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O Companheiro Ômega do Caçador

Matilha DeWitt 02
Marcy Jacks

Quando Tristan Scott fugiu da sua matilha para evitar o assédio


de um alfa cruel, ele nunca esperou salvar a vida de Isaac Foster quando
ele estava se afogando no rio, nem imaginou que o lindo homem de
olhos roxos seria seu companheiro ou um caçador de lobisomens.
Isaac tem caçado lobisomens desde que viu sua família sendo
assassinada quando criança. Ele não tinha tempo para relacionamentos,
mas há algo sobre Tristan que ele não consegue ter o suficiente.
Seu tempo calmo juntos é quebrado quando eles são atacados e
Tristan é forçado a transformar-se para defendê-los. Isaac não pode
acreditar, e ameaça matar Tristan se os dois se encontrarem novamente.
Mas eles se encontraram. Eles não podem se separar,
independentemente do seu status de inimigo, e logo eles devem decidir
se um caçador realmente pode amar um lobisomem sem que isso
prejudique suas vidas.
Capítulo um

Fodam-se todos.
Tristan repetiu as palavras dentro da sua cabeça até que se
tornou um mantra enquanto marchava se afastando da sua matilha para
sempre, saco pendurado sobre no seu ombro e o sol no seu pescoço.
Ele realmente se sentiu muito bem, considerando a forma como
suas mãos estavam tremendo e o estômago revirando. Ele nunca pensou
antes que deixaria sua matilha, sua família, mas não havia nenhuma
maneira no inferno de que ele iria fazer parte do harém desse imbecil
apenas para resolver algumas velhas rivalidades. Deacon poderia ser
atropelado por um ônibus por tudo o que Tristan se importava, e a terra
estúpida que ele e James estavam lutando constantemente podia
queimar e Tristan não iria derramar uma lágrima.
Tudo bem, talvez ele estivesse um pouco chateado. Ele não
queria ser um abandonado, mas se a escolha era entre deixar sua
matilha e se tornar uma das putas de Deacon ou simplesmente deixar a
matilha, bem, Tristan não precisava pensar muito sobre o que preferiria.
Tristan sabia que James, seu alfa - ou melhor, ex-alfa neste
momento - nunca pediria para ele ir, mas os ataques estavam ficando
piores, mais desesperados e violentos, e cada vez que alguém se
machucava, Tristan poderia praticamente ver as rodas girarem na cabeça
de James questionando-se se manter um ômega seguro valia a pena ter
ossos quebrados e derramamento de sangue dentro da sua matilha.
Então Tristan embalou suas coisas e saiu uma hora antes do
amanhecer, assumindo oficialmente o fardo dos ombros de James, e
agora ele estava livre como o vento. Caminhava ao longo da beira do rio,
chutando pedras com seus chinelos laranja. Se James ou alguém da sua
matilha decidisse vir buscá-lo, esperariam que ele caminhasse ao longo
da água para manter seu cheiro fora do ar. Tristan não se importava
tanto com isso. Ele estava preocupado que alguém da matilha de Deacon
o achasse. Eles não sabiam que ele partiu, mas Tristan não queria que o
seu cheiro flutuasse ao redor apenas no caso de um daqueles capangas
pulguentos por ventura estarem na área.
Um ômega errante era praticamente uma temporada aberta
para qualquer lobisomem reivindicar se eles quisessem, e Tristan
preferiria evitar isso até que encontrasse alguma civilização humana. Ele
iria andar por mais algumas cidades, fazer algum dinheiro como biscate,
e talvez encontrar um lugar para viver com os seres humanos.
Pelo menos era um dia bonito.

Fodam-se todos pensou Isaac Foster quando viu seu rifle


acomodado inocentemente o suficiente sobre dois ramos de árvores
cruzados, que se estendiam perigosamente sobre a água corrente.
Era como uma mão esquelética que segurava o que ele queria,
mas estava jogando um jogo cruel de manter-se com ele.
Isaac e os outros estavam aqui para caçar lobos, não sacanear
um com o outro.
A água estava calma o suficiente, mas estava escura, sugerindo
o quão profundo era realmente e a maneira como parecia, à medida que
avançava, sugeria quão poderosa era a corrente.
Isaac nunca devia ter dito a esses filhos da puta idiotas que
tinha medo de água.
Havia risos atrás de si e um barulho muito alto.
Era como lidar com um bando de malditos meninos. Ele era o
cara novo no seu grupo com a menor quantidade de experiência, trazido
principalmente para adicionar números e força para sua missão. Apenas
por isso, ele era o único que tinha que lidar com essa merda e mais, lidar
com essas brincadeiras estúpidas até que ele provasse a si mesmo.
— Se isso cai na água, um de vocês idiotas estará me dando
outro!
Mais risos à distância. Os caras estavam todos contentes em se
sentar em torno da pequena fogueira, fingindo que ninguém dava a
mínima na situação de Isaac, enquanto ouvia atentamente os sons dos
seus xingamentos furiosos.
Fodidos meninos de fraternidade. Isaac era realmente o mais
jovem entre ele.
Ele tirou o coldre que segurava sua arma e começou a trabalhar
na subida da árvore de aspecto cinza, tentando não pensar muito se
poderia mesmo manter o seu peso. Um daqueles outros idiotas tinha
chegado lá e retornado seguro o suficiente, afinal.
Isaac não tinha nenhum problema com alturas, então fazer com
que o ramo pesado se estendesse, prendendo seu rifle, não era um
problema.
O mundo só começou a girar uma vez que começou a rastejar
ao longo do ramo, e ele se viu olhando para a água profunda, escura,
preta-azul corrente debaixo dele. Suas palmas começaram a suar, e ele
teve que colocar o corpo contra o ramo que se agarrava, segurando seus
braços apertados em torno dele, mesmo que a casca áspera arranhasse
sua pele e rosto.
Cristo Todo-Poderoso.
Houve um grito longo da fogueira a vários metros de distância.
— Precisa de alguém para ajudá-lo?
Teria sido uma ótima oferta se o tom não tivesse sido tão
zombador.
— Vá se foder! — Isaac gritou de volta. Então ele disse a si
mesmo para parar de ser um maricas e apenas continuar. Ele estava a
apenas cinco metros de distância.
Ele voltou a suas mãos e joelhos e começou o processo lento
novamente, mantendo seus olhos firmemente no alvo, ignorando o
redemoinho vertiginoso de céu e água no canto dos seus olhos.
Basta pegar a arma, voltar a terra e o seu equilíbrio voltará ao
normal, disse a si mesmo.
Finalmente ele estava lá e, embora tudo na sua visão periférica
ainda se parecesse com a pintura de Van Gogh, Noite Estrelada, ele
sorriu amplamente quando estendeu a mão e...
A rachadura e o súbito deslocamento do ramo em que estava se
segurando lhe jogou as entranhas na garganta, a fração de segundo
antes da sensação de cair, sem nada abaixo para prendê-lo, rodeou-o,
poderoso como a gravidade e mergulhou na água e desapareceu nas
profundidades.
Capítulo Dois

Tristan estava prestes a desviar-se da água quando o caminho


que levava à cidade veio sobre ele trazendo um gargalo de meio grito
vindo do rio, viajando a altas velocidades.
Ele girou, sem saber exatamente o que era que ele esperava,
mas definitivamente não era o que via.
Havia um homem se debatendo na água, e ele não parecia estar
se divertindo. A corrente o tinha no seu aperto escuro, e ele estava
caindo ao redor, procurando a saída com pouco sucesso.
Isso fez Tristan pensar em uma meia girando em uma máquina
de lavar.
Esse cara iria se afogar se Tristan não fizesse nada, ainda mais
que o homem agitado se empurrava através da corrente, então Tristan
deixou cair sua bolsa, chutou seus chinelos e correu para ele.
— Aguente firme! — ele gritou, sem saber exatamente por que,
ou se o homem poderia ouvi-lo.
A cabeça escura do homem mal ficava acima da água para
tomar um gole de ar antes de finalmente ir para baixo e ficar ali. Tristan
ainda podia segui-lo. Ele conhecia esse rio muito bem e era inteligente o
suficiente para saber que apenas porque o cara tinha desaparecido não
significava que o seu corpo tinha parado de viajar junto com a corrente.
Ele rasgou sua camiseta e desajeitadamente saltou do seu short
antes de deixar o seu lobo sair. Tristan sempre poderia correr mais
rápido em quatro pernas. O vento chicoteava através da sua pele em
rajadas fortes enquanto golpeava suas pernas.
Ele não teve que correr por muito mais tempo. Ele fez saltos
longos nos trechos mais escuros de água até que estava nadando estilo
cachorrinho na direção que tinha visto o homem lutando no centro do
rio.
Estava molhado, a pele encharcada aumentava o peso do corpo
enquanto as águas salpicavam e lutavam contra ele, mas sua forma de
lobo não era apenas mais rápida, era mais forte também, e Tristan
conseguia nadar, mantendo o longo focinho fora da água com o mínimo
de esforço.
Ele ainda não conseguiu encontrar o cara. Onde diabos ele
estava? Ele tinha se afogado? Tristan não queria deixar a água,
abandonando alguém para morrer a menos que estivesse absolutamente
certo de que não havia mais nada que pudesse fazer, mas seus membros
estavam ficando cansados e pesados. Ele não seria capaz de nadar de
volta para a margem se ele ficasse na água por muito mais tempo, e ele
precisaria fazer a escolha em segundos. Agora, na verdade.
Finalmente, a cabeça da vítima afogada foi empurrada para
cima e para fora da água tempo suficiente para Tristan ir para ela, e ele
nadou como nunca antes. Assim quando o corpo desapareceu dentro da
água mais uma vez, Tristan respirou fundo e mergulhou. Ele nunca foi
realmente bom em ver debaixo d'água e em uma corrente como está,
não havia nenhum ponto em manter os olhos abertos de qualquer
maneira. Praticamente cego e surdo Tristan usou seu corpo para
determinar onde o sujeito tinha afundado.
Suas patas golpearam contra algo que não parecia uma pedra, e
ele abriu suas mandíbulas, apertando o que parecia um material de
algodão. Era grosso e não muito largo.
Ele tinha agarrado um bolso da calça do homem.
Bom o bastante.
Tristan nadou e nadou, arranhando seu caminho para a
superfície da água com seu prêmio na sua boca. Sua garganta queimava,
pulmões se expandindo enquanto lutavam para tomar ar que não estava
lá, até que...
Sim! Finalmente! Ele correu para a superfície do rio e inalou
profundamente pelo nariz, só conseguindo um pouco de água - Deus, ele
odiava essa sensação - antes de remar seu caminho de volta para cima.
Se tinha sido difícil nadar antes, isso não era nada agora que ele
tinha a perna do que era provavelmente um macho de duzentos quilos
na boca.
Ele arrastou o corpo mole para a costa. No segundo em que
sentiu as pedras sob suas patas, Tristan fez a mudança para sua forma
humana. Ele estava nu e com frio como o inferno agora, mas ele agarrou
o homem pela perna com suas mãos agora humanas e o arrastou para
cima e para fora da água, colocando-o na praia molhada.
Tristan estava nu, mas esse cara certamente não estava. Ele
nem sequer parecia vestido para nadar, mais como um passeio no
bosque. Tudo o que ele usava era de algodão, o que provavelmente não
ajudou a sua incapacidade de nadar com aquelas roupas pesadas
molhadas puxando-o para baixo.
Tristan rasgou a camiseta marrom que usava no meio,
revelando o que na verdade era um peito muito bem esculpido.
Ele colocou a orelha naquele peito, onde deveria estar o
coração.
Ainda estava batendo, mas Tristan não ouviu nenhum
movimento nos pulmões.
Pelo menos agora ele sabia o que fazer.
Tristan virou o cara para o seu estômago e pressionou contra
suas costas, observando como a água escorria para fora da sua boca
onde esteve presa nos pulmões.
Ainda sem respirações rasas saindo dele.
O próximo passo ficou claro. Tristan virou o homem de costas,
ergueu a cabeça apenas o suficiente para endireitar o pescoço, beliscou
o nariz e soprou uma lufada bem forte de ar na sua boca.
Ele não esperava que funcionasse na primeira tentativa e ficou
chocado quando o sujeito tossiu e pulverizou água na boca de Tristan.
Grosso.
Ele tossiu e engasgou, aspirando o ar em respirações ofegantes
que fez Tristan se preocupar por ele.
Ele finalmente devia ter tirado toda a água dos pulmões, porque
sua respiração se tornou calma e normal, e ele abriu os olhos para
mostrar a Tristan a cor mais linda que já tinha visto nos olhos de um
homem.
Eles quase pareciam roxos. Na verdade, eles realmente eram
uma sombra clara de roxo. Tristan não achava que pudessem ser lentes
de contato, se esse fosse o caso, pelo menos uma delas teria saído
durante o mergulho do estranho.
Pareciam reais. Até mesmo o cabelo do homem era um tom
interessante de marrom escuro, avermelhado. Tristan apertou os olhos, e
ele tinha certeza de que havia alguns fios negros ali também.
A viagem na água fez com que eles parecessem revoltados e
Tristan teve que lutar contra o desejo de passar os dedos através deles,
examiná-los, e ver se eles eram macios ou grossos.
O homem de olhos roxos piscou para ele, então olhou para o
seu corpo.
Oh, certo. Estava completamente nu. E congelando. Seu corpo
estava arrepiado com frio, e graças a Deus por isso. Se tivesse sido água
morna, ele provavelmente estaria ostentando uma ereção agora.
O lindo estranho não comentou a nudez de Tristan, porém,
quando ele levantou a cabeça apenas o suficiente para dar uma olhada
na água do rio ainda correndo, agiu como se nada tivesse acontecido.
A Mãe Natureza pode ser imprudente assim.
Olhos roxos deixou cair sua cabeça contra as rochas, e esfregou
o rosto com a mão.
— Obrigado — disse ele.
Tristan não conseguia sair do espaço pessoal do homem. Ele
não conseguiu parar de apenas olhar fixamente, desejando que o cara
movesse sua mão para que ele pudesse dar outra conferida naqueles
olhos.
— Por nada — ele respondeu.

Capítulo Três

─ Acampamento?
Isaac segurou suas botas de ponta de aço de cabeça para baixo,
observando miseravelmente enquanto a água escorria para fora e para
as rochas úmidas debaixo dele. Estava encharcado, e aquele belo rapaz
atrás dele tinha acabado de encontrar seu short na margem do rio.
Ambos estavam caminhando para cima, contra a corrente, procurando o
resto das suas roupas.
Tristan dissera que as tinha puxado para que não pesassem
enquanto nadava atrás dele. Isaac não sabia nadar muito ou sabia as
regras básicas sobre isso, além de não comer demais antes de saltar, por
isso mesmo que parecesse um pouco estranho, o cara tinha salvado sua
vida, então não iria questioná-lo.
─ Sim, ─ Isaac disse, fazendo o seu melhor para não olhar para
Tristan e lembrar como tinha se sentido o toque das suas coxas
bronzeadas quando ele estava nu. ─ Eu estava fora com alguns amigos,
e, para encurtar uma longa história, me encontrei em uma árvore antes
que o galho quebrasse e eu caí.
Tristan apertou o pescoço.
─ Sim, isso é duro. Entretanto, eles devem estar te procurando.
Se estivessem, provavelmente era apenas porque queriam ir
embora e precisavam das armas que Isaac tinha pego deles antes de
sair.
O rifle estava perdido para sempre, mas as duas Glocks no seu
coldre ainda estavam na árvore. Os caras, muito provavelmente, iriam
pegar aquelas e ir embora. Se a sua brincadeira tivesse matado um dos
seus, eles o lamentariam por dois minutos antes de voltar ao trabalho.
Os caçadores não eram exatamente conhecidos pela lealdade
nas suas próprias equipes. Na verdade, esta era a terceira equipe com
quem Isaac tinha estado, e eles eram de longe a mais bem equilibrada.
Para um grupo de mercenários que gostavam de jogar jogos de morte.
─ Eu duvido. Eles provavelmente pensam que fui dar uma
volta, ─ acrescentou ao olhar estranho de Tristan.
Isaac limpou a garganta e apontou.
─ Essa é a sua mala?
Tristan suspirou.
─ Sim, graças a Deus.
Ele correu em frente e se inclinou para pegar a mochila verde
desbotada. Isaac tentou, e falhou, não olhar para o seu traseiro
enquanto se inclinava.
Cristo, esse cara parecia forte. Fez Isaac se perguntar o que ele
fazia para manter seu corpo assim. Provavelmente praticava esportes. A
maioria dos rapazes normais da sua idade praticavam. Um par de
sandálias brilhantes não estavam muito atrás, e Tristan deslizou os pés
nelas, também, antes de se virar.
─ O rio deve ter levado a minha camiseta, mas tudo bem ─
disse ele, procurando na sua bolsa e puxando para fora uma xadrez com
botões. ─ Você quer que te leve de volta para o seu acampamento? ─ Ele
perguntou, vestindo a camisa, mas não se incomodando em abotoar.
Ele perguntou como se Isaac precisasse de uma escolta ou algo
assim.
─ Uh, não, eu estou bem. Ei, aonde você está indo? ─ Ele
perguntou, não querendo arriscar que estivessem indo na mesma
direção. Se Isaac voltasse para sua equipe, e Tristan estivesse indo para
lá, também, poderia significar um grande problema para o garoto se
visse todos esses homens e as coisas que estavam empacotando.
Isaac nunca tinha visto, nem tinha participado, do assassinato
de civis, mas sabia que era algo que acontecia ocasionalmente para
proteger o segredo dos caçadores.
Ele não queria isso para Tristan.
─ Eu estou indo para a cidade ─, disse ele, apontando na
direção em que acabavam de vir, colocando a bolsa sobre o seu ombro.
─ Oh. Você mora lá? ─ Talvez ele pudesse ir lá e convidar
Tristan para um café ou algo depois que a sua missão estivesse
terminada.
─ Não, ─ Tristan sacudiu a cabeça, um sorriso nos seus lábios,
como se soubesse o que Isaac estava pensando. ─ Só estou de
passagem. Me movendo, na verdade.
─ Se movendo? ─ Isaac olhou a bolsa sobre o ombro de Tristan.
─ Onde está o resto das suas coisas? ─ Ou até mesmo um carro ou van
em movimento para esse assunto. Por que andar?
─ Uh... ─ Foi aqui que Tristan desviou o olhar, mordendo os
lábios, como se tentando descobrir o que dizer.
E assim mesmo, Isaac se sentiu como um idiota completo.
Tristan provavelmente era um vagabundo ou fugitivo.
Isaac estava hesitante em pensar que ele era um sem-teto,
certamente não parecia alguém que passava algum tempo nas ruas, mas
se houvesse algum equipamento de acampamento próprio, sacos de
dormir e outras coisas nessa mochila que carregava, então havia uma
possibilidade de que soubesse viver da terra.
Graças a Deus, disse Tristan quando o encontrou.
─ Sabe o que, não importa. Desculpe, não é da minha conta.
─ Está bem. Eu só não guardo um monte de coisas, mas estou
procurando um lugar em uma das cidades.
Isaac não sabia dizer se estava mentindo ou não.
─ Que tal eu te levar para a cidade? ─ Ele ofereceu.
As sobrancelhas loiras escuras de Tristan subiram.
─ Só para te ver de volta em segurança. Vou comprar o café da
manhã.
Tristan sorriu para ele.
─ Não que a ideia de ser convidado para o café da manhã por
um cara como você não seja atraente ou qualquer coisa, mas eu tenho
dinheiro. Você não tem que fazer isso.
Sendo sincero consigo mesmo, Isaac sabia que não era por
pena que estava fazendo isso. Só não queria dizer adeus a Tristan ainda.
Ele era o primeiro cara normal e bonito com quem falara há muito
tempo, e, se tivesse ouvido bem, também se sentia atraído por ele, e
Isaac só queria ficar um pouco mais.
─ Não é isso. Você salvou minha vida. Tenho minha carteira
comigo, e quero levá-lo para tomar o café da manhã.
Tristan fez outro som, sugerindo que estava dividido entre
aceitar e encontrar uma desculpa adequada para recusar.
Esse tipo de resposta sempre significava que era necessário
apenas um pouco mais de estimulação para obter a resposta que Isaac
queria.
─ Venha, café da manhã com os amantes da carne em cima da
mesa, isso não é tão ruim.
O sorriso de Tristan mostrou seus dentes brancos, perfeitamente
retos.
─ OK. Você me teve com o amantes de carne.
As mariposas vertiginosas no estômago de Isaac provavelmente
eram um sinal, ele não podia estar tão excitado, mas definitivamente
estava se sentindo bem enquanto colocava o braço em volta do ombro
firme de Tristan e voltava para a cidade.
─ Você realmente não deveria estar saindo aqui sozinho de
qualquer maneira, ─ Isaac disse, pensando nos lobisomens que estava
caçando. ─ Há animais selvagens em todo o lugar.
─ Sim, eu sei.
Capítulo Quatro

