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TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Prof. Lúcio Carlos Gonçalves


Prof. Iran Borges
Prof. Daniel Ananias de Assis Pires

Escola de Veterinária
Departamento de Zootecnia
Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdades Integradas do Norte de Minas


Curso de Medicina Veterinária

Montes Claros
2018
2 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

SUMÁRIO
PRINCIPAIS ESTRUTURAS DOS VEGETAIS ...........................................................5

CARACTERIZAÇÃO DE GRAMÍNEAS E LEGUMINOSAS.............................................................. 10

ESTUDO DAS GRAMÍNEAS.....................................................................................11

BRACHIARIA DECUMBENS ................................................................................................................ 11

BRACHIARIA HUMIDICOLA .............................................................................................................. 12

BRACHIARIA PLANTAGINEA ........................................................................................................... 13

BRACHIARIA RUZIZIENSIS ................................................................................................................ 13

BRACHIARIA BRIZANTHA ................................................................................................................. 14

BRACHIARIA RADICANS .................................................................................................................... 15

CAPIM TANGOLA ................................................................................................................................. 16

URUCLOA MOSAMBICENSIS ............................................................................................................. 16

CAPIM ANDROPOGON ........................................................................................................................ 17

CAPIM GORDURA ................................................................................................................................. 18

CAPIM BUFFEL ..................................................................................................................................... 20

CAPIM JARAGUÁ .................................................................................................................................. 22

SETÁRIAS ............................................................................................................................................... 23

CAPIM ELEFANTE ................................................................................................................................ 24

CAPIM ANGOLA.................................................................................................................................... 27

CAPIM COLONIÃO ............................................................................................................................... 28

CAPIM KIKUIO ...................................................................................................................................... 30

PASPALUM NOTATUM ........................................................................................................................ 31

PASPALUM PLICATULUM .................................................................................................................. 32

CAPIM DE RHODES .............................................................................................................................. 33

CANARANA ERETA LISA .................................................................................................................... 34

CANARANA VERDADEIRA .................................................................................................................. 35

CAPIM PANGOLA ................................................................................................................................. 35


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 3

ESTRELA AFRICANA ........................................................................................................................... 37

ESTRELA AFRICANA ROXA ............................................................................................................... 38

COAST-CROSS ....................................................................................................................................... 38

CAPIM GUATEMALA ........................................................................................................................... 39

CAPIM VENEZUELA ............................................................................................................................. 40

AVEIA FORRAGEIRA ........................................................................................................................... 41

ESTUDO DAS LEGUMINOSAS ................................................................................43

GUANDU.................................................................................................................................................. 43

SOJA PERENE ........................................................................................................................................ 44

SIRATRO ................................................................................................................................................. 45

CENTROSEMA ....................................................................................................................................... 46

LEUCENA................................................................................................................................................ 47

DESMODUIM UNCINATUM ................................................................................................................. 48

DESDMODIUM INTORTUM................................................................................................................. 49

DEMODIUM CANUN ............................................................................................................................. 50

ESTILOSANTES ..................................................................................................................................... 51

ALFAFINHA DO NORDESTE ............................................................................................................... 52

KUDZU TROPICAL ............................................................................................................................... 53

CALOPOGÔNIO ..................................................................................................................................... 54

AMENDOIM DE VEADO ....................................................................................................................... 54

LAB-LAB ................................................................................................................................................. 55

MUCUNA PRETA ................................................................................................................................... 56

CUNHÃ .................................................................................................................................................... 57

SOJA ANUAL .......................................................................................................................................... 57

AMENDOIM FORRAGEIRO................................................................................................................. 58

GALACTIA STRIATA ............................................................................................................................ 59

ZORNIA LATIFOLIA ............................................................................................................................. 60

ZORNIA DIPHYLLA .............................................................................................................................. 60

ALFAFA ................................................................................................................................................... 60
4 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

FORMAÇÃO E MANEJO DE PASTAGENS .............................................................63

MANEJO DE PASTAGENS ......................................................................................86

FENO E FENAÇÃO ...................................................................................................96

SILAGEM E ENSILAGEM .......................................................................................105

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .............................................................................120


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 5

PRINCIPAIS ESTRUTURAS DOS VEGETAIS

Neste tópico apresentaremos as principais estruturas dos vegetais que serão importantes para a
compreensão e o entendimento das particularidades do manejo das principais plantas
forrageiras.

A - RAIZ

Função: Fixação, sustentação, absorção e distribuição dos nutrientes.

Características Sem nós e entre nós


Sem folhas e gemas
Funciona também como órgão de reserva
Algumas têm importância econômica - Alimentar e medicinal

FIG. 1

Categorias: a) Subterrânea: abaixo da superfície do solo


b) Aquática: cresce dentro d’água
c) Aérea: desenvolve sem contato com o solo
d) Adventícia: cresce a partir dos primeiros nós do colmo e se dirigem para o
solo. Ex: Milho

Formas: 1) Axial ou Pivotante: raiz principal bem desenvolvida. Característica das


dicotiledôneas.
2) Fasciculada ou em Cabeleira: não ocorre distinção entre as raízes. Característica
das monocotiledôneas.
3) Tuberosa: acumulam material de reserva. Ex: batata doce, mandioca e cenoura.
6 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

B- CAULE

Funções: Produção e suporte de ramos, flores e frutos;


Condução da seiva;
Crescimento e propagação vegetativa;
Os caules fotossíntese e podem são reserva de alimentos.

Tipos: Aéreos
Subterranêos
Aquáticos

FIG. 2

Aéreos se dividem em:

Tronco: lenhoso, resistente, cônico e cilíndrico. Ex: Árvores.

Haste: herbáceo ou fracamente leguinificado, pouco resistente. Ocorre em ervas e


sub-arbustos.

Estipe: lenhoso, longo, cilíndrico, em geral não ramificado terminando em folhas.


Raramente ocorre em dicotiledôneas. Ex: Mamão, embaúba e palmeira.

Colmo: caule cilíndrico, com nós e entre-nós bem mais curtos, podem ser cheios ou
ôcos (fistulados). Ex: caule de gramíneas.

Estolão: enraizamento de pontos em pontos. É um tipo de caule importante em


forragicultura. Confere resistência ao pastejo.

Subterrâneos se dividem em:

Rizoma: cresce geralmente horizontalmente no solo, difere das raízes por


apresentar nós e entre-nós bem definidos, emitindo brotações de espaço a
espaço. Confere grande resistência à planta, além de ser matrial vegetativo.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 7

Ex: Algumas plantas do gênero Cynodon (Coast-cross)

Tubérculo: possui gemas. Ex: batata inlgesa e cará-do-ar.

Bulbo: formado por um eixo cônico que constitui o fruto, dotado de gemas
envoltas por catáfilos (folhas modificadas). Ex: Jacinto, trevo, lírio,cebola e
alho.

Quanto, as formas de crescimento os caules podem ser:

Rasteiro ou prostrado: cresce apoiado à superfície do solo.

Decumbente: parte tem crescimento prostrado, mas as pontas se elevam.

Ascendente: semelhante ao decumbente, com a maior parte do crescimento


prostrado.

Ereto ou Cespitoso: cresce mais ou menos perpendicular à superfície do solo.


Forma touceiras.

C - FOLHA

Função de realizar fotossíntese (nutrição), respiração e transpiração além da condução


e distribuição da seiva.

É um órgão laminar, com simetria bilateral, geralmente de coloração verde e com


gemas axilares.

Folha completa contém: Pecíolo: haste sustentadora do limbo;


Limbo: parte laminar e bilateral;
Bainha: parte basilar, abraça o caule; - Nas monocotiledôneas a
presença da bainha é a regra nas dicotiledôneas é a exceção;
Estípulas: apêndices geralmente laminares e em número de 2 que se
formam de cada lado da base foliar.

Folha incompleta pode ser: Séssil ou apeciolada;


Peciolada mas sem bainha;
Folha invaginante: bainha envolve o caule em grande extensão.
Típica das gramíneas.

Quanto à divisão do limbo a folha pode ser: Simples: um só limbo (gramíneas)


Composta: dois ou mais limbos, a maioria das
leguminosas forrageiras, mais importantes, são
geralmente trifolioladas, outras podem ter folhas
contendo muitos folíolos.

Quanto à inserção no caule as folhas podem ser: Alternada: uma por nó.
Oposta: duas por nó.
Verticilada: três ou mais por nó.
8 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Quanto à Nervação (nervuras) as folhas podem ser:


a) Uninervias: uma só nervura.
b) Paralelinervias: com nervuras secundárias paralelas à principal
c) Nervuras não paralelas: características das dicotiledôneas, em forma de rede
(reticulada).

D - FLOR

É o órgão reprodutor: são folhas modificadas

Uma flor completa tem cálice, corola, androceu e gineceu.


Cálice e corola são verticílios de proteção, enquanto os outros dois são de reprodução.
androceu é a parte masculina e gineceu é a feminina

Tipos de flores: Masculinas: androceu apenas


Feminina: gineceu apenas
Hermafrodita: androceu e gineceu

FIG. 3

Nota : - O conjunto de estames forma o androceu: A bráctea é uma folha modificada,


geralmente com função de atrair os agentes polimizadores
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 9

FLOR COMPLETA

Nota: As flores das gramíneas são geralmente incompletas

De acordo com o tipo de flor as plantas são ditas:

a) Monóicas: Flores masculinas e femininas na mesma planta e em locais diferentes.


Ex: milho, (pendão é a parte masculina e a espiga parte feminina)

b) Dióicas: Com flores de apenas um sexo

c) Hermafroditas: Com flores hermafroditas.

d) Polígama: Flores unisexuais e hermafrodita no mesmo indivíduo.

Inflorescências:

1) Cacho ou rácemo: Possui flores pedunculadas inseridas no eixo principal (crescimento


indeterminado) de maneira que as flores mais velhas estão mais afastadas do ápice.
2) Espiga: Flores sem pedúnculo inseridas no eixo principal. Ex:milho
3) Panícula: Cacho de cachos. Ex:Capim Colonião
4) Espadice: O nome recebido pela inflorescência que possui eixo espessado onde estão
inseridas flores apedunculadas. Ex: Copo de leite
5) Capítulo: Flores são dispostas numa estrutura plana.
10 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

CARACTERIZAÇÃO DE GRAMÍNEAS E LEGUMINOSAS

GRAMÍNEAS LEGUMINOSAS
-Habitat diverso -Idem
-Capins, cereais, cana-de-açúcar, etc. -Soja perene, leucena, siratro, guandu,
etc.
-610 gêneros -700 gêneros
-10.000 espécies -14.000 espécies
50 espécies abrangem 99% das forrageiras utilizadas --------
-Monocotiledôneas -Dicotiledôneas
-Ciclo anual ou perene -Idem
-Raízes fasciculadas e adventícias -Raízes axiais ou pivotantes e também
adventícias
-Caule aéreo ou subterrâneo -Idem
-Colmo e estolão -Prostrado, trepadeiras, herbáceos
-Algumas possuem rizoma -Idem
-Folhas simples geralmente sem -Folhas compostas pecioladas
pecíolo (bainha invaginante)
-Inserção alternada ---------
-Presença de lígula (estrutura delgada entre -Presença de pulvínulo (espessamento na
a bainha e o caule) inserção do pecíolo)
-Folhas lanceoladas com -Formas variadas, folhas com nervação
nervação paralelinervias reticulada
-Pêlos podem estar presentes -Idem
em ambas as faces
-Flor incompleta (glumas, lema e pálea) -Flor completa
Lodículas, endroceu e gineceu
- Androceu: basicamente três estames -Androceu com dez estames
-Gineceu: um ovário uniovular -Gineceu: um ovário com vários óvulos
-Fruto: cariópse - concresce com a semente -Fruto: legume ou lomento (legume com
septos transversais)
-Inflorescência: espiga ou cacho -Inflorescência: rácemos ou flores
isoladas
-Reprodução: polinização cruzada -Autofecundação, podendo ocorrer
cruzamento por ação de insetos.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 11

ESTUDO DAS GRAMÍNEAS

BRACHIARIA DECUMBENS

Nome científico: Brachiaria decumbens

Nomes comuns: capim braquiária ou braquiária, braquiária de morro, braquiarinha, decumbens.

Aspectos vegetativos: Gramínea perene


Folhas pubescentes (folhas com pêlos nos dois lados)
Enraiza fortemente nos estolões
Dá boa cobertura do solo
Boa resistência ao pisoteio
Nós glabros
Bainha coberta de pêlos

Clima e solos: Indicada para regiões com mais de 1200 mm de precipitação pluviométrica por
ano.
Adapta-se em solos de boa, média e baixa fertilidade.
Alta tolerância ao alumínio.
Não é apropriada para terrenos encharcados
Adapta-se bem em clima tropical

Propagação e plantio: - Sementes:


- Semeio: a lanço e por plantadeiras
- Dormência: 10 meses, portanto não deve ser plantada logo após a
colheita das sementes.
- Pode ser propagada por mudas

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Boa resistência ao frio - queima a parte vegetativa com
as geadas, mas não morre.
Tem boa tolerância a seca, porém se a estiagem for
prolongada e por vários anos, grande número de plantas
pode morrer.
Rebrota muito bem após passagem de fogo

Rendimento no corte: aproximadamente 18 t de MS/ha/ano (4 a 5 cortes)

Utilização: Pastejo - resiste a lotações pesadas - mesmo assim deve-se ajustar a carga animal à
disponibilidade de forragem e à fertilidade do solo.
O pasto pode ser mantido baixo (15 cm)
A ingestão das toxinas do fungo Phitomyces chartarum que se desenvolve na
Brachiaria decumbens, principalmente quando ela forma densos colchões, pode
levar os animais a desenvolver a fotossensibilização. Esta se manifesta por que a
12 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

esporodesmina (toxina fungo) provoca a perda de pigmentos, principalmente em


bovinos jovens entre 4 e 12 meses. A fotossensibilização pode ocorrer também em
outras espécies animais.
Embora com poucos resultados de pesquisa, a Brachiaria decumbens, baseando-se
na sua boa resposta a adubação, vem sendo submetida com sucesso ao pastejo
rotacionado

Resistência a pragas e doenças: Cochonilhas - causam pequenos danos


Cigarrinhas - Maior entrave à disseminação
Manejo do pasto para evitar a praga:

a) Manejo integrado: Manter a planta aproximadamente a 30cm de


altura para torná-la resistente ao ataque da praga, e para não permitir
que a radiação solar desidrate a “espuma” que protege a ninfa. Dessa
forma os inimigos naturais da cigarrinha também ficam protegidos.
Portanto é importante não permitir que o pastejo seja muito baixo,
mesmo sabendo-se que por se tratar de planta de crescimento
estolonífero ela pode rebrotar bem quando submetida a pastejos de até
15 cm de altura.
b) Controle químico: caro e é importante observar o período de carência
do produto utilizado.
c) Controle biológico: pode ser feito através do fungo Metarrhizium
anisopliae e da mosca Salpingogaster nigra

Consorciação : Difícil porque fecha o terreno, porém é possível com siratro, soja perene e
centrosema.

Fotossenssibilização: Maior problema para animais claros e jovens.


Retirar os animais do pasto e colocá-los em piquetes dotados de
sombra é a solução imediata para o problema.

BRACHIARIA HUMIDICOLA

Nome científico: Brachiaria humidicola


Nomes comuns: humidícola, quicuio do Amazonas
Origem: Africana

Aspectos vegetativos: Folhas estreitas (espetadinhas)


Sem pêlos - folhas mais rijas
Com ápice em agulha
Altamente estolonífera

Clima e solos: Não é exigente em solos - Vegeta em solos pobres embora responda bem à
abubação.
Vai bem em solos secos, mas comporta-se melhor em locais úmidos e quentes
Resiste bem a geada
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 13

Propagação e plantio: 3 - 5 Kg sementes limpas/ha


Não raramente apresenta sementes com baixo poder germinativo,
portanto especial atenção deve ser dada ao valor cultural das sementes

Rendimento no corte: Produz aproximadamente 18 t de MS/ha/ano

Utilização: Pastejo
Pode ser rebaixada até ± 10 cm
Mais tolerante às cigarinhas, mas sente os ataques
Dependendo do tipo de solo pode apresentar altas concentrações de oxalato,
levando os animais a um desequilíbrio no metabolismo do cálcio.

BRACHIARIA PLANTAGINEA

Nome científico: Brachiaria plantaginea


Nomes comuns: capim marmelada, milhã branca, grama Major Inácio, capim papuã.
Origem: Nativa

Aspectos vegetativos: Gramínea anual, herbácea, sub-ereta, tenra (dá bom feno);
Muito suculenta.

Clima e solos: Desenvolve-se em climas tropical e temperado;


Prefere solos férteis com boa umidade, mas cresce em solos de baixa fertilidade.

Propagação e Plantio: Propaga-se por mudas e sementes;


Praga de café e pastagens (ciclo anual).

Utilização: Pode ser utilizada para pastejo direto e para produção de feno, que é de excelente
qualidade. No Sul do país vem sendo utilizada com sucesso para produção de
silagem pré-secada, que pode ser fornecida até para vacas em lactação com bons
resultados.

BRACHIARIA RUZIZIENSIS

Origem: África
Nome científico: Brachiaria ruziziensis
Nomes comuns: Ruziziensis, capim congo

Aspectos vegetativos: Semelhante à decumbens


14 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Folhas com pêlos


Verde mais claro
Em geral mais ereta
Perene e estolonífera
Tem produtividade menor que a B. decumbens
Menos vigorosa para gramar
Floresce mais tarde (maio-agosto)
Muito palatável e tem cheiro de milho (época de florescimento)
Rácemos de base larga, sementes menores que as da B. decumbens,
grande presença de pêlos nas sementes

Clima e solos: Mais exigente em solos que a decumbens quanto a precipitação pluviometrica, é
muito semelhante à decumbens.

Propagação e Plantio: Também propaga-se por mudas, embora maior propagação seja por
sementes. Produz grande quantidade de sementes com boa viabilidade.

Utilização: - Boa para vacas leiteiras e animais jovens


- Pode ser usada para eqüinos
- Manejo semelhante à B. decumbens sem problemas de intoxicação
- Seca rapidamente após o florescimento
- Pode também ser usada no pastejo rotacionado

Resistência a pragas e doenças: Grande sensibilidade às cigarrinhas (susceptível)

Consorciação: Difícil, mas consorcia-se com soja perene estilosantes, siratro e


calopogônio

BRACHIARIA BRIZANTHA

Nome científico: Brachiaria brizantha


Nomes comuns: Brizanta, Brizantinha
Origem: África

Aspectos vegetativos: Gramínea herbácea


Perene
Sem perfilhamento intenso
Dificilmente cobre bem o solo
Atinge 0,70 a 0,80 m de altura
Produz sementes o ano inteiro
Folhas ligeiramente serrilhadas
Pêlos podem ser vistos somente com lupa
Inflorescência com uma fileira de sementes
Rácemo - apresenta-se com a base arroxeada
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 15

Propagação e plantio: Mudas e sementes

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Tolera muito bem à seca, e ao fogo; as geadas queimam a
parte vegetativa, mas a planta rebrota bem.

Rendimento: aproximadamente 10 toneladas/ha/ano

Utilização: Pastagens e feno

Pragas: Sem problemas com as cigarrinhas

CV. BRIZANTÃO (BRAQUIARÃO)

Folhas largas, verde escuro


Pêlos nos dois lados da folha (curtos)
Boa resistência às cigarrinhas
Boa palatabilidade
Inflorescências com rácemos bem desenvolvidos
Sementes (frutos) grandes

Clima: Semelhante às outras braquiárias

Solo: Exigente

Rendimento: 18 a 20 toneladas de MS/ha/ano (podendo produzir mais dependendo do solo)

Manejo:Esta planta não pode formar grandes touceiras, por que reduzirá muito a
produtividade do pasto. Dentre as braquiárias é a que menos tolera erros de manejo.
Quando passada, deve ser roçada e em último caso pode-se colocar fogo. Deve ser
mantida no pastejo contínuo entre 30 e 60cm de altura.
Mais recentemente vem sendo utilizada no pastejo rotacionado com bons resultados;
com intervalo de pastejo entre 30 e 35 dias.

Formação: Fácil e rápida. Tendo boas sementes no mercado (10 Kg sementes limpas/ha)

BRACHIARIA RADICANS
(B. arrecta)

Nome científico: Brachiaria radicans ( sinonímia: B. arrecta)


Nomes comuns: “Tanner grass”, Braquiária tóxica, Braquiária de brejo

Aspectos vegetativos: Folhas verde escuras e reluzentes


Folhas glabras, lisas e brilhantes
Folhas curtas e largas
Rizomas e estolões
16 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Clima e solos: Clima tropical e sub-tropical úmido - ppt  a 1200 mm anuais


Prefere solos férteis e úmidos, embora cresça bem em solos de boa drenagem e
de baixa fertilidade

Propagação e Plantio: Mudas ou colmos (hastes)


Aproximadamente 2 toneladas/ha (esparramar e gradear)
Não produz sementes viáveis

Utilização: Pastagens
Consorciação difícil devido à forma de crescimento
Pode-se tentar com siratro, centrosema, soja perene e Stylossanthes guyanensis

Toxidez: Nitrato 0,30 a 0,90%


Outras: 0,05% de nitrato
Animal apresenta: urina escura com sangue, desequilíbrio e prostração
Alcalóides - Não está descartada a possibilidade de presença de alcaloides nesta
planta

Plantio: Proíbido pelo Ministério da Agricultura


Hospedeiro do hemíptero Blissus leucopterus (Chinch bug)
O “Chinch bug” é praga perigosa para milho, arroz, trigo e cana-de-açúcar

Manejo: Planta flutua sobre a água


Grande percentagem de caule em relação às folhas
Pastejada por eqüinos, enquanto a B decumbens não é
Eqüinos só comem as sementes da B. decumbens
Intoxica: Bovinos, caprinos, ovinos, búfalos e eqüinos
Quando apresentar intoxicação: remover os animais
Pastos mistos geralmente não têm problema de intoxicação
Maior freqüência de intoxicação: época das águas com a planta nova

CAPIM TANGOLA
Híbrido de Brachiaria radicans x Brachiaria mutica

- Planta ainda muito pouco estudada


- Potencial - Planta com bom potencial de produção
- Adaptação - ideal para áreas úmidas, mas avança mais sob as áreas secas de meia encosta
que o capim angola
- Ganho de Peso - Tem apresentado bons ganho em peso e boas produções de leite
- Características - Tem características intermediárias entre o Tanner grass e capim angola,
apresentando-se mais clara e com pouco florescimento
- Resistência às cigarrinhas (Boa)
- Mais recentemente tem ocorrido ataques de Chinch-bug trazendo grandes prejuizos para a
produtividade dos pastos.

URUCLOA MOSAMBICENSIS

Nome científico: Urucloa mosambicensis


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 17

Nomes comuns: Urucloa, capim corrente.

Origem: Leste e Sul da África


Aspectos vegetativos: Perene
Apresenta hábito de crescimento variável, podendo apresentar estolões
ou rizomas
Seu caule pode chegar até 100 cm de comprimento
Folhas com aproximadamente 15 cm de comprimento e 1,5 cm de
largura
Apresenta pelos em ambas as faces da folha
Boa palatabilidade (é bem aceito pelos animais)
Suporta pastejo perto do nível do solo
Caules tenros e folhas abundantes.
A inflorescência pode alcançar 0,15m de comprimento, apresentando 4
a 12 espiguetas.

Climas e solos: Se adapta a todos os tipos de solos, mas apresenta melhor desenvolvimento em
solos mais pesados.
Precipitação mínima anual de 200mm – precipitação ideal de 500 a 1000mm.
Ideal para regiões de semiárido

Propagação e plantio: Sementes


Mudas

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Frio: baixa


Seca: boa

Pragas e doenças: sensível ao ataque de cigarrinhas.

Consorciação: consorcia-se bem com o Siratro e Estilosantes.

CAPIM ANDROPOGON

Nome científico: Andropogon gayanus


Nomes comuns: Andropogon, capim gambá

Aspectos vegetativos: Crescimento cespitoso


Presença de pêlos na bainha e na lâmina foliar
Atinge sem corte ou pastejo até 3,0 m de altura
Sementes com longas aristas

Andropogon gayanus Kunth, var. bisquamulatus cv planaltina

1ª introdução - década de 40

2ª introdução - grande interesse, início década 80.


18 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Clima e solos: Bem adaptado às condições climáticas reinantes nos cerrados (400 a 3000 mm
ppt anual)
Altitudes < 2000 m
Cresce bem em solos com alta saturação de Alúminio
Tem sistema radicular profundo, algumas raízes podem atingir até 1,20m.
Grande capacidade de extração de fósforo do solo

Responde bem à adubação -Fósforo, cálcio mais magnésio, enxofre e potássio.

Resposta ao Nitrogênio - Responde bem a adubação nitrogenada, mas só muda a composição


com adubação muito pesadas.

Kg de N/ ha ano % de PB (média)
0 6,2
28 6,2
56 6,2
112 6,9
224 7,9 Níveis geralmente anti-econômicos
448 9,6 desde que não sejam em pastejo rotacionado
896 10,4

Manejo:O capim andropogon não deve ser rebaixado a mais de 30cm.


