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Aertigo ITTO Copaíba e Babaçu PDF
Aertigo ITTO Copaíba e Babaçu PDF
ITTO
Organização Internacional de Madeiras Tropicais
Universidade de Brasília ‐ UnB
Instituto de Química Laboratório de Tecnologia Química – LATEQ
Fundação de Estudos e Pesquisas em Administração e
Desenvolvimento – FEPAD, uma fundação de apoio da UnB
Projeto ITTO PD 31/99 Rev.3 (I)
“Produção não‐madeireira e desenvolvimento Sustentável na
Amazônia”
Objetivo Específico No. 1, Resultado 1.5
Análise e crítica tecnológica:
Copaíba (Parte I) e Babaçu (Parte II)
Autores:
Parte I: Floriano Pastore Júnior e Fernanda Helena Ferreira Leite
Parte II: Viviane Evangelista dos Santos e Floriano Pastore Júnior
Conteúdo:
1. Parte I ‐ Copaíba, pág. 2
2. Parte II ‐ Babaçu, pág. 23
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contornavam a escassez de remédios no país recorrendo às drogas indígenas, sendo a copaíba muito
usada pelos viajantes que atravessavam a região. Posteriormente, o naturalista alemão Theodoro
Peckolt, um dos primeiros a investigar as propriedades medicinais da flora brasileira, considerou a
copaibeira uma das árvores mais úteis na medicina. Em 1677, o óleo de copaíba já constava da
farmacopéia britânica e em 1820 incorporou-se à farmacopéia norte-americana.
(www.inventabrasil.hpg.ig.com.br).
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• A coleta
Provavelmente toda a produção de óleo de copaíba no Brasil é de natureza extrativa, ou seja,
depende de populações nativas. Segundo estudos da FUNTAC, relatados no artigo “Avaliação do
potencial de extração e comercialização do óleo-resina de copaíba”, de Ferreira e Braz (1999), um
inventário florestal realizado no Acre, na Floresta Estadual do Antimary, indica a densidade de
0,2819 árvores por hectare – o que significa que numa área de 1 km2 são encontráveis cerca de 28
árvores, ou numa área quadrada de 400 m de lado, similar uma superquadra de Brasília, podem ser
encontradas 4 árvores. Naturalmente, nem todo o potencial das populações nativas pode ser
colocado em produção devido às dificuldades de acesso e das distâncias a serem cobertas para
atingir as árvores a serem exploradas. Estas são limitações normais do extrativismo vegetal na
Amazônia, seja para o óleo de copaíba seja para outros produtos: os coletores têm um raio limitado
de ação, que pode ser estimado de 3 a 6 km dentro da floresta, a partir de suas casas, em geral
situadas à beira de um rio. Mesmo com esta limitação, pode ser considerada de elevado potencial a
capacidade de produção de itens de extrativismo na Amazônia, que depende dos seguintes fatores,
válidos para produtos florestais não-madeireiros em geral: freqüência da espécie na mata,
dificuldades do terreno, disponibilidade de mão-de-obra, facilidades de coleta e transporte do
produto na mata, preço pago na casa do produtor, dentre outros. Com os dados disponíveis e com o
conhecimento atual do fluxo de produção e comércio, pode-se afirmar que: (1) o potencial de
extração de óleo é bastante elevado e (2) que os seus condicionantes não estão nem “na ponta” da
floresta, nem no outro extremo, a demanda, mas sim na parte intermediária, ou seja, na organização
social da produção, na sua capitalização e no seu escoamento, que englobam, entre outros fatores, a
associação ou cooperativa dos produtores, a extensão florestal e o transporte.
• O cultivo
É possível o plantio da copaibeira para fins de produção de óleo, e posteriormente ser
aproveitada a madeira, que é fácil de ser tratada, resultando em superfície lisa e uniforme, boa para
pregar e parafusar (www.madeiratotal.com.br). Não existem dificuldades para a produção de
sementes, germinação e formação de mudas. De forma comercial as sementes podem ser obtidas no
Departamento de Engenharia Florestal da ESALQ/USP em Piracicaba, SP, que mantém um extenso
banco de sementes florestais etc. As mudas são encontradas em muitos viveiros pelo Brasil; em
Brasília o custo é de R$ 1,00/muda. O plantio deve se dar no início dos períodos de maior
precipitação, em terreno aberto com espaçamento de 7 m entre árvores. As espécies invasoras
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devem ser eliminadas nos dois primeiros anos de plantio. Um aspecto interessante do plantio da
copaíba é a sua possível associação com cultivos de alimentos de primeira necessidade, como a
mandioca e a banana, quando a plantação ocorre em solo de terra firme. Ela pode também ser
consorciada com café e cacau que vão formar o estrato médio do plantio, quando este é feito em
solos de boa qualidade, e com o urucum (Bixa orellana) ou araçá (Psidium littorale) em solos mais
arenosos (Revilla, 2001).
