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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS - MODALIDADE EAD

DESENHO I
Prof. Magno Anchieta

2018
APRESENTAÇÃO

Caro(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) a participar desta disciplina! Aqui você iniciará sua reflexão sobre
desenho e sua aproximação com as práticas artísticas. Iremos explorar a dimensionalidade
através dos exercícios de desenhar. Não existe uma receita para ser um(a) bom/boa
professor(a) de artes mas, podemos dizer que a curiosidade e a paixão pelo fazer artístico é
um dos pontos de partida para que os alunos também se interessem por essas formas de
dialogar com a vida. Uma boa forma de começar é investigar os procedimentos artísticos, as
diversas possibilidades de utilizá-los explorando resultados variados. Essa investigação gera
um interesse pela área, assim conseguirá despertar em seu aluno o envolvimento com as
artes visuais.
Este livro online está dividido em quatro capítulos, que devem ser estudados durante cada
semana que compõe o período deste componente curricular. As tarefas servirão para que
possamos observar o seu desempenho na compreensão dos assuntos abordados e servirão
como instrumentos de avaliação. Por isso é importante que você dedique especial atenção
para os prazos e pesos das atividades com bastante entusiasmo buscando a melhor
aprendizagem possível.
Nesta disciplina é preciso dedicação, às vezes, ir além do proposto para um efetivo
aproveitamento. Lembra do verso do Carlos Drumond de Andrade “amar se aprende
amando”? Pois isto serve também para o desenho. Aprende-se a desenhar, desenhando!!!

Uma boa aprendizagem!


1 DESENHO E CULTURA

1.1 Introdução

Antes de tudo, é importante lembrar que as formas de desenhar são diversas, plurais, tem a
ver com a cultura e o contexto dos indivíduos, mas também tem a ver com a subjetividade
de cada um.

1.2 O que pode ser desenho?1


O desenho é uma linguagem. Através dela expressamos e comunicamos uma idéia, uma
imagem, um signo. A definição no Novo Dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio
Buarque de Holanda Ferreira diz que “desenho é a representação de formas sobre uma
superfície, por meio de linhas, pontos, manchas, com objetivo lúdico, artístico, científico ou
técnico... A arte e a técnica de representar com lápis, pincel, pena, etc. um tema real ou
imaginário... Traçado, risco, projeto, plano”.
Geralmente a iniciação em artes visuais (ou artes plásticas) começa pelo desenho. Por que
será? Será que é mesmo necessário “aprender” primeiro a desenhar, depois a pintar, depois
a esculpir ou modelar e daí por diante? Existirá uma hierarquia nas formas de
representação? Na vida fora da escola, será que é dessa maneira que aprendemos?
Possíveis respostas para essas questões vêm do lugar histórico que o desenho tem
ocupado desde a tradição das academias e que herdamos na estrutura dos nossos cursos
superiores nas universidades desde a década de setenta do século XX.
Mas nem sempre foi assim, nem precisa continuar sendo. Podemos trabalhar com uma idéia
mais ampla de desenho sem deixar de satisfazer aquele interesse pela representação visual
mais realista.
Propomos então uma viagem pelo desenho que começa pela reflexão sobre a seguinte
afirmação:

“ EU NÃO SEI DESENHAR!”

Quantas vezes você já disse ou ouviu essa sentença?


Essa é a frase mais comum quando se pede a alguém para fazer um desenho. A mesma
pessoa que afirma não saber desenhar pode chegar em casa e arrumar a mesa, mudar a
disposição dos móveis ou realizar alguma outra função cotidiana que envolva uma
organização de formas, linhas cores, texturas, sabores, ritmos etc. Pode ser estranho e você
pode se perguntar o que isso tem a ver com desenhar! Tudo a ver, a mesma pessoa que
tem medo de um lápis e de uma folha de papel em branco na verdade tem como referência
determinado tipo de desenho, realista, figurativo, valorizado na sociedade ocidental como o
mais certo.

1
Trecho retirado e adaptado de GUIMARÃES, Leda Maria de Barros; CHAUD, Eliana Maria,
MARTINS, Alice Fátima, 2009, pp. 13-16.
Desenhar é projetar, com os olhos, com o corpo, com as mãos, com a mente, com nossos
desejos. o nosso corpo como um todo é capaz de desenhar, e desenhamos, mesmo que
não tenhamos consciência disso. Desenhamos com os olhos, selecionamos pontos de vista,
com o olhar estabelecemos relações formais, identificamos estruturas lineares, percebemos
texturas e até mesmo identificamos nas manchas e nas nuvens figuras que parecem isto ou
aquilo. Vejamos o texto do blog da artista e professora Manoela Afonso:

CUMULUS NIMBUS

O MUNDO É UMA BOLA, QUEM ANDA NELE É QUE SE AMOLA (já


dizia meu pai)
Lembro-me como se fosse ontem: numa aula de geografia, na quinta
série, descobri que até as nuvens tinham nome.
E eu que pensei que pelo menos elas - as inalcançáveis nuvens fofas
- estivessem livres de classificações.
Até então eu as chamava como bem entendesse e cada uma levava o
nome daquilo com o que se parecia: “urso brabo”, “cavalo”, “homem
de nariz grande”, “castelo mágico” - esse era o meu exercício
metafórico diário.
Depois que aprendi que os nomes corretos eram cumulus, cumulus
nimbus, cirros e stratus, as formas desapareceram e eu parei de olhar
para o céu. E quanto mais eu avançava na escola, mais aprendia a
classificar as coisas, até o momento em que a poesia com a qual eu
vivia o mundo sumiu.
A partir de então passei meus dias com a cara enfiada nos livros;
aprendi uma infinidade de coisas pela experiência dos experientes e o
que mais pesava enquanto eu caminhava não eram os livros que eu
carregava, mas sim o buraco deixado pela renúncia à poesia.
Cumulus Nimbus são nuvens densas e enormes que só podem ser
vistas por inteiro a longas distâncias, assim como o passado, que
também nos exige o distanciamento necessário à compreensão de
sua beleza e complexidade. que venham os trovões, relâmpagos,
chuva, granizo e tornados que os acompanham.
Esse blog é o passo inicial para o desenvolvimento de um projeto de
web-arte engavetado já há algum tempo e que tem por objetivo
registrar e cruzar memórias aleatoriamente para depois perdê-las em
meio à contaminação provocada pela interatividade na rede.
O primeiro passo está dado. Trago apenas um guarda-chuva, os pés
molhados, um frio nos ossos e não me recordo agora do nome da
minha professora de geografia.

<http://breviario.org/cumulusnimbus/about/>

Assim como a Manoela podemos exercitar esse prazer de desenhar o mundo, desenhar no
mundo, bem como perceber que somos desenhados no mundo e pelo mundo. Por isso
antes de começar as “lições de desenho” convidamos você a realizar umas “lições de vida”
cotidiana, corriqueira, mas que oferece muitas situações desenhativas.

Fórum 2: Reflexão sobre a relação entre desenho e cultura

Acesse o espaço do ​fórum 2​ no AVA e participe contribuindo com a discussão respondendo


às questões propostas a partir da leitura do texto abaixo:

Para refletir

Para desenvolver um desenho, uma pintura, uma escultura, você precisa criar. E o que é
criar? Criar é expressar sua ideia sobre algum assunto, tema, de forma particular, ou seja,
de forma diferenciada do que já está dado. Não pense este criar, como algo de outro
mundo, como se ficando em frente a um papel em branco ou com materiais a sua frente
uma inspiração divina “desce” sobre você. Outra coisa que as pessoas falam comumente
é que essa ou aquela pessoa tem o dom para desenhar. Pode ser que alguém tenha mais
habilidade, mas acredito que todos somos capazes se formos sensíveis às questões
artísticas e se nos colocarmos pré-dispostos à tarefa de criar. É muito mais uma questão
de disciplina e interesse do que de dom. (​ELIANE CHAUD​)

E você? O que pensa sobre essas afirmações? Concorda com a autora? Justifique e comente também
sobre a opinião dos colegas.
● Objetivo: promover a leitura, a discussão e a interação do aluno sobre a
aprendizagem do desenho.
● Contexto: AVA
● Valor: 3 pontos.
1.3 Breve histórico do desenho no mundo
O desenho sempre teve sua importância na história. E tem acompanhado os homens na sua
trajetória pelo mundo, testemunho precioso e constante da saga por que tem passado a
humanidade. Não é por simples acaso ou capricho que o desenho tem tido esta situação
ímpar na história.
O desenho tem sido um meio de manifestação estético e uma linguagem expressiva para o
homem desde os tempos pré-históricos. Como atividade típica dos seres humanos, remonta
praticamente à época em que começamos a raciocinar. Apesar de ainda não existir o
conceito de desenho, os primeiros seres humanos dos quais temos notícias já desenhavam,
registravam suas caças através de uma representação por meio de linhas em uma
superfície, foi assim que teve origem o desenho, pelo simples ato de traçar, riscar uma
superfície. Há milhares de anos atrás, antes dos hieróglifos e da escrita cuneiforme, o único
meio de representação de ideias e situações era o desenho, já então, magnificamente
interpretado pelos homens das cavernas. Vemos nesses desenhos, pintados ou gravados
nas paredes ou em pedras, o imperecível senso de beleza e o poder criador do homem.
Neste período, porém, o desenho, assim como a arte de uma forma geral, estava inserido
em um contexto tribal-religioso em que acreditava-se que o resultado do processo de
desenhar possuísse uma "alma" própria: o desenho era mais um ritual místico que um meio
de expressão.

