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Magu Bistafa

portfólio 2022
Busco em meu trabalho uma iconografia feminina subjetiva através de pinturas em
aquarelas e aguadas e gravuras nas técnicas de gravura em metal, litografia, colografia e
monotipia. As figuras femininas surgem no papel ou na matriz de forma misteriosa,
inconsciente; pouco sei sobre elas, mas sei que elas tem algo das mulheres da minha familia,
das modelos das revistas de moda que a minha mãe comprava, do desenho da sailor moon
que eu assistia quando criança e das imagens da virgem maria espalhas pela minha casa.
Essas referências misturadas resultam em mulheres cuja personalidade me é desconhecida,
mas reconheço em seus olhares melancolia e profundidade. A figura da mulher virou uma
obsessão, uma imagem que busco incansavelmente, numa pesquisa de retratos imaginários
que dura muitos anos.
Na busca de tentar entendê-las melhor, surge a casa na minha pesquisa. Um espaço
privado, relacionado a feminilidade e afazeres domésticos que a partir da luta feminista
torna-se um espaço potente de subjetividade da mulher. O lar revela detalhes sobre quem
essas mulheres podem ser. E nessa busca, surgem as primeiras esculturas e assemblages. A
casa trouxe a necessidade de objetos tridimensionais, que tenho interesse em continuar
pesquisando.

REFERÊNCIAS:
MATTIOLLI, Isadora. O corpo é a casa: a vida privada ressignificada na esfera pública. n. 36.
Rio de Janeiro: revista do ppgav/eba/ufrj. dezembro 2018
Esta instalação foi um dos resultados da minha
pesquisa de conclusão
de curso na Escola de Música
e Belas Artes do Paraná. Ao utilizar diversas técnicas
criei uma parede de retratos e objetos das mulheres
que povoam o meu imaginário, como se fosse a
parede de retratos fotográficos antigos do lar de uma
das personagens. Criei pequenos oratórios (objeto
que me remete a casa) místicos, com medalhinhas
achadas, bordados e as próprias figuras femininas
dentro deles, sendo adoradas. As mulheres
retratadas fitam de forma melancólica e intensa
criando um certo conflito com as imagens católicas.
A instalação também remete a um altar, algo
sagrado. Minha intenção ao criar essa instalação /
casa era descobrir mais sobre as figuras femininas
da minha imaginação. O que eu acabei descobrindo
é que tanto a casa quanto as mulheres são
misteriosas.

Em Busca da Casa. 2021 instalação, gravura em metal,


collagraph, cerâmica plástica, bordado, assemblage. 160 x
146 cm.
detalhes Em Busca da Casa
alguns elementos presentes na
instalação:

paisagem feita em gravura em água


tinta e policromia

cologravura de matriz de
plástico sobre papel
marmorizado detalhe de pintura em aquarela
/ aguada com interferencia de
pequenas gravuras em metal
em formato de casa

oratório / casa feito de cerãmica


fria com gravura em metal
bordad e medalhinhas achadas
O objeto oratório de bolso é inspirado nos
oratórios de bolso católicos, normalmente
um pedaço de tecido que guarda dentro
dele uma imagem ou uma oração, criando
um espaço íntimo e privado, um pequeno
universo que o fiel pode levar para rezar
onde quiser. Criei um oratório para as
minha figuras femininas habitarem ao
perceber a semelhança dele com a casa:

um lugar móvel onde está o coração.
Este objeto também faz parte do meu
trabalho de conclusão de curso.

oratório de bolso. 2021.gravura em


metal, bordado, medalhinhas,
costura sobre algodão cr
Depois de tanta busca por um lar para
habitar, nesse trabalho a casa é móvel,
levamos a casa conosco. Dentro da
saia da mulher retratada há segredos;
poema, gravuras, desenhos. Esta foi a
última reflexão da minha pesquisa de
conclusão de curso e vejo como um
convite para intelectualizar menos
meu trabalho, busco tanto o que já está
em mim. Quero continuar explorando
a casa, mas sem uma obrigação de
achar respostas, apenas imaginar
narrativas possíveis.

Levamos a Casa Conosco. 2021.


gravura em matriz de plastico,
monotipia, lápis de cor, costura
sobre papel. 59,4 x 42 cm.
Estes retratos em aquarela e
técnica mista foram pintados
em poucos dias de forma muito
rápida e intensa no início de
2021. Tenho muitos retratos em
aquarela e a repetição e
obsessão pelo tema da figura
feminina é um aspecto
importante da minha
produção.

sem título. 2021. aquarela e técnica


mista sobre papel. 9 aquarelas tamanho
21 x 29,7
Esta gravura é composta de
diversas matrizes de plástico e
papelão impressas umas
sobre as outras. Essa técnica
de cologravura eu aprendi no
curso PATA na Polônia em
2018 e venho pesquisando ela
até hoje. A matriz de papelão
é gravada com cola e a matriz
de plástico e gravada com
pasta de modelagem.

sem título. 2020. cologravura.


Neste livro de artista foi a primeira
vez que eu usei a casa para criar
narrativas sobre as mulheres do
meu inconsciente. Primeiro eu
criei as pequenas matrizes das
mulheres, suas casas e em alguns
casos mais um terceiro elemento
que as conectassem como um
jardim ou um animal de
estimação. Fui imaginando que
vida essas personagens poderiam
ter e escrevi uma pequena história
para acompanhar as gravuras. Eu
datilografei as palavras no livro
numa busca de recuperar algo
antigo, esquecido.

Livro Onde Habita O Inconsciente (2020). livro de


artista datilografad. gravura em metal
Essas mulheres e essas
histórias tem muito de
mim, mas também tem
muita imaginação
envolvida, uma vontade
de inventar memórias.
Nesta pequena instalação, que tenho vontade de
expandir, dou lar a mulheres imaginárias dentro
de latas de bala, balas doces e duras. As
mulheres criadas são feitas de gravura em metal,
a matriz da qual surgem é do mesmo material
do qual suas casas sao feitas. O formato pequeno
e móvel das casas que ja foram casas de doces e
balas pode lembrar uma brincadeira de criança
ou um conto de fadas. Cada pequena casa é
única e seu próprio universo, criado com
técnicas diferentes; em uma casa há um bordado
cobrindo a personagem e protegendo-a, em
outra, podemos encontrar uma impressão de
uma borboleta encontrada e do outro lado o que
sobrou dela, em um dos pequenos lares um
medalhão com uma gravura em metal dentro
está pendurado por um fio.

Lar Doce Lar. 2020. latinhas de bala,


gravura em metal, fios, tecido bordado,
papel datilografado, borboleta achada,
medalha
As casas são
acompanhadas de
frases que nos
ajudam a decifrar o
que pode estar
acontecendo em
cada um dos lares,
em um deles, por
exemplo, a mulher
está separada de sua
casa, conectada a ela
por fios e deles caem
um papel que diz
“deixei um barbante
para encontrar o
caminho de volta
para casa”

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