• Formação e extração do óleo
A formação natural do óleo da copaibeira ocorre na fase adulta, quando o cerne da árvore
perde a circulação da seiva e parte de suas células se decompõe gerando o óleo, que se acumula em
cavidades no tronco (Revilla, 2001). Para que a extração do óleo ocorra de forma sustentada, o
processo deve obedecer a alguns cuidados quanto à forma da coleta e ao estabelecimento de limites
para o volume a ser coletado, caso contrário a planta poderá morrer em alguns anos, já que o óleo
funciona como defesa da planta contra animais, fungos e bactérias.
De forma geral, ainda hoje os métodos de extração na Amazônia são muito rudimentares,
comprometendo a sanidade da árvore e a perenidade da coleta. Mas há formas de extração
adequadas para garantir a sustentabilidade do extrativismo do óleo. Uma das maneiras arcaicas de
extração utiliza o machado para fazer uma incisão no tronco, para dali coletar o óleo. Outra técnica
mais adequada e que vem sendo difundida na região amazônica é a de se fazer um orifício no tronco
com um trado (instrumento pontiagudo de aço usado para abrir furos em madeiras), colocar uma
bica e deixar gotejando para dentro de uma garrafa. Também pode ser inserido no orifício um tubo
plástico, com ou sem torneira, com vedação lateral de cera ou parafina e, após duas semanas,
retornar para a colheita da secreção. Depois da colheita, veda-se o buraco de novo com um tarugo
de madeira e volta-se a coletar depois de aproximadamente quatro meses. Outra técnica é uma
incisão na base do tronco da árvore em forma de “V”, apenas na casca, podendo-se fazer a colheita
durante o ano todo. (Revilla, 2001)
Recomenda-se que o óleo seja extraído de árvores com mais de 10 anos de idade (Pastore,
1997), em dois a três cortes por ano. Estudos realizados no Acre (Ferreira e Braz, 1999) apontam
valores entre 0,57 a 2,1 L por árvore por coleta, durante o período de 7 a 10 dias de gotejamento.
Ainda segundo estes autores, a coleta se mostrou mais eficiente em árvores de terra firme e no
período seco. O resultado da pesquisa contraria a expectativa comum de que a melhor época de
extração do óleo seria no período de chuvas. Assim, a coleta do óleo pode contribuir como fonte de
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renda complementar a outras atividades que são tipicamente de períodos secos, como a extração da
borracha, que também ocorre em áreas de copaibeiras. O óleo deve ser armazenado em recipiente
fechado e guardado em ambiente seco e arejado, sem incidência de luz solar. Nessas condições, o
óleo pode ser armazenado por até um ano.
• Usos medicinais
Atualmente, vários estudos estão em andamento para confirmar a crença popular quanto à
eficácia medicinal da planta. Entre eles podem ser citados a pesquisa do Instituto Nacional do
Câncer, do Rio de Janeiro, que busca comprovar o poder antitumoral do óleo de copaíba, e o
trabalho do Laboratório Farmanguinhos, que está produzindo um creme vaginal destinado a
combater os vírus do HPV, causadores do carcinoma do colo de útero, um problema que atinge
cerca de 30% das mulheres brasileiras. Acredita-se que o óleo de copaíba aja como um ativador do
sistema imunológico contra o HPV, e não necessariamente contra o vírus
(http://www.inventabrasil.hpg.ig.com.br/). O óleo de copaíba também pode ser aplicado nos
tratamentos de gonorréia, tosses e bronquites, doenças de origem sifilítica, dermatites, diarréia,
incontinência urinária, reumatismo, cicatrizes umbilicais de recém-nascidos, tétano e urticária,
sendo o produto usado diretamente ou em receitas domésticas, ou, mesmo, obtido de farmácias de
manipulação (Pastore 1997). Também é muito disseminado em cápsulas produzidas
industrialmente, contendo o óleo-resina completo ou somente o óleo obtido por destilação. Estudos
também apontam a possibilidade de atuação do óleo de copaíba no combate ao mal de Chagas, uma
doença que atinge oito milhões de brasileiros e contra a qual não existe ainda uma droga eficaz
(http://www.inventabrasil.hpg.ig.com.br/).
O óleo de copaíba é usado popularmente no Brasil de várias formas, desde a ingestão pura,
em cápsulas ou gotas do óleo misturadas com mel, por exemplo, ou usos externos como banho
preventivo ou curativo com fins dermatológicos, em que cápsulas são misturadas a água quente.
Para conter dermatites, o produto é preparado para uso tópico, misturando-se uma parte do óleo
para cinco ou dez partes de glicerina ou óleo de uva. Em tratamentos de medicina tradicional do
Peru, utilizam-se de três a quatro colheres do óleo misturadas a mel de abelha para serem colocadas
sobre ferimentos (http://www.raintree.htm/). Há advertências médicas quanto ao excesso de uso
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oral, que pode causar náuseas, vômitos e febre, ou o uso tópico exagerado, pois a pele pode ficar
irritada, aparecendo pequenos caroços. O contato do óleo com as mucosas pode causar irritação
(http://www.raintree.htm/).
