Você está na página 1de 43

APROPRIAÇÃO – PARTE 2

Lateralidade e Deslocamento
PENSE NOS SEGUINTES
SENTIMENTOS:
1. Felicidade,
2. Tristeza,
3. Solidão,
4. Amizade,
5. Amor,
6. Tragédia,
7. Família
8. etc. (pense em algum outro)

Agora discuta: que imagens vêm à sua mente?


O que todas essas imagens tem

em comum?
REALIDADE?

Onde está a realidade?

Como podemos oferecer algo real para o


espectador?

Como fugir das nossas próprias repetições?


UMA FOTOGRAFIA
ENQUANTO COISA EM SI

Há no exercício de fotografar um distanciamento inevitável e


progressivo que toma a coisa fotografada para então convertê-
la em metáfora, em resultado da representação. Em “O retorno
do Real”, Hal Foster afirma que “tudo que uma imagem pode
fazer é representar outras imagens.” Alguns artistas
contemporâneos têm buscado diminuir essa distância entre a
experiência e a representação, trazendo uma Fotografia
enquanto coisa em si, um sucesso do trauma.
UM ESPECTADOR
EMANCIPADO
Trabalhos que se fundamentam nessa forma de apresentar uma
Fotografia em suspensão, aquela que prescinde de um
raciocínio conclusivo, pois não é oferecida como imagem, mas
enquanto possibilidade de imagem, de experiência de imagem,
um ponto de partida no lugar de um ponto final. Um convite
para que o espectador, emancipado de sua função de
observador, busque essa imagem em suas próprias repetições.
Mais do que um resultado póstumo da experiência, ela tenta se
converter no gesto vivo, na experiência em si.
LATERALIDADE E
DESLOCAMENTO
O que acontece quando experiências são fotografadas ao mesmo tempo que
são vividas? O que fazem essas imagens deslocadas ao mundo da arte? Esse
gênero da Fotografia nada tem a dizer sobre o mundo, em sua exterioridade,
mas fala de um espaço interior, apresentando-nos fotos que para muitos de nós
atingiriam seu estado mais público guardadas em álbuns no fundo das gavetas.
Apresentar aqui é palavra chave, pois o que nos trazem são imagens tão cruas
em sua construção que diante delas parecemos estar diante da vida em si,
exceto pelo fato (quase não percebemos) de não ser a nossa própria vida, mas
a de outrem. Estar diante dessas imagens é ter acesso público a um tipo de
intimidade que não costuma ser fotografada, por se tratar de um intervalo de
tempo em que a experiência é de tal intensidade que a fotografia poderia
apenas destruir parte dela. Penso em como se pode ao mesmo tempo estar
dentro e fora da imagem. Mesmo que por uma fração de segundo, a fotografia é
um ato consciente. Para fotografar a experiência é preciso sair dela, parar de
sentir para observar, tangenciar, assumir uma posição lateral que nos permite
então fotografar.
Como o espectador reage quando lhe
oferecermos essa imagem não pacificada,
dionisíaca, no lugar de uma elaboração sobre a
nossa percepção da realidade?
100 IMPORTÂNCIAS
Um fotógrafo-artista me disse outra vez: veja que pingo de sol no couro de um lagarto é
para nós mais importante do que o sol inteiro no corpo do mar. Falou mais: que a
importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem com
barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento
que a coisa produza em nós. Assim um passarinho nas mãos de uma criança é mais
importante para ela do que a Cordilheira dos Andes. Que um osso é mais importante para
o cachorro do que uma pedra de diamante. E um dente de macaco da era terciária é mais
importante para os arqueólogos do que a Torre Eifel. (Veja que só um dente de macaco!)
Que uma boneca de trapos que abre e fecha os olhinhos azuis nas mãos de uma criança é
mais importante para ela do que o Empire State Building. Que o cu de uma formiga é mais
importante para o poeta do que uma Usina Nuclear. Sem precisar medir o ânus da formiga.
Que o canto das águas e das rãs nas pedras é mais importante para os músicos do que os
