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A primeira edição deste caderno foi produzida para o

curso Cantos africanos em umbundo, ministrado pelo


angolano Amadeu Fonseca Chitacumula, com
supervisão da Profª Sônia Queiroz, realizado pelo
CENEX/FALE/UFMG, no primeiro semestre de 2006.

Diretor da Faculdade de Letras


Prof. Jacyntho José Lins Brandão

Vice-Diretor
Prof. Wander Emediato de Souza

Comissão Editorial
Eliana Lourenço de Lima Reis

Elisa Amorim Vieira

Lucia Castello Branco

Maria Cândida Trindade Costa de Seabra


Cantos africanos
em umbundo Maria Inês de Almeida
2a ed. rev. e ampl.
Sônia Queiroz

Revisão e normalização
Neide Aparecida de Freitas Sampaio

Formatação
Neide Aparecida de Freitas Sampaio

Revisão de provas
Neide Aparecida de Freitas Sampaio

Capa e projeto gráfico


Mangá – Ilustração e Design Gráfico

Endereço para correspondência:


FALE/UFMG – Setor de Publicações
Av. Antônio Carlos, 6627 – sala 2015A
Belo Horizonte
31270-901 – Belo Horizonte/MG
FALE/UFMG
Telefax: (31) 3409-6007
2008
e-mail: vivavozufmg@yahoo.com.br
Sumário

Vocabulário afro-brasileiro . 6
Kátia Trindade, Lauro Azevedo, Lira Córdova,
Raquel Coelho
Despedidas/Kuluisika . 12

Partes do corpo/Olonepa vi’etimba vio’muno . 12

Animais/Ovinhama . 13

Bebidas/oviñuañua . 13

Números/Tu tendi . 14

Dias da semana/Oloneke vio semana .15

Meses do ano/Olosãi vi ulima .15

Provérbio/Alupolo .17

Cantos/Ovisungo . 22

Glossário . 29

3
Vocabulário afro-brasileiro
Kátia Trindade, Lauro Azevedo, Lira Córdova,
Raquel Coelho

Cachaça, caçamba, cachimbo, caçula, cafuné, canjica são palavras


reconhecidas por todos os brasileiros como parte de nosso vocabulário.
Entretanto, elas não são herança de nossos colonizadores portugueses e
sim uma contribuição dos escravos africanos à nossa língua. São palavras
que fazem parte de nosso vocabulário afro-brasileiro. Todos nós sabemos
que os negros africanos foram trazidos para o Brasil através do tráfico de
escravos. Mas de onde vieram esses escravos? E que línguas trouxeram
consigo?
A presença de línguas africanas no Brasil está diretamente
associada ao regime escravocrata que, por mais de três séculos
sucessivos, de 1502 a 1860, trouxe ao país por volta de 3.600.000
africanos, pertencentes a grupos etnolingüísticos diversos:
sudaneses da região situada ao norte do Equador e da costa
ocidental e bantos ao sul do Equador.
Não se pode precisar o número de línguas que aqui chegaram,
mas sabe-se que na área atingida pelo tráfico são faladas por volta
de 200 a 300 línguas, uma pequena parcela do conjunto lingüístico
africano que conta com mais de 2.000 línguas. Apesar de o
continente africano fazer parte do mapa mundial há séculos, as
línguas africanas só despertaram a curiosidade de pesquisadores
estrangeiros no final do século XIX.
O primeiro grupo de línguas a ser pesquisado foi o grupo banto
– um conjunto de mais de 400 idiomas. Os idiomas bantos são
falados em todos os países da África ao sul do Saara. Estima-se que
mais de 300 milhões de pessoas falem idiomas bantos.
As línguas do grupo banto formam, juntamente com as
línguas da África Ocidental, uma grande e única família,
denominada Níger-Congo. É sobretudo dessa família de línguas
que recebemos a maior contribuição para o nosso vocabulário
afro-brasileiro, pois a maioria dos africanos trazidos pelo tráfico
de escravos pertencia a dois de seus ramos: as famílias
lingüísticas banto e kwa. Entre as línguas da família banto, o
quicongo, o umbundo e o quimbundo são duas das mais
representativas no Brasil. Dentre as línguas dos povos trazidos da Vocabulário afro-descendente
África Ocidental, destacam-se os da família kwa, sendo que as Acarajé (kwa) – Bolinho frito feito de massa de feijão-fradinho.
línguas mais significativas no Brasil foram as da família ewe-fon e Angu (kwa) – Massa de farinha de milho, de mandioca ou de
a língua iorubá. arroz, com água e sal, e escaldada ao fogo.
As línguas do grupo ewe-fon são muito próximas entre si, e Assento (kwa) – altar das divindades, dentro ou fora do terreiro.
tinha mais de 100 milhões de falantes, no final do século XVII. Os Axé (kwa) – força divina.
negros desse grupo foram trazidos, nessa época, em levas Babá (banto) – tratamento que era dado às amas pretas e
numerosas e sucessivas, para o Recôncavo da Bahia, Pernambuco, velhas.
Minas Gerais, São Luís do Maranhão e Rio de Janeiro. Bagunça (banto) – desordem, confusão (bagunçado,
Os falantes da língua iorubá, chamados ànàgó pelos seus bagunceiro).
vizinhos na África, ficaram genericamente conhecidos no Brasil Banguela (banto) – desdentado ou quem tem a arcada dentária
como nagôs. Eles foram trazidos em grandes contingentes para a falha na frente.
Bahia, já na última fase do tráfico transatlântico, e empregados, Batucar (banto) – repetir a mesma coisa insistentemente.
prioritariamente, em trabalhos urbanos e domésticos na cidade de Beleléu (banto) – ir ou ir-se para o beleléu – morrer, sumir,
Salvador. desaparecer.
Foram essas línguas africanas que trouxeram as palavras Berimbau (banto) – instrumento de capoeira.
que se incorporaram ao vocabulário do português brasileiro: Biboca (banto) – casa, lugar sujo.
São vocábulos já integrados ao sistema lingüístico do português e que Bololô (banto/kwa) – confusão, barulho.
não devem ser tratados como ‘exóticos’, [...] como resultado de um Borocoxô (banto/kwa) – pessoa envelhecida, fraca, sem
‘fenômeno isolado’, provocado por um acaso qualquer, ou como ‘simples
coragem.
sobrevivência’ de uma ‘língua africana’, que, em razão da sua origem,
foi posta à margem do processo de interação sociolingüística [...], o que Brucutu (banto) – homem forte e rude.
1
não é verdade. Bumbum (banto) – bunda.
Afinal, ninguém estranhará se, em uma festa junina, o Bunda (banto) – nádegas, traseiro.
irmão caçula de alguém estiver com vontade de comer canjica e, Cachaça (banto) – aguardente de cana.
não tendo o pai da criança dinheiro suficiente para comprá-la, Caçula (banto) – o mais novo dos filhos ou irmãos.
porque gastou o dinheiro com um gole de cachaça, passar a mão Cafofo (banto) – quarto, recinto privado, lugar reservado com
na cabeça do filho e fazer-lhe um cafuné. coisas velhas ou usadas.
Cafundó (banto) – lugar distante e atrasado, na expressão
popular “onde Judas perdeu as botas”.
Cafuné (banto) – ato de coçar, de leve, a cabeça de alguém,
dando estalidos com as unhas para provocar sono.
Calango (banto) – lagarto maior que a lagartixa.
Calombo (banto) – inchaço, protuberância.
1
CASTRO. Falares Africanos na Bahia, p. 20. Canga (banto) – tecido usado como saída-de-praia.

