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ORATÓRIA
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Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167
Portal Educação

P842o Oratória / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012.

103p. : il.

Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-142-1

1. Comunicação. 2. Oratória. 3. Elementos linguísticos. 4. Discursos. I.


Portal Educação. II. Título.

CDD 808.51
SUMÁRIO

1 BASES DA COMUNICAÇÃO ....................................................................................................3 2

2 ORATÓRIA ................................................................................................................................7

3 HISTÓRICO DA ORATÓRIA ....................................................................................................15

4 ORGANIZANDO SUAS INFORMAÇÕES .................................................................................30

5 ELEMENTOS ESTRUTURAIS PARA ELABORAÇÃO DE UM DISCURSO ............................33

6 DIVISÕES DO DISCURSO E/OU APRESENTAÇÕES .............................................................34

7 TÉCNICAS PARA SEREM UTILIZADAS NA INTRODUÇÃO ..................................................37

8 VOCABULÁRIO ........................................................................................................................53

9 ELEMENTOS PARALINGUISTICOS ........................................................................................55

10 COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL ..............................................................................................56

11 CUIDADOS COM O USO DO MICROFONE.............................................................................79

12 UMA VISÃO PANORÂMICA DE COMO ENCARAR, HOJE, A VOZ HUMANA ......................87

13 EXERCÍCIOS PARA O ESTIMULO FISIOLÓGICO ..................................................................89

ANEXOS ..............................................................................................................................................94

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................101
1 BASES DA COMUNICAÇÃO

Na Grécia Antiga, no século de Péricles, diziam que havia três tipos de personalidade
que poderiam ser atacados, respeitados e realizados. O primeiro era aquele que nascia com
3
grandezas humanas; o segundo aquele que herdava grandezas humanas e o terceiro,
geralmente o mais famoso, o que conquistava grandezas humanas.
O primeiro não foi explicado, mas acreditamos que a genética e os estudos da
hereditariedade poderiam esclarecer a sua natureza. O segundo possivelmente seria fruto da
influência da sociedade. E o terceiro seria a personalidade que com ou sem duas personalidades
anteriores conquistava valores humanos. Naquela época estes valores eram expressos pela
capacidade de transmitir seus conhecimentos ou emoções.
Os gregos naquela época compreenderam a importância da palavra oral, já que uma
lei determinava aos 40.000 cidadãos livres atenienses que em um processo o acusado e o
acusador deveriam defender-se pela própria palavra. O advogado era somente um assistente
daqueles que atacavam ou defendiam. E acrescentavam que era muito vergonhoso um indivíduo
não saber lutar com sua força física, pois a força física era fruto da mãe natureza e a capacidade
para a linguagem oral dependia única e exclusivamente da vontade de cada um.
Acreditamos que somente falando é que nossas qualidades e limitações se
apresentam, completando a nossa verdadeira face. Este é, sem dúvida, um dos grandes
benefícios do estudo da Oratória: modificar e melhorar a ideia dos nossos semelhantes sobre a
nossa pessoa. Talvez por esse motivo Sócrates tenha dito: “Fala para que eu te veja.”
Grande parte das pessoas – independente do nível sociocultural – sabe que pode
desenvolver, realçar sua personalidade e aumentar o campo de suas oportunidades, aprendendo
a falar convincentemente, mas muitos ficam parados na ideia de frequentar um curso de
Oratória, outros fogem de situações sociais onde estaria estimulando sua comunicação. As
pessoas que vão deixando o medo de falar em situações públicas adiam assim o aumento de
suas possibilidades, esquecendo que o estudo da comunicação verbal e suas práticas
enaltecem, destacam, realçam o belo, ordenam o raciocínio, disciplinam a mente, encorajam-
nos, dão-nos segurança, ensinando a nos sentirmos e agirmos melhor.
Dizia Léon Gambeta, em 1871, na condição de chefe da III República Francesa:
“Senhores Deputados. Muitas são as técnicas de Aristóteles a
Cícero, Tácito e Quintiliano; mas, deixando de lado os estudos
profundos da retórica, vou tentar transmitir aquilo que em minha vida de
político das praças públicas ou ainda das assembleias e da Câmara me
levou a esta posição. O que importa para a partida do orador, para o
início, é que ele tenha um arquivo mental de onde possa tirar uma frase
decorada e dizer no momento oportuno. Da mesma maneira, para fechar
o discurso, deve ter uma série de frases arquivadas em sua memória e,
quando sentir que é hora de encerrar, aplicá-las. Quanto ao meio do
discurso, que alguns chamam de corpo, conheci oradores que 4
começavam falando erradamente, confusos e com o tempo com a
prática os erros foram diminuindo e os acertos aumentando. Mas
senhores deputados. Tudo o que falei não valerá de nada se os
senhores não cuidarem do conteúdo. Por exemplo: se devem falar sobre
o esgoto de Paris, só há um solução: visitarem os esgotos de Paris e
conversar sobre o assunto com aqueles que lá trabalham”.

Seis componentes do circuito completo da comunicação humana


1ª 2ª 3ª 4ª 5ª

VEÍCULOS OU TRANSMISSORES

MENSAGEM

Fonte ou Expressão Decodificadores


emissor ou receptores
humano Voz Vocabulário corporal
(ouvintes)

Retorno ou

feedback
1ª Parte – Emissor 2ª Parte – Voz

A primeira parte do esquema geral da A voz comunica mensagem emocional,


expressão verbal é às vezes dividida: o temperamental, psicológica. Ela carrega,
indivíduo que pode ser apenas emissor e revela com facilidade a personalidade.
a fonte de transmissão é outra pessoa.
6
Por exemplo: oradores que leem e os
que escrevem.

3ª Parte – Vocabulário 4ª Parte – Expressão Corporal

O vocabulário, constituído de sinônimos, A expressão corporal pode fortalecer ou

antônimos ou palavras afins, leva à enfraquecer e até destruir a

mensagem intelectual. Quando temos comunicação da voz e do vocabulário.

um público homogêneo devemos utilizar


um vocabulário mais simples e sem
erros.

5ª Parte – Decodificadores 6ª Parte – Retorno

O decodificador ou decodificadores Retorno ou retroalimentação para que o

receberão a comunicação como comunicador possa receber e aproveitar

receptores humanos de maneira as influências do ouvinte ou de um

fidedigna, se não houver interferências auditório para manter ou mudar os

nos veículos. Esta interferência na física planos.

é denominada de ruído (ou barreiras).


2 ORATÓRIA

O termo Oratória originou-se do latim oratória e significa a arte de falar ao público ou


falar em público. É uma área do saber bastante ampla e de origem muito antiga, que perpassa
toda a história da humanidade. Nos textos de oratória encontramos dois termos bastante 7
comuns, são eles ‘eloquência’ e a ‘retórica’, importante à compreensão do que seja a arte da
Oratória.
Segundo LOPES (2000) a eloquência deriva do latim eloquentia e pode:

“Referir-se à fala na sua dimensão prática. É a


capacidade de falar, de se exprimir com facilidade, e está ligada
à arte e ao talento de persuadir, convencer, deleitar ou comover
por meio das palavras”.

Do mesmo modo retórica é uma palavra originária da língua grega rhetoriké, que
designa:

“O conjunto de regras teóricas relativas à capacidade da


eloquência; é o tratado que encerra estas regras. Refere-se,
ainda, num outro sentido, aos adornos empolados ou pomposos
de um discurso”. (Ferreira, 1975)

A oratória ou arte de falar ao público foi a primeira forma de uso da palavra, com a
finalidade de persuadir, convencer, vender. Sem a tecnologia da escrita os grandes oradores
transpunham suas ideias em praças, ruas, escolas utilizando a comunicação oral como forma de
expressão.
Quando usamos a comunicação escrita temos regras gramaticais que devem ser
seguidas, o mesmo deve ocorrer com a comunicação verbal, para que nossos pensamentos
sejam transmitidos de forma clara, objetiva, organizada e que tenham efeito.
A comunicação verbal formal, conferências, palestras, saudações, quanto ao esquema,
é igual à oratória informal de diálogo ou conversas com um pequeno grupo, de caráter social, de
vendas ou ainda como em situações corriqueiras do dia a dia. A diferença maior é que na
Oratória cerimoniosa existe uma necessidade maior de sinônimos, antônimos e analógicos,
emprego de ornamentos de linguagem, volume de voz. A dramatização e as ideias de valor têm
maior realce.
Preparar um discurso é essencial ao êxito da fala. Nunca assuma uma tribuna sem ter
em mente um plano de discurso. A composição didática de um discurso auxilia o orador na 8
localização do conteúdo, aumentando sua confiança e objetividade, já que terão em mente todas
as partes do discurso. O discurso pode ser entendido com uma exposição dos pensamentos e
raciocínios preparada para uma determinada ordem, a fim de convencer os ouvintes.

Retórica

A definição de retórica é conhecida: arte de bem falar, de demonstrar eloquência diante


de um público para conquistá-lo para nossa causa.
Ao longo da história a retórica recebeu inúmeras definições muito semelhantes. Ainda
hoje nos vemos obrigados a constatar a ausência de unidade de domínio quanto ao seu
significado. Ela foi vista em primeiro lugar com Aristóteles como uma técnica de persuasão e é
ainda desta forma que Perelman a define vinte séculos depois:

“O objetivo desta teoria é o estudo das técnicas


discursivas que permitem provocar ou aumentar a adesão dos
espíritos às teses apresentadas ao seu assentimento”.

Na retórica antiga, a do tempo de Aristóteles, os termos convencer e persuadir


apresentavam-se indiferentemente em seus textos. Atualmente, na nova retórica, defendida por
Perelman & Olbrechts-Tyteca (1996), os termos distinguem-se quanto à argumentação, que é
por eles considerada como o próprio discurso.
“Argumentação persuasiva é aquela que só pretende
alcançar um auditório particular e argumentação convincente é
aquela destinada a obter a adesão de todo ser racional”.

O caráter argumentativo está presente desde o início: justificamos uma tese com
argumentos, mas o adversário faz a mesma coisa. Neste caso a retórica não se distingue em
nada da argumentação. Trata-se de um processo racional de decisão em situação de incerteza. 9
Para os antigos, a retórica abrange tanto a arte de bem falar – ou eloquência – como o estudo do
discurso ou as técnicas de persuasão e até de manipulação. Ouçamos o que Quintiliano expõe a
este respeito:

“O que melhor caracteriza retórica é ter sido definida


como a ciência do dizer bem, porque isso abrange ao mesmo
tempo todas as perfeições do discurso e a própria moralidade do
orador, visto que não se pode verdadeiramente falar sem se ser
um homem de bem”.

A retórica trata sem dúvida de causas a defender ou teses a sustentar. Claramente


existe alguém que se exprime e se dirige ao outro sem dúvida para convencê-lo, talvez para lhe
agradar; às vezes para o pôr a distância. Ela é o encontro entre homens e linguagem na
exposição das suas diferenças e das suas identidades. Sempre e em todos os casos a relação
retórica consagra uma distância social, psicológica e intelectual, que é aleatório e de ocasião,
que é estrutural ao manifestar-se em outras formas, por meio da argumentação ou sedução.
Para Meyer & Toulmin (1994) a retórica é a negociação das distâncias entre os
sujeitos. Esta negociação tem lugar por meio da linguagem (através da ou de uma linguagem)
racional, emotiva, pouco importa. A distância pode ser reduzida, aumentada ou mantida
conforme os casos.
A “retórica aristotélica”, nome dado aos ensinamentos de Aristóteles referentes à
elaboração do discurso, prega a necessidade vital deste ser fundamentado na lógica. A busca da
lógica do discurso resultou na compreensão do mecanismo do pensamento, levando a uma
explicação da constituição do discurso em partes, para se entender assim a estrutura da
argumentação.
As Figuras da Retórica

Determinadas formas de expressão são utilizadas desde a antiguidade como meio de


enfatizar argumentos e embelezar seu conteúdo, de modo a despertar a atenção do ouvinte,
10
aprofundando seu poder de persuasão. Essas formas fraseológicas foram primeiramente citadas
por Aristóteles (s.d) como “figuras”. Surgem nos textos de Oratória com diferentes
denominações: para Santos (1958), Otávio (1963), Perelman & Olbrechts-Tyteca (1996) são as
figuras de retórica; para Ramos (1962), figuras de ornamento; para Melantonio (1979), figuras de
estilo.

As figuras de retórica aqui apresentadas são extraídas de obras de Santos (1958),


Otávio (1963) e Melantonio (1979).

1. Metáfora: é a figura mais usada e mais importante no discurso. Consiste em


transportar uma palavra ou um termo de seu sentido próprio para outro que lhe é
aplicado por comparação. Exemplo:

“A Inglaterra é um navio, que Deus na Mancha ancorou.”

Castro Alves
2. Metonímia: utilizamos quando designamos uma coisa pela outra, pela sua
relação íntima, como causa e efeito. Exemplo:
“A cruz (religião) e a Balança (justiça).

“Fumar um quebra-peito” (cigarro forte).


11
“Os Portinari são valiosos” (quadros).

Metantonio

3. Anáfora: é a repetição de uma ou mais palavras no início das frases ou


períodos. Exemplo:
“Tu, valente jovem.”

Tu, que tantas vicissitudes conheceste,

Tu, que em tantas batalhas pelejaste.”

Santos

“Nem tudo que ronca é porco,

Nem tudo que berra é bode,

Nem tudo que é luz é ouro,

Nem tudo falar se pode.”

Melantonio

4. Pleonasmo: é a repetição de um termo de forma enfática para reforçar o que se


diz. É uma figura muito usada na Oratória forense. Exemplo:
“Ambos os dois falaram”.

“Entrou para dentro”.


“Vi com meus próprios olhos”.

5. Eufemismo: expressão usada para se amortecer uma ideia, ocultando ou


amenizando algo desagradável. Exemplo:
“A criança voou para Deus”. (equivale a: A criança morreu)
12

6. Sinédoque: é usado para empregar o todo por uma parte; aquilo que significa
mais pelo que significa menos, ou o contrario. Exemplo:
“As asas cortam os céus.” (asas são partes dos aviões).

7. Hipérbole: é o aumento exagerado da expressão para lhe dar mais importância.


Exemplo:
“está a cidade inundada do sangue de seus filhos” (Santos, 1958a).

8. Antítese: é a aproximação de ideias ou palavras opostas, realçando o


pensamento oculto das mesmas. Exemplo:
“Ser mãe é andar chorando num sorriso!”

“Ser mãe é ter o mundo e não ter nada!”

“Ser mãe é padecer no paraíso.”

(Coelho Neto apud Melantonio, 1979).

9. Apóstrofe: é uma forma de invocar ou interpelar uma pessoa, viva ou morta,


algo real ou imaginário. Exemplo:
“Ó liberdade, onde estão os teus filhos diletos?”

“Senhor Deus dos desgraçados”.


Dizei-me vós, senhor Deus!

Se é loucura... se é verdade

Tanto horror perante os céus...”

