membro em questão considerar que a não conformidade da
máquina sujeita à medida restritiva se deve a uma lacuna numa norma
harmonizada aplicada pelo fabricante, a norma em questão também será
comunicada ao Comité da Diretiva 98/34/CE – ver §124: comentários ao n.º
4 do artigo 11.º.
Para evitar estas objecções formais, aconselha-se os Estados-Membros a
acompanhar o desenvolvimento das normas harmonizadas e transmitirem as suas
preocupações ao CEN e ao CENELEC antes de as normas serem aprovadas. Do
mesmo modo, aconselha-se os organismos de normalização a terem em conta as
preocupações dos Estados-Membros quando desenvolverem e aprovarem as
normas harmonizadas.
Apenas os Estados-Membros e a Comissão podem apresentar uma objecção
formal contra uma norma harmonizada. Caso outras partes interessadas
considerem que uma norma harmonizada contém lacunas graves, podem
transmiti-lo às autoridades nacionais ou à Comissão, solicitando que tomem as
devidas medidas.

87
Diretiva 98/34/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de Junho de 1998, relativa a
um procedimento de informação no domínio das normas e regulamentações técnicas e das regras,
alterada pelas Diretivas 98/48/CE e 2006/96/CE. Está disponível uma versão consolidada da
diretiva em:
http://eurlex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CONSLEG:1998L0034:20070101:EN:PDF

102
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§120 Procedimento para objecções formais


A objecção formal pode ser apresentada quando a norma harmonizada for
aprovada pelo Organismo Europeu de Normalização e a sua referência for
comunicada à Comissão com vista a ser publicada no Jornal Oficial da União
Europeia, ou em qualquer momento após a publicação da referência no referido
Jornal.
A objecção formal deve ser comunicada pelo Estado-Membro à Comissão através
da sua Representação Permanente junto da União Europeia, indicando a
referência da norma em questão, as especificações consideradas anómalas e as
razões da objecção. O Comité da Diretiva 98/34/CE desenvolveu um formulário
tipo para esse fim.
A objecção formal é discutida primeiro no âmbito do Grupo de Trabalho Máquinas
– ver §148: comentários ao artigo 22.º - onde os restantes Estados-Membros, os
representantes do CEN ou do CENELEC e outras partes interessadas são
convidados a expressar as suas opiniões. O resultado da discussão é
comunicado pela Comissão ao Comité da Diretiva 98/34/CE que, em seguida, é
consultado sobre um projeto de Decisão da Comissão. A Comissão aprova a
Decisão e publica-a na série L do Jornal Oficial da União Europeia.

§121 Resultados de uma objecção formal


A Decisão da Comissão sobre uma objecção formal a uma norma harmonizada
reveste-se de várias formas:
 Se a objecção formal não se confirmar, a Comissão aprova uma Decisão
de publicar a referência da norma no JOUE, ou de manter a referência da
norma no JOUE se já tiver sido publicada;
 Se a objecção formal se confirmar, a Comissão pode decidir não publicar a
referência da norma no JOUE, ou retirá-la se já tiver sido publicada;
 Se as lacunas da norma afectarem apenas certas especificações e o resto
da norma for considerada adequada, a Comissão pode decidir publicar a
referência da norma no JOUE (manter a referência da norma no JOUE se
já tiver sido publicada), com um aviso a limitar a presunção de
conformidade conferida pela aplicação da norma.
Quando a referência de uma norma harmonizada é publicada no JOUE com um
aviso a limitar a presunção de conformidade, tal implica que a aplicação das
especificações da norma que não estejam sujeitas à limitação continua a conferir
uma presunção de conformidade com os requisitos essenciais de segurança e
saúde abrangidos por essas especificações. Contudo, para cumprir os requisitos
que não são satisfeitos pela norma, o fabricante deve realizar uma avaliação total
dos riscos, adoptar medidas de proteção adequadas para lidar com os perigos em
questão e justificar a sua escolha no processo técnico – ver §392: comentários à
alínea a) do ponto 1 da parte A do anexo VII .
Quando a Comissão aprova uma Decisão de não publicar a referência de uma
norma no JOUE, de retirar uma referência de uma norma do JOUE ou de publicar
ou manter a referência de uma norma no JOUE com uma limitação, a Comissão
dá um mandato ao Organismo Europeu de Normalização para rever a norma em
questão de modo a remediar as lacunas identificadas.

103
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 11.º
Cláusula de salvaguarda
1. Sempre que um Estado-Membro verifique que uma máquina, abrangida pela
presente diretiva, que ostenta a marcação CE, acompanhada da declaração CE
de conformidade e utilizada de acordo com o fim a que se destina ou em
condições razoavelmente previsíveis, pode comprometer a saúde e a segurança
das pessoas e eventualmente dos animais domésticos ou dos bens, toma todas as
medidas adequadas para retirar essa máquina do mercado, proibir a sua
colocação no mercado e/ou a sua entrada em serviço ou restringir a sua livre
circulação.
...
§122 Cláusula de salvaguarda
A cláusula de salvaguarda está prevista no parágrafo 10 do artigo 95.º do Tratado
CE (agora artigo 114.º do TFUE) no qual se baseia a Diretiva Máquinas – ver §2:
comentários às citações:"
“As medidas de harmonização acima referidas compreenderão, nos casos
adequados, uma cláusula de salvaguarda que autorize os Estados-Membros a
tomarem, por uma ou mais razões não económicas previstas no artigo 30.º, medidas
provisórias sujeitas a um processo de controlo da União”.
O artigo 11.º refere o procedimento a seguir quando as autoridades de vigilância
do mercado de um Estado-Membro se apercebem de que a presunção de
conformidade conferida pela marcação CE e a declaração CE de conformidade
não é fundamentada – ver §109: comentários ao n.º 1 do artigo 7.º.
O procedimento de salvaguarda referido no artigo 11.º aplica-se a máquinas no
sentido amplo, por outras palavras, pode ser aplicado a qualquer um dos produtos
enumerados nas alíneas a) a f) do n.º 1 do artigo 1.º. Não se aplica às quase-
máquinas.
Quando se verifica que uma máquina não cumpre com os requisitos de saúde e
segurança aplicáveis apesar de ter a marcação CE, o Estado-Membro deverá em
primeiro lugar contactar o fabricante, o seu mandatário ou a pessoa responsável
pela colocação da máquina no mercado e exigir que o produto seja colocado em
conformidade ou retirado do mercado no período de tempo determinado pelas
autoridades de vigilância do mercado – ver §78 a §84: comentários às
alíneas i) e j) do artigo 2.º e §100: comentários ao artigo 4.º.
Se o produto for colocado em conformidade ou retirado do mercado
voluntariamente, não haverá necessidade de recorrer às medidas restritivas
referidas no n.º 1 do artigo 11.º e, por conseguinte, não haverá fundamentos
jurídicos para recorrer ao procedimento de salvaguarda. No entanto, se a
máquina em causa apresentar um risco grave, o Regulamento (CE) N.° 765/2008
exige que o respectivo Estado-Membro informe a Comissão e os restantes
Estados-Membros sobre a medida tomada utilizando o sistema RAPEX. 88
Nos casos em que a medida de correção é tomada pelo fabricante, é importante
que o respectivo Estado-Membro informe as autoridades de vigilância do mercado
88
Consultar os artigos 20.º e 22.º do Regulamento (CE) N.º 765/2008 do Parlamento Europeu e do
Conselho de 9 de Julho de 2008 que estabelece os requisitos para acreditação e vigilância de
mercado relacionados com a comercialização de produtos e que revoga o Regulamento (CEE) N.º
339/93 – JO L 218 de 13.8.2008, p.30.

104
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

dos restantes Estados-Membros para assegurar que as medidas de correção


necessárias sejam aplicadas em toda a UE – ver §100: comentários ao artigo 4.º.
Esta informação pode ser transmitida no âmbito do Grupo da Cooperação
Administrativa (ADCO) Máquinas – ver §144: comentários ao artigo 19.º. O artigo
23.º do Regulamento (CE) N.° 765/2008 prevê o estabelecimento de um sistema
geral de informação de apoio na UE com este propósito.
Se a não conformidade sujeita a medida de correção tomada pelo fabricante
resultar de uma deficiência numa norma harmonizada aplicada, o Estado-Membro
também terá de tomar medidas em relação à norma harmonizada, se necessário
através de um procedimento formal de oposição – ver §119 a §121: comentários
ao artigo 10.º.
Se não forem tomadas medidas voluntárias para colocar o produto em
conformidade dentro do período de tempo determinado pelas autoridades de
vigilância do mercado e, se a não conformidade puder colocar em perigo a saúde
e a segurança de pessoas ou, eventualmente de animais domésticos ou bens,
deverá seguir-se o procedimento de salvaguarda previsto no artigo 11.º.
O n.º 1 do artigo 11.º descreve as medidas a tomar pelas autoridades nacionais
de vigilância do mercado. As medidas podem incluir a suspensão ou proibição da
colocação no mercado das máquinas e/ou a sua entrada em serviço, ou submeter
estas operações a determinadas restrições. O tipo e o conteúdo das medidas é
um assunto do respectivo Estado-Membro, mas as medidas devem ser suficientes
para proteger a saúde e a segurança das pessoas e proporcionais ao risco
envolvido.
De acordo com o n.º 3 do artigo 21.º do Regulamento (CE) N.° 765/2008, antes de
se tomarem tais medidas, deve ser dada às partes interessadas a oportunidade
de expressarem os seus pontos de vista, a não ser que tal não seja possível
devido a urgência das medidas. Se forem tomadas medidas sem que as partes
interessadas sejam ouvidas, deve-lhes ser concedida, assim que possível, a
oportunidade de exprimirem os seus pontos de vista.
De acordo com o artigo 20.º do Regulamento, no caso de máquinas que
apresentam riscos graves e exigem uma intervenção rápida, os Estados-Membros
também podem mandar recolher as máquinas já colocadas no mercado, tanto na
cadeia de distribuição como em serviço, de forma a proteger a saúde e a
segurança dos utilizadores.
A medida tomada pelo Estado-Membro ao abrigo do n.º 1 do artigo 11.º deve
especificar os motivos exatos nos quais se baseia e deve ser notificada, assim
que possível, à parte interessada, que também deve ser informada dos recursos
jurídicos disponíveis – ver §145: comentários ao artigo 20.º.
A decisão tomada pelo Estado-Membro é publicada – ver §143: comentários ao
n.º 3 do artigo 18.º.

105
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 11.º (continuação)


...
2. O Estado-Membro informa imediatamente a Comissão e os restantes Estados-
Membros de tais medidas, indicando os fundamentos da sua decisão, em
especial se a não conformidade resultar de:
a) Incumprimento dos requisitos essenciais referidos na alínea a) do n.º 1 do
artigo 5.º;
b) Aplicação incorreta das normas harmonizadas referidas no n.º 2 do artigo
7.º;
c) Lacuna das próprias normas harmonizadas referidas no n.º 2 do artigo 7.º.
3. A Comissão consultará as partes interessadas o mais depressa possível.
Concluída a consulta, a Comissão verifica se as medidas tomadas pelo Estado-
Membro são ou não justificadas, e informa o Estado-Membro que tomou a
iniciativa, os restantes Estados-Membros e o fabricante ou o seu mandatário.
...
§123 Procedimento de salvaguarda
Os n.º 2 e n.º 3 do artigo 11.º referem o procedimento a seguir ao nível da UE
quando é tomada uma medida nacional ao abrigo do n.º 1 do artigo 11.º.
A Comissão Europeia será notificada da medida pelo respectivo Estado-Membro,
indicando as razões da mesma. A notificação é transmitida à Comissão pela
Representação Permanente do respectivo Estado-Membro. Ao mesmo tempo,
deve informar os restantes Estados-Membros. A informação pode ser transmitida
através do grupo ADCO Máquinas utilizando o sistema CIRCA – ver §146:
comentários sobre o artigo 21.º. O grupo ADCO Máquinas desenvolveu um
formulário especial para ajudar os Estados-Membros a transmitir a informação
necessária.
A notificação deverá indicar claramente os requisitos essenciais de saúde e
segurança que a máquina não cumpre e explicar a natureza dos riscos que estas
não conformidades podem causar. Se as autoridades de vigilância do mercado
tiverem avaliado a conformidade da máquina em relação a especificações de uma
norma harmonizada, as cláusulas pertinentes da norma harmonizada também
devem ser indicadas.
Para permitir que a Comissão prossiga com a sua investigação rapidamente, as
autoridades nacionais devem enviar todos os documentos pertinentes com a
notificação. Os documentos pertinentes podem incluir:
 fotografias ou desenhos das máquinas em questão que mostrem a
marcação CE e os respectivos defeitos;
 uma cópia da declaração CE de conformidade;
 o certificado de exame CE de tipo ou o certificado de aprovação do sistema
de garantia de qualidade total do fabricante (se aplicável);
 os elementos pertinentes do processo técnico do fabricante, se disponíveis;
 os extractos pertinentes do manual de instruções do fabricante;
 relatórios ou quaisquer ensaios ou inspeções em que a medida se baseia;
 detalhes de qualquer correspondência trocada entre as partes

106
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

interessadas, tais como o fabricante ou o seu mandatário, o importador ou


o distribuidor da máquina, ou o organismo notificado envolvido.
Posteriormente, os serviços da Comissão examinam a notificação e os
documentos de apoio e consultam as partes interessadas para decidirem se a
medida tomada pelo Estado-Membro se justifica ou não. As partes interessadas
incluem as autoridades do Estado-Membro que notificou a medida, o fabricante da
respectiva máquina ou o seu mandatário e, se aplicável, o organismo notificado
envolvido na avaliação da conformidade da máquina. Se assim o pretenderem, as
partes interessadas terão a oportunidade de reunir com os serviços da Comissão
para apresentar as suas observações.
Se necessário, a Comissão pode solicitar a opinião de um perito independente
para avaliar o processo técnico e, em alguns casos, para inspecionar a máquina
ou efetuar ensaios. Posteriormente, a Comissão adopta uma Decisão que é
transmitida ao Estado-Membro que tomou a medida inicial, aos restantes
Estados-Membros e ao fabricante ou ao seu mandatário. A Decisão da Comissão
é publicada no Jornal Oficial da União Europeia – ver §143: comentários ao n.º 3
do artigo 18.º.
Se a Comissão decidir que a medida tomada pelo Estado-Membro é justificada,
os restantes Estados-Membros tomam as medidas necessárias para assegurar a
proteção da saúde e da segurança das pessoas relativamente a máquinas não
conformes. Se, por outro lado, a Comissão decidir que a medida tomada pelo
Estado-Membro não se justifica, a medida deve ser retirada.

Artigo 11.º (continuação)


...
4. Sempre que as medidas referidas no n.º 1 se justificarem por uma lacuna das
normas harmonizadas e se o Estado-Membro que as tomou pretender mantê-las,
a Comissão ou o referido Estado-Membro instauram o procedimento previsto no
artigo 10.º.
...
§124 Lacunas das normas harmonizadas
O n.º 4 do artigo 11.º é aplicável quando a não conformidade notificada de acordo
com os nos 1 e 2 do artigo 11.º se deve a uma lacuna numa norma harmonizada
aplicada pelo fabricante. Nesse caso, além do procedimento referido no n.º 3 do
artigo 11.º, o Estado-Membro ou a Comissão deve apresentar uma objecção
formal, de acordo com o procedimento previsto no artigo 10.º – ver §119 a §121:
comentários ao artigo 10.º.

Artigo 11.º (continuação)


...
5. Sempre que uma máquina não conforme ostentar a marcação CE, o Estado-
Membro competente toma as medidas adequadas contra quem apôs a marcação,
informando desse facto a Comissão. A Comissão informa os restantes Estados-
Membros.
...
§125 Medidas contra quem apôs a marcação CE
As disposições referidas nos n.º 1 a n.º 4 do artigo 11.º referem-se às medidas a
tomar em relação a produtos que ostentam a marcação CE e que podem

107
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

comprometer a saúde e a segurança das pessoas e eventualmente dos animais


domésticos ou bens.
Além dessas medidas, o n.º 5 do artigo 11.º exige que o Estado-Membro tome as
medidas necessárias relativas à pessoa que apôs a marcação CE num produto
não conforme e que, como tal, assumiu a responsabilidade pela colocação do
produto no mercado ou em serviço – ver §141: comentários ao artigo 16.º. Tal
pessoa pode ser o fabricante, o seu mandatário ou outra pessoa responsável pela
colocação do produto no mercado que é considerada como um fabricante – ver
§78 a §81: comentários à alínea i) do artigo 2.º.
Os Estados-Membros determinam a medida adequada a tomar de acordo com as
disposições da Diretiva Máquinas em vigor na lei nacional. Em geral, as
autoridades de vigilância do mercado devem em primeiro lugar exigir ao
fabricante ou ao seu mandatário que tome as medidas necessárias para eliminar
a não conformidade. Se as medidas necessárias não forem tomadas dentro do
período de tempo determinado pelas autoridades de vigilância do mercado,
aplicam-se as sanções adequadas – ver §150: comentários ao artigo 23.º.
Nestes casos, os Estados-Membros informam a Comissão e a Comissão informa
os restantes Estados-Membros. Para este efeito, é utilizado o sistema geral de
informação de apoio previsto no artigo 23.º do Regulamento (CE) N.º 765/2008.
Para não conformidades relacionadas com a marcação CE ou a declaração CE
de conformidade – ver §142: comentários ao artigo 17.º.

Artigo 11.º (continuação)


...
6. A Comissão assegura que os Estados-Membros são mantidos informados da
evolução e dos resultados do processo.

§126 Informações relativas a procedimentos de salvaguarda


De acordo com o n.º 6 do artigo 11.º, a Comissão mantém os Estados-Membros
informados sobre a evolução e os resultados do procedimento de salvaguarda. A
informação pertinente será fornecida aos Estados-Membros no âmbito do Grupo
ADCO de Máquinas – ver §144: comentários ao artigo 19.º.
A decisão da Comissão é publicada no Jornal Oficial da União Europeia – ver
§143: comentários ao n.º 3 do artigo 18.º.

Artigo 12.º
Procedimentos de avaliação da conformidade das máquinas
1. Para certificar a conformidade da máquina com o disposto na presente diretiva,
o fabricante ou o seu mandatário aplica um dos procedimentos de avaliação da
conformidade descritos nos n.ºs 2, 3 e 4.
...
§127 Avaliação da conformidade das máquinas
O artigo 12.º diz respeito ao procedimento de avaliação da conformidade que
deve ser levado a cabo pelo fabricante ou o seu mandatário antes da colocação
da máquina no mercado e/ou entrada em serviço – ver §103: comentários ao n.º 1
do artigo 5.º. O procedimento de avaliação da conformidade é obrigatório, no
entanto, para determinadas categorias de máquinas, o fabricante tem a opção de

108
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

poder escolher entre diversos procedimentos alternativos. Os parágrafos que se


seguem referem as condições ao segundo as quais podem ser utilizados
diferentes procedimentos de avaliação da conformidade.

Artigo 12.º (continuação)


...
2. Sempre que a máquina não esteja referida no anexo IV, o fabricante ou o seu
mandatário aplica o procedimento de avaliação da conformidade com controlo
interno do fabrico da máquina previsto no anexo VIII.
...
§128 Categorias de máquinas que não fazem parte da lista do anexo IV
O n.º 2 do artigo 12.º refere o procedimento de avaliação da conformidade a
utilizar em todas as categorias de máquinas que não fazem parte da lista do
anexo IV. O procedimento a seguir é o procedimento de avaliação da
conformidade com controlo interno do fabrico da máquina, por vezes referido
como "Declaração de conformidade do fornecedor” ou “Atestado da primeira
parte” 89 – ver §395: comentários ao anexo VIII. Este procedimento não implica a
intervenção de um organismo notificado. No entanto, o fabricante ou o seu
mandatário pode solicitar uma opinião independente ou a assistência que
necessitar para levar a cabo a avaliação da conformidade da máquina e pode
realizar os controlos, verificações e ensaios que necessitar para avaliar por ele
próprio a conformidade da máquina ou confiá-los a um organismo competente da
sua escolha. Os relatórios técnicos pertinentes são incluídos no processo técnico
– ver §392: comentários ao sexto travessão da alínea a) do n.º 1 da parte A do
anexo VII.
Deve-se ter em conta que não existem organismos notificados para as categorias
de máquinas que não fazem parte da lista do anexo IV. Os fabricantes de
máquinas que não fazem parte do anexo IV podem solicitar aconselhamento ou
assistência aos organismos que são notificados para determinadas categorias de
máquinas do anexo IV. No entanto, nesse caso, o organismo não estará a agir
como um organismo notificado e não pode utilizar o número de identificação que
lhe foi atribuído pela Comissão em nenhum documento relacionado com tal
atividade – ver §133: comentários ao artigo 14.º.

89
O conceito de "Declaração de Conformidade do Fornecedor" é esclarecido na norma EN
ISO/IEC 17050-1:2010 – Avaliação da Conformidade – Declaração de Conformidade do
Fornecedor – Parte 1: Requisitos gerais (ISO/IEC 17050-1:2004, rectificação 2007-06-15).
Contudo a aplicação desta norma não confere presunção de conformidade com os requisitos da
Diretiva Máquinas.

109
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 12.º (continuação)


...
3. Sempre que a máquina esteja referida no anexo IV e seja fabricada respeitando
as normas harmonizadas referidas no n.º 2 do artigo 7.º, e as mesmas abranjam
todos os requisitos essenciais pertinentes de saúde e de segurança, o fabricante
ou o seu mandatário aplica um dos seguintes procedimentos:
(a) Procedimento de avaliação da conformidade com controlo interno do
fabrico da máquina, previsto no anexo VIII;
(b) Procedimento de exame CE de tipo previsto no anexo IX e ainda controlo
interno do fabrico da máquina previsto no ponto 3 do anexo VIII;
(c) Procedimento de garantia de qualidade total previsto no anexo X.
...
§129 Máquinas do Anexo IV concebidas conforme normas harmonizadas
que cobrem todos os requisitos essenciais de saúde e de segurança
aplicáveis
O n.º 3 do artigo 12.º refere os três procedimentos alternativos de avaliação da
conformidade que podem ser aplicados a categorias de máquinas da lista do
anexo IV concebidas e fabricadas de acordo com normas harmonizadas. Para se
aplicar os procedimentos referidos no n.º 3 do artigo 12.º, devem cumprir-se as
seguintes condições:
 As máquinas em questão devem fazer parte de uma ou mais normas
harmonizadas de tipo C, cujas referências tenham sido publicadas no
JOUE – ver §110: comentários ao n.º 2 do artigo 7.º;
 A(s) respectiva(s) norma(s) harmonizada(s) deve/devem cobrir todos os
requisitos essenciais de saúde e segurança aplicáveis às máquinas como
determinado pela avaliação de riscos – ver §159: comentários ao n.º1 dos
princípios gerais;
 As máquinas devem ser concebidas e fabricadas respeitando
integralmente as respectivas normas harmonizadas.
Quando estas três condições são cumpridas, o fabricante pode escolher o
procedimento referido na alínea a) do n.º 3 do artigo 12.º ou um dos
procedimentos alternativos referidos nas alíneas b) e c) do n.º 3 do artigo 12.º.
O procedimento referido na alínea a) do n.º 3 do artigo 12.º - avaliação da
conformidade com controlo interno do fabrico da máquina - é idêntico ao
procedimento referido no n.º 2 do artigo 12.º aplicável a categorias de máquinas
que não fazem parte da lista do anexo IV.
O procedimento referido na alínea b) do n.º 3 do artigo 12.º requer que o
fabricante submeta o modelo da máquina a um exame CE de tipo realizado por
um organismo notificado de forma a assegurar o cumprimento com os RESS
aplicáveis. A conformidade das máquinas fabricadas posteriormente de acordo
com o modelo examinado pelo organismo notificado é, depois, avaliada pelo
próprio fabricante por meio de controlos internos – ver §396 a §400: comentários
ao Anexo IX e §395: comentários ao n.º 3 do anexo VIII.
O procedimento previsto na alínea c) do n.º 3 do artigo 12.º requer que o
fabricante tenha um sistema de garantia de qualidade total que cubra a
concepção, o fabrico, a inspeção final e os ensaios da máquina. O sistema deve

110
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ser avaliado e aprovado por um organismo notificado para garantir que é


adequado para assegurar a concepção e o fabrico da máquina em conformidade
com os RESS aplicáveis. O organismo notificado também deve controlar a correta
aplicação do sistema de garantia de qualidade total – ver §401 a §407:
comentários ao anexo X.
O fabricante ou o seu mandatário na UE pode requerer um exame CE de tipo de
um modelo de máquina ou a avaliação de um sistema de garantia de qualidade
total a qualquer organismo notificado da sua escolha na UE, desde que este
esteja notificado para o procedimento de avaliação da conformidade e para a
categoria da máquina em questão– ver §133: comentários ao artigo 14.º. No
entanto, só se pode apresentar um pedido de exame CE de tipo para um
determinado modelo de máquina ou um pedido de avaliação de um determinado
sistema de garantia de qualidade total a um único organismo notificado – ver
§397: comentários ao ponto 2.1 do anexo IX, e §402: comentários ao ponto 2.1 do
anexo X.
Um certificado de exame CE de tipo ou uma decisão a aprovar um sistema de
garantia de qualidade total emitido por um organismo notificado é válido em toda
a UE.

Artigo 12.º (continuação)


...
4. No caso de a máquina estar referida no anexo IV e ter sido fabricada não
respeitando ou respeitando apenas parcialmente as normas harmonizadas
referidas no n.º 2 do artigo 7.º, ou se as normas harmonizadas não abrangerem
todos os requisitos essenciais pertinentes de saúde e de segurança ou se não
existirem normas harmonizadas para a máquina em questão, o fabricante ou o
seu mandatário aplica um dos seguintes procedimentos:
(a) Procedimento de exame CE de tipo previsto no anexo IX e ainda controlo
interno do fabrico da máquina previsto no ponto 3 do anexo VIII;
(b) Procedimento de garantia de qualidade total previsto no anexo X.

§130 Outras máquinas do Anexo IV


O n.º 4 do artigo 12.º refere os 2 procedimentos de avaliação da conformidade
que podem ser aplicados em categorias de máquinas que fazem parte da lista do
anexo IV, quando uma ou mais das três condições para a aplicação do n.º 3 do
artigo 12.º não são cumpridas. Consequentemente, os procedimentos referidos no
n.º 4 do artigo 12.º aplicam-se nos casos que se seguem:
 Se não existirem normas harmonizadas que cubram o respectivo tipo de
máquina;
 Se as normas harmonizadas aplicadas pelo fabricante não cobrirem todos
os requisitos essenciais de saúde e de segurança aplicáveis à respectiva
máquina;
 Se o fabricante da respectiva máquina não tiver aplicado ou tiver aplicado
apenas parcialmente as normas harmonizadas pertinentes.
Em tais casos, não se pode utilizar o procedimento para a avaliação da
conformidade com controlo interno do fabrico da máquina e, por conseguinte,

111
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

deve seguir-se um dos dois procedimentos que envolvem um organismo


notificado.

Artigo 13.º
Procedimento para quase-máquinas
1. O fabricante de uma quase-máquina, ou o seu mandatário, antes da respectiva
colocação no mercado, assegura:
(a) A preparação da documentação técnica relevante descrita na parte B do
anexo VII;
(b) A preparação do manual de montagem descrito no anexo VI;
(c) A elaboração da declaração de incorporação descrita na secção B da parte
1 do anexo II.
2. O manual de montagem e a declaração de incorporação acompanham a quase-
máquina até esta ser incorporada na máquina final e fazer parte do processo
técnico da máquina acabada.

§131 Procedimento para quase-máquinas


O n.º 1 do artigo 13.º refere o procedimento a seguir para a colocação no
mercado de quase-máquinas referidas na alínea g) do n.º 1 do artigo 1.º – ver
§384 e §385: comentários à parte B do ponto 1 do anexo II, §390: comentários ao
anexo VI e §394: comentários à parte B do anexo VII.
O n.º 2 do artigo 13.º pretende assegurar que o manual de montagem e a
declaração de incorporação redigidos pelo fabricante de quase-máquinas são
disponibilizados ao fabricante da máquina final na qual a quase-máquina é
incorporada, para que possa seguir o manual de montagem e o possa incluir
juntamente com a declaração de incorporação no processo técnico da máquina
final – ver §392: comentários ao oitavo travessão da alínea a) do n.º 1 da parte A
do anexo VII.
Em geral, isto implica que se forneça uma declaração de incorporação e uma
cópia do manual de montagem com cada quase-máquina. No entanto, nos casos
em que o fabricante de quase-máquinas fornece um lote de produtos idênticos a
um fabricante identificado de máquinas finais, não é necessário que o fabricante
das quase-máquinas entregue a declaração de incorporação e o manual de
montagem com todas as quase-máquinas, basta certificar-se que o fabricante da
máquina final recebeu estes documentos na primeira entrega de produtos
pertencentes ao lote e que deixe claro que a declaração de incorporação e o
manual de montagem se aplicam a todas as quase-máquinas pertencentes ao
lote.

112
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§132 Diagrama dos procedimentos para colocação de máquinas e quase-


máquinas no mercado

O diagrama que se segue resume os procedimentos previstos nos artigos 12.º e


13.º:

Máquinas: Quase-máquinas:

Artigo 1.°, n.° 1., Artigo 1.°, n.°1.,


alineas a) a f) alinea g)

Categorias de máquinas Processo técnico Categorias de máquinas Documentação técnica


Anexo VII A relevante
que não constam do que constam do Anexo VII B
Anexo IV Manual de instruções Anexo IV Manual de montagem
Anexo VI

Concebidas totalmente Não foram totalmente


conforme normas concebidas conforme
harmonizadas normas harmonizadas
que cobrem todos os que cobrem todos os
RESS aplicáveis RESS aplicáveis

Avaliação da Exame de tipo CE


conformidade com Garantia de qualidade Anexo IX
controlo interno do total + controlo interno do
fabrico Anexo X fabrico
Anexo VIII Anexo VIII 3

Declaração CE
de Conformidade Declaração de Incorporação

Anexo II 1 A Anexo II 1 B

Marcação CE
Artigo 16.°
Anexo III

 Não existem normas harmonizadas, as normas harmonizadas não cobrem todos os RESS aplicáveis ou as normas
harmonizadas não são aplicadas ou são apenas parcialmente aplicadas .

Código de cores: Categoria do produto Documentos Procedimento Declaração – marcação

113
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 14.º
Organismos Notificados
1. Os Estados-Membros devem notificar a Comissão e os outros Estados-Membros
dos organismos que tiverem designado para executar a avaliação da
conformidade com vista à colocação no mercado prevista nos n.os 3 e 4 do
artigo 12.º, bem como dos procedimentos específicos de avaliação da
conformidade e das categorias de máquinas para as quais esses organismos
tiverem sido designados e dos números de identificação que lhes tiverem sido
previamente atribuídos pela Comissão. Os Estados-Membros notificarão a
Comissão e os outros Estados-Membros de qualquer alteração subsequente.
2. Os Estados-Membros asseguram que os organismos notificados são
regularmente controlados no que concerne ao respeito constante dos critérios
previstos no anexo XI. Quando solicitado, o organismo notificado coloca à
disposição dos Estados-Membros todas as informações necessárias, incluindo
documentação orçamental, para que estes possam verificar se os requisitos
previstos no anexo XI são cumpridos.
3. Os Estados-Membros aplicam os critérios referidos no anexo XI para a
avaliação dos organismos a notificar e dos já notificados.
4. A Comissão publica no Jornal Oficial da União Europeia, para informação,
uma lista dos organismos notificados, a qual inclui os respectivos números de
identificação e as tarefas para que foram notificados. A Comissão assegura a
atualização dessa lista.
5. Presume-se que os organismos que satisfazem os critérios de avaliação
previstos nas normas harmonizadas pertinentes, cujas referências são
publicadas no Jornal Oficial da União Europeia, preenchem os critérios
pertinentes.
...
§133 Organismos Notificados
O artigo 14.º refere as disposições relacionadas com os organismos notificados.
Os organismos notificados são organismos de avaliação da conformidade,
terceiros, independentes, aos quais são confiados os procedimentos de avaliação
da conformidade referidos no n.º 3 e n.º4 do artigo 12.º para as categorias de
máquinas que fazem parte da lista do Anexo IV. O termo "notificado" designa o
facto de tais organismos serem notificados pelos Estados-Membros à Comissão
e aos restantes Estados-Membros. Antes de um organismo de avaliação da
conformidade ser notificado, é-lhe atribuído um número de identificação (com 4
dígitos) pela Comissão. Cada organismo tem um único número de identificação e
pode ser notificado ao abrigo de uma ou várias diretivas da UE.
Na Diretiva Máquinas, os organismos só podem ser notificados para avaliação da
conformidade das categorias de máquinas presentes no anexo IV. Os organismos
notificados também podem providenciar serviços de avaliação da conformidade
aos fabricantes de outras categorias de máquinas, mas nestes casos devem
deixar claro aos seus clientes que não estão a agir na qualidade de organismos
notificados e não devem utilizar o número de identificação que lhes foi atribuído
pela Comissão em nenhum documento relacionado com esta atividade – ver
§128: comentários ao n.º 2 do artigo 12.º.
A avaliação, designação e controlo dos organismos notificados é da exclusiva

114
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

responsabilidade dos Estados-Membros.


A notificação é levada a cabo utilizando o sistema de informação online da
Comissão, NANDO (New Approach Notified and Designated Organisations). Este
sítio da internet coloca à disposição uma lista de todos os organismos notificados
europeus, assim como dos organismos de países terceiros designados ao abrigo
de acordos como Acordos de Reconhecimento Mútuo (ARM), o Acordo do Espaço
Económico Europeu (EEE) e os Acordos sobre a Avaliação da Conformidade e
Aceitação de Produtos Industriais (AACA).
Ao notificar um organismo para a avaliação da conformidade ao abrigo da Diretiva
Máquinas, a autoridade notificadora do respectivo Estado-Membro deve indicar a
categoria da máquina para a qual o organismo foi nomeado. Um organismo
notificado pode ser nomeado para avaliar a conformidade de uma ou mais das
categorias de máquinas presentes no anexo IV.
A notificação também deve indicar para que procedimento(s) de avaliação o
organismo foi nomeado. Um organismo notificado pode ser nomeado para um ou
ambos dos seguintes procedimentos referidos no artigo 12.:
 o procedimento de exame CE de tipo – alínea b) do n.º 3 do artigo 12.º e
alínea a) do n.º 4 do artigo 12.º – anexo IX;
 o procedimento de garantia de qualidade total – alínea c) do n.º 3 do artigo
12.º e alínea b) do n.º 4 do artigo 12.º – anexo X.
Antes de apresentar um pedido de avaliação da conformidade a um organismo
notificado, é importante verificar no NANDO se esse organismo notificado foi
notificado ao abrigo da Diretiva Máquinas para a respectiva categoria de
máquinas e procedimento de avaliação da conformidade – ver §129: comentários
ao n.º 3 do artigo 12.º.

§134 Avaliação e controlo dos organismos notificados


O n.º 3 do artigo 14.º faz referência aos critérios do Anexo XI a utilizar para a
avaliação dos organismos a notificar – ver §408: comentários ao Anexo XI. Os
Estados-Membros são fortemente incentivados a utilizar a acreditação como um
meio para avaliar os organismos notificados. O Regulamento (CE) N.º 765/2008
requer que cada Estado-Membro designe um único organismo de acreditação
para avaliar se os organismos de avaliação são competentes para executar
atividades específicas de avaliação da conformidade. Cada organismo nacional
de acreditação está sujeito a um sistema de avaliação pelos pares organizado
pela Cooperação Europeia para a Acreditação (EA). 90
O n.º 5 do artigo 14.º faz referência às normas harmonizadas pertinentes que
podem ser utilizadas para avaliar os organismos notificados. As normas
harmonizadas pertinentes são EN ISO/CE 17020, 17021 e 17025. 91

90
Regulamento (CE) N.º 765/2008 – Artigos 3.º a 14.º.
91
EN ISO/IEC 17020:2004 – Critérios gerais para o funcionamento de diferentes tipos de
organismos de inspeção (ISO/IEC 17020:1998);
EN ISO/IEC 17021:2006 – Avaliação da conformidade — Requisitos para organismos que
procedem à auditoria e certificação de sistemas de gestão (ISO/IEC 17021:2006);
EN ISO/IEC 17025:2005 – Requisitos gerais de competência para laboratórios de ensaio e
calibração (ISO/IEC 17025:2005) – EN ISO/IEC 17025:2005/AC:2006;
- consultar Comunicação da Comissão no âmbito da execução do Regulamento (CE) N.º 765/2008
do Parlamento Europeu e do Conselho, Decisão 768/2008/EC do Parlamento Europeu e do

115
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

De acordo com o n.º 2 do artigo 14.º os Estados-Membros também devem


controlar os organismos notificados de forma a assegurar que continuam a
preencher os critérios previstos no anexo XI. Normalmente, quando a acreditação
é utilizada na avaliação inicial de um organismo notificado, é concedida por um
período de tempo limitado. Por isso, o controlo do organismo notificado pode ser
levado a cabo através de auditorias periódicas com vista à renovação da
acreditação.

Artigo 14.º (continuação)


...
6. Se um organismo notificado constatar que um fabricante não satisfaz ou deixou
de satisfazer os requisitos pertinentes estabelecidos na presente diretiva, ou que
não deveria ter sido emitido um certificado de exame CE de tipo ou a aprovação
de um sistema de garantia de qualidade, esse organismo, observando o
princípio de proporcionalidade, suspende, retira ou submete a restrições o
certificado ou aprovação emitida, fundamentando detalhadamente a sua
decisão, excepto se o fabricante garantir o respeito dos referidos requisitos
através de medidas de correção adequadas.
O organismo notificado informa a entidade competente prevista no artigo 4.º em
caso de suspensão, retirada ou imposição de restrições do certificado ou da
aprovação, ou no caso de ser necessária a intervenção da própria entidade
competente. O Estado-Membro informa imediatamente os restantes Estados-
Membros e a Comissão desse facto. Deve prever-se um processo de recurso.
...
§135 Retirada de certificados ou decisões emitidos pelos organismos
notificados
O n.º 6 do artigo 14.º refere as obrigações de um organismo notificado nos casos
seguintes:
 O organismo notificado é informado que as máquinas colocadas no
mercado com certificado de exame CE de tipo ou decisão de aprovação do
sistema de garantia de qualidade total do fabricante não cumprem os
requisitos essenciais de saúde e de segurança aplicáveis ou são seguras
perigosas.
Isto pode acontecer, por exemplo, se a máquina em questão estiver sujeita
a uma medida notificada segundo o procedimento de salvaguarda ao
abrigo do artigo 11.º ou a uma medida tomada para lidar com máquinas
potencialmente perigosas ao abrigo do artigo 9.º.
 O organismo notificado é informado que o fabricante não está a cumprir as
suas obrigações segundo um sistema de garantia de qualidade total
aprovado.
Isto pode acontecer, por exemplo, no seguimento de uma auditoria
periódica do sistema de garantia de qualidade total ou de uma inspeção
não anunciada para verificar o correto funcionamento do mesmo – ver
§406: comentários ao n.º 3 do anexo X.

Conselho, Regulamento (CE) N.º 761/2001 do Parlamento Europeu e do Conselho (Publicação de


títulos e referências das normas harmonizadas) – JO C136 de 16.6.2009, p. 8.

116
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

As medidas a tomar pelo organismo notificado nestes casos dependem da


gravidade da não conformidade e dos riscos envolvidos. No entanto, se o
fabricante não tomar as medidas corretivas adequadas no período de tempo
concedido, o certificado de exame CE de tipo ou a decisão de aprovação de um
sistema de garantia de qualidade total devem ser suspensos ou retirados.
Quando é suspenso ou retirado um certificado ou uma decisão de aprovação, o
organismo notificado deve informar as autoridades de vigilância do mercado do
Estado-Membro a que pertencem para que possam tomar as medidas
necessárias para lidar com máquinas não conformes ou perigosas. As
autoridades nacionais informam os restantes Estados-Membros e a Comissão
sobre a necessidade de tomar uma medida relativamente a máquinas que se
encontram fora do seu território e que não estão conformes ou são perigosas.
O terceiro parágrafo do n.º 6 do artigo 14.º determina a disponibilidade de um
processo de recurso. Um fabricante deve poder recorrer contra uma decisão de
recusa de emissão, suspensão, retirada ou não renovação de um certificado de
exame CE de tipo de um organismo notificado - ver §399 e §400: comentários aos
n.os 5 e 9 do anexo IX. O fabricante também deve poder recorrer contra uma
decisão de não aprovação de um sistema de garantia de qualidade total, ou de
retirada, suspensão ou imposição de restrições a essa decisão – ver §404 e §406:
comentários aos n.os 2.3 e 3 do anexo X. Em primeiro lugar, o fabricante deve
fazer um pedido fundamentado ao organismo notificado para rever a sua decisão.
Caso este seja reprovado e o fabricante continue em desacordo com a decisão,
pode interpor recurso. O tipo de recurso e o procedimento a seguir depende das
disposições nacionais que regulamentam a atividade dos organismos notificados.

Artigo 14.º (continuação)


...
7. A Comissão organiza o intercâmbio de experiências entre as entidades
responsáveis pela designação, notificação e controlo dos organismos
notificados nos Estados-Membros e os organismos notificados, a fim de
coordenar a aplicação uniforme da presente diretiva.
...
§136 Intercâmbio de experiências entre as autoridades de notificação
O intercâmbio de experiências entre as autoridades responsáveis pela avaliação e
controlo dos organismos notificados previsto no n.º 7 do artigo 14.º é organizado
no âmbito do Grupo de Trabalho Máquinas – ver §148: comentários ao artigo 22.º.

§137 A coordenação dos organismos notificados


O intercâmbio de experiências entre os organismos notificados efetua-se no
âmbito de uma Coordenação Europeia de Organismos Notificados para
Máquinas, ON-M. A ON-M tem por objectivo debater problemas originados no
decorrer dos procedimentos de avaliação da conformidade e harmonizar as
práticas dos organismos notificados. Em determinados casos, os organismos
notificados são representados por um grupo de coordenação nacional
estabelecido no seu país. A participação em atividades de coordenação é um dos
critérios para a notificação de organismos – ver §408: comentários ao anexo XI.
A ON-M está dividida num determinado número de grupos que abrangem as
diferentes categorias de máquinas presentes no anexo IV. Estes são designados
Grupos Verticais (VG).

117
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Atualmente existem 12 VG que se reúnem conforme necessário para tratar os


seguintes tópicos:

VG1 Máquinas para trabalhar madeira


VG2 Máquinas para a indústria alimentar que constam do Anexo IV
VG3 Prensas para o trabalho a frio de metais
VG4 Máquinas de moldar por injeção ou por compressão
VG5 Máquinas destinadas a trabalhos subterrâneos
VG6 Veículos de recolha de resíduos
VG7 Dispositivos amovíveis de transmissão
VG8 Plataformas elevatórias para veículos
VG9 Aparelhos de elevação de pessoas
VG11 Componentes de segurança
VG12 ROPS e FOPS
VG13 Garantia de qualidade total

Além disso, a ON-M tem um Comité Horizontal que supervisiona e coordena o


trabalho dos Grupos Verticais e trata de assuntos comuns a todos os organismos
notificados. O Comité Horizontal reúne-se duas vezes por ano, presidido por um
representante eleito de um dos organismos notificados. Nestas reuniões
comparecem, na qualidade de observadores, representantes da Comissão
Europeia e de três Estados-Membros eleitos pelo Grupo de Trabalho Máquinas.
A Comissão Europeia contribui para o funcionamento da ON-M financiando o
secretariado técnico, que prepara os trabalhos do Grupo e o secretariado
administrativo, que organiza as reuniões e gere a circulação de documentos.
A ON-M adopta as designadas "Recomendações de Utilização" (RfU), que
providenciam as respostas acordadas às questões discutidas nos Grupos
Verticais. Em geral, as RfU são estabelecidas sempre que não haja uma norma
harmonizada pertinente ou quando a norma harmonizada pertinente não disponha
de uma resposta suficientemente precisa a uma determinada questão. As RfU são
retiradas quando uma norma harmonizada pertinente é adoptada ou
adequadamente revista. As RfU são aprovadas pelo Comité Horizontal da ON-M e
são, em seguida, transmitidas ao Grupo de Trabalho Máquinas para aprovação.
As RfU aprovadas pelo Grupo de Trabalho Máquinas são publicadas no sítio da
internet EUROPA da Comissão. As RfU não são juridicamente vinculativas, mas
assim que são acordadas pela ON-M e aprovadas pelo Grupo de Trabalho
Máquinas, passam a ser consideradas como uma referência relevante para
assegurar a aplicação uniforme da Diretiva Máquinas pelos ON.

Artigo 14.º (continuação)


...
8. Um Estado-Membro que tenha notificado um organismo retira de imediato a
sua notificação se verificar:
(a) Que esse organismo deixou de preencher os critérios previstos no anexo
XI; ou
(b) Que esse organismo não cumpre, de forma grave, as suas
responsabilidades.
Desse facto informa imediatamente a Comissão e os outros Estados-Membros.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§138 Retirada de notificação


O n.º 8 do artigo 14.º obriga os Estados-Membros a retirar a sua notificação de
um organismo que já não satisfaça os critérios previstos no anexo XI ou que
apresente falhas graves no cumprimento das suas responsabilidades. A
obrigação de retirar uma notificação que já não se justifica é uma consequência
da obrigação dos Estados-Membros em controlar a atividade dos organismos que
notificaram, para assegurar que estes estão a cumprir corretamente as suas
tarefas – ver §134: comentários ao n.º 2 do artigo 14.º.

Artigo 15.º
Instalação e utilização das máquinas
A presente diretiva não prejudica a faculdade de os Estados-Membros preverem, no
respeito pelo direito comunitário, os requisitos que considerem necessários para
garantir a proteção das pessoas e, em especial, dos trabalhadores, quando da
utilização de máquinas, desde que tal não implique alterações das referidas
máquinas de uma forma não especificada na presente diretiva.

§139 Regulamentação nacional relativa à instalação e utilização de


máquinas
A Diretiva Máquinas aplica-se à concepção, fabrico, colocação no mercado ou
entrada em serviço das máquinas - ver §71 a §77: comentários à alínea h) do
artigo 2.º e §86: comentários à alínea k) do artigo 2.º. Neste sentido, a diretiva
assegura a harmonização total dos regulamentos em vigor na UE. Por outras
palavras, os Estados-Membros não podem adoptar disposições nacionais que
excedam, contradigam ou se sobreponham às disposições da diretiva.
O artigo 15.º estipula que os Estados-Membros são livres de regular a instalação
e utilização de máquinas ao abrigo das disposições aplicáveis da lei da UE, desde
que estes regulamentos não resultem numa limitação para a livre circulação das
máquinas que cumprem as disposições da Diretiva Máquinas – ver §6:
comentários ao considerando 3 e §107: comentários ao n.º 1 do artigo 6.º.
Por conseguinte, os regulamentos nacionais relativos à instalação e utilização de
máquinas ou a sua aplicação não devem conduzir à alteração de máquinas que
cumprem a Diretiva Máquinas. Pressupõe-se que as máquinas colocadas no
mercado cumprem verdadeiramente os requisitos da diretiva. Se os utilizadores
ou as autoridades nacionais considerarem que um elemento da máquina colocada
no mercado não é suficientemente seguro e que os requisitos essenciais de
saúde e de segurança aplicáveis não foram aplicados corretamente, as máquinas
deverão ser denunciadas às autoridades de vigilância do mercado, enquanto se
tomam as medidas necessárias para assegurar a segurança das pessoas – ver
§100: comentários ao artigo 4.º.
A seguir apresentam-se alguns exemplos dos aspectos que podem ser
abrangidos pelas regras nacionais de instalação e utilização de máquinas:
 a instalação de máquinas em determinadas áreas como, por exemplo, a
instalação de gruas em áreas urbanas ou a instalação de aerogeradores
em espaços rurais;
 a utilização de máquinas móveis em determinadas áreas, como, por
exemplo, a utilização de veículos fora-de-estrada em áreas abertas ao

119
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

público ou a utilização de determinados tipos de máquinas agrícolas perto


de habitações ou vias públicas;
 a circulação de máquinas móveis em vias públicas;
 a utilização de máquinas em determinadas alturas, como, por exemplo,
limitações na utilização de cortadores de relva durante o fim de semana;
 a utilização de determinados tipos de máquinas por pessoas com idade
inferior a um limite específico.

§140 Regulamentação nacional relativa à saúde e segurança dos


trabalhadores
Devem mencionar-se especialmente os regulamentos nacionais que
implementam as disposições das diretivas da UE relacionadas com a saúde e a
segurança no trabalho. Estas diretivas baseiam-se no artigo 137.º do Tratado CE
(agora artigo 153.º do TFUE) relacionado com a defesa da saúde e da segurança
dos trabalhadores e estabelecem requisitos mínimos, ou seja, os Estados-
Membros têm liberdade para manter ou adoptar requisitos mais rigorosos, se
assim o entenderem. Consequentemente é necessário consultar os regulamentos
nacionais em vigor em cada um dos Estados-Membros de forma a identificar as
obrigações pertinentes. As diretivas mais importantes em relação à utilização de
máquinas são:
 a Diretiva 89/391/CEE 92 sobre a saúde e segurança de trabalhadores no
trabalho. Esta é conhecida como diretiva-quadro, uma vez que refere as
obrigações de base das entidades empregadoras e dos trabalhadores
relacionadas com a saúde e a segurança no trabalho e estabelece o
enquadramento para uma série de diretivas especiais que se ocupam de
determinados aspectos da saúde e da segurança e de perigos específicos;
 a Diretiva 2009/104/CE 93 relativa à utilização pelos trabalhadores de
equipamentos de trabalho no trabalho. Esta é a segunda diretiva especial
adoptada ao abrigo da diretiva-quadro.
Apesar de o conceito de equipamento de trabalho abranger mais do que
máquinas, as máquinas para uso profissional constituem uma categoria
importante do equipamento de trabalho. Os regulamentos nacionais que
implementam as disposições da Diretiva 2009/104/CE aplicam-se sempre à
utilização de máquinas no trabalho. Neste sentido, a Diretiva 2009/104/CE pode
ser considerada como uma medida complementar à Diretiva Máquinas.
De acordo com a Diretiva 2009/104/CE, os empregadores são obrigados a
disponibilizar aos trabalhadores o equipamento de trabalho apropriado para o
trabalho em questão, que deve cumprir as disposições das diretivas pertinentes

92
Diretiva 89/391/CEE do Conselho, de 12 de Junho de 1989, relativa à aplicação de medidas
destinadas a promover a melhoria da saúde e da segurança dos trabalhadores no trabalho – JO L
183 de 29.6.1989.
93
Diretiva 2009/104/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de Setembro de 2009,
relativa aos requisitos mínimos de segurança e de saúde para a utilização pelos trabalhadores de
equipamentos de trabalho no trabalho (segunda Diretiva especial, na acepção do Artigo 16.º, n.º 1
da Diretiva 89/391/CEE) – JO L260 de 3.10.2009, p.5. A Diretiva 2009/104/CE é uma versão
codificada da Diretiva 89/655/CEE e das Diretivas alteradas 95/63/CEE, 2001/45/CE e
2007/30/CE.

120
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

da UE que lhe são aplicáveis. 94 Assim sendo, todas as máquinas novas


disponibilizadas aos trabalhadores devem estar em conformidade com a Diretiva
Máquinas e quaisquer outras diretivas da UE que lhe sejam aplicáveis – ver §89 a
§92: comentários ao artigo 3.º.
As disposições da Diretiva 2009/104/CE aplicam-se a máquinas em serviço em
locais de trabalho. Durante a vida útil das máquinas, a entidade empregadora
deve, por meio de manutenção adequada, tomar as medidas necessárias para
assegurar a conservação da máquina, , a um nível que permita que a máquina em
serviço continue a satisfazer as disposições que lhe eram aplicáveis quando foi
disponibilizada pela primeira vez na empresa ou no estabelecimento. 95 Tal não
quer dizer que a máquina tenha de se conservar como "nova", uma vez que a
mesma está sujeita a desgaste. No entanto, é necessário levar a cabo serviços de
manutenção para assegurar que a mesma continua a satisfazer os requisitos de
saúde e de segurança aplicáveis. Por conseguinte, as máquinas sujeitas às
disposições da Diretiva Máquinas disponibilizadas pela primeira vez devem ser
conservadas em conformidade com os requisitos essenciais de saúde e de
segurança que lhe foram aplicados aquando da sua primeira colocação no
mercado ou entrada em serviço.
Tal também se aplica quando a máquina é modificada pelo utilizador durante a
sua vida útil, a não ser que as modificações sejam tão substanciais que a
máquina modificada é considerada como uma nova máquina e, como tal, está
sujeita a uma nova avaliação da conformidade ao abrigo da Diretiva Máquinas –
ver §72: comentários à alínea h) do artigo 2.º
O anexo I da Diretiva 2009/104/CE refere os requisitos técnicos mínimos
aplicáveis a equipamento de trabalho em serviço. Estes requisitos mínimos
aplicam-se a máquinas colocadas em serviço antes da aplicação da Diretiva
Máquinas 96 Não se aplicam a máquinas colocadas no mercado ou em serviço ao
abrigo da Diretiva Máquinas.
A Diretiva 2009/104/CE também inclui disposições relacionadas com:
 a verificação inicial do equipamento de trabalho, cuja segurança dependa
das condições de instalação, após a instalação e antes da entrada em
serviço;
 a verificação desse equipamento de trabalho após cada montagem num
novo sítio ou numa nova localização;
 verificações periódicas e especiais e, eventualmente, ensaio do
equipamento de trabalho sujeito a condições que provocam deterioração
que pode causar situações de perigo. 97
No caso de máquinas de elevação, as verificações iniciais, pelas quais a entidade
empregadora é responsável, devem diferenciar-se das medidas de verificação da
adequação da máquina ao uso, que são da responsabilidade do fabricante da
máquina – ver §350 a §352: comentários ao ponto 4.1.3 do anexo I,.
Outras disposições da Diretiva 2009/104/CE:

94
Ver Diretiva 2009/104/CE, alínea a) do n.º 1 do artigo 4.º.
95
Ver Diretiva 2009/104/CE, n.º 2 do artigo 4.º.
96
Ver Diretiva 2009/104/CE, alínea a) ii e b) do n.º 1 do artigo 4.º.
97
Ver Diretiva 2009/104/CE, artigo 5.º.

121
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

 restringem a utilização e/ou manutenção de equipamentos de trabalho que


impliquem riscos específicos para trabalhadores designados;
 têm em conta os princípios ergonómicos;
 referem-se à informação, instruções e formação aos trabalhadores sobre a
utilização de equipamentos de trabalho;
 referem-se à consulta e participação dos trabalhadores. 98
Além disso, o anexo II da Diretiva 2009/104/CE refere regras específicas para a
utilização de determinadas categorias de equipamentos de trabalho, incluindo
equipamentos de trabalho móveis, equipamentos de trabalho para a elevação de
cargas e equipamentos de trabalho para a elevação de pessoas – ver §10:
comentários ao considerando 7.
As instruções fornecidas pelo fabricante com a máquina representam uma
ferramenta indispensável para permitir que a entidade empregadora aplique as
disposições da Diretiva 2009/104/CE – ver §254: comentários ao ponto 1.7.4 do
anexo I.

Artigo 16.º
Marcação CE
1. A marcação CE de conformidade é constituída pelas iniciais «CE», de acordo
com o modelo indicado no anexo III.
2. A marcação CE deve ser aposta na máquina de forma visível, legível e
indelével, de acordo com o disposto no anexo III.
3. É proibido apor nas máquinas marcações, sinais e inscrições susceptíveis de
induzir terceiros em erro quanto ao significado ou ao grafismo, ou a ambos, da
marcação CE. Pode ser aposta nas máquinas qualquer outra marcação, desde
que não prejudique a visibilidade, a legibilidade e o significado da marcação
CE.

§141 A marcação CE
As disposições sobre a marcação CE de máquinas, previstas na Diretiva
Máquinas, aplicam-se em conjunto com as disposições do Regulamento (CE)
765/2008 implementando os Princípios Gerais da marcação CE, que se aplicam
de forma complementar. Os comentários que se seguem baseiam-se no artigo
16.º e no anexo III da Diretiva Máquinas e no n.º 20 do artigo 2.º e artigo 30.º do
Regulamento (CE) 765/2008. 99 As obrigações relacionadas com a marcação CE
aplicam-se ao fabricante, ao seu mandatário ou à pessoa responsável pela
colocação da máquina no mercado – ver §78 a §85: comentários às alínea i) e j)
do artigo 2.º.
O Regulamento (CE) 765/2008 define "marcação CE" como uma marcação
através da qual o fabricante evidencia que o produto cumpre todos os requisitos
aplicáveis da legislação comunitária de harmonização que prevê a sua aposição.

98
Ver Diretiva 2009/104/CE, artigos 6.º a 10.º.

122
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Ao apor ou mandar apor a marcação CE, o fabricante responsabiliza-se pela


conformidade do produto.
 A marcação CE é constituída pelas iniciais "CE" e tem a configuração
gráfica apresentada no anexo III.
 Os diferentes elementos da marcação CE devem ter sensivelmente a
mesma dimensão vertical, que não pode ser inferior a 5 mm. Em relação às
máquinas de pequena dimensão, pode prescindir-se desta dimensão
mínima.
 A marcação CE deve ser aposta na máquina de forma visível, legível e
indelével junto ao nome do fabricante ou do seu mandatário, utilizando a
mesma técnica – ver §250: comentários ao ponto 1.7.3 do anexo I;
 Quando se aplica o procedimento de garantia de qualidade total previsto na
alínea c) do n.º 3 do artigo 12.º e alínea b) do n.º 4 do artigo 12.º a
marcação CE deve ser acompanhada do número de identificação do
organismo notificado que aprovou o sistema de garantia de qualidade total
do fabricante – ver §133: comentários ao artigo 14.º.
A marcação CE é a única marcação que atesta a conformidade do produto com
os requisitos aplicáveis da legislação de harmonização pertinente da UE que
prevê a sua aposição. O n.º 3 do artigo 16.º exige que os Estados-Membros
proíbam a aposição em máquinas de marcações, sinais ou inscrições que
induzam terceiros em erro a respeito do significado ou do grafismo da marcação
CE ou de ambos.
As marcações que podem induzir terceiros em erro a respeito da configuração da
marcação CE podem ser, por exemplo, as letras "CE" ou "CEE", com uma
configuração gráfica semelhante à apresentada no anexo III, ou as iniciais "CE"
com uma configuração gráfica diferente da indicada no anexo III. As marcações
que podem induzir terceiros em erro a respeito da marcação CE são outras
marcações que não a CE, que significam que a máquina cumpre com a legislação
aplicável na UE.
As medidas a tomar em caso de marcação não conforme estão previstas no
artigo 17.º.

123
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 17.º
Marcação não conforme
1. Os Estados-Membros consideram marcação não conforme:
(a) A aposição da marcação CE nos termos da presente diretiva em
produtos por ela não abrangidos;
(b) A ausência da marcação CE e/ou da declaração CE de conformidade
para uma máquina;
(c) A aposição em máquinas com marcação diferente da marcação CE, que
seja proibida nos termos do n.º 3 do artigo 16.º.
2. Sempre que um Estado-Membro verificar a existência de uma marcação não
conforme, o fabricante, ou o seu mandatário, tem a obrigação de repor o
produto em conformidade com as disposições pertinentes da presente diretiva e
de pôr fim à infracção, nos termos previstos pelo Estado-Membro.
3. Se a não conformidade persistir, o Estado-Membro deve tomar todas as
medidas adequadas para restringir ou proibir a colocação do produto em causa
no mercado ou garantir a sua retirada do mercado, em conformidade com o
procedimento previsto no artigo 11.º.

§142 Marcação não conforme


A cláusula de salvaguarda do artigo 11.º prevê as medidas a tomar caso se
verifique que a máquina com marcação CE é perigosa. O artigo 17.º prevê as
medidas a tomar em caso de não conformidade formal com as disposições da
Diretiva Máquinas, quando não há indicação que a máquina em questão é
perigosa. Estas medidas estão de acordo com as obrigações dos Estados-
Membros em assegurar uma correta aplicação do regime da marcação CE e em
tomar as medidas adequadas em caso de uso indevido da marcação prevista no
n.º 6 do artigo 30.º do Regulamento (CE) 765/2008.
O n.º 1 do artigo 17.º define os três casos considerados como marcação não
conforme. O n.º 2 do artigo 17.º refere que os Estados-Membros tomarão as
medidas necessárias para exigir que os operadores económicos ponham fim às
infracções. A natureza das medidas fica à descrição dos Estados-Membros. Tais
medidas não necessitam de ser comunicadas à Comissão ou aos restantes
Estados-Membros. As sanções por infracções contra as disposições da Diretiva
Máquinas devem incluir sanções para marcação não conforme – ver §150:
comentários ao artigo 23.º.
O n.º 3 do artigo 17.º prevê o procedimento a seguir caso as medidas tomadas
para por fim às infracções referidas no n.º 1 do artigo 17.º não sejam eficazes.
Neste caso, deve seguir-se o procedimento de salvaguarda previsto no
artigo 11.º.

124
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 18.º
Sigilo
1. Sem prejuízo das disposições e das práticas nacionais existentes em matéria de
sigilo, os Estados-Membros devem assegurar que todas as partes e pessoas
implicadas na aplicação da presente diretiva sejam obrigadas a manter a
confidencialidade das informações obtidas no desempenho das respectivas
funções. Os segredos comerciais, profissionais e empresariais, em particular,
são considerados confidenciais, salvo se a respectiva divulgação se impuser
para proteger a saúde e a segurança das pessoas.
2. O disposto no n.º 1 não afecta as obrigações dos Estados-Membros e dos
organismos notificados relativamente ao intercâmbio de informações e à
difusão de alertas.
3. As medidas tomadas pelos Estados-Membros e pela Comissão nos termos dos
artigos 9.º e 11.º são tornadas públicas.

§143 Sigilo e transparência


As partes e as pessoas abrangidas pelas disposições previstas no artigo 18.º
incluem as administrações dos Estados-Membros, a Comissão e os organismos
notificados. As autoridades dos Estados-Membros e os serviços da Comissão, em
especial, podem exigir que os fabricantes comuniquem elementos do processo
técnico da máquina ou documentação técnica relevante de quase-máquinas, com
segredos comerciais e profissionais. Os funcionários das administrações públicas
ou agências pertinentes e quaisquer organismos ou instituições a agir em nome
deles devem respeitar a confidencialidade de tal informação obtida ou recebida no
decorrer da aplicação da Diretiva Máquinas. Também os organismos notificados
devem respeitar a confidencialidade da informação obtida ou recebida quando
realizam os procedimentos de avaliação da conformidade pelos quais são
responsáveis – ver §408: comentários ao n.º 7 do anexo XI.
O n.º 2 do artigo 18.º indica que a obrigação de confidencialidade não impede a
transmissão de informação entre os Estados-Membros e a Comissão, no âmbito
da cooperação prevista no artigo 19.º (Grupo ADCO Máquinas). A obrigação de
confidencialidade não se aplica à transmissão de informação entre os organismos
notificados e destes para os Estados-Membros – ver §135: comentários ao n.º 6
do artigo 14.º, §399: comentários aos n.os 5 e 7 do anexo IX e §407: comentários
ao n.º 4 do anexo X.
A obrigação de confidencialidade não impede a emissão de avisos ao público,
sempre que necessário, para proteger a saúde e a segurança das pessoas.
O n.º 3 do artigo 18.º prevê um requisito especial para a transparência de
quaisquer decisões tomadas pelos Estados-Membros e a Comissão em
conformidade com os artigos 9.º e 11.º. As decisões em questão incluem:
 as medidas tomadas pela Comissão, que exijam que os Estados-Membros
proíbam ou restrinjam a colocação no mercado de máquinas
potencialmente perigosas em conformidade com o n.º 1 do artigo 9.º;
 as medidas tomadas pelos Estados-Membros para retirar do mercado,
proibir a colocação no mercado e/ou entrada em serviço ou restringir a livre
circulação de máquinas que comprometam a saúde e a segurança das

125
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

pessoas e, eventualmente, dos animais domésticos ou dos bens, em


conformidade com o n.º 1 (a cláusula de salvaguarda) do artigo 11.º;
 as decisões tomadas pela Comissão ao abrigo de cláusulas de
salvaguarda em conformidade com o n.º 3 do artigo 11.º.

Artigo 19.º
Cooperação entre os Estados-Membros
1. Os Estados-Membros tomam as medidas adequadas para que as entidades
competentes referidas no n.º 3 do artigo 4.º cooperem entre si e com a Comissão
e transmitam umas às outras as informações necessárias a uma aplicação
uniforme da presente diretiva.
2. A Comissão organiza o intercâmbio de experiências entre as entidades
competentes encarregadas da vigilância do mercado a fim de coordenar a
aplicação uniforme da presente diretiva.

§144 Grupo da Cooperação Administrativa (ADCO) Máquinas


O n.º 1 do artigo 19.º requer que os Estados-Membros organizem uma
cooperação entre as autoridades de vigilância do mercado nacional e transmitam
entre elas a informação relevante. A cooperação é fundamental nesta área
porque, podendo as máquinas com marcação CE circular livremente no mercado
único, a vigilância é realizada por cada um dos Estados-Membros.
O n.º 2 do artigo 19.º confere à Comissão a responsabilidade de organizar um
intercâmbio de experiências entre as autoridades de vigilância do mercado.
A aplicação prática do artigo 19.º é efectuada no âmbito do Grupo da Cooperação
Administrativa Máquinas (Grupo ADCO Máquinas), um fórum para o intercâmbio
de informações entre as autoridades de vigilância do mercado dos Estados-
Membros e a Comissão. Normalmente, o Grupo ADCO Máquinas reúne-se duas
vezes por ano e é presidido sucessivamente por representantes dos Estados-
Membros. As reuniões são reservadas aos representantes dos Estados-Membros
e à Comissão e os procedimentos e documentos do Grupo ADCO são
confidenciais, uma vez que reportam frequentemente casos específicos sujeitos a
investigação. No entanto, outras partes interessadas são convidadas a fazer parte
das reuniões ADCO como especialistas, por tempo limitado, a fim de contribuírem
em determinados tópicos.
As principais atividades do Grupo ADCO Máquinas são:
 partilhar informação e experiências sobre a atividade de vigilância do
mercado;
 promover as boas práticas e optimizar o uso de recursos;
 assegurar que as medidas corretivas para lidar com máquinas não
conformes e perigosas são aplicadas em todos os Estados-Membros;
 fornecer informação sobre o progresso e os resultados do procedimento de
salvaguarda e sobre o acompanhamento das decisões da cláusula de
salvaguarda;
 acompanhar as decisões sobre medidas específicas para lidar com
máquinas potencialmente perigosas;

126
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

 planear e organizar projetos conjuntos de vigilância do mercado.

Artigo 20.º
Recursos
Qualquer medida tomada nos termos da presente diretiva que conduza à restrição
da colocação no mercado e/ou da entrada em serviço de uma máquina abrangida
pela presente diretiva é fundamentada de forma precisa. A medida é notificada ao
interessado o mais rapidamente possível, com a indicação dos recursos disponíveis
ao abrigo da lei em vigor no Estado-Membro em causa e dos prazos em que devem
ser interpostos.

§145 Motivos das decisões e recursos


O artigo 20.º aplica-se a qualquer medida tomada pelas autoridades dos Estados-
Membros que limite a colocação no mercado e/ou entrada em serviço de
máquinas, seja ao abrigo do artigo 11.º (cláusula de salvaguarda), do artigo 9.º
(medidas específicas para lidar com máquinas potencialmente perigosas) ou do
artigo 17.º (marcação não conforme).

Artigo 21.º
Difusão da informação
A Comissão toma as medidas necessárias para que seja disponibilizada informação
apropriada sobre a execução da presente diretiva.

§146 Fontes de informação


A informação pertinente para a implementação da Diretiva Máquinas é
disponibilizada ao público online, nas páginas sobre máquinas da secção da
Direção-Geral das Empresas e da Indústria, do sítio da internet EUROPA da
Comissão.
Disponibiliza-se, principalmente, a seguinte informação:
 o texto da Diretiva Máquinas;
 as referências a textos transmitidos pelos Estados-Membros que fazem a
transposição das disposições da diretiva para a legislação nacional;
 uma lista de pontos de contacto nos Estados-Membros para a
implementação da diretiva;
 a lista de referências de normas harmonizadas para máquinas;
 a lista de organismos notificados para máquinas;
 as Recomendações de Utilização adoptadas pela Coordenação Europeia
de Organismos Notificados para Máquinas (ON-M) que foram aprovadas
pelo Grupo de Trabalho Máquinas;
 documentos de orientação aprovados pelo Grupo de Trabalho Máquinas e
o presente Guia para aplicação da Diretiva 2006/42/CE;
 as atas de todas as reuniões do Grupo de Trabalho Máquinas desde 1997.

127
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 22.º 100


Comité
1. A Comissão é assistida por um comité, a seguir designado «Comité».
2. Sempre que se faça referência ao presente número, são aplicáveis os artigos 3.º
e 7.º da Decisão 1999/468/CE, tendo-se em conta o disposto no seu artigo 8.º.
3. Sempre que se faça referência ao presente número, são aplicáveis a alínea a) do
n.º 1 ao n.º4 do artigo 5.º e o Artigo 7.º da Decisão 1999/468/CE, tendo-se em
conta o disposto no seu artigo 8.º.

§147 Comité Máquinas


O artigo 22.º prevê a criação de um comité, designado de Comité Máquinas,
composto por representantes dos Estados-Membros e presidido por um
representante da Comissão. O comité adopta as suas próprias regras de
procedimento, de acordo com as regras padrão publicadas no JOUE. O
Parlamento Europeu é informado sobre as ordens de trabalho das reuniões do
comité e quaisquer projetos de medidas que lhe sejam submetidas e recebe os
resultados da votação e os resumos das mesmas.
O Comité Máquinas tem duas funções distintas:

 a função consultiva
A função consultiva do Comité Máquinas, apresentada no n.º 2 do artigo 8.º, é de
aconselhar a Comissão sobre as medidas adequadas relacionadas com a
aplicação prática da Diretiva Máquinas, incluindo medidas necessárias para
assegurar a cooperação entre os Estados-Membros e destes com a Comissão,
como previsto no n.º 1 do artigo 19.º. As medidas em causa não podem implicar a
alteração da diretiva ou a adopção de decisões adicionais às disposições da
diretiva. Por isso, estas medidas consistem principalmente no fornecimento de
orientações sobre a aplicação correta e uniforme das disposições da diretiva.

 a função regulamentar
A função regulamentar do Comité Máquinas é de apresentar o seu parecer sobre
as medidas propostas pela Comissão, que alteram ou complementam as
disposições da diretiva. De acordo com as alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 8.º, só
dois temas podem ser objecto de tais medidas:
a) a atualização da lista indicativa de componentes de segurança do Anexo V
– ver §42: comentários à alínea c) do artigo 2.º.
b) a restrição da colocação no mercado de máquinas potencialmente
perigosas – ver §118: comentários ao artigo 9.º.
O parecer do Comité Máquinas é transmitido através do voto dos representantes
dos Estados-Membros no Comité, ponderado como voto do Conselho ao abrigo
do artigo 205.º do Tratado CE (agora artigo 238.º do TFUE).

100
O Artigo 22.º foi reformulado pelo Regulamento (CE) N.º 596/2009 do Parlamento Europeu e do
Conselho de 18 de Junho de 2009, adaptando um número de instrumentos sujeitos ao
procedimento referido no Artigo 251.º do Tratado para a Decisão do Conselho 1999/468/CE no
que diz respeito ao procedimento de regulamentação com controlo (PRAC) – Adaptação ao
procedimento de regulamentação com controlo — Parte Quatro – JO L188 de 18.7.2009, p.14.

128
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Antes de a Comissão adoptar estas medidas, as mesmas são examinadas pelo


Parlamento Europeu e pelo Conselho. O Parlamento Europeu ou o Conselho
pode recusar as medidas propostas pela Comissão caso excedam as
competências de execução da diretiva, não sejam compatíveis com o objectivo ou
conteúdo da diretiva ou não respeitem os princípios de subsidiariedade ou
proporcionalidade. Caso se verifique tal recusa, a Comissão pode apresentar uma
alteração ao projeto ou fazer uma proposta legislativa. Caso o Parlamento
Europeu e o Conselho não apresentem nenhuma oposição num período de três
meses, a Comissão adopta a medida.

§148 Grupo de Trabalho Máquinas


O Grupo de Trabalho Máquinas é instituído pelo Comité Máquinas para permitir
que os observadores da indústria, organizações de normalização e organismos
notificados participem na discussão de problemas relacionados com a aplicação
prática da Diretiva Máquinas. Na prática, o Grupo de Trabalho Máquinas é o
fórum mais utilizado para discutir a aplicação da diretiva ao nível da UE. Assim
como o Comité Máquinas, o Grupo de Trabalho Máquinas é presidido por um
representante da Comissão e composto por representantes dos Estados-
Membros. Também estão presentes, como observadores, representantes de
países da EFTA, países candidatos à adesão e países com acordos formais com
a UE.
As associações de fabricantes de máquinas a nível europeu participam como
observadores e são convidadas para as reuniões para apresentarem informações
e pontos de vista sobre assuntos específicos em discussão. Os representantes
das organizações de normalização europeia também estão presentes para
fornecer informações e responder a questões dos Estados-Membros relacionadas
com normas. Os organismos notificadossão representados pela Coordenação
Europeia de Organismos Notificados para Máquinas (ON-M), que apresenta
relatórios sobre o trabalho de coordenação, regista o parecer do Grupo de
Trabalho Máquinas sobre as Recomendações de Utilização apresentadas ao
Grupo de para aval e questiona o Grupo de Trabalho sobre a interpretação da
diretiva. Os sindicatos e os representantes das organizações de proteção ao
consumidor também são convidados a exprimir os pontos de vista dos utilizadores
finais da máquina.
Os tópicos mais discutidos pelo Grupo de Trabalho Máquinas são:
 clarificação do âmbito da diretiva e dos procedimentos de avaliação da
conformidade relativamente a determinadas categorias de produtos;
 preocupações relacionadas com o desenvolvimento de normas
harmonizadas para máquinas;
 pareceres sobre objecções formais a normas harmonizadas – ver §120:
comentários ao artigo 10.º.
O Grupo de Trabalho Máquinas reúne-se duas a três vezes por ano em Bruxelas.
Os documentos de trabalho para as reuniões do Grupo de Trabalho Máquinas são
disponibilizados aos membros do Grupo na secção da Diretiva Máquinas do
sistema de informação online CIRCA da Comissão. As organizações que
representam sectores de máquinas a nível europeu têm acesso a estes
documentos. As restantes partes interessadas podem solicitar os documentos nas
respectivas organizações representantes. Deve ter-se em atenção que as
posições expressas nos documentos de trabalho ou de debate não devem ser

129
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

tomadas como representativas dos pontos de vista da Comissão ou do Grupo de


Trabalho Máquinas.
Uma vez corrigidas e aprovadas na reunião seguinte, as atas das reuniões do
Grupo de Trabalho Máquinas são publicadas nas páginas sobre máquinas do sítio
da internet EUROPA da Comissão.
§149 Diagrama de instituições que lidam com a Diretiva Máquinas
O diagrama que se segue indica as funções das diferentes instituições envolvidas
em propor, adoptar, transpor, aplicar e executar a Diretiva Máquinas:

Parlamento Europeu
e Conselho

Adoptar a legisção da UE
(co-decisão)

Comissão Europeia

Apresenta a legislação da UE
Assegura a correta
implementação
Estados-Membros Mandata normas harmonizadas
Transpor a Directiva CEN e CENELEC
Nomear Organismos Organismos Europeus
Notificados de Normalização
Proceder a fiscalisação
do mercado Desenvolver normas
harmonizadas para
Comité Máquinas máquinas
Comissão + Estados-Membros
Grupo ADCO Máquinas
Estados-Membros Dá o seu parecer sobre as
+ Comissão medidas para assegurar a
Cooperação correta aplicação da Diretiva
administrativa para Máquinas
fiscalisação do mercado
Fabricantes de
máquinas

Aplicar a Diretiva
Grupo de Trabalho Máquinas
Máquinas
Comissão + Estados-Membros Contribuir para as
Organismos + partes interessadas da normas
Notificados Europa
Avaliação da Debate a aplicação prática da
conformidade Diretiva Máquinas
para as máquinas
do Anexo IV

Utilizadores de
máquinas
ON-M Entidades empregadoras
Coordenação Europeia Sindicatos
de Organismos Associações de
Notificados consumidores
Contribuir para as
Recomendações de normas
Utilização

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Artigo 23.º
Sanções
Os Estados-Membros definem o regime de sanções aplicáveis a infracções às
disposições nacionais adoptadas por força da presente diretiva e tomam todas as
medidas necessárias para garantir a sua execução. Essas As sanções previstas
devem ser efetivas, proporcionadas e dissuasivas. Os Estados-Membros notificam a
Comissão dessas disposições até 29 de Junho de 2008, bem como de quaisquer
alterações posteriores que lhes digam respeito, o mais brevemente possível.

§150 Sanções relativas a infracções contra as disposições da diretiva


As disposições nacionais que implementam a Diretiva Máquinas devem ser
juridicamente vinculativas e as infracções contra essas disposições devem, como
tal, ser penalizadas de forma apropriada.
As possíveis infracções podem incluir o seguinte:
 a não aplicação do procedimento adequado de avaliação da conformidade
das máquinas – ver §127 a §130: comentários ao artigo 12.º;
 a não aplicação do procedimento para quase-máquinas – ver §131:
comentários ao artigo 13.º;
 a não conformidade da marcação – ver §142: comentários ao artigo 17.º.
 o não cumprimento dos requisitos essenciais de saúde e de segurança
previstos para as máquinas no anexo I;
 a ausência de processo técnico ou processo técnico incompleto -ver §103:
comentários ao artigo 5.º e §391 a §393: comentários ao anexo VII A;
 a ausência de manual de instruções ou manual de instruções incompleto
(incluindo a respectiva tradução) -ver §103: comentários ao artigo 5.º e
§254 a §256: comentários ao ponto 1.7.4 do anexo I;
 o não cumprimento das medidas previstas no Artigo 11.º (cláusula de
salvaguarda) e no artigo 9.º (medidas específicas para lidar com máquinas
potencialmente perigosas).
Cada Estado-Membro responsabiliza-se por fixar no seu país o tipo e o nível de
sanção para tais infracções. O artigo 23.º estabelece que as sanções devem ser
eficazes, proporcionais e dissuasivas, de acordo com a Jurisprudência do Tribunal
da Justiça Europeu.

Artigo 24.º
Alteração da Diretiva 95/16/CE
A Diretiva 95/16/CE é alterada do seguinte modo:
1. Os n.os 2 e 3 do artigo 1.º passam a ter a seguinte redação:
2. "Para efeitos da presente diretiva, entende-se por “ascensor” um aparelho de
elevação que serve níveis definidos por meio de um habitáculo que se desloque
ao longo de guias rígidas e cuja inclinação em relação à horizontal seja
superior a 15º, destinado ao transporte:

131
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

— de pessoas,
— de pessoas e mercadorias,
— unicamente de mercadorias, se o habitáculo for acessível, ou seja, se
uma pessoa puder nele entrar sem dificuldade, e se estiver equipado
com comandos situados no seu interior ou ao alcance de qualquer
pessoa que nele se encontre.
Os aparelhos de elevação que se desloquem segundo um trajeto perfeitamente
definido no espaço, mesmo que não se desloquem ao longo de guias rígidas,
devem ser considerados como ascensores abrangidos pelo âmbito de aplicação
da presente diretiva.
Entende-se por “habitáculo” a parte de um ascensor na qual as pessoas tomam
lugar e/ou as mercadorias são colocadas a fim de serem transportadas no
sentido ascendente ou descendente.
3. A presente diretiva não é aplicável:
— aos aparelhos de elevação cuja velocidade de deslocação seja igual
ou inferior a 0,15 m/s,
— aos elevadores de estaleiro,
— às instalações por cabos, incluindo os funiculares,
— aos ascensores especialmente concebidos e construídos para fins
militares ou de manutenção da ordem pública,
— aos aparelhos de elevação a partir dos quais podem realizar-se
trabalhos,
— aos ascensores para poços de minas,
— aos aparelhos de elevação destinados a elevar artistas durante
representações artísticas,
— aos aparelhos de elevação instalados em meios de transporte,
— aos aparelhos de elevação ligados a uma máquina e destinados
exclusivamente ao acesso a postos de trabalho, designadamente
pontos de manutenção e de inspeção das máquinas,
— aos comboios de cremalheira,
— às escadas mecânicas e tapetes rolantes.
2. O ponto 1.2 do anexo I passa a ter a seguinte redação:
1.2. Habitáculo
O habitáculo de cada ascensor deve ser uma cabina. A cabina deve ser concebida e
construída de forma a oferecer o espaço e a resistência correspondentes ao número
máximo de pessoas e à carga nominal do ascensor fixados pelo instalador.
Sempre que o ascensor se destine ao transporte de pessoas e as suas dimensões o
permitam, a cabina deve ser concebida e fabricada por forma a não dificultar ou
impedir, pelas suas características estruturais, o acesso e a utilização por pessoas
deficientes, e a permitir todas as adaptações adequadas, destinadas a facilitar-lhes
a sua utilização.

132
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§151 Fronteira entre a Diretiva Máquinas e a Diretiva Ascensores


O artigo 24.º da Diretiva 2006/42/CE introduz uma alteração à Diretiva
Ascensores 95/16/CE com o objectivo de definir melhor a fronteira com a Diretiva
Máquinas – ver §28: comentários ao considerando 27.
Por um lado, o n.º 1 do artigo 24.º modifica a definição de "ascensor" apresentada
no n.º 2 do artigo 1.º da Diretiva Ascensores, substituindo o termo "cabina" por
"habitáculo". Esta alteração indica que a natureza do habitáculo não é um critério
para a aplicação da Diretiva Ascensores. Ao mesmo tempo, o n.º 2 do artigo 24.º
modifica os requisitos essenciais de saúde e de segurança previstos no ponto 1.2
do anexo I, da Diretiva Ascensores para especificar que o habitáculo de
ascensores sujeitos a esta diretiva deve ser uma cabina. Além disso, é importante
sublinhar que o ponto 3.1 do anexo I, da Diretiva Ascensores exige que as
cabinas de elevação sejam totalmente fechadas.
Por outro lado, o n.º 1 do artigo 24.º modifica a lista de exclusões previstas no
n.º 3 do artigo 1.º da Diretiva Ascensores, adicionando a exclusão de aparelhos
de elevação cuja velocidade seja inferior a 0,15 m/s. Consequentemente, os
ascensores de baixa velocidade estão sujeitos à Diretiva Máquinas – ver §344:
comentários ao ponto 4.1.2.8 do anexo I e §377: comentários ao ponto 6.4 do
anexo I.
No que diz respeito à lista modificada de exclusões da Diretiva Ascensores, é
também de salientar os seguintes elementos:
Os elevadores de estaleiro estão excluídos do âmbito da Diretiva Ascensores.
Deixam de estar excluídos do âmbito da Diretiva 2006/42/CE e, por conseguinte,
estão sujeitos à Diretiva Máquinas a partir de 29 de Dezembro de 2009 – ver §8:
comentários ao considerando 5.
Estão excluídos da Diretiva Ascensores e sujeitos à Diretiva Máquinas:
 os aparelhos de elevação a partir dos quais podem realizar-se trabalhos;
 os aparelhos de elevação instalados em meios de transporte;
 os aparelhos de elevação ligados a uma máquina e destinados
exclusivamente ao acesso a postos de trabalho, designadamente pontos
de manutenção e de inspeção das máquinas;
 escadas mecânicas e tapetes rolantes.
As instalações por cabos estão excluídas do âmbito da Diretiva Ascensores. De
acordo com o artigo 3.º, não sendo a Diretiva Máquinas aplicável a instalações
por cabos concebidas para a elevação de pessoas abrangidas pela Diretiva
Instalações por Cabos 2000/9/CE, ela aplica-se a determinadas instalações por
cabos que estão fora do âmbito ou são excluídas do âmbito da Diretiva
Instalações por Cabos – ver §90: comentários ao artigo 3.º.
Estão excluídos tanto da Diretiva Ascensores como da Diretiva Máquinas:
 os ascensores especialmente concebidos e construídos para fins militares
ou de manutenção da ordem pública - ver §59: comentários à alínea g) do
n.º 2 do artigo 1.º;
 os ascensores para poços de minas – ver §61: comentários à alínea i) do
n.º 2 do artigo 1.º;

133
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

 os aparelhos de elevação destinados à elevação de artistas durante


representações artísticas – ver §62: comentários à alínea j) do n.º 2 do
artigo 1.º;
 os comboios de cremalheira de redes ferroviárias - §57: comentários ao
quinto travessão da alínea e) do n.º 2 do artigo 1.º.

Artigo 25.º
Revogação
A Diretiva 98/37/CE 101 é revogada a partir de 29 de Dezembro de 2009.
As remissões para a diretiva revogada devem entender-se como sendo feitas para a
presente diretiva e ler-se de acordo com o quadro de correspondência constante do
anexo XII.

§152 Revogação da Diretiva 98/37/CE


A Diretiva 2006/42/CE substitui a Diretiva 98/37/CE. Esta é portanto revogada a
29 de Dezembro de 2009, data em que as disposições da Diretiva 2006/42/CE
são aplicáveis.
O segundo parágrafo do artigo 25.º significa que, a partir de 29 de Dezembro de
2009, as referências à Diretiva Máquinas em outra legislação da UE permanecem
válidas e são interpretadas como referências à Diretiva 2006/42/CE. Quando tais
referências são efectuadas a determinadas disposições da diretiva, são lidas
como fazendo referência às respectivas disposições indicadas no quadro de
correspondência apresentado no anexo XII. Estas referências são atualizadas
quando a respectiva legislação é revista.

Artigo 26.º
Transposição
1. Os Estados-Membros devem aprovar e publicar as disposições legislativas,
regulamentares e administrativas necessárias para dar cumprimento à presente
diretiva até 29 Junho de 2008 e informar imediatamente a Comissão desse
facto.
Os Estados-Membros devem aplicar essas disposições a partir de 29 de
Dezembro de 2009.
Quando os Estados-Membros aprovarem essas disposições, estas devem incluir
uma referência à presente diretiva ou serão acompanhadas dessa referência
aquando da sua publicação oficial. As modalidades dessa referência são
aprovadas pelos Estados-Membros.
2. Os Estados-Membros comunicarão à Comissão o texto das disposições de
direito interno que aprovarem nas matérias reguladas pela presente diretiva,
bem como um quadro de correspondência entre as disposições da presente
diretiva e as disposições nacionais aprovadas.

101
Sujeito a uma rectificação publicada no JO L 76 de 16.3.07, p 35.

134
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§153 Transposição e aplicação das disposições da diretiva


As diretivas da UE são destinadas aos Estados-Membros que, assim, são
instruídos a adoptar as disposições necessárias para as transpor para a lei
nacional. São estas disposições nacionais que criam obrigações legais a
operadores económicos. De acordo com o artigo 288.º do TFUE (antigo artigo
249.º CE), a diretiva é vinculativa quanto ao resultado a alcançar, mas deixa que
as autoridades nacionais definam o tipo e os métodos de aplicação. No entanto,
uma vez que a Diretiva Máquinas se baseia no artigo 95.º do Tratado CE (agora
artigo 114.º do TFUE), que prevê medidas para harmonizar as disposições
estabelecidas por lei, regulamentação ou ação administrativa nos Estados-
Membros, que têm por objectivo o estabelecimento e funcionamento do mercado
interno, a liberdade concedida aos Estados-Membros é, na verdade, bastante
limitada. Em particular, os requisitos essenciais de saúde e de segurança para a
concepção e fabrico de máquinas e os procedimentos de avaliação da
conformidade aplicáveis devem ser os mesmos em todos os Estados-Membros.
Foi dado um prazo de 2 anos após a entrada em vigor da diretiva para os
Estados-Membros adoptarem as disposições necessárias. Estas disposições
tornaram-se aplicáveis dezoito meses depois, a 29 de Dezembro de 2009. Até
essa data, a Diretiva 98/37/CE continuava em vigor.
As referências dos textos que transpõem as disposições da diretiva para a lei
nacional dos Estados-Membros, que tenham sido transmitidas à Comissão
conforme a obrigação estabelecida no n.º 2 do artigo 26.º, são apresentadas no
sítio da internet EUROPA da Comissão.

Artigo 27.º
Derrogação
Até 29 Junho de 2011, os Estados-Membros podem permitir a colocação no mercado
e a entrada em serviço de aparelhos portáteis de fixação de carga explosiva e outras
máquinas de impacto fabricadas em conformidade com as disposições nacionais em
vigor à data de aprovação da presente diretiva.

§154 Período de transição para aparelhos portáteis de fixação de carga


explosiva e outras máquinas de impacto
Regra geral, como os fabricantes têm um período de três anos e meio entre a
entrada em vigor da Diretiva 2006/42/CE e a aplicação das suas disposições,
para adaptarem os seus produtos, em caso de necessidade, não foi considerado
necessário prever um período de transição. No entanto, por derrogação à regra
geral, o artigo 27.º prevê um período de transição de dezoito meses para
aparelhos portáteis de fixação de carga explosiva e outras máquinas de impacto
de carga explosiva, período durante o qual os Estados-Membros podem permitir a
colocação no mercado de produtos que satisfazem as disposições nacionais
anteriormente em vigor. Estas disposições nacionais podem ser as que
implementam a Convenção de 1 de Julho de 1969 sobre o reconhecimento
recíproco de punções em armas de fogo portáteis (a convenção CIP), no caso dos
Estados-Membros que são signatários dessa convenção, ou, nos restantes
Estados-Membros, as regulamentações nacionais vigentes– ver §9: comentários
ao considerando 6.

135
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Importa sublinhar que o período de transição é uma facilidade disponível aos


Estados-Membros e não uma obrigação. Consequentemente, os aparelhos
portáteis de fixação de carga explosiva e outras máquinas portáteis de impacto de
carga explosiva, que respeitam a Diretiva Máquinas, beneficiam de livre
circulação na UE a partir de 29 de Dezembro de 2009. As máquinas que
cumprem as disposições nacionais anteriormente em vigor, só podem ser
colocadas no mercado nos Estados-Membros que o permitem. A partir de 29 de
Junho de 2011 todas as máquinas deste tipo devem estar em conformidade com
a Diretiva Máquinas.

Artigo 28.º
Entrada em vigor
A presente diretiva entra em vigor 20 dias após a sua publicação no Jornal Oficial
da União Europeia.

§155 Data de entrada em vigor da diretiva


O artigo 28.º prevê a data de entrada em vigor da Diretiva 2006/42/CE. Visto que
a diretiva é publicada no JOUE, a 9 de Junho de 2006, entra em vigor a 29 de
Junho de 2006. A data de entrada em vigor é a data em que a diretiva adquire
existência legal e não deve ser confundida com a data de aplicação das
disposições da diretiva, que é de 29 de Dezembro de 2009 – ver §153:
comentários ao n.º 1 do artigo 26.º.

Artigo 29.º
Destinatários
Os Estados-Membros são os destinatários da presente diretiva.
Feito em Estrasburgo, a 17 de Maio de 2006.

Pelo Parlamento Europeu Pelo Conselho


O Presidente O Presidente
J. BORRELL FONTELLES H. WINKLER

§156 Destinatários e signatários da diretiva


A diretiva é dirigida aos Estados-Membros, uma vez que a transposição das
disposições da diretiva para a lei nacional é necessária para criar obrigações
legais aos operadores económicos.
A diretiva é assinada pelos Presidentes do Parlamento Europeu e do Conselho,
uma vez que foi adoptada por estas instituições ao abrigo do procedimento de
codecisão previsto no artigo 251.º do Tratado CE (agora classificado como
processo legislativo ordinário no artigo 294.º do TFUE) – ver §2: comentários às
citações.

136
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ANEXO I
Requisitos essenciais de saúde e de segurança relativos à concepção e ao fabrico
de máquinas
PRINCÍPIOS GERAIS

§157 Princípios gerais


Os requisitos essenciais de saúde e de segurança (RESS) referidos no anexo I
são introduzidos por quatro princípios gerais. O primeiro, que trata da avaliação
dos riscos, esclarece um requisito básico do anexo I para identificar os perigos e
avaliar os riscos associados a máquinas de forma a identificar e aplicar os RESS
pertinentes. Os restantes princípios gerais são essenciais para compreender o
estatuto e as implicações dos RESS. Estes princípios gerais devem ser
respeitados aquando da aplicação de cada um dos RESS na concepção e
construção de máquinas.

PRINCÍPIOS GERAIS
1. O fabricante de uma máquina, ou o seu mandatário, deve assegurar que seja
efectuada uma avaliação dos riscos, a fim de determinar os requisitos de saúde
e de segurança que se aplicam à máquina. Em seguida, a máquina deverá ser
concebida e fabricada tendo em conta os resultados da avaliação dos riscos.
Através do processo iterativo de avaliação e redução dos riscos acima referido,
o fabricante ou o seu mandatário deve:
— determinar as limitações da máquina, o que inclui a utilização prevista e
a má utilização razoavelmente previsível,
— identificar os perigos que podem ser originados pela máquina e as
situações perigosas que lhes estão associadas,
— avaliar os riscos, tendo em conta a gravidade de eventuais lesões ou
agressões para a saúde e a probabilidade da respectiva ocorrência,
— avaliar os riscos com o objectivo de determinar se é necessária a sua
redução, em conformidade com o objectivo da presente diretiva,
— eliminar os perigos ou reduzir os riscos que estão associados a estes
perigos, através da aplicação de medidas de proteção, pela ordem de
prioridade estabelecida na alínea b) do ponto 1.1.2.
...
§158 Avaliação de riscos
De acordo com o princípio geral 2, os RESS são apenas aplicáveis quando se
verifica que a máquina em questão possui o respectivo perigo previsto. Para
identificar estes perigos, respeitando todas as fases do tempo de vida útil previsto
da máquina, o fabricante ou o seu mandatário deve efetuar uma avaliação de
riscos conforme com o processo iterativo descrito no princípio geral 1. Para os
termos "perigo" e "risco" – ver §164: comentários à alínea a) do ponto 1.1.1 e
§168: comentários à alínea e) do ponto 1.1.1.
A avaliação de riscos pode ser efectuada pelo próprio fabricante, pelo seu
mandatário ou por outra pessoa que o represente. Caso a avaliação de riscos

137
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

seja efectuada por outra pessoa representante do fabricante, este continua a ser
responsável pela avaliação de riscos e a implementação das medidas de proteção
necessárias durante a concepção e construção das máquinas – ver §78 a §81:
comentários à alínea i) do artigo 2.º e §83 e §84: comentários à alínea j) do
artigo 2.º.
A segunda frase do primeiro parágrafo do princípio geral 1 determina que as
máquinas devem ser concebidas e fabricadas tendo em conta os resultados da
avaliação de riscos. A avaliação de riscos é descrita como um processo iterativo
porque cada medida de redução dos riscos prevista para a resolução de um
perigo em particular deve ser avaliada de forma a verificar se é adequada e não
provoca novos perigos. Se não for este o caso, terá de se proceder a um novo
processo. Isto implica que o processo de avaliação de riscos seja efectuado em
paralelo com o processo de concepção das máquinas.
O último travessão do segundo parágrafo sublinha que será dada uma ordem de
prioridade às medidas de redução dos riscos para resolver os perigos
identificados, em conformidade com os princípios de integração da segurança –
ver §174: comentários à alínea b) do ponto 1.1.2.
A avaliação de riscos e os seus resultados devem estar documentados no
processo técnico da máquina – ver §392: comentários à alínea a) do n.º 1 da
parte A do anexo VII.
A Norma EN ISO 14121-1 (norma de tipo A) explica os princípios gerais da
avaliação de riscos das máquinas 102 .

§159 Avaliação de riscos e normas harmonizadas


O processo de avaliação de riscos é facilitado através da aplicação de normas
harmonizadas, visto que as normas de tipo C para máquinas identificam os
perigos significativos, que são normalmente associados com a respectiva
categoria de máquinas e especificam medidas de proteção para os resolver. No
entanto, a aplicação de normas harmonizadas não dispensa o fabricante da
máquina da obrigação de executar uma avaliação de riscos.
Um fabricante que aplica as especificações de uma norma de tipo C deve verificar
se a norma harmonizada se adequa à respectiva máquina em particular e se
cobre todos os riscos que esta apresenta. Se a máquina em questão apresentar
perigos que não estão cobertos pela norma harmonizada, é obrigatório proceder a
uma avaliação de riscos completa para esses perigos e tomar as medidas de
proteção adequadas para os resolver.
Por outro lado, quando as normas harmonizadas determinam várias soluções
alternativas sem definir critérios de escolha, a escolha da solução adequada para
a máquina em questão deve basear-se numa determinada avaliação de risco. Isto
é especialmente importante quando se aplicam normas de tipo B – ver §111:
comentários ao n.º 2 do artigo 7.º.

102
EN ISO 14121-1: 2007 - Segurança de máquinas – Avaliação de riscos – Parte 1: Princípios
(ISO 14121-1:2007).

138
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

PRINCÍPIOS GERAIS (continuação)


...
2. As obrigações previstas pelos requisitos essenciais de saúde e de segurança só
se aplicam quando existir o risco correspondente para a máquina considerada,
quando esta for utilizada nas condições previstas pelo fabricante ou pelo seu
mandatário, mas também em situações anómalas previsíveis. Em qualquer caso, são
aplicáveis os princípios de integração da segurança referidos no ponto 1.1.2 e as
obrigações em matéria de marcação das máquinas e de instruções referidas nos
pontos 1.7.3 e 1.7.4.
...
§160 A aplicabilidade dos requisitos essenciais de saúde e de segurança
Deve-se ter presente o princípio geral 2 ao ler cada um dos RESS referidos no
anexo I. Normalmente, os RESS são enviados sem qualificação. No entanto,
aplicam-se apenas quando é pertinente e necessário. Por outras palavras, um
RESS aplica-se quando o perigo em questão está presente no modelo específico
da máquina em questão. A primeira frase do princípio geral 2 também salienta
que, quando se identificam perigos para um determinado modelo de máquinas,
deve considerar-se, não só as condições previsíveis de utilização, mas também
as situações anormais previsíveis. As situações anormais previsíveis são as que
resultam da má utilização razoavelmente previsível - ver §172: comentários à
alínea i) do ponto 1.1.1.
A segunda frase refere uma exceção ao princípio geral 2, visto que os requisitos
dos pontos 1.1.2, 1.7.3 e 1.7.4 aplicam-se a todas as máquinas.

PRINCÍPIOS GERAIS (continuação)


...
3. Os requisitos essenciais de saúde e de segurança enunciados no presente anexo
são obrigatórios. No entanto, tendo em conta o estado da técnica, pode não ser
possível atingir os objectivos por eles fixados. Nesse caso, a concepção e o
fabrico da máquina devem, tanto quanto possível, tender para estes objectivos.
...
§161 O estado da técnica
O princípio geral 3 lembra, em primeiro lugar, que os RESS são juridicamente
vinculativos quando são aplicados a um determinado modelo de máquinas. Tal
fica claro nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 5.º que refere as obrigações
dos fabricantes de máquinas. Neste sentido, importa distinguir os RESS
apresentados no anexo I das especificações das normas harmonizadas, cuja
aplicação é voluntária – ver §110: comentários ao n.º 2 do artigo 7.º.
Normalmente, os RESS previstos no anexo I são enviados sem qualificação. A
segunda frase do ponto 3 dos princípios gerais reconhece que, em determinados
casos, pode não ser possível satisfazer totalmente determinados RESS, devido
ao atual estado da técnica. Nestes casos, o fabricante da máquina deve esforçar-
se ao máximo para alcançar os objectivos previstos nos RESS.
O conceito de "estado da técnica" não está definido na Diretiva Máquinas, no
entanto, verifica-se pelo considerando 14 que o conceito de "estado da técnica"
inclui tanto os aspectos técnicos como os aspectos económicos. De forma a
corresponder ao estado da técnica, as soluções técnicas adoptadas para

139
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

preencher os RESS devem empregar os meios técnicos mais eficazes disponíveis


no momento, por um valor que tenha em consideração razoável o custo total da
categoria da máquina em questão e a redução de riscos necessária.
Não se espera que os fabricantes de máquinas utilizem soluções que ainda estão
em fase de investigação ou meios técnicos que ainda não se encontram no
mercado. Por outro lado, devem estar atentos ao progresso técnico e adoptar as
soluções técnicas mais eficazes adequadas à máquina em questão, assim que
são disponibilizadas a um custo razoável.
Assim, o "estado da técnica" é um conceito dinâmico: evolui quando são
disponibilizados meios técnicos mais eficazes ou quando o seu custo diminui.
Deste modo uma solução técnica considerada em conformidade com os RESS da
diretiva numa determinada altura pode ser posteriormente considerada
inadequada, se o estado da técnica tiver evoluído.
O fabricante da máquina só pode ter em conta o estado da técnica disponível na
altura da construção da máquina. Se uma evolução do estado da técnica
possibilitar uma abordagem mais rigorosa dos objectivos referidos nos RESS, o
fabricante a produzir uma série de máquinas com a mesma concepção deve
atualizá-la em conformidade (enquanto determina o tempo necessário para a
reformulação e as respectivas alterações no processo de produção).

§162 Normas harmonizadas e estado da técnica


As normas harmonizadas estabelecem especificações técnicas que permitem aos
fabricantes de máquinas satisfazer os RESS. Visto que as normas harmonizadas
são desenvolvidas e adoptadas com base num consenso entre as partes
interessadas, as suas especificações apresentam uma boa indicação do estado
da técnica utilizado na altura em que foram adoptadas. A evolução do estado da
técnica reflete-se em posteriores alterações ou revisões de normas
harmonizadas.
A este respeito, o nível de segurança concedido pela aplicação de uma norma
harmonizada estabelece um padrão que deve ser seguido por todos os
fabricantes da categoria de máquinas ao abrigo desta norma, incluindo as que
preferem empregar soluções técnicas alternativas. Um fabricante que prefere
utilizar soluções alternativas terá de demonstrar que essas soluções estão em
conformidade com os RESS da Diretiva Máquinas, considerando o atual estado
da técnica. Consequentemente, tais soluções alternativas devem possuir um nível
de segurança, no mínimo, equivalente ao concedido pela aplicação das
especificações da respectiva norma harmonizada – ver §110: comentários ao n.º
2 do artigo 7.º .
Quando não existem normas harmonizadas, disponibilizam-se outros documentos
técnicos que podem dar indicações úteis para a aplicação dos RESS da Diretiva
Máquinas. Tais documentos incluem, por exemplo, normas internacionais, normas
nacionais, projetos de normas europeias, as Recomendações de Utilização
emitidas pela Coordenação Europeia dos Organismos Notificados – ver §137:
comentários ao n.º 7 do artigo 14.º – ou orientações emitidas por organizações
profissionais. No entanto, a aplicação de tais documentos técnicos não confere
uma presunção de conformidade com os RESS da Diretiva Máquinas – ver §383:
comentários à alínea 8) da parte A do ponto 1 do anexo II.

