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Geografia C

(Resumos para o primeiro teste)

12/11/2019

Mundialização e globalização

Devido à grande facilidade de circulação de serviços, informação, capitais e pessoas ouvimos falar
bastante de mundialização e de globalização.

A mundialização consiste nas rápidas transferências massivas de capitais de uma praça financeira para
outra, devido: às técnicas da informática, das ligações por satélite e da rede Internet.

A globalização (termo utilizado, principalmente, nos países anglo-saxónicos) é a retração do espaço


das trocas financeira e a quase instantaneidade da divulgação da informação, graças à evolução das
novas tecnologias financeiras e ao grande poder da lógica de mercado.

Podemos concluir que, a importância dada às redes financeiras que difundem as informações, as ideias e
os modos à superfície do planeta fazem com que alguns falem de globalização, como uma forma mais
aperfeiçoada e abrangente de mundialização.

Principais responsáveis por estes fenómenos (mundialização/globalização)

 as redes de transportes e as telecomunicações que permitem a transferência rápida de


pessoas, informação, bens, serviços e capitais – os organismos económicos
intergovernamentais regulam e promovem estas circulações (como o Banco Mundial).
 as empresas podem implantar segmentos de um processo produtivo em diferentes países, à
procura das condições ótimas de produção e dos mercados mais atractivos (as grandes
empresas transnacionais são, por isso, os principais motores de mundialização da economia –
temos o exemplo do McDonald’s que está por todo o mundo).

Consequências da globalização

 liberalização dos mercados (os bens e serviços circulam num espaço cada vez mais amplo, com
menores ou nenhumas restrições alfandegárias);
 os produtos (desde dos alimentares aos farmacêuticos, por exemplo) podem chegar,
praticamente, a todo o mundo em tempo recorde em bom estado de conservação;
 o fluxo de capitais/pessoas e a internacionalização das empresas facilitam a difusão
internacional das inovações e o progresso científico, largando as possibilidades de produção;
 o sistema de trocas internacionais favorece a especialização e a eficiência produtiva;
 os consumidores ganham, ao adquirirem bens a preços mais baixos (devido à redução dos
custos de produção e ao terem maior diversidade);
 as desigualdades socias e económicas entre os países ricos e pobres são mais acentuadas;

A relação local/global

O que é aldeia global

Conceito criado pelo filósofo canadiano McLuhan que se refere ao encurtamento de distâncias e ao
progresso tecnológico que conduziu a uma teia de dependências mútuas, possibilitando a
intercomunicação direta entre as pessoas, independentemente da distância, como uma aldeia.

Local versus global

Para os globais o espaço não existe, eles podem vencê-lo rapidamente (devido à evolução dos
transportes e das intercomunicações), mas para os locais (os que estão presos) o espaço real está a
fechar-se com rapidez. O mundo dos globalizados podemos dizer que é extraterritorial e cosmopolita,
contudo para os locais os muros e as leis/culturas são cada vez mais difíceis de transpor.

O pós-Segunda Guerra Mundial


A segunda guerra mundial, foi terrivelmente dura e sangrenta e nela existiram armas mortíferas e com
grande potencial destrutivo (o que provocou grandes prejuízos humanos e materiais). Por isso, neste
pós-guerra, assistiu-se a um esforço deliberado de cooperação e de política económica que
proporcionou uma nova ordem económica mundial (NOEM).

A prosperidade económica dependia de factores como: reconstruir a economia, relançar o crescimento


e assegurar a política do pleno emprego

Nota – o que caracterizou a segunda guerra mundial foi a bipolaridade

As tensões na europa

Os Aliados propuseram a construção de um “cordão sanitário” (de forma a criar uma “unidade
ocidental”), que seria constituído por um conjunto de países neutros, politicamente e economicamente,
vivendo dependentes do Ocidente (Polónia, Checoslováquia, Hungria, Bulgária e Roménia).

