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BRASILEIRA
INTRODUÇÃO AO ESTUDO
DA CULTURA NO BRASIL
FERNANDO DE AZEVEDO
Prof'easor da Univusidade de São Paulo
A CULTURA
BRASILEIRA
INTRODUÇÃO AO ESTUDO
DA CULTURA NO BRASIL
Segunda Edição
1944
Primeira edição, Instituto Brasileiro de Geogr~a e Estatística, agOsto de 1943
Setunda edição, Companhia E<lltora Nacional, agOsto de 1944
INTRODUÇÃO
Parte Primeira
OS FATÔRÉ$ DA CULTURA
Parte Segunda
A CULTURA
Parte Terceira
A TRANSMISSÃO DA CULTURA
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..• .. 1
O que se entende por cultura - A variedade de sentidos que se atribuem
a eS&a palavra- A concepção antropa16gjca de cultura-'- A compreensãQ,·
sób &!ae térmo, dos elementos materiais e imateriais da civilização - A
concepção francesa de cultura - A limitação da cultura aos elementos ima-
teriais - As cottcepções, nacionalista e universalista, da cultura - Civi-
lização e cultura - O ponto de vista em que me coloquei para estu_dàr a
cultura no Brasil - Os fatores culturais: físicos, raciais, técnicos e econômicOs,
sociais e históricos - O conceito da civilização brasileira - ~ diversas
manifestações d.a cultura .no Brasil - A educação, transmissão da cultura
- Uma obra de síntese - As dificuldades de um. trabalho dessa natureza -
"Uma bont de lifntese supõe anos de anlilise" - A falta ou a ineufici~cia
de monogra;illlS especializadas - A utilidade de uma visão de conjunto, tão
perfeita quanto poesivel.
Parte Primeira
Os fatôres da cultura
Capitulo I - O país e a raça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Parte Segunda
A cultura
Parte Terceira
A transmissão da cultura
Capítulo l - O sentido da educação colonial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 287
_ J BUAL (MicBU)- &eoJ de a&mantiq-u e (Scieoce <IA=I aigpifications). 3(. fditioo, pAI• 285, Jlac:hette,
PuU. '
! MltiLLaT (A .) - Commettf Ie• mote chanJtmt de "ns. L'AunEe eocloiQ&ique, t. IX, 1905-1906,
p6p. 13-19.
2 A CULTURA BRASILEIRA
ano de 1766 e que servia para marcar um estado contrário à barbárie, estabe·
tecendo uma distinção entre povos policiados e povos selvagens, passou também
a designar. na linguagem etnológica, em francês, como o têrmo cultura em
ingles, "o conjunto dos caracteres que apresenta aos olhos de um observador
a vida coletiva de um grupo humano" 1 primitivo ou civilizado. Uma e outra,
civilização e cultura,s no vocabulário etnológico e sociológico em que se in-
corporaram, serviam para designar duas noções diferentes que se defrontam,
disputando-se o predomínio.
De fato, para CLARK WISSLER,' que empreendeu estabelecer um "sistema
compreensivo dos processos de civilizaFão humana e dos fatõres que para ela
contribuem", a cultura se apresenta como o modo de vida social, a parte do
comportamento humano que, proveniente do meio exterior, material, intelectual
e histórico, "faz dos indivíduos o que êles se tornam". O conceito de cultura,
no sentido anglo-americano, amp1iou-s~ como o de civilização em francês, pa~
sando a abranger não s6 os elementos r>pirituais, mas todos os modos de vida
e, portanto, tambêm as características' materiais ~a vida e da organização dos
diferentes povos. Se ness!l acepção mais larga se compreendem, sob o mesmo
têrmo, tanto os produtos da atividade mental, moral, artística e científica, como
as bares materiais da evolução social, todos os povos, desde as sociedades pri-
mitivas, de organização embrionária, até às sociedades mais altamente evcr
luidas, possuem certamente uma cultura, na concepção antropológica adotada
por WISSLER e outros antropólogos e etnólogos norte-americanos. Mas essa
concepção que estende o nome de cultura às bases materiais da sociedade e
às suas técnicas, se logrou uma grande aceitação entre sllbios americanos, tem
as suas origens na Inglaterra com os trabalhos de E. B. TYLoR, e da longa série
de seus sucessore5. Já o antropólogo inglês, quinze anos antes, entendia por
cultura de um povo "um complexo que compreende os conhecimentos, as crenças
e as artes, a moral, as leis, os costumes e todos os demais hábitos e aptidões
(any capabilities and habits) adquiridos pelo homem na qualidade de membro
de uma sociedade''. Pode parecer à primeira vista que nessa definição não
se faz refe:-êocia, ao menos muito clara, ao elemento material; mas se se C{)n·
siderar que "costumes, artes e bábi~os" comportam certamente elementos
materiais, será fácil reconhecer que .a '"palavra assume em TYLOR, em que os
americanos se inspiraram, o me&mo sentido lato de sua concepção antropo·
lógica de cultura. '
Assim, as duas admiráveis institl.\1ções que são a seção antropológica do
Museu da Universidade de Oxford, obra1considerável de TYLOR e de A. BALFOUR,
e mais tarde a do American Museum of Natural History, com CLARK W ISSLER,
chegaram, depois de longas pesquisas le debates, a estabelecer uma mise au
poin t geral e ao mesmo tempo uma "análise mais aprofundada da noção de
civilização e do seu conteúdo". Uns e outros, da escola de antropologia cul-
tural de Oxford e do Museu Americano, abrangem, sob a denominação de cul·
a Na Jfn&ua portug~:ba, a. oB~tidoo de uso corrente que os c1idonirioe reciJtram pan~ •• duat palavra•,
alo oe mesmoe que lheo attib~ os diciODArios ele ~ rr~. O VocabuJirio Portufub e lAtino d e
R. BLUT&AV (Coúllbftt, 1712} e o Elucid5âo ele Vr.~1UIO (2.• edição, IB6S) o1o ret)ttnm a pal4vra civiliu~o.
O Dieion.frlo de Aln6Hlo M OlL'lt$ o.& SILVA, em que Ji figun o ~mo, anlm dtflne dvlliu~o: ••o .W..nta·
mcnto. o procreuo e o deKt~VC>Iriroento do cotado social. que se nunlf~ na perlãçio das leú, na bt'andura
doe C:Oiturocs, nas ~rraodcs obras aatcriaH e na cultura intdertW&I, rq)ratQtada oaa ci!nciae, nas lctraa e nu
atteeo" (8.• ediçlo. 1890}. ~ quue idénties a d.eJinição d~ CA.I.I:I.U ÂUUT& {2.• odl~ &C'WIIi&ada, I 92SI, evidente-
mente lntpirlld.il ,.. d~ MoaAJs. No Novo Dicionário da Un,ua P o rlufufJa, C.l~DIDO D& FIOIIVltltDO, a
podei' de procurar a coorlo!lo. tomou- vago e obscuro. "Cirilinuso••, acf'extota Mo RAIS. udit ..e de um povo
que tendo debado 01 ~tumcs birbo:ras, se g~XTttnA por leú", - o que v~ rq:tldo textualmente por
FT. DolllNOOI Vtuu (Grande Dicionário Portu#ub. 1873) que consic"- a. d olt t tnooe dviUca~o e cuJ.
tl&rL Quanto • ~.,.. cultura, além dos a=tidot c:ooaftae, aatulah, que ela comporta (cultivo da tcn'e ,
daa plaotu; ~~ de animais, etc.), todos &sts leskóiTalot, com uc:~o de VrrEaM». rctinnun. por palavms
olfen!ntcs, o aentido fi~o. ebttrato. intd..-ctaal: ••e cultunl das letnu, du cl~ndat, dat bel&t•arta; inatroçllo
e edu ..elo; a tado de qu= tem desenvolvimeato intel..-.:tw~l:' R . Br..UT&AV, em 1712, ji • rca,btrara c:om o seo
KOtid mctal'6nco: "cultunl do ~eoho, das artes, du denciu".
4 WIJI\.&11 (C.) - Man and culJure in Alnorica. Ncw York, Lcmdoo, lilltTop, 1923.
INTRODUÇÃO 3
tura, todo o 11modo de vida social", o modo de vida de um povo como um todos,
dando a essa palavra a maior extensão que era suscetível de tomar. Certa·
mente, as concepções antropológicas de cultura, segundo ê;ses sábios i:ngl&es
e americanos, se diferenciam em alguns pontos, mas tem de comum incluírem
na cultura os elementos materiais e esp'uituais. A deí:mi_ção antropológica
de cultura, cujas origens remontam, como vimos, aos trabalhos dos primeiros
antropólogos ingl~es TYLOR e outros, e que partilham, nos Estados Unidos,
antropólogos eminentes, como LoWIE, KRoEBER, GoLDBNWEISER e WISSLER,
se caracteriza nitidamente pelo fato de se encerrarem sob o t&mo cultura
não s6 os hábitos e os produtos da atividade mental de um povo como também
os elementos materiais. Mas se 'I'YLoR tendia antes a limitar a cultura aos
elementos imateriais, ao menos preponderantes no seu sistema compreensivo
de cultura, C. WISSLER de um lado, exclui da cultura a linguagem, que ora
incorpora como parte integrante do sistema cultural, ora coloca à parte, para
incluir sob êsse têrmo todos os fenômenos sociais, exceção feita dos fatos mor-
fológicos de tudo que se entende por morfologia social na. concepção de DUR·
XHEIM, e que êle considera como pertencendo ao "homem" e ao "meio geo-
gráfico". Tem razão, pois, M . MAuss em criticar essa oposição que estabelece
WISSLER entre o homem e a cultura, e essa divisão entre a linguagem, a socie-
dade e a cultura, que lhe parecem igualmente falsas e suscetiveis, por isto, de
suscitarem antes confusões do que claridades na apreciação dos fenOmenos de
cultura e de civilização.
Os sociólogos franceses, desde DURXHEIM, comenta M. MAuss, "consi·
deram em conjunto todos os fenômenos sociais e jâ não podem mesmo con-
ceber essas divisões. Para a sociologia, esta diade- homem e cultura não ~
senão uma outra maneira de descrever o "homo dupltn!', o ser social e o ser
psico-fisiológico que ~ o homem. E tôda abstração que dividisse o ser social
e o ser humano seria perigosa. O homem não é concebível sem a sua cultura,
ou não é um homem. E a cultura, ainda assim entendida, não é senão uma
outra palavra, para designar a sociedade que é tão inerente ao "homo saplens"
como uma natureza. E enfun, não hâ lugar para distinguir e separar os diversos
elementos da fJ.Siologia social, nem uns dos outros, o direito por exemplo da
religião, nem da morfologia". A essas críticas de M. MA.uss às abstrações e
divisões, nem sempre constantes, em que se funda a teoria de C. WJSSLER,
aliâa verdadeiramente fecunda e rica de sugestões, acrescentam-se· as que le·
vantam a idéia fundamental de englobar, sob a mesma rubrica de cultura, os
elementos espirituais e materiais da sociedade. Não se pode conteStar a exis-
tência de relações entre a cultura propriamente dita · com as bases materiais
da sociedade e as suas técnicas, nem o interêsse que apresenta a investigação
sôbre o comportamento material, técnico e econômico, das sociedades e as
bases materiais desse comportamento. Mas, sem negar o papel dos fatôres
materiais sôbre a evolução dos grupos humanos e a utilidade dêsses estudos
que nos podem fornecer pontos de partida para o conhecimento de importantes
realidades sociais, parece a alguns arbitrário e ilegítimo abranger, sob a mesma
denominação, as bases materiais da sociedade e a sua atividade verdadeira·
mente cultural (artes, letras e ciências), além de perigoso por falsear a noção
de cultura no seu sentido restrito e favorecer uma interpretação material, senão
materialista, da evolução social e da história do pensamento humano.
O termo cultura, no sentido antropológico, lembra-nos P. ARBoussE BAS·
TIDJt, "conquistou na língua anglo-americana direito de cidadania, ao passo
que em França encontrou resistências decididas, por jâ significar fortemente
a1 outra realidade bem espiritual. Na Alemanha o seu sentido oscilou, ator-
6 •.. "thl• round ollife In /ta enlíre nrNp oi individual at:tlritlet it the bu/opbenomenoA .•oul•
ture'' (C. WIIILU., Men •nd Cu/lure, PAI· 2).
4 A CULTURA BRASILEIRA
I P. ~ Burma - Cultura • m•tlria. Qae f cultura, "E.staclo ele Slo Paulo" , 21, julho,
1!135.
t Tolmi1LA1' (E.) - Kultur. Hittoirc du mot, Bvotutioa du HIU. In "Civltlaatioo". lA Mot et
l'lcl6e. 2e. rue. Prcmi~c Semaloc lotcrtu~tioa.lc de SyDthbe. La RcDa!naócc dll Llmt, Paria.
cs A CULTURA BRASILEIRA
intelectuais encaradas como o bem próprio, algumas vêzes mesmo como o bem
exclusivo de uma comunidade limitada, que tende a confundir-se com um Es-
tado ou uma nacionalidade" .to
Mas, apesar da complexidade que apresenta o problema das relações entre
civilização e cultura e em grande parte, proveniente da variedade de sentidos
atribuidos a êsses dois têrmos, na França e na Alemanha, parece-nos aceitável
a distinção estabelecida por G. HUMBOLDT, quando define civilização "por
tudo que, na ordem material. no desenvolvimento dos costumes e na organi-
zação social, tem por efeito tomar os povos mais humanos nas suas instituições
e na sua mentalidade, consideradas em relação a essas instituições", e reserva
a palavra Kultur para designar uma nuança de refinamento, marcado pelo
estudo desinteressado das ciências e das artes. A palavra civilização toma,
para HUMBOLDT, um sentido mais amplo, abrangendo, no seu conteúdo con-
ceitual, não só a técnica mecânica, as aplicações das ciências à vida material,
- que representam certamente um elemento importante, - como certas qua-
lidades de espírito, que acentuam os aspectos morais e intelectuais da civili-
zação. A idéia de polidez, de refinamento e de cultura, estâ, para os latinos,
tão ligada à de civilização (civilis) polido, refinado), que essa palavra lhes evoca
sempre doçura de costumes, isto é, um certo equil{brio entre o desenvolvi-
mento intelectual e moral e a organização social. ~sse mesmo sentido latino
é que se encontra, em autores alemães, como H UMBOLDT e mais recentemente
BURXHARDT, para quem a Kultur é de algum modo "a flor da história que
confere seu brilho aos costumes e às instituições de uma ~ca definida''. A
cultura, segundo P. A. BASTIDE, "não pode senão designar um certo desabrochar
da inteligência, em virtude do qual se toma o homem mais humano, isto é,
mais apto a compreender e a amar os outros homens. A cultura ~ a parte da
inteli g~ncia na obra da civilização". Na acepção mais larga, que abrange,
sob o tênno genérico civilização,11 a organização material, econômica, política
e social, os costumes e a vida espiritual de um povo, a cultura) têrmo espe-
cifico de sentido limitado, designa o impulso das letras, das ciências e das artes
que, enobrecendo as instituições, enriquecem e fecundam sem cessar a civi-
lização.
10 A palavra Kultur, trs:nq~laat:ada do france. cultute, "n.lo aparece eenlo tardiamente na llngua
atemll: e 6 ebmenbl na oesuoc!& metade d<> s!c".Jlo xvnl que o oeu =pr~o ee torn• correntl''', Nos Ono dk.e
aéc:ulo, eomo verlneoiJ TowmL<~.T, tinha três sentido, prineipaia: 11 catado contT6tio t. biU"I)Óne; 2) llbeotaçio
moderna d o e$plrlto ou libe<taçll.o dos preeonceitos; 31 distinçio c flnurn de mnnelra•. SAo e&IU aa trk sleni-
rlcaç3ea que " ae encontram a msia da. vbes, sob " pena doe l!acrltorea da ~p<X:M ciAulcot, embora c:om algumas
nuanço.a·•. Aaslm H"ltii.DltR, Ko\NT e SCHILL&R. cQ~>Sídetdm a cultura " como um bem comum a t odot o• povoa
ou ao meno. que oe pode tornu comum", Pan HoMeoLD'l' que, ao deCinlr os v t. termO!\ Civili~ation, l(uttur,
BJ/dun#. procura p~cbar o eentido de Ku!flft, eua ptJavra "indica que 01 homeoa eouberam elev Ar·•~ &elma
doi eim111eo eonsidtrll~ de utiüdade social e emprcenderlltl'l o eatudo dtl41nterctudo dne cltnciaa e dat arte•''.
Nlo ~ e. ta, por&n , a coocepçl!o de Go&T!Q!: que di &se atmtldo 11 plllavra BlldunA e c:ooaldfta Kultur um cotl·
junto de conhccimentot, c:ottume. e tradiçõell particulares a um povo determinado. (Cfr. o eeotido antropo16-
~co de c:ultura), Em todo caiO, na acepção que à palavra Kultur atribuem, O! dôulcoe, observa TO!ni'BLAT,
'nunco o~am a . _ palavra a id& d e euperioridadc d e um povo a6brc outro". lh.u id~ía I DTil:C c:om a ge•
ra~o rom4ntiaa ~ b)mar f&r!:a c:om Ftc:n& e anu ouecs.orea, pt\18 0 1 quait a cultura tende a ~'Oa!undir-se
com um Estado ou wna nacionAlidade e que atribuem ao .eu palt e eo aeu pOvo urna mlllllo cultural, procla-
DWJ~do a auperloridade da c:ultura alemli, - "cultuta-tipo", a mala própria para tctvb de modtlo b outra•
cultutu aacionala. (E. To.KNEt.AT, op. c:it.)
li Em acu exee!eote eatudo s&bte as dviüu~. eeua elanentoe e euu formas, M. MAvss procura de--
finir o coo.lunb) ou aittema d e fato» que c=atituem Wlllll dvillaaçlo. ''Otl feo&mcnoe de c:lvilluçlo aio por
doflnlçlo, diz fie, fen&menos tocith, mu oem todot oe fea&mcmo. _,íaia aio fmbmenoe d e dviliutio. El!Htem
alcunt que elo perfeitamente especi~s a ama tocicdade, que a aincvJ.arUam e a botam.... Outros h6 que tt!n
uma ca.r.c:tfflaric:a imporUot": a de serem c:omun.o a um maior ou menor a.6.mero de oocicd..Sea e a um ~
maia ou meooe IDD&o defta.S sociedades. P ode-se resecvar·lbcs o n01ne de feo&mrooe de c:tvilizaçlo". Unt, aaes-
centa MAun, alo icuoptos a vi~, outros, "" contr6rio, aptus por aatureaa: tln ultnpawam por si mumos oe
Umltes de uma toded.-de dada. Umlte allb maitu v~eo cliflceU de determioac, Aaim, poill, os feo&m""'"' d e
dvllU.çlo alo catu~dalmente intrrnacionm, cxtra-na=ioDido ( a civili~o tatlaa, ~ u aau variantes, francesoa,
Italiana, etc.) " u c:ivili:aQlles &e circt~ns.crevem pda capec:i,da<le de emprhtlruo e de Cll~t5o ((tn6me.ooo po-
altlvot) como tamb!m pdn resistêoc:ias das soc:iecb:ies qur'" compilem, ao emptfttimo, On_, ma.tra afi1111l MAUIS
qoe a nAtunca iotcmacioosl dos fatoe de ckili:a;ão .e intemifica (a dblda que t univenlll por ma nAtureza
e aU• UntiUlflea> 4 neeesdríamenre humana, a tkaiCA m.e clnica, o c:inemA, o ridlo, etc.) " que "o oómc:ro de
u~ c:om=- tende a aumentar, ~elbando-ae mait 1lmli:l lt outrat u formu de cada UVUI du nae6CS e ci-
villa~ pdo llp'&cimo inc:enante do fundo com um, em odmero, em pbo e em qualidade. (M. MAuss. Les
Citili•arlona. Ellmants el forme"- In "Civiliaat:ion•·. Le mot et l'idto. Premi~e Stmaiae lntematiopale
do Syntbbr. Reoalosaace du Livre, Pario).
INTRODUÇÃO 7
Ora, o ponto de vista em que nos colocamos para escrever esta obra, ~ o
que nos fornece a concepção clãssica. francesa e alemã, de cultura, já clara-
mente enunciada por G. HUMBOLDT, quando estabeleceu a distinção entre
cultura e civilização. Entendemos por cultura. com HUMBOLDT, esse estado
moral, intelectual e artístico, "em que os homens souberam elevar-se acima
das simples considerações de utilidade social. compreendendo o estudo desin-
teressado das ciências e das artes". A vida da sociedade reduz·se, certamente,
a um sistema de funções que t.enden} à satisfação de suas necessidades funda-
mentais, e entre as quais a funç.ã o econômica visa atender às necessidades ma-
teriais e a função política (para darmos apenas dois exemplos) tem por run
"defender a existatlcia da sociedade, tomada como conjunto e também como
reunião de grupos particulares", regulando as relações dos indivíduos e grupos
entre si, e dêstes com o todo, Estado ou nação. Mas uma sociedade, se quer
preservar a sua exist~ncia e a~egurar o seu progresso, longe de contentar·se
com atender às exigências de sua vida material, tende a satiefazer às suas ne-
cessidades espirituais, por uma elite incessantemente renovada, de indivlduos,
sábios, pensadores e artistas que constituem uma certa formação social, acima
das classes e fora delas. Assim, "criar a atmosfera espiritual sem a qual a
sociedade não poderia respirar, oslaços espirituais sem os quais ela não seria
una, o tesouro dos bens espirituais ~ os quais não poderia subsistir, tal ~
precisamente, observa A.RNosT BLAHA, a tarefa da função intelectual". Essa
função é, por conseguinte, uma função de produção, de circulação e de organi-
zação no domínio espiritual: criadora de valores e de bens espirituais, com
que instaura um domínio que é uma pátr:ia e um asilo para todos, a intelig~cia
não s6 os distribui e se esforça por torná-los ace!Síveis a um maior número
poss{vel, como empreende a organização da sociedade, segundo pontos de vista
espirituais, "atingindo a sua mais .alta expressão quando empreende organizar
a vida moral". A cultura, pois, nesse sentido restrito, e em tOdas as suas ma-
nifestações, filosóficas e científicas, artísticas e literárias, sendo um esfOrço
de criação, de critica e de aperfeiçoamento, como de difusão e de realização de
ideais e valores espirituais, constitui a função mais nobre e mais fecunda da
sociedade, como a expressão mais alta e mais pura da civilização.12
Assim, limitado o conceito de cultura ou, por outras palavras, tomado bse
têrmo no seu sentido clássico, o estudo que fazemos incide diretamente sõbre
a produção, a conservação e o progresso dos valores intelectuais, das idêias,
da ciência e das artes, de tudo enfim que constitui um esfôrço para o domínio
da vida material e para a libertação do espírito. E, como o nível social e espi-
ritual dos intelectuais, sábios, pensadbres ~ artistas, não é sômente imputável
a certas superioridades bio-psicológic:ae estritamente ligadas à natureza indi-
vidual, mas à intensidade de ação maior ou menor das influências civilizadoras,
e em conseqüência, como não pode haver criação espiritual onde faltam estt-
mulos à vida do espírito ou não são suficientemente apreciados os valores es-
pirituais, o estudo da cultura, na variedade de suas formas, como na sua ex-
tensão e na sua intensidade, é, por si mesmo, uma luz viva que se projeta sôbre
a natureza, a fOrça e o grau de uma civilização. 2sse estudo que forma como
que o cerne ou a medula da obra, é precedido de uma análise dos fatOres de
tOda ordem que condicionam a produção dos fenômenos culturais, científicos
e estéticos, e contribuem, portanto, para explicâ·los; e seguido de uma expo-
sição das instituições educacionais, de ensino geral e especi.alizado, destinadas
à transmissão metódica da cultura sob todos os seus aspectos. ~ esta, ao pa-
recer, uma ordem lógica, psicológica e genética a um tempo; pois, se a cultura
pressupõe e implica um complexo de condições que estabelecem o clima social
13 Sem deaccahccennas a.s ioflcb>ciu td1ricat, radah e ecoo6mlcu .&bre 01 comportam~toe doo
iodinduoe c, em con..:qO!aocia. e6bre 0>c f•ms s~. j ul&&llll» arbitr6ria e tc:ndoeoclooa 1.6d• doutrha que atribui
ore ao melo CUltural. ore • ra_ç.o, ora li estrutura ~ wna iafhaeoda primordial, "~ndo H.a aodlo vaga
do homo ~e<>4raphi~u•, que poderia fazer ocorrer li icccrafi• 01 mesmo. en'OII que a do homo economicua
iac:itva a cometer, dun~nte mab de um s!culo, os te6ricoa da econ<>CIÜAI polttka". Nlo aos ~ 8Cdtável,
ocm a doutrina do determinismo ~e<>çi!'JCO, nem a do detc:rminiomo ecoo6cnlco. Aa af'mDIIÇilea a.e RATnL .&bre
•• fon:naa tcrrltaria!J dot Esr..dos e a.s evoluçõeo polt:icu que ~tam, "atlo al p&ra DDI lembrar, obaerva
J . Letmlll. 01 perieot qoe b6 em querer- achar, ou condiçôcs DJtturab, • causa de c:atrutur&J axhia def'Ulid.u e
crttaordll\lrlamente complexas para ,. deixarem enudar de wna maneira unilateral". A c«~CepÇ~o ratzdlana
da eocicdade a~otua dem.U, como uma ~ ucesainmeote paNí••· a loOublda da DJtture.ta .&bce o
homem, eem tratar da a~o, talvu mllis importanll:, aetc:ida pelo bomem .Obre o pr6pr1o meio natural Demaie,
pcii'C\Uita J , Loalllt, "um dot resaltados mais viafvc:U d• drilbaçlo alo~ a boraocendzaçlo cr~ll: dn cu!·
twa e do. ttoetoe. c essa t..nd&lc:ia cllo E jlli um obstáculo • libenlade de asio dn lei1 oatan1i1 ?" (Je&N
O . LOtlltlla, Do quolquu th6ories g6ographiques au point de ruo - ' ol oQ/quo, In "Revue ln-tionale
de Sodaloaie", 47c. ann&, oe. I·ll, Janvier-FEvrier, 1939).
INTRODUÇAO
Mas, entt,e os fatôres que mais contribuem para a proqução dos fen6menos
de cultura, o desenvolvimento daslcidades14 é um dos mais importantes, na
sua função de intensificar as energih.a co1etivas e de levar ao mais alto grau
de desenvolvimento possível as capa~dad,es latentes e dispersas na população.
As cidades, de fato, são poderosos i~tr\iipentos de seleção social. seja no sen-
tido de l!ANSEN, para quem as cid4des· não fazem senão atrair, por uma se-
leção mecânica, os melhores elementos do país, servindo para selecioná-los,
sem contribuírem, no entanto, para fazerem o seu v~or; seja ·no ponto de vista
de WEBER, que pensa, ao contrário, serem elas suscetíveis de tomar atuais
os méritos que não seriam senão virtuais, superexcitando fôr_ças que, sem êsse
estimulante, ficariam inativas e adormecidas, e produzindo essa superexci-
tação s6 pelo fato da concentração. Daí o estudo, que se nos afigura do maior
interêsse, do desenvolvimento das gl-andes cidades e dos movimentos de con-
centração urbana. Se o têrmo civil~ação, como obsetva R. LENOIR,1õ "cor-
responde ao conjunto das obras por meio das quais os sêres humanos passam
da animalidade à humanidade, pode. parecer paradoxal aplicá-lo às sociedades
ditas primitivas. Não parecem elas ter por principaí caráter o de não serem
civis e não conhecerem as cidades no seio das quais se fixam e se tran&mitem
os atos e os conhecimentos?" Existe,. de fato, uma ligação tão estreita entre
civilização e vida urbana que, para designar aquêle fenômeno, é ao.têrmo civilis
(de civis, cidadão; homo civilis, zôon politikón, de ARISTÓTELES), que se
foi buscar a palavra civilização, já ~e uso corrente em várias línguas e susce-
tfvel de marcar por si mesma a oposição, que remonta à antiguidade clássica,
da cidade (civitas, pólts) e do campb· (rus, silva). Não é sem razão que em-
pregamos os tênnos civilit~s, urbanitas, civilidade, urbanidade, quando
queremos exprimir doçura de costufnes, benevolência recíproca nas relações
humanas e, ao contrá;io? u~os a~. palavras rr:stic~s, silvaticus (homem do
campo, das selvas, rustico, utculto ), para destgtl}lTIDOS exatamente o oposto
de polido, de civilizado. Em todo caso, se não se podem seifipre encontrar os
elementos específicos de uma civilização nos caracteres das populações urbanas,
não serão êstes "verdadeiros índices objetivos de uma civilização superior",
pela metamorfose que as cidades operam nas idéias e costumes e pelo estímulo
poderoso que constitui para o florescimento das àr~es e das letras e para as
criações do espírito, a superexcitaçãp produzida pelos fenômenos de concen-
tra!;:ão?
Nem tôdas as transformações qlile, sob a pressão da vida das cidades, se
operam nas idéias e nos costumes, se podem certamente considerar corno um
acréscimo de ~vilização, ao menos do ponto de vista moral, nem se deve con-
fundir o fenômeno urbano, característico de tôda civilização, com o urbarúsmo
que é um fenômeno relativamente novo. Certamente não hã procurar nas
grandes cidades, a pureza, a frescura e a inocência dos costumes do campo,
o encanto e a simplicidade das paisagens bucólicas, nem o vigor e a impetuosi-
dade das fôrças instintivas concentradas na vida do sertão. Uma certa las-
sidã,o de costumes, as perspectivas que se abrem à vida de prazeres e uma li-
berdade, que é favorecida pelo entrecruzamento dos grupos sociais, e atinge
freqüentemente aos excessos da licenciosidade e ~ demagogia, são outros
tantos efeitos do fenômeno de concentração. Além disso, como as migrações
interiores são o fator essencial do fenômeno, o progresso dos .grapdés centros
se faz freqüentemente à çusta dos movimentos migratórios dos cru;hpos para
as cidades, que se tornam às vêzes, nas civilízaçõ,es modernas, verdadeiras
bombas de sucção aplicadas sôbre as populações rurais ao alcance da 1n{luência
14 WJIJllllt (ADNA•ltltltJl.tN) - The Oro wth oi Citíes Jn the nineteenth Century. A atud:y IA
atatlatlca. New York, MacmiUan, Londcm, King and Soo, 1899.
l6 LaHOIJt {R.\YMOND) - Lee Soci6t6e humaínea. Revue de SynthiUe h/atoríque, Dbmbre, 1924.
10 A CULTURA BRASILEIRA
ideais que aquelas trazem consigo, compreender-se-á que "êsses ideais, como
observou P. FAUCONNE'l', nunca talvez seja mais fácil apreendê-los do que
quando se assiste à sua transmissão." No que uma geração faz para criar os
seus sucessores, há certamente ocasião para se surpreender o segrêdo de sua
alma e traçar o quadro de uma sociedade,. vista atrav& de seu sistema de edu-
cação. ~ por isto, pelos elementos que o estudo da educação fornece à anâlise
psicológica e social do caráter coletivo, que o sociólogo francês considera jus-
tamente a história da educação como "uma das mais seguras vias de penetração
na psicologia de um povo e na história de seu passado''.
Assim, se a educação, que é uma função do estado social, varia na sua
forma e no seu conteúdo segundo as sociedades, e se cada povo procura realizar,
\ por meio da educação, um ideal que lhe ê pr6prio, "uma prática ou uma ins-
tituição não pode vulgarizar-se sem patentear um traço profundo do car.á ter
coletivo". Mas, diretamente colocada como se acha sob a dependência da
organização geral da sociedade, a edueação começa a diversificar-se segundo as
classes e as profissões a partir do momento em que as sociedades atingiram
um certo grau de diferenciação, e se vai complicando, no seu desenvolvimento,
em razão da complexidade maior da vida social. A medida que se tomam
mais complexas a organização social e a cultura de uma sociedade determi-
nada, aumentam e complicam-se, em conseqüência, as técnicas e os conheci-
mentos que são transmitidos às gerações jovens, enriquecendo-se de novas
instituições especializadas o sistema educativo em formação. A quantidade
e a natureza dos conhecimentos que se transmitem às gerações novas, a varie-
dade de instituições de caráter profissional, destinadas a atender à especiali-
zação ditada pelas necessidades coletivas, a pobreza ou a complexidade do sis-
tema educativo, variam, evidentemente, com as condições sociais de cada grupo
humano e refletem as suas necessidades, ~;ua mentalidade especial, seu passado
histórico e as tendências gerais de sua evolução, Se, pois, se proceder a um
inqu&ito sôbre as instituições pedagógicas de um povo, apanhadas, no curso
de seu desenvolvimento, e estudadas nas suas estruturas, nos fins prosseguidos
e nos meios adotados para realizar êsses fms, -uns e outros sociais, porque
a natureza dos fms pré-determina a dos mêtodos,t7 -não será dificil recons·
tituir não s6 a sua evolução social, a su~ concepção da vida e do homem, a sua
hierarquia de valores, as mudanças que se operaram nas suas concepções e
na sua mentalidade particular, como o tipo, as espécies e o grau de cultura
que atingiu e se exprime constantemente nas instituições prepostas a mantê-la
e a transmiti-la através de gerações. O interêsse pela cultura e pelas coisas
do esplrito, em um dado povo, patenteia-se de maneira constante e iniludívet,
no trabalho a que a sociedade se entrega e no esfôrço que realiza, pelo conjunto
de suas instituições escolares para educar os seus filhos, elevar o n{vel de cul-
tura e estender a um maior número posstvel os beneficios da civilização.
Poder-se-á objetar, e não sem razã9, que, se não faltam de todo, são insu-
ficientes os elementos necessários a uma obra dêste gênero, destinada a dar
uma vista de conjunto da cultura brasileira na sua evolução, desde as suas
origens até seu estado atual. Uma obra de sintese tem, pela sua pr6pria na-
tureza, o duplo objetivo de unificar os conhecimentos dispersos até hoje nos
trabalhos de detalhe, e de abandonar tudo que é secundário, inexpressivo,
accessório, para lixar o essencial e indicar as grandes linhas do desenvolvi-
mento. A exposição resumidíssima, quase esquemãtica, arrisca-se a embara-
çar-se na obscuridade ou a tomar um carãter superficial, se não foi precedida,
na sua lenta elaboração, por um prolongado esfôrço analltico para apanhar,
Os Fat6re$ da Cultura
I
CAPíTULO I
O país e a raça
O meio físico - A fisionomia geográfica e a extensão territorial do pais
- A oposição das duas vertentes contittentais - A$ dUlls grandes bacias hidrO-
grttficas - As distAncias e a ' divemdade dos quadros naturais - O ambiettte
geom6rfico e climat&ico - A flora e a fauna - Os recursos minerais - O
rnar e a costa - Regiões de condensação e de dispersão - Os rios de pene-
tração - O São Fr-ancisco, rio da unidade nacional - lU origens e a com·
posição do povo brasileiro - As tret raças que conflufram na fOI'tl)ação das
populações no Brasil - Os dados antropológicos - A distribuição das popu-
lações setentrionais e meridionais - O crescimento vegetativo da população
- As migrações internas - As imigrações - A mestiçagem - SeleÇão e
J)eneiramento - Densidade estitica e dinâmica - A distribuição da populaçio
por idades, seltos e raças - O brasileiro.
-2 -
JS A CULTURA BRASlLEIRA
~----------------
I W.01ti'ID (A.), Die Bnr..tehunt der Konlinento und Oaune, lo. ed., 1915: .P. ed., 19'19; Lo
,."... d•• continente et dell oeéatl$. Théorie du tran~letlona conr/nenraJ..; troduit de r o CJemand
por ÃD&4JU) LsaJfta, NrmT BT BAnAK.D, Paris, 1937; c!r. P1on L&ll& (A. BliTI»), O depoimento do Bruil
no ditteunSo do teoria do dealiae doa continente• ••lundo W&OaNU. Boletim do M uxu NKional, Rio,
tomoS, p6c. 41; Lo Th~rit> de WBGI!:NU en prhtrzv:e de qut"/quN obeetlfalion•l'-'loliqu•• concernant
,. Brlsil, C. R. Acacl. d .. Scieoces. tomo 186, pia. 802.
2 S.. teoria daa Cf'&Dd.. ~ borhootaia doe ~t!DCDta, CC'IIl a qual VhGDC'D apliea oe tno-
~toe pua o oc.te, de que resultou, entre outr""' por fn&~~>c:II\Otlo ~ dnlire, o bloco contincn\01 amcricou>o,
Glo 116 olo r<:,iei\0, lllft implica a teoria da í-rasía. Squndo e.ta eooo«pçio, • a aoeta tcrratre flutua em
estado de oquil!brlo 16twe um meio mais dCilliO e VÜC:OIO • , - modo fatc que pode - pertUtbado por cüv~
fat6ro (a eobn:catta da aoeta terrestre JIOI" uma c:al<>te &laclal, aeumulaçlo doe oedlmeotoe, etc.),
!
O PAIS E A RAÇA 19
3 h. R..\un., D .. Meer ala Quelle der Voelke~Çoest111 (o mar como foote de araodua doe povoe).
Lep&lc e M unld>, R. Oldeobourc, 1900; d r , B. HELxou, Weltlacbicbte, temo lV; Dia Randllnder dea
.llitte/meere, Ldpzia, Vicua. BibUOCJapblocbea Iostitut, 1900.
'20 - - - - - - __
A _C
_ ll_J LT URA BRASILEIRA
• A confi&uraçio f!eocráflca d.,. ~ no suJ do Bra&il, 6 mMcada por doi• lfi'SDdot traços que lhe coot-
d tuem e rttioDOCDia pQrti.;ular: m_IIÚ deva.da. piU'a O ladq do ID&I", inclinam·tc ~,_ a ~r•nde depc"aaiiO do ParaDA,
onde: do •tin&ld-a• •• cotaa maia baixas do continente, c que -ia um prolo:>&OmcAto do (l-.iac:linl, nlrte11te
n.,. t"uu da era potleoaóic., e !icado à foua do:t Aooes. De um lado, portento, a~ da Sen-ado Mar, e, de
outro,. deprado aluvial •• maior que liC coo.h~-e (o~ Borwl. s..., d uaa roç6ca &COI<lf'teaa tetiiODtatll
talvn, ruas auu orlccn:a c~•· ao carbooíft!'O ou ao oc:o.peleozólco : faftndo-te entlo o d~flo oa ~o da
bacia do Paraol, c l medida que o Cb.a.co ganhava em pcofwxUdade e x ~va com teduneotoe, ae f«am
toroaado, por uma c:ompcnuçiio iaost:âtica, ID3U dcva4a u tcrru da orla d o Alfjntlco. Aa icua• do Ti~ que,
pt"OVhdmcote d tllulam diret.tmente pan o oc-oo. c, em 11rande parte, "' lmobiliaaram d q>Ob, com o mcwi-
m=to UCCA~ion.J no inicio d o quaternário. em - I~ em tOnlo d a eo~plul de Sio Peolo. eftCnlvMA oow
coa~ da Serra do Mar. O<!J>ar.trarn,..e do P~ e d~m finalm.c ntc pera oc.t.e em dir~ l bacia do
Par.cA. Aaim o Tiett, oucido nas proximidades c a :tS quil&metroa do IDJlt, e a uo. 1100 mctroe de altitude,
decapitado do aeu IUltico curso superior, pertcncmdo atualmente ao PenflMI, teve ll:mf>l). antea ck ec ~ o
lctr'CftO, de: 1e deaviar pare oeste, c e de maolca livre o camiolJo por mào da craeio •· A ueDJpOoilelo da Sen-a
d o Mllt teria de ocr o pritneiro passo ,.ra a C<.>O~wsta do planalto, isolado d o oceano, por equda bt.rrrite, c do
Interior, pdu lnundaç&t d o cuo:> mé<lio do ParaD.i c do Pu~uoti: • .:na foi ~ peloe primriros eoltmM,
aqulndo 011 CIUI'Iinhoa doo Cndios, trilhados mm taroc pelao eacravoa, can c:ll.ioa ombt'ol M fuia o tnon~porte de
r a ra até qu.e .e " tabelece!l • trucllo por <noio de cabw óoe plaooe incliAadoa da SJo Paolo Rllilway. A elevação
da c:oeta, por~. fueodo com que os rios c:orresem para o interior, e em d ireçlo ao ParanA, .e foi uma bJUTcka
levantada la coa uanieaçlica com o ocnn<>, pennidu " l ravore<:eu a a m~raç.'lea (entrada• c boln4ei:raal po.ra o s
oettc5ea, pelao ~:randt$ rios de pt'lletraçia.
O PAíS E A RAÇA 21
6 Squndo - hip6tcae de B. LLU& ( l826-190ili , 11Str6nomo fraac& que veto • _. dlrct« cSo m-r-
...~ do Rio de Janeiro, tQe trecho do aertiD baiano SW'I:e como u.oiforme amontolido de mootaobaa d«-
nddM '• em coDteqOeocia da convuldo que f& emeqlr "" Aadee c: eublc:vou •• altiplaouru dN G~. • .,..
~o o .,_junto d.u tcrraa numa rotaçlo vq;aroa, em tGrno de wn eixo imaclnado pOr Lu..nl mtft 01
cbepad6ca de Buh&cma e a BoUvia •. O. terrenoe do oorte da Bahia avolumam·• miAo, eo.m &ICCDder coe-
tflnao, u ~ maio altat ..tplc:ao:o- de leco., roquanto .. ta:raS blliut cootinuam imcnu. (Vede B-.utUliL
t.Wt, Erploratione aclentifiquoe au Bt6sil. 1665; 1'rait6 d'aetronomio appllqu.., A la f6oloPo et j Ja
na•lJet/on, 1867; cO·. BUCl.lDU D-' CUJnl-', À mar~m da bist6rio, 3.• ed.. POrto, 1922: } . Maria Belo, ln-
t•JJifncia do Btaell, oo eetudo ~c Jtua.mu ll4 ~. J>é!ta. 162- 165, 3.• ed. Comp. Sdlton N'adOIItJl,
1931).
22 A CULTURA BRASILEIRA
~-----------------------
Não se nos afigura pois tão justa1 como poderia par«er à primeira vista,
a observação de A. SIEGFRIED, quando afirma& que, conforme predominar
no destino do continente o fator geográfico ou o fator histórico, as democracias
latino-americanas se orientarão para a unidade pan-americana ou manterão,
durante muitos anos ainda, com a Europa o vinculo cultural que liga a América
Latina ao velho continente, desde a colonizaç.ão. A América Latina, por outras
palavras, industrializando-se tàpidamente, se moverá como se tem movido
ora em tômo do eixo vertical (Estados Unidos) ora em tôrno do eixo horizontal
(Europa). Mas, essas oscilações de movimento, além de serem determinadas
antes por fatôres econômicos, políticos e culturais do que pelo fator geográfico,
mostram, à evidência, que a América Latina continua a gravitar como satélite
em tOrno de dois grandes núcleos de civilização. Enquanto o nosso continente
não criar por si mesmo a sua própria civilização, renovando a cultura bebida
na mesma fonte peninsular, ibérica, e não se estabelecer contato mais íntimo
não a6 entre a América andina, de um lado, e a tropical e a dos pampas, de
outro, e entre a Américà Latina e a anglo-saxônica, não haverá base materi.al
e cultural suficiente para o deslocamento do eixo, no sentido vertical, capaz
de promover a rotação sõbre si mesmos e, portanto de norte a sul, dos dois
continentes, fortemente diferenciados pelo contraste entre o ibérico e o anglo-
saxônico. Não é nas condições geográficas, nem nos elementos raciais que se
pode ~ buscar, na própria América Latina, uma unidade que provém antes d~
"atmosfera de sua civilização". Mas, a unidade que existe, não como um re-
sultado definitivo, mas, como um processo em elaboração, resulta da comuni-
dade de origens (hispano-lusitanas) das nações que se formaram nesse~blOCQ
continental e que, voltadas a maior parte para o Pacífico, outras. para o Atlân-
tico, afora dois países insulados (Paraguai e Bollvia), se mantêm afastadas,
econômica' e culturalmente, pela própria oposição geográfica das duas vertentes.
A dilatação mãxima do Brasil em latitudes diferentes e, em conseqüência, as
enonnes distâncias, a extrema variedade dos quadros ftsicos e a diferenciação
çlimatol6gica, teriam cindido o pais em dois blocos estanques, se fatOres histó-
ricos, como as migrações internas e outros, não tivessem intervindo para fundir.
numa s6 nacionalidade,Yregiões tão díspares, distantes e às vezes opostas, pelos
seus aspectos geogrãficos, climatéricos, econômicos.
Se, de fato, as grandes regiões naturais em que se pode dividir o Brasil,
são, de acôrdo com a cle,ssificação de DELGADO DE CARVALHO, o Brasil ama-
zônico, o nordeste sub-eq.uatorial, a ve~tente oriental dos planaltos e o Brasil
platina, cada uma dessas zonas comp6rta sub-regiões naturais, nitidamente
diferenciadas, com a sua fisionomia particular e as suas características próprias.
A região setentrional do Brasil amazanico, que se alteia na região serrana,
constituida pelo maciço granítico das Guianas, para se deprimir na formidável
calha do Amazonas e de seus afluentes, compreende, al~ dessas duas regiões.,
a Hil~ia ou a zona das florestas tropicais. É essa a região d as grandes planí-
cies, das grandes selvas, e dos grandes tios que lembram a infância do mundo.
Não ê menor nem menos diferenciado o Brasil platina que, no sul, se contrapõe
à bacia do Amazonas, e que, englobando a costa ou a contravertente oceânica.
entre o Atlântico e a Serra do Mar, se desdobra ainda na região da cordilheira
e na do planalto, em que se alternam campos e matas, - " região suporte dos
afluentes orientais do Paraná"- , e na das savanas rio-grandenses e da baixada
de Mato Grosso. Entre essas duas imensas regiões em que se extrema o Brasil,
de norte a sul, estendem-se o nordeste sub-equatorial, abrangendo o golfão
maranhense (sorte de transição da Amazônia), a bacia do Parnaíba, as serras
6 A. St&ol'a!BD, A aúrique llftine, P..n~. 1934. CCr. Lot< ptoblem•t de I• Ametl"ç" latina In c La
NacioA •, BIWiot Aires, ll de julho de 1SIJ7. j
O PAIS E A RA ÇA 23
7 A pri.meira zcna, d" climas equatcxiah ou s ..b-equatori&U, • quo M oau& duu:oa também de trop;cal
l1ftUI tempen~tuta mEdia do ~li" C a 27• C; oa - d e
t6rrida, aprCKIIItll cnm...
trop.ic»bl 011 oub-troplcab., • t<m-
pen~twa, de 23• C a 26- C eDl m6di4, ...ru.& oaa rqj!Ses maia alta. entre 1.. C c 21• C, e oa t~ aana
a tca>~atuna m6dla V11ria entre (g. ao loo&o da coetll e 16" oo plaaalto (up-eountrr) . e-- poclan •~.
IIICII1J.Odo 01 cllmatdociatu, subdivididas em taotaa oub-re:a)c'les quaotao •• ap&::ia de dimu ruult&Ata dos fea6·
- metear-o16&)coe.. Aaeim, a - equatoriallll! ~em trb oub-rqi6a: a ~ida c a ocmi·6rid•
(rec;llo do Narde:nc) a1bD da eos>tizlcotal úmida; a zooa tropical compcundc duu oub-4ivb6a, eemi·6mida ma-
~ c ecml·6mida cocninmtal, c a zoaa rempuada $Ubdivide-« em trb tipoe de dlmu: auperúmlda da coota
~·dmida cSo i.Dterlo.- eu tcmi.(un.ida du t:erru altas. (B ruiJ 191J8 - A N•w·•u.r••r of Buuill•n lifr>.
t.dtuto Btuild.ro de Oeocraf"ta c Eet:atfltica,, Rio, 1939).
8 V6dc ttuc;uDa 04 CUmu,. À mw.gun da. hi•t6ri• ; Um dima caluniado. pqt. 47- 64, 3.• ed.
lJYr'llria Chardron, Pórto, 1922.
0 Vro41. LA Bl.ACK&, La ~iolrsphí~ politiq~. in c Annalu de c6orntphic •, VU, IIÁC· 102.
O PAIS E A RAÇA 25
10 De ec«do cocn o mape nor..tal d e OOJUAGA DS C.uoooc, u ireaa flareetaia abc'a~~Ccm 4 !1$6 723 qui-
lealctrw qu.drtldoe, tlcaxado o teltallte, da auperltcic tou1 do paio, pua o. ~ aberto~ ou d•~oe qu~
ocuperiam wna 6rea de 3 SS4 466 qw1&cnetroe quadrados. Ora, por e.e. cAicWoe, e tt!Ad- em coota a Npet ·
IXie total do Bruil, quo 6 de I SII 119 qoi16metroo qaadndoe, aJo nc:an. I~ peno a 6r~ lmpcodutive qu.a ~
anliada em I 100 000 quil6me1roo quadrado. (21 % da 6n:a total) e na qual e6 a JM1tU coberta por Acuu ' de
1 llO 000. &... c6lculoe .Oiwe u éUJ floratab e as irea c:ampelitns alo evideotemelltc ---'voe e \"'"
~ _. retinc.doe, peno que oe.l• fdto o d - t o QQ duu ireaJ, florataJ e cam~. da"- i.alproclubva,
~orme a ~tiva calculada pela Bctatútica Tenitorial e z.tactútica da Ptoduclo; Cfr. An.\J(IO P~rrxoro,
Cliaut • u ílda, p . . . n • 120. lo ' 'Braalliana", 1!138.
11 S6 de borbolctu, entre 01 u..etoe, BA:ra apanhou. nca an-edcrea de Bd&D, 770 ap6cia diCcRnta.
lilbLo LsrtJo fala em ISO~ d ot s>t-oa. ~ta oo BruiJ. peno 450, na Ar&altioa , e ' - nricdade
DOd'ftl que 1 - BUDIOJI a cbatul' a Am.cric:a do SW o c cooli.De:me du avea •. Ali ap6det oroit:ol~ l&o
--ao~. DO plaAalto Ulterior e liO .ui, ODeie um doa ma;. bdoa a pctkulca 6 a varledado de aveo
~uMõcaa de que .ao coa1.hadu u lacou d o Rio G~ande do SW e ca pouttallaia d e Mato o.-. Qwulto ~fauna
itiol6c)c:a, - t e ria~, oa c:o.ta marltim11 e na rfde potAmlca, cakula AoUIU que o o6maoo 4aa ~-.
e6 I*'" a becd lliDUÓ<>ica, atine~ a drc:a de 2 000, o que daria peno o Ame.._.. c q - d - ri:fts o lldmero
4a ••iedad• que Yivem DO Meditadaeo e d fr11 aioda maior do que a du ap6c:ia q\00 o AtJ..,tieo alimenta
ck um polo a outro. • (U'a. e Mas. Ao.uaz. Um.a •i•~em eo Brluil)
26 A CULTURA BRASILEIRA
12 Se ee comperar uma coota, ccr.no a b!'a~ que ae etteode de norte a INl e ~- extrcmidada oe
araatam, mc:r;ulbando no mM, como ao de uma puábola, .:om um. bacia em que a9 eoetu l&o acoocl>qlldao e
a. pgatoo c1.a tc:rTA, pr6ximoo da costa, pode- avali&r a 1~-<~So i.aladore daquele tipo d t: costa e o papt>J uni-
fi<U~dor. por cxemp!,, cl.a eoete do MditeiTAne:>. A bacia do Medlterrloeo tnr~, de faro. do poet.o de viJta ceo -
arir.co. c:omo ob.Mn<a H.. H I!LliOLT, uma unidade quue perfeita.: o moamo eUma. o mftlllo ff&ime de clmva, a
roeoma • ccetaçlo, u m~ eoadjç6=s d e ~..éru:ia, e1Jl oulllll. im~JtaJ •• popolo~ eoetciru. A montanha
' pr6xime da eoeta, à ~te .,. cr-ll<lea va.IC$ aberte». cmno ot do R 6dano, do NUo e do P6. A vida oe C!CliiCCDtta
ollbro u primdru inclina~; as ilbu lão nu:nerosu, as cottaJ reeoo-tadu, e ~ ~!nl fuer peJo ..,... loa&oa
tnlctoe em pcq, _ . j«nadas. O mar nã o ...,..... pc>U 01 povoa. Su.ae hiatóNot " misturam c ouaJ civitiaaçlic s
oe pcDLtram. O muodo meditt:rrêoco Conna uma unidade hiJt6n ca. (a. H U.MOLT, W al tlaliChioh to, t omo
I V: Dla Rll. ndlindor de• M ittolmeera, ~ip:ig uDd IWien. B iblioarapblache. lnttltut, 19DO).
O PAÍS E A RAÇA , 27
13 ltmbono K,ja üuwode<>te a. doc:umen~ ~ti"• aaa lndlo., ao tempo do dac:obrimeato, c aio
tenha lido feito o levantllmCDm eú>Ctógico du t:nõoa n.iatcntes, podedi~·ac, de um modo ccral, q~ o adva&em
brulldl'o ac caractcri:zaVII pela • - pequena cstatw:a, pdc ~b<eada. albdoe l'f~ e lis011, roeto tarco e aehA-
tado, oaric d~m\do, olbot moag61U:ot (afastad011 e poqu~l. c.utaull..-ac:ut'Of, c maç:h taUeotea. A erca-
ni.aoçAo .acia1 e a cultura, emoJmenlle rudimentar, doo pl)YOO ama'IJ>:ji:)l variavan> mUtm. ccrtammte. entre aa
tribca al1fc:olu, dao 0Meatu ~ e a das sociedades .elvtcolü que te ~uad..am do Rio Oraode do Sul
att o c~ c t.alvu att os CIUDI)Oa gerais de llofato Oroeao, c • aü• cultut'a ti.niVII em tbmo das manad.u de
l(wmaco e doe bou:ldot de ema •, como =tn: estas tribos e u do planalto oriental do BndU que vtviam da .-ça.
O lodlo pampciro do extremo aul, o do altipbmo cmtral que se miatuto" b popul~ de OoiAa e da rccilo seten-
~ de Mato Grooo, e ae n.ati'VOS dll bacia a~ eujo cultura '" estctldeu do Amaroaas • pela orla 1XUD'I·
tima at6 oade oe p&le levar • IWI frá&iJ ubã •, toda. apreeeatavam, por&n. traçoo eomwu de cultora mlltaial.
como o arco e a nceha, o pau de roco. a arte de tecer c:c::stoa. a pedra taxada, que dmuoàaVII • comunidade de
• - orl&ct18 r~ta. A .,.. • coru1:itucioaal avc:nilo tU> calor ' • oa obe«vaçlo de BATta, pance conf"11rnar a
lllp6tae cln ori11eaa •~âriea• do oeh'lllCrnt vermelho que vtve como estranho c únlarentc. racataa d1icln ~.
• a C\Uo diiUil a .ua eon.~dtuiçiio original1lio et1l adaptada. oem at6 •cora oe adaptou pcrlcitameo~ • (H. W.
BATIII, Um narurall•r• no An>azona.s) . A ccnc:epção eomoniota da propriedade f, no dlaet" de Rov N.uB,
• um -~ rllndamentlll que liga todos oa pOVOt ame~~lndioo, •iÕcolu ou caçadores •.
- - -- - - - - - - -0 PAíS E A RAÇA 29
mas cujo número ainda hoje seria difícil senão impossivel de calcular com se-
gurança, por falta de dados, derivavam, na grande variedade de suas tribos
e famflias, de quatro trom:os principais: tupi, tapuia, arauaque e cariba, dos
quais o mais importante, o dos tupis, se espalhava peta orla do litoral, do Rio
01-ande do Sul ao Pará, e do Pará, pelas florestas alagadiças do Amazonas,
até a foz do Mndeira. Dos cruzamentos entre índios e portugu&es, lembra
RoY NASH, "nove talvez em cada dezena, se processaram com mulheres d~se
cxtraordinãrio povo agrícola", - os tupis, cuja língua se tornou língua geral
e cuja cultura era a mais disseminada na Amêrica portugu€sa. A escassez
de mulheres brancas contribuía para atiçar as relações com as do pais e esti-
mular a mestiçagem de brancos e de índios, em cujos de!cendentes, os mame-
lucos, se entroncam numerosas fanúlias do.norte do planalto central e se podem
buscar as origens da vitalidade e da fôrça expansiva do nomadismo aventu-
reiro dos bandeirantes. O romance Iracema, de jos& DE ALENCAR, escreve
AlrRÂNlO PEIXOTO, "é simbólico do amor que as ftlhas do país tinham ao aven-
tureiro branco; descobri que é anagrama de América: seria sua intenção des-
. ciever as núpcias da terra virgem e do colono civilizador ?" Mas muito maior
ainda foi a contribuição que trouxe a onda volumosa dos africanos; talvez
3 300 000 segundo os cálculos de R. SIMONSEN, colhidos em grande número
de nações diferentes e importados à grande, quase sem intermitência, até que
se estancou a fonte em 1850, com a abolição do tráfico de escravos: a superio-
ridade da cultura negra em relação à dos índios, a intimidade do contato que
o regime de escravidão não tardou a estabelecer entre as duas raças, e a uti-
lização dos negros para serviços domésticos, abriram largo campo a essa nova
mestiçagem, favorecendo, por tôda parte, na expressão de GILBERTO FRBYRJ:,
" bses amores de senhor e escrava com que se regalou o patriarcalismo colo-
nial".
Se, como se v!, as origens brasileiras estão claramente determinadu na
mistura das trb raças ou na assimilação progressiva, nos primeiros s&:ulos,
das raças vermelha e negra, pela raça branca européia, numa lar&a transfusão
de sangue, ainda estão por se esclarecer completamente as questões relativas
aos diversos tipos étnicos, portugueses e negros, que se canalizaram para o
Brasil, aos seus respectivos caracteres antropo16gicos, à distribuição .geogrlúica
dos negros e dos índios e às proporções em que se produziram os cruzamentos
com os colonizadores brancos. H Parece-nos que já se pode concluir, com F .
. J. DE ALMEIDA .PRADO, no seu trabalho exaustivo sôbre os primeiros povoa-
dores do Brasil, ter sido bem variada a ascendência branca dos mestiços do
litoral, e tanto NINA RODRIGUES cqmo GILBERTO FREYRE, ao se ocuparem
do trâfico africano, j ã demonstraram: a variedade de "nações'' e de áreas de
cultura, de que foram transportados os escravos negTos, que vão desde os ele-
mentos colhidos nas tribos mais selvagens dos cafres até os negros sudaneses,
de cultura adiantada, predominantes na formação baiana. 2stes, os africanos
brasileiros, negros autênticos como os "hotentotes" e os "boschimanos", os
"fulahs" ou chamados "negros de raça brancau, ou mestiços como os escravos
provenientes da Senegâmbia e da Guinê Português&, «considerados, por alguns,
superiores aos demais do ponto de vista antropo16gico", concentravam-se em
14 A mileqc:IUIÇAo qu~ tarp~ se praticou, 110 Btuil, corriaia, como obM:rva Ou.aaa:ro Fu'ra&,
• • cl~ eodal que de outro modo • teria .,.,_,.do enonne entre • cna craade e a eeaaala •· RediUiu•,
ocm d6vlda. Mu aa ..tratif'ocaçlo tuaka e aacial, oe afiiaonos, oe oeuoe braileitoa e, em ceraJ. oe próprioa mn-
tieoa de oripm .cnc.-. c:oGtinullnU'O • eolocar-ae ,... camadas ....saia inferiora, aioda Q~MIIdo epnaeota-=
oe Qql'oe cec:nvoa cultura .upcrior l doe lndiae e meamo ã dO!Ilx&Deoe. Se cn comum o ainda &cqGc:ate o brut-
Járo, d.c.caw!e.nte de !Ddioe, cJ«ier- de eua ori~tem. invocar com atgulho o wu. c .an&ue de caboélo • c KGtir·te
maia bruildro, p0t teraQt\la• vci.., meeclado•odobnnco.o.-ncueda~aut6etcno, j6 ..ao auced.la o mamo
com o mulato que proeur•v•, como ainda bqje, IUites di..ünular do que lllatdear a .ua ori&en> atticAuuo. Aa trh
- · branca, vc:rmdha e oeça, diftribucm-sc; na ..tratific:açiio Etmea, em o::amadu auperpoetaa e blcnrqul·
zadllt. Oa pn.oc:cnecitoe t'llàals, oco llllDCil cb~am a ettabelece.- COilnitae e opoeiç<lca, auopre exiltltem tam~m
c.~t- ~. pera • ctu.iracar • e • d.,_,.aniiicar •.
3::.;0;..__ _ _ _ _ _ _.:..::
A__: C~U=-=L~
T U R A BRAS 1 L E l R A
I
O PAlS E A RAÇA
migrações humanas, cuja teoria geral foi estabelecida por FREDERICO RATZEL 111,
e que não são mais do que o conjunto dos movimentos em virtude dos quais
as coll!tividades chegaram a grupar-se e a distribuir-se sôbre o território em
cada momento da história. As cartas, traçadas por R. SIMONSEN, do movi-
mento do gado e de populações vaqudras, e o mapa geral das bandeiras que
devemos a AFONSO TAUNAY, most:am-nos à evidência como a natureza do solo
e os acidentes geográfico~ contribuíram para determinar a maneira pela qual
essas massas de homens se moveram sôbre o território, no período colonial,
ligando o norte ao sul do país e di!atando-lhe as fronteiras coloniais. Os grandes
rios foram, por excelência, na justa observação de GILBERTO FREYRE, "os rios
do bandeirante e do missionário que os subiam vencendo dificuldades de quedas
d'água e de curso irregular"; êles dispersaram o colonizador permitindo ao
bandeirante "tornar-se desde os fins do século XVI um fundador de sub-co-
lônias", internando-se para oeste, l>elas águas do Tietê ou subindo pelo vale
do São Francisco em que entraram as levas de catequizadore.s, se formou a
civilização do couro e se encontraram as bandeiras paulista!, pernambucanas
e baianas.
E ssas migrações internas que, dispersando e misturando os grupos entre
si, contribuíram para acelerar o processo de formação de nossa sociedade, hl-
brida de índio e, mais tarde, de negro na sua composição, podiam ter suas origens
na tendência colonial do português de "antes se derramar do que condensar-se",
mas foram certamente favorecidas e estimuladas pelo inter~e econômico
(caça ao tndio, p rocura e extração de riqueza mineral) e pela própria extensão
do espaço ocupado. E la supõe, de fato, sociedades pouco densas e que dis-
põem de vastos espaços.. 1t uma tendência fundamental de tôdas as socie-
d ades estender sua base geográfica: elas têm sêde de espaço. Sem dúvida,
os espaços limitados, segundo observa RATZEL, têm um papel útil; são muitas
v~za os focos em que se elaboram, graças a uma concentração en&gica, formas
elevadas de civilização. Mas, desde que elas se formaram, tendem necessària-
mente a espalhar-se além de suas fronteiras iniciais. As bandeiras e as entradas
em que se expandiu o nomadismo dos bandeirantes, na sua maioria mestiços
de brancos e indios, constituíram, por esta forma , um dos sistemas ma\s vigo-
rosos de uma nova sociedade em formação. Assim, quando j â no s~culo XIX,
pouco antes da abolição da escravatura, começou a intensificar-se o movimento
de imigração de origem mediterrânea e germânica (portugueses, italianos,
espanhóis, alemães e outros) já estava constituído o núcleo nacional, bastante
sólido para digerir e assimil3! a massa de imigrantes, carreados em correntes
anuais, sucessivas e às vêzes volumosas como as que se registraram de 1888 a
1897 e de 1906 a 1914 e se repetiram mais tarde, no decênio de 1920 a 1930,
com outros grandes anuxos imigratórios. Ademais, ao tomar impulso a imi-
gração branca, depois da extinção do tráfico, a população do Brasil já beirava
7 milhões, para atingir a mais de 14 milhões em 1890, subindo de 7 677 800
em 1854, a 37 milhões em 1935, enquanto, nesse mesmo período, não ultra-
passou d e 4 400 000 o número total d e imigrantes europeus. A absorção gra-
dual e progressiva dos imigrantes pelo núcleo primitivo nacional processou-se
regularmente pela confluência das condições essenciais, sem as quais não se
poderia realizar essa assimilação: a existência de um forte núcleo primitivo como
base de comunidade de raça, c em tôrno do qual se formou essa comunidade
étnica em conseq~ência de contínua miscigenação: a proporção relativamente
fraca do número dos estrangeiros e.:n relação ao núcleo primitivo; e, finalmente,
a distribuição e a mobilidade da população imigrante, passando do campo à
9. Carnaubal em Parnaíba. -
Foto REMBRA ND"r.
..
lt S.. mobitldllde da popollçJ.o lmiuante verificou-ae por t6da pllttt, c:om ucecio apcaaa doe alcmlta
de S&.ota Catarina e do RJo Grande do Sul, c doe japoa&es e:m São Paulo c DO AmasonN O. cntpoe eetraA·
celroe em Slo Paulo, oDde ee concleneanm c em octTcs l!:.tados. tiveram que fwrdlr-ae. (rcqileotcmcot:e dtri·
didoe pe1u mudaoçu. O. eotocoa alemla, ao COCltririo, q:ue ~• eatabeleccram, detdc 1836, a o DOfU ct. lacoa.
doe Patoe, eco pequauoa propri~ acrlco!Q, c em Santa Catarina, rclorÇII4oe por m>Yoe ~. pu·
deralll conetihlir col6olaa lowla.S... de uma vida ron1 de ij.po CW'<lpft1! o bdama>to d~ coloooe, tMUo drca
ode 500 000, CDtrciUa a lli momoe oo lotm.or do l!:.tado, jl tão idado da ...ao. obeavll J. LAMalatT, ,...Utlu
o llltabdedmcato de uma bomoctoca c:oloaiaeio ales:d, dt.I>"IIJ1te muito tempo priVIIda c1u relloQI!a - coe ck-
- l o l ~te brMUeiroe do pala. (J. L.uoat7, AI colónia• alflrnl~ no Rio Orallde t#o s~~
I n "0 E.tado de Slo Paulo", jllftbo ele 193!1). A animi!açll!o doe j~ embon ji .e ~ r o
~l... de j&I'QIIe.a c btaallcitoa. tem eoeoouado ot..tkulo ao oeo deRovolvimftlto oa ~ cUMca
imlp'aDta a ~trV- ~ de~ recjOes e, cooccntnmdo-«, a ~ em -..qllbcia. - tua •
C!Oieaiu, A ma.ocira ele quiatoe no orpaismo nacioaal. Em todo eao, ~ o o~o de 1.m1c1- ~ ~ .
..aidade, en~lldoe pelo p6rto de Saoto., dQde que 8C iniciou & ~ e.trucc:ira - 1808, roi de 176 '175,
ao todo, o 165 929 o doe que ee ruaram DO a.t.do d e S1o Paulo, oe japooe.., dWtribld<lo. por dl...., ncl6aa.
8C perdem Dum&~ toU1 de 7 ~de babitantea. 0 problema ..-civ- 19J6, COCII mcrtada l bacia
·-w6nlc:a, quando, pelo cootnlo ftipo-amazOoico, ee preteDdeu clc:rt'a:mac .t>bn 10 000 quilOmdroa qoaclradoa
*' a.tado do Amuoa.at, :100 000 japoo&ea. Nio ~ .õmente wu pi'Oblema de maua, - de repartiçlo:
"'3oo 000 japoae.e. ftP*I.hlldot e&btc 8 milhões de quil6mctroe qaadradoe do Braoti1 alo ....-ocanam w:o perip,
d:laerva ju.tameote B . RI. una: oe ID<$m001 300 000 .Obce lO 000 quil.Omdroa qoadradoe do IOio do &atado do
~ COIUtitulrlam um perl&o que oAo ee pode oqar". (H. BAUS&Il, A im/fr~o no Brao/1 • o prob'-m.-
j apon•• In "La Prenta". de Lima. Perú, 9, l O e 11 de oetembro de · 1937).
-3-
34 A CULTURA BRASILEIRA
.20 A t~tnda de expllear pelas diferencu elimatErieaa ou dl(ft'enç.. r.clais tódat •• idioeloa-aaiaa de
am car6ter Meional encontra a mait forte repulsa no próprio proceao de evoluçlo da• aocieclad~. c:uj-. trara-
!orma~ do ~rrutura eoc:ial e eeon6miea te acompanham de mudan~• de mentalidllde, nat dlver.at faees de
IICU daenvolvlment o. Certo, tanto o clima ou meio f!sieo, em geral , qu.onto a ra~, entendida como o conjunto
de tatCrn betedit.úios, extrcnaJIICJlte complcxoo a.liia, para ae po<krem preciJar, em povoe coottituldoo de mb·
tura ele raças. excr«m in.flufftcia na fonn.ação do temperameato e do CIU',ter DR<ional.. M ... oio 1e pode re-
tratar a mt.ntalldadc nem prtditts' o !uturo de wn agrupamento humano em funclo de t uo compoei(io Etnic:a.
I. o que ar.nnam com tttda nitidec N . Co~J,41'NI { Latina ar an.IO·M•On•, traduil pat ] . OUIIOIJ, Parlt, Faix
AJaon, 1905): e J. FtHOT (Le pr#Jute dn race.s, Paris. Ftlix Alc.an, 19051. "0• fm6mcnoe que 1e po~-m 118
eocieclade, obtcrva H . Htnurn, fen6meoos de cretcitneato e de decompoeiclo, rellcl- e morais, etc., llo ro-
ft6menoe IOclaia c nlo rmbme:nos peculiat'es u raçu. Ademoia, os arupoo obKrv6v.U alo d e tal maneira com·
p6Mtoo que nlo t cientifico procurar dis~uir na ave vida 110eial e mental, a ~tribultlo daa apddllea «i&inais
de -..a dlvenos demd>tos." O eotUdo du racu. ~ dementoe compOnenta doe tNpot hWDillloo- c:ttudo
de puno antropolocia. deve completar.,., e au.xifuor-ac com o da• oodecladn, oa tua atnltuta c cvoluçio, que i
obj e to da .oriolocia. De fato, pan e ;nprc:g,o...,_ a npre:uio de TMu iiHW.U.O, crlade pare diltinauir • eelecto
.ocWI dA eel~ bio16clca, - os diYCnoo tipoo nacionais sio "peneirados", isto f, eelcdOC\IIdOS e formados -
runoo oa ld~lt domioantn en1 certa fpoca, numa IOdedade determinada. O que importa, anta de tudo, f
conb«er u condi~ de ~eramento (~cÇão social}, ouma socitdade, itto f. eonhC"te:r 01 vaiara c:ultu,..ia
c a ordem ktUDdo a qual .e pn>eeSU essa .eJeção, O antropólogo. uplka H. B.u.out. c:omentaJ>do aa teori••
de TMt:ltltW.U.O e de .eu ditdpulo W. MO"EEL>lANN, "16 eonta com ot otUetoa do pmritomento c Kl~. ino!.
com u pr'tGiopoeiQ&el h<nd.itári.u ou c:om ns bomen• portad«u d e.ow ptt•(ll•poeic~&. O tuj<uto de peneinçlo
a dt oele('lo, f o ambien~ fmco c oocial que forma o hori~ootc wllurel, de um povo. lanorando-ee tsse hori·
•onte, nlo 1e podem jul~tar 01 cfdtoo do P<"leirameoto c da oel.çlo" (cfr. MUHTt, R101 conracr-. Century IO<'ia1
tciencet aerln. The ~rury Co.: FllAN1t li. Rüi!WiS, La rao.t dtmt /a clvit. ..tion. llc. Partie. Le c:o~
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Rio de Janeiro, 1941.
CAPíTULO li
O trabalho humano
O monopólio do pau de tinta - A agricultura e a vida rural - Oa
engenhos de açúcar - A escravidão regulamentada, técnica elementar e o
trabalho barato - O descof>rimento do ouro e as entradu ao sert.io - A.
lavras de Minas e de Mato Grosso - A caça ao fudio - As invernadas de
Piam, Goiás e Rio Grande -Velhos e novos caminhos - A grandeza does.
fôrço bwnano - Limites geográficos e fronteiras econômicas - O sertão ame·
rlcano e o sertão brasileiro: semelhanças e diferenças - As fazendas de ·café -
Ainda a monocultura de base escravocrata - A concentração de riqueza em
mãos de grandes proprietários- A vida econOmíeá e as classe.s sociais - A mão
de obra industrial na Col&lia e no Império - Grandes e pequenas culturas -
Os portos e a navegação costeira - Os transportes e o cométcio - O regime
fiscal- O surto das indústrias e 09fen0menos de concentração- A variedade e
o desnível dos centros econômicos e culturais - As indústriaa extrativas -
A exploração do sub-solo.
1 ~.,e~ 4 8?3 000 ou, m o.is predsam:atc, 4 814 031 constituem. a superflàe total d~ E•tados do ParA,
Territ6rio do Acre, "M lto Gro~so e Atnuo~'U, cuj99 densidade• são resp=eti'/ame!lte 0,70, 0,55"1 0,29 e 0,25 ha-
bitl\ate• por' Q.'lilOIU!tro quadcdo, seguo.:lo a " Siuop>e PcelímiDar dot Re~~liltados De.:nográficos1 ' do Rccen·
w.mento Ger.t de 19•0.
40 A CULTURA BRA S I L EIRA
Tudo, nessa terra de vida aparentemente fãcil, "era desequilibrio, escreve Gn.-
BERTO F'REYRE. Grandes excessos e grandes deficiblcias, as da nova terra.
O solo, excetuadas as manchas de terra, preta ou roxa, de excepcional fertili-
dade, estava longe de ser o bom de se plantar nele tudo o que se quisesse, do
entusiasmo do primeiro cronista. Em grande parte, rebelde à disciplina agrí-
cola, áspero, intratãvel, impermeável. Os rios, outros inimigos da regularidade
do esfôrço e da estabilidade da vida de famfiía. Enchentes mortiferas e sêcas
esterilizantes, tal o regime de suas águas. E pelas terras e matagais de tão
dificil cultura e pelos rios quase impossíveis de ser aproveitados econômica-
mente na lavoura, na indústria ou no transporte regular de produtos agrlcolas,
- viveiros de larvas, multidões de insetos e de vermes nocivos ao homem".
Antes, pois, de lançar as bases da colonização, cujo primeiro plano, cedo
malogrado, consistiu na divisão da terra de Santa Cruz em capitanias, de 30
a 60 l~guas pela costa, e na doação dêsses formidáveis latifúndios aos nobres
da metrópole; o português limitou a sua atividade às explorações litorâneas
que fizeram da costa um imenso cais de desembarque e de carregamento de
suas frotas. Além do transporte do algodão nativo e de sementes, de animais
e tndios preados nas pequenas incursões pela terra a dentro, o com~cio do
pau-brasil, nas suas várias espécies, constituiu a principal fonte de renda de
Portugal e dos contratadores, cujas naus não se demoravam senão o tempo
suficiente para a derrubada, o transporte e o embarque da famosa madeira,
abundante nas matas do litoraL 2 O tráfico dessa madeira, de grandes apli-
cações na marcenaria e nas indústrias de tecidos, não tardou a transformar-se
em monopólio da coroa, arrendado a mercadores e a grupos de capitalistas,
provàvelmente cristãos novos, entre os quais se destaca, lembra AFoNSO .AR:INos,
"o judeu FERNANDO DE LoRONHA, o maior contratador de pau-brasil dos pri-
meiros tempos, cujo nome ligeiramente alterado, ainda persiste numa ilha da
região do nordeste do Brastl, . A extração, o embarque e a colocação do pau
vennelho, se continuaram a constituir parte do com~rcio lusitano nos três
primeiros séculos, s6 se realizaram em grande escala no século XVI e nos prin-
cípios do ~o XVII e não tiveram papel preponderante senão na primeira
metade do século XVI, antes de se iniciar, prôpriamente, a colonização que
ae abriu com a cultura da cana. Foi, de fato, no periodo pré-colonial, que
atingiu o máximo desenvolvimento essa economia destrutiva, que, não con-
tribuindo, pela sua própria naturezs.. para fixar o homem à terra e iniciar a
organização interna do trabalho, abriu à metrópole um vasto campo de explo-
ração e uma das suas fontes de riqueza, pela rápida colocação da madeira nos
mercados mais importantes da Europa. Segundo FERNÃO CARDIM e GABRI.EL
SoAREs, se a isto dermos crédito, sõmente das capitanias de Parruba e Pe.r nam-
buco rumaram para Lisboa, em fins do século XVI e princlpios do seguinte,
maia de cem naus carregadas de pau-brasil, dando o monopólio d@sse comércio
à coroa 60 mil cruzados ou cêrca de 6 milhões de cruzeiros em moeda brasileira,
por ano. Embora baseado em indústria puramente extrativa, o tráfico do pau-
brasil, pelo seu volume e valor comercial, despertando a cobiça dos franceses,
concorreu para incitar Portugal, a íun de combatê-los, a criar, na costa, núcleos
de povoação permanente.
S O pau·brull, de que pt'Oftto e racou o nome dD p&b, primitivamente dmomin-.do Terra de Saota Cru•,
era, na Am&ic:e, uma 6nrot-e Dati"a de qae havia v6riu eç&ies ou m.oth do litoral, e que, importlldAI a p<iacfpio
ela Alia, deade o ~o XDl, j6 .e bavia tomado eochecida e apreciada na Kuropa pd. . ouu • pllc:ecl6ea inclua·
triab. A tinta e8Catl•tc que dela oc extrafa. cta emprqada par• ântir tecido. (dlll a a:preaalo de Jolo Dll B.uutos.
..,.u do Unctt I)Rftoe"). AptieacSa em larga eKela, par-. f:ae e outr'oe mittHa, a madeira do l)all de tinta reeebeu
1M> oclda~te o oome de litnum brmle (bruiDum) do alto ai. bl.,, .,.c:hote, cbam.o, ou do antico C"ertnlnico
breN ( W. LUBU, Rew.• 1276: Drzz, Dic .• 63; A. N A.IC!Ilfft.l. Dic. Etlm. d• lln~uiJ portulul.., 123) e de
Lonn:u, que a deulficou com o nome cicotinco de C.8Hipin~ IJIJP.P•n. tomado • palavra aoiitic:e •~~P•nl.
oheppe.n (eóc en~. per que ae denomillavetn u espkies e eiitkel. O. lndioe bcuilcira. c:bamavtm a
- madeira ibirtt·pit•nla (pau vermelho).
O TRABALHO HUMANO 41
S A cua-de•Ç(kar, or!c;i.oiria da Ásia, foi importada para o Br.ail ~ explonda, pela l)rimelra vu no
Jtocmbo do OOYU'Oador, fundado por MAnnl ~~10 os SoUSA que ''mandou vir da Oba da M adeira a planta
de C&DQ doeca••. (FitSJ O....,All DA MAI>Il' O& Dllln, Mem 6rwpna a biat6ria da e«pilan/a de Slo Vlc4tn ta).
ll'oi a cepitarua de: Slo Vlec11tc, c.aev~ Frei VtCSHn DO S.U.V.t.DOlt, em l 627 ( Hiat6rla do Braal(), ••a primeira
lelft oadc ae fb a(Óear, donde ac ltYOU plantas de: c:anu para outra copitania•." Eue tato. - o primeito
a6bre a c:ao.~~car oo Bra.tíl - . aqu.odo o qual ee situa Da capitania de: M.u.nK A.roJCIO o primãro en-
~ de aç6c:ar m~a~ c c:orrcou. f apoiado por lúatoriadones. eomo o VUCO.'fl)& os POttTo S&OVIIO, oa eua
lliat6rt. do Brasil (tomo I, pq. 204, 3.• tomo), por R.aou.lrJf WATJKKque 1>0 O d oD>InJo colo nia l holand h
110 8rael7 litua DO eul do &aeil a primeira planta_çlio de c:ana. víoda da Madd.ra. e por oama du maiora, eenilo
a ...lor a utaridade em bltt6ria do açW:ar, &ovmm VON Ll:PPKAH que. em O.C/'IicJota d•• Zuckere (ed. d e 1929).
allnoa, estribado em HAHDI:.LMANlf, ter &Ido o lls:dau trampartado "pela primeinl vu para Slo ViccDU, aituad.o
- euJ. oode O donatJrio A.PoNWO DS SoU$4 mandoa moa.t:ar doú eo&echoa". '& d - opintlo R. SU&oltRH •
.,..._ quem o vcrdlldàro lnScio da cultuNt ~ ter mo emprec:udiclo por M.um.N A.PoHto. em 1533, com a
~ em Slo Vlc:eotc, do Eacecbo do Qovemador. ( Hi•t6ria econ6mica do BtatU, tomo 1.• ,
Uo Paulo. 11137).
42 A CULTURA BRASILEIRA
@ate pafs. Certamente que, sem êle, ela não teria sido a principal coisa com
que o Brasil enobreceu e se f"ez rico". A introdução da escravatura negra.
regulamentada e imposta pela necessidade do trabalho barato, como os ca-
naviais e as plantações de algodão, na América do Norte, determinaram a
importação do braço escravo, foi u,m dos aspectos mais importantes e um fato
das maiores conseqüências étnicas e culturais da economia agrária e da indústria
que "primeiro permitiu que o país se pudesse reger e pagar seus funcionários,
sem sobrecarregar o tesouro da metrópole". Na construção e no desenvol-
vimento da estrutura econômica colonial, baseada no açúcar e no trabalho
servil, entraram, por igual, a cana verde, a terra branca do massap!, o escravo
negro; a planta da A.sia, a terra da América, o homem da A.frica, utilizados
e explorados pelo poder de organização e disciplina do colonizador europeu.
- o portugue&, que, dominando, naquela êpoca, o comércio mundial, viu asso-
ciados como num símbolo os quatro continentes, na sua mais fecunda obra de
colonização. :S:, certamente, graças à capacidade colonizadora dos portuguêses
e de seus descendentes brasileiros, de um lado, e de outro, à capacidade de tra-
balho e de submissão dêsses 1 500 000 escravos importados para os cana-
viais e os engenhos, que se multiplicaram os núcleos de produção, atingindo
a 238 fábricas um século depois de estabelecido o primeiro engenho no Brasil.
e que coube ao Brasil, já no século XVII, a primazia da produção do aç6car
no mundo, suficiente para abastecer a Europa inteira, e calculada, nos três
séculos do Brasil Colônia, segundo ROBERTO SlMONSEN, em 300 milhões de
libras esterlinas. O açúcar, - o maior artigo do comércio internacional.
ocupava, naqueles tempos, o papel do carvão que veio a fazer mai.s tarde, na
civilização industrial, a grandeza da Inglaterra, cuja exportação total, por ano.
em meados do século XVII, não alcançava a cifra de 3 milhões de libras anuais.
da produção e exportação do açúcar brasileiro.
Por maior, porém, que tenha sido o valor econômico atingido pela cul-
tura da cana e pela indústria açucareira no Brasil, 4 não é &te o aspecto mais
importante do regime patriarcal de ec-onomia, que exerceu as mais profundas
influencias na formação social e histórica do povo brasileiro. Foi com o ciclo
do aç6car que se instaurou a colonização. O engenho foi, na verdade, observa
BARBOSA LIMA SoBRINNO, " a primeira fôrça de atração para fixação do imi-
grante estrangeiro. Nêle tivemos a primeira fortaleza contra as arremetidas
do gentio. Elemento permanente de civilização, ~le criou, nessas terras ainda
selvagens, aquêles núcleos de intensa vida social a que já se referiam, com ex-
pressões de entusiasmo e de surprêsa, os cronistas do século xvr·. lt com
a formação patriarcal e a economia escravocrata que o conquistador se trans-
forma de traficante em colonizador, realizando a posse do meio geográfico, e
surge, ainda que somente ao longo do litoral, como modificador da paisagem,
violentando a natureza, para sobrepor às regiões naturais uma paisagem cul-
tural, fortemente caracterizada pela " casa grande" (~ a casa que revela o
homem), pela senzala, pelos engenhos e canaviais e por tôda essa floração mag-
• O doclfQi, da produçlio açuc:an:ira. tão vi~o:-osamet>tc ioic:illé1a oo dculo XVI, ja 11: esboçava, oo ~o
XVDl. devido~ c:oo~ria do n~r q ue: a Franç-a \mpoctavo d 'll •~ cn.&~'lh01 d~ Ouadlllu~. Martinr.:. c
S&o t>ocniocot. oa Am!riea Ceft!:ral. para exportá-lo, eompnxoetudo a •uprcmada do Brasil oo m~o
mundial A tubstltultlo do a~ de na• pelo de btterrab:o, squnJo o ~~ de t"Ctra~, dese;,berto p:>r
O IILURitT, ero 1810; o auroe:tto da produçã.) do a;órar de btttrTaba, em virtude do ape<rdço11mean i<clu,trial
de aua tblu de fabriesc;lo, c, afi:)$1, a apli..-a;;ã3 daa m6quitu11 a vap:w- 001 eo![enbos, no rieulo XlX, ae2bara.a>
por dcaloc:ar para u uJin•s curopSu o pccdom(r.lo o• pcoduç~o cl&an artlso, que duraote quaJC doi• t!ewos,
~ttiNlu a o - maior fonte de rique.<a.. A cxp;>rtsção do rumo '"'~• .,.ntal. j6 eoohecido c utili..:So p~los
lodios, em ctr\m6niat rituaio, embora tivesse dorobado O mo.KidO muodíaJ do ttba:O, oto Wtrlp&n!>U, I=!:UDdO
RoanTo S twOIItllf, 11 milhões de litwu esterli~ns, Da~ colooial. c:oocra 3~ aúlh6-. . de Ubra, sura a cxpor-
t~o do a.:6c:ar, oo mesmo perlodo.
O TRABALHO HUMANO
6 A babltaçllo rural doe acnbores de eocen!lo t • ••cau gra.ode", "xpresailo tlplca do poll:riarcalbmo e d a
moooculto~ra ucnovocnta. De uma tlmplicidade r!lstica, de pedA e cal, com llla c:ob~tu•• de palha ou d e telha,
c a var..nda de tipo elcot~ano ou 6nl~, u primeinut ~ grandes a~otavam o upec:to de "llmfl COMtru(So
caotrcote e "tlc:avam ~cerr.W, "ntre u c:a~ tupis, em lugarl!S dcvados e d" fScil defesa eo<~tra oa coru·
taota a_...ltot doa aelvfcolu "'. Mal~ tatode, a partir do ~o sEcuiJ>, ~m perd~m de toélo o aspecto de f« ·
taleu, ercuaz~.osc cuu edlfícac6ca amuralhadas, c.am um aspecto impooente que lhu db as pr<>pOfeõa de: tOiar.,.,
com ecus telhado. de pontln anebitAod••· aua varanl!as boapitalciru e aeus copiara, ...pfcle de a~od:r~. t.lvca
ele oriaern lndl~tena, auaa portas lavnclas c a tth de uropcma, a$11kada. no ootU, para fceMl o ~o das j aoclaa .
Easaa cal&l aeohoriah, vutM e 116114at, qoe domillllvam do alto os lati!úodioa, etam • um tempo r«<deadA, f« ·
t.l«a, eeotro rcU~ioa<>, r.brlca e ba4:o: s-sUfam r;cralmenrc •= c:apda onde ac enU:nwvaro 01 mortoa da (3 -
lllllia, e, .oh ou tat._.. tlb..u de ~ .-lhos oo ftU JtTOnU paredes se cscoodlam as j6iu c 01 tesour«o. B,
como tudo .c c:ooeeott"a e te pf"Odus, ae.tes granda domlniM q~ ~ «lflltti~am num rc;;lme de autarquia " te
butam a ti m"""oo, f no intmor doa ci~ rauodc:iroo, q:>e tnbalb.a a ramulqem, .oh a .evera direçlo da •
doeu de casa, fiando, tecendo c tinzj'ldo o ahtod.l~. N" scnnla, nma dn depe'lli~ociaJ da ca.oa uandc, .o aeo-
ovc:le a numero•• ea:ravaria dos cn~cnhott. Ca» tn~ode. capela e .ecza.ta.. senhor, ~avo e rcliólo, conatitucm
u tr& c.v-utura• oo u trb (6rçu (uod:a=ntnit em que ac apóiam dearlc o Wcio a lavoura " a lnddttria
elo a~u oot latlr4nd\os oerlcolu. (Cfr. GILBDTO F!renu;, Casa grande e Ntua/a, Sc:hmldt c ldala lÃmi·
tloda, Rio, 1933: Pa.orto CAL)IOH, &p1rito da ~cdode colonial i!:apcc:ialm..ote: Parte I, A ><>Cic<bdc. &ria
:&~illan.a. vol. 40, Comp. Editora Nacional, 19351.
A CULTURA BRASILEIRA
11 A certa rqi:s <!: 29 de mMç:> de 1617 que rnanda.-a eo~ u 11\lnat :lc ouro aoa ve..toa que u de-.
cobri.cro c .. up!Cinlsocm, rei, co:no di% Al.BS11TO .R.&Mo&L, "o znaior doe ~timuloa l l<Uia dOlO baadeinmtes,
Aecaan a cor'08 com a liberdade c • lcg;olimção du ~· embortt lan~ de ct~uelba o lrupoeto elo quioto.
•nvaodo-o do lombo <101 ~rarirupôro•·. (ALBIUnO Rufas ... Rumos e puepoctl~. .. p6e. te, 2.• ecl., 1934) .
O TRABALHO HUMANO
-----------------
origens, segundo Luís CAMILo, nos trabalhos da mineração. Na ~ que
então se inaugurou, de opulência e de febre criadora. que se manifestaram
no esplendor de Vila Rica, com a fortuna imensa dos contratadores, com as
suas obras suntuátias e uma igreja por atalaia em cada monte e que ainda nos
evocam, no fausto da arte barroca. os mais belos exemplares da arquitetura
religiosa, deslocou-se da Bahia para o Rio o centro polftico do pa{s, e a cultura
intelectual, no Brasil, ascendeu até um nível nunca dantes alcançado. Do
litoral em que floresceu, com a indústria açucareira, transferiu-se para a região
das "minas gerais", o centro da cultura e da liberdade de esptrito, onde, nos
conflitos com a M etrópole, se expandiu o sonho e se forjaram as primeiras
armas d a emancipacão e que se tornou, na história colonial, sob o influxo da
civilização do ouro, o foco de mais intensa irradiação intelectual e de maior
d.iver;sidade e riqueza de elementos nas artes e nas letras.
Mas, esboçando-se com a civilização do açúcar de que foi subsidiária, pre-
cedendo à mineração do ouro e expandindo-se no curso e depois d!sse ciclo
econômico, a criação do gado, 7 limitada a princípio às necenidades dos en-
genhos e à alimentação de suas populações, estendia-se lentamente pelo BrasU,
desde os meados do s~culo XVI, do sul para o norte, Bahia e Pernambuco e,
da Bahia, onde atingiu maior intensidade, para zonas cada vez maia distantes
do aertio. F'Teqüentemente era nas rotas dos rebanhos que marchavam as
bandeiras e, quando a velha Minas foi varejada pelos bandeirantes, jã os cria-
dores de gado haviam aberto os caminhos às zonas mais próximas doa centros
de mineração. Os rebanhos precediam os bandeirantes, que não raro se fi ~
uvam, transformand~se em criadores e fecundando o deserto, e em cujas
pegadas, com a descoberta das "minas", surgiam faiscadores de ouro e pesca-
dores de diamantes e se assinalava, nas vilas e cidades, que brotavam da terra,
a marcha da civilização pelos sertões. Os dois ciclos econômicos, o do gado
e o do ouro, cruzavam-se, interpenetrando-se às vêzes de tal modo que a ex~
pansão territorial do gado facilitava às bandeiras o acesso aos sertões, pelos
velhos caminhos das tropas e boiadas, e as bandeiras, a seu turno, rasgando
novos caminhos em tõdas as direções, promoviam o avanço e a multiplicação
dos rebanhos. Assim é que, pelas cidades antigas dos sertões mineiroa, como
em Vila Rica, engrimpada nos flancos da serra, ou em Mariana, embalada
pelas águas do Ribeirão do Carmo, ao lado das suas famosas igrejas, cheias
de tesouros, arrancados às areias auríferas pelos bateadores e garimpeiros, surgem.
na sua humildade, para refrigério das tropas, as fontes públicas, "encimadas
pelos brasões e pelas cruzes, com as margelas das bacias rotdas pelo roçar dos
pescoços dos animais". Certamente, êsse período a que CAPISTRANO Dlt ABRltU
7 lotroduddo oo &asil, aloda na prillldr. metade do ekulo XVI, ~W<>Vhclmeote na capit.oia de Slo
V..:eote, !OÕ orado wcum lcwdo depo<. pono a a.bla e outra capi1:aniu do Norte. Ao que casina AUIÚl.IO PóaTO .
o p(lo bnuilelro de Slo ViC"Cote, ateodelldo4e pono o Sul, inicioa • c:riaçllo bovina oo Parqual, I*'• oode roi
Jeuelo em lSSS e ela cujo. rc~o. ~do todo o eado que,.., ateodeu. do Unaeual b D>*'ICO. elo Rlo da Ptat.,
oode Portu&al fu.Ddou. a CoiGola do Sacramento. " Na direcão do oeste chepraiD oe CWTab ele pelo, -lembra
~ AJWfoe oa MCLO h.ucco- , a Ooiú e Meto Gtoao, f!lllquanto o futuro território clu "lllia;u eeraia'',
aata cS. millenlçlo, j6 era dabrava4o pdot aiadcres de Slio VJCCGtc". Ao oorte a criaclo ~toril ee diiN'UIIoo
do Maraablo a P~oambuco, a~o par todo o D«datc, e atiagú>do o ICil IDIIi.or clae'o..o!Yimmto oa Bahl8,
b D>*'lcnt elo rio Slo ~ Pol para esaa rqião que~ dibt:aram oa domicio. de Guc:u. o'AYIU, com-
penheiro e aml&o do Toad oa Soua.o., fUDdador da famoaa Cax da Tllrtt, a maior fueoda de c:riaçlo oo B....U,
CQjo c-do, - em tamanha qu.anbd..Se que o pcóprio potentado Alo aat>W o oCimero - , .e alutrava par tquaa
e I~ de putaria c CQ}a eupc:rflc:le te :ateocüa por 7 a 8 1~ por eoet. de I SOO quiiGmetrot de tcrn a beira
rio, pelo~ a dentro. Bf&ulda tObtc uma mont:anh.. de que se cie8cortioavam. DWil Lar.., borboate, oa eampoe
de ltapc& c o la tora! att perto de Scr&:i~, a Cua à T&Tc, em Tatuapara, era uma imaou pi'OIWlcdadc fNC!al,
com eeu vuto COQjunto de moracSiu, mut'OS de dd'etill e bal~ vigila!ltc, e eom aeua campoe de criaçAo de vau a
e fcli.U e "elcuAt du cunait por - terra adialrte", oo teatlealWiho de GA.auu. SoÁRA (1514). Se&uod.o Pao•o
CALMO!', a Cua da T~, eatre Bahia c Sere\~. aerviu de ponto de vi&ia e d e ~tro de açlo mili tar durutc
at lllcrTal com O «str'IUIC~. pc-ataodo ICI'viçaa auinalados DB IOO&a campanha CODI:I'a Ol bolandaes. !t ah que
ae prcperara.m o foi dal que partiram tamMm. querrid.a• . diversu ex~ c eotrad.. ao -ao, alo a6 para
eombater o lndlo eocno ainda pua c•t:ar minu de prata. IPm.o C.U.troN, Biat6rl• d• Caaa d• T6 rr•, Ll,.·a tla
Jo.f Ol.tmplo, R io de Janeiro, 1939).
46 A CULTURA BRASILEIRA
33. LavaJ.em de
ouro, perto de
Itsco lomi ( prÍn·
cípios do século
.XlX). - Rli-
GENDAS, ] • M.
- Voyage Pit·
toresque ao Bré·
sil. 1835.
Pran~ha 3 / 22 .
34. Gnrimpeir"". Mnto Groo$0.
Foto REMDRANDT,
3- . iro,,. Mato Grosso.
Garunpc
"· Foto R,:;M GRANOT
_ •
36. r .,.,c:!eirtJ. - Foto dA Cadeira de Ceo-
erafia do Btat1l da Faculdad• ele FiiO<OIJ.l
dl! S . Paulo .
planícies ou trepando nas vertentes das colinas, e pelo sapé indígena no Brasil
ou pelo capim gordura, de origem africana, cobrindo os camJ)os, entre velhos
e grandes troncos abandonados no chão. A difusão do capim gordura, observa
PmRRE MONBEIG, "acompanhou a destruição da floresta pelo fogo, a grande
técnica agrícola primitiva (a coivara, como lhe chamavam os índios), ferra-
tttenta essencial do caboclo, tal como o notou A. de SAINT-Hn..A.IRE, môstrando
a evolução da vegetação após a derrubada e a queimada da floresta. A pai-
sagem vegetal mais freqüente, no interior do Brasil, é o cerrado que parece
natural, mas não o é; não é difícil pensar que no Brasil, como no Sudão ou em
Madagascar, tais paisagens são produtos do fogo". A substituição integral
da paisagem florestal por urna paisagem humanizada, devia começar com o
novo ciclo, econômico, o da lavoura cafeeira, to sôbre que assentou tôda a es-
trutura econômica do Império e, em grande parte, a da República, e graças
à qual a cidade de São Paulo, "de pequeno burgo que era no fim do Império;
passou a ser um dos mais importantes centros urbanos do mundo". A tropa
e a escravaria, e, mais tarde, o trilho, o caminhão e ~ machado do derrubador
de matas, abrem o caminho para a nova cultura; e, em lugar de florestas se-
culares, desaparecidas diante da investida devast~dora do machado e do fogo,
lastra-se a "onda verde do café", galgando as serras d.o litoral e estendendo-se
ràpidamente pelo vale do Parmõa do Sul, entre o Rio de janeiro e a cidade
de São Paulo.
A lavoura do café, cujo alvorecer, em princípios do século XVIII, coin-
cidiu com o crepúsculo da mineração, adquiriu, de fato, tamanha intensidade
que, j á em 1820, subia a 100 000 e em 1830 a 400 000 sacas a exportação, pelo
pôrto do Rio de janeiro, do produto colhido nas plantações próximas a essa
cidade, -ponto de partida do novo ciclo econômi~ que devia ter em São
Paulo o seu principal centro de produção. Era com ramos de cafeeiro que
D . PEDRO I fazia enfeitar os chapéus de seus oficiais e as espingardas de seus
soldados; e o Império que fundou, tão ligado se sentiria ao café que, conforme
nos lembra AFoNso ARINos SoBRINHO, ''colocaria, também, mais tarde, um
ramo da planta como simbolo da economia nacional, no seu escudo de armas".
Do Rio de janeiro essa cultura, desenvolvida, como a do açúcar, "sObre os
escombros incendiados das grandes matas tropicais", espalhou-se pelo interior
de São Paulo e Minas, sobretudo às margens do Parafua do Sul, em cujo vale
predominou até a década 1880- 1890, mantendo a pJ!imazia do pôrto do Rio
de J aneiro, no com~rcio brasileiro. Entre nós, esc.reve ALBERTO RANGEL,
•"e. água não s6 dessedentava, mas conduzia e enricava; nas areias fluviais,
entre os seixos rolados, retinha-se a palhéta~ do ouro e a pedra do diamante.
'l'rês proveitos espantosos para o estabelecimento e o movimento dos aven-
- tureiros". O rio Paraíba do Sul, que banha, numa larga região, a antiga pro-
víncia, hoje Estado de São Paulo, e átta.vessa o Estado do Rio de janeiro,
na sua maior extensão, teve assim, relativamente à lavoura do café, a função
que exerceram os rios Beberibe, Una, Serinhaém e outros, no ciclo do açúcar;
lO O cafeeiro. - plal>ta ladtcena da Ablmaia, tomoo o .eu oome atual (caf6) dt Katra. uma du
proviodu que ec:attltwam, oa ltti6pla, o aeu habitat oripnário. Trptupxtaclo peloe Anlba para o ecu pata,
foi lar&amcot>= dlfuodtdo, d~~ o 116two VI, na Atibi:>, q~ ~e por muito tempo a exclusivicUdc da ptoduçio
como b•blda nadoalll, favorecida ~lu restric6co roa.om~ imp::.tu ao uso de beblw alco61icu, e donde
ae Cuia por Woka (.S.t o oomc de um doe tipos do produtD) a cxpxtação para o orideute. Da lturopa ood~ j4
eláatlam oo a6eulo ;x Vli euu dcuinaw ao uso do c:aU, loi tnnsp~Jultado para a Am.&lca em 1720, por um orldal
da to.ariAba C . . - 0Ull1U. MATBI IW Dlt CUIU que, em viagem pera a~. ou Am!lhu, plantDu o -
ilha ot primdtoe cxcmplata de cal'edro. Erob:>ra pDQ"" dep.)is, ji em 17~7, ti>'~ o can entndo oo Brull,
truido de Caleoa por FLUICIICO D& Msl.O P.U.RETA, of"lCial br.uilcito da tropa coloolal portu&uha, O caft, 1)"1·
mitivamcnte cultlV11do oo ParA. e6 um llb:ulo depDis começou a aer explorado ecoabaúc:amcote, e olo foi tm1o
na aecw»a metllde do tkwo X VIU que, tran•pllllltado para o Rio de J aneiro, aS teve "o pooto de partida de
eeu cnu>de d-vol..!meoto". (C(r. Atro!UO B. TAUMAY, Bist6ria do ca/6; B.ub.Jo Da M.AOALalU, O u i'
na hut6r/a, no /ol<:/or• • nu be/...artu, 2.• ed •• aumentada e melhorada. SErie Brulllana, vol. 174,
Comp. Zd.itóN N aclOD.al, Slo Pawo, 1939; Wu.t.LU& UJC&JtS, AJJ about col/oa),
_, _
50 A CULTURA BRASILEIRA
11 A erportaç3o do caft que, em 1820, aul atia.'l!~ 100 mil u:u pM an.o, em U~40 ji ultTa.pa5r.tva 1
mllhlo de aiCIIt anu.tmeutr, para elevar-se a m1u de 2 mi11>3:t. e:n 186) a 1870, e a 'I mithaes e roe\o em 1880,
ac:oaodo-se, ~1• bala de Gu:aru.bara, q~ CO<Ue:V<r.J a primuia do COJXI&d:> bra-.Jciro. ltm pouco mah de mdo
akulo o procluç&o toroav.-se 45 v!tes müor do que a pro:l\lçb cu 1820, dlqa:uSo qtlAJ: a decuplica.r, como se
vf, em cada de«:nio. Mu, a ptU"tlr de 1893, c:om a fase ~~da lavoura CA!e:ina, oo pt,n;üt;, P•'•ll~ta, u rifnaa
h~elicem um deaeavolvime<>to iDc:oml)Sràvcl!neat.e maior da prO<SII(lo: dOJ S Olilb6 tt e melo de UC:'\S que ..: o·
COIItll:D pdo p6rtD de Santos, em 1900, mbiu a erpilrta~"· em 191)1, e p:x-taot>, em de~ ao02, a 14 milh~ de
-·~lo mesmo p6rto, Jllbn d,. 3 milhões que.., exyxtaram peh Rb de Jandro. D: 1933 a 1938, a projução
mblma atinei o no Brasil, • 29 milhões d e saeu, ~a wn.a pr<>dUÇJo m~aodlal que otcllna entre 2S a 38 mllb<k:s:
era o predom!nio q\I.Ue absoluto do pro:iuto br.-'lileiro nos m:rcaJ:JJ lntrrnacbnsh. Calculs·Je em 3 bilh~es e
17 mllb!iet O número de cafecirao que cobrem. DO Brasil, wn2 in!t de cetca de 4 mU!\lles de bertue~ de c:tltllta,
e dos quojs q\I.Ue metade ou cãca de um bilhio e SOO mllbcks de ~ de cafl. u eDCAiltt&m oo Elt:ado de
Slo Paulo.
O TRABALHO HUMANO 51
's
da terra, nas duas grandes culturas (açúcar e café), entre as quais se situam
indústrias extrativas do ouro e do diamante, apoiadas, como aquelas, no
braço escravo. As classes que essa sociedade sobrepõe, no seu processo de es-
l;ratificação, tendem a diferenciar-se nitidamente pelas suas ocupações e pelo
nfve1 e estilo de vida, que variam da aristocracia rural das casas grandes e das
fazendas, para a burguesia das cidades, constituídas de comerciantes, ban-
queiros e exportadores, como dessas duas sociedades, rurais e urbanas, para
a massa complexa e twnultuâria dos trabalhadores livres, vaqueiros e cam-
'J)eadores do sertão, faiscadores e garimpeiros de Minas e Mato-Grosso, pes-
cadores e seringueiros do Amazonas, peões e carreteiros dos pampas. A ex-
ploração agricola da cana, que já nos meados do século XVII, deixava perceber,
no norte, o esb6ço de uma primeira aristocracia, - a dos senhores de engenho,
e as plantações do cafeeiro, a cuja sombra irrompeu, no sul, no século XIX,
uma nova aristocracia escravocrata, alimentaram no litoral uma civilização,
de que participaram as cidsdes tributárias da lavoura, enquanto se dissemi-
navam, nas suas aldeias longínquas, nas suas fazendas e propriedades solitá·
rias, as populações dos sertões, cujos trabalhadores livres, mestiços, cabras,
caboclos e matutos, nõ.o tinham sôbre a massa dos escravos senão a vantagem
~ da natureza bruta e da atmosfera de liberdade. O ho~em branco do litoral,
encerrando o ciclo das bandeiras e das minas, isolava-se cada vez mais do sertão.
As atividades agrícolas, como as da mineração e as da Criação pastoril, absor-
viam, porém, todos os capitais e mãos de obra disponíveis, não permitindo,
no período colonial, senão a indústria doméstica, :resultante da falta de relações
por isolamento físico, a indústria complementar da agricultura, como a dos
~enhos de açúcar, e pequenas indústrias, autônomas e dispersas, em cidades
do litoral, além dos estaleiros navais em que se construíram numerosos barcos
de madeira e que vieram a adquirir grandes progressos, no l mp&io. A popu-
lação extremamente rarefeita, na Colônia, ainda mesmo na orla marítima; a
• falta de núcleos condensados de população; as dificuláades de transporte que
1e reduziam às tropas e aos carros de boi; as distâncias imensas; o regime de
escravidão e de latifúndio na exploração da terra, e a própria poUtica es-
treita da Metrópole que proibia, em 1766, o ofício de ourives e, por carta
r~a de 1785, tõdas as manufaturas de fios, panos e bordados no Brasil, cons-
tituíam, como observa R. SIMONSEN, outros tantos obstáculos a qualquer surto
de manufaturas de valor, no período calonial.
52 A CULTURA BRASILEIRA
12 RAoQl. Bl..vrc:RARD, La AM>Araphie d~> l'indu~trie. Moott&l, 24itiOAJ ~w:bemln, 1934, in a.•,
p6,. 174.
13 PAQl. OIIDIAW, La otain d'oe~ indu•tri• lle deru 14 Grie• antique. Paris, 1900,
H Na CclGnilt e no lmpúio tiveram vand" papd. com:» .., vf, • i~du•tria de o~tldatle dom&tka e
a 1Ddlutrl8 c:omplemeotar, ritmada pelo •vi<:UJtura, que R. BLAI<CUAIID dlttloau~ sublinhao:to-llla a impor·
tlrlâa. S1be-se que tanto IUlQU•h iO!Iíbtria como 02 de rec..rso c:õHnpl•rn~otar (a iod6ttris ~:arc:in~, P"'"
exemplo) era emprcsado o ttabtih" servil, "qu" trab>lb~ auvil e tr1balho liVTe c:.Md•tittm du,..nte b •e p..-rt:>do,
n• lndllntia autGnornu. Mu em que pr.)JXICÇÕ<:o p~&rd:ipavam, no trabalho den:u pequeo•~ lnddltriu, es-
c:ravoc c trabalbadorc. a-lariada,; qual a natureza du indlltttiu ~ qoc te: oo:.ap• va!D cserav~ c era cmprqada,
de pnfertoc:ia, a mlio de obra llvn: a taxa de S9lário e •~ all&S alt.u e O>eit.lll'f:•, c a lallub-teia que 1aMc eua
taxa Qcrc:e.u a C~ttavidlo; as relações ""tre empregador e emprcc-.:lo; a c:oncorrfncilf e ntre •~ •ha~ ebs>n ecooa-
mlc:al, • dos etcnvOI " • dos bomcuJ u.......; ... conliipõu de vida que DA, d evhm ter RDJI,elmcntc difercnt~.
do cxravo e d o l,..balhador livre: os oftci, "u pr.,rLIS3c:• que ac abriam m•h Bdlmcnte aotllbertot, 1l1> outras
ta.o tu quotlles diNod~ de detn-mioar, parte por e:sca..ec de dxumeot02 e de eat.atSellcat, pafte por falta de ea·
tudoa monoerMic:oa em que tenham sido tratadas a fu.oclo e com procitlo.
O TRABALHO HUMANO 53
I& Cfr. BoRLAmn (Fran~). 11 probtema deUe communieuio,i ,,., aft«Jto XVIII nel auoi rapportl
col Riaorllmanto Ita liano. (C~Iana dl S-ie<>~e po!íticbe dintta dal Prof. Prt:nto VAC::CA'Rl. S&\e B. vol. UI)
Pavia, Torino, Trecaml, Turnlndll. 1932; Olt&OOaT (]. W.l, Srorr of thft rood (~Ido abrrviado e aabe~ac!Oto
abbre o camhh'> atravh dos temo"l\ t,.,do,, Al~>c. M•d~o•e 111 c,., 1931: La T1toeoua11 (Yvnl. IA• routae
et teu r t..:ltniqua~. Parit, Ak ao. 1931; VIL \li (Pi:rrel, IA rail et /a rout•. l•ur r61» dane te probt•m• ''n6ra/
dN transp,rt• an Et oaf n,, r, "Alln.al~ d'Hütoire f,:oll:)~~ et t!ldalo", a,• 30, 6c. ~e. DOVCIDbro
de 1934. Libr. Araw~d CoUlo, Parb.
54 A CULTURA BRASILEIRA
16 Auim, pela costa do Atlàntic:o q~ E ,. dníca ®muaic.a~ poulvd VlUC o litoral do norte e o do •ul,
pan cnoodc:o traMportea de panllgeiros e de c:arps. tnúet:•m vimt hnlllt de ntve::oçl.~. numa c:ztensão de
3 SOO milha•. desde o R io Gt-ttode do Sul, distantt 160 milbu de P&'to Aleçc, na L~:oa dos Pawe, atE Belém
do Par4, aituada • c!rc:a d e mil milbs•, aga&n de ManaiU no babo Ama&oou. Eua dbtlncla de P&'to Aleçe
• Mao.u. olo..., vence em au:nos de 25 dias por n•vios <'Oatetro.. Al&a do Rlo de Janeiro, p6rto acm snr pela
•ua profUndidade e pelo espato p3ra an-:an1gem. e o mais bdo do mllOdo, ondo podem atroca.r navios de qualqoer
cal~o. e de S.ntoe, com ptofumiidade para ••p<X'el de 29 p& de calado, dlotrlbuem~e pela oua importincia
ecoa6mlca, avaliada pela sua tone!qem. bruta, os portos de Recife, Slo S•lvador (o 2.• pOrto, quanto l profuo·
dldade mblm->, Bd&n do ParA, Rio Grande do Sul e Pltt1Ul8gu 6 e finlllmentf, DO norte, Maoau. que no baix-o
Amuoou ~. em 11eral, o ponto teanlnal da navcg~ que vem do Atlloti:o.
O TRABALHO HUMANO
rio São Francisco at~ o pôrto das Piranhas e, acima da cachoeira de Paulo
Afonso, até Pirapora em M"mas Gerais; no Paraná, 17 até as cachoeiras das
Sete Quedas e, acima delas, atê Jupiá; em outros rios menores em que, em 1921,
já trafegavam ~ca de 356 embarcações, maiores ou menores, conforme o
calado do curso, e com uma tonelagem total de apenas 73 387 toneladas. Mas,
além das comunicações fluviais, "a rêde de trilhos, observa ainda RoY NASB,
constituía o sistema venoso por onde circulava o sangue econômico do pais,
mantendo a unidade do Império". Os trilhos dos tropeiros que irradiavam
de todos os núcleos urbanos, grandes e pequenos, - povoações, vilas e cidades
- , articulando entre si as populações brasileiras, exerceram, de fato, no sis-
tema colonial de comunicações, um papel tão importante talvez como o dos
rios de penetração. Velhos caminhos,- trilhos da anta, picadas do bugre,
palmilhados pelo missionário na catequese dos índios, ou caminhos mais re-
centes, abertos pelo bandeirante, "violador dos sertões e plantador de cidades"
- , foram progressivamente alargados pelo português, com seus cargueiros,
pelo vaqueiro com as suas boiadas, pelos colonos com seus carros de bois, e
mais tarde, pelo comerciante, caixeiro viajante, cometa ou mascate, batedores
da civilização. As nossas maiores linhas de penetração, observa EUCLIDES
DA CUNHA, "desde a Mogiana seguindo para Goiás sôbre os velhos rastros do
ANBANGUERA atê a Sorocabaoa, ts ajustando-se aos primeiros lances do longo
itinerário de ANTÔNIO RAPOSO e dos conquistadores do Gua!ra", tem reconhe-
cimentos que d uraram s~culos, e evocam a figura excepcional do homem, o
bandeirante, "que se fêz bárbaro para estradar o deserto, abrindo as primeiras
trilhas do progresso".
A grande migração para as regiões temperadas do sul, no último quartel
do século XIX, e o extraordinário desenvolvimento da cultura do caf~, que
ainda absorvia o capital e os braços disponíveis, não tardaram a promover a
substituição, no região cafeeira do planalto (Minas e São Paulo), dos velhos
meios de comunicações pelas estradas de ferro, cuja construção se iniciara
tlmidamente em 1854, com os 14 primeiros quilômetros e que, em 1890, já
atingiam 9 973 quilômetros de tráfego, quase triplicando em um dec~nio (188o-
1890) a extensão das paralelas de aço. 19 A Central do Brasil que jã em 1877
17 A exten8l10 onveg6vel de rio. brasileiros, j4 eonheddos e eltlllor•d01, ~ eakul•do por alto por Rov
NA.t11 (70 mil quliOtt~cltOI~, quando nllo parece e1<eeder de 44 mil qul\6metrot. o u malt predaamente, te&undo
dados ofic:.loi,, de 43 955 qui!Omct.to•. SOmente o Amuomu, com uma pr.,rundldade mttxlma de 20 ~~ de calado,
(tiepae de um ebtcma nRvejl6vd de 25 446 qull6mctrf16, ou sejam 57,89% do total nAveg6vel do pi\11. A nave·
ga~o no rrand~ r io .1 etentrlonel rol abC1'to em julho de 1857 aos paises estrangeiros. e, em ll@.Oato d tase murao
Ano, parda de Penedo, para o.llngiT o pOrto dtu Piranha., o prÍJ:Il;iro vapor que navegou o dorto do S!lo ll'ranclsco.
Bruil- 1938 - A n,ow eurvey of buuilian Jifo, Sef'Viso Gr6fico do llut:ltuto BraaUelro de Oe->va!la e
Eotat.ll!tica, 193fl.