À medida que os conceitos artísticos foram, lentamente, durante a Antiguidade


separando-se da religião, o desenho passou a ganhar autonomia e a se tornar uma
disciplina própria. Não haveria, porém, até o Renascimento, uma preocupação em
empreender um estudo sistemático e rigoroso do desenho enquanto forma de
conhecimento.
A partir do Século XV, paralelamente à popularização do papel, o desenho começou a
tornar-se o elemento fundamental da criação artística, um instrumento básico para se chegar
à obra final (sendo seu domínio quase uma virtude secundária frente às outras formas de
arte). Com a descoberta e sistematização da perspectiva, o desenho virá a ser, de fato, uma
forma de conhecimento e será tratado como tal por diversos artistas, entre os quais
destaca-se Leonardo da Vinci.
O desenho, tendo sido a primeira manifestação gráfica do ser humano, obviamente foi o
precursor ou o pai das demais atividades plásticas hoje praticadas por todos os povos do
mundo. E ainda mais, o pintor, escultor, gravador, etc, que realmente deseja elevar-se em
sua especialidade, deve, necessariamente, ter boa e sólida base de desenho.
Da Idade da Pedra até Michelangelo, e deste aos nossos dias, o desenho tem assistido à
evolução dos povos e das civilizações. Em cada época o desenho procura adaptar-se aos
usos e costumes respectivos. Hoje, a despeito do surto gigantesco da indústria, do comércio
e das inovações tecnológicas, o desenho artístico tem evoluído e se adaptado ao contexto,
continuando a ter a mesma importância e a mesma projeção de tempos anteriores.
Observa-se por exemplo, que todas as ramificações do desenho por mais técnicas que
sejam, dependem, sempre, do conhecimento prévio do desenho artístico. É ele a base, o
alicerce, de tudo que se pretenda conseguir neste maravilhoso campo. Mesmo com o
surgimento da fotografia, esta não substituiu o desenho, pelo contrário, hoje temos
hibridações entre os mais variados processos de criação por meio do desenho.

1.4 Funções do desenho


Sob o ponto de vista funcional, o desenho possui diferentes aplicações e finalidades,
campos de intervenção, manifestações visuais, bem como determinados valores de uso. Por
exemplo, encontramos o desenho presente nos campos da investigação e divulgação
científica (como na botânica e na arqueologia), nas diversas práticas projetuais (com na
arquitetura e no design), nas diversas manifestações artísticas (como nas histórias em
quadrinhos ou na ilustração), na comunicação (infográficos, charges, ilustrações), entre
outros campos da atividade humana. Ou seja, basicamente, o desenho está presente na
Arte, na Ciência e na Comunicação.
Como principais modalidades funcionais do desenho, podemos elencar:
● A ​função ilustrativa - o desenho serve para ajudar a expor, por parte do autor, e
compreender, por parte do apreciador, uma ideia, uma situação, um fato.
● A ​função taxonômica​: usada para fins científicos, se caracteriza por transmitir
informações de maneira objetiva e descritiva. Ex.: infográficos, desenho de botânica,
desenho de arqueologia etc.
● A ​função operativa​: serve para fazer planejamentos, projetos e cartografias. Ex.:
plantas baixas, desenho estrutural, desenho mecânico, mapas, projeto de design etc.

1.5 Classificações do desenho


Você já prestou atenção que tipos de desenhos/grafismos dialogam com você enquanto ser
cultural? Quantos tipos de desenho você reconhece?
Podemos chegar a vários tipos, modalidades, funções e estilos de desenho, mas antes
disso, é importante entender a variedade de possibilidades de representação. Podemos
partir de duas classificações básicas:
● Representação figurativa - relativa às formas que podem ser reconhecidas no
mundo real. Essa figuração pode ser realista ou estilizada.

● Representação abstrata - relativa às formas que não tem a intenção de parecer


com algo natural, podendo ser abstrações geométricas ou informais.

Esses tipos de representação podem estar ligados ao mundo do que costumamos chamar
de artes visuais ou plásticas, das artes comerciais (ilustração, publicidade), técnicas
(projetos de design, de arquitetura, etc.) de comunicação visual (logomarcas, sinalizações,
etc.), e até mesmo de um tipo de desenho mais despretensioso que é aquele que fazemos
enquanto conversamos ao telefone ou ouvimos música.
Lúcio Costa escrevendo sobre o “Ensino do Desenho”2, na década de 1950 apontava três
modalidades diferentes de desenho: o ​desenho técnico​, “como meio de fazer”, uma etapa
entre a idéia e a realização de um objeto (o novo design de uma cadeira, por exemplo); o
desenho de observação “como documento”, aquele que anteriormente à fotografia permitiu o
registro de personagens e costumes de época e que atualmente ainda é um recurso de
estudiosos de botânica, por exemplo; e o desenho artístico, como possibilidade de invenção
de “formas inexistentes” e isento de utilidade prática. Entretanto, essa classificação pode ter
conceitos e características diferentes por outros autores, já que sabemos que um desenho
de observação pode ser um desenho artístico também (e vice-versa). Assim, podemos, em
síntese, dividir a linguagem artística do desenho em dois tipos principais: o ​desenho
artístico e o ​desenho técnico​. Cada um com diversas subdivisões conforme a finalidade a
que se pretende, motivos ou assuntos representados, estilo de traçado, entre outros
aspectos.

2
Disponível gratuitamente em formato pdf no Portal Dominínio Público através do endereço:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=17722​ .
Variações

Desenho técnico
O desenho técnico ou projetivo é uma forma de representação gráfica usada, entre outras
finalidades, para ilustrar instrumentos de trabalho, como máquinas, peças e ferramentas, por
exemplo. É também a linguagem universal para identificar um produto segundo sua forma
gráfica, pois, representam corpos, formas, dimensões e o material de que são constituídos.
O desenho técnico deve transmitir com exatidão todas as características do objeto a ser
representado.

Essa modalidade ou tipo de desenho está ligado às finalidades industriais. Usado por
engenheiros, arquitetos e técnicos, como linguagem universal expressa e registra ideias,
assim como fornece dados necessários à produção de produtos.
Ao contrário do desenho artístico, que se serve da paisagem, modelos ou simplesmente da
imaginação, o desenho técnico não só fornece a intenção do projetista como, também, dá
informações exatas de todos os detalhes existentes na criação.
O desenho técnico está subordinado a regras, que são as “Normas Técnicas”. Para garantir
a exatidão do desenho técnico, o projetista deve seguir as regras estabelecidas previamente
por estas normas e assim todos os elementos do desenho serão normalizados. No Brasil, a
entidade responsável pelas normas técnicas é a ABNT - Associação Brasileira de Normas
Técnicas.
O desenho projetivo é utilizado em todas as modalidades da Engenharia e da Arquitetura, e
por causa das diferentes modalidades aparece também com outros nomes: desenho
arquitetônico, design de interiores, desenho urbanístico e paisagístico, desenho mecânico,
desenho de máquinas, desenho hidráulico, desenho estrutural, desenho elétrico/eletrônico,
desenho industrial (design de produtos), desenho topográfico, desenho técnico de moda,
entre outros.
O desenho técnico usa, geralmente, instrumentos técnicos de precisão, como réguas,
escalímetros, esquadros, compassos, entre outros. Mas atualmente, com os avanços
tecnológicos, muitos profissionais da área passaram a usar ​softwares ​de computador que
auxiliam nessa função a exemplo dos programas de computação gráfica e os desenhos
auxiliados por computador (CAD - Computer Aided Design).