• Uso combustível
Inúmeras comunidades da Amazônia ficam distantes de centros urbanos e muitas delas, de
difícil acesso, em épocas de maior estiagem, chegam a ficar sem suprimento de combustível
líquido. Isso motivou várias pesquisas para a utilização do óleo de copaíba em substituição ao óleo
diesel, ou misturado a ele como combustível alternativo à gasolina para motores do ciclo Otto
(CORRÊA, 1984). Estudos similares foram também realizados com os óleos extraídos da castanha-
do-pará, do amendoim, e da andiroba. O óleo de copaíba tem a característica de ser miscível em
óleo diesel e querosene em todas as proporções e tem densidade, viscosidade e ponto de fulgor
superiores a estes, fato que compromete, em parte, a sua eficiência e desempenho. A vantagem
sobre o querosene e o óleo diesel é que ele tem baixos percentuais em resíduos de carbono, enxofre
e apenas traços de água e sedimentos. Seu poder calorífico, de 10.044 kJ/kg, é superior ao de outros
óleos vegetais como mamona e amendoim (Mourão, 1981). O consumo do óleo, que não requer
alterações nos motores, em condições similares, é cerca de 8% menor que o do óleo diesel Devido a
esse bom rendimento, a SUDAM estimulou o plantio de 10 mil hectares de copaiberas na região
amazônica, no ano de 1978, acreditando que, cada hectare plantado, na sua fase adulta, poderia
produzir 50 barris de óleo por ano (FAO).
O INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) testou o óleo de copaíba em motores
diesel, durante dois anos, e constatou que não houve alteração dos motores nem a necessidade de
aditivos ou esterificação, como normalmente ocorre com outros óleos (Pastore 1997). Naturalmente,
a proposta de uso do óleo com finalidade energética contraria o bom senso, por seus vários usos
medicinais mais nobres e, também, por seu preço, bem superior ao diesel. No entanto, faz muito
sentido a proposição de se adaptar o óleo ou usá-lo diretamente em motores estacionários em
comunidades afastadas, aonde o combustível chega com dificuldade. Trata-se do valor de
oportunidade. O desconhecimento desta possibilidade faz com que comunidades inteiras dependam
do suprimento de diesel, que pode demorar, e ficam no escuro ou sem a sua televisão comunitária,
enquanto que no “quintal” de casa, pode estar à árvore que resolveria a ausência do combustível,
pelo menos temporariamente.
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• Composição química
O nome óleo-resina foi atribuído a esta exsudação da copaibeira por ser composto de dois
conjuntos de substâncias. Uma é resinosa, de maior ponto de ebulição; ela é que permite o uso deste
produto como matéria-prima da indústria de tintas e vernizes, em que são normalmente utilizados
breus e resinas naturais. A outra parte é composta de derivados terpênicos, que seriam os
responsáveis pela ação medicinal. Os estudos fitoquímicos mostram que estes derivados são
misturas de sesquiterpenos e diterpenos, nos quais os principais componentes são o ácido copálico e
os sesquiterpenos -cariofileno e -copaeno. A atividade biológica do óleo de copaíba é atribuída,
em grande parte, aos sesquiterpenos. Várias substâncias encontradas no óleo são exclusivas destas
espécies de árvores, não sendo encontradas em outros óleos ou plantas. Os sesquiterpenos variam de
30 a 90% da composição do óleo. (Revilla, 2001)
O óleo-resina é destilado por evaporação a vácuo e, entre 60 a 90 % do seu volume é
volatilizado como óleo essencial, sobrando resinas e ácidos graxos. O óleo extraído tem cor clara,
mas, ao entrar em contato com o ar, oxida-se, escurecendo. A sua cor varia de espécie para espécie,
indo do amarelo-claro ao pardo.
• Pesquisas
Em pesquisas no Brasil, foram testadas nove espécies de copaíba, mas apenas três
apresentaram efeito antiinflamatório significativo em testes in vivo com animais em laboratório. A
aplicação do óleo ajuda na cicatrização, pois acelera a contração e aumenta a força de tensão da
epiderme. O potencial de proteção gástrica do óleo está sendo testado em ratos através da
inoculação nos mesmos do vírus H. pylori, estimulando a formação de úlceras e gastrites; os
resultados têm sido muito promissores (http://www.raintree.htm/)
Na Espanha, pesquisadores confirmaram o poder da resina como anti-séptico do aparelho
urinário e respiratório, particularmente nas formas de duas substâncias extraídas do óleo, o ácido
caurênico e ácido copálico. Elas demonstraram atividade antimicrobial in vitro contra bactérias,
incluindo Staphilococus aureus, Bacillus subtilis e pseudomonas.
Em 1994, pesquisadores japoneses, isolaram seis diterpenos e testaram in vivo contra
carcinomas, confirmando o poder antitumoral do óleo. Mais recentemente, em 2002, pesquisadores
brasileiros constataram que o ácido caurênico, além de anti-séptico das vias urinárias, inibe, em até
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95%, o crescimento de células humanas com leucemia e células de câncer de colo por 45% in vitro
(http://www.raintree.htm/).
Nos EUA foi comprovada a possibilidade de reação alérgica do óleo de copaíba, através de
sua absorção pela pele, quando é usado como aditivo de alimentos e bebidas e como fixador em
perfume.