─ Para onde ele iria? ─ Corey perguntou, olhando ao redor do


quarto vazio.
James tinha uma ideia, mas não ousou falar em voz alta. Por
um lado, poderia estar errado, e dois, se estivesse certo, a última coisa
que queria era que o seu companheiro tivesse essa informação.
Melhor ele não saber, então não teria que mentir se o Deacon
mandasse alguém perguntar.
─ Onde quer que ele foi, partiu sem nós.
Corey ainda era novo em ser um lobisomem. Ainda não
compreendia o pensamento de alguns dos seus companheiros lobos.
James examinou o quarto. Não estava nu, por qualquer
extensão da imaginação. A cama tinha sido feita e a maior parte do que
havia no armário e nas gavetas havia sido deixada para trás, mas o
pequeno rádio que Tristan mantivera tinha desaparecido, assim como
muitas das suas roupas e suprimentos, o suficiente para James perceber
que estavam desaparecidos.
Tristan partiu com a intenção de não voltar.
─ Tristan saiu para que o Deacon não tenha mais motivo para
nos atacar. Ele não disse nada porque não queria que o dissuadíssemos,
e não ficou porque não queria me pressionar para pedir que aceitasse a
oferta do Deacon.
─ Mas você não faria isso! ─ Corey disse então olhou duas
vezes para o seu companheiro. ─ Você iria?
Essa velha insegurança novamente, provocada pela sua falta de
conhecimento na forma como uma matilha funcionava.
─ Claro que não. Porém, algum alfa da matilha, sim. Talvez ele
simplesmente não quisesse arriscar.
─ Ele sabe como isso funciona melhor do que eu. Não pensaria
que você o faria ir, ─ Corey insistiu.
Isso era o que James amava no seu companheiro. Corey sempre
o tranquilizava, mesmo quando James estava desesperadamente
angustiando. Suspirou. De qualquer maneira, isso não era algo que
queria que acontecesse, especialmente com a ameaça de caçadores
ainda pairando no ar. Um par de semanas atrás, o ex-namorado de
Corey, um caçador com o nome de Dean Lefroy, tentou matá-lo, e
quando James matou o homem insano em vez disso, o último ato de
vingança de Lefroy foi rir e informar a James que ele tinha chamado
outros caçadores para lhes dizer sobre a localização da matilha de
James.
Todos na terra que James cuidava ainda estavam no limite,
esperando o ataque chegar.
Até agora, nada, mas James se manteria vigilante. Não se
arriscaria que Lefroy estivesse mentindo para que James perdesse o
sono à noite. Não, ele estava dizendo a verdade, mas agora todo mundo
na matilha, incluindo James, estava ficando ansioso, esperando o ataque
chegar. Estava se tornando uma forma branda de tortura em si mesmo.
Então o idiota do Deacon teve que vir e começar a fazer suas
reivindicações sobre a terra.
Havia duas outras matilhas vivendo dentro de um raio de 32
quilômetros da matilha de James. Isso não era comum, mas James
estava em boas condições com uma delas. Visitar o alfa dessa matilha e
o seu filho recém-nascido tinha sido até mesmo a razão dele ter
conhecido Corey.
Deacon, no entanto, estava insistindo em ser uma dor na bunda
de si mesmo.
Embora James tivesse assinado papéis para provar a sua posse
da terra que o seu bando vivia, o Deacon estava tentando reivindicar não
menos que vinte acres dela, incluindo um lago agradável, feito sob
medida, no qual os filhotes apreciavam brincar.
James não tinha certeza do que exatamente estava dando a
Deacon a impressão de que ele era o dono da terra, a não ser sua
permanente insistência, mas um dia, James decidira quebrar o gelo e
convidar o cara e vários dos seus homens para falar como lobo
civilizados. Isso tinha sido um erro.
O Deacon olhou para Tristan, e com um latido:
─ Vem, venha! ─ chamou-o.
Como um ômega, Tristan tinha sido quase impotente contra o
comando e tinha feito como lhe foi dito.
James ainda podia se lembrar do pico de irritação que sentiu
escalando sua espinha quando Deacon tinha posto suas mãos em
Tristan, sentindo seu pescoço, ombros e braços, como se testando sua
força e saúde.
Enquanto isso, Tristan olhava para James, ambos se
perguntando o que diabos o cara estava fazendo.
Finalmente, depois que James limpou a garganta e fez apenas
aquela pergunta, Deacon grunhiu, assentiu e fez sua proposta.
Tristan tinha tropeçado longe do homem como se ele fosse a
coisa mais assustadora que já tinha visto, e James imediatamente
negou-lhe a troca e disse-lhe para se foder.
Deacon tinha enviado lobos para atacar três vezes desde então,
e com a ameaça de caçadores próximos, combatentes feridos eram a
última coisa que James precisava.
Tristan tinha visto isso e ido embora. James desejou não se
sentir tão agradecido por isso, mas não podia evitar.
─ Mick?
─Sim senhor?
Mickey, o melhor amigo de James e beta, estava sempre perto.
─ Sabe onde guardo minhas informações bancárias?
─ Sim, senhor, ─ Mick respondeu, sua voz claramente
transmitindo que não sabia por que James iria perguntar.
─ Ok, ótimo. Entre na minha conta e transfira cinco mil para a
conta de Tristan.
─ Whoa, ─ Corey disse.
─ Cinco... podemos pagar isso, James? ─ perguntou Mick.
─ Nós vamos ficar bem. ─ James pegou a mão de Corey e os
levou para fora do quarto de Tristan. James iria mantê-lo da maneira que
era por alguns dias, uma semana no máximo, apenas no caso dele
decidir voltar, mas depois de um tempo, iriam precisar dele para que os
seus feridos pudessem ter uma cama para dormir.
─ James, para que é o dinheiro? ─ Corey perguntou
suavemente enquanto saíam.
Cristo, James precisava do ar. Isso sempre o ajudou a pensar.
Precisava de ar fresco e uma boa corrida, e se Corey estivesse preparado
para isso, uma boa foda, também.
─ Tristan tem algum dinheiro, mas não muito. Os cinco mil irão
comprar-lhe comida e remédios quando precisar deles, transporte, e se
ele economizar bem, o aluguel do primeiro e do último mês se encontrar
algum lugar barato para viver.
─ Ele vai ficar bem sozinho? Quero dizer, ser um lobo e tudo ─
disse Corey.
James já estava tirando a camisa e a calça. Vendo o que o seu
companheiro estava fazendo e sabendo para onde estava indo, Corey
começou a fazer o mesmo.
─ Tristan é um ômega. Seu lobo será mais fácil de gerenciar
sozinho, contanto que fique longe de espaços lotados e se estabeleça em
um lugar tranquilo.
Para os próprios ouvidos de James, parecia que nunca mais
iriam ver Tristan. O pensamento colocou uma pedra pesada no seu
intestino.
Corey tocou sua bochecha e, como de costume, aquele pequeno
contato afastou James dos seus pensamentos sombrios.
─ Vamos correr ─ disse ele, então se transformou no lobo
cinzento, olhou por cima do ombro e saiu para as árvores.
James sorriu e correu atrás dele.

Isaac quase engasgou com as suas panquecas, ele riu tanto.


Tristan era sábio o suficiente para colocar o garfo para baixo
enquanto contava a história.
─ Então eu, sendo o pequeno idiota arrogante que sou, estou
ultrapassando as pessoas na estrada, certo? Ia muito além do limite de
velocidade, até que finalmente algum cara que eu já ultrapassei dá sinal
de que está prestes a me passar, mas então nós dois temos que
abrandar porque uma luz de parada está chegando.
Isaac podia adivinhar para onde isso estava indo.
Tristan continuou.
─ Este cara é louco. Quero dizer, ele estava chateado, começa a
acenar com o punho para mim, e eu começo a gritar de volta para ele.
Oh sim? Venha aqui e diga isso. Então ele sai do carro, e ele. É. Enorme.
Isaac deixou cair o garfo, ainda rindo.
─ Oh meu Deus, o que você fez então?
─ Eu vi como ele era grande e era tudo como, oh merda. Então
girei o volante tão rápido como pude, pisando no acelerador para que
pudesse dar meia-volta e sair de lá.
Tristan, Isaac notou, gesticulava muito, então o movimento
giratório que fez, replicando o quão rápido girou a direção, só fez Isaac
rir mais forte.
Felizmente não havia muitas pessoas no restaurante, caso
contrário, os dois já poderiam ter sido chutados por todo o barulho que
estavam fazendo.
Isaac foi finalmente capaz de responder uma vez que conseguiu
sua respiração sob controle.
─ Sim, eu me lembro de ser um pouco merda quando tive meu
primeiro carro.
Tristan amontoou um ovo na sua torrada e deu uma mordida.
─ Você tem certeza que os seus amigos não vão estar se
perguntando onde está? Já faz um par de horas.
Isso estava certo. Apesar dos seus pratos de café-da-manhã,
era quase meio-dia.
─ Nah, além disso, depois da brincadeira que fizeram estou
pensando em conseguir um quarto no motel aqui de qualquer maneira.
E aqui era onde ele precisava puxar mais do que a coragem que
não sentia fora da sua bunda. Tristan era bonito, engraçado e bom de
estar por perto. Isaac gostava de estar perto dele e queria mais do que
isso.
─ Se você quiser, podemos dividir o custo do quarto. Poupar
dinheiro para a noite, se você estiver ficando aqui hoje à noite.
Tristan fez aquela coisa silenciosa outra vez onde parecia estar
internamente pesando nos prós e nos contras de tal ação.
Mais e mais Isaac estava começando a pensar que o garoto
estava se escondendo de alguém, ou algo assim. Era a única coisa que
podia pensar que o faria hesitar.
Isaac podia dizer perfeitamente que Tristan se sentia atraído
por ele, da mesma forma que se sentia atraído por Tristan. Ambos eram
adultos, então, se passassem a noite juntos, não haveria nenhum mal
nisso.
O fato de Tristan estar escondido era a única coisa em que podia
pensar. Da família, talvez? Um ex-namorado, ou talvez mesmo os
lobisomens.
Isaac esperava que não fosse o último, mas se fosse, manteria
Tristan seguro.
─ Eu não o machucaria, você sabe.
─ Não estou preocupado com isso ─, disse Tristan, engolindo o
último do seu suco de laranja. Sua cabine estava na janela, e não pela
primeira vez, Tristan olhou para fora, seus olhos procurando
cuidadosamente os poucos pedestres que estavam caminhando ao redor
no meio de um dia de trabalho. Mantendo um olho para fora, por
alguém. Isso disse a Isaac o suficiente.
─ Na verdade, ─ disse Tristan, um sorriso brilhante de repente
iluminando seu rosto. ─ Certo. Gostaria disso. Não acho que ficar aqui
um dia extra vai doer.
O pênis de Isaac se contraiu. A missão poderia definitivamente
esperar outra noite, e se aqueles idiotas decidissem ir para a caça sem
ele, bem, Isaac iria lidar com a perda de lucros mais tarde.
─ Eu também gostaria.