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Canjica (banto) – papa de milho verde ralado a que se junta leite Sacana (banto) – canalha, patife.
de coco, açúcar, cravo e canela. Titica (banto) – merda, coisa sem valor, excremento de aves.
Capanga (banto) – guarda-costas, jagunço. Tribufu (banto) – negro feio, mal encarado, maltrapilho.
Capenga (banto) – manco, coxo, torto, desajeitado, andar Vatapá (banto) – iguaria de origem africana, à base de peixe ou
manquejando. galinha com camarão seco, amendoim, etc., temperada com
Catinga (banto) – cheiro fétido e desagradável do corpo humano, azeite de dendê e pimenta.
de certos animais e de comidas deterioradas. Vodum (kwa) – designação genérica das divindades em jeje,
Caxumba (banto) – papeira. equivalente a inquice e orixá.
Cochilo (banto) – ato de cochilar, descuido. Xodó (banto) – namorada, amante, paixão, apego, chamego.
Cotoco (banto) – qualquer coisa pequena de alguma coisa. Xoxota (banto) – vulva.
Dengo (banto) – ver dengue. Zangar (banto) – irritar-se, provocar mau-humor.
Dengoso (banto) – cheio de dengue. Zanzar (banto) – vaguear, andar ao acaso, distraído.
Dengue (banto) – choradeira, birra de criança, manha. Zonzo (banto) – atordoado, tonto, distraído.
Encabular (banto) – envergonhar-se, acanhar-se. Zumbi (banto) – alma errante, fantasma que vagueia em casa
Fiofó (banto) – ânus. altas horas da noites; pessoa de hábitos noturnos.
Forró (banto) – arrasta-pé, farra, folia. Zunzum (banto) – barulheira, boato.
Fubá (banto) – farinha de milho ou arroz.
Fulo (banto) – colérico, furioso. Texto elaborado para a disciplina Tópicos Especiais em Prática de Ensino: A voz africana na sala de aula,
ministrada por Cristiano Barros, Sônia Queiroz e Conceição Bicalho, na graduação em Letras UFMG, no 2°
Fungar (banto) – aspirar fortemente com ruído, respirar com sem. de 2005. Escrito a partir da leitura de trechos do livro Falares Africanos na Bahia (um vocabulário afro-
dificuldade. brasileiro), de Yeda Pessoa de Castro, publicado no Rio de Janeiro, em 2001, pela ABL e editora Topbooks.

Fuzuê (banto) – algazarra, barulho, confusão.


Garapa (banto) – caldo de cana.
Iemanjá (kwa) – o orixá do mar, equivalente a N. Sra. da
Conceição, do Carmo ou das Candeias.
Jagunço (banto) – valentão, guarda-costas de algum senhor de
engenho ou fazendeiro.
Jiló (banto) – fruto de sabor amargo.
Marimbondo (banto) – nome comum a certas vespas.
Molambo (banto) – trapo, farrapo, pedaço de pano velho, roto e
sujo.
Moleque (banto) – menino, garoto, rapaz.
Muafa (banto) – bebedeira, embriaguez.
Muvuca (banto) – confusão, agitação.
Muxiba (banto) – pelanca.
Quitute (banto) – petisco, iguaria de apurado sabor.
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Saudações/Tuapandula
Despedidas/Kuluisika
Umbundo Quimbundo Português
Umbundo Quimbundo Português
: Walale-po ciwa? : Wa zekele? : Você dormiu bem?
: Utanha uwa. : Mua nange. : Boa tarde.
: He, ndalale. Nda : Xé. Eie kia se ua : Sim. Eu dormi bem e
: Ndapandula. : Nga sakidila. : Obrigado.
love? zekele? você?
: Sala-po ciwa. : Xala kiambote. : Passe bem.
: Nga zekele
: Wa kola-po ciwa? : Eie uala kiambote? : Você está bem? : Sali-po ciwa. : Passem bem.