140
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

PRINCÍPIOS GERAIS (continuação)


...
4. O presente anexo está organizado em várias partes. A primeira tem um
objectivo geral e é aplicável a todos os tipos de máquinas. As outras partes
referem-se a determinados tipos de riscos mais específicos. Não obstante, é
essencial ter em conta a totalidade do presente anexo para garantir o
cumprimento de todos os requisitos essenciais pertinentes. Aquando da
concepção de uma máquina, devem ser tidos em conta os requisitos da parte
geral e os de uma ou várias das outras partes, em função dos resultados da
avaliação dos riscos efectuada em conformidade com o ponto 1 dos presentes
princípios gerais.

§163 A estrutura do anexo I


O ponto 4 dos princípios gerais 4 esclarece a estrutura do anexo I. Os fabricantes
devem considerar os RESS referidos na parte 1 do anexo I em todas as
categorias de máquinas. À exceção dos pontos 1.1.2, 1.7.3 e 1.7.4, que se
aplicam sempre, os RESS referidos nos restantes pontos da parte 1 aplicam-se
quando a avaliação de riscos do fabricante demonstra que o perigo em questão
está presente.
As partes 2 a 6 do anexo I correspondem especificamente aos seguintes perigos:
Parte 2 perigos específicos para determinadas categorias de
máquinas:
 máquinas destinadas à indústria alimentar,
 máquinas destinadas à indústria de produtos
cosméticos e farmacêuticos,
 máquinas portáteis e máquinas guiadas à mão,
 aparelhos portáteis de fixação e outras máquinas de
impacto,
 máquinas para trabalhar madeira e materiais com
características semelhantes;
Parte 3 perigos associados à mobilidade de máquinas;
Parte 4 perigos associados a operações de elevação;
Parte 5 perigos específicos de máquinas destinadas a serem
utilizadas em trabalhos subterrâneos;
Parte 6 perigos associados a operações de elevação de pessoas.
A aplicabilidade dos RESS referidos em cada uma destas partes depende do
facto de um determinado modelo de máquinas fazer parte de uma ou mais das
categorias de máquinas apresentadas nas partes 2 ou 5 ou da avaliação de riscos
do fabricante demonstrar que a máquina apresenta um ou mais dos perigos
específicos previstos nas partes 3, 4 e 6 – ver §160: comentários ao ponto 2 dos
princípios gerais 2. Por exemplo, uma plataforma elevatória móvel de trabalho
está sujeita aos requisitos enunciados nas partes 1, 3, 4 e 6. Uma serra circular
portátil para trabalhar madeira está sujeita aos requisitos enunciados nas partes
1 e 2.
Em determinados casos, os RESS enunciados nas partes 2 a 6 complementam
os RESS enunciados nas restantes partes do anexo I, que se ocupam do mesmo
tipo de perigo. Isto está indicado nos comentários das respectivas secções.

141
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1. REQUISITOS ESSENCIAIS DE SAÚDE E DE SEGURANÇA


1.1 GENERALIDADES
1.1.1 Definições
Para efeitos do presente anexo, entende-se por:
(a) "Perigo": uma fonte potencial de lesões ou danos para a saúde;
...
§164 Perigo
O termo "perigo" é utilizado no contexto da avaliação de riscos com um
significado que pode ser diferente do utilizado no quotidiano. No contexto da
avaliação de riscos, "perigo" refere-se a uma potencial fonte de danos. A
presença de um perigo é uma característica inerente às máquinas e não depende
da ocorrência ou não de lesões ou danos para a saúde. Por exemplo, a presença
de elementos a altas temperaturas numa máquina é uma potencial fonte de
lesões, como queimaduras, ou danos para a saúde, tais como doenças
relacionadas com agressões térmicas; a presença de lâminas de corte nas
máquinas é uma potencial fonte de lesões, como por exemplo cortes e
amputações. Durante a fase de identificação de um perigo, esse perigo deve ser
considerado como uma possibilidade, mesmo que o elemento da máquina que
apresenta este perigo não seja acessível.
Os perigos podem ser identificados pela sua origem física (por exemplo, perigo
mecânico, perigo eléctrico) ou pela natureza da potencial lesão ou dano para a
saúde (por exemplo, perigo de corte, perigo de esmagamento ou perigo de
choque eléctrico).
O ponto 1 dos princípios gerais exige que o fabricante identifique os perigos
inerentes às máquinas ou implícitos na sua utilização e as situações de perigo
associadas. Uma situação de perigo é uma circunstância, uma ocorrência ou uma
sequência de eventos, em que uma pessoa é exposta a um perigo. As situações
de perigo podem ser esporádicas ou estar permanentemente presentes durante a
utilização das máquinas.

1.1.1 Definições (continuação)


...
(b) "Zona perigosa": qualquer zona dentro e/ou em torno de uma máquina, na qual
uma pessoa fica exposta a um risco para a sua saúde ou segurança;
...
§165 Zona perigosa
O conceito "zona perigosa" permite assinalar os locais onde as pessoas podem
estar expostas a um perigo. Por exemplo, no caso de riscos associados ao
contacto com peças móveis da máquina, a zona perigosa limita a proximidade às
peças perigosas. No caso de outros riscos, como, por exemplo, o risco de ser
atingido por objetos ejectados da máquina ou o risco de exposição a emissão de
ruídos ou de substâncias perigosas da máquina, a zona perigosa poderá incluir
áreas consideráveis em torno da máquina.
Um dos meios mais eficazes para evitar riscos é conceber as máquinas de forma
a não haver necessidade de as pessoas entrarem em zonas perigosas – ver
§189: comentários ao ponto 1.2.2 e §239: comentários ao ponto 1.6.1.

142
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.1.1 Definições (continuação)


...
(c) "Pessoa exposta": qualquer pessoa que se encontre total ou parcialmente numa
zona perigosa;
...
§166 Pessoa exposta
A definição do termo "pessoa exposta" é muito amplo. Os operadores fazem parte
de uma categoria de potenciais pessoas expostas – ver §167: comentários à
alínea d) do ponto 1.1.1. No entanto, as pessoas que não têm contacto direto com
a máquina podem estar presentes numa zona perigosa, principalmente se as
zonas perigosas incluírem áreas em torno da máquina. No caso de máquinas
para uso profissional, estas pessoas podem ser, por exemplo, outros funcionários
da empresa onde as máquinas são utilizadas ou outras pessoas presentes. No
caso de máquinas em locais de construção, vias públicas ou áreas urbanas, as
potenciais pessoas expostas podem ser cidadãos que se encontram na rua ou em
edifícios vizinhos. No caso de máquinas agrícolas ou máquinas para uso pelo
consumidor na habitação ou no jardim, as potenciais pessoas expostas podem
ser familiares incluindo crianças. Os RESS pretendem evitar riscos a todas as
pessoas expostas. Assim, a avaliação de riscos do fabricante deve incluir uma
avaliação da probabilidade dos operadores e de outras pessoas se encontrarem
numa zona de perigo.

1.1.1 Definições (continuação)


...
(d) "Operador": a(s) pessoa(s) encarregada(s) de instalar, fazer funcionar, regular,
limpar, reparar ou deslocar uma máquina, ou de proceder à sua manutenção;
...
§167 Operador
A definição de "operador" dá ao termo um sentido muito amplo. Na Diretiva
Máquinas, o termo é usado para designar todas as pessoas que desempenham
tarefas com a máquina e não se limita aos operadores de produção. Os
operadores são todas as pessoas que lidam com as máquinas nas variadas fases
do seu tempo de vida útil - ver §173: comentários à alínea a) do ponto 1.1.2. No
caso de máquinas concebidas para o uso no local de trabalho, os operadores
podem ser profissionais com ou sem formação especializada. No caso de
máquinas concebidas para uso pelos consumidores, os operadores não são
profissionais e parte-se do princípio que não têm qualquer formação especializada
– ver §259: comentários à alínea d) do ponto 1.7.4.1. No entanto, deve ter-se em
conta que determinados tipos de máquinas são colocados no mercado quer para
uso profissional quer para uso pelo consumidor.

1.1.1 Definições (continuação)


...
(e) "Risco": combinação da probabilidade e da gravidade de uma lesão ou de um
dano à saúde, que possam ocorrer numa situação perigosa;
...

143
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§168 Risco
Tal como o termo "perigo", também o termo "risco" é utilizado na Diretiva
Máquinas com um significado que pode ser diferente do utilizado no quotidiano. A
existência de um risco depende dos perigos criados pela máquina, mas também
da área comum entre a máquina e os operadores e outras pessoas expostas. A
máquina pode conter um perigo, mas se ninguém estiver exposto a esse perigo,
não há risco.
Os riscos podem ser caracterizados fazendo referência ao perigo ou à respectiva
situação de perigo (como por exemplo, um risco associado ao contacto com
peças móveis ou superfícies quentes, um risco associado à emissão de ruídos ou
substâncias perigosas) ou fazendo referência às suas possíveis consequências
(como por exemplo, risco de esmagamento, risco de corte, risco de queimadura,
ou risco de perda de audição).
O terceiro passo do processo de avaliação de riscos é estimar os riscos, tendo em
conta a gravidade da possível lesão ou dano para a saúde e a probabilidade de
ocorrência – ver §158: comentários ao ponto 1 dos princípios gerais. A estimativa
do risco baseia-se na combinação destes dois factores. Os riscos mais graves
envolvem a combinação de uma alta probabilidade de ocorrência e a
possibilidade de lesões ou danos graves para a saúde ou fatais. No entanto, uma
fraca probabilidade de ocorrência também pode ser considerada como um risco
grave, caso resulte em lesões ou danos graves para a saúde ou fatais. Por isso,
os riscos devem ser avaliados caso a caso, tendo em conta que estes podem ser
diferentes ao longo das diferentes fases da vida útil das máquinas, dependendo
das respectivas operações e do estado das máquinas durante cada uma das
fases – ver §173: comentários à alínea a) do ponto 1.1.2.

1.1.1 Definições (continuação)


...
(f) "protetor": elemento de máquina especificamente utilizado para garantir
proteção por meio de uma barreira material;
...
§169 Protetor
O termo "protetor" é utilizado em elementos de máquinas concebidos
especialmente para desempenhar uma função de proteção. Existem outros
elementos de máquinas que cumprem uma função operacional primária, como por
exemplo, a estrutura da máquina e que também desempenham uma função de
proteção, mas não são designadas de protetores.
Os protetores são definidos como proporcionando proteção através de uma
barreira material como por exemplo, uma caixa, uma blindagem, uma tampa,
uma divisória, uma porta, um compartimento ou uma barreira. O termo "barreira
material" implica que o protetor seja constituído por um material sólido, como por
exemplo, aço ou plástico, conforme a proteção exigida. Os materiais utilizados
podem ser fechados ou perfurados, rígidos ou flexíveis.
Os protetores são um dos meios utilizados para evitar o acesso a zonas de perigo
dentro ou em torno das máquinas. Em muitos casos, o protetor age como uma
barreira em ambas as direções de forma a proteger contra dois ou mais riscos em
simultâneo. Por exemplo, pode incorporar-se um protetor numa máquina para
evitar que as pessoas entrem na zona de perigo, mas também para evitar que as

144
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

pessoas em torno da máquina fiquem expostas à ejecção de objetos ou fluidos,


emissão de ruídos, radiação ou substâncias perigosas.
A Diretiva Máquinas distingue três tipos principais de protetores: protetores fixos,
protetores móveis com dispositivos de encravamento e protetores reguláveis que
limitam o acesso – ver §217: comentários ao ponto 1.4.2 do anexo I.
Quando são colocados individualmente no mercado, estes protetores são
considerados como componentes de segurança – ver §42: comentários à alínea
c) do artigo 2.º e §389: comentários ao pontos 1, 3 e 7 do anexo V.

1.1.1 Definições (continuação)


...
(g) "Dispositivo de proteção": dispositivo (diferente de um protetor) que, por si só
ou associado a um protetor, reduz o risco;
...
§170 Dispositivos de proteção
Os dispositivos de proteção não são considerados protetores, porque não
constituem uma barreira material entre a pessoa exposta e a zona de perigo,
apesar de reduzirem os riscos, evitando a exposição a um perigo por outros
meios. Os dispositivos de proteção incluem, por exemplo, os dispositivos de
comando a duas mãos, os equipamentos de proteção sensíveis, tais como os
tapetes e bordos sensíveis, as barras sensíveis e os fios de detecção e
dispositivos de proteção optoelectrónicos tais como cortinas de luz, digitalizadores
laser ou sistemas de segurança baseados em câmaras – ver §221: comentários
ao ponto 1.4.3 do anexo I.
Quando são colocados individualmente no mercado, estes dispositivos de
proteção são considerados como componentes de segurança – ver §42:
comentários à alínea c) do artigo 2.º e §389: comentários aos ponto s 2 e 7 do
anexo V.

1.1.1 Definições (continuação)


...
(h) "Utilização prevista": utilização da máquina de acordo com as informações
fornecidas no manual de instruções;
...
§171 Utilização prevista
O primeiro passo do processo de avaliação de riscos, apresentado no ponto 1 dos
princípios gerais, é determinar os limites das máquinas, que inclui a utilização
prevista das mesmas. As máquinas não estão necessariamente preparadas para
todos os tipos de utilização possível. Por exemplo, o fabricante de máquinas
concebidas para trabalhar metal, em princípio, não preparou essas máquinas para
trabalhar madeira em segurança e vice-versa, assim como por exemplo, o
fabricante de uma plataforma elevatória móvel de trabalho não a concebeu para
ser utilizada como um aparelho de elevação em segurança. Portanto, a avaliação
de riscos do fabricante e a concepção e fabrico das máquinas deve basear-se em
uso(s) específico(s). A especificação da utilização prevista da máquina deve
incluir, nomeadamente, os diferentes modos de operação e fases de utilização da
máquina – ver §173: comentários à alínea a) do ponto 1.1.2.

145
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Em particular, os parâmetros de que depende a utilização segura da máquina e


os seus limites devem ser especificados com exatidão. Tais parâmetros incluem,
por exemplo, a carga máxima para a elevação de máquinas, a inclinação máxima
em que podem ser utilizadas as máquinas móveis sem perda de estabilidade, a
velocidade máxima do vento a que podem ser utilizadas as máquinas no exterior
em segurança, as dimensões máximas das peças de trabalho e o tipo de material
que pode ser processado em segurança por uma máquina ferramenta.
A utilização prevista da máquina é a determinada e descrita no manual de
instruções do fabricante – ver §263: comentários à alínea g) do ponto 1.7.4.2.

1.1.1 Definições (continuação)


...
(i) "Má utilização razoavelmente previsível": utilização da máquina de um modo
não previsto no manual de instruções, mas que pode resultar de comportamento
humano facilmente previsível.

§172 Má utilização razoavelmente previsível


O primeiro passo do processo de avaliação de riscos, apresentado no ponto 1 dos
princípios gerais, também exige que o fabricante tenha em consideração a má
utilização razoavelmente previsível da máquina. Não se espera que o fabricante
da máquina tenha em consideração todas as más utilizações possíveis. No
entanto, existem determinados tipos de má utilização, seja intencional ou não, que
são previsíveis com base na experiência anterior de utilização do mesmo tipo de
máquina ou de máquinas semelhantes, investigações de acidentes e
conhecimento sobre o comportamento humano – ver §173: comentários à alínea
a) do ponto 1.1.2, §175: comentários à alínea c) do ponto 1.1.2 e §263:
comentários à alínea h) do ponto 1.7.4.2.
A Norma EN ISO 12100-1 dá os exemplos seguintes de tipos de má utilização ou
de comportamento humano facilmente previsível que podem ser tidos em conta:
 perda do controlo da máquina pelo operador;
 comportamento reflexivo de uma pessoa em caso de avaria, incidente ou
falha durante o uso da máquina;
 comportamento resultante da falta de concentração ou distração;
 comportamento resultante do facto de seguir a linha de menor resistência
para desempenhar uma tarefa;
 comportamento que resulta da pressão de ter de manter a máquina em
funcionamento em qualquer circunstância;
 o comportamento de determinadas pessoas, como por exemplo crianças.
Tais comportamentos podem resultar numa gama de situações de má utilização,
como por exemplo, utilizar uma grua ou uma plataforma elevatória móvel de
trabalho sem colocar os estabilizadores; deixar a porta aberta de um camião de
terraplanagem, em alturas de calor, anulando assim a filtragem do ar e o
equipamento de controlo de ruídos; operar uma prensa em simultâneo com outra
pessoa, quando esta foi concebida para ser utilizada por uma única pessoa.

146
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Deve dar-se especial atenção a factores que possam provocar a remoção,


inutilização ou anulação de protetores e dispositivos de proteção – ver §216:
comentários ao ponto 1.4.1.

1.1.2 Princípios de integração da segurança


(a) As máquinas devem ser concebidas e construídas por forma a cumprirem a
função a que se destinam e a poderem ser postas em funcionamento, reguladas e
objecto de manutenção sem expor as pessoas a riscos, quando tais operações
sejam efectuadas nas condições previstas, mas tendo também em conta a sua má
utilização razoavelmente previsível.
As medidas tomadas devem ter por objectivo eliminar os riscos durante o tempo
previsível de vida da máquina, incluindo as fases de transporte, montagem,
desmontagem, desmantelamento e abate.
...
§173 Princípios de integração da segurança
O ponto 1.1.2, que implementa os princípios de integração da segurança, por
vezes classificada como segurança pela concepção, é um ponto-chave do anexo
I. O ponto 1.1.2 implementa uma metodologia básica para a concepção e fabrico
em segurança de máquinas, que é fundamental na abordagem à Diretiva
Máquinas 103 O ponto 2 dos princípios gerais determina que estes RESS se
aplicam a todas as máquinas. Quando se aplicam os outros RESS, devem seguir-
se os princípios de integração da segurança implementados no ponto 1.1.2.
A alínea a) do ponto 1.1.2 determina em primeiro lugar que as máquinas devem
ser concebidas segundo a sua finalidade. A principal preocupação da Diretiva
Máquinas é a segurança e não contém qualquer tipo de requisitos específicos
relacionados com o desempenho da máquina. Normalmente considera-se que o
desempenho das máquinas é uma questão que segue os requisitos do mercado e
que os utilizadores selecionam a máquina de acordo com as características de
desempenho apropriadas às suas necessidades. No entanto, a capacidade de a
máquina realizar as suas funções afecta a segurança, na medida em que um
funcionamento inadequado pode provocar situações de perigo ou ser favorável à
má utilização.
A alínea a) do ponto 1.1.2 implementa o objectivo geral de que as máquinas
devem ser concebidas e fabricadas de forma a serem utilizadas, reguladas e
sujeitas a manutenção sem colocarem as pessoas em risco. O termo "pessoas"
inclui os operadores e quaisquer outras pessoas expostas – ver §166 e §167:
comentários às alíneas c) e d) do ponto 1.1.1. Para alcançar este objectivo, o
fabricante deve considerar tanto as condições previstas de utilização como
qualquer má utilização razoavelmente previsível das máquinas – ver §172:
comentários à alínea i) do ponto 1.1.1.
O segundo parágrafo da alínea a) do ponto 1.1.2 implementa o objectivo de evitar
riscos através da vida útil prevista da máquina, incluindo as fases de transporte,
montagem, desmontagem, desmantelamento e abate. Por um lado, este requisito
implica que os componentes e as peças relacionadas com a segurança sejam

103
EN ISO 12100-1:2003 + A1:2009 – Segurança de máquinas – Conceitos básicos, princípios
gerais para a concepção – Parte 1: Terminologia básica, metodologia (ISO 12100-1:2003);
EN ISO 12100-2:2003 + A1:2009 – Segurança de máquinas – Conceitos básicos, princípios gerais
para a concepção – Parte 2: Princípios técnicos (ISO 12100-2:2003).

147
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

suficientemente resistentes e duradouros – ver §207: comentários ao ponto 1.3.2,


§339 a §341: comentários aos pontos 4.1.2.3, 4.1.2.4, 4.1.2.5 e §369:
comentários ao ponto 6.1.1 - e que se forneçam instruções adequadas para a
manutenção e substituição de componentes sujeitos a uso intenso e a desgaste –
ver §272: comentários à alínea r) do ponto 1.7.4.2. Por outro lado, este parágrafo
exige que o fabricante aborde não só os riscos que podem acontecer durante o
funcionamento, a instalação e manutenção da máquina, como também durante
outras fases da sua vida útil:

 transporte
As medidas para evitar riscos associados com o transporte de máquinas
incluem, por exemplo:
 concepção das máquinas com vista a facilitar o seu manuseamento –
ver §180: comentários ao ponto 1.1.5;
 medidas para assegurar a estabilidade das máquinas durante o
transporte – ver §206: comentários ao ponto 1.3.1 e comentários ao
ponto 4.1.2.1;
 medidas para assegurar a resistência mecânica adequada durante o
transporte – ver §338: comentários ao ponto 4.1.2.3;
 fornecer instruções sobre como o transporte em segurança – ver §269 e
§270: comentários às alíneas o) e p) do ponto 7.4.2.
Tais medidas são particularmente importantes em máquinas que são
transportadas várias vezes durante a sua vida útil.

 montagem e desmontagem
No caso de máquinas instaladas temporariamente em vários locais durante a
sua vida útil, é muito importante que a sua concepção facilite a montagem e
desmontagem. As medidas a tomar incluem, por exemplo:
 evitar erros de montagem – ver §225: comentários ao ponto 1.5.4;
 fornecer instruções adequadas – ver §264 e §269: comentários às
alíneas i) e o) do ponto 1.7.4.2.

 desmantelamento e abate
A Diretiva Máquinas não inclui requisitos relacionados com a eliminação,
reciclagem ou reutilização de componentes ou materiais de máquinas após o
abate.
As medidas referidas no segundo parágrafo para evitar riscos durante o
desmantelamento e abate de máquinas em fim de vida são as que podem ser
tomadas pelo fabricante da máquina. Tais medidas podem incluir, por exemplo,
assegurar que as peças que contêm substâncias perigosas estão devida e
indelevelmente assinaladas, assegurar que as substâncias perigosas da máquina
são retiradas em segurança e assegurar que a energia armazenada na máquina é
dissipada em segurança quando a máquina é desmantelada, para evitar perigos
durante o abate – ver §178: comentários ao ponto 1.1.3.

148
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.1.2 Princípios de integração da segurança (continuação)


...
(b) Ao escolher as soluções mais adequadas, o fabricante, ou o seu mandatário,
deve aplicar os seguintes princípios, pela ordem indicada:
— eliminar ou reduzir os riscos, na medida do possível (integração da
segurança na concepção e no fabrico da máquina),
— tomar as medidas de proteção necessárias em relação aos riscos que não
possam ser eliminados,
— informar os utilizadores dos riscos residuais devidos à não completa
eficácia das medidas de proteção adoptadas, indicar se é exigida uma
formação específica e assinalar se é necessário prever equipamento de
proteção individual.
...
§174 O método dos 3 passos
A alínea b) do ponto 1.1.2 implementa a abordagem a adoptar quando se
determinam medidas para tratar riscos identificados e avaliados através da
avaliação de riscos descrita no ponto 1 dos princípios gerais. Os três passos
consecutivos, frequentemente designados de método dos 3 passos, são
colocados por ordem de prioridade:
1.º passo = primeira prioridade - Medidas de concepção inerentes à
segurança
2.º passo = segunda prioridade - Medidas de proteção técnica
3.º passo = terceira prioridade - Informação para os utilizadores
Esta ordem de prioridades deve ser aplicada quando se selecionam as medidas
para tratar de um determinado risco de forma a satisfazer os respectivos RESS.
Além disso, o fabricante deve esgotar todas as possibilidades de medidas de
concepção inerentes à segurança antes de recorrer a medidas de proteção. Tal
como deve esgotar todas possibilidades de medidas de proteção antes de confiar
os avisos e instruções aos operadores. A aplicação do método dos 3 passos
também deve prestar a devida atenção ao estado da técnica – ver §161:
comentários ao ponto 3 dos princípios gerais.

 1.º passo = primeira prioridade


A primeira prioridade é dada às medidas de concepção inerentes à segurança
porque são mais eficazes que as medidas de proteção e os avisos. Alguns dos
exemplos de medidas de concepção inerentes à segurança são, por exemplo:
 eliminar o perigo por completo, por exemplo, substituindo um fluído
hidráulico inflamável por um de tipo não inflamável – ver §178: comentários
ao ponto 1.1.3;
 conceber o sistema e os dispositivos de controlo de forma a assegurar o
funcionamento em segurança – ver §184 a §185: comentários ao ponto 1.2
e §297 e §298: comentários ao ponto 3.3;
 assegurar a estabilidade inerente à máquina através da sua forma e da
distribuição de massas – ver §206: comentários ao ponto 1.3.1;

149
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

 assegurar que as peças acessíveis da máquina não têm arestas vivas ou


superfícies rugosas – ver §209: comentários ao ponto 1.3.4;
 assegurar uma distância segura entre as peças móveis e as peças fixas da
máquina para evitar o risco de esmagamento – ver §212: comentários ao
ponto 1.3.7;
 evitar superfícies acessíveis com temperaturas extremas – ver §226:
comentários ao ponto 1.5.5;
 reduzir a emissão de ruídos, vibrações, radiação ou substâncias perigosas
na fonte – ver §229: comentários ao ponto 1.5.8, §231: comentários ao
ponto 1.5.9, §232: comentários ao ponto 1.5.10 e §235: comentários ao
ponto 1.5.13;
 reduzir, quando possível, a velocidade e a força motriz das peças móveis
ou a velocidade de atuação da própria máquina;
 localizar peças perigosas da máquina em locais inacessíveis – ver §212:
comentários ao ponto 1.3.7;
 localizar pontos de regulação e manutenção fora das zonas de perigo – ver
§239: comentários ao ponto 1.6.1 do anexo I.

 2.º passo = segunda prioridade


Quando não é possível eliminar perigos ou reduzir suficientemente os riscos
através de medidas de concepção inerentes à segurança, a segunda prioridade é
dada às medidas de proteção técnica para evitar a exposição de pessoas a
perigos. Alguns dos exemplos de medidas de proteção técnica são, por exemplo:
 protetores: protetores fixos, protetores móveis com dispositivos de
encravamento com bloqueio do protetor quando necessário ou protetores
reguláveis que restringem o acesso – ver §218 a §220: comentários aos
pontos 1.4.2.1 a 1.4.1.3;
 dispositivos de proteção – ver §221: comentários ao ponto 1.4.3;
 isolamento das peças eléctricas ativas – ver §222: comentários ao ponto
1.5.1;
 vedação de fontes de ruído – ver §229: comentários ao ponto 1.5.8;
 amortecimento de vibrações – ver §231: comentários ao ponto 1.5.9;
 contenção ou evacuação de substâncias perigosas – ver §235:
comentários ao ponto 1.5.13;
 dispositivos para compensar a falta de visibilidade direta – ver §294:
comentários ao ponto 3.2.1;
 estruturas de proteção contra o risco de capotar ou tombar ou contra o
risco de queda de objetos – ver §315 e §316: comentários aos pontos 3.4.3
e 3.4.4;
 estabilizadores – ver §335: comentários ao ponto 4.1.2.1;

3.º passo = terceira prioridade

Finalmente, para os riscos residuais que não podem ser adequadamente


reduzidos através de medidas de concepção inerentes à segurança ou de
150
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

medidas de proteção técnica, deverá ser disponibilizada informação às pessoas


na forma de avisos, sinais e informação na máquina, e aos utilizadores no manual
de instruções para que possam ser tomadas as precauções e medidas
necessárias pelos utilizadores. 104 Alguns exemplos de tais avisos e instruções
são:
 informação ou avisos na máquina na forma de símbolos ou pictogramas –
ver §245: comentários ao ponto 1.7.1;
 sinais de aviso acústicos ou luminosos – ver §248: comentários ao ponto
1.7.1.2;
 indicação da massa da máquina ou das peças da mesma que são
manuseadas com equipamento de elevação durante as diversas fases da
vida útil prevista – ver §253: comentários ao ponto 1.7.3;
 aviso de proibição da utilização da máquina por determinadas pessoas
como, por exemplo, jovens com idade inferior a um determinado limite –
ver §263: comentários à alínea i) do ponto 1.7.4.2;
 informação sobre a montagem e instalação da máquina em segurança –
ver §264: comentários à alínea i) do ponto 1.7.4.2;
 especificar a necessidade de fornecer a informação e a formação
necessárias aos operadores – ver §266: comentários à alínea k) do ponto
1.7.4.2.
 informação sobre as medidas de proteção adicionais a tomar no local de
trabalho – ver §267: comentários à alínea l) do ponto 1.7.4.2;
 especificar a necessidade de fornecer equipamento de proteção individual
adequado aos operadores e assegurar que o mesmo é utilizado – ver
§266: comentários à alínea k) do ponto 1.7.4.2. 105
O fornecimento de avisos e instruções de utilização é considerado como uma
parte inerente da concepção e fabrico da máquina. No entanto, o facto de este
terceiro passo ser o último da ordem de prioridades apresentada na alínea b) do
ponto 1.1.2, implica que os avisos e as instruções não substituam as medidas de
concepção inerentes à segurança e as medidas de proteção técnica, quando
existem, tendo em conta o estado da técnica.

104
Tais medidas estão sujeitas às disposições nacionais da Diretiva 89/391/CEE devidamente
corrigida na introdução das medidas para ajudar a melhorar as condições de saúde e de
segurança dos trabalhadores no trabalho (a Diretiva-Quadro) e às diretivas específicas deste
quadro – ver §140, comentários ao artigo 15.º.
105
A disposição sobre equipamentos de proteção individual no local de trabalho está sujeita às
disposições nacionais da Diretiva do Conselho 89/656/CEE sobre os requisitos mínimos de saúde
e de segurança para a utilização de equipamentos de proteção individual pelos trabalhadores no
local de trabalho.

151
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.1.2 Princípios de integração da segurança (continuação)


...
(c) Aquando da concepção e do fabrico da máquina e da ação Redação do manual
de instruções, o fabricante, ou o seu mandatário, deve ponderar não só a
utilização prevista da máquina, mas também a sua má utilização razoavelmente
previsível;
A máquina deve ser concebida e fabricada de modo a evitar a sua utilização
anómala, nos casos em que esta constitua fonte de risco. Se necessário, o
manual de instruções deve chamar a atenção do utilizador para o modo como a
máquina não deve ser utilizada, sempre que a experiência demonstrar que esse
modo de utilização poderá ocorrer na prática.
...
§175 Evitar utilização anómala
A alínea c) do ponto 1.1.2 segue a lógica da alínea a) do ponto 1.1.2. Uma vez
que o fabricante de máquinas tem de considerar não só a utilização prevista da
máquina, mas também a má utilização razoavelmente previsível - ver §172:
comentários à alínea i) do ponto 1.1.1 – também devem ser tomadas medidas
para evitar a utilização anómala previsível que poderia causar um risco. Estas
medidas são escolhidas de acordo com a ordem de prioridades apresentada na
alínea b) do ponto 1.1.2,. Portanto, o fabricante terá de evitar ao máximo possível
a utilização anómala prevista através de meios técnicos. Estes meios incluem, por
exemplo:
 fornecer a pessoas autorizadas meios para limitar o funcionamento da
máquina ou determinados dispositivos de controlo – ver §204: comentários
ao ponto 1.2.5 e §297: comentários ao ponto 3.3;
 conceber as máquinas de forma a evitar erros de montagem – ver §225:
comentários ao ponto 1.5.4;
 dispositivos de montagem para evitar a deslocação de máquinas móveis
quando o condutor não se encontra ao comando – ver §294: comentários
ao ponto 3.3.2;
 dispositivos de montagem para evitar que a máquina entre em
funcionamento sem os estabilizadores em posição – ver §335: comentários
ao ponto 4.1.2.1;
 dispositivos de montagem para evitar a sobrecarga de máquinas de
elevação – ver §354: comentários ao ponto 4.2.2 e §370: comentários ao
ponto 6.1.2.

Se ainda existirem riscos residuais de má utilização previsível que não possam


ser completamente evitados através destes meios técnicos, devem ser colocados
os respectivos avisos na máquina – ver §249: comentários ao ponto 1.7.2 – e no
manual de instruções – ver §263: comentários à alínea h) do ponto 1.7.4.2.

152
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.1.2 Princípios de integração da segurança (continuação)


...
(d) A máquina deve ser concebida e fabricada de modo a ter em conta as limitações
impostas ao operador pela utilização necessária ou previsível de um
equipamento de proteção individual.
...
§176 Limitações causadas pela utilização de EPI
A alínea d) do ponto 1.1.2 trata de um aspecto específico da utilização prevista
das máquinas. Pode ser exigido aos operadores das máquinas que usem ou
tenham à sua disposição equipamentos de proteção individual (EPI) para lidar
com perigos residuais causados pelas próprias máquinas, tais como, por
exemplo, proteção para os ouvidos para proteger contra a emissão de ruídos ou
proteção para os olhos para proteger contra o risco de projeções de substâncias
perigosas ou objetos. Também pode ser exigido que utilizem EPI para proteção
contra perigos que não são criados pela máquina, mas que estão presentes no
ambiente no qual a máquina é utilizada. Os operadores das máquinas podem, por
exemplo, necessitar de utilizar calçado apropriado para proteção contra choques
e objetos cortantes na obra ou no local de trabalho onde a máquina é utilizada. Os
operadores das máquinas podem necessitar de utilizar luvas, roupa e calçado de
proteção caso a máquina seja utilizada em atmosferas frias ou quentes ou em
condições climáticas adversas.
A concepção e o fabrico das máquinas, principalmente no que diz respeito à
concepção, localização e dimensões dos dispositivos de comando, deve ter em
conta as limitações a que o operador pode estar sujeito ao utilizar tais EPI. Por
exemplo, em máquinas concebidas para a utilização em condições frias, os
pedais devem ser concebidos com o espaço e o tamanho apropriados para o uso
de calçado adequado às condições – ver §300: comentários ao ponto 3.3.1.

1.1.2 Princípios de integração da segurança (continuação)


...
(e) A máquina deve ser fornecida com todos os equipamentos e acessórios especiais
e essenciais para poder ser regulada, sujeita a manutenção e utilizada com
segurança.

§177 Equipamentos e acessórios especiais


A alínea e) do ponto 1.1.2 não exige que os fabricantes de máquinas forneçam
ferramentas e equipamentos padrão, que possam ser utilizados em diferentes
tipos de máquinas, para efetuar ajustes e manutenções (chaves de fendas,
chaves inglesas, chaves de porcas, cabos de elevação e outros). No entanto, se o
ajuste, manutenção ou utilização da máquina, exigir o uso de equipamentos ou
acessórios específicos da respectiva máquina, tais equipamentos ou acessórios
devem ser disponibilizados pelo fabricante com a máquina. Estes equipamentos
especiais podem incluir, por exemplo, dispositivos de remoção de peças para
limpeza ou dispositivos alimentadores ou de carga ou descarga de peças de
trabalho.

153
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.1.3 Materiais e produtos


Os materiais utilizados para o fabrico da máquina ou os produtos empregues ou
criados aquando da sua utilização não devem estar na origem de riscos para a
segurança ou a saúde das pessoas. Em especial, quando se empreguem fluidos, a
máquina deve ser concebida e fabricada de forma a prevenir os riscos devidos ao
enchimento, à utilização, à recuperação e à evacuação.

§178 Materiais e produtos utilizados


O requisito referido no ponto 1.1.3 trata de diversos tipos de riscos:
a) Riscos provocados por materiais ou produtos utilizados no fabrico das
máquinas, como por exemplo, metais, plásticos, têxteis ou tintas.
Deve ser dada especial atenção aos riscos para a saúde e a segurança de
operadores ou outras pessoas expostas provocados pelo contacto com
estes materiais ou, por exemplo, com substâncias perigosas que podem
ser emitidas por estes materiais quando sobreaquecem, são modificados
ou estão sujeitos a desgaste. Estes riscos devem ser evitados ao máximo
através da escolha de materiais inofensivos durante o fabrico da máquina.
b) Riscos provocados por materiais ou produtos utilizados pelas máquinas,
como combustíveis, lubrificantes, óleos hidráulicos, produtos químicos,
baterias de electrólito, água, vapor, ar comprimido, etc.
Tais riscos podem ser eliminados ou reduzidos concebendo as máquinas
para utilizar materiais ou produtos inofensivos ou substituindo os materiais
ou produtos perigosos por outros menos perigosos. O manual de
instruções do fabricante deve especificar quais os materiais e produtos
adequados para a máquina. Em caso de persistência dos riscos, devem ser
tomadas medidas de proteção para proteger os operadores da exposição a
materiais ou produtos perigosos utilizados pela máquina, como por
exemplo, assegurar que os mesmos são inacessíveis ou que estão
devidamente controlados. Se necessário, também podem ser adicionados
avisos na máquina ou no manual de instruções.
A segunda frase do ponto 1.1.3 sublinha aspectos importantes que devem
ser considerados quando se utilizam fluidos. As medidas a tomar para
evitar riscos provocados pelo enchimento, utilização, recuperação ou
escoamento dos fluidos inclui, por exemplo, a concepção e localização
adequadas de depósitos e reservatórios e dos seus pontos de enchimento
e escoamento e a montagem de uma bandeja de retenção por baixo do
equipamento hidráulico se as fugas não poderem ser totalmente evitadas.
No caso de depósitos pressurizados, estes devem ser previstos com meios
para os reduzir a uma pressão segura e verificar a pressão antes de abrir
os pontos de enchimento ou escoamento.
c) Riscos provocados por materiais ou produtos trabalhados, processados ou
transformados por máquinas, tais como metais, borrachas, plásticos,
madeira, produtos alimentares, cosméticos, etc.
O fabricante de máquinas deve ter em consideração os materiais que a
máquina vai trabalhar e tomar medidas para evitar riscos provocados por
perigos como, por exemplo, arestas vivas, lascas, fragmentos ejectados ou
materiais quentes ou frios.

154
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

d) Riscos provocados por materiais ou produtos produzidos durante a


utilização das máquinas. Tais materiais podem incluir os produtos que se
pretendem obter com a máquina ou subprodutos ou resíduos como por
exemplo, lascas, aparas, fumos ou pó.
A referência no ponto 1.1.3 aos “riscos provocados por … produtos
produzidos durante a utilização” da máquina não inclui a segurança de
produtos produzidos pelas máquinas.
Determinados aspectos dos riscos mencionados nas alíneas a) a d) acima estão
sujeitos a RESS específicos – ver §208: comentários ao ponto 1.3.3 sobre riscos
provocados pela queda ou ejecção de objetos, §226: comentários ao ponto 1.5.5
sobre temperaturas extremas, §227: comentários ao ponto 1.5.6 sobre o risco de
fogo, §228: comentários ao ponto 1.5.7 sobre o risco de explosão e §235:
comentários ao ponto 1.5.13 sobre emissão de materiais e substâncias perigosas.

1.1.4 Iluminação
A máquina deve ser fornecida com iluminação incorporada, adaptada às operações,
sempre que, apesar da existência de iluminação ambiente de intensidade normal, a
falta de um dispositivo desse tipo possa provocar riscos.
A máquina deve ser concebida e fabricada de modo a que não haja zonas de sombra
incómodas, encandeamentos ou efeitos estroboscópicos perigosos sobre os
elementos móveis devidos à iluminação.
Os componentes internos que tenham de ser inspeccionados e regulados
frequentemente, bem como as zonas de manutenção devem ser equipados com
dispositivos de iluminação apropriados.

§179 Iluminação integrada


O fabricante de máquinas tem o direito de assumir que a iluminação ambiente do
local de utilização é de intensidade normal. A intensidade normal pode ser
calculada, por exemplo, conforme os níveis indicados nas normas EN 12164,
parte 1 e 2, para locais de trabalho interiores e exteriores. 106
O primeiro parágrafo do ponto 1.1.4 exige que o fabricante providencie iluminação
integrada na máquina quando a iluminação ambiente normal pode não ser
suficiente para assegurar o funcionamento das máquinas em segurança. Esta
iluminação pode ser necessária, por exemplo, em postos de trabalho sem luz
solar direta ou em postos de trabalho ou cabinas fechadas ou cobertas. Esta
iluminação também pode ser necessária caso as tarefas de visualização do
operador exijam um nível de luminosidade maior do que o providenciado pela luz
ambiente. O terceiro parágrafo do ponto 1.1.4 acrescenta um requisito à
iluminação integrada de peças internas que necessitam de acessos frequentes
para efetuar inspeções, ajustes e manutenção.
O segundo parágrafo do ponto 1.1.4 diz respeito à concepção da iluminação
integrada, para assegurar que esta não cria outros perigos.

106
EN 12464-1:2002 – Luz e iluminação – Iluminação de locais de trabalho – Parte 1: Locais de
trabalho interiores;
EN 12464-2:2007 – Iluminação de locais de trabalho – Parte 2: Locais de trabalho exteriores;

155
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Consultar as especificações para iluminação integrada na norma EN 1837. 107

1.1.5 Concepção da máquina com vista ao seu manuseamento


A máquina, ou cada um dos seus diferentes elementos, devem:
— poder ser manuseados e transportados em segurança,
— ser embalados ou concebidos para poderem ser armazenados de forma segura e
sem serem danificados.
No transporte da máquina e/ou dos seus elementos, não deve existir a possibilidade
de ocorrerem deslocações intempestivas nem perigos devidos à instabilidade, se a
máquina e/ou os seus elementos forem movimentados segundo o manual de
instruções.
Se a massa, as dimensões ou a forma da máquina ou dos seus diferentes elementos
não permitirem o transporte à mão, a máquina ou cada um dos seus diferentes
elementos devem:
— ser equipados com acessórios que permitam a preensão por um meio de
elevação, ou
— ser concebidos de modo a permitir equipá-los com tais acessórios, ou
— ter uma forma tal que os meios de elevação normais se lhes possam adaptar
facilmente.
Se a máquina ou um dos seus elementos forem transportados à mão, devem:
— ser facilmente deslocáveis, ou
— ter meios de preensão que permitam transportá-los com toda a segurança.
Devem ser previstas disposições especiais para o manuseamento de ferramentas
e/ou de partes de máquinas que, ainda que leves, possam ser perigosas.

§180 Manuseamento de máquinas e peças de máquinas


Os requisitos implementados no ponto 1.1.5 são aplicados segundo uma análise
das diferentes fases da vida útil das respectivas máquinas – ver §173:
comentários à alínea a) do ponto 1.1.2.
O ponto 1.1.5 aplica-se a "máquinas ou cada um dos seus diferentes elementos",
mas isto não significa que todas as peças de máquinas sejam concebidas para o
manuseamento em segurança. Esta secção refere-se apenas a máquinas ou
peças de máquinas que poderão ter de ser manuseadas em separado.
As máquinas portáteis ou guiadas à mão estão sujeitas a requisitos específicos –
ver §278: comentários ao ponto 2.2.1.
O manuseamento de máquinas ou peças de máquinas é frequentemente
efectuado durante fases diferentes das fases de funcionamento normal, como por
exemplo transporte, carga e descarga, montagem, instalação, desmontagem,
afinação ou manutenção. Por exemplo, uma ferramenta eléctrica portátil para
utilização do consumidor, deve ser embalada de forma que o transporte e o
armazenamento durante a distribuição, assim como o transporte efectuado pelo
próprio consumidor final sejam efectuados em segurança. Uma ferramenta de

107
EN 1837:1999+A1:2009 – Segurança de máquinas – Iluminação integrada de máquinas.

156
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

uma máquina, por exemplo, deve ser embalada para transporte direto para o
estabelecimento do utilizador e concebida e fabricada de forma a ser carregada,
transportada, descarregada e deslocada para o local de instalação em segurança.
As peças pesadas das máquinas como, por exemplo, moldes de máquinas de
moldar por injeção ou de prensas para metais, podem necessitar de mudanças
regulares, dependendo do trabalho a efetuar.
As máquinas projetadas para instalação em vários locais durante a sua vida útil,
como por exemplo gruas de torre, devem ser concebidas de forma a que os seus
elementos possam ser manuseados em segurança durante a montagem e
desmontagem e carregados para os meios de transporte entre locais de
instalação em segurança. Deve dar-se especial atenção às peças que podem
oscilar durante o transporte, como por exemplo, numa viagem de camião por vias
acidentadas. O manual de instruções para carga é indispensável e, em certos
casos, pode ser necessário equipamento extra para assegurar a estabilidade
durante o transporte, como por exemplo, uma estrutura de apoio ao transporte.
O terceiro e quarto parágrafos do ponto 1.1.5 distinguem as máquinas ou
componentes que não podem ser deslocados à mão em segurança das máquinas
ou peças que podem ser deslocadas à mão em segurança. Para avaliar se as
máquinas ou peças das máquinas fazem parte de uma ou de outra categoria,
deve considerar-se os regulamentos internos que implementam as disposições da
Diretiva 90/269/CEE, 108 e os critérios apresentados nas normas harmonizadas
pertinentes. 109
Quando se concebe uma máquina ou uma peça de uma máquina para ser
movimentada ou levantada à mão em segurança, deve evitar-se arestas vivas.
Deve dar-se especial atenção à postura requerida do operador. 110

1.1.6 Ergonomia
Nas condições de utilização previstas, o incómodo, a fadiga e a tensão física e
psíquica do operador devem reduzir-se ao mínimo possível, tendo em conta os
princípios da ergonomia, nomeadamente:
 ter em conta as diferenças morfológicas, de força e de resistência dos
operadores,
 prever um espaço suficiente para permitir o movimento das diferentes partes
do corpo do operador,
 evitar que a cadência de trabalho seja determinada pela máquina,
 evitar uma supervisão que exija uma concentração prolongada,
 adaptar a interface homem/máquina às características previsíveis dos
operadores.

108
Diretiva 90/269/CEE do Conselho, de 29 de Maio de 1990, relativa aos requisitos mínimos de
saúde e de segurança respeitantes à movimentação manual de cargas, que comportem riscos,
nomeadamente dorso-lombares, para os trabalhadores (quarta diretiva especial na acepção do
n.º 1 do artigo 16.º da Diretiva 89/391/CEE).
109
EN 1005-2:2003+A1:2008 – Segurança de máquinas – Desempenho físico humano – Parte 2:
Operação manual de máquinas e peças componentes de máquinas
110
EN 1005-4: 2005+A1: 2008 - Segurança de máquinas – Desempenho físico humano – Parte 4:
Avaliação das posturas e movimentos no trabalho em relação com as máquinas.

157
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§181 Princípios ergonómicos


Os requisitos enunciados no ponto 1.1.6 são relativos à ergonomia. A disciplina
da ergonomia pode ser definida como se segue:
“Ergonomia (ou o estudo dos factores humanos) é a disciplina científica que
estuda as interações entre o ser humano e os outros elementos de um sistema e
a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos na concepção de
111
forma a optimizar o bem-estar humano e o desempenho do sistema em geral”.
Os aspectos ergonómicos apresentados no ponto 1.1.6 podem ser separados em
dois grupos. O primeiro grupo inclui factores ergonómicos que devem ser tidos em
conta na concepção da máquina. Nos travessões do ponto 1.1.6 são listados
cinco factores, no entanto, esta lista não está completa, serve apenas para
chamar a atenção dos fabricantes para determinados aspectos importantes dos
princípios ergonómicos.
O segundo grupo, discriminado na primeira frase do ponto 1.1.6, inclui os efeitos
negativos destes factores. Uma boa concepção da máquina reduz os efeitos
negativos destes factores nas pessoas, enquanto uma concepção inadequada
pode provocar situações de desconforto, fadiga ou stress físico ou psicológico.
Estes efeitos podem por sua vez dar origem a distúrbios músculo-esqueléticos,
por exemplo. Eles também tornam mais provável a ocorrência de acidentes.
O diagrama que se segue ilustra os requisitos enunciados no ponto 1.1.6:

Ter em consideração as
diferenças dos operadores: Variabilidade
 morfológicas dos operadores
 força
 resistência

Fornacer espaço
suficiente para a Espaço para
movicentação livre do
corpo do operador: os movimentos
 postura
 dinâmica
Stress Desconforto
Evitar un ritmo de
físico
trabalho determinado Ritmo
pela máquina: Factores de tensão, cargas Efeitos negativos
 cadência de trabalho
 velocidade
Stress Fatiga
psicológico
Evitar vigilância que requeira
concentração prolongada: Concentração
 vigilância
 operações mentais Nas condições previstas de utilização da máquina, o
(número, complexidade) desconforto, a fadiga e o stress físico e psicológico do
operador devem ser reduzidos.

Adaptar a interface
homem-máquina às
características previsíveis
dos operadores: Interface
 visão Homem/máquina
 audição
 sensibilidade
 sensoriais

Factores ergonómicos Possíveis consequências negativas

111
EN ISO 6385: 2004 - Princípios ergonómicos na concepção dos sistemas de trabalho (ISO
6385:2004).

158
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Uma família de normas harmonizadas desenvolvidas pelo CEN TC 122 –


Ergonomia, fornece orientação relativa à aplicação eficaz de princípios
ergonómicos na concepção e fabrico de máquinas. A relação entre estas normas
e os factores ergonómicos acima discriminados é apresentada num quadro
separado e em diversos boletins informativos.
Para além dos requisitos gerais enumerados no ponto 1.1.6, os princípios
ergonómicos também devem ser tidos em conta quando se aplicam os RESS
enumerados em várias outras secções do anexo I. Os RESS que se seguem, por
exemplo, incluem importantes aspectos ergonómicos:

RESS aplicáveis a todas as máquinas:


 Iluminação (ponto 1.1.4),
 Manuseamento de máquinas ou peças de máquinas (ponto 1.1.5),
 Postos de trabalho (pontos 1.1.7 e 1.1.8),
 Dispositivos de comando (ponto 1.2.2),
 Temperaturas extremas (ponto 1.5.5),
 Ruídos (ponto 1.5.8),
 Vibrações (ponto 1.5.9),
 Radiação (ponto 1.5.10),
 Emissão de materiais e substâncias perigosas (ponto 1.5.13),
 Risco de tropeçar, escorregar e cair (ponto 1.5.15),
 Manutenção das máquinas (ponto 1.6.1),
 Acesso às posições de trabalho e aos pontos de intervenção (ponto
1.6.2),
 Intervenção do operador (ponto 1.6.4),
 Informações (ponto 1.7);

RESS complementares para máquinas portáteis mantidas em posição


e/ou guiadas à mão:
 Requisitos gerais (ponto 2.2.1),
 Manual de instruções – vibrações (ponto 2.2.1.1);

RESS complementares para a mobilidade de máquinas:


 Posição de condução (ponto 3.2.1),
 Assentos (ponto 3.2.2),
 Postos para outras pessoas (ponto 3.2.3),
 Dispositivos de comando (secção 3.3.1),
 Arranque/deslocação (ponto 3.3.2),
 Deslocação de máquinas com condutor apeado (ponto 3.3.4),
 Meios de acesso (ponto 3.4.5),

159
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

 Sinalização, sinais e avisos (ponto 3.6.1),


 Manual de instruções - vibrações (ponto 3.6.3.1);

RESS complementares para operações de elevação:


 Movimento de cargas durante o manuseamento (ponto 4.1.2.7),
 Acesso ao habitáculo (ponto 4.1.2.8.2),
 Controlo dos movimentos (ponto 4.2.1),

RESS complementares para a elevação de pessoas:


 Dispositivos de comando (ponto 6.2),
 Acesso ao habitáculo (ponto 6.4.3).

1.1.7 Postos de trabalho


O posto de trabalho deve ser concebido e fabricado de forma a evitar qualquer risco
devido a gases de escape e/ou à falta de oxigénio.
Se estiver prevista a utilização da máquina num ambiente perigoso que apresente
riscos para a saúde e a segurança do operador, ou se a própria máquina der origem
a um ambiente perigoso, devem ser providenciados os meios necessários para
garantir que o operador tenha boas condições de trabalho e esteja protegido contra
todos os perigos previsíveis.
Se for caso disso, o posto de trabalho deverá estar equipado com uma cabina
adequada, concebida, fabricada e/ou equipada de forma a satisfazer os requisitos
acima referidos. A saída deve permitir uma evacuação rápida. Além disso, se for o
caso, deverá estar prevista uma saída de emergência numa Direção diferente da
saída normal.

§182 Postos de trabalho inseridos em ambientes perigosos


Os postos de trabalho são os locais na máquina onde os operadores, tal como
definido na alínea d) do ponto 1.1.1, executam as suas tarefas. O manual de
instruções do fabricante deverá descrever o ou os postos de trabalho que serão
ocupados pelos operadores – ver §262: comentários à alínea f) do ponto 1.7.4.2.
O requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto 1.1.7 aplica-se
principalmente a máquinas com motores de combustão interna. Este requisito
determina, em primeiro lugar, que a emissão de gases de exaustão perigosos
deverá ser reduzida na medida do possível. Por exemplo, no caso de máquinas
concebidas para serem usadas em espaços fechados, deverão ser instalados
sistemas de extração ou filtragem adequados dos gases de exaustão. Segundo,
caso persista o risco de exposição a gases de exaustão perigosos, deverão ser
fornecidos meios adequados para garantir que os operadores não inalem esses
gases e que disponham de um fornecimento adequado de ar respirável.
O segundo parágrafo do ponto 1.1.7 é mais abrangente e exige que os
operadores estejam protegidos contra quaisquer riscos provocados pelo uso
previsível de máquinas em ambientes perigosos. Tais riscos poderão incluir, por
exemplo, a exposição a atmosferas quentes e frias, a riscos provocados por ruído,
radiação, humidade, condições meteorológicas adversas ou atmosferas poluídas
por substâncias perigosas. Por conseguinte, o fabricante deve ter em conta as

160
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

condições de uso planeadas e previsíveis da máquina. Por exemplo, se a


máquina for colocada no mercado de um país com um clima temperado, poderá
não ser necessária uma proteção contra temperaturas extremamente frias, mas,
por outro lado, serão necessárias proteções contra poeira e calor. Deve dar-se
especial atenção a máquinas que produzam substâncias perigosas, tais como
poeira, fumos ou aerossóis tóxicos, durante o seu funcionamento, nomeadamente
máquinas destinadas a triturar e selecionar pedra, máquinas para preparação de
cereais e cabinas de pintura.
O terceiro parágrafo do ponto 1.1.7 refere-se a um dos meios que poderá ser
usado para garantir que os postos de trabalho estejam protegidos. “Cabina”, no
referido parágrafo, é o termo genérico para descrever um posto de trabalho
fechado, tal como uma cabina numa máquina móvel ou um painel de comando
fechado instalado numa máquina industrial fixa. Para cumprir todos os requisitos
apresentados nos primeiros dois parágrafos do ponto 1.1.7, a cabina ou invólucro
deverá estar equipada com os meios necessários para purificar e condicionar o ar
que penetra no invólucro e evitar fugas internas, por exemplo, mantendo um
diferencial de pressão positivo em relação à atmosfera exterior. Além de garantir
proteção contra ambientes perigosos, os referidos invólucros também poderão ser
concebidos e construídos para proteger os operadores contra a exposição às
emissões de ruído – ver §229: comentários ao ponto 1.5.8. Em algumas máquinas
móveis, a cabina pode dispor de uma estrutura de proteção contra o risco de
capotamento e tombamento, ou contra o risco provocado pela queda de objetos,
ou ambos – ver §315 e §316: comentários aos pontos 3.4.3 e 3.4.4.

1.1.8 Assentos
Sempre que adequado e quando as condições de trabalho o permitam, os postos de
trabalho que façam parte integrante da máquina devem estar preparados para a
instalação de assentos.
Caso o operador tenha de estar sentado durante o trabalho e o posto de trabalho
faça parte integrante da máquina, o assento deve ser fornecido com a máquina.
O assento do operador deve assegurar-lhe uma posição estável. Além disso, o
assento e a sua distância em relação aos dispositivos de comando devem poder ser
adaptados ao operador.
Se a máquina estiver sujeita a vibrações, o assento deverá ser concebido e
construído de modo a reduzir as vibrações transmitidas ao operador ao nível mais
baixo razoavelmente possível. A fixação do assento deve resistir a todas as pressões
que possa sofrer. Se não existir chão debaixo dos pés do operador, este deverá
dispor de apoios antiderrapantes para os pés.

§183 Assentos e fornecimento de assentos


O requisito enunciado no ponto 1.1.8 aborda um aspecto específico da interface
entre o operador e a máquina que pode tornar-se uma fonte de incómodo, fadiga
e lesões na saúde se for mal concebido – ver §181: comentários ao ponto 1.1.6.
O primeiro parágrafo do ponto 1.1.8 exige que as máquinas sejam concebidas de
modo a permitir a instalação de assentos, “se adequado e as condições de
trabalho o permitirem”. Por conseguinte, os fabricantes de máquinas deverão
considerar se é provável os operadores ficarem mais confortáveis e executarem

161
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

todas as suas tarefas de um modo mais fácil e eficiente numa posição sentada. 112
Se for este o caso, o posto de trabalho, ou seja, o local na máquina em que os
operadores ficarão sentados, deverão ser concebidos de modo a permitir a
instalação de assentos. Tal implica dar-se a devida atenção à altura das
superfícies de trabalho, à localização e concepção dos dispositivos de comando e
demais componentes da máquina a que os operadores deverão ter acesso e
ainda ao espaço disponível para o próprio assento e para os membros superiores
e inferiores dos operadores.
O segundo parágrafo do ponto 1.1.8 aplica-se quando o operador deve sentar-se
durante o funcionamento e o posto de trabalho fizer parte integrante da máquina,
ou seja, quando o assento do operador não estiver instalado no solo junto à
máquina, mas sim numa parte da máquina. Nesse caso, o assento deverá ser
fornecido com a máquina.
O segundo e terceiro parágrafos do ponto 1.1.8 enunciam os requisitos relativos
aos assentos. A concepção do assento deverá permitir que o operador mantenha
uma posição estável tendo em conta as condições de uso previsíveis, incluindo,
em especial, os movimentos previsíveis da máquina.
Os parâmetros relativos ao assento, tais como altura, largura, profundidade e
ângulo, a posição do apoio de costas e, se adequado, a posição do apoio de
braços e pés deverão ser reguláveis de forma a contemplar as várias estruturas
físicas dos operadores. A posição do assento relativamente às posições dos
dispositivos de comando, incluindo pedais, usados pelo operador também deverá
ser regulável, regulando-se a posição do assento, dos dispositivos de comando,
ou ambos. 113
No caso de máquinas em que o operador sentado possa estar exposto a
vibrações provocadas pelo funcionamento da máquina ou pela deslocação da
máquina sobre piso irregular, deverá ser possível reduzir-se o risco de exposição
dos operadores sentados às vibrações transmitidas a todo o corpo através de um
assento com um sistema de suspensão com amortecedores – ver §231:
comentários ao ponto 1.5.9. 114

112
EN 1005-4: 2005+A1:2008 – Segurança de máquinas – Desempenho físico humano – Parte 4:
Avaliação das posturas e movimentos no trabalho em relação com as máquinas.
113
Ver norma EN ISO 14738:2008 – Segurança de máquinas – Requisitos antropométricos
relativos à concepção dos postos de trabalho em máquinas (ISO 14738:2002, incluindo Errata
1:2003 e Errata 2:2005).
114
Ver, por exemplo, norma EN ISO 7096:2008 – Máquinas de terraplanagem – Avaliação
laboratorial das vibrações transmitidas ao operador pelo assento (ISO 7096:2000).

162
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.2 SISTEMAS DE COMANDO


1.2.1 Segurança e fiabilidade dos sistemas de comando
Os sistemas de comando devem ser concebidos e fabricados por forma a evitar a
ocorrência de situações perigosas. Acima de tudo, devem ser concebidos e
fabricados de modo a que:
 possam resistir às tensões de funcionamento previstas e às influências
exteriores,
 uma falha no equipamento ou no suporte lógico (programação) do sistema
de comando não conduza a situações perigosas,
 os erros que afectam a lógica do sistema de comando não conduzam a
situações perigosas,
 os erros humanos razoavelmente previsíveis durante o funcionamento não
conduzam a situações perigosas.
Deve ser dada especial atenção aos seguintes aspectos:
 a máquina não deve arrancar de forma intempestiva,
 os parâmetros da máquina não devem variar de forma não controlada,
quando essa alteração puder conduzir a situações perigosas,
 a máquina não deve ser impedida de parar, quando a ordem de paragem já
tiver sido dada,
 nenhum elemento móvel da máquina ou nenhuma peça mantida em posição
pela máquina deve cair ou ser projetada,
 a paragem automática ou manual de quaisquer elementos móveis não deve
ser impedida,
 os dispositivos de proteção devem estar sempre operacionais ou dar um
comando de paragem,
 as partes do sistema de comando relacionadas com a segurança devem
aplicar-se de forma coerente a um conjunto de máquinas e/ou quase-
máquinas.
Em caso de comando sem fios, deve ocorrer uma paragem automática quando não
forem recebidos sinais de comando corretos, nomeadamente em caso de perda de
comunicação.

§184 Segurança e fiabilidade dos sistemas de comando


O sistema de comando da máquina é o sistema que reage a sinais recebidos dos
componentes da máquina, dos operadores, dos equipamentos de comando
externos ou de um conjunto destes referidos, produzindo os respectivos sinais de
saída para os órgãos de controlo da máquina, fazendo com que a máquina reaja
da forma prevista. Os sistemas de comando poderão basear-se em tecnologias
distintas, ou numa combinação de tecnologias, tais como, por exemplo,
tecnologias mecânicas, hidráulicas, pneumáticas, eléctricas ou electrónicas. Os
sistemas de comando electrónicos poderão ser programáveis.
A concepção e construção do sistema de comando destinados a garantir o
funcionamento seguro e fiável da máquina são factores chave para garantir a

163
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

segurança de toda a máquina. Os operadores deverão ser capazes de assegurar


que a máquina funciona sempre de forma segura, tal como pretendido.
Os requisitos enunciados no ponto 1.2.1 aplicam-se a todos os componentes do
sistema de comando que, em caso de anomalia ou falha, possam provocar
situações de perigo devido ao comportamento acidental ou inesperado da
máquina. Esses requisitos são particularmente importantes na concepção e
construção dos componentes do sistema de comando relativos às funções de
segurança, tais como, por exemplo, os componentes do sistema de comando
relacionados com os protetores com dispositivo de encravamento e fecho para os
protetores, com os dispositivos de proteção ou comandos de paragem de
emergência, visto que a falha dos componentes de segurança de um sistema de
comando está sujeita a provocar situações perigosas quando a função de
segurança correspondente tiver de entrar em funcionamento. Algumas funções de
segurança também poderão ser funções operacionais, por exemplo, um
dispositivo de comando l a duas mãos para iniciar o arranque.
O primeiro parágrafo do ponto 1.2.1 e os respectivos 4 travessões enunciam os
requisitos básicos aplicáveis à fiabilidade e segurança dos sistemas de comando.
O segundo parágrafo do ponto 1.2.1 e os respectivos 7 travessões descrevem as
principais situações que deverão ser evitadas.
De acordo com o primeiro parágrafo do ponto 1.2.1, os sistemas de comando
deverão ser capazes de suportar as solicitações de funcionamento e as
influências externas previstas, tendo em conta as situações anormais previsíveis
– ver §160: comentários ao ponto 2 dos princípios gerais e §175: comentários à
alínea c) do ponto 1.1.2. Por conseguinte, o sistema de comando deverá ser
capaz de suportar os efeitos mecânicos provocados pelo funcionamento da
máquina ou pelo ambiente, tais como choques, vibrações e abrasão. Além disso,
também deverão ser capazes de suportar os efeitos de condições externas e
internas sob as quais a máquina deverá trabalhar, tais como, humidade,
temperaturas extremas, atmosferas corrosivas e poeira. O funcionamento correto
dos sistemas de comando não deverá ser afectado pela radiação
electromagnética, quer seja gerada por componentes da máquina quer por
componentes externos existentes – ver §233: comentários ao ponto 1.5.11.
O segundo e terceiro travessões do primeiro parágrafo do ponto 1.2.1 abordam o
comportamento do sistema de comando em caso de anomalia ou erro do
equipamento e do suporte lógico. Estes requisitos contemplam as falhas que
possam ocorrer no sistema de comando devido a, por exemplo, uma falha de um
componente mecânico, hidráulico, pneumático ou eléctrico, ou devido a um erro
do suporte lógico de um sistema programável. Os sistemas de comando deverão
ser concebidos e construídos de modo a que, em caso de avarias e falhas, não
provoquem situações perigosas tais como as descritas no segundo parágrafo do
ponto 1.2.1 – ver também §205: comentários ponto 1.2.6.
As funções perigosas da máquina poderão ser controladas, por exemplo, parando
a função, desligando a corrente da função ou evitando uma ação perigosa da
função. Se as funções importantes da máquina continuarem em funcionamento
apesar da ocorrência de uma anomalia ou falha, por exemplo, por meio de uma
arquitetura redundante, deverá existir um meio de detectar a anomalia ou falha
que permita retomar e manter a segurança da máquina.
Os meios a usar para cumprir este requisito dependem do tipo de sistema de
comando, do componente do sistema de comando e dos riscos que possam surgir
em caso de falha.
164
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Os conceitos que poderão ser utilizados incluem:


 A exclusão ou redução da probabilidade de avarias e falhas que possam
afectar a função de segurança, recorrendo a componentes com elevado
grau de fiabilidade e implementando princípios de segurança aprovados,
tais como, por exemplo, o princípio da ação mecânica positiva de um
componente sobre outro componente;
 O uso de componentes normalizados associados a um controlo regular das
funções de segurança efectuado pelo sistema de comando;
 A redundância dos componentes do sistema de comando de modo a que
uma única avaria ou falha não resulte na perda da função de segurança. A
diversidade técnica dos elementos redundantes pode ser usada para evitar
avarias com causas comuns;
 A monitorização automática para garantir que as avarias e falhas sejam
detectadas e as medidas de proteção necessárias sejam tomadas para
prevenir o risco em questão. Tais medidas de proteção poderão incluir a
paragem do processo perigoso, evitar o reinício do processo ou o disparar
de um alarme.
Estes conceitos poderão ser aplicados em diferentes combinações.
O nível do desempenho exigido para um dado componente de segurança do
sistema de comando depende do nível do risco para o qual a função de
segurança se destina e deverá ser calculado com base na avaliação de riscos
apresentada pelo fabricante. As normas de tipo C para determinadas categorias
de máquinas fornecem indicações sobre o nível de desempenho exigido para os
diferentes componentes de segurança do sistema de comando.
A realização do nível de desempenho exigido para os componentes de segurança
dos sistemas de comando deverá ser validada, tendo em conta os aspectos
relacionados com o equipamento e suporte lógico desses sistemas.
As especificações de concepção de componentes de segurança dos sistemas de
comando são apresentadas nas normas EN ISO 13849-1 115 e norma EN
62061. 116
O quarto travessão do ponto 1.2.1 aborda erros humanos razoavelmente
previsíveis durante o funcionamento. Para cumprir este requisito, os sistemas de
comando deverão, na medida do possível, ser concebidos com uma tolerância de
erro. Tal envolve medidas como a detecção de erros e a comunicação das
informações adequadas ao operador para facilitar a correção dos mesmos.
Os princípios gerais aplicáveis à interação humana com as máquinas para
minimizar os erros do operador são apresentados na norma EN 894-1. 117

115
EN ISO 13849-1:2008 – Segurança de máquinas – Partes dos sistemas de comando relativos à
segurança – Parte 1: Princípios gerais de concepção (ISO 13849-1:2006).
116
EN 62061:2005 – Segurança de máquinas – Segurança funcional dos sistemas de comando
eléctricos, electrónicos e electrónicos programáveis relacionados com a segurança (IEC
62061:2005).
117
EN 894-1:1997+A1:2008 – Segurança de máquinas – Requisitos ergonómicos para a
concepção de dispositivos de sinalização e órgãos de controlo – Parte 1: Princípios gerais das
interações humanas e dos dispositivos de sinalização e órgãos de controlo.

165
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O terceiro parágrafo do ponto 1.2.1 abrange um perigo específico associado a


sistemas de comando sem fio, tais como, por exemplo, sistemas de comando à
distância usando sinais via rádio, ópticos ou por sonar: sinais incorretos ou perdas
de comunicação entre os dispositivos de comando e a máquina a controlar.
Salienta-se que o ponto 3.3 fornece requisitos adicionais para sistemas de
comando à distância para máquinas móveis.

1.2.2 Dispositivos de comando


...

§185 Dispositivos de comando


Os dispositivos de comando são componentes do sistema de comando que
detectam sinais de entrada dados pelos operadores, normalmente por meio de
pressão da mão ou do pé. Existem muitos tipos de dispositivos de comando, por
exemplo, botões de pressão, alavancas, interruptores, botões, cursores, joysticks,
volantes, pedais, teclados e ecrãs tácteis. Os dispositivos de comando poderão
estar localizados na própria máquina ou, no caso de comandos à distância,
poderão estar afastados da máquina e ligados, por exemplo, por meio de fios ou
de sinais de rádio, ópticos ou de sonar.
A aplicação dos requisitos enunciados no ponto 1.2.2 exige especial atenção aos
princípios ergonómicos, visto que os dispositivos de comando estabelecem a
interface entre a máquina e os operadores – ver §181: comentários ao ponto
1.1.6.
As especificações relativas aos requisitos enunciados nos parágrafos seguintes
do ponto 1.2.2 são apresentadas nas normas da série EN 894 118 e nas normas da
série EN 61310. 119
Para além dos requisitos gerais aplicáveis aos dispositivos de comando
enunciados no ponto 1.2.2, os pontos seguintes do anexo I apresentam os
requisitos suplementares aplicáveis aos dispositivos de comando para
determinadas categorias de máquinas ou para certos riscos:
 máquinas portáteis e/ou guiadas à mão – pontos 2.2.1 e 2.2.2.1;
 mobilidade das máquinas - ponto 3.3;
 operações de elevação – ponto 4.2.1;
 máquinas para trabalhos subterrâneos - ponto 5.3;

118
EN 894-1:1997+A1:2008 – Segurança de máquinas – Requisitos ergonómicos para a
concepção de dispositivos de sinalização e órgãos de controlo – Parte 1: Princípios gerais das
interações humanas e dos dispositivos de sinalização e órgãos de controlo;
EN 894-2:1997+A1:2008 – Segurança de máquinas – Requisitos ergonómicos para a concepção
de dispositivos de sinalização e órgãos de controlo – Parte 2: Dispositivos de sinalização;
EN 894-3:2000+A1:2008 – Segurança de máquinas – Requisitos ergonómicos para a concepção
de dispositivos de sinalização e órgãos de controlo – Parte 3: Órgãos de controlo.
119
EN 61310-1:2008 – Segurança de máquinas – Indicação, marcação e atuação – Parte 1:
Requisitos para os sinais visuais, acústicos e tácteis (IEC 61310-1:2007);
EN 61310-2:2008 – Segurança de máquinas – Indicação, marcação e atuação – Parte 2:
Requisitos para marcação (IEC 61310-2:2007);
EN 61310-3:2008 – Segurança de máquinas – Indicação, marcação e atuação – Parte 3:
Requisitos para a localização e funcionamento de actuadores (IEC 61310-3:2007).

166
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

 máquinas para elevação de pessoas - pontos 6.2 e 6.4.2.

1.2.2 Dispositivos de comando (continuação)


...
Os dispositivos de comando devem ser:
 claramente visíveis e identificáveis, mediante pictogramas se necessário,
...
§186 Identificação dos dispositivos de comando
O objectivo do primeiro travessão do ponto 1.2.2 sobre a visibilidade e
identificação clara dos dispositivos de comando é permitir que os operadores
usem os dispositivos sem hesitações e evitar comandos acidentais caso os
operadores confundam um dispositivo de comando com outro. Visto que é
provável os operadores executarem tarefas diferentes e usarem várias máquinas
diferentes durante a sua atividade, é importante que os fabricantes identifiquem
os dispositivos de comando, tanto quanto possível através de cores, formas e
pictogramas normalizados, para que os operadores não sejam surpreendidos
quando mudarem de tarefa ou mudarem de uma máquina para outra. Se a função
de um dispositivo de comando for óbvia devido à sua forma normalizada e
localização, por exemplo, um volante ou manípulo de Direção em máquinas
móveis, não serão necessários meios de identificação adicionais.
Se os comandos forem identificados por meio de informação verbal ou escrita,
essa informação ficará sujeita aos requisitos linguísticos relativos à informação e
aos avisos da máquina – ver §245: comentários ao ponto 1.7.1.

1.2.2 Dispositivos de comando (continuação)


...
 dispostos de modo a permitirem manobras seguras, sem hesitações nem
perdas de tempo e sem equívocos,
...
§187 Posicionamento dos dispositivos de comando
O segundo travessão do ponto 1.2.2 exige que os fabricantes tenham em conta
os princípios ergonómicos ao posicionar os dispositivos de comando na máquina,
de forma a garantir que estes fiquem claramente visíveis e possam ser
alcançados e usados de forma segura e eficiente pelos operadores, sem estes
terem de adoptar posições incómodas.
O posicionamento dos dispositivos de comando deverá ter em conta as tarefas a
executar pelos operadores e os modos de funcionamento correspondentes, da
posição e das características dos postos de trabalho, se for provável que os
operadores fiquem de pé ou sentados e a necessidade de os operadores
observarem determinados componentes da máquina enquanto usam os
dispositivos de comando.
A disposição dos dispositivos de comando também deverá ter em conta a posição
das partes da máquina afectadas pelo seu uso, em conformidade com as
convenções normalmente aceites. Por exemplo, um dispositivo destinado a
controlar partes da máquina que se situem à direita do operador deverá estar
colocado do lado direito do posto de trabalho; um dispositivo destinado a controlar

167
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

um movimento ascendente deverá estar colocado acima do botão que controla


um movimento descendente e assim sucessivamente.
Nos casos em que os dispositivos de comando tenham de ser acionados numa
dada sequência, deverão ser dispostos nessa sequência. Os dispositivos que
controlem funções relacionadas deverão estar agrupados e os dispositivos que
controlem funções não relacionadas deverão estar claramente separados.
Os dispositivos de comando que provavelmente serão usados com mais
frequência, ou que necessitem de ser usados continuamente, deverão estar
posicionados na área central do campo de visão do operador e numa posição em
que possam ser facilmente alcançados sem o operador ter de se dobrar. Se
aplicável, poderão ser necessários meios para regular a disposição dos
dispositivos de comando de forma a contemplar as várias estaturas físicas dos
operadores.

1.2.2 Dispositivos de comando (continuação)


...
 concebidos de modo a que o seu movimento seja coerente com o efeito
comandado,
...
§188 Movimento dos dispositivos de comando
O requisito enunciado no terceiro travessão do ponto 1.2.2 aborda dois princípios
aplicáveis à concepção dos dispositivos de comando que devem corresponder às
expectativas dos utilizadores e cumprir as práticas comuns de modo a evitar
situações de perigo e erros. O requisito aplica-se a movimentos dos dispositivos
de comando, tais como, por exemplo, alavancas ou volantes.
Sempre que possível, a Direção do movimento de tais dispositivos deverá ser
coerente com a Direção do movimento por eles controlada. No caso de
dispositivos de comando que controlem outros parâmetros, a Direção do
movimento do dispositivo deverá corresponder às convenções normalmente
aceites, tais como, por exemplo, a convenção que determina que rodar um
dispositivo no sentido dos ponteiros do relógio aumenta o valor do parâmetro em
questão e rodá-lo no sentido contrário diminui esse valor.
Deverá ser dada especial atenção à concepção dos dispositivos de comando nas
máquinas em que o posto de trabalho roda em relação ao resto da máquina, e,
como consequência, a Direção de determinados movimentos controlados pelos
dispositivos de comando inverte-se.

1.2.2 Dispositivos de comando (continuação)


...
 dispostos fora das zonas perigosas, excepto, se necessário, para
determinados dispositivos de comando como o de paragem de emergência ou
uma consola de instruções,
 situados de modo a que a sua manobra não provoque riscos adicionais,
...
§189 Localização e posicionamento dos dispositivos de comando
A localização e o posicionamento dos dispositivos de comando fora das zonas de
perigo, exigidas pelo quarto e quinto travessões do ponto 1.2.2, constituem uma

168
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

das formas de se evitar a exposição dos operadores aos perigos – ver §165:
comentários à alínea b) do ponto 1.1.1. Este requisito deverá ser aplicado tendo
em conta não apenas as áreas em que exista o risco de contacto direto com
elementos perigosos da máquina, mas também as áreas em que possam existir
riscos provocados por objetos projetados ou emissões da máquina. Este requisito
pode ser cumprido, por exemplo, através do posicionamento dos dispositivos de
comando a uma distância segura das partes móveis – ver §212: comentários ao
ponto 1.3.7 – ou colocando os dispositivos de comando atrás de um ecrã ou
dentro de uma cabina adequada – ver §182: comentários ao ponto 1.1.7.
Nos casos em que é necessária uma exceção a esta regra geral, por exemplo,
quando tiverem de existir dispositivos de comando numa zona de perigo para fins
de regulação e manutenção, o requisito enunciado no quarto travessão pode ser
cumprido disponibilizando um modo de regulação e manutenção, cuja seleção irá
acionar medidas de proteção especiais, tais como, por exemplo, baixa velocidade
e/ou movimento incremental - ver §204: comentários ao ponto 1.2.5. A existência
de dispositivos de paragem de emergência em zonas de perigo também constitui
uma exceção à regra geral – ver §202: comentários ao ponto 1.2.4.3.

1.2.2 Dispositivos de comando (continuação)


...
 concebidos ou protegidos de modo a que o efeito desejado, caso implique
perigo, só possa ser obtido mediante uma ação deliberada,
...
§190 Evitar operações involuntárias de dispositivos de comando
O objectivo do requisito enunciado no sexto travessão do ponto 1.2.2 é evitar o
funcionamento acidental de dispositivos de comando. O funcionamento acidental
pode ser o resultado de várias ações, por exemplo, do contacto acidental entre
uma parte do corpo do operador, ou da sua roupa e um dispositivo de comando,
do acionamento acidental de dois dispositivos de comando adjacentes (por
exemplo, pressionar dois botões ou alavancas com uma mão, ou dois pedais com
um pé), de um dispositivo de comando ficar preso num obstáculo no local onde a
máquina se encontra, ou do uso de um dispositivo de comando como apoio para
a mão para aceder ao posto de trabalho – ver §317: comentários ao ponto 3.4.5.
Estes riscos deverão ser avaliados durante as diferentes fases do tempo de vida
útil previsto para a máquina, tendo em conta as tarefas dos operadores e os
modos de funcionamento correspondentes e ser evitados através de medidas de
concepção adequadas. Tais medidas incluem, por exemplo:
 conceber os dispositivos de comando com resistência suficiente para evitar
o funcionamento acidental por uma ligeira pressão;
 posicionar os dispositivos de comando num compartimento ou circundá-los
com um aro;
 posicionar e/ou proteger os dispositivos de comando para evitar o contacto
com partes do corpo ou com a roupa do operador e para evitar que fiquem
presos em obstáculos no local onde a máquina se encontra;
 instalar dispositivos de comando cujo funcionamento requeira duas ações
independentes;
 instalar dispositivos de comando com bloqueio.

169
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.2.2 Dispositivos de comando (continuação)


...
 fabricados de forma a resistirem aos esforços previsíveis, deve ser dada
especial atenção aos dispositivos de paragem de emergência que possam
estar sujeitos a esforços consideráveis.
...
§191 Resistência dos dispositivos de comando
O requisito previsto no sétimo travessão do ponto 1.2.2 refere-se à força
mecânica dos dispositivos de comando. A rotura destes dispositivos pode
provocar uma situação de perigo devido à incapacidade de se controlar a função
em questão. Tal rotura pode em si mesmo resultar em lesões.
Na aplicação deste requisito, deve ter-se em conta as condições previsíveis de
uso durante as diferentes fases do tempo de vida útil previsto da máquina e as
diferentes tarefas e modos de funcionamento envolvidos – ver §207: comentários
ao ponto 1.3.2. Esta questão é particularmente importante no caso de dispositivos
de paragem de emergência que tenham de ser acionados rapidamente e sejam
concebidos de modo a serem acionados por meio de uma pancada – ver §202:
comentários ao ponto 1.2.4.3.

1.2.2 Dispositivos de comando (continuação)


...
Se um dispositivo de comando for concebido e fabricado para permitir várias ações
diferentes, ou seja, se a sua ação não for unívoca, a ação comandada deve ser
claramente visualizada e, se necessário, ser objecto de confirmação.
...
§192 Dispositivos de comando para exercer diferentes ações
O requisito enunciado no segundo parágrafo do ponto 1.2.2 aplica-se quando um
único dispositivo de comando é capaz de controlar várias funções diferentes.
Por exemplo, alguns dispositivos de comando poderão desempenhar tarefas
diferentes consoante o modo de funcionamento ou comando selecionado e os
equipamentos intermutáveis instalados na máquina. Alguns dispositivos de
comando do tipo manete poderão controlar ações diferentes por meio de
movimentos longitudinais, transversais e de torção. Os efeitos desses
movimentos da manete poderão ser variados usando-se botões superiores ou
interruptores de disparo incorporados no dispositivo.
O uso destes dispositivos de comando pode facilitar o controlo de determinadas
categorias de máquinas através da redução do número e amplitude dos
movimentos dos braços e das mãos. Contudo, na concepção destes dispositivos
é muito importante garantir que os efeitos dos seus diversos movimentos fiquem
claramente identificados, evitando-se confusões entre as diferentes ações que
poderão ser executadas. Quando necessário para evitar confusões, deverão
existir duas ações em separado para controlar uma dada função.
O requisito enunciado no segundo parágrafo do ponto 1.2.2 também se aplica a
máquinas designadas por máquinas por controlo numérico ou máquinas com um
sistema de comando electrónico programável, em que os sinais de entrada são
dados por teclado ou ecrã táctil. Para evitar erros, o suporte lógico pode indicar a

170
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ação a executar e solicitar a confirmação pelo operador antes de o sinal de saída


ser enviado aos órgãos de controlo da máquina.

1.2.2 Dispositivos de comando (continuação)


...
Os dispositivos de comando devem ter uma configuração tal que a sua disposição, o
seu curso e o seu esforço resistente sejam compatíveis com a ação a comandar,
tendo em conta os princípios da ergonomia.
...
§193 Dispositivos de comando e princípios ergonómicos
O requisito enunciado no terceiro parágrafo do ponto 1.2.2 implica que as
características dos dispositivos de comando deverão ter em conta os vários
parâmetros das tarefas dos operadores, incluindo, por exemplo:
 a precisão requerida no posicionamento do dispositivo de comando;
 a velocidade da regulação requerida;
 a força requerida para funcionar com o dispositivo.
Deve ser dada especial atenção à visibilidade dos dispositivos de comando e à
capacidade dos operadores de os alcançarem e usarem de forma eficiente e
segura em todas as tarefas e modos de funcionamento, sem terem de adoptar
posições incómodas. A disposição dos dispositivos de comando, a distância de
deslocação dos componentes móveis dos dispositivos e a força necessária para
os manobrar deverão ter em conta a natureza da ação a executar, a anatomia
funcional da mão ou do pé humano e a dimensão corporal da população de
operadores. No caso de dispositivos de comando usados com frequência ou
continuamente, a sua concepção deverá evitar os movimentos repetitivos que
envolvam posições incómodas ou amplitude do movimento das mãos que possam
contribuir para distúrbios músculo-esqueléticos.
Se forem necessários dispositivos de comando de agarrar para avançar, estes
deverão ser concebidos para reduzir, na medida possível, as limitações para os
operadores – ver §301: comentários ao ponto 3.3.1, §353: comentários ao ponto
4.2.1 e §371: comentários ao ponto 6.2.
O espaço entre os dispositivos de comando deverá ser suficiente para reduzir o
risco de operações acidentais, sem exigir movimentos desnecessários. Deve
prestar-se especial atenção caso seja provável os operadores utilizarem
equipamento de proteção individual, tais como luvas de proteção ou calçado de
segurança – ver §176: comentários à alínea d) do ponto 1.1.2.
A combinação e a disposição dos dispositivos de comando também deve ter em
conta a capacidade humana para processar informação, associada à atenção,
percepção e cognição.

1.2.2 Dispositivos de comando (continuação)


...
A máquina deve estar equipada com os dispositivos de sinalização necessários para
que possa funcionar com segurança. O operador deve poder, a partir do posto de
comando, ler as indicações desses dispositivos.
...

171
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§194 Dispositivos de sinalização e visualização


O requisito enunciado no quarto parágrafo do ponto 1.2.2 exige que as máquinas
sejam equipadas com os dispositivos de sinalização necessários para permitir aos
operadores executarem as diversas tarefas. Estes dispositivos incluem, por
exemplo, dispositivos de sinalização que informam os operadores sobre o valor
dos parâmetros relevantes da máquina (tais como, por exemplo, velocidade,
carga, temperatura ou pressão de componentes da máquina) e sobre os efeitos
das suas ações nos dispositivos de comando, quando tal não for óbvio.
Os dispositivos de sinalização também poderão fornecer avisos aos operadores
quando os parâmetros em questão excedem valores de segurança. Estes
dispositivos poderão ser associados aos dispositivos limitadores que
desencadeiam determinadas ações quando os parâmetros de segurança são
excedidos. Os dispositivos de sinalização também poderão ser usados em
conjunto com um modo específico de funcionamento, tal como baixa velocidade
ou um funcionamento incremental.
Os dispositivos de sinalização usados com mais frequência incluem monitores e
ecrãs digitais, monitores analógicos tais como mostradores e manómetros, bem
como indicadores tácteis e auditivos. Os indicadores poderão fazer parte
integrante dos dispositivos de comando ou serem independentes. Neste caso,
deverão ser concebidos e posicionados de modo a que possam ser facilmente
lidos e interpretados pelos operadores a partir dos postos de comando quando
estes usam os dispositivos de comando correspondentes. Em particular, os
indicadores deverão ser concebidos de modo a facilitar a detecção rápida de
comportamentos anómalos da máquina.
Os indicadores e os monitores estão sujeitos aos requisitos enunciados nos
pontos 1.7.1, 1.7.1.1 e 1.7.1.2 relativos às informações e avisos da máquina e aos
dispositivos de informação e de aviso. Em particular, todas a informação por
escrito ou verbal fornecida pelos indicadores ou monitores esta sujeita aos
requisitos de linguagem enunciados no ponto 1.7.1 – ver §245 a §248:
comentários aos pontos 1.7.1, 1.7.1.1 e 1.7.1.2.

1.2.2 Dispositivos de comando (continuação)


...
O operador deve poder, a partir da cada posto de comando, certificar-se da
ausência de pessoas nas zonas perigosas, ou o sistema de comando dever ser
concebido e fabricado de modo a que o arranque seja impossível enquanto existir
alguém na zona de perigo.
Se nenhuma destas possibilidades for aplicável, deverá, antes do arranque da
máquina, ser dado um sinal de aviso, sonoro e/ou visual. As pessoas expostas devem
ter tempo para abandonar a zona de perigo ou para se opor ao arranque da
máquina.
...
§195 Visibilidade das zonas perigosas durante o arranque
De acordo com a alínea b) do ponto 1.1.2, a primeira medida deverá ser a de
eliminar ou reduzir o risco, por exemplo, através da concepção da máquina, para
que as pessoas não tenham de aceder às zonas de perigo da máquina – ver
§239: comentários ao ponto 1.6.1 – ou instalando protetores e/ou dispositivos de
proteção que detectem a presença de pessoas na zona de perigo e evitem o

172
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

arranque da máquina enquanto existirem pessoas no local. Contudo, nem sempre


é possível implementar tais medidas.
Se existir o risco de pessoas acederem às zonas de perigo, o requisito enunciado
no quinto e sexto parágrafos do ponto 1.2.2 destina-se a permitir que o operador
se certifique que não existe ninguém nas zonas de perigo da máquina antes do
arranque da mesma. As pessoas em questão podem ser outros operadores ou
demais pessoas expostas, tais como operadores de manutenção. No caso de
zonas de perigo nas imediações da máquina, as potenciais pessoas expostas
podem ser meros espectadores – ver §165: comentários à alínea b) do
ponto 1.1.1.
Se não é possível conceber a máquina de um modo que o operador que controla
o arranque da máquina tenha uma visão direta adequada das zonas de perigo a
partir da posição de comando, poderão ser fornecidos meios auxiliares indiretos
de visão, tais como, por exemplo, espelhos ou televisão em circuito fechado
(CCTV).
A este respeito, salienta-se que os requisitos suplementares relativos à
visibilidade a partir da posição de condução de máquinas móveis são
apresentados no ponto 3.2.1.
Quando não é possível garantir a visibilidade direta ou indireta das zonas de
perigo a partir das posições de comando, o arranque da máquina deverá ser
precedido de um sinal de aviso acústico ou visual (ou ambos), com um intervalo
de tempo suficiente entre o sinal de aviso e o arranque ou deslocação da
máquina, para que quaisquer pessoas expostas possam abandonar a zona, ou,
se tal não for possível, as pessoas expostas deverão dispor de meios adequados
para evitar que a máquina arranque, tais como, por exemplo, um comando de
paragem de emergência na zona de perigo – ver §202: comentários ao
ponto 1.2.4.3.
As especificações aplicáveis a sinais de aviso acústicos e visuais são
apresentadas na norma EN 981. 120
Quando as operações de manutenção forem realizadas nas zonas de perigo da
máquina, deverão existir meios específicos para evitar o arranque inesperado da
máquina ou de partes da máquina – ver §241: comentários ao ponto 1.6.3.

1.2.2 Dispositivos de comando (continuação)


...
Se necessário, devem prever-se meios para que a máquina só possa ser comandada
a partir de postos de comando situados numa ou em várias zonas ou localizações
pré-determinadas.
...
§196 Localização dos postos de comandos
O requisito enunciado no sétimo parágrafo do ponto 1.2.2 destina-se a garantir
que a posição a partir da qual o operador comanda a operação da máquina se
situe fora das zonas de perigo da máquina e, na medida possível, esteja
posicionada de modo a que o operador possa garantir que as demais pessoas
não estejam expostas a riscos.

120
EN 981:1996+A1:2008 – Segurança de máquinas – Sistema de sinais sonoros e visuais de
perigo e de informação.

173
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Deve dar-se especial atenção a este requisito quando se pondera a utilização de


dispositivos de comando móveis, tais como comandos suspensos ou comandos à
distância. A avaliação de riscos deverá ter em conta o risco de o operador ter de
comandar a máquina a partir de uma posição de perigo, por exemplo, uma zona
em que existe o risco de ser esmagado ou atingido pela queda de objetos ou por
objetos projetados.

1.2.2 Dispositivos de comando (continuação)


...
Caso haja vários postos de comando, o sistema de comando deve ser concebido de
modo a que a utilização de um deles torne impossível a utilização dos outros, com
exceção dos dispositivos de paragem e de paragem de emergência.
...
§197 Múltiplos postos de comando
Os requisitos enunciados no oitavo parágrafo do ponto 1.2.2 aplicam-se a
máquinas equipadas com duas ou mais posições de comando destinadas a
serem usadas sucessivamente, quer por um único operador ou por dois ou mais
operadores, para executarem tarefas diferentes ou comandarem a máquina
durante as diversas fases de funcionamento. Para evitar confusões ou comandos
contraditórios, os dispositivos de comando em cada posição de comando deverão
estar ligados ao sistema de comando de tal modo que o uso de uma posição de
comando impeça o uso das outras posições, excepto no caso de comandos de
paragem e paragens de emergência.

1.2.2 Dispositivos de comando (continuação)


...
Quando uma máquina tiver dois ou mais postos de trabalho, cada um deles deve
dispor de todos os dispositivos de comando necessários, de modo a que nenhum dos
operadores possa perturbar ou colocar os outros em situação perigosa.

§198 Múltiplos postos de trabalho


O último parágrafo do ponto 1.2.2 aplica-se a máquinas equipadas com dois ou
mais postos de trabalho que possam ser usados em simultâneo. Este é
tipicamente o caso de conjuntos de máquinas em que os diversos elementos que
os compõem dispõem do seu próprio posto de trabalho – ver §38: comentários ao
quarto travessão da alínea a) do artigo 2.º. O sistema de comando geral destes
conjuntos e a atribuição de funções de comando aos diferentes postos de trabalho
deverão ser concebidos de modo a que o comando dado a um posto de trabalho
não interfira nem crie uma situação de perigo para os operadores noutros postos
de trabalho. Devem ser tomadas medidas de precaução especiais se o
funcionamento de um elemento do conjunto desencadear automaticamente o
funcionamento de outro elemento – ver §199: comentários ao ponto 1.2.3.

174
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.2.3 Arranque
O arranque de uma máquina só deve poder ser efectuado por ação voluntária sobre
um dispositivo de comando previsto para o efeito.
O mesmo se deve verificar:
 para o novo arranque após uma paragem, seja qual for a sua origem,
 para o comando de uma alteração importante das condições de
funcionamento.
No entanto, o novo arranque ou a alteração das condições de funcionamento podem
ser efectuados por ação voluntária sobre um dispositivo diferente do dispositivo de
comando previsto para o efeito, desde que tal não conduza a uma situação perigosa.
Em relação a máquinas que funcionam automaticamente, o arranque, o novo
arranque depois de uma paragem ou a alteração das condições de funcionamento
podem produzir-se sem intervenção, desde que tal não conduza a uma situação
perigosa.
Sempre que a máquina disponha de vários dispositivos de comando de arranque e os
operadores possam, por conseguinte, colocar-se mutuamente em perigo, deve estar
equipada com dispositivos adicionais para eliminar esse risco. Se, por uma questão
de segurança, o arranque e/ou a paragem tiverem de obedecer a uma dada
sequência, deverão ser previstos dispositivos que garantam que essas operações são
executadas na sequência correta.

§199 Controlo do arranque


Os requisitos enunciados no ponto 1.2.3 destinam-se a evitar arranques
acidentais ou inesperados da máquina, que constituem causas frequentes de
acidentes graves envolvendo máquinas.
O requisito básico enunciado no primeiro parágrafo do ponto 1.2.3 determina que
a máquina só pode arrancar quando o operador transmitir o comando de arranque
usando um dispositivo de comando de arranque específico. Este requisito aplica-
se ao arranque inicial da máquina no início de um período de funcionamento.
De acordo com o segundo parágrafo do ponto 1.2.3, este requisito básico aplica-
se quando a máquina arranca de novo após uma paragem, ou quando são
introduzidas alterações significativas nas condições de funcionamento da
máquina, tais como, por exemplo, a regulação da velocidade da máquina.
Por conseguinte, como regra geral, o arranque não deverá ser desencadeado
pelo fecho de um protetor móvel com dispositivo de encravamento, pelo
desbloqueio de um comando de paragem ou de um comando de paragem de
emergência – ver §200 a §202: comentários ao ponto 1.2.4.
Contudo, de acordo com o terceiro parágrafo do ponto 1.2.3, o requisito de um
dispositivo específico de comando de arranque ou de reinício não se aplica ao
reinício ou à alteração das condições de funcionamento se o uso de outro
dispositivo além do dispositivo específico de comando de arranque não resultar
numa situação de perigo.
Por conseguinte, é excepcionalmente possível comandar o início de determinadas
funções da máquina através do fecho de um protetor com dispositivo de
encravamento (protetor de comando) ou pela retirada da pessoa ou da parte

175
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

detectada da pessoa do campo de detecção de um dispositivo de proteção. Esta


funcionalidade pode ser útil por motivos ergonómicos, de forma a evitar ter de se
repetir a ação do dispositivo de comando de arranque em máquinas com um ciclo
de trabalho curto. Contudo, estas soluções excepcionais poderão apenas ser
aplicadas se a máquina for concebida e construída com medidas de proteção
compensatórias adequadas para evitar o risco de arranques acidentais ou
inesperados.
As especificações para o recurso excepcional a protetores de comando ou de
dispositivos de proteção usados para iniciar o ciclo de trabalho são apresentadas
na norma EN ISO 12100-2. 121
O quarto parágrafo do ponto 1.2.3 permite uma segunda exceção à regra geral
estabelecida no primeiro parágrafo nos casos em que o arranque da máquina, o
reinício após uma paragem ou após uma alteração das condições de
funcionamento for desencadeado automaticamente, desde que tal não provoque
uma situação de perigo. Este requisito implica que o arranque e reinício
automáticos deverão ser possíveis apenas quando os meios necessários para
proteger as pessoas contra os riscos associados às funções comandadas
automaticamente estiverem implementados e em funcionamento.
Os requisitos enunciados no quinto parágrafo do ponto 1.2.3 são suplementares
aos requisitos enunciados no oitavo e nono parágrafos do ponto 1.2.2.
As máquinas poderão estar equipadas com vários dispositivos de comando de
arranque, visto disporem de vários postos de comando destinados a serem
usados em momentos diferentes ou para tarefas diferentes. Nestes casos, o
sistema de comando deverá ser concebido de modo a garantir que só um
comando de arranque possa ser usado de cada vez, em conformidade com o
oitavo parágrafo do ponto 1.2.2.
Poderão existir vários dispositivos de comando de arranque nas máquinas,
sobretudo em conjuntos de máquinas que disponham de vários postos de
trabalho para as diferentes unidades. Nesse caso, o sistema de comando geral do
conjunto deverá ser concebido de modo a garantir que o uso de um dos
dispositivos de comando de arranque não provoque uma situação de perigo para
os restantes operadores. De igual modo, o sistema de comando geral deverá ser
concebido de modo a garantir que os elementos da máquina que devam arrancar
ou parar segundo uma ordem específica só possam ser iniciados ou parados
nessa ordem e garantir que não existam sinais de comando de arranque ou
paragem incorretos.
As especificações para a prevenção de arranques inesperados de máquinas são
apresentadas na norma EN 1037. 122
Salienta-se que, além dos requisitos gerais relativos ao arranque enunciados no
ponto 1.2.3, os requisitos suplementares relativos ao arranque em relação à
mobilidade da máquina são apresentados no ponto 3.3.2.

121
EN ISO 12100-2:2003 + A1:2009 – Segurança de máquinas – Conceitos básicos, princípios
gerais para a concepção – Parte 2: Princípios técnicos (ISO 12100-2:2003) – ver cláusulas 5.2.5.3
e 5.3.2.5.
122
EN 1037:1995+A1:2008 – Segurança de máquinas – Prevenção de um arranque inesperado.

176
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.2.4 Paragem
1.2.4.1 Paragem normal
A máquina deve estar equipada com um dispositivo de comando que permita a sua
paragem total em condições de segurança.
Cada posto de trabalho deve estar equipado com um dispositivo de comando que
permita, em função dos perigos existentes, parar todas as funções da máquina ou
apenas parte delas, de modo a que a máquina esteja em situação de segurança.
A ordem de paragem da máquina deve ter prioridade sobre as ordens de arranque.
Uma vez obtida a paragem da máquina ou das suas funções perigosas, deve ser
interrompida a alimentação de energia dos acionadores.

§200 Dispositivos de comando de paragem normal


O requisito enunciado no ponto 1.2.4.1 destina-se a garantir que os operadores
possam sempre parar a máquina em segurança a qualquer momento. Para além
da necessidade de parar a máquina com toda a segurança por motivos
operacionais, é igualmente essencial que os operadores possam parar a máquina
em caso de um mau funcionamento que possa originar uma situação de perigo.
O segundo parágrafo aplica-se a máquinas com dois ou mais postos de trabalho.
Em alguns casos, um único operador pode controlar toda a máquina a partir de
diferentes posições de comando, dependendo das suas tarefas e da fase de
operação. Noutros casos, os diferentes componentes da máquina poderão ser
controlados por diferentes operadores. O dispositivo de comando de paragem
fornecido em cada posto de trabalho pode parar toda a máquina ou somente uma
parte da máquina, quando isso for possível sem provocar risco – ver §203:
comentários ao ponto 1.2.4.4. Se necessário, o dispositivo de comando de
paragem deverá parar as partes relevantes da máquina complexa de um modo
sequencial – ver §199: comentários ao ponto 1.2.3.
O requisito enunciado no terceiro parágrafo do ponto 1.2.4.1 constitui um requisito
aplicável à concepção do sistema de comando que é particularmente importante
no caso de máquinas com vários postos de trabalho, visto que evita que o
comando de arranque dado por um operador se sobreponha a um comando de
paragem dado por outro operador. Ele também se destina a garantir que o
comando de paragem possa ser dado mesmo em caso de falha do comando de
arranque existente, na acepção de um comando de arranque mantido.
Os requisitos enunciados no último parágrafo do ponto 1.2.4.1, que estabelecem
que assim que a máquina ou as suas funções perigosas tiverem parado o
fornecimento de energia aos acionadores em questão seja cortado, destinam-se a
prevenir o risco de arranques acidentais após um comando de paragem que
possa ser provocado por uma anomalia ou falha no sistema de comando. Tal
significa que a paragem possa efetivar-se através do corte de energia aos
acionadores da máquina, ou permitir que a energia seja fornecida aos
acionadores da máquina para realizarem a paragem e, em seguida, seja cortada
assim que a máquina parar.
Salienta-se que, além dos requisitos gerais relativos à paragem enunciados no
ponto 1.2.4.1, os requisitos suplementares relativos à paragem da função de
deslocação das máquinas móveis estão enunciados no ponto 3.3.3.

177
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1.2.4.2 Paragem por razões operacionais


Quando, por razões operacionais, seja necessário um comando de paragem que não
interrompa a alimentação de energia dos acionadores, a função de paragem deve
ser monitorizada e mantida.

§201 Paragem por razões operacionais


O ponto 1.2.4.2 reconhece que, por motivos operacionais, por exemplo, para
permitir um rearranque mais fácil ou mais rápido da máquina, pode ser necessário
fornecer, em adição ao comando de paragem normal exigido no ponto 1.2.4.1, um
comando de paragem que não corte o fornecimento de energia aos acionadores.
Visto que, nesse caso, uma anomalia no sistema de comando pode provocar um
arranque acidental, o sistema de comando deverá dispor de meios para
monitorizar o estado de paragem de modo a garantir que a máquina permaneça
parada até que seja reiniciada intencionalmente usando dispositivo de comando
de arranque. A parte do sistema de comando relativa à monitorização deverá ser
considerada como uma parte relacionada com a segurança do sistema de
comando que deverá ter um nível de desempenho adequado – ver §184:
comentários ao ponto 1.2.1.