No entanto, a URSS não estava disposta a abandonar a sua influência no Ocidente e, por isso, fez de
tudo para meter estes países sobre o seu domínio. Assim, em 1946 criou-se o antagonismo entre as
duas “europas”: a ocidental (dominada pelos EUA) e a oriental (dominada pela URSS). CORTINA
DE FERRO
O Plano Marshall e a OECE

A economia mundial, lentamente, recuperava e entrava na normalidade. Razão para a rápida


reconstrução europeia:

 o aumento da produtividade;
 o aumento da população;
 os grandes investimentos estatais;
 o reordenamento;
 o apoio financeiro americano concedido através do Plano Marshall (com o final da
guerra muitos países ficaram destruídos, por isso era necessário um investimento
financeiro para a reconstrução dos mesmos. Neste contexto foi criado pelos EUA um
plano económico, cujo o principal objetivo era possibilitar a reconstrução dos países
capitalistas (ajuda feita, principalmente, através de empréstimos);

Foi neste contexto que os economistas americanos e britânicos, reunidos na Conferência de Bretton
Woods, apontaram a necessidade de uma cooperação mundial. No decorrer desta conferência surgiram
dois organismos:

 Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD);


 Fundo Monetário Internacional (FMI);

Os Estados Unidos da América estavam prontos para satisfazer a Europa na aquisição desses bens. Foi
assim que, em 1947, nasceu a Carta que fundou a Organização Europeia de Cooperação Económica
(OECE), que tinha como objetivo distribuir a ajuda prometida pelo plano Marshall. A
instabilidade monetária, a quebra do sistema de comércio multilateral e as balanças comercias
desfavoráveis, relativamente aos EUA, agravaram as dívidas europeias.

Características político-económicas
A bipolaridade do sistema político-económico mundial

Podemos considerar, no pós-guerra, a divisão da economia mundial em dois espaços – o de economia


de mercado e o de economias de direção central (Bulgária, Checoslováquia, Hungria, Polónia, Roménia e
República democrática alemã). A economia mundial que emergiu dos escombros da segunda guerra
assentava numa relação bipolar entre os “dois grandes” : EUA e URSS (cada um destes polos
apresentava-se no panorama mundial como o expoente máximo de um sistema económico, social e
politico alternativo ao outro – criando assim a bipolaridade que caracterizou o período da guerra fria).

Guerra Fria

A Guerra Fria correspondeu a uma situação de tensão global e de intensa hostilidade, durante o período
da bipolaridade planetária, que opôs as duas superpotências mundiais da época: EUA e a URSS (Cada
uma destas superpotências desenvolveu e aperfeiçoou os seus sistemas militares com uma capacidade
mutua de destruição. Contudo, nunca chegou haver um confronto direto).

MARCAS DA GUERRA FRIA:


 O antagonismo ideológico – neste confronto cada bloco tentava atrair parceiros para a
sua esfera de influência: a URSS e os países do “Socialismo Real” versus EUA e
Democracias Europeias.
 A questão alemã – a Alemanha foi o símbolo da Guerra Fria. Dividida em dois estados
que pertenciam a dois blocos diferentes (de forma a diminuir o seu poder).
 A partilha da Europa – o mundo bipolar traduziu-se numa divisão da Europa em blocos
antagónicos: o Ocidental e o de Leste.
 A escala de armamento – a possibilidade de um confronto nuclear assumiu uma marca
na Guerra Fria (funcionou como um dissuasor entre as duas superpotências).
 A descolonização – a descolonização tornou-se num fator de competição entre as
superpotências: por um lado, as ex-colónias afirmaram-se como potências
colonizadoras; por outro, as superpotências alimentavam lutas pela independência.
Para além disto, a descolonização também deu lugar ao crescimento de novos estados
(que contribuíram para a emergência de Movimentos dos Países não Alinhados).

Nota : A Guerra Fria abarcou e refletiu-se em diferente planos: ideológico, politico, económico e
militar (OTAN versus Pacto de Varsóvia – este plano foi o instrumento impulsionador).