O uso do óleo de copaíba como medicamento para várias doenças de difícil cura e para as
quais, muitas vezes, não se encontra tratamento, como vem sendo amplamente estudado, deverá
expandir a sua exploração extrativa e consolidar a produção e comércio. Se a demanda crescer mais
rapidamente do que a produção, como ocorre normalmente como os produtos de extração vegetal,
abre-se o caminho para o cultivo da espécie, não obstante o seu longo tempo de dez anos para o
início de colheita do óleo.
4. Produção e comércio
• O extrator
As descrições a seguir, do produtor, do seu modo de vida e forma de trabalho são baseadas
em vivência na região amazônica de um dos autores e não foram, até aqui, objeto de publicação ou
divulgação. Retratam, de maneira muito geral, o que se pode observar no cotidiano atual da vida no
interior de vários estados de ocorrência da copaíba, podendo ser a descrição de coletores do óleo ou
dos vários produtos da floresta, pois se trata da gente ribeirinha amazônica.
Hoje em dia, o produtor característico de óleo de copaíba na floresta amazônica
normalmente é um remanescente da produção de borracha, setor que passa por forte depressão por
duas décadas. Ele vive isoladamente ou em pequenas comunidades, à beira de um rio, com famílias
em torno de 6 a 8 pessoas, formando núcleos maiores, com a agregação de filhos casados,
normalmente os homens, que vêm viver nas proximidades dos pais. Os mais velhos da família são
analfabetos ou de pouco estudo e as crianças estudam em escolas rurais, muitas vezes tendo que
andar até uma ou duas horas de barco para estudar. São pobres e estão fortemente descapitalizados,
em sentido amplo, vivenciando um período prolongado de pauperização, com o aprofundamento da
crise da borracha. “
Normalmente praticam agricultura de subsistência, com plantio principal de mandioca para
farinha, além de um pouco de feijão, arroz e milho. A criação, quando existe, é de algumas
galinhas, patos e porcos criados soltos. Dentro de casa os móveis são poucos, dormem em redes e
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muitas famílias ainda fazem as suas refeições no chão. O fogão é de barro, queimando lenha ou
carvão. Não tem pia, mas uma superfície de madeira de uso geral, com uma parte saindo por uma
das janelas da cozinha, onde são lavados os poucos utensílios de cozinhar e comer. A água é
captada de rios ou cacimbas e usadas sem tratamento na grande maioria dos casos. Em algumas
regiões que já receberam assistência de entidades religiosas, de ONGs ou, mais raramente, de
agências governamentais, pode ocorrer a prática de tratar a água com sulfato de alumínio para
decantação e hipoclorito de sódio ou cálcio para purificação. Praticam a pesca diariamente e a caça
esporadicamente, conciliando essas atividades com a coleta de um ou mais produtos de extrativismo
vegetal para consumo ou venda. A renda familiar, em média mensal, pode se situar entre R$ 50 e
R$ 100, mas no seu cotidiano pouco tocam em dinheiro. Não é difícil encontrar rendas melhoradas
com alguma aposentadoria rural ou de contratos com as prefeituras, como agentes de saúde ou
professores, por exemplo. A forma de diversão é maciçamente o futebol, também para muitas
mulheres.
Além do machado ou trado, os utensílios de coleta de óleo de copaíba são, dependendo do
sistema adotado, bicas de latas de flandres ou de garrafas plásticas cortadas, ou canos de PVC (para
controle do escorrimento do óleo), frascos plásticos de reutilização de 2 ou 5 litros (para coleta,
transporte na mata e armazenamento em algum cômodo da própria casa). Normalmente o trabalho
de coleta é feito pelos homens na família. Podem explorar várias árvores ao mesmo tempo. A ida à
floresta, para a perfuração dos troncos ou coleta do óleo pode durar horas ou se prolongar por todo
o dia. Não se trabalha à noite, como muito ocorria no caso da seringueira. Levam sempre, além dos
utensílios de coleta to do óleo, como trado bicas, canos e frascos, um facão e uma espingarda
cartucheira, como defesa pessoal contra animais, ou para a caça, atividade que é, via de regra,
praticada concomitantemente à coleta, como forma complementar ou principal da demanda
proteica.
• Rumo ao mercado
Da casa dos extratores, o óleo de copaíba pode tomar dois caminhos principais. Na primeiro,
ainda atua a figura do comerciante, o tradicional “marreteiro”, outro remanescente do ciclo da
borracha que, usando um pequeno barco, se desloca de casa em casa, trocando itens de coleta
florestal por mercadorias da cidade, normalmente em condições mais favoráveis a si próprio. Este
intermediário vende os bens florestais extraídos para comerciantes na cidade, que pagam preços de
mercado. No caso de produtos de comercialização mais ampla, como no caso da borracha e
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produzidos em escala industrial, o que requer um grau de organização maior da empresa e dos
órgãos de fiscalização e controle de saúde.
Em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, já existem empresas que
compram o óleo de fontes mais confiáveis e estabelecidas e o manipulam, após formação de lotes e
exames de qualidade mais rigorosos. Na fabricação de cápsulas de gelatina, pode ser usado o óleo
integral ou destilado. Essas cápsulas são distribuídas para venda diretamente ao consumidor ou para
a revenda através de farmácias maiores de manipulação ou laboratórios, que colocam a sua marca e
disponibilizam para venda.
