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A Porta do Céu

REPRESENTAÇÃO DO MOMENTO EM QUE CHEGAM DIANTE DE SEUS DESTINOS


ETERNOS. UM RICO, UM NOBRE, UMA DESCUIDADA, UMA CRENTE, UMA RELIGIOSA
E UM SÁBIO. TODAS AS FALAS EM FORMA DE POESIA.
A MENSAGEM CENTRAL É: JESUS É O PASSAPORTE PARA ENTRADA NO CÉU. VINDO
DO INTERIOR SURGE UM ANJO GUARDIÃO DA “PORTA DO CÉU” PERSONIFICANDO A
PORTA.

A PORTA (APONTANDO PARA DENTRO DIZ)


É esta porta, aqui, da cidade eterna.
É por aqui a entrada ao gozo celestial.
Pois, por aqui, se vai a glória sempiterna.
A nova Jerusalém se vê deste portal.
É o reino feliz da bem aventurança,
onde não há pecado e não existe o mal.
O céu é sempre azul. O mar sempre bonança.
As ruas são de ouro e jaspe reluzente.
E sempre a mesma fé os corações alcançam.
Ali não haverá aflitos, descontentes.
Ali não entrará nenhuma enfermidade.
Há, na árvore da vida, a saúde das gentes.
Quanta beleza nova existe na cidade!
Que melodiosos sons os altos céus percorrem.
Que imenso gozo, ali, por toda eternidade.
Oh! quão ditosos são os que a carreira correm
e guardam sempre a fé no eterno Salvador.
Oh! quão felizes são os crentes quando morrem,
pois vão, da vida ao fim do seu labor,
ouvir de Jesus a voz tão doce e terna:
"Ao gozo, vinde já, benditos do Senhor"
Este é o caminho que vai para a cidade eterna.

(ENTRA O RICO E DIZ PARA A PERSONAGEM PORTA)


É bem verdade o que dizeis, senhora?
Existe para a alma o gozo eterno?
Deixai-me entrar, quero-o gozar agora,
que já dentro do peito eu trago o inferno.
Nunca eu tive, na vida, um dia ao menos de sossego,
de paz ou de alegria.
Nunca os meus dias foram serenos.
Sempre lutei e vivi em agonia.
A sede do dinheiro me queimava.
Andei vagando em busca de um tesouro.
Em ânsia tornou-se a minha mente escrava.
Eu só queria... eu só amava o ouro.
Enriqueci. Acumulei riquezas.
Mas nunca adormeci nas ânsias da alma.
Minha vida foi cheia de incertezas.
Cheia de sustos... sem uma hora calma.
Mas rico sou. Se além deste portal
há livramento para o cativeiro
posso comprá-lo com o meu metal.
Quero comprá-lo com o meu dinheiro.
Deixai-me entrar. Quero gozar agora.
Vendei-me a entrada para o gozo eterno.

(ATIRANDO A BOLSA)
Uma fortuna aos vossos pés, senhora.
Abri-me o céu. Quero fugir do inferno.

A PORTA (DIRIGINDO-SE AO RICO E IMPEDINDO-LHE A ENTRADA)


A entrada por aqui é proibida
aos que não trazem o justo passaporte.
Este é o caminho que conduz à vida.
(APONTANDO PARA BAIXO)
Ali o reino de pecado e morte.
Néscio, que pretendes comprar o céu
à custa de ouro. Em troca de riquezas,
Deus não se vende.
A entrada além do véu não se adquire à custa de riquezas.

(SAI O RICO E ENTRA A DESCUIDADA FALANDO PARA A PORTA QUE TENTA IMPEDI-LA
DE ENTRAR)
Mas porque não? Que mal eu tenho feito
para assim impedir a minha entrada?
Nunca, na terra, eu tive um só defeito.
Apenas lá vivi despreocupada.
Eu vivi como todo mundo vive.
Fui a bailes, teatros, distrações.
Porém, pecado grave, nunca tive.
Não me afoguei no oceano das paixões.
Não matei, não roubei, não falei mal,
e não prejudiquei ninguém na vida.
Oh! Deixe-me passar este portal.
Quero gozar da gloria prometida.

A PORTA: (IMPEDINDO-LHE A ENTRADA DIZ PARA A DESCUIDADA)


A entrada, por aqui, é proibida
aos que não trazem o justo passaporte.
Quem jamais cogitou em outra vida
a pena sofrerá da eterna morte.

DESCUIDADA (FALANDO ACINTOSAMENTE PARA A PORTA)


Mas Deus que é terno, doce e compassivo.
imensamente bom e complacente,
não mandará um filho, inda que altivo,
pra sofrer no inferno eternamente.
Que pai condenará o filho amado?
Que pai expulsará, de casa, o filho?
Ou, vendo o filho desgraçado,
não procura livrá-lo do mal trilho?
Espero entrar no céu e ser feliz.
De perto quero ouvir o ameno som
que vem de lá. Pois “A Escritura” diz
que Deus é pai e imensamente bom.

A PORTA (RESPONDE PARA A DESCUIDADA)


Deus é mais do que bom. Deus é amor.
Mas é também justiça e santidade.
Não pode entrar no céu um pecador
ainda manchado pela iniquidade.
Sim, Deus amou o mundo, de tal maneira,
que deu seu próprio filho em holocausto,
deixando-o numa cruz, sozinho, exausto,
pra remir a humanidade inteira.
O sangue de Jesus foi derramado
para remir o pecador que o aceita.
Mas quem o pisa com os pés, quem o rejeita,
as penas sofrerá do seu pecado.
Que filho mal e louco invocaria,
de sua mãe, o amor, para aviltar?
É torpe quem, no amor de Deus confia,
e se desculpa assim para pecar.