18 Dos quatro ptind~b b"oneoa ren-ovi6ri03 que partem do Rio de Janeiro, dolt ao menoe. o que vai
para Minas, por Jul• de Pon, Barba~ena, S>bari e, pelo vale do Rio d •u Vdba•, a~ Piral):)ra, e o que ta lança
para SJo Paulo pelo vale do Paralba, aquem os caminhos anti<t<n de Mi!lh e de Slo Po.ulo. & ainda ~lo ca-
minho vdho, atrub do vale do Paracu•çu, que o ent:eoheiro dirigiu a ~nta do. ttilhOJ d• eatrada de furo qlle
parte de SAo Pllix, na Bahia, como ainda, P!X' um camioho tradicional. up~triam. nu IWII paral clu de aco, os
b"co. que concm de Salvador par~ jwueiro na barranca do São Franci1e0. Nlo tioha outro tntÇtOd o tcuJo o do
aatico caminho da Serr11 do Mar, a prlmriu estrada d~ roda~ que cala:ou. o pla..-Jto, de Sant411 a Slo Paulo.
Oa que vivem hoje, nae 1randee eicade.. que coobe<:em a hiat&ia pitOO'UCII, e cn que labutam ocn .ut6esaillcla ttm
a rude c:zpaieneia du pen- viar.ctu que te - d h m p:r m:s., a no, - atlopod:> a1 mai• hnpt a c:ao.eo
meaea - , em cano., Impelida a remo e a -~"I:> o-~ em bmln de buno por tn:s camiohoe fras<*» ou lama-
aotot em que, 1 nAo .ere.m c:artWifetU. em p:qucnos p:rcur=o, n:lo rodava outro ve{culo ee.oJ.o o cano de bo!a.
qliCbtaodo com •~ culochot a eolldh dOJ ~rtõ,~.
1f A ume elnlples lotpeçlo em u:n mapa do Brasil em que tenh•m lido aulnalad., as estradu de ren-o
ex:iatmtes no p!ÚI. em 19l7 (Cfr. mapa das priotipais fCI"'""VW bra'lileinu, em 1911, in Rol' N.utt. A ooroquista
do Btalil, p~ 2SSI, vcrlrlca·.o que a aoos maio savi:ia de cstno.:la. de r......, t a do plsoal~ c:omprecndUa por
&ao Paulo, ~MI c Rio de Janetro, com Q sUSJ du5' proj~ ao nxte, at! Vit6nla .,, K•plri~ Sanl4. e ao sul.
atf Curitiba, lic'ada a p.,.,..,ui, oo lhtado do Pat1L11A. Al&o d~ um~ rma c:orta:la de ferrovia>, oa rcplo me-
rldjooal do Rio Grande do Sul, que Jl p;>~sul cera. de 3 zn quiiO~~tr~ d:uu etrad,.., e de urut. ou.tnl, aloa-
eada ao .oorte, de .Fortaleu a Mace•O. punmb p x- R::ifc. e e111 que se encontra uma reJe com 1 3611 quil6111etros
de - . a o (R6da Vlaçlo Ceueun), ap:nu al~uot rlJt:>• i!rli<:am ruu c.tra:Slls de ferro, obdeuo:b a traçados
frapnent6rloe ou partea lntecrantet de um ti•tenu de viaçâ~. D: Sih S1hra:S:w-, oa Babla, pvtc.m ettradao de
fetTo em quatro d~tcçlles, da.J qll&Í, '" duas mút impxtsnt~ sih .u q ue te e.ttiram atf a barnoca do SI, Fr:an·
dKo, utna ao lonco do llt~, e outra •~ j l.la&eico em plen:o ettlo (a Oreat Wcstcrn, com 1 741 qull6metroa).
56 A CULTURA BRASILEIRA
alcançara São Paulo e avançava por Minas, rumo à barra do rio das Velhas;
a Leopotdina, em direção nordeste, para Vitória, e Rio Doce, no Esptrito Santo;
a l nglésa que se inaugurou em 1867, para ligar Jundiaí, ao pôrto de Santos;
a Mogiana, na direção de Goiás, e a Sorocabana que roda para a barranca do
Paraná e ia entroncar-se, mais tarde, com a Noroeste, e a P aulista, - uma
das melhores estradas de ferro do Brasil, passaram a integrar o sistema ferro-
viário, a serviço principal de três Estados: Rio de J aneiro, Minas e São Paulo.
A zona cafeeira paulista começava, já no alvorecer do ~culo XX, a ser cortada
por excelentes estradas que se distendem e irradiam, emaranhando-se numa
vasta rede de ramais e enriquecendo por tal forma o sistema ferroviário que,
em 1937, o Estado de São Pauto já dispunha de cêrca de 8 635 quilômetros
de vias férreas, ou quase a quarta parte do total de estradas dêsse tipo, exis-
tentes então no Brasil (33 521), além de 15 mil quilômetros de estradas de
Todagem lançadas em todos os sentidos. Mas o desenvolvimento notável,
nos princípios dêste século, dos meios de transporte, pela construção de es-
tradas de ferro e de rodagem, na região mer.idional do planalto; a superpro-
dução cafeeira e o conseqüente refluxo de colonos para as cidades; os fenômenos
de condensação de imigrantes e de concentração urbana; e a formação de um
mercado interno de alguma importância para os produtos industriais, cons-
tituíram, com a construção de grandes usinas de energia el~trica, segundo ob-
serva R . SIMONSEN, os fatôres essenciais à evolução industrial que se acelerou,
a partir de 1905, para tomar, depois e em conseqüência da guerra européia,
novos impulsos e novas direções. O Brasil que continuava a ter na cultura
do caf~ a base de sua estrutura econômica, já se encaminhava para um regime
novo q ue deveria colocar, nas formas mais móveis da fortuna, o eixo central
da sua atividade econômica, orientando o seu esfôrço, com a expansão das
riquezas, dos transportes e da mão de obra, para a produção industrial. A
própria evolução da indústria paulista, cuja produção atual representa para
mais de 43% da produção nacional, e não excedia de 16 % em 1907, de 20%
em 1914 e de 33 % em 1920, mostra, no entanto, que o fenômeno industrial,
intensificando-se nesse Estado a partir da guerra de 1914, se manifestara em
outras regiões do país como o Distrito Federal, Minas, Rio Grande do Sul e,
ao norte, Bahia e Pernambuco.
Assim, a indústria nacional que, no Império, s6 passou a ter algum valor
ponderável a partir de 1885, ape-sar de várias tentativas anteriores para im-
plantar indústrias no Brasil, não cresceu consideràvelmente senão no século
XX, por um conjunto de fatôres favoráveis, ligados alguns ao surto cafeeiro,
no planalto, e outros determinados pelas repercussões da guerra de 1914 no
mercado brasileiro. Certamente o século XIX em que se operou, nas expressões
de VICENTE LtcfNIO, a mais violenta transição econômica, com a substituição
do binârio " ouro e escravo" pelo binário mais enérgico "máquina e carvão",
foi o século da máquina a vapor, do carvão e do aço e, portanto, da revolução
industrial. Desde os prindpjos do século XIX, entre 1808 e 1821, em que
D . J oÃo VI se esforçou por desenvolver a siderurgia e mandou vir técnicos es-
trangeiros para estudarem a possibilidade de organização da indústria no Brasil,
até o VISCONDE DE MAuÁ que. entre 1850 a 1870, procurou por tôdas as formas
incutir no meio brasileiro um espírito industrial, "fundindo, forjando, armando,
construindo", promovendo a construção de estradas de ferro, de portos, de
Se, oo noru, ee IUtlnalam ootru estradas eomo u que do de Pet:rollna • Te1'aiM, no Plaul, e de Slo Lur., no
Manoblo, a Tnuina, na reclJio ocidental Dão se eocont:ra leGio a ut:rada Macldra-M.amorl, com 355 quil4metroo,
de S.oto Aat6aio a G~•l-Mirim, e oa mna IOdoeft:e. • que V111 de C.mp:> Orande • Corumbl, em Mato-GTOSio,
Nlo ehqar6, talve&, • uma~·~ do t~tório brlcildro o total dat f'elillct aervidas por ntradu de ferro ,
as qualt (pob, como e.crevc EUCLID!:S DA CllffHA, u., nouas estradas d~ ferro retultam antet de tudo de
DOMO procresJO" ,) .., desenvolveram mais nas ~&.i6e5 do açúc:ar c do cacau (Penumbuco e Balúal, DO norte,
do c:al~, no 1111 (Rio, Slo P•olo e Miou} e oa do comErcio de couro e c.nnes (Rio Grande do Sul), roareaodo, eom
ot prlodpaia cc:nt:roa eeoobmiCO$ do pafs. também os seus priodJI'lia c:eotroe de cultura.
O TRABALHO HUMANO 57
:0 Foi a partir de 1920 que .c rqbtroa a IXIIli« evoluç&o industn.l, ao B...õl, c partlcvl.ermeolle...., Slo
Paulo. O que foto c:raà mento da ptoduçAG fa bril. ueue petiodo de 1919 a 1938, pode4e av&lbor pcloa •qoln t Q
dadoa eota tfrtkoa.. A produçlo lnduotrial em papel moeda quue quadru~ ao Btuil; qulntul)licoa em SI o
Palllo. O ndmcro de opc:rirloa q ue atiAcla a 27S $12, ~o o Re<:et!.aeameDto ele 1920, elevou~ em 1931,
a mal• de !ISO 000. A.. ullinas de enercla d&rica. calculadas em 350, subi.nun a J 200, em 1!138, com ....,.. produçlo
q - 4 vha ~or • d o aJ>O q ue 11e tomou por ptmtx> ele partida. Ni.o E menos alzallicatlvo o m ovimento
doa portOI btuildrot em que o admel'1) de oaviot, entradoa e nUoo, com umt carp de m.U de 17 m ll116et e SOO
mil toneladat, aublu de 23 125 ~ 23 170 em 191!1, p.,.. 34 088 e 34 063, em 1937, com ctrca de SO mUb&et de t o·
neladat, para o c:om erdo tranJatJ l adC!O c OOJtdro. ( Bruil-1938 - A new eurvor o/ br..i lian /Jfo. Servi~
Gr6flco elo lu.tltut.o Brullctro de Geovalia e &t:t~tbtic:a. 1939),
58 A CULTURA BRASILEIRA
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227·380, Comp. Editora Nacional, São Paulo, 1939.
SIMONSEN (Roberto) - A história econórru'ca do Brasil. Série Brasiliano, vol. 100, tomos
I e 11, Comp. Editora Nacional, São Paulo, 1937; A evoluçlo industrial do Brasil.
Publlcaçilo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Si'lo Paulo, 1939.
TAUNAY (A. E. de) - fUst6ria geral das Bandeita(J Pauli:~tas. Vots. I-VI, São Pauto,
1924-1930.
CAPíTULO Ill
As formações urbanas
O sistema de povoaç.ão marginal - As primeiras povoações, entrepostos
de comércio marítimo - A face da civilização urbana voltada para o Atlântico
- Cidades fortificadas - As invasões entrangeiras - O contraste entre o
esplendor rura,) e a m1séria urbana - Em proveito dos engenhos - A líber·
dade, condição dos habitantes das cidades - A _ação dt~ burguesia urbana
sôbre a sociedade feudal - As guerras e explosões nativistas - As cidades
no planalto - A Vila de Piratininga, à bôca do sertão - O perigo constante
das incursões de índios - As bandeiras e o despovoamento das cidades - Vila
Rica e o caminho do ouro - Os centros de comércio de gado - Esplendor
e decadência das cidades coloniais - Antes de atingirem a idade da maturí·
dade... - A dispersão e o isolamento das aglomerações urbanas - O litoral
e os sertões -Tranqüilidade e pobreza das cidades no Império- A vida
nas cidades - A indústria e o crescimento dos centros urbanos - AI; cidades,
capitais políticas - Focos de progresso e de civilização.
T
ODA a nossa hist6riaJ da Colônia à República, segundo vimos, é, nas
expressões de OLIVEIRA VIANA, "a história de um povo agrícola, de
uma sociedade de agricultores e pastôres. lt no campo que se forma
a nossa raça e se elaboram as fôrças íntimas de nossa civilização. O dinamismo
de nossa história, no período colonial, vem do campo; e do campo, as bases
em que se assenta a estabilidade admirável de no~sa sociedade, no período
imperial" . Mas, conquanto o "urbanismo" .s eja condição muito recente de
nos.s a evolução social, o estudo das íormações urbanas apresenta um duplo
interêsse, decorrente já do modo particular de formação das cidades br.asileiras.
ou do caráter especial que revestem a sua gênese e evolução, já das relações
existentes entre a cultura e o desenvolvimento dos centros urbanos. Em têldas
as civilizações, e:&erceram as cidades, que são fenômeóos de concentração1 um
papel de maior importància na fcrmação da cultura na sua acepção intelectual:
poderosos instrumentos de seleção social, não l!Ó fazem atrair a si, como pensa
HANsEN, por uma seleção por assim dizer mecâniC.á, os melhores elementos
do pais, como também, além de selecioná-los, contribuem para fazer o seu valor,
na observação de WEBER1 1 tomando atuais os méritos que não eram senão
virtuais e "superexcitando fôrças que, sem êsse estimulante, permaneceriam
inativas e adormecidas". Elas serão, sem dúvida, muitas vêzes, grandes des~
truidor:as de vidas humanas; mas êsse consumo importante de fôrças sociais
parece a W EBER ·s er necessário para permitir às cidades desempenhar sua função
1 W2BI!:R (Adna·l"errin) - The t,rowth ol the citiea in tJift nineteenth eentury. A atud'y in Sta·
tbdc.. New York. l\o{acmiUa n, LondDo. King 8o Soa, 18~ll;efr. St&Pa&NSON, Borout,h and .t own. A otudy
ot utban ori&im in En~:land..
62 A CULTURA BRASILEIRA
que é "de intensificar as energias coletivas, de levar ao mais alto ponto de de-
senvolvimento possível as capacidades latentes e dispersas na população".
A civilização de que elas são focos, não pode, escreve DuRKHEtM, ser obtida
por outro preço, e as cidades que determinam essa supere.xcitação de energias,
s6 pelo fato da concentração, não consomem, portanto, sem nada produzirem:
"o que custam à sociedade, é largamente compensado pelo que elas lhe trazem".
Se, porém, além da concepção do papel das cidades no desenvolvimento da
cultura, se considerar a luz intensa que projeta sôbre o fenômeno cultural a
análise da evolução e decadência de nossas cidades, na Colônia e no Império,
compreender-se-á melhor o alcance que representa, para nós, o estudo das
formações urbanas, no BrasiL A posição dessas cidades, estabelecidas geral-
mente na orla marítima, e a sua ascenção e decadência, com as sucessivas des-
locações do eixo da economia nacional, contribuem, de fato, para explicar não
s6 o sentido de nossa cultura, voltada para o Atlântico, como as origens e as
flutuações dos centros culturais, ritmado~ pelo progresso das aglomerações
urbanas.
A extensão enorme da oosta e a necessidade de nela estabelecer, para a
sua defesa, os primeiros núcleos de povoamento, e, sobretudo, os objetivos de
Portugal que antes cuidava de explorar do que de colonizar, impuseram aos
conquistadores da terra o sistema de povoação marginal e os levaram a semear
de vilas e colônias o litoral imenso, nas enseadas e ancoradouros que oferecessem
abrigo seguro às suas naus, galeões e caravelas. As antigas povoações e fei-
torias, anteriores à divisão do Brasil em capitanias hereditárias, como Otinda
e lguaraçu, em Pernambuco, Santa Cruz, na Bahia, Cabo Frio e Rio de J a-
neiro (Vila Velha) e as velhas vilas primitivas, como São Vicente, fundada
por MARTrM AFoNso em 1533 e Olinda, por DuARTE CoELHO, no regime das
capitanias hereditárias, não tiveram outras origens e denunciam, nas crises
que atravessaram e às quais algumas sucumbiram, as dificuldades extremas
de sua formação. O único núcleo colonial mais afastado do mar é a vila de
Piratininga fundada no planalto por MARTtM AFoNso, e em que já habitava
o famoso JoÃo RAMALHO, com os mamelucos. seus filhos e parentes. Nas ca-
pitanias, que partiam tôdas de beira-mar para o ocidente, até onde entes~ssem.
com as colônias espanholas, o que importava, antes de tudo, era a defesa cont:t'a
os ataques do gentio e dos navios corsários que constrangiam a colonização inci-
piente, e já em perigo, na e~treita faixa de terra entre a vastidão do oceano e
a dos sertões, povoadas de numerosas tribos selvagens. A evolução do par-
ticularismo feudal para o absolutismo da coroa, com o malôgro do sistema
das doações e a conseqüente criação do govêrno central, se trouxe grande im-
pulso à colonização, não podia mudar por si, como não mudou, a situação di-
fícil dessas fonnações urbanas, embrionárias e dispersas, de caráter mais ou
menos oficial, expostas à cobiça das naus estrangeiras e às incursões dos índios. 2
Surgem, no entanto, nesse período, as primeiras cidades, a de Salvador, em
2 A íd!ia de dcfca parece ter p:-.sidido i! cxolha de coloc~çlo d.\ mAioria du vilat primitiYU que ae
cttabeleccram oa eoota ou proeu111ram lugare'- de acesso dirtcil, COIIU a vib de Pltatlruap, ao plaa:tlto. Uma
cidade t esteacielau:ate uma qlometllçlo de riquua e deve, pon.aato, ettar ·~•!la cootra o.s pulcoe que po-
dbm 1utgjr tanto dot navios cor.Ario• que infestavam 01 maru, co~n:> du tribos aelvagena que ae levaotavam
elo &élo daa Oon,taa para o ataque ao bo~..m branco. Aa eJificat\lu de fartes em IU&ata eJatra~ic:or, como
o de Silo Crbt6v.lo, coratru1do em 1589, perto do tio SercJp::, e a fortalen. m!laclada ediricar ~m> 1611, junto
ao rio Ct!A(6, fot'llm assim o 11erme de lllgllln!l8 cidade'- a de Slb Crist6vl.o. em Sercipe, e a de FortaJ~. no Ccarl;
e outrW nlk.leos eolociais, fundadoo '"' costa, por eua ~poe~. Notei, no Rio G.-aDde do Norto (159~). e Nossa
Scoiiora do SelEm, no Par6, em 1615, pol' iniciativa de sertai\Utllt, ~ram O'.atroe tantos nócle:>s de povoameato
e de ddesa. eo111 que "a linha de reaistblcia", re41Uida em 1600 a uraa faixa de tcna, da barra de Paraoarui. ao
ou!, ct! a foz do rio Potcaci, ao norte, ae este>dia psn a ~ilo seteatrio:nl ~ ro~ do Amuon;u, Mu, como aa
cidades eatllo sempre, na sua ori&cm e no aeu d....,nvolYisnento, lilt~ il circu1ac:io, e procwam c~eottu ••
troeas que tio freqOentemente a aua l1l.dt> de ser, t&lu ao vi1u prlmitlvat, si~adas nas melbores e~dat, tomam
desde 01 ~~CUS primótdioe um carttcr ~mareado. A c~6rua que aio p:onui ainda nenhuma cidade no
ccnC'O d o 11<\l tcnit6rio, a alo teta Vl'bl de Pitati.U<Il• e • de SactD A~6 da Blrds do ~mp,, no plaaalto P"U•
u.ta, eaU ulpleada no imenoo rin:uito do ..,. 1itora1 pol' uma .&ie de p:q~W10S e=troe de· troea1 ou de C:OIDWo
de im~o e 10butu4o de exparta~o..
AS FORMAÇÕES URBANAS 63
mente pontuais para com êsses comerciantes, porque, "se ao tempo da ftota
não pagarem o que devem, não terão com que se aparelharem para a safra
vindoura".
As maiores cidades do século XVI e dos princípios do século X VII, Bahia,
Olinda, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, não passavam, no entanto, d e lu-
garejos mal construidos e abandonados a si mesmos, que cresciam, sem nenhum
plano preconcebido, não obedecendo, ao menos no período primitivo de sua
história, senão às leis gerais que regem o desenvolvimento de tôda aglomeração.
Nessas formações burguesas, constituídas de funcionários, mercadores e ofi-
ciais mecânicos, misturavam-se portuguéses reinóis e nascidos no Brasil (ma-
zombos), mestiços, índios e africanos, associados ainda à maneira de acam-
pamento num verdadeiro tumulto de raças e de grupos, parasitando à sombra
e sob a influência dos grandes senhores de engenho. O que então se podia
chamar um "povo" não era, nas expressões de G ILBERTO F REYRE, mais do que
um aglomerado de mestiços independentes, j unto com mecânicos e mascates
de origem européia e que, a calcular pela população total do Brasil avaliada
em 50 mil habitan tes por essa época, não constituíam senão escassa população
em cada um dêsses núcleos urbanos. A miséria nessas primitivas cidades,
heterogêneas e por isto mesmo pitorescas, irrequietas e turbulentas, contras-
tava com o esplendor da sociedade rural, cuja riqueza transbordava nas casas
que os senhores de engenho possuíam na cidade, nos esbanjamentos de festas
e banquetes e nas touradas e cavalhadas. l!: que, com o desenvolvimento da
cultura do açúcar, a maior parte da população se concentrava nos latifúndios.
em que se formavam pequenas sociedades, complexas, tarn~m heterogêneas.
mas poderosamente estruturadas. Sem relação umas com as outras, "ver-
dadeiros núcleos autônomos, diz OuvErRA VIANA, tendo a sua economia própria.
a sua vida própria, a sua organização própria", ou "outras tantas vilas", na
expressão de SIMÃO DE VASCONCELOS. A solidez de sua estrutura social em
que se superpunham, rigidamente hierarquizadas, as suas três classes, - a dos
senhores, a dos homens livres, rendeiros de domínio, e a dos escravos que são
os operários rurais -, assegurava aos latifúndios um predomínio esmagador,
tanto do ponto de vista social como econômico, sôbre as formações urbanas.
A necessidade de condensação, nesses vastos domínios, de uma população nu-
merosa; as grandes distâncias, que separavam uns dos outros, e a concentração
de todas as pequenas indústrias nos engenhos já numerosos, que tudo possuíam
e onde tudo se fabricava, 3 não sõmente davam à sociedade colonial, na j ust a
observação de O LIVEIRA V IANA, "um aspecto ganglionar e dispersivo, de ex-
trema rarefação'', mas estrangulavam, no seu impulso inicial, as aglomerações
urbanas que passaram a gravitar na órbita e na dependência dos grandes pro-
prietários de terras. A cidade era o lugar a que se ia, para fugir ao tédio e à
fadiga dos trabalhos do campo, para expandir, nas tropelias de potentados, o
instinto de dominação e para a ostentação fácil de opulência c de fausto que
à nobreza do país, constituída pelos senhores de engenhos, permitiam as ri-
quezas acumuladas nos seus latifúndios.
3 N ~" cno t.6 • ~~"\lo dtues domtuiot, decarlte1' latif<l!diêno. mu o Mlcnero cretCCt~tc dot cn~t~bot,
tra:ldu e pcqut nOt. que, abtorvcndo gr.mde park da populo('lo ptodauva do peh. rC'duriam • vids urbana •
um rbno ~cundMi'>. No s~ulo XVI em que • produç.lo açucareora j6 atin.;or• 3 mtlhliu de a"6bu. Clllcu-
18va .. e em 150 o n 0me1'o de en:enhos distribuldos pclu di\•ecau Uptta">illJ SAl Vu:cnte, ll'>fu•, Bohio e Pcr-
nambuc:o. e do. qUllu metade. #iUndo nos informa ] ÔNAT4S S<lt~O. ficavam ruo upitanie de PeroaJilbiiCO.
R n cocul.Jn-armot • prop4rt:lo em que est:svem ot entenhot para a pop..taçlo total de cad• uma d<"Jtll capi-
tanlos 176 cnt cnho. p~•• uma populatão de qusse 3 mil fllnlllias. nA cap\tanlo da Bahia, e 60. n• de Pemambueo,
que nolo C"On!aVa ma" de 2 000 habitantcal. se eompr~dcd mclb:>r O CUU de intc,tiJ a:lc que atso&ÍU O fen6m~DO
de conccntracao proJutido no campo, em ptcjulzo das fora>2ç6es urbana.. pd:a lavoura do c:aoe, oo:asu vaatu
• ptOptJcdades, uuuladat e d11t.anto:a Ulll&l da a oBtru.
54. R ecife. aspecto da cidade antiAa.
F oto STtLLE. Coleção da Faculdade de F ilosofia de S . P ::ulo.
55. c.,,.colonial à rua Carl01 Gomes (con$iderada monumento nacional). Sttlvodor. Bahill.
Foto VOUAIII& FIIAGA . Arquivo do Instituto Brasileiro de GeocraCit. e Estatística.
56. Anti/la ladeira de N. S .
da Conceição da Praia. Salva-
dor Bahia. - Foto VOLTAIRE
FRAGA . Arquivo do I nstituto
Brasileiro de Geografia e
Estatística.
4 Nu primàna ptocloat (29 • S6}, de eeu rrno Sobredo, e moe<~mbo&, Oa..&ll'TO l"UYmt ~""""'
...._ ~u•ote, o eur10 que c -• "' u cidades colouiait Do a6cu1o XVUI e o e.ot.acoo:úomo coaaoqGcot.e mtre
...,. • .. c....• v.....Sn, iooladao, d~ fumeS•• ~ eocmh.,.. Pare Gtulano FuYu, R«it~. cr-fwo-a4o oo
~do O.lftC'Dp, "cootltui o primrito eobc)ço de poyo e cl~ bur-c:uni• que houvr entre n6o. e o mo.-1-to
• 171C. coabeádo PQC' "C'Icn• doo maoutea" teria oido ut.es um movimento diJtiAtamcnte eriJtrocddeo ~ .._
• -to tlftÓ•tllodrquko, l'\ltel e OJitl•urb•uoo, - o ioterf8e nac:ioaal o.te~Uivameotc idm tific:.do com oe c1a AO·
.,._ ~t.ie". Ao. and&oe s--tempoo de rena aa. cidadet, - Oliada, por u~cnpb - . ouceden.m- o o
*o1o XVJll c 110 ~lo XIX, equodo obeerveçlo do •utor de Sobr• doo • mocambo• , "plln&t.cmpoo de foot.a
- .ttioe e.~ em caa~Clboe que oe tomuem, em certo a<:Dtido, depeod~ P>t.oretee.a de tobt..Ooo b~.
*doe e mcnlhoe conocr,..doo pelo. doooo, aio como bue de - vide eeoo6ro.ino. 11\a. por pruet • pa111 reerrio.
e tan>MLD PGC' uma ceptcic de deeoroçlo ooc;el."
- $ -
A CULTURA BRASILEIRA
& Ot aldeamento.. isto ~ ~ d e fadia. em aldeiu, quer ~lo ...,upemcato em detcrmi!Uido locar
de triboe apana.. quer pela reduçlo em uma aldeia ji oittGte. eOMtitlllram, oo Paracual com:> DO A...--~.
o pooto de partida ou n6deo ll1içial de r:~umcrosu vi1u c povoa~'· EMU rNIIi!la de ocl91eola•, aemclba:r:~teo
à "nü»4a'' fUAdadu pelo. jcsu{bl~ ao sul. eram crpnizada tiO Ama.-• por outrae C:Oftlrepç&e. rdlcioeu
com o objetivo prineipal de catcq- do gentb e com:> um <D:b de fac:Ultar o com6rdo de apcdarias. ]6 em
Slo Paulo, onde lutJiram ta=Wm, por iniciativa d.,. jcswt:ü. oo aldeamentoe ranuocn~ oe c~idaran> pua
ct.rcro lucar a cidade., r:~~Kidu. 11a euiar parte, 40!1 pdJncltoe P'JVoad~cs branco.. o6ufracoe. avcatureiroe c
coa- (Sio Vlcct~te, Catw>fía, Saoto ~. de pous:>o, de batldeira ou de uopa, c do col6111a, mUltares a..-fe.,
Cattro. s.crameato. fcuatemi). A capela qae j6 pi'CSJU()ãc um o6d~ do povoamcoto, tef'YII a11tc:o oo planalto,
como aliú por todo o teorrit6rio bruileiro, "de rucaçio 4~ uma popw&Çio mab ou 1114!'Goa dlepc...a. lt em t6nto
da capela, eac:rew RVBIIJQ BolUIA oa MOIUlS. que se cria a vila. Para ela eonverac a vida da rcdlo. Em t6rtlo
dela te cstabd~ o ~&cio, o centro m.mmúdor, - a cidade". A -.na, de que ruwtou a fuendlo,.. e~
com e~ta, a a~pela, r ea~ que se pode buscar a origen~ de a1gwDu cidade-s, lCI1l rocrctanto, aetull:So f'eCOAhecc
o próprio Rua11.111 o& MOit.\JI em relllçào ao p!aoalto. "wu valw a~aior para o pcwoammto ru.rt.l, cspano, que
pua o povoe.mmto c:oocctltrado em forma de cidade''.
AS FORMAÇÕES URBANAS 67
'1 O. ims-t- q~ rccakam e&re • extnlçio do ouro ~ a corKrntn* da jad~trla llliDen4on eas mJot
4~ poooco.. como wa verdadeiro mooop61io. e a ~= da a:Wor pMt1e da produclo rablalou pata lbboa, ati-
raram ~ -.ri4lo & 11 miKria a populações du miou. A Uld.icoaçb do powo, eut:t:tbtlda pela alta morme doa
ptCÇQI c pdaa tDC!d.ldu oprcaiyu da 14etrópaie, Clq)lodiu CIOII •UCUilvot lennta de PltaD&uf e de Vila. Rk:a.
- 1720, - que .. dnt.aca • racunlli"lt''lat de Fn.rP& 00. SAJnool, ····~ de upUtaoo••. eoodenado ~ morte
e. depolt de mlorado. arrutlldo l atuda de um cavalo pdu pcdtu de Vila lUca.. No pcrlodo de prododo IQalt
~-que .. c.Uodeu de 1710 a1760. ecmtin:u.ava a aaior parte da populaçlo aouftrtar... oa ~.em n>et•
trMtc Yioleoto - a riquea dot ICAb«a da lavras., eutre 01 qual~ e a Mett6pole, ae rC1)111'da a ptodoçlo. Foi
- dàDa eocl&l e pol{tko nn que ferm:ctayam. todo. 011 cumee da revolta, que roml)CU, at'mal, com q es:i-
&eaàM do n..co, a ~Ut.,çao doelt>c<>orutentes. tramada. ao calor de id&t llbcrúriu, por um. puAhado de padres.
aNd&Atce e poetas e a t6 metmo d e of"ldais do famoso rq;lmeoco dos dt-.ae, de V"o.la Rica. que ae DDl1'am elD
t&'DO da Ocura de TutAl:l~tXTU, "o mártir mais ardente d"' arautQ, da llbudado ao pmodo eoloniat••. A arre-
cadaç;lo, onlcDada, do impgftG d01 qaiatos atrasadot olo devia foroceer aenlo • opottuolcladc para a revolta doa
q~ ~•em eom a iod~b>cl• e alimeataYam ideait republicano..
AS FO~ÇOES URBANAS 69
'*'·
poderoeo surto urbano do período colonial; deslocando-se o centro poUtico do
da Bahia para Rio de Janeiro em 1763, essa cidade,- escoadouro da
opulenta produção das minas, e já agora a nova capital do Brasil, adquire um
tal impulso que em 50 anos. de 1750 a 1800, a sua população se multiplica,
aumentando de 25 mil para 100 mil habitantes; cresce notàvelmente a sua
importAncia econômica e, se não se aformoseia prõpriamente o seu aspecto
urbano nem ganha brilho a sua vida social, já apresenta uma extensão consi-
derâvel e aa proporções de uma capital, pela intensidade de movimento e pelo
n6mero e valor dos ediffcios públicos. A sua natureza incomparável; o movi-
-mento do pórto que a transformava no maior centro de comércio de exporta-
ção; o sistema de viação terrestre e marítima qú~ a ligava a tôdas as capitanias,
e o deslocamento, do norte para o sul, das fronteiras econômicas, tudo
contribui para impelir a um grau mais elevado de intensidade a vida urbana
nessa cidade, para a qual se havia de transferir ainda, com o ciclo do ouro,
o centro polftico e, com a decadência da indústria mineradora que o retinha
naa "minas gerais", o próprio centro de cultura do pals.
Nenhuma atividade econômica teve, como se vê, maior influ~cia na criação
e no desenvolvimento das cidades do interior e, portanto, na produção do fe-
n&neno urbano do que a indústria mineradora, não s6 na região das "minaa
gerais'', como, pelas suas repercussões, sôbre o centro comercial e poUtico que
deslocou para o Rio de Janeiro e contribuiu para desenvolver e diferençar, no
eentido urbano. Certamente, "na obra de colonização de nosso interior aerta-
I 2 mtre 1710 e 1760, duraDte cr- mbO lkaJo, qae atiociu ao miximo de IDtmoidade & produçio
dM "miDu C"a.ie" , para ~ dedm.odo atf o. priodpioe do aEc:ulo XIX. caa qae ee m.nlfatav11 fi"'UUCam alt e •
- deawieoci&. O damYOlvimmto da cultura ~ eamo eomnoa ac:ootecer, - pob Dlo f pe.raldo
maior iDttualdlldc, u eecwoda metade do .ulo
- llimultiDco mu wcca!YO em rdae&o • &wee perlodo. de iDtemo IDD'rimento ~ - . edqulte • wa
XVU1. c:om os wcne e • trtaqllilldado que J6 ddxavam ••
~ m6tW, ~ " d latribufd••" do que ooe periodos de iDtaua ~CL NC'IIbum doe IID&CJUIIU d&e miou
4e ouro akançou, poftln, • fortwl.l acumulada pc:w aJcuDa coatrttadcn. de dlomum, como 6lle ramoeo ]olo
~Aifl)a oa OI.JnutA que, para oeteotar o em poderio, fb coaftrulr tetDploe e palidot e, u eue raideod•
-a.orial, teatro e jardina c:x6ticoe, e cu.l• riqueza~ ~o ao dom.loio da leoda, flc:ou como • upteNio maia
ptl:lraca do huo e da oetut:açlo IUTQC&Otce de-c. avaat:ureintot eoriquecido. ou miDM.
70 A CULTURA BRASILEIRA
nejo não há agente, diz OLivEIRA VIANA, mais poderoso e eficiente do que o
pastoreio. ~te ~ a vanguarda de nossa expansão agrícola. O curral precede
a fazenda e o engenho. Depois do vaqueiro ~ que vem o lavrador; o gado pre-
ludia o canavial e a plantação cerealifera". Os vaqueiros, paatôres, e criadores,
paulistas, baianos e pernambucanos, tangendo à frente os seus rebanhos de
fado, levam o povoamento às regiões mais profundas dos nossos sertões, do
norte e do sul, semeando de povoações a região setentrional, a bacia do São
Francisco, os campos e chapadões de Mato·Grosso, e impelindo para o sul,
at~ as serras e as savanas do Rio Grande, a obra de colonização pastoril. A.
migrações de gado, conduzido por sertanistas audazes, por todos os rincões
agrestes at~ os recessos dos altos sertões, ~ que fazem recuar cada vez maia
"essa barragem viva e m6bil que formam os índios e as federações selvícolas
dificultando a penetração do interior"; e é ainda por intennêdio da pecuária
e pelo movimento das tropas de muares, que se consolidou a ocupação de vas-
tissimas regiões do país, onde, por tôda parte, grande número de povoações
e de cidades tiveram as suas origens na atividade pastoril, acusada, ainda hoje,
na variedade bucólica e pitoresca de sua toporumia (Vacaria, Curral, Campo
Grande, Campos, Campinas, Pouso Sêco, Pouso Alto), tão altamente expres,..
siva da influência do gado na colonização. Mas, se o pastoreio exerceu uma
função primordial, alargando as fronteiras econômicas, e foi, evidentemente,
um dos !'Ístemas de povoamento do país, assinalando a "primeira ocupaç.ão..
de uma região ainda vazia, êle constitui um tipo de povoamento primário, de
uma prodigiosa mobilidade e de um grande poder de expansão. "A pecuária,
observa com justeza AFRÂNIO PEIXOTO, goza da faculdade peculiar de ocupar
crandes áreas com pequena população; ~ uma indústria extensiva por exce-
lblcia". Fator de ocupação e de povoamento, de primeira ordem, de dispersão.
e não de concentração, não é, em parte alguma uma fOrça capaz de contribu.ir'
para a intensificação do fenômeno urbano. As povoações fundadas por pas-
tOres e criadores de gado, junto aos pousos, às feiras e às fazendas de criar,
aão formações urbanas que se cristalizam. se desenvolvem e se diferenciam
lentamente, sob a influência da produção da pecuária e do comércio pastoril
que, não exigindo senão vastas pastagens e latifúndios para as massas de re-
banhos, não fazem das cidades focos de atração de massas humanas, nem lhes
permitem, enquanto não se emancipam do comércio de gado, condições de
vida própria, nem lhes exigem, peia "rusticidade" inerente a êese comércio.
o clima e o teor de vida das cidades profundamente diferenciadas dos campos.
~ pois, na larga faixa da costa, que a intensidade do movimento econô·
mico, nascido do com~rcio de exportação e favorecido por êle, tende a esta-
bilizar as populações urbanas e a resolver-se finalmente numa ascensão tenta
da classe comercial e da classe industrial, constituída esta ainda de oficiais
mecânicos e de exploradores de pequenas indústrias. Essa ascensão, sobre-
tudo, de burgueses, comerciantes e banqueiros, f, nas cidades vizinhas doa
latifúndios agrícolas, tanto mais sensível quanto corresponde a um empobre-
cimento gradual da classe senhorial, fàcilmente observável pelo habitual de-
aequiHbrio de seu orçamento, pelos expedientes aos quais devem recorrer os
senhores de engenho para manterem o seu teor de vida e pelo delicit crônico
ao qual devem fazer face e que tende a transferir o eixo econômico e político
das "ca!as grandes para os sobrados". Mas as próprias cidades coloniais que
chegaram a desenvolver-se e atingiram prematuramente certo grau de inten-
sidade e brilho social, como Recife, já no domínio bolandb, e Vila Rica, no
século XVIII, sob o signo do diamante e do ouro, cresceram e entraram em
decadblcia, antes de alcançarem a maturidade e conhecerem todo o vigor de
expansão dos centros urbanos. Certamente já começavam a aparecer, por
AS ?ORMAÇÓES URBANAS 71
t O tmente a:erd Jost Allouar& gz: Tol.BDO R.lt:CJ>Ol(, primeiro diretor da Academia d e Difejto, auim
• crprimla ao Mlabtro do I.mp&io Josi ~r& Paa.auu., .Obre o Coovc<~to d e SAo l!'reAàKO que cac:o!heu.
para a irurtalar&o dos CUI"IQ jurf<lieos: ' "lie (o a:reado do coo_.,to) t tl.o cxtauo que o tc"$1UtO metade da cidaden.
J6 BIUUfUDO PllUillA 011 lfMCO!fCSLOS, 1:001batendo oa Aucmbl~la Coaltltuintc a cria~ do. NR.,. jurid.ieo$
e01 Silo Pa ulo, dqava que. "ae viesoem pua a Aea<kmia SO oll 60 ntudan~. nlo tcri.tm oDde mor..- em ~o
Peul<>": tio ~uena lhe parecill a vclhe cidade do phtnalt.o.
AS FORMAÇõES URBANAS
10 O tobt'&do, - tipo urbmo de. habítaçlo. era, 110 pmoóo colonial e no lm~rio, a ca.. de moradia
doe aenbotes. A altura <lfalet1 aolara, raramente ultrap41osa de um p41vlmento em SOo Paulo, varia de 2 a 3
aacfarea no Rio de Janeiro, de 3 • 4 oa Bahia, atlnltindo • 6, no Recife, onde te encontram ot mah altoe, lntto·
du.ridoe n o domtnio holandb. lt uma c... ann.de, de pedra e cal, "urbanizada" em eobrado, com eeu tdhado
ele tdhN romanb, anebltado naa pootaa e de belraialargoa, ao g&to chiob, com aua.a locJu e balellell norentlnoe
e com - ,.rand!na ou va.raodaa, pltio interno. uulcioe 110 vnttbuto e muduttabi• que Doe vl..-.m doe 6raba,
com.o aquelea outroe cltmcntoe, doe panos chlncaes e da pen!nsula itAiica p« intem~Edio do tipo portu(lub de
lulbltaçlo. Tudo nat&l cuaa, YUtu e .61idu, de altura. riqueza e ti)X>I variivela d o norte para o aul, e dn·
.n.iu do acu paradipna ori&inArio par nee-'dede de adaptação mesolótr;ka. dmuac:ia, como J6 tlvc ocaallto
ele catteVCf', "o r~to c a boapitalldade du famlli.u anticas de vida patriarcal. cujo espfrito tdicioeo .. reccwda
- C'tiUft oroamomtab, noe orat6rioa ou nu capelea. Os tetos ricoa de ,..Seira lavrada ou entalb.ada. oa .U.rce
• palotie de uuldoe e o p'tio lntcmo para q u e abrem, i\ (118D.eÍfa ~tal, ao va.randu c aa1u de j antar, plkm
- ooca de alr&ria 110 Interior du c..... uandes c doe ,.,ares doa oobre:s, com auaw .-pteodldaa oa.c:adu e ~eoe
ftltlbuloo de q~ . roce pare o eobndo, em um ou doia lallços aeeallvcü a ac:adaria lmpootntc". O 10bndo
~oca· o. ClbtiJ>IlWtdo, bola c 8qiOitll a vida intcricw da vida da rua. a sente pobre da sente rica, • ante do.
.,....mboa e a do eobtado. & cmin=temenu uma babitaçio de ••c:Ia.e"•. A. rótulu c as aeloalu, de quo elo
~ ao l aotlal u YtRS ~du de vldBÇM e par code .e coa a luz ..ur, oa mucbanbia • oe 6culoe coaa
•..,.ter
~de feno ou eetrcitu lddras, par ODd<'IIC pod<' ver anJ& .e&aer vlato, definem o - dpo de babltaçlo,
da vida patriarcal, ,.. aua eUJ~de e , _ , . aUõ o idammto. Os maroa de -
c t . - de vidro ou .. cred" d.e ferro tcrmiDadaa e::D ~ acu&aJ:Q ain4a a ~de bolar c dúcndC'f,
jriw, coberto•
CIOIItn a n.a c ICUa periaoa, • eua acohorial.
11 - .. çaodc alclde de 45 000 almu, ~ ltua.mu DA CVlorA, ulpk.da de -auca. ln.....s.ida
Jlel8a mar&. que lbo enblmoc:~Am aa tacou o. coaatrulda d~c:itadam=t:, a como, pelo rec&to du eollnAl.,
atulhudo oe valea apautadoa, com aa IOUtU viela• em tor~ oôadas de &doàaa de urupcma, pdaa quale em-
fle.tqeva o paup&rimo trem ,... de velb.a.a ~es de ccrtinas de couro, ~o oe CU~ rrana.alhoe o e uma
~ atinta". (BUCLIDA DA CUM'RA, À mM~m do hi!tt6ria. W. Eeb6ço ele bi1t6ria polfdca: de
llldepcDdeoda • Rcpdbllce,, pq. 222, 3.• ed. Livraria Chatdroo. -Parto, 1922) .
74 A CULTURA BRASILEIRA
13 Mq, ainda oo planalto paulistll. em que u iuc!ú.trlas imprimiram um impu!.., ootbd l dvilbaçAo
•bAna, d etermioaodo ma&,eúfocoe ceolr'Oll de eoadmuçlo. maiJ próximo. oJ:M doe outrw, manttm·ae fortemcote
- . . d a u dil'~ Cfttre • vida ~bAna e • vida nJHI. ~ p:x- es~ vuloe e lm:ulto.. ~ to:Sot
• Upec:Cile daJ J>ÚtaCC'II• primlti,.._ N lo te aa1 du ddades pua oe campoe de cultura (eh6caru, rral\l•t. fa -
81Dda1) ou paj--cen. bumanhadu, ordenadu pda mio do b~ ...a. para u matu o campoe, Rnoe e pl• ·
- . tMa uma recilo hlcull:ll e lt vbea apenas d~ pelai desbrandorca do ecrtlo. Nada aind.a que
.,..._ com • peí..CHIII urbana a rural. eucedes>do.v, ua Indsterno. por uemplo. de tal fiiMDA que t:aal ae pa'·
erbe a i • dlatlotlo entre u duu p&!uccoa. !Ao dpõcameotc: difCUDÇadu es~tn o6e., meaono na rqilo roah ~ultlvada
tlo plaulto paulilt:.: o eampo i~lb que KUA~. CAPu: coro-peran a um "j&rdlm IO&Jb", para uprlmlr at6 quo
poato - paltac~ foi trabalhada pdo homem, a preoenta-2. "com oe aetu callliAhoe tombreados. JCUJ aottel . .
~lcloe por detr6, daJ 6rvorn e tctu predoe, COI'Qo pa~Mgem daJ mais caracterbticaa de uma dvUí.ra,çlo".
76 A CULTURA BRASILEIRA
BIBLIOGRAPIA
P .
ODE parecer audacioso tentar reduzir, numa síntese apertadísrima, o
quadro das origens e da evolução das formas de estrutú.ra social e po·
lítica que assumiu a sociedade brasileira, desde que começou a cons·
t;itúir•ae, no primeiro século, até nossos dias. Mas. por mais difícil que seja
~ trab~o dêsse gênero' e ainda que, pela sua natureza, se mantenha sempre
a~vet de retificações, em conseqüência de pesquisas ulteriores, os estudos
~s e ,as investigações monogrãficas, conio as tentativas já feitas, nos per·
mitem reunir os elementos postos à nossa disposição para uma larga visão de
~Conjunto. Aliás, !!C considerarmos a importância do papel que exercem os
f.•tôres fisicos, demológicos, econômicos e urbanos no processo de evolução
~al e politica, as grandes linhas desta síntese, tão útil senão necessária ao
~do de nossa evolução cultural, já se destacam com wna tal nítidez que
·não será preciso mais que desprendê·las dos fatos estudados, acompanhá-las
~ seu deSenvolvimento e apresentá-las com maior precisão, rigor e relévo.
'A dificuldade de uma síntese, que não é senão a resultante da documentação
:fornecida pelas monografias especializadas e trabalhos analíticos, não está
IJPenas na insuficiência de obras dessa ordem, de pesquisa e investigação, mas
na tentação a que tantos costumam ceder, por gôsto ou excesso de cuidado,
de não ~egligenciar nenhum detalhe, embara~ando-se na multidão dos "pe-
(luenos fatos". Ora, qualquer que seja o papel determinante dos pequenos
fatos, êles não devem fazer-nos esquecer a!l tendências gerais. explicáveis elas
,mesmas por causas gerais. "Discernir no conjunto dos acontecimentos his-
tóricos fatos gerais domin~tes, que lhe formam como que a armadura ou a
80 A CULTURA BRASILEIRA
l A. COO'alf01', Con6idlratiilt,. &tU' t. ~ch' de~ ld&.• at dea 6•lnamentl daM IN tampe
modent••· lfttrod\IC'tioo de Fúnt M.EICTRL l .a~,_, XXXU, p&ca. 354 e 370. RW., Pwis. Botria l)li.
bllotbkall~ de P hUoooophlei , 1934; dr.
Sou•enitll d e Cout not (11150-1160), Parie, u..cb«tte, 19 13 (pul)IM:.doe por
Bottioelll); PU.ZX M&l'I'Tit'o Cournof et /la RlnaiMUJ,_ du probabiliaate au 'XI% aikl•. 1906.
2 "Adma ct... capitlift ~ovemadare. eiltava, de art1>, o~~ TAV.U.U D~ l.ZaA. uquele;o podere.
& que alo havia feito eeMio e 0\1Úir1:• e estavam u orde:o.aç6es e leb aerct. do reino "Daquiio que alo tinha-
lido objeto & determiMÇI!Ies ~ .,.. euu. de doeçio e (oral". lato, por&n, pouco impor1:&Va de vu q -
- reali41odc oe dlteltot doe colooos fivrc. e oe dol~ deura doe tra ba.lhadorca _.voe codlflcaVJim-M ...
YonUdc e aoc ato~ do doaatirio, - ebd'e militar e chefe iDda.trial. KDbor daa terru c da ju.adc:a, dbtribWdOf'
de aallUI'iu e de pea.u, rabricador c1e vilaa e emprcsirlo de CuetTU lndlaa6f'obu''. (TAYAaa o~ L~ Otl•-
nl•~o po/ltica a adatiniltra tiFa do Braail. CoiOnia. Imp&;o e RepóbUca. Comp. Ec1ltora NaC'ioeal, ~o
Pauto).
A EVOLUÇÃO SOCIAL E POLíTICA 81
a AIJ>da por «aaAiat«, bcteroctoea e 11vecwre:ína. a eociedade eolonia1 compomo por - fpoea do
portu;cuba rdo6í.t c oatddoe oo Btull, de lodiot, mc.ti~ e oeçoe, do podia aeotír como "WIUI lm~çAo
eoctai«", de foc-a pera deocro. u institui~ poUricu impüntadu ao peta. A~ reb~ elo prod~, elemen·
tal'Cio alo podiam &"ctar ecdo rclaçõa eociala mwto oi.mpla ocm 5\bCitar o\ sxiedade oaoaz~tc outraJ ocectJidadu
q~~e 111o u ela pr6ptia defesa c -cwaoça con:ra ao iacun&s doa ladios c ae ,....lt<>ll de oavloe c:oraAtlo.. Ainda
o.lo te havia formado a eootdeocia de uma C1btiDçAo eotre uma naciooalidadc rurva o mestoO catre wu.a sxieJacle
IIDVA e a da aletr6polc dlttaotc, a que apeD&a ae reclaroava uma aasütblocia mal. dinta c c:Clo:ar. A p.ttrla ua
uma 16: Portucal. •<cn wea ela. mall rico. aco.bora, escreve JOM.u.u SUJIA!Io, oio tiJ1ham COAI'Orto; eeotia..e
que a I.Datalaçlo da ficl&lcul• eatraoceira oo Bruil cna ~ e que a todae dom!Aava o d~o do volw l
pltria o m.U brne pou!vcl". (Hiu6ri• do Br••il. páu. 134, F. Bric~t & c;._, editoree, Ulll). Al lnstitulc6ea
pollticu, plaDCjacl&a oa Mcuópole e traiU)adadu para a coi6Dia, SI!>"Viodo aoe iDtcrbtet Ndimealai'CJ da toelc+
dade local, em pcrlodo embrior~itlo, ecrviam realmente aot ioter~ ela Metrópole qlle u crlov.. V a. • outrot,
eo!Ao, idcotifw:ada..
OJO-
82 A CULTURA BRASILEIRA
"A côr significava nobreza, lembra PEDRO CALMON, citando VON MARTlUS; 4
havia uma origem comum de plebeísmo, - o tronco africano; na elaboração
de uma sub-raça branc6ide consistia a elevação e a reabilitação do homem".
De um lado, a riqueza do solo que, nas expressões de GILBERTO F'R.EYRB,
permitia às gerações de senhores de engenho "suceder~se no mesmo engenho,
fortalecer, criar raízes em casas de pedra e cal", e, por outro, a endogamia,
praticada freqüentemente, casando-se as primas com primos e os tios com
sobrinhas, jã contribufam poderosamente para dar à classe dominante, nessa
sociedade solidamente hierarquizada, a armadura de uma aristocracia que,
sem tradição histórica e sem nobreza de sangue, se graduava e avaliava seus
titulos pela extensão dos latifúndios, pelo número de escravos, peta inatividade
e pela ostentação do luxo. Ainda mais tarde, outros fatôres deviam intervir
para fortal ecer essa sociedade, enquadrada em classes, profundamente distintas
e diferenciadas. A lei que vedava a execução, por dívida, dos senhores de
engenho, niio podendo os credores penhorar-lhes mais do que a safra, e a lei
de família que dava. ao primogênito a sucessão integral, impedindo a divisão
do patrimônio, acrescida do costume que tinham de não vender os seus escravos,
incluídos indissoluvelmente no donúnio hereditário, "haviam de consolidar,
escreve PEDRO CALMON, essa aristocracia de emergência, corrompida pela ins-
tituição do cativeiro, explorada pelo comércio, imobilizada, desmoralizada pela
ignor ância, pela sensualidade e pelo misticismo q ue lhe floresceram a inati·
vidade''.
O senhor de engenho que, s6 por sua situação econômica, jã se conriderava
erguido à condição de fidalgo; soberano e pai, de urna autoridade quase sem
restrições na famflia patriarcal; vendo no trabalho uma ocupação de escravos, 5
é um pequeno rei, nas suas sesmarias ilimitadas, com o direito de vida e de
morte, ainda que não estabelecido expressamente por lei, "sôbre os que dele
dependem, amanhando as terras ou servindo nos engenhos". A igreja, se de
um lado amaciava os rigores no exercício dêsse poder, contribtúa, por outro
lado, com a sua disciplina modelar, para manter em equilíbrio as relações entre
senhores e escravos, enrobustecendo a autoridade daqueles e desenvolvendo
nestes o espírito de obediência, de conformidade e de submissão. A redução
do corpo social ou a fragmentação da sociedade nesses organismos complexos,
nessas propriedades imensas que se bastavam a si mesmas e que as distâncias
isolavam umas das outras, manifestava-se com uma nova tendência à feuda-
lização, isto é, à desintegração do todo em partes independentes, com a ten-
dência a enfraquecer as camadas superiores centrais, e preparando nos engenhos
de açúcar, em que se concentra a autoridade dos senhores, formas imprevistas
de individualismo. Ao contrãrio, porém, do regime feudal, em que h~via traços
psicológicos comuns, no nobre e no camponês, e uma mentalidade dominante
que coloria tOda vida social, na sociedade brasileira, no segundo ~culo, as
diferenças de raças e de culturas e as condições especiais, criadas pelo cativeiro
4 Volf SJ'flt c VOif MAll'rtUI. A travú da Bahia, 2.• ed. Trad. c noto de PniAJÁ DA Stl.YA. 3.• edlçJo,
S&:le Brasili&cla, vol. 118, Slo Paulo. t931J.
6 A inativiWe do. oc:nhorn de qenho e. mais tarde. dos rueadeiros no CCAtro.u.l, co011dc:raCS. como
um "'e!W de ctu.c:••, perc::c c:nar Ucada a repup~lncia do bruilri:o pelo tnobalbo m.ou~ ou mcc&D.ico em que
ee oa:tpavam c:acravoa, dwao~ o lonco perlodo do cativeiro. e que lhes erprimia a CODd~. O r q..me de pro-
duçilo e de trabalho que criou o mamo tipo do Jlristoc:rata e da ou craodr c o r:nc.mo tipo de acravo e de eco ·
..a, dewc11volwu. cntte 011 IC<\hora de ~o. o"-va Gll.BBRTO FJ~&YJL&, "o mesmo c&t4 peh aoe•. pela
cadeira de balaoço, peta aua cosinha, pela mulher, pelo csvslo, pelo j6;;o." ]6 M OXTUOII1CII, ~ferlndo-ae a oa
penimulves. poodcrava que, "aqutle que pcrmane« .entado dez haras par dia ~ predaamente o d6bro
do aprtço de quem nlo o eatA mait que cinco, porqu'.! ee •dquire a D')bres~. rd"cstd!lncb-t e o llomero muna ca-
deira••. {MoNT&IQUlltll, C.rtae p tuuu, Pilt· 168.. Trad. de Wmo BAltRUO). Em Mi:>u Ocrab. c?mo af"\l"ma
Sounr.Y e lembre P&DI!O C.u..woN. nunca 8C vira bometn branco tomar 1111.1 m30ll um ionrumeoto •c.r4rlo. (Pz.oao
C.uao:t. FoJm•plro bra•lleln; SOUTR&Y. Hhtõria do B1uü, VI, 180).
84 A CULTURA BRASILEIRA
que não s6 hierarquizava mas opunha as duas classes extremas, nada a prin-
dpio permitiam de comum entre os senhores de engenho e as massas de es-
cravos. Mas, a psicologia da classe dominante sob o regime patriarcal, em
que a CQ!a grande e a capela se ajudavam reciprocamente, se impôs de tal ma-
neira e tão fortemente na sociedade que ela acaba por dar o tom a tôda a vida
social, submetendo à sua influência não s6 os escravos, assimilados pelos brancos,
mas a população livre dos operários rurais. 6 Aliás, como frisou GILBERTO
FREYRE, "o que a monocultura latifundiária e escravocrata realizou no sen-
tido de aristocratização, extremando a sociedade brasileira em senhores e es-
cravos, oom uma rala e insignificante lambugem de gente livre, "sanduichada"
entre os extremos antagônicos, foi, em grande parte, contrariada pelos efeitos
da miscigenação". ~sses cruzamentos que tanto contribuíram para a demo-
cratização social e forneceram, com os mestiços, os primeiros elementos de
reação contra os senhores de engenho; a ascensão social dos mais aptos dos
elementos negróides, a hostilidade crescente entre o campo e as cidades, entre
o agricultor e o mercador, e, afinal, o desenvolvimento da burguesia urbana
acabaram por solapar pela base a solidez e o prestígio da aristocracia rural
dos senhores das casas grandes que representavam, na formação brasileira,
..a tendência mais caracterlsticamente portuguêsa, isto ê, pé·de·boi, no sentido
da estabilidade patriarcal". A tígida e.strutura social que se formou e se man-
teve, durante quase três séculos, apoiada no açúcar (engenho) e no negro (sen-
zala) e multiplicada pelas imediações do litoral em vastas emprêsas, dirigidas
por senhores brancos e cultivadas por um exêrcito de negros, teve, além de sua
função social e econômica, de importância primordial, um papel de primeira
ordem, nas refregas com os aborlgi.nes e, mais tarde, com os corsários franceses
e os invasores holandeses.
M as, à medida que as organizações do engenho se multiplicavam, con-
centrando em tômo das casas grandes a população negra, e dando origem à
aristocracia rural, com base na monocultura e no trabalho escravo, desenvol-
via-se sob o influxo do reino do açúcar e à sombra do esplendor da vida rural,
a burguesia das cidades. Eram duas sociedades que se defrontavam, ambas
heterogêneas e complexas; uma, sõlidamente estruturada, outra, igualitária;
uma próspera e rica, outra, mergulhada na miséria urbana e que não tardariam
a enfrentar-se e a entrar em conflito, com as suas tendências e mentalidades
opostas. As pequenas cidades do litoral, com seu aspecto rústico de aldeias,
com seu comércio d e mascates, seus balcões de fazendas, e suas tavernas de
vinhos, fermentavam, na sua população livre constitufda de portuguêses, ge-
ralmente de raça judia, uma nova sociedade mais maleável e dinâmica, em que
encontravam condições favoráveis à sua expansão "as tendências semitas do
português aventureiro para a mercancia e o trãfego" . Ainda quando, no sé--
culo XVII, a civilização era puramente agrícola, já se apresentavam os sin-
tomas da luta que se devia abrir no século seguinte e explodir na guerra dos
mascates, entre a nobreza rural, já então comprometida pelas dividas, e a bur-
guesia urbana em que o mercantilismo de portuguases emigrados ia lentamente
erguendo a sua fôrça sôbre a ruína dos senhores de engenho. A estrutura social,
e A orpnlratlo do mcenho. f'-bri<:a e fort:a.lna a wn tempo, oilo ~ fomcuu o nosso ptimeiro prodoto
ea - primeira moeda (o acilc•r), a máquina <OAi.t poderosa de colot~inçlo e a vlca meec:ra de a - ~
~lo IOCUII, como ainda coocorr~ DOtà~ para dcfed da terra ao lonco do ll-al. F6brica e f«talua
com a aua popu!aç'lo numerosa, cocutitufda d<' a<:n>voo " de opcr6rio. runab, f a - crao:le doe encenhos que
opOe a maia tcnU retistb>da li invasão b.stava_ intialalDCnte lip.la l histótia do cido da lavow. at'Ucar"ir&.
cocn que .., aueot.ou o primeiro uuor.:o de noaa c:ivill~çlo. As tctt". . do mut~~l)t mantinham. aat imediações
do Utoral, a. ca,enhos em "'liu enu grandes, amuraJhallu e eorut:rulJa, li 0\&Deira d~ roruteu, para reúsútem
aoe embate. dat t:riboJ indfgeaa,s, .., forjaram, aa organiuçio e na diJclplln.t, ou arma. para a deft:n da col6tria
cootn lU eortldaa de navioe eonDri01 eu inva.õ~ hula.ndeus. A pr6ptú unidade ae otrMica do pala f, em p&rt<',
c a o mcnOJ quanto • faixa litorAcea, wn pr<>duto do rqlmc patn~ra~l de ce""omla em que ae fotmou a aristo-
tTacia NJ'AI dos aeoharea de eoa:eobo "• mais W'de, jA no akulo XIX, doa craodu Knhoru <1a p :>Utica c
do Imp&io.
A EVOLUÇAO SOCIAL E POLíTICA
nas cidades, antes da derrota dos aristocratas de Olinda, em 1710, pelos mer·
cadores de Recife, já se vinha organizando sôbre o modêlo do sistema patriarcal
e escravocrata da colonização; aos solares da aristocracia rural correspondem,
a partir do ~culo XVII, os sobrados dos portuguêses enriquecidos, cuja famu-
lagem se acotovelava nos porões, como à sombra da casa grande se apinhava
a escravaria nas senzalas. "A mansão reproduzia deliberadamente, como
assinalou PEDRO CALMON, a hierarquia social: no andar nobre morava o senhor,
e ao ruvel ou abaixo a sua escravatura, havendo muitas famílias que das portas
para dentro têm 60, 70 e mais pessoas desnecessârias". Ao contrário, por~m.
das organizações senhoriais dos engenhos. essa hierarquia social, graduada
pela distinção de senhores e escravos, se erguia sôbre a massa da população
livre de pequenos comerciantes, mascates e oficiais mecânicos que não eram
nem senhores nem escravos e constituíam, pela sua maioria preponderante,
sua atividade mercantil e pela mjstura de raças e culturas, realidades dinâ·
micas que se desenvolvem no tempo, como fôrças de nivelamento. Mas, se
tendiam a diferenciar-se até a oposição, essas duas sociedades, rural e urbana,
que se formaram no litoral e nas suas imediações, mais profundamente diversa
delas foi a que se desenvolveu no interior do país,- a dos pastOres e criadores
do sertão.
A sociedade colonial, dividida no litoral entre os engenhos e as cidades,
entre a aristocracia rural e a burguesia urbana, cindiu-se, ainda sob a pressão
de causas geográficas e econômicas, entre essas sociedades da faixa litorânea
e as do interior que cresceram, como ramos distintos, "sem entendimentos nem
aproximações". Enquanto, de fato, se realizava na orla marítima, pela eco·
nomia de tipo patriarcal, uma emprêsa singularmente notável de colonização,
e se erguia, com a organização dos engenhos, a segunda linha de resist~ncia e
defesa da colônia, a marcha do gado, as entradas ao sertão e as bandeiras em·
preendiam, por fôrça de fatôres econônücos, a obra de penetração e conquista
da terra. O que geralmente se assinala nesses fenômenos de deslocação de
massas que são as bandeiras e as migrações internas, determinadas pela in·
dústria pastoril, com a sua função geográfica e social, não ultrapassa as suas
conseqüências econômicas e de expansão do domínio territorial. CertafÍ:lente,
o século XVIII, graças a esse duplo movimento dos rebanhos, tangidos pelos
vaqueiros, à procura de campos e pastagens naturais, 7 e dos bandeirantes, à
caça do tndio ou em busca do ouro e de pedrarias, foi o século da conquista
e da integração, na pátria que se formava, da imensidade do seu território.
As exigências da mão-de-obra, a sêde de ouro e as necessidades da criação pas·
toril iniciaram e levaram a têrmo, em dois séculos, a obra polftica e demográ·
fica, de maior vulto, que se registra em nossa história, e peta qual se expandiu,
7 N o Nordn te. "~ prop«do que ae atenderam oe latifóndioe d o IIÇÓCIU', a '-u pettoril, como • d o
mato-ar- . obecrva GILIICliTO F acnc, foi diminuindo ràpídamente". A moooculrun da c:aaa n~Uu o aado
para 00 eertila, 0 povooun ento, ~m, do Interior, de norte a 1ul , e aa cfueçJo de oe>te, toõ em arand~ parte.
como j6 notamOJ, uma flli)Çio Dlltvnl dbse ~&ente ecoo6mko d e oona primitiva ~anlaaçlo rural. Mat, t
prcd8o dloún«wr, com Auat.Lro POno (A fun9:To 1!16eio•t sotr&fie. do g;sdo âo-,randerua. "Jornal do Co-
m&clo", 10 de novembro de 1935). "No norte, no centrO-sUl. <::lla"CYc lle, foi o homem, tan11endo •• au.u vacad...
~penetrOU no h(ntorland, ri.xando-te nele, na admirivel awgani.zatão dot rutTall q~~e abrem camlobo ao po.
- to ela tcne. O Slo F~ ~ o cooduto maravilboeo da ~çlo iftici.al Loco depob aaceode a curva
para o norte, tanaencia oe atandea rioe e kva atf o extremo oordelte a n~o d e ecr do aptovdtamento
dQJ campae... No utrcmo aut , no Rio Grande, o i>Krva·oe o COiltririo. "~ o boi qur ehama o homem. S a
riquua rcoo6mic:a ) 6 romuocla (&ado e putaJc:DI naturaja) e as~ apcdaUmmaa d o mdo a:>to para todoa
oo mt.teru de c:riaçlo que atrUm o port\IC\Ib e o cspaohol. E, ~ um nl.o Y'C'nre o outro, blparu-ae o tetri•
t6rio, chando.- u frootdraa a larc:.e traç..,. de ..ngue Quec um qUtt Oo.ttro, nu r.-v•• ma cnl!lcet que aJ
eocoatram. vla-.e abattccn de carne. ~ couramu. A priodpi'=> a ação do portucub t a de aimpleo tr'Opdro.
A. lll'ta.Su do cada .obrm att Lacun:a que ae prov~. """' primeras alb«ea d o ekulo XVUI, dupndc. vacatlaa
rio-vandcnoa. Pata a col6nia do Sacramento que oacila aos •taque. apaoh6is, . , coodutoru d o cado doa
pampaJ oa miouanot que ba:> •e a ll•m .,. p;,rtu~tu&~.. ,!.hi~ tarde~ o ~ta:h q.oe im;~» • riuCll do bom:m
ao solo e ercuem·.e, ou hn:.11aç!let d3 V&amh, a t p:-im:ira~ eJtA3du. O~:uis ela• ae vh di .,, mlrndo ptlo t
campos cont1&uoa. Mu, o bom= na d~feu de"" pr5;~rla rau:t:b se torna b:lic3U, phl tem • ~olidlr com 0t
ICUI Oll i.oteceue t d o aO.U YUinRIU1 qll-' I# Yl3 Í ....n.:b Q;)J cacD_,.)J trautpl&UDOI" ,
86 A CULTURA BRASILEIRA
8 Sem d6vlda, oe diwperos da (iiC&Jidade ati~ tambéD oa doarllúoe eenborlad d&t ramltla• ulato-
cr6ticaa. que ~ formaram na civlllsaçl.o do açóc:ar: mas, novo 3ellhor ~-'• .,.ardad&t .. ~oporç6et e ü dlre·
reoçu de regime, ollo lhe faltavam rec:v.nos pan" reparar doo gol,pes da Metr6p~: r da canlncl• do OtcO. Ali6J,
a a<>lldez ela atrulura .odol dOt en, eohoa, a riqueu. d:> • ..to, profui>Cia. a extc<uio dba:s vaatot domhln,lsoladoa,
que ac tranamltlam. lnttotot do pai para o prlmogeni~. e q lei$ q~ vedavam a 03tec\1çl, por dlvldat doe ~nhorC*
de ~cabo, davam WD.R &fRAde establlldadc illt fortunas 11011Dul~ pehl arlatocracla da tuTa. Tbdu u of«talval
88 A CULTURA BRASILEIRA
do ~ n.c&l, qu~ foran> oulr<lOI tantoa l'e"li'aU para oe mlnelrot qQtbnvam..e contra o poda- ~ • antori·
dade do acnhor do ~eoho, quando não POdia c:oroe<dar <lintamcow eom • M etrópole. O açl\car !>Ao era ao-
a """
mente o produto que explora..-: foi ttioda, co:no j • .., dlre•• nona primtlra moeda. ml~ doo credores
du cid.ades, • que oe levev•••ua im~dmcie. que tinham de ecebar 01 erutocr•tat do açtlcar, de vida wt>tul)U
e pcrdul6<ia. Dal a lu~ que .e estabeleceu e temlio011 "Oill a Yit6ria doo mctadoret do Recife em 1710, entre
at. cidade, onde dominavam "" ~ e a de Olinda, c:eotrO da a rlotoc:rad•• tede d o bloJMd" e do cov!rno
de Pcroambuco. O conOitD entre a barogucsiJt urbana e a ao~eu nJTal tomou ulteriormente o ••P«~ deu.,..
reaçlo contn a Metróp~. n a opl>siçã'l ao ~overnador que ap~va Red re, c, afinal, n.a ba'ldcira, desrratdda
poc B51UtAitOO Vr&tAA nw: M w:LO, da ~6.bliea de OUnde, mas de uma repO.bUca a.riJt.O.."dtú:a , 001 moldo da
Rep6bllca de Venou.
A EVOLUÇÃO SOCIAL E POUTICA 89
feito por tropeir~. intermediários entre o sertão e a costa, "que não se limitavam,
escreve PEDRO CALMON, a guiar os animais de carga, mas foram ainda o men-
sageiro, o correio, o negociante ambulante, espalhando ao longo de seus ca-
minhos as idéias e as novidades adquiridas nas cidades".
Assim, poi,, quando entrava em declínio a mineração, nos fins do século
XVIII, estavam não s6 latentes, mas vivos, o sentimento da unidade nacional
e a idéia da emancipação. ~ êsse o século, não somente da expansão territorial
que n~e atingira a sua plenitude com os tratados de Madri (1750) e de Santo
ndefonso (1777), mas também das reações nativistas, - a guerra dos mascates,
em Recife, em 1709, a dos emboabas, em Minas, em 1710, as duas conjurações
de Vila Rica, a de 1720, que teve seu mártir em FILIPE DOS SANTOS, e a de 1789,
em que a figura heróica de TIRADENTES foi o núcleo polarizador daquele fluido
místico que irradiava das idéias de liberdade, de estudantes, poetas, sacerdotes
e magistrados. No planalto, a gente dos paulistas e dos .mineiros tivera, desde
os princípios do 3.0 século, como a do norte, nos duros transes da campanha
contra os holandeses, no 2.0 século, o seu batismo de fogo, para estruturar a
unidade e a independ~ncia da nação, sonhadas nas conjurações e nas trincheiras,
e cujo alicerce se cimentara com o sangue de mártires. A comunidade dos
perigos corridos e, mais tarde, a lembrança-:das grandes ações realizadas em
comum, "eis por onde de ordinário, observa L. FÉBVRE, se conlmna e se exalta
o sentimento nacional". 1t em face do inimigo,- constituído a principio
pelo estrangeiro e, depois, pela Metrópole com a sua política fiscal e opressiva
-,que os brasileiros começam a reconhecer-se como um mesmo povo. Ao
processar-se, no tempo de D. JoÃo VI, o movimento de que resultou a inde-
pend~cia da terra, proclamada em 1822 por D. PEDRo I, pode-se dizer que
o Brasil jã estava unido e constituído. O fator moral da religião, o trabalho
de penetração e infiltração do território, o contato e a mistura das populações
a que deu lugar, a unidade fundamental de costumes e de tradições, a unidade
de Ungua que se estabeleceu e os conflitos com a Metrópole, haviam, de fato,
plasmado, no solo conquistado e possuído em comum, todos !sses elementos
que constituem, ligando meios e tipos sociais diferentes, 9 a solidariedade or-
gânica e moral de uma nação. Mas, embora menos intensas, as fôrças que
trabalhavam por desagregar a sociedade e o pais, atingiram, antes de se ins-
taurar o primeiro Império, uma fase aguda, quer com os fermentos separatistas
que abrasavam as provfnrias mais prósperas do Brasil, quer com a poHtica
desvairada da M etrópole que, em desespêro de causa, declara a independência
das províncias, para afrouxar os laços que as prendiam ao poder central, torna
'
O A. toeledadea tJo difCRntee em que te dividiu a at~tlp aodedade colonial e a que corret!XI1\dem tr~l
mmtalidadn dlttin~AI, - a do campo, a d .. eldlldes no litoral e • do planalto, deram luaar a "tlpoo~ 1oelai1"
qu" ee fornutam r te deoenvolveram em climaa eodai•, não 116 di...,.,.OI, ala itoladClS unt d01 oul'too. Da! ••
dif~. ls vbn ndlca.IJ, de a tltuclet e rc:a(6es poUticas. em fa:c <ie uma mesmao 1ltuaçlo. O ecnhor do en·
genl:to, oo norte; o senh« do aobrado, tifiO de bUr«Uh rico, - da5 ddadea do litoral - . que depolt te multi·
plicou oelat do Interior; o trooe\ro e o mascate: o bandeirante caçador de cabocloe e dnbravador de aertl!el: o
fazendeiro daJ fareodu de criar, o nqueiro e o jao:unço, tifiO• s ... t:anejos e o 11a6eho- o vaqueiro do eu l - que ae
!onn&I'I.ID na• &onu de crieçlo, co1utltunn out~ tantos tipos eodaia a que. n o Jmplrio, ae vtm Juntar maia
tarde o fueodeiro do r:afl, correapondeftte. no I'UJ, a o aristocrata do açócar, e produto do mesmo ~- da mo-
noeultunl letifundi'vla e n.:f'avocrata: o ealxàro viajante. intutnedijrio entre • populaçi~a - n e j u e aa do
lltonl. com um papel dvUIDdar, e o aaocie!ro, da. pampas, no Rio Gtaode. As oriccn. de Cllda um d e-a e
oatra. tlpoa aod.ab. como e em que ipoca aurpnm, a oua faação ~ e a~ run~ eom!)lementara que oa
r:oetnJnae C &I o-.idedeo lha~~. Da oe<U Ctlracto:res e bibitoo de ma e O papel 1odaJ que CJ[erc:eraiJ\,
tudo b~ jl ,. etelat'lftU, naa obre• de b1~ria oocial oo Yive em ~ r..-mtc cvoeatins oa Utcntura
de r~o. As dlvenldadea dbaea tlpoo~ todtía .,.., alo detenni,.d.Q, porbn. apmae pclu difcreneM de redmn
de ec xtomla e de prod~ (lavoura da cana, ind6stria poostoril): . . ~*- g<Q~rtr-. daa zoou de crlaçlo,
tio dhtenu no extremo 1ul c nOJ aertl!ea, derem tu..ar a tipoo~ difcn:atea de vaqucitOJ, - o vaqudro do none
e o n6cho, que te dlttlQC1U: daquele, pel• iodument'"a. pela llilgu8&em, pdOJ eastwllca oriundoe do habitat
do fndlo tttvalclro, do .W, c pch «11 ap!rito evefttureiro e b~icoeo. Ambos raUtentee e dettcmetC*III, mat o
pe1cbo, "mau ""' CJCteve AU1ti&.to POatO lloo. eitl . e mw dlitil, porque tinha ll O'ente a eavana verde lnter-
mlMvel para voar no lombo do et~valo, atirando u boleadontt. 9 laço c en.-ist:ando • lança, enquanto 14 (no nort.o),
Yeatidao de collt'O, adcatado peiOJ aedle<» d., c.ati~u, o bOIIIem antia, embota COITcodo atrAI d .. r - tJ'nma-
lhadu, a ho.tllid.ade i.cuuper6vel .da_o.a~aa",
90 A CULTURA BRASILEIRA
sem efeito a instituição dos tribunais de justiça do Rio e tenta fazer regressar
a Portugal o Príncipe Regente. A sedição, de tend!ncias nativistas e de carâter
republicano que, em 1817, estala em Pernambuco, foi ràpidamente jugulada,
no governo de D. JoÃo VI, pela energia do CoNDE DOS ARcos, governador
da Bahia; mas o espírito de desordem e de secessão se propaga, com os des-
ntveis culturais e econômicos de uma região para a outra, com as diferenças
de reações poüticas de meios e tipos sociais os mais diversos, cujas desinteli-
gblcias e oposições se agravavam pelas distâncias e pelo isolamento, com o
choque entre os naturais e os reinóis, o antagonismo entre nativistas e reacio-
nários e o conflito entre as aspirações de liberdade e as tendências conserva-
doras.
T6das as indecisões e perplexidades, avanços e recuos, que caracterizam
a vida politica da primeira metade do século XIX, desde a elevação do Brasil
a reino e a campanha da independência, e que se atribuem ao espírito itreso·
luto de D. JoÃo VI e ao temperamento arrebatado de D. PEDRO I, provêm
antes do antagonismo de interêsses que cindiam a sociedade em facções extre-
madas, e do divórcio que até êsse tempo isolara uns dos outros os vârios agru-
pamentos em que se subdividia o país, comprometendo-lhe a unidade e agi-
tando aos olhos de todos o fantasma de seu desmembramento. O conflito entre
o espúito federativo que mergulhava suas raizes no particularismo local das
capitanias hereditárias, e as tendências unificadoras do regime monárquico,
explodindo em rev.:~ltas e sedições das províncias, levanta barreiras entre estas
e o govêmo central e toma cada vez mais dificil o acôrdo entre as fôrças polí-
ticas em ação. A fraqueza de D. joÃo VI e a instabilidade de PEDRO DE BRA-
GANÇA davam, no entanto, a um e a outro, como mais tarde a D. PEDRO U,
o espírito de moderação e equihôrio, essas plasticidades que EucLIDES DA CUNHA
notava em relação ao Príncipe Regente, "para se amoldar ao incoerente da so-
ciedade proteiforme em que surgiu", e que se mantém atrav~ do primeiro rei-
nado e do Império. O que do ponto de vista social subsistia de sólido nessa
sociedade, tumultuária e anarquizada. era ainda a aristocracia rural dos se-
nhores do engenho, reaciooãria às vêzes, sempre conservadora, que se recolhe.
desconfiada, enquanto as lutas politicas dilaceravam a burguesia das cidades
arremetendo umas contra as outras as facções mais diversas. A monocultura,
o latifúndio e a escravidão que, nas expressões de GILBERTO FREYRE, "con-
dicionaram de modo tão decisivo o desenvolvimento social do Brasil" , deviam
fornecer ao Império nascente, uma vez assegurada a ordem, os grandes senhores
da poUtica, - os barões das terras do massapê, ao norte, e os aristocratas das
fazendas do café, ao sul, já na segunda metade do século XIX. Foi, de fato,
no regime da economia patriarcal e na aristocracia rural a que deu lugar, que
se apoiou a monarquia para resistir aos embates das lutas poUticas, travadas
no centro ou desencadeadas a distância, nas províncias. Os choques entre
as correntes monárquicas e democrãticas, federalistas e unitárias, absolutistas
e liberais, e as diferentes reações poUticas das províncias, isoladas entre si,
refletindo nos violentos debates das câmaras e nas pol~cas acirradas da im-
prensa, nas arruaças e nas sedições locais, t O criavam uma atmosfera eletri·
10 &Ma t'C'Y(IIta.s loetú. esn t6da priml!ira metade do sb:ulo XIX, nlo runlt.uam tllm~nt~ d~ COD•
11lto1 entre at ~entes fcd....UStu e unit6ti.u, abs~utbtu e libeni .. Maat&n·tc ainda vivo, P« todo e..~
pc:rfodo, o Kl\tlm~nto nJitirista, com suu expl""llcs perl6:U=ü, ooe m.Jcwes reduto. de portu&Ub". ~ ~~·
cootra oa rdn6b, mah rialentu, como c:no. natural, no ar.,;a CftiOaia. rccrud~. p« oca.ilo da lndepeo-
denda , a~etudo na c-oerra da indepeDd!Gcia aa Blllüa, - "me peobço traaaatJtnôc:o do Portup.~••, aa frue
d~ R UMaDTO D& C.u&POS. Mu, n.a rebdi9o pnie:ira. liberal e IOd.al qu~ rebentou na 'j)<'OIIfnda de Pemambueo,
esn 1848 e 1849, eom reloriodícaçlles ~•taa. irrompe o Kntimento'l oativl.t.a coro wna violblda t~ente.
"0 NIIIJ)b (ato de ter a;do ferido no dia 26 de junho de 18U um cstudllnte hrasildro d o Liceu por um pcw~
c:oata·noe Plouvv. D& M.a.o, deu lugar à c:sn>ifidoa e espaocamentos dáJe dia e do ~nte, em que ao crlto
de mat/1 rn•rinheiro wcumbiraro a.lt;Uns l>Ortucubes· que ~clfí::oroente ac en~vam a o com&d.o". F«·
mulou·.c entllo, uma peô~llo la~MrobiSA le;:W.s.tiva provincial, e.m que te pe.Jia, altm da convocaçlo de uma
~b16a eoo.tltuinte p.,. tratar de uma refor:mll IOd.al que ae batmonl- com o proa;re110 Ub«al, "a Clt·
A EVOLUÇÃO SOCIAL E POLíTICA 91
cludo doe catran&~lroto do comErcio a retAlho. e a erpulol:o de tod011 oo portu&u&"* aolteiros, dentro de l S dl.,,
como lniml&oa impla~6veis do Brasil". (J. M. FlGU!llltA l:llt M!n.O, Cr6nltUJ d• R ebfJI/6o Pr•lo/ra em 11148
e J&49. Tlpoe:ralia do BruU, de J. J. I:IA RoeRA, rua d08 C~ 11.• 32, Rio de Je.ndro, 1850),
11 Ot crroa da admiolstra<to da prolrlncia, oe impostos ~vos e o teCS'\Itameoto ror,m o ettoplm
que ee alutrou pera deflac-ra.r o movimmto que. embora ~ fortes teod~ociu teparatittou, no eeu d ....Oo ao
per-ao central, cravitava, como ~eve C!ll.!IO VntTM, apoiado no ~to de 29 de acl>s~o de lS38, "para uma
remota c:oaJed.eraçllo branl=i••"· 1/rtlofuç6o do P"nsam..,.to republicJJno .no Bra.oU. tn "A marcem da hit·
t6ria ela. Rcpdblica", ~.. 3$-55, Rio de jaoriro'. MM as id6u fed...Wttu e repubfican&J e.ocontravam na
terra e oa pal..a&cm IOd.al do R io Orande um mcio verdadeirame<>tc faY'otáV'tl to lllA cd.,ao. A terra, c:om lllAJ
amllhas e IIC!WI pam~a. de bcwhoatell Uimltadot, "qur nivdam es eobas e as &entes", e a atividade paJtoril que,
pda oua l)r'6prie natu.uu, piM ao mHmo p6 de icullldade peões e estaocieitao, "aquàtoe e patr&.l. haviam mo-
dftado oo aul um tloo oriltioal, eava\hcire.co e bd.ícos~ vig0<'<1$llm..-rtte individuallota .. com tcndbtciu t_...n.
unas. itlc o&o ee dlttlnll\lia de outroa ÜPft' aocúti!, no Brasíl. nem 10btetwio pela aua Uacuqem, de inflex6ee
caetelhaDas, apec.ialmentt ou fronteiras e pelo. latt eootnmes carac:terút:icoe que ..... ruem anodar tempte •
rmacem do &•6ebo o cburraoco, o cbitldiTio e •• bombaebas. A vida •ocial. eriada pda \adGotrla pattoril. dera
ao pt\cho ID&lldAs de acr, de acat!r e de a<ór que, ~o ~ a011 tipos putorit do nortr. tom.,..m, c:omo
j6 ee viu, um cualto pardcular ou M'irttlll do •ul. ''O camarada. o pcilo, aqui ou ali, ao norte, no c:enrro ou. ao
.W. obaerva LLOIPO!nO Suoti5u LoPU. t m•is um "ompanbeiro d e jot'IU.da do que um ol»Kuro ttMçal . Com
ae dormimos p~ v~n ao releato. Com ele repsrtimOt a frugal mlltub nu gntMC!ll travenlu pe\at matas e
pdos campos. 2 1e t.am!Xm vibra c:onDtCO ..., rotleiot qusndo, n:n boiU llAlno aum~nt.a o odmero de anirn&il
de marca do patrlo. As OOIUI Cam!li.u olo •• deode!llum d.o coovfvio com u d!lea".
92 A CULTURA BRASILEIRA
12 "llottr..Soe noe poblidstas ~ .aundo temn que~ tinham rdatlo nom o melo. 01 maia
brilhaot...... Utdlata•, observa O!LIIIIlt70 ~oo, D4o eram por certo oo meb Citei~. O eeu trebalbo p:.!lrico, eoo-
elatla ~ border .Obre IISIUDtos do dia, - .=pr&timoo externos, reforma da lc;tlalaçlo c:rimlaal ou dvil. direito
-mcntkio, quest4a panicürias oa deitorai~ - . ,...ndes c bdoe dbcw- que podcr!Acn ncurar, pelot ....
auotoa. 0011 anab perlamentar... ds França e da Inglaterra.. Noa chamados m caoa C1.1ltot, iato t, num P a nonl,
Dum ltaborai, aum Cotqipc tD:iÍo tarde, se se~>tia a cx:p~bcia que comuaka o tntto doo a~6c:ios. o cuidado
da obtcrvaç&o, a m.ttthia d,. ratoo de.nd" ao. seu• dá-.-ursos • C).)ntextura tetbteate dat tealltiadct". 10. A"ADO.
A• lnetltuJ~.. pollticu o o m sio social no Brasi/, /n " A mAt&em da blat6rla da Rcpóbllea", ~p. S7·79,
ediçlo do Anuir/o do Brasil, Rio 4e JaDeiro).
A EVOLUÇÃO SOCIAL E POLíTICA 93
U M. OltllOGOIUI.Y, La d4mcx:rario e t J'or/lanlt at•on du pu ti• pulltlq u•• · l volt. CalmiUID U.ry,
Pari•. 1903.
80. Fort:.tleza de Monte Serrat (aue data da épo<:a do inva$ii.O holandesa). Salvndor, Bahin.
Foto VoLTA!RE FRAGA. Inst ituto Brasileiro de G eografia c Estat ística .
81. Fortaleza do Santo Antônio (1 772 ) em Salvador, Bahia .
Foto VO!.TAIR& FRAGA. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
82. Batalha dos Guaraumes. óleo de ViTOR MEIRELES.
Foto REMBRANDT.
83. A partida da Monção. óleo do AI. MEIDA JÚNIOR .
Foto do Museu Pnuli stn.
84. Bandeirantes . óleo de HENRIQUE BERNARDEJ..U,
Foto CARI.OS
85 -Os primeiros povoadores eFernão Dias Paes Leme.
Peristilo, lodo esquerdo, do Museu Paulista. Foto do Museu Paulista
86. Paltkio da justiçn, que data de 1660. Salvador, Bahia.
Foto VOLTAlRE FRAGA . Instituto Brasileiro de Geografia c Estatística.
87. Ouro Preto . Praça Tiradentes .
Foto Rádio Incoofidên<:ia de Minas Gerais.
88. Panleon da Inconfidência ( anti4a penitenciá.ria) . Ouro Preto,
89. A nti1Jo Pa16c io dos Vice·Rci8 o Pnlftclu lmporinl (hoje Depnrtttmento dos Correios e Tci6At'tJIO$).
FOTO STII. LIL Colcçiio du 'F ncu ldoclo do Filosofia dc S. P au lo.
90. O. JOÃO VI. óleo anônimo, talvez de JOSÉ LEANCRO DE CARVALHO . Igreja do Rosário, Rio de J aneiro
Foto VoSYLIUS . Coleção do Serviço Nacional de R ecenseamento.
91. lndependl$ncia ou Morte. 6Ioo de PEDRO AMÉRICO.
Reprodução da tela que se conserva no Salão de Honra do Museu Paulista. - Foto do Museu Paulista.
92 . ]OSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA,
o patriarca cln lndcpendêf'lcin .
Foto do Museu Paulista.
93. Sa,graçiio de PEDRO 1. óleo d e J. B. DEBRE1'.
Foto REMBRANDT .
I
100. General MANUEL LUIZ OsóRIO, Marquês do ERVAL (Rio Grande do Sul, 1808-Rio de Janeiro,
1879), Alória do exército nacional e um do• heróis da tuerra do Paraguai .
Foto da Colej;ào Companhia Melhoramentos de S . Paulo .
101. Almirante BARROSO ( FRANCISCO MANUEL BARROSO, Ba.riío do Amnzonas. Portutlaf, !804-Urul/,uai,
1882), vencedor da batalha do Riachuelo, "um dos maiores leitos navais de que reza a história".
Foto da Coleção Companhia Melhoramentos de S . Paulo.
102. Almirante, M arquês de TAMANDARÉ ( JOAQUIM MARQUES LISBOA, Rio Grande do Sul, 18 07-Rio
de ]a.neiro, 1897), um dos A,ctJndes vultos dB méltinha nacional.
Foto da Coleção Companhia Melhoramentos de S . Paulo .
103. Catedral da Petr6poll8, no qu1tl jnzem M restos mortais do Imperador PEDRO ll c da Imperatriz.
Foto PREISINO, Travei in Brozil, vol. I, n." 3, pág. 19.
104. BENJAMIM CoNSTAIIT BOT&I.HO
O& MAGAI.HÀES. o lundodor de
Rcpúblieu.
' 16 O. partídoe tornar&m•K , d-. r........ verdadeira• " a111eact.1 de colocaç!la", ma nobrando o funcie>-
oalia~no c:omo uma dient~la eklto<lll e po.,..o a a dminiau.çAo a oc:rviço dos" polltlca d e um pcraonaJhmo •1rn•
l:ivo e de horiaontn domhtieoe. O arilhadíamo ou ocpotilmo, - CJ<P"M.'Deol que • p riociplo dcti"navam a tnna•
11\Í aMO, de pai. a nlhoa OU de tloa a oobrinhOo, de c:argoe públicOI OU cletivOI, e pauaram a CAprimir dci'C)Í t, d"
\un modo &etal, a prot~Ao dio~aada a lndivfduoa oo ioterk te peuoal e pMtid4t io, eonuibulam para a catr• ·
tlriceçlo doe c~ pollticoe e teodltm a ruet da administJaçio c da poUtica u~ ~pfde de clu•.. ftc:hadu.
l maoC'Ira de ca~taa, tlom inadao por um Rfupn de "monopolizadoru pollticoo" que controlam a mk!uína elo Ea-
tado. Aa "dC'l't'Ubadao" que tnucava m, n11 lutas mais violentas, a vitória de um partido ot~tMnlu-'o ou dt' um
•&rupameoto tuntitórlo a()bre o outro, eon.otitufam o procnao de expurgo do f"nc:ioualiamo c daa cltoa raa ptl•
llticu doe pnnclpalt elcrncntot li~adoa ~. fecçôe• vcncidlla. Mu au atrutut• polltieq, rl~idamente llicra.rquil•d•.
mootada. a6brt • burocra cia de pron ttlo e apoiada pelo foueodeiro e l'do doutor (bacharel c medico) , li~t•v•·•e'
pelo lpice, ao. podcrn pCibllcot o~MVidot por homon.t de partido e articulav•·••· pd• b•••• o\~ c•m•d•• popu-
lares: o UP"Dlll e o cabo eleitoral alo t ipoo ea r8ct ctf111eos q~ oc: formaram, como conxqDtnciaa do alutamcnto
doa corpoa pol.ltic:Ot c pela 1\ccaoid•dc d e li&ar oe cbcfa, por ifttcrmodiêrioe, ao cor po clcitor• l, lMonslatcotc e
flu~l\tC.
17 lu coocl~• a que cheaou M . OtT•ooo~t.n, na au• &n6litc pn>ruiLD~ da «ca.nln çlo doo pertidoa
poUtlcoa (op. eit.). embora baocadaa em ot.ervaçõeo eóbfe partido. o• J~at~ c, apxia.Jmutc, n• Am&ica
do Norte, lançam uma lu.. lnt~ a6bfc 01 p&rtidoe que •• fon:oar•m, no Sra.til. no lm~rlo c oa RcpObllea , •
qllc n.lo foram 8inda t uficicntcmcote ntudadoa na aua. c~. nu divcnu fuea de teu dctCDvolvunmto e quanto
•oa acua mttodot d e eçlo. e q ue b6 cettamente tendtnciu comuot, a>., que OIT&OGOIISKY proc:we daprctldu,
oe ao4llae a«1AA d uuo formAieóU pollticq, c que ee rcvel•m ou par~ r"clar-ee por tOda parte em qU« a de·
mocnàa K or,aoha em panidoa Oll em que oa partidoa paaam • ""curitulr moi.. ._.,.;.;, do mecaahmo da
vida polltiea.. 1\lu f pruíso alo ~der d e vhta •• difcrtD(as d e rormaçJ:o oocial, doe caractuo oec:loa&ia c doe
&Dtecedentea bbt6neot. ltaut orc•nt~a.C'6ft oanuais.litru c, etD todo o caso, iocvit6Yrie oum rcc•rroe do.moc:r&lko,
CGC:OOtriUII t.videotcmeotc, nat condi(Deoo ~ de cada meio c DA t Ua (Otma(iiO t oáa.J C polltlc:a, 1l UJ>'I·
<'11~ daa fonDal que rcveatcm, d e ouao tcodfnciao opedúo ~ de ....., pc~...- d e a çlo, b<m "omo doa oc:rVIçoe
que prowam ou doa rlacoe qlle firu•m eorTcr l dcmcrcraci&. Auim, por cJCcmplo, oo Braail, devido • n0»8
org&IÚUCio toduattia.J qu., aiknco tc tomou impulso maia vícaroso em 1920, Dio cxercuam tAo anode lntlutocia ,
como a.a Ammu do Norte, nwo al .. nçaa de "interl-aa oioisttoo'' em que 01 mooopoliudorca pollócot ac u-
oociavam eoa m ooopohu.dor.. ccool>toicot, annadot. pd.u •uao fort'UilU ime--. de u_m pod~ loc:oucc:blv"l :
mu. utn *· • fr•cmmUiçio da opltülo em "s-rttdot loeaio". oo rcciJnc ffttllblkaDo, dncovolvcodo em alto
crau o penoa&b.mo d oa cbefu . o a pfnto rcyionalitta . . . tcadtoriao de docnioaçilo, c, poruuno, d o c&plor.clo
d a cauu p6b1iuo.. comprometeu, a>nd • mais e!riamentc, • vitalidade e a aolldu du io.úNi(l}n lkmocd tt..o.
(Clr . A. TOIUI&t, A orA•ni••çlo n•cion•l. Stne 8r.uilia~U, vol. 27, Co01p. Editor• Nacional. Sio Pa-.lo.
1933: OLIYIIIta VIANA, O id••l•"• mo 1111 eon1titui~lo, R io, 1927}.
-7-
98 A CULTURA BRASILEIRA
BIBLIOGRAFIA
18 Ali IOCkdada evoluem I*• • icuald.edr, e depoõe da ~ dvil e polftfal. 6 reclameda eempu
a ipalcàde ~: ma, como j6 ee ~oatatou, t6du u IOdedadee eeootnllludu do lauatJUriu e u mal•
lcwolltiri.u do u mab eeutnolludu. Alib parece que, "oe • democ:racia alato por t6da parte e eot6 DO pooto
de por t.0<Sa J*U c:xútir, t porque 81 atirtocr&eiae vft'dadeira, ~ B. Ft.OOin', a.l.o Nportam a ceot:raJ.i.
~. reeultado das ditt&.aciu euprlmldal". LecWadoree 011 revoluc:iooirioe que prometem a um taupo • i&UaS·
4ade e a Uberdade, de duat~ uma, lembrava Ooaraa: oo liD risioa6rioe ou ilo cbaílada. A eeatTallAcAo f•·
....arece, ~ dO'fida, • evoluc:llo para o i&ualltari8mo e ptq)8nl a democ:racia que l>Odc. - perder a ooua ~.
ren.t:ir fonDU novu e ~. pela própria utwe- do rq;imc, uma QSliailo tio oc1ared<la qu.aoto orpni.
uda - l o an tM• • ~oral de UpaOOiio eodal, ao mmo. em todo o unitório atizlcido pela 11\tU'Cba elo poder polftieo
102 A CU LTURA BRASILEIRA
1 Bounn·, Eual d• une p5ycho/ogie polit i que du peupte angt•l• 11 u X I X~. 61«1~. Parh, Coito. 1901.
PSICOLOGIA DO POVO BRASILEIRO lOS
t " N6e - um povo alada oa in1611ci., ~ta H'ITMJID!'I'O D& c.-, uma eub-race 4- atl n ·
eabmdo a1on oe demcDtoe para a wa o::ar.rtertaçAo. Jt qual, dt.ea, prenleecri? Port\lpl ~t, por
?a~cur., DO ouro da nova moota, o cuobo qae foi o primeiro a imprimit'..Jbe oo triunfarlo u oo.u &eota d a Ba·
rGP.- queM prop6em cooduJr D O wJ do Brto.iJ a rpopf:ia da C'Obriuçio? Dc:ooobrir olo 6 coloaiaw, - t a
o Uu.tt'c cr1dco.: A I1IQa flmd&mental braoíldta ..,.., aquela que JX'cpGQdt:rar aa r~ ct~flaitift da naclo.
Mlida.ck. eatablllnlldo o teU &~io. o wu tipo, a wa Un&ua. as .,... tn<liçõea, O qae d6 oome a - . olo 6 o
Mn-o, Dlo alo OI compon.oe calcúcoe OU xirtoaoa de que da IOe c:ompõe, IDU a plaotaçlo oda fdta, a vecctaçlo
6 til, a r i q - verde q~K a .. ~ O que foi ootao brdo, lameiro, terra roxa, perdeu o - depoU de do·
meaticado para c b . _ canavial, horta, cafU.I. A cultuno n:cetal oa hl.lmea, f qae batmo o tcrre~>o". (Ctl·
,;,.., t .• elrie, 2.• ecl. W.ariu Bdit6ra, 1913).
106 A CULTURA BRASILEIRA
3 ,..aim. dcfeil.w ou traçoo de ~IU'Ater, .c:omo " trioten, a imprevide.nda e o de .. plgo da turo. lntlma-
.mente li~1d01 1 determinadae -t'cioo de no,u cvoluçlo. e destioadot a deaaparccer ou 1 a)tcrv-ae com .. mo-
difica~ na estrutura eociel, tio err6n~amente atribuldD!O l influmd1 do !ndlo e do ne;ro t coo.aideradoo tomo
~ot tlplcoo e raciais de nooa civilizaçlio. São, lndi01 e negros. como ot qualincou MI'RANOA R&IS, ••oo bode•
npiat6rioe" I n Bol•tim dO Arial. ano VI. n,.q 4: janeiro de 1937. Ora. a tristen q ue, para PAULO PaADo E
um doo tncoe de ooosa dYiliuÇilo e ee atriblÜ a es.cs elementos racial&, nio provf:m nem de UJn Mm de outro.
"0. crnal•ta• doo ~oo XVI e XVU . lembna H UWJnTo os Cuaoot, com reta-encla aa&lodlo.. - .ao unlnimeo.
CID s;wodamar a - bn;jeirice, o ·~ amoc à galho!a. b pilb~ ao rioo (raneo, b craodea folsançao ruidoeu.
quaodo reurudoa, eo1n0 R podr vu. pera citar 1UXl e"anplo. an LbY. oa~a YiJita ill aldeia Elll'8D>iri, ao q -
01 antrop6/a&Ot pMMram • ooite em r;rit&ri2 e ~eitoe. c:om o qcJualvo prop6cíto d e alecrw o uuan..-eiro"' •
(Cdtica. 1.• o&ie, 2.• ecl. "Mu"" Edit6n. 1933). A ims;w.:vidf:Dcia e a falta de ICOrimeoto d e a~o ao 1010
provfnl, em al&umaa tribos iodí&~ do le\l namadis1n, que. por •ua vu, raulta de nu c tnero d e vtda (C~~Ça
c pe:,ctt) e t6 dc:Npe.rec:t com a traooiçlo d&te .,ua o rq;mc apicoh e 01 procrco' a. d a açlcultura. O problema.
tamb&n f!Qte eaao. nJ.o pode- p6eto em thmoa de raça. maa CID t frmo. ecoo6aúeoa c oociab.. Sob qu.J.quer
aapeeto por que ee .....mfeate, o miatkismo voneiro e dcme.o tu (crença em fOrças d~ti e m§cicu. o
eeatim&nto do KU00 o c:aiporiamo, o jO«o eu cupen~ CID geral), n.lo t um tftlduo cultural do fndio e do
accro, mu. eeciiO<lo o~ Kta...-..-cu. Rlt1S, "um C. to umvenal. verilidvd ou C8l"'\adu popul.ara de qoalquer
~; oacla tem que ver com • raça e o QDCUC mas raulta do preclom1olo d.u atlvi4ada aletiYU .Obre a n.do.
af oadca cimcia nJ.o lhe foroecc a eota dltim& o. méo. de dd'C*L. Cancteriatlco de um atruo mcAtal d . u -
popularu. tle t - . camada.t cultao. um resfduo. sim. maa dboe mamo atruo". O amor l ooteot&Çioo, aliO"eM:Il ·
tado como lnCO do cariter aacioaal. biC E tambán, nã:> uma hena."' aJro-IAdia. mao uma daa marufataÇlla
mala tlpleae d o - pirito primirio. "..::mpre i!:Wnigo ela aimpllcidade'", ICIIW)do u pr6priu palaYTü de A. A. Dll
MALo Pa.ucco. (Co~ito r/e cil'iliaapâo brtuileira . Série Bra.alli&na, Comp.IWitota N adonal, ~o Paulo, l 93G) .
PSICOLOGIA DO POVO BRASILEIRO 107
6 E. BovNT, Et~menta d"crne pSJ'cl>olotie politique du peupte om6r{uin (IA Nation, 111 poAtTie,
1' 2tet. 111 rdl&ico' . Paris, Ano.Dd Colin. 1902.
PSICOLOGIA DO POVO BRASJLElRO 109
& ! - prlnclpoo ~ d ~ cordialidade JMUA com os povoe e •• raçaa m aia dovcnu foi ccruomcatc f• ·
vortcldo, nu ouu cn~no e ao ocu d eacuvolvime1lto, . pelo JWOC:aa<> mamo de formaç6o lnidal dt oouo povo,
pwa o qu.al cootribult11m •a ue. racu. branu, v ... mdha e oc:ça. Num pab que oe oti~inou ela fualo d t:N&t
~•cu c e m ~ · formaçl o, e ioda ~~tc, •• eeuoam fon:emente e-a (cn6mcnOo de cNUII>CDlO. • tol.,.lod•
baba de brotar COI'QO \IJI'IA Ooreçl o D.etural, um OC"Dtlmftlto cspootAfteo, ~ntad o pelas ra!aa, DWDAI tradi(to
e aa coouatacüt e:xtrcmamcntc vive d~ coatatoo e mioturu de povoe c de cWlut•• difcrcntca. M .. ~ pna ·
dpio e aet~lime1>l0 de catollC'idadc, - alo h6 contcst6·1o - . preudcm-x aiode l o - ronnaçlo rdocioea c oo
wottmm- aut.&oe que, aob broe a~o, peoetraram pt'Ofu.odameote oe eop(ri- . eDaltccoeodo e a pwando •
earidlldc, • eimpetíe c • fretcrnidad c, uo_nto maia fortee c ac:ocenfveis l o~»av~o qu.anto m.ait - ech~&ma.
aoe D6cl- rnb .,.tlt:oe de llOOM popul•tlo. O Oflltímeroto de <'Cl<'dura e d e booph.aliclade l&flçou, de (ato, a.
amacitacia coletiva ral•ca t.&o ptofUDde.t q~, e m oenhuma Epoc.a, aiDda a maia lorm"tooe de a .,... bl.atitria. o
bnwlcito ac ma.uou d oapoeto a a beodooar • vclbe tradição c bCt'&DÇll d e oi<npetia huiNI.Ila per qu.alqucr outr a
a titude. quc lhc ~c a ata wn• huuie, de brutalidade c d e violtoeia em face d e ou trOto povo. c d e outru NJ.
tw"as. A anti&• upc~ ,.,.... - hospa•, houi• - -..pre w noa a r.curou varia dc OCilt.IJo. T6du u roa ·
Glfcauçõa de JKOblniamo ou d e reeclo violenta cootra o eatraD&drO, riveram llDl çar6ter epl.a6dlco: provoa.d..
per ofe-., rui o ou prc.wnida., l di&nidllde aedOGal. aio duranm ocnào o tempo Decaúno • complcta ~epa·
raclo c alo cbqat'IU'D e d c.vi&r d e linha dc oeu da~nwolyjmaoto aatucal a evoluçlo d hn lldmithtl a plnto d e
bo.pil&lldadc, lle tolc<6ACia c de oompaue bUI'IIe l)e•.
110 A CULTURA BRASILEIRA
125. ]anAttdeiros.
Arqui.-o do lnst;tulo Brasileiro dto Oeoa:rafi~ e Eslatistica.
126. Vcqueiro do Maraj6. - Arquivo do
lnstituto B:asileiro de Geor;rafia e Estatística.
-·-
114 A CULTURA BRASILEIRA
8 2.e traço de car6ur, matado "pela intcrQidblda lmprcalomodOR mtrc ut7emos lmpubOI e a pa·
tiu loa:at", e com o qual K encobre, aob wna atitude de indol!oda a de canaaço, um oodvd poder de rea~o.
a pruotftta·..e siocuJ,armeote a«otuado no aertane,io. Por ~ pene, por&o, a açlo do brasUriro ee uptlrne
pela deecontinuldade e pela vlol!ncla doa c:a:otnsta; intermitente ou cspor~. da pana da atonho ao a>tu·
áaanlo. do tancor da lnditereoça aos rasgos dea~entaret ou cavalbdt-. oa ceaclo. Em u.ma pA~:ioa adml-
rbd pelo vlcor e pela ludd cz, EucLm:ss o-' CuNRA, depoia de plotar em 0• SMtlJos o tipo do -~o. m01tra
como ilude no homem pcrmaDcntemente fatigado "!.&da ~ aparb>cla de ~ço. Nada t mals turpt'Cel>dedor
do que v!.la d-pai"CCCC' de lmprov;so. N aquela «ganiuçlo combalida o~.,.e em eet:ulda traoal'ormaQ&:•
~. S..ta-lbe o aperec:imento de CJWI!quer inddentc . cxlviodo-lbe o dea..-ncadcar dJu eocr·c la adorme·
cidu. O bomcm traos!icuno...,. lmpcrtiga-se, cstadiando novoe cci~Ot. novaa UnhAt na e~~utute o no cesto;
e a cabeça llrma..e-lbealta, o6breoe ombros poaantes, adwada pelo olbar duastOmbrado e forte; e eorricem--lhe
.....-. numa dcscal'la n.enrcM inatantlnea, todot "" efeito. do rdaxamento habitual d .. órllo.; e, dar,.wa
.Wcv do taba<bl canhcstro reponta. ÍDe8pcnldame:n~ o up«LO domlnad« d" um titã acobreado e potcuk,
- desdobramento aurpreeodcntc de ro.ça e a&ll4lade atra«din6riao••.
PSICOLOGIA DO POVO BRASILEIRO 115
li De t6du .. inetituiçba -uu.. E a famnia que aprueuta maior eolida e eoea:io, ln~ oe {o.
clivfd~MM e wúndo-w u aodcdada d,.&tiea, - .ma rd'úci:. e ""' reduto de raüteacia a t&lu aa la.Ouenclae
diMolveota do -meio. AI o que c:oata lfe:rai~Deate, nio l o indivíduo, mu a ln.ttituiçAo: a fam.llio.. riLadada etD
t... c:rittM: eadmulada, ero eeu d'*"'volvimeoto, q~Mr pda iullublcla do catolidsmo, a o Bruil. como par t6da
J*te. q-- pda açlo CO<\iwlta de t6dal .. ~uoaa que tendiam a insular c::ada aclomora(eo de famfllu, ton1011•e
- a.tituiçlo aaa paoto de a poio e um abtema de pr~o do illdiv14uo e, a~o, da mulber, eubaMtlda
a am rqimc ck reduMo, par t6da perte em que nio se fatiam ..,.,tir eeuÃo EfKameot:c a flllrca da 1cl e a pc-e-
emca do BatadD. tt o oácleo pj~trüwc:al que olerece maia amparo, como sucede a.u aoded.adee uo for~o.
Ru - IK:UtZiadae doe eeabora de eacel>ho ou ou fazeod&s de c:cdr eoc:n.nd.u no eudo, e mee1110 CAire
• famlliu ~ dbpenaa per todo o i oterior, a famffia adquiriu, na upaosio da ire& eodal, uma autor!·
.s.de e ama fOrça taat.o malora quanto maia ret&J'daida a ex])'la:Min do poder p~deo. Formou.ae, par - IDA·
Dára, 11m ~ domfadco que defl.IJ'OII taDt:aa v~ nos ~ em lotu eecW... de f.mUiu, por
q-.tilee de diviaaee de tenu ou peadenda• ~ degeneradas c= coofljr:oa d~ticoe. e qoc t.amaoha i a·
nQfDd.a excn:eu oa vida poUtlc:a, pAnltitada pdo proteàoabnw dom&tico (aep:ltbmo, filholitmo) e IDDD~>PQ!i·
..S. pdu crucSee famQiaL 0.1 o c.rit.er de didariec!Ade tnaral e c:oo~ qoc apcae11ta a famllia bc'elileira,
a1Dda oo rtcime JM~triarcal, em que • dl.ac!ipllna r1cida do chefe alo determiaa oesn a auabd.a de latlmidado eo• ·
jQPI, da famllia ••~. - um •u.do do exterioridade em que 11e mantbn os doia ~~. um em Ieee do ou1ro
116 A CULTO RA BRASILEIRA
- . ocm o catóitoer abotnto e rude da cfucipliAa domEstica e<Jtre 01 jadeu:s. A oca.idade de uoilo. em rac:e de
pcri&"' comUN, o loolameoto c: as W.t.Aocia.s. contribuem para a pertar. oo mterior da aodedllde d0<11&t:iea, OJ
1aCQ1 de tollduicdade e de afeiçã.:> e faft!l' do lat>a ••a.m por tod01 c todDI por um", o priaápôo fuod.ameotal
de Jl6o«ç6o de dcfaa, por CCIClta pcóp:ia, da iastituielo e doa l.odirldu:..
lO O tCDtia>eoto clcmocr6tieo, qoe ~ tio vivo oo bcasildco. e ume ele tuae cataeteriftit"ea, deoc:avalve-ae
putiaal.armmte oo mineiro, peta. eoodições especiai:. de aeu ,eocro de tnobalho e d e eeu modo de vida. O ICIIllt«.
aaa mi.Gu, lembra Bu.os LATIP, d~e d e muita geate, e. dixul:indo com t.6cla ~e de COIDCI'c:iant.es a aqai·
áç'lo de merc.dorial qoe o moaop61jo ~& ofencr a~ exorbit_'-O ta, tem fortWaJDente de .e democra-
t!Mr. Em cood.ou01 debatn ao baldo cb.s casu de ~6ci.,, pua a compra de b....-lau de peixe ateo ou m.aatas
d~ cbarque, E f«çado a oe arvon.r esu dono de eaaa pua que oe aJo arrulo~ "Bario ou vúetlode qu.e ro-, todo
lhe .-n& tioda JDalt CNO. Pan rqate-rdecoasci!nàa tft.Dqtlila, o homem tem de te tornar modesto e oo rico•
timbnuD por oe i~ aoe pobres". O coctato pcn:naoente eom o c:onúrdo daa .-ilaa leva o IOCilh« de lanaa
a tc:ndeociulcualitAriaL O mdo e ama certa dose de aaDCile acmita (foi v aode, aqW>do 8 411- LATl7, o afla:xo
u m1Daa de elemeotoe da raça judoôea) tornam o aúneiro campd.o da democnc:ia oo Btull (l.LIV.Jf M.. D& B.uaoa
LAnl', ..4• "miMe IOra h'', SdiU!ca S. A. NA N cMte", Rio de ]a.oeiro, 1940).
lt ALMt:a Dll ÂJ('I)lt4II1l, Av>ectos da eultur• bra•lleir• . A alma brul.l~lra e o C'. ,.ftaval, pqa. 16-17.
Coleclo pcoudoree bcatileiro&, llL Sclunidt Sditor, Rio, 1939.
PSICOLOGIA DO POVO BRASILEIRO 117
t:rumento de servidão. Tôdas as lutas tendem a revestir, por fôrça d&se in-
dividualismo, um caráter pessoal; e mesmo quando se julga que aplaudimos
ou combatemos id6aa, o que, ao fundo, se pretende consagrar ou repelir são
os indivíduos que as encarnam, e de que o brasileiro é geralmente incapaz de
feP&J'ar das suas idoas, não s6 ao terreno político, mais agitado de paixões,
~ no próprio domlnio intelectual em que as divergências de doutrinas acar-
retam quaae sempre separações e conflitos de pessoas.
Nwn pa{s em que o prestígio pessoal é tudo, independente do nome her-
dado, e a união de indivíduos e grupos se tinha de fazer, em conaeqüetlcia, em
t6mo de chefes ou de personalidades prestigiosas, não podia ser forte o prin·
ápio de coesão e de lúerarquia social nem dominante a tendencia à centra-
lização. Tôda a nossa história social e poUtica mostra, como já frisamoe, tanto
a rc;sist@ncia oposta pelas províncias a movimentos centralizadores .que, acima
d~ governos territoriais e particularistas, suscitaram wn organismo comwn
~ unitário que os envolvesse, reduzindo as autonomias regionais, como a reaclo
. instintiva do individualismo contra as hierarquias ou tôda e qualquer compo-
sição que se tomasse obstáculo à autonomia do individuo. O individualismo,
9e wn lado, e, de outro, as tendencias localistas resultantes do pr~ de
nossa formação, residem à base d~ personalismo tradicional, profunda-
mente enraizado no brasileiro e intimamente ligado à vida de partidos e aos
•us mecanismos de ação. A organização social, mais sõlidamente hierarqui-
zada, que registra a nossa formação histórica. foi a das sociedades agrfcolaa,
latifundiárias e escravocratas. Mas o fenômeno de urbanização, o desenvolvi-
mento do comércio, a transformação das estruturas urbanas nwn eentido de-
mocrático, a extensão da cultura intelectual. e o individualismo crescente aca-
baram por desagregar os agrupamentos rígidos da sociedade rural, antes mesmo
de ser atingida, nas suns próprias bases, pela abolição. O que dela nos ficou,
quase como um resfduo transferido à vida política, foi a moral de patrões e
agregados, de senhores e de escravos, formada e desenvolvida no regime social
da escravidão. ~ esta moral, - constituída de dois princípios, da autoridade
.aberana do chefe, herdeiro do senhor, e da fidelidade incondicional do ser-
vidor, - que deu o conteúdo social ao personalismo por via de regra tão com-
placente e doce, para os submissos, tão arrogante e desabusado em relação a
quai9quer restrições ao seu dom{ni.o e à sua expansão. "Ainda hoje, como
]>Ondera MfLTON RoDRIGUES, se formos analisar os elementos componentes
do complexo constituído pelo que aqui se denomina "prestígio", talvez o en-
contremos naquela espécie de relação entre o protegido e o proprietário, que
caracterizou a nossa formação por núcleos agrícolas semi-feudais e isolados.
