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12/08/2019 Spring

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Análise Geográfica

As operações de consulta e manipulação de dados geográficos constituem a essência de um SIG, ao diferenciar o


Geoprocessamento de tecnologias como Cartografia Automatizada e Projeto Auxiliado por Computador. O que distingue um
SIG de outros tipos de sistemas de informação são aquelas funções que possibilitam a realização de análises espaciais
(geográficas). Tais funções utilizam os atributos espaciais e não espaciais das entidades gráficas armazenadas na base de
dados espaciais; buscando fazer simulações (modelos) sobre os fenômenos do mundo real, seus aspectos ou parâmetros.

O aspecto mais fundamental dos dados tratados em um SIG é a natureza dual da informação: um dado geográfico possui uma
localização geográfica (expressa como coordenadas em um mapa) e atributos descritivos (que podem ser representados num
banco de dados convencional). Outro aspecto muito importante é que os dados geográficos não existem sozinhos no espaço:
tão importante quanto localizá-los é descobrir e representar as relações entre os diversos dados. Alguns exemplos dos
processos de análise espacial típicos de um SIG estão apresentados na tabela abaixo.

EXEMPLOS DE ANÁLISE ESPACIAL

Análise Pergunta Geral Exemplo


Condição O que está...? Qual a população desta cidade ?
Localização Onde está...? Quais as áreas com declividade acima de 20%?
Tendência O que mudou...? Esta terra era produtiva há 5 anos atrás ?
Roteamento Por onde ir.. ? Qual o melhor caminho para o metrô ?
Padrões Qual o padrão...? Qual a distribuição da dengue em Fortaleza?
Modelos O que acontece se...? Qual o impacto no clima se desmatarmos a Amazônia ?

Um exemplo concreto sobre análise espacial realizado em 1854 na cidade de Londres, onde a população estava sofrendo uma
grave epidemia de cólera, doença sobre a qual na época não se conhecia a forma de contaminação. Numa situação aonde já
haviam ocorrido mais de 500 mortes, o Dr. John Snow teve um "estalo": colocar no mapa da cidade a localização dos doentes
de cólera e os poços de água (naquele tempo, a fonte principal de água dos habitantes da cidade). O mapa obtido está
mostrado na figura abaixo.

Figura - Mapa de Londres com casos de cólera (pontos) e poços de água (cruzes) (adaptado de E. Tufte, 1983).

Com a espacialização dos dados, o Dr. Snow percebeu que a maioria dos casos estava concentrada em torno do poço da
"Broad Street" e ordenou a sua lacração, o que contribuiu em muito para debelar a epidemia. Este caso forneceu evidência
empírica para a hipótese (depois comprovada) de que o cólera é transmitido por ingestão de água contaminada. Esta é uma
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situação típica aonde a relação espacial entre os dados muito dificilmente seria inferida pela simples listagem dos casos de
cólera e dos poços. O mapa do Dr. Snow passou para a História como um dos primeiros exemplos que ilustra bem o poder
explicativo da análise espacial.

Numa visão geral, pode-se dividir as operações de análise espacial em três grandes grupos:

Manipulação de geo-campos: também chamadas de álgebra de mapas, operam sobre mapas temáticos, imagens e
modelos numéricos de terreno. Como exemplo, podemos citar as operações booleanas sobre mapas temáticos.
Consulta a geo-objetos: estas operações permitem a recuperação de geo-objetos que satisfazem as restrições
(espaciais ou convencionais). Como exemplo, tome-se a consulta "recupere todos os terrenos vizinhos da casa da
Dinda" ou "indique todas as cidades da Bahia com mais de 50.000 habitantes".
Conversão entre geo-campos e geo-objetos: esta classe de operações realiza a transformação entre geo-campos e
geo-objetos. A geração de um mapa de distâncias a partir de um ou mais geo-objetos para produzir um modelo de
terreno com os valores das distâncias aos pontos selecionados é um exemplo.

Geoprocessamento e Suporte à Decisão

Introdução

Um dos aspectos mais importantes do uso das geotecnologias é o potencial dos SIGs em produzir novas informações a partir
de um banco de dados geográficos. Tal capacidade é fundamental para aplicações como ordenamento territorial e estudos de
impacto ambiental, caso em que a informação final deve ser deduzida e compilada a partir de levantamentos básicos. Também
é muito relevante em estudos sócio-econômicos, quando desejamos estabelecer indicadores que permitam uma visão
quantitativa da informação espacial.

Qual o grande desafio da produção de novas informações em um SIG ? A capacidade de comparar e avaliar as diferentes
possibilidades de geração de novos mapas. Como o SIG oferece uma grande quantidade de funções de Álgebra de Mapas,
nem sempre é facil escolher qual a forma de combinação de dados mais adequada para nossos propósitos.

Neste contexto, é muito útil dispor de ferramentas de suporte à decisão, que nos ajudam a organizar e estabelecer um modelo
racional de combinação de dados. O SPRING dispõe de uma ferramenta de apoio à tomada de decisões em
Geoprocessamento, baseada na técnica AHP ("Processo Analítico Hierárquico").

