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A Estrela Flamejante
Ao Ir.·. 1º Vigilante
I. INTRODUÇÃO:
a) A Estrela:
Entretanto, se a ponta estiver voltada para baixo, invertida, teremos o homem de cabeça
para baixo, ou a cabeça de um bode, representando, em ambos os casos, os atributos da
animalidade e da materialidade, a escuridão e o mal, onde a Matéria prevalecerá sobre o
Espírito, pois a cabeça do homem, nesse caso, estará voltada para a terra.
Ela representa a luz da inteligência que nos faz ver os problemas interiores e os meios
para enfrentá-los, e, por vezes corrigi-los ou vencê-los. E ainda, exprime para a Ordem os
Cinco Pontos da Perfeição, ou seja: Força, Beleza, Sabedoria, Virtude e Caridade.
Algumas Potências e Ritos utilizam quatro diferentes adjetivos para a Estrela, como
Brilhante, Rutilante, Flamejante e Flamígera.
A Estrela é representada irradiando ou expelindo chamas surgidas por trás. Essas não
devem ser confundidas com raios luminosos, pois significam aspectos Divinos do símbolo.
As chamas têm origem no Egito, cujo povo considerava que o símbolo estrelado
significava a união da filha de Ísis com o filho do Sol, e ponto de partida de tudo, ou seja, a
semente Universal de todos os seres.
c) A letra G:
Para alguns autores, G é a primeira letra do nome Deus: Gott na Alemanha, God na
Inglaterra e Holanda, e Gud nos países escandinavos. Ocorre que apenas nas línguas
anglo-saxãs, a palavra referente a Deus começa com a letra “G”. Nos países como
França, Espanha, Itália e Portugal, a letra inicial da palavra Deus é D. Assim, como o uso
do “G” também sempre ocorreu nesses países, resta afastada a hipótese de seu
significado corresponder a letra inicial da palavra Deus, o que nos remete que “a letra G”
constitui um verdadeiro mistério que ninguém conseguiu desvendar até hoje.
Por conseguinte, podemos pressupor que o G possa ter um significado embutido que se
traduz pela seguinte frase: ‘Passe bem e seja bem-vindo entre nós, com a condição de
sempre agir corretamente’.
A letra “G”, dentro da Estrela, também constitui um símbolo da sublime interpretação do
“Gênio do Homem” subjugado pela força da vontade. Simboliza o nome do Grande
Geômetra.
Quanto à letra “G” diz a instrução, que significa Geometria, Geração, Gravidade, Gênio,
Gnose:
Todas as tradições religiosas antigas sustentam que o mundo foi criado a partir do
momento em que a luz se tornou manifesta. Essa é a ideia que está inserta na Bíblia
quando ela descreve a criação do mundo.
Mesmo a moderna ciência não nega que a luz seja a responsável pelo aparecimento da
realidade ativa no Universo, o que nos permite dizer que tudo que nele existe são
condensações da energia luminosa, irradiada de um ponto único e refletida em infinitas e
multifacetadas formas, mas todas ligadas ao princípio básico e fundamental que as
formata e justifica.
Dessa forma, podemos dizer que a Estrela que ilumina o Céu Maçônico é um símbolo que
condensa todas as teorias acerca do surgimento do Universo, tanto em suas
manifestações materiais, quanto espirituais. Simboliza não apenas o nascimento do
cosmo enquanto realidade física, mas também o surgimento da vida dentro dele, e mais
além, a manifestação do espírito dentro do fenômeno da vida.
Esse é o motivo da Maçonaria ter concentrado nessa Estrela o símbolo maior dos seus
Mistérios. Nossos antigos Rituais dizem que a Estrela Flamejante é o emblema do
Gênio que plana das mais Sublimes Alturas; e o símbolo do que é o Fogo Sagrado com
o que o S∴A∴D∴U∴ tem nos favorecido pela luz cujos raios nós devemos discernir,
amar e praticar a Verdade, a Justiça e a Eqüidade.
