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PEGAS E MANEJOS

Ergonomia & Design


UFCG CCT Curso de Design
Professor Natã Morais
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A mão

A mão do homem é uma ferramenta maravilhosa, capaz de executar


inumeráveis ações graças à sua função principal: a preensão. É "o
instrumento dos instrumentos" como disse Aristóteles.

É dotada de uma grande riqueza funcional que lhe proporciona uma


superabundância de possibilidades nas posições nos movimentos e nas
ações.

Do ponto de vista fisiológico, a mão representa a "extremidade


realizadora" do membro superior que constitui o seu suporte e lhe
permite adotar a posição mais favorável para uma ação determinada.

A mão é o órgão que participa em quase todas as atividades de tarefas


realizadas pelo usuário na relação usuário-produto.

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Ombros e antebraço: movimento de pronação e supinação

Com o cotovelo em flexão de 90°:

• a posição de supinação
• a posição de pronação
• a posição intermédia é determinada pela
direção do polegar para cima e da palma
para dentro, ou seja, nem pronação, nem
supinação.
As amplitudes dos movimentos de pronação-
supinação se medem a partir desta posição
intermédia ou posição zero.

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Antebraço utilidade da supinação e pronação

A supinação pode segurar uma bandeja ou um objeto.

A pronação pode comprimir um objeto para baixo e


inclusive se apoiar em pronação.

Supinação e pronação radial realize movimento de rotação


nas preensões centradas e rotativas, alinhada ao eixo do
antebraço.

Obliquidade da preensão ocorre quando a palma da mão


realiza movimento de pronação-supinação através do
mecanismo da rotação cônica.

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Antebraço posição funcional

A supinação realizada com o antebraço A pronação se realiza com o ombro através da ação
ao longo do corpo com o cotovelo flexionado, dos músculos pronadores ou pode-se compensar
através das articulações rádioulnares. com uma abdução do ombro.

Posição funcional se situa entre a posição


intermédia utilizada e a posição de semi-pronação
como segurar uma colher ou escrever.

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Movimentos do punho
Os movimentos do punho se realizam em torno de dois eixos, com a mão em
posição anatômica, isto é, em máxima supinação:

Um eixo AA', transversal, condiciona os movimentos de flexão-extensão que se


realizam no plano sagital (tracejado horizontal):

• flexão (seta 1): a superfície anterior ou palmar da mão se aproxima da


superfície anterior do antebraço;
• extensão (seta 2): a superfície posterior ou dorsal da mão se aproxima da
superfície posterior do antebraço.

Um eixo BB', ântero-posterior condiciona os movimentos de adução-abdução


que se realizam no plano frontal (tracejado vertical):

• adução ou desvio ulnar (seta 3): a mão se aproxima do eixo do corpo e o seu
lado interno ou lado ulnar (do dedo mínimo);
• abdução ou desvio radial (seta 4): a mão se afasta do eixo do corpo e o seu
lado externo - ou lado radial (do polegar).

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Arquitetura e topografia da mão

A estrutura da mão é constituída por cinco partes


que, juntamente com os músculos e tendões realizam CARPO
os manejos.

Quando desejamos pegar um objeto volumoso, a


METACARPO
mão se escava e se formam uns arcos orientados em
três direções: no sentido transversal, no sentido
longitudinal e no sentido oblíquo. FALANGES PROXIMAIS

FALANGES MÉDIAS

FALANGES DISTAIS

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Arquitetura e topografia da mão

A superfície palmar ou anterior da mão, consta de duas


partes possíveis de descrever: a palma e a superfície
palmar dos dedos.

No centro, a palma propriamente dita, o "oco" da mão,


que corresponde à cela palmar média com os tendões
flexores, os vasos e os nervos,

Por fora, uma zona especialmente convexa, carnosa,


contígua à base do polegar, a eminência tenar, limitada
por dentro pela prega palmar superior, também
denominada prega de oposição do polegar,

Por dentro, a eminência hipotenar, menos proeminente


que a anterior, inclui os músculos hipotenares, que são
motores intrínsecos do dedo mínimo:

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A topografia da mão

A pele da região palmar ou ventral A superfície dorsal da mão

É uma pele espessa, sem pelos e sem glândulas Coberta com uma pele fina e móvel, percorrida pela
sebáceas, mas com glândulas sudoríparas é aderente rede venosa que drena todo o sangue da mão e dos
aos planos profundos, sendo imóvel em quase toda dedos, elevada pelos tendões extensores.
sua extensão.
A superfície dorsal dos dedos está indicada peas
A presenta pregas de flexão e a superfície dos dedos pregas de extensão da inteifalangeana proximal que
apresenta derme extremamente rica em terminais correspondem à sua articulação.
vasculares e nervosos, principalmente nas polpas
dos dedos, sendo portanto, de grande sensibilidade
tátil.