~sse traço que um individualismo intenso imprimiu ao caráter poUtico, e de
que se acham afastados tanto o sentimento do interêsse comum quanto o es-
púito de cooperação, ainda mais fortemente se acentuou com o desenvolvi-
mento da burocracia a que as condições sociais e econômicas do país arras-
taram a burguesia urbana desde o Império; com o bãbito de apelar para o
govêrno a propósito de tudo quanto interesse a mais de duas pessoas, na justa
observação de RoY NASH, e com a absorção constante de tôdas as funções
aociais pelo Estado".
, Enquanto, como observa BouTMY, o Estado surge, na América do Norte,
como uma criação consciente dos indivíduos e os cidadãos se mostram pouco
desejosos de v!-lo intervir nas suas relações, 12 no Brasil o Estado aparece CX~mo
uma providencia que precede os indivíduos e a que se recorre como um sistema
118 A CULTURA BRASILEIRA
------------~~
lS A. J.utntl. l..tt (ormttlion du p.uplft Arec. L& lt...,.iaePC"' dv Livre, Pvüo. 1923.
120 A CULTURA BRASILEIRA
•• Ao f &«r a CUló.liet do liv1'o O gaúcho ns vida polir iclt bresllair•. de CunLIIOI Oorc:ocutrA. lembra
V. COAIIAC:1 que "h6 d cõt àpoa de ri~duuespã:íes de lod\Yidualidadea earac:tcr"btlcas• •. ~a que
not rcJcrlm01, E. l et'l d 6vida. multo rneB freqõaJte: "o tipo populv e ~m coobeddo do &•6eho, se:>timental c
ccocrc»>. vaJen~o e amico d011 gestee teatraia e du rr...., retumbootes, cavalhril'uco e d~ador. q11 ~
PSICOLOGIA DO POVO BRASILEIRO UI
fala. crlt.Ddo e &08U de eootar prouu". Ma. t:anlb&rl há "cs hom~ fri<:oa e impeoett"'N, quue dird insen·
tllvcia, d..-pida. de .,.ouboo csplotivoe.. . , _ b fanf&rT<IIIJidu, que raru "Vbu revelam o. seu.t prop6eltooo,
- que rnu •t&u ae daviam dC» rumos ~ eocolbidos para a sua açió''. Al~m desta di.ttloç&o. comenta
V. Co&&Acr, coaatata-M a C1Mttoda. DO Rio Graode do Sul. "de dois eopltitos d.Utilltoo em permaacote ..,ta·
~e no freq!MI:Ite c:oal'lito. Sio o ..ptrito do fronf~ira e ., que o auitA>r m.m.t o oJp1r l to do oi dode .
T Oda a hbt6ria do Rio Graode do S\11 • ilu.mina li l w: d&te crit&ia. Mottra·OO, CAHILBOS OotC:OCBÚA que
• laap dunçlo d a loSWTriçlo da. farTOpe» foi dems à. preponderincia d o esp&\t:o de fi'Ofttdra; q\IC o anteco-
abmo c:atre u d\101 mmtalldlldta nunco dc:Uoo de existir; que &oes esplri~ Dlo .ulo dellmitada. pdot qUIIdro•
,..,Udfwi01, mat pc4etram e ío•adem •• alas du viriu fac:Q5es e dentro dd• .., •c.otovdam e aul»latcm; que
01 pedoda. de JMil e de traoqllílldade oo IUl ol.o aqu&s em que domiaa o aplrito de cidade; que ao tempo d e
Iúuo DI c.sn.t.B01 -moa p/o..peu•, deoon>U..d~ pelo espírito de cidade, ao peno que o. maro-atoe
enm ia.pirada. pelo de froatdra. J'oi o priiDCÍt'O que prepooderon e oricsltou. a poUtka do Rio Gf'aode, DO M1l
i8olameato cu-actcrfatlco de 18!14, data da detYota dos fcdc:ralUW, 11tt 1923, quando foi usiDado o Tratado de
Pediu Alta". (CI.ITU.IIOS OorooartlA. O fllúclu> na •ida pol1tica bc..Ueira; cfr. VrvA~.DO Co.uu.cr, .,..
- o i'n ..0 B~o de S5o Paulo", aet~bro, 1935).
122 A CULTURA BRASILEIRA
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132. Mapa dtt densidade d.1 populm;ito do Brasil, por município. t:m .setembro ú•· 1940
0,01 I 0,$0
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H.OJ• w.co
SO,tl • ICO.Ç()
••&lc ICO
171. RUI BARBOSA (Bahia, 1849- Petrópolis, 1923). Jurista de notável saber e
um dos maiores advotados do Brasil.
Foto da Coleção da Companhia Melhoramentos de S . Paulo.
172. CLOVIS BEVILAQUA, "do cujas mõos
~aíu, para a sagração Je4al. o projeto definitivo
do Có:HAo Civil Brasileiro''.
165. Fawldodo do Dir.,ito de S. Paulo. antiJ!O Co"'·ento de S. FrancoiCO, em que for mst11lado o
funcionou, de>de 1827. o euno jurídico.
162. l 'rej8 Unldfl. / Areja
C ris tã Presb1'torinna de São
P s ulo. Um d<U~ belos t em(Jios
do p rotostona$mo no Brasil .
188. MIOUitL COUTO, mMico e prol euor de 189. MI OUP!L P&RP!IRA , d11 Faculdade de
clínica na Faculd11do do M edicina do M edicina do Rio do )Mciro.
Rio de Janeiro.
18<4 A Ft~euldttd~ dtr Medid-
n• d11 R11h••· - Foto VOI.TAIRE
F'RACA . Urbo SaiY11dor. Jnsti·
tuto Brasileiro de Ceoarafi:l e
Euatí<tko .
A Cultura
CAPíTULO I
Ora, desde as viagens de São Paulo até nossos dias, a história das misaõea
ac confunde com a da civilização cristã, e os anais missionários continuam
através doe séculos as atu dos Apóstolos. 2 A propagação da r~. no entanto,
eebarrava, no aéculo XVI, em obstáculos ao parecer invencíveis: de um lado,
a disciplina do clero e da Igreja, penetrada da vida sensual da Renascença e
da admiração um pouco idólatra do mundo antigo e impregnada do orienta-
liano paglo, tendia a dissolver-se nos abusos dos papas e dos grandes eclesiát-
tioos, e, por outro, irrompia, no seio do catolicismo, em conseqUblcia desses
mesmos abusos e sob a pressão de idéias reformadoras, a maior dissidência
que já perturbou a unidade espiritual e a pregação do Evangelho. A hora
era çave. O catolicismo "sofrera os ataques formidáveis de um LUTERO, um
ZWQ~GLIO e um CALVINO. A unidade da igreja quebrara-se. Meia Europa
estava repartida em seitas protestantes. A política fomentava as desordens
aoe çandes países para, dividindo-os, enfraquecê-los; e a terra estava ainda
enaopada no aangue do massac:re do dia de S. Bartolomeu e nu das trern~:ndas
matanças doe anabatistas e dos huguenotes". Foi por essa época de lutas e
dinençõea religiosas que surgiu a Companhia de Jesus, fundada em 1534 por
Sto. lN'CIO DE LOIOLA, e da qual, antes mesmo de ser erigida, em 1540, em
ordem reliciosa por PAULO III, já se destacava um dos seus filhos mais emi-
nentes, Sio FRANCISCO XAVIER, para a evangelização da lndia. Segundo a
expressão de Pro XI, Deus fazia, por êsse modo, do século da Reforma, "o sé-
culo do Concflio de Trento, da renascença das antigas ordens monásticas, da
floração inumerável de novas fanu1ias religiosas, o século de ouro da santidade".
De fato, o movimento evangélico retoma a sua curva ascendente e entre as
grandes datas do calendário missionário figuram, nesse século, os dos sucessos
do apóstolo da lndia e os do Pe. JosÉ DE ANcmETA, apóstolo da América. Em
1549, cêrca de 50 anos depois do descobrimento e quando a Companhia de
J esus j ã contava nove de existência canônica, chegava ao Brasil, com o pri-
meiro governador geral ToMÉ DE SouSA, a primeira missão de jesultas, diri-
gida pelo Pe. MANUEL DA NóBREGA, religioso de grande saber e virtudes, "o
maior político do Brasil", como lhe chamou SoUTHEY, e que fundou e organizou
a catequese dos índios. Essa missão, quatro anos depois, em 1553, se refor-
çava com outro punhado de missionários de que fazia parte um jovem jesu(ta,
d e 19 anos e de constituição frágil, - o Pe. JosÉ DE ANCHIETA, natural de
Tenerife, nas Canãrias, e que devia tomar-se famoso, pela santidade de sua
vida, pelo seu espfrito de sacriflcio e por seu zêlo apostólico na propagação
do Evangelho n as selvas e nos sertões.
O que foí a atividade desses homens admiráveis, na defesa e conversão
dos gentios e nas suas entradas aos sertões, entre perigos e trabalhos de tôda
ordem, não se pode avaliar senão medindo-a pela extensão da ârea geográfica
esocial em que se desenvolveu e pela variedade de serviços em que se repartiu,
projetando-se em todos os domínios. Certamente, é na cristianização da terra
que se concentram os esforços dos jesuítas, e é a serviço dessa obra fundamental
~ ponto de vista católico. que se desdobra, se alarga e se multiplica a ativi-
hde espantosa dos missionários. Mas, que a ação infatigável e fecunda d~sset
religiosos ultrapassou os domínios do espiritual, não resta sombra d e dúvida.
' 2les formavam , pela sua rígida disciplina, na sociedade colonial, incoerente
e fragmentária, um todo homogbleo e compacto, capaz de resistir à~ influências
dissolventes e de estabelecer um minimum de unidade moral e espiritual
entre os colonos portuguêses e os povos primitivos., assimilados à nova civi-
2 F'l.oiU.Uf D U.IIOUa, w~ miuiona catholique• dana '" monde. lo " Lc Mot." . du lu. ,...,.. eu
l«. Avrll. 1939, Mauldc ct Rcnou, Par...
128 _ _ _ __ __A-
~:__.:C:.._U::...=
L~ T=--U
~ R A_ B~_!._!> I_L _E I R A
8 O qac cno, eu> Piratü>in&a, a vida do. pria>cinl. jesultu, c o o - o Pe. Jocá oa MCIPin'4 era ama.
de me. Cllt'tü, acritu num esptrito dirJCaAte de põcdJide ~de a~çílo e ~ WD rullamo pitorceco, tiQ de
detalha. "Aqui w (b, attevc ~te. utna eaiDlla de palha, com uma C$tcln de e&!lU por porQ. em que mara.nm
por alswn tempo bem apcrU<!o. os i:mk>s; ma e- apf.-to era ~uda contra o rno que aaqudll tena t &T....t~
com multas ceada._ lu amas ~•m rMcs. qw:: .,. 1Ddioa c:oatu.mam fuu; oo cobc:rtO<U, o foco p01ra o qual oa
icdo. t'OaiWDCtlte e. acabllda a liçlo da tarde iam per lenha 110 mato, e a trulam A.~ s-t• ~ a ooite.
o vcetldo era muito pouco, e pobre, !teaJ c:aJ.,.., Dem sapatoa, de s-no de alJodlo. Pena a - uaaram .!cum
ta!lpo fOibu lar&•• ele úvarea ~ I"P'C de~...,.~ ma. bem .e e«IIUVAIII toalbet, oade (altava o com~.
o qwolDio tiaham doode lllea vicac, se:não dos {adie», qoe lbCI daviUD atcuma ~· de farinha c b Ybes (111111
r&rh) .!~:WU pdldnha. do rio e caça do aurt:o. Muito tr.D.po p_,..m c,randc: fome, c frio: c COdtudo ~
eeu atudo com fervor, lendo u vt&u a lição fora ao frio, COIIl o qwol H bavlam melbor qoc com o fomo dentro
de cua••. (Apud S!Klo na VASCONCI!J.O!I. CrtutiCII. da Companhia de }aaua, pl&. 83, n.• ISl),.
INSTITUIÇOES E CRENÇAS RELIGIOSAS 1 2~
-v-
130 A CUL T URA BRASILEIRA
4 N a obra de c•tequeae doe tndios, os jesuitu dcl"'lm provas de 11ancle tato pllool6cle<~ que lhes permitiu
levar mab loncc do que q~U~iaqu..,. outros mà8ionAri<u a hu do Evaa~jdho. Procuraram dade loco aprender a
Untu• tupi-cuarani que domicaram como p!>UC05, e na5 suas cl~~Uet, em que ao mi• turaram mcoinoe brancos e
ltKiiot (columi~l. r..nam "eada qaal aprender a Ungua <lOS outroa: 001 ladioa, • p,.-wcueu: oe pottlJ&Ubc.t, • bra-
.Oica". Na conqubta doo eapf ·ito., aem des>..-uidar do. adultos, diritiram ... a ruado t6bre o reino d11.1 tT!ançu,
c "como ubiam que para atrair eri.aQÇaa não bá como criança••, proeuruam lmpottar mer\lnos 6rfilos de Laboa
que chqaram ~ ISSO, aa aqunda expedição de jesufbu. ~ .m!UJl, c.:>mo ooe lo forma SSaAFI"' LIUTK, "os agentes
c:le 11&~ com os mminos Cndios do BrasiJ••. Souberatn tratuicir ...,.., cutos eoetumu dot fndlos, pera atra1·1o~
e cooquht.A-Ios. Mu tMa CSM atividade apoa:t61ica, not*vcl a tantos aspecto., nlo esteve i....,ta de enos de
ÚC1ÚCil e de vialo "-reee-m.- que um déles foi t..- ""'""tu:ldo o aspecto lotde«uAI na cduc:ac1a dos calonos e,
.obrctudo, aa f.:.rll)*tl!O dos lndioa: os fra~. como 16 notou Oll.ll&aTO Fuvu, proocupaviUil·te Kim:a
de tudo em fucr do. fndt!>l artifw:es e t!o:ni;:,n, enquanto que OJ pdmciros juultu que• oc covetconbavam,
atravú de tua~ cc6niau, do fato de lhes ter sid? n«:4Sári3 exerc:er onaoe me.:Anlco~ O maior erro, potm, pra·
tlcado ICIU d6vlda com o devado propósito de defesa dca ladioa, foi o da ·•~açr.o•• doo ladls:toas em van<~ee
aldciu. Por maio bem orpniza.du que fôssem. - c os aldeamcotoa CO."'lhc:ldo. pda denorni:,.çlo de reduções
do Paupal, tomaram- pequet~as c:idade3, pcóspera.o e tra.oquilu - , du lmpotUvam c:m criar pua oa tnaíoa,
um mdo mal, artl!icial, dutnll~ndo, ~b vãrios a~. a tranaicio da vida tclvteem pua a civlUJ.açilo, al&n
d .c o:oaat!tulrtm vcnladem. quhtos itnlcoo .- culturaU na sociedade coloulal. d~ que viviam apenados aob a ju-
riadlçllo dOJ juuJeu. Abandonando, pela ação dos miuionlrios, a cultura do que provinham, alo ch~vam
001 ladlot a ine«p3rat•J<' • wna nova $Ítuaǧo. nio ideal, tDQ n:a1. fica.odo a rodo canünho de dd.a t:ipa~ ou a·
tiloe dct cultura, de nlvd. e upertos ~emA.meot.e diveno..
..
6 Nio ua de cepctar melhor reaultado ioteleetual na Colbnia, qWUido, ,.. c.pital 4a mctr6pole, em Lta~.
era ceral c profuo4a • l toOI"ADcia oo e6culo XVJ, e 16mcote dwu peuoas. ao qu.e aíli"'Da R. 0LfV&lllA, ae oc:upavam
em eDiiDar leitura la menl.ou. NOI ~eúl01 XVl i c XV1ll a ait~o o. J4etr6pale, a bl6 upccto, alo 1e tDOCII•
132 A CULTURA BRASI L EIRA
fkara tcmlvdmeotc. at6 o l'aU•oues D E PoKBAL, e <Ta eoonne p:~r todo o pab a usara de llctradoe. O clero
detinha em .vu m1oe o monopóli:> do ensino. A 6.oica universidade que fWlQODava no PAIJ ultratnariJ>o,- a
de Coimbra, fundada em 1290 em Litboa c transf~ds em 1537 para Coimbr11 - , tttavo tambEm d .., eob a in-
Ou~nei~ direta elo dcro c. ~rticularment~, da Comp:tnhi.2 de Jeua que dde ~e epo<:crou em I SSS, c constitui«.
noa teus~ acanhados e livreoeoo.. de apostilas, ttlo38.5 e ~tiriD.t. aoltt w:o l~!lbo de c:tlctill~ me.otll.l
do QDc um fotor de pr~eu~ i~tual e. cl<n~lfie;,.
G Otl.li&IITO Fk&Yitl!, Sobrade>~ c MOC4mboa. Dccad~ncia do patriArcado rural do Bt-uU, p4r. 100.
S&ie Bt-ull!&Da, vol. 54. Comp. Editora NaciOJlli.l_, S. Paulo, 1936.
INSTITUIÇOES E CRENÇAS RELIGIOSAS 133
siva dêstes na massa dos colonos, não se podia fazer sem o risco de expor as
crenças católicas e torná-las permeãveis às culturas, -!crenças, ritos e supers-
tições - , indígenas e africanas. A religiosidade cristã que, herdada de Por-
tugal, ae contaminava de tMas essas impurezas afro-índias, sobretudo nas ca-
madas inferiores da sociedade colonial, atingia sua fase aguda nos s~culos xvn
e XVIII, em que a vida religiosa, de um lado, e a paixão gen~sica e a dissolução
de costumes, de outro. chegaram, na observação de PEDRO CALMON, "a ameaçar
de extinção a raça branca na cotania infestada de africanos". Ninguém anda
sem rosário na mão e têrço ao pescoço; todos são pontuais a se ajoelharem
pelas ruas, ao toque do Angelus, e no palácio governamental da Bahia, no
testemunho de LA BARBINNAIS, se rezava pelos cantos . .. 7 Enquanto o pri-
meiro filho, nas famOias patriarcais, sucedia ao senhor de engenho, pela lei
que dava ao primogénito a sucessão integral, e o segundo ia estudar na Europa,
o terceiro entrava para a igreja, professando aos quinze anos. "A vocação
viria depois, com o hábito, o cercilho e o voto". As moças ricas, em uma socie-
dade em que o número de homens foi sempre superior ao de mulheres, iam
professar em Portugal e, depois, nos conventos brasileiros, chegando a tal ponto
a evasão para os claustros que, apenas fundado em 1669 o convento de Santa
Clara na Bahia. desceu a cinco na capital do Brasil, naquele ano, o número de
casamentos ... Multiplica"am-se por tôda parte os templos religiosos e, desde
o ~culo XVII, o Brasil já é o país das igrejas e dos convento!', 8 e era verda·
deiramente extraordinário o encanto que exercem as igrejas sôbre a multidão.
.Algumas como a igreja do Convento do Carmo, na Bahia, as de Vila Rica e
Mariana no século XVIII e as do Rio de Janeiro, tornaram-se c~lebres pela
)olidez tranqüila de sua construç.ão, pela harmonia de ~uas linhas arquitetô-
nicas, pela beleza de seu interior, de suas balaustradas e de suas ab6badas,
de seus altares e de seus púlpitos, de suas capelas e sacristias, e pelas preciosi-
dades e objetos de arte em que não seria possivel deter os olhos sem ouvir,
pela riqueza de suas lembranças históricas, uma voz do passado.
A religião católica, penetrada de misticismo, jã aprofundara como uma
ãrvore frondosa, as suas rafzes na terra e, abrigando a sociedade colonial com
sua vasta sombra, fazia dissolver, na unidade da fê, as diferenças regionais,
80Ciais e culturais, do povo brasileiro em formação. Fôrça ativa, de combate,
e reduto de resistência, ela serviu também de dique à invasão de franceses e,
depois, à de holandeses, para cuja expulsão a palavra dos pregadores, nos púl·
pitas, s'e associou à ação guerreira dos próprios conventos, misturando-se, como
a HCatcquhta, eac:rcveu o Co:roz nx LAu, entrou (ANT{mtO VnmtA) peloe acrtba • dentro, eooq,m..
ttndO pMa a criataodede mnltíuir:Jn tri~ do tentio bcasflico; bomem polftieo, rol O bfaço dltdto de ~U IObe·
rano. e prop6a medidat e angarioo.J r=~ para a ezpu1Wo doe bobndcac9 que tinbem era~o o oorte do
Brasil; ptoepdor• ..:lipsou 011 IIUib dútiatOo, e aa finura dot c~ bem como O&J au46du do nt!Jo. aubio tio
alto que aioda aenbum oe lbe aprotimoa; prosador cm&ito. df:l1 " pode dlur que ftrou • olntaxe vernAcula,
u.im QOO'IO f iut'a C.udlss o lhieo port11g'~t:s·•. (CA:al.oa O& l.A&T, 0 Irada .._trattleiro, Confcrmda feita
em 22 de ,...Jo d e 1903 ao Cfrculo Cat6lli:D\ .
10 Coem (HL"aY), Voya,fes dans la partia a'!lptentri " na/, du Brúll-d~pul• 1809 jusqu'en
18/S - , vol. r, 59. T.-.duita de l'&n&)aú por M. A. TA.Y. P....U. Cbc= LdatMr;, tJbrwic, 1818.
11 "A expula!o doe jemltu, escreve ElroAEDO PRADO, rol pGt1l o lmpbio ultnmarioo ponucub outro
A/cater·Ki'blr. como o do aktWo xvt pera o <'cioo huitano. Com a upuldo doe JewJtu ao atc:Wo panado,
a civiUuçllo recuou centeoaa de l~ do centro do continente afrieano e do 8raall. M proep«ae povoaçtes
do Puao6 e do Rio Orande c:&lram em 1'\llnaa; os llldiot volves-.m • vida eehralC'ID: u aldelao do Amuonao des·
povoeram- c, aú bQje, reinam a aoUdão e o d:sa-to, onde havia jll aoc:iabilldade bumlUUI".
INSTITUIÇOES E CRENÇAS RELIGIOSAS ISS
N tUWUD, Villlfe>m 4110 Brlls/1. T nl-1. de l?.D'lAR Str.nUfHO O~ MtNl)OI(Q4 o P'l.ÁVIO P OPPC Dll FtOtTBIJtU)O.
R efundida e anotada ~ OLtvwo P nno, p9g. 9õ. S! :ie Br&riliall!\ (cr.uule f«m'lto), vol. I, Comp. E ditora
NadonaJ, S. P a ulo, 1910).
I$ O. mcm:cs beocdítl,.,. que vieram estatKiecer-se na Col6oia, em 1580, o:om oo rrancitcOnoo c crs eat•
m cllm.. lnsu.tanun-sc primeiro n& caoitania de S3o Vicente. ccn I S!6, no R io de J "neiro, em I S!9, e em OUnda,
em 1597, onde lev~~ntaram oo oeus primeiros mostâroo.. A proibiçllo aoseoove.1to1 de edmitfrem n~ reli!losos.
ddermiD&da pelo MAaotrb D I!: PoJorB.A.~., no Kculo XVIII. ~ novame'tt., """ 1855. no t mp&io, pelo coverno do
~o mlniJtrO NA811CO oc G oOVUA., orovooau unu v•~ m.e moolttic:. que atlnciu a ordem de Sio Bento.
llmeaçaDdo utillaulr·lbe os claastr..._ T õdas .., o-.ltt'U orde!ls rcllc;iOMJ, exiatefttcs no p~s. csu.bel~m ...e
oo Bcas;l. j6 oo akulo XIX. em que ebogaram os padru da ConuqaçSo de Slo V'ocenu do Paulo, do Co!Ecio
do c.n.C'II, oo domlnieanoo r~cs ~ pro-.tfncia de Toulousc, em 11141. e e» aaletlanot. em 1810. por oc-dem
direta d~ D . Bosco. O. tr& prim~ hadcs prq11d,oc~ d!l ordem d e SJo 'Oomlncoa. r.uram-«e em Ubcrabs.
em que f'~Leram con!tn:ir a bela igeja d e São Domiogca e fundaram o coownto daJ l rt111t Do:nlcãcanQ. c donde
te ditl&lram para O oiAI, eo> 1897, a f'u:o de se decl.icateg:t, em Coo«\çlo do Araguaia, • cltcquttc doa lndloa. Os
padra ..teaiaoos, -rindos do Uru~. a convite do bUpo D . Pa:oRO MAJUA o& LACillDA, e por determinatlo de
D . eo.co. cstabdccc:t'&m·&c primeiro em Nit.oroi. onde fwularam, no mumo aoo de ..... cbqadA, o eolE!;io d e
SAnta R oaa.l. ~ IQIO 1 eecmr. em 1885, em Sã.o P aulo, cmde c:riru1tm o Liceu de Artes e OOeloe do S.;ra<io Coraçllo
d e J esut. t; no R io d e J aneiro que .., ío;aram, mas j6 oeste l&:ulo, em 1907, 01 padre• mla~onirios <b Cora~o
de MAria, e d essa cidad e, - ponto d e partida d e s ua •tividade miuiOZIAtia e oode collt t.ru(ram • l&rda do MEier.
cxpaoditl<ll•te para Silo Paulo e outros Estados da Federa~.
INSTITUIÇOES E CRENÇAS RELIGIOSAS 137
18 Ao eontrérlo do que penJa A. J. Mllt.O MOitAII (Ri8t6r;a do BrtuH Reino e do 8Msillmp~rio. t, S),
que fa" temoot.ar o oriQ!em da maçonaria no 9raail à~ dtt Co.,jur1lo;ão Mineira (1786- 1789), a primeira IQ)a
JDaç6nlea parece ter aldo • oue, aob o nome de Are6pa(l'o de Ita.m~ foi fundada em 179!1 pelo snth(o frade carme.
lita, A.IUU.IOA C.l.!IIA)IA, em Pernambuco. Tlnba por objetivo prlacipà] in•titulr um (ovtrno reoubUcano e nllo
durou rruou de tr~ anO'!. Com •• trb !~as que ae instalaram em Slio Salvador, em 1807, 1808 e 1813, f•Jndou.ae
o Grande Oriente do Bn•~il cujos traballtoe . eomo os d - • loju, cesnra:m em ...ao de c:omoç6cl oolltlçat e da
malocrrada revoluçilo oernambueana.l.. de 1817. Br~> 1800 cria.- UllUI Loja no Rio de Janeiro, e outra, em 1808.
em Pernambuco, de rina polltlcoe. 1!;, D«bn, com a• tr~ lojas flll1dadas, uma em Niterói, em 1812, c dua.a outru
no Rlo, em 11115, ~ o objetivo d;s lndcpend~ocla do 9~1. que se constituiu afinlll o Onoode Oriente: do Bratil.
ind~llentt do Oraode Oriente Lwoit!lno. Ruu aociedades oecreta3 de que (arlarn l)artc ltomcruo doo maio em I·
uentn do t cmoo, dvú. militares e ecl~l•tlem. tiveram ação prq:>?Oder.ntc: na camoenlta dA lnde-pcodtncla.
Dal. de auaa atind•d~ polltlcao, a autoridade e a (&ç.\ que, entre n6a, akanc:ar11.m e m'otiva-am, durante quate
um oku.lo. DevoiJ da abdlc:açlo de PUlliO l, ~~:~mestre da ~ dacle qo.&and.o prlaaw recente, esta·
beleceol..ee, em 23 de noYcmbt-o dt 1131. o Gnlndc Orieute Naciooa!IIno'Silciro, c inlciou·x a 6toera h:t.a entre
e.te 6ltitDo e o Orando Orlmte do 9raall. restaar.u:lo aob o e= primeiro ario-mcat:re Jod BomYÁCIO. Suc:e·
eüftm..e viriu cn.- ·no ~ maQ6oico; e, de ums nDY11 ciSilo no Grande Orieote do Brasil. oo do Vale do L• ·
....-adio, em 1864, reoultou a fundaçlo, no Rio de Jane:iro, de um oatro, o Grande Oriente Uoldo ou do Vale doa
.Beoedltioae, tendo lido aqutle rteonhecldo pet.o inotitu;çOes ~~ da França e de Portuul, como o Csnleo
repraeutantc: da mac:ocaria bcwilri,.. ltm 1832. p<rim, celebrou.-, por t1IDll c:caveoçlo, a fuslo doe dot. Gnodn
Orientes, ~ o predom!nlo do primeiro, o maio antigo e, =ú.meute, o mail pocle:oeo. Na dltima Cue, d& (rq.
IDC!Iblçlo o-de dewce:n~luçlo da maçoaarú. aarcem -aovos Gft:odeo Oric:atc::s, ~ J 884, o do o-. que Yin••
a indevendtDda do norte o n&o dutoo r~>&ÍI de cioeo ll!lOS; o "de Sã:> Paulo e o do Rio OraDdc d o Sul, nn 1893;
o de Mlnu. em 1~," c aloda em 1900. o da 9.thla. Al!m dot aerviçoa rdeva:ntes que pcutou llodepeodt'\cia
do Bruil, a maQOnarll, jl difundida pelo pa!J, teve p\Vte ativa na lJrop&pnda da aboUçAo e do reei me rrpubll·
cano- Bm (raooo declloio, atualtneotc:, perderam ou loju m~ ainda exiatentes o caritcr o o alcaDte pOli•
tieo primitlv011, fuadouaodo como as.oc:iaçllea filaat:r6picaa ou hu:manitAriat. num drculo cada vca mail restrito
de IA!luenc:ia c de açlo.
138 A CUL'l'URA BRASILEIRA
Cruz, a sua vida, não s6 religiosa, mas moral e intelectual, e ainda política,
durante c!rca de três séculos, se desenvolveu em grande parte senão por ini-
ciativa, ao menos com a participação constante do clero. A Igreja desempenha,
na cidade, um papel de primeira ordem; e o culto, entretido sob suas abóbadas,
em suntuosas cerimônias e solenidades, as procissões o espalham nas ruas, com
a magnifidncia de seus cortejos, entre as multidões ajoelhadas à passagete
do Santíssimo, sob o pálio augusto sustentado por sacerdotes. As missões
apostólicas e as visitas pastorais alargam cada vez mais as fronteiras religiosas,
dilatando e fortalecendo seus domínios atê as vilas e os últimos rincões do sertão.
A posição social dos padres, nota RuoENDAS, nos principias do século XIX,
"é um dos traços mais belos e característicos do espírito moral dos colonos do
Brasil: são conselheiros, amigos da famllia, consoladores, protetores dos opri-
midos, mediadores nas dissenções e inimizades". J7 ~ ainda a Igreja que pre-
side, pelo seu clero e especialmente pelas ordens religiosas, à formação da moci·
dade, nos conventos e nos co1égios de padres. E oe, de um m~do geral, escreve
VIRIATO CoRREIA, "talvez não haja outro pafs que tenha como o Brasil a vida
tão estreitamente ligada às batinas e aos buréis'', não hli uma só das nossas
revoluções "que não tenha um padre ou um f;-ade a bater-se pelo ideal da li-
berdade". 18 Os sacerdotes implicados na conjuração mineira; os que, em tão
grande número se incorporaram aos civis na revolução de 1817 ou que, con-
gregados ou não sob o rito maçônico, tomaram parte na luta pela Indepen-
dência, seguiam, nos movimentos políticos de nossa história, a tradição na-
cional do catolicismo que, encorajando, pela energia dos jesuítas, a reação de
EsTÁcio DE SÁ, cortou as asas, no século XVI, ao sonho de uma França Antár-
tica, e ~udou a sacudir o jugo batavo com os exércitos que em 1640 lutavam
a um tempo pela fé e pela integridade do território. Mas essa notável influ-
encia do clero de cujas fileiras ainda saíram, no século XVIII, um físico do
valor do Pe. BARTOLOMEU DE GuSMÃo, o descobridor do aerostato, e no alvo-
recer da nação, um botânico da autoridade de Frei CoNCEIÇÃO VELOSO, um
compositor como o Pe. JoSÉ MAURÍCIO e um poUtico do pulso de Diooo FEIJÓ,
atingira o seu ponto culminante na primeira metade do sEculo XIX; grandes
pregadores, o Cônego }ANUÁRIO DA CuNHA BARBOSA e o Pe. SOUSA CALDAS,
entre os seculares, e Frei FRANcisco DE SÃo CARLOS, Frei SANTA TERESA DE
JEsus SAMPAIO e Frei MoNT' ALVERNE, frades franciscanos, que acrescentaram
com sua eloqüência, um novo brilho à irradiação da Igreja e à autoridade in-
telectual do clero.
Se, porém, nessa irradiação em que hã muitos pontos opacos, nem tudo
são fulgores, na influência religiosa, benéfica e salutar a tantos respeitos, nem
tudo foi realmente útil à nossa formação. A predominância, senão quase ex-
clusividade do elemento clerical, nessa obra civilizadora, e a orientação aca-
dêmica e livresca do ensino professado nos mosteiros e seminários, comprome-
teram por largo tempo a cultura brasileira de que vârias caracterlsticas, como
o pendor pelos estudos puramente literârios e retóricos e o gôsto pelo diploma
de bacharel, incutidos pelos jesuítas desde o século XVI, se prendem a essa
educaç-ão bi-secular de tipo religioso. Tôdas as gerações que se rocederam,
na Colônia e no Império, acusam nas qualidades e nos defeitos de sua cultura,
"@sse regime de domesticidade monacal", em que foram educadas. O predo-
mínio dos padres e dos frades, nas elites culturai!, não foi também sem conse-
qUeocias prejudiciais à própria religião; solicitados, pela escassez de homens
cultos, e sob a pressão de causas sociais e econômicas, não tardaram os eclesiás-
ticos, os letrados do tempo, - a transbordar de seu campo de ação natural
17 j oio M.c.ualclo Roo~s ,Viapm pitores~a atra'tl:• do Braell. LIYTVI• Marthu, S. Paulo, 1940.
18 Ynu.\TO CoUKU. Batinas liberais. Jt.rtir.o no "Correio d• Maohl", Rio de JGC\ro, 1920.
INSTITUIÇOES R CRENÇAS RELIGIOSAS 139
U Pl.bno B.utUTO, A cu/tur• j urfdic. no Br•5il {1822-1922), Bibliouca do "O Xatodo de S1o P•ulo".
o.• 2, S. P•ulo, 1922.
140 A CULTURA BRASILEIRA
20 Ante• de Sei' auc~urada • liberdade religiosa pela csrta corutituciona.l de 1824, a Inglaterra, 001 61·
timoo anos do perl ~do coh>n•GI, em 1810, havia rirmado com P.ortu~al um tratod" de comfreio ern que te ettl,
pulavA, no artl~o XII, que Potlugal mllntfrie aoo o6di tos ingl!aes, no. oeus tcrrlt6riot, liberdade de culto, "nu
part.ioulorc1 111rclu e capelas", e ,.ria ~rmitida a edificação de c.aoaa para o culto, com o oondiQlo de, ut·t't'D&·
mente, '" a u emelhlll'Om • casas de habltaçAo. Por este tratado celebr01do etltre D. JoÃo VI e a Inglltcrr•t 01
protestantes, a oa quais nfto te facultava rucr prooHitoe, teriam cemitmoe npcc:ials e oa funeroi1, rupeitalloo,
21 Que a ufl:'l'll do prot"tanthmo ae tem alorgado e se multiplicam os tuaa obrlla, nilo 16 rclialout ma•
de CJU'later educativo c ao: lal, nllo h6 a:>mbra de dC.vida. ~ne de.envolvim~nto ~ tAnto mais not6vel quan to
~m encontrado aemp<"e, da parte do catolicismo quatro v!&es secular n o Brasil, c ou tradiç6CI cat61icat do povo
bruileiro. uma oposlçAu decidida e co11.1tante. Em 1935, já contava ctrca d e I milhão e U'leio de pc:!IIOIII aob a
açlo rdisiota dat •src:.iu evan~tflkas: e, para 2 C76 par6quiiiS. 76 curatoo, 30 eapda1 eurltd&J, da i~(ja cat61ica,
aqundo oo dadot estalhtkos ofl:iolt de 1934, e.xinh m em 19.l5, 1231 i~ju e 645 mlnlttrot protutantn, com
a exduolio dat itrejaa e dot miohtros du c:>munidades c:oloniad. Er&ueram·ae cro.ndes templo.. evaoctlicoo,
como a Icreja Pretblt<tiana, do Rio, antica Casa d e Oraçi:.. rea>ostrufW., em estilo c6tico, c reputado "o maia
bd:> c: majc:st~ t cmpl:> du den:.mlnaçõn evan~fficas do &a.su··, e outtot DO Rio, em SID Paulo (CIUDpiau,
Rio Claro, ATaraquara, BotoKatu). no Parani c ao Rio Grande do SuL Calcula•ae c:m lO milbllet o a6naero de
aemplaua do trlCto .. irado, - por intriro e em oeparatu - , diJtribuldos at~ 1936 ao lkhil". N;o e mcnoa
impartaote a obra cdueativa que ae realiza, DOO grandes coUg:ios e Das eocota. domiAic:alt , catu, com uma IIUI·
tr1cu.la total de ISO 991 alui\Of, em 1934 c o que • • Au~ CtütQ de 114~. hutitWçJo de: rdçao C:V8JI4'·
lica e de ori&cm nuuho6ria I\OO'te-amencana, trazem um.a contribuição de alto valor com aa ,..., a tividacke edu·
euivu na• trb aeJeJ, a do R io de Janeiro, - a p<'imeira fundada oo Btanl, em 1893, c j 6 ~ wn patrimOaio
de S mil contos - , a de Pelotas no Rio Grande do Su! e a de São Paulo. A cantribuiçJo do protestantismo, a a
ol:n b01pit-.Lv c orfan~~.ca. ainca que maiJ rceenc:e. j6 apnscnta hoopitai• como o Hotpita.l Evanttlleo do
•Rio de Jan:iro, o S• m•nlano, de Slo PauiD, a Vila &maritana, em São Jost doe Campos, o Saaet6rlo &beoiLU.
em Campos do J oroio, e vlri01 «fanatos n o Ri:., em Allna.s e São Paulo. euc: poder de cx·p enslo -.lnda oe pod e
*P"ttiar ~1-> valor do património evan&élico, calculado no seu total em SOO mil contao, Kaundo ot eilculos de
Down;oos RJaiiRO, que compreende, nesn avaliação, templos, reoideodaa putor-.lt, aemioúioo, colqloo,
h01pita11 c orfanatos. (Cfr. D OMINOOS Rl811Jt0, Orilen• do evanlelismo brasile/ro1 R IG, l9J7: ERADIO
BRAOA and K&NH&TII G. GRU8, Tho republíc o! Bra~il. A aarvcy oi rdiciout aitu.atloo. Wodd Oom.nioo
Prc.tt, 19H).
142 A CULT URA BRASILEIRA
22 Srcundo oe da&. estatúticos oficiaH, de 1.93:1, albn cb rdiiilo c:-.t61~ que t a cb cnm:Je maioria
do povo bcalili:iro, e 4aa divenu igrejas pro>..esta.otcs, esistan ainda a Ignla Ortodoxa, eom lllcrc.iu c 8 padres
e a lerda bradita que dllp6e de 9 ainaJ:ops. Bm todo o pcrfoc1o colonial, o que barrava • ~atrada em 0011011
p«tol ao eatn.nariro. era a beteroc1oxia, ou como exreve Gu.al!'ltTO FuYlll:, "a mancha de bercje na alma •.•
O pc:riao nJo cotava no estraocelto nem oo in<ii~dut> dis~tbüc:o, mas no bc:r~c", Dat • r.:açio ol»tinada c:o:1tra
aa duat malcwea tentativu de implaataçâo do protertantbmo. no o!eulo XVl, no Rio do ]andro, e, no ~o
aquiatc, cal Pc::rumbueo. O eop{Tito aveoturcito da geute oemita, u peneaulç&et rdi!Poeu 1!111 P artualll e, maia
teme, a r iquuo clat mineraç6ea drtcminaram um &t'IIJlde ~uxo ao BrMil de dcmentot de raca judJú.c:a que se
lNSTITUIÇOES E CRENÇAS RELIGIOSAS 143
coo«<tsanm aobtc:udo em Slo Paulo, e m Punambuco. na Bahia c ""' Mjnu G«ait, destKaOc!CHc como mcr·
c.dores c eet>hor~ de en,cnho, c unto oo cultivo das lctru qua.oto o.s p<ofi.se6a liba.U. li4.Lt eram oa audor
~ aütioo novos que. ameaçados, em Porcucal, das fogucir•s inquisitóriu, p<ocunvam rclúclo e u.m lucar
de dqrtdo ao lkasil c aoe qwolt a Compa.ohia de Jetua diJpcn..va tal pcot<Çio que chqou a p<<WOCM coall.itos
entre caa ordem rch:ioaa c o S... to O(lcio. A oà.> t u no p:rloclo do domlnio holaoclb, cm P~buco, c ou
capitaniu conquittadat , ot judeu• nio p<O(C'Iuvam pQblicaroeatc a rdi&iio mosaica. A l v<J• laruUta alo
pOde, poú, C"Stabclecu·•~ KoJO tn:l fora do tkulo XlX c, c:omo a qrtodou, ~· um circulo cxtniD&IIleDte nd~·
tido de ritts. Depois do catohcltmo, accuido de !onere pdo p<otcstaoti.smo, apnar de I WI cxtraorcliniria cxpan.&o,
~ o eop1riuamo que teve at~ h oje m&J« de.eovolvimc nto quantitativo. c:om e&ca de 4 oulbúct de a fllia doa, dit ·
uibwllos por numd"~ c:eouo~ esplritas (mab de 40.>, tàmente ~m São Paulo}, j6 iliC«por..Soe em Fcdereçlo,
mas aem qualquer lnllue.-.cla n o dom!nio cultural. A Sociedade de Mcta,pslquioa d e Sb Paulo, que ~ a ntes uma
toCiededc de eetudos do que um centro rcli&iOIIo, dueavolvc uforçoe oo tCAtido de da.t \1.111 cet6tcr ~eodlico u
invutica'6ct doo Cco6zo:oot clamadot ••piritas c tido. c:omo oobrenaturaia.
144 A CULTURA BRASILEIRA
:!3 A reedo de POM!I.\1. contra os lqad~ e u ordena mon~tll:aa, pn>obiodo-aJ de reccbenm 110\--iÇOt,
fo• cerumente dupropoorioneda aos rm. que colimou: CJCtrnnad~. COIZlO • poUllca reall•to qo~ se tnldwiu em
decnto.emdhaote do cwtmo impt>rieJ . em lSSS. cuidou corri;:ir wn obUJo. que ctt.ava 1101 c:catllll'les. com outrO.
o de um Colpe eon'" a liben!ad• de CDD5Ci~. Era pr«"ÍS!>. ~ d\avida, fUl.ir contra •·· capeculação invef'e•
tada que K pratit-ava com u filha• das mdhwes famlliu bnmlciraJ npatriadat daqui sob o pretexto de .., ed\1·
urem, para ac condenarem aa Mrtrópo!e li dau•ura dos conventos••. Jllio eu mm"" o abul:> que POlotJlAL
prooaltou coattt. "doa lccados .. <:3\abde<imentos relir.iooM. mooomanla @.Cr:>l que eJ<pl~uva ·~ famruu, nu!riado
a odcn;dolle e o fanatitmo'". Mu eo:n o me;uno tolpe que te vibto11 eo·nu &ICI abu.os, cnodJoo mima atmos-
fe,. carrcpda d e mitti::itmo, t : r.,-;, a J:b<ntade ac con,.,ttorio, proibindo. - que o qu.. ram, de aecuir • prupria
vO<"açlio. Oa C04Vcfttot entrDram em d.ea.d~cia e. et~ot.adu •• tUIU rCJ~rvQ• nati>nob. tle~ba de DCOntc«r,
o que acontc:ceu j 6 na República: fwam parar b m!los de fradet <:nran~triro., ~do. para r~voar 01 coovcntoa
q\&e ddlobovalll ímped.ldoo de receber noviços.
133. Pe. ] OSÉ DE ANCHIETA, S . J .
( Canária•. 19-Ill-1534 - E : pirito Santo, Brasil,
9-VI-15 9?) - Reprodução do Gabinete de Etno-
grafia da Faculdade de Filosofia de S. Paulo.
135. Matriz e r·e sidê ncia dos jesuíta.<t; em RcriALiba , hoje Anchieta, Espírito Santo.
( Ê a própria casa primitiva restaurada. onde e xiste a antiga cela do g-rande apóstolo) .
LISBOA·
Na Officinade MIGUEL DESLAN DES
M. DC. L XXXVI.
Com todtts as ltcenfai neaf!arí~s
13 7. Frontispício da cdiçiio dt! 1686 do " Catecismo Brasílico''
d o Pe. ANTÔNIO DE ÁRAÚJO ,
J 40. Sncri1tla dn Catedral . Snlvador, Bahia .
Foto VOLTAli<& F'RAGA. Jnstltuto Brasileiro de Geografia e Estatística.
139. Pe. ANTÔNIO Vt& l RA ( L Íi boa, 1608 - Bohla, 1697), jcsuífn cnm 50 ltrt os
de sorvjços 80 Brasil c. o maior prcAador que se exprimiu e m lín.gua porluAuÜ$11.
175. A Escola Central, que se trnMformou em 1874 tlll Escolll Pollt6cn ica . ( Hoje Escola Nacional do En~cnharl•).
I 41. Claustro do Conve nto S.
Francisco. Salvador, Bahia. -
Foto VOLTAIR.E FRACA. Insti·
tuto Brasileiro de Geografia e
Estatística.
BlBLIOGRAFIA
:4 Emban tenha aumentado COI'lStantBnmte o o6ml'f'O d e institul~ ete:olara, lclcu, p6blic:as 011
pllrt:iro1arn, pua a educa"" de meninas, maot&D- ..:entoada pn:{tteod• claJ (amQiu abattadu pera 011 co-
~ diri,;doe por COC>t<qaeõea rd~ Eotte &-, dedaUm- 011 ~qloe, QllilK tocloe oob a f<>cma de:
lntc:ruto, de: N - Seohon de: Sion, das Irmis do S&tradD Coraçlo d~ )ou., clat ltlllla Maredinfl ou du
C4nqu de. Santo Acc:atinbo. A Congrqação das C~u d e Santo Atoetioho. fUJ>dada por Slo PtORO FoUJUEJt
(156$-1640) 1 maalém, dC*Ie • oua c:bqada ao Bruil em 1907, um eolf&lo em Slo Paulo (Col~10 de:s Oiseaw<),
a cujo tirlilio 1e eeKecentou, ao 1933, ums faCI!lda.ck superior de I~ e d tod a1eob o Ul\llo de lnatituto "Sedca
Saplc:otiac'', c: outrO, c:om um Jardim de: IofADcis, criado maiJ tarde, em Saotoe, oo lktado de Slo Pa\llo. A$
lrml• M&r«llnaa q ue ebC>Katam em 1911, diri&cm oo Bras!l ocit C'IUbdeámc:nu. de: c:Mlno para mOCQ e, entre
tlee, o de Botacatu (l!:etado de Silo Paulo), o pcimdro io111.at.do por - Con&receçGo. Oa Col!cioo d e: Sioo,
de Slo Paulo, de Campaoha (ao Sul de Mínall , de Petr6pclia e do R!o de Jaadto, elo deotn 011 m&i• flcreKeote.
colfaloe reUtiOIIOt d"'tina d oe • i.Dúruçâo e educação da mocidade femlnioa.
INSTITUIÇOES E CRENÇAS RELIGIOSAS 147
I A retórica, lembra Gt:r.BanO Faltves, ''or cstud8VR ,.,. aut occo lati-. - leodo QuiHTlUAHO, r«i·
UAdo l:foa.4clo , ~odo u orações de CtcDO. I4i<:a e mosofi• . tamb&o: ftllm aind a oo d~ de
Cfc. .o que e~tuiam os elemct01 princ:ipaH de estudo. A filoaol'"111 C'8 a dos ondocu e a dos padres. M ilita
palavra, e o tom ~e o dos apOIQCetn que axroatpe a dignidade é1a anlltao e c:omprocorte • hooatidade d e
a'ltica. Daf • tcocltocia ~ • oratória que ficou no bc'uileiro. perturba.odo-o taDto ao c:oafOrQo de pcmac eon:to
ao dt all8liMr .. ~ol8u. M euao ocupa.odo-se de - =toa que peçam a mal« eobricdade verbal, • p«cisi.o d e
prcftrbcla eo efeito li~irio, o tom de ~.-ena em vu do de ditc::W'10, a maior plltUA poselvel de objeti.,;dacle.
o brallle!ro lnee:otlvelmCDte leY&Dta • vos c atredoada a JTaoe. Kfeito do m uito tnlm de frad.cr, da muita ret6riea
de padre." (Sobradoa e n>ocambo.s. Pá~ 269, 1.• Kd.içiio, Sio Paulo, 1936).
! CAPttnt.UfO oa AJuuru, Um visitsdor do Santo Oficio, pl c. 14.
3 OLJVatBA Ln!A, Hiat6rie de Revolu~o de Perrutcnbuc:o am 1811. ltdiçloc:omemora tiva. Redfe, 1917.
A VIDA INTELECTUAL - AS PROFISSÕES LIBERAIS 151
senão à nobreza, ao menos aos chamados cargos nobres, criando uma nova
aristocracia, - a dos bacharéis e a dos doutores. Para essas funções nobres,
como a magistratura e o canonicato, que exigiam um minimum de especiali-
zação intelectual, bastava a cultura literária e abstrata, transmitida nos colégios
de padres, por métodos que se baseavsm, não sobre a ação e o concreto, mas
sôbre a leitura, o comentário e a espeCulação. As armas espirituais de que se
compunha o arsenal dos mestres em artes, " essa espécie colonial dos bacharéis
de hoje", não passavam das humanidades latinas e das noções gerais que r~
sidiam à base da füosofia e da teologia e eram mais apropriadas a formar pre-
gadores, letrados e eruditos. Formou-se, por êsse modo, a tendência intelec-
tualiata e literária que se desenvolveu por mais de tr&l séculos, para o bacha-
relismo, a burocracia e as profissões liberais. Se para ela devem ter concorrido
as tradições intelectualistas do judeu, a cuja influência GtL!iERTO FREYRE
atribui o gasto pelo anel no dedo, com rubi ou esmeralda, do bacharel ou do
doutor, e a mania dos óculos e do pince-nez, "reminisc!ncia oriental, de sabor
israelita", é certo que nenhuma influência nesse sentido, na Metrópole e na
Colônia, foi maior do que o sistema de ensino e a cultura que dêle resultou.
O papel que exerceu a cultura modelada por êsse tipo de ensino foi de tal pre-
ponderância que nem as missões holandesas, cientificas e técnicas, no período
da ocupação de Pernambuco, nem mais tarde as re.ações isoladas do Seminário
de Olinda, no século XVIII, e dos colégios de franceses e ingleses, aqui est.a -
belecidos, no século XIX, "para grande indignação dos padres", conseguiram
abrir uma brecha mais profunda na tradição intelectualista, puramente lite-
rária, do velho ensino colonial dos jesuítas. ~ que as condições de vida social
e econômica, depois da expulsão dos padres da Companhia em 17 59, e até os
fins do ~culo XIX, se caracterizavam pelo met.mo regime de escravidão e pela
mesma organização econômica; e os progressos lentos, no domtnio das indús-
trias, não foram suficientes para valorizar o trabalho prâtico e tecnológico,
mantendo em baixo nível os tipos profissionais, e ainda extremamente simples,
a hierarquia das funções industriais. O titulo de bacharel e de doutor man-
tinha-se como um sinal de classe, e às mãos dos filhos do senhor de engenho
ou do burguês dos sobrados continuavam a repugnar as calosidades do tra-
balho . ..
Mas a ascensão do bacharel e do clérigo, gue data do ~culo XVII, com os
primeiros valores brasileiros, G_REGÓRIO e EuSÉBIO DE MATOS e ANTÔNIO VIEI-
RA, êste, português de nascimento, todos formados na Bahia pelos jeswtas,
e que re acentuou nos séculos seguintes, com os bacharéis do Rio e de Minas
Gerais (Vila Rica), teve, sem dúvida, uma grande importância na vida social
e política, nos últimos tempos coloniais. Se, de um lado, essa cultura padro-
nizada que recebiam os que estudavam com os padres da Companhia e iam
bacharelar-se em Coimbra, tendia a assimilar as e}jtes, de norte a sul do pais,
aproximando pernambucanos, baianos, fluminenses e paulistas, 4 os valores
4 '006 jovc .,. brasileiroe q ue iam coi:Udar na E~ a m.Uoc- pvtc "" dcatloava • Cobobno, outro. a
'MootpelliCF e a Pe.rit, ~. mda raros, ~ AJema.'lha c l ~terra, oode ee fortll&n m, - vinte anos ou pouco mais,
tcn r.JoeoOa, medicina e lfObn:tudo direito. Entre oe iDCOIÜKicatca, Cl.ÃVD10 MAKVU. DA CotTA, d e Minat {Rj-
bc:itlo do Canno) e IJC.{cto ] od oz ALv~G.\. d o Rio d e Janáro, doutoraram- em Colmbra ; OoMmooe VmAL
B.ultOeA, mineiro, e oe numi~ Josi M.uu.\."fo LEAL e Jost ] OAQOOI DA MAIA , que tc:Yc em 1786, uma ea·
~bta em N tmca. com ]D'PZJUION. embe.iudor C:09 E stados Onidoe em Par .., c: monw em Lit boe ao yoltu
l ptt:rla, ...tvdavam I!Kdicina em M - tpdlier. c J ost Al.v.....u MACfa%., na l n&latetft, ooclc ee doutorou em
d eadaa oaturaú e I'Uoeof'I.JL Do nor~. - de PcRambu<:o e da Bahia, - com • fllttora cria4a pch lAvoura
da cana, e. ma.a tarde, no o6:ulo XVIII , da ~minas gcraü" , com a riq ucaa q ue f>!oYdo da ~lataclo du miDü
ck ouro, t q ue partiram bnuildcoo, em mal« oúmcro, para catudoe em UDivcnódadca c:w-~. Recife, Bahia
e VIla Rlca foram, em coo.cq!ibxia, ot maiores a:nttos da vida lntdcctual d a Co16Dia. Rara. oe paullttu. poa.co
mala de vlnk , que foram bacharelar-se! em Coimbra , oodc havia catudoo malcwea: e, ~!Te tlu, oe d ois Gu SY(Iu,
de S.Otot, BAJITOLOIBV LovUJCÇO, inve:>lm" d o un»tato, c6oeeo c la~te d e matem6tica oa U nivenida<S.. de
Coimbo-11, e A.f..&XAJ<vu, diploma12, q ue tamb&n bem>ioou em Coimbra os estudos loicladoe no col4io doe j e -
nltat: oe tr& AHDJtAD.U, Jori BoNJPÁCto, AJ-IT6mo CAJtLOJ e MA.Rnt.t Pa.ufcuoo, tam~m de Saot« , como
7DlfANDia PrHH.&JaO, VlKOOC!e de 5M Leopoldo, c, d e Sio Paulo, 01 d olo TOt.llDO RlllfDON, Plt.ufCIIICO LltAKORO
e ]olt Aaovc:a•, que foi o primeiro dirctoc da Pa~c d e. Olrelto d e Slo P llUlo.
153
- ---- A VIDA INTELECTUAL - AS PROFISSÕES LlBERAlS
1 Em uma cka pA(JIIas de eeu diirlo, o eucetlheiro L.. L. VÃVTHtJI:Jt, roendo eor\llderacOa ll()bt'c .. fatu
real.u.dat no Reelre em homenacem a PltDJtO n (~ de desembro de 18401. regime, c:omo o~ador penp!eu.
embc.-a eom acrim6ola e euta acreuividade, a teodeoda bralileira ao -.ptrito ret6rico e ao detamor por qualquer
tnbalho de campo, de car6tcr manual 011 mec:bico. ••Que ~tel" exclàma VAUnu&• diante do nlim•o fw·
IUJ'Ute do ••Oi,tlo de P~buoo" (dolt lúnoe a Sua M-.iettade e um a Pemambuco, e6bn o met~rno auunto).
"Que ceatel NJo recua dlaote de neubuma erprealilo por exacerada que .eja, do amor mais ardente e do~
tuaiMmo mala UTebatador. Nlo pe!ba. estou certo, llt:m • quarta perta 116 c!u palavru que ~e." 1t loco
adiallte: "Quando falam de um pala. tudo que lhe aw:ede de mau. atribuem l falta de s-triotüa>o... Eu coat.aria
KII1 que a~cum. ped~Me a um d~ ndioa que tanto r.wn de pat:riotmno que ~ uma ro.iB e -.iDdaue
a fucr um Divdamento. Dilia loco que olo t nem ~iado nem catfro, que 6 Uvre e ,.... ~ Jl6B e.rrqar
coiaa ~" (Dihio Intimo do •nl•nhvro Yauthittr (1840-1846). Prefácio e n - de On.aano Pltnll&.
Publicaçi5et do Serviço do Patrim6oio Hdt6rieo e Miltico Nadoaal. 4, Serri(o Gr6Hco do Y~ da Edocaçllo
e Sddc, Rio Jaoelro, 1940).
8 De fato, na Ac..semla Real Mltitw, fuDdada ao lSlO, pasaram a f~ a putir de 1132 e ea1
virtude do decreto que lhe aoexou a Becola de NariDb.a. ~militare., dvia (de poota e~) e uvala.
Bm 1833, dnlicoo.ac a Ac:aclemla NavaJ da Acedemia Real Miliur em que ae ampliatam o c:uno militar e o de
of"aciaia C~>Cea.heiroe. Nlo ac cnodilkou _...-ialmarte a .;~ em 1139, em que a Ac:adcmla Nllit. ~
a dc:nomioar- E«ooa M ilitar, c:om .. meun.. objetivoa. S: eom a reforma da Z.Cola Militar, Cal lf42, qllc
WJ"&c, ao lado doe C'1lnOII militarce, de cavalaria, infa.otaria e artilharia. o dc eaceabaria em 7 omo.. O pi'OCeNO
de dlf'ercndaçlo, por&>:>, nlo ae loida eenl.o em 1858, em que a Bacola lid:illtar toma o aocne de &tcOia CeotraJ.
e a de AplicaçAo, c:rillda an tass, o de &cola Militar: os cmw:. de of"!Ciaia e de m&eubdroa ~Dtlit&ta alo fcitat
- Jr.r:ola Militar c o de ctl&mheiroa dvú na EtcOia Central. em que, al&n do c:uno de ea&ellharia dvil {doi•
.....,., ac ettabeleceu 10 cuno b68i1:0 de matan6tic:a e cibic:iu fbicas e -turai.a. de quatto uoa, comum e obri·
ratóriD, 100 todo 011 C1D parte. aoa c:andldatoa aoe eW'IO\I de iACantaria, artilharia e Eotado Malcw, • de CACI'ftharla
l58 A CULTURA BR A S I LEIR A
- -
foi a única no genero em todo o país até 1876, mostram como, no Brasil, custou
a desenvolver-se e a adquirir relêvo e autonomia a profissão do engenheiro
civil. Em São P aulo, a escola de ..engenheiros de estradas'', prevista no plano
do Gabinete Topográfico, criado em 1835, por RAFAEL TOBIAS DE A GUIAR,
não funcionou senão dois anos {1836-1838) e, reaberta em 1842, com a pre-
sença de 23 alunos, extinguiu-se em 1849, por um artigo da lei orçamentária
daquele ano ... Só mais tarde, 43 anos depois dessa tentativa ê que se criou,
em maio de 1893, em São Paulo, uma escola de engenharia que não chegou a
abrir-se, como também não se instalou a escola superior de matemática e ci-
ências aplicadas às artes e às indústrias, criada em agôsto de 1893, sob a de-
nominação de Instituto Politécnico. As tentativas e reformas sucediam-.se,
no campo do ensino técnico, até 1874, em que se institui, s6bre a velha Escola
Central, a. E scola Politécnica do Rio de janeiro, - última fase de um longo
processo de formação, - seguida de perto pela E scola de Minas, fundada em
1876, em Ouro P rêto, e com longo intervalo, pela Escola Politécnica de São
P aulo, j á no regime republicano. Não foram mais bem sucedidas as iniciativas
na ordem prâ.tica em que, segundo observa EUCLIDES DA CUNHA, "as mais
imperiosas medid as despontavam abortícias". A idéia de bater-se a distância
e abreviar-se a enormidade da terra pelas linhas férreas (idêia já acalentada
por DtOGO FEIJÓ quando em outubro de 1835 assina a primeira lei sôbre es-
tradas de ferro), ressurgira em 1840 no privilégio concedido a um estrangeiro
pertinaz, THoMAZ COCHRANE. M as o lúcido profissional agitou-se debalde
no meio d a sociedade desfalecida até o malôgro completo de seu pensamento
progressista. A missão técnica de franceses, contratada em Paris, em 1840,
por FRANcisco DO RÊGO BARRos, depois Barão e Conde da Boa Vista, prova
com a sua presença em Pernambuco, não s6 a deficiência de profissionais no
pais, e o baixo nível, ainda por essa época, da engenharia de profissão, como
também, nos constantes conflitos com o meio, o choque de duas culturas e duas
tendências,- a conservadora e a de inovação. De 1840 a 1846, essa missão
que trazia corno chefe o engenheiro Louts LÉGER VAUTHIER, e era constituída
por um grupo de técnicos, B :>ULITREAU, MlLLET, B UESSARD, MOREL, PORTlER,
todos franceses, teve de enfrentar, no B rasil patriarcal e escravocrata, apesar
do apoio do presidente da província, as mais tremendas oposições: "a perso-
nalidade européia, como salienta GILBERTO FREYRE, no prefácio ao Diário
íntimo do engenheiro VAUTHIER, é que dá ao drama de desajustamento a
nota revolucionária, e o meio americano, a de conservação, a de rotina, e às
vêzes a de inércia. O homem do Velho Mundo é que foi, nesse caso, o inovador" .
Essas incompreensões e resistências em que se quebraram as tentativas
no domfnio do ensino de caráter técnico e na ordem prática, acusam mais for-
temente o tremendo desvio angular que o ensino colonial, de origens eclesiás-
ticas, criou entre a terra e o homem. entre a cultura e a obra de colonização.
1! n elas que se amorteceu a série de iniciativas de D . JoÃo VI , cujo espírito
orientado para a ordem técnica e econômica se restabeleceu, trinta anos depois,
e jã então com novo brilho e uma vibração nova, nos empreendimentos auda-
ciosos de l RINEU EVANGELISTA DE SoUSA, Barão de Mauá, a que se devem,
com os 15 km da linha do Grão-Pará, e sem nenhuns favores do govéroo, "os
primeiros paS!os da conquita majestosa dos planaltos". É ainda na rotina e
nas hostilidades do meio que se abateu a vontade robusta de MAuÁ, várias vêzes
mUi~r ou civiL Km 1874. af'toal, aeparanun-se as dwu e9COlas. traruf::nnaodo-ae a S.~a ~ntral na !bc:Dla
PoUtfaúao, com 011 tr" a1r101 de ~civil, já de t'rb anos, de mia .., tam~m de ttb. e de arlet e m•-
ou_fatuBa, de doia, a euja bue rendiam o cuno geral (doú ao<») e os de d~nc:lat fhicq e natW'ilÍI ou de d!nciao
l bico c malcmlricaa, de trb anar,
A VIDA INTELECTUAL - AS .PROFISSOES LmERAIS 159
O Vede COilRIIA Ftt.Ho, Andt& Rebou1141S. Conferblria pronunciada a lS de janc:iro de 1938 em aeootlo
tolene do Clube de Bnamharla do R io de Jantiro. /n "Jornal do Com&cio", Rio, I G dejanei.ro de 19381 S.U.J'AIO
COR.It&IA, Franoúco Pereira Pa..oa. Conferencia pr-oferida a 28 de ag&oto de 1936, a ~onvitc do Minlotro da
Educ•çilo e Sa6de Póbllca, em c:oMernora,õo do centeofi.tio do naocimento (111311) do reformador da cidade elo
Rio de J aneiro. In ''Correio da Manhl'', .Rio de Janeiro, 29 de agó,to de 111311.
lO Foi Euo.t.maa DA Ct1NRA que olaervou o contraste entre o deKnvolvimcn.t o do ebterrua fctTovlirio
arcen1loo e o aurto fc:rrcviArio braeilelro. Enquanto aqu~le paíe, ena 1907, ji cont•v• com 20 814 km de viu
ftneu, calçnlavarn•te CID 17 ,l42 lcm •• eootrad., do ferro do Btaoil que d evera pouulr cete. de 70 000 1m> "ad·
lnit!ndo-te como ttnnoa 01 pov011mento. doe doio palieS c •• liDbas que um e outro pc:ff0t1'Cm para o domínio d•
tan". z- diferença qae "SQ&mu eomenúrios q._e ooe ü.o &bert:ameotcd<:lfavor,veh", explica, porfm, "Evct.toU
PA CtnrKA, ante.t de tudo pelo coouute entre o. dois meios &elli!VMiCOJ: o da ~entlna, em que a terra ae aub·
n>e~u, "dc.de o. primeiroe panoe, aem a repuba deur....c:t:ora elos piDCaroa GJTC.m-doo e brutx., entreaand~se
qua.c t6da, b._mllhada n.o rebelJUU~~ento cl.u planuru", e o do BruiJ em que u aenu e oo paobu>ai.a leva.otaram
os maiores obatflculoe l eooquista defloitiva do pl•naho e ao avanço dos trilbce em t6Ju q d~ ( À ~r tom
d• hlat6rla, 3.• ed. 1922, p6p. 140 e 141). a. por iato, oa. construção das vande.t li oh., de peo.etraçlo quo ...
p6o l prova mais d11ra a ftllenbaria nacional, em que ae destacaraiJl VISCO:fl)& Pl MA oi., que alo era ~ahriro,
ÁH'DIÚ R.uouç.u. M.t..tuAHo Ptoc6Pro, C. 8. Oro:o, hJt&JRA PA.PO&. Aata RJJI&Uto, Cflode8 admlnistradoru
da Eetra4& de Feno Ceoual do BruU, PAOLO Oll Flto~. pela obra de duplicaçAo cl.u Unhas, na Serra do Mu,
e TlliX1tlltA Souas, o eonatrutor da atrada Pat11nacuA a Curitiba, notAvel pela• obru de arte, emprecodidu
pela eoceob&ria de camioboo de feno. Ne enamharia de portos embonl os grandes projeta. tenba.IJ1 aido de e.-
trans:droo, fi&unua trb nomea oottvds, F'RANetSCO B1C:.u.ao, SooSA B.t.NoalltA e Al.raaoo LrnOA, c na de miO&t,
GONZAGA Oll CAM'POJ " . oua ncola, C.u .óoaltAI, ARROJADO LIGO& e eon... S&N&, o ten:dro diretor c!». Baçola.
de Minao, em Ouro Preto. AI vaadea lnotat.~ hidroeiMriou, como Ribclr'llo du '--.je.t, 1lha dO\! Pombos e
CubalAo, - estll CUtima um doa m.alt crandJoeoe empreead~eutos realizados no BnuU, - oJ.o pi&Doa e obru
de eo&eohelroe eatraoielrot, com a c:olabonçAo de braoileiros. Na eonaa-uçlo civil, A.utXo R.&la, que dlriciu
a comiedo de enaenhdrot enc&N"qada de eonnrulr a cidade de Belo Hot'Uoote, e SATUIUIIHO oa Ban·o, o maiCK
oome da cnacobatia IUUlÍUria em que te de.tt:acaram o General JAillliX, s.ua.uo Colut&u. e Tlloooao 'R.ucOI,
ao Rio e em Sio Pllul >, aão outroo t:antoa norna QQe bonram a ea&c:Dbaria oadooa1. (Cfr. &o=u DA CUJfiL\,
À m~~rt•m da hiet6ria . Vlaçlo Sul·&mmc:aAII, 139- 163, 3.• ed. 1922). MOAc:a Sn.vA, in "Revistll ar...1ctr.
de O~"; AI.&UTO RAI!Oill., Rumo• a peupe.;cin•. Z.• ed. s&ie BraaUiaoa, vol. 26, Slo Pllulo, 11134;
Joct Lula B.t.nnA. O a urro larroviArlo bfi..Uoi1o no .-.~undo reinado e o . .u daNn~ol•imento. Separata
do. aa. 11 e 12, de 1938, elo "Boletim" da La.petoria Fedenl das S..tradu).
lCiO A CULTURA '9RASILE1RA
11 N o primeiro e em parte do 8qU!ldo akulo, do perlodo eolonisl, nllo eonhec.,.m oe colonoe e, 110h<'c :tudo.
oe lnóloo outrot "(t.lcoe", a nlo l«ftU\ 08 jcoulta!l que, alo tendo por prot'l..lo a medklna, aorcvc S&RA•J.. Lan&,
"tinham p<W (Orça do manttt·lc: dentro da teraplutica emplriea e duma prorllaxia rudimentar. ltvitMam contudo
o ncolho do curondelri1mo pda cultura human!ttiea que pouufam, a mala alta do ecu tempo. Tiveram, na ver-
dade, de IC premunlr ~lida mente contra ~e. Os fodioa, toa1 a ou- mcnt:alldade prlmltlva, cxiaJam cu,... mara -
Yilboeat, como oe na mio daoo jes\lfta. esti...-m e vid.a c a morte''. (SIIA.UtM LIEI'1'&, P'~/nae da hi1t6rla do
Bra•ll, pq. 19$), Chamavam 01 lodioo a011 padJ'es o xu pooanta. IJto t, "a aua vcrdadrira medlclaa". &lcs.
de rato, enquanto nlo vieram 08 prof'laioaais, eram 01 mMicoa doe lodioa, no tratamellto de cuju etlfcnnldadea
utilluvam WJ.IUDCIItc .. crvaa ~ e a ex:peri~ indlieaa eolbidJI, em coau.to com oe .,.,~c, em cent,
com a cultura d•• popula~ primitivas- Numa terra em que o3o b.avll " fúicoe nero barbciroe"1 aa dreu.,._
thciu lha Impunham o deva- bum.nitúio de acudir àl en!e.-mld.ades do ccwpo, na molida em que 1hea.,... poa-
alvc:l, c:om aoo rccunoe locab e • botica do coligio. Em cad.a miMioaário podia·• diaa' que vivia um mtdico.
Oa cwoC1Uioaaia, bla, a nAo ser em Salvador c no Recife, noe fina d o aolc:Wo XVII, &alli)R foram tio pooc:oa que
alo b&Jtavam pUS u cidades, e aiDda noe l'iiiS do ako~ XVUl. pedia o vi«-ni L u la D& VAtCOJCCII\.OIIt Sovu
(177~1190) providtDdu l U ctr6pole, "p<W haver 1111 teru apenas q ... t:ro ~icoe. ineu!lcicotes coU>O a thae.-o
e como prátlmo." 0... doi o a6bios mbiicoe que fuiam parte da mlJelo bolaftdCM, truida p<W NAullfCJD 1).,:
NAasAU, c toroara.m pU1I a BUJ"Ope, - Wt1.B:I:ul. Puo e Gaoa.O& M.utc&OIIAPJ', o que ooe racou f um cap{tula
d e l)t'imdta Ot'dem, M..ticlru. Br••j}i&fiM$, primeira parte da llist6tie. naturalle. Braailiaa ( 1648), obrw.
oot6vd a tod011 011 rapei toa. Doa c:ristãaoo aovoa, judeus Yiodaoo de Amncn la.m ou d e Portupl, que praticavam
a medicina aobrctudo na Bahia c d011 próprios máfic:os partugubd que vlc:ram a~ a proltulo c rara.-ne~>tc:
K cat.bcleciam no Braoll, Ge!lhWlll realizou obu nem teve quai.quer iolciativu au.ac:c:tfvda ele uma iJ>Ilu.l.ncia
dur6vcl ~bre o d~volvimcato da medicina oo paSs.. S, pcri:m, a um alblo mfdlco t..lano, Or. Al.u.ufl)U
Roououa P'lalUIKA, 1Dab DA~ do que mMico, e~>viado em 1783 para atudw .. riquuu aatunüa elo
Brull, que devemo. &J mdhorn ob.crvaçOcs lo6bre a fcllcea de Ma.to-Otoao c "a primeira c mAla cxats d~;l.o
dO berlbhi DO Br..U."
t2 GILBUt'O F'R!:Vlllt, Sob rado3 e m:OC.lmbos. Dec.ld~a do patriarcado rural do B....O. pi&. 211 •
S&o Paulo, 1936.
A VIDA INTELECTUAL - AS PROFISSOES LlBERAlS
- -.- 161
-u-
162 A CULTURA BRASILEIRA
18 0n.BI!Jt'I'O AMADO, As inatituir;6es pofiticu e o m•/o -itol. In "À mua:em ela hlat6ria da Rc·
p6blica"', p6&. 74. Edl~o do " Anumio do Brasil", Rio de Jandro.
A VIDA INTELECTUAL - AS PROFISSOES LIBERAIS 163
urna elite que não se havia preparado para resolver os problemas t~cnicos e
para enquadrar e governar a comunidade com um vigoroso espírito de reeons-
trução. 14 A classe dos intelectuais que se obstinava a desconhecer as neces-
sidades vitais do país, continuava, sob a influência de homens de Estado, "com
todoe <»hábitos peculiares aos legistas educados à abstrata", a limitar as suas
atividades à poUtica, às profissões liberais e à literatura, enquanto o com~rcio,
oa negócios, as empr~s comerciais e industriais, como a cimcia pura e a ci-
encià aplicada, as pesquisas e as investigações, não pareciam interessar senão
aos estrangeiros. Homens de educação abstrata, escreve GILBERTO AMADO
referindo-te aos poHticos do Império, "a todos faltava uma educação \científica
n ecessária à compreensão de um país que, mais do que nenhum outro, precisava
de uma poUtica construtiva"; e "quase todos eram levados a se preocupar mais
com o aspecto do que com o fundo dos problemas". :e por isto que as maia
belat figuras de um ou de outro partido, no Império, - e pode-se afinnar o
mesmo quanto aos estadistas da República - , "no que dizia com as realidades
concretas do país realizaram uma simples ação decorativa. Ilustrados nos
publicistaa europeus, observa ainda GrLBEttro AMADo, versando temas que
não tinham relação com o meio, os mais brilhantes estadistas não eram de certo
os mais úteis". No entanto, além de contribuir para atender às necessidades
dos quadros poHticos e culturais, em que sempre dominou com a sua plasti-
cidade de adaptação, o bacharel em leis, como notou SAMPAIO CoRRErA, foi
o único profissional que estêve à altura da tar~fa que exigia êase mundo em for-
mação, e que cumpriu fielmente a sua função social. Levando por tôda parte
o espírito jurídico, de respeito ao direito, à lei e à justiça; suavizando as relações
humanas e dando estrutura política à República, o bacharel não foi $(}mente
um batedor e um pioneiro da civilização, mas " um mágico que conseguiu se
legalizassem pelos usucapiões mansas e pacíficas as transmissões de terra, e
que obteve de um punhado de homens atirados à aventura que reconhecessem
o poder e a sabedoria do direito e, com êle, a estabilidade e a fôrça orgânica do
Estado".
A esse predonúnio do bacharelismo cultivado por todo o lmpério nas duas
·faculdades de direito, e de influência crescente nas elites políticas e culturais,
prendem-se a notável preponderância que teve o jurídico sObre o econômico, o
cuidado de dar à sociedade uma estrutura jurídica e polltica sôbre a preocupação
de enfrentar e resolver os seus problemas técnicos. li: um dos exemplos maia
fri~tes do desinteresse pelo estudo e pela solução das questões referentes à
organização material e econômica do país, a história da funda9ão da Escola de
14 O ait&io polhico que qua~~e KTl\Pff pr,.jdiu t fonna~o dos quadros IIOYCMUime"ntale, deu luaar a
uma cluK di~'ente com~ta. em &eraJ. de burocratao c membroo de: pwti:lo, como uma o ova arbtocracla ptO•
.ida de prlviltclos. M aJ lb:IA, &J vbeo q ue oa eo<:>lba doa bome<U prcp;rodcrou o critfrb t!cnlco obbre o 1)91tlico,
o do lntcrbee &craJ .tlbrc o doa VUPM, IOfam reaolvidoe ou postao em via de aolu~lo proble~• d a molcw l<o·
portAnda pera a lrida nacion.J. A bltt6ria da fe bre amarela ~ u.ma d .. prov.. i~ITtc<l,...,.;, e doqOentu d bae
fato. Aind a no domlnjo d a blclene p6blk>l. pode-~~e apreoentv uma outno. de i;uaJ ol<tal'l~•do. emb:wa rntrila
a uma dal rql~ do pah: a profituia concn a lepra. A febre amarela. de.ie 1149. fa ria qua•e todoe oe aooo.
em KUa 1urtoa peri6dicoo. arande n 6 mcro de vftimu. d ...t:reditando o pah. Em 11S9 W uCHI:II&II. PAr&JtJOH
e Sn.vA Luu. n.a Sahllo. j6 reconheciam ,.... d e febre amanela a Cl)idemia rcia.anu na cidade do Salvad cw. ~. du·
,.ntc maia d e SO anoo. a tnrivd doença dcva,.tava . oo vcrio. ciciada do litor-aJ e w:aoba ve. b vbn. o planalto.
que -·e
Em firu d .o ekulo pa.ado o mtdieo none-OJI'ICÓOOO F'nn.AT e a expodiçio ft-aocc:oa WAIIIC RO!nr e S u.o"o ha via m
deao:oberto cro HAivana o m«anit mo de tral\ttnitaio cb Cebt'e a:ma~da. pelo ""*'llito rajada ( St•#OmJI:> l••i•ta)
~ d eeenvolve .... """' para d a•. 2m Slo Paulo. ~llBlltA B AallUO. :BMJ&.IO a ..... c ADOuo L UT&
laida aa a rcmodclacão da pr.xu.ula do vómito ~ com u ,..._. expui&l.:i.. oo H oopital do h olatllCDto. e.
como lembra Alu<.u.oo Vumu. o a C .utVALHO. c:irur&ilo notivd, arrixaaa auu vida•. ••pva demon~~trar a ver·
dade oova e pobar autondadc pera impor oovoo n>ko<!c» de coftlbatc ~ pau amencaruo. o(~od~ em ho·
Joc:auowooaltardaci~·· e. pot~m.nocovtroodeROORIQUI.S AJ.va l l9:12- 1906j q ue O.V.u.oo Call1. a colhlclo
e apoiado Km rntri~ como o home11> capaz d e rnt>lver o pn>blema. rompeu a t llmpaoba ...ut.ArU contno a
febre e. a plicando 01 novo. mltodoe. pdo ataque direto a"" focos de t:ranami>a&o, fb. balur o obít..wlo da mo·
&&tia. de 941 ~em 1902 a 39. em 1906 Eatava pdtiQunrnte utiata a febre amareb nata pertc d.o ~ ·
tinentc amerkaoo. De 1909 em diante nlo havia. de fato. maiJ nutro da aulbtia. O pr>blema da lcpf8, b.te.
ee ainda alo cDCO<Itrou oolu~o no palt j6 oe p:odc conaidc:nr reoolvido em Sio Pa ulo por mao de uma ClrlllDI·
açlo verdadeiramente moddar, lnld.ad• por B:.du o RtaAI e ooc:h ehoeate deooeovolrida. com ot aJU~6ooat .
pot S.U.&a Gololu e teue a uxillarn de primeira cwdem, pela eoa~pet.enda e capacidade c1e d cd lcatio.
164 A CULTURA BRASILEIRA
l•J Boi:J'c •• prindpa;. auocia~ mEdicas do pais, flcwa em primeiro plaoo, a mtit anti&• de ~
a Audr.nla Nacioo.al de Medicina, em que ae t:ransronnou, en1 1889. tomando aquele nome, a Academia Imperial
de Medicina que, por 1ua ' "&. resultou da reorllaftit:a!;io, em 183$, da Sociectadc d e MM.icina, fuDdada em 11129
por J. C. So.\ns ~st.U, J. M. CRUZ ]0.8 1M, L. V. o• SllotOIU , J. M. F.UV11& e J. P. StDA®, com o objetivo
de pC'Ofi\OVt'r "o pr011nw c o fomento da. ci~oeiu mMicaa e benáiCiar, e m ,era I, a humanidade mediaute o
atudo c a apllca;lo d01 mão. fllYOrbeis l c:ooscrv&çAo c ao mdbo<-amcnto da ...w. pOblica." Teve ~~empre
01111a ~ latcoaa e de &r-ande a utoridade, como liC v! da publlcaçlo qll.ale talotcrrupta da reviala dcsaa aocied8dc
que tocnou. IICOCilpallballd~lhe a C"'Dlnção, nomca diver- c tem hoje m.i• de I 00 valumu, Intitulado. "Bo-
t.dnt d a ~a N acioaal d e M ed.ieiJ>a." E otte 1845 c 11185. eJD que ec fUAdou eob a praldttlda de CArTA
PA&1"A a Saóedade de Medidaa c Cirurgi:l do Rio de J aneiro, - outra Importante .aáedade mfdica - •
.,maítu outras amoda ç6es fla~Ct'rarn e "' extiog~Ún~JD DO Bta,íl.., como e.crcve-.1 A:n61u o AUPIUIOÚil.O que
enwnc:ra 14 daus oaciedadea m6dicas, fllrlDllrfutieaa e mtdic~farmac:tutiao-. A Sociedade de Medicina c Ci·
r lltP* da Bahia, que aucodeu em 1894 l Sociedade de Medicina, ruad.G& em 1888, publicou att 1903 dois volume•
de KUS Aaail e maotba, dme cou Epoc:a. c:Dnll) 6rgAo da Soc:i:dade a Rcvbta de M edldoa. Nume:rooaa outra•
eociedadea R 1'\mdat'&m maio tudr, em São Paulo, oode funciooam a Sociedade de M edldu e Cirurpa e a Ano·
d&tlo Paulista de M ediciua, entre u maiJ antiga•: DO Rio de ]o '>Ciro em que ac: criaram AM«<açõcs de caritcr
ta11l. como o S1Ddicato M~ ou eepecialiudu. como a Sociedade Brulltltt. de Neuroloalo. Paíquiatri& c Me·
dldo• Lqal, f01~ em 1907; e m -ririu capít&ü (P&to Ateçe, Niterói e Man.aut) e mesmo em ddadea maia
impon:aata do Interior, em Minas e em São P&ulo, Se o dcseovalvlmf:Jlto a ..ociativo, oo tetrenO da eocenh.ari&.
e do clltclto, alo teve a ~a5o q~~AJ~titath•a que se vcriCicOIJ oo c:empo m6dieo, J6 podem a. daaa d....,. opre·
-*ar auodeç6es <'00\0 o Clube de BQJ:enbaria. 110 Rio, o hutituto de Knceol\erla, em Sio Paulo, e aa On1CIUI
de Advocado., de Sio Paulo e Rio, altm de sindicatos e in.ttltutos de rcallonu!ncla no. melo-. pronu ion•ie.
A VIDA INTELECTUAL- AS PROFISSÕES LIBERAIS 167
17 Bna atn clo ~lao let:u che-;ou ., f!elleraliaar-te üe tlll m:»Jo nu Dril•ll que nenhum cworw lo:ul pueci!l
j ulpr·ee complet o ~ te d obtv d e um "letracSo:• 01 ba~har~io. JMia pr6rwla natutetfl de oeuo e-studOt e poloa
wtvl.:ot q ue lhn rre."· n 11 ati~e profJ.J!ioDill. o domln.io d~ 111\!tWI . foram u, malJ t \l.ldtos • " " ' p:>dcrau
atr011çlo. 'N&n h a ..;a qu ..~ eotu.dao te d e d irrito que nilo pJIC(I3"~ o a:u trlb11to • pocals e l retórica ou ;)etpetra~'"·
DA m ocidad e. al;:uns ••pecad o.., lite:ririoa: e~ q uando lhes aon ia" liteututa . t q u.e oa bac~rlb K ntiam abrir ~-=
prnpca.lvao na ev nin b>telectual: t5o W-naDA<I u andava m. oe.u n ptt\lllidaje. •• l~tru e a pro(iS$l:t. F o i
• t poee dot l)«ta.J. oradorn , cr0<1htst, eudi"="· l:t'llm~tkolt e letr.WOI. Os c .r amitie-•• "" tlll nuioria, e3·
critoo-n que a boo-t:Mam e oe ri~ "m61ol(oei·: - 'luem N b : f:u : qu- nlo u be. ClUÍIUI . - n :.eveu B&R!H l t:>
SrtAW, a3o _,. ......,.. p<>nta de radD. Em """hum. d ot>tre ot advo:adoo, ee cu_ua m tlo edmlr,vdmente o dirrito
: •• letnt como em Rut &a~•. nn q•..-. rivaliaa,.m, potto'l no ~mo nfnl e elevados ao mais alto '"'"" o
e.crlt« e o ondor. o jomalisttt e o c:m:1ito, o advo;ado e o j•nltton•lllto. E mhon ftlo haj~ &nadn afi.Did ad u
omtre •• letnt e a medi..-in• . foram 01 :n6!km, <tep->is e a ~cmplo d oa bclcl\arfl~ que mais eedC'Nltn ao prurido
d a palavra e l tentaçio lirerAria e re.•it ~~ d~am dorni~ pciJo ~l'·tlco da llntuas:m, o.Hnendeftdo a
corda 110 mAHmo, até o ~,.,,,..o, o artiftcio e o c& to prln felr"GU vc:eie••· .-...uoc:nco o c C.•n-.o t nAUll'l"'
- falant e de mfdic,)e lit.ratos. cra!ldn eoc:ritcro algu.-u romo MIIAKIO P a rxOTo, c a q.:e oe foram itx:<>r1)0:"aado
toccuivammte M rouu Couro, ALOroo o• C urao, A."fTOHIO AtnntaofstLO e ~>RifltlfO FltAOA, t.ocb o da
Acadeu~le Branlrira d e Letra-. O isobmro~ rel ativo a que 01 c:mde:u.va a rrofi,&o e o contato ma~ Cltr'rito
com a o d~l~• fltloos e rutC1116ticu J><eoervatam o ro&e"'bti:l> d~ eo:ltA;io. lmunltllftl!o-o ;nt certo p<>nto
~tnl o rfr u • s:tematleal e literlri<> ~ue estsvs n o"' e ee trecumitlo m rnoa pcloe llvrO!I do q u: swla COrça d a
tradltlo. 0 .\&C:IA REDO:tDO, do pcimoiro t rupo d e prc.r~ do &ocola Politfcn~a d e Slo Paulo. e Lu la c.. u.os
a.to. F'OH'IIIC:4, porta, eo:zmhdro d e crtrad.a d e ferTO, d o d~cs cuoe rar" em que " ll.POclarom as letroe • • a ti·
.tdad~ de maCDharia. E UCL!llst DA CV!mA. ""'c:nheiro mihtar por acidcnl r. do ac podia tnvoc:ar pan esemplo:
.., peneamcnt., vlvN ••mpre arimo de oeu oftcio e d e oeu :ndo pror.,•ianal: tlc foi. eubtcaodalme'llte. um eK<itor.
Jlft'Md « ,.;coraao e oriJIICUII, e ttm dos m aiores d a Uterotura o m:ric-ana.
190. OSVALDO Ct<UZ, hiAtenisla, sancad01 do Rio de Janeiro (1902- 1906 )
e fundador do Instituto de Man;uinhos.
A VlDA INTELECTUAL - AS PROFISSÕES LIBERAJS 169
BIBLIOGRAFIA
..
CAPíTULO III
A vida literária
I OIINOLmO AliADo, Um olha~ 56br o a vida. Ll'llt'aria J IIK OUmpio, Rio d e ]aodro, 1939.
a Looce d e - peoiliar ... bra!ileiroe. t ~ u.má tcodbcU. wúvuiOII que tomou Citai ou llq~ formo
c ota dcdiaa, ora te aceotua, eollÍ<Irm.e u cood.içõea de vida .ocial e oe tempuament'- a.cionalt. 0• rorruon._,
d e aplrit:o poátiV'O e un1itirio, auicuttores e ~ tinham • mesma atitude em face das coiaas do csplrit o,
- da poala, da d~ e da fllalo('.a, e não se ilrtcraMr&m pela htcratun KoiO P« lnllublria da c:ultur• e dot
mcstree vecoa a q~ cltamaV111D com desprbo sraec.Ui c que pusar11t11 de-poit a freqOcntllr, ret~de.)do...e ao
ecu poder de atraçlo. ~tte os povos moderuoa, oa in&)êàee, empirutu IVD o •berem, n&o mant~ a mesma
a tit\l<lc pera com o dbio puro. o intdectual que poder6 f.:ltÇat'·lbca a estima, ma. a que ur6 Cliflcil coaqoiat:ar
a tua timpati.a 1 Na lliqrwl inil~ qoe criou expteUãea <kprcaativos pazoa d~ o intdeetual, "da- qlle
tal c:oiM t hi~h-brow Oiteralmeote fronte alta) para indicar q~ pertence deroalt cu:luaivamente ao iotelcctual ;
c. com uma mittura <k c:oropaixão e de desprezo. que tal iodlvfduo oef'ÚI ex«lente eamarada ae nlo f6nc a tal
pooto bralny (de braln. d.cc!ro)". 1!: que, no funcb, a verdadeira ioteli&eocia f t.lo ~o eorrente entre o.
homdla c t.lo r~ente perturbadora do estabelecido. da vdha at(lem 4&a colut, que a 1\1.8 aintoda e açio
pc•ochuem tem«; e, com a admiração q ue ~perta, .., màtura Kmpr" u.m va~o .entimento de médo, d e prcV10U.Cão
e de bo.tUidade, como te oc tratasse de al.,"D de mã~co, de demontaco ou eobl'<!umlno. N o brulleiro, este ~ndot
A VIDA LITERÁRIA l7S
obra literllria constitui aempre um testemunho: ela liga-se a uma época e lhe
manifesta as tend!nci~, a um país, e lhe revela os usos e a mentalidade, a uma
tllpécie social, a de que saiu o escritor, e lhe descobre os costumes. Ainda que,
11em interbse humano, essa literatura de conformista, - e raramente de inG-
vadores - , tem um grande valor histórico que provém da relação constante
entre o artista e o meio de que é expressão, quer se tenha adaptado a êle, quer
ae tenha revoltado contra, - pois "rebelar-se contra seu tempo é ainda fazer
parte dêle" . A atmosfera social em que se banhava a literatura colonial era
a mesma que, na península, envolvia o povo colonizador e se transferira para
bse lado do Atlântico, com seus prepostos, fidalgos e funcionários, mercadores
e aventureiros, e sobretudo pela elite intelectual constituída a principio da
classe sacerdotal e que monopolizava o ensino nos colégios e seminários. A
única pátria era Portugal e, enquanto a diferenciação que se vinha processando
não se tornou bastante intensa para despertar a consciência de uma distinção
entre brasileiros e portuguêses, o que se produziu na Colônia. não podia ser
8enão uma literatura portuguêsa feita no Brasit, como um reflexo apagado da
metrópole distante.
No século XVI, o primeiro de nossa história, o caráter eminentemente
lusitano dessa literatura destaca-se em tão forte relêvo que a rigor não se pode
conaiderar senão como "um cap1tulo colonial da literatura portugu~". Livros
de viagens, narrativas de cronistas ou cartas de missionãrios, se, sob algum
aspecto, se prendem à literatura brasileira, é em geral pelo fato de terem por
objeto o Brasil ou serem " datadas" da Colônia em que, além da posse da terra
e da elq>loração de suas riquezas, o que preocupava a Metrópole era a dominação
e a catequese dos índios. A poütica hesitante de Portugal, por largo tempo
descuidado das terras descobertas, as dificuldades que se opunham à coloni-
zação e o malôgro do regime das capitanias não permitiram nenhum desenvol-
vimento sensível da primitiva sociedade colonial, rala e dispersa, em que s6
em 1549 se introduzia um fermento de cultura com a primeira missão dos je-
auítas, antes mesmo que a lavoura da cana, em maior escala, lhe fornecesse a
eubestrutura econômica de uma civilização. Além da famosa carta de PERO
VA:J. CAMrNHA, escrivão de Calicut que viera com a armada de CABRAL e do
roteiro de viagem (Diário da navega~ão da Armada que foi à terra do Brasil
em 1530), de PERO LOPES DE SousA, destacam-se por essa época, entre os do-
.cumentos portugueses de maior interêsse histórico para o Brasil, o Tratado
d a terra do Brasl/ c a História da Província de Santa Cruz (1576), de PERO
M.AoALHÃES GANDAVO, amigo de CAMÕES, e essa obra que CAPISTRANO DE ABREU
qualifica de monumental, - Tratado descritivo do Brasil em 1587, de GA-
BRIEL SoARES DE SousA que veio ao Brasil em 1567 e se estabeleceu na Bahia,
aenhor de engenho. Todos !les, portuguêses, e dois, funcionàrios do Reino
que estiveram de passagem pelas novas terras ou nelas pouco permaneceram,
a não ser GABRIEL SoARES, que se radico\l na Colônia, só tomou a Portugal
a fun de requerer licença para explorar as minas e, voltando ao Brasil j á nomeado
capitão·mor e governador, pereceu em 1591, na sua entrada aos sertões. O
pensamento tamb~m português, como a linguagem, de wn sabor vernáculo,
com êsse claro estilo que CAMÕES louva em GANDAVO, na elegia escrita para
qu~ ae maoifc.ta eob uma forma, - nt8, .;m, ~m brt~ilõn - . d~ itTev~b>cia ~ d~ daa.oo, Pft'Od~·oe m~noo
a w:n eeplrito pr'lico e pooitivo do q~e • utu <'crto i...Unto de resçio d~ der.... A oua atll\ld~ de dueoor..D('A
e de ecplldtmo nlo f antn uma resdlo do bom oenol> contra o intelcctualitmo e>ceca~vo c oo dc:wqra meDlOO de
fanta.ia de uma Htcntura, vula d~ oenltmentn oociol e humAnO ~ oem rontato <"<>m - realidad~ que: todoo
ecntimae c d~ q~c em vlo procW11mae • esprnalo ooo artiaua c pcnadora, ooe prooadorea ~ pocu. 1 O u plrito
d~ rotina a que a lntdl&~nna ~titul Klllpr~ unu ameaça, • ralta d~ tdaçae.t, dtad~ • ~. entre •• m..-•
eu d ota, oobraMnr&J e dlttant~. e • va idade eontta • qual ~- d1ficilmc:nt~ te p«muncm, eont:nb~\ta m •Inda,
c Dlo po~co entre n~. para • hou i!Jd ade e • inv~• du dapea não intdectoaif que formam a IU•nde meiOt\8.
J
176 A CULTURA BRASILEIRA
• Sob o titulo dr Carta! jatultic•! e em quatro tomoe publicaram C AP!a'BAHO Dt AaU\1 e V.u.a Cua.u.
vArioe ....awcritot d• Biblaouca N•c:ional: t - /nform•~• • (r;•.tme nto• hist6rico•. do Pc. Jod oa
MCllliTA (1584-1586), R io. 1846. 1 vot., 84 ~1-: Jl - C.rta o. do Pc. MAl'fUU. DA NÓU&OA (1549-1560).
R io, 1886. 1 vol, 186 ~o.; lU c IV - Cartel o " ul••• ( lSSG-1568), R !o. 1887. 326 p'p. T6de e titeratur8
de Al<ClU&TA, c:oftltituld• de poesias. autos e c:a.o~. e:m portucub, upenbot ou tupi, alo peuava de um ioa·
t:rumcato de que ooe utitiuva o apóotolo do ccnrio e mestre doe r.Jboe doe rciBIIio, para • pc'opllltaoda d • ff: f oimplta
at6 a inaeowd• de c de uma s:raodc ap«1taoddade t frtJ<:uta de ~entimtnto. A4 eartu, rlnt de loronn•~
IO'Ore • vida C OI c:ootum~ daquc.l e tempo, c • lUa cram6tica de IIDCWI ccralaobrq>ll,jam, partm, U euao poniao
em pOrt\ll'J& e e:m latim e b pequenas peÇaS de teatro rdi&iotO para diJIIair e edificar oe c:olon011. O Pc:. !'UH1o
CAJtDIN, míllioo.Mio oo Bruil oode c:bcaou c:m 1584. foi rdtor dot c:olf~oe de Blbia e do Rlo, procw•dor e pro·
vina&l do Compeohla d e Jnul. Se MO c:hcaasaem ot múitos que talt tltuloo e~~CC~T~L~D, c:-evc ArllÁ/fiO PaucoTo,
""buurie ter oido um elo d_. cadeia • que pcrU.Occram ÃHC:III&TA c Vl&ntA. ataodo e11tre oo dois, um q1u
a,W.tia a nnar-. o outro • quem acolhia"". Os o:uo trabalhos, de WD real inlotf:ne biot6rico, CUma • I erre do
Bra•il. manu.oerito de 8vora . publicado em 1845 por CA.Ptn'llAHO oa Aeuu; Do prinelpio • orit•n• do1/ndioo
do B ruil. pubUcaJo em 1881. tamWm por iAidJotiva dboc bbtoria.dor, r Nur•tira epilloler de uma r/afotn
• Bahie. Rio, l'ern~tmbut:o, etc.• publiaado por A. VAAHKAO&IC em 1847. foram rcuoid011 em Yoi~U~~e, com
ao~ de: RoDOLfO G.u&CIA. 110b o tltulo Tratado d• tctt• • ••nre do Bt.,i1, Rio. 1925.
SERMAM, Q.UE P R E·GoU
OP.ANTONIO
VIEIRA,
AO ENTE RRO DOS OSSOS
DOS
ENFORCA DOS,
NA MISERICORDIA DA CIDADE DA BAHIA,
havendo guerras naquelles Eftados. 191. Fac-simile do rosto do "Sermom, que
prc~ou o P e. A NTONIO VIKIRA. no en t.;rro dos
Rtimpréflo á cufia ossos dos onforcoclos". Li•buo, 1753.
DE D. T. A.
F. t/1 S. O.fficio.
L I S BOA,
CARAM U R U. O URAGUAY
POEMA EPICO POEMA
, • O E
DO
JO~ ~ BASILIO DA GAMA
DESCUBRIMENTO NA ARCADlA DE ROMA
DA ~ ERMINDO SlP ILIO
B A H I A., D EDIC A D O
A ) 1 L L. 111o E E X C.""0 S f. N H 0 R
COMPOSTO FB ANOSCO XAVIER
POR lJ ~ ME.~ I) 0 N Ç A F U R 1 ' A DO
F r. J OS É O E S A N TA R I TA $CCJl. f; 't A I'. I O
DR
OE 1-.S'l'/1.00
LI SB OA
N.o. ~tCI A 0 FF a c aNA Tvroc;n.o.P ICA
LISBOA A ti )I o14 o ç c. J. X I X
c(ll11 litCMQ J( Rtttl M t f.ll Ctr{oriA.
NA REGIA O FFJCINA TYPOGRAFICA.
A N }I O M. DCC. LXXX•. F "''"(l Ítio tftJ por mo. d1dicotfo (lO inlluQ
tlu Man, ,;, <lc Pom/.-tJI
Com liun~a da R,~tl 11-I~u ç,nforill~
_ __ __ ___;t.Q4_ Fac:.,.s .imile do lronCi•ulcio do yru!l,uay, pooma de J OSÉ
195. A ponte de Marília, em Ouro Prêto. A&pceto pare!DI .
F oto Rádio Inconfidência d" Minas Gerais.
196 . GONÇALVES DIAS (MManhão, 1823 -
naufrágio nàs CO$Ias do M~ranhão, 1864).
Grande poeta n<Jcional. - Desenho de J.
WASH RODRIGUES. Arquivo d ' O Estado
d e S . Paulo .
flô!ld~bn.l
l~U.
20 I. A vit6ria do J OAQUIM
NABUCO, deputttdo ltboliCionl•ta.
Tr~tzendo do novo ao ptJr/a-
menlo o aeu lejfítimo deputado
do primeiro e quinto distritM,
IJ brioso Provinda de Pernam·
buço d6 uma tremenda 1/çllo
110$ nejfreirot da Citmar11 repre·
&tmtados pelo seu ehefo . -
0eMnho de ÂNOiti.O AOOSTINI,
na uRevina Ilustrada", de IJ
de Junho de 1885 .
-:- --J
203 . A Acndcm:n Brasileira de Lelt'as.
Foto Vasvr n1~ Calçr.ão dQ S erviço Nacional de Recenseamento .
204 . •. OLAVO BILAC (Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac, Rio, 1865·19 18). Grande poeta lírico,
F oto da Coleção Companhia Melhoramentos de S. Paulo.
205. V ICENTE DE CARVALI{O (S. Paulo,
186ó·1924), um dos maiores líricos brasileiros. 206. JOÃO CAPISTRANO DE ABREU (Ceará,
18$3 . Rio, 1927,1.
G!a.vo I'.!.L.Ia.c. . S'-J.o ......_ c..o><.<>.~ "l<UA.f'io.) , u- ~{, 'lu.a...C.. t~<.o.~o , c.o ...o a. .t._o. vV..~uu do &...o~o ~JI<A \~/ , pcn ~ ,Co ,
ia.Jvo.-.. , ;..,..~,.,u..o ........ .., .... a. ..,<...c.wda.do.. Cow.o co.o cl.o fo4Lo. a.) CLI~ru.o.) "' <L\ dolt.o.~ dQ ?a.t~ ~~QA.u· L<.o vi6"' <Vr. n u..u.·
'
(:> I "'O
pd"o.. 6 a.c.lõ1 cJo 9<Aal •u O>t.,..._U,..,..;.a 1-J.'lua>< bovo.'f>~<Afic.<Ui o pore...,,._ {'Ll)~llo d ... btul\d~o,, <j~~CI. li.QU.dQ,1C.W..
1
Q.
t~.:C.~a..u.I:Q./ ~ J/(oi<{Õ. ,lll'iaM.d.o CLO fl<Ú.J;, ,.,;, ~CA.i.~o. dQ. A\C.o..Y«lL) J., -~ ,I'>CUÍ<U-0> fia IAQ)H> toaudcw. Cl, \1 c:L/G.
~àl'l .._a. êpo(>.;Q. o. d~ ~J>Ú. ':I... E-1~ .. da. .,.JcwJlo. do IAO~)O ~1144.dÃ. . (!) F ou ,,,,,JJc~ <fMAttia. hoWtCII\,e.o... ~
'"~co. do. de )1ol<4.•~ ... ãc, ""-O. o. h.Cibcl ~ 1 .....a.s a. ~. ca. c.o.._a......._ lo.vo.do. CJL~ o. ........ ..._b.. q,~o,";c;;::.,• <>. II.;<Cllla.~ oi...
~.:J.....:ae&.do., o. ~.IJ..~o. do 3-"\l'o d11. tfG~<oiw.•o ~c. é lt.a. 'f>OII..o., l'a.~) 3-lt.q.&odu.a.\ d '..A!.t.u.o. <jUA.,.. p..cl..:o. o c.ulr. ~...._
~~}cu<L, ;..._)""'1~d..o . .)q co~f;... - f'1U:>rw..o..\ l~"> rf.o.'-.,.... ""', ~ d~>a.f.·a....olo ca. u...o~e.t<t , /'"-u&.u. C>.D c.o... ~o o1 .. f.. .
......
'f>Jt.i.·fc r;-; 'f>""'-o.. ·'l..,. <:o.. -raJtQ.'J..ru..u.o.c..;:., , ......., ~.., .. vou , u.o..o ()..<<>.Jov<QÚ ol.~tfi c.~lo/CLa<H ...._..,.. (o.v.,..{Ã- Su..>f>U~o<lh
5 K UYBIIITO Dlt CAYPOI. Critica . 1.• o& lc, 2.• ediçilo, pigo. 209- 219, MariM EditOra, R.lo, 1933.
-12 -
178 A CULTURA BRASILEIRA
e oa..urro hzY•u, estudando o papel do e<>lumin (menino lodlol ... ronn~~çJo do idlona nac:ioaal.
le.rnbra o d~polmento d o Pe. Snüo D4 V~CELOS. qu.sado ar~ na bloçafla do Pc. Jori 111: Mc:&nTA.
quo o a~t.olo do centio "no mesmo tempo era 01eStn c dàdpwo" e que .,. oo/um/nr ''lhe ocrvhom de diodpulos
e m.e atrea". Foi • llncua (eaeuve Gn..BI:R'TO Fanaa) ~ que ae fonn?U ••4a colab«eçAo do cofumin com o
Pil(1r~. daa primeinla rela~ toeiais e do com&cio mtre u duat raça~, ~c:oda.e afirm111 do povo invucx que
adolou PM• o casto ou o.o c:on-ente a fala do povo eooqui.Jtado, ~UU"Yando • aua para Qal) r estrito e o!i-
dal. Quando mais tarde o idioma portngob, - r..mpne oC"ocial - , ~omlnou t6bre o tupi, toroas>dCMC:. ao
ledo dbte. línrua popular. ji o c:olonindor eJI41fa imP"<'&nado de auene inOutnda indt~ena; ji o aeu portu~tUe&
pudera o ranço ou a dut'C:ü do reino!; am<>leoen<.se num !>«10UI:\Ib aero u nem as; infantlll.,.ra·ee Qlla$, em
fala de meAino, aob • influb>c:ia d o enaino jeJu!tieo de colaboraç~ com oa co/um/ne"'. (Ca•• ~r•nda e nnett/4.
Formatlo da fam!Ua braailcita aob o r~c de econonúa patriarcal. 1.• ed.i~o. pAa,L 172- 180).
A VIDA LITERÁRIA 179
1 O aurto que o tupi ~a nos ~c:ul01 XVI e XVU JA nilo te msntlnlla t •o vtaoroso no a~o XVlU,
como ~e pode verificar oAo 16 pelo confronto du bibli~ranu sbbrjl a lln;ua d o lrnllaeoa , not doia primeiros .~.
eulo1, e ao tcredro, como pelai tr&Mfocma~ que se operavam na Un&UA pOI't UIIUe.t. fal8cb no B ra!lll c nã o
ae podiam procutar t enlo ~lo c:rettente c011tnto d~ idioma coto a t outra• lfoauu (lndf1en• e africana) e
pda aua penetraçlo cada vea 1111ior em tOdas as Cámlldss sociais. A ll:t1,WI do colonindor entJ:) j6 oi~ era sõ-
mcnte o Idioma ofic:lal, "'" t&mb&o uma ÜllgU1 popular, e de tlll m:>Jo ae atenda-a pclll'l clan t 3 e &fUJ>OJ JO·
c:lala que te t ornav:am cada ve• trulis oen~vós, aa prosl>&ia, 110 voeabulllrio c na llolllxe, oe d.<m•ntos de dife·
rCOCÍI$l., entre o l)Ott:U(ab fala<!o na Col~aia e em Portu&aL O poeta O:IVIHOOJ C.U.ou BA~u. falho d e
portUcub c africana, nascido 11o R b de J an:iro em l74a, p6:le p« lu<>, jfi neua ~p~t:a, levar pva a M etrópole,
onde .., rtxou, oe auntoo e o ritm3 du ~íohas bra 4il<irao, lnoplra.<lat lllU fonou aotlcas da p.l:JUl popular
doe porta~ ~ o poeta muhto, r~ e '"""timct~t:ill, com, o rccoobc:c:o M~'IUIU. 8 4NOSitA, "o Pl'imeit'o bra ·
S>ldro Ollde eno::ootnamoe utna poena de nb:>r ioteinomentc nos~". O dltim3 rcpraeotaote do (nlp'3 mineiro,
SILVA ALVU&I«<A (1749- 1793), também êle d e côr p:mia, í&lbo natural de u::n ml.uo::o pobre, t aioct. da2 camacbs
popullt'es doode provioho , que trouxe. eomrap:>ndoh iAI111~1 an:t.lica,, o o:arltu IIWa btuileiro de eua poesia ,
wna IIDC\1* -;.jovem, macia e Owvel, e 11111 r-nti:l:> mw vivo r ~ucnte cUJ DI)HIIt O)itas. N io"' p:>de, paU,
adtnitlt, como acredita B OXBEJtTO DE CA~, "'p:>iado em SOUTH&Y, q\le "o deatlo3 fell.c da llogua po«uruesa
na Am&lca foi obca de Po~n~.u.". O ministro de O. J""'- C!Cp-.W:a!>:lo os jenltu, cra n:les co:>hccdora e dlvu1·
radoru do tupi. a,peoü c:ontribui11 para ertiaguir OJ últim~ focoa de en.lio, da ll~ua, - o s c::J1!1ioa &DOde ot
rdlltlootoe mandavam os ~ moços aprea:ia o tupiciqmu - . e fa- CA1at na c:uequcae e no pdlpito, o idioiDJl
do fndlo. "l'fY:> conhe.:endo, uc:reve H llllliU TO D& CAltl>ot, o Uo1u:1 do lojla;~. o dtro vioJo de P ortt.JtA I.
I)Mtl eub<otlt\llr os jesldW. p referiu ensinar às crianças a ÜD#Ull pxt:usuba. a apreoaer ele metm,, a do selvagem .
! tte aedtou a 01 poucos a modifac:açJ.o". (l!u.~tB.aro DS CAIIP:IJ. Ctltiea . 1.• drl~. 2.• c4içl~ Marl&a R d itilra ,
1!133).
A VIDA LITERARI,A 181
8 A açlo do UruJulli, poema em cinco canto!. i a guerra qoe Partupl, ajudado de &epanba, moveu
aoe tete P090e ela. ~ do Uru&ual, n:bdados pdoe jesultu c:ontta o tratado de 1750, que oe traotfcrita do
domfnlo doe padtu para o doe portllCUe-. Apaar de - OIUwttn acanba.do e med!oc:rc: para uma epoplle, -~
Büfuo DA él.uu tecer 16~c: éle um poema ar!~. cheio de calor e acntim=to, de um forte calorido pl~c:eco
e de af&unt ~ioe dramAtlcoe cocno o da morte de LtND6IA. em que maio .e cia-a o t6pro Urico de lo.tpinc&o.
O aau.oto do Caramuru elo~ mais terco que o do Uruguai; nas, tolnaDdo por objeto do eeu poema o dc:eco·
brimeclto da Ba.hia por Drooo AJ.v~ ColtiUIL\, o Caramuru, SA!fTA làTA Dvdo o amplkN por meio de ar•
tiflcioe literirioe, como o do .oobo c: da vblo da fodia Parat<Ulçu, que lhe permitiu a evocaçlo de epb6dlot
de ltONa bl.tória poetcrioru l a(lo prin.ci~. O poema qac: se estende par da Cl&lltool, j6 uu a nota do &me•
ric:aDiemo que vibrou maiJ tanSe, com maíor intensidade, em GoNÇ.U.Yn DlA.I, o CJ&Ddc: poeta elo tocllo.
11 Foram, maia exatamente, d~• anoe os que viveu, em h"berdade, no BruU, Toaf.ú A.~o GolaAOAt
~ aoo. oe inl.locia .l adoleeetnda, c ntl'e.,. 8 d e idade. em que veio para o BIQU com o~. coe 1'1, com que
'\'oltou • P crtuaal para estudar em Colm~a. e aete anos, puaados d~ na coman:a de Vila Rlca, para oode
veio dapacl'tado em 1782 como ouvidor e procuraaor d e defunto. e onde lJermaoec:eu att _. pcbo, em l719, e
recol.btdo l nba da• Cobnts. Da prido eaiu, em 1792, para cumprir em Moçambique a peoa de deatbTo..
182 A CULTURA BRASILEIRA
tica, foram, em geral, conservadores nas letras. :e: que as mudanças de idêias
precedem, e as mudanças de forma seguem uma metemorfose social. Em
nenhum dêles, de fato, uma ruptura contra os moldes clássicos, nem um grito
de revolta, a não ser nas Cartas chilenas, - na sua poesia, espontânea ou
trabalhada, serena e melancólica como um cair da tarde nas montanhas. Não
é entre os Inconfidentes que se encontra um renovador da técnica do verso,
ou um poeta de sensibilidade aguda e de espírito inquieto: aquêle os precedeu,
com o UruAuai, a obra de mais forte originalidade no perfodo colonial; e êste,
foi-lhes posterior, e se chamou SouSA CALDAS, para quem o pessimismo e as
lutas da vida interior não foram senão um ponto de partida, um ponto de apoio
de que o poeta religioso tomou impulso para vôos mais altos. No entanto, a
análise dêsse grupo de poetas que se reuniram em tOmo de TIRADENTES, não
nos revela apenas a transição entre os árcades e os românticos. Tôda a poesia
dos ârcades de Vila Rica já acusa, na discreção do sentimento e da forma, o
caráter especial da inteligência mineira e dêsse humorismo que é um dos seus
encantos e, na observação de MÁRIO DE ANDRADE, "não tem processos tradi-
cionais de se manifestar, mas irrompe de uma mesma forma de inteligência e
se processa em manifestações diferentes umas das outras". Entre as sátiras
de GREGÓRIO DE MATos e as Cartas chilenas hã um abismo, de fato, "que
não se afunda apenas pela distância do século mas especialmente pela paixão
intelectual em que o baiano gargalhava e pela reserva com que aquelas sorriam".
Além disso, à sombra do grupo mineiro que, passeando a imaginação entre
pastOres, numa suave poesia bucólica, soube alimentar a idêia revolucionãria
da libertação do país, nasce com êsse documento a literatUTa política,- a
mais abundante e característica do espírito nacional. As Cartas chilenas
que uns atribuem a CLÁUDIO MANuEL e outros, com maiores razões, a ToMÁS
ANTômo GoNZAGA, - terrível sátira em versos contra o governador Luis DA
CUNHA MENESES e seus favoritos, e documento precioso da crítica de costumes
- , defmem com intensidade os caracteres dessa literatura a que a Liberdade
de imprensa e as lutas poüticas, sobretudo depois da Independ!ncia, abriram
tOdas as comportas, inundando o pais d e sátiras, libelos e panfletos.
A vinda de D . JoÃo VI, com tôda a sua cOrte, numa época de decadência
da vida colonial, devido à dupla crise, - uma que já vinha de longe, a da la-
voura da cana, no norte, e a outra, mais recente, a da exploração das minas - ,
foi certamente, pelas suas fecundas conseqüências, um acontecimento polftico
do maior alcance para o Brasil, sob todos os seus aspectos. Não foi apenas
a mudança, já de si tão importante, de uma cOrte inteira, com cêrca de 15 mil
pessoas entre dignitários, tropas e famulagem, e com tôdas as riquezas que
o rei e a sua comitiva puderam, na fuga, embarcar para o Rio de Janeiro, onde
se instalou a nova sede do govêmo. A abertura dos portos brasileiros à nave-
gação estrangeira,- primeiro ato de clarividência de D . JoÃo VI, em 1808;
a intensificação do comércio, agora direto com a Inglaterra, e as primeiras me-
didas econômicas, tomadas pelo rei, imprimem um impulso notável às ati-
vidades mercantis do Rio de Janeiro e das principais cidades litorâneas, produ-
zindo um grande surto econômico e rasgando à vida intelectual do país novas
perspectivas. A fisionomia urbana da grande aldeia de 45 mil almas, que era
então o Rio de Janeiro, transforma-se profundamente e, com a presença da
côrte, expande-se a vida social e mundana que adquire a intensidade e o brilho
d as capitais estrangeiras. Os fatos, como observa EUCLIDES DA CuNHA, "lan-
çavam à nossa terra o único estadista capaz de a transfigurar". D. JoÃo VI,
o criador de instituições, funda, entre outras, museus, escolas e bibliotecas,
inaugura a Imprensa Régia e estimula, por tôdas as formas, a produção eco-
A VIDA LITERARIA 183
l O h.aJ<Aif'DO Dll AR'RDO, En~~tlo•. A poesia .adaJ ao Braeil, pip. !10-102, C<>alp. MelboraiDCDtoe
de SID Paulo, Slo Paulo, 1929.