Em função das características de crescimento rápido e do ciclo do capim andropogon
uma propriedade de gado de corte não deve exceder a 25% da área plantada com
essa forrageira.
Normalmente quando uma fazenda tem capim andropogon, quase sempre aparecem
áreas sub-pastejadas, o que prejudica a capacidade de suporte da área. O
recomendável é variar a carga animal durante os meses de dezembro, janeiro e
fevereiro ou nos meses mais chuvosos de cada região, para que o seu potencial de
produção seja mais bem explorado.
Quando submetido a super pastejo por longos períodos o pasto enfraquece o sistema
radicular e muitas touceiras podem ser arrancadas.
Se o capim andropogon estiver com crescimento pleno, situação muito comum nos
casos de áreas recém implantadas, deve ser roçado. Cuidados especiais devem ser
tomados, porque a semente é muito leve e costuma acumular e comprometer o bom
funcionamento do trator que estiver sendo usado na operação. O fogo também pode
ser usado, uma vez. que o capim andropogon é muito tolerante, porém para seu uso
cuidados especiais precisam se tomados, e é sempre bom levar em consideração os
efeitos negativos da destruição da matéria orgânica.

CAPIM GORDURA
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 19

Nome científico: Melinis minutiflora


Nomes comuns: Capim grodura, meloso, capim melado, capim catingueiro, capim Francano

Origem: - Cresce espontaneamente nos Estados do Brasil Central (MG, RJ, ES, SP), sendo
também utilizado no norte e nordeste. Alguns acreditam que foi introduzido junto
com navios negreiros.

Variedades; São muitas. Existem mais de 40.

1. Catingueiro roxo: mais disseminado em Minas Gerais


Inflorescência de coloração roxa
Folhas de coloração verde escura
Abundante secreção pegajosa

2. Cabelo de Negro
Porte menor
Folhas menores e entre nós curtos
Muito resistente ao pisoteio
Mais viscoso de todos
inflorescência de cor marron escuro (quase negro)

3. Capim gordura branco


Folhas de coloração verde claro
Inflorescências mais claras
Pêlos mais curtos nas regiões dos nós
Menos viscoso que outras variedades

4. Capim gordura Francano


Mais vigoroso e mais desenvolvido
Inflorescências maiores
Mais recomendado para corte
Menor resistência ao pisoteio

Clima e solos: Prefere regiões de chuvas acima de 1200 mm/ano


Vegeta bem em solos pobres, secos e sílico-argilosos, com alumínio alto
Excesso de umidade prejudica
Vegeta e desenvolve bem nos altos e encostas de morro
Apesar de desenvolver bem em solos pobres, responde pouco à adubação
quando comparado com colonião, jaraquá e pangola
Tem boa capacidade de extrair fósforo do solo.

Propagação e Plantio: - a lanço (20 a 25 Kg/ha), para facilitar misturar com terra
- em sulcos espaçados de 20 cm

Resistência a Fogo, Geada e Seca:


- Fogo: sensível, muitas plantas morrem
- Geada: rebrota mas mata a parte vegetativa
20 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

- Sombreamento: cresce bem em sombras de árvores,


quando o sombreamento é moderado

Utilização: Pastagens (1,0 a 1,5 cab/ha/ano), dependendo da fertilidade do solo a capacidade


de suporte pode ser mais baixa com 0,5 a 0,6 cab/ha/ano.
Na época da floração é bastante sensível ao pastoreio
Produz até 40 toneladas MV/ha/ano
Feno: 12000 Kg/ha/ano (12 t), com 2,4 a 4,4%PB (podem ser melhorados se a
planta for colhida no momento certo.
Sementes: 200 Kg/ha/ano

Manejo: Crescimento entoucerado e cespitoso


Pêlos secretam óleo volátil (não deixa cheiro no leite)
Evitar superpastoreio apesar da resistência ao pisoteio, porque eleva rapidamente o
ponto de crescimento
Não rebaixar a menos de 15 centímetros
Entrada (30 - 40 cm) Saída (15 - 20 cm)
Muitas touceiras morrem após o corte mecânico
Deve-se evitar cortar rente ao solo
Se for superpastejado fica bastante prejudicado e é invadido por ervas
O capim gordura apresenta o grande defeito de rebrote lento.

Resistência a pragas e doenças: Sofre ataque de lagartas que não chegam a comprometer, a
não ser no Norte de Minas Gerais
Colchonilhas - Ataque (sem maior comprometimento)
Trips na inflorescência

Consorciação: Centrosema, siratro, soja perene, estilosantes.


Em terras mais fracas: centrosema, estilosantes e siratro.
Espontaneamente com carrapicho beiço-de-boi e estilosantes

CAPIM BUFFEL

Nome científico: Cenchrus ciliaris


Nomes comuns: Capim bufalo, “buffel-grass”, bufalo grei

Origem: África, ïndia e Indonésia

Variedades: Biloela - origem da Tanzânia


Malopo e Lawes origem da África do Sul
Boorara, Nunbank origem em Uganda
Terewinnabar e Gayndah origem noQuênia

Biloela: Tipo mais alto e vigoroso (1,5 m de altura)


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 21

Panícula com espiguetas imaturas avermelhadas, quando madura tem cor de palha

Gayndah: De menor porte


Folhas mais verdes e menores
Caules mais finos
Maior densidade de perfilhamento
Muito precoce - vantajoso para regiões mais secas

Descrição geral: Plantas perenes


Crescimento duplo, cespitoso e rastejante
Produz grande quantidade de colmos
Folhas abundantes, verdes e verdes azuladas
Sistema radicular capaz de penetrar muito no solo (± 1,20 m)
Produz sementes leves e cobertas de pêlos, que podem ser transportadas pelo
vento

Clima e solos: É indicado para regiões com baixa precipitação (350 a 400 mm anuais)
Regiões úmidas devem ser evitadas
Oferece boa opção para áreas mais secas
Adapta-se melhor em solos leves
Adapta-se e desenvolve-se melhor em solos de pouca acidez

Propagação e Plantio: Propaga-se facilmente por sementes


Sementes com dormência de 4 a 6 meses
15 a 20 Kg sementes/ha (limpa 3-4 Kg/ha)
Não enterrar muito as sementes (menos de 2,0 cm)
Pode ser plantado por mudas enraizadas

Resistência : Seca: Boa


Fogo: Persiste após passagem (Boa)
Geada: rebrota (Queima parte vegetativa)

Manejo: Manter pasto baixo - sob pastejo contínuo não rebaixar mais que 20 cm
Capacidade de suporte: 1,0 a1,5 cab/ha
Rotacionado: entrada (0,60 - 0,80 m) saída (0,20 - 0,30)

Pragas e doenças: - Cigarrinhas: Provocam grandes danos no “stand”, maior entrave a


disseminação desta forrageira. Atualmente a pesquisa busca desenvolver
cultivares com maior tolerância às cigarrinhas
- Claviceps sp: Ataca as espiguetas, compromete muito a produção de
sementes

- Puccina cenchri e Helmentothospurium sp - Têm efeitos insignificantes


sobre a produção de forragem e sementes.

Consorciação: Consorcia bem com siratro, Stylosanthes gracilis, Stylosanthes humilis, soja
perene, centrosema.
22 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

CAPIM JARAGUÁ

Nome científico: Hiparrhenia rufa


Nomes comuns: Capim jaraguá, capim provisório, sapé gigante, capim vermelho

Origem: África, porém é considerado nativo do Brasil devido a grande adaptação


Aspectos vegetativos: Planta perene
Forma densas e vigorosas touceiras
Atinge até 2,50 m com as inflorescências
Quando utilizado corretamente forma uma densa camada
Na parte final do ciclo tem muitos talos e poucas folhas
Fruto cariopse com aristas características

Clima e solos: Adapta-se melhor em região com precipitação acima de 800 mm/ano
Vegeta bem em solos sílico-argilosos de mediana fertilidade
Tem crescimento limitado em solos excessivamente úmidos (cor roxa) e acidos

Propagação e Plantio: Sementes e mudas


A lanço 15-20 Kg/ha
Compactar o solo (com rolo ou pneus)

Rendimento no corte: 90-120 toneladas de matéria verde por hectare por ano
Produz aproximadamente 200 Kg de sementes/ha/ano

Utilização: Pasto
Feno - Desidrata rapidamente se cortado na idade correta e tem bom valor
nutritivo

Lotação: 1,0 - 1,5 cab/ha/ano

Manejo: Resiste bem ao corte e ao pisoteio


Não ultrapassar 0,60 - 0,70 m para ser cortado
Entrada (0,40 - 0,50 m) Saída (0,15-0,20 m)
Proporciona 5 a 6 cortes por ano
Quando mal manejado o fogo é o único recurso que se adota no fim da época seca

Características: Boa palatabilidade


Boa resistência ao pisoteio
Resiste bem à tosa pelo gado
Resiste às geadas curtas e à temperaturas não muito baixas
Boa resistência ao fogo
Boa resposta à adubação

Maiores defeitos: Curta duração do período de alto valor nutritivo


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 23

Muito susceptível ao ataque de saúvas


Em clima muito úmido pode ter suas (inflorescências) atacadas pelo carvão

Consorciação: Pode consorciar-se com siratro, soja perene, centrosema e kudzu tropical

SETÁRIAS

Nome científico: Setaria sphacelata (sinonímia Setaria anceps)

Nomes comuns: Setária

Cultivares: Nandi, Kazungula e Narok

cv Nandi: Forma touceiras até 1,5 m de altura


Inflorescência levemente amarronzada (20-25cm)
Possui intenso florescimento
Adaptada a grandes variedades de solo
Apresenta algum desenvolvimento invernal
Floresce 1 a 2 meses após início das chuvas
Geadas não causam grandes danos
Desenvolvimento lento permite boa consorciação inicial com leguminosas
Sob condições de alta umidade e temperatura tem sido atacada na Austrália por
Piricularia trisa.
A Tiletia echinosperma: prejudica a produção de sementes na região de origem.
Maior concentração de oxalatos levando ao aparecimento de cara inchada nos
animais

cv Kazungula: Mais grosseira e vigorosa


Atinge até 2,0 m de altura
Panículas aproximadamente com 38 cm
Folhas mais longas com um verde mais azulado
Floresce mais tardiamente que o cv Nandi
Tolera áreas muito úmidas
Consorciação mais difícil, estabelece mais rapidamente
Piricularia trisa: ataca mais raramente

cv Narok: Boa tolerância ao frio


Bom vigor
Verde mais intenso que Nandi e Kazungula
Crescimento invernal é pequeno
Atacada pela Piricularia trisa
24 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Origem: África

Aspectos vegetativos: Espécie perene


Crescimento ereto
Panícula como inflorescências
Formam touceiras e algumas podem apresentar crescimento estolonífero

Clima e solos: Solos de mediana fertilidade


Arenosos até argilosos
Suporta solos mal drenados e sujeitos a encharcamento
Exige de 800 a 1200mm de precipitação por ano

Propagação e Plantio: Sementes (3 - 4 Kg/ha com VC de 28,5%)

Resistência: Seca: (resiste razoavelmente bem)


Fogo: Rebrota
Geada: Tolerante ao frio, mas seca após geada

Rendimento: superior a 60 t MV/ha/ano


cv Kazungula pode produzir até 40 t MV/ha em um só corte

Utilização: Pastejo Entrada (0,40 - 0,60 m) Saída (0,20 - 0,30 m)

Consorciação: Siratro, estilosantes e desmódio

OXALATOS: Pode causar problemas em equinos e em vacas de alta produção. O uso de


leguminosas em consorciação pode reduzir ou eliminar o problema porque as
leguminosas são ricas em cálcio. Um outra maneira de evitar o aparecimento da
cara inchada seria forçar a ingestão diária de mistura mineral.

CAPIM ELEFANTE

Nome científico: Pennisetum purpureum


Nomes comuns: capim elefante, napiê, napier, etc... em geral o nome comum corresponde à
variedade

Origem: África - introduzido no Brasil por volta de 1920

Variedades: oriundas da China: TAIWAN A-25, A-26, A-144, A-146, A-143 e A-148
Colômbia: Gigante, Merkeron, Elefante de Pinda
Índia: Napier-1, Napier-2
Costa Rica: Turrialba
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 25

Outras variedades: Mineirão, Porto Rico, Mole de Volta Grande, Vrukwona,


Untali, Niagara Falls, camerum, roxo, entre muitas outras.

Aspectos vegetativos: Gramínea perene


Colmo e hastes semelhantes à cana
Rústica
Atinge até 6 m de altura
Colmos, cilíndricos, nós glabros
Folhas com 1,25 a 4 cm de largura
Inflorescência espiciforme

Clima e solos: Adapta-se melhor em regiões de clima tropical com ppt  1000 mm/ano
Deve-se evitar terrenos com excesso de umidade
Solos de consistência mediana, ricas em Matéria Orgânica
Produz pouco em solos pobres
Não tolera solos ácidos

Multiplicação: Feita por plantio de mudas e sementes


O plantio deve ser feito preferencialmente com mudas novas (90 a 120 dias de
idade). Devem ser plantadas em espaçamento variável de 0,50 a 1,0m de largura
e fazendo-se o transpasse de mudas (pé com pontas). Deve-se evitar a utilização
de mudas oriundas de plantas que já floresceram porque apresentam baixa
porcentagem de pegamento.

Sementes - Não é boa uma maneira de multiplicação porque poucos cultivares


produzem sementes viáveis no Brasil.

Rendimento no corte: Produz de 150 a 180 toneladas de matéria verde/ha/ano em 5 cortes. A


literatura cita produções de 250 toneladas em Pernambuco e 240
toneladas de matéria verde/ha/ano em Sete Lagoas, MG. Com adubação
adequada pode chegar facilmente a 30 toneladas de matéria seca/ha/ano.

Utilização: Verde: cortar com aproximadamente 1,80 m de altura, antes da saia começar a
amarelar
Pasto: Sob manejo rotacionado
Silagem: Utilizar a planta ainda nova

Uso sob pastejo: Adubar bem (N-P-K)


Formar com 50 cm de espaço entre linhas
Descanso mínimo de 30 dias (entre 30 e 45 dias)
Só funciona em menejo rotacionado
Entrar quando estiver cobrindo as vacas
Retirar com 20% de lâminas foliares residuais, ou 40cm de altura
Suporta 5-7 vacas/ha/ano - nas águas com 500 Kg N/ha/ano
Manejo de Piracicaba: Entrada (0,60 - 0,80 m) Saída (0,30 - 0,40m)
Boa opção para produção de leite
Quando utilizado sob pastejo rotacionado é importante que o meristema
apical seja removido no 1º pastejo
26 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Fazer monitoração da fertilidade do solo anualmente e não esquecer de


aplicar o potássio juntamente com o nitrogênio.
É importante aplicar pelo menos 30kg de enxôfre por hectare por ano.
A aplicação de matéria orgânica potencializa a adubação química.
O uso de adubos contendo micronutrientes pode melhorar a produtividade de
algumas áreas utilizadas como pasto.
Não existem pesquisas comparando os diferentes cultivares, mas é provável
que particularidades de manejo sejam desenvolvidas a partir de um maior
conhecimento científico á respeito dos cultivares.

Variação da altura da planta e produção de massa verde do capim elefante em várias idades

Idade (dias) Altura (m) Rendimento (t/ha)


28 0,80 9
56 1,20 34
84 1,80 38
140 2,85 51
196 3,20 41
Fonte: ANDRADE e GOMIDE (1971)

Uso como Feno: É importante cortar a planta ainda nova com 1,0 a 1,2m de altura para
permitir a produção de um feno de melhor qualidade. A planta deve ser
passada em picadeira e seca em terreiros. É importante que as camadas
sejam finas. (de 5cm de altura) para permitir uma secagem rápida. O feno de
capim elefante pode também ser produzido com auxílio de calor artificial
regulável (uso de fornalhas).

Uso da capineira: O capim elefante pode ter a qualidade da forragem melhorada se a capineira
for submetida a corte no final do período chuvoso. Uma outra maneira de
utilizar as áreas com capim elefante seria a utilização como pasto até o mês
de fevereiro e a forragem produzida posteriormente seria cortada. É bom
lembrar que as capineiras devem receber adubações após cada corte.
Quando as folhas de baixo começam a amarelar significa que a capineira já
esta passando.

Uso como Silagem: Para a produção de silagem, o capim elefante deve ser cortado entre 1,50
e 2,00m de altura, sempre rente ao solo. Devido ao grande conteúdo de
água no capim elefante novo é importante submeter a forragem depois de
cortado a um pré-murchamento de 8 horas de exposição ao sol. Esta
prática melhora sensivelmente a qualidade da silagem obtida. Na
impossibilidade de execução desta técnica pode-se adotar a prática de se
adicionar material com alto conteúdo de matéria seca ao capim elefante
visando elevar a matéria seca total da massa a ser ensilada para valores
próximos a 30%. Pode ser adicionado feno de capim elefante, polpa de
citrus e milho desintegrado com palha e sabugo.

Resistência:Fogo: rebrota mal


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 27

Geada: queima suas folhas, mas não morre.


Pragas e doenças
O capim elefante pode ser atacado por cigarrinhas e lagartas que causam
grande dano às capineiras e às áreas de pastejo rotacionado. Alguns fungos
também podem atacar as capineiras e áreas de pastejo rotacionados

CAPIM ANGOLA

Nome científico: Brachiaria mutica


Anteriormente era classificado como: Panicum purpurascens ou Panicum
barbinoide

Nomes comuns: Capim angola, bengo, capim de planta, capim fino, capim de corte, paragrass

Origem: África Central


Alguns autores consideram-no indígena

Aspectos vegetativos: Gramínea perene


Decumbente
Produz estolões

Clima e solos: Adapta-se bem desde o Rio Grande do Sul até o Amazonas
Vai melhor em regiões com mais de 1200 mm anuais de precipitação
pluviométrica
Prefere solos de baixada, férteis, com bom teor de umidade
Suporta bem as inundações, tem grande resistência a lâmina d’água permanente,
mas não pode ser totalmente coberta por longos períodos.
Não resiste bem a seca prolongada

Propagação e Plantio: Por estacas (pedaços de colmos)


Produz sementes viáveis no Norte de Minas Gerais

Resistência a fogo, geada e seca: Apresenta tolerância moderada às geadas


Rebrota após passagem de fogo
Resiste a inundações prolongadas
Não tolera seca prolongada, muitas plantas podem morrer

Resistência a pragas e doenças: Atacado por colchonilhas que causam dano à produção

Utilização: Pasto
Corte - Para ser utiizado verde ou como feno

Rendimento: aproximadamente 70 t MV/ha/ano (Em solos menos férteis há menor produção)


28 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Taxa de lotação: 1,0 - 2,0 animais por hectare na época das águas
(grande variação em função do manejo)

Manejo: Não rebaixar à alturas menores que 15 centímentros


Pisoteio: muito resistente
Deve-se evitar macegas, colmos ficam muito duros, lignificam rapidamente
Entrada (0,60 - 0,80m) Saída (0,30 - 0,40 m)
Pode ser utilizado no pastejo rotacionado. Atenção especial deve ser dada à lâmina
d’água que pode dificultar as adubações. Em algumas regiões de Minas Gerais o
capim angola pode levar categorias animais de grande exigência nutricional ao
desenvolvimento de cara inchada (vacas de leite, bezerros em crescimento e potros)
devido aos altos conteúdos de oxalato. Quando manejado inadequadamente, o capim
angola pode formar “macegas”e os caules muito lignificados podem provocar cortes
nos lábios dos equinos. Quando manejado para produção de feno, é importante que o
capim angola seja cortado ainda novo, momento em que está com o valor nutritivo
alto.

Consorciação: Recomenda-se soja perene, siratro e centrosema

CAPIM COLONIÃO

Nome científico: Panicum maximum


Nomes comuns: capim colonião, colonhão, capim touceira, geralmente recebe o nome do
cultivar

Origem: África - Adaptou-se muito bem no Brasil

Variedades: Murumbu ou colonião de grande porte

Sempre verde: adaptado à áreas de clima mais fresco, menos persistente,


mantém-se mais verde na seca.

Guiné e Guinezinho: porte menor, tenro, forma sementes durante período de


crescimento

Green panic (var. trichoglume): Adaptado a solos de menor fertilidade.


Mais resistente à seca e ao frio, exige entre 600-1200 mm anuais, oferece boas
perspectivas para consorciação, verde mais claro, floresce de novembro a abril,
touceira aberta e pouco densa, nós com pêlos

Gatton panic: originário da Rodésia do Sul, verde bem escuro, Altura de


aproximadamente 1,50 m, Boa resistência à seca, mais exigente que o green
panic.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 29

Makueni: exigente, boa distribuição de produção de matéria seca

Tobiatã: verde claro, boa produção de massa, folhas largas

Centenário: Boa produtividade, adapta-se em solos de mediana fertilidade


Precisa de mais estudos juntamente com o Tobiatã

Tanzânia: Quando mais novo tem excelente relação folha/hate, bom valor
nutritivo. Tem baixa resistência a geada. Planta muito exigente em
fertilidade do solo

Aspectos vegetativos: Brotações têm os colmos chatos


Forma touceira, mais ou menos abertas, dependendo da variedade
Tem várias tonalidades de coloração
A maioria tem desenvolvimento vigoroso, podendo atingir até 3,0 m de
altura

Clima e solos: Adapta-se à uma grande faixa de clima


Precipitação de 800 - 1000 mm anuais (Green-panic 600 mm)
Prefere solos férteis (média a alta), argilo-arenosos e bem drenados
Pode crescer em solos pobres e secos, embora não resista ao pisoteio.
A exigência em solos é variável de acordo com os cultivares.
Esta planta apresenta uma enorme diversidade entre os cultivares que são em
número muito grande.

Propagação e Plantio: Sementes e mudas enraizadas


VC mínimo de 10%
Utilizar sementes com espaçamento de 0,60 m entre linhas
Sementes em filete contínuo, às vezes usa-se espaçamento menor para
variedades de menor porte
Mudas: - 0,50 m entre linhas
- 0,50 m entre covas
- 3 - 5 mudas/cova
O plantio por mudas está fora de uso devido ao alto custo.

Resistência a Fogo, Geada e Seca:Baixa resistência às geadas


Rebrota facilmente após passagem de fogo, que pode ser o
único recurso para eliminação de macegas.
Razoável resistência à seca apresentando diferenças entre
cultivares

Utilização: Feno: Boa qualidade, embora tenha velocidade de secagem entre hastes e folhas
diferentes o que difuculta o processo
Silagem: pobre em carboidratos solúveis, não deve ser usado
Pasto: excelente pode superar 100 t MV/ha/ano
Entrada (0,60-0,80 m) Saída (0,30-0,40m) Alguns de porte menor com o
o gatton panic podem eventualmente ser rebaixados até 0,20 m.
30 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Taxa de lotação: 1-3 cab/ha/ano na época das águas,


1-1,5 cab/ha/ano na época da seca
Estas taxas de lotação são dependentes da fertilidade do
solo

Deve ser manejado de preferência em rotação


Possui excelente valor nutritivo se manejado adequadamente

Resistência a pragas e doenças: Atacado por Cigarrinhas, lagartas e gafanhotos


Alguns fungos prejudicam a qualidade das sementes,
reduzindo a viabilidade destas.

CAPIM KIKUIO

Nome científico: Pennisetum clandestinum


Nomes comuns: Kikuiu e quicuio.
Origem: África (Quênia)

Cultivares: Comum - Multiplica-se por mudas

Whittet: menor crescimento, folhas mais largas, talos mais grossos, entre nós mais
alongados, mais produtivo, mas de formação mais lenta, floresce bastante e produz
sementes viáveis no Rio Grande do Sul e Austrália (400.000 sementes/ Kg),
sistema radicular profundo.

Breakwell: cobre bem o solo, formando “colchão” bem denso


Mais resistente a invasoras

Aspectos vegetativos: Perene


Estolonífera e rizomatosa
Folhas estreitas, porte geralmente rasteiro
Forma densos gramados
Suporta bem ao sombreamento. Característica importante

Clima e solos: Exige solos férteis, não vai bem em solos arenosos e pobres, não suporta seca
prolongada e nem excesso de água
Prefere altitudes superiores a 800 m, vai melhor em precipitações acima de
1.200 mm indo bem até 2.000 mm/ano.
Exige precipitação acima de 750 mm anuais

Propagação e Plantio: CV. comum: não produz sementes viáveis


Multiplicação por estacas.
Mudas como pedaços de colmo (30-40 cm)
Sulcos podem ser espaçados de 1 metro
Colmos devem ser enterrados (3/4 dos colmos)
Whittet- multiplica-se por sementes que geralmente são importadas
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 31

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Rebrota bem após o fogo


Boa resistência à geadas
Resiste bem às secas, desde que não sejam muito
prolongadas.