: Nda kola-po ciwa. : Xé. Kiambote : Estou bem. : Kuende-po ciwa. : Nde kiambote. : Vai com Deus.
Nda love? : Lala-po ciwa : Zeka kiambote : Boa noite./Durma
: Eu vou levando/Eu
: Ame ulo estou mais ou menos. bem.
l’okamuenho kaco. : Lali-po ciwa. : Zekenu. : Boa noite./Durmam
: Vokuiya omo? : E então, chegando bem.
agora?
: He. Vokuiya omo.
: Sim. Estou chegando
Partes do corpo/Olonepa vi’etimba vio’muno
agora. oapia – oloapia axíla – axilas
olonjele barba
: Weya ño, nhe ca : E aí, o que está imo barriga
omêla boca
kunena? mandando? etama – atama bochecha – bochechas
okuoko – ovoko braço – braços
: He. Ndeya ño, : Não mando nada. utué cabeça
lacimue ca ndinena. esinga cabelo
eyele cabelo branco
: Nhe wendela? : Já vai embora, por ekanja calcanhar
upindi canela
quê?
: Lacimue. ocipala cara
utima coração
: Por nada.
etimba corpo
oñima costa
: Ko mangu. : Fique à vontade.
olumati costela
omuine – ovimuine dedo – dedos
: Kuku.Sanga : Obrigado, você
ovayo dente
mangu. também. ongolo joelho
eñyulu nariz
: Kuku. : Obrigado ekosi nuca
iso – ovaso olho – olhos
etui – ovatui orelha – orelhas
okulo pé
onete peito
osingo pescoço
evele – avele seio
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ovãla tripa
olunjala – olonjala unha – unhas Números/Tu tendi
Umbundo Quimbundo
Animais/Ovinhama 1 mosi 1 moxi
2 vali 2 iari ou iadi
omiapia andorinha 3 tatu 3 tatu
ongombe boi 4 kuãla 4 uana
ohombo cabrito 5 talo 5 tanu
ombéu Cágado 6 epandu 6 samanu
ombua cão 7 epandu vali 7 sambuari ou sambuadi
ombinji cão do mato 8 ecelãla 8 nake
onohã cobra 9 ecea 9 ivua ou vua
ondiba ou kandimba coelho 10 ekui 10 kuinii ou kuinhi
ongonga corvo 11 ekui la mosi 11 kuinii ni moxi
onjamba elefante 12 ekui la vali 12 kuinii ni iari
osangi galinha 13 ekui la vitatu 13 kuinii ni tatu
ekondombo galo 14 ekui la kuãla 14 kuinii ni uana
ongato* gato 15 ekui la vitãlo 15 kuinii ni tanu
olusimba gato bravo 16 ekui l’epandu 16 kuinii ni samanu
oningi hiena 17 ekui l’epandu vali 17 kuinii ni sambuari ou sambuadi
ongeve hipopótamo 18 ekui l’ecelãla 18 kuinii ni nake
ongandu jacaré 19 ekui l’ecea 19 kuiniivua
oguluve javali 20 akui avali 20 makuiniari ou makuinhi iadi
ohosi leão 21 akui avali l’umosi ou lamosi 21 makuiniari ni moxi
osima macaco 22 akui avali la vivali 22 makuiniari ni iari
ongué onça 23 akui avali la vitatu 23 makuiniari ni tatu
omeme ovelha 24 akui avali la kuãla 24 makuiniari ni uana
onjila pássaro 25 akui avali la tãlo 25 makuiniari ni tanu
opato* pato 26 akui avali l’epandu 26 makuiniari ni samanu
opomba* pomba 27 akui avali l’epandu vali 27 makuiniari ni sambuari
ongulo porco 28 akui avali l’ecelãla 28 makuiniari ni nake
omuku rato 29 akui avali l’ecea 29 makuiniari ni ivau
* Animais oriundos da Europa 30 akui atatu 30 makuinia-tatu
40 akui akuãla 40 makuinia-uana
Bebidas/oviñuañua 50 akui atãlo 50 makuinia-tanu
60 akui epandu 60 makuinia-samanu
ovava água 70 akui epandu vali 70 makuinii-sambuari
ociasa ou okacasa bebida 80 akui ecelãla 80 mukuinii-nake
ocisangua cerveja 90 akui ecea 90 makuinii-vua
ochibombo cerveja forte 100 ocita 100 háma
asengele leite 200 ovita vivali 200 háma jiiari
300 ovita vitatu 300 háma jitatu
400 ovita vikuãla 400 háma jiuana
500 ovita vitãlo 500 háma jitanu
600 ovita epandu 600 háma jisamanu
700 ovita epandu vali 700 háma sambuari
800 ovita ecelãla 800 háma nake
900 ovita ecea 900 háma vua
1.000 ohulukãi 1.000 kuinii ria háma ou hulukajui
1.000.000 ohulua 1.000.000 hueve

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Dias da semana/Oloneke vio semana Outra forma de classificar os meses em umbundu
Eteke lia mosi segunda-feira – (primeiro dia) Ko lonaka – julho e agosto: Trabalho em terrenos baixos.
Eteke lia vali terça-feira Ko ku waya ombuto – outubro a dezembro: meses da
Eteke lia tatu quarta-feira
Eteke lia kuãla quinta-feira
sementeira.
Eteke lia talo sexta-feira Ko kupanda – maio e princípio de junho: meses de colheita.
Eteke lie pandu sábado
Eteke lio usua domingo (dia de descanso)

Meses do ano/Olosãi vi ulima

Cada mês corresponde a um fato regional.


Susu – janeiro: (de susulûha, tirar parte do que havia). Época em
que se conta com o armazenado, e não com os produtos do
campo, que ainda não estão maduros.
Kayovo – fevereiro: (pequeno salvador). O feijão dos altos e
milho das baixas vêm mitigar a fome.
Elombo – março: Época com muita lama das chuvas, e também
mês em que se iniciam as colheitas.
Kupupu – abril: (de pupula, bater) Mês em que se “bate o feijão”
colhido em março.
Kupemba – maio: (de okupemba, espirrar) Despedidas das
chuvas.
Kavambi – junho: (de ombambi, frio) mês em que se começa o
frio.
Vambi inene – julho: mês de muito frio, podendo ocorrer geada
pela manhã.
Kanhenhe – agosto: em quinze de agosto, o anúncio das chuvas
e o começo da primavera.
Nhenhe-vava – setembro: mês de chuviscos e calor forte.
Mbala-vipembe – outubro: dor dos campos baldios, preparação
das sementeiras.
Kuvala kuapupulu – novembro: (de Okuvala, doer e Kuapupulu,
mosquito) mês em que o número de mosquitos aumentam devido
a umidade.
Cemba-nima – dezembro: nega-se a recompensa: com as
chuvas e o calor o capim dos campos atrofiam; Não se vê o
resultado do trabalho no campo.
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Uma pedra só não segura a panela.
Provérbio/Alupolo
Wosi oyongola cosi, opesela cosi.
Provérbios em umbundo. Antes de pronunciar os provérbios os Aquele que tudo quer, tudo perde.
mais-velhos dizem: “Akulu hati” (Mais-velhos) como respeito aos
ancestrais. Esanda walinga kepia, kimbo liukulandula.
Mentira tem perna curta.
Ya ndindima yiloka eveke.
Quando troveja, “a queda da chuva é eminente”. Quem se molhar Ovayo vali tokeka, ovo vatetula ekepa.
é bobo. A união faz a força.
Os dentes juntos quebram até osso.
Ukuele ka kulongi uveke, wakusanga lawo.
Se te consideram bobo, é porque realmente você é. As nossas Nda olete kanjende wakuka, komuenyo wandako luloño.
ações revelam as nossas qualidades. Quando se ver um velho é porque ele soube andar com
experiência na vida.
Kapasui okuokuo olondunge visuapo.
Onde não cabe o braço, a inteligência resolve. Sempre que nos Okasi pemi liuti eye wakulihã okulila kuolonjila.
encontrarmos em situações difíceis, deveremos usar a Cada um sabe o fardo que carrega.
inteligência. Olundovi vanalãnalã olu luiya, ka lutava lu kulemehã.
Olondunge lu kulihiso viavelapo ongusu yovota. Malhar em ferro frio.
A inteligência supera a força das armas. Dar murro em ponta de faca.

Ovota kavamãli ovama, ndaño ovitangi. Katalele ongongo, kakolele.


As armas não acabam com os conflitos nem resolvem grandes Se não vivenciou o sofrimento, não amadureceu.
problemas. Vivendo e aprendendo.