Nasce dessa intuição o amor pela luz e o temor das trevas. E a doutrina que vincula o bem
à presença de luz e o mal à sua ausência, instala-se no espírito do homem.
Também como consequência dessa intuição surge as religiões solares, que têm na luz do
sol o princípio ativo da vida, e também o culto às estrelas, de onde nos vem a ciência da
astronomia.
No antigo Egito, essa estrela aparecia nos ritos e práticas sagradas daquele povo na
forma de um astro filosófico com uma dupla face que representava a materialidade e a
imaterialidade da divindade e a sua projeção no homem.
Todas essas metáforas querem dizer apenas uma verdade: O verdadeiro espírito nasce
quando o homem recebe a iluminação. Quando ele é atingido por essa luz que faz dele
um verdadeiro ser humano em todos os sentidos. [1]
“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não anda nas trevas,
Esses dois pressupostos colocados por Jesus querem dizer exatamente isso. Iluminai
vossas mentes com a verdade.
Buscar a luz que emana do grande G inscrito no pentagrama áureo, esse princípio
luminoso que admite a diversidade na unidade, razão pela qual, a tolerância é a principal
virtude adquirida no Magistério Maçônico.
E não existe maior verdade do que saber que a Verdade não tem identidade nem forma e
nem constitui propriedade de ninguém. A verdade é a Luz que emana do S∴A∴D∴U∴ e a
cada um atinge com características de individualidade e requisitos de universalidade,
porque ela, ao mesmo tempo em que corresponde às esperanças pessoais de cada
pessoa, também atende à necessidade do Universo como um todo.
A Estrela é o emblema que marca o companheirismo, o astro que deve iluminar a Loja do
Grau 2 (dois). Como se sabe, e nunca é demais repetir, toda a ritualística do Segundo
Grau gira em torno da Letra G, da Estrela Flamejante e do Número 5. Os rituais das
diversas obediências ensinam que a Estrela Flamejante (ou Estrela Flamígera, em outros
Ritos) é o símbolo do Grau de Companheiro Maçom, porque o mesmo é chamado a
tornar-se um fogo ardente, uma fonte de luz e calor. A generosidade de seus sentimentos
deve incitá-lo ao devotamento sem reservas, mas com o discernimento de uma
inteligência verdadeiramente esclarecida, porque está aberta a todas as compreensões.
A Estrela Flamejante que ilumina a Loja representa o Sol que clareia o mundo físico, a
ciência que resplandece sobre o mundo intelectual e a Filosofia Maçônica que ilumina o
mundo moral. Sua simbologia pode comportar, simbolicamente, várias interpretações,
todavia, e antes de tudo, ele representa a luz da inteligência que nos faz enxergar os
problemas interiores e os meios para enfrentá-los, e, por vezes corrigi-los ou vencê-los.
Para o Maçom, a Estrela Flamejante constitui o emblema do gênio que eleva a alma para
a realização das supremas tarefas, ela também simboliza a “Estrada Luminosa” da
Maçonaria, a luz que ilumina os discípulos, o símbolo dos livres pensadores, a eterna
vigilância e a proteção objetiva do S∴A∴D∴U∴.
Todas estas verdades misteriosas serão reveladas por si mesmas ante os vossos
olhos, em sucessão e em proporção ao vosso avanço em nossa Sublime Arte.
III. CONCLUSÃO:
A Estrela representa, ainda, a Luz interior de todos os dotados da Luz Divina que foi
transmitida, e a Força que impulsiona o Companheiro Maçom na direção de suas metas.
O Elevado ao Grau dará sentido às suas realizações, valendo-se das Cinco Virtudes do
Companheiro, em ser amável, severo, benéfico, incorruptível e casto, pois ao galgar o 2º
degrau na evolutiva Escada de Jacó, pode vislumbrar as Luzes da Estrela Flamejante.
Nessa nova condição, poderá guiar-se por essa Luz para empreender sua caminhada, já
longe das trevas do Mundo Profano, e com estudo mais refinado, dará maior sentido à sua
Edificação Interior.
