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Universidade Federal do Acre

Centro de Ciências Biológicas e da Natureza


Anatomia de Plantas Vasculares

Estruturas secretoras internas

Frederico Costa
Professor
agro2017.ufac@gmail.com
Estruturas secretoras internas

A: células de óleo em secção tangencial de raio floemático de


Liriodendron;
B: idioblasto contendo mucilagem e ráfides em secção radial do
floema de Hydrangea paniculata;
C: cavidade secretora (glândula de óleo) em folha de limão;
D: canais de mucilagem na medula no caule de tília;
E: células de tanino na medula caulinar de sabugueiro em secção
transversal;
F: canais secretores em secção transversal de floema não condutor de
Rhus typhina.
Estruturas secretoras internas

• Possuem uma ampla variedade de conteúdos: óleos, resinas, mucilagens, gomas,


taninos e cristais

• As células secretoras geralmente aparecem como células especializadas


chamadas de idioblastos, mais especificamente idioblastos secretores

• Células secretoras geralmente são classificadas com base em seus conteúdos


mas muitas delas contem misturas de substâncias, sendo muitas ainda não
identificadas
Células de mirosina

• Células com a enzima mirosinase foram identificadas


em Capparidaceae, Resedaceae e Brassicaceae

• A mirosinase se localiza em um grande vacúolo


central de idioblastos chamados células de mirosina

• Essa enzima hidrolisa glucosinolatos que são


importantes na defesa de plantas

• Em Arabidopsis, as células de mirosina ocorrem no


parênquima do floema e as células-S, contendo
enxofre, localizam-se no tecido externo ao floema
Células de óleo

• Algumas famílias vegetais possuem células


secretoras de óleo; superficialmente, essas células
parecem grandes células parenquimáticas

• A parede das células de óleo possuem três


camadas: parede primária (mais externa), uma
camada suberizada (lamela de suberina) e parede
terciária (mais interna)

• Após a deposição da camada mais interna, uma


cavidade de óleo é formada; a cavidade é envolta Desenho de uma célula de óleo
em folha de uma Lauraceae
pela membrana plasmática e ligada a cúpula
Células de óleo

Célula de óleo madura de folha


de C. burmanni (Lauraceae)
Células de mucilagem

• Células de mucilagem ocorrem em muitas famílias


de dicotiledôneas

• Podem ocorrer em todas as partes do corpo da


planta e geralmente e diferenciam bem próximos
das regiões meristemáticas

• Somente os corpos de Golgi estão envolvidos na


secreção da mucilagem; com progressiva
deposição de mucilagem, o lúmen celular se
degenera progressivamente
Células secretoras de taninos

• O tanino é um metabólito comum em células


parenquimáticas mas algumas contêm essa
substância de forma abundante

• Idioblastos taníferos ocorrem em muitas famílias


(Crassulaceae, Ericaceae, Fabaceae, Myrtaceae,
Rosaceae, Vitaceae)

• Os taninos são isolados nos vacúolos;


provavelmente produzidos no RE rugoso, têm
função de proteção contra herbívoros
Células tubulares de tanino
em Sambucus racemosa
Cavidades e canais secretores

• As cavidades e os canais secretores se diferenciam das células secretoras por


secretarem substâncias em espaços intercelulares

• As cavidades secretoras são espaços secretores curtos.

• Os canais secretores são espaços secretores longos

• O conteúdo das cavidades e canais pode consistir de terpenos ou carboidratos


ou terpenos e carboidratos e outras substâncias
Cavidades e canais secretores

• Três diferentes padrões de desenvolvimento de cavidades e canais secretores


são reconhecidos:

1. Esquizógenos: formados pela separação de células, resultado em um espaço


delimitado por células secretoras;
2. Lisígenos: resultam da autólise das células; o produto da secreção é formado
no interior das células, as quais se rompem e liberam o produto no espaço
resultante;
3. Esquizolisígenos: é inicialmente esquizógeno, mas ocorre lisigenia em
estágios mais tardios
Cavidades e canais secretores

• Canais secretores mais conhecidos são os canais


de resina de coníferas, que ocorrem nos tecidos
vasculares e fundamentais, são longos espaços
intercelulares limitados por células secretoras de
resina

• Canais semelhantes ao das coníferas ocorrem em


Anacardiaceae, Asteraceae, Brassicaceae,
Fabaceae, Hypericaceae e Simaroubaceae

Canais secretores em Rhus glabra


(Anacardiaceae)
Cavidades e canais secretores

• O desenvolvimento das cavidades secretoras


parece ser esquizógeno

• Durante o estudo de desenvolvimento das


cavidades secretoras no embrião de eucalipto, foi
observado que o desenvolvimento é inteiramente
esquizógeno Desenvolvimento de glândulas de óleo
epidérmicas no embrião de eucalipto