Desenho artístico
No desenho artístico é possível que o artista exprima todos seus sentimentos ocultos da
maneira que preferir. Um artista não tem o compromisso de retratar fielmente a realidade. O
desenho artístico reflete o gosto e tenta expressar emoções e “vida” de um desenho.
Neste tipo de desenho, o autor pode desenhar como preferir, não precisando que algo
pareça real, é a maneira como ele vê suas ideias e sentimentos e não como os outros as
veem. No desenho artístico podemos utilizar qualquer tipo de papel, além de lápis, carvão,
lápis de cor, entre outros. Cabe ao autor do desenho escolher quais materiais conseguem
suprir as necessidades daquele determinado momento.

Há aqueles que prefiram os desenhos hiper-realistas que mostram a realidade nos seus
mínimos detalhes. Quem utiliza esta técnica, normalmente estudou bastante até chegar
neste resultado, contudo, não pense que as outras técnicas não precisam de estudo. Todas
elas necessitam estudar muito, pois, por mais perfeito que tal desenho seja, a cada novo
pode-se aprender mais.
Mesmo que seu desenho não retrate a realidade como realmente é, é importante conhecê-la
bem antes de desenhar, pois, para sabermos o que não é real precisamos de referências
sobre o que é real. Além disso, o irreal muitas vezes reflete o que o autor gostaria que fosse
realidade ou como o próprio vê o mundo, a vida, etc.
O desenho artístico é, normalmente, feito à mão livre, isto é, sem uso de compasso,
esquadros, transferidor, etc. O desenho livre permite que o traço do artista apareça,
enquanto que outros instrumentos de precisão transformam o desenho em um desenho
técnico, impessoal.
Estas são as características e as principais qualidades do desenho artístico: cada artista
possui uma maneira própria de ver um objeto e de representá-lo no papel, produzindo uma
obra única com um tipo de traço só seu. Cada pessoa possui uma maneira particular de ver
as coisas e entendê-las. Podemos colocar um objeto diante de duas pessoas e cada uma
terá este objeto de uma maneira, pois cada pessoa é única e diferente.
O Desenho Artístico também possui muitas subdivisões, conforme seu estilo, sua função,
aplicação entre outros fatores que diferem entre si. Citamos a seguir, alguns estilos e
aplicações do desenho artístico:

Histórias em quadrinhos
As HQs, histórias em quadrinhos (ou arte sequencial) e os cartoons são filhos da indústria
cultural do entretenimento. O desenho em quadrinhos é uma forma de arte que conjuga
texto e imagens com o intuito de narrar histórias dos mais diversos gêneros e estilos. São
publicadas em sua maioria no formato de revistas, livros ou em tiras de jornais e revistas e
atualmente na versão eletrônica.

No Brasil essa arte tem origem ainda no século XIX pelas mãos de Ângelo Agostini. Você
pode não lembrar da revista O Tico Tico, mas lembra do Batman, Homem Aranha, das
diversas revistas dos super-heróis americanos e da turma brasileira da Mônica, de Maurício
de Sousa. Foi no formato de tira que estrearam os personagens de Maurício de Sousa. Suas
histórias passaram a ser publicadas em revistas, primeiramente pela revista Abril, em 1987
pela Editora Globo e a partir de 2007 pela Editora Panini.
Você gosta de ler as tirinhas do jornal? Apesar de não ser oriunda do Brasil, no país ela
desenvolveu características peculiares. Recebeu influências da cena do período da ditadura
durante os anos 60 e posteriormente de grandes nomes dos quadrinhos ​underground​. Em
1960, teve início a publicação da revista O Pererê com texto e ilustrações de Ziraldo, mais
conhecido na mídia pela personagem “O menino maluquinho”, sucesso na literatura e no
cinema. O cartunista Henfil (1944-1988) iniciou a tradição do formato “tira” e seus
personagens Graúna e os fradinhos fizeram a crítica contundente e bem humorada dos
problemas nacionais, tais como a fome e a miséria, a seca no Nordeste, a corrupção, a falta
de liberdade de expressão, dentre outros. Os traços sintéticos realçam a ênfase das
expressões e inovam o tipo de desenho mais contemporâneo, mais despojado. Outro autor
que segue a irreverência dos traços é o paulista Angeli com personagens undergrounds
como com sua famosa Rê Bordosa. Suas histórias são uma espécie de crônica da vida
noturna nas grandes cidades.

Os quadrinhos europeus e norte americanos têm disputado espaço para uma expansão
muito rápida dos quadrinhos japoneses. O ​mangá ​é um dos grandes fenômenos dos últimos
anos, mostrando ao mundo e aos próprios japoneses uma imagem do Japão e a excelência
oriental, na manipulação de um veículo marcante ocidental, em favor de uma expressão
peculiar e renovadora. Muito popular entre os adolescentes e jovens de vários países essa
forma tem influenciado a aprendizagem de desenhar seguindo esse estilo.
Se você gosta de desenhar quadrinhos consulte o livro Arte Sequencial do desenhista Will
Eisner, criador do “The Spirit​”​, um desenho policial de muito bom gosto e imaginação.

Cartum
Cartoon ​ou ​cartum é considerado como um ​desenho humorístico​, animado ou não, de
caráter extremamente crítico, que retrata, muito sinteticamente, algo que envolve o dia a dia
de uma sociedade.
Por causa das semelhanças de estilo entre as tiras de jornal e os primeiros curta-metragens
de animação, o termo "cartoon" é usado tanto para o estilo de ilustração, quanto para
animação.
Enquanto animação designa qualquer estilo de imagem ilustrada, exibida rapidamente para
indicar movimento, a palavra "cartoon" é mais frequentemente usada como um descritor
para programas de televisão e filmes de curta metragem dirigidos ao público infantil,
eventualmente com animais antropomorfizados e super-heróis.

Grafite
Hoje em dia, seja numa grande capital ou em cidades do interior nos deparamos com
manifestações/desenhos nos muros, paredes de locais e prédios públicos.
Porque será que se dá esse fenômeno? Desenhos as vezes anônimos, muitas vezes
assinados, coletivos ou individuais, são uma marca da juventude dos contextos urbanos.
Os grafites provocam muitas discussões em torno deles. Podem ser vistos como vandalismo
quando prejudicam patrimônio público ou até mesmo como arte. Podem depredar, mas
também os grafites podem contribuir para recuperar áreas degradadas das cidades.
Apesar de todas as controvérsias, o grafite está presente em diversas partes da cidade: em
banheiros públicos, edifícios, becos, casas abandonadas, ônibus, metrôs, orelhões, postes e
monumentos públicos.
Controvérsias à parte, cada vez mais o grafite ganha status de arte e, conseqüentemente, o
apoio de programas desenvolvidos por escolas, grupos de artistas e pelo próprio governo.
os grafites podem também estar associados a diferentes movimentos e tribos urbanas, como
o hip-hop e ao rap.
Ilustrações
Chamamos de ilustração a uma imagem utilizada para acompanhar, explicar, interpretar,
acrescentar informação, sintetizar ou até simplesmente decorar um texto. Embora o termo
seja usado frequentemente para se referir a desenhos, pinturas ou colagens, uma fotografia
também é uma ilustração.
O desenho com fins de ilustração é bastante antigo. Das iluminuras medievais às histórias
infantis, estas representações nos remetem a diferentes visões sobre o mundo,
conhecimento e diversão e cumprem diferentes funções.
A ilustração pode servir a diferentes fins: científicos, literários, publicidade, pedagógica, etc.
Os desenhos desenvolvidos com fins científicos, por exemplo, podem ser utilizados na
botânica, na biologia, na anatomia, nos desenhos técnicos empregados em projetos
arquitetônicos e na indústria, hoje desenvolvidos na sua maioria por meio de programas
computacionais.
Além destes exemplos, temos também os desenhos utilizados pela imprensa como meio de
comunicação, que são os desenhos editoriais, didáticos, as charges, as caricaturas, as tiras,
os infográficos, as histórias em quadrinhos e os cartuns, os retratos e muitas outras formas
de representar. O desenho de ilustração está presente em todas as formas de comunicação:
livros, revistas, jornais, TV, publicidade, cinema, videogame e internet.
O uso da ilustração se desenvolveu com a imprensa escrita - mudaram as técnicas:
litogravura, xilogravura, água forte, bico de pena e computação entre outros. Tal uso e
diversificação da ilustração evoluíram e se consolidaram, migrando inclusive para a internet,
cinema e telejornais. No Brasil temos excelentes artistas gráficos que se dedicam, por
exemplo, à ilustração de livros infantis.