A OTAN/NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) teve 12 membros fundadores: EUA,


Canadá, Bélgica, Dinamarca, França, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Portugal e
Reino Unido. Esta organização tinha três objetivos fundamentais: contenção da expansão da URSS,
manutenção da Alemanha Ocidental controlada pelo sistema de segurança coletiva e assunção da
liderança norte-americana no Bloco Ocidental.

O Pacto do Atlântico pretende conciliar dois princípios fundamentais:

 o do equilíbrio do poder (assegurar o seu papel a nível global);


 o da segurança coletiva (os Estados comprometiam-se atuar de acordo com os outros
parceiros da Aliança no caso de qualquer um deles ser atacado nos termos previstos no
Tratado);

O Pacto de Varsóvia (PV) consistiu numa aliança militar entre os países do Leste europeu ou URSS. À
imagem da Aliança Atlântica, o comando militar soviético reuniu todas as forças armadas dos países das
“democracias populares” porque se houvesse uma agressão armada por parte de outras nações eles
ajudavam-se mutuamente.

Durante a Guerra Fria nenhuma das superpotências se queria deixar ultrapassar pela outra (quer em
termos de tecnologia, quer de material bélico). Para além disto, faziam de tudo para conquistar
territórios à potência rival.

De acordo com as questões de geopolítica e geoestratégia, definem-se duas grandes modalidades:

 estratégias de dissuasão nuclear (foi bilateral, dando mesmo lugar ao princípio da


destruição mútua);
 estratégias indirectas: guerras por delegação, manobras diplomáticas, manobras
económicas (controlar o mercado do adversário) e manobras de agitação.

Nota: Após a forte tensão do início da Guerra Fria, com a desenfreada corrida nuclear, os “dois
grandes” temiam-se mutuamente, pelo que se instaurou uma “falsa trégua”, que alguns autores
designavam de COEXISTÊNCIA PACÍFICA (esta política visava eliminar os elementos que poderiam levar a
uma guerra direta, isto é, promover a cessação da corrida aos armamentos e o desarmamento
progressivo e controlado).

O Japão

Depois da segunda grande guerra ao nível mundial, o Japão ficou completamente destruído e por isso
precisou de um forte apoio que lhe permitisse colocar em marcha um rápido plano de recuperação.

A ajuda americana (Plano Dodge) a este país, como forma de recuperar a economia, produziu profundas
reformas políticas e económicas, das quais destacamos:

 democratização do sistema político;


 forte redução das forças armadas;
 implementação de uma reforma agrária;
 estímulo ao desenvolvimento da atividade sindical;

Nota: Na fase de arranque foi importante o já referido Plano Dodge, bem como a Guerra da Coreia que
provocou um aumento das encomendas às indústrias japonesas (isto causou o milagre japonês).

Intervenção Estatal

 Coordenação e implementação de projectos nacionais de desenvolvimento.


 Orientação de empresas através de políticas de comércio, tecnologia e crédito.
 Aplicação de saldos da balança comercial no investimento produtivo.
 Reorientação orçamental, com diminuição dos gastos militares.

Produção

 Rápido desenvolvimento da indústria (naval, electrónica, têxtil, siderúrgica…).


 Elevados investimentos em pesquisa tecnológica.
 Utilização de novos materiais.
 Sistema de produção em massa.
 Rápida e plena assimilação tecnológica.
 Formas originais de gestão e organização do trabalho.

Recursos Humanos

 Solidariedade com a empresa.


 Salário parcialmente dependente dos resultados económicos da empresa.
 Recurso à greve só em casos extremos.
 Forte compromisso com o sucesso da empresa.
 Capacidade de poupança da população.

O Terceiro Mundo

Aos poucos, os países que não se industrializaram e desenvolveram constituíram um mundo à parte dos
“dois grandes” – O Terceiro Mundo !!

