Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Questão Agrária Zapatista666
Questão Agrária Zapatista666
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS
São Paulo
2017
Agradeço a minha família pela dedicação nas horas boas e difíceis. Especialmente
ao meu pai e minha mãe. A todos meus amigos que me ajudaram nessa trajetória,
seja no convívio diário ou no virtual, e aos professores da UNINOVE que me
levaram à reflexão e à autocrítica.
RESUMO
Introdução...................................................................................................................6
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
Considerações Finais..............................................................................................33
Referências Bibliográficas......................................................................................36
7
INTRODUÇÃO
1
Para Noli (2010), os criollos descendiam dos conquistadores espanhóis, isso no caso da America – Hispana. No
período da independência eles se tornaram referência, na luta pela emancipação. Após a conquista
independentista, os criollos ocupam todos os postos de controle. Dessa forma a colonialidade do poder se
mantêm. Quijano (2005)
2
O Texas foi anexado, já a Califórnia e Nuevo México foram cedidos.
8
Assim, o conflito estava posto e foi o que nos interessou pesquisar quando
assistimos vídeos e lemos textos sobre esse problema. A luta indígena é secular e
isso nos motivou a estudar o fenômeno: um grupo indígena / camponês desafiando
o poder estatal. A autonomia foi uma resposta ao descaso que sofriam tanto no
âmbito econômico quanto no cultural.
Como referencial teórico que ajuda a analisar nosso objeto, utilizamos Anibal
Quijano, Mariátegui e Camin e Meyer, como eixo teórico. Quijano aborda a
colonialidade do poder e de como ela se mantem vigente nas sociedades latino-
americanas; Mariátegui possui analisa a questão indígena pelo materialismo
histórico, expressando a luta de classes entre proprietários e indígenas, e ainda nos
mostra que as formas de dominação coloniais ainda se mantêm; Camin e Meyer
abordam a história mexicana, trazendo à tona os fatos históricos que culminaram os
fatos atuais. Cruz aborda os movimentos indígenas e suas especificidades, já
Guevara analisa pelas questões econômicas e sociais.
10
derrotado, foi colocado em estado de servidão, já que o saber ocidental era superior
ao seu, especialmente no sentido militar. Não obstante, para manter o controle dos
indígenas, o colonizador permitia que a nobreza indígena gozasse de certos
privilégios e, dessa forma, os “índios” não se rebelariam:
Para Jan de Vos (2010), após frei Bartolome de Las Casas denunciar a
superexploração dos indígenas a igreja se posiciona, o que faz com que a ordem
dos dominicanos os proteja, causando assim o controle do corpo, da mente e das
terras dos indígenas. A organização política e social também é modificada, pois os
dominicanos criam pequenas vilas, onde podem controlar e aculturar as etnias.
4
Proprietários de extensas terras que possuíam influência política e econômica
5
Fazendas
13
6
A desamortização de terras é a expropriação mediante o Estado. No México a desamortização surge para
legitimar o Estado, grandes extensões de terras eram propriedades da igreja.
15
que tinha como eixo central a privatização de terras comunais e clericais, assim
como a igualdade civil e jurídica, mas que mantinha as grandes extensões de terras
improdutivas da igreja. As comunidades indígenas se organizavam em ejidos, ou
seja, toda a colheita era realizada de forma coletiva, mas a lei não contemplava a
forma organizacional indígena. Essa medida também pode ser analisada como uma
forma de criar um Estado unitário, pois com a privatização da terra o indígena se
tornaria “mexicano”. (MOREIRA, 2012)
Por outro lado Porfírio sempre obteve apoio dos Estados Unidos, já que
muitas empresas estavam instaladas no país, mas esse respaldo sofreu uma
ruptura:
Francisco I. Madero
visão de mundo ocidental, assim como a forma do saber científico. Dessa maneira,
as demandas camponesas e indígenas seriam suprimidas. (QUIJANO, 2005;
MARIÁTEGUI, 2007)
A reforma agrária era aplicada pelo Estado, mas sua efetividade não atendia
a todos os solicitantes, e havia setores favorecidos:
O estado de Chiapas é um dos mais ricos da nação, mas essa riqueza não é
usufruída por todos, pois as diferentes etnias indígenas foram privadas dos serviços
básicos e se encontram na marginalidade. O acesso à educação é privilégio de
poucos. (GUEVARA, 1995)
Para esse autor, a riqueza chiapaneca é detida por uma pequena parcela da
população que se apropriou das maiores riquezas da terra. O Estado mexicano criou
um programa chamado Pronasol que tinha como objetivo a erradicação da pobreza,
contudo, esse programa não atendia a toda a população, que era privada de seus
direitos:
A empresa somente explorava a região, mas não investia em recursos básicos como
educação e saúde.
Em 1990 contava com uma população total de 3 210 496 habitantes, dos
quais a população economicamente ativa (PEA), apta para o trabalho,
representava o 63,5%, é dizer, 2 037 245 pessoas tinham o direito de contar
com o trabalho. Segundo dados do XI Censo Geral de 1990, da PEA
somente tinham trabalho o 27,7% (888 457 pessoas) do total de
Chiapanecos, isto é, o 43,6% da população apta para o trabalho. Por outro
lado, a população economicamente ativa (PAI) e os que não tinham trabalho
representavam o 37,2%, do total de habitantes, que somados chegavam a 1
193 350 pessoas. (GUEVARA, 1995, p. 59)
Considerações Finais
cria órgãos para a questão indígena, mas as decisões partiam de cima pra baixo e
não dos agentes principais. Cruz (2003) e Guevara (1995) dizem que os indígenas
são a camada mais pobre da população e convergem ao dizer que mesmo o Estado
criando programas e organizações, a situação permanece a mesma: o abandono.
Chiapas, sendo um estado tão rico e ao mesmo tempo tão pobre, abriga
diversas etnias, que se encontravam na marginalidade - o EZLN é um produto dessa
conjuntura. Após 500 anos, como diria o subcomandante Marcos, eles resolveram
mostrar-se ao mundo.
Referências Bibliográficas
PIETTRE, André. Marxismo. 3º ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1969, p. 373.
VOS, Jan De. Vienen de Lejos los Torrentes: una historia de Chiapas. México:
Consejo Estatal para las Culturas y las Artes de Chiapas, 2010
39