Capítulo Cinco

Tristan nunca estivera em um encontro antes, e para sua idade,


isso era patético. Então se viu relaxando enquanto ele e Isaac
passeavam pela cidade, o que, em um lugar pequeno como este, não
levava muito tempo.
A estrada principal com todas as lojas era curta. Havia uma
livraria onde passaram um bom tempo, onde Tristan até usou o pouco
dinheiro que tinha para comprar algo para ler na sua viagem, uma loja
de artigos de segunda mão onde ele e Isaac olhavam fitas VHS e discos
velhos, embora nenhum dos dois possuísse um gravador ou tocador de
cassetes, outro café, a estação de correios, com que não se
incomodaram, uma loja de bebidas alcoólicas, que eles frequentaram, e,
de todas as coisas, uma arcada em estilo antigo com máquinas de
pinball e Donkey Kong.
Eles passaram um monte do seu dia lá. Tristan nunca se
divertira tanto na sua vida.
─ Eu poderia ter que voltar aqui ─, disse Isaac, olhando para
Tristan com a expressão mais suave que alguém já tinha olhado para ele
depois que jogaram sua última rodada de hóquei de mesa.
Tinha esquecido que Isaac não iria ficar por aqui depois que ele
e seus amigos empacotassem e fossem embora, mas apenas a forma
como olhou para ele e falou sobre o regresso fez Tristan ruborizar até os
pés.
Isso meio que o fez desejar vir à cidade com mais frequência.
Se soubesse que poderia vir aqui, ir às compras, se divertir, tudo com
um cara ao lado dele, com quem, se alguém se incomodasse em olhar,
era óbvio que estava flertando, Tristan poderia ter tido uma vida
amorosa mais ativa.
Talvez tivesse conhecido Isaac mais cedo, isto é, se o homem
vinha aqui durante os meses de verão, e eles poderiam ter se ligado
muito antes disso.
Porque Tristan não sabia onde iria estar nos próximos dois dias,
sorriu timidamente para Isaac ao invés de lhe dar uma resposta de um
jeito ou de outro.
Verdade seja dita, gostava de Isaac e definitivamente queria ver
mais dele ao redor.
─ Você é muito bom com lisonja ─, disse Tristan, ─ mas isso
não vai te ajudar a vencer na próxima rodada.
Tristan ganhou seu último jogo, mas teve a sensação de que era
porque Isaac tinha deixado, o que ficava evidente com a forma como o
outro homem continuou a olhar para ele. Quando finalmente decidiram
levar suas cervejas e livros para o motel, o garoto atrás do balcão nem
sequer piscou para eles quando pagaram por um quarto juntos.
Isaac, com um rubor escarlate escuro, pediu duas camas, mas
os olhares nervosos que continuava enviando a Tristan lhe faziam saber
que aquelas camas provavelmente iriam se juntar antes que a noite
terminasse.
Eram apenas seis da noite e, embora as sombras do pôr-do-sol
se tornassem longas, o céu ainda era um azul perfeitamente claro, e o ar
ainda estava quente. Isso não impediu Isaac de empurrá-lo contra a
parede e beijá-lo no segundo que a porta estava fechada e Tristan tinha
deixado cair sua bolsa.
Seus lábios eram suaves, foi a primeira coisa que Tristan
percebeu, bem antes de Isaac agarrá-lo pelos quadris e empurrar suas
virilhas juntas, e então Tristan perdeu todo o trem de pensamento,
exceto um.
Isso estava acontecendo.
Ele não se importou nem um pouco.
Claramente Isaac estava acostumado a ser o único no controle
quando se tratava de sexo, porque Tristan não podia fazer nada além de
se segurar para o passeio enquanto foi beijado até a submissão, sua
boca se abriu em um gemido que Isaac aproveitou ao máximo quando
escorregou sua língua molhada entre os seus lábios.
Cristo, seu pênis estava pulsando agora. Não tinha percebido o
quanto precisava disso.
Se ao menos eles não tivessem que seguir seus caminhos
separados pela manhã.
─ Você é tão fodidamente lindo, ─ Isaac roncou, seus dedos
brincando com o seu cinto e fivela. Ele se agachou levemente, o que o
fez perder um pouco de altura, mas ainda era mais alto que Tristan cerca
de dois centímetros e meio.
Certo. Tempo nu.
Embora Isaac já parecia estar trabalhando nisso, Tristan o
ajudou, colocando seus dedos sob o elástico do seu short e puxando-o.
Isaac trabalhou nos seus botões e apressadamente empurrou-a fora dos
seus ombros.
Ele deixou Isaac agarrá-lo pelos braços e puxá-lo para baixo em
uma das pequenas camas de casal. Tristan chegou as suas mãos e
joelhos e olhou por cima do ombro enquanto Isaac cuspia na sua mão e
lubrificava seu pênis.
Nenhum lubrificante necessário aqui. Ao que parecia, ambos
estavam tão excitados como o inferno. Isaac mais do que Tristan, se os
seus olhos não o enganavam.
Considerando que estava cheirando a luxúria de Isaac desde
que tiveram seu café da manhã no restaurante há mais de seis horas,
Tristan não podia culpá-lo.
Ele entrou em pânico um pouco com a firme pressão contra o
seu ânus.
─ Espere. ─ Ele olhou por cima do ombro.
Isaac olhava de volta para ele com aquele olhar de pânico, de
cervo-nos-faróis, que geralmente chegava quando alguém parava o
sexo.
─ O que?
Não era o seu pênis. Esses eram os dedos de Isaac. Tristan
suspirou ao perceber que Isaac não estava tão longe que deixaria de
lado a parte de preparação.
─ Nada, desculpe, não importa. Continue.
Isaac não precisava ser convidado duas vezes.
Tristan inspirou profundamente e empurrou para fora enquanto
os dedos empurravam para dentro. A queimadura estava lá, mas não
insuportável, apesar da falta de lubrificante.
─ Tudo bem? ─ perguntou Isaac.
─ Sim. Coloque outro.
Isaac obedeceu e empurrou outro dedo dentro dele, esticando
seu ânus até que desta vez, a queimadura ficou perto de insuportável.
─ Relaxe, querido, você está muito tenso.
Ninguém jamais o chamara assim antes. Mesmo que o adjetivo
não foi dito com qualquer tipo de gravidade, Tristan foi capaz de fazer o
que ele disse e forçar seus músculos a relaxarem. Só então a
queimadura se acalmou um pouco. Estranho. Não era como se fosse
qualquer tipo de conselho que Tristan não conhecia, mas o suave
lembrete foi mais do que útil.
Isaac continuou empurrando os dedos para dentro até que os
seus nós roçaram a bunda de Tristan, e foi então que ele percebeu que
Isaac os havia colocado o máximo possível, e ele ainda estava bem.
Então a sensação daqueles dedos se movendo dentro dele,
balançando em torno veio sobre ele, seguido por...
Tristan gemeu alto. Ele tinha os cotovelos fechados, mas eles se
abriram, e ele caiu de face para baixo no travesseiro quando o prazer
que aqueles dedos proporcionavam caiu sobre ele.
Sua mão se arrastou para baixo, procurando desesperadamente
seu pênis antes de finalmente encontrá-lo e segurar por sua vida,
evitando que gozasse, prolongando sua tortura, pelo resto da noite.
Isaac disse algo que soou como “Lá está”, bem antes de retirar
lentamente os dedos do corpo de Tristan.
A próxima coisa a pressionar contra as nádegas de Tristan foi
brusca, “o pênis rígido de Isaac”, e ele empurrou com todo o cuidado
gentil como quando usou seus dedos.
Quando Tristan sentiu que os cabelos grossos das bolas de Isaac
tocavam seu traseiro, ele parou, esperou o que parecia ser uns sólidos
trinta segundos, e então começou a empurrar seus quadris.
Tristan cerrou a mandíbula quando o lugar dentro dele foi
encontrado novamente. Seu lugar favorito. Isaac jogou com ele como se
fosse seu lugar favorito também.
Foi lento no início, mas então o encontro dos seus corpos
tornou-se mais rápido e mais rápido quando Tristan começou a empurrar
de volta contra o pênis de Isaac.
Tristan estava falando e gemendo ao mesmo tempo e não tinha
ideia do que ele estava dizendo, não tinha ideia do que Isaac estava
dizendo. O tempo todo manteve um aperto firme na base do seu pênis,
impedindo-se de gozar.
─ Ah, eu adoro te foder.
Tristan compreendeu aquela parte.
As mãos de Isaac giraram seu aperto dos seus ombros ao seu
pescoço e as suas costelas, em um esforço para extrair para fora seu
próprio prazer, sempre que o orgasmo ficava muito próximo, Isaac
parava, então continuava em um ritmo dolorosamente lento antes de
colocar velocidade outra vez.
Então ele parou, foi lento, mas um pouco mais duro, e
finalmente retomou seus impulsos rápidos como relâmpago.
A próxima vez que ele desacelerou, Tristan falou.
─ Se você fizer isso mais uma vez eu juro que vou te matar!
Isaac teve a coragem de rir dele.
─ Cristo, você está ansioso, considerando a maneira como está
segurando seu pau.
Oh. Certo.
Tristan se soltou e agarrou a cabeceira da cama.
─ Você me fode e me faça gozar, agora ─ ele ordenou.
Tristan nunca teria pensado que tinha isso em si para ser tão
mandão. Não estava na sua natureza.
Quando olhou por cima do ombro, Isaac zombou dele.
─ Você é o capitão.
─ Você tem toda a razão, eu sou.
Ele quase não teve a chance de terminar aquela frase quando
Isaac fez como foi comandado e empurrou dentro dele, o empurrão e
puxar começando. Demorou apenas um segundo antes que o ritmo
frenético, de alta velocidade, que indicava que o orgasmo estivesse
próximo, começasse de novo.
A essa altura Tristan estava tão excitado, com as bolas tão
doloridas e pesadas, que sabia que gozaria logo após.
Então suas bolas se apertaram quando o prazer do seu orgasmo
quase o cegou, seu pênis jorrando fluido como se tivesse aprendido a
fazer.
Tristan colocou uma mão sobre a sua boca, sufocando seu grito
de prazer. Isaac não estava levando em consideração os seus vizinhos,
se eles ainda tinham qualquer um, enquanto manteve o ritmo dos seus
quadris, ordenhando seu orgasmo. Os gemidos altos e trêmulos que
escapavam da sua garganta eram de alguma forma ampliados pelo
pequeno espaço do quarto de motel em que estavam.
Quando Isaac finalmente conseguiu parar seus quadris, caiu
sobre as costas de Tristan, e ele gostou da sensação do seu hálito
quente contra o seu pescoço.
─ Isso foi ótimo ─ Isaac gemeu.
Tristan era o tipo de cara que tendia a cochilar após o orgasmo,
então o máximo que conseguiu com a resposta foi um “Mmhmm”
satisfeito antes de dormir.
Ele só estava fora por um par de horas, mas até então, o sol
estava quase se pondo. Os córregos de luz que entravam pelas persianas
fechadas do quarto do motel eram fracos, na melhor das hipóteses, e
metade do fino cobertor na cama debaixo dele tinha sido dobrado para
cobrir seu corpo nu.
Isaac tinha ido embora.
Tristan rolou de costas e suspirou. Antes que pudesse começar a
dizer a si mesmo que provavelmente era o melhor, a porta se abriu e
Isaac entrou no quarto.
A chegada inesperada foi tão... boa, inesperada que Tristan
levantou-se em uma posição sentada.
Isaac tinha um celular na mão. Provavelmente alguma coisa
pré-paga que ele pegou enquanto estava fora. Ele o fechou rapidamente
e fechou a porta atrás dele. Havia uma sacola de plástico de uma das
lojas na mão.
O sorriso no rosto de Isaac estava genuinamente satisfeito.
─ Você está acordado.
─ Sim, ─ Tristan disse estupidamente. ─ Eu não pensei que
você estaria aqui quando eu acordasse.
Isaac parou enquanto colocava a sacola na pequena mesa que
compunha a sala de jantar das suas acomodações. Ele de repente
parecia inseguro de si mesmo.
─ Isso é uma coisa ruim?
─ Não! Quero dizer, nem um pouco. Só não esperava que
voltasse. Quero dizer, seus amigos e tudo mais.
Isaac acenou com a mão.
─ Eu liguei para que eles saibam que estaria atrasado. Temos
muito tempo.
Seu sorriso era de lobo e Tristan estremeceu.
─ Ei, olha o que eu trouxe ─ Isaac enfiou a mão no saco e
produziu uma pequena caixa.
Não jantar. Sorvete. Era uma caixa de sorvete de casquinha.
Tristan tinha certeza de que ele babou.
─ Agora, como você sabia que aqueles eram meus favoritos?
─ Seu favorito? Estes são os meus favoritos ─ Isaac começou o
processo de abrir o topo da caixa e puxar para fora um dos cones de
sorvete embrulhados. Ele o mexeu entre os dedos. ─ Vendo como eu
comprei a caixa, eu espero o pagamento se você quiser um também.
─ Aposto que posso pensar em algumas coisas, ─ disse Tristan,
deslizando para fora da cama e caminhando até Isaac, seus olhos
colados ao deleite. ─ Depois de comermos.
Isaac puxou a mão dele enquanto Tristan estendia a mão para
pegar o sorvete.
─ Eu tomo sempre meus pagamentos adiantado.
Tristan zombou do olhar furioso.
─ Você?
Isaac parecia alguém que estava segurando todas as cartas e
estava animado com isso.
─ Um dos melhores ensinamentos do meu pai. Pagamento
primeiro, e então você tem a sobremesa.
Não haveria negociação se Tristan quisesse o sorvete antes que
derretesse. Ele caiu de joelhos e começou a trabalhar no cinto de Isaac,
liberando seu pênis e imediatamente colocando seus lábios em torno da
cabeça. Inchou sob a atenção, e Tristan mergulhou e começou a lamber
e chupar como se o pau de Isaac fosse o sorvete que estava desejando.
─ Jesus. ─ Tristan sentiu o tremor atravessar o corpo de Isaac.
─ Só ia pedir um beijo, mas tudo bem.
Tristan lutou para não rir, mas demorou um segundo para se
controlar. Quando o fez, começou a trabalhar, apertando as bochechas e
balançando a cabeça. Isaac colocou sua mão livre no ombro de Tristan
para se equilibrar, e, ofegando ligeiramente, começou a suavemente
empurrar seus quadris, fodendo a boca de Tristan.
─ Poderia me acostumar a ver você ai em baixo dessa maneira,
─ disse Isaac entre suspiros.
O coração de Tristan deu uma sacudida dolorosa no seu peito, e
ele não gostou, nem respondeu a esse comentário ou pensou em quanto
ele gostaria de estar fazendo isso por mais que uma noite também.
Estendeu a mão para pegar as bolas de Isaac na mão antes que
o outro homem pudesse continuar falando, e os joelhos de Isaac se
dobraram quando ele gozou.
Foi tão repentino que não teve tempo de avisar Tristan sobre
isso, mas estava tudo bem. Apenas ser um lobisomem fez Tristan muito
confiante de que se Isaac tivesse alguma coisa, e ele não poderia sentir
nenhuma doença nele, o sistema imunológico de Tristan iria destruí-lo
antes mesmo de desenvolver qualquer sintoma.
Às vezes ser uma criatura paranormal tinha suas vantagens.
Isaac caiu no chão, entregou a Tristan o sorvete primeiro, e
depois vestiu sua calça.
Tristan pegou o presente com um sorriso e abriu o papel.
─ Obrigado.
Isaac riu.
─ Você é louco.
Capítulo Seis