(Castro Alves apud Melantonio, 1979).

13

10. Prosopopeia: é uma forma na qual se atribui vida a seres ou coisas inanimadas
ou ausentes. Exemplo:
“Ó noite, que notícias trazes do meu amor?” (Santos, 1958a).

11. Elipse: é a omissão de termos que ficam subentendidos. Exemplo:


“Parabéns” (Eu lhe desejo parabéns)

“Nada de novo no front.” (Há)

(Melantonio, 1979).

12. Ironia: é uma expressão que em função do contexto em que está inserida,
significa exatamente o contrário do eu se diz. É também conhecida como
dissimulação e as mais fortes são chamadas de sarcasmo. Exemplo:
“Olhem quem está ai: minha sogrinha, minha segunda mãe, esse coração de
ouro, essa pomba sem fel. E a linguinha, como vai, bem afiada? Sente aqui,
minha santa, junto de seu genrinho querido, vamos vasculhar o lixo da Bahia”.

(Jorge Amado apud Melantonio, 1979).

13. Repetição: é uma maneira que consiste em repetir uma palavra ou um termo
com o intuito de insistir na ideia, dando-lhe mais ênfase. Exemplo:
”Divertia-os o ódio, divertia-os a inveja, divertia-os a ambição, divertia-os o
interesse, divertia a soberba, divertia-os a autoridade e ostentação própria”.

(Pe. Antônio Vieira apud Melantonio,1979)

14. Interrogação: é uma forma de suscitar uma questão para logo em seguida 14
resolvê-la, despertando o interesse do ouvinte. Exemplo:
“Quereis ver o que é a alma? Olhai para o corpo sem a alma”.

(Pe. Antônio Vieira apud Otávio,1963)

15. Epístrofe: é a repetição de um termo no fim das proposições. Exemplo:


”É sempre a mesma coisa, é sempre a mesma coisa”.

(Machado de Assis apud Melantonio, 1979)

16. Gradação: é a maneira de enumerar as ideias em certa ordem, aumentando ou


diminuindo a vivacidade do pensamento. Exemplo:
“Ide, correi, voai, que por vós chama o rei, a pátria, o mundo, a glória”.

(Silva Alvarenga apud Melantonio, 1979)

17. Reticência: é a sustentação do pensamento para causar maior impressão,


fazendo com que o ouvinte fique contemplado o orador por alguns segundos.
Exemplo:
“um pregador vestir como religioso e falar como... Não o digo por respeito ao
lugar”.

(Pe. Antônio Vieira apud Otávio,1963)


3 HISTÓRICO DA ORATÓRIA

Antiguidade

15

A preocupação de falar vem provavelmente desde a idade da pedra, quando os


feiticeiros, o chefe militar ou o patriarca, enfim, os condutores dos aglomerados humanos,
precisavam usar da palavra para provocar ações mais eficientes por parte do grupo dirigido.

No começo a força bruta era utilizada em nome do grupo, com o tempo a força da
inteligência passa a dominar, e esta foi aplicada pela arte de comunicar com as palavras. As
multidões se contagiavam e aumentavam o ânimo para as lutas, para o trabalho ou novos
empreendimentos pela palavra orientada pelo raciocínio lógico. Verificamos principalmente com
as civilizações do Egito, Mesopotâmia, Palestina, Grécia e Roma.

Foi na Grécia que o domínio da comunicação verbal começou a permitir a resolução de


determinados problemas, tendo a palavra atingido um grande poder, foi quando possibilitou um
progresso mais acentuado. Com a evolução já bem definida temos registros históricos
incontestáveis da Oratória científica, baseada em princípios psicológicos, em ideias práticas e
com determinadas regras, pretendendo a exposição oral ser harmoniosa.

Cinco séculos antes de Cristo surgiu na Magna Grécia, na Sicília, cidade de Siracusa,
a primeira escola de Oratória, dirigido por Córax, considerado um dos criadores da retórica,
seguidor de Empédocles. Essa Escola Siciliana pregava métodos sobre a eficácia e a didática da
Oratória, que determinavam:

1) Que o discurso devia consistir de uma introdução;


2) De uma narrativa;
3) De uma argumentação;
4) De afirmações;
5) De conclusão.
Naquela época os estudiosos já entendiam que este esquema mental não seria apenas
para situações formais de comunicação, mas sim para qualquer tipo de comunicação verbal ou
escrita. Os historiadores da vida em Atenas concluíram que na época do apogeu tudo dependia
do povo e o povo dependia da palavra. Nessa época os gregos começaram a desenvolver a
paixão pela arte da palavra oral e uma das causas que mais contribuiu para a multiplicação de
oradores da Grécia antiga foi uma lei que obrigava as partes em litígio a apresentar
16
pessoalmente, verbalmente, sua própria defesa diante dos juízes.

Professor notável desse período foi Isócrates, mas, sem dúvida alguma, o mais
importante dos pioneiros da Oratória científica foi Aristóteles, pois após trezentos anos de sua
morte ainda existem escolas de Oratória que seguiam à risca as orientações aristotélicas. Mais
tarde, com a influência asiática de artifícios complicados, houve certa decadência da Oratória em
geral.

Dentre os inúmeros professores de Oratória e logógrafos (era aquele que fazia


discursos perante os tribunais de Atenas no Período Clássico, normalmente era alguém
desconhecido e não cobrava honorários) que alcançaram fama, cabe um papel importante para
Isócrates, que foi um dos maiores professores de retórica, que igual a um grande número de
professores da arte de falar, eram medíocres na prática da fala, mas competentes para
transformar seus alunos em grandes líderes. Isso também acontece em outras atividades como
no teatro, cinema e na televisão, pessoas que não têm capacidade para representar mas sim
para dirigir.
Isócrates era dominado por uma timidez patológica. Sua voz não era adequada para
Oratória em praça pública, por esse e outros motivos nunvca falava em público. Na sua célebre
obra “Panegírico” (curiosamente a palavra, na Roma antiga, denominava-se o discurso
elaborado para celebrar a vida de uma personagem ilustre) trabalhou dez anos
ininterrupitamente nesta obra. Quando perguntavam como é que um homem que não era orador
podia ensinar Oratória, ele respondia serenamente:

“Porque sou semelhante a uma pedra de afiar, que não corta


mas faz com que muitos metais cortem”.
Aristóteles foi outro nome importantíssimo no estudo da Oratória científica, nasceu em
Estagira, na calcídica, filósofo grego seguidor de Platão e professor de Alexandre, o Grande, é
considerado o criador do pensamennto lógico. Sua obra, “A Arte Retórica”, posui três livros e
ensina que a Oratória:

 Deve ser corretiva visando à justiça;


 Instrutiva visando ao ensino e; 17
 Defensiva visando a neutralizar as agressões.

É famosa sua colocação de que:

“É mais grave a pessoa não saber se defender pela


palavra do que pelas suas próprias mãos”.

O regime democrático muito contribuiu para o desenvolvimento da Oratória,


principalmente em Atenas, onde o respeito pela opinião pública era muito grande. A maioria dos
importantes nomes atenienses eram também notáveis oradores, quer fossem filósofos, militares
ou políticos. Por exemplo: sócrates, Platão, Aristóteles, Péricles, Demóstenes, Temístocles e
alcebíades, que conseguiram dominar as elites e multidões graças aos seus dotes oratóricos.
O mais famoso de todas as épocas foi Demóstenes, orador ateniense que viveu de 384
a 322 a. C. Devemos destacar seu empenho no uso de seu talento e eloquência nos quinze anos
que dedicou ao combate às ambições de Filipe da Macêdonia, pronunciando contra ele inúmeros
discursos admiráveis denominados As Filípicas, e muitos outros como A Oração da Coroa.
Demóstenes tem uma particularidade. Na juventude tinha sérios problemas de
articulação e conseguiu superar esta dificuldade com técnicas que ele mesmo desenvolveu,
colocando pedras na boca e discursando para o mar, forçando a musculatura do aparelho
fonador.
Ainda na Grécia temos o notável retórico Longino, que nos legou úteis elementos para
que apliquemos hoje. Na antiga Roma devemos destacar os irmãos Tibério e Caio Graco, Catão,
Marco Antônio, Bruto, Júlio Cesar, Cícero (Marco Túlio Cícero viveu de 106 a 43 a. C.) e
Quintiliano, que restauraram métodos para atingir a mente e o coração dos ouvintes.
Júlio Cesar foi magnífico escrior quanto ao estilo, vocabulário, ideias e elegância. Foi
um grande orador não só para a elite romana e generais, mas também para os soldados e o
povo em geral. Sua personalidade e comunicação transformaram-no em um líder que até hoje
fornece ensinamentos práticos aos que almejam liderança em qualquer agrupamento humano.
Plutarco, Suetônio, Dante, Shakespeare, Voltaire, Goethe e todos os grandes da
cultura e das lideranças sempre sentiram fascínio por Júlio Cesar. Sua Oratória é tão importante
quanto sua obra escrita e sua atuação política e militar. Seu fim trágico deve-se à sua grande 18
preocupação com o povo, ser amado por ele e combatido pelas classes altas, que incapazes de
combatê-lo pela palavra resolveram assassiná-lo.
Cícero é considerado o apogeu da Oratória romana. Sua fama deve-se em grande
parte pelo discurso contra Catilina. Não teve rival na eloquência judiciária pela riqueza de sua
imaginação, pela flexibilidade de seu espírito cheio de graça e sedução, pela sua habilidade
dialética. Pena que seja um pessímo modelo político. Era de uma ambição desmedida e vaidade
que atingia o ridículo. Talvez tenha sido menos veemente que Demóstenes na eloquência
política, porque Demóstenes tinha sempre um lastro de força moral para falar e Cícero era
oportunista. Ele é a suprema expressão do gênio latino. Sua cultura jurídica foi de grande valor e
é apontado como sendo o pai da filosofia do Direito.
Marco Fábio Quintiliano, retórico latino, nasceu em 1934, possivelmente na Espanha.
Estudou em Roma para formar-se na arte oratória e nas escolas de declamação. Tornou-se
advogado, lecionando, ao mesmo tempo, retórica. Sua obra principal é Instituição Oratória, que
se transformou em uma espécie de bíblia para os mestres da retórica em todas as épocas. Ainda
hoje esta obra pode ser utilizada, desde que o orador tenha desenvolvido uma qualidade
importante: a adaptabilidade. Está dividida em 12 livros, destacando o seguinte:

“Não se exija de mim o que muitos quiseram fazer, isto


é, encerrar e circunscrever a arte em limites necessários e
imutáveis. Não conheço arte dessa espécie. A retórica seria
coisa facílima se fosse possível reduzi-la a sistema. Não quero
submissão a regras muito uniformes e demasiadamente gerais:
não há regra que não possa, que não deva violar às vezes. Não
pensem os jovens saberem tudo por terem lido alguns resumos
de Retórica. A arte de falar demanda grande trabalho, estudo
contínuo, longa experiência, muito exercício, prudência
consumada, cabeça sadia e sempre presente. Só assim as
regras bem aplicadas podem ser úteis. E só assim aprendemos
a utilizá-las sem nos escravizarmos a elas”.

Tácito (65 a 120 d. C.) escreveu o “Dipalogo dos Oradores”, no qual declara a respeito
do antigo ensino:

19
“O discípulo habituava-se a frequentar a casa do
mestre, a acompanhá-lo fora de casa, a ouvir tudo o que dizia,
quer diante dos juízes, quer nas assembleias, de sorte que
assistia mesmo ao embate das réplicas, estava presente nas
disputas e aprendia a guerriar, por assim dizer, no próprio
campo de batalha. Uma grande prática, muita segurança,
notável discernimento, tais eram as vantagens daí resultantes
para os que estudavam”.

Idade Média

Durante a época medieval o ensino era para a minoria, tinha como fim preparar os
jovens nas artes literais que compreendiam o trivium: estudo da Gramática, Retórica e Lógica; o
quadrivium: estudo da Aritmética, Música, Geometria e Astronomia. Estudavam nas
universidades teologia, Medicina e Direito. Neste preríodo o cristianismo fez renascer a Retórica
e a eloquencia do púpito que lançou os padres Basílio e João Crisóstomo e os padres latinos
Santo Ambrósio e Santo Agostinho.

O movimento histórico das cruzadas teve como grandes eloquentes Pedro e Eremita.
São Bernardo, Tomás de Aquino e São Boaventura formam o conjunto de oradores que
antecederam a Renascença, de interrese para os religiosos e também para aqueles que
cultivavam a cultura grega. A Oratória no século XII e dominada pela escolástica (filosofia
medieval de características cristãs, que surge para suprir as exigências da fé; ocorre no período
do século IX até o século XVI, ou seja, até o final da Idade Média), método que consiste em
raciocionar, formando silogismo e usando a memorização. Neste período ocorre o declínio da
Oratória.

Renascença
Na Renascença ressurge a eloquência. Na Itália o ápice será com o frade Jerônimo
Savanorola, que tocou não só a república de Florença mas também a Itália e Europa. Ele é
considerado o maior orador de seu século. Seu poder com a palavras resultaram em sua prisão,
tortura e julgamento por um mês, sendo queimado em praça pública.
Na Pré-Renascença e na Renascença a Oratória é ainda mais religiosa. No período da
Reforma surgem os pregadores evangélicos Lutero e Melanchton na Alemanha e Calvino na
20
Suíça. A contrarreforma de Inácio de Loyola movimenta a Igreja de Roma para reformulação da
Homilética.

História Moderna e Contemporânea

Serão mencionados nomes de grandes personagens que podem ajudar muito no


estudo da comunicação verbal. Estes modelos devem ser adaptados às circunstâncias
comunicativas.
Ingleses: Lord Chatham, William Pitt, Gladestone, Lloyd George e Churchill.

Winston Leonard Spencer-


Churchill nasceu em Blenheim Palace,
Oxfordshire, em 30 de novembro de
1874 e faleceu em 24 de janeiro 1965.
Foi conhecido como o mais célebre
político britânico.
Hindus: Krishnamurti, Gandhi, Tagore, Nehru, e Indira Gandhi.

Mohandas Karamchand Gandhi


nasceu em 2 de outubro de 1869, na Índia
Ocidental, cursou a faculdade de Direito em
Londres. Em 30 de janeiro de 1948 foi
assassinado em Nova Déli, capital da Índia. 21

Chineses: Sun-yat-sen e Mao-Tsé-tung.

Mao-Tsé-tung nasceu na aldeia de Shaoshan,

província de Hunan, China, em 26 de dezembro de 1893. Filho de camponeses, faleceu em 9 de


setembro de 1976.

Italianos: Mazzini, Cavour, Garibaldi, Ferri, Mussolini, Togliatti, Neni, Saragatte e


Gronchi.
Benito Mussolini nasceu em
Dovia di Predappio em 29 de julho de
1883, filho de ferreiro socialista e de
uma professora primária. Foi
jornalista e político. Foi fuzilado pelos
guerrilheiros da Resistência Italiana
em 28 de abril de 1945.
22

Alemães: Bismark e Hitler.

