Você está na página 1de 11

Bolhas de realidade

Anotações de Gustavo Gitti

“Todos os fenômenos são e deveriam ser vistos como uma bolha,


uma sombra, um fantasma, um relâmpago, uma gota de orvalho,
uma chama oscilante, uma nuvem, um sonho, uma ilusão.”

—Buda, no Sutra do Diamante

Bolhas de realidade são experiências condicionadas, construídas e


coemergentes, mas vivenciadas por nós como se fossem a própria realidade —
externa, separada, rígida, séria, sólida, densa, pré-existente, lá fora,
autosustentada.

Sob o efeito de avidya, sem sabedoria, sem abrir o olho de prajna, não vemos
as coisas como elas são (vazias, luminosas, plásticas, mágicas, lúdicas).
Perdemos a realidade vajra.

Uma bolha surge sempre que uma construção, um sonho, um filme, um


fenômeno, uma aparência não é reconhecida como tal. As bolhas não são os
fenômenos em si, mas o não reconhecimento dos fenômenos.

O sofrimento só existe em meio a bolhas de realidade. Portanto, ser capaz de


reconhecer e de se posicionar no espaço livre além das bolhas é o caminho
mais direto de liberação.

Breve descrição do que precisamos fazer


A mente livre, nossa verdadeira natureza (com todas as qualidades do lung
primordial) começa a operar sob condições enquanto estamos rodando o
software do samsara, então as bolhas também podem ser descritas como
aquilo que apoia a experiência das qualidades condicionadas e restritas de
terra, água, fogo, ar e éter.

De modo cognitivo, o samsara é descrito por avidya, pelo não reconhecimento


na nossa verdadeira natureza. Da perspectiva não cognitiva, da energia, Lama
Samten muitas vezes descreve o samsara como sendo o movimento da energia
na dependência de condições externas.

Esses são dois jeitos de descrever o que acontece quando estamos em uma
bolha: não só não vemos mais a realidade, não só perdemos a visão ampla e
profunda, mas nos condicionamos, viramos dependentes de energia porque
agora precisamos que tal e tal coisa aconteça, precisamos ganhar algum jogo
para equilibrar nossa energia.

Como estamos cegos para a coemergência, nosso critério para ver se vamos
por uma direção é o quanto nossos olhos brilham, mas quando os olhos
brilham, nós não vemos isso, nós vemos a coisa externa brilhando e então
dizemos: “Sim, vou por aí”.

Por uma combinação do treino em shamatha e também em prajna,


começamos a abrir a visão da sabedoria, que vê o conteúdo junto com o
aspecto construído e mágico daquilo (“Uau, como pode a gente ficar tanto
tempo vendo isso como sólido”, “Uau, como eu pude ficar tanto tempo com
aquela pessoa ou naquela empresa!”), inseparável de nosso conteúdo interno,
o que nos dá a seguinte clareza: são nossos olhos que brilham coemergentes
com as coisas, não as coisas que parecem brilhantes em si mesmas. E então a
gente começa a ganhar autonomia, a fazer esse equilíbrio de modo não-
causal, direto, sem precisar de estímulos. E começa a também visualizar a
possibilidade de entrar nos mundos sem avidya e sem que nosso movimento
de energia venha dali, que venha dessa base mais ampla, que venha da
compaixão.

Entramos com sabedoria, prajna, o que nos faz ver o aspecto construído e não
se perder (manter sempre um sorriso por trás, de êxtase, de “Uau”). E
entramos com compaixão, o que faz com que o movimento da energia venha
de outro lugar. É parecido com o tio jogando futebol com o sobrinho: ele não
está jogando futebol, ele está se relacionando com o sobrinho. E ele vai sofrer
na medida em que se perder ali, vai ficar irritado se perder na medida em que
não mais operar com compaixão, na medida em que for envolvido por alguma
bolha.

A gente sorri para a esposa, mas sorri também para a natureza livre que não é
a esposa e pela magia que faz ela ser a esposa não sendo a esposa. Então a
gente sorri para ela e também sorri por trás: “Uau!”. Assim a gente vai
mantendo prajna e manter prajna ajuda a manter autonomia de energia — do
mesmo modo, o equilíbrio autônomo da energia ajuda a manter prajna, ao nos
emancipar das bolhas. Parar nos leva a olhar. Olhar nos leva a parar. E tudo
isso resulta em maior capacidade de agir naturalmente, sem esforço, com
amor, compaixão, alegria, equanimidade, as seis perfeições e as cinco
sabedorias. A partir do reconhecimento do espaço livre, não mais a partir de
bolhas (ou seja, do não reconhecimento do espaço livre).

