Suzy Lee

SEOUL, 1974
Suzy Lee
SEOUL, 1974
Entrevista a Suzy Lee, artista de livros
“Foca-te no que tens agora. Esquece o que não
realizaste.”
Nascida em 1974 na capital da Coréia do Sul, Suzy Lee estudou pintura
na Faculdade de Belas-Artes da Universidade Nacional de Seoul, tendo
começado a ilustrar contos infantis logo após a graduação. Também
estudou na Faculdade de Artes no Reino Unido, na qual fez a tese
que começou uma sucessão de trabalhos que futuramente que iriam
proporcionar inúmeros prémios: “Hans Christian Andersen Award”,
“Bologna Ragazzi Prize Special Mention in the Fiction Category”, “Korea
Publishing Culture Award”, “New York Times Picture Book Award’,
“Boston Globe Horn Book Honor Award”, destacando-se o prémio “The
Hans Christian Andersen Prize”, um dos prémios mais importantes da
literatura infantil.
A artista trabalha as suas ilustrações combinando o poder de desenhar
as histórias e a fisicalidade dos livros. Entre alguns dos seus livros estão
“Alice in Wonderland” (2002), “Mirror” (2003), “La Revanche des Lapins
“ (2003), “The Zoo” (2004), “The Black Bird” (2007), “Wave” (2008),
“Shadow”(2010), “Her Lines” (2017) e “River, the Black Dog” (2018) e “Sim
Cheong” (2019).
Que tipo de pessoa acha que é um artista de livros ilustrados?
Penso que um escritor de livros ilustrados é uma pessoa que constrói e
brinca com o poder das imagens e cria uma história num livro. Eu estava
interessada no meio dos livros. Em vez de apenas pedaços de papel que
contêm uma história. Também estou interessado em livros com poder. No
meu caso, estou interessado em imagens com esse poder. Nesse sentido,
para mim, “imagens” e “livros” são igualmente importantes nos livros
ilustrados.
Quais são as alegrias de ser um artista de livros para crianças?
Tenho muita sorte de ter os leitores e revisores mais criativos do mundo: as
crianças. E também é um momento muito alegre ver quando as crianças
encontram em meus livros algo que eu encontrei nas crianças.
Como você se tornou um artista de livros ilustrados?
Formei-me em pintura na faculdade de artes. Desenhei em telas grandes e
depois de me formar, quis continuar a pintar. Eu estava a pensar em como
ganhar a vida a fazer isso e descobri o gênero dos livros ilustrados. Levei o
meu portfólio para a editora e disse que queria trabalhar. Pensei que ia só
fazer desenhos para combinar com algum texto. Quando comecei, pensei
que ia ser tão simples como isso. Entretanto percebi que era um trabalho
difícil. Quanto mais eu via ótimos livros ilustrados, mais eu percebia que
é um mundo divertido, profundo e misterioso. Queria me destacar nesse
trabalho e ao mesmo tempo estudar mais profundamente o gênero.
“Sou muito sortuda em ter os leitores mais
criativos do mundo - crianças.”
Para si, que tipo de media é um livro ilustrado?
Os livros ilustrados são algo que conta as histórias mais importantes da
maneira mais simples e intuitiva possível. Fiquei muito impressionada
quando os encontrei pela primeira vez. Achei as narrativas dos livros
ilustrados familiares e simples, mas também profundas. Narrativas
complexas eram contadas de maneira fácil e simples. Os livros ilustrados
são um meio que transmite histórias que contêm a essência da vida
da maneira mais refinada, simples e intuitiva. Isso fascina-me. Fiquei
captivada pela forma como os livros ilustrados contam narrativas. Estou
particularmente interessada em narrativas que são desenvolvidas e
expressas através de imagens. Além disso, estou interessada na forma
física do próprio livro, incorporada numa narrativa.
Porque é que faz livros ilustrados sem texto?
É uma fraqueza não haver nada para ler porque não há escrita. E ao
mesmo tempo é uma área muito interessante. Eu quero me concentrar
nisso. Então, se não houver nada para ler, você tentará descobrir o que ler
nos detalhes da imagem. Porém, o contexto de como ler a escrita está na
ordem das palavras. Na verdade, as fotos não têm uma ordem. Eu penso
neles como um todo. Porque há coisas espalhadas para ler. Leia cada
imagem uma por uma e vá para a próxima página. Quando outra imagem