11 ll'uHAif'DO Dll AnYCIO, Bntaioa. A poe.ia eoc:ial ao Bruil, pAp. 9()-102, Comp. Melhoramento•
de Slo Paulo, Slo Paulo, 1929.
188 A CULT-URA BRASILEIRA
lt A comldia d e CIOiltwnc:s e d e earac:tcres, que i a aprualo maio alta e m.au oobcc da art.e tcatr~ ae
teve caltorcs no BraJiJ, eo<n0 MAJtnNs PilHA. F'RANCA J ú:ooa c Joct o & AI.L-tCAit, nlo chqa a atin~ com llcs
\IDia ann<k f6rttl no movimento da ~. oo j 6go <!oa dWG~tW. ao a tudo d001 ~eo e na pintura dos
a.tumca. Aa lUAS peç:t alo, no entan~ 115 ooaa• melhores dtitaa ooclato, pela veh c6truea de MAa rms PENA ,
q ue tem. coroo J)CNCC)e, o dbm de fuor rir e d e ridicularúar, pda o"-vaç&o mals direta da vida. em Ft.\KÇA
J dmoa , c peJa ddicadna otDtimeotal e i mura d e anA!i..e, em J od o& "'-eMCAA: alo dtuea autora ao comMiu
que a preaeotaram maiores tareJ1tiaJ d e d uraçSo e q ue, ttudo feito torrir a Jct'llçlo de aeu tempo, a io<UO fitera m
~«rir outrae. Ela• indicam. .,. variedade complexa dos ~~ dttmitleot, •• malt fortes tendtadu do teatro
nacioolll. Aa tra~i.. de Go :cçA.Lv!S MAGAl.HÃES, A nt6nio ] oú (1839) e Ol,laro, • que JoXo C.u:T.u.o,
levando l «na , e.mp«atou todo o prestfcjo de ~ poder de interprctaçAo, olo jwtillc:am o entuetnmo de ecus
cooteroporlncot. Todo o ~ório drllJJ16tico, COD$titufdo dos dnamu de ) OAOUI.M MAI'IU&L o& !.uc~oo. J osi
o& "'-&MCAa, J!JtAma-m TÁVORA e outros, e representlldo entre 1854 e 1875, alo e pre•cntt, ne verdade, oenllo
um i.otccb'e hiat 6rico na C'YO!uçio ole oossa literatura dram6tiCL
A V1D A LITERÁRIA 189
IS Bm ~eu estudo 16bt'e NA~tun oz ALIOIDA, ~to por Clea!iio do 1.• ~.t~&tlo do nuclmeoto do
acrltot do ~Dclo Imp&lo e lido rm uma du ~ da Academia &..Ueir~ P« Auourro Dll L!liiA, Mllenta
XAviJJl 1\LUlQUU o equivoco de Rolf.u.o os C...av.u.ao, jalpndo •t Mem6ri>Js um &uia KJW'O par• quem
queir• conh- "o. co.tumcs du o - d . _ mMiu entre 1850 c l8ó0". Nio ae trata, oo parecer de XAvtaa
MAaouu, de. rctr•to da aoc:iedade daqude tempo, mu de uma ~çào "de tlpos e COúUmCa de uma c:amada
inferior da aocicdade colonial carioca", r~tuida " com tal flaul.ocia que loduz a aeote a tubverter a crooo-
lociL R ealmente o aeu pt'OCCS.O, q uuc: foto&rir'ICO, ~o ~ P« traço a cbl reaüdade, c\l8l1ia tM•
• aperblcia. de um tatemunho ptamdal; e •quilo que DO livro Dão paua de ámplu re~. adquire, D O
etplrlto do leitor, o alliMte da observ• çlo direta". Parece-toe, porEm, q-.x AHT6mo D& ALKt iDA, rm vu de uma
reeooatitulcio hbt&ica de ecrta MK!edad.e, oo tempo de O . JoJ.o Vl, o que apt-ta, d e Caco, olo l uma vido
retro~ ti•• de tip01 e co.~ coloclai., ..,., a vblo direta de cootumcs e [iguru de eeu tempO, que a pene·
traçAo de aua ~te eurpreeodeu e retratou, diuimalando .. auu obtervações ~. colhldaa a. vkla real, entre
1850 e 1160, tob a fonna e tM.t u • pereocin de uma reeOD$tituição. "Neae tempa.u" e.~ elo .empre a ad·
vutir, aubliaha XAVlllt MAaouaa. Ma• D.,. t &.e, um .-..:11n0 ~bitu.al de roiiiiLIIáatu, qoe pera 110 eeatite.m
m.ala l voctade na reptoduçio fid da realld&de, emolduram DI fatos e caatumet qu.e oba«vanm, rm qwodroe
bi.t6rico., o:omo k ee trataRe d e uma evceaçlo? 8:Q todo cuo, eeja qual fllc o poot o de viata em que ooe colo-
quemos para • pruiar o aeu romance, jalpodo-o uma visão direita ou r-p«tiva d.a MK!edade, ~aL
ANT6N10 D& ALIRlDA t, 1eto dCh1!da, o precunor do realismo oa li~tura a.adooal, pdo 161t.o da objetlv>dadc
e da eutidlo, pela nllidea doe tratot, no d~o doo tipoe e pda fiddid•de oa pintura doe quadroe e ecatumea
eoc:i.aia.
190 A CULTURA .BRASILEIRA .
H F&IINANDO Dllt A:EvEDo. Rnsaioa. Pcqu~oa i.D.trodu~ ao eatudo do alcumu fi~• c:cmtemporlneaa
de oradora pollticoe. PA&:e. 67- 79, Comp. Melhoramento. de Slo Potulo, Slo Paulo, 1929.
A V IDA LITERARIA 191'
seu saber jurídico, pela riqueza de sua erudição, pela fôrça de sua dial~tica
irresistível e pelo seu poder de expressão verbal, mas ainda pelo domínio de
todos os segredos da Hngua. 1tle tinha tanto o sentido da vemaculidade como
o gôsto da forma artística, e em tôda a sua obra de grande variedade e extensão,
sempre encontrou, como poucos, antes e depois dêle, o aço do estilo para pro·
duzir a centelha nessa pedra da velha língua enterrada no tesouro dos clássicos.
Mas tôda essa eloqüencia a que o romantismo emprestara proporções gran·
diosas, quase espetaculares, e com a qual o parlamento se tomou, no Império,
"a forja de nossas letras", j á vinha sendo ameaçada, pelos fins do século, no
seu antigo prestigio pela corrente das idéias filosóficas e científicas, com quo
se encerrava o ciclo romântico e se abriam perspectivas para uma nova con·
cepção, realista, da vida e do mundo. As lutas em tôrno dessas idéias tiveram
por teatro, no Brasil, a cidade do Recife em que TOBIAS BARRETO (1839-1889),
secundado por SlLvxo RoMERO ( 1851~1914) e por seus discípulos, se tomou
.fl figura predominante do maior movimento de renovação, na história intelec-
tual do Império. O centro da vida espiritual, no norte, deslocou-se, pela com·
batividade do poltgrafo sergipano, do terreno das lutas políticas para o debate
das doutrinas, sob as influências, retardadas e sucessivas, dos grandes criadores
de sistemas. Sem ser um filósofo ou um pensador original, mas antes um agi-
tador de idéias e destruidor de rotinas, ToBIAS BARRETO prestou à cultura
.nacional serviços assinalados, atraindo a atenção para os estudos filosóficos,
vulgarizando os autores alemães e contribuindo como nenhum outro para a
renovação das concepções jurídicas no Brasil. A sua coragem indômita e o
gôsto pela luta que o arrastavam a polêmicas, quase sempre violentas e bra·
vias, como as d e SfLVIO RoMERO, outro admirável debatedor de idéias, se lhe
tiraram a serenidade para as obras de criação, fonnaram em tôrno de seu nome
uma atmosfera de batalha e lhe permitiram fazer uma pequena revolução in·
telectual, de libertação do espírito, numa atmosfera carregada de preconceitos.
lSdas, irrompendo do norte a tempestade dos inovadores, quase inteiramente
ciJcunscrita àquela região e ao terreno doutrinãrio, essas polêmicas extrema-
mente vivazes, em que se tomavam posições em face das grandes correntes
de pensamento, na França e na Alemanha, não tiveram maior repercussão
na. vida nacional do que os debates poüticos que se travavam, no sul, em tOrno
da República, e com que se inaugurou uma nova fase de esplendor no jornalismo
brasileiro. tsse prosador, de estilo nervoso e sugestivo que foi RAUL PoMPJfiA
(186Q-1891) e um ensaísta político e social da envergadura de EDUARDO PRADO
(1863-1895) " entravam em cheio na batalha polttica'', e em campos opostos:
aqu~le, romancista de O Ateneu, artista requintado, de uma sensibilidade
extrema, bateu-se com fé e o destemor de um revolucionãrio, pelo idealismo
republicano; e êste, paulista de nascimento, grande espírito que ficará entre
os mais brilhantes escritores do século e tão profundamente penetrado do sen·
timento universal, foi um reacionário em política, que, em Fastos da Ditadura
Militar defendeu vigorosamente, nos começos do novo regime, o Império e a
tradição.
Que tivessem amortecido cedo de mais os ecos da campanha d e renovação
dirigida, sem desfalecimentos, por TOBIAS BARRETO e SfLVIO ROMERO que
abrangiam no mesmo culto e quase não distinguiam, nas suas aspirações, as
letras e as ci!ncias, explicava.se pela fôrça terrível de nossa tradição. A ten-
dência acentuadamente literária de nossa cultura, criando um enorme desvio
angular entre o espírito literário e o espírito científico, nunca permitia cultivar
de conjunto essas duas flores do espírito humano. Mas o que é de surpreender
à primeira vista, é o divórcio que, com o novo regime, se estabeleceu entre
a política e as letras, e que foi estudado, com rara penetração de análise, por
192
-----~~~--= --- --
A CULTURA BRASILEIRA
IS TIUIT'ÃO DI. AT.ÚDI., l'olhictJ e. letru, I n "Á m.arlóe lll d• HiJt6rla da Rcp6bllca", P<lta. '137-292.
Bdiç~ do Aoaúio do Bruil, R io.
IG A AcAdemia BrlUileira de Letraa, fundada oo Rio de ]and:o. t-m IS d~: d~umbro d~ 1896, ae;:UDdo
o mocltlo dll Aesdemia Francaa, instalou-se com 30 acadbnicos que, de;;endo 01 10 rcJta.Dtes, cocnpletacam
01 quarcnto, otabdcridoa ~ estatutoe da ia:tituição. "Sem P')UJO, - e~vc A7Jt.l:no P&lXOTO - , a
prindplo na Ror/tt/1. Bra•ilaira, de Josj Vz.lúsuyo, ;;ra~ i qual ee formou: depoh iotubJa em pr6pr1o o•·
oooal; fioalmcote, na Kde que lhe doou a Fr~. a AcsdCDUa ia -rivcudo a vtda maquloha, c abençoada, dllo
u>~ritu.iç6elt booor1focas. a.IN um Meceou, o livreiro F&ANI!UCO AI-VU, l~oo..·lb~ S mil c:ootoe poora u.u!;ruto
e prertuot. Perdeu com U.o, pc:nlendo a bea..-vol~ oaciaoal qu.o, jwta!DC4tc, achA deo:u.is boarat c bc:os".
A Academia Bruildra, ~m, C!QQquHta\'11 oa vet'da.d t. p a r - (arma, os melos matcriai• qne lbe deviam as-
eesurar nlo ~o~ a cotttiouidade d e sua existtnciJI e .,. teu. prop-c:,.,., ma a p;»tlb l.hde de cnn:..-, ::ta
•LIA plenitude, at fW>c6a cultunús que llle atrlb'.úram oa oc:us f\&Ddadona, • a que ~ Unam de aere.centu outras,
li&~• a pr6prla d efesa dCll iDt~ da. língua e litctatura a.taOMt.l. Totm•x a cu.ado a l::tcla a Ac:ademU. de
rccolhU, et0 KO IJ'~, diploa>atu C!ll repc>U301 o.-adorea fa ti&a .iol c hom~OI de E.ltado; lllU Íllttit.uiçilo
cOMttVa dont por excelblda (e doú a aua o~o !a novidade. litetÚ>al nlo teledas pela conucra~io da cl6ria),
tc:odc a apolat ·te t&bre as vaodea i DJtituições, &»>ciando 1\J letras, paa !>"'*tiai6·lu, at dendas, a poUriea e
a rd!Jlio. Pareocu llAtunl, aenio do próprio iDter~ dJl titenturtl, que, llmh.aç6o da Audemia f"rancesa, que
lhe ICt'Viu d e modtlo, a Academia &asili:ira recolheue, como 01 l)ritaneLU dllt ddadn aotips, cidadlot tmi·
ar.otn em reeompeou de eerv1ooa pr«tadot !o pAt.-ia.
A VIDA LITERÁRIA 193
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corpo, com a introdução das idéias fUos6ficas do século XIX, e adquire um
notável vigor, na prosa de ficção, com ALofsro DE AzEVEDO (Maranhão, 1858-
1913), autor de O Mulato {1881) com que estreiou e de A Casa de Pensão.
O Homem e O Cortiço, e sobretudo, com RAUL PoM:PiiA que nos legou em
O Ateneu, - um romance admirável pela exatidão minuciosa das observações,
pelo naturalismo de seus quadros, fiéis, nítido~ e expressivos e ainda pela so-
briedade de seu estilo, verdadeiramente sugestivo, na sua gravidade simples e
forte. ~. como AI.oísto DE AzEvEDO, um excelente observador de costumes,
mas na sua maneira tanto de encarar a realidade como de exprimi-la, mant&n,
pela fôrça de sua personalidade original, uma posição de equillbrio dentro
da eacola, de que adotou os processos, sem descair em qualquer de seus defeitos.
Em um e outro extremo, aos lados do autor de O Ateneu, -- sátira, túnpida
e vi\7l\Z, do sistema de educação em um colégio particular do Rio, situaram-se
JÚLIO RlBBIRO (1845-1890), de Minas Gerais, que em A Carne levou os pro-
cessos naturalistas à mais crua audácia, e COELHO NETO (1865- 1934), quase
um naturalista revoltado, em que parece ter havido desde o principio o con-
trário de um verdadeiro naturalista, um visionário cuja imaginação engrandece
instintivamente e amplifica todo objeto. Dir-se-ia antes o último grande ro-
mântico, pela faculdade de abraçar vastos conjuntos, pela sua imaginação
ardente com que mais de uma vez levou a idealizasão até o símbolo e pela pompa
'é!e sua linguagem, freqüentemente prejudicada pela seiva borbulhante de
palavras que lhe ofuscam a emoção. Em O Sertão (novelas) e A Treva (contos),
o fecundo escritor maranhense que foi também um observador inquieto da vida
das cidades em Inverno em Flor, Tormenta e A Conquista, retrata a côres
vivas o meio e os costumes sertanejos, mas sem o sentimento do real e a obje-
tividade de análise de AFONSO ARINOS (1868-1916) nos seus contos Pelo Sertilo
e Lendas e Tradi~s, nem a firmeza no desenho dos caracteres, de AFRÂNio
PEIXOTO, em Maria Bonita, Bu~rinha e Fruta do Mato . Mas é na poesia.
e não no romance, que se fêz sentir senão mais profundamente, em maior ex-
tensão, o movimento anti-romântico pelo parnasianismo que, a certos aspectos
é uma vclta ao classicismo, no sentido de que o importante para os parnasianos,
como para os clássicos, ~ antes ser do que parecer emocionado, é governar a
emoção, é substituir o fausto que o romantismo dá à expressão verbal pelo con-
ceito plástico da forma, nítida e precisa, e pela sobriedade nas imagens, subme-
tidas, como a linguagem, à disciplina da arte e da razão. Por isto os parnasianos
como os clássicos, nos parecem frios; e consideramos como defeito exatamente
o que êlea têm por sua qualidade mais preciosa, - a reserva, a medida, o equi-
librio.
Os quatro grandes nomes da escola parnasiana são, no julgamento quase
unânime, ALBERTO DE OLIVEIRA que, mais do que todos, se deixou submeter
aos seus quadros rfgidos, RAIMUNDO CoRREIA, OLAvo BILAc e VICENTE DJt
CARVALHO. 0 primeiro, ALBERTO DE OLIVEIRA (1857- 1937), natural do Es-
tado do Rio, nos dá em sua obra Canções RomlUlticas, Meridionais, So-
netos e Poemas, Versos e Rimas, não s6 o documento mais expressivo, desaa
reação contra a sensibilidade lacrimosa dos românticos e de um respeito da
arte, no mais alto grau, como alguns dos mais belos poemas de inspiração par-
nasiana, pelo vigor descritivo, pela justeza das imagens e pelo apuro da mé-
trica e da expressão. Se os seus sonetos e poemas, de uma coloração intensa,
de tão magnífica amplitude de feitura, são, em geral, quase Unicamente plâs-
ticos, em alguns dêles, como Vida em Flor, sob a delicadeza da forma, j á maia
simples e natural, mal se dissimula a vibração de uma delicada sensibilidade.
Em OLAVO BILAc (1865-1918), também do Rio,- e um dos maiores poetas
nacionais, de uma forma flexível e elegante, primorosamente trabalhada - , a
- 13 -
194 A CULTURA BRASILEIRA
inteligencia jâ não comanda tão fortemente o coração, freme à alegria dos sen-
tidos até a voluptuosidade e a inspiração, mais fresca e espontânea, nas Panó-
plias, em Via Látea e Sarças de Fogo, eleva-se no último ÚVTO Tarde, pe-
netrada de idealidade mística e de uma beleza, grave e melancólica, de pensa·
mento. A finura de sensibilidade, um humor melancólico, pessimista e irônico,
a fôrça comunicativa da emoção, mais grave e concentrada, e a naturalida.de
da expres~ão, mais musical, constituem os encantos de RAIMuNDo CoRREIA
{1859-1911) que em Primeiros Sonl1os, Sinfonias, Versos e Versões, e
Aleluias, nos apresenta quadros de uma graça acabada, de uma franqueza
de execução sem igual e de uma grande delicadeza de sentimentos. É, porém.
talvez nos Poemas e Canções, de VICENTE DE CARVALHO {1866-1924), de
Santos, que a poesja adquire mais ternura e intensidade dramática, na sua evo-
lução marcada no sentido do humano, e se restabelece, na cadeia que liga o
passado ao presente, o anel sólido e luminoso em que se fundiram, na poesia
Urica, as vozes do mar e os cantos da terra, o sentimento da natureza
e o do coração humano. Mas, em pleno fast{gio do parnasianismoP surge o
simbolismo que foi na F rança uma reação contra a escola realista e aparece,
entre n6s, como um puro reflexo de uma reação distante, j6 então quate em
dedinio. Essa realidade na imitação da qual os realistas, na poesia e na prosa
de ficção, tinham pretendido encerrar a arte, os simbolistas se aplicaram a in-
terpretar, a penetrar os mistérios que recobre com as suas aparências e a d es-
prender-lhe o sentiCfo do ideal. Tudo o que essa escola quis introduzir na poesia.
de vago, de fluido e de secreto, ~auém, porém, o exprimiu melhor entre nós
do que CRUZ E SoUSA {Santa Catarina, 1863-1898), poeta negro cuja emoção,
bastante forte para dominá-lo, se 1'eflete inteiramente nos versos de Missal e
de Faróis, de uma linguagem irregular, mas de uma grande beleza rítmica, e
com essa obscuridade que é um defeito essencial do simbolismo. Enquanto
~ poeta que vulgarizou a escola entre nós, conquistava a adesão entusiãstica
de discípulos e sustentava o fogo da oposição a essas novas formas poéticas,
o iaolamento austero em que vivia AI.FoNsus DE GUIM.ARA.ENS (1870- 1921), em
Minas Gerais, fecunda a sua poesia, sombria e litúrgica, povoada de visões
da morte, ainda que suavizada pelo sentimento religioso.
Se, pois, se pesquisar em cada um dêsses momentos a causa das transfor-
mações do gõsto literário no país, não é dificil encontrá-la na ação de uma li·
teratura estrangeira, quase sempre a francesa, e na influência que exerceram
aôbre a nossa mentalidade e as nossas instituições as .g randes corren tes inte.
lectuais do tempo, ~ o que sucedeu também, na evolução dos estudos his·
17 Nlo tendo Outn> propóei~o ~io traçar, em aus.s llnbu geraia, a evoluç!lo da llter•tu.ra no BrRe!l, em
pcq11~ cnllliO que ~ontivene o essenci«l e não ro- árido, nao era pl>nfvel dcter•no. em eado um dot p')<'tas
fUlado. 111 divC'flaS escola• que ac auc:edenun, marcando ou dlfereoto fale> dcna evohaçl;,, Adem~b, os poetu ,
reu.n ida. em c:•da um dbtes aru~. como os da escola parna~i&oa, .... m:lhaYarn.ac sufic:ientcmente entre oi
para tuem todoe um ar de ramtlia. o que i:nportava, p<)i~ cno fixar •• r~.. culminantes que deram rormu
no, .. li poesia ou em que! um determinado movimento de id~ia~ se c.<pr\nuu com maior lo~ntldade e fOrça de
loYonçlo. N o ..ntanto, eonvE,m le<nbrar que nerlbUIIUI ese>ola teve maior ndm~o de re~entantcs no Br••il
d o que o p~~rnulaalamo, com - tendeocia tãl> f'><Umeote acentua~ d~ Inar a arte da p~lavn a o terreno da
eso:ultura e faaer da forma ~tiea um meio rer-.nado de e:<):reodO. e um GO.NÇALVU CUtPO (Rio. 1S47-138l),
diJputado f>Or duaa p6tria1, pela de nucimento e pela de a:t~. ~ da cxola para..tlilD8 c um dos poct,..
mala pe:rl'ntoa, pela ~o e beleza da forma, e que ''sr dáxou inliJirar tio aioarameo~ c vivamente pela•
~ famUiarcot .U vida bratilcin'·: Slào, Cilll'e ootre>t, Luis GUUU.Jt.lU IR•o. 18-47- 18981, de forma polida e
decante; Lub MuaAT (Rio., 18Sl- l92il), p:ldll IIric:o, de tcodénaa.t m~QI'I.C'llõ OUIKAÜSI PASSOS (AlaJOQ,
1867· 111091, aot« de Vu;oo" de um Simpl~n (189J) e de Hor. . M ottu (1901); lt111fuo os t.t-...usa {PvanA,
1867·1918), poeta utJrlco e par.....U.no ext:remad.o ; P'RAHCUCA Jlh.IA DA Su.VA (S&o Pa.alo, ll74-19li>), poctiaa
que noe ddllou em MárcnoteJ (!895), reeditado man tarde oob o titulo do SJfinfar, uma obn de bdua cxul-
tunl, rnu acm cnnde calor de emoção; .AlTGUWO DE LUlA, (Miou Ge<'alt. 18S9-19l41 eom tc<H venoo eol:>ridoa
c ricoa de idtla• : MÁR10 os AI.u<c.ut (Rio, 1872-19251, de uma ac:rulbilldalle d~llaodo e cocn um uoúoo c:lásoico
de «tuilfbl'io: o: a Loi'U, que surce em 1881, mestre na arte de evocar pcqoeo01 quadroe da VIda t 4btlca, admi·
rivcia pelo .entl~oto da o.awrez. e pela eçootaoei<bdc d~ loaplraçio. N o priodpio do a«ulo XX aparece
wna fOrça nova. Auovno oos ANJO!I (Paralba, 188._ 19U), eootrult6do c dcotenJanado, ~<Üa ainc-.,laridadc,
.,.,. IC\Ia poema Eu (19121, prcwém, oobt..:tudo da sua CJiptC::IIio oricinal at6 A atravqlnc:ia, d• aua prooi&a·
lldadc em roetMor•• de ltltplraçio cicnt:lfiea r: de •uu teodtod.u reflu•vaa, que lhe quebram freqüentemente
oe fmpetoe Uticoa e • f&ça de temperamento.
A VIDA LITERÁRIA 195
111 " Em virtude de coatincmclu eopcci&is, de particularidadea but&ico, a fotiDI!çio b<'..Ucira, eocrue
A. 11& Qur.t~toz PlJ.IIO, orientou-te par dketTizca d&perea e rec:eõcu o impuho de doia apfritoo, c~o alio' inclo-
fectfvd e not6vd no. q>l.6dloa da hiat6ria e ,... realizações da literatura. O apfrito de cooqu.bt.ot e o de civi-
~. S.tr, de:C&Dido pela tmclenda 011tural d e r~ e eatabüidade, procurando eclilicar a ~o IOb a 11&%
m.plcad... das tnldi~ e da c:ultura oeidau:ais. E aqu&, marcado pelo oeDtido do movimento, atuatldo
~. cuja ~ male fone (oi o lmpeto her6ieo do bomdeitiomo. acrtaldo pela faeiu<:So do. boNoote a
dacoohecidoe. pela teeluolo doa miathiot ~da t#n-. O espkito de eooqul.ta dapertan a eciva criadcwa
da terra io&lit:a. era o c:omeco, o tn.tante ioallt[Ural da vida non.. O da civili&açio era o .....o, a ccmtlnuldado,
a ~ da dependeacia, do ~to e da adaptação: lip,va ~ vida iDcipieallt da c:o1.0m. a edva de ...W.
CD1turais plurieeeulan:a. F01 de:otro dasa dup&:idade de direções que o6t craeemoe e ~ oa primc:iroa
s - oa ~ vacilalrtc doe primciroe itiner6rioe da pktria. Nq Jetru. oe doia rumoa r...m r~uroa P*N' ·
!doa. MAQUDO D& ~e E ua.ma DA Ctnm.\ eoaunaram .. w:aa expoc:M6el cxtn:mu. Um c:riatali&ou a
1111ivenaJldade do pa!MmCOtlO. 0 OUtro fiXOU O colorido loc::a1ista, &a Ü>spira$6e8 da tem, O feitio putieWar da
Alldonalldade. Ml.c:tlADO foi uma voa I"IIIOcia. um produto de cultura requintada: e&U1Uu de - opfriw o
qae ele tem de I&Dlvcnal, SVCI.IDtl procutou oa ~. calgou c tranop& a c:ordllbclra q~ae ~qM~tSVa o Bfasil
em domfoioa aúlftques. fecluldoe e impcnoriveü, viu o " reveno da medalha'•; dilatou oe bcrUootM do a:aelo-
oaliamo intelectual, !mprepando a ooaea c:ultur. de wn gOsto maia farte da tema". (A. D& Qu&UOJ Pu.Ho,
Doas /a~ do ••p1rito nacion11f. In "O l1rtado de Sio Peulo", dcacmbro, 1937}.
198 A CULTURA BRASILEIRA
19 RON"'-D oa Cl.av.u.BO, Peque:>J ll>!t6rill dlJ LiterAIU•J BMs.lotr" . Bri~d & C i>:np •• Bdit6rC8 ,
Rro de Jaociro, \919.
!O OMOl.II<O AMADo, O rom,,n:-e. a cid11d~ e o campo. I n "0 J.,..,.,... "· S 192. Rio de Jaoeiro .
A VIDA LITERÁRIA
2 1 FIUU'<AHDO DI< AzcVIDO, En,.. ios. A po~ji• wcittl no Bttttil. P';t. 90 • 102. Comr. Melhor• ·
- t o e de SAo Paulo. Slo P eulo, 1929.
22 A.LaiJW o& AHDIIADI. Retpoeta ao inquénto oa .. R e"VUt• oJo Bre11l .. ou:&ca da• t mdencw atuais da
fltetatur11 bratil.U., 1940.
A VIDA LITERÁRIA
- - - -- --- ---- --- 201
separar os que ficam e determinar, com precisão, as contribuições verdadei·
ramente originais aos progressos da literatura no pais. A proximidade em que
ainda estamos em relação a essas obras, sucedendo-se em tumulto, sem deixarem
tempo para reflexão, e a abundância da matéria a examinar não permitem
julgamentos definitivos sôbre a história literãria contemporânea. As vogas
sucessivas em tômo de nomes, trazendo às ,,.êzes ao primeiro plano obras de
ICgWlda ordem, e os ostracismos de igual desproporção, relegando a um meio
esquecimento talentos superiore:::, impõem a necessidade de uma reviaão de
valores intelectuais para que cada um encontre o lugar de seu mérito numa
opinião restituída à verdade sem o entusiasmo excessivo ou sem as hostilidades
secretas dos contemporâneos. No entanto, entre os que se impuseram à nossa
admiração, podemos lembrar, na poesia, MANuEL BANDEIRA, de uma sensibi·
Hdade delicada, motejador e doloroso; AUGUSTO ScHMIDT, senstvel e forte a
um tempo, muito pessoal pelo tom e pela inspiração; ]ORO& DE LIMA, com a
sua poesia original e simples atê a mais autêntica ingenuidade, e de um sabor
popular; CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, cuja poesia melancólica até a an·
~ jústia, e de uma extrema densidade de forma, corresponde a uma visão deso·
lada da vida e do mundo; GILKA MAcHADO, que faz estremecer seus versos.
polidos e sonoros, da exaltação dionisíaca dos sentidos; ADALGISA N&Rl, uma
alma ardente, que respira fortemente a vida e a exprime com uma sinceridade
exasperada, e CECiLIA MEIRELES, recolhida ao seu mundo interior como a um
reino de exílio de que nos transmite a mensagem em seus poemas, com urna
expressão nostálgica do infinito, e com tudo o que há de vago e de fluido, e
porisso mesmo encantador, no seu pensamento simbólico, rico de sugestões.
No romance em que se cruzam as influências mais diversas e especialmente
as de jAMES ]OYCE e as de MARCEL PlwuST, distinguem-se de um modo geral
duas grandes correntes, a do norte, néo-naturalista, dominada pelo gôsto de
íaar os aspectos da vida social, com jOSÉ AMÉRICO DE ALMEIDA, jOSá LINS
DO Rtoo, GRACILIANO RAMos, JoRGE AMADO, AMANDO FONTES e RAQUEL
DE QUEIROZ; e a do sul, que antes se compraz nos estudos do mundo, psicol6·
gico, moral e mental, e em que se destacam, para citar apenas alguns, PLiNto
SALGADO, LÚCIO CARDOSO, CORNÉLIO PENA, "MARQUES REBÊLO, TELMO VER·
GARA, ~RICO VERÍSSlMO e OTÁVIO DE FARIA, apaixonados da vida interior e da
arte de analisar os estados da alma e o movimento das idéias e das paixões. ~,
Embora pertencent es a mundos inteiramente diversos, com suas diferentes
concepções da vida e do homem, e com particularidades bem marcadas, asse-
melham-se com freqüência, no relêvo, no poder pitoresco e na intensidade do
processo d e reviver em tôdas as nuanças o passado ou de nos dar a totalidade
dos acontecitnentos, sua reJ:ercussão sôbre a consciência e as reações que deter·
minam no indivíduo. Mas já se constata em alguns, entre os maiores dessa
época, - a mais fecunda do romance brasileiro, o duplo esfôrço no sentido de
2S A DOMa lilcratura, mala llrica do que rdletida, c:Xprimiu.-ac em ttod•• •• tpoca• m"l• fortes:oente
pOaia, pdo ~ dCIICntivo e pda doqOtnc:ia do que pela Ciloaofia, pelo e~H&io r pdo tutro ou 1)0(
~la
qualquer
oatra fonna Uter4ria que, ~la tua natureza, exige maia~ e rdlexAo. O próprio MACSAOO D& Allll, que
iotrodaulu oa Utentw'a brulldra, com ~ romances, o illterbse pda vida interior, c M tornou um matre no
~o de c:anoc:tera, olo eneoottou DO teatro uJ:na crpr~o bem .;uotada à form& pou-t:icWar de tcoa cwplrito .
O talento todo s-oa! e ~mente auh.ietivo do c;raode r<>matlci8ta parcc:ia não comportAr u qualidada de
iuveuçio e 011 d ona do rida DCCCMArioa l obra do teatro, que ~. DO dtama, a r~ ele um laF&O liriamo c obri&o
o autor a apt~tM- para fuer viver o mundo de ouas crieeões. Na ~ podm, em q~ eob a lnll~• de ro •
caacittu oecioaala, como MACHADO o& Assu e LDCA &ufto, e atr~ como J~UB~ ]OY(:a • ALDOII•
BUXl.ST ou M.t.acc. Paolm c ÁN'QÚ OWI, ton>em um g;aude impul!o o romance~ c o de c01twnca,
poclcr-4e cuidar. ao primdro exame, que ae tiv- regiotndo uma rue de ptocr-oa acaalveia o• cvoluelo
e l e - tcab'o. W.U, ainda ~ u pt~ e tooYda a palavra oum IClltido rclatlvo, nlo ee produ.alu
- obn ~ oo ctnero dra.mAâco. FUndada a bem di:tt por !oUJtnN1 P&MA, ... primeira metaclc do .e.
aalo XIX, e uplorada c:om rcleriii'O I\ICCIIIIO, na _..nda. metade dl:ne s&:ulo, 1)0( Jod o& Al.&I'CAll r Pa.u(çA
JOmo-. c maia recc:otemcnte 1)0( AaTVa A2:lrVUIO (V.aranbão. 1851- 1908), porta .at:lrieo e eomed.i6&rafo. eocn
- cleüci- fotuiaa de um aptrito picante., e por PAULO :a..auro (Rio, 1881- 1921), jomelltte o erooltte,
• ~ de coetuml:* f; repraentada hoje por um pequeno gru,p o de autora tcatrai.a eooso RADIVHDO o&
M.r.QAJ.Il1ae JC!floa, EalfA!fl FOIUCUJ e ]OttACJ C.ü!AaGO. Não há pr6priamc:Dte dcoadeoó& do teatro Da•
d.oGa1, que cootlaua a dctlalvolva-·ec, num pr~ lento de evolução, tem apraeatar ainda Clc;wu .,_pa~ de
for'DW" uma tra.cllçlo d.rarntdce entre ~ por um n úcleo de obres d e grando in~dadc de vld•, de vic;or no
..nado de canc:teta c de tarcucu. de ~lo,
202 _ __ _ __ _.:...:
A_ C_U
_L_
T_U
_ R~ BRAS ILElR A
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A cultura científica
1 041PAR BAitUUI, Hiat6rie doe l~ito• rec<~nrementa preticed011 d urante oito enoa no Bra•il •
eoutr•• parttu .0/1 o 10v•rno do ilu•lriuimo jo6o Meuricio. Conde de Neauu, ~tt. Tracluçlo c anote~
de Ct.C.voao Bu:co.lo. S~rvlto GrUico do Mini•tmo da Bduc;-•~• Rio cl~ J.,.ciro, 1940.
I OI'LII&ftO Fa&YII&, Sobrado• • moumbo•. Sbie Brtiiliana, vol. 64, p'a. 272, Comp. Editora
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I C4Pltr1'11JJfO D& A. .au, C11pllula. de hiat6ri11 coloniel. P6a:a. liG-91, Rio, 1907.
211H
-----A CULTURA BRASILEIRA
Até o século XIX n&o se dirigiu ao Brasil nenhuma outra missão de sábios
estrangeiros; e, se entre os visitantes do Brasil colonial alguns mostraram in-
terêsse pela nossa natureza, como os franceses OAMPJER {Bahia, 1704), LA
BARBJNNAIS (17 14) e BouGAINVILLE que estêve em Santa Catarina em 1763
e no Rio de j aneiro em 1765, as suas observações não traziam, em geral, senão
ésse sentido do pitoresco, de viajantes deslumbrados diante das paisagens tro-
picais. O gôsto das viagens, o espírito de aventura, o interêsse pelas novas
terras descobertas, na América e na Ásia, estimulavam êsses empreendimentos
isolados de forasteiros que não deixaram vestígios de sua passagem pela Co-
lônia, de onde naturalistas adveniços, porém, - um PH. CoMMERSON (1767)
e jOSEPH BANKS (1768), que passou três semanas na Guanabara, remetiam,
respectivamente para o Museu de História Nat ural de Paris e para Londres
herbários colecionados no Rio de j aneiro. A Colônia continuava estranha
~ revolução científica que se processava no Velho Mundo e mergulhada na
espêssa obscuridade em que, sob êsse aspecto, se envolvia a Metrópole que
estava1 como t6da a península. "fora da linha isotérmica dessa revolução".
Por tôda a superfície da península, pondera RUI BARBOSA , "a instrução cientí-
fica não existia. Nos meados dêsse século (XVIII) não havia em tôda a Es-
panha um químico prático. Mais de 150 anos depois de HARVEY ainda sedes-
conhecia aí a circulação do sangue. A Universidade de Salamanca, em 1771,
recusara entrada pública, desdenhosa e terminantemente, aos descobrimentos-
de NEWTON, GASSENDI e DESCARTES por não se coadunarem com ARlSTÓTELES.
Em Portugal os estudos universitários vegetavam sob a rotina teológica, do
mesmo modo como os colégios eram monopólios das ordens religiosas e as raras
escolas primárias n ão passavam, digamos assim. de estabelecimentos dioce-
sanos, sob a direção dos ctérigos e inspeção dos bispos". 4 A instrução, su-
jeita à curatela clerical e transferida, desde 1555, para as mãos dos jesuítas,
sem dúvida os maiores humanistas do tempo, se caracterizava pelo ensino da
gramática, da retórica e da escolástica, e se reduzia, no plano superior, às
letras teo16gicas e jurídicas, além da medicina galênica, mantendo-se quase
totalmente fechada, através de mais de dois séculos, ao estudo das ciências
e.xperimentais. Era , todo um sistema cultural , montado para a formaçõo de
sacerdotes, letrados e eruditos e que, desenvolvendo-se na sua órbita autônoma,
resistia à poderosa atração dos métodos novos e das tendências progressivas
que agitavam o mundo civilizado. Se a essa atmosfera cultural, saturada de
formos puramente livrescas e dogmáticas e d e controvérsias inspiradas pelo
velho espirito escolãstico, se acrescentarem a política de isolamento adotada
por Portugal em relação à Colônia, a ponto de privã-la de tóda a comunicação
e comércio com as nações da Europa,.-. o regime opressivo da liberdade de pen-
samento e de crítica, e a desesperadora tenacidade com que a Metr6pole sufo-
cava tõdas as manifestações de cultura viva no pats e todos os meios de sua
C Ror 8AJt801A , O <:f!n! rmluio do M .u qui" d,. Pomb:.l O.S<'W'to pronunc:oado a 8 de m.Jo de 188'.!
n•t Imperial Teatro de O. Pedro 11.
& E- polltie• d e 1e1;r~açAo a<!OlAúa s-
Por~al que: " ao:mprc: p<OC\Irou Impedir o coatato doa a ·
t:ran~;ritoe com ao cenua do Bruw·. ftUoca x
expriaúu com tanta coolnilna COG>O naqude famoao avioo expedído
a l de j unho de 1100 pelo aov&no d a Metrópole ao JCU del~o do Pat&, apm.u oho anot antn da che&eda do
Prl napc Real ao Bratil, c: em que oe p<OlDia a vioda do ,~ande H ulOIOI.OT • • tcrrao bratôleoru. "l'lio a., poú,
d t ad mirar (COG>rnta ] ULU.!IO M OUJRA' qllA: no Brad oio pcneu-m ld&a que enm c:o,nutcoo no muado
avolit:ado. Afirmou AuciT4 GK, hiat:eriado<- inJ)l:o que eqw viveu dutll.llte duu dkadu: pela poUlica de Pco-·
tua ai uma da• maia ~late ffrteitredõesdoglo~haviamdoprivadade t6da aco.nun~c com&c:iorom b oatno
nat6c:l ria Europa. a ponto que • adnn.ão c • residb>cia d01 eotrucciroa cnm ali prolbidu. Se aoe IIA-rioa dat
nntik'e &liadat • Metrópole ~ c:otUentia que de vez em q.,.ndo •~• noe tcllO portoe, proibia~ que
ecus paa-acitoe c: tripulatltes d"""cuem à tan, uceto quando Kompu>badOI par QCOII*f d e ooldadoe. O re-
eul!Ado dit to era "a vasta itnOI'Ancia '""ai
do que 1c: ~-v• pela mundo, c.>oc:eto o que Ponucal queria q..a ac
eoubc:Me". Nlo havia e:m todo o Bra_til uma~ bpocrafaa.- A coacbçlo dot bnulleiroe, c:oac:lul o - lüa-
torlador, era, na verdade, dieoa de compaixâl) comp..-ad.a rom a dos c:ut~ ". l j Ul.IA!iO Moaaru, O proAr...o
dtu cilnciu no Bru/1. fn " A11•••" d a Biblioteca Nacional, 1913, vol, XXXV, Oftelnao Gririca~ d a BiblioteCA
Nac1ooal, Rio de Janeiro , 1916 .
216. Fac-samile do fronrí1pício de ~Historia Natur.Jis BrasrlrH~,
da Püo e Marcpave.
217. BARTOLOM&U LOURI!NÇO DI! ÜUSMÀO, O "Padre VoadOT", ao r:ual tts IUIII 01tperi6ncltil d<l IJ<ltOIIato
•s1e~ur1trnm um lu~ar entre os antecipadore$ imortais da avioçlio .
Salta Bsrtolonrcti do Gusmão, do Muteu Paulista, vendo-se ao centro o rclrMtO do inventor br~elileiro.
Foto do Museu Paulista.
218. ]OSt BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA (Santos, 1763- Rio, 1838) primeiro professor ds cadeira
de metalurAia da Universidade de Coimbra, mineraloAista de Arande valor, uo maior e o mais
culto dos brasileiros de seu tempo".
Foto da Coleção Companhia Melhoramentos de S. Paulo.
219. 0 C<>tl•lhftiro FRA.~CISCO Flu:1Jl& AU:MÀO, 220. J 8ARJ!()SA RODRIGUES. "o nuú, not.vel
nouiv~l botJin:eo. rnc.,-rrc àe bot.:i:nic.a na E tcola borlinrco que o Bras# possuiu depou de Flt&IR&
dft Medrem• e di~ror do M~ N4C1ona/ AL&MÃO", diretor do jardim B otinico ( 1889-1909)
( 1866-1874). • •utor do ..Sertum PalmiUVtn"'.
221. At.h>lO MIRANDA Rn!EIRO, icticl/o#D coniU• 222. ADOt.f'O LUTZ (1855-1940), que lroun
tn~>:lo • do. :u>61op nascidos no Brru#, talve• eontribu•póu valiord nor dominroe de •oolo,i•
o maior de tod<». pura • da :ooolo~ia rnidiu.
223. EMIJ.IO GO&Ull, lurtdttdor do Museu Ps- 224. jACQUU H UIIEII, bouinico, suíço, que trB·
reen.se, hoje Museu Cioeldi, e autor de '·Os balhou no Mu.1eu P•r•~n$ft, o um dos naturalistas
M•míferoo do Bruil (1893) e ''Aves do Brasir. ~JtrDnfeirOI que m~~i.s H coruaJra.rnm à nossa r~rr•
• 1t0 ~.Itudo de suas t~qu•a&t nJttura.i.s .
225. Hf!RMANN VON lHERINC, lur.da<ior do Museu Paulisra. de -;ue foi diretor (1894-1915) e um<t
da1 maiore1 autorida:les do mundo na sua c•pee.alidado (moluJCos) ,
226. F RlTZ M üt..LF.R, "o príncipe dos obstrvttdorcs", 22c7 . PETER WILHELM LUNI> (Dinamarca, JSOJ
no corn:eito de OA.RWIN, e um dos mo•ore$ n8tu- - Lagos Santa. Mintu Gerttis, 1880), um dos
ralisttJS do •éculo com 45 nnos de Bra•il e de s ..ibio.s mais eminentes no domínio da paleontolo~iD,
.serviços à cienci:t e ao pliÍS. lamt»o peltts 1un.s pesquÍSD$ Mbre /óueis1
no vale do rio das Velhas
232. ]OHN C . BRANI'lER, um dos discípulos e 233. A . Br:.TIM PAIS LEME. geólo/10 do Museu
colaboradores de C. FREDERlC HARTT, n a. orfiD· NacionaJ e alltor de excelezlte:o mono,Arnfias .sóbre
nizaçiio dO$ serviços e no desenvolvirnenfo d():• n teoria do desli~e dos conr-inenu:s, d e WECE·NER ~
eMudos geológicoo no Brasil . estuditda em face dn.., obs6rvaçõas IJ<)olô~i~o•s
concernentes ao Brasil .
234. PEDRO Jl1 animador e cultor das eiêtJcias, o qualJ no seu lon~o reinado, se encontra à frente
de iôds.s as iniciativas de interês.se científico no Brasil.
Foto da Coleção Companhia Melhorameotos de S o Paulo o
235. SaltJ cOnM~rllda tt SANTOS DUMONT.
Sala B -9, do Muoou J>oull•lo . Foto do Museu Paulista .
236. SANTOS DUMONT (Minas. I 873 · Santos, 1932), ·' quem ÉDISON chamou "o bandeiranre dos a res", e a
quem cabem duas invenç.óes , - a da diriiJibilidade do "mais leve'' e a da ascensão do umais pesado''.
:!37 Louts CRUJ..S (1848-l908Jo "'tr6,.,mo 238 o R.EmuQOE MORIZ& ( 1860-1930), pro-
bel••· ••tmdo diretor do Observatório Imperial fessor de física e de nMteoroloAilto diretor do
do Rio de Janeiro fl884-1908), em quo Observ•cório NtJCional, de/Ide 1908. " qu.,m
,-ueedeu ao 1ábio francês EMMANU&I. LtAIS ~edevem a primeira or4•ni111ç.io ttletcoroi6Aica
(1874-1884) o
nllcional e uma notável monoltltfill &Óbre O
clima de> Br••ll o
248. lnJttluto dfl Manluinhos. hoje Instituto Osvaldo Cruz, lundltdo em 1901, o mtttor c:entro
dtt p<!JQuluos etentílicM do pajs, no donúnio da porololi• uperimenta/
Foto da Secção Fotográfic:a do Instituto Osvaldo Cru•.
249. Biblioteca Nacional do R io d e ]af'lciro, a mais importante e o mais rica d a. América do Sul.
Foto Vosvuus . Coleção do S erviço Nacional de Recenseamento .
250. OsVALDO CRU:t (1872-
1916}, no HU labor&fório no
lnJtituto de M&nfuinho.. Rio
de )atH!Íro . -Foto J. PINTO.
O VAaKIIAOI.M (Vt.conde de P«to Sqoro) , Ht.t6rill Gerlll do Br•oil - antet ele oua eeparaçAo e
IDdepeodeocia de Portu«ü - . 3.• ed. in~. Compa4hilt J4.elhcn.meDtoe de SAo Paulo, a. cl.
7 In ]tn.l.U!O Mouau, O protruso d•• cílnci•• .no Bra~i/. In "Aoala" da BlbiJotoca Nacional,
1913, vai. XXXV, Rio de Janeiro, 1916.
-··-
210 A CULTURA BRASILEIRA
8 VMt 116bre o emioente frade franciocaoo, Frei Josi M.A.JuANo DA CoHCr.IÇÃO V&l.OIO, a memória publi-
cada rm 1868 por Jost SALDA-lfiL\ DA GAWA na "Revista" do lnatituto Hisl6rlco, e o exa:leotc estudo de Tcnú.s
8otto11r.rn , editado tob o titulo Pradea Nattnalia tas, DoU "VO&CCI de Petr6polà", 1919.
,.
A• prcfutndu de j ost B ONIVACIO (S3nto•, 17S71 pclns ci~nci •• nntuui• manlrestarom·wr, IO<tO <lt
iqkio, oa Unlveroldtad e de Coionbra " que o pPi o mandou pnra cw-oar" f"acu!Ja..tc de Leis: ~lérn o.lo cw to jurldoco,
frlf!Uentou o de fllut~>lla. t t o1<fO•)C b.char~I .. J o e m lln\t>tl> "' .,,..oiRt. N o Í\lVCm r•ulist• m•dru~IOIA o IIOtto
~laSjclblda~ o.lc obnr.a~ao. M oi lcrm•nava o seu eut•<> c JÍI enuav a p3ra M Acll<iomto ue Ct ~d••· "'" t..leboo ,
e emprtcnd••• e m 1790, umo Vlll(tm dt t"3tudo• ptl~• prin:ip>l$ ecntr<>! cocntllocO> dn l!:uropa, com o ObJ etivo
de freqllf otar curoot com O\ gra nde• mea:re• d~ citncia naquele tempo. E:rn Parts, ouvt:t, crmc out<05, CIIAI"tAL
c Fo11114aov, cootinlllldorc' 1.!~ LAVOISIER, c H AU\', funJ•Jor da m•ncralo;ia nn França: •· tm F'r tyb<rM, paro
c poniu a ~:onotlho .!o dttcWr da E •coll' de M •oas, d e PMi,, •rr•nJcu com Alii>AH"" WtK:<& II, o " fund ador
mln~uiOO',;Ia tootcmltoce, pq< Ot •c:>'r&J;o d • qufmica r,« .ll C\l:rut •.ht:oplina do~tnJ dt ratudus npcd ale". De
yM<R. j od Bo:<.,.lCIO, c:~nd•'!<'i,ulo <!c H t;l48:1LDT, :u htmo.;o c.ot:ola aa.,OnJca, foi vmuor .. nuna1 do 'l'irol,
da -.w.a c da CwiMta : ouvtu crn Pavo~ llt hç.>M <1<' Vor..u , o mvcnWr tla pilho clhtoca, c d cp ·is .1~ eatudar a
ooCNtwa cc:oló&ice d~ M ~ntn &uaAnc J•. em Tur:m, dirigtu·~ ?I G dl Buteaha. onde fteqUcntou PIUUTL&Y,
o emulo de 1...\VOIIIIR, c, em ocr.uo<lu, • EJ :~Jmãvia, pondo-oc vn c.:.n111to COtO., maoe not,veot trablllll•Jorea
no d omln10 clae c•tna • • qufrooca t c m•n~r•••· E ra tovnti;aç~ miotralb&i~ Qllt rcallcou "" Sub."\ a c o.t D•·
Q&.II:I.&IU , po< .-•ao tJo J c T ullRitll:< Dcllo ..... :om, um dM ~a:xles fund.dorb d • m•ncralac•• c que eonh«cu em
UfMala, llncobnu qu.atro n ptt1cJ ""'''"' (o Pculit:>, o E•podumen'"• o Cn61ito c o EcSo::ap<>hto.. " a ltm de oito
puoc:rat1 que podtam inclutr•l e com" var.~ la Jtt em cJpéa.!s já d n crite• poc oclU a otecouoreo ou eooumpo<An c~".
Na aua nwcioallc dnlwnbfantc, n crcv., eu~ror.s o " Cu~!!A. "nc fOra wnt1 ui>«•• de mon11tro plcrupotcndlltio
· do ~(nto c do ocabmcoto de oon:a na.-. ...-uJ..J,.de n.tJce.nu:, ac:re!litaJo em t4<bt •• capit.ttS do Velho M undo•'.
De vo&ta a P.:ortu~:&l , 0 <1'!>11 .St 10 enJU de ,.erc,rona;;X5 cientiíu:u . reali wu poQWMJ c ac1'tveu m~:m6ria1 &Abre
u IWD&t d~ ptlt. "· f'luando de c•ê.nc1.-. pW'tl ~::t t:!lmp.;) d e: sua-s apb:açJ<J. deKnvotveu. com c fic•l-nt•a, 1m•
'1>«tmlte.t •tivtJadcs t un•ut. no .-v,;o de rntea.iente gt:uo.l d;u m•n•• e mua •• Jo rc1o0, par:a o qu.t.l fo • nomeado
po< Catt.t Rq11 d e 18 de m~'" de 1801, e n• dor~:io da1 ob:o,. d o MonJ.,.o. Pnmctto pc'Ofct - d e C.OdC'tr a de
m ctalurQ... M Unlvcu•dadc u c COimbra, fuodal.!or do c:umo du cicociu qu.lmtc•• c auuC'fab, em Luboa, a po·
..noU- J ost .80:-<IP.lCrO, aos 'l de a,;lbto de ISI6, com •9 "oc». A so• cane1ra nu ci!nc••• r..,. como Jc ve.
IIJIIt aJtCCotio coodnu.a, c • gravidade c aaolidcl d O!I ntuJOJ nt:ntlfkoo nada lhe. lU'.. r&Jn !lo prcocupaca •• •cc~tit c
~e •oo caca.ows c1.t ,nur,oneç6 , c do cJtolo. (Cfr. Euct..,o&S OA CUNHA, A m•ri om du. hiot6na . 3.• ~•çllo,
.
,.,.._ 2Js-236, L ivrar•• Cbaruron, POno, 192l)•
212 A CULTURA BRASILEIRA
lO O Mu ecu Reei, h C!.l e Muocu Narlone.J. foi uma d as inicia tiva• d~ D. J o l o VI que o fiJndou, - dtercto
d lr 6 de junho de 1111 e l lll"tlo de TO"'' I.IITÔNIO DC VJLA N OVA P OitTUDM.. Ji no otculo XVII I, 0. l.UIJ
D&NAtCONC&LOI. 12.• Vlce-m do Braoll (1779- 1790\, h avia fundado a Casa da H lttória Natural que oe tomou
maio cooh~d• pelo nome de C.M doo PAnaroa e t.ov<. eurta duraçã~.. O Muoeu Real foi inotalado !)rlminvamente
•' n o prldio hoje oeuoad'l pelo AN1'11vo Nacional no Campo d e Santano. eom o material ofe«el~o pelo próprio
D. ] olo VI e coiUtltuldo de ob)ctoo de arte, de uma eoleç1!o d e quadr~ e o~trra, de mineralorl•. comprad a a
Jril11Uf&llo o t6blo proreu or de l"reybco-c, eom o quo\ er~tudou Jnst Bo'n~,(crn. Mei1 tarde, em I 823, a coleçlo
'lftlhwaló,lu que pooaula ) 0111 BOt<IP~ CIO, roi incoroora da ao Muoeu N acl,.nal, cnrl<luecldo, em anoo oeculntco,
~ 'flldu col~t de a oolOttlll, oferteda1 por naturalista• ""trenc<'írot em acursllo pelo Braolt, como LANOIDOarr,
NArlliit&a. a VON ScLt.Ow, a quem o ml~l•tro de O . Pr.orto l dlrhtlra um aplb para que au~lliaucm o muoeu
..,j,em fortlÍáçllo, Em m..do• do ofeulo X I X, o Muoeu Nacional a que. por aqulalçlo, permuta ou doaçllo, vieram
~untat·ee n o,... coleç~ m llltra io, botA11Ieaa e aool6~kaJ, iA era con~iderado o mait importante d a Amtrlca elo
eu1: e a •ua blbllot«a, fundada na admlnbtraclo de Ct!U B UR.LAIIA.QUI 11847· 18661, oe Iniciava eom drca
W S mil volumew, para te tornar. DO'I rl111 do tfculo XIX, uma du ma i' ricl\o em obr.. referentn to cltnclao
aa.-.lo. Pela dir~ao do mUKu paa~ram homens do volot de. Fre; Cusróoro At.vu S&lla~o nn8· 1847l, •
que ee dnoe a primeira Importante refotma do Muon~, pelo R~. de 3 de feve«iro de 1342: PR&rrta Al.tii.Ao
U8 . U741, auxiliado por LADISLAU Nno que lhe ou«deu na direçao. e. moi• re«ntementc, BA.TIITA L 4CIIID4
(IIJ9JI\'19JS), - outro cra nde refotmod~. BrtUHO Ulao, AJtTUJt N BIVA e R OQUCT& PINTO. Na a\11 lonaa e
-feeuada adtnllllatraçh (1174·11193•, LADIU.AU Nno teve inleiotivu de ori mdra «dem. como a t conrcrencioo
póbllcat , a nhnadu muitAt vt«-~ com a presença do lml)et'adot, • publ.icaç.Io cloo Arqulvoo do Muoeu Nacional,
- revi1tA ttlada pl'lo dtttctodc 28 de março de 1176 e cujo S.• volume.. de 111111, t conncndo ~F/ora P/um/nenn,
d a . F ni COt<CtiÇ~O V&LOIO, - c a fundacAo do Laboratório d e F'ioiol~ia Experimental. em que (Ofa m fdtu
por Loutl CoUHTaT e BATLfTA LACIIJIDA "' ptlmrira a experlenciae d e rubl~ía na Amtrlca do Slll. O edlfldo
d o Muocu Nacional . lnatalado d~e 1192, oo a nric:,o palmo im~ol dA QuintA da B<>a Vltta. foi, em 1927. re·
modela do e ampliado de m ala trb a ndar"· o a adminittraçio de Roquuc Puno (I026·19lS) que em 1931 in• ·
pin>u a.a novaa nformaJ c«n que a tradicional inJtituiçlo "alarcou o oeu campo ele a bvldltde na paqu!M, no
reconhecimento c na dlvulaadio da natureu... Picou enll" dividido em 9 depvta mentoe ttt111coe, rvuoadoe
em S eeç6eo; 11 Minna l011l• e O~raria: &ttraticrar.. c Pe.Jeontolovia. oob a din(lode A. Brnv P.UI Luo:
2) Botloiea, c:orn duat d.ivh6n, a cerco do Prof. AI.naTo SAMPMO: 3) ZooiQf.ia (va-ttbradoo c lnvcrttbntdool, oob
a ~bilidadc d e MIIIAifDA Rlli'CIIIO. 41 AotropOlOO'Ia e R roocrafio, aob a dir~o de Ha.olat. TOUU,
boje di"'tora do Mu.eu; e SI a de H istlria Natural, criada por RoQUUE Pt.ono. que •cr~cntou •• atlvida~
ôcotlri~• do Mllleu a full<'lo educativa, a pardbando-o CI&Til&l':t um insttume>to d"ocaz de educaçlo. (Cfr. PAULO
Roouan. O N u .. u Naeione/ e a educ•;lo bresilelre . [n .. ]ornai do Comtreio''. Rio de Jaodto, 10 c 11
de jlllbo dr 1933),
11 MIOUIL 0161110 Dlt AL~IIIOA, A mentalidade eientífiu no Brasil. Coaf""tnda pr,..untiada oo
eallo nobre do "Joraal do Com~do", Rio de Jaociro, 26 de a g6sto de 1910. In ''l"6lh• N:!::llca", R;,, ortcrolwo,
1910).
214 A CULTURA BRASILEIRA
l2 Vede B•b<%K> ieral da (su:na brasileira. por AI.!Pto MntANDA R nn:lllO. In "R~to do
Br-.11.. (1.• de eetembro de 1922), volume L Iotroduçao, J)(lp. 233-275. Rio de ]IUldto, Tlp. da BstaU.tic:a. 1922.
A CUL T'URA CIENT!FICA 2U
13 ~ todoe oe neturallttat atran&elroe qUe ee rtunm no Brull, aaahwu, com ~rdto, .obrclcva a
hrr% M~. na oqurança doe m«ocloe de anAtt.e, no poder q~~a~e in~tintivo de obeetvi!Çio doe fetoo, e aa
f&-ç. criadora de lnttlrpt'ctaçlo. VIndo para o Btuil, em virtude do movimeoto d~ 1&42 c apenat com 30 eDOO,
o jovesu m6dlco e aatw'lllista &lcml.o fixou raid~a dQde 1852 no m wrldpio de Blwncnau (Sa.ota Catarina),
oade nlo a ralecef', em 1897, tendo vivido CDl terru bruileiru 4S anoe e, portanto. quue melo lkulo. Natu·
nliata Njente, do Mu.eu Nadoo&l, e um de aea. DlAlÚI iluatres colaboradores, enqua.Dto dwoo a mooarquia,
foi di~o de aWte f~ alib parcemmte rcmW>Cnldu. em 1&90, locO depoia que ae ~odemou • Rcpóblh:a,
e j4 com cerca de 38 anoe de aavlcoe • db>d11 e ao pa!s.. Os primdto. veli....,. subsidias de arquedos\a lod(&e<a a
fon.m truidoe do vaLe amaa6nlco para o Wldeu Necioaal por FD1uaA P&KA c pelo a6bio ücmlo. &otre a e
- eootrilr.>ic&. d"'Uikaa, UlD& du m&d lmport.antea sea.lo a lll&l«, foi a dacobert&, - publicada DO 4.•
'talume doe Atquivot do Muaea Nadonal, em 1881, - de um~ "de tamanho diminuto. com uma farma
c:urioea - . B/pldiuao. bromeiJ•rum, deterita de aaaplares calbidos nas 4cuu d.u bronltli.M 011 cr-vat.b'',
Dacobrid..- da ld oaqeoftlca ou de •-l'itulaçlo, a que dcpoà ~ c:bamou • ld fW!damental da blo·
&ettica., ddmc:lcu hJTZ 140l.J.&a a dou.trina de 0ARWlM DO- famoeo livro l'ü.r Darwin (1864), COGl OI do-
IDCII.toe que colheu no Bra..U en ruu paquita• llbbrc cnut:6ccoor. Puhticou em 1879 011t:ro UY!'O qut ouxl-
vivoe deba.ta DO mundo deotJroco, -•·.o~ notivd c:uo d e mimetiuao entre barboletu Ituu e Tbyrldla", em
que coatata, em parte, a teoria ele BAns .Obre mimetismo (mimOUJ'), i~ ao craode aatw'lllltta lnclb
lldoe IC'UJ atu4oe .Obte b«boletat amu6nicaJ. O uwm chamou·lhe uprlacipe doo naturaliotu" c Ho\&CJI:&J.,
que lho ncrevw a blop'afia, o cotUidera um hcról da citociAl, em virtude d e s~~a aboepçlo peuo&l c ele aeu ea·
plrlto de MCri/ldo que o lc:vartm a recuw-, num rua:o ele oobteza t:OOr&l, os recurae» p:.tos ~ oua dlepotlçlo por
tuna aubac:rlçlo wúvetaal aberta pelaa aodedadea cie<atíi'K:M com o r1111 de ampuwem o cra.ode a6bio.
216 A CULTURA BRASILEIRA
lt Bu<:Lmu DA Ctmlll., À mort em da hiat&,.• • 3.• edlçlo, P'l· 225. Livntia CbeNroD, P6rto, 1922
A CULTURA CIENTfFIC~ 217
15 A história das VÜtRetU d~ naturaliotu e dat expediÇ~ clentfneas ao Brasil e de tWII oontrlbul~ee
ao ptO(tCNO dOI cttudot de noeta natul'eza, tob todoi 01 upeetos, ainda ~ti por ncrever e 16 llltlmamente oe
vai etclarecendo noe &~u• ratoo mal• al~iricatlv01. Al&n de trabalhos e mo11ogrllflq ~oeclslludot quo tomlltam
por objeto aiA:unt dbta empreendlmcntctt. ttm eontrlbuldo, maü do que tOda• ao l.nlciativaJ, para divulttar a
blatória deuao vlacent e expedlc6et , •• edlç6et brasileiras dao obras fundamentala doa explorador011 t11tr&ngdroo.
Nio c:Abetla n o plano e dentro de. llmltea deata ob<'a nem o estudo detalhado nem mesmo uma ll1ta completa
doo noron dtue:o vl..;anteo lluA~CI quo hoararom aouo 'Pilfa eom oua viaita e rooconeram, com IU8t obrq , nlo
o6 pua tomar ID&it conhecido o Sraell ao mundo clvili..do. c:omo tamb&'a e, sobretudo, para alargar o entlquccer
oa nooooo o:onbcclm~toe no vaatlulroo domínio da flora, da fauna e da geologia do pato. S..• ob<N J6 M en•
CODtnun &Noltldu em rat6101to1. alcun• espttiais e limiud:», eomo o de obnu - l u d - s . do AI:KU, o de obre•
alemlt. de CoNft'A'M', o de J. BRAifi'IIUI, o6b<'~ ceal<>«ia. m!nc:nologi.a e paleontoiOfli•, • Bibliografia tnlrvual •
4~164iu do Braail, publiead• por Mtotrat. AJDloJADO LuaoA, nos "Anala da Eacola de Miou", e a Bibliografia
~-~rUiu de RoDOt.ro Oucs.A, e outN>e de ear't~ «c:nl. dr obraa o6bre o &a.il, mu 1.-pletoa ou ratritoe
a ~· detonnlnadu. Batn f-tn, o Dieion,rio de lHoctNeto S...c:aAX:SHTo Bl..u:& 6 antiquado, e a Biblioteca
Bruillenst~, de J. C.uu.os Roo•rouu, que K tomOU, pft8 ri~ de anotaeõu. uma ob<'a por • .,;m dizer db·
oica , eooaultada e citada pcloe blbll6grafot e~o r amcnc:atloo'', ~ ..xt.ent. oa tnbalboa Ccfrca ele 2 600)
rdativoe l ~ c:oloalal. De todot oa eaUlottoa cerais de obnu ll6bR o Jkaail, o mais eomnlcto E ainda o que a Sl·
bllot«a Nacioaal orcanlcou e publi<'ou. em 1881, por ocaailo de uma e:zposiçl.o de hlatória do BrNU, e em que
foram atl'oladOI c.trra de 20 mil trabalhoa, catre livros, folhetos e artiKoa de rmstu. O mm oot•vel cot61oco de
obf'Q co~ oóbrc o Brull6 a Blblioteea Ezr6tico-Brasilwa. de AliUOO o a CA.In'.u.ao, C\~] o prin>dro vo-
lume foi publlr.do no Rio de Janeiro (&mprba Orlf'..,.,_Ed.itón. R;o de Jandto, 1929). & um volume de 400
pllainu que coottm a primeira parta do cot61oco dneu obras, dbtribllldaa por ordem alfa~tlco doa oomn
doa autora, &b<'art8tndo K>mcot~ aa letret A, 8 e c. e contendo cb-ca de mil obru catalocadu. A publicaçlo,
- volume, da• rolhu m&nUKtltat vcndldu l Biblioteca Nac;onal, ~tudo o que I'Cllta e ae pOde aalvar e<IID
« ft!i<»& c:olabonçlo de KotiAIIOO TAVAIIIII, do lmm10 material recolhido por Al.YUOO O& CUVALIIO que ar.
rolara, para o teo proJetado cat:iloco, cb-ca de 12 mil impr-. em 26 idioma• dlrcrcoto. (Cfr. Rarrolt Lru,
Biblioteca u6tfoo·br«eilolr«. In .. Jornal do Comercio", Rio de J&Dciro, 13 de j&Deiro de 1930),
218 A CULTURA BRASILEIRA
lqUI'Ido óitet« (1884-11108), que me a Iniciativa do primeiro Anulrio do Obscrnt6rio (1843) e fWidOU. em
1886, a Revieta do ObKI'vatóclo, publica~o mesua1 de ut:rO<loo:nia. No 3.• tomo doa Anal•, eio tclatadoa oa
trat>-lhoa du trh mloa6c:a lncumbidu d~ oMetv&r a puugcm de v=U5 o6bte o dilco aolar. Bm 1909, quaodo
o Obeer'Ya t6rlo Nea011al )l eat.ava eob • ditQo de Hz:NJuoo:a Mmuz:z., e!etuou·n • ocpar11çlo doo ec:rviQOe me-
~e ..troo6mico; o eminente dimatologi~.ta ob~ então a primeira orpaluçio mrtearol6&ka nedonal,
apvdltaod .... de «ucdentc equl~to itutnuDental e das nacmas maia ~de trabe.lho''· Bm 1910
ru,p.arc«\1, com o Anu,r/o pera 1909-1910, o Boletim MenuJ de ObarYa~ (~>ao de jandro a mar~ ele
1908). Na bletória ela mete«<OoclA ~leite em que x destac:aram. na rue prcl.imlnat, L. Ctuu, H . bloaua,
F. DU&NlUtT, O. Wuu. A. L11110A, eot:re outros, avultam as r~gUQU de Alúalco SD.vAJ)(), oo Servi~ Me·
tcorolócico ela Marinhll, e J. SAKPAIO PDU%, &Atiio diretor do Serviço M'etewo16sieo Btuildro • autor de uma
obra flatld.amcntal .obro a roctcorolocia'" bralilcira. Albn do Ob-..~t6rlo Naciooal, nlo COGita em a tividade,
IIUll\0 o Obeervat6rlo de Slo Paulo. dirl&id!), na tua primeira r..., poc BA:t30aY ua K ..uw. o que abran&e t.amb&D
o~ ro~tecwol6clco', ma1 nlo aprCKAta qualquer deoeobena ou. trabalho ut:too6mko ot imponAoclA. (Cft.
Dno.u>O 11& CAAVAl.RO, Mlt6orolo~le du Br~sil. ~. 1!117; TANCIUWO Dt PA.IVA, 8/blio~talla do c.lima
bra&Iüco. Rio, 1928; J. Dt SAMPAIO hlut.ú, Moteorolo~ia Brtuilt>ira. S&ie Bca.Ui&Ae. vol. 33, Slo Pawo.
1934).
222 A CULTURA BRASILEIRA
de alto valor, como Nosso céu e Previsão do tempo, deixou uma notâvel
monograrta, O clima do Brasil1 que escreveu para o Dicion~rio Histórico,
GeoArálico e EtnoArâlico, organizado em 1922 pelo Instituto Histórico do
Rio de Janeiro. As observações de FERNANDES DA COSTA sôbre estrêlas duplas
e a série de medidas micrométricas tomadas entre 1924 e 1926, continuando
no Observatório Nacional as pesquisas iniciadas por L. CRULS, em 1878, e os
trabalhos de ALlx DE LEMos sôbre marés e de LÉLIO GAMA sôbre variação de
latitude constituem, já num período de declínio dessas atividades científicas
entre nós, uma das poucas e mais interessantes contribuições brasileiras aos
progressos dos estudos astronômicos.
~sse contraste entre a produção científica de estrangeiros que percorreram
o país ou nêle passaram a .residir, e as contribuições, esparsas e isoladas, de
brasileiros, e o desnível fortemente acentuado entre os estudos literários e os
estudos científicos põem em evidência o fato, já tantas vêzes assinalado, da
falta de interêsse do brasileiro pelas ciências em geral e particularmente pelas
ciências físicas. Não faltou quem concluísse dessa indiferença, num exame
apressado, uma inaptidão natural do brasileiro para o trabalho científico ou,
ao menos, lançasse,- o que é mais exato-, à conta de sua inteligência muito
viva, mas superficial, e de sua vontade feita de impulsões, a desproporção entre
as suas atividades, e os resultados de seus esforços, nesses domínios. Parece
com efeito, que, se não lhe falta uma curiosidade ardente, não costuma êle
trazer para trabalhos desta ordem a fôrça de reflexão, o espírito objetivo, a
paciblcia e a tenacidade que exigem as pesquisas científicas. A ci@ncia, como
escreveu CH. RlCHET, "não é uma jovem de costumes fâceis que uma promessa
ou uma caricia bastam para seduzir. Ela é arisca, fria, impiedosa, e é preciso
sacrificar-lhe por muito tempo tudo que se ama para lhe obter insignificantes
favores". Mas, a verdade é que o gôsto dos fatos, o espírito critico e inves-
tigador e o entusiasmo pelo método experimental podiam desenvolver-se entre
n6s como por tôda parte; e a causa principal dêsse desinter€sse do brasileiro
pelas ci~cias, longe de residir numa inaptidão natural, é antes o tipo de en-
sino quase exclusivamente literário, livresco e retórico, que se implantou no
Brasil, desde a Colônia, até os fins do Império. Uma cultura demasiadamente
verbal, demasiadàmente afastada do concreto, demasiadamente cheia de re-
tórica e de poesia, demasiadamente afastada das humildes realidades terrestres,
sem contrapêso científico, "não se encaminha, pergunta LtoN FLAVIEN, 17 para
essa atrofia de caráter, para essa forma de impotência que se chama o dile-
tantismo?" Pois, foi exatamente essa a nossa cultura, - a cultura que se podia
esperar de um sistema de educação inteiramente desaparelhada de faculdades
de ciências ou de institutos de ciência pura e de altos estudos - , para a qual
a arte de escrever não era a arte de pensar; em que a literatura e a ciência, longe
de obedecerem ao mesmo ritmo, desacertaram através de mais de três sêculos,
e que se caracteriza pelo profundo divórcio, senão antagonismo, estabelecido
entre dois ramos que são destinados a fortificar-se mutuamente, num plano
geral e sistemático de educação.ts Se é certo que "as ciências, separadas das
letras, se tomam maquinais e brutas",- no pensamento de ANATOLE FRANCE,
que, em algumas palavras de La Vie en Fleur abrange sob todos os aspectos
essa questão, - "as letras, privadas da ciência, são vazias, pois, a ciência ~
a substância das letras". Quando irrompeu entre n6s, desenvolvendo-se de
1840 a 1870, a corrente do romantismo que é, na sua essência, uma exaltação
lúica da sensibilidade e uma revolta contra o real quando êle perturba essa exal-
tação, não encontrou, nos indivíduos desprotegidos contra si mesmos, para
resistir à tendência ao subjetivismo, êsse hábito de reflexão e de objetividade
que costumam desenvolver as ciências matemáticas, - instrumento de racio-
clsüo por excelência, e as ci&lcias físicas- o instrumento, por excelência de
investigação. No mundo intelectual brasileiro em que se praticavam a!o letras,
sem o complemento e o contrapeso das ciências, o romantismo, - êsse poderoso
rio de poesia que por t6da parte arrastava muitas escórias nas suas ondas
soberbas - , tinha de forçosamente acentuar a velha tendência colonial à li·
teratura e ao subjetivismo, arrebatando todos os valores e devastando tudo à
sua passagem como uma torrente de montanha ...
D ai o caráter da evolução (se assim podemos chamar-lhe) da cultura cien-
tífica no Brasil, desenvolvendo-se por saltos, mais pela fôrça de alguns espí-
ritos excepcionais, filhos de suas próprias obras, do que pela pressão de um
ambiente cultural que entre nós foi sempre hostil senão à inteligência, ao menos
às pesquisas de ciência pura. Em vez de se desenvolver como um rio que, nas-
cendo longe, se dispersa por muitos braços, recebe numerosos afluentes e se
divide num grande delta, constituido, nos seus ramos, pelas diversas ci!ncias
de observação, a cultura das ciências no Brasil se tem proce!!sado num ritmo
irregular, por avanços e recuos, por iniciativas sem continuidade e em sentidos
diferentes, e por mestres sem discípuloe. A Sociedade "Palestra Científica"
que sucedeu à Sociedade Velosiana de Ciências Naturais, fundada por F'REIRB
ALEMÃo, e que tinha por ltm "ocupar-se do estudo das ciências fisicas e ma-
temáticas, principalmente com aplicação ao Brasil" (dec. n .0 1 820, de 13 de &e·
tembro de 1856), teve duração efêmera e não conseguiu senão a publicação,
estipendiada pelo Imperador, do 1.0 número de seus Arquivos. A revista
Minerva, que desaparecia no 3.0 número, não resistiu mais nem logrou maior
sucesso que a Guanabara, - revista de ciências e letras, também fundada
anteriormente por FREIRE ALEMÃO, cujo nome se acha ligado a quase tôdas
as iniciativas dêsse tempo no domínio das ciências naturais. O próprio Im-
perador D. PEDRO II, enamorado dos altos estudos, o "Mecenas mais devotado
que a nação tem possuído", no dizer de ARTUR NEIVA, e o soberano que, no con-
conceito de BABINET, astrônomo, merecia antes o título de sábio do que o de
"amador coroado", e que tão vivamente se empenhou em incrementar o pro-
gresso das ciências no Brasil, teve seus esforços quebrados pela resistencia pas·
siva e pelas hostilidades mal dissimuladas dêsse meio intelectual e politico,
dominado por homens de espírito retórico e de educação abstrata, e em que a
literatura, as idéias e as questões jurídicas e os debates políticos absorviam o
pensamento nacionaJ.ti Pois não foi D. PEDRO Il, em 1882, combatido e chas·
quando vlsíUtva a R:cpo.drlo de Pibtdafi2, em l876, ....,bc loco a prec:l.ar o alcance da rcceatc lnveoao tele!6oica
de G~ Bau., alada em f~ de experimà•u . Adnúr8do por ettraQ&drot doe mais no~cl• de: KU ttmpo,
- wn e$CI'ilor e d•p!omata oomo o Coode CU. GoBDBAll, dbíos como FL.ucMA1110:. e PAJTIWR, poew da grandeza
de V1crott H ooo, - tom.ou-se popular em Paris e, m.ad do que qualquer out.ro.tObcraoo, ~o nos te ... meia,
lotdcttuals; ~. do loterbK que era e&J>IU de despertar, sem o prcottaio da realua. oo. dá a me;tida a im~o
que ea~ou a Flt&DEaJco Nr&TnCBE, qu.a.odo se esw:ootraram, 11\IJ'Ga mootao.ha dA Su!ça c, vi~ando Juntos
outDA c1ilig~. tem te .'O.!lbec:erc:m, cocrara.m a palestrar o Imperador br...UC:iro e o rür..ol'o eleroio. (OLIV&lltA
' -'"' • n ,..,,...,.rtor • o• úbio•. In "Jocoti do Com&c:id', Rio de J&Adro, 4 de julho CU. 1926).
A CULTURA CIENTíFICA
-15 -
226 A CULTURA BRASILEIRA
111 Natural do Mannhiio, ]OAQIJ11( GOW! os SoUSA (1829-18631, o maior matcm6tleo do Bra.U, roi,
como J6 oblouvou CARLOS PO.NTU. de uma pr«ocidade oot6ve1. "ocrn preccdentct c tem lcual em t6da a hitt6ria
da lntclictnda bra•ilcire". Enviado peloe J)<lis ao Rio de Janeiro, em 1844, para aeguir a carreira de~ arma.,
aba.ndooou a Eecola Mllit81. ao priraciro aa.o, e matriculou·~. aoe 15 de ldndc. na Faculdade de Medicina, que
cureou at6 o :S.• ano. Requereu em eeg;~ida e obteve exames va1oe de tbdas •• mot6tlat da arodaa E•cola Militar
c . depoiJ ClaJ provas euc:~siv~U que reali•ou com erito excepcional, na prHença do lml)«ador c perante num..-oso
a uditório, rCC11beu a 1.• de junbo de 1848 o grau ck bacharel e • 14 de outubro do mnmo ano, o df" doutor em
dfodu rtdo.J c makm6tieas. Contua entã:o 19 anos q~~ando defendeu teu: c, nomeado l ~o del)Oi~. profenoc
da l!4cola MUltar. oegulu para a Europa c roonou·« em mcdldna em Pa" ' • em ISSS a~C'tlta l Academia d e
CltnciaJ de Patia uouo rncmóciao. pubU.,.d&$ em edição póstw:n.a. em 1881, ~ l.,!ciatlva do covkoo bruileico.
(JOAQU IM OoM&I o& SouSA, M61ant~• de c.Jeu/ lnt6tr:JI. Ouvn~&c P')othume •ucmen~ d"une I"Mm::*e de
l'a utew- aur le eon et d"lln avaot.propos par M. Charl"' Henry. Ldp~g. lm;rimcrie de P'. A. Brockbaun. 1882).
Em 1856 o matnnhico STOKU apr~ta li Sociedade Real d" LoodrH uma n ota coatendo um reum, da pri.
mdra membria. o6brc o pro!).kma da inveroio ~ iotqre.U ddlnldas. Tendo-se dedlcacb l rtslca c u maio altas
at.traQiSu da1 m.atem6~ .uperiorCJ, ••apllcou.ae com maior ferv« aloct. - cstwSo. df" flbeol"ta, biJtória,
~omia polftic:oa c: du d&>áa• soc:iait em geral. cio tneftoe qu.. AOjt ela litwtttura pr~eotc dita... (Jolo
Fa.utcuco LWIOA. Jorn~./ de Titllon, 2 v<>b. M.aranhio. 1852- 18541. Deputado em 1856. juro""• que alo cursat'a
11111 116 ano de raculdadc de direito, ccrreour.1., na CAmata dos ~p>:ttlld:», Nuuco Dll Aa.. cho. vaode anular e
11m doe maiores cultores w lomu jurf:liesa. tomaDdo parte aos debates PfOVOC*lOjt pela dcn<lnd• qoe ·~tou
coot.re oex..M'inlstroda Cor011, par ter tsttaposen_t:ado. K'UI praeeuG, dolÕt madJtredot. (C.UU.O. Po!ITI!S. Nuuco
D& AUdJO e QC»(U D& SoUSA. O caso da •~OC"la vi:>ICAta dlljt ma~:htrad31, In ••Jornal do Com&cio"',
24 de junho de 11134). Dca.pereeido prea'llltara=tt aos 34 aooe, em Londra, na aua acaunda vlaccm l Kurop5 0
a eua o:-.uta exiatmcia, brilh&Ate e fecunda. f<li. nas c:rpreao6ce do Axoaoeo CoSTA, "um modtlo de peasan>ftlto
c de açlo"'.
22 Bucuou DA CVm!A, A margem da hiat6tia. Da ladepende:ocia l Rep11blic:oa (esb6ço pol{tko),
a.• edlclio. l.iVfarla Cbardtoo, P6rto, 1922.
A CULTURA CI.ENTlFICA 227
~ Z.. FSJ~de ~tuiçlo, que w vem desenvoiRDdo atntYfs de malt de 1UD tktllo, um .. •ua• oriceou
oo utiao ReAl Mono, - jllt'dlt~> para plact~tas exótica•, - c:rWlo por o. Jo~o Vt em 1108 , . l"uenda ela Laa. .
de Rodriao de Frelt:aa, c por Be t!>QmO ampliado e aberto ao plibllco4Jn 1819, aob a denominaçio de Re11l Jvdia
Bottnko. Janllm de adimaçio, datiDado a p.-iadjlio a introduzir n~U a c:ultllnl dh cepect.riaa das !ndiaa
Oriental-. alo t:atdou a curiq~-sc: de ~ta col~ de plaAt:aJ, r;raça.s, .o~etudo, b mcdid., tomada.&
por O. jolo V1 de ampero e at!tnulo u• todos oa qae ~ cla aclima tio c da cultura de pi&Dt:a• ex6âcu".
o ....,..u"- perque Yqeul da O l 'io'ea quz ainda bqje ostenta, ju.oto 1 0 buato de ICU rulJdador, . paltaeira real
plantada por O . JOÃO VI em 1808, lli.o ~CU. portm. o oco eMita' primltilro c1c jllt'dlm de acü~o, ~ n: ·
Yatír o de um atabdedmento ci.,.csr,.,., se<>ão , . adm.ioistnoçJ.o f«W>cca de Frei LII.A.H llao DO SAc:a.uaN'tO
(1824-1819) qoe lhe imprimiu oova orieota.ção• .No .eaw>do l mp&io cua qu.,, por l.ar&o período, de 1860 a JS90,
eufn o Juclim Botblco oob a direção do lDstituto Flamil>Cnle de Apicv.lton paa..-am pela sua llda>iuls·
vaç'lo aJcu- riCWu il~a. oo domtoio das cieru:&as M.tutaiJ. como Frd conóD1o S&u.lo, aa primeira me·
t:ade do tktllo XIX. c P. L. Cá.ut Bu11l.uuo171 e P . O. P.us L&X& que lhe latrod11dtant lt!>portanta modifi·
~de c:ar6ter tbico e adtniaitra.tivo. ~ .c.mt:~~u 110 GCm) rqime que, de.licado daquele lottituto, o Jlll'dim
BoúDlco eotroo em wna oova rue. - a mais f«W>da de aua blrt6ria, com a llOID.eaçlo, em IUO, de J. ~nu
R.ODIUOUU, o botlaico da UlOJIDIN'1ltal Sertam Paltnarwn, obra em doia volumu In folio, - que. retomslllio
a or\eat.açlo de Frei LIUJQ)IIO, reil1t:ecJ"OO o Jardim B t>tlaico em euu fooçõa do paquba e abrilf ao trabslho
deott!lco aa mala lar;u penpectiv&t. Entra em dt:cad!oci!P,. dcpoi1 ela morte d• BAUO!A R O.DRlO\I&S. para
rc:esurcir o ovamenu tom Aln'OMro P11onoo L&io, proíeucw de botlDica da l'ac:uldadc de Y edleúla c dúd·
pulo de OsvALDO Catn, que o remodelou. deoti:O da metiDA oricotaçio. daDdo-lhe oothel detenvolrimento com
o audllo de LoarroltVf, OUCJtJt e KVKL!.rANlf, - wes doia 6ttimoa btaailetroa. c traoofOI'mlmdo-o em um centro
de peaqulaaa da ncxa oadoa.al. Oeade l!ll&, com a reforma do MiDbt&lo d • A&ricuJtura, foi o Judim Bothico
A CULTURA C IENTÍFICA 229
ALCÂNTARA MACHADO, "o marco inicial de uma série de estudos sôbre os mes·
tiços e os negros brasileiros". Os seus ensaios de psico-patologia social, como
o que lhe inspirou a psicose coletiva de Canudos ou o que tem por objeto o
estudo de um magnicida nacional, MARcELINO BISPO (autor do atentado contra
PRUDENTE DE MoRAIS), constituem importantes contribuições, na série de.
investigações diretas, científicas, sôbre a nossa gente e que, iniciada pela subs-
tanciosa monografia de 1894, deveria culminar n a obra, interrompida pela
morte, O problema da raça negra na América Portugu8sa, "síntese e coroa-
mento dessas investigações". Obra essa, considerada no seu conjunto, "fecunda co-
mo nenhuma outra, escreve ALCÂNTARA MAcHADo, porque foi a nascente gene·
rosa de tlDlS escola que nos deu líderes do valor de AFRÂNIO PEIXOTO, OscAR
FREIRE, DIÓGENES SAMPAIO, e continua a enriquecer-nos com um FLAMÍNIO
FÁVERO, um LEONIDIO RIBEIRO, um ARTUR RAMos", e, podemos nós acres·
centar, um A. F. ALMEIDA JúmoR e um outro nome contemporâneo,- e êste,
de um ilustre escritor e jurista, não seria interdito senão a ALCÂNTARA
MAcHADo pronunciá-lo. .. Entre os discípulos e continuadores de NINA Ro-
DRIGUES, nos domínios da medicina legal, destacam-se OSCAR FREIRE, com
seus valiosos estudos sôbre a fauna cadavérica no Brasil; AFRÂNIO PEIXOTO
que efetuou, com jULIANO MoREIRA, interessantes e.xperiancias sôbre psico·
logia do testemunho 2• e elaborou um modelar regulamento para as micros·
copias médico-legais, " louvado irrestritamente no país e no estrangeiro"; FLA-
adNIO FÁVERO, discípulo de OscAR FREIRE, com a revisão, auxiliada por seus
assistentes e colaboradores, das técnicas médico-legais, e LEONIDIO RmEmo
especialmente pela originalidade de seus estudos, explorados com grande brilho,
86bre a patologia das impressões digitais.
Não era sõmente na medicina legal e nos estudos das raças negras que
ae introduziu no Brasil, graças à atividade fecunda de NINA RoDRIGUES, êsse
espúito crltico e experimental, coro que, no mundo civilizado, se renovavam
todos os dom.inios d e conhecimentos e tôdas as profissões e atividades baseadas
na aplicação prática das novas descobertas. As doutrinas acêrca das ftnnen·
tações e do papel patogênico dos micróbios, fll'madas pelas memoráveis expe-
riências (1865-1881) de PASTEUR, em quem nas expressões de RUI BARBas.\,
"encarnou o gênio da experimentação", e cujo nome se ligou à nova era, já
vinham orientando em São Paulo as pesquisas de L. PEREmA BARRETO (184D-
1923), sObre a produção de cerveja, a fabricação do vinho e o problema da
transmissão da febre amarela que se instalara no território brasileiro. Já em
1887 &se sábio investigador, de espírito objetivo e prático, que desde 1876 se
consagrara em São Paulo, numa série de experiências, à renovação dos mé-
todos e à solução de problemas da agricultura e da indústria, ch egara a entrever,
pelas suas pesquisas, o mecanismo da transmissão da febre amarela, que seria
mais tarde estabelecido com precisão pela teoria havanesa; e, apenas anunciada
a descoberta de ser o mosquito rajada (SteAomyitt fasciata) o agente propa-
gador da moléstia, participou das experiências de ADoLFO LuTZ e de EMfLIO
RIBAS que, para demonstrarem a verdade nova, não hesitaram em arriscar
as próprias vidas, no Hospital de Isolamento de São Paulo. A EMÍLIO RIBAs
coube a glória de realizar pela primeira vez no Brasil, em 1902, na luta contra
a febre amarela os novos processos que, no ano seguinte, seriam aplicados,
em campo mais vasto, na grande campanha de saneamento do Rio de J aneiro.
Por essa q,oca, em 1899, voltava ao Brasil um jovem paulista, OsvALDO CRuz.
que estivera durante mais de três anos, de 1896 a 1899, em Paris, no Instituto
P asteur, na pr6pria matriz que o gênio iniciador da nova medicina "animara
com o seu contato e deixara imortalizada pela herança de sua tradição". No-
meado, aos 28 anos de idade, diretor do Instituto Bacteriológico, por sugestão
de EM~IO Roux, auxiliar e colaborador de PASTEUR, e então diretor do lns·
tituto de Paris, a quem o govêmo solicitara a indicação de um especialista, -
OsvALDO CRUZ revela desde logo, associado à sua capacidade de homem de ci-
~cia, um extraordinário poder de organização, na luta vitoriosa contra a peste
indiana que entrara em 1899 em Santos e jã grassava em 1900, nessa cidade
e no Rio de Janeiro. "Outro cometimento, escreve RUI BARBOSA, ia seguir-se
a esse, em que tínhamos, não de nos opor ao esbôço de uma invasão, mas de
reagir contra uma conquista consumada: o domínio do Brasil pela febre ama-
rela". Na presid~cia RODRIGUES ALVES, investido, em 1903, nas funções de
diretor da Saúde Pública, OsvALDO Cltuz aceita a missão que lhe pu~eram sôbre
os ombros e, tomando o compromisso de extinguir a febre amarela, no Rio de
Janeiro, em três anos, consegue extirpá-la dentro dêsse prazo, depois da maia
vigorosa e intrépida campanha que se realizou entre n6s e na qual se orientou,
pela experiertcia de Cuba, corroborada pela do Panamá; volta-se o saneador do
Rio de Janeiro para o norte, onde inaugura e termina em seis meses, com a
perseguição sistemática do pernilongo rajado, a extinção da febre no Pará, e,
enfrentando em seguida o problema da malâria na região do Madeira-Mamor~,
traça o plano geral de saneamento do vale do Amazonas. Mas, por maiores
que tenham sido, - e foram notáveis a todos os respeitos, - os serviços que
prestou ao Brasil, debelando a peste, a febre amarela e o impaludismo, não se
avantajaram êles, pelo seu valor científico e pelas suas conaeqilancias práticas,
à obra que empreendeu, de nacionalização da medicina experimental, ·~azendo
no Brasil a ciência para o Brasil", e criando, com a fundação do Instituto de
Manguinhos em 1901, não s6 o maior centro de pesquisas cientfficas do pais,
mas tôda uma brilhante escola de sábios e experimentadores nos diversos ramos
das ci~ciaa cultivadas naquela instituição.
~nessa instituição ts que OsvALDO CRUZ concentra todos os seus esforços
e tôda a sua capacidade de organização, atraindo e agrupando, para a pesquisa
cientffica, uma plêiade de jovens que não tardariam a granjear uma justa no-
toriedade e a constituir, na cadeia de tradições do Instituto de Manguinhos,
o elo, sólido e luminoso, de ligação entre o mestre dos mestres e os seus pró-
prios discípulos. "Pesquisador extraordinário na atividade e irrivalizável na
t~cnica, OSVALDO CRUZ revela-se, nas e.x;pressões de Rur BARBOSA, um edu-
cador inimitável de sábios", despertador de vocações e criador de esco1a, que
possufa, mais do que ninguém, a arte de incutir o gôsto pela ciência, de sele-
cionar aptidões e de amestrar os disdpulos na técnica da pesquisa e da experi-
~ O laetituto, criiOdo em 1901, no fundo da beta de Gtw>ab&ra, IOb o oome de la8tituto Soroaripieo
J'ec!cnl, • por inlcla tlya do Bulo de P~ro)lo Moi'IIO, dettiDO- primitiftll>elltc ~ prcpa.-çlo de e6ro c de
ftdDa u tipatoeoe, IMII'1I o combate l pato bub6tde:s que ittvadinl o ~.. O DOCDC oficial. p:dm, cede~~ ao de
ludtuto de Manculaboe. tomado ao nome da fuenda porta ~ diapoliçlo do Barlo de P&Dao Aro__, pelo pre-
fdtd Ca.úlo Al.vnr. e cm que foram improvtaadü a. owu primeiras inatabçllea. Nlo havia d«<rrido Hit
- d a flllldaÇio d~ l ost:ituto quaado ao CoocresJO l oteroacional de Hicieoe e Dcmoç.üta, reunido ao Ber'lim,
~ wtlnnbro c1e 1907, ~bcu <bvALDO CIIITZ a maior .,.,IIJillfGção a que poclia otpirw: o jurl da~ dble
Coacr-. ao que tomare> pme 2 .US prof'..Uoaala, ciest:acml dentre oe 123 upoeltora doe s-t- m&M c:ivl-
llado., ae trabalboe do lllltltuto de :Mecuinhoe e conferiu ao Braai1 o 1.• ptbnio, • madalha c1e ouro doa Im-
.,.tri.r. Em 11108, l S.C:Oia de Ma.o&Wnhos que cr..eers e cillatara ootlvdmcnte o campo eSc eeus trabalboe.
eobfttudo ooa domtolce doa oooloaia m6dlca, e ae tranaformara pelo decreto n.• 1 812, de l2 eSc deoemt.o de 1907,
-.o loatltuto de Pet1lloaia ltlrpcrimmtal. foi diOdo o nome de lnatitu:to Osvaldo Orw; em bo-.em ao aeu cmi·
omte fllOdador que ~. com • •ua eecola de doeoçu tropiaüs, u.smo ~. - e a mala importantt e feoc:uDda,
- oa evoluçlo d eodtlca da medieioa no &r.,U, Noo utigoo terrenoe doa fua>da de 114&ocul.aboa, ao C\Üat
depend~ se loetalan.m oe primdtoe labcnt6rioe de me:llc:ioa cxpcrimeotal do peta, u-cueu·• ainda no tempo.
c per llllciatlva d e 01VAU)I) Caur, o t uotuoeo edlflào central, ao e:otilo &6tico. elo loatituto Otvaldo Orwl que
- - labcnt6riot e uma bibUouea de 7S mU volwna, - hoje uma das ma&. iDlponaoteJ do mundo - , al&a
de dlll. ocllflàoe meoorcs, um hoepital c v6rioa pavilb6es e iDfl:alac6e:o aAeUa, cooatitul a maior e:oeola de medi·
c:ioa tropical oa Am&ica do Slll. ~ ~ ioatitui(lo DOt6vd o eraDde .anho que QrvAU)I) CIIU& (111)-1916),
falec:ido pteQ)atutamalte aoe 44 aooe, "IOI>bou na IDOC:idade e coo.quiu realUar na Idade miOdw.'',
232 A. CULTURA BRASILEIRA
24 Foi , de rato. ao tnwtituto de Manguinha., onde fizera cuntO de capeelallnçllo. que 110 pc~ou
J. Fl.oall<c:to Oowu pera oa ntudos qu<' levCY..l a e!cito, d..do: 19 1a , •llbre a t l•tem,dca de noa- ofldioa, no lrut -
tituto de Butantl, d e Slo Paulo. Essa instituíçã>:>, fllftdada em 18g9, Iniciara • • tu•n a úv\d.ad""• sob a direç'io
de Vt'fAl. BR.Utt. (1899-1919) no tetreno da pcepuação da vacloa e a«o contre a ~lo bubbaiea. A rue prll·
priamente dentffica de- Inttituto. iniciada poc VfT.U. BRA&Il. e cut eolab«tlldoru, entre 1901 c l 9 12, c d nea-
wolvida em 1913 por J. FLodHc:ro G<»BS, tomou wn iml)lllso noúvd a pertir de 1918, waçaa li aova orien~o
que lhe deu AlrTua Nau v&, da ~la de Manguichot, c oti.o diretor do ~ Sanlt4rio, e A atiridade f;:,cuad.a
de Ant.lllao AX.ut.u.. cbefc da seção de ofidiak>gia. e sucaoor de P'LoltlKCJO OOXU, e que foi chamado em 1919
pua díticir e..c It>stituto. Em 1918 d o publicados os primeiroe fucleuloa das Mem6r;u dt> But&~~tS. voL 1.
e t,..b&lhoe t6bre plantu medicioeú: e, eotte 1919 e 1921 , o 2.• Car.leulo do vol. U d .. Mem6riu, o t vcl.. doa
An•2o, de OUdioloAI• , em que AfltA.'-m Ax.t.a.u. deecrevea a modoiO&I.I e • bi.olosJa da J_...,. da n~
Queimada OtaJ>dc, a1&n de trb ouuu eepéc:iea bn~• novao; e 5 volum~ doe Ane.ro• d• Bo r/Anica em q ue
F. C. HOILIIJQl daeuvolwu KUS estudoa sõbre .Utemjtica d e oona llara, e Mabro AaüllAJ. pllbllcou o
trabalho oric\Aa1 t6twe o tratamento du 6Jemls por meio do t6ro o!co. Em l931, pelo dee. 4 941 , d e muco,
•=
lol o lMtituto d e Butan~ traJaformado ouro c:cotro d e emadoa de medlelna e bloloc'- Cll'pefÚDC<>t:ait, a plicada.
• patotoct. tusm&M, ele acllrdo coat o pcojeto de ~a.lmo AMAJIAL que, tcndo.to araotado em 1921, voltara a
-.umir, CID 1928, a dir~O dbR Instituto. & por..,.. t poat e depoú dcs.. rd'orma que. conforme atat:am
o. awn~ trabalhoa publicadoo entre 193S e 1938. 11e !Dtc>~~m aa ativldodcs dcnUClcas do lmtituw
.., que ~um a colaborv, atrafdos pela aova direção ( 11128- 381, al~m de tbiCOI nacioDAia, oomo T.u.~
M4J~Tnft e Pl..lvro DA FoKA<:A, da E8c:o1a de Maocuinbos, erandes eopecial~ta• ntr~. viQdoa de u.ai ,
nraldadao da Alea>a.nba.
A C ULTURA CIENTiFICA
2'1 O MUKII Paumt. • que eeu primeiro diretor R. VOif IBu!MG, oaturaluta, b.evla dado wn c:arlter
predocnioGte de mu.eu de bltt6ria oatwal, rei- trafllf'CII"J::W>do, CO!D eau rd'orm&J. IAspind.u por AlolfJO
't.t.OJf-'T· ft\liD cra.ode mi&ICN bist6rico. (APoMto TAO'If.t.r. Guia da uçA'o hi•Uniu. do ltiUH U l'aulltta .
lmpr~ Orlclal, S&o Paulo, l!ll7). O Muxu ffut6rieo Naciooal. fwldado em 1!121, e lae~o ao.m aat\co
edilkio eoloalal, fci o.ma du inldadvat que au,eeriu o movimeoto de in~ pdot estlldoe bltt6t1coa, deapa-·
tlldo pclaa comemontQ5cl d.o 1.• Cc~tteftirio dJa bdependtoc:ia Naciooat: apesar de rece.lte, J& apteKGta uma
ltii.Dde n.rlcdade e riq- de eol~ de alto valor bhtlrico, 11i1trib:lf:S.u por ~O aalaa aqwodo u d lfarutea
6poc:u (1.• e ~.• ltnl)kio, Qu-• do Pua&~i. Repi1blu..) e auunt~ detemJIAadoe.
A CULTURA BRASILEIRA
33 A di...Wpç&o da f'tloeol'ia de AUGtm'O Co:~a& oo a..ail d•ta de 1858, em qoc A.. P. Mumz o• Auolo
epraatta aa lotroducio doe acU! Elementos do M•tom,tie." (Behia. 18SI) o primeiro raumo queM CU>heee,
d• doulrioa potltirnta. PGr - ~ (1857-1863), ela\&DII Jovena btuilrin., atudaota d• Uoivenldade de:
Brwcd••· c:oroo L ub P.aztllA ~ e FR.utaaco ANTÔNIO BllAJOIDlo JOK!olt, re«blem, eiod• ao atr&A·
cetro. • prirodr• inllutacie .s- corrente que e6 depoU de li7D começou • dlvulpr- oo aorte do polia, em que
.. ldtiu de AUGUSTO Col<TII (oram logo c:oo:trabel•DÇIId•• e dep<M clomJAed&t pelo mot1lamo heeclt.t ltiano, e
apedalmcte oo eul, oode pnpaoderou eté os r...... do s&:u1o peaedo, - com~ do eeu ckc1{o;o. Em al;uao
eni&oe ( Teolo~la • teodidia nilo silo ciência•; M oitfu e Lapl•c.: A Rell~llo petante a ,.Jcofol/a), pu-
bUc:edo. em 1868, ToBIAS BARAHO, •tê cntào espiritua!U~. j6 acu,. • orieotaçio potichuta • que ee iocli<>ou
p« I)OUCO tempo. Do llfUpo de estudao~ de Bruxda., F. A. Bui<DJ.O jlllflOll pubUca ~m 1165, ji 80b • i.o·
nuenci• duldtlu potitivist:Q, um trabalho116bre Á e&er•f'•tura no Braúllt L. P<llü B.ut.ltSTO, cotAo edepto
da CKOla de A. COW'I&., oos dá, em 1874, o J.o volume de Ali'''' 11/o$0(/. .. S6 em 1877 t que •pareceram oe
Prlm~iro• •nea/oa pol<iti•ist... de M1Gt7D- Lnros que, com TltlXBaA ML'fD&I. deveria «Kercet uma inllub>cia
prepoodermte na air~o do movimento pocitivilte ao Bruil.
A CU LTURA C IENTtFICA
BlBLIOG RAFTA
AalO,_OIO COSTA (M.) - Conferlncia ~bre Oto de Alerv::ar. Oficinas da Casa Lc-uzincer,
Rio de Janeiro, 1918.
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Brasil, ?6&•· 35-83; C. IV: Aspectos da cultura científica, pãgs. 143-179. Schmidt Editoc,
Rio de j aneiro, 1939.
BJETU4 PAlS L'&M& (A.) - "tta t dea connaiasan~a léologique/J aur /e BrNil. Rapports
avec la th~rie de Wejener aur la d~ive des continents. Buli. Soe. G6oJ. Pranee, 4e.
s&ie, tomo 29, p6&•· 35; La théorio de Wegener e n préaence d o que/quot~ ob«JT?ation•
féo/ogiquea concernAflt /o Br6aU. C. R. Acad. des Sciences, tomo 186, pêf. 802.
CAP. (L.) - A as t ronomia no Brasil. Traduzido da "Gazeta Astronômica" (PublicaÇão
mensal da Sociedade de Astronomia de Antu~rpia, maio de 1929) por J . A. P . /n "Edu ·
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e~pecialnaente a~ de interlue m6dico resiizai:Jas no Br-llsil. Tn "Medicina no Bnuil".
plgs. 108· 128. Imprensa Nacional, Rio de janeiro, 1940.
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demia BrasiJeiu de Ciblciu. In " Jornal do Comércio". R io de janeiro, S de julho de 1936.
-16 -
242 A CULTURA BRASILEIRA
A cultura artística
A arte, sob diversas formas, no perlocio colonial - Durante o dóm(nio
holandês, em Peman- buco - A arquitetura sacra e o barroco - 1>4 velhas
igrejas da Bahia e de Minas Gerais - Os claustros do Nordeste - Pintura
e decoração das igrejas - A esculturar O ALEIIADfNHO - A arte religiosa
e a. tcrêutica - Uma arte brasileira original - Mestre V ALENTUI - A ouri·
vetaria e a arte de lavrar - A casa colonial - A m6sica religiosa e a m6sica
popular - O primci.ro compositor brasileiro: o Pe. Jod MAURfCJO - A
missão de artistas franceses (1816) - A Academia das Artes - GRANDJEAN
DE MON11GNY, arquiteto - As primeiras eXJl()Siçôu de pintura - A ruptura
com a arte de ·tradição colonial - O despertar do sentimento nacional na arte
- Pintores de quadros históricos - Víroa MEmELES e PEDRO AKútco -
Pintura brasileira de costumes: ALMEIDA Jthnoa ~ Os grandes paisagistas
- HEII!RtQUE BERJ'iAIU>EI,Ll e BATISTA DA COSTA - As belas-artes e as artes
industriais - A arte, penetrando o jornalismo: a caricatura - A m<&sjca bra·
aileira - O Conservatório de Música - CARLOs GoMES - O movimento da
arte moderna - Tradicionalistas e inovadores - A escultura e V. BRECRBUT
- As artes menores - A pintura e suas figuras dominantes - POR'J'WAJU
- A arquitetura e a ruptura dos laços entre o útil e o belo - A m6sica: VILA
LôBos - O público e o artista - Museus e pinacoteca• - Híl!toriadorea
e críticos de arte.
1 In Pour un hum~tni~tmo nouPf'OU. Enqu~te dirig~ par PAUL ~uso; BA&TIIIJ:. PrHace de 11'.
SntowsJU. Cahien de Foi ot Vie. 139, 'Boulevard MOGtparoaaae, Pu-ia.
244 A CULTURA BRASILEIRA
Z CRAitLI:I LALO. L' art ..~ 111 •i" ~ciltl"- Pi~•· 94-97. Oanon '001n tditcur, P•r .. , 1921.
A CULTURA ARTíSTICA
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truções, - expande-se, com seus palácios e jardins, a cidade do Príncipe, onde
passaram a residir em sobrados c casas de campo burgueses enriquecidos e
aenhores de engenho. Mas neasa.. nova Holanda, "a primeira tentativa de
<:Olonização urbana no Brasil~'. a floração em que desabrochou a arte, sob di-
versaa formas, não resultou como produto ou conseqüência dbses fenômenos
de concentração urbana, - de muito pouca duração para poderem provocá-la
-, e de tal maneira foi obra de artistas holandeses, sem ressonância no ambi-
ente, que mal se enquadraria na história da arte brasileira como uma fase inicial
de sua evolução. Dos seis pintores que trouxe consigo MAUR.fCIO DE NASSAU,
e dos quais apenas três se conhecem, A.LBERT ECKHOUT, ZACARIAS WAGmR
e FRAN8 PoST, irmão de PlETER PoST, nenhum, de fato, se vinculou ao pais
nem formou disclpulos, nem marcou de algum modo, com sua influencia, a
primeira etaPa da evolução das artes no Brasil. Na cotania dirigida pelo prín-
cipe de NASSAU, e que foi um quisto neerlandês na Am&ica. todo &se movi-
mento artfstico, de iniciativa exclusivamente estrangeira, permaheceu insu-
lado, sem repercussão, dentro dos limites dos três principais núcleos urbanos
em que se instalaram, sob o govêrno tutelar de NASSAu, arquitetos e mecâ-
nicos, pintores e escultores, sábios e artistas holandeses. P elos museus de
Haia, Amaterdam, Munich, Praga, Viena e Copenhague, dispersaram-se as
gravuras, os quadros e os desenhos a côres, que compunham a iconografia ho-
landesa e de que at~ hoje não se levantou o inventãrio; e da arquitetura imposta
à cidade tropical não ficou, segundo observa GILBERTO F'R&YRE, senão uma
reminisoencia de telhados flamengos alguns inclinados quase a pique, e conser-
vados por tradição nos sobrados mais velhos do Recife. Foram, no entanto,
os holandeses que trouxeram para o norte do pais o sentido e o gôsto da vida
urbana e que, introduzindo no continente americano o espúito do Renasci-
mento, quebraram pela primeira vez a unidade da cultura jeswtica; e com ~es
~ que surgiram no Brasil as primeiras manifestações artisticas, com PmTEJt
PosT projetando cidades em que se refletia a paisagem holandesa; com FJtANS
PosT,a o maior dos pintores que vieram na comitiva do príncipe flamengo,
pintando, nos seus quadros de intenso colorido, aspectos da paisagem tropical
e da vida agrícola dos engenhos, e com WAGNER e EcmouT, que deixaram nos
seus desenhos e retratos de tipos locais, índios, negros e mestiços, trabalhos
de grande inter~sse etnog:ráfico e valor documentário. De tOdas as atividades
intelectuais e artfsticas, a que menos se desenvolveu, no período nassoviano,
3 Dw-ante a oua permanh1cla no Bratll, oa pintoces bolioadéaea etltudarom e fixaram, em IU&I tet.a e
deMUhol, tlldo o quo de mala caractcrfstlco lhe. apretentova o novo meio (fílco e aocial • que foo:am tranapOI;'·
...S0.1 a palaaa:em1 aepcctoe da viela e da tknica •a:rtcola doe eo.g:Dhoa e tipo~ locaie, negroe, fodloe o mtttiçoe.
Dal a oria:loalidado e o l:ntef'hae hlat6rlco e a:eouMico d _ . produçOce arthtleao, lnepitadaa no ambiente o lm·
pecnadae da çÓo' local que oe Oamencoc foram OC pnifteiros & levar i\ Etuopa, atuvk de IOUI quadrO. de llllfUIItO
w..Uelro. ltlD qua.e tMu •• td.at em que pintaram a aatureze local. u paítaiCIU ae apresentam "bumaulnd11s1',
emolduraado dpoe de fndloe ou de negroc, aapea-oe da vida du cidades, da tKalt.a da iodóotrla do aç(ac:w ou
trabalho rural aoc ena:enhoe. &m aJcuna quadra., como • piotura de WAON&a, "a re:aid~ncia do prfndpe ele Nuuo
80 ReciJé' ', pocler·te·i• mamo ceneurar ala:uma coiu. de maito procurllldo"" m~olfe.taçlo lotoua ele viela, no
80'rimcnto da famul. .em o da eKntvaria. no p6tio do palkio. O pitoreteo e o colori.do dos quaoroe, banlladoe
-lua tropical e em que ee retratou tudo o que a paioa&cm h~ of""ccia de novo aos olhoe de &tthtaf. C:OIUI•
titWnm, oo rm.atdmcnto aorte-europev, 11111 doe ma;. (artes atrativos da piohua bolaodcsa ia,plrada pelo Bn.til
.arte-oclental. Retrato. acabado. ou em b«dd>, de tipo~ rat:i.ais "que aqui ac lha depvavam • orolópia elo
a6tico", escrevo Gll.IIUTO Fa&TU, al&una alo lrU!eal aasi:natura, como o quadro da daap i~ ao M!DeU
~ ele Copcahque. doia retratoa ele aqroo bratilftras, e. ao Zoobilloa, repraeo.ta(lbea de WDIII dança
de aecroe, e um maawfo de cac:ravoe em P.:roambueo c ele II:!Qll alclda de bc"Uilicsua 011 tupla. (Vede PAUL
lk:B"aKH1UUC8 , S6br• al,um ant•Aoe ratnltos de fndios .W·a.cm•rú;ano,. Trad~ de Ot.IVIlmA Luu..
In .. R~·' elo IJI8titllto An:aueol6cico de Pernambuco, n.• 65). De PLuQ Posr, autor doo cl-alloo que orllllm
oa mapu. AO livro de B.uu.aos, reatam c:atre outroc trabalhos, as gravura~ que rcpc-aa~tam a Palk:lo de Bela
Y..na (1 643), - raldeoda de vedo elo coverlllldar em MaurioSa. um apecto ela c:id.ado de OIIAda. - c:e,pela
pcmambo....,• C\l.lu tWu. lembram o catilo da R ca81eença alca~oa. c oa primeiro. quadroa ele pa!Jille~U
llnaileitu. AI&D de d-ahoa cm cór'CII (1631), em que fima a dança guerreira doe tapulu, uma aldeia locllceu.
- mcCDho de aç(Jcv, o mercedo ele -.voa cm Maurkéia e qw:tro tipo& loc:aiJ, plDtou ZACAIIlAI WAOHI.II
• nsidtocia do Pl1:ncipe no Rcdfe e uma neva e.cnva que pasg por um de aeu. melhora trabalho.. QQ&Dto
• ÁLaDtT Ec.a:uoiiT, lrmlo de Qu:.aa.ufX)T BCitllOUT, discfpa1o de Raxáa.umT, oo clolt acdeata •tudos de
IDd.io tapuia, c.m d~bo a uayon, que.., c:acoatnm oa Biblioteca P6blica de Berlim, butarillll'll ~ coosaCJ'6-lo
eatre oe pintores d a mlalo ardatice hollltld- (Vede reproduções de algvaa cl~ quaclroa in J. RoN6uo Ro-
.-JC~Uae ]OAQVlK R•aJUltO, Civillzag6o Holandeu no BruiJ. Sh;e BruiUuua, Coclq). &dilllln Neclonal, Slo
Pauto, liMO: 8V10J/ç6o l!'a.ull Poer cora UJD& iatrod1lPo ele Rmmao Cotn'O e wna tdaçi.o elos quaclroe ~~~~ •
..._.. NldOD&l de Bdu·Artc.. Ml ain&io da Bducaçlo c Sa6de. Rio de }&Deito, 11M2).
246 A CULTURA BRASILEIRA
do ekulo ~CU«Dtiata do Dorte de P~l. locali~ em Miou Gerai• c: no Manu>."lb, cede oe obtava wna
cultôdlo ele ViKua e Bra&aa tropieaia; 3) o estiiD da capital. evoluindo Glllb tarde: auma compl~ de iDflu·
tn0u rraoccaas e itallanas• ..,brepoeotas aoa modelos pat'tl.ICUbcs; 4) a arquitetura colonial do NOtde.te, com
duu divenM tradi~ U.DIIl teoGeDdo a imitar o ·c:stilo blltToe? du lç<}q t\ll'ab portucubaa. e • outn que teve
;lj. oo ~o XVU. IAap\tada ""' t~rquitetura of"!Qal da córtc:. de Liabo. ou dos templos ~opolitanoa ds
e de PU"Mmbuco.