Nda wasanga ombia yo kaliye, kaciyo ku kowinesi. Nda ukuele osomboka ove liseya, momo ngolo la ngolo ka
Panela velha é que faz comida boa. ca lisokele.
Não se compare com os outros.
Ukuele nda osuñila ove u langeka, momo vekãha lia umosi Não seja maria vai com as outras.
muli akãha omanu valua.
Quando alguém chega cansado, cuida dele, porque este cansaço Mbeu okulonda ko cisingi, omanu vokapako.
pode se agravar e deixar sequelas. O cágado não sobe sozinho na árvore, alguém o colocou lá.
Corte o mal pela raiz Unene wa ngandu ko vava.
Ku kayilembikile akasa yu kulila yuna osole. Deixe estar jacaré que a lagoa irá secar.
Quem cria cobras, acaba mordido. A força do jacaré é a água.

Kuata oko te lukuele likawove cukupoñya. Nda kukuete olonjala ku ka londe vesenje.
Para segurar algo tem que se com ajuda, porque sozinho pode Se não tem garra, não suba na árvore.
escorregar. Macaco velho não mete mão em cumbuca.
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Ocitungu walikutila ove muele kacilemi.
Nda vimbo muafa onjamba, ombangulo onjamba.
O feixe de lenha que você próprio amarra, não pesa. Se morre um elefante na aldeia, ele é o principal assunto.
Onjila kupiti ku kayipeme ovisapa. Luwawa ka lehã, te omuno wo senga.
Maria Fedida não cheira se ninguém mexe nela.
Não deves podar os galhos do caminho em que tu não passas.
Eteya imosi, ka ikuata ombia.
Wa veta etemo posi, wavaluka olongunja.
Uma pedra só não segura a panela.
Quem bate enxada no chão, assemelha-se aos agricultores.
Uti umosi ka yi lingi usenge.
Va pikila u okuta, va lungula o okuyeva. Uma árvore só não faz a floresta.
Deves cozinhar pirão para quem come, deves aconselhar quem Wa ponda yu wa yasa.
escuta. Quem matou é quem acertou.
Lemêli ukuamoko, olia akale. O unha yatete oyo ya ponda oñoha.
Deves socorrer quem estiver com uma faca, quem estiver É a primeira cacetada que matou a cobra.
comendo que coma à vontade. Galinha que canta primeiro é a dona do ovo.

Vo feka yamãle ku ka tundilemo olonjele, sanga eteke vaku Oñima iwa kaiveleka.
ipuya. Deus não dá noz a quem não pode mastigar.
Não deixe crescer a barba em terra alheia, porque um dia vão te Cipopia oñoma yevelela ko cileñi, cipopia omunu limbuka
puxar por ela. ko ndaka.
Não dar ordem em terra alheia. A fala do batuque se escuta no som, a fala das pessoas se
Apa paliyakela olonjamba, o wangu oyo itala ohali. reconhece na palavra.
Em briga de elefante, o capim é que sofre. Olombinga vio mbambi, kavikutiwa vo nanga, nda wa vi
Camãle calinga ati mbanje, ka ca linguile ati ñuate. tõlisa vitunda.
Coisa alheia foi feita para se ver, não para segurar. Mentira tem perna curta.
Ver com os olhos e não com as mãos. Nda kua sumbile usenge, sumbila ongué ilalamo.
O kalui wa tomba, oyo yu kuambata. Se não respeiras a mata, respeita a onça que dorme lá.
O rio que você despreza é o que te leva. Upika ulema, olofuka vipandeka.
Ulume wa tomba, eye oka ku kuelela ñoho. A escravidão pesa, as dívidas nos prendem.
O homem que você despreza é que vai se casar com sua mãe. Uwa we kuyu, vokati olongingi.
Calinga mbu, ca lungula ava vayua. O figo mais fonito está cheio de formigas.
O barulho da pedra caindo alerta aqueles que nadam. Cipepa cipua, civala cilimba.
O que é bom acaba, o que oe não vai embora.
19 20
Cikola citumala, chivola cifa. Cantos/Ovisungo
Coisa madura demora a crescer, coisas frágeis morrem.
Vo mela yu kuandamba kamutundi lika ovayo avola, Ocisungo co ku tambula Canto para receber visitas
mutunda vo olondaka viwa. akombe
Da boca dos mais velhos não sai somente dentes podres, sai Tuapandula akombe vetu veya Agradecemos a nossas visitas
também palavras boas. Wa tunda kofeka yo cipâla por vir
Tuapandula akombe vetu veya
Vimo vepia, mutunda epungu, liyela, mutunda epungu Por sairem de sua terra longe
Watunda kofeka yo cipâla
“liyeluluka ale likusukã”.
Canto de boas-vindas aos visitantes, em geral, em círculo e ao som de palmas.
Barriga é como uma lavra, sai milho branco, amarelo ou
vermelho. O sikola A escola
Okuete iso imosi, omeke. O sikola ikuete upange wo
kulongisa amalehe A escola tem o dever de
Quem tem só um filho, não o tem.
O sikola ikuete upange wo ensinar os mais jovens
Munda la munda kava lisangi, masi munu lo munu
kulongisa amalehe
valisanga. Com preguiça nada anda
Nda lowesi lacimue cenda te
Montanha e montanha não se encontram, mas pessoas e pessoas
lombili yalua é preciso ter muita vontade
se encontram.
Nda lowesi lacimue cenda te
lombili yalua.
Música cantada nas escolas.

Kulima kuvala Canto de trabalho no


Kulima kuvala cultivo
Kulima kuvala Cultivar doi
katemo kange teka Minha enxada quebrou
Kulima kuvala
Kulima kuvala
katemo kange teka Resposta:
Etavio: Porque quebrou
Nye watekela Enxadinha soava Ndém,
Katemo kayevala ndém, ndém, ndém
ndém, ndém
Canto de trabalho.