aparece a conexão é feita na mente. O leitor tem que fazer a narrativa
sozinho. Acho que é possível porque não ter texto é uma forma muito
atrativa de fazer isso. Eu gosto disso; é por isso que trabalho em livros
ilustrados sem palavras.
Que diferenças você encontra entre ilustrar o texto de outra pessoa e
ilustrar suas próprias histórias?
Acho que me torno mais experimental quando faço os meus próprios
livros. Nunca decido primeiro se o novo projeto vai ser sem palavras ou
não, mas geralmente acaba como uma espécie de livro sem palavras
quando a ideia é mais conceitual e formal. O poder das imagens e a
lógica visual impulsionam a história. Não há voz do autor para dizer aos
leitores como ler as histórias dos livros sem palavras. Para ler um livro
sem palavras, os leitores precisam encontrar todas as pistas espalhadas
pelo livro e se concentrar em cada elemento. Eles precisam ver não
apenas a narrativa visual, mas também os elementos físicos de um livro
(por exemplo, o formato do livro). E essas pistas chamam mais atenção
quando o livro está em silêncio, não apontado pelas palavras. Por outro
lado, leio manuscritos de autores que têm assuntos nos quais nunca
pensaria sozinho. Eles ampliam minha visão. E também posso trabalhar
com leveza porque já existe um ponto de partida que o autor criou. Às
vezes é melhor ter alguns limites. É como resolver um quebra-cabeça:
acho desafiador e divertido.
“Há dois tipos de pessoa: pessoas que te
incentivaram até ao fim e pessoas que não o
fizeram.”
Qual é o meio que costuma usar ao fazer suas ilustrações? Usa algum
software especial? Canetas? Tintas? Cores?
Os materiais de arte que uso são maioritariamente tradicionais. Caneta,
lápis, carvão, aguarelas, guache, tintas acrílicas, colagens, sprays de laca,
gravuras, etc. Também uso Photoshop. O tipo de livro em que estou a
trabalhar decide o material artístico.
Tem algum livro ao qual está particularmente apegada?
Se você perguntar a um escritor sobre o seu trabalho favorito, ele não
vai responder “tudo”? Eu também! Acho que os meus são os meus
trabalhos mais recentes. Porque meu trabalho anterior continha minhas
preocupações e problemas anteriores, e agora eles estão resolvidos. Como
os meus trabalhos mais recentes contêm o “eu verdadeiro”, os meus
favoritos são os trabalhos que concluí mais recentemente.
Como amantes de livros, isto nos interessa: quais livros ou autores e/ou
ilustradores lhe influenciaram como um dos primeiros leitores?
Quando eu era criança, eu tinha “The Shrinking of Treehorn” (escrito
por Florence Parry Heide) por Edward Gorey, traduzido em coreano
nas minhas estantes. Acho que não gostei muito naquela época – as
ilustrações e a história eram estranhas demais para uma criança, acredito.
Mas eu sempre leio de novo e de novo para descobrir do que se trata. Acho
que gostei da sensação de estranheza – talvez tenha passado a acreditar
que o livro ilustrado deveria ser misteriosamente estranho por causa
daquele livro.
Quais são os seus planos para o futuro?
Sempre digo que é um problema porque há tantas coisas que quero
fazer. Como diversificar a história, e meu caderno de desenho, eles estão
esperando por mim. É como se estivessem perguntando quando vou tirá-
los. Se o tempo permitir, quero continuar a fazer isso. Na verdade, existem
alguns trabalhos que faço sozinha. Em alguns casos, pego um texto e
ilustro para eles.
Se quiser partilhar com jovens artistas as três principais lições das quais
eles poderiam se beneficiar em termos de publicação de livros como
comércio/indústria, quais seriam essas três lições de vida?
Acho que poderia dizer apenas um facto.
Imagine que suas obras de arte podem ser acessíveis, portáteis, íntimas,
replicáveis ​​
e universais. O que poderia ser melhor que isso? São as
qualidades inatas de um “livro”.
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SEOUL, 1974
Suzy Lee

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SUZY LEE SHADOW KEYRING _ 40X260MM SHADOW POSTCARD 01 _ 148X100MM

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Suzy Lee

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