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Matilha DeWitt 02
Marcy Jacks
Fodam-se todos.
Tristan repetiu as palavras dentro da sua cabeça até que se
tornou um mantra enquanto marchava se afastando da sua matilha para
sempre, saco pendurado sobre no seu ombro e o sol no seu pescoço.
Ele realmente se sentiu muito bem, considerando a forma como
suas mãos estavam tremendo e o estômago revirando. Ele nunca pensou
antes que deixaria sua matilha, sua família, mas não havia nenhuma
maneira no inferno de que ele iria fazer parte do harém desse imbecil
apenas para resolver algumas velhas rivalidades. Deacon poderia ser
atropelado por um ônibus por tudo o que Tristan se importava, e a terra
estúpida que ele e James estavam lutando constantemente podia
queimar e Tristan não iria derramar uma lágrima.
Tudo bem, talvez ele estivesse um pouco chateado. Ele não
queria ser um abandonado, mas se a escolha era entre deixar sua
matilha e se tornar uma das putas de Deacon ou simplesmente deixar a
matilha, bem, Tristan não precisava pensar muito sobre o que preferiria.
Tristan sabia que James, seu alfa - ou melhor, ex-alfa neste
momento - nunca pediria para ele ir, mas os ataques estavam ficando
piores, mais desesperados e violentos, e cada vez que alguém se
machucava, Tristan poderia praticamente ver as rodas girarem na cabeça
de James questionando-se se manter um ômega seguro valia a pena ter
ossos quebrados e derramamento de sangue dentro da sua matilha.
Então Tristan embalou suas coisas e saiu uma hora antes do
amanhecer, assumindo oficialmente o fardo dos ombros de James, e
agora ele estava livre como o vento. Caminhava ao longo da beira do rio,
chutando pedras com seus chinelos laranja. Se James ou alguém da sua
matilha decidisse vir buscá-lo, esperariam que ele caminhasse ao longo
da água para manter seu cheiro fora do ar. Tristan não se importava
tanto com isso. Ele estava preocupado que alguém da matilha de Deacon
o achasse. Eles não sabiam que ele partiu, mas Tristan não queria que o
seu cheiro flutuasse ao redor apenas no caso de um daqueles capangas
pulguentos por ventura estarem na área.
Um ômega errante era praticamente uma temporada aberta
para qualquer lobisomem reivindicar se eles quisessem, e Tristan
preferiria evitar isso até que encontrasse alguma civilização humana. Ele
iria andar por mais algumas cidades, fazer algum dinheiro como biscate,
e talvez encontrar um lugar para viver com os seres humanos.
Pelo menos era um dia bonito.
Capítulo Três
─ Acampamento?
Isaac segurou suas botas de ponta de aço de cabeça para baixo,
observando miseravelmente enquanto a água escorria para fora e para
as rochas úmidas debaixo dele. Estava encharcado, e aquele belo rapaz
atrás dele tinha acabado de encontrar seu short na margem do rio.
Ambos estavam caminhando para cima, contra a corrente, procurando o
resto das suas roupas.
Tristan dissera que as tinha puxado para que não pesassem
enquanto nadava atrás dele. Isaac não sabia nadar muito ou sabia as
regras básicas sobre isso, além de não comer demais antes de saltar, por
isso mesmo que parecesse um pouco estranho, o cara tinha salvado sua
vida, então não iria questioná-lo.
─ Sim, ─ Isaac disse, fazendo o seu melhor para não olhar para
Tristan e lembrar como tinha se sentido o toque das suas coxas
bronzeadas quando ele estava nu. ─ Eu estava fora com alguns amigos,
e, para encurtar uma longa história, me encontrei em uma árvore antes
que o galho quebrasse e eu caí.
Tristan apertou o pescoço.
─ Sim, isso é duro. Entretanto, eles devem estar te procurando.
Se estivessem, provavelmente era apenas porque queriam ir
embora e precisavam das armas que Isaac tinha pego deles antes de
sair.
O rifle estava perdido para sempre, mas as duas Glocks no seu
coldre ainda estavam na árvore. Os caras, muito provavelmente, iriam
pegar aquelas e ir embora. Se a sua brincadeira tivesse matado um dos
seus, eles o lamentariam por dois minutos antes de voltar ao trabalho.
Os caçadores não eram exatamente conhecidos pela lealdade
nas suas próprias equipes. Na verdade, esta era a terceira equipe com
quem Isaac tinha estado, e eles eram de longe a mais bem equilibrada.
Para um grupo de mercenários que gostavam de jogar jogos de morte.
─ Eu duvido. Eles provavelmente pensam que fui dar uma
volta, ─ acrescentou ao olhar estranho de Tristan.
Isaac limpou a garganta e apontou.
─ Essa é a sua mala?
Tristan suspirou.
─ Sim, graças a Deus.