Adolf Hitler nasceu


em Braunau am Inn, Áustria,
em 20 de abril de 1889, e
faleceu em Berlim, em 30 de
abril de 1945
Norte-Americanos: Lincoln, Samuel Adams, Daniel Webster, Franklin D. Roosevelt e os
Kennedys.

John F. Kennedy nasceu em 29 de maio de 1917 no Brookline, Massachusetts, EUA.


Em 1940 se formou em relações internacionais na Universidade de Harvard. Foi assassinado em
22 de novembro de 1963 na cidade de Dallas.

23

Latino-americanos: Bolívar e San Martin, Jose Julián Martí Pérez, Belizário Roldán,
Sarmiento, Donoso Cortés, Alfredo Palácio.

Franceses: Bossuet, Fénelon, Robespierre, Camile Desmoulins, Napoleão, Lamartine,


Louis Blanc, Victor Hugo, Malraux.

Egípcio: Nasser e Sadat.

Irlandeses: Daniel O´Connel e G. B. Shaw.

Portugueses: Padre Antonio Vieira, Almeida Garret, Alexandre Herculano, Vieira de


Castro, Latino Coelho, Afonso Costa, Braga e Mário Soares.

No Brasil a Oratória, segundo Sodré (1967), teve seu início com os povos indígenas,
que desde a época do descobrimento são tidos como seres vibrantes e comunicativos. Este
relato baseia-se nos escritos de Pero Vaz de Caminha, da primeira carta por ele enviada a
Portugal.

Os jesuítas portugueses Manoel da Nóbrega e José da Anchieta foram os primeiros


grandes oradores registrados na história do Brasil. Eles foram responsáveis pela catequização
dos índios, cativando-os pela palavra falada, ainda que na língua indígena. Foram os
precursores dos grandes pregadores religiosos que tiveram muita influência no desenvolvimento
cultural do Brasil colonial. Entre eles são citados Antônio de Sá e
24
Eusébio de Matos, o mais famoso de todos eles é o padre Antônio
Vieira.

Manoel da Nóbrega nasceu em 1517, Entre-Douro-e- Minho,


Portugal. Formou-se bacharel em Direito Canônico e Filosofia na
Universidade de Coimbra. D. João III pede ao Padre Manoel da
Nóbrega que acompanhe a armada de Tomé de Sousa, chegando ao
Brasil em 1549. Em 1570 faleceu no Rio de Janeiro, no dia que
completaria 53 anos de idade.

Padre José de Anchieta nasceu aos 19 de março


de 1534 em Tenifre, Ilhas Canárias. Aos 14 anos
de idade foi estudar em Coimbra. Fez o curso
superior de Humanidades. Iniciou sua vida religiosa
na Companhia em 1551. Adoeceu seriamente no
Noviciado e após os votos foi destinado ao Brasil,
por sua fama de bom clima para doentes. Faleceu
no dia 9 de junho de 1597, aos 63 anos.
Antônio Vieira, o mais famoso orador religioso, nasceu em 6 de fevereiro de 1608 em
Lisboa, aos 6 anos de idade. Em 1614 partiu para o Brasil com a família. Em 1635 é ordenado
sacerdote. Morreu em 18 de julho de 1697, com 89 anos. O mais belo sermão de Vieira foi
pronunciado em 1640, na igreja Nossa Senhora da Ajuda, na Bahia. Foi um discurso de cunho
político, contra a invasão dos holandeses e pelo sucesso das armas de Portugal. Era
reconhecido como grande orador por utilizar recursos que impressionavam a plateia como voz
potente, entonação expressiva, firmeza e energia nas palavras e gestos repletos de vigor. Em
1655 pronuncia o Sermão da Sexagésima, no qual faz importantes considerações sobre a arte 25
da oratória.

“Antigamente pregavam bradando, hoje pregam


conversando. Antigamente a primeira parte do pregador era
boa voz e bom peito. E, verdadeiramente, como o mundo se
governa pelos sentidos, porém, às vezes, mais os brados
que a razão (...)”. Mas acrescenta que “(...) O praticar
familiarmente e o falar mais ao ouvido que aos ouvidos não
só concilia mais atenção, mas, naturalmente e sem força, se
insinua, entra, penetra e se mete na alma’”.

O regime colonial no Brasil não favorece o desenvolvimento da oratória política, pela


falta de liberdade. Somente depois da revolução portuguesa, em 1820, é que surgem novos
oradores importantes. Os parlamentares que têm destaque neste período são: Antônio Carlos e
Diogo Feijó, Lino Coutinho e Cipriano Barata. No Império, destacaram-se, sobretudo, os
Andrada: Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado, Martim Francisco Ribeiro de Andrada e o
mais famosos deles, José Bonifácio de Andrada e Silva, conhecido como “o moço”.
José Bonifácio nasceu em Santos (SP), em
13 de junho de 1763. Em 1783 seguiu para Portugal
para cursar Direito na Universidade de Coimbra,
crescido ainda de estudos em matemática e filosofia
natural. Retorna ao Brasil em 1819, com 56 anos.
Morreu em Niterói, em 6 de abril de 1838.
26

Neste período devemos ressaltar a oratória sacra no Império, representada


principalmente pelo frei Francisco de Mont’Alverne. Depois de padre Vieira ele foi o que mais
despertou o entusiasmo e empolgação nos ouvintes, por possuir uma voz forte e sonora, boa
entonação e gesticulação.

Na República, o Brasil retoma um período de certa liberdade, com o exercício dos três
poderes: legislativo, executivo e judiciário. Tanto a Câmara como o senado contou com grandes
oradores, sendo os mais conhecidos Quintino Bocaiúva, Rui Barbosa, Epitácio Pessoa, Assis
Brasil, Barbosa Lima, Irineu Machado, Nilo Peçanha, Coelho Neto e Moniz Sodré.
Merecedor de grandes elogios à sua
eloquência, pois ainda é considerado por muitos
o maior orador brasileiro de todos os tempos,
apesar de tecer discursos longos e cansativos,
mas que normalmente encantavam as plateias.

Nasceu em 5 de novembro de 1849, em


Salvador, na então Província de Bahia. Faleceu
em Petrópolis, em 1 de março de 1923. 27

A partir de 1930 a oratória brasileira, sobretudo neste ano da revolução, notabilizou-se


por meio do orador gaúcho: João Neves da Fontoura. Na época das constituintes que se
seguiram à revolução, alguns nomes se destacaram como Alcântara Machado, Fernando
Magalhães e, posteriormente, Afonso Arinos, já na época do conhecido orador, presidente
Getúlio Vargas.

Getúlio Vargas consegue a vitória na revolução de


30, iniciando uma fase de reformas sociais e políticas no
País.
Depois da morte de Getúlio, apareceram nomes famosos por seus discursos
veementes, como o de Gustavo Capanema e Otávio Mangabeira, que mesmo com certa idade
ainda fazia discursos memoráveis. Em 1956 toma posse o presidente do Brasil, Juscelino
Kubitschek, que gostava de falar às massas e que viria a conquistar uma grande parcela da
população por meio de seus discursos. Possuía enorme eloquência e tornou-se notável por seus
pronunciamentos, sobretudo pelo entusiasmo e entonação de suas palavras.

28
Juscelino Kubitschek nasceu em Diamantina, Minas
Gerais, em 12 de setembro de 1902. Formou-se em Medicina em
1927 e iniciou sua carreira política em 1934. Eleito Presidente da
República de 1956 a 1961, faleceu de acidente automobilístico
em Resende, no dia 22 de agosto de 1976.

. Em 1931, casou-se a Gomes de Lemos.

Carlos Lacerda foi revelado como orador ao se tornar


governador do estado da Guanabara. Sodré (1967) refere-se a ele
como uma pessoa “que se dirigia sempre à inteligência de seus
ouvintes e, raras vezes, ao seu coração”. Era duro em suas palavras,
mas falava com vivacidade e grande eloquência. Nasceu no dia 30 de
abril de 1914 em Vassouras, no Rio de Janeiro. Foi jornalista, escritor
e um importante político brasileiro. No dia 21 de maio de 1977 Carlos
Lacerda morreu com 63 anos, no Rio de Janeiro.
Melantonio (1979) refere-se ao político e orador Jânio Quadros como:

“Jânio Quadros o único político brasileiro capaz de se


fazer entender por qualquer pessoa”.

29

Jânio da Silva Quadros nasceu


em Campo Grande, Mato Grosso do
Sul, em 25 de janeiro de 1917. Formou-
se em Direito no ano de 1939. Morreu
em 16 de fevereiro de 1992, na capital
paulista.

Outros grandes oradores brasileiros: Monte Alverne, Tobias Barreto, Visconde de


Ouro Preto, Campos Salles, Joaquim Nabuco, Machado de Assis, Eduardo Prado, Coelho Neto,
Basílio Machado, Alcântara Machado, Olavo Bilac, Altino Arantes, Otavio Mangabeira e seu
irmão Mangabeira, Maurício e Carlos Lacerda (avô, pai e neto), Pedro Calmon, Plínio Barreto,
João Neves da Fontoura e Oswaldo Aranha, Cassiano Ricardo, senador Franco Montoro, Décio
Ferraz Alvim, Antonio Picarollo, entre outros.

4 ORGANIZANDO SUAS INFORMAÇÕES


Para preparar uma boa apresentação é preciso que você tenha em mente que ela deve
ir ao encontro do interesse dos ouvintes, desenvolver o assunto de forma clara, lógica e
concatenada, além de atingir os objetivos propostos. Deverá criar um roteiro que permitirá a você
orientar-se passo a passo à procura das informações apropriadas para as circunstâncias de
cada apresentação, de acordo com o tema, os seus objetivos e o público que irá ouvi-lo. 30

O Assunto
Geralmente somos convidados para falar sobre um assunto que se relaciona com
nossa profissão, nosso interesse pessoal ou até acontecimentos da nossa vida. Mas isso não
significa que o orador não deva escolher o tema a ser abordado. Sendo assim, escolha
corretamente o assunto que irá desenvolver na sua apresentação.
a) Fale sobre uma questão atual;
b) Trate de um assunto no qual tenha autoridade;
c) Escolha um tema que você goste;
d) Coloque uma nova roupagem nos velhos assuntos;
e) Opte por uma questão pertinente à circunstância;
f) Decida-se por um assunto com tempo para ser pesquisado e apresentado;
g) Fale sobre um ângulo do tema que o auditório ainda não tenha ouvido.
O que você de fato deseja obter com sua apresentação? Devemos saber claramente o
que pretendemos, não ocorrendo desvio em nossa exposição, para que possamos organizar a
forma verbal e não-verbal da nossa comunicação. Ter em mente nossos objetivos: eles podem
aparecer separadamente, ao mesmo tempo ou ainda de forma alternada em uma mesma
apresentação:

Objetivos

a) Informar; 31
b) Persuadir e Motivar;
c) Entreter;
d) Promover-se.

O ouvinte

Precisamos saber para quem iremos expor nosso pensamento. Para que tudo esteja
adequado ao público, ao local, às situações novas, às solicitações do público, ao tempo climático
e horário, à intensidade a voz, ao tipo de vocabulário, à extensão e à abrangência de gestos,
assim como selecionar as informações, considerando a expectativa e a necessidade dos
ouvintes. Para conhecermos os ouvintes temos que considerar:
a) A forma como as pessoas ouvem: considerar que as pessoas têm dificuldades
para escutar por algumas das seguintes razões:
 Dificuldade de concentração;
 Audição seletiva;
 Prejulgamento e distorções;
 Qualidade da mensagem.
b) Os motivos que as levaram à apresentação.
c) Quanto os ouvintes já sabem sobre o assunto.
d) Quanto os ouvintes gostariam de saber e quanto desejamos informar.
e) Suas motivações de vida.
f) Qual o espírito de participação dos ouvintes.
g) Características do público que influenciam na preparação. As principais
características são:
 Sexo;
 Idade;
 Nível sociocultural;
 Raça.

Local e Circunstância

Alguns cuidados com o local e as circunstâncias que cercam a apresentação ajudam a


indicar o melhor caminho para alcançarmos um bom resultado com o público. O orador deve 32
considerar e se informar quanto:
a) Ao tamanho do auditório;
b) Ao local onde será realizada a apresentação;
c) Aos recursos disponíveis;
d) Ao apoio da apresentação;
e) Ao que aconteceu antes da sua apresentação.

Pesquisar as informações

Depois de termos definido o assunto, traçado os objetivos da apresentação,


identificado as características dos ouvintes, boa parte da pesquisa e da escolha das informações
já terá sido realizada, daí temos que completar o levantamento de dados.
a) Comece a pesquisar a montagem da apresentação pelo assunto central;
b) Não censure;
c) Recorra aos próprios conhecimentos;
d) Converse com outros especialistas;
e) Consulte bibliotecas, livrarias e arquivos de jornais;
f) Consulte filmes;
g) Visite o local;
h) Monte um arquivo;
i) Concentre-se no assunto;
j) Separe e relacione as informações.
5 ELEMENTOS ESTRUTURAIS PARA ELABORAÇÃO DE UM DISCURSO

As partes de um discurso devem ser preparadas e analisadas separadamente, apenas


para cumprir a finalidade didática, cada uma dentro de sua função e objetivo. Quando o discurso
for apresentado ao público, as passagens de uma parte para outra deverão ocorrer tão
naturalmente que o auditório não poderá notá-las, apenas o observará como um todo. Para que 33
isso ocorra é importante a existência de:
a) Interdependência entre as partes do discurso
Cada parte do discurso deve ter participação na composição do conjunto do discurso.
Devemos ver a peça da oratória como um bloco único, mesmo que elaborado separadamente.

b) Proporcionalidade
Não existe uma medida fixa que determine o tamanho e o tempo que se consumirá em
cada parte do discurso. Isso irá variar de caso para caso, dependendo sempre das
circunstâncias que cercam o discurso. Tendo isso em mente devemos nos deter no tempo que
deve dispor cada parte do discurso. Isso indica que a introdução e a conclusão deverão ser
curtas e o corpo do discurso mais extenso, guardando sempre essa proporção sugerida.

c) Elucidação
O auditório é quase sempre de conjunto heterogêneo e com atenção e interesse que
não resiste a mais leve dificuldade de entendimento. Por isso deverá marcar cada ideia, cada
informação, sem forçar a concentração e o raciocínio do auditório.
6 DIVISÕES DO DISCURSO E/OU APRESENTAÇÃO

O orador que não souber organizar sua fala, colocando cada informação em seu
momento adequado e apropriado, poderá conduzir sua apresentação para algo monótono ou
prolixo, não havendo bom aproveitamento do tempo. Didaticamente o discurso ou apresentação 34
possui quatro partes, facilitando sua elaboração e compreensão por parte do orador e do
ouvinte.
As normas seguidas pelos oradores em situações ou discursos formais ou informais
são baseadas na ordem retórica organizada por Aristóteles. Hoje se utiliza a divisão abaixo
descrita.