Suporte à Decisão - Conceitos Básicos

Decidir é escolher entre alternativas. Com base nesta visão, podemos encarar o processo de manipulação de dados num
sistema de informação geográfica como uma forma de produzir diferentes hipóteses sobre o tema de estudo.

O conceito fundamental dos vários modelos de tomada de decisão é o de racionalidade. De acordo com este princípio,
indivíduos e organizações seguem um comportamento de escolha entre alternativas, baseado em critérios objetivos de
julgamento, cujo fundamento será satisfazer um nível pre-estabelecido de aspirações.

O modelo racional de tomada de decisão preconiza quatro passos que devem ser seguidos para uma escolha apropriada:

Definição do problema: formular o problema como uma necessidade de chegar a um novo estado.
Busca de alternativas: estabelecer as diferentes alternativas (aqui consideradas como as diferentes possíveis soluções
do problema) e determinar um critério de avaliação.
Avaliação de alternativas: cada alternativa de resposta é avaliada.
Seleção de alternativas: as possíveis soluções são ordenadas, selecionando-se a mais desejável ou agurpando-se as
melhores para uma avaliação posterior.

A Técnica AHP - Processo Analítico Hierárquico

Quando temos diferentes fatores que contribuem para a nossa decisão, como fazer para determinar a contribuição relativa de
cada um ? Para abordar este problema, Thomas Saaty propõs, em 1978, uma técnica de escolha baseada na lógica da
comparação pareada. Neste procedimento, os diferentes fatores que influenciam a tomada de decisão são comparados dois-a-
dois, e um critério de importância relativa é atribuído ao relacionamento entre estes fatores, conforme uma escala pré-definida
(veja tabela).
Escala de Valores AHP para Comparação Pareada

Intensidade de
Definição e Explicação
importância
1 Importância igual - os dois fatores contribuem igualmente para o objetivo
3 Importância moderada - um fator é ligeiramente mais importante que o outro
5 Importância essencial - um fator é claramente mais importante que o outro
Importância demonstrada - Um fator é fortemente favorecido e sua maior relevância foi
7
demonstrada na prática
9 Importância extrema - A evidência que diferencia os fatores é da maior ordem possível.
2,4,6,8 Valores intermediários entre julgamentos - possibilidade de compromissos adicionais
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A partir do estabelecimento de critérios de comparação para cada combinação de fatores, é possivel determinar um conjunto
ótimo de pesos que podem ser utilizados para a combinação dos diferentes mapas.

Suporte à Decisão em Geoprocessamento

Consideramos uma das situações mais comuns em SIG: classificar o espaço em áreas mais ou menos adequadas para uma
finalidade. Este problema ocorre em grande número de aplicações, como zoneamento, prospecção mineral, e seleção de áreas
para um novo empreendimento comercial.

Tome-se, por exemplo, um estudo de preservação ambiental em áreas de encosta, para estabelecer uma política de ocupação,
associada a mapas de risco de desmoronamento e impacto ambiental. Para tanto, vamos supor que dispomos de um mapa
topográfico, da carta geotécnica, e de um mapa de uso e ocupação do solo (obtido a partir de foto- interpretação ou
classificação digital de imagens de satélite).

O procedimento tradicional de análise baseia-se no princípio de “interseção de conjuntos espaciais de mesma ordem de
grandeza” (Yves Lacoste) e está baseada em condicionantes (“risco máximo ocorre em áreas cuja declividade é maior que
10%, não são áreas de preservação ambiental, e o tipo de terreno é inadequado”). A transposição deste metodologia analógica
para o ambiente de SIG requer o uso de operações booleanas (OU, E, NÃO) para expressar as diferentes condições. Esta
técnica utiliza o computador como mera ferramenta automatizada de desenho, ignorando todo o potencial de processamento
numérico do SIG, e gera descontinuidades inexistentes no dado original. Por exemplo, áreas com declividade igual a 9,9%
serão classificadas diferentemente de regiões com inclinação de 10,1%, não importando as demais condições.

Mapas são dados e não desenhos. Tratar mapas como dados significa dar forma numérica ao espaço ao associar, a cada
localização, um valor que representa a grandeza em estudo; requer ainda, na maior parte dos casos, o uso do formato matricial
(“raster”), mais adequado a uma representação contínua do espaço.

No caso em apreço, a análise espacial em SIG será muito melhor realizada com uso da técnica de classificação contínua: os
dados são transformados para o espaço de referência [0..1] e processados por combinação numérica, através de média
ponderada ou inferência “fuzzy”. Ao invés de um mapa temático com limites rígidos gerados pelas operações booleanas,
obteremos uma superfície de decisão, sob forma de uma grade numérica. O que representa este resultado ? Uma visão
contínua da variação da nova grandeza (seja ela adequação a plantio, indicador de mineralizações ou susceptibilidade
ambiental).

No exemplo citado, o resultado será uma grade numérica que indica, para cada localização, o risco de desmoronamento, numa
gradação de 0% a 100%. Qual a grande vantagem desta situação? Ela nos permite construir cenários (por exemplo, risco de
10%, 20% ou 40%), que indicam os diferentes compromissos de tomada de decisão (maior ênfase em proteção ambiental ou
em minimizar o custo econômico). Obtemos assim uma flexibilidade e um entendimento muito maiores sobre os problemas
espaciais.

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