Pelo menos ele parou de olhar em volta, como se estivesse


esperando um monstro saltar das sombras para pegá-lo, Isaac refletiu
enquanto andavam pelas ruas da cidade. Para ser perfeitamente
honesto, Isaac nem sequer se lembrava do nome da cidade. Estava
muito mais interessado em desfrutar o ar fresco da noite com seu novo
amigo.
Continuaram conversando, desfrutando da companhia um do
outro e do último sorvete que Isaac tinha comprado, e eventualmente
fizeram seu caminho de volta para o rio. Porque o rio estendia-se através
da cidade, o banco tinha uma passagem pavimentada e foi iluminado
com as lâmpadas de rua amarelas. Um aglomerado de dentes-de-leão
espalhava-se na relva e, pela primeira vez, a visão de toda aquela água
não fez Isaac suar.
O pensamento de nunca mais ver Tristan, no entanto, era algo
que não se sentia bem.
— Então, para aonde você acha que vai se mudar? —
Perguntou Isaac. — Talvez quando terminar aqui possa passar e ver
você.
Tentou parecer casual, lembrando a si mesmo que ele só
conhecera Tristan naquela manhã, e apesar do fato de terem ido para a
cama juntos, isso não significava que estava preparado para algum tipo
de relacionamento. Mesmo casual.
— Para ser honesto, não tenho certeza aonde vou me
estabelecer ainda. Nem tenho um telefone.
Mais dessa hesitação que Isaac poderia transformar em algo um
positivo.
— Bem, todos hoje em dia têm um endereço de e-mail.
Podemos trocar e assim poderemos manter contato.
Tristan parou de andar de repente para olhá-lo. Isaac parou com
ele.
— O que há de errado? — Ele perguntou.
Tristan apenas o olhou como se nunca o tivesse visto antes,
como se ele fosse algo completamente fora deste mundo.
Isaac estava prestes a se desculpar por empurrá-lo, mas as
bochechas e os lábios de Tristan se ergueram em um sorriso ansioso.
— Sim, tudo bem. Eu farei isso.
O coração de Isaac deu um pequeno salto feliz. Tristan não
achava que ele fosse assustador, e iriam manter contato depois que o
seu negócio de caça terminasse.
— Ok, ótimo. — Isaac limpou a garganta. — Vamos escrevê-los
quando voltarmos para o motel. — Onde pediriam pizza para levar e
passar o resto da noite tendo mais do que sexo fantástico.
— Certo.
A parte mais doce foi a forma como Tristan tomou sua mão e
uniu os dedos. Não apenas fazia isso para colocar Isaac fora daa pista.
Eles estavam realmente fazendo isso.
Estavam andavam por mais dois minutos quando alguém desceu
do outro lado da trilha. Aquela pessoa não era mais que uma sombra na
noite, mas parou de repente antes de poder pisar sob um dos raios de
luz amarela que vinha das lâmpadas.
Tristan parecia não pensar nisso, mas Isaac parou, puxando a
mão de Tristan para não ir mais longe.
Tristan pareceu perplexo.
— O que é isso?
Isaac franziu o cenho enquanto o desconhecido continuava
imóvel.
— Ele.
Tristan olhou, e pela primeira vez, parecia notar que havia
alguém à frente deles, observando-os.
Tristan pareceu inalar profundamente, mas voltou-se para
Isaac.
— Você sabe quem ele é?
Não, mas algum estranho a escorregar no escuro era sempre o
suficiente para acender os sinais de advertência na cabeça de Isaac.
Nem todos os monstros do mundo eram da variedade
paranormal.
Então, um pouco da sua ansiedade o deixou quando o homem,
porque uma construção volumosa como essa só poderia pertencer a um
homem, apesar do cabelo de aparência longa, começou a andar.
Tristan era o que estava tenso, no entanto, quando o estranho
pisou sob a luz, revelando seu rosto.
— Tristan? Que há com você?
— Vire-se e comece a andar — murmurou Tristan, seguindo seu
próprio conselho antes que Isaac pudesse fazer qualquer pergunta.
Um instinto protetor cravou dentro de Isaac.
Esse era o homem do qual Tristan estava se escondendo.
— Ei! Estou falando com você, filhote!
— Foda-se! — Tristan atirou sobre seu ombro.
Não teria como Isaac lidar com isso.
Parecia realmente chatear o estranho também, porque correu e
estendeu a mão para agarrar Tristan pelo ombro.
Isaac foi mais rápido. Seu punhal tinha sido a única coisa que
não tinha tirado quando se preparou para subir naquela árvore no início
da manhã, e ele tinha-o fora da sua bainha escondida e na garganta do
sujeito, quando seu dedo tocou no braço de Tristan.
— Afaste-se — ordenou Isaac.
O estranho já estava fazendo exatamente isso, embora ele mal
parecesse intimidado. Ele parecia irritado, seu rosto se contorcendo
como um troll furioso.
— Que porra é essa?
Tristan colocou a mão no ombro de Isaac, a outra no seu braço.
— Isaac, por favor, coloque a faca para baixo.
— Sim, Isaac — disse o homem Troll, zombando do seu nome.
— Ponha a faca para baixo.
— Cale a boca, Tanner — disse Tristan, olhando para ele.
Só porque Isaac não sabia muito bem o que estava
acontecendo, ele abaixou a lâmina, mas ainda a mantinha levantada
entre ele e Tanner.
— Você tem um namorado, Tristan? — Disse Tanner. — Não
pense que meu irmão vai gostar muito disso.
—Deacon não me possui. — retorquiu Tristan.
— A partir de agora sim. Você está aqui fora, sozinho...
— James nunca permitiria.
— Ele não está aqui, está?
— Estou aqui. — disse Isaac. — E vou dizer a você agora que
Tristan está comigo, e você pode cair fora antes de eu começar a abrir
você.
Cristo. Era pior do que pensava. Tristan não estava fugindo de
um relacionamento abusivo, ele fugia de alguém que queria colocá-lo em
um relacionamento abusivo, e quem era Deacon, ele tinha outras
pessoas fazendo o seu lance, grandes tonos musculares e olhares
sedutores.
Isso tornou as coisas ainda mais perigosas.
Ele não gostava da maneira como Tanner ria da sua ameaça.
— O que exatamente você acha que pode fazer comigo?
— Tanner, não — disse Tristan, segurando o braço de Isaac.
De repente, Isaac teve a sensação de que ele era o único a ser
protegido.
— Pensa que ele é um cara duro com uma lâmina como essa na
mão, não é? — Tanner zombou, dirigindo-se a Isaac no final, aquele
mesmo sorriso de lobo no seu rosto, e então os olhos cintilaram
dourados, as pupilas transformando-se em finos Diamantes antes que se
tornassem normais novamente.
Como um interruptor de luz desligado, Isaac sabia com o que
estava lidando, e desejou com tudo dentro dele por suas armas que
tinha deixado para trás no rio, carregados com balas de prata.
— Tristan, fuja — disse Isaac.
— Oh, sim, Tristan, corra para que eu possa te perseguir.
Isaac tirou a adaga. Aparentemente Tanner estava um pouco no
seu jogo de lobo, porque foi uma fração de segundo muito lento para
reagir, e Isaac o cortou apenas no seu nariz.
Uma mão carnuda apareceu para inspecionar o dano. Apenas
um pouco de sangue gotejou no início, mas quando beliscou o nariz, ele
soltou um grito agudo enquanto a ferida cortada se abriu, derramando
mais sangue.
Então ele ficou louco e começou a avançar.
— Eu vou comer você vivo, garoto.
Isaac recuou, mas estava sendo puxado por Tristan.
— Eu disse para correr, Tristan! — Ele ordenou.
A última coisa que queria era que Tristan o assistisse matar esse
cara.
Ou, se Isaac falhasse e fosse o único a ser morto, queria que
Tristan tivesse uma boa vantagem.
O rosto de Tanner já começara a mudar. Na experiência de
Isaac, o processo de mudança enfraquecia alguns lobos porque poderia
levar de um segundo a um minuto para ser concluído.
Tanner parecia estar em algum lugar na vizinhança, mesmo com
roupas, não tinha se preocupado em tirá-la e estavam atualmente em
pedaços em torno das suas patas. Tanner estava de quatro, os lábios
curvados para cima em um grunhido enfurecido que realmente fez Isaac
desejar que ele tivesse mais do que esta faca.
Era apenas uma faca de caça padrão. Não tinha tido sequer uma
chance de banha-la com prata ainda.
Isaac sentiu atrás dele o peito forte de Tristan, o encontrou e
empurrou-o para longe.
— Eu disse corra, Tristan!
— Não.
A calma aceitação na sua voz tinha Isaac virando-se para olhar
para ele.
Demasiado tarde percebeu o seu erro, e ele e Tristan apenas
mal conseguiram saltar para fora do caminho do salto de Tanner para as
suas gargantas.
Jesus Cristo! O que estava pensando?
— Não vou com você, Tanner — disse Tristan, com os punhos
cerrados.
O corpo do lobo estremeceu, como se Tanner estivesse rindo
dele.
Esse bom humor durou um bom segundo antes que o lobo
fizesse outro salto para a garganta de Isaac. O alcance dessas patas, e
as garras com o veneno de lycan nelas, eram muito mais longo do que o
alcance de Isaac, mesmo com a adaga que segurava. Não podia fazer
nada além de saltar para fora do caminho, deixando Tanner persegui-lo,
brincar com ele.
Cristo, Isaac não usava nada para proteger a pele dos seus
braços ou pescoço. Se ele conseguisse sair desta com vida, seria como
um lobisomem.
— Tanner! Pare! — gritou Tristan.
— Fique para trás! — Isaac gritou quando Tristan tentou se
interpor entre eles.
Estava louco? O que achava que podia fazer além de se meter
no caminho?
O fato de que faria uma coisa dessas, arriscando sua vida e
saúde por Isaac, o fez perceber que Isaac definitivamente enfrentaria as
consequências dessa batalha por ele.
Isaac sacudiu a adaga na sua mão, curvou os joelhos e entrou
na sua posição de ataque padrão.
Pode vir.
Tanner o rodeou uma vez, então fez uma corrida rápida e outro
salto, garras estendidas, mandíbulas abertas e assassinato naqueles
olhos selvagens.
— Isaac! Não!
Algo bateu no corpo do lobo de Tanner antes que pudesse
alcançar Isaac. Uma coisa branca. Uma coisa peluda e branca, e os
rosnados e rolar na grama e na sujeira começaram.
Ambos os lobos, em sua batalha que levantou uma nuvem de
poeira e ervas daninhas que quase tornou difícil vê-los.
Isaac conhecia outro lobisomem quando via um. Ele procurou
por Tristan, pronto para pegá-lo pela mão e resgatá-lo de lá, quando
percebeu que não havia mais ninguém ali.
Apenas ele e dois lobisomens, lutando uma batalha furiosa
como se estivessem em uma guerra por território ou algo assim, e as
roupas de Tristan estavam espalhadas no chão
Levou-lhe três segundos para perceber onde Tristan tinha ido, e
o mundo entrou em câmera lenta enquanto ele se virou para olhar para
os lobos girando, rolando, rosnando ainda na garganta um do outro nas
flores e grama.
Tristan era o lobisomem branco, e pelo olhar das coisas, o
sangue que começou a encharcar seu casaco branco, estava recebendo
seu traseiro chutado.
O sangue quase parecia preto sob a luz amarela, mas não era
por isso que os joelhos de Isaac quase se esvaíam, ou porque sentia a
necessidade desesperada de vomitar.
Tristan era um lobisomem. Era uma das criaturas que Isaac
jurara matar, e Isaac tinha...
Não podia pensar.
Os combates e rolar pareciam diminuir na maior parte do tempo
quando Tristan foi dominado. Isso foi um pouco rápido demais para uma
luta deste tipo. Acho que fez Tristan um ômega.
De qualquer maneira, ambos pareciam esquecer que Isaac
ainda estava lá, e, lentamente, fez o seu caminho atrás dos dois lobos
lutando. Tanner era um grande lobo cinzento volumoso. Isaac não os
confundiu quando ele foi para o golpe mortal.
Aconteceu mais cedo do que ele esperava. Tanner finalmente
conseguiu prender Tristan, e manter o lobo menor debaixo dele
enquanto ele apertou suas mandíbulas em torno de garganta de Tristan.
A grossa crina de pelos evitaria que Tanner rasgasse
acidentalmente a garganta de Tristan, mas Tristan ainda soltava um
gemido dolorido que era como uma espada através do coração de Isaac.
Não pense nisso.
Tanner soltou o pescoço de Tristan com um rosnado de
advertência, e então, ainda mantendo seu corpo firmemente sobre o de
Tristan, olhou-o nos olhos. Estavam fazendo aquela coisa que os lobos
faziam. Falando um com o outro sem palavras.
Isaac não estava com disposição para esperar até que
terminassem.
O pescoço era um lugar ruim para matar um lobo, mesmo um
lobisomem que não veria o ataque chegar. Toda aquele pelo era proteção
demais.
A forma como Isaac foi para ele foi mais difícil, mas ainda
eficaz.
Ele levantou a adaga no alto da sua cabeça e a abaixou com
toda a força que pôde reunir no crânio de Tanner. O osso fez um som
alto que era uma mistura entre um pop e uma rachadura enquanto foi
penetrado, e com uma contração súbita, o corpo do Tanner caiu como
uma rocha pesada.
Tristan fez mais sons de ganindo, lutando e rastejou seu
caminho para fora do corpo pesado de Tanner, suas garras rasparam
linhas longas na grama enquanto lutou para ficar livre.
Isaac afastou-se deles à vista.
Jesus Cristo. Como podia ter sido tão estúpido?
Plantou seus pés enquanto o lobo branco sangrando fazia um
lento deslocamento de volta a um homem nu, os pelos longos
encolhendo de volta nos poros da pele até que o único cabelo que
restava era o pelo humano natural encontrado em um corpo masculino.
As patas tornaram-se finas e esticadas até que houvesse dedos em vez
de garras e braços e pernas musculosos em vez das pernas peludas do
lobo.
Ainda havia sangue na sua pele, e ele tremia enquanto tentava
rastejar para trás, longe de Isaac, seu peito subindo e descendo
enquanto ofegava pesadamente.
— Não me mate — implorou, estendendo a mão.
Isaac olhou para baixo, percebendo como segurava a adaga no
seu punho, como se quisesse golpear com ela, e então olhou de volta
para Tristan.
O peito do sujeito continuou a subir e cair em um ritmo rápido.
Estava com muito medo.
Não admira. Como um lobisomem, Tristan deve ter finalmente
montado exatamente o que era que Isaac fazia para ganhar a vida.
Bem, tinha dito que estava em uma viagem de caça, afinal.
Isaac se perguntou se a revelação era tão chocante para Tristan
quanto para ele. Então decidiu que não importava.
— Eu deveria te matar. — ele disse calmo e profissional.
— Por favor...
— Não. — Isaac estalou. — Nem pensa em me dizer nada. Você
não sabia o que eu era, mas sabe perfeitamente o que é, e me deixou te
foder.
Tristan estremeceu.
Isaac jogou com a ideia de esfaqueá-lo no coração. Rápido,
indolor, muito mais fácil do que o que conseguiria se alguém da equipe
de Isaac conseguisse segurá-lo. Também era apropriado, considerando
que Isaac sentia que alguém o tinha esfaqueado no seu próprio coração.
Molhou seus lábios, odiando a si mesmo, e desviou o olhar do
corpo nu de Tristan que ele tinha praticamente adorado naquele dia.
— Saia daqui. Se eu te ver de novo, eu te mato.
Um soluço sufocado soou, mas Isaac não o reconheceu.
Guardou a adaga e deu alguns passos na outra direção.
Quando não podia mais evitar, olhou para trás, Tristan não
estava à vista. As únicas coisas restantes eram as roupas espalhadas e
um corpo de lobo morto.

Capítulo Sete

Tristan irrompeu no motel que ele e Isaac tinham


compartilhado. O cheiro do sexo que tinham tido ainda permanecia no
ar. O cheiro de Isaac ainda estava em tudo o que tocava.
Isso fez Tristan querer chorar como um filhote.
Nem sequer tinha tirado qualquer coisa da mochila, então era
uma simples questão de vestir algumas roupas e sair correndo pela
porta. Estava descalço, mas podia lidar com isso. Seus ferimentos ainda
sangravam, embora fosse ter uma cura rápida graças às suas habilidades
de regeneração, mas o sangue ainda estava lá, e se houvesse mais
homens de Deacon lá fora, não teriam dificuldade em farejá-lo.
Teria que arriscar.
Correu o mais rápido que pôde para trás na direção de James e
do resto da sua matilha. Não havia ajuda para ele agora. Isaac era um
caçador, e havia dito que estava aqui com outras pessoas. Outros
caçadores, que não queriam nada mais do que esfolar Tristan e cada
membro da sua matilha. James precisaria ser advertido.
E Tristan, se voltasse e evitasse uma guerra aberta entre as
matilhas, teria que fazer um acordo com Deacon e rezar para que o alfa
violento o aceitasse.
A coisa que fez tudo piorar dez vezes foi a maneira como Isaac
o olhou depois que Tristan se transformara, como se fosse a coisa do
pântano ou algo assim. Um monstro repugnante.
Deveria ter sabido. Tristan não devia ter suas esperanças do
jeito que estava.
Caminhou à luz da lua, no entanto, de mãos dadas com Isaac, e
teve o pedido para dar o seu endereço de e-mail para que lhes
permitisse manter em contato um com o outro tinha o feito ter
esperança contra o seu melhor julgamento.
Essa esperança havia desaparecido com um único olhar no rosto
de Isaac.
Tristan limpou a umidade dos seus olhos enquanto corria,
sentia-se como um bichano sobre isso. Fugindo, chorando como uma
menininha, mas não conseguia se conter.
Talvez não se sentisse como uma merda de ser rejeitado por um
estranho, se não tivesse conhecimento que eram companheiros.
Havia reconhecido as sensações dentro dele quando Isaac lhe
perguntou timidamente onde planejava se estabelecer, a clara esperança
na sua voz de que pudessem continuar o que quer que estivessem
fazendo mais tarde.
Provavelmente depois que Isaac e os seus amigos terminassem
de cortar as cabeças de todos que Tristan amava.
Era a pior espécie de piada cósmica de que Tristan alguma vez
tinha ouvido falar. Estava acasalado com um caçador, e nunca seria feliz
com isso.

Embora Isaac tivesse dito a Tristan para fugir, ainda se


encontrou entrando no seu quarto de motel anteriormente compartilhado
com uma pitada de trepidação, punhal na mão.
A luz da lâmpada estava acesa, banhava o quarto em uma
brilhante luz fluorescente, mas as poucas possessões que Tristan possuía
tinham desaparecido, assim como ele.
Isaac sentou-se na cama, mantendo-se na própria extremidade,
evitando, tanto quanto pôde, a lembrança de que tinha fodido Tristan ali
apenas um par de horas atrás.
Cristo. Isaac passou a mão pelos cabelos, esfregando a coceira
que havia se desenvolvido no seu couro cabeludo. Estava ficando com
dor de cabeça só de pensar nisso.
Será que se tornaria um lobisomem agora? Tristan nunca o
tinha mordido ou arranhado, e era humano o tempo todo... Juntos, mas
isso fez Isaac seguro contra doenças? Tinham compartilhado fluidos
corporais, mas Tristan não parecia muito preocupado com isso, e sabia
que Isaac era um ser humano.
Não diria uma só palavra disto para os caras até que soubesse
com certeza. Quando ligou mais cedo, havia dito a eles onde estava e
tinha explicado que depois da viagem pelo rio precisava se deitar.
Pensando que tinha encontrado uma mulher disposta para foder,
o resto da equipe tinha sido indulgente na forma como os homens eram
quando um dos seus meninos estava prestes a marcar. Eles não sabiam
que Isaac não estava batendo por sua equipe, e eles não saberiam que
estava na cama com um lobisomem. Nunca.
Precisava voltar de qualquer maneira. O tempo que eles lhe
deram para tirar sua coceira do seu sistema não era mais do que um
pouco mais de uma hora, e precisaria de tempo para voltar ao
acampamento e deixar os caras sabem que os lobisomens estavam nas
proximidades.
Inventaria uma história sobre como sabia disso no caminho para
lá.
Esperava que Tristan estivesse a uma boa distância quando o
ataque começasse. Também esperava que Tristan estivesse lá para que
Isaac pudesse matá-lo.
Não sabia mais o que queria. Talvez isso não fosse tão difícil se
não tivesse realmente gostado da companhia de Tristan.
Isaac levantou-se e saiu do quarto do motel. Tinha pensado o
suficiente. Hora de agir. Primeiro chamaria Marty. Era o líder da sua
equipe. Precisaria ser informado de que Isaac estava a caminho.
Em seguida, teria que fazer a longa caminhada de volta ao rio
até o acampamento para informar sua equipe de que matara um
lobisomem. Teriam que atacar antes que alguém da matilha do lobo
morto notasse seu desaparecimento.
O ar noturno estava fresco quando Tristan voltou para a terra de
James. Embora já passasse da meia-noite e os grilos estivessem
chilreando e os vaga-lumes se elevando, ainda havia homens e mulheres
acordados e caminhando para notar seu retorno e virar suas cabeças
para ele.
Assim, a notícia de que abandonara a matilha já tinha se
espalhado.
Perfeito.
James ainda estaria acordado. Passaram-se apenas duas horas
antes da meia-noite, e Tristan sabia que não teria de se preocupar em
acordá-lo.
Como aconteceu, James estava na cama, mas não estava
dormindo. Apesar disso, ele e Corey ainda pareciam genuinamente
satisfeitos em vê-lo.
Até que contou o que tinha acontecido com Tanner e o caçador,
deixando de fora o nome de Isaac e o seu encontro tão breve.
— Cristo todo-poderoso. — James suspirou.
A velha Maggie, a mulher sábia do bando, fora chamada assim
que Tristan voltou. Tinha sorrido brilhantemente, os buracos no seu rosto
se aprofundando até que quase desapareceu dentro deles, então beijou
sua bochecha e o abraçou.
Agora estava estoica, ainda segurava a mão de Tristan,
acariciando-a suavemente daquela maneira que avó faz, mas no
momento, embora fosse uma mulher sábia, não tinha palavras de
sabedoria para oferecer.
Tristan estava feliz por ter alguém segurando sua mão. Isso era
provavelmente a única coisa que o manteve junto no momento.
— James, vamos ter que colocar todos em alerta total. — disse
Mick.
James assentiu.
— Você está certo. Arraste todos para fora e levá-los para o
gramado principal para que possamos ter uma reunião sobre isso.
Mick acenou e saiu em uma caminhada de poder para fazer o
que o seu alfa pediu.
— O que devo fazer? — Corey perguntou.
— Você. — James disse, tomando seu companheiro por seus
ombros nus. — Irá com os ômegas quando o ataque chegar e mantenha
os filhotes seguros.
Os ombros de Corey se apertaram.
— Eu não vou deixar você!
— Você vai fazer o que eu digo e gostaria que obedecesse a
ordem. — disse James, olhando para o seu companheiro, as cicatrizes no
seu rosto fazendo com que ficasse ainda mais feroz.
Corey olhou para trás. Tristan não sabia o que estava passando
na cabeça do cara. Não nascera um lobo. Ainda tinha uma maneira
humana de pensar sobre as coisas.
— Tudo bem, qualquer coisa. — murmurou Corey, bem antes
de passar por James e sair do escritório onde foi feita a reunião. Foi para
estar com os outros ômegas.
— Você terá que fazer o mesmo, Tristan.
E aqui estava onde as coisas estavam prestes a ficar um pouco
mais estranhas.
— Desculpe senhor, mas não.
Às escuras sobrancelhas de James ergueram-se, criando linhas
tortuosas dentro da queimadura e cicatrizes marcadas na sua testa.
— Não? — perguntou, dando um passo à frente. Tristan queria
recuar, mas não ousou.
— Não? — James perguntou novamente, um desafio silencioso
na sua voz.
Tristan engoliu em seco. Pensou ter ouvido a velha Maggie
suspirar atrás dele, mas estava assustado demais para ter certeza.
Como o alfa principal de um grupo de lobos, James tinha que,
na ocasião, levar um ômega rebelde ou alfa concorrente para fora no
gramado para uma punição leve sempre que começava a se rebelar,
desobedecia, ou colocava a matilha em perigo.
O nível da surra dependia de qual ofensa havia sido cometida.
Tristan estava feliz por James ser o tipo compreensivo. Permitiria que
Tristan se explicasse antes de levá-lo à frente de todos para lembrar
quem era o chefe.
— Eu abandonei a matilha, senhor. E matei o irmão do Deacon.
Você sabe que não posso ficar.
— Você está de volta ao meu território e é oficialmente um
ômega errante. Posso te fazer parte desta matilha novamente se eu
quiser. Posso fazer isso por você.
Tristan assentiu, desejava que James não precisasse ser tão
bom nisso.
— Eu sei, mas então você terá que lidar com Deacon quando
ele declarar guerra contra a matilha pelo que fiz. Nós... Você... Não pode
lutar com ele e um grupo de caçadores que querem nos matar.
— Ele tem um ponto, meu menino.
Maggie. Tristan estava segurando sua mão com tanta força que
quase esqueceu que estava ali.
Ele olhou para ela. Seus olhos azuis, afundados no seu crânio,
pareciam cair mais com o que estava prestes a dizer.
Sabia onde Tristan estava indo com isso. Ela também sabia que
era a única opção que eles tinham se James queria que a matilha
sobrevivesse.
— Se ele vai e concorda em fazer parte do harém de Deacon...
— Maggie... — James advertiu.
— Poderia trazer paz entre as duas matilhas sem mais
derramamento de sangue. — Continuou, ignorando o tom de advertência
na voz de James.
Era o único membro da matilha que tinha autoridade para fazer
isso. Tristan não tinha certeza de onde essa autoridade veio, mas ela
estava usando agora para fazer James ver o seu caminho.
Lambeu seus lábios, seu pescoço e mandíbula apertando com a
pressão da sua raiva. Desapareceu em apenas alguns segundos, e James
respirou fundo.
— Tristan vai para Deacon, concorda em fazer parte do seu
harém como punição por matar Tanner, e então as duas matilhas vão
lutar como uma. — disse ele.
— Exatamente. — Tristan concordou, miserável além da crença.
Os três ficaram em silêncio por um momento. James foi quem o
quebrou.
— Você sabe que eu não vou culpá-lo se você decidir que você
não quer fazer isso.
— Você quer que a chance de Corey sobreviver aos próximos
ataques aumente, ou não?
Era uma coisa maluca dizer, considerando o quão indulgente
James estava sendo, mas não podia evitar, e meio que esperou que
James fosse levá-lo para o gramado na frente de todos para lhe ensinar
uma lição.
Mas não o fez. James tomou outra respiração profunda, soltou-a
e depois assentiu.
— Vou chamar Deacon ao telefone para lhe contar as más
notícias sobre Tanner. Tenho certeza que ele vai aceitar a...
Compensação.