178
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1.2.4.3 Paragem de emergência


A máquina deve estar equipada com um ou vários dispositivos de paragem de
emergência por meio do ou dos quais possam ser evitadas situações de perigo
iminentes ou existentes.
Estão excluídas desta obrigação:
 as máquinas cujo dispositivo de paragem de emergência não permita reduzir
o risco, quer por não reduzir o tempo de obtenção da paragem normal, quer
por não permitir tomar as medidas específicas exigidas pelo risco,
 as máquinas portáteis mantidas em posição e/ou guiadas à mão.
Este dispositivo deve:
 conter dispositivos de comando claramente identificáveis, bem visíveis e
rapidamente acessíveis,
 provocar a paragem do processo perigoso num período de tempo tão
reduzido quanto possível, sem provocar riscos suplementares,
 eventualmente desencadear, ou permitir desencadear, determinados
movimentos de proteção.
Quando se deixa de acionar o dispositivo de paragem de emergência depois de se ter
dado uma ordem de paragem, esta ordem deve ser mantida por um bloqueamento do
dispositivo de paragem de emergência até ao respectivo desbloqueamento; não deve
ser possível obter o bloqueamento do dispositivo sem que este provoque uma ordem
de paragem; o desbloqueamento do dispositivo só deve poder ser obtido através de
uma manobra apropriada e não deve repor a máquina em funcionamento, mas
somente autorizar um novo arranque.
A função de paragem de emergência deve existir e estar operacional em todas as
circunstâncias, independentemente do modo de funcionamento.
Os dispositivos de paragem de emergência devem complementar outras medidas de
proteção e não substituir-se-lhes.

§202 Dispositivos de paragem de emergência


Um dispositivo de paragem de emergência consiste num dispositivo de comando
específico ligado ao sistema de comando que fornece o comando de paragem e
em componentes ou sistemas necessários para parar as funções perigosas da
máquina o mais rapidamente possível, sem criar riscos acrescidos.
Os dispositivos de paragem de emergência destinam-se a permitir aos
operadores pararem as funções perigosas da máquina o mais rapidamente
possível se, apesar de outras medidas de proteção tomadas, surgir uma situação
ou evento de perigo. A paragem de emergência não fornece proteção por si só,
daí que a última frase do ponto 1.2.4.3 saliente que a instalação de um dispositivo
de paragem de emergência seja uma salvaguarda relativamente a outras medidas
de segurança, tais como protetores e dispositivos de proteção e não um
substituto. Contudo, a paragem de emergência pode permitir aos operadores
evitarem que uma situação de perigo provoque um acidente, ou pelo menos
reduzirem a gravidade das consequências de um acidente. A paragem de
emergência pode também permitir aos operadores evitarem que o mau
funcionamento da máquina a danifique.

179
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O primeiro parágrafo do ponto 1.2.4.3 exige que a máquina seja equipada, como
regra geral, com um ou mais dispositivos de paragem de emergência. O segundo
parágrafo do ponto 1.2.4.3 enuncia duas exceções nos casos em que os
dispositivos de paragem não são exigidos. A primeira exceção aplica-se se o
dispositivo de paragem de emergência não reduzir o risco quando comparado
com o comando normal de paragem, por exemplo, se não for possível obter-se
uma paragem bastante mais rápida do que com a paragem por via do comando
de paragem normal sem criar riscos adicionais, tais como a perda de estabilidade
ou o risco de ruptura de partes da máquina. Nos casos em que o comando de
paragem de emergência não é fornecido, o dispositivo de comando de paragem
normal deverá estar claramente identificado, claramente visível e facilmente
acessível de modo a que possa ser usado para parar a máquina em caso de
emergência. A segunda exceção aplica-se a máquinas portáteis e/ou guiadas à
mão – ver §278: comentários ao ponto 2.2.1.
O terceiro e quarto parágrafos do ponto 1.2.4.3 enunciam os requisitos relativos à
concepção dos dispositivos de paragem de emergência:
 Primeiro, os dispositivos de paragem de emergência deverão estar claramente
identificados e visíveis. Trata-se de um aspecto importante, visto que, numa
situação de emergência, uma reação imediata pode ser crucial. Normalmente,
os dispositivos de paragem de emergência são vermelhos sobre um fundo
amarelo.
 Segundo, os dispositivos de paragem de emergência deverão ser rapidamente
acessíveis. Este requisito traz consequências tanto para a escolha do tipo de
dispositivo de comando como para o número e localização dos dispositivos de
comando a instalar.
Frequentemente, os dispositivos de paragem de emergência são constituídos
por botões manuais em forma de cogumelo. Contudo, nos casos em que o
operador possa ter dificuldade em alcançar o dispositivo de paragem de
emergência, por exemplo, se ambas as mãos do operador estiverem
ocupadas, poderá ser preferível instalar dispositivos de paragem de
emergência acionados pelo pé, ou barras que possam ser acionadas por
qualquer outra parte do corpo.
Nas máquinas em que as zonas de perigo abranjam uma longa distancia, por
exemplo, em máquinas de manuseamento permanente, tais como tapetes
rolantes, os comandos de paragem de emergência poderão ser ativados por
fios ou cabos.
Visto que os dispositivos de paragem de emergência deverão ser rapidamente
acessíveis, o seu número e a sua localização deverá ser de acordo com a
dimensão e configuração da máquina, com o número de operadores, com a
localização das zonas de perigo e a localização dos postos de trabalho e
pontos de manutenção. Em particular, poderá ser necessário instalar
dispositivos de paragem de emergência em zonas de perigo que não sejam
visíveis ao operador que inicia a máquina, ou em áreas em que as pessoas
possam ficar aprisionadas, de modo a permitir que as pessoas expostas
impeçam o arranque se não forem capazes de abandonar a zona de perigo
atempadamente – ver §195: comentários ao sexto parágrafo do ponto 1.2.2.
 O segundo travessão do terceiro parágrafo específica que o dispositivo de
paragem de emergência deverá parar o processo perigoso o mais
rapidamente possível, sem criar riscos adicionais. Os meios necessários para

180
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

se cumprir este requisito dependem das características da máquina. Em


alguns casos, basta que ocorra o corte imediato de energia aos acionadores.
Caso seja necessária uma paragem controlada, os acionadores podem
continuar em tensão durante o processo de paragem e o fornecimento de
energia pode ser cortado assim que a paragem se efetuar. Em alguns casos, e
para evitar riscos adicionais, poderá ser necessário continuar a fornecer
energia a determinados componentes mesmo após a paragem, por exemplo,
para evitar a queda de partes da máquina.
 O terceiro travessão do terceiro parágrafo refere-se aos casos em que são
necessárias outras ações, para além da paragem da máquina, para evitar ou
eliminar a situação de perigo. Por exemplo, assim que a máquina parar,
poderá ser necessário abrir ou permitir a abertura de pontos em que partes do
corpo do operador possam ficar presas. Nesses casos, o dispositivo de
paragem de emergência deverá ser concebido de modo a acionar tais ações
automaticamente, ou pelo menos permitir que essas ações sejam controladas.
Se necessário, por motivos de segurança, algumas funções da máquina não
serão paradas (tais como, por exemplo, sistemas de arrefecimento ou
extractores de poeira).
O requisito enunciado no quarto parágrafo do ponto 1.2.4.3 destina-se a prevenir
o risco de arranque acidental da máquina após a ativação do dispositivo de
paragem de emergência. Este requisito pode ser cumprido instalando-se
dispositivos de paragem de emergência de tipo “bloqueio”, sendo necessária uma
ação deliberada para os desengatar. O desengate do dispositivo de comando de
emergência não deverá reiniciar a máquina, mas apenas permitir o rearranque da
mesma usando o dispositivo de comando de arranque normal – ver §199:
comentários ao ponto 1.2.3.
O quinto parágrafo do ponto 1.2.4.3 exige que a função de paragem de
emergência esteja sempre disponível e operacional, independentemente do modo
de funcionamento – ver §204: comentários à secção 1.2.5.
As especificações relativas às paragens de emergência são apresentadas na
norma EN ISO 13850. 123

1.2.4.4 Conjuntos de máquinas


As máquinas ou elementos de máquinas concebidos para trabalhar em conjunto
devem ser concebidos e fabricados de modo a que os comandos de paragem,
incluindo os dispositivos de paragem de emergência, possam parar não só a
máquina mas também todos os equipamentos associados, se a sua manutenção em
funcionamento puder constituir um perigo.

§203 Comandos de paragem para conjuntos de máquinas


O requisito enunciado no ponto 1.2.4.4 deve aplicar-se consoante a avaliação de
riscos efectuada pelo fabricante de um conjunto de máquinas – ver §38:
comentários ao quarto travessão da alínea a) do artigo 2.º A possibilidade de um
comando normal de paragem parar apenas determinadas unidades constituintes
de um conjunto de máquinas, tal como indica o ponto 1.2.4.2, não se aplica se o
funcionamento contínuo de outros elementos da máquina der origem a uma
123
EN ISO 13850:2008 – Segurança de máquinas – Paragem de emergência – Princípios de
concepção (ISO 13850:2006).

181
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

situação de perigo. Do mesmo modo, quando é importante para os operadores de


uma unidade de um conjunto de máquinas tiverem de parar unidades
relacionadas com o conjunto numa situação de emergência, os dispositivos de
paragem de emergência deverão atuar sobre todas as partes relacionadas do
conjunto.
Se um conjunto de máquinas estiver dividido em diferentes zonas comandadas
pelos vários comandos de paragem normal e dispositivos de paragem de
emergência, essas zonas deverão estar claramente definidas e deverá ser
claramente indicado quais os elementos do conjunto de máquinas que pertencem
a que zona. As interfaces entre as zonas deverão ser concebidas de modo a que
o funcionamento contínuo numa zona não dê origem a situações de perigo
noutras zonas que forem paradas.

1.2.5 Seleção de modos de comando ou de funcionamento


O modo de comando ou de funcionamento selecionado deve ter prioridade sobre
todos os outros modos de comando ou de funcionamento, com exceção da paragem
de emergência.
Se a máquina tiver sido concebida e fabricada de modo a permitir a sua utilização
segundo vários modos de comando ou de funcionamento que exijam medidas de
proteção e/ou processos de trabalho diferentes, deve ser equipada com um seletor de
modo bloqueável em cada posição. Cada posição do seletor deve ser claramente
identificável e corresponder a um único modo de comando ou de funcionamento.
O seletor pode ser substituído por outros meios de seleção que permitam limitar a
utilização de determinadas funções da máquina a certas categorias de operadores.
Se, para certas operações, a máquina deve poder funcionar com um protetor
deslocado ou retirado e/ou com um dispositivo de proteção neutralizado, o seletor de
modo de comando ou de funcionamento deve, simultaneamente:
 desativar todos os outros modos de comando ou de funcionamento,
 permitir o funcionamento de funções perigosas apenas por meio de
dispositivos de comando que requeiram acionamento continuado,
 permitir o funcionamento de funções perigosas apenas em condições de risco
reduzido, impedindo qualquer perigo em resultado de sequências
encadeadas,
 impedir todo o funcionamento de funções perigosas por uma ação voluntária
ou involuntária sobre a ativação dos sensores da máquina.
Se estas quatro condições não puderem ser satisfeitas simultaneamente, o seletor de
modo de comando ou de funcionamento deve ativar outras medidas de proteção
concebidas e fabricadas de forma a garantir a segurança da zona de intervenção.
Além disso, o operador deve ter, a partir do posto de regulação, a possibilidade de
controlar o funcionamento dos elementos sobre os quais atua.

§204 Seleção de modos


O ponto 1.2.5 aborda os riscos que possam surgir quando a máquina for
concebida com vários modos de comando ou de operação. Em alguns casos, a
máquina poderá ser concebida com modos de comando específicos, por exemplo,
para operações de regulação ou manutenção. Noutros casos, estão previstos

182
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

diferentes modos de operação, por exemplo, para a alimentação manual ou


automática das peças de trabalho. As máquinas móveis poderão ser concebidas
para serem comandadas por um condutor transportado ou por comando à
distância.
O primeiro parágrafo do ponto 1.2.5 aplica-se a todos esses casos e exige que os
modos de comando ou de operação sejam independentes um do outro, excepto a
função de paragem de emergência, que deverá estar disponível qualquer que seja
o modo de comando ou de operação selecionado.
O segundo parágrafo do ponto 1.2.5 aplica-se a modos de operação que exijam
diferentes medidas de proteção e modos de trabalho que tenham um impacto
diferente na segurança. Por exemplo, no caso de alimentação manual de peças
de trabalho, poderá ser adequado usarem-se protetores móveis com dispositivos
de encravamento ou de proteção, tais como dispositivos de proteção
optoelectrónicos ou dispositivos de comando a duas mãos. No caso de um modo
de operação com alimentação automática, o uso de um dispositivo de comando a
duas mãos como principal meio de proteção não será, provavelmente, aceitável.
Os modos de regulação ou manutenção poderão permitir que determinadas
funções da máquina sejam controladas com os protetores abertos ou com
dispositivos de proteção em silêncio, ou por meio de um dispositivo de comando
especial, tais como um comando suspenso ou um dispositivo de comando à
distância, em vez de dispositivos de comando usados na operação normal.
Nesses casos, cada posição do seletor de modo deverá corresponder a um único
comando ou modo de operação e deverá ser possível bloquear o dispositivo de
seleção de modo em cada posição, além disso o dispositivo deverá ser fornecido
com os dispositivos de sinalização para que os operadores tenham a percepção
clara sobre que comando ou modo de operação foi selecionado – ver §194:
comentários ao quarto parágrafo do ponto 1.2.2.
O terceiro parágrafo do ponto 1.2.5 permite, como alternativa ao seletor
fisicamente bloqueável, que a seleção de um comando ou modo de operação, por
exemplo, um modo de regulação ou manutenção, possa ser uma tarefa restrita
aos operadores com formação específica e autorizados por outros meios, tais
como, por exemplo, um código de acesso.
O quarto parágrafo do ponto 1.2.5 enuncia quatro condições que deverão ser
cumpridas em simultâneo para que as máquinas possam dispor de um modo de
comando ou de operação, quando os protetores estão abertos ou os dispositivos
de proteção estão neutralizados:
 A primeira condição destina-se a excluir o uso de outros modos de comando
ou de operação quando este modo está em utilização;
 A segunda condição destina-se a garantir que o operador tenha sempre
controlo total sobre as funções perigosas;
 A terceira condição exige que a desativação dos meios de proteção normais
seja compensada por outras medidas de proteção, tais como velocidade
reduzida e/ou operação incremental dos componentes móveis. Deverá manter-
se a segurança para os componentes perigosos aos quais não é necessário
aceder;
 A quarta condição exige que o seletor de modo desative não apenas todos os
demais modos de comando como também quaisquer sensores na máquina

183
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

que possam desencadear movimentos ou outras funções perigosas da


máquina ou dos seus componentes durante a operação em questão.
O quinto parágrafo do ponto 1.2.5 aplica-se se for necessário fornecer um modo
operacional com determinados meios de proteção desativados e se uma ou mais
das quatro condições estabelecidas no quarto parágrafo não puderem ser
cumpridas. Nesse caso, a máquina deverá ser fornecida com outros meios de
proteção para garantir que a zona na qual o operador deva trabalhar seja segura.
Salienta-se que estes meios deverão fazer parte da concepção e construção da
máquina e que não é suficiente, neste caso, confiar unicamente no manual de
instruções do fabricante, nos avisos da máquina e na formação dos operadores.

1.2.6 Avaria do circuito de alimentação de energia


A interrupção, o restabelecimento após uma interrupção ou a variação, seja qual for
o seu sentido, da alimentação de energia da máquina não deve criar situações de
perigo.
Deve ser dada especial atenção aos seguintes aspectos:
 a máquina não deve arrancar de forma intempestiva,
 os parâmetros da máquina não devem variar de forma não controlada,
quando essa alteração possa conduzir a situações perigosas,
 a máquina não deve ser impedida de parar, quando a ordem de paragem já
tiver sido dada,
 nenhum elemento móvel da máquina ou nenhuma peça mantida em posição
pela máquina deve cair ou ser projetada,
 a paragem automática ou manual de quaisquer elementos móveis não deve
ser impedida,
 os dispositivos de proteção devem estar sempre operacionais ou dar uma
ordem de paragem,

§205 Avaria do circuito de alimentação de energia


O ponto 1.2.6 aborda as situações de perigo que poderão surgir em caso de
avaria do circuito de alimentação de energia, ou após tal avaria. O primeiro
parágrafo estabelece o requisito básico que determina que a interrupção do
fornecimento de energia, o seu restabelecimento após uma interrupção ou
qualquer flutuação de tensão não deverá provocar uma situação de perigo. O
fornecimento de energia poderá ser interrompido como resultado de corte de
energia local ou geral, ou como resultado de avaria de outras fontes de energia,
tais como, vapores, ar comprimido, fluidos hidráulicos, etc. As flutuações no
fornecimento de energia podem incluir variações de tensão ou frequência do
fornecimento de energia, variações na pressão do vapor, ar comprimido, fluido
hidráulico, etc.
De modo a cumprir este requisito, as avaliações de riscos efectuadas pelo
fabricante deverão incluir uma análise do comportamento provável da máquina
nestes casos e a máquina deverá ser concebida e construída de modo a prevenir
a ocorrência de situações de perigo. Os seis travessões no segundo parágrafo do
ponto 1.2.6 alertam para determinadas situações de perigo comuns que poderão
ocorrer em caso de avaria no fornecimento de energia. Salienta-se que esta lista

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

é meramente indicativa. Estas situações de perigo são as mesmas que as


mencionadas no segundo parágrafo do ponto 1.2.1 relativamente à segurança e
fiabilidade dos sistemas de comando; assim, algumas medidas de concepção
necessárias poderão ser comuns a ambos os requisitos.
 O primeiro travessão refere-se ao risco de arranque inesperado da máquina.
Esta situação é mais provável ocorrer quando o fornecimento de energia é
restabelecido após uma interrupção. O sistema de comando deverá, assim,
ser concebido de modo a garantir que a interrupção do fornecimento de
energia previna automaticamente o arranque até a máquina ser reiniciada por
meio do dispositivo de comando de arranque.
 O segundo travessão refere-se aos casos em que o fornecimento de energia é
necessário para manter certos parâmetros da máquina, tais como pressão ou
temperatura, dentro de limites de segurança. Em certos casos, poderá ser
necessário fornecer um fornecimento de energia de reserva para esse fim.
Além disso, a informação relacionada poderá ser guardada para ser usada
quando se restabelecer o fornecimento de energia.
 O terceiro travessão aplica-se aos componentes do sistema de comando que
controlam as funções de paragem e de paragem de emergência. A concepção
do sistema de comando deverá permitir que, uma vez dado o comando de
paragem, este permaneça em vigor mesmo se o fornecimento de energia for
interrompido.
 O quarto travessão exige que a máquina seja concebida de modo a que as
partes móveis ou elementos sustentados pela máquina não caiam nem sejam
projetados em caso de avaria do fornecimento de energia. Isto pode ser
conseguido por meio de pinças, travões, dispositivos de bloqueio, válvulas de
retenção, etc., que funcionem pelo corte de energia, ou, se tal não for possível,
por uma fonte de energia armazenada, tal como, por exemplo, uma mola ou
um reservatório de ar comprimido.
A este respeito, um requisito específico aplica-se a operações de elevação –
ver §342: comentários à alínea c) do ponto 4.1.2.6.
 O quinto travessão exige que a máquina seja concebida de modo a que as
partes móveis possam ser paradas em segurança em caso de avaria do
fornecimento de energia. Se a energia for necessária para parar as partes
móveis em segurança, poderá ser fornecida a partir de uma fonte de energia
armazenada. Em alguns casos, poderá ser necessário fornecer uma fonte de
energia de reserva para permitir que as partes móveis da máquina sejam
paradas em segurança.
 O último travessão exige que os dispositivos de proteção sejam concebidos de
modo a serem eficazes na ausência do fornecimento de energia, ou que o
comando de paragem seja automaticamente acionado se o fornecimento de
energia for interrompido.

185
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.3 MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA PERIGOS DE NATUREZA


MECÂNICA
1.3.1 Riscos de perda de estabilidade
A máquina, bem como os seus elementos e equipamentos, deve ser suficientemente
estável para evitar o seu capotamento, queda ou movimentos descontrolados
durante o transporte, a montagem e a desmontagem e qualquer outra ação que
envolva a máquina.
Se a própria forma da máquina, ou a sua instalação prevista, não permitir
assegurar uma estabilidade suficiente, devem ser previstos e indicados no manual
de instruções, meios de fixação apropriados.

§206 Estabilidade
O primeiro parágrafo do ponto 1.3.1 exige que o fabricante garanta a estabilidade
da máquina e dos seus componentes e acessórios durante as diferentes fases do
tempo de vida útil previsto da máquina – ver §173: comentários à alínea a) do
ponto 1.1.2.
Os factores a ter em conta incluem, por exemplo, o formato da máquina e da sua
base, as características da superfície ou estrutura na qual a máquina será usada,
montada ou instalada, a distribuição de peso, os efeitos dinâmicos devido aos
movimentos da própria máquina, ou das suas partes ou elementos processados
ou sustentados pela máquina, os efeitos das vibrações, das forças externas, tais
como pressão do vento e condições climatéricas, por exemplo, neve e gelo.
Caso a estabilidade da máquina dependa de condições de uso, tais como, por
exemplo, a inclinação, o terreno ou a carga, as condições segundo as quais a
máquina cumpre o requisito de estabilidade deverão ser especificadas no manual
de instruções do fabricante – ver §264 e §269: comentários às alíneas i) e o) do
ponto 1.7.4.2.
O segundo parágrafo do ponto 1.3.1 refere-se aos casos em que a estabilidade
da máquina requer medidas especiais quando esta for usada ou instalada.
Nesses casos, as disposições necessárias para a ancoragem da máquina
deverão ser integradas na concepção e construção da máquina e deverá
especificar-se as medidas a tomar pelo utilizador ou instalador no manual de
instruções do fabricante – ver §264: comentários à alínea i) do ponto 1.7.4.2,
e §269: comentários à alínea o) do ponto 1.7.4.2.
Salienta-se que, para além dos requisitos gerais relativos à estabilidade
enunciados no ponto 1.3.1,
 os requisitos suplementares relativos à estabilidade de máquinas portáteis
estão enunciados no ponto 2.2.1;
 os requisitos suplementares relativos à estabilidade de máquinas móveis estão
enunciados nos pontos 3.4.1 e 3.4.3;
 os requisitos suplementares relativos à estabilidade de máquinas para
elevação estão enunciados nos pontos 4.1.2.1 e 4.2.2;
 os requisitos suplementares relativos à estabilidade de máquinas de
sustentação dos tectos de minas para trabalhos subterrâneos estão
enunciados no ponto 5.1;

186
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

 os requisitos suplementares relativos à estabilidade de máquinas para


elevação de pessoas estão enunciados no ponto 6.1.2.

1.3.2 Risco de ruptura em serviço


As diferentes partes da máquina, bem como as ligações entre elas, devem poder
resistir às solicitações a que são submetidas durante a utilização.
Os materiais utilizados devem apresentar uma resistência suficiente, adaptada às
características do ambiente de trabalho previsto pelo fabricante ou pelo seu
mandatário, em especial no que diz respeito a fenómenos de fadiga, envelhecimento,
corrosão e abrasão.
O manual de instruções deve indicar os tipos e a frequência das inspeções e das
operações de manutenção necessárias por razões de segurança. Deve indicar ainda,
se for caso disso, as peças sujeitas a desgaste, bem como os critérios de substituição.
Se, apesar das precauções tomadas, subsistirem riscos de rebentamento ou ruptura,
os elementos em questão devem ser montados, dispostos e/ou protegidos de modo a
que os seus fragmentos sejam retidos, evitando situações perigosas.
As tubagens rígidas ou flexíveis que transportem fluidos, em especial a alta pressão,
devem poder suportar as solicitações internas e externas previstas e estar
solidamente presas e/ou protegidas de forma a garantir que, em caso de ruptura,
não possam dar origem a riscos.
No caso de o material a processar ser automaticamente levado à ferramenta, devem
cumprir-se as condições seguintes para evitar riscos para as pessoas:
 no momento do contacto peça/ferramenta, esta última deve ter atingido as
suas condições normais de trabalho,
 no momento do arranque e/ou da paragem da ferramenta (voluntária ou
acidental), o movimento de transporte do material e o movimento da
ferramenta devem ser coordenados.

§207 Ruptura em serviço


Os perigos associados à ruptura em serviço podem ser devidos, por exemplo, ao
colapso da própria máquina ou das suas partes, ou ao movimento não controlado
ou projeção de componentes da máquina devido à avaria de componentes ou
subconjuntos. Os primeiros dois parágrafos do ponto 1.3.2 destinam-se a prevenir
a ruptura de partes da máquina durante a operação, usando materiais adequados
e por meio de uma concepção e construção corretas dos componentes e
conjuntos de modo a resistirem às solicitações a que estarão sujeitos durante a
operação. Em alguns casos, as normas harmonizadas fornecem as
especificações para os materiais, concepção, construção e ensaios de
determinados componentes críticos. Noutros casos, o cumprimento destes
requisitos deve efetuar-se respeitando as práticas e os princípios sólidos de
engenharia.
O segundo parágrafo do ponto 1.3.2 alerta para a importância de se ter em conta
as condições segundo as quais a máquina se destina a ser usada durante as
diferentes fases do seu tempo de vida útil – ver §173: comentários à secção
1.1.2 (a). Certas condições de uso poderão afectar a resistência de alguns
materiais e conjuntos, tais como, por exemplo, calor ou frio extremos, atmosferas
corrosivas, humidade ou radiação. A sobre velocidade, por exemplo, de

187
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ferramentas rotativas, poderá provocar um risco de ruptura e, por conseguinte,


deverá ser prevenida nesses casos. As condições de uso e os limites segundo os
quais a máquina foi concebida deverão ser referidos no manual de instruções do
fabricante – ver §263: comentários à alínea g) do ponto 1.7.4.2.
Nos casos em que a fadiga seja um factor importante, o fabricante deverá ter em
conta o tempo de vida útil previsto da máquina e a natureza das funções que esta
irá executar, tendo em conta o número de ciclos operacionais a que o
componente ou conjunto em questão estará sujeito durante o tempo de vida útil.
O terceiro parágrafo do ponto 1.3.2 salienta que algumas partes de máquinas
sujeitas a desgaste que possam provocar rupturas poderão ter de ser
inspeccionadas periodicamente pelo utilizador, ou reparadas e substituídas, se
necessário. O manual de instruções do fabricante deverá indicar o tipo de
verificações a realizar nessas partes (por exemplo, verificações visuais, funcionais
ou ensaios), a frequência das verificações (por exemplo, em termos do número de
ciclos operacionais ou duração do uso) e os critérios aplicáveis à reparação ou
substituição das partes em questão – ver §272: comentários à alínea r) do
ponto 1.7.4.2.
O quarto parágrafo do ponto 1.3.2 aborda os casos em que, apesar do uso de
materiais e conjuntos adequados, existe um risco residual de ruptura ou
desintegração durante a operação. Nesses casos, devem tomar-se as medidas
necessárias para evitar que os fragmentos atinjam as pessoas, por exemplo,
instalando e colocando as partes susceptíveis de ruptura de modo a que os
fragmentos sejam contidos por outras partes da máquina, tais como, por exemplo,
a estrutura, ou instalando-se protetores adequados. Quer a contenção dos
fragmentos seja feita pelas partes funcionais da máquina quer pelos protetores,
os componentes em questão deverão ser suficientemente fortes para resistirem à
energia dos fragmentos projetados – ver §169: comentários à alínea f) do
ponto 1.1.1 e §216: comentários ao ponto 1.4.1.
O quinto parágrafo do ponto 1.3.2 aborda os riscos específicos associados a
tubagens e mangueiras contendo fluidos, sobretudo as que se encontrem sob alta
pressão, tais como, por exemplo, as usadas em sistemas de alimentação de
fluidos. Por um lado, essas tubagens e mangueiras deverão ser concebidas e
instaladas de modo a que possam suportar as pressões internas e outros
esforços a que estarão sujeitas. Por outro lado, se existir o risco residual de
ruptura, deverão estar localizadas ou blindadas de modo a prevenir que os fluidos
projetados criem um risco para as pessoas e fixadas corretamente para prevenir o
efeito de chicote.
Salienta-se que, por motivos de risco de pressão, algum deste equipamento pode
estar sujeito à Diretiva relativa a equipamentos sob pressão 97/23/CE – ver §91:
comentários ao artigo 3.º.
As especificações gerais aplicáveis a tubagens e mangueiras hidráulicas e
pneumáticas são apresentadas nas normas EN 982 e EN 983. 124
O último parágrafo do ponto 1.3.2 aborda os riscos específicos associados a
máquinas que usem ferramentas concebidas para funcionarem em segurança em

124
EN 982:1996+A1:2008 – Segurança de máquinas – Requisitos de segurança para sistemas e
componentes de transmissões hidráulicas e pneumáticas – Hidráulica;
EN 983:1996+A1:2008 – Segurança de máquinas – Requisitos de segurança para sistemas e
componentes de transmissões hidráulicas e pneumáticas – Pneumática;

188
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

diversas velocidades, em que o contacto entre o material processado e a


ferramenta a funcionar a velocidades mais baixas ou mais altas possa provocar
um risco de ruptura da ferramenta ou do material. Não deverá existir contacto
entre a peça trabalhada e a ferramenta até que as condições normais de trabalho
sejam repostas. Pelos mesmos motivos, a velocidade da ferramenta deve estar
automaticamente coordenada com o movimento de alimentação durante cada
arranque e paragem da ferramenta.
Salienta-se que, além dos requisitos gerais relativos ao risco de ruptura durante a
operação enunciados no ponto 1.3.2,
 os requisitos suplementares relativos à resistência mecânica de máquinas
para elevação estão enunciados nos pontos 4.1.2.3, 4.1.2.4 e 4.1.2.5;
 os requisitos suplementares relativos à resistência mecânica de máquinas
para elevação de pessoas estão enunciados no ponto 6.1.1.

1.3.3 Riscos devidos a quedas e projeções de objetos


Devem ser tomadas precauções para evitar quedas ou projeções de objetos que
possam apresentar um risco.

§208 Quedas ou projeções de objetos


O requisito enunciado no ponto 1.3.3 aborda os riscos de lesões devido ao
contacto com objetos caídos ou projetados, tais como peças de trabalho ou
fragmentos de peças de trabalho, ferramentas ou fragmentos de ferramentas,
resíduos, aparas, farpas, pedras, etc. Se possível, a concepção e construção da
máquina deverão evitar que os objetos caiam ou sejam projetados na Direção das
pessoas. Contudo, se tal não for inteiramente conseguido, deverão ser tomadas
as medidas de proteção necessárias. As medidas de proteção incluem a
instalação de protetores para evitar que estes objetos atinjam as pessoas ou a
vedação dos postos de trabalho – ver §182: comentários ao ponto 1.1.7. Se tais
medidas não forem totalmente eficazes, o fabricante da máquina deverá
especificar no manual de instruções, a necessidade de forneceu e de utilizar
equipamento de proteção individual, tais como, por exemplo, protetores oculares
– ver §267: comentários à alínea m) do ponto 1.7.4.2.
Salienta-se que, para além dos requisitos gerais relativos aos riscos devido à
queda e projeção de objetos enunciados no ponto 1.3.3,
 os requisitos suplementares relativos a proteções contra farpas para máquinas
portáteis para fixação e outras máquinas de impacto estão enunciados no
ponto 2.2.2.1;
 os requisitos suplementares relativos ao risco de projeção de peças de
trabalho ou partes delas para máquinas para trabalhar madeira e materiais
com características semelhantes estão enunciados na alínea b) do ponto 2.3;
 os requisitos suplementares relativos à proteção contra a queda de objetos
para máquinas móveis estão enunciados no ponto 3.4.4;
 os requisitos suplementares relativos ao risco provocado pela queda ou perda
de carga em máquinas para elevação estão enunciados no ponto 4.1.2.6;

189
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

 os requisitos suplementares relativos ao risco provocado pela queda da carga


para fora do habitáculo de máquinas para elevação que servem pisos fixos
estão enunciados no ponto 4.1.2.8.4;
 os requisitos suplementares relativos ao risco provocado pela queda de
objetos sobre o habitáculo para máquinas para elevação de pessoas estão
enunciados no ponto 6.3.3.

1.3.4 Riscos devidos a superfícies, arestas e ângulos


Os elementos da máquina normalmente acessíveis não devem ter, na medida em que
a respectiva função o permita, arestas vivas, ângulos vivos ou superfícies rugosas
susceptíveis de causar ferimentos.

§209 Arestas e ângulos vivos e superfícies rugosas


O requisito enunciado no ponto 1.3.4 refere-se ao risco de arranhadelas, cortes e
contusões provocados pelo contacto com arestas e ângulos vivos, ou superfícies
rugosas.
Os factores a ter em conta ao avaliar este risco incluem:
 a acessibilidade às partes em questão;
 a sua localização em relação aos postos de trabalho, dispositivos de
comando e pontos de manutenção;
 as partes do corpo que podem entrar em contacto;
 os tipos de ações susceptíveis de provocar o contacto, tais como, por
exemplo, acesso, manter o equilíbrio, observação, dar um passo para
trás, etc.
Deve dar-se especial atenção às arestas dos protetores móveis.
As indicações gerais sobre como reduzir os riscos provocados por arestas e
ângulos vivos e superfícies rugosas são apresentadas na norma
EN ISO 12100-2 125 , enquanto algumas normas do tipo C definem o raio mínimo
de arestas acessíveis.

1.3.5 Riscos ligados a máquinas combinadas


Se a máquina estiver prevista para poder efetuar várias operações diferentes com
movimentação manual de peça entre cada operação (máquina combinada), deve ser
concebida e fabricada de modo a que cada elemento possa ser utilizado
separadamente sem que os outros elementos constituam um risco para as pessoas
expostas.
Para tal, cada um dos elementos, se não estiver protegido, deve poder ser colocado
em marcha ou imobilizado individualmente.

125
EN ISO 12100-2:2003+ A1:2009 – Segurança de máquinas – Conceitos básicos, princípios
gerais para a concepção – Parte 2: Princípios técnicos (ISO 12100-2:2003) – secção 4.2.1.

190
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§210 Máquinas combinadas


O requisito enunciado no ponto 1.3.5 aplica-se a máquinas combinadas, tais
como, por exemplo, máquinas combinadas para trabalhar madeira. O primeiro
parágrafo requer que o fabricante garanta que os elementos da máquina
concebidos para executarem cada operação ou função diferente possam ser
usados separadamente sem os restantes elementos e sem criar um risco.
No caso de elementos que não estejam protegidos, ou totalmente protegidos, o
segundo parágrafo do ponto 1.3.5 constitui um aditamento aos requisitos
enunciados nos pontos 1.2.3, 1.2.4.1 e 1.2.4.2.

1.3.6 Riscos ligados a variações das condições de funcionamento


No caso de operações efectuadas em condições de utilização diferentes, a máquina
deve ser concebida e fabricada de modo a que a escolha e a regulação dessas
condições se possam efetuar de maneira segura e fiável.

§211 Variações das condições de funcionamento


O requisito enunciado no ponto 1.3.6 refere-se a máquinas que possam funcionar
em condições diferentes de trabalho, tais como, por exemplo, com diferentes tipos
de ferramentas, a velocidades diferentes ou regimes de alimentação diferentes,
com diferentes materiais ou em condições ambientais diferentes. Nesses casos, a
seleção da condição de trabalho pretendida deverá ser evidente para os
operadores e, se necessário, também deverá acionar as medidas de proteção
correspondentes. Deve prevenir-se a seleção involuntária ou acidental através da
concepção dos dispositivos de comando se tal provocar situações perigosas – ver
§124: comentários ao ponto 1.2.5.

1.3.7 Riscos ligados aos elementos móveis


Os elementos móveis da máquina devem ser concebidos e fabricados de modo a
evitar riscos de contacto que possam provocar acidentes ou, quando subsistirem
riscos, ser munidos de protetores ou de dispositivos de proteção.
Devem ser tomadas todas as disposições necessárias para impedir o bloqueio
involuntário dos elementos de trabalho móveis. Nos casos em que, apesar das
precauções tomadas, seja susceptível de ocorrer um bloqueio, devem prever-se,
quando adequado, os dispositivos de proteção e as ferramentas específicas
necessárias para que o desbloqueamento possa ser efectuado em condições de
segurança.
O manual de instruções e, sempre que possível, uma indicação na máquina devem
identificar esses dispositivos de proteção específicos e a forma como deverão ser
utilizados.

§212 Partes móveis


O primeiro parágrafo do ponto 1.3.7 aborda uma das principais causas de
acidentes envolvendo máquinas. O contacto com as partes móveis da máquina
poderá causar lesões devido a impacto, abrasão, corte ou decepamento,
cisalhamento, penetração ou perfuração, esmagamento, entalhamento, e
aspiração ou aprisionamento.

191
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Podem adoptar-se várias medidas para eliminar os perigos ou reduzir os riscos


provocados pelo contacto com partes móveis sem recorrer a protetores ou
dispositivos de proteção.
Em alguns casos, os riscos poderão ser evitados ou reduzidos através da
concepção das próprias partes móveis, por exemplo, limitando a força de atuação
de modo a que a parte acionada não dê origem a um perigo mecânico, ou
limitando a massa e/ou a rotação das partes móveis e, por conseguinte, a sua
energia cinética.
As partes móveis poderão ser colocadas em locais em que fiquem normalmente
inacessíveis às pessoas, tais como, por exemplo, dentro da estrutura da máquina,
a uma altura ou distância adequada das estruturas de proteção para que não
possam ser alcançadas.
As dimensões para as distâncias de segurança são apresentadas na norma EN
ISO 13857. 126
Deverão existir folgas suficientes entre as partes móveis e as partes fixas ou
outras partes móveis para prevenir o risco de esmagamento, corte ou
aprisionamento.
As dimensões para as folgas necessárias para prevenir os riscos de
esmagamento são apresentadas na norma EN 349. 127
Caso não seja possível prevenir os riscos provocados pelas partes móveis
através da concepção das próprias partes ou por meio de distâncias ou folgas de
segurança, deve impedir-se o acesso a esses componentes por meio de
protetores ou dispositivos de proteção.
O segundo e terceiro parágrafos do ponto 1.3.7 abordam o problema de bloqueio
das partes móveis envolvidas no trabalho. Mesmo se um bloqueio não criar uma
situação de perigo, a ocorrência de bloqueios muitas vezes exige a intervenção
rápida dos operadores de modo a evitarem danos e perda de produção,
aumentando, assim, a probabilidade de intervenções perigosas. Os fabricantes
deverão, por conseguinte conceber as máquinas de modo a evitar os bloqueios e,
nos casos em que tal não é possível, fornecer os meios necessários para permitir
que as partes móveis sejam desbloqueadas em segurança, de preferência sem
terem de retirar os protetores. Os meios de desbloqueio deverão estar
identificados por um aviso no componente da máquina em questão e o método
operacional que deve ser seguido nesses casos deverá estar especificado no
manual de instruções do fabricante – ver §271: comentários à alínea g) do
ponto 1.7.4.2. Se for necessário equipamento especial para o efeito, este deverá
ser fornecido com a máquina – ver §117: comentários à alínea g) do ponto 1.1.2.

126
EN ISO 13857:2008 – Segurança de máquinas — Distâncias de segurança para impedir que os
membros superiores e inferiores alcancem zonas perigosas (ISO 13857:2008).
127
EN 349:1993+A1:2008 – Segurança de máquinas – Distâncias mínimas para evitar o
esmagamento de partes do corpo humano.

192
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.3.8 Escolha da proteção contra os riscos provocados pelos elementos


móveis
Os protetores ou os dispositivos de proteção concebidos para a proteção contra os
riscos provocados pelos elementos móveis devem ser escolhidos em função do tipo
de risco. As orientações dadas a seguir devem ser utilizadas para permitir a escolha.

1.3.8.1 Elementos móveis de transmissão


Os protetores concebidos para proteger as pessoas dos perigos resultantes dos
elementos móveis de transmissão devem ser:
 protetores fixos, referidos no ponto 1.4.2.1, ou
 protetores móveis com dispositivos de encravamento, referidos no ponto
1.4.2.2.
Esta última solução deve ser utilizada se estiverem previstas intervenções frequentes.

§213 Elementos móveis de transmissão


Os elementos móveis de transmissão incluem, por exemplo, engrenagens,
correias, cabos e correias juntamente com as respectivas roldanas, rodas
dentadas e de corrente e veios de transmissão e respectivos acoplamentos.
Visto que as partes móveis de transmissão não estão diretamente envolvidas no
processo, é, normalmente, possível impedir totalmente o acesso a estas partes
durante o funcionamento normal. Caso sejam necessários protetores para o
efeito, a escolha dos protetores depende se o acesso é frequentemente
necessário por questões de manutenção, tais como regulação e limpeza. Se este
for o caso, devem instalar-se protetores móveis com dispositivo de encravamento
– ver §217: comentários ao ponto 1.4.2.
Para além do requisito geral enunciado no ponto 1.3.8.1, os requisitos
suplementares relativos a dispositivos mecânicos amovíveis de transmissão que
ligam as máquinas automotoras ou um trator à máquina receptora estão
enunciados no ponto 3.4.7.
A exceção ao requisito geral enunciado no ponto 1.3.8.1, relativo a partes móveis
no compartimento do motor de máquinas móveis, é apresentada no ponto 3.4.2.

193
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.3.8.2 Elementos móveis que concorrem para o trabalho


Os protetores ou os dispositivos de proteção concebidos para proteger as pessoas
dos perigos resultantes dos elementos móveis envolvidos que concorrem para o
trabalho devem ser:
 protetores fixos, referidos no ponto 1.4.2.1, ou
 protetores móveis com dispositivos de encravamento, referidos no ponto
1.4.2.2, ou
 dispositivos de proteção, referidos no ponto 1.4.3, ou
 uma combinação dos elementos acima mencionados.
Todavia, quando determinados elementos móveis que concorram diretamente para a
execução do trabalho não puderem ser tornados totalmente inacessíveis durante o
seu funcionamento, em virtude de operações que exijam a intervenção do operador,
esses elementos devem ser equipados com:
 protetores fixos ou protetores móveis com dispositivos de encravamento que
impeçam o acesso às partes dos elementos não utilizadas para o trabalho, e
 protetores reguláveis, referidos no ponto 1.4.2.3, que limitem o acesso às
partes dos elementos móveis às quais seja necessário aceder.

§214 Elementos móveis que concorrem para o trabalho


O ponto 1.3.8.2 descreve o tipo de protetores ou dispositivos de proteção a utilizar
para impedir o acesso a partes móveis implicadas no processo. Quando for
necessário evitar o acesso às partes móveis envolvidas no processo, devem
instalar-se, sempre que for possível, protetores ou dispositivos de proteção para
impedir totalmente o acesso durante os movimentos perigosos.
A escolha entre protetores fixos, protetores móveis com dispositivo de
encravamento, dispositivos de proteção, ou a combinação destes, deve ter em
conta a avaliação de riscos, da frequência com que o acesso deva ocorrer e dos
aspectos ergonómicos, tais como o esforço necessário para abrir e fechar,
repetidas vezes, um protetor móvel - ver §217: comentários ao ponto 1.4.2.
Os dispositivos de proteção poderão não fornecer uma proteção adequada nos
casos em que existam outros riscos, tais como, por exemplo, riscos provocados
por objetos projetados, temperaturas extremas ou radiação – ver §221:
comentários ao ponto 1.4.3.
O segundo parágrafo do ponto 1.3.8.2 aborda os casos em que o acesso à zona
de perigo não possa ser totalmente evitado, por exemplo, no caso de máquinas
em que o material ou peça de trabalho processada sejam alimentados
manualmente. Nesses casos, é necessário instalar uma combinação de
protetores fixos ou móveis com dispositivo de encravamento nas secções das
partes móveis a que não é requerido o acesso durante o funcionamento normal e
protetores reguláveis restringindo o acesso às secções das partes móveis às
quais é necessário aceder – ver §220: comentários ao ponto 1.4.2.3.
Salienta-se que as várias categorias de máquinas com alimentação manual ou de
carga e descarga de materiais ou peças de trabalho se encontram listadas no
anexo IV – ver §129 e §130: comentários aos n.os 3 e 4 do artigo 12.º, e §388:
comentários ao anexo IV.

194
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.3.9 Riscos devidos a movimentos não comandados


Quando o movimento de um elemento da máquina tiver sido parado, qualquer
deslocação do mesmo a partir da posição de paragem, por qualquer razão que não
seja uma ação sobre os dispositivos de comando, deve ser impedida ou ser de molde
a não constituir um perigo.

§215 Movimentos não comandados


O requisito enunciado no ponto 1.3.9 é complementar ao requisito enunciado no
ponto 1.2.4 relativo à paragem. Nos casos em que exista um risco devido a
movimentos não controlados das partes móveis da máquina depois de terem sido
parados, devem instalar-se os respectivos sistemas de travagem, dispositivos de
bloqueio ou sistemas para monitorizar a condição de paragem de modo a evitar
movimentos não controlados, ou a limitá-los para que não deem origem a um
risco – ver §201: comentários ao ponto 1.2.4.2.

Salienta-se que, para além do requisito geral enunciado no ponto 1.3.9, os


requisitos suplementares relativos a movimentos não controlados de máquinas
móveis estão enunciados no ponto 3.4.1; os requisitos suplementares relativos ao
risco de movimentos não controlados de máquinas para elevação estão
enunciados no ponto 4.1.2.6.

1.4 CARACTERÍSTICAS EXIGIDAS PARA OS PROTETORES E OS


DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO
1.4.1 Requisitos gerais
Os protetores e os dispositivos de proteção:
 devem ser robustos,
 devem ser solidamente mantidos em posição,
 não devem constituir perigos suplementares,
 não devem poder ser facilmente escamoteados ou tornados inoperantes,
 devem estar situados a uma distância suficiente da zona de perigo,
 não devem limitar mais do que o necessário a observação do ciclo de
trabalho,
 devem permitir as intervenções indispensáveis à colocação e/ou substituição
das ferramentas, bem como aos trabalhos de manutenção, limitando o acesso
exclusivamente ao sector em que o trabalho deve ser realizado e, se possível,
sem remoção do protetor ou neutralização do dispositivo de proteção.
Além disso, sempre que possível, os protetores devem garantir proteção contra a
projeção ou queda de materiais ou objetos, bem como contra as emissões geradas
pela máquina.

§216 Requisitos gerais para os protetores e os dispositivos de proteção


O ponto 1.4.1 prevê os requisitos gerais para os protetores e os dispositivos de
proteção. Os requisitos específicos para os três tipos principais de protetores e

195
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

para dispositivos de proteção estão enunciados nos pontos 1.4.2.1, 1.4.2.2,


1.4.2.3 e 1.4.3.
O primeiro travessão do ponto 1.4.1 exige que os protetores e dispositivos de
proteção disponham de resistência mecânica suficiente, tendo em conta os
perigos contra os quais oferecem proteção e as condições de trabalho a que se
destinam. Nos casos em que seja necessário um elevado grau de resistência,
sobretudo no caso de protetores destinados a proteger contra a queda ou
projeção de objetos, as normas harmonizadas relevantes especificam os critérios
de concepção e, se necessário, os ensaios que deverão ser efectuados.
O segundo travessão do ponto 1.4.1 determina que os protetores e os dispositivos
de proteção sejam fixados firmemente na sua posição. Tal revela-se
particularmente importante quando a segurança depende da distância entre o
protetor e a parte perigosa da máquina.
O terceiro travessão do ponto 1.4.1 determina que os protetores e os dispositivos
de proteção não devem dar origem a quaisquer perigos adicionais. Por exemplo,
a abertura ou fecho de um protetor móvel não deve criar o risco de esmagamento
ou corte. Nos casos em que é necessário evitar esforços excessivos ou repetidos,
a abertura e fecho de protetores móveis deverão ser assistidos ou acionados, por
exemplo, por molas ou cilindros hidráulicos ou pneumáticos.
O quarto travessão do ponto 1.4.1 determina que os protetores e os dispositivos
de proteção não devem ser fáceis de contornar nem de se tornarem não
operacionais. Este requisito é particularmente relevante para dispositivos de
encravamento de protetores móveis e para dispositivos de proteção.
O quinto travessão do ponto 1.4.1 determina que os protetores e os dispositivos
de proteção estejam posicionados a uma distância adequada da zona de perigo.
As distâncias adequadas aplicáveis aos dispositivos de proteção são
apresentadas na norma EN 999. 128 No caso de protetores com aberturas, as
distâncias de segurança relativas às dimensões e formato das aberturas são
apresentadas na norma EN ISO 13857. 129
A localização de pontos de regulação e de manutenção fora das zonas de perigo
poderão evitar a remoção dos protetores por motivos de operações de
manutenção de rotina – ver §239: comentários ao ponto 1.6.1.
O sexto travessão do ponto 1.4.1 determina que os protetores e os dispositivos de
proteção sejam concebidos e construídos, na medida do possível, de modo a que
não constituam um obstáculo aos operadores, obstruindo a visão do processo de
produção. O não cumprimento deste aspecto aumenta o risco de os protetores e
os dispositivos de proteção serem anulados ou removidos pelos operadores. A
visibilidade do processo de trabalho pode ser melhorada, por exemplo, por meio
da instalação de protetores transparentes, ou, se não existir o risco de objetos
projetados ou emissões, por meio de protetores com aberturas ou dispositivos de
proteção – ver §221: comentários ao ponto 1.4.3.
O sétimo travessão do ponto 1.4.1 determina que a concepção e construção de
protetores e dispositivos de proteção deverão ter em conta a necessidade de se

128
EN 999:1998+A1:2008 – Segurança de máquinas – O posicionamento do equipamento de
proteção em relação às velocidades de aproximação das partes do corpo humano.
129
EN ISO 13857:2008 – Segurança de máquinas — Distâncias de segurança para impedir que os
membros superiores e inferiores alcancem zonas perigosas (ISO 13857:2008).

196
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

aceder às zonas de perigo, quer durante o funcionamento normal da máquina


quer por motivos de manutenção. Os protetores e os dispositivos de proteção
deverão limitar o acesso à área na qual o trabalho será realizado. A localização
de pontos de regulação e manutenção fora das zonas de perigo poderá evitar a
necessidade de se remover os protetores para efeitos de operações de rotina –
ver §239: comentários ao ponto 1.6.1.
O segundo parágrafo do ponto 1.4.1 sublinha que os protetores poderão, muitas
vezes, proteger contra vários perigos em simultâneo e deverão ser concebidos e
construídos em conformidade – ver §169: comentários à alínea f) do ponto 1.1.1.
Os protetores e os dispositivos de proteção concebidos para protegerem as
pessoas contra as partes móveis que concorrem para os processos da máquina,
quando colocados de forma independente no mercado são considerados
componentes de segurança – ver §42: comentários à alínea c) do artigo 2.º
e §389: comentários ao anexo V.

1.4.2 Requisitos especiais para os protetores

§217 Requisitos especiais para os protetores


Os requisitos enunciados no ponto 1.4.2 aplicam-se a protetores, tal como
definido no ponto 1.1.1, ou seja, as partes da máquina concebidas especialmente
para oferecerem proteção por meio de uma barreira física – ver §169:
comentários à alínea f) do ponto 1.1.1.
A Diretiva Máquinas distingue três tipos de protetores principais: protetores fixos,
protetores móveis com dispositivo de encravamento e protetores reguláveis que
limitem o acesso. Em geral, devem instalar-se protetores fixos se não for
necessário aceder à zona protegida pelo protetor, ou se tal não for frequente.
Caso seja necessário aceder com frequência à zona protegida pelos protetores,
devem instalar-se protetores móveis com dispositivo de encravamento. Os
protetores reguláveis que limitem o acesso poderão ser instalados para proteger
as partes da máquina envolvidas no processo ao qual o acesso não possa ser
totalmente evitado durante a operação. Para a seleção de protetores contra os
riscos provocados por partes móveis – ver §213 e §214: comentários aos pontos
1.3.8.1 e 1.3.8.2.
Os critérios para a escolha de protetores, tendo em conta a frequência do acesso
e para a concepção dos protetores são apresentados na norma EN 953. 130

1.4.2.1 Protetores fixos


A fixação dos protetores fixos deve ser assegurada por sistemas que exijam a
utilização de ferramentas para a sua abertura ou desmontagem.
Os sistemas de fixação devem permanecer solidários com os protetores ou com a
máquina quando os protetores são desmontados.
Na medida do possível, os protetores não devem poder manter-se em posição sem os
seus meios de fixação.

130
EN 953:1997+A1:2009 – Segurança de máquinas – Protetores – Requisitos gerais para a
concepção e fabrico de protetores fixos e móveis.

197
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§218 Protetores fixos


O ponto 1.4.2.1 enuncia os três requisitos para o primeiro tipo de protetores:
protetores fixos. Os requisitos enunciados no ponto 1.4.2.1 são complementares
aos requisitos gerais para os protetores e dispositivos de proteção enunciados no
ponto 1.4.1.
Se não for necessário aceder a uma zona protegida por um protetor fixo, ou se o
acesso puder ser feito por outra via, os protetores fixos poderão ser fixados
permanentemente por meio de, por exemplo, soldagem, rebitagem ou colagem.
Por outro lado, se for necessário abrir ou remover um protetor fixo, o primeiro
parágrafo do ponto 1.4.2.1 determina que tal só é possível por meio de
ferramentas. Este requisito destina-se a limitar a remoção de protetores fixos a
pessoas competentes e devidamente autorizadas. Os protetores fixos poderão,
por conseguinte, ser fixados por meio de, por exemplo, cavilhas, parafusos ou
outras fixações que possam ser removidas apenas usando ferramentas, tais como
chaves. A seleção de um sistema de fixação e das ferramentas deve ser
calculada em função da avaliação de riscos. Não deverão ser usadas fixações
que possam ser facilmente soltas ou removidas, tais como, por exemplo, porcas
de orelhas ou dispositivos de fixação de desengate rápido.
O segundo travessão do ponto 1.4.2.1 determina que os sistemas de fixação para
protetores fixos permaneçam ligados aos protetores ou à máquina quando os
protetores forem removidos. Este requisito destina-se a reduzir os riscos
provocados pela perda de uma ou mais fixações quando os protetores são
removidos, por exemplo, por motivos de manutenção. Tal pode fazer com que os
protetores não sejam substituídos, sejam fixados apenas parcialmente ou fixados
com fixações de substituição que não disponham de resistência adequada, e,
como tal, o protetor não poderá desempenhar a sua função de proteção
adequadamente, por exemplo, se for necessário conter as partes ejectadas.
A aplicação deste requisito depende da avaliação de riscos em questão realizada
pelo fabricante. O requisito aplica-se a quaisquer protetores fixos susceptíveis de
serem removidos pelo utilizador, com o risco de perda das fixações, por exemplo,
protetores fixos susceptíveis de serem removidos durante operações de rotina de
limpeza, regulação e manutenção realizadas no local de trabalho. O requisito não
se aplica, necessariamente, a protetores fixos susceptíveis de serem removidos,
por exemplo, quando a máquina for revista totalmente, for sujeita a reparações
significativas ou for desmontada para ser transferida para outro local. Pelos
mesmos motivos, poderá não ser necessário aplicar-se o requisito aos
revestimentos de máquinas destinadas a serem usadas por consumidores, em
que as instruções do fabricante especifiquem que as reparações que impliquem a
remoção destes revestimentos sejam realizadas apenas numa oficina de
reparação especializada. Nesse caso, os sistemas de fixação usados não
deverão ser fáceis de remover.
O requisito enunciado no terceiro parágrafo do ponto 1.4.2.1 destina-se a evitar
que os operadores não se apercebam que um protetor fixo não foi fixado
corretamente na sua posição, ou que não substituíram o protetor corretamente.
Os protetores fixos deverão, se possível, sair automaticamente da sua posição
quando as fixações são soltas.

198
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.4.2.2 Protetores móveis com dispositivos de encravamento


Os protetores móveis com dispositivos de encravamento devem:
 na medida do possível, permanecer solidários com a máquina quando forem
abertos,
 ser concebidos e fabricados de modo a que a sua regulação exija uma ação
voluntária.
Os protetores móveis devem estar associados a um dispositivo de encravamento que:
 impeça o arranque de funções perigosas da máquina até que os protetores
estejam fechados, e
 dê uma ordem de paragem sempre que os protetores deixarem de estar
fechados.
Quando um operador possa alcançar a zona de perigo antes de deixarem de existir
riscos devidos às funções perigosas da máquina, os protetores móveis devem estar
associados, para além do dispositivo de encravamento, a um dispositivo de bloqueio
que:
 impeça o arranque de funções perigosas da máquina até que os protetores
estejam fechados e bloqueados, e
 mantenha os protetores fechados e bloqueados até deixarem de existir riscos
de ferimentos resultantes das funções perigosas da máquina.
Os protetores móveis com dispositivos de encravamento devem ser concebidos de
modo a que a ausência ou avaria de um dos seus componentes impeça o arranque ou
provoque a paragem das funções perigosas da máquina.

§219 Protetores móveis com dispositivos de encravamento


O ponto 1.4.2.2 enuncia os requisitos para o segundo tipo de protetores:
protetores móveis com dispositivos de encravamento. Os requisitos enunciados
no ponto 1.4.2.2 são complementares aos requisitos gerais relativos a protetores
e dispositivos de proteção enunciados no ponto 1.4.1.
Os dois travessões do primeiro parágrafo do ponto 1.4.2.2 enunciam os requisitos
para os protetores móveis. Ao contrário dos protetores fixos, os protetores móveis
deverão, se possível, estar fixados à máquina quando os protetores forem
abertos. Por exemplo, poderão dispor de dobradiças ou deslizar ao longo de guias
fixas. Deverão ser reguláveis apenas por meio de uma ação intencional de modo
a evitar, por exemplo, que a distância entre o protetor e a zona de perigo seja
alterada acidentalmente durante a abertura e o fecho.
Os dois travessões do segundo parágrafo do ponto 1.4.2.2 enunciam os requisitos
para o dispositivo de encravamento que deve ser instalado em todos os
protetores móveis.
Os dois travessões do terceiro parágrafo do ponto 1.4.2.2 enunciam os requisitos
para o dispositivo de encravamento do protetor a instalar, além do dispositivo de
bloqueio, para o caso em que o operador alcance a zona de perigo antes de as
funções perigosas da máquina terem parado. Tal é frequente quando as partes
móveis da máquina demoram algum tempo a parar após um comando de
paragem (tempo de paragem prolongado), ou na presença de outros perigos, tais

199
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

como, por exemplo, temperaturas extremas ou emissões de substâncias


perigosas.
Os parâmetros apresentados na norma EN 999 poderão ajudar a determinar se
um protetor móvel com dispositivo de encravamento deve ser instalado com um
dispositivo de bloqueio. 131
O último parágrafo do ponto 1.4.2.2 refere-se à integração dos dispositivos de
encravamento e de bloqueio associados aos protetores nos protetores móveis do
sistema de comando da máquina. Este requisito constitui uma aplicação especial
do requisito geral relativo à segurança e fiabilidade dos sistemas de comando –
ver §184: comentários ao ponto 1.2.1.
As especificações para os dispositivos de encravamento e de bloqueio
associados aos protetores são apresentadas na norma EN 1088. 132
Os protetores móveis com dispositivo de encravamento acionados electricamente
e concebidos para serem usados como proteções nas máquinas, tal como
referido nos pontos 9, 10 e 11 do anexo IV, quando colocados no mercado de
forma independente são considerados componentes de segurança – ver §42:
comentários à alínea c) do artigo 2.º e §389: comentários ao anexo V. Também
são apresentados no ponto 20 do anexo IV.

1.4.2.3 Protetores reguláveis que limitam o acesso


Os protetores reguláveis que limitam o acesso às partes dos elementos móveis
estritamente necessárias ao trabalho devem:
 poder ser regulados manual ou automaticamente conforme a natureza do
trabalho a realizar, e
 poder ser regulados sem a utilização de ferramentas e com facilidade.

§220 Protetores reguláveis que limitam o acesso


Os dois travessões do ponto 1.4.2.3 enunciam os requisitos para o terceiro tipo de
protetores: protetores reguláveis que limitam o acesso. Os requisitos enunciados
no ponto 1.4.2.3 são complementares aos requisitos gerais para protetores e
dispositivos de proteção enunciados no ponto 1.4.1.
Os protetores reguláveis que limitam o acesso deverão ser instalados sobretudo
em máquinas com alimentação manual do material ou peças de trabalho, em que
não é possível impedir totalmente o acesso à zona de perigo à volta das
ferramentas.
Para reduzir o mais possível o risco de contacto com as funções perigosas, é
importante facilitar a regulação do protetor consoante as dimensões das peças de
trabalho. Se tal não der origem a um risco adicional, o protetor pode ser
concebido e construído de modo a que a sua posição se adapte automaticamente
à dimensão da peça de trabalho. Caso contrário, o operador deve poder regular a
posição do protetor rápida e facilmente, sem necessitar de uma ferramenta.

131
EN 999:1998+A1:2008 – Segurança de máquinas – O posicionamento do equipamento de
proteção em relação às velocidades de aproximação das partes do corpo humano.
132
EN 1088:1995+A2:2008 – Segurança de máquinas – Dispositivos de encravamento e de
bloqueio associados aos protetores – Princípios gerais de concepção.

200
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.4.3 Requisitos especiais para os dispositivos de proteção


Os dispositivos de proteção devem ser concebidos e incorporados no sistema de
comando de modo a que:
 os elementos móveis não possam arrancar enquanto estiverem ao alcance do
operador,
 as pessoas não possam alcançar os elementos móveis em movimento, e
 a ausência ou avaria de um dos seus componentes impeça o arranque ou
provoque a paragem dos elementos móveis.
A regulação dos dispositivos de proteção deve exigir uma ação voluntária.

§221 Dispositivos de proteção


O ponto 1.4.3 implementa os requisitos para os dispositivos de proteção. Os
requisitos enunciados no ponto 1.4.3 são complementares aos requisitos gerais
para os protetores e dispositivos de proteção enunciados no ponto 1.4.1.
Os requisitos para os dispositivos de proteção são semelhantes aos requisitos
para protetores móveis com dispositivos de encravamento, visto que têm a
mesma função de garantir que os operadores não entrem em contacto com as
partes móveis enquanto estiverem em movimento.
Salienta-se que, visto que os dispositivos de proteção não constituem um
obstáculo físico, não são apropriados nos casos em que for necessária uma
proteção contra perigos, tais como objetos projetados, temperaturas extremas,
emissão de ruídos, radiação ou emissões de substâncias perigosas.
 As especificações para dispositivos sensíveis à pressão são apresentadas nas
normas EN 1760, partes 1 a 3 133 ;
 As especificações para dispositivos de comando l a duas mãos são
apresentadas na norma EN 574 134 ;
 As especificações para dispositivos de proteção electro-sensíveis são
apresentadas na norma EN 61496-1 135 .

133
EN 1760-1:1997+A1:2009 – Segurança de máquinas – Dispositivos de proteção com sensores
de pressão – Parte 1: Princípios gerais de concepção e ensaio para tapetes sensores à pressão e
pisos sensores à pressão;
EN 1760-2:2001+A1:2009 – Segurança de máquinas – Dispositivos de proteção com sensores de
pressão – Parte 2: Princípios gerais de concepção e ensaio dos bordos e barras sensíveis à
pressão;
EN 1760-3:2004+A1:2009 – Segurança de máquinas – Dispositivos de proteção com sensores de
pressão – Parte 3: Princípios gerais de concepção e ensaio dos dispositivos sensíveis à pressão,
para-choques, placas, cabos e dispositivos similares;
134
EN 574:1996+A1:2008 – Segurança de máquinas – Dispositivos de comando bimanual –
Aspectos funcionais – Princípios de concepção.
135
EN 61496-1:2004+A1:2008 – Segurança de máquinas – Equipamento de proteção electro-
sensíveis – Parte 1: Requisitos gerais e ensaios (IEC 61496-1:2004 (Modificada)).

201
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.5 RISCOS DEVIDOS A OUTROS PERIGOS


1.5.1 Energia eléctrica
Se a máquina for alimentada com energia eléctrica, deve ser concebida, fabricada e
equipada de modo a prevenir ou permitir prevenir todos perigos de origem eléctrica.
Aplicam-se às máquinas os objectivos de segurança fixados na Diretiva 73/23/CEE.
Todavia, as obrigações em matéria de avaliação da conformidade e de colocação no
mercado e/ou entrada em serviço das máquinas no que se refere aos perigos
eléctricos são regidas exclusivamente pela presente diretiva.

§222 Energia eléctrica


O ponto 1.5.1 aborda os riscos associados à utilização da energia eléctrica. A
energia eléctrica pode ser transformada em energia mecânica por meio de um
motor eléctrico ou utilizada, por exemplo, para produzir calor ou radiação para o
processo em questão. A Eletricidade estática também é utilizada em
determinados processos, por exemplo, de pintura, de separação de materiais ou
de precipitação de emissões.
Os principais riscos associados à energia eléctrica são o choque eléctrico por
contacto direto com partes ativas (contacto acidental com partes que estão
normalmente ativas) ou por contacto indireto (contacto com partes que se tornam
ativas devido a uma falha), queimaduras, incêndio ou explosão devido a faísca
eléctrica, ou ainda pelo sobreaquecimento de equipamento eléctrico.
O primeiro parágrafo do ponto 1.5.1 exige que os fabricantes de máquinas tomem
as medidas necessárias para prevenir todos os perigos de natureza eléctrica.
Este requisito geral aplica-se independentemente da tensão da alimentação
eléctrica.
O segundo parágrafo do ponto 1.5.1 enuncia que os requisitos de segurança da
Diretiva de Baixa Tensão (DBT) 2006/95/CE (baseada na Diretiva 73/23/CEE
alterada) sejam aplicáveis a máquinas. A segunda frase deste parágrafo
esclarece que os procedimentos da DBT no que respeita à colocação no mercado
e entrada em serviço não se aplicam às máquinas abrangidas pela Diretiva
Máquinas. Tal significa que a declaração de conformidade para máquinas
abrangidas pela Diretiva Máquinas não se refere à DBT.
Convém lembrar que certas categorias de equipamentos eléctricos de baixa
tensão estão excluídas do âmbito de aplicação da Diretiva Máquinas – ver §63:
comentários à alínea g) do n.º 2 do artigo 1.º.
As especificações gerais para a concepção do equipamento eléctrico de
máquinas são apresentadas na norma EN 60204-1 136 ; as especificações para
equipamento eléctrico de alta tensão de máquinas são apresentadas na norma
EN 60204-11 137 . As especificações para equipamento eléctrico também são
apresentadas em inúmeras normas aplicáveis às categorias específicas de
máquinas.

136
EN 60204-1:2006+A1:2009 – Segurança de máquinas — Equipamento eléctrico de máquinas
— Parte 1: Requisitos gerais (IEC 60204-1:2005 (Alterada)).
137
EN 60204-11:2000 – Segurança de máquinas — Equipamento eléctrico de máquinas — Parte
11: Requisitos para equipamento de alta tensão para tensões superiores a 1 kV c. a. ou 1,5 kV c.
c. e inferiores ou iguais a 36 kV (IEC60204-11: 2000).

202
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Além dos requisitos gerais enunciados no ponto 1.5.1, os requisitos


suplementares relativos a baterias para máquinas móveis são apresentados no
ponto 3.5.1.

1.5.2 Eletricidade estática


A máquina deve ser concebida e fabricada de modo a evitar ou restringir a
acumulação de cargas electrostáticas potencialmente perigosas e/ou estar equipada
com meios que permitam a respectiva descarga.

§223 Eletricidade estática indesejada


O ponto 1.5.2 aborda os riscos resultantes de cargas de eletricidade estática
indesejadas que podem ocorrer em máquinas ou partes de máquinas, sobretudo
devido à fricção entre as partes da máquina ou entre máquinas e peças
trabalhadas, materiais ou fluidos utilizados ou produzidos pelas máquinas. A
carga estática também pode ser criada em peças metálicas não ligadas à terra
por indução num campo eléctrico.
Quando a pessoa entra em contacto com ou se aproxima de parte carregada,
uma descarga de corrente pode fluir através do corpo para a terra. Os efeitos
fisiológicos resultantes dependem sobretudo da dimensão da área de contacto, da
quantidade de energia descarregada e da amplitude e frequência da corrente.
Estes efeitos podem ser meramente incomodativos ou dolorosos, ou podem ter
consequências ameaçadoras para a vida. O efeito de surpresa pode contribuir
para o risco de um acidente. Uma descarga de Eletricidade estática também pode
provocar um incêndio ou uma explosão – ver §227 e §228: comentários aos
pontos 1.5.6 e 1.5.7. A descarga de Eletricidade estática também pode danificar
circuitos electrónicos em sistemas de comando ou impedir o seu funcionamento
correto, levando a situações perigosas.
Podem utilizar-se várias técnicas para prevenir a acumulação de cargas estáticas
indesejadas, como, por exemplo, a substituição de materiais isolantes por
materiais de dissipação ou condutores, evitando uma atmosfera seca ou criando
uma atmosfera ionizada nas áreas em questão. Pode obter-se uma descarga
segura de cargas estáticas, por exemplo, pela ligação e conexão à terra das
partes condutoras das máquinas.

1.5.3 Outras fontes de energia que não a Eletricidade


Se a máquina for alimentada por uma fonte de energia diferente da eléctrica, deve
ser concebida, fabricada e equipada de modo a prevenir todos os riscos potenciais
associados a essas fontes de energia.

§224 Outras fontes de energia que não a eletricidade


As fontes de energia diferentes da Eletricidade incluem, por exemplo, a energia
hidráulica, pneumática, mecânica e térmica. A energia pode ser produzida pela
própria máquina, por exemplo, por meio de uma bomba hidráulica ou compressor
movido electricamente, ou por meio de um motor de combustão interna, ou pode
ser obtida a partir de uma fonte externa, por exemplo, uma alimentação de
comprimido ou uma tomada de potência de um trator. A energia mecânica
também pode ser fornecida por outro equipamento, por exemplo, um banco de
ensaio para veículos acionado pelo próprio veículo a ser ensaiado. A energia

203
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

também pode ser obtida a partir de fontes naturais tais como o vento ou a água
em movimento. Cada tipo de energia é associada com um perigo específico,
como, por exemplo, sobrepressão e fugas internas ou externas em sistemas
hidráulicos ou pneumáticos, ou sobreaquecimento e emissões de gases em
motores de combustão interna.
O ponto 1.5.3 exige que os fabricantes de máquinas avaliem e previnam todos os
riscos provocados por tais fontes de energia.
A norma EN 982 fornece as especificações gerais para os sistemas e
componentes hidráulicos; 138 a norma EN 983 fornece as especificações gerais
para os sistemas e componentes pneumáticos. 139
Para além dos requisitos gerais indicados no ponto 1.5.3, os requisitos
suplementares relativos aos motores de combustão interna para máquinas
destinadas a trabalhos subterrâneos são apresentados no ponto 5.5.

1.5.4 Erros de montagem


Os erros susceptíveis de serem cometidos na altura da montagem ou da remontagem
de determinadas peças que possam estar na origem de riscos devem ser tornados
impossíveis pela concepção e fabrico dessas peças ou, se tal não for possível, por
indicações que figurem nas próprias peças e/ou nos seus cárteres. As mesmas
indicações devem figurar nos elementos móveis e/ou nos seus cárteres quando for
necessário conhecer a Direção do movimento para evitar qualquer risco.
Se for caso disso, o manual de instruções deve dar informações complementares
acerca desses riscos.
Se uma ligação defeituosa puder dar origem a riscos, as ligações erradas devem ser
tornadas impossíveis pela sua concepção ou, se tal não for possível, por indicações
dadas nos elementos a ligar e, se for caso disso, nos meios de ligação.

§225 Erros de montagem


O primeiro parágrafo do requisito enunciado no ponto 1.5.4 aborda os riscos que
podem ocorrer quando as partes são montadas em máquinas durante a
instalação da máquina, ou quando são remontadas após a transferência da
máquina para um novo local, ou a seguir à sua remoção para efeitos de
manutenção.
Este requisito aplica-se às partes das máquinas cuja montagem, ou remoção e
remontagem, está prevista ser feita por ou sob o controlo do utilizador. A
montagem correta de outras partes deve ser garantida pelo sistema de produção
do fabricante.
Nos casos em que se preveja que a montagem ou remontagem possa dar origem
a um risco, este deve ser prevenido, na medida do possível, através da
concepção e construção da máquina e das partes em questão e seus sistemas de
fixação. Por exemplo, o formato assimétrico da parte a ser montada que
corresponda ao formato da parte receptora pode assegurar que a parte não seja

EN 982:1996+A1:2008 – Segurança de máquinas — Requisitos de segurança para sistemas e


138

componentes hidráulicos — Hidráulica.


139
EN 983:1996+A1:2008 – Segurança de máquinas — Requisitos de segurança para sistemas e
componentes hidráulicos — Pneumática.

204
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

montada de forma incorreta. A utilização de sistemas de fixação distintos para


partes susceptíveis de serem confundidas pode garantir o mesmo efeito. Caso
uma solução de concepção não seja exequível, terão de existir marcações nas
partes das máquinas, ou nos seus invólucros, para que não existam erros de
montagem.
A segunda frase do primeiro parágrafo do ponto 1.5.4 enuncia os mesmos
princípios aplicáveis a partes móveis, como, por exemplo, correntes ou correias,
que devem ser montadas numa Direção específica.
As marcações destinadas a evitar erros de montagem estão sujeitas aos
requisitos indicados no ponto 1.7.1 relativos às informações e avisos sobre as
máquinas.
De acordo com o segundo parágrafo do ponto 1.5.4, quando necessário, as
instruções do fabricante devem dar informação adicional sobre as medidas a
tomar para evitar erros de montagem e, quando apropriado, fornecer explicações
sobre a informação marcada nas partes em questão – ver §264: comentários à
alínea i) do ponto 1.7.4.2.
O terceiro parágrafo do ponto 1.5.4 aborda o caso específico de risco de erros de
ligação. Os tipos de ligação em questão podem incluir, por exemplo, a ligação da
máquina a sistemas de alimentação de energia ou fluidos, ou a ligação do sistema
de comando de máquinas rebocadas ao sistema de comando de máquinas
autopropulsionadas ou de um trator.
A abordagem deste tipo de risco é idêntica à da prevenção de erros de montagem
em geral. Na medida do possível, os erros de ligação que possam dar origem a
um risco devem ser evitados através da concepção dos elementos a serem
ligados, por exemplo, utilizando-se diferentes diâmetros, roscas ou sistemas de
ligação. As marcações do tipo código de cores são úteis mas não são um
substituto das medidas de concepção. Contudo, se as medidas de concepção não
forem viáveis, a informação necessária deve ser marcada nos elementos a serem
ligados e, quando apropriado, nos meios de ligação.

1.5.5 Temperaturas extremas


Devem ser tomadas medidas para evitar qualquer risco de ferimentos, decorrentes do
contacto ou da proximidade, com elementos da máquina ou materiais a temperatura
elevada ou muito baixa.
Devem também ser tomadas as medidas necessárias para evitar os riscos de projeção
de matérias quentes ou muito frias ou para garantir a proteção contra esses riscos.

§226 Temperaturas extremas


O contacto com, ou a proximidade de partes da máquina quentes ou materiais
quentes usados ou produzidos pelas máquinas pode causar desconforto, dor e
queimaduras. O contacto com partes ou materiais muito frios pode causar
dormência ou congelação. A exposição continuada ao frio pode causar danos nos
nervos e vasos sanguíneos.
Sempre que possível, os riscos devidos ao contacto com, ou proximidade a,
partes das máquinas ou materiais usados ou produzidos pelas máquinas a
temperaturas muito elevadas ou muito baixas devem ser reduzidos, evitando a
produção de temperaturas perigosas. Caso tal não é possível, devem ser

205
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

tomadas as medidas de proteção necessárias para evitar o contacto ou


proximidade às áreas em questão, quer colocando-as a uma distância suficiente
em relação às posições normalmente alcançáveis pelos utilizadores, ou
equipando-as com protetores ou outras estruturas de proteção com o isolamento
térmico necessário.
O requisito enunciado no segundo parágrafo do ponto 1.5.5 é complementar ao
requisito enunciado no ponto 1.3.3 relativo ao risco de ejecção de objetos. Nos
casos em que os protetores são instalados para proteger contra o risco de
ejecção de materiais quentes ou muito frios, terão de ser concebidos de forma a
resistir às temperaturas em questão – ver §216: comentários ao ponto 1.4.1.
As normas EN ISO 13732, partes 1 e 3 140 , fornecem orientações sobre a
avaliação do risco de lesões provocadas pelo contacto com superfícies quentes e
frias, respectivamente. As orientações são também dadas no guia CENELEC
Guia 29. 141

1.5.6 Incêndio
A máquina deve ser concebida e fabricada de modo a evitar qualquer risco de
incêndio ou de sobreaquecimento provocado pela própria máquina ou por gases,
líquidos, poeiras, vapores e outras substâncias produzidas ou utilizadas pela
máquina.

§227 Incêndio
O incêndio provocado por uma máquina cria um sério risco para pessoas e para
os bens, visto que o incêndio pode danificar ou destruir a própria máquina e as
instalações e edifícios envolventes.
A avaliação do perigo de incêndio implica a identificação e avaliação de três
elementos essenciais necessários para iniciar um incêndio, muitas vezes
apresentado em forma de triângulo: 142

140
EN ISO 13732-1:2008 – Ergonomia do ambiente térmico — Métodos de avaliação da resposta
humana ao contacto com superfícies — Parte 1: Superfícies quentes (ISO 13732-1:2006);
EN ISO 13732-3:2008 – Ergonomia do ambiente térmico — Métodos de avaliação da resposta
humana ao contacto com superfícies — Parte 3: Superfícies frias (ISO 13732-3:2005).
141
CLC Guia 29: 2007 – Temperaturas de superfícies quentes susceptíveis de serem tocadas –
Documento de orientação para os Comités Técnicos e fabricantes.
142
O processo de combustão também pode ser promovido ou inibido pela presença de outras
substâncias (catalisadores).

206
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

A redução do risco de incêndio envolve a tomada de uma combinação de


medidas com respeito aos três elementos do triângulo:
 Evitar ou reduzir a incorporação, o uso ou a produção de materiais ou
substâncias combustíveis. Tais medidas incluem, por exemplo, o uso de
materiais resistentes ao fogo na construção da máquina, a contenção segura
de líquidos inflamáveis, poeiras ou gases usados ou produzidos pela máquina
e a remoção segura de resíduos combustíveis – ver §178: comentários ao
ponto 1.1.3;
 Impedir o sobreaquecimento da própria máquina ou dos materiais ou
substâncias usadas ou produzidos pela máquina e, caso ocorra o
sobreaquecimento, detectá-lo e por em prática as medidas corretivas
necessárias ou fornecer um aviso ao operador antes que isso origine um risco
de incêndio;
 Evitar o contacto entre materiais ou substâncias combustíveis e fontes de
ignição tais como, por exemplo, faíscas de origem mecânica ou eléctrica, ou
das superfícies quentes – ver §222 e §223: comentários aos pontos 1.5.1
e 1.5.2;
 Reduzir a concentração de oxigénio (na medida em que não dê origem a um
risco adicional para as pessoas) ou evitar a presença de substâncias
oxidantes.
Quando o risco de incêndio não poder ser adequadamente reduzido por tais
medidas, devem ser implementadas medidas de proteção complementares para
limitar os efeitos de um incêndio. Tais medidas podem incluir, por exemplo,
blindar ou vedar a máquina e equipá-la com sistemas de detecção, alarme e/ou
de extinção de incêndios. As medidas necessárias deverão ser definidas com
base numa avaliação do risco de incêndio.

207
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

As especificações gerais para a avaliação, prevenção e proteção contra o risco de


incêndio são dadas na norma EN 13478. 143
Para além dos requisitos gerais indicados no ponto 1.5.6, os requisitos
suplementares relativos ao risco de incêndio para as máquinas móveis são
apresentados no ponto 3.5.2; os requisitos suplementares relativos ao risco de
incêndio para máquinas destinadas a trabalhos subterrâneos são apresentados
no ponto 5.5.

1.5.7 Explosão
A máquina deve ser concebida e fabricada de forma a evitar qualquer risco de
explosão provocado pela própria máquina ou por gases, líquidos, poeiras, vapores e
outras substâncias produzidas ou utilizadas pela máquina.
A máquina deve cumprir o disposto nas diretivas específicas em matéria de riscos de
explosão devidos à sua utilização numa atmosfera potencialmente explosiva.

§228 Explosão
O requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto 1.5.7 aplica-se a riscos de
explosão devidos ao funcionamento da própria máquina, ou pelos materiais ou
substâncias usados ou produzidos pela máquina.
Podem ocorrer explosões se a combustão de determinadas concentrações de
substâncias inflamáveis tais como gases, vapores, névoas ou poeira presente no
ar forem ativadas por uma fonte de ignição com energia suficiente. As explosões
envolvem uma propagação auto-sustentada e muito rápida da reação de
combustão com uma acumulação de pressão elevada. Os danos provocados por
explosões em pessoas e bens são o resultado da emissão violenta de chamas,
radiação térmica, ondas de pressão, detritos projete substâncias perigosas. A
gravidade dos potenciais danos depende sobretudo da quantidade de mistura
explosiva presente e da sua natureza.
Os princípios que se aplicam à prevenção do risco de explosão são similares aos
princípios aplicáveis à prevenção do risco de incêndio. A prevenção do risco de
explosão envolve uma combinação de:
 evitar a acumulação de misturas explosivas em áreas dentro de ou em volta
das máquinas, evitando-se o uso de materiais e substâncias inflamáveis ou
mantendo a sua concentração no ar constantemente a valores fora dos limites
mínimos e máximos de explosão;
 evitar a presença de fontes de ignição em zonas de perigo;
 reduzir a concentração de oxigénio em zonas perigosas (na medida em que
não dê origem a um risco adicional para as pessoas).
Quando o risco de explosão não poder ser completamente impedido, devem ser
implementadas medidas de proteção complementares para limitar as
consequências de uma explosão. Tais medidas incluem, por exemplo, uma
concepção resistente a explosões, a instalação de dispositivos de redução de
explosão (saídas de ar), a instalação de sistemas automáticos de detecção e

143
EN 13478:2001+A1: 2008 - Segurança de máquinas — Prevenção e proteção contra incêndio.

208
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

supressão de explosão ou dispositivos para impedir a propagação das chamas e


explosão.
As especificações gerais para a avaliação, prevenção e proteção contra o risco de
explosão são apresentadas na norma EN 1127-1. 144
De acordo com o segundo parágrafo do ponto 1.5.7, as máquinas destinadas a
serem usadas em, ou em relação a, atmosferas potencialmente explosivas estão
sujeitas às disposições da Diretiva ATEX 145 – ver §91: comentários ao artigo 3.º.
O conceito de uma atmosfera potencialmente explosiva é explicado nas
orientações sobre a aplicação da Diretiva ATEX. 146
As máquinas sujeitas à Diretiva ATEX estão sujeitas a requisitos de marcação
específicos – ver §251: comentários ao terceiro parágrafo do ponto 1.7.3.
Embora a Diretiva ATEX não seja aplicável, como tal, aos riscos de explosão
produzidos dentro da própria máquina, devem instalar-se equipamentos que
cumpram com os requisitos da Diretiva ATEX nas zonas da máquina em que
exista um risco de acumulação de uma atmosfera potencialmente explosiva.

1.5.8 Ruído
A máquina deve ser concebida e fabricada por forma a que os riscos resultantes da
emissão do ruído aéreo produzido sejam reduzidos ao nível mais baixo, tendo em
conta o progresso técnico e a disponibilidade de meios de redução do ruído,
nomeadamente na sua fonte.
O nível de emissão de ruído pode ser avaliado tomando como referência dados de
emissão comparáveis obtidos com máquinas semelhantes.

§229 Redução da emissão de ruídos


O requisito enunciado no ponto 1.5.8 aborda os riscos associados à exposição
dos operadores de máquinas e outras pessoas aos ruídos emitidos pelas
máquinas. A exposição prolongada aos ruídos das máquinas é a principal causa
de redução de capacidade auditiva. Muitas vezes, o risco para a saúde é difícil de
perceber, uma vez que os danos provocados na audição têm um carácter
cumulativo e irreversível e a pessoa em questão não se apercebe do facto no
momento da exposição. A exposição a impulsos de ruídos de alta energia pode
causar a perda repentina de audição. A exposição a ruídos também está
associada a outros distúrbios auditivos, tais como zumbido (a percepção de som
na ausência de uma fonte externa). A exposição a ruídos emitidos por máquinas
também é um factor que contribui para a fadiga e o stress, podendo também

144
EN 1127-1:2007 – Atmosferas explosivas – Prevenção de explosões e proteção – Parte 1:
Conceitos básicos e metodologia.
145
Diretiva 94/9/EC, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Março de 1994, relativa à
aproximação das legislações dos Estados-Membros respeitantes aos equipamentos e sistemas de
proteção destinados a serem utilizados em atmosferas potencialmente explosivas – JO L 100, de
19.04.1994, p. 1.
146
Orientações relativas à aplicação da Diretiva 94/9/EC, de 23 de Março de 1994, relativa à
aproximação das legislações dos Estados-Membros respeitantes aos equipamentos e sistemas de
proteção destinados a serem utilizados em atmosferas potencialmente explosivas – 3.ª Edição,
Junho de 2009 – ver parágrafo 3.7.1:
http://ec.europa.eu/enterprise/sectors/mechanical/documents/guidance/atex/application/index_en.htm

209
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

contribuir para acidentes, por exemplo, devido à interferência com a comunicação


– ver §181: comentários ao ponto 1.1.6.
É importante distinguir entre a exposição de pessoas a ruídos e a emissão de
ruídos provocados por máquinas. A emissão de ruídos provocados por máquinas,
medida sob condições específicas, é uma característica intrínseca da máquina. A
exposição de pessoas a ruídos provocados por máquinas depende de factores
como a instalação das máquinas, as condições de uso das máquinas, as
características do local de trabalho (como, por exemplo, a absorção do ruído, a
difusão do ruído, as reflexões do ruído), as emissões de ruído de outras fontes
(como, por exemplo, de outras máquinas), a posição da pessoa em relação às
fontes de ruído, a duração da exposição e o uso de equipamento de proteção
individual (protetores auditivos). O fabricante da máquina é responsável pela
contribuição da sua máquina para o risco devido ao ruído.
A exposição dos trabalhadores ao ruído está sujeita às disposições nacionais que
implementam a Diretiva 2003/10/CE, relativa à exposição de trabalhadores aos
riscos provocados pelo ruído 147 . A referida diretiva estabelece os valores limite de
exposição e os valores da ação de exposição, no que respeita aos níveis diários
de exposição ao ruído e aos níveis máximos de pressão sonora dos
trabalhadores.
Quanto mais baixa for a emissão de ruído da máquina, mais fácil será para o
utilizador respeitar os limites de exposição estabelecidos pela Diretiva
2003/10/CE. Assim, os utilizadores têm interesse em escolher máquinas com uma
emissão de ruído o mais baixa possível para o desempenho pretendido 148 – ver
§275: comentários ao ponto 1.7.4.3.
A Diretiva Máquinas não estabelece limites de emissão de ruído, mas requer que
os fabricantes reduzam os riscos devidos à emissão de ruído para um nível
mínimo, tendo em consideração a evolução técnica e a disponibilidade de meios
de redução de ruído.
Para além de estarem sujeitas à Diretiva Máquinas, algumas categorias de
máquinas também estão sujeitas aos limites de emissão de ruído estabelecidos
pela Diretiva 2000/14/CE dos equipamentos para utilização no exterior 149 – ver
§92: comentários ao artigo 3.º e §273: comentários à alínea u) do ponto 1.7.4.2..
A abordagem do fabricante na prevenção de riscos devidos à emissão de ruído
deve ter em conta os princípios de integração da segurança enunciados no
ponto 1.1.2:
 a primeira prioridade deve ser dada às medidas de concepção e
construção para reduzir a emissão do ruído na fonte;

147
Diretiva 2003/10/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 6 de Fevereiro de 2003,
relativa aos requisitos mínimos de segurança e de saúde para a exposição dos trabalhadores aos
riscos provocados por agentes físicos (ruído) (décima sétima Diretiva especial, nos termos do
Artigo 16.º (1) da Diretiva 89/391/CEE) – JO L 42, de 15.2.2003, p. 38.
148
Ver o Artigo 4.º (6) da Diretiva 2003/10/EC.
149
Diretiva 2000/14/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 8 Maio 2000, relativo à
aproximação das legislações dos Estados-Membros respeitantes à emissão sonora para o
ambiente do equipamento para utilização no exterior – JO L 162, de 3.7.2000, p. 1 – ver Artigo
12.º.

210
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

 a segunda prioridade deve ser dada às medidas de proteção integrada que


complementem as medidas para reduzir a emissão do ruído na fonte,
permitindo, assim, uma redução adicional da emissão de ruído;
 a terceira prioridade deve ser dada à informação ao utilizador sobre a
emissão de ruído residual, para que este possa tomar as medidas de
proteção necessárias, tais como, por exemplo, as medidas relativas à
instalação das máquinas, à concepção do local de trabalho e ao
fornecimento e uso de equipamento de proteção individual (EPI)
(protetores auditivos) – ver §264, §267 e §273: comentários às
alíneas j), l), m) e u) do ponto 1.7.4.2.
A redução da emissão de ruído na fonte é a forma mais eficaz de reduzir os riscos
devidos ao ruído tanto para os operadores das máquinas em questão como para
outras pessoas que possam estar expostas ao ruído produzido pelas máquinas.
De forma a reduzir efetivamente a emissão de ruído na fonte, é necessário
identificar as principais fontes do ruído gerado pela máquina em questão. Devem
tomar-se as medidas necessárias para reduzir a fonte principal ou outras fontes o
mais rapidamente possível no processo de concepção.
As medidas de proteção integradas contra a emissão de ruído incluem a
instalação de proteções acústicas em torno da máquina ou em torno das
principais fontes de ruído na máquina. Quando necessário, deverão ser
concebidos protetores para assegurar a atenuação requerida do ruído, bem como
para assegurar proteção contra outros perigos – ver §169: comentários à
alínea f) do ponto 1.1.1 e §216: comentários ao ponto 1.4.1.
Também é possível conceber invólucros para as estações de trabalho ou
posições de condução (cabinas ou compartimentos) para proporcionar a
atenuação do ruído bem como a proteção contra outros perigos – ver §182:
comentários ao ponto 1.1.7 e §294: comentários ao ponto 3.2.1. Contudo, convém
assinalar que tais medidas não protegem os operadores quando estes se
encontram fora dos invólucros, nem outras pessoas expostas.
As especificações gerais para redução da emissão de ruído produzido pelas
máquinas são apresentadas na norma EN ISO 11688-1. 150

§230 Dados de emissão comparáveis


O segundo parágrafo do ponto 1.5.8 refere-se à forma como se avalia a
adequabilidade das medidas tomadas para reduzir os riscos provocados pela
emissão de ruído: a comparação do nível de risco com o de uma máquina
semelhante. Esta abordagem faz parte do quarto passo do processo de avaliação
de riscos estabelecido pelo ponto 1 dos princípios gerais: avaliação de riscos 151 –
ver §158: comentários ao ponto 1 dos princípios gerais - e consiste no principal
meio para estabelecer o estado da técnica - ver §161: comentários ao ponto 3
dos princípios gerais.
A abordagem consiste na comparação entre o valor da emissão de ruído medido
na máquina em questão com os valores medidos em máquinas semelhantes da
mesma família. Máquina semelhante é uma máquina destinada a executar a

EN ISO 11688-1:2009 – Acústica – Prática recomendada para a concepção de máquinas e


150

equipamentos de ruído reduzido – Parte 1: Planificação (ISO/TR 11688-1:1995).


151
Ver cláusula 8.3 da norma EN ISO 14121-1:2007 – Segurança de máquinas — Avaliação de
riscos — Parte 1: Princípios.

211
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

mesma função com características de desempenho equivalentes. Os parâmetros


que descrevem o desempenho são normalmente especificados no código de
ensaio de ruído para a categoria das máquinas em questão. A emissão de ruído
para as máquinas a serem comparadas deve ser medida utilizando-se o mesmo
código de ensaio.
Se a comparação mostrar que um número significativo de máquinas semelhantes
com parâmetros comparáveis tem um nível de emissão de ruído mais baixo, isso
indica que a máquina em questão não está em consonância com o estado da
técnica, uma vez que estão disponíveis e devem ser implementados meios para
reduzir a emissão de ruído. Se a comparação mostrar que máquinas semelhantes
têm um nível de emissão de ruído semelhante ou superior, isso indica que as
medidas de redução da emissão são adequadas, salvo se for evidente que
existem meios técnicos disponíveis para reduzir ainda mais a emissão de ruído,
nesse caso eles devem ser aplicados.
A aplicação desta abordagem deve ter como base os códigos de ensaio de ruído
adequados e dados sobre emissão de ruídos comparáveis, fiáveis e
representativos. Até à data, foi feita apenas uma compilação de dados limitada.
Contudo, o objectivo é que cada vez mais normas do tipo C incluam dados
comparativos de emissões para as categorias de máquinas no seu âmbito.
O método para compara os dados de emissão de ruídos das máquinas é
apresentado na norma EN ISO 11689. 152

1.5.9 Vibrações
A máquina deve ser concebida e fabricada de modo a que os riscos resultantes das
vibrações por ela produzidas sejam reduzidos ao nível mais baixo, tendo em conta o
progresso técnico e a disponibilidade de meios de redução das vibrações,
nomeadamente na sua fonte.
O nível de emissão de vibrações pode ser avaliado tomando como referência dados
de emissão comparáveis obtidos com máquinas semelhantes.

§231 Vibrações
O requisito enunciado no ponto 1.5.9 aborda os riscos associados à exposição a
vibrações produzidas pelas máquinas. As vibrações podem ser produzidas pelo
funcionamento da própria máquina, por exemplo, devido ao movimento rotativo ou
alternativo das massas, gás pulsado ou fenómenos aerodinâmicos, tais como os
produzidos por ventoinhas, ou pelo impacto de máquinas portáteis em materiais
duros. As vibrações também podem ser produzidas pela interação entre a
máquina e o seu ambiente, como, por exemplo, o movimento de máquinas móveis
sobre pisos irregulares.
A exposição a vibrações transmitidas através dos pés ou do assento a todo o
corpo pode causar ou agravar distúrbios músculo-esqueléticos, tais como dores
nas costas e danos na coluna vertebral. A exposição do sistema mão/braço às
vibrações pode causar danos nos vasos sanguíneos dos dedos e mãos (doença
do dedo branco) e danificar o sistema nervoso periférico, os tendões, os
músculos, os ossos e as articulações das mãos e braços.

152
EN ISO 11689:1997 – Acústica – Procedimento de comparação dos dados de emissão de
ruídos de máquinas de equipamento.

212
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

É importante distinguir entre a exposição de pessoas às vibrações e a emissão de


vibrações provocada pelas máquinas. Convém assinalar que a exposição dos
trabalhadores a vibrações está sujeita às disposições nacionais que implementam
a Diretiva 2002/44/CE. 153 Esta diretiva estabelece os valores limite diários de
exposição e os valores da ação para a vibração da mão/do braço e de todo o
corpo.
A exposição diária das pessoas às vibrações não pode ser simplesmente
deduzida a partir da medição da emissão de vibrações produzida pelas máquinas,
uma vez que também depende da duração e condições de uso das máquinas em
questão. Contudo, quanto mais baixo for o nível de emissão de vibrações das
máquinas, mais fácil será para os utilizadores respeitarem os limites de exposição
estabelecidos pela Diretiva 2002/44/CE. Assim, os utilizadores têm interesse em
escolher máquinas com uma emissão de vibrações o mais baixa possível para o
desempenho pretendido – ver §275: comentários ao ponto 1.7.4.3.
A abordagem do fabricante na prevenção de riscos provocados pela emissão de
vibrações deve ter em conta os princípios de integração da segurança enunciados
no ponto 1.1.2:
 a primeira prioridade deve se dada às medidas de concepção e construção
para reduzir a produção de vibrações na fonte, por exemplo, assegurando
que as frequências de ressonância das partes das máquinas não se
encontram próximas das frequências de excitação de vibrações,
escolhendo os materiais para a construção das máquinas que tenham
propriedades de amortecimento inerentes elevadas, fornecendo uma
massa auxiliar ou equilibrando os partes de movimento rotativo ou
alternativo;
 a segunda prioridade deve ser dada às medidas de proteção integradas:
podem ser tomadas medidas de isolamento para prevenir a transmissão de
vibrações a todo o corpo ou ao sistema mão/braço. As medidas de
isolamento incluem a montagem de molas metálicas ou elastoméricas, a
montagem de amortecedores de fricção, de líquido ou a gás, ou ainda a
montagem de uma combinação de molas e amortecedores;
 a terceira prioridade deve ser dada à informação ao utilizador sobre a
emissão de vibrações residuais para que este possa tomar as medidas de
proteção necessárias, tais como, por exemplo, medidas relativas à
instalação da máquina, ou fornecer formação adequada – ver §264 e §267:
comentários às alíneas j) e l) do ponto 1.7.4.2, §279: comentários ao
ponto 2.2.1.1 e §325: comentários ao ponto 3.6.3.1.
O segundo parágrafo do ponto 1.5.9 refere-se à forma como se avalia a
adequabilidade das medidas tomadas para reduzir os riscos provocados pelas
vibrações: a comparação do nível do risco com o de máquinas semelhantes. Este
método deverá ser aplicado nas mesmas condições que o requisito equivalente
para a comparação de dados sobre a emissão de ruído – ver §230: comentários
ao ponto 1.5.8.

153
Diretiva 2002/44/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de Junho de 2002, relativa
aos requisitos mínimos de segurança e de saúde para a exposição dos trabalhadores aos riscos
provocados por agentes físicos (vibração) (décima sexta Diretiva especial, nos termos do Artigo
16.º (1) da Diretiva 89/391/EEC).

213
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

As especificações gerais para o isolamento de fontes de vibração são


apresentadas na norma EN 1299. 154
Para além dos requisitos gerais indicados no ponto 1.5.9, os requisitos
suplementares relativos aos assentos nas máquinas sujeitos a vibrações são
indicados no ponto 1.1.8.

1.5.10 Radiações
As emissões de radiações indesejáveis produzidas pela máquina devem ser
eliminadas ou reduzidas para níveis que não tenham efeitos adversos nas pessoas.
Quaisquer emissões de radiações ionizantes durante o funcionamento devem ser
limitadas ao nível mais baixo, suficiente para o correto funcionamento da máquina
durante a instalação, o funcionamento e a limpeza. Sempre que exista qualquer
risco, devem ser tomadas as medidas de proteção necessárias.
Quaisquer emissões de radiações não ionizantes produzidas durante a instalação, o
funcionamento e a limpeza devem ser limitadas a níveis que não tenham efeitos
adversos nas pessoas.

§232 Radiação ionizante e não ionizante


Os requisitos indicados no ponto 1.5.10 abordam os riscos provocados pela
emissão de radiação dos componentes das máquinas ou das substâncias ou
materiais usados ou produzidos pelas máquinas. O ponto 1.5.10 aborda tanto a
radiação ionizante como a não ionizante. Os riscos provocados pela radiação
óptica coerente (lasers) são apresentados no ponto 1.5.12.
A radiação ionizante inclui a radioatividade alfa, beta e a radiação gama e os raios
X. A exposição à radiação ionizante provoca danos nas células e pode ser
cancerígena.
A radiação não ionizante inclui a radiação magnética e electromagnética, nas
gamas de frequência de rádio e micro-ondas e a radiação óptica nas gamas de
frequência de radiações infravermelhas, visíveis e ultravioleta. A exposição a
campos magnéticos fortes pode causar vertigens, náuseas e o chamado efeito de
magneto fosfeno (que produz uma sensação visual de luzes cintilantes). A
exposição às radiações de frequência rádio e micro-ondas pode causar reações
ao calor e alterações nas respostas dos nervos e músculos. A exposição a certos
níveis de radiação óptica pode causar queimaduras e outras lesões aos olhos e
pele. A exposição à radiação ultravioleta pode ser cancerígena.

154
EN 1299:1997+A1:2008 – Vibrações mecânicas e choque – Isolamento de vibrações em
máquinas – Informações sobre a aplicação do isolamento de fontes.

214
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Convém assinalar que a exposição dos trabalhadores à radiação está sujeita às


disposições nacionais que implementam as seguintes diretivas:

Radiação ionizante: Diretiva 96/29/Euratom 155


Campos electromagnéticos: Diretiva 2004/40/CE 156
Radiação óptica artificial: Diretiva 2006/25/CE 157
Estas diretivas estabelecem valores limite da exposição. Embora seja importante
distinguir entre a exposição das pessoas à radiação da emissão de radiação pelas
máquinas, quanto mais baixas forem as emissões das máquinas, mais fácil será
para os utilizadores respeitarem os limites de exposição.
O requisito geral enunciado no primeiro parágrafo do ponto 1.5.10 aplica-se às
emissões de radiação indesejáveis, ou seja, às emissões não essenciais ao
funcionamento da máquina. Ele aplica-se quer à radiação ionizante quer à
radiação não ionizante. A prevenção de riscos devido à radiação indesejável
envolve:
 evitar as emissões de radiação ou reduzir a sua potência para níveis que não
sejam nocivos – é de notar que se considera que não existe um nível nocivo
de exposição à radiação não ionizante;
 quando não é possível eliminar as emissões ou reduzir suficientemente a sua
potência, utiliza-se a blindagem para evitar a exposição dos operadores e de
outras pessoas;
 informar os utilizadores sobre os riscos residuais devidos à radiação e sobre a
necessidade de se providenciar e usar equipamento de proteção individual –
ver §267: comentários às alíneas l) e m) do ponto 1.7.4.2.
O segundo parágrafo do ponto 1.5.10 aborda os riscos provocados pela radiação
ionizante funcional. Convém lembrar que as máquinas especialmente concebidas
para a indústria da energia nuclear ou para a produção ou tratamento de materiais
radioativos estão excluídas do âmbito de aplicação da Diretiva Máquinas.
Contudo, as máquinas sujeitas à Diretiva Máquinas podem incorporar fontes de
radiação ionizante, por exemplo, para fins de medição, ensaios não destrutivos ou
prevenção da acumulação de cargas de Eletricidade estática – ver §50:
comentários à alínea c) do n.º 2 do artigo 1.º,
Tal radiação ionizante funcional deve limitar-se ao nível mais baixo possível para
um funcionamento correto da máquina e devem ser tomadas as medidas de
proteção necessárias para garantir que os operadores e demais pessoas não
fiquem expostas à radiação, quer durante o funcionamento normal da máquina
quer durante as operações de manutenção, tais como regulação e limpeza.