• A formação da cavidade de óleo como um espaço


intercelular resulta da separação das células
epiteliais
Cavidades e canais secretores

• As cavidades de óleo em Fabaceae, que aparecem


como pontuações nas folhas, são atravessadas por
muitas células alongadas

• O desenvolvimento dessas cavidades começa com


divisões anticlinais em grupos localizados de
células protodérmicas

• Essas células se alongam e formam protuberâncias


hemisféricas na superfície da folha

Desenvolvimento de cavidades secretoras


das folhas de Psoralea macrostachya
Cavidades e canais secretores

• Canais e cavidades secretores podem surgir sob


estímulo de injúria

• Os canais e cavidades de resina, goma e goma-


resina são frequentemente formações traumáticas
no floema secundário e no xilema secundário de
coníferas e angiospermas lenhosas

Canais traumáticos de resina no floema


secundário em secção transversal
Cavidades e canais secretores

• As kino veias são um tipo especial de canais


traumáticos

• Elas se formam frequentemente no lenho do


gênero Eucalyptus em resposta a ferimento ou
infecções fúngicas

• Kino é o nome dado ao produto da secreção,


referido como goma no passado, e contem
polifenóis, alguns dos quais são taninos
Kino veias maduras em secção
transversal do lenho de Eucalyptus
Laticíferos

• São células ou séries de células interligadas que contêm um fluido chamado


látex (do latim, suco)

• Formam sistemas que permeiam vários tecidos do corpo da planta

• Um laticífero unicelular pode ser qualificado como um laticífero simples; a


estrutura derivada da união de células, como um laticífero composto

• As plantas que contem látex incluem cerca de 12500 espécies em 900 gêneros;
variam de pequenas herbáceas anuais (Euphorbia) a grandes árvores como a
seringueira (Hevea)
Laticíferos

• Com base na sua estrutura, os laticíferos


são agrupados em duas classes
principais:

• Os laticíferos articulados são


compostos quanto à origem e consistem
de cadeias longitudinais de células em
que as paredes que separam as células
individuais ou permanecem intactas ou
tornam-se perfuradas ou removidas
Laticíferos articulados em Lactuca scariola. A – secção
transversal do caule; B e C – aspectos longitudinais dos
laticíferos
Laticíferos

• Ambos os laticíferos variam no grau de complexidade

• Laticíferos articulados podem formar cadeias longas não ligados entre si:
laticíferos não-anastomosados

• Laticíferos articulados podem formar anastomoses laterais com células


semelhantes formando uma rede: laticíferos articulados anastomosados
Laticíferos

• Ambos os laticíferos variam no grau de complexidade

• Laticíferos não-articulados podem se desenvolver em longos tubos retos:


laticíferos não-articulados não-ramificados

• Laticíferos não-articulados podem se ramificar rapidamente, formando um


sistema imenso de tubos: laticíferos não-articulados ramificados
Laticíferos

Laticíferos

Articulados Não-articulados

Anastomosados Ramificado
Não-anastomosados Não-ramificados
Laticíferos

• O látex varia no aspecto e na composição

• Pode ser transparente (Morus, Humulus, Nerium oleander, maioria das


Araceae) ou leitoso (Asclepia, Euphorbia, Ficus, Lactuca)

• O látex contem varias substâncias em solução ou em suspensão coloidal:


carboidratos, ácidos orgânicos, sais, esteróis, gorduras e mucilagens

• Entre os componentes mais comuns do látex estão os terpenóides, sendo a


borracha (cis-1,4-poli-isopreno) um dos seus representantes mais
conhecidos
Laticíferos

Estágios tardios do desenvolvimento dos laticíferos


não-articulados de Euphorbia pulcherrima
Laticíferos

• A principal fonte da borracha comercial é a


casca da árvore da seringueira, Hevea
brasiliensis

• A borracha natural é produzida por mais de


2500 espécies de plantas mas poucas
produzem o suficiente para extração
comercial
Diagrama da casca de H. brasiliensis representando
o arranjo dos laticíferos articulados no floema
• A maior parte do látex que contem borracha secundário
obtida por incisão da casca de H. brasiliensis
provem das camadas de laticíferos
localizadas no floema não-condutor
Laticíferos

• A função dos laticíferos não é clara

• Primeiros botânicos comparam os laticíferos ao sistema circulatório dos animais,


mas não há movimento de substâncias nos laticíferos

• Também foram descritos como elementos de estocagem de alimentos mas está


claro que substâncias que servem de alimento como o amido são de difícil
mobilização

• Os laticíferos podem servir como sistemas para sequestrar metabólitos


secundários tóxicos que servem como proteção contra herbívoros

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