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Resumo
Discutir as implicações entre ética e política no interior da Filosofia da Existência,
tendo como eixo nodal, Kierkegaard e as bases para a fundamentação da ética da
alteridade (Levinas) e da ética da responsabilidade (Hans Jonas). Retomar a
concepção originária da ética como condição fundamental para a realização dos
finda da política.
originalidade, mesmo que para isto tenha que se colocar contra os valores
dominantes, quer religiosos, quer políticos ou econômicos.
Excesso de ingenuidade ou responsabilidade radical? A resposta não é
uma máxima afirmativa, não consiste em “a crobacias dialéticas” que transforma a
inteira existência em uma rede de reflexões, mas que tolhe o sentido e a
verdadeira existência. A resposta é o engajamento, é o “p articipar sem reservas”
(Kierkegaard, 1993) nos dramas existenciais que envolvem o Tu, porque “a
perfeição pessoal consiste em participar sem reservas na totalidade”
(Kierkegaard, 1993). A partir do exposto, a tarefa ética deve ser assumida pela
pessoa humana e não pela espécie, embora cada indivíduo-singular assumindo
em primeira pessoa, conseqüentemente todo o gênero humano será ético.
A revolução ética não é teórica, mas não terá êxito sem a paixão, como
afirma o próprio Kierkegaard: “a revolta da paixão é elementar” (Kierkegaard,
1994), é ela que permite ao indivíduo singular lutar, viver e morrer por uma causa
e não ser transformado “e m tudo e por tudo em um ente abstrato”. A crítica ao
princípio básico do comunismo enquanto nivelamento e uniformização é tão forte
quanto, a negação do princípio de coletividade do capitalismo hodierno:
(...) dor pelo pecado do mundo e pela impiedade, dor pelo fato de que
o mundo jaz no Maligno, dor em virtude de uma tão profunda queda do
homem, dor pelo fato de que o ouro é a virtude, que o poderio é a
justiça, que a coroa é a verdade, que apenas a mentira prospera, que
somente o mal triunfa, que só o amor-próprio é amado, que não mais
do que a mediocridade é aclamada, que apenas a esperteza é
estimada, que somente a balança enganosa é elogiada, e
exclusivamente a mesquinharia obtém sucesso. (KIERKEGAARD:
2001).
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(...) eis a razão de não me causar pena o fato de minha morte; morrer
tendo a esperança de que há ainda alguma coisa depois desta vida e de
que segundo a velha tradição, os bons serão melhor tratados que os
maus. (...) Deixa-o, respondeu Sócrates, mas já é tempo que vos
exponha, a vós que sois meus juízes, as razões que me persuadem de
que um homem que se tenha dedicado a vida interia à Filosofia, deve
morrer tranqüilo e com firme esperança de que gozará, ao sair desta
vida, infinitos bens... Os homens ignoram que os verdadeiros filósofos
trabalham durante toda sua vida na preparação de sua morte e para
estar mortos, sendo assim, seria ridículo que, depois e ter perseguido
este único fim, sem descanso, retrocedessem e tremessem diante da
morte (PLATÃO, 1977).
(...) por meio de toda reflexão mais profunda que o torna mais velho
que o momento e o permite agarrar o eterno, o indivíduo assegura a si
mesmo uma relação real com o mundo, e conseqüentemente essa
relação não pode ser um mero conhecimento sobre este mundo e sobre
si mesmo como parte dele...; mas almeja outra espécie de
conhecimento, um conhecimento que não permanece como
conhecimento por um só momento mas é transformado em ação no
momento em que é adquirido. (KIERKEGAARD, 1951)
pelo meu lado, julgaria indigno ter vivido numa época de semelhante
desmoralização sem empreender uma ação decisiva...porque o
contágio estendia-se por todo o lado e alcançava a intimidade da vida
privada, o asilo da escola, o santuário da Igreja, vomitando mentiras,
calúnias, insolências, desaforos, e tudo isto para servir funestas paixões
e uma vil avareza...Compreendi que este meio de servir a minha idéia
foi o verdadeiro, e não hesitei; as conseqüências que ninguém, então,
pensou em disputar comigo, reivindico-as na história como minha
propriedade legítima, cujo valor para o futuro os meus olhos descobrem
sem dificuldades.(kierkegaard: 1986)
Referências
HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1993.