Atributos ou elementos coemergentes em uma bolha


(item 2b)
“Se você quiser saber o que é uma bolha de realidade, descreva sua vida.”
—Lama Padma Samten

Nenhuma aparência surge de modo absoluto, isolado, externo. Cada


fenômeno ou aparência (dharma, 5 skandhas, 6 sentidos, 18 dhatus, qualquer
coisa que surge dentro ou fora) é sempre coemergente com uma bolha, que
pode ser reconhecida por diversos elementos, todos inseparáveis. Sempre que
surge uma bolha, surge o seguinte:

• corpo (respiração, saúde, atividade cerebral, micro expressões...) ;


• mente, pensamentos, ideias, conteúdos discursivos;
• emoções perturbadoras, medos, esperanças, culpas;
• energia, 5 lungs condicionados;
• paisagem, loka, reino, espaço sutil, mundo correspondente;
• observador;
• identidade (3 animais, autoimagem, sensação de ser alguém);
• causalidade;
• propósito (sentido, ideal de felicidade ou sucesso, visão estratégica,
planejamento, metas);
• visão de mundo e linguagem consensual (cultura, referenciais, teorias
sobre a vida);
• possibilidades de ação;
• sensação de ganhar ou perder (jogos, 8 preocupações mundanas);
• criação dinâmica de significado, conceituação, criatividade;
• narrativas, coerências, histórias;
• urgências, prioridades;
• temporalidade, passado, presente, futuro (sensação de ter pouco ou
muito tempo à frente, sensação de ter passado muito ou pouco tempo
antes; sensação de existir momentos diferentes);
• localização espacial (sensação de estar em lugares diferentes);
• experiência cíclica de transmigração, de insatisfação, de dukkha,
impermanência;
• experiência de nascer e de morrer.

Todos esses processos não são sólidos, são experiências vazias e luminosas. A
urgência não é sólida, é uma sensação de que a urgência é real. A morte não é
sólida, é uma experiência de morte. É só por isso que o sofrimento pode ser
superado.

Todas essa lista de coemergências são resumidas pela palavra “bolha”.


Aprender a reconhecer as bolhas é crucial porque isso corresponde a perceber
a insubstancialidade daquilo que parece ser o mundo, a vida, a realidade, o
fato.

O resultado é um sorriso, mesmo que seja apenas 1% de sorriso e 99% de


sofrimento, que nos leva a uma confiança de que aquilo não é realmente sério,
absoluto, intransponível, sisudo. Só isso já libera boa parte do sofrimento:
desconfiar de que talvez não exista uma causa real para ele. Pelo menos não
nos matamos. ;-) E essa confiança nos leva a praticar mais.

Vocês podem reconhecer a operação de uma bolha em situações bem simples,


como num vagão do metrô: a pessoa está livre no espaço básico, mas tem a
sensação de "ainda não cheguei", então ela não relaxa, não repousa feliz, faz
uma cara de tédio ou tenta se distrair. A temporalidade surge bem
condicionada: a pessoa sabe que logo sairá, então tem quase que um reloginho
dentro da mente. Daí quando a pessoa sai do metrô e se encontra com os
amigos, uma nova bolha se abre, com mais tempo, então surge a possibilidade
de relaxar um pouco ali. Esses processos são todos sutis, mas muito
evidentes, escancarados, pra quem se dispõe a observar.

Exemplos de bolhas (item 2c)


Qualquer experiência de realidade condicionada é um excelente exemplo de
bolha e pode ser iluminada, transformada em lucidez. O lama lista o que
precisamos contemplar com o olho de prajna:

• seis reinos;
• seis bardos;
• intersubjetividade;
• complementaridade e história da ciência;
• jogos de tabuleiro, esportes;
• samsara em geral;
• 12 elos;
• qualquer visão de mundo ou narrativa...

Jeitos de introduzir prajnaparamita


Vamos ouvir essa classe de ensinamentos de muitos professores e muitas
professoras, em diferentes abordagens. É crucial reconhecermos que se trata
de prajnaparamita para que possamos mais rapidamente não apenas
compreender, mas posicionar nossa mente no lugar de onde os mestres veem
e ensinam.

• Pelo roteiro dos 21 itens.