21
Kacine katingoka Pilão remexe
kalui ketu O nosso rio Onjimbi: Solo:
O kalui ketu kaposoka O nosso rio é lindo Kacine katingoka Pilão balança
Ka kuete ovava opululu Tem águas limpas Coro:
Etavio:
Yeveleli okuenda kuaye Escutem o movimento dele Pilão balança
Kacine katingoka
Puva puva Puva puva Quando vê o milho
O kumõla osule
Tingo, tingo, tingo tingo, tingo, tingo

Ocisungo co kuluisika Canto de despedida


Lava vanda os que vão, Kacine katingoka
lava vacala os que ficam O kumõla osule
utima umosi um só coração Tingo
Lava vanda os que vão, Tingo
Tingo é uma onomatopéia para o barulho do pilão balançando.
lava vacala os que ficam
utima umosi um só coração
O cilende calukula O cacho de fruta brotou
Utima umosi, um só coração
O cilende calukula O cacho de fruta brotou
utima umosi, um só coração
O cilende calukula
utima umosi um só coração
O cilende calukula
Canto de despedida.
O cilende calukula
Ocisungo ca talo O cilende ya ya we
A kombe tua lavokale veya O cilende ya ya we
A kombe tua lavokale veya As visitas que estavam O cilende calukula
A kombe tua lavokale veya aguardando chegaram
Etali veya
Hoje chegaram
Música para recepção de visitas

Ndi cisole calua Gosto muito


Ndi cisole calua Gosto muito
Ndiñhamula ko Eufóricamente

Omo ñuete ekamba liange, Porque tenho meu amigo


fum, fum, fum, fum eterno
Cantiga em que se expressa a felicidade de ter um amigo

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vatatu, vavali, umosi, kuenda um, e seus cães
Ocisungo ci longisa Canto para se aprender a lombua yaye Caçaram coelho
okutenda contar Va kayeva ondimba
Umosi wa kayeva Um caçou
Wa kayeva ondimba Caçou coelho Epandu vali va kayeva Sete caçaram
Umosi kuenda lombua yaye Um e o seu cão Va kayeva ondimba Caçaram coelho
Wa kayeva ondimba Caçou coelho Epandu vali, epandu, vatãlo, Sete, seis, cinco, quatro, três,
vakuãla, vatatu, vavali, dois, um, e seus cães
Vavali va kayeva Dois caçaram umosi, kuenda lombua yaye Caçaram coelho
Va kayeva ondimba Caçaram coelho Va kayeva ondimba
Vavali, umosi, kuenda lombua Dois, um com seus cães
yaye Caçaram coelho Ecelãlã va kayeva Oito caçaram
Va kayeva ondimba Va kayeva ondimba Caçaram coelho
Ecelãla, epandu vali, epandu, Oito, sete, seis, cinco, quatro,
Vatatu va kayeva Três caçaram vatãlo, vakuãla, vatatu, três, dois, um, e seus cães
Va kayeva ondimba Caçaram coelho vavali, umosi, kuenda lombua Caçaram coelho
Vatatu, vavali, umosi, kuenda Três, Dois, um, e seus cães yaye
lombua yaye Caçaram coelho Va kayeva ondimba
Va kayeva ondimba
Eceya va kayeva Nove caçaram
Vakuãla va kayeva Quatro caçaram Va kayeva ondimba Caçaram coelho
Va kayeva ondimba Caçaram coelho Eceya, ecelãla, epandu vali, Nove, oito, sete, seis, cinco,
Vakuãla, vatatu, vavali, Quatro, três, dois, um, e seus epandu, vatãlo, vakuãla, quatro, três, dois, um, e seus
umosi, kuenda lombua yaye cães vatatu, vavali, umosi, kuenda cães
Va kayeva ondimba Caçaram coelho lombua yaye Caçaram coelho
Va kayeva ondimba
Vatãlo va kayeva Cinco caçaram
Va kayeva ondimba Caçaram coelho Ekui va kayeva Dez caçaram
Vatãlo, vakuãla, vatatu, Cinco, quatro, três, dois, um, Va kayeva ondimba Caçaram coelho
vavali, umosi, kuenda lombua e seus cães Ekui, eceya, ecelãla, epandu Dez, nove, oito, sete, seis,
yaye Caçaram coelho vali, yoo, vatãlo, vakuãla, cinco, quatro, três, dois, um,
Va kayeva ondimba vatatu, vavali, umosi, kuenda e seus cães
lombua yaye Caçaram coelho
Epandu va kayeva Seis caçaram Va kayeva ondimba
Va kayeva ondimba Caçaram coelho
Epandu, vatãlo, vakuãla, Seis, cinco, quatro, três, dois,
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Omãla volonjamba Filhos gêmeos Sumuluise a ñala ó África Abençoa ó Senhor a África
Omãla vange volonjamba Meus filhos gêmeos Sumuluise a ñala ó África Abençoa ó senhor
Omãla vange volonjamba, ndi Meus filhos gêmeos, como Sanjuisa ovitima vietu viosi Alegrai todos nossos corações
valinga ndati? faço? Omãla vove va yongola Seus Filhos querem paz
Ndupa po ya Njamba, ya Hossi Pego o Njamba, o Hossi geme ombembua
Osukoka E sumuluiso vo África ááá E benção para África
Olila, olila Chora, chora E sumuluiso vo feka yetu Benção na terra nossa
Olila, olila Chora, chora
Olila osukoka Chora, geme Enju a ñala Venha ó senhor
Em Angola, o primeiro filho de gêmeos é chamado Jamba e o segundo de Hossi, no caso de dois Enju, enju Venha, venha
meninos. A filha gêmea é chamada de Ngueve. Esses nomes são homenagens a animais
importantes para a cultura: onjamba (elefante), ongeve (hipopótamo) e ohosi (leão). Enju a ñala Venha ó senhor
Otembo yokuloya Tempo de guerra Enju, enju Venha, venha
Onjimbi: Solo: Sumuluise ofeka yetu África Abençoa nossa terra, África
Vonjo, vonjo eléééééééééé Em casa, em casa ááá Nossa terra, África
Ndaño si kuete olonanga Embora não tenha panos Ofeka yetu África.
Vonjo, vonjo eléééééééééé Em casa, em casa
Este canto é uma versão feita por Amadeu Fonseca Chitacumula, do Hino à África, composto
Ndaño si kuete olonanga, Embora não tenha panos, em zulu por Enoch Sontonga, em 1897, com o título “Nkosi Sikelel’iAfrica”.
mbeleka carrego a criança nas costas
Etavio: Coro:
Vonjo, vonjo eléééééééééé Em casa, em casa
Ndaño si kuete olonanga Embora não tenha panos
Vonjo, vonjo eléééééééééé Em casa, em casa
Ndaño si kuete olonanga Embora não tenha pano,
mbeleka carrego a criança nas costas
Onjimbi: Solo:
Ndombua kolela Coragem de esposa
Ndombua kolela Coragem de esposa
Ndombua kolela Coragem de esposa
Vonjo lika wove we Sozinha em sua casa
Ka cilingi cimue Não faz mal
Ka cilingi cimue Não faz mal
Otembo yokuloya we O tempo é de guerra
Essa música fala da esposa que, nos tempos de guerra, espera pelo marido, em casa, cuidando

das crianças. Normalmente, o homem é responsável por levar os panos.