A fotografia reduziu o uso do desenho como ilustração, mas não substituiu as demais formas
de comunicação concernentes às artes gráficas aplicadas. Pelo contrário, a própria
ilustração tornou-se ainda mais livre e artística graças também a eventuais parcerias com a
fotografia, e, mais contemporaneamente, com as artes digitais advindas das tecnologias
computadorizadas.
Desenho publicitário
Ligado diretamente a revolução industrial o Desenho publicitário é um campo de trabalho
que tem grande abrangência no meio social e de grande necessidade em qualquer que seja
o tamanho da comunidade. A comercialização e circulação de produtos precisam da
veiculação dos mesmos representados em peças publicitárias.
Os desenhistas publicitários devem desenvolver um estilo próprio que dê personalidade ao
seu traço, que será sua marca, através da qual será reconhecido e admirado. O desenho
pode ocupar uma grande faixa de mercado, atendendo basicamente todos os produtos
existentes no planeta, primeiro criando suas formas e marcas, suas embalagens, depois sua
apresentação gráfica, seguindo de sua campanha publicitária e divulgação em: cartaz –
display – folder – audio-visual – malhas – faixas – panfletos – filipetas – adesivos – bonés –
out door.

Desenho para campanha publicitária

O desenho publicitário tem uma importância vital em qualquer sociedade de consumo, e


outras comunidades. Quem trabalha nesse campo geralmente assume funções polivalentes,
mas também pode se especializar em: chargista – arte finalista – cartunista – layout man –
programador visual – designer arquitetônico de exteriores, interiores – automóveis –
calçados – embalagens - vitrines, moda do vestuário – navegação – aeronáutica, etc.

Desenho de moda
Não podíamos desconsiderar nessa reflexão sobre a relação desenho, cultura e identidade a
presença da moda como um dos fatores que determinam formas e expressões estéticas na
contemporaneidade. O desenho de moda também faz parte dessa relação e tem suas
especificidades.
Para desenhar a figura de moda é preciso ter conhecimento em desenho de figura humana,
mas sem uma representação naturalista ou realista. A figura humana passa por um
processo característico de ​estilização ​dos traços, as proporções na construção do corpo
são alteradas para valorizar a roupa que está sendo projetada.
O desenho de moda tem a tendência de afinar e alongar a figura humana, fazendo-a parecer
assim, mais elegante. Despreza detalhes desnecessários, simplificando o desenho e
mesmo, omitindo, algumas vezes, certas linhas de contorno. Também se limita a marcar
somente as sombras principais que dão volume à figura.
2 MATERIAIS E TÉCNICAS DE DESENHO

2.1 Introdução

Quais são os materiais para desenhar? Qualquer que seja sua categoria profissional, toda
pessoa vive rodeada de determinados instrumentos de trabalho. O desenhista não faz
exceção. São vários os materiais que podem ser empregados no desenho. Para maior
aprofundamento sobre materiais e técnicas empregados no desenho sugerimos a leitura do
livro “À mão livre 2: técnicas de desenho”3.
Veja a seguir alguns dos principais materiais e procure entendê-los como objetos que tem
vida e com os quais seu corpo, suas mãos, sua mente podem dialogar criativamente.

2.2 Lápis grafite


É um dos instrumentos mais utilizados para o desenho. Existem muitas maneiras de usá-lo,
é bem pessoal. Os lápis diferem entre si, não propriamente pela sua cor ou formato exterior,
já que essas características servem apenas para identificar a marca da fabricante, mas sim
pelo cilindro interior conhecido por ​grafite​. É pois, a maior ou menor dureza, assim como a
maior ou menor pigmentação (claro/duro ou escuro/mole) do grafite que determina a
qualidade do lápis.
Os lápis para uso profissional possuem duas séries: a série H e a série B, sendo que a
graduação do grafite vai do mais fino (H / 9H) ao mais grosso (B / 9B). O ponto intermediário
é o HB ou o F. Tanto um como outro são numerados em geral de 1 a 9, sendo que o de
número 1 é identificado pela letra B ou H.

3
HALLAWELL, 2004.
Essa informação tem alguma importância? Para o desenhista tais fatores são de suma
importância. Cada lápis deve ter sua função dentro do desenho, e o uso indevido dela, pode
dificultar e prejudicar, tanto o desenvolvimento quanto o próprio resultado final. Um lápis H,
por exemplo, produz o traço mais fino enquanto que com o 6B você poderá criar as áreas
mais densas, escuras. Desse modo, se você quer traçar linhas finas, bem claras, deve
empregar os lápis da série H, pois estes são mais indicados para esboços iniciais e para o
desenho técnico. Ao contrário, se o seu objetivo é traçar linhas fortes e escuras, o correto é
usar os lápis da série B, ótimos para sombreados e finalização (acabamento). Portanto,
muita atenção: um lápis duro e claro, deixará traços pouco visíveis. Se forçarmos, calcando
com força, apenas conseguiremos um efeito sofrível, com a agravante de deixarmos
profundos sulcos na superfície do papel. Mesmo que você apague os traços, os sulcos
permanecerão, comprometendo a estética e a qualidade do seu trabalho. Do mesmo modo,
o lápis mole e escuro, se usado para traçar contornos leves em desenhos para colorir, por
exemplo, também são contra-indicados. O correto é empregar lápis mais claro, traçando-se
levemente todas as linhas.
Mas os lápis empregados pelos desenhistas existem em diversos tipos mais.
Mencionaremos os lápis para desenho, tipo “Conté”, de belo tom negro, ótimo para estudos
em grandes áreas e para desenhos definitivos em papel granulado. Existem outros de uso
menos frequente, mas que vez em quando deverão entrar na atividade do desenhista. São
os espatulados, os em forma de tabletes, estacas maciças prensadas de puro grafite, o
“crayon”, e o carvão.
2.3 A borracha
Também a borracha deve ser objeto de muito cuidado. O desenhista deve ter em mãos dois
tipos, pelo menos, de borracha. Uma, bastante macia, para apagar traços a lápis, e outra,
mais áspera, para tinta (essa não usaremos para a parte que nos interessa nesta disciplina).
A borracha para lápis, a que mais usamos, deve, necessariamente, ser bem macia e apagar
perfeitamente todos os traços, sem danificar a superfície do papel. Evite borrachas que
machuquem muito o papel.

Para melhor aproveitamento, a borracha pode ser cortada (afiada) e aproveitada para
apagar de forma mais reta e controlada.
A melhor borracha é aquela comum de silicone ou látex, preferencialmente branca, que você
certamente usou na escola, que quando você apaga ela solta um pouco de resíduo.
Outra opção para apagar pequenos detalhes, é optar pela borracha-caneta. Branca e macia,
essa borracha possui uma espessura pequena e que pode criar pequenos efeitos que uma
borracha normal não seria capaz de criar.
O limpa-tipos é uma espécie de borracha maleável que tem várias funções no desenho.
Pode ser feito uma ponta para apagar pequenos pontos ou pode ser usado como um “imã”
de grafite.

2.4 Estilete / Apontador


É preciso estar sempre com a ponta bem fina, você tem que ter um apontador bom, cuja a
lâmina deve estar bem afiada. O apontador comum pode ser utilizado para apontar o lápis,
porém, o mais indicado é utilizarmos um estilete afiado, pois isso garantirá uma ponta maior
e mais firme, ideal para pintar grandes áreas, por exemplo.

