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algumas reflexões
Resumo: o artigo discute algumas das Abstract: this article discusses some of the
novas tendências de estudo da punição new trends in the study of punishment
nas Ciências Sociais contemporâneas. in contemporary social sciences.
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Trabalho apresentado originalmente na mesa-redonda “Estado, sociedade e violência”.
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Professor de Sociologia na FFLCH/USP; pesquisador no Núcleo de Estudos da Violência.
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No campo dos saberes associados às 3
Para uma primeira apresentação das idéias
políticas criminais, também ocorrem de Garland, conferir Alvarez, Salla e Gauto
mudanças significativas. A Criminologia (2006).
contemporânea, por exemplo, num 4
Em estudo atualmente em desen-
movimento não isento de ambigüidades,
volvimento, acerca da história das políticas
passa a se dividir entre uma Criminologia
públicas de segurança e das práticas de
do “eu” – que toma o criminoso como um
punição em São Paulo, realizado no Núcleo
agente racional, à imagem e semelhança dos
de Estudos da Violência da Universidade
demais indivíduos, e o crime como um risco
de São Paulo, busca-se justamente
cotidiano que deve ser avaliado e
empreender pesquisas em torno de tal
administrado de forma rotineira – e uma
conjunto de questões. O projeto
Criminologia do “outro”, que considera o
denominado Construção das Políticas de
criminoso uma espécie de monstro no
Segurança Pública e o Sentido da Punição,
interior da sociedade. (GARLAND, 2002).
São Paulo (1822-2000), tem o apoio da
As duas linhas convergem claramente, ao
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
apontar mais para a necessidade de
de São Paulo (Fapesp) e é coordenado
neutralização do criminoso do que para a
também por Fernando Salla (NEV/USP).
sua correção.
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Para um amplo balanço dos estudos sobre
Seria interessante, por sua vez, indagar
violência, crime e justiça criminal nas
até que ponto não se está diante de claras
Ciências Sociais no Brasil, consultar Adorno
tendências descivilizadoras no campo penal
(1993), Misse (2000) e Zaluar (1999).
na atualidade. Sobre a noção de “processos
de descivilização”, veja-se Mennell (2001).