ruídos dos motores da Fórmula 1. Há um desagero em mim de aceitar essas medidas.
Porém não sei se isso é um defeito do olho ou da razão. Se é defeito da alma ou do corpo.
Se fizerem algum exame mental em mim por tais julgamentos, vão encontrar que eu gosto
mais de conversar sobre restos de comida com as moscas do que com homens doutos.
(Manoel de Barros).
Busquei explorar nas imagens essa tensão entre queda e
estabilidade: o horizonte que nos traz à superfície e o
abismo, esse buraco no qual tropeçamos repetidas vezes.
A figura do abismo também é referente a uma história
do cineasta Julio Medem, em seu filme Lucía y el sexo, no
qual menciona um buraco no meio do livro onde, ao cair,
a personagem principal volta para a primeira página e a
história recomeça.
o retorno do real
Evary Leal - Ausên( )ia
Ausên( )ia, de Evary Leal, é uma história real, só que contada ao avesso. Em seu projeto,
Evary Leal tem como ponto de partida os diários de sua avó, sua mãe e os seus próprios,
além de todo "lixo emocional" composto por objetos acumulados ao longo dos anos. Nos
textos, angústias, expectativas, alegrias tão semelhantes, alternadas entre amor e ódio,
admiração e ojeriza. A fotografia aqui é um objeto estranho, ou quiçá uma armadilha, que se
mostra ao mesmo tempo como presa e predador. Evary nos conduz, entre textos e imagens,
por todos os elementos da narrativa clássica: o narrador, que se revela fragmentado nas
vozes das cartas; os personagens, que são muitos, mas são sobretudo uma mesma mulher:
alternada entre ser mãe, ser filha e simplesmente ser.   O enredo nos guia pelas suas
ausências ritmadas: entre perdas e danos, sobreviveram todos, mas ninguém escapou. O
espaço é a casa de infância, que ela habita até hoje e que abriga os vestígios de três
gerações. É esse inventário familiar que Evary tenta ordenar e converter em uma obra que
transcenda o singular em direção ao universal. Aqui memórias são inventadas, apropriadas e
deslocadas. Atravessamos todos os cômodos de sua história e mapeamos as cicatrizes de
sua casa. Em todas as imagens, encontramos um elemento comum: essa Ausência que hoje
dá nome ao projeto e que, paradoxalmente, esteve sempre lá.
Agnes Vilseki - Espelho, Espelho Meu
Agnes Vilseki traz suas inquietações enquanto mulher lésbica: de pequenas, somos
ensinadas, construídas dia após dia, nas pequenas ações, nos rituais, nos deveres, e nas
infindas expectativas que jamais poderemos corresponder. O espelho primeiro é a própria
mãe, para quem pergunta: o que é ser mulher? Partindo dessas questões, Agnes cria uma
lista-base, dedicada à Simone de Beauvoir, na qual inscreve o que se espera de uma mulher.
A partir deste texto-partitura, a artista cria, com fotografias, áudios e vídeos, pequenas obras
de ficção onde encena personagens que encarnam o que ela não se tornou. A mulher
grávida, a menina que dança ballet, a noiva, a moça arrumada, maquiada e bonita. Cenas
cotidianas, naturalizadas. Ficção, invenção, encenação. A lista é então expandida em forma
de pergunta a outras mulheres: o que TE torna mulher? Desta forma, a artista busca transitar
sobre pontes que constrói entre suas questões particulares e a própria natureza de seu objeto
de pesquisa como um dado constituído pela cultura.
PHILLIP TOLEDANO

http://www.mrtoledano.com/
TONIO OH

http://www.seunghwan-oh.com/#!impermanence/c199t
SUZANNE HEINTZ

http://suzanneheintz.com/
PEDRINHO FONSECA

http://www.pedrinhofonseca.com/doseupai/
EXERCÍCIO: DAS
IMPORTÂNCIAS
Baseado nas palavras que deram nome às linhas do
gráfico “100 importâncias”, encontre em seus arquivos
pessoais entre 2 e 5 imagens que possam se encaixar
nelas. Dê um nome a cada imagem e um número, que
será referente ao seu valor, por exemplo, “desejo #27”.

(você também pode criar outras palavras)

Você também pode gostar