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O Censo Demográfico de 2010 mostra que houve crescimento na diversidade dos grupos
religiosos no Brasil. Dos dados coletados a partir da população total recenseada (161.
016.785), se auto declararam católicos 64,6%, a população evangélica (pentecostal, de missão
e não determinadas) 22,2%, 2% de espíritas, 8% sem religião e 0,3% os adeptos do
candomblé e umbanda.
A utilização de dados estatísticos serve para demonstrar que a hegemonia católica vem
sofrendo polarização, ou seja, “a sociedade brasileira está passando por um processo de
transição religiosa que é notório” (PIERUCCI, 2012). Os registros censitários demonstram a
migração de católicos para outras religiões, ou mesmo para nenhuma, dado ao número de
brasileiros que se dizem sem religião.
Esse lento vir a ser, ao mesmo tempo matemático e falastrão, vai pouco a pouco
desfigurando nosso velho semblante cultural com a introdução gradual, mas nem por
isso menos corrosiva, de estranhamentos e distâncias, descontinuidades e respiros no
batido ramerrão do imaginário religioso nacional.1
De forma mais ampla, Weingartner Neto3 afirma que o direito fundamental de liberdade
religiosa tem correlação direta com a liberdade de consciência, segundo o qual o princípio
está em autorizar até ausência de crença e dá soberania ao direito de consciência com base na
“gestão de valores do espírito”, aspecto relevante para a autodeterminação de cada pessoa
humana.
É nesta perspectiva, que um dentre tantos casos de limitação da liberdade religiosa, serve para
análise. A Ação Civil Pública nº 33226-39.2011.4.01.3300 movida pelo Ministério Público
Estadual- Ba e Federal, contra Ademir Oliveira dos Passos, proprietário de uma área contígua
ao terreiro, na qual estava construindo um loteamento, paralise qualquer ação de construção,
derrubada, reforma ou alteração no local que interfira nos cultos, rituais e andamentos
próprios do candomblé no terreiro ‘Zô Ogodô Malê Bogun Seja Hundê’, conhecida como
Roça do Ventura, localizado no município de Cachoeira, a 110 km de Salvador4.
Este é um caso que pode ser considerado de sucesso pois o Estado age como garantidor dos
direitos daquela comunidade, no entanto, se levarmos em consideração os inúmeros caso que
não chegam ao Judiciário, demonstram que nos que se refere à garantia dos direitos do povo
de santo, extrapola os limites da norma constitucional, tendo em vista a crescente
judicialização para garantia do exercício da liberdade religiosa.
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BARROSO. Luís Roberto. JUDICIALIZAÇÃO, ATIVISMO JUDICIAL E LEGITIMIDADE DEMOCRÁTICA.
Disponível em: http://www.cnj.jus.br/eadcnj/mod/resource/view.php?id=47743. Acesso em: 30/10/2017.