Utilização: Pode ser utilizado como pasto e para produção de feno, devido à suas
características morfofisilógicas, suporta muito bem ao corte baixo.
Para um melhor aproveitamento no pastejo contínuo deve ser mantido entre 15 e
25 cm.
No pastejo rotacionado as alturas de entrada deven estar 30 e 40cm e as de saída
entre 15 e 20cm.
Pode perfeitamente ser utilizado como piquetes de bezerros e para criação de
bezerros em gaiolas individuais.
Na realidade o capim kikuio não favorece a infestação de bezerros por
endoparasitas conforme é crença comum entre os produtores. Apenas ele se
desenvolve muito bem em locais úmidos e ricos em matéria orgânica (fezes de
bovinos adultos). Quando os bezerros são mantidos em pastos com estas
características podem apresentar altas cargas parasitárias.

Rendimento: 60 t MV (6 cortes), vai de 30 a 90 t MV/ha depende da variedade do tipo de solo


e da altitude
lotação: 1 - 2 cab/ha (dependendo do local)
Produz melhor em solos férteis, ricos em matéria orgânica

Pragas e doenças: Cigarrinhas podem causar grandes danos


Fungos causam danos menores
Bactéria: Myrothycium cincum: pode ter efeito tóxico em pastagens
irrigadas
Lagartas: Pseudaletia separata
Pseudaletia convicta

Consorciação: Desmódio, Lotononis, Soja Perene, Siratro e Trevo Branco

PASPALUM NOTATUM
(grama batatais)

Nome científico: Paspalum notatum


Nomes comuns: Grama batatais, Grama Rio Grande, Grama Forquilha, Gramão

Origem: América do Sul

Cultivares: Comum
Pensacola ou Bahia grass: muito usada no RS, bom pasto para eqüinos
32 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Alguns autores classificam este cultivar como Paspalum saurae

Aspectos vegetativos: Perene


Crescimento rústico
Possui estolões e rizomas
Grande capacidade invasora

Clima e solos: Apresenta grande número de ecotipos em função dos diferentes clima e solos
Adapta-se bem em solos pobres
Considerada invasora, cresce muito bem em solos com boa umidade
Necessita acima de 700 mm de precipitação anual

Propagação e Plantio: Estolões ou rizomas: plantados em placas


Sementes - Alguns cultivares não produzem sementes viáveis
Resistência a Fogo, Geada e Seca: Rebrota bem após o fogo
É relativamente resistente à geadas
Resiste bem à seca

Utilização: Resiste bem ao pisoteio, deve ser mantido baixo para melhor aproveitamento.
Boa palatabilidade - Tem baixa produção de matéria seca. Excelente pasto para
equinos

Resistência a pragas e doenças: No Brasil sem problemas


Na Argentina fungos nas sementes podem causar pertubação
aos animais

Consorciação: Estilosantes e todas as leguminosas nativas, carrapicho beiço-de-boi

Outros usos: Parques e jardins


Usada para contenção de encostas
Pode ser usada em canteiros entre os tanques de piscicultura

PASPALUM PLICATULUM

Nome científico: Paspalum plicatulum

Nomes comuns: Pasto negro, plicatulum, capim colchão

Origem: Brasil (Américas)

Cultivares: Hartlhey - Brasil


Rodd’s bay - Guatemala

Aspectos vegetativos: Perene


Cespitosa e rizomatosa
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 33

Touceiras com até 1,2 metros de altura


Folhas com até 40 cm de comprimento

Clima e solos: Vegeta bem em solos pobres


Necessita acima de 760 mm de precipitação por ano
Vai bem em solos argilosos e arenosos
Suporta bem (razoavelmente bem) condições de encharcamento

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Boa à seca


Excelente resistência ao pisoteio
Queima com geadas mas rebrota após primeiras chuvas
Resiste bem ao fogo

Utilização: Pasto: pode ser mantido baixo, os animais devem sair com 0,20 m de altura
Tem a vantagem de florescer no final do verão
Produz de 30 a 40 t MV/ha/ano
Palatabilidade apenas razoável
Valor nutritivo é de razoável à baixo
Se for mal manejado permitindo-se muita sobra de capim, esta forrageira lignifica-
se e torna-se de valor nutritivo muito baixo, comprometendo o desempenho dos
animais

Consorciação: estilosantes e desmódios

Outras forrageiras do gênero Paspalum: Capim rimarez (Paspalum guenoarum)


Capim comprido (Paspalum dilatatum)
Capim gengibre (Paspalum maritimum)
Grama tio Pedro (Paspalum spp)
Capim gana (Paspalum scrobiculatum)

CAPIM DE RHODES

Nome científico: Chloris gayana


Nomes comuns: Capim de Rhodes

Origem: África

Variedades: CV Gigante ou collidiço Alego, CV Zaia, CV Sanford, CV Katambara

Aspectos vegetativos: Perene


Cespitosa e estolonífera
Atinge até 1,5 m
34 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Clima e solos: Ocorre em todos os tipos de solos, exceto nos muito argilosos e ácidos
Adapta-se melhor em solos de fertilidade mediana com boa percentagem de
matéria orgânica.
Responde bem à adubação
Exige precipitação entre 650 - 1150 mm anuais
Tolera elevadas temperaturas

Propagação e Plantio: Sementes (8-10 Kg/ha) em linhas espaçadas de 0,50 m


No passado, muitas implantações de áreas de capim Rhodes ficaram
prejudicadas devido a má qualidade das sementes existentes no mercado.
Hoje já existem sementes de melhor qualidade. De qualquer forma é
bom estar atento à qualidade das sementes no momento da aquisição das
mesmas.
Atenção especial deve ser dada ao tipo de solo, uma vez que esta
forrageira não tolera solos ácidos.

Resistência a Fogo, Geada e Seca: À seca é Boa


Geada: Boa
Fogo: Rebrota, mas existem poucas informações no Brasil

Manejo: Resiste bem ao pisoteio


Entrada (0,30m) Saída (0,15m)
Feno de boa qualidade: talos finos, pouco fibrosos e bem macios
Rendimento: 60 t MV/ha/ano
Bem rendimento de feno
Corte aproximadamente à 10 cm do solo

É uma boa opção para equinos, tanto no pastejo, como para produção de feno.

CANARANA ERETA LISA

Nome científico: Echinochloa pyramidales


Nomes comuns: Canarana ereta, “Antelope grass”

Origem: Nativa

Aspectos vegetativos: Perene


Vegeta bem em locais baixos sujeitos a inundações
Ereta
Folhas finas
Atinge até 3,0 m de altura
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 35

Produz grande percentagem de sementes cheias, porém de baixa


germinação
Grande exigência de fertilidade

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Rebrota bem após o fogo


Resiste bem ao pisoteio
Esta planta é cultivada em locais úmidos e que
normalmente não estão sujeitos às geadas

Utilização: Pastejo até 2,0 cab/ha/ano


Corte - pode ser utilizado verde

Resistência a pragas e doenças: sem informações

Rendimento: 30 - 40 t MV/ha ano

Consorciação: Sem informações

CANARANA VERDADEIRA

Nome científico: Echinochloa polystachya


Nomes comuns: Canarana verdadeira

Origem: Nativa

Aspectos vegetativos: Perene


Estolonífera
Folhas glabras com 2,0 cm de largura
Bainhas com pêlos
Atinge até 2,0 metros de altura

Clima e solos: Larga faixa de adaptação


Sensível à seca e frio
Muito exigente em umidade, mais que em fertilidade

Propagação e Plantio: Mudas

Fora da Amazônia esta planta tem-se mostrado com baixa resistência ao pisoteio.

CAPIM PANGOLA
36 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Nome científico: Digitaria decumbens


Nomes comuns: Pangola ou pangolinha
Origem: África do Sul

Aspectos vegetativos: Perene


Prostrada e estolonífera
Cobre bem o solo
Boa resistência ao pisoteio
Geralmente atinge 0,60m podendo chegar até 1,20 m

Clima e solos: Desenvolve-se melhor em regiões com precipitação superior a 1200 mm/ano
Cresce desde o nível do mar até 1800 m
Prefere solos férteis e úmidos, adapta-se aos argilosos e arenosos
Responde bem à adubação
Adaptado à grande variedade de climas, embora prefira altas precipitações e
clima quente

Propagação e Plantio: Mudas: não produz sementes viáveis


1 t/ha com espaçamento de 1,0 m entre linhas e 0,40 m entre covas
Em sulcos deixar um terço da muda para fora
Espalhar e gradear com solo úmido; neste caso gasta-se 3 a 4 toneladas
de mudas por hectare

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Fogo: rebrota bem após sua passagem
Geada: Boa
Seca: Baixa, não tolera seca prolongada

Rendimento: 45 t MV/ha/ano (15 t MS/ha/ano)

Taxa de Lotação: 1,5 - 2,0 cab/ha/ano

Manejo: Suporta cortes baixos até 5cm do solo


Permanece verde por mais tempo que algumas gramíneas
Pasto: Entrada (25 - 30 cm) Saída (5 - 10 cm)
Feno: Tem talos macios (boa qualidade)

Resistência a pragas e doenças: Sensível ao ataque de cigarrinhas (Tomospis flavopicta e


Tomospis humeralis) e colchonilhas.
Vírus: Pangola stunt vírus causa a “stunt virus desease” que
provoca uma multiplicação exagerada da planta
apresentando-se com folhas novas retorcidas, deformadas e
morte das extremidades das folhas mais velhas. Conhecido
como vírus do enfezamento, reduz muito a produção da
planta.

Consorciação: Estilosantes, soja perene, siratro, centrosema


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 37

TRANSVALA

Digitaria decumbens Stent, cv transvala.


Conhecido como transvala ou capim transvala.
Prefere solos de boa fertilidade.
Mais tolerante à seca que o pangola comum.
Resistente ao “nematóide picador” Belonolaimus caudatus e ao “pangola stunt virus”.
Pode ser identificado pela presença de pêlos basais na superfície da lâmina foliar adjacente ao
colar.
Se desenvolve bem no Triângulo Mineiro.
Tem uma desidratação muito rápida na confecção de feno.
Parece desenvolver-se bem em solos de fertilidade mediana.
A sua resistência ao vírus do enfezamento é muito importante.

ESTRELA AFRICANA

Nome científico: Cynodon plectostachyus


Nomes comuns: Capim estrela gigante, estrela, estrela africana, estrela branca

Origem: África

Aspectos vegetativos: Perene


Crescimento rústico
Estolões fortes
Possui sistema radicular forte
Folhas largas para o genêro
Forma denso colchão

Clima e solos: Precipitação deve ser acima de 600 mm anuais, prefere 1.000 a 1.200 mm/ano
Prefere solos arenosos de boa fertilidade
Em terra roxa consegue produzir bem

Propagação e Plantio: Mudas: estolões e ramos


Plantar em solo úmido
Pode ser plantada com grade, esparramar as mudas no terreno e passar a
grade por cima.

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Fogo: rebrota


Seca: Boa desde que não muito prolongada
Geada: rebrota apesar da morte da parte vegetativa

Rendimento: Produz 13 -15 t feno/ha em solos de boa fertilidade

Utilização: Sem problemas de intoxicação no Brasil


África do Sul há ocorrência de ácido prússico (HCN -envenamento)
Responde bem à adubação
38 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Pode ser rebaixado até 5 ou 10 cm


Entrada (0,30 - 0,40 m) Saída (0,15m)
Produz feno de boa qualidade quando manejada adequadamente.
Como toda planta do genero Cynodon, deve se manejada com cuidado e atenção
porque a relação haste/folha se desequilibra facilmente em relação a hate se não for
cortada ou pastejada no momento certo; ocasionando perda no valor nutritivo e
consequentemente reduções nos índices de produção animal.

ESTRELA AFRICANA ROXA

Nome científico: Cynodon nlenfuensis


Nomes comuns: Estrela africana roxa, estrela roxa, capim estrela roxa

Muito semelhante à estrela africana


Não produz sementes viáveis no Brasil
Plantas com talos arroxeados
Inflorescência roxa
Possui folhas mais largas que a estrela comum
Lignifica rapidamente
Baixa palatabilidade para eqüinos em algumas épocas do ano
Muito produtiva em terras boas: Podendo atingir até 20 t de feno/ha/ano
Parece menos exigente em solos: adaptou-se bem em solos de mediana fertilidade no Triângulo
Mineiro

COAST-CROSS

Nome científico: Cynodon dactylon x Cynodon nlenfuensis

Origem: Plantas obtidas por cruzamentos entre plantas do gênero cynodon, nos Estados
Unidos da America do Norte
Existem várias plantas que recebem números, por exemplo coast-cross nº 1, nº2, nº3
etc...
Estas plantas basicamente se diferem por aspectos morfológicos e de adaptação à
clima e solos.

Aspectos vegetativos: Perenes


Rústicas
Crescem por estolões
Alguns tem rizoma, outros não possuem
Aproximadamente 0,60 m de altura

Clima e solos: Adaptam-se à grande variedade de solos, desde os leves até pesados
Toleram inundações por longos períodos mas crescem, pouco em solos
encharcados
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 39

Respondem muito bem à adubação


Precipitação entre 600 - 1600 mm/ano

Propagação e Plantio: Estolões e rizomas


Espaçamento de 1,0 m x 1,0 m
Não produzem sementes viáveis no Brasil

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Fogo: resiste bem (rizomas)


Geada: boa resistência
Seca: Resiste bem, porém não tolera seca muito
prolongadada

Rendimento: Coast-cross supera 15 t feno/ha/ano podendo chegar a produções mais altas se


bem adubado

Utilização: Em pastejo com Entrada (0,30 - 0,40 m) e Saída (0,10 m)


Em áreas de pastejo rotacionado pode ser rebaixado até cinco centímetros desde
que as adubações sejam bem balanceadas e o tempo de descanso seja observado
corretamente.
Em função de sua boa resposta à adubação pode perfeitamente ser utilizado para
produção de feno e em pastejo rotacionado. Geralmente são boas opções para
formação de piquetes para bezerros e equinos de várias idades.
Quanto ao manejo é importante estar atento para as alturas ideais de utilização
uma vez que as hastes lignificam rapidamente e perdem o valor nutritivo. Estas
plantas necessitam de solos com bons teores de matéria orgânica e o uso de
esterco, preferencialmente curtido, potencializa em muito as adubações químicas
em campos de feno ou em áreas de pastejo rotacionado.

Consorciação: Difícil, devido ao tipo de crescimento, cobre muito bem o solo

Campos de Feno: Forma com 60 - 80 dias (30 - 35 cm)


As adubações de reposição devem ser feitas com nitrogênio e potássio. É
importante fazer um acompanhamento anual da fertiidade do campo de feno.
Primeiro corte preferencialmente mecânico
Adubar o mais rápido possível, ato contínuo ao corte
Permite cortes a cada 30 dias
Observar as inter-relações entre os minerais principalmente quando se usa
esterco de suínos

CAPIM GUATEMALA

Nome científico: Tripsacum fasciculatum (Sinonímia Tripsacum laxum)


Nomes comuns: Capim Guatemala

Origem: América Central

Aspectos vegetativos: Gramínea perene


40 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Grande porte
Folhas abundantes, semelhantes às do milho
Colmo semelhante ao milho
Bainha glabra, abraçando fortemente o colmo
Florescimento raro fora do País de origem
Flores unissexuadas

Clima e solos: Desenvolve-se melhor em áreas de altas precipitações


Exige solos de boa fertilidade
Não tolera excesso de umidade
As capineiras tem que receber adubação de manutenção (esterco mais adubo
químico)

Propagação e Plantio: Pedaços de colmos com 20 - 30 cm de comprimento


Estacas com 3 - 5 gemas
Sulcos com 10 cm de profundidade
0,80 - 1,0 m entre sulcos
0,80 - 1,0 m entre estacas
Mudas inclinadas na cova com um terço descobertas
Germinação em 15 ou 20 dias

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Fogo: Parece ser muito baixa


Seca: Boa
Geada: muito susceptível, queima parte vegetativa

Rendimento: 100 - 120 t MV/ha/ano

Utilização: Capineira (quase exclusivamente)


Silagem: Não é muito recomendável porque esta planta tem baixos conteúdos de
carboidratos solúveís, portanto não fermenta bem, não dá silagem de muito boa
qualidade
Esta planta não aceita pastejo direto

Pragas e doenças: Broca do colmo (Diatreia sacharalis): danos sérios


Lagarta das folhas (Laphigma frugiperda)

Manejo: Cortar quando as plantas atingirem 1,50 m (dá até 3 cortes por ano)
Cortar a 15 cm do solo
Corte rente causa seca da touceira e também apodrecimento
Não resiste ao pisoteio
Permanece mais verde e suculento durante todo o ano que o capim elefante
Dá cortes a cada 70 - 80 dias na época das águas

CAPIM VENEZUELA

Nome científico: Axonopus scoparius


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 41

Nomes comuns: Capim Venezuela, capim-de- teso, capim colombiano, capim imperial

Origem: Desde o México até a Argentina

Aspectos vegetativos: Perene


Cespitosa com colmos sem ramificações
Folhas 15 a 25 cm de comprimento (bainha) e 40 a 60 cm, de limbo com
largura de três a quatro centímetros
Macia e tenra, conservando-se macia na frutificação
Não produz sementes viáveis no Brasil

Clima e solos: Vegeta na zona equatorial e temperada com precipitação superior 1000 mm
Prefere solos argilo-sílico-humíferos

Propagação e Plantio: Deve ser usado o espaçamento de 60cm entre sulcos. Pode-se utilizar
pedaços de colmos ou mudas enraizadas

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Baixa resistência


Seca: Boa
Fogo: Não resiste

Rendimento: 60 -70 t MV/ha/ano em 3 ou 4 cortes

Manejo: Não resiste ao pisoteio


Cortar quando atingir 0,80 a 1,00 m, sempre a 15 cm do solo
Tem palatabilidade muito boa

Resistência a pragas e doenças: É atacado por Helmintosporium na inflorescência


Pode ser atacado por gomose (virose), sendo que os
cultivares Etoclon 60 e Etoclon 72 são resistentes

AVEIA FORRAGEIRA

Nome científico: Avena Sativa, Avena bizantina e Avena strigosa

Nome comum: Aveia forrageira

Origem: Europa

Forrageiras: Avena bizantina - sementes amarelas


Avena strigosa - sementes pretas
Avena sativa - produção de grãos

Variedades: Bagé, Marion, IAS-49, IAS-50, LB-Argentina (Avena bizantina)


Aveia preta (Avena strigosa)
42 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Aspectos vegetativos: Gramínea anual


Porte ereto
Folhas largas, compridas e verde escuras
Colmos macios, bastante suculentos
Muito palatável

Clima e solos: Planta de clima temperado (forrageira de inverno)


Adapta-se em clima tropical e sub-tropical quando plantada no inverno
Não é muito exigente em fertilidade, mas não tolera pH abaixo de 5,0
Pode-se usar várzeas onde foram feitas culturas de arroz
Necessita de adubação balanceada
Fazer cobertura com nitrogênio e potássio após cada corte

Propagação e Plantio: Época de plantio é de abril-maio (algumas regiões março)


Sementes (60 a 80 Kg/ha)
Profundidade de 1 cm
Sulcos espaçados de 50 cm - usar filete contínuo
Não suporta lâmina d’água permanente (diferente do arroz)
Agregar bastante matéria orgânica ao solo antes do plantio

Rendimento: Muito variável depende do manejo da cultura, se irrigada poderá produzir muito,
acima de 50 toneladas de matéria verde por hectare
Em Uberaba-MG PRINGOLAT0 et al (1981) conseguiram produção de até
7810 Kg MS/ha, quando adubaram com esterco de galinha mais superfosfato
simples (SPS), PB = 20,7% na MS, Ca = 0,78% na MS, P = 0,18% na MS

Utilização: Verde- deixar murchar por algumas horas


Feno- Produz feno de boa qualidade
Silagem: Atualmente tem sido muito utilizada para produção de silagem pré-secada
(haylage)

Manejo: Após 40-50 dias (pós-plantio) cortar ou pisotear, nesta idade a planta deve ter 0,30-
0,50 m
Cortar rente ao solo
Vaca consome aproximadamente 40 Kg de de matéria verde por dia

Doenças: Fungos (Ferrugem) - prjudicam a produção


Nematóides - reduzem a produção da cultura
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 43

ESTUDO DAS LEGUMINOSAS

GUANDU

Nome científico: Cajanus cajan


Nomes comuns: Guando, guandu, feijão andu

Origem: África equatorial

Variedades: Grande número


Sementes de várias cores - cruzamento fácil por ação de insetos

Aspectos vegetativos: Arbusto de 2 a 3 m de altura dependendo do cultivar


Perene (5 anos) e semi-perene (bi-anual)
Folhas geralmente pequenas
Trifoliolada
Produz grande quantidade de sementes
Vagens com 5 a 6 cm contendo 4 a 6 sementes
Vagens de cores variadas

Clima e solos: Vegeta bem em solos pobres, sem excesso de umidade


Precipitação acima de 760 mm/ano

Propagação e Plantio: Por sementes


Profundidade: enterrar a 5 cm
Utiliza-se 20 a 30 Kg/ha (3 a 4 sementes/cova)
Semeio a lanço maior gasto de sementes
Espaçamento: 0,20m entre covas e 0,50m entre linhas
Promiscua - Nodula com vários tipos de Rhizobium

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Seca: bem resistente


Geada: mata somente a parte vegetativa
Fogo: mata grande parte do stand, pode ser considerado
intolerante

Rendimento: Variável com a densidade de plantio, época, cultivar e fertilidade do solo.


Chega a altas produções de matéria seca por hectare

Utilização: Verde: cortar a 10 cm do solo. Cortar mais alto na época da seca para
reduzir a mortalidade das plantas (30 cm)

Feno: Deve ser picado para completar a secagem em galpão para evitar que as
folhas sejam perdidas

Misturado com gramíneas para silagem


Pasto-pastejo direto
44 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Resistência a pragas e doenças: Folhas atacadas por Coletotrichum cajani e uromyces


Sementes sofrem ataque de Curculionidae (besouros)
e a Icervya purchasi ataca as folhas

SOJA PERENE

Nome científico: Neonotonia wightii (sinonímia Glycine wightii)


Nomes comuns: Soja perene

Origem: África

Cultivares: CV Tiranoo - Tardia


CV Cooper - Média
CV Clarence - Precoce
CV Cianova (adaptada para áreas de cerrado), IRI Nº 2, etc...

CV tiranoo: Apresenta florescimento tardio (junho/julho) com maturação das sementes em


agosto/setembro
Indicada para solos férteis
Caules mais estoloníferos e finos, com mais ramificação

CV cooper: Floresce mais cedo que o cv Tinaroo, maturação das sementes 4 a 6 semanas
após o florescimento
É o cultivar mais resistente à seca, supera Tinaroo e Clarence
Coloração cinza prateada
Forma assimétrica do folíolo, um lado mais longo
Constrição na vagem
Ramificação pronunciada

CV clarence: É a variedade que apresenta florescimento mais precoce


Recomenda-se para regiões mais frias, sujeitas a geadas mais cedo
É menos estolonífera que outras variedades

Aspectos vegetativos: Hastes longas e flexíveis


Alastra-se bastante pelo terreno
Raiz pivotante, sistema radicular muito profundo
Sobe nas plantas de porte ereto
Flores brancas

Clima e solos: Precipitação deve situar-se entre 800 a 1500 mm anuais


Sensível ao alumínio trocável (Al+++) deve-se corrigir a acidez
Exigente em cálcio e magnésio (Ca++ e Mg++)
Prefere solos férteis, embora o CV Cianova seja adaptado a solos mais pobres
pH maior ou igual a 5,5 (pH  5,5)
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 45

Propagação e Plantio: Sementes 3-6 Kg/ha


Promíscua, mas deve ser inoculada
Escarificar as sementes
Plantar em covas com 3 a 5 sementes espaçadas 25 a 30 cm

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Fogo: rebrota bem após a passagem


Seca: tolera bem
Geada: tolera bem à geada, morre a parte vegetativa

Rendimento no corte: 30 a 40 t MV/ha/ano aproximadamente 10t de matéria seca/ha/ano.


Produção pode ser maior dependendo da adubação

Utilização: Pasto: consorciado ou não


Feno: corte freqüentes - mensais, os cortes podem ser rentes ao solo
Silagem: em mistura com gramíneas, nunca sozinha

Resistência: Às pragas e doenças:


Tem boa resistência ao ataque de lagarta e besouros. Não apresenta problema
sérios.

Manejo: Cuidadoso no primeiro ano; não deixar a gramínea abafar a leguminosa ( no caso de
consórcio
O campo de leguminosa solteira pode ser rebaixado ao nível do solo
Não deixar que a leguminosa domine a gramínea
Lembrando que a secagem do feno deve começar no campo e terminar no galpão
para evitar que as folhas sejam perdidas

SIRATRO

Nome científico: Macroptilium atropurpureum


Nomes comuns: Siratro

Origem: América do Sul e Central (Planta obtida do cruzamento de dois ecotipos de Phaseolus
levadas do México para a Austrália)

Aspectos vegetativos: Leguminosa perene;


Trifoliolada e com dois foíolos laterais assimétricos bastante
característicos;
Folhagem volumosa;
Boa qualidade de fixação de nitrogênio;
Enraiza nos nós em solos úmidos;
Flor roxa.