6 CR.ULD LA.Lo, L "nt et la vie $0CÍ4Le. Outon Doin lt<litNr, Paria. l9ll .
A CULTURA ~RTlSTICA
O AlcTOKIO l'ltAKcreco LISBOA (173Q-\814l, o Alel.iadinho, p-ande artieta, eeeultor e eotalhador, natcldo
em Vila Rica, nlhG do mettre .MAHVIIL F'RA.NCJaco L1SB04, E, de fato, a ficur• dominante .,. hi1t6ria cl&e wtea
plúticu oo Braall. em todo o perlodo colonial, e Uives mesmo, Da opirulo de ]ost ~o .Fn.Ho, o maior
artlota plútico bratileiro. O apc:Udo com que paaaou A história, envolVendo-o ouma aut~ola de leodll, l)tOVeio
d.ao ddorma~~ cauaadaa pela I~• que o •-ltara em 1777 e, portanto, aos 47 anos de ldllde, e o tetia privado,
em auaa dev..taçaea mutUadorao, de e:r aode pcute dos dedos. Apnodeu o oficio c:om oeu pai, acultOt' c ar ·
qulteto portvaub, que recebeu eo.inamentas de BATISI'A GOKES, díodpulo doo gnvadorea fraaceiiCII ANTÔlfiO
IIPOUI!f e P'aANQOU MAttTilCAU, e, na parte de arquitetura, a1&n du U~Oea pat.ernQ, aprovdtOu·IC do COil ·
tato com AwrÔIItO PI:UliiA oc S OUSA CAI.RllntOS. ]o$11 PEJt&IJtA AaOUC4 c Jott AlcTÔlfiO DOS SAiftOI que
c:oaetiturraal o triunvlrato artlatlco de Mariana e pa.uavam pelos maiores mestru do temp3. Tlob• tio uma ctcola
de mcatra •otdroe, eeuo dlecfpulos c awcUi.ara, •ut«cs p:ovàvelmenb: de mult:a.o du obrat quo lbo alo
auibal.daa, c c~oe defd t.oe de aoat«aia em cm>traste ~ outras. v~dadeiramomte belu e ; ...taa. ttra tido u •
J>licadoe pela """' rnott.tla ou por uma dcfonJUl~io inteocional das figuras. Embora c:oouvado dOido tuai.Dilllda
ao ofldo de catalbaclor de madclra o de e:ocultor, parece ter sido ta.ato arquiteto com~ ..tatdrlo, e de certo o foi,
ac ralmeate d o de ona autoria, coor~ a testam Rontioo ort FluuT.A.S c 01000 oa VuÇ()IfCCI.OI. oe pndetoa
4aa i&:r'~u de Sio P'raGcl8eo de A.lt e de NOM8 Senhora do Radrio, ..o maia belo mooWDcato eacro de 114.la.u
OonU e um doe mala oodvdt do pah" . Conteata, portm, Jost M.u.Luco Fn.Ho que o acAlal matico tenha tido
o autor doe rixoa d - i&rc.Ju, cooatruldü aa oec=c1.a mctadedoXI:ulo XVIU, eob a d.ireçloo ..u.tlca do Aul ·
JADIJOIO que llpeGU teria eola'bondo, de ac6rdo c:om - opinao. na parte oroamcotal ou ...:-olt6rica dbta
tcmploe, d .e planta dfpt!Q e tO<T.. ritculara. SquDdo Jost lootuu.uco Fu.ao cabe, DO entanto, ao ALI:lJADUOIO
• al6ria de ter udOftlllizado a oova ~ arqaitet&iea, de car6ter barroal~Alco, I.Dtrodusiodo modiroc:ecac.•
c pCinllC:Dcora, "alo ~ DO priftlltlvo ~coto europeu da Içeja de N - Sa>bara do Roodrio", ,_ l)tG-
jetoe dcstioadoe ao templo de Slo Fl"attCUco de Aaio d e Ouro Prfto e de Slo Jólo del-Rei. (Cir. RODiliOO J.
P'l:a&&ntA BUTU, Tr~ b lo4rlfi«» r elati.,oa liD fizuldo Ant6niD FranciiiCO U1boa, liSI; Rlr:KATO NoY&I
OOilii.Ula. An.J6nio PrancJIICO Li tboll, Slo Paulo, 1931; G.urÃo PENALVA, O Aleijadinho do Vna Riu.
Rio, 1933; Drooo 011: VAIOOMCa.o., A arte de Ouro Pr~to, Edi~o do bi-centeúrio, 1934; Joú WAaiANO Pn.llo,
ConaidorapiJaa aclrc. do templo da Na.u Senhora do Rt>Nrio c de S6o FrarteiiiC4 da ~~. de Ouro
rz4to To "&bldoa Bruitâroa" . AAo Jl, volume 4, a .• 10, Rio, 1940; e a bibUocrúla rdativa ao JU.&lJADUf'l«),
cwp.oiucla por ]UDIT& MUTflfl. "Revbtll" do Patrimbaio Hilt6rico c Attlftico, 193~).
250 A CULTURA BRASILEIRA
1 VAI.&JfTilil DA POKII:CA I! StLv&, mul~to bnuileiro, educado na Metrópole eorQ OI JUaadeo mestre~
d.e fpoc., foi, aos rlna do ofculo XVUJ, o maior empnário de obnt.1 de onumeotaçl~. no Rio de Janeiro.
Ao voltu de. Pottu.&al, oadt teve a mais elevada iastruçio t~nica, ao que noo Informa Jott MAaulto Fn.Ho.
começou a trabalhu como colaborador, com .rtistas de reputaçlo, emprdtCÚ'O<I de obtu t«~utieat, mu a&o
cardou • ocohoreu«, pela 11>periorid.ade de sua obra. dot trabalbot de maior mcmta e valcw 111\latico. Prc~ado
para a arte t«futita e matrc fuadidor a WD tempo, VALIUfTU& DA li'OMI&CA & Sa.VA ''leria apteadldo a fuocllr
o bfonae aa Mctr6pole. talvu, com &JtTounav DA CanA. fundidcw r&;lo da - portul\lfsa. autor da ee-
Úitwl do Marque. de ~L c de m.gntroeos caahÕ-'1 que "tio n o Mweu H itt6ri'co. TMu aquela~ cart~lao
--.~. a.quflc:e aortuchoa qlle enobrecem cs canhões com ínr.riç<ia, provam o dedo do..,..,~ fu.ndidcw".
OcM'nbbbl noúvd qoe ae ton)OU .uperior aoa vwtu rci!l6U de Kll tempo, fUJ)dldor, ~talhado<, CKUitor e
arquitftO.projen.ta, Meetn V AL!tl'I'TtV, ea::reve Jost !4.utulto Pn.uo, "forn«ev deMnhoe c drtalbes cotado.,
depab de C'lt.CCUt.doe D.lo ~menu em madeira e prata, m.u t&mbtm Ull p..s,.. de llot", como o do t..abo cta
..eriotla d.e IJ'da de N - Seohora do Canao, ao Rio de Janeiro, qve (oi cs~o em Pcwtucal de ac&-do
mm leU dacoho. O 12.• Víl»t'ci, Lu& DE VASCONcu.ot & SOuu. (1779- 1790}, I:OO!iov·lhc u tuefas dt maior
Y\llto e lntcre..e at'tfatlco, por DAo enmrurar, .... Col6oia. artitta port:lllvb capa• de fuer os trabalboo que
VAJ.81tT111 encut.av-. A tod.,. tobrelcvava. de fato, a.u obra de torbdca, qu.cr q~~AAto • lottli&tad.a d e eoo·
C'l"PCCo quer quanto • nitides da ~o material, ~o oa padrO.:. cta arte ponucuba. ]A no rim de IWl
.~.entre 11110 e 1811 (Valentim morreu em 1813) fb o altu da IJUe.la de Nona ~11hota do P~tt«> que,
"'QCCIIQI..:Ia an 1789, j4 havia ele rfttaurado, fazcodo a.s obru m.aU ucgentea.. (Jost MA&JAHO .P'U.no, in "ltetudoo
Btui1c!roo", Aoo ti, volu.mc 4, n.• 12, ~- I>SI>-658, R io de J aoeiro, malo--junbo de 1~0).
A CULTURA ARTÍSTICA 251
10 O mobiiiArlo de luxo, civil e rctlliO.o, em Minas Gerait, importado nos primeiros tcmpot da S.bla
como ee veriOca pelot cetilos .Soe •ulos XVl e XVII, em que tão desenhadas at (11'4Cidct peça•, putou depol1
a ter f&bricado oa1 pr6prlat ol1cinat mineira•. A partir oe 1730, escreve Avoua'fO oa LrKA J óHJoa, "ot mar·
ftl'drOI' e ~talhadorea da oOQII capitania, acompanham o desenvolvimento artlatieo Qllc "o;J«OU em Por:tuaat,
aa ~ de O. ]oXo V, oadc oe temllt orientais e biapaao-wabea, introduzidos aa .Flandra e Darte da PTaoça,
retort~J~m oublimadoe pela lnflu~a dot ebanistall fraocee.". o, ri3CDII e oe de!leoboe fuodamii'Otm de tala
móveis, em que j6 ae c:ooatatam 1101 fim do ~o certas maoifeetaçõea t1pieas de oridOIIlidadc, como obt«va
AuouiTO oa J..UoiA ] 6MIOJt, eram lm~oe de Por:tugal donde vinham wpiradOI ,... novaa forma• de arte
e poc altoe preçoe. Sqwodo Jo:rt .M.\JUA.Ifo Fn.uo, • influ!Dcia entre D6e do cttilll Lu!t XV, oaclonalllado em.
Pwtupleob o nome de O. JoXo V, 111 fb tcntir, Do a&lolo XVII, em primeiro lqar no mobUIArio e! vil, pMa•
enea4er maia tarde l amame>\taçAo MCra, "domi.nadA até eotio pelo amato barroco de iallueada je-tulàca".
Do primitivo mobilJArio, trabalhado toacameAtc de ae6rdo com moddos c16aicoe, ao IDObillklo l.a .pindo no
atilo o_ Jo.to v. a cvotuçlo oe sw- atra't'& claa formas intermediária do jeaultico nwmdlao c do ewa·
~estilo Lull XV, C'\lla lallublda oe fh eeotir ...,. ~o aaa atrav& do tratamento robuato d ..
molduraç6a c capeaura da talha". (Cf~. AoouaTO or: Lou. Jómoa; A Capitania da~"Mlna• O.raia'' . Suao
Cll'ip:Da e f«maç6o. PAp. 114-IIS. UabOII. 1940; ]oú MU1AHO Fn.Ho, E"'lu.ç&o do mobilihio • da ortuo-
ment_.,o litfrrp"' eob a lnllulncia dt» jaau:Jtaa e de D . loãD V . In " Revitta do 8tMil", As>o tu, S.•
a.• 22, p6p. 41-44, abril, 1940,.
r-.
H Cfr. R OQUKft J>norro, Rond6nia, 3.• ediçi.o. A m6flc:a daa priacipa;. canticu parecia, apenhada DO
loahvaJo. PAp. 128, 134- 137, 143, U2. S&ic Btuifiana, vol. 39. Comp. Bdit. NaciDDAl, Si.o Paulo, 1.915; Rua
B ôunoH - l'erat, Chant• popu/airu d u Br6eit. Premimo o&ie. I.otroductioo por Pbillppe Stcra.. Ubcairte
Orieotalitte. Paulo Gcoth.oer, Parü, 6c.. 1932; josi SIQtTJCtaA. A méu.ice bca4il~r• nocieJo da c.ne.cf•aoilcer.
In "Rc:vUta da ~aoa", Rio d e J•odro, 9 d~ tetembro de 1939; M.úuo DB Atmlt.\DI:, Comp, ndlo da Bll16ria
da M«aiCJI . 3 .• cctiÇio. Capitulo XD; M6.iea popular brasileira. pág&. 167- 177, L. O. Ml...ada Bltit«, Slo
Paulo, 1936; M illice do /Silrfento do Millciu. ~ l'n "0 Estado de São Paulo'', a..• de S de dezembro d e 1940;
Aatvlt RAllot, O no'ro braa/leiro. 1.• vol. Et notrafia religiosa. 2.• ediçio. Capitulo Vll: Á dança • a
milliCJ/1 d o s candombffla. P~ .. 223-243. S&-le Bruiliaoa, vol. 188, Comp. Editore Naciooal, Slo Paulo, l940 .
254 A CULTURA BRASILEIRA
SI Jod MAUlllcro N\IIBI O.u<:tA (R io, 1767-1830), nucido de poda mulato., COiliJeiUÍU, aP"U' de tua
cripm humilde, fuer catudlll de vam6riea latioa e de r.Joeolia, ordeoar-K ...:Cf'dotc, fth 17!12, e atiQ&ir, na
c:eretra edaibtlea, o .,.,.., de prqred« rfgio. De awo edueaçlo muaie>~l, Iniciada, olnda em cneniDo, e proe-
eeauld• eob a dlr~o de tac:Cf'dotca ro6ale0'1, c:omo StLV4 ~ara, &rande «cwrta de. NU tempo, 6 tlo pouco o
que M c:onhece de paeltlvo, que L. H. CottlliUA oa Az&V&DO o conúdera anlca um auto-dlcleU., - produto
de 11:\1 talento e de HUI próprios earorcoc. Que nlo foi di!cfpul:. doe jeawtu e alo freqUentou • dane de mdtlca
que mantinham, para nearoo eecravoe, .,. fazenda de Santa Cruz, torna-R patentt dc um almple-t eonrronto de
clatu: oe l,.ultat haviam alclo t'Wpul..,. do Bratil em 1759, oito aooe antee do nucime,.to de j ost MAvllfCIO,
e a rua proprl~ade em Santa Cru•, eotlo coonec:ada, papara •o domlnío da Coroa, 1!: prov6vcl, no entanto,
que o meat:l~ carioca tca.h11 tido ~ucado naa trad.içõea. ainda vivtaa, de Santa Cnu, c eom meotru rorrnadoa
u eaeola doe Je-tult.aa. ltm 1798 obtbn licença P"ta precar e ~ DOmeadu Mestre de Capei• da C.t~ral e SI do
RJo de Jaaclro, e\l)oe aerviCQe muoksia loco K tornaram noúveia aob aua di~•o. ..1Ue mnmo, ~m a ~lltiea.
-=reve Coaar.rA o& Az&v&oo, vem a ...,. um 6timo «canitt:a: oe cantotct adcttndoe e tnbelhado. aob • 1ua
betut:a., r._ prodl(io. • cauaa.rlo • malt viva autprfsa l <:&-te quando ~ui ~ estabt-lece", cm 1108". Nomeado,
- _ . , ano, pelo Pflnclpe Receote O . Joio. i,..petar de Mlbiea da Capela Real , e, mala tarde. precad«
rido, o padn com~tot cotre&OU·R a uma atividade i n - . tendo compoeto, atE 1111. para u a tivla.dca
da C.pda Real, perto de 100 obta1, alEm c1at que eoc:revera ••para vloriu ir-meadadco e outru l&<fJ•• c de a11umu
pvoxu ot... pro(aoao". Com a ehqada ao 8.-..il, em 1811, de M.utcos POitT\IO.U.. 1\0'1:1\vd eompooltor P«·
t\IC'Ib, e q'UC o . ]oJ.c. Vt mandas• vlt, para mal::w luatre de eu.. r-. muaicah, na C.JX.Ia ReaJ c no Resl Teatro
de 8lo Jollo, dectnce o prealldo or.c:lal elo Pe. Jott M.wllfCJo q~ paMa • ...,. mal vbto e hoetill..do pelo c:orn-
po.ttor loeitaoo, nomeado pro(- da famlli• real e diretor c1at fcatu muric:al1 na C.~la e no Peco. O eEtebto
lhOIIIIIVKDO Nw-co-, de Sahboufoa (1778-IISI).dbdpulo de HAYDif, &<ande pianltU e c:c.\poiÍl« •lccüo.
que vlcn, em 1116, oa mlnlo artfatka c:hc("..d• pgr J . LJUQZTOM, e que teve de lutar c:oatn a prcpottoc:la CS.
M.utcoa P OIITUOA.L.. faóa·lhe Juttlça, lamentando, aiad,a em vida elo Pe.. Jod MAvalcJo. que oe btultwoe nlo
•biam apreci,a r devidamente o valor do ani1ta que poet\ÚatD, ''e tanto mal. prcdoto qua.oto era produto de
- pr6prio. ~". De volta a Portuc-J, O . ]olo VI que lhe eb.aman o boovo 14.ulcoe", lamcMav..-
cuu e ut6c1afa a o Pe. Jod 14AU&lcro, oJo o haver levado para PonuceJ, a r- ele diriclr u f~ mualcal.
de Capela Reei de UtboL l'al«eu o Pe. Jod MAU111c1o em 1830. •J&um d iu dcpab Je M.utc:oe Poa niOAI..
b 1156, f"IOCftVCU•Ihe a biocrafla M..vov&:l. DI AJtAIJJO PÓitTO Al.aoa& que. ainda jov-, O COllhecera j 6 ftOe
6!tlmoe eooe de aua Yioa. 114. A. POttTO Al.aoiE. lconojrAiia bra1ileira . Apontama nrot _,bre a •Ida
do l'e. /<>H Mauricio Nun. . Garcia. In "Reviua" do lnatituto Bitt6rico Br..Ueiro, tomo XIX. pqa. 34~369:
, VIICO!n)a D& TAII!fAY, Trapcu biolrjfico• do l'e /ot4 Naurlcio. In "Revúta Uuoicsl••, u o 11, 1110, - 1
a 13, lS, 17 c 20: MAtfVIU. AlfT6Mro Moaauv. DI AAYU>o. Bioflralia do l'a. Jot4 Nau.rkio Nun. . Oatt:Ja .
~ ~'" ••Rnobta" do l101tltuto HJ.t4rico Btaailriro, tomo XXXIX, 2.• s-rte, ~ 211l).
256 A CULTURA BRASILEIRA
à sombra dos claustros e das igrejas. Embora ainda perdure até meados do
sêculo XIX o domínio da música religiosa, que conheceu o seu esplendor, no
Brasil, com o Pe. JOSÉ MAURÍCIO, já se esboça, na época de O . JoÃo VI a "lai-
cização'' da música, com o desenvolvimento da vida urbana e o brilho das festas
musicais, e com a chegada, em 1811, de ~cos PoRTUGAL, já autor consagrado
de numerosas óperas que figuravam no repertório d e teatros italianos, e de
SrmSMUNDO NEUKOMM, pianista e compositor alemão, vindo em 1816, com
a missão de artistas franceses. Dos discípulos do Pe. Joslf MAURfcJo, nenhum
perseverou no caminho do mestre, e o maior de todos, FRANCISCO MANuEL
DA SILVA, que também freqüentou SIOISMUNOO NEUKOMM, é uma das maiores
figuras que o Brasil já produziu , o que deixou de mais belo foi o Hino Nacional,
a que deve a sua consagração na história da música brasileira. Mas êsse pro-
cesso de laicização ou de profanização das artes, já em desenvolvimento,
sob a pressão de causas sociais, econômicas e políticas, devia ser acelerado com
as atividades da missão artística que chegou ao Brasil, em 1816, e por sugestão
do Conde da BARCA, ministro de D. JoÃo Vl, no Rio de Janeiro. A missão
francesa, que tinha por chefe JoAQUIM LEBRETON, do Instituto de França,
era constitu{da de J. B. DEBRET, pintor de história, dos innãos NJCOLAU AN-
TÔNIO TAUNAY, pintor de paisagem, e AUGUSTO MARIA TAUNAY, escultor, de
GRA.NOJEAN DE MoNTIGNY, arquiteto: do gravador CARLOS StMÃO PRADIER,
dos irmãos FERREZ, além de outros, artistas auxiliares e mestres de oficios,
todos franceSC$, com exceção de NEUKOMM, compositor alemão, antigo pianista
adido à casa de TALLEYRAND. l'tsse grupo heterog@neo de artistas, de que
participam figuras eminentes, vítimas de perseguições poUticas no seu país,
devia constituir, na terra de e:dlio, o núcleo principal da futura Academia de
Belas-Artes, criada, sob o nome transitório de Escola Real de Ci@ncias, Artes e
Oficios, por decreto de 12 de agõsto de 1816, e instalada somente dez anos depois,
em 1826, com as modificações de estrutura e o nome definitivo, - Academia
das Artes - , que o decreto de 20 de novembro de 1820 havia dado à nova ins-
tituição. A história dessa missão artística que se confunde, nos primeiros
vinte anos, com a da Academia das Artes, e do papel que desempenhou, é a
rustoria dos conflitos de duas culturas, de aspectos e níveis diferentes, e das
reações naturais do meio a que se transportou o grupo de artistas contratados
em Paris. A missão francesa tornou-se o acontecimento central da época e
marcou, desde as suas primeiras atividades, a ruptura, sob aa influ~ncias de ,
uma concepção nova, da arte de tradição colonial, de origem portuguesa, e o ·
conflito entre a arte de expressão litúrgica e o laicismo franc~s. importado pela
missão. A diversidade, porém, de elementos que a compunham, artistas lau-
reados, mestres e artesões, - donde a primeira idéia do Conde da BARCA da
criação de uma escola de artes e oficios:t3 a morte, em 1819, de J. LBBRETON,
13 A Etcola Real de Cito.ciu, Arte$ e Ofkios. criada a 12 de acOsto d e 1816, 110 mamo ...., em
que dCM111bueou 110 Rlo de Ja.oeiro a miuão de artistu (ra:J>C'ela, tta nal'ormou•ec, por doer. de 1.• de outubro
de 1820, oa Real A.e.demia de t>e.eoho. Piotura. E..-ultuta c At'quitduta Civd, dcnocnloada. WCQDdo oau o
d~to do a~ ..mo a.oo ( 23 de ooveDSiro de 1870). Academia daa Atlco, que 16 teve ~itttftaa det:iva ou veio reaJ .
UKDte a fu.ocioll&l em 1816, j ' 110 primeiro Império. A Academia de Bdaa-Artco que trlfc eocftO IIC'U priroriro
dirrtot o p(otor portucuà HDraiQUE Jost 1)4 SU.VA (1826-1834). ro. diri&fda autlt tMde 111134-JU..) por PiLtx
Sli!J.IO TAIINAY. filho de NICOLAU ANTO.-no TAUlfAT e IIC'U doopulo. depoh B .. ..ao de TAIINAY e, C'Dire IIS. c .t'
1857, por M.uouu. o& AIIACIJO P6tro Al.mJts (Rio Gra.ode do Sul. 1806-18791, an llco atuao e ptCI(- da ~
dcmia. plllot c porta, q ue i.JupirDU uma de ouu mai• ímJMWt&nlc:s reformaJ, criando auJ.. de maum•tica apll-.'
aoda, anatomia anlttica, &Tqueologia , ot:kial e hittóri.a du bdao-vt6. e rW>da.Ddo a pioaC'O(eca, - a primeira
que ae orpni&OU 110 Bru1l. Em 1845, por d«:reto Oe 19 de ducmbro, foi t-rtedo o prbmio de viagem • lturoe>ll.- •
CUJa dw-e(lo, de J ana., •• devou " 5 aoos, em 1857. Recrpniuda pela Pf•me>ra vc:z ca:1 14 de a:!Aio de 18S5, •
eob a inopitaç&o de P6JITO ALceu. ~= dirctm-, a Acad=i• de Belao·Arte. pueov. oo lmpfrio, JMW - •• ,..
format: a de 14 de roalo de 18S9. que mou doi> cur-. diW'fto e n oturno, e • d e 16 de autio de 1871, tomalldo,
em 1190, o oome d e a.cola Nacional de Bclu-Artes. por decreto de 11 de novcmlro d~oc ano que lhe dna -
255. lArejs da Ordem Terceira de S . Francisco . Maravilhosa fachada em cantaria, em estilo barroco. Salvador, Bahia .
Foto V OLTAIRE FRACA. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
256. tgrejs d e S. Francisco. Interior da lgrejtJ. StJ/vador, Bahia.
Foto Vot.TAIRE FRAGA. Instituto Brasileiro de Oeo&rafiu e Estati•tica.
257. M u reiro rlo C•rmo . Sacrillitt . Salvador, Bahia .
F c t :> Vol.TAIIIS FRAOA . ln•ti t &.to Br••ilciro de Geografia e E statí•tica.
258. fAreja de S. Francisco. Aspecto do sacristia. O/inda.
Foto STIILE. (ait(õo do F«JJ!dlidt dt Fllosofio dt S.Poulo
259. Igreja de S. Pedro. Parte do magnífico portal. Recife.
Foto STtLLE. Coleção da Faculdade de Filosofia de S. Paulo.
260. Mosteiro de S. Bento. O majestoso altar-mor. Rio de Janeiro.
Foto STILLE. Coleção da Faculdade de Filosofia de S. Paulo.
261. Mosteiro de S.- Bento. Vista de um altar lateral e d o côro. Rio de Janeiro.
Foto STlLLE. Coleção da Faculdade de Filosofia de S. Paulo.
262. M osloiro dr> S . 8muo . Soçri•lia. Rio do ] oneiro.
Foto STLLI.R. Colcçiio do Fncu ld"do de Filosofia de S. Paulo.
263. Igreja N . S. do Carmo. Fachada principal. Rio de janeiro.
Foto STILLE. Coleção da Faculdade de Filosofia de S. Paulo.
264. I.greja IY. s : ·ao Carmo. A specto do alt3r mor. Rio de Janeiro.
Foto . STli..I..E. Coleção .da Faculdade d~ Filosofia de S. Paulo .
265 . IA~~j~ 'de. N. ' s. - do Carmo. Vista de um altar : Rio 'de "]aneiro.
Foto STILLE. Coleção da Faculdade d e Filosofia de S. Paulo.
266. !Areja de N. S. d o Carmo . A ma4nifica pia batismal . Rio de Janeiro.
Foto STJLLE. Coleção da Faculdade d e F ilosofia d e S . Paulo.
269. l~roj• de N . S . do Carmo . Pórtico . Ouro Pr, to.
F oto Rádio Inconfidência de M inao Gerais.
270. l A•·cja de N. $. do Carmo. Deralhe á a capela·m01·. Owo Pr.>t.o .
Foto Rádio Inconfidência de M inas G erais.
267. lArejo d e Santo Antônio. Sacristia. Rio áe Janeiro.
Foto STILLE. Coleção da Faculdade de Filosofia de S. P aulo.
268. fAreja de Sauto Antônio. Outro aspecto da sacriMia. Rio de Janeiro.
Foto STJLLe. Coleção da Faculdade de Filosofia de S. Paulo.
271. 71reja do R<»6.rio. Aspecto externo. Ouro Pr,lo.
Foto Rádio Inconfidência de Minas Gerai a.
2n. Matri~. Detalhe da capela-mor. S . João d' EI· Re• .
Foto Rádio Inconfidência de Minns Oorois.
273. Itreja de S. Francisco . Aspecto erterno. S. ]oã.o d'El Rei .
Foto STlLLE. Coleção da Faculdade de Filosofia de S. Paulo.
274. Mntriz. Retábulo do nitBr mor, Tiradentes.
Foro Rddlo /tt(IXIMifi6J dt Minos Gtrals
275. Matriz. Colunas e enlablamento do altar mor . Tiradentes.
Foto Rádio Inconfidência de Minas GMais.
276. Igreja de N . S. do Carmo. Púl!>ilo em 9edra sabão de autoria do ALEIJA!li NHO. Ouro Prê lo .
Foto Rddio lncoo6dln6<1 dt MiMl Gttais
277. Um dos profetas que o ALEIJADINHO esculpiu em pedra sabão para a 278. Estátua do profeta AMos, esculpida na pedra 'brasileira por ANTÔNIO FRANCISCO
ermida de Con,éonhss do Ca_m_,)(), em Minas Gerais. LISBOA, o ALEIJADINHO. Santuário de Conllonhas do Campo, e m Mines Gerais .
Foto STlLLE. Coleção da Facu ldade de Filosofia de S. Paulo. Foto STILLE. Coleção da Faculdade de Filosofia de S. Paulo .
'279. côrto de 0 . J OÃO . Quttdro de HENRIQUE BERNARDELLI.
Padre ] OSft MAUIIICIO lliJ
F oto V OSVLlUS. Colctlo do Serviço N•ciono.l de R ecenseamento.
280. Porta central da Academia Imperial de Belas Artes . Projeto de GRANDJEAN DI:: M ONTIGNY,
arquiteto da Missão Francesa.
F oto STII..LE . Coleção da Faculdade de Filosofia de S. Paulo.
281! Auto-caricatura. Desenho de PEDRO AMi:RICO.
Foto CARt.OS.
282. Lenhador brasileiro. Quadro de ALMEIDA JÚNIOR, o maior pintor brasileiro do século passado,
Foto REMBRANDT .
283. Caipiras ne~aceando. óleo de ALMEID•\ J ÚNIOR .
Foto REMBRANDT.
284. Descanso do modêlo. óleo de ALMEIDA JÚNIOR .
Foto CARLOS.
285. Sapucaieiros engalanados . óleo de J . BATISTA DA COSTA.
Foto R€MllRANDT.
286. V olt• 1t0 curriJI. P•i•e~m dt! J. BATISTA DA CosTA .
F o 1o RBMBRANDT.
287. Natureza morta. Óleo áe PEDRO ALEXANDRINO.
Foto Rl!MBRANDT.
288. CARLOS GOMES (Campinas, 1836- Belém do Pará, 1896), um dos Arandes melodistas do século XIX
e um dos mais poderosos srtistes que o Bra.sil já produziu.
Foto da Coleção Companhia Melhoramentos de S. Paulo.
289. Moquotto do monumento "As Bandeiras". Trabalho notável do e~eultor VITOR BRECHERET.
~çJ.o. N• Rcpóbhc•, pe...,u • Elco&. Noci~l de Bela-Arte. por cocenivae tr•osformacõa, em 1901,
por lnlci• tiv• do M ioist10 da Juatiça, B11T.lcto PusoA, em 1911. pdJo Lei Orv;Ooiu do Bosino ~. c:ro 1915, coCD
a Lci Culoe Mu11nU1ouio, K ndo • ne:uda, em 1931, depois de drtt modariea~ rlldlc•í•. l Uruvctaid.ctc
d o Rio de j.oclro. Doi• • ooo d epolt , o decr. 2 2 697, de 6 de julho de 1933, -~~IA em vi&ot, iotrodu.aiu
.-lta"-cOa oo eotioo d e Btcol• , d..wlo oov• Of'le:ni~ •ot cunoe de uquitetur• , pootura, cculture e .,-Yilt1t.
Bm jenciro de 1937 ao c.-Jc:nu d~ plntuta, ncultura e anvur• fonm d eslipdJU d• kole pant coaaritultcro
o a~ 114uxv N IICloo.-1 d~ Bew·Att~ Dirl&ida P<K AtiOtiSTO BRAc:tt, • Btcola de Bclu-Artn, ftD que 8C
uan.lotmO\I., dcpola da Rcpóblte., • Acedcmi• de Bdu-Arteo, e cu.iu ori;et» r~moot..m 11 &..-o&. Rnl d~ Ci·
bdae, Artu e Ofldoe (11161, vou auccd a em-.... t ua d~ eocultores como ROOOJJO 8&1UfAJtPa.LJ e CoiUI&U
l.D&A, um mtico ~ bWtorladot de ~e do V1tlot d~ j od MAluAlfO FILKO, piotora como BATISTA DA COSTA c Luc:1L10
AJ..auouu ou• e a. arquitet a. Ltlc to eon-.. e AJtouunoa M&.v61UA, c:ll.iot ooma oe aeb&m lia..Soe, pd.u euaa
obru c pelo. eeu• __,C'Ot 11 biat6na da utc Q8Caooal.
14. JtDtf'e O. llrtiltill, d e vAries proc:edendas, que 11C ....,.,OinVIlln, por a• fpoca, IDO Rio de )e.IDCitO ( -
maodo wza vudade.ro m~ltonl por llr'tlarico, lcmh<-• F. :MA.aou u 001 5AJtTol 41 ~~~ brb.!eitc», viadoed•
~ cdonlal , como MAWUt:t. D IAS O& 0LIYiliRA, p<of~ d e d~ J ost L&AND& O O& CUVA.LHO, O rctntilta
de 0 . }OÃO c de t\&8 c6<tc, e F'Jv.."fCISCO P&DRO DO AltAJtAL, decoradO< da BibJiotcn N IIC tOC\AI e d • C.ta d a
Marquaoo d e 5.4"\"01· Dos pon\.tcue.c., viodo. oo tempo do P r1ocipe Rqe<>te e Rei, auta~u•ro·oe ao primeiro
,.._do AIC1'01f10 D& C AlbtO Pl.lfTO Dll P'IOU&JR&DO e jOlO Jott ll& Souv., d.-nht.t&t ~ &r..,.ct- ; ALufU&t.
- S7-
258 A CULTURA BRASILEIRA
DA CotrA, arqulteto daa obra imper;a;. r nacicmeia; ]Oo\Otll'll CAm>IDO Gtra..LOBSL, deamhllte e equa.rdirta,
de C1ÓO valor artfatlco nae ficou um testemunho 011 aqu.erda TrotHlro em ~ia,em, entre outroe tnbalho.; e
!UHBIQUI. Joc:t DA SILVA, tamb&u deaenhiat:a e piotw, autw de rttretoe a óleo de O . P&DIIO I r o ptimdro diretor
da Academia du Anca. As licuru de m.aior rd~o, etltn oo ertia~• e.tnn&riroe raidentet no &uíl, e que entiio
ID8b lnllulrem oo ambiente bruil:iro, tta.m d oia imicradoe .S. 1'1-ença. a o que p&r'C«, por modvoe polltlcoa: o
capi~o oe eocenbelroe, Abl.vw }OLI.IZN PALLtiaE, piotw e leote de desenho da Ral Aademla Militar, e Pm110
Jost PaZ:ItAAT, erquiteto que O. PaoRO l tomou • oeu t«vlço, em aubetltulçio de MA.-rus&. DA CotTA, e que, ao
acn:lclo d - • runc&a, cateurou o Paládo Imperial de Sio Cri.t6viio. O piotor AaMANO PAI.l.IPB que ae
catou. no Rio, I.'Om wne !ilba de GltAM>JI!AN o& MoNTtllltY, del.tCOU·nOt, al&D de detldlhoe de umfOI"mct, pe.-ao-
oa~:en.t e c;o,tumea bca•lltiroe, o projeto da lmpcrilll Ordem do Cruzeiro e um a..cnlí:eo auto·retrato. Por -
~. encontravem..e no Rio, mude pa~~m. ~tãrioe outros artlat:at cttr~riros, como R &NitV CHAKJJ&tu.AJH,
c6naul ln&lb no primdro reinado, pintor- é equuellna, e Jo~o MAURICIO RUOI.NO.U, f&r&nde duenhlsta alemJ.o
que, dcsllpndo·oe da mi"lo LangadorU, pcrmllneceu atf 1815 no Brnli.l e levou, de volte l Ruropa, n>onnc c:o-
leçlo de Clttenhot, publicadoe em parte, 118 ma Viate m pitoruca auavú do Braall, liYTO do melo alto lotcrt..e
hiat6ricoo e ardttico, pelo t erto e, tobretudo. pelltl aua.s l"tdlsJlmu vavur&ll e. como esc:reve s•tto&o Ntu.IIT,
..WO dos malt cutl- Cl bonabll do=mmtq, 1lcln:a do BniJiJ antlcn", lt 1 1 - peQUellO n>flo artútieo, dWsOÜ
e beten~~!.leo, m> que ac: t'OO«Dtntta.m grupoa de artiltaa de teo.Jeadaa contra.UtcSrias, que teve d e • &it, eotre
diriC\IIdada dr t6da ordem, • miuio francesa. irúluindo, afinal .&~ tle, como o o6cleo mais poderoeo de itTa·
di.açlo de cultura. (Vtde FaANcuco MAJiQUES ooe SAmos, A rllat•• do Rio de }ane.i ro oolonjal. In "lh-
tudoe s.....ildf'oe". vot. IU, pllp. 21)-.33; As bela.S•IUtes no ptimebo teirutdo (18.22- 1831/. In "Betudoe
Braileiroe... a.oo U, vol. !V, o .• 11, pip. 471-509, m.orço.abtU".
A CULTUR A ARTíSTICA 259
10 Mio tllo &ta, porbla, oe óaleoe reprnartanta da piDtw'a .bút6rica que. lalc&.d.a oob o impo.lto da
.u.ao ~. ee at.oca com oe quadro. d e PO!rro AJ.mu e outroe e ee d-.olve par q-.e todo o ok\llo
XIX. pre<Jomlaaado atj o crcp~o do romantismo ao Bresil com uma iallufocia a que oe artiltu CDala ori·
lfDaU dO locrvam e.capar. Na produçlo artfmca de ZtnUNO DA C<lftA (Rio de Jaoc:ito, 11140-1915) pro·
ftleccm, ee olo doaUIIA.In totalmeetc. oe qtllldtoe m.t6ricoo e reli&ioeoo e ot pei6tia eleccnti..oe, ~ eloe q_u.al.
fc:nm aecutlldoe pao'a a l~a da Caocld6ria. BQ"mrro Ct.I.Dcto (Sio Paulo. 1153), que attu4ooa eom Vtroa
:Una" a. imCIU1lu a cJ6ri• de Slo Viecate e • eooquista elo plaDalto c:om - qudtoa 1'4rro d . . nau. (S&o
Vicente), I'ar tida da f to ta do .&rl eio do 54 e Bm caminho de Piratinittllll, - epQ6cUoe da hirtória coloalal
• Slo Paul.o . Outro pU.tor Uuetre que aplaoou quue tocl01c .. s;!Deroe. Alft&no P aauaur, Datural d o W o
4o Rio. rec:on.titul aa tela .. fu1ldaçllcs de Niter6i. de Slo Paulo e elo Rio de ]&DCÚO. d~- em Morte de
. .tlcio de SI (P\mdaçlo d o Rio de JaAelro) um de oeua maü bcb quadro~ pda riiiSdid.acle bt.t6rica aa rertau·
NCAo elo epú6d.lo e pdo IIN craode poder ele c.~. A birt6ria coloaial p~aulida U.Ddll , _ clemmtol a
Olc:.uP&aam.4 DA Sn.VA (&tado do Rio, 1861) qu.e foi clddpulo de Vfroa V na a A e a B.&lraJQva BDJUJUia.Ll!
aqutle, autor 4a 'undaQio d• S6o l'au/o, e &te. de o.. bandeiraatoa. em que reprodu um upecto da madla
de UIDa baDdcira paulbta atram da nor-. al&n elo. eloi• quadro~ Aleijadinho e 10111 Naurlclo n• C6rte
t& D . Jo6o. em qu.e evoca o craode arthta coloaiel e o primàro compoeitor twuileito. NatuHI do Rio Of'Uidc.
bte e n.-.
Auovno Lutava P"a&ITAI, que foi cn.dpulo de Bll:lllf.uD&LLI.. DA E«ooa ele BeJM.Artee (1195-1891). ~to
toona par ...untoe a~ aiCUJIII ele - quaclr'oe epi86dlol da hbt6ria p6cba, admltlvdlllellte WO•
...Soa em A cheledlll doe ·~reeno• c A Batalhlll de Asenha, que r1gW&Sil em POino Al.&Ou, oa P\DaCoteca
4o Jtetado.
262 A CU LTURA BR A S I LEIR A
17 Clt. MOHT11llt0 Louro. AJrneüio. Júnior. In "Revúta do Bratil... Ano li, p~ 3S, S1o Paulo,
13 de jaoelro de 1917: Súoto Mn.u&T, Almeida Júnior. In "&lltlllo.", ~-- 141~15 1 , Sio P•wo, 1931; Lutl
MA&Tllfl, Altneld• ]Gnlor. In "Reviottl" do Arqui•o M unicipal, An? VJ, vol. 66, pll:o. S-21, abrll·=-lo, 1940,
S&o Paulo.
A CULTURA ART1STICA 263
11 &Jitro 1 cericatw11 e o daenho b~ a difereaça f cran<~e.: eoqucto equda tem - roete oum
t..&diO que f (\IDdameoto ela aru oova, e f um dt:le.Aho de que ~.,. oa de:tAeDtoe elo devida. • ~
~ c:ar6ter rweo e moral (oa ~cura b6 ''caút~·'), o dC*:Dho bumodnico "al.o aú otrcita.mCDte l1pdo ao
hstat.e puro d o d.uho. &to o - b c Dito ""' tMa a liberdade mtO oob o olpo ela Oultaàa. A qualidade
elo cSa.bo j6 olo deve eatv aa intc:rptd:açao • todo o lnllal! elo verdadeiro, maa oa c:xpraa&o eSc WDa oatutcu
da DJ)(r{to". u.... e outra c:atqoria, parfm, como t6daa • mmúl~ do c&Dico, olo ~~~:ompomluldao eecDpo'e
266 A CULTURA BRASILEIRA
com um i.nterbse particular pelo pó.blico, que se constitui de t 0d11 111 camadas soeia!r. O de.eoho bumorlsti,co,
e, eobretudo, a caricatura teodem a nivel11.r as claACS, unlndo-aa no me.mo tcntimeoto de prucr, e ~ntribuem
J)IU'& educrar arthtic:amente a maaaa geral dali populaç~: silo eapecialidatle11 que, pela sua oatuteu e funclo .odal
c pnlltlca, ae diricem e interessam a um grande pliblico. Antn de H~JUQUI P'L&IUU, - um do. plor>eiroa
<!to c:atic:atuta no Brasil - , !lote g!nero jé era explor~tdo, embora com pouco valor de arte, por virias attlataa
das acraçOa 1\oterioret, Foi de-pois d!le que tomou, por~m. imoulto c:om •• revhtaa iluttre.da• c com oe J~•
pnllticoa, c:omo o Mcuquit o e o Bo-'Ouro, !lUe dirigiu BoJtnALO PIJIIIIIJlO.e w:n ,~nero hle, - • carlcatura - .
que se adapta ma~ ao ftl)frlto lrondeur de noosa. artiotu, A awo preoc:upeçlo moralitta e ao .cu gMo do ç6mic:o
e Cio 11otac:o, que a obterv~o ••t!rica obt&n com a dd'ormaçlo inuncional da realidade, auardado. oe teua
caractcra cucnclaia. O maior düca, ao 8kulo ~-lido, ÁNo&LO Aoolrnlo, e oe que lbe eucederam. 'RAtrL Pa-
lii1UBtaAJ, C41.IxTO COIUIEclJIO, J . CAJU.OS, B.utos Tlo.u, VO&.TOLJ!(O, Oa CAv.u.c~n, BBUorOHTI c outrO&.
too1ot com KtU traço~ pró;Jrioa e orl~ :W> ~bUubu. As \ ' b a cxcdeotn que, uma vu ta_.to. na pi.ot:a
do cCmico e do rldlc:ulo, aprovcibm t:u,do o qllC eocout:ram. c.~crccudo tua arte "*9Cdalmcotc em bcoe!lcio da
polllica w ca oAtiR de costuma. Mu pou.coe dentre tlct, a nlo acr em um ou ouuo trabalho, veocenm • dia·
t&ocia q ue yaj do caricaturúta ao humorista, e i a que aq>ld'& o morali.ota do poeta. Mais tatdc, CAaz.oa LuODt,
que, eob o pecudO<limo de Gn., publicou ~ portralta-ohar4e e fant.ult.a atirocat, c, reccntemmtce. Ot
C.t.v4l.CANT1, alo o. que maio ~ atiogjram o desenho humotbtico, cujo valor C1if'ICO, ''ulo a~ IICGio ~
!anelo de um dlma de ftl)lrito e d" uma atmo.fcq, poéti;a". O humor de Ou. per- b vtu:e natural; c. te fo•
uma eincu1u voeeçlo para a caricatura, foi c:aricaturltta A tua maae.ca, exprimindo menot o que vedo q\IC o qllt
....,te, e embeb«udo de alq;ia. de bom hum« e de humour • tua viJ.io doe h011le1>11 e d01 econtee!mentoe. Maa.
oe verdade, 6 eb:ocla todo um estudo por fauz, êMe da evol~o da caricatura, aaa ~ CJ'&OdC11 liohas, c da
contribuiçlo q\IC, an pouco menoa de um Rculo, tt'OIUe - eeua procrca- c:acSa um de... artútaa.
18 V&le SPo: I1IQ) ~ID1. Reisa in Br11twen, vol. t, p6a', 106.
tO FUYC:UCU, Voy"l* autour da monde tw 1.. cornltes L'Uraine et I• PI'IY•ieienne. Paria~,
J US, vol. r. plc. 216.
!l CA.~TKL.-.Av, Expfditk>n~ dan& l~s pat"ties o»nt r<ale!! de L' Am6rique da Sud, etc Paria, lSSO,
.0:. J, pt&. 61.
A CULTURA ARTlSTICA 267
cionaia e estrangeiros; das companhias üricas que, compostas dos mais célebres
arti8t.u, cantam em italiano, no Rio de Janeiro, em quase todos os invernos,
aomando às v~es 60 espetáculos as suas temporadas na Capital do Impúio.
2 ta.rnbmJ a ~poca em que se fundam as primeiras instituições e sociedades
musicais, como em 1841 o Conservatório de Música que se deve aos esforços
de FRANCISCO MANuEL (1795-1865) e que se transformou, em 1890, no Ins-
tituto Nacional de Música," e, além da Filarmônica Brasileira, sociedade ins-
trumental (1841), a Academia Imperial de Música e Ópera Nacional, fundada
em 1857, tam~ por iniciativa de FRANCISco MANuEL e que teve, no dizer
de MÁRIO DE ANDRADE, " um período de brilho nacional extraordinário, fazendo
cantar na língua do país óperas estrangeiras e numerosa produção brasileira".
2 ainda no segundo Império que, conforme nos lembra o ilustre crltico musical,
~ mudam para o Brasil os dois fundadores da virtuosidade pianfstica nacional,
ARTUR NAPOLEÃO, que em 1878 fundou, associado a LEOPOLDO MtGUEZ, uma
casa de pianos e de músicas, e cuja ''maneira nítida se tradicionalizou no Rio
de Janeiro", e Luis CHIAFARELLt, o fundador da escola de piano paulista; e
se multiplicam, já no crepúsculo do regime, as sociedades instrumentais, como,
entre outras: o Clube Beethoven (1882), no Rio de Janeiro, o Clube Haydn
(1883), em São Paulo, aob a direção de ALEXANDRE LEVY e os Concertos Po-
pulares, institutdos em 1887 por CARLOS MESQUITA no Rio de Janeiro.
Nessa atmosfera vibrante de interêsse musical que tem as suas raizes no
1ôsto do brasileiro pela música e era constantemente estimulado pelas com-
panhias Uricas e aociedades de concertos, era natural que rompesse, já nos ftns
do ~culo XIX, a primeira floração de músicos e compositores nacionais. Entre
o Pe. Jost MAmúcto que faleceu em 1830 e com o qual se encerrou o perlodo
da música sacra, e CARLOS GoiiiES, o criador da música brasileira, não se en-
contra senão um compositor de grande mérito: FRANCISCO MANUEL (1795-
1865), que foi diaclpulo de SIGISMUNDO NBUXOMM e MARcos PORTUGAL, e
ee tornou ~lebre, como autor do Hino Nacional, e fundador das duas maiores
e maia importantes instituições musicais do Impêrio. Foi êle na cadeia dos
c:ompoeitores brasileiros, o elo que liga o periodo da música aagt"ada ao da
música profana, que atinge o seu esplendor nos fins do segundo Império. Para
MÁRIO DE ANDRADE, que considera a arte, ainda nessa fase de sua evolução,
" fundamentalmente européia, mesmo entre os nacionalistas que se interessaram.
pela representação musical da coisa brasileira", refletem a preocupação naci~
nalista CARLOS GOMES (1836-96), ALEXANDRE LEVY (1864-92) e ALBERTO
NEPOMUCENO (Fortaleza, 1864-1920),- "o mais intimamente nacional de
todos"-, figurando entre os menos característicos, "presos demais à tradição
européia", LEOPOLDO MJGUEZ (Niter6i, 185o-1902), HENRIQUE 0SWALD (1852- ·
1931), FRANCISCO BRAGA (1871), BARROSO NETO e outros. Todos êles, no en-
tanto, com tendências nacionalistas ou mais sujeitos às influ!ncias européias,
são expressões d êsse romantismo musical, que então dominava e em que ee des-
tacaram, como as figuras de maior vulto, na música b rasileira até a época atual,•
HENRIQUE O SWALD, a mais completa organização de músico de sua geração,
no julgamento de MÁruo DE ANDRADE, e antes d8/e, e o m aior de todos,
CARLOS GOMES naturnl de Campinas, São Paulo, e um dos mais poderosQa
artistas que o Brasil já produziu. Entre as d uas orientações na oomposição.
de óperas, dessa época - a que nos vinha da It ália, corno h erança d e VERDI.
e outros compositores da península, representada por MAscAGNI, LEONCAVALLO,,
PucciNI, e a outra que tem sua origem em WAGNER e STRAUSS, e na qual pre-
valece a música d e programa em que a orquestra tem o papel primordial, - foi
aquela, a orientação italiana, que exerceu maior influência nos compositores.
de óperas nacionais. Se a tendência alemã é representada por LEOPOLDO
MIGUBZ, que se revela no drama lírico Saldunes um de nollSOS raros wagne-
rianos, de fé sincera, mas sem grande poder de invenção musical, a outra ori-
entação, geralmente seguida, teve o seu mais alto representante em CARLOS
GoMES que deixou marcada da influência italiana quase tôda a sua produção.
Tendo estudado em Milão onde foram escritas muitas de suas composições,
como Fosca (1872), Salvador Rosa (1874), Maria T udor (1878) de inspiração
e factura italianas, o seu estilo é o dos contemporâneos de VERDI, em quase
t6da a sua obra, com exceção d e O Guarani, a mais famosa e talvez a mais
original, e a que, wbretudo pela ouverture, incorporada ao repertório de bandas
populares, mais contribuiu para tomá-lo conhecido no país e no estrangeiro.
Autor de numerosas óperas, entre as quais avultam além do Guarani, a Fosca,
d e tôdas "a mais sábia e a mais complicada", e Lo Schiavo (1898), e de compo·
aições para canto e piano, foi, certamente, CARLOS GOMES um dos grandes me-.
lodistas do século XIX e um técnico de primeira ordem dentro de seu esti1o
que deve, porém, muito pouco às fontes americanas. Se faltava ao compositor
brasileiro êsse vivo sentimento da cena, quase inato em VERDI, e se a inspiração,
1arga e espontânea, não obedecia sempre à vontade na pesquisa das formas
novas, a sua obra, desigual, sem dúvida, é, em tôda a produção musical do'
Brasil, uma das mais belas e robustas , pelo calor Urico , pela melodia quase.
sempre abundante, de uma firmeza de desenho e de uma franqueza de desen-
volvimento bem caracterizada e ainda pela fôrça do sentimento criador que
raramente perde alguma coisa de sua riqueza, de sua frescura e de seu poder
de comunicação.~s
23 A 6prra O Guarani, el:tTa!da do romaoc:e de Joú DI. Al.&N C.U, foi caatada oo Sc:a1a d~ M'Wl~. e.m
1870, com vande •ucc.o; e o p6bli<:o qw: a ouvi11 mais tudt, em q~.~a~e t6dat a ~, llrieu da Kllropa, lllo
ee cncanou, cedtndo ao C'fteaAto desss mósi<:a, ele uma melodia clara c altid.a qu.e dc:tpen:s o erpfrito e doaúna
a a~~o.. N o BruU foi cantada pela ~ Ye>< em 1871, ao Rio de jandro. por lnlcia!ilfa da Sodcdade Fi1
lann6ola Brasitâra, que festejou, eom a. e.1tr6.e d~ O Gwuani, o 4S.• .,.lv~wl~ de D. Pao110 11. F oi por eQJO
oca.ai&o que C.UU.0. GOM:D veio a coahccc::r A."'l>Ú RIUIOVÇ.U: o U - en,enhcito PfOC\D'OO-o, Nl qll.Srta rkita,
lmlldido por am mtuailwno a que .6 ~ a solicitude c:om qllé! d af por dlaate acompaoh011 a vida e a ati •
..-lda<k mwlcal d~ composit« pauJUta. Eacootra-o de DOVO doi. aooa depob, em Turim c M íllo, CIICt'eVe, ~
t&6d~thc a c16ria, brilhantet artigo.. e. •~ ~. em 188G, o o:ocupotitot que rev-va l pitria, publica o
artico Ca•/o1 Gomu • a aatarw:ip•ç4o, em q~~e estuda.., rdatllc8 e11tre a obra de CAIU.OII Govu e a ampaoha.
~la líbc<Uçlio doa_...,..._ Na eomwüdade do iatere..e pek anc c da ..Smlraçlo p:b cta~~ m!Dic:al de CAJtLO•
GOMU metpba 1\l&ata!ta a estrdt4 amizade que wüu A.'il>RJ R.l.ao\IÇ.U "o Vbconic de TAtmA't. 011tro adel)to
mtualuta do oo~c e craode attbta que, noa e.prticuloe de 1871 , foi a pcnooir-çlo viva de eua p6tria e ~ ainda
o limbolo ele aua &].6ria ~da DO dotllinio dat arteL
A CULTURA ARTíSTICA 269
U Neahwna da. iostltulç6a. de Ma e Offáo., que e:otio :oe crianom, ee a plicou a rataorv • ertu
~~~~ e itldfcenu c a uivar aa pouc:ao benaoças ertb.t:icas. c:ooJtitufdu de pcq~WW~ lndó.atriu rqiooala,
qDI! entravem acm d6Yida oo domlolo da arte ..pelo c:arfltc:r llMlameotal da. .eu. pl'odllta.". At que tob«Yi·
•erun. coot!D~~arem a dc:teovolver- poc muito tempo qaaoe inteitan>eote l m.,_em du acolu. At re:wia•
c bord..sa., de que te oroeva com pl'ofiUio \beta a roope bnu>ca, e de !arca apfoceçi.o aat veatilllcntu litllrcieat
(.tia;. e pt.nUJleOta.), coo.tltulam uma du mais í.Dteresuntea iodó.atrin dom&ticu tradiciooab oo paft. Bm·
bora olo fO.~~an multo .,.rlad01 01 .cu. padr&l, eram tnbalboo "cheios de cariter, api'Olrimaodo-ee, DOI deaenhoo.
dot bordado. orieotala que os portucubu herdaram doo mouros". TornaraJll- famota~ •• rcclu e bordado.
de <"Crta1 provinda d o Nort.c, corao CearA e Peroambueo, Kas principau ~atroa pcodutorea. N a aotl~a pcovfocia
do Rio Onulde do Sul. 01 c:oetwna da vida putoril domi08Jlte a.essa. regiio c:omo noo valu de Y1Du Oeralt
270 A CULTURA BRASILEIRA
rlunlm ourair a ladWtria dJl Rl<trie que oe ceractert-va pela eJrtr•ordlnllona rlqueaa de omamenta~o. MQ
- iodóttria de anrioe, ricamente trabelbados com apli<:aç(la de eoW"O c Ol'rulm~otos de pcatl, nl~ tardou •
e11trv ~ d~enda, para desapa~ de t<ldooosttulo atual: "hoje -e~Ctcvia ~ 1889 &ouAAOO Pa.o.oo do
quem rccolhcmoe c.u inl'ormaeõca- os costwnes ~ li.o oe mosmoe; •• loa.g u viAlcot • ceval:~ r~am oabsti-
tv~ p« excww6ca em eot:nltd&l de rcrro. e. ~ arreios pitocaoeot cederam l~pr •oe projatot menos rkoo,
pcwtm ..,.;. ~~"'tlco., dJl indllstria curop6a!'. PoJer...,_ia citar alada certo. produtoo de ounvonrla. tambbu
de e&rttu- rqjoaal (Santa Cata.riaa c Rio Gnndc do Sul', como 01 uebelhos e&bre caias rdtü de metade de
um cóeo ou cabeça& iod{Ccnu, encaixadas em guamieõea de pl"8ta, e de pt e uu tambtm de po'ata lavnda, .uadu
para .., beb« o tn~~te, ~ as ind6,triao de omame.:.:to, C'OOJ'cccionadot com • plw:oqcm brilh.ate de c:ert~ Pinuot,
~ re.rest!ndO b Vfzes a rorma de corolu d e l16res, - traball\oa de raDta.da ~de adJnir6vd ClCCCueA,, que let'llbram
• arte iodtacoa de ornamentos de ~""" farte pllnniria) de q<>e ee encontravtom, no Rlo de Janeiro, as ol"ldnu
U>at. 8C1'ediWh. De t&d&a u ind6~trias qac apres_"1ltavam aspec:tOI actbticoe ou carltcr oraamental, a m11ia
l.mportantec, portm, oenlo pdo mérito do estil:>, ao mcn.. pdo volume e variedade de pcodll(l:>, roi ernoome:>te
a doe - de at'lila, vermelha 011 oeua. como pata, t.alluu, mocincua 011 bil!\u, •lcuidatce c a..r~u de uoo
cce>eralisado nu babitaçlla perticular'e5, nos cooventos e ou igr~u. De uma ootbd Vllricdade de fom>as,
l.mi'(Jr'UidaJ pel.. portUcu&ocs, c em que w acusavam o c:&~6trr 6rabe ou a inllutnda b\ndu ou ~!peta.,- ee-
r&mica• IUJtradu e covernh:adu ou piotada5 a6bre flUido de cemaltc, como as vatldee hroru da Bahia, tinham,
OC"Ma provloc:ia, em Pen>amb\leo e em Santa Cata.rioa os KUJ mai.:orn centros de prod~:). (Cir. ltoUAROO
DA Sn ..vA Pa.A.DO, l.'•rt . 11'1 "Le Br&il en 1889". Rldi&~ par un c;roupe d'&:rlvaloa brt.llicoo eou.o la diroctian
de M. P. - J. de Sant'"""- Ncry. Cap. XVIO, pAp. SJa-s•s).
A CULTURA ARTÍSTICA 271
25 AJ.6m doe lm.tdoúrloe e doe •nteõnle que trabelhuam em madeira e em pedn-1ablo. e com alcuna
dali qu.ala. como o Al.IIJJADII'IRO, ae elevou e 11m alto Dlvd llltútic:o • ac:ultura relittioaa DO Bretll, tiverem uma
a ttvktade Ult-. ao perfodo colooial. a.o mestra toreuua que aoo deixaram trabalhoe de mcdalhl.rlc:a orna-
meatale manvllhoeu obru em talhe, ae dcc~o interior du velhas i~u. 8 aa arte d~ ttelllplr ebbn: meulo.
marf-.m e ell)edalmeote e6bn: medelta, q ue ee tonlet'am aoú..-ds os mestra baiaJioe e penu~mbuc.aoo; e foi tal
o c!aarvolvlmcato da tortutke, eob e lallulsw:ie doe jesuftu, que Alltes meamo da rormaç&o de UIDII c:orreate
de ene pelo Al.ati40IIfflO e Matre V.u.eltT1,., j6 ee diotiu~am DO Btull, .eguado ooe asJiaa Jolf '"'lliA.HO
Jtn.ao, "di"enu c""cnta t orfutlcu r~onaâ". Foi, como j 6 obecnnln>Ot, e fpoca d e a pleodor da ac:ulture
-mattel e _ , jço doe tanpl01 e du tcrc.iu. A mais alta atima. ae Col6oia, era para oe torcutaa qo~ roraaa
..,. mUD oe mc:etra e verdadeiro. ll'lidadoru da pliatic:a. A iUptiee qtlC ~ at mat6ri.. dQNit e prec:loeu;
a arte do medalhlata que execuTA oe ceotot ~ u malrizc:e du moedas, e tomou aovo impubo, a o lmp&io, com
AUOUITO OutAallltf, autor de balxoe rdcvoa e medalhat. e com eeuo diodpuloo; e a do ouriva qtlC cloula oa • uoe
de OIU'O ou de prata, pua oe ritoe relltl otoe. CONtituem, com oe trabalho. em madeira~ em pedra tebll>, o crando
c:ef~ da eec:ulture llllilt• • A are U1, por&n, ~ foi ~CD>pre. pcx tMa parte, o i.aat:ru~DCS~to preferido doe eac:ul·
tara d~ p e q - -untot. alo foi. em cen.t. utilluda IICidD pua oa ..--, em .,..;u ronau oriP-lt eo -
ccotra e arte de nouoe modda:hrca de tcrT&I-cota.J. Com • arte du c:crillli~ piatadaa alo te traAtftriu para
o 1kull, eo que pueee, e dot obJrtoe Ok'ulpldoa e daa i.mAgeoa de terra-cota, que en wne velhe tradl(lo domb•
tk:a de Ollto e de lll1'e em P ortu&&l e ~ntrar•. peloa meadoe do e&:uJo XVW, ouma r... de ~to, com
oa u..lcna banietat da ac:ota de Matra e • irradiação por drios ceatroe produtora. famoeoe pelo. .na
~ ~ - c:ompoele6c:e berrocu - , c pelaa euu fl&uru de barro piotado.
272 A CULTURA BRASILEIRA
!!4 Vede PA11L Fn!tSNS, Lssar Se4a!J. z•ditioos des Cbroolqun du Jour, Parb, 1938; ROBPT C. SIUT-,
w••r Seloll o/ S6o Paulo. In "Bulletin or tbe Pa.a Amcric:ao Onloo" Maio, 1940, pip. 382-3a8.
A CULTURA ARTfSTICA 273
aguda e maior poder psicológico de penetração. O que êle pinta, nos aeus mag-
oíBcoe quadros murais, ~ mais o que sente do que o que v~. ou, por outras pa-
JaVÍ'as, são as figuras, cenas de costumes e paisagens humanas, como as sur-
preendeu a sua sensibilidade e as reconstituiu, restaurando-as com pedaços
da vida, esse extraordinário poder de síntese, próprio dos grandes criadores
de imagens e de símbolos.
P ode parecer estranho à primeira vista que, ao contrã.rio da pintura, a
arquitetura não manifeste, no Império, nenhuma atividade importante e, desde
o período colonial até a República, não faça progressos em nenhuma direção.
.aem na linha de evolução dentro do espírito colonial, cuja tradição se perdeu,
nem segundo os rumos novos que GRANDJEAN DE MoNTlGNY pretendeu im·
primir-lhe com suas sóbrias arquiteturas clássicas. Certamente, no segundo
Im~rio, em que os melhores edifícios ainda eram os mais antigos, surgem,
isoladas e dispersas, algumas construções de primeira ordem: o ediflcio da bi·
bli<Jteca portugu&a no estilo gótico manuelíno, palãcios como o do conde de
NOVA FRlBURGO (1862), atual palãcio do Catete, em mármore branco e rosa, o
do Itamarati, o do Guanabara, antiga residência da Princesa ISABEL, inteira·
mente restaurado em 1908, e o solar de MARIANo PRocÓPIO, construido (1861)
em jui% de Fora pelo arquiteto alemão M. A. GAMBs, na verde moldura de um
parque magnifico. M as a ruptura com a tradição, sem importar na abdicação
completa das criações coloniais em proveito das fórmulas clássicas, o predo-
mínio da economia a_gr{cola e as lentas transformações das pai~ena urbanas
quebravam todos os esforços para as grandes obras de arquitetura civil, re·
ligiosa ou militar, que entrou em período de estagnação ou decad&lcia em todo
o pals. Se se considerar, além disso, que das três artes, - a pintura, a escul-
tura e a arquitetura - , esta última senão mais material qu_e as outras duas,
certamente é a mais dependente da matéria, será fácil compreender que não
ee podia eaperar grande surto de arquitetura onde os operários não atendiam
às exigênciaa da técnica francesa e escasseava a mão-de-obra capaz de seguir
a nova orientação doa artistas estrangeiros. Se êstes, grandes arquitetos como
GRANDJEA.N o& MONTIGNY, não souberam tirar partido do material e da mão-
de-obra nacionais que permitiram à arquitetura religiosa conhecer uma fase de
esplendor, na Colônia, os arquitetos brasileiros não passavam então de mestres-
e-obras, ou quando muito de "engenheiros civis, sem conhecimentos artísticos
eapeciais". Sob êsse sono aparente em que se mergulhou a arquitetura no Brasil,
diasimula-ae, porém, uma lenta e obscura necessidade de preparação. Parecia
que se havia criado o clima favorâvel a um novo surto da arquitetura, com a
remodelação das principais cidades, no primeiro quartel dêste século e com a
febre de construções, nas velhas cidades que se transfiguram ou nas novas que
ae erguem, no planalto, segundo traçado moderno. Mas, quando, sob o impulso
da indústria da borracha, no norte, e do café, no sul, começaram as cidades
antigas a reconstruir-se e o Rio de Janeiro a despojar-se do seu velho aspecto
colonial, para adquirir a fisionomia esplêndida de uma grande cidade moderna,
foi antes um obatáculo do que um fator de progresso da arquitetura o ritmo
acelerado em que se p rocessou o desenvolvimento dos centros urbanos. No
.,jlllpeto das construções que se multiplicavam, reclamando por tOda parte ope-
""tirios e arquitetos, a falta de mão-de-obra e de profissionais especializados abre
ên domínio cada vez mais vasto à improvisação e a tôda ~cie de aventuras.
•'Empreiteiros promovidos a arquitetos, na justa expressão de NEREU SAMPAIO,
~ rimples construtores quase analfabetos que se f12e:rarn arquitetos e estrangeiros
sem escrúpulos" encontraram o campo livre para uma intensa atividade, sem
os freios da opinião pública, num meio social a que faltava educação arrlstica
~ aem elites profissionais com idéias bastante claras e dermidas para orientarem
O"movimento extraordinário de construções urbanas. A arquitet ura sofre então
-18 -
274 A CULTURA BRASILEIRA
!S De fa to. " oa Lucoo beirab (escrevia eu em 1926, conduiodo o lnqulnto e&bre arquitetura coloniall,
oe alpcDdr ea eu janela•. 01 t~ e .,.. bal::oe3 d" t6Niu, daJU ~asa• s61idaJ, nilo te OtdeGava m, com:> oa pátioa
lDtc:rlota. • defesa d a caD contra a a ção d os raiot ~~ara 7 AJ nptH.. p.rcda du cuu c.-oloni.:.iJ n.J-:l fanuo
lm~tas apcnu pcloo n..te.;ais <k cruut:nJÇã.-, da ép._-..:a; a Ws» e o pau • plq~K. Alnd2 qua rw:lo de pedra. ~m
RToa• •· r-qu.e tinltem a deoem~ um papel oa a SA: reuuarc!A·l• C'Ofttra as altftt tem~atun• amt>lenus.
<n próprioa a~oa de C\ÜO ~rido ,_ CO~:> ilr<!YÍt.et6:tÍc:Jl petdn1\!lt a ttadiçl:>, 8 poot O d e OI t DC&Tar 8
JJ>Aior paru d"" atqu\tctos co:no detnetlto puoomcnu decorativo. entrava m naus c:wntwc;<)co, tam~m a _..,;ço
d a d ef<"M contra o dima tropical. D e o-iv.;en> Arabc. o a~ulcJO f .li aptied.-, p=loa p;lmltuhes o .. pcc;b d e rc>o
cc:bcr, n~ v n tlbul01 e l t vhea Dos a lpendres com o tru:SntO lnt\l:lto que tinbem primhivamc.ou 01 6tabe$ a o oe;a
a proveitarocnto. mant er a frescura do int.eriar das <1UU nos anbreJ do vrt-lo"". IF &JUfAHDO D& A.zavaoo, Aro
quirattua colonial. Vlll. lo "O E tt:ad o d e Sio Pa ulo", 29 de a bril d e 192111.
29 RICAitDO S.Vaao , A tradi~ão. Conferencia lida oa - lo de 15 de out ubro ele 1911 no I astituto
R it t6rico c Ccoç6roco de Sio Paulo; A a rta tradiciona l no Bra<il. Confrrtncla r~tlnà n:a S.xi~adc de
Cultura M lrtica de Slo Pawo; A arte tra dicion;l/. Conferencia DO Ortm!Q Polit!cnico de SI:> P.ul:J; Da
arquite tura colonial n o Brasil In "O Estado de Sio Pa ulo"". Ediç.foo comcm:IMitJva do Ccotcn6rio d a lo·
de-peodtncla. 7 de eetembro de 1921; A prop6sito da arqultat wa colo n ial (cotrnlsta). /n " 0 lt•t.ada d e
Slo Paulo'", I S de a bril de 1926.
A CULTURA ARTlSTICA 275
10 "Nu Od.-d..,_ tte"eYie cro 1821 Min MAia GIIARAX, poocu cuu t~ o lUliO de um j.-cllm. a-
jenlins ~tp~UC"Gtam entes o upecto dr verdedeitae VUln de flores orientais. mu .,.reeem coovir mwto !Km a o
cllma. Aa pleotoJ doe jardlnt de B12rope cree«m • o latb dau plantas maia alevea c doo atbuJt4t do pais. •• Bn·
cootram- lllcume• vere. lootea ou bancos aob •• 6T.,«U, formand:> abrq:oo mwto fra.-oe c dtlid~ neue
clima quente". Uou,.a/ of a •oY•4• ro 8rtuil. I vol~ Loodrea. 1824, pi~. 162). "0. jatdint p,..-tucubH
eram, b6 um o&:ulo, ~vi• B DDAllDO PilADO, em 1889, e coatio....-.m • _. aa maior paru doo janlhu parti·
culares, oo Bn.U, mh lmlteCOa em pequeno, do ctoer.> IA Nôtnt, de li1>ba1 rctu, platlbandu limftrleat, ~
'é:aotelroa enqua4nldo. por cercaduru de buxoo, •ubttitutdoo b tca mwtat v~ por telhas, f.aodos de pn-al"ea
oo embrec:hadoe de eoocbaa". (.l.' Art , C.p. XVUL In "Le Brési1 eo 184!1'', pip. 5 19- $62, Parltl.
276 A CULTURA BRASILEIRA
ainda não dera entre nós a cantiga racial", e s6 se toma evidente do fun do sé-
cuJo XIX para cã (são palavras suas) " o amâlgama de tend~cias ibero-ame-
ricanas que hoje caracteriza a musicalidade nacional"31 Se, porém, se pode
dizer com PEREIRA DE MELo que nos primórdios da República se inicia, na his-
tória de nossa música, o "período de nativismo" embora frouxo e hesitante,
e s6 mais tarde. nestes últimos vinte anos - e não sõmente no decênio após
30, como quer Lufs H EITOR-, que vemos chegar à pJena fucação e ao apogeu
aquéle nativismo que se esboça nos fins do século XIX com a música popular,
não indígena, nem africana, nem portuguêsa, mas a que, por elaboração cole-
tiva, resultou com tôda a espontaneidade e frescura " do amálgama de ten-
dências ibero-americanas" . Entre CARLOs GoMES e HENRIQUE OSWALD, que
são as "expressões mais características de nosso romantismo musical", e a mú-
sica moderna, de inspiração folclórica ou não, que tem em VILA LOBos o seu
expoente mais alto, figura, como numa fase de transição GLAUCO VELASQUEZ
(1884-1914), um romântico, em essência, influenciado por WAGNER, e compo-
sitor fecundo, de uma requintada sensibilidade e de real poder criador, cuja
música se desenvolve, como escreve RENATO DE ALMEIDA, "entre o simbolismo
e o impressionismo, em meias imagens que se completam em nosso espírito
graças à sua intensa emoção". Nessa corrente moderna que busca no folclore
brasileiro a sua fonte de inspiração, avulta com um rel! vo singular HEITOR
DE VILA LOBOS (1890), cuja preocupação, diferente dos outros compositores
de folclore, não é, porém, -pondera F'RA.NxEs'l'EIN - a de conservar e embal-
samar o material autóctone, mas sim a de dar expansão à energia contida em
seus elementos. A13 suas peças üricas, como as cinco suites, que batizou com
o título de Bac1úanas brasileiras, levado do seu entusiasmo p elo espírito de
BACH e que constituem "uma curiosa fusão do estilo de BACH e da m úsica
folclórica"; os seus Choros, entre os quais se destaca o n.o 8, " pela sua enorme
vitalidade rítmica, complicada, pela veemência primitiva e lirismo da terra";
as suas grandes orquestrações de música folclórica ou de matéria original, ba-
seada nos moldes de música popular, os seus poemas sinfônicos, fantasias e
variações, revelam uma tal riqueza de idéias, uma tão prodigiosa espontaneidade
e tão grande exuberância e vitalidade de ritmos, que não tardaram a colocã-lo,
no juizo dos críticos de mais autoridade, entre os primeiros compositores das
duas Américas. Se não ê VILA Lôsos. como o julgou ALFRED FR.ANKESTEIN.
numa expressão enfática, "um dos maiores prodígios que êste século produziu
31 A m6tica PQPular bcui.leira que ruultou deua futlo de dlvenoe elementoa e e m que a inOue.tcia doa
llCltOI nlo rol oupcrada teDlo pda dO!! portu~~. oW'giu, de rato, com as tu•• caracterlaticaa, alimente noe
r1liA do akulo XIX, depoia de IOQgo proc;en<> de elaboraçio. Se, pot6lll. j6 elo b u taote Dltlda1 AI IIU&I peculiari·
dada e t endend8t dentro da trlldição e doo dementot fund~entait de que proveio, nlo 6 aluc1a, nem ted talve.c
pOMtvd marear com cxatidlo a ioflueocia dé ...ela um dtt... oa KJ&Dóe variedade d e formu particular... em que ae
erptlmc a m.Wea.lidade IUICioDal. O que ocla exirte de iu1piraçlo amerlndla, j6 comeea a revdar-K com o ... tudo
do material ra:olhldo ao M~ NIOcioaal q= d.iJp(ie boje. p;raçu enbfrtudo i s pc:tctW.. de R OQVftt Pnno,
de uma excdcote coleçlo de fooog:ramas., c:om m6sicu de !odio. e cauçlla te:rtaocju. A1Dda atll por fuer uma
upl~çi.o maia pt1)(Ullda .abre o tolclore musical acuo. que 001 revcl8, ao lado de uma t116.tiea iAStnlJneotal.
~lmcote rlt:mica, uma "mCiàca yocal, COID fruea mel6dicu e eimpl•"• alio atudo ocr6 taoto mais inc.eres-
• ote qWlllto 6 certo que o africano bmb&o tomou, como obterva W~o D& AJ«)&AD&, uma parte o:nuito im-
portante ... formaçi.odo c:aom popularbrbloiro. M.u.ee oqueCOMtítula ..,<Wct ou a poata popu!N, t tamb&D
a tnod.lçi.o büw de obtu de compoeitaru que podiam ter aido eom~tllra de proO.ao, qual • perte com que
es>truam andtoe compoti-es eolooiail e do tempo do l mp&io. - iovc-ot«• de mod.i.abN ou compotÍtora
de dallç. . e can~ C\Üa obra ftn pane te COOK:rVOU e .e tomou, oa múor ~ aoOolma, lm~. incor-
porada a o teeooi'O cb mlble8 popular? Aillda rea:ntemeute Roou B.uno& te rd"uia a um.a das foata auoia
l.mpanauta dal ~· e mdodib popuJ.wes, "na aaa maioria fonnu antizu de at"te de ealllo ou de c6ne qu e.
lá multo fora de m.o da noa meioe ~ que .. IADç;u-am. permaoeertam tobrmVCftdo numa proriocia
loociDqaa". F oi auim que, expia Rooa 8.uTm&. a forma dcn mota e auu '"voltat'' doa oic.eroa eet«:entiltu.
fenDA erudita. s-- a popular DO 16culo XIX em qae • modinha f referida na baca do pOVO. O povo ul:o 6
criador, mu COIU<tVAdor; a elite,-· pode. sem ddvida, •'retomar 01 tcmu popul&ra pattttllrlli·lot nquiotadoe.
m&t tr.raoo<oe af do uma ~ pdoe ~. de um bem q ue Ih ... pcr'teAccra outrora e que ~viam uquc-
ddo". A oaDelhaDça de cantos brasileiroe e cantos na-. jll n otada por ~o D& A.Jcn&AD&, moatn-nos ainda
qulo pouco a milalca ou • p~ popular 6 local: da, de fato, o 6 m~ot que a mCWca anútlc:a oo
a poata culta. N o entaDto, aioda que derivada em grande parte w route• portucubu c cootamintlda d oe moia
dlvenoe clemecltot, u:iote ua m6slc:a bruileira. i.nf"ütrada de ioflutnci., afro-&mtt"lcaoaa, U<nll vt<ia popular, io-
dlecna, a.tewu col• de ori~, que Dio deriva da penl.osula e f fortemcote nu.rc.td l do cuiLet btui.ldto.
A CULTURA AR"T1ST1CA 277
12 Vede J'Lulc:uco CUIIT L.ufGI, Vila Ldbo&, <lm p4da~t>gt> criado• . In "Bo'-tim latl-.mcricaoo
de mAiic8. p6ca. 189-196. ano J, abr\.1 193$, Moateridéu; ÁLRBDO ~. ln "Su Praoc:bco Chto-
aide", Cali!6rDla, U. S. A., 8, dncmbro. 1939; PAUl. RocEHPu.D, Curran.t Ch•onicle. In "Tbc M.-.s.
Quatorl.y''. Cerl Bacd Bditor, New York, Oc:tober, 1940; EUKJCO Noou.DA l'll.UlÇA, Vila L.6lx», ~d~l.o.
In "M6alc:a ViYa", ja.Dâto-fennlro, 1941, pie. 6; BuZLlt M.t.Jut, Vüa Uboe. ln "VC~~U~t", Januaty I, 1941,
Jfnr York, ~. 82.
S3 8tD obno - u em que ~ o quadro de evoluçio *ICial de m6.oka tx.Delnl, t.(Wo o• ÁlfULU)t
~ ta-e. pcrlodce pindpa.IJ d - "oluçl.o: t.•) a m6IPca _.,.;almm~ rc:tipo.., doe llelllliOII colocúal.,
a priodpio pOSN!ar, com um •bor oadvUta (a m6aka dos primeiroe jesultaa), c maia tarde cnldlta, COGJ pte·
~ a oobreaa o dOIPQ.lada de c~toa ....:ionail (a arte de capela ..Utocrlticu); 2.•) fltK do amor (meb!c:a
lfrica, amoroee) com que: ec: lnlda • ~uúuçlo de arte c em q~ .urge a figuta de ~c:tiiCD M.utua. D4 SILva,
"• maJor que Ji produziu o Btasll' , o.a oploilo elo ilustre ctftico; e 3.•) o pafodo de CtaDco oecloaeu.mo que to
laaucun c1cpoU c eob •• loflueoc:iü de Graade Gurn-a (1914-lBl ou. mdhor, doe ..cootedmmtoe q.,. dela deri·
ftl'am. "Primeiro, Oe.u; em eeJUlda, o amor, e, dC"pC)ia, a oaciooalidade". Na primdr• rue de IICU detalvol·
'rimeoto, a m6alca q~~e foi um "tlcmcoto tit\\t'C)co de eocializaçlo", tlli'DOIHC unhrenal, oo eeotldo C'W'OpeU.
empreaaoclo o ~to cat611co do. portucut:ett, com os ~imâoe ~tot- de «(lo e o creloriaoo• Ma•, pela
27S A CULTURA BRASILEIRA
---------------------------
sob êsse aspecto, que adquire um novo interêsse a história da mustca, nessa
última fase da sua evolução. A medida que se eleva em altura, tende a
expnndir-se a cultura musical desde 1930, em que LUCIANO GALLET funda,
em junho a Associação Brasileira de Música e, elevado, em dezembro dêsse
mesmo ano, à direção do Instituto Nacional de Música. consegue a reforma de
maior alcance dêsse Instituto, pelo decreto que, em 1931, lhe desdobrou o plano
de estudos, criou dez cadeiras novas e o incorporou à Universidade do Rio de
Janeiro. Reorganizam-se as atividades srtísticas do Teatro Municipal, do
Rio de J aneiro, que passa a manter uma orquestra fixa de 80 figuras. um corpo
coral e cprpo e escola de baile; e um músico criador como VILA Lônos entra
em ação, desde 1932, colocando-se êle mesmo, no R io de ]Meira, à frente da
educação musical das massas e da difusão do canto coletivo, com a mais efi-
ciente organização peda,g6gica que já se tentou entre nós, destinada à iniciação
musical da infância das escolas primárias. Funda-se, por iniciativa de VILA
Lôsos, o Orfeão de Professores e, sob a influência da obra educativa do grande
compositor, adquire notável desenvolvimento o nosso repertório coral, orga·
nizam-se grupos corais, em várias cidades, como São Paulo, Pôrto Alegre e
Recife, e se realizam as primeiras tentativas de orquestras infantis. Mas, se,
por um lado se alarga a campanha iniciada por VILA Lôsos em prol da cultura
musical infantil e popular, e se intensifica o esfôrço pela renovação do ensino
musical, por outro lado, trabalham com entusiasmo na elevação do nfvel cul-
tural as revistas artístico-musicais do Brasil, como a l/ustração Musical, a
Revista da Associação Brasileira de Música, a Revista Brasileira de Mú-
sica, fundada em 1934 e publicada pela Escola Nacional de Musica, a Cultura
Artística, a Música Viva, tôdas do Rio de J aneiro, e a Resenha Musical,
de São Paulo, que constituem não sõmente sintomas mas fatOres da cultura
musical, pelos trabalhos de critica, de erudição e de pesquisas. O extraordi-
nário desenvolvimento material e técnico, neste último decênio, dos serviços
de rãdio-difusão, com o número cada vez maior de estações e de aparelhos de
rádio, e a indústria em progresso, da gravação elétrica, põem a serviço da di-
fusão do gOsto da música pelo povo e da aproximação do público e do artista
dois dos mais poderosos instrumentos educativos, como são, por tôda parte,
quando orientados no sentido da cultura, a rádio-difusão e a discografia na-
cional.
A arte, aliás, em tôdas as suas manifest~ões, desenvolveu-se no Brasil
mais ràpidamente do que o público, quase inexistente, ao menos considerado
como "massa", quando ela tomou novo impulso no sêculo passado, e que não
lhe pOde acompanhar, em todo êsse período, o ritmo de evolução. Daí o divórcio
que se tem atenuado sem dúvida, mas se mantém ainda vivo entre o público
e o artista. No Império, como na Colônia, a aristocracia rural das casas grandes
e a burguesia dos sobrados que podiam constituir, na grande matsa inculta,
o seu verdadeiro itpúblico", não tinham pelas artes o menor interêsse nem po-
diam tornar-se, pelo caráter de sua própria formação, um "consumidor" de
seus produtos. O interior da casa brasileira, escrevia EDUARDO PRADO, em
·~e inidative do. ju:dt.b, elo. procurou a proynt.v todos oe elanenlol de certtr: 11mcríAdlo (eo~o~ pa!Jl-.rq,
da.nçul, &ecerelb.ao4o o cetcr~ e at! pcocesoos amcr{nditll do ritwll mlttl.co. a o Pe. Jos! lliAUitfCJO a a-
po-n o&o mai8 altA da miUica rei~ croditll, que domiru "~ • lo:!ep:o4!ocia. Jold.:s-l!t e otJo a leidnção
de m<1'11c:a, COID a modinha, impce~ da sensualidJo:le mestiça, e o mel»t-ame, em que ae c~ntra a m:ll\i-
fcstllt!D mu.ical erudita do Imp&io. Es'\5 e.a;n. em cui'lS cor.•eco. avuii.A a n,w• ele FIIAICCJSCO MA!'illlll.,
o autor do Hioo N a.cional, c:ulmi- eom CAP..t.os Golle, q..., insta:ua um) fase de fraueo latertU~'!iooalum;). r,fu
e c'datfada lle uma ~oi=- já a:ll>cieatem-"'<<te farte dava à mú~ea ao Brnil elemento. po;ara c:uui.ni>Ar por si e
IH.a-ta<·.e da:J lnO~afnc:laJ e iml~ c:stran~einu. De:oot. d.s CD"ffll eur:)p~a. de 1914, e m~:~• nacicnol qoe
jt K vlolu aboçando c:oro FatANCl5co BilMI~ e B A!IllOSO N no, mas que alada nlo coasct:uino vencc:r a crise
dr ln!cTMàonaliJmo, \los rms do ~ulo XIX, ll<iquire um •utto vi!lOtOSo com V ILA t.Oao,, LUCIAifO OA:.~.&T,
Lolflttllço F&IUfMfD&.t, F'lu.HCISCO Mlo~~o..'ie, CA>.CAllliO GUAiltllliJII, F IIUTUOSO V IANA, R.\DA'I(Ú GN.\TALLJ e
ouuos. (VM c M AiliO Di!i AtiJ)ItADE, MfHie.~ do Bra síl, Coleç3o "C3d.!i'no Azul" EditMe GUAinl, C uritiba,
194 \ ),
A CULTURA ARTíSTICA 279
1889, "oferece em geral a mesma nudez e o mesmo mau gôsto das casas portu·
guêsas. Os objetos de arte são raros. Os quadros e as estâtuas, vindos do e&·
trangeiro, pagam direitos enormes, ad valorem~ como simples mercadorias.
Os artistas nacionais que têm mérito, lançam-se na pintura grandiosa, fazem
guadros mais vastos que os apartamentos e os seus preços ainda são mais ele-
vados que os dos mestres vivos da pintura européia. Não se pregam à parede
senão retratos, - único recurso dos pintores que, não ousando abordar o mo·
numental, querem de qualquer maneira vender suas telas. As paisagens, as
aquarelas, as pinturas de gênero, os quadros de tamanho moderado, destinados
a embelezar as habitações, são abandonados". Na Colônia, os artistas, - pin-
tores, estatuários, toreutas e arquitetos-, trabalham para os claustros e as
igrejas. T Oda essa época é dominada pela arte religiosa, em cujo desenvol·
vimento, em função do clero e do público das igrejas, se manifesta fortemente
&se traço essencial da arte que é uma atividade de luxo, de caráter social, in·
separável da existência de um público, ou da idéia dêsse público sempre pre·
sente ao pensamento do artista. No Império, como não se havia estabelecido
ainda o gôsto da ornamentação artística dos interiores, lançam-se os artistas
ao monumental ou, quando muito, aos bustos e retratos. Os poderes públicos
constituem o principal consumidor dos produtos de arte, - quadros históricos
e monumentos -, que são freqüentemente encomendados aos artistas; nas ·
repartições dos governos e nos jardins públicos multiplicam-se os bustos que
ornam também os palácios; e pelas habitações particulares dos senhores e dos
burgueses espalham-se os retratos a 6leo. Se a elite não está preparada para
favorecer as artea e consumir-lhes os produtos, dispersos por museus e pinaco·
tecas públicas,a• muito menos o povo de que ela saiu e permanece inculto, sem
nenhuma educação artística; e, como a educação popular vem da elite, uma
multidão não podia ter a alma elevada e sensivel às coisas de arte, não a tendo
aquêles que a fortuna ou as contingências colocaram acima dela na escala social.
Não há relações entre as grandes obras e as produções da arte industrial, extre-
mamente reduzida e ainda sem qualquer influência, com as suas primeiras ten-
tativas; nenhum movimento fecundo que propagasse as criações da arte e ten-
desse a unir, ao menos nos grandes centios, muna laboriosa fraternidade, aa
classes do povo brasileiro. O público, certamente, alarga-se com os progressos
da vida urbana, o desenvolviménto da riqueza, as facilidades de comunicaç:ões
84 O mais importAnte mutcn de artco que posaulmoa é o Mu.teu NaciOTiolll de Belat-Atta, do Rio de Janeiro.
coaatituldo dae aotiaae calcrho.a que ae dcallg!ll'am da Escola Nacionlll de Bda:.-Artet, fundada ao tempo de O.
J olo Vl. A pinacoteca do Muaeu que N&.lX To\UNAY, da mlssllo artística france,a, foi cncarreo&ado de ln.tallll',
oe cwganlzou de Inicio com 01 quadroe tnAie ou men011 cHebret tl'azU!oe, na eua bagagem, pelo nobreza que s eom-
panhou o Prfndpe 'Rec~ntc ao Bnuil. Enriquecida por donativos de valor, j6 apceKnt.ava em 1889, quaodo
oae pcodamou a Rep6bUca, uma colcÇ&o de maio de 500 quadros, e alcançava, em 19ll, mait de um milheiro. al&m
de minnOC'a e bronzes, de artittlla nadonals e estrangeiros. Te!u aasinadas por mc3tret da Renaac:ença, como
RUII&NI, .MU'IULO, VI.&.A.IQtlltS, ~TOUTO, Coaúo1o e outros. obnla de mestra fraocesa e de pintOC'a p«·
tuaue.e. e araeotinoe, e oomes antlg011 e modernos, entre autores -cione.U, ficuram oa• •~• coleÇ(Icl repotadae
entre u mala pceciou.J da Amfrica do Slll. Tnttlllado no suntuoso tolu de MAalANO PROCÓPIO FJUta&JIIA LA~
fundad« ele Juh de Pono, e que foi comt:ruido em 1861 pelo cquitl:tD alemão CAIU.OI A uoUITO 0AKM, - ccll·
llc:io c:omparado por U»>OKACO l coclebtc Villa Pa,laviccini, de ~nova - , ergue-ae o.quda cidade de .Miou
GeRia, o Mwou .Mariaoo Proc:6plo. emoldurado no maravilh_, psrque executado por OLA.IJOU e a que o oatu·
raliata Ao.usu ch11mou o "para!Jo doe ttópW:oa". :toH muteu, fUDdaclo pelo Or. A1.ramo Falut&ntA LAJa, oa
hiot6rica propriedAode de ae.. pala, c doedo ~ cidade. alfm de SU!I5 espliodidaa ftÇi5a de hist6ria. owo;.ID6tlca
e ca"lmica, poMUI uroa de bdaa-.na em q= '" et>COOtra vali""' col~ de qUAciroJ de autora estrtn~eiroe e
de pintorc:a oac!DMia. a um moownc.nto ele llt~e e de llUtória d e que jusbmftltl: te orculba • totllor cidacle ia,.
duatrial de a4U>aa Oenia c um doe crandes eeotroe de cultara do pais. Eotre &J pioac:ot<cu que el.iltp&m de maia
precioao patrim6alo ardatico, podem dtac-ae a do Rsudo d e São Paulo, a da lntcndeaáa Muoiápal de BdEm,
• do Liceu de At'ti:S e Oftcioe do Rc:ífe, e a da Academia de BeLos- Artes da Bahia. AI &a dbtee que M encootram
eoue 011 mab audcoa. foram reuoteme11~e criacloe pelo Gov&no Fcclcral o Muaeu daa MiAOes, dc:atlnado l pre-
ecrvaçb e ao eatudo dos moowoeata. erguidos pelos jc:a:Wtas oo -.it6rio bruilciro daJ Mbt6es, e o liUKU lm·
perial, que ae úutalou em Pctrópolb, em março de: 1940, no antigo pellcio do Impenod«, com a dupla fioalld.edc
de recoll'oer obje\.Oa do vaiOC' lilit6r1co e a.rtútico da. reiludos de D. PJWRO 1 e D. PIU)JtO u c d~ Klativa.
.. !OC'Ill&Çio biat6rica do S.tado do Rio e, eapetialtncote, da cidade de Petr6poli.s. Se ae IICr'QCCOtaccm 011 muae111
l"dicio.oa e aa vdhaa lgrtdat, com oaeu. mai[Ofrkos interiareo, - rdicArios de nouo pauado colonial - . ter-sc-6
o quadro completo doe mUICUI e mooumentos de arte oo BI'Mil. de que ae es<:OOU para paba estr3o&eiroe, do
• • ,....,. ""'• • • • H - • ..,.,., , ,.. A· •"'•"r4,.."W'l ..,-.,.twf,. - •\"'•• rf,. -..o _.....;ft"lAnt,.. art'f.,._;,..,_
280 A CULTURA BRASILElRA
U Daa llt(lla1. neftru ou vu:melh.a.,. que ae eneonttam n o Brasil, fo.lflam •ee, no. CoiGnlio e n o (rnpér1o,
v . - de tamanhos dlveu~ e de rocmu variadas e orig)no.it: pote.. Whaa, quartinho.• e morinquet. Os produto•
ea-&mlcoe qWIIM! te rtduale:m u c:uà.mic:e.s IUJtro.daa c cnverniAicl.u.s. Oa modeladores de 8.f111l•, .., tentaram,
como 6 JI'OV,vel, o1o d dxaram obca. d.e valoc a.rtf5tieo. no domfnlo dot objctot etc:\alpldot. repracoblodo ti~.
Ocuru ou cenu; e, no dto• cedmicaa pintadas, apesw~ ae conbc:clam •• da Bahia. t obretudo o.a 11\'and~ lofQfU
pintada~ "a61wc fUSidot de eamo.l~ em ven!e ou em o.:ul, realçado. de dO<It'&dW'& aGbce 01 daenhaa••, e. llot marge.u
do Ama.cooas. " u e«lrnlcao orna<à• de dexnhos em d!c e tomu~o o.t mal. das vhca u forma• de a.nlmo.h do
paft (pepo.c-'oe, t:art.arua••·
etc:.)"._ Mas o. evoluçio du cerlnúcu Jl'ocatOU- tem coot\n~ído.de. com o a b.n-
dooo, pc.. IDdlhtrio.. <à• formu llDti~"' de infl~encia fintb.: (OJlfonu baÍiltlg) ou hind~ (qUtrtiahll.l c: moriocuesi .
lmportadu peloe portUitlJbes.. No ~o XIX nlo oe rabrieou porcelana no Bc..U acnl.o uma vez. De Partupl
6 qoc Yinbaro oe - · oa leões ele faÍlln9l ou as estAtwu de tcna-cota camaltado. que enci.,...vam ., &nnd.es
pl1atn do. portOa. de ~ades de fe:rro focjado. por oode oc entrava 001 jcmlw doe eob<adot ou <às c:aoa• ~oriais.
S6 oo e6cu1o XX c eobcetudo 001 tUtimaa vinte anos, ~ que ae .-b.:lçou um oovo movimento, oob o. huplraç!o
d .. t't'lmia.t iodlcmu d~ta• em Pec:oval. oa ilha de ~6. e de que foram ~ T~ao BILul&,
paro.eu.a.r. conbeddo pele» ~CU~ trabalhos de arte dec«ativa . i01oirad• nos modvoe 11.- arte mar~oano e da fau»
e no... do pab; PAN Vrtr~tA, de S5o Paulo. q= tamb&n xaplie&latilluaod&J fcwm~• 1\onitc wsctaioe F -
CollutA 01Aa. o.rtiabl portucub ilt!.ltnld<>c e cuiiiilbt!& que c:hec;o~ ao Rio de Janeiro em 1915 e faleefll em 1935,
dcU.ando cxc:d.-nte:s trabalho• oo ~b1c:ro- Voir-.tn hlmb&n a interessar •• fabncu que «am a plicacbt ao atcrior
e ao interior dllJ cau brarueiru: "os a;:ulejos policro!nm q~X. devolnndo ot nios de ool ~am, eomo ~e
KDUA.aDO PaAIXI, wna eçad~vel fr~ nas casu qu" ~.,. prattvam <à umidade das cbu'IIU••. lu lnt:«J~t«:
to.Qila que tnnm eunbo pc:uoe.1. preierem-~ ainda u imitatxa dOI eotiloo. hõ.t6rleot ou u ~ aurentica• que
alio aplic:adu h riA:u comtruções ""' e~tilo c:olonlal. AJeuns 11rtiti:U laoçam- 1 pottJn. à pnocura de um estilo
dCICCinltlVO novo peloa IIS'Ulejos inopirados em motivos rc,tio-uw; c. cknu tcnt&ti\11. a rnaü lntereunte 6 talv~
a d~ P. ROSYI, •ob c:oüa dircelo em Sio Paulo, trsb11ham A. VoL~I c M - ZAMI~I. p!nta.odo pcquc:ooa quadros ~
p-~puaodo-te piD'o. OJ zuodcs paio& dce<>J"ativ~.
A C ULT UR A ARTíSTICA 281
tamMm preparam, com mais solidez, as bases de nossa grande história das artes,
ntudada não isoladamente, mas em suas relações com a história geral da cul-
tura no Brasil e com as idéias do tempo que maior influ~ncia exerceram entre
nós, e n as raízes profundas que lançam as artes na vida do povo brasileiro, de
uma extraordinária predisposição artística, nos seus costumes e, portanto, na
alma nacional.
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284 A CULTURA BRAS I LEIRA
A Transmissão da Cultura
CAPíTULO I
A
VINDA dos padres jesuítas, em 1549, não só marca o início da história
da educação no Brasil, mas inaugura a primeira fase, a mais longa dessa
-. história, e, certamente, a mais importante pelo vulto da obra realizada
e sobretudo pelas conseqüências que dela resultaram para nossa cultura e ci-
vilização. Quando Dé:\quele ano seis jesuítas aportaram à Bahia com o 1.0
governador geral ToMÉ DE SousA, não tinha mais de nove anos de existência
canônica a Companhia de Jesus, -cujas bases foram lançadas a 15 de agôsto
d e 1534 na capela de Montmarte por INÁCIO DE LOIOLA e seus seis companheiros
e que, apenas confirmada em 1540 por P AULO UI, se dispersava, no continente
europeu, em missões de combate à heresia e, além dos mares, à propaganda
d a fé entre os incrédulos e à difusão do Evangelho por todos os povos., Ani-
mados. de um ardente zêlo apostólico e ligados ·entre si e à Igreja Católica por
uma rigorosa disciplina, refletida e aceita, não tardaram os discípulos de INÁcro
DE LoiOLA a conquistar uma justa preeminência na hierarquia das ordens re-
ligiosas e uma autoridade moral imensa, selada pelo martírio, nos combates
sem tréguas nem transigências a serviço da religião. Uma fé inabalável, como a
dos primeiros apóstolos, e dispostos a todos os sacrifícios; uma disciplina que
d ava aspectos de milícia à .n ova Ordem, fundada em plena tempestade da Re-
forma, pelo intrépido soldado de Pamplona, e uma cultura literária sagrada
288 A CULTURA BRASILEIRA
-J9 -
290 A CULTURA BRA SILEIR A
rr11ozlne e aatlde precãrie, al{ravada ?OI' um- acidente sofrido em Portu~to.l, e • euj01 padeciment~ oo aeua
euperiorea jul"aram dar alivio, enviando-o pllra rn!'lhoret clima~. "A? vt·IO emborca<lo 1 8 de morço de 1553,
quem poderia autp(itar. escreve BRAs!Lto M-'CHADO, que, com o correr do tempo equlte InvAlido de I Q aooo,
rovolvcrln, ard ente e lnfati~óvel,. um mundo de geol.lo., opottolhbnLIO en• terrA e •mparando com • • costas de•·
l~•d"• M hegemrmio de Purtu~tal na• terr~• de Santa Crut!" Mutrc no Colhlo de PlratlnlngK, pare o qu~l o
deal~tnou. em 18S4, o Pe. MANOEL DA NósRJi:GA; miHionárie> em Sita Vicente, em Piratlnln!llo no Rio de Janeiro
c no &epfrlto Santo; provincial da Companhia de Jeous, de 15711 a I 58~: re\tor do Colhlo do l!:a'>frlto Sant», foi
em tOdat •• ru~ que e>C.Tceu, no ensino dos meoioO!O, nthOJ de lndio~ e de c:olonna, no minittErio espiritual
e na prOpARaçlo da rE pelot lleftõe:l, um CJ<emplo incornptr6vel de •elo apostólico. de esp!rito de sacrirfcio e d~
h er61ca decllea~lo, Compal\heiro ou e.mis1ál'i~ de N óBR!04., o•• embal:tAdoa de mah rltcJ c de maior responoa-
bUidade, em l peroic 11$63), para a pacificação doe tamaros, no Rio de Janeiro, a euje fundaçao usbtiu, como
AI de Slo Paulo, e em que prestou oervi('Os n• eltpubie> dOA fraoc:esn. ou na BahÍJI a que rol enviado em 1566, Pl''"
relatar a Ma-.. 011 SÁ oa '""""OI da guerra, runguém o excedeu na prudtn•-1• e na abnciiCI!! com que u deoem·
pcnhou de t&dat •• miuOe!, dilatando por tll:la parte a autoridade da tvci• e a lntlutneia da rcli'liilo. Q.ulodo
em JS66 ae ordenou em ordeM sacras. na Ba!tia, os uabalbot e •• fatlipt, na obre da e•tequese, em que foi o
p<h:oelro "pcl• aboegaçio 1.-vada ao heroim~o dJJ nntid<~de c do dea(j ~ d" mutftlo", 16 o baviam aa.crado, aos
olhos de todos, o minimo de DetU e o miuionãrio d:. Evan~tdbo. At atlviJadn em que ae detdobrou, para eon ·
qui,tar c dominar o centio, palmilhando -tl>cs, penel:rtlodo alddu, eorutrulodo Í'lrcJ• .. P"qando c ~n•inand.o,
anbtindo a toclot c p<oveodo a tudo, c:heg.am a copant.ar. oi 3 s!l pela varicdadr der aaô)OetOO qu~ revdam, de urna
pcnooalidade c:~tnonllnAtlamettte dotada, ""mo pela i.otccuitl.ltdc da chama ideal, em que viveu c,.. c:amwniu o
cnnde tducador c mbaioM<i:.. LiQ&CisQ, ~arumu a Arra da '"'mlm:a da J.n,ul! braslli-.. - "o pr'.metto
m omm todthftl:úfttica brasílcira -.manusc:ritadcodc 1560 e pubh<.ada em I S95; poeta e a li- u.tral. comp6s
em latim o l'oama da Viriftm e, em portu&U&i e em rupl. otaç6c:a, f>OC'b•, caneóa c 811toe rtli&lot:>s; binonadar,
acrc:veu •• lnlo rmaQ3att e l ralrrumros históricos ( 1 ~84-86, - a vida dos padrn da Compaobls mortos
oo Bra.til, e nos deiJcou, em sua:s canu prt!ci~. uma d&J Conto mais tqllnU do P"imdro afcub colonial. ~
a aua ~. a 9 de Junho dc 1$97, em Reritiba !IU>tip Beneve11te, hoje Aoc:hlctal, no lktado d'> lb;>frito Santo,
e:o«tnram.., 44 anot de wn.a vida de apootolado, - uma das m&it IODJII c, ~tamen«. a lftOb bela c a ma~
fecunda que 16 viveu utn miuiooirio em t~ da Am&i<:a. (Cfr. SI'IÃO o& V.UCOHCII.t.OI, Vida do Venerável
" • · /oal de Anchielll. Lisboa, 1672; Cartas. inforll'lltfiM•. rr.,m.niOI hiJr6rleo•. Htmll~•· Publicação
da Acadcml• Brasileira de ktras, Rio, 1933; ]Ôl'<.UAS S&llAANO, Anchl•t• adueador. In "Jornal do Com&cio",
29 de KtetDbro dc 1940).
O SENTIDO DA EDUCAÇAO COLONIAL 291
cador eminente, que tinha o segrêdo da arte de ensinar, utilizava tudo o que
fôsse útil ou suecetível de exercer sugestão sôbre o espírito do gentio, - o teatro,
a música, os cântico~ e até as danças, multiplicando os recursos para atingir
a inteligência das crianças e encontrar-lhes o caminho do coração. Na ativi-
d ad e realmente notâvel dêsse missionário, bandeirante que durante quase
m eio século, passou os dias. de São Paulo ao Espírito Santo, pregando o Evan-
gelho aos indios, nas suas entradas pdos sertões, instruindo cs convertidos,
assistindo &"8 doentes e consolando cs aflitos, não é a menor parte a série inin-
t errupta de esforços na catequese e instrução dos meninos a cuja educação
pôde trazer contribuições originais, inspiradas pela sua intuição da alma in-
fantil, pela sua experiência pessoal e pelas suas observações sôbre a mentali-
d ade mistica dos índios. Se a essa obra, -parte integrante e fundamental de
seu apostolado, se consagraram os jesuítas, espalhados por tôda a Colônia,
n enhum adquiriu mais direitos do que ANcHIETA ao título de mestre-escola,
educador, protetor e apóstolo dos pequeninos índios, a que se dirigia, certa-
m ente, para convert$-Jos à sua fé e servir assim ao triunfo, de suas id~ias, mas
cqm todo o seu coração e com uma inteligência e lucidez admiráveis. A com-
\preensão, - uma compreensão profundamente humana, sublimada pela fé, eis
o que caracteriza ANCHIETA que, porisso mesmo, exerceu uma influência excep-
cional, dirigindo-se não somente a todos mas a cada um em particular, segundo
a sua natureza e as suas necessidades, as quais lhe revelava uma verdadeira in-
tuição. :e: nessa obra de educação popular, nos pátios de seus colégios ou nas
aldeias da catequese, que os jesuítas assentaram os fundamentos do seu sistema
d e ensino, e se tem, pois, d e procurar o sentido profundo da missão da Com-
panhia, cujo papel na história dos progressos do Cristianismo e da instru~ão no
Brasil tinha que ser, em mais de dois séculos, tão principal e, incontestAvel-
mente, superior ao das outras ordens religiosas. Mas, apresentados os fatos
à sua verdadeira luz, a obra de catequese e a do ensino elementar, nas escolas
de ler e escrever, ultrapassam, nos seus efeitos, os fms imediatos que visaram
os jesuítas. Atraindo os meninos índios às suas casas ou indo-lhes ao encontro
n as aldeias: associando, na mesma comunidade escolar, filhos de nativos e de
reio5is,- brancos, índios e mestiços, e procurando na educação dos filhos,
ronquistar e reeducar os pais, os jesuítas não estavam servindo apenas à obra
de catequese, mas lançavam as bases da educação popular e, espalhando nas
n ovas gerações a mesma fé, a m esma língua e os mesmos costumes, começavam
a forjàr, n a unidade espiritual, a unid~de política de uma nova pátria.
N essas escolas elementares que repousavam à base d e todo o sistema co-
lonial de ensino, ainda em formação, e funcionavam não s6 nos colégios mas
''em tôdas as terras onde existisse uma casa da Companhia" , aprendiam os
fllhos dos índios a ler, escrever, contar e falar português e recebiam também
a primeira instrução os filhos de colonos. Não só nos colégios e nessas escolas
menores, mas em cada uma das aldeias onde têm os padres "suas casinhas
cobertas de palhas, bem acomodadas e igrejas capazes", além de instruir os
índios nas coisas necessárias à sua salvação ensinam aos seus ftlh~. como nos
informa ANCHIETA, "a ler, escrever, contar e falar português que aprendem e
falam em graça, a dançar à portuguêsa. a cantar e a ter seu côro de canto e
flauta para as suas festas". Se os jesuítas concentraram na escola superior
a grande ambição de ~ua política educativa.- "a elaboração de uma elite,
culta e religiosa, que realizaria os objetivos místicos e sociais de SA."'JTO INÁCIO" ,
é certo, como se pode concluir de todos os documentos antigos, que entre as
suas ocupações com os próximos sempre estêve, nos séculos XVI e XVII , a de
ensinar os meninos dos índios e dos portuguêses a ler e escrever, nas aldeias
dos neófitos e nas escolas de colurnins e de crianças brancas. Em tôda essa
292 A CULTURA BRASILEIRA
3 5mlAnM Latn, c:omcat.odo uma eart:a datada da Bahia. ,.dnta CC'&J& do Col!do dOI M~laoe de J~s.
boje aS de aa6sto de lS52 • ....,••, e que aos di aotkiat s6bcc a ati>'idl4c e41011m dot mtoloo. [odioe com 01 6rf1.o.,
r e f - •• cncradat q ue fulam a pE pdo tertão a~distbei.aJ c:.,.u\der4v~h pua o umpo e p1t'& a ld.,Se. lhtre
outrat lnl'orma~ pottm. a'IUlta a que tra>: u~ru~ ••nota co:n outra letra, talvea de quem a eariou de Portuc al
para R oma"'. D;a qu e em. LiJbo. ,.., r~ anit cartas de m~aiu~ la:ii:n. att oou ou doze. l llm btco me-
ai.- pdu alddü a ~~ os bomeas 033 rt:ln c, dej),;• de unn iot.ro:lu~:> fc.stiva d e c:aotoo e cb.oças.
~v.m-tba ... Patdo de N._, S=nboc, os Marulamen- . o P drc-N osu, o Crdo e a Stlve-Rúaha. -
Uncua do.lodloa. De maoeira que os filhM a. ma lin~ eminam os pait, e oe Jr:&ll, com •• tuas m!)t PD•tat.
vlo atrlt doa rtlh~ c:afttal>do Saata Maria. e Sco rnp~~ ••ora pro n obif"• .Em que a ao ntamos? (percunta
S&unv LaJTa ) era 1552. 01 padres etuinam m rtlhoo..• e os ruboa eOJioacn 01 pAI\1" td&J au c:am.orada~em
cordial. que ~aeodr• ltdnlirivei• virtude$. e foi~ 6til, • di>'craos at~too. parece que alo a ttvc ecmpre ioeot:a
de vldo. e de eorn~çlo. Jt o que jul~a GILBQ%'0 Funtt. a:>')iado «Di iol'orm•~6el de Aal,llfl)O C.um.o M OK•
1'&1110 de que ftOJ llwoa de oefaa:1o üo citados ~ m~aiaoo 6tfloJ) c:om relativa freqQtacia: .. um elemc:utO
de «<loolzaçlo parhl&uba oo B rüil. ~eve Gu.suro F R•Yll&. ap.,cotcro~1\te puro. maa oa realidade corrutoc.
foram oe meiÚJ>OII 6c1'loo tra.ddoe pet.,. jesuitu para os acuo coJ!cloa". (C.u l,rande e aetUata. Rio, 1933,
p6g.. 360).
O SENTIDO DA EDUCAÇÃO COLONIAL 293
--------------------
Mas e3sa obra empreendida pelos jesuítas mediante vasto sistema educa-
tivo que, elevando-se, devia atingir um esbôço de ensino superior, desde o pri-
meiro século colonial, não se apresentava apenas sob êsse aspecto, de conquista
dos tndios a uma nova civilização. Ao mesmo tempo que procuravam, no seu
sonho imperialista, substituir por outra a cultura indígena que se desmantelava,
diante do assalto vigoroso d&ses novos agentes de colonização, lançavam-se,
nos colégios e nas igrejas, a uma tarefa não menos difícil e complexa, - ta de
restaurar e manter na sua integridade a civilização ibérica que passava por
transformações profundas e tendia a dissolver-se, na Colônia, sob as poderosas
influ~cias, indtgenas e africanas, e cuja unidade, por duas v!zes, no século
XVI e XVII, foi ameaçada por invasões estrangeiras. Se era inevitável e,
segundo todos reconhecem, foi a mais larga e profunda a influ@ncia que devia
exercer em nosso pa{s a civilização portuguêsa, trazida pelos colonos, merca-
dores e aventureiros, e cuja defesa se impunha à Metrópole, no próprio inte-
resse econômico e poUtico, é certo que ela foi constantemente trabalhada, no
proceeso de sua evolução, pela interpenetração de culturas de níveis e aspectos
, diversos e est!ve em ponto de ceder lugar a novas influências européias; as dos
francesee e holandeses. Não fôssem os jesuítas que se tornaram os guias inte-
lectuais e sociais da Colônia, durante mais de dois séculos e teria sido talvez
imposs!vel ao conquistador lusitano resguardar dos perigos que a assaltavam,
a unidade de sua cultura e de sua civilização. :tles foram, de fato, o centro
de tôda essa reaç.ã o europeizante, na sociedade colonial. Ot'ganizando as pri-
meiras instituições de educação e cultura- mediante as quais o clero passava
a obter na Colônia a ilimitada preponderância de que já gozava na Metrópole,
lutavam os jesuítas por assegurar a posse e a unidade do poder espiritual, com
a mesma firmeza com que um déles, MANuEL DA NÓBREGA, intervinha na po-
lítica contra os franceses (1564-67), quando a indecisão fazia flutuar frouxas
nas mãos dos chefes as r~deas do govêmo, ou com que outro, não menos ilustre,
ANTôNIO VIEIRA, na campanha holandesa, concitava as povoações e as aldeias
a levantarem o estandarte da cruz, arvorado no cimo dos campanários e os
portugu!ses a cerraran fileiras à sombra da bandeira da fé, que desenrolava,
à frente dos seus soldados e das tropas coloniais. Seja qual fôr o ponto de vista
de qu'! se considere a obra realizada pelos jesuítas, ela não pode (ieixar de im-
pressionar, não s6 pela extensão da área social em que se projetou, da Bahia
até Olinda e, para o sul, até São Vicente no século XVI, e de Pernambuco ao
Pará, no século XVII, mas também pelas dificuldades que tiveram de vencer,
para realizá-la e mantê-la, numa sociedade heterogmea, de brancos, negros,
tndios e mestiços, baseada num regime de escravidão, fracionada em núcleos
dispersos por grandes distâncias e cindida por lutas e dissenções internas. Se
no norte, no século XVII, a paisagem social da Colônia já apresentava, com a
lavoura da cana, uma estratificação étnica e econômica, em que a uma moral
de escravos se sobrepunha, sem freios, uma moral de senhores, a mobilidade
social, no sul, intensificada pelas entradas e bandeiras, misturava as populaçõe$
e as classes, determinando um largo processo de diferenciação e fazendo saltar,
do tumulto de uma vida social instãvel, uma nova forma de individualismo,
tão despótico e desabrido como o dos senhores de engenho. :!les, os jesuítas,
para imporem a moral católica, tinham, pois, de enfrentar no norte a onipo-
tência dos senhores escravagistas que se opunham, nos seus latifúndios, com
o arreganho costumado, atada autoridade exterior, e de sustentar, no sul, uma
luta sem tréguas, em defesa da liberdade dos índios, contra homens violentos
e audazes, desprezadores das poucas leis que então regiam a sociedade civil,
e habituados a todos êsses desmandos e excessos com que os pioneiros e des-
bravadores de sertões costumam romper caminho, na sua marcha para o des-
conhecido. Por tôda parte. os conflitos entre o colonizador e os naturais;
294 A Ct1 LTURA BRASILEIRA
as influências dos negros ou dos índios, ou das duas raças e culturas, modifi-
cando a língua reino!, infiltrando-se pela religião e solapando a influência dos
portuguêses; por tôda a parte, a explosão irreprimível dos instintos de liber-
tinagem favorecidos e estimulados pelo clima, pela mestiçagem praticada em
larga escala, pela desenvoltura e liberdade de costumes,• próprios de sociedades
.-.de acampamento" como as dos sertões, ou pela ociosidade voluptuosa de
uma classe escravocrata que fazia de cada uma das senzalas, nos engenhos de
açúcar ou nos sobrados da burguesia, "um grande serrelho sôlto" _ Nem foram
sõmente as casas grandes que se deixaram contaminar pelos escravos: nessa
11
terra tão larga e de gente tão sôlta", na expressão pitor~ca de um dos j esuítas
que primeiro chegaram ao Brasil, a corrução já havia atingido, desde o século
XVI, os próprios clérigos, entre os quais se instalou aos olhos complacentes
da sociedade colonial, sem abalar o prestígio eclesiástico nem constituir obs-
táculo à ascensão social, geralmente tão fácil, dos filhos de padres, brancos e
mestiços.