Devemos nos exercitar para que a velocidade de nossos pensamentos vença as barreiras
humanas e possa atingir a compreensão dos mistérios. O Maçom diligente contempla a
Estrela Flamejante como um ideal a ser alcançado. Então, assimilando o saber advindo da
representação da Estrela, e compreendendo melhor a Humanidade, pelo próprio esforço
em estudar, aliado à busca de auxílio dos Mestres, pode-se concluir que os Companheiros
Maçons trabalhando com equilíbrio e afinco no plano espiritual e material, preparam-se
para, em futuro próximo, galgar o terceiro degrau da Escada – o Grau de Mestre Maçom.
Obs.: O conteúdo sobre a Estrela Flamejante é muito extenso e variado, sendo necessária
não uma Peça de Arquitetura para apresentação na Oficina, mas provavelmente, uma
monografia ou artigo científico para falar sobre todas as suas vertentes. O que fica de
ensinamento é que, na escada do aprendizado maçônico, não devemos ter a certeza do
significado de algum símbolo, mas sim, tirar proveito do que melhor nos enobreça a mente
e a alma.
Nota [1]:
“...Outro ponto importante é que uma coisa é uma estrela e outra coisa é uma Estrela Flamígera.
Deve-se tomar o devido cuidado de não se relacionar todas as estrelas do mundo e seus
significados com a Estrela Flamígera. Afinal de contas, não importa o significado que a estrela tem
para os índios da tribo dos tapajós ou para os esquimós. Estamos tratando aqui de Maçonaria.
Mas então o que seria a Estrela Flamígera? Há uma explicação mais razoável do que
simplesmente “chutar” que se trata da Estrela de Belém?
Os povos antigos tinham a crença de que os deuses habitavam as estrelas. Essa crença esteve
presente no judaísmo, como denuncia o livro “Amós” (5:26), onde consta a crença ao deus Moloch,
um deus que possuía uma estrela como símbolo. Os judeus adotaram tal crença por influência dos
egípcios, que adoravam Sírius como um de seus mais importantes deuses. Sírius é a estrela mais
brilhante do céu, também conhecida como “estrela-cão” por ser a principal estrela da constelação
“Cão Maior”. Os egípcios construíram vários templos em dedicação a Sírius e há indícios de que
Sírius serviu de base para o calendário egípcio.
Essa influência egípcia fica clara no livro “Atos” (7:43), que cita o tabernáculo de Moloch e “a
estrela do vosso deus Renfan”. Renfan era um dos nomes pelos quais os egípcios chamavam
Sirius. O Antigo Testamento contém várias outras passagens que citam o deus Moloch.
Pois bem, nos livros de “Reis I” e “Reis II”, ninguém menos do que o Rei Salomão edifica um altar
em homenagem a Moloch, o qual, como sabemos, tinha como símbolo uma estrela, por ser a
estrela mais brilhante do céu. Os livros relatam que Salomão agiu por influência feminina. Já não
mais forte como antes, velho, encontrava-se dividido entre sua sabedoria e a beleza de suas
mulheres e concubinas. Enfim, Salomão misturou assuntos da matéria com assuntos do espírito.
Essa questão de dualidade entre matéria e espírito está diretamente ligada à maçonaria simbólica,
em que o material prevalece no grau de Aprendiz, mede forças com o espiritual no Grau de
Companheiro, e então o espiritual prevalece no grau de Mestre.
Considerando o papel do Rei Salomão para a Maçonaria e essa dualidade enfrentada por
Salomão e culminando na sua reverência a Sírius, a estrela mais brilhante do céu (daí o termo
“flamígera”), é fácil compreender o importante papel e simbolismo que a Estrela Flamígera ocupa
no grau de Companheiro Maçom. Não haveria melhor maneira de simbolizar tal dualidade aos
Companheiros do que através do exemplo do próprio Rei Salomão, identificada no Templo por
Sírius, a Estrela Flamígera.
A Estrela Flamígera representa as forças e os perigos que podem desvirtuar até o homem mais
sábio de todos os sábios do caminho da retidão que leva à Verdade.”