Um caminho alternativo do óleo é a sua comercialização em média escala, indo do pequeno
comerciante intermediário, ainda em cidades próximas à floresta, para indústrias de xampus, cremes
e perfumes também sediadas em centros urbanos do sul e sudeste do Brasil, ou para exportação
através de portos como Belém e Rio de Janeiro.
5. O estudo de caso
O estudo de caso que se segue é baseado em parte na experiência da equipe do Laboratório
de Tecnologia Química do Instituto de Química da Universidade de Brasília/UnB, que vem
trabalhando há vários anos neste campo do aproveitamento de produtos não-madeireiros. O LATEQ
conta, há vários anos, com recursos da ITTO, sigla em inglês para Organização Internacional de
Madeiras Tropicais, para a pesquisa de produtos florestais extrativos da Amazônia, em três níveis:
1) levantamentos sócio-econômicos, tecnológicos e ecológicos, com base em dados publicados ou
pesquisa própria; inclui-se neste nível a documentação em vídeo da produção na floresta e trabalhos
de crítica tecnológica; 2) montagem de um Banco de Dados de Não-Madeireiros, com informações
botânicas, sócio-econômicas, de produção, para 600 espécies; e 3) desenvolvimento e difusão de
tecnologias para a exploração sustentável de tais produtos da Amazônia. O trabalho mais
substantivo refere-se a uma tecnologia para produção de borracha nativa de boa qualidade, já
beneficiada pelo próprio seringueiro.
A intenção do estudo de caso, aqui descrito, é dar uma visão mais abrangente e detalhada de
como ocorrem à produção, o comércio e a industrialização do óleo de copaíba. Este particular
produto florestal não-madeireiro da Amazônia, por certo, é dos mais importantes e promissores
daquela floresta. Ele, per si, pode ter a sua exploração feita de forma rentável e sustentável, sendo,
ao mesmo tempo, uma importante contribuição medicinal da floresta para a sociedade. Estudos de
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caso como este permitem que se chegue a uma posição melhor do que se tem atualmente, ou seja,
para divisar com mais clareza a forma atual de exploração deste óleo e começar a se desenhar uma
ou mais formas mais promissoras de expansão da sua coleta, eventual cultivo, comércio interno e
externo, e industrialização.
O estudo de caso foi realizado junto à empresa Copaíba Indústria e Comércio Ltda., de
propriedade do Sr. Raimundo de Souza Oliveira, sediada em Goiânia e em processo de mudança
para Brasília. O seu trabalho é de compra do óleo de fornecedores intermediários, formação e
análise de lotes, envasamento em frascos de 20 ml. Estes frascos são revendidos, através de um
conjunto de 50 vendedores ambulantes, a farmácias e casas de produtos naturais, em vários estados
do Brasil. Contando com o proprietário, compradores e funcionários da manipulação e envase, um
total de 10 pessoas estão diretamente envolvidas nesta atividade, enquanto os 50 vendedores
ambulantes têm envolvimento indireto com a empresa, pois também trabalham com outros
produtos.
A empresa se abastece de óleo principalmente em Rondônia, em lugarejos às margens do rio
Candeias, comprando o óleo em bruto de fazendeiros, que, no papel de intermediários comerciais, o
adquirem de agricultores/extratores locais. Um segundo local de compra do óleo é o município de
Boca do Acre, estado do Amazonas, onde o principal fornecedor é a PAE/ANTIMAR (Associação
dos Trabalhadores de Assentamento Agro-Extrativista). O óleo de copaíba é acondicionado em
vasilhames plásticos de 50, 100 ou 200L, revestidos externamente por uma película de fibra
plástica, para prevenir vazamentos. São tomadas precauções para evitar choques entre estas
bombonas durante o longo trajeto do transporte terrestre até Goiânia.
A quantidade de óleo comercializada por ano pela empresa é em média 4.500 kg, com preço
médio de aquisição junto aos fazendeiros e Associação entre R$ 10,00 e 12,00/kg. O preço de venda
é de R$ 55,00/kg, e a venda é feita em frascos de 20 ml, no valor unitário de R$ 1,50, revendidos
entre R$3,00 e R$5,00 reais.
O óleo é comercializado em frascos de vidro com tampa conta-gotas e cada quilograma de
óleo de copaíba rende 50 frascos, identificados com rótulos que contêm a indicação do número do
lote e o nome do farmacêutico responsável. A espécie comercializada tem o nome popular “mari-
mari”, possivelmente Copaifera multijuga, que fornece um óleo de coloração mais clara e
consistência fina. Segundo a empresa, este óleo proporciona melhores resultados no uso medicinal.
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do produto, podendo significar que o aumento da moeda estrangeira é mais lentamente assimilado
pelas práticas comerciais correntes.
O mercado internacional da copaíba é estimado pela FAO em mais de 200 t por ano, sendo
USA, França e Alemanha os maiores importadores, com cerca de 50%, 30% e 15%,
respectivamente. O uso mais comum é na indústria do perfume, pois o óleo não é considerado caro
em relação aos materiais similares usados como fixadores e o seu preço varia com a flutuação dos
preços dos fixadores tradicionais. O preço do óleo em Nova Iorque nos anos de 1998 e 1999 foi de
US$ 5,10 a 8,25/kg e em Manaus era comprado a menos de US$ 3,90/ kg (www.fao.org.br).