Na família patriarcal, a única fôrça que realmente se contrapunha à ação
educativa dos jesuítas, era a do senhor de engenho, cuja autoridade soberana
dominava do alto não s6 a escravaria, mas a mulher e os filhos, mantidos a
distância, e acumulava, com o govêrno dos latifúndios, a administração da
justiça e a policia de sua região. Uma rígida disciP,lina, sob o comando do
pater-fami/ias, a cujos interêsses servia, refugiou-se nas casas grandes, onde o
sentimento de autoridade e o principio de hierarquia acentuavam as diferenças
de idade, tornando enorme a distância social entre o menino e o homem, entre
os filhos e os pais. As mulheres, - a matrona ou senhora, com a sua côrte de
mucamas, empregadas na indústria doméstica, e as filhas que não se despren-
diam das saias das mães até se casarem quase impúberes ou se meterem freiras
nos conventos, viviam aprisionadas, atrás das rótulas e das portas, na solidão
melanc6lica de seus gineceus, onde estranho algum podia penetrar e donde
geralmente não safam à rua senão para as festas de igrejas. Submetidas a um
regime de clausura, entre pais de uma severidade cruel e maridos ciumentos
e brutais e dividindo o tempo entre os cuidados dos filho;;, as práticas religiosas,
na capeta ou nas igrejas, e os serviços caseiros, não tinham nem podiam ter
na Colônia uma condição intelectual diferente da que conheciam as mulheres
em Portugal, nos tres séculos da colonização. A situação tradiciona l de infe-
rioridade em que a colocaram os costumes e as leis, a ausência de vida social e
mundana e a falta quase absoluta de instrução (pois raramente aprendiam a
ler e escrever), davam-lhes essa timidez e reserva habituais que as faziam corar
ao serem surpreendidas por estranhos ou as deixavam desconcertadas diante
de hóspedes e forasteiros.& Pois nesse domínio quase inviolãvel da casa grande,
$ A reeeorva •rt • timld.~ e a ignorA!Icia, d~=inadn pelo re~mo da reclutlo • que o. eott\lm~ eoa.
denaram a mulher, oo perlxlo eolooial, mu~tiv...-am-n, a~ prlo:fp\:>s d o a!culo XJJC, c:omo traç;)S femiDinoe
-tef'lsticot, que do ocapa.rlliJI à obs-~a!;ãl> d: to:!ot oo vhjaote. utr•naciroJ. A tradiçb da fa mllia
J)QO'tull.u!A. a oeatt-.,. d~ mulbera brancas, t~to ~ quanto maia a p,v03tb d iuava d:o litwal, e a liecaciosi-
clade da. costwoH, expllcllm H '* atitude de d:feu c<>m q~o~e o hom:m rux.urd&u a m.dher de conuto cGat
atrao.boe, eodai.UW'1Uido-a no iDterior de swu cau. " N a pro vinca de WlAu Guai.J as t eob.oraJ nlo ec cottumam
O SENTIDO DA EDUCAÇAO COLONIAL 295
mootrar aos homeut••, ....:reve A. Dll SAll'fT·Hfl.Aflt!e que rtll'llmente, ne euaa lnn,&ao viaa:eoa ~lo Braell (1816· 22),
teve o ptasct, ~aa cn..• em que ae hoapedou, de repOIJllaT os olba. em rosto femini11o. Bm Vila Riea, a (ntl que
deu o coveroador da provroc~ D. MANIIIIL D!e CAtTJto t POitTI1G.U., levou o oaturalbta franeea a tup<W que toe·
Daria a ver- u ecnhoca1 c:orn que, no dia .se1uinte ao de sua chegada, ee avista.ra, no aanu do pal6do. A Uutlo
<lurou pouco. "Pinmoe freqUentemente vl,;tn a ICUJ muidoe que croun os pdaàp!lit pcttona~ent da ddadr.
- . - aC1'cacel1ta, dnlludldo - , alo avistamos uma Onica IDlllhct'·. (Yiqam p"lttt Provlnclu do Rio de
Janeiro e de Ninu Oeral•, tomo I. ~ie BrllSiliana. voL 126, Sao Paulo, 1938, "'-· 142). ".Dutante todo
o tempo que putd em cate dq Capltlo VlltCIAI<l (conta o sábio franc~) a dooa da cata olo ac IDOOiltOU. Bo-
urlaoto, enquaoto comfatn~. via um vulto 8lmp6tico femioino avaQÇat' doceme11te atrev& de porta eotrubertL
Lo&o. portm. que volt~~va oe olboe para &x. lado, • seobons desaparecia. ~ medieote - c:uriooldade dbK
jeca que u ambon.o proeunom ~olrivo l ncusa liberdade de que podem a:ozar''. (Vie,.m po/at l'rovlncl. .
do Rio de Janeiro e de Minao Ocre/1. Tomo 2. Sáie Bn13ilia.aa, vol. 126-A. Slo Paulo. 19JS. pAJ. 287).
Ne •ona do Rlo Greode t. em lft'lll. da coiii3J'Ce de Sio João, ..das s= mostram um pouco mais do que u de outrU
~ da Provind a de Miftu Ocnit, mu (comenta SI.JYr.HJl.AJR.E, impreuio~o com e lo•llciebiUdade
miolneJ...como iMO oJo ~ ""' cC't'&lmeote admitido e as que aplll'ee:em diante doe 1>6.peda 116 o ruem ca1ceodo
f•·
_ , precoocdto, moetrem muitu vt~a certa audácia que tem qualqucreoitade ~dbel. Aqui. como oo
tato da Prov1'ada, •• dOQet de eua c .uu fllhat eaf"~&vam cnJtcloosam.e>lte o rooto eotrc a perc:de do quarto eaa
que me eclulva e a porte entteabcrte, a fim de~ ver eocreYa' ou e.u.mio:ar plantu, e, ao na me voltava de re-
pente, percebie vultoa. que se retirevam a!l"easedll!Jieot.e. Cem vt:z:os me representavam os• com~~e··. (Vl•l•r:n
.io ne....,.,nt.,. do rio Slo Ftanl!itM:4 e pela l'rovínt:ia da Goii~. Tomo 1. S&ic &uitiaoe, vol.• 64. Slo Paulo.
1937. pjca. 19-801. No lmp&io. te ucetuanno~a cbrte, não aofrcam i!:neo costumetle'Mlvel mudança. oo fiuwal
e oo plaoalto. Oadc S.UifT·Ru..uu: que v~ou pelo Brasil, no creplllculo do pct!odo colonial (liiUJ- 22), att,
l4l.x LSCL&IIC quo noa viJ!tou, por conta do Journal des Débau. ClWUJdo ee prodamw a Rep6blka (11189- 90)
todoe ~ Yi-.!antH facem obiiCI'Va~6H ~mdbaatet aeaão idmticas &6bre a ccmdi~o aoclal da mulher ao &oU.
6 on.ll&lU'O Jl'a&na, Sobrado, • DIOC4Dibo.:. Série Brasiliana, vol c;q, ""''· 92~3. Silo Paulo, 193).
296 A CULTURA BRASILEIRA
7 Oa.e&II'TO Fltnu, Sob<ttdO$ o mocambo.,. stne Bttslli<lna, vol. 154. p''•· 92-93, Sllo Pau_lo. \ 9JS
8 A ~A, a mtflSllo C a teDU!a, - c!c~ntos fundlJ.mcntJria de t6du RI CAMS srandn - , ConstituJ.n>
o triq\llo em que oe cDc:crn~vtt. o regime de =omia patriarcal: al&J'eja., a (amtli<l c a caaavld.h. N os •obfados
~. quando nlo en.tiA capelA, eocoDtrava- oe!1lpre, pwa AJ or6tku d• picd.aJc, ao me..,., um out6:io.,
que roi aubttihtindo u eepdQ, mais ricas, du residênd" ocnllotiau. IMtaland~e• .,.., cu~• v-ndew e n~
.obndoo do litoral, c:omo um dos traçOS cultw:aU mait ~~bt!cooo do famll.la, a pritlc:a docokiliar do c\llto
inadlou-.e ~lo planalto, dlfucdiDdo-« aa pr6ptia capll:a113 de Micu G""'i• que nlo foi a tindda pda açlo do.
Jcwrt.. o onde, em tod.o o s6culo XVIII, n:io R estabde::CTam u onlco• moa!dbeaa. "Em qwue tOcb • .., jU&nda
rald~ e em muiUIJ cl4tS medi.....,, oo eamo àü vanuul.~a., ao fundo. deitando potta pua o as1lo de janur
havia (acrcvc AUOIIITO D& LtVA J~HtOII.) a capela oode, oo altar de edro, alún do c:rudfW> do Senhor da Atooia
ou do Bom Jnus, Cristo • co:úunte ou m!Xto sôbre a cru.r, enc:ool.t'llv"m·•<= lma~cOAI de vulto de N...,. S.>.Wo.a.
IOb <llveraat invoeecõea. tudo de na.:tára., bem e:acar:sadas. hto f. pintadu o o modo ca.noetcr1•tieo ••• N .. cano
acan c.pcla cxiatia o "quar-to elos un-". apos:nto ~lC1VON!o ltl! pn\U.:.. de plcd..Se OA:!e o6bre ums c&m:>Ja
ae cocootrava o otathria.•• no qual5e amuna"-am, além do obr\pt6rio c:ruclrilco, o. dcmalt ..otoo de dcvoçJo".
(A Capitania d•• "llfinu Gerais". Suu ocil;ens e !~o. LitbO&, 1940). Sua vdba trudicl.l>, em que
tio rooumcnte ae CX'Piira.i:om os .enl:i!neot»a ~~ da faonl.lla bcasitára, ~nde;t·K da caaa puriarcal b
habita~ malt lmpott:ante, rurala e urêa1>u. COMaVa.od!>o$e atb 01 fi.llt do slculo XIX em qoe, J6 p:lo b6bito
mal.t ccnerelltado de ülrem u mulherc:>;. l'liAo já peladesintea;:ra çlo que co tio te Iniciava, do. co.tum.,. tradic\onB~.
todo o culto rellcloto ... dc,locou par• as i&~<'Jill c ot templos.
8 Qll.lllllTO Farr.tl!:, Caoa granc!e e sen~/a. Mala t S:hnlldt Limitada, R10, 1934, flia. 373.
O SENTIDO DA EDUCAÇÃO COLONIAL 297
Embora não tenham chegado com todo o seu esfôrço, a neutralizar as influências
que foram enormes, das duas culturas, - indígenas e, sobretudo africana, a
mais próxima e penetrante, é certo que conseguiram contê-las bastante para
que a unidade cultural não se dissolvesse ou se quebrasse sob a pressão perma-
nente de uma extraordinária diversidade de elementos heterogmeos. As ge-
rações que se formaram sob sua direção espiritual, em mais de dois sécul03,
souberam, pois, transmitir quase na sua integridade o patrimônio de urna cul-
tura homogênea, - a mesma língua, a mesma religião, a mesma concepção
de vida e os mesm03 ideais de " homem culto", soldando, pelas camadas supe-
riores da sociedade, todos êsses núcleos dispersos que, do sul ao norte, se desa-
gregavam ao assalto de poderosas fôrças de dissolução. H umanistas por exce·
letlcia e os maiores de seu tempc, concentraram todo o seu esfôrço, do ponto
de vista intelectual, em d esenvolver, nos ~us discípulos, as atividades literá-
rias e acadêmic~ que correspondiam, de resto, aos ideais, de "homem culto' '
em Portugal onde, como em tôda a península ibérica, se encastelara o esp[rito
da Idade M édia e a educação, dominada pelo clero, não visava por essa época
aenão formar letrados e eruditos. O apêgo ao dogma e à autoridade, a tradição
escolâstica e literária, o desinterêsse qÚase total pela ciência e a repugnância
pelas atividades técnicas e artísticas tinham forçosamente de caracterizar, na
Colônia, tôda a educação modelada pela da Metrópole que se manteve fechada
e irredutível ao espúito critico e d e análise. à pesquisa e à experimentação e,
portanto, a essa "mentalidade audaciosa que no século XVI desabrochou para
no XVII se firmar: um sêculo de luz para a restante Europa e um ~cuJo de
treva para Portugal".IO Não que tivesse- desertado da "restante Europa",
al&n dos Pirineus, a velha mentalidade escolástica, - a mesma que imperava,
sem contraste, na pcnlnsula; mas com ela, e em luta aberta, já coexistia ~
mentalidade revolucionária, que brotou do espírito critico, da liberdade de in-
vestigação e dos métodos experimentais e rasgava vigorosamente o caminho
entre as fôrças ainda vivas da tradição.
A obra civi~dora que o j esuíta realizou no-Brasil, nos dois sêculos iniciais
da colonização, não pode, pois, ser compreendida se não situada na sua época,
dentro das condições da vida social, na Metrópole e na Colônia, e do esp{rito
com que nasce\l a Companhia e que ela transportou para as missões. Em face
da luta que se travava na Europa entre o catolicismo e o protestantismo, o
esp[rito de reforma e de livre exame e o de autoridade e disciplina, êle tomou,
desde as suas origens, uma posição de vanguarda, em defesa da Igreja, contra
a Reforma e o esp{rito moderno. Desde 1554, quando Santo INÁCIO adotou
o plano de campanha, rigorosamente aplicado, a partir de 1573, com as modi-
ficações introduzidas por GREGÓRIO XIII, o instituto inaciano tomou o caráter
de uma ordem militante anti-reformista, passando definitivamente para o
primeiro plano de suas atividades a função educadora e o combate ao protes-
tantismo. As diferenças de idéies e de processos d e educação, na Am~rica do
Sul e na do N orte, provbn não s6 da diversidade de temperementoo doo povoo
que conqu.istaram e colonizaram essas regiões, mas da oposição entre duas
concepções cristãs. - a que se manteve fiel ã ortodoxia católica, e a que im-
plantou o cisma religioso, fixando-se nos países europeus do norte, enquanto
os do sul, como Portugal e Espanha se conservavam católicos. Ao lado de
uma concepção de dever e, comum aos dois campos em que se dividiu o cris-
tianismo, é preciso reconhecer no inglês, como até certo ponto no protestante
d a Inglaterra e de outros pruses, maior independência de espúito. Em teologia,
como em poUtica e em ciência, o inglês recusa-se a aceitar as opiniões recebidas,
tendendo a formar êle mesmo uma opinião. Longe de proibir o livre exame, o
protestantismo o exige. ~le é bastante largo para permitir o uso da razão,
bastante simples para seguir melhor a evolução das idéias modernas, retendo,
contudo, o essencial da fé,- o que permite manter-se sempre vivaz, entre os
povos anglo-s~ônicos, o sentimento religioso. O jesuíta, que não acreditava
muito na liberdade, é, ao contrário, e por excelência o restaurador do dogma
e da autoridade, em que encontrou o meio de se impor aos selvagens cujos ins-
tintos a civilização ainda não havia domesticado, e na qual reconhece e proclama
apesar de todos os erros que foi condenada a cometer, um dos meios de que a
humanidade podia dispor para se elevar gradualmente dos estágios sociais in-
feriores às diversas fases de civilização. A sua cultura, - e nenhuma das ordens
religiosas depois do século XVI a elevou a tão alto nfvel-, é antes de tudo uma
cultura "de profissão", que se governa, se orienta e se mede segundo as exigên-
cias dos ministérios do sacerdócio e do ensino; uma cultura que tem por fim a
formação do humanista e do filósofo, mas como base da formação do perfeito
teólogo; uma cultura disciplinada para se fa.zer moral, triturada para a cate-
quese e para o ensino, equipada como arma de combate para as lutas religiosas,
florida para os torneios do espírito, esplêndidamente ornada para o púlpito.
Com êsse espírito de autoridade e de disciplina e com esse admirável instrumento
intelectual de domínio e de penetração, que foi o seu ensino sábio, sistemático,
medido, dosado, mas nitidamente abstrato e dogmático, o jesuíta exerceu, na
Colônia trabalhada por fermentos de dissolução, um papel eminentemente
conservador e, ensinando as letras à mocidade, fêz despontar pela primeira vez
na Colônia o gôsto pelas coisas do espírito. O livre exame, o espírito de anâlise
e de crítica, a paixão da pesquisa e o gôsto da aventura intelectual, que apenas
amanheciam na Europa, teriam sem dúvida alargado o nosso horizonte mental
e enriquecido, no campo filosófico, a nossa cultura que ficou sem pensamento
e sem substância, quase exclusivamente limitada às letras. Mas, além de
faltarem na Colônia, não digo o ambiente favorável ao florescimento do "es-
pírito moderno", mas as condições mais elementares de vida intelectual, uma
cultura mais livre e fragmentada, prematuramente desenvolvida, sem um lastro
de tradição, podia concorrer ainda para dilatar até o plano espiritual as zonas
de discordância e acrescentar as lutas religiosas às diferenças e discórdias q ue
trabalhavam a sociedade em formação. Foi o que, antes de tudo, se evitou
com a influência cultural do clero e, particulamente, dos padres da Companhia,
que erigiram em princípios de ação a autoridade e a disciplina moral e mental:
com a solidez de sua organização, fortificada pela sua escala hierárquica, com
seus privilégios e imunidades estribadas na Igreja, com as suas idéias claras e
precisas e com sua cultura uniforme, propagada em todos os seus colégios, pu-
deram os jesuitas constituir-se talvez o maior núcleo de resist~ncia e de coesão
na sociedade colonial, onde os laços sociais, frouxos pela imperfeição das ins-
tituições, mais fracos se tornaram ainda pelas lutas e dissenções internas.
Se os j esuStas atacaram, no século XVI, a missão civilizadora a que se pro-
punham, começando, como era natural onde tudo faltava, pelas escolas de ler
e escre... er, não se detiveram, porém, no ensino elementar nem mesmo no pri-
meiro século, em que já mantinham, nos colégios do Rio de janeiro e de Per-
nambuco, aulas de humanidades, e conferiam, no colégio da Bahia, os graus de
bacharel, em 1575, e em 1578 as primeiras láureas de mestre em artes. O ensino
elementar não lhes servia senão de instrumento de catequese e como base para
a organização do seu sistema que, ao se encerrar o século XVI, j á havia atin-
gido na Bahia o curso de artes. com quarenta estudantes em 1598 e que, menos
de um século após a sua chegada, alcanc;.a ra quase o rna xirnurn de expansão
pelo território do pais. O primeiro século foi, pois, o de adaptação e construção,
c o segundo, o de desenvolvimento e extensão do sistema educacional que,
O SENTIDO DA EDUCAÇÃO COLONIAL 299
o culd.'tdo de aliv. po.ra • oua ~ intnr-aacioDal. o da llD&u·' pittiQ, - "'innrumenlo ludi&;xosêvd Pl'"' oa
miobtt&{OII do uc:<nl6c:lo e do enaiDO". Mestres \os!ples, dirizjam·K, al6m diQo, 11 cducaçllo da mocidade da.a
cbemad&t "dona dirlttcntcs" e ~ fonnacã:> do da-o e, porbu>to. l preptnaclo dal dites cultur•l•, $1>Ciait, l)o'litic:na
e ecleiittku, etau.ndo de cima pat'll 'baix? a rd"anna <H sociedade: &• vinham, p:>r ~· form•, o:om • aua v o·
~1:> eapeclal, de eneootro • t>ecenidad,.. grava, eeotidu de t<ldoe, cri~ SKla dcc:ad~ du unlvcr.;,Jade;
mcdlArvsll c ~lo eaarquia e ~ q~ Lavrevam noo psbt::t euro;xw e • cuje laflut'\CU cediam 011 própri.,
~oe e P'\'bdOO. Se"' ace«entar q11e mi!>ir.Tavlu<l o msino cnotultDrue->te. Ur·K'4, DCSJe coml)lexo de fetO<~.
~ doe prioxipab demeotas q= contn"'ba.!t:a!n p<>derosamn>te para • propata~lo oh~ ncolu j aultielos. Mu
de t6dat OJIAI c:e...as talvea • mais importante e • q)U ~pode con•iderer o o:ilave ela upaMb do en.loo je~uítieo,
alo ~te 011 priodpios e o plano peda~õgfeo f"lxedos nos rerub.meo- de Si nto lx.lcto e, aub urde, !UI
R11tio uudlorum. - f&JJlO!IA cotUtitcição csc<ltar, eom QU< 'e rastautOU M eol6:ío d~ J~ultu. ~undo o jul-
I*JI>ClltO de P'lt.uiCliCO BACO.'~, "s parte mais cobre daeduaaçio aGtia:,a••. Seus rc:Çu, redi1>,U•• em 1599. pelo
~. Oeral CúUDIO A QOAVIVA, e remodd.adgs em 11132. com utoditic:eçaea que nllo Ih~ alteraram, em sub!til:.cia,
OI mEtodoo e 011 pl.o0011 primitivos. orientam ainda hoje, 00. eew priocipios ln~lcoe, todo o eo.sioo dado p;>r ésJes
<:ducedora; e, qld.J\to à prepançiio inteledulll d os jesulta,, cont1ooam • ter o "~tatuto fundamentAl'", oã> a6
em ri!laçlo aoa :nltodos, mu Rin:la com re!ertncia à e:trut'Jrt do aineme, triper1ido 0011 cor.., dcatioadoo à
fontlltÇlo do bWD3olsta, do fii.S.oro e do te61Qgo.
O SENTIDO DA EDUCAÇÃO COLONIAL 301
13 O vau de mestre em o.rtea, - o mala alto que se conferi• terminAdo o cuno d•• artet, carrespoadla
aegundo o C6ne10 PIIRMAN'DIIt PIMK•I'Ro, ao de "bacharel em l=tras". 1t deata mesm1 opinlllo P&OilO O.U.l\ION,
quando, apoiado ao que Pf!rere. nene autor. danifica oe meatres em !lrte., como "uma etp~lc colonial de ba·
char~ia em letfaa". (HIJt6rlo. S()()/ol do Br1tsil, 1.• t omo, 1937, p§g. 124). AneJUra, ao contrArio, Mounu.
1111 Azcvaoo que t'ue titulo, tllo ambicionado na aoeiedade colonial. era maio apreciado q11e o de d011tor em nonu
faa>ldodea· eupt'rlorea. (l,.•tru~/fo p(tblltu~ ,.<» tempos colot:>btis do Br.sil. In "Revbts" d o lnltituto
Hiatórico, LV, 1892, p6.a. H~). 0 Pe. MANUISt. MADU&U\tA, RODRIGO OT!vto e S&I!Arllll L&ITII, citando todoa
a MOR&DIA D& An:v&oo, arcundam eata opinlio de te1' o m...m.o ou melhor do que dout« por quatquCI' uni nnl-
dad~ atual o aotl&o titulo de mcotTc em artes. (MANU&L MAD1111.1!1ítA, A Companhia do ]uue. Suo pt~d•AoAI•
e aou• re•ultadoa. 2.• vol., 1939, pO.c- S.02; S11t4,UI LEITII, PA~inat~ d~ hiJt6riA do Braa/1. Slo Paulo, 193'1,
pAg. as). A verdAde, DO entanto, parece l et outra, e niio <:$di Denl com este3 que elevam em detnMIJo o Ututo
llem com a quela que o rebaixam ao nlvd do de "bltC!b.arel em letras". O ttui'IO de artn, DO pleno jcaultlco, j6
era detiV1Ul'lente de nlvd ou;peti«: ercuido llbbrc o de letras bum&n~~• e dado em trta anos. precedia o de tcolotia
e de cienc:IN nv•du. era ma orcaoii!IÇAo calcada em modebs do cunku.lo medieval, mu com •• tranJfOC'·
,...,;&. r>« que peiQ&ta na Uolvenldade do P.ns • Faculdade du Mca, em que a prindplo ee. aprendiam a ro-
l6rica e • dialftke (lóalc:a), wna va corxluJdo, eom oa c;tamiticoo., o estudo do latim, - co011titulado e»at
ti'& dbdplioal o trl•ium - , e que depois ee tonwu mais pnSpriamcnte uma l'acllldade de nloaoCla. TerminAdo
o c:uroo du attea (nlotofla), davam•K trb va,.. ac:ad&Dicoa,- ô de bacharel, o de lieeociado o o de mettre
em atta, 01 quala todo. K coaferiam. aillda DO e!culo XVI. no BrQiJ. dadoo pelo coiE:&io central da Bahia 01
de becbarel em IU'teS, em U7S, 01 de liceoelatu.ra, em 1576, e, em 1578, "at prüneiru lAureu de mc:atre em artet,
com • ..abttDcla da cov0'11&dor ccnJ, do bUpo e maie ccnte grad.s". (SDAn~ Ltiu, PA#in•• da hi1t6rla
do Bra•il. pllcL 2S e 59). Ot.a trb va~ o de mestre em artc:1 qae x c:o:úcria mtdiaAt:e dcfua dt tc.e, alo
en porf:m ocm do altam~tc oooolderado, no a.ntiao re&ime eoc:nlar, em que a Faeuldad" d.u JVtc.J atava em
plano Ulferior a o cSae demall fKuldada (kOIO!Pa, c:laooes, leia e med;cina}, t~em oe pode COMlclmP" IJU*I ou melhor
do q ue doutor pelae Wllvcnldadea atuab. Bm 1S65 e ainda em 1572 constituiu motivo <lc lutas tnb'e jeaulta•
• 1lllivcni~. em Portucal, • cfupcll!ç6o do. novos eatatutos aprondot pelo c:ardul O. Ha!R.IQU& e Rlii~O
• qual o matroe de atta poderia praidlr o jliri d~ licenciatun5 de que tinha de participar, com:~ aamiu\tor,
am doutor em tcolo&i&. Considerava•x um vexame que umjCIUfta. rimples mcatre em attft. PftQCdeue um d outor
em tcolocia DO jdri doe en.mea du artes... ~ue titulo apenas C0<1'eopoodla ao de "doutor em filotafla" pc.t..
univenldadea modern&L Nem maia n~ mcaos, e antes menos do que m..U, "' coosiderarmoa que •• atuai•
faculdades de rDoeol'ia, Cl'llllcla e a o nfvel unlvc:nit:irio, ~ acham DO mesmo piaDo du outru raeuldada, mq..ai>.Dt.O
o "curw daa artca" IC mutloha em nlvd laferior ao dos ~ em univeraidacle.
302 A CULTURA BRASILEIRA
elites culturais. Foi nela, de fato, que se formaram em direito, filosofia e me-
diciua, "quase todos os homens graduados do Brasil" e se despontaram para
as letras, a medicina e a magistratura algumas das figuras de maior vulto de
nossa história intelectual, nos três primeircs século~. Mas, constrangendo os
j ovens brasileiros a completar os estudos em Portugal, em vez de atingir os
seus propósitos, de "desenraizã-los", de lhes quebrar os impulsos de indepen·
dência ou dessa rebeldia natural de filhos de colonos, de aportuguesá-los, o
que alcançou a política da Metrópole foi aproximar e tomar conbecidcs uns
d os outros, estudantes provindos de capitanias diversas e, por essa forma, alar-
gat:-lhes o horizonte sôbre a pãtria territorial, acima e além das fronteiras de
auas províncias. Se, por um lado, êles se tinham de tomar, como se tornaram
de fato, prisioneiros dos bãbitos morais e intelectuais, contraídos no ambiente
universitãrio portugu~s. as lembranças da familia, as diversidades de costumes
·e de tendencias, e a situação de inferioridade em relação aos estudantes rein6is
tendiam, por outro lado, a uni-los entre si, a atraí-los para o Brasil e a faze-los
desccbrir o despertar de um sentimento novo,- o de uma pátria, primitiva
e rude, de fronteiras móveis, em formação, de que c0meçavam a ter uma visão
de conjunto, e não teriam tomado consciência, no isolamento de suas capitanias
distantes. Pois o sentimento nacional não se desenvolve sõmente pela comu·
nidade de raça ou de língua, nem mesmo pela livre escolha de uma vontade
refletida:~ o impulso de todo o nosso ser que, uma vez despertado, nos proíbe
de pensar que poderfamos pertencer a uma outra pátria que não à terra que
nos viu nascer, - túmulo de nossos pais e berço de nossos filhos.
Mas, além dos col~gios estabelecidos nos séculos XVI e XVII, para a mo-
cidade colonial, de quem foram os primeiros mestres e a quem ensinaram as
letras, fundaram os jesuítas no século XVIII os seminârios para o clero secular,
a cuja formação trouxeram contribuição inestimável, na última fase da Com-
panhia no Brasil, até a época de sua expulsão. A Ordem, em todo !sse perlodo,
teve quase exclusivamente a seu cargo não só a educação dos rapazes brasi-
leiros, mas ainda a formação do clero que passou a ser recrutado principalmente
entre os elementos locais, preparados pel~ jesuítas, quando no século anterior
se constituía, em grande parte, de clérigos portuguêses. O fervor católico dos
padres da Companhia, a sua cultura e a habilidade profissional com que exer·
ciam o magistério. e a escassez de sacerdotes, no clero secular, em condições
de assumir o encargo de preparar os candidatos às carreiras eclesillsticas. le-
varam os bispos na Colônia como em Portugal, e até certo ponto em tôda a
Europa, a confiar aos filhos de Santo I NÁCIO a formação dos sacerdotes e a
direção dos primeiros seminários. Se o século XVI em que avulta, projetando-se
pelo seguinte, a magnífica obra de catequese ou de conversão do gentio, foi,
do ponto de vista da instrução, o da organização do sistema do ensino jesui-
tico, e o século XVII, o da expansão horizontal dêsse sistema, quase inteira-
mente construído no primeiro século, êste último, o XVIII, é o da organização
dos seminários, de que apenas um se estabelecera anteriormente. o de Belém,
da Cachoeira (Bahia), fundado em 1687, a instâncias ou por iniciativa de ALE·
XANDRR DE GusMÃo. No século XVIII foram, de fato , criados, além de outros
menores, o seminário da Paraíba em 1745, o do Pará, em 1749, o do Maranhão,
em 1751 e o de Paranaguâ, em 1754, sendo os dois mais importantes os do Pará
e do Maranhão, que constituíam, desde 1725, uma vice-província da Com-
panhia, com dois grandes colégios e dois seminários.u V!-se, materialmente
14 Sbmt'ftte o ocmlnr.rio de B~l&n, da C«hoeira, fundado pdos iesmtu na Bahia, em 1687 ou, ~ndo
Peito CAI.aiOff, em 1686, • lrurtlnriu de Al.<A!'lDU o& Gusldo, ~~u a. d..U .e:mlnirlos, de Slo J* c
de Slo Pedro. cotabdrddot em 1739, no Rio d e Janeiro , por ioici•tiva do bispo O . Frei AHT6H io D& OU.+.D.U.UP&,
frade rraoci-llo, Ot quatro .e:ml~a. rlll\dada. pela Companhia no .kulo XVUI, e.m ParaM1u6. o• Paralba,
ao Par6 e oo Marallhlo, ronun ponuiorea a euu du.u instituições di~.,.,, criadaa por provi..X. do bltpo
304 A. CULTURA BRASILEIRA
~~--------------
falando, nessas iniciativas umas após outras, apertar-se cada vez mais o cêroo
da Companhia à volta da educação da sociedade colonial, para onde convergem,
no C!fõrço de estender o seu predomínio, tôdas as fOrças e todos os recursos
dO! jesuítas. Fundadores de seminários, para a formação do clero secular,
contribuíram não só para elevar o nível da cultura religiosa no Brasil, mas,
formando sacerdotes, mais tarde padres-mestres e capelães d e engenho, trans-
mitiam o seu espírito e a sua cultura àqueles que, depois da e.'Cpulsão da Com-
panhia, se tomaram de certo mcào os depositários da tradição do ensino je-
suítico, e os principais responsáveis pela educação dos meninos brasileiros.
Não fOra a contribuição trazida pelos jesuttas à preparação do clero secular.
nos seus seminários, maiores e menores, de que saíram em grande parte os
padres-mestres e capelães das casas grandes, e não se teria conservado a tra-
dição humantstica e literária do ensino jesuítico tão viva e intensamente que,
70 anos depois da saída dos jesuítas, ela ressurgiu, em todos os colégios leigos
e confessionais, inteiramente vitoriosa de vários embates com tendências e
correntes contrárias. ~ certo, que para isto, devia concorrer, no século XlX,
a pressão de outras influências semelhantes sôbre a velha cultura colonial que,
tendo-se deslocado da 6rbita dos jesuítas, caiu, no século seguinte, scb o do-
mínio da língua e literatura francesa que, tomando-se as mais humanas e uni-
versais da Europa, operavam a penetração intelectual no mundo e cujas idéias
e tendências se infiltravam em nossos espíritos mais do que as de outras nações.
Q uando ela passou a gravitar em tômo dessa literatura universal, didática.
impessoal e desinteressada, mais do que nenhuma outra fiel às tradições clás-
sicas, a cultura brasileira não teve de desviar-se sensivelmente da linha de
direção literária que lhe imprimiram os jeswt~. educadores do Brasil colonial,
e os principais educadores dos franceses desde a fundação da Companhia até
a sua extinção por CLEMENTE XIV, em 1773, e, portanto, 14 anos depois de
ter sido ordenada por PoMBAL a expulsão dos jesuítas. Mas, se observannos
atentamente o que se passou ap6s a partida dos padres da Companhia, será
fácil verificar, apesar de tõda a decadência do ensino que d ela resultou, no
último período colonial, a persistência da herança literária, clássica e didática,
que faz parte, com a herança católica, das maiores tradições deixadas por êssea
religiosos que tiveram a direção exclusiva da educação e mentalidade coloniais.
A explicação dêsse fato encoqtra-se não s6 na atividade pedagógica das ordens
monásticas como, sobretudo, na influência direta que os jesuítas exerceram,
deede os fins do século XVII, na formação do clero brasileiro, preparando nos
seminários várias gerações de padres-mestres e capelães e fazendo do clero se-
C\tlar que lhes devia sobreviver, o guardião de suas tradições pedagógicas e
literárias.
Assim, pois, "na treva espêssa e profunda a que Portugal atirou o Brasil..,
como escreve VtRIATO CoRREIA, "só nas vizinhanÇas dos colêgios dos jesuítas
há claridade".U Nos colégios e seminários foram êles os primeircs e, no século
do Rio de Jaodto e maotid8• aempre 110b a direção de cl&igoe III!C\ll.aro. O .eaúo6rlo d e 6tflol d e Sio Pedro,
- im c:hatNdo poc- ter sido iomo.lado junto à igreja d t ue nome. e criado pela pro:riJio d11 I de junho de 1739,
poMOU, qualldo foi trstssfmdo pano junto da ir;rci• de Si:) Joaquim, a tCT oova denoatia8~ (Scminirio de Slo
] a.qaim), que COMerVoo att ec COQverta-, em 1837, ao ColÕiiO Pedro 11. O ma~ Importante doa .emio6rioa
do Rio de Jandto foi, .,e:rtamente, o de Sio ]<>sé, etiado pela proviW de S de IIC'teiDbnl do mesmo ano e em qoe,
dnde a eu.a ruodaçif> em 1739, .., davam aulas de l~tim, m~... teol~>~l• moral e dn&m!tlc:a e .,.oto<J.Io. Sar·
&iram m~~lt wde, de iniciativa eclesiástica, outros at:abdccimcotoa de.te atncro. como o ocrt~in.\rlo de Ma..iana
(14inu OC't8it), fundado em 1750 pelo eu 1Jrimciro bi.opo D . Frei MA!fUil'- DA Cauz, e qoc ec fechou em 181\.,
poc- raJta de rendhnenu., para ae reabrir em 18'20; o Semlnirio Epitcopal, estabeleddo em 1751 pelo bispo D.
FTri Mlouu. o& 8Uld!Õ&S, que eooliou ....,. direção aoe je:awta~; o aemioirio de Pernambuco. em 1793, o do Ma-
.-,nhJO, em 1805, e o dA Bahia em 1816, os úlfiJnoJ 1esnitl6ri.oa que te icutalat&m alod.a oo perfodo coloaial. Coca
a parâda d01 jesult.u em t 7S9, feeluuam-se cinco ecminirioe, alfa> de 0\ltTOt meooru, rieaodo exclotinmcte
a c:arco do clc:ro aecuJ.or, DOS aeminário5 dÍ"<'""'""'5, a ~O dot ~~. datiDado. a renovar 08 -
quad.roa.
lS VDUATO Couzu, A intlruJ;ão CQ/oni4/. Jn "Correio da Ma~". Rio do Jaaelro, 17 de deaemt.o
de 1920.
297. P ll, /n • de rtnto dtt 1.• edlç8o da Arte de rrammatica da llnro• m al• uuoda na 298. Pllline de rosto do Vocabularlo na linau. braslliea, um dt» m11i1 va1t01 repa./ttSri<»
co•t• d o Braoll , d o Jost DI!: ANCHIIITA, S , J ,, o primeiro e o mai1 completo doJ entalo• de tormlnololill tupi do século XVII . De autor de~eonhocido, ltaa e data de J62l.
do •l•tematiuçAo ''"matlc~tl d11 llntun tupi . PubliCIIdo em Colmbr,., em J 595 . Foi publludo om 1938 .
F ot ocópia do Oabinele do Etnoarorla de 'F aculdade de Filosofia de S . Paulo. F otocópia do Gabinete de Etno&rofla da Faculdade de Filoaofla de S. Paulo.
...--.~ on...b~~7Jfld
~r'llf7;(#} "~A~
(,. ......
•E)C._ I/'/II.t. ~ tt. c.. ,::;c11M&~
. . .MMUC.. .
' '"
ARTE
DA LINGVA
{ ~i(. BRAS ILI C A,
G~.. ~nc .,.C.-;
' .:~4~'N ~~.w. ~lf.. Compos1a pelo Padre Luis Fi-
--oJ~
omJJ~ ftiD"'.
k.r gueira daCompanhia d~
I ESV, :!heologo.
AioV JJ..~_.J
.. 'cmbtVl ·~; oRH'ui<.
cJ'f'Ol.4 'tVj· t;~ V.. -u-:.
l'~,. .)
ombt1A4/ ~ftd4U
(il\_~ ~ . ) I'~ mJ.. -:
~
320. Seminário de MarianD, que loi. desde os fins do século XVlll e por todo o período imperial o mtlior
centro de estudos humanísticos, em Minas Gerais.
O SENTIDO DA EDUCAÇÃO COLONIAL 305
- - - --- - -- - - ----r-
XVI, os únicos mestres do Brasil; nos seus colégios e nas suas casas se formaram
as primeiras bibliotecas e. por iniciativa da Academia dos Seletos e de seu pre-
sidente,- um jesutta, o Pe. FRANcisco DE FARIA, fundou-se, no Rio de Ja·
ueiro, no a!culo XVIII, a primeira oficina tipográfica, destrutda mais tarde
por ordem do gov~mo português { Carta Régia de 6 de julho de 1747 ), que
L~dou sequestrar e remeter para Portugal as letras de imprensa, proibindo
que se imprimissem livros, obras ou papéis avulsos e cominando a pena de
prisão para o r'tino".l ' A ausência quase absoluta de iniciativa dos colonos
que, ao contrário do colono inglês e protestante da Amêrica do Norte, não
trouxeram, com o ideal religioso, o da instrução; a penúria e a ignorância dos
clérigos importados do reino, e a inatividade externa das ordens monásticas
~e se mantiveram, até os fins do século XVIII, recolhidas aos seus conventos
e fiéis às tradições ascéticas, concorreram, como outras tantas causas associadas
à política negativa e absolutista da Metrópole, para deixar o campo da educação
colonial inteiramente livre e aberto ao domínio pedagógico dos jesuítas. Edu-
cadores, por vocação, mestres notáveis a todos os respeitos, eles puderam exercer
na Colônia, favorecidos por circ~nstâncias excepcionais, um verdadeiro mo-
nopólio do ensino, a que não faltava, para caracterizá-lo, o apoio oficial que
.lha deu o gov~o da Metrópole, amparando-os, na sua missão civilizadora
e otpacífica, com largas doações de terras e aplicações de rendimentos reais à
dotação de seus colégios. O governo de um pais como Portugal, "que se exauria
em tentativas coloniais d esproporcionadas com seus recursos em homens e
meios materiais", tendia forçosamente a concentrar todo o seu pensamento e
todos os seus esforços na exploração e defesa das colônias: a educação não lhe
interessava senão como um meio de submissão e de domínio político, que mais
fàcilmente se podiam alcançar pela propagação da fé, com a autoridade da
li:ceja e os freios da religião. ~le a confiou, na Colônia como no Reino, à Com-
panhia de Jesus, jâ famosa pela superioridade de suas escolas e que, pelo seu
~o apostólico, estava mais do que qualquer outra ordem em condições de
realizar uma larga obra de penetração e de colonização das terras de Portugal
no Novo Mundo. Não interveio o govêrno diretamente nos planos de ensino
e da cultura senão para criar, à margem do sistema jesuítico, escolas em que
ee aprendesse a jogar a artilharia, bornear a peça e carregá-la, e a conatruir
fortificações, como a escola de artilharia e arquitetura militar, da' Bahia (1699),
e aula de artilharia criada em 1738 no Rio de Janeiro, ou para cortar pela raiz
jnsti.tuições, como a universidade e a imprensa que de futuro pudessem cons-
tituir focos ou instrumentos de libertação dos colonos. Com a mesma menta·
lidade com que, em Carta Régia de 19 de março de 1614 e pelo alvará de 21
4e fevereiro de 1620, proibia ao governador geral de visitar as diversas capi-
tanias sem expressa permissão de El-rei (convinha, para imperar, manter as
capitanias, senão divididas, distantes e isoladas), recusou em 1675 a equipa-
fação do colégio da B ahia ao de Évora e mandou queimar e destruir em 1747
~ primeiro estabelecimento grãfico que se instalou no Brasil . . . A universi·
'dade e a circulação de livros impressos podiam constituir ameaça à unidadede
paê!rão cultural e um perigo para o despotismo lusitano. Largado inteiramente
llas suas mãos, há beis e firmes, a Companhia de Jesus que desde 1555 dominava
~ ensino público de todo o R eino e só no continente, no momento de sua ex-
-pulsão, tinha 24 colégios e 17 casas de residência, conseguiu organizar o ensino
colonial, nos seus 17 col~gios e seminários, como entendeu, de acôrdo com os
princípios e padrões fixados nos seus estatutos pedagógicos. A treva espbsa
11 14. D. !&Oll&raA or; Ar&VI:DO, lnllruç6o pflblica na. lempoa coloniai• do Bttull. In "RC'I'I.ta"
.SO loatltuto H.bt6rico, LV, 18!12, pq. 144.
306 A C U LTURA BRASILEIRA
Q~ padra e omtfllu de mud..ata. Butavam ~ ~"Un"- tlo abuodaotn e ••riad.,.. pta<"a o IHD-
~to e ~ de eeua colqio), e a ia.:!• I~ s:>brava!D p u a oltrM 4e a )ti>tllleia •od-1 nu al:fcla• e atl era
YilaJ, como SJ:) Paulo de PiratiniQJa. ••a b:>ti~ <b eo!hio ~• o rcnr,.tbr.o letal de t<)C!,.·•. O Pc. sn...r1.11
L s rn. a q uem tomAm,. eua.o io!omuç3eJ, refere-w ."' •1,..,. a p::>\ado CID !"z: axÃo CARDI"'- l t culturu "de plaotat
lnd!ccnu c portu(Ubu .u~ etrcas d O$ j eouttaJ.• d:.n:i~ i.:ndivam p.ra .. outru . A, lallo dao eulturas, o t putios .
A. t\IQ ruendu de cado cnro model~ D e.tu se abu ttciam oo col~iot. profeu ,res. aluo.:)a e mluionirioo ;
e tambbn ot lodmeroe trllbalbadores, ~.,., c U'ffet. que viviam l tombra d o, c:.olfc)Ot c d oe padrco••. (Op .
dt•• " ' '· 22).
O SENTIDO DA EDUCAÇÃO COLONIAL 309
~es alunos de colégios de padres foram, uma vez formados, elementos d e ur-
banização e de universalização, num meio influenciado poderosamente peloa
autócratas das casas grandes no sentido da estagnação IlU'al e da extremõl di-
ferenciação regional".Jt
Uma das conseqüências, porém, certamente a mais larga e a mais impor-
tante, dessa cultura urbanizadora que se desenvolveu peJa ação pedagógica dos
jesuítas, foi a unidade espiritual que ela contribuiu notAvelmente para estabe-
lecer fornecendo uma base ideológica, lingüística, religiosa e cultural, à unidade
e defesa nacionais. A influência do catolicismo em geral e, particularmente,
da Companhia, na formação do Brasil, foi, a êste respeito, tão preponde.ante
que a JoAQUIM NAauco chegou a parecer "de todo duvidoso que existisse a
unidade brasileira sem a unidade da Companhia" e mesmo que houvesse Brasil
"se em vida de LoiOLA não tivesse sido feito província da Companhia",!O quase
ao mesmo tempo em que se organizava, em substituição ao regime das capi-
tanias, o primeiro govêrno geral da Colônia. Foi, de fato, em grande parte
pela influência dos padres que se preparou a base da unidade nacional na trf-
plice unidade de Ungua1 de religião e de cultura, em todo o território. Nenhum
elemento intelectual foi mais poderoso do que o ensino jesuítico, na defesa e
conservação da língua culta, cuja ação unificadora é de uma importância pri-
mordial e que constituiu, com o estudo do latim, o núcleo central e o único
elemento "nacionalista" dêsse ensino preponderantemente literário e retórico.
Na propagação e defesa da fé, -outro elemento de integração nacional - ,
não puseram os jesuítas apenas o seu zêlo missionãrio, na pregação evangélica
e na catequese de gentio, mas tôda a organização do seu ensino nos colégios,
alguns dos quais, como o colégio central da Bahia, conforme lembra o Pe. Se-
Jr.AFIM LBlTB, prestaram ao Brasil, durante dois séculos, "os mais relevantes
serviços não s6 dentro de sua finalidade específica de instrução e de educação,
mas até como def~a e ponto de resistência contra o estrangeiro invasor". Contra
o invasor calvinista, francês ou holandês, rechaçados nas suas tentativas de
conquista, que ameaçaram fragmentar a unidade do territ6rio e da religião.
A unidade de cultura, essa foi estabelecida pelo seu "ensino geral",- o único
realmente que tivemos até hoje, organizado com ~e caráter, no duplo sentido,
de ensino não especial, profission.al, e enquanto se opõe ao " regional", ou por
outras palavras, pela sua natureza e pela sua extensão. Ensino destinado a
formar uma cultura básica, livre e desinteressada, sem preocupações profis-
sionais, e igual, uniforme em tôda a extensão do territ6rio. A cultura "brasi-
leira" que por êle se formou e se difundiu nas elites coloniais, não podia evi~
dentemente ser chamada "nacional" senão no sentido quantitativo da palavra,
pois ela tendia a espalhar sôbre o conjunto do território e sôbre todo o povo o
aeu colorido europeu: cultura importada em bloco do Ocidente, internacio-
nalista de tend~ncia, inspirada por uma ideologia religiosa, católica, e a cuja
base residiam a.s humnnidades latinas e os comentários das obras de AluSTÓS·
TELES, solicitadas num sentido cristão. Tratando-se de uma cultura neutra
do ponto de vista nacional (mesmo português}, estreitamente ligada à cultura
européia, na Idade MMia, e alheia a frontei.-as políticas, - como tinha de ser
a cultura difundida por uma "associação essencialmente internacional, com o
caractetístico de verdadeira milícia papalina", é certo que essa mesma neutra-
lidade (se nos colocarmos no ponto de vista qualitativo) nos impede de ver,
nessa cultura, nas suas origens e nos seus produtos, uma cultura espedficamente
brasileira, uma cultura nacional ainda em formação. Mas, pelo seu carãter
1t OlLIIRTO F'lu:Yu. Sobr•doa • mocamboa. São Potulo, 1936, p6p. 93, 99, 100.
20 ]OAQOIN N ...uço, Jo•• do AnchietA. A aiJnificatão naciOO&I do CentcDAtlo Anc.hletaDO. /n " W
Ccute*lo do Veocdvd Pe. JOII6 de Anchieta" , Pá&•· 326-327, Paris-L íaboa. 11100.
310 A CUL~URA BRASILEIRA
21 Bna quat.lo a que j6 111>1 referimos, do aldeamento elo. fndiot, pode ocr encarada a o meno. sob trh
arpecto. fundamentait: o Que os jeoultas pretenderam, criando e ora:aninndo aldeia• pr6priaa p.ra o. lndiot;
. . conaeqilblciu, pAra u populaçl5cl e cultura primitivas, aelrcr.adat pelos jesullas, e ~ ereltoa que ruultaram
oa podiam reaultar dl!ne lns11lamento, pa.-t a sociedade colonl•l em rorm 1çlo. A ld~a deulll ~tnndea conc:en-
traçl5cl foi, certamente,la.pirada aot jHulta• pelo prop5tlto de aervir com malt eflcl!ncl• l aua vocaçlo c:atequitt.&
e d eo, occanlaando l maneira cur~ia e eegundo os seu• ideal! morais e r ~llglo>lt as populacl5es lnd!cenas, prover
melhor 111 wu neeenidadet n:-itituaia e materiais e A própria dcreaa do. lndio. convertldoe c 1empre amea,adoe
de lla'C<U reduzidos ll esc:1'8vidlio. Nesaa aldeamentos governsdot peloa padru, os !ndios, como etcreve SIUIAPUI
LIJT&, adquiriram h6bit01 de trabalho, cultivavam as ternu • ..-iviam maritalment"• educavam oe (\lhoo, ~ exer·
citaV8Jll llll ladO.Striaa mais uru.eit e necetdrias que 01 jesultaJ pcuoalmente l.bet eMi11avam". (I'Aflntu d a
hlat6ria do BraJit, 1937, pill'· 19 e W). Q:1e os j~ultu ae decidiram a eoll;:r0(6·10! 011) alaeiat, para lhes fa·
cilltar a vida e protc:~loe -lhoc, c que x esforçantm P<~<' dar a euou populaç5et a m!lbor or~tanlzaÇ'Io po..fvel
dcntrv do ponto de vieta da luei• c dos ~ idem IIOci'ia e pc<S.a6Jic0!, d o bi dl1vida. Mu. como obte:rt-a
Oa.all-.:'0 lhtnaa, coaúnando a questAo a outra hu, ~era todo o ritm:1 ela ..-ida aociel que ae alterava n~ lndioa.
Os povoe acoetumad, 11 vida dlspcra e o6m~ oempce se devaclam. quaado fotçados l craodc c:ooeentraçAo
c l ~entatieclade absoluta". OJ psdrn, - co:ldui GU.B&ItTO Fauu que eollSixlera, p« luo, d elettrh a
lll8 ioflub>cia - . foram aob btc at!)«to. "pur'03 age11tes europeu• de desinutraçb de valores Mtivot". (C. , .
4rondo e aerua/a, 2.• edi"'o, 1016, f'!i'<s. 75-77). O próprio Pe. Saurua Lacre, da Compaftbia de Jesut e
eeu hiltoriador ihutn, n&o ddxa de rc~c:oa.!lccet ao mc:nos em pane a leptimldao.c deus c:rltica, quaodo aflnna
que "<» !Miot, ctccetumadoe a um• vida de wspersl:~ pelao adva•, oe rcueo.tiam cw comtço d~ a~to da• po-
voaçõe$. De vea em quando, eram v1tim,., dn impaluditmo, da ~l~t• e de outra• epioemw•·. (Op. dr., p61(. 10).
Mao podc·ac a;neciAr a iniciativa aos jesul~ ainda so'> outro J,lritm1., IJto l, p<>los efeltOI que produairam oo
podiam prodlllir, • maaUdo., esses alde~ra>~utos f'Jrm.adoJ como v<f'dadcJro• quittoll, tiUito maia perigosos ao
Ol'llanbmo ~orua., qu•nb"' orgtol&9~, IJ"~ lo~• d•" a •tlvl:h 11' miltlpl' d,, padteJ t<ondia a t otlUir qUDMl
autônome.t aua f'OV"'Çltet ammooiao. Se a atitude do. jeaultaJ c:on~a a r.aç'l ao fnd!n e A •ua cltploraçlo
indu.tria1 rlctrA, ct<"<cvc o Pe. StRAFtv t.nre, "na hin6:ie da humanidade como ama da• c:ampao~aJ maia
pur~ a favor da libct'cla11e bum.aDS", a me<lida dm sldeameotos, p:~ue, Jic:lc:1te, alib, para a defesa da ll~da
de do lodio, c:onatituiu antn um oosÚII:Uió> à mitr-.wt de rac,at e • in~pcnctra~~ de culwrat. c unuo ameaça •
pr6flria unldJlQe oodao, línsllltrica c c:ultunll. em fonn•ç'fo e a quo os l~ultu prettuam KtV.~ de primeira
ordem, 011) ta_atoJ outra• Wdativat. I>Upenando c que os p'<lrCJ reuoira•n. a• banduat orca.nbao.u c:om o fim
np.euo dtt eativar !ndiot, ati~iam, tambfm, llin:a que stm vi•'·lo. o o'bletivo d:. a priodpio. n.:utrallzar na
dá toa c cllepr d~ à datruiçio total dcsu <>bca de lqfe;a~I.D dOJ (DdJOS ..m ll:taOdCS alddu.
O SENTIDO DA EDUCAÇÃO COLONIAL 311
22 "Bm 1668, daopr~.ot da ~a com Cas~cla (a<:~Ne Alo."Tdmo S.tJtoto), ~<» • pOder vúltac
• 1taropa com aqu~la calma iodl~cl u oc~ iatlele.."'tllltis. ~ ~ do Santo orldo anoJavatD
d~ r' (de Port\1.-11 oe mdh«~ e.plritot: e e.- emiçado. r~ compondo pouro • poueo • bela fala.o&e doe
"atr"aDCcir8doo", que c:omo um plmUCínio, UumiDOO espe<an~mente, na ~ metade do .WO XVlfi,
• ooaa noite lntc:lec:tual. Os ~tnonadra:~oo, c:omo nb.>is, infl1dntm oo lnimo de D . JoiO V, em C'l.l}o teia.do
• iniciou • batalha PAR ooe (uc:r r~ na Europa culta••. ]ACDB o• C.t.Yrtto que ~tava em Londres, foi eo-
canq8do de "tudar o IJ"'blema. Cooaultad""' 01 úbioc da l~ena. diuuam que o q~&e cumpria aota d e
tudo e-ta modemiur a m.c ntahdad.c:, eubsrituialio a rncdiMea orietttaçà!> <lu oonu clanea pc-cpoftderaotn pelo
aplrito c:rltico experimental: c, para ltn. ttadom o Novum organum de PIIAliCltCO 8ACOM. & era Ju.to;
tnatava·ec de de.tnúr • peripetEtlca, em q~U oe reclwra o portucuês. Tamb&o por lnc:umbencia do covtrao
cacrncu V&JUfn o ...u pode lsvro, o Verdadeiro m6todo dtJ estudar, que Cl'gUC:U a primeira du ctaodu
potemlcaa, ou eotce, o primeiro cume .,e uma a6 pol!mica que se ~np b' doia 16culoe oo 11- P*!t".
(AHTONIO ~ltOlO, E nulos Tomo JI. "O reino cadaveroao ou o problema da cultura em Port\lpl'' p6p. 44-45
Lieboa. Seara Nove. 1429).
3 :..:Z;__ __ _____ A
::..l ~ CULTURA BRAS ILEIRA - - - - - -- --
2a Na oplnilo de MfL'TI)Jf RoDltH;ue, essa fragmm~o aAo foi apen&J formal. cnu tMCflcial ... ~
(ctO'evc ele} par t~cm ~ ~ lnflu!da pod~osatllCott u tmdtaclu do eaddopcclitmo fnll>Ct.. cuja erl-
u.taçla foi eccuida p« l'oM:IIAL que a quis imprimir ao colqio dos N obrH. com eue fim fuadado no ano de t 761>
csac.odal aiade. de um modo oqalivo, pcl• aus!acd d e qualqua- outro principio unlrlcador que vf-1' .uprir o
de relir.llo'". ( Bduaoç6o comp•r•d•. 3.• pane. O Brllail. H i~ e doutrin... 1938 p6c. 2511. Nn. ne~~t
par aD q,oca checaram a influir. aa. Colaaia, u ~d&ldu do c:ncielopcdltmo freod~, Mlll ~1»
r~eu OU te tcd\Uiu, Dt1 1W1 fbtça unir~. O prindpio da rdlzjlJ). AqudaJ tcad~t que, de fato,
orl~taram em Portuaal o pltu1o d e ~ do colq;io d'lS N cbrn, em 1761 e. mau tarde. em 1772. . . te!orma.
d• Un.ivcnidadc de Coimbnl. o6111CDte nt» fios do~ XIX. iaW ~. quarenta •n,.. dq>Oia da upultlo doe jnuJtu.
dvcn>m r<pti'CU•.Ao aa Col6ota, cxen:mdo influeaci& tenlfvd oa ""''l'"nl"*çAo do te.ml116,lo de Olinda. fuoc!Ado
da 1798, p« AnttaDO COUTUmO Por todo bse tetnpo, atE O. JoAo vt, nfto e6 pcnna- como princlpio
unifocador a wúdade reUc)osa. mas a própria us.dição do ensino j ewltiC'O. literVio c bumaobtlco. c:onaerv&d•
- 8C\U vaiares c o .. KWI m~os, por tMa • Iycje ao Bra.ãl. pclot padrn•mfttra, c:apdAcs de eaacnbo •
colqt.,. (!-. otdeDI mooúticu. N io houve. portanto. uma "f~rntaclo cumcial'" de cultura CQja unidade
H OlllntcvC'. j& 10b a rorcatio da uoidadt re]jgiooa. já peb trad~o. viva c peraituou, dot cstudot litesirioe. de
base dAnce, J• pela pe<man!ocia d a eonC>e?~O medieval de cultura, oa oua a donaçAG pdu ltlnU, no otu du•
~ro pdoe fato. e ao valor pnpondenote q"e dava, no eruioo. o6:.te a aqumclo de tknlcat npoeiala l aquioiçilo
do que a. alemlet deaomioam Wolt.ll~ac:ha.wutA. de uma ' 1vúta dt conjunto do mUI>do...
O SENTIDO DA EDUCAÇÃO COLONIAL 315
época, não s6 uma espêssa ignorância das matérias que ensinavam, mas uma
ausência absoluta de senso pedagógico. Embora menos rigida e disciplinadora
do que a dos jesuítas, de cujas tradições de en..cnno foram como que os deposi-
tários, a atividade pedagógica dos padres e capelães de engenho, orientada pelos
mesmos objetivos, desempenhou um papel importante na conservação da cul-
tura brasileira no sentido europeu e de sua unidade no sentido nacional. a
GILBERTO FltEYRE quem observa e sublinha essa influência dos capelães e
tios-padres que, de colaboradora da ação dos jesuítas, se tornou principal ou
preponderante depois da expulsão dêsses religiosos. "O n<unero de homens
ilustres da época colonial e dos primeiros anos do Império, que receberam sua
educação primária e secundária nos colégios de padres, sobrepuja, escreve GIL-
BERTO FREYRE, o dos educados em casa com capelães e tios-padres. Capelães
ê tios-padres que, subordinados mais ao pater-lamilias que à Igreja, não
deixavam, entretanto, de representar sob a telha-vã dos ca~arões patriarcais,
alguma coisa de sutilmente urbano, eclesiãstico e universal, - a Igreja, o latim,
os clássicos, a Europa, o sentido de outra Y'ida, além da dominada pelo olhar
d os senhores, do alto das casas grandes". Educados com mestres leigos ou
clérigos seculares, nas aulas e escolas régias ou com os capelães em casa, nos
engenhos da mata, nas fazendas ou nos sobrados da burguesia, 1'donde já ra-
pazot.es seguiam quase diretamente para Coimbra" ou para outras universi-
dades, os rapazes brasileiros continuavam a receber uma instrução quase sempre
inferior, quanto ao nível, mas certamente semelhante, nos seus fins e nos seus
métodos, à que outrora lhes davam os padres jesuítas nos seus famosos colégios.
Se à instrução em casa, para as famílias abastadas, e a essas aulas régias, muito
pouco freqüentadas, se acrescentarem a atividade desenvolvida pelas ordena
monásticas dos carmelitas, beneditinos e franciscanos que abriram novas aulas
em seus conventos e mosteiros para estudantes seculares, e o ensino preposto
A formação sacerdotal, ministrado nos seminários de São José e de São Joaquim,
no Rio de Janeiro, no de Pernambuco, criado em 1798, e no do Maranhão, fun-
dado em 1805, pouco faltará para completar o quadro das atividades e instituiçôel
acolares, no último período colonial, desde a expulsão dos jesuítas até a vinda
de D. JoÃo VI para o Brasil. Mas, sôbre tôda essa instrução, inorganizada
&jfragmentária, cujo nível se rebaixou sensivelmente, mas que permaneceu fiel
à tradição da pedagogia jesuftica e aos seus valores essenciais, mal se projeta
na Colônia a sombra do remodelador português, a que não se pode negar nem
largueza de vistas nem fidelidade aos propósitos que orientaram os seus planos
de reformas em que tão poderosamente influíram as tendências do enciclope-
dismo francês. O ncwo espírito filosófico e cientüico que inspirou a reorgani-
zà'ção dos estudos superiores em Coimbra, aparece, nas aulas e nos colégios
de religiosos, como uma solução ainda bem fraca e singularmente neutralizada
quer pela ignorância dos novos mestres, quer pelos resíduos importantes da
velha cultura disseminada pelos jesuítas.
A reforma pombalina planejada para o Reino, não só golpeou profun-
damente, na Colônia, o ensino bãsico geral, pulverizando·O nas aulas de dis-
ciplinas isoladas (aulas régias), sem qualquer plano sistemãtico de estudos,
como ainda cortou, na sua evolução pedagógica normal, o desenvolvimento do
ensino para os planos superiores. Tanto ao ensino médio que se dissolveu no
regime de "aulas", como ao ensino superior que se achava em e&bôço no curso
de artes do plano jesuítico, subtraíram-se tôdas as possibilidades de desenvol·
vimento, com a falta de recursos e dos órgãos necessários a assegurar a conti-
nuidade da ação docente e os seus progressos. A unidade fundamental de pen-
samento que dava à Companhia e aos seus órgãos de ação o poder e a prepon·
3 16 A CULTURA BRASILEIRA
derância que teve na vida espiritual do povo brasileiro, como por tôda parte,
transmitia-se, através de eua organização cerrada e admiràvelmente hierar·
qui.zada, que facilitava o enquadramento de todos os seus recursos de ação,
favorecendo a um tempo a unidade e a autonomia de seus colégios. Na reforma
pombalina, ao contrário, além do regime de aulas, que enfraquecia todos os
esforços de organização, a distância entre " a diretoria geral de estudos" (no
Brasil, o próprio Vice-rei) e os mestres, não congregados em colégios mas dis-
persos, sem órgão~ intermediários permanentes, nem permitia qualquer ins·
peção eficaz nem criava um ambiente favorável a iniciativas de vulto. Tudo,
at~ os detalhes de programas e a escolha de livros, tinha de vir de cima e de
longe, do poder supremo do Reino, como se êste tivesse sido organizado para
instalar a rotina, paralisar as iniciativas individuais e estimular, em vez de
absorvS-los, os organismos parasitários que costumam desenvolver-se à sombra
de governos distantes, naturalmente lentos na sua intervenção. Esta foi uma
das r~:~Zões pelas quais a ação reconstrutora de POMBAL não atingiu senão de
raspão a vida escolar da Colônia. Do corpo de reformas empreendidas pelo
ministro de O. josÉ, a mais importante foi sem dúvida, a dos estudos uníver·
sitários, onde mais fortemente se fêz sentir o pulso vigoroso do remodelador
que, reformando as escolas menores (alvará de 6 de novembro de 1772) e in!-
tituindo os fundos escolares (alvará de 10 de novembro de 1772) acabou por
atingir em cheio a Universidade de Coimbra, dando-lhe novos estatutos e
abrindo, com a criação das Faculdades de Filosofia e de Matemática, novos
horizontes à cultura nacional e ao estudei das ci~ncias de observação. Mas
nenhuma instituição àe ensino superior criou o governo português no Brasil.
à semelhança do Real Colégio dos Nobres, fundado em Portugal em 1761 ou
nos moldes das faculdades, novas ou antigas, de Coimbra. A única tentativa
interessante a êsse respeito foi o curso de estudos literârios e teológicos, criado
pelos frades franciscanos no Rio de J aneiro e organizado nos moldes da Fa-
culdade de Teologia, da Universiàade reinol: pela sua organização e pelo seu
plano de estudos (grego, hebraico, filosofia, história eclesiástica, teologia dog-
mática, moral e exegética), êsse curso que foi aprovado pelo alvará de 11 de
julho de 1776, destinava-se antes à preparação especial e profissional de sacer-
dotes, e não se pode, pori~so. assinalar, segundo pensa joslf VERÍSSIMO, j(como
a primeira e única tentativa feita no Brasil para a instituição de um curso uni·
versitário de estudos superiores e desinteressados". Da reforma da Universi-
dade de Coimbra u empreendida por PoMBAL, o Brasil não colheu senão os be·
neflcios que deviam resultar para os jovens brasileiros que a êsse tempo foram
24 A Universidade de Coimono qut tev~ papel tio importaote na fonne~lo du ellta e na aí~o da
mentalidade bra•lltira, no per!odo colonial, at~ o primeiro quartel do Nc:ulo XllC, IJ ainda hoje • óníea univer•i·
dade eldatente em Portupl. Fundada em L i.sb.,. a l.• de Dl!lt~ de 12110, por D. D&Hn traMf~tlda pelo meomo
covemo do rcl•poc:ta para Coimb.-., em 1308, regr-ou a Lltboo em 1338, pva ocr rntltutda ao velho bur:o
em 1354 e <le:slocada ainda unuo vez em 1377 para a capital, onde te conKtVOU att a arande rel'ormt de D. Jolo ut
qu~ em 1537 a instalou defitütivamente em Coimbra, transformando-a ao centro intelectual da naçli,. A re-
forma joaolna e a runda(;:lo do C<)!Egio das Arta, cuJa dlrc(Ao roi confiada a Alfod oa GouvarA e dtl':ri•
ao famo.o DIOOO OI Gouvn.... "principal" do Cal4i:) de S211ta B:l.tbera, prol'cu~ de teob~ia da Univ.,..,idade
de Paria e eeu aatl11o rei-. abtitom o perlodo tn3il brilhante da hirt6rill do ~tudo c-' pottucuh. t.t.~ urde,
em I SSS, o Colqlo du Artes, ao qual El·rei c:oncedera a drlu.tividade do eruln.) p~btieo de \atiolda>ie e riJO»!"...
am Coimbra, foi entr- ~ dir~ dos jewfta.s que, no éeulo ~te, a loJa obtiveram outra~ con:o:ulles r-«la·
dvam.ote - r;nttu de teoloii:>. A Unl~ds<Je de Coimbra competiam, como dir.iplillu privatl..,.~. lei~ e
ct.noDe:a (cltociAJ jurlc1iettl, t~ e medi~Dll, que constiruwn u dlv~Ht MÇka dos eunos univenit6tios.
Coma morte de O . ]OÃolll em US7,eatrooauaiversidtdcnurMfpoc:adecleeaJendaque •• prol.o n;ounh reforma
pcmbellna. atrav& de luua COMbate$ com os jesaftu e su.c:..sivu rerarma2 dOIICut enatul.l» Foi n~e pe.oio.io
da Cnnca dccadet>da ( lSS7- 1772), de msis de d""' lkuiO!O. que a U olvc.r.illadc de Coim!mo a~u • e:lura;;lo
w paior do. nopaaea br,.ilcirao que, desde í = do aá:ulo XVl, i&n\ • Partu&"l eomplct8r os oe~» at:udcn lru::iadoa
Ga Col&ola. !rte fato basts pmt explicar o mal que ~ fu ~ fOC"'IUçi, de mentalidatlc do p~s. ao le!lo da.
NrVicoa que pratou, como o ónico untro pa.-tuaub de c\lltuno 1uperior, M prepvaçlo du ditn eolomais. Ao
mllliAtro de O. Jotf cabe o:ertalSI.-nte a s:l5ria <b ratDUI'II;i.:> da Uaiverai:la!Sc que, com 01 aovos et::atutoJ (1772)
e a eoltne vltltft do Marqub Vmbdor, entra n!l Ca.e-m.is impxtaDt<' c fecunda de tua blttória. P:loJ eJtamto.
pomballnae nlo 16 te reorg•niE!lram. em baJcs OOV&ll, . . vdhn Fae•tlcladet de Te~ocio, c•noae., L:h e Me·
d ielc.a, como ainda ac c:riatam dua~ Cl'.ltr~n, e d~ l!lh=itiea e a de Filos~a rm que cooq~o~lstam o '"" lu1ar, D t
lllaoo de atudoc w:úvcnitlrios, .,. matemátie-.s (e!ileulo lat~ e dl!ereodaJ), aa c:leocl•t f!Jieo-matemitic• •
O SENTIDO DA EDUCAÇÃO COLONIAL 317
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CAPíTULO II
-21-
322 A CULTURA BRASILEIRA
I "A eduuçllo (na faml!ia) redum-;~e, escreve CA.PrsrruNO D~ AttiiiU, 11 e11punclr e vivacidade e a ex.
ponune;d.ade doe pupilo.. Meninos e m.,;..., andavam oUll em eu~~ at~ • íd~dc: de cinco anos; 001 dnco anos
~uintea .,.,vam apena umiJa. Se ~m iam~ igro:i:o "'"' a lll.:urrua vi,! ta, vntlam com todo o ~or de cmtc
araDde, C'Om • diferença apenas elas dimma5tt. Pouc<!ll aprendiam • ler." (CAPr~HO o& Aouu. CJJpltulos
de hi1t6ri• colonl:ll. Pá&s. 20Q-210). Nos C'OI~:os de pedra ou oo. ~inirlo., a odAvem de batina, mesmo
quando u18m • Nll. em fib, triotea e nta,._,.. Ot rttudAntes. &fim. do oanl:n6rio de Sio Jo.qulm. ao 'Rb ck
JOIJ>Ciro, uaa'ilam b11t\n.e bnttt~~: dai o apelido de •·c:ar.r~" qoe lha 4ava o povo e com que te c:om::wari• ~
mol~t6-loe oaa na... Ainda em 1868. na sua viagem ao pbnalto mitrclro. o C a põtio RICRARD B URTOH, vmta.ndo
~ CooJonba• do Cazn;>o o col&.io fuodaoo !J"lo Pr LuND&O oa CASTJtn. laudtts. portu"J~ eon•tlltaV'll o
mesmo cottume. n,a"ttido no ra~ rl~b do C3raça e em outr.,. <"OI~Iot de pa<ir.-., no tem?O do lrnp&icr.
·~ IIIUD<Ia, dn:a de 60 ou 70, .,.,.eve Me, ~ rodas b~timo''. (Via,en! ao. planalto• do Brasil. T'....t. 1.•
to<no. Do Rio de Janeiro a Morro v..lho. São Paul"">, 19', 1, pi~. 28:!1. Rm out.r'O$ c:ol~i:~ot, em va dA betioa.
~m oe a>eaiDOt tobrec:uacs ~ta, otprarntando, no tr-.ie cDU\0 nas maoc:\ru, UM ereto de "homeru ~·.
A unlronnldade do traje, ainda que aombr'.o c aristocrátic.o. c:ontribute para oivela~ democ~tkamente bcancoo
e mulatoa, que ji c:nm admitidoo, sem distin~ aos ,.,ruoirioo e c:ol~ioa. Mat;çot e nesroa ••que parecem
t c:t' aldo barrados dat prlmeiru escolas j~tiea$'', ji desde o ~.alo XVl 11 começava m a allulr. e no ab:ulo XIX.
em maior n <imuo, t<lftto fiJo •·~lu r&iou como&<>! c:dúioo ldcos ou c:onratlonait. Gu.aalU'O Faao1ut dta, r~o
d ulindo·• oa lnt~ . • Carta R!gia d .. 2D de no\•embrD de 1686 em que El-rd. estranhando qur os coléf.ioo dmes
rdí.&iOIOI exclulam ou nJo que.;am admitir os pardos, determi:oa que selam ohrl1adoe a nA!) exci•JI·Iot, "a bta
n - , &c:r&lmente a6 pela qualidtde de pardos. por'QUt ras acolaa d<' cieodat devem se<' comunt a todo o xtnero
de patO&I ~ exccçio al&uma". (ClT. Ca" grsnde e ssnule, Rio, 1933, pili\1· 441-442).
AS ORIGENS DAS INSTITUlÇÕES ESCOLARES 323
SeminMo de Ollnda, oncü cüviam maaife3tlsr-se mau wde o novo esp!rlto e mEtodo.t lmpant:odoe pela rdorma.
pomball,.., oob a ln'fllraçlo de t :ous parentes. os irmlos D. PJUNCISCO L&IIOI e ] . P. A%tlt•no COUTfl'ffiO. De
fato, dt;IOÕ~ de ter exer.:ido em Lisboa, entre outru atividade., o cortto de deputado do Santo Of'l.cio (17114-94),
poortiu em 1798 po~ra o Bra~. nom:ado bispo de Pernambuco, onde fuodou o fam011o ecmlnirio. 16 eotava com
56 aooa quando tornou A aua pAtrla, depois de lonlt• •u•tnc:ia (177S- 08) e com &rllndc rcput.atllo de
prudtnc:ia, vanr,ettda olo 116 no c~o espinh;:oso que ocupou. como JMIU ouat obru publlcadu em Luboa, - a
••bcr c de
Ttt!em6!Ma a6bto o p reço do "!r~CM. que lhe valeu o cOIJVitc pua fazer parte da Aeadcmi• Rc2l de Cib>eiu,
c o teU BniiiJ(O ..:on6mico •6bte o COdfércio de Portugal • •u•"' eo/6nlol. A n de fevcnlto de 1800 inau·
curou ·M o S..111ia6rio de Olil><b, •eguruio os estAtutoo elaboradot, ain.da cru Pcwtu_pl, por A%&1&00 CouTINHo
e publicado. em Lisboa cm I 798, anta de sua psrticb para Pernambuco. O novo ~ioArio .,-iado pelo bi.apo
An•aDO CoUTlllHO, r.,; instal•do no aDtigo edifldo do col~lo d?S jes:dta._" dOIIdo em 1796, com • icrci• e ,..
alfew. • catedral de PerDAlnbueo, "pua um =ioâtio de educa~o da mocidade". {O«. de 11 do mat('O de 1796,
de O . MAatA l t a;,po e eoverMd« ínterim> de Pernam'b:leo, praldctltO d.e Junta de Puenda Rui e Diretor
Geral de Ettudos, o s{bio prelado que foi, com o V"ucoadc de CAutu, um d011 eri&dorn doe ntudoa oomet'ci3i• e
ccon6mlco. oo Rcioo e oa Col6nia, prestou em ti.o curto perlodo ( 1799- 1802'. 011 cnals rdcvanta ..,..,;ç:lll ao
Br81il, donde, nomeado para a DioeeA" de lkapnça r Miranda, ar ntirou em 18J2 pua Pottucal. Bispo de Blvu,
de 1802 a 1818, e nomeado, nett.e ano, por D. Joio Vl, Ioqllitidor Oeral do Reioo, A.tuaoo Co'OTIKBo fa!=
em Litboa em 1821, apenu comara --.ato na Auclnbl6e Cocut:itulntc, • qual fOfa elcltD dcpuudo pela prov1ocia
elo Rio de ]lllleiro..
• Muwn T.wua, Hirt6ritJ da revolu~o da 1817. Auotaç&a de OI.IVIfllA LIMA, Recife, 1917, p6c. 36.
8 OLIY&IJIA LIMA, l'ernaaobuoo e ..u da ..n'rolvi aoento hi~t6rioo. Lc:ipalc. 1895, p'a'. 320.
1 Oa.oDTO Fltnu, &brado• a mocambo•. Slo Paulo, 1936, P,'c· lOS.
8 A lm~o ~qia, em que tem ae eua1 oricem a atual Im~ Nadoaal , rol criad.a p« decreto de
1i1 de maio de 1808 c ~ a rundoou em 1809, na rua do Pa.sdo, n.• 41, com wn p<elo dr m.add,.. oone-
truldo para ~ rim n o Rio de J aaeiro. O dCC1'etO de D. Jo.to VI auinala "• introduçlo permr~oente da im~
no Braau••. Ante. d• criaçlo dll Imp<en"lo R~cia, a6 ae tem notlcia de wn• ondna ti~Mlca, - • primei,..
qur ee inttalou oo pais, fundada em1747,n .o Rio de Janeiro. com o assentimento de OOMu ~nu: D& Álfi)JtJ.Dil,
Conde de BoBADa.A, c euprimida pouco depolo p« cwdem do gov~oo ~b. O notivel cravador Jolo
CulT~O RlvAIIA c dois outroa, RotdO Bt.ór CAIADO c PAULO t>Oe SANTOS F&lut&DtA, que tfOil.'e eonsigo Frei
J011i Mul4HO DA CoNe&rç.to Vn.oso. ao volc.r de Portuc-J, em 1808, e qlle puaram a trabalhat aa tmpnN&o
R4ia. elo COftlldenwloe 01 introoot«a du arteo vitic:N no Brasil. Foi alada aa Imprculo Jv.c!a.- a dnica
aiotente oo Rio de J aneiro at6 182t, - qoc .e Imprimiu o primeiro jornal que te publicou no &.til, a Gueta
do Rio da /ano/ro, e dwou de 18011 a 1822: uma etplcic de j-.rnal ofi<ial que te editava duae vbes pcw ee:maua.
O eecundo jomal e o primeiro di6rio que teve o Rio de Janeiro. o Diirio do Rio de Janeiro (1821) c-.~
tambEm a ..U da lmpnnlo Rftia, ji ~tl.o dc:nomioad• Real 'I'ip<>çaf'"la, e qu. (oi o bot,;o do jonuillamo bnul·
326 A CULTURA BRASILEIR A
lriro. Dade "dna da rundll(ão da ImJ)teSalo turi• etf 1122 salnm de auu of'tdnas I 154 ~ vúloe,
Cfttft 01 qldi. al~umu
poblicaç&os aotãvm como Marllia de Di,..,.u, de TOMM ANT6mo O oHUOA, obnas de
jotl OA Srt.YA Lrao;., de:pois Vioconde de CAmu, a primeira ed.l,lo ~bll.elra do Orufuai, de BAt!uo DA GAMA
(11111, • Hltt6rla do Brasíl. oe SoUTU.EY, oe trabalhM do botlmco M.unlu. oa AuvoA C.lal.utA e o Dlcionlt-
r lo da Llnlua Portuju&Ja (~o fttc-similar da 2.•), de AJnó!f'IO M OIIAU Sll.VA (IIU l. R--canintde por
decrrto d e 17 d e rcverriro de 1815 com o nome de Real Oficina Ti~-. pe.MOU • de11ominar·t.e lmprc:..ua
N!l<'.iooal em eetembro de 1821, c:n virtude do decreto da c6rta J)OrtUitutua em que se n tab-leoa qoe todoa
oe bmt de Coroe percenciam à N ação e ae chJUnaTiam bens oaciooeis. Com o 1\lrto elo j....Wiamo político detde
• proctam.çãoda lndependfJ>Cia e o deoenvolvimetttodas iod~ s;rlfieas (m> 1160 o Rio de Jenriroj!l pOnUfa
meit de Sll ripor;raflul, foi- t&wind<> o papel q!Je tne • t mprtnM N ac:iooal ftll dlfUJio da coltont, e foi tJo
Importante na 61timt~ ra~ (1 803-18'22) do prrlodo colooiaL A imtitu\cAo criada por O. J oXo VI passou • ~
quaee exctu_.;verntftte de publie8(Õell oficiais (rd.otórioo, ena.ü, arquivo., l~W.çlol, dat qualt • priftclpeJ desde
18112 roi o Dlllrio Oficial do Imp&;o e, mais tarde, da Rep6bUc:e, criado a 1.• d~ ourubro dtue ano. N o cdiffcio
l 'Rua U de M aio, conttnlldo eepecielmente pano u sua• iostalaç&s, e petll o qual ee trenofcriu em jul ho d" llr77,
pd'men~ • tmprc:nte Nodonal com t6du as suas ..,çiin e ot'tdou at1 ju.lbo de 1931, quando se com~ •
proo:"etlcc- l t ua d"molielo.
O OLIVIfiiA LDU, D. ]ollo VI no Bruil. :1 vola., :Rio, 1909.
AS ORIGENS DAS INSTITUIÇõES ESCOLARES 327
10 A lt.c:Ademl.a de Marinha 11808\ e • ,J,cademia Real Milit•r (18101, ruodadae por O. ]oXo VJ, reGnem-M
em 183l ouma 16 io.•Utuiçlo de engenharia mllitar. naval e civil, eom ~ K&uiote. eunot: ai cunoo de matemttica,
de 4 aoos: b1 curs:. milit:llr, de 2 an01 ; c) c:unt> de pODtea e calçadas, de 2 anos: e d) curao de cooacrvçAo
naval.de2aoe». Dntainat.ituiçAo,por auceuiv~de~membnuneotos,éque se desta«m.em 1833,em 18SI,eem 1874,
po~no con.titulrem acolasl\lpcrlora aut6noma1, trb K"Oodea <:S<:Otu: a Escola Militar, a &.cola Naval e • lhc:ola
d e '&n&eni>Airia do Rio de ]&Miro. Em 1833, revog~r-.e o regui'lmento de 11132 e desltp- a Academla Naval
da A.:8dcmia Milltar que~ mant6m com dolo curaM (pillitar, de 3 aom, e o de of"tciab cn~enhdtoe. de 6 aooe)
atf 1839, quando pusa a deocrnlnaf'So lhcola Milita<, com uma"""" orpni.zaçlo. Na reforma pOr que pa•ou
em 1841 a Becola MUitar, o eea cuno de lofaotarm e c:avU~. de 2 an~. r- ampliado para 3 anoe e o dl: ar-
tilbaria, coctaharla mllltat c ltJtado Mal« (de S &tl05o dme 1839) deadt>bc&4t cm doit: o de a~. c:m 6
- · e o de en~ana. em 7 anos. ltm 1855, 6 criada a Bxcl9. de Aplíeaçlo do lt'C&dto, cooneote doe S.• •
6.• aooe da Ricota MlUtat. q11e x d~li&llm deota ~19. para eototitukem a de Apllcaçlo. Pela lei de 1158, a
Rlcola de AplicaQlo - a denominar ..e Eaeola MlUtar e de Aplicacão, e a Escola Nllitar toma o oomc de &.·
cola Ccntn.l, com doh ~: a) o de ma~4tlcu c dl; c:i!ncias fisica.o e J:l&h1t'ab, c:om 4 - e c:omWD no todo
ou em pa~ aoe atudante1 que " de.tln•VIIm 111 en:e:tharia civil ou a qualquer dos c:unoa m\UtareJ: e bl o de
CZ~~cnbatl.a dv\1, c:om doia anoa (nccudrioo e» 3 primeiros do anterior). A B~ MJ1itar n-, pela reforma
de 1858. com trb l:llf'IOI! a l o de h>fantaria. em 2 anoo (o 1.• ano da Ea=ola Ctatnl mais o 1.• a no da
MUltar): bl artllhatla e E.tado Maior. em S anos (~ primeir.os anoo da S.Cola Centnl m1la doit da ltoc:ola
.Militatl: c c) cn&enharla mUltar, em 6 aooe (., primeirot da C=tnl, m.U. doia da lttc:ola Militar). A acpenoclio
compkta enlre u dua• eec:otu 16 te deu em 1874. quando a &rola CeotraJ punu a deoOIIUnar·te EKola Poli·
*nica, com uma ocwa ertruhlra e ot t~ulotet curs:~t. trb gerais e tr&, de "Peo::laliAçlo: al euno aeral, de
2 aooe; b) de c:itocla• Hoica.a c naturalt, l anos; c) de c:itoc:ias f!skas e matem6úcn, de 3 aooa: d ) de c.o~;CAberia
eivU, de 3 aooe: e) de miAU, de 3 anoe: e O de vtea e mantúatnru, de 2 aDOI.
328 A CULTURA BRASlLEIRA
(7 de abril de 1831), uma das mais importantes foi, como observa AzEVEDO
AMA.RAL, "o ímpeto adquirido pelas tendências regionalistas contrapostas ao
espírito de unidade nacional, que se procurava consolidar com a Constituição
de 24. A ascendência da corrente liberal que caracterizou todo o período da
Regência, contribuiu poderosamente para enfraquecer os vínculos da coesão
nacional. Essas tendências centrifugas tiveram a sua culminante expressão
legal no chamado Ato Adicional de 1834, que foi uma das maiores aberrações
na evolução da poütica imperial".12 Do ponto de vista educativo, o Ato Adi-
cional, aprovado em 6 de agôsto de 1834 e que resultou da vitória das tendências
descentralizadoras, dominantes na época, suprimia de golpe tôdas as possibi-
lidades de estabelecer a unidade orgânica do sistema em formação que, na melhor
hipótese (a d e estarem as províncias em condições de criá-los), se fragmentaria
numa pluralidade de sistemas regionais, funcionando lado a lado, - e todos
forçosamente incompletos-, com a organização escolar da União, na capital
do lmp~rio, e as instituições nacionais de ensino superior, em vários pontos
do território. Com efeito, pelo n. 0 2 do art. 10 do Ato Adicional, com que se
introduziram importantes reformas na Constituição d e 1824, se transferia às
assembléias provinciais o encargo de regular a instruç.ã o primária e secundária,
ficando dependentes da administração nacional o ensino superior em todo o
país e a organização escolar do Munidpio N eutro. O govêrno da União, a
que competia, como centro coordenador e propulsor da vida política do país,
se exonerava por essa forma, segundo as expressões de TAVARES BASTos, "do
principal dos deveres públicos de uma democracia", que é o de levar a educação
geral e comum a todos os pontos do território e de organizá-la em bases uni-
forro~ e nacionais. Se se considerar que, nos sistemas escolares, a educação
primária tem por fun estabelecer essa comunhão de idéias e de sentimentos, -
indispensável à unidade poütica da nação e, portanto, desenvolver o sentimento
nacional, e que a unidade do ensino secundário, destinado 8 enriquecer êsse
fundo comum de civilização e de moral, é tanto mais preciosa e mais útil quanto
os indivíduos, encaminhando-se depois a carreiras diversas, tendem 8 dife-
renciar-se pelas suas ocupações especiais, será fácil compreender o que impor-
tava para a vida nacional a renúncia, por parte da União, ao encargo de orga-
nizar a educação primária e secundária em todo o país. A unidade espiritual
de uma nação, se não depende, como julgava LIBERATO BARROSO, dessa uni-
dade e homogeneidade do ensino geral e comum, tem, sem dúvida, um poderoso
agente unificador na escola primária, uniforme, igual para todos, em todo o
território nacional. A descentralização do ensino fundamental, instituída
pelo Ato Adicional e mantida pela República, quanto ao ensino primário, atin-
gindo um dos pontos essenciais da estrutura do sistema escolar, não permitiu,
durante um século, edificar, sôbre a base sólida e larga da educação comum,
a superestrutura do ensino superior, geral ou profissional, nem reduzir a dis-
tância intelectual entre as camadas sociais inferiores e as elites do país. O
ensino público estava condenado a não ter organização, quebradas como foram
as suas articulações e paralisado o centro diretor nacional, donde se devia pro-
pagar às instituições escolares dos vários graus uma poütica de educação, e
a que competia coordenar, num sistema, as fôrças e instituições civilizadoras,
esparsas pelo território nacional. Nem as províncias. sob cuja alçada ficaram
apenas o ensino primário e o secundário, podiam completar os seus sistemas e
erguê-los ao nível das escolas superiores, nem o governo imperial podia levantar,
sôbre uma base sólida, do ensino elementar e médio, um sistema nacional de
13 O cotEclo que tomou o oome l Serra do Caraça, eon WD&J a-lt, foi fundado em 1820 e
aberto af'tei&lme:nte em 11121, com 14 e.tudanta de crsmátiea latina, ~I<» pa.4ra portuJNe- da Conl{l'q&çlo
da MiJAo, de Slo Vicente de Paulo. Os ~ laz:arirt,as que vieram para o B:uil. a chamado de O. JoAo Vl,
foram leplmtotc empo.udoe nat tcnu c na bf!I'Snça dodkbre Irmão LoUUMÇO (1 714 · 11119), - tuc "bomem
miaterio.o'', Do diacr de SAIHT·lln••u•• - , um T ÁVOltA que. segundo a lenda, fuciado l pcnecuiclo do MMquh
de POKII.u., k' rcJotlou nu moa lAnhas do Caraça, ruodou a Cs.oa de NOüa Senhora Mk doa Homem e babi!A)u
_ , rccllln eolltAriat ~lo c.peço de qtwoe mdo e&:olo. O lábio nattuafJSta A. D& SAnfT·Hn.Alu que roi b6epedc
do plecSo.o crmi~o. em 11116, qoaado perc«ria a pc-O'Yiocia de Minu Gerais. descreve em um ele IIC\d Uwoe de
~CUJ. o ccnwio maravilboeo que emoldun~ a caca ~ta do Csraça, eituada aa ..mente de uma c:ollAa, •
1 300 met:Nle adma do n1vd do mar, c cercada de uma gJalldc cadeia de mont:..ohas. N o mesmo ano em que: fa •
Jecia o l nDio LolluNÇO, em 11119, nnbercnam nn Portugal os padre. da Coacresaçlo da Mbtlo que te dC11•
tm.vem • Meto-O- e, a pc:nu chqados ao~ ae c.tsbelea:ram no Cança aa c:au c terrat que: l.b a foram
doadu por D. J oAo V1 c onde fuodaram o ramoeo col!&io. De 1820 a 11135 j i havia atiQ&ido a 1 S3S o n6mcro
de eatudanta: c j6 • blc: tem~ .e en.sln.anm as primeiras ~et:ru, latim, fraru:es, g~ moeofta e m6sica,
tonlaodo-M conhecido. em tOda a pc-ovíoda os padreo do Caraça que nia tarclararo (11127) a - chamados p•ra
ou.tnuo fundeç6ca Importante. em Coocoobu e Ca<QPO Selo. Com a tratUfcHncia, em 1842, dOI bem, t«:ravoel
livroa e coiEclo pera Campo Belo, ricou, dndc- ~atE 1854, iotriramcJ:I~ abandonado o Car~ que: f o
o berço e a c:aaa central da Conarqa(lo da Mialo e o centro para onde cooverglam eetudantet, de todoe oe I)OIIt o a
do l mp&io. ltm 1854, ealabclecco..,e, por&n, 110 Cança o ScllW>Atio M aior de Mariau que ali dovia permanecer
332 A CULTURA BRASILEIRA
por ef«a de qu1.renta anos, e ~~ reabria o seu antigo e af~o co!fj(io. Om dos J:~eflodos m3la brilhantes, eeo.lo
o perlodo 6ureo na bist6ria dbae atabelecimento de edua~ção. foi o da gestlo (181!7•1885) do Pe. ]llLIO J oú
CL4'RLIN, luarbta fr•oce., homem de grande aabet c vlttudu c um dos miulolárlos mala cultos da pcovloda
da Concrq~çlo da Mi...o no Brallil. E m 18112 Psoao n e • t mperatri• que h aviam deixado • COrte p3.ra vi-
tltarcro a pcO'Ifncia de M'1oti Get3it, chq:am ate! a pequena cidade de Caet6 e dlll att o Cara~, oode vl\ltam
ali au.la• do ~n6rlo e &IJ)CÍncipal• do c:ol!gio. Ao "-<iodo velho colqlo, que teve NU apc~~eu oob a direç4o do
Pe. J Ouo CLAV&LII'I e entrara em deead!ocia nos f"UH do a!culo pan-.lo, cr.,,e, cot~tfaue • Ca38 du Mluões,
Ullla lt~l• Apaat61ic:e que em 1907 apeou começava a reviver c qu.c hoje oe u tcodco por todo o catabeleciroeJ~tO:
em tucar do antJco e<tl~ que de~&!)llteceu em 19U, cL.,:t. de 91 a.oo. de etltttocia, Ootae:et:n •&«& a E•c:ola
Apaatólica c o San1ft6rio d..Unados à ~ de sacc:n1otn e tUitoiodtioe luariltu. Por e.\C hutitoto
de educatto I«Utld*r1a. - um do. mab importantes do Imo&io c o centro m.ab arllmaJSo de ntudos hum>~afatic:os,
em Wnu Getaút, bavi11m P"-""do 3tê 1907, m:m de 5 aul alaoos, multw doe quala alcan~ram a• rnm eltaa
poalQilea aa cancíra edesi!utica, as rna(i.stratura e 011 polltiea. do pah. (Padre P. S ., Carepa. Apcmtllmeotoa
hbtóricoe c nota• bioutr-.. In "Revista" do ~uivo Plibli:o Mineiro, a no XU, 1907, Imprensa Oficial d e
Min&5 Get'llb, Belo H oritoote, 19QS,; O centenário do Car•~"· l82G-1920. Por um padre da ~çio d a
M'llllo. 'l'ip. Beaoard Frun, ru. BUen:Js Aires, 130, Rio de Janeiro, 1920).
lf Squnclo u.ma Opiftilo eorTeOte, repetida em liwoe, dbcunoe parlamentares e mamo cm CXJIO\iç6ea
de motivos de Ida pcomulcttdall aa Rep(lblica,, a primeira lemb<ança da crie.ç lo de uma unlvenidade no Braoil
cato«<a a O. JoXo VI, que teria peQUdo em fundar otJ>& univcnidade oo Rl? de Ja.oeiro e coof".at·lhe a direção
• Jod Bcwnr.lCJo ~ ANDJtADA z Sn.VA qne. em 1819, acabava de l'f'ttr,...r da ElltOpll e ~io • ter iollublda,
deci iva no movlmcoto da lnd~nrl~a Nacional. Dessa uoivcraídade pooj~ por O . JoXo VI e que parece
aAo pe_,. de uma II!Jlda, o.lo hl, por&n, =mo ..rama PJwlrTtVO MOACUI, "o menor traço '"' lecida~o nem
eomb,.. de ato lfOIIet'IIIUIIental". (Pimonvo MOACta, A univeuidade de O. J olfo VI. Artiaoe I e ll. 1n
"0 Estado de Slo Peulo", deumbro de 1939 c 1.• de j a.ocico de 1940).
AS ORIGENS DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES
15 O Colq\o Pedro Il, cu.!•• origmt remontam ao Semin6rio dos Ot1'101 de Slo Pedro, criado ~la pro-
vÍtlo de 8 de junho de 1739, do bltpo D . F rei ANTONIO Dlt GuAD&l.UP&, e chamado mait tarde de Sio Joaquim
ao ae<- tranaferido para o novo ed.irfclo, foi fundado em 183 7, por decreto expedido pO<" B II.IIKAI.DO PIIII&IIIA Dlll
V.UOONOIEJA)J , rqente in tvlno. O SemlnArio de S&o Joaquim que, jà convertido em uma cnto. de arteaõo.. havia
pat~~&do pata aCAmaraMunloipsl da.Côrte, oat.vo em. completa decad~ocio por oeta oc:aaillo.O Decreto de 1837,-
d at ado de ~do doaembro . anlveroArlo nmta lfclodojovem imperador-, reformOLl·O radicalmente, tranaiormando-o em
iottituto de eneioo tecundArio, com o titulo de Col~gio Pedro U. Nesse colé&io. - eatabelecia o art. 3.• d o citado
decreto - . ''terlo enaioadaJ •• lingual latina. grega, francesa e iogl~. retórica e os prl.oclpiot de seosrafia,
hltt6rla, filotofla, •oolOilí•, mlnen!Ogla, botOniea, quimiea, física, 6Jgebra, seom<t:ria e a,tronnmia". O D~eto
o .• a, de 31 d e janeiro de 1838 aprova os estudos que com~. b&lxaram e em que ae eat.abelecem o reclme de ee·
tudoa e outr.. dt.pc»i~ relativu • adminlotra~ao. disciplina e ensino. Sesundo bxa catatutoa, ao aluao que
tinae complctedo o curao • • dava o t itulo de bacharel em letra• que o diapema va de examee para ent:rat ou
aocadcmíaa. J'oi nomeado em S de fnereiro de 1838 oeu primeiro reitOr D . Frel Aln'OifiO o a AII&AB~. que •
25 de mar~. perante o ltaperedelf" a inda menor e pc"etentes o R~enu Aa.\dJO LIJCA o o mlobt&io. recebeu o
~to do Colqlo du m.los do Ml.WtrO 8IUINAJlDO DI! VASCONCELOS. Entre oe ~CU~ primeiros prof'coeora,
o.omeados no ditl 29 de abril, ficuravam JUITllfJAJoiO jod. DA RocHA, ]OAQ\IDI CA111'AHO DA Sll.YA, M.uruaz.
Aa.\dJO 5'610'0 AI.&OU e GONÇ.U.Ya D& MAO.U.KÃU. Em 18~0 foi criada a ead~ta de alamlo, - a prúndn
da.. Uo.aua em ooao peb, e qllC ~e como titul.v o Batiio de Pt.AluTz, e loio depoi~. em 1841, foram reformados
pela primdra ve& os estatutoa do eoiE&io, m o4irocaodo-&e, pelo novo r :truJameoto, o IC'U plaoo de estudos e
flxaodo-110 em tctc uoe o cuno completo, com latim 001 110tc e u~o aoe quatro 61tlmoe 811001. De t ooos os de·
eretos que lhe latrodUiiram m<nlrtcaçOet, c:m ttual , pouco importan~ (dee. d e 1849, SI, SS, 62, 10, 74, 81, 82,
88), oenltum em todo o (,m p&io lh e atiociu tlo pro!umt.tme:.te a estrutura e os P"ivii~OI como os doi.t deaetoa
de 1878 e 187!1, referendados pelo M ioiatro LaôKcro o.& CARVALHO, e ~ quait o 61tuno dete>"miooo a aua re-
tírllda d o minlttfrlo. O Decreto o.• 6 884, de 20 de abril de 1878, c:om que ae deu o ova distrlbuiçAo b mat&laa
de eo.ioo e ae tomou livn a frcqOt oela do externato, tirou ao ~o religlotO o car6tct obrl,at6rio, pcnnítio<lo
aoa eatuda ota acat6lico. r«e~ o vau de baebuel aem cursarem a cadeira de lootruçllo relipou. Pelo D ecreto
o.• 7 24?. de 19 de abril de 1879, ee eatende>"am, em c:ondi,ÇÕQ detctm.i nadu, . , P<CITOI•tivu de q ue coaava o
Colqlo P edro U aos cstabcleciment"" de eo.too tc:eundM-io qu_e oegulaem o mamo procrama de eatudoa. O
famoao co14lo permaacce aioda ao edirlclo do Set:ninmo de São Joaquim em que foi ioat.alado e que, rccoootnlfdo,
com aovu Uabat arqui~ por BITlliE.NCOITitr DA SILvA (1877), ee acha deliCie 1913-14 completameole
traturarmado, embora J' inadaptivellt oovu c.àctaci&J do ensino. (Cú. BuoL-.ro oa B.uutot RA,JA OABAGl.rA,
O Col6, 1o Pedro 11. Rio de Janeiro, 19 14; BSC&AQMOLL& Do!UA, N em6ri• hi•t6rit:#A, comnD«ativa do 1.•
Ceo.te0.6tio do Colqio Pedto U. Publl.c.tçlo do l&inattdo ela Bdoca.çio, Rio, 1937).
334 A CULTURA BRASILEIRA
chamar o B rasil desse tempo "um país sem crianças". A mulher, essa, tratada
geralmente com superioridade pelo homem, quase um senhor em relação à
própria espôsa (e ela mesma freqüentemente assim lhe chamava); enclausuradã
nas casas grandes e nos sobrados e sufocada na sua personalidade, consagrava-se
aos misteres da casa e aos cuidados dos fllhos. Não tendo em geral mais que
tm)8 educação doméstica, cercada de escravas para todos os serviços e ocupada
com o lar, o piano e a agulha, "contentou-se com a sorte medíocre que lhe estava
reservada, não procurando alargar o seu horizonte nem melhorar a sua con-
dição".JO A escravatura que desonrou o trabalho nas suas formas rudes, eno-
breceu o 6cio e estimulou o parasitismo, contribuiu para acentuar, entre n6s,
a repulsa pelas atividades manuais e mecânicas, e f-azer-nos considerar como
profisa5es vis as artes e os oficios. Segundo a opinião corrente, "trabalhar,
submeter-se a uma regra qualquer, era coisa de escravos". Nessa sociedade,
de ~nomia baseada no latifúndio e na escravidão, e à qual, porisso, não in-
te~;essava a educação popular, era para os ginásios e as escolas superiores, que
aflufam os rapazes do tempo com possibilidades de fazer os estudos. As ati-
vidades públicas, administrativas e politicas, postas em grande realce pela
vida da côrte e pelo regime parlamentar, e os títulos concedidos pelo I mperador
contribuíam ainda mais para valorizar o letrado, o bacharel e o doutor, cons-
tituindo, com as proflSSões liberais, o principal consumidor das elites intelec-
tuais forj adas nas escolas superiores do país. :Esse contraste entre a quase
ausencia de educação popular e o desenvolvimento de formação de elites, tinha
de forçosamente estabelecer como estabeleceu, uma enorme desigualdade entre
a cultura da classe dirigida, de nível extremamente baixo, e a da classe dirigente,
.. elevando aôbre uma grande massa de analfabetos, - "a nebulosa humana
desprendida do colonato" -, uma pequena elite em que figuravam homens
de cultura requintade e que, segundo ainda, em 1890, observava MAX LECLERC,
~o destoaria entre as elites das mais cultas sociedades européias.
"'
Se um dos mais preciosos documentos para estudo da evolução de uma
sociedade e do caráter de uma civilização se encontra na legislação escolar,
nos planos e programas de ensino e no conjunto de suas instituições educativas,
va análise dêsse material e dessas instituições o que nos revela ê exatamente
a continuidade de estrutura social e econômjca e do desenvolvimento do "tipo
de cultura" colonial, produto de uma ci~ação fundada na escravidão. A
instrução primâria, confiada às províncias e reduzida quase exclusivamente
~ ao ensino de leitura, escrita e câlculo, sem · nenhuma estrutura e sem caráter
formativo, não colhia nas suas malhas senão a décima parte da população em
idade escolar, e apresentava-se mal orientada não sõmente em relação às ne-
cessidades mais reais do povo, mas aos própr!os interêsses da unidade e coesão
nacionais. Em 1867 LtBERATO BARRoso, apoiado em dados oficiais, 17 calculava
em cêrca de 107 500 (mais precisamente, 107 483), o total da matócula geral
nas escolas primârias em tôdas as províncias para uma população livre de
.8 830 000: nessa altura do Império, sôbre cêrca de 1 200 000 indivíduos em
1
condições de recebe-la, apenas recebiam instrução, avaliando-se acima da es-
' timativa, 120 mil ou seja a dêcima parte da população em idade escolar, ou
ainda um indivíduo por 80 habitantes. O ensino técnico, agrloola e industrial,
18 MAX L&CLnc. I.Attr•• du Br6eil. Cap. XI; L'csprit public:. L'Etat .ocíal, I~ IIIOC\It't et la wti-
tutioo.. P6p. 203- 236, Libralrie Ploo, Paris, 1890.
17 J, Lli~MTO BAUO!IO, ..t lmtrug6o ptíbliC4 no Brasil. B. L. Garnier Editor, Rio de J andto,l867.
pie. 35.
336 A CULTURA BRASILEIRA
D. J O . S~· J O A Q U I M
DE AZEREDO
·. ·:c
~~ 'Bítpo ci'E.Ivas , em outro tempo ele P11rnt1mbuco- , Elt:it1 de Br•gan-
ÇII,, e .Miram/11 , do Consei/;D de Sua lVIa~estacfe , Go ..u:rnaJor
l.ftterino dn Capi,twla Gertrl de P arnambuco , Presidente .Jt1 Re~!
Junta da · F nr.t11da , Dirator Cera/ dos. Estud11s , Ftmdador ·do Se·
. minrrio .de Nossa . s~~,flora da Gr;.llf'' á~ Cidnti~ dé.. plináa , e 5o·
. ~io é a A&.aiitmia Re&das Scie;Jcias cll Usbo•,
t~~'f;"" • • 1. ~ • .I,._'. .. f'·""
. • l ' ..- •
I'
~ "'"'"'- .t •
-.
SOCÍOMJA""A"C:..WEMt~ ~AJ!,NAMBOO.NNJI~~
i '0 s
AL U ~~ NO .: DO ~ EM! N·ARI q OLI NDEN SE.
321. Fac·simile do rosto do livro A gratidão parnambucaoa ao seu bemfeitor o Ex mo. e R mo. Senhor
D. J osé Joaquim da Cunha de Azeredo Coutir'lhO, então bispo d' Elvas, em PortuA.al, a.n tito de Pernambuco,
fundador do Seminário Episcopal de O/inda (1800) 1 que se tornou o foco de irradiaçJo de idéias
liberais e da nova ordem européi:J no Brasil . Edição de 1808. Lisboa.
Do exemplar da Biblioteca Lamego, hoje incorporada à Biblioteca Central da Faculdade
de Filosofia de S. P aulo.
322. O . JoÃo VI, o fundador de insllluiçôe• . lH$<!nho de J . B. DE11RET .
Gnovura de C. S. ~mR. Impresso por CHARDOt-. Coleção d, Museu Pauliota.
ESPIRITO·. D E . V I EI RA~i-- ANN-AES
-
SELECTA
QU
.,.
II. ·D A
~ j
DE ~~ ~.:
PENSAMENTOS .ECONO~HCOS, POLITICOS, (ji\P'IT ANIA DE S. PEDRO
MORAES ' LITTERARIOS , I '
COM A BIOGRAPillA l't:- ---- 'PEt.O
DESTE CELEBRADO ESGRIPTOR.
APPENJ;>ICE DESEMBARGADO R
AOS
... .JGSE ' FEUCl.rt.VO FERSA.YDES PIXliEifW.
ESTUDOS .DO BEi\'I-COMMUl\'1.
l'Oit
,
JOSE DA SILVA LISBO.J.. T oMo I.
*
• JANEIRO: ~A IMPRESSÃO REGIA.
RIO DE JANErRO. NA IMPRESSÃO REGTA.
182 l.
RIO DE
1 8 1 9.
:"";~ ..
~~
C'oTI~ Licença. .
323. Fac-símile do lronti•picio do livro Espírito de Vieira ou Seleta, etc., por 324. Reproduçã o fac-similar do rosto do livro Annaes da Capitania de S. Pedro,
JosÉ DA SILVA LJSBOA, publicado 'em 1821, n a Impressão R64;a, - 6n.ica existe nte pelo desembar4ador ]OSÉ FELlCIANO FERNANDES PINHEIRO, publicado em 1819,
no Rio de Janeiro até 1821 - , criada pelo decreto de D . ]OÃO Vl, de 13 de ma.io na Impressão Ré4ia, criada em 1808 por D . JoÃo Vl e (JUe passou a denominar ..se
de 1808 aue assinalou aa introdução permanente da imprensa no Brasil". Impre nsa Nacional, em 1821.
Do exemplar da Biblioteca Lamego, hoje incorporada à Biblioteca Central d a Do exemplar pertencente à antiga Biblioteca Lamego, hoje incorporada à Biblioteca
Faculdade de Filosofia de S. Paulo. Central da F aculdade de Filosofia de S. Paulo.
325. A aniÍ/lll Escola Militar do Rio de J aneiro, em que se transformou em 1858, a Escola de
Aplicnção do Exército, proveniente como a Escola Centr:al, da Academia Real MilittJr, fundada por
D. J OÃO Vl e que, instalada ainda no Realento, deve transierir·se para seus novos edifícios,
cnt Resende8 no Estado do Rio.
326. O ColéAio do Caraça, que tomou o nome à serra do Caraça, em Minas Gerais, fundado pelos
padres Jazaristas em 1 820, famoso pelo riiJor de su a disciplina e como centro de estudos humanísticos.
327. O. PF.DRO 11, pctrono do Cotétio Pedro 11, ~m 1837 . Desenho
de Luis Au:rxo Bour.AJ<GF!R.
Coleção FRANCISCO M"RQI.'ES DOS SANTOS.
Clichi' de M ANUEL PlNTO G~~PAR.
328. B~tMNARDO PF.R21RA Oll VASCONCI!I.OS, 329. Frei ANTÔNIO DE ARRÁBIDA, bispo de
ministto do lmpéflo. que referendou o decreto Anemúria, prime~ro Re11or do Colé~io Pedro 11
de 2 dt! dezembro de 1837. com o quttl UJ (1838·39), substituído ~m 1839. qullndo ped•u
fundou o Colé~io Pedro 11. bt>ixado por PeDRO exoner<tçbo. por jOAOUIM CAETANO DA Sli.VA
ARAÚJO LIMA , rc~enl<> interino. em nome tio (1839·1851). J.~ull fort e d<> M ODSliTO BROCOS.
Jmpcrndor c Smthor O. PEDRO 11 . Colcçiio da Bibliote<:a Nacional.
330. Colé~io S. Luis. do•
(>4drrs jesw11u. primeiros mu·
tr~s do Br.ail, lundltdo c:m
1867, ~m ltu, no E•tltdo
de S . Peulo.
33 1. A Acoclomia lmperútl úo
Bolas Arte•, do Rio de Janeiro.
Projeto de 0RANDJEAN D.&
MONT1CNY, al"qu;telo dn M'is-
~t.Ao FrttrtCCia que veio ao Brasil
em 1816 (Edifício em que mrus
tard• •o inJhtlou o Ministério
da Fezcnd.). - Foto STU.L.B .
Coleçio da F.culdade de Filo-
sofia de S . Paulo.
332. MANU~L D& ARAÓJO P ÕRTO ALI!ORil, 333. A8IUO CÉSAR BORCU. bar&o de MtJ·
bviio do Santo An~lo (1806-1879), poeta e c.úbu ( Bahia. 1824·1896), m&lieo e ~rende
pintor# proleuor o prún•íro djretor br•sileiro t:due:xlor c:om mai$ de 40 anos de serviços
da Ae.><femitt I mperial do BellU Arte.t. R etrato a educiiiÇ<io naciontJ/.
do P~RO AMtRICO. - Foto C-ARLOS.
1930, a d e malcw w lto pela. t u&• ioovaC'ilft foi CC<1ame'Ote a de BIINJAMDI COifiTA:ff (d « . n.• I :332 H, d e 2 de
J-eito de 1891), qu~ thu d c11 oova n trutun, a umcnt8od o o ®ID~O d e cadeira~. criaodo a R•"'"• Ac• d•m ica
c iottituindo oe trh eur10t npc:ia it : d e cifM~AJ j"riJi:o, de cienci.u oxia io c de notan ado, a bolidcn em 189$
pela lei a .• 3 1i. de 3 0 d e outub<o d me a no. O dt<:rcto u.• 8 6 SO, deSde ab-il d e 19 11, q u e a ptova a lei cwc&nic:oo
do enoi1>0 superior c runda mentol d a Rep6blica: c n. de:rctcn a..• ll Slo. d e ta d e m~o d e 191S c n.• 15 781 A ,
de 13 de j a neiro d e 191S que rcor,a nua m o e~»ino secuu:llirio c ,upcriw, U.trodurcm novat mooificaC'ilft nat
(~H d e d.rdto. " A CYOiu(ib c.qwcue a Hses docum~atos le~islltiv<» c admiahtnaJvot, aacvc CLÓV11
Bavn.lQU4, pode ~ rtpt'C'Kal4da cr:lrlcamentc, p« uma Jjflba ....-cndeotc d e pequeno d ctvio d a h ariroot81,
• coosldct'Arm<» ot tM"'OtCHOt d a tfenlte. tu uma wbi:!a acen~uada em 11>4, e outra em 1891. Lu•cm oo
11omeo d e Slo LCOI'OLDC), o uüci&d,.., P&ORCIIlA 00 Couro P~tiUtA.Z (B:)rn Rctirot, o orcanitadcw, e BCMJ4XDI
Co!cSTAJn, o rtnovadcw. A• outrat reforrnu, t i>b tue p:)nlo de vilto. <DJ~nt!m a P<'DAt o impubo d ado P<'lu
pncedC'atu ". Sm 1910 a l'aculd a.Se d e D ireito d o R io ele JenriTo t illl:Otp~da . Ualn nadade d a R oo de Ja ·
o riro. criada pdo d«nto n .• 14 143, d e 7 d e oct=bt-o J c 1920, e oq:aui:r.a:b, com o a~ d e Uni.,<nid adc do
8r&~U, pele lei o.•• 4 $2, d e Sde Julho d e 1937. A antit~• F erulda:!e de O irnto d e Sl , Paulo. lncDr!)CII'da. Uni ·
~c de Slo Paulo. c:rieJa • 2S d < j a omo d r 19J4, E. ""'"'" ano, transferida ela Ua il o pera o covtroo
do &.todo d e Slo Paulo. lh lotcm hoje a o pelt 19 faruldalieo de direito, d u q ulllt 17 net capital• e dU&I
a l ridadH do latcricw (a de P elotu, a o R io G.ra.odc d o Sul e a de Campoe, Oco &tt.do d o R io de Ja.adto).
-" -
338 A CU LTURA BRA SILE IRA
18 Aa Faeuldadea de M edicina do Rio d.e Janeiro e da Behja ttm aJ 1ua1 ori&ena 001 rut'IIOI de drurgie
crladoo em 1808 por O . Joio VI e am-pliadoo em cur- de medicina e clrurcia , em 1813 e em 1815, em que 011
da Bahia foram equiparados aos do Rlo de Janriro. Em 1833, pelo dec:reto da Reeenc:la, de 3 de outubro deste
a no, u dua• &e:ademlal m6dic:o-cirdrgicu foram reorganiudas e trantformedas em faculdades do medicina. SCT·
~ndo-te da autoritaçiio le~<itlariva, contida no decreto n.o 714, de 19 de tctembro de 1853, o Mínistro Ltrfa
•I
P&OJtiiiRA DO Couro P'&QAZ referendou o d«reto n.• 1 38?, de 28 de abril de 1854, com que deu nova organi-
J:açllo duat fAouldadca de medicina do Império. 0$ estatu- do 1854, com que •e privaram o ensino, de .s ua
liberdade e •• f•~uldadea de ana autonomia, segyndo oboerva FKII.I'IANDO DK MAO.U.IlÃ!e, eram lnf~ores ll lei
desde outubro de 1832, "nott'lvel de previsão e de libenllismo". A ;ntclatlva do gov&-no do Marquea do PAJtAN4
{18S3..S6l,conceblcla oumoenlido anti ·liberad,autoritârio, repreaentn, por#m,do ponto de vlsta tbl:nlco,a primeira
tranerormaçAo Importante das duas faculd'adeo. Em relaçio ao en1ino m~cllco, a reforma promovidA por L !ONCJO Da
CAIIV.U.KO (dec. n.• 7 :24?, de 19 de abril de 1879\, fundou cursos prAtico.., de~~clobrou cl!nkas geraio e criou ~~
pedais, lntrodualndo outras iaovaçõee de rcltvo, que, como aquelas, nll.o tlvC<am uecuçJo. lnttitulndo o r.,gime
ddibcrdade de freqO&ncia e de emino, em parte modiflctldo pelo d cc. n .• 8 918, de 31 de mal'(o de 1833, nlo tardou
a produzir acu• cfetcos .Obre o ensino nao faculdades de mc:cliciruo c:omo nm outrot lnttltutoa auJ)<'riores do lm-
~rio. O doc. a.• 8 024, de l 2 de março de 1881. estabelecendo medidAI pau desenvolver o cn.tino prAtico. det··
d obtando cadeira• e criando nono dt<>ic:ao, imprime ao cnoino m~dko unt novo lmpuloo que 11e dncnvolve. nn
ano equlnte, c:om •• remode!B~ de g,ande alcance, eontidat na Ref;~~nna t..c6ncio de C.t~rvalho, que o decreto
de 30 de outubro de 1882 mandou eumprir na tot.Wdade de aeu plano c de aua1 dbpotlçl!a. Mas. de t6dao •
reformao empreendidas desde 1854, a de maior vulto, pelu auu realluçóel mat~als c t«-nicae. foi a de 2S da
outubro de 1884; preparada por uma loaga campanha. em qoe tom.ram ptlrte profCMOra cminet~tea e, entre
ttta. SABÓIA, dlcctor da Faculdade de Mc:clicina do Rio de Janriro ( 1881-89) e .Obre a qual inlluiu e nctlo"d
rcprncnta(lo dltll\ld&. em 1880, pello Fa=Jd.ade da Bahia • CAmata dce Dt:putedos, a reforma traçada no de·
ereto do 1834. que deu novoe estatutos 11! fawldadcs de ~icloa, m.arcoo uma curva a~tndcnte e Inaugura uma
4pt'C8 na evoluelo do entlno mMico do pab. Depoio do IDOVlmcnto reftOYador q~ te tradll1iu no dec:reto n..• 1 210,
de JO de janeiro de 1891 , - a primrinL n:fcxma republicu>a dat rac~ de ac:6rdo com oa eatatutos de
B&NJAMDII CONITAHT - . DO'YU alteraçõco " introduziram oa orpmu$ do ...uino mfdico pela lei orclnlca
de 1911, pcllo lel Carl01 Maaimíliaoo (dec. o..• U 530, de 18 de IDlU"ÇÇ de 1915) e J)<'lo der'. de 13 de janeiro d e
1925 (n.• 16 782-A) que teve como principal r:ol.aborador o Profeaaor RocuA Vu. reitor da Univer•tdade do Rio
de janeiro e preaidente d o eor-tho Superior de En$ioo. Na rcorcaniutlo d a Univ~e do Rio de ]&Miro
pela lei FranoKo Campot (193 1), as fa.culdadea de medicilur. do 8tuil alo novamente n~aaiuw, eom o duplo
objett.lo de "lostn.úr o m.6dico nos conb«imentDs indispenú"ril a acu nobc'e mls~, e de eatlmullor a illd•c•t3o
denttl'lea ori&loal. em quai.quer domínios da biologia apllcad.a". Bm 1940, al~m de: 12 faculd.adn d" CarcnAci•
o odontolocla, e:xlsriam 11 faculd...Se-3 de medicina, das quaia duat, a de Slo Paulo, - a mais bem innaJada
de t6dat com eeu monumental Hospital de Clinic:~U. e • do R io d e Janeiro, i.neot'poraclu rcapoc:tilrauneo~ ~
U aivcrwidade de SJo Paulo e l Univenidade do Bruil.
