Você está na página 1de 4

7 inteligências, 4 estilos de aprendizagem

e ferramentas digitais
28/01/2020

As teorias em torno da Educação são algo inerente à sua realidade, necessariamente


prismática porque lida com pessoas a viver as maiores mudanças das suas vidas,
sejam elas físicas ou psicológicas. Do Piaget que todos estudamos aos objetivos de
Bloom, foram muitas as abordagens que nos últimos anos foram enriquecidas com
novas formulações, sobretudo a partir dos avanços no estudo da mente (ciência
cognitiva) e do cérebro (neurociência).

Nos anos oitenta do século passado, uma equipa de Harvard liderada por Howard
Gardner apresentou a teoria das Múltiplas Inteligências, definindo inteligência como “a
capacidade de resolver problemas ou de criar produtos que sejam valorizados dentro
de um ou mais cenários culturais”.

A visão holística do autor trouxe um conceito que deverá ser inerente à profissão
docente e que passa por ter a convicção de que todos os alunos poderão ter sucesso,
na medida em que, em tese, todos detêm as inteligências múltiplas que Gardner
refere, variando as oportunidades de estimulação e desenvolvimento dessas
capacidades cognitivas.

Howard Gardner começou por apresentar sete, tendo já perto do fim do século vinte
(1997), apresentado mais dois tipos de inteligência, a naturalista e a existencialista:

- lógico-matemática

- linguística

- cinestésica-corporal

- musical

- espacial

- interpessoal

- intrapessoal

- naturalista

- existencialista

Se o pressuposto base for o de que todas as crianças e jovens podem aprender, talvez
seja importante equacionar uma outra dimensão: mas como é que eles aprendem?

As teorias de aprendizagem podem ser vistas como uma conceção sobre as formas
habituais que cada pessoa emprega para aprender e para lidar com o conhecimento.
Nesse sentido, compreender como cada um dos nossos alunos aprende será um pré-
requisito para tornar mais eficientes os métodos de ensino.

Pense, por uns segundos, em si. Como é que aprende melhor?

Lendo?

Ouvindo?

Escrevendo?

Fazendo?

Existem hoje vários modelos que nos podem ajudar a identificar esses estilos de
aprendizagem. O VARK (disponível em http://vark-learn.com) é um desses modelos e
sugere as seguintes quatro dimensões como estilos de dominância na apreensão do
conhecimento:

Visual: as pessoas em que este estilo de aprendizagem é preponderante adquirem


conhecimento quando acedem à informação através de mapas, diagramas de aranha,
gráficos, fluxogramas, diagramas de hierarquias, destaque de palavras num texto,
vídeos, figuras, slides e outros dispositivos simbólicos que substituem as palavras por
símbolos.
Auditiva: neste caso, as pessoas aprendem melhor por tutoriais, aulas expositivas ou
palestras, em discussão em grande e pequeno grupo, ouvindo rádio, usando o
telefone/telemóvel, falando ou lendo em voz alta, conversando sobre os conceitos e
explicando novas ideias aos outros; costumam fazer pequenas anotações para mais
tarde recordarem o que ouviram.
Leitura/Escrita: neste estilo de aprendizagem, as pessoas enfatizam o acesso à
informação baseada em texto, em todas as suas formas: livros, PowerPoint, listas,
diários, dicionários, citações…
Cinestésica: os cinestéticos preferem aprender utilizando todos os sentidos (visão, tato,
olfato, paladar, audição). Nesta modalidade, as pessoas estão ligadas à realidade quer
através de experiências pessoais concretas (exemplos práticos, em que se incluem
demonstrações, simulações, vídeos e filmes de situações ou coisas "reais"), quer com
estudos de caso, práticas e aplicações.

Ora, cruzando estas duas propostas – as Inteligências Múltiplas de Gardner e o


Modelo Vark – facilmente poderemos concluir que o mito da homogeneidade dentro da
sala de aula não passa disso mesmo – de um mito. Todos podem aprender e a forma
como o fazem é naturalmente diversa. E temos ao nosso dispor algumas ferramentas
digitais que nos permitem complementar o trabalho de sala de aula, indo ao encontro
dessa diversidade.

Para os alunos que gostam mais de aprender:

- visualmente: um recurso a explorar são vídeos organizados por tema e enquadrados


com o conteúdo, que podem ser recolhidos na internet ou que estão disponíveis em
plataformas digitais de educação (exemplo – plataforma Aula Digital);
- lendo / escrevendo: disponibilizar textos e/ou apresentações que podem ser lidos em
voz alta e gravados em formato podcast para, por exemplo, ceder aos alunos que têm
uma aprendizagem mais eficaz se for predominantemente auditiva;
- auditiva: a gravação de podcasts (específicos) ou de partes da aula pode ser uma
forma de promover uma aprendizagem mais eficaz. O trabalho interpares também
pode ser promovido, no qual alunos que gostam de aprender lendo o fazem para os
alunos que preferem aprender ouvindo;
- fazendo: encontrar simulações, modelos ou recursos profundamente ligados à
realidade; promover a produção de trabalhos práticos; realizar representações
dramáticas ou gravação de vídeos.
É possível, apesar das adversidades, encontrar elementos que permitam um trabalho
mais eficaz, gerador de mais e melhores aprendizagens. Claro que não temos, nestas
propostas, uma espécie de varinha mágica que vai resolver todos os desafios que o
trabalho docente hoje enfrenta. Mas, até no contexto do Perfil dos Alunos à Saída da
Escolaridade Obrigatório, há um caminho que pode ser feito, porque mais sucesso dos
nossos alunos irá inevitavelmente trazer mais reconhecimento à nossa profissão.

Sugestão de leitura sobre cada uma das áreas:

- Sobre estilos de aprendizagem em Matemática no Ensino Básico – pp. 301

https://congreso-
xvgp.asocip.com/images/programa/Libro_resumenes_comunicaciones.pdf
- Sobre as inteligências múltiplas e educação inclusiva

https://periodicos.set.edu.br/index.php/fitshumanas/article/download/4218/2584

Por João Paulo Silva

Professor e Formador de Professores

Você também pode gostar