Marty estava tão feliz quanto um porco na merda quando Isaac


disse que matara um dos lobos.
Menos feliz quando Isaac tinha explicado como tinha deixado a
pele para trás, mas não havia nada que poderia ser feito por isso agora.
As horas passavam, e estava quase amanhecendo. Os seres humanos
que estavam acostumados a acordar tão cedo para ganhar seu sustento
já estariam de pé e alguém notaria o lobo morto, achando que era um
animal, embora um grande animal e tê-lo levado para ser descartado.
Ainda assim, isso significava que estavam no caminho certo e
que a mensagem que Dean os enviara, bem antes de morrer, falando
sobre um grupo de lobisomens, tinha estado certa.
Tinham arrumado seu acampamento, destruído qualquer
evidência de que eles estivessem lá e partiram.
— Encontrou a trilha dos lobos antes de você ligar. — disse
Dale, um caçador de uma construção esbelta que compensou sua falta
de força com energia ilimitada e sua perícia em armas.
Qualquer arma ou faca que eles carregavam sobre eles, fizeram
isso apenas na sua aprovação.
— É muito emocionante. — disse ele, seu sorriso mostrando
dentes finos, um par de que estavam faltando em torno da frente,
dando-lhe um ligeiro zumbido. — Nós vemos e não ouvimos nada nos
últimos dias, e de repente você mata um lobo e nós encontramos trilhas.
— Sim, emocionante — murmurou Isaac.
Sua morte quase não o fez ser um favorito, mas ele, e as
notícias de trilhas, colocaram os caras em um humor mais profissional, e
estavam tratando Isaac com algo semelhante à dignidade, nem mesmo
zombavam dele por cair no rio.
Apesar do melhor ambiente de trabalho, ainda não podia evitar
o fato de que não estava totalmente na causa. Muitas dúvidas estavam
flutuavam na sua cabeça.
Tristan tinha dito que estava fugindo da sua matilha, mas ainda
era um lobisomem. E se os seus instintos para proteger sua matilha o
fizessem voltar e avisá-los? E se essas trilhas pertenciam a ele? E se
Marty, Dale ou um dos outros o matasse?
Também fariam isso. Você não se tornava um caçador a menos
que você estivesse fora para vingar alguém, e isso incluía Isaac. Nunca
pensou que estaria repensando seus próprios motivos sobre uma caçada.
— Hey. — Uma mão dura lhe bateu na parte de trás da sua
cabeça, puxando-o para fora das suas reflexões paranoicas.
— Preste atenção! — Marty estalou, então lambeu seu dedo e
enfiou-o no ar. — O vento está conosco. Se continuarmos seguindo essas
trilhas, e elas ficarem constantes, eles nunca nos verão chegar.
Isso era exatamente o que Isaac tinha medo.

Capítulo Oito

Se Tristan pensou que os olhares que ele estava recebendo dos


membros da sua própria matilha eram estranhos, não era nada
comparado à forma como a matilha de Deacon olhou para ele quando ele
passeou na sua terra, pedindo para ver o seu líder.
Deacon, ao contrário de James, estava dormindo, e ele não era
o tipo de homem que você queria acordar. James não tinha sequer
conseguido ligar para o homem, então Tristan teve que ir e explicar-se
sem aviso para o outro homem.
O rosnado torcido no rosto do Deacon enquanto ele gritava com
o ômega que o chamou quase fez Tristan se arrepender de ter vindo
para cá.
Jesus. Ele estava prestes a admitir matar o irmão do homem. E
Deacon podia não querer Tristan no seu harem, mas poderia facilmente
decidir matá-lo preferivelmente e ir então à guerra com o James apenas
por divertimento.
Tristan nunca pensou que veria o dia em que deixar Deacon
fodê-lo seria o menor de dois males.
— É melhor você ter uma boa desculpa para me tirar da cama,
sua pequena cadela. — Disse Deacon, avançando sobre a ômega de
cabelos vermelhos que tremia, seu braço estava levantando, sua mão se
tornando garras ásperas.
— Eu a obriguei a fazê-lo — Disse Tristan, antes que ele
pudesse atacá-la.
Sua voz fez Deacon parar de avançar, e a pobre fêmea deve ter
tido tanto medo de qualquer tipo de movimento do seu alfa, que, só isso
tinha a feito cair para trás no seu traseiro.
A cabeça do Deacon se virou lentamente para Tristan. Seus
olhos não eram largos, mas sua expressão claramente falava de como
ele nunca esperava ver Tristan na sua terra.
Isto é, voluntariamente.
Um sorriso lento tocou seus lábios. Já Tristan podia sentir a
súbita corrida de sangue bombeando através do corpo de Deacon
enquanto seu coração martelava dentro do seu peito. Ele estava
definitivamente animado por ver Tristan.
— Você... A que devo esta honra?
Tristan desfez os primeiros botões da sua camisa, revelando
grande parte do seu pescoço e peito. Ele deu um passo à frente até estar
dentro do espaço pessoal de Deacon e depois caiu de joelhos.
Deacon soltou uma gargalhada.
— Oh Ho! Isso é demais! — Ele bufou, batendo palmas,
esfregando-as, mas não fazendo qualquer tipo de reivindicação do que
Tristan lhe estava oferecendo.
— Deve ser meu dia de sorte. James finalmente decidiu ceder,
não é?
— Não. — Disse Tristan. Agora seu coração estava martelando.
Apertou os punhos no short que usava, esperando que o tremor não
fosse notado.
— Eu matei Tanner. Foi um acidente. Eu estou aqui como seu
pagamento e para seu julgamento.
As mãos de Deacon ainda estavam presas na frente dele, mas
agora ele estava olhando para Tristan como se tivesse contado a piada
mais inapropriada em um funeral.
— O que você acabou de dizer?
Tristan engoliu em seco.
— Tanner está morto. Eu sinto Muito. Eu não quis fazer...
Suas palavras seguintes foram cortadas quando dedos gigantes
envolveram seu pescoço, cortando a fala e o suprimento de ar.
Tristan foi puxado para cima e foi colocado nariz com nariz com
Deacon. Os intensos olhos negros do homem haviam virado ouro, as
pupilas se tornando parecidas com serpentes.
Deacon tinha feito isso como se Tristan não pesasse mais de 9
quilos.
— Você quer repetir isso?
— Ughk! — Era tudo o que Tristan podia dizer. Ele tentou cavar
os dedos sob os nós dos dedos de Deacon para erguê-los, mas era como
uma armadilha de aço. Ele não podia ser movido.
— Você matou meu irmão?
Tristan assentiu o melhor que pôde. Ele podia sentir seu rosto
ficando quente da falta de fluxo de sangue para o seu cérebro. Seus
pulmões se contraíram, tentando forçar o ar para dentro deles, mas
Deacon não o permitiria.
Ele ia matá-lo.
Deacon o deixou cair.
Não tendo esperado a ação, Tristan foi incapaz de sustentar a si
mesmo, e as suas pernas desmoronaram sob ele enquanto ele caia sobre
seu traseiro, sugando o ar e tossindo quando não conseguiu respirar
corretamente devido ao seu quase estrangulamento.
Depois de alguns segundos disso, ele estava ciente de que
Deacon estava rindo novamente.
Ele olhou para cima apenas para o alfa se abaixar e colocar as
mãos sob as axilas de Tristan, levantando-o.
Ele envolveu um braço ao redor do ombro de Tristan, batendo
nas costas como se fossem melhores amigos, e fossem dar uma volta.
— Esse saco de merda tem sido um peso na minha matilha eu
não sei por quanto tempo. Você acabou de me fazer o maior favor desde
que o meu pai morreu e me entregou a matilha.
O rumor na matilha de James era que Deacon tinha matado seu
pai e roubado a liderança, mas ele não estava prestes a discutir. Ele
sorriu e acenou com a cabeça, empenhado em concordar com tudo o que
Deacon disse, contanto que mantivesse Tristan vivo e unisse suas
moedas na próxima luta contra os caçadores.
— Então. — Disse Deacon — Você veio aqui para fazer as pazes
comigo sobre Tanner, hein?
— Sim, mas há...
O aperto de Deacon em torno dos seus ombros passou de
amigável para hostil, e o seu braço paretando Tristan em torno do
pescoço de modo que ele estava em uma chave de pescoço inescapável.
Circulação de ar cortada mais uma vez.
Ele estava começando a descobrir qual era o método de tortura
favorito de Deacon. Talvez fosse por isso que ele queria tanto o tanque
de James. Para afogar seus inimigos nele.
— Você consegue algo direto aqui e agora, garoto — disse
Deacon, seu hálito quente na orelha de Tristan fazendo-o tremer.
— Só porque eu lhe faço uma pergunta, não significa que eu
quero que você responda. Você fala, só quando eu lhe der permissão
para falar.
Ele soltou Tristan, e novamente ele caiu, ofegando por ar.
Deacon o virou, e Tristan teve o ar tirado dele quando o enorme
joelho de Deacon pressionou duro no meio do peito de Tristan.
— Sua boca e língua me pertencem, agora. — Disse Deacon, a
ponta calejada do dedo polegar roçando o lábio inferior de Tristan.
— Você só usa-os quando eu digo, e apenas sobre o que eu
quero.
O cheiro almiscarado da excitação de Deacon cobriu Tristan
como um cobertor pesado. Ele o sufocou, ele não conseguiu escapar, e o
cheiro só aumentou quando Deacon pressionou seu pênis contra o
quadril de Tristan, soltando um pequeno gemido de aprovação quando o
fez.
Ele estava duro. Merda, era isso. Deacon iria fodê-lo bem no seu
corredor, e Tristan nem sequer lhe tinha contado sobre os caçadores.
Novamente, Deacon o surpreendeu quando puxou Tristan de pé,
todo sociável, outra vez com seu braço pendurado em torno do ombro de
Tristan.
Mais uma vez começaram a andar.
— Aposto que você está se perguntando aonde vamos? — Disse
Deacon, soando muito parecido com um garoto para brincar com seu
novo brinquedo.
Recordando o último aviso que tinha recebido, Tristan apenas
assentiu.
— Vamos ter uma pequena reunião de família. — Disse Deacon,
abrindo a porta.
— Roger! — Ele chamou.
— Aqui, senhor. — Disse um homem alto e musculoso, de
cabelos loiros e pele laranja, sugerindo que usara algum tipo de loção
bronzeadora e o fizera incorretamente.
— Acorde a todos e leve-os ao pátio do centro. Temos uma
iniciação, — disse Deacon orgulhosamente, apertando o ombro de
Tristan.
Ele queria desaparecer e morrer.
— Sim, senhor. — Disse Roger, sem dar a Tristan um olhar
interrogativo antes de se virar para fazer o que lhe disseram.
Deacon tinha todos eles sob uma correia bem apertada.
— Meu beta. — Disse Deacon, como se Tristan ainda não
tivesse percebido isso. — Faça como ele faz, não faz muitas perguntas.
Não é muito brilhante. Minha mão mais excelente.
Um fiel seguidor que Deacon gostava de ter ao redor. Ótimo.
Embora seu pescoço ainda queimasse das duas últimas vezes
dentro de quinze minutos que Deacon o tinha sufocado, Tristan não pôde
parar de pensar em James e na sua antiga matilha. Eles precisariam
juntar forças com a matilha de Deacon se eles fossem sobreviver ao
próximo ataque.
— Deacon...
Uma forte picada no lado do seu rosto quase o jogou no ar e
silenciou o que estava prestes a dizer.
Deacon agarrou-o pelos ombros, esfregando-os em um
movimento suave, enquanto Tristan esfregava o rosto.
— Agora, eu sei que é difícil no início viver de acordo com as
regras. Você está muito acostumado como as coisas costumavam ser.
Mas não se preocupe. — Disse Deacon, com a boca fechada na orelha de
Tristan.
— Um pouco mais de ajuda e você vai pegar o jeito.
— Mas...
Os dedos de Deacon colocaram bastante pressão nos ombros de
Tristan que ele quase caiu de joelhos. Ele podia sentir as unhas esticadas
cavando na sua pele, e ele grunhiu de dor, mas não disse nada mais.
Depois do que parecia uma eternidade, Deacon soltou a pressão
e retomou a massagem.
— Nada mais a dizer?
Tristan sacudiu a cabeça.
— Bom.
Talvez Deacon estivesse mais disposto a deixar Tristan falar
depois de ter feito sexo com ele. Cristo, era isso que os outros membros
do seu harém tiveram que passar? Sua vida toda ia ser assim?
Não, ele pensou depois de alguns segundos. Ele se mataria
antes de passar a vida inteira como uma boneca sexual viva. Que. Porra.
A razão, a única razão, que ele estava aqui era evitar que
Deacon fosse à guerra com James e ajudar suas matilhas a trabalharem
juntas quando... Quando Isaac e a sua equipe de caçadores viessem
matar a todos.
Não seria muito mais poético se Isaac fosse o único a matar
Tristan? Certamente o salvaria do trabalho de fazê-lo sozinho.
Por mais burro que fosse, ele estava meio que esperando que
Isaac...
Não. Ele não ia terminar esse pensamento.
Ele apenas faria o que ele veio fazer, e deixaria que fosse o fim
disso.
Capítulo Nove