Vocativo

1. Introdução
Exórdio

Proposição

2. Preparação Narração
Divisão

Confirmação

3. Assunto central

Refutação
Recapitulação

4. Conclusão

Epílogo

35

INTRODUÇÃO OU EXÓRDIO

“É a oração que prepara o ânimo do ouvinte para receber bem


o restante do discurso”. Cícero

Tecnicamente, a introdução possui dois elementos que se fundem durante sua


apresentação – o vocativo e o exórdio. Esta divisão tem em vista apenas o princípio didático,
sendo em sua essência a própria introdução. O termo exórdio é bastante conhecido na literatura
antiga que trata deste tema.

Objetivos

A plateia pode estar interessada no tema, mas o ângulo de abordagem pode não ser o
que ela espera. Isto pode gerar resistências, pois as pessoas podem achar que seus interesses
serão contrariados. Cabe ao orador utilizar docilidade e benevolência ao buscar levá-las a
“baixar a guarda” e se deixar guiar por seu raciocínio.

O objetivo da introdução tem três pontos importantes:


 Conquistar a atenção dos ouvintes
 Romper barreiras ou resistências
 Cativar sua disposição favorável
Características como:
Duração

A introdução deve ser breve. Segundo Polito, em uma apresentação acima de 15


minutos a introdução deve ocupar aproximadamente 10% do tempo, ao passo que em uma
apresentação de até 10 minutos, 20%. Esta medida de tempo deverá ser adaptada à situação
36
comunicativa. Se o orador, por exemplo, tiver de enfrentar uma plateia hostil, é natural que a
introdução se prolongue para a conquista do auditório.

Relação com o assunto

Toda informação que estiver contida na introdução deverá estar relacionada com o
corpo do discurso e com a conclusão. Como sabemos, a introdução deve romper as barreiras
porventura criadas, mas o que ela tem de maior valor é a ligação com o assunto. É em seu
encerramento que colocaremos o desenvolvimento do tema a ser tratado.

Vocativo

É o cumprimento ao auditório – momento de chamarmos a atenção dos ouvintes para


nossa presença. Deve ser adequada à circunstância, principalmente quanto ao grau de
formalidade. Quando houver uma plateia com ouvintes desconhecidos ou hierarquias
importantes, o vocativo deve ser mais formal. Quando a plateia é mais amistosa, é permitido um
vocativo menos formal.

O vocativo “Senhoras e Senhores” resolve a maioria das situações. Em um evento


mais solene, em que há composição de mesa, cumprimentar-se primeiramente a mesa e depois
os demais membros ouvintes. Para uma situação de grupo, como amigos do trabalho, colegas
de empresa, cabe, por exemplo: “Olá pessoal” ou “Como vão vocês?”

Lembre-se que o vocativo deve ser uma espécie de abraço na plateia. A maneira como
recebemos estas pessoas irá refletir no bom ou mau andamento de nossa apresentação.
7 TÉCNICAS PARA SEREM UTILIZADAS NA INTRODUÇÃO

A - Para todos os tipos de circunstâncias


37

 Aludir à ocasião
Trata-se de um breve comentário sobre a presença dos ouvintes e uma breve
referência ao tema que será abordado.

Exemplo: discurso do presidente da Bolsa Mercantil & Futuros, Manoel Pires da Costa,
aos empresários e ao então Ministro da economia Marcílio Marques Moreira, em 8 de junho de
1992. O presidente introduziu o assunto aludindo à ocasião:
“Raros são os momentos da vida brasileira em que um
universo tão representativo une-se para defender plataformas
comuns. Mais de mil empresários, partindo dos mais remotos
recantos deste País, representando a indústria, o comércio, a
agricultura, o setor financeiro e os serviços em geral, encontram-
se aqui para transmitir uma mensagem simples e direta:
queremos a modernização já”.

 Elogiar ou valorizar a plateia


Aqui iremos demonstrar interesse e disposição para com a plateia, de maneira a
valorizá-la por estar naquele local.

 Usar as características positivas do orador


Devemos sutilmente demonstrar conhecimento do assunto, através da experiência ou
pela formação técnica. Quando o público for desconhecido, busque colocar estes dados com
sutileza. Em uma situação de palestra técnica, seus dados pessoais são relevantes. Brincar com
características físicas, inabilidades ou erros cometidos é também uma forma de conquistar os
ouvintes, usando sua própria pessoa.

38

_______________

*Cópia do discurso distribuída para publicação na imprensa.

B - Para a conquista dos ouvintes

 Frase ou informação que provoque impacto


A frase deve ser preparada anteriormente e ser colocada como se fosse uma
manchete de jornal sensacionalista. O fato, embora exagerado, não pode ser mentiroso, pois
isso deixaria o orador sem credibilidade frente ao auditório.

◆ Fato bem-humorado
O fato bem-humorado não é a piada. Ele deve surgir do ambiente ou da mensagem
que estamos transmitindo. Estará relacionado ao estado de espírito da plateia. Esta poderá
responder positivamente ou mesmo de forma indiferente. Sendo esta a realidade, tome isso
como algo passageiro e dê prosseguimento ao assunto que irá abordar.
◆ Uma história ou narrativa interessante
Esta técnica desperta naturalmente a curiosidade da plateia, levando-a a se portar de
forma bastante receptiva e curiosa sobre o tema que será colocado posteriormente.

◆ Levantamento de uma reflexão


Estimule a curiosidade do ouvinte sobre um assunto importante e que se relacione com
39
eles, levando-os a refletir. Enquanto raciocinam sobre o que foi exposto, o orador lançará o
argumento principal, obtendo assim o interesse dos ouvintes.

◆ Apresentação da utilidade, das vantagens e dos benefícios do assunto


Apresentar as vantagens do assunto estimula a curiosidade do ouvinte, levando-o a
estar atento ao assunto abordado. Este recurso é útil para outras situações, mesmo quando não
temos um público hostil.

C - Para vencer a hostilidade do público

Com relação ao tema

◆ Construir um campo de neutralidade


Quando o tema contrariar os interesses dos ouvintes, cabe ao orador abordá-lo de
maneira que quebre as barreiras criadas. É importante coletarmos antecipadamente informações
quanto à posição do público sobre o tema, para criarmos um campo de neutralidade pelo qual
possamos prosseguir sem provocar reações defensivas.

Com relação ao ambiente

◆ Fazer promessa de brevidade


O público ficará hostil quando o local incomodar. Pode ser o desconforto das cadeiras,
temperatura, ruídos externos, fome, cansaço, etc. Quando esta situação ocorrer, é importante
que o orador conquiste a plateia informando que será breve.

Com relação ao orador

40
◆ Por falta de credibilidade
Isso acontecerá quando o ouvinte não souber da competência do orador em relação ao
assunto. Devemos observar que não se trata de falta de conhecimento ou de experiência por
parte do orador quanto ao tema, mas sim de desconhecimento por parte do público. Demonstrar
sua experiência e autoridade, com sutileza, para não passar imagem de arrogante ou
prepotente, que poderia provocar a antipatia ao auditório.

◆ Devido a sua pouca idade ou inexperiência


Podemos utilizar a técnica de fazer citação, estudos ou a conclusão de uma autoridade
no assunto. Quando usamos esta ferramenta, haverá boas chances de transferir a credibilidade
do autor àquele que fala.

◆ Por ser desconhecido


É importante o orador utilizar pontos de identificação com a plateia, como as
características de tempo, pessoa e lugar.
Circunstância de tempo: fazer comentário ou referência sobre algum fato ocorrido e
que seja do conhecimento dos ouvintes.

Circunstância de pessoa: observar se na plateia existe alguém que conheça e que


possua algum tipo de representatividade naquele grupo.

Circunstância de lugar: fazer referência a lugares ou a objetos que neles se encontram


e que se relacionem fisicamente com a plateia.
◆ Por inveja ou rivalidade
Se a plateia tem o sentimento da inveja ou rivalidade estará resistente em relação ao
orador. O elogio é o melhor recurso para afastar a hostilidade do público.

EXEMPLO: O Ministro das Relações Exteriores Abreu Sodré iniciou seu discurso na
reunião da Capel, na cidade do México, elogiando o local e o povo mexicano. 41

“É para mim um prazer estar na cidade do México e


desfrutar da sua hospitalidade. Com alegria retomo aqui o
convívio com este povo admirável, herdeiro de ricas tradições e
senhor de um grande destino”. *

________________

*O Estado de S. Paulo, de 23 de janeiro de 1987.

Devemos evitar na introdução

1. Contar piadas;
2. Fazer perguntas quando não desejarmos respostas;
3. Pedir desculpas;
4. Tomar partido de assuntos polêmicos;
5. Usar chavões ou frases feitas;
6. Criar expectativas que não podem ser cumpridas;
7. Mencionar acontecimentos que incomodem os ouvintes;
8. Mostrar-nos muito humildes diante de ouvintes importantes;
9. Explicar falta de tempo para a exposição;
10. Ser muito previsível;
11. Começar com palavras inconsistentes.
Exemplos para Introdução *

1. Boa tarde. Senhoras e senhores, é com grande alegria...


2. É com grande alegria que reencontro meus...
3. Agradeço a participação, mas esta dúvida será sanada em um item mais adiante.
42
4. Gostaria de ratificar e acompanhar o posicionamento do colega que me antecedeu, pois
acredito ser este de extrema valia para a solução do problema apresentado nesta reunião.
5. Cumprimentando a todos, aproveito a oportunidade para tecer algumas considerações
sobre os assuntos abordados.
6. Ao final de cada tópico haverá tempo para esclarecimentos, lembrando que será
respeitado rigorosamente o tempo para cada comentário.
7. Senhor Presidente, poucas palavras, creio, bastarão para pôr em devidos e definitivos
termos essa história de pacificação que não houve.
8. Muito obrigada, Senhor Presidente, por suas palavras tão inspiradas.

PREPARAÇÃO

A preparação busca informar a natureza do assunto central, para tornar clara a


matéria, tendo a finalidade de facilitar o entendimento e a assimilação do auditório e preparar o
mesmo para o assunto que vai ser desenvolvido. Temos que considerar na preparação a
proposição, a narração e a divisão do discurso.

A) Proposição
Informamos aos ouvintes qual é nosso assunto e onde pretendemos chegar com ele.
Apenas em uma ou duas frases contamos a essência do conteúdo da apresentação.
Quando a plateia conhece o assunto a ser abordado, identificando os objetivos a
serem atingidos, pode entender melhor a sequência do raciocínio do orador. Nem sempre a
proposição será necessária, pode ser suprimida quando:
◆ O assunto contrarie o interesse do ouvinte;
◆ O público já sabe do tema; 43
◆ O assunto for controvertido.

B) Narração

É a parte em que expomos os motivos e os fatos que sustentam o desenvolvimento do


assunto central. Os principais tipos são:

◆ Exposição de problemas ou questões que se relacionem com a matéria;


◆ Solução de problemas;
◆ Retrospectos;
◆ Levantamentos filosóficos e históricos;
◆ Estudo e pesquisa de qualquer natureza;
◆ Descobertas científicas.

Exemplo de Narração: No discurso proferido durante a promulgação da Carta


Constitucional, o deputado Ulysses Guimarães fez a preparação da mensagem central com a
seguinte narração:

“A Constituição certamente não é prefeita. Ela própria o


confessa ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir,
sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é
traidor da pátria. Conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constituição,
trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os
patriotas para a cadeia, o exílio, o cemitério. A persistência da
Constituição é a sobrevivência da democracia. Quando, após tantos
anos de lutas e sacrifícios, promulgamos o estatuto do homem, da
liberdade e da democracia, bradamos por imposição de sua honra:
temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. Amaldiçoamos a tirania onde quer
que ela desgrace homens e nações, principalmente, na América Latina”.
* 44

C) Divisão

É a parte em que informamos que segmentos do assunto serão desenvolvidos. A


divisão permite ao orador concatenar melhor o seu raciocínio e facilitar o entendimento dos
ouvintes. Convém que seja muito breve, de poucas partes, e o orador deve abordar apenas um
assunto de cada vez. Deve ser suprimida:

◆ Quando o assunto tiver apenas uma parte;


◆ Quando a apresentação for muito curta;
◆ Quando as partes forem facilmente compreendidas durante a apresentação do
assunto central;
◆ Quando for interessante não revelar a sequência da apresentação.

__________________

* Folha de S. Paulo, de 6 de outubro de 1988

A ordem natural das partes, preposição, narração e divisão, dependem das


circunstâncias, deverá ser alterada de acordo com a necessidade da apresentação e mesmo

considerando o público. Os oradores têm a liberdade de suprimir toda a preparação. Caso


mantenha este elemento do discurso poderá ainda eliminar a proposição e a divisão, mas nunca
a narração.

ASSUNTO CENTRAL
45
“É a parte do discurso na qual estão incluídas todas as
informações que norteiam a linha de argumentos de nossa
mensagem, estabelecendo a base de defesa das ideias contra
possíveis objeções dos ouvintes”. POLITO, 1999.

D) Confirmação

Aqui o orador irá desenvolver seu ponto de vista. Para que consiga um bom
envolvimento do auditório é importante transmitir credibilidade e de fundamental importância o
conhecimento do tema abordado, uma postura corporal de confiança, para que possa, com
tranquilidade, fazer uso de todos os recursos estruturais do ambiente bem como o fisiológico.
Elementos de apoio à argumentação são importantes na exposição. Além de
esclarecer os ouvintes sobre a nossa forma de pensar, eles servem como prova para as
afirmações que fazemos. Podem ser exemplos, estatística, definições, estudos científicos, teses,
testemunhos, ilustrações. Métodos ou técnicas de confirmação orientam a exposição ordenada
da mensagem:

Ordenação no tempo

Indica todos os fatos ocorridos e utiliza informações no passado, no presente e no


futuro. Cabe para todas as circunstâncias comunicativas.
Ordenação no espaço

Indica onde os fatos ocorreram e os analisa de acordo com as circunstâncias que os


cercaram naquele local. Cabe para todas as circunstâncias comunicativas.

46

Ordenação crescente

Basear a mensagem partindo das informações mais fracas ou básicas até chegar às
maiores ou complexas. Fornecer ao público uma linha de raciocínio que possa ser acompanhada
sem esforço pelo público.
Ordenação de natureza intrínseca

POLUIÇÃO

47

AMBIENTAL SONORA

QUEIMADAS ESGOTO NOS TRÂNSITO FÁBRICAS


RIOS

Ordenação de causa e efeito

Indica quais os motivos que ocasionaram um determinado acontecimento. Tem grande


força de persuasão, porque ao estabelecer e provar que um fato ocorreu com base em uma
determinada causa, o comunicador tem como fortalecer seu trabalho de convencimento.
Ordenação pelos prós e contras

Consiste em analisar os dois lados de uma ideia, para tomar ou não partido por um
deles. Abordar o assunto apresentando suas vantagens e desvantagens dependerá sempre do
tipo de público.