155
Diretiva 96/29/Euratom, do Conselho, de 13 de Maio de 1996, que fixa as normas de segurança
de base relativas à proteção sanitária da população e dos trabalhadores contra os perigos
resultantes das radiações ionizantes – JO L 159 de 29.6.1996 p. 1.
156
Diretiva 2004/40/EC, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Abril de 2004, relativa às
prescrições mínimas de segurança e saúde em matéria de exposição dos trabalhadores aos riscos
devidos aos agentes físicos (campos electromagnéticos) (décima oitava Diretiva especial na
acepção do n.º 1 do Artigo 16.º da Diretiva 89/391/CEE). A Diretiva 2004/40/CE foi alterada pela
Diretiva 2008/46/EC, que adia o prazo para a respectiva transposição até 30 de Abril de 2012.
157
Diretiva 2006/25/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 5 de Abril de 2006, relativa às
prescrições mínimas de saúde e segurança em matéria de exposição dos trabalhadores aos riscos
devidos aos agentes físicos (radiação óptica artificial) (décima nona Diretiva especial na acepção
do n.º 1 do Artigo 16.º da Diretiva 89/391/CEE).

215
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Convém assinalar que o uso de fontes radioativas pode estar sujeito a


autorização e controlo, de acordo com as disposições nacionais que implementam
a Diretiva 96/29/Euratom e a Diretiva 2003/122/Euratom 158 .
O terceiro parágrafo do ponto 1.5.10 aborda a radiação não ionizante funcional.
Visto que a exposição a níveis baixos de certos tipos de radiação não ionizante
pode ser inócua, o terceiro parágrafo do ponto 1.5.10 exige que os níveis de
radiação não ionizante a que as pessoas estão expostas não possam causar
efeitos prejudiciais na saúde.
As especificações gerais para a avaliação a medição e a proteção contra a
radiação não ionizante são apresentadas nas normas EN 12198, partes 1 a 3 159 .

1.5.11 Radiações exteriores


A máquina deve ser concebida e fabricada de forma que as radiações exteriores não
perturbem o seu funcionamento.

§233 Radiação externa


O requisito enunciado no ponto 1.5.11 aborda um aspecto relacionado com a
compatibilidade electromagnética das máquinas, ou seja, a imunidade de uma
máquina à perturbação, devido à radiação electromagnética a partir de fontes
externas que possam afectar a saúde e segurança das pessoas. A este respeito,
deve ser dada especial atenção à concepção e construção de partes relacionadas
com a segurança do sistema de comando – ver §184: comentários ao ponto 1.2.1.
Em relação à imunidade da máquina à radiação electromagnética que possa, em
geral, perturbar o funcionamento da máquina e em relação às emissões de
radiação electromagnética da máquina que possam perturbar o funcionamento de
outros equipamentos, a Diretiva EMC 2004/108/CE é aplicável para além da
Diretiva Máquinas 160 – ver §92: comentários ao artigo 3.º.
O requisito enunciado no ponto 1.5.11 também exige que os fabricantes de
máquinas previnam a interferência de outros tipos de radiação externa que
possam ser razoavelmente expectáveis nas condições de funcionamento
previstas. Por exemplo, a radiação óptica externa, artificial ou natural, pode
interferir com o funcionamento de certos dispositivos fotoeléctricos ou dispositivos
de comando à distância sem fios.

158
Diretiva 2003/122/Euratom, do Conselho, de 22 Dezembro de 2003, relativa ao controlo de
fontes radioativas seladas de atividade elevada e de fontes órfãs – JO L 346 de 31.12.2003, p. 57.
159
EN 12198-1:2000+A1:2008 – Segurança de máquinas — Avaliação e redução dos riscos
devidos às radiações emitidas pelas máquinas — Parte 1: Princípios gerais;
EN 12198-2:2002+A1:2008 – Segurança de máquinas — Avaliação e redução dos riscos devidos
às radiações emitidas pelas máquinas — Parte 2: Procedimentos de medição da radiação emitida;
EN 12198-3:2002+A1:2008 – Segurança de máquinas — Avaliação e redução dos riscos devidos
às radiações emitidas pelas máquinas — Parte 3: Redução da radiação por atenuação ou por
ecrãs.
160
Diretiva 2004/108/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de Dezembro de 2004,
relativa à aproximação das legislações dos Estados-Membros respeitantes à compatibilidade
electromagnética e que revoga a Diretiva 89/336/CEE – JO L 390 de 31.12.2004, p. 24.

216
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.5.12 Radiações laser


No caso de utilização de equipamentos laser, deve tomar-se em consideração o
seguinte:
 os equipamentos laser instalados em máquinas devem ser concebidos e
fabricados de modo a evitar qualquer radiação involuntária,
 os equipamentos laser instalados em máquinas devem ser protegidos de
modo a que nem as radiações úteis, nem a radiação produzida por reflexão
ou por difusão, nem a radiação secundária sejam perigosas para a saúde,
 os equipamentos ópticos para a observação ou regulação de equipamentos
laser instalados em máquinas devem ser de molde a que a radiação laser não
crie qualquer risco para a saúde.

§234 Radiação laser


As fontes de radiação laser são frequentemente incorporadas nas máquinas para
fins, tais como, por exemplo, de medição, processamento de dados ou detecção
de presença, ou em máquinas de processamento a laser tais como, por exemplo,
máquinas para tratamentos térmicos, marcação, corte, dobragem ou soldadura de
materiais ou peças de trabalho. Os riscos associados aos lasers dependem do
comprimento de onda e potência da radiação. A exposição à radiação laser pode
causar lesões na pele ou nos olhos e queimaduras.
Convém assinalar que a exposição dos trabalhadores à radiação laser está sujeita
às disposições nacionais que implementam a Diretiva 2006/25/CE sobre radiação
óptica artificial, que estabelece os valores limite da exposição.
O requisito enunciado no ponto 1.5.12 exige que os fabricantes de máquinas
integrem geradores ou fontes de laser nas máquinas para que a radiação seja
aplicada apenas onde e quando for requerida. Onde for necessário, devem ser
instalados escudos ou ecrãs locais ou periféricos para proteger as pessoas contra
radiação difusa ou dispersa, reflectida, direta e potencialmente nociva.
Como uma regra geral, nas máquinas de processamento laser, o acesso à zona
de processamento deve ser evitado durante o funcionamento normal. Onde for
requerido aos operadores que observem o equipamento a laser, por exemplo, por
motivos de regulação, o fabricante terá de integrar as medidas de proteção
necessárias para prevenir eventuais riscos de danos para a saúde. De acordo
com a alínea b) do ponto 1.1.2, as instruções sobre o fornecimento e uso de
equipamento de proteção individual (protetores oculares) contra a radiação laser
apenas deverão ser dadas no caso de riscos residuais que não possam ser
evitados através de medidas de proteção integradas.
O terceiro travessão do ponto 1.5.12 vincula que o equipamento óptico montado
para a proteção dos operadores durante a observação ou regulação do
equipamento laser, tais como ecrãs, devem ter a transmissão máxima necessária,
tendo em conta a gama de comprimento de onda e as outras características da
radiação laser, de forma a prevenir quaisquer riscos de danos para a saúde.
As especificações gerais para as máquinas de processamento laser são
apresentadas nas normas EN ISO 11553, partes 1 e 2. 161

161
EN ISO 11553-1:2008 – Segurança de máquinas – Máquinas de processamento laser – Parte
1: Requisitos gerais de segurança (ISO 11553-1:2005); EN ISO 11553-2:2008 – Segurança de

217
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

As especificações para os ecrãs de proteção são apresentadas na norma EN


12254. 162

1.5.13 Emissões de materiais e substâncias perigosas


A máquina deve ser concebida e fabricada de modo a permitir evitar os riscos de
inalação, ingestão, contacto com a pele, olhos e mucosas e penetração através da
pele dos materiais e substâncias perigosos que produza.
Quando o perigo não possa ser eliminado, a máquina deve ser equipada de modo a
permitir que os materiais e substâncias perigosos possam ser confinados, evacuados,
precipitados por pulverização de água, filtrados ou tratados por qualquer outro
método igualmente eficaz.
Quando o processo não estiver totalmente circunscrito durante o funcionamento
normal da máquina, os dispositivos de confinamento e/ou de evacuação devem estar
situados de modo a produzir o máximo efeito.

§235 Emissões de materiais e substâncias perigosas


Os requisitos enunciados no ponto 1.5.13 abordam os riscos associados às
emissões de materiais e substâncias perigosas produzidos pelas máquinas. Os
materiais e substâncias perigosas incluem os materiais e substâncias químicos e
biológicos classificados como tóxicos, nocivos, corrosivos, irritantes,
sensibilizadores, cancerígenos, mutagénicos, teratogénicos, patogénicos ou
asfixiantes. As emissões atmosféricas de substâncias perigosas são passíveis de
penetrar no corpo por inalação, mas também por outras vias quando são
depositadas em superfícies do corpo ou ingeridas. As emissões não atmosféricas
de substâncias perigosas são passíveis de penetrarem no corpo por ingestão ou
por contacto com a pele, os olhos ou as membranas mucosas.
A prevenção dos riscos associados às emissões de materiais e substâncias
perigosas pode ser conseguida evitando o uso de materiais e substâncias
perigosas, ou usando menos substâncias perigosas – ver §178: comentários ao
ponto 1.1.3. O processo de produção também pode ser concebido de forma a
evitar ou reduzir as emissões.
Quando a emissão de materiais ou substâncias perigosas não pode ser
suficientemente evitada ou reduzida, o segundo parágrafo do ponto 1.5.13 exige
que as máquinas sejam equipadas com o equipamento necessário para conter,
evacuar ou precipitar os materiais e as substâncias perigosas de forma a proteger
as pessoas contra a exposição. Quando os materiais e as substâncias perigosas
são combustíveis ou podem formar uma mistura explosiva com o ar, devem ser
tomadas as precauções necessárias para prevenir o risco de incêndio ou
explosão durante a sua contenção ou evacuação – ver §227 e §228: comentários
aos pontos 1.5.6 e 1.5.7.
O terceiro parágrafo do ponto 1.5.13 aborda os casos em que não existe uma
contenção total do processo. Em tais casos, o equipamento utilizado na
contenção ou evacuação de materiais e substâncias perigosas deve ser

máquinas – Máquinas de processamento laser – Parte 2: Requisitos de segurança para aparelhos


de processamento laser portáteis (ISO 11553-2:2007).
162
EN 12254:2010 – Ecrãs para locais de trabalho de lasers — Requisitos de segurança e
ensaios.

218
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

concebido e localizado de forma a evitar fugas. Isso pode ser conseguido, por
exemplo, mantendo os recipientes a uma pressão negativa ou colocando
chaminés de exaustão ou bocais com um caudal de ar adequado tão próximo
quanto possível dos pontos de emissão.
As especificações gerais para a prevenção dos riscos devidos às emissões de
materiais e substâncias perigosas são apresentadas nas normas EN 626, partes
1 e 2. 163

1.5.14 Risco de aprisionamento numa máquina


A máquina deve ser concebida, fabricada ou equipada com meios que permitam
evitar que qualquer pessoa fique nela encarcerada, ou, se tal não for possível, que
permitam pedir ajuda.

§236 Risco de aprisionamento


O requisito enunciado no ponto 1.5.14 aplica-se nos casos em que a presença de
pessoas em áreas fechadas das máquinas não possa ser de forma nenhuma
evitada. O requisito também se aplica aos habitáculos de certos tipos de
máquinas concebidas para elevação de pessoas, em que existe o risco dos
utilizadores ficarem presos se o habitáculo se imobilizar em altura, ou entre pisos
fixos. Deve também ser dada atenção ao risco de uma pessoa poder ficar presa
num posto de trabalho a uma altura específica, por exemplo, em caso de
incapacidade.
O requisito enunciado no ponto 1.5.14 deve ser considerado em conjunto com os
requisitos enunciados no ponto 1.1.7 relativos às saídas e saídas de emergência
a partir dos postos de trabalho – ver §182: comentários ao ponto 1.1.7 – e aos
pontos 1.6.4 e 1.6.5 relativos à intervenção do operador e à limpeza das partes
internas.

1.5.15 Risco de escorregar, tropeçar ou cair


As partes da máquina sobre as quais se prevê que possa haver pessoas a deslocar-se
ou a estacionar devem ser concebidas e fabricadas de modo a evitar que essas
pessoas escorreguem, tropecem ou caiam sobre essas partes ou fora delas.
Se necessário, essas partes devem estar equipadas com meios para as pessoas se
agarrarem, os quais devem estar numa posição fixa em relação ao utilizador e
permitir-lhe manter a sua estabilidade.

§237 Escorregadelas, tropeções e quedas


O requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto 1.5.15 aplica-se a todos as
partes da máquina nas quais é provável que as pessoas se desloquem ou fiquem
de pé, quer para aceder às posições de trabalho e pontos de manutenção quer
para se deslocarem de uma parte da máquina para outra – ver §240: comentários

163
EN 626-1:1994+A1:2008 – Segurança de máquinas — Redução dos riscos para a saúde
provocados por substâncias perigosas emitidas pelas máquinas — Parte 1: Princípios e
especificações para os fabricantes de máquinas;
EN 626-2:1996+A1:2008 – Segurança de máquinas — Redução dos riscos para a saúde
provocados por substâncias perigosas emitidas pelas máquinas — Parte 2: Metodologia para
procedimentos de verificação.

219
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ao ponto 1.6.2. Aplica-se, ainda, às partes da máquina sobre as quais as pessoas


se desloquem ou fiquem de pé enquanto utilizam a máquina destinada à elevação
ou movimentação de pessoas. O requisito aplica-se, assim, às seguintes partes
da máquina: estribos, plataformas de trabalho, pontes de serviço, passadiços,
rampas, degraus, escadotes, escadas, pisos, degraus de escadas rolantes e piso
de tapetes rolantes.
O requisito enunciado no ponto 1.5.15 aplica-se apenas a partes da máquina,
incluindo os meios de acesso à máquina nas instalações do utilizador – ver §240:
comentários ao ponto 1.6.2. As obrigações das entidades empregadoras em
relação ao piso nos locais de trabalho estão estabelecidas na Diretiva
89/654/CEE do Conselho 164 . Quaisquer requisitos específicos relativos ao piso
sobre o qual a máquina deve ser usada ou instalada serão especificados no
manual de instruções do fabricante – ver §264: comentários à alínea i) do
ponto 1.7.4.2.
De forma a prevenir o risco de escorregadelas, o fabricante deve garantir que as
superfícies da máquina em que é previsível que as pessoas se movimentem ou
fiquem de pé disponham de um sistema de aderência adequado, tendo em conta
as condições de uso. Visto que a acumulação de substâncias tais como água,
óleo ou lubrificantes, terra, sujidade, neve ou gelo tem tendência a aumentar o
risco de escorregadelas, as superfícies nas quais as pessoas se desloquem ou
fiquem de pé devem, quando possível ser concebidas de forma a evitar a
presença de tais substâncias, ou a que essas substâncias não se acumulem ou
possam ser escoadas. Onde as superfícies permaneçam molhadas ou húmidas,
deve evitar-se as superfícies lisas.
De forma a evitar o risco de tropeções, é importante evitar as diferenças de níveis
entre superfícies adjacentes. Por exemplo, a precisão do nivelamento de
máquinas de elevação que servem pisos fixos em que as pessoas têm acesso ao
habitáculo deve ser tal que não possa existir uma diferença de nível entre o piso
do habitáculo e o piso de desembarque, evitando, assim, o risco de tropeções.
Deve ter-se em atenção a localização e fixação de cabos e tubagens para evitar a
criação de obstáculos que possam dar origem ao risco de tropeções.
Nos casos em que exista o risco de quedas, as áreas em questão devem estar
equipadas com proteções adequadas ou trilhos de segurança e chapas de
proteção para evitar as quedas. Sempre que exista o risco residual de quedas,
serão instalados sistemas de fixação para o equipamento de proteção individual
contra quedas em altura – ver §265: comentários à alínea m) do ponto 1.7.4.2
e §374: comentários ao ponto 6.3.2. Devem escolher-se sistemas de fixação
adequados, tendo em conta a necessidade dos operadores se deslocarem.
Contudo, de acordo com a alínea b) do ponto 1.1.2, as instruções sobre o
fornecimento e uso de equipamento de proteção individual não substituirão as
medidas de proteção integradas contra o risco de quedas nos casos em que tais
medidas sejam praticáveis.
O segundo parágrafo do ponto 1.5.15 exige que as áreas das máquinas nas quais
as pessoas se desloquem ou fiquem de pé, quando apropriado, estejam
equipadas com pegas fixas para que os utilizadores possam manter o equilíbrio.
Esta é uma medida complementar para reduzir o risco de escorregadelas,

164
Diretiva 89/654/EEC, do Conselho, de 30 de Novembro de 1989, relativa às prescrições
mínimas de segurança e de saúde para os locais de trabalho (primeira Diretiva especial, na
acepção n.º 1 do Artigo 16.ºda Diretiva 89/391/EEC) – Anexo I, secção 9.2.

220
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

tropeções e quedas e é particularmente importante para as máquinas nas quais


os utilizadores devem subir para uma superfície móvel, tais como escadas
rolantes e caminhos móveis para peões.
As especificações gerais para prevenir os riscos de escorregadelas, tropeções e
quedas são apresentadas nas normas da série EN ISO 14122 – ver §240:
comentários ao ponto 1.6.2.
Em adição aos requisitos gerais indicados no ponto 1.5.15, os requisitos
suplementares relativos ao risco de queda do habitáculo de máquinas para
elevação de pessoas são apresentados no ponto 6.3.2.

1.5.16 Descargas atmosféricas


As máquinas que necessitem de proteção contra os efeitos das descargas
atmosféricas durante a sua utilização devem ser equipadas com um sistema que
permita escoar para a terra as cargas eléctricas resultantes.

§238 Descargas atmosféricas


Os requisitos indicados no ponto 1.5.16 aplicam-se sobretudo a máquinas
destinadas a serem utilizadas no exterior, quer estejam instaladas num local fixo
ou seja erguidas em instalações sucessivas. Também pode aplicar-se a máquinas
que estejam ligadas ao exterior por partes condutores. As máquinas sujeitas a
riscos provocados por descargas atmosféricas devem estar equipadas com um
pára-raios adequado e um sistema de ligação do condutor à terra. O manual de
instruções do fabricante deve especificar o modo como a ligação à terra é feita,
inspeccionada e mantida para que continue a ser eficaz – ver §264 e §272:
comentários às alíneas i) e r) do ponto 1.7.4.2.

1.6 MANUTENÇÃO
1.6.1 Manutenção da máquina
Os pontos de regulação e de manutenção devem estar situados fora das zonas
perigosas. As operações de regulação, manutenção, reparação e limpeza da
máquina, bem como outras intervenções na máquina, devem poder ser efectuadas
com a máquina parada.
Se pelo menos uma das condições precedentes não puder, por razões técnicas, ser
satisfeita, deverão ser tomadas medidas para garantir que essas operações possam
ser efectuadas com segurança (ver pontoo 1.2.5).
No caso das máquinas automáticas e, eventualmente, no caso de outras máquinas,
deverá prever-se um dispositivo de ligação que permita montar um equipamento de
diagnóstico de busca de avarias.
Os elementos de uma máquina automática que tenham de ser frequentemente
substituídos deverão poder ser desmontados e novamente montados com facilidade e
em segurança. O acesso a estes elementos deverá permitir a execução de tais tarefas
com os meios técnicos necessários, de acordo com instruções previstas.

§239 Manutenção
O primeiro parágrafo do ponto 1.6.1 enuncia os princípios gerais importantes para
a concepção de máquinas de forma a garantir que as operações de manutenção

221
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

possam ser efectuadas em segurança. A localização de pontos de regulação e de


manutenção fora das zonas de perigo evita que os operadores de manutenção
tenham de entrar nessas zonas para efetuarem as tarefas e tenham de remover
as proteções fixas ou abrir os protetores móveis com dispositivos de
encravamento para esse fim.
Na medida do possível, a concepção da máquina deve permitir que as operações
de manutenção sejam efectuadas enquanto a máquina está parada. Por exemplo,
nos casos em que as ferramentas tenham de ser mudadas ou removidas por
motivos de limpeza, a máquina deve dispor de meios adequados para as libertar
sem que a máquina tenha de estar em funcionamento. Se for necessário
equipamento especial para esse fim, deve ser fornecido com a máquina – ver
§177: comentários à alínea e) do ponto 1.1.2. Em alguns casos, pode não ser
necessário parar a máquina totalmente, desde que as partes em que é efectuado
o trabalho e as partes que possam afectar a segurança dos operadores estejam
paradas.
O segundo parágrafo do ponto 1.6.1 reconhece que nem sempre é possível,
evitar a entrada de pessoas nas zonas de perigo para efeitos de manutenção e
que pode ser necessário efetuar algumas operações ou regulações com a
máquina em funcionamento. Nesse caso, o sistema de comando da máquina
deve incluir um modo de funcionamento seguro e adequado, tal como referido no
ponto 1.2.5 – ver §204: comentários ao ponto 1.2.5.
Os requisitos enunciados no terceiro e quarto parágrafos do ponto 1.6.1 destinam-
se a reduzir os riscos associados à intervenção do operador, sobretudo para
máquinas automáticas. O terceiro parágrafo do ponto 1.6.1 exige que a máquina
disponha de meios, quando apropriado, para ligar o equipamento de diagnóstico
de detecção de avarias. O quarto parágrafo exige que as máquinas automáticas
sejam concebidas de forma a facilitar a remoção e substituição de componentes
que tenham de ser substituídos com frequência. O método seguro a utilizar para
tais operações de manutenção deve ser especificado e explicado claramente no
manual de instruções – ver §272: comentários à alínea s) do ponto 1.7.4.2.

1.6.2 Acesso aos postos de trabalho e aos pontos de intervenção


A máquina deve ser concebida e fabricada de forma a dispor de meios de acesso que
permitam atingir, com segurança, todos os locais em que seja necessária uma
intervenção durante o funcionamento, a regulação e a manutenção da máquina.

§240 Acesso aos postos de trabalho e aos pontos de intervenção


O requisito enunciado no ponto 1.6.2 deve ser tido em conta quando se define a
colocação dos postos de trabalhos e pontos de intervenção. A colocação dos
postos de trabalho e pontos de intervenção em áreas de fácil acesso, por
exemplo, ao nível do solo, pode evitar a instalação de meios de acesso especiais.
Caso estes meios sejam necessários, os postos de trabalho e pontos de
intervenção que requeiram acesso frequente devem estar bem localizados para
que possam ser facilmente alcançados a partir de um meio de acesso adequado.
Á semelhança do que sucede com os próprios pontos de intervenção e de
regulação, os meios de acesso também devem estar localizados fora de zonas de
perigo – ver §239: comentários ao ponto 1.6.1.
O fabricante da máquina é responsável por garantir o fornecimento dos meios de
acesso seguros necessários juntamente com a máquina. Isto inclui o caso de
222
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

máquinas cuja construção é concluída nas instalações do utilizador. Neste caso, o


fabricante da máquina deve ter em conta os meios de acesso já existentes nas
instalações e que devem ser especificados no processo técnico.
Os meios de acesso aos pontos de intervenção devem ser concebidos tendo em
conta as ferramentas e o equipamento necessários para a manutenção da
máquina.
Os meios especiais para acessos excepcionais, tais como, por exemplo, para
reparações excepcionais, podem ser descritos nas instruções do fabricante –
ver §272: comentários à alínea s) do ponto 1.7.4.2.
As especificações para a escolha e concepção de meios de acesso permanentes
à máquina são apresentadas nas normas da série EN ISO 14122. 165

1.6.3 Isolamento das fontes de energia


A máquina deve ser equipada com dispositivos que permitam isolá-la de todas as
fontes de energia. Estes dispositivos devem estar claramente identificados. Se a sua
reconexão apresentar perigo para as pessoas, devem ser bloqueáveis. Estes
dispositivos devem igualmente ser bloqueáveis se o operador não puder, de todos os
locais a que tem de aceder, verificar que se mantém o isolamento em relação às
fontes de energia.
No caso de uma máquina que possa ser ligada a uma alimentação eléctrica por meio
de uma ficha, basta que exista a possibilidade de retirar a ficha da tomada, desde
que o operador possa, de todos os locais a que tem de aceder, verificar que a ficha se
mantém retirada.
A energia residual ou acumulada que possa subsistir após o isolamento da máquina
deve poder ser dissipada sem perigo para as pessoas.
A título de exceção ao requisito previsto nos parágrafos precedentes, determinados
circuitos podem não ser isolados da sua fonte de energia, a fim de permitir, por
exemplo, a manutenção de peças, a salvaguarda de informações, a iluminação das
partes internas, etc. Neste caso, devem ser tomadas disposições especiais para
garantir a segurança dos operadores.

§241 Isolamento das fontes de energia


O objectivo do requisito enunciado no ponto 1.6.3 é manter as máquinas em
condições de segurança enquanto decorrer a manutenção. Com esta finalidade,
os operadores que executem as operações de manutenção enquanto a máquina
está parada devem ser capazes de isolar a máquina das respectivas fontes de
energia antes de intervirem, de forma a prevenir ocorrências graves, tais como
arranques inesperados da máquina, quer devido a falhas da máquina, à ação de
outras pessoas que possam ignorar a presença de operadores de manutenção ou
devido a ações inadvertidas por parte dos próprios operadores de manutenção.

165
EN ISO 14122-1:2001 – Segurança de máquinas — Meios de acesso permanentes às
máquinas — Parte 1: Escolha de um meio de acesso entre dois níveis (ISO 14122-1:2001);
EN ISO 14122-2:2001 – Segurança de máquinas — Meios de acesso permanentes às máquinas
— Parte 2: Plataformas de trabalho e caminhos para peões (ISO 14122-2:2001);
EN ISO 14122-3:2001 – Segurança de máquinas — Meios de acesso permanentes às máquinas
— Parte 3: Escadas, degraus e trilhos de segurança (ISO 14122-3:2001).

223
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Para este fim, a máquina deve dispor de meios de isolamento que permitam aos
operadores desligarem e separarem, de forma fiável, a máquina de todas as
fontes de energia, incluindo o fornecimento de Eletricidade e fontes de energia
mecânica, hidráulica, pneumática ou térmica.
No caso dos operadores efetuarem operações de manutenção em locais em que
não possam facilmente verificar se os meios de isolamento permanecem na
posição correta, os meios de isolamento devem ser concebidos de forma que
possam ser bloqueados nesta posição. Quando for previsto que vários
operadores efetuem operações de manutenção em simultâneo, o meio de
isolamento deve ser concebido de forma que cada operador em questão possa
bloquear o meio de isolamento durante a intervenção.
O segundo parágrafo do ponto 1.6.3 aplica-se sobretudo a ferramentas eléctricas
portáteis ou máquinas transportáveis, em que o operador pode verificar a partir de
qualquer ponto a que tem acesso, quer o fornecimento de energia esteja ligado ou
não. Nesse caso, é suficiente retirar a ficha para garantir o isolamento da fonte de
energia.
O terceiro parágrafo do ponto 1.6.3 exige que a máquina esteja equipada com
meios para dissipar qualquer energia acumulada que possa colocar os
operadores em risco. Esta energia acumulada pode incluir, por exemplo, energia
cinética, (inércia das partes móveis), energia eléctrica (condensadores), fluidos
sob pressão, molas ou partes da máquina que se possam mover devido ao seu
próprio peso.
O quarto parágrafo do ponto 1.6.3 admite uma exceção aos requisitos enunciados
nos primeiros três parágrafos, nos casos em que é necessário manter o
fornecimento de energia para determinados circuitos durante as operações de
manutenção, de forma a garantir condições de trabalho seguras. Por exemplo,
pode ser necessário manter o fornecimento de energia para guardar informação,
para a iluminação, para o funcionamento de ferramentas ou para a extração de
substâncias perigosas. Em tais casos, o fornecimento de energia deve ser
mantido apenas para os circuitos em que é necessário e devem ser tomadas
medidas para garantir a segurança dos operadores tais como, por exemplo, evitar
o acesso aos circuitos em questão ou fornecer os avisos apropriados ou
dispositivos de aviso.
O manual de instruções do fabricante sobre regulação e manutenção em
segurança deve incluir informação sobre o isolamento das fontes de energia, o
bloqueamento do meio isolante, a dissipação de energias residuais e a verificação
do estado de segurança da máquina – ver §272: comentários à alínea s) do
ponto 1.7.4.2.
As especificações gerais para os meios de isolamento e bloqueio aplicáveis às
diferentes fontes de energia são apresentadas na norma EN 1037. 166 Para as
máquinas do seu campo de aplicação, a norma EN 60204-1 167 fornece as
especificações para a desconexão fiável da alimentação eléctrica.
O requisito específico relativo à desconexão das baterias em máquinas móveis é
apresentado no ponto 3.5.1.

166
EN 1037:1995+A1:2008 – Segurança de máquinas – Prevenção de um arranque inesperado.
167
EN 60204-1:2006+A1:2009 – Segurança de máquinas — Equipamento eléctrico de máquinas
— Parte 1: Requisitos gerais (IEC 60204-1:2005 (Alterada)).

224
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.6.4 Intervenção do operador


A máquina deve ser concebida, fabricada e equipada de forma a limitar a
necessidade de intervenção dos operadores. Sempre que não for possível evitar a
intervenção de um operador, esta deve poder efetuar-se facilmente e com segurança.

§242 Intervenção do operador


A concepção e construção da máquina e a instalação de dispositivos e
equipamentos para evitar ou limitar a necessidade de intervenção do operador em
zonas de perigo são formas eficazes de reduzir os riscos associados. Nos casos
em que a intervenção do operador não possa ser totalmente evitada, a máquina
deve ser concebida de modo que a intervenção possa ser efectuada facilmente e
em segurança.

1.6.5 Limpeza das partes internas


A máquina deve ser concebida e construída de modo a que a limpeza das suas partes
internas que tenham contido substâncias ou preparações perigosas seja possível sem
que seja necessário nelas penetrar; de igual modo, a sua eventual desobstrução deve
poder efetuar-se do exterior. Se for impossível evitar penetrar na máquina, esta
deverá ter sido concebida e construída de forma que a limpeza possa ser efectuada
com segurança.

§243 Limpeza das partes internas


O requisito enunciado no ponto 1.6.5 aborda um exemplo de intervenção do
operador mencionado no ponto anterior que pode ser particularmente perigosa.
Entrar em partes da máquina tais como, por exemplo, silos, tanques, recipientes
ou tubagens que tenham contido substâncias ou preparações perigosas pode
causar um risco de intoxicação ou asfixia, tanto para os operadores em questão
como para as pessoas que os tentem resgatar.
O princípio geral enunciado na primeira frase do ponto 1.6.5 enuncia que deve ser
possível limpar ou desbloquear tais partes a partir do exterior, para que não seja
necessário entrar nelas. Quando não for possível evitar a entrada, devem ser
tomadas as medidas de proteção necessárias tais como, por exemplo, a
instalação de um sistema de ventilação adequado, a monitorização da
concentração de substâncias perigosas ou da falta de oxigénio no ar e prever
condições para a supervisão e resgate dos operadores em segurança.

1.7 INFORMAÇÕES

§244 Informações para os utilizadores


Visto que a utilização segura de máquinas depende de uma combinação de
medidas de concepção e de construção assumidas pelo fabricante e de medidas
de segurança tomadas pelo utilizador, o fornecimento das informações e das
instruções necessárias aos utilizadores faz parte integrante da concepção das
máquinas.
As informações, os avisos e as instruções sobre riscos residuais dizem respeito
ao terceiro passo do método dos três passos indicado no ponto 1.1.2 sobre os

225
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

princípios de integração da segurança. O facto de este terceiro passo ser o último


na lista de prioridades significa que os avisos e as instruções não devem substituir
as medidas de concepção inerentemente de segurança nem as medidas de
proteção integradas sempre que estas sejam praticáveis, tendo em conta o
estado da técnica– ver §174: comentários à alínea b) do ponto 1.1.2.
Os requisitos enunciados nos pontos 1.7.1 a 1.7.4 aplicam-se a máquinas num
sentido lato, ou seja, a quaisquer produtos apresentados nas alíneas a) a f) do n.º
1 do artigo 1.º – ver §33: comentários ao artigo 2.º. Relativamente à aplicação
destes requisitos a quase-máquinas – ver §390: comentários ao anexo VI.

1.7.1 Informações e avisos apostos na máquina


As informações e avisos apostos na máquina deverão, de preferência, constar de
símbolos ou pictogramas facilmente compreensíveis. Quaisquer informações e avisos
escritos ou verbais devem ser expressos na ou nas línguas oficiais da Comunidade,
que podem ser determinadas, nos termos do Tratado, pelo Estado-Membro em que a
máquina for colocada no mercado e/ou entrar em serviço e devem ser
acompanhados, a pedido, de versões em outra(s) língua(s) oficial(ais) da
Comunidade compreendidas pelos operadores.

§245 Informações e avisos apostos na máquina


Os requisitos enunciados no ponto 1.7.1 abordam a apresentação da informação
e dos avisos que fazem parte da máquina. A primeira frase do ponto 1.7.1
aconselha os fabricantes a usarem símbolos ou pictogramas de fácil
compreensão para este fim. Os símbolos ou pictogramas podem ser
compreendidos intuitivamente e evitam a necessidade de se traduzir a informação
escrita ou verbal.
A segunda frase do ponto 1.7.1 aplica-se quando a informação é fornecida em
forma de texto ou palavras escritas na máquina, num ecrã ou em forma de texto
oral fornecido, por exemplo, por meio de um sintetizador de voz. Em tais casos, a
informação e os avisos devem ser fornecidos na língua ou línguas oficiais dos
Estados-Membros nos quais a máquina é colocada no mercado e/ou colocada em
serviço.
O utilizador da máquina também pode solicitar ao fabricante que este forneça a
informação e os avisos na própria máquina ou em ecrãs, juntamente com as
versões em qualquer outra língua ou línguas da EU que sejam compreendidas
pelos operadores. Tal tem diversas razões de ser, por exemplo:
 as pessoas destinadas a usar a máquina não compreendem a língua oficial do
Estado-Membro em questão;
 a máquina destina-se a ser usada num local de trabalho que utiliza apenas
uma língua de trabalho para além da língua oficial/das línguas oficiais do
Estado-Membro em questão;
 a máquina destina-se a ser usada num Estado-Membro e mantida por técnicos
de um Estado-Membro diferente;
 os diagnósticos à distância serão efectuados num Estado-Membro diferente do
Estado-Membro no qual a máquina será usada.
O fornecimento de informação ou avisos na máquina numa língua da UE diferente
da língua oficial/das línguas oficiais do Estado-Membro no qual a máquina for

226
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

colocada no mercado e/ou colocada em serviço, ou em qualquer outra


língua/quaisquer outros línguas deverá ficar estabelecido em contrato entre o
fabricante e o utilizador no ato de encomenda da máquina.

§246 As línguas oficiais da UE


Existem 23 línguas oficiais na UE, usados nos seguintes Estados-Membros:
Áustria  Alemão Letónia  Letão
Bélgica  Neerlandês, Francês e Alemão Lituânia  Lituânio
Bulgária  Búlgaro Luxemburgo  Francês e Alemão
Chipre  Inglês e Grego Malta  Inglês e Maltês
República Checa  Checo Países Baixos  Neerlandês
Dinamarca  Dinamarquês Polónia  Polaco
Estónia  Estónio Portugal  Português
Finlândia  Finlandês e Sueco Roménia  Romeno
França  Francês Eslováquia  Eslovaco
Alemanha  Alemão Eslovénia  Esloveno
Grécia  Grego Espanha  Espanhol
Hungria  Húngaro Suécia  Sueco
Irlanda  Inglês e Irlandês Reino Unido  Inglês
Itália  Italiano

Alguns Estados-Membros com duas ou mais línguas oficiais (Bélgica, Finlândia)


aceitam a utilização de apenas uma língua em áreas em que apenas essa língua
é falada. Aconselha-se aos fabricantes verificarem este aspecto junto das
autoridades nacionais competentes. Outros Estados-Membros com duas línguas
oficiais (Chipre, Malta e Irlanda) aceitam apenas a utilização do Inglês.
Noutros países em que a Diretiva Máquinas se aplica devido ao EEE, ao ARM
entre a Suíça e à União Aduaneira UE-Turquia, as disposições nacionais que
implementam a Diretiva Máquinas exigem o uso da língua oficial/das línguas
oficiais do país em questão:
Islândia  Islandês Suíça  Francês, Alemão e Italiano
Liechtenstein  Alemão Turquia  Turco
Noruega  Norueguês

1.7.1.1 Informações e dispositivos de informação


As informações necessárias à utilização de uma máquina devem ser facultadas sob
uma forma inequívoca e de fácil compreensão. Essas informações não devem ser
excessivas a ponto de sobrecarregar o operador.
Os ecrãs de visualização ou qualquer outro meio de comunicação interativo entre o
operador e a máquina devem ser de fácil compreensão e utilização.

§247 Informações e dispositivos de informação


O requisito enunciado no ponto 1.7.1.1 aplica-se a toda a informação na máquina
essencial para ajudar os operadores a controlarem o seu funcionamento. Aplica-
se, em particular, aos indicadores e ecrãs fornecidos com dispositivos de
comando – ver §194: comentários ao ponto 1.2.2. Tal informação está sujeita aos
requisitos enunciados no ponto 1.7.1.

227
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

As especificações para a concepção da informação, dos dispositivos de


informação, indicadores e ecrãs são fornecidas nas normas da série EN 894 168 e
nas normas da série EN 61310 169 .

1.7.1.2 Dispositivos de alerta


Se a segurança e a saúde das pessoas puderem ser postas em perigo devido ao
funcionamento deficiente de uma máquina não sujeita a vigilância, esta deve ser
equipada de modo a transmitir um sinal de aviso sonoro ou luminoso adequado.
Se a máquina estiver equipada com dispositivos de alerta, estes devem poder ser
compreendidos sem ambiguidades e ser facilmente perceptíveis. Devem ser tomadas
medidas para permitir ao operador verificar em permanência da eficácia desses
dispositivos de alerta.
Deve aplicar-se o disposto nas diretivas específicas em matéria de cores e sinais de
segurança.

§248 Dispositivos de alerta


O ponto 1.7.1.2 aborda os riscos para as pessoas devido a falhas na máquina ou
em partes da máquina concebidos para funcionarem sem a supervisão constante
de operadores. Os dispositivos de alerta devem ser concebidos de forma a
informarem os operadores e demais pessoas expostas sobre as falhas perigosas
para permitir a tomada de medidas adequadas com o fim de proteger as pessoas
em risco. Quando apropriado, os dispositivos de alerta podem ser instalados na
própria máquina ou serem ativados à distância.
A norma EN 61310-1 fornece as especificações para a sinalização visual e
acústica.
O último parágrafo do ponto 1.7.1.2 refere-se à Diretiva 92/58/CEE 170 , que
estabelece os requisitos mínimos relativos à sinalização a ser usada no local de
trabalho. Assim, a regulamentação nacional que implementa a referida diretiva
não se aplica diretamente aos fabricantes de máquinas. Contudo, o ponto 1.7.1.2
exige que estes cumpram os requisitos técnicos da diretiva, para que haja
uniformidade na sinalização de segurança no local de trabalho.

168
EN 894-1:1997+A1:2008 – Segurança de máquinas – Requisitos ergonómicos para a
concepção de dispositivos de sinalização e órgãos de controlo – Parte 1: Princípios gerais das
interações humanas e dos dispositivos de sinalização e órgãos de controlo;
EN 894-2:1997+A1:2008 – Segurança de máquinas – Requisitos ergonómicos para a concepção
de dispositivos de sinalização e órgãos de controlo – Parte 2: Dispositivos de sinalização.
169
EN 61310-1:2008 – Segurança de máquinas — Indicação, marcação e atuação — Parte 1:
Requisitos para os sinais visuais, acústicos e tácteis (IEC 61310-1:2007);
EN 61310-2:2008 – Segurança de máquinas — Indicação, marcação e atuação — Parte 2:
Requisitos para marcação (IEC 61310-2:2007).
170
Diretiva 92/58/CEE do Conselho, de 24 de Junho de 1992, relativa às prescrições mínimas
para a sinalização de segurança e/ou de saúde no trabalho (nona Diretiva especial na acepção do
n.º 1 do Artigo 16.º da Diretiva 89/391/CEE) – ver Anexo VI – requisitos mínimos para sinalização
luminosa, e Anexo VII – requisitos mínimos para sinalização acústica.

228
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.7.2 Avisos sobre os riscos residuais


Quando continuarem a existir riscos, apesar da segurança ter sido integrada na
concepção da máquina e de terem sido adoptadas medidas de segurança e medidas
de proteção complementares, devem ser previstos os avisos necessários, incluindo
dispositivos de alerta.

§249 Avisos sobre os riscos residuais


O requisito enunciado no ponto 1.7.2 refere-se aos riscos residuais, ou seja, aos
riscos que não podem ser eliminados ou suficientemente reduzidos por meio de
medidas de concepção inerentemente seguras e que não podem ser totalmente
evitados por meio de medidas de proteção integradas – ver §174: comentários à
alínea b) do ponto 1.1.2. Os avisos sobre riscos residuais nas máquinas são
complementares à informação sobre riscos residuais fornecidos no manual de
instruções do fabricante – ver §267: comentários à alínea i) do ponto 1.7.4.2. Os
avisos sobre as máquinas são úteis no caso de os operadores ou demais pessoas
expostas terem de ser informadas sobre precauções especiais a tomar relativas
aos riscos residuais durante a utilização da máquina tais como, por exemplo, a
presença de superfícies quentes ou lasers. Também podem ser úteis para
relembrar a necessidade de se usar equipamento de proteção individual.
Os avisos marcados na máquina têm de cumprir com os requisitos enunciados no
ponto 1.7.1. Os avisos fornecidos por meio de dispositivos de aviso têm de
cumprir os requisitos enunciados no ponto 1.7.1.2.
As normas do tipo C podem definir a forma dos avisos e fornecem indicações
sobre o conteúdo dos mesmos. Adicionalmente, a Diretiva 92/58/CEE e a norma
EN 61310-1 incluem indicações relevantes para a concepção de tais avisos.

1.7.3 Marcação das máquinas


Cada máquina deve ostentar, de modo visível, legível e indelével, as seguintes
indicações mínimas:
 firma e endereço completo do fabricante e, se for o caso, do seu mandatário,
 designação da máquina
 marcação CE (ver anexo III),
 designação da série ou do tipo,
 número de série, se existir,
 ano de fabrico, ou seja, o ano em que o processo de fabrico foi concluído.
É proibido indicar uma data anterior ou posterior aquando da aposição da
marcação CE.
...
§250 Marcação das máquinas
O primeiro parágrafo do ponto 1.7.3 aborda as particularidades que devem ser
marcadas em todas as máquinas, adicionalmente a outra informação ou avisos
aos utilizadores. Para além da marcação CE e da marcação ATEX, o ponto 1.7.3
não impõe nenhuma forma específica para a marcação na máquina, desde que
seja visível, legível e indelével. Deste modo, a marcação deve estar aposta num

229
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

local da máquina que seja visível do exterior e que não esteja escondido atrás
nem debaixo de partes da máquina. Tendo em conta a dimensão da máquina, os
caracteres utilizados devem ser suficientemente grandes para serem lidos
facilmente. A técnica de marcação usada deve garantir que a marcação não seja
apagada durante o tempo de vida da máquina, tendo em conta as condições de
uso previstas. Se a marcação se encontrar numa placa, ela deve ser fixada de
modo permanente à máquina, de preferência por meio de soldadura, rebitagem
ou colagem.
No caso dos produtos serem demasiado pequenos para ostentarem uma
marcação legível contendo as especificidades exigidas pelo ponto 1.7.3, a
marcação pode ser afixada ao produto por meio de uma etiqueta duradoura (não
afectando o funcionamento correto da máquina).
Os requisitos de marcação específicos para as correntes, cabos e correias são
indicados no ponto 4.3.1 – ver §357: comentários ao ponto 4.3.1.
Os requisitos da língua enunciados no ponto 1.7.1 não se aplicam às
especificidades referidas no primeiro parágrafo do ponto 1.7.3. Contudo, estas
especificidades devem estar escritas numa das línguas oficiais da UE.
Os seguintes comentários referem-se aos seis travessões do primeiro parágrafo
do ponto 1.7.3:
 o nome comercial e endereço completo do fabricante e, se aplicável, o
respectivo representante autorizado
A finalidade do requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto 1.7.3 é permitir
ao utilizador ou às autoridades de vigilância do mercado contactarem o fabricante
caso surja um problema – ver §79 a §81: comentários à alínea i) do artigo 2.º. A
mesma informação deve ser apresentada na declaração CE de conformidade –
ver §383: comentários à parte A do ponto 1 do anexo II.
O termo 'nome comercial’ refere-se ao nome sob o qual a empresa em questão
está registada.
O termo 'endereço completo' significa um endereço postal que permita ao
fabricante receber uma carta, não bastando para tal o nome do país ou da cidade.
Não existe nenhuma obrigação de assinalar o endereço electrónico ou sítio da
internet do fabricante, embora possa ser útil acrescentá-los.
O nome comercial e o endereço completo do representante autorizado do
fabricante estabelecido na UE também devem constar na máquina nos casos em
que o representante autorizado for mandatado pelo fabricante – ver §84 e §85:
comentários à alínea j) do artigo 2.º.
Se não for possível incluir na marcação o endereço completo do fabricante ou do
respectivo representante autorizado, por exemplo, no caso de uma máquina muito
pequena, esta informação deve ser disponibilizada em forma de código, desde
que esse código seja explicado e o endereço completo conste no manual de
instruções fornecido em conjunto com a máquina – ver §259: comentários à
alínea b) do ponto 1.7.4.2 e na declaração CE de conformidade para a máquina –
ver §383: comentários à parte A do ponto 1 do anexo II.

 designação da máquina
O termo 'designação da máquina' refere-se ao nome habitual da categoria da
máquina a que o modelo específico da máquina pertence. (O termo tem um

230
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

significado semelhante aos termos 'denominação genérica e função' usados no


anexo II relativa à declaração CE de conformidade). Sempre que possível, deve
utilizar-se o termo usado em normas harmonizadas para designar a categoria da
máquina em questão. A mesma informação deve ser apresentada na declaração
CE de conformidade – ver §383: comentários à parte A do ponto 1 do anexo II.
Se não for praticável incluir na marcação uma designação explícita da máquina,
por exemplo, no caso de máquinas muito pequenas, a designação pode ser
disponibilizada em forma de código, desde que esse código seja explicado e a
designação explícita conste no manual de instruções fornecido em conjunto com a
máquina – ver §259: comentários à alínea b) do ponto 1.7.4.2 e na declaração CE
de conformidade para a máquina – ver §383: comentários à parte A do ponto 1 do
anexo II.
A designação da máquina do fabricante não deve ser interpretada como base
para determinar se alguns requisitos essenciais de segurança e saúde ou
procedimentos de avaliação de conformidade são aplicáveis ou não, devendo
estes ser determinados de forma independente.

 a marcação CE (ver anexo III)


Os requisitos relativos à marcação CE são apresentados no artigo 16.º e anexo
III. De acordo com o anexo III, a marcação CE deve ser aposta na área mais
próxima do nome do fabricante ou do respectivo representante autorizado,
usando a mesma técnica - ver §141: comentários ao artigo 16.º e §387:
comentários ao anexo III.

 designação da série ou do tipo

A designação da série ou do tipo significa o nome, código ou número atribuído


pelo fabricante ao modelo da máquina em questão, sujeita ao procedimento de
avaliação de conformidade relevante. A designação da série ou do tipo inclui,
muitas vezes, a marca registada.
 número de série, caso exista

O número de série constitui um meio de identificação de um exemplar individual


da máquina que pertença a uma série ou um tipo. A Diretiva Máquinas não exige
que a máquina disponha de um número de série; contudo, quando o número de
série for atribuído pelo fabricante, deve constar após a designação da série ou do
tipo.

 o ano de construção, ou seja, o ano em que o processo de fabrico foi


completado.
É proibido antedatar ou pós-datar a máquina no ato de afixação da marcação
CE.
O ano de construção é definido como sendo o ano no qual o processo de fabrico
foi completado. Para as máquinas montadas nas instalações do fabricante, pode
considerar-se que o processo de fabrico termina, no máximo, quando a máquina é
retirada das instalações do fabricante para ser transferida para um importador,
distribuidor ou utilizador. Para as máquinas montadas nas instalações do
utilizador, pode considerar-se que o processo de fabrico termina no final da
montagem da máquina no local e esta está pronta para entrar em serviço. No
caso de máquinas fabricadas pelo utilizador para uso próprio, considera-se que o

231
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

processo de fabrico termina quando a máquina está pronta para entrar em serviço
– ver §80: comentários à alínea i) do artigo 2.º.
Para além dos requisitos gerais relativos à marcação enunciados no ponto 1.7.3,
existem ainda requisitos adicionais relativos à marcação para as máquinas
móveis no ponto 3.6.2; os requisitos relativos à marcação de correntes, cabos e
correias, acessórios de elevação e máquinas de elevação são enunciados no
ponto 4.3; os requisitos adicionais relativos à marcação de máquinas para
elevação de pessoas são enunciados no ponto 6.5.
Deve ter-se em atenção que, em relação às máquinas sujeitas à Diretiva sobre
equipamento para utilização no exterior 2000/14/CE, a marcação CE é
acompanhada pela marcação do nível de potência sonora garantido – ver §92:
comentários ao artigo 3.º e §271: comentários à alínea u) do ponto 1.7.4.2.

1.7.3 Marcação das máquinas (continuação)


...
Além disso, a máquina concebida e fabricada para ser utilizada em atmosferas
potencialmente explosivas deve ostentar essa indicação.
...
§251 Marcação de conformidade para máquinas sujeitas à Diretiva ATEX
O terceiro parágrafo do ponto 1.7.3 aplica-se a máquinas sujeitas à Diretiva ATEX
94/9/CE 171 e ainda à Diretiva Máquinas – ver §91: comentários ao artigo 3.º e
§228: comentários ao ponto 1.5.7. A marcação CE significa que a máquina
cumpre as diretivas da EU aplicáveis que definem a sua afixação – ver §141:
comentários ao artigo 16.º. Para além da marcação CE, a Diretiva ATEX
estabelece uma marcação específica relativa à proteção contra explosões:

A marcação ATEX é seguida do símbolo do grupo e da categoria do equipamento.

1.7.3 Marcação das máquinas (continuação)


...
Em função da sua natureza, a máquina deve também ostentar todas as indicações
indispensáveis a uma utilização segura. Tais informações estão sujeitas aos
requisitos previstos no ponto 1.7.1.
...
§252 Informações essenciais para uma utilização segura
O quarto parágrafo do ponto 1.7.3 exige que a máquina disponha da informação
essencial necessária para uma utilização segura. Esta informação está sujeita aos
requisitos relativos aos pictogramas e língua enunciados no ponto 1.7.1.

171
Diretiva 94/9/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Março de 1994, relativa à
aproximação das legislações dos Estados-Membros respeitantes aos equipamentos e sistemas de
proteção destinados a serem utilizados em atmosferas potencialmente explosivas – JO L 100, de
19.04.1994, p. 1.

232
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O requisito relativo à informação e dispositivos de informação enunciados no


ponto 1.7.1.1 também deve ser tido em consideração.
O fabricante não é obrigado a afixar na máquina toda a informação para uma
utilização segura fornecida no manual de instruções. Contudo, a informação
relativa aos aspectos essenciais de segurança deve ser afixada na máquina, tais
como, por exemplo, as dimensões máximas das peças de trabalho, as dimensões
máximas das ferramentas utilizadas, a inclinação máxima sobre a qual a máquina
permanece estável, a velocidade máxima do vento, etc. A informação a afixar na
máquina encontra-se normalmente especificada de acordo com as normas
harmonizadas relevantes.

1.7.3 Marcação das máquinas (continuação)


...
Se um dos elementos da máquina tiver de ser movimentado durante a sua utilização,
por intermédio de meios de elevação, a massa desse elemento deve ser indicada de
forma legível, indelével e não ambígua.

§253 Partes da máquina com marcação para manipulação com meios de


elevação
O requisito enunciado no último parágrafo do ponto 1.7.3 é complementar aos
requisitos relativos à concepção da máquina para facilitar a sua movimentação –
ver §180: comentários ao ponto 1.1.5. Aplica-se às partes da máquina que têm de
ser manuseadas durante a utilização, cujo peso, dimensão ou formato as impede
de serem movimentadas à mão. O requisito deve ser aplicado tendo em conta a
análise das diferentes fases da vida da máquina em questão – ver §173:
comentários à alínea a) do ponto 1.1.2 .
A massa deve ser marcada nas referidos partes de forma a permitir que o
utilizador utilize máquinas de elevação com uma capacidade de elevação
suficiente. Para evitar ambiguidades, a massa deve ser marcada em quilogramas
num local visível da parte em questão, de preferência na área mais próxima dos
acessórios da máquina de elevação.

1.7.4 Manual de instruções


Cada máquina deve ser acompanhada de um manual de instruções na ou nas línguas
comunitários oficiais do Estado-Membro em que a máquina for colocada no
mercado e/ou entrar em serviço.
O manual de instruções que acompanha a máquina deve ser um «manual original»
ou uma «tradução do manual original»; neste caso, a tradução será
obrigatoriamente acompanhada de um «manual original».
A título de exceção, o manual de manutenção destinado a ser utilizado por pessoal
especializado que depende do fabricante ou do seu mandatário pode ser fornecido
numa única língua comunitária que seja compreendida pelo referido pessoal.
O manual de instruções deve ser elaborado de acordo com os princípios que a
seguir se enunciam.

233
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§254 Manual de instruções


O ponto 1.7.4 aborda uma das obrigações que devem ser cumpridas pelo
fabricante antes da máquina ser colocada no mercado e/ou entrar em serviço –
ver §103: comentários ao n.º 1 do artigo 5.º.
O primeiro parágrafo do ponto 1.7.4 determina que o manual de instruções do
fabricante deve acompanhar a máquina. Isto implica que o manual de instruções
deve ser elaborado antes da máquina ser colocada no mercado e/ou entrar em
serviço e deve acompanhar a máquina até que esta esteja na posse do utilizador.
Os importadores ou distribuidores de máquinas devem, por conseguinte,
certificar-se de que o manual de instruções é entregue ao utilizador – ver §83:
comentários à alínea i) do artigo 2.º.
Para além dos requisitos gerais relativos ao manual de instruções indicados no
ponto 1.7.4, também existem requisitos suplementares relativos ao manual de
instruções nos seguintes pontos:
 pontos 2.1.2, 2.2.1.1 e 2.2.2.2 – máquinas para a indústria alimentar e
máquinas para cosméticos ou produtos farmacêuticos, máquinas portáteis
ou guiadas à mão e aparelhos portáteis de fixação e outras máquinas de
impacto;
 pontos 3.6.3.1 e 3.6.3.2 – máquinas móveis e máquinas para utilizações
múltiplas;
 pontos 4.4.1 e 4.4.2 - acessórios de elevação e máquinas de elevação.

§255 Formato do manual de instruções


O ponto 1.7.4 não especifica o formato do manual de instruções. É geralmente
aceite que todos os manuais de instruções relacionados com segurança e saúde
devem ser fornecidos em formato de papel, visto que não se pode presumir que o
utilizador tenha acesso a meios de leitura do manual de instruções fornecidos em
formato electrónico ou disponibilizados num sítio internet. Contudo, é,
normalmente, útil que os manuais de instruções sejam disponibilizados em
formato electrónico e na internet, bem como em formato de papel, visto que tal
permite ao utilizador transferir o ficheiro electrónico se assim entender e recuperar
o manual de instruções se perder a cópia em papel. Esta prática também facilita a
atualização do manual de instruções quando necessário.

§256 Língua do manual de instruções


De um modo geral, todos os manuais de instruções relacionados com segurança
e saúde devem ser fornecidos na língua oficial ou línguas oficiais da UE do
Estado-Membro no qual a máquina é colocada no mercado e/ou entra em serviço
– ver §246: comentários ao ponto 1.7.1.
O segundo parágrafo do ponto 1.7.4 deve ser interpretado tendo em conta o
ponto 1.7.4.1. A máquina tem de ser acompanhada do manual de instruções
original, ou seja, o manual verificado pelo fabricante ou pelo respectivo
representante autorizado. Se o manual de instruções original não estiver
disponível na(s) língua(s) do Estado-Membro no qual a máquina é colocada no
mercado e/ou entra em serviço, a máquina deve ser acompanhada da tradução
do manual de instruções original, em conjunto com o manual original. A finalidade
deste último requisito é permitir aos utilizadores verificarem o manual de
instruções original em caso de dúvida acerca da exatidão de uma tradução.

234
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O terceiro parágrafo do ponto 1.7.4 prevê uma exceção ao requisito geral indicado
no primeiro parágrafo, relativo à língua do manual de instruções. Aplica-se ao
manual de instruções de manutenção destinado a ser usado por pessoal
especializado mandatado pelo fabricante ou respectivo representante autorizado.
O referido pessoal especializado pode pertencer ao fabricante ou respectivo
representante autorizado, ou a uma empresa com contrato ou acordo escrito com
o fabricante ou respectivo representante autorizado para prestar assistência à
máquina em questão. Os manuais de instruções destinados exclusivamente a
serem usados por pessoal especializado não têm necessariamente de ser
fornecidos na(s) língua(s) do país em questão, mas podem ser disponibilizados
numa língua compreendido pelo pessoal especializado.
Tal exceção não se aplica aos manuais de instruções destinados às operações de
manutenção que serão executadas pelo utilizador ou pelo pessoal de manutenção
mandatado pelo utilizador. Para que a exceção seja aplicável, o manual de
instruções do fabricante destinado ao utilizador deve, por conseguinte, especificar
claramente quais as operações de manutenção que devem ser efectuadas
apenas por pessoal especializado mandatado pelo fabricante ou respectivo
representante autorizado.

1.7.4.1 Princípios gerais de redação


a) O manual de instruções deve ser redigido numa ou mais línguas comunitárias
oficiais. A menção «manual original» deverá figurar na ou nas versões
linguísticas pelas quais o fabricante ou o seu mandatário assumam a
responsabilidade;
b) Quando não exista «manual original» na ou nas línguas oficiais do país de
utilização, deve ser fornecida uma tradução para essa ou essas línguas pelo
fabricante, pelo seu mandatário ou por quem introduzir a máquina na zona
linguística em causa. Estas traduções devem incluir a menção «tradução do
manual original»;
...
§257 Redação e tradução do manual de instruções
As alíneas a) e b) do ponto 1.7.4.1 explicam, em detalhe, como devem ser
cumpridos os requisitos relativos à língua enunciados no ponto 1.7.4.
A alínea a) do ponto 1.7.4.1 explica que os manuais de instruções originais são as
versões das línguas dos manuais verificados pelo fabricante ou respectivo
representante autorizado. Essas versões das línguas devem conter os termos
'Manual de instruções original' (na língua de cada versão). O fabricante poderá
disponibilizar o “Manual de Instruções” numa ou mais línguas.
A alínea b) do ponto 1.7.4.1 aborda a situação em que a máquina é colocada no
mercado de um Estado-Membro para o qual o fabricante ou respectivo
representante autorizado não disponibilizou um manual de instruções original. Isto
pode suceder, por exemplo, se um importador, distribuidor ou utilizador tomar a
iniciativa de colocar a máquina no mercado, ou em serviço, num Estado-Membro
não previsto inicialmente pelo fabricante. Nesses casos, o fabricante, ou o
respectivo representante autorizado, ou ainda a pessoa que introduz a máquina
na área de mercado em questão deve fornecer uma tradução do manual de
instruções na língua oficial/nas línguas oficiais da UE do Estado-Membro em
questão.

235
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Em termos práticos, este requisito implica que a pessoa que introduz a máquina
no mercado em questão deve obter uma tradução do fabricante ou respectivo
representante autorizado, ou, se tal não for possível, traduzir o manual de
instruções ou solicitar a sua tradução – ver §83: comentários à alínea i) do
artigo 2.º.
As traduções devem conter os seguintes termos ‘Tradução do manual de
instruções original’ (na língua de cada versão) e devem ser acompanhadas do
manual de instruções original – ver §254: comentários ao ponto 1.7.4.

1.7.4.1 Princípios gerais de ação Redação (continuação)


...
c) O conteúdo do manual deve não só abranger a utilização prevista da máquina,
como também ter em conta a má utilização razoavelmente previsível;
...
§258 Evitar a má utilização previsível
A alínea c) do ponto 1.7.4.1 salienta que o manual de instruções representa um
dos meios para evitar a má utilização da máquina. Tal implica que ao redigir as
instruções para cada aspecto enumerado no ponto 1.7.4.2, os fabricantes devem
ter em conta o conhecimento sobre a má utilização previsível da máquina, com
base na experiência de utilizações anteriores de máquinas semelhantes,
investigação de acidentes e conhecimento sobre comportamento humano
facilmente previsível – ver §172: comentários à alínea i) do ponto 1.1.1 e §175:
comentários à alínea c) do ponto 1.1.2.

1.7.4.1 Princípios gerais de ação Redação (continuação)


...
d) No caso de máquinas destinadas a utilização por operadores não profissionais, a
ação Redação e a apresentação do manual de instruções devem ter em conta o
nível de formação geral e a perspicácia que podem razoavelmente ser esperados
desses operadores.

§259 Instruções para utilizadores não profissionais


A alínea d) do ponto 1.7.4.1 faz a distinção entre máquinas destinadas a
utilizadores não profissionais e máquinas destinadas a utilização profissional. A
ação Redação e disposição das instruções devem ser adaptadas ao público a que
se destinam. As instruções para utilizadores não profissionais devem ser
redigidas e apresentadas numa linguagem facilmente compreendida por um
público leigo, evitando-se terminologias técnicas especializadas. Tal requisito
também é relevante no caso de máquinas que possam ser usadas tanto por
profissionais como por não profissionais.
Quando a máquina destinada a ser usada pelo consumidor é fornecida com
determinados componentes desmontados para fins de transporte e embalagem,
deve ter-se especial atenção para garantir que as instruções de montagem são
completas e explícitas, com diagramas, fotografias ou desenhos claros, exatos e
não ambíguos – ver §264: comentários à alínea i) do ponto 1.7.4.2.
As normas do tipo C aplicáveis a determinadas categorias de máquinas
especificam o conteúdo do manual de instruções mas, normalmente, não
fornecem indicações sobre a ação Redação e apresentação. Indicações gerais

236
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

sobre a ação Redação do manual de instruções são apresentadas na norma EN


ISO 12100-2. 172 Embora não seja uma norma harmonizada no âmbito de
aplicação da Diretiva Máquinas, a indicação fornecida na norma EN 62079 173
sobre a ação Redação e apresentação das instruções também pode ser útil para
o manual de instruções das máquinas.

1.7.4.2 Conteúdo do manual de instruções


Cada manual deve conter, se for caso disso, pelo menos as seguintes informações:
a) Firma e endereço completo do fabricante e do seu mandatário;
b) Designação da máquina, tal como indicada na própria máquina,
exceptuando o número de série (ver ponto 1.7.3);
...
§260 Conteúdo do manual de instruções - especificidades da máquina e do
fabricante
O ponto 1.7.4.2 resume os aspectos principais que devem ser abrangidos no
manual de instruções do fabricante. A expressão 'pelo menos' indica que a lista
não deve ser considerada exaustiva. Por conseguinte, se alguma informação não
mencionada nas alíneas a) a v) do ponto 1.7.4.2 for indispensável ao uso seguro
da máquina, deve ser incluída no manual de instruções. A expressão 'se aplicável'
significa que os aspectos mencionados nas alíneas a) a v) do ponto 1.7.4.2 têm
de ser abordados no manual de instruções apenas se forem relevantes para a
máquina em questão.
As especificidades mencionadas no ponto 1.7.4.2 são as mesmas que as
especificidades que devem ser marcadas na máquina – ver §250: comentários ao
ponto 1.7.3. Contudo, no manual de instruções, a designação da máquina deve
estar escrita por extenso na língua do manual de instruções. Não é necessário o
número de série visto que o manual de instruções do fabricante aplica-se,
normalmente, a um modelo ou tipo de máquina e não a um tipo de produto
especial.
Se um modelo da máquina possuir diversas versões, deve ser suficientemente
claro para o utilizador quais as partes específicas do manual de instruções que se
aplicam a cada versão. Do mesmo modo, se o manual de instruções abranger
mais do que um modelo ou tipo, por exemplo, se abranger diversos modelos ou
tipos de máquina pertencentes à mesma série, deve ser suficientemente claro
para o utilizador quais as partes específicas do manual de instruções que se
aplicam a cada modelo ou tipo.

1.7.4.2 Conteúdo do manual de instruções (continuação)


...
c) Declaração CE de Conformidade, ou documento do qual conste o conteúdo
da declaração CE de conformidade, que apresente as características da
máquina, sem necessariamente incluir o número de série e a assinatura;
...

172
EN ISO 12100-2:2003+A1:2009 – Segurança de máquinas – Conceitos básicos, princípios
gerais de concepção – Parte 2: Princípios técnicos (ISO 12100-2:2003) – ver cláusula 6.ª.
173
EN 62079:2001 – Preparação de instruções – Estruturação, conteúdo e apresentação.

237
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§261 Inclusão da declaração CE de conformidade nas instruções


O ponto 1.7.4.2 (c) refere-se à inclusão da declaração CE de conformidade nas
instruções. Tal como as instruções, a declaração CE de conformidade deve
acompanhar a máquina – ver §103: comentários ao n.º 1 do artigo 5.º. Para
cumprir esta obrigação, o fabricante pode optar por uma das seguintes
alternativas:
 a declaração CE de conformidade assinada e incluída no manual de
instruções. Esta opção é adequada no caso de produtos únicos ou de uma
máquina produzida em pequenas quantidades;
 um documento estabelecendo o conteúdo da declaração CE de conformidade
(não incluindo, necessariamente, o número de série e a assinatura) e incluído
no manual de instruções; neste caso, a declaração CE de conformidade deve
ser fornecida em separado – ver §382: comentários à parte A do ponto 1 do
anexo II.

1.7.4.2 Conteúdo do manual de instruções (continuação)


...
d) Descrição geral da máquina;
e) Desenhos, diagramas, descrições e explicações necessários para a utilização,
manutenção e reparação da máquina, bem como para a verificação do seu
correto funcionamento;
f) Descrição do ou dos postos de trabalho susceptíveis de serem ocupados
pelos operadores;
...
§262 Descrições, desenhos, diagramas e explicações
A descrição geral da máquina mencionada na alínea d) do ponto 1.7.4.2 tem por
objectivo permitir ao utilizador identificar os elementos principais da máquina e as
respectivas funções.
A alínea e) do ponto 1.7.4.2 aborda as informações e explicações necessárias
para o uso, manutenção e reparações seguras da máquina e para verificar o seu
correto funcionamento. (Outros requisitos detalhados sobre o conteúdo do manual
de instruções relacionadas com estes aspectos são apresentados nas secções
seguintes). É normalmente preferível utilizarem-se desenhos, diagramas, gráficos
e quadros claros e simples em vez de longas explicações por escrito. Contudo, as
explicações por escrito imprescindíveis devem ser colocadas junto das ilustrações
às quais se referem.
A alínea f) do ponto 1.7.4.2 aborda os postos de trabalho previstos para os
operadores, incluindo, por exemplo, os seguintes aspectos:
 a localização dos postos de trabalho;
 a regulação dos assentos, dos apoios de pés ou de outros elementos da
máquina, de forma a garantir uma postura correta e reduzir as vibrações
transmitidas ao operador – ver §183: comentários ao ponto 1.1.8;
 a disposição e identificação dos dispositivos de comando e respectivas
funções – ver §185: comentários ao ponto 1.2.2;

238
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

 os diferentes modos de funcionamento e de comando e as medidas de


proteção e precauções associadas a cada modo – ver §204: comentários ao
ponto 1.2.5;
 o uso de protetores e dispositivos de proteção instalados na máquina;
 o uso de equipamento destinado a conter ou dissipar substâncias perigosas,
ou a manter boas condições de trabalho.

1.7.4.2 Conteúdo do manual de instruções (continuação)


...
g) Descrição da utilização prevista da máquina;
h) Avisos relativos aos modos como a máquina não deve ser utilizada e que,
segundo a experiência adquirida, se podem verificar;
...
§263 Utilização prevista e má utilização previsível
A descrição da utilização prevista da máquina referida na alínea g) do ponto
1.7.4.2 deve incluir uma indicação precisa dos fins a que a máquina se destina. A
referida descrição deve especificar os limites aplicáveis às condições de uso
contempladas na avaliação de riscos realizada pelo fabricante e na concepção e
construção da máquina – ver §171: comentários à alínea h) do ponto 1.1.1.
A descrição da utilização prevista da máquina deve abranger todos os diferentes
modos e fases de funcionamento da máquina e especificar os valores de
segurança relativos aos parâmetros dos quais a máquina depende para funcionar
em segurança. Tais parâmetros podem incluir, por exemplo:
 a carga máxima para máquinas de elevação;
 a inclinação máxima sobre a qual as máquinas móveis podem ser usadas sem
perda de estabilidade;
 a velocidade máxima do vento para a máquina poder funcionar em segurança
no exterior;
 as dimensões máximas das peças de trabalho;
 a velocidade máxima para ferramentas rotativas que apresentem perigo de
ruptura devido a sobre velocidade;
 o tipo de materiais que podem ser processados em segurança pela máquina.
A alínea h) do ponto 1.7.4.2 exige que o manual de instruções do fabricante
forneça avisos contra a má utilização razoavelmente previsível da máquina – ver
§172: comentários à alínea i) do ponto 1.1.1 e §175: comentários à alínea c) do
ponto 1.1.2. Para evitar tal má utilização, é útil indicar ao utilizador os motivos
habituais da referida má utilização e explicar as possíveis consequências.
Os avisos contra este tipo de má utilização da máquina devem ter em conta a
opinião dos utilizadores e a informação sobre acidentes ou incidentes envolvendo
máquinas semelhantes.

239
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.7.4.2 Conteúdo do manual de instruções (continuação)


...
i) Instruções de montagem, instalação e ligação, incluindo desenhos,
diagramas e meios de fixação e a designação do chassis ou da instalação em
que a máquina se destina a ser montada;
j) Instruções relativas à instalação e montagem, destinadas a diminuírem o
ruído e as vibrações;
...
§264 Montagem, instalação e ligação
A alínea i) do ponto 1.7.4.2 aborda as operações que devem ser realizadas por ou
em nome do utilizador antes de a máquina entrar em serviço.
As instruções de montagem são necessárias para as máquinas que não forem
fornecidas ao utilizador prontas a usar, por exemplo, nos casos em que os
componentes da máquina foram desmontados para fins de transporte ou
embalagem. Deve dar-se especial atenção às instruções de montagem quando a
montagem for realizada por utilizadores não profissionais – ver §258: comentários
à alínea c) do ponto 1.7.4.1.
As instruções de montagem para equipamentos intermutáveis devem especificar
o tipo ou tipos de máquinas básicas com os quais os equipamentos podem ser
usados em segurança e devem incluir as instruções necessárias para a
montagem em segurança dos equipamentos intermutáveis com as máquinas
básicas por parte do utilizador – ver §41: comentários à alínea b) do artigo 2.º.
No caso de máquinas fornecidas sem um sistema de transmissão, as instruções
devem indicar todas as especificações necessárias relativas ao sistema de
transmissão a instalar tais como o tipo, a potência e os meios de ligação e incluir
instruções de montagem precisas para o sistema de transmissão – ver §35:
comentários ao primeiro travessão da alínea a) do artigo 2.º.
As instruções de instalação são necessárias para as máquinas que têm de ser
instaladas em e/ou fixadas a apoios, estruturas ou edifícios especiais, a
fundações ou sobre o solo, para garantir uma utilização segura e estabilidade. As
instruções devem especificar os requisitos relativos às dimensões e
características estruturais dos suportes e meios a utilizar na fixação da máquina
aos respectivos suportes. No caso de máquinas destinadas a serem instaladas
em meios de transporte, as instruções devem especificar os veículos ou reboques
sobre os quais as máquinas podem ser instaladas em segurança, fazendo
referência às suas características técnicas ou, se aplicável, aos modelos
específicos de veículos – ver §37: comentários ao terceiro travessão da alínea a)
do artigo 2.º.
As instruções de ligações devem descrever as medidas a utilizar para garantir a
ligação segura das máquinas às alimentações de energia, de fluidos, etc. Devem
especificar-se as características relevantes das alimentações tais como tensão,
energia, pressão ou temperatura. A ligação segura das máquinas aos meios de
evacuação de substâncias perigosas também tem de ser especificada, caso estes
meios não façam parte integrante da máquina.
A alínea j) do ponto 1.7.4.2 refere-se a um aspecto específico das instruções de
instalação e montagem relativas à redução de emissões sonoras ou das
vibrações.

240
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Em relação ao ruído, as instruções devem especificar, sempre que necessário, a


montagem e instalação corretas do equipamento fornecido pelo fabricante da
máquina para reduzir a emissão sonora.
Em relação às vibrações, as instruções podem incluir, por exemplo, as
especificações relativas às fundações com características de amortecimento
adequadas.

1.7.4.2 Conteúdo do manual de instruções (continuação)


...
k) Instruções relativas à entrada em serviço e utilização da máquina e, se
necessário, instruções relativas à formação dos operadores;
...
§265 Entrada em serviço e utilização
A alínea k) do ponto 1.7.4.2 refere-se, em primeiro lugar, às instruções relativas à
entrada em serviço da máquina – ver §86: comentários à alínea k) do artigo 2.º.
As instruções para a entrada em serviço devem indicar todas as regulações,
verificações, inspeções ou ensaios funcionais necessários efectuados depois da
máquina ter sido montada e instalada e antes da entrada em serviço. Também
devem descrever quaisquer procedimentos especiais necessários. A mesma
informação deve ser fornecida para recolocar a máquina em serviço, por exemplo,
após a transferência para um novo local ou após grandes reparações.
O segundo aspecto das instruções mencionado na alínea k) do ponto 1.7.4.2
refere-se ao uso da máquina. As instruções devem abordar as diferentes fases do
uso da máquina. As instruções devem cobrir, como apropriado:
 o funcionamento normal, a montagem e regulação da máquina;
 o uso correto dos dispositivos de comando, protetores e dispositivos de
proteção;
 o uso de ferramentas especiais ou equipamentos fornecidos com a máquina –
ver §117: comentários à alínea e) do ponto 1.1.2;
 a seleção e uso seguros de todos os modos de funcionamento ou comando –
ver §204: comentários ao ponto 1.2.5;
 as precauções especiais a serem tomadas em condições de uso específicas.

§266 Formação do operador


O terceiro aspecto mencionado na alínea k) do ponto 1.7.4.2 refere-se à formação
do operador. O fabricante da máquina deve indicar se é necessária formação
específica para usar a máquina em segurança. Normalmente, tal aplica-se apenas
a máquinas destinadas a uso profissional.
O fabricante não é obrigado a fornecer um programa de formação completo ou
um manual de formação no manual de instruções. Contudo, as instruções podem
indicar aspectos importantes a serem abordados na formação do operador, de
forma a ajudar as entidades empregadoras a cumprirem a obrigação de
fornecerem formação adequada aos operadores. A este respeito, convém
salientar que, em relação a determinadas categorias de máquinas, a formação do
operador e os programas de formação podem estar sujeitos às regulamentações

241
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

nacionais que implementam a Diretiva 2009/104/CE – ver §140: comentários ao


artigo 15.º.
Para além da informação básica sobre formação incluída nas instruções, alguns
fabricantes de máquinas também oferecem serviços de formação de operador aos
utilizadores; contudo, tais serviços não fazem parte do âmbito de aplicação da
Diretiva Máquinas.

1.7.4.2 Conteúdo do manual de instruções (continuação)


...
l) Informações sobre os riscos residuais que subsistam apesar de a segurança
ter sido integrada aquando da concepção da máquina, e das medidas de
segurança e disposições de proteção complementares adoptadas;
m) Instruções sobre as medidas de proteção a tomar pelo utilizador, inclusive,
se for caso disso, sobre o equipamento de proteção individual a fornecer;
...
§267 Informações sobre os riscos residuais
As alíneas l) e m) do ponto 1.7.4.2, abordam um aspecto importante do terceiro
passo dos princípios de integração da segurança – ver §174: comentários à
alínea b) do ponto 1.2.2. De acordo com à alínea i) do ponto 1.7.4.2, as instruções
devem incluir declarações claras relativas a quaisquer riscos que não tenham sido
suficientemente reduzidos por meio de medidas de concepção inerentemente
seguras, ou por medidas técnicas integradas de proteção.
O objectivo desta informação é permitir que o utilizador tome as medidas de
proteção necessárias mencionadas na alínea m) do ponto 1.7.4.2. As medidas a
especificar nas instruções podem incluir, por exemplo:
 o uso de ecrãs adicionais ou protetores no local de trabalho;
 a organização de sistemas de trabalho seguros;
 a restrição de determinadas tarefas a operadores com formação e autorizados;
 o fornecimento e uso de equipamento de proteção individual.
É de salientar que a seleção, o fornecimento e uso de equipamento de proteção
individual são da responsabilidade das entidades empregadoras e estão sujeitas
às disposições nacionais que implementam a Diretiva 89/656/CEE. 174 Contudo, as
instruções do fabricante da máquina podem indicar o tipo de equipamento de
proteção individual que deve ser usado para proteção contra riscos residuais
provocados pela máquina. Em particular, se a máquina estiver equipada com
dispositivos de fixação para o equipamento de proteção individual contra quedas
em altura, o equipamento de proteção individual compatível tem de ser
especificado – ver §237: comentários ao ponto 1.5.15 e §374: comentários ao
ponto 6.3.2.

174
Diretiva 89/656/CEE do Conselho, de 30 de Novembro de 1989, relativa às prescrições
mínimas de segurança e de saúde para a utilização pelos trabalhadores de equipamento de
proteção individual no trabalho (terceira Diretiva especial, na acepção do n.º 1 do Artigo 16.º da
Diretiva 89/391/CEE) – JO L 393 de 30.12.1989, p. 18.

242
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.7.4.2 Conteúdo do manual de instruções (continuação)


...
n) Características essenciais das ferramentas que podem ser montadas na
máquina;
...
§268 Características essenciais das ferramentas
A alínea n) do ponto 1.7.4.2 aborda as instruções relativas às ferramentas que
não se encontram permanentemente fixadas à máquina e que podem ser
alteradas pelo utilizador. Essas ferramentas não são consideradas como parte da
máquina – ver §41: comentários à alínea b) do artigo 2.º - contudo, a utilização
segura da máquina depende muitas vezes da instalação e uso de ferramentas
adequadas. Por conseguinte, as instruções devem especificar as características
das ferramentas aplicáveis a uma utilização segura. Este aspecto é
particularmente importante no caso de máquinas de movimentação ou rotação
rápida, de forma a evitar os riscos provocados pela fractura e ejecção de
fragmentos de ferramentas, ou pela ejecção das próprias ferramentas – ver §207
e §208: comentários aos pontos 1.3.2 e 1.3.3.
As características essenciais a especificar podem incluir, por exemplo:
 as dimensões máximas e mínimas e as massas das ferramentas;
 os materiais constitutivos e os conjuntos de ferramentas;
 os requisitos relativos ao formato ou outras características de concepção
essenciais das ferramentas;
 a compatibilidade das ferramentas com os suportes das ferramentas da
máquina.

1.7.4.2 Conteúdo do manual de instruções (continuação)


...
o) Condições em que as máquinas cumprem o requisito de estabilidade durante
a sua utilização, transporte, montagem e desmontagem, quando estão fora de
serviço ou durante ensaios ou avarias previsíveis;
...
§269 Condições de estabilidade
A alínea o) do ponto 1.7.4.2 refere-se aos requisitos enunciados nos pontos
1.3.1, 2.2.1, 3.4.1, 3.4.3, 4.1.2.1, 4.2.2, 5.1 e 6.1.2 relativos à estabilidade. Nos
casos em que a concepção e construção da máquina garantem a estabilidade da
máquina em determinadas condições específicas, essas condições têm de ser
especificadas nas instruções.
Em particular, nos casos em que a estabilidade depende do cumprimento de
certos limites sobre as condições de uso da máquina tais como, por exemplo, a
inclinação máxima, a velocidade máxima do vento, o alcance máximo ou a
posição de certas partes da máquina, estes limites devem ser especificados e
devem ser fornecidas as explicações necessárias sobre o uso de dispositivos de
proteção e aviso correspondentes, instalados na máquina e como evitar situações
perigosas.
As instruções também devem explicar o modo como se assegura a estabilidade
da máquina ou dos seus componentes durante outras fases da vida da máquina –

243
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ver §173: comentários à alínea a) do ponto 1.1.2. Nos casos em que forem
necessárias medidas especiais para garantir a estabilidade durante estas fases,
também deve especificar-se as medidas a tomar e os meios a utilizar.

1.7.4.2 Conteúdo do manual de instruções (continuação)


...
p) Instruções destinadas a garantir a segurança das operações de transporte,
movimentação e armazenamento, com indicação da massa da máquina e dos
seus diversos elementos, se estes tiverem de ser transportados separadamente
com regularidade;
...
§270 Transporte, movimentação e armazenamento
A alínea p) do ponto 1.7.4.2 refere-se aos requisitos relativos à movimentação da
máquina e das suas partes – ver §180: comentários ao ponto 1.1.5.
As instruções para o transporte, movimentação e armazenamento seguros da
máquina e das suas partes que tenham de ser transportadas em separado devem
incluir, se adequado:
 as instruções para a movimentação manual em segurança da máquina ou das
partes que tenham de ser movimentados à mão;
 as instruções sobre o uso dos pontos de fixação para máquinas de elevação, o
peso da máquina e das partes transportadas;
 as instruções sobre como garantir a estabilidade da máquina durante o
transporte e armazenamento, incluindo o uso de equipamento especial
fornecido para esse fim;
 a descrição das disposições especiais aplicáveis à movimentação de
ferramentas ou partes perigosas.

1.7.4.2 Conteúdo do manual de instruções (continuação)


...
q) Modo operatório a seguir em caso de acidente ou avaria; se for previsível a
ocorrência de um bloqueio, modo operatório a seguir para permitir um
desbloqueamento em condições de segurança;
...
§271 Procedimentos de emergência e métodos de desbloqueamento
A alínea q) do ponto 1.7.4.2 exige que o fabricante da máquina antecipe um
potencial mau funcionamento da máquina e especifique os procedimentos a
seguir para lidar com situações de emergência. As medidas a especificar incluem,
por exemplo, os métodos utilizados para resgatar pessoas lesionadas, para
solicitar ajuda ou resgatar pessoas aprisionadas – ver §236: comentários ao
ponto 1.5.14.
As instruções também devem descrever o método a seguir em caso de bloqueio
dos componentes móveis e explicar o uso de quaisquer dispositivos de proteção
especiais ou ferramentas fornecidas para esse fim – ver §212: comentários ao
ponto 1.3.7.

244
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1.7.4.2 Conteúdo do manual de instruções (continuação)


...
r) Descrição das operações de regulação e de manutenção que devem ser
efectuadas pelo utilizador, bem como das medidas de manutenção preventiva
que devam ser respeitadas;
s) Instruções que permitam que a regulação e a manutenção sejam efectuadas
com segurança, incluindo medidas de proteção que devam ser tomadas
durante essas operações;
t) Especificações das peças de substituição a utilizar, quando estas afectem a
saúde e a segurança dos operadores;
...
§272 Regulação, manutenção e peças de substituição
A alínea r) do ponto 1.7.4.2 exige que o fabricante descreva as operações de
regulação e manutenção a serem realizadas pelo utilizador.
Em particular, as instruções devem especificar as operações de regulação e
manutenção que devem se efectuadas e indicar a sua frequência. As instruções
devem enumerar os elementos ou partes da máquina que devem ser verificadas
regularmente de forma a detectar o desgaste excessivo, a periodicidade dessas
verificações (em termos de duração de uso ou do número de ciclos), a natureza
das inspeções ou ensaios necessários e o equipamento a utilizar. Devem ser
apresentados critérios para a reparação ou substituição de peças gastas – ver
§207: comentários ao ponto 1.3.2.
A alínea s) do ponto 1.7.4.2 refere-se aos requisitos enunciados nos pontos 1.6.1
a 1.6.5 relativos à manutenção. As instruções devem especificar os métodos e
procedimentos necessários de forma a garantir que as operações de regulação e
manutenção possam ser realizadas em segurança. Deve indicar-se as medidas
de proteção e precauções adequadas a tomar durante as operações de
manutenção. As instruções devem incluir, se necessário:
 a informação sobre o isolamento das fontes de energia, o encravamento do
meio de isolamento, a dissipação de energias residuais e a verificação do
estado de segurança da máquina – ver §241: comentários ao ponto 1.6.3;
 as medidas para garantir a segurança nas operações de manutenção que
tenham de ser efectuadas enquanto a máquina está em funcionamento;
 os métodos utilizados para remover ou substituir os componentes em
segurança - ver §239: comentários ao ponto 1.6.1;
 as precauções a tomar durante a limpeza das partes internas que tenham
contido substâncias perigosas – ver §243: comentários ao ponto 1.6.5;
 os meios de acesso a utilizar para reparações excepcionais – ver §240:
comentários ao ponto 1.6.2.
A alínea t) do ponto 1.7.4.2 refere-se à informação sobre peças sobressalentes.
Em geral, o fornecimento de peças sobressalentes não está abrangido pelas
disposições da Diretiva Máquinas e, por conseguinte, é um assunto a ser
discutido entre o fabricante e o utilizador. Contudo, nos casos em que as peças
sujeitas a desgaste tenham de ser substituídas de forma a proteger a saúde e
segurança dos utilizadores, as especificações dessas peças devem ser fornecidas
no manual de instruções. As peças sobressalentes incluem:

245
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

 protetores para dispositivos amovíveis de transmissão mecânica – ver §319:


comentários ao ponto 3.4.7;
 protetores flexíveis sujeitos a desgaste – ver §216: comentários ao ponto
1.4.1;
 filtros para os sistemas que fornecem ar limpo aos postos de trabalho – ver
§182: comentários ao ponto 1.1.7 e §322: comentários ao ponto 3.5.3;
 componentes estruturais das máquinas de elevação – ver §340 e §341:
comentários aos pontos 4.1.2.4 e 4.1.2.5;
 protetores e respectivos sistemas de fixação usados para reter peças ou
objetos ejectados da máquina – ver §216: comentários ao ponto 1.4.1.

1.7.4.2 Conteúdo do manual de instruções (continuação)


...
u) Informações seguintes, relativas ao ruído aéreo emitido:
 nível de pressão acústica de emissão ponderado A, nos postos de
trabalho, se exceder 70 dB (A); se este nível for inferior ou igual a
70 dB (A), esse facto deve ser mencionado,
 valor máximo da pressão acústica instantânea ponderada C, nos
postos de trabalho, se exceder 63 Pa (130 dB em relação a 20
μPa),
 nível de potência acústica ponderado A emitido pela máquina
quando o nível de pressão acústica de emissão ponderado A, nos
postos de trabalho, exceder 80 dB (A).
Estes valores serão medidos efectivamente para a máquina em causa ou
estabelecidos a partir de medições efectuadas numa máquina tecnicamente
comparável e que seja representativa da máquina a produzir.
Se a máquina for de dimensões muito grandes, a indicação do nível de potência
acústica ponderado A pode ser substituída pela indicação dos níveis de pressão
acústica de emissão ponderados A em locais especificados em torno da
máquina.
Quando as normas harmonizadas não forem aplicadas, os níveis acústicos
devem ser medidos utilizando o código de medição mais adequado à máquina.
Sempre que sejam indicados valores de emissão acústica, devem ser
especificadas as respectivas margens de erro. Devem indicar-se as condições de
funcionamento da máquina durante a medição e os métodos que forem utilizados
para a mesma.
Quando o ou os postos de trabalho não forem ou não puderem ser definidos, a
medição do nível de pressão acústica ponderado A deve ser efectuada a 1 m da
superfície da máquina e a uma altura de 1,60 m acima do solo ou da plataforma
de acesso. A posição e o valor da pressão acústica máxima devem ser indicados.
Sempre que haja diretivas específicas que prevejam outras indicações para a
medição do nível de pressão acústica ou do nível de potência acústica, essas
diretivas devem ser aplicadas, não se aplicando as prescrições correspondentes
do presente ponto;
...

246
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§273 Declaração relativa à emissão de ruído


A alínea u) do ponto 1.7.4.2 fornece informações sobre a emissão de ruído aéreo
que deve constar da que é correntemente denominada declaração de emissão de
ruído. Esta declaração tem dois objectivos principais:
 ajudar os utilizadores a escolherem máquinas com reduzida emissão de ruído;
 fornecer informação útil para que a avaliação de riscos seja realizada pela
entidade empregadora de acordo com as disposições nacionais que
implementam o artigo 4.º da Diretiva 2003/10/CE relativa à exposição dos
trabalhadores aos riscos provocados pelo ruído. 175
A este respeito, convém assinalar que a declaração de emissão de ruído do
fabricante fornece apenas informação sobre a forma como a própria máquina
contribui para a emissão de ruído no local de trabalho. O nível de exposição dos
trabalhadores não pode ser deduzido simplesmente a partir da declaração de
emissão de ruído do fabricante, visto que a exposição dos operadores também é
influenciada por outros factores – ver §229: comentários ao ponto 1.5.8.
A informação que deve constar na declaração de emissão de ruído inclui três
diferentes quantidades de emissão de ruído:
1. O nível de pressão sonora ponderado A, L pA , produzido pela máquina no
local de trabalho. Isto é a média do nível de pressão sonora ponderado A
durante um período de tempo específico, representativo de um ciclo de
trabalho completo da máquina. Uma vez que é um valor de emissão, ele
exclui as contribuições do ambiente em que se encontra a máquina tais
como, ruído reflectido pelas paredes ou ruído de outras fontes no local de
trabalho.
Esta quantidade deve ser determinada por medição, utilizando um código
de ensaio apropriado, para todas as máquinas, quer a máquina seja
considerada ruidosa ou não. Se o valor medido não exceder 70 dB(A), tal
deve ser indicado nas instruções. Se o valor medido exceder 70 dB(A),
o valor medido deve ser indicado nas instruções.
2. O nível de pressão sonora de pico instantânea ponderado C, também
conhecido por nível de pressão sonora de pico ponderado C, L pCpeak . Este
é o valor máximo obtido pela pressão sonora ponderado C, durante um
período de tempo específico, representando um ciclo de trabalho completo
da máquina.
Este valor é relevante para a máquina que emite ruído fortemente
impulsivo. Isto apenas tem de ser referido nas instruções se o valor medido
exceder 63 Pa (130 dB em relação a 20 μPa).
3. O nível de potência sonora ponderado A, L WA . Esta quantidade representa
a energia sonora aérea radiada para o espaço pela máquina e assim
caracterizando a máquina como uma fonte de ruído. Ele é a quantidade
mais importante de emissão de ruído e é independente das condições do
ambiente em que a máquina é colocada.

175
Diretiva 2003/10/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 6 de Fevereiro de 2003,
relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde em matéria de exposição dos
trabalhadores aos riscos devidos aos agentes físicos (ruído) (décima sétima Diretiva especial na
acepção do n.º 1 do Artigo 16.º da Diretiva 89/391/CEE) – JO L 42 de 15.2.2003, p. 38 – ver, em
particular, o Artigo 4.º, n.º 6, alínea f).

247
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Visto que a medição do L WA pode ser complexa, este valor apenas tem ser
medido e referido nas instruções apenas se o L pA em qualquer dos postos
de trabalho exceder 80 dB(A).
O segundo parágrafo da alínea u) do ponto 1.7.4.2 implica que, no caso de
produção em série, os ensaios possam ser efectuados numa amostra
representativa de máquinas comparáveis a nível técnico. No caso de produção
única, o fabricante deve determinar, através de medição, a emissão de ruído
relativa a cada elemento da máquina fornecida.
O terceiro parágrafo da alínea u) do ponto 1.7.4.2 aborda o caso de máquinas de
grandes dimensões, para as quais a determinação do nível de potência sonora,
L WA , pode ser excessivamente complexo. Para determinar se uma dada categoria
de máquina deva ser considerada de grandes dimensões, deve ter-se em conta
tanto a distribuição e directividade das fontes de ruído da máquina como o esforço
necessário para determinar o nível de potência sonora, L WA . Caso a referida
categoria de máquina seja considerada de grandes dimensões, tal deve ser
referido no código de ensaio de ruído relevante. Para as máquinas de grande
dimensão, a declaração do L WA pode ser substituída por uma declaração do nível
de pressão sonora, L pA , em locais específicos em torno da máquina.
O quarto parágrafo da alínea u) do ponto 1.7.4.2 refere-se aos métodos a serem
utilizados para a medição da emissão de ruído. As condições de funcionamento
exercem uma enorme influência sobre a emissão de ruído. Por conseguinte, a
medição da emissão de ruído deve ser feita em condições reprodutíveis e
representativas das condições previstas de utilização da máquina. Quando um
código de ensaio especificado numa norma harmonizada estabelece as condições
de funcionamento segundo as quais a medição deve ser efectuada, será
suficiente fazer-se uma referência à norma harmonizada para indicar essas
condições e quais os métodos de medição usados. Quando são utilizados outros
métodos de ensaio, estes devem ser indicados na declaração de emissão de
ruído.
O quarto parágrafo da alínea u) do ponto 1.7.4.2 também exige que as incertezas
relativas aos valores medidos sejam especificadas na declaração de emissão de
ruído. Os conhecimentos técnicos atuais não permitem a determinação dos
valores das incertezas associadas à medição de L pCpeak . As indicações sobre
como determinar as incertezas associadas à medição do L pA nos postos de
trabalho e do L WA devem ser dadas nos códigos de ensaio relevantes.
O quinto parágrafo da alínea u) do ponto 1.7.4.2 explica como calcular, através de
medição, o nível de pressão sonora, L pA , nos postos de trabalho para as
máquinas em que os operadores não ocupem postos de trabalho bem definidos.
Se o método estabelecido neste parágrafo for usado, a declaração de emissão de
ruído deve indicar em que locais os níveis de L pA foram medidos.
O último parágrafo da alínea u) do ponto 1.7.4.2 refere-se à Diretiva 2000/14/CE
sobre emissões sonoras para o ambiente dos equipamentos para utilização no
exterior 176 . Esta diretiva aplica-se a máquinas incluídas neste âmbito de aplicação
e ainda à Diretiva Máquinas, em relação às emissões de ruído no ambiente –
ver §92: comentários ao artigo 3.º.

176
Diretiva 2000/14/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 8 de Maio de 2000, relativa à
aproximação das legislações dos Estados-Membros em matéria de emissões sonoras para o
ambiente dos equipamentos para utilização no exterior – JO L 162 de 3.7.2000, p. 1.

248
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

A Diretiva sobre Emissões sonoras para o ambiente dos equipamentos para


utilização no exterior exige que os equipamentos abrangidos apresentem uma
marcação, juntamente com a marcação CE, que indique o nível de potência
sonora garantido (ou seja, o valor do nível de potência sonora medido de acordo
com o método estabelecido no anexo III da diretiva e ainda o valor das incertezas
provocadas pela variação de produção e procedimentos de medição).
O último parágrafo da alínea u) do ponto 1.7.4.2 refere que, para as máquinas
abrangidas pelo campo de aplicação da Diretiva sobre emissões sonoras para o
ambiente dos equipamentos para utilização no exterior, o terceiro valor a ser
indicado na declaração de emissão de ruído nas instruções é o nível de potência
sonora garantido e não o nível de potência sonora medido, L WA . Contudo, os
requisitos enunciados no primeiro parágrafo da alínea u) do ponto 1.7.4.2 relativos
ao nível de pressão sonora ponderado A, L pA e o nível de pressão sonora de pico
ponderado C, L pCpeak , continuem a ser aplicáveis a essas máquinas.

1.7.4.2 Conteúdo do manual de instruções (continuação)


...
v) Sempre que a máquina for susceptível de emitir radiações não ionizantes que
possam prejudicar as pessoas, em especial as pessoas com dispositivos
médicos implantáveis ativos ou não ativos, informações respeitantes às
radiações emitidas para o operador e as pessoas expostas.

§274 Dispositivos médicos implantáveis


O requisito enunciado na alínea v) do ponto 1.7.4.2 aborda o caso especial de
riscos residuais provocados pela radiação não ionizante – ver §232: comentários
ao ponto 1.5.10. A informação sobre a natureza deste tipo de emissão de
radiação deve ser fornecida, sobretudo se for provável que afecte o
funcionamento dos dispositivos médicos implantáveis.

1.7.4.3 Documentação comercial


A documentação comercial relativa à máquina não deve estar em contradição com o
manual de instruções no que se refere aos aspectos de saúde e de segurança. A
documentação comercial relativa às características de desempenho da máquina deve
incluir as mesmas informações sobre as emissões que as que constam do manual de
instruções.

§275 Documentação comercial


Enquanto a principal finalidade das instruções fornecidas com a máquina é
garantir a utilização segura da máquina, a documentação comercial tem uma
função essencialmente comercial. Contudo, o ponto 1.7.4.3 exige que as
instruções e a documentação comercial relativa à máquina sejam consistentes.
Isto é particularmente importante em relação ao fim a que a máquina se destina,
tal como referido na alínea g) do ponto 1.7.4.2, visto que é provável que os
utilizadores escolham as máquinas com base na documentação comercial.
A segunda frase do ponto 1.7.4.3 destina-se a ajudar os utilizadores a escolherem
máquinas com baixos níveis de emissão de ruído, vibrações, radiação nociva ou
substâncias perigosas. Em particular, os valores incluídos na declaração de
emissão de ruídos exigida pela alínea u) do ponto 1.7.4.2 e a informação relativa

249
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

às vibrações exigida pelos pontos 2.2.1.1 e 3.6.3.1 devem ser incluídos na


documentação comercial, apresentando as características de desempenho da
máquina. Muitos catálogos e brochuras comerciais incluem uma secção ou
quadro com as principais características da máquina tais como, potência,
velocidade, capacidade, produtividade, etc., para permitir aos potenciais clientes
escolherem a máquina adequada às suas necessidades. Essa secção é o local
indicado para se incluir a informação necessária relativa às emissões.

250
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

2. REQUISITOS ESSENCIAIS COMPLEMENTARES DE SAÚDE E DE


SEGURANÇA PARA DETERMINADAS CATEGORIAS DE MÁQUINAS
As máquinas destinadas à indústria alimentar, as máquinas destinadas à indústria
de produtos cosméticos e farmacêuticos, as máquinas mantidas em posição e/ou
guiadas à mão, os aparelhos portáteis de fixação e outras máquinas de impacto,
bem como as máquinas para madeira e materiais com características físicas
semelhantes devem cumprir todos os requisitos essenciais de saúde e de segurança
descritos na presente parte (ver Princípios gerais, ponto 4).

§276 Requisitos complementares para determinadas categorias de


máquinas
A Parte 2 do anexo I enuncia os requisitos essenciais de saúde e de segurança
complementares para quatro categorias específicas de máquinas. Estes requisitos
aplicam-se a essas máquinas, para além dos requisitos relevantes enunciados na
Parte 1 do Anexo I e, se aplicável, noutras partes do Anexo I – ver §163:
comentários ao ponto 4 dos princípio gerais.

2.1. MÁQUINAS DESTINADAS À INDÚSTRIA ALIMENTAR E MÁQUINAS


DESTINADAS À INDÚSTRIA DE PRODUTOS COSMÉTICOS E
FARMACÊUTICOS
2.1.1. Generalidades
As máquinas destinadas a serem utilizadas com géneros alimentícios ou com
produtos cosméticos ou farmacêuticos devem ser concebidas e fabricadas de modo
a evitar riscos de infecção, doença e contágio.
Devem ser satisfeitos os seguintes requisitos:
(a) Os materiais em contacto ou que se destinem a entrar em contacto com os
géneros alimentícios ou com os produtos cosméticos e farmacêuticos devem
estar em conformidade com as diretivas que lhes dizem respeito. A máquina
deve ser concebida e fabricada de modo a permitir a limpeza destes materiais
antes de cada utilização; quando tal não seja possível, devem ser utilizadas
peças descartáveis;
(b) Todas as superfícies, com exceção das superfícies das peças descartáveis, em
contacto com os géneros alimentícios ou com os produtos cosméticos e
farmacêuticos devem:
 ser lisas e não possuir rugosidades ou fendas que possam abrigar
matérias orgânicas. O mesmo se aplica às junções entre duas
superfícies,
 ser concebidas e fabricadas de modo a reduzir ao máximo as saliências,
os rebordos e as reentrâncias das ligações entre as peças,
 poder ser facilmente limpas e desinfectadas, se necessário após a
remoção de peças facilmente desmontáveis; as superfícies internas
devem ser ligadas por boleados de raio suficiente para permitir uma
limpeza completa;
(c) Os líquidos, gases e aerossóis provenientes dos géneros alimentícios, dos
produtos cosméticos e farmacêuticos, bem como dos produtos de limpeza, de

251
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

desinfecção e de enxaguamento, devem poder escorrer para o exterior da


máquina (eventualmente, numa posição «limpeza»);
(d) A máquina deve ser concebida e fabricada de modo a evitar qualquer
acumulação de matérias orgânicas ou penetração de substâncias ou seres
vivos, nomeadamente insectos, em zonas que não possam ser limpas;
(e) A máquina deve ser concebida e fabricada de modo a que os produtos
auxiliares perigosos para a saúde, incluindo os lubrificantes utilizados, não
possam entrar em contacto com os géneros alimentícios ou com os produtos
cosméticos e farmacêuticos. Se for caso disso, deve ser concebida e fabricada
de modo a permitir verificar o respeito continuado deste requisito.

2.1.2. Manual de instruções


O manual de instruções das máquinas destinadas à indústria alimentar e das
máquinas destinadas a serem utilizadas com produtos cosméticos ou farmacêuticos
deve indicar os produtos e métodos de limpeza, de desinfecção e de enxaguamento
preconizados, não só para as partes facilmente acessíveis, mas também para as
partes de acesso impossível ou desaconselhado.

