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David Álvarez

CIDADE DO MÉXICO
David Álvarez
CIDADE DO MÉXICO

Entrevista a David Álvarez, ilustrador mais fácil fazer com que representem algo porque são universais.
Helen Brown, em 13 de agosto de 2019
Em muitos dos seus trabalhos, os animais e a noite aparecem em forma
Tendo-se formado na Escola de Design do Instituto Nacional de Belas- humana. Porque que é que gosta de usar imagens antropomórficas?
Artes do México, o ilustrador David Álvarez aborda os seus trabalhos Gosto da noite porque está relacionada com o desconhecido e cria medos.
num jogo de sombras e luz, resultando em desenhos maioritariamente Neste caso tentei fazer o contrário, representar uma noite que não
monocromáticos, a preto e branco, através do uso de grafite e carvão. É causasse medo. O personagem é muito calmo, paciente e despreocupado.
possível observar nas suas ilustrações o fascínio que nutre pelo potencial Embora seja enorme, é muito delicado.
da figura humana, representando esta de uma forma fantasiosa e
surrealista. O contraste criado com o lápis reforça a mensagem/pergunta De onde tirou a ideia para o seu novo trabalho, “I dreamed I was the
gerada pela imagem. night?” Sonhos alguma vez inspiraram as suas ilustrações?
Eu quase nunca me lembro dos meus sonhos e quando me lembro
David tem vários desenhos à venda, mas é também responsável pela deles não são interessantes. A ideia surgiu quando comecei a trabalhar
ilustração de alguns livros como “Bandada” (2012), “Mujer pájara” (2021), num livro chamado “Noche Antigua”. Fiz muitos esboços e daí surgiram
“El pozo de los ratones” (2022) e “Ancient Night” (2023). dois caminhos: um foi o livro Noche Antigua, e o outro foi esta série de
desenhos sobre a noite.
Quando é que se interessou por desenho?
Comecei a desenhar porque uma das minha tias o fazia. Eu tinha cerca de
7 anos e ela tinha 18 anos. Foi a partir daquele momento que desenho se
“O silêncio é usado para ouvir o que está dentro
tornou parte da minha vida. de ti, para te procurares e te encontrares, é um
Como é o seu processo criativo? Que tipo de ambiente gosta de ter quando
longo processo de perseverança, paciência e
está a trabalhar? resistência.”
O meu processo criativo é doloroso, exaustivo e frustrante. Se eu pudesse,
eu saltava este passo. A única satisfação ou alegria surge quando o
desenho é finalizado. Se se aproximar conceitualmente, técnica ou
graficamente do que eu queria alcançar, então fico feliz.

O que gosta sobre desenhar as suas ilustrações à mão com grafite? Prefere
trabalhar em preto e branco?
Gosto porque é uma experiência muito pessoal, trata-se de descobrir as
qualidades do papel, do material e dominá-lo para conseguir o que se
deseja. O papel regista o pulso, a pressão, não existem atalhos, existem
erros, temos que aprender com eles e temos de exercitá-los. Gosto de
preto e branco porque me sinto muito confortável a trabalhar com luzes
e sombras.

Que outros ilustradores ou artistas o inspiram?


José Clemente Orozco, Miguel Blay, Mariano Fortuny, John Singer Sargent.

Que característica de contos de fadas e contos populares lhe interessa?


O facto de contarem coisas macabras, de serem um grande reflexo da
humanidade.

“Não estou interessado em falar sobre mim


mesmo, o meu trabalho é prioridade.”
O livro que ilustrou, ”Bandada”, aborda temas obscuros como o
desaparecimento moral da humanidade. Acha importante apresentar
temas difíceis como esses às crianças?
“Bandada” é o livro que fiz com Julia Díaz, nunca pensamos que fosse para
crianças, nem para adultos. Apenas fizemo-lo a pensar nas questões que
eram importantes para nós e tudo fluiu. Se um livro tem uma história clara
e é bem feito, não importa a idade, qualquer um pode entendê-lo.

No “El pozo de los ratones”, ilustrou contos folclóricos orais mexicanos. Já


conhecia muitas dessas histórias? O que gostou de ilustrar?
As histórias não me eram familiar, embora algumas histórias que o meu
avô me contou sobre bruxas, os males que elas faziam e como fazer
amuletos para mantê-las afastadas tenham sido muito importantes na
minha infância. O que mais gostei foi que os personagens representavam
os piores sentimentos da humanidade: maldade, ódio, ambição, inveja.

A lua aparece muito no seu trabalho. É um símbolo que o inspira?


Na verdade não, é uma mera coincidência o facto de aparecer
constantemente nos meus desenhos. Acho interessante porque está nas
histórias, na arte e na imaginação da humanidade.

Os animais também aparecem muito no seu trabalho. Como é que escolhe


quais animais quer desenhar e escrever histórias?
Os animais também aparecem por acaso, utilizo-os quando são
importantes para a história e têm um significado que o leitor sabe
interpretar. Acho que é por isso, por serem carregados de significado e é
CAT _ 21X29CM _ 2022 BUTERFLY_ 25X35CM, 2023

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David Álvarez

THE COLLECTOR _ 21X29,7CM, 2021 THE ETERNAL WALK_ 25X35CM, 2018


NIGHTS & BIRDS _ 21.59X27.94CM, 2023 OPOSSUM _ 19X24CM, 2017

CIDADE DO MÉXICO
David Álvarez

MOON _ 21.5X28CM, 2022 GALLITO _ 21.59X27.94CM, 2022

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