Clima e solos: Não tolera solos ácidos (deve-se fazer correção da acidez);
Necessita de precipitação entre 750 a 1500 mm/ano;
Exige solos de mediana fertilidade;
Exige FÓSFORO para a fixação do NITROGÊNIO;
Responde bem à adubação.
46 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Propagação e Plantio: Utilizar 4 a 8 Kg de sementes/ha (2 vezes mais);


Inocular com Rhizobium do grupo “Cow-pea”;
Fixa em torno de 100 Kg de N/ha/ano;
Produz em torno de 150 a 200 Kg de sementes/ano;
Floresce mais em agosto/setembro;
Tem aproximadamente 8000 sementes/Kg.

Rendimento: No corte pode atingir até 5 toneladas de MS (em 2 cortes).

Pragas e doenças: Fungos (Oidium) são comuns em condições de alta umidade e temperatura;
Nematóides;
Insetos.

Manejo: Não resiste ao pisoteio contínuo (pouco resistente);


Não fazer cortes rentes ao solo (10 cm).

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Geada:baixa. Perde as folhas a temperatura inferiores a 0º C;


Seca: Pouco resistente;
Fogo: Sem informações

Consorciação: Vai melhor com plantas de grande porte e dotadas de crescimento cespitoso,
como o Capim Colonião, Guiné, Green-panic, Gordura e Napier.

CENTROSEMA

Nome científico: Centrosema pubescens


Nomes comuns: Jetirana, centrosema, jitirana

Origem: Nativa (ocorre espontaneamente no Centro e Norte do Brasil)

Aspectos vegetativos: Perene


Rasteira
Volúvel e trepadeira
Herbácea - hastes finas, verdes e flexíveis
Trifoliolada
Crescimento inicial lento
Forma colchão de 0,30 - 0,40m (até 0,60 m)
Flor vistosa, roxa

Clima e solos: Desenvolve-se melhor em regiões quentes e úmidas, embora produza bem em
áreas com precipitação menor que 1200 mm anuais.
Vegeta bem em solos Férteis, permeáveis, não tolera solos ácidos (necessário
fazer calagem)
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 47

Propagação e Plantio: Sementes 6-7 Kg/ha


1,50 m entre linhas, covas espaçadas de 0,50 m
Em consórcio usar aproximadamente 5,0 Kg/ha

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Fogo: rebrota bem


Frio: boa resistência
Seca: boa resistência

Rendimento: Aproximadamente 40 t MV/ha/ano


Aproximadamente 100 Kg de sementes/ha/ano

Manejo: Pastejo: Baixa resistência ao pisoteio, boa aceitabilidade e boa digestibilidade


Feno: cortar a 10 cm do solo quando atingir 0,40 - 0,50 m

Resistência a pragas e doenças: Sem problemas relevantes; apresenta apenas ataques de


vaquinhas (coleopteros) sem grandes danos

Consorciação: Colonião (green panic), jaraguá, braquiária e capim gordura

LEUCENA

Nome científico: Leucaena leucocephala


Nomes comuns: Leucena, Caola

Origem: América (nativa do México)

Cultivares: CV Peru
CV El Salvador
Vários outros

Aspectos vegetativos: Perene


Porte ereto
Arbustiva com tronco e galhos lenhosos
Raízes profundas (2 - 10 m de profundidade)
Folhas bipinadas
Flores de cor branco-amareladas

Clima e solos: Prefere áreas tropicais úmidas


Necessita de precipitação acima de 800 mm anuais
Sensível à pH baixo, prefere solos de melhor fertilidade, mas pode ser cultivada
em terrenos mais pobres

Propagação e Plantio: Necessário escarificar ou submeter a 80º C por quatro minutos


16 a 36 Kg sementes/ha
Fazer muda no saquinho melhora a eficiência mas pode se plantada
direto no campo
48 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Combater as formigas
Para corte: 10 a 20 plantas/m linear; sulcos espaçados em 0,80 a 1,0 m
Para consorciação usar sulcos com 2 a 3 m entre fileiras (1 planta/m)

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Seca: Boa


Fogo: Boa
Geada: Boa

Rendimento: 10 a 20 t MS/ha/ano

Utilização: Banco de proteína, pastejo direto com altura menor ou igual 2,0 m
Folhas com 20 % proteína bruta
Na formação iniciar pastejo leve a 0,60 m de altura

MIMOSINA: A leucena contém um princípio tóxico que é a Mimosina que causa


queda de pêlos em eqüinos e pode causar problemas hepáticos
(câncer). A mimosina pode provocar queda de lã em ovinos, que
não possuam no rúmen, as bactérias capazes de destruí-la até a 3,4
diidroxipirina. Os australianos já desenvolveram alguns cultivares de
leucena com baixa mimosina

Resistência à pragas e doenças: Sem muitos problemas sérios. Apenas as formigas (saúvas)
causam grande prejuízo à cultura

Consorciação: Possível com qualquer planta, problema da manutenção é a sua alta


palatabilidade

DESMODUIM UNCINATUM

Nome científico: Desmodium uncinatum


Nomes comuns: Desmódio, desmódio prateado
Origem: Brasil e Índias Ocidentais

Aspectos vegetativos: Perene


Rasteira, trepadeira
Enraíza-se nos nós em solos férteis
Caules estendem-se por até cinco metros
Estabelecimento lento

Clima e solos: Larga variação de solos


Tolera acidez e baixa fertilidade
Responde a (P) fósforo e ao potássio (K), sendo eficiente na extração de cobre
(Cu) do solo
Melhor adaptado para regiões com ppt acima 890 mm anuais
Parece muito promissor para áreas úmidas
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 49

Propagação e Plantio: Dois a cinco quilogramas de sementes por hectare


0,5 a 1,0 m entre linhas
Necessita Rhizobium específico para nodular

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Seca: Baixa (menor que o Desmodium intortum)
Geada: Tolera
Fogo: sem informação

Rendimento: Variável com as condições, poucas informações no Brasil

Utilização: Bom para pastejo, no entanto tem palatabilidade baixa porque tem alta
concentração de fenois
Não suporta altas taxas de lotação

Resistência a pragas e doenças: Atacado por gorgulho (Ammenus quadrituberculatus)


Susceptível a nematóides: Meloidogyne
Muito susceptível ao vírus do enfezamento (little leaf)

Consorciação: Setária (Kazungula ou Nandi), Panicum maximum, espécies de Paspalum

DESDMODIUM INTORTUM

Nome científico: Desmodium intortum (Mill.) Urb.


Nomes comuns: Desmódio, green leaf

Origem: Brasil Central

Aspectos vegetativos: Perene e rasteira


Enraíza-se nos nós
Desenvolvimento lento no primeiro ano

Clima e solos: Adaptado à grande variedade de solos desde os ácidos e mal drenados
Vai melhor em solos de média a elevada fertilidade
Tolerante à acidez
Pequena resposta ao calcário
Responde bem a fósforo, potássio e molibidênio
Necessita precipitações acima de 900 mm anuais

Propagação e Plantio: Dois a quatro quilogramas de sementes/ha


0,5 - 1,0 entre sulcos

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Seca: boa tolerância


Geada: tolera bem ao frio
Fogo: sem informações
50 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Rendimento: Dependente do local, sem muitas informações no Brasil


Produz de 90-120 Kg de sementes/ha

Resistência a pragas e doenças: Rhizoctonia oidio (fungo) causa danos


Vírus do Little leaf embora ocorra em menor escala que no
Desmodium uncinatum

Consorciação: Kikuio, colonião, rhodes e buffel

Utilização: Embora tenha boa resistência ao pastejo apresenta baixa palatabilidade. Pode ser
utilizada para produção de feno

Palatabilidade: baixa (parece ser)

DEMODIUM CANUN

Nome científico: Desmodium canun


Nomes comuns: Carrapicho beiço-de-boi, pega-pega, amores do campo, etc...
Origem: Nativo

Aspectos vegetativos: Perene


Semi-rasteira
Crescimento rápido
Folhas pequenas
Vagens com pêlos abundantes

Clima e solos: Precipitação acima de 900 mm anuais


Cresce em solos pobres
Cresce em solos úmidos

Propagação e Plantio: Um a três quilogramas de sementes/ha

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Fogo: Boa


Seca: Boa
Frio: Boa - geadas queimam a parte vegetativa, mas a
planta não morre

Rendimento: 2 a 4 t MS/ha/ano

Utilização: Consórcio de pastos


Boa resistência ao pisoteio

Manejo: Consorcia bem com gramíneas estoloníferas - permite o corte baixo


Grande resistência ao pisoteio

Pragas e doenças: Embora sem descrição acurada na literatura, sofre ataque de fungos
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 51

OUTROS DESMÓDIOS:

Desmodium aperidium: Até 3 m de altura


Amor de vaqueiro - flores roxas e pequenas
Engorda magro
Cortar antes da floração (0,70 m de altura)

Desmodium barbatum: Barbadinho


Cortar a 0,10 m do solo quando tiver 0,65 m

Desmodium pabulare: Feijão de boi


Cresce até 2,0 m

ESTILOSANTES

Nome científico: Stylosanthes guyanensis (Gracilis)


Nomes comuns: estilosantes, alfafa brasileira, Stylo, meladinho, vassourinha, manjericão,
manjericão do campo, etc...
Origem: Brasil

Cultivares: cv Schofield, Oxley, IRI 102, Bandeirante e muitos outros

Aspectos vegetativos: Perene


Ramos finos e flexíveis (prostrados)
Cai sobre si, formando tapete de caules que originam novos caules
Touceiras de até 1,50 m
Após 1,50 m de altura tem elevado teor de fibra bruta (FB)

Clima e solos: Necessita acima de 900 mm de precipitação anuais


Adapta-se a grande faixa de solos pobres e de baixa fertilidade

Propagação e Plantio: Estabelecimento por sementes


Não cobrí-las muito; profundidade de máxima de 0,5 cm
Sulcos com 40 - 60 cm de espaçamento
3 - 4 Kg de sementes/ha
Necessita Rhizobium específico
Também se estabelece por mudas (não é prático)

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Seca: Boa


Fogo: geralmente morre, mas nascem outras plantas à
partir das sementes que estavam no solo
Geada: Queima parte vegetativa, mas rebrota

Rendimento: No corte pode dar até 30t/MV/ha.ano.

Utilização: Não deve sofrer pastejo excessivo


Resiste bem ao pastejo moderado
52 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Pragas e doenças: Cigarrinhas - sem maiores problemas


Antracnose (fungo): pode ser problema causando grande dano à cultura

Consorciação: Consorcia-se bem com gramíneas de porte baixo e de touceira mais aberta
como o jaraguá, pangola, Paspalum e buffel

ALFAFINHA DO NORDESTE

Nome científico: Stylosanthes humilis


Nomes comuns: alfafinha do nordeste, erva de ovelha

Origem: Brasil

Cultivares: Austrália: Patterson (600 - 1000 mm anuais)


Lawson (800 - 1100 mm anuais)
Gordon (acima de 1100 mm anuais)

Aspectos vegetativos: Anual


Herbácea, rasteira
Hastes finas, verdes e tenras
No inverno forma feno natural
Flores amarelas

Clima e solos:Exige de 600 a 1800 mm anuais de precipitação dependendo do cultivar


Boa reserva de forragem para a seca, por ser pouco exigente em fertilidade
(para áreas de solos pobres)

Propagação e Plantio: Sementes - Aproximadamente 5 kg sementes/ha


Necessita semeio superficial
Não tolera sombreamento (crescimento limitado)
Nodula bem, mesmo sem inoculação
Produz 800 a 1000 Kg de sementes/ha

Resistência a Fogo, Geada e Seca: resiste a todos após completar o seu ciclo

Rendimento: Aproximadamente 5 t feno/ha

Utilização: Feno com 13% PB


Manter o pasto baixo
Sensível ao sombreamento
Crescimento inicialmente lento
Pouco palatável quando nova

Consorciação: Colonião, Buffel, pastagens nativas (gramíneas)


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 53

KUDZU TROPICAL

Nome científico: Pueraria phaseoloides cv. Javanica


Nomes comuns: Puerária, kudzu, kudzu tropical

Origem: Ásia

Aspectos vegetativos: Perene


Caule volúvel, longo e flexível
Hábito trepador
Flores azuladas ou violáceas
Sementes reniformes ou elípticas

Clima e solos: Prefere solos de textura média


Não vai bem em solos com muita areia e excesso de umidade
Precipitação acima de 1250 mm anuais
Vegeta bem em larga faixa de solos, de mediana fertilidade até solos férteis

Propagação e Plantio: Sementes escarificadas (3 a 4 Kg/ha)


Estabelecimento lento (pouco desenvolvimento inicial)
De erradicação difícil devido à grande produção de sementes

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Fogo: Boa


Seca: Boa
Geada: Boa. Rebrotando após sua passagem

Rendimento: 15 a 18 t MV/ha/ano (depende do local). Proporciona no mínimo 2 cortes/ano

Utilização: Pasto
Feno
Pasto consorciado (gordura, colonião)
Contenção de encostas, proteção contra erosão

Manejo: Muito baixa resistência ao pisoteio no primeiro ano;


Baixa palatabilidade durante as águas em algumas regiões, durante a época seca sua
palatabilidade melhora
Amadurecimento de sementes desuniformes - colheita dificultada.

Consorciação: Na Amazônia com P. maximum;


Com capim gordura pode funcionar bem;
Jaraguá com menor intensidade;
54 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

CALOPOGÔNIO

Nome científico: Calopogonium mucunoides


Nomes comuns: Calopogônio, feijão soja, sojinha

Aspectos vegetativos Trifoliolada


Flores azuladas
Vagens com pelos curtos e ferruginosos
Hastes, folhas, ramos florais também cobertos por pêlos curtos e
ferruginosos
Atinge 0,50 m quando cresce isolada

Clima e solos: Desenvolve melhor em áreas com precipitação acima de 1200 mm anuais
Vegeta bem em solos relativamente pobres e secos
Não suporta excesso de umidade no solo

Propagação e Plantio: por sementes (5 a 9 Kg/ha)


Covas com 0,90 por 1,50 m entre linhas

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Seca: Suas folhas caem conforme avança a estação seca
Fogo: Boa resistência
Geada : Não resiste

Rendimento no corte: aproximadamente 30 t MV/ha/ano

Utilização: Apresenta boa resistência quando pastejada


Possui baixa palatabilidade, mas o gado aceita bem o seu feno

Pragas e doenças: Sem registro de danos sérios

Consorciação: Capim de rhodes, capim gordura, colonião


É uma boa fixadora de nitrogênio

AMENDOIM DE VEADO

Nome científico: Teramnus uncinatum


Nomes comuns: Amendoim de veado, favinha de capoeira, alfafa paulista

Origem: Brasil (Norte e Centro)


Aspectos vegetativos: Trepadeira
Hastes finas
Trifoliadas
Folíolos glabros na face superior e pilosos na inferior
Flores pequenas e azuladas
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 55

Prefere locais sombreados


Seu fruto é uma vagem estreita, comprida, pubescente e de ápice
ligeiramente curvo
Sementes amarelas, cilíndricas e lustrosas

Clima e solos: Precipitação deve superar 1000 mm anuais, ideal: 1500 mm anuais
Temperatura média de 25ºC
Solos de mediana fertilidade

Propagação e Plantio: Sementes; 6 Kg/ha


Apresenta grande percentagem de sementes duras (± 65%)

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Seca: Razoável


Frio: Razoável
Fogo: Sem informações

Pragas e doenças: Insetos que se desenvolvem no interior das sementes ainda verdes

Consorciação: Razoavelmente bem com gramíneas de porte ereto


Tolera bem o sombreamento

LAB-LAB

Nome científico: Dolichos lab-lab (sinonímia Lab-lab purpureum)


Nomes comuns: Cumandiatá, cabo curso, mangalô, feijão de frade, Feijão de orelha

Origem: África
Variedades: Aproximadamente 70 -Sementes grandes e rajadas
Sementes amarelas e marrons
Rongai - Australiana
IAC - L 697

Aspectos vegetativos: Herbácea


Rasteira
Anual nos trópicos e nas altitudes maiores é bianual
Trifoliolada
Flores brancas

Clima e solos: Vegeta em ampla faixa de solos em clima tropical e sub-tropical com
precipitação acima de 500 mm anuais
Deve-se evitar locais sujeitos a encharcamento

Propagação e Plantio: Sementes - 20-30 Kg/ha


Espaçamento entre linhas de 1,0 m e 0,50 entre covas
56 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Rendimento: 20 - 30 t MV/ha/ano em 2 cortes

Utilização: Pastejo (plantar junto com milho)


Silagem
Feno
Adubo verde

Manejo: Cortar a 20 cm do solo (1º corte)


Segundo corte rente ao solo

Consorciação: Milho
Sorgo

Resistência a pragas e doenças: Xantomona phaseoli (bactéria) provoca grande desfoliação


Cigarrinhas e vaquinhas: alguns prejuízos

MUCUNA PRETA

Nome científico: Stizolobium atterrinum


Nomes comuns: Mucuna preta, feijão veludo
Origem: Índia

Aspectos vegetativos: Anual: ciclo de 5 meses


Caules finos e flexíveis, volúvel e trepadeira
Vagens cilíndricas
Flores púrpuras
Sementes grandes, achatadas e pretas, com hilo branco e linear
Apresenta-se mais tardia que a mucuna rajada (Stizolobium
deeringianum )

Clima e solos: Vegeta bem em climas tropicais e subtropicais


Não vegeta bem em solos com excesso de umidade

Propagação e Plantio: Sementes (40-60 kg/ha)

Em covas 0,60 x 0,60 2 sementes/cova 43 Kg/ha


0,70 x 0,70 5 sementes/cova 60 Kg/ha
0,80 x 0,80 2 sementes/cova 28 Kg/ha
1,00 x 1,00 2 sementes/cova 20 Kg/ha
1,20 x 1,20 2 sementes/cova 12 Kg/ha

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Seca: resistente


Geada: Sensível
Fogo: Sensível
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 57

Rendimento: 20 a 30 t MV/ha em 2 cortes


10 t feno/ha (não cai muitas folhas)
Produz 2400 Kg de sementes/ha

Utilização: Pastejo: Palatabilidade é baixa na forma verde

Manejo: Corte: cortada com 2 - 3 meses rebrota vigorosamente


Adubo verde: incorporar antes do amadurecimento das vagens

CUNHÃ
(CLITÓRIA)

Nome científico: Clitoria ternatea


Nomes comuns: Cunhã, periquita, “blue pea”
Origem: África

Aspectos vegetativos: Perene


Flores solitárias, azuis ou brancas

Clima e solos: Adapta-se a clima tropical e sub-tropical


Vai melhor em solos de mediana fertilidade
Prefere solos bem drenados e soltos
Adapta-se desde o nível do mar até 1600 mm de altitude
Adapta-se bem a climas quentes

Propagação e Plantio: Sementes (10 Kg/ha)


0,50 m entre linhas e 0,20 m entre covas
Apresenta algum problema de baixa germinação de sementes

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Fogo: Rebrota


Seca: Boa
Geada: Baixa (muito baixa)

Rendimento: 18 a 20 t MV/ha/ano (4-5 cortes)

Utilização: Verde
Feno: Cortar a 10 cm do solo com a planta com 50 cm
Não resiste ao pisoteio contínuo

Consorciação: Guiné e Jaraguá

SOJA ANUAL

Nome científico: Glycine max


Nomes comuns: Soja
58 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Origem: Ásia (China)

Variedades: grande número (mais de 300) apresenta plantas com sementes, ciclos e portes
diferentes
Para forragem: Biloxi
Viçoja
Arlington
Soja Santa Maria (Sementes pretas)
Soja Santa Rosa

Aspectos vegetativos: Anual


Porte ereto
À proporção que as vagens amadurecem as folhas secam e caem

Clima e solos: Grande adaptação


Climas tropicais e subtropicais
No Brasil maior adaptação no Centro Sul
Necessário calagem - Não tolera solos ácidos
Produz 2500 a 3000 Kg sementes/ha
Saturação de Bases de 60%
Adubar com micronutrientes

Propagação e Plantio: Sulcos: espaçamento de 0,50 m


Filete contínuo no sulco, contendo 30 plantas/m (30-40 Kg/ha)

Utilização: Feno: cortar na época da floração (12 t MS/ha)


Rolão: Planta inteira, ciclo completo
Boa opção para suplementação em áreas de cerrado
Silagem mista: 20 Kg de milho e 10 kg de soja
Produção total de 30 t MV/ha e 10% de PB na mistura final
Necessário adaptar plantadeiras

Pragas e Doenças: Lagartas - - Várias (Elasmo)


Percevejos - Nesara virida: Barriga verde
- Percevejo marrom

Utilizar controle de população das pragas: “método do pano”

Necessário inocular com Rhizobium específico (Rhizobium japonicum)

AMENDOIM FORRAGEIRO

Nome científico: Arachis pintoi


Nomes comuns: Amendoim forrageiro, amendoim bravo.

Origem: Brasil (nativa em Goiás, Minas Gerais e Bahia)


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 59

Aspectos vegetativos: Herbácea


Perene
Rasteira e estolonífera
Apresenta florescimento contínuo
Flores podem apresentar coloração amarela, laranja, branca e creme.
Folhas com dois pares de folíolos (obovados, levemente obovados ou
elípticos), glabros, mas com pelos sedosos nas margens.
Entrenós curtos e estolões que podem atingir 1,50m de comprimento

Clima e solos: Vegeta em ampla faixa de solos, incluindo solos encharcados.


Fertilidade necessária: média a baixa
Precipitação mínima anual de 1.200mm
Aceita sombreamento.

Propagação e plantio: Sementes


Mudas (estolões)

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Frio: média


Seca: média

Pragas e doenças: A principal praga do amendoim forrageiro é o Tetramyces urtice, ácaro que
possui ataque estacional e esporádico, sem causar danos severos a planta.
Alta resistência às Cigarrinhas

Consorciação: Consorcia-se bem com gramíneas agressivas tais como: Brachiaria decumbens,
B. humidicola, Paspalum notatum, Cynodon dactylon .

GALACTIA STRIATA

Nome científico: Galactia striata


Nomes comuns: Galáctia.

Origem: América Central.


Aspectos vegetativos: Hábito escandente
Trepadeira e volúvel
Perene
Folhas trifolioladas, com folíolos arredondados e ápice agudo
Flores pequenas, com tons róseos, azulados a arroxeados.
O fruto é uma vagem reta, chata, deiscente com sementes pequenas.

Climas e solos: Não muito exigente em fertilidade


Precipitação mínima anual de 800mm
Tolera solos ácidos.

Propagação e plantio: Sementes.

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Frio: média


Seca: boa
60 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Fogo: não é resistente.

Pragas e doenças: é susceptível a lagartas e bacteriose.

Consorciação: com gramíneas de maior porte, como Napier, Colonião e Setária.

ZORNIA LATIFOLIA

Nome científico: Zornia latifolia.


Nomes comuns: Maconha brava.

Origem: Nativa da América do Sul


Aspectos vegetativos: Ramo ereto
Pequena e rasteira, com cerca de 70 cm de altura
As folhas são bifolioladas, com folíolos lanceolados
As flores são pequenas e de cor amarelada ou alaranjada, dispostas em
ramas ascendentes
Fruto: lomento

Propagação e plantio: Sementes.

ZORNIA DIPHYLLA

Nome científico: Zornia diphylla


Nomes comuns: Zornia

Origem: Índia
Aspectos vegetativos: Crescimento ereto ou decumbente
Folhas paripinadas com dois ou quatro folíolos
Ramos de 30cm de comprimento ou mais, glabros
As flores são pequenas, quando novas apresentam tonalidades
azuladas, depois se tornam amareladas.

Clima e solos: cresce em muitos tipos de solos, incluindo os pobres e leves.

Propagação e plantio: Sementes

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Frio: não é adaptada


Seca: é tolerante.
Fogo: não é adaptada

Consorciação: com gramíneas em pastagens, já que é uma planta rústica, tolerante a seca.

ALFAFA

Nome científico: Medicago sativa


Nomes comuns: Alfafa, lucerne
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 61

Origem: Oriente médio (Irã)

Variedades: Muitas: Hairy Peruvian


Moapa
Hunter River
Crioula

Aspectos vegetativos: Herbácea


Perene
Raízes profundas
Trifoliolada, pecíolos pubescentes
Flores púrpuras ou azuis (brancas, amarelas)
Fruto indeiscente

Clima e solos: Exigente em fertilidade


Não se desenvolve em solos pobres, arenosos ou compostos, prefere os
porosos, profundos e férteis
Desenvolve-se desde a calota polar do ártico até nos trópicos (cosmopolita)
Precipitação mínima de 500 mm anuais

Propagação e Plantio: Fora do verão e inverno


Plantas jovens são muito sensíveis a temperaturas altas (acima de 28ºC)
e baixas como geadas
A planta torna-se mais resistente quando atingir 6 folhas com 10 cm de
sistema radicular
Sementes com 80-90% de valor cultural (mínimo)
Sem pragas
Utiliza-se 30 Kg sementes/ha com 35 a 40 cm entre linhas, numa
profundidade de semeadura de 1 a 2 cm
pH do solo entre 6,5 a 7,8
Necessário calagem a camadas mais profundas. Pode-se fazer uma
combinação de gesso agrícola mais calcário.

