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(ATIRANDO A BOLSA)
Uma fortuna aos vossos pés, senhora.
Abri-me o céu. Quero fugir do inferno.
(SAI O RICO E ENTRA A DESCUIDADA FALANDO PARA A PORTA QUE TENTA IMPEDI-LA
DE ENTRAR)
Mas porque não? Que mal eu tenho feito
para assim impedir a minha entrada?
Nunca, na terra, eu tive um só defeito.
Apenas lá vivi despreocupada.
Eu vivi como todo mundo vive.
Fui a bailes, teatros, distrações.
Porém, pecado grave, nunca tive.
Não me afoguei no oceano das paixões.
Não matei, não roubei, não falei mal,
e não prejudiquei ninguém na vida.
Oh! Deixe-me passar este portal.
Quero gozar da gloria prometida.
A PORTA (RESPONDE)
A entrada, por aqui, é proibida
aos que não trazem o justo passaporte.
Este é o caminho que conduz à vida.
Ali, o reino de pecado e morte.
Vós não podeis entrar no gozo eterno,
mau grado a presunção de tal saber.
És, talvez, um filosofo moderno.
Grande cientista, não há de ver.
Conheço algo mais profundo
das misteriosas leis universais.
Sabeis o peso de diversos mundos...
energias, distancias calculais...
Mas não sabeis que as máximas doutrinas
são negadas a sábios doutores?
Porém, às almas simples, pequeninas,
o eterno Deus mostrou seus esplendores.
O SÁBIO (DIZ)
A ciência então será um viu labor?
Não tem valor saber filosofias?
A PORTA (RESPONDE)
Nada aproveita, para entrar no céu,
o ser versado em muitas teorias.
O NOBRE (DIZ)
A senhora não vê, pelo meu porte,
que nasci numa classe preferida?
A PORTA (RESPONDE)
A entrada por aqui, é proibida
aos que não trazem o justo passaporte.
O NOBRE (DIZ)
Mereço um cetro, um trono, uma coroa.
E tenho privilégio com certeza.
Trago nas minhas veias sangue azul.
Confio nos direitos da nobreza.
A PORTA (RESPONDE)
Meu pobre amigo, é grande engano teu
pensar que as condições de nascimento
favorece-te a entrada para o céu.
Quem vai livrar-te do eterno tormento?
Dum mesmo sangue é toda humanidade.
É toda igual perante o eterno Deus.
Toda ela está coberta de maldade.
Por fé, em Cristo, os homens vão ao céu.
A CRENTE (DIZ)
Tenho passagem para a eterna vida.
Deu-me Jesus em sua triste morte.
A PORTA (RESPONDE)
Mas o que fizeste dos teus negros e tristíssimos pecados?
A CRENTE (DIZ)
Eu cri naquele que é Senhor dos céus.
Que o sangue de Jesus tira o pecado.
Não me perguntes mais nenhuma coisa.
A minha vida toda se reduz...
Eu cri. Eu creio. E minha fé repousa
no doce nome do Senhor Jesus.
FECHA-SE A PORTA.