48

Ordenação pela experiência

Consiste no relato aos ouvintes que já passamos por situação semelhante àquela que
está sendo vivida, ou que, no passado, já tivemos o mesmo posicionamento que eles têm hoje. A
tática é informar que fomos mudando a nossa opinião.

Ordenação pela solução de problemas

É resolver as questões levantadas na narração. Recomendado, principalmente, para


os casos em que desejamos convencer ou persuadir os ouvintes a agirem de acordo com as
nossas propostas.

E) Refutação

Consiste na defesa de possíveis objeções ou não aos argumentos apresentados no


assunto central. A refutação poderá se diferenciar por meio de objeções expressas ou tácitas.
Sendo expressas, poderão ser refutadas a partir da manifestação dos ouvintes. Quando forem
tácitas, como o ouvinte não se manifesta a respeito, caberá ao orador imaginar que tipo de
objeção a plateia estaria levantando e fazer a refutação correspondente.
Devemos sempre levar em conta:
 O momento de refutar;
 As formas de refutar;
 Qualidade dos argumentos.

49

O momento de refutar:
◆ Imediatamente, se a objeção for para um argumento específico;
◆ Logo após a ideia ser apresentada, se a objeção for para todos os argumentos
ou um grande número deles;
◆ Desde o princípio do discurso, se soubermos que inevitavelmente haverá
objeções.

As formas de refutar são:


◆ Pela negativa das afirmações feitas sem provas;
◆ Pela defesa dos argumentos, contestando as provas contrárias.

Refutação de acordo com a qualidade dos argumentos. É importante aqui estabelecer


um plano de refutação de acordo com a qualidade dos argumentos contrários. Deverá obedecer
aos seguintes critérios:

◆ Se todos forem fracos, deverão ser refutados isoladamente;


◆ Se todos forem fortes, deverão ser refutados ao mesmo tempo;
◆ Se tiverem qualidades diferentes, o mais forte deverá ser refutado no início e o
mais fraco no final.
4

CONCLUSÃO

Esta é a última chance que o orador tem para defender e convencer o auditório
definitivamente. Deverá falar com mais vibração, um ritmo mais acentuado na articulação das
palavras e aumento da intensidade da voz. Reafirmará os principais pontos de argumentação,
50
valorizando o conteúdo da mensagem, levará o ouvinte à reflexão, tratará de persuadir e orientar

o auditório para uma ação desejada pelo orador.


O orador deverá concluir seu discurso com objetividade, pois esta será a última
impressão que deixará para seu auditório. Conte ao auditório o que irá ocorrer, para que o
público lhe ofereça seus últimos minutos de atenção.

Características:
 Deve ser breve (menor ainda que a introdução);
 É a única parte da apresentação que deve ser anunciada, fazendo com que os ouvintes
fiquem mais atentos.

Porque contar que irá terminar?


1. Aumento da concentração.
2. O auditório gosta.
3. Os grandes oradores agem assim.

Possui dois elementos essenciais:


4.1 Recapitulação.
4.2 Epílogo.
F)Recapitulação

Contamos em uma única frase, ou em duas, a essência do conteúdo que acabamos de


apresentar. Poderá ser suprimida se a linha de argumentação for simples ou curta.

G) Epílogo
51

As palavras devem ser dirigidas mais para o sentimento que para a razão. É o
momento mais apropriado para o uso da emoção. Podemos, por exemplo, encerrar as
apresentações de duas maneiras:
1. Aumentando a velocidade e a intensidade da fala;
2. Diminuindo a velocidade e a intensidade da fala.

Algumas técnicas para concluir:

 Levantar uma reflexão;


 Usar uma citação ou frase poética;
 Pedir ação;
 Elogiar o auditório;
 Aproveitar um fato bem-humorado;
 Provocar arrebatamento;
 Aludir à ocasião;
 Contar um fato histórico;
 Utilizar uma circunstância de tempo, lugar ou pessoa.
Devemos evitar na conclusão
1. Palavras hesitantes ou frases inconsistentes, como por exemplo: “Era isso o
que eu tinha para dizer. Muito obrigado”;
2. Não ficar parado diante do público esperando que os aplausos cessem;
3. Não revelar seus sentimentos negativos sobre a sua performance; 52

4. Programar a sua saída para não ficar parado na frente do público, sem saber
para onde ir.

Lembre sempre de
agradecer e cumprimentar
a plateia.
8 VOCABULÁRIO

Comunicar bem não é dizer palavras difíceis, é raciocinar com lógica, expressando
ideias de maneira organizada. O vocabulário é a expressão da personalidade e da cultura da
pessoa, de seu conhecimento da língua e até da sua postura de vida. Deve ser o mais amplo 53
possível, estar adequado ao público e expressar os sentimentos e ideias do comunicador.

Devemos evitar
1. Palavrões e gírias;
2. Termos incomuns;
3. Palavreado técnico;
4. Chavões e frases vulgares;
5. Palavras ou termos que poluem a fala.

Pronomes de tratamento

No início cumprimente a plateia. Primeiro as autoridades presentes, em seguida a


todos da plateia, com diferentes vocativos como, por exemplo: senhoras e senhores, colegas,
amigos, minha gente ou o que for melhor para a ocasião.

A saudação das autoridades depende da solenidade do evento. Nas ocasiões mais


solenes, cumprimentam-se os componentes da mesa, em ordem de importância, mencionando o
nome completo e os títulos de cada um. Os pronomes de tratamento aplicam-se à pessoa com
que se fala e são conjugados na terceira pessoa. Exemplo:
“Vossa Excelência LEU o requerimento...” “Comunico a Vossa Eminência que sua
presença é esperada hoje”.

Quando se emprega a terceira pessoa, usam-se as formas Sua Excelência, Sua


Eminência, etc. Exemplo:

“Ficamos sabendo que Sua Eminência chegará amanhã”.


54
“Sua Excelência está de acordo com nossas pretensões”.

*O coronel comandante da PM (estadual) será saudado como excelência, pois seu cargo está no
nível de secretário de Estado.

**Esse tratamento está em desuso, é arcaico.

ATENÇÃO PARA ESTA SEQUENCIA:

1. Pronome de tratamento (Excelentíssimo ou Ilustríssimo)


2. Tratamento respeitoso: Senhor + título, se tiver
3. Nome
4. Cargo
EX: Excelentíssimo Senhor FULANO, Governador do Estado.
9 ELEMENTOS PARALINGUÍSTICOS

São os sinais vocais que cercam a fala comum. Podem ser:


 Variações sonoras produzidas pelas pregas vocais durante a conversa, que 55
consistem em mudança na altura, duração, intensidade e silêncio.
 Sons primeiramente resultantes de outros mecanismos fisiológicos que não as
pregas vocais, como a cavidade faríngea, nasal e a oral.
 Dicção (articulação das palavras): a pronúncia correta das palavras transmite
credibilidade, facilitando a compreensão da mensagem.

Cuidados especiais

1. Não omitir m, r, s no final das palavras;


Ex: ônti (ontem); faze (fazer), vamo (vamos).

2. Não omitir: o i intermediário.


Ex: feverero (fevereiro)

3. Não omitir sílabas


Ex: tá (está)

4. Não omitir consoantes:


Ex: póprio (próprio), poblema (problema).

5. Não acrescentar letras no meio das palavras.


Ex: adevogado (advogado), prazeirosamente (prazerosamente), beneficiente
(beneficente).
10 COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL

Segundo Knapp & Hall (1999), o conceito da comunicação não-verbal é bem mais
abrangente, podendo ser conceituada como:
56

A expressão comunicação não-verbal refere-se à


comunicação feita por meios diferentes das palavras. Embora tal
definição forneça uma perspectiva inicial útil, ela se torna menos
adequada e precisa à medida que aprendemos mais sobre a
complexidade da comunicação enquanto comportamento.

Os resultados de pesquisas mostram que o impacto total de uma mensagem é:

55% 7% pelas
linguagem palavras.
corporal.

38%
variações
vocais e de
fala.
Ao planejar uma apresentação, nunca perca de vista a intenção dos gestos e da
movimentação que acompanha a mensagem oral. O domínio corporal facilita a transmissão da
mensagem para a plateia e propicia a comunicação. Os gestos e as expressões faciais, a
postura e a movimentação corporal servem para:

 Descrever, complementar e reforçar a ideia;


 Embelezar a fala; 57
 Substituir as palavras;
 Imprimir mais dinamismo à comunicação;
 Expressar os sentimentos;
 Favorecer o entendimento;
 Promover a interação com a plateia;
 Facilitar a transmissão das mensagens.
Para que cumpram esses objetivos, a linguagem corporal deve ser natural, clara,
expressiva, pertinente e harmoniosa.

Autoanálise corporal

A autoanálise corporal permite identificar os pontos fortes e fracos da nossa


comunicação. Por isso, é importante responder:

1. Com me vejo fisicamente? Aceito, aprecio e valorizo o corpo que tenho? O que
considero mais bonito?
2. O que mais rejeito em mim?
3. O que quero mudar em mim, fisicamente?
4. Os sinais que transmito em meus gestos, na mímica facial, no olhar, na postura,
na respiração e na maneira como uso o espaço revelam a pessoa que penso
ser?
5. Qual a primeira impressão que os outros têm de mim?
6. Gosto de me olhar no espelho? Gosto da minha imagem e do que ela transmite?
7. Busco feedback da imagem que tenho?
8. Quando vou começar meu processo de mudança?
9. O que farei para mudar?

Termos uma visão positiva da nossa imagem propicia segurança e naturalidade. Essa
autoanálise faz uma avaliação do atual estágio do comunicador e fornece os requisitos para
estimular o desenvolvimento da linguagem corporal.
58

 Proxêmica
Pode ser definido como o estudo da utilização e da percepção do espaço social e
pessoal. Lida com a ocupação do espaço, levando em conta a relação com a liderança, fluxo de
comunicação e tarefa a cumprir.

Hall (1963) descreve o espaço pessoal de indivíduos em um meio social, definindo-o


como o “conjunto das observações e teorias referentes ao uso que o homem faz do espaço
enquanto produto cultural específico”. Descreve as distâncias mensuráveis entre as pessoas,
conforme elas interagem, distâncias e posturas que não são intencionais, mas sim resultado do
processo de aculturação. É um exemplo de proxêmica quando um indivíduo que encontra um
banco de praça já ocupado por outra pessoa em uma das extremidades, tende a sentar-se na
extremidade oposta, preservando um espaço entre os dois indivíduos.

A distância social entre os indivíduos pode ser relacionada com a distância física.
Nesse sentido, menciona quatro tipos de distância:
1. Distância íntima: para abraçar, tocar ou sussurrar; envolve contato físico
entre os corpos; não permitida habitualmente em público na maior parte das culturas (0-
45 cm);
 Modo próximo: maior proximidade possível, contato entre a pele e músculos;
 Modo afastado: apenas as mãos estão em contato; proximidade provoca visão
distorcida do outro, distância na qual se fala aos sussurros.
2. Distância pessoal: para interação com amigos próximos; distância que o
indivíduo guarda dos outros (45-120 cm);
 Modo próximo: permite tocar no outro com os braços; a posição/distância revela
o relacionamento que existe entre os indivíduos;
 Modo afastado: limite do alcançe físico em relação ao outro; distância habitual
da conversação pessoal;
3. Distância social: para interação entre conhecidos; definida como o “limite
do poder sobre outrem”; a esta distância os indivíduos não se tocam (1,2cm -3,5cm);
 Modo próximo: adotado quando várias pessoas dividem o mesmo espaço de
trabalho ou em reuniões pouco formais;
 Modo afastado: adotado quando de relações sociais ou profissionais formais; 59
4. Distância pública: para falar em público; situa-se fora do círculo mais
imediato do indivíduo; vista em conferências (acima de 3,5 m).
 Modo próximo: relações formais; permite a fuga ou a defesa caso o indivíduo se
sinta ameaçado;
 Modo afastado: modo no qual a possibilidade de estabelecer contato com
alguém é nula, devido a distância.
Quando utilizamos a comunicação não-verbal envolvemos mudanças de atitude ou
movimentos que irão interagir com o ambiente, refletindo em nossa postura, gestos ou
expressão faciais.

 Gestual
O gesto cumpriu o propósito de completar a fala. Os gestos são movimentos do corpo
usados para comunicar ideia, intenção ou sentimento, reações realizadas pelos braços e mãos,
toque no corpo, arrumar-se, etc. Ajudam-nos na comunicação de muitas maneiras:
 Substituem a fala quando não podemos ou não queremos usá-la;
 Regula o fluxo da interação;
 Estabelece e mantém a interação;
 Da ênfase e apoia a fala, facilitando a memorização do conteúdo.

Busque sempre um gestual positivo


HABILIDADES TÉCNICAS

 Energia: peito erguido.


 Poder: mãos fechadas com firmeza e com polegar sobre o dedo médio.
 Força: mãos fechadas com o polegar sobre o indicador. 60
 Expansão: mãos abertas e afastadas do corpo.
 Ameaça: dedo indicador em riste.
 Rejeição: mãos abertas com as palmas voltadas para baixo.
 Renascer: mãos abertas com as palmas voltadas para cima e com os dedos
abertos e um pouco curvados.
 Deixe as mãos acompanharem naturalmente sua fala. Seus movimentos
ilustram um pensamento, reforçarão ideias.
 Não faça gestos exagerados ou estereotipados. Se não souber o que fazer
com as mãos, não faça nada.
 Não passe a mão sobre rosto ou pela cabeça. Isso denota tensão e
ansiedade.

