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atividade dia 1:
flânerie
com a morte de Vitor Hugo (pai do verso) se instaura uma crise do verso.
poema em prosa --- escreve o desaparecimento da poesia. seu modo de ser é aquele do
ser comum, banal. espécie de manifesto, contra a poesia em verso e pela introdução do
que antes estava excluído pelo código poético.
surge uma dificuldade de definição de gênero, pois não há definição fechada e fixa. mas
é, sobretudo, uma prosa que se liberta do uso sistemático das cadências, da métrica, da
harmonia, das rimas, das imagens ornamentadas e do vocabulário rígido
objetivo: encontrar um novo instrumento poético e de forjar uma prosa ritmada que
expresse o lirismo que o verso não contém mais.
busca: do novo. e isto será encontrado no cotidiano, na modernidade da vida. pois é deles
que é revelado o surpreendente. sempre uma descrição de uma vida moderna e mais
abstrata, franca.
flânerie: “ a maioria dos homens passeia por paris como se alimenta, como vive, sem
pensar no que está fazendo...vagar em paris! adorável e deliciosa existência! flanar é uma
ciência. passear é vegetar; flanar é viver”. balzac.
“Seu olho aberto e seu ouvido atento procuram coisa diferente daquilo que a multidão
vem ver”.
Uma embriaguez apodera-se daquele que, por um longo tempo, caminha a esmo pelas
ruas. A cada passo, o andar adquire um poder crescente
“O homem da multidão”
as grandes cidades são matéria prima desse poema em prosa sobre o cotidiano da
vida moderna, que só é possível ser criada a partir do suporte da flânerie.
o homem que se sente olhado por tudo e por todos, como um verdadeiro suspeito; de
outro, o homem que dificilmente pode ser encontrado, o escondido.
A massa em Baudelaire. Ela se coloca como um véu diante do flâneur é o mais novo
alucinógeno do solitário.
jonas mekas - as i was moving ahead occasionally i saw brief glimpses of beauty
Jonas Mekas é um homem de seu tempo, e “seu tempo é hoje”. Tem sua história
marcada pelo interesse no “novo”. Desde o fim dos anos cinquenta, atravessando os
anos oitenta, Jonas Mekas assumiu para si o papel de garantir que o cinema
independente pudesse acontecer em Nova Iorque, mesmo em situações mais adversas
como em épocas de censura, falta de dinheiro, falta de locais para exibição, etc., e se
tornou uma espécie de herói do underground.
Em diferentes trechos de Lost Lost Lost ouvimos Mekas expressar sua necessidade de
filmar todos os momentos de sua vida, tudo o que via. Em alguns momentos diz não
saber o porque, e em outros diz já ter perdido muito em sua vida, e que essa seria a
maneira de tentar reter suas lembranças. Mas é fato que a sua natureza propícia a
registrar os acontecimentos cotidianos, bem como sua vocação de flaneur, ficam
cada vez mais evidentes ao longo do filme, nos momentos em que as imagens de
praças, bosques, ruas e passeios ficam mais frequentes.
Sobre “As I was moving ahead”, Mekas escreveu: "Nesta exposição, como no meu
trabalho em geral, estou preocupado com a descoberta e celebração de pequenos e
insignificantes momentos pessoais da nossa vida, da minha vida, da vida de minha
família, da vida de meus amigos mais próximos; alegrias, comemorações, encontros,
pequenos acontecimentos diários, sentimentos, emoções, amizades."
As cenas do mundo que chamam a atenção de Mekas não estão muito distantes das
que integram o repertório publicitário dos bancos de imagens que disponibilizam
imagens de felicidade adaptáveis para qualquer novo produto (seja ele um novo remédio
contra desarranjo intestinal ou um pacote de turismo). São imagens de crianças, passeios
no parque, piqueniques, pores do sol, flores, brincadeiras na neve. E no entanto nada
mais diferente. Não existe para Mekas algo como “as flores”, ou “a neve”, ou “a
infância”, cada flor, cada árvore sem folhas, cada indício do inverno parece renovar o
encanto de um primeiro encontro, e ele os registra com energia e desejo tal qual
nunca o houvesse feito antes.
Isso porque uma flor não vira uma imagem estável de flor, uma criança não vira uma
imagem de criança passível de substituir todas as outras imagens de criança. Seu
envolvimento é com o presente, com a experiência da flor ou da criança, ou que
circunda o momento em que ele os viu.
Nesses instantes é como se Mekas agisse como um fotógrafo, retirando do fluxo da vida (e
da vida do filme por vir) um pequeno fragmento para uma memória futura.
A pedido de Jacqueline Onassis, Jonas Mekas escreveu uma espécie de cartilha para que
os filhos da milionária aprendessem a filmar:
Exercícios no tempo
1. Filme uma árvore ao vento, por dez segundos, continuamente.
Filme uma árvore ao vento, em breves irrupções de quadros, com o
objetivo de condensar um minuto de tempo real em dez segundos
de tempo filmado.
Veja o que acontece.
2. Filme a face de uma pessoa, por dez segundos, continuamente.
Filme a mesma face, em breves irrupções, para ter dez segundos
de tempo filmado.
Veja o que acontece.
3. Filme uma chama (ou uma vela) por dez segundos. Mantenha a
câmera focada no fogo, parada.
Veja o que acontece.
4. Aponte a câmera para o horizonte e vire rapidamente.
Aponte a câmera para o horizonte e vire bem devagar.
Veja o que acontece.
5. Filme um rosto rapidamente (por dois segundos); então, filme
rapidamente uma flor colorida, de qualquer cor, e após filme o rosto
novamente, brevemente; depois, a flor de novo. Faça isso cerca de
dez vezes.
Veja o que acontece.
6. Filme uma rua (você pode fazê-lo de uma janela) ocupada pelo
trânsito.
Filme continuamente por dez segundos.
Filme a mesma rua e trânsito em irrupções rápidas de quadros.
Obtenha um filme de dez segundos.
Veja o que acontece.