— O que você acha que eles estão fazendo? — Dale sussurrou


para Marty.
Eles estavam se escondendo nos arbustos, observando os
lobisomens se reunirem em um círculo ao redor do cara grande que era
aparentemente o líder e parecia muito semelhante ao lobo que Isaac
tinha matado mais cedo naquela noite.
O rifle de Dale estava firmemente preso em ambas às mãos, o
mesmo que todos os outros, mas ele continuava a limpar as mãos
suadas na calça.
Guy estava um pouco ansioso para obter o show na estrada.
O sol estava agora nos estágios iniciais de espreitar acima do
horizonte distante, o que tornaria mais difícil para eles se esconderem de
qualquer par de olhos procurando. Apesar disso, contanto que o vento
permanecesse com eles, eram quase invisíveis para aqueles lobisomens.
Todo mundo sabia que lobisomens caçavam e buscavam com o nariz,
não os olhos.
— Parece um encontro. — Disse Marty. — Já vi isso antes. É
sempre uma demonstração de domínio ou de iniciação. Como se eles não
pudessem simplesmente apresentar o cara novo e apertar as mãos ou
algo assim.
Cara novo? Isaac percorreu todas as pessoas que estavam ao
redor. Ninguém estava nas suas formas de lobo, mas isso não tornava
mais fácil ver através deles quando todos se amontoavam tão perto
assim.
Cara novo. Não havia nenhuma maneira no inferno que Tristan
poderia ter...
— Senhoras e senhores. — Seu líder gritou, claramente com
disposição para um show chamando à atenção de todos. — Agora que
todos estão aqui, eu posso apresentar a vocês o mais novo membro da
nossa matilha.
Seu líder era mais alto do que a maioria dos membros da
matilha, assim Isaac podia ver enquanto ele sorria brilhantemente e
enganchou seu braço em torno dos ombros da pessoa que trazia.
A multidão parecia se separar por um segundo, o suficiente para
que Isaac pudesse ver o rosto infeliz de Tristan.
Ele fez contato visual com todos os que o olhavam, do
despreocupado para aqueles que rosnavam em desaprovação ao vê-lo.
Isaac segurou a espingarda com força. Esta era a matilha! Este
era o lugar que Tristan estava evitando! Teria outro daqueles filhos da
puta ali o capturado e trazido quando Isaac o mandou embora?
Ele teria armado a espingarda se não estivesse preocupado com
um daqueles shifters ouvindo o barulho alto. Como estava, ele apenas se
sentou imóvel e fervendo de raiva.
Isso estava lá em cima, aquele com o sorriso ansioso no seu
rosto e seu braço ao redor do ombro de Tristan, que só podia ser
Deacon. O lobo que Tristan estava tentando evitar. Pelo que parece,
Deacon estava mais do que ansioso para começar, e Isaac já poderia
dizer o que exatamente ele queria fazer.
— Este é Tristan. — Anunciou Deacon, segurando o lado do
pescoço de Tristan. — E estou recebendo-o como um novo membro do
meu harém.
Antes que Isaac pudesse dar um suspiro de espanto por aquela
revelação, Deacon puxou Tristan para perto e mordeu-o no lado do
pescoço. Tristan fez um som dolorido.
Ele devia estar se preparando para entrar, mas uma mão forte
no ombro dele o deteve.
— Calma, filho. — Disse Marty. — Você terá sua chance em
breve.
Não era o suficiente para Isaac, quando Deacon jogou Tristan na
terra e começou a rasgar suas roupas.
— Senhor, vamos apenas deixar isso acontecer? — Perguntou
Isaac, ainda agarrando a arma, pronta para colocar um par de balas de
prata no peito do bastardo.
Marty encolheu os ombros.
— É apenas uma reivindicação. Os lobos fazem isso o tempo
todo.
Deacon virou Tristan, sua mão lutando entre suas pernas para
liberar o seu pau.
— Alguém mais interessado em assistir sexo gay? — Isaac
fervilhava ao lado deles.
Dale estremeceu.
— Na verdade não.
Os outros três homens que haviam contratado fizeram ruídos
semelhantes de desgosto. Dois dos quais também estavam corando e
olhando para longe da cena.
— Marty? — Perguntou Isaac.
— Esse é o alfa ali. — Disse Marty. — Espere até que ele tenha
começado. Coloque-o em desvantagem para quando nós saltamos neles.
Tristan soltou um grito agudo do centro da clareira, e Isaac não
pôde esperar mais. Ele pulou fora dos arbustos, apontou sua espingarda,
armou-a, e disparou.
Um lobo estava morto, pelo menos, os outros dois que estavam
de pé ao lado do pobre bastardo também caíram, mas só para gritar de
dor quando as balas de prata penetraram suas peles, queimando-os por
dentro.
Como baratas, eles se espalharam pelo barulho, dando a Isaac
um tiro claro no seu alfa enquanto corria seu traseiro nu na direção
oposta.
Era um alfa, e ele nem sequer iria ficar e lutar.
Não impediu Isaac de apontar e disparar outra rodada nele,
apenas para as balas de prata acertarem um pinho inconveniente que
Deacon desapareceu atrás.
— Eu vou matar você! — Isaac gritou.
— Isaac! Seu filho da puta!
Era Marty, e ele parecia chateado. Ele, Dale, e os três
contratados todos saíram do seu esconderijo, armas atirando nos lobos
que se preocupavam em se transformar agora que Isaac tinha destruído
o seu elemento surpresa.
Como se ele se importasse. Ele saiu.
Ele correu até Tristan, que ainda estava de bruços no chão, com
as mãos sobre a cabeça enquanto as balas se aproximavam.
Isaac o pegou pelo ombro e girou-o.
O punho de Tristan se encontrou com a sua mandíbula.
Isso o jogou para trás. Ele esticou a mandíbula até ouvir um
leve estalo, e então a dor pareceu diminuir um pouco.
Tristan ainda estava olhando para ele.
— Onde está meu beijo de obrigada? — Perguntou Isaac.
— Foda-se. — Tristan respondeu.
Ele poderia ter feito o óbvio sobre isso, mas em vez disso ele
agarrou Tristan pelo cotovelo e puxou-o de pé.
— Precisamos sair daqui antes que eles te matem.
Tristan piscou para ele.
— O que?
— Corra! — Isaac gritou, segurando seu braço apertado e
levando para as árvores.
Marty e os outros podiam estar ocupados com aqueles lobos por
horas, minutos, ou simplesmente decidir renunciar à caça e perseguir
Isaac agora mesmo pelo jeito que ele tinha fodido sua operação.
De qualquer maneira, ele não estava prestes a esperar.
Felizmente, Tristan parecia estar na mesma página que ele.
Eles deviam parecer algo impressionante. Isaac vestia seu
equipamento de caça de couro regular, armas de fogo amarradas a cada
lugar que uma arma poderia ser amarrada, segurando a mão de um
homem nu, ambos correndo como loucos através dos arbustos e árvores.
Apesar de estar usando sapatos e Tristan descalço, Tristan era,
de longe, o mais gracioso entre os dois, e mais de uma vez ele teve que
puxar a mão de Isaac para impedir que ele tropeçasse em alguma
maldita coisa que estava sob seus Pés.
O sol estava completamente no céu quando eles pararam para
descansar. Isaac teve que forçar-se a respirar pelo nariz, e ele estava
definitivamente mais suado do que Tristan, cuja respiração sugeria que
ele poderia ter saído de um jogo agradável em vez de correr por sua
vida.
— Por que você me levou?
Isaac ergueu os olhos de entre os joelhos. Atualmente, ele
estava lutando para não vomitar, e a única resposta que ele poderia
produzir era um cansado.
— O que?
Tristan já parecia pronto para correr outra rodada, e ele estava
olhando para Isaac. Havia fogo naqueles olhos verdes.
Isaac ficou em linha reta. O perigo imediato acabou. Agora era
óbvio que Marty e os outros não iriam segui-los ainda, mas o coração de
Isaac ainda estava bombeando com a adrenalina da sua fuga.
O sangue que estava sendo bombeado estava todo indo para
baixo para um ponto em particular.
Quando Isaac não respondeu à pergunta de Tristan, Tristan se
virou, como se estivesse prestes a partir.
Isaac correu para ele, agarrou-o pelo braço e girou-o.
Tristan não o afastou quando o beijou. Ele apertou as mãos na
jaqueta de couro de Isaac, quase a rasgando ao meio quando a puxou
dos ombros de Isaac.
Imediatamente, um pouco do calor insuportável que estava
sendo construído desde que ele começou a correr desapareceu. Graças a
Deus, ele estava prestes a desmaiar.
Mas então o calor de toda aquela corrida foi substituído por um
tipo diferente de intensidade de alta pressão, especialmente quando
Tristan apalpou a virilha de Isaac.
De repente, falar e fazer planos não parecia tão importante
quanto rasgar o resto das suas roupas e deixar Tristan de joelhos.
Ele fez uma rápida preparação antes de deslizar seu pau dentro
dessa entrada a espera.
Tristan se esticou e sibilou, e Isaac parou por apenas um
segundo antes de continuar. Um dia eles teriam que fazer isso com
lubrificação real e não com saliva.
Isaac fez um trabalho rápido. Isso não era fazer amor. Esta era
uma reivindicação, e ele queria apagar o aquele lobisomem filho da puta
fez no corpo de Tristan para sempre.
Ambos gozaram em uma pressa rápida, seus corações
desacelerando de volta ao normal. Isaac beijou as costas do pescoço de
Tristan e ele o abraçou.
— Eu não poderia deixá-lo lá, — disse ele, respondendo à
pergunta anterior de Tristan.
— Pensei que você ia me matar. — Respondeu Tristan. — Não
sabia que você estava rastreando a matilha de Deacon, senão eu
provavelmente não teria ido até ele.
Isaac apertou os olhos, pressionando a testa contra a pele lisa
das costas de Tristan.
— Eu sinto Muito. Desculpe-me por não tê-lo impedido mais
cedo.
Tristan levantou-se. Eles se separaram e olharam um para o
outro.
Isaac mal podia olhá-lo nos olhos. Não importava o que Isaac
pensara antes de Tristan, ele não merecia ser estuprado assim.
Ele tocou a marca que Deacon tinha feito no pescoço de Tristan.
O ferimento de perfuração já estava curando, e o sangue estava seco,
mas ele ainda estava lá para Isaac para ver.
— Eu deveria ter parado ele mais cedo. Cristo, eu poderia ter
feito alguma coisa.
As mãos de Tristan foram para o pescoço de Isaac, mas não
para sufocar a vida dele como ele merecia. Era um toque reconfortante,
e os lábios de Tristan eram suaves e indulgentes enquanto Isaac
chorava.
— Eu sei o que você está pensando. Ele não o fez. — Disse
Tristan, enxugando a umidade das bochechas de Isaac com os polegares.
— Mas eu o ouvi...
— Não. — O sorriso de Tristan era brilhante. — Quase. Se você
tivesse esperado mais, teria sido seu pênis em vez dos seus dedos, mas
ele não o fez. Estou feliz que você veio. Ainda bem que você ainda pensa
o suficiente em mim para querer me salvar.
Tristan nunca parava de sorrir, mas Isaac não podia ver o lado
positivo.
Dedos. A palavra o fez querer tremer. Não era muito melhor do
que a alternativa, e ainda era uma grande violação, mas se Tristan
estava feliz, então Isaac não estava prestes a tirar isso.
Ele estava bem, e isso era tudo o que importava.
Eles se aproximaram, abraçados nus de joelhos.
— Estou feliz que você esteja bem. — Ele conseguiria saber por
que exatamente Tristan se entregaria a um lobo que queria estuprá-lo
mais tarde.
Talvez eles tivessem sorte, e Marty iria encontrar o filho da puta
e o matasse para que Isaac não precisasse fazer isso.
— Vamos, as vans estão um pouco mais abaixo na encosta, —
Isaac disse, levantando-se e puxando Tristan para cima com ele.
Tristan não falou até que Isaac terminou de vestir as roupas.
— Minha matilha está mais perto.
Isaac olhou para ele.
— Não é a matilha que acabamos de sair, — disse ele
rapidamente. — Eu quero dizer a minha primeira matilha, com James e
os outros. Eles podem nos esconder.
De repente, alguma coisa amarga entrou na boca de Isaac.
— Eu não vou levá-lo de volta para qualquer lobo.
— Eles não são como Deacon e a sua matilha. James é um bom
líder.
— E é exatamente por isso que você fugiu dele, certo?
Tristan ergueu-se, inalando bruscamente o ar.
— Eu saí porque não queria pressioná-los com Deacon
constantemente atacando, não porque eu estava com medo de me
entregar.
— Mas você acha que eles estarão ansiosos para mantê-lo
seguro agora? Comigo ao seu lado? Eu sou um caçador, no caso de você
não ter notado.
Ele apertou o último coldre na sua cintura com aquelas palavras.
Tristan olhou para ele.
— Eu não esqueci, mas eu preciso dizer a James que os seus
amigos estão vindo por eles. A única razão pela qual eu fui ao Deacon foi
juntar nossas matilhas para que pudéssemos ter uma chance de
sobreviver quando você viesse nos atacar.
Agora Isaac estava começando a ficar chateado. Por que ele não
conseguia entender?
— Você só está dizendo essas coisas porque você não sabe
nada melhor. Você não é como o resto deles, caso contrário você não
teria tentado abandoná-los. Os lobisomens são criaturas malditas, e há
uma razão pela qual os caçadores as matam.
Mais e mais, Tristan parecia que ele queria socá-lo.
— Você não tem ideia do que você está falando. James, Corey,
Mick, nenhum deles é assim. Nenhum deles. É fácil para você nos
chamar de mal quando você está nos perseguindo com armas nas suas
mãos.
— Eu assisti toda a minha família ser devorada por lobisomens!
— Isaac gritou de volta, e apenas por boa medida agarrou Tristan pelo
pescoço e sacudiu um pouco.
— Então não me diga que eu não sei do que estou falando!
Isso pareceu atrair sua atenção, e a boca de Tristan abriu um
pouco a boca. — Sinto muito. — Disse ele, embora aquele fogo teimoso
estivesse ainda em seus olhos.
— Sinto muito por alguém machucar você, mas eu não sou
assim e nem as pessoas com quem eu cresci. Nós não comemos
pessoas.
Isaac empurrou Tristan para longe dele, irritado e emocionado.
Ele começou a andar em volta da pequena sombra onde tinham feito
sexo, desejando que isso pudesse ser muito mais fácil para eles. Que
Tristan apenas deixaria Isaac levá-lo para algum lugar onde ele poderia
ficar escondido de lobisomens que queriam estuprá-lo e caçadores que
queriam matá-lo.
— Quão perto está a sua matilha daqui? — Ele não podia
acreditar que ele estivesse pensando nisso.
— Há cinco minutos daqui. Deacon estava sempre lutando com
James sobre seus direitos a terra.
Cristo, uma guerra de território. Tentou pensar em onde
estavam as vans, e tinha que admitir que estivessem muito mais
distantes do que cinco minutos. Levariam pelo menos mais uma boa
hora de corrida, e não havia nenhuma garantia de que Marty, Dale, ou
qualquer um dos outros que foram poupados corressem atrás dele para
se certificar de que Isaac não estava indo direto para seus carros para
bagunçar as coisas deles.
— Se eu caminhar para o território lobisomem, eu faço isso
com minhas armas nas minhas mãos, — disse Isaac finalmente.
Tristan lambeu os lábios e assentiu.
— Ok, nós simplesmente não vamos muito longe. Alguém pode
correr para a casa principal e trazer James para nós. Dessa forma, se
você acha que está em perigo, você pode simplesmente correr dele e
ninguém tem que se machucar.
Isaac não estava absolutamente certo de que, apenas fugindo
do território do acampamento, seria suficiente para impedir que os lobos
o rasgassem em pedaços carnudos se quisessem.
Ele balançou a cabeça de qualquer maneira.
— Concordou, mas depois saímos.
Ele ficou contente quando Tristan assentiu.
— Tudo certo.

Capítulo Dez

Em toda a sua vida, Tristan nunca pensou que ele um dia


mostraria de bom grado para um caçador onde vivia sua matilha, e em
seguida, acompanhá-lo para a propriedade. No entanto, não havia como
evitar isso. Isaac sabia como aqueles homens trabalhavam. Ele seria
capaz de dizer a James que precauções eram melhores tomar uma vez
que encontrasse sua matilha aqui.
E se eles questionassem qualquer membro da matilha de
Deacon antes de matá-los, eles saberiam que outra matilha estava por
perto.
Como era, Tristan estava bastante impressionado com a forma
como as coisas estavam funcionando até agora. Uma das mesas de
piquenique tinha sido trazida para o encontro na própria fronteira da
terra, e ele, Isaac, James e Corey estavam sentados conversando. Mick
estava de pé, encostado a um pinheiro que tinha seus ramos baixos,
observando Isaac cuidadosamente. Vários outros alfas também estavam
andando, fingindo inspecionar isso ou aquilo, mas estavam realmente
olhando furiosamente para Isaac.
Isaac, em uma demonstração de boa fé, tirou suas armas dez
minutos atrás e colocou-as no meio da mesa para James ver, embora
ainda estava de fácil acesso se ele precisasse delas.
James continuou a dar a Isaac um olhar estreito, o olhar que
dizia o que estava pensando.
—Ele salvou minha vida, James, — Tristan lembrou,
gentilmente.
Tecnicamente, James não era mais seu alfa, e por causa do
modo como a cerimônia de reivindicação tinha dado errado, nem era
Deacon.
Apesar disso, ele ainda falava com o homem com tanto respeito
como sempre teve.
— Hmm, — James respondeu, ainda olhando para Isaac.
Essa resposta fez com que Isaac ficasse nervoso, e Tristan
agarrasse sua mão por baixo da mesa, esperando que isso ajudasse.
— Olha, disse a você onde eles estão, e disse a você o que eles
vão fazer se eles te encontrarem. Se você usa essa informação ou não,
isso não me importa — disse Isaac bruscamente.
Mick se afastou da árvore, mas James acenou para ele voltar.
Foi o suficiente para tornar Isaac ainda mais tenso. Tristan
segurou sua mão com mais força, silenciosamente disposto a não
alcançar suas armas. Não agarre elas. Só vai piorar a situação.
— Isaac — disse James, finalmente falando. — Como você pode
ver pelas cicatrizes no meu rosto, já lidei com caçadores antes.
James lambeu o polegar e endireitou uma das sobrancelhas
negras.
— Então fale, — Isaac concordou.
— Na minha experiência com eles — continuou James, como se
Isaac não tivesse falado. — Eles atiram primeiro e fazem perguntas mais
tarde, levando-me a acreditar que este é algum tipo de aposta que você
está fazendo. Apostando que não vou matá-los e levá-los sobre o
conselho que você está oferecendo generosamente, ou, — ele disse,
olhando para Tristan —, você pode ter realmente se apaixonado por um
dos meus ômegas. Qualquer opção é muito inacreditável, eu vou te dizer
isso.
James então voltou seus olhos afiados para Tristan.
— Qual e?
Tristan engoliu em seco. Certo. Deveria ter imaginado que esta
pergunta estava chegando.
— Estamos acasalados.
Embora ele não olhasse, ele ainda podia ver o modo como Isaac
se virou bruscamente para olhar para ele a partir da sua visão periférica.
— Estou supondo que isso significa que ele não sabia — disse
James, cada vez mais interessado na conversa que estavam tendo.
— Quando isso aconteceu? — Corey perguntou.
Tristan só podia dar de ombros. Ele nem sequer tinha as
palavras para descrevê-lo.
— Isso é impossível —, disse Isaac, ainda olhando para Tristan.
— Eu não sou um lobisomem.
— Eu não era um lobisomem quando James acasalou comigo —
disse Corey.
Tristan teve que falar antes que Isaac tivesse uma ideia errada.
— Ninguém vai transformá-lo em um lobisomem só porque
somos companheiros — disse ele, esfregando a mão de Isaac sob a
mesa até que os músculos tensos relaxassem. — Não é desse jeito.
— Ótimo — disse Isaac.
Tristan não sabia se deveria estar insultado sobre isso ou não.
— Sobre a minha experiência com caçadores — disse James,
voltando a conversar. — Eles não deixam suas vidas normais sem
motivo. Pelo menos, a maioria deles não — acrescentou. — Eu não sei
quem te machucou ou por quê, mas minha matilha está em paz.
Estamos apenas tentando sobreviver, e vendo como você não tem para
onde ir, e salvou Tristan de um destino, que certamente não estava
esperando por isso, e oferecendo-nos informações que poderiam revelar-
se útil, poderia oferecer um quarto para ficar aqui. Vocês podem se
aconchegar no velho quarto de Tristan, já que estão acasalados e tudo
mais — disse ele, sorrindo e se levantando.
— O que você acha? — Ele perguntou.
Tristan pensou que era uma ótima ideia, e não queria nada
melhor do que dizer sim.
Se Isaac achava que a sua vida estava em perigo, ele não
deveria ficar, no entanto, isso só o tornaria ansioso e perigoso para estar
ao redor de outros lobisomens que viviam aqui.
Tristan olhou para ele, aguardando ansiosamente sua resposta.
Isaac mordeu os lábios.
— Só se eu puder manter minhas armas.
James assentiu.
— Justo. Lembre no entanto, ninguém aqui tem uma arma. Se
alguém fosse baleado acidentalmente... —Ele parou, deixando o resto da
sua mensagem sarcástica afundar com um brilho.
Isaac assentiu.
—Entendido.
No fim das contas, ninguém havia matado ainda, e Tristan
estava se sentindo muito bem com a ideia de dormir na sua própria
cama esta noite.