Os gestos são manifestações corporais que apresentam diferenças entre os povos e


entre as eras, dizendo que o aspecto de maior interesse no seu uso é o de olhar a parte da
comunicação por meio dos gestos, como um valorizador e um complemento da palavra do
orador. Para Santos (1958), “o gesto, assim, deve ser expressivo, adequado e exato. Apenas o
esboço do gesto já é importante, pois a realidade não precisa ser copiada exatamente pelos
movimentos do corpo, correndo-se o risco de cair no exagero. O orador deve cuidar dos gestos
para que o aspecto estético seja preservado e não o aspecto real, contribuindo assim para maior
beleza da oração”.
Outro autor coloca os gestos também como movimentos corporais que determinam a
intenção da comunicação. Brown (1961) considera os gestos como “movimentos selecionados
para indicar direção, tamanho de um objeto, pontos de ênfase e toda a escala de emoções”, a
qual ele denomina de “ação voluntária, controlada de acordo com os objetivos do orador ao
falar”. Destaca os olhos e a boca como sendo as partes do corpo mais importantes para
expressão corporal, seguidos da postura do tronco e o andar. Enfatiza sempre que os gestos
devem ser espontâneos e se relacionar com o objetivo da fala, negando a existência de um
modelo único como correto, mas sugerindo que, se exagerados, ou quando chamem muito a
atenção, podem sombrear a comunicação, apagando assim a individualidade do orador.
61

HABILIDADES COMPORTAMENTAIS

 O movimento do comunicador incita os movimentos da plateia. Paixão gera paixão,


vitalidade gera vitalidade, apatia gera apatia, entusiasmo gera entusiasmo.
 Cuidado com os gestos contraditórios! Se o objetivo for, por exemplo, reforçar o
espírito de união, a linguagem gestual deve contribuir para isso.
 Procure seguir os elementos reguladores da gesticulação:
o Espaços pequenos e descontraídos pedem gestos menores;
o Espaços abertos, grandes e formais pedem gestos amplos;
o Gestos vigorosos traduzem sentimentos mais intensos;
o Há um gesto para cada emoção.
 Erga uma ponte entre a essência do gesto e a força da mensagem. O gesto
espontâneo dá beleza, plasticidade, consistência e força à mensagem. O refinamento
da linguagem do corpo facilita a tradução da mensagem e a compreensão do ouvinte.
 As mãos devem refletir a beleza das suas ideias; e o desenho traçado por elas, a
ligação harmoniosa entre você e o que diz.
 Também revelam o grau de excitação, nervosismo ou tranquilidade do comunicador.
São, portanto, uma importante fonte de informação para a plateia.
 Postura Corporal
A postura corporal é uma forma de expressão não-verbal, caracterizada pelo
movimento do corpo. Nossa postura imprime e realça o vigor à fala, desta forma, o orador deve
assumir uma atitude elegante e expressiva, porém sem perder e espontaneidade. Manter uma
postura corporal tranquila e natural, sem parecer relaxado.

Ela irá refletir na imagem que o auditório terá sobre o orador tanto em pé como
sentado. Não deve ser nem negligente, aparentando derrotado ou prepotente, com ar de 62
arrogante. Suas pernas não devem estar nem abertas nem fechadas, com movimentos
desordenados ou muito rígidas. O ideal é apoiar ora sobre uma, ora sobre outra.

Posturas que devem ser evitadas

Devemos tomar cuidado com algumas posturas corporais que podem prejudicar sua
performance comunicativa.

Expressão Espalhafatosa

Se a imobilidade exagerada pode adormecer o auditório, o espalhafatoso, se não


provoca o ridículo, pode produzir o cansaço do auditório e dar a impressão de ser o orador uma
pessoa sem controle. Esta característica enervante pode, às vezes, ser de todo o corpo ou
somente dos dedos, das mãos, dos braços, dos pés, dos lábios, dos olhos, da face. A
consequência é que distrai o público do objetivo maior da comunicação e, às vezes, pode até
contagiar o auditório, que fica irrequieto.

Expressão de Estátua
Imobilidade total que lembra até a morte ou imobilidade parcial. São defeitos que levam
à comunicação dura e artificial. Há oradores que apresentam movimentos com a rigidez dos
autômatos. São expressões corporais bruscas, retilíneas, inesperadas, desarmonizadas, gestos
que acontecem raramente.

Expressão Repetida
63

Temos encontrado pessoas que usam sistematicamente um ou dois movimentos


únicos. A assistência pode pensar que a expressão repetida é um tique nervoso ou fruto da
insegurança ou, ainda, que se trata de um tipo neurótico, maníaco. Evitemos sempre o defeito de
automatização do nosso corpo.

Expressão Orgulhosa

Pode se manifestar por um conjunto ou somente pelos olhos ou maxilar elevado. O


auditório poderá ficar pensando:

“Esse engoliu um cabo de vassoura”.

Tal orador comunica petulância, presunção, antipatia ou, ainda, neutralidade, frieza,
indiferença. Um orador pode às vezes ser altivo, mas não isolante. Pode usar a ironia, mas não o
sarcasmo.

Expressão de Inferioridade

Evitemos a atitude do comunicador que parece pedir desculpas por existir. Negativas
são também as expressões de lástima chorosa, de abatimento ou cansaço, que lembra uma
personalidade deprimida. O comunicador é um dominador de ideias, é aquele que acredita no
seu recado. Com a expressão de inferioridade, ele desmoraliza a sua mensagem.
Expressão de Superioridade

Está consagrado pelos psicólogos que a causa maior desta expressão é motivada por
algum complexo de inferioridade. Os que manifestam expressão de superioridade são pessoas
frágeis, que às vezes criam mentiras e fazem um esforço para acreditar sinceramente nas
64
mentiras que inventam e são frutos de uma mente doentia. É o tipo de orador que fala somente
para si ou, ainda negativamente, para o auditório e não consegue o certo: falar com o auditório.

Expressão Dançante

Oscilar, sacudir-se, balançar-se, agitar-se sem consonância com as partes de uma


comunicação compromete o conjunto e a mensagem, principalmente, porque chama a atenção
somente para um aspecto negativo e excesso de movimentos.
HABILIDADES COMPORTAMENTAIS

 Não basta que o corpo se expresse, é preciso que ele se comunique de forma
eficaz. Esse objetivo será alcançado se tivermos coragem de fazer uma análise
65
objetiva da força e agilidade de nossa comunicação não-verbal.
 Se você é uma pessoa tranquila, sua movimentação externa tenderá a refletir essa
característica. Caso seja energética e extrovertida, sua linguagem corporal também
refletirá isso. Observe se seu gestual combina com os traços da sua
personalidade, se há um equilíbrio entre gestos e fala e se a comunicação corporal
está cumprindo seu papel.
 Evite uma postura de uma pessoa subserviente: ombros caídos, olhar baixo, costas
curvadas e uma expressão de desamparo, que em nada contribuem para a
comunicação efetiva. Em contrapartida, um nariz empinado, olhos ameaçadores,
queixo erguido e ar de superioridade costumam criar um distanciamento da plateia
e até certa antipatia.
 Cuidado com a postura antes de chegar à tribuna. Enquanto aguarda sua vez de
falar, sente-se com naturalidade, sem ficar cruzando e descruzando as pernas,
sem tamborilar com os dedos, porque a plateia está observando-o.

 Expressões faciais
É um sistema de multimensagens e pode comunicar informações sobre:
 Personalidade.
 Interesses e receptividade.
 Estados emocionais.
 Demonstração de apresentação para o outro.
 Regulador da conversação.
 Abre e fecha caminhos comunicativos.
 Substitui mensagens faladas.
O rosto e suas expressões são foco constante da plateia. Os músculos da face devem
ser trabalhados constantemente para manter uma flexibilidade e expressar o sentido emocional
do orador. A rigidez muscular endurece a expressão e impede uma comunicação mais fluida e
expressiva. As expressões faciais são como um mapa das emoções e a afetividade do orador,
sua segurança, seu entusiasmo e sua crença na mensagem que está sendo transmitida.

66
HABILIDADES COMPORTAMENTAIS

 Sorria naturalmente. Nas comunicações em público, mesmo que o assunto seja


árido, os músculos faciais relaxados criam uma expressão mais leve. Se o
assunto permitir, mostre seu melhor sorriso, para assim refletir seu lado mais
bonito. O espectador tende a sentir-se mais à vontade diante de uma pessoa de
sorriso franco, assim mais receptivo o comunicador será para a plateia.

HABILIDADES TÉCNICAS

 Faça careta para relaxar os músculos faciais.


 Ponha as mãos sobre os olhos fechados para relaxar a região.
 Procure deixar o rosto relaxado, distendido, para que ele seja uma tela das ideias
que você defende.
 Faça o movimento das vogais com a boca bem aberta na frente do espelho.
 Comportamento ocular
O contato visual é muito importante na linguagem corporal para efetivar o processo
comunicativo. Esta técnica envolve e prende, de fato, a atenção dos ouvintes. Estabelecer um
diálogo visual com os espectadores e demonstrar que você está aberto à aproximação é criar
empatia e abrir um canal de atitudes receptivas. Olhar e ser olhado indica aproximação, mas
assusta.
67

Deve ser evitado:

1. Olhar o tempo todo para o professor, facilitador ou uma pessoa da plateia.


2. Fixar o olhar no teto, parede ou uma pessoa da plateia.
3. A plateia não é formada apenas pelo grupo da frente.

No início da explanação estabelecemos um contato geral com a plateia, depois


começamos com a comunicação visual com os grupos pequenos de pessoas.

As funções do olhar nas relações interpessoais são:


 Regular o fluxo de comunicação.
 Monitorar o feedback.
 Refletir a atividade cognitiva.
 Expressar emoções.
 Comunicar a natureza do relacionamento interpessoal.
HABILIDADES COMPORTAMENTAIS

 Olhar para a plateia implica livrar-se do próprio medo e baixar as armas em


nome de uma comunicação receptiva. Se estiver muito tenso e agitado, eleja
68
um espectador que lhe pareça receptivo e olhe para ele durante os primeiros
minutos da apresentação e em todos os momentos que necessitar.
 Não fique olhando rapidamente de uma pessoa para outra. Demore-se um
pouco em cada uma delas.
 Não se esquive do olhar da plateia ou o espectador poderá entender isso
como insegurança, timidez, inibição. Se transmitir essa imagem pode
enfraquecer seu trabalho.
 Procure saber o que seu olhar transmite para as pessoas, se inspira medo,
respeito, alegria ou raiva.
 A conexão visual dá a possibilidade de você ler o que está sendo dito pelo
público de forma não-verbal. Por isso a plateia não pode sentir-se
abandonada por seu olhar, pois gostam de ser vistos.
HABILIDADES TÉCNICAS

 Não olhe só para um lado da plateia, mas para onde houver pessoas. Seu
olhar não deve afastar-se mais de 15 segundos, sob pena de a plateia perder
o interesse na mensagem. 69
 Não encare, olhe de forma natural e tranquila. Antes de começar a falar olhe
para toda a plateia e durante a introdução e a conclusão não afaste o olhar.
 Fique atento à linguagem corporal dos participantes para saber o que eles
estão querendo dizer.
 Se houver um olhar hostil, não se entregue a ele, imediatamente olhe para
outros mais receptivos.
 Não há técnica que mais funcione do que a naturalidade.

 Aparência Física
É parte dos estímulos não-verbais totais que influenciam as reações interpessoais.
Devemos considerar a roupa, sapatos e meias, acessórios, óculos, etc. Esteja trajado para a
ocasião.
As roupas, os acessórios que você escolhe e a maneira como os usa fazem parte dos
elementos que o revelam ao mundo. Antes de a plateia ouvir você ela o vê e o sente. A
aparência física não pode ficar em segundo plano na composição da sua imagem profissional
bem-sucedida.

É mais fácil escolher o traje quando já se conhece o grupo em que se vai atuar. Mas
discrição e simplicidade costumam ser bons parceiros em qualquer ocasião. A elegância não
grita! O cuidado com a aparência compatível com a posição de comunicador é uma questão de
sensibilidade e inteligência.
Vestir-se com critérios bem definidos o deixará mais confiante e seguro de seu
desempenho. Ter cuidado consigo mesmo é sinônimo de autoestima e autorrespeito elevado. A
roupa deve ser usada em seu favor, como outro recurso de comunicação.

Nas regras para se compor uma imagem visual devemos observar os seguintes
critérios:

70
 Tipo de evento;
 O público-alvo;
 Características do trabalho;
 Horário;
 Temperatura;
 Duração.

Sugestões para os homens

1. Mantenha a barba e o cabelo curtos. Se tiver bigode, ele não deve ultrapassar a linha
dos lábios.
2. Na dúvida, prefira usar terno e gravata. Se o evento acontecer fora da cidade leve duas
mudas de roupas para prevenir-se contra possíveis mudanças de temperatura. Se
estiver usando terno evite arregaçar as mangas da camisa nem solte a gravata.
3. Compre ternos com bom caimento. Nas ocasiões mais formais prefira usar preto, cinza
ou azul-marinho, com sapatos pretos. O marrom entristece a imagem. Os ternos de cor
lisa aceitam mais facilmente outras peças. Observe se a roupa está bem passada. Não
use camisa de manga curta sob o paletó.
4. A gravata é um elemento que revela a personalidade do usuário. O tecido, o desenho, o
nó, tudo pode definir se ele é introvertido, extrovertido e outras características. Evite
gravatas muito coloridas.
5. O cinto deve acompanhar a cor dos sapatos e as meias devem cobrir as panturrilhas. E
as cores das meias devem ser ou da cor da calça ou do sapato.
6. Os punhos da camisa não podem aparecer mais que dois centímetros sob o paletó.
7. Não ponha nada no bolso para não fazer volume.
8. Se você viaja muito, prefira ternos de tecido, porque nem sempre se pode contar com
bons serviços de hotéis. Para desamassar uma roupa, pendure-a num cabide no
banheiro e abra o chuveiro com água bem quente para que o vapor penetre nas fibras
do tecido. Faça isso no dia anterior ao evento para que a roupa não fique úmida.
9. Consulte revistas e publicações especializadas sobre como vestir-se. Se for o caso,
converse com um consultor de moda e peça uma orientação mais adequada à sua
personalidade, suas necessidades profissionais e ao público que você quer atingir. 71
10. Busque a melhor imagem sem perder suas características e gostos pessoais.

Sugestões para mulheres

1. Não use maquiagem pesada, mas tons leves e harmoniosos que não chamem muito
atenção.
2. Conheça os produtos e tons que combinam com sua pele.
3. Use esmalte em tons claros e discretos.
4. Use poucas jóias ou bijuterias e evite as barulhentas.
5. Nos eventos mais formais prefira um tailleur ou vestido com blazer.
6. Antes de comprar a roupa sinta se o tecido não a incomoda.
7. Tire as etiquetas das roupas para não incomodar durante a apresentação.
8. As meias finas devem combinar com a cor dos sapatos, o tom da sua pele e a roupa que
está usando. Tenha sempre um par de reserva.
9. Evite usar roupas que marquem o corpo, sejam transparentes, muito decotadas ou com
fendas.
10. Use sapatos de salto médios.
11. Solas de borracha não fazem barulho no assoalho e não distraem a atenção da plateia.
12. Tenha uma bolsa de boa qualidade e coloque só o necessário.
 Ambiente da comunicação
O ambiente contribui para o resultado final dos encontros. O conteúdo e a frequência
são influenciados pelo ambiente. Ele pode desencadear reações emocionais de excitação,
prazer e dominação.
Segue abaixo exemplos de estruturas ambientais para diversas situações de
comunicação, com suas características, esquema arquitetônico, vantagens e desvantagens
72
destes modelos.