§277 Requisitos de higiene para máquinas destinadas à indústria alimentar


ou de produtos cosméticos e farmacêuticos
Os requisitos enunciados no ponto 2.1 aplicam-se a máquinas destinadas a
serem usadas com produtos alimentares ou com produtos cosméticos e
farmacêuticos. Os requisitos aplicam-se aos produtos alimentares ou outros
produtos sejam para consumo humano ou para consumo animal. As máquinas em
questão incluem, por exemplo, máquinas para o fabrico, preparação, cozedura,
processamento, arrefecimento, manuseamento, armazenagem, transporte,
acondicionamento, embalagem e distribuição de produtos alimentares,
cosméticos e farmacêuticos.
O objectivo dos requisitos enunciados nas alíneas a) a e) do ponto 2.1.1 é evitar
quaisquer contaminações perigosas de produtos alimentares, cosméticos ou
farmacêuticos provocadas pelos materiais usados na composição da máquina,
pelo ambiente em que se encontra a máquina ou por outras substâncias usadas
nas máquinas.
Estes requisitos devem ser aplicados em conjunto com os requisitos essenciais
de segurança e saúde complementares enunciados no ponto 1.1.3, relativos a
materiais e produtos, no ponto 1.5.13, relativos a emissões de materiais e
substâncias perigosas e no ponto 1.6, relativos a manutenção.
A alínea a) do ponto 2.1.1 aborda os materiais constituintes das máquinas
destinadas a entrar em contacto com produtos alimentares, cosméticos ou
farmacêuticos.
As “Diretivas relevantes” referidas na alínea a) do ponto 2.1.1 incluem:
 Regulamento (CE) N.° 1935/2004 177 , referente aos materiais e objetos
destinados a entrar em contacto com alimentos;

177
Regulamento (CE) N.º 1935/2004, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de Outubro de
2004, relativo aos materiais e objetos destinados a entrar em contacto com os alimentos e que
revoga as Diretivas 80/590/CEE e 89/109/CEE – JO L 338 de 13.11.2004, p. 4. De acordo com o

252
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

 Diretiva 84/500/CEE 178 , referente a objetos cerâmicos destinados a entrar em


contacto com produtos alimentares;
 Diretiva 2002/72/CE 179 , referente a materiais e objetos em plástico destinados
a entrar em contacto com produtos alimentares.
Quando os materiais destinados a entrar em contacto com produtos alimentares
incorporados na máquina forem acompanhados de uma declaração por escrito
(tal como a declaração de cumprimento prevista no artigo 16.º do Regulamento
(CE) N.° 1935/2004), essa declaração deve ser incluída no processo técnico para
a máquina, de acordo com o nono travessão da alínea a)do ponto 1 da parte A do
Anexo VII. Se não for o caso, o fabricante da máquina deve documentar a
adequabilidade dos materiais em questão no processo técnico para a máquina.
As alíneas b) e c) do ponto 2.1.1 exigem que a máquina seja concebida e
construída de forma a facilitar a sua limpeza total e profunda e permitir que as
substâncias que possam contaminar os produtos alimentares tais como, por
exemplo, resíduos, produtos de limpeza, desinfectantes e produtos de
enxaguamento, sejam totalmente escoados ou drenados. Se forem usadas
tubagens ou mangueiras para transportar os produtos alimentares, cosméticos ou
farmacêuticos, estas poderão estar ligadas por meio de parafusos de rosca,
desde que as roscas interiores estejam isoladas do fluxo do produto, por exemplo,
por meio de vedantes ou anéis adequados, para que não entrem em contacto
direto com o produto processado.
A alínea d) do ponto 2.1.1 exige que a máquina seja concebida e construída de
forma a evitar que os contaminantes no ambiente em que se encontra a máquina,
tais como pó ou óleo, ou seres vivos, tais como insectos, penetrem em áreas da
máquina que não possam ser limpas e evitar a acumulação de matérias orgânicas
nessas partes.
A alínea e) do ponto 2.1.1 exige que a máquina seja concebida e construída de
forma a evitar que as substâncias auxiliares usadas com a máquina, tais como,
por exemplo, lubrificantes ou fluidos hidráulicos, contaminem os produtos
alimentares, cosméticos ou farmacêuticos.
O requisito enunciado no ponto 2.1.2 é complementar aos requisitos gerais
relacionados com as instruções enunciadas no ponto 1.7.4.
O ponto 2.1.2 exige que o fabricante da máquina especifique os métodos de
limpeza adequados, incluindo os métodos para limpeza de espaços normalmente
inacessíveis ou cujo acesso possa ser perigoso. O fabricante também deve
especificar quais os produtos de limpeza a usar, sem especificar marcas
específicas, mas indicando as características relevantes dos produtos, sobretudo
em relação à resistência química e mecânica dos materiais que compõem a
máquina. Se necessário, devem ser fornecidos avisos contra o uso de produtos
de limpeza inadequados.

Artigo 26.º do Regulamento, as referências às Diretivas revogadas devem entender-se como


sendo referências ao Regulamento (CE) N.º 1935/2004.
178
Diretiva do Conselho, de 15 de Outubro de 1984, relativa à aproximação das legislações dos
Estados-Membros respeitantes aos objetos em cerâmica destinados a entrar em contacto com os
géneros alimentícios – JO L 277 de 20.10.1984, p. 12.
179
Diretiva 2002/72/CE da Comissão, de 6 de Agosto de 2002, relativa aos materiais plásticos
destinados a entrar em contacto com os géneros alimentícios – JO L 220 de 15.8.2002, p. 18.

253
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

As especificações gerais relativas aos requisitos de higiene para máquinas são


apresentadas na norma EN ISO 14159. 180 As especificações aplicáveis aos
requisitos de higiene para máquinas destinadas ao processamento de alimentos
são apresentadas na norma EN 1672-2. 181

2.2. MÁQUINAS PORTÁTEIS MANTIDAS EM POSIÇÃO E/OU GUIADAS À


MÃO
2.2.1. Generalidades
As máquinas portáteis mantidas em posição e/ou guiadas à mão devem:
 consoante o seu tipo, possuir uma superfície de apoio de dimensões
suficientes e meios de preensão e de apoio em número suficiente e
corretamente dimensionados e dispostos de modo a assegurar a
estabilidade da máquina nas condições de funcionamento previstas,
 excepto se for tecnicamente impossível ou se existir um dispositivo de
comando independente, no caso de os meios de preensão não poderem
ser libertados com toda a segurança, estar equipadas com dispositivos
manuais de arranque e paragem dispostos de modo tal que o operador
não deva largar os meios de preensão para os acionar,
 ser isentas de riscos de arranque intempestivo e/ou de manutenção em
funcionamento depois de o operador ter libertado os meios de preensão.
Devem ser tomadas medidas de compensação se este requisito não for
tecnicamente realizável,
 permitir, se necessário, observar visualmente a zona de perigo e a ação
da ferramenta no material trabalhado.
Os meios de preensão das máquinas portáteis devem ser concebidos e fabricados de
modo a tornar o arranque e a paragem fáceis e cómodos.

§278 Requisitos complementares para máquinas portáteis ou guiadas à


mão
Os requisitos enunciados no ponto 2.2.1 aplicam-se a máquinas portáteis e
máquinas portáteis guiadas à mão.
As máquinas portáteis são máquinas que podem ser transportadas pelo operador
enquanto são utilizadas (com ou sem a ajuda de um arnês).
As máquinas portáteis guiadas à mão são máquinas cujo peso é apoiado, em
parte ou totalmente, por exemplo, numa bancada de trabalho, no material ou peça
de trabalho, num piso ou no chão, cujo movimento é guiado pelas mãos do
operador durante a utilização.
As categorias de máquinas em questão incluem, por exemplo, máquinas portáteis
e ferramentas eléctricas portáteis guiadas à mão, máquinas de jardinagem e
florestais. As máquinas portáteis incluem máquinas acionadas por motor eléctrico

180
EN ISO 14159:2008 – Segurança de máquinas – Requisitos de higiene para a concepção de
máquinas (ISO 14159: 2002).
181
EN 1672-2:2005+A1:2009 – Máquinas para processar produtos alimentares – Conceitos
básicos – Parte 2: Requisitos de higiene.

254
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ou motor eléctrico a baterias, máquinas de comando eléctrico pneumático e


máquinas acionadas por um motor de combustão interna.
O requisito enunciado no primeiro travessão do ponto 2.2.1 é complementar ao
requisito geral relativo à estabilidade enunciado no ponto 1.3.1. O requisito para
uma superfície de apoio adequada aplica-se, em particular, a máquinas portáteis
guiadas à mão que estejam em contacto com a bancada de trabalho, o material
ou a peça de trabalho, o piso ou o chão durante a sua utilização.
Se a dimensão assim o permitir, as máquinas portáteis e máquinas guiadas à
mão devem ter, pelo menos, duas pegas para que a estabilidade da máquina
durante a utilização possa ser garantida pelo operador utilizando ambas as mãos.
As pegas devem localizar-se e serem concebidas de forma a garantir que as
mãos do operador fiquem fora da zona de perigo. Na medida do possível, as
máquinas devem ser concebidas de forma a desencorajar a utilização de apenas
uma mão. A localização, dimensões e concepção das pegas devem ter em conta
os princípios ergonómicos – ver §181: comentários ao ponto 1.1.6.
Os requisitos enunciados no segundo travessão e no segundo parágrafo do ponto
2.2.1 são complementares aos requisitos gerais relativos ao arranque e paragem
enunciados nos pontos 1.2.3 e 1.2.4.1. De um modo geral, deve ser possível
arrancar e parar a máquina sem libertar as pegas. Estes requisitos podem muitas
vezes ser cumpridos, por exemplo, por meio de um dispositivo de comando por
pressão integrado nas pegas.
O requisito enunciado no terceiro travessão do ponto 2.2.1 é complementar ao
requisito geral enunciado no sexto travessão do ponto 1.2.2 relativo aos
dispositivos de comando. O requisito tem dois objectivos:
 evitar o arranque involuntário da máquina devido ao contacto acidental com
o dispositivo de arranque;
 garantir que a máquina não continua a funcionar quando é pousada, ou se o
operador acidentalmente libertar as pegas.
Para cumprir este requisito, o dispositivo de arranque deve, de um modo geral,
ser do tipo de pressionar e segurar e ser concebido de forma a evitar fadiga
indevida durante a utilização. Deve estar localizado, ser concebido e, se
necessário, protegido de modo a que não seja possível ativá-lo involuntariamente
ao agarrar, levantar, mover ou baixar a máquina. Se, ainda assim, existir o risco
de a máquina arrancar involuntariamente, poderão ser necessárias medidas
adicionais tais como, por exemplo, instalar um dispositivo seletor adicional ou um
dispositivo de arranque que requeira duas ações independentes.
O objectivo do requisito enunciado no último travessão do ponto 2.2.1, relativo à
visibilidade da zona de perigo e da ação da ferramenta no material a ser
processado, é garantir que o operador dispõe dos meios necessários para
controlar totalmente o funcionamento da máquina.

255
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

2.2.1.1. Manual de instruções


O manual de instruções deve dar as seguintes indicações acerca das vibrações
emitidas pelas máquinas portáteis mantidas em posição e guiadas à mão:
 valor total das vibrações a que estão expostos os membros superiores, se
for igual ou superior a 2,5 m/s2. Sempre que este valor não ultrapassar
2,5 m/s2, este facto deve ser mencionado,
 a incerteza da medição.
Estes valores serão medidos efetivamente para a máquina em causa ou estabelecidos
a partir de medições efectuadas para uma máquina tecnicamente comparável que
seja representativa da máquina a produzir.
Quando as normas harmonizadas não forem aplicadas, as vibrações devem ser
medidas utilizando o código de medição mais adequado à máquina.
Devem especificar-se as condições de funcionamento da máquina durante a medição
e os métodos que forem utilizados para a mesma, ou a referência da norma
harmonizada aplicada.

§279 Declaração relativa a vibrações emitidas por máquinas portáteis e


máquinas guiadas à mão
O requisito enunciado no ponto 2.2.1.1 é complementar aos requisitos gerais
relativos às instruções estabelecidas no ponto 1.7.4.
O primeiro travessão do primeiro parágrafo do ponto 2.2.1.1 enuncia a quantidade
física de vibrações transmitidas por máquinas portáteis ou guiadas à mão ao
sistema mão-braço que deve ser declarada nas instruções.
O valor medido na máquina deve ser declarado se exceder 2,5 m/s2. Se este valor
não for excedido, tal deve ser declarado nas instruções. As vibrações transmitidas
pela máquina devem, por conseguinte, ser medidas pelo fabricante da máquina
por meio de um método de ensaio adequado, salvo se ficar estabelecido que,
para a categoria da máquina em questão, os valores medidos nunca excedem
esse limite – esta informação deve constar na norma do tipo C para a categoria
da máquina em questão.
A declaração de vibrações transmitidas pela máquina tem dois objectivos
principais:
 ajudar os utilizadores a escolherem máquinas com baixas emissões de
vibrações;
 fornecer informação útil para a avaliação de riscos realizada pela entidade
empregadora, de acordo com as disposições nacionais que implementam a
Diretiva 2002/44/CE, relativa à exposição dos trabalhadores aos riscos
provocados por vibrações. 182
A este respeito, convém assinalar que o nível de exposição dos trabalhadores às
vibrações não pode ser simplesmente deduzido da declaração de emissões de

182
Diretiva 2002/44/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de Junho de 2002, relativa
às prescrições mínimas de segurança e saúde respeitantes à exposição dos trabalhadores aos
riscos devidos aos agentes físicos (vibrações) (décima sexta Diretiva especial na acepção do n.º 1
do Artigo 16.º da Diretiva 89/391/CEE) – ver Artigo 4.º, n.º 4, alínea e).

256
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

vibrações do fabricante da máquina, visto que a exposição dos operadores


também é influenciada por outros factores – ver §231: comentários ao
ponto 1.5.9.
O segundo travessão do primeiro parágrafo do ponto 2.2.1.1 exige que as
incertezas sobre o valor declarado sejam especificadas. As indicações sobre
como determinar as incertezas associadas à medição das vibrações transmitidas
pela máquina devem ser apresentadas nos códigos de ensaio relevantes.
O segundo parágrafo do ponto 2.2.1.1 refere que no caso de produção em série
as medições possam ser efectuadas numa amostra representativa ou amostras
de máquinas comparáveis a nível técnico. No caso de produção única, o
fabricante deve medir as vibrações transmitidas por cada elemento da máquina
fornecida.
O terceiro e último parágrafo do ponto 2.2.1.1 referem-se aos métodos usados
para medir as vibrações. As condições de funcionamento exercem uma grande
influência sobre as vibrações transmitidas pela máquina. Por conseguinte, a
medição das vibrações deve ser feita em condições representativas das
condições de funcionamento. Quando o código de ensaio especificado numa
norma harmonizada estabelece as condições de funcionamento segundo as quais
a medição deve ser efectuada, será suficiente fazer-se referência à norma
harmonizada para indicar quais as condições de funcionamento e métodos de
medição usados. Caso sejam usados outros métodos, estes devem ser referidos
na declaração de emissão de vibrações.
Convém assinalar que o valor declarado nas instruções relativas às vibrações
também deve ser incluído na documentação comercial relativa às características
de desempenho da máquina – ver §273: comentários ao ponto 1.7.4.3.

257
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

2.2.2. Aparelhos portáteis de fixação e outras máquinas de impacto


2.2.2.1. Generalidades
Os aparelhos portáteis de fixação e outras máquinas de impacto devem ser
concebidos e fabricados por forma a que:
 a energia seja transmitida ao elemento que suporta o impacto através de
uma peça intermédia que se mantém ligada ao dispositivo,
 se disponha de um dispositivo de ativação destinado a impedir o impacto
quando a máquina não esteja corretamente posicionada e com pressão
suficiente sobre o material de base,
 seja impedido o seu acionamento involuntário; se necessário, o impacto
só deve poder ser desencadeado mediante uma sequência apropriada de
ações sobre o dispositivo de ativação e o dispositivo de comando,
 o seu acionamento acidental seja impedido durante o manuseamento da
máquina ou em caso de choque,
 as operações de carga e descarga possam ser efectuadas facilmente e
com segurança.
Se necessário, deve ser possível equipar o aparelho com um ou mais
protetores contra estilhaços, devendo o(s) protetor(es) adequado(s) ser
fornecidos pelo fabricante da máquina.

2.2.2.2. Manual de instruções


O manual de instruções deve fornecer as indicações necessárias no que
respeita:
 aos acessórios e equipamentos intermutáveis que possam ser utilizados
com a máquina,
 aos elementos de fixação adequados ou outros elementos destinados a
suportar os impactos que possam ser utilizados com a máquina,
 se for caso disso, aos cartuchos adequados a utilizar.

§280 Aparelhos portáteis de fixação e outras máquinas de impacto


O ponto 2.2.2 enuncia os requisitos suplementares relativos às máquinas
portáteis destinadas a cravar dispositivos de fixação, por exemplo, pregos, pernos
roscados, ilhós ou objetos semelhantes num material de base. Também se
aplicam a máquinas de impacto similares destinadas a outras aplicações tais
como, por exemplo, máquinas para marcação profunda de materiais por meio de
impressão ou de pistola de êmbolo retráctil para atordoar animais. Os requisitos
aplicam-se a máquinas que funcionam com cartuchos de explosivos e a máquinas
que usam outras fontes de energia tais como máquinas pneumáticas, de molas,
electromagnéticas ou de combustão a gás.
O objectivo principal dos requisitos enunciados no ponto 2.2.2.1 é evitar o risco de
lesões graves provocadas pelos dispositivos de fixação ou outros elementos de
impacto, ou farpas da máquina ou do material de base, que atinjam partes do
corpo do operador ou de outras pessoas que se encontrem próximas. Os
requisitos também abordam os riscos provocados por incidentes durante as
operações de carga e descarga.
258
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O requisito enunciado no terceiro travessão do ponto 2.2.2.1 destina-se a evitar


acidentes provocados pelo desencadeamento intempestivo de um impacto.
Normalmente é necessário garantir que tanto o dispositivo de arranque como o de
comando tenham de ser libertados antes que ocorra outro impacto.
Os requisitos enunciados no ponto 2.2.2.2 são complementares aos requisitos
gerais relativos às instruções estabelecidas no ponto 1.7.4.
O primeiro travessão do ponto 2.2.2.2 refere-se a ferramentas, a meios de
segurança, tais como proteções contra farpas e a equipamentos intermutáveis
que possam ser instalados em aparelhos de fixação com o propósito de modificar
a sua função, por exemplo, para a marcação profunda de materiais.
A Diretiva Máquinas não se aplica aos meios de fixação ou outros elementos de
impactado usados com aparelhos de fixação e outras máquinas de impacto.
Contudo, o segundo travessão do ponto 2.2.2.2 exige que o fabricante da
máquina especifique as características relevantes dos meios de fixação ou de
outros elementos de impactado utilizados com a máquina, para que o utilizador
possa escolher aqueles que são compatíveis com a máquina e não quebrem sob
determinadas condições de uso.
O terceiro travessão do ponto 2.2.2.2 aplica-se a aparelhos portáteis de fixação e
outras máquinas de impacto acionadas por cartuchos de explosivos. A Diretiva
Máquinas não se aplica aos cartuchos usados com essas máquinas; contudo, o
fabricante da máquina deve especificar as características relevantes dos
cartuchos que podem ser usados em segurança com a máquina. 183
Convém assinalar que os aparelhos portáteis de fixação acionados por cartuchos
e outras máquinas de impacto que funcionem a cartuchos estão incluídos na lista
estabelecida no anexo IV (ponto 18) relativa às categorias de máquinas às quais
se aplica um dos procedimentos referidos nos n.º 3 e n.º 4 do artigo 12.º.

183
Espera-se que, até 4 de Julho de 2013, os cartuchos de explosivos para aparelhos de fixação
acionados por cartuchos estejam sujeitos à Diretiva 2007/23/CE do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 23 de Maio de 2007, relativa à colocação no mercado de artigos de pirotecnia – JO L
154 de 14.6.2007, p.1.

259
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2.3. MÁQUINAS PARA MADEIRA E MATERIAIS COM


CARACTERÍSTICAS FÍSICAS SEMELHANTES
As máquinas para madeira e materiais com características físicas semelhantes
devem satisfazer os seguintes requisitos:
a) A máquina deve ser concebida, fabricada ou equipada para que a peça a
trabalhar possa ser colocada e guiada em segurança; se a peça for
mantida à mão sobre uma mesa de trabalho, esta deve assegurar uma
estabilidade suficiente durante o trabalho e não deve dificultar a
deslocação da peça;
b) Se a máquina for susceptível de ser utilizada em condições que provoquem
um risco de ejecção das peças a trabalhar ou de partes das mesmas, deve
ser concebida, fabricada ou equipada de modo a evitar essa ejecção ou, se
tal não for possível, de modo a que a ejecção não implique riscos para o
operador e/ou para as pessoas expostas;
c) A máquina deve ser equipada com freios automáticos que imobilizem a
ferramenta num espaço de tempo suficientemente curto no caso de haver
risco de contacto com a ferramenta durante a imobilização;
d) Sempre que a ferramenta esteja integrada numa máquina não
completamente automática, esta deve ser concebida e fabricada de forma
a eliminar ou reduzir o risco de lesões acidentais.

§281 Máquinas para madeira e materiais com características físicas


semelhantes
Os requisitos suplementares enunciados no ponto 2.3 aplicam-se a máquinas
para madeira e máquinas que também possam ser usadas para materiais com
características físicas semelhantes tais como, por exemplo, cortiça, osso,
borracha endurecida, plástico endurecido, laminados com metal ou certos metais
finos endurecidos.
O objectivo dos requisitos enunciados na alínea a) do ponto 2.3 é garantir que a
concepção e construção do mecanismo de avanço, ou da bancada de trabalho no
caso de máquinas com avanço manual, permitam que a peça de trabalho seja
colocada e orientada em segurança durante o trabalho.
O requisito enunciado na alínea b) do ponto 2.3 aborda um caso especial de
perigo, tratado no requisito geral relativo a objetos ejectados enunciado no
ponto 1.3.3. A alínea b) do ponto 2.3 exige que sejam tomadas medidas para
prevenir a ejecção de peças de trabalho ou seus componentes. Tais medidas
incluem, por exemplo, a instalação de lâminas separadoras adequadas em serras
circulares. Caso os perigos de ejecções não possam ser totalmente evitados,
devem ser tomadas medidas de segurança para evitar que os objetos ejectados
lesionem os operadores ou outras pessoas expostas. Este requisito deve ser
aplicado em conjunto com os requisitos relativos aos protetores enunciados no
ponto 1.4.
A alínea c) do ponto 2.3 aborda o risco de contacto com a ferramenta durante o
tempo de paragem. Nas máquinas com avanço mecânico ou automático, este
risco pode ser evitado por meio de protetores com dispositivos de encravamento,
se necessário, equipados com fecho – ver §129: comentários ao ponto 1.4.2.2.
Contudo, quando a ferramenta não está totalmente inacessível durante o trabalho,

260
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

por exemplo, quando, de acordo com o ponto 1.4.2.3., se instalam protetores


reguláveis para restringir o acesso, é necessário evitar um tempo de paragem
excessivo da ferramenta por meio de um travão automático. As normas
harmonizadas especificam a duração aceitável do tempo de paragem nestes
casos.
A alínea d) do ponto 2.3 exige que sejam tomadas medidas para reduzir o risco
de lesões em caso de contacto acidental com a ferramenta móvel na máquina
quando o acesso à zona de perigo não for totalmente evitado por meio de uma
proteção móvel de bloqueio. Tais medidas incluem, por exemplo, a instalação de
ferramentas de limitação da projeção de corte (LCPT), máquinas de corte
cilíndricas (ou “redondas”), ou outros meios para limitar a profundidade do corte.
Convém assinalar que as várias categorias de máquinas para madeira estão
incluídas na lista apresentada nos pontos 1 a 7 do anexo IV relativa às categorias
de máquinas às quais se deve aplicar um dos procedimentos referidos nos n.os 3
e 4 do artigo 12.º.

(§282 a §290 reservado)

3. REQUISITOS ESSENCIAIS COMPLEMENTARES DE SAÚDE E DE


SEGURANÇA PARA LIMITAR OS PERIGOS ASSOCIADOS À
MOBILIDADE DAS MÁQUINAS
As máquinas que impliquem perigo, devido à sua mobilidade, devem cumprir
todos os requisitos essenciais de saúde e de segurança descritos na presente parte
(ver Princípios gerais, ponto 4).

§291 Requisitos complementares para perigos associados à mobilidade de


máquinas
A parte 3 do anexo I enuncia os requisitos essenciais complementares de
segurança e saúde para perigos associados à mobilidade de máquinas. Estes
requisitos aplicam-se às máquinas em questão, além dos requisitos relevantes na
parte 1 do anexo I e, se aplicável, de outras partes do anexo I – ver §163:
comentários ao ponto 4 dos princípios gerais.

3.1. GENERALIDADES
3.1.1. Definições
a) «Máquina que apresenta riscos devidos à sua mobilidade»:
 máquina cujo trabalho exige quer mobilidade durante o trabalho, quer uma
deslocação contínua ou semi-contínua, segundo uma sucessão de postos de
trabalho fixos, ou
 máquina cujo trabalho se efetua sem deslocação mas que pode estar
equipada com meios que permitam deslocá-la mais facilmente de um local
para outro;
...
§292 Definição de "perigos devidos à mobilidade”
A definição de “máquina que apresenta perigos devidos à mobilidade”
estabelecida na alínea a) do ponto 3.1.1 determina o âmbito dos requisitos

261
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

enunciados na parte 3 do anexo I. De acordo com a definição, as máquinas em


questão podem ser:
- máquinas que se possam deslocar enquanto executam a sua função
principal, por exemplo, dumpers, cilindros, empilhadores industriais, gruas
de pórtico, gruas móveis de rastos e máquinas de cortar relva;
- máquinas que permanecem paradas enquanto executam a sua função
principal, mas que são concebidas para se deslocarem de um local para
outro. Por exemplo, aparelhos de perfuração, gruas móveis, gruas
carregadoras, plataformas elevatórias móveis, de lagartas ou automotoras,
montadas em estabilizadores durante as operações de elevação;
- máquinas que permanecem paradas durante a utilização mas que estão
equipadas com rodas motrizes ou rastos, ou dispositivos de reboque, para
que se possam deslocar facilmente de um local para outro.
Desta definição, torna-se claro que os perigos associados à mobilidade
abordados na parte 3 do anexo I são devido à mobilidade da própria máquina e
não às partes móveis da máquina, que são abordados nos pontos 1.3.7 e 1.3.8.
Os requisitos enunciados na parte 3 abrangem as seguintes máquinas:
 equipamentos móveis para construção, tais como máquinas para
movimentação de terras,
 máquinas móveis para construção de estradas,
 máquinas móveis para minas,
 máquinas móveis agrícolas, florestais e de jardinagem, automotoras e
rebocadas,
 máquinas móveis para transporte e elevação de bens ou pessoas, tais
como veículos para movimentação de carga (incluindo veículos sem
condutor), gruas móveis e plataformas elevatórias móveis,
 máquinas montadas em meios de transporte, tais como gruas
carregadoras, compressores e reboques basculantes,
 veículos de recolha de lixo,
 máquinas móveis de todo-o-terreno para o transporte de bens ou pessoas,
tais como moto 4, buggies, motos todo-o-terreno e karts,
 máquinas móveis para limpar neve,
 máquinas móveis de apoio em terra para a indústria da aviação.

3.1.1. Definições (continuação)


...
(b) «Condutor»: operador encarregado da deslocação de uma máquina. O
condutor tanto pode ser transportado pela máquina como acompanhar a
máquina a pé, ou ainda atuar por comando à distância.
...
§293 Definição de "condutor”
A alínea b) ponto 3.1.1 define “condutor” como sendo o operador responsável
pela movimentação de uma máquina, por outras palavras, a pessoa que controla

262
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

as deslocações da máquina. A definição refere-se a três modos de condução


principais:
 as máquinas móveis podem dispor de um condutor transportado, que pode
permanecer sentado ou de pé;
 as máquinas móveis podem ser concebidas para serem controladas por
um condutor apeado;
 as máquinas móveis podem ser guiadas à distância por meio de comandos
à distância.
Algumas máquinas móveis também podem ser concebidas com dois ou mais
modos de condução alternativos. Por exemplo, podem ser controladas por um
condutor transportado ou por meio de comando à distância – ver §204:
comentários ao ponto 1.2.5.
Os requisitos enunciados na parte 3 abordam os riscos específicos associados
aos diferentes modos de condução e as respectivas medidas de proteção
necessárias.

3.2. POSTOS DE TRABALHO


3.2.1. Posto de condução
A visibilidade a partir do posto de condução deve ser tal que o condutor possa
manobrar a máquina e as suas ferramentas nas condições de utilização previsíveis,
com toda a segurança para si próprio e para as pessoas expostas. Em caso de
necessidade, devem ser previstos dispositivos apropriados para superar o perigo
decorrente da insuficiência de visão direta.
A máquina em que o condutor é transportado deve ser concebida e construída de
modo a que, a partir do posto de condução, não exista qualquer risco, por contacto
inopinado com as rodas ou lagartas, para o condutor.
Se as dimensões o permitirem, o posto de condução do condutor transportado deve
ser concebido e construído de forma a poder ser equipado com uma cabina, desde
que tal não aumente o risco e haja espaço para tal. A cabina deve possuir um local
destinado à colocação das instruções necessárias ao condutor.

§294 Posição de condução


O requisito enunciado no ponto 3.2.1 é complementar aos requisitos gerais
relativos às posições de condução e assentos enunciados nos pontos 1.1.7
e 1.1.8.
O primeiro parágrafo do ponto 3.2.1 aborda a visibilidade a partir da posição de
condução. O condutor deve ter os movimentos da máquina permanentemente sob
controlo.
 Se possível, a máquina deve ser concebida e construída de forma que o
condutor tenha visibilidade direta da área em torno da máquina, sobretudo ver
se existem pessoas perto da máquina que possam estar em risco devido ao
funcionamento ou deslocação da máquina – ver §195: comentários ao quinto
parágrafo do ponto 1.2.2. Os meios que podem ser usados para melhorar a
visibilidade direta incluem, por exemplo, posições de condução e cabinas de
elevação, inclinação ou reversíveis, ou posições de condução alternativas.

263
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

 Caso a visibilidade direta não seja suficiente, ou seja, se as partes da máquina


ou os objetos ou os materiais transportados pela máquina impedirem o
condutor de ver uma pessoa ou um obstáculo na zona de perigo, na medida
em que o condutor pode não se aperceber da sua presença, devem ser
instalados dispositivos adequados que permitam a visibilidade direta. Estes
dispositivos poderão ser espelhos adequados e televisão em circuito fechado
(CCTV). A decisão de instalar dispositivos que permitam a visibilidade direta,
bem como a escolha, concepção e localização dos dispositivos, tem de ter em
conta os princípios ergonómicos e as limitações a que o condutor está sujeito
durante as condições previsíveis de uso da máquina. Os factores a ter em
conta podem incluir, por exemplo, a utilização da máquina à noite ou em
condições de iluminação fraca, em piso irregular, em áreas utilizadas por peões
ou outras máquinas, ou em situações que requeiram manobras frequentes ou
prolongadas de marcha atrás – ver §181: comentários ao ponto 1.1.6.
 Se existir um risco residual de colisão com pessoas, poder-se-ão instalar meios
para prevenir tais colisões, tais como dispositivos de proteção sensíveis à
pressão, de radar, de infravermelhos ou ultra sónicos, para detectar a presença
de pessoas e parar a máquina ou avisar o condutor antes de a colisão ocorrer.
O segundo parágrafo do ponto 3.2.1 aborda as situações de máquinas em que a
posição de condução está perto das rodas ou dos rastos. Se a posição de
condução não estiver devidamente protegida e não existir uma distância de
segurança adequada entre a posição de condução e as rodas ou rastos, é
necessário instalar proteções para prevenir o contacto acidental com estas partes
O terceiro parágrafo do ponto 3.2.1 exige que as máquinas controladas por um
condutor transportado sejam concebidas e construídas de modo que possa ser
instalada uma cabina para o condutor, salvo se a máquina for demasiado
pequena para tal, ou se a instalação de uma cabina aumentar o risco ou
comprometer a funcionalidade da máquina. Nestes casos, devem ser
consideradas outras medidas para proteger os condutores, tais como assentos
com um resguardo de proteção ou comando à distância.
O requisito enunciado no terceiro parágrafo do ponto 3.2.1 deve ser aplicado em
conjunto com os requisitos enunciados no ponto 1.1.7, relativos às posições dos
postos de trabalho e no ponto 3.5.3, relativa às emissões de substâncias
perigosas – ver §182: comentários ao ponto 1.1.7 e §322: comentários ao
ponto 3.5.3.
A segunda frase do terceiro parágrafo do ponto 3.2.1 exige que seja
disponibilizado um local na cabina do condutor para as instruções necessárias ao
condutor. Estas instruções referem-se ao funcionamento da máquina em
segurança e a quaisquer operações de inspeção ou manutenção que devam ser
realizadas pelo condutor.

264
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

3.2.2. Assentos
Sempre que exista um risco de os operadores, ou outras pessoas transportadas pela
máquina, poderem ficar esmagados entre elementos da máquina e o solo, se a
máquina capotar ou tombar, nomeadamente no caso de máquinas equipadas com
uma das estruturas de proteção referidas no ponto 3.4.3 ou 3.4.4, os assentos devem
ser concebidos ou equipados com um sistema de retenção que permita manter as
pessoas nos seus assentos, sem dificultar os movimentos necessários ao trabalho
nem os movimentos resultantes da suspensão dos assentos relativamente à
estrutura. Tais sistemas de retenção não deverão ser montados se aumentarem o
risco.

§295 Sistema de retenção dos assentos


O requisito enunciado no ponto 3.2.2 é complementar aos requisitos gerais
relativos aos assentos enunciados no ponto 1.1.8.
O ponto 3.2.2 aborda os riscos de esmagamento provocados pela ejecção dos
condutores ou de outras pessoas transportadas em caso de capotamento ou
tombamento. As estruturas de proteção contra capotamento e tombamento
referidas no ponto 3.4.3 cumprem a sua função apenas se as pessoas em
questão permanecerem dentro da área protegida. Para tal, as máquinas devem:
- ser concebidas de modo a evitar que os condutores sejam ejectados se a
máquina capotar ou tombar,
- estar equipadas com assentos concebidos para evitar que os condutores
sejam ejectados, ou
- estar equipadas com assentos que disponham de um sistema de retenção
com pontos de fixação adequados.
Os sistemas de retenção dos assentos devem ser fáceis de abrir e fechar e
devem limitar, na medida do possível, os movimentos do condutor. Isto é
particularmente importante para máquinas tais como, por exemplo, veículos para
movimentação de carga, em que o condutor pode ter de abandonar e regressar à
posição de condução com frequência.
Nos casos em que a segurança dos condutores depende do dispositivo de fecho
do sistema de retenção dos assentos, devem ser disponibilizadas instruções
sobre o uso do sistema de retenção – ver §263: comentários à alínea k) do
ponto 1.7.4.2.
A última frase do ponto 3.2.2 reconhece que, em alguns casos, os sistemas de
retenção não devem ser instalados visto que podem aumentar o risco. Tal pode
suceder, por exemplo, em máquinas móveis de pequenas dimensões não
equipadas com uma cabina ou estrutura de proteção, ou ainda máquinas com
condutor transportado de pé. Também pode revelar-se impraticável instalar um
sistema de retenção em máquinas concebidas para uma condução ativa que
requeira movimentos extensivos por parte do condutor durante a deslocação da
máquina. Os sistemas de retenção não são normalmente exigidos em máquinas
equipadas com apenas uma estrutura de proteção contra a queda de objetos.

265
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

3.2.3. Postos destinados às outras pessoas


Se as condições de utilização previrem que outras pessoas, além do condutor,
possam ser ocasional ou regularmente transportadas pela máquina ou nela
trabalhar, devem ser previstos postos apropriados que permitam o respectivo
transporte ou o trabalho sem riscos.
Os segundo e terceiro parágrafos do ponto 3.2.1 aplicam-se igualmente aos lugares
previstos para outras pessoas além do condutor.

§296 Postos destinados a outras pessoas além do condutor


Os requisitos enunciados no ponto 3.2.3 são complementares aos requisitos
gerais relativos aos postos de trabalho e assentos enunciados nos pontos 1.1.7
e 1.1.8.
O ponto 3.2.3 exige que sejam disponibilizados postos seguros destinados a
outras pessoas além do condutor que possam ser transportadas ocasionalmente
ou regularmente pela máquina, ou que trabalhem nela. Dependendo do tipo de
máquina e das tarefas das pessoas em questão, estes postos podem ser
assentos ou locais onde se possa permanecer em pé, tais como plataformas ou
estribos. Devem ser tomadas medidas de proteção especiais contra o risco de
queda da máquina ou o risco de impacto ou esmagamento nos casos em que os
postos destinados a outras pessoas além do condutor se situem fora da distância
normal de segurança da máquina.
O segundo parágrafo do ponto 3.2.3 determina que os requisitos enunciados no
ponto 3.2.1 relativos aos riscos de contacto com as rodas ou rastos e a existência
de uma cabina são aplicáveis aos postos destinados a outras pessoas além do
condutor.

3.3. SISTEMAS DE COMANDO


Se necessário, devem ser previstos meios para impedir o uso não autorizado dos
comandos.
...
§297 Uso não autorizado dos comandos
Os requisitos enunciados no ponto 3.3 são complementares aos requisitos gerais
relativos à segurança e fiabilidade dos sistemas de comando enunciados no
ponto 1.2.1.
A primeira frase do ponto 3.3 exige que, se necessário, sejam tomadas medidas
destinadas a prevenir o uso não autorizado dos comandos. Tais medidas são
necessárias para máquinas expostas ao uso por pessoas não autorizadas, tais
como, por exemplo, veículos para movimentação de carga, ou máquinas
destinadas a serem usadas ou estacionadas em áreas públicas. 184 As medidas
podem incluir a instalação de, por exemplo, fechos, sistemas de acesso
electrónicos ou sistemas em que o condutor tenha de usar um dispositivo
electrónico para colocar a máquina em funcionamento.

184
Tais medidas também podem ser exigidas aos utilizadores de máquinas móveis de modo a
evitar roubos; contudo, este aspecto não é abrangido pela Diretiva Máquinas.

266
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

3.3. SISTEMAS DE COMANDO (continuação)


...
No caso de comandos à distância, cada unidade de comando deve indicar de forma
inequívoca qual ou quais as máquinas destinadas a serem comandadas por essa
unidade.
O sistema de comando à distância deve ser concebido e fabricado de modo a ter
efeito exclusivamente sobre:
 a máquina em causa,
 as funções em causa.
As máquinas comandadas à distância devem ser concebidas e fabricadas de modo a
responder apenas aos sinais das unidades de comando previstas.

§298 Comandos à distância


Os requisitos enunciados no segundo, terceiro e último parágrafo do ponto 3.3
aplicam-se a sistemas de comandos à distância destinados a máquinas móveis.
No caso de máquinas controladas por um condutor transportado ou por meio de
comando à distância, estes requisitos aplicam-se ao modo por comando à
distância – ver §293: comentários à alínea b) do ponto 3.1.1.
Estes requisitos para sistemas de comando à distância são complementares ao
requisito relativo aos sistemas de comando sem cabo enunciados no último
parágrafo do ponto 1.2.1.
O requisito enunciado no segundo parágrafo do ponto 3.3 é uma aplicação
especial do requisito geral enunciado no quarto parágrafo do ponto 1.2.2, relativo
aos dispositivos de sinalização. Se a unidade de controlo de um sistema de
comando à distância não estiver localizada na máquina controlada pela unidade,
os condutores devem saber qual a máquina afectada pelo uso de cada unidade
de controlo.
O terceiro e último parágrafo do ponto 3.3 estabelecem os requisitos relativos à
concepção e construção do próprio sistema de comando à distância.
O objectivo do requisito enunciado no terceiro parágrafo do ponto 3.3, que
determina que o sistema afectará apenas a máquina e funções a que se destina,
é evitar que sejam transmitidos comandos não intencionais a outras máquinas
que possam estar no alcance do sistema de comando à distância.
O objectivo do requisito enunciado no último parágrafo do ponto 3.3 é evitar que
os sinais emitidos por quaisquer fontes além da unidade de controlo adequada
desencadeiem ações não intencionais na máquina comandada à distância.
Para cumprir os requisitos enunciados no ponto 3.3, a concepção e construção do
sistema de controlo remoto deve garantir um nível de desempenho adequado –
ver §184: comentários ao ponto 1.2.1.
Os requisitos complementares aplicáveis ao comando à distância da função de
deslocação estão enunciados no quarto parágrafo do ponto 3.3.3 e no terceiro
parágrafo do ponto 3.6.1.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

3.3.1. Dispositivos de comando


A partir do posto de condução, o condutor deve poder acionar todos os dispositivos
de comando necessários ao funcionamento da máquina, excepto no que diz respeito
às funções que só possam ser comandadas com segurança através de dispositivos de
comando situados noutro local. Estas funções incluem, em especial, as que estejam a
cargo de outros operadores que não o condutor, ou para as quais o condutor tenha
de abandonar o posto de condução a fim de as comandar com segurança.
...
§299 Localização e posicionamento dos dispositivos de comando
Os requisitos enunciados no ponto 3.3.1 são complementares aos requisitos
gerais relativos aos dispositivos de controlo enunciados no ponto 1.2.2.
Os requisitos enunciados no primeiro parágrafo do ponto 3.3.1 referem-se à
localização e posicionamento dos dispositivos de comando na posição de
condução – ver §187: comentários ao segundo travessão do ponto 1.2.2.
O segundo parágrafo do ponto 3.3.1 reconhece que pode ser necessário equipar
a máquina móvel com posições de comando além da posição de condução, de
forma a controlar determinadas funções em segurança. Tal pode ser necessário
por exemplo, para garantir que o condutor que comanda as referidas funções
dispõe de visibilidade adequada das zonas de perigo, por exemplo, em gruas
móveis ou gruas carregadoras - ver §195: comentários ao quinto parágrafo do
ponto 1.2.2 e §343: comentários ao ponto 4.1.2.7. Nesse caso, é importante ter
em conta os requisitos enunciados no oitavo e último parágrafos do ponto 1.2.2
relativos aos múltiplos postos de comando e de trabalho – ver §197 e §198:
comentários ao ponto 1.2.2.

3.3.1. Dispositivos de comando (continuação)


...
Se existirem pedais, estes devem ser concebidos, construídos e dispostos de modo a
poderem ser acionados pelo condutor com segurança e com um mínimo de riscos de
acionamento incorreto. Devem apresentar uma superfície antiderrapante e ser de
fácil limpeza.
...
§300 Pedais
Visto que os condutores de máquinas móveis de condutor transportado
necessitam, muitas vezes, de ter as mãos livres para dirigir e controlar outras
funções da máquina, utilizam-se frequentemente pedais para controlar as funções
de aceleração e de travagem, entre outras. Visto que a maioria dos condutores de
máquinas também são condutores de veículos normais, é importante que os
pedais para estas funções tenham, na medida do possível, um modo de
funcionamento e disposição o mais semelhante possível aos dos veículos
normais, de modo a reduzir o risco de funcionamento incorreto – ver §190:
comentários ao sexto travessão do ponto 1.2.2 e §193: comentários ao terceiro
parágrafo do ponto 1.2.2.
Para garantir o funcionamento em segurança, as dimensões e disposição dos
pedais também têm de ter em conta o facto de os condutores terem de usar
calçado de segurança, tais como, por exemplo, botas largas usadas no inverno ou
em armazéns de refrigeração – ver §176: comentários à alínea d) do ponto 1.1.2.

268
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Pelos mesmos motivos, os pedais devem dispor de uma superfície antiderrapante


e serem fáceis de limpar, tendo em conta as condições de uso previstas.

3.3.1. Dispositivos de comando (continuação)


...
Quando o seu funcionamento for susceptível de causar perigo, nomeadamente
movimentos perigosos, os dispositivos de comando, com exceção dos que tenham
posições predeterminadas, devem voltar à posição neutra logo que o operador os
liberte.
...
§301 Voltar à posição neutra
Os dispositivos de comando para controlar os movimentos da máquina e outras
funções perigosas devem, de um modo geral, ser do tipo de pressionar e segurar,
voltando à posição neutra quando são libertados, de forma a permitir, se
necessário, que o condutor pare o movimento ou função perigosa de imediato.
Os dispositivos de comando que disponham de posições predefinidas podem ser
instalados quando for necessário manter um parâmetro, tal como, por exemplo, a
velocidade de deslocação da máquina, num valor constante durante um período
prolongado de tempo. Tal pode ser necessário, por exemplo, em determinadas
máquinas agrícolas ou para construção de estradas. Nesse caso, o dispositivo de
comando deve ser concebido de modo a permitir que possa voltar fácil e
rapidamente à posição neutra numa situação de emergência.
As máquinas automotoras com condutor transportado, equipadas com um
dispositivo de controlo, que disponha de posições predefinidas para as
deslocações devem estar equipadas com um dispositivo seletor de forma a
cumprir o requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto 3.3.2, visto que,
nesse caso é possível abandonar a posição de condução enquanto a máquina se
desloca – ver §304: comentários ao ponto 3.3.2.

3.3.1. Dispositivos de comando (continuação)


...
No caso das máquinas com rodas, o mecanismo de Direção deve ser concebido e
construído de modo a amortecer os movimentos bruscos do volante ou da alavanca
de Direção resultantes de choques nas rodas directrizes.
Qualquer comando de bloqueio do diferencial deve ser concebido e disposto de
modo a permitir desbloquear o diferencial quando a máquina estiver em movimento.
...
§302 Direção
O objectivo do requisito enunciado no quarto parágrafo do ponto 3.3.1 é prevenir
o risco de pedra de controlo e lesões provocadas pelo efeito de ricochete do
dispositivo de Direção quando as rodas diretrizes chocam com um obstáculo no
piso. Para cumprir este requisito, o sistema de Direção deve dispor de um sistema
de amortecimento adequado entre as rodas diretrizes e o dispositivo de Direção.
Algumas máquinas móveis estão equipadas com um dispositivo de bloqueamento
do diferencial de forma a melhorar a tração e evitar que a roda derrape em
superfícies flexíveis, escorregadias ou irregulares. O quinto parágrafo do ponto
3.3.1 exige a presença de um dispositivo de bloqueamento do diferencial para

269
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

permitir a abertura do diferencial enquanto a máquina se desloca, para que o


condutor recupere a capacidade total da Direção se necessário. Se adequado, e
para cumprir este requisito, pode instalar-se um sistema de bloqueamento
automático do diferencial, que bloqueia ou abre o diferencial à medida que for
necessário, sem a intervenção do condutor.

3.3.1. Dispositivos de comando (continuação)


...
O sexto parágrafo do ponto 1.2.2, relativo aos sinais de aviso sonoros e/ou visuais,
só se aplica em caso de marcha atrás.

§303 Sinais de aviso em marcha atrás


O último parágrafo do ponto 3.3.1 refere-se ao sexto parágrafo do ponto 1.2.2.
que exige que seja enviado um sinal de aviso acústico e/ou visual antes do
arranque da máquina caso o condutor não seja capaz de garantir que não existe
ninguém na zona de perigo, ou caso não seja possível conceber o sistema de
comando de forma a evitar o arranque quando alguém entra na zona de perigo.
Em relação às máquinas móveis, o sinal de aviso acústico e/ou visual é
necessário apenas no caso de manobras em marcha atrás. Visto que pode ser
necessário controlar rapidamente os movimentos em marcha atrás em caso de
emergência, o intervalo de tempo entre o sinal de aviso e o movimento em
marcha atrás deve normalmente ser reduzido. É de salientar que os sinais de
aviso automáticos em marcha atrás não substituem as medidas necessárias para
se garantir a visibilidade direta ou indireta das zonas de perigo – ver §294:
comentários ao ponto 3.2.1.
Os dispositivos de aviso relativos aos movimentos de avanço devem,
normalmente, ser acionados pelo condutor – ver §323: comentários ao
ponto 3.6.1.

3.3.2. Arranque/deslocação
Qualquer deslocação comandada das máquinas automotoras com condutor
transportado só poderá efetuar-se se o condutor estiver no seu posto de comando.
...
§304 Controlo das deslocações comandadas por um condutor transportado
O requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto 3.3.2 resulta do facto de a
deslocação segura da máquina automotora comandada por um condutor
transportado exigir que o condutor esteja permanentemente em controlo. Não é
possível iniciar o movimento de deslocação da máquina se o condutor não estiver
aos comandos e, não é possível que a máquina continue a deslocar-se, com o
motor a trabalhar, se o condutor abandonar a posição de condução. No caso de
máquinas concebidas para serem comandadas quer por um condutor
transportado quer por meio de comando à distância, este requisito aplica-se
apenas ao modo de comando por um condutor transportado – ver §293:
comentários à alínea b) do ponto 3.1.1.

270
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Pode considerar-se que o requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto


3.3.2 foi cumprido se:
 os dispositivos de comando forem do tipo pressionar e segurar, voltando à
posição neutra quando libertados
e
 os dispositivos de comando destinados a controlar os movimentos de
deslocação da máquina não forem facilmente acedidos a partir do exterior
da cabina do condutor.
Se estas duas condições não forem satisfeitas, devem tomar-se outras medidas
para evitar os movimentos de deslocação se o condutor não estiver aos
comandos. Tais medidas podem incluir, por exemplo, a instalação de um
dispositivo seletor, por exemplo, um sensor no apoio de braços que suporta os
dispositivos de comando, um sensor de posição no assento ou um interruptor no
assento. Estes dispositivos deverão ser escolhidos e concebidos de modo a evitar
a criação de outros riscos e o arranque da máquina por vibração ou por
movimentos previsíveis do condutor enquanto conduz a máquina. Os dispositivos
e a sua integração no sistema de comando devem ter um nível de desempenho
adequado – ver §184: comentários ao ponto 1.2.1.

3.3.2. Arranque/deslocação (continuação)


...
Sempre que, para poder funcionar, uma máquina esteja equipada com dispositivos
que ultrapassem o seu gabarito normal (por exemplo, estabilizadores, lanças, etc.), o
condutor deve dispor de meios que lhe permitam verificar facilmente, antes de a
deslocar, se esses dispositivos se encontram numa posição determinada que permita
uma deslocação segura.
O mesmo se aplica a todos os outros elementos que, a fim de permitir uma
deslocação segura, tenham de ocupar uma posição determinada, se necessário
através de um encravamento.
Sempre que tal não dê origem a outros riscos, a deslocação da máquina deve
depender do facto de os elementos acima referidos se encontrarem na posição de
segurança.
...
§305 Dispositivos que ultrapassam o seu gabarito normal
Os requisitos enunciados no segundo, terceiro e quarto parágrafos do ponto 3.3.2
abordam o risco provocado pelos dispositivos instalados na máquina, que, por
razões operacionais, ultrapassam o seu gabarito normal.
Tais dispositivos incluem, por exemplo, estabilizadores ou retrancas que se
prolongam para fora do chassis da máquina móvel ou do veículo no qual a
máquina está montada, para garantir a estabilidade durante a operação. Os
estabilizadores podem ser instalados em máquinas de elevação, tais como gruas
carregadoras, gruas móveis, plataformas elevatórias móveis ou equipamentos
para movimentação de terras. Os dispositivos em questão também incluem, por
exemplo, estruturas de elevação, tais como lanças telescópicas ou articuladas,
braços de gruas em máquinas de elevação ou em bombas de betão montadas em
camião e caixas basculantes montadas em camião, que se podem prolongar tanto
na horizontal como na vertical para além do gabarito normal da máquina ou do
veículo no qual a máquina está instalada.
271
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Se estes dispositivos não estiverem fixados numa posição segura antes de se


iniciar a deslocação da máquina ou do veículo no qual a máquina está instalada,
poderão atingir peões, outras máquinas, veículos, pontes, túneis, linhas eléctricas
aéreas, etc. Estas colisões podem causar acidentes graves ou fatais, bem como
danos consideráveis em bens.
Se for provável que os dispositivos em questão se movam da sua posição em
segurança durante a deslocação, por exemplo, devido a forças centrífugas, deve
ser possível bloqueá-los em posição de segurança.
Em todos estes casos, o condutor deve ser capaz de verificar se os dispositivos
se encontram em posição de segurança, se necessário bloqueados, antes de dar
início aos movimentos de deslocação. Se esta verificação visual não for fácil de
executar, devem existir dispositivos de sinalização ou de aviso adequados na
posição de condução.
Devem instalar-se sistemas de encravamento para evitar a deslocação da
máquina ou o arranque da mesma se os dispositivos não estiverem em posição e,
se necessário, bloqueados numa posição de deslocação segura, desde que não
deem origem a outros riscos, tais como, por exemplo, a paragem inesperada
durante a circulação na estrada.

3.3.2. Arranque/deslocação (continuação)


...
Durante o arranque do motor, não deve ser possível qualquer deslocação
involuntária da máquina.

§306 Deslocação involuntária da máquina


O requisito enunciado no último parágrafo do ponto 3.3.2 é uma aplicação
especial do requisito geral enunciado no ponto 1.2.3 relativo ao arranque.
Para evitar o movimento não intencional ou inesperado da máquina móvel é
necessário separar o arranque do motor do arranque do movimento. Deve ser
possível pôr o motor a trabalhar sem iniciar o movimento da máquina, mas não
pôr o motor a trabalhar se uma das velocidades estiver engrenada.

272
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

3.3.3. Função de deslocação


Sem prejuízo das disposições em matéria de circulação rodoviária, as máquinas
automotoras e seus reboques devem respeitar os requisitos de diminuição de
velocidade, paragem, travagem e imobilização, garantindo a segurança em todas as
condições de serviço, carga, velocidade, estado do solo e declive previstas.
A diminuição de velocidade e a paragem da máquina automotora devem poder ser
obtidas pelo condutor por meio de um dispositivo principal. Na medida em que a
segurança o exija, em caso de falha do dispositivo principal, ou na ausência de
energia para acionar esse dispositivo, deve prever-se um dispositivo de emergência
com um dispositivo de comando inteiramente independente e facilmente acessível,
que permita o abrandamento e a paragem.
Na medida em que a segurança o exija, a manutenção da imobilização da máquina
deve ser obtida por meio de um dispositivo de estacionamento. Este pode ser
combinado com um dos dispositivos referidos no segundo parágrafo, desde que a
sua ação seja exclusivamente mecânica.
...

§307 Diminuição de velocidade, paragem e imobilização


Os primeiros três parágrafos do ponto 3.3.3 abordam a travagem, diminuição de
velocidade, paragem e imobilização das máquinas móveis.
O primeiro parágrafo do ponto 3.3.3 exige que as máquinas móveis disponham de
um sistema de travagem capaz de abrandar e parar a máquina em segurança e
mantê-la totalmente parada. O sistema de travagem deve ser concebido,
construído e verificado para garantir que estas funções possam ser garantidas em
todas as condições planeadas e razoavelmente previsíveis de carga, velocidade,
do solo e de inclinação. Este requisito aplica-se a máquinas automotoras e à
maioria das máquinas rebocadas, a não ser que se possa diminuir a velocidade
das referidas máquinas em segurança e pará-las por meio do sistema de
travagem da máquina rebocada ou do veículo.
O segundo parágrafo do ponto 3.3.3 exige que o sistema de travagem das
máquinas móveis automotoras inclua um dispositivo de travagem de emergência
que diminua a velocidade e pare a máquina em segurança, ou que possa ser
usado pelo condutor se o dispositivo principal de paragem ou o respectivo
fornecimento de energia falharem. Este requisito aplica-se a todas as máquinas
móveis em que exista o risco de perda de controlo do movimento da máquina se o
sistema de travagem falhar. Este requisito pode ser satisfeito, por exemplo,
através de um travão de mão associado, travões acionados por mola utilizados
em caso de falha de energia, ou um sistema de duplo circuito de travagem que
isola o circuito em falha se o fornecimento de energia for interrompido.
O terceiro parágrafo do ponto 3.3.3 exige que as máquinas móveis estejam
equipadas com um travão de estacionamento se existir o risco de a máquina se
deslocar não intencionalmente a partir de uma posição de paragem. O travão de
estacionamento deve ser concebido de modo que não seja provável que a sua
eficácia diminua enquanto a máquina estiver estacionada. No caso de sistemas
de travagem totalmente mecânicos, o travão de estacionamento pode ser
combinado com os dispositivos de travagem principais ou de emergência.

273
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§308 Regulamentos de circulação rodoviária


O primeiro parágrafo do ponto 3.3.3 determina que os requisitos da Diretiva
Máquinas relativos à diminuição de velocidade, paragem e imobilização aplicam-
se “sem prejuízo para os regulamentos sobre a circulação rodoviária” Existe uma
referência semelhante aos regulamentos sobre a circulação rodoviária no
segundo parágrafo do ponto 3.6.1, relativo aos dispositivos de aviso e sinais de
luzes.
As leis e procedimentos aplicáveis à circulação de máquinas móveis em vias
públicas não se encontram harmonizadas a nível da UE. Por conseguinte, além
dos requisitos e procedimentos da Diretiva Máquinas, os fabricantes que
pretendam que as máquinas móveis possam circular na via pública podem ter de
aplicar as regras e procedimentos em vigor a nível nacional. Alguns aspectos que
podem ser abrangidos pelas referidas leis nacionais incluem, por exemplo:
 dimensão, peso, carga por eixo e velocidade máxima,
 suspensão e pneus,
 sistemas de travagem e de Direção,
 visibilidade direta e indireta,
 dispositivos de aviso, sinalização, sinais e luzes.

3.3.3. Função de deslocação (continuação)


...
Uma máquina equipada com comando à distância deve dispor de meios para iniciar
automática e imediatamente a paragem e para impedir o funcionamento
potencialmente perigoso, nas seguintes situações:
 quando o condutor perder o controlo da máquina,
 na recepção de um sinal de paragem,
 quando for detectado um defeito numa parte do sistema relacionada com a
segurança,
 quando não for detectado um sinal de validação num prazo especificado.
...
§309 Parar e controlar funcionamentos potencialmente perigosos com
comando à distância
Os requisitos enunciados no quarto parágrafo do ponto 3.3.3 são complementares
aos requisitos gerais relativos aos sistemas de comando enunciados no ponto
1.2.1 e aos requisitos relativos ao comando à distância das máquinas móveis
enunciados no ponto 3.3 e no terceiro parágrafo do ponto 3.6.1.
O dispositivo de comando à distância e o sistema de comando da máquina devem
ser concebidos de modo a permitir que a máquina pare em segurança e, se
necessário, evitar qualquer funcionamento potencialmente perigoso da máquina,
em todas as situações descritas nos quatro travessões do presente parágrafo.
Estes objectivos podem ser alcançados através de uma combinação de meios,
incluindo, por exemplo, dispositivos de comando por pressão, meios para detectar
e parar a máquina em caso de situações perigosas, tais como aceleração
anómala, vibração ou inclinação e dispositivos seletores que devem ser
acionados a intervalos regulares.

274
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O “tempo especificado” a que se refere o último travessão do quarto parágrafo do


ponto 3.3.3 deve ser suficientemente curto para evitar que ocorra uma situação
perigosa durante o intervalo de tempo em questão.
Para cumprir os requisitos enunciados no ponto 3.3.2, o sistema de comando à
distância deve dispor de um nível de desempenho adequado – ver §184:
comentários ao ponto 1.2.1.

3.3.3. Função de deslocação (continuação)


O ponto 1.2.4 não se aplica à função «deslocação».

§310 Paragem da função de deslocação


O último parágrafo do ponto 3.3.3 prevê uma exceção aos requisitos gerais
relativos às funções de paragem enunciados no ponto 1.2.4. Em particular, O
ponto 1.2.4.1 exige o corte de fornecimento de energia aos actuadores assim que
a máquina for parada. Tal não se aplica à função de deslocação da máquina
móvel, que pode ser parada na posição neutra com o motor em funcionamento.
Os requisitos aplicáveis à paragem da deslocação das máquinas móveis estão
enunciados nos primeiros três parágrafos da presente secção – ver §307:
comentários aos primeiros três parágrafos do ponto 3.3.3.

3.3.4. Deslocação de máquinas com condutor apeado


Qualquer deslocação de uma máquina automotora com o condutor apeado só deve
ser possível desde que o condutor efetue uma ação continuada sobre o dispositivo de
comando correspondente. Em especial, não deve ser possível qualquer deslocação
aquando do arranque do motor.
Os sistemas de comando das máquinas com condutor apeado devem ser concebidos
de forma a reduzirem ao mínimo os riscos devidos à deslocação inopinada da
máquina em Direção ao condutor, nomeadamente os riscos de:
 esmagamento,
 ferimentos devidos às ferramentas rotativas.
A velocidade de deslocação da máquina deve ser compatível com a velocidade de um
condutor apeado.
No caso de máquinas em que possa ser montada uma ferramenta rotativa, esta não
deve poder ser acionada quando a marcha atrás estiver engatada, salvo no caso de
a deslocação da máquina resultar do movimento da ferramenta. Neste último caso, a
velocidade em marcha atrás deve ser suficientemente reduzida, de modo a não
representar um perigo para o condutor.

§311 Deslocação de máquinas com condutor apeado


O ponto 3.3.4 refere-se às máquinas móveis automotoras com condutor apeado,
ou seja, as máquinas eléctricas com movimentos de deslocação controlados por
um condutor apeado que acompanha a máquina, normalmente à frente ou atrás
da máquina e aciona os dispositivos de comando e de Direção à mão – ver §293:
comentários à alínea b) do ponto 3.1.1. As máquinas com condutor apeado
incluem empilhadoras com condutor apeado, máquinas de limpeza de superfícies,

275
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

compactadoras, escarificadores, sachadores eléctricos e máquinas de cortar


relva. O ponto 3.3.4 não se refere a máquinas acionadas por condutor apeado.
Os requisitos enunciados no primeiro parágrafo do ponto 3.3.4 destinam-se a
reduzir o risco de movimentos não comandados da máquina. Os dispositivos de
comando para a deslocação devem ser do tipo pressionar e segurar e a libertação
do dispositivo de comando deve ser capaz de parar a máquina em segurança. Se
for provável que a máquina continue a deslocar-se após o dispositivo de comando
ter voltado à posição neutra, a libertação do dispositivo de comando pode ser
necessária para acionar o travão. Visto que o condutor normalmente tem de
manobrar o dispositivo de Direção e o dispositivo de comando para a deslocação
com a mesma mão, é importante que o dispositivo de comando de pressionar e
segurar seja concebido e colocado de modo a reduzir esta limitação para o
condutor – ver §193: comentários ao terceiro parágrafo do ponto 1.2.2.
A segunda frase do primeiro parágrafo do ponto 3.3.4 aborda um aspecto
específico do requisito referido na primeira frase: a concepção e construção da
máquina deve fazer com que seja impossível a máquina se deslocar durante o
arranque do motor.
O requisito enunciado no segundo parágrafo do ponto 3.3.4 aborda o risco do
condutor ser esmagado ou lesionado pela máquina em movimento, devido aos
componentes móveis da máquina ou às ferramentas. Este risco é particularmente
importante quando o condutor caminha à frente da máquina, ou se a máquina for
capaz de se deslocar em marcha atrás em Direção ao condutor. Nestes casos,
pode ser necessário instalar dispositivos de proteção que parem a máquina se
esta se aproximar ou entrar em contacto com o corpo do condutor.
O requisito, enunciado no terceiro parágrafo do ponto 3.3.4, que determina que a
velocidade de deslocação deve ser compatível com a passada do condutor
apeado, destina-se a garantir que o condutor não perca o controlo da máquina
enquanto esta está em movimento.
O último parágrafo do ponto 3.3.4 aborda o risco de lesões para o condutor
apeado devido ao contacto com ferramentas rotativas, tais como, por exemplo, a
lâmina de um escarificador ou sachador. Se a função da máquina requerer a
função de marcha atrás, a ferramenta deve ser desengatada durante a marcha
atrás, ou, se o movimento da máquina for o resultado do movimento da
ferramenta, deve ser prevista uma velocidade “lenta” para reduzir o risco.

3.3.5. Falha do circuito de comando


Uma falha na alimentação da Direção assistida, quando esta existir, não deve
impedir a condução da máquina até à posição de paragem.

§312 Falha na alimentação da Direção assistida


A Direção assistida em máquinas móveis destina-se a reduzir os esforços
necessários à condução da máquina, em particular para máquinas de grandes
dimensões e manobras apertadas. Contudo, visto que o condutor deve ser
sempre capaz de controlar o movimento da máquina, deve ser possível dirigir a
máquina durante o tempo suficiente para a parar em segurança em caso de falha
do fornecimento de energia. Se for possível dirigir a máquina manualmente até
esta parar em segurança, este requisito pode ser cumprido voltando à Direção

276
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

manual em caso de falha no fornecimento de energia. Caso contrário, é


necessária uma unidade de alimentação de energia de reserva.
Deve existir sempre uma unidade de alimentação de energia de reserva para
todas as máquinas com um sistema de Direção assistida.

3.4. MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA PERIGOS DE NATUREZA


MECÂNICA
3.4.1. Movimentos não comandados
A máquina deve ser concebida, fabricada e, se for o caso, montada no seu suporte
móvel de modo a que, na sua deslocação, as oscilações descontroladas do seu centro
de gravidade não afectem a sua estabilidade nem produzam esforços excessivos
sobre a sua estrutura.

§313 Movimentos não comandados


O requisito enunciado no ponto 3.4.1 é complementar aos requisitos gerais
relativos à estabilidade e ao risco de ruptura em serviço enunciados nos pontos
1.3.1 e 1.3.2.
A concepção e construção de máquinas móveis deve ter em conta os efeitos
dinâmicos provocados pelos movimentos das máquinas que possam afectar a sua
estabilidade ou a resistência mecânica das suas estruturas. Deve dar-se especial
atenção a estes riscos no caso de máquinas automotoras ou rebocadas
destinadas à circulação rodoviária, de máquinas destinadas a serem montadas
em veículos rodoviários e de máquinas destinadas a deslocarem-se a alta
velocidade.

3.4.2. Elementos móveis de transmissão


A título de exceção ao disposto no ponto 1.3.8.1, no caso dos motores, os protetores
móveis que impedem o acesso aos elementos móveis dentro do compartimento do
motor podem não possuir dispositivos de encravamento ou de bloqueio se a sua
abertura depender quer da utilização de uma ferramenta ou de uma chave, quer da
utilização de um comando situado no posto de condução, desde que este se encontre
dentro de uma cabina inteiramente fechada equipada com uma fechadura que
impeça o acesso não autorizado.

§314 Acesso ao compartimento do motor


O ponto 3.4.2 prevê uma exceção aos requisitos gerais que se destinam a evitar o
acesso às partes de transmissão de movimento enunciadas no ponto 1.3.8.1. A
exceção aplica-se a protetores móveis que evitem o acesso às partes móveis no
compartimento do motor (cobertura de proteção do motor). Estas coberturas não
têm de ser instaladas com um dispositivo de encravamento que pára o motor
quando a cobertura é aberta. Contudo, devem tomar-se medidas para evitar o
acesso não autorizado ao compartimento do motor:

277
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

- a cobertura do motor deve ser concebida de modo a exigir o uso de uma


ferramenta ou chave para ser aberta – ver §218: comentários ao
ponto 1.4.2.1,
ou
- a cobertura do motor deve ser instalada com um fecho que só possa ser
aberto a partir da posição de condução por meio de um dispositivo
colocado numa cabina totalmente fechada, que também pode ser fechada
para evitar o acesso não autorizado.

3.4.3. Capotamento e tombamento


Se houver risco de capotamento ou tombamento de uma máquina automotora com
condutor, operador(es) ou outra(s) pessoa(s) transportados, a máquina deve ser
equipada com uma estrutura de proteção adequada, a não ser que tal aumente o
risco.
Esta estrutura deve ser de molde a garantir à(s) pessoa(s) transportada(s), em caso
de capotamento ou tombamento, um volume-limite de deformação adequado.
A fim de verificar se a estrutura corresponde ao requisito a que se refere o segundo
parágrafo, o fabricante ou o seu mandatário deve efetuar ou mandar efetuar, para
cada tipo de estrutura, ensaios adequados.

§315 Capotamento e tombamento


O ponto 3.4.3 aborda os riscos residuais de perda de estabilidade da máquina se,
apesar das medidas tomadas de acordo com os pontos 1.3.1 e 3.4.1 para garantir
a estabilidade adequada, existir um risco residual provocado pelo capotamento ou
tombamento da máquina. O termo “capotamento” significa uma viragem total com
rotação de 180°. O termo “tombamento” significa a situação em que a máquina
tomba, mas em que a sua forma ou um elemento, tal como um mastro ou uma
lança, a impede de rodar mais de 90°. A máquina pode estar sujeita a capotar ou
tombar numa Direção lateral ou longitudinal, ou em ambas. O capotamento e
tombamento criam sempre o risco de o condutor ou outras pessoas transportadas
pela máquina serem ejectadas ou esmagadas.
O primeiro parágrafo do ponto 3.4.3 exige que as máquinas com um risco residual
desta natureza sejam equipadas com uma estrutura de proteção adequada, ou
seja, uma estrutura de proteção contra capotamento e tombamento. Estas
estruturas devem ser concebidas de modo a protegerem todas as pessoas
transportadas pela máquina expostas aos riscos em questão.
A avaliação do risco residual provocado pelo capotamento ou tombamento deve
ter em conta os seguintes parâmetros:
 as condições de funcionamento da máquina planeadas e previsíveis (tais
como, velocidade, inclinação máxima e terreno);
 o peso, as dimensões e o centro de gravidade da máquina, as diferentes
condições de carga, a presença de dispositivos de nivelamento;
 o formato da máquina e a posição do(s) condutor(es).
A proteção necessária pode ser dada pelas partes da própria máquina que
garantam a proteção do(s) operador(es) em caso de capotamento ou

278
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

tombamento. Se for exigida uma estrutura de proteção, esta poderá ser integrada
numa cabina.
Para muitas categorias de máquinas móveis, as normas harmonizadas
determinam se é necessária uma estrutura de proteção e especificam o tipo de
estrutura a instalar.
A única exceção a este requisito surge quando a instalação de uma estrutura de
proteção aumenta o risco de capotamento ou tombamento. Por exemplo, não é
aconselhável instalar uma estrutura de proteção em máquinas destinadas a uma
condução ativa em que não se possa usar um sistema de retenção nos assentos
– ver §295: comentários ao ponto 3.2.2.
O segundo parágrafo do ponto 3.4.3 estabelece o objectivo das estruturas de
proteção contra capotamento e tombamento. Estas estruturas devem permitir a
limitação de deflexão adequada, ou seja, no caso de capotamento ou
tombamento não se deve deformar de tal forma que entre em contacto com o
condutor quando este se encontra na posição de condução. É de salientar que
estas medidas de proteção só podem cumprir as suas funções de proteção se as
pessoas em questão estiverem imobilizadas por sistemas de retenção que as
retenham nos assentos em caso de capotamento ou tombamento – ver §295:
comentários ao ponto 3.2.2.
O terceiro parágrafo do ponto 3.4.3 exige que as estruturas de proteção contra
capotamento ou tombamento sejam sujeitas aos ensaios de tipo adequados para
verificar se cumprem a sua função de proteção.
É de salientar que as estruturas de proteção contra capotamento e tombamento
colocadas no mercado de forma independente são componentes de segurança,
enquanto estruturas de proteção em caso de capotamento (ROPS) e estão
incluídas na lista indicativa de componentes de segurança estabelecidos no ponto
14 do anexo V. As ROPS também estão incluídas nas categorias de máquinas
enumeradas no ponto 22 do anexo IV, sujeitas aos procedimentos de avaliação
da conformidade referidos nos n.os 3 e 4 do artigo 12.º.

3.4.4. Quedas de objetos


Se houver risco devido a quedas de objetos ou de materiais no caso de uma máquina
automotora com condutor, operador(es) ou outra(s) pessoa(s) transportado(s), a
máquina deve ser concebida e fabricada tendo em conta estes riscos e equipada, se
as suas dimensões o permitirem, com uma estrutura de proteção adequada.
Esta estrutura deve ser de molde a garantir à(s) pessoa(s) transportada(s), em caso
de queda de objetos ou materiais, um volume-limite de deformação adequado.
A fim de verificar se a estrutura corresponde ao requisito a que se refere o segundo
parágrafo, o fabricante ou o seu mandatário deve efetuar ou mandar efetuar, para
cada tipo de estrutura, ensaios adequados.

§316 Quedas de objetos


O requisito enunciado no ponto 3.4.4 é complementar ao requisito geral relativo
aos riscos provocados por quedas e projeções ejecções de objetos enunciados no
ponto 1.3.3.
O risco de o condutor ou outras pessoas transportadas em máquinas móveis
automotoras sofrerem lesões devido à queda de objetos ou materiais

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

movimentados ou içados pelas máquinas, por exemplo, empilhadores industriais


ou máquinas para movimentação de terras. O risco também pode ser devido ao
ambiente no qual a máquina opera, por exemplo, demolições ou zonas florestais.
Em caso de risco provocado por quedas de objetos em condições de uso
planeadas ou previsíveis, devem ser tomadas as medidas de proteção
necessárias, incluindo, se a dimensão da máquina o permitir, a instalação de uma
estrutura de proteção contra quedas de objetos. Esta estrutura deve ser
concebida de modo a proteger todas as pessoas transportadas pela máquina
expostas ao risco em questão e ter em conta tanto a dimensão dos potenciais
objetos (para evitar que caiam através da estrutura) e a necessidade de
visibilidade adequada a partir da posição de condução – ver §294: comentários ao
ponto 3.2.1.
As normas harmonizadas para a maioria das categorias de máquinas móveis
especificam o tipo de estrutura de proteção exigida.
Os comentários ao segundo e terceiro parágrafos do ponto 3.4.3 relativos à
proteção contra capotamento e tombamento também se aplicam ao segundo e
terceiro parágrafos do ponto 3.4.4.
É de salientar que as estruturas de proteção contra quedas de objetos colocados
no mercado de forma independente são componentes de segurança e estão
incluídas na lista indicativa de componentes de segurança estabelecidos no ponto
15 do anexo V. Estas proteções contra quedas de objetos (FOPS) também estão
incluídas nas categorias de máquinas enumeradas no anexo IV (ponto 23)
sujeitas aos procedimentos de avaliação da conformidade referidos nos n.ºs 3 e 4
do artigo 12.º.

3.4.5. Meios de acesso


Devem ser concebidos meios para as pessoas se apoiarem e agarrarem, que serão
fabricados e dispostos para que os operadores os utilizem instintivamente e não
usem os dispositivos de comando para facilitar o acesso.

§317 Degraus e pegas de acesso


O ponto 3.4.5 aborda a concepção, construção e localização de degraus e pegas
de acesso instaladas para permitir aos condutores e demais pessoas alcançarem
e abandonarem a posição de condução e outros postos de trabalhos e pontos de
intervenção da máquina em segurança – ver §237: comentários ao ponto 1.5.15 e
§240: comentários ao ponto 1.6.2. Este requisito deve ser aplicado em conjunto
com os requisitos gerais relativos aos dispositivos de comando – ver §190:
comentários ao sexto travessão do ponto 1.2.2.
Os meios de acesso à posição de condução e a outros postos de trabalho
também devem ser concebidos e estarem localizados de modo a evitar que os
operadores usem como degraus e pegas de acesso as partes da máquina não
destinadas a esse fim, tais como, por exemplo, orifícios na estrutura, protetores
ou componentes móveis.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

3.4.6. Dispositivos de reboque


Qualquer máquina utilizada para rebocar ou destinada a ser rebocada deve estar
equipada com dispositivos de reboque ou de atrelagem concebidos, fabricados e
dispostos de modo a assegurar uma atrelagem e desatrelagem fácil e segura, bem
como a impedir a desatrelagem acidental durante a utilização.
Na medida em que a carga sobre a barra de reboque o exija, estas máquinas devem
ser equipadas com um suporte com uma superfície de apoio adaptada à carga e ao
solo.

§318 Dispositivos de reboque


Os requisitos enunciados no ponto 3.4.6 aplicam-se a máquinas destinadas a
rebocar outras máquinas ou equipamentos, tais como, por exemplo, determinados
veículos para movimentação de carga, máquinas móveis de apoio em terra
destinadas a rebocar aeronaves ou outros equipamentos e algumas máquinas
para movimentação de terras. Os requisitos enunciados no ponto 3.4.6 também
se aplicam a máquinas destinadas a serem rebocadas por outras máquinas,
veículos ou tratores, tais como, por exemplo, máquinas para movimentação de
terras destinadas a serem rebocadas, máquinas agrícolas rebocadas,
compressores montados em reboque, plataformas elevatórias móveis e
elevadores de carga.
Os dispositivos de reboque, tais como ganchos e atrelagens de reboques,
elementos de união, suportes de fixação e apoios de base, devem ser fáceis de
ligar e desligar em segurança. Devem ser concebidos e equipados de modo a
evitar o desprendimento acidental durante o reboque, por exemplo, por meio de
uma lingueta de travamento.
Se os dispositivos de reboque forem pesados, deve ser fornecido um suporte com
uma superfície de apoio no solo, cuja utilização correta deve constar nas
instruções.

281
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

3.4.7. Transmissão de potência entre a máquina automotora (ou o trator) e a


máquina receptora
Os dispositivos amovíveis de transmissão mecânica que liguem uma máquina
automotora (ou um trator), ao primeiro apoio fixo de uma máquina receptora,
devem ser concebidos e fabricados para que, a todo o seu comprimento, qualquer
parte em movimento durante o funcionamento fique protegida.
Do lado da máquina automotora (ou do trator), a tomada de força à qual estiver
ligado o dispositivo amovível de transmissão mecânica deve ser protegida, quer por
um protetor fixado e ligado à máquina automotora (ou ao trator), quer por qualquer
outro dispositivo que assegure uma proteção equivalente.
Deve ser possível abrir o protetor para aceder ao dispositivo amovível de
transmissão. Uma vez colocado o protetor, deve haver espaço suficiente para
impedir que o veio de transmissão danifique o protetor quando a máquina (ou o
trator) esteja em movimento.
Do lado da máquina receptora, o veio receptor deve ser encerrado num cárter de
proteção fixado na máquina.
A presença de um limitador de binário ou de um volante só é autorizada, no caso da
transmissão por cardans, do lado da atrelagem à máquina receptora. Nesse caso,
convém assinalar no dispositivo amovível de transmissão mecânica o sentido de
montagem.
Qualquer máquina receptora cujo funcionamento requeira a existência de um
dispositivo amovível de transmissão mecânica que a ligue a uma máquina
automotora (ou a um trator) deve possuir um sistema de engate do dispositivo
amovível de transmissão mecânica que garanta que, quando a máquina for
desatrelada, o dispositivo amovível de transmissão mecânica e o seu protetor não
serão danificados pelo contacto com o solo ou com qualquer elemento da máquina.
Os elementos exteriores do protetor devem ser concebidos, fabricados e dispostos de
modo a não poderem rodar com o dispositivo amovível de transmissão mecânica. O
protetor deve recobrir a transmissão até às extremidades das maxilas interiores, no
caso de juntas de cardans simples e, pelo menos até ao centro da ou das juntas
exteriores, no caso dos cardans de grande ângulo.
Se forem previstos acessos aos postos de trabalho próximos do dispositivo amovível
de transmissão mecânica, estes devem ser concebidos e fabricados de forma a evitar
que os protetores desses veios possam servir de estribos, a menos que tenham sido
concebidos e fabricados para esse efeito.

§319 Dispositivos amovíveis de transmissão mecânica


Os requisitos enunciados no ponto 3.4.7 abordam a concepção e construção de
dispositivos amovíveis de transmissão mecânica e as respectivas proteções – ver
§45: comentários à alínea f) do Artigo 2.º. O objectivo destes requisitos é evitar
que as pessoas fiquem presas no veio rotativo principal ou nos componentes que
ligam o veio à tomada de potência na máquina ou trator de reboque e à máquina
rebocada. Este objectivo deve ser cumprido protegendo o veio e as peças de
ligação adequadamente.
O primeiro, segundo, terceiro, quarto e sétimo parágrafos do ponto 3.4.7
estabelecem os requisitos relativos às proteções e respectivas características.

282
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O terceiro, sexto e último parágrafos do ponto 3.4.7 exigem que sejam tomadas
medidas para evitar danos nas proteções durante a tomada de potência e no
dispositivo amovível de transmissão mecânica, durante o uso e enquanto o
dispositivo é desconectado. O último parágrafo do ponto 3.4.7 é complementar ao
requisito geral enunciado no ponto 1.6.2 relativo ao acesso aos postos de trabalho
e aos pontos de intervenção.
É de salientar que as proteções para os dispositivos amovíveis de transmissão
mecânica colocados no mercado de forma independente são componentes de
segurança e estão incluídos na lista indicativa apresentada no ponto 1 do anexo
V. Os dispositivos e as respectivas proteções e as proteções para dispositivos
amovíveis de transmissão direta fazem parte das categorias de máquinas
apresentadas nos pontos 14 e 15 do anexo IV, sujeitas aos procedimentos de
avaliação da conformidade enunciados nos n.os 3 e 4 do artigo 12.º.

3.5. MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA OUTROS PERIGOS


3.5.1. Baterias
O compartimento da bateria deve ser concebido e fabricado de modo a impedir
projeções de electrólito sobre o operador, mesmo em caso de capotamento ou de
tombamento e a evitar a acumulação de vapores nos locais ocupados pelos
operadores.
A máquina deve ser concebida e fabricada de forma que a bateria possa ser
desligada através de um dispositivo facilmente acessível, previsto para o efeito.

§320 Baterias
O requisito enunciado no ponto 3.5.1 refere-se ao tipo de baterias e à localização,
concepção e construção do corpo da bateria nas máquinas móveis. O uso de
baterias seladas ou “sem manutenção” pode ser um dos meios para reduzir os
riscos em questão.
O requisito enunciado no segundo parágrafo relativo à desconexão da bateria
constitui uma aplicação especial do requisito geral enunciado no ponto 1.6.3,
relativo ao isolamento das fontes de energia. Para cumprir este requisito, o
fabricante pode optar por instalar um seccionador de isolamento facilmente
acessível ou, se os terminais da bateria estiverem acessíveis, garantir que os
terminais possam ser facilmente desconectados sem o uso de ferramentas.

3.5.2. Incêndio
Consoante os perigos previstos pelo fabricante, a máquina deverá, se as suas
dimensões o permitirem:
 permitir a instalação de extintores facilmente acessíveis, ou
 estar equipada com sistemas de extinção de incêndio integrados na própria
máquina.

§321 Extintores e sistemas de extinção de incêndio


O requisito enunciado no ponto 3.5.2 é complementar ao requisito geral
enunciado no ponto 1.5.6 relativo ao risco de incêndio.

283
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

As medidas de proteção complementares para limitar os efeitos de um incêndio


em máquinas móveis devem ser determinadas com base nas condições previstas
de uso da máquina e na avaliação do risco de incêndio, incluindo as possíveis
consequências causadas por um incêndio para pessoas e bens. Os factores a ter
em conta podem incluir, por exemplo:
 se a máquina se destinar a ser usada num ambiente em que as
consequências de um incêndio possam ser graves;
 se a máquina se destinar a ser usada em instalação interior ou em espaços
delimitados;
 se a máquina integrar ou transportar quantidades significativas de materiais
ou substâncias combustíveis ou inflamáveis;
 se o caminho de fuga a partir da posição de condução ou de outros postos
de trabalho possam ficar comprometidos, por exemplo, em instalações
móveis de grandes dimensões.
Se existir um risco residual de incêndio na máquina e se a sua dimensão o
permitir, esta deve estar equipada com locais de acesso facilitado equipados com
uma série de extintores de dimensão adequada. O fabricante não é obrigado a
fornecer estes extintores.
Se a máquina apresentar um risco residual elevado de incêndio e/ou se as
consequências de um incêndio nas condições de uso planeadas forem graves e
se a sua dimensão o permitir, o fabricante da máquina deve instalar um sistema
incorporado de extinção de incêndios.
É de salientar que a instalação de um sistema incorporado de extinção de
incêndios é um requisito explícito para determinadas máquinas destinadas a
trabalhos subterrâneos – ver §366: comentários ao ponto 5.5.

3.5.3. Emissões de substâncias perigosas


O segundo e o terceiro parágrafos do ponto 1.5.13 não se aplicam se a função
principal da máquina for a pulverização de produtos. Todavia, o operador deve
estar protegido contra o risco de exposição a tais emissões perigosas.

§322 Proteção dos operadores de máquinas de pulverização contra riscos


provocados pela exposição a substâncias perigosas
A primeira frase do ponto 3.5.3 indica que os requisitos enunciados no segundo e
terceiro parágrafos do ponto 1.5.13, relativos à contenção, evacuação,
precipitação, filtragem e tratamento de materiais e substâncias perigosas emitidas
pela máquina, não se aplicam a máquinas cuja função principal seja a
pulverização de produtos potencialmente perigosos. Estas máquinas podem ser,
por exemplo, pulverizadores de pesticidas e certas máquinas para limpeza de
superfícies e construção de estradas.
É de salientar que o primeiro parágrafo do ponto 1.5.13, relativo à prevenção dos
riscos de inalação, ingestão, contacto com a pele, olhos e membranas mucosas e
ainda de penetração na pele de materiais e substâncias perigosas produzidas
pela máquina, aplica-se a máquinas de pulverização de produtos.
A segunda frase do ponto 3.5.3 salienta que, no caso de máquinas de
pulverização de produtos, o operador deve estar protegido contra o risco de

284
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

exposição a emissões perigosas por meios adequados, que podem ser diferentes
dos mencionados no segundo e terceiro parágrafos do ponto 1.5.13. Este
requisito deve ser aplicado em conjunto com os requisitos enunciados no ponto
1.1.7, relativos aos postos de trabalho e os requisitos enunciados nos pontos
3.2.1 e 3.2.3, relativos à posição de condução e postos de trabalho de outras
pessoas. Por conseguinte, as máquinas automotoras com condutor transportado
devem estar equipadas com uma cabina de condutor concebida e construída de
modo a proteger contra o risco de exposição a substâncias perigosas, equipada
com, por exemplo, um sistema de filtragem de ar adequado e de pressão positiva
– ver §182: comentários ao ponto 1.1.7, §235: comentários ao ponto 1.5.13, §294:
comentários ao ponto 3.2.1 e §296: comentários ao ponto 3.2.3.

3.6. INFORMAÇÃO E INDICAÇÕES


3.6.1. Sinalização, sinais e avisos
Cada máquina deve estar equipada com meios de sinalização e/ou placas de
instruções relativos à utilização, regulação e manutenção, sempre que tal seja
necessário para garantir a saúde e a segurança das pessoas. Tais meios devem ser
escolhidos, concebidos e realizados de modo a serem claramente visíveis e
indeléveis.
Sem prejuízo do disposto na regulamentação relativa à circulação rodoviária, as
máquinas com condutor transportado devem ter o seguinte equipamento:
 um aviso sonoro que permita alertar as pessoas,
 um sistema de sinalização luminosa que tenha em conta as condições de
utilização previstas; este ultimo requisito não se aplica às máquinas
destinadas exclusivamente a trabalhos subterrâneos e que não disponham de
energia eléctrica,
 se necessário, deverá existir um sistema adequado de ligação entre o reboque
e a máquina para o funcionamento da sinalização.
As máquinas comandadas à distância que, em condições normais de utilização,
exponham pessoas a riscos de choque ou esmagamento devem estar equipadas com
meios adequados para assinalar os seus movimentos ou para proteger as pessoas
contra tais riscos. O mesmo deve acontecer em relação às máquinas cuja utilização
implique uma repetição sistemática de avanços e recuos sobre o mesmo eixo e em
que o condutor não veja diretamente para trás.
A máquina deve ser fabricada de forma a tornar impossível desligar
involuntariamente todos os dispositivos de alerta e de sinalização. Sempre que seja
indispensável para a segurança, esses dispositivos devem ser dotados de meios de
controlo do seu bom funcionamento que forneçam ao operador uma indicação clara
em caso de avaria.
Quando os movimentos da máquina ou das suas ferramentas são especialmente
perigosos, deverá existir na máquina uma inscrição proibindo as pessoas de se
aproximarem dela durante o seu funcionamento; a inscrição deverá ser legível a
uma distância suficiente para garantir a segurança das pessoas que precisem de
estar nas imediações.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§323 Sinalização, sinais e avisos


Os requisitos enunciados no ponto 3.6.1 são complementares aos requisitos
enunciados nos pontos 1.7.1 a 1.7.3, relativos à informação e dispositivos de
informação, dispositivos de aviso, avisos de riscos residuais e marcação de
informação essencial para o uso correto das máquinas – ver §245 a §250 e §252:
comentários aos pontos 1.7.1 a 1.7.3.
Os requisitos relativos ao formato e língua da informação e dos avisos na
máquina enunciados no ponto 1.7.1 aplicam-se à informação exigida no primeiro
parágrafo do ponto 3.6.1. Os requisitos relativos aos dispositivos de aviso
enunciados no ponto 1.7.1.2 aplicam-se a dispositivos acústicos e visuais de
aviso, sinalização e sinais exigidos no segundo e terceiro parágrafos do
ponto 3.6.1.
A referência às “disposições nos regulamentos sobre a circulação rodoviária” no
segundo parágrafo do ponto 3.6.1 refere-se aos regulamentos sobre circulação
rodoviária de máquinas móveis – ver §308: comentários ao ponto 3.3.3.
O terceiro parágrafo do ponto 3.6.1 aborda os riscos provocados pela colisão
entre máquinas móveis de comando à distância ou sem condutor e pessoas.
Estas máquinas devem estar equipadas com meios adequados para sinalizar os
seus movimentos, tais como, por exemplo, dispositivos acústicos e/ou visuais de
aviso. Se necessário, também devem ser instalados dispositivos de proteção para
evitar colisões – ver §294: comentários ao ponto 3.2.1.
Os requisitos enunciados no terceiro parágrafo do ponto 3.6.1 também se aplicam
a máquinas com condutor transportado destinadas a executar movimentos
constantes de vai e vem, tais como, por exemplo, certas máquinas de construção
de estradas ou carregadoras, visto que o condutor destas máquinas pode não ser
capaz de monitorizar constantemente a área atrás da máquina.

3.6.2. Marcação
Cada máquina deve ostentar, de modo legível e indelével, as seguintes indicações:
 potência nominal expressa em quilowatts (kW),
 massa na configuração mais usual, expressa em quilogramas (kg);
e, se for caso disso:
 esforço de tração máximo previsto no gancho de atrelagem, em newtons (N),
 esforço vertical máximo previsto no gancho de atrelagem, em newtons (N).

§324 Marcação de máquinas móveis


Os requisitos enunciados no ponto 3.6.2 relativos a marcação de máquinas
móveis são complementares aos requisitos gerais para a marcação enunciados
no ponto 1.7.3 – ver §250: comentários ao ponto 1.7.3. A marcação da potência
nominal, peso e, se necessário, o esforço máximo à barra de tração e carga
vertical fornecidos no gancho de união deve ser afixada usando a mesma técnica
para as demais marcações. Logicamente, a marcação da potência e peso deve
ser afixada no mesmo local que as demais marcações e a marcação do esforço
máximo à barra de tração e carga vertical devem ser marcados ou no mesmo
local ou próximo do dispositivo de reboque, se adequado.

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3.6.3. Manual de instruções


3.6.3.1. Vibrações
O manual de instruções deve dar as seguintes indicações acerca das vibrações
transmitidas pela máquina aos membros superiores ou a todo o corpo:
 valor total das vibrações a que estão expostos os membros superiores, se for
igual ou superior a 2,5 m/s2. Se esse nível não ultrapassar 2,5 m/s2, o facto
deve ser mencionado,
 mais alto valor médio quadrático da aceleração ponderada a que está exposto
todo o corpo, se for igual
 ou superior a 0,5 m/s2. Se esse nível não ultrapassar 0,5 m/s2, o facto deve ser
mencionado,
 a incerteza da medição.
Estes valores serão medidos efetivamente para a máquina em causa ou estabelecidos
a partir de médicos efectuadas para uma máquina tecnicamente comparável que seja
representativa da máquina a produzir.
Quando as normas harmonizadas não forem aplicadas, os níveis de vibração devem
ser medidos utilizando o código de medição mais adequado para a máquina em
causa.
Devem indicar-se as condições de funcionamento da máquina durante a medição e
os códigos de medição que forem utilizados para a mesma.

§325 Declaração relativa a vibrações emitidas por máquinas móveis


O requisito enunciado no ponto 3.6.3.1 é complementar aos requisitos gerais
relativos às instruções, enunciados no ponto 1.7.4. Em particular, aplicam-se os
requisitos relativos à língua do manual de instruções – ver §257: comentários às
alíneas a) e b) do ponto 1.7.4.1.
Os primeiros dois travessões do primeiro parágrafo do ponto 3.6.3.1 estabelecem
as quantidades físicas relativas às vibrações transmitidas pela máquina ao
sistema braço-mão e a todo o corpo, que devem ser apresentadas nas instruções.
Os valores medidos na máquina devem ser declarados se excederem 2,5 m/s2
para o sistema braço-mão e 0,5 m/s2 para todo o corpo. Se estes valores não
forem excedidos, tal deve ser declarado nas instruções. As vibrações transmitidas
pela máquina devem, por conseguinte, ser medidas pelo fabricante da máquina
usando um método de ensaio adequado, salvo se ficar estabelecido que, para a
categoria da máquina em questão, os valores medidos nunca excedem esses
limites – esta informação deve constar na norma do tipo C para a categoria da
máquina em questão.
A declaração de vibrações transmitidas pela máquina tem dois objectivos
principais:
 ajudar os utilizadores a escolherem máquinas com baixas emissões de
vibrações;
 fornecer informação útil para a avaliação dos riscos realizada pela entidade
empregadora, de acordo com as disposições nacionais que implementam a

287
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Diretiva 2002/44/CE, relativa à exposição dos trabalhadores aos riscos


provocados por vibrações 185 .
A este respeito, salienta-se que o nível de exposição dos trabalhadores às
vibrações não pode ser simplesmente deduzido da declaração de emissão de
vibrações do fabricante da máquina, visto que a exposição dos operadores
também é influenciada por outros factores – ver §231: comentários ao
ponto 1.5.9.
O terceiro travessão do primeiro parágrafo do ponto 3.6.3.1 exige que as
incertezas relativas aos valores declarados sejam especificadas. As indicações
sobre como determinar as incertezas associadas à medição das vibrações
transmitidas pela máquina devem ser apresentadas nas normas de ensaio
relevantes.
O segundo parágrafo do ponto 3.6.3.1 implica que, no caso de produção em série,
a medição possa ser efectuada numa amostra representativa de máquinas
comparáveis a nível técnico. No caso de produção única, o fabricante deve medir
as vibrações transmitidas por cada componente da máquina fornecido.
O terceiro e último parágrafos do ponto 3.6.3.1 referem-se aos métodos usados
na medição das vibrações. As condições de funcionamento exercem uma grande
influência sobre as vibrações transmitidas pela máquina. Por conseguinte, a
medição das vibrações deve ser feita em condições representativas das
condições de funcionamento. Os códigos de ensaio relativos às vibrações
aplicáveis às máquinas especificam as condições de funcionamento ou gama de
condições de funcionamento segundo as quais as medições devem ser feitas.
Caso exista um código de ensaio especificado numa norma harmonizada
estabelecendo as condições de funcionamento segundo as quais a medição deva
ser feita, será suficiente fazer-se referência à norma harmonizada para indicar
quais as condições de funcionamento e métodos de medição usados. Caso sejam
usados outros métodos, as condições de funcionamento e métodos de medição
usados devem ser referidos na declaração de emissão de vibrações.
As indicações gerais sobre a determinação do valor da emissão de vibrações das
máquinas móveis são apresentadas na norma EN 1032 186 .
É de salientar que os valores declarados nas instruções relativas às vibrações
também devem ser incluídos na documentação comercial relativa às
características de desempenho da máquina – ver §273: comentários ao
ponto 1.7.4.3.

3.6.3.2. Utilizações múltiplas


O manual de instruções de máquinas com utilizações múltiplas conforme o
equipamento usado e o manual de instruções dos equipamentos intermutáveis devem
conter as informações necessárias para permitir a montagem e utilização seguras da
máquina de base e dos equipamentos intermutáveis que nela possam ser montados.

185
Diretiva 2002/44/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de Junho de 2002, relativa
às prescrições mínimas de segurança e saúde respeitantes à exposição dos trabalhadores aos
riscos devidos aos agentes físicos (vibrações) (décima sexta Diretiva especial na acepção do n.º 1
do Artigo 16.º da Diretiva 89/391/CEE) – ver Artigo 4.º, n.º 4, alínea e).
186
EN 1032:2003+A1:2008 – Vibrações mecânicas — Ensaio de máquinas móveis para
determinação do valor da emissão de vibração.

288
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§326 Instruções para utilizações múltiplas


O ponto 3.6.3.2 salienta que as instruções para máquinas móveis destinadas a
desempenhar funções diferentes usando equipamentos intermutáveis devem
incluir a informação necessária à montagem e uso em segurança da combinação
da máquina básica com o equipamento intermutável.
O fabricante da máquina básica deve:
 fornecer informação detalhada sobre o interface entre a máquina básica e o
equipamento intermutável
e
 indicar as características essenciais do equipamento intermutável compatível
ou especificar que equipamento intermutável pode ser montado em
segurança com a máquina.
Este requisito é complementar ao requisito que exige que o fabricante do
equipamento intermutável especifique a máquina básica com a qual o
equipamento pode ser usado em segurança e fornecer as instruções de
montagem necessárias – ver §41: comentários à alínea b) do artigo 2.º e §262:
comentários à alínea i) do ponto 1.7.4.2.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

4. REQUISITOS ESSENCIAIS COMPLEMENTARES DE SAÚDE E DE


SEGURANÇA PARA LIMITAR OS PERIGOS ASSOCIADOS A
OPERAÇÕES DE ELEVAÇÃO
As máquinas que impliquem perigo, devido a operações de elevação, devem cumprir
todos os requisitos essenciais de saúde e de segurança pertinentes descritos na
presente parte (ver Princípios gerais, ponto 4).

§327 Âmbito de aplicação da Parte 4


A parte 4 do anexo I enuncia os requisitos essenciais de segurança e saúde para
máquinas que apresentem perigo durante as operações de elevação. As
situações de perigo associadas às operações de elevação incluem, em particular,
a queda ou movimentos não controlados da carga, colisões com as máquinas, o
habitáculo ou carga e o colapso ou capotamento das máquinas de elevação.
Os requisitos enunciados na parte 4 do anexo I aplicam-se a todas as operações
de elevação tal como descrito na alínea a) do ponto 4.1.1, quer a operação de
elevação seja a função principal da máquina, a função secundária ou uma função
de um componente da máquina. Na parte 4, o termo “máquina de elevação” deve,
por conseguinte, ser interpretado como sendo todas as máquinas que apresentem
perigos provocados pelas operações de elevação.
Os requisitos enunciados na parte 4 podem ser aplicáveis a máquinas num
sentido rigoroso, a equipamentos intermutáveis destinados a operações de
elevação, a componentes de segurança instalados para garantir a segurança das
referidas operações, a acessórios de elevação e a correntes, cabos e correias
para elevação. Se os requisitos enunciados na parte 4 exigirem que sejam
efectuados ensaios para verificar a estabilidade e resistência, os equipamentos
intermutáveis para elevação devem ser ensaiados nas mesmas condições a que
o seu uso se destina. Assim, poderá ser necessário, por exemplo, efetuar os
ensaios aos equipamentos intermutáveis montados com um componente
representativo da máquina básica com o qual serão usados – ver §41:
comentários à alínea b) do artigo 2.º.
O âmbito dos vários requisitos é especificado, se necessário, nos comentários
que se seguem. Salienta-se que quaisquer requisitos enunciados na parte 4
podem aplicar-se a quase-máquinas que envolvam operações de elevação.

4.1 GENERALIDADES
4.1.1 Definições
a) «Operação de elevação»: operação de deslocação de unidades de carga
constituídas por mercadorias e/ou pessoas que exija, a dado momento, uma
mudança de nível;
...
§328 Operação de elevação
Na definição dos termos “operação de elevação”, a expressão “cargas unitárias”
refere-se a grupos de uma ou mais pessoas, objetos ou quantidades de material a
granel movimentados como artigos unitários.

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A expressão “que necessita, num dado momento, de uma mudança de nível”


implica que os termos “operações de elevação” abrangem qualquer movimento ou
sequência de movimentos de cargas unitárias que incluam elevação ou descida,
ou ambos. A elevação e a descida incluem, ainda, mudanças de nível num
sentido vertical e também num ângulo inclinado.
A expressão “num dado momento” indica que a máquina destinada a deslocar
objetos, fluidos, materiais ou pessoas de forma contínua, por exemplo, em tapetes
rolantes, escadas rolantes ou através de tubagens não realiza “operações de
elevação” neste sentido, não estando sujeita aos requisitos enunciados na
parte 4.
A expressão “cargas unitárias” não abrange os componentes da máquina. Assim,
uma operação em que um componente da máquina é elevado, mas não uma
carga externa, não é considerada uma operação de elevação neste sentido.
A movimentação normal de materiais por máquinas de movimentação de terras,
tais como, por exemplo, escavadoras e carregadoras, não é considerada uma
operação de elevação. Por conseguinte, as máquinas de movimentação de terras
usadas apenas para este fim não estão sujeitas à parte 4 do anexo I. Contudo, as
máquinas de movimentação de terras também concebidas e equipadas para
elevar cargas unitárias estão sujeitas aos requisitos da parte 4 do anexo I.

4.1.1 Definições (continuação)


b) «Carga guiada»: carga cuja deslocação total se realiza ao longo de guias
materializadas, rígidas ou flexíveis, cuja posição no espaço é determinada
por pontos fixos;
...
§329 Carga guiada
A definição de “carga guiada” abrange as cargas colocadas em habitáculos que
percorrem guiamentos, caminhos de rolamentos e cabos e cargas elevadas por
máquinas por meio de equipamento que desloca o habitáculo ao longo de uma
trajetória predeterminada, tais como um mecanismo de tesoura – ver §336:
comentários ao ponto 4.1.2.2, §342 a §344: comentários às secções 4.1.2.6,
4.1.2.7 e 4.1.2.8 e §356: comentários ao ponto 4.2.3. É de salientar que o termo
“carga guiada” não se aplica a máquinas tais como, por exemplo, gruas de pórtico
ou guindastes de torre móveis montados em guiamentos, em que os movimentos
da própria máquina são guiados mas os movimentos da carga não percorrem
uma trajetória predeterminada.

4.1.1 Definições (continuação)


c) «Coeficiente de utilização»: relação aritmética entre a carga garantida pelo
fabricante ou o seu mandatário até à qual um componente é capaz de
sustentar a carga e a carga máxima de utilização indicada no componente;
...
§330 Coeficiente de utilização
O “coeficiente de utilização” é um conceito relevante para a resistência dos
componentes estruturais da máquina de elevação, de acessórios de elevação ou
de equipamentos intermutáveis para elevação. Visto que a resistência de tais
componentes é fundamental para a segurança das operações de elevação,

291
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devem ser dimensionados de acordo com um factor de segurança, designado na


parte 4 do anexo I por “coeficiente de utilização”. O coeficiente de utilização de
um componente estrutural é o rácio entre a carga máxima a que o componente
pode ser sujeito sem quebrar (designado nas respectivas normas harmonizadas
por resistência mínima à ruptura do componente) e a carga máxima especificada
que não pode ser excedida durante a utilização. Assim, por exemplo, um
componente cujo coeficiente de utilização é de 5 tem uma resistência mínima à
ruptura 5 vezes superior à sua carga máxima – ver §340 e §341: comentários aos
pontos 4.1.2.4 e 4.1.2.5 e §369: comentários ao ponto 6.1.1.