Nas regiões da pneurose palmar ou tenar a pele mais


fina e delicada.

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Posturas da mão - Preensão


As preensões propriamente ditas se classificam em três grupos:

• Preensões digitais,
• Preensões palmares,
• Preensões centradas.

Outros tipos de atividades da mão

• Percussões
• Contato
• Expressão gestual

As preensões digitais se dividem por sua vez em dois subgrupos:

• As preensões bidigitais
• As preensões pluridigitais

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Preensão digital ou pinça polegar-digital

Preensão bidigital feita por oposição terminal ou Preensão bidigital de preensão por
terminal-polpa é a mais fina e precisa. Permite segurar oposição subterminal ou da polpa é o tipo
um objeto de pequeno calibre ou muito fino. O polegar e mais comum. Permite segurar objetos
o dedo indicador (ou o médio) realizam a oposição pela relativamente mais grossos: um lápis ou
extremidade da polpa no caso de alguns objetos uma folha de papel:
extremamente finos com a ponta da unha.
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Preensão digital ou pinça polegar-digital

Preensão bidigital de a preensão por oposição Preensão interdigital lateral-lateral, também


subterminal-Iateralou pulpolateral. Este tipo de conhecida por preensão de tesoura é um tipo
preensão pode substituir a oposição terminal ou a de preensão acessória: por exemplo segurar um
cigarro. Geralmente, se realiza entre o dedo
subterminal no caso de amputação das duas últimas
indicador e o médio, o polegar não intervém. O
falanges do dedo indicador: a preensão não é tão fina diâmetro do objeto que se deseja pegar deve
embora continue sendo sólida. ser pequeno.
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Preensão pluridigital também conhecida por preensão de precisão

Preensão tridigital Preensão tetradigital da polpa

Envolve o polegar, dedo indicador e o médio e são as que se Envolve a polpa do polegar, dedo indicador e
utilizam com maior frequência. Esta preensão é direcional. médio e a lateral da terceira falange do anular.

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Preensão pluridigital também conhecida por preensão de precisão

Preensão Tetradigital da polpa-lateral. Preensão tetradigital da polpa do polegar-tridigital .

O contato do polegar é amplo, abrangendo a polpa e a A polpa do polegar dirige e mantém


superfície palmar da primeira falange, bem como sobre o dedo o objeto com força contra a polpa do dedo indicador,
indicador e o médio é lateral e da polpa na segunda falange do do médio e do anular quase em máxima extensão.
anular que bloqueia o objeto por dentro.

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Preensão pluridigital também conhecida por preensão de precisão

Preensão pentadigital Preensão Pentadigital Preensão Pentadigital Apreensão pentadigital


da polpa polpa-lateral comissural panorâmica

Preensão pentadigital. Utiliza todos os dedos, o polegar realiza


a oposição de forma variada com relação aos outros dedos. É
utilizada geralmente para pegar grandes objetos.

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Preensão palmar também conhecida por preensão de força

Apreensão palmar com toda a mão ou toda a palma. É a


Apreensão digital-palmar ou de gacho. Realiza através
preensão de força para os objetos pesados e relativamente
da oposição da palma da mão com os últimos quatro
volumosos. A mão literalmente se fecha ao redor de
dedos. O polegar não participa da preensão, se não no
objetos cilíndricos e o eixo do objeto fica na mesma
sentido distal.
direção que o eixo do sulco palmar. O polegar é o único
dedo em oposição à palma
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Preensão palmar também conhecida por preensão de força

Preensão palmar esférica pentadigital. Nesse tipo de pega Preensões centradas. Esses tipos de pegas realizam
todos os dedos entram em contato com o objeto pela sua simetria em tomo do eixo longitudinal que. em geral, se
superfície palmar. O polegar realiza a oposição ao anular e confunde com o eixo do antebraço, cuja função é
conjutamente com o dedo indicador, o médio, eminência prolongar a mão na realização de tarefas
tenar e pelo dedo mínimo realiza o bloqueio do objeto..

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Preensão em que a gravidade ajuda

Nesse tipo de preensão a mão serve de suporte, como


quando seguramos uma travessa, o que supõe que podemos
aplanar, com a palma da mão horizontal, orientada para
cima (e, portanto, sem os dedos em forma de gancho) ou
que podemos constituir um trípode debaixo do objeto que
queremos segurar.
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Pegas não preênseis ou de contato

Percussão
Pega de contato
(envolve cadência, ritmo, frequência) Contato gestual
(envolve sensibilidade cutânea)
(envolve comunicação)
São as pegas que não realizam engate com os objetos, sendo
executadas com a mão aberta incluindo-se a ato de empurrar,
levantar, bater, apontar com os dedos, dedilhar, entre outros.