— Você não disse a eles sobre o dinheiro — disse Corey.


James puxou seu companheiro para perto, enfiando o nariz
naquele cabelo loiro. Estava com um cheiro gostoso.
— Que dinheiro? — perguntou.
— Os cinco mil dólares que você colocou na conta de Tristan.
Você disse que não tinha para onde ir. Se soubessem disso...
— O que eles não sabem, não vai machuca-los.
— Você pode guardar, você sabe. Ninguém vai atacá-lo aqui.
Tristan olhou para as Glocks que Isaac mantinha nas suas mãos,
embora estivessem ainda no coldre, por precaução.
Tristan estava falando como se a possibilidade de ataque fosse
ultrajante, como se até o mais gentil dos lobisomens não quisesse tirar
um pedaço de um caçador.
Até mesmo Tristan pensou que Isaac o mataria na primeira vez
que ambos perceberam quem eram.
— Não são só eles que me preocupam. Marty ainda está lá fora
— disse Isaac, o que era perfeitamente verdadeiro, e a outra metade da
razão pela qual ele manteve as mãos nas suas armas.
Tristan fez um barulho de desaprovação, mas não disse mais
nada. Isaac não estava com vontade de discutir com ele.
Ele estava muito ocupado olhando para os olhos, alguns
assustados, outros chocados e irritados, dos muitos lobisomens que ele
estava passando, enquanto ambos se aprofundavam cada vez mais na
área da matilha.
Isaac nunca teve a chance de ver uma matilha de perto como
está. Ele sabia que todo mundo tinha um emprego para ajudar a apoiar
o grupo, mas nunca tinha visto os ômegas levando suas cestas para a
lavanderia, as crianças gritando um para o outro enquanto corriam ao
redor das árvores, ou assistiam os alfas chegando em casa, andando nus
com a sua presa na mão. Principalmente coelhos e patos.
Se ele tivesse que adivinhar, ele diria que os ômegas carregando
suas roupas estavam indo para um riacho em algum lugar para lavá-las.
— Está matilha não tem muito, não é?
Tristan encolheu os ombros.
— Nós passamos. Não é como se precisássemos ter o gramado
perfeito ou o caminhão mais novo para sobreviver.
Isso era verdade, e ninguém aqui tinha a aparência de alguém
que também não tinha comida.
Finalmente, Tristan o levou para uma das casas que tinha uma
cercar uma grande clareira redonda no meio. A grama por aqui era
irregular e desarrumada com ervas daninhas, mas na clareira era apenas
marrom seca com um par de mesas de piquenique. Provavelmente onde
as reuniões da matilha eram realizadas. Definitivamente onde a mesa de
piquenique que Isaac tinha sentado no anterior tinha vindo.
Era uma casa retangular, mais bonita do que algumas das
outras, pelo fato de que o telhado não parecia estar pronto para cair, e
que não havia nenhuma dessas folhas de plástico presas sobre quaisquer
janelas quebradas. Também não havia janelas quebradas.
Apesar disso, ainda estava muito longe da casa principal, onde,
segundo Isaac, o alfa, seu companheiro, o beta e a anciã do bando
residiam.
Quer saber como ela é?
— Eu compartilho esta casa e os quartos com outros dois
ômegas, mas sou o mais velho, então pego o quarto maior.
Isaac só estava interessado em saber se Tristan também tinha a
cama mais grande.
A casa parecia estar vazia, e não era de admirar o por que. No
meio do dia, com trabalho a ser feito, os outros dois ômegas de que
Tristan falou provavelmente estariam ajudando o resto da matilha, e não
descansando por aqui.
Pela primeira vez, ocorreu a Isaac que poderia ter sido oferecida
está moradia a ele para que eles ficassem de olhos neles.
— Este é o meu quarto.
Tristan parecia orgulhoso, e embora certamente não fosse nada
especial de se ver, era definitivamente melhor do que alguns dos lugares
que Isaac tinha dormindo para passar a noite.
Devido ao tamanho da casa e ao fato de que o quarto de Tristan
era definitivamente o maior, seu quarto ocupava uma extremidade
inteira da casa retangular. Havia janelas em todos os três lados,
permitindo excelente fluxo de ar e luz. Os móveis eram antigos e
esparsos, mas Isaac podia sentir o cheiro de limpeza do quarto. Cama
era um pouco pequena, mas dois poderia definitivamente se espremer.
— Você está a salvo aqui, você não precisa se preocupar —
disse Tristan, suas mãos deslizando até o pescoço de Isaac, seus dedos
esfregando seu cabelo.
Parecia que os seus pensamentos estavam indo em um lugar
similar ao de Isaac.
— Você quis dizer o que você disse? Sobre sermos
companheiros? — Ele perguntou.
— Eu disse — disse Tristan. — Eu nem percebi até que você me
pediu meu endereço de e-mail, mas você é... nós somos companheiros.
Isaac soltou um longo fôlego pela boca.
— Você está bem com isso?
— Oh, sim. — Isaac acenou com a cabeça, seu coração fazendo
esses pequenos saltos suaves no seu peito que fez sua cabeça ficar
cheia. — Simplesmente nunca soube que lobisomens pudessem acasalar
com pessoas fora da sua própria espécie.
— Bem, não fazemos isso de propósito. Apenas encontramos.
Da mesma forma que James encontrou Corey. Para ser honesto, porém,
geralmente um companheiro é encontrado com uma fêmea. Criação e
tudo isso.
Isaac olhou para ele.
— Até o Deacon?
Tristan assentiu.
— Ele nunca deixaria sua companheira vê-lo reivindicar
qualquer outra pessoa, especialmente outro homem, mas se você é
atraído para o mesmo sexo, mas você está acasalado com uma fêmea...
Ele parou e deu de ombros, como se a resposta estivesse clara.
E estava. A única solução para esse tipo de problema realmente
seria apenas ter tanto sexo fora do relacionamento quanto possível, ou
então enlouquecer.
Foi assim que Isaac pensou, e era certamente o que aconteceria
com ele se ele descobrisse que tinha de acasalar para sempre com uma
mulher que não sentia atração sexual.
Não significava que ele ainda não estava planejando arrancar a
cabeça dos ombros do filho da puta
— Não pense nisso — disse Tristan, aparentemente vendo onde
os pensamentos de Isaac tinham ido.
Seus lábios ainda estavam macios quando se beijaram. Eles
eram um pouco mais cor-de-rosa e gordo quando ele se afastou,
também.
Deus. Para um lobisomem, mesmo um lobisomem ômega,
Tristan parecia tão vulnerável.
— Isso não significa que você tem que ficar —, disse ele. — Eu
sei que é muito para receber, e eu não vou segurá-lo contra você, se
você quiser ir embora.
Isaac lambeu os lábios, a palma da mão estendendo-se para a
parte de trás da cabeça loira de Tristan de cabelos desgrenhados.
— Chegamos até aqui, não foi?
Ele não tinha ideia se ele iria querer ficar dentro das fileiras de
uma matilha de lobos real, mas ele tinha tomado sua decisão quando
entrou no território do Deacon.
Ele queria Tristan. Ele não estava prestes a deixar ninguém mais
levá-lo também.
Talvez fosse uma coisa de união de lobisomem, mas novamente,
Tristan parecia ler o pensamento de Isaac, e os seus olhos verdes
brilhavam como uma esmeralda. Com mais força do que Isaac sabia,
Tristan puxou-o para perto e juntou os lábios.
Durante os próximos segundos, seus cérebros param de pensar
enquanto se beijaram, as mãos acariciavam os quadris.
Oh sim. Isso era exatamente o que Isaac queria.
Isaac caiu de joelhos, puxando a calça cinza que James trouxe
para Tristan durante a reunião. Não demorou nem um pouco, e muito
tempo, para tirar e deixar o pênis de Tristan para fora.
Pela primeira vez, Isaac permitiu-se admirar todo o seu corpo,
principalmente o pênis.
— Por favor, pare de olhar para ele e apenas coloque na sua
boca — pediu Tristan. Ele estava encostado na parede e estava olhando
para Isaac, ansioso e esperando pacientemente como um homem que
desenvolve bolas azuis.
— Como assim?
Isaac abriu a boca e continuou a adorar o órgão na frente dele.
Tristan soltou um suspiro gutural, sua cabeça batendo contra a
parede atrás dele, seus quadris bombeando em movimentos pequenos e
sacudidos.
Esta era a primeira vez que Isaac tinha dado um boquete em
Tristan, e ele estava ansioso para ver como o outro homem reagiria a
esse tipo de tortura.
Isaac esticou as mãos, as palmas contra a parede atrás do seu
amante para manter seu equilíbrio, enquanto ele balançou a cabeça, ele
apertou seus lábios e girou sua língua, subindo então indo para baixo
para baixo, para cima, então para baixo novamente.
Na próxima viagem, ele suavemente raspou os dentes ao longo
da pele sensível do pênis de Tristan , parando logo abaixo da cabeça.
Isso fez os olhos de Tristan abrirem.
— Não... não que eu não esteja - gostando disso - porra, mas
ter alguém mordendo meu pau me deixa louco.
Isaac teve que se afastar antes que ele desse uma risada. Ele
perdeu o equilíbrio nos joelhos e desceu sobre sua bunda, olhando para
Tristan e rindo como ele nunca tinha feito em anos.
O rosto de Tristan estava vermelho de humilhação e
provavelmente um pouco de raiva.
— Sim, sim, — ele disse, estendendo a mão e ajudando Isaac a
se levantar.
Nu, ele foi até uma feia mesa de cabeceira pintada de azul e
tirou um tubo da única gaveta.
— Nós podemos realmente usar um pouco disso, agora.
— Deixe-me adivinhar, você tem uma caixa Kleenex debaixo da
sua cama, também?
Tristan endureceu, e Isaac riu de novo, correndo para ele,
agarrando-o pela cintura e jogando-o na cama antes de subir em cima
dele como se estivesse se preparando para reivindicar um prêmio.
Eles se beijaram um pouco mais, mas havia assuntos mais
importantes à mão, e Isaac ficou de joelhos tempo suficiente para tirar a
jaqueta e puxar a camisa sobre a cabeça. Tristan começou a lamber e
brincar com seus mamilos quando chegou ao cinto, o que retardou as
coisas, mas Isaac estava muito excitado para ser posto fora da pista por
mais preliminares.
Ele finalmente tirou a calça e, apesar da urgência da situação,
teve o cuidado de colocar suas roupas ordenadamente sobre a mesa de
cabeceira de Tristan, ainda ciente de todas as armas nos seus coldres e
como ele não queria que se esparramassem descuidadamente pelo chão.
Em seguida, voltou ao trabalho.
Embora Tristan já tivesse levado Isaac dentro dele, Isaac ainda
foi cuidadoso em usar o máximo de lubrificação possível. O tubo não era
exatamente pequeno, mas Isaac definitivamente usou mais da metade
dele, observando ansiosamente o rosto de Tristan, cada apertar de olhos
fechados, cada suspiro de boca aberta que ele fez enquanto Isaac
torturou sua próstata.
— Eu te amo, — ele disse.
Os olhos de Tristan se abriram na declaração. Isaac nem sequer
pensou nisso antes dele ter dito. Estava ali. Como declarar um fato, não
diferente do que se ele tivesse apontado de repente que o céu era azul.
Tristan o abraçou.
— Eu te amo.
Isaac nunca pensou que ele pudesse se sentir tão feliz por algo
tão pequeno. Tristan ergueu uma das suas pernas sobre o ombro de
Isaac, e desta vez, ao contrário dos últimos momentos em que
estiveram juntos, era para fazer amor. O tipo de tortura lenta, os
movimentos, os beijos, os olhares um para o outro, era uma coisa que
Isaac nunca tinha experimentado antes.
O que mais agradava era o modo como Tristan o abraçava,
apertando-o com mais força enquanto gemia, empurrando os quadris
para encontrar-se com Isaac.
Eles ficaram quase perfeitamente sincronizados um com o outro
até que o prazer chegou ao limite, e Isaac não podia mais aceitar e tinha
que gozar.
Todos os pensamentos de fazer amor desapareceram em favor
de apenas gozar, e felizmente, Tristan estava na mesma página, pois ele
moveu seus quadris encontrando os movimentos de Isaac.
Ele começou a falar, enquanto Isaac o penetrava.
—Oh, Cristo, foda-me, sim.
Isaac não tinha certeza de como essa coisa de companheiro
funcionava, mas, no que dizia respeito à almas gêmeas, sabia que tinha
encontrado a sua, e nunca mais deixaria Tristan se afastar dele
novamente.
O quarto parecia ter aumentado cem graus desde que
começaram, mas apesar do calor, Isaac ficou feliz em deixar Tristan
puxá-lo para perto das cobertas da sua cama.
Isaac hesitou por um momento antes de permitir-se afundar no
abraço, quase não se lembrando da última vez que alguém o havia
segurado amorosamente assim. Ou em tudo, para essa matéria.
Ele não sabia que ele precisava tanto, até que Tristan ofereceu a
ele.

Capítulo Onze

— Como sua família foi morta?