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Glossário C
Calinga – faz. Do verbo Okulinga
Calua – muito
A
Calukula – brotou, do verbo Okulukula
Camãle, camale – coisa alheia, alheio
Akasa – garras do leão.
Cassinda – filho (a) nascido após gêmeos
Akokoto – cemitério dos sobas/nobres
Cemba-nima – dezembro
Akombe – plural de Ukombe
Cenda – eterno, infinito
Ale – ou
Civola – apodrece, do verbo Okuvola
Akui akuãla – quarenta
Cifa – morre, do verbo Okufa
Akui atãlo – cinqüenta
Cilimba – esquece (com sentido de desistir)
Akui atatu - trinta
Cilingi – Fazem, do verbo Okulinga
Akui avali – vinte
Cimue – nada, nenhum
Akui avali la kuãla – vinte e quatro
Cipâla – longe
Akui avali lamosi – vinte e um
Cipepa – o que é saboroso. Ver Okupepa
Akui avali la vivali – vinte e dois
Cipopia – fala
Akui avali la vitatu – vinte e três
Cipua – acaba
Akui avali la talo – vinte e cinco
Citito – pequeno
Akui avali l’ecea – vinte e nove
Citumala – coisa firme
Akui avali l’ecelãla – vinte e oito
Civala – o que doe. Ver Okuvala
Akui avali l’epandu – vinte e seis
Cosi – tudo
Akui avali l’epandu vali – vinte e sete
Cukupoñya – escorrega, do verbo Okupoñyoha
Akui ecea – noventa
Akui ecelãla – oitenta
Akui epandu – sessenta
E
Ecea – nove
Akui epandu vali – setenta
Ecelala – oito
Alupolo – provérbio
Ekamba – amigo
Alussapo – histórias
Ekanja – calcanhar
Amalehe, umalehe – jovem.
Ekende – broa
Apa paliyakela – brigam. Do verbo Okuliaka
Ekende lie ondio – broa de banana
Asengele – leite
Ekepa – osso
Atama – plural de Etama
Ekondombo – galo
Ava - aqueles
Ekosi – nuca
Avele – plural de Evele
Ekui – dez
Avola, ca vola – podres.
Ekui la kuãla – quatorze
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Ekui la mosi – onze Eveke, uveke – bobo
Ekui la vali – doze Eye – quem
Ekui la vitãlo – quinze Eyele – cabelo branco
Ekui la vitatu – treze
Ekui l’ecea – dezenove F
Ekui l’ecelãla – dezoito Feka – terra
Ekui l’epandu – dezesseis Fum – eterno
Ekui l’epandu vali – dezessete
Ekumbi – sol
Elombo – Março H
Enju – Venha, do verbo Okuya Hossi – Leão. Também se refere ao 2º gêmeo nascido, desde que
Enyulu – nariz seja do sexo masculino
Epandu – seis
Epandu vali – sete I
Epia – campo, roça. Ikuete – Tem, do verbo Okukuata
Epungu – milho Ilalamo – dorme, do verbo Okulala
Esanda, uhembi, eliaño – mentira Imbo, yimbo – bairro
Etali – hoje Imo – barriga
Etama – bochecha Iso – olho
Etambo – espaço ritual tradicional Iwa – boa
Etavio – refrão, resposta
Eteke – dia K
Eteke lia kuãla – quinta-feira Ka – prefixo de diminutivo (quando ligado a substantivo);
Eteke lia mosi – segunda-feira partícula de negação (quando se referir a verbo)
Eteke lia pandu – sábado Ka ca linguile – não foi feita.
Eteke lia talo – sexta-feira Ka ca lisokele – não parece.
Eteke lia tatu – quarta-feira Kacileme – não pesa
Eteke lia usua – domingo Ka cilingi – não faz. Ver Okulinga
Eteke lia vali – terça-feira Kacine – plural de Ocine
Etembue keñye – moça Kaciyo – panela velha
Etemo – enxada Ka ikuata – não segura. Ver Okukuata
Eteya – pedra usada para sustentar a panela Kaiveleka – não carrega criança nas costas
Etimba - corpo Kakolele – não amadureceu
Etui – orelha Ka kuete – tem, do verbo Okukuata
Ewe – pedra Ka lehã – não cheira. Do verbo Okulehã
Evele – seio Kaliye – nova
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Kalui, olui – rio Kota – mais velho
Ka lutava – aquele que não aceita, ver Okutava Kowi – partícula de negação
Ka mutundi – não sai. Ver Okutunda Kowinesi – não joga, do verbo Okunasi
Kandimba – plural de Ondimba Ku – partícula de negação
Kange – minha Kuãla – quatro
Kanhenhe – agosto Kuandamba – mais velho
Kanjende – diminutivo de Ojende Kuapupulu – mosquito
Kapa – partícula de negação Kua sumbile – não respeita, do verbo Okusumbila
Kapasui – não cabe, do verbo Okusua Kuaye – dele
Kaposoka – é lindo Kuenda – e (conj.)
Kassova – filha nascida após filho homem Ku ka londe: não suba
Katelele – não vivenciou Ku kaipeme – não corte
Katemo – diminutivo de Etemo Ku ka tundilemo – não cresça
Katingoka – balança, do verbo Okutingoka Ku kayilembikile – não esconda, do verbo Okulembika.
Katito – pouco Kukuete – não tem
Kava – partícula de negação Kulongi – ensina, do verbo Okulongisa
Kava lisangi – não se encontra, do verbo Okusanga Kuluisika – despedida
Kava mãli – não acaba, do verbo Okumãla Kumõla – olha, do verbo Okumola
Kavambi – junho Kuolonjila – dos pássaros, ver Onjila
Kayeva – caça, do verbo Okukayeva Kupemba – maio
Kayevala – soava Kupupu – abril
Kayovo – fevereiro Kuvala – dói, do verbo Okuvala
Ke – em (prep.) usada como prefixo, unindo-se a substantivos Kuvala kuapupulu – novembro
Kepia: na roça Kuyu, ekuyu – figo.
Ketako – ânus
Ketu, cetu – nosso L
Kimbo – no bairro La – e
Ko – em (prep.) Lacimue – nada
Ko cisingi – No tronco Langeka – deita para dormir, do verbo Okulangela
Ko feka – Na terra Lava – aos que
Ko kupanda – maio e princípio de junho Lavokale – aguardou, do verbo Okulavoka
Ko ku waya ombuto – meses de outubro a dezembro Lawo, love – contigo
Kolela – coragem Lia – de
Ko lonaka – meses de julho e agosto Liaye – dele
Kombe, ukombe – visita Liange, cange – meu
Komuenyo – na vida Lika - sozinho
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Liu – prefixo que antecede os verbos e tem a mesma função do Ndém – onomatopéia para o barulho feito pela enxada