Resistência a Fogo, Geada e Seca: Fogo: Não tolera


Seca: Boa
Geada: Entra em latência no inverno

Rendimento: Até 30 t feno/ha/ano - em áreas manejadas com adubação bem balanceadas


Geralmente é de aproximadamente 15 t feno/ha/ano (PR)
Produz 300 a 400 Kg de sementes/ha
Utilização: Feno: 1º corte 50 - 70% das plantas devem estar floridas
Outros cortes com 10% de plantas floridas

Pastejo: sempre rotacionado, Argentina: em 1948 já tinha mais de 7 milhões de


hectares plantados
2 semanas de uso e 6 semanas de descanso
No Brasil vem sendo mais utilizada como forrageira de corte
62 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Inoculação: com Rizobium específico: Rhizobium meliloti


Pragas e Doenças: Várias doenças: Ataque de fungos
Ataque de bactérias
Insetos: Hypera postica
Theriophis maculata

Adubação: A alfafa exige adubação balanceada em cálcio, fósforo, potássio, enxofre,


molibidênio, boro, zinco, ferro, cobre e manganês. A adubação orgânica aumenta
muito a produção
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 63

FORMAÇÃO E MANEJO DE PASTAGENS

1. ÁREAS DE MATAS VIRGENS:

- Normalmente constituída por grandes áreas.


- O tipo de exploração animal é predominantemente para Bovinocultura de Corte.

ETAPAS:
- Derrubada
- Queima: Branca: destroi a matéria orgânica transformando-a em cinzas Embora
destrua a matéria orgânica, a queima branca e desejável em
relação à escura porque favorece o manejo futuro da área.
Escura: sobra parte de árvores (troncos e tocos)

- Plantio: O plantio das forrageiras pode ser feito à lanço ou utilizando-se


ferramentas especiais pode-se plantar em covas. Normalmente este
plantio em covas garante melhor estabelecimento que o plantio a lanço
porque permite um ambiente mais favorável à semente, assegurando
melhor retenção da umidade caso as chuvas venham à faltar por 4 ou 5
dias consecutivos.
O plantio feito por avião também pode permitir uma boa formação da
área desde que sejam observados itens taís como, velocidade do vento,
tamanho das sementes que estão sendo lançadas e presença de árvores
remanescentes de tal maneira que não atrapalhem as operações de
manobra da aeronave.

2. SUBSTITUIÇÃO DE PASTOS NATIVOS:

- Para áreas de cerrado ou reforma de pastagens

FASES DA FORMAÇÃO DE PASTAGENS

I - ESCOLHA DO LOCAL:

De um modo geral está limitado à disponibilidade da propriedade

Sempre deve-se verificar:


- grupo de solo a que a área pertence através de análises de fertilidade e análise granulometrica
- disponibilidade de água (localização das aguadas). Necessidade mínima de 50 litros cabeça
por dia
64 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

- declividade: É importante verificar também a declividade da área para a tomada de decisão


de práticas coservacionistas. Declividade até 5% trabalha-se o solo sem práticas
adicionais. Para declividades entre 5 e 18% usa-se curvas em nível e para
declividades superiores, além da escolha correta de forrageiras que cubram bem
o solo sempre que possível utiizar outras práticas conservacionistas tais como
contruções de terraços de base larga.
- drenagem: Deve-se verificar as condições de drenagem da área para decidir sobre práticas de
preparo do solo bem como para orientar a escolha da forrageira, por exemplo se
são plantas capazes ou não de tolerar inundações periódicas

II - ESCOLHA DA FORRAGEIRA

Deve-se escolher espécies bem adaptadas à região e que atendam ao objeto da formação se é
para pastagem, para produção de feno, capineiras ou para serem ensiladas.

INFORMAÇÕES SOBRE ADAPTAÇÃO AGRONÔMICA DE GRAMÍNEAS TROPICAIS


TOLERÂNCIA À ________ PRECIPITAÇÃO
ESPÉCIE SECA GEADA INUNDAÇÃO MÍNIMA
PERIÓDICA (mm)
Andropogon gayanus B R F 400
Brachiaria decumbens R F R 1.000
Brachiaria humidicola B R R 1.000
Brachiaria ruziziensis F F F 1.200
Brachiaria mutica R F MB 1.200
Cenchrus ciliares MB R F 350
Chloris gayana B R R 650
Cynodon nlemfluensis R - MB -----
Melinis minutiflora R F F 1.000
P. maximum - Colonião R F F 1.000
P. maximum - Makueni B F F 750
P. maximum - Green Panic B B F 600
Paaspalum plicatulum B R RB 750
Pennisetum clandestinum R B R 850
Pennisetum purpureum F F F 1.000
Setaria sphacelata B B B 750
F= fraca; R= razoável; B= boa; MB= muito boa
FONTES: BOGDAN (1977), WHITTEMAN (1980), BROTEL (comunicação pessoal) e
experiências pessoais dos autores.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 65

INFORMAÇÕES SOBRE ADAPTAÇÃO AGRONÔMICA DE LEGUMINOSAS


TROPICAIS

TOLERÂNCIA À _________ PRECIPITAÇÃO


ESPÉCIE SECA GEADA INUNDAÇÃO MÍNIMA
PERIÓDICA (mm)
Calopogonium mucunoides F F R 1.200
Centrosema pubescens R F R 1.200
Desmodium intortum R R B 900
Desmodium uncinatum R R F 900
Galactia striata B B R 800
Leucaena leucocephala B R F 750
Lotononis bainesii R B MB 900
Macroptilium
atropurpureum B F R 600
Neonotonia wightii R R R 750
Pueraria phaseoloides R F B 1.250
Stylosanthes guianensis B F R 850
Stylosanthes humilis B F F 600
Stylosanthes hamata B F F 600
F= fraca; R= razoável; B= boa; MB= muito boa
FONTES: MATTOS & ALCÂNTARA (1976), BOGDAN (1977), WHITTEMAN (1980) e
experiências pessoais dos autores.

COMPARAÇÃO ENTRE NOVE GAMÍNEAS FORRAGEIRAS TROPICAIS QUANTO À


TOLERÂNCIA A ALUMÍNIO E EXIGÊNCIAS DE FÓSFORO E CÁLCIO PARA A FASE
DE ESTABELECIMENTO

Tolerância a Ala Exigência de Pb Exigência de Cab


Espécie Alta Média Baixa Baixa Média Alta Baixa Média Alta
Brachiaria humidicola X X X
Andropogon gayanus X X X
Melinis minutiflora X X X
Brachiaria decumbens X X X
Brachiaria brizantha X X
Panicum maximum X X
Hyparrhenia rufa X X
Pennisetum purpureum X X
Chencrhus ciliaris X
a - Tolerânica a Al: baseada nos dados de SALINAS & (1970), SPAIN & ANDREW (1975 e
1976)
b - Exigência em P e Ca: baseados em CIAT (1977 e 1982) e SIQUEIRA (1982)
66 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

COMPARAÇÃO ENTRE TREZE LEGUMINOSAS FORRAGEIRAS TROPICAIS


QUANTO À TOLERÂNCIA A ALUMINIO E MANGANÊS E EXIGÊNCIAS A FÓSFORO
E CÁLCIO PARA A FASE DE ESTABELECIMENTOA

Tolerância a Al e Mn Exigência de P Exigência de Ca


Espécie Alta Média Baixa Alta Média Baixa Baixa Média Alta
Stylosanthes capitata X X X
Lotononis bainesii X X X
Stylosanthes guianensis X X X
Centrosema pubescens X X X
Galactia striata X X X
Desmodioum
ovalifolium X X X
Calopogonium
mucunoides X X X
Pueraria phaseoloides X X X
Macroptilium
atropurpureum X X X
Desmodium uncinatum X X X
Desmodium intortum X X X
Leucaena leucocephala X X X
Neonotonia wightii X X X
a - Baseados em CIAT (1977 e 1982), ANDREW (1978), EMBRAPA (1981)

GRAU DE TOLERÂNCIA DE GRAMÍNEAS ÀS CIGARRINHAS DAS PASTAGENS

TOLERÂNCIA _
ESPÉCIE Resistente Moderadamente Moderadamente Susceptível
resistente susceptível
Andropogon gayanus X
Setaria sphacelata X
Panicum maximum (Makueni) X
Melinis minutiflora X
Brachiaria brizantha X
Brachiaria humidicola X
Panicum maximum X
Panicum maximum (Green panic) X
Panicum maximum (Guinezinho) X
Brachiaria decumbens X
Brachiaria ruziziensis X
Fonte: Adaptado de COSENZA (1981)

Muitas vezes a possibilidade de ocorrência de pragas e doenças bem como a susceptibilidade


das plantas às mesmas, determinam a possibilidade de utilização da área com determinada
forrageira.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 67

III - PREPARO DO SOLO

a) Verificação da fertilidade e da granulometria do solo

1. AMOSTRAGEM DO SOLO:

Finalidade de avaliar a fertilidade (potencial do solo);


Por mais cuidadosa que seja a análise, não corrigirá erros cometidos durante a amostragem;
Amostragem é a fase crítica, devendo ser feita com todo cuidado para evitar erros de
interpretação com prejuízos que podem e geralmente são irreparáveis.

2. OBJETIVOS DA ANÁLISE DO SOLO:

Avaliar o nível de fertilidade do solo;


Evitar o emprego antieconômico de calcário e adubos;
Sugerir uma adubação mais balanceada, de acordo com as características do solo e da
planta;
Orientar o produtor para o melhor aproveitamento e produtividade dos solos de sua
propriedade.

3. SELEÇÃO DA ÁREA PARA CADA AMOSTRAGEM:

Deve-se amostrar áreas com características bastante uniformes:


- Cor do solo;
- Posição na encosta;
- Cobertura vegetal ou cultura;
- Textura;
- Drenagem;
- Histórico da área.

4. ÉPOCA DE AMOSTRAGEM:

Qualquer época do ano;


Ideal é no mínimo 60 dias antes da adubação.

5. NÚMERO DE AMOSTRAS SIMPLES:

Deve-se coletar 20 amostras simples para formar uma composta;


Não amostrar áreas superiores a 10 ha;
Se a área for muito grande deve-se retirar amostras das glebas que representem situações
diferentes.
68 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

As áreas podem ser divididadas conforme exemplo a seguir:

A1 A2 B1 A1: Milho com calagem


A2: Milho sem calegem
A3 B2 A3: Mancha
B1: Encosta
C1 B2: Área a ser implantada
C1: Pastagem
D1: Várzea com sistematização
D2 (arroz)
D1 D2: Várzea sem drenagem
(natural)

FONTE: Comissão de fertilidade de solo do estado de Minas Gerais - Quarta aproximação

6. PROFUNDIDADE DE RETIRADA DE AMOSTRAS:

6.1. 0 a 20 cm - profundidade para plantio de gramíneas forrageiras

6.2. (0 a 20); (20 a 40) e (40 a 60 cm) para acompanhar a evolução da fertilidade do solo,
levando a um conhecimento mais detalhado dos desbalanços nutricionais. E para plantio de
forrageiras de raizes mais profundas, por exemplo, leguminosas.

7. MATERIAL NECESSÁRIO PARA AMOSTRAGEM DO SOLO:

Um balde limpo e seco para cada camada;


Lápis;
Sacos plásticos;
Etiquetas de identificação;
Um plástico resistente para retirada das amostras (1 m2);
Trado;
Pá de corte (terra úmida e fofa);
Enxadão (solo seco e compactado).
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 69

8. INSTRUÇÕES PARA RETIRADA DA AMOSTRA DE SOLO:

Limitar a gleba de tal forma que seja o mais uniforme possível;


Limpar o local em cada ponto a ser amostrado, não deixando restos de plantas, folhas e
galhos;
Não revirar o solo nesta limpeza;
Retirar a amostra a 20 cm de profundidade;
Caminhar em zigue-zague na gleba;
As amostras devem ser desterroadas manualmente em recipiente limpo (em cima do plástico
ou dentro do balde);

9. REMESSA DE AMOSTRAS DE SOLO:

Cada amostra deve ser acompanhada de etiqueta de identificação;


Preencher o formulário para cada amostra;
Remeter aproximadamente 300 g de material para o laboratório.

MUNICÍPIO _______________
PROPRIETÁRIO ___________
PROPRIEDADE ___________
IDENTIFICAÇÃO __________
CULTURA ________________

10. OBSERVAÇÕES:

a) Não retirar amostras simples próximas às casas, brejos, vossorocas, árvores, sulcos de
erosão, formigueiros, caminhos de pedestres, etc.
b) Nunca colocar as amostras compostas em recipientes usados ou sujos (lata de soda,
sacos de leite, adubo, calcário, cimento ou defensivos).
c) Enviar as amostras o mais cedo possível, no início do período seco.
d) As análises devem ser repetidas numa mesma gleba entre 1 e 4 anos.
Vai depender da intensidade de uso da cultura.
70 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

FORMULÁRIO DE INFORMAÇÕES PARA AVALIAÇÃO DA


FERTILIDADE DO SOLO (Modelo)
 IDENTIFICAÇÃO DA PROPRIEDADE:
Nome: ................................................................................................
Proprietário: .......................................................................................
Município:..................................................................CEP: ...............
Endereço: ...........................................................................................
..................................................................................Estado...............
Remetente: .........................................................................................
Endereço:............................................................................................
Município:..........................................CEP....................Estado: ..........
 IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA: ...................................................
............................................................................................................
............................................................................................................
Cultura da ser adubada: .............................................................. ........
Cultura atual:.........................................Última produção...........Kg/ha
Foi adubada: SIM ( ) NÃO ( )
Foi feita calagem: SIM ( ) NÃO ( )
Usou fosfato natural: SIM ( ) DOSE ( ) QUANDO ( ) NÃO ( )
 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA AMOSTRADA:
a) Vegetação Natural: Campo ( ) Cerrado ( ) Mata ( )
b) Localização: Baixada ( ) Meia encosta ( ) Parte alta ( )
c) Drenagem: Bem drenado ( ) Mal drenado ( )
Fonte: COMISSÃO DE FERTILIDADE DE SOLO DO ESTADO DE
MINAS GERAIS - QUARTA APROXIMAÇÃO

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA ANÁLISE DE SOLO:

O material quando chega ao laboratório é colocado para secar ao ar, na sombra, e peneirado
com malha de 2 mm;
Os resultados são expressos em Volume de Terra “TERRA FINA SECA AO AR - TFSA;
Nos laboratórios integrados ao PROFERT/MG, da Comissão de Fertilidade do Solo do
Estado de Minas Gerais (CFSEMG) são as seguintes análises executadas:
 pH em água;
 Ca+2 : Cálcio trocável (meq/100 cm3 de solo);
 Mg+2 : Magnésio trocável (meq/100 cm3 de solo);
 Al+3 : Alumínio trocável (meq/100 cm3 de solo);
 H + Al : Hidrogênio mais alumínio ou acidez potencial (meq/100 cm3 de solo);
 K+ : Potássio disponível (ppm);
 P : Fósforo disponível (ppm);
 SB : Soma de bases: Ca+2 + Mg+2 + K+ (meq/100 cm3 de solo);
 t = Capacidade relativa de troca de cátions (CTC efetiva)
t = SB + AL+3 ou (Ca+2 + Mg +2 + K+) + Al+3 (meq/100 cm3 de solo)
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 71

 m = saturação de alumínio na CTC efetiva (%):

m = 100 x Al+3 ou 100 x Al+3_____ = %


t Ca +Mg+2+K++Al+3
+2

 T = Capacidade de troca de cátions

 T = SB + (H+Al+3) ou [ Ca+2 + Mg+2 + K+ +(H+ + Al+3)] meq/100 cm3

 Percentagem de saturação de bases:

V = 100 X SB ou __100 x (Ca+2+ Mg+2+ K+) = %


T (Ca+2+ Mg+2 + K+) + (H+ + Al+3)

OBSERVAÇÕES:

1. Para transformar ppm de K+ em meq de K+/100 cm3 de solo, basta dividir o valor em ppm
por 390.
2. Alguns laboratórios já executam análises de N, S e micronutrientes
3. Determina-se o teor de matéria orgânica (M.O.) que é dada em percentagem.
4. Alguns laboratórios fazem também análise granulométrica.

Interpretação dos resultados de análise de solos para fósforo e potássio disponíveis

100 -

80 -

60 -

40 -

20 - BAIXO MÉDIO ALTO

10 -
TEXTURA

0 5 10 ppm P - argilosa
0 10 20 ppm P - média
0 20 30 ppm P - arenosa
0 45 80 ppm K - - - - -

Teores de P e K no solo
72 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

VERSÃO SIMPLIFICADA DAS CLASSES TEXTURAIS PARA SOLOS


100 0

90 10

80 20

70 MUITO 30
ARGILOSA
60 40

50 ARGILOSA 50

40 60

30 70

20 80
MÉDIA SILTOSA
10 90
ARENOSA
0 100
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

PORCENTAGEM DE AREIA

COMPATIBILIDADE ENTRE VÁRIOS FERTILIZANTES MINERAIS SIMPLES,


ADUBOS ORGÂNICOS E CORRETIVOS

ADUBOS
C COMPATÍVEIS: Podem ser misturados
ORGÂNICOS
C NITRATO
SÓDIO
DE
CL COMPATIBILIDADE LIMITADA: Devem ser
C C NITRATO DE misturados pouco antes da aplicação
K
NITROCÁLCIO
C C C I INCOMPATÍVEIS: Não podem ser misturados
NITRATO AMÔINIO
C C C C
SULFATO AMÔNIO
C C C C C
C C C I I C URÉIA
FARINHA OSSO
C C C C C C C
FOSFATOS
C C C C C C C C NATURAIS
C C C C C C CL C C SUPERFOSFATO
SIMPLES
C C C C C C CL C C C SUPERFOSFATO
TRIPLO
C C C C C C C C C C C MAP
C C C C C C C C C CL CL C DAP
I C CL I I I I I I I I I I ESCÓRIAS
I C CL I I I I I I I I I I C TERMOFOSFATO
C C C C C C C C C C C C C CL CL CLORETO DE K
C C C C C C C C C C C C C CL CL C SULFATO DE K
C C C C C C C C C C C C C I I C C SULFATO K e Mg
I C CL I I I I I I I I I I C C CL CL I CAL VIRGEM E
CaCO3 CALCINADO
CALCÁRIOS
I C CL I I I I I I I I I I C C CL CL C C
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 73

INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES DE SOLO:

Resultados Gerais:

Princípio de recomendação da adubação fosfatada e potássica:


 solo na faixa baixa: dose total
 solo na faixa média: 2/3 da adubação básica
 solo na faixa alta: 1/3 da adubação básica

Níveis utilizados para interpretação de fertilidade do solo pelos laboratórios integrados ao


PROFERT-MG, da Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais
classificação _
Características Unidades Muito Baixo Baixo Médio Alto Muito Alto
Cálcio trocável (Ca) meq/100cm3 - 0,0 a1,5 1,6 a 4,0 > 4,0 -
3
Magnésio trocável (Mg) meq/100cm - 0,0 a 0,5 0,6 a 1,0 > 1,0 -
3
Alumínio trocável (Al) meq/100cm - 0,0 a 0,3 0,4 a 1,0 > 1,0 -
Potássio trocável (K) ppm - 0 a 45 46 a 80 > 80 -
Fósforo disponível (P):
- Solo Textura Argilosa: ppm - 0a5 6 a 10 > 10 -
- Solo Textura Média: ppm - 0 a 10 11 a 20 > 20 -
- Solo Textura Arenosa: ppm - 0 a 20 21 a 30 > 30 -
Acidez Potencial (H+Al) meq/100cm3 - 0,0 a 2,5 2,6 a 5,0 > 5,0 -
Soma de bases (SB)
(Ca + Mg + K) meq/100cm3 - 0,0 a 2,0 2,1 a 5,0 > 5,0 -
CTC efetiva (t)
(Ca + Mg + K + Al) meq/100cm3 - 0,0 a 2,5 2,6 a 6,0 > 6,0 -
Saturação de Al (m)
(100 x Al / Al + SB) meq/100cm3 - 0 a 20 21 a 40 41 a 60 > 60
CTC a pH 7,0 (T)
(Ca+Mg+K+H+Al) meq/100cm3 - 0,0 a 4,5 4,6 a 10,0 > 10,0 -
Saturação de bases (V)
(100 x SB / T) % 0 a 25 26 a 50 51 a 70 71 a 90 > 90
%
Matéria Orgânica (M.O.) - 0,0 a 1,5 1,6 a 3,0 > 3,0 -
pH em Água Acidez elevada Acidez média Acidez fraca Neutro Alcalin. fraca Alc. elev.
(1:2,5) < 5,0 5,0 a 5,9 6,0 a 6,9 7,0 7,1 a 7,8 > 7,8

RELAÇÕES BÁSICAS ENTRE NUTRIENTES

NPK N (N) P (P2O5) K (K2O)



N:P:K 20:80:40 Necessidade da cultura
74 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

1. Adquirir fertilizantes minerais simples para fazer a mistura


Utilizar: - uréia 44% de N
- superfosfato simples - SS (18% de P2O5)
- Cloreto de Potássio - KCl (58% de K2O)

100 Kg de uréia  44 Kg de N
x  20 Kg de N x = 45,5 Kg de uréia

100 Kg de SS  18 kg de P2O5
y  80 Kg de P2O5 y = 444 Kg de super fosfato simples

100 Kg de KCl  58 Kg de K2O


z  40 Kg de K2O z = 69 Kg de KCl

* Verificar tabela de compatibilidade

2. Adquirir fórmulas prontas Fórmulas encontradas Relação


20:80:40 17:17:17 1:1:1
1:4:2 10:30:20 1:3:2
10:10:20 1:1:2
 4:16:8 1:4:2
24:8:12 3:1:1,5
27:5:21 9:1:7
4: 16: 8  4 = 1:4:2

Para achar a quantidade a ser aplicada, basta dividir qualquer dos elementos necessários/ha,
pelo elemento equivalente da fórmula comercial, multiplicando-se o resultado por 100.

Ex: 20:80:40 / 4:16:8

Para o Nitrogênio: 20  4 = 5 x 100 = 500 Kg de 4:16:8/ha

Se desejarmos utilizar o fósforo: 20:80:40 é o que deve ser aplicado de cada elemento
mineral, então:

80  16 = 5 x 100 = 500 Kg de 4:16:8/ha

Calculando a partir do potássio:

40  8 = 5 x 100 = 500 Kg de 4:16:8/ha

b) Derrubada e destoca: Normalmente as operações de derruba e destoca são conjuntos


utilizando-se tratores de esteira. O planejamento de limpeza da área
deve ser minucioso. A obtenção de licença do Instituto Estadual de
Florestas é obrigatória, bem como a delimitação de áreas de reserva
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 75

e de manejo sustentado; assim como é obrigatória também a proteção


de mananciais de água.

c) Aração: Depende do tipo de solo (arenoso e/ou argiloso)

Objetivos: - combate e arranquio de invasoras;


- enterrio de sementes;
- revirar o solo

Profundidade: - de 15 a 20 cm
Época: de maio a junho

d) Gradagem: - Quebrar leivas do solo;


- Uniformizar e nivelar o solo;
- Preparar o leito para receber as sementes;

e) adubação:

CALAGEM: Tem a função de neutralizar a acidez do solo (H+ + Al+3) e fornecer


cálcio (Ca+2) mais Magnésio (Mg+2)

Solos de Minas Gerais geralmente têm toxidez de Al+3 e baixos níveis de Ca+2 e/ou Mg+2.

PRNT: Poder Relativo de Neutralização Total do corretivo.

PRNT é a percentagem do calcário que irá reagir para neutralizar a acidez do solo.

É dependente da granulometria (grau de moagem) do calcário, bem como de sua composição


(poder de neutralização).

Cálcarios podem ser classificados:

A- Quanto à concentração de MgO:

a. Calcítico: Menos de 5% de MgO


b. Magnesiano: de 5 a 12% de MgO
c. Dolomítico: Mais de 12% de MgO

B- Quanto ao PRNT

a. Grupo A: PRNT entre 45 e 60%


b. Grupo B: PRNT entre 60,1 e 75%
b. Grupo C: PRNT entre 75,1 e 90%
d. Grupo D: PRNT superior a 90%

A tomada de decisão sobre o corretivo a ser usado em cada região deve ser,
OBRIGATORIAMENTE, considerados os seguintes aspectos:
76 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

a) percentagem de Ca+2 + Mg+2


b) granulometria
c) PRNT
d) Preço por tonelada efetiva colocada na propriedade.

ESTIMATIVA DA QUANTIDADE DE CORRETIVO A SER APLICADA:

Pode ser feita por dois métodos:

1) Método do Al+3, Ca+2 + Mg+2 trocáveis


2) Método da Saturação de Bases

1) Método do Al+3, Ca+2 + Mg+2 trocáveis

NC = Y x Al + [X - (Ca + Mg)]

NC = Necessidade de calcário (0 - 20 cm)

Y= Variável em função da textura do solo:


Y = 1,0 para solos arenosos (< 15% de argila)
Y = 2,0 para solos de textura média (15 a 35% de argila)
Y = 3,0 para solos de argilosos (> 35% de argila)

X= Variável em função da exigência da cultura: (2 maioria culturas; 1 para


o eucalipto; 3 para culturas de café)

“PARA FUNCIONAR É NECESSÁRIO TERMOS A ANÁLISE GRANULOMÉTRICA


(ANÁLISE TEXTURAL) DO SOLO”.