(SAI A DESCUIDADA E ENTRA A RELIGIOSA QUE HUMILDEMENTE DIZ)


Na bem aventurança eu quero entrar.
E quem me impedirá o gozo eterno?
Pois vivi nas igrejas, a rezar,
tal era o horror que me causava o inferno.
Trazia, ao meu pescoço, a santa imagem,
o crucifixo de adoração.
Frequentei as igrejas com coragem
quando se falava mal da religião.
Acompanhei as procissões nas ruas.
Mil vezes comunguei com reverência.
Martirizei as minhas carnes nuas
nos horrores ilegais da penitencia.
Pratiquei os atos religiosos
conforme me ordenava o sacerdote.
Desfiz-me de prazeres bem custosos.
Dividi com os pobres os meus dotes.
Compareci à igreja a cada dia.
Jamais abandonei o meu rosário.
Cumpri, na terra, tudo o que devia.
Oh! Deixe-me entrar no eterno santuário!

A PORTA (RESPONDE PARA A RELIGIOSA)


A entrada, por aqui, é proibida
aos que não trazem o justo passaporte.
Cristo é o caminho que conduz a vida.
Formalidades só produzem morte.
Uma alma carmesim será mais alva
do que a neve, pela fé somente.
Crê no Senhor Jesus e serás salva.
A salvação é gratuita a toda gente.

O SÁBIO (ENTRA E DIZ PARA A PORTA)


Quero entrar por aqui. Tenho o direito.
De passaporte vale o meu saber.
Eu fui, na terra, um homem bem perfeito.
O que sou, o que sei, hão de valer.
Minha filosofia me dava acesso
por onde queria passar.
As doutrinas que sei, o que professo,
são mais profundas que o profundo mar.
A essência continua sempre igual...
É a mesma hoje que será depois.
Isto é uma lei, garanto-vos, fatal.
É porque é... Quero passagem, pois.

A PORTA (RESPONDE)
A entrada, por aqui, é proibida
aos que não trazem o justo passaporte.
Este é o caminho que conduz à vida.
Ali, o reino de pecado e morte.
Vós não podeis entrar no gozo eterno,
mau grado a presunção de tal saber.
És, talvez, um filosofo moderno.
Grande cientista, não há de ver.
Conheço algo mais profundo
das misteriosas leis universais.
Sabeis o peso de diversos mundos...
energias, distancias calculais...
Mas não sabeis que as máximas doutrinas
são negadas a sábios doutores?
Porém, às almas simples, pequeninas,
o eterno Deus mostrou seus esplendores.
O SÁBIO (DIZ)
A ciência então será um viu labor?
Não tem valor saber filosofias?

A PORTA (RESPONDE)
Nada aproveita, para entrar no céu,
o ser versado em muitas teorias.

(SAINDO O SÁBIO ENTRA O NOBRE TENTANDO A PASSAGEM)

A PORTA (DIZ AO NOBRE)


A entrada, por aqui é proibida
aos que não trazem o justo passaporte.
Este é o caminho que conduz à vida.
Ali o reino de pecado e morte.

O NOBRE (DIZ)
A senhora não vê, pelo meu porte,
que nasci numa classe preferida?

A PORTA (RESPONDE)
A entrada por aqui, é proibida
aos que não trazem o justo passaporte.

O NOBRE (DIZ)
Mereço um cetro, um trono, uma coroa.
E tenho privilégio com certeza.
Trago nas minhas veias sangue azul.
Confio nos direitos da nobreza.

A PORTA (RESPONDE)
Meu pobre amigo, é grande engano teu
pensar que as condições de nascimento
favorece-te a entrada para o céu.
Quem vai livrar-te do eterno tormento?
Dum mesmo sangue é toda humanidade.
É toda igual perante o eterno Deus.
Toda ela está coberta de maldade.
Por fé, em Cristo, os homens vão ao céu.

(O NOBRE SAI E ENTRA A CRENTE QUE DIZ)


Este é o caminho que conduz à vida?
Há de Jesus estar além do véu?
Já pode entrar esta alma arrependida?
Um pecador pode passar ao céu?

A PORTA (IMPEDINDO A ENTRADA DELA RESPONDE)


A entrada, por aqui, é proibida
aos que não trazem o justo passaporte.

A CRENTE (DIZ)
Tenho passagem para a eterna vida.
Deu-me Jesus em sua triste morte.

A PORTA (RESPONDE)
Mas o que fizeste dos teus negros e tristíssimos pecados?

A CRENTE (DIZ)
Eu cri naquele que é Senhor dos céus.
Que o sangue de Jesus tira o pecado.
Não me perguntes mais nenhuma coisa.
A minha vida toda se reduz...
Eu cri. Eu creio. E minha fé repousa
no doce nome do Senhor Jesus.

A PORTA (ABRAÇANDO A CRENTE DIZ)


Ó! Quão ditosos são os que a carreira correm
e guardam a fé no eterno salvador!
Ó! Quão felizes sãos os crentes quando morrem!
Pois vão, a vida ao fim do seu labor,
ouvir, de Cristo, a voz tão doce e terna...
“Ao gozo, vinde já, benditos do Senhor!”
A PORTA (ENTRANDO COM A CRENTE DIZ)
Este portão conduz à Vida Eterna.

FECHA-SE A PORTA.

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