verbo português “ir” na formação do composto. Ndi – partícula que marca o tempo presente nos verbos
Liukulandula – vai acompanhar, do verbo Okulandula Ndi cisole – gosto, do verbo Okusola
Likawove - sozinho Ndindima – troveja, do verbo Okundindima
Likusuka, ci kusuka – vermelho Ndiñhamula – Alegre, assanhada, eufórica
Liseya – arrasta, do verbo Okuliseya Ndi valinga – faço, do verbo Okulinga
Limbuka – reconhece-se, do verbo Okulimbuka Ndombua, sondombua – noiva
Liuti: na árvore Ndupa – tira, do verbo Okupa
Liyela, ci yela – branco Ngolo, ongolo – joelho
Liyeluluka, ci yeluluka – amarelo Nhenhe-vava – setembro
Lukuele – com outro Ñoho – mãe
Lu kulemahã – pode se machucar. Ver Okulemehã. Ñuete – tenho, do verbo Okukuata
Luloño – com experiência Nye – porque
Luwawa – Maria Fedida (um animal)
Lowesi – com preguiça O
Oapia – axila
M Ociasa – bebida
Makulo - esposa Ocibombo – cerveja forte
Mbala-vipembe – outubro Ocilende – cacho de fruta
Mbeleka – carrega o filho às costas, do verbo Okuveleka Ocilene – som
Mbambi, ombambi – frio, veado Ocimbamba – curandeiro
Mbeu – cágado Ocimuno – ladrão
Momo – porque Ocine – pilão
Mosi – um Ocipa co ngombe – couro de boi
Muafa – morreu, do verbo Okufa Ocipala – cara, rosto
Muli – é, tem Ocipãla – longe
Mutunda – sai, do verbo Okutunda Ocisangua – cerveja
Ocisingi – tronco
N Ocisungo – canto
Ñala – senhor Ocita – cem
Nda – com, se (condicional), quando. Também pode ser uma Ocitangi – problema
partícula de passado, quando ligado ao verbo. Ocitungo – feixe de lenha
Ndaka, ondaka – palavra Ofeka – Nação
Ndaño – nem, tanto, embora Ofuka – dívida
Ndati – como Oguluve – javali
Nda wasanga – encontrou, do verbo Okusanga Ohali – sofrimento
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Ohombo – cabrito Okulema – pesar
Ohosi – leão Okulembika, okuvembika – enterrar, esconder
Ohulakãi – mil Okulemehã – machucar
Ohulua – um milhão Okulemela – acudir, socorrer
Oita – pirão Okulia – comer, engolir
Ojende – velho Okuliaka – brigar
Okacasa – bebida Okulila – chorar
Okãi – mulher Okulima – cultivar
Oka ku kuelela – que vai se casar. Ver Okukuela Okulimbuka – reconhecer
Okalui – riacho Okulinga – fazer
Okamola – criancinha Okuliusika – despedir
Okasi – quem está Okulombola – colher
Oko – ali Okulongisa – ensinar, catequizar
Okuambata – levar Okuloya – disparar
Okucala – ficar Okulukula – brotar, arrotar
Okuenda – ir, andar Okusenga – mexer
Okuete – que tem, do verbo Okukuata Okuliseya – arrastar
Okueyva – escutar, ouvir Okulisoka – parecer
Okufa – morrer Okuliteka – juntar
Okuiya – chegar Okulo – pé
Okukala – estar Okuloka – cair
Okukapa – pôr Olulomba – adorar
Okukola – amadurecer; crescer Okulonda – subir
Okukolela – confiar Okulonga – educar. Ver Okulongisa.
Okukuata – ter, segurar Okuluhiso – sabedoria
Okukuela – casar Okulungula – aconselhar, alertar
Okukuka – envelhecer Okumãla – acabar
Okukulihã – saber, conhecer Okunalã – puxar
Okukuta – amarrar Okunasi – jogar fora, desprezar
Okulala – dormir Okunena – trazer
Okulamba – pedir Okundindima – trovejar
Okulandula – acompanhar Okuokuo – braço
Okulangela – cuidar, deitar para dormir Okupa – tirar
Okulangisa – ensinar Okupandeka – amarrar, prender
Okulavoka – aguardar Okupandula – bater palmas, agradecer
Okulehã – cheirar Okupema – cortar grama
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Okupemba – espirrar Okuvanja – ver
Okupepa – saborear Okuveleka – carregar os filhos
Okupesela – perder Okuveta – bater
Okupika – cozinhar o pirão Okuvola – apodrecer
Okupita – passar Okuwaya – espalhar
Okuponda – matar Okuya – vir
Okupoñyoha – escorregar Okuyua – nadar
Okupopia – falar Okuyasa – acertar
Okupupula – bater Okuyeva – caçar
Okupuya – puxar Okuyevelela – escutar
Okusanga – encontrar Okuyongola – querer
Okusanjuisa – alegrar, interessar Okuyovoka – salvar
Okusinda – empurrar Olete – vejo
Okusola – gostar Olila – chora, do verbo Okulila
Okusomboka – pular Oliseya – arrasta-se
Okusoveka – intercalar Oloapia – plural de Oapia.
Okusua – caber Olonaka – terreno baixio, úmido; beira de rio
Okusumbila – respeitar Olonanga – plural de Onanga
Okusuñila – cochilar Olondaka – plural de Ondaka
Okuta, ce kuta – farto Olondunge – juízo, inteligência
Okutala – vivenciar, olhar Oloneke – plural de Eteke
Okutala ohali – sofrer. Ao pé da letra: vivenciar o sofrimento. Olongingi – formiga
Okutambula – receber Olonjala – plural de Olunjala
Okutava – aceitar. Usado também como resposta nas fórmulas Olonjamba – Gêmeo
de abertura, “aceito a história” Olonjele – barba
Okuteka – pintar Olofuka – plural de Ofuka
Okutekela – inclinar Olombinga – plural de Ombinga
Okutelula – quebrar, partir Olongunja – plural de Ongunja
Okutenda – contar Olosãi – plural de Osãi
Okutingoka – balançar Olui – rio
Okutola – apertar Olu luiya – aquele que vem, ver Okuya
Okutomba – desprezar Olumati – costela
Okutunda – sair Olundovi – corda
Okuvala – doer Olunjala – unha
Okuvaluka, okuivaluka – lembrar Olusimba – gato bravo
Okuvangula – falar, conversar Omãla – filho
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Omangu – assento, cadeira, banco Ongolo – joelho
Omanu – pessoa Ongombe – boi
Ombangula – conversa Ongonga – corvo
Ombela – chuva Ongongo – sofrimento
Ombelela – mistura, acompanhamento Ongué – onça