2) Método da saturação de bases:

Nesse método a calagem é calculada para elevar a saturação de bases a valores desejados.

NC = T (V2 - V1)
100
Onde:

NC = necessidade de calcário em toneladas/ha, considerando-se a camada de incorporação de


0 - 20 cm com calcário de PRNT = 100%
T = Capacidade de troca de cátions em pH=7,0 (meq Ca+Mg+K+H+Al)/100 cm3 de solo
V2= % de saturação de bases desejada para a cultura em questão (obtida pela pesquisa)
V1= % de saturação de bases do solo: V1= 100 x SB (em %)
T
3
Exemplo: T = 10 meq/100 cm de solo
V2 = 60%
V1 = 20%
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 77

NC = 10 (60 - 20 ) = 400 = 4 t de calcário/ha


100 100

Resposta: 4 toneladas de calcário com PRNT igual 100%.

PREÇO DA TONELADA EFETIVA : Preço por tonelada na propriedade


PRNT (%)

Há necessidade de incorporação do calcário para que se obtenha boa reação de neutralização.

ADUBAÇÃO ORGÂNICA

Compreende o uso de resíduos orgânicos de origem animal, vegetal, agro-industrial, etc...,


com a finalidade de aumentar a produtividade das culturas.

VANTAGENS:

1. Efeitos condicionadores:

1.1. Eleva a capacidade de troca de cations nos solos (CTC) altamente intemperizados e
arenosos.

1.2. Contribui para maior agregação das partículas do solo, reduzindo a susceptibilidade à
erosão.

1.3. Reduz a plasticidade e a coesão do solo, favorecendo as operações de preparo.

1.4. Aumenta a capacidade de retenção de água

1.5. Concorre para a maior estabilidade da temperatura do solo

2. Efeitos sobre os nutrientes:

2.1. Aumenta a disponibilidade dos nutrientes através do processo de mineralização.

2.2. Contribui para a diminuição da fixação do fósforo no solo

2.3. Ácidos orgânicos, resultantes da decomposição da matéria orgânica, aceleram a


solubilização de minerais do solo, aumentando a disponibilidade de nutrientes para as
plantas.

3. Efeitos sobre os microrganismos do solo:


Principal fonte de nutrientes e energia para os microrganismos do solo.
78 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 79

ADUBAÇÃO VERDE E MANEJO DE RESTOS DE CULTURA

Ajuda a manter a Matéria Orgânica do solo.

Produção de Massa Verde de Algumas Leguminosas


Usadas Para Adubação Verde
Leguminosa Produção (t/ha)
Mucuna Preta 29,9
Feijão de Porco 23,3
Crotalaria juncea 15,9
Crotalaria paulinea 42,1
Tephrosia candida 14,7
Guandu 26,9
Lab-lab 31,7
Fonte: Comissão de fertilidade de solo do estado de
Minas Gerais- Quarta aproximação

Além do efeito de concorrer para a manutenção da matéria orgânica no solo, a rotação de


culturas e a adubação verde apresentam as seguintes vantagens:

a) Concorrem para melhorar a fertilidade do solo;


b) Auxiliam no controle de pragas, doenças e ervas daninhas;
c) Trazem a diversificação de culturas na propriedade;
d) Contribuem para melhor aeração, estabilidade da temperatura e retenção de umidade no
solo;
e) Uso de espécies de raízes profundas permite melhor reciclagem de nutrientes para as
camadas superficiais.

TRATAMENTO DA MATÉRIA ORGÂNICA

1. Uso de camas: evitar perdas


2. Material fermentado: sem cheiro, sem sementes de pragas, livres de doenças, com boa
relação C/N (carbono : nitrogênio), fermentação que se completa entre 60-90 dias sob
condições controladas de umedecimento e aeração.
3. Tratamento de resíduos animais com superfosfato simples (SS) tem efeito desinfetante,
desodorizante, reduz perdas de N e enriquece com P
Esterco de curral com cama - 500 g de SS/animal/dia.
Estábulo de engorda e aviário - 30 g de SS/m2 duas vezes por semana.
Pocilgas - 100 a 150 g de SS/m2 duas vezes por semana.
80 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

SUGESTÕES DE ADUBAÇÃO PARA PASTAGENS E CAPINEIRAS

Os solos de Minas Gerais têm como características:


 São ácidos (geralmente)
 Têm baixa fertilidade
 Geralmente são deficientes em P
 Possuem altas concentrações de Al+3

PASTAGENS EXCLUSIVAS DE GRAMÍNEAS:

Adubação de Formação:

Calagem:
a) Gramíneas tolerantes à acidez do solo:
¼ da dose indicada pelo método Al+3 e Ca+2 + Mg+2
Corrigir o PRNT para calcários com índice < 100
Sempre considerar o valor de Y

NC = Y x Al+3 + [ 2,0 - (Ca + Mg)]

b) Para gramíneas sensíveis ou de tolerância moderada:


Aplicar ½ dose recomendada (dose de calcário)
Se estas pastagens forem receber adubação nitrogenada anualmente, aplicar a
dose total de calcário

ADUBAÇÃO MINERAL (Kg/ha)


________P2O5________ _______K2O________ N (cobertura)
Textura Teor de K no solo
Arenosa Média Argilosa Baixo Médio Alto
50 75 100 30-60 - 0-40
CFSEMG (1989)

OBSERVAÇÕES:

1. Quando a quantidade de calcário não exceder a ½ da recomendação, usar fosfato natural;

2. Após a aplicação do Fosfato de Rocha (FR) fazer aração e gradagem.

Normalmente as pastagens que forem receber calagem apresentam 2 alternativas:

a) 2/3 da dose de P2O5 (Fosfato de Rocha) a lanço e incorporado com grade;


1/3 no plantio, juntamente com a calagem, usando Fosfato Solúvel.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 81

b) Fazer calagem normalmente e usar fonte de fósforo mais solúvel.


- A cobertura com Nitrogênio deve ser entre 30 - 60 dias pós-plantio;
- Recomenda-se aplicar 20 - 40 Kg de S/ha, no estabelecimento de pastagens, quando os
fertilizantes não fornecem esta quantidade.

“A adubação fosfatada é importante não só para garantir o estabelecimento, mas também para
facilitar a resposta ao Nitrogênio”.

Resposta do capim colonião e do capim elefante ao nitrogênio e ao fósforo


(MS em gramas/vaso)
TRATAMENTO COLONIÃO ELEFANTE
Testemunha 122,0 45,0
N 155,0 48,7
P 204,0 43,0
NP 301,0 65,8

Fonte: Gardner e Alvim (1985)


RELAÇÃO ENTRE NÍVEIS DE FÓSFORO E PRODUÇÃO FORRAGEIRA

Produção Ponto a partir do qual a adição de fósforo não


de Forragem alterará o crescimento da forrageira

Quantidade de P aplicada

É importante lembrar que não adianta adubar durante o período seco

ADUBAÇÃO DE MANUTENÇÃO

P2O5 K2O Nitrogênio


Teor de P no solo Teor de K no solo (cobertura)
Baixo Médio Alto Baixo Médio Alto
60 30 0 60 30 0 50 - 100
CFSEMG (1989)
82 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

OBSERVAÇÕES:

1. Nitrogênio: Em sistema intensivo dever-se usar quantidades maiores que 100 Kg de


N/ha/ano;
2. Na adubação fosfatada usar formas mais solúveis;
3. Para o enxofre deve-se considerar as mesmas doses empregadas para a formação;
4. Sementes de gramíneas podem ser misturadas com Super Fosfato Simples (SS);
5. Sementes de leguminosas não devem ser misturadas com SS;
6. A mistura com adubo supersimples e sementes deve ser empregada no máximo 2-3 dias
antes do plantio.
Misturas prévias por mais tempo podem danificar as sementes (adubo serve como
escarificador dos cariópses).

PASTAGENS DE GRAMÍNEAS CONSORCIADAS COM LEGUMINOSAS

CALAGEM: a) Quando a leguminosa for tolerante a acidez do solo:


Aplicar ½ da dose recomendada;
Usar calcário dom PRNT = 100 ou corrigir a dose;
Considerar o valor de Y.

b) Leguminosas sensíveis a acidez:


Aplicar a dose total de calcário  (Al+3 e Ca+2 + Mg+2)
O calcário sempre tem que ser incorporado.

ADUBAÇÃO MINERAL (Kg/ha)


________P2O5________ _______K2O________ N (cobertura)
Textura Teor de K no solo
Arenosa Média Argilosa Baixo Médio Alto
50 75 100 30-60 - -
CFSEMG (1989)

1. As doses acima de P2O5 são recomendadas para solos de textura arenosa, com até 5 ppm
de P, e para solos de textura média e argilosa com até 3 ppm de P;
2. Para leguminosas tolerantes à acidez, usar até metade do P como fosfato de rocha (FR), o
restante como fonte mais solúvel;
3. Para leguminosas não tolerantes à acidez, usar apenas fonte mais solúvel;
4. Solos com potássio  80 ppm de K aplicar 30 - 60 ppm de K2O;
5. Recomenda-se a aplicação de 20 - 40 Kg de S/ha, se os adubos utilizados não os contiver,
ou não fornecerem esta quantidade;
6. Para a formação de pastagens consorciadas ou exclusivamente de leguminosas, recomenda-
se a aplicação de Zn (3 - 5 Kg/ha), de B (2 Kg/ha) e de Mo (200g/ha).
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 83

ADUBAÇÃO DE MANUTENÇÃO

P2O5 K2O
Teor de P no solo Teor de K no solo N .
Baixo Médio Alto Baixo Médio Alto
60 30 0 60 30 0 -
CFSEMG (1989)
- Usar fonte de fósforo solúvel.
- Usar enxofre na mesma proporção da formação.

CAPINEIRAS:

Calagem: I) Aplicar metade da dose


II) Se for receber adubação com N, aplicar dose total

Adubação orgânica:

30 - 40 toneladas de esterco de curral/ha após a calagem e aração, incorporar com gradagem

Após o período de corte proceder a aplicação diária, na área que foi cortada, de esterco verde
disponível no estábulo.

ADUBAÇÃO MINERAL (Kg/ha)


________P2O5________ N e K2 O
Textura (em cobertura)
Arenosa Média Argilosa
50 75 100 100
CFSEMG (1989)

 Quando for receber ½ da calagem pode-se usar fosfato natural, incorporado entre 60 - 90
dias antes da calagem;
 Se for receber calagem total, usar 2/3 da dose de P 2O5 com fosfato natural 60 - 90 dias do
plantio;
 O fosfato de Rocha deve ser espalhado e incorporado
Usar 1/3 de P2O5 na forma de fosfato solúvel no fundo do sulco.
O Fosfato de Rocha deve ser espalhado a lanço e incorporado;
 As doses de 100 Kg de N/ha e 100 Kg de K2O/ha devem ser parceladas em 2 aplicações,
sendo 45 dias após a brotação e no terço final do período chuvoso
Nos anos seguintes deve ser dividida em 03 aplicações, sendo no início, meio e final do
período chuvoso;
 Recomenda-se a aplicação de 20 - 40 Kg de S/ha/ano, quando os fertilizantes usados não
fornecerem esta quantidade.
84 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

ADUBAÇÃO DE REPOSIÇÃO EM ÁREAS DESTINADAS À FENAÇÃO


OU DE CAPINEIRAS

I - CAPINEIRAS QUE RECEBEM MATÉRIA ORGÂNICA

Supondo haver 2% de N no feno  calcula-se a produção de MS e daí a adubação

Ex: 3 toneladas de feno/ha  60 Kg de N/ha  300 Kg de Sulfato de Amônia

II - CAPINEIRAS QUE NÃO RECEBEM MATÉRIA ORGÂNICA

3 - 4 Kg de N por tonelada de material removido (WERNER, 1896)

PRINCIPAIS ADUBOS

FONTES DE FÓSFORO % DE NUTRIENTES


Super fosfato simples: 20% de P2O5, 12% de S e 28% de CaO
Super fosfato triplo: 46% de P 2O5, 14% de CaO
Super fosfato 30: 30% de P 2O5, 8% de S e 28% de CaO
Fosfato diamônio (DAP): 46% de P 2O5, 18% de N
Hiperfosfato (FN): 32% de P 2O5, 45% de CaO
Fosfato de Araxá (FN): 28% de P 2O5 , 28% de CaO
Fosfato Alvorada: 28% de P 2O5 , 45% de CaO
Fosfato de Patos de Minas: fosfato natural
Fosfato de Araxá parcialmente Acidulado (FAPS)

ADUBOS NITROGENADOS % DE NUTRIENTE


Sulfato de amônio: 20% de N e 23% de S
Nitrocálcio Concentrado: 27% de N, 4 a 5% de CaO e 2 a 5% MgO
Uréia1: 45% de N
Fosfato Diamônio (DAP): 18% de N e 46% de P 2O5
1-
Menores perdas quando incorporada

OUTROS ADUBOS:

KCl - cloreto de potássio - 58% de K2O


GESSO AGRÍCOLA - 15% de enxofre (150 - 300 Kg/ha)
Há necessidade de fósforo para o estabelecimento da planta.
Proporciona rapidez de formação e maior tempo de utilizaçào do pasto
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 85

PLANTIO

Plantio - O plantio deve ser feito imediatamente após a gradagem com grade niveladora ou
“Tipo Rome”. Esta operação continua visa favorecer a aderencia e nidação da
semente no solo garantindo assim uma melhor germinação e sobrevivência das
plantulas. O plantio pode ser feito a lanço ou utiizando-se plantadeiras em linha, neste
caso, há melhor aproveitamento dos nutrientes do adubo.

Aspectos das sementes:

VALOR CULTURAL (VC)

VC = %PUREZA x % GERMINAÇÃO
100

No momento de aquisição das sementes é importante considerar o valor cultural. Muitas


sementes tem bom poder de germinação mas contém grande quantidades de impurezas. As
chamadas sementes limpas são mais recomendáveis porque não trazem contaminações para a
área a ser implantada (pragas e invasoras). Na hora da compra deve-se sempre comprar as
sementes por unidade de valor cultural, quase sempre as sementes sujas tem o preço por
unidade de valor cultural mais elevado.

Densidade de semeadura recomendada de acordo com o valor cultural das sementes e número
de sementes por Kilograma (Kg)

Recomendações mínimas _ Nº de sementes Densidade semeadura


Gramíneas % germinação % pureza por Kg x 1.000 (Kg/ha)
Buffel 30 80 331-551 1,5-4,0
Colonião 35 60 2425 2,0-6,0
Makarikari 30 80 1598 1,5-3,0
Capim gordura 30 80 13000-16100 1,0-4,0
Green panic 35 60 1940 1,5-6,0
P. plicatulum 40 60 749-948 2,0-4,0
Rhodes 30 80 3307-4409 1,5-6,0
Setaria, Nandi 25 60 - 2,0-2,5

COMPACTAÇÃO DAS SEMENTES: As sementes de forrageiras devem sofrer algum tipo de


compactação para favorecer a aderência ao solo e a absorção de água. Essa compactação pode
ser feita com rolos próprios, com pneus velhos, correntes ou até mesmo arrastando-se um
galho de árvore na área.
86 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

MANEJO DE PASTAGENS

Pastejo racional: É o equilíbrio entre a produção de forragem e o número de animais


pastoreando a área.

Capacidade suporte: É a taxa de lotação no ponto ótimo da pressão de pastoreio.

Efeito da pressão de pastejo sobre o ganho de peso vivo/ha


cab/ha Ganho/dia Ganho/área Ganho/estação
(g/dia) (g/ha/dia) (Kg)
0,5 700 350 63A
1,0 700 700 126A
1,5 650 945 170B
2,0 600 1200 216B
2,5 400 1000 180C
3,0 200 600 108C
A- subpastejo; B- pastejo ótimo; C- superpastejo
DADOS SIMULADOS

Menores taxas de lotação permitem um maior ganho por animal e um menor ganho por
área. Normalmente nesta condição aparecem na pastagem áreas subpastejadas (macegas).
No pastejo ótimo tem-se um equilibrio entre a remoção e a quantidade de forragem
produzida,. Neste caso ainda podem ser obtidos bons ganhos por animal por dia e ganhos
ótimos por área por estação de pastejo.
Na condição de superpastejo, “pasto rapado”, o ganho diário por animal é baixo e
ocorre redução do ganho por área. Nesta condição geralmente começam a aparecer invasores
e as plantas forrageiras começam a perder volume do sistema radicular.

ALTURA DE REBAIXAMENTO

Depende da altura média dos meristemas apicais em relação ao solo.

Alturas médias do meristema apical de três gramíneas em diferentes idades (em cm)
_ Gamínea _
Idade Jaraguá Colonião Gordura
21 0,9 2,4 24,0
35 2,3 8,8 37,4
49 4,8 20,6 50,9
Estes dados ajudam a explicar a resistência ao pisoteio
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 87

Quando a planta tem o meristema apical removido em pastejos sucessivos, ocorre


perda de produtividade da área porque ela é obrigada a emitir novos afilhos à cada pastejo e
não consegue manter e recompor as perdas do sistema radicular.
Geralmente as plantas de crescimento estolonífero resistem mais ao pastejo porque
muitas gemas escapam do corte pela boca do animal no ato do pastejo. Além disso as plantas
estoloníferas cobrem melhor o solo e podem ser mais rebaixadas que as de crescimento
cespitoso.

RESERVAS ORGÂNICAS (São açúcares que se localizam na base do caule)

Funções:

a) Iniciar a rebrota
b) Garantir a sobrevivência do sistema radicular
c) Manter o sistema radicular respirando
d) Ajudar na reprodução

Variação dos teores de açúcares totais (% na MS) com a sucessão de crescimentos durante a
estação de pastejo

Idade (dias) .
14 28 48 56 70 84 94
a
Capim colonião I 6,7 8,0 6,3 4,9 4,4 4,4 5,0
II 6,9 5,6 3,2 4,6 4,2 4,7 5,4
III 6,6 6,7 5,1 7,6 6,6 7,8 8,7
IV 6,6 8,1 4,6 6,8 7,6 8,8 -
b
Capim gordura I 7,5 4,7 2,5 2,1 2,4 1,6 -
II 3,6 2,2 2,6 1,6 1,6 0,8 1,2
III - 4,4 3,6 3,0 3,2 4,0 3,7
IV 3,0 3,5 2,1 3,7 2,6 5,2 4,1
a - ARRUDA (Tese de MS - UFV/1977); b- MORAES (Tese MS - UFV/1977)

Conforme pode ser visto na tabela acima, as reservas organicas flutuam na planta ao longo da
estação de crescimento. O ideal é a planta ser pastejada quando as reservas organicas na base
do caule estiverem passando por um máximo. Felizmente existe uma alta correlação entre
altura da planta e acúmulo de reservas na base do caule. As alturas de entrada das forrageiras
recomendadas na tabela à seguir coincidem com uma quantidade de reservas na base do caule
suficientes para garantir uma boa rebrota.
88 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Alturas de corte recomendadas para algumas plantas forrageiras


Espécie Altura entrada (cm) Altura retirada (cm)
Capim colonião 60-80 30-40
Capim jaraguá 30-40 15-20
Capim andropogon 40-60 20-30
Braquiária 30-40 15-20 (10)
Capim gordura 30-40 15-20
Capim pangola 30-40 15-20 (10)
Soja perene 30-40 15 (10)
Centrosema 30-40 15

Conforme mostra a tabela à seguir as plantas forrageiras apresentam um melhor valor nutritivo
quando mais novas. Se a planta não for pastejada entre 30 e 35 dias, para gramíneas
forrageiras, ocorre perda acentuada do valor nutritivo porque as plantas acumulam grande
quantidade de carboiddratos estruturais e de lignina. As leguminosas conforme mostra a tabela
tem perda de valor nutritivo menos acentuada que a das gramíneas. Isto permite um manejo
diferenciado para as áreas plantadas com leguminosas tanto para pastejo como para produção
de feno.

Valor nutritivo de forrageiras tropicais


Forrageira PB P Ca DMS NDT CMS
(% MS) (% MS) (% MS) (%) (% MS) g/dia Referência
Colonião 28 dias 15,0 0,14 0,40 66,1* - - GOMIDE et al,
42 dias 10,4 0,11 0,30 55,8* - - 1979
Jaraguá 21 dias 15,5 0,24 0,41 60,8 - 76,6 ARRUDA, 1979
81 dias 7,9 0,11 0,43 55,0 - 61,0 idem
Gordura 21 dias 15,0 0,30 0,24 60,1 - 66,2 ARRUDA, 1979
81 dias 10,0 0,16 0,25 50,6 - 80,2 idem
Rhodes 28 dias 9,2 - - 61,3 - 55,0 MINSON , 1972
70 dias - - - 61,9 - 46,8 idem
Kikuo 28 dias 11,7 - - 62,0 - 48,0 idem
70 dias - - - 47,0 - 42,5 idem
Pangola 28 dias 10,8 - - 67,2 - 63,1 idem
70 dias - - - 56,9 - 54,6 idem
Angola 3,6 - - 54,8 - - LIMA et al, 1976
B. brizantha 5,2 - - 58,2 - - idem
Soja perene 19,6 - - 55,2 61,7 - LIMA e SANTOS
(vegetativa) 11,2 - - 69,4 68,1 - (1972)

(vagens)
Siratro 17,4 - - 42,0 44,4 - LIMA et al, 1972
(floração) 18,0 - - 51,6 47,8 - idem

(vagens)
Soja perene 90 dias 12,8 0,23 0,88 62,9 62,9 - PEIXOTO, 1987
Soja perene 60 dias 16,4 0,22 1,00 56,9 - - RENNO, 1989
157 dias 14,1 0,19 0,97 50,9 - - idem
* VALORES IN VITRO . PB (proteína bruta); P (fósforo); Ca (cálcio); DMS (digestibilidade in vitro da MS);
NDT (nutrientes digestíveis totais); CMS (consumo de MS expressa po Kg 0.75)
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 89

EFEITO DO PASTEJO SOBRE O SISTEMA RADICULAR

O Pastejo intenso reduz o peso do sistema radicular, proporcionando:

1. Sistema radicular superficial;


2. Menor competição com invasoras;
3. Rebrote mais lento;
4. Pequeno rebrote.

Quando submetidas ao superpastejo por períodos prolongados as plantas forrageiras


enfraquecem o sistema radicular . Dependendo do tipo de solo e do tempo de exposição ao
superpastejo muitas plantas forrageiras diminuem a produção de matéria seca e ficam com as
touceiras enfraquecidas, que muitas vezes, podem ser arracandas durante o pastejo. Isto
acontece por exemplo com o capim adropogon quando plantado em solos arenosos.

EFEITO DO PASTEJO SOBRE A PRODUÇÃO DE SEMENTES:

Pastejo afeta negativamente a produção de sementes.


Para tanto deve-se considerar dois aspectos:

- Remoção de inflorescências;
- Pastejo alterando a fisiologia das plantas.
- A remoção de inflorescências tem efeito direto sobre a produção de sementes. Quando
pastejadas as plantas forrageiras alteram as taxas de crescimento de acordo com a intensidade
de pastejo e com as características morfofisiológicas.

PASTEJO COMPARADO AO CORTE

 Pastejo danifica mais a pastagem ( para um mesmo grau de remoção de folhas);


 O corte não considera a preferência (seletividade) dos animais;
 No corte não há efeito do pisoteio.;
 Sob pastejo tem-se uma acumulação de Matéria Seca diferente.

ADUBAÇÃO COMO ARMA DE MANEJO

Pastagens adubadas periodicamente, de acordo com a análise de solo, têm maior sobrevida,
são áreas que não perdem produtividade ao longo dos anos. No entanto, em condições
normais, a adubação não melhora o valor nutritivo da planta forrageira, mas cria condições
para emissão de maior número de aflilhos e de folhas novas que serão pastejadas seletivamente,
permitindo assim melhores desempenhos animais.
É importante lembrar que os adubos aplicados durante o período seco não trazem benefícios
para a planta forrageira nesta época do ano.
90 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

EFEITO DA ADUBAÇÃO SOBRE A CAPACIDADE SUPORTE DAS PASTAGENS E NA


PRODUTIVIDADE ANIMAL POR ÁREA

Capim + Ganho diário Suporte Peso vivo


Tratamento (g/novilho) (nov./ha) (Kg/ha)
Colonião sem adubo 716 2,3 323
Colonião com adubo 716 2,5 356
Jaraguá sem adubo 678 1,5 212
Jaraguá com adubo 678 1,8 247
SIMULAÇÃO DE RESULTADOS

Efeito da adubação sobre o capim andropogon (dados do CIAT - Colômbia)


Kg de N/ha % de PB
0 6,2
28 6,4
56 6,2
112 6,9
224 7,9
448 9,6
896 10,4
Níveis acima de 50kg/N/ha/ano podem ser antieconômicos, dependendo da
exploração pecuária existente na propriedade.