4.1.1 Definições (continuação)


d) «Coeficiente de ensaio»: relação aritmética entre a carga utilizada para
efetuar os ensaios estáticos ou dinâmicos de uma máquina de elevação ou de
um acessório de elevação e a carga máxima de utilização indicada na
máquina ou no acessório de elevação;
...
§331 Coeficiente de ensaio
O “coeficiente de ensaio” é um conceito relevante para os ensaios de sobrecarga
estática e dinâmica realizados para provar que as máquinas de elevação,
acessórios de elevação e equipamentos de elevação intermutáveis funcionarão
corretamente e sem provocar danos ao elevarem cargas máximas para as quais
foram concebidos – ver §339: comentários ao ponto 4.1.2.3, §350 a §352:
comentários ao ponto 4.1.3 e §360 e §361: comentários aos pontos 4.4.1 e 4.4.2.

4.1.1 Definições (continuação)


e) «Prova estática»: ensaio que consiste em inspecionar a máquina de
elevação ou o acessório de elevação, aplicar-lhe em seguida uma força
correspondente à carga máxima de utilização multiplicada pelo coeficiente
de prova estática adequado e, após ter sido retirada a força, inspecionar
novamente a máquina ou o acessório de elevação, para verificar se foi
provocado algum dano;
...
§332 Prova estática
A prova estática é um dos meios usados para verificar a integridade da máquina
de elevação antes da sua entrada em serviço. As provas estáticas aplicam-se a
máquinas de elevação num sentido rigoroso, a acessórios de elevação e
equipamentos de elevação intermutáveis – ver §328: comentários à alínea a) do
ponto 4.1.1, §339: comentários ao ponto 4.1.2.3, §350 a §352: comentários ao
ponto 4.1.3 e §361: comentários aos pontos 4.4.1 e 4.4.2.

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4.1.1 Definições (continuação)


f) «Prova dinâmica»: ensaio que consiste em fazer funcionar a máquina de
elevação em todas as configurações possíveis à carga máxima de utilização
multiplicada pelo coeficiente de prova dinâmica adequado, tendo em conta o
comportamento dinâmico da máquina de elevação, para verificar o bom
funcionamento da mesma;
...
§333 Prova dinâmica
A prova dinâmica constitui outro meio usado para verificar a integridade e o
funcionamento correto da máquina de elevação depois de ter sido montada. As
provas dinâmicas aplicam-se a máquinas de elevação num sentido rigoroso e a
equipamentos de elevação intermutáveis – ver §328: comentários à alínea a) do
ponto 4.1.1, §339: comentários ao ponto 4.1.2.3, §352: comentários ao ponto
4.1.3 e §361: comentários ao ponto 4.4.2.

4.1.1 Definições (continuação)


g) «Habitáculo»: parte da máquina na qual as pessoas tomam lugar e/ou as
mercadorias são instaladas a fim de serem subidas.

§334 Habitáculo
O termo “habitáculo” é um termo genérico para designar componentes da
máquina, tais como, por exemplo, veículos, mesas, plataformas ou cadeiras sobre
ou dentro dos quais cargas tais como, bens, pessoas ou ambos são colocadas
para serem elevadas – ver §343 a §348: comentários aos pontos 4.1.2.7 e
4.1.2.8, §359: comentários ao ponto 4.3.3 e §359 a §381: comentários aos pontos
6.1, 6.2, 6.3, 6.4 e 6.5.

4.1.2 Medidas de proteção contra perigos de natureza mecânica


4.1.2.1 Riscos devidos à falta de estabilidade
A máquina deve ser concebida e fabricada de modo a que a estabilidade requerida
no ponto 1.3.1 seja mantida tanto em serviço como fora de serviço, incluindo todas
as fases de transporte, montagem e desmontagem, durante as falhas previsíveis de
componentes e ainda durante os ensaios realizados de acordo com o manual de
instruções. Para o efeito, o fabricante, ou o seu mandatário, deve utilizar métodos de
verificação adequados.

§335 Riscos devidos à falta de estabilidade


O requisito enunciado no ponto 4.1.2.1 aplica-se a máquinas de elevação num
sentido rigoroso, a equipamentos de elevação intermutáveis e, se necessário, a
componentes de segurança instalados para garantir a segurança das operações
de elevação.
O requisito enunciado no ponto 4.1.2.1 é complementar ao requisito geral
enunciado no ponto 1.3.1 do anexo I, que determina que a máquina e os seus
componentes e acessórios devem ser suficientemente estáveis para evitar o
derrube durante o transporte, montagem, desmontagem e qualquer outra
operação que envolva a máquina. O ponto 4.1.2.1 salienta que o fabricante deve
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garantir a estabilidade da máquina de elevação em serviço e fora deste, durante


as falhas previsíveis dos componentes e durante os ensaios estáticos, dinâmicos
e funcionais a que pode estar sujeita. A máquina deve ser concebida de forma a
permanecer estável durante as condições de uso previstas.
O fabricante deve especificar nas instruções as condições nas quais a máquina
cumpre os requisitos de estabilidade. Estas condições podem incluir factores tais
como a inclinação máxima, a velocidade máxima do vento e a resistência do solo
sobre o qual a máquina é usada – ver §263: comentários à alínea g) do ponto
1.7.4.2 e §269: comentários à alínea o) do ponto 1.7.4.2. Nos casos em que a
estabilidade da máquina depende da sua instalação no local de uso, devem ser
fornecidas as instruções de instalação necessárias – ver §264: comentários à
alínea i) do ponto 1.7.4.2 e §361: comentários à alínea a) do ponto 4.4.2.
As medidas necessárias para garantir a estabilidade da máquina, de acordo com
os princípios de integração da segurança enunciados no ponto 1.1.2, referem-se,
em primeiro lugar, à estabilidade intrínseca da máquina. Em segundo lugar, se
persistir o risco de perda de estabilidade, devem ser instalados os dispositivos de
proteção e equipamentos necessários para evitar que a máquina tombe ou seja
derrubada. A este respeito, o fabricante deve ter em conta a má utilização
previsível da máquina que possa dar origem a um risco de tombamento ou
derrube. As medidas de proteção necessárias podem incluir, por exemplo,
estabilizadores, limitadores de velocidade, dispositivos de controlo de posição,
dispositivos de controlo de sobrecarga, de inércia e de inclinação. Em terceiro
lugar, no caso de riscos residuais que não possam ser totalmente evitados por
tais dispositivos, devem ser fornecidos os dispositivos de sinalização necessários,
tais como, por exemplo, indicadores de velocidade, inclinómetros e anemómetros
e informação, avisos e instruções para permitir aos operadores evitarem
situações que possam resultar em tombamento ou derrube da máquina durante
as diferentes fases da vida da mesma – ver §263: comentários à alínea h) do
ponto 1.7.4.2.
Os métodos de verificação referidos na última frase do ponto 4.1.2.1 podem incluir
ensaios de estabilidade, simulações, ou ambas. Os exemplos de ensaios de
estabilidade incluem ensaios em planos inclinados e ensaios dinâmicos de
estabilidade, tais como, por exemplo, o “ensaio de lancil”, usado para ensaiar
plataformas elevatórias móveis. No caso de produção única, estes ensaios devem
ser efectuadas em cada máquina e serão ensaios de tipo no caso de produção
em série. Os métodos de verificação apropriados são normalmente especificados
nas normas harmonizadas relevantes para categorias especiais de máquinas.
Em geral, não é obrigatório que estes ensaios e simulações sejam feitos por
organismos independentes ou terceiros, embora para máquinas de elevação
sujeitas ao exame CE de tipo ou aos procedimentos de garantia de qualidade total
os ensaios possam ser feitos por um organismo notificado– ver §129 e §130:
comentários ao artigo 12.º, §388: comentários aos pontos 16 e 17 do anexo IV, , e
§406: comentários ao ponto 3.2 do anexo IX.
Os ensaios de estabilidade para verificar a conformidade da máquina com os
requisitos fundamentais da Diretiva Máquina não devem ser confundidos com os
ensaios previstos nas disposições nacionais relativas à inspeção em serviço de
máquinas de elevação – ver §140: comentários ao artigo 15.º.

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4.1.2.2 Máquina que circule ao longo de guiamentos ou sobre caminhos de


rolamento
A máquina deve ser dotada de dispositivos que atuem sobre os guiamentos ou
caminhos de rolamento para evitar o descarrilamento.
Quando, apesar da existência dos referidos dispositivos, subsista um risco de
descarrilamento ou de falha de um órgão de guiamento ou de rolamento, devem ser
previstas medidas para impedir a queda de equipamentos, de componentes ou da
carga, bem como o tombamento da máquina.

§336 Caminhos de rolamento e guiamentos


O requisito enunciado no ponto 4.1.2.2 aplica-se a máquinas de elevação
destinadas a deslocarem-se em caminhos de rolamento e guiamentos, tais como,
por exemplo, máquinas de elevação que operam em redes ferroviárias, gruas de
pórtico, gruas de movimentação de contentores, gruas portuárias, algumas gruas
de torre e plataformas suspensas.
Para evitar situações de descarrilamento, a concepção do interface entre os
caminhos de rolamentos e guiamentos e os componentes deslizantes da máquina
deve ser adequada, e devem existir dispositivos de proteção contra
descarrilamento, tais como, por exemplo, dispositivos que desviem os obstáculos
na trajetória dos componentes deslizantes da máquina.
O requisito enunciado no segundo parágrafo do ponto 4.1.2.2 aplica-se se existir
o risco de a máquina tombar ou cair do seu suporte em caso de descarrilamento
ou falha de um componente deslizante da máquina. Para tal, devem instalar-se
dispositivos para o evitar, tais como, por exemplo, limitadores mecânicos para
impedir que uma plataforma suspensa montada num caminho caia do seu suporte
se o componente deslizante sair do guiamento.
Se os guiamentos nos quais a máquina de elevação for instalada não forem
fornecidos pelo fabricante da máquina, o manual de instruções do fabricante deve
especificar as suas características e as respectivas fundações, sobre as quais a
máquina pode ser instalada em segurança – ver §361: comentários à alínea a) do
ponto 4.4.2. As máquinas destinadas a funcionarem em redes de caminhos pré-
existentes devem ser concebidas de forma a terem em conta as características
dos caminhos e guiamentos nos quais irão funcionar – ver §264: comentários à
alínea i) do ponto 1.7.4.2.

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4.1.2.3 Resistência mecânica


A máquina, os acessórios de elevação e os seus componentes devem poder resistir às
tensões a que são submetidos em serviço e, se for o caso, fora de serviço, nas
condições de instalação e de funcionamento previstas e em todas as respectivas
configurações, tendo em conta, se necessário, os efeitos dos agentes atmosféricos e
as forças exercidas pelas pessoas. Este requisito deve igualmente ser observado
durante o transporte, a montagem e a desmontagem.
A máquina e os acessórios de elevação devem ser concebidos e fabricados de forma
a evitar falhas devidas à fadiga e ao desgaste inerente à utilização prevista.
Os materiais utilizados devem ser escolhidos tendo em conta os ambientes de
utilização previstos, especialmente no que se refere à corrosão, à abrasão, aos
choques, às temperaturas extremas, à fadiga, à fragilidade e ao envelhecimento.
...
§337 Resistência mecânica
O requisito enunciado no ponto 4.1.2.3 aplica-se a máquinas de elevação num
sentido rigoroso, a equipamentos intermutáveis destinados a operações de
elevação, a acessórios de elevação e, se apropriado, a componentes de
segurança instalados para garantir a segurança das operações de elevação.
Devido à sua função, estas máquinas estão sujeitas a esforços mecânicos
repetidos, fadiga e desgaste, que podem provocar falhas e a queda da carga ou o
derrube ou colapso das máquinas de elevação. O requisito enunciado no ponto
4.1.2.3 é complementar ao requisito geral relativo o risco de ruptura em serviço –
ver §207: comentários ao ponto 1.3.2 do anexo I.
O primeiro parágrafo do ponto 4.1.2.3 exige que a concepção da máquina garanta
a resistência dos componentes e conjuntos da máquina, tendo em conta as
condições de uso planeadas para todas as fases da vida da máquina. Se
existirem determinadas restrições às condições de uso, nomeadamente na
concepção da máquina, tais como, por exemplo, velocidade máxima do vento,
temperatura mínima e máxima ou inclinação máxima, devem tomar-se as
medidas necessárias de acordo com os princípios de integração da segurança
enunciados no ponto 1.1.2, para garantir que a máquina é usada apenas dentro
dos limites predeterminados.
O segundo parágrafo do referido ponto exige que a concepção da máquina tenha
em conta a fadiga ou desgaste. Visto que estes factores dependem da duração e
intensidade de uso da máquina, os cálculos devem basear-se em hipóteses
relativas ao tempo de vida da máquina, tais como, por exemplo, o número de
horas de funcionamento ou ciclos de funcionamento. É de salientar que as
hipóteses usadas na concepção da máquina devem ser consistentes com as
instruções apresentadas pelo fabricante sobre o tipo e frequência das inspeções e
manutenção de prevenção da máquina, e sobre os critérios para a substituição de
partes da máquina sujeitas a desgaste – ver §207: comentários ao ponto 1.3.2 do
anexo I e §272: comentários à alínea r) do ponto 1.7.4.2 do anexo I.

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4.1.2.3 Resistência mecânica (continuação)


A máquina e os acessórios de elevação devem ser concebidos e fabricados de modo
a suportarem sem deformações permanentes nem defeitos visíveis as sobrecargas
devidas aos ensaios estáticos. O cálculo da resistência deve ter em conta o valor do
coeficiente de ensaio estático, escolhido de forma a garantir um nível de segurança
adequado; este coeficiente tem, regra geral, os seguintes valores:
a) Máquinas movidas pela força humana e acessórios de elevação: 1,5;
b) Outras máquinas: 1,25.
...
§338 Resistência mecânica - coeficiente de prova estática
O quarto parágrafo do ponto 4.1.2.3 aplica-se a máquinas de elevação,
acessórios de elevação e equipamentos intermutáveis para operações de
elevação sujeitos a prova estática de sobrecarga – ver §331 e §332: comentários
às alíneas d) e e) do ponto 4.1.1 e §350 a §352: comentários ao ponto 4.1.3.
A concepção e construção da máquina, incluindo os cálculos de resistência e
estabilidade, devem ter em conta o coeficiente de prova usado para a prova
estática de sobrecarga à qual a máquina está sujeita. O objectivo deste requisito é
garantir que a máquina não sofrerá danos durante a operação de elevação de
carga máxima e permitir uma margem de segurança durante a utilização.
O coeficiente de prova estática aplica-se a provas efectuadas em máquinas
completas prontas a usar. Não deve ser confundido com o coeficiente de
utilização que se aplica ao dimensionamento dos componentes estruturais da
máquina – ver §330 e §331: comentários às alíneas c) e d) do ponto 4.1.1.
O ponto 4.1.2.3 especifica que os coeficientes de prova estática usados devem
garantir um nível adequado de segurança. Por conseguinte, a escolha de um
coeficiente de prova deve basear-se na avaliação de riscos do fabricante. O ponto
4.1.2.3 também indica os coeficientes de prova que devem ser usados “como
regra geral”. Os coeficientes de prova especificados no ponto 4.1.2.3 poderão não
ser adequados para determinadas categorias de máquinas de elevação ou
acessórios de elevação. Os especificados no ponto 4.1.2.3 aplicam-se, salvo se
forem especificados outros coeficientes mais adequados nas normas
harmonizadas relevantes, ou se forem devidamente justificados no processo
técnico do fabricante. A aplicação de uma norma harmonizada relevante que
especifique tal coeficiente de prova alternativo confere uma presunção de
conformidade ao requisito enunciado no ponto 4.1.2.3 – ver §110: comentários ao
n.º 2 do artigo 7.º.
De um modo geral, no caso de máquinas de elevação e equipamentos
intermutáveis para elevação, as provas estáticas mencionados no ponto 4.1.2.3
são provas unitárias – ver §350 a 352: comentários ao ponto 4.1.3.
Em geral, não é obrigatório que estas provas sejam efectuados por organismos
independentes ou terceiros, embora para as máquinas de elevação sujeitas ao
exame CE de tipo ou aos procedimentos de garantia de qualidade total as provas
possam ser feitos por um organismo notificado– ver §129 e §130: comentários
aos n.os 3 e 4 do artigo 12.º, §388: comentários aos pontos 16 e 17 do anexo IV,
e §398: comentários ao ponto 3.2 do anexo IX.
As provas estáticas de sobrecarga para verificar a conformidade da máquina com
os requisitos fundamentais da Diretiva Máquinas não devem ser confundidas com
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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

as provas previstos nas disposições nacionais relativas à inspeção em serviço de


máquinas de elevação – ver §140: comentários ao artigo 15.º.

4.1.2.3 Resistência mecânica (continuação)


A máquina deve ser concebida e construída de forma a suportar sem falhas os
ensaios dinâmicos efectuados com a carga máxima de utilização multiplicada pelo
coeficiente de prova dinâmica. Este coeficiente de prova dinâmica é escolhido de
forma a garantir um nível de segurança adequado e é, regra geral, igual a 1,1.
Essas provas serão efectuadas, regra geral, com as velocidades nominais previstas.
No caso de o circuito de comando da máquina permitir vários movimentos em
simultâneo, as provas devem ser efectuadas nas condições mais desfavoráveis, ou
seja, regra geral, combinando os movimentos.

§339 Resistência mecânica – coeficiente de prova dinâmica


O último parágrafo do ponto 4.1.2.3 aplica-se a máquinas de elevação e
equipamentos intermutáveis para operações de elevação sujeitos a provas
dinâmicas. Não se aplica a acessórios de elevação – ver §331 e §333:
comentários às alíneas d) e f) do ponto 4.1.1 e §350 a §352: comentários ao
ponto 4.1.3.
A concepção e construção da máquina, incluindo os cálculos de resistência e
estabilidade, devem ter em conta o coeficiente de prova utilizado para a prova
dinâmica ao qual a máquina está sujeita. O objectivo deste requisito é garantir
que a máquina funcionará corretamente e não sofrerá danos durante a utilização.
O ponto 4.1.2.3 especifica que os coeficientes de prova utilizados na prova
dinâmica devem garantir um nível de segurança adequado. Por conseguinte, a
escolha de um coeficiente de prova deve basear-se na avaliação de riscos do
fabricante. O ponto 4.1.2.3 também indica os coeficientes de prova que devem ser
usados “como regra geral”. Os coeficientes de prova especificados no ponto
4.1.2.3 poderão não ser adequados para determinadas categorias de máquinas
de elevação ou acessórios de elevação. O coeficiente especificado no ponto
4.1.2.3 deve aplicar-se, salvo se for especificado outro coeficiente mais adequado
na norma harmonizada relevante, ou se for devidamente justificado no processo
técnico do fabricante. A aplicação de uma norma harmonizada relevante que
especifique tal coeficiente de prova alternativo confere uma presunção de
conformidade ao requisito enunciado no ponto 4.1.2.3 – ver §110: comentários ao
n.º 2 do artigo 7.º.
De um modo geral, no caso de máquinas de elevação num sentido rigoroso e de
equipamentos intermutáveis para elevação, as provas dinâmicas mencionadas no
ponto 4.1.2.3 são provas unitárias – ver §350 a §352: comentários ao ponto 4.1.3.
Em geral, não é obrigatório que estas provas sejam efectuadas por organismos
independentes ou terceiros, embora para as máquinas de elevação sujeitas ao
exame CE de tipo ou aos procedimentos de garantia de qualidade total as provas
possam ser feitas por um organismo notificado– ver §129 e §130: comentários
aos n.os 3 e 4 do artigo 12.º, §388: comentários aos pontos 16 e 17 do anexo IV, e
§398: comentários ao ponto 3.2 do anexo IX.
As provas dinâmicas para verificar a conformidade da máquina com os requisitos
fundamentais da Diretiva Máquinas não devem ser confundidas com as provas

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previstas nas disposições nacionais relativas à inspeção em serviço de máquinas


de elevação – ver §140: comentários ao artigo 15.º.

4.1.2.4 Roldanas, tambores, rolos, cabos e correntes


Os diâmetros das roldanas, tambores e rolos devem ser compatíveis com as
dimensões dos cabos ou correntes com os quais possam estar equipados.
Os tambores e rolos devem ser concebidos, fabricados e instalados de modo a que os
cabos ou correntes com que estão equipados se possam enrolar sem abandonar o
alojamento previsto.
Os cabos utilizados diretamente para elevação ou suporte da carga não devem
apresentar qualquer empalme, além dos das extremidades. No entanto, serão
tolerados os empalmes nas instalações destinadas, pela sua concepção, a ser
periodicamente modificadas em função das necessidades de exploração.
O coeficiente de utilização do conjunto constituído por cabo e terminação é
escolhido de modo a garantir um nível de segurança adequado e é, regra geral,
igual a 5.
O coeficiente de utilização das correntes de elevação é escolhido de modo a garantir
um nível de segurança adequado e é, regra geral, igual a 4.
A fim de verificar se é atingido o coeficiente de utilização adequado, o fabricante ou
o seu mandatário deve efetuar ou mandar efetuar os ensaios apropriados para cada
tipo de corrente e de cabo utilizado diretamente para a elevação da carga e para
cada tipo de terminação de cabo.

§340 Roldanas, tambores, rolos, cabos e correntes


Os requisitos enunciados no ponto 4.1.2.4 do anexo I aplicam-se a roldanas,
tambores, rolos, cabos e correias incorporados nas máquinas de elevação e nos
equipamentos intermutáveis para elevação. Os componentes dos acessórios de
elevação estão sujeitos aos requisitos específicos enunciados no ponto 4.1.2.5.
Os requisitos enunciados no primeiro e segundo parágrafos do ponto 4.1.2.4
relativos à compatibilidade de roldanas, rolos e tambores com os cabos e as
correntes com os quais serão usados têm por objectivo:
- garantir que os cabos e as correntes não estão sujeitos a desgaste indevido
provocado pelo enrolamento nas roldanas, nos tambores e nos rolos;
- garantir que os cabos e as correntes não se libertam das roldanas, dos rolos
e dos tambores nos quais estão enrolados.
Os rácios dimensionais e a compatibilidade das roldanas, tambores e rolos, por
um lado, e dos cabos e correntes, por outro, são normalmente especificados nas
normas harmonizadas relevantes.
De acordo com o terceiro parágrafo do ponto 4.1.2.4, como regra geral, é proibido
existirem uniões em cabos e correntes estruturais, excepto as existentes nas
extremidades. Contudo, a segunda frase deste parágrafo reconhece que as
uniões podem ser necessárias em determinadas categorias de máquinas, tais
como, por exemplo, instalações de cabo para transporte de bens apenas ou os
teleféricos florestais para toros de madeira, que utilizam cabos extensos
concebidos para serem modificados sistematicamente consoante as
necessidades de uso ou por motivos de reparações autorizadas.

299
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O ponto 4.1.2.4 especifica que os coeficientes de utilização para cabos e


correntes devem garantir um nível adequado de segurança. Por conseguinte, o
dimensionamento dos cabos e correntes deve basear-se na avaliação de riscos
do fabricante da máquina de elevação ou acessório de elevação. O ponto 4.1.2.4
também indica o coeficiente de utilização que deve ser tido em conta “como regra
geral” no dimensionamento dos cabos e correntes. Os coeficientes de utilização
enunciados no ponto 4.1.2.4 poderão não ser adequados para determinados
componentes ou categorias de máquinas de elevação. Os referidos coeficientes
referidos no ponto 4.1.2.4 aplicam-se salvo se forem especificados outros
coeficientes mais adequados nas normas harmonizadas relevantes, ou se forem
devidamente justificados no processo técnico do fabricante para a máquina de
elevação ou acessório de elevação – ver §392: comentários à alínea a) do ponto
1 da parte A do anexo VII. A aplicação de uma norma harmonizada relevante que
especifique tal coeficiente de utilização confere uma presunção de conformidade
ao requisito enunciado no ponto 4.1.2.4 – ver §110: comentários ao n.º 2 do
artigo 7.º.
O último parágrafo do ponto 4.1.2.4 exige que os ensaios efectuados para
verificar se os cabos e correntes usados diretamente para elevar a carga e as
suas extremidades possuem um coeficiente de utilização adequado. Para aplicar
um coeficiente de utilização, é necessário saber qual a resistência mínima à
ruptura do cabo ou corrente em questão – ver §330: comentários à alínea c)
do 4.1.1.
No caso de cabos e correntes usados para fins de elevação, os ensaios que
estabelecem a resistência mínima à ruptura dos mesmos são normalmente
efectuados pelo fabricante dos cabos ou correntes e são especificados no
respectivo certificado – ver §357: comentários ao ponto 4.3.1 do anexo I.
Contudo, se o fabricante da máquina de elevação, dos acessórios de elevação ou
dos equipamentos intermutáveis para trabalhos de elevação fabricar ele próprio
as correntes e cabos ou os seus terminais, deve, então, efetuar os ensaios
necessários ou solicitar a sua realização. Os resultados dos ensaios devem fazer
parte integrante do ficheiro técnico do fabricante para a máquina em questão –
ver §392: comentários à alínea a) do ponto 1 da parte A do Anexo VII.
Os ensaios referidos no ponto 4.1.2.4 são ensaios de tipo destinados a verificar
os cálculos de resistência apresentados pelo fabricante. Como regra geral, não é
obrigatório que estes ensaios sejam efectuados por organismos independentes ou
terceiros, embora para máquinas de elevação sujeitas ao exame CE de tipo ou
aos procedimentos de garantia de qualidade total, os ensaios possam ser
efectuados por um organismo notificado– ver §129 e §130: comentários aos n.os 3
e 4 do artigo 12.º e no Anexo IX. Estes ensaios não devem ser confundidas com
os ensaios previstos nas disposições nacionais relativas à inspeção em serviço de
máquinas de elevação ou acessórios de elevação – ver §140: comentários ao
artigo 15.º.

300
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

4.1.2.5 Acessórios de elevação e seus componentes


Os acessórios de elevação e os seus componentes devem ser dimensionados tendo
em conta os fenómenos de fadiga e de envelhecimento que decorrem de um certo
número de ciclos de funcionamento, dependendo do tempo de vida previsto nas
condições de serviço especificadas para a aplicação prevista.
Além disso:
a) O coeficiente de utilização do conjunto constituído por cabo metálico e
terminação é escolhido de forma a garantir um nível de segurança adequado e
é, regra geral, igual a 5. Os cabos não devem ter qualquer empalme ou sapata
além dos das extremidades;
b) Quando forem utilizadas correntes de elos soldados, estas devem ser do tipo de
elos curtos. O coeficiente de utilização das correntes é escolhido de forma a
garantir um nível de segurança adequado e é, regra geral, igual a 4;
c) O coeficiente de utilização dos cabos ou correias de fibras têxteis depende do
material, do processo de fabrico, das dimensões e da utilização. Este coeficiente
é escolhido de forma a garantir um nível de segurança adequado e é, regra
geral, igual a 7, desde que os materiais utilizados sejam comprovadamente de
muito boa qualidade e que o processo de fabrico seja apropriado para as
condições de utilização previstas. Caso contrário, é, regra geral, mais elevado,
a fim de proporcionar um nível de segurança equivalente. Os cabos ou correias
de fibras têxteis não devem ter qualquer nó, empalme ou ligação além dos das
extremidades da lingagem ou do fecho de um cabo de lingagem sem fim;
d) O coeficiente de utilização de todos os componentes metálicos de uma linga ou
utilizados com uma linga é escolhido de forma a garantir um nível de segurança
adequado e é, regra geral, igual a 4;
e) A carga máxima de utilização de um cabo de lingagem de fios múltiplos é
determinada tendo em conta o coeficiente de utilização do fio mais fraco, o
número de fios e um factor minorante que depende do modo de lingagem;
f) A fim de verificar se o coeficiente de utilização adequado é atingido, o
fabricante ou o seu mandatário deve efetuar ou mandar efetuar os ensaios
apropriados para cada tipo de componente a que se referem as alíneas a), b),
c) e d).

§341 Acessórios de elevação e seus componentes


Os requisitos enunciados no ponto 4.1.2.5 aplicam-se a acessórios de elevação e
seus componentes – ver §43: comentários ao Artigo 2.º, alínea d). O termo
“componentes”, no contexto do ponto 4.1.2.5, refere-se a elementos integrados
em acessórios de elevação relevantes para a sua segurança.
O requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto 4.1.2.5 é complementar aos
requisitos enunciados nos primeiros três parágrafos do ponto 4.1.2.3 e aos
requisitos gerais relativos aos riscos de ruptura durante o funcionamento
enunciados no ponto 1.3.2. É de salientar que as hipóteses usadas na concepção
de acessórios de elevação e dos seus componentes, em relação às condições de
uso e tempo de vida expectável, devem ser consistentes com as instruções
disponibilizadas pelo fabricante para a respectiva inspeção e manutenção, e com
os critérios aplicáveis à sua substituição – ver §207: comentários ao ponto 1.3.2 e
§272: comentários à alínea r) do ponto 1.7.4.2.

301
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O ponto 4.1.2.5 especifica que os coeficientes de utilização para os componentes


de acessórios de elevação devem garantir um nível adequado de segurança. Por
conseguinte, o dimensionamento de tais componentes deve basear-se na
avaliação do risco realizada pelo fabricante do acessório de elevação. As alíneas
a) a d) do ponto 4.1.2.5 indicam o coeficiente de utilização que deve ser
considerado “como regra geral” no dimensionamento dos componentes dos
acessórios de elevação. Os coeficientes de utilização enunciados no ponto 4.1.2.5
poderão não ser adequados para determinados componentes ou categorias de
máquinas de elevação. Os referidos coeficientes referidos no ponto 4.1.2.5
aplicam-se salvo se forem especificados outros coeficientes mais adequados nas
normas harmonizadas relevantes, ou se forem devidamente justificados no
processo técnico do fabricante. A aplicação de uma norma harmonizada relevante
que especifique tal coeficiente de utilização alternativo confere uma presunção de
conformidade ao requisito enunciado no ponto 4.1.2.5 – ver §110: comentários ao
n.º 2 do artigo 7.º.
A alínea f) do ponto 4.1.2.5 exige que sejam efectuados ensaios para verificar se
os componentes de acessórios de elevação mencionados nas alíneas a) a d)
foram concebidos e construídos com base num coeficiente de utilização
adequado. Para aplicar um coeficiente de utilização, é necessário saber qual a
resistência mínima à ruptura do componente em questão – ver §330: comentários
à alínea c) do ponto 4.1.1.
Para correntes, cabos e correias, os ensaios que estabelecem a resistência
mínima à ruptura dos mesmos são normalmente efectuados pelo respectivo
fabricante e especificadas no respectivo certificado – ver §357: comentários ao
ponto 4.3.1 do anexo I. Para outros componentes, os ensaios necessários podem
ser efectuados pelo ou para o fabricante do componente, ou pelo fabricante do
acessório de elevação.
Se um componente de um acessório de elevação for fabricado como um artigo
único ou como parte de uma pequena série, poderá não ser praticável efetuar os
ensaios que o iriam inutilizar. Neste caso, o fabricante do acessório de elevação
deve verificar por outros meios, tais como cálculos de concepção, se o
componente usado dispõe de um coeficiente de utilização adequado.
Os ensaios referidos na alínea f) do ponto 4.1.2.5 são ensaios de tipo. Não é
obrigatório que estes ensaios sejam efectuados por organismos independentes ou
terceiros. Estes ensaios não devem ser confundidos com os ensaios previstos nas
disposições nacionais relativas à inspeção em serviço de máquinas de elevação –
ver §140: comentários ao artigo 15.º.
Os cálculos relevantes e os relatórios sobre o resultado dos ensaios referidos na
alínea f) do ponto 4.1.2.5 devem fazer parte integrante do ficheiro técnico
apresentado pelo fabricante do acessório de elevação - ver §392: comentários à
alínea a) do ponto 1 da parte A do anexo VII.

302
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

4.1.2.6 Controlo dos movimentos


Os dispositivos de controlo de movimentos devem atuar de forma a manter a
máquina sobre a qual estão instalados em situação de segurança.
a) A máquina deve ser concebida e fabricada ou equipada com dispositivos que
mantenham a amplitude dos movimentos dos seus elementos dentro dos limites
previstos. O funcionamento destes dispositivos deve, se for o caso, ser precedido
de um aviso;
b) Quando várias máquinas fixas ou instaladas sobre carris puderem evoluir
simultaneamente, com riscos de choque, as referidas máquinas devem ser
concebidas e fabricadas de modo a poderem ser equipadas com sistemas que
permitam evitar tais riscos;
c) A máquina deve ser concebida e fabricada de forma a que as cargas não possam
deslocar-se de forma perigosa ou cair intempestivamente em queda livre, em
caso de falta parcial ou total de energia ou quando cessar a ação do operador;
d) Com exceção das máquinas cujo trabalho exija tal aplicação, não deve ser
possível, em condições normais de funcionamento, fazer descer a carga apenas
sob o controlo de um freio de atrito;
e) Os órgãos de preensão devem ser concebidos e construídos de forma evitar a
queda intempestiva das cargas.

§342 Controlo dos movimentos


Os requisitos enunciados no ponto 4.1.2.6 aplicam-se a máquinas de elevação
em sentido estrito, a equipamento intermutável para elevação e, onde for devido,
a componentes de segurança instalados para garantir a segurança das operações
de elevação. Podem também ser aplicados a acessórios de elevação com partes
móveis controladas.
O requisito enunciado na primeira frase do ponto 4.1.2.6 é um requisito geral para
todos os dispositivos de controlo de movimentos de máquinas ou da carga.
A alínea a) do ponto 4.1.2.6 refere-se aos limites da amplitude dos movimentos,
quando for necessário garantir a segurança durante o funcionamento. Em alguns
casos, este requisito pode ser satisfeito pela concepção dos sistemas de controlo
e acionamento. Noutros casos, também pode ser necessário equipar os
elementos sujeitos ao movimento com dispositivos limitadores, tais como, por
exemplo, paragens mecânicas, interruptores de fim de curso ou separadores para
preencher este requisito.
A alínea b) do ponto 4.1.2.6 trata do risco de choque entre máquinas fixas ou
instaladas sobre carris. Pode existir risco de choque quando estão em
funcionamento na mesma área operacional várias máquinas, como por exemplo,
quando estão instalados numa obra dois ou mais guindastes de torre ou quando
dois ou mais guindastes de pórtico estão instalados no mesmo edifício. Para as
máquinas de elevação destinadas a serem utilizadas em situações em que exista
este risco, o fabricante deve garantir que é possível equipar as máquinas com os
dispositivos anti-choque necessários e fornecer as instruções de instalação
necessárias.
A alínea c) do ponto 4.1.2.6 trata do risco de ocorrência de movimentos
descontrolados da carga. Os movimentos referidos podem incluir movimentos

303
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

descontrolados de subida e descida da carga devido ao seu peso ou por ação de


um contrapeso. As medidas para cumprimento deste requisito incluem, por
exemplo, o provisionamento de travões que entram em funcionamento na
ausência de energia eléctrica, verificar as válvulas de controlo nos cilindros
hidráulicos e a instalação do equipamento de segurança em elevadores
conduzidos por carris e elevadores de estaleiro.
O requisito não exclui os pequenos deslizamentos da carga quando o movimento
ligeiro da carga não representa um risco. As normas harmonizadas podem
especificar a amplitude máxima ou a velocidade do movimento aceitável. Para
determinados tipos de máquinas de elevação, tais como, como por exemplo,
veículos de manutenção de elevadores, em que não é aceitável movimento algum
da carga a partir da posição de elevação, pode ser necessário equipá-los com
dispositivos de bloqueio para cumprir este requisito.
A alínea d) do ponto 4.1.2.6 enuncia um requisito para a descida da carga que é
aplicável à maioria das máquinas de elevação, uma vez que um freio de fricção
não constitui um meio fiável de controlar o movimento descendente.
A alínea e) do ponto 4.1.2.6 aplica-se à concepção de dispositivos de fixação de
carga, quer sejam parte da máquina de elevação ou de um acessório de
elevação. O meio mais comum utilizado para o cumprimento deste requisito é a
integração de uma patilha de segurança num gancho. Para outros tipos de
dispositivos de fixação de carga, as medidas necessárias para cumprir este
requisito incluem, por exemplo, incorporar um vácuo de reserva nos elevadores
de vácuo ou uma bateria de reserva a ímanes eléctricos de elevação.

4.1.2.7 Movimentos das cargas deslocadas


A implantação do posto de trabalho das máquinas deve permitir vigiar o melhor
possível as trajetórias dos elementos em movimento, para evitar possíveis embates
com pessoas, materiais ou outras máquinas que possam encontrar-se
simultaneamente em movimento e sejam susceptíveis de representarem um perigo.
As máquinas de carga guiada devem ser concebidas e fabricadas de modo a evitar
que a deslocação da carga, do habitáculo ou dos contrapesos, se existirem, possa
causar ferimentos nas pessoas.

§343 Prevenção dos riscos de colisão


O primeiro parágrafo do ponto 4.1.2.7 é aplicável a máquinas de elevação ou a
equipamento intermutável para elevação, cujo funcionamento é constantemente
controlado pelo operador. Neste caso, a localização e a concepção do posto de
trabalho devem proporcionar ao operador a melhor visibilidade possível dos
movimentos da carga. Em certos casos, para cumprir este requisito, a posição do
posto de trabalho deve ser móvel. Noutros casos, pode ser utilizado um controlo
remoto para permitir ao operador controlar os movimentos da carga, a partir de
uma posição com visibilidade adequada. No caso de máquinas de elevação
móveis, o requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto 4.1.2.7
complementa o requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto 3.2.1 do
anexo I.
O segundo parágrafo do ponto 4.1.2.7 aplica-se a máquinas de elevação de carga
guiada, a equipamento intermutável para elevação de carga guiada e, sempre que
for devido, a componentes de segurança instalados para garantir a segurança das

304
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

referidas operações de elevação – ver §329: comentários à alínea b) do ponto


4.1.1. Em tais máquinas, os movimentos do habitáculo, da carga e dos
contrapesos, quando existem, não estão, geralmente, sob o controlo constante do
operador. As medidas a implementar para prevenir o risco de ferimento das
pessoas devido ao contacto com o habitáculo, a carga ou os contrapesos
dependem da avaliação do risco. Em alguns casos, como por exemplo, em caso
de deslocação a alta velocidade, a trajetória do habitáculo, da carga ou
contrapesos devem estar completamente inacessíveis durante o funcionamento
normal quer pela sua localização ou por proteção. Noutros casos, por exemplo em
situação de velocidade reduzida, pode ser possível evitar o risco de ferimento
equipando o habitáculo com dispositivos de proteção – ver §347: comentários ao
ponto 4.1.2.8.3 do anexo I.

4.1.2.8 Máquinas que servem pisos fixos

§344 Máquinas que servem pisos fixos


O ponto 4.1.2.8 é aplicável a uma variedade de aparelhos de elevação fora do
âmbito da Diretiva Ascensores 95/16/CE alterado, quer por não
corresponderem à definição de ascensor do artigo 1.º da Diretiva Ascensores
ou porque estão excluídos do âmbito da Diretiva Ascensores pelo n.º 3 do
artigo 1.º – ver §151: comentários ao artigo 24.º.
As máquinas que servem pisos fixos destinam-se a transportar mercadorias,
pessoas ou mercadorias e pessoas entre níveis ou pisos pré-determinados de
um edifício, obra ou estrutura. As máquinas que servem pisos fixos incluem, por
exemplo, elevadores só para mercadorias, elevadores de estaleiro para
mercadorias e pessoas, elevadores ligados a máquinas, tais como, por
exemplo, guindastes de torre ou geradores eólicos, para acesso aos postos de
trabalho, elevadores residenciais, plataformas elevatórias para pessoas com
mobilidade reduzida e elevadores de escada.
As máquinas que servem pisos fixos devem ser distinguidas das máquinas
destinadas a aceder a posições elevadas para as quais o acesso ao habitáculo e
a partir do mesmo só é previsto a um nível (normalmente o nível do solo), tais
como, por exemplo, plataformas de trabalho suspensas ou de elevação em
colunas, para as quais não são aplicáveis os requisitos enunciados no
ponto 4.1.2.8.
As máquinas que têm ambas as funções acima referidas, por outras palavras, as
máquinas que servem pisos fixos e que também podem ser usadas, por exemplo,
como plataformas de trabalho para acesso a posições dentro da sua área de
deslocação, estão sujeitas aos requisitos enunciados no ponto 4.1.2.8 para os
perigos associados à função de servir pisos fixos.

4.1.2.8.1 Deslocação do habitáculo


A deslocação do habitáculo das máquinas que servem pisos fixos faz-se ao longo de
guias rígidas em Direção e ao nível dos pisos. Os sistemas de "tesoura" são também
considerados sistemas de guias rígidas.

305
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§345 Deslocação do habitáculo


O objectivo do requisito enunciado no ponto 4.1.2.8.1 é garantir que o habitáculo
das máquinas que servem pisos fixos é conduzido em segurança para os pisos,
evitando qualquer risco de colisão com estruturas e dispositivos existentes nos
pisos, e alcance uma posição que permite a transferência segura das
mercadorias, pessoas ou pessoas e mercadorias entre o habitáculo e o piso – ver
§329: comentários à alínea b) do ponto 4.1.1.

4.1.2.8.2 Acesso ao habitáculo


Quando o habitáculo seja acessível por pessoas, a máquina deve ser concebida e
fabricada de forma a assegurar que o habitáculo permanece estacionário durante o
acesso, em especial enquanto esteja a ser carregado ou descarregado.
A máquina deve ser concebida e fabricada de modo a assegurar que a diferença de
nível entre o habitáculo e o piso que está a ser servido não dê origem ao risco de
tropeçar.

§346 Acesso ao habitáculo


O requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto 4.1.2.8.2 trata dos riscos
resultantes do movimento não intencional do habitáculo enquanto está a ser
carregado ou descarregado ou enquanto as pessoas estão a entrar ou a sair do
habitáculo num piso. Para cumprir este requisito, o mecanismo de elevação e o
sistema de controlo devem ser concebidos para que o habitáculo permaneça no
piso enquanto estiver acessível.
A aplicação do requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto 4.1.2.8.2 não
exclui movimentos de nivelamento do habitáculo, desde que tais movimentos de
nivelamento estejam concluídos antes das pessoas puderem aceder ao
habitáculo. Além disso, se o nível do habitáculo for passível de alteração
enquanto estiver a ser carregado ou descarregado, também podem ser
necessários novos movimentos de nivelamento.
O requisito definido no segundo parágrafo do ponto 4.1.2.8.2 complementa o
requisito geral enunciado no ponto 1.5.15 do anexo I. As máquinas que servem
pisos fixos com o habitáculo acessível a pessoas devem ter um nível apropriado
de precisão da paragem para evitar o risco de tropeçar enquanto as pessoas
entram ou saem o habitáculo. O requisito é aplicável quer o acesso ao habitáculo
esteja previsto para o transporte de pessoas ou somente com o propósito de
carregar mercadorias.

4.1.2.8.3 Riscos devidos ao contacto com o habitáculo em movimento


Sempre que necessário, ao fim de cumprir o requisito enunciado no segundo
parágrafo do ponto 4.1.2.7, o volume percorrido deve ser tornado inacessível
durante o funcionamento normal.
Quando, durante a inspeção ou manutenção, exista um risco das pessoas situadas
por baixo ou por cima do habitáculo ficarem esmagadas entre este e quaisquer
elementos fixos, deverá ser previsto um espaço livre suficiente, mediante abrigos
materiais ou dispositivos mecânicos que bloqueiem o movimento do habitáculo.

306
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§347 Contacto com o habitáculo em movimento


O requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto 4.1.2.8.3 é aplicável às
máquinas que servem pisos fixos em sentido estrito e, quando apropriado, a
componentes de segurança instalados para garantir a segurança das operações
de elevação que servem pisos fixos. Complementa o requisito enunciado no
segundo parágrafo do ponto 4.1.2.7.
O requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto 4.1.2.8.3 indica que a regra
geral para as máquinas que servem pisos fixos é que o volume a percorrer deve
estar inacessível a pessoas durante o funcionamento normal, quer pela sua
localização ou através de proteção. São possíveis exceções a esta regra geral
para máquinas em que o volume a percorrer não pode ser tornado inacessível,
tais como, por exemplo, elevadores de escada ou plataformas elevatórias para
pessoas com mobilidade reduzida. Em tais casos, o risco de contacto com as
pessoas deve ser impedido por outros meios. Normalmente é necessário utilizar
uma combinação de meios tais como, baixa velocidade, dispositivos de comando
manuais e dispositivos de proteção sensíveis à pressão.
Por outro lado, pode ser necessário aceder ao volume a percorrer para fins de
inspeção e manutenção. O requisito enunciado no segundo parágrafo do ponto
4.1.2.8.3 trata do risco associado a uma pessoa que entra no volume a percorrer
para fins de inspeção ou manutenção ficar esmagada entre o habitáculo e os
limites do volume a percorrer ou os obstáculos situados acima ou abaixo do
habitáculo, em caso de movimentação não intencional do habitáculo. Este risco
pode ser eficazmente evitado garantindo que existe, permanentemente, espaço
livre suficiente acima e abaixo do habitáculo nas suas posições mais elevadas e
mais baixas, evitando o esmagamento das pessoas que aí trabalhem. Se a área
não for suficientemente grande para providenciar permanentemente o dito
espaço, devem ser utilizados dispositivos mecânicos para bloquear o habitáculo
numa posição segura. Deve ser possível implementar tais dispositivos de
proteção a partir de uma posição segura.

4.1.2.8.4 Risco devido à queda da carga do habitáculo


Sempre que existam riscos devido à queda de carga do habitáculo, a máquina deve
ser concebida e fabricada para prevenir esses riscos.

§348 Queda de cargas do habitáculo


O requisito enunciado no ponto 4.1.2.8.4 é expresso em termos gerais e a sua
aplicação prática depende da avaliação do risco de queda da carga. Os factores a
considerar incluem, por exemplo, a altura a que a carga é elevada, a velocidade
da deslocação, o tamanho, a forma e o peso da carga a ser carregada pelas
máquinas, a possível presença de pessoas por baixo do habitáculo e a concepção
do próprio habitáculo. A forma usual de cumprimento deste requisito é a
incorporação de uma barreira física no habitáculo que previna a queda da carga.

307
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4.1.2.8.5 Pisos
Devem ser prevenidos quaisquer riscos devidos ao contacto das pessoas situadas
nos pisos com o habitáculo em movimento ou outros elementos móveis.
Sempre que exista um risco de queda de pessoas no volume percorrido quando o
habitáculo não esteja presente nos pisos, devem ser instalados protetores para
prevenir esse risco. Tais protetores não devem abrir para o lado do volume
percorrido. Devem estar equipados com um dispositivo de encravamento controlado
pela posição do habitáculo que impeça:
— movimentos perigosos do habitáculo enquanto os protetores não tiverem
sido fechados e bloqueados,
— qualquer abertura perigosa do protetor enquanto o habitáculo não tiver
parado no piso correspondente.

§349 Segurança nos pisos


O requisito referido no ponto 4.1.2.8.5 trata dos riscos para as pessoas
localizadas nos pisos. É aplicável às máquinas de elevação que servem pisos
fixos em sentido estrito e, quando apropriado, a componentes de segurança
instalados para garantir a segurança das referidas operações de elevação. São
considerados dois riscos: os riscos devidos ao contacto com o habitáculo em
movimento ou outras partes móveis da máquina (tais como, por exemplo, o risco
de ser atingido, ou esmagado pelo habitáculo ou ficar preso pelas partes móveis)
e o risco de uma pessoa localizada no piso cair para o volume a percorrer quando
o habitáculo não se encontra no piso. Frequentemente podem ser utilizados os
mesmos meios para proteção contra ambos os riscos.
O fabricante de um elevador de escada deve tomar medidas para reduzir o risco
de queda nas escadas ao entrar e sair do elevador, mas não é esperado que o
fabricante coloque uma proteção que impeça o risco de cair das escadas a partir
dos pisos, uma vez que este risco existe independentemente da instalação de um
elevador de escada.
As proteções de bloqueio referidas no segundo parágrafo do ponto 4.1.2.8.5
podem ser portas de acesso aos pisos que impedem o acesso ao volume a
percorrer na ausência do habitáculo ou de barreiras que impeçam as pessoas de
alcançar o volume a percorrer. As especificações para tais proteções estão
incluídas em normas harmonizadas para categorias específicas de máquinas. As
normas harmonizadas sobre distâncias de segurança 187 , sobre a concepção de
proteções móveis 188 , sobre dispositivos de bloqueio para proteções 189 e sobre
meios de impedir quedas de plataformas ou passadeiras rolantes para acesso às

187
EN ISO 13857:2008 – Segurança de máquinas — Distâncias de segurança para impedir o
acesso a zonas perigosas dos membros superiores e inferiores (ISO 13857:2008).
188
EN ISO 953-1:1997 + A1:2009 – Segurança de máquinas – Proteções – Princípios gerais para
a concepção e fabrico de proteções fixas e móveis.
189
EN 1088:1995 + A2:2008 – Segurança de máquinas – Dispositivos de bloqueio associados às
proteções – Princípios para a concepção e seleção.

308
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

máquinas 190 podem também ser relevantes para a concepção de proteções nos
pisos.
Deve ser realçado que os dispositivos para bloquear as portas de acesso aos
pisos para as máquinas concebidas para elevação de pessoas entre pisos fixos
estão incluídos na lista de componentes de segurança que consta do anexo V –
ver §389: comentários ponto 17 do anexo V.

4.1.3 Adequação aos fins previstos


Aquando da colocação no mercado ou da primeira entrada em serviço de uma
máquina de elevação ou de acessórios de elevação, o fabricante, ou o seu
mandatário, deve garantir, tomando ou mandando tomar as medidas adequadas, que
a máquina ou os acessórios de elevação prontos a serem utilizados — quer sejam
acionados manualmente, quer electricamente — podem desempenhar com segurança
as funções que para eles foram especificadas.
Todas as máquinas de elevação prontas a entrar ao serviço devem ser submetidas às
provas estáticas e dinâmicas referidas no ponto 4.1.2.3.
Quando a máquina não possa ser montada nas instalações do fabricante ou do seu
mandatário, as medidas adequadas devem ser tomadas no local de utilização. Nos
restantes casos, as medidas podem ser tomadas quer nas instalações do fabricante,
quer no local de utilização.

§350 Verificação da adequação aos fins previstos


O requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto 4.1.3 é aplicável a
máquinas de elevação no sentido estrito, a equipamento intermutável para
elevação e a acessórios de elevação.
O objectivo deste requisito é garantir a integridade e o funcionamento correto
(referido como ‘adequação aos fins propostos’) de todas as máquinas de
elevação, equipamento para elevação ou acessórios para elevação que estão no
mercado ou vão entrar em serviço. O objectivo das medidas exigidas no primeiro
parágrafo do ponto 4.1.3 não é a verificação da concepção da máquina mas a
inspeção da integridade do fabrico e da montagem da máquina e o funcionamento
correto dos dispositivos de controlo e proteção.
O requisito significa que o fabricante deve assegurar a realização das inspeções e
ensaios funcionais antes das máquinas serem utilizadas pela primeira vez pelo
operador. Não é obrigatório que os ensaios sejam efectuados por uma
organização de ensaios independente ou por uma organização terceira. Podem
ser executados pelo próprio fabricante ou confiados a qualquer pessoa ou
entidade competente para agir em seu nome.
As medidas necessárias para verificar a adequação das máquinas aos fins
propostos, levadas a cabo pelo fabricante ou em seu nome, após a montagem
das máquinas e antes de serem colocadas ao serviço pela primeira vez não
devem ser confundidas com os ensaios previstos na legislação nacional
relativamente à inspeção das máquinas de elevação em serviço – ver §140:
comentários ao artigo 15.º.

190
EN ISO 14122-2:2001 – Segurança de máquinas — Meios permanentes de acesso às
máquinas — Parte 2: Plataformas de trabalho e passadeiras rolantes (ISO 14122-2:2001).

309
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§351 Provas estáticas e dinâmicas


O segundo parágrafo do ponto 4.1.3 especifica que, para todas as máquinas de
elevação no sentido estrito ou equipamento intermutável para elevação, as
‘medidas’ exigidas no primeiro parágrafo devem incluir as provas de sobrecarga
dinâmicas e estáticas referidas no ponto 4.1.2.3. Como regra geral, as provas
dinâmicas e estáticas são provas unitárias efectuadas em cada máquina após a
montagem e antes de entrar ao serviço pela primeira vez. Este facto é
particularmente importante quando no processo de produção é empregue
soldadura manual, uma vez que a realização das provas dinâmicas e estáticas
com a sobrecarga devida contribui para o alívio das tensões na soldadura.
Para algumas categorias de máquinas produzidas em série, e sempre que as
técnicas de produção empregues e a aplicação de um sistema de qualidade
devidamente documentado tornarem possível a garantia de que cada máquina
produzida terá características idênticas após a montagem completa, pode
considerar-se que as provas dinâmicas e estáticas efectuadas numa amostra
adequada das máquinas cumprem o requisito enunciado no segundo parágrafo
do ponto 4.1.3.
As condições de realização de provas dinâmicas e estáticas estão geralmente
especificadas nas normas harmonizadas da categoria de máquinas consideradas.
Os relatórios das provas relevantes devem ser incluídos nas instruções que
acompanham as máquinas – ver §361: comentários à alínea d) do ponto 4.4.2.
Algumas normas harmonizadas propõem formatos modelo para os referidos
relatórios de ensaio.

§352 Verificação da adequação aos fins previstos no local de utilização


Uma vez que as medidas necessárias para assegurar a adequação aos fins
previstos requeridas pelo primeiro e segundo parágrafos do ponto 4.1.3 são
efectuadas após a montagem das máquinas, o terceiro parágrafo do ponto 4.1.3
especifica que, para as máquinas de elevação que não possam ser montadas nas
instalações do fabricante mas só possam ser montadas no local de utilização, tais
como, por exemplo, guindastes de pórtico de grande dimensão, os ensaios e
inspeções necessárias devem ser efectuados no local de utilização. Para outras
máquinas de elevação que possam ser montadas nas instalações do fabricante,
cabe ao mesmo optar pela realização dos ensaios e inspeções necessários nas
suas instalações ou no local de utilização.

4.2 REQUISITOS PARA AS MÁQUINAS MOVIDAS POR UMA


ENERGIA DIFERENTE DA FORÇA HUMANA
4.2.1 Controlo dos movimentos
Os dispositivos de comando dos movimentos das máquinas ou dos seus
equipamentos devem ser de ação continuada. Porém, no que se refere aos
movimentos, parciais ou totais, em relação aos quais não haja riscos de choque com
a carga ou com a máquina, esses dispositivos podem ser substituídos por
dispositivos de comando que permitam movimentos com paragens automáticas em
posições pré-selecionadas sem ação continuada por parte do operador.

310
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§353 Controlo dos movimentos da máquina e da carga


O requisito enunciado no ponto 4.2.1 aplica-se às máquinas de elevação no
sentido estrito, a equipamento intermutável para elevação e a acessórios de
elevação com partes móveis controladas. A utilização de dispositivos de comando
destina-se a garantir que os movimentos das máquinas e da carga estão
constantemente controlados pelo operador. A exceção a esta regra geral
enunciada na segunda frase do ponto 4.2.1 é aplicável aos movimentos das
máquinas que não apresentem riscos da carga ou das máquinas colidirem com
pessoas, obstáculos ou com outras máquinas. A exceção aplica-se, por exemplo,
ao controlo de movimentos de carga guiada sempre que a volume a percorrer
esteja completamente inacessível durante o funcionamento normal – ver §343:
comentários ao ponto 4.1.2.7 do anexo I.

4.2.2 Controlo das solicitações


As máquinas cuja carga máxima de utilização seja pelo menos igual a 1 000 kg ou
cujo momento de derrube seja pelo menos igual a 40 000 Nm devem estar equipadas
com dispositivos que advirtam o condutor e impeçam movimentos perigosos em caso
de:
— sobrecarga, por serem excedidos quer a carga máxima de utilização, quer
o momento máximo de utilização devido à carga, ou
— ultrapassagem do momento de derrube.

§354 Prevenção de sobrecarga e derrube


O requisito enunciado no ponto 4.2.2 é aplicável às máquinas de elevação no
sentido estrito e a equipamento intermutável para elevação com uma carga
máxima de utilização não inferior a 1000 kg ou um momento de derrube não
inferior a 40 000 Nm e a componentes de segurança instalados em tais máquinas
para impedir sobrecargas e derrube.
O propósito deste requisito enunciado no ponto 4.2.2 é impedir a utilização das
máquinas, intencional ou acidentalmente, para elevação de cargas que excedam
a carga máquina de utilização especificada pelo fabricante ou de forma a exceder
o momento de derrube. A sobrecarga das máquinas pode conduzir à falha
imediata dos elementos de sustentação ou à queda ou derrube das máquinas. A
repetida sobrecarga das máquinas pode causar uma utilização excessiva dos
elementos de sustentação, conduzindo a falhas após um certo período de tempo.
O ponto 4.2.2 considera que nas condições de utilização previstas, o operador
pode avaliar incorretamente o peso da carga a elevar, podendo elevar uma carga
demasiado pesada ou elevar a carga a uma posição conducente a perda de
estabilidade. Assim, este requisito tem por objectivo impedir esta previsível
utilização incorreta das máquinas – ver §173: comentários à alínea a) do
ponto 1.1.2.
A seleção de dispositivos de proteção depende da categoria e características das
máquinas envolvidas. Para a maioria das categorias de máquinas de elevação, os
dispositivos a colocar são especificados nas normas harmonizadas relevantes.
Em geral, os dispositivos de controlo de carga e do momento devem possibilitar a
medição e o cálculo de parâmetros importantes tais como, por exemplo, o peso
da carga, a posição da carga e o momento de derrube criado pela carga. Os
dispositivos devem transmitir um aviso ao operador antes de se atingir a carga

311
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

máxima ou o momento de derrube, para que este possa tomar uma ação para
evitar a sobrecarga das máquinas ou mover a carga para uma posição que
conduza ao capotamento. Os dispositivos de proteção devem ser integrados no
sistema de controlo de forma a impedir movimentos perigosos das máquinas ou
da carga, sempre que a carga máxima de utilização ou o momento de derrube
sejam excedidos. Podem ser permitidos movimentos não perigosos das
máquinas.
Pode ser igualmente necessário providenciar um mecanismo de sobreposição aos
dispositivos de controlo da carga ou do momento, por exemplo, para a realização
de ensaios de sobrecarga ou reposicionamento da carga em situação segura.
Neste caso, devem ser tomadas as medidas necessárias para impedir a utilização
incorreta do mecanismo de sobreposição, por exemplo, através de um seletor de
modo – ver §204: comentários ao ponto 1.2.5 – ou localização do controlo de
sobreposição fora do alcance da posição normal de funcionamento. Para as
máquinas utilizadas pelos serviços de emergência pode igualmente ser
necessário permitir a um operador experiente sobrepor a sua ação a um
dispositivo de controlo da carga ou do momento, por exemplo, para lidar com uma
ameaça de incêndio ou explosão.
Não é exigido o controlo das solicitações se não contribuir para a segurança das
máquinas. Por exemplo, não é aplicável o requisito de controlo de solicitações às
máquinas equipadas com dispositivos de fixação de carga, tal como um depósito
de vazamento pelo fundo, que torna possível a elevação de carga superior à
carga máxima de utilização das máquinas.

§355 Controlo das solicitações de empilhadores industriais


Foi reconhecido, numa afirmação incluída nas minutas do Conselho reunido a 14
Junho de 1991, que o requisito relativo ao controlo de solicitações pode ser
problemático para empilhadores industriais:
"O Conselho e a Comissão consideram que, tendo em conta o atual estado
da técnica, certas máquinas, incluindo empilhadores industriais, podem não
cumprir completamente este requisito. Quaisquer problemas na aplicação
deste ponto seriam submetidos ao Comité Máquinas para avaliação."
O Comité Máquinas constituído em concordância com o n.º 2 do artigo 6.º da
Diretiva 98/37/CE indica que a afirmação acima relativa a ‘empilhadores
industriais’ não se aplica a empilhadores de alcance variável com braço
telescópico (empilhadores telescópicos) mas apenas a empilhadores de mastro
industriais, uma vez que não existe qualquer dificuldade técnica em equipar os
empilhadores de alcance variável com dispositivos que evitem exceder o
momento de derrube em resultado da elevação da carga. 191
A declaração do Conselho e da Comissão de 14 Junho de 1991 permanece válida
para empilhadores de mastro industriais no que respeita à aplicação do requisito
enunciado na Diretiva 2006/42/CE, ponto 4.2.2 do anexo I. Contudo, é esperado
que o estado da técnica se desenvolva na Direção do requisito enunciado no
ponto 4.2.2. Este desenvolvimento será reflectido na revisão das normas
harmonizadas relevantes.

191
Reunião do Comité Máquinas de 9 de Fevereiro de 2005.

312
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

4.2.3 Instalações guiadas por cabos


Os cabos portadores, tratores ou portadores-tratores devem ser esticados por
contrapesos ou por um dispositivo que permita controlar permanente a tensão.

§356 Cabos guia


Este requisito é aplicável às máquinas de elevação com um portador suspenso a
partir dos portadores de cabo e puxado por cabos de tração, tais como, por
exemplo, instalações por cabos para o transporte de mercadorias. É igualmente
aplicável a máquinas com um portador suspenso por cabos de tração, tais como,
por exemplo, elevadores só para mercadorias ou elevadores de estaleiro. É
necessária a manutenção da tensão adequada nos cabos referidos para
desenvolver as forças de fricção exigidas que asseguram o enrolamento correto
dos cabos à volta dos seus tambores, roldanas ou rolos e impedem que saiam
das respectivas guias.

4.3 INFORMAÇÕES E MARCAÇÕES


4.3.1 Correntes, cabos e correias
Cada porção de corrente, cabo ou correia de elevação que não faça parte de um
conjunto deve ostentar uma marcação ou, quando tal não seja possível, uma placa
ou anel inamovível, com o nome e endereço do fabricante ou do seu mandatário,
bem como a identificação do respectivo certificado.
O certificado atrás referido deve conter pelo menos as seguintes indicações:
a) Nome e endereço do fabricante e, se for o caso, do seu mandatário;
(b) Descrição da corrente ou cabo, incluindo:
— as suas dimensões nominais,
— o seu fabrico,
— o material de fabrico,
— qualquer tratamento metalúrgico especial a que o material tenha sido
submetido;
c) método de ensaio utilizado;
d) carga máxima a suportar em serviço pela corrente ou cabo. Pode ser indicada
uma escala de valores em função das aplicações previstas.

§357 Informações e marcações para correntes, cabos e correias


Os requisitos enunciados no ponto 4.3.1 aplicam-se aos produtos referidos na
alínea e) do n.º 1 do artigo 1.º e definidos na alínea e) do artigo 2.º – ver §44:
comentários à alínea e) do artigo 2.º.
As marcações exigidas no ponto 4.3.1 são complementares aos requisitos de
marcação definidos no ponto 1.7.3 – ver §250: comentários ao ponto 1.7.3.
Estes requisitos de marcação são aplicáveis aos produtos colocados no mercado
pelos fabricantes de correntes, cabos ou correias. A marcação deve ser afixada
aos enroladores, tambores, rolos, bobinas ou feixes de corrente, cabo ou correias.
A placa ou o anel em que a marcação é afixada deve ser inamovível, por outras

313
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

palavras, não deve ser passível de remoção durante o armazenamento e


transporte. É aconselhável afixar a marcação CE no mesmo local – ver §141:
comentários ao n.º 2 do artigo 16.º e §387: comentários ao anexo III.
Os requisitos da marcação não se aplicam às porções de corrente, cabo ou
correia cortados a partir dos produtos colocados no mercado pelo fabricante de
correntes, cabos ou correias, para incorporação nas máquinas de elevação ou
acessórios de elevação. Consequentemente não é esperado que as porções de
corrente, cabo ou correia incorporados nas máquinas de elevação ou acessórios
de elevação ostentem estas marcações.
Contudo, os distribuidores de correntes, cabos e correias devem assegurar que a
relevante declaração CE de conformidade, a referência do certificado declarando
as características da corrente, cabo ou correia e as instruções do fabricante são
emitidas com as dimensões de corrente, cabo ou correia fornecidas aos
fabricantes de máquinas ou acessórios de elevação ou aos utilizadores – ver §44:
comentários à alínea e) artigo 2.º.
A informação que consta do certificado e da declaração CE de conformidade da
corrente, cabo ou correia deve ser registada na ficha técnica das máquinas de
elevação ou acessórios de elevação, na posse do fabricante, e nas quais a
corrente, cabo ou correia estão incorporados – ver §392: comentários à alínea a)
do ponto da parte A do anexo VII.
O certificado referido no segundo parágrafo do ponto 4.3.1 deverá enunciar as
características técnicas do cabo, corrente ou correia. As normas harmonizadas
relevantes fornecem formatos modelo para este certificado.
O método de ensaio referido na alínea c) do ponto 4.3.1 é o método usado para o
ensaio necessário para estabelecer a força mínima de ruptura da corrente, cabo
ou correia – ver §340 e §341: comentários aos pontos 4.1.2.4 e 4.1.2.5. Sempre
que for utilizado o método de ensaio apropriado, definido na norma harmonizada,
é suficiente especificar a referência da norma.
A informação exigida na alínea d) do ponto 4.3.1 permitirá ao fabricante das
máquinas de elevação ou dos acessórios de elevação escolher uma corrente,
cabo ou correia com um adequado coeficiente de utilização, considerando o fim a
que se destinam as máquinas ou os acessórios de elevação e a carga máxima a
que a corrente, cabo ou correia serão sujeitos durante a utilização. O fabricante
da corrente, cabo ou correia deve por isso indicar a força mínima de ruptura da
corrente, cabo ou correia.
Apesar do ponto 4.3.1 não especificar que o certificado referido no segundo
parágrafo deve acompanhar o produto, a informação incluída no certificado deve
estar disponível para que o fabricante ou o utilizador das máquinas ou acessórios
de elevação selecionem cabos, correntes ou correias apropriadas à utilização
pretendida e com o coeficiente de utilização e características técnicas exigidas –
ver §337 a §341: comentários aos pontos 4.1.2.3, 4.1.2.4 e 4.1.2.5.
É portanto aconselhável incluir a declaração CE de conformidade, a informação
referida no segundo parágrafo do ponto 4.3.1 e as instruções da corrente, cabo ou
correia num único documento.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

4.3.2 Acessórios de elevação


Os acessórios de elevação devem ostentar as seguintes indicações:
— identificação do material, quando essa informação for necessária para uma
utilização segura,
— carga máxima de utilização.
No caso de acessórios de elevação em que a marcação seja materialmente
impossível, as indicações a que se refere o primeiro parágrafo devem ser
apresentadas numa placa, ou em qualquer suporte equivalente, fixada ao acessório
de forma segura.
Essas indicações devem ser legíveis e colocadas num local em que não sejam
susceptíveis de desaparecer, por motivo de desgaste, nem prejudicar a resistência do
acessório.

§358 Marcação de acessórios de elevação


Os requisitos de marcação enunciados no ponto 4.3.2 aplicam-se aos acessórios
de elevação – ver §43: comentários à alínea d) do artigo 2.º. Estes requisitos são
complementares aos requisitos relativos à marcação das máquinas enunciados
no ponto 1.7.3.
Se um acessório de elevação for o resultado da montagem de vários
componentes, o conjunto deve ser marcado como um acessório único. Se os
componentes das lingas ou outros acessórios de elevação forem colocados no
mercado e puderem igualmente ser utilizados isoladamente como acessórios de
elevação, tais componentes devem ostentar as marcações exigidas pelo ponto
4.3.2. Por outro lado, os componentes que não podem ser usados isoladamente
como acessórios de elevação não devem ostentar tais marcações.
As normas harmonizadas para componentes de aço para lingas especificam um
sistema de código para as marcações. Se tais componentes puderem ser
utilizados isoladamente como acessórios de elevação, para que a marcação
codificada possa ser considerada em conformidade com o requisito enunciado no
ponto 4.3.2, o significado do código deve ser tornado explícito nas instruções do
fabricante – ver §360: comentários ao ponto 4.4.1 do anexo I .
A marcação CE deverá ser afixada no mesmo local que as marcações exigidas
pelos pontos 1.7.3 e 4.3.2 – ver §387: comentários ao anexo III.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

4.3.3 Máquinas de elevação


A carga máxima de utilização deve ser claramente marcada na máquina. Esta
marcação deve ser legível, indelével e não codificada.
Quando a carga máxima de utilização depender da configuração da máquina, cada
posto de trabalho deve estar equipado com uma placa de cargas que indique, sob a
forma de esquemas, ou eventualmente de quadros, as cargas de utilização
autorizadas para cada configuração.
As máquinas destinadas apenas à elevação de mercadorias equipadas com um
habitáculo cujas dimensões permitam o acesso de pessoas devem ostentar uma
indicação clara e indelével proibindo a elevação de pessoas. Esta indicação deve ser
visível em todos os locais que permitam o acesso.

§359 Marcação de máquinas de elevação


Os requisitos enunciados no ponto 4.3.3 aplicam-se às máquinas de elevação no
sentido estrito e a equipamento intermutável para elevação. São complementares
dos requisitos relativos à marcação das máquinas enunciados no ponto 1.7.3.
O ponto 4.3.3 especifica que a carga máxima de utilização deve ser marcada de
forma ‘proeminente'. Este é um requisito mais exigente que o aplicado a outras
marcações no ponto 1.7.3, que refere apenas ‘visível’. Isto implica que a carga
máxima de utilização deve ser marcada nas máquinas de forma a ser facilmente
vista pelos operadores. A carga máxima de utilização deve ser marcada em
quilogramas.
Por outro lado, a placa de carga referida no segundo parágrafo do ponto 4.3.3,
indicando a carga máxima de utilização para cada uma das posições de
funcionamento da máquina, deve ser visível a partir das posições de
funcionamento relevantes.
O terceiro parágrafo do ponto 4.3.3 trata de um risco previsível de utilização
incorreta de certas máquinas destinadas apenas à elevação de mercadorias – ver
§175: comentários à alínea c) do ponto 1.1.2. As máquinas com um habitáculo de
dimensão suficiente para permitir o acesso a pessoas, tal como, por exemplo,
elevadores exclusivamente para mercadorias, devem ostentar um aviso
apropriado para pessoas que se sintam tentadas a viajar no habitáculo. Este aviso
está sujeito aos requisitos enunciados no ponto 1.7.1 do anexo I relativo à
informação e avisos em máquinas.

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4.4 MANUAL DE INSTRUÇÕES


4.4.1 Acessórios de elevação
Cada acessório de elevação ou cada lote comercialmente indivisível de acessórios
de elevação deve ser acompanhado de um manual de instruções que dê, no mínimo,
as seguintes indicações:
a) utilização prevista;
b) limites de utilização [nomeadamente no que diz respeito a acessórios de
elevação, tais como ímanes ou ventosas que não satisfaçam plenamente o
disposto na alínea e) do ponto 4.1.2.6];
c) instruções de montagem, utilização e manutenção;
d) coeficiente de ensaio estático utilizado.

§360 Manual de instruções para acessórios de elevação


Os requisitos enunciados no ponto 4.4.1 aplicam-se aos acessórios de elevação,
incluindo lingas e respectivos componentes passíveis de utilização isolada como
acessórios de elevação – ver §43: comentários à alínea d) do artigo 2.º.
As instruções para acessórios de elevação podem ser incluídas num documento
comercial como, por exemplo, um catálogo, mas o fabricante deve assegurar que
é fornecida uma cópia do documento com cada acessório de elevação ou lote de
acessórios.
O requisito b) está relacionado com acessórios como, por exemplo, elevadores
pneumáticos ou magnéticos, para os quais o requisito enunciado na alínea e) do
ponto 4.1.2.6 nem sempre pode ser totalmente satisfeito. O fabricante deve
especificar estes casos e informar o utilizador que os dispositivos de fixação de
carga correspondentes não devem ser utilizados acima das áreas onde seja
susceptível a presença de pessoas.

317
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

4.4.2 Máquinas de elevação


As máquinas de elevação devem ser acompanhadas de um manual de instruções que
contenha as indicações relativas:
a) Às características técnicas das máquinas, nomeadamente:
— a carga máxima de utilização e, se for caso disso, uma cópia da placa de
cargas ou do quadro de cargas definido no segundo parágrafo do ponto
4.3.3,
— as reações nos apoios e nas fixações e, se for caso disso, as características
das vias,
— se for caso disso, a definição e os meios de instalação de lastros;
b) Ao conteúdo do livrete de acompanhamento da máquina, se não for fornecido
com a máquina;
c) Aos conselhos de utilização, nomeadamente, para remediar as insuficiências de
visão direta da carga pelo operador;
d) Se for caso disso, a um relatório de ensaio, que deverá descrever
detalhadamente as provas estáticas e dinâmicas efectuadas pelo fabricante ou
pelo seu mandatário;
e) No caso de máquinas que não sejam montadas nas instalações do fabricante na
configuração final de utilização, as instruções necessárias para efetuar as
medições referidas no ponto 4.1.3 antes da primeira entrada ao serviço.

§361 Manual de instruções para máquinas de elevação


O requisito enunciado no ponto 4.4.2 aplica-se às máquinas de elevação no
sentido estrito e a equipamento intermutável para elevação.
O primeiro travessão da alínea a) do ponto 4.4.2 reitera a importância de informar
o utilizador e o operador acerca dos limites de carregamento das máquinas.
O segundo e terceiro travessões da alínea a) do ponto 4.4.2 referem-se à
instalação das máquinas de elevação de forma a garantir a sua estabilidade.
Estes requisitos são complementares dos requisitos gerais relacionados com as
instruções de instalação e estabilidade enunciados nas alíneas i) e o) do ponto
1.7.4.2 do anexo I.
A alínea b) do ponto 4.4.2 refere-se ao livrete que acompanha a máquina. O
fabricante não tem qualquer obrigação de fornecer tal livrete. Contudo,
recomenda-se o fornecimento de um livrete do qual constem as operações de
manutenção preventiva a realizar pelo utilizador e a respectiva periodicidade
como uma forma prática de providenciar as instruções de manutenção exigidas na
alínea r) do ponto 1.7.4.2 do anexo I.
Mesmo que o fabricante das máquinas de elevação não forneça o livrete, a alínea
b) do ponto 4.4.2 exige que ele forneça esclarecimento quanto ao seu conteúdo.
As normas harmonizadas podem especificar uma forma normalizada para o
conteúdo do livrete para categorias particulares de máquinas, facilitando a sua
leitura aos utilizadores e às equipas de manutenção e inspeção.
A alínea c) do ponto 4.4.2 reconhece que apesar das medidas tomadas pelo
fabricante para cumprimento do requisito enunciado no primeiro parágrafo do
ponto 4.1.2.7, o operador pode, no entanto, possuir uma visibilidade inadequada
318
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

da carga em determinadas condições de funcionamento, por exemplo, devido à


presença de um obstáculo na zona de manobra. Por este motivo o fabricante
deve fornecer orientação ao utilizador sobre medidas que podem ser tomadas
para compensar tal falta de visibilidade.
As alíneas d) e e) do ponto 4.4.2 referem-se às medidas a tomar pelo fabricante
para verificar a adequação aos propósitos das máquinas de elevação de acordo
com o ponto 4.1.3 do anexo I.
A alínea d) refere-se aos ensaios dinâmicos e estáticos mencionados no segundo
parágrafo do ponto 4.1.3. Os relatórios de ensaio relevantes devem ser incluídos
nas instruções, uma vez que fornecem ao utilizador a prova da realização dos
ensaios necessários da responsabilidade do fabricante ou efectuados pelo seu
mandatário.
A alínea e) assume relevância quando as máquinas não são montadas nas
instalações do fabricante e a adequação ao propósito deve, por este motivo, ser
verificada pelo fabricante ou em nome dele no local de utilização – ver
comentários ao ponto 4.1.3. Neste caso, as instruções para a tomada das
medidas necessárias devem ser incluídas nas instruções do fabricante para
permitir que as medidas necessárias sejam tomadas no local de utilização. Deve
ser realçado que este requisito não implica que a obrigação do fabricante para
garantir a adequação ao propósito da máquina de elevação a efetuar antes da
primeira entrada ao serviço possa ser transferida para o utilizador.

319
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

5. REQUISITOS ESSENCIAIS COMPLEMENTARES DE SAÚDE E DE


SEGURANÇA PARA MÁQUINAS DESTINADAS A SEREM UTILIZADAS
EM TRABALHOS SUBTERRÂNEOS
As máquinas destinadas a ser utilizadas em trabalhos subterrâneos devem cumprir
todos os requisitos essenciais de saúde e segurança descritos na presente parte (ver
Princípios gerais, ponto 4).

§362 Requisitos complementares para máquinas destinadas a trabalhos


subterrâneos
O ponto 5 do anexo I enuncia os RESS complementares para máquinas
destinadas a serem utilizadas em trabalhos subterrâneos; os mesmos são
aplicáveis às máquinas em causa para além dos requisitos relevantes do ponto 1
do anexo I e, quando aplicável, aos outros pontos do anexo I – ver §163:
comentários ao princípio geral 4.
A aplicação restrita do termo 'trabalho subterrâneo' foi indicada nas minutas do
Conselho de 20 de Junho de 1991 quando estes requisitos foram pela primeira
vez introduzidos na Diretiva Máquinas:
"É compreendido que o trabalho realizado em parques de estacionamento
subterrâneos, centros comerciais subterrâneos, caves, câmaras de criação
de cogumelos e afins não é considerado como trabalho subterrâneo."
Consequentemente, os RESS enunciados no ponto 5 referem-se a máquinas cuja
utilização se destina a minas e pedreiras subterrâneas e não a prédios situados
abaixo do nível o solo.
Deve ser realçado que determinadas categorias de máquinas para trabalho
subterrâneo são incluídas na lista do anexo IV (pontos 12.1 e 12.2) das categorias
de máquinas às quais é aplicável um dos procedimentos de avaliação de
conformidade referido nos n.os 3 e 4 do artigo 12.º.

5.1. RISCOS DEVIDOS À FALTA DE ESTABILIDADE


As máquinas de sustentação dos tectos de minas devem ser concebidas e fabricadas
de modo a permitir uma orientação adequada nas respectivas deslocações e não se
virarem antes e no momento de serem colocadas em carga e após descompressão.
Devem dispor de fixações para as placas de cabeça de cada escora hidráulica.

5.2. CIRCULAÇÃO
As máquinas de sustentação dos tectos de minas devem permitir que as pessoas
circulem sem entraves.

§363 Máquinas de sustentação dos tectos de minas


Os requisitos enunciados nos pontos 5.1 e 5.2 dizem respeito a máquinas móveis
de sustentação hidráulica de tectos de minas utilizadas para suportar o tecto da
galeria da mina. Os requisitos enunciados no ponto 5.1 complementam do
requisito geral relacionado com estabilidade enunciado no ponto 1.3.1.
As especificações para máquinas de sustentação dos tectos de minas são
fornecidas na série de normas EN 1804.

320
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5.3. DISPOSITIVOS DE COMANDO


Os dispositivos de comando de aceleração e travagem das máquinas que se
desloquem sobre carris devem ser de acionamento manual. Todavia, os dispositivos
de validação podem ser acionados por pedal.
Os dispositivos de comando das máquinas de sustentação dos tectos de minas devem
ser concebidos e dispostos de modo a permitir que, durante a operação de ripagem,
os operadores fiquem abrigados por um tecto devidamente instalado. Os dispositivos
de comando devem estar protegidos contra qualquer acionamento inopinado.

§364 Dispositivos de comando


Os requisitos enunciados no primeiro parágrafo do ponto 5.3 dizem respeito a
dispositivos de controlo para máquinas que se deslocam sobre carris utilizadas
em minas subterrâneas. Estes requisitos complementam os requisitos gerais
relacionados com dispositivos de comando enunciados no ponto 1.2.2 e os
requisitos relacionados com dispositivos de controlo sobre máquinas móveis
enunciados no ponto 3.3.1.
Os requisitos enunciados no segundo parágrafo dizem respeito à concepção e
posicionamento dos dispositivos de controlo para máquinas de sustentação dos
tectos de minas.

5.4. INTERRUPÇÃO DA DESLOCAÇÃO


As locomotivas destinadas a utilização em trabalhos subterrâneos devem ser
equipadas com um dispositivo de validação que atue sobre o circuito de comando
da deslocação da máquina de modo a que essa deslocação seja interrompida se o
condutor deixar de a comandar.

§365 Controlo dos movimentos de deslocação


O requisito enunciado no ponto 5.4 é complementar ao requisito geral relacionado
com o controlo dos movimentos de deslocação enunciado no primeiro parágrafo
do ponto 3.3.2.
As locomotivas utilizadas nas minas e pedreiras subterrâneas devem dispor de
um dispositivo de ativação para garantir que o condutor está na posição de
condução mas também para assegurar que ele permanece no comando do
movimento de deslocação.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

5.5. INCÊNDIO
O segundo travessão do ponto 3.5.2 é obrigatório para as máquinas que disponham
de partes com características de inflamabilidade elevada.
O sistema de travagem das máquinas destinadas a ser utilizadas em trabalhos
subterrâneos deve ser concebido e fabricado de forma a não produzir faíscas ou
provocar incêndios.
As máquinas com motores de combustão interna destinadas a ser utilizadas em
trabalhos subterrâneos devem ser equipadas exclusivamente com um motor que
utilize um carburante com baixa tensão de vapor e que exclua a possibilidade de
qualquer faísca de origem eléctrica.

§366 O risco de incêndio em máquinas destinadas a trabalhos


subterrâneos
O requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto 5.5 é complementar dos
requisitos relacionados com os meios de extinção enunciados no ponto 3.5.2.
Uma vez que as consequências de um incêndio durante os trabalhos
subterrâneos são passíveis de serem sempre severas, a existência de um
sistema incorporado de extinção de incêndios é um requisito explícito para as
máquinas destinadas a utilização subterrânea que disponham de peças com
características de inflamabilidade elevada.
Os requisitos enunciados no segundo e terceiro parágrafos do ponto 5.5 são
complementares do requisito geral relacionado com o risco de incêndio enunciado
no ponto 1.5.6. Este requisitos visam impedir que o sistema de travagem ou o
motor da máquina destinada a ser utilizada em minas subterrâneas origine ou
propague um incêndio.
De salientar que os motores de combustão interna passíveis de utilização em
atmosferas potencialmente explosivas estão sujeitos à Diretiva ATEX 94/9/CE –
ver §91: comentários ao artigo 1º, e §228: comentários ao ponto 1.5.7.

5.6. EMISSÕES DE GASES DE ESCAPE


Os gases de escape emitidos pelos motores de combustão interna não devem ser
evacuados para cima.

§367 Emissões de gases de escape


O principal motivo para a existência do requisito enunciado no ponto 5.6
relacionado com a descarga de emissões de gases de escape pelos motores de
combustão interna colocados nas máquinas destinadas a utilização subterrânea é
impedir que o tecto da mina fique exposto a tensões térmicas.

322
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

6. REQUISITOS ESSENCIAIS COMPLEMENTARES DE SAÚDE E DE


SEGURANÇA PARA AS MÁQUINAS QUE APRESENTEM PERIGOS
ESPECÍFICOS DEVIDO A OPERAÇÕES DE ELEVAÇÃO DE PESSOAS
As máquinas que apresentem perigos devido a operações de elevação de pessoas
devem cumprir todos os requisitos essenciais de saúde e segurança descritos neste
capítulo (ver Princípios gerais, ponto 4).

§368 Âmbito da Parte 6


A parte 6 do anexo I define requisitos essenciais de saúde e segurança em
relação a máquinas que apresentem perigos devido à elevação de pessoas.
As situações perigosas associadas à elevação de pessoas incluem,
nomeadamente, a queda ou o movimento descontrolado do habitáculo, a queda
de pessoas do habitáculo, colisões entre o habitáculo ou as pessoas dentro ou
sobre o habitáculo e obstáculos nas imediações das máquinas e a queda ou
capotamento das máquinas de elevação.
Os riscos relacionados com a elevação de pessoas são geralmente superiores
aos riscos associados à elevação de mercadorias em termos da gravidade dos
possíveis danos devido a falhas conducentes a acidentes, maior exposição aos
perigos, uma vez que as pessoas elevadas pelas máquinas estão continuamente
expostas a perigos, tais como, por exemplo, a queda do habitáculo, e a
possibilidade reduzida de evitar os perigos ou as respectivas consequências.
Os requisitos enunciados na Parte 6 são aplicáveis a todas as máquinas que
realizem operações de elevação envolvendo pessoas, sendo a elevação de
pessoas a principal função da máquina, uma função secundária da máquina ou
uma função de parte da máquina.
O termo ‘elevação’ abrange qualquer movimento ou sequência de movimentos
que inclua subida ou descida ou ambos. A subida e a descida incluem mudanças
de nível numa Direção em linha recta, na vertical, assim como num ângulo
inclinado – ver §328: comentários à alínea a) do ponto 4.1.1.
Os requisitos da parte 6 não são aplicáveis a perigos resultantes da
deslocação contínua de pessoas, por exemplo, em máquinas tais como
escadas e passadeiras rolantes – ver §328: comentários à alínea a) do
ponto 4.1.1.
Os requisitos enunciados na parte 6 são aplicáveis a máquinas no sentido estrito,
a equipamento intermutável para elevar pessoas, a componentes de segurança
incorporados para garantir a segurança de operações envolvendo elevação de
pessoas, a acessórios de elevação ou correntes, cabos e correias para elevar
pessoas.
Deve ser realçado que qualquer dos requisitos enunciados na parte 6 pode ser
aplicado a quase-máquinas destinadas à elevação de pessoas.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

6.1 GENERALIDADES
6.1.1 Resistência mecânica
O habitáculo, incluindo quaisquer alçapões, deve ser concebido e fabricado de
forma a oferecer o espaço e a resistência correspondentes à carga máxima de
utilização e ao número máximo de pessoas permitido no habitáculo .
Os coeficientes de utilização dos componentes definidos nos pontos 4.1.2.4 e 4.1.2.5
não são suficientes para as máquinas destinadas à elevação de pessoas e devem,
regra geral, ser duplicados. As máquinas destinadas à elevação de pessoas ou de
pessoas e mercadorias devem ser equipadas com um sistema de suspensão ou de
suporte do habitáculo concebido e fabricado de modo a garantir um nível adequado
de segurança global e a prevenir o risco de queda do habitáculo.
Quando forem utilizados cabos ou correntes para suspender o habitáculo exigem-se,
regra geral, pelo menos dois cabos ou correntes independentes, cada um com o seu
próprio sistema de fixação.

§369 Resistência mecânica


Os requisitos enunciados no ponto 6.1.1 são complementares dos requisitos gerais
enunciados no ponto 1.3.2 sobre o risco de ruptura durante o funcionamento e dos
requisitos enunciados no ponto 4.1.2.3 sobre resistência mecânica para perigos
associados às operações de elevação.
O primeiro parágrafo do ponto 6.1.1 exige que a concepção e o fabrico do
habitáculo considerem simultaneamente a carga máxima a suportar e o número
máximo de pessoas permitido no habitáculo. A carga máxima é calculada
considerando simultaneamente o número máximo de pessoas a elevar pela
máquina e o seu peso e também o peso de objetos ou materiais, tais como, por
exemplo, equipamento de trabalho ou ferramentas, que a máquina pode levantar.
O espaço disponível para as pessoas deve ser adequado e permitir o seu
transporte confortável e seguro e, no caso de plataformas, assegurar a realização
segura das tarefas que devem desempenhar. Em certos casos, o espaço
disponível deve ser reduzido para desencorajar a sobrecarga do habitáculo.
O requisito enunciado no segundo parágrafo do ponto 6.1.1 considera que durante
a elevação de pessoas, a queda ou o movimento descontrolado do habitáculo ou
da carga resultarão, na maioria das vezes, em acidentais graves ou fatais.
Consequentemente deve ser usado um coeficiente de utilização mais rigoroso no
cálculo da resistência dos componentes de suporte da carga do que o usado para
as máquinas de elevação exclusiva de mercadorias – ver §330: comentários à
alínea c) do ponto 4.1.1.
O terceiro parágrafo do ponto 6.1.1 define um requisito específico para máquinas
com um habitáculo suspenso. O objectivo deste requisito é evitar os riscos de
queda ou o movimento vertical descontrolado do habitáculo em caso de ruptura
de um cabo de suspensão. A regra geral para tais máquinas é empregar dois ou
mais cabos ou correntes independentes, cada qual com o seu sistema de fixação.
São permitidas exceções em relação a esta regra geral nos casos em que não
seja praticável providenciar dois cabos de suspensão, desde que seja possível
atingir um nível de segurança equivalente. Um exemplo de uma exceção é a
utilização de um cabo de suspensão combinado com um cabo de segurança e
com a utilização de equipamento de segurança automaticamente acionado em

324
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

caso de velocidade excessiva do habitáculo. Quaisquer exceções devem ser


justificadas pela avaliação do risco e baseadas no estado da técnica. Podem ser
apresentadas soluções técnicas nas normas harmonizadas relevantes – ver §162:
comentários ao princípio geral n.º 3.

6.1.2 Controlo das solicitações para máquinas movidas por uma energia
diferente da força humana
São aplicáveis os requisitos constantes do ponto 4.2.2, independentemente dos
valores da carga máxima de utilização e do momento de derrube, a não ser que o
fabricante possa demonstrar que não existem riscos de sobrecarga ou de derrube.

§370 Controlo das solicitações


O requisito enunciado no ponto 6.1.2 é complementar do requisito enunciado no
ponto 4.2.2. sobre controlo de solicitações. As máquinas destinadas à elevação
de pessoas devem ser equipadas com dispositivos que evitem a sobrecarga e o
capotamento exigidos pelo ponto 4.2.2, incluindo as máquinas com uma carga
máxima de utilização não inferior a 1 000 kg ou um momento de derrube não
inferior a 40 000 Nm.
Deve ser realçado que os dispositivos de controlo não impedem certos riscos de
sobrecarga tais como, por exemplo, a sobrecarga de uma plataforma de trabalho
enquanto trabalha em altura. Contudo, tais dispositivos podem impedir que um
habitáculo sobrecarregado seja elevado a partir do seu ponto de acesso e podem
advertir o operador e evitar movimentações perigosas do habitáculo
sobrecarregado. As especificações para controlo de solicitações são fornecidas
pelas normas harmonizadas para categorias específicas de máquinas para
elevação de pessoas.
O ponto 6.1.2 admite derrogações ao requisito de controlo de solicitações quando
o fabricante puder demonstrar que não existe risco de sobrecarga ou de
capotamento. Este pode ser o caso se a avaliação de risco assim o comprovar
evidenciando que estes perigos não estão presentes ou que foram
suficientemente reduzidos por outros meios. Pode ser aceitável uma derrogação,
por exemplo, sobre máquinas em que a dimensão do habitáculo disponha apenas
de um espaço limitado e quando o habitáculo e as estruturas de elevação forem
calculados para resistir a qualquer sobrecarga permitida pelo espaço reduzido do
habitáculo. As condições para tais especificações estão incluídas nas normas
harmonizadas para categorias específicas das máquinas referidas.

6.2 DISPOSITIVOS DE COMANDO


Sempre que os requisitos de segurança não imponham outras soluções, o habitáculo
deve, regra geral, ser concebido e fabricado de modo a que as pessoas que nele se
encontrem disponham de meios de comandar os movimentos de subida, descida e, se
for o caso, de outro tipo de movimentos do habitáculo.
Estes dispositivos de comando devem ter prioridade sobre quaisquer outros
dispositivos de comando dos mesmos movimentos, excepto sobre os dispositivos de
paragem de emergência.
Os dispositivos de comando destes movimentos devem ser de ação continuada,
excepto quando o próprio habitáculo esteja inteiramente fechado.

325
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§371 Dispositivos de comando


Os requisitos definidos no ponto 6.2 são complementares dos requisitos gerais
definidos no ponto 1.2.2 sobre dispositivos de controlo e dos requisitos
enunciados nos pontos 4.1.2.6 e 4.2.1 sobre os perigos associados ao controlo de
movimentos resultantes de operações de elevação. Os requisitos enunciados no
ponto 3.3.1 sobre dispositivos de controlo também são aplicáveis às máquinas
para elevação de pessoas que apresentem perigo devido à sua mobilidade.
O requisito enunciado no primeiro parágrafo do ponto 6.2 considera que, em
geral, a pessoa elevada no interior ou sobre o habitáculo tem a melhor percepção
dos perigos a que pode estar exposta devido, por exemplo, a obstáculos nas
imediações da máquina. É por este motivo essencial que possa controlar os
movimentos do habitáculo. Podem ser admitidas exceções a esta regra geral, por
exemplo, quando a pessoa ou pessoas a elevar estão protegidas por outros
meios contra quaisquer perigos resultantes do movimento do habitáculo, tais
como, por exemplo, um habitáculo completamente fechado, ou se for necessário
o controlo de certos movimentos a partir do exterior do habitáculo para reduzir os
riscos.
O requisito enunciado no segundo parágrafo do ponto 6.2 significa que os
dispositivos de controlo no habitáculo para os movimentos de subida e descida
devem ter prioridade sobre os dispositivos de controlo existentes nos pisos ou em
outros locais para movimentos de subida e descida e qualquer outro movimento
do habitáculo.
De acordo com o terceiro parágrafo do ponto 6.2, os dispositivos de comando são
exigidos para todos os movimentos do habitáculo, quer os dispositivos de controlo
se encontrem ou não no habitáculo, salvo se o habitáculo for completamente
fechado. Os habitáculos completamente fechados são habitáculos com paredes a
todo o comprimento, chãos aplicados e tectos incluídos (à exceção das aberturas
de ventilação) e portas a todo o comprimento.
A utilização de dispositivos de comando incita o operador a prestar atenção aos
movimentos do habitáculo que está a controlar e facilita uma interrupção imediata
em caso de ocorrência de uma situação perigosa. Conforme O ponto 1.2.2, é
particularmente importante assegurar que os dispositivos de comando para
máquinas que elevam pessoas estão localizados e são concebidos para evitar o
respectivo bloqueio enquanto estão a posição de funcionamento, caso o
habitáculo entre em contacto com um obstáculo.

6.3 RISCOS PARA PESSOAS QUE SE ENCONTRAM NO HABITÁCULO OU


SOBRE O MESMO
6.3.1 Riscos devidos à deslocação do habitáculo
As máquinas destinadas à elevação de pessoas devem ser concebidas, fabricadas ou
equipadas de modo a que as acelerações e travagens do habitáculo não deem origem
a riscos para as pessoas.

§372 Deslocação do habitáculo


A aceleração ou a desaceleração excessiva do habitáculo pode causar perda de
equilíbrio das pessoas em elevação, o seu ferimento por contacto com elementos
do habitáculo ou mesmo a ejecção do habitáculo. As pessoas podem ficar feridas
quando os dispositivos de segurança são acionados. O requisito enunciado no

326
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ponto 6.3.1 exige que os valores de aceleração positivos e negativos sejam


limitados pela concepção e fabrico dos sistemas de acionamento, transmissão e
travagem e pelos dispositivos de segurança. No caso das máquinas que não são
concebidas para efetuar deslocações enquanto se encontram pessoas no
habitáculo ou sobre o mesmo, o requisito só é aplicável aos movimentos do
habitáculo. No caso das máquinas que são concebidas para efetuar deslocações
enquanto as pessoas se encontram no habitáculo ou sobre o mesmo, o requisito
é aplicável simultaneamente aos movimentos do habitáculo e aos movimentos de
deslocação das máquinas propriamente ditas.

6.3.2 Risco de queda das pessoas para fora do habitáculo


O habitáculo não deve inclinar-se a ponto de criar um risco de queda dos seus
ocupantes, mesmo durante o movimento da máquina e do habitáculo.
...
§373 Inclinação do habitáculo
Os requisitos enunciados no ponto 6.3.2 são complementares do requisito
enunciado no ponto 1.5.15. sobre os riscos de escorregar, tropeçar ou cair.
A inclinação do habitáculo pode ocorrer como consequência da posição ou do
movimento das próprias máquinas de elevação ou em resultado dos movimentos
do habitáculo sobre o sistema de suspensão ou estrutura de suporte. Os
exemplos de situações perigosas envolvendo inclinação incluem, por exemplo,
um desequilíbrio do elevador de estaleiro em plataformas suspensas com mais do
que um elevador, ou a inclinação excessiva de uma plataforma de trabalho
elevatória móvel devido aos movimentos da estrutura de suporte ou devido a uma
fuga interna no sistema hidráulico.
O primeiro parágrafo do ponto 6.3.2 não exclui, toda a inclinação do habitáculo
mas exige que as máquinas concebidas e fabricadas limitem a inclinação a
valores que não originem riscos de queda de pessoas para dentro, sobre ou para
fora do habitáculo. Os valores aceitáveis dependem da avaliação dos riscos
efectuada pelo fabricante. Os valores são indicados nas normas harmonizadas
relevantes.
Quando a inclinação excessiva não possa ser evitada por medidas de concepção
intrinsecamente seguras, pode ser necessário colocar dispositivos para detecção
e correção automática da inclinação ou, em caso de falha destes dispositivos,
interromper o movimento do habitáculo e advertir o operador para que este
possa tomar a ação corretiva necessária antes de ser criada uma situação
perigosa.

6.3.2 Riscos de queda de pessoas para fora do habitáculo (continuação)


...
Quando o habitáculo for concebido como um posto de trabalho, deverão ser
tomadas disposições para garantir a estabilidade e impedir movimentos perigosos.
No caso de as medidas previstas no ponto 1.5.15 não serem suficientes, o habitáculo
deve estar equipado com uma quantidade de pontos de fixação apropriados
adequada ao número de pessoas autorizado no habitáculo. Os pontos de fixação
devem ser suficientemente resistentes para permitir a utilização de equipamentos de
proteção individual destinados à proteção contra as quedas em altura.
...

327
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§374 Utilização do habitáculo como posto de trabalho


Se o habitáculo se destina a ser utilizado como um posto de trabalho, o segundo
parágrafo do ponto 6.3.2 exige que o próprio habitáculo, o respectivo sistema de
suspensão ou estrutura de suporte e os sistemas de acionamento e controlo de
movimentos do habitáculo sejam concebidos e fabricados de forma a permitir a
realização segura do trabalho em questão pelos operadores sentados ou em pé
dentro ou sobre o habitáculo. Devem, por este motivo, registar-se os factores tais
como, por exemplo, o tipo de trabalho para ao qual se destina a máquina, as
posturas relacionadas dos operadores, as forças que podem ser exercidas sobre
o habitáculo durante o trabalho, incluindo forças do vento e forças manuais, e o
tipo de equipamento ou ferramentas que podem ser empregues para a realização
do trabalho. As instruções do fabricante devem especificar os limites das forças
que podem ser exercidas, em segurança, sobre o habitáculo.
Uma vez que as consequências possíveis resultantes da queda de uma pessoa
ou pessoas para fora do habitáculo são de extrema gravidade, se existir um risco
residual de tal se verificar, o terceiro parágrafo do ponto 6.3.2 exige que o
fabricante da máquina equipe o habitáculo com o ponto ou pontos de fixação
necessários que permitam ao operador ou operadores acoplar o equipamento de
proteção individual (EPI) que impede as quedas. Deve ser realçado que
providenciar um ponto de fixação para acoplagem do EPI é uma medida de
proteção complementar e em caso algum substitui um conjunto integrado de
medidas de proteção contra quedas para fora do habitáculo.
O EPI apropriado é, geralmente, um sistema de retenção que mantém o operador
no posto de trabalho e impede-o de cair do habitáculo. Os cálculos de
estabilidade e resistência do fabricante devem considerar as forças criadas pela
utilização do EPI. Dentro do habitáculo deve ser fornecida informação apropriada
e advertências – ver §245 e §249: comentários aos pontos 1.7.1 e 1.7.2. As
instruções do fabricante devem também informar os utilizadores acerca do risco
residual de queda do habitáculo e especificar o tipo de equipamento de proteção
individual a utilizar (por exemplo um sistema de retenção com uma porção de
cabo fixado à superfície do posto de trabalho). Em particular, as instruções devem
advertir contra a utilização de um sistema de retenção se o ponto de fixação não
foi concebido para um tal sistema ou se a queda do operador para fora do
habitáculo puder causar a perda de estabilidade da máquina – ver §267:
comentários às alíneas l) e m) do ponto 1.7.4.2.

6.3.2 Riscos de queda de pessoas para fora do habitáculo (continuação)


...
Quando existir um alçapão no piso ou no tecto ou uma cancela lateral, estes devem
ser concebidos e fabricados de modo a impedir qualquer abertura intempestiva e
devem abrir no sentido oposto ao risco de queda, em caso de abertura inopinada.

§375 Portas no habitáculo


O requisito enunciado no quarto parágrafo do ponto 6.3.2 procura reduzir o risco
de queda de pessoas para fora do habitáculo através das aberturas necessárias
para fins de acesso, saída ou fuga. A abertura inadvertida deve ser impedida
através da concepção das portas e alçapões e pela localização e concepção dos
mecanismos para abertura das mesmas. Por exemplo, os manípulos das portas
devem estar localizados e serem concebidos para impedir a abertura inadvertida
devido ao contacto com partes do corpo. Devem ser tomadas precauções para
328
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

garantir que as portas e alçapões não são fáceis de encravar na posição de


abertura.
Para cumprir o requisito enunciado no ponto 6.3.2, as portas laterais devem, regra
geral, ser concebidas de modo a abrir para o interior do habitáculo – não devem
abrir com um movimento para o exterior ou por ação do respectivo peso. Os
alçapões no chão ou tecto do habitáculo devem abrir para cima. Todavia, podem
ser necessárias exceções à regra geral, por exemplo, nas plataformas usadas
pelos bombeiros, uma vez que podem restringir o movimento e
consequentemente reduzir a possibilidade de salvar uma vida.
O requisito enunciado no quarto parágrafo do ponto 6.3.2 não é relevante para as
portas ou portões usados para dar acesso e para carregar e descarregar nos
pisos quando se trata de máquinas que servem pisos fixos. Todavia, tais portas
devem ser equipadas com dispositivos de encravamento e de bloqueio – ver
§378: comentários ao ponto 6.4.1;

6.3.3 Riscos devidos à queda de objetos sobre o habitáculo


Quando existirem riscos de queda de objetos sobre o habitáculo que possam pôr em
perigo as pessoas, o habitáculo deve ser equipado com um tecto de proteção.