A Tabela 2, a seguir, apresenta os dados de exportação brasileira do óleo de copaíba de 1981
a 1992, obtidos da FAO. Como pode ser observado, os volumes apresentaram bastante oscilação,
variando de 47 a 114 t, como é comum na exportação de produtos de extrativismo não-madeireiros
da Amazônia. Geralmente são vendidos em pequenos volumes e alguns poucos negócios maiores
podem alterar significativamente as estatísticas de exportação. Uma outra dedução preliminar é que
existe uma margem de crescimento para as exportações de óleo de copaíba, desde que se tenha
estruturado melhor a oferta, regularizando-a em termos de volumes e qualidade.
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Os países que exportam óleo de copaíba e concorrem com o Brasil, são Peru, Colômbia e
Venezuela.
A partir dos dados do estudo de caso apresentado acima, foram construídos um exercício de
extrapolação para a produção brasileira de 2001 e um cenário com duas vezes a produção de 2001,
fazendo-se deduções de 10, 20 e 40% nas projeções, para se permanecer com certa margem de
segurança. Trabalhou-se com os valores de geração de renda de empregos diretos nos três níveis: 1)
no campo, que são valores extrapoláveis com segurança, pois a coleta não permite redução
pronunciada de mão-de-obra; 2) na manipulação, ou envase em pequenos frascos, que é o maior
segmento de venda e uso do óleo, e admite redução de mão-de-obra, donde terem sido aplicados os
redutores duas vezes para se conseguir o cenário; e 3) na venda a varejo, que, aqui sim, se permite
uma maior margem de redução, pois os caminhos do varejo são muitos.
Os resultados para a produção de 2001 estão na terceira coluna da Tabela 3, apresentada a
seguir. A partir dos valores obtidos para 2001, construiu-se um cenário que se nomeou de média
intensidade, praticamente dobrando-se a produção de 2001, passando de 414 a 800 toneladas. Os
resultados obtidos, também depois de deduções de 10, 20 e 40%, conforme enumerado na tabela,
estão na última coluna.
Não obstante a limitação da amostra - uma só empresa - ainda que bem típica, os resultados
obtidos são muito significativos e incentivam a ampliação deste estudo, com a inclusão de outras
empresas, cobrindo maior espectro de atividades e indo mais adiante na industrialização, pelo
menos na preparação de cápsulas e cremes com uso preponderante de copaíba.
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de oferta, o que acaba inibindo a formação de demanda regular. Trata-se de um círculo vicioso, que
será alterado muito lentamente, a partir da espontaneidade do mercado ou, mais rapidamente, se
houver determinação e força de vontade governamental, combinados com acertos nas iniciativas de
produção.
O uso medicinal da copaíba está sendo testado no Brasil e no mundo, cabendo ao governo
brasileiro estimular a pesquisa nessa área, para que o país domine os resultados e invista na
exploração sustentada, podendo gerar empregos e benefícios para a população extrativista.
No ano de 2001, o Brasil produziu, 414 toneladas de óleo de copaíba (IBGE), mas existem
condições para esse nível crescer, como pode ser deduzido a partir dos dados discutidos nas seções
anteriores, que evidenciam a existência de margem para o crescimento no consumo interno e na
exportação.
Os comerciantes de óleo na região amazônica acreditam que a quantidade de óleo extraído
irá diminuir por causa do desmatamento. Isso deve ser levado em consideração por parte do
governo brasileiro, no sentido de se adotarem políticas públicas de valorização dos processos
extrativos e sustentáveis na Amazônia, além de uma maior fiscalização no contrabando de madeira,
o que é decisivo para a sobrevivência da floresta para as futuras gerações.
A copaibeira desempenha um importante papel como fonte de geração de renda e trabalho
para a população extrativista da floresta. A produção do óleo exemplifica o uso que o Brasil deve
fazer da Amazônia, protegendo-a e estimulando os governos de outros países a confiar no país e em
seus projetos de preservação e de uso sustentável. Os dados estimados neste trabalho, não obstante
as limitações da amostragem são o suficientemente eloqüentes para serem levados em consideração
pelo governo e pelos segmentos da sociedade interessados em medicamentos naturais e no
desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Portanto, pode ser proposto um programa de ações para a expansão sustentável da produção
de óleo de copaíba, contemplando pelo menos os seguintes pontos:
1) a realização de um ou mais seminários de atualização entre pesquisadores, produtores,
comerciantes, governo (MMA, IBAMA, MS, ANVISA, FIOCRUZ, universidades, institutos de
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pesquisa, entre outros), a fim de se criar condições para que sejam obtidas, em prazo viável, provas
científicas do valor medicinal da resina;
2) a criação imediata de um grupo de trabalho para discutir e sugerir encaminhamento para a
questão institucional da produção e comércio do óleo de copaíba, com relação à autorização da
ANVISA; esse grupo poderia trabalhar inicialmente com copaíba e, depois, incorporar outros
produtos de mesma origem;
3) a elaboração de um conjunto de boas práticas de produção, de armazenamento e transporte do
óleo, incluindo exames simplificados de análise para rotinas em campo e no comércio;
4) elaboração de um diagnóstico, com levantamento de dados primários e secundários, sobre
produção, comércio, indústria e as pesquisas em andamento; e,
5) financiamento de um programa imediato de extensão para as cooperativas de produtores, para
ensinar como produzir, organizar lotes, encomendar laudos de qualidade para os lotes, como ofertar,
transporte etc.