• Pelas três bases da prática e da realização: 1) equilíbrio da energia; 2)
lucidez ou sabedoria; e 3) compaixão.
• Pelas 4 ações da mente: resolver, ter disciplina, mudar de paisagem,
liberar.
• Pela leitura e contemplação linha a linha (PCR) do Sutra do Coração.
• Pela roda da vida (seis reinos, três animais, lokas, 12 elos, bolhas).
• Pela descrição da operação de avidya.
• Pelo ensinamento sobre os bardos.
• Pelos ensinamentos de shunyata, dupla verdade, vacuidade, vipassana.
• Por dukkha e pelas Quatro Nobres Verdades.
• Pela afirmação “Forma é vazio, vazio é forma”.
• Pelas afirmações “É”, “Não é”, “É”.
• Pela liberdade da operação não-causal, atravessar paredes, estalar de
dedos, dar calote no carma.
• Pelo éter: olhos limpos, claros, sem conteúdos atrás ou à frente,
sóbrios, que não se fixam, que não surtam, que não se perdem em meio
aos sonhos, que não perdem o reconhecimento do céu.
• A partir de shamatha:
o Limite de shamatha e verdadeira raiz de todas as aflições, causa
do sofrimento
o Tecnologia contemplativa (samatha), ciência da mente
(vipassana), via Alan Wallace
o Sila (ética), samadi (equilíbrio mental), prajna (sabedoria)
o Equilibrar a própria energia diretamente sem precisar controlar
situações, pessoas, objetos é impossível dentro de bolhas
• 3 aspectos de qualquer experiência: grosseiro, sutil e secreto
• Pelas metáforas de uma peça de teatro, de um filme e de um sonho.
Melhorar o sonho (bodicita relativa) e despertar do sonho (bodicita
absoluta: prajnaparamita, vacuidade, sabedoria).
• Por perguntas sobre a realidade: Quem somos? Onde estamos? O que
está acontecendo?
• Pela compaixão: sem sabedoria, não somos capazes de realmente ajudar
os outros
• Pela natureza primordial. Refúgio no Buda (natureza primordial) em vez
de refúgio na roda da vida. Usualmente tomamos refúgio em
construções específicas (bolhas, ideias, crenças, teorias sutis sobre o
que é a vida ou quem somos nós, visões de mundo, filosofias). Mas a
prática é tomar refúgio na natureza livre que constrói.
• Por guru ioga. Onde está a mente do lama? O que o lama vê? Como a
energia circula? Os Budas estão sempre no mesmo lugar fazendo uma só
coisa, por isso a energia não oscila e nenhuma aparência é capaz de
causar engano.
• Pelo sorriso (mágica, luminosidade, ludicidade).

Lembretes e citações úteis

O mundo não é senão minha experiência do mundo. Cada coisa não é


senão a minha experiência de cada coisa. Não dá para falar de algo, apontando
o dedo, sem falar de nossos conteúdos internos coemergentes, de nosso
posicionamento sutil, de como construímos aquela experiência (não
confundir "construir a experiência de realidade" com "construir a realidade",
visão new age The Secret / What the bleep).

Mesmo quando buscamos pela unidade fundamental da matéria só


encontramos informações detectadas por aparelhos específicos de medição
(Alan Wallace). Não há nada além de aparências e não há nenhuma aparência
separada que exista por si só, de modo separado e autosustentado.

A ação livre não é uma atitude específica.

“Hogen, do Mosteiro Seiryo, estava em vias de dar sua palestra antes do jantar
quando percebeu que a cortina de bambu, abaixada para a seção de
meditação, não tinha sido levantada. Ele apontou para ela, sem falar. Dois
monges levantaram-se da audiência e juntos a levantaram com movimentos
idênticos. Hogen, observando o momento concreto, disse: ‘Os gestos do
primeiro monge são corretos, mas não os do segundo.’”

...

Jornalista: As pessoas acharam você muito mudada depois que você saiu do
retiro?”

Karma Wangmo (Suzy Joy Albright), que completou um retiro fechado de 12


anos: “Quando eu voltei da Índia como uma "meditadora" em 1976, minha
irmã disse que esperava ver essas mudanças profundas, mas foi a mesma
antiga pateta que voltou! Esse é o segredo, é claro.”