§376 Tecto de proteção


O requisito enunciado no ponto 6.3.3 aplica-se às máquinas que se destinam a
serem utilizadas em situações que envolvem risco devido à queda de objetos,
tais como, por exemplo, pedras e escombros. Neste caso, o tecto de proteção,
o habitáculo e as máquinas devem ter resistência mecânica e estabilidade
suficientes para resistir às forças que podem ser exercidas por tais objetos em
queda.
Se contudo, a utilização pretendida para as máquinas tornar impraticável a
colocação de um tecto de proteção no habitáculo, tais como, por exemplo, em
plataformas de trabalho que permitam o acesso a locais situados acima do
habitáculo, as instruções do fabricante devem incluir advertências contra a
utilização das máquinas em situações em que exista risco devido à queda de
objetos – ver §263: comentários às alíneas g) e h) do ponto 1.7.4.2.

6.4. MÁQUINAS QUE SERVEM PISOS FIXOS

§377 Máquinas para elevação de pessoas de serviço a pisos fixos


Os requisitos enunciados no ponto 6.4 são complementares dos requisitos
enunciados no ponto 4.1.2.8 sobre máquinas de elevação de serviço a pisos fixos.
Os requisitos enunciados no ponto 6.4 aplicam-se a máquinas tais como, por
exemplo, elevadores de estaleiro para pessoas ou pessoas e mercadorias,
elevadores ligados a máquinas tais como, por exemplo, guindastes de torre ou
geradores eólicos, para aceder a postos de trabalho, elevadores residenciais,
plataformas elevatórias e elevadores de escada para pessoas com mobilidade
reduzida.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

6.4.1 Riscos para pessoas que se encontram no habitáculo ou sobre o mesmo


O habitáculo deve ser concebido e fabricado de forma a prevenir os riscos devidos
aos contactos de pessoas e/ou objetos, dentro do habitáculo ou sobre o mesmo, com
quaisquer elementos fixos ou móveis. Sempre que seja necessário para cumprir este
requisito, o próprio habitáculo deve ser inteiramente fechado com portas equipadas
com um dispositivo de encravamento que impeça os quaisquer movimentos perigosos
do habitáculo quando as portas estejam fechadas. As portas devem manter-se
fechadas quando o habitáculo pare entre dois pisos, sempre que exista risco de
queda para fora do habitáculo.
A máquina deve ser concebida e fabricada e, se necessário, equipada com
dispositivos, por forma a impedir movimentos não controlados do habitáculo, em
Direção ascendente ou descendente. Tais dispositivos devem poder fazer parar o
habitáculo quando este funcione com a carga máxima de utilização e à velocidade
máxima previsível.
A paragem assim acionada não deve provocar uma desaceleração perigosa para os
ocupantes, sejam quais forem as condições de carga.

§378 Riscos para pessoas que se encontram no habitáculo ou sobre o


mesmo
A primeira frase do ponto 6.4.1 significa que, em todas as circunstâncias, devem
ser tomadas as medidas de proteção necessárias para prevenir os riscos devidos
ao contacto entre pessoas e/ou objetos, no interior do habitáculo ou sobre o
mesmo, com quaisquer elementos fixos ou móveis. A segunda frase do ponto
6.4.1 refere-se aos casos em que é necessário o isolamento completo do
habitáculo (ou carro) para o cumprimento deste objectivo. O isolamento completo
é necessário, por exemplo, no caso de máquinas com um habitáculo que se
desloca rapidamente, tais como, por exemplo, certos elevadores de estaleiro.
Para tais máquinas, as portas devem dispor de dispositivos de encravamento
para impedir o movimento do habitáculo até que as portas estejam fechadas.
Quando existir um risco de queda para fora do habitáculo e este estiver parado
entre dois pisos, os dispositivos de encravamento devem estar associados a
dispositivos de bloqueio para prevenir a abertura das portas, até o habitáculo
alcançar o piso.
Contudo, a Diretiva Máquinas também se aplica a elevadores que se deslocam a
uma velocidade que não ultrapassa os 0.15 m/s – ver §151: comentários ao
artigo 24.º. Para tais elevadores de baixa velocidade, pode ser possível reduzir
suficientemente os riscos devidos ao contacto entre pessoas e/ou objetos, dentro
ou sobre o habitáculo, com elementos fixos ou móveis, através da combinação de
outros mecanismos tais como, por exemplo, dispositivos de comando para
controlar os movimentos do habitáculo e isolamento parcial do habitáculo.
O segundo parágrafo do ponto 6.4.1 trata do risco de movimentos descontrolados
do habitáculo, quer sejam no sentido descendente, por ação do peso ou da carga,
quer sejam no sentido ascendente devido ao contrapeso. Sempre que seja
necessário prevenir estes riscos, o elevador deve ser equipado com dispositivos
que detectem tais movimentos descontrolados e que interrompam em segurança
a deslocação do habitáculo se tais movimentos forem detectados.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

6.4.2 Comandos situados nos pisos


Os comandos, que não sejam os de emergência, situados nos pisos não devem dar
início à deslocação do habitáculo quando:
— os dispositivos de comando existentes no habitáculo estejam a ser
acionados,
— o habitáculo não se encontre num piso.

§379 Comandos situados nos pisos


O requisito enunciado no ponto 6.4.2 tem por objectivo garantir que, quando uma
pessoa dentro ou sobre o habitáculo der início à deslocação do habitáculo, outra
pessoa num piso não poderá assumir o controlo dos movimentos do habitáculo
usando o comando de “chamada" até que a pessoa no habitáculo tenha
alcançado o piso pretendido. Isto significa que o comando chamada não deve
assumir o controlo quando um dispositivo de comando tenha sido libertado entre
dois pisos ou um dispositivo de segurança tenha sido ativado.
Por outro lado, devem ser fornecidos mecanismos para conduzir, em segurança,
o habitáculo de volta ao piso, em caso de emergência.

6.4.3 Acesso ao habitáculo


Os protetores existentes nos pisos e no habitáculo devem ser concebidos e
fabricados de modo a garantir uma transferência segura para dentro e para fora do
habitáculo, tendo em conta a gama previsível de mercadorias e pessoas a elevar.

§380 Acesso ao habitáculo


O requisito enunciado no ponto 6.4.3 complementa o requisito enunciado no
ponto 1.5.15 sobre os riscos de escorregar, tropeçar e cair e o requisito enunciado
no ponto 4.1.2.8.2 sobre o acesso ao habitáculo para máquinas de elevação de
serviço a pisos fixos. As proteções ou portas do habitáculo existentes nos pisos
devem ser concebidas considerando os utilizadores finais das máquinas tais
como, por exemplo, pessoas transportando mercadorias, crianças, pessoas com
mobilidade reduzida ou utilizadores de cadeiras de rodas.
Qualquer espaço existente entre o habitáculo e o piso deve ser suficientemente
reduzido, colmatado ou protegido para prevenir os riscos que afectam as pessoas
que entram e saem do habitáculo.

6.5 INDICAÇÕES
O habitáculo deve ostentar as informações necessárias para garantir a segurança,
nomeadamente:
— o número de pessoas autorizadas no habitáculo,
— a carga máxima de utilização.

§381 Marcações no habitáculo


O requisito enunciado no ponto 6.5 complementa os requisitos enunciados no
ponto 1.2.2 sobre a identificação de dispositivos de controlo, ponto 1.7.1.1 relativa

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

a informação e dispositivos de informação, ponto 1.7.3, relativa a marcações de


máquinas e os primeiros dois parágrafos do ponto 4.3.3 relacionados com
informação e marcações de máquinas de elevação.
O ponto 6.5 refere-se a informação que deve estar fácil e permanentemente
acessível a uma pessoa ou pessoas dentro ou sobre o habitáculo das máquinas
de forma a garantir a utilização segura das mesmas.
A indicação da carga máxima de utilização deve estar no habitáculo (assim como
nas máquinas conforme exigência do ponto 4.4.3). O número de pessoas
autorizado dentro e sobre o habitáculo também deve estar indicado no mesmo.
Outra informação necessária que deve ser indicada no habitáculo pode incluir
ações a realizar em situações de emergência e a correta utilização do
equipamento de comunicação em caso de emergência.

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ANEXO II
Declarações
1. CONTEÚDO
A. DECLARAÇÃO CE DE CONFORMIDADE PARA UMA MÁQUINA
Esta declaração e as suas traduções devem ser redigidas nas mesmas condições do
manual de instruções [ver alíneas a) e b) do ponto 1.7.4.1 do anexo I] e ser
dactilografadas ou manuscritas em letra de imprensa.
Esta declaração diz respeito apenas à máquina tal como se encontra no momento da
colocação no mercado, excluindo-se os componentes adicionados e/ou as operações
efectuadas posteriormente pelo utilizador final.
...
§382 Declaração CE de conformidade para máquinas
A parte A do ponto 1 do anexo II, diz respeito à declaração CE de
conformidade que deve ser redigida pelo fabricante ou o seu mandatário na UE
e que deve acompanhar as máquinas até chegarem ao utilizador final –
ver §103: comentários ao n.º 1 do artigo 5.º e §109: comentários ao n.º 1 do
artigo 7.º. A declaração CE de conformidade é uma declaração legal do
fabricante ou do seu mandatário atestando que a máquina em questão está em
conformidade com todas as disposições relevantes da Diretiva Máquinas.
O requisito enunciado no primeiro parágrafo da parte A do ponto 1 do anexo II,
que define que a declaração e suas traduções devem ser redigidas nas
mesmas condições do manual de instruções, requer que a declaração CE de
conformidade tenha versões em uma ou mais línguas oficiais da UE. Quando
não existir nenhuma declaração CE de conformidade em nenhuma das línguas
oficiais do país onde a máquina vai ser utilizada, deve ser fornecida uma
tradução para essa ou essas línguas pelo fabricante ou pelo seu mandatário ou
pela pessoa que introduz a máquina na zona linguística em questão. As
traduções devem exibir a palavra "Tradução" – ver §246: comentários ao ponto
1.7.1 do anexo I, §255: comentários ao ponto 1.7.4 e §257: comentários às
alíneas a) e b) do ponto 1.7.4.1.
A declaração CE de conformidade deve ser dactilografada (impressa) ou
manuscrita em letra de imprensa. Deve ser incluída no manual de instruções ou
fornecida separadamente, situação em que deve ser incluído no manual de
instruções um documento apresentando o conteúdo da declaração CE de
conformidade – ver §149: comentários à alínea c) do ponto 1.7.4.2 do anexo I.
O segundo parágrafo da parte A do ponto 1 do anexo II, sublinha que a
declaração CE de conformidade se refere apenas às máquinas tal como foram
concebidas, fabricadas e colocadas no mercado pelo fabricante. Se o
fabricante autorizar outro operador económico tal como um importador ou um
distribuidor a modificar as máquinas antes de serem fornecidas ao utilizador
final, o fabricante permanece legalmente responsável pelas máquinas tal como
são entregues. Todavia, o fabricante não é legalmente responsável por
quaisquer acrescentos ou modificações feitas às máquinas, sem a sua
autorização, por outro operador económico ou pelo utilizador final. Este facto
deve ser tido em consideração pelas autoridades de vigilância do mercado

333
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

quando é examinada uma máquina em serviço – ver §94: comentários ao n.º 1


do artigo 4.º.

Anexo II 1 A (continuação)
...
A Declaração CE de conformidade deve conter os seguintes elementos:
1. Firma e endereço completo do fabricante e, se for o caso, do seu mandatário.
2. Nome e endereço da pessoa autorizada a compilar o processo técnico, a qual
deverá estar obrigatoriamente estabelecida na Comunidade.
3. Descrição e identificação da máquina, incluindo: denominação genérica,
função, modelo, tipo, número de série e marca.
4. Declaração expressa de que a máquina satisfaz todas as disposições
relevantes da presente diretiva e, se for caso disso, declaração análoga
quanto à conformidade com outras diretivas e/ou disposições relevantes a
que a máquina dê cumprimento. Estas referências devem ser as dos textos
publicados no Jornal Oficial da União Europeia;
5. Sendo caso disso, nome, endereço e número de identificação do organismo
notificado que tiver efectuado o exame CE de tipo referido no anexo IX, bem
como o número do certificado de exame CE de tipo.
6. Sendo caso disso, o nome, endereço e número de identificação do organismo
notificado que tiver aprovado o sistema de garantia de qualidade total
referido no anexo X;
7. Sendo caso disso, a referência às normas harmonizadas utilizadas, referidas
no n.º 2 do artigo 7.º.
8. Sendo caso disso, referência a outras normas e especificações técnicas que
tiverem sido utilizadas.
9. Local e a data da declaração.
10. Identificação e assinatura da pessoa habilitada a redigir esta declaração em
nome do fabricante ou do seu mandatário.
...
§383 Conteúdo da declaração CE de conformidade
Os comentários seguintes referem-se aos parágrafos numerados da parte A do
ponto 1 do anexo II:
1. A firma e o endereço completo do fabricante devem ser iguais aos que
constam nas máquinas – ver §250: comentários ao ponto 1.7.3 do anexo
I. Sempre que o fabricante tenha escolhido designar um mandatário na
UE para executar a totalidade ou parte das suas obrigações definidas no
artigo 5.º – ver §84 e §85: comentários à alínea j) do artigo 2º – os
elementos do mandatário devem constar igualmente na declaração CE
de conformidade.

2. A pessoa autorizada a compilar o processo técnico é uma pessoa


singular ou colectiva estabelecida na UE a quem o fabricante confiou a
tarefa de reunir e tornar disponíveis os elementos relevantes do processo
técnico em resposta a um pedido devidamente fundamentado das
autoridades de vigilância do mercado de um dos Estados-Membros –

334
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ver §98: comentários aos n.os 3 e 4 do artigo 4.º e §393: comentários aos
pontos 2 e 3 da parte A do anexo VII.
A pessoa autorizada a compilar o processo técnico não é, como tal,
responsável pela concepção, fabrico ou avaliação de conformidade das
máquinas, pela elaboração dos documentos incluídos no processo
técnico, pela afixação da marcação CE ou pela elaboração e assinatura
da declaração CE de conformidade.
Todos os fabricantes de máquinas devem indicar o nome e o endereço
da pessoa autorizada a compilar o processo técnico.
Para os fabricantes estabelecidos na UE, a pessoa autorizada a compilar
o processo técnico pode ser o próprio fabricante, o seu mandatário, uma
pessoa de contacto pertencente ao pessoal do fabricante (que pode ser
o mesmo que o signatário da declaração CE de conformidade) ou outra
pessoa singular ou colectiva legalmente estabelecida na UE a quem o
fabricante confie esta tarefa.
Para os fabricantes estabelecidos fora da UE, a pessoa autorizada a
compilar o processo técnico pode ser qualquer pessoa singular ou
colectiva legalmente estabelecida na UE a quem tenha sido confiada a
tarefa de reunir e tornar disponível o processo técnico em resposta a um
pedido devidamente fundamentado. Sempre que o fabricante
estabelecido fora da UE tenha escolhido delegar num mandatário
estabelecido na UE a execução total ou parcial das suas obrigações
definidas no artigo 5.º – ver §84 e §85: comentários à alínea j) do
artigo 2º – o mandatário estabelecido na UE pode também ser a pessoa
autorizada a compilar o processo técnico.

3. Os elementos requeridos para a descrição e identificação das máquinas


são essencialmente os mesmos que devem ser apostos nas mesmas –
ver §250: comentários ao ponto 1.7.3 do anexo I. Contudo, na declaração
CE de conformidade os elementos de identificação das máquinas devem
ser integralmente fornecidos. O objectivo desta informação é permitir
simultaneamente ao utilizador e às autoridades de vigilância do mercado
identificarem, sem ambiguidade, as máquinas abrangidas pela
declaração.
Regra geral, deverá ser indicado o número de série das máquinas
abrangidas pela declaração CE de conformidade. No caso das máquinas
produzidas em grandes séries é possível redigir uma única
declaração CE de conformidade abrangendo uma gama de números de
série ou lotes, caso em que a gama abrangida pela declaração deve ser
especificada e deve ser emitida uma nova declaração de conformidade
para cada nova gama de números de série ou lotes. Em qualquer caso,
deve ser fornecida a identificação necessária para assegurar a ligação
entre cada máquina e a declaração CE de conformidade que se lhe
aplica.

4. A frase que declara que a máquina cumpre todas as disposições


relevantes da Diretiva Máquinas é o elemento chave da declaração CE
de conformidade. Nesta frase, o fabricante ou o seu mandatário atesta
que a máquina em questão está em conformidade com todos os RESS

335
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

aplicáveis do anexo I para a Diretiva Máquinas e que foi aplicado o


procedimento adequado de avaliação de conformidade.
Quando as máquinas em causa estão sujeitas a outra legislação da UE
para além da Diretiva Máquinas, deve ser declarada a conformidade com
as outras diretivas ou regulamentos envolvidos – ver §91 e §92:
comentários ao artigo 3.º. O fabricante pode redigir uma única declaração
CE de conformidade para estas diretivas ou regulamentos, desde que a
declaração contenha toda a informação exigida por cada diretiva. Tal
pode não ser possível em todos os casos uma vez que certas diretivas
especificam um formato particular para a declaração de conformidade –
ver §89: comentários ao artigo 3.º.

5. Para máquinas pertencentes a uma das categorias listadas no anexo IV,


sempre que o fabricante tenha escolhido seguir o procedimento de
exame CE de tipo, devem ser indicados os elementos do organismo
notificado que realizou o exame CE de tipo e o número do certificado de
exame CE de tipo – ver §129 e §130: comentários aos n.os 3 e 4 do
artigo 12.º. O nome, o endereço e o número de identificação de quatro
dígitos do organismo notificado podem ser verificados na base de dados
NANDO – ver §133: comentários ao artigo 14.º.

6. Para máquinas pertencentes a uma das categorias listadas no anexo IV,


sempre que o fabricante tenha escolhido seguir o procedimento do
sistema de garantia de qualidade total, devem ser indicados os elementos
do organismo notificado que aprovou o sistema de qualidade total do
fabricante – ver §129 e §130: comentários aos n.os 3 e 4 do artigo 12.º.
O nome, endereço e o número de identificação de quatro dígitos do
organismo notificadopodem ser verificados na base de dados NANDO –
ver §133: comentários ao artigo 14.º.

7. De forma a beneficiar da presunção da conformidade conferida pela


aplicação das normas harmonizadas, os fabricantes devem indicar as
referências das normas harmonizadas aplicadas na declaração CE de
conformidade – ver §110 e §111: comentários ao n.º 2 do artigo 7.º, e
§114: comentários ao n.º 3 do artigo 7.º. Contudo, deve ser relembrado
que a aplicação das normas harmonizadas é voluntária – ver §110:
comentários ao n.º 2 do artigo 7.º.
No caso das máquinas pertencentes a uma das categorias discriminadas
no anexo IV, sempre que o fabricante tenha seguido o procedimento de
avaliação de conformidade com controlo interno de fabrico das máquinas
em concordância com o anexo VIII, o fabricante deve indicar a referência
das normas harmonizadas aplicadas na declaração CE de conformidade,
uma vez que a aplicação das normas harmonizadas que abrangem todos
os RESS aplicáveis às máquinas é uma condição para a utilização deste
procedimento de avaliação de conformidade – ver §129: comentários ao
n.º 3 do artigo 12.º.
Quando na declaração CE de conformidade consta a referência a uma
norma harmonizada, as autoridades de vigilância do mercado podem
considerar que o fabricante aplicou integralmente as especificações da
norma. Se o fabricante não tiver aplicado todas as especificações da
norma harmonizada, pode ainda indicar a referência da norma na

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

declaração CE de conformidade, mas, nesse caso, deve indicar quais as


especificações da norma aplicadas ou não aplicadas.
8. Quando as normas harmonizadas não tenham sido usadas, o fabricante
pode indicar as referências de outros documentos técnicos utilizados na
concepção e fabrico das máquinas. Deve ser tido em consideração que a
aplicação de tais documentos não confere presunção de conformidade –
ver §162: comentários ao princípio geral 3 do anexo I.

9. A indicação do local e data da declaração são requisitos habituais de um


documento jurídico assinado. O local a indicar é geralmente a cidade
onde se situam as instalações do fabricante ou do seu mandatário. Uma
vez que a declaração CE de conformidade deve ser redigida antes das
máquinas serem colocadas no mercado ou entrarem em serviço –
ver §103: comentários ao n.º 1 do artigo 5.º – a data indicada na
declaração CE de conformidade não deve ser posterior à data de
colocação no mercado das máquinas, ou no caso de máquinas para
utilização do próprio fabricante, não ser posterior à data de entrada em
serviço das mesmas.

10. A identificação da pessoa habilitada pelo fabricante ou pelo seu


mandatário para elaborar a declaração CE de conformidade deve ser
indicada ao lado da assinatura dele ou dela. A identificação da pessoa
compreende o nome dele ou dela e a respectiva função.
A declaração CE de conformidade pode ser assinada pelo diretor
executivo da empresa em questão ou por outro representante da
empresa em quem tenha sido delegada esta responsabilidade. A
declaração CE de conformidade deverá ser assinada e conservada pelo
fabricante ou pelo seu mandatário – ver §386: comentários ao ponto 2 do
anexo II. A assinatura pode ser reproduzida nas cópias da declaração de
conformidade que acompanham as máquinas.

ANEXO II
1. CONTEÚDO (continuação)
...
B. DECLARAÇÃO DE INCORPORAÇÃO DE QUASE-MÁQUINAS
Esta declaração e as suas traduções devem ser redigidas nas mesmas condições do
manual de instruções [ver alíneas a) e b) do ponto 1.7.4.1 do anexo I] e ser
dactilografadas ou manuscritas em letra de imprensa.
...
§384 A Declaração de Incorporação de quase-máquinas
A parte B do ponto 1 do anexo II diz respeito à declaração de incorporação que
deve ser elaborada pelo fabricante da quase-máquina ou pelo seu mandatário
na UE e que deve acompanhar a quase-máquina até chegar ao fabricante da
máquina final na qual será incorporada – ver §104: comentários ao n.º 2 do
artigo 5.º e §131: comentários ao artigo 13.º. A declaração de incorporação fará
parte do processo técnico da máquina final – ver §392: comentários à alínea a)
do ponto 1 da parte A do anexo VII.
A declaração de incorporação é uma declaração legal do fabricante ou do seu
mandatário com os seguintes objectivos principais:

337
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

 informar o fabricante da máquina final relativamente aos RESS


aplicáveis do anexo I que foram aplicados e cumpridos e, quando
apropriado, declarar a conformidade da quase-máquina com as
disposições de outra legislação da UE aplicável;
 comprometer-se a fornecer, em resposta a um pedido fundamentado
das autoridades nacionais, informação relevante sobre a quase-
máquina;
 indicar que a quase-máquina não deve entrar em serviço até que a
máquina final na qual será incorporada tenha sido declarada em
conformidade com as disposições relevantes da Diretiva Máquinas.
Os comentários referentes ao primeiro parágrafo da parte A do ponto 1 do
anexo II são igualmente aplicáveis ao primeiro parágrafo da parte B do ponto 1
do anexo II.

Anexo II 1 B (continuação)
...
A declaração de incorporação deve conter os seguintes elementos:
1. Firma e endereço completo do fabricante da quase-máquina e, se for o caso, do
seu mandatário.
2. Nome e endereço da pessoa autorizada a compilar a documentação técnica
relevante, a qual deverá estar obrigatoriamente estabelecida na Comunidade.
3. Descrição e identificação da quase-máquina, incluindo denominação genérica,
função, modelo, tipo, número de série e marca.
4. Declaração dos requisitos essenciais da presente diretiva que se aplicam e são
cumpridos e referindo que a documentação técnica relevante foi elaborada nos
termos do Anexo VII, parte B e, se for caso disso, uma declaração da
conformidade da quase-máquina com outras diretivas relevantes. Estas
referências devem ser as dos textos publicados no Jornal Oficial da União
Europeia.
5. Compromisso de fornecer, em resposta a um pedido fundamentado das
autoridades nacionais competentes, informações pertinentes sobre a quase-
máquina. Este compromisso incluirá as modalidades de transmissão e não
prejudicará os direitos de propriedade intelectual do fabricante das quase-
máquinas.
6. Declaração de que a quase-máquina não deve entrar em serviço até que a
máquina final em que irá ser incorporada tenha sido declarada em
conformidade com as disposições da presente diretiva, se for caso disso.
7. Local e a data da declaração.
8. Identificação e assinatura da pessoa habilitada a redigir esta declaração em
nome do fabricante ou do seu mandatário.
...
§385 Conteúdo da declaração de incorporação
Os comentários seguintes referem-se aos parágrafos numerados da parte B do
ponto 1 do anexo II:

338
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

1. Os comentários do parágrafo 1 da parte A do ponto 1 do anexo II são


aplicáveis.

2. No que se refere à pessoa autorizada a compilar a documentação


técnica são aplicáveis os comentários do parágrafo 2 da parte A do
ponto 1 do anexo II , relativos à pessoa autorizada a compilar o
processo técnico.

3. São aplicáveis os comentários do parágrafo 3 da parte A do ponto 1 do


anexo II.

4. A Diretiva Máquinas não determina quais dos RESS aplicáveis devem


ser aplicados e cumpridos pelo fabricante das quase-máquinas. As
seguintes considerações podem ser tidas em conta aquando da
decisão de aplicação e cumprimento ou não de certos RESS:
 pode não ser possível ao fabricante da quase máquina avaliar
plenamente certos riscos que dependem da forma como a
quase-máquina é incorporada na máquina final;
 o fabricante da quase-máquina pode acordar com um fabricante
da máquina final sobre uma 'divisão de tarefas' por meio da qual a
aplicação e cumprimento de determinados RESS é deixada ao
fabricante da máquina final.
Na frase exigida pelo parágrafo 4 da parte B do ponto 1 do anexo II, o
fabricante da quase-máquina deve indicar exatamente na declaração
de incorporação quais dos RESS aplicáveis foram aplicados e
cumpridos. Se um dado RESS foi cumprido apenas para certas partes
ou aspectos da quase-máquina e não para outros, este facto deve ser
expressamente indicado. As instruções de montagem da quase-
máquina devem indicar a necessidade de tratar os RESS que não
foram cumpridos ou cujo cumprimento foi apenas parcial – ver §390:
comentários ao anexo VI. O fabricante da quase-máquina deve ainda
declarar que compilou a documentação técnica relevante descrevendo
a forma como os RESS foram aplicados – ver §394: comentários à
parte B do anexo VII.
Quando a quase-máquina (ou uma parte desta) estiver sujeita a outra
legislação da UE para além da Diretiva Máquinas, deve ser também
declarada a conformidade com as outras diretivas ou regulamentos em
causa – ver §91 e §92: comentários ao Artigo 3.º. Quando essas
diretivas ou regulamentos previrem uma declaração CE de
conformidade, deverá ser elaborada uma declaração CE de
conformidade de acordo com esses textos para a quase-máquina. Tais
declarações de conformidade deverão ser incluídas no processo
técnico da máquina final – ver §392: comentários à alínea a) do ponto
1 da parte A do anexo VII.

5. O compromisso exigido pelo parágrafo 5 da parte B do ponto 1 do


anexo II refere-se à obrigação do fabricante da quase-máquina de
apresentar informação pertinente para a saúde e segurança e, em
particular, a documentação técnica relevante, em resposta a um
pedido devidamente fundamentado das autoridades de vigilância do

339
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

mercado de um dos Estados-Membros – ver §394: comentários à


parte B do anexo VII.
Uma vez que a declaração de incorporação das quase-máquinas fará
parte do processo técnico da máquina final – ver §392: comentários à
alínea a) do ponto 1 da parte A do anexo VII – o fabricante da máquina
final tem assim na sua posse um compromisso do seu fornecedor de
transmissão da documentação técnica relevante às autoridades de
vigilância do mercado em resposta a um pedido devidamente
fundamentado.
Os direitos de propriedade intelectual do fabricante de quase-
máquinas estão protegidos pelo facto das autoridades de vigilância do
mercado serem obrigadas a tratar como confidencial a informação
obtida na execução das suas tarefas – ver §143: comentários ao n.º 1
do artigo 18.º.

6. A declaração exigida no parágrafo 6 tem em conta o facto da quase-


máquina não poder ser considerada segura até que:
 qualquer RESS aplicável à quase-máquina, não cumprido pelo
fabricante da quase-máquina, tenha sido cumprido;
 quaisquer riscos resultantes da incorporação da quase-máquina
na máquina final tenham sido avaliados e tomadas as medidas de
proteção necessárias para lidar com os referidos riscos.

7. São aplicáveis os comentários do parágrafo 9 da parte A do ponto 1 do


anexo II.

8. São aplicáveis os comentários do parágrafo 10 da parte A do ponto 1


do anexo II.

Anexo II (continuação)
...
2. CONSERVAÇÃO DA DECLARAÇÃO
O fabricante da máquina ou o seu mandatário conservarão o original da declaração
de conformidade CE por um período de, pelo menos, dez anos a contar da última data
de fabrico da máquina.
O fabricante da quase-máquina ou o seu mandatário conservarão o original da
declaração de incorporação por um período de, pelo menos, dez anos a contar da
última data de fabrico da quase-máquina.

§386 Conservação da declaração CE de conformidade e da declaração


de incorporação
O período de conservação de dez anos a contar da última data de fabrico
enunciado no n.º 2 do anexo II, para a declaração de conformidade e a
declaração de incorporação é para permitir que as autoridades de vigilância do
mercado verifiquem estes documentos se necessário – ver §98: comentários
aos n.os 3 e 4 do artigo 4.º.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ANEXO III
Marcação CE
A marcação CE de conformidade é constituída pelas iniciais «CE», de acordo com o
seguinte grafismo:

No caso de redução ou de ampliação da marcação «CE», devem ser respeitadas as


proporções resultantes do grafismo acima inserido.
Os diferentes elementos da marcação CE devem ter sensivelmente a mesma dimensão
vertical, que não pode ser inferior a 5 milímetros. Em relação às máquinas de
pequena dimensão, pode prescindir-se desta dimensão mínima.
A marcação «CE» deve ser aposta na proximidade imediata do nome do fabricante
ou do seu mandatário, segundo a mesma técnica.
Sempre que tenha sido aplicado o procedimento de garantia de qualidade total
previsto na alínea c) do n.º 3 do artigo 12.º e na alínea b) do n.º 4 do artigo 12.º, a
marcação CE deve ser seguida do número de identificação do organismo notificado.

§387 Grafismo da marcação CE


As disposições relativas à marcação CE enunciadas no artigo 16.º aplicam-se
conjuntamente com as disposições do Regulamento (CE) 765/2008 – ver §141:
comentários ao artigo 16.º. O anexo III estabelece o grafismo obrigatório da
marcação CE. A marcação CE consiste apenas nas letras "CE" com a forma
gráfica apresentada no diagrama - a grelha e as linhas tracejadas são incluídas
no diagrama apenas para auxiliar a definição da forma das letras e não devem ser
reproduzidas na marcação CE.
O quarto parágrafo do anexo III relativo à localização e técnica da marcação CE
deve ser aplicado em conjunção com os requisitos gerais sobre marcação de
máquinas – ver §250: comentários ao ponto 1.7.3 do anexo I.
O último parágrafo do anexo III aplica-se apenas a máquinas pertencentes a uma
das categorias discriminadas no anexo IV para as quais foi aplicado o
procedimento de garantia da qualidade total – ver §129, §130 e §132:
comentários aos n.os 3 e 4 do artigo 12.º. Neste caso, a marcação CE deve ser
acompanhada do número de identificação de quatro dígitos do organismo
notificado que aprovou o sistema de garantia de qualidade total do fabricante –
ver §133: comentários ao artigo 14.º. Para tais máquinas, a marcação CE e o
número de identificação do organismo notificado só podem ser afixados após a
notificação do fabricante pelo organismo notificado da aprovação do seu sistema
de garantia da qualidade total – ver §404: comentários ao ponto 2.3 do anexo X.
Estas marcações não devem permanecer afixadas se for suspensa ou retirada a

341
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

aprovação do sistema de garantia da qualidade total por parte do organismo


notificado – ver §406: comentários ao ponto 3 do anexo X.
O número de identificação do organismo notificado não deve ser marcado nas
máquinas para as quais tenha sido seguido o procedimento de exame CE de tipo.

342
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ANEXO IV

Categorias de máquinas às quais a aplicação de um dos procedimentos referidos


nos n.os 3 e 4 do artigo 12.º é obrigatória
1. Serras circulares (monofolha e multifolha) para trabalhar madeira e materiais
com características físicas semelhantes ou para trabalhar carne e materiais
com características físicas semelhantes, dos seguintes tipos:
1.1. Máquinas de serrar, com lâmina(s) em posição fixa durante o corte, com mesa
ou suporte de peça fixos, com avanço manual de peça ou com sistema de
avanço amovível;
1.2. Máquinas de serrar, com lâmina(s) em posição fixa durante o corte, com
cavalete ou carro com movimento alternativo, com deslocação manual;
1.3 Máquinas de serrar, com lâmina(s) em posição fixa durante o corte,
fabricadas com um dispositivo integrado de avanço das peças a serrar e com
carga e/ou descarga manual;
1.4. Máquinas de serrar, com lâmina(s) móvel(eis) durante o corte, com
deslocamento motorizado com carga e/ou descarga manual.
2. Desbastadoras com avanço manual para trabalhar madeira.
3. Aplainadoras de uma face, com dispositivo integrado de avanço e com carga
e/ou descarga manual para trabalhar madeira.
4. Serras de fita, com carga e/ou descarga manual, para trabalhar madeira e
materiais com características físicas semelhantes ou para trabalhar carne e
materiais com características físicas semelhantes, dos seguintes tipos:
4.1. Máquinas de serrar, com lâmina em posição fixa durante o corte e com mesa
ou suporte de peça fixos, ou com movimento alternativo;
4.2 Máquinas de serrar, com lâmina montada num carro com movimento
alternativo.
5. Máquinas combinadas dos tipos referidos nos pontos 1 a 4 e 7 para trabalhar
madeira e materiais com características físicas semelhantes.
6. Máquinas de fazer espigas, com várias puas, com introdução manual, para
trabalhar madeira.
7. Tupias de eixo vertical, com avanço manual, para trabalhar madeira e
materiais com características físicas semelhantes.
8. Serras de cadeia portáteis para trabalhar madeira.
9. Prensas, incluindo as quinadeiras, para trabalhar a frio os metais, com carga
e/ou descarga manual, cujos elementos de trabalho móveis podem ter um
movimento superior a 6 mm e velocidade superior a 30 mm/s.
10. Máquinas de moldar plásticos, por injeção ou compressão, com carga ou
descarga manual.
11. Máquinas de moldar borracha, por injeção ou compressão, com carga ou
descarga manual.

12. Máquinas para trabalhos subterrâneos, dos seguintes tipos:

343
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

12.1. Locomotivas e vagonetas de travagem;


12.2. Máquinas hidráulicas de sustentação dos tectos de minas.
13. Caixas de recolha de lixos domésticos de carga manual e comportando um
mecanismo de compressão.
14. Dispositivos amovíveis de transmissão mecânica e respectivos protetores.
15. Protetores dos dispositivos amovíveis de transmissão mecânica.
16. Plataformas elevatórias para veículos.
17. Aparelhos de elevação de pessoas, ou de pessoas e mercadorias, que
apresentem um perigo de queda vertical superior a 3 metros.
18. Aparelhos portáteis de fixação de carga explosiva e outras máquinas de
impacto de carga explosiva.
19. Dispositivos de proteção destinados à detecção da presença de pessoas.
20. Protetores móveis acionados por uma fonte de energia diferente da força
humana com dispositivos de encravamento ou bloqueio, concebidos para
serem utilizados como medida de proteção nas máquinas referidas nos pontos
9, 10 e 11.
21. Blocos lógicos destinados a desempenhar funções de segurança.
22. Estruturas de proteção contra o capotamento (ROPS).
23. Estruturas de proteção contra a queda de objetos (FOPS).

§388 Categorias de máquinas sujeitas a um dos procedimentos de


avaliação da conformidade que envolvem um organismo notificado
O anexo IV enuncia a lista de categorias de máquinas que podem ser sujeitas a
um dos dois procedimentos de avaliação da conformidade que envolvem um
organismo notificado: exame CE de tipo ou garantia da qualidade total. Estas
categorias incluem máquinas no sentido lato – ver §144: comentários ao
artigo 2.º. As máquinas pertencentes a uma das categorias discriminadas no
anexo IV podem ainda ser sujeitas ao procedimento de avaliação da
conformidade com controlo interno do fabrico quando são fabricadas conforme as
normas harmonizadas que abrangem todos os RESS aplicáveis – ver §129 e
§130: comentários aos n.os 3 e 4 do artigo 12.º.
A lista enunciada no anexo IV é exaustiva, por outras palavras, apenas as
máquinas pertencentes às categorias discriminadas estão sujeitas aos
procedimentos de avaliação de conformidade enunciados nos n.os 3 e 4 do
artigo 12.º. As máquinas pertencentes a categorias que não constam no anexo IV,
ainda que semelhantes ou apresentando perigos semelhantes aos das categorias
discriminadas, estão sujeitas apenas ao procedimento de avaliação de
conformidade com controlo interno do fabrico – ver §128: comentários ao n.º 2 do
artigo 12.º.

Pontos n.º 1 a 8
O ponto n.º 1 abrange apenas serras circulares para trabalhar madeira e
materiais análogos ou para trabalhar carne ou materiais semelhantes
pertencentes às categorias referidas nos pontos 1.1 a 1.4.

344
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Deve ainda ser realçado que nem todas as serras circulares estão em questão;
por exemplo, as máquinas de serrar com uma lâmina movida manualmente
durante o corte (tal como algumas serras de meia esquadria) não são referidas
no anexo IV.
Os materiais análogos à madeira incluem, por exemplo, aglomerado, painéis de
fibra, contraplacado (e ainda estes materiais quando revestidos por plástico ou
laminados de liga leve), cortiça, osso, borracha rígida ou plástico. Por outro
lado, a pedra, o betão e materiais semelhantes requerendo uma ferramenta de
corte de tipo abrasivo não são considerados materiais análogos à madeira.
Os materiais análogos à carne incluem peixe e alimentos congelados ou
ultracongelados.
Os pontos 1.3, 1.4, 3 e 4 referem-se a operações manuais de carga e/ou
descarga. As operações manuais de carga e/ou descarga ocorrem quando o
operador coloca as peças diretamente no dispositivo de avanço ou dispositivo
de suporte de peças e as remove diretamente desse dispositivo, de forma a
que é possível ao operador manter contacto direto com a peça de trabalho
enquanto esta está em contacto com a ferramenta. Não se considera que as
máquinas sejam de carga ou descarga manual quando estão equipadas com
um dispositivo de avanço ou um dispositivo para carga e descarga de peças
(como por exemplo, um transportador) de forma que as ferramentas estão fora
do alcance do utilizador enquanto o dispositivo estiver em utilização e as
máquinas não podem funcionar sem o dispositivo.
Os pontos 1.1, 2, 6 e 7 referem-se ao avanço manual ou a máquinas com
avanço manual. O avanço ou a alimentação manuais ocorrem quando a peça
ou a ferramenta é movida manualmente durante a maquinagem de forma que
seja possível o contacto entre o operador e a ferramenta. O mesmo se aplica
às máquinas de serrar com cavalete ou carro de movimento alternativo, com
deslocação manual, referidas no ponto 1.2.
As máquinas combinadas para trabalhar madeira referidas no ponto n.º 5 são
máquinas concebidas para a execução de qualquer combinação de funções
referida nos pontos n.os 1 a 4 e n.º 7, com remoção manual da peça entre cada
operação – ver §210: comentários ao ponto 1.3.5 do anexo I. Apenas as
máquinas combinadas que executam as funções referidas nos pontos n.os 1 a 4
e n.º 7 estão sujeitas ao ponto n.º 5 do anexo IV, contudo tais máquinas
também podem executar outras funções adicionais. Uma vez que as medidas
de proteção necessárias são frequentemente comuns a várias ou todas as
funções combinadas, o exame CE de tipo ou a avaliação do sistema de
garantia de qualidade total para tais máquinas combinadas para trabalhar
madeira deverão sempre dizer respeito às máquinas completas.
As tupias de eixo vertical referidas no ponto n.º 7 têm um eixo que atravessa a
mesa e um motor direto localizado sob a mesa. As fresadoras com um eixo
localizado completamente acima da mesa não estão abrangidas pelo
ponto n.º 7.

Ponto n.º 9
As prensas para trabalhar a frio os metais referidas no ponto n.º 9 são prensas
cuja utilização pretendida ou prevista inclui a possibilidade do operador colocar
ou remover peças entre as ferramentas, manualmente, sem recorrer a
dispositivos integrados de manuseamento auxiliar. O termo 'trabalhar a frio'

345
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

refere-se à conformação do metal sem aquecimento, normalmente à


temperatura ambiente. O termo 'metal' refere-se ao material em estado
laminado ou forjado e em chapas.
O ponto n.º 9 é aplicável a prensas com elementos de trabalho móveis
possuindo simultaneamente as seguintes características:
- um deslocamento superior a 6 mm, e
- uma velocidade de fecho superior a 30 mm/s.
Ao estabelecer a velocidade de fecho das prensas mecânicas, deve ser tida em
consideração a velocidade instantânea máxima atingida pelo martelo (ocorre,
geralmente, no ponto médio do movimento).
O ponto n.º 9 não abrange outros tipos de máquinas para trabalhar a frio os
metais, tais como, por exemplo:
- prensas de sinterização,
- guilhotinas e tesouras de alavanca hidráulica
- máquinas de coser, agrafar, ou rebitar,
- prensas de montagem,
- máquinas para abobadar,
- prensas de endurecimento,
- prensas de torreta para perfuração,
- prensas para extrusão,
- prensas de estampagem ou de embutir,
- martelo de forja de ar,
- prensas isostáticas.

Pontos n.os 10 e 11
As máquinas de moldar borracha e plástico referidas nos pontos n.os 10 e 11
são máquinas concebidas para trabalhar polímeros, tais como termoplásticos e
termofixos, ou borracha por injeção ou compressão. As operações de carga e
descarga referem-se apenas à colocação e remoção de material ou peças
dentro ou fora do molde. As operações de carga e descarga não são
consideradas manuais se:
- as máquinas são concebidas para funcionar apenas com equipamento
robotizado ou de manipulação,
ou
- as máquinas dispõem de dispositivos de carga e descarga tornando
impossível a utilização das máquinas sem esses dispositivos.
Em qualquer outro caso, as operações de carga e descarga deverão ser
consideradas manuais.

Ponto n.º 12
As locomotivas para trabalhos subterrâneos referidas no ponto n.º 12.1 são
veículos autónomos que se deslocam sobre uma via com uma ou duas guias
localizadas sobre ou sob o veículo. São usadas em minas ou em outros
trabalhos subterrâneos, concebidas para conduzir ou transportar pessoas,
materiais ou minerais. As vagonetas de travagem são veículos ferroviários para
trabalhos subterrâneos equipados com um freio que pode ser acionado pelo
operador.

346
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

As máquinas hidráulicas de sustentação de tectos de minas referidas no


ponto n.º 12.2 são geralmente suportes móveis usados para suportar o tecto da
galeria da mina. Estas incluem:
- uma unidade de suporte sob controlo adjacente;
- várias unidades de suporte sob controlo de grupo;
- sistemas de suporte de galerias inteiras de minas sob controlo
central.

As máquinas para perfuração de túneis não são abrangidas pelo ponto n.º 12.

Ponto n.º 13
Num documento específico de orientação é dada uma explicação do termo
'carregamento manual' referente às caixas de recolha de lixos domésticos de
carga manual e comportando um mecanismo de compressão, referidas no
ponto n.º 13. O documento também exemplifica diversas máquinas que se
enquadram no âmbito do ponto n.º 13 e de máquinas fora do âmbito deste
ponto. 192
Geralmente, o próprio veículo está excluído do âmbito da Diretiva Máquinas,
assim as máquinas referidas no ponto n.º 13 são o colector de lixo e o
equipamento de compressão montado no chassis – ver §37: comentários ao
terceiro travessão da alínea a) do artigo 2.º e §54: comentários à alínea e) do
n.º 2 do artigo 1.º.

Pontos n.os 14 e 15
Os dispositivos amovíveis de transmissão mecânica referidos no ponto n.º 14,
vulgarmente designados como “veios de tomada de força (PTO)", são
componentes removíveis para a transmissão de potência entre máquinas
automotoras ou um trator e as máquinas receptoras tais como máquinas
agrícolas rebocadas – ver §45: comentários à alínea f) do artigo 2.º. Os
dispositivos amovíveis de transmissão mecânica devem ser sempre postos no
mercado em conjunto com protetores adequados. Os protetores para os
dispositivos amovíveis de transmissão mecânica também podem ser colocados
no mercado independentemente enquanto componentes de segurança – estes
protetores estão abrangidos pelo ponto n.º 15.
Ponto n.º 16
As plataformas elevatórias para veículos referidas no ponto n.º 16 são
estacionárias, móveis ou elevadores móveis concebidos para erguer veículos
inteiros do chão com o objectivo de examiná-los ou trabalhar sobre ou sob os
mesmos enquanto permanecem numa posição elevada. As plataformas
elevatórias de curso curto para veículos que não se destinam a permitir
trabalhar sob os veículos não estão abrangidas pelo ponto n.º 16.
Este abrange máquinas destinadas à manutenção de veículos como, por
exemplo, carros, motocicletas, motos de neve, camiões, autocarros, eléctricos,
veículos ferroviários, e veículos de movimentação de carga. Estão ainda
abrangidos conjuntos de dispositivos de elevação inseridos num sistema

192
http://ec.europa.eu/enterprise/sectors/mechanical/files/machinery/classification_of_rcvs_december_2009_en.pdf

347
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

sincronizado destinados à elevação de aeronaves completas para fins de


inspeção ou manutenção.
O ponto n.º 16 não abrange:
 macacos que não foram concebidos para elevar um veículo inteiro do
chão,
 elevadores destinados ao estacionamento de veículos,
 elevadores incorporados em linhas de montagem de veículos.

Ponto n.º 17
Os dispositivos para elevação de pessoas ou pessoas e mercadorias referidos
no ponto n.º 17 incluem os seguintes:
a) máquinas cuja função principal é elevar pessoas ou pessoas e mercadorias
tais como, por exemplo:
- plataformas de elevação suspensas, de elevação em colunas, ou
móveis;
- elevadores de estaleiro para pessoas ou para pessoas e
mercadorias;
- dispositivos de elevação destinados a serem ligados a máquinas tais
como gruas ou geradores eólicos, para acesso aos postos de
trabalho;
- máquinas que servem pisos fixos sujeitas à Diretiva Máquinas tais
como elevadores residenciais e plataformas elevatórias destinados a
pessoas com mobilidade reduzida – ver §151: comentários ao
artigo 24.º;

b) dispositivos para elevar pessoas ou pessoas e mercadorias incorporados


em máquinas cujas principais funções não incluem a elevação de pessoas.
Tais dispositivos compreendem, por exemplo, postos de comando,
condução, elevação ou controlo eleváveis em veículos de movimentação
de carga, equipamentos sobre carris para armazenamento e recuperação
de material, em gruas ou máquinas de terraplanagem.
Para tais dispositivos, o exame CE de tipo ou a avaliação do sistema de
garantia da qualidade total referem-se à conformidade dos dispositivos
para elevação de pessoas e não às outras funções da máquina;

c) máquinas de elevação com funções principais que não a elevação de


pessoas com postos de comando a bordo tais como, por exemplo,
equipamento de solo para assistência a aeronaves, mangas de embarque
de passageiros para aeronaves, passadiços de acesso aos navios e
estruturas de escalar para a montagem de gruas torre;

d) equipamento intermutável para elevação de pessoas tais como plataformas


de trabalho que se destinam a equipar, por exemplo, empilhadores de
alcance variável, gruas de carga ou gruas móveis. A avaliação de
conformidade deve assegurar que o conjunto formado pelo equipamento
intermutável e todos os tipos de máquinas de base em que se pretender
instalá-lo cumprem os RESS relevantes – ver §264: comentário à alínea i)
do n.º 2 do artigo 2.º.

348
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Tal equipamento intermutável deve ser distinguido do equipamento que


não é incorporado nas máquinas de elevação mas é utilizado
excepcionalmente para a elevação de pessoas em máquinas que se
destinam à elevação de mercadorias (de acordo com o ponto 3.1.2 do
anexo II da Diretiva 2009/104/CE) e que não está sujeito à Diretiva
Máquinas – ver §10: comentários ao considerando 7. A distinção é
explicada num documento específico de orientação 193 .

Os dispositivos acima referidos estão abrangidos pelo ponto n.º 17 quando


implicarem um perigo de queda de uma altura superior a 3 metros. A altura
deve ser entendida com a distância vertical entre a superfície do habitáculo no
qual se encontram as pessoas ou pessoas e mercadorias a elevar – ver §334:
comentários à alínea g) do ponto 4.1.1 do anexo I – e o nível para onde as
pessoas ou o próprio habitáculo poderão cair. Este nível é geralmente o nível
do solo ou o nível do piso ou superfície onde se pretende instalar ou utilizar a
máquina, mas pode ser um nível inferior se a máquina for destinada pelo
fabricante a ser instalada junto a um desnível.

Ponto n.º 18
Os aparelhos de fixação portáteis de carga explosiva referidos no ponto n.º 18
são aparelhos portáteis acionados por cartuchos explosivos e destinam-se à
aplicação de fixadores tais como pregos, pinos roscados, rebites ou objetos
semelhantes a um material base. O ponto n.º 18 também abrange máquinas de
impacto acionadas por cartucho destinadas a outras aplicações tais como, por
exemplo, máquinas para marcação de materiais por gravação ou pistolas de
êmbolo retráctil para atordoamento dos animais.
O ponto n.º 18 não abrange aparelhos portáteis de fixação ou outras máquinas
de impacto que utilizam outras fontes de energia, tais como pneumática, mola,
electromagnética ou máquinas a gás.

Ponto n.º 19
O ponto n.º 19 abrange componentes de segurança que detectam a presença
de pessoas ou partes do corpo e geram um sinal apropriado para o sistema de
controlo, reduzindo os riscos para as pessoas detectadas. O sinal pode ser
gerado quando uma pessoa ou uma parte do corpo ultrapassa um limite pré-
determinado (disparo), ou quando uma pessoa é detectada numa determinada
área (detecção da presença), ou ambos. Tais dispositivos incluem, por
exemplo:
- dispositivos de proteção com sensores de pressão tais como, por exemplo,
tapetes, pisos, bordos, barras, para-choques, placas e cabos com sensores
de pressão;
- dispositivos de proteção optoelectrónicos ativos tais como, por exemplo,
cortinas de luz, cabeças de detecção, feixes de luz e dispositivos laser;
- dispositivos de proteção por radar, infravermelhos, ultrassónicos e vídeo.
O ponto n.º 19 não abrange dispositivos para visão indireta tais como espelhos
ou televisão em circuito fechado (CCTV).

193

http://ec.europa.eu/enterprise/sectors/mechanical/files/machinery/interchangeable_equipment_lifting_persons
_-_lifting_goods_dec_2009_en.pdf

349
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Ponto n.º 20
O ponto n.º 20 abrange protetores móveis de acionamento motorizado que
correspondem à definição de componentes de segurança – ver §42:
comentários à alínea c) do artigo 2.º - destinados a serem incorporados em
prensas para trabalhar a frio o metal referidas no ponto n.º 9 ou em máquinas
de moldar plástico por compressão ou injeção ou em máquinas de moldar
borracha com carga e/ou descarga manual referidas nos pontos n.os 10 e 11.

Ponto n.º 21
As unidades lógicas destinadas ao desempenho de funções de segurança
referidas no ponto n.º 21 são componentes complexos que:
- correspondem à definição de componentes de segurança – ver §42:
comentários à alínea c) do artigo 2.º e
- analisam um ou vários sinais de entrada e geram, através de um dado
algoritmo, um ou mais sinais de saída e
- destinam-se ao funcionamento em simultâneo com, ou fazendo parte de, o
sistema de controlo da máquina de modo a desempenhar uma ou mais
funções de segurança.
Todavia, o sistema de controlo como um todo não pode ser considerado uma
unidade lógica.
Dispositivos simples como sensores electromecânicos ou dispositivos de
comutação que apenas transformam um sinal de entrada num sinal de saída
não são consideradas unidades lógicas.
Unidades lógicas destinadas a desempenhar funções de segurança, incluem,
por exemplo:
 unidades lógicas para dispositivos de comando a duas mãos,
 CLPs de segurança,
 componentes para o processamento lógico de sinais relacionados com a
segurança de sistemas de barramento direcionados a segurança.

Pontos n.os 22 e 23
Os pontos n.os 22 e 23 abrangem estruturas de proteção contra o capotamento
(ROPS) e estruturas de proteção contra a queda de objetos (FOPS) que
correspondem à definição de componentes de segurança – ver §42:
comentários à alínea c) do artigo 2.º.
As ROPS e FOPS produzidas por um fabricante de máquinas destinadas às
máquinas produzidas pelo próprio, não estão abrangidas pelos
pontos n.os 22 e 23.
O mesmo se aplica a ROPS ou FOPS destinadas a serem utilizadas como
elementos sobresselentes para a substituição de ROPS ou FOPS idênticas
fornecidos pelo fabricante da máquina original – ver §48: comentários à alínea
a) do n.º 2 do artigo 1.º – uma vez que não estão sujeitos à Diretiva Máquinas
como tal.
Todavia, todas as ROPS e FOPS colocadas no mercado como componentes
de segurança ou produzidas por um fabricante de máquinas com o propósito
de incorporarem as próprias máquinas, devem ser submetidas a ensaios

350
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

adequados – ver §315 e §316: comentários aos pontos 3.4.3 e 3.4.4 do anexo I
– e os relatórios dos ensaios correspondentes devem ser incluídos no processo
técnico da máquina que as incorpora – ver §392: comentários ao ponto 1 da
parte A do anexo VII.
Os ensaios adequados também são exigidos às estruturas de proteção ao
basculamento (TOPS) de acordo com o ponto 3.4.3 do anexo I, mas tais
estruturas não são abrangidas pelo ponto n.º 22 do anexo IV e os
procedimentos de avaliação de conformidade relacionados.
Deve ser realçado que as FOPS são por vezes referidas nas normas
harmonizadas por outros termos tais como, por exemplo, 'tecto de proteção' ou
'proteção frontal'. Todas as estruturas que são destinadas à incorporação em
máquinas móveis para proteger o operador da queda de objetos devem ser
consideradas como FOPS, independentemente do termo usado nas normas
das máquinas em causa.

351
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ANEXO V
Lista indicativa dos componentes de segurança referida na alínea c) do artigo 2.º.
1. Protetores para dispositivos amovíveis de transmissão mecânica.
2. Dispositivos de proteção destinados a detectar a presença de pessoas.
3. Protetores móveis de acionamento motorizado com dispositivos de
encravamento, concebidos para serem utilizados como medida de proteção nas
máquinas referidas nos pontos 9, 10 e 11 do anexo IV.
4. Blocos lógicos destinados a assegurar funções de segurança.
5. Válvulas com meios adicionais de detecção de falhas destinadas ao controlo de
movimentos perigosos das máquinas.
6. Sistemas de extração para emissões de máquinas.
7. Protetores e dispositivos de proteção concebidos para proteger pessoas contra
os elementos móveis que concorrem para o trabalho da máquina.
8. Dispositivos de controlo da carga e do movimento das máquinas de elevação.
9. Quaisquer meios destinados a manter pessoas nos seus assentos.
10. Dispositivos de paragem de emergência.
11. Sistemas de descarga destinados a evitar o aparecimento de cargas
electrostáticas potencialmente perigosas.
12. Limitadores de energia e dispositivos de escoamento mencionados nos pontos
1.5.7, 3.4.7 e 4.1.2.6 do anexo I.
13. Sistemas e dispositivos destinados a reduzir as emissões de ruídos e as
vibrações.
14. Estruturas de proteção contra o capotamento (ROPS).
15. Estruturas de proteção contra a queda de objetos (FOPS).
16. Dispositivos de comando bimanuais.
17. Componentes para máquinas concebidas para elevar e/ou baixar pessoas entre
diferentes pisos e incluídos na seguinte lista:
a) Dispositivos de encravamento de portas de acesso aos pisos;
(b) Dispositivos destinados a impedir a queda ou os movimentos ascendentes
não controlados da unidade de transporte de carga;
c) Dispositivos de limitação da velocidade excessiva;
d) Amortecedores por acumulação de energia:
- não lineares, ou
- com amortecimento do movimento de retorno;
e) Amortecedores por dissipação de energia;
f) Dispositivos de segurança montados em macacos com circuitos de
acionamento hidráulico quando utilizados como dispositivos anti-queda;
g) Dispositivos eléctricos de segurança sob a forma de comutadores de

352
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

segurança contendo componentes electrónicos.

§389 Lista indicativa dos componentes de segurança


O anexo V fornece uma lista de exemplos de produtos que vão ao encontro da
definição de componentes de segurança' – ver §42: comentários à alínea c) do
artigo 2.º. Deve ser realçado que apenas os componentes colocados
isoladamente no mercado são considerados componentes de segurança. A lista
apresentada no anexo V é indicativa, não exclusiva; assim qualquer componente
que se enquadre na definição enunciada na alínea c) do artigo 2.º, deve ser
considerado como um componente de segurança sujeito à Diretiva Máquinas,
mesmo se não estiver incluído na lista.
A lista indicativa de componentes de segurança fornecida no anexo V pode ser
atualizada pela Comissão após consulta ao Comité Máquinas – ver §116:
comentários à alínea a) do n.º1 do artigo 8.º e §147: comentários ao n.º 3 do
artigo 22.º.
Deve ser realçado que os seguintes componentes de segurança incluídos na lista
indicativa fornecida no anexo V estão também incluídos entre as categorias de
máquinas listadas no anexo IV às quais deve ser aplicado um dos procedimentos
de avaliação de conformidade referido nos n.os 3 e 4 do artigo 12.º.

Anexo V Anexo IV
Protetores dos dispositivos amovíveis de
Ponto n.º 1 = Ponto n.º 15
transmissão mecânica
Dispositivos de proteção destinados à detecção
Ponto n.º 2
da presença de pessoas = Ponto n.º 19
Protetores móveis de acionamento motorizado
com dispositivos de encravamento ou bloqueio,
Ponto n.º 3 concebidos para serem utilizados como medida
de proteção nas máquinas referidas no Anexo
= Ponto n.º 20
IV, pontos 9, 10 e 11
Blocos lógicos destinados ao desempenho de
Ponto n.º 4 = Ponto n.º 21
funções de segurança
Estruturas de proteção contra o capotamento
Ponto n.º 14 = Ponto n.º 22
(ROPS)
Estruturas de proteção contra a queda de
Ponto n.º 15 = Ponto n.º 23
objetos (FOPS)

Para obter explicações referentes aos pontos acima referidos – ver §388:
comentários ao anexo IV.
As outras categorias de componentes de segurança discriminadas no anexo V (e
quaisquer componentes de segurança não listados no anexo V) estão sujeitas
apenas ao procedimento para avaliação de conformidade com controlo interno
durante o processo de fabrico – ver §128: comentários ao n.º 2 do artigo 12.º
e §391: comentários ao anexo VII.

Ponto n.º 5
As válvulas referidas no ponto n.º 5 são componentes colocados em sistemas
hidráulicos ou pneumáticos para impedirem movimentos perigosos das

353
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

máquinas em caso de falhas – ver §205: comentários ao ponto 1.2.6 do anexo I


e §342: comentários à alínea c) do ponto 4.1.2.6.

Ponto n.º 6
Os sistemas de extração referidos no ponto n.º 6 são sistemas colocados para
evacuar materiais perigosos e substâncias produzidas pela máquina ou pelos
materiais por esta processados, de forma a proteger a saúde e segurança das
pessoas expostas – ver §235, comentários ao ponto 1.5.13 do anexo I e §322:
comentários ao ponto 3.5.3. Tais sistemas podem ser concebidos para
incorporar em máquinas individuais ou para serem instalados num local de
trabalho que permita a ligação de várias máquinas.
O ponto n.º 6 não abrange sistemas especificamente concebidos com
objectivos de proteção ambiental.

Ponto n.º 7
O ponto n.º 7 abrange protetores e dispositivos de proteção concebidos para
proteger pessoas contra os elementos móveis que concorrem para o trabalho
da máquina – ver §214: comentários ao ponto 1.3.8.2.

Ponto n.º 8
O ponto n.º 8 abrange dispositivos de monitorização de carga e controlo de
movimento destinados a serem colocados em máquinas de elevação –
ver §342: comentários ao anexo I, secção 4.1.2.6, §354: comentários ao
ponto 4.2.2 e §370: comentários ao ponto 6.1.2.
A monitorização da carga e do movimento das máquinas de elevação é
usualmente desempenhada por um sistema constituído por diversos
componentes incluindo uma Unidade de Controlo Electrónico (UCE), sensores,
actuadores hidráulicos e assim por diante.
O componente essencial para o desempenho da função de segurança é a UCE
inserida no suporte lógico apropriado. Uma UCE incorporada no suporte lógico
adequado é assim considerada como um componente de segurança, quer seja
fornecida separadamente ou como parte de um sistema de monitorização. Um
sistema de monitorização completo deve também ser considerado como um
componente de segurança.

Ponto n.º 9
O ponto n.º 9 abrange sistemas de retenção destinados a manter as pessoas
nos seus assentos e a incorporar em máquinas móveis, por exemplo, quando
existe um risco dos operadores ou outras pessoas transportadas pelas
máquinas poderem ser esmagadas entre elementos da máquina e o solo, caso
a máquina bascular ou capotar – ver §295: comentários ao ponto 3.2.2 do
anexo I.

Ponto n.º 10
O ponto n.º 10 abrange os dispositivos de paragem de emergência – ver §202:
comentários ao ponto 1.2.4.3 do anexo I.

354
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Ponto n.º 11
O ponto n.º 11 abrange sistemas de descarga destinados a evitar a
acumulação de cargas electrostáticas potencialmente perigosas – ver §223:
comentários ao ponto 1.5.2 do anexo I.

Ponto n.º 12
O ponto n.º 12 abrange componentes de segurança destinados a serem
incorporados de forma a cumprir os requisitos enunciados nos pontos 1.5.7
(Explosão), 3.4.7 (Transmissão de potência entre máquinas automotoras ou
tratores e a máquina receptora) e 4.1.2.6 (Controlo dos movimentos) do
anexo I.

Ponto n.º 13
O ponto n.º 13 abrange os sistemas e dispositivos a incorporar em máquinas
para reduzir as emissões de ruídos e as vibrações. Os sistemas e dispositivos
para reduzir as emissões de ruído incluem cabinas acústicas, dispositivos de
insonorização e redução ativa do ruído – ver §229: comentários ao ponto 1.5.8
do anexo I. Os sistemas e dispositivos para reduzir as emissões de vibração
incluem sistemas que utilizam molas, amortecedores ou uma combinação de
ambos – ver §231: comentários ao ponto 1.5.9 do anexo I.

Ponto n.º 16
Os dispositivos de comando l a duas mãos são um tipo de dispositivos de
proteção – ver §221: comentários ao ponto 1.4.3 do anexo I.

Ponto n.º 17
Os componentes de segurança discriminados nas alíneas a) a g) do ponto
n.º 17 destinam-se a incorporar em máquinas para elevar pessoas ou pessoas
e mercadorias entre pisos fixos - ver §344 a §349: comentários ao ponto
4.1.2.8 do anexo I e §377 a §380: comentários aos pontos 6.4.1 a 6.4.3. A lista
é idêntica à lista dos componentes de segurança enunciada no anexo IV da
Diretiva Ascensores 95/16/CE 194 . Isto reflete o facto que componentes de
segurança semelhantes podem ser instalados em elevadores de estaleiro,
elevadores cuja velocidade de deslocação não exceda 0,15 m/s e outros
elevadores excluídos do âmbito da Diretiva Ascensores que estão sujeitos à
Diretiva Máquinas – ver §151: comentários ao artigo 24.º.
Deve ser realçado que segundo a Diretiva Ascensores, os componentes de
segurança listados nas alíneas a) a g) do ponto n.º 17 estão sujeitos a um
procedimento de avaliação da conformidade envolvendo um organismo
notificado. Os componentes de segurança que ostentem a marcação CE e
sejam acompanhados pela declaração de conformidade de acordo com a
Diretiva Ascensores podem ser utilizados para desempenhar funções
semelhantes em máquinas que servem pisos fixos sujeitas à Diretiva
Máquinas. Por outro lado, os componentes de segurança concebidos para tais
máquinas sujeitos à Diretiva Máquinas não podem ser utilizados em elevadores
sujeitos à Diretiva Ascensores a não ser que tenham sido sujeitos a um dos
procedimentos de avaliação de conformidade previstos na respectiva diretiva.

194
Consultar Orientações relativas à aplicação da Diretiva Elevadores 95/16/CE:
http://ec.europa.eu/enterprise/sectors/mechanical/documents/guidance/lifts/annex4/index_en.htm

355
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ANEXO VI
Manual de montagem das quase-máquinas
O manual de montagem de uma quase-máquina deve incluir a descrição das
condições que devem ser preenchidas para permitir a montagem correta na máquina
final, de modo a não comprometer a segurança e saúde.
O manual de montagem deve ser redigido numa língua oficial comunitária aceite
pelo fabricante da máquina em que a quase máquina será incorporada, ou pelo seu
mandatário.

§390 Manual de montagem das quase-máquinas


As disposições do anexo VI aplicam-se às quase-máquinas referidas na alínea g)
do n.º 1 do artigo 1.º e definidas na alínea e) do artigo 2.º – ver §46: comentários
à alínea g) do artigo 2.º.
O manual de instruções de montagem para quase-máquinas deve ser elaborado
pelo fabricante das quase-máquinas ou pelo seu mandatário e fornecido ao
fabricante da máquina final – ver §131: comentários ao artigo 13.º. O manual de
instruções de montagem fará parte do processo técnico da máquina final –
ver §392: comentários à alínea a) do ponto 1 da parte A do anexo VII.
O manual de instruções de montagem deverá tratar todos os aspectos
relacionados com a segurança das quase-máquinas e a interface entre a quase
máquina e a máquina final; estes deverão ser considerados pela pessoa
responsável pela montagem aquando da incorporação da quase-máquina na
máquina final.
O manual de instruções de montagem deverá indicar a necessidade de tomar as
medidas adequadas para tratar os RESS aplicáveis às quase-máquinas que não
foram aplicados e cumpridos ou foram apenas parcialmente cumpridos pelo
fabricante das quase-máquinas – ver §385: comentários à parte B do ponto 1 do
anexo II.
Em algumas circunstâncias, o fabricante das quase-máquinas pode aplicar e
cumprir os RESS relacionados com as instruções enunciadas no anexo I e afirmar
este facto na respectiva declaração de incorporação. Por exemplo, o fabricante de
um motor que vai ser incorporado numa máquina móvel pode fornecer o manual.
Noutros casos, as instruções de montagem para quase-máquinas deverão
fornecer a informação necessária relacionada com a quase-máquina para permitir
que o fabricante da máquina final possa elaborar as partes do manual referentes
à quase-máquina.
O manual de instruções de montagem é dirigido ao fabricante da máquina final e
deve por este motivo ser compreensível para o mesmo. De acordo com o
segundo parágrafo do anexo VI, o manual de instruções de montagem deve ser
redigido numa das línguas oficiais da UE aceitável para o fabricante da quase-
máquina – ver §246: comentários ao ponto 1.7.1 do anexo I.
Tal significa que quando o fabricante da máquina final e o fabricante da quase-
máquina se conhecem, podem acordar a língua do manual de instruções de
montagem a fornecer com a quase-máquina, por exemplo, no contrato de venda.
Quando não existir um tal acordo, o manual de instruções de montagem deve ser
providenciado na(s) língua(s) oficial(is) do Estado-Membro em que o fabricante da

356
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

máquina final estiver estabelecido, uma vez que não pode ser presumido que este
fabricante entenda outra língua.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ANEXO VII
A. Processo técnico para máquinas
A presente parte descreve o procedimento segundo o qual deverá ser elaborado
um processo técnico que deverá permitir demonstrar a conformidade a
conformidade da máquina com os requisitos da presente diretiva. O processo
técnico deve abranger, na medida do necessário a esta avaliação, a concepção,
o fabrico e o funcionamento da máquina. O processo técnico deverá ser
redigido num ou em várias das línguas oficiais da Comunidade, com exceção do
manual de instruções da máquina, a que se aplicam as disposições especiais,
previstas no ponto 1.7.4.1 do anexo I.
...
§391 Processo técnico para máquinas
A obrigação de compilar um processo técnico conforme a descrição da parte A do
anexo VII é aplicável ao fabricante de qualquer dos produtos listados nas
alíneas a) a f) do n.º 1 do artigo 1.º ou ao seu mandatário – ver §103: comentários
ao n.º1 do artigo 5.º.
O propósito do processo técnico é permitir aos fabricantes demonstrar a
conformidade das máquinas com os RESS pertinentes. Também auxilia as
autoridades de vigilância de mercado a verificar a conformidade das máquinas,
particularmente os aspectos que não podem ser verificados através de uma
inspeção visual. O primeiro parágrafo da parte A do anexo VII estabelece que o
processo técnico deve abranger, na medida do necessário a esta avaliação, a
concepção, o fabrico e o funcionamento da máquina. Não é necessário incluir no
processo técnico todos os detalhes da concepção e fabrico da máquina que não
são específicos da máquina em causa e podem ser justificados com base nas
boas práticas de engenharia. Contudo, o fabricante deve assegurar que o
processo técnico inclui toda a informação necessária para demonstrar claramente
que as medidas adequadas foram tomadas para lidar com todos os riscos
significativos associados às máquinas de forma a cumprir os RESS relevantes –
ver §98: comentários ao artigo 4.º.
O primeiro parágrafo da parte A do anexo VII também estabelece que o processo
técnico deve ser elaborado numa ou mais línguas oficiais da Comunidade –
ver §246: comentários ao ponto 1.7.1 do anexo I.
Os fabricantes estabelecidos na UE compilam, geralmente, a maioria dos
elementos do processo técnico na língua oficial do Estado-Membro em que estão
estabelecidos, porém pode ser preferido outra língua oficial da UE. Os fabricantes
também podem incluir no processo técnico documentos providenciados por
fornecedores de componentes ou subconjuntos ou relatórios dos organismos que
realizaram ensaios redigidos noutra língua oficial da UE. Tais documentos não
necessitam de tradução. Todavia, os documentos redigidos em línguas não
pertencentes à UE devem ser traduzidos para uma das línguas oficias da UE. Os
fabricantes estabelecidos fora da UE devem redigir o processo técnico em uma ou
várias línguas oficiais da UE.
Existe uma exceção à regra geral, uma vez que, de acordo com o 7.º travessão
do ponto 1 da parte A do anexo VII, o processo técnico deve incluir uma cópia das
instruções que estão sujeitas a requisitos de linguagem específicos – ver §256
e §257: comentários às alíneas a) e b) dos pontos 1.7.4 e 1.7.4.1 do anexo I.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ANEXO VII 1 A (continuação)


...
1. O processo técnico inclui os seguintes elementos:
a) Um processo de fabrico, constituído:
- por uma descrição geral da máquina,
- pelo desenho de conjunto da máquina e pelos desenhos dos circuitos de
comando, bem como pelas descrições e explicações pertinentes
necessárias para a compreensão do funcionamento da máquina,
- pelos desenhos de pormenor e completos, eventualmente acompanhados
de notas de cálculo, resultados de ensaios, certificados, etc., que
permitam verificar a conformidade da máquina com os requisitos
essenciais de saúde e de segurança,
- pela documentação relativa à avaliação dos riscos, que deverá
demonstrar o procedimento seguido e incluir:
i) uma lista dos requisitos essenciais de saúde e de segurança aplicáveis
à máquina,
ii) a descrição das medidas de proteção implementadas para eliminar os
perigos identificados ou reduzir os riscos e, se for caso disso, uma
indicação dos riscos residuais associados à máquina,
 pelas normas e outras especificações técnicas que tenham sido utilizadas,
acompanhadas da enumeração dos requisitos essenciais de saúde e de
segurança abrangidos por essas normas,
- por qualquer relatório técnico que forneça os resultados dos ensaios
efectuados pelo fabricante ou por um organismo escolhido pelo
fabricante ou pelo seu mandatário,
- por um exemplar do manual de instruções da máquina,
- se for caso disso, pelas declarações de incorporação das quase-
máquinas incorporadas e pelas instruções de montagem pertinentes das
mesmas,
- se for caso disso, por exemplares da declaração CE de conformidade da
máquina ou de outros produtos incorporados na máquina,
- um exemplar da declaração CE de conformidade;
b) No caso de fabrico em série, as disposições internas que serão aplicadas
para manter a conformidade das máquinas com as disposições da presente
diretiva.
O fabricante deve efetuar as pesquisas e os ensaios necessários dos
componentes, acessórios ou de toda a máquina, a fim de determinar se esta,
pelo modo como foi concebida e fabricada, pode ser montada e entrar em
serviço em segurança. Os relatórios e resultados pertinentes deverão ser
incluídos no processo técnico.
...

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

§392 Conteúdo do processo técnico


As alíneas a) e b) do ponto 1 da parte A do anexo VII enunciam o conteúdo do
processo técnico. A alínea a) do ponto 1 refere-se à concepção e fabrico de
máquinas; a alínea b) do ponto 1 diz respeito à produção de máquinas.
Os três primeiros travessões da alínea a) do ponto 1 dizem respeito à descrição
da máquina que deve ser suficientemente detalhada para permitir às autoridades
de vigilância do mercado compreender o funcionamento da máquina e verificar a
conformidade da mesma com os relevantes RESS. Estes travessões devem ser
lidos à luz do terceiro parágrafo do ponto 2 do anexo VII A que limite o nível de
detalhe exigido no processo técnico no que se refere aos subconjuntos.
Um processo técnico é exigido para cada modelo ou tipo de máquinas. Os termos
'modelo' ou 'tipo' designam máquinas com um dado conjunto de características de
concepção, técnicas e de aplicação. Um tipo de máquina pode ser produzido em
série ou como exemplar único e pode ter variantes; contudo, para serem
consideradas como pertencentes a um mesmo tipo, as variantes devem
apresentar a mesma concepção de base, perigos semelhantes e exigir medidas
de proteção análogas. A descrição das máquinas no processo técnico deve
especificar quaisquer variantes do respectivo modelo ou tipo.
O quarto travessão da alínea a) do ponto 1 refere a avaliação de riscos realizada
pelo fabricante. O resultado da avaliação de riscos deve ser documentado para
permitir às autoridades verificar que os RESS foram corretamente identificados e
que foram tomadas as medidas de proteção necessárias, de acordo com os
princípios de integração da segurança – ver §173 a §177: comentários ao
ponto 1.1.2 do anexo I. A informação exigida nas alíneas i) e ii) do quarto
travessão da alínea a) do ponto 1 pode ser compilada sob a forma de lista de
controlo indicando os RESS que são aplicáveis à máquina e as correspondentes
medidas de proteção. A documentação da avaliação de riscos é facilitada pela
aplicação das normas harmonizadas, embora a aplicação de tais normas não
dispense o fabricante da obrigação de realizar a avaliação de riscos – ver §158
e §159: comentários ao princípio geral 1 do anexo I.
O quinto travessão da alínea a) do ponto 1 exige que o fabricante documente as
normas ou outras especificações técnicas usadas, indicando os RESS
abrangidos. A referência às especificações das normas harmonizadas relevantes
facilita a demonstração da conformidade da máquina, uma vez que a sua
aplicação confere a presunção de conformidade com os RESS que abrangem –
ver §110: comentários ao n.º 2 do artigo 7.º.
O sexto travessão da alínea a) do ponto 1 diz respeito a relatórios sobre os
resultados de quaisquer ensaios efectuados pelo fabricante ou em seu nome. Os
métodos de verificação necessários para garantir a conformidade das máquinas,
incluindo as inspeções necessárias, ensaios de tipo, ensaios com amostras ou
ensaios unitários, estão geralmente especificados nas normas harmonizadas
relevantes.
Adicionalmente, certos ensaios são exigidos pelos RESS que constam no anexo I:
- ensaios em ROPS, TOPS e FOPS para máquinas móveis – ver §315
e §316: comentários aos pontos 3.4.3 e 3.4.4 do anexo I;
- ensaios relacionados com a resistência mecânica das máquinas de
elevação – ver §339 e §341: comentários aos pontos 4.1.2.3, 4.1.2.4
e 4.1.2.5 do anexo I;

360
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

- ensaios relacionados com a adequação aos fins previstos das máquinas


e acessórios de elevação – ver §356: comentários ao ponto 4.1.3 do
anexo I;
O sétimo travessão da alínea a) do ponto 1 diz respeito às instruções da máquina
– ver §254 a §274: comentários ao ponto 1.7.4 do anexo I e, se necessário §277:
comentários ao ponto 2.1.2, §279: comentários ao ponto 2.2.1.1, §280:
comentários ao ponto 2.2.2.2, §325: comentários ao ponto 3.6.3 e §360 e §361:
comentários ao ponto 4.4.
O oitavo travessão da alínea a) do ponto 1 refere-se à declaração de
incorporação para qualquer quase-máquina incorporada – ver §384 e §385:
comentários à parte B do ponto 1 do anexo II – e os manuais de montagem
relevantes – ver §390: comentários ao anexo VI. Estes documentos não devem
acompanhar a máquina final mas devem ser incluídos no processo técnico
respectivo.
O nono travessão da alínea a) do ponto 1 refere-se a declaração CE de
conformidade de máquinas ou de outros produtos incorporados na máquina. Pode
tratar-se dos seguintes produtos:
a) componentes de segurança ou correntes, cabos ou correias incorporados
nas máquinas;
b) equipamento incorporado na máquina sujeito a uma diretiva específica
exigindo a apresentação de uma declaração CE de conformidade tais
como, por exemplo, equipamento ATEX ou equipamento sob pressão – ver
§91: comentários ao artigo 3.º;
c) máquinas completas incorporadas num conjunto de máquinas - ver §38:
comentários ao quarto travessão da alínea a) do artigo 2.º.
As declarações de conformidade CE dos produtos supra mencionados não devem
acompanhar a máquina na qual serão incorporados mas devem ser incluídas no
processo técnico da mesma.
O décimo travessão da alínea a) do ponto 1 requer um exemplar da declaração
CE de conformidade da máquina a incluir no processo técnico da máquina em
questão – ver §382 e §383: comentários ao parte A do ponto 1 do anexo II.
A alínea b) ponto 1 da parte A do anexo VII requer que o processo técnico das
máquinas fabricadas em série registe as medidas a tomar para assegurar que a
máquina produzida permanece em conformidade com os RESS relevantes. As
medidas a tomar podem incluir, por exemplo:
- monitorização das entregas de materiais, componentes e subsistemas;
- inspeções e ensaios a realizar em diversas etapas de produção e em
produtos acabados;
- medidas que garantam que as especificações do fabricante são
corretamente executadas pelas empresas subcontratadas.
Estas medidas podem ser implementadas pela aplicação de um sistema de
gestão da qualidade tal como, por exemplo, um sistema de acordo com a norma
EN ISO 9001 195 .

195
EN ISO 9001:2008 Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos (ISO 9001:2008).

361
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O último parágrafo do ponto 1 da parte A do anexo VII exige que o fabricante


realize a investigação e os ensaios necessários sobre os componentes e
acessórios. Os métodos de verificação necessários, incluindo as inspeções
necessárias, ensaios tipo, ensaios com amostras ou ensaios unitários, estão
geralmente especificados nas normas harmonizadas relevantes.
Todos os documentos referidos no ponto 1 da parte A do anexo VII devem ser
regularmente revistos e atualizados sempre que ocorram alterações à concepção
ou fabrico das máquinas em questão.

ANEXO VII 1 A (continuação)


...
2. O processo técnico referido no ponto 1 deverá estar à disposição das
autoridades competentes dos Estados-Membros durante um período de pelo
menos dez anos a contar da data de fabrico da máquina ou da última unidade
produzida, em caso de fabrico em série.
Não é obrigatório que este processo técnico se encontre no território da
Comunidade; além disso, poderá não existir permanentemente sob forma
material. Todavia, a pessoa designada na declaração CE de conformidade deve
poder reuni-lo e torná-lo disponível em tempo compatível com a sua
complexidade.
Não é obrigatório que o processo técnico inclua desenhos de pormenor ou
quaisquer outras informações específicas relativas aos subconjuntos utilizados
para o fabrico das máquinas, a menos que o conhecimento dos mesmos seja
indispensável para a verificação da conformidade com os requisitos essenciais
de saúde e de segurança.
3. A não apresentação do processo técnico, após um pedido devidamente
fundamentado das autoridades nacionais competentes, pode constituir razão
suficiente para pôr em dúvida a conformidade das máquinas em questão com os
requisitos essenciais de saúde e de segurança.
...
§393 Comunicação do processo técnico
Os pontos n.os 2 e 3 da parte A do anexo VII enunciam as condições segundo as
quais o processo técnico deve ser disponibilizado às autoridades de vigilância dos
Estados-Membros – ver §98: comentários aos n.os 3 e 4 do artigo 4.º. Os
elementos relevantes do processo técnico devem ser disponibilizados em
resposta a um pedido fundamentado das autoridades competentes, quer seja do
Estado-Membro onde o fabricante se encontra estabelecido ou de qualquer outro
Estado-Membro.
O segundo parágrafo do ponto 2 indica que o processo técnico não tem que estar
obrigatoriamente localizado em território da UE. O processo técnico das máquinas
fabricadas fora da UE pode assim permanecer nas instalações do fabricante.
O segundo parágrafo do ponto 2 também indica que não é obrigatório que o
processo técnico se encontre permanentemente disponível sob forma material.
O termo “processo técnico” refere-se assim a um conjunto de informação que
pode ser armazenada sob a forma de papel ou em formato electrónico em um ou
mais locais. Em particular, não há necessidade de duplicar os documentos
comuns a diferentes tipos de máquinas. Todavia, a informação deve ser
organizada, classificada e armazenada de forma a que o fabricante possa, sem

362
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

demora, comunicar os elementos relevantes do processo técnico em resposta a


um pedido devidamente fundamentado endereçado pelas autoridades de
vigilância do mercado de qualquer Estado-Membro à pessoa designada na
declaração CE de conformidade para esse fim – ver §383: comentários à parte A
do ponto 1 do anexo II.
As solicitações para comunicação do processo técnico podem ser efectuadas
para fins de vigilância de mercado e devem indicar a natureza da dúvida acerca
da conformidade da máquina em questão e ser limitadas aos elementos
necessários à investigação – ver §98 e §99: comentários aos n.os 3 e 4 do
artigo 4.º.
O processo técnico pode conter informação confidencial ou comercialmente
sensível. As autoridades de vigilância do mercado são obrigadas a respeitar a
confidencialidade de tal informação – ver §143: comentários ao artigo 18.º. Não
existe qualquer obrigação de comunicar elementos do processo técnico a
nenhuma entidade para além das autoridades competentes dos Estados-
Membros. Por exemplo, o fabricante não é obrigado a comunicar elementos do
processo técnico aos seus clientes.
O terceiro parágrafo do ponto 2 limita o nível de detalhe exigido no processo
técnico no que concerne aos subconjuntos – ver §392: comentários ao ponto 1 da
parte A do anexo VII.
O ponto 3 da parte A do anexo VII estabelece que a não apresentação do
processo técnico em resposta a um pedido devidamente fundamentado pode
constituir razão suficiente para duvidar da conformidade da máquina em questão.
A não apresentação do processo técnico não constitui prova de não conformidade
da máquina mas, se o fabricante não comunicar os elementos relevantes do
processo técnico, as autoridades de vigilância do mercado têm o direito a decidir
sobre a ação a tomar baseadas em quaisquer evidências disponíveis.

ANEXO VII (continuação)


...
B. Documentação técnica relevante para quase-máquinas
A presente parte descreve o procedimento segundo o qual deverá ser elaborada a
documentação técnica relevante, que deverá evidenciar os requisitos da presente
diretiva que se aplicam e são cumpridos. A documentação técnica deve abranger
a concepção, o fabrico e o funcionamento da quase-máquina, na medida do
necessário à avaliação de conformidade com os requisitos essenciais de saúde e
segurança aplicados. A documentação deve ser compilada numa ou em várias
línguas oficiais da Comunidade.
Deve conter os seguintes elementos:
a) Um processo de fabrico, constituído:
 pelo desenho de conjunto da quase-máquina, bem como pelos desenhos
dos circuitos de comando,
 pelos desenhos de pormenor e completos, eventualmente acompanhados
de notas de cálculo, resultados de ensaios, certificados, etc., que
permitam verificar a conformidade da quase-máquina com os requisitos
essenciais de saúde e de segurança aplicados,

 pela documentação relativa à avaliação dos riscos, que deverá

363
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

demonstrar o procedimento seguido, incluindo:


i) uma lista dos requisitos essenciais de saúde e de segurança aplicados e
cumpridos,
ii) a descrição das medidas de proteção implementadas para eliminar os
perigos identificados ou reduzir os mesmos e, se for caso disso, uma
indicação dos riscos residuais,
iii as normas e outras especificações técnicas que tenham sido utilizadas,
acompanhadas da enumeração dos requisitos essenciais de saúde e de
segurança abrangidos por essas normas,
iv qualquer relatório técnico que forneça os resultados dos ensaios
efectuados pelo fabricante ou por um organismo escolhido pelo
fabricante ou pelo seu mandatário,
v) um exemplar do manual de montagem da quase-máquina;
b) No caso de fabrico em série, as disposições internas que serão aplicadas para
manter a conformidade das quase-máquinas com os requisitos essenciais de
saúde e segurança aplicados.
O fabricante deve efetuar as pesquisas e os ensaios necessários dos componentes,
acessórios ou de toda a máquina, a fim de determinar se esta, pelo modo como foi
concebida e fabricada, pode ser montada e utilizada com segurança. Os
relatórios e resultados pertinentes serão incluídos na documentação técnica.
A documentação técnica relevante deverá estar disponível durante um período de
pelo menos dez anos a contar da data de fabrico da quase-máquina ou da última
unidade produzida, em caso de fabrico em série, e ser apresentada às autoridades
competentes dos Estados-Membros a seu pedido. Não tem obrigatoriamente de se
encontrar no território da Comunidade; além disso, poderá não existir
permanentemente sob forma material. Deve poder ser reunida e apresentada à
autoridade competente pela pessoa designada na declaração de incorporação.
A não apresentação da documentação técnica relevante, após um pedido
devidamente fundamentado das autoridades nacionais competentes, pode
constituir razão suficiente para pôr em dúvida a conformidade das quase-
máquinas em questão com os requisitos essenciais de saúde e de segurança
aplicados e declarados.

§394 Documentação técnica relevante para quase-máquinas


A obrigação de compilar a documentação técnica relevante descrita na parte B do
anexo VII é aplicável aos fabricantes de qualquer quase-máquina referida na
alínea g) do n.º 1 do artigo 1.º – ver §131: comentários ao n.º 1 do artigo 13.º.
O objectivo da documentação técnica relevante é permitir aos fabricantes
demonstrarem a conformidade das quase-máquinas com os RESS por estes
aplicados e cumpridos, conforme indicado na declaração de incorporação –
ver §95: comentários ao n.º 2 do artigo 4.º e §98: comentários aos n.os 3 e 4 do
artigo 4.º. Também auxilia as autoridades de vigilância do mercado a verificar a
conformidade das quase-máquinas com os referidos RESS, particularmente os
aspectos que não podem ser verificados através de uma inspeção visual.
O âmbito da documentação técnica relevante é assim limitado a esses RESS
aplicados e cumpridos pelo fabricante das quase-máquinas e ao seu manual de
montagem – ver §385: comentários ao ponto 4 da parte B do anexo II.

364
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Quanto ao restante, os comentários sobre as disposições relacionadas com o


processo técnico das máquinas enunciadas na parte A do anexo VII são válidos
para as disposições equivalentes relativas à documentação técnica relevante das
quase-máquinas enunciadas na parte B do anexo VII – ver §391 a §393:
comentários à parte A do anexo VII.

365
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ANEXO VIII
Avaliação da conformidade com controlo interno do fabrico de uma máquina
1. O presente anexo descreve o procedimento através do qual o fabricante ou o seu
mandatário, no cumprimento das obrigações previstas nos pontos 2 e 3, garante
e declara que a máquina em causa satisfaz os requisitos relevantes da presente
diretiva.
2. Relativamente a cada tipo representativo da produção considerada, o
fabricante, ou o seu mandatário, elabora o processo técnico referido na parte A
do anexo VII.
3. O fabricante deve tomar todas as medidas necessárias para que o processo de
fabrico garanta a conformidade da máquina fabricada com o processo técnico
referido na parte A do anexo VII e com os requisitos da presente diretiva.

§395 Avaliação da conformidade com controlo interno do fabrico de


máquinas
O anexo VIII descreve o procedimento de avaliação de conformidade a seguir
para todas as categorias de máquinas que não constam no anexo IV – ver §128:
comentários ao n.º 2 do artigo 12.º. Este procedimento é também um dos três
procedimentos de avaliação de conformidade que pode ser escolhido para as
máquinas das categorias discriminadas no anexo IV quando o fabricante aplicou
normas harmonizadas cujas referências estão discriminadas no JOUE da UE que
abrangem todos os requisitos essenciais de saúde e segurança – ver §129:
comentários ao n.º 3 do artigo 12.º.
O ponto 2 do anexo VIII recorda a obrigação do fabricante ou ao seu mandatário
de elaborar um processo técnico de acordo com o ponto 1 da parte A do anexo
VII para cada tipo de máquinas – ver §103: comentários à alínea b) do n.º 1 do
artigo 5.º. O processo técnico deve identificar os RESS aplicáveis às máquinas e
descrever como foram cumpridos. O termo 'tipo representativo' é equivalente aos
termos 'tipo' ou ‘modelo’ – ver §392: comentários ao ponto 1 da parte A do
anexo VII.
Deve ser realçado que o processo técnico é exigido para máquinas fabricadas em
série e para máquinas que sejam exemplares únicos. Se forem feitas alterações à
concepção das máquinas fabricadas em série, por exemplo quando forem
incorporados materiais ou componentes de diferentes fabricantes ou quando
forem feitas melhorias à concepção, deverá ser reavaliada a conformidade dos
aspectos de concepção que foram modificados e o processo técnico deve ser
atualizado em concordância.
O ponto 3 do anexo VIII requer que o fabricante tome as medidas necessárias
para garantir que o processo de fabrico das máquinas garante a conformidade
das máquinas fabricadas com o processo técnico e com os RESS aplicáveis –
ver §392: comentários à alínea b) do ponto 1 da parte A do anexo VII. Estas são
as medidas de controlo interno de fabrico referidas no título do anexo VIII.

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ANEXO IX
Exame CE de tipo
O exame CE de tipo é o procedimento pelo qual um organismo notificado verifica e
certifica que um exemplar representativo de uma máquina referida no anexo IV (a
seguir designado por «tipo») satisfaz as disposições da presente diretiva.
1. O fabricante ou o seu mandatário devem, para cada tipo, elaborar o processo
técnico referido na parte A do anexo VII.
...
§396 Exame CE de tipo
O anexo IX enuncia um dos procedimentos de avaliação da conformidade que
pode ser seguido para as máquinas pertencentes a uma das categorias
discriminadas no anexo IV – ver §129 e §130: comentários aos n.os 3 e 4 do
artigo 12.º e §388: comentários ao anexo IV.
Quando é escolhido o procedimento de exame CE de tipo, cada modelo ou tipo
de máquina pertencente a uma das categorias discriminadas no anexo IV deve
ser examinado por um organismo notificado. O organismo notificado verifica a
documentação e executa as inspeções e ensaios necessários numa ou várias
amostras das máquinas para garantir que o modelo ou tipo está concebido e
fabricado em conformidade com os RESS aplicáveis.
Os termos 'modelo' ou 'tipo' designam uma ou várias máquinas representativas de
uma dada concepção, características técnicas e aplicação. Um tipo de máquina
pode ser produzido em série ou como exemplar único.
Um tipo de máquina pode ter variantes; contudo, para serem consideradas como
pertencentes a um mesmo tipo, as variantes devem apresentar a mesma
concepção de base, perigos semelhantes e exigir medidas de proteção análogas.
É da responsabilidade do organismo notificado julgar, em cada caso específico,
se as variantes podem ser consideradas pertencentes ou mesmo tipo ou devem
ser tratadas como tipos distintos. As variantes de um dado tipo de máquinas
devem ser descritas no processo técnico e sujeitas à avaliação da conformidade.
O certificado do exame CE de tipo deve identificar quaisquer variantes do tipo de
máquina que abrange – ver §399: comentários ao ponto 4 do anexo IX.
O ponto n.º 1 do anexo IX recorda a obrigação do fabricante elaborar um
processo técnico de acordo com a parte A do anexo VII para cada tipo de
máquinas – ver §103: comentários à alínea b) do n.º 1 do artigo 5.º.

367
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ANEXO IX (continuação)
...
2. Para cada tipo, o pedido de exame CE de tipo será apresentado pelo fabricante
ou pelo seu mandatário a um organismo notificado da sua escolha.
Esse pedido deve conter os seguintes elementos:
 o nome e endereço do fabricante e, se apropriado, do seu mandatário,
 declaração escrita que especifique que o mesmo pedido não foi apresentado
junto de outro organismo notificado,
 processo técnico.
Além disso, o requerente colocará à disposição do organismo notificado um
exemplar representativo do tipo. O organismo notificado pode pedir outros
exemplares, se o programa de ensaios assim o exigir.
...
§397 O pedido de exame CE de tipo
O ponto 2 do anexo IX enuncia o conteúdo do pedido de um exame CE de tipo.
Tal pedido pode ser feito a qualquer organismo notificado na UE que esteja
notificado para a realização do procedimento de exame CE de tipo, para categoria
da máquina em questão.
O pedido pode ser redigido em qualquer língua oficial da UE aceitável para o
organismo notificado – ver §246: comentários ao ponto 8 do anexo IX.
O pedido pode ser feito pelo próprio fabricante ou confiado ao seu mandatário –
ver §84 e §85: comentários à alínea j) do artigo 2.º. O primeiro travessão do
ponto 2 declara que o pedido deve incluir o nome e o endereço do fabricante e, se
for caso disso, do seu mandatário – ver §250: comentários ao ponto 1.7.3 do
anexo I;
O segundo travessão do ponto 2 significa que o pedido de um exame CE de tipo
pode ser dirigido apenas a um organismo notificado. Não é intenção desta
disposição impedir o fabricante de obter vários orçamentos antes de selecionar o
organismo notificado para a realização do exame CE de tipo, mas simplesmente
impedir que após recusada a concepção apresentada a um organismo notificado
se dirija a outro, até que algum aprove o tipo em causa.
Uma vez escolhido o organismo notificado para a realização do exame CE de tipo
para um dado tipo de máquina, o fabricante deve declarar que não efetuou
nenhum pedido a outro organismo notificado para o mesmo tipo de máquina ou
seja, para máquinas com a mesma concepção, características técnicas e
aplicação. Contudo, o fabricante é livre de escolher um outro organismo notificado
para a realização de um exame CE de tipo para um tipo diferente de máquina.
O terceiro travessão do ponto 2 exige que o pedido de um exame CE de tipo
inclua o processo técnico para o tipo de máquina em questão – ver §392:
comentários ao ponto 1 da parte A do anexo VII. O processo técnico abrange a
máquina completa e não apenas os aspectos da máquina que apresentam riscos
para os quais a categoria da máquina consta do anexo IV.
Para efeitos do procedimento de exame CE de tipo, o processo técnico deve ser
disponibilizado ao organismo notificado numa fase anterior ao geralmente
prescrito na alínea b) do n.º 1 do artigo 5.º que exige que o processo técnico
esteja disponível antes da colocação da máquina no mercado ou da sua entrada
368
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

em serviço – ver §103: comentários ao n.º 1 do artigo 5.º. O processo técnico


pode ser disponibilizado num formato acordado entre o requerente e o organismo
notificado.
O último parágrafo do ponto 2 exige que o requerente apresente um ou mais
exemplares do tipo à disposição do organismo notificado para fins de inspeção,
medição e ensaio. O número de exemplares requerido deve ser razoável, e
justificado pela natureza dos exames e ensaios a realizar. Sempre que sejam
necessários ensaios destrutivos, pode ser necessário mais do que um exemplar.
Para máquinas de grande dimensão, geralmente, um exemplar é suficiente.
Mediante acordo, os exemplares necessários podem ser enviados ao organismo
notificado ou colocados à disposição do mesmo em local previamente acordado
entre o organismo notificado e o fabricante – ver §398: comentários ao ponto 3.4
do anexo IX.