AS ORIGENS DAS lNSTITillÇÕES ESCOLARES 339
JO ~ LtCLUC, Lettru du Brluil. C.p. XJ, L'eoprlt p ublic:, l'&t IOCial, la moeun rt In IDitl·
Clltiaa.. Pile. 2JS, LIIH-alrie Ploo, p.,;., 1890,
340 A CULTURA BRASILEIRA
21 ADvtno Nc.ut.u., Ef'f>ltl{,&'o dapoUfica impetial. Tn "Cu.ltw'a PoUtica", aoo l , o.• 2, abril de 1941,
Rio de ] a.oclro, p6p. 21-53.
AS ORIGENS DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES S41
e entre seus membros não poucos se notabilizaram por copiosa erudição li-
vresca, não sendo raros os que j â se incluíam nos quadros das chamadas pro-
íl1Sé5es liberais". Ora, as escolas destinadas à preparação para essas profissõea
eram tOdas instituições tendentes a dar aos alunos uma educação teórica, a
lhes comunicar um estado de espírito de diplomados e a subtraf-los à atmosfera
de seu meio, seja do patriciado rural, seja da burguesia mercantil das cidades.
Se considerarmos ainda que o ensino superior profissional nãO tomou, a não
ser com a criação da Escola de Minas, de Ouro Pr~to {1875), uma forma par-
ticular, mais ou menos adaptada às condições do meio, e que à base d.!sse en-
sino acad!mioo não se encontrava nem uma educação suficiente da maasa,
nem escolas profissionais especializadas, de diversos graus e ajustadas aos
diferentes meios agricola, comercial ou industrial, será fácil compreender
que as escolas superiores daquele tipo, montadas sôbre um ensino literário, e
doáunando todo o sistema, não podiam contribuir senão para desarticular as
elites que preparavam, das realidades profundas da vida econômica do pa1a,
e para acentuar todo um mecanismo de pensamento, a que nos habituara a
forma retórica e livresca do ensino colonial. No entanto, não ~ possível nem
justo subestimar os serviços, notáveis a certos aspectos, que prestaram as es-
colas de direito, de medicina e de engenharia, ainda fora de sua função espe·
clfica de preparar profissionais, que os tivemos de primeira ordem, nas car-
reiras liberais. Elas concorreram notàvelmente para elevar o nível intelectual
do Brasil e transportar por tôda parte um elemento de cultura. de urbani-
dade e de civilização; e, al~ de funcionarem como verdadeiras instituições
de seleção e de classificaç.ã o social, foram fatôres de mobilidade no sentido ho-
rizontal e, portanto, de democratização, atraindo de meios sociais diversos
e congregando, na mesma sociedade escolar, ricos e pobres, brancos e mestiços,
e submetendo·os a todos a um processo comum de assimilação intelectual que
se traduzia quase sempre por uma aproximação moral, de sentimentos e de
tend~cias. Focos de irradiação cultural, de oposição e de agitação politica,
pela fntima interpenetração do mundo poUtioo e do mundo acad~mico, essas
escolas situadas em quatro pontos, DO Norte, e no Sul, no Recife e na Bahia,
DO Rio de Janeiro e em São Paulo, tiveram uma parte digna de se destacar.
como forjadores da conscibtcia nacional: para as duas faculdades de medicina,
as duas faculdades de direito que se transformaram em verdadeiros studia
generalia, e para a Escola Central, a Escola Militar e a de Marinha, afluíam
brasileiros de tôdas as provfncias q!le por essa forma se punhame m contato,
e delas se distribu{am, todos os anos, não s6 por todo o território nacional,
advogados, juízes, médicos, é engenheiros cotno também pelas letras, pelo
magistério, pelo jornalismo e pela poUtica, os elementos que transbordavam
dos quadros profissionais ou puderam orientar a sua atividade em duas ou
mais direções.
Certamente, essa elite, de uma mentalidade poUtica e retórica, imbuída de
idéias gerais, desarticulada, pela própria fonnação, das realidades da vida
nacional, e habituada a examinar oa problemas concretos ou de um s6 ponto
de vista, estreito porque profissional, ou pelos seu5 aspectos mais gerais e t~
ricos, não estava preparada para resolver os grandes problemas técnicos e eco-
nômicos do pais. Com essas características, tantas vazes apontadas, não tendia
a marchar diretamente sôbre objetivos, cuja posse lhe asseguraria, mediante
reformas econômicas e pedagógicas, uma restauração do ensino pela base e
a sua progressiva extensão pelas camadas populares. Pela sua cultura, de fundo
europeu mais abstrata porque menos complexa do que a da civilização oci-
dental, de que se saturou, distanciava-se demais das massas para lhes compre-
ender as necessidades, e dos problemas essenciais, locais e espec:ffioos do pm,
para enfrentá-los com decisão. O seu grande mérito não era o de unir forte ·
342 A CULTURA BRASILEIRA
-----------------
mente a idéia à forma. a palavra à ação, e sustentá-tas uma por outra. Da
palavra, sempre alerta e exuberante, à ação, sempre lenta e acanhada, parecia
enorme a distância a vencer; os que se lançavam às realizações, ficavam pelo
geral a meio caminho ou novamente se refugiavam no mundo verbal, desilu-
didos ... ~o que jâ notavam, nos princlpios do século XIX, Jost BoNIFÁCIO,
quando dizia dos brasileiros que "tudo empreendem e nada acabam"; e, em
1865, Lufs AGASSIZ, que não teve o que retificar nem o que acrescentar, a êsse
respeito, à observação sagaz do eminente homem de ciência e de Estado.
"Nenhum país, ponderava o sábio suíço, tem mais oradores nem melhores
programas; a prâtica, entretanto, é o que falta completamente". Se tivermos,
com efeitlo, o cuidado de traçar, de um lado, a hist6ria das idéias e dos planos
de reformas pedagógicas, e de outro, a história das instituições educacionais,
veremos, na superioridade daquelas sôbre estas, o contraste impressionante
entre os sonhos de uma mentalidade, dominada pela sedução das fórmulas e
escaldada pelo romantismo político, e a incapacidade realizadora, evidente na
pequenez das obras e na descontinuidade da ação.22 Mas, essa mentalidade
que fazia oscilar a política imperial entre um idealismo utópico e um utilita·
rismo estreito, não é a única nem a principal responsável pelo atraso em que
permaneceu a educação popular em quase todo o Império. ~e mal tinha
raízes mais profundas. O que faltava para uma vigorosa obra de educação
em alto nível e em grande escala eram, sobretudo, condições de ambiente real-
mente favorâveis à mudança de mentalidade e aos progressos da cultura no
país. O sistema econômico, assentado em alicerce exclusivamente agrário e
no regime da escravidão; a inexistência de uma cultura econômica básica ou
de uma grande fonte de riqueza que pudesse acelerar o ritmo de transformação
da fase agrícola para a de exploração industrial; a falta, em conseqü!ncia, de
uma extensa r&ie de comunicações que permitissem uma interpenetração maior
de culturas e uma ação mais intensa dos focos de atividade intelectual sôbre
as largas "zonas de sil~cio", - zonas culturais sem ressonância e sem vibração;
a dissipação das energias nas competições pessoais e nas lutas de partidos que
paralisam a ação governamental, nos momentos de maior tensão interior e
exterior, tudo isto concorria para neutralizar os esforços construtores, nessa
sociedade heterogênea, fracionada em grupos sociais, dos mais diversos ntveis
Z2 !t, de rato, f.mpr-ionante o c:ontraate entre • pequcncs o.l•t rc'llll.._eae. o • maaM de cSectetoe e pr<>·
Jetoe de lei, no tt'ft\po do Imp&io. Se e:(éluirmos as indícaçi'lea, propoetn c projetot. de meno~ monta, quo tAo
numero.oe, • tingem ·a c~ra de 40 ot projetoe uuüs importantes 16bre lostruçilo p6bUc:a •pr~aentadot llil Clmllf•a
~íalatlvae n o primeiro reinado, dor•nte • Regência. e no teeundo relnado. Ot decreto• .tlhre o ""'lno aecua·
tUrio e eui)Uior, enet tub lnun a 32, inclnsive os deaetoe legitlatlvoe. Em 1823 Coram propoeto. na Auembl~a
Coottitui.ote nada meno. de 8 projetoe (4, Ui e 27 de jun1l0; 31 do julho; 4, S , l1 e 27 de • &boto), alEm da mem6ri111
apramtada" 7 de j ulho pelo deputado M.urrD.r Flt.UIC:JACO. Em 1826 aurge o projeto de 21 d o maio, oovamentr
apreeeobldo a 16 de j unho com rutric&a por ] MiUÁJUO DA Cl/lfll4 B4llltou, Jott CA1t00t0 P&ll&fltA o& M'al.O,
e A.'M'O!Oo Jl'uJt&:JtA FRANÇA. e a S de julho, pelo. deputa.doe CUNRA BA ..8014 c P&JUUWA D& !&JU.O. ~em·ee,
a ~uttoo intcrvalot, em 1827, aioda no primeiro Imptrio, o projeto a pn xnt.ado a 2 de jlll11o pelo deputado hu6
c , j 6 o.:a Recenda, oe projaoe111. 82 c 179, cn 1831; n.• 122. em 1832; 66, 104, 108 e 135, em 1837: n .• 37, em laJe;
c a.• 108, em 1839. No ~o reinado aio f roeDOr rsJa lite'tltuta parlamentar em que ee alietam, entre oa
tra balhoa malt rtlevantu t &bte i ~trvçio. oa projetos A F do Senado, e m 1843. ebbrc a c:riacAo de u.ma Uoivcr-
8idad~ aa C&u; nt. 35, 36 c 37, tm 1846; 31 e SI,""' 1847; 46, 54 e 93, e m liSO: 74, em 1851; S e 6, em 1863;
113, C"'l 1870; 290 e 463, em 1873: n.• 92, em 1877; 158, em 1880; c , • 13 de abt-11 de 1882, o pnljeto n.• M oóbtr
O c..uioo - .-uodArio e aupcrior, aJ~R~eatado pdOII deputadoot R tn BA~, ULUSBS VIAl'IA c BoMPDI EiiPf:rloi.A.
e qu.., coaa aer o maie importante d.e todos. oAo teve tau>~m rt~ no Parlamento. C oofroate-ee aceno
o oómero avultado d e proJetoe com u iniciativas e iostitulç<iea criadaa pelo r:ovtroo imperial, em quaec 70 ano..
c ver·-'· em todo o «"" relevo, o contraste violeoto entre a ordem de ldbat e a OC"dem doe fatot. Pare ~
4lt10rD\C a cervo de projao. e decretos, al&n de outros eepcdat.. nlo ac: apc-eecntam RO!lo 7 lnetituiçila oovae.
neueluJO pcrfodo: 01 doio c:..,_jurldicos, c:riadoe em 1827, no primeiro reiuado; o Col~alo Pedro It, em 1837,
JA durante • Rq~a: o l oaôtut o de Cetoos, criado= 1854, e o de SurdOJ·Mudos, em 18561 o Obtervatórío lm·
pcrial, do Rio de J&nciro, e a Eteol.a dt Mimls, ioaQ&urllda em 1877, em Ouro Prü.>... Os ioetltu- que euJ.
davam da loeuuc;lo doe c:q;oe e doe aurdos-mudoo, - criaç<Su utet \n.tpinldu D\UD .,.plrito humllnlt4rio do
que 1)1'epotblt ao fim de eoaamlnhar 11 801ução dc>d va,vea pc-oblem.u , n«o passsvam de U11t8tlvaw, quue inope·
ruta, DO ac:u acanha do c:lrnllo dt a ção: o Jnstituto d e Me:ti.DDa Ce&o.. com 1874-, nlo contava eedo 35 alW>O.t
(23 rapuu e 12 moças) para Wlla população de ~Dei~ de 12 mil c:qoe exiatcatca no lmp&io, tc:IUDdo a eatlrn.ativto
~t: ., o lostituto de Surci-Mudoe nio all<'<:oeUAYll, aa mc.ma lpoc:a. mal~ do 11 al110oe para uraa populaç&o
c:akv.lada e:u 10 mil turdOS<mudow. Doe decretos do covf:roo imperial, a malor J)8rtC dele!! ~ ..va a O<'plli~o
e a reforma do Col~o Pedro n e do emino 'uperiar do 1mpã;o, denl.nado 11 formac;io de m~leoe, advot:lldo.
e C'flgeobdroe, d vil e mililarft.
AS ORIGENS DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES 343
d~ ~CAte a homeo., e com um dnico pro(.,...,.-, .N.Amsal. Josi CIC.o.vn, catedr4tico der r.losolia e m..-l •>c•
cuno aneso l P'IICU!dadc de Dirá to; essa cxol.s fbDcioaou auma oala do C.bklo.cantilua l Si C.tcdnl,c foi .upn.
mída cn\ 1867, teaclo formado elrca de 4ll pcoC~ ~ p«to de 20 a.ooe (Ciob, elO m6dla, por aao). Para ••
aeclaa fcmllli.ou vinb•m aa pro(c:sooras do Seminário daa BC!ucao:lu, onde eram rec:rut.edaa pera o eosino du
mcal,... e "pcovld.u nas primeira• Qdci.-as <k Y.màr'u ldrn qu= v•laawm"', &J 6rlla qu~. t~ado 1S a.aos coom·
pleto., Glo .., eaaavam ou do .e ea.pregavam para ecrviÇ08 dom&tkoe (Rq. de 7 de jaaeiro de 1845). Poc lei
YOCllda pela As~mblw em 1868, o ~<tfesliOI' e nome-"" p.)C" um cxam~ peftllltc uma com!MI.o e e<11 pcQeDÇa
Cio 1'\-aidcatc da PrnvfDc:U c do Ins;xtar Gft1ll de~- Dal a oome que ae lhes dava de "praf~ de
p&16da". Na eecuncl.a metade do okulo XlX é que c vc:rif"acoo wn proçesso maior, aobrctUCio do ponto d e viata
quaatltadvo. De fato, de 1852 uú 1813. em viate aa<n. q »sc triplicou o n6mcro de exoltoa, •ubi:>do d e tn
para 437, e aumeatoo de •ete ma (2 018 para 14 737) a matril:ula , ...a1 D&J eoeola• primtrias. Maa. boe mo·
Yi.mecto que J4 c:olocava SID Pllulo na v*IlgUMda du pco-6aciu, em ma tEria de caliao, ala acompanhou o riano
do ~cato da populaçAo livre que, em 1852, cn de 333 míl e J6 atintia em 1873 a 82S mil babitaatet. O
pcoblcma da fonnaçiio do peQ<>d docente eamjnhava lentamente para a oua .aluçlo, que a6 veio com • mudaAca
de rqlmo polltko. Em 1874 pela lei n.• 9, de 22 de aurQD <Usto aoo, 6 criada n• taPit&l de Sl.o Paulo uma E•·
cola Nonnal, ~ um c:uno de d oia anae, que c iGStalou a 1'.1 ele fevCTCito de 1875, cora 33 alunaa numa sala do
CUI'IIO ILDCXO l Faculdade ele Direito. Também cata, por falta de vttba para • inatalaçla e c:uatdo, ~ fechou em
1178, pata .., abrir, e deot.e vez ec>lll t:r& aoo. de CW"IIO, 11 2 de a:6ato de ta&O, an virtude da rc1'orma de catiaa
'IOt.eda aa Auembl6ia, por au,iestla de LuiiW"'lXl Alilft..UDO Da B•n'O. fatia prcaldcatc da Provinda.
AS ORJGENS DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES 345
20 O ltxterno.to Aqulno tem u euu origens num pequeno curao de erplkaçile11 de m•~m6ticat, libert o
c:m março de 1864, num11 aala do p~o o.• 43 da rua da Caricx:a, c dutinado a03 .Junot do t .• ano da aoti.r.•
Eceola Central, hoje Eacola Nacional de Engenharia. Era ellplic:ador dtue SfUpo de estuchotes um eeu eom·
pe.oheiro male velho. Jo.lo P•nRo n• AQumo, fundador ma;. terde elo &rternato e que cunava entlo o 4.• ano
daqnela B:~~eola. no Rio d e Janeiro. Em 1867 boe eurao de explic:a(Óe* ,.. t... naforroava no Bxtunato Aquioo,
de que .......Uu a dir~o o o.-. JOÃo P&011.0 n:s AQtiD<O, profeaor de metcm6ticae. e cuju aulu COI'MÇ8nlm a
funôonar em maio. RncatTettuarD·H da rcgfncia de aulae, l>eUe c;olqio, bom.eua C'OlDO 1'oN.ú N.vu que foi
profftSOI' de re;o no Col~o Pedro U, ALnl!bO n"Bic&Ao~01.1.a TAII!4AY, drpoiJ eenador do Jmpáio e V~
de TAUNAT, AADJtt R&DOUÇ.U, ]OAQITDI Ml]r.lKBO e o Conadhciro N UNO FnUUlA O~ AHtlltAtl&, entre oo!Tos
brbileiroe ilunru. B m 1874, o BnC'mato a que j6 se b.avia a.oeudo una ~ola ptimiria. foi c:<>m esta. tnr~~Cerido
para as prld.lc:. ne, 78 e 80 da na do Lawad.io, oade pusou a Cu.nclooar com eeut trb C'lllliOt. o tlernefttar (ez •
umato pequeno). o m&dio e o de J)TOPQrapo d<>! estudaJ>tes ito matr1c:ula oo. C\11'10!1 auperl«u. O enaloo, bem
~tpardhado de material e laborat6rioe, realizava-, tanto oo euno pcim6tio como no eec:und6tio, pcloe mttoclot
modernoe adotado. DOI melhorce c:o~oa da Am&ic:a do Norte. &m S de jWiho de 1875, ble modelar trta~·
lecimento de emioo ~• honrado pela primeira vez <lOm a vieita do lmpa"ador: o craode geólor.o. C.uu.ot ttaa-
DUJco flAaT, pror~ da U.Uvenidllde de Coroei!. 003 Sstad011 Onh.loa, e qu< teve oc:atiAo de ••lnir a exa,_
. _ c:oltgio. comunieera a P&DRO n a viva impreuão que lhe delura a obra do not.6vel educador bt'aailei.ro. l:m
1884, por dírtc:uldades nnanceinu decorrenta da maaut=ç!lo d o Internato, c:riado C'lO 1876, fcchou·te o Externa to
Aquioo. que, 4etde m.eadoe de 1883, fuociona..e à rua do Puocio. 62. e vrio • reabrir-ae .broentc em 1892. tob
a direção do teu CUJ>dador, Ot. JoXO PEDRO Dlt AQtllHO. Eq:úparado, MO 1903, ao Gioúio Naclo11al. coot:muou
a pcestar ICI'viçoe il educa~ da mocidade. Foi eu.. Externato wn dos mait lmportaotu ntabeledmenloa de
caaino. na IICJ:IIl'da meude do akulo XIX, não e5 pela unidede e tfici~ de dir<'ÇAQ c pele atmoefere moral
que ode te reeplrava, c:omo pela divulgaçio dos novoe mitodoe e pelo eoi\IWito de aelU pro(~ eeeolhldoa
entre oe maie b'bei• e experimentados da c:apit:al do p<. N o Ext~to Aquioo, pelo qu.J pasMn~m, duraote
maia de mdo efculo. mllhata de eatudaft~ ruenom tleUt estudot de bu~ mnitoa dcao bruileiroe que maia
• daotacanun na pol!tic:a, na.a letraJI e a.u prof'oa6es libera;.. (JoXo Paoao oa AQV\HO, Breve notlcU. •6bre
o Bxter~ato Aquino. Tip. da "Oucta de No6cia5"', Rio de Jaoeiro, 1903).
AS ORIGENS DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES 347
21 Os primeiros jallllta. que ehq.anm a o Brasil, 83 aDOa depois de aua erpul.eio pelo Marque. de Pcno.u..
e 211 anoo ap6t o ratabdedmeoto d• Coalpe1>hia de J....., por Pro vn,.,...... padre. ape.nb6Q. P'w>ctllndo em
1142 • eua pr1mel111 cua ~llcion ~ POrto AlqTe, dedicaram-ec • priadplo, como . - lembre o Pt. JLunnu.
llol.uJUUI'IIA, cxciUil-cnte • o mlnlat&io apo.tólico e à catequae dos lndlos. O primeiro col'clo q~ atalM·
lcoeertlm, etd Dnt~o. hQje Flori&nópoUa, tcw, oa JUA (rue ioic:ial, uma vida cfEmer•. pOrto que fecuo4•: em 1853,
tkvido a nm aurto de febre llfl\llrcla, DO sul. fcchant-« o coiEcjo c::riado em 1845 pdoo padrn eapanhóia, para te
348 A CULTURA BRASILEIRA
reebrlr, j6 eob a cllreçlo de>:~ -padres da Provfncia Romana, em 1865, coa- novamente fechado w:> 1880 e.,...~ tvdo,
rooberto, data vea pelot ~u!tao dll. .PTO\<ineia da OennAnla. Ba1 1 857, ot p&drce npaohóú. - 01 ptimcir<~a quo
voltavam a o Dretil pelo eul, no ~.o XIX - , "foram completamente aul»tltulda. pelos po.drct da Provfnda
ela Getmlnle, a o. quais o Padre Oenú confiou, Destee 61timo. tempo.. " miulo do Rio Grande do Sul, reuoindo
• etta. com " d~lcn.açllo de Província Meridioo.al do Btallil. Santa Catarina " Pa,..oi". Por detcrminAçlo d o
J'Krc 0""'1, como oe vt , loata.laram-JC "" IUI oe janíta' al:ml~ (18401 e ao ~otTo, oe padra da Mi~ ltaliana.
ltota tCIOlu~o. com quo" tre.o aferlu C<n 11167. doe~· QS>&Oh6b para os da Provfncia de Oermini. . tM• a
f"etliSo do Rio OraJlde o Sul, e .., lhe inc«potou mais wde a de Santa Catarla.a e Pa:ao6. foi ccrta.o>cote moti·
vada pd.a c:otTeni'C lmivatóris alemã que. imc'.ada. IIÍI>dAI ao tnnpo de D ]OÃO Vl . com aJ col6nlu de Leopoldln•
e Ncwa Fributco e retomada poo- Punto I,~ a f~ç&o ele Sio wopoldo. no Sul, c pelo covemo de P&aso n.
em 1840. coon o de Pettópolia, teria,~ eacre?e Eo=a DA C11WKA. d...to 18SO. ''com • vinda de SIUOU..oclf
8LUM.,.4U. um tre~do cootfftuo de q~ restam como IJOA- detcrmi.oanta Bllli'DCllall. Joio v\k, Mnodo Novo.
Si.o LourençO, Teutbnia e ou~··. (,A tn.Ugem da lti'J6ria. P6fto, 1922, s>At. 27$). Zm 1870 os Jewftu
alemâet fuadaram em Sio Wopoldo o G"ioásio ele N,.,. Sdiliore da Coaui"o ( 1870..1912), e a. jeeu!I:&'J ltaHaaoa,
clc1IOb de ~rn criado em 1867 o ScminArio c o Co~ de PcrnaJnbuco que oe fechou em \873. ruanm1e dd"i-
altivamn~tc na rqjio «<~tr.ol do pef.t. É p o r - Epoca qllt (Widarem em I tu a Colflio d e Slo Lula (1867- 1917),
que ee tTIUiáeriu em 1917 pera Slo Pauto. e em Nova F~ o CoU;:to Anchieta (l81õl que • fechou em 1921,
e em ~.,. ediflcioe ae iMu1ou • c... Central da Compuhia de Jeaut, dull~ ao noviciado e • farmaç&o bll•
mAftb~ c f"lloolór.c:a dos future» jesuftu. 2ac:s d<:io coUir.ioo. o d~ Sio Lula e o de Anchiec., dOt mah rcputadoa
d o aeu tempo. pr~tatw.m IICt"vlços ioesêmiveis lo edu~ da moc:icladc. &te, em cf:rca de 40 anot, e aquUe. durante
meio lkulo de exls~ FechAdo o Colqio Anc:bieta, abriram oe padra da a otlp Mlnlo italiana, hoje Pro·
• tlleia btal>'ldre, o Col4io de Santo l n4c:io, qUe ~ um do. melhora 11inúlo. e do. ma~ frcqOcntados no Rio d e
J a.oc:lto. ~oe o. pa~ j~utt:as de Porropl quando oe pr1>tlamou a rep6bli~ o~ pab, em 1910. o Btnil
roi um rd"6r,lo d&ta c:xiladoe. - os padta da Ptovfocia port~, que 10 tttabcl~am no Norte, em
Pernambuco, no Cear& e na Bahia, crun .eus co!i&iot per.> o educa(J.o de adoleaeentee.
AS ORIGENS DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES 349
2S A Bibliot«a Nlldonal, o.ú•• ori~:ena retlll)Dtllm • 1814. quando o Prtncipc: Rqeute D. ]OÃO a briu ao
pó.blieo a Biblioteca Rui, COI'Il oe GO mll votume. que em 1808 trowrera do Rrino. foi iuatalada ao Rio dt Ja.ne!ro,
DO H oepita1 dOI Tet'Ceiros do Catml). Conatitulda inicialmente dbse notável •~ de obfaJ. proveniente. da
Biblloteca Real do Palklo da Nada e 10JO lncorpontdu t nova instituiçã.o critkcla poc D . JaXo Yf, a Rui Bl·
bliotec:a foi·ec damvolftndo eooltantemente, atrav& de uait de um Rc:ulo, com mllhara de volWDC'!I que te
acracent.ram a o .u primitivo patrim4nlo por meio de aquD;ção.lepdos e doaç6cs. Bm 1822 fonam eompradoa
01 6 322 volumca que pertenceram ao Conde da B.utCA e, em 1838, pagaram a faur parte da Biblioteca Im-
perial u obraa. cerca de S mil volume. da bibliot«a de Jost Bomt>Ãco. o Patriat'ca, e que llle foram doacSo.
peloe aewt b..-dei..- Bm pouco mala de 60 ~. ~ 1876, ji atingia a 120 mU votumes im~ e va.nde
quantidade de vaJloeoe manuocritos. c:a...ando ~~o a Hl!a3&Jt:r s_'oOTB que vbitoo, por eua fpoc:a, o Rio
de Jaoaro. "Uma biblioteca que boorarla, ft<'reveu f.le, qualquer cidade dot Eotadoe Unidos'-. (HUllSIIT
S.OTQ,Bra.U: Th• Am. .ons andthaCoalt. 18791. A 'Bíbfwtecalmpcrialque .-..:ebetaa~tloum novo reculaiOCD-
to,po<decrcto de4de muco de 1876, "franqueada ao pllblico de da eit tarde.apc"eKOta..,• a eua MI•tcmprccheia
de atudantea c paqut.adorea·•. Bm 1884 foi rroqileoteda poc 9 234 lritores. Bm 1189. quando ec prodatnoo
a Rep6blica , a B iblloteea Imperial que panoa a denoi!Üna.r·se Bibllote~a Nedonal, j6 pouuta 170 631 volumn,
abran&endo bK nl'imero 21 8í>6 duP.'ieatn e 1 745 uempb.re da Flora Braeiliena/1 de SPI.x. und VAitTrUI;
895 pc:ç111 de mCI.Jca, mala de 30 m1l eatampu e 12 mil ID<lG...aitos". &otre ae auu riqueza• . eonatltuld•• de
obru • otl&.aa ou ctlebrot, em primeira ~~o, efte0ncra4e uma du bfbliu latinu impr- em petpmlnho
350 A CULTURA BRASILEIRA
cuja casa tradicional é habitada por sombras ilustres, e que hoje possui uma
bibliote~a de 80 mil volumes, 50 mil manuscritos e a melhor coleção de mapaa
do pa!s (3 mil), faz da publicação de sua revista, editada regularmente desde
a aua fundação em 1839, uma obra não s6 de estímulo dos estudos históricos,
despertando e atraindo vocações, mas de propagação da cultura nacional no
país. A Revista do Instituto que publicava em 1889 os volumes 79 e 80
(Tomo 52), quando se proclamou a República, e que em 1938, por ocasião do
seu centenário, já contava com 168 volumes além de 28 especiais; os Arquivos
do Museu Nacional, - revista criada em 1876; os Anais do Observatório
Astron6mico cujo primeiro volume surgiu em 1882, por iniciativa de E. LIAIS,
e os Anais da Biblioteca Nacional, cuja publicação se iniciou em 1876 e já es-
tava no XIII volume em 1890, constítufam as melhores fontes de estudos nacio-
nais e outros tantos focos de irradiação das atividades culturais no tempo do
Império. Sob o impulso de vocações isoladas, mas tenazes, e ao calor do apoio que
lhes dava PEDRO II, criando uma atmosfera espiritual, desenvolveu-se, nesse pe-
ríodo, uma eflorescência de cultura que a história do pais ainda não conhecia. Foi
também a partir de 1876 que, por iniciativa de LADJSLAU NETo, seu diretor
(1874-93), o Museu Nacional, abrindo cursos de ciências e uma série de confe-
rências públicas sôbre botânica e zoologia, antr-opologia e fisiologia, lançava,
com uma pleiade de colaboradores, LACERDA, NIOBEY, RODRIGUES PEIXOTO
e CouTY, fisiologista francês, a semente de que devia brotar em frutos de pes-
q uisas o interêsse pelas ciências puras. Com o mesmo zalo e a mesma solici-
tude com que participava em 1856 das reuniões da Sociedade Palestra Cien-
tífica, presidia habitualmente a sessões do Instituto Histórico, inaugurava
exposições de arte, velava pelas instituições de ensino ou estipendiava publi-
cações e viagens de estudos, o Imperador acompanhou de perto, assistindo a
diversas conferências, essa iniciativa de extensão cultural e em prol dos estudos
científicos desinteressados.
f' Mas, não s6 em derredor dêsses gestos, freqüentemente ridicularizados,
se abria um largo vazio de indiferença e de desdém, como ainda (e daí a descon-
fiança que suscitavam e que era explorada nas lutas políticas) não se registrava,
na ação, um vigor correspondente à acuidade do interêsse intelectual, revelado
por tôdas as formas. Nenhuma concordância, de fato, entre as atitudes
pessoais do Imperador e a política imperial de educação. Nenhum esfôrço
realmente fecundo que lograsse inclinar a atenção do público intelectual para
as ciancias da natureza e para o trabalho cientffico. Nenhuma iniciativa, da
parte do govêrno, para converter a opinião pública à idéia da utilidade, da
necessidade mesma de se orientar- num sentido diferente o ensino nas escolas,
que se desenvolviam segundo um ritmo de evolução particular-mente lento e
continuavam a preparar, não para a vida, em suas manifestações diversas,
mas somente para as profissões liberais. Peado pelo Ato Adicional que lhe
paralisava qualquer ação decisiva sôbre as provindas; tolhido pelas lutas de
partidos que se revezavam no poder, dando lugar a sucessivas mudanças de
ministérios; dominado por problemas prementes, como a manutenção da ordem,
par Gu'RH'ano. em 1462, na oua primeira ~ ~ das quan slo c:oobendoe ·~ 3 outros ~xen~pt.re. A
aua oot6\'~l coleçlo d~ obrat a-me b(!je a mais de 500 rnD votwnn, al~m de mape t e rnan~rltos. ~~ 1876,
publlcam-ee 01 ""•I• de Biblioteclt N~dDnaJ dr que j6 ..ainlm 60 volwnet, tendo o 61dmo, cornsl>'):>dcnho
a o a oo de 1918. edita<lo em 1940 e q~ C"OnStituem uma du pubbc.ÇI'ka orociab mei• lroporUonm do pa!lL Pela
direçAo dJI Bibliot~ Nacioa.al q..e ji .., e<>midcnova. ao aEeulo penado. a m•iOC" bil>l l - da Am~ea do SQ),
I)Qnatam homcnt i!u~tru como, entre outT~ Frei ANT6!flO oa AaJIA&IDA ( 1122- Jtl, o C6neoto J ...HU.hno DA
CU!tRA B.ut- 11839-461, um do. fundAdores do l~to H1'1.6rico, J. oa A. AI.Yil S..utC:O a.ftiHlZ B.ul1ttT0
( 184~S31, 1'Mf ~11.0 DI MOIIUJtJI.AT~ (ISSl-701, RAlu% GAI.V.lO (187G-11821. S.u.OA!fllA OA GA\IA lt 809),
Tslx.autA OI ~t.O, MAwuu CfcrRo , MÁRlO B&IR.INO c Rooo1.10 GAltCIA. 0. 11CU8 ptiroeiroa dirrtOC"et bi·
bliotedrioe (oram f>rt'l GJU.oóJUO Josf 17TEGA.S e c. P . jOAQVTV OAioluo. A Biblioteca Nacional, boje t<>b a
dlre(lo d o Jf&ftde hiJrtoriador RODOLPO 0ARCtA, aclla1e inttaleda b6 cer<:a de 30 ao.,. na ~xtrcmidlld~ tul d a
aveoide Rio Bran('(), e-m auaroooo ediflcio, jj porém ac:aohado para dep6olto dJI quantl<la.de enOtTnc. e cr-ente,
de irnp<utne de tMa a ordem, e inadequado à fun~o nJ.IturaJ que a biblioteca 6 c:b.<amedJI a uc:rc:er, eomo wa
centro do pe.quiaas o de cultura literária e eic:ntif"ICII.
AS ORIGENS DAS INSTITUIÇõES ESCOLARES 351
80 A pute rel4tl•• • reftn:~a das faculdades de mediciAa, tiO d«tffo ref~do por L&OKCJO o&
CAitYAl.IJO, f devida ao V"..eonde de S.'lB6t.4. profeuoc e diret« da ?ac:uldade de Mcdld n• do Rio de Janeico
e mh!ic:o da (amOla Imperial. O V"~.~Ccmde de SABÓIA c~:o admiajattaçlo de 8 anos (1880--Ul fol o perfodo maia
brilhaote dma 'Faculdade, ba'li.a sido eaeanegado, em 1871, c!c estudar a ocpnluçlo dat faculdades de rnedjciall
noe pt1bct mau adiantados da Europa. De volta de sua viaacm, em \872, apnsmtou um <clat6rio 8bbre • or-
a...U.~ do cosioo m&lieo na F~, Ibilia, Au.stria, Alem&Aba, B!lt ica e I.,.Jatcmt. Outroo pro(euores foram
tambfm cnvados • EurOpa para estudar o eusioo d e tUM espcci~liditdes, do poato c!e wu pr6tico. &ameo~
tu~ \1178, I)Cftm, LzóKcto os C.uvaLHo, Ministro do Imp&io, incumbiu o V1tcande de S4a6tA de apreoeatar
um plo.no de reformao, "bueado e6bre o CNioo liYTe qae Ele queria eatabel~". !t~ prujetn, e-=reve o V"IJCoode
de s....óu, "CS>tr~e e impresso dois meso depois, _...tu de b:ax ao decreto de \9 de abril de 1879; alaun~ SU·
pwlbam que C<"a o primeiro ~ no camioho da clecad~ de oosao eoaino allJM"'iw: na minha opioilo, foi <>
primdro ~olpe dado aa irnorAaci" e ns ret:õn..-a de n - . eduução cicntlrica. Faundo bliC decreto rCH&Itar
ainda maia a ioauru:iblcie do ensino au9"rioc, o profeu<)r P&RTMC& numa tfrio de c:ooler!odu fdtaJ em IUO
prop6e a crltl(lo de uma uruvCI'3iclade com::> meio de reerguimento dbte enJioo, e com bte objetivo o c ov&D.O
lb aquitlçlo doo terrenos, «cani~u planos e c:o:neçou os trabalhos". (Dario de SAIIÓIA, Fa/cut6s de M6dicirut.
p_,_ S63-S79. ln "Le Brbil e o 1889", de Sat:u:'Anna Ncrl, PariJ, 1889). 'Mal• uma vu, por&n, f"oeava em
projeto a id6a da univenidade que deria surek e.ind.a em alcwn•• propo.taJ c, pela 61tima •c:z, como tcmprc
0'!00 repet"CU&IAo, na Fala do Trooo, que Ioi .. deop.odida da monarqu!.a.
AS ORIGENS DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES 353
' nacional, mas um plano ideal e teórico, em que se coordenam, por uma espécie
de ecletismo, elementos e instituições discordantes, inspirados nos meios sociais
mais diversos, como a Inglaterra, a Alemanha e os Estados Unidos. Com a
sua notãvel erudição pôde Rui BARBOSA reunir nesse trabalho parlamentar,
-um volume de 378 páginas in 4.0 - , a mais completa documentação rela-
tiva às instituições de ensino em alguns dos países mais adiantados da época,
e apresentada com aquela elegância e pureza de linguagem que eram peculiares
ao grande orador e constitutam um de seus maiores atrativos. Impelido, sem
dúvida, por um idealismo ardente e generoso, que não lhe permite tomar pé
na realidade, e deixando-se dominar pela sua erudição e eloqüência que o afastam
do espírito critico, erguendo, acima do valor ideológico, o valor literário e in-
formativo de seu parecer, prefere o eminente relator as largas esquematizações
teóricas à observação objetiva dos fatos e à reflexão sôbre êles. tie propõe
todo um plano sob a forma de reorganização, depois de traçar um rápido es·
bôço da história do ensino no Império e levantar quadros estatísticos das pro·
víncias, mas sem proceder a um inventário do estado material, social, econômico
e moral do país, e sem estabelecer antes a finalidade pedagógica, social, e po-
lítica, a que devia orientar-se tõda a estrutura do sistema e para a qual deviam
convergir, coordenadas e subordinadas a uma unid2de fundamental de prin-
cípios, as suaS' instituições escolares de vária natureza e de todos os níveis. Mas
é preciso reconhecer que na elaboração do seu parecer, em que abriu novas pers-
pectivas à educação no Brasil, alargando o seu horizonte mental em outras
direções, o vigoroso batalhador das campanhas liberais, se podia e devia procurar
no meio social brasileiro as bases e as sugestões para a sua construção, não
podia encontrar nêle um pensamento pedagógico rutidamente formulado, em
que se flftllasse, nem uma corrente de idéias em que se deixasse arrebatar. "Em
todo o período do Império ou seja em 67 anos, informa-nos LoURENÇO FILHo,
apoiado em dados oficiais, s6 se computaram 193 trabalhos'' ... e "até 1882,
decorridos mais de 70 anos depois da primeira publicação (1812), a bibliografia
pedagógica se resumia quase que em relatórios oficiais, de escasso valor dou-
trinário, e às v!zes mesmo informativo, ou discursos de propaganda". Ainda
no período de 1862 a 1886, em que figura o maior número de obras (147) publi-
cadas em 25 anos, no Império, e quase quatro vêzes superior ao de livros sôbre
educação editados nos cinqüenta anos anteriores, e em que apareceram os pri-
meiros trabalhos sõbre criação de universidades (1873), a idéia de um plano
nacional de educação (1874), e o ensino profissional (1876), não se desenha com
nitidez nenhuma corrente de pensamento pedagógico. São tOdas, obras mais
ou menos eruditas, geralmente livrescas, sem vistas gerais e sem espírito crítico
e constr utivo. Para estudar um assunto, bastava insinuar-se entre os livros,
manuseá-los e confrontá-los, opô-los às vêzes uns aos outros, recolher dados
e indicar soluções ideais e, depois de um passeio mais ou menos longo pelos
pa!ses europeus, saturar a obra de erudição e pulverizá-la de reflexões pessoais.al
O parecer de RUI é, dêsle método, uma aplicação luminosa que reflete, com a
mentalidade da época, a fôrça poderosa dos seus ideais e do seu talento. O
contraste entre a altura do ideal e a realidade que o rejeitava ou em que se ia
inserir, deformando-se, foi aliás, com o seu temperamento combativo, a causa
81 1111 coatr6tio 4a ímprcnu. d e car6ter eeral e polltic:o, que teve um papel tAo Importante no domlalo
4a litent~.~na. almprcn. dld6~. que •~o • pert;r de UI7S, não chq~>t~ a estimular • edo.h de uma litetatura
pcdq(lgjca. B1a velo no !tldmo quartel do tEcuto e nunca teve bastan~ lmpordncia nem p6bll•o ourlcim:ce
para au.látar e canaliz:ar h ~nta de pennmento ao domlnio da edoc:açio. A primeira pub!lcaçlo pcr16dita,
devida l iniciativa de A&..UfBAJU Lo~. "fuDdador, no Bc-uil, da imprc<lH did6tica'', ~ • rnbta A lnllr1J,.Xo
P(t.bli~. em que colaboraram entre outToe o Bad:. de M#.CAÚBAS, FU.t5Bsaro D& C.utVALKO e o ~o
J. Lra&JtAro 8AJUtOIO. 0111 outras publicaçac,, como O EnaittD e a RbviJJta da Lija do E;mino. ambat editadas
ao Rio de ]aDeiro, t6d.. aremeru. a que tev"c maí,. r~c:uttll.o foi esta 6Jtima, em que rittUTavam trabalbot de
Rooouo DA.HT.U e R ut BAaiiOJA. Ne-nhuma delaJ, p.,-~m. repre$e:>blva determinada teod!ru:la peda_ll~\ca mm
tr.ballulve poc cleapn:nder da ma- de ld~, tu~titQ ou nova., as diversa• c:O(Ttntet, ainda lndcHoJd.. d e oplnilo.
-23 -
354 A CULTURA BRASILEIRA
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m•lro, 1935.
CAPiTULO Ill
E
M NENHUMA época do século .XIX, depois da Independência, se pre-
pararam e se produziram acontecimentos tão importantes para a vida
nacional como no último quartel dêsse século em que se verificou{) pri-
meiro surto industrial. se estabeleceu uma política imigratória, se aboliu o
regime da escravidão, se iniciou a organização do trabalho livre e se inaugurou,
com a queda do Império, a experiência de um novo regime polític0. . É, de
fato, em 1885 que se esboça o primeiro surto industrial, situando-se no decênio
d'e 1885- 95 o período em que as indústrias do pais atraem a maior soma de
capitais em todo o século XIX: dos capitais invertidos nas indústrias nacicnais
até 1920, segundo se conclui do recem:eamento realizado êsse ano, 23 % foram
aplicados naquele decênio, quando anteriormente a 1885 não haviam sido em-
pregados senão 10.% e, posteriormente, de 1895 e 1905, não atingia a 11 a per-
centagem, para subir novamente a 31, entre 1905 e 1914, e a 25, entre 1914 e
1920, de que data a época mai$ importante na evolução industrial do país. :ftsse
primeiro surto industrial, de 1885, seguido logo de um período de declínio, se
não foi bastante para determinar uma vigorosa transformação de estrutura
econômica e introduzir um ritmo novo de vida~ jã indicava que a população..
aumentando, se urbanizava, e tendia a alargar-se a clien,tela para os produtos
manufaturados, nacionaís ou. estrangeiros. O país, jovem, ligado à tradição
e à rotina do trabalhe agrícola, afirmava pela primeira vez, nos grandes centros,
358 A CULTURA BRASILEIRA
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A DESCENTRALIZAÇÃO E A DUALIDADE DE SISTEMAS 359
a A ldfla d~ IIDi<àd~ de dl~o ou d e orie..taçlo do eoftDO j ' vinha eendo Pf"OPUc-da ftO Iml>bio, n.a.
teCUDda metade do l&uJo Xtx, P« al~mat dat tnai• m>inentes ficnru pol(tic:.. que abordat&ID OI problemaJ
de ed~çlo. Bm 1849, Go!<ç.u.vn Dt.u, ooeta e etDól"'to. c:ooclufa d•• obH!-~ fdtu eta aua vla~em de
~o la provfnc:iu do Norte, do P.r6 l Bahia pela a~~dade d e "c:riaçlo de um -.tro de unidade de ~o
e unlformluçlo d o eNino em todo o Imp&io". E_. quMtAG !oi retomrod1L e dcscovolvtda com loridtt e la ve.ea
metmo com v«mblda pelo Conaelhdro Lra&RATO BAllROSO em 1867, P?r J oXo At.n&'OO, em 18'14, e. em 1882
pelo Co~lhdro Rooo~o DANTAI, Minlatro do I mp&io, TAV.utSI SAlTos. que reclamaYa pela completa ao·
tt>nt>ml. do. poderes locah. abria uma exccÇio quanto ao eaJino, declarando aedter "para certos líoa o coocuroo
do pr·ó prio sovemo ceral. ao mcmoe em favor da1 menores provindas e duraote o perlodo dot primelrot ea aaloe".
Nlo E menot pred ao ] oXo AL'UDO que noa apoota, em apoio d ll doutrino lotervenelonlalla cootra aa tend~nda o
amplamente detcentratl~adorlls. o e~temolo da lndaterra cu,ja po!ltlC1l, eob esse aspecto, JA nlo cooolstla em "ea•
trcitar a earera do Eatado. em munlclpallzu, em Individualizar a ioatruçlo p6blica, m-. a" C!>atf6rlo em CO\'tl!lciU'
a a utoridade centrei. harmoni..ndo, .,.,.. um" admioistraçlo unirlC&da e ericaz. a dir«lo d o em lno". No rela·
tório ap.~tado il Auemblfla Geral Lel\i•lativa na 2.- .as&o da 18.• ledtlatura (1882). o CoMdhelro R o.DOI.II'O
DANTAi volta a ferir aqueatl.o, moetrarulo,deum lrodo. que "aAoflfcitp ao covbuocruur 05 braçoeaateoretard&mea-
to e dietTibulçlo defdtuooa da iMtruçlo populu nu provtociaa", e. de outro. que ao Eatado "nlo lhe embarpm
o pauo n - dircçlo u fraoqueu• d-traliudoraa do Att> Adicionar• (l)i'l• · 9- 10). Par•.. o Mloiatro d.o
rmp&to o .,...uto e o prooutnador "de uma ln~fettncia ativa do Eatado na. necóMa. do emloo popular, aAo
contrariando u pretr'Oitativu benHlea.a da adminlatraçlo local, mas eàimulaodo.a pela r~ do etemplo e pelaa
VIU1tacens de uma colaboraÇio poairiva" . li: da mesma opinião Rm BAitBOIA quando, a poiado n01 eotemploe
da. Eatadoa Unld01 c da Araeotina, du.u repC!blicaa federais. rcchma a lnterveoçlo nedootl, a o justificar. etn
famceo parcc:cr. o pnüeto •P"eaentado l C Amara da. Deputado. em 1883. como rd.a tor da Comlalo de Instruçlo
Póbllca. S.. corTCDte favor'vd • uma "polltlc:a oacioual de ecb..,.ção", que eeria obtida P« uma lotervcnçlo
direta oo por urna colabonlçlo d o covlrno cersl. quebrov·oe ou .e amorteceu, por6tn. de eocootro ilt id6u (ede-
nllttas vitoriOIU que aca~ram por Impor a d-traliz.a(io completa que o tlttema federativo rcpreKuta
dc:Mitlculaa.io o en~no oa combinaçAo artitlc:lal e complicada das atnõuiç6es cotntitu.donail a n:tpdto da in• ·
~ naclooal. IV. PllLU D& Al.VVOA, L'inlttuetiOtt publiq11e 4U BrftsiJ. Rio de Janeiro, 1889, })'c. 533;
TltDtllJU BJv.l<D.lo, A educa(<6o n acional no tetime republicano. lmpreoa& Nad ooal, Rio de Janeiro,
1!107, p6p. 94-103).
4 A Coostitulçllo republicana de 24 de rev<ftlto de 1891 auegurava l Uollo compet encla priv.tiva l'&'l
lcdalar o6bre o emlno euperior da caoital da Repóblka (art.• 35, a..• 30) e lhe dava.. alo privativamente, atribujçAo
de criar ia.tltulç6es de enalno I«Vnd6tlo e ouperior ooa Eetado. e pl'I>Ytt lllootrvção no OUtrlto l'edc:nl (art. 3$,
Da. 3 e 4). Betabdeda ainda a Wddade do eruoino a<lminirtrado noa estabdcdmeotoe pdblic:oo (llrt. 72. o.• 6 )
e prantia, oo JH~ricnúo 24 d o att. 12. "o livre exe«:ldo de qualquer prof'ioslo moral, Intelectual c loduatTial".
P . : w - poucu dltpoeiç&s, es:pan•• oa Coost:itulçlo de 91, ficaram repartida• da qulotc forona aa a tribuiç6«
do coYetuo da UoiAo e doe governo. ntaduaia: e) l Uoib eompetia privativamcmt~ lq:blar .6brc o enaiao tu•
perior 1111 capital da R epóbliea, cabendo-lhe, mu olo privativamente. criu iaatituiçllel de au!D.O 8eCUOdirio e
auperior n01 Betadoe e p.over il ioatruçlo a o Oittrito Fedc:nl; b) aoe S.tadot ae pennitla orcaoizar 01 - • i..
tlc:mal ~et c:omplctoo; c) AO Distrito Federal, pcfUDcia o ensino aupcrior il alçada do &O<retuo do par., a
360 A CUL T URA BRASI L EIR A
que ~ facultave, mao nlo se imoun'ha, l)I'()Vtt ~ ill!!truçb nO"J U'8UI prim6rio c mk!i~ 0 0ftdc ae 1~11 a J>OS·
aíbUidllode df orunl ..C'I '• rimaltOoce e oualel!L de tr& tio:. de oht.:m.a' ~ol'"ell: a) o elttema ~l:u- federal,
CO<IItitufdo, no taTit6rio do pai!. do e'l.Sino se=uod~rh e npui<Y. e ncc«1\rieme11te lncomoleto: b l oltt~
~ret atadualt completos; c) e doi' tipoe de O<"~m.,ç<x> ~ee oOhlicae no o;,trito Pedft'&l una, d~n
podere:~ nwniclpel•. sem o en•l.,o ""perior. e outra. da Uaii.?, que tinha o dlrdto e11Ciuri.a d~ let'!Wr lbbre o enaino
eui)C:ri~ e a r-...• Idade de ~nizar. 1>0 ~trito Fed~al. a 1'\lt:ruçl.:. am t'ldo. c. ~Taut. Ma•, como a llln:ruclo
prim6rla . p<o('miOtllll e at1bti-a foi tnuufcrida p:ua a C~nutra Munldpel oela ld de 20 de oove::obto de 18?2.
o aittema ncolar. no .Dbtrito Pedenat. ,.. fnci0110u em dun pa~tn. • do em! no tw"l"116rio e pro(imonal que pas30U
a~ l alçada miJIIIdpet, e a do ensino sero.ltldirio e ~uperioc, a n~~o da Uollo. &. como.., vt. a ·~•
que ee utlbd«eu no ensino do oab, com esslb d~tralica~ que, al~m d~ re:lutircm •• ~blllcladc:J de om
•ittana de ed~o oaãoa.l. ddxavam lt ~ du O?Uttcu e «tameatot lot'alt a e4on~çlo prim6ria qoe '""ide
• ba~ de t&da ~•nh,.çi'> demoaA~ do ensino. A Constit•tlçl.o de 14 de fev<Tdro, como juwtamcn« oboerva
Tacranu. 8RAHoXo. "atribuindo aaa Es~os a insauçio primirle c • UnlJo c aoe ltnado. COI\.iu11tameotc o
C"D»no KCUndirio e t operioc-, q~brou a oni-:!a1ie do eoaino p6blico e anarquilWII.q, por eub'Xdin6-lo a lotcrl'c ·
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A OESCENTRALtZAÇÃO E A DUALIDADE DE SISTEMAS 361
8 O pooltlviJmo, dq)O!t da morte de A. Cown em 1&51, dividiu-, eomo ee ..~. em duaa doutr1o. .
que te tloh&m por lqoalmeotc cwtodOJa•, a de Prr:u& LAnrr&. que aceita as teoria• .6l>K a orpnhaçlo polltlca
e rdlóon da MIC!edade e te trentJorrnou numa tdta oom .eu co.lto <sacramento.. feetat c pertqlnaç6el) e • de
& . LttTat que. rej~tando . . t eoriu de Covn sbbre a org:anioaçio pollti<:a e reU,Iooa da .oded.cle . CO<IKNOU
~ prindpio. rundam:"Dtah. CQI"IIO a bnlutatll-"ntc rax., e iavaribei .. Entre biCO onodolos r~CU"•m • lU·
praslo de tMa petqui•a que ultrapa..a os fm6~, a lei dos trb csudos, a divialo du ~endaa em coocrc:llt
c abttratu. e a danlfl(-a('lo hler6..quic. du ci~ciat abttr.tn. ~ndu aoa. ordca~ de comolmdadc ~ente
e de ~enn-alidade dectUCC!Itc. Suas duaa ~ntes em que ac divi:liu a ramllia de AuourTO Cc»>Ta, depolt
da morte do teu fUndador, estanm entlo ~preseotadt.t no BnWI, pe.loe doi.l grupt>e. o da Escola Militar, em quo
predominava a corrente do E . LITTiti, e o dos civi•. em. que a cseola ortodo:ota l'eefútant m1lot ndmero de adeptoe.
O n6cleo de elite poeit1vl•ta ronnmdo na Etcola Vllit:ar, eob a influ!ncia de B&I'IJA.MUI COMITt.HT, cujo primeiro
conteto com a filo•'>nt d3 Co..,n, esta~l ecl:!o atrav& du clh<:iplinu matem6,tlcu. parece remontar • 18S7,
filiaVII·Je quaae lntcirarnentc l c~~eola de lt. LITT1ti!, enqt~Anto ae mantloh11 rlel 11 corrente de PJIIUtl LAPrTTfl,
9 ~po clteflldO por MtOUIII. L&NOt e TIIIXIIfRII. ~N'DES. "Mait de uma vez (e.aevc RUl BAJUlOU.. rcferindo•IO
1 B11~JA111tM CONITt.NT) 1111 Intimidade de eX'panslles com que me honrava. me falou nu oxcornunblles Que o oc·
pauve.m de t cua corrc11ltiondrl0!1 decltrando·oe extremado da ortodoxia e manlfcttando-t:no eou huorrimonto
eootl'a •• oJd;:~nciu dll l~r~a politleantc". {Ru• BARBOSA., ConTe.-!ncia proouncillde. em U de reverelro de 1893,
n o Teatro de Silo Jollo, d11 Cidade do Salndor, ao Bahia. In "Díscunot e Conferencias". POrto 193~. pA11iou
343-344).
7 Em 1893, em uma conrttencla proferida na Cidade d.o Salv.dor. nc<ta Rur Bt.JUJOeA ao posltM1mo
" o pepel pr«<ondnantc at..-lbuldo por ele a li "'"'mo na traaaíção rcpubliuna": afirma a exittetlda de "repu&·
..,.6ncllll lnconci11Avelt'" entre o comtlamo c 01 1cntimentos do pats; e. quanto ao que cre por l,to mesmo evtdcnte.
tato f, • lmponibltidade da •ubetitulçlo de uma rcligllio trldítiOI'lll), como a c:at61lca, velha de mala de trb tku lot,
ao Bra~H. J)tlla rcli(ilo da humanidade, Inventada por Co!n'&, que ~e com~ v• • profetnr entre n6t, d~lara
tlmidamcnte "nlo hevcr indlclos de que a nono ••~ venha a trocar tAo eedo (tk) pela rclitllo da humanidade
a religilo da caridade encarnada em CJuno". Para tlc. a eseola de ColtiT& ato poo.nava no BtuU de "um crupo
de lirtcJDAtic:o., a nata. ee qulaerem, de noatl) filo.cMISDlo, mu uma oat&-. que ae Isola como uma coiOnta de utoPia,
que r~c.cnu. a o. olho. da naçlo. uma mlllda puttna-., excluoivúta, intolenlnte'". Do ponto de vitta polltico,
o poeitiviamo al)f~n~va·H ao. olho. d o a,.t'llhador d"" idEias liberai! c:.omo qualqu~ toit4 de moottruotO.
com • 1118 tcndencla "pa~• u forrou de oP<USAo f&T"ea, que a teocracia nio acedeu"'. e com aua orientaçAo Pf6•
tica. - "• di~dura perpttua nu mlot de aem .cleptooo''. As ;nixões l)'>ltticu. a awa com'-riYldade. lltdtote o
im~tuooa. e o a~o aos l)flodpio. da demoaacia liberal, nio lhe pennitiram ver com darna Mm apreciar com
objetividadt o papel que exerceu o pca!tivbmo, com tOda a iotole.-lnda de eeu e~oltito acctjrio, oe coo.o!l~o
du inatltuiç&e rcpublic:an11. Lonce d e oer ''um fCtmtt~to ~!veute para o redlm"'. como pe<~~~~.n o notivd
orador c polltlco, a inOufnda d o pmltlvirmo, • que cemomente nio deve a R eollblica a tu. erlatb>da. foi "um
elmM!Sito conJCrVac!or ou conwolidador"", pelo ocu e11lto da ordem, da autoridade, da lUcrat"quia a da dl.tciplloa.
ate d o viu ou nlo qui. ~nhe«r • •tio moderad<XS do positivismo. o rcpubllcaniaoo dcmaJ6t!ieo C1D que
oe debatia o ocwo rc,lme. eMontrou, de fato, oas clasltce armadas, na igr~a e oo poeitivitmo, ai$~• do. priodpoo.la
t-Jtoll de rcmtfndo • t ua r~ de expando, unto mab perigoaa qO&Ilto. iotenoidade do PfOf!IPC'Io cloo ldeah
de liberdade conc:onia para a~vu a aloc polftlca e ccoo6mica, reduriodo a et"~elda dqt mt'tO. ptml ec operar
a tranalormaç&o lnotitudonal, esu~ledda na Constituição de 91. "'Fonun 01 pceltlvlotaa que Incutiram na Rc•
pCibU~a auce:ntc !n-nve AzavJr.OO AMAitAL) u idliae &adiaa de um autoritarismo em harmonia com o ctp!rl to
republlaoo, aut«ltar!tmo que r,.. nos primeiros 11101 da nova Dt'p.!Úuçio pol!tica fator decblvo da consolidaçlo
d o ruíme e da r~rulo erk u dat r~cu anarqoiu.nt.-a de todo o &met'O'". (A%11\'tDO AMAa.u.. Evoluglo da
polltic. republicana. Aoo 1, o.• 3, maio de 194J, Rio de JADCiro. pAa. 164).
362 A CULTURA BRASILEIRA
um forte colorido positivista, mas não se pode dizer que aa tenha orientado no
verdadeiro sentido das id~iaa filosóficas e pedagógicas de AuGUSTO COMTE,
-freqüentemente mal interpretadas por seus adeptos brasileiros.
Segundo o depoimento pessoal de RUI BARBOSA, não conhecia BENJAMIM
C ONSTANT a política de CoMTE; e as reformas do ensino primârio, normal e
aecundârio, constituem a prova evidente de que o Ministro da Instrução "im-
bÜldo mais do que penetrado das doutrinas pedagógicas e filosóficas do posi-
tivismo comtista", como observou Jost V ERÍSSIMO, não refletira suficiente~
mente sôbre as concepções de educação que estavam expressas nos tratados
de fil090fia e política positiva ou se podiam deduzir desse sistema filosófico.
'Nada, de fato, mais contrârio às doutrinas pedagógicas de COMTE do que in-
cluir qualquer das ciencias da classificação positivista no plano de estudos,
destinado aos meninos de menos de 14 anos, e que devia ser antes de caráter
est~tico e baseado na poesia, na música, no desenho e no estudo das línguas.
Ora, no plano de ensino organizado em 1891, já figuram, nas escolas do 1.0
grau (para alunos de 7 a 13 anos) as ciências fisicas e naturais, e nas do 2.0 grau
(para os de 13 a 15 anos), a aritmêtica, álgebra, geometria e trigonometria,
al~m das ciências físicas e naturais.s Introduzindo no ensino normal e secun-
dário tOda a série hierárquica das ciências abstratas, segundo a classificação
de COMTE, e sobrecarregando com a matemática, elementar e superior, a as-
tronomia, a fisica, a química, a biologia, a sociologia e a moral, rompeu o refor-
mador com a tradição do ensino literário e clássico e, pretendendo estabelecer
o primado dos estudos científicos, não fêz mais do que instalar um ensino en-
ciclopédico nos cursos secundârios, com o sacriffcio dos estudos de Unguas e
literaturas antigas e modernas. De tôdas as reformas e criações de BENJAMIM
C ONSTANT, a mais importante, porém, "para o novo re.gime de completa des-
centralização, foi, como escreve joslf VERfSSIMo, o Pedagogium, no pensamento
.que criou, destinado a servir de centro impulsor das reformas e melhoramentos
de que carecia a instrução nacional, e de centralizador de quanto pelo Brasil
se ftzesse em matéria de ensino público. Qual era fundado, e vindo a desen-
volver-se, êsse instituto teria a mesma função do B ureau of Education dos
Estados Unidos e poderia ser, como &te efetivamente tem sido, o agente da
unidade na variedade da instrução pública nacional, e assim um poderoso fator
da mesma unidade naciona1".9
8 Nero a edue~~çlo puramente clentfflea, nem o dom!nio da edueaclo pelo '&atado, nem ainda a Impor.
<t&ncla quo eo de11, na refonna Be!ljamlm Con1tant. ao ensino ouperior, de e.~pceiali13çlo profinlonal. encontram
J111tirleaçlo nat idãaa peda!6cieaa de A. COIITit, que do oonhara. para a humanidade uma educ:a~l.o exclua!·
Yamente clentlrica nem eeperava da iniciativa ou da inteo:venção do covetno a reallnçio de 1cu plano de eM! ao.
:.\a grande. e.eotu. essa•, nlo elo Julpdaa f•vorlvelmente! nJ.o vitaro dae. •ecundo COMTK, .enio u espceiali·
dadH e nlo formam acnlo mdoe•t6bloe 1 esp6des de mooatrow intelectuaüo obtido. por uma cultura lntenaiva. No
elatema de ecluao~lo que 1e dcopreade Clc 111a obra. como D1011troiS. AL&xts BI!Jt:TIIAHD, "• educ.t:lo, cxrlu.dvarneate
familiar c abaolutamcnte csponttnea at6 01 7 ou 8 aoos. deve COGJistir aobtetudo na cultura doe eentidoe. no
deletlvolvimento da datrea natural, pelot Jocoe, c oa aqamção de bana Ub!W.. A role deve ter a alta dlrrtao
dbx perfodo. Doe 7 ou 8 aoos at6 a puberdade, a eclucaçAo. sem ce.ar dl' aer docnbt:lca e dirisjda pdaa mies,
ec t ornari meio Nteu~•tic:a, "muito liwe ainda, maa nao trJaà ~tneDte esponttna", c_., aUti<:a, ronnan-
do-lbe a boue do eruioo a poetia, a m6tica e o desenho. Dllraate e-e perfodo. a ~o eoW\o predomi-ment:c
art&tko ~ prcáJo acreeccntar o ~do daa Uocuaa. o metúM nlo deveria ainda ouvir falar dc: qualquer dae
...te de.adat da famoea d...;rJCa~lo.. S6 en~o. ati11Jida a idade de 14 ou 15 aooe, c d~• de inld-so nat &rta e
oaa Un.cnaa, 6 que d.,_e começar a intb"uçAo cimt11"oca: dao oete cieaclae fund&mmtail, tle nlo aabc a t t - id&de
te~>lo o que ec.apnadeesponttac:amente por oeuilo doe exerclc:io. f'tsicoa, do. oflcioe e tamMm du erte., que
fuem _...l&mellte algunt ernpt"btimoe u cllociu. A ed~çAo a partir doe 15 anoe. "j' do aer6 dom&·
dc:a, - p6bli.ea ; olo eaponUnee, ma• ti.trm6tlc:a; da ~á esrupulooamente o quadro hierlorquico poe!tlviata
d"'W danclà e a ordem lócica de wa f1UaçAo". N o aittema pedagógico de Covn. que nlo ffs maia do que
eln-that u ldãu de Pl.ATlo. levando Cfll conta 011 p r - du cieno.., 6 ata parte da educeçlo a 6nic:a
~ate ruliÃvel; ''• educaçAo domEstica ofCI'l'Ce dif1Cillldadea iluuper6veit, porq~ ·~ uma educaçlo
da mal.be:r do povo que eatamo. aioda Jcmce dc: ter realizado e uma cooperaçlo do meio familiar que pode, no eatado
atu-.1 de - . eo.tumea. ~ por wna utopia. Aa jovens TC«bcriam a mcoma loatroçlo que 011 rapau..
~te tetllpCftlda quanto l ~ eicot.lrw:e... (Al.ll:xla Bluu'aA.m>, Un reformeteur d'Uacalion. In
'Nouwlle R6vue'', IS Janvier, 1898).
8 J<llt Valt)savo, A iMtr~o pf.bllca (IS00-1900). m. Rep6bliee. w.tado atual (1890-1900) Pq. 2S•
l n "Uno do C~". lmpread N acional. Rio de Janeiro, 1900.
364 A CU LTURA BRASILEIRA
12 ] . P.u«>lA c.u.6oBitAI. O•J••uJtSI e o emino. lmpi'CDM N acioaal, Rio de Ja.odro, 1911, ""P· V,
M- 53.
366 A CULTURA BRASILEIRA
13 A penetraçlo daa eKolas protestantes, iniciada no dlt!mo quartel du K<:ulo XIX, eOmente ao aúulo
atual pOc!c alatlf•• a tl.la esfera çle a.Çao e ga.n~ btutante profuwlldade para pc-oduslr oe lcUJ efeitos e influir
realmente na rcnovaçlo da mentalidade educacional e doe proccasos de cnlino no pafJ, Ainda. multo llmita du
a.a 6rbita da tua l.nfluencia, at pooaLI escolas de inidativa pc'otestante, run.dadaa n o dtclftlo anterior .. Rep6blica
(IU0- 1889), prepanuam o campo aoo ~ do movu-oto de pencttaç&o na primeira d6cada do pcrfodo
republkaoo. A ~o da lgr~a e do Eatado com aa awu eorueqUlftdat, - a liberdade do culto e de cren~s
• a lalddadc da -ola póblka, c:ontribulram para &se descnvo1vicncoto q~. a partir da Repdbllea, tem aido
ooúvcl, tiAo e6 do ponto de vista qUAntitativo --. o oucimcnto num&lco deMU acolat, quanto tamb&n do
ponto de vista da qualidade das loatalaçõcs, dos mEtodos ~6eicoa e do tr~t~lbo odueat!vo, em cera1, em todoe
os creu. do ensino. Fof, porbn, a Icr~a Mctodlsta que teve oo BruU o pepd m•i• lmporta_nte n<> dom!nlo du
lnldatlvat pedqó&lc:a e culturaiL Noa f'uu do lmp&io fundara a lycja Metoditta dob coltpos, o Pitacicabsno
em Slo Paulo (1&81), e, em P6rw Alcue, o Colégio Amerl<:ano (lSSS). Na primdra d6ca<l• da República aã.o
criada~, 'PIU8 ~inu, a ~do Alto (1892-95), em Santa Tensa e qoe po.aou a fanc:ionu no antico Cofécio
~ do Rio de janeiro: o Co&qio Mineiro (1891-1914), em Jula de Fora; o Colfgio Americano FlWDiocu.~e
(1&92- 19151: o Colf&in Ame:rieano, de Petr6polía (1895-1920) que tte fechanun. todoe. nu d a tu IQdieeda~ e o
~ioMetodlata (1899), em ~o Pr~ Para homens, fundaram·tc, ainda nena perlodo, o Cof!do Cdanbery
(1889), que em 1917, ji aprexntav- ~o completa, com aecn cunoe primlrio, ae:undlrio, enmercial,
tcOI6elco e IIUpaior, c o Colqlo Americ:a.no, de Tanb1tt, que teve eurta d~o ( 1890-95). Mala tarde, e j6
no etculo atual, wrciram outras inati~ por iniciativa da tve.la Mctodiate,, trb de.tinadas a meoinu, o
Col4lo habcla RCDdris. fundado em 1904, em Belo Horbonte; o CoUgio Bcnncu, instalado oo Rio do Janelco
em 1921, c em que ae fundiram o Colqio Amerieann Flu.miDCD&e e o eSc Petr6polil, e o Co1fc1o Ceotmirio, inaa·
l\ll'&dO em 1922, em Seta Maria, no Rio GrllDde do Sul; e trb, pera bomeAt, todoe no Rio Orande do Sul, o
Colqio Unllo (1~71, de Urucaal&J>a. o IMtitu:to Gio&sial (1910), de Pano Fundo, c o P6rt.o Alqre Collqc (1919),
wo dos mal• hnport&Dta hatltutos de ensino daquele Betado. (C!r. JAMU KIHII'IJ)'f, Cinq D•nt• ano• r!a m ..
todiamo no Bruil. lD>prenu Met:odiata, Slo Paulo, l9i8).
A DESCENTRALIZAÇÃO E A DUALIDADE DE SISTEMAS 367
lhe vinha das antigas escolas federais fundadas no Império e das novas insti-
tuições do mesmo tipo que suriiam em vários pontos do território do pafs, por
iniciativa particular ou dos governos estaduais. Por essa forma, em l~gar de
uma ação única e.~ercida pelo poder central, que orientava a distância tôda a
polttica escolar na direção das carreiras liberais sôbre a base dos estudos lite-
rários, irrompeu, com o regime de descentralização, uma pluralidade de ações
regionais, não divergentes, mas concordantes: as ações correspondentes a cada
um dos Estados, dominados pela velha mentalidade coimbrã e influindo de
perto, na mesma direção, sôbre uma grande variedade de núcleos culturais. S6
essa educação de base literária- clássica e de preparação para as profissões
de advogados, médicos e engenheiros, conferia aos brasileiros um t{tulo, os
elevava em dignidade social e ficava sendo ainda o caminho dos cargos impor-
tantes. A preeminência dos estudos literários sôbre os estudos científicos per-
manecia tão fortemente marcada, no sistema cultural do pais, que ainda cons·
tituíam e deviam figurar por muito tempo, como instituições solitárias,. sem
irradiação, as raras escolas ou institutos prepostos ao ensino científico, não
aplicado, ou a pesquisa no donúnio das ciências naturais. A reforma do ensino
secundário e normal, sob a inspiração de BENJAMIM CONSTANT, deu ao ensino
propedêutico e ao de formação profissional do professor um caráter mais enci-
clopédico do que cientifico. A não ser no domínio das matemáticas, em que
influíra a filosofia positivista, conccrrendo para o desenvolvimento dêsses
estudos, nas academias civis e militares, não trouxe o positivismo ao Brasil
qualquer contribuição ponderável ao progresso das ciências. ~ que, conforme
já observamos, o positivismo penetrara no prus, não como um "método de
investigação", mas como uma maneira de pensar que se poderia chamar cien-
tlfica ou mesmo empírica, e sobretudo como uma filosofia social, política e
religiosa, que teve e ainda tem os seus partidários. ~sse positivismo que é
um método e não uma doutrinai que parece repudiar o a priori e pretende
proceder por via experimental e não more geometrico; e que se inspirava,
como lembra STUART MILL, numa doutrina geral que COMTE aprendera no
mêtodo das ciências fisicas e nos escritos dos filósofos anteriores; êsse, se teve
seus adeptos no Brasil, nem lhes penetrou muito profundamente os espíritos,
nem se estendeu bastante para exercer influência sendvel no desenvolvimento
do espírito crítico e experimenta1 e do gôsto das ciências exatas.
Nenhum instituto, de fato, foi criado nesse largo período, para as diversas
culturas científicas, sem idéia de aplicação profissional; e, no domínio das es-
colas técnicas, especiais, as poucas iniciativas, dispersas e isoladas, nem denun-
ciavam qualquer plano de conjunto, concebido de acôrdo com uma nova polí-
tica de educação, nem exprimiam ou lograram suscitar um movimento de in-
terêsse pela cultura técnica, agricola e industrial, econômica e social no país.
Entre os dois têrmos "literário-jurídico" e "profissional-utilitãrio", dominantes
em todo o Império, começa a intercalar-se tôda uma gama de têrmos interme-
diáiios que ainda gravitam de preferência em tômo do têrmo médio "literário-
profi~sional" e que é o traço característico mais acentuado de nossa cultura e
de nosso sistema de educação. A própria Escola de Manguinhos, como se
chamava o Instituto Soroterãpico Federal, criado em 1901 e que se transformou,
em 1907, no I nstituto de Patologia Experimental, sob o nome de OsvALDO
CRUZ, foi, nas suas origens, uma instituição destinada à preparação de soros
anti·pestosos e ao combate da peste bubônica que irrompera em Santos e amea-
çava estender·se a outras regiões. Não nasceu êsse instituto, que se tornou o
maior centro de pesquisas no Brasil, de qualquer plano deliberado de uma
política governamental, interessáda em promover o progresso dos estudos ci-
entificas. A necessidade de enfrentar duas terrfveis moléstias, nos seus surtos
344. BJ;:NJAMIM CONSTANT BOTELHO DE 345. A . CAii!TANO DE CAMPOS, m~dico e
MACALHÀ.&S, ilustre proltJ$•or da Esoola Miliiar, educador emin&nlo, um dos chefes do movi-
ministro da lnstruçiio, Correios e TeliJralos, mento renovador de S . Paulo (1891-1895),
cujas reformas escolares, omprecndida.s ent:re limitado ao ensino prim6rio e normal c sob n
1890 e 1892, acus11m t&las, em maior ou influência das tknie~Jf pedo~6eicas tunerieanas.
menor Arllut o influência dDs idéia• positivista.
3~6. O Colé~lo Granbcry, de Juiz de Fora, em Minas Gerais, criado em 1889, e uma das muitas escolas de iniciativa protestante, fundadas
no último ounrtel do •éculo XI X e com "' quais se processou, no Br<lsil, 11 proptt~ação du idtii111 pedallúlllcas <1mericana..
347. CESÁRIO MOTA, Secretário de Estado,
que au><iliado por CAETANO DE CAMPOS e
GABRIEL PRESTES, promoveu em S. Paulo
(1891 -1895) o mais fecundo movimento de
reforml) do primeiro decênio da República.
350. A E1cole Politkniu de S. Paulo, fundeda em 1893, que pr"<:edeu de trêJ enM e Escale de
En~hana do Mllcl<enzie Colle,.,, criada em 1896. - Foto LIBERMAI'I .
351. A E•coln dll Mon~uinhos, crinda em 1901 , 1> (Jue se transformou, em 1907. n o l nztiluto de Patolollio
EJtporimMilll, sob o nomo do OSVALDO CRUZ, seu fundador, c Arande stJncador do Rio do janeiro.
Foto VI\'1,Tfm SAI.ES. Travei in Brazil, vol. 2, n.• 2, oâ~~:. 12.
352. Instituto de Men~uinha., que tt>ve um papel particularmente imporl•nie n11 conquisto o propa~IIC•io
do upíriro eientífzco c experimen~ol . Sola dtt l~uur11 e bibllo:.~ea.
F oto da Sec:Çio Fotográfica do Instituto Osvaldo Cruz.
363. E~l• Estodos Unidos. do Di$1rito Federal, comtruída no eJiilo tradtcional l>r•sileiro.
Uma das lachiKias laterais. - Foto NtCOLAS.
364. Escola Uru1uai, do Distrito Federal, construção am wmog blocos ( 1928-1930) . Vista lateral tomada
do páteo da e$C01tt, uma das maiores edilicnda~ na administração Antônio Prado Júnior.
365. E•eola para débeis ffsíCO$. na Quinta da Boa Vista (Distrito Federal, 1926·1930). Galma
e fome de um dos páteos. - Foto NICOLAS.
366. Grupv E~cohtr Pnrlre Correia de Aln1c-idn, d~> Belo Horizonte. e m M :rurs Gar:.1is, onde o nwvirne nto re!novador do ensino totnou :lO!ÚveJ irnpulso
com FRANCISC O CAMl'CS c MÁRIO CASASSANTA (1927- 1930). Fac!uuJu principal.
367. Grupo Escolar Pedro 11, de Belo Horizonte, unJ dos mais importantes edifícios e$Colares construídos na administração Ftanc.isco Campos,
s~cretório de Estado, em Minas Gerais. Galetiàs e páteo interno .
368. Escola Normal, depois Instituto de Educação do Distrito Federal. Edifício construído de
1928 a 1930 na administração Antônio Prado Júnior .
Desenho . Arquitetos CORTF.Z e BRI.'N!IS.
369. A Escola Normal do D istrito Federal, que em 1.933 tomou nov" nrAanizaçiio sob
o nome de ln,, tituto de Ecluceçilo. Aspecto do páteo clausirnl.
Desenho. A rquitetos C ORTEZ e BRUHNS.
370. A nova Escola Normal do Distrito Federal reoriJanizada pelas reformas de 1928 e .1933, e instalada em seus novos edifíci<>s
cons truídos na ,administrllçiio Antônio Prado )tínior (1926·1930). Vis·t a de conjunto.
Aerofoto S. H. HOLLAN·o , Rio de Janeiro, 1930.
37J. A nov<~ Escol<~ Normal do Distrito Federal, reorganizada em 1928 e mnis ttJrde, em 1933, qulltldo
tomou o nome de Instituto de Educação, e instalada em seus novos edifícios acttbndos de construir em 1930.
Pátco central vi3tO de uma das galeria$ do p.:;vi~nto térreo .
Foto NICOLAS, Rio. 1930,
372. Escola Normal do Distrito Federal, h oje Instituto de Edueoçõo. Ginósio para cxercJCJO<J físicos, com
a sua maAnifica sala de aparelhos, banheiros. vestidrios c galerias .
Foto NICOLAS, Rio, 1930.
373. FRANCISCO LUIS DA SILVA CAMPOS, um dos líderes da Revolução de 1930,
orimeiro Mini1tro dtt EdUCJJçào e Saúde, autor da mais importante ~lorm•
de cnlino soeundário e suoerior (1931), no reRime rtloublicano.
3 74. O Instituto Biolóllico de S. Paulo, criado em 1928, por iniciativa de ARTUR NEIVA, anti/lo assisfente·chefe do Instituto Osvaldo
Cru•, e reOr/lanizado pelo professor ROCHA LIMA, seu atual diretor 4! que foi também um dos colaboradores de OSVALllO CRUZ. Vista 11ersl.
375. O lnstiluto Bioi6Aico de S. Paulo, /lrande instituição de. estudos e pesquisas cientificas.
no domítúo da palo/o~ia de todos os .seres vjvo:s, animais e veAetais , sobretudo d os de n1nior
interêsse para o h om em. Fachada principal .
•
3 76. Instituto Biolótico de S. Paulo. Uma de suas faz<>ndas experimentais .
377. O Instituto Biológico de S. Paulo, unt dos maiores centros de pesquisa e de caráte r técnico exisientes rta América e, como o
Instituto Osvaldo Cruz, já com renome universal. Aspecto de um de seus laboratórios.
378. O lnsüfuto AAronômico de Campinas, hoje um dos maiores centros cientílic·o s e técnicos. prepostos. -n o B,·nsil, à investidação d
problemas de biologia vegetal. Um dos novos prédios construídos ao lado do tmtl(!.o edifício.
383. FIIIC.uldltde de Filoloila, Ci6neiu e Letr11s da Universidade de S. P11ulo, em quo, 10b a orionlaçiio
do prol••toru ellranlelros e nacionais, •e tem formado uma pltliade do pe1qoslradore1 de primoir•
ordem. Um doi laborAtórios de Biololia.
Foto LIBIRMAN, S , Paulo, 1942,
384. O Instituto de Educação da Universidade de S. Paulo, donde saíram, em 1937. det>Ois de le~em cursado a Facu/d.1:Je de Filosofia, os primeiros
professores de e11sino secundário forn1ados n o B rasil. Fachada principal.
385. Instituto de Educação da Universidade de S. Paulo. criado em 1933 e extinto em 193R.
Aspedo do Museu de E rno:;rnf.'n. da Ca:Je:ra de Soc.'oloAi:> Educacional.
:{86 . O novo c magnífico ed;fício da. B iblioteca Pública Municipal, em que se incor!)orou a Biblioteca do Estado, enl 1937, e -s e instituiu
a primeira Escola de 8iblioteconon1ia do país. Vista de conjunto.
387. O Ministro G uSTAVO CAPANEMA, a quem se devem numerosas reformas, iniciat;vas culturais e
realizações e1 entre estas. a con~iruç;io do edifício do Ministério d e Educação e Saúde
e de diversas Escolas T écnicas, 110 B rasil .
388. }.{aQuette do od•licio do Mmiatério do Educação o Saúde, Rio de janeiro.
Foto do Serviço do Oocument•çllo do MiniSlério de E<lueaçio e Saúde, 1942.
'·
389. 4
' Moço reclinsdn'', escultura de CELSO ANTÔNIO, em Aranito cinzento, para o jardim sus!)enso do novo edilicio do Ministé rio de Educaçiio.
Foto do Serviço de Docume.n tação do Ministério de Educação ~ Sa.ú de.
epidemicos, impôs a criação de uma instituição de fmalidade prática imediata
que OsvALDO CRUZ transfonnou, dilatando-lhe o campo de trabalhos, no mais
importante instituto de moléstias tropicais e de pesquisas no donúnio da zoo-
l ogia mMica e da medicina experimental. A autoridade e o prestfgjo de Os-
VALDO CRUZ, fortalecidos com a vitória magnífica que obteve na luta travada
contra a peste e a fe bre amarela, permitiram-lhe a conquista dos meios para
essa extraordinária fundação, em que agrupou um punhado de oito disdpulos
e colaboradores de primeira ordem, e que não se tardou a transformar numa
eecola de pesquisadores e num foco de irradiação do trabalho cientffico e dos
.mtodos das ci~nciu experimentais.
Mas, as atividades cientificas no Brasil, embora tenham alargado notà-
tvelmente, com a criação do Instituto de Manguinbos, o dominio da pesquisa
positiva, continuaram dispersas em instituições especiais de várias naturezas,
- muaeua, estações experimentais e laboratórios - , que não serviam ao en-
siDO nem se enquadravam no sistema propriamente escolar da Nação. Elas
~aistaram, sem dúvida, sob a lúcida inspiração e pela vontade obstinada de
OsvALDO CRUZ, mais um campo d e aplicação do espírito e dos métodos cien·
tíficos que o fundador do Instituto de Ma nguinbos, de volta ao Brasil em 1899,
trouxera de sua permanência, durante três anos. no Instituto Pasteur, de Paria.
b e movimento de conquista do e$l>Írito cientifico, não chegou, porém, a abranger
no.seu raio de influencia o ensino superior que se desenvolvia dentro doe quadros
tradicionaia, sem um esfôrço realmente fecundo para enriquecer a herança
cultural e transmitir, com o culto pelas ciências, o gôsto da observação e da
ezpe:rimentação. De fato, enquanto por essa época s6 numa escola superior,
- a de Medicina, da Bahia - , se realiza um vigoroso trabalho nesse sentido
com a atividade cientifica desenvolvida por NINA R ODRIGUES, durante todo
o perlodo em que professou os cursos de medicina legal (1891-1905), em cinco
lostituições extra-escolares é que tomam corpo as investigações limitadas ao
reino du ci~cias naturais. O ilustre professor maranhense, inaugurando uma
nova taae na evolução da medicina legal no Brasil, e criando a chamada "es-
cola baiana", que nos deu um AI'RÂ.NrO PEIXOTO, um DIÓGENES SAMPAIO, um
OsCAR FREIRE e seus disclpulos, pode considerar-se o criador do único núcleo
de pesquisadores que, nesse perfodo, se formaram em escolas de ensino superior
do pais. lt nas instituições culturais de ciência aplicada, que tomam impulso
as atividades de pesquisa quase ad.stritas- às ciências naturais, e realizadas ou
conduzidas por homens de exceção, estrangeiros ou nacionais, êstes, quase todos
d e formação estrange_ira; um EMfLIO GoELDJ, zoólogo d e renome universal,
do Museu P araense, fundado em 1885 e que tomou em 1900 o nome de seu
fundador (Museu Goeldi); um F . W. DAFERT, o primeiro diretor (1887- 1898)
do Instituto Agronômico, criado em 1887 pelo govêrno imperial em Campinas,
e transferido, j(l no período republicano, para o gov!mo de São Paulo; um
HERMANN VON IKEJUNG, no Museu P aulista, fundado em 1893 e de que foi
o primeiro diretor o notâvel zoólogo alemão; e, entre os brasileiros, tim BAR-
BOSA RODRIGUES, o grande botânico do Sertum Palmarum, no Jardim Bo-
tânico q ue passou a dirigir em 1890, e OsvALDO CRuz e um grupo de colabora-
_d ores, no Instituto de Manguinhos.
Por mais importante que tenha sido,- e foi verdadeiramente notável a
vérios aspectos - , a obra empreendida neste instituto de pesquisas, e por
mais útil e fecunda, a atividade realizada nessas divenaa instituições culturaia,
7 centros de investigações abrangendo setores diferentes das ciências da na-
tureza - . elas não denunciavam êsses progressos que pressupõem transfor-
mações de mentalidade ou de poUtica de cultura: produtos, isolados e disper80s,
- 24 -
370 A CULTURA BRASILEIRA
netlcia dos estudos literários sôbre os estudos científicos, permaneceu sem so·
lução atrav~a doa planos doe diversos reformadores, legisladores ou Ministros
de Estado, que se abstinham de aaminar, para optar por uma delas, qualquer
das soluções propostas para a pendência, velha de um século, e que consistiam,
ou na criação de dois tipos de ensino (sistema de bifurcação), um com a pre·
ponderância das letras, e outro, com o predomínio das ciências, destacando-se
os dois ramos de um tronco comum; ou na estreita associação dos estudos lite-
rários e cientfficos, com a qual se pretendia pôr no mesmo pé de igualdade as
duas culturas; ou ainda na penetração do espírito científico em todo o ensino,
inclusive o das letras.
Não era certamente nem podia ser pelas nossas reformas, n um país sem
tradições científicas, que se havia de tentar essa última solução, a mais lógica
c a mais completa, j á ventilada a êsse tempo, para que "o triunfo do espírito
científico assegurasse a unidade do ensino de cultura, emp'Q.X&do, desde um
aúulo, entre a cultura tradicional das humanidades literárias e a cultura nova
das ciências". M as qualquer das duas primeiras soluções já haviam sido lon-
gamente experimentadas em países como, para citar apenas dois, a França,
que adotou o sistema das ramificações sôbre uma base comum, e a Alemanha
que procurou o equiH:brio das letras e das ciências, não em um s6 tipo de escola
(ensino unificado) mas pelas diversas categorias fixas de ginásios correspon-
dentes às correntes diversas, igualmente poderosas (letras clássicas, letras mo·
demas e ciências), que se disputavam o predomínio, na luta para a conquista
do ensino secundário. ~ que, na República, as sucessivas remodelações do
ensino secundário, - regimes de ensaios arbitrários e parciais, H oscilavam
quase t6das, sem largueza de concepção e de vistas e pr~s ainda às questões
mais elementares de organização, entre o regime de preparatórios e o curso
seriado, com escala pelos exames parcelados, e entre o sistema do ensino oficial
(com o ensino padrão e os colégios equiparados) e o ensino inteiramente livre,
como o que estabeleceu a Lei Orgânica em 1911, que desoficiaüzou o ensino
e instituiu o regime das amplas autonomias. De tôdas essas reformas, as duas
U PaANCliCO VtN.lNCIO Flum, Edu~o. llL I n '•Cwtw"tl PoUt>a'' ,ano I, D.• 3. maio de 1!141 ,
p6p. 281-284.
A DESCENTRALIZAÇÃO E A DUALIDADE DE SISTEMAS 373
l8 A. A. 1n1 A.nv-.oo Sood, O ptoblern• d• erJur:a~ nacjo mJl Rio de Janeiro. T ip. do " Jorual do
Ccm&clo", 11l2G. ~. 18.
374 A CULTURA BRASILEIRA
li O I Dilitu«> Au0«16mico do Estado <Ir São Paulo km u wu oriqCJ>A o.a &taçlo Aetoo6mic3 dr
Ca;mplnu que, a ~ do Cooadbciro A.!nômo l'Jw)o, eollo MiAiatro da AcrlcultuA. foi criada por clecreto
do coverno iml)Uial, Cll) 27 dr j unho de 1887, para o [lm de retudar .. culturu troplcaia. p.,.. orpnbi-lo e
~.Jo coatratou o cov&no da mcm.uquia o Ptof. F. W. DMnT. ootivd deott.tta alllttfKo, que pratou iftet-
timiveit ~ças dUt'IUltc: a aua ad~ (1887- 18971 e rc:ali&OU trabalboe cieotlfic:.. de alto valor 16Me
o caff: e a oua c:u.ltl>nl. O d~o federal de 8 de kvcrriro de 1892 uet!trill a S.t11Çio A&foo6mica de C&mpillaa
po1111 a juti.ti(~ do Estado d e Sio Paulo, com a denomioaçio que aln4a manttm. de Iaatituto Ap-oo6mico•
.ecdo votada uma Yer"be eual de: 15 cantno l"'l'"' o oeu cuatdo. Oepoio de UatOA CA•.u.c:.urn Que IN«dcu •
P . W. D.utllltT,- direç'lo do lnotitll«>, e ~ll o CIII'&O c.m cariter intaiao (1897-91), c:otlvenom l fl'f:tlte d.,..
>Anituiçlo ticn!ca e cicndf"JCt GIIITAVO O'Unu. (1893- 1906). Lo11Ul'IÇO OIW<ATO (1006-1). 11\iLu[ P . -
(1907-9) e Bumu (1909--24). Auumiu-lhe a direção. dode 1924. TaoDUlt&tO D& C4MAaoo. c:ftleaheito av6-
nomo, a quem w dev~ • c:ontinoidade de sem ll"'Ueuc>s. nene tar&o perlodo de 17 IUIOI, e wn doi maia viaoroaoa
>mpvbool que oc itnpriminlm ao JMtituto ~e a sua fuoda~o. Em dc:•cmbto do 1927, pela lei n.• 2 227-A .
p a - o lottit\lto AfP"'D6mico poc uma de oues maio import:ant~ rd'onDIU, que lhe arinclu tOda a c:otrututa,
dlttribuinélo-lbc: oa IJCI'vipoe dentffico. e t&:nieos em oito ~: 1) de qufmie. a V{c:ola e tect1016cica: 2) de
aaroaomla. 3 ) de horticultura; 4) de genética: S) de bott.nlca: 11) de: cotomoloala aplicada; 71 de baete -
A DESCENTRALIZAÇÃO E A DUALIDADE DE SlS'rEMAS -~
rioJoc:ia qricola c 8) d e lodtUtriaa d e fermeaUçiio. A e:q>erimeutaçio I"'IaÜllava·A , em 1930, CID cloco faauda 1
cp1eolu de wa proPriedade (ataç&a Ul>Crlmcotcia), em Campiau, Tlfte, Sarocaba, Limeira c Slo Roqae,
co q~~ele embora j 6 fe.etD de pollculture, tendiam • ~--em o:ult:ut:u dctc:rmi.OIIdaa. Dqoole da monDa
que .oCreu pelo decnto n.• S 447, de 29 de JDAt9) de 1932, e que foi maia ~trat:ivc do q11e tbica, . , . _
o IDatituto por uma proiiJDCia rcmoddaç5o em rirtude do dec:reto n.• 7 312. de S de j ulbo d e 1935, raecocto CClld -
tltuSclo de tOd.u u aeç6a occaelrial oao """ pleoo fwx:ion•mcnto e algumu ddaa ~ ~ ~. O
laott:ituto Açoo&nico que diep6c bojc d e uma rede de doze csbQõel c:>;perimcotcia. •bnaocc, de ec&-110 COID -
reforme, trt. oerviooe: 1) o de al&odlo qoe compr«Ddc aa eeQÕes de cxperimelltaçlo, de cootr61e de -~·
c ele tecoolocia de fibru: 2) o de bortictllture. com a ~o de c:itric:u1tutt que, cricda em 1928-1929, ee ~
11m _.nço ct1t.6oomo c voltou cntio ao l Mtil\lto, e aa oeçõa d e fruta• div..- c de olcrial.ltura: 3) e o de &e·
aftlca. repertido em dll&l ~de am&;ca e de citologia; e as eeÇ6c8: a) de eaf~; b) d e - ' - e lepJnlDoMe ;
c) de --d~ d ) d e ,.laca e cu~; c) d~ fumo; e f) de plantas ~ F..- cria4u e estio
aiDda pcw loetalar u ~ de botblca, de bacteriolocia e iDdónri» de fcnDelltaÇI.o, de ecooomla e meclDica
qricola, de lrripçio e drcoqcm, que devem COGJ.l)letar a eua ~. Para que .e pc.- cprcdar o ..Wto
daa rdormu eotlo emprccodid.u, bMUri .,_,idcnr que a v«be desti.DAda ~ maAtltcodlo do lAitltuto q -
biplicou de 1934 pana 193S, dC'V11.Ddo"*' de cera de 1 milhio e qw.abentoe mil c:rv.Riroe pana pooco - de
quatro mi1b6ee c q ...troeeotoe mil cruaeir01 (ou preciamcnte Ct'$ 4 331 474,00). A blbti- de.e laatituto. -
uma du male lmportaota da Amfrica d o Sul - , re«~ em julho de 1935, coota.,. c:u1 1937 cem I 810
1Nt-oe em drioe ldiomee, 4 091 v olumc:a de revistas c 8 868 ""'*'•tu prova>lcota de tbdu u porta dD m\&Ddo .
- ------- -A -CULTURA
376
- - -- BRASILEIRA
--- - --
para os ricot senão uma recomendação a mais para a política e a alta adminis-
tração pública, e um instrumento de ascensão, para as famílias que se aspiravam
elevar-se na hierarquia social, nem a pesquisa científica desinteressada nem
a cultura ~ca podiam pass.a r fàcilmente ao primeiro plano das cogitações
dos candidatos às escolas sup~riores,18 Nos pequenos focos intelectuais inde-
pendentes que se formaram e passaram a gTavitar como satélites em tórno do
principal centro de ensino e de cultura do pafs, não se tratava, geralmente. de
enriquecer e ductilizar o sistema escolar e reformá-lo segundo novas neces-
sidades e uma nova concepção de cultura, mas de organizá-lo nos moldes do
ensino superior, que vinha do Império e se constituía das tr~s faculdades tra-
dicionais.
As duas faculdades de direito, criadas em 1827, acrescentaram-se, a pal'tir
de 1891, mais dezessete instituições de ensino jurídico, das quais somente três
são posteriores a 1930; às duas antigas faculdades de medicina, cujas origens
remontam aos cursos médico-cirúrgicos criados no tempo de D . JoÃo Vl, jun-
taram-se novas escolas dêsse tipo, perfazendo um total de onze, em 1940; e
oito escolas de engenharia reuniram-se, de 1891 a 1914, às duas que nos legou
o regime imperial, - a Escola Politécnica do Rio de Janeiro e a de Minas, de
Ouro Preto. ~sse fenômeno de multiplicação ou de "cogumelagem" de es-
colas superiores para as carreiras liberais, e a repartição geográfica, muito de-
sigual, dêsses estabelecimentos que, com raras exceções (a Escola de Enge-
nharia, de Juiz de Fora, em Minas, e a Faculdade de Direito, em Campos, no
Estado do Rio), se concentravam no Rio de J aneiro ou se distribuíam pelas
capitais dos Estados, bastariam para provar a persist~cia da mentalidade
criada no tempo do Império, e que se formou e se desenvolveu à sombra das
velhas faculdades do país. As preferências da mocidade e ãas famílias vol-
taram-se tôdas ainda para as faculdades de direito e de medicina, mantendo-se
as de engenharia com wna freqüência inferior de estudantes, já pelo caráter
mais "técnico" dessas escolas, já pelas poucas perspectivas que se abriam, nas
condições econômicas e indu...~is da nação, às atividades de engenhei.o, já
ainda talvez por não conferirem elas o titulo de doutor que expediam as de
medicina e a tradição estendeu aos bacharéis em direito. Ae elites culturais,
poUticas e administrativas, constituídas, em sua maior parte, de bacharéis e
doutores, marcavam o estilo de nossa cultura, cujas tradições se condensavam,
como em núcleos de resistência às idéias inovadoras, no patriciado rural e na
burguesia urbana. A s novas ídéias, as teorias importadas e as reformas mais
audaciosas fundiam-se ou se dissolviam ao calor da famOia, que era a insti-
tuição social mais estáveL e conservadora da sociedade em formação, como das
velhas escolas destinadas a fabricar profissionais, donde sa{ram as elites domi-
18 O c:Oilfronto ent:n: o 111imero de instituto. de pe:~quillu, criad"' entre 1890 e 193f?, e o daa cscolae dea-
t;i.Mdu • Pf'ep.,.çlo para u pror..,.õa h'berais, em igual pedodo, ma.tra l evideoda o predomloio q~.~.~toX abtoluto
dat.u t6brc u io.tltuiç:ilel em que ~ eoo!ecida a prioridade ~ livre pc:aqu.iM, noe domtruoe da cieoeia aplicada.
Para 9 loatituto. dasa ordem, fun<Udos de 1890 a 1930, e doe qUAà Sem Slo P11ulo, criaram- l3 aeolu all•
pulares pro('laioaaia, 8 de medicit>a, 3 de ~enharia e 17 de dlreito. Fonom , de fato, ettllbdccidu, 11esee pcrloc!o,
• feculdadca d~ mediciD&, de P&to Al~e (18971; de Miou Ger~. em &lo Hor,aont.: ( 1911); do P&l'1llli, em
Curitiba (1912), ff<:OQbecida em 1922; de 5ao Paulo (1913\ ; do Recife, de Nitcr6i, e, 110 Diatrito Federal, a de
Clbc:i.u M&lleat e a dt M..tic:loa e ~ do liUtitato Hahn=>allia-. A l"oculdade Pauliet. de Mbdic:illa
de Slo Paulo daU de 1933. Aa e.coias de eor;enharia, criadu de 1&90 a 1930, do a PoU~Ica da Sabia que,
fcmdada em 1887, rea.lme11te a6 illauvuou os ae-aa eunos em 1897 e foi eqalpant.da em 1198 l au:s conc~e fe-
deral; a PoUt6:Dica ele Slo Panlo (1893~: a do Macke.ozie Coll~e, de Slo Paulo (1196): a de P&-to Alecre (1896);
a do Rt:dfe, em Pernambuco (1896): • de Millaa Gerais (1911); a do Parani, em CwitSba (1912) e a de Jui% de
,ora, em 1914, pcr'fueAdo um total de 8, com exdtuão da Exala de Bnc cnharia do Rlo de Janeiro e a de Mi.aaa,
em Ouro Prtto. Dentre oa 14 faculdades de direito que ae iostitufram, noe primelroa quarent. ,._ do re&ime
republlcaDo, funcionam aillda 7, a •ber," do Distrito Federal (1 891), atualrMnte l'aculdade l'hociooal de Dir~to;
• da BAhia (1891); a de Minaa Gera.io (1892}; a do Ceati (1903); • do Amuonaa (1910), a do ParaDA (1912) e 11.
de Oolia (1921), que, acrellcidu das eseolas fw>cladas postenortllCDte a 1930, - a do PiauJ e a de Alagou (1931 J
e a de Canlpoe, no &atado do 2io (F~c de Direito Cl6via Bevlliqua), atlnct'ID o 116mcro de 10 faculdades
de direito, llovU. ou l 'l, com. as faculdades ~i~. do Recite e de Slo PII.Uio..
----- A DESCENTRALIZAÇÃO E A DUALIDADE DE SISTEMAS 377
lO S6mmte em 1907, como jõ t ivemoe oeuilo ele observar, bachvderam- em letra. u duaa primdch
.ionD• que COC>c:lulram oe eatudoe ~irioe. A edo<:II!Çâo feminina er:e. dada eo.tAo q - exdldlvalDCI1t.. em
coltaloe de ordem rdlci-. c:oaatitufdu. oa maior parte, de profeeaoma estraaceiru. ~ ( , _ e
l:telpa, e em alpmu acolu proteataotes e. ponanto, em ac:daa coafeSaaais. Noe ~ ldp. of"tdai•
oa pet1iaa1atft. eram ,..,.., aa mulhetea, que ee oooc:e:ntravam nu coc:olu raormaia, ~ l r~ do ma-
Pt&io prim.ir;o, e cm...:olaa pron..;~.daeh•med•• "artesdom&tâ:u". No&uil,attt!l30,oAoN!viameioda
.. mu.lbera eooqW.tedo o ecu tupr no auino superior e UDinniUrio. Noe pet..,. europeu~. .uA.. era muito
reduzido. aoe fiaa do *"'<t pe..,So, o n~o de mulheres que freqileutavaD> ~ wpcriorft. Ne Franca.
por eumplo, em 1891, bvie metric:ulado nu ueole• de mlino aupericc em Petle 10 518 e.tudlultco, doe qu.ak
J 0!11 oa Faculdade de Letret, 668 na de Ci!oc:iu e os demais W.tribWdos por vlorios o.at:roe atebtledrDaitoa
de eaai.oo. Nio ae cootevem, oaqu~lat ac:olat, mais de 252 malhcra, d.u qu.aia lOS ftaacau. e aa demais a·
t:rencc:iru. Aa mu.lbcra que J' haviam conquistado n.a Frença o seu lugar univt:rsitirio, nAo o lioham, porEm,
obtido ainda oe Alemenba..
380 A CULTURA BRASILEIRA
~----------------~~~~~
:10 Mfl.TOH DA SILVA R ODIUOUa, Sduca~o comparada. Teadblciaa c .,..aai~ acolaru. Comp.
Edi-. N.ciCIDIJ, Slo Paulo, 1$13$, pq. 268.
382 A CULTURA BRASILEIRA
23 .A eduee~:ro, r~iata tnen_S>~1 ~da ?o defeta dll. i~ n o Br•aU, foi fundad• em 1922 no Rio
de JIU!Ciro e din~tldA por Jo•f Auousro, jomali.ota_ e polítleo, qu_e roi aovuuad~ do Rlo Grande do Norte e deputado
federal Jl(lr eac Eabldo.
Z4 Ps.JttfA!fl)C) os ~>SDO, A educa~o pvbliu ..m Silo P•ulo. Problt::l>ü e llitcuallcs. Joqu&ito
~"O Estado de SJo Pllulo" , ecn 1926. Shie Brasiliana, vol. 98, Companhia Editora Nlldo-1, Slo Pllulo, l!n7.
~ Fr:UAJCl)() DE AnVI!:IIO, A ed~o pfJbli=. em Silo l'aulo. l'tobletnall e d;.cu..a... IJJ utntro-
dc_(io", pft:. XXIX, Silo P•ulo, 1937.
:6 l'"».utcuoo CAiOOS, Bduca0t3o e eultura. ]oflf. Olímpio 2dit6ra, $o, 1940.
'n O que foi • campulba que pm:cde'll QISa rc!orc.a. docrc..-e LoutJutço Flulo, wn doe RUS o~•·
dora maia atentoe e MVLUS. depois de.., referir à lritnaçllio moral e matt1W em que.., encootr•Y2.1n •• inetituições
«tC::Oateo. DO ~>atrito Federal. quando o prc{e-x- vindo de Sio P•wo UIIWlllu 11 dlreçllo do «mino e se prop08
rc«&*f\ld·lo. "Mu o ~orcsaot que '• de Silo Paulo {come:ota LoUIUHQO Fu.ao) lllo 1e intimidou eom a c:s-
tclUio doe rrut1es dem.ocutrados. Tocado de um impetuoso idealiamo, o SI'. P<N~DO D& Az&vauo propôs um
rem&lio beróiecr. a recoDatruçio total do apouêlho, desde aa eseolu lliagula~ea l eteola nonnal, relllodelando tatob&a
oe io.titutoe ~or,..;onat. do Diottito. E.na propoata que c:onaribúu uaa ..,te.projeto, ~te expl.í cado
r det~do poc tle perante •• eo~ do Comelho Mu.aiclpal. fb tonV • muii.OI pela •ucUtia que """en-av•
ou pela loe:enuldllde de ouu altfuitoa.to JXet~- Ma. o Cootdho accito.a em tex • reforma, t<e:endo-lhe, pelao
A DESCENTRALIZAÇÃO E A DUALIDADE DE SISTEMAS 385
vo.a ..._;, autcrlu.du da melorla e mlnoria, oe elogioe a que tiDha ditei to. O projeto posou naa -pc"imeltae dlt ·
cwt6et; aa tercdra, porEm, rompe a maioria esn desabotinada opoejçlo u idS. que dallta aplaadlt.. .& que
o Sr. FnrfiJU)C) D& Au1111D0, dadoeo de ruer adtnini•traçio e aio politica, repelira u traDM~ qt~e • 1IK
or~ a trbco da apr.,....çlo final. E vill·M então uma coila mter_.,ti•ima: a mioaria a pucn&r pelo projeto
&~tal. a im~ a ....teat6-lo, e • oplniio p(lblica, ji pelo. 6rPo& do pror_.do, J& pc:W ·~~·
i..ulectualt, a premir • maioria política do lecitJarivo do Dútrito. O Sr. FuBAl'IDO D& ADVCDO falia publicar
\IJDa oota que era um de.&roo l ombrictado doe homeM que o compunha.m; "Se a rd'onua - t.o., • ctOG.tllltava
o. ~ p6blicoe, que a apr.,...._; .., era defri-, que a~; K era imprcathd. q\le a eoode-
_ . . , de ver'.~ .&s.e por .. e pera eillAda pedia, nada ~ e, por i.ao mmmo, ôlo entrava em cooc.bavoe
de eop6eie &J&uma. A eamp&Oba d• imprema, .em ~ de litll e6 j anal. foi admlr&vd. A AalodaçSo l!nlüeira
de BdQCAIÇio, a Lip de Ode. N..Oooal. o RoUry Club, - pera citar apmu oe crlmioe de aWor J)l'eld&lo
eociool, maoif-•m- pda ~ da.o 1d61u do projeto. A Coaf'eà:acia Noc:i-t de Bd_.ao qae pela
~ vu .., t'CUoia ..m CuritiiMl, por oc:aiJo da r- maia aguda da eampaoba, emitia o .u voto c:üoroolo
e en~c:o pela obra em ql.le ftlo via apeoa o apcrlriçoemeato do emiDO - capital do pe&. - ama DOY&
..... educativa que • rd'arma proj euch dev\8 •brir no eampo da ~ IUICions1. v - .,....., • mon114ade
~ a cultura e o Coa.odho M UDidpal danao~ du l!Ue* o projeto ~o em lei". (l.ovalfço I'D.IIo,
O l!áuinD no Di~trito P«<•r•l. A reforroa Fenumdo de Azevedo. In "0 lltttado de !ao Paulo.u de lS de
junho de 1928).
18 F&IUCAl'IDO P& Anv&.Do, No•oa c.min.ho• e nOVO$ fina, A nova poUtica de educaçlo oo lkuil.
Comp. Bdi - . Nadooal, Slo P•uJo, 1931, pq. 19.
-2S-
386 A CULTURA BRA S ILEIRA _ _ _ _ _ _ __ _
20 JI'RANCt8CO VJtN.lNclo Fl.Lao, Eduoagilo, IV. In "Cultura Polltlca", •ao I, a.• 4, junll<> de 1941,
p6g. 255.
30 Enquanto •~ debatia a velha questão conatltucional, - que ae prolongou por todo o tempo em quo
catevct em vi11or a ConstituiçAo de 9 1 - . continuavum 11 nor~r em v6rl01 ltot•tlot <lo oul 11• ~.acolaa 11lemiia
e ttaliln.tt, cujo enaino elementar e '""undádo se miulstrllv& &m. Una:u• utn.naelra por prorc.uorc11 catrangdros.
A acola prlm6rio, que E por t&la parte o fermento mais ativo d& un.l dade nac:lonel, permanecia, em diversoe
ItatitdOI, nlo o6 1ujelte a influ<!nc:ia• estranhas mae intoirament• submetido •o contr61~ de outra• nações. A
tltlllltio aoOmala dcc:ocr~ntc j6 dos progressos dessa• e..:olas, j6 da aus~ncln quate total, em c:c:rhu re&illa e ci-
dlldtt, de ttCOiat btMil<iras. tomava·~ ceda ve~ mais grave e de aolu~io ceda vc• lnfth dlflc:il e complexa, à rspefa
de que oe jurista• e 01 intúpreteo da Co~tittVcil'> verificanan a pouiblli!Udc conJtltudonal deo o covf:mo federal
intavir no c.nsin.o primúio dos Estados, ainda que p:ara re.olver p«~blemat Intimamente livodat l unidade e
defesa nacloaab. LfNcot.N, qu..,do na guerTa de s eceuio, foi iaatado por p&rtid6rl01 polltlcos • rcJtabelecer o
rcy,lmc conJtitucioaal , contA·R que re$p'JndnJ, rai>tindo: "A Uniio ~maia antiga do que a Coo.rtituitAO". O
fritlc:lamo juridlco no BraJil irovert..u os t&mos do prt)blema, pondo os ftttllpulos M defe:ea da Constitui(llo de 91,
.cima doe inttrhac:a auprcmo. da União... Depoi' de $e n(erir ll ot~octenoa e lotco•mmte usimílAdora realizada
com ~~tande abundlnc:ia de r~ pdos americ:a.aos do noru. Dllo DO mmoe imponente de IC\1.1 'B~oe. , . .
oo m~ lmr-tantc de .,..H te.rit6rios, H:ovat, - umat ilhotas do Pacir.co, de que ec apodcraT11m em 1898 e
em q~ a.aetavam com a instro~:> pcimãria em 19'20 meiJ do que o Estado de 81-- Paulo - . comcrota APJIÃNIO
PltxOTO amarcamcote oe ~pule& conoti~listas d< que ae driuram domi.na.r os parti.doo rcpoblic:enos.
N aquclu flt'CI~nu ilha• de HaYa!, para I 000 cri•cças an_I.,..Jt6nieas, rqisttavasn., ~tadnicu' 17 600 ja-
~. 3 aoo cl:ine:eas. S 300 portugu&as. 3 300 havaiatlas e 4 100 meatitat. "DcsJa &ente, - eoaclui Ara1Nro
Paocoro. - .. ammc.nos, DI<S tust ~. fau.m ameriuDOll: qu~ CODUQl~ _,netO que temoe rndí--xlres de
ünuvlr no. E stados, lllJU deixamoa • Al=iiAha e a Itáfta intrrvinm em na.aa IUK'Ione.lideoc, .ubvmcioaatldo
escol•• ~ fueodo alet"01cs e lWitnOt, dcs ut\W\it do Bta.sill" (Anb!IO PuxoTo, 8iat6ria da EduCJtf;ifo. BrasiL
Cape. XVU, XVIII e XIX, pi.z. 238, São Paulo, 1933).
11 PIJUto\NDO DK AzEvEDo, Á educação e ""us problemaa. Comp. Bditllta Neciooal, Slo Paulo, 1937,
s>taa. n -36.
A DESCENTRALIZAÇÃO E A DUALIDADE DE SISTEMAS 387
BIBLIOGRAFIA
T
EM-SE considerado como um ponto culminante, no movimento de reno-
vação educacional no Brasil, a reforma de 1928 no Distrito Federal, que
se tornou o foco mais intenso de irradiação das novas idéias e técnicas
pedagógicas. Alguns historiadores da educação não hesitaram mesmo em
afirmar que, com a reforma consubstanciada no decreto n.0 3 281, de 23 de
janeiro de 1928, se entrou resolutamente numa fase nãva da história da edu-
cação nacional,! Seja qual fôr, porém, o ponto de vista que se tenha de adotar,
na apreciação dessa reforma, é certo que, segundo o julgaJnento de autoridades
1 "Em visita hli pouco feita a divet'Mlt eaco!Jis do D1attito, e agora reuovada, - eacrevia então o
Prol. Lo~TRBNOO Fu.Ho, -ti~ a impresoio de que Dão a6 estA em man:ba a vigoroea idN da traaafcn~U~ção
ela dinlmlca do en.ino, l:mpi!(Tada nwna rotina de dednioe, mu a coavic~lio de quo a tranafonna~ material
do "IIJ)III'Ubo eecx!lar ee fará de um mbdo qu.ue completo na conente admlniatraao. Iniciam- oe pcépantivoe
de COQ1;rllção de cinao grande3 ptálioe peca crupce eacolatea. Gisam- oe fulld4unentoe da eecola ~ que
- •· aecan49 o pi'Ojet.o aprovado, o maior e o mait bem ia.talado instituto do gent:ro a.~~ ~ do Sul. Re·
- •-ee o mobilihio e oe utem.llloa didátieee.,, Se outra COÍIA nilo ÍJ%- a reforma, iMO ji teria maiPiffico. Ela
(u maia, QO entanto, e de modo e.plbdido. Por delibera~ oficial ttúnem- oe p r o f - em cunoa de eape-
c:ialiaçlo. B em ~ awdliatcs, a Auoci,ação Btaaileira de Kducaçlo reallla peclenteme:ate 11m& daa func;*
UDiveraitétiM que a Uoivuaidade do Rio de ]A11eiro aiada nao iD.iclou: a da eomunicaçlo da C'liltura .upnior
oío pro(eeeorado p.rim/uio, que apriulora a •u• cultura, alar1:a u euaa Wt&s fUoe6f'~CU e eaaaía aa aovu dCIICOberta4
da t6::aica cientifica... O ST. FJtJU'I,.!JroO DE AnnDO taD tabld"o agir com mlo de me.trc, e oe ~ ~c l'fO'
piclanm oportunidades que nem temjll"e aparecem j~; decieilo fínne da Prd'eitura do Diatrito em fazer lldmi·
~ e Dão polftica~fennenta~ de \d6aa, no eáo do profea«ado, qne 1PÚiha eeDdo ~·pela ltaoci~
BtMiJelra de Kducaçlo, e j6 inf'tltrada na ad~ ~ até certo ponto; cOII!iança em bceve cooquiatada
cló pób~ e do profeaeoodo... Nilo bá d6vida. de que eMa obra marcarA uma (ue 11ova 110 enaino populM no
390 A CULTURA BRASILEIRA
Braail A ~que prep. da cxola primária (qu~ ul!o ~ a do eoaioo, muamalt.e liY1'8C'O cu iJltdectwtlista)
AJ~j~n<~, ~ ~ta ~. e= doromentos or:ociais oo peb. A n~ d o trabalho". a "aeola-comu:nidade'', O
ec:oôdo "'taliata ~ .._ t>OVa edueaçio. - do os pootos QPitaà .ses,. e:rtrao«llnforla rcnoo.r.çlo ~ e oocial
do crulao". (Cfr. l.oi1Ul'!CO Fa.Ro, O enoiz1o no Didrito Fodeuof A rd'otiDII Jreroaodo ~ .UC.edo. 111
''O &ttado de Slo P•olo". edição d~ IS de ja:nho de 1928).