A mente do Buda não tem conteúdo. A escola Prasangika Madhyamaka não


tem nada a afirmar. A sabedoria não é mais uma teoria sobre a realidade.
Qualquer sonho pode virar um sonho lúcido, ou seja, qualquer linguagem pode
ser usada para apontar a lucidez: quanto mais fenômenos novos forem
surgindo, o caminho de liberação vai tomando novas formas e linguagens.
Dharma é o que a lucidez diz para a confusão (Lama Padma Samten). Dharma
é a própria realidade (Alan Wallace). O caminho espiritual é uma peça especial
pela qual um personagem reconhece sua verdadeira natureza de ator.

“O problema não é a identidade — nem os mundos ilusórios, nem os mundos


fantasmagóricos e luminosos, nem os sonhos. O problema é avidya, ou seja, a
perda da lucidez. Quando nós, dentro de condições particulares, ficamos presos
às condições particulares e não conseguimos ultrapassar aquele limite. A
ignorância, perda [não reconhecimento] de rigpa, está ligada diretamente a
um movimento da nossa energia na dependência de fatores externos. Buda diz:
a mente se divide em objeto e observador, e a mente começa a ser
administrada pelo objeto que ela criou. Isso é a avidya. Então nós vamos
escapar disso.

Podemos gerar os objetos, podemos gerar o observador, mas nós estamos


equilibrados, não estamos manipulados pelas aparências que nós mesmos
criamos. É como alguém sentado em algum lugar imaginando um assalto
sobre ele, ali mesmo. Começa a criar uma coisa com a mente e começa a ter
medo do que criou. Aí chega num ponto que a pessoa começa a tremer e não
consegue sair dali... Isso é um estado psicótico! Isso é avidya, a ignorância.
Ficamos presos aos mundos que a gente propicia. Isso é tão complexo que a
gente tem a sensação de que o mundo não tem essa relação, de que o mundo é
autosustentado. Essa sensação de que o mundo é autosustentado vai ter se ser
rompida.

Então tem essencialmente esses dois treinamentos: um que é o equilíbrio da


energia e o outro que é o desenvolvimento da visão, pelo qual nós vemos esses
aspectos todos, que aquilo não é separado. Então quem entendeu isso, não
chorou nem fugiu, pode fazer um lanche.”

—Lama Padma Samten

“Para que as coisas possam se revelar a nós, precisamos estar prontos para
abandonar nossas visões sobre elas.”

—Thich Nhat Hanh

Nossa prática nunca é isolada. Não nos iluminamos sozinhos. A


transformação é sempre coletiva e coemergente. Quanto mais avançam as
pessoas ao nosso redor, mais avançamos sem esforço.

“Pensamos que são mundos e condições externas, mas não são mundos
externos: é a forma como nossa mente está operando. Então não pense que a
gente tenha a possibilidade de avançar sem que o mundo avance junto. Nos
textos budistas, como o Sutra do Diamante, o Buda diz que a iluminação se dá
com todos os seres juntos. Quando há a iluminação, todos os seres se
iluminam. O bodisatva, quando atinge a compreensão, vê todos os seres
manifestando a natureza iluminada também. A gente pode pensar: “Bah, isso
não vai dar! Todo mundo junto tem de atingir a iluminação… Isso não vai
acontecer nunca!” É porque temos essa visão externa… Mas o mundo já se
iluminou muitas vezes. Cada vez que alguém se ilumina o mundo inteiro se
ilumina.

Com isso estou trazendo especialmente a importância de praticar metabavana:


olhar para os outros seres, aspirar liberação do sofrimento, que eles sejam
felizes, aspirar estabelecer relações positivas, não pensar que nossa prática é
isolada. É completamente inseparável. Não há possibilidade de nós
avançarmos em meio a seres odiosos, doentes, perturbados… Não há essa
possibilidade. Se estamos olhando assim, é porque nós não estamos
avançando. Essencialmente isso é sabedoria do espelho — ou seja, o mundo,
como ele aparece, espelha as dimensões pelas quais estamos operando. Se
queremos saber como é que estamos por dentro, a gente olha como é que está o
mundo fora.”

—Lama Padma Samten

A sabedoria nos ajuda a substituir perturbação por compaixão.

“Na medida em que nós vamos avançando no prajnaparamita, o


prajnaparamita é devorador de demônios, ou seja, todos esses aspectos que
parecem externos começam a ser vistos como internos, coemergentes. A gente
vai começar trabalhando com as próprias pessoas, tangíveis. A gente olha um
para o outro e diz "Não é o que o outro seja irritante: eu é que me irrito". Não é
que ele seja irritante, ele está perturbado. Agora, se ele está perturbado, por que
é que eu vou importar a perturbação? Eu não vou me perturbar. Aí eu me
mantenho não perturbado e o ajudo a sair da perturbação.