O Terceiro Mundo esteve ligado ao Movimento dos Países Não Alinhados (surgiu na conferência de
Bandung), que era constituído pelos países tornados independentes das potências ocidentais. Os
membros deste movimento apelavam ao reforço da cooperação económica e social, proclamavam a sua
vontade de viver em paz e por isso definiram princípios:

 respeito pela integridade territorial e pela soberania;


 não agressão;
 não ingerência dos assuntos internos;
 igualdade e vantagens mútuas;
 coexistência pacífica;
 respeito pelos direitos fundamentais do ser humano;
 reconhecimento de igualdade de raças;
 direito de defesa em conformidade com a Carta da ONU;
 recusa à subserviência e aos interesses das grandes potências;
 respeito pela justiça e pelas obrigações internacionais;

REFORÇOU O PESO DO TERCEIRO MUNDO

Objetivos e aspirações do não alinhamento:


apoiar movimentos de libertação nacional; não pertencer a nenhum pacto militar; coletivo não fazer parte de nenhuma aliança multilateral com uma grande potência; recusar
estabelecimento de bases militares no seu território;

Nota : Os EUA sentiam algum desconforto como líderes da OTAN, pois alguns dos seus parceiros eram
potências colonias e não estavam dispostos a perder os seus impérios coloniais. Já a URSS via nos países
libertos dos colonistas áreas favoráveis para espalhar as suas influências e, assim, apoiava os
movimentos de libertação.

O esboçar de uma nova ordem mundial (NOM)


Nos finais do século xx, a situação internacional de relativa paz e segurança manteve-se inalterada:

 as duas superpotências continuaram a exercer a sua esfera de influência e mantiveram as suas


organizações político-militares;
 os conflitos regionais (áfrica austral, Irão/Iraque e Afeganistão) continuaram a ser reflexo do
jogo de influências;

Fatores e características da NOM

São vários os fatores que provocaram uma total alteração do panorama político- económico:

 Gorbatchev aceitou a derrota da URSS perante a supremacia armamentista dos EUA;


 Significou o fim da divisão alemã;
 Manifestação de liderança dos EUA que se sobrepõe às decisões da ONU;
 Implosão da URSS e fim da Federação Russa como superpotência;
 Alteração do âmbito da CEE, passando a ser União Europeia;
 Afirmação da liderança mundial por parte dos EUA;
 Constituição da República Checa e da Eslováquia;

É usual apontar-se a queda do Muro de Berlim como fator que determinou o fim da
Guerra Fria, contudo não se deve reduzir o fim desta guerra a um acontecimento. Teremos de relacionar
com a situação geoestratégica vivida na URSS, principalmente, o recuo na guerra do Afeganistão e a
política de Gorbatchev assente na Glasnot- transparência- e na Perestroika- reestruturação.

Se tivermos em atenção os dois grandes objetivos que nortearam as duas potências no período da
Guerra Fria, poderemos concluir que:

 a URSS saiu derrotada e deu lugar a uma potência em declínio;


 os EUA reforçaram o seu poder no cenário internacional, tornando-se numa hiperpotência com
a pretensão de dominar todo o planeta;
 o mundo deixou de ser bipolarizado, mas multipolarizado, isto é, há diferentes centros de
poder baseados em poder económico e outras esferas de influência.

Sobre o impacte do 11 de Setembro d 2001

Na realidade a NOM afirma-se como uma desordem vivida numa casa dividida em vários
compartimentos muito desiguais entre si.

Alguns analistas chegaram afirmar que, com o ataque terrorista de 2001 a Nova Iorque e a Washington,
tinha caído o poder imperialista dos EUA. Contudo, este ataque terrorista veio reforçar o desejo e a
expressão de liderança dos EUA (as forças armadas americanas começaram a patrulhar o mundo
inteiro).

Este reforço de visibilidade dos americanos não tem sido, contudo, pacífico e foi claro a desunião
europeia a propósito das respostas ao terrorismo. Por outro lado, independentemente das expressões
terroristas não podemos negligenciar o protagonismo que o mundo árabe poderá afirmar na
reconfiguração planetária.

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