A pergunta foi feita calmamente, quase com medo, como se
Tristan tivesse medo da reação que Isaac teria.
Ele ficou um pouco tenso nos braços de Tristan, não tendo visto
a pergunta chegar, considerando a maneira como estavam relaxando
preguiçosamente, esmagados juntos, confortáveis na pequena cama de
Tristan.
Isaac já havia dito a ele, que a sua família tinha sido
assassinada por lobos, então isso só poderia significar que Tristan estava
pedindo detalhes.
— Eu tinha quinze anos. — Disse Isaac, fazendo o possível para
relaxar no abraço de Tristan e lembrar a si mesmo que Tristan não era
uma coisa parecida com aqueles monstros que tinha visto naquela
época. — Há nove anos, meu pai alugou uma casa de campo do seu
chefe para nos levar para um pouco de diversão no fim de semana
prolongado antes do verão. Havia um lago particular lá, com uma doca,
alguns barcos de pedal, uma fogueira. Um monte de coisas.
Durante todo o tempo em que falou, Tristan fez suaves
movimentos de fricção ao longo do braço de Isaac, e ele ficou
extremamente grato por isso. Isso o mantinha aqui no presente, em vez
de cair completamente de volta no seu passado mórbido.
— Era apenas nosso segundo dia lá, e ainda lembro como se
fosse ontem. Papai estava na churrasqueira fazendo o jantar, mamãe
estava me chamando e Steve fora da água para lavar e ficar pronto, mas
eu estava sendo um pirralho sobre isso. Não dei bola, continuei nadando
ao redor, não quis entrar e comer a comida que o meu pai estava
fazendo.
Sua respiração estava irregular com a lembrança, desejando,
como sempre fazia, que não tivesse sido tão ingrato, que tivesse
entrado, que tivesse dito que os amava e que tivesse feito alguma coisa
para protegê-los.
— Por fim, ela perdeu a paciência e parou de acenar para mim,
parou de me chamar e voltou com Steve, meu irmãozinho. —
Esclareceu. — Talvez ela tenha dito alguma coisa para o papai, não sei,
mas dez minutos depois eles estavam todos andando de volta em
direção à água com pratos de comida e cobertores, como se fossem
comer na doca. Não queria levar bronca do meu pai, então eu estava
prestes a sair quando foram atacados.
Isaac ainda tremia quando recordou a velocidade com que
aqueles animais maciços saíram correndo das árvores e em direção à
sua mãe primeiro. Eram como borrões marrons com dentes.
— Eles nem mesmo os viram chegar. Papai soltou um grito,
tentou afastar Steve antes que o outro lhe rasgasse o braço e se
afastasse como um tubarão ou algo assim. O terceiro lobo pôs os dentes
em volta do torso de Steve e mordeu.
Tristan estava segurando-o agora, e Isaac achou que poderia
chorar sem aquele conforto.
— Eu me escondi debaixo da doca e podia ouvir os sons que
estavam fazendo. De vez em quando olhava através dos espaços nas
tábuas para ver o que estava acontecendo. Eles comeram a comida
primeiro e depois começaram a rasgar a pele dos meus pais. Então se
transformaram em pessoas nuas e apenas continuaram comendo.
Tristan puxou Isaac em seus braços, beijando suas bochechas,
pescoço e testa, e Isaac enterrou seu rosto contra o ombro de Tristan
para impedi-lo de ver suas lágrimas.
— Sinto Muito. Sinto muito por isso ter acontecido com você. —
Tristan murmurou entre beijos. — Prometo que ninguém aqui é assim.
Ninguém aqui vai te machucar.
— Eu sei que você não vai. — Disse Isaac. O mas o final da
frase não foi dito.
Tristan acenou com a cabeça e continuou a esfregar as costas e
o pescoço de Isaac.
Talvez ele pudesse pensar nas outras pessoas desta matilha
como... Bem, quase algo como Tristan, mas não agora. Agora, ele só
estava aqui, oferecendo-se para ajudá-los, porque Tristan insistia nisso,
e se ele lhe dissesse que as pessoas aqui não eram perigosas, ele
aceitaria a palavra dele até que se provasse o contrário.
Depois de um minuto, ele fungou, enxugou o rosto e se
levantou.
— Devemos ir. — Disse ele.
Tristan assentiu. Ambos já tinham tomado banho e vestido,
então era apenas uma questão de irem até James e terminarem seu
plano de ataque.
Mas então Tristan parou.
— Você tinha quinze anos aquela época? Você tem vinte e
quatro anos?
— Sim?
Os lábios de Tristan pararam em um sorriso malicioso.
— Sou mais velho do que você.
— O quê? — Isaac achava que Tristan tinha apenas vinte ou
vinte e um anos. — Quantos anos você tem?
— Vinte e sete.
— Cristo. — E durante todo esse tempo Isaac estava pensando
em Tristan como um garotinho. Bem, não houve nenhum mal nisso, não
é?
Ele pegou Tristan pela mão, desejando que ele limpasse seu
pequeno sorriso do seu rosto enquanto partiam para fazer planos com
James.
Marty mal se permitiu respirar. Isso era um truque que a
maioria dos caçadores fazia bem em aprender se quisessem sobreviver
neste negócio por mais tempo do que três semanas. A capacidade de
ficar calmo, e quieto, pegar o oxigênio de que precisavam, mesmo
quando o coração bombeava com adrenalina. Não era uma tarefa fácil.
Os outros respiravam tão alto, especialmente aquele com gripe,
que se ele tivesse um rifle de atirador, poderia pegá-los no escuro se
quisesse.
Bastardos não profissionais, todos sórdidos. Aquela pequena
piada de Isaac Foster, especialmente, e Marty não podia esperar para
enfiar a faca no peito do filho da puta.
Se os rastros que seguiram estavam certos, ele e aquele lobo
que ele tinha tomado deveriam estar aqui. Em algum lugar dentro de
uma dessas casas de merda.
Eles foram cuidadosos por ficarem de frente para o vento.
Depois de descobrir exatamente aonde os rastros estavam indo, Marty
tinha ordenado ao seus homens para ir em frente, explorarem a área, e
quando voltaram com a estimativa de onde exatamente a matilha se
escondia, Marty verificou o vento e pegaram o longo caminho ao redor
para se certificar de que nenhum lobo conseguisse farejá-los quando
atacassem.
Se alguns deles estivessem cheirando na área onde Dale e os
outros homens haviam estado, tudo bem, eles esperariam que os
caçadores viessem da direção sul e não do norte.
Os lobos eram sempre tão estúpidos.
— Não parece que tem alguém aqui. — Murmurou Dale, suas
mãos tremendo pela excitação em torno do seu rifle.
Caçar duas matilhas em dois dias. O dinheiro que poderiam
obter com a venda das peles de todos aqueles lobos iria mante-los
durante o inverno, e Marty ganharia um pouco de férias.
Podia alugar uma pequena e aconchegante cabana para as
férias de Natal, convidar suas filhas e descansar os pés sobre um tapete
de pele de lobo junto ao fogo.
Isso parecia tão bom.
— Eles estão lá. — Disse Marty. — Posso ver um monte deles
através das janelas.
— O que estão fazendo? — Perguntou um dos contratados. —
Pensei que os lobos preferissem ficar fora.
— Talvez eles estejam comendo o jantar. — Com a aparente
ameaça de qualquer lobo ouvindo isso, Marty armou sua arma. Fez um
clique satisfatório quando cuspiu um projétil vazio.
— Não gosto disso. — Disse outro.
— Você quer receber ou não? — Marty sibilou. — O dinheiro
está nas suas peles. Sem peles para vender, sem dinheiro, fim da
história.
Seus ossos estavam doendo demais para ele ter esses
argumentos, e pela primeira vez em muito tempo, a promessa de uma
recompensa tão grande estava o deixando ansioso para começar
também. Quase tão ansioso quanto Dale, que armou sua própria arma.
— Poderia ter uma caminhonete nova. — Disse ele, sorrindo.
Marty virou-se para se dirigir aos três.
— Vamos usar o gás lacrimogêneo. Tirem suas máscaras.
Vamos deixá-los inalarem o gás e pegá-los antes que saibam o que os
atingiu.
A voz de Isaac veio de cima.
— É assim que você faz, não é?
O súbito medo de uma armadilha veio sobre ele muito tarde,
antes de um peso cair nas suas costas. Ele gritou alto, e também Dale e
os outros três quando mais lobos alfas desceram sobre eles das árvores
como maçãs caindo.
Marty ouviu o triturar do seu ombro, e a dor era quase cega.
— Isaac! — Ele gritou, apenas para evitar gritar de dor. — Você
é um traidor!
Isaac o pegou pela parte de trás da sua jaqueta e o puxou para
cima, completamente alheio à dor que estava causando a ele.
— Você não está tomando esta matilha. — Ele sibilou no seu
ouvido.
Marty tentou cuspir no seu rosto, mas sua posição torpe,
torcida, tornou as coisas difíceis e o fizeram falhar.
Um olhar e ele pôde ver que Dale e um dos caras já estavam
mortos. Talvez seus pescoços tivessem sido quebrados por ter noventa
quilos de lobos musculosos caindo em cima deles, Marty não poderia
dizer. Dos outros dois, um estava soluçando como uma menina, seus
braços tão apertados em torno das suas costas que parecia que
poderiam sair das suas articulações. O outro estava de joelhos, um corte
sangrento ao lado da sua cabeça, mas de outra forma ele olhava
silenciosamente para seus captores.
Um verdadeiro guerreiro. Marty deveria ter focado sua atenção
nele em vez de Isaac.
— Como pode nos trair? Você me contou o que eles fizeram
com você. Como pode trabalhar com eles? — Marty exigiu.
A mandíbula e o pescoço de Isaac se fecharam, mas ele nem
sequer se moveu até que alguém chamasse seu nome.
— Isaac!
Isaac girou ao ouvir o som, e Marty observou quando aquele
lobo de antes, o que ele tinha roubado da outra matilha, correu para ele
e jogou seus braços em volta dos seus ombros.
— Cristo, você está bem? Está acabado?
— Disse que seria rápido. — Isaac respondeu, então olhou para
um homem maior com um rosto marcado. Claramente o alfa.
O alfa assentiu.
— Você nos disse a verdade. Obrigado.
Isaac tinha dado a eles seus segredos táticos difíceis de
conquistar. Essa porra suja...
— Diga-me, Isaac, você é um arremessador ou apanhador? —
Marty zombou.
— Foda-se, Marty. — Isaac estalou.
— Você sabe como trabalhamos, filho. — Disse Marty. — Eles
vão nos matar, mas para cada um que eles matarem, cinco mais virão
procurando. Vão tirar a pele desse menino vivo. Vão queimar seu corpo
ainda vivo e depois urinam nas suas cinzas.
O lobo loiro, aquele por quem Isaac os tinha fodido, foi o que
deu um passo à frente e socou-o na mandíbula.
O soco foi tão poderoso que Marty ficou impotente para lutar
contra o manto de escuridão que o dominou. Eles iriam matá-lo agora
mas, pelo menos, estaria desmaiado para isso. Havia melhores maneiras
de morrer, maneiras mais gloriosas, mas na medida em que a morte
estava nas mãos do inimigo, isso não era ruim.

— O que você vai fazer com eles? — Perguntou Isaac, embora


tivesse uma sensação que não queria saber. Ele mal era amigo de
qualquer um desses homens, Cristo, eles mal conseguiram que todos
trabalhassem juntos, mas isso o arrepiava de saber que eles
provavelmente morreriam enquanto Isaac seria livre porque acasalara
com Tristan.
— Vamos questioná-los primeiro, certificarmos de que não
enviaram ninguém atrás nós. Depois disso... — James saiu com um
encolher de ombros, quer dizer, sim, esses caras seriam assassinados
em algum lugar no bosque.
Mas era assim a relação entre caçadores e lobos. Matavam um
ao outro a cada oportunidade que surgisse. Os lobos pelo menos faziam
isso para sobreviver e somente quando necessário, enquanto os
caçadores saíam e procuravam por problemas de propósito.
Isaac disse a si mesmo para não sentir pena por aqueles
homens só porque tinham compartilhado um acampamento por alguns
dias. Eram os mesmos homens que puseram sua arma em uma árvore
sobre um rio, sem se importaram se ele caísse e sabendo que não sabia
nadar. Teriam assistido Tristan ser estuprado antes deles decidirem
assassinar ele e o seu estuprador.
Independentemente de saber se esta matilha era ou não tão
boa e pacífica como Tristan alegou, Isaac seria eternamente grato por ter
conhecido Tristan e por ter saído da vida de caçador antes que se
tornasse tão louco por vingança como essas pessoas.
Uma mão quente deslizou para dentro da dele, e ele a apertou,
olhando nos olhos verdes de Tristan, sorrindo.
— Talvez devêssemos sair daqui antes que eles comecem. Eles
não são muito cruéis sobre isso, mas não acho que deveríamos assistir.
— Boa ideia. — Respondeu James, olhando para Isaac. — Ligo
de volta se precisar de alguma coisa. Tristan, quero que diga a Corey
que chegarei em algumas horas.
Tristan assentiu, e ambos se viraram para ir.
— O que vão fazer com eles? — Sussurrou Isaac, não querendo
que Mick ou James ou qualquer um dos lobos ouvissem o que ele estava
dizendo até que eles estivessem a uma distância razoável.
— Não sei. — Tristan sussurrou de volta. — Esta é apenas a
segunda vez que isso aconteceu na nossa matilha, onde caçadores foram
capturados. — Ele esclareceu. — A última vez os alfas ficaram afastados
algumas horas com eles, e todos voltaram sangrando e cheio de
folhagens.
Assim, os alfas não gostaram muito do processo de tortura.
Bem, espero que isso seja castigo suficiente para o que tinham que
fazer.
Por enquanto, o próprio Isaac precisaria encontrar uma maneira
de reparar as vidas que ele havia tomado em nome da vingança. Não
havia centenas, como Marty, mas o suficiente para que tivesse que pagar
por isso de alguma forma.
Houve um som de uma briga atrás deles e um grito. Isaac olhou
atrás deles apenas para ver o último homem vivo, Isaac nem sequer se
lembrava do nome do sujeito, pegou uma das armas que os caçadores
haviam derrubado nos arbustos e apontou para as costas de Tristan.
Isaac se moveu exatamente quando o tiro da arma sibilou. Seu
primeiro pensamento, sua primeira emoção, na verdade, foi uma onda
de medo que parou seu coração e roubou a respiração.
Não tinha sido rápido o suficiente. Não chegou na frente de
Tristan rápido o suficiente e agora ele foi baleado. Tristan morreria. Essa
era a punição que Isaac enfrentaria por seus anos como caçador. A
morte da sua alma gêmea.
O pensamento o sacudiu até o fundo do coração e colocou uma
dor ardente no fundo do seu peito, e o chão saltou para encontrar seu
rosto.
— Isaac! — O grito de Tristan soou longe, mas então seu rosto
entrou em vista, preocupado, vivo.
Ele sorriu, reconhecendo a dor no seu peito pelo que realmente
era.
Isaac tinha sido baleado.
Graças a Deus.
— Isaac, fique acordado. Isaac! — Tristan gritou novamente.
Isaac levantou a mão, sentiu que pesava cento e cinquenta
quilos, e tocou o rosto molhado de Tristan. Queria dizer a ele que estava
bem, mas só uma exalação arejada escapou da sua boca quando a abriu.
Então seu mundo ficou escuro, e ele ficou feliz.
Capítulo Doze

Isaac acordou, sem saber quanto tempo tinha passado, sua


cabeça estava densa, o peito ardendo como se houvesse fogo dentro
dele, e a sua boca estava seca como um inferno. Sentia-se como uma
merda absoluta, e uma brilhante luz penetrante o esfaqueava nos olhos.
Ele gemeu e tentou se afastar.
― Isaac? Você está acordado?
Tristan. Ele parecia muito mais saudável do que Isaac se sentia.
― Janela, ― ele murmurou.
Houve um barulho de pés, e então o brilho foi reduzido a algo
que ele poderia gerenciar melhor com as cortinas fechadas.
― Melhor? ― Tristan perguntou. Ele parecia tão ansioso quanto
alguém cujo amante tinha acabado de acordar de um coma.
― Muito ― respondeu Isaac. ― Com sede.
Tristan estava provando rapidamente ser um enfermeiro
competente, porque no segundo seguinte havia um copo de plástico
pressionando contra seus lábios e água fria deslizando na sua boca.
Tristan tinha um pano com ele, e limpou a boca de Isaac quando
ele terminou.
― Posso servi-lo em algo mais.
― Beijo ― ele disse.
Tristan fez um som que estava entre uma risada e um soluçar, e
então Isaac recebeu seu beijo.
Pelo jeito como a boca de Tristan tremia, ele podia sentir o
desejo e a felicidade do outro homem, mas Tristan se conteve, mantendo
a união das suas bocas casta, mas repleta de amor.
― Eu pensei que você ia morrer, ― ele disse quando se afastou,
e foi então que Isaac percebeu que ele estava chorando. ― Cristo, seu
coração parou por um minuto. Eu pensei que você estivesse morto com
certeza, e eu não sei o que eu teria feito se você tivesse me deixado
sozinho.
Isaac estava feliz que nenhum deles tivesse que descobrir.
― Meu coração parou? ― Ele perguntou, sua visão se tornando
mais clara enquanto a conversa continuava.
Tristan secou os olhos com o dorso da mão e fungou.
― Sim. Mick teve que força-lo para você. A velha Maggie foi a
única a tirar a bala de prata e dar-lhe algumas das suas ervas e
ingredientes para fazer sua febre baixar. Eu estava tão assustado que
nunca mais voltaria a ver seus estranhos e lindos olhos roxos.
― Quanto tempo fiquei apagado?
Falando de olhos, os olhos de Tristan estavam vermelhos e
ligeiramente inchados devido às muitas lágrimas derramadas por um
longo tempo.
― Quatro dias.
Quatro dias. Jesus. Não só um dos lobos fez-lhe Ressuscitação
Cardiopulmonar em vez de apenas deixar o seu rabo indigno morrer,
mas eles também tinham conseguido um dos seus para tirar uma bala
dele, uma bala de prata, de todas as coisas. Então cuidaram dele por
quatro dias.
Se houve em algum momento uma oportunidade para se
transformarem em monstros e comê-lo vivo enquanto estava indefeso,
teria sido a oportunidade perfeita.
Apesar disso, ali estava ele, vivo, respirando e na forma mais
decente que se poderia esperar, considerando que ele tinha sido baleado
e não estava sendo tratado em nenhum hospital oficial.
― Acho que lhe devo um pedido de desculpas ― disse Isaac.
― O quê? ― Tristan o agarrou pela mão e estava segurando-o
como se Isaac seria tirado dele se o soltasse.
― Por dizer aquelas coisas que eu disse antes de vir aqui. Por
pensar que o seu tipo eram todos monstros.
― Você não tem que dizer isso.
― Eu tenho. Eu sinto Muito.
Tristan assentiu, aceitando suas desculpas e beijando sua mão.
― Eu sabia o quanto você estava preocupado que tentaríamos
mudar você. James se ofereceu para fazê-lo. Se você se tornasse um
shifter lobo, suas habilidades de cura teriam garantido que você estaria
bem depois de algumas horas. Essa é a razão pela qual Corey se
transformou. Ele teria morrido se James não tivesse feito isso. Mas eu
disse a eles para não fazer.
Isaac assentiu. Reconhecendo que a decisão não lhe fora tirada.
Ele agora poderia estar reconsiderando suas crenças originais sobre
shifters lobo, mas isso não significa que ele quisesse ser nada menos
que um Homo sapiens.
― Eu acho que ser baleado é minha punição, ― ele disse. ― Eu
vou levar todas essas coisas em consideração.
Os lábios de Tristan se curvaram.
― Sim, isso rodou por toda matilha que você levou um tiro de
bala de prata por mim. Todo mundo está torcendo para que você se
recupere totalmente, agora.
Bem, pelo menos isso significava que a próxima parte seria um
pouco mais fácil.
― Se você quiser, eu não vou pedir para você deixar sua
matilha.
Os olhos esmeralda de Tristan ainda brilhavam com lágrimas
não derramadas.
― Mesmo?
― Quero dizer, eu vou ter que construir uma casa nova se nós
formos ficar aqui, porque de jeito nenhum eu quero compartilhar um
lugar com companheiros de quarto que podem nos ouvir fazendo sexo o
tempo todo.
Tristan riu.
― O que você quiser. Posso sair e serrar madeira se isso vai
ajudar.
Isaac faria isso também. Um bom projeto que ele e Tristan
poderiam ter tudo para eles mesmos.
Tristan ainda estava sorrindo para ele, como se o que ele estava
dizendo não fosse real.
― Parece que poderia ser legal.
Ele pensou que Isaac estava fazendo planos improváveis.
― Não, nós podemos fazê-lo. Eu tenho dinheiro para isso. Meus
pais economizavam tudo que podiam. É por isso que sempre alugávamos
uma cabana por dois dias ao ano em vez de comprar uma para nós. Eu
herdei tudo quando eles morreram.
Os olhos de Tristan estavam tão redondos como bolas de golfe
agora, e Isaac podia ver os brancos ao redor das pupilas.
― Você está falando sério?
Isaac assentiu.
― Temos mais que o suficiente para construir uma casa e
consertar o que for preciso.
Isaac nunca soube o que fazer com todo o dinheiro que herdou.
Ele quase não o tocou desde que foi depositado na sua conta,
provavelmente haveria mais desde a última vez que ele verificou. Gastar
o dinheiro que havia herdado após o assassinato brutal da sua família
não parecia ser a coisa apropriada a fazer, mas agora ele tinha alguém
com quem queria gastar esse dinheiro.
Queria uma vida com Tristan, e se a vida de Tristan era aqui,
Isaac ficaria feliz em se estabelecer com ele.
Tristan beijou-o, desta vez adicionando um pouco daquela
paixão e pressão que ele desejou antes.
Ainda não era suficiente para Isaac.
― Quando você acha que vou estar curado o suficiente para
que possamos... ― ele sorriu para Tristan, deixando seu amante
descobrir o resto da frase sozinho.
Tristan sorriu e plantou outro beijo macio e molhado na sua
boca.
― Isso depende da velha Maggie. Ela é a responsável pelos
cuidados com a sua saúde. Por agora. E vocês, humanos, se curaram tão
fodidamente devagar.
Porra. Não era o que Isaac queria ouvir.
― Eu terei que ser muito legal com ela, então ela pode me dar
o cartão verde.
― Oh, eu não acho que precisamos da permissão dela se você
quiser um boquete.
Isaac ofegou quando Tristan puxou os lençóis dele, expondo seu
corpo nu. Isaac olhou para baixo e notou a atadura enrolada no seu
peito, bem no ponto que ainda queimava e doía, mas isso só levou um
segundo da sua atenção antes que o seu olhar fosse desviado para seu
pênis pesado desaparecendo entre os lábios rosados de Tristan.
― Oh, bem então. ― Ele suspirou, deixando sua cabeça cair de
volta nos travesseiros. ― Não me deixe detê-lo.

FIM

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