Nós vamos começar a trabalhar desse modo. Mas eu poderia, por exemplo,
pensar assim: "Eu tenho muita sensibilidade. Eu olho para o outro e vejo a
energia que ele produz sobre mim, então vá de retro!". Se olhamos desse modo,
nesse momento prendemos o outro naquilo e nos prendemos na sensibilidade à
ação do outro. Parece que nós somos super espertos porque vimos o efeito que o
outro produz sobre nós. Se eu digo "Vá de retro!", eu consolido toda a situação.
Tão pronto ele aparece ou surge uma foto, uma lembrança ou alguém que o
menciona, eu digo: "É ele voltando!". Por outro lado, se olhamos para o outro
com compaixão, vendo que ele está perturbado por alguma coisa, eu não
consolido o ser nem consolido a relação nem a perturbação. Eu simplesmente
não vou me perturbar. Isso corresponde ao corpo translúcido, ao corpo de Guru
Rinpoche, se a gente pudesse passar a mão por dentro do corpo dele. Isso
significa que as negatividades podem vir mas elas não nos afetam. Isso é uma
mistura de méritos relativos com méritos de sabedoria (absolutos).”

—Lama Padma Samten

Há uma fila de seres atrás de nós esperando pelo nosso florescimento.

“..The stronger your cultivation of compassion is, the more committed you will
feel to taking responsibility. Because of their ignorance, sentient beings do not
know the right methods by which they can fulfill their aims. It is the
responsibility of those who are equipped with this knowledge to fulfill the
intention of working for their benefit. It is only by your showing living beings
the right path leading towards omniscience, and by living beings on their part
eliminating the ignorance within themselves, that they will be able to gain
lasting happiness. Although you may be able to work for other sentient beings
to bring them temporary happiness, bringing about their ultimate aims is
possible only when these beings take upon themselves the initiative to
eliminate the ignorance within themselves. The same is true of yourself: If you
desire the attainment of liberation, it is your responsibility to take the
initiative to eliminate the ignorance within yourself. You might feel that since
fulfilling the wishes of other sentient beings and bringing about their welfare
basically depends upon them taking the initiative themselves, then what
particular need is there for you to work for the achievement of enlightenment?
After all, there are many buddhas who will be able to help the sentient beings
immediately if these beings take the initiative.

However, the benefit from particular spiritual guides or teachers depends upon
the recipient having karmic links with these beings. Thus, some spiritual
teachers can be most effective and beneficial to only a certain number of
disciples, and not to other beings. In order to understand this, it is helpful to
read the sutras, such as The Perfection of Wisdom in Eight Thousand Lines, in
which the buddhas and bodhisattvas, having seen that a certain practitioner
had a stronger karmic link with another spiritual teacher, advised him to seek
his own spiritual master. There will be sentient beings who may be able to
see a buddha directly, but who may not benefit as much from that as they
would from interaction with you, due to their having a deeper karmic link
with you.

Although your achievement of the omniscient state may not be beneficial to all
living beings, it will definitely bring a lot of practical benefit to certain living
beings. Therefore, it is very important that you work for your own achievement
of the completely enlightened state. Because there might be living beings who
depend very much upon your guidance on the spiritual path, it is important
that you take upon yourself the responsibility to work for the benefit of others.
By thinking in such terms, you will be able to develop the strong belief that
without attaining the omniscient state you will not be able to fulfill what you
set out to do and truly benefit others.”

—Sua Santidade o Dalai Lama | The Path to Bliss

...
"Eu acho justo a gente pensar que atrás de cada um de nós tem uma fila de
pessoas que só nós vamos poder ajudar. Então é melhor ir praticando. Praticar
significa não só chegar nesse ponto [sabedoria], mas poder voltar a olhar os
mundos cármicos onde a gente andava, agora com o olhar aberto, de tal modo
que a gente encontre uma linguagem para fazer as pessoas entenderem o
espaço livre da mente delas enquanto elas estão no meio daquilo mesmo que é
onde elas podem estar. Se a gente pretender que as pessoas saiam do mundo
onde elas estão para então começar a prática, isso é muito difícil. Além do
mais, isso não é Chenrezig. Chenrezig é justamente: o caminho começa onde a
pessoa está, na confusão onde ela está, ali mesmo. Não é tirando a confusão.
Tirando a confusão não tem graça."

—Lama Padma Samten

Você também pode gostar