PASTO CONSORCIADO

Um pasto consorciado é aquele que possui mais de uma forrageira, a consorciação


propriamente dita é feita entre gramíneas e leguminosas. Um consórcio para ser considerado
eficiente deve ter 30% de leguminosas, para que a composição química da dieta seja
efetivamente modificada e para que a quantidade de nitrogênio fixado pelas bactérias que
vivem em simbiose com as leguminosas seja realmente significativa e possa modificar o padrão
de produção de matéria seca da gramínea.
As leguminosas podem ser plantadas em faixas na pastagem. Neste caso aumenta a
chance de sucesso do consorcio porque evita que uma planta seja sombreada pela outra e tenha
seu crescimento reduzido. As influências de duração do ciclo, as diferenças morfológicas e
fisiológicas entre as plantas ficam diminuidas no plantio por faixas.
Em alguns casos a implantação das leguminosas solteiras pode facilitar o
estabelecimento do consórcio de tal maneira que as gramíneas sejam plantadas depois.
Observar as exigências de cálcio, fósforo e micronutrientes de ambas as plantas melhoram as
possibilidades de sucesso.
Algumas leguminosas necessitam de Rizhobuim específico ou seja não conseguem
nodular com qualquer um. Estas leguminosas precisam ser inoculadas antes do plantio.
Cuidados especiais devem ser tomados principalmente no que se refere a conservação do
inoculante; muitas vezes as leguminosas mesmo inoculadas não nodulam devido à falhas no
processo de inoculação.
Muitas sementes de leguminosas tem o tegumento muito duro e tem dificuldade para
absorver água para iniciar o processo de germinação, devem portanto, ser escanficadas. Esta
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 91

escanificação pode ser feita por métodos físicos, químicos ou biológicos. Os mais usados são
físicos tais como uso de água quente ou desempenadeira de pedreiro. As sementes podem ser
escarificadas através de aplicação de substâncias químicas, que irão atacar o tegumento. O uso
de métodos biológicos tais como misturar as sementes no sal mineral são eficientes do ponto
de vista da escarificação, mas não são práticos, porque não garatem uma boa distribuição das
leguminosas nas pastagens.
Além do benefício da melhora do valor nutritivo da dieta selecionada, as leguminosas
também agem em simbiose com as bactérias do genero Rizhobuim e fixam consideráveis
quantidades de nitrogênio ao solo, substituindo as adubações nitrogenadas e melhorando a
produtividade das pastagens.

CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PASTEJO

Pastejo Contínuo: - Trabalha-se com a mesma lotação nos períodos seco e chuvoso;
- Formação de áreas sub-pastejadas junto com áreas super-pastejadas;
- Neste sistema. é comum a formação de áreas sub-pastejadas juntamente
com áreas superpastejadas quando a pastagem não é bem dividida ou
quando não há um ajuste adequado da carga animal.
Quando ocorre formação de macega deve-se utilizar roçadeiras para
uniformizar o pasto, melhorar a produção de matéria seca da forrageira. O
fogo deve sempre ser evitado.

Pastejo Diferido: - Consiste na divisão da área em pelo menos duas partes, sendo que uma
delas fica reservada para a época da seca. Este tipo de pastejo geralmente
não permite bons desempenhos animais porque as forrageiras no período
seco apresentam-se com valor nutritivo baixo. Os ganhos de peso nestas
áreas podem ser melhorados através do uso de misturas minerais contendo
nitrogênio não protéico, principalmente uréia.

Pastejo Rotacionado: número de piquetes (N) depende:

O pastejo rotacionado consiste no estabelecimento de período de


descanso fixo e na rotação dos animais na pastagem. É o sistema de
pastejo que permite maiores taxas de lotação desde que sejam adotadas
práticas de manejo adequadas. A adubação corretamente balanceada e
frequente, são pontos que determinam o sucesso deste sistema, a
adubação deve ser feita ato contínuo à saída dos animais. É importante
neste caso respeitar a fisiologia da planta observando-se as alturas de
rebaixamento e adequando-se os intervalos de pastejo.

O número de piquetes depende de:


a) época do ano;
b) espécie forrageira
c) tipo de animal
92 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

N = PD + 1 onde,
PP
N = Número de piquetes
PD = período de descanso sempre é calculado para a época das chuvas,
porque o crescimento das forrageiras é limitado pela disponibilidade de
água no solo, além da temperatura e luminosidade que são os outros
fatores que determinam o crescimento das plantas forrageiras.

PP = período de permanência dos animais no piquete. Quanto ao período


de permanência é importante que não seja superior a cinco dias, para não
permitir que a forrageira seja cortada duas vezes consecutivas durante um
mesmo intervalo de pastejo.

- Tamanho do piquete é função de:


a) tamanho do rebanho;
b) intensidade de uso;
c) capacidade de suporte.

- O período de uso depende de:


a) taxa de lotação;
b) tamanho do piquete;
c) espécie forrageira;
d) período do ano.

COMBATE ÀS INVASORAS

O combate às invasoras é importante para permitir um adequado desenvolvimento das


forrageiras e também para aumentar a área útil das pastagens.
Época:
a) Antes da floração para evitar espalhar as sementes;

b) No início do desenvolvimento das plantas para esgotar-lhes as reservas.


Neste caso fica mais fácil para a forrageira crescer e abafar a invasora.

Processos: a) Manual: Pode ser feito com foice, enxada e enxadão. é um processo caro e
problemático para regiões que não possuem mão-de-obra disponível. No entanto,
este tipo de limpeza das pastagens é o mais recomendável para áreas recém-
implantadas. Mesmo considerando o custo mais alto do primeiro ano, a roçada de
enxadão tende a reduzir a população de plantas no ano seguinte, ao contrário dos
processos mecânicos onde se usa roçadeiras;
b) Mecânico: Sempre que possível deve-se roçar mais de uma vez;
c) Químico (herbicidas): - é mais complexo
- pode ser mais barato
- Rápido
- É importante observar: dosagem, toxidez e período de
carência do produto;
- A adequada regulagem dos bicos
- Aplicar em dias com menor evaporação
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 93

USO DO FOGO

- Propósitos: - Aumento da palatabilidade


- Melhorar a distribuição de animais na pastagem
- Adiantar a rebrota das espécies

- Cuidados: - Queimar após as primeiras chuvas


- Localizar limites da área
- Construir aceiros

- Prejuízos: - Destruição de sementes


- Destruição de matéria orgânica
- Exposição do solo à erosão

- Aspectos benéficos: - Reposição imediata de K, Ca, Mg, P, NO3, NH4.


- Combate a insetos: Berne
- Combate a carrapatos
- Eliminação de macegas

CAPINEIRAS

- São áreas destinadas para corte.


- Aproveitamento da MS é de aproximadamente 95% versus 65-70% no pasto.

FORMAÇÃO DE CAPINEIRAS

- Escolha da forrageira: Capim Elefante


Capim Guatemala
Cana-de-açúcar - “silo vivo”

- Área a ser plantada: 1 ha para 10 cabeças como média

- Localização: a) Mais perto do local de distribuição para os animais


b) Terreno fértil;
c) Bem drenado;
d) Pouca inclinação;
e) Fácil acesso.

- Preparo do solo: - Aração à 20 ou 30 cm


- Calagem e adubação, de acordo com a análise do solo
- Gradagem: uma ou duas, depende da textura do solo
- Sulcamento: 0,5 - 1,0 entre linhas
94 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

- Plantio: - Início das chuvas


- Capim elefante - Mudas com 120 dias de idade tem apresentado melhores
resultados;
- Aproximadamente 4 t de mudas por hectare
- Plantar o colmo inteiro

- Capim Guatemala: - Não cobrir totalmente as mudas


- Covas espaçadas entre 0,80 -1,00 m
- Capim elefante - mudas com inclinação de 45º
- Brotação entre 15-20 dias;
- Mudas com 3-4 gemas.

- Cana-de-açúcar:- Usar as mesmas variedades usadas pelas usinas de açúcar (têm


maior resistência a pragas e doenças);
- Melhor produtividade;
- Cana inteira no sulco;
- Sulcos com aproximadamente 30 cm de profundidade,
espaçados de 1,5m.

- Manejo:

- Capim Elefante: Deve ser cortado sempre rente ao solo. Quando a capineira for
utilizada para fornecimento no período seco, seria recomendável fazer um corte de
uniformização no final do período chuvoso visando melhorar a qualidade da forragem à ser
fornecida.
- Mesmo as áreas destinadas ao corte, podem ser pastejadas até o mês de fevereiro,
quando então sofrerão um corte de uniformização e serão adubados e reservadas para o corte
na época seca.

- Fazer adubação de reposição.

- Guatemala:
(80-120 t MV/ha/ano): - Corte a 15 cm do solo;
- Suporta dois cortes / ano;
- Menor conteúdo de fibra;
- Adubação semelhante;
- Baixa tolerância às geadas.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 95

Efeito da maturidade do capim Napier sobre o valor nutritivo


Datas do Idade Altura Matéria PB FB Celulose Cinzas Digest. Digest.
corte (dias) (m) Seca (%) (% MS) (% MS) (% MS) (% MS) MS (%) Cel (%)
Janeiro 45 0,40 17,05 14,95 23,52 25,59 15,79 71,64 78,10
Fevereiro 75 1,00 20,15 6,95 28,64 30,86 13,36 68,53 71,23
Março 105 2,00 19,20 5,85 34,67 335,63 12,33 39,25 63,83
Abril 135 2,20 25,53 3,97 36,82 36,96 7,84 34,09 54,01
Maio 165 2,30 26,03 3,36 37,00 36,95 8,69 33,47 51,65
Junho 195 2,20 34,08 2,76 33,52 37,93 7,10 48,23 45,35
Julho 225 2,20 36,03 2,86 38,72 37,24 7,33 47,35 43,28
Agosto 255 2,30 32,05 2,31 38,35 37,88 8,33 46,38 42,17
Setembro 285 2,00 36,37 1,95 38,38 37,88 7,78 45,05 32,02
Outubro 315 2,40 36,39 2,04 33,40 37,19 7,10 43,69 35,47

Composição química percentual do capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum), em


termos de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), nutrientes digestíveis totais (NDT), cálcio
(Ca) e fósforo (P), independente da cultivar, idade da planta, níveis de adubação e/ou
irrigação, época, altura e intervalo de corte e tipo de solo 1
Parâmetro Número de observações Amplitude Média
MS 21 12,4 a 38,3 22,9
PB 40 2,3 a 18,1 9,4
NDT 7 52,1 a 64,9 59,8
Ca 27 0,12 a 0,39 0,24
P 26 0,06 a 0,35 0,15
1. Dados expressos na base de matéria seca
Fonte: Carvalho et al (prelo) - Adaptado

Produção anual de massa verde (t/ha) de variedades de capim elefante em quatro localidades
da Zona da Mata de Minas Gerais no período de maio/82 a junho/831
Variedades CNPGL1 Barbacena Sarandira Rio Pomba 2 Média anual Média verão Média inverno
Taiwan A-146 113,9 99,3 85,3 162,5 115,3 85,8 29,4
Taiwan A-148 101,9 91,3 82,3 231,5 126,8 102,2 31,9
Mineiro 122,3 89,1 76,5 188,0 119,0 96,2 28,9
Napier SEA 112,6 88,0 63,2 145,0 102,2 84,2 23,3
Napier CNPGL 92,8 98,0 76,0 134,6 100,4 82,6 28,4
Cameron CNPGL 94,8 88,6 81,0 146,3 102,7 79,2 30,4
Cameron R. Pomba 108,0 ----- ----- 164,0 136,0 98,6 41,4
“Cana Africana” 149,7 ----- ----- 248,0 199,0 148,5 50,6
Cameron Sarandira 126,8 ----- 75,3 ------ 101,1 73,9 27,9
Napier Sarandira ------ ----- 91,5 ------ 91,5 65,9 25,6
Cameron Bicas 165,8 ----- ----- ------ 165,8 132,4 33,4
Cameron Lima Duarte 91,7 ----- ----- ------ 91,7 70,3 21,4
Cameron Barbacena 117,2 103,0 ----- ------ 110,1 72,2 30,8
Napier Barbacena ------ 100,2 ----- ------ 100,2 81,0 19,2
Vruckwona 60,2 ----- ----- ------ 60,2 45,7 14,5
Hb MVGx 239 DA-2 50,0 ----- ----- ----- 50,0 38,2 11,8
Média do local 107,7 94,7 78,9 177,5 110,8 84,4 28,1
1. Soma de seis cortes; 2. Soma de cinco cortes; 3. Soma de três cortes
96 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

FENO E FENAÇÃO

Fenação: Processo de desidratação da forragem pelo sol e vento.


Reduzir o teor de água para 15 ou 20%
Tem-se que conservar o Valor Nutritivo, o aroma, a cor e a maciez do material.

Feno: Forragem que foi desidratada e conservada no seu estado seco

Vantagens:

1. Preservar o excesso de forragem para a época das secas (guardar matéria seca sob forma
palatável para o período seco).
2. Fácil de ser feito e de fácil manuseio.
3. Boa fonte de carboidratos, proteínas, Minerais, Vitaminas. A e D quando curado
devidamente.
4. Independe de qualquer processo fermentativo.

Fontes de material:

Deve ser utilizado material que tenha secagem rápida, tanto de hastes como de folhas.
Forrageiras que possuem talos muito grossos não são adequados.

1. Excesso de pastos e capineiras

2. Prados especiais, gramíneas, leguminosas e mistos

2.1. Gramíneas: Jaraguá, transvala, Cynodon dactilon, angola, brachiárias, colonião, capim
elefante, coast-cross, tifton 85, estrêla africana, etc...

2.2. Leguminosas: Alfafa, estilosantes, soja perene, centrosema, desmódio, Kdzu tropical,
lab-lab, siratro, mucuna

Características de um bom feno:

1. Alto valor forrageiro: é função da espécie, idade, fertilidade do solo, técnica e clima.

2. Folhudo e verde (alta relação folha/haste).

3. Coloração: natural da folha.

4. Livre de material estranho (ervas daninhas).

5. Cheiro: característico.

6. Isento de microrganismos.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 97

Etapas da fenação: 1) Corte


2) Secagem
3) Armazenamento

1. Corte : 1.1. Manual


1.2. Mecânico

1.1. Manual: cutelo, alfange, foice, ou qualquer outra ferramenta cortante.

1.2. Mecânico: a) Motor costal: segadeira de motor Costal, pode ser utilizada para áreas
pequenas

b)Segadeira ou ceifadeira:
Ceifam a 3 - 5 cm do solo;
Largura de 1,5 - 1,9 m;
Rendimento médio: 2 ha/h

c)Segadeira condicionadora: cortam e esmagam a forragem para facilitar a


secagem;
Acionadas pela tomada de força do trator;
Cortam a 3 - 10 cm do solo;
Largura de corte: 2 m ou mais
Rendimento médio: 2 hectares/hora
Condicionador: rolos de borracha. ou martelos

d) Colhedeira de forragem - implementos mais apropriadas para ensilagem


Colhem e picam o material;
Secagem em galpões;
Altura de corte de 5 a 10 cm;
Rendimento médio: 0,5 ha/h;
Problema: Rachaduras de talos
Soluções: - afiar as facas
- elevar a altura de corte

e) Roçadeiras:
Pica e macera (não deve ser usada);
Perdas podem ser de até 55%;
Fardos pouco firmes - dificuldade no enfardamento;

Hora do corte: Pela manhã, após a saída do orvalho.


98 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

VELOCIDADE DIFERENCIAL DE SECAGEM DE FOLHA, HASTE E PLANTA


INTEIRA EM Canavalia gladiata

FONTE: Pizarro (1979)

Este gráfico, ilustra o problema de tempo de secagens diferentes entre hastes e folhas. Plantas
com estas características não produzem bons fenos.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 99

Estádio da planta: Quanto mais cedo o corte, melhor a qualidade do feno produzido. As
gramíneas não devem ser colhidas na época de floração, porque nesta fase, já estão com valor
nutritivo muito baixo. Quando se produz feno deve-se pensar sempre em obter uma forragem
de melhor qualidade.

Quanto maior o número de cortes, menor a produção de MS e maior valor nutritivo


O gráfico abaixo ilustra o momento em que a maioria das forrageiras deve ser colhidas.

Valor Produção
nutritivo de Matéria
Seca

Idade da planta

* Ponto de corte associando valor nutritivo com produção de matéria seca


(varia com a espécie)

2. Secagem

Fatores que a afetam:

 Sol: Evapora a água da planta


 Vento: Leva a umidade retirada da planta
 Umidade Relativa do Ar (URA): Se for alta vai dificultar a perda de água
 Chuva: Causa grande perda, arraste do material (carboidratos solúveis, vitaminas)
 Sereno: Quando a secagem perdurar por mais de um dia.

2.1. Secagem a campo


a - Há necessidade de revirar o material com ancinho.

b - Se não der ponto de feno deve-se enleirar o material à noite. As leiras devem ser
desfeitas após a saída do orvalho.

2.2. Secagem em galpões: Normalmente deve ser utilizada para completar a secagem de
forrageiras que perdem muitas folhas (leguminosas).
100 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Equilíbrio entre umidade do feno e umidade relativa do ar:

Umidade do feno Umidade relativa do ar


30 - 35 % 90 - 95% não pode fenar
16 - 21,5% 70 - 80% bom para fenar
12,5 % 60% ótimo para fenar

CONTEÚDO DE UMIDADE PARA COLHEITA E ARMAZENAMENTO DE


FORRAGENS

% H2 0

100 _

75 - 85 Forragens Verdes

75 --

60 -75 Silagem

40 - 60 Silagem pré secada (haylage), Silagem com baixa umidade

24 - 40 Feno desidratado em galpão

18 - 25 Feno enfardado, picado (sem secagem adicional)

14 - 18 Feno picado e prensado

0 --

FONTE: Pizarro (1980)

Ponto de feno:
Deve-se retirar a umidade até 15 - 20% (ideal 15%)

Para conhecermos a umidade do feno:

1 - Usar aparelhos medidores

2 - Torcer as hastes e folhas do material ceifado: O ponto de feno acontece quando ao


torcer um molho de folhas e hastes, apenas algumas se rompem
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 101

3 - Usar frascos de boca larga com sal de cozinha (recuperação do sal sem grânulos):
a) Picar a forragem;
b) Encher um vidro de boca larga
c) Colocar uma colher de sal (Em dias normais, sem chuvas)
d) Tampar
e) Balançar o vidro
f) Virar de boca para baixo
g) Se recuperar o sal, o material está no ponto de ser enfardado

4 -Secadores artificiais: promovem secagem mais rápida e produz feno de melhor


qualidade

Redução da digestibilidade pelo processo de fenação e armazenamento


Teores de Redução Redução
Umidade no (unidades digestíveis) Total .
Enfardamento (%) No campo No armazém (Unidades digestíveis)
25,8 0,25 2,73 2,98 NS
33,4 2,25 9,98 11,83 **
45,0 5,80 17,40 21,20 **
Pizarro (1972)

Armazenamento:

1. Medas: Não superar 10 a 12 toneladas (60 Kg/m3).

2. Em fardos: retangulares pesam entre 15 - 20 Kg.


redondos pesam até 600 Kg.
Podem ser armazenados no campo ou em galpões.

2.1. No campo: Diretamente no chão (redondos).


Soltos: em região de pouca chuva.
Sobre tábuas, estrados e cobertos com lâmina de polietileno sem
cobertura lateral para facilitar trocar de calor.

2.2. Em galpões: Usando depósitos.


Observar a circulação de ar e as normas de empilhamento.
102 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 103

Perdas na fenação:

1. Chuvas: a) Quanto mais seco o material, maiores serão as perdas.


b) Chuvas prolongadas podem ocasionar até 100% de perdas

2. Perdas no armazenamento:

Material com 30% de água proporciona intensa respiração, a temperatura eleva-se até 45º
C (quando pára a respiração). Inicia-se a fermentação, elevando-se a temperatura até 70º
C, ocasionando a redução do valor nutritivo e podendo até chegar à combustão
espontânea.
Existe a possibilidade de ocorrência de Aspergillus spp em fenos mal conservados.

3. Perdas de folhas

4. Perdas na distribuição: Pisoteio, fezes, urina, administração excessiva

Cubos de fenos: Proporcionam maior redução do volume;


Máquinas condicionam 5 a 6 toneladas por hora
Dimensões dos cubos: 3,5 x 3,5 x 6,0 cm;
Podem ser abocanhados inteiros por bezerros desmamados.

Medas: contém entre 10 - 12 toneladas;


1 m3 aproximadamente 60 Kg;

Construção das medas:

a. Limpa-se o terreno;
b. Faz-se um sulco para drenagem;
c. Fixa-se uma vara no centro (mastro)
d. Fixa-se 2 bambus amarrados no mastro para ter-se idéia do Diâmetro maior e
do diâmetro menor;
e. Traz-se o feno que será distribuído em volta do mastro;
f. Dimensões: A altura deve ser igual ao diametro maior e uma vez e meia o
diametro menor.

USO DE FENIS:

Feno inteiro distribuido em locais apropriados que são denominados fenis. Um fenil pode ser
construido até com ajuda de bambus.

Não esquecer de retirar as amarras: Sisal é tóxico


Arame provoca perfurações no rume
104 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

COMPOSIÇÃO QUÍMICA E VALOR NUTRITIVO DE ALGUNS FENOS


PB FB ENN EE MM Ca P EB DMS NDT
Fenos % MS % na MS cal/g % %
Aveia forrageira 69,8 11,0 31,8 - - - 0,47 0,28 4,7 63,31 50,7
Soja Santa Rosa 88,2 13,4 39,7 35,5 2,1 9,3 1,30 0,31 4,7 56,5 53,6
Soja Perene 89,3 13,3 42,3 33,3 7,2 3,9 - - 5,4 54,0 53,4
Siratro 87,8 16,0 37,2 34,0 2,4 9,4 - - - 55,1 54,5
Capim gordura 91,5 5,0 36,4 48,6 3,4 6,2 0,35 0,09 4,9 51,3 53,4
Swannee-bermuda88,7 4,1 35,3 49,8 3,6 7,2 - - 4,7 36,9 39,7
Palha de arroz 92,7 6,9 30,9 44,6 3,5 7,5 0,49 0,57 - - 42,0
Palha soja grão 92,2 4,4 49,9 32,8 1,4 3,8 0,79 0,06 - - 39,0
Brachiaria sp 83,6 3,4 23,0 43,1 1,7 5,5 - - - 54,4 32,8
1
Dados de Digestibilidade in vitro

CUSTO POR HECTARE

Aração: 2 horas de trator de pneus


Gradagem: 2 horas de trator de pneus
Distribuição de calcáreo: 1 hora de trator de pneus
Distribuição de adubos: 1 hora de trator de pneus
Colheita de mudas, preparo e plantio: 5 pessoas por um dia
Adubo: P e K no plantio de acordo com análise de solo
Adubo: N e K por cobertura de acordo com as necessidades da culltura
Para ceifar 1ha gasta-se 2 horas (ceifadeira tem vida útil de 2.000 a 3.000 horas)
Para enleirar: 1 ha/hora (vida útil do ancinho 10 anos ou 2000 horas)
Para enfardar: 1 ha/hora (vida útil 10 anos ou 2500 horas)
Corda sisal: 3,7 Kg/ha
Tempo da carreta para carga, descarga e transporte: 2 horas/ha

Ministração de feno:

Gado de leite: - Em muitos rebanhos o feno é fornecido durante todo o ano, mas em outros é
de aproximadamente 210 dias; em locais onde a suplementação é só no período seco

- As perdas no fornecimento estão em torno de 10%

- As vezes o feno pode ser fornecido apenas como parte do volumoso 2 a 3


kg por vaca por dia

- Em rebanhos de animais puro sangue europeu o feno deve fornecido do


nascimento até à cobertura para garantir um rápido e perfeito desenvolvimento
das novilhas
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 105

SILAGEM E ENSILAGEM

Silagem: É a forragem verde e suculenta armazenada na ausência de ar, em depósitos próprios


chamados de silos.

É bom lembrar que o processo de fermentação não melhora o valor nutritivo do alimento.
Quando bem elaborada, a silagem no máximo aproxima-se da forrageira que lhe deu origem.

Vantagens:

1. Aproveitamento de excessos produzidos durante a estação chuvosa;


2. Fonte segura de volumosos (economia de concentrados);
3. Possibilidade de rotação de culturas (feijão, aveia, safrinha de sorgo);
4. Operações podem ser totalmente mecanizadas;
5. Alimento pode conservar por vários anos;
6. Permite aumentar o número de animais por unidade de área;
7. Menor custo de maquinário que um conjunto de fenação.

Grupo de forrageiras adequadas para ensilar

1. Gramíneas com alto teor de carboidratos solúveis (milho e sorgo)


2. Capineiras ou pasto consorciado;
3. Outras forrageiras (maçã, rama de mandioca, aveia...)
4. Outros alimentos (cama de frango, espigas de milho, polpa cítrica, silagem de peixe, etc...

Milho

Escolha da variedade:

Embora existam muitos cultivares desenvolvidos para produção de forragem, sempre que
possível, deve-se dar preferência para cultivares graníferos que produzam boa quantidade de
massa. A silagem obtida à partir de cultivares graníferos tem melhor valor nutritivo, porque
contém maior quantidade de grãos e tornam a silagem mais energética e pode resultar em
economia de concentrados.
Um outro problema dos cultivares forrageiros é a possibilidade de acamamento, porque estes
geralmente são de porte alto. O acamamento dificulta e encarece a colheita.