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Preensões ativas ou preensão-ação

As preensões ativas ou
preensões-ação são
situações em que a mão
prende o objeto e ao
mesmo tempo executa
alguma ação através dos
movimentos dos dedos,
polegar e a palma da mão.

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Tarefas de manejos

Manejo é a tarefa que ocorre entre o homem e a máquina,


permitindo transmitir movimentos de comandos ao produto. Essa
forma de tarefa é feita pelos membros superiores e inferiores.

MANEJO FINO

Neste tipo de manejo é executado com as pontas dos dedos Manejo fino
enquanto a mão e o punho permanecem estáticos. É caracterizado
pela grande precisão e velocidade no manejo, porém, com
pequena transmissão de força aos movimentos.

MANEJO GROSSEIRO

Neste tipo de manejo os dedos tem a função de prender,


mantendo-se estáticos, enquanto o punho e o braço realizam os
movimentos. É caracterizado pela transmissão de forças, porém,
com velocidade e precisão menores que o manejo fino.
Manejo grosseiro

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Manejos quanto ao desenho

Manejo geométrico – tem forma geométrica, como


cilindros, esferas, cones paralelepípedos, etc.

Apresentam pouca superfície de contato com as mãos,


permitindo maior variação de pegas, porém, concentra
pontos de tensões além de transmitir pouca força. Esse
tipo de desenho permite maior velocidade e precisão
no manejo.

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Manejos quanto ao desenho

Manejo antropomorfo ou anatômico

Apresenta superfície irregular,


conformando-se com a anatomia do
usuário.

Transmite maior força.

Esse tipo de desenho é indicado para


tarefas de curta duração, com pouca
variação de postura e pequena variação do
público-alvo.

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Aplicação de força e desconforto em manejos

Aplicação de forças das mãos nas atividades de manejo,


conforme Iida (2005):

• Manejo fino – 10kg


• Manejo grosseiro – 40kg
• Movimento de pronação e supinação (levantar e baixar
peso com o braço) – 27kg
• Levantar e puxar com o braço – 55kg
• Girar o antebraço – torque de 60kg para a direita e
100kg para esquerda

Diâmetro de pegas para aplicação de forças, conforme


Pheasant e O’Neil, apud Iida (2005):

Diâmetros ótimo para pegas cilíndricas - entre 3 e 5cm.

Maior contato para pegas cilíndricas - entre 5 e 7cm

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Identificação de áreas dolorosa e desconforto em manejos


Para identificar áreas de desconforto e dolorosas, utiliza-se o diagrama proposto por Corllet e Manenica,
apus Iida (2005). O diagrama abaixo é uma adaptação proposta por Corllet e Manenica.

Áreas dolorosas 1 2 3 4 5 6 7

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Identificação de áreas dolorosa e desconforto em manejos

Outra forma de identificar áreas dolorosas e desconforto é através


de teste de Erick (CAVALCANTI, V. P et al, 2004).

O teste consiste em identificar a região de contato da mão com a


empunhadura do produto, por meio da impressão da mão do
usuário.

O método consiste em aplicar uma quantidade de tinta expressiva


na empunhadura, ou seja, na área de contato do produto,
apresentá-la ao usuário e solicitar que ele a manipule. Em
seguida, é solicitado que pressione sua mão numa folha de papel,
como forma de registro.

Esta impressão representará a pressão exercida da área de


contato do produto sobre a mão do usuário.

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Antropometria estática

Fonte: Tilley, Alvn R. As medidas do homem e da mulher: fatores humanos em design. Porto Alegre: Bookman, 2005.
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Antropometria estática

Fonte: Tilley, Alvn R. As medidas do homem e da mulher: fatores humanos em design. Porto Alegre: Bookman, 2005.
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Antropometria dinâmica

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Exercício

Observar junto ao usuário:

• Identificar as micro tarefas da garrafa térmica, associadas as macro tarefas;


• Descrever as tarefas, indicando os componentes da tarefa, as informações presentes, os
manejos envolvidos e as posturas assumidas ao longo das tarefas;
• Representara através de fotografias ou desenhos, as posturas assumidas na realização das
tarefas (representar as posturas tantas quantos forem usadas na realização das tarefas);
• Registrar as medidas antropométricas;
• Apresentar um diagnóstico das tarefas, mostrando possíveis problemas durante o uso como
posturas inadequadas, tarefas mau executadas, componentes inadequados ou ausentes e
apresentar a antropometria das pegas presentes no produto.

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