MODELO 1 – PARLAMENTO ABERTO

CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS

Apresentação de O grupo pode conseguir Não serve para grandes


informações, seguidas de informações sobre aspectos reuniões. No máximo trinta
perguntas pelo grupo para específicos do assunto, com pessoas podem participar em
esclarecimento após cada debates, e esclarecer bem o um prazo de duas horas. Os
capítulo, item ou pensamento. assunto. tímidos não participam.
MODELO 2 – SIMPÓSIO, PAINEL DEBATES

73

CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS

É bom para apresentação de Somente poucos participantes


Apresentação de pontos de
problemas. Os pontos de e muitos escutam. O
vista diferentes por três,
vistas diferentes focalizam moderador com frequência
quatro ou cinco pessoas de
aspectos diversos e precisa intervir para que todos
cada lado, falando
estimulam a análise de falem, respeitando o tempo e
informalmente.
informações e opiniões. as normas.
MODELO 3 – PALESTRAS

74

CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS

Número pequeno de
Apresentação de fatos,
Apresentação sistemática da participantes. Abusos dos
informações, dados,
matéria, no início, permitindo melhores, que omitem a
episódios, narrações, slides,
aproveitar o tempo. maioria. Conforme o expositor
etc.
poderá levar muito tempo.
MODELO 4 – DISCUSSÃO – MESA-REDONDA

75

CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS

Facilita a solução de
problemas. Há intercâmbio de
Não é eficiente para
ideias, experiências, etc. As
aprendizagem de fatos e
conclusões são do grupo
Participação do grupo em alto obtenção de informações.
todo. O quadro-negro evita
grau, em mesa-redonda ou Limite o número de
fugir do temário. O líder não
semicírculo. participantes até quinze
precisa conhecer, pois é o
pessoas, de duas a quatro
coordenador e incentivador.
horas.
São os participantes que
concluem.
MODELO 5 – PARTICIPAÇÃO DE TODOS

76

CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS

Pesquisa séria. Todos falam.


Investigação de um problema Participação de todos.
Leva muito tempo. O
em cooperação com outras Proporciona experiência de
aproveitamento depende
pessoas no começo, no meio primeira mão. Ideias
muito do coordenador.
e no fim. provocam ideias. Pesquisas
individuais para o coletivo.
MODELO 6 – ESTUDOS DE PEQUENOS GRUPOS

77

CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS

Permite a participação de
É positivo devido à posição muitos. Possibilita a Geralmente não consegue
dos participantes. 100% de discussão individual, troca de grande profundidade de
participação por grupo de ideias e desenvolvimento de conhecimento. Limitação de
qualquer tamanho. liderança entre seus tempo.
componentes.
MODELO 7 – MISTO

CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS

Conclusão fruto de ampla


Combinação dos seis tipos
visão. Resultado vertical e É necessário muito tempo. 78
anteriores
horizontal.
11 CUIDADOS COM O USO DO MICROFONE

79

1. O microfone amplifica sua voz, fala e respiração, assim como todos os distúrbios
relacionados a essas dimensões da comunicação. Portanto, reduza o esforço vocal, articule bem
os sons das palavras, fale pausadamente, não estenda os finais das palavras, pois o microfone
faz parecer que a pessoa está cantando e coordene sua respiração.

2. Não abuse da modulação de frequência e de intensidade, pois soam ridículas


quando amplificadas.

3. Evite tossir, espirrar, pigarrear, fungar ou suspirar ao microfone, pois tais ruídos
amplificados são motivos de riso ou constrangimento do auditório.

4. Não hesite em abandonar o microfone se ele começar a falhar. A emissão


intermitente é fonte de grande estresse para o falante e compromete a inteligibilidade da
mensagem para os ouvintes.

5. A posição do microfone em relação à boca é essencial para que a ampliação


seja bem-sucedida. Se houver oportunidade, experimente a melhor posição e distância antes de
iniciar a apresentação. Lembre-se que a boca é um dos elementos mais expressivos da fala e
não deve ficar escondida pelo microfone, pois a comunicação visual também é muito importante.
6. Nos casos em que não há retorno suficiente de sua própria voz amplificada,
certifique-se de que a plateia o está ouvindo adequadamente. Se o som das consoantes
(principalmente do “p”) estiver estourando na amplificação, afaste um pouco o microfone ou
lateralize em 45 graus.

7. Se for o primeiro falante a usar o microfone, verifique se está ligado (botão ON-
OFF no corpo do microfone). Evite testá-lo pigarreando ou batendo na cápsula. Comece como
80
uma simples saudação como “bom-dia” e perceba se está sendo amplificado.

8. Em caso de microfone com pedestal, mantenha-o um centímetro abaixo dos


lábios e dois centímetros abaixo do queixo, na região dos lábios inferiores, para que esses não
sejam encobertos; em caso de microfone de lapela, coloque-o o mais próximo ao pescoço e
certifique-se do nível de amplificação.

9. Nos dois casos (microfone de pedestal e de lapela), nunca é a cabeça quem


deve aproximar-se do microfone e sim o contrário: ajuste a altura do pedestal e sua inclinação,
ou fixe adequadamente o microfone na lapela, para manter uma estética adequada e não
prejudicar a emissão da voz. No microfone de lapela evite encostar ou fazer movimento mais
brusco na região do peito, pois isto poderá produzir um ruído desagradável.

10. Em caso de microfone de cabeça e de lapela, a movimentação corporal pode ser


mais flexível, já que o microfone acompanha o corpo. Com o microfone de pedestal, mantenha
sua postura praticamente constante, limitando os movimentos de mãos, cuidando para não
derrubar o pedestal ou jogar o microfone para longe.

11. Em caso de vários falantes em mesa redonda, com microfone individual ou


mesmo no caso do microfone de lapela, nunca faça comentários ao colega do lado, pois podem
ser amplificados, gerando uma situação constrangedora.

12. Evite o uso de bijuterias ruidosas e relógios com alarme para evitar ruídos
adicionais.

Cuidados com a sua voz

Lista dos principais abusos vocais ou com impacto na produção da voz, com as
fundamentais sugestões de controle, redução ou modificação. Estas medidas devem ser
consideradas principalmente antes de suas apresentações. Lembre-se: quanto mais preparado
está seu organismo melhor será sua performance.

EVITE : SUGESTÕES:

Falar em grande intensidade (voz forte) Reduzir a intensidade de fala


81
Falar durante muito tempo Introduzir pequenos intervalos de

repouso vocal nos longos períodos; usar

fonação fluída ou modular bem a

frequencia;

Falar agudo demais (muito fino) Procurar falar em frequência mais grave

Falar grave demais Procurar elevar a frequência da fala

Falar sussurrando Aumentar a intensidade da emissão da


voz, sonorizando sempre a qualidade
vocal

Falar com os dentes travados Abrir a boca e articular bem os sons

Falar com esforço Soltar a emissão e manter a sensação


de relaxamento enquanto fala

Falar sem respirar Fazer pausas respiratórias constantes e


não usar o final do ar

Usar o ar até o final Fazer frases mais curtas e aumentar o


número de recargas respiratórias
Falar rápido demais Desenvolver uma velocidade variada;
reduzir a velocidade pelo
prolongamento das vogais

Falar junto com os outros Respeitar a mudanças dos turnos entre


os interlocutores; aguardar sua vez de
falar
82

Falar muito tempo sem se hidratar Habituar-se a ingerir líquidos

Falar sem descansar Fazer algumas pausas durante uma


exposição vocal mais longa e hidratar-
se

Articular exageradamente as palavras Reduzir o padrão exagerado

Falar muito ao telefone Restringir a duração das ligações

Falar muito ao ar livre Usar frases curtas e evitar os excessos

Falar muito no carro, metrô e ônibus Evitar conversas longas nessas


situações

Pigarrear constantemente Conscientizar-se deste hábito e reduzi-


lo; hidratar-se, respirar e deglutir com
força para deslocar a secreção

Tossir demais Procurar seu médico; identificar e tratar


a causa. Se for emocional, controlar-se

Rir demais Evitar a alta intensidade e a risada


tensa
Chorar demais Evitar a alta intensidade e emissão com
raiva durante o choro

Gritar demais Controlar a intensidade; usar o grito


apenas nas situações de emergência;
usar gestos, apitos e opções similares

83
Trabalhar em ambiente ruidoso Melhorar as condições acústicas, se
possível, fechando portas e janelas,
reduzir o uso contínuo da fala nessas
situações; orientar-se pelas pistas
sinestésicas

Viver em ambiente familiar ruidoso Desenvolver hábitos de uma


comunicação saudável; conscientizar os
outros

Manter rádio, som ou TV ligados Valorizar esses momentos,


enquanto fala, quando faz os deveres desligando ou reduzindo o som
com os filhos, nas refeições em
famílias, ou quando ao telefone

Imitar vozes dos outros ou sons Certificar-se de que não existe um


abuso vocal importante no modo de
imitar

Usar a voz em posturas corporais Controlar a postura, mantendo a


inadequadas coluna reta e o corpo livre de tensões

Praticar esportes enquanto fala Limitar o uso da voz ao essencial


ou grita
Frequentar competições esportivas Torcer sem gritar ou usar alta
intensidade

Participar de grupos religiosos com Não gritar, manifestar sua devoção


uso intensivo da voz através de vocalização ou canto
expressivo

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Falar com crise alérgica Reduzir o uso da voz nessas situações;
hidratar-se adequadamente.

Usar a voz normalmente quando Restringir seu uso; poupar-se


resfriado

Tomar pouca água Aumentar habitualmente a ingestão de


líquidos

Usar ar condicionado Aumentar a hidratação e verificar as


condições de limpeza do filtro do
aparelho

Viver em cidades com clima Aumentar a hidratação


muito seco

Viver em cidades com ar muito Aumentar a hidratação e respirar


poluído pelo nariz, sempre que possível

Permanecer em ambiente Evitar tais ambientes; melhorar


empoeirado, com mofo ou pouca as condições de limpeza e
ventilação ventilação; usar máscaras
nas situações mais drásticas
Expor-se às mudanças bruscas de Agasalhar-se adequadamente,
temperatura hidratar-se

Tomar bebidas geladas constantemente Evitar os excessos; aquecer os


primeiros goles na boca, antes de
engolir

85
Tomar café ou chá em excesso Controlar o excesso de cafeína,
hidratar-se; substituir o chá-preto por de
flores ou frutas

Comer alimentos gordurosos Evitá-los; desenvolver hábitos


ou excessivamente condimentados alimentares mais saudáveis

Comer achocolatados em excesso Reduzir o consumo desses alimentos

Fumar Interromper definitivamente esse hábito;


se for possível, reduzir o consumo

Viver em ambientes de fumantes Solicitar que não fumem na sua


presença; principalmente em seu
quarto; estipular o local do fumante

Tomar bebidas alcoólicas destiladas Reduzir o consumo e hidratar-se mais

Usar drogas Interromper definitivamente seu


consumo; não há negociação

Automedicação Nunca automedicar, o risco pode ser


enorme

Dormir pouco Estabelecer uma rotina que inclua um


mínimo de sete horas de repouso
Cantar demais Evitar ensaios longos; aquecer e
desaquecer a voz; hidratar-se; não
cantar peças para as quais não está
preparado; repousar a voz

Cantar fora de sua extensão vocal Conversar com seu regente ou


professor de técnica vocal; evitar forçar
a voz 86

Cantar em várias vozes Evitar cantar apenas em seu naipe

Usar roupas apertadas na região do Usar roupas de tamanho certo,


pescoço, tórax ou cintura ventiladas

Apresentar azia constante; má-digestão Procurar seu médico, cuidar da


ou refluxo gastroesofágico alimentação

Ter vida social intensa e constante Estabelecer prioridades e limites; evitar


uso de voz em excesso em ambientes
negativos

Viver sob estresse constante Cuidar-se; procurar ajuda; desenvolver


estratégias rápidas e diretas de controle
ou redução da tensão
12 UMA VISÃO PANORÂMICA DE COMO ENCARAR, HOJE, A VOZ HUMANA

Segundo Hungria, 2000 a voz é:

1. A expressão de nossa personalidade e cultivando-a se expande a maneira de 87


ser de cada indivíduo.

2. Assim como se aprende a falar bem, deve-se trabalhar a voz, para que ela
possa transmitir, além das palavras, o que realmente pensamos e sentimos.

3. Muitos perdem oportunidades preciosas de relacionar-se (viver é relacionar-se,


participar) por usarem uma voz que não corresponde ao que diz.

4. A voz drena emoção e ao exercício vocal adequado e bem compreendido pode


ser fator importante de nosso equilíbrio emocional.

5. O homem consegue modular a voz, de forma ampla, e com isso consegue


ampliar sua capacidade de comunicação e expressão. A voz monocórdia é restritiva.

6. A voz é um verdadeiro barômetro emocional e o equilíbrio de registros denuncia


o equilíbrio de personalidade.

7. Quando a palavra não condiz com a voz, alguma coisa está errada com quem
fala.

8. Originariamente o aparelho fonador não foi criado para a voz e para a fala, mas
improvisado com partes já existentes até alcançar, hoje, uma quase “independência”.

9. Muitíssima gente não realizou a muda vocal completa. Isso se reflete, até, em
sua maneira vocal incompleta, o que ocorre em percentagem altíssima.

10. Cada pessoa tem uma voz própria, inconfundível, tanto quanto seu rosto e suas
impressões digitais.

11. O filho tende a identificar-se com o pai, inclusive vocalmente.

12. É enorme a energia gasta, inutilmente, quando não se utiliza uma boa técnica
vocal.
13. Pode-se proteger a voz tomando medidas higiênicas elementares, simples.

14. Quando sob tensão, a voz pode regredir para uma etapa de maior segurança.
Muitos não desejam assumir sua voz adulta.

15. A voz é resultado de todo o organismo e não somente do sistema fonador. E


através dela a pessoa se revela.

16. É interessante desenvolver a pesquisa das vozes dos imitadores, que 88


conseguem incríveis adaptações.

17. É preciso estudar mais as modificações vocais geradas por novos conjuntos e
pela parafernália eletrônica.

18. Recordar a frase clássica “fala para que eu te veja”,

19. Uma disfonia pode ser artística.

20. Conhecer-se melhor, vocalmente, é conhecer-se melhor em tudo. Modificando a


voz, modifica-se a pessoa.

21. A voz humana conta a história do Homem e da Humanidade.


13 EXERCÍCIOS PARA O ESTÍMULO FISIOLÓGICO

Treino Auditivo
89
1) Concentre-se e procure identificar todos os ruídos e sons que lhes chegam ao ouvido ao
mesmo tempo. Classifique-os quanto:

 Graves ou agudos?

 Forte ou fracos?

 Surdo ou sonoro?

 Suave ou áspero?

 Qual o sexo?

 Qual a idade?

 Abafado ou estridente?

 Tem uso de gíria?

 É estrangeiro?

 Possui chiados?

 Qual a impressão emocional que ele passa para você? Dinâmico ou descansado, tímido ou
competitivo, acanhado ou agressivo, receoso ou ousado, introvertido ou extrovertido?

OBS: você pode fazer esse exercício conversando com qualquer pessoa, quando assistir
televisão ou ouvir rádio.

2) Gravar sua voz. Leia textos curtos e depois escute, mas não se esqueça de acompanhar o
texto, para observar onde houve falhas.

3) Escute música e busque ouvir todos os instrumentos de maneira isolada.


Treino de Relaxamento Respiratório

1) Relaxamento geral. Procure apertar as mãos com bastante força e solte. Observe a
sensação que temos quando soltamos as mãos (relaxamento). Faça agora com o rosto,
contraia todos os músculos da face e solte. Faça três vezes.