1 f: o que~ todoo os que tiveram oportunidade de aoali.aat cota obra. qoe (oi ~tio c:zarniJlada
c dbo:utlda eob todo. oo Mpect'Cl& pdo. gandes j~ do Rio de Janeiro, por bomcoa emiae11ta, ~No.
c t>Kiooait, e por alcuma• dq maiores autotidada <~Oll domtnlo. da cducaçlo. (V. eobrei.Udo LoUli&KÇO Jl'n.BD.
O enaitto no Dlatrito Fttderaf. A refon:naEcma.odo de At evedo. ltt "O Betlldo de Slo P•ulo"1 1S dejWiho
de UI2S: JtvaltAJtllO BAcxausn. dUc:uno pronuQCiado a 21 d e desembro de 1929. e&n oome da Cruaaa ~~
pda Etcola NOYm. .-o aer i~U~ugurada • Espc»içào Peda&óttica do D~atrito Federal. ln "Boletim d<> Bducaçlo
l='llblica", abcil·junbo de 1910, Rio de ]anrlro, Brll8il, p~ 256-2S7: MAicvzt:. BIUUIAAD&e (u.ml~tro do Ut'QC'U
A RENOVAÇÃO E UNIFICAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO 391
DO &ull). l'robleaua do no•ao tempo. A nova polítiea d.e educac;ioo no Brull S&ie de .,d,01 pubUe~
em •-o P.W" d o Rlo de j aft<!lto e em " La Ra•on•·, de Bueaot Alreo. In "Boletim de 'Bducaçlo Pelbtiet'•·. jalbo-
eetembro de 1930, R lo de: Janeiro. p4p. 299-346; QUAJU)() S&ovm. (da EICOia Nor1Dl11 de Set:atl.aco, Clúlc),
A re/wma da ltdue.(,lo n o Dl•ldto Federal (BnJI<il). ln ' "Revista Peda&ótlice", dlria\da por LoUUifÇO
LtmlliJAOA, abril de Ulll. Madrid e; Ad. FerriertJ (diretor adjtm.to do Banau lotemadonal de 'Bdocaçlol, L' Uu·
ca Uon oour.J/e au Brlt/1. In upout l'à-e noovdle'·. M.:-Avril, 1931, lOe. a.a., n.• 67, Parb: e a1D4a AHblo
S. Ta~M. A . TaiXlltaA oa Fa.an.u, J . O. hoT.t. Paso.t. eoutro9, in Comemoraçlodo 1.• dectalo da Refor-
ma da Ioatruç&o .PdbUcal do Oiem to P ec!etal de tens. &diçlo de iniciativa da Asaoda~o Bruileinl ele &d~
Rio de JIUICitO. 1938).
8 Decreto a.• 3 281, de 23 dejaoeirode 1928, qu: reformou o easiDop4bfo.c:o oo Oã.mto Pedttal e d - -
a.• 2 940, de 22 de oOftlllbro de 1928, q11e rqulame<~tou alei bbU:a (Rqulamento do E011Do), ~o, ooe-
764 articoe. ..tod01 os detalhei de woao olwa orclok:a, ~a etru:tora o torna um vcrda4eiro é6dlco de eduao.çlo";
FDJIAHVO Da Azsvauo. A r•lorm.a do an.;no no Diatrito Fedeu/. ~ e e<~trrrittu Coco~
Mdhonuneotoe de Slo Paulo. 1929: e, No voa caminho• e noro~ /in•. A nova poUtica de ed~ oo Bn.tll.
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....mwa~o do 1.• ddnio d a Reforma da lnotru~o Pábliu. do Distrito FtJd•ral de 1128. ~
da ÃIIOdaÇlO Brulldra de Bducaçl:o, Rlo de Jat1eito, 1938.
4 C&. Com•mor<tg•o do 1.• deatnio d• Reforma da In.~o l"úblie. do Dlatrito Fe~eral da 191/t.
Publlcaçlo da A..oei•Cio &-uUelra de Bduceçlo. pre!adiU!a pelo eco ~dt:nte Or. IL A. T1ux&nuo Da li'IUttTAS.
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3.:..;9:.._2:.____________A___C
~ U:.._L
,;...,::
T~ U RA B R A
_ S_ I_L_E_ l_R A
_ _ _ _ _ _ _ __ _
7 FUJfAm)O OI! Auv.oo. .A oduca~o públ~ <'m Slio Pa ulo. Problema• c dl~ lnqu&ito
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Joquhito promoriclo pela Seçlo de Rnsin'> Tkal= e Superior da ANoc:iaçlo BruUeira de Ed~•••,.
8oaderaadona - S. A.", t\d São Joo~ 3S, Rb, 1929.
8 V. Or4aniur;8o do ennno secundário I . Exposiç\\o de motivoe aptesentada a o ltxmo.. ~. Cbefa
do GOY~ Provitório pelo Rxmo. Sr. ~o de Rltado Dr. PaAJ<CIICO C.u&.POI. U . Dec:re l>o IL" 19 890.
de 18 d e abril de 1931. m . P rDIJ"ounas de ensino. Publicaçlo do Ml.olattrlo de Bducacio c Sa6de P6bfi-
l mprenaa NaciollAI, Rio d e Ja~ro, 1931; OrAa rtis~So do ensino aupor ior. I. lt~clo d e motivoe apre-
eentada ao B.xmo. Sr. Chefe d o Go.,e.no Provi..srio pelo Exmo. Sr. Mioiatro de 8ttado, Dr. hAHcttc:o ~.
U . Doc:rrto o.• 19 851, de 1J de abril d e 1931; hANcueo CA.IIPOI, &luc.plo • cultura . PAI• 45-SI ; 58- 104;
117- 119. Ll......-la J<»>: Ollmplo. Rio de ]lliieiro, 1930.
A RENOVAÇÃO E UNIFICAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO 395
8 Peda~P• da &<:ola No~• Kdlt;lo do Caltro O . Vitsl de Sllio Paulo, 1931; Conv- de Bducatlo
promowido pelo ~ntro o . Vital de SJo Paolo c rc:aUzado oo ~ 17 de outubro de l!lll oo Mllo DObre da C4ria
Mctropol.ita.oa. Bdiçio do Ceal7o O. Vital de Sio Paulo, 1923; Pc. Laomt~. FltA.IfCA. Bnalno telilio«> • •n•i"o
lei~. Rio. 1!131; TlunXo 1111: ATAfDII:, Def)•t•• pt~da16tiaos.. Rio, 1931; cfr. 0• PTObl•at•• da edu~o
ne Con~tltuiglo Memorial asweeeotado • Com.iM&o c:c...tit:uitttc c a\lbec:rito pcw QWDet- pc-o(- e
intclectuaia cat61icoe do O~trito Fed~l e dos Bltado.. In "Jomal do Brull", Rlo do Jaudro, 3 de fe-n:relro
de 1933.
396 A CULTURA BRASILEIRA
--~--------------~.
17 De fato, poc "educat;io nova" J>II.U0'-1...., a jul&aJ" ttxla a nrioc!Ade de planos e de expt:<ik>ci.u em que
• e lntroduriram ldfiu e ttt:tric:u oOYu (=no os mEtod.oe atlvoe. a aubetitulçGo du orovu tradicionaú pelos
tt1la, a adapuçlo do en~ioo à Caaes de deo~volvimcnto c lia varlaç&. indlviduaia) ou que t:rouxcnem, fta ~
or~;anluçlo de atrutura ou num proces:so dt em.ino. o •elo da novidade. 1\ ~ren&o. atlú Vll.i• e t rnprecia
no •eu c:ontcódo, podl11 abf'an~er tMao as fortnll3 de edueaçilo que lcvAMCM em coott u con-enta pedaz~
modero.. e ou oec;ct~ídadee dJrt cri~oça.s. e poc ;,to que .se viu figurartm, n o mamo plano de reforma, priocfpioe
b "~'"" dlveraeotea tenllo opoetos, como po.- exemplo. a. Id~ de que a c:.•da um 1: devida uma educaçlo feita
11'\tUIIdo awo medida ("individualin.çio" do ell.lino) e a de orzaoiaaç.lo de c:lol.- homottêneu, scle<"iooadu por
medldat objetivu ou tl'eta de ínteligencia e de apJ"oveitamento. Proc-oa a tknlc•• novat eram lio v~es ado·
tado. ou r.xperimeotadoo, eero :se atender aos ímt pedagógicos e woclaia o que vie&vam t:.eea novoe "inatrumentoa"
0\1 mcloe de educetJ,o. Parc<:e-nos, pois. que, •e quiJermóa reatitulr a eua cxprcNlo confllta e det w:pada, de COil•
r.eíu.1o v41i&vel e corotr11dit.6rio, oo tiUU significações maia honeataa, temooo de dlatlng;ulr a o menoa dWlJ fotmal
de eclucaçi\o oov11: uma, inspirada pelas novatt idftas bio-palco.l6glcll8 da criança e nas co~:~cepçOctl funcíona:ia d•
educaçlln e n outra, li~tada Jl evoluçlio dos conhecimcmtoa e ds• id~iu aoeiale c •uttetlda por um• cooc:i)pçlio mal•
nltida do pupel da eac:ola c:omo instituição aoclal, e uma conadblcia mais viva da necasldade de articular • ~dia
com o meio e de adapt6-la lls eoodições de Ut08 nova dvili.zação. Aquela, de tend~nc:iat lodividuallet.es, tomando
coO>O ponto de partida o iruilvíduo para a or,:wnçlio da ..cola; cota, de orlentoçlio •QCíal c lle vtses mamo ao-
ciall•ta, rartindo d11 comunidade pau a fom:>AÇão do indmduo: um•, vi~ando antea a dlnlmica do eotino, lato~.
01 procestooo de apr~diaa&em e os mEtodos do trabalho e.colar: e a outra, dl.tlglnd<Me 110bretudo li eatrutura da
etc:ola l*TII melhor adaptao~ ao seu meio eocial.. Concepçõn, de otJgeoe c baeet dlvet114U1 auc:ctlveit de C01:l•
du.rit a tcndt:neia1 dlv~entes. mas que em certo eentido t t eompleta.m c, em todo o cuo, nlo elo ~t. . poc
nat\I.Ct:la. A eduea~o ou escola novA, na sua primeira ac:~o fBOV&T, Eo. Cl.u.uteo~:, AD. haaJ.tu, l' entre
a. amme.noa J. D&wavl , orieot1-ae pela. eeguintes prilldpiooo fundanlcotaia! I) mai« li~dade para a c:riaDÇ~&,
a que te pr~c: propon:ionar condições mais ravon\V'Cio ao ~u deac:nvolvúoc:oto natural , pela ativicJ.de livre
e eepootinea; 2 ) o p<inetpio de atividade (m€toclos atiYO&, cecola ativa), li&tldo a o da llbcrtlade e írupirlldo oo
peoumento de que a criança E "um co~ ~ialmeote ativo, Cll.iu faculdades te deM:Ovolvem pelo exerddo":
e l ) o rapelto da orig;nalidade ~ de cada crlanç. e. em coooeqijbcia, a •'lndivldualiucJo" do c:oàoo,
IOb o fund11me:oto de que a caca um E devida a cducaçio que lbe eoovl:m C• ••eaco&a .ob medida•• de que fala
CLArAaioa •. M.e il húincia niD ~apeou um "deseo:votvimeoto", como obtc:n-a P. FAUCOlflln. f t:atDbtrl\
uma ••inlcl~lo". lt neceodtio que a criança vé penetrando pouc:o a ~ em uma dvtllzaçh que da cncootra
j6 fcit.L "E~tt penc:tra(io ~ labori.,.,.. De certo modo, t6da a iniallçlo t UINI vlolencia fc:itt 11 na~ d a
tnaoÇI& ou do adol.-nte". A edaaaçio nova, na sua aqu.oda acc:pçio, 6 exatameo:te na inic:iarlfo e alo ao
daMnvoJ,ime nto qoe pile o acento, pniCtlrai:Jdo oão o6 compreeoclc:r u -'dades do indivSduo atrav& du
dJr comlllÜdade ICOlo tamb&o orpniur a eaeola eou>o uma comunidade de vida (a Oemeintchalt~tehuJe. de
PAOU&H 1, e «lenú-la secundo os prindpios de IIOiidariedade e dl' coopençlo e com o eacriCTeio parcial do indi·
vfdoo, para o bem coletivo. Os ideaia individualistas, da eacola libertll e ativa, que ao pop6c 11 Ubertaçlo dJr
criança, pelo caC6rço eoolo&ado do mEtodo ciecdíac:a c dJr compreendo inmltlva, teodcm, ae levadoa llo 6ltimu
coucqGlnciu. a eboc:ar•ec com oe ideais S'Xiaia c. coa!~ 01 ~. IIOCiallata.. da eooc:ola do trabalho e
da eac:ola-eomunldade (Schulle~nde), organíO!Idu para deaeovolvu-, na eriançoo, ~ tend~ cooperadoru
e c:riadoru, e eonduzi·l• 11 cultura e aos deveres doo adultoo.
A RENOVAÇÃO E UNIFICAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO •01
18 K.uJ. M.uflnl•nr. Td.ololl• y utopia. Jntroducl6n ala eociologja del COQoc1mleoto. Vcnloa etpA!Iola
de S.U.VAJ~CW. EC:JUVUJIIA. Foodo do Cultutll Eeooomiea. M&ico, 1941.
18 lu la.flueadat do praamat:ltmo e daa id6u DOrte·amcriQlllM .Olx-e a correate mal. avaoçada do pen.•
tama~.to edueaciooal foram tio preponderante. que a muitot ~ • "educaçio oava" um c:uo apcdrbmCDte
americaDo ou wn produto da clrillaa,çio que te vrm fonn.aado uoe ~doe Unldoe. Entretanto, como pondera
P. l!'.t.vooNrJtt, "alo -'a acertado fU#- da ed~o aova um cuo purameate a.mcricaoo, aem mnmo ancJo.
eaOnl.c:o, vbto ~ue a Alemanha te ~:e~toca l tnta da ll•ta (refere- o aut« citado l 2.• Coaferenda de l.ocemo)
e a Sufça rom&Dica oler«e l Llp (Lip. IntuaacioaaJ de Ed.-ção N .,.,.a) al&una de - ebeí•. Parque I:OD•
c:ordam com - pedacoc\a RVOludooiria pat.ea de civilização e de cul.tura tio difcrcnta, camo • Alc:maoba,
..,...lhe
a l.a(laterna e 01 Btt:adoe Uoldoe, ao pano que outros p&be:s eomo a Fra.oça, ma;.. SW'fCei:D
~lo tia, no fu:ndo e pela mama raSo, a mesma eoi.. ? Seria &.e um belo motivo de J)C*luba pana eo-
rcfnUrioe1
ci6locoe competente~. Em todo o cuo, do.., poclerA ver na edueaçio O<Wa a m&Ai/atac:Jo ac:luâft de um
à:mper&~~~mto nadooal. A iDllutada dos Ett:ados Uoidoc t iocontcaUvel alo tbmcnte porque abuodam em
qp«teodu e p1a401: ~ pt'tiNo alo te - a - todavia que o peDS~JDCDto poderoeo ele J. I>.wn foi uma du
roota do movuoeoto. Sri CDt.lo (orçoeo dber- que o mu!ldo te-ade a lllliCri<:aDIRt-1 Vai al..o alcuma
verdade. Na F,...oça ~trar~ Clc:ilmeote ad~era.iri:» da ed_uc:a.Ção DOYil, OI q.W. Npotlo lqftimat U
.au relbttsaàu, deftodtodo • tTad.ld1xW eultun lati"" coatra o pragnuttWilo ju-re:all doe amcrlcaaoe. Rata
explicar porque pai- de velbll eultwa oripaal, como a loglaterra e a Alealaoba, alo teduDdoe pelo amai·
c:aaiamo. O bOIJI bito daa l46n aovu alo dcp..~e ape~~as, pecao eu, da hetemooia doe a.tadoe Ualdot :ao
muodo: bA wtru ra.l6el malt prol'uoclaa. mait hulllUIU; nio t uma moda a peou". (J>. FAUOOl'fNn, O Con,ra..o
da Bduu{,J'o No~•· 11'1 "0 Rat.ado de Slo Paalo", maio, 1928; efr. hAJfCJIOO Vaxlllc:IO Fn.ao, ConttlbuipJo
amaric.tut • •duu~o. Bdlelo "Liç6a da vida aJUeric:aD.a". 2, Rio de Ja:aciro, UMl).
-20-
402 A CU L TURA BRASILEIRA
23 A. P. ALIQUDA jdNlOil, A - l a rural. In "AAuirio do Kaoino do E.tAdo de Slo Paulo", 1!135· 1936,
~ r- A. F . ~ ]ÓM1011, Oirttor Geral c!D EnaU>o, pãga. I&o-226: Fnlf.umo li& AaV&DO, 0 pro•
blema da educ.G-fo ruraL Confc:rtod8 proounciacà no Rio de Janeiro a 17 ck aco.to ck 1933, /n "A educa(lo
e eeu. problemu'". Comp. B4ltora N eeiooal, SAo Paulo, 1937, pãp. 45-75.
24 V. tbbte u atlm.da do Prof. A. P'. AI.Iof~ Jl)moa. aa direçlo do eDIIioo em Slo Paulo, o" AAuirio
do Bnal.oo do E1tado de Slo Paulo", orca.oiaado \!« A. F. ALY.IIli>A Jlhl1oa, Diretlar Geral do &oa!Ao, 1935-.315,
S&o Paulo-lkuil, pq1. 3-2&3.
404 A CU LT UR A BRASILEIR A
ainda penetrar com a mesma fôrça o ensino secundârio e superior, que perma-
neciam quase impermeáveis ou inacessiveis ao movimento de renovação edu-
cacional. Certamente, o impulso que tomaram o antigo Instituto Agronômico,
de Campinas, o Instituto de Higiene e o Instituto Biológico de São Paulo,
criado por inicativa de ARTUR NEIVA, e que se tornou, sob a direção de RoCHA
LIMA, wn dos maiores centros científicos prepostos, na Am~rica, à investigação
de problemas de biologia vegetal e animaJ,t5 como a criação de novas insti-
tuições culturais e científicas, quais a Escola de Sociologia e PoUtica (1932),
em São Paulo, e a Escola Nacional de Química (1934), no Rio de janeiro, cons-
tituíam sinais dos progressos que fazia a penetração do espírito cientifico na
cultura nacional. O ensino superior continuava, porém, reduzido ao ensino
dirigido no "interêsse da profissão", não no interêsse intelectual do indivíduo
nem em proveito da ciência, cujo desenvolvimento, se tealizava antes nos ins-
titutos de ciência aplicada, onde a necessidade de enfrentar problemas urgen tes
ligados à economia nacional orientava os trabalhos para a indagação científica
original, em vários domínios. N ada se h avia tentado, no terreno d as reali-
zações, para que êsse movimento de conquista do espírito cientifico se fôsse
acentuando em nossa pedag9gia, e pen etrasse todo o ensino, provocando no
ensino superior, com o mesmo espírito, as reformas que se empreenderam na
educação fundamental e popular, confiada ainda exclusivamente aos Estados.
lt que a camada intelectual, recrutada através de mais de um século, nas es-
colas profissionais (direito, medicina e engenharia) e que desfrutava, numa
sociedade estática, o monopólio na formação tanto das elites como da concepção
de cultura, apresentava um pensamento "escolástico", isto ~. acadêmico e sem
vida, que se opunha, pela indiferença ou pela hostilidade às transformações
profundas do sistema de cultura e do ensino superior no pais.
Se essas elites, recrutando-se em camadas sociais e situações que variaram
constantemente, não constituíam nem podiam constituir uma camada cerrada
e perfeitamente organizada de intelectuais, não é menos verdade que, com uma
formação cultural orientada no "interêsse da profissão", haviam adquirido e
conservado êsses modos e fonnas de pensamento e de e,.:periência, ligados a
uma formação tradicionalmente profissional que as inabilitava a dominar
do alto e em todos os seus aspectos os problemas de educação e de cultura. Elas
nunca tiveram, porisso, uma consciência viva e, muito menos, profunda, da
~5 O l nftUtuto Biol6'1co, criad o em 1928 em Sio Poulo, por Iniciativa de ARTUR N&JVA, que presidia
l. ComiJttlo t~enlc:ll d eetlnncla a dar combate à brOca do café, teve corno aeu primeiro dirét or, eontratlldo para
oceanlll6·1o o antigo t~oobtente-eheJe do lnatituto Otvaldo Cruw, do Rio de Jonclto, Sueedeu a ARTUR NatvA,
noquele car1o. o Pror. ROCfiA LU&A, que foi também um doe colaboradores de OavAI.DO CRUZ e, tendo eído
pto(easor no lnttituto de Mol~tiet Tropica.ls, em Hambutgo, ~ercla entllo na funç!)ea de vice-diretor do novo
lnaUtuto, fundado em Silo Pa.ulo. Illlt!llado hoje n11m edHfeio mal}ntfleo de vattou pY'Oporç&.;, conutruldo e•·
s>«lalmenre para bee in•tltuto de e..tu:io• e pesquisu c:ientíf'ieu, catcndo o tou ca'Dpo de açllo, corno informa
o IICU atual diretor, "desde a iovesti~ção dos problcmJU mah acrals de biolosia atE o de qualquer mal qu~ amea~
destruír1 ~lldlcar ou desvalorizar as fontes de riqueza &liccrçadas na lavoura co ns pecuArin. O eixo de aua
ativldaoe E conJtlt:ufdo pela iD\"ettlgação cicntlrlca no terreno da patolot.la de todoe oe IICtU vivoe, a.nllJ\ait c
vea~. e CIJpecialmente daqueles de maior utilidJ•de ou intcrbse pua o homcro. Dc:otto do c.mpo v-.sto da
patol01\a COMPIS'ada. concentra-se a princip41 atividAd~ clcot!ra elo IMUtuto no "tudo dt~s pracn e docnça5
tra.twniJalvcia". O aeu primeiro e~ importante cam;10 elCpCriroental, obtido para o Iutituto em 1937, - a
Fazenda "Mato Dentro", aituada ou imedi•!)ães de Campina1, ' uma o-ande prOpriecla<.le ag{.eola, com um11
Area de 112 alqudrca paulúua, que ~ 1:'>!110 que o sru prolonca:nento tutal e acove a t&du as awas KÇ6Q ~ a todos
oe ceua t fcnic:OL No lMtituto Biol6ai= funciooa111 aioda, para a fonnaçJo de t6cnlcoe, a Eto:ola de Pat.oloria
Companlda, a de Fitopatol~~ e a de Patx>logja Vellerioiria ~. aubordlnodu a eao jlN!I,Se instituição
de paqu1us c:i..atf!icas. O llftl corpo de cientistu e tknlcoo. eompoeto de 6.5 prcC,.Ionalt erpedal,ízados, aendo
42 o o dmtre de ~n~\st:es~teo, abnn~te nomes de reput:oçllo unlvcnal c 'T'CC'I'U~O ooe melhores centr.. de for-
1M~ nutentca no pab c no cs~ciro. Pdaa paquiaas e experlenciaa reo~tincS.a o:u ruu duu djvisõea,
vqetal c ~1. c entre as quau se d.c:suocs.m a demO<lltra~ da cf'w:~ da vacina de Valdemar eoc~ra • febre
artoea e a veri~ e><p<:rimenul do co~to com foto-.en.lbUia!:l~ pelo al=im como cawa dA m«-
talidade de bovinos nos cra-"ldes rebanhos de Andradioa; pd;l valor c voluroe de wa produçiD c:ieJ>d!íca, de mais
de wna c~otena de trabalhos, =mo o '"b-abido <Lu docnçu dN a•ea", de valor loteroaciooal, e po.l.. su.. rca-
UzaQi!e-t de cadter IJ>dustriat, comprovadas poc mais de 40 J)C'Odutol deatlnad.lt a o combate b ptftl'" que iaf:.ta m
• lavoura e a criaçlio. f o I ostituto B iol6gioo de Sio Paulo um dct maiores ecntroe de pe.quiu e de ca-
r,tu tú:nlco Wtlleote na Am&i..a e jâ com r~ome nruvesul. Al~ de wna rcvltta menu! O Biot6gieo, ...:ri ta
poc tknlc:oe e p4'cpetta ao fim de estAbele<>e<" a aproxiroaç.l o entre o laborat6Mo e os criadoru, mantEm o Instituto
Blo16clc:o os Arquivo•, rmtta de grande importância, em q ue ee pubUeam oe trabalboe oriç\oait de ~uioa
reaUndoe nu d lvenaa aeçõc. dca.a UlltituiÇão.
A RENOVAÇÃO .E UNIFICAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO 405
20 A prüz>.dra \Ullvcnldede que te c:riou ao Brasil, foi a Uoivenidade do Rio de Jaaeiro, em Ylrtude do
dec:nltD n.• 14 343, de 7 de eetembto de 1!120, do Prcaldeate EPnA.cto PS!IIOA., r~eodoldo 11Clo mlnbtro AuuDo
Puno. U:u, - Oalvenldade, cujoe EttAtutoe fOO'tm apr<Wadca pelo decreto a.• 14 573, de 13 de deu:mbro
de 1920, D&o p&Ul)\1 de Ulnll acrepçlo doe trk instJtutca auperiorca de fa<maç:lo pror...loaal, - • rac:Wdade
de Dlrdto, a da Medicina e a Ktc:ola 'Polit6eaiea do Rlo de Jan6ro. a.em importou em qualqua- modinceçlo a·
teoeia1 aa atrutun e DOI m6todoe do easlno euperiar do paá. E m ~ RorUooU, ecte ~ maia ta~c. foi
f1mdada por ioic:lativa de h.ufcuco Morou PniBln'ltl., a U~ de Miaa. Oerab, em que r-m vupeda.t
M Faculdaclea de Direito, de Medicina e de Bngeaharia, ~ na capótal de- Eatado. Pelo dec:reto de
7 de eetembt'o de 1!127. q.u laatitlo aea Unhrenidade e que. assinado pelo presideote Aln6mo CA&t.ol. foi rel'e-
I'CIIdado por h.ufcuco CAKPoa, ocabwna alteraçio aobtt>u>áal k ~ oo ai.tema de ftatÜIO .vpcrior que
~ oo novo te(lme \Ullveniürio, com a eatrutura e~~ tradicioaajs. A medida maia lmport&Dw
que iAtroduziu kK decrrto, ao alar a Uoivenidllde de Mlnu Guais, fOi a .u:tooocaia d.Wtlca e ltdmioiatratlva,
apoiada em o.m s-trlmbnlo coatdhddo do crande ~e ia>6Yd e de um fundo de SO mil contoe em a pólkea
do~. Pode R, po\1, at"II'IIIW que, te a nrdaddra orpnizaçlo amvtt!Jit:Aria foi Wtituida pdo decreto o6JIIU'O
19 8Sl, de 11 de abril de 1931, do chefe do Goverao Provúório, Dr. GllTCuo V.ut<~AS. ráereodado por h.ufC:JICO
~. mlalttro de BducaçAo, • primeira Wlivenidade q~ t::en- o Bruil, crl8da com um DOVO ap{rito e uma
orca.ol.ca,çao nova, e J4 eob o rqlme cttabdec:ido por &se dtereto, foi a de S&o Paulo. O qoe, rdat!Yamct~ta ao.
llllterioret, de Cricto mareadamente trad.ldoul, embora .00 aon rubri!:a, 8Si4ala • ori~nalld.ade de.te aio~.
criado • 25 de Jaoclro de J!l34, de ec(lrdo eom o decreto fedc:ral, que entllo entrou noalmente em e:x~o. foi olo
tõmente a locorp«Gç&o, oo o.-caniomo \Ullveni1'irio, de uma FaetlldAde de Filoeofia, Ciblciu e Lctrat, que p&NOU
• ClODitltuir a medula do alatema., como tambhn a J!reoc:vp~~Çio domina.llte da peequàa deoúfica e da. atudoe
406 A CULTURA BRASILEIRA
d~dcot. d - alw do caplóto da Jd federal que regulou ao uolvemdtwl.a bnlliltiru. O Govln>D Pro-
.uório da Rep6b1Jca ioltituiu em 1931 o rqime uciwrait6rio, mu foi Slo PauJo que tomou em J934 a iniciativa
de uecuú·lo, em- plenitude. Antea de se aiar. tm 1937, • Faculdade N lldoo&l de Jl'ílo.o('aa. MfsJo 1'11X'Illt4
fundaw a Unlvemdade do Distrito Fedent. c:om uma dtnltura oova o oo ano equlnto ao da fi.IDC!aeac> da Uoi-
venlclade de Slo Paulo. 2 pcecito <'econheccs-, ~. que a lnidatlva, o - D>OY!mct~to de rt110V*çAo o de
aJarsama:~to do emino euperiar. unhara com um •btcma fechado, coube l ordem SeocdJtlna, eob cujoe auspkioe
K c:riou tm SAo Paulo, em 190&, p« iniciativa de O. JILtouu. Kauu. a Faculdade de P'ilolof"~a de S§o Bento.
qrq.cla tm 1911 l Unlvenidade Cat6lic:a de Louva.ia ~) e reconh«:ida em 1936 ~lo covfnlo federal.
d~ dr ampllac1a e edapt40d.e em eocúonnidade com o decreto federal que rccula a orp.oluç&o das Paculcladca
d - oaturCA. (V. BAR&OIA VIANA, Orfaruzar;Ko unirereit,ria n o Br. .il, J • Il In "Joraal do Cotn&cio'",
do Rio de Jaoelro, 24 e 31 de março de 1940/ .
17 "L'ofiCillation du nnire a &ré •i forra que /a1 l4mpH /ee mítulf IU~nduet •• tont .I la lin
rent•erde•"· (P4111. VALfRY - La crise de J'e1prit).
A RENOVAÇÃO E UNIFICAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO 407
reuniões, concluindo pela redação final de uma proposta que se baseou, em grande
parte, nos ante-projetos elaborados na V Conferência, de Niterói, e em que se
sintetizaram as aspirações unânimes daquela sociedade de educadores. Foi
sob essas influências que se elaborou o capítulo li, "Da educação e da cultura",
da Constituição de 16 de julho de 1934, em que, ao lado de "disposições impró-
prias a um texto constitucional, contrárias entre si e inconvenientes ao ensino,,
se encontram pontos fundamentais das reivindicações católicas, como o ensino
religioso nas escolas, e diversas das aspirações núnimas por que se vinham ba-
tendo os pioneiros da educação nova no Brasil. As duas correntes mais vigo-
rosas do pensamento pedagógico e, sobretudo, a dos reformadores, cuja cam-
panha oferecia tôdas as dificuldades das obras novas e fortes e esbarrou em tôdas
as incompreensões, cruzaram-se, por essa forma, não só nas proposições apre-
sentadas na Assembléia Constituinte, senão também na Magna Carta que
resultou de seus debates e em que se consagraram, como grandes conquistas
do movimento, algumas das teses capitais prepostas ao fim de instituir uma
poHtica nacional de educação, segundo princípios e em bases modernas.
A Carta de 1934 instituiu, de fato, medidas que assegurassem uma poUtica
nacional em matéria de educação, atribuindo à União a competência privativa
de traçar as diretrizes da educação nacional (cap. I , art. 5.0 , XIV) e de fixar
o plano nacional de educação (art. 151). Aos Estados competiria, segundo o
art. 151, organizar e manter os seus sistemas educacionais, respeitadas as dire-
trizes def'midas pela União. Estabelecendo que ao governo central caberia
e<rtXar wn plano nacional de educação, compreensivo do ensino de todos os
graus e ramos, comuns e especializados, e coordenar e fiscalizar a sua execução
em todo o território do país" (art. 150); criando o Conselho Nacional e os Con-
selhos Estaduais de Educação {art. 152} e determinando a aplicação de nunca
menos de 10 % da parte dos municípios e nunca menos de 20% da parte dos
E stados, da renda resultante dos impostos, "na manutenção e no desenvolvi-
mento dos sistemas educativos" {art. 156) , a Constituição de 16 de julho de
1934, fazia o país entrar numa política nacional de educação de conformidade
com os postulados e as aspirações vitoriosas na Confer~da de N iterói, em 1932,
e no manifesto dos pioneiros, pela reconstrução educacional do Brasil. Os
sistemas escolares estaduais, segundo essa nova política escolar que a Co ns-
tituição adotou, não seriam senão variedades sôbre o fundo comum de uma
espécie: sob tôdas as dissemelhanças de estrutura do ensino, nesses sistemas
variâveis com as condições regionais, deveria perceb.er-se não sômente uma
"certa tonalidade fundarnental' 1, mas a unidade política expressa nas diretrizes
estabelecidas pela União. As próprias tendencias de organização racional,
sôbre base de inquéritos e dados estatísticos, e de seleção por meio de medidas
objetivas, (art. 150, letra e), -uma das mais claras aspirações da campanha
de renovação educacional, -foram consagradas em disposições da Consti-
tuição de 1934, que se manteve, em quase todos os seus artigos, na órbita de
influ@ncia dos iniciadores do 1 movimento de refonnas da educação brasileira.
Mas, além da instituição de uma polttica nacional, capaz de estabelecer
a unidade de fins e de diretrizes na variedade dos sistemas escolares, e dos prin-
cípios que consagrou, de "racionalização" ou de reorganização dos sistemas
educacionais, em bases científicas, de estudos, inquéritos e dados objetivos,
estabeleceu ainda a Carta Constitucional os rms democráticos da polftica es-
colar do país, reconhecendo na educação "um direito de todos" (art. 149), ins-
tituindo a liberdade do ensino em todos os graus e ramos (art. 150, § único,
alínea e), a liberdade de cátedra, a gratuidade e obrigatoriedade que deviam
estender-se progressivamente do ensino primário integral ao ensino educativo
ulterior, a fun d e o tomar mais acessível (art. 150 § único, a e b), e criando
A RENOVAÇAO E UNIFICAçAO DO SISTEMA EDUCATIVO 409
os fundos especiais de educação, parte dos quais (art. 157) se aplicaria a alunos
necessitados, mediante assisténcia sob diversas formas e bôlsas de estudo.
Essas tendetlcias democráticas que se tornariam ainda mais acentuadas na
Constituição de 1937, não correspondiam apenas às aspirações rutidamente
formuladas no movimento de renovação educacional, mas ainda a um processo
real de democratização que atingiu sobretudo o ensino secundário, tomando
estremamente difícil a reorganização de sua estrutura em bases humanísticas.
De fato, em vez de um ensino de classe, para uma pequena fração da população
adolescente, recrutada geralmente na bur~esia. o ensino secundário tomou-se,
pela sua extraordinária extensão, senão um "ensino para o povo", ao menos
um ensino de caráter mais democrático, aumentando-se de 1930 a 1936, de
40 mil a cerca de 160 mil e, portanto, quadruplicando o número de alunos, en-
quanto a população se elevava de 34 para 38 milhões, no mesmo perfodo. Se
eram poucas as moças que concluíam o curso de bacharelado em letras até
1930, o número delas passou a equivaler ao dos rapazes, em muitos colégios ou
cursos que se abriram por todo o país e cujo número, sõmente em São Paulo,
e, sem contar os particulares, subia de 5 em 1930 para 58 em 1940, entre gi-
ná.tios mantidos pelo Estado e por municípios e cursos ginasiais anexos às
escolas normais, estaduais ou municipais. Mas, como bse ·processo, legitimo
em si mesmo, da democratização, que inicia as massas na cultura, aprese~ta um
aspecto negativo, !porquanto fica rebaixada a qualidade do ensino, permane-
cemos em face de Um duplo movimento em sentido contrârio: de um lado, esse
fenômeno de democratização pelo qual as massas não s6 adquirem novas ne-
cessidades intelectuais como também começam a exercer donúnio s6bre a cul-
tura e adaptar esta a seu nfvel; e, de outro, um movimento de reação no sen-
tido da cultura humanística que nunca foi democrática, e em favor de uma
preparação regular e sistemática, em túvel universitário, dos candidatos a ~
tipo e grau de ensino, dos quais a primeira turma de professores diplomados
110 Brasil obteve em 1937, pela Universidade de São Paulo, a licença do magis-
tério secundário.
Se, com o golpe de Estado que instituiu, no Brasil, a 10 de novembro de
1937, um regime autoritário e unitário, entrou em decUnio a campanha que se
vinha desenvolvendo pela renovação educacional, ~ certo que alguns de seus
prindpios foram consagrados na nova Constituição promulgada pelo Presidente
da República e assinada por todo o Ministério. O estado de sftio ou de guerra,
como lhe chamaram, e em que viveu o país, de 1935 a 1937, e o golpe de fôrça
que pôs têrmo ao .r egime constitucional de liberdades públicas, impediram efe-
tivamente que, em matéria de poUtica escolar e cultural, a balança acusasse
o pêso real dos contendores; e a poUtica adotada pelo govêrno da União julgou
poder fazer a economia do conflito, nesse e em outros donúnios, pelo conheci-
mento e pelo equillbrio das fôrças antagônicas. A nova Constituição, outor-
gada em 1937, reafirmou, com efeito, levando ainda mais longe do que a Cons-
tituição de 1934, as finalidades e as bases democráticas da educação nacional,
não s6 estabelecendo pelo art. 128 que "a arte e a ciência e o seu ensino são
livres à iniciativa individual e à de associações ou pessoas coletivas, públicas
e particulares", como também mantendo a gratuidade e a obrigatoriedade do
ensino primário, instituindo, em caráter obrigatório, o ensino de trabalhos
manuais em t&las as escolas primárias, normais e secundárias, e, sobretudo,
dando preponderância., no programa de poUtica escolar ao ensino pr~-voca
cional e profissional, que se destina "às classes meno8 favorecidas e~. em ma-
téria de educação, o primeiro dever do Estado" (art. 129). Sob &se aspecto,
a Constituição de 1937, rompendo com as tradições intelectualiatas e acad~
micas do pats e erigindo à categoria ck primeiro dever do Estado o ensino t~
nico e profissional, pode-se considerar a mais democrlltica e revolucionária
410 A CULTURA BRASILEIRA
28 Pdo cltcrcto-ld 11.• 1 238, de 2 de maio de 1939, usla.clo pelo Prc.lcleate GSTIJLJO V.uo.u e
rd'ereacl8do pdoe mlnbtroe do Trabalho e dt Bdocaçlo, rQpectiv&meate Sr.. V"l.D~It P.u.c:lo e G UJTAVO
C:UAJUKA, ficou a iDda estabelecido que as fábri<:as em que t:rabel.bam maia de 500 cmJWepdot, "terlo cunoa
de ~fdçoamcollo ~..iooal para adultos e menoree, de ac:6nlo c:om o r~mto cuja clabon~o ru:ar6
a C*'JO doe Mlniltbioot do Trabelbo, Iud~ e Com&do e da R1:oea!;lo e Sa6dc" (an. 4.•}. Poõ mal. tarde,
a J7 d e maio de 1939, lnrtituJda UJIUl Coraisalio ÍDter·miaittcrlaJ, peta r<Culatnentar O (W\ci~to dbo<!a
cunoe de apc:rf~to pro!iwioaal. a que se refere o d~eto o.• 1 238, pera u.balhad- da ind<Utria . Réwüda
- C omlaa:lo, compoeta de .eis membros, das qu.Q trls oomeadot pdo Mlobtfrio da Educaçlo c S.Me. e trb.
prlo do Trabalho, inldou as • WUI a tividades, sob a preoid~ do Dr. SAUL Dll Guwlo, luú de m~ do Di•-
trito Jrcdcral, o qual designou o Dr. ] OAQUJl( FAlUA o• GóiJ Fn.uo, pare relator de KUJ trabalha.. O ante-projrto
de ~ta!;IO dO dec:retO.Je:i JI.O 1 238, ~.lia eiabarai;JO lhe fOr-a COCÚI8da, 1>10 daCIOU. podm, a OU aprond0
per decreto federal. O ~ que precede o ante-projeto, apreaeotado pela Com!Joalo loter-mini•tcrial, clepoie
de lnquEritoe c invtt~. CONtitui uro.a análúe ~ e objetiva do problema que teve ele Q a mln..-, para
dar deeempcmho ~ eu. miado. (V. A_prendizlll ttm .,.,. e,tabefecfmentcu Jndvltrial• Comln!o inter·
mitaiotcril'l nomc:ada para rerulamentar o fandonemento de ~ de ap~fciçoamcnto loduntia.l. ]OAQUUol
PAJti.A G611, relator. Rio de Ja=iro, 1939).
A RENOVAÇÃO E UNIFICAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO <411
8() h.ufCIJCO CUaooe, l!t/u.,.pKo e cuJtura. p~ IID Mit~Jatúio de Bducaçlo e s.óde. I>ieeuTeo
~o em 18 de DOYetnbnl de l!tSO. P'ga. 117- 119. LivTeria Joet OUmplo Bcllt6ra, Rio de Janeiro, 1~40.
&I 0UITAVO Cu.utKIItA, Panorama da educa~o nac.ional. lU rcallal~ e oe pi'Op6e;toe do cov~
fedenl. OIICW"aa prOftUIIciado 1111 c~onoçlo do Ceat.enúio do Co~Ec:io Pedro JL /n. "Jorna.l do Com&el.o",
Rlo de J aodro, 13 e 14 de d~bro de 1931.
82 Loa~t&Kço Bn.11o, lntroduolo a o aatudo &6bra a ntu~o faral do en•lno prim4.rio. P6p. 52-53.
lottituto NadOillll de Bstudot Pcda«6clcos. "Boletim n.• 13". Rio de Jaoclro, 1941.
aa O Itwtituto Nedaaal de S.tudoe Pc<S.a6skoe (U(.&.P.), c:riaclo pdo decreto-lei o.• 580 de 50 de jolho
de 1938, CO<TapoDde, ..,b cettoe npectoa, ao uti&o Pedagogium a que, 0011 começo~ da Rep6blica, o d~
n.• 667, de 115 de q6sto de 1890 atribuiu a fUDÇ&o de "eeortro ~da refonnu e melhon.mmtoe de que
_ . _ a ecluc:~~çio uadooal". A polítiea ~traliaadGra que ma.ateve a Coaati~ de 1891, alo permitia
412 A CULTURA BRAS IL EIRA
vinaeswc a lnrt:itulçlo do :Peda~:Q&ium que, em 1896, p usou com fine maio rutrlt.ot ill jurbdlçfto d o cov~o do
Ol1trlto Federal e foi extinto em 1919, já des,-irtuado em aem objetlv011 nacionab. O teKime de ccntrallnçlo,
lnatltu!clo a JO de novembro de J93?, foi uma das cauua que mtle contribu!raru nar11 o n orctcimcnto da nova
lnat:itulj;llo o que 10 tro.naferirom as atribuiçÕC$ de pesquisa, exercidas cumul11tlvomcnto com u admlniatrativu
pela OlrciiOtia Naciona.l de Educaçlo. Criado o Instituto Noc!onal de PedaQ'OiliQ, dettlnado • reallur Investi·
ftUC&e etlbrc ot problt'll\oa de C114.Íno noa seus di.ferent.es aapectot (art. a9, da lei n.• 378, de ta de jMtlro de 1937),
foi tttntformlldo em 1938 no atual Instituto Nacional de Ettudot Peda~&!;lcoa oue cot~•tltul o " centro de eotudoa
de tbcSa. 1111 queatllet educadonst., re!A.c ioosdas com oe trabAlboa do Mln!at.!rlo da Bdueaçlo" (art. 1.• do de-
ereto.ld 11.• S80, de 30 de julho de 1938). Esse I natituto tem por fim, do t~c6rdo com o llrt.. 2.• d o referido deereto,
"Otp.nlu.r doeumcotaçlo relativa à hiat6ria ean enudo atual clao dO\Itrinaa e du th:nlcu pedacócicat, bem como
du dtleunte. etp!clet do lnatlt-.1iç6ea educativas; manter intcrc:Amblo com u l.ottltu\ç&:t eduÇadonah do etc·
trangetro; J'")IIIOVer inqu~tos e paquiaao oôbre todo. os pcoblemu otinentet l orce,aiaatao do e<Uino bem como
eólire m~todos e ~ ped.q~c:os; pcoClO'Ver inveatlgaçllet no tC1TellO da pelcolorla a plicada l educaçlo,
bem como relatlnmentc 11.0 problema da. orientação e scleç&o pcofl.-lonal; prestar "''-tenda t6c:nJca aoe a::rviçoa
ettaduab, munlcipab ou pctieulareo de cduc:tlÇiio e divulpr oe eonbedmcntoe rdariYDI l teoria. e l pdtlea pe-
cà&óclca". ~te aubon:lioAdo 11.0 Minm&io de Bducaçio ~ Sa6de, tdn o lmtltuto, alfm de uma biblioteca
e de um mllftu pedaa6cic:~>. doia aerviços e quatro ~ ~•• du quaú d'UI. a de Ooeumentaçllo ~ • de
lnquErlto. ~ PuqW... viaam otudos diretos d3 cducaçb, e duat outras (a de P.lcolocia Aplicada. e a de Scleçlo
e Orientaç&o ~ot'ualonal) ae destinam à co~~ com o D. A. S. P . (Depe.ttamcnto A4otinlctratlvo do Scniço
P6blico, tato, d..Se a w. crlac&<>, pceoidido P'fo Dr. Lula StKl!u LoPu) ~ • anillte e .alut;lo doe pcoblem.es
de teleçlo, adaptitçlo o aperfeiçoamento do !cocio:Wâmo. O lllatitul.o N acioMI de Eatudoe P oclq6(ieoa. que
defde a aua Co.odaçlo ~ difiP!o pelo Prof. Lo02ZKÇ<) ~. ji tC2.liaou tnbalhoa de primeira ordem, com rd.llc&<>
l documentaçlo da1 U..tltuiç&a e atividades J>Odag6s:icu do pelo. ~ con.tantn de nrontu6tioa de tecbla(l[o na-
dooal e atadual de ed.u:.çlo e entino, de regjstro de dadot que estio aendo ncolbldot e apuudoe pelo Serviço
de Batatlstlca do Ml:ol.t&io, e de orcanilação d,.fkhaa de dC~CU~t~Cntaçio, j ' cm ~mero de 13 6tS, eatatocadaa
por ordem c:t'OI>016&1ca e de &siUQtoa. Os boletim que editou e entre o:a quai1 10 cncoatra a .&ie eób« a "orpni·
açlo do eDW>o primAri.o e normal", em cada Estado, c:oas:tituem u:na pcova de ef'ldencla de IOUJ ac:rviço. e da
probidade e eutldlo de 8\lal J)Ublleeções. d e altn valor informativo e c1ocumeot.6rlo. No tetTeno d.u lnvestigaç6ew
pecla&6cicu, u auae atividades, m~te eouduzidu, indieam que o loetlhlto, pela_ ana clttUtura, pdoa
vaii<»>S dementoe que ..,upou e pela aua superior orient..çio, ....rA ceftllmentc nilo 16 o órtlo ce.otral, ma• o
mllil iD:~portallte ltlldtuto do pa!s. destinado a inql!hitos, eatudoa e paqubal o&bre oa problemas d o emino, oa.
- d i v - ut>«toa• (V. Tnatituto Nacional de E3tudo• Pedeg6~icoa. In reviata "Educ:atlo" - &,:lo
da ~o Bfalllldra de Bdueaçilo, n.• 7, julhD - 1940, p4p. 17-18 o 27).
A RENOVAÇÃO E UNlFICAÇÁO DO SISTEMA EDUCATIVO 413
Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Eapú:ito Santo, onde,
deade 1937 a 1941, foram fechadas 774 escolas particulares "desnacionalizantea"
e- aubstitwdas por 885 escolas públicas, abertas nos mesmos locais, quer con-
cedendo em 1940 auxilio especial a êsses Estados para a construção de prédios
escolares nas aglomerações de população estrangeira, quer dando nova organi-
zação aos núcleos coloniais, cuja fundação se condicionou às aig!ncias do in-
teresse nacionalu.
Mas, se em mat~ria de ensino "a questão capital cujo vulto reclama es-
forços correspondentes à envergadura e proporções de seu tamanho", continuou
a ser, segundo a opinião e os votos de FRANciSCO CAMPOs em 1930, a do en-
sino primário, não se limitaram as atividades da União e dos E stados, nesse
per(odo, à solução do problema fundamental da educação das massas. Certa-
mente, a análise sucinta da situação geral do ensino primário, nos últimos dez
anos, demonstra, como j á assinalou LOURENÇO FILHo,as um desenvolvimento
notável das escolas primárias que, de 27 mil, em 193.2, passaram a mais de 40
mil em 1939, elevando-se, em oito anos, de 56 mil a cêrca de 78 mil o número
de professores em serviço nas 40 mil escolas do país, com três milhões e meio
de alunos inscritos. Não foi ainda menor, guardadas as devidas proporções,
a expansão quantitativa das escolas de ensino secundário que, em dez anos,
tiveram um crescimento superior ao que se processara, em um século de inde-
pendência, e denunciaram nesses progressos a tendência do ginásio a trans-
formar-se de um curso propedêutico para o ingresso nas faculdades, em um
colégio para o povo. ~e crescimento numérico, de certo surpreendente, res-
tabeleceu, agravando-os, os problemas de estrutura do ensino secundário, cuja
fuuilidade, agora tão ampla como as atividades d e nossa complexa vida mo-
derna, como observa joHN DEWRY, j á não pode ser a mesma do tempo em que
as academias existiam tão sômente para os filhos dos que receberam uma ins-
trução clássica. Ainda que não se possa comparar com o surto que adquiriram,
nesse periodo, o ensino primário e o ensino secundário, o ensino superior, porém,
proflSSional e desinteTessado, teve então um desenvolvimento quantitativo que
não pode ficar sem efeitos antes sôbre a extensão do que sôbre o apuramento
da cultura do pais, cuja qualidade é duplamente ameaçada, nos sistemas edu-
cacionais, pelo rápido crescimento numérico das escolas secundárias e conse-
qüente rebaixamento de nível nos estudos propedêuticoa e pela proliferação
das escolas superiores em geral e, especialmente, das faculdades de fllosofta,
enxertadas em antigas organizações educacionais, de iniciativa privada.
Essa crise da cultura qualitativa que se observa por tôda parte, não ~
um produto apenas da redução progressiva do campo da "liberdade de espí-
rito", sob a pressão dos fenômenos de concentração do poder, do advento das
ditaduras da esquerda e da direita, e das tendências do •Estado totalitário, ou
do Estado concebido como um fun em si mesmo e dotado de atribuições para
estender a sua influ~ncia até os mais íntimos recantos da vida dos indivíduos
e das coletividades humanas. Universidade implica a idéia de universalidade
e reclama o livre exame, como obra cujo impulso criador se ap6ia e se alimenta
na liberdade, tomada em sua plenitude, de crítica e de investigação. Do ponto
de vista socio16&ico, essa crise se explica, tambêm, segundo NICOLAS BARDLUEVF,
pelo fato de que um principio aristocrático, -um principio de qualidade é
inerente a tôda cultura superior, e que êsse principio se encontra gravemente
ameaçado por um processo de democratização e de nivelamento pelo doaúnio
17 AJDda Dlo ta collpam, ao Btull, oe dadoe estatimcoe rdati.oe • produçlo de llwot, p« -uatoe,
- diYC!tMa ca..a e.dlt6raa, • • aua clrc:W.çlo e dlatribaiçlo pelao diferellta repila do pa.(a. S... eatatftdea teria
e.xu-emameote Otll n&o e6 pua apreclaçAo de vArioe Alpcctoe de cultura, como l*'ll atudoe a&bre •• n~a
de IIV1'o de malcw titaccm o, poc-tanto, de maiO( •~lta.çlo, a dlvel'lidade doo "p6blicoe"' u:latcnta • • c:apaddade
c diltribulçlo &eovArlc:a de conowno da procluçJ.o e.dltorial, did4tic:., U,teri.ria c de1>tifica, Maa, quo o movimento
editorial a o poila t e dotenvolveu de modo not6vel aettea 20 c, pertic:ulanneote nettea óltlmoe lO aaot, alo h'
tombra de dOvlda. Baata conalderar que, alim du aatigu c:aUa editóraa, como • LiV1'aria l!'raaelaco Alva,
hoje Paulo A.aeve.do e Companhia, a Uvrarla Garnier, atualmente Briguict-Oarnier, ae fundarilm mala aete
~baa verdadeiramente impoc-ta.n ta, a Companhia loofdbO<"amentooo, que ae dedica aobtetudo • IIVI'oe dl·
dtdeoe, a Companhia Sdltora NacionAl e • Livraria Acadbn.ic:a {Se.raiva), em Slo Paulo: • .f'reltu Butoe, que
ae yem apec:I.Uundo em obra• jurldlc:aa, • Guanabara. maio conhecida pdoe aeua livroe de medidAa, c • Llvrarl•
Joe4 Ollmplo EditOra, ao Rio de Ja.ocito, e a Ll,..aria do Globo em Pórto Aleçe, aem cootar cnndo oóm..-o de
cuu edlt&fat. etpalbadat pc_lo peJa. A prod~ atinclu tais pr~ que e6 DI Companhia Bdltora N..:i~1
uc:mdeu a 2 milhoa c 480 mil eumplata, em 1!1'36. ~o eotre 2 aiílb6a e 300 mil e 2 ml~ e SOO mu
a pi'Oduçi.o IUiual, ooa cinco aAOa llqUintea att 1~1, apear das proluDciu c:ouxqQeacl.u que teve • 2.• cuefTII
mUIIdlal .obre a lDdGttria e o com&do doe lívro.. N - periodo, a CompeAhia Editore Nlldoaal. catre C\l}aa
~tivaa .. IINcrne • Bruill•na. - biblioteca d e cstudoa Ollcioaais. com maia de 200 volumea, em um de·
ctolo {1931-41 ). checou a fazer e.dlçlo com tirqem de 20 mil e. d e outro livro, em 96riaa cdlQ&ea, tlrqem .uperlor
• +S mil ~a. Que<>do compar._ esoc. o~ aioda muito redua:ldoe, com oe dao e.d~ aDtcriora
e 1920, 1 que oadlavam utrc mll e doito mil cxemplera. aio l poaível dcltcoGh«U a eu oipdflceçlo ao movi-
mmto editorial, dbta du Oltimo. aooe, aem preccda>ta DI 1ú11t6ria da IDd4atria do livro oo &..U.
11 Nlo caberia eertamet~te aoe límita de um.a obn de áotae • c:itaçAo dt: t.Odat .. ncuru qu ..
~. eob aJcuna u~. ao j omalíemo do periodo repubfic:aDG. Aliá aio t redua:ldo o oG.mcro d a JII'O(le-
"-ia eSc outru CAUTciru c de ~ de letra que (orartl "~te'' joraalbtu, aob • ~ da v'da
pC.blic:a. com a qual te abriam c te eoecrravam auaa atividades de imprc:oa. .._, eotre .. &nQdea J~
"de pro{"...ao" alo aerla poalvel aquecer oe OOCJ)ea O...uu d e Qmxrnfo Boc.uvvA CRio, 1136-1912), que ji
• bnia lmpc:ato DI campllOha a bolkioniata e republicaDa: ALcumo Gu.urA&\IlA (&tado do Rlo, 1165-1911):
Jod C.UU.0. RODIUOUU ca-do do Rio, 184-4-1923), dirctlar do ' •Joroel do Coca&do"; ltovUDO S4L.utoltoa
e Jolo l.AO& de "O Pela""; SDMuM%10 BnTIINCOUJrT, fuadad« e dlrctxx-do ..Correio da Waoba": Jctuo loofao111TA.
ele uo &atado de Slo Paulo'': e, auria ..-taDcate, Joá BDuAJtDO .MACGIO SoAaa. rUDdaclor e diretor de "0
lmpatdal'., Cotr• Rtoo. do 'CorTclo da Waohl", e Aml CIL\TUUlllUAND, GID 4oa maia aotiwll Joraallttaa
q111e J' tine o Bnoa11 (\lDdador doa "Diirioe ~oe", - a ~ vuta c ~ rede lllldooa.l dt: joraala,
1
rn!Maa c ~ ae rf.dlo, d~ pc_lo palt.
416 A CULTURA BRASILEIRA
40 DoiiO'IWY M. Oao PP, Blb/Jotec.u do Rio de Janeiro e de SKo Paulo • o mo•lmento blblioteehlo
da c.,pltal pal.llitta. Collrere.sc:la relta em New-Orleans, L~. lbt:ado. Ullid01, no 1939. Tnaduçlo ele
_..,_
Fa.utcuco o& AQY'liJ)O. Sepuata da ..R eriata elo Ál'qaiYO''. n.• LXVUL Oepatt&llleDto de Cllolcanl, SIA
Paulo, 1940.
418 A CULTURA BRASILEIRA
41 A pnme;,. ld prom~ada no pom a6br~ o ridio e o cinema edUQtivo roi cfctivamcnre o decreto
o..• 3 281, de 23 de: janeiro d~ 192&. qoe refcx:mou o eo,Qoo oo Dirtrito Federal c: foi t~lameotado pelo dcerc:to
a..• 2 940. d« 22 de oovftl>bto do mesmo llDO. O Titulo IV, udo cinema ncoolar c do ridio", do primeiro d=eto,
o..• 3 2&1 , ap«aeata dois artigos c um ~o: no an.. 296 .e c:sta~le« que tbdas u ~ "tulo aalu des.
tlnadaa 1 lnttalaçio d~ apvdhot de ptQjeçã9 rnca c animada pera no~ mc:remcnte edueaüvot, ~m c:omo A U...
talaçlo de apanlhot de r6dio-tdeConia e elto-falantes"; e, pelo an.. l97, ae cr.. ume r6dio-dc:ola, com IWI reopc:a;va
nt.açlo tn.oamiaaora, destinada A irradiaÇão diária, pan u ~ola~ e pva o p4blic:o, de blnot c caoçõa eocolarca,
da bora olicial, do boletim de atos c iostruções da Diretoria Gerei, de t odoe os auuntos de lntu&.sc do euuoo,
llç&ca e ICM&es artbrieu de carA= edw:atiV11. No Titulo IV do decreto o..• 2 940, ~ recuJameutada a aplicação
do cinema a noa edue~~tivoa (ert:l. 633~5). finm-oc os objetivoa e ec d611r11anlraclo 11 R&dlo-Bacola Cart.. 636-647),
criada pelo dcacto que refor<~~ou o cotiuo ao Distrito Fed.cral. por inldatln e eob a respooaabilldadc do autor
data obc'a.
A RENOVAÇÃO E UNlFICAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO 419
.a A ulillzaçfto do c:lnema no en1ino e na pesquha cientffica começou a ~er praticada no Muteu NacloiUII
que lnauawou. em 19 10, • awa rllmotec:a, etU'!quecid11 em 1912 com 01 primeiros ntmea dOt lndlos Namblqulll'aa
quo ROQU&T& PrNTO trQuxe do RondOnlo e "' admir6v~i• petrcult~.t com que o ComluAII Rondon documentava
aa auat explor11Q/5el ~coarArtca&1 bot6nlcaa, %OOI6gicas e ctnográficlla. Em outtat lnatltulç5es de entlno e c:ul·
tura ruliearam·eo polterlormcntc tontatlvos para o emprêgo do cinema educativo. Sbmente, por6m. em 1928,
wr1e a primeirA lei aObre o empr~p;o do cinema para fina esc:ol!ltes: o autor desta obra. c:otlo dlrdor 1erat da loa·
truçlo P()bllca do Olatrito Federal, d etennino11 e reeulou a !ua utilizaçã;, em tOdat •• u eoloa da capital do pare.
(Decreto n.• S 381, de 23 de j111nelro de 1928, arts. 296-297; e decreto o.• 2 940. de 22 de novembro de 1028,
IU"tll. 633~S). Ern 1929, por lnlcl3tlva da Dlretoria Oerat de lnttruçà'l Inaugurou-se ortcialmeo« a l .•lhpoeiçllo
de CfMmat011allo Educativa, c\lja Ot"~tani,açio esteve a cargo de Jô:r&TM SUJtAI<O. 11111 doe lnldadOI"ft db1e
movlmcato. Sob a lnepiraçlo de ANfalo Talxal11.4 criou·~ pouco depo\•, em 1932 (dec:r~t:n o.• 3 763, de 1.• do
fevc«<ro de 1932) 1 D ivisAo do Claema Educativo. Nesse mosmo ano, o decreto o.• 21 140. do 4 de abril. do ltO•
vfnlo (edenl nacionaliaou o aerviço de censura d011 mrnea citlc:matogrif">eos. No Eetado de S!o Paulo tio criadoa
oe Scrvóçoe de Rid.io e Cinema Educativo pelo decreto o.• S 884, de 21 de •bril de 1933. que instituiu o C6dl~o
d a Bdue4~o, elaborado porinidatlva e tiOb a orien~de ~RI'lAl'fDO oa NeVaDO. N o dccrtto n.• 24 651, do
10 <U julho d e 1934, que criou no Ministfrio da Justiça o Oepe.rta.meuto <U Propeaaoda e Dlfut3o Cultunl. et·
tabekcan- medlct.t !art. '1. alfACU a. b . c. I. referentes à utilizaçilo, drculaçio e intcn11r1C11çlo de filmu
educativoe. A c:raaçlo, em 193 7. do t natitutz> Nacional do Ciaema Bdu.ativo, pela lei o.• 378. que ~ nova
• •aiuçlo ao Mlolat&io ele Educa~ e Sa6de, marca, na cvolação da ldBa. uma de .uat ra- culminao~.
a.e lnatituto, cuJa ~ rol confiada a ROQU&n Pnn'o,- wn doe piooeiroe do movimento em favor do
ciDmla e.c:olar. - tem por rim ara-nlxat e oiltar filmes edw:ativos brasilcitos: pcn'IIUt:ar c6plu dOJ r.lmct cdl·
tadoe ou de outro.; editar e pctmut:ar dbc01 ou fiJmes oonoros, eom aulas, confer~eiu e p~~taotrat; orpolar
uma filmot«a cdUCIItiva. s-r- eervir a011 instltul'OJ de ensino. e publicar WDII revilt:a c:ooa-vada ao c!Aema, ao
foa6crafo e ao r6dl:>, naa auu aplicaçl!a A paqW.. e A educaçã:~. Embora aia.da r~te. - pob alo tem
maia de cioco llftOIIo - o lnat.ltuto N acional d o Cit>em• Educativo j6 editou e~ de 403 r.laae.; apardb.ou ..e
P*f'8 ( OI"'::CCO!r a ln!Of'INOç6a e eadatecimento. ~elativos ao cioea13 eoc:ob.r, em tó:lu a auas •plica~: otpolcou
uma bibllotccoo capceiallud.a em obra• e revlttal cloematográfieas e recolheu, nos ae111 atqulvot, eo.,dcnand04t,
,.....,.. contribui~ que ae eocootrav.m dbpersq. No domfnio da petquUI ptocedea a estudo. oóbno o. ptO•
blemu Uc..So. • ll&ie acolar do ntme aubttandard, de 16 mm: re.a1izou eoaios e6bo'e o (time eoooro de 16 miD ,
em córca a.tunis, e petquiaa de ronttica e>Cpetimental sóbce a pron6Dc:ia do idioma nadooa.l em dlvcnu rqllka
do JMlll. !Cft. ]ÓNATAI SUJu.NO e Flt.\.~CIICO V.&NÀJCCIO Fl:Lao. Cineata o educ.g6o : !olKM"Oa D& Al.MamA,
Cinema co ntra cinemal
420 _ _ __ A CULTURA BRASILEIRA
43 LoUt.I:M"ÇO Fll.IIO, T endirtci"" da cduca(.So bnuUelr11 .Biblioteca de ltduca(:lo, vol. 29. eon,.
J).lahla Mdboramentae de Siio Paulo, S9o P aul<>-Rio (s..-m data ). p6l. 4 1.
4f Um dot lmportann:s iDlltitutoe criado. C'IXl 1937 pelo covtrno federal e eubordlnado~ ao Mlni•thio
de ltducaçllo e Sa6cle E, d o rato, o Serviço do Patrimôrtio Hiet6rtco e Artfotieo Nacion111 em q~e ae transfocmou.
ampliando·u nae aeua nna e na •ua estrutura. a aatig;a ln•petoria de Moaum~nt-;,, Nadonait. Pode-te d~
que 16 entlo te corpoclricou em uma or<ganizaçio eficiente a id6ia do prlro~lrn proj~to. Apresentado con 19:U à
CAmara Federal pelo deputado pernClmbucano L uis Caoto, abbre & dttC'Ia do r-•trlmônlo hlt t6rlco e artlatico
do pala, e ~eculdo d~ perto, em 1925, 1927 e 1923 p:~r Mlnu, B l hlo. ~ Pocnatnbueo rupe=tivamente, cl\.lo~ go·
vernoe e1ullaram do probl~m.a, promovendo o et1tudo c a claboraçlo de lei' com o rneerno objdvo. B:m 193J.
p elo decreto n.• 22 928, de 1'J de julh.o dme ano, o govl!rno reclcu.l in leio " obra • qu~ deveria dar maio tarde
malocet proporç&a, crrldndo em Monumento N acional a velha cidade mlnain d e Ouro Preto. - verdadeiro
muaeu ao er livre, pdo valor histórico e nrtbtico d e suas p•isagent urbanos. Com o decreto n.• 74 735, de 14
de julho de 1934 que criou a lnapetoria dos Monumento'l Na<:ionaiA, como um dep(ovtamento d o Museu Hlttótíco,
lançaram•te •• blues do aitteTilll de proteção do patrimônio bl!t6rico e attl1tico bt.,lleiro. ltue alot~ma or·
canbou ·te t10b o aome de "Serviço do Patrim.~io Hist6rko e Art(,tico Nadonal", c:uJo anbt•proJeto, oubmetido
pdo Preo~idente d" Rep!lbliea ~ apr..cia;ã:> do Conueuo, ni'lo chqou • lot;,...r aprovaçlo, por ter aobreviado o
aolpe d<! Estado q.u ~:m 1-937 implantou oovo ~ime, dinolvendo a CAma ra e o Senado. A Carta Coaotltueional
de J O de novembro de I 937 deu impulso notlvel à id.6 a em m...-cha. l!liU.b:lecendo no art. 1!)4 que "OJ moaumeatos
blltórkOI, artl.tticoe e naturai.o, -.tim como as pai.ageru ou o. toca;. p\\ttlcula.rmtnte dotadoe ~ naturua,
coam de prot~o e daot euid8do. ~da Naçlo. dos & tadOJ e d01 M UJlidplos''. e que o. atent~os contra
fate. monumentae .._ lo equiJ)CIJ'8d.os ao3 cometidoo caotra o patrimônio ruaciOt"l". Rcvltto pelo M inbtirio
da ltduca('lo e s.Me o ante-projeto, que vinM. sendo esmdada dac:te 1936, foi altnal tranaformada ao dt:eret<>-1ei
o.• 25. de 30 de ruwcmbto de 1937. que exringuju a antiga w petorla e Otpnbou, eubordlnado ao Minltt:á-io
da Eduaaçlo e S. Ode, o eenriço C5peCW de pr~o do patrim&\lo bbt6rico e artbt.lco aaciocal. Esttrc 01 tra·
be.lh01 naliud01 pelo novo Serviço, cuja impordacia o"la E preciso enca.reo:er, avultam o laveotb'lo qoe ~eçoo
• 1..-ntv de tMa a riqueza bist6rica c anútica do potú; o tombllmetlto, atf 1940. de cerca de 300 belU d e valor
bi~co e arttatlco, de-de cn conjuntos urbanbticos, atf à!t obras d e arte anault etbruca , na IWI IJ&Qdc variedade
de ripoo e de fonnat; a repart~Çio, rest:aurv.çlo e coaservaçio, confonnc o ca.:o, d e lareJ••· capelas. conventos.
fortalens. ca.., pardcularu e outras obr:u q tlt j6 orçavam poc 8:1. em riru de 19~0 e o at\Jdo e pt.ntjamento
de mUJeua COIDO o da Inconf'td~ criado => m a. e que ecd wtala4o no aatiao Palkio da Clmara e cadeia
de vtla Rlca; o du M". -ões. => SAo M'l:ncl. no Rio Grande do Sul. l'riado em 19~ o Mweu ImperiAl, que..,
acha Instalado no palkio imperial de Petr6poli5 e os J4uaeus, elo Ouro. em Sabar6, d" M oldaccm. no Rio, e de
Arte Rcl~o.a. oa .Bahia. em rue ainda de estudos e de orpuicaçlo. O Serviço do Pntrim&\lo Rlst6rieo c Atttttico
N acional publka excelente rcvilta. - a "Reruta do Servlco". e tem dlta4o ohru de ~ai IDterbte biJt6rico e
documentlrio c<MnO o Ou/11 do Ouro Pr41o. de M.urom. BAmllliiiA, o DiAr i o I ntimo do enlenheiro Vo ul h ier.
de Ou.»<to FJtaYu. • Arte indifena dlt Amardnia, de HA.OlJA. Al.auro TOuu, c Scn t6rno d& hi•f6ria
do S•b•rl, de ZOR.OAITitO PASSOS. (Cft-. AroNW AJUMOI oa 1\IELO Jl'a4HCO, Arte, tra d l>,lo a naoion•/l~mo
Cooferhtda JX'OOu.ociada em Sio Paulo a 31 de> maio de l94l. ln "0 &:at1!1o do Silo Paulo", 8 de janeiro de l94U.
A RENOVAÇÃO E U NIFICAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO 421
45 O. auviçce de ~tatfrtic<t tDmuam o ~eu primeiro impubo oo Brull com a r-p.oiMçao. em 1907,
da IIDtip Dlutoria G era l de lt.tat.lttica que- rol criada em 1871 e pr..Udio a levant.mc:ato do.~ de:mocr'ficaa
.-U..d o. em 1872 e 189<1. N o rqjme imperial, u atividades -t:fat:iaa d e maior import&.ac:ia rediUiram· IIO
110 r~me~~to d e 1872, - o óoko que 1e realizou oase perfodo, - quaodo a lei JX'OIDulpda em 1870 pret·
crevia o levant.mcoto de « - da:enala: ao tteoo da poplllaçio da MUllid'pio Neutro a o &AO anb!rior, e
• lllcumu tentativu de Ol'la oiuclo d~ ta~lu estatf.stic:a.a. Jevadaa a efeito em di- . pro9{nc:iM. Dcpoia
do - meot o d<' 1890, a lo ctnpreendru o sovtroo federal., oo rqjme republlauo, KDio oa ~ teraia da
1900 e d e tg20, an oev:u!o fstr óltimo, alEm do c6mputo d m>ecrM">eo, miaudoaoa lnqubitoe .Obre a apicultm1l
e •• IDdóttirh. R ear&anirada em 1907 a Dintoria G eral d e Eatat&tic., Iniciou eàa, aob a direcio d e Jod Lo ll
SA Jlo Da BIIU{aa Cuv.u.ao, "1\Jndador da Batat!atica Geral Braoilcira'', uma r - de inte:nta atividade, co.
ll&iodo mediante uno inqu&ito, illfonna!;6a rdativu ao eosiao em todo o tarit.6rio nadoaal; publicaDda -
422 A CULTURA BRASILEIRA
11116 ovoluO>o B»tatlatica dl! lnatrut;Ho, em queae reunira O> o• retultlldot dAqui'~ o inqu<o, precedldot de looca e
C?rcelente lotroduçlio por Oznu. BORDI!,.\Vlt Rtoo, e prep:a.rando o levaotllmeuto docontodemogr6rico de 1930, que
foi o maia Importante ele» re<:en•.. mentos que se rettU~aram no Ime6rlo c na Rep6bllca, at6 1\ Rcvoluçio. (Cú.
B m.Hi!f.l CARV.U.l(O, S!tallsticll, mt.todo " aplicsQilo, R io de Janeiro, \ !133). Foi por6m, o p~rtlr de 1930,
que ot aet'VIçoa e1tatlltlcos adquil'inlm um desenvolvim~nto verdadelrnmontc not"vol, com a crl11çclro, em 1931,
<'lo Depertamento NaclonJ.Il de Estatlstica, em que te fundiram. em 1932, a aotie:a DiretoriA OetOII de Rat•tlatlea
e 11 DIN!t.orla de Es~t!ttica Co:nercial, cujos .s erviços hllvi.am aido orgoolutl ot em 1900 e dll Diretoria Q.,ral eSc
Jof«maçi!a, Rttatfttiea e Dívulgaç{o, no Mlni!t~do de Béluellçilo e S•6de (decreto ov 19 560, de S de jaoeko
de 1931) e, em 1!134, com 01 decret<» que iDJtitutram u D iretori• de Estatbtlca do Produçlo, no Mlnlatúio da
A6lricultura, a de Eatatletica Eeoollmica e Financeira, no da Faaenda, a de lhtatbt\ca e Publicidade, no do Tno-
b&lbo, lndlbtrlo c Com&elo e a de Estatâtica Geral do MJníst~rlo da Justiça, - cttAJ duas Oldmat, rltllultaotea
d11 ~aç6o em 11134, do Departamento Nacional, erútdo l!lll 1931, e cujos eneargot ee ~oJferi,.m a diver10 o
MU.Isto!tios. T6da - lcciabçlo ctue revela um iot:rh~ a-et::c:>le ~lo• aemsot ltlllatbtleos o o plauo federal,
elllmlooo na criaçllo, pelo doaeto n.• 24 699, dt: 6 de julho de 1931, do lnttltuto Naeiol'lal de Betatbtlca (hoje
ln~tituto Br•ilcito de Geoarú1111 e Enatistic:a. .c ujo projeto resultou dot atudot de UD\Il cominlo iotcrmi.U.t~ial
coovoeacSa e pt'aldida ~lo eutla ministro ] uAJ<.U TÃvoAA. Bsa• iA.stltulçlo tero p« fim, "mediante • pcoçmya
articula~ c coopcn~çilo das trb ordem admia.iatrativq da ~•llinçl.lo polltiea da Repllblica, bem eo:no da ii'IÍ-
ciati•• penieular, proo~ows- e fa.aer e1eeu:tar, ou orientar ~nica~enle, em rqlme n~cionaltudo. o lcV11ntaone11to
éltem!tlco de t6dq a.s ..tatf.tticu o.scionais" . Ü1Jt3bl<io em 19l6,eob a pc-aldloda de J. C.Dc 1\l.f.cmo So.uas,
taae Instftuco c:ula• orir;e<U .e p:ldem bm<:ar no Coavblio E•t9.tfstieo, rinnado ~ 1931, ~· a uolforrni&eçl.o e
apc-feiÇGa.a:IC%\to elas nta~ escolares e ~. j~ rcs:>lve11 o:m dnc:o aftlll, ou enc:am•obou l aol~a "t<>do •
o. ~blema~ w,;coe da HIJlttatica brasileira'' . Promoveu a C oovellÇ'J!) Naeôoll1ll de &tatbtiea que se reuniu ,
em 11130, no Rio de Jeaeiro; reafuou inquéritos municipais. rq:lon~h e ftlleioaaio; lolcioa a pabli<:açlo ~do
Anullr/o &t•tlltko do Br~tail e dt: ~ 22 ~p.1111tas rq:ionaio; labçou d au revhtllt do primeln ordem, - •
de S.rotbtic• C a de 0 ...1rafia; promoveu a ma;àa da maior parte e a <e<>r!:IOl nçiO da qWIIC totAlidade doe
22 departameotoa ntaduw de ntatfstiea, filiados a;, lnttitutlO; e orcaotcou e dlri&ill pele Comi&llro CenlitArla
N lldoc.al, ~::lida por ] , CAaH'cnt.o F<.P~ o reedUea~Dento na~o:ul de 1940, - a opereç5.o CC1)sit6tia d~
nutlor enverpdura, e e coais completa e peôcita que j ' n realiaou ao BrasiL (Cfr. O Ttuti tuto Bratll,iro da
Cho~r•fl4 o lrtrarferi<:JJ e o MunkJpio. Serviço GftiiCO do I. B . O. E., Aveoida Puceur, 404, R io de Jauelto
1941; ltduc.s~6o e ost• tbt/CA. Serviço Grifico do L B. G. 8 ., R io de Jane:ito, 11141).
46 0-..-.uoo O. ]AltDDl, A adminütr~iio pública e a OAiatlatica O papel c a cru.lo de u:m 6rt:lo
C<LOtral de e.!Jlc!etic• no quadro das rNliza.;ões do gov~oo Oet61lo Varpa. D. J. P .. Rio de JU~eiro, 11141.
A RENOVAÇÃO E UNIFICAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO 423
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CAPíTULO V
camada intelectual mais densa e mais rica, nos seus aspectos literários, até os
fins do 2.0 reinado. A documentação sôbre o ensino jesuftico na vida colonial
e, mais tarde, no último quartel do século XIX, permite-nos descobrir o pri-
meiro foco que se acendeu, nos rudes tempos da Colônia, e acompanhar, através
de sua irradiação, essa luz que nunca se extinguiu, e que se propagou, nas elitea
intelectuais, com uma grande intensiàade, de uma a outra geração.
Foi tão poderosa a penetração dêsse tipo de cultura, humanística e lite-
rária, que a carreira eclesiástica, donde partiu, passou a ser procurada como um
dos meios mais eficazes para conquistá-la, e as próprias profissões liberais, de
advogados, médicos e engenheiros, nela julgavam encontrar não sõmente o
suporte e o equilíbrio indispensável à especialização profissional, mas um orna-
mento a mais, o brilho com que se enaltecia a sua autoridade, e a fôrça expan-
siva capaz de lhes dar maior projeção. A carreira eclesiástica, escreve VrLHENA
DE MORAIS, "era, de fato, nos conventos quase a única que se abria aos filhos
do povo, alguns dos quais nela entravam sem o menor espirito religioso, com-
pelidos às vêzes pelos pais como um bom meio de adquirir ciência e de galgar
honras e posições". Ainda quando se criaram no tempo de D. JoÃo VI as pri·
meiras escolas médico-cirúrgicas e as de engenheiros militares e se fundaram,
já no 1.o reinado, em 1827, os cursos jur1dicos, a nossa cultura superior que
até 1830 quase dependia ainda de Coimbra, não perdeu, pelo seu caráter pro-
fissional, mais acentuado, nem êsse gôsto da cultura geral, nem &!se espírito
literário, nem êsse gongorismo erudito, nem essa curiosidade mais extensa que
nos leva a interessar-nos, ainda que superficialmente, pelos problemas mais
variados. Os padres, - os grandes representantes da mentalidade até o 2.•
reinado, conforme nos lembra CAPISTRANO DE .ABREu, - foram então subs-
tituídos, no cenário, pelos bacharéis formados nas Academias de São Paulo e
de Olinda, mas êstes, como os médicos e engenheiros, raramente sacrificaram
as letras ao cuidado de se aprofundar na sua especialidade, cedendo menos
ao desejo de se confinarem do que ao ideal de serem "completos" à maneira
da época, e à necessidade de co1ocarem a sua profissão num quadro mais geral,
ampliado pelo estudo literário e pela leitura de liVTos que formavam o fundo
da cultura humana.
Tudo o que mais de um século de ensino superior profissional produziu no
campo da especialização, j urídica ou médica, e tem escrito nessa grande pãgina
das conquistas do homem no Brasil, ''não d eliu dêsse. palimpsesto humano,
para empregar uma imagem de RUI BARBOSA, as suas legendas primitivas".
Sob o que a cultura específica escreveu, ainda que com a precisão de um LA-
I'AtETR RODRIGUES PEREIRA ou a lucidez de um TEIXEIRA DE FREITAS, mal
se dissimula a cultura literária, de fundo humanístico, que recolhemos dos
jesuítas e conservamos através de quase quatro séculos, como a herança cul-
tural do Brasil. O brasileiro podia ter a profissão que quisesse (e os que po-
diam, pela natureza ou por seus recursos, não aspiravam senão a uma profissão
liberal), mas não devia renunciar àquilo a que ALFONSO REYES na Homilia por
la cultura chamou a " profissão do homem", isto é, o sentimento do humano,
os estudos desinteressados e o culto pelas idéias gerais, que são o que hâ de
verdadeiramente humano em nós e são em nós o que hã de verdadeiramente
social. Se a essa afirmação nos leva a análise da cultura brasileira, julgada
pelos seus melhores produtos da época (na Colônia e no l mpêrio), não é outra
a conclusão a que chegamos, pelo estudo da "tãbua de valores', que os mesmos
criadores da cultura aplicaram a êsses produtos e da qual nos dá uma idéia
precisa, completando o critério daquela cultura, o exame da critica, na acei-
tação e no julgamento d as obras dêsse tempo. Por seus contornos, pela sua
O ENSINO GERAL E OS ENSINOS ESPECIAIS 427
estrutura e pela sua forma, senão pelo seu espirito variável conforme aa épocas,
quase t~s as obras do século XIX, se não se inserem na tradição espeàfica-
mente francesa do humanismo jesuítico, denunciam o predooúnio da cultura
literária e das id6as gerais na educação, provenientes uma e outras do sistema
colonial do ensino jesuítico e das influências do pensamento e, sobretudo, da
literatura francesa no Império. O nosso intelectual, ainda que julgado " dentro
de sua profissão" era o contrário de um especialista; e o valor de suas obraa,
embora de sua especialidade, se aferia, particularmente, pe1aa suas qualidades
literárias, pela riqueza das lembranças e pela erudição.
Certamente é pelas idéias gerais que nós saímos de n6s mesmos, nos des-
prendemos de nossa especialidade profissional e nos elevamos acima de nossas
ocupações cotidianas. E éste é um dos beneficios que nos trouxe o nosso
aistema tradicional de instrução, com seu caráter menos utilitário, menos pro-
fissional, mais geral, senão verdadeiramente humano, pela base do ensino se-
cundário e sob a pressão da concepção de cultura e das idéias difusas na atmos-
fera cultural do país. A unidade espiritual que a pluralidade das culturas
regionais, aUmentadas pela distância e pêlo isolamento, jamaís fragmentou
e que era favorecida pela interpenetração dos dois mundos, pedagógico e reli-
gioso, foi também sem dúvida outro efeito dessa cultura geral eminentemente
uniformizante e assi.miladora das classes intelectuais. M as não se pode deixar
de reconhecer que a ela ~ que se prendem alguns dos maiores defeitos de nossa
cultura, - a tend~ncia excessivamente literária, o g6sto da erudição pela eru-
dição, o pendor ou a resignação fâcil às elegâncias superficiais do academismo,
o desinteresse pelas ci!ncias experimentais. a indiferença pelas questões tEc-
nicas,s e ainda o divórcio entre o povo e os criadores intelectuais, na poUtica,
oa literatura e nas artes. Se as grandes figuras representativas d&se tipo de
c:ultura precisavam a história pela erudição, vivificavam a erudição pela lite-
ratura e adquiriam formas de um notável equihõrio, limpidez e precisão, o
desenvolvimento dogmático e oratório, quase sempre romântico, daa obras
d&se tempo {ref1ro-me ao s&ulo XIX), de que resultam mais sombras do que
çlaridades, acusa urna tend@:ncia de discussão do abstrato no abstrato, a con-
fusão do real e do imaginário, o primado das letras sôbre a ciblcia, do ideal
sObre o método, do espírito dogmático sôbre o espírito critico e de investigação.
1 !.te ambiente ollltwal qu~ dirige o b0t11em no BraaU, ble "paidcW!ul!" , pu11 eUip<e&af a &~o
élc PRO&IINIUI, que oom ela detlgna a ••alma da cultura", noa fOi tranaalitido evidentemente do Pottupl, atravb
élot Jetuftaa o dot c:olanlz:adaret portucubea. A mentalidade qae a t r a - o homem na Colbnia, lnnue~~clando·O
poderoaaJDcnt.o, 6 a mttma que domina 11. Metrópole. Portugal que, oo quloheoti'omo, "ac:omptu\bou o melhor
teplrito europeu'', viu ettaDc:ar a fonte de renovagão iob!lectual. no eeiac:entis.mo, cuJa llbt61'1a, GeMo pala. como
aereve AHTONtO Slhtoto, ~ "o ~tllculo do eotiolamento ela mentaiidade portuguba". &nqnaoto no akulo
XVll e XVIll te ptopapn peloa outrot paio"" do. Europa o espírito ctftico e experimental, de livre eumo a de
iovcstigeçllo, a pt.oi!Uiula lb&lc:a maotitiha.so Cota da6rbita das novaa i.nflu~d.u e impenetr6vd ao bwna.olamo
a1t:ico e c:ientttieo q~ crleia ao primeiro plano a experi~oda e a vida, a observa~o imediata daa realidade~, as
paquàu e •• rcllelrilea peqo~~lt. e .ab c-ujo influxo e Opc!tavt uma verdadeira revotuçSo cultural oo velho coa-
tioente. (Cfr. AJf'rONtO Sb.oto - 8n1a io•. O problema da cultura e m Portugal. Tomo Jf, Seara Nova,
J.iaboa, 192!1). Com uma hpcra veemtocla, J od AOOITlNaO na M.\CBnO refcria·ae, ctauiric:aodo-o com morda•
cidade, "'ao Catai afculo de eeiaeentoe". em que P~al j i ee luavia tomado um "aqu.vtdamento elo fanatismo".
!na 4o menot du.raa .. e><~ de A:Nn•o no ou-:n-.u.. na c:rftica ~ mentalidade portOCUba dot e6culo.
XVti e XVIU. em quc:1 oa ~ula ib&ica, "a uma reração de fn61ofee, de atbias e de àrtbtae criadora tueede
• tribo vulp.r dot mx11toe eecn ctftlca, doe aead~. dot imitad<rea... Not 6Jti.lno. dali ~ot nllo produziu
a Peoímula um 6oteo boown euperior que oe poeaa p6r ao lado dos grandca aiadoret da deada moderua; olo
IILiu da Pen.loaula uma e6 daa cnodes dueohertas intdec:tuais que aio a maior bon.ra do aplrito mod.cmo". Aa
relarmaa rnoludooiriu elo M.vqub de PoloiBAl.. eom reperCUDÕes tardia e frow:u na Col6ala, qucbrara.CD-
q - inQ.tilmate na muralha d~ rulatblcia do esp(rito lDt!dieval ~da univc:nidad.a e dot eol!cioe, em qa
.., inataloa por maia de dcú ekulot, .., difondira t6bre ao elites do poob. opoado o homem arittoUUco (e na aua
piar ddormaclo) CAlOtra o homem do penA~Dento ga&llic:o, do homem mcdievel eootn o aplrito moderno. O
que ae caltivou., .ab • influ~ dbK eoaino que wcetava na ratina teol6gica, Coõ o a&to daa C6rmulu catueo-
tipedaa e abatrat.u, o dilctaolhmo erudito, o tom apolog&ico e ret6rieo que revdnam a maoeira favorita de
pcDMC. - dedu.tiva, a pziozi - e • cultura corrapoodente. euaàvamente verbel, aem contrape.G dent«ko.
A intdigbltia olo era. pera - d ltea, uma aveutura de criaçio e de cte.:obrialmt:o, mat WD fott:rumalto de
dôaJ&ioca, qwanclo olo um aimplca apuelho de reciJtro de impreMÕca e de ldturu, para c:omentkiot e obru de
c:rudiÇilo. Nenhum "Plrito ctftko oem impubo c::riadoc, de dúvida, d e iJlq~ e de pcaquiaa; Cll atudoe
lítu6rioe, vamaticait e rllol6&icoa, puramente Con:nafistas acabmiam tomaDdo a primada.- cultura "apOIIDea"'.
da fbnna pela forma, e6bte a cultura dioo.imc:.. aufoc:ada por uma filoeofia bumanfatica, J4 r(c\da e ab, que
.. ktrM Ktn c:iencta haviam detpojado do seu contc6do d e expai!Dcia bwnana.
428 A CULTURA BRASILEIRA
S T.nto o ~Mioo prim6rio. c:omo o emino aecund6rio, que ee destm.m a miAistnor uma cllltan cwal
-um, inoalcando aquele •• ~ Cundamcateis, e dando &te, a cultura bumeahtka, tiveram, de 1930 a 1940,
o maior de.ellvolvlmeoto queM rec;iatroa ao pab. e<11 ilual período, em qllalquer fpoce da hinóri41 do DOUa edu-
caçAo. Para ap«clarmoe m~lhor os dados etatúticos, rercncuzs a tfte pedodo, E precho ter em vuta a dlotinÇlo
c:n~ "o ~nalno aoeund6rio", ~mente dito, e o "enoino de squudo grau" ou m6dlo, ee«UJ>dO • aoua aomea-
d!ltura fttat(atlca• a o pauo que • upr...Uo ''eru'iao aecundário" dcs\cna etpeel&lmeote o eoaino mlolttndo aoa
430 A CULTURA BRASILEIRA
--------------------
~e processo, legÍtimo em si mesmo, da democratização que rmoa as
massas na cultura, apresenta sempre, como já notamos, um aspecto negativo
r~alizando-se a preço da qualidade que fica rebaixada em conseqüência. Se as
escolas secundárias, em que se ministrava o "ensino humanístico" , professado
nos colêgios de padres e nos ginãsios ou liceus do país, já estão longe do ideal
literário clâssico, a que se subordinavam, no Império, por fôrça da tradição
do ensino jeswtico e da concepção de cultura ainda dominante no século XIX.
não se democratizaram tanto que possam considerar-se uma "escola para o
povo", nem pela sua expansão quantitativa (552 escolas secundârias, em 1936,
para 35 555 primárias, no me..~o ano), nem pelos seus objetivos e pela sua
organização. Bloqueadas pelo seu pr6prio crescimento, que n ão lhes permite
nem aparelhar-se com eficiência, nem recrutar com segurança os seus profes-
sores, colhidos pelo geral numa grande variedade de meios profissionais; tra-
balhadas, na sua estrutura interior, por novas tendências e pela introdução
de novos elementos culturais, entraram certamente por um período crítico
de transição, uma de cujas conseqüências é um rebaixamento de nível de ensino
e uma diminuição de "qualidade" da cultura que são chamadas a ministrar,
dentro de sua finalidade específica, nos sistemas de educação. Entre dois
ideais diferentes, mas não opostos, oscilam, hesitantes, as reformas escolares,
esquecidas geralmente de que não é pelo seu conteúdo, -pelas matérias que
se ensinam, - mas antes pelo seu objeto, isto é, o espírito com que são minis-
tradas, que se deve deímir um ensino humaxústico, suscetível de revestir
novas formas. Sem perderem o seu caráter original, o que constitui sua função
própria e lhes confere uma unidade profunda e orgânica, - "formar o espírito
dos jovens, dar-lhes uma cultura geral e fazer dêles homens que cultivem tudo
quanto enaltece o homem", -encontrarão as escolas de ensino secundário
as novas formas de humanismo, ainda mal prefiguradas, que devem surgir dentro
do esplrito do tempo e nas quais, - se se ampliou o conteúdo da cultura e se
o seu conceito se transformou, -se refletirá, como numa imagem viva, a civi-
lização atual.
M as, a civilização moderna, de caráter eminentemente industrial e técnico,
é a época da especialização, e a especialização no B rasil, restrita, no domínio
da educação, ao en~ino superior profissional, durante todo o Império, se iniciou
no campo das profissões liberais. Daí, ao menos em parte, o conflito entre aa
tendências atuais do ensino secundârio e as suas tradições trisseculares que
dêle fizeram, na Colônia, um ensino de humanidades, com finalidade em si mesmo
e, no Império, ligando-o exclusivamente às profissões liberais a que dava acesso,
lhe conservaram o caráter humanístico e lhe acentuaram, por êsse caráter como
por aquela ligação, os aspectos de uma cultura anti-democrâtica ou de privi-
legiados. Ao contrário da América do Norte, em que a história do ensino su-
o:olldos e nQt lkwt. "emino puticularme:lte htlmllnbtico0 • com exdUJllo d .. ecolaa ~orhalonai• mEdi2t. a
C:XII"Htilo "enaino de tqundo gnu" ou ensino m61io aervc ante~~, como obocrva P. AaaoUH& 9MYIDS. "para
ditrin~t~Jir oe craut. levand<He em consideração u idad.,. doo atudanta e fiAo a ntt\lrcaa do ensino". Desi,o:na<ldo
IIJDbu todo o ..n~ino intcrmcdiári?, eatre o ;xim&W e o tuperliH'. c q~>e " dcstiaa aoe Joveru de 12 • 18 anoe,
• poimtlnl Ull"<:$díO (emino ..,ulldiriol tem um KOtido rcstdto. indicando um UI).') de ensino de 2.• trr•o lo _,.no
humanlttko). e a equnde (ensino de 2.0 Ç&O OU m&lio) .. IDdica a fualo OU implica a !nt~çio de (ondir em IUD
a6 tipo t6dat •• vancdadea de ensi!w> d'~o aos m<>Çoe daquda i4ade... bto 1)6tto, panemaa aos dadas
eo.~tbticoe. N o qOinqllfnio de L932-f936, o emiru> primArio cres:eu de 100 P'IR 129 e o ent!ao •ceondArio de
100 pera 149, bto f. u unidades escolares primNia2 que eram 27 662. era 1932. aubiram • JS SSS. em 193&. e
u ncdu de crulno a«WK!Arlo peftl.l'alll de 394, em 19J'l. a 552 em 1936. a.:uaaado eatu um aumento de 158
unidades em cloco a ooa. Em 1938 a matricula nu escab• primúias. de co,lno ccmum c tUl)letivo. atinltiu ao
total de 3 J lO 000 alunoe ou. nait precis3mea~. 3 109 784, contra 2 860 000 ao a no anteri:w c. p;na,nto. de
WD aOO pata 0Uir0 0 WD IICI'&cimo de ...,.U de 232 mil aiUDQII matrieuladoe, ..OU Kja WD 4U~to rebtivo de 8,5 :liÕo
j&maia obft:rvlldo etn doia ~as ~dos, nas catatbtiau bt'atilelru de enJioo e. r1lniS vtta wnbfm nu
ele oub"'t paltet••. A roatrkul.a 111biu de pouco mait de 2 milhaa em 1932 para ~ca de 3 m\\br.e, e 110 mil,
no cxc:n:kio de 19JII. revelando wn cracimc:Dto de 50 % em relAç.lo llqucle primeiro \'Otal ou de 40 Sl, ae levef'll)oe
em CODta o c:r«dmen\0 (10 ~ da popula~ total, naquele mesmo perlodo. Por mil habitat~tet. em 1932. a6
panulaa101a SO alun01 matric:ul.ados: em 1937, ~ llÓmG"o sobiu • 67 c. em 1938. atiniiu a 70, - o que ""prescnta
um c:ooJiclcrivd crncimento da rede C3<:01ar. de ensioo prim6rio, c:nmum e tupletlvo. e o msior vcrir!Cad:>. em
IJual perlodo. noe 61timoo c:ioqüeota anos. (C&. O eoaino no Br01il no qOJnqQfnio 19,.36 lAatituto
NIICional de ~ Podatbt::ic:oe. ..Boletitn u.• 1"', Rio de J &OWo, 19J9).
O ENSINO GERAL E OS ENSINOS ESPECIAlS 431
Conxrva t6rlo d~ .Maalca, eom 70 a tudeteo e 31 ouviota. Jiõlo oot rdm- aaa wmloJorio. di~ per .
per tlciparnn doo dois tipos d~ Cllllno, ~cnl ou comum c espttial, couc:ado h tc ·~,., pdu ditdpiiMo ec:I..J~
oltidatncDtc orimiAU!eal prcptll'açio para o ~6ci<>. Tócib &J ucoln da pr~raçlo pron..lonal enqUitdnm-
IOb a dcaomhuçl<> de "ciUÍDO upccial" , - c.q>renio eus que K op(ic l d o " cooino C«Ü OU c:omum", OQ 4o
cmiao oem ldlia de npec:ialiJ&acio, a ubcr o cmioo primúio ou teCUAcUrio. ~ tiro de "'Jino, p«&n, t de~~~:>·
núnedo, na a •tat!t titll aruai.t, "cntino eop<áali%ado", ratt-Yaado-.te equda apreMAD "cnohlo apccial", ~.
acolae para a nonnat., dfbá, met~t:ai.t ou Hsicos, c retardad.,.._ Bm rclatlo a a colu dbte dldmo t.ipo, alo be'Wta.
oo J mphio aeolo o rostituto de Cc~:aa e o de SurdO'J.M udot qu~. em 1174 ~ntavam rapecb~ramentc, ,.qllell:
SS, c b tc 17 a luno., para ua>a populaçlo de mais d e 12 mil eqos c lO míl aurdo.-mudoo 1 a rqular pela ata~
tlee ci tada por Pntu D& AL~ oa obta a que j6 tc.moo fàto v 6riao r.efe<~odat. (lhn•trut:tio n pf44Utfv•
ao Bt68if Hltte~Ü'e - ~<>01. lmp. G. ~er c Fllh.OI. Ouvidor, 3 1, Rlo de Jaaelro, 1189), ·
390. "Moça r-eclinada·' , escultur a de CELSO ANTÔNJO, em graniff> ci nzento, pnra o jn.::dim
suspenso do nov-o edifício do Ministério de Educação . Detalhe.
F e to do S erviço de Documentação do Ministério de Educaçáo e Saúde.
391. ColéAio S. Luís, dos padres jesuítas, transferido de I tu para S. Paulo, em 1918, e já com 75 anO$ de serviços prestados à educação da mocidade brasileira,
392. LH:<'v Nacion•l R•o Branco, em São Paulo, fundado par A:."TÓNIO or; SAMPAIO 06111\ , • vm dos
pr~nap~~•• ~Yt•belecif'f'tett r<» particulare$ de en.Jino teeund:írio no PlfiJ
397. Faculclade de Medicina da Univcr>idade de S. Paulo . Visia de conjunto do prédio, antes da conslruçiio do Hospital ele Clínicas.
398. Hospital de Clínicas da F aculdade d e M e dicina da UniversidAde d e S. Paulo. Vi$ta tomndn de avião .
.F oto d a ENFA.
399. Faculdade de Medicina do Univcrridodo de M inai G tmol•, em Belo Horizonte. Fachada principftl
Foto L tONAR,
400. EICOla de Ertgenharia de Pôrto Alegre, no Rio Grande do Sul. Instituto de En4<>nharia. Fachada principal.
401. Escola de Engenharia de Pôrto Alegre . Instituto Astro nômico. S eeçiio de Metcor·ologin e Parque M e teoro/Óf1ioo .
402. Edifício dt> E~la M ilit;tr do Rio de. Janeiro, constntído no R~aJen..,. Distrito F~crtú .
403 . Escola de E stado M ll Íor. ins talada em Arandioso edifício, à Praia Vermelha, no Rio de Janeiro .
Foto VOSYLIUS . Coleção do Serviço Nacional de Recenseamento .
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406. Escola Naval do Rio de janeiro. Páleo centrl)/ do rtovo e s untuo.so edifício, constru;do nn
1/ha de Ville:jaiJnon, hoje Ji~ado ao con/inent~.
F oto da Escola Naval.
407. A Esccla Nacional do B"lnw Art~• · no >Ou novo edifít:lo construido depois da transformaçiio do Rio de
Janeiro e da abcrlt~rtJ dtJ Avenldtt Rio Brnnco, re,undo O$ planw urbanísticos de PeREIRA PASSOS.
408. Escola Supedor de A A.dctJiturn Lui1; de Queiroz1 en1 Piracicttbs, no Estado de S. Paulo. Edifício principal .
409. Escola Té<;nica Naeionol, do Distrito Fedor,./, - umn dns 4randos escolas técnicas do plano sistem6tlco do cn1lno lndutlrltJl,
projetado oelo ,fovêrno dtt Unliio o eBittbclocido r>elo decreto-lei de 30 de Janeiro do 1942 .
Foto do Serviço do Oocumontoçllo do Ministério da Educação e Sa.íde.
410. Escola Técnica Nacional do Distrito Fede ral. Uma das tlalerias do páteo central.
Foto do Serviço de Document ação do Ministério da Educação e $aúde .
413. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letràs da tlnivers:dade de S. Í'auio. Um dos iaborat6rios da éadeira de iooiotlà.
Foto LJBERMAN, S. Paulo, 1942.
414. Instituto de Educação do Rio de ]àneiro, construído em J928-l930, reorAanizado em 1933 e destinado
à lormaçiio de professores primiirios e de adtninistradotes escolare$ e de or'ientador<~s de enss:no.
Foto NICOLAS, R io, 1930.
I n s t i t u I o de
415. _ d Distrito
EducaçaoU o das am·
Federal. ma ito
pias Aalerias do tcroe
pavimento, a.b rindo par:
o suntuoso pdteo centra .
Foto NICOLAS,
Rio, 1930 ·
416 I n s t i .f u t o de
Ed~cação, em Salvador:
Bahiat com suas ~~ce
lentes in s ~I 8 ~ ~ :·~
modernas.
V OLTAIRE FR~G;". -
Instituto Bras•letr.o . de
Geografia e Estattshca.
417. Escola de Educação Física do Exército, o mais importante centro e foco de irradiação da educação
física nacional. Edifício prinéipal, junto à Foftâleza de S. João.- Rio de Janeiro.
Foto do arquivo da Escola de Educação Física do Exército .
418. Escola de 'Educaçâo Física do Exército junto à Fortaleza de S. João, -escola pioneira do movimento
em lavor da educação física no Brasil . Conjunto de pórticos e tôrre de HEBERT .
O ENSINO GERAL E OS ENSINOS ESPECIAlS 433
----------------------~
es membroe das prof188Õet liberais, obrigados a estudos mais longos, nio ainda
demasiadamente especializados, não só tiveram tempo de se cultivar e de es-
tender os seus conheci.mentoa gerais, como também (o que é verdade sobre-
tudo para os homens das leis e para os médicos) estavam mais em contato
eom a vida, chamados como são. profissionalmente, a examinar problemu
mais complexos, a ver de perto sofrimentos e a considerar o homem na sua
ibtegralidade. Daf talvez a menor contribuição, a êsse respeito, do engenheiro
QUe, nio lutando as mais das vêzes senão contra a matéria, tende mais fàcil·
mente a confinar-se, pela especialização, no domínio estreito em que trabalha.
e a eequecer o humano para não ver senão o rendimento técnico. Mas, se se
reduziu casa função cultural suplementar que exerceram as nossas escolas su·
periores tradicionais, dilatou·se a importância de sua função espec{fica: ao
h~em do direito abrem-se, numa época de profundas transformações poU-
ticaa, juridicaa e sociais, os mais vastos campos de estudos, de exploração e
de q-abalho reconstrutor; ao médico, chama-o, reclamando-o aos milhares, para
um rude esfôrço, a or&anização urgente da luta pela saúde e pela vida, nu
populações rurais como nas aglomerações urbanas, nos campos como na cidade
moderna brutalmente edificada sôbre o enorme crescimento industrial; e, quantO
110 qenheiro, ~ cada vez mais largo o domínio que se oferece às diveraaa ea~
pecialidades t~cnicas, na civilização mecânica e industrial, que iurgiu do pr~
gJeAO du ciblciaa e de suas aplicações a tôdas aa atividades humanas.
I Pw:ldada em 1810 por O . Jolo Vl (Carta de Ld. de- 4-Xll·l810), a Reoal Academia Militar úutalOU·N
DO- ...,aiall! (23·1Y·I811). oa Audrmla do Trem, docd.e oe tnuaf'erha em 1812, para o ~llldo do lArlo da
8ID Prudec:o, eedc, lllDdAI h oje, da &cola Pallúeuiea do Rio de .]aodro. Bm 1832, prodemada a lodepndtoda ,
~o DCIIM de Jmpa:lal Academia Wll1tu; em 183~ o de Acade:mla Militar e de NariDba. q_uudo oebl K
'-porou a Acsdemoa Imperial de WariDbal (1832-3.3), e. em 183!1, o de Bec:ola MUltar. em ~a CJrlaol.aaçla
·~pela primeira wa o c:uno da a.t.do Maior e de que. em 1855 (d=tto o.• 1 S36, de 23 de jancVo de 1855).
w dataoam oe dob CU""'-- pan coo.tltulrem a &cda d e Apljcaçlo. Aquela, acren T~ ......_ ,•
..pode·oe cll.Rr que ec limita l prcparaçlo f~tal e am. l prorlUioa.al·•. Em IISI. r~ a Bcola
Wilitar, que~ a deoomi......_ &.cola Ceatnl (deo::reto a.• 2 116, de 1.• de~ de IISI). o - de a.t.do
Wakw ee t:raMferiu pua a ~ MUltar de Aptx.çlo, doDde. d l 11163, rn-crteu, aom oe de ..Utbarla • c.nce-
a.baria, pan a Bec:ola Cmtnl. em .,;rtude de DOYu reforma&. A ~ que w •boc'a'" em 1851. d oe atudoe
dria e mllltarn. o6 ee toreou c:ompleta depois da cucrr• do Para.-;. em 1874. cru-do a Sacola Ceotra.l ee ~
fanDou "" lMcola Polit6:aiea (dcereto o.• S 600, de 25 de abril de ll14) e wrsiu. COlO - a.DftO, - a Eacola
~de C«te. - a lMcola Wllltar. eom o cuno de doao.-, doe q..U. ce quatl'O ~ rorma...,..
o oano de &.tado lttlaior e todoe oe ciftco, o de BD&caharia Militar. Pelo decrrto o.• 330. de 12 de a bril de 1890.
,........u-.ee oob a~ de BDtJ.umf CoKITAMT. •• Bac:ola.a Wili-do Rio de J...dro e da POrto Alecreque
~a ta- WD cunoccraldrqiiAtl'Oaooe,de~~t:it>adoadar a ~dattir- ~tal- 1'\atutoa ~la,
e · male um llDO ~ pa111 eada a11na (lof.,.t8ria. C.velaria e Ntillulrial. A &.cola Superior de O~aerft,
crWa ...,. 1119. ~tloue _.,. aeua tth ~ (ArtilhariA. ~ e Kata4o atalor), cach qual de doia ao-
Dôrpoia daa oeformaa laii'Odu..ridu em t 891, c com que ._.nu o......., militar.•lll'l"•
pela Jl!imcir• wa, oa ,_.a.
~operada em 1905, a &ocola de S.tado Maior. e "eu- Dela....,. mo4ii'>CaCIO d«.ielva oo . .tido tlo pro-
-21-
434 A CULTURA BRASILEIRA
-----------------------
que exerceram acentuada influência em nosso ensino militar, através de mais
de um século, destinava-se, de fato, antes de tudo, a formar oficiais e enge-
nheiros militares e também, a partir de 1839, em que foi criado o curso de en-
genharia civil, a formar os quadros de engenheiros nUlitares e dos serviços pú-
blicos. Na lenta evolução dêsse tipo de ensino superior profissional, podem-se
destacar quatro fases distintas: 1) desde a fundação da Real Academia Militar,
em 1810, até a separação dos dois cursos, civis e militares, em 1874, com odes-
dobramento da antiga Escola Central na Escola Politécnica e na Escola Militar,
como instituições autônomas; 2) dessa época até a criação definitiva da Escola
de Estado Maior, em 1905; 3) de 1905 até 1930, periodo que assinala, com a
vinda da missão francesa, uma nova era na bist6ria das instituições militares;
e 4) de 1930 em diante, em que o ensino militar adquire o maior desenvolvimento
que registra a história do país e que se caracteriza pelo enriquecimento e pela
maior complexidade das instituições como pela tendência crescente à especia-
lização e à mecanização.
O curso de Estado Maior que surgiu pela primeira ve.z em 1839, ao lado
dos cursos das diferentes armas (infantaria, cavalaria, artilharia, engenharia),
quando a Imperial Academia Militar se transformou na Esoola Militar, tinha
como objetivo, escreve TASSO F'R.Aooso, " formar não oficiais habilitados no
conhecimento da tática e da estratêgia capazes de auxiliar o chefe no comando
dos exércitos em operações, porém versados principalmente em topografia e
geodésia e, por conseguinte, aptos para fazer reconhecimentos e organizar a
cartografl8 necessária na paz e na guerra". Embora em 1858, com o decreto
n. 0 2 116, de 1.0 de março dêsse ano, as duas escolas, - a Escola Central em
que se transformou a Escola Militar, e a Escola Militar de Aplicação, criada
em 1855 (Escola de Aplicação), ambas dependentes do Ministério da Guerra,
- já "começassem a orientar-se para novos destinos", sõmente em 1874 se
separam defmitivamente os dois campos de estudos, civis e militares, transfor-
mando-se a Escola Central na Escola Politécnica, e reorganizando-se, indepen-
dente desta, a Escola Militar, como escola de preparação de oficiais. Tra-
tando-se de uma reforma qtte se empreendeu, logo depois de terminada a guerra
do Paraguai, feita durante cinoo anos, "em país estrangeiro a que levamos mais
de 100 mil homens e uma poderosa esquadra", e de surpreender que nada tenha
lucrado oom ela o ensino militar, a não ser a dissociação das duas escolas, antes
produto de uma evolução normal do que conseqüência dêsse grande accnte.
cimento. O general TASSO FRAooso explica o fato não s6 por continuar o ensino
das escolas a ser feito por oficiais que não haviam participado da peleja, senão
também pela tendência poütica do movimento republicano em deprimir aquela
guerra, como tOdas as obras do Império. t êsse, porém, - o da separação
~··. Nao traoaformaç&a de atnrtura do ensino militar, rwu.dat em 1914, 1918 c 1919, "cuan:la a Roeola
d~ &nado Maior .. euaa liobat attait". Foi, lJOI"ém, com a vinda da Mlnlo Fra.oeesa que ee iDauturou, qu.odo
oblerft TASSO l"auooo, U111a DOV11 tta ua biat6ria dM io.rtitui~* mUltares. "Criou....:lot;to (IAo s-t.vraa tiiU)
uma E«''Oa de Apo:rlcioaamcato de Oficiai$, para a revieão da útic:a dQ annat, e a Baeole de Iomwer.cla; dQeft•
volveu- a Eecola de Vc:tuinkle: pr-ocw011-se completar e apo:rleiçoar o enaiDo de outroe ~oe como o de
Saáde c de ~ c:, 110bretudo, pode..., di:zler que ac: criou realmeote a Eacole de Katlldo Maior". Oc:poia
da revoluçio de 1930 toma um im~ vigoroso o enaino militar no Bruili rcorga.oilla« a ~ Militar, do
Realeogo, prat~ a mudar- para Reocnde, - acola de C'ftll.clo eupcrior pc"Of'uelooal, de quatro aooo, prepoota
l fonneçio de: oficiala dQ quatro arm&l lil:úentaria, ar1:ilharW, caYalatiAI e eogellharia) e l qual ac: 10~
a Bacola du Armat U ano), que ptll.Qte o accseo at6 c:oronel, a ~ de Bet.ado llobi« (3 a DOI), eulo cuno E
condiçlo iDdiJpenúvd lJX'omotio a general e o Cuno de Alto Comando (1 ano), deatioado ao apcrfdça.mento
de c:oron&ia e ~~ia: inida uma rase nova a E~<:ole T&Nca, paro a fort1111~ de enaenhciroa mUic.res eapec:la-
lieodoe: olataa·oe not aeua planos a Eacola de Geógra!ot: adquire noúve1 deaeGvolvimento a ltsc:ola de Aviação,
aubo<dinada •cora •o Minlat&io da Aeronáutiea, que IC criou c:m 1940: rdormam·te aa QC!Olas prepostu ao en,aioo
doa _.yjçoe de aa6de, de veterinllria e de inteodenc:ia, criam"" 011 ampUam·ac: u ac:ola 011 cmtroa de inatruçlo,
clatinadoa ao aperlelçoamcnto e à eapc:ciaJH:a~o de of'sciala (Racole de Artilharia de Coata, de Moto..mecuúzaçio).
it • rue maia ioteoaa e fCCUDda de renovação t«niea e de espcdaliaçlo em t6du u d~. (ctr. Tte. eo.-d
joAQtnll M.utouu DA CIJNllA, A evolu{.iio do enaino cnilltar no Br. .JI lo "Ana6rio ~ ~ MUltar",
n.• 1, 1914, p6p. 9-58: ] . CAALos M.utTtNs, Oritem da Eix:ola Militar. lo "Revista da ltteola Militar", Alio
XIV, n .• 27, agOeto de 1934, p6p. 6<H;2; A. SAliPAIO PlltAJsuM\IMOA, O ensloo militar no Btuii. In " Rc-
viata Militar" , 1936; TAJIIO .P'aAGOSO, O ensino mi/1t1Jr o a 'E_,Itt de &rado Maior, Coof'ertncia pronunciada
em 1931 oa Becole de Bttado Maior. In ttviata "Naçlo Armada", 11.• S, abril de 1940),
O ENSINO GERAL E OS ENSINOS ESPEClAlS
6 A AcademJa Real ele Maritlhtt, fu.adad.a em 1808 por O. Jolo VI,, Uutalou·ee, - ano, c:om a Com-
..-hila do. Quardu.~ .DU ~ do Moftriro de Slo Beato. Foi - edlflcio que fUDc:loaou a
Aa1C1aDia de Mario.ba dc:.dc 1108 at.6 1832, qua.odo- Jtec:ola, ÍlltldÜido-ee com a Academia Militv, • rnnao-
feriu para o x-.o de: Slo Fraudecx> de Pula, doode DOVaJne&1te voltou, qQ.UC. doia 811011 depoU, para o atoetdro
de Slo Bento (1833- 1839). Jtm 1821, eae atabdec:iau:Dto de atruçAo naval p a - a dcoom.ioar-se Acaclcmia •
Nacional c Real de Mario.ba a, dcpoia da proclamacão da lndepeudeacia, Acadeaúa Naclooal e Imperial de
ataríoba. O decreto de li de: março de: 1832, -inado pc:1a Reg@Dcia. refortnou a Audemüt Militar da Córte,
iDtorporru>do nela a dot OUàrdu-MarinhA c daodo-lbe novoe catatutoe, Na Academia Militar e de Marinha
qoe raultou daea iocotpnraçAo, em t832, c:o~lnavam- "u ei~aa matem6tieae "mUitaret, bem como o d~llho
r:tr6Prio âoa oftciala do Edrdto, Marinha o EnKenharia, c em ...,.. quatro ela- euenclala". A Ac-adc:mle, di-
V\d(da pela nova ot&ll.Dí..açAo em quatTO e~ cientliicot,l) o cur110 matem6tico, do 4 anot, 2) o curoo mUltar,
3). o de pontee c c:alçadas, e 4) o de eoaatruç1.o naval, &tee tr& tíltimoa, de dolt 11101, p&NOU a fl.lllcionar com
JS pro(-ee e 17 •ubstitutoe, "com o. meemot ordeuadoe e pnun&ativu alálQJ.. ib que ~bem c: t~ oa
lentea dot cur- jwidlcoa, de OJloda e de Sl.o Paulo" (art. 10). Pdo decreto de 19 de ducmbto de 1833, mandou-ac
reet:abelec:cr "ao p6 em que ee ecbaVIIm" ,a Aalckmia de M.ari.oha e a Compaahia dot Gwardu·Mariaha. antes
da fualo determinada pelo referido dec:tcto de 9 de março de 1832, revuteado l