ANEXO IX (continuação)
...
3. O Organismo notificado:
3.1. Examina o processo técnico, verificar se o tipo foi fabricado em
conformidade com o mesmo e identifica os elementos concebidos de
acordo com as disposições aplicáveis das normas referidas no n.º 2 do
artigo 7.º, bem como os elementos cuja concepção não se baseie nas
disposições pertinentes dessas normas;
3.2. Efetua ou mandar efetuar os exames, medições e ensaios adequados para
verificar se as soluções adoptadas satisfazem os requisitos essenciais de
saúde e de segurança da presente diretiva, quando não tenham sido
aplicadas as normas referidas no n.º 2 do artigo 7.º;
3.3. Efetua ou mandar efetuar os exames, medições e ensaios adequados para
verificar se, no caso de utilização das normas harmonizadas referidas no
n.º 2 do artigo 7.º, estas foram realmente aplicadas;
3.4. Acorda com o requerente o local onde se verificará se o tipo foi
fabricado em conformidade com o processo técnico examinado e onde se
efetuarão os exames, medições e ensaios necessários.
...
§398 Conteúdo do exame CE de tipo
O ponto 3 do anexo IX enuncia os objectivos e o conteúdo de um exame CE de
tipo.
O ponto 3.1 exige que o organismo notificado:
 examine o processo técnico;
 verifique que o tipo fabricado está em conformidade com o processo técnico;
 estabeleça que elementos ou aspectos da máquina foram:
a) concebidos em concordância com as disposições pertinentes das normas
harmonizadas;
b) concebidos de acordo com outras especificações técnicas.
Isto permite ao organismo notificado verificar que o fabricante realizou uma
avaliação dos riscos adequada, os RESS aplicáveis à máquina foram

369
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

corretamente identificados e que as medidas de proteção apropriadas foram


implementadas. O exame do processo técnico também permite ao organismo
notificado determinar as inspeções, medições e ensaios a que os exemplares à
sua disposição deverão ser submetidos.
Os pontos 3.2 e 3.3 distinguem a abordagem a adoptar para as máquinas
concebidas de acordo com as normas harmonizadas e para aquelas que não
foram concebidas segundo as mesmas. As abordagens enunciadas nos
pontos 3.2 e 3.3 podem ser combinadas nos casos em que as normas
harmonizadas aplicadas não abrangem todos os RESS aplicáveis à maquina,
quando as normas harmonizadas não foram integralmente cumpridas ou quando
só foram aplicadas a certos elementos ou aspectos da máquinas.
De acordo com o ponto 3.2, no caso de máquinas (ou elementos ou aspectos das
máquinas) para as quais as normas harmonizadas não foram aplicadas, o
organismo notificado deve determinar as inspeções, medições e ensaios
adequados para verificação da conformidade das máquinas com os RESS
aplicáveis. Mesmo em tais casos, as normas harmonizadas podem fornecer uma
indicação importante sobre o estado da técnica a considerar aquando da
verificação de conformidade com os RESS – ver §161 e §162: comentários ao
princípio geral 3 do anexo I. Os métodos de verificação enunciados nas normas
harmonizadas podem ser frequentemente usados ou adaptados para máquinas
não concebidas de acordo com essas normas. Nos restantes casos, podem ser
utilizados os métodos de verificação enunciados noutras especificações técnicas
apropriadas. Na ausência de indicações, o organismo notificado deve confiar no
conhecimento e experiência da equipa de inspeção para selecionar o método de
verificação adequado que assegure um nível de redução do risco, no mínimo,
equivalente ao enunciado nas normas harmonizadas – ver §408: comentários ao
ponto 4 do anexo XI. Está disponível orientação em Recomendações para
Utilização emitidas pela Coordenação dos Organismos Notificados para Máquinas
(ON-M) – ver §137: comentários ao n.º 7 do artigo 14.º.
De acordo com o ponto 3.3, no caso de máquinas (ou aspectos de máquinas)
para as quais as normas harmonizadas tenham sido usadas, o organismo
notificado deve efetuar as inspeções, medições e ensaios necessários para
verificar que os requisitos de concepção e fabrico das normas foram corretamente
aplicados.
Regra geral, as inspeções, medições e ensaios necessários para a verificação da
conformidade da máquina são efectuados pelo próprio organismo notificado –
ver §408: comentários ao ponto 3 do anexo XI. Contudo, o organismo notificado
pode subcontratar verificações excepcionais como, por exemplo, a inspeção não
destrutiva da soldadura. De forma a evitar a duplicação de ensaios, o organismo
notificado pode ter em consideração relatórios de inspeções ou de ensaios
efectuados por outros organismos competentes ou pelo próprio fabricante.
Contudo, um organismo notificado que aceite relatórios de outras fontes
permanece inteiramente responsável pela decisão de conformidade da máquina
sujeita ao exame CE de tipo.
De acordo com o ponto 3.4, o organismo notificado e o requerente podem acordar
o local onde decorrerá o exame da máquina. Os critérios práticos para decidir
o local apropriado para a realização do exame incluem a dimensão da máquina e
a natureza das inspeções, medições e ensaios a realizar. Em alguns casos, em
particular para máquinas de grande dimensão, pode ser adequado examinar a
máquina como um todo nas instalações do fabricante, enquanto alguns dos seus

370
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

componentes ou subconjuntos poderão ser examinados nas instalações do


organismo notificado. No caso do exame CE de tipo para máquinas montadas nas
instalações do utilizador ou máquinas construídas para uma aplicação específica,
é necessário realizar a inspeção, medição e ensaiar no local de montagem

ANEXO IX (continuação)
...
4. Se o tipo satisfizer as disposições da presente diretiva, o organismo notificado
emitirá um certificado de exame CE de tipo ao requerente. O certificado
incluirá o nome e o endereço do fabricante e do seu mandatário, os dados
necessários à identificação do tipo aprovado, as conclusões do exame e as
condições de validade do certificado.
O fabricante e o organismo notificado conservarão uma cópia desse certificado,
o processo técnico, bem como todos os documentos relevantes, durante quinze
anos a contar da data de emissão do certificado.
5. Se o tipo não satisfizer as disposições da presente diretiva, o organismo
notificado recusará emitir ao requerente um certificado de exame CE de tipo,
fundamentando pormenorizadamente esta recusa. Do facto informará o
requerente, os outros organismos notificados e o Estado-Membro que o tiver
notificado. A decisão é susceptível de recurso.
6. O requerente deve informar o organismo notificado que detém o processo
técnico relativo ao certificado de exame CE de tipo de todas as alterações
introduzidas no tipo aprovado. O organismo notificado examinará essas
alterações e deverá, então, confirmar a validade do certificado existente ou
emitir um novo se essas alterações puderem pôr em causa a conformidade com
os requisitos essenciais de saúde e de segurança ou com as condições previstas
de utilização do tipo.
7. A Comissão, os Estados-Membros e os outros organismos notificados poderão,
se o solicitarem, obter uma cópia dos certificados de exame CE de tipo.
Mediante pedido fundamentado, a Comissão e os Estados-Membros poderão
obter uma cópia do processo técnico e dos resultados dos exames efectuados
pelo organismo notificado.
8. Os dossiers e a correspondência relativos ao exame CE de tipo são redigidos na
ou nas línguas oficiais da Comunidade do Estado-Membro em que está
estabelecido o organismo notificado, ou numa língua oficial da Comunidade
aceite por este.
...
§399 O certificado de exame CE de tipo
De acordo com o ponto 4 do anexo IX, quando o resultado do exame CE de tipo
for positivo, o organismo notificado emite um certificado de exame CE de tipo.
O certificado deve identificar claramente o tipo de máquinas abrangidas. Os
dados necessários para identificar o tipo aprovado incluem a designação da
máquina e a referência de série ou tipo conforme indicado na máquina - ver §250:
comentários ao ponto 1.7.3 do anexo I. Se o certificado abranger um tipo com
variantes, deve identificar estas variantes, indicando as características que as
distinguem.
É possível emitir um certificado de exame CE de tipo para um fabricante de um
tipo de máquinas a colocar no mercado sob mais do que uma designação

371
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

comercial ou marca. Neste caso, as diferentes designações e marcas implicadas


devem ser especificadas no certificado do exame CE de tipo com a indicação de
que são referentes ao mesmo tipo de máquina. Se for decidido colocar as
máquinas no mercado com uma designação comercial ou marca diferente, após a
emissão do certificado original do exame CE de tipo, o organismo notificado deve
ser informado e o certificado deve ser revisto em conformidade.
O fabricante e o organismo notificado conservarão uma cópia do certificado do
exame CE de tipo, o processo técnico da máquina em questão, e todos os
documentos relacionados, durante quinze anos a contar da data de emissão do
certificado. Esta medida permite à Comissão, ao Estado-Membro ou a outro
organismo notificado consultar os documentos de acordo com o ponto 7.
A contagem do período de 15 anos recomeça de cada vez que o certificado for
renovado – ver §400: comentários ao ponto 9.3 do anexo IX. A duração de
15 anos assegura que os documentos relacionados estão disponíveis por um
período de 10 anos após o fabrico da última unidade de série durante o qual o
fabricante deve conservar o processo técnico da máquina disponível para as
autoridades competentes – ver §393: comentários ao ponto 2 da parte A do
anexo VII. Uma vez que o organismo notificado, geralmente, desconhece a data
de fabrico da última unidade do tipo abrangido pelo certificado e que este é válido
por um período de cinco anos, o período de conservação do certificado de
exame CE de tipo é de mais 5 anos mas contabilizados a partir da data de
emissão do certificado.
De acordo com o ponto 5 do anexo IX, se o resultado do exame CE de tipo for
negativo, o organismo notificado deverá informar o requerente da recusa de
emissão do certificado de exame CE de tipo, fornecendo razões detalhadas e
indicando o procedimento para apelar contra a decisão - ver §135: comentários ao
n.º 6 do artigo 14.º. Os outros organismos notificados e o Estado-Membro que
notificaram o organismo notificado em questão devem ser informados de cada
recusa de emissão do certificado de exame CE de tipo.
O ponto 6 do anexo IX exige que o requerente informe o organismo notificado
sobre quaisquer modificações que pretenda realizar ao tipo aprovado. O
organismo notificado deverá então decidir se a alteração afecta a validade do
certificado de exame CE de tipo.
Se forem alterações menores, o organismo notificado pode emitir uma nova
versão ou uma extensão ao certificado original. Se as alterações forem passíveis
de alterar a conformidade da máquina com os RESS relevantes, poderão ser
necessárias verificações adicionais antes da emissão da nova versão ou da
extensão do certificado. O processo técnico na posse do fabricante e do
organismo notificado deve ser atualizado em concordância.
Se a modificação envolve alterações que exijam nova avaliação de conformidade
da máquina com os RESS aplicáveis, o organismo notificado informará o
requerente que o certificado inicial deixou de ser válido para o tipo modificado. Se
o fabricante pretender prosseguir com as modificações, deverá submeter um novo
pedido para a realização do exame CE de tipo. Em geral, este exame pode ser
limitado aos aspectos da máquina afectados pelas modificações.
De acordo com o ponto 7 do anexo IX, a Comissão, os Estados-Membros e os
outros organismos notificados podem, se o solicitarem, obter uma cópia dos
certificados de exame CE de tipo emitidos pelo organismo notificado. Mediante
pedido fundamentado, a Comissão e os Estados-Membros podem obter uma
cópia do processo técnico e dos resultados dos exames efectuados pelo
372
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

organismo notificado. Os organismos notificados devem responder a tais pedidos,


quer sejam provenientes das autoridades do Estado-Membro que os notificou ou
das autoridades de qualquer outro Estado-Membro. Os pedidos para tais
documentos podem ser feitos para fins de vigilância do mercado. Tais pedidos
devem indicar a natureza da dúvida acerca da conformidade da máquina em
questão e serem limitados aos elementos necessários à investigação – ver §98
e §99: comentários aos n.os 3 e 4 do artigo 4.º.
Os certificados de exame CE de tipo não têm que acompanhar a máquina
aquando da sua colocação no mercado, mas a declaração CE de conformidade
deve indicar os dados do organismo notificado que realizou o exame CE de tipo e
o número do certificado do exame CE de tipo – ver §383: comentários à parte A
do ponto 1 do anexo II.
O ponto 8 do anexo IX refere-se à língua dos dossiers e da correspondência
referente ao exame CE de tipo para além do processo técnico – ver §391:
comentários à parte A do anexo VII. A escolha de uma língua oficial da EU para
este fim é um assunto a acordar entre o requerente e o organismo notificado
envolvido.

ANEXO IX (continuação)
...
9. Validade do certificado de exame CE de tipo
9.1 Compete ao organismo notificado garantir que o certificado de exame
CE de tipo se mantém válido. O organismo notificado informará o
fabricante de todas as alterações substanciais que possam ter
implicações para a validade do certificado e retirará os certificados que
tiverem deixado de ser válidos.
9.2 Compete ao fabricante da máquina em causa garantir a conformidade
desta com o estado da técnica.
9.3 O fabricante solicitará ao organismo notificado a revisão, de cinco em
cinco anos, da validade do certificado de exame CE de tipo.
Se o organismo notificado considerar, tendo em conta ,o estado da
técnica que o certificado continua válido, renová-lo-á por um novo
período de cinco anos.
O fabricante e o organismo notificado conservarão uma cópia desse
certificado, do processo técnico, bem como de todos os documentos
relevantes, durante quinze anos a contar da data de emissão do
certificado.
9.4. Se a validade do certificado de exame CE de tipo não for renovada, o
fabricante cessará a colocação no mercado da máquina em causa.

§400 Validade e revisão do certificado de exame CE de tipo


O ponto 9 do anexo IX trata da validade dos certificados de exame CE de tipo e
da sua revisão periódica.
O ponto 9.1 responsabiliza o organismo notificado por garantir que os certificados
de exame CE de tipo por si emitidos se mantêm válidos. A responsabilidade é
exercida dentro dos limites da informação à disposição do organismo notificado.
O organismo notificado deve informar o titular do certificado relativamente a

373
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

alterações substanciais dos requisitos legais do estado da técnica que poderão


afectar a validade do certificado.
Por exemplo, uma vez que os organismos notificados devem acompanhar a
situação das normas relevantes referentes à sua área de atividade – ver §408:
comentários ao ponto 8 do anexo XI – informarão os titulares dos certificados
sobre uma nova norma harmonizada ou revisão de uma norma harmonizada que
reflete alterações significativas no estado da técnica para as máquinas em causa
– ver §162: comentários ao princípio geral 3 do anexo I.
Os organismos notificados também informarão os titulares dos certificados sobre
as decisões da Comissão relativas a medidas referentes a categorias de
máquinas potencialmente perigosas – ver §118: comentários ao artigo 9.º –
relacionadas com objecções formais às normas harmonizadas – ver §121:
comentários ao artigo 10.º - ou sobre o procedimento de salvaguarda – ver §123:
comentários ao artigo 11.º - quando estas decisões tiverem implicações para a
conformidade das máquinas em causa.
Em relação à revogação de certificados de exame CE de tipo – ver §135:
comentários ao n.º 6 do artigo 14.º.
O ponto 9.2 complementa o ponto 6 – ver §397: comentários ao anexo IX – e ao
ponto 9.1. Reforça a obrigação do fabricante levar em consideração qualquer
evolução significativa do estado da técnica que implique deixar de considerar que
as máquinas com certificado de exame CE de tipo cumprem certos RESS. Isto
pode ocorrer, por exemplo, quando são tornados disponíveis meios de proteção
novos ou mais eficientes ou quando uma norma nova ou revista é publicada – ver
§161 e §162: comentários ao princípio geral 3 do anexo I.
O ponto 9.3 enuncia a obrigação do titular do certificado do exame CE de tipo de
solicitar uma revisão da validade do certificado, de cinco em cinco anos. Isto
implica que o certificado emitido pelo organismo notificado deve indicar a data em
que a validade cessa. O fabricante é responsável por solicitar a revisão em tempo
devido, contudo é útil para os organismos notificados enviar uma recordatória aos
titulares dos certificados.
Aquando da revisão de um certificado de exame CE de tipo, o organismo
notificado deverá examinar o processo técnico da máquina à luz da evolução do
estado da técnica ao longo do período decorrido de cinco anos. Se for caso disso,
durante a avaliação, o organismo notificado realizará verificações num exemplar
das máquinas. Tendo presente a revisão efectuada, o organismo notificado
tomará a decisão de renovar ou não o certificado por um período adicional de
cinco anos.
O certificado renovado, o processo técnico atualizado e todos os outros
documentos relevantes estão sujeitos aos mesmos requisitos de conservação que
o certificado inicial – ver §399: comentários ao ponto 4 do anexo IX.
O ponto 9.4 declara que o se o certificado de exame CE de tipo não for renovado,
o fabricante cessará a colocação no mercado do tipo de máquina em causa, uma
vez que deixa de ser possível considerá-la em conformidade com os requisitos da
Diretiva Máquinas.

374
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ANEXO X
Garantia de qualidade total
O presente anexo descreve a avaliação de conformidade de uma máquina referida
no anexo IV fabricada recorrendo a um sistema de garantia de qualidade total e
descreve o procedimento pelo qual um organismo notificado avalia e aprova o
sistema de qualidade e controla a sua aplicação.
1. O fabricante deve aplicar um sistema de qualidade, aprovado para a concepção,
o fabrico, a inspeção final e os ensaios, de acordo com o ponto 2 e submeter-se
à vigilância referida no ponto 3.
...
§401 Garantia de qualidade total
O anexo X enuncia um dos procedimentos de avaliação de conformidade que
pode ser seguido para as categorias de máquinas discriminados no anexo IV –
ver §129 e §130: comentários aos n.os 3 e 4 do artigo 12.º e §388: comentários ao
anexo IV. Quando o procedimento de garantia de qualidade total é seguido, o
fabricante não é obrigado a submeter à avaliação de um organismo notificado,
cada tipo de máquina. Ao invés, um organismo notificado avalia e monitoriza a
aplicação do sistema de garantia da qualidade total do fabricante. O sistema deve
ser implementado e posto em funcionamento para garantir que as máquinas a
que o anexo IV se refere são concebidas e fabricadas em conformidade com os
RESS aplicáveis e são sujeitas às inspeções e ensaios que asseguram a
manutenção constante da conformidade das máquinas.
O ponto 1 enuncia, em termos gerais, a obrigação do fabricante ou do seu
mandatário que escolhe utilizar o procedimento enunciado no anexo X.

ANEXO X (continuação)
...
2. Sistema de Qualidade
2.1. O fabricante ou o seu mandatário apresentam junto de um organismo notificado
à sua escolha um pedido de avaliação do seu sistema de qualidade.
O pedido deve conter os seguintes elementos:
 nome e endereço do fabricante e, se for o caso, do seu mandatário,
 locais de concepção, fabrico, inspeção, ensaio e armazenamento das
máquinas,
 processo técnico descrito na parte A do anexo VII, para um modelo de cada
categoria de máquina referida no anexo IV que pretende fabricar,
 documentação relativa ao sistema de qualidade,
 declaração escrita que especifique que o mesmo pedido não foi apresentado
junto de outro organismo notificado.

§402 O pedido para avaliação de um sistema de garantia de qualidade total


O ponto 2.1 do anexo X enuncia o conteúdo do pedido a submeter pelo fabricante
ou pelo seu mandatário para avaliação de um sistema de qualidade total. Tal
375
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

pedido pode ser feito a qualquer organismo notificado na UE que esteja notificado
para o procedimento de garantia da qualidade total e para a categoria ou
categorias das máquinas abrangidas pelo sistema de garantia da qualidade total
do fabricante.
Embora o anexo X não inclua um requisito relativo à língua a usar na
correspondência entre o fabricante e o organismo notificado, pode ser assumido
que, tal como para o procedimento de exame CE de tipo, a referida
correspondência pode ser redigida em qualquer idioma oficial da EU aceite pelo
organismo notificado - ver §399 comentários ao ponto 8 do anexo IX.
O segundo travessão do ponto 2.1 requer que o pedido refira os locais de
concepção, fabrico, inspeção, ensaio e armazenamento das máquinas.
O propósito desta informação é permitir ao organismo notificado realizar in situ as
inspeções referidas nos pontos 2.3 e 3.2.
Quando o fabricante subcontratar ou externalizar, total ou parcialmente, a
concepção, fabrico, inspeção, ensaio e armazenamento, o pedido deve
especificar a identidade das pessoas subcontratadas implicadas e os locais onde
decorrerão as tarefas subcontratadas. O fabricante das máquinas é responsável
por obter junto das empresas subcontratadas a informação e a documentação
necessárias para a avaliação dos aspectos do sistema de garantia da qualidade
total aplicáveis às tarefas subcontratadas. Tal não inclui a compra de
componentes completos, componentes de segurança ou quase-máquinas, mas o
sistema de garantia da qualidade total deve incluir as medidas necessárias para
garantir a adequabilidade destas aquisições de forma a assegurar a conformidade
da máquina final.
O terceiro travessão do ponto 2.1 requer que o fabricante inclua, como parte do
seu pedido de avaliação do sistema de garantia da qualidade total, um processo
técnico para um modelo de cada categoria de máquinas abrangido pelo sistema
de garantia da qualidade total. O termo 'categoria' refere-se ao título do anexo IV.
"Categorias de máquinas às quais a aplicação de um dos procedimentos referidos
nos n.ºs 3 e 4 do artigo 12.º, é obrigatória". Cada um dos 23 itens do anexo IV é
assim considerado como uma categoria de máquinas; neste contexto as
subcategorias dos pontos 1, 4 e 12 do anexo IV não devem ser consideradas
como categorias distintas.
O fabricante deve providenciar um processo técnico para cada categoria de
máquinas a fabricar. Assim, por exemplo, se o sistema de garantia da qualidade
total abranger o fabrico de plataformas elevatórias para veículos (ponto 16 do
anexo IV) e de aparelhos de elevação de pessoas (ponto 17 do anexo IV), o
fabricante deve fornecer um processo técnico para um modelo de plataformas
elevatórias para veículos e um processo técnico para um modelo de aparelhos de
elevação de pessoas.
Uma vez que o objectivo deste requisito é permitir ao organismo notificado a
revisão dos processos técnicos para garantir a sua conformidade com os RESS
aplicáveis, o processo técnico deve ser representativo da gama de produtos do
fabricante e apresentar todos os perigos principais associados à categoria de
máquinas em causa. O organismo notificado deverá garantir que o processo
técnico fornecido diz respeito a um modelo que representa a máquina mais
complexa de cada categoria abrangida pelo sistema de garantia da qualidade
total.

376
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O processo técnico deverá ser disponibilizado ao organismo notificado antes da


realização da inspeção nas instalações do fabricante, uma vez que a revisão do
processo técnico constitui uma importante ferramenta de verificação do sistema
de garantia da qualidade total.
Regra geral, o processo técnico deve ser integralmente comunicado ao organismo
notificado. Para máquinas muito complexas pode ser impraticável a comunicação
do processo técnico completo antes da inspeção a realizar nas instalações do
fabricante. Em tais casos, o conteúdo da documentação a enviar antes da
auditoria pode ser reduzido, em concordância com o organismo notificado.
Todavia, durante a auditoria, todos os elementos do processo técnico devem
estar disponíveis.
O quarto travessão do ponto 2.1 refere a documentação sobre o sistema de
garantia da qualidade total requerida pelo ponto 2.2.
O último travessão do ponto 2.1 significa que o pedido para avaliação de um
sistema de garantia da qualidade total pode ser dirigido apenas a um organismo
notificado. Não é intenção deste requisito impedir o fabricante de obter vários
orçamentos antes de selecionar o organismo notificado para a avaliação do seu
sistema de garantia da qualidade total, mas simplesmente impedir que dirija a um
organismo notificado após outro, até que o seu sistema seja aprovado.
Uma vez escolhido o organismo notificado para a realização da avaliação do seu
sistema de garantia da qualidade total, o fabricante deve declarar que não efetuou
nenhum pedido relacionado com o mesmo sistema de garantia da qualidade total
a outro organismo notificado.

377
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ANEXO X (continuação)
...
2.2. O sistema de qualidade deverá garantir a conformidade das máquinas com o
disposto na presente diretiva. Todos os elementos, requisitos e disposições
adoptados pelo fabricante devem figurar em documentação, mantida deforma
sistemática e racional sob forma de medidas, procedimentos e instruções
escritas. A documentação relativa ao sistema de qualidade deve permitir uma
interpretação uniforme das medidas em matéria de procedimentos e de
qualidade, tais como programas, planos, manuais e registos de qualidade.
O sistema de qualidade deve incluir, em especial, uma descrição adequada:
 dos objectivos de qualidade, do organograma e das responsabilidades e
poderes da gestão em matéria de concepção e de qualidade das máquinas,
 das especificações técnicas da concepção, incluindo as normas que serão
aplicadas e, caso as normas referidas no n.º 2 do artigo 7.º, não forem
integralmente aplicadas, dos meios a utilizar para garantir o cumprimento
dos requisitos essenciais de saúde e de segurança da presente diretiva,
 das técnicas de controlo e de verificação da concepção, dos procedimentos e
ações sistemáticos a utilizar na concepção das máquinas abrangidas pela
presente diretiva,
 das técnicas, procedimentos e ações sistemáticas correspondentes que serão
utilizadas no fabrico, no controlo da qualidade e na garantia da qualidade,
 dos controlos e dos ensaios a efetuar antes, durante e após o fabrico, com
indicação da frequência com a qual serão efectuados,
 dos registos de qualidade, como relatórios de inspeção e dados de ensaios e
de calibração e relatórios sobre a qualificação do pessoal envolvido,
 dos meios que permitem verificar a obtenção da qualidade desejada em
matéria de concepção e de produto, bem como o funcionamento eficaz do
sistema de qualidade.
...
§403 Os objectivos e o conteúdo do sistema de garantia de qualidade total
O ponto 2.2 do anexo X enuncia os objectivos e resume o conteúdo de um
sistema de garantia da qualidade total. Os objectivos básicos do sistema de
garantia da qualidade total são assegurar que as máquinas em causa são
concebidas e fabricadas de acordo com os RESS relevantes da Diretiva Máquinas
e que a conformidade das máquinas produzidas é verificada e mantida.
O primeiro parágrafo do ponto 2.2 exige que o sistema de qualidade total seja
completamente documentado. Os sete travessões do segundo parágrafo do
ponto 2.2 resume os elementos principais da documentação do sistema de
garantia da qualidade total.
O primeiro travessão do segundo parágrafo do ponto 2.2 trata dos objectivos e
dos aspectos organizacionais do sistema. A estrutura organizacional e a definição
das responsabilidades da gestão devem assegurar que os objectivos do sistema
de garantia da qualidade total são efetivamente cumpridos. Quando todos ou
parte dos aspectos de concepção, fabrico, inspeção, ensaios ou armazenamento
das máquinas forem executados por empresas subcontratadas ou
externalizados, a descrição dos aspectos organizacionais do sistema de garantia

378
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

da qualidade total deve abranger as relações entre o fabricante e os seus


subcontratados.
O segundo travessão do segundo parágrafo do ponto 2.2 trata das especificações
técnicas da concepção, utilizadas. Quando são aplicadas as normas
harmonizadas, devem ser documentadas as referências respectivas, indicando os
RESS que abrangem. Quando as normas harmonizadas não são aplicadas ou
são aplicadas parcialmente, devem ser documentadas as especificações técnicas
alternativas utilizadas para cumprir os RESS aplicáveis.
O terceiro travessão do segundo parágrafo do ponto 2.2 diz respeito às
inspeções, verificações técnicas, ações e processos sistemáticos efectuados para
garantir a conformidade da concepção da máquina. As responsabilidades e a
competência das pessoas responsáveis por estas ações devem ser definidas e as
suas ações devem ser rastreáveis. A inspeção e a revisão da concepção deverão
ser realizadas sob condições controladas (com instruções claras, listas de
controlo, etc.). É boa prática que a inspeção e verificação da concepção sejam
desempenhadas por pessoas não diretamente envolvidas no processo de
concepção.
O quarto travessão do segundo parágrafo do ponto 2.2 diz respeito ao controlo de
qualidade e às técnicas de garantia da qualidade, ações e processos sistemáticos
efectuados para garantir que o processo de fabrico produz máquinas em
conformidade com as especificações da concepção. Estas medidas incluem os
meios para assegurar que os componentes básicos, os componentes de
segurança ou as quase-máquinas adquiridas como unidades completas aos
fornecedores são controlados para garantir que são adequados para assegurar a
conformidade da máquina final.
O quinto travessão do segundo parágrafo do ponto 2.2 refere-se às inspeções e
ensaios efectuados antes, durante e depois do fabrico. Tal pode incluir inspeções
e ensaios a realizar a materiais, componentes ou subconjuntos antes ou durante a
produção, assim como as inspeções e ensaios a realizar no fim do processo de
fabrico às máquinas completas para garantir a conformidade da produção com as
especificações da concepção. A natureza das inspeções e ensaios, a sua
frequência e os critérios de aceitação devem ser documentados. As ações a
tomar em caso de resultados negativos devem ser definidas.
Quando o fabricante subcontrata (ou externaliza) todas ou partes significativas da
concepção e/ou fabrico das máquinas em causa, os objectivos e as obrigações
enunciadas no terceiro, quarto e quinto travessões do segundo parágrafo do
ponto 2.2 devem abranger as atividades subcontratadas referentes à concepção
e/ou fabrico e as instalações onde serão realizadas.
O sexto travessão do segundo parágrafo do ponto 2.2 refere-se aos registos de
qualidade. Um documento referente ao sistema de garantia da qualidade total
deve ser classificado e armazenado de forma que a informação esteja disponível
para fins de gestão do sistema e para auditorias.
O último travessão do segundo parágrafo do ponto 2.2 exige que o fabricante
defina os meios usados para monitorizar os resultados do sistema completo de
garantia da qualidade total para assegurar que está a ser aplicado eficientemente
conforme a documentação enunciada nos seis parágrafos anteriores do ponto 2.2.
Estes meios devem garantir a detecção de anomalias, a aplicação de ações
corretivas adequadas e, se for o caso, a atualização ou melhoria integral do
sistema de qualidade.

379
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ANEXO X (continuação)
...
2.3. O organismo notificado avalia o sistema de qualidade para determinar se o
mesmo satisfaz os requisitos referidos no ponto 2.2.
Presume-se que os elementos do sistema de qualidade conformes com a norma
harmonizada aplicável estão conformes com os requisitos correspondentes
referidos no ponto 2.2.
A equipa de auditores deve incluir, pelo menos, um membro com experiência na
avaliação da tecnologia das máquinas. O procedimento de avaliação incluirá
uma visita de inspeção às instalações do fabricante. Durante a avaliação, a
equipa de auditores procede à revisão do processo técnico a que se refere o
terceiro travessão do segundo parágrafo do ponto 2.1, para garantir que esse
processo cumpre os critérios aplicáveis em matéria de saúde e segurança.
A decisão é notificada ao fabricante ou o seu mandatário. A notificação contém
as conclusões do exame e a decisão de avaliação fundamentada. A decisão é
susceptível de recurso.
...
§404 Avaliação do sistema de garantia de qualidade total
O ponto 2.3 do anexo X resume as tarefas do organismo notificado referentes à
avaliação do sistema de garantia da qualidade total.
O segundo parágrafo do ponto 2.3 refere a “norma harmonizada relevante”. A
norma harmonizada relevante para o sistema de garantia da qualidade total é a
EN ISO 9001 196 . A aplicação da norma confere a presunção da conformidade com
os requisitos do anexo X, desde que o sistema de garantia da qualidade total
assegure a conformidade dos produtos em causa com todos os requisitos
específicos da Diretiva Máquinas (referidos na norma como “requisitos legais e
regulamentares aplicáveis ao produto”). Contudo, a aplicação da norma
EN ISO 9001 e a certificação de acordo com esta norma por um organismo de
certificação não são obrigatórias.
O organismo notificado que realiza a avaliação do sistema de garantia da
qualidade total de acordo com o anexo X, não pode confiar apenas numa
certificação existente do sistema de acordo com EN ISO 9001, mas compete ao
organismo notificado determinar a extensão da avaliação adicional necessária.
O terceiro e quarto parágrafos do ponto 2.3 referem a auditoria do sistema de
qualidade total. A equipa de auditoria inclui, pelo menos, um auditor especialista
na avaliação da tecnologia das categorias de máquinas abrangidas pelo sistema
de garantia da qualidade total. O número de auditores necessários depende do
âmbito e da complexidade dos processos de concepção e fabrico abrangidos pelo
sistema de garantia da qualidade total. Por exemplo, se o sistema abranger
diversas categorias de máquinas com diferente tecnologia ou máquinas

196
EN ISO 9001:2008 Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos (ISO 9001: 2008). A
referência a esta norma está publicada no JOUE no âmbito da Decisão definindo os módulos de
avaliação de conformidade – ver: Comunicação da Comissão no âmbito da implementação do
Regulamento (CE) N.º 765/2008 do Parlamento Europeu e do Conselho, Decisão 768/2008/CE do
Parlamento Europeu e do Conselho, Regulamento (CE) N.º 761/2001 do Parlamento Europeu e do
Conselho (Publicação de títulos e referências das normas harmonizadas) – JO C136 de
16.6.2009, p. 29.

380
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

incorporando sistemas de controlo electrónico complexo, podem ser necessários


mais do que um especialista técnico.
O terceiro parágrafo do ponto 2.3 estabelece que a auditoria incluirá uma visita de
inspeção a realizar às instalações do fabricante. Quando a concepção, fabrico,
inspeção e ensaios das máquinas são efectuados em mais do que um local, as
inspeções necessárias devem ser realizadas pelo organismo notificado ou sob a
sua responsabilidade em todos os locais relevantes para assegurar a
conformidade do produto com os RESS aplicáveis, incluindo filiais do fabricante
ou empresas subcontratadas significativas – ver §395: comentários ao ponto 2.1
do anexo X. A este respeito, os fabricantes estabelecidos dentro e fora da UE
devem receber o mesmo tipo de tratamento.
A duração da auditoria deverá ser determinada pelo organismo notificado
considerando factores tais como, por exemplo, o número de locais de fabrico, a
complexidade do processo de fabrico, a quantidade de trabalho subcontratado, o
número, variedade e complexidade do tipo de máquinas produzidas e o volume
de produção. Podem ser utilizadas como referência as orientações do Fórum
Internacional de Acreditação para determinar a duração mínima da auditoria 197 .
A terceira frase do terceiro parágrafo do ponto 2.3 também refere a revisão de
processos técnicos submetidos conjuntamente com o pedido de avaliação do
sistema de garantia da qualidade total de acordo com o terceiro travessão do
ponto 2.1.
A revisão do processo técnico modelo é uma das verificações a realizar pelo
organismo notificado para garantir que o sistema de qualidade total do fabricante
é adequado. A revisão de processos técnicos a realizar no âmbito da avaliação do
sistema de garantia da qualidade total é semelhante à exigida para o exame CE
de tipo, mas sem a inspeção detalhada das máquinas - ver §398: comentários ao
ponto 3.1 do anexo IX.
Quando são aplicadas as normas harmonizadas para a concepção de máquinas,
o organismo notificado verificará que foram selecionadas as normas apropriadas,
que as versões mais recentes estão disponíveis e que o fabricante acompanha o
desenvolvimento das normas relevantes. Quando são aplicadas outras
especificações técnicas de concepção, o organismo notificado verificará que são
justificadas pela avaliação dos riscos e cumprem os RESS aplicáveis,
considerando do estado da técnica.
A revisão do processo técnico também auxilia o organismo notificado a identificar
os outros aspectos do sistema de garantia da qualidade total que devem ser
inspeccionados. Durante a auditoria, o organismo notificado verificará que os
processos técnicos para outros modelos de máquinas são elaborados utilizando a
mesma abordagem adoptada na elaboração dos processos técnicos modelo,
submetidos com a candidatura.
O quarto parágrafo do ponto 2.3 refere a notificação da decisão de aprovação do
sistema de garantia da qualidade total. A decisão de aprovação que será
notificada ao requerente a seguir à auditoria deverá ser acompanhada por um
relatório escrito ou fazer referência ao mesmo. A decisão de aprovação

197
IAF Orientação para aplicação de ISO/IEC Guia 62:1996 – Critérios gerais dos organismos que
efetuam avaliações e certificações/registos de sistemas de qualidade, n.º 3 (IAF GD 2: 2003) –
Anexo 2: Tempo do auditor:
http://elsmar.com/pdf_files/IAF-GD2-2003_Guide_62_Issue_3_Pub.pdf

381
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

especificará claramente o âmbito da aprovação, indicando as categorias de


máquinas do anexo IV abrangidas e os endereços dos locais de fabrico
inspeccionados. Devem ser mencionadas quaisquer limitações particulares a que
a aprovação esteja sujeita. A decisão indicará a respectiva data de emissão e o
prazo de validade.
Se o organismo notificado decidir não aprovar o sistema de garantia da qualidade
total, informará o requerente da sua decisão, fornecendo razões detalhadas e
indicando o procedimento para apelar contra a decisão – ver §135: comentários
ao n.º 6 do artigo 14.º. Neste caso, o relatório da auditoria conterá informação e
esclarecimentos suficientes para permitir ao fabricante identificar as lacunas do
seu sistema e aplicar as medidas de correção necessárias antes de solicitar uma
visita de avaliação adicional.

ANEXO X (continuação)
...
2.4. O fabricante compromete-se a cumprir as obrigações decorrentes do sistema de
qualidade, tal como tenha sido aprovado, e a mantê-lo de modo a que o mesmo
permaneça adequado e eficaz.
O fabricante ou o seu mandatário informará o organismo notificado que
aprovou o sistema de qualidade de qualquer projeto de alteração do mesmo.
O organismo notificado avaliará as alterações propostas e decidirá se o sistema
de qualidade alterado satisfaz ainda os requisitos referidos no ponto 2.2 ou se é
necessária uma reavaliação.
Este organismo notificará o fabricante da sua decisão. A notificação conterá as
conclusões do exame e a decisão de avaliação fundamentada.
...
§405 Implementação e alteração do sistema de garantia de qualidade total
O primeiro parágrafo do ponto 2.4 do anexo X sublinha a obrigação do fabricante
de implementar o sistema de qualidade total aprovado, monitorizar a sua
implementação e atualizar ou melhorar o sistema se necessário.

O segundo parágrafo do ponto 2.4 exige que o fabricante ou o seu mandatário


informe o organismo notificado de qualquer projeto de alteração do sistema de
garantia da qualidade total. Uma vez que o propósito do sistema é garantir que o
fabricante é capaz de conceber e fabricar novos modelos de máquinas sem que
para o efeito tenha de recorrer todas as vezes a um organismo notificado, o
organismo notificado não tem de ser informado de alterações à concepção das
máquinas abrangidas pelo sistema ou da introdução de novos modelos, desde
que as alterações não englobem modificações do próprio sistema de garantia da
qualidade total. As alterações que devem ser comunicadas ao organismo
notificado incluem, por exemplo:
 a introdução de novos locais ou instalações de fabrico;
 novas subcontratações ou externalizações das atividades de fabrico ou a
retoma de atividades previamente subcontratadas ou externalizadas;
 extensões do sistema para abranger novas categorias de máquinas
pertencentes ao anexo IV;
 extensões do sistema para abranger máquinas pertencentes à mesma

382
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

categoria do anexo IV mas utilizando uma tecnologia diferente;


 a introdução de novas técnicas de fabrico;
 alterações aos métodos de controlo de qualidade;
 reorganização da gestão da qualidade.
De acordo com o terceiro parágrafo do ponto 2.4, é da responsabilidade do
organismo notificado determinar se é necessário auditar os elementos ou os
aspectos do sistema de garantia da qualidade total objecto de alterações para
avaliar a sua adequação ao sistema.
Após as auditorias necessárias realizadas de acordo com o quarto parágrafo do
ponto 2.4, a decisão do organismo notificado é notificada ao requerente nas
mesmas condições da decisão inicial, indicando, se for caso disso, o
procedimento para recorrer da decisão – ver §404: comentários ao ponto 2.3 do
anexo X.

383
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ANEXO X (continuação)
...
3. Vigilância sob a responsabilidade do organismo notificado
3.1. O objectivo da vigilância é garantir que o fabricante cumpre
corretamente as obrigações que decorrem do sistema de qualidade
aprovado.
3.2. O fabricante autorizará o organismo notificado a aceder, para fins de
inspeção, aos locais de concepção, fabrico, inspeção, ensaio e
armazenamento, facultando-lhe todas as informações necessárias, em
especial:
 a documentação relativa ao sistema de qualidade,
 os registos de qualidade previstos na parte do sistema de qualidade
dedicada à concepção, tais como resultados de análises, de cálculos,
de ensaios, etc.,
 os registos de qualidade previstos na parte do sistema de qualidade
dedicada ao fabrico, tais como relatórios de inspeção e dados dos
ensaios e de calibração, relatórios sobre as qualificações do pessoal
envolvido, etc.
3.3. O organismo notificado efetuará auditorias periódicas para se certificar
de que o fabricante mantém e aplica o sistema de qualidade, e fornecerá
ao fabricante um relatório de auditoria. A frequência das auditorias
periódicas será a necessária para que se efetue uma reavaliação
completa de três em três anos.
3.4. Além disso, o organismo notificado poderá efetuar visitas inesperadas ao
fabricante. A necessidade destas visitas adicionais e a sua frequência
serão determinadas com base num sistema de controlo de visitas gerido
pelo organismo notificado. No sistema de controlo de visitas, serão
especialmente tidos em consideração os seguintes factores:
 resultados de visitas de vigilância anteriores,
 necessidade de assegurar o acompanhamento de medidas de
correção,
 se for o caso, condições especiais ligadas à aprovação do sistema,
 alterações significativas da organização do processo de fabrico, das
medidas ou das técnicas.
Por ocasião dessas visitas, o organismo notificado poderá, se necessário,
efetuar ou mandar efetuar ensaios destinados a verificar o bom funcionamento
do sistema de qualidade. Fornecerá ao fabricante um relatório de visita e, caso
tenha sido realizado um ensaio, um relatório de ensaio.

§406 Vigilância do sistema de garantia de qualidade total


O ponto 3 do anexo X trata da vigilância contínua da implementação de um
sistema de garantia da qualidade total aprovado, sob a responsabilidade de um
organismo notificado que emitiu a decisão de aprovação inicial.
A vigilância é exercida mediante auditorias periódicas referidas no ponto 3.3 e de
visitas não anunciadas referidas no ponto 3.4.
384
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Para cumprimento do objectivo destas auditorias e visitas, o ponto 3.2 exige que o
fabricante dê acesso ao organismo notificado a todos os locais de concepção e
fabrico e a toda a documentação relevante.
A duração e frequência das auditorias periódicas referidas no ponto 3.3 deverão
ser determinadas pelo organismo notificado, considerando factores tais como, por
exemplo, o número de locais de fabrico, a complexidade do processo de fabrico, a
quantidade de trabalho subcontratado, o número, variedade e complexidade do
tipo de máquinas produzidas e o volume de produção. De acordo com a
Recomendação de Utilização CNB/M/13.021 do ON-M – ver §137: comentários ao
n.º7 do artigo 14.º – o período entre auditorias não deve ultrapassar os 12 meses.
O organismo notificado terá em consideração a experiência de auditorias prévias
aquando da determinação da frequência das auditorias periódicas. Se certas
auditorias periódicas são limitadas a partes do sistema de garantia da qualidade
total, o organismo notificado deve garantir que todos os elementos do sistema são
reavaliados, pelo menos, de três em três anos.
Após uma auditoria periódica, o organismo notificado entregará ao fabricante um
relatório da auditoria e informá-lo-á se a aprovação do sistema de garantia da
qualidade total será renovada, nas mesmas condições da decisão inicial,
indicando, se for caso disso, o procedimento para recorrer da decisão – ver §404:
comentários ao ponto 2.3 do anexo X.
O ponto 3.4 indica algumas razões que podem induzir a necessidade de visitas
não anunciadas. A necessidade e a frequência destas visitas constituem assunto
da responsabilidade do organismo notificado. Uma reclamação devidamente
fundamentada ao organismo notificado por parte da Comissão, de um Estado-
Membro, um fabricante, outro organismo notificado ou qualquer outra parte
interessada é um dos factores que pode despoletar um visita inesperada. Outro
factor pode ser a percepção por parte do organismo notificado de modificações na
empresa do fabricante, no processo de fabrico, medidas ou técnicas. Este tipo de
visita também pode ser necessário se a autoridade de vigilância do mercado
detectar a não conformidade das máquinas abrangidas pelo sistema de garantia
da qualidade total ou se as referidas máquinas estão sujeitas a uma decisão da
Comissão no âmbito do procedimento de salvaguarda. Segundo uma
Recomendação da NBM, o acordo contratual entre o organismo notificado e o
fabricante deve prever a possibilidade de tais visitas.
O organismo notificado pode realizar ensaios (ou solicitar a sua realização) sobre
o produto sempre que seja necessário verificar o correto funcionamento do
sistema de garantia da qualidade total. Tais ensaios devem, geralmente, ser
confinados aos casos em que existam dúvidas razoáveis sobre a eficiência do
sistema.
Após uma visita não anunciada, deve ser apresentado ao fabricante um relatório
da visita e, se for o caso, um relatório dos ensaios nas mesmas condições dos
relatórios de auditoria.
Se, durante a auditoria periódica ou a visita não anunciada, o organismo
notificado identificar:
 uma falha do sistema de garantia da qualidade total no cumprimento dos
requisitos enunciados no ponto 2.2 do anexo X, ou
 uma não conformidade das máquinas fabricadas sob o sistema,

385
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

o organismo notificado suspenderá a aprovação do sistema de garantia da


qualidade total e exigirá ao fabricante a resolução das não conformidades dentro
de um período de tempo específico. Se as não conformidades não forem
corrigidas apropriadamente ou dentro do tempo especificado, o organismo
notificado revogará a aprovação do sistema de qualidade – ver §135: comentários
ao n.º 6 do artigo 14.º.
A colocação no mercado de máquinas que constam no anexo IV sujeitas ao
procedimento de garantia da qualidade total deve cessar se a aprovação do
sistema de garantia da qualidade total do fabricante for suspensa ou revogada por
um organismo notificado.

ANEXO X (continuação)
...
4. O fabricante ou o seu mandatário conservarão, à disposição das autoridades
nacionais competentes, por um período de dez anos a contar da última data de
fabrico:
 a documentação referida no ponto 2.1,
 as decisões e os relatórios do organismo notificado referidos no terceiro e
quarto parágrafos do ponto 2.4, bem como nos pontos 3.3 e 3.4.

§407 Conservação de documentação, decisões e relatórios relacionados


com o sistema de garantia de qualidade total
O ponto 4 do anexo X exige que o fabricante que tenha um sistema de garantia
de qualidade total aprovado ou o seu mandatário conservem a documentação,
decisões e relatórios relacionados com o sistema disponíveis para as autoridades
nacionais durante um período de 10 anos a partir da última data de fabrico. Esta é
a data de fabrico da última unidade de máquinas do anexo IV abrangidas pelo
sistema de garantia da qualidade total. Estes documentos podem ser necessários
no decurso da vigilância de mercado – ver §99: comentários aos n.os 3 e 4 do
artigo 4.º.
Esta obrigação complementa a obrigação genérica do fabricante relacionada com
a conservação do processo técnico para cada tipo de máquina fabricada –
ver §393: comentários ao ponto 2 da parte A do anexo VII.

386
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ANEXO XI
Critérios mínimos a ter em consideração pelos Estados-Membros para a
notificação dos organismos
1. O organismo, o seu diretor e o pessoal encarregado de executar os ensaios de
verificação não podem ser o responsável pela concepção, o fabricante, o
fornecedor, o instalador das máquinas que verificam, nem o mandatário de uma
dessas pessoas. Não podem intervir, quer diretamente, quer como mandatários,
na concepção no fabrico, na comercialização ou na manutenção dessas
máquinas. Isto não exclui a possibilidade de uma troca de informações técnicas
entre o fabricante e o organismo.
2. O organismo e o seu pessoal devem executar as operações de verificação com a
maior integridade profissional e a maior competência técnica, e devem estar
livres de quaisquer pressões e incitamentos, nomeadamente de ordem
financeira, que possam influenciar o seu julgamento ou os resultados da sua
verificação, em especial dos provenientes de pessoas ou grupos de pessoas
interessadas nos resultados das verificações.
3. O organismo deve dispor, relativamente a cada uma das categorias de
máquinas para as quais foi notificado, de pessoal com conhecimentos técnicos e
experiência suficiente e adequada para poder efetuar a avaliação da
conformidade. Deve deter os meios necessários para desempenhar de forma
adequada as tarefas técnicas e administrativas ligadas à execução das
verificações; deve igualmente ter acesso ao material necessário para as
verificações excepcionais.
4. O pessoal encarregue dos controlos deve possuir:
 uma boa formação técnica e profissional,
 um conhecimento satisfatório das prescrições relativas aos ensaios que
efetua e uma experiência adequada da realização desses ensaios,
 a aptidão requerida para redigir os certificados, os relatórios e demais
documentos que constituam a materialização dos ensaios efectuados.
5. Deve ser garantida a imparcialidade do pessoal encarregado do controlo. A
remuneração de cada agente não dependerá do número de ensaios que efetuar
nem dos resultados desses ensaios.
6. O organismo deve fazer um seguro de responsabilidade civil, a menos que essa
responsabilidade seja coberta pelo Estado com base no direito interno ou que os
ensaios sejam efectuados diretamente pelo Estado-Membro.
7. O pessoal do organismo está sujeito a sigilo profissional em relação a todas as
informações a que tiver acesso no exercício das suas funções (excepto em
relação às autoridades administrativas competentes do Estado em que exerce as
suas atividades), no âmbito da presente diretiva ou de qualquer disposição de
direito nacional que lhe dê efeito.
8. Os organismos notificados participarão nas atividades de coordenação. Além
disso, participarão também, diretamente ou através de representantes, na
normalização europeia; em alternativa, asseguram que se mantêm informados
acerca das normas aplicáveis.
9. Os Estados-Membros podem tomar todas as medidas que considerem
necessárias para garantir que, em caso de cessação de atividades de um

387
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

organismo notificado, os dossiers relativos aos seus clientes sejam enviados a


outro organismo ou disponibilizados ao Estado-Membro que o tiver notificado.

§408 Avaliação de organismos notificados


Os organismos notificados para a realização do procedimento de avaliação de
conformidade de exame CE de tipo, previsto no anexo IX e do procedimento de
garantia da qualidade total previsto no anexo X para máquinas pertencentes às
categorias discriminadas no anexo IV, são avaliados, nomeados e notificados à
Comissão pelos Estados-Membros – ver §133: comentários aos n.os 1 a 5 do
artigo 14.º.
O anexo XI estabelece os critérios a aplicar pelos Estados-Membros aquando da
avaliação dos candidatos a organismos notificados previamente à nomeação de
acordo com o n.º 1 do artigo 14.º e aquando da monitorização da sua atividade de
acordo com o n.º 2 do artigo 14.º. Estes são os critérios mínimos, por outras
palavras, os Estados Membros têm o direito de estabelecer requisitos adicionais
para os organismos que nomeiam, desde que os nove critérios enunciados no
anexo XI sejam cumpridos.
A avaliação e monitorização dos organismos notificados podem ser efectuadas
mediante acreditação baseada nas normas harmonizadas relevantes – ver §134:
comentários aos n.os 2, 3 e 5 do artigo 14.º.
O ponto 1 do anexo XI enuncia os critérios de independência do organismo, do
seu diretor e colaboradores. Os organismos notificados para máquinas são
organismos de avaliação de conformidade que devem ser organizacional e
economicamente independentes das entidades envolvidas na concepção, fabrico,
fornecimento, comercialização, instalação ou manutenção das máquinas.
Os pontos 2 e 5 tratam da integridade profissional, da competência técnica e da
imparcialidade do organismo e dos seus colaboradores.
Os pontos 3 e 4 requerem que o organismo disponha de colaboradores com o
conhecimento, formação e experiência necessários ao desenvolvimento dos
aspectos técnicos e administrativos da avaliação de conformidade. A avaliação
destes aspectos deve considerar simultaneamente a categoria ou categorias de
máquinas do anexo IV e os procedimentos para os quais o organismo pretende
ser notificado.
O ponto 3 também exige que o organismo disponha dos meios necessários para
executar as tarefas técnicas e administrativas relacionadas com o procedimento
de avaliação da conformidade para o qual pretende ser notificado e tenha acesso
ao equipamento necessário para a realização de verificações excepcionais.
Assim, regra geral, o organismo notificado deve deter as instalações e
equipamento necessários para realizar as inspeções, medições e ensaios
exigidos pelo procedimento de avaliação de conformidade em causa. Contudo, a
subcontratação de verificações excepcionais está prevista – ver §398:
comentários ao ponto 3.1 do anexo IX.
O ponto 6 exige que o organismo notificado detenha um seguro de
responsabilidade civil, a menos que essa responsabilidade seja assumida pelo
Estado.
O ponto 7 requer o sigilo profissional dos colaboradores do organismo notificado
em relação a informação confidencial obtida durante o exercício de avaliação de
conformidade. Tal não afecta as obrigações do organismo notificado de fornecer

388
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

informação à autoridade notificadora, uma vez que as autoridades dos Estados-


Membros estão elas próprias sujeitas a respeitar a confidencialidade de tal
informação – ver §143: comentários ao artigo 18.º.
O ponto 8 requer a participação dos organismos nas atividades de coordenação.
Este critério pode ser cumprido se o organismo notificado estiver diretamente
envolvido na coordenação europeia dos organismos notificados para máquinas,
ON-M, ou fizer parte de uma estrutura de coordenação a nível nacional
representada no ON-M – ver §137: comentários ao n.º7 do artigo 14.º.
O ponto 8 também requer que os organismos notificados participem diretamente
ou através de representantes, na normalização europeia, ou assegurem que se
mantêm informados acerca das normas aplicáveis. A participação dos organismos
notificados no desenvolvimento de normas para as categorias de máquinas para
as quais estejam notificados é importante para assegurar que as normas
consideram a experiência de inspeção e ensaios das máquinas em causa. É
também importante para os organismos notificados deter o conhecimento
adequado das normas harmonizadas publicadas e, para além disso, acompanhar
o desenvolvimento de novas normas e a atualização das existentes. Para este fim
podem estar diretamente envolvidos na normalização a um nível europeu ou, pelo
menos, ser afiliados do grupo ou grupos nacionais de normalização que
acompanham o desenvolvimento das normas relevantes para a sua atividade –
ver §112: comentários ao n.º 2 do artigo 7.º.
O objectivo do ponto 9 é garantir, em caso de cessação de atividades de um
organismo notificado por motivo de cessação da sua existência ou por revogação
da notificação respectiva, que são tomadas as medidas adequadas para
assegurar que os dossiers relevantes podem ainda ser disponibilizados às
autoridades de vigilância do mercado, se necessário – ver §399: comentários ao
ponto 7 do anexo IX e §407: comentários ao ponto 4 do anexo X. Tal pode ser
alcançado por transferência dos dossiers para outro organismo notificado, por
acordo com o fabricante implicado, ou mediante disponibilização dos dossiers à
autoridade notificadora.

389
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

ÍNDICE
Diretiva 2006/42/CE Guia
Objecto
A
Abate (vida útil da máquina) Anexo I – Secção 1.1.2 (a) §173
Acesso
- aos postos de trabalho e aos pontos
de intervenção Anexo I – Secção 1.6.2 §240
- meios de acesso (mobilidade) Anexo I – Secção 3.4.5 §317
- ao habitáculo (elevação de pessoas) Anexo I – Secção 6.4.3 §380
Acessórios Anexo I – Secção 1.1.2 (e) §177
Acessórios de elevação (definição) Artigo 1.º, n.º 1, alínea d) e Artigo §43
2.º, alínea d)
- acessórios de elevação e seus componentes Anexo I – Secção 4.1.2.5 §341
- marcação Anexo I – Secção 4.3.2 §358
- manual de instruções Anexo I – Secção 4.4.1 §360
Acreditação de organismos notificados Artigo 14.º, n.os 2, 3 e 5 §134
Adequação aos fins previstos (elevação) Anexo I – Secção 4.1.3 §350 a §352
Alteração da Diretiva Ascensores Considerando 27 §28
Artigo 24.º §151
Aluguer de máquinas (colocação no mercado) Artigo 2.º, alínea h) §74
Ambiente Perigoso (posto de trabalho) Anexo I – Secção 1.1.8 §182
Âmbito da Diretiva Máquinas Artigo 1.º, n.º 1 e Artigo 2.º §32 a §46
Ano de fabrico (marcação de máquinas) Anexo I – Secção 1.7.3 §250
Aparelhos de conexão e de controlo (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea k) – 5º §68
- baixa tensão travessão
- alta tensão Artigo 1.º, n.º 2, alínea l) §70
Aparelhos domésticos (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea k – 1º §64
travessão
Aparelhos portáteis de fixação de carga explosiva e Considerando 6 §9
outras máquinas de impacto Anexo IV – Ponto 18 §388
- período de transição Artigo 27.º §154
Aparelhos portáteis de fixação e outras máquinas de
impacto Anexo I – Secção 2.2.2 §280
Aplainadoras Anexo IV – Ponto 3 §388
Aplicação da Diretiva Máquinas Artigo 26.º, n.º 1 §153
Aplicação dos requisitos essenciais de saúde e de
segurança Anexo I – Princípio Geral 2 §160
Área de deslocação (máquinas que servem pisos
fixos) Anexo I – Secção 4.1.2.8.3 §347
Arestas e ângulos vivos Anexo I – Secção 1.3.4 §209
Armas (exclusão) Considerando 6 §9
Artigo 1.º, n.º 2, alínea d) §51
Armas de fogo (exclusão) Considerando 6 §9
Artigo 1.º, n.º 2, alínea d) §51
Arranque Anexo I – Secção 1.2.3 §199
- máquinas móveis com condutor transportado Anexo I – Secção 3.3.2 §304
- deslocação involuntária durante o arranque do
motor Anexo I – Secção 3.3.2 §306
Assentos Anexo I – Secção 1.1.8 §183
- máquinas móveis Anexo I – Secção 3.2.2 §295
Avaliação da conformidade Considerando 19 §21
- obrigações Artigo 5.º, n.º 1, alínea d) §103
- meios de assegurar a conformidade Artigo 5.º, n.º 3 §105
- procedimentos Artigo 12.º §127 a §130
- com controlo interno do fabrico Anexo VIII §395
- exame CE de tipo Anexo IX §396 a §400
- garantia de qualidade total Anexo X §401 a §407
Avaliação da conformidade com controlo interno do Artigo 12.º, n.os 2 e 3 §128 e §129
fabrico de máquinas Anexo VIII §395

390
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Avaliação de organismos notificados Artigo 14.º, n.os 3 e 5 §134


- critérios mínimos para a notificação Anexo XI §408
Avaliação de riscos Considerando 23 §24
Anexo I – Princípio Geral 1 §158 e §159
Avisos
- nas máquinas Anexo I – Secção 1.7.1 §245 e §246
- dispositivos de alerta Anexo I – Secção 1.7.1.2 §248
- avisos sobre os riscos residuais Anexo I – Secção 1.7.2 §249
- marcha atrás (mobilidade) Anexo I – Secção 3.3.1 §303
- avisos, sinalização e sinais (mobilidade) Anexo I – Secção 3.6.1 §323
Avisos sonoros e visuais (dispositivos de alerta) Anexo I – Secção 1.7.1.2 §248
- marcha atrás (mobilidade) Anexo I – Secção 3.3.1 §303

B
Baterias Anexo I – Secção 3.5.1 §320

C
Cabina Anexo I – Secção 1.1.8 §182
- posição de condução (mobilidade) Anexo I – Secção 3.2.1 §294
Cabos, correntes e correias para elevação Artigo 1.º, n.º 1, alínea e) e Artigo
(definição) 2.º, alínea e) §44
- máquinas de elevação Anexo I – Secção 4.1.2.4 §340
- acessórios de elevação e seus componentes Anexo I – Secção 4.1.2.5 §341
- informações e marcações Anexo I – Secção 4.3.1 §357
- elevação de pessoas Anexo I – Secção 6.1.1 §369
Caminhos de rolamento e guiamentos Anexo I – Secção 4.1.2.2 §336
Capotamento e tombamento Anexo I – Secção 3.4.3 §315
- estruturas de proteção contra o capotamento Anexo IV – Ponto 22 §388
Anexo V – Ponto 14 §389
Carga (elevação)
- queda, descida, dispositivos de fixação Anexo I – Secção 1.4.2.6 §342
Carga guiada (definição) Anexo I – Secção 4.1.1 (b) §329
- cabos guia Anexo I – Secção 4.2.3 §356
Carga máxima de utilização
- marcação de acessórios de elevação Anexo I – Secção 4.3.2 §358
- marcação de máquinas de elevação Anexo I – Secção 4.3.3 §359
- manual de instruções para máquinas de
elevação Anexo I – Secção 4.4.2 §364
- marcação no habitáculo (elevação de pessoas) Anexo I – Secção 6.5 §381
CEN (Organismo europeu de normalização) Artigo 7.º, n.º 2 §112
CENELEC (Organismo europeu de normalização
eletrotécnica) Artigo 7.º, n.º 2 §112
Circuito de alimentação (avaria) Anexo I – Secção 1.2.6 §205
- elevação Anexo I – Secção 4.1.2.6 (c) §342
Circulação rodoviária de máquinas móveis Anexo I – Secção 3.3.3 §308
- sinalização, sinais e avisos Anexo I – Secção 3.6.1 §323
Citações Citações §1
Classificação de normas harmonizadas Artigo 7.º, n.º 2 §111
Cláusula de salvaguarda Artigo 11.º §122
- procedimento Artigo 11.º, n.os 2 e 3 §123
- lacunas nas normas harmonizadas Artigo 11.º, n.º 4 §124
- resultado Artigo 11.º, n.º 6 §126
Coeficiente de prova (definição) Anexo I – Secção 4.1.1 (d) §331
- provas estáticas Anexo I – Secção 4.1.2.3 §338
- provas dinâmicas Anexo I – Secção 4.1.2.3 §339
Coeficiente de utilização (definição) Anexo I – Secção 4.1.1 (c) §330
- cabos e correntes Anexo I – Secção 4.1.2.4 §340
- acessórios de elevação e seus componentes Anexo I – Secção 4.1.2.5 §341
- elevação de pessoas Anexo I – Secção 6.1.1 §369

391
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Colocação no mercado (definição) Artigo 2.º, alínea h) §71 a §77


- de máquinas Artigo 5.º, n.º 1 §103
- de quase-máquinas Artigo 5.º, n.º 2 §104
Comando de paragem normal Anexo I – Secção 1.2.4.1 §200
Comando de paragem por razões operacionais Anexo I – Secção 1.2.4.2 §201
Comandos à distância Anexo I – Secção 3.3 §298
- sistema de comando à distância de máquinas
móveis Anexo I – Secção 3.3.3 §309
Comandos de paragem de emergência Anexo I – Secção 1.2.4.3 §202
- componentes de segurança Anexo V – Ponto 10 §389
Comandos situados nos pisos (elevação de pessoas) Anexo I – Secção 6.4.2 §379
Comité Horizontal de Organismos Notificados Artigo 14.º, n.º 7 §137
Comité Máquinas Considerando 30 §31
Artigo 22.º §147
Comités Técnicos (CEN e CENELEC) Artigo 7.º, n.º 2 §112
Compatibilidade electromagnética Artigo 3.º §92
- Diretiva (2004/108/CE) Anexo I – Secção 1.2.1 §184
- imunidade Anexo I – Secção 1.5.11 §233
Componentes de Segurança (definição) Artigo 1.º, n.º 1, alínea c) e Artigo
2.º, alínea c) §42
- lista indicativa Anexo V §389
- peças de substituição para substituírem
componentes idênticos (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea a) §48
- atualização da lista indicativa Artigo 8.º, n.º 1, alínea a) §116
- para detectar pessoas Anexo IV – Ponto 19 §388
- para máquinas que servem pisos fixos Anexo V – Ponto 17 §389
Concepção inerente à segurança Anexo I – Secção 1.1.2 (b) §174
Condições de funcionamento (variação) Anexo I – Secção 1.3.6 §211
Condutor de máquinas móveis (definição) Anexo I – Secção 3.1.1 (b) §293
Conjunto de máquinas (definição) Artigo 2.º, alínea a) §38 e §39
- colocação no mercado Artigo 2.º, alínea h) §76
- comandos de paragem Anexo I – Secção 1.2.4.4 §203
Considerandos Considerandos §3 a §31
Controlo das solicitações (elevação) Anexo I – Secção 4.2.2 §354
- elevação de pessoas Anexo I – Secção 6.1.2 §370
- dispositivos (componentes de segurança) Anexo V – Ponto 8 §389
Controlo de organismos notificados Artigo 14.º, n.º 2 §134
Controlo dos movimentos (elevação) Anexo I – Secção 4.1.2.6 §342
Controlo interno do fabrico Artigo 12.º, n.os 2 e 3 §128 e §129
(avaliação da conformidade) Anexo VIII §395
Cooperação entre os Estados-Membros
- Grupo ADCO Máquinas Artigo 19.º, n.º 2 §144
Coordenação dos Organismos Notificados (ON-M) Artigo 14.º, n.º 7 §137
Anexo XI §408
Correntes, cabos e correias (definição) Artigo 1.º, n.º 1, alínea e) e Artigo §44
2.º, alínea e)
- máquinas de elevação Anexo I – Secção 4.1.2.4 §340
- acessórios de elevação e seus componentes Anexo I – Secção 4.1.2.5 §341
- informações e marcações Anexo I – Secção 4.3.1 §357
- elevação de pessoas Anexo I – Secção 6.1.1 §369
Correias (definição) Artigo 1.º, n.º 1, alínea e) e Artigo §44
2.º, alínea e)
- acessórios de elevação e seus componentes Anexo I – Secção 4.1.2.5 §341
- informações e marcações Anexo I – Secção 4.3.1 §357
Critérios mínimos para a avaliação dos organismos
notificados Anexo XI §408

D
Decisões (sistema de garantia de qualidade total) Anexo X 2.3 §404

392
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Declaração CE de conformidade
- obrigações Artigo 5.º, n.º 1, alínea e) §103
- manual de instruções Anexo I – Secção 1.7.4.2 (c) §261
- conteúdo Anexo II 1 A §382 e §383
- conservação Anexo II 2 §386
Declaração de incorporação de quase-máquinas Artigo 13.º §131
- máquinas Anexo II 1 B §385
- conservação Anexo II 2 §386
Definições Considerando 4 §7
Artigo 2.º §33 a §87
Anexo I – Secção 1.1.1 §164 a §172
Anexo I – Secção 3.1.1 §292 e §293
Anexo I – Secção 4.1.1 §328 a §324
Degraus (meios de acesso a máquinas móveis) Anexo I – Secção 3.4.5 §317
Demonstrações, feiras e exposições Artigo 6.º, n.º 3 §108
Desbastadoras (avanço manual) Anexo IV – Ponto 2 §388
Descargas atmosféricas Anexo I – Secção 1.5.16 §238
Descrição das máquinas (manual de instruções) Anexo I – Secção 1.7.4.2 (d) a (f) §262
Designação das máquinas
- marcação Anexo I – Secção 1.7.3 §250
- manual de instruções Anexo I – Secção 1.7.4.2 (b) §260
Deslocações comandadas (mobilidade) Anexo I – Secção 3.3.2 §304
Desmantelamento (vida útil da máquina) Anexo I – Secção 1.1.2 (a) §173
Desmontagem
- vida útil da máquina Anexo I – Secção 1.1.2 (a) §173
- condições de estabilidade Anexo I – Secção 1.7.4.2 (o) §269
Detecção de pessoas (componentes de segurança) Anexo IV – Ponto 19 §388
Anexo IV – Ponto 2 §389
Direção (mobilidade)
- dispositivos de comando Anexo I – Secção 3.3.1 §302
- Direção assistida Anexo I – Secção 3.3.5 §312
Direção assistida (mobilidade) Anexo I – Secção 3.3.5 §312
Diretiva "Eco design" (2005/32/CE) Artigo 3.º §92
Diretiva Aparelhos a Gás (90/396/CEE) Artigo 3.º §91
Diretiva Ascensores (95/16/CE) Artigo 3.º §90
- alteração Considerando 27 §28
Artigo 24.º §151
Diretiva ATEX (94/9/CE) Artigo 3.º §91
- risco de explosão Anexo I – Secção 1.5.7 §228
- marcação de conformidade Anexo I – Secção 1.7.3 §251
Diretiva Baixa Tensão (2006/95/CE) (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea k) §63 a §69
- objectivos de segurança Anexo I – Secção 1.5.1 §222
Diretiva Brinquedos (2009/48/CE) Artigo 3.º §90
Diretiva Dispositivos Médicos (93/42/CE) Artigo 3.º §90
Diretiva Equipamentos para Utilização no Exterior
(2000/14/CE) Artigo 3.º §92
Diretiva Equipamentos Sob Pressão (97/23/CE) Artigo 3.º §91
Diretiva Instalações por Cabos (2000/9/CE) Artigo 3.º §90
Diretiva Máquinas Móveis Não Rodoviárias
(97/68/CE) Artigo 3.º §92
Diretiva Produtos de Construção (89/106/CEE) Artigo 3.º §92
Diretiva Recipientes Sob Pressão (2009/105/CE) Artigo 3.º §91
Diretiva relativa a rádio e equipamentos terminais
de telecomunicações (1999/5/CE) Artigo 3.º §92
Dispositivos amovíveis de transmissão mecânica Artigo 1.º, n.º 1, alínea f) e Artigo
(definição) 2.º, alínea f) §45
- requisitos Anexo I – Secção 3.4.7 §319
- procedimento de avaliação da conformidade Anexo IV – Pontos 14 e 15 §388
- protetores Anexo V – Ponto 1 §389

393
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Dispositivos de comando Anexo I – Secção 1.2.2 §185 a §198


- identificação §186
- disposição §187
- movimento §188
- localização §189
- operação involuntária §190
- resistência §191
- exercer diferentes ações §192
- princípios ergonómicos §193
- dispositivos de sinalização e visualização §194
- máquinas móveis Anexo I – Secção 3.3.1 §299 e §300
- movimentos de elevação Anexo I – Secção 4.2.1 §353
- trabalhos subterrâneos Anexo I – Secção 5.3 §364
- elevação de pessoas Anexo I – Secção 6.2 §371
Dispositivos de comando por pressão
- máquinas móveis Anexo I – Secção 3.3.1 §353
- movimentos de elevação Anexo I – Secção 4.2.1 §301
- elevação de pessoas Anexo I – Secção 6.2 §371
Dispositivos de comando a duas mãos Anexo I – Secção 1.4.3 §221
- componentes de segurança Anexo V – Ponto 16 §389
Dispositivos de proteção (definição) Anexo I – Secção 1.1.1 (g) §170
- requisitos Anexo I – Secção 1.4.3 §221
- para detectar a presença de pessoas Anexo IV – Ponto 19 §388
Anexo V – Ponto 2 §389
- componentes de segurança Anexo V – Ponto 7 §389
Dispositivos de proteção com sensores de pressão Anexo I – Secção 1.4.3 §221
Dispositivos de proteção electro-sensíveis Anexo I – Secção 1.4.3 §221
Dispositivos de reboque Anexo I – Secção 3.4.6 §318
- marcação do gancho de atrelagem Anexo I – Secção 3.6.3 §324
Dispositivos de sinalização e visualização
(dispositivos de comando) Anexo I – Secção 1.2.2 §194
Dispositivos médicos implantáveis (manual de
instruções) Anexo I – Secção 1.7.4.2 (v) §274
Dispositivos para a elevação de pessoas Anexo IV – Ponto 17 §388
Distribuidores §83
Documentação técnica relevante para quase- Artigo 13.º §131
máquinas Anexo VII B §394

E
Elementos de transmissão Anexo I – Secção 1.3.8.1 §213
- motor (mobilidade) Anexo I – Secção 3.4.2 §314
Elementos móveis Anexo I – Secção 1.3.7 §212
- escolha da proteção Anexo I – Secção 1.3.8 §213
- elementos de transmissão Anexo I – Secção 1.3.8.1 §213
- elementos que concorrem para o trabalho Anexo I – Secção 1.3.8.2 §214
- instruções de desbloqueamento Anexo I – Secção 1.7.4.2 (q) §271
- rodas e rastos (mobilidade) Anexo I – Secção 3.2.1 §294
Eletricidade estática Anexo I – Secção 1.5.2 §223
- sistemas de descarga (componentes de
segurança) Anexo V – Ponto 11 §389
Elevação de pessoas Considerando 7 §10
- requisitos Anexo I – Parte 6 §368 a §381
- dispositivos para a elevação de pessoas Anexo IV – Ponto 17 §388
Elevadores de estaleiro Considerando 5 §8
Elevadores para poços de minas (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea i) §61
Emissão (ruídos)
- redução da emissão Anexo I – Secção 1.5.8 §229
- dados de emissão comparáveis Anexo I – Secção 1.5.8 §230
- declaração Anexo I – Secção 1.7.4.2 (u) §273
- Diretiva equipamentos para utilização no Artigo 3.º §92
Exterior (2000/14/CE) Anexo I – Secção 1.7.4.2 (u) §273

394
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Emissão (vibrações)
- redução da emissão Anexo I – Secção 1.5.9 §231
- assentos Anexo I – Secção 1.1.8 §183
- instalação e montagem Anexo I – Secção 1.7.4.2 (j) §264
- declaração para máquinas portáteis Anexo I – Secção 2.2.1.1 §279
- declaração para máquinas móveis Anexo I – Secção 3.6.3.1 §325
Emissões (documentação comercial) Anexo I – Secção 1.7.4.3 §275
Emissões (materiais e substâncias perigosas) Anexo I – Secção 1.5.13 §235
- máquinas de pulverização Anexo I – Secção 3.5.3 §322
Emissões de gases de escape (trabalho subterrâneo) Anexo I – Secção 5.6 §367
Emissões (radiação) Anexo I – Secção 1.5.10 §232
Endereço do fabricante
- marcação Anexo I §250
- manual de instruções Anexo I – Secção 1.7.4.2 (a) §260
Energia hidráulica Anexo I – Secção 1.5.3 §224
Energia pneumática Anexo I – Secção 1.5.3 §224
Entrada em serviço (definição) Artigo 2.º, alínea k) §86
- manual de instruções Anexo I – Secção 1.7.4.2 (k) §265
Equipamento de diagnóstico de busca de avarias Anexo I – Secção 1.6.1 §239
Equipamento de Proteção Individual (EPI)
- Diretiva 89/686/CE Artigo 3.º §90
- disposição de EPI Anexo I – Secção 1.1.2 (b) §174
- limitações causadas pela utilização de EPI Anexo I – Secção 1.1.2 (d) §176
- instruções sobre a disposição de EPI Anexo I – Secção 1.7.4.2 (m) §267
- pontos de fixação no habitáculo Anexo I – Secção 6.3.2 §374
Equipamento de trabalho (utilização de) Artigo 15.º §140
Equipamentos áudio e vídeo (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea k – 2º
travessão §65
Equipamentos da tecnologia da informação Artigo 1.º, n.º 2, alínea k) – 3º §66
(exclusão) travessão
Equipamentos e acessórios especiais Anexo I – Secção 1.1.2 (e) §177
Equipamentos eléctricos de alta tensão (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea l) §70
- equipamentos de alta tensão para máquinas Anexo I – Secção 1.5.1 §222
Equipamentos intermutáveis (definição) Artigos 1.º, n.º 1, alínea b) e §41
Artigo 2.º, alínea b)
- manual de instruções (mobilidade) Anexo I – Secção 3.6.3.2 §326
- destinados a operações de elevação Anexo I – Parte 4 §327
Erros de montagem Anexo I – Secção 1.5.4 §225
Escorregadelas, tropeções e quedas Anexo I – Secção 1.5.15 §237
- habitáculos que servem pisos fixos Anexo I – Secção 4.1.2.8.2 §346
Espaço Económico Europeu (EEE) Artigo 6.º §107
Estabilidade Anexo I – Secção 1.3.1 §206
- instruções de instalação Anexo I – Secção 1.7.4.2 (i) §264
- condições de estabilidade Anexo I – Secção 1.7.4.2 (o) §269
- máquinas portáteis Anexo I – Secção 2.2.1 §278
- máquinas para trabalhar madeira Anexo I – Secção 2.3 (a) §281
- máquinas móveis Anexo I – Secção 3.4.1 §313
- máquinas de elevação Anexo I – Secção 4.1.2.1 §335
- máquinas de sustentação dos tectos de minas Anexo I – Secção 5.1 §363
- máquinas para a elevação de pessoas Anexo I – Secção 6.1.2 §370
Estabilizadores (deslocação de máquinas móveis) Anexo I – Secção 3.3.2 §305
Estado da técnica Considerando 14 §16
Anexo I – Princípio Geral 3 §161 e §162
EUROPA (sítio web da Comissão Europeia) Artigo 21.º §146
Exclusões (âmbito) Artigo 1.º, n.º 2 §48 a §70
Explosão Anexo I – Secção 1.5.7 §228
Exposições, feiras e demonstrações Considerando 17 §19
Artigo 6.º, n.º 3 §108

395
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

F
Fabricante (definição) Artigo 2.º, alínea i) §78 a §82
- fabricante de máquinas Artigo 5.º, n.º 1 §103
- fabricante de quase-máquinas Artigo 5.º, n.º 2 §104
Falha de alimentação de energia Anexo I – Secção 1.2.6 §205
Feiras, exposições e demonstrações Considerando 17 §19
Artigo 6.º, n.º 3 §108
Ferramentas
- equipamento não intermutável Artigo 2.º, alínea b) §41
- risco de ruptura em serviço Anexo I – Secção 1.3.2 e 1.3.3 §207 e §208
- manual de instruções sobre ferramentas para
montagem Anexo I – Secção 1.7.4.2 (n) §268
Fiabilidade dos sistemas de comando Anexo I – Secção 1.2.1 §184
Fins militares ou de manutenção da ordem pública
(exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea g) §59
Fluidos utilizados Anexo I – Secção 1.1.3 §178
- fluidos a alta pressão Anexo I – Secção 1.3.2 §207
Formação Artigo 15.º §140
- indicação da necessidade de formação Anexo I – Secção 1.1.2 §174
- instruções para a formação Anexo I – Secção 1.7.4.2 (k) §266

G
Grupo ADCO (vigilância do mercado) Artigo 19.º, n.º 2 §144
Grupo de Trabalho Máquinas Artigo 22.º §148
Grupos Verticais de Organismos Notificados (VG) Artigo 14.º, n.º 7 §137
Guiamentos e caminhos de rolamento Anexo I – Secção 4.1.2.2 §336

H
Habitáculo (definição) Anexo I – Secção 4.1.1 (g) §334
- deslocação Anexo I – Secção 4.1.2.8.1 §345
- acesso Anexo I – Secção 4.1.2.8.2 §346
Anexo I – Secção 6.4.3 §380
- contacto Anexo I – Secção 4.1.2.8.3 §347
- queda da carga Anexo I – Secção 4.1.2.8.4 §348
- apenas de mercadorias Anexo I – Secção 4.3.3 §359
- elevação de pessoas Anexo I – Secção 6.1.1 §369
- controlo dos movimentos Anexo I – Secção 6.2 §371
- aceleração e desaceleração Anexo I – Secção 6.3.1 §372
- inclinação, queda de pessoas Anexo I – Secção 6.3.2 §373 e §374
- alçapões e portas laterais Anexo I – Secção 6.3.2 §375
- tecto de proteção Anexo I – Secção 6.3.3 §376
- contacto com elementos fixos ou móveis Anexo I – Secção 6.4.1 §378
- movimentos não comandados Anexo I – Secção 6.4.1 §378
- marcação (elevação de pessoas) Anexo I – Secção 6.5 §381

I
Iluminação Anexo I – Secção 1.1.4 §179
Incêndio Anexo I – Secção 1.5.6 §227
- extintores (mobilidade) Anexo I – Secção 3.5.2 §321
- máquinas destinadas a trabalhos subterrâneos Anexo I – Secção 5.5 §366
Informações Artigo 5.º, alínea c) §103
Anexo I – Secção 1.1.2 (b) §174
Anexo I – Secção 1.7 §244 a §279
- Informações e avisos apostos nas máquinas Anexo I – Secção 1.7.1 §245 e §246
- informações e dispositivos de informação Anexo I – Secção 1.7.1.1 §247
- dispositivos de alerta Anexo I – Secção 1.7.1.2 §248
- informações essenciais para uma utilização
segura Anexo I – Secção 1.7.3 §252
Informações sobre a Diretiva Máquinas Artigo 21.º §146
Inspeção de máquinas em serviço Artigo 15.º §140

396
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Instalação e utilização das máquinas Artigo 15.º §139 e §140


Instituições que lidam com a Diretiva Máquinas §149
Instruções de Instalação Anexo I – Secção 1.7.2.4 (i) e (j) §264
Instruções de montagem
- para quase-máquinas Artigo 13.º §131
Anexo VI §390
- para máquinas Anexo I – Secção 1.7.4.2 (i) e (j) §264
- condições de estabilidade Anexo I – Secção 1.7.4.2 (o) §269
Intervenção do operador (manutenção) Anexo I – Secção 1.6.4 §242

L
Leilões (colocação no mercado) Artigo 2.º, alínea h) §75
Ligação
- a fontes de energia Artigo 2.º, alínea a) §36
- erros de montagem Anexo I – Secção 1.5.4 §225
- manual de instruções Anexo I – Secção 1.7.2.4 (i) §264
- dispositivos de reboque Anexo I – Secção 3.4.6 §318
Limpeza
- componentes internos Anexo I – Secção 1.6.5 §243
- máquinas para a indústria alimentar ou de
produtos cosméticos e farmacêuticos Anexo I – Secção 2.1 §277
Língua
- informação verbal ou escrita (avisos) Anexo I – Secção 1.7.1 §245 e §246
- manual de instruções Anexo I – Secção 1.7.4 §256
- instruções de montagem para quase-máquinas Anexo VI §390
- processo técnico Anexo VII A §391
- correspondência com organismos notificados Anexo IX 8 §399
Línguas oficiais comunitárias (da UE) Anexo I – Secção 1.7.1 §246
Livre circulação de máquinas e quase-máquinas Artigo 6.º §107
Locomotivas e vagonetas de travagem (trabalhos
subterrâneos) Anexo IV – Ponto 12.1 §388

M
Má utilização razoavelmente previsível (definição) Anexo I – Secção 1.1.1 (i) §172
- ter em conta Anexo I – Secção 1.1.2 (a) §173
- evitar Anexo I – Secção 1.1.2 (c) §175
- avisos no manual de instruções Anexo I – Secção 1.7.4.2 (h) §263
Mandatário Artigo 2.º, alínea j) §84 e §85
Manual de instruções Artigo 5.º, alínea c) §103
- língua Anexo I – Secção 1.7.4 §254 a §274
- redação e tradução Anexo I – Secção 1.7.4.1 (a) e (b) §256 e §257
- má utilização previsível Anexo I – Secção 1.7.4.1 (c) §258
- operadores não profissionais Anexo I – Secção 1.7.4.1 (d) §259
- máquinas para a indústria alimentar ou de
produtos cosméticos e farmacêuticos Anexo I – Secção 2.1.2 §277
- máquinas portáteis ou guiadas à mão
(vibrações) Anexo I – Secção 2.2.1.1 §279
- máquinas de fixação e outras máquinas de
impacto Anexo I – Secção 2.2.2.2 §280
- máquinas móveis (vibrações) Anexo I – Secção 3.6.3.1 §325
- acessórios de elevação Anexo I – Secção 4.4.1 §360
- máquinas de elevação Anexo I – Secção 4.4.2 §361

397
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Manuseamento de máquinas ou peças de máquinas Anexo I – Secção 1.1.5 §180


- marcação da massa Anexo I – Secção 1.7.3 §253
Manutenção
- seleção de modos Anexo I – Secção 1.2.5 §204
- manutenção das máquinas Anexo I – Secção 1.6.1 §239
- acesso Anexo I – Secção 1.6.2 §240
- isolamento das fontes de energia Anexo I – Secção 1.6.3 §241
- intervenção do operador Anexo I – Secção 1.6.4 §242
- limpeza dos componentes internos Anexo I – Secção 1.6.5 §243
- manual de instruções Anexo I – Secção 1.7.4.2 (r) e (s) §272
Máquinas Artigo 1.º, n.º 1, alínea a)
- sentido lato Artigo 2.º - primeiro travessão §33
- definição Artigo 2.º, alínea a) §34 a §40
- máquinas novas e usadas §72
- para fins nucleares (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea c) §50
- para fins militares ou de manutenção da ordem
pública (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea g) §59
- para efeitos de investigação (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea h) §60
- para mover artistas (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea j) §62
- para utilização do público em geral Considerando 15 §17
Anexo I – Secção 1.7.4.1 (d) §259
- que servem pisos fixos Anexo I – Secção 4.1.2.8 §344 a §349
Anexo I – Secção 6.4 §377 a §380
- destinadas a trabalhos subterrâneos Anexo I – Parte 5 §362 a §367
Anexo IV – Ponto 12 §388
Máquinas combinadas Anexo I – Secção 1.3.5 §210
- máquinas para trabalhar madeira Anexo IV – Ponto 5 §388
Máquinas de escritório (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea k) – 4º §67
travessão
Máquinas de fazer espigas (avanço manual) Anexo IV – Ponto 6 §388
Máquinas de moldar borracha Anexo IV – Ponto 11 §388
Máquinas de moldar plásticos Anexo IV – Ponto 10 §388
Máquinas de produtos cosméticos Anexo I – Secção 2.1 §277
Máquinas destinadas à indústria alimentar Anexo I – Secção 2.1 §277
Máquinas do Anexo IV Considerando 20 §22
- procedimento de avaliação da conformidade Artigo 12.º, n.os 3 e 4 §129 e §130
- lista de categorias Anexo IV §388
Máquinas hidráulicas de sustentação dos tectos de
minas (trabalho subterrâneo) Anexo IV – Ponto 12.2 §388
Máquinas instaladas sobre carris (elevação) Anexo I – Secção 4.1.2.6 (b) §342
Máquinas móveis com condutor apeado Anexo I – Secção 3.3.4 §311
Máquinas não conformes Artigo 4.º §100 e §101
Máquinas para trabalhar madeira Anexo I – Secção 2.3 §281
Anexo IV – Pontos 1 a 8 §388
Máquinas portáteis ou guiadas à mão Anexo I – Secção 2.2 §278
- declaração relativa a vibrações Anexo I – Secção 2.2.1.1 §279
Marcação CE Considerandos 21 e 22 §23
- obrigações Artigo 5.º, n.º 1, alínea f) §103
- outras Diretivas Artigo 5.º, n.º 4 §106
- presunção de conformidade Artigo 7.º, n.º 1 §109
- marcação CE em produtos não conformes Artigo 11.º, n.º 5 §125
- aposição Artigo 16.º §141
Anexo I – Secção 1.7.3 §250
- grafismo Anexo III §387
- marcação não conforme Artigo 17.º §142
Marcação das máquinas Anexo I – Secção 1.7.3 §250
- máquinas móveis Anexo I – Secção 3.6.2 §324
- correntes, cabos e correias Anexo I – Secção 4.3.1 §357
- acessórios de elevação Anexo I – Secção 4.3.2 §358
- máquinas de elevação Anexo I – Secção 4.3.3 §359
- habitáculo (elevação de pessoas) Anexo I – Secção 6.5 §381
Marcação não conforme Artigo 17.º §142

398
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Massa
- instruções para a movimentação Anexo I – Secção 1.7.4.2 (p) §270
- marcação de máquinas móveis Anexo I – Secção 3.6.2 §324
Materiais
- materiais e produtos utilizados Anexo I – Secção 1.1.3 §178
- para contacto com géneros alimentícios Artigo 3.º §91
Anexo I – Secção 2.1.1 (a) §277
- resistência dos materiais Anexo I – Secção 1.3.2 §207
- emissão de materiais perigosos Anexo I – Secção 1.5.13 §235
- elevação Anexo I – Secção 1.4.2.3 §337
Materiais e substâncias perigosas
- Diretiva relativa à restrição do uso de
Substâncias Perigosas (2002/95/CE) Artigo 3.º §92
- utilizadas ou criadas pelas máquinas Anexo I – Secção 1.1.3 §178
- emissões Anexo I – Secção 1.5.13 §235
- documentação comercial Anexo I – Secção 1.7.4.3 §275
- máquinas de pulverização Anexo I – Secção 3.5.3 §322
Materiais para feiras e parques de atrações
(exclusão) Artigo 1.º, n.º 2 §49
Medidas de proteção Anexo I – Secção 1.1.2 (b) §174
Medidas relativas a grupos de máquinas perigosas Considerando 13 §15
Artigo 8.º, n.º 1, alínea b) §116
Artigo 9.º §118
Meios de acesso (mobilidade) Anexo I – Secção 3.4.5 §317
Meios de transporte (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea e) §53 a §57
Meios para as pessoas se agarrarem
(escorregadelas, tropeções e quedas) Anexo I – Secção 1.5.15 §237
- meios de acesso a máquinas móveis Anexo I – Secção 3.4.5 §317
Motores eléctricos (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea k – 6º §69
travessão
Motosserras (portáteis) Anexo IV – Ponto 8 §388
Montagem (vida útil da máquina) Anexo I – Secção 1.1.2 (a) §173
Mobilidade de máquinas (definição) Anexo I – Secção 3.1.1 (a) §292
- requisitos Anexo I – Parte 3 §291 a §326
Motivos das decisões Artigo 20.º §145
Movimentos não comandados Anexo I – Secção 1.3.9 §215
- máquinas móveis Anexo I – Secção 3.4.1 §313

N
NANDO (lista de organismos notificados) Artigo 14.º §133
Navios de mar (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea f) §58
Norma harmonizada Considerando 18 §20
- definição Artigo 2.º, alínea l) §87
- presunção de conformidade Artigo 7.º, n.º 2 §110
- classificação §111
- desenvolvimento §112
- identificação §113
- publicação no JOUE Artigo 7.º, n.º 3 §114
- participação de parceiros sociais Artigo 7.º, n.º 4 §115
- objecção formal Considerando 11 §13
Artigo 10.º §119 a §121
- lacunas nas normas harmonizadas Artigo 11.º, n.º 4 §124
- avaliação da conformidade do Anexo IV
relativo a máquinas Artigo 12.º, n.º 3 §129
- normas e o estado da técnica Anexo I – Princípio Geral 3 §162
Normas de tipo A, B e C Artigo 7.º, n.º 2 §111
Número de série (marcação de máquinas) Anexo I – Secção 1.7.3 §250

399
Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

O
Objecção formal a uma norma harmonizada Considerando 11 §13
- procedimento Artigo 10.º §119 e §120
- resultado §121
ON-M (Coordenação de Organismos Notificados) Artigo 14.º, n.º 7 §137
Operações de elevação (definição) Anexo I – Secção 4.1.1 (a) §328
- requisitos Anexo I – Parte 4 §327 a §364
Operador (definição) Anexo I – Secção 1.1.1 (d) §167
- formação Artigo 15.º §140
- indicação da necessidade de formação Anexo I – Secção 1.1.2 §174
- instruções para a formação Anexo I – Secção 1.7.4.2 (k) §266
Operadores não profissionais (instruções) Anexo I – Secção 1.7.4.1 (d) §259
Organismos Europeus de Normalização (OEN) Artigo 7.º, n.º 2 §112
Organismos Notificados Artigo 14.º, n.os 1 a 5 §133 e §134
- coordenação dos organismos notificados
(ON-M) Artigo 14.º, n.º 7 §127
- critérios mínimos para a notificação Anexo XI §408

P
Paragem Anexo I – Secção 1.2.4 §200 a §203
- paragem normal Anexo I – Secção 1.2.4.1 §200
- paragem por razões operacionais Anexo I – Secção 1.2.4.2 §201
- paragem de emergência Anexo I – Secção 1.2.4.3 §202
- conjunto de máquinas Anexo I – Secção 1.2.4.4 §203
- tempo de imobilização (trabalho em madeira) Anexo I – Secção 2.3 (c) §281
- máquinas móveis Anexo I – Secção 3.3.3 §307
- máquinas destinadas a trabalhos subterrâneos Anexo I – Secção 5.4 §365
Parceiros sociais (participação na normalização) Artigo 7.º, n.º 4 §115
Parques de atrações e materiais para feiras
(exclusão) Artigo 1.º, n.º 2 §49
Partes do Anexo I Anexo I – Princípio Geral 4 §163
Peças sobressalentes (manual de instruções) Anexo I – Secção 1.7.4.2 (t) §272
Pedais (mobilidade) Anexo I – Secção 3.3.1 §300
Perigo (definição) Anexo I – Secção 1.1.1 (a) §164
- perigos associados à mobilidade Anexo I – Secção 3.1.1 (a) §292
Perigos de natureza mecânica Anexo I – Secção 1.3 §206 a §215
Período de transição (aparelhos portáteis de fixação
de carga explosiva e outras máquinas de impacto)
Artigo 27.º §154
Pessoa exposta (definição) Anexo I – Secção 1.1.1 I §166
Pictogramas (informações e avisos) Anexo I – Secção 1.7.1 §245
Pisos Anexo I – Secção 4.1.2.8.5 §349
- comandos situados nos pisos (elevação de
pessoas) Anexo I – Secção 6.4.2 §379
Pisos fixos (máquinas que servem) Anexo I – Secção 4.1.2.8 §344 a 349
- elevação de pessoas Anexo I – Secção 6.4 §377
Plataformas elevatórias para veículos Anexo IV – Ponto 16 §388
Pontos de intervenção (acesso) Anexo I – Secção 1.6.2 §240
Posição de condução (mobilidade) Anexo I – Secção 3.2.1 §294
Posto de trabalho Anexo I – Secção 1.1.7 §182
- múltiplos postos de trabalho Anexo I – Secção 1.2.2 §198
- acesso Anexo I – Secção 1.6.2 §240
Postos de comando
- visibilidade dos postos de comando Anexo I – Secção 1.2.2 §195
- localização dos postos de comando §196
- múltiplos postos de comando §197
Potência nominal (marcação de máquinas móveis) Anexo I – Secção 3.6.2 §324
Precisão da paragem (máquinas que servem pisos
fixos) Anexo I – Secção 4.1.2.8.2 §346
Prensas para o trabalho a frio de metais Anexo IV – Ponto 9 §388

400
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Presunção de conformidade
- marcação CE Artigo 7.º, n.º 1 §109
- normas harmonizadas Artigo 7.º, n.º 2 §110 e §111
Princípios de integração da segurança Anexo I – Secção 1.1.2 §173 a 177
Princípios ergonómicos Anexo I – Secção 1.1.6 §181
- dispositivos de comando Anexo I – Secção 1.2.2 §193
Princípios Gerais Anexo I – Princípios Gerais §157 a 163
Procedimento consultivo (Comité Máquinas) Artigo 8.º, n.º 2 §117
Procedimento de Exame CE de tipo (avaliação da Artigo 12.º, n.º 3, alínea b) §129
conformidade) Artigo 12.º, n.º 4, alínea a) §130
Anexo IX 1 §396
- pedido Anexo IX 2 §397
- conteúdo Anexo IX 3 §398
- certificado Anexo IX 4 a 8 §399
- validade e revisão do certificado Anexo IX 9 §400
Procedimento de garantia de qualidade total Artigo 12.º, n.º 3, alínea c) §129
(avaliação da conformidade) Artigo 12.º, n.º 4, alínea b) §130
Anexo X 1 §401
- pedido Anexo X 2.1 §402
- objectivos e conteúdo Anexo X 2.2 §403
- avaliação Anexo X 2.3 §404
- implementação e alteração Anexo X 2.4 §405
- vigilância Anexo X 3 §406
- conservação de documentação Anexo X 4 §407
Procedimento de regulamentação com controlo Artigo 8.º, n.º 1 §116
Artigo 9.º, n.º 3 §118
Procedimentos de avaliação da conformidade de Artigo 12.º §127 a §129
máquinas §132
Procedimentos para quase-máquinas Artigo 13.º §131
§132
Processo (elementos móveis) Anexo I – Secção 1.3.8.2 §214
Processo técnico Considerando 24 §25
- obrigações do fabricante Artigo 5.º, n.º 1, alínea b) §103
- da pessoa autorizada a compilar Anexo II 1 A (2) §383
- procedimento para a elaboração Anexo VII A §391
- conteúdo Anexo VII A 1 §392
- comunicação Anexo VII A 2 e 3 §393
Produtos abrangidos pela diretiva (âmbito) Artigo 1.º, n.º 1 e Artigo 2.º §32 a §46
Produtos eléctricos e electrónicos (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea k) §63
Produtos excluídos do âmbito Artigo 1.º, n.º 2 §48 a §70
Produtos utilizados Anexo I – Secção 1.1.3 §178
Projeção de objetos Anexo I – Secção 1.3.3 §208
- projeção de peças de trabalho (trabalhar
madeira) Anexo I – Secção 2.3 (b) §281
Protetor (definição) Anexo I – Secção 1.1.1 (f) §169
- protetores e dispositivos de proteção Anexo I – Secção 1.4.1 §216
- protetores Anexo I – Secção 1.4.2 §217
- protetor protetores fixos Anexo I – Secção 1.4.2.1 §218
- protetores móveis com dispositivos de
encravamento Anexo I – Secção 1.4.2.2 §219
- dispositivo de bloqueio Anexo I – Secção 1.4.2.2 §219
- protetores reguláveis Anexo I – Secção 1.4.2.3 §220
- protetores para dispositivos amovíveis Anexo I – Secção 3.4.7 §319
de transmissão mecânica Anexo IV – Ponto 15 §388
- componentes de segurança Anexo V – Ponto 7 §389
Protetores fixos Anexo I – Secção 4.1.2.1 §218
Protetores móveis acionados para prensas Anexo IV – Ponto 20 §388
Anexo V – Ponto 3 §389
Protetores móveis com dispositivos de encravamento Anexo I – Secção 1.4.2.2 §219
- protetores acionados para determinadas
prensas Anexo IV – Ponto 20 §388
Anexo V – Ponto 3 §389

401
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Protetores reguláveis que limitam o acesso Anexo I – Secção 1.4.2.3 §220


Prova dinâmica
- definição Anexo I – Secção 4.1.1 (f) §333
- coeficiente Anexo I – Secção 4.1.2.3 §339
- adequação aos fins previstos Anexo I – Secção 4.1.3 §351
Prova estática (definição) Anexo I – Secção 4.1.1 (e) §332
- coeficiente Anexo I – Secção 4.1.2.3 §338
- adequação aos fins previstos Anexo I – Secção 4.1.3 §351
Publicação de decisões Artigo 18.º, n.º 3 §143

Q
Quase-máquinas Considerando 16 §18
- definição Artigo 1.º, n.º 1, alínea g) e Artigo
2.º, alínea g) §46
- colocação no mercado Artigo 2.º, alínea h) §77
- procedimento Artigo 13.º §131
- Declaração de Incorporação Anexo II 1 B §385
- instruções de montagem Anexo VI §390
- documentação técnica relevante Anexo VII B §394
Queda da carga (elevação) Anexo I – Secção 4.1.2.6 (c) §342
- do habitáculo Anexo I – Secção 4.1.2.8.4 §348
Quedas de objetos Anexo I – Secção 1.3.3 §208
- máquinas móveis Anexo I – Secção 3.4.4 §316
- máquinas para a elevação de pessoas Anexo I – Secção 6.3.3 §376
- estruturas de proteção contra a queda de Anexo IV – Ponto 23 §388
objetos (FOPS) Anexo V – Ponto 15 §389
Quedas, escorregadelas e tropeções Anexo I – Secção 1.5.15 §237

R
Radiação Anexo I – Secção 1.5.10 §232
- dispositivos médicos implantáveis Anexo I – Secção 1.7.4.2 (v) §274
- documentação comercial Anexo I – Secção 1.7.4.3 §275
Radiação electromagnética Anexo I – Secção 1.5.10 §232
Radiação ionizante Anexo I – Secção 1.5.10 §232
Radiação óptica Anexo I – Secção 1.5.10 §232
Radiações exteriores Anexo I – Secção 1.5.11 §233
Radiações laser Anexo I – Secção 1.5.12 §234
Rastos e rodas (mobilidade) Anexo I – Secção 3.2.1 §294
Recomendações de Utilização (RfU) Artigo 14.º, n.º 7 §137
Recursos jurídicos Considerando 25 §26
Artigo 20.º §145
Redução de riscos Anexo I – Secção 1.1.2 (b) §174
Regulação
- operador Anexo I – Secção 1.1.1 (d) §167
- manual de instruções Anexo I – Secção 1.7.4.2 (r) e (s) §272
Regulamentação nacional relativa à instalação e
utilização de máquinas Artigo 15.º §139 e §140
Regular o modo (seleção) Anexo I – Secção 1.2.5 §204
Requisitos de higiene Anexo I – Secção 2.1 §277
Requisitos essenciais de saúde e de segurança Artigo 5.º, n.º 1, alínea a) §103
Anexo I §157 a §381
Resistência mecânica (elevação) Anexo I – Secção 4.1.2.3 §337 a §339
- elevação de pessoas Anexo I – Secção 6.1.1 §369
Retirada de certificados ou decisões emitidos pelos
organismos notificados Artigo 14.º, n.º 6 §135
- certificado de exame CE de tipo Anexo IX 9 §400
- aprovação do sistema de garantia de
qualidade total Anexo X 3 §406
Retirada de notificação de um Organismo de
Notificação Artigo 14.º, n.º 8 §138

402
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Risco (definição) Anexo I – Secção 1.1.1 (e) §168


Risco de aprisionamento Anexo I – Secção 1.5.14 §236
Riscos associados à utilização da energia eléctrica Anexo I – Secção 1.5.1 §222
- baterias Anexo I – Secção 3.5.1 §320
Riscos residuais Anexo I – Secção 1.1.2 (b) §174
- avisos Anexo I – Secção 1.7.2 §249
- manual de instruções Anexo I – Secção 1.7.4.2 (l) §267
Rodas e rastos (mobilidade) Anexo I – Secção 3.2.1 §294
Roldanas (elevação) Anexo I – Secção 4.1.2.4 §340
Rolos (elevação) Anexo I – Secção 4.1.2.4 §340
Ruídos
- redução da emissão Anexo I – Secção 1.5.8 §229
- dados de emissão comparáveis Anexo I – Secção 1.5.8 §230
- declaração (instruções) Anexo I – Secção 1.7.4.2 (u) §273
- Diretiva Equipamentos para utilização no Artigo 3.º §92
Exterior (2000/14/CE) Anexo I – Secção 1.7.4.2 (u) §273
- instruções de instalação e montagem Anexo I – Secção 1.7.4.2 (j) §264
- documentação comercial Anexo I – Secção 1.7.4.3 §275
- dispositivos e sistemas de redução Anexo V – Ponto 13 §389
Ruptura em serviço Anexo I – Secção 1.3.2 §207

S
Saída de emergência (dos postos de trabalho) Anexo I – Secção 1.1.7 §182
Sanções Considerando 26 §27
Artigo 23.º §150
Saúde e Segurança Considerando 3 §6
- das pessoas Artigo 4.º, n.º 1 §93
- requisitos essenciais (RESS) Anexo I §157 a §381
- dos trabalhadores Artigo 15.º §140
Seleção de modos de comando ou de funcionamento Anexo I – Secção 1.2.5 §204
Série ou tipo (marcação de máquinas) Anexo I – Secção 1.7.3 §250
Serras circulares Anexo IV – Ponto 1 §388
Serras de fita Anexo IV – Ponto 4 §388
Sigilo Artigo 18.º §143
Sinalização, sinais e avisos (mobilidade) Anexo I – Secção 3.6.1 §323
Sistemas de comando Anexo I – Secção 1.2 §184 a §205
- segurança e fiabilidade Anexo I – Secção 1.2.1 §184
- arranque Anexo I – Secção 1.2.3 §199
- paragem Anexo I – Secção 1.2.4 §200 a §203
- utilização não autorizada (mobilidade) Anexo I – Secção 3.3 §297
- comandos à distância (mobilidade) Anexo I – Secção 3.3 §298
Sistemas de extração (componentes de segurança) Anexo V – Ponto 6 §389
Sistemas de retenção (mobilidade) Anexo I – Secção 3.2.2 §295
- componentes de segurança Anexo V – Ponto 9 §389
Superfícies rugosas Anexo I – Secção 1.3.4 §209

T
Tambores (elevação) Anexo I – Secção 4.1.2.4 §340
Temperaturas extremas Anexo I – Secção 1.5.5 §226
Tombamento e capotamento Anexo I – Secção 3.4.3 §315
Trabalho subterrâneo (máquinas destinadas a serem
utilizadas em) Anexo I – Parte 5 §362 a §367
Tradução (instruções) Anexo I – Secção 1.7.4.1 §257
Transformadores - alta tensão (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea l) §70
Transporte
- vida útil da máquina Anexo I – Secção 1.1.2 (a) §173
- condições de estabilidade Anexo I – Secção 1.7.4.2 (o) §269
- instruções para o transporte em segurança Anexo I – Secção 1.7.4.2 (p) §270
Transposição para a legislação nacional Artigo 26.º §153
Tratores agrícolas e florestais (exclusão) Considerando 8 §11
Artigo 1.º, n.º 2, alínea e) §53

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Travagem (mobilidade) Anexo I – Secção 3.3.3 §307


Tropeções (escorregadelas e quedas) Anexo I – Secção 1.5.15 §237
- habitáculo de máquinas que servem pisos fixos Anexo I – Secção 4.1.2.8.2 §346
Tupias de eixo vertical (avanço manual) Anexo IV – Ponto 7 §388

U
Unidades lógicas destinadas a desempenhar funções Anexo IV – Ponto 21 §388
de segurança Anexo V – Ponto 4 §399
Unidades móveis offshore (exclusão) Artigo 1.º, n.º 1, alínea f) §58
Utilização de máquinas Considerando 12 §14
- regulamentos nacionais Artigo 15.º §139 e §140
- manual de instruções Anexo I – Secção 1.7.4.2 (k) §265
Utilização do público em geral Considerando 15 §17
- manual de instruções Anexo I – Secção 1.7.4.1 (d) §259
Utilização não autorizada dos comandos Anexo I – Secção 3.3 §297
Utilização prevista das máquinas (definição) Anexo I – Secção 1.1.1 (h) §171
- manual de instruções Anexo I – Secção 1.7.4.2 (g) §263
Utilizações múltiplas (instruções, mobilidade móvel) Anexo I – Secção 3.6.3.2 §326
Utilizador
- medidas de proteção a tomar Anexo I – Secção 1.1.2 (b) §174
- manual de instruções Anexo I – Secção 1.7.4.2 (m) §267
- operações de manutenção a efetuar Anexo I – Secção 1.7.4.2 (r) §272

V
Válvulas (componentes de segurança) Anexo V – Ponto 5 §389
Veículos a motor (exclusão)
- veículos rodoviários de quatro rodas Artigo 1.º, n.º 2, alínea e) – 2º §54
travessão
- veículos rodoviários de duas ou três rodas Artigo 1.º, n.º 2, alínea e) – 3º §55
travessão
- veículos destinados à competição Artigo 1.º, n.º 2, alínea e) – 4º §56
travessão
Veículos de recolha de resíduos (RCV) Anexo IV – Ponto 13 §388
Venda de máquinas (colocação no mercado) Artigo 2.º, alínea h) §74
Vias ferroviárias (exclusão) Artigo 1.º, n.º 2, alínea e) §57
Vibrações
- redução da emissão Anexo I – Secção 1.5.9 §231
- assentos Anexo I – Secção 1.1.8 §183
- instalação e montagem Anexo I – Secção 1.7.4.2 (j) §264
- declaração para máquinas portáteis Anexo I – Secção 2.2.1.1 §279
- declaração para máquinas móveis Anexo I – Secção 3.6.3.1 §325
- instruções de instalação e montagem Anexo I – Secção 1.7.4.2 (j) §264
- documentação comercial Anexo I – Secção 1.7.4.3 §275
- dispositivos e sistemas de redução Anexo V – Ponto 13 §389
Vigilância do mercado Considerandos 9 e 10 §12
Artigo 4.º §93 a §102
- de máquinas §94
- de quase-máquinas §95
- autoridades §96
- sistema §97
- cooperação entre autoridades Artigo 19.º, n.º 2 §144
Visibilidade das zonas de perigo
- dos postos de comando Anexo I – Secção 1.2.2 §195
- da posição de condução (mobilidade) Anexo I – Secção 3.2.1 §294
Visualizadores (dispositivos de comando) Anexo I – Secção 1.2.2 §194

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Guia de aplicação da Diretiva Máquina 2006/42/CE - 2.ª Edição - Junho de 2010

Z
Zona perigosa (definição) Anexo I – Secção 1.1.1 (b) §165
- localização de pontos de manutenção fora das
zonas perigosas Anexo I – Secção 1.6.1 §239

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