2.5 Pranchetas/Mesas de desenho

A prancheta é um acessório indispensável para o desenhista. A prancheta é uma peça de


madeira, de bordas perfeitamente recortadas, e de superfície suficientemente ampla para
que o desenhista possa trabalhar comodamente. A prancheta pode ser simples ou composta
com cavalete, formando neste caso, a chamada mesa de desenho. Existem pranchetas e
mesas de desenho de diversos formatos e sistemas. O importante é que sejam sólidas e
planas, não provocando balanços e oscilações.
[imagens de vários tipos de pranchetas]

2.6 Esfuminho
O esfuminho é um material de formato similar a um lápis, fabricado totalmente em papel
especial de fibra, geralmente disponível em seis grossuras diferentes. Esse produto é
utilizado para sombrear desenhos, pois possui uma superfície macia que “esfumaça” de
maneira controlada e uniforme a grafite sobre o papel. Para fazer um sombreado, o
esfuminho é uma ferramenta excepcional, mas é preciso cuidado, pois se você não usá-lo
adequadamente vai arruinar com o seu desenho.

2.7 O papel
Embora existam várias possibilidades para uso como suporte no desenho (como paredes,
lousas, mesa digitalizadora, o chão da praia, da casa, uma porta, rochas, até mesmo o
corpo humano), sem dúvida, o papel é o suporte mais utilizado para a prática dessa
linguagem artística.

Na grande maioria dos papéis é possível utilizar a grafite. Dentre os tipos mais conhecidos e
mais indicados estão:
● Sulfite (mais comum, uso geral, liso)
● Canson (maior gramatura, textura)
● Schoellers Durex (Profissional, textura leve, gramaturas altas)
● Fabriano (Profissional, textura grossa, gramaturas altas)
Neste primeiro momento usaremos papéis mais simples, e de tamanho acessível. Para fazer
esboços e nossas primeiras experimentações usaremos o papel sulfite comum, tamanho A4.
É um papel barato e pode ser encontrado em qualquer papelaria. A princípio o objetivo é
que o aluno experimente e pratique de forma a aprender com os erros e acertos, até mesmo
de forma lúdica. Quando você já estiver atingindo algo um pouco mais profissional, com
mais qualidade, com um resultado que agrade, aí então poderá investir em papéis mais
caros, com uma gramatura um pouco mais grossa, a fim de deixar seu registro artístico.

Porém, a maioria dos papéis são alcalinos e devido a sua acidez, amarelam com o tempo e
tem sua durabilidade reduzida.
Para desenhos mais acabados o ideal é o uso de papel de qualidade superior, com
gramatura acima de 200g, a partir do Canson, ou os chamados de “grão fino”, que são mais
indicados para o desenho a lápis, proporcionando um acabamento liso.
Se a sua intenção é fazer um desenho que dure muitos e muitos anos, é necessário que
utilize um papel livre de ácido. Alguns papéis são fabricados com polpas de algodão, que
proporciona maior durabilidade pelo fato das fibras serem mais longas e o algodão ser um
material mais nobre que a celulose.
Os papéis são vendidos em folhas ou em blocos e de diversos tamanhos (A4, A3 e A2 ).
Tamanhos maiores são vendidos em folhas separadas.

2.8 Outros materiais e técnicas


Citamos antes alguns exemplos de materiais e técnicas utilizadas normalmente no desenho.
Dependendo da situação, da técnica empregada, ou do objetivo pretendido no seu trabalho,
como por exemplo, qualidade esperada no acabamento da sua produção artística, você vai
precisar de diversos outros utensílios, alguns muito simples, outros nem tanto, mas
indispensáveis. Um deles é o ​godê​, ou seja, um recipiente de porcelana ou plástico (que
pode ser substituído por pires), próprio para a mistura de tinta, ​guache ​ou ​aquarela​.

No desenho artístico, e também no publicitário, a tinta ​nanquim ​é muito utilizada, por seu
tom preto nítido, em traçados feitos a pincel, nos seus vários tamanhos e formatos, a pena,
ou a caneta nanquim.

Quando se trabalha a tinta necessitamos de ​água limpa à mesa de desenho, quer para a
dissolução de tinta, como para limpeza dos pincéis, penas, entre outros objetos. Vendem-se
nas casas especializadas recipientes próprios, mas podemos perfeitamente substituir por
copos de vidro ou descartáveis. Para a limpeza dos materiais de desenho precisamos
também de uma ​flanela ​ou pano macio.
Pincel Atômico e ​canetas hidrocor são muito usados para a construção de desenhos que
não exigem detalhes, apropriados para esboços e desenhos rápidos. Os desenhos com
canetas a base de água executados em papel mais encorpado poderão ser trabalhados
como “aguada”. Depois de terminado o desenho com a caneta, basta passar sobre este o
pincel umedecido em água, criam-se manchas e efeitos interessantes no desenho.
Elaborado a partir de pigmentos mais aglutinadores, o ​lápis de cor é um material fácil de
manusear e também de encontrar no mercado. Hoje existe uma enorme gama de cores,
mas o desenho se valoriza mesmo é com a mistura delas. Com os ​lápis aquarelados
criaremos também alguns efeitos se o mergulharmos na água ou passarmos um pincel
umedecido sobre o desenho.

Os ​pastéis duros e secos são materiais cuja técnica é muito apreciada pelos desenhistas.
São feitos de pigmento puro com pequena quantidade de goma, esfarelam facilmente, por
isso é necessário o uso do fixador. Obtêm-se um desenho nítido e linhas claras.
O ​pastel oleoso não necessita de fixador já que o seu pigmento é unido por ceras e óleos.
Este material parece um pouco com o ​giz de cera muito utilizado no meio escolar. Mais
acessível, pode ser bem explorado no desenho.
Com que outros materiais, além dos citados, podemos desenhar? Existem vários outros
tipos de materiais, bem como outras técnicas convencionais e não convencionais, que
podem ser empregadas no desenho e com excelentes resultados. Nesse ponto, o
desenhista pode desenvolver habilidades de pesquisador, no sentido de aprimorar e
descobrir novas formas de expressão.
Como já foi estudado, podemos praticamente desenhar com tudo e em qualquer lugar. Aliás,
quando somos crianças é isso que fazemos, exploramos materiais e suportes (paredes,
chão, papéis, etc.) para exercitar o nosso rastro pelo mundo. Usamos vários materiais tanto
industrializados, aqueles que encontramos prontos, bem como materiais naturais (carvão,
sumo de folhas, etc) explorando os efeitos dos materiais convencionais e os não
convencionais.
Atividade 5: Pesquisa sobre materiais, técnicas e suportes para o desenho

Faça uma pesquisa em livros ou na internet sobre materiais e suportes convencionais e não
convencionais para o desenho, bem como sua relação com as técnicas empregadas e depois
elabore um relatório do que você investigou e achou mais interessante, fazendo uma
descrição detalhada de cada item com imagens ilustrativas. Envie para o AVA, no espaço da
Atividade 5​, em forma de texto (no espaço destinado a essa tarefa), respeitando as normas
básicas da ABNT para trabalhos acadêmicos (folha de rosto, sumário, introdução,
desenvolvimento do trabalho, conclusão e referências). O texto deve ter no corpo no
mínimo 2 laudas e no máximo 5 laudas. Poste seu trabalho no AVA no formato PDF ou Word.

● Objetivo: promover o espírito investigativo sobre materiais e suportes para a prática


artística do desenho.
● Contexto: AVA
● Valor: 3,0 pontos.

Fórum 3: Indicação de vídeos sobre materiais e técnicas de desenho

Pesquise em repositórios de vídeo na internet videoaulas, documentários, tutoriais etc.,


que tratem sobre materiais e técnicas relacionados ao desenho. Selecione um que você
achou interessante e indique para seus colegas, n ​ o fórum 3​, fazendo uma breve descrição
e justificativa da sua escolha. Para isso copie e cole o link do referido material audiovisual.
Você também pode usar o recurso de incorporar o vídeo. Se você já usou a referida técnica,
conte como foi sua experiência. Não deixe de comentar sobre a sugestão dos demais
colegas. Obs.: Caso tenha dúvidas ou dificuldades sobre como postar o vídeo, use o fórum
permanente de tira-dúvidas ou peça ajuda ao seu tutor presencial.
● Objetivo: instigar a participação e interação do aluno na colaboração e
compartilhamento de experiências e informações a respeito do tema abordado.
● Contexto: AVA
● Valor: 1,0 pontos.

Atividade 6: Glossário de técnicas e materiais de desenho

Insira no mínimo dois verbetes relacionados às técnicas e materiais de desenho estudados


nesta disciplina ou outros que você pesquisou, usando o espaço destinado ao ​glossário
criado no espaço desta disciplina no AVA, que ficará disponível até o final regular da
disciplina. Verifique se o verbete não já está contemplado por outro aluno, para evitar
repetições. Não deixe de informar a fonte entre parênteses.