2) Relaxamento da mandíbula. Abra e feche a boca bem devagar. Caso você estale o
maxilar quando abri-lo, procure fazer o movimento de maneira bem suave. Faça três 90
vezes.

3) Encha as bochechas com ar e mantenha-o por alguns segundos.

4) Relaxamento específico (ombros e pescoço). Faça o movimento de rotação dos ombros


para frente e para trás. Três vezes cada movimento. Gire o pescoço lentamente para um
lado e depois para o outro.

5) Relaxamento interior (bocejo). Boceje bem cumprido. Para fazer o bocejo abra bem a
boca e puxe o ar pelo nariz e pela boca e solte da mesma forma. Este movimento relaxa
a região da laringe e órgão da fala.

6) Exercícios respiratórios.

a. Inspire pelo nariz – Expire pela boca suavemente 10 vezes

OBS: é importante observar o movimento que seu corpo faz durante a


respiração. Esse exercício é para trabalhar a percepção corporal.

b. Inspire pelo nariz – Expire fazendo o som do fonema /s/ como se fosse uma
bexiga: sssssssssssssssssssss................

c. Inspire pelo nariz – Expire fazendo o som do fonema /z/ como se fosse uma
abelha: zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz................

Treino Vocal

1) Emissão sustentada de vogal. Inspire e faça a emissão da vogal até o ar acabar.


Cuidado para não usar o ar até o limite máximo, pois este não é o objetivo do exercício,
sim trabalhar sua percepção para o som. Faça com todas as vogais.

EXEMPLO: aaaaaaaaa..................
eeeeeeeeeee................

2) Sequência de palavras (dias da semana) prolongando a última vogal (intensidade).

3) Agora com a mão em concha nos ouvidos. Procure diminuir a intensidade de sua voz.
Faça esse exercício com as vogais sustentadas.
91
4) Faça leitura de estória. Assim estará trabalhando a modulação de sua voz. (anexo 3)

Treino Articulatório (fala)

1) Vibração de língua como um telefone. Se não conseguir faça o trim, trim, trim....

2) Vibração lábios com o barulho do carro brum, brum, brum.....

3) Articulação das vogais, na sequência da mais aberta para a mais fechada:


A–O–U–E–I

4) Estalar a língua.

5) Ler trava-língua (anexo 1).

6) Leitura de palavras (anexo 2).

Cheque estes dados antes da apresentação

1. Quantas pessoas te esperam?

2. Por que razões estão lá?

3. Que conhecimento possuirá do assunto?

4. Terão desconfianças ou preconceitos fortes acerca do assunto? Poderão sentir-se

particularmente cordiais ou hostis em relação a mim ou ao que quero dizer?

5. Estarão lá por interesse próprio ou representando terceiros?

6. Poderá haver tensão ou conflito entre os membros da audiência? Em caso afirmativo,


quais. E entre quem?

7. Quem serão as figuras chaves?

8. Quem organizou o acontecimento?

9. Quais os objetivos?
92
10. Qual a natureza da ocasião?

11. Será uma ocasião formal?

12. Por que fui convidado? Que se espera de mim?

13. Haverá outros oradores? Em caso afirmativo, quem? Sobre que assunto falará? Falam

antes ou depois de mim? Vai ser uma apresentação curta?

14. De quanto tempo disponho? Quando começo?

15. Haverá perguntas? Discussão? Painel?

16. A sessão terá um presidente?

17. Qual o vestuário adequado? Que devo vestir?

18. Como chegar ao local?

19. Quanto tempo leva? Existem possíveis causas de atraso? Há parque de estacionamento
adequado ou transporte público?

20. Tem uma atmosfera formal ou informal?

21. Está previsto que eu fale em cima de um estrado?

22. Existe púlpito, plataforma ou mesa?

23. Como está disposta a audiência?

24. Como é a acústica?

25. Existe aparelhagem sonora? Caso afirmativo, que tipo de microfone? Quem controla o
volume? Funciona bem?

26. Que equipamentos audiovisuais existem? Onde ficam localizados?

27. Onde devo me posicionar?

28. Há mesa de apoio próximo?

93
ANEXOS

ANEXO 1
Trava-língua

1. A gata amarrada arranha a aranha.


2. A alma amada acalanta, abranda, acalma. 94
3. A fraca franga abalada arrasta a asa.
4. A Andrade armava a adaga, aplanava a alamanda.
5. A Ada andará a Araxá, a Amapá, a Havana.
6. A lagarta ataca a arara.
7. A Ana anã aclamava a Alá.
8. Abdala alcança a ágata ataca a ata.
9. Bétulas balançavam a barca, baixando a banqueta barulhenta.
10. Bondosa beldade balzaquiana beneficiava belgas, beligerantes, belonaves, benevolamente.
11. Carmem concorda com o coquetel com croquetes.
12. Caio, com o corpo coberto com cordas, cantarolava com o clarim.
13. Quando cooperamos com aqueles que cooperam conosco conseguimos grandes conceitos.
14. O agrônomo aclama o colega que queria comer a casca do caqui.
15. Quem corre com galhardia ganha grandes competições contra quem compete com
capacidade quantitativamente curta.
16. Carlos caça crocodilos, caracóis, cangurus que contornavam caudaloso canal, a catarata, a
comporta.
17. “Quem casa quer casa”.
18. A câmara capta o gato que correu a correnteza, quebrando a cabeça.
19. O capenga cangaceiro capengava na capoeira do cangaço.
20. Cabelos cobria, corpos cálidos caindo, catadupas candentes.
21. O globo glacial conglomerava no Congo.
22. Gaivotas graciosas ganhavam agasalho no grácil gramado.
23. Guido guerreiro guapo.
24. As jóias de Joana jazem na jogada da jangada, girando no jacuí cheio de jacarés.
25. Limão, laranja e lima são levados pelo larápio ladino e lépido e largados na lufa, no lodo da
lava.
26. Guabiroba e guaco, o guarda guardou na guardamoria do Guaíba.
27. Lili, Léia, Lígia e Loti, legítimas lusitanas, laboram leis, lendo livros latinos.
28. Mamão melado, melão e melancia macia murcham misturados na masmorra.
29. Malévolo maloqueiro mandou o moroso menino mendigar da miúda mulher da moradia do
morro.
30. Não, nada, ninguém no Nilo.
31. Piedosos prantos pediam piedade, pelos peregrinos perdidos. 95
32. No quarto do quartel a quartinha quebrou. Guerino queria colocar quatro quadros.
33. O rato rasgou a roupa da rainha Rita e o rei Rui de raiva rasgou o resto.
34. Cecília e Suzana saíram com cestas cheias de cenouras, saladas, salsas e cerejas.
Serviram sadia cereja e saboroso suco aos sogros que sesteavam na sombra do salseiro.
35. Filomena, Felícia, Fausta, Fonseca, formosa flor, farmacêutica, fez formidáveis fórmulas,
fabricou formosos fortificantes, fazendo feliz frenéticos fregueses.
36. Toureiros tornavam as touradas torturando os touros.
37. Vários veleiros velozes, vermelhos, verdes, vagavam velando várzeas venezianas.
38. O beijo brejeiro do rei Heitor, cheio de amor, foi feito com jeito direito.
39. Palmo a palmo o professor palpitante produziu paisagens parceladas, pintando pardais e
patos.
40. Nos ais e is sem euforia dos heroicos argonautas esfaimados, nós ouvimos cheios de
respeito a luta da audaz nau nas noites terríveis sem céu.
41. Rui Raulito Ribeiro, robusto rapaz rio-grandense, remava rumo ao Rio Riachuelo, de repente
rajada rompeu. Rui Raulino Ribeiro refugiou-se rente à ribanceira.
42. Na última urna uniu usual usurpação única.
43. Gêneros gelados na geladeira geral.
44. Ícone iluminado e idílico ilustra o ideal do idoso imigrante iconista.
45. O Xá e o Cheque Xavier, jogando xadrez, xingam o chinês que deixou em chamas o chá na
chaleira, deixando as xícaras na chácara.
46. Autêntico auditor autoritário auxilia atuar automobilista autólatra e audaz.
ANEXO 2
Palavras para treinamento articulatório

Abracadabra crebo fluorídrico

Abracadabrante cribriforme fluorografia

96
Abracadábrico cricrió fluciômetro

Blá-blá-blá crinipreto flusômetro

Bricabraque crisógrafo fragrância

Brevifloro crisópraso fragrante

Brumbrum cristaloblástica flagrante

Blandífluo criticastro fratria

Blefaroplegia cromocalcográfico fratricídio

Claustro cromolitográfico frufrutar

Claustral cromotipografia frustrar

Cletrácea cronofotografia frustatório

Clorídrico cronógrafo glabriúsculo

Cloridrato cronômetro glabro

Cloroplasto drible gleucômetro

Craniográfico drosômetro glicômetro

Craniômetro drosométrico globifloro

Crassirrostro flebógrafo glossantraz

Glossópetra procrastinar trevo-dos-prados

Glumiflora procriação triândria


Gracilirrostro pródomo triandria

Grafômetro profligação tribocletricidade

Gramômetro proglótide tríbraco

Gravígrado proplasma triclínico

Gravímetro proplástica tricoglossia 97

Grigri próprio tricroísmo

Grugrulhar proscrição triplicata

Plagioclásio proscrito tríplice

Planiglobo prostração triplostêmone

Planímetro protândrico triquestroques

Plantígrado proteróglifa triquetraque

Platrão protoplasma triquetraz

Plaustro protoplasmático tríquetro

Pleocrismo protrair tricromia

Plessímetro protusão triedro

Plessômetro tanglomanglo trifloro

Plurifloro tranca-trilhos trigla

Plutocrata transcrição tríglifo

Preclaro translumbrar triglota

Pregresso transmigratório trigrama

Premonstratense transplantatório trimestral

Presbiofrenia transplatino trinitrofenol


Prescribente transtravado trinitroglicerina

Prescrição transtrocar tripetrepe

Prescritível transflor triplaflavina

Presidutrense treme-treme triplo

Problema tréplica trissacramental 98

Problematizar tresdobradura trofonevrose

Proclamar tresdobre tróclea

Próclise tresdôbro troglodita

Proclive
ANEXO 3

Historia para leitura e gravação

A travessia do rio

Há muitos anos, Tom era funcionário de uma empresa preocupada com a educação.
Um dia, o executivo principal decidiu que ele e todo grupo gerencial – um total de 12 pessoas – 99
deveriam participar de um curso de sobrevivência, que tinha a forma de uma longa corrida de
obstáculos. A prova era cruzar um rio violento e impetuoso. Para a surpresa de todos, pela
primeira vez, o grupo gerencial foi solicitado a dividir-se em três grupos menores de quatro
pessoas para a superação daquele obstáculo. Os grupos eram: A, B e C.

O grupo A recebeu quatro tambores de óleos vazios, duas grandes toras de madeira,
uma pilha de tábuas, um grande rolo de corda grossa e dois remos.
O grupo B recebeu dois tambores, uma tora e um rolo de barbante.
Já o grupo C não recebeu recurso nenhum para cruzar o rio; eles foram solicitados a usarem os
recursos fornecidos pela natureza, caso conseguissem encontrar algum perto do rio ou na
floresta próxima.

Não foi dada nenhuma instrução a mais. Simplesmente foi dito aos participantes que
todos deveriam atravessar o rio dentro de quatro horas.
Tom teve a “sorte” de estar no grupo A, que não levou mais do que meia hora para construir uma
maravilhosa jangada. Um quarto de hora mais tarde, todo o grupo estava em segurança e com
os pés enxutos no outro lado do rio, observando os grupos em sua luta desesperada.

O Grupo B, ao contrário, levou quase duas horas para atravessar o rio. Havia muito
tempo que Tom e sua equipe não riam tanto como no momento em que a tora e dos dois
tambores viraram com os gerentes financeiros, de computação, de produção e de pessoal. E o
melhor estava por vir. Nem mesmo o rugido das águas do rio era suficiente para sufocar o riso
dos oito homens quando o grupo C tentou lutar contra as águas espumantes. Os coitados
agarraram-se a um emaranhado de galhos, que estavam se movendo rapidamente com a
correnteza.

O auge da diversão foi quando o grupo bateu em um rochedo, quebrando os galhos.


Somente reunindo todas as forças que lhes restavam foi que o último membro do grupo C, o
gerente de logística, todo arranhado e com os óculos quebrados conseguiu atingir a margem,
200 metros rio abaixo.

Quando o líder do curso voltou, depois de quatro horas, perguntou:


- Então como vocês se saíram? O grupo A respondeu em coro: - Nós vencemos! Nós vencemos!
O líder do curso respondeu: - Vocês devem ter entendido mal. Vocês não foram solicitados a
vencer os outros. A tarefa seria concluída quando os três grupos atravessassem o rio dentro de 100
quatro horas.

Nenhum deles pensou em ajuda mútua, nem sonhou em dividir os recursos (tambores,
toras, cordas e remos) para atingirem uma meta comum. Não ocorreu a nenhum dos grupos
coordenar os esforços e ajudar os outros. Foi uma lição para todos no grupo gerencial. Todos
caíram direto na armadilha. Mas naquele dia, o grupo aprendeu muito a respeito de trabalho em
equipe e de lealdade em relação aos outros.

Moral da história

Se parássemos de encarar a vida e as pessoas como um jogo e milhões de


adversários, muito provavelmente sofreríamos menos, compreenderíamos mais os problemas
alheios e encontraríamos muito mais conforto no abraço de cada um.
Mas, infelizmente, nos enxergamos como rivais, como se estivéssemos em busca de um tesouro
tão pequeno que só poderia fazer vitorioso a uma única pessoa. Ledo engano: o maior prêmio de
nossa existência está na capacidade de compartilharmos a vida!

Dica
Estamos todos no mesmo barco! Experimente acolher ao invés de julgar, perdoar ao
invés de acusar e compreender ao invés de revidar! É difícil, sem dúvida! Mas é possível e
extremamente gratificante. A vida fica mais leve, o caminho fica mais fácil e a recompensa, muito
mais valiosa.
REFERÊNCIAS

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101

BLOCH, Pedro. Você quer falar melhor? Rio de Janeiro: Revinter, 2002.

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REVISTA VOCÊ S/A. Comunicação de Negócios. São Paulo: Abril, 2008.

DAVIS, Flora N. Comunicação não-verbal. São Paulo: Summus, 1979.

FROLDI, S. Albertina; O`NEAL, F. Helen. Comunicação Verbal - um guia prático para você falar
em público. São Paulo: Thomson Pioneira, 1998.

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SP.

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Trad. de Maria Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

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POLITO, Reinaldo. Assim é que se fala - Como organizar a fala e transmitir ideias. 1. ed. São
Paulo: Saraiva, 1999.

POLITO, Reinaldo. Como falar corretamente e sem inibições. 42. ed. São Paulo: Saraiva, 1996.

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