Ombembua – paz Ongulo – porco
Ombéu – cágado. Ver Mbéu Ongunja – trabalhador
Ombia – panela Ongusu – força
Ombili – vontade Onima, onyima – costas
Ombinga – chifre Oningi – hiena
Ombinji – cão do mato Onjamba – elefante
Omboé – mandioca desfiada em processo de produção de farinha Onjila – caminho, pássaro
Ombolo – pão Onjimbi – cantador ou cantor
Ombua – cão Onjo – casa
Ombuto – semente Onjo yakulu – casa dos espíritos
Omela – boca Onjo yumbanda – casa de feitiço
Omeke – cego Onoha – cobra
Omele – manhã Oñoma – batuque
Omene – ovelha O okuyeva – aquele que escuta
Omiapia – andorinha Opesela – perde, do verbo Okupesela
Omo, momo – porque Opululu – limpo
Omoko – faca Osãi – mês ou estrela
Omuku – rato Osangi – galinha
Omunu – da pessoa. Ver Omanu Osima – macaco
Omola – criança Osingo – pescoço
Omuine – dedo Osito – carne
Omuenyo – vida Osole – gostas, do verbo Okusola
Omunda – montanha Osoma – sábio
Onana – bebê Osomboka – pula, do verbo Okusomboka
Onanga – tecido, pano Osukoka – geme
Ondalu – fogo Osule – milho ou mandioca deixado de molho na água, para,
Ondimba – coelho posteriormente, ser moído para a fuba
Onete – peito Osunila – cochila, do verbo Okusuñila
Ongandu – jacaré Otembo – momento, tempo
Onganga – feiticeiro Otembo yokuloya – tempo de guerra
Ongeve - hipopótamo Ovãla – tripa
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Ovama – brigas, guerras S
Ovava – água Sanga – senão
Ovaso – plural de Iso Sanjuisa - alegrai
Ovatui – plural de Etui Sekulo – esposo
Ovayo, eyo, iyo – dente Sikola – escola, empréstimo do português.
Ove – você Si kuete – não tenha, do verbo Okukuata
Ove muele – você mesmo Suku – deus
Ovimuine – plural de Omuine Sumbila – respeita, do verbo Okusumbila
Ovisungo – plural de Ocisungo Sumuluise – abençoai
Ovita ecea – novecentos Sumuluiso - benção
Ovita ecelãla – oitocentos Susu – janeiro
Ovita epandu – seiscentos Susulûha – tirar parte do que havia
Ovita epandu vali – setecentos
Ovitangi – plural de Ocitangi T
Ovita vikuãla – quatrocentos Talo – cinco
Ovita vitãlo – quinhentos Tatu – três
Ovita vitatu – trezentos Teka – quebra. Ver Okutelula
Ovita vivali – duzentos Tingo – onomatopéia para o barulho da balançar do pilão
Ovitima – Plural de utima Tuapandula – obrigado. Ver o verbo Okupandula
Ovisapa – capim alto
Ovo – são U
Ovoko – plural de Okuoko Ufeko – moça
Ovota – arma Ukai – mulher
Owesi – preguiça Ukolo – corda
Owi – luar Ukombe – visita
Oyongola – quer, do verbo Okuyongola Ukuele – outro
Oyo itala ohali – é que sofre. Ver Okutala ohali Ukuenje – rapaz
Oyo yu kuambata – é que te leva. Ver Okuambata Ukulu, kukululu – mais velho
Ulambo – pano, vestimenta
P Ulema – pesa, do verbo Okulema
Pemi – embaixo Ulika, lika,culika – sozinho
Ponda – mata, do verbo Okuponda Ulima – ano
Posi, osi – chão Ulume – homem
Pungo, epungu – milho Umbanda – feitiço
Puva, puva – barulho das ondas (onomatopéia) Umosi – um
Unene – grandeza, força
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Unha – palmatória Veya – vieram, do verbo Okuya
U okuta – aquele que se farta Viavelapo – supera,
Upange – dever Vietu – nossos
Upika – escravidão Viosi - todos
Upindi – canela (parte do corpo) Vipandeka – prende, do verbo Okupandeka
Usenge – mata Visuapo – cabe, do verbo Okusua
Usua – descanso Vitunda – sai, do verbo Okutunda
Uta – arma Viwa – plural de Iwa
Uta wondalu – arma de fogo Vo – em (prep.)
Utañha ou utaña – sol da tarde Vo feka – na terra
Uteke – noite Vokapako – puseram-no. Ver Okukapa.
Uti – árvore Vokati – dentro
Utima – coração Vo mela – na boca. Ver Omela
Utué – cabeça Vonjo – em casa
Utumbo – mandioca Vove - seus
Uveke/eveke – bobo Vusenge – na mata
Uwa – beleza
W
V Wa – do, quem
Vacala – ficaram, do verbo Okucala Wafa – morreu
Va kayeva – caçaram, do verbo Okuyeva Wa kayeva – caçou, do verbo Okukayeva
Vaku ipuya- vão cortar Wakulihã - conheceu
Vali – dois Wa kusanga – encontrou, do verbo Okusanga
Valisanga – encontram, do verbo Okulisanga Wa linga – tem, do verbo Okulinga
Valua, ca lua – muita Wa ndako – andou, do verbo Okuenda
Valungula – deve-se aconselhar. Ver Okulungula. Wa ngandu – do jacaré
Vambi inene – julho Wangu, owangu – grama, capim
Vanalãnalã – deve-se puxar Wa ponda – quem matou. Ver Okuponda
Vanda – foram, do verbo Waposoka – lindo. Ver Kaposoka
Vange – meus Wa tekela – quebrou. Ver Okutelula
Vatetula – quebram, do verbo Okuletula Wa tomba – despreza. Do verbo Okutomba.
Vayua – nadam, do verbo Okuyua Wa valuka – lembrou
Vekãha – cansaço Wa velapo, ca velapo – superior
Vepia – lavra Wa veta – quem bateu
Vesenge – uma árvore escorregadia Wa yasa – quem acertou. Ver Okuyasa
Vetu, yetu, vietu – nossos (as) Weya – Veio
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Wiye – sejam bem vindos!
Wo senga – não mexe. Do verbo Okusenga
Wosi – aquele

Y
Ya – que
Yalua, ca lua – muita
Yamãle – alheia
Yatete, ca tete – primeiro
Yaye – dele
Yevelele – escuta-se. Do verbo Okuyeva
Yiloka – cai, do verbo Okuloka
Yongola – querem, do verbo Okuyongola
Yokuloya – tempo de guerra
Yovota – plural de Ovota
Yuna – daquele

Fontes

Informações orais fornecidas por Amadeu Fonseca Chitacumula, angolano, falante de umbundo.

WILSON, Ralph. Dicionário português-umbundo. Angola: Tipografia do Dondi, 1954.

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