Hoje em dia, já não se pode desconhecer o papel do extrativismo florestal não-madeireiro na
Amazônia, exercido por mais de 60 mil famílias, número que pode ser muito maior. Não obstante as
suas limitações, que devem ser reconhecidas, elas desempenham um papel ecológico e de
sustentação imediata de projetos produtivos para a Amazônia. Assim, são personagens
fundamentais para o uso não-destrutivo das florestas amazônicas e devem ser incentivados. O óleo
de copaíba é, sem sombra de dúvida, um dos produtos com maior potencial de geração imediata de
riquezas e empregos para milhares de famílias amazônicas que estão em situação social muito
difícil, o que, normalmente, reverte-se em prejuízo ambiental, perda de florestas, de biodiversidade
e êxodo rural. A sociedade e o governo, em seu nome, devem levar em consideração estes pontos ao
formular políticas para a proteção dos ecossistemas amazônicos.
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Referências Bibliográficas
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Babaçu
1. Introdução
O babaçu é uma das mais importantes representantes das palmeiras brasileiras, distribuido-
se por mais de 18 milhões de hectares em todo o Brasil. É constituído por um conjunto de seis
espécies de palmeiras do gênero Orbignia, sendo as mais importantes O. speciosa e O. oleifera.
Como espécie típica precursora, alastrou-se espontaneamente por uma grande área nos estados do
Maranhão, Tocantins, Goiás, Pará e Piauí, vindo a constituir maciços muitos densos chegando a ter
mais de mil indivíduos por hectare. Em verdade, a área de ocorrência desta palmeira abrange toda a
Amazônia, a pré-Amazônia maranhense e o centro-oeste. Seu espetacular povoamento é uma
característica marcante. Cresce muito rapidamente, logo após a retirada da floresta original, e de
forma densa, como se houvera sido plantada.
Em termos socioeconômicos, o babaçu apresenta-se como um importante recurso utilizado
há séculos para produção de óleo, sendo um vegetal em destaque para mais de 300 mil famílias
extrativistas que têm na quebra manual do coco, para retirada da amêndoa, sua principal fonte de
renda. Em áreas de intensos conflitos agrários, que tem seu centro na região do Bico do Papagaio,
vem a se constituir em elemento central deste conflito, que tem de um lado fazendeiros, que querem
o corte das palmeiras, para ocupação do solo para atividades agropecuárias e, de outro lado, os
extrativistas que precisam da palmeira para sua sobrevivência e, por conseguinte, precisam de aceso
às áreas de produção. Desta forma, o babaçu constitui o eixo central socioeconômico na região que
vem gerando, nas últimas décadas, mortes, pobreza e êxodo rural.
A tese a ser explorada neste artigo é de que o recurso babaçu, se utilizado sustentavelmente,
na totalidade de seu potencial, com o uso de tecnologias variadas na produção de diversos itens,
para uso químico, energético e alimentício, pode conduzir ao oposto da situação atual, a geração de
riqueza, emprego e renda numa das regiões mais pobres do Brasil. Deve ser lembrado ainda que,
além do fruto, podem ser exploradas outras partes da palmeira, tais como, por exemplo, talo da
folha para produção de fibras; o talo do cacho que abriga os frutos para uso energético, em queima
direta ou gaseificação, e ainda, a possibilidade de implantação de sistemas agro-florestais, com o
cultivo de outras espécies florestais, que podem servir de cultura de subsistência e comercialização
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• O recurso
Os babaçuais apresentam uma cobertura de mais de 10 milhões de hectares, apenas no
estado do Maranhão. A produção nacional de amêndoas chega a cerca de 200 mil toneladas por ano,
produzindo 70 mil toneladas de óleo (SOUZA et al, 1980) o que é inferior à demanda nacional e
mundial. O aumento da produção depende da adoção de técnicas de manejo adequado, do uso
diversificado de todas as partes da palmeira, corrigindo os desperdícios da produção.
Não há dúvidas quanto à abundância e potencial produtivo do recurso babaçu. Em verdade,
a quantidade de recurso não deve ser interpretada como eixo central e responsável único pelos
investimentos na região, mas sim o seu manejo adequado com as preocupações centradas nas
vertentes sociais, ambientais e econômicas com sólida base tecnológica a apoio governamental.