Produtividade por área:

Sempre que possível deve-se usar cultivares bem adaptados e já testados na região. Quanto
maior a produtividade por área, mais barato sai o custo por tonelada de silagem. O
acompanhamento agronomico é sempre desejável visando, utilizar de práticas adequadas de
preparo de solo e adubações bem balanceadas; levando a substancial economia no custo de
106 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

produção. Associa-se a isto o fato de que lavouras bem produtivas favorecem a produção de
silagens com maior proporção de grãos e portanto de mais alto valor nutritivo.

Aração: 20 - 25 cm (após colheita)

Gradagem: Faz-se uma ou duas gradagens dependendo do tipo de solo.

Sementes : Usar peneira 20 a 24


Profundidade de plantio: máximo de 3 cm
Espaçamento: 1,0 m entre fileiras (linhas)
Densidade: 60.000 plantas/ha (ideal)
6 - 7 sementes/metro linear (dependendo do VC)
Verificar periodicamente a regulagem da plantadeira

Adubação: De acordo com a análise de solo, aplicar nitrogênio, fósforo e potássio mais
zinco

Observações:

1. Fazer calagem de acordo com análise de solos;


2. Para altas produtividades deve-se aumentar as dosagens de N e K;
3.Atenção especial deve ser dada ao preparo do solo
4. Manter a cultura no limpo:1ª capina aos 15 dias, 2ª capina aos 30 dias e a
3ª capina aos 45 dias
. Não plantar sem fazer análise granulométrica do solo;
6. Cobertura deve ser fracionada em solo arenoso
7. Aplicar Zn

Sorgo:

- Escolha da variedade:
O sorgo também apresenta cultivares graníferos, forrageiros e de duplo proposito. Os
cultivares de duplo propósito são mais adequados para produção de silagem, porque resultam
em silagens de melhor valor nutritivo que dos forrageiros. Os sorgos graníferos não são
adequados porque produzem pequenas quantidades de massa verde.
Existem um grande número de cultivares de sorgo e a EMBRAPA/CNPMS tem
informações sobre a produtividade da maioria deles em quase todo o territorio brasileiro.

- Mais resistente à seca;


- Alguns cultivares possuem colomos com pouca umidade;
- 0,70 m entre fileiras;
- 15 sementes/metro linear;
- 150.000 plantas/ha
- Toxicidade na rebrota (HCN);
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 107

A maioria dos cultivares de sorgo possuem rebrota com altas concentrações de ácido
cianidrico (HCN). Portanto deve-se esperar 45 dias para permitir que os animais possam
pastejar a rebrota. As brotações novas possuem maiores concentrações de ácido cianidrico
portanto são necessários cuidados especiais para áreas submetidas a seca e geadas.

Capim elefante: - O capim elefante deve ser colhido entre 1,50 e 2,0m de altura. Neste ponto
ele possui muita água (80-85%) e deve ser submetido a pré-murchamento
de 8 a 10 horas de sol; Esta prática de manejo melhora em muito a
qualidade da silagem produzida porque diminui a produção de ácido
butírico dentro silo e resulta em silagens que são mais consumidas. No
entanto, submeter grandes áreas destinadas à produção de silagem ao pré-
murchamento dificulta e encarece o processo de ensilagem; o que torna está
prática aplicável apenas para áreas mais reduzidas. Quando cortado com
2,20 a 2,50m o capim elefante tem menos água (70-75%), mas neste ponto
já apresenta valor nutritivo muito baixo. Em muitos casos a solução prática
é ensilar o capim nesta fase.

Outros:

- Capim Guatemala - pouco utilizado porque tem baixos teores de carboidratos solúveis

- Aveia - mais utilizada como silagem pré-secada

- Capim colonião e Jaraguá - Normalmente não são utilizados porque possuem baixos
conteúdos de carboidratos solúveis, no entanto, existe e possibilidade de serem utilizados
quando bem tenros, como silagem pré-secada.

Preparo da silagem:

Momento da colheita: Milho: As melhores silagens são obtidas quando o milho possui
aproximadamente 35% de matéria seca. Deve esta em ponto de
pamonha duro e não simplemente em ponto de pamonha como
acreditam a maioria dos produtores.

Sorgo: O momento ideal de colheita do sorgo é variável de acordo


com as características dos cultivares. Existem cultivares com e
sem água no colmo. Quanto mais cedo o cultivar puder ser
colhido menor será a perda de grãos nas fezes.

Tamanho da partícula:

- Devem ser uniformes

- Cortadas a 2,5 - 3,0 cm

- Pedaços pequenos: - facilitam a eliminação do ar;


- transporte de maior quantidade de material (maior densidade);
- favorece maior consumo nos casos de autoalimentação;
- quanto maior a % de MS, menor deve ser a partícula
108 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Enchimento: Se possível deve ser feito em apenas um dia

Silo cisterna: - cobrir para não entrar água;


- compactação: - com pé de homem mais soquete ou com cavalo
- baixa percentagem de perdas;

Silo Trincheira: - colocar lâmina de plástico nas paredes laterais (pode ser dispensável);
- encher 1 metro/dia;
- encher em forma de cunha;
- compactar com trator;
- colocar peso por cima (pneus velhos);
- cobrir com lona plástica tão logo descarregar a última
camada e colocar pneus velhos por cima.

- Quanto menor a exposição do material a ser ensilado


ao ar, melhor a qualidade da silagem obtida. Assim o
enchimento do silo deve ser o mais rápido possível.
Um silo trincheira deve ser enchido em dois dias e
meio a três dias.

Silo de superfície:

Por apresentar maior dificuldade de compactação o silo de superficie deve ser enchido
em apenas um dia. É preferivel fazer uma bateria de silos pequenos, a encher um único silo que
demore vários dias.

Contaminações:

Regulando bem a altura de corte, reduz-se a contaminação por terra que contém
microrganismos os quais alteram a fermentação.

Fechamento: lâmina de polietileno (“lona plastica”)


Colocar 10 cm de terra por cima da lona. Não há necessidade de camada muita
espessa de terra, apenas o suficiente para proteger o polietileno da exposição ao
sol. Camadas muito grossas geralmente favorecem o rompimento do polietileno e
quebra a condição de anaerobiose do solo, bem como facilitam a entrada de água
dentro do silo.
Cercar o silo.

GASES NO SILO: - Esses gases são tóxicos e podem matar. Constitui uma boa medida jogar
uma carreta de material dentro do silo, antes de iniciar as ações de
pisoteamento do material. Caso aconteça acidentes o socorro deve ser
prestado por pessoas amarradas em uma corda, para que possa ser içada
em situação de emergência.
- Maior problema nos silos aéreos ou silos cisterna de grande
profundidade;
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 109

Fermentação: - O pH inicial estará próximo a 6,5


- 30 dias depois estará entre 3,6 e 4,0
- entre 6,5 e 5,0 agem os Streptococcus fecalis e Leuconostocs
- entre 3,5 e 5,0 agem os Lactobacillus plantarum e Pediococcus

Lactobacilus
AÇÚCAR  ÁCIDO LÁTICO

Streptococcus
AÇÚCAR  ÁCIDO ACÉTICO

Respiração : C6H12O6 + O2  6 CO2 + 6 H20 + 677 Kcal (calor)


- Inconvenientes: - Consumo de carboidratos soluveis


- Formação de calor que poderá afetar a digestibilidade (perda na qualidade)
- Água produzida afetando o valor nutricional de minerais, carboidratos e
aminoácidos

Fator tampão da forragem:

Refere-se à resistência das forrageiras às variações de pH.

 Milho e Sorgo têm baixo poder tampão


 Leguminosas: - mais alto
- alta concentração de Ca++ que age mantendo o pH alcalino
- tem baixa concentração de carboidratos solúveis
Classificação das fermentações:

1. Fermentação butírica: material novo, úmido e rico em proteína, pode ser evitada expondo a
planta ao sol (pré-murchamento)

2. Fermentação lática: obtida com matéria seca entre 30 - 35%

3. Fermentação doce: Ocorrendo quando a forragem esta com altos conteúdos de matéria seca
(40-45%). Pode ser evitada colhendo-se a planta no momento certo. Por exemplo, milho com
35% de matéria seca.

Classificação das silagens:

1. Silagem excelente: pH entre 3,5 e 4,2


Nitrogênio amoniacal baixo: menos de 10% do nitrogênio total
Gosto e cheiro ácidos
Sem mofo
110 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

2. Silagem boa: pH entre 4,2 e 4,5


Nitrogênio amoniacal entre 10 e 15% do nitrogênio total
Sem mofo
Gosto e cheiro de ácido
Presença de ácido butírico

3. Silagem regular: pH entre 4,5 e 4,8


Presença de ácido butírico
Pequena presença de mofo
Nitrogênio amoniacal entre 15 a 20%

4. Silagem ruim: Alto teor de ácido butírico


Presença de mofo
Nitrogênio amoniacal acima de 20%
Silagem escura

SISTEMA UTILIZADO NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SILAGENS


_______________Qualidade da silagem_____________________
Parâmetro Muito boa Boa Mediana Ruim
pH  3,8 3,8 a 4,2 4,2 a 4,6 > 4,6
Ácido butírico (%)  0,1 0,1 a 0,2 0,2 a 0,4 > 0,4
Ácido lático (%) > 5,0 5,0 a 3,0 3,0 a 2,0 < 2,0
Matéria seca (%) 35 a 30 30 a 25 25 a 20 < 20
DIVMO* (%) > 65 65 a 55 55 a 40 < 40
* Digestiblidade in vitro da matéria orgânica
FONTE: PAIVA (1976)

Vários sistemas e métodos podem ser propostos para classificar as silagens, pode-se
criar um sistema próprio com inclusão ou combinação de outros parametros.

Perdas na ensilagem:

A. Perdas no campo: As perdas no campo referem-se a quebra de espigas, quebra de hastes e


folhas, ataque de pássaros (principalmente psitacídeos) e ataque de insetos. Se o material secar
aumenta muito o ataque de roedores.

Podem também ocorrer perdas no campo por acamamento da forragem (a máquina não
consegue colher). Neste caso deve-se procurar materiais genéticos das forrageiras que sejam
resistentes ao acamamento.
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 111

B. Perdas por respiração:

C6H12O6 + O2  6 CO2 + 6 H20 + 677 Kcal

A quantidade de oxigênio depende da quantidade de ar presente no silo

Entre 0 e 30º C a respiração aumenta, a partir de 30º esta diminui até cessar

C. Perdas por fermentação:

Até a fermentação láctea apresenta perda, porque o valor energético de 1 mol de glicose é
maior que 2 moles de ácido lático (677 Kcal vs. 652 Kcal)

Essas perdas são governadas pelo teor de matéria seca da forragem

D. Perdas por lixiviação:

A água promove o arraste de nutrientes solúveis (efluentes)

Ocorre lixiviação quando: a forragem tem umidade excessiva; ou o material sofreu grande
compactação

Podem ser evitadas cortando a forragem com teor de MS ideal ou fazer pré-secagem e/ou
adição de material seco. Por exemplo: feno de capim elefante cortado quando novo

E. Perdas por apodrecimento: São evitadas pelo fechamento hermético do silo.

USO DE ADITIVOS PODEM EVITAR PERDAS E/OU MELHORAR A QUALIDADE DA


SILAGEM OBTIDA

Aditivos que estimulam a fermentação:


a. Nutritivos: Grãos secos, melaço, carbonato de cálcio, NNP

b. Não nutritivos: Culturas de bactérias, levedos, enzimas

Aditivos que inibem a fermentação:


a. Nutritivos: Sal comum, ácido propiônico.

b. Não nutritivos: Minerais, ácidos, sais orgânicos, antibióticos e inibidores de mofos


Pizarro (1978)
112 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Nitrogênio e Proteína Bruta Equivalente de Vários Produtos


Nitrogenados Não Protéicos
Produto % Nitrogênio Proteína Bruta
Equivalente (%)
Uréia 42 262
Uréia 45 281
Biureto 37 231
Polifosfato de amônio 10 62
Fosfato de amônio 18 112
Suplementos líquidos 5,1 32

EFEITO DA ADIÇÃO DE URÉIA, MAIS CARBONATO DE CÁLCIO SOBRE A


MATÉRIA SECA, PROTEÍNA BRUTA, ENERGIA BRUTA E pH DA SILAGEM DE
MILHO

____________tratamentos_____________ CV dms
Parâmetros I II III (%)
a b
Matéria seca (%) 29,49 27,41 28,29ab 4,14 1,32
PB (% na MS) 11,30a 10,81a 5,34b 11,82 1,48
a a
EB (Kcal/g) 4,30 4,30 4,30a - -
pH 5,03a 4,76b 3,83c 7,78 0,10
Gonçalves (1978)
I - silagem com 0,5% de uréia mais 0,5% de carbonato
II - silagem com 0,5% de uréia
III - silagem pura

CONSUMOS DIÁRIOS DE MATÉRIA SECA E MATÉRIA SECA


DIGESTÍVEL E COEFICIENTE DE DIGESTIBILIADE DA MATÉRIA SECA
EM OVINOS

_______________tratamentos___________________
PARÂMETROS I II III IV
Consumo MS (g/Kg0,75) 64,52a 54,72b 39,88c 43,92c

Digestibilidade da MS (%) 56,64a 55,19ab 50,68b 51,78b

Consumo de MSD (g/Kg0,75) 35,64a 28,77b 21,40c 20,44c


Gonçalves (1978)

I - silagem com 0,5% de uréia mais 0,5% de carbonato de cálcio


II - silagem com 0,5% de uréia
III - silagem pura
IV - rolão de milho
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 113

A uréia não deve ser adicionada em níveis superiores à 0,5%. Mais de 0,5% deixa a silagem
com cheiro de amônia e as vacas rejeitam.

TIPOS DE SILOS: 1. Aéreos


2. Encosta
3. Cisterna (Poço)
4. Trincheira
5. Superfície

1. SILOS AÉREOS:

Vantagens: - Perdas mínimas


- Facilidade de descarga
- Compactação fácil
- Possibiliade de construção em baixadas com lençol d’água superficial
- Pode ser de grande capacidade
- Pode ser construído em ligação ao estábulo ou local de tratamento

Desvantagens: - Requer maior custo inicial


- Mão-de-obra tem que ser mais eficiente
- Máquinas para elevar a forragem picada até ao silo são caras
- Acima de 12 metros de altura exige cálculo estrutural

2. SILOS DE ENCOSTA:

Vantagens: - As mesmas dos silos aéreos


- Dispensa máquinas com elevadores de forragem

Desvantagens: - Necessita de um barranco elevado para ser construído

3. SILO CISTERNA:

Vantagens: - Facilidade no carregamento e compactação


- São mais baratos que os anteriores
- Podem ser construídos próximo ao local de tratamento dos animais
- Utilizam máquinas mais simples para ensilar

Desvantagens: - Descarga mais difícil


- Não pode ser de grande capacidade (não deve ultrapassar 7 m)
- Não pode ser construído em baixadas com lençol freático superficial
- Revestimento é quase que obrigatório (indispensável)
114 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

4. SILO TRINCHEIRA:

Vantagens: - Construção mais simples e barata


- Possibilidade de uso de máquinas na abertura (descarga)
- Possibilidade de uso de máquinas para compactação
- Pode-se usar máquinas simples para compactação
- Facilidade de carga e descarga

Devantagens: - Grande superfície exposta, favorecendo perdas


- Compactação mais difícil (apesar de boa)
- Necessita mais terra para cobertura
- Cerca em volta para proteção

5. SILO DE SUPERFÍCIE:

VANTAGENS: - Pode ser construído em qualquer local


- Custo baixo
- Auto alimentação
DESVANTAGENS: - Compactação difícil
- Enchimento tem que ser muito rápido
- Silagem de Valor Nutritivo mais baixo
- Cerca em volta para proteção
DIMENSIONAMENTO DE SILOS: 1. Usando tabelas
2. A partir de fórmulas

TABELAS PARA CÁLCULOS DE SILOS


“SILO TRINCHEIRA”
Extensão do período de alimentação 1
Nº de Base Base Altura 100 dias . 200 dias .
Animais Inferior (b) Superior (B) (H) Comprim. Capacidd2 Comprim. Capacidd2
(metro) (metro) (metro) (m) (t) (m) (t)
15 2,30 3,00 1,50 15 29 (23) 22 45 (35)
23 2,0 3,60 1,80 15 42 (33) 22 65 (51)
34 3,50 4,60 2,20 15 65 (51) 22 100 (79)
46 4,00 5,20 2,50 15 85 (67) 22 130 (103)
56 4,50 5,90 2,80 15 107 (84) 22 164 (129)
66 4,80 6,30 3,00 15 122 (96) 22 188 (148)
1- Considerou-se o consumo diário de silagem de 15 Kg/animal
2- Os dados entre parênteses referem-se à quantidade de silagem disponível para alimentar os
animais, considerandos-se perdas no armazenamento de 21%
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 115

“SILO CILÍNDRICO”
Nº de Diâmetro Altura Capacidade1 Área cultivada considerando-se as produções 2
Animais (m) (m) (t) 25 t/ha 35 t/ha
9 3,00 7,00 24 (20) 0,98 0,70
13 3,30 8,00 34 (30) 1,40 1,00
18 3,60 9,50 47 (41) 1,92 1,37
23 3,90 10,00 58 (51) 2,36 1,68
32 4,50 10,50 82 (72) 3,35 2,40
44 5,00 11,70 113 (99) 4,60 3,28
50 5,00 13,20 129 (113) 5,28 3,77
1 - Capacidade de armazenamento considerando-se período de alimentação de 150 dias e
consumo diário de 15 Kg/animal
* Os dados entre parênteses referem-se à quantidade de silagem disponível para alimentar
os animais, considerando-se perdas de armazenamento de 12%.
2- Para cálculos das áreas cultivadas considerou-se a capacidade de armazenagem do silo,
computadas as perdas de campo

“SILO DE SUPERFÍCIE”
Altura Largura (m) . Comprimento Dimensão da lona Capacidade 1 (t) .
(m) Base (B) Topo (T) ( m) plástica superior (m) Capim Milho ou Sorgo
1,40 - 1,60 5 4 6 8x9 21 17
1,40 - 1,60 5 4 7 8 x 10 25 20
1,40 - 1,60 5 4 8 8 x 11 29 23
1,40 - 1,60 5 4 9 8 x 12 32 26
1,40 - 1,60 5 4 10 8 x 13 36 29
1,40 - 1,60 5 4 12 8 x 15 43 35
1,40 - 1,60 5 4 13 8 x 16 47 38
1,40 - 1,60 5 4 14 8 x 17 50 41
1- Capim com aproximadamente 20 - 30% de matéria seca e o milho ou sorgo com 30 a 35%,
e tomando as densidades de 498 e 403 Kg/m3, respectivamente

Dados complementares (valores médios)

a) Densidade da silagem

Tipo de silo Densidade (Kg/m3)


Silo Superfície ....................... 450
Silo Trincheira ....................... 500
Silo Cisterna .......................... 600
Silo Aéreo .............................. 650

b) Quantidade de silagem por cabeça/dia: entre 10 - 45 kg (depende do tipo do animal e do


sistema de arraçoamento
116 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

c) Espessura mínima para a camada de corte diário da massa ensilada (para o trato)

Silos aéreos - 7,5 cm


Silos cisternas - 10 cm
Silos trincheiras - 15 cm

d) Período de trato: De acordo com o sistema de produção

e) Detalhes construtivos:
- Silos cilíndricos aéreos: para cada metro de diâmetro usar 2 a 2,5m de profundidade
- Silos cisternas: usar 1 metro de diâmetro para cada 1,5 a 2,0 m de profundidade
- Silos trincheiras não devem ter altura superior a 2,5 m (ideal = 2,0 m) para descarga
manual
- Silos trincheiras devem ter base menor (b) de no máximo 4,0 m
- Silos aéreos ou de encosta não devem ter mais de 12 m de altura, devido à problemas de
enchimento e estabilidade estrutural.

CALCULAR UM SILO TRINCHEIRA PARA:

1. Rebanho: a) 80 vacas leiteiras (40 Kg/cab/dia)


b) 21 novilhas (24 Kg/cab/dia)
c) 01 touro (50 Kg/cab/dia)
d) 15 bezerros (16 Kg/cab/dia)

2. Espessura de corte de 0,30 metros

3. Período de alimentação dos animais de 120 dias

4. Densidade da silagem = 500 Kg/m3

5. Profundidade do silo = 2 metros (altura h=2,0m)

Quantidade necessária para atender os animais por dia:


80 x 40 = 3200 Kg
21 x 24 = 504 Kg
1 x 50 = 50 Kg
15 x 16 = 240 Kg
total = 3994 Kg  4000 Kg

1 m3  500 Kg de silagem
x  4000 Kg de silagem x = 8,0 m3/dia devem ser retirados

V=S x e (volume = superfície x espessura de corte)

S = V/e S= 8,0 / 0,30 S = 26,6 m2


GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 117

S=B + b x h sendo h = 2,0 m ¼h b ¼h


2
h h
S=b+b+¼h+¼h

S = b + b + 0,5 + 0,5 b

S=2b+1  então substitui-se S por 26,6 m2 , tendo-se:


26,6 = 2 b + 1 ; b = 26,6 - 1 b = 12,8 m
2
B = b + 1 , assim tem-se que B = 13,8 m

Comprimento do silo = 120 dias x 0,30 m  36 metros (como foi maior que 20 m, dividir
por 2)

V = 26,6 x 18 V = 478,8 m3

1,0 m3  500 Kg
478,8 m3  x x = 239,4 toneladas de silagem aproximadamente
240 t
Cálculo da área a ser plantada:

1 ha  30 toneladas
x  240 toneladas x = 8 ha para encher o silo

Obs: Como a base menor superou 4,0 metros, deve-se redimencionar o silo. para tanto,
divide-se a area por 4.

S = 26,6 a nova área será de S = 8,87 m2


4

S= b+b+1  8,87 = 2 b + 1  b = 8,87 -1


2

b = 3,94

B = b +1  B = 4,94 m

Deve-se lembrar de que dividindo a base menor por 4, ou qualquer outro número, torna-se
necessário multiplicar-se o comprimento pelo mesmo fator, caso contrário tem-se volume e
quantidade de silagem subestimada para alimentar os animais durante o período pré-
determinado.
118 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

Assim para o exemplo serão necessários 4 silos com 18 m de comprimento (total


de72 M), pois o comprimento não deve ultrapassar 20 m

Outra forma de fazer o cálculo para o silo trincheira

- Partir de base menor e altura fixas: Ex: b = 4 m e h = 2 m


- Usando-se os mesmos dados do exemplo anterior
- serão necessários 2.000 Kg silagem/dia
Volume Peso
1m 3
500 Kg
x  2000 Kg x = 4,0 m 3/dia

Calcula-se então a área, que neste caso será fixa:

S = (b + b) h
2

B = B + 1, conforme demonstrado no exemplo anterior

Substituindo-se o valor de h

S=b+b+1 x2 S = 2b + 1
2

S = 9 m2

V=Sx e  espessura corte = V/S = 0,44m/dia

Aqui deve-se observar se a espessura diária de corte é maior do que a mínima exigida
para cada tipo de silo. No exemplo atual o mínimo para retirar é de 0,15 m/dia.

COMPRIMENTO DO SILO = período x espessura

Comp = 120 x 0,44  Comprimento = 52,8

* Como é maior que 20 metros deve-se dividí-lo:


Fazendo-se 3 silos de 17,8 m
Ou dois de 20 metros e outro de 12,8 metros

Cálculo de um silo cisterna

- Usar os dados do primeiro exemplo


- Considerar uma espessura de 0,30 m
GONÇALVES, L. C. e BORGES, I. 119

Volume Peso
1 m3  600 Kg
x  2000 kg x = 3,33 m3/dia

V=Sxe  3,33 = S x 0,30  S = 11,1 m2

S =  d2  11,1 = 3,14 x d2  d2 = 11,1 x 4  d = 3,76 m


4 4 3,14

h = 120 x 0,3  h = 36 m

“Serão feitos SEIS silos com 6 m de profundidade e 3,76 m de diâmetro

CONSUMO E VALOR NUTRITIVO DE SILAGENS PARA RUMINANTES

Fatores que afetam o consumo de silagens

1. Teor de matéria seca:

Efeito sobre a qualidade da silagem


Efeito sobre os mecanismos de regulação física da ingestão dos ruminantes
2. Teor de proteína buta: deve superar 7% de proteína bruta na matéria seca

Silagens com menos de 7% de proteína bruta tem o consumo diminuido porque tem
baixa digestibilidade

3. pH: sabor ácido

Silagens com pH muito baixo (pH < 3,6) são pouco consumidas, os ruminantes
rejeitam o sabor ácido

4. Tamanho da partícula:

Para silagens de má qualidade, o tamanho da partícula tem influência sobre a seleção.


Silagem picada muita fina o animal não consegue selecionar
120 TÓPICOS DE FORRAGICULTURA TROPICAL

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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1977.

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