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(Susy Shock)
Eu, pobre mortal, equidistante de tudo; eu, R.G vinte milhões quinhentos e
noventa e oito zero sessenta e um; eu, primeiro filho da mãe em que depois me tornei;
eu, velha aluna dessa escola dos suplícios, amazona do meu desejo; eu, cadela no cio do
meu sonho vermelho: eu reivindico o meu direito a ser um monstro. Nem homem, nem
mulher, nem XXY nem H2o.
Eu, monstro do meu desejo, carne de cada uma das minhas pinceladas, tela
azul do meu corpo, pintora do meu caminho. Eu não quero mais títulos para carregar, eu
não quero mais cargos nem armários onde me encaixar, nem o justo nome que me
reserve nenhuma Ciência.
Eu só trago a luz dos meus fósforos, a face do meu olhar, o tato do que é
ouvido e o jeito vespal do beijar. E terei uma teta da lua mais obscena na minha cintura
e o pénis ereto das cotovias galdérias e 7 sinais; 77 sinais; que raio estou eu a dizer…!
777 sinais da endiabrada marca da minha Criação. A minha bela monstruosidade, o meu
exercício de inventora, de rameira dos pombos. O meu ser EU, entre tanto parecido,
entre tanto domesticado, entre tanto metido até à ponta dos cabelos em um novo título
para carregar. Banheiro de damas? Ou de cavalheiros? Novos cantos para inventar.
Amém.