Assim, é válido ressaltar que o incentivo a esta atividade como forma capaz de mudanças no
quadro atual de pobreza, conflitos agrários e degradação ambiental, passa pela compreensão das
falhas encontradas atualmente na produção, pelo entendimento dos conflitos e pela valorização de
novas formas e técnicas de organizar o trabalho já desempenhado. Desta forma, sinaliza-se que a
potencialização da cadeia produtiva do babaçu deve ter como base compromisso ambiental e social,
no que diz respeito a técnicas florestais e o reconhecimento das comunidades presentes na região,
buscando a geração de trabalho digno para as mulheres quebradeiras-de-coco babaçu e um melhor
aproveitamento do recurso já coletado há tantos anos.
• Multiusos do Babaçu
A grande vantagem do babaçu está na sua capacidade de fornecer uma ampla variedade de
produtos úteis, pois toda a planta é aproveitada e muitos subprodutos são obtidos. O fruto fornece
uma manteiga vegetal de sabor agradável e de valor nutritivo. As amêndoas podem ser consumidas
in natura, como também produzem um óleo rico em ácido láurico que usado em diversos fins: na
alimentação humana, na produção de cosméticos, como lubrificante e pode ser transformado em
biodiesel. O mesocarpo do fruto produz carvão de excelente qualidade, sendo empregado como
fonte de energia em siderurgias.
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• Extrativismo e Comercialização
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No total de 5 anos, quando houve o Censo Agropecuário (1970, 75, 80, 85, 96), foram
produzidas 700 mil t de amêndoa de babaçu, que geraram como valor de venda e ingresso para as
comunidades envolvidas neste período, 840 milhões de reais (Censo Agropecuário, IBGE). Assim,
por ano, foram extraídos 140 mil t que renderam à Amazônia 170 milhões de reais. Desse modo,
cada quilo de babaçu foi vendido a um preço médio de 0,80 reais (1970-96, segundo o Censo
Agropecuário do IBGE). Um trabalhador, em média, extrai cerca de 130 kg por mês durante a safra
de babaçu (6 meses) e ganha com a venda deste produto 160,00 reais/mês. O que demonstra que o
babaçu é um investimento promissor de renda familiar das comunidades rurais brasileiras,
sobretudo as do estado do Maranhão, que maior contribuem com seu potencial de extração deste
fruto. Por outro lado, é importante colocar que ao diversificar e estimular o uso e aproveitamento de
todas as partes do fruto, bem como o melhor refinamento, para obtenção de inúmeros subprodutos é
a adoção de um posicionamento de maior agregação de valor, logo, de maior renda para as famílias
rurais da região de ocorrência dos babaçuais.
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fica sentada sobre o chão, prendendo com uma das pernas um machado, cujo fio é usado para abrir
o endocarpo com o uso de um macete de madeira. Nesta condição, vários são os riscos de
ferimentos e de exposição da saúde pela possibilidade de ataques por animais peçonhentos e pelo
posicionamento incorreto do ponto de vista ergonômico. Há, ainda, um desperdiço muito grande do
material babaçu que é deixado no campo e acaba sendo inutilizado. Desta maneira, a forma que vem
sendo realizada a exploração e o beneficiamento do babaçu, pode ser considerada pouco eficiente e
produtiva.
Uma nova abordagem, aqui sugerida para a quebra do coco babaçu, não só respeita a forma
cultural como a atividade é desenvolvida atualmente, como também valoriza o papel fundamental
da mulher neste processo. A intenção é criar um método que assegure a produtividade, mas que
priorize o trabalho desempenhado pelas mulheres quebradeiras.
• Semi-Mecanização do processo
A semi-mecanização da produção, certamente, trará dinamismo ao processo, com aumento
de produtividade, aproveitamento de partes do fruto anteriormente inutilizadas, e a mudança da
postura de trabalho da quebradeira, melhorando em muito a questão de saúde, ergonomia e a
diminuição de riscos e acidentes de trabalho. O debate em relação à mecanização dos métodos de
extração e beneficiamento de produtos florestais, muitas vezes apresenta-se polêmico por prever a
dispensa do trabalho dos extrativistas, como já aconteceu com o próprio babaçu. O melhoramento
tecnológico, não pode ter por base somente a a vertente da eficiência produtiva econômica, mas sim
a distribuição dos benefícios nas dimensões sociais, econômicas e ambientais. A máquina para
beneficiamento do babaçu, aqui proposta, se diferencia por assumir a importância social, cultural e
ecológica das mulheres quebradeiras - de – coco. Desta forma, como um pressuposto básico na
equação do problema, elas devem permanecer como ponto chave na cadeia produtiva e não apenas
como ponte de ligação do babaçu com a máquina, como já proposto em outras oportunidades e que
não obtiveram sucesso. Com intuito de dinamizar e aproveitar integramente a matéria babaçu, a
semi-mecanização apresenta-se como via tecnológica factível, no ponto de vista econômico e social.
Para melhor esclarecer a proposta, é apresentada abaixo uma fotografia do coco cortado ao meio
onde podem se ver as várias partes do babaçu.
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O epicarpo, chamado de
casca, é fibroso, ligno-celulósico e
representa 15% do peso seco do
fruto. O mesocarpo é uma camada
marrom-clara que se localiza depois
AMÊNDOA
do epicarpo, de natureza amilácea, e
corresponde a 20% do peso seco do EPICARPO
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2. Conclusões
3. Bibliografia
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