● Objetivo: promover o conhecimento e a assimilação dos diversos termos


relacionados ao desenho.
● Contexto: AVA

Valor: 1,0 pontos.


3 DESENHO DE OBSERVAÇÃO

3.1 Introdução

Agora estudaremos alguns procedimentos importantes na construção do desenho de


observação, começaremos a pensar também questões relativas à composição. Sempre
observe atentamente os objetos, pessoas ou paisagens a serem desenhados, cada um tem
um formato e tamanho, características especiais e particulares. Qual a forma mais
interessante para representá-los? Produzindo bastante você poderá comparar os seus
desenhos e ver as diferenças entre eles, e discutindo com o professor formador perceber o
que se apresenta de mais interessante a ser explorado em seu desenho.

Siga as etapas e prepare-se para desenhar.


● Defina o tema a ser desenhado.(sugerimos começar com objetos)
● Escolha os materiais a serem utilizados.
● Fique atento para observar as proporções entre os objetos.
● Perceba a ocupação do desenho na folha de papel, o enquadramento.
● Observe os objetos procurando perceber as formas básicas de suas estruturas.
● Observe as linhas de eixo.
● Agora é só começar a desenhar.

3.2 Linhas de Eixo

Em uma composição com vários objetos, principalmente com objetos cilíndricos (canecas,
tigelas, vasos, etc.), é interessante observarmos as linhas de eixo de altura e de largura.
Após determiná-las, faça o mesmo processo de observação para de medir as proporções.
Para desenhar objetos cilíndricos, como um copo, um bule, uma xícara a dica é
primeiramente vamos visualizar as formas da esfera, do cone e do cilindro.
Desenhar com o fundo tracejado e imaginar que este sólido é transparente e que é possível
conseguir ver a outra face. Veja os exemplos.
3.3 Estrutura de figuras geométricas
Para desenhar um copo é necessário observá-lo. Ao nível dos olhos ele parecerá plano sem
volume. Mudando de ângulo de visão, sem alterar a distância até seus olhos, poderemos
observar elipses surgindo. Visto do alto, as elipses de cima parecem mais achatadas do que
as de baixo. Círculos perfeitos só serão vistos se olharmos diretamente por cima do copo.

Ao desenhar objetos como uma xícara represente à elipse completa, depois apague as
partes que não são visíveis, ou intensifique as outras, ou pinte. Veja o exemplo abaixo de
combinar formas.
Agora é sua vez de soltar o traço. Comece a fazer o desenho partindo da observação das
formas básicas, depois finalize-o. Lápis e papel na mão. Trabalhe movimentos circulares e
também formas elípticas achatando-as gradualmente. Você sentirá o seu traço fluir mais
confortavelmente. É bom iniciar o exercício sem tocar o papel, segure o lápis com pulso
firme, mova o braço inteiro, depois vá aproximando o lápis no papel. Não coloque muita
pressão no papel, deixe o braço mais solto para o movimento fluir. Também não seja leve
demais, ou o traço nem aparecerá. Treinando você conseguirá uma linha expressiva.
Neste link você encontrará um vídeo muito didático sobre como fazer os primeiros esboços
de um desenho. Mas você encontrará muito mais dicas se procurar. Pesquise e pratique!

Que tal começarmos também a fazer desenhos de observação? Para fazer um bom trabalho
é necessário parar e olhar atentamente para o objeto que você escolheu representar.
Monte uma composição com objetos. Neste momento preocupe-se em apenas representar o
todo, a forma do objeto, depois trabalhar também com os detalhes. Inicie com objetos mais
simples como um livro, caixa de sapatos, panela ou jarra. Por enquanto, desenhe-os
separadamente com lápis grafite, siga as etapas que sugerimos. Após desenhá-los
separadamente faça composições com estes objetos, ou, se quiser insira outros.
Desenvolva vários desenhos, variando as composições com os mesmos objetos, ou seja,
alterne a posição dos elementos.
Procure variar os materiais artísticos. Faça muitos desenhos, não economize papel, procure
um tipo mais acessível para se despreocupar, e lembre-se de que ainda não está fazendo
uma obra de arte única e sim exercícios para sua aprendizagem. Faça independente do
resultado. Quanto mais você produzir, melhor será o seu traço, a compreensão da
representação das formas e também desenvolverá o seu potencial criativo.
Atenção: Fotografe ou digitalize os resultados e envie para o AVA de acordo com as
orientações abaixo.

Atividade 9: Desenho de observação

Agora que você estudou sobre os fundamentos básicos, conceitos, técnicas e materiais do
desenho, exercite seu conhecimento na prática. Faça cinco desenhos de observação levando
em consideração o que você aprendeu sobre eixos, enquadramento, relação com as formas
básicas. Desenhe a partir de objetos simples como natureza morta, frutas, móveis,
utensílios, conforme sua capacidade. Digitalize seus trabalhos (escaneie ou fotografe
conforme orientações dadas preliminarmente) e insira cada imagem em um documento
único (PPT, DOC, DOCX ou PDF) no espaço destinado à ​Atividade 9 ​no AVA. Lembre-se de
guardar esses originais no seu portfólio para apresentação do trabalho final.
Obs.: caso ainda tenha dúvidas ou dificuldades para executar essa ação, consulte o seu tutor
presencial ou entre em contato com o professor via fórum de tira-dúvidas.

● Objetivo: promover o desenvolvimento de habilidades no desenho de observação,


levando em consideração a composição a partir da relação com os elementos básicos
da linguagem visual e com os fundamentos básicos do desenho.
● Contexto: AVA
● Valor: 5,0 pontos.
4 VOLUME E PROFUNDIDADE

4.1 Introdução

Neste capítulo trataremos de dois fundamentos necessários para representar no desenho o


efeito tridimensional de um objeto em um espaço bidimensional: o volume e a profundidade.
Na linguagem artística, volume é o espaço composto por um corpo de três dimensões,
também chamado de tridimensional, isto é, com três medidas, que são: altura, largura e
profundidade. O volume é, em conjunto com a forma, outro dos aspectos que distingue os
objetos que nos rodeiam. Este depende da luz que recebe, e por consequência das sombras
que este produz.
A expressão artística que melhor se identifica com o volume é a escultura. Observando uma
escultura ou uma estátua fica fácil perceber que ela tem volume, pois é tridimensional.
Podemos perceber o seu volume não só pela visão como também pelo tato.
E o desenho? E a pintura?
Essas formas de linguagem artística são executadas em planos bidimensionais, isto é, com
duas dimensões, largura e altura (como o papel e a tela). É aí que o artista usa recursos
gráficos para preencher a forma e dar noção de volume e profundidade.
No desenho, há duas formas principais de se fazer isso: uma é usando os recursos da
sombra e luz e outra é com o uso da perspectiva.

4.2 Luz e sombra


Num desenho em duas dimensões, a luz e a sombra são elementos que ajudam a
representar o que o nosso cérebro entende e caracteriza como volume do objeto.
O volume depende da luz que recebe, e por consequência das sombras que esta produz.
Assim, podemos enxergar as sombras e perceber o volume das coisas, o espaço que elas
ocupam, identificando sua forma, massa, cor, textura, se está estática ou em movimento etc.
As múltiplas gradações entre o claro e escuro consistem numa escala tonal. Esta escala
tonal pode ser aplicada para obtermos vários efeitos de volume.
A definição correta do volume de um objeto se consegue através da valorização exata das
intensidades das suas sombras.
No exemplo abaixo, distinguimos dois objetos com a mesma forma, tamanho e proporção,
no entanto um representa um ​círculo ​(bidimensional)​ ​e o outro, uma ​esfera ​(tridimensional).

