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retomada de um projeto?
Na explanação, salientei que, nos períodos em que Getúlio Vargas esteve na presidência da
República, de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954, houve o desenvolvimento de um projeto de
nação para o Brasil. A economia brasileira, até então, era sinônimo de economia cafeeira,
baseada num único produto, o que gerava enorme dependência do país à exportação do café.
Getúlio chegou ao poder, por meio do golpe de 1930, numa época em que apenas 2% da
população brasileira votava, pois mulheres e analfabetos ainda não tinham direito ao voto. No
processo eleitoral predominava o chamado "voto de cabresto", manipulado pelo poder
político e econômico das elites.
No período ditatorial em que vigorou o Estado Novo, de 1937 a 1945, Vargas deu maior ênfase
ao desenvolvimento do ensino profissionalizante e à consolidação do Estado nacional, que até
então era dependente de interesses da economia cafeeira, liderada predominantemente por
São Paulo e Minas Gerais. Vargas defendia um projeto baseado no nacionalismo econômico e
o Estado Novo trouxe a consolidação do estado nacional e, dentro do projeto industrializante,
as leis trabalhistas para os trabalhadores da cidade. Entretanto, Vargas será deposto no Estado
Novo, ajudado por uma contradição: internamente. Getúlio liderava uma ditadura;
externamente, apoiava os aliados contra ditaduras.
Com a renúncia de Jânio Quadros, o vice-presidente João Goulart assume o poder e retoma o
projeto varguista, sendo influenciado por alguns pensadores como Alberto Pasqualini, e com a
tentativa de implantação das reformas de base o projeto Vargas transmuta-se no projeto
trabalhista, que conforme Moniz Bandeira, será uma espécie de social-democracia brasileira.
Algumas dessas reformas continuam, atualmente, em pauta, como a tributária e a política.
Com o golpe de Estado em 1º de abril de 1964, começou o regime militar no país, que se
manteve no poder até 1985, e assim, esse projeto trabalhista (nos marcos do nacional-
desenvolvimentismo) foi interrompido.
Depois desse apanhado histórico, um pouco de opinião embasado na linha de pesquisa que
começo a estudar... Quando o PT chegou ao poder em 2003, tinha um projeto político (de
poder) e focado no combate a fome e a distribuição de renda, entretanto, sem um projeto
claro de país. Contudo, quando a atual presidenta Dilma Rousseff, ingressou na Casa Civil e
passou a influenciar os rumos do país: o projeto trabalhista de Vargas e Goulart é resgatado
(claro que num contexto historicamente diferente). Cabe lembrar, a tentativa de criar uma
estatal do Pré-Sal, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o programa Luz pra Todos
e Minha Casa minha Vida, a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, a Política de
Desenvolvimento Produtivo, entre outros.
O PT herdou a condição de partido das massas do antigo PTB e passa a constituir, pelo menos
em termos práticos embora alguns petistas não concordem, como o maior partido trabalhista
do país. Assim, o governo da presidenta Dilma Rousseff, com seus aliados de esquerda como,
por exemplo, o PSB, PCdoB e parte do PDT, retoma o projeto trabalhista, que no passado teve
em sua essência as reformas de base, essas que continuam tão atuais. Assim como, continuam
atuais a oposição sistemática de parte da mídia e de parte da elite brasileira e o uso das
bandeiras da moralização e do combate a corrupção: tão usadas contra os governos com
caráter popular e trabalhista como Vargas, Goulart, e de certo modo, JK.