Ele correu em frente e se inclinou para pegar a mochila verde
desbotada. Isaac tentou, e falhou, não olhar para o seu traseiro
enquanto se inclinava.
Cristo, esse cara parecia forte. Fez Isaac se perguntar o que ele
fazia para manter seu corpo assim. Provavelmente praticava esportes. A
maioria dos rapazes normais da sua idade praticavam. Um par de
sandálias brilhantes não estavam muito atrás, e Tristan deslizou os pés
nelas, também, antes de se virar.
─ O rio deve ter levado a minha camiseta, mas tudo bem ─
disse ele, procurando na sua bolsa e puxando para fora uma xadrez com
botões. ─ Você quer que te leve de volta para o seu acampamento? ─ Ele
perguntou, vestindo a camisa, mas não se incomodando em abotoar.
Ele perguntou como se Isaac precisasse de uma escolta ou algo
assim.
─ Uh, não, eu estou bem. Ei, aonde você está indo? ─ Ele
perguntou, não querendo arriscar que estivessem indo na mesma
direção. Se Isaac voltasse para sua equipe, e Tristan estivesse indo para
lá, também, poderia significar um grande problema para o garoto se
visse todos esses homens e as coisas que estavam empacotando.
Isaac nunca tinha visto, nem tinha participado, do assassinato
de civis, mas sabia que era algo que acontecia ocasionalmente para
proteger o segredo dos caçadores.
Ele não queria isso para Tristan.
─ Eu estou indo para a cidade ─, disse ele, apontando na
direção em que acabavam de vir, colocando a bolsa sobre o seu ombro.
─ Oh. Você mora lá? ─ Talvez ele pudesse ir lá e convidar
Tristan para um café ou algo depois que a sua missão estivesse
terminada.
─ Não, ─ Tristan sacudiu a cabeça, um sorriso nos seus lábios,
como se soubesse o que Isaac estava pensando. ─ Só estou de
passagem. Me movendo, na verdade.
─ Se movendo? ─ Isaac olhou a bolsa sobre o ombro de Tristan.
─ Onde está o resto das suas coisas? ─ Ou até mesmo um carro ou van
em movimento para esse assunto. Por que andar?
─ Uh... ─ Foi aqui que Tristan desviou o olhar, mordendo os
lábios, como se tentando descobrir o que dizer.
E assim mesmo, Isaac se sentiu como um idiota completo.
Tristan provavelmente era um vagabundo ou fugitivo.
Isaac estava hesitante em pensar que ele era um sem-teto,
certamente não parecia alguém que passava algum tempo nas ruas, mas
se houvesse algum equipamento de acampamento próprio, sacos de
dormir e outras coisas nessa mochila que carregava, então havia uma
possibilidade de que soubesse viver da terra.
Graças a Deus, disse Tristan quando o encontrou.
─ Sabe o que, não importa. Desculpe, não é da minha conta.
─ Está bem. Eu só não guardo um monte de coisas, mas estou
procurando um lugar em uma das cidades.
Isaac não sabia dizer se estava mentindo ou não.
─ Que tal eu te levar para a cidade? ─ Ele ofereceu.
As sobrancelhas loiras escuras de Tristan subiram.
─ Só para te ver de volta em segurança. Vou comprar o café da
manhã.
Tristan sorriu para ele.
─ Não que a ideia de ser convidado para o café da manhã por
um cara como você não seja atraente ou qualquer coisa, mas eu tenho
dinheiro. Você não tem que fazer isso.
Sendo sincero consigo mesmo, Isaac sabia que não era por
pena que estava fazendo isso. Só não queria dizer adeus a Tristan ainda.
Ele era o primeiro cara normal e bonito com quem falara há muito
tempo, e, se tivesse ouvido bem, também se sentia atraído por ele, e
Isaac só queria ficar um pouco mais.
─ Não é isso. Você salvou minha vida. Tenho minha carteira
comigo, e quero levá-lo para tomar o café da manhã.
Tristan fez outro som, sugerindo que estava dividido entre
aceitar e encontrar uma desculpa adequada para recusar.
Esse tipo de resposta sempre significava que era necessário
apenas um pouco mais de estimulação para obter a resposta que Isaac
queria.
─ Venha, café da manhã com os amantes da carne em cima da
mesa, isso não é tão ruim.
O sorriso de Tristan mostrou seus dentes brancos, perfeitamente
retos.
─ OK. Você me teve com o amantes de carne.
As mariposas vertiginosas no estômago de Isaac provavelmente
eram um sinal, ele não podia estar tão excitado, mas definitivamente
estava se sentindo bem enquanto colocava o braço em volta do ombro
firme de Tristan e voltava para a cidade.
─ Você realmente não deveria estar saindo aqui sozinho de
qualquer maneira, ─ Isaac disse, pensando nos lobisomens que estava
caçando. ─ Há animais selvagens em todo o lugar.
─ Sim, eu sei.
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Dez
Capítulo Onze
FIM