A sombra é um fenômeno provocado pela falta de iluminação e existe em dois tipos


distintos: a sombra no objeto (​sombra própria​) e a sombra do objeto (​sombra projetada​).
Assim, para transpor os valores de luz e sombras para o papel, precisamos ser capazes de
perceber o seguinte no objeto que vemos:
● A fonte de luz​: O lado pelo qual a maior parte da luz entra. O modo como a luz é
captada influencia todo o desenho.
● As sombras​: Elas são as partes do objeto onde quase não há luz ou onde não há
luz alguma.
● A sombra que o objeto projeta​: é a área escura que é projetada em uma superfície
ao lado do objeto quando a luz recebida é bloqueada.
Sombra própria é aquela que fica situada nas áreas do próprio objeto que recebem pouca
incidência da luz. Já a sombra projetada é aquela que fica fora do objeto, como uma parede
ou uma base, onde a luz fica coberta pelo bloqueio do objeto. Essa última sombra se
propaga em linha reta e assume formatos diferentes de acordo com a distância e a posição
da luz, isto é, obedecendo aos princípios da perspectiva (cujo tema estudaremos mais
adiante).
Em um desenho de observação é necessário que haja as condições favoráveis para que se
possa executar com sucesso um desenho sombreado realista. Por exemplo: o objeto não
deve estar demasiadamente iluminado, devendo receber luz somente de um lado (esquerdo,
direito, de cima ou de baixo), deixando o outro descoberto, para que se possa perceber com
exatidão as áreas que receberão maior sombreamento.
Pegue um objeto qualquer e coloque-o contra a luz. Você verá que a parte que fica em
frente ao foco luminoso torna-se clara, enquanto a que fica oposta à luz entra na penumbra.
Isto é uma coisa comum na natureza. A própria Terra é um exemplo vivo deste fenômeno. À
noite e o dia nada mais são que as fases em que o nosso planeta girando em torno de si
mesmo, mostra uma face ao Sol, enquanto a outra metade dele se oculta. Porém, nem
todos os objetos ou coisas são sombreados do mesmo modo. A diferença na sombra dos
objetos baseia-se na forma dos mesmos. A sombra de um corpo plano é diferente da de um
corpo esférico. Em uma superfície plana a sombra é uniforme. Exemplo: a sombra que se
verifica na superfície do cubo, da pirâmide, do paralelepípedo etc.
Nas formas esféricas ou curvas notamos que a sombra não é uniforme. Vemos que há uma
nuance provocada pela superfície curva. Enquanto nas superfícies planas há um limite
distinto entre a parte iluminada e a parte na penumbra, nos corpos curvos, a luz e a sombra
vão se separando aos poucos. Observe que a luz ilumina metade da esfera, enquanto a
outra metade fica na sombra. Mas, devido à sua superfície curva a sombra não começa
abruptamente. Assim, em um corpo esférico, podemos perceber pelo menos três regiões
destacáveis: a ​alta luz​, o ​meio tom e ​sombra total​. Mas isso somente é possível quando a
esfera está isolada de outros objetos próximos, tal como acontece com a Lua. Se existirem
objetos próximos estes farão o papel de espelhos. A própria base em que se assentar a
esfera desempenhará um papel modificador, pois qualquer corpo poderá refletir luz, com
maior ou menor intensidade. Neste caso, a parte sombreada do corpo receberá a ação
desta luz reflexa, formando uma faixa mais clara.
Corpos como cilindros, tem superfície curva, mas seguindo uma mesma direção. Portanto, a
sombra, embora seguindo a sequência da esfera (alta luz, meio tom e sombra total), o fazem
em comprimento, seguindo a direção do sólido. Igualmente, o cone, sólido curvo que é,
possui sombras com as mesmas características, embora seguindo sua conformação.
Assista a ​esse vídeo​ e aprenda algumas dicas sobre o desenho sombreado. Procure outros
vídeos e materiais na Internet. Você encontrará muito material bom.

Agora, que tal exercitar a técnica do desenho sombreado?


Aconselhamos o aluno a praticar com afinco. Desenhe com lápis escuro (nº 6B ou mais
forte) escalas tonais, degradê e uma série de esferas, cubos, pirâmides, cilindros e cones
(ou outros objetos que se assemelham a essas formas). Se desejar, utilize o esfuminho para
incrementar os sombreados. Ao desenhar objetos, imagine que a luz vem de determinado
lugar, e procure então situar a sombra na parte correta dos sólidos. Estes exercícios serão
muito úteis para desenvolver a habilidade do desenho sombreado.
Siga as orientações desses exercícios no final deste capítulo e não esqueça de guardar
seus trabalhos no seu portfólio.

4.3 Desenho de perspectiva


A perspectiva é um assunto complexo, mas ao mesmo tempo importante, sendo seu
conteúdo extenso. Por esse motivo trataremos aqui apenas do que consideramos básico e
essencial para a compreensão e estudo do desenho de perspectiva. Porém, tentaremos não
sermos vagos e pouco esclarecedores a respeito do assunto.
O que é perspectiva? Ao respondermos a esta pergunta podemos nos enveredar pelos
caminhos da interdisciplinaridade. Perspectiva é um termo de significado amplo que possui
diversas acepções, ainda que elas sejam bastante relacionadas umas com as outras. Vem
do latim ​spec​, que significa visão e ​perspicere ​(ver através de).
No campo da Física Ótica a perspectiva é um aspecto da percepção visual do espaço e dos
objetos nele contidos pelo olho humano. Depende de um determinado ponto de vista e das
condições do observador. A perspectiva, neste caso, corresponde a como o ser humano
apreende visualmente seu ambiente, sendo confundida com a ilusão de ótica. Por exemplo,
as linhas paralelas de uma estrada, relativamente a um observador nela situado, parecerão
afunilar-se e tenderão a se encontrar na linha do horizonte.
Já nas artes pictóricas, como o desenho, ela é o principal artifício usado para o efeito de
profundidade, podendo ser intensificado pelos efeitos de claro-escuro nos diferentes tons da
imagem.
A ​perspectiva gráfica é um campo da ​Geometria Descritiva​, muito adotado nas artes
visuais. É a representação dos objetos, em um plano bidimensional (como o papel), da
forma como eles aparecem à nossa vista, com três dimensões.
Conhecida desde a Antiguidade, divide-se em várias categorias e foi desenvolvida pelos
artistas do Renascimento.

A representação do espaço tridimensional numa superfície bidimensional, através da


perspectiva, vai exigir uma série de regras e métodos estabelecidos pela Matemática e pela
Física Óptica para iludir o olhar.
A ilusão de perspectiva pode ser causada de duas maneiras principais nas composições de
artes visuais. Há, portanto dois tipos básicos de perspectiva gráfica. São eles:
● Perspectiva linear
● Perspectiva tonal ou atmosférica
Perspectiva linear
É a projeção feita através de linhas, que podem ser paralelas ou convergentes à um ou mais
pontos de fuga. Nesse caso, temos dois tipos de perspectiva linear:
● Perspectiva paralela ou cilíndrica;
● Perspectiva cônica.
Nesta disciplina, como o foco é o desenho artístico, trataremos apenas da ​perspectiva
cônica​, uma vez que a perspectiva paralela ou cilíndrica são projeções, cujos conteúdos
são mais específicos do desenho técnico.
A ​Perspectiva Cônica – tem como referência a linha do horizonte e um ou mais pontos de
fuga localizados nesta linha para causar o efeito de profundidade. O desenho em
perspectiva cônica reproduz o efeito que temos quando observamos o ambiente físico – as
imagens se apresentam cada vez menores à medida que aumenta a distância de quem
observa. Ao observarmos a foto de uma rua, paisagem, edifício, etc, podemos perceber que
todas as linhas convergem para um ponto na profundidade do espaço. Esse ponto é
denominado ponto de fuga. Modificando-se a posição do observador ou a altura dos olhos
modifica-se também a perspectiva.

O ​ponto de fuga (PF) localiza-se na altura dos olhos do observador, ou seja, na ​linha do
horizonte (LH), ​com exceção da perspectiva com três ou mais pontos de fuga.
Os principais elementos para se criar uma projeção em perspectiva cônica são:
● Linha do horizonte;
● Um ou mais pontos de fuga;
● Linhas de fuga (ou de convergência, ou projetantes).

O desenho de perspectiva cônica pode apresentar, de acordo com a complexidade do objeto


ou paisagem projeções com um ou vários pontos de fuga ou linhas do horizonte. Vamos nos
limitar aqui a até três pontos de fuga e uma linha do horizonte.
a) Perspectiva cônica com 1 ponto de fuga​: é também chamado de perspectiva
frontal e seu único ponto de fuga fica situado na linha do horizonte, podendo ser
central ou não.
b) Perspectiva cônica com 2 pontos de fuga​: também chamada de perspectiva
angular lateral, seus dois pontos de fuga situam-se na linha do horizonte. A
perspectiva de um ponto é a ideal se acontecer de você estar olhando diretamente
para a frente de algo, mas e se o assunto estiver voltado para o lado? Então você
precisa de dois pontos na perspectiva! Nesse tipo de perspectiva cada linha, exceto
as verticais irão convergir para um dos dois pontos de fuga. Toma-se como partida a
altura (geralmente a linha vertical maior) do objeto a ser representado.

c) Perspectiva cônica com 3 pontos de fuga​: é conhecida também como perspectiva


linear aérea (não confundir com perspectiva tonal ou atmosférica). Seu desenho cria
o efeito de quem está vendo o objeto representado do alto ou de baixo. No desenho
de perspectiva com três pontos, cada linha converge eventualmente em ângulo reto
no para um terceiro ponto. Isto pode parecer distorcido se os pontos de fuga
estiverem próximos, mas se eles estiverem longe o suficiente, a perspectiva de três
pontos é a forma mais exata do desenho do mundo ao seu redor em três dimensões.

Nas artes plásticas e em especial, no desenho artístico a perspectiva linear cônica é a mais
utilizada.

Veja como é fácil desenhar perspectivas ​neste vídeo​. Aprenda outras técnicas pesquisando
na internet.

Perspectiva tonal ou atmosférica


Também conhecida como perspectiva aérea4 usa diferentes tonalidades de cores,
graduando conforme a distância que se quer representar. No desenho artístico usamos tons
mais escuros para os planos mais próximos e os mais claros para planos mais distantes.
Ao desenhar uma paisagem, é importante lembrar que os objetos se tornam mais leves e
mais borrados à medida que se afastam. Os objetos em primeiro plano serão mais escuros e
mais detalhado.
Durante o Renascimento Leonardo da Vinci foi uma referência no uso dessa técnica.

4
Originalmente, durante o Renascimento, chamada de Perspectiva Aerial (não confundir com
perspectiva linear com 3 pontos de fuga).
Agora que você estudou os princípios básicos da perspectiva, que tal praticar? Lembre-se:
quanto mais você exercitar o desenho, maior a chance de você desenvolver habilidades
nessa linguagem artística. Siga as orientações propostas na atividade a seguir e faça
desenhos usando as técnicas da perspectiva. Não esqueça de guardar sua produção no seu
portfólio.
Mãos à obra!

Atividade 12: Desenho de perspectiva e desenho sombreado

E então, caro(a) aluno(a)? Praticou bastante? Compreendeu e exercitou o desenho com base
nos princípios da perspectiva e do sombreado?
Chegou o momento de você demonstrar o que aprendeu. Faça três desenhos de acordo com
os seguintes critérios:

1. Desenho de perspectiva de cubo ou outra forma geométrica tridimensional simples


com 1 ponto de fuga (mínimo 3 ângulos diferentes)
2. Desenho de perspectiva de um cubo ou outra forma geométrica tridimensional
simples com 2 pontos de fugas (mínimo 3 ângulos diferentes)
3. Desenho de perspectiva, tema livre (casario, paisagem, objetos, interiores, etc).
4. Desenho sombreado formas geométricas (contendo sombra própria e sombra
projetada)
5. Desenho sombreado tema livre (objetos, natureza morta, animais, rostos, figura
humana etc).

Como na atividade prática anterior, você deve digitalizar seus trabalhos e inserir cada
imagem (devidamente identificada com legenda) em um documento único (PPT, DOC, DOCX
ou PDF) no espaço da ​Atividade 12 no AVA. Lembre-se de guardar os originais no seu
portfólio para apresentação do trabalho final.
Obs.: caso ainda tenha dúvidas ou dificuldades para executar essa ação, consulte o seu tutor
presencial ou entre em contato com o professor via fórum de tira-dúvidas.

● Objetivo: promover o desenvolvimento de habilidades no desenho observando os


princípios da perspectiva e de luz e sombra.
● Contexto: AVA
● Valor: 5,0 pontos.

Fórum 4: Socialização de desenhos


Acesse o​ fórum 4​ no Ava e interaja com seus colegas.

Olá, meus caros desenhistas!


Acredito que vocês devem ter praticado bastante e espero, sinceramente, que todos vocês
tenham aprendido pelo menos o básico do desenho, seus fundamentos e algumas técnicas.
Este foi apenas um começo. Ainda está prevista neste curso a disciplina DESENHO II. Mas
você só vai conseguir aprimorar a sua habilidade na arte do desenho com muita prática,
vontade e dedicação.
E então? Que tal você compartilhar com os colegas o que você produziu? Insira aqui
mesmo neste fórum uma imagem de um desenho autoral à sua escolha, resultado dos seus
estudos realizados durante a disciplina. Diga como chegou a esse resultado, suas
dificuldades, seus avanços. Comente e interaja com seus colegas, fazendo suas
observações. Cada aluno enviará uma imagem digitalizada de um desenho autoral com
base nos estudos feitos durante a disciplina comentando e interagindo com os colegas
fazendo suas observações.
● Objetivo: promover a socialização e a apreciação das produções dos alunos,
propiciando no aluno uma autocrítica de seu aproveitamento durante a disciplina.
● Valor: 1,0 ponto.

Atividade Final: Apresentação Portfólio

Como atividade final cada aluno deverá apresentar o seu portfólio (contendo os trabalhos de
produção originais) destacando seus avanços durante todo o processo na trajetória da
disciplina DESENHO I. Os portfólios serão apreciados pelo professor e alunos da turma.

● Objetivo: observar e analisar os registros das trajetórias através da apresentação dos


trabalhos produzidos pelos alunos, bem como suas experiências de aprendizagem.
● Contexto: Presencial
● Valor: 4,0 pontos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao final desta disciplina. Mas como o nome sugere, ainda tem mais. Na
sequência você aprofundará um pouco mais os assuntos concernentes à linguagem
bidimensional do desenho.
Esperamos que esta disciplina introdutória tenha feito você explorar as questões relativas ao
desenho, e que o ajude a pensar que em arte há um universo a ser pensado e explorado.
Aqui é apenas um começo, uma pequena aproximação com este imenso mundo de
possibilidades.
O desenho, seja ele qual for, se desenvolve por meio de muita prática, pesquisas visuais e
curiosidade pelo mundo e pela vida. Assim, mesmo acabando essa disciplina desenhe
sempre, a qualquer hora, em qualquer lugar. Observe tudo a sua volta, cenas do cotidiano,
pessoas etc. e tente retratá-las a sua maneira.
Tenha um bloquinho que seja fácil levar sempre com você. A prática é ótima para ganhar
confiança no seu traço e treinar a comunicação de situações reais através do desenho (e
não só aquelas que passam na sua cabeça).
Desenhe a partir das suas imagens interiores, sonhos, desejos, visões. Desenhe com ou
sem lápis. Desenhe com água, com fumaça, na areia, com as mais diferentes
possibilidades. Desenhe com seu corpo e observe como seu corpo é desenhado pela
cultura, pela sua raça, pelo que você acredita, pela dor, pelas presenças e ausências,
desenhar é um projeto que se constrói no processo de nossas vidas.

Lembre-se!
Inclua no portfólio todos os traba-lhos que você desenvolveu até agora!

Até a próxima!
REFERÊNCIAS

HALLAWELL, Philip Charles. À mão livre 2: técnicas de desenho. São Paulo:


Melhoramentos, 2004.

HALLAWELL, Philip Charles. À mão livre: a linguagem do desenho. São Paulo: Companhia
da Letras, 1994.

DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

DERDYK, Edith. Disegno. Desenho. Desígnio. São Paulo: SENAC, 2007.

BAXANDALL, Michael. Sombras e luzes. São Paulo: EDUSP, 1997.

GUIMARÃES, Leda Maria de Barros; CHAUD, Eliana Maria, MARTINS, Alice Fátima, 2009.

WONG, Wucius. Princípios de forma e desenho. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Rio de Janeiro: EDIOURO, 2005.

ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. São Paulo: Cengage
Learning, 2008.

Consultas na web:
https://artes.umcomo.com.br/artigo/como-usar-um-esfuminho-7181.html
http://blog.grafittiartes.com.br/os-lapis-para-desenho/
http://carlosdamascenodesenhos.com.br/14-materiais-essenciais-para-fazer-desenhos-realis
tas/
http://carlosdamascenodesenhos.com.br/artistas-e-obras/de-volta-prancheta-de-desenho/
https://www.ipstudio.com.br/qual-o-material-indicado-para-comecar-a-desenhar/
http://www.emersondesigner.com.br/blog/ilustracao/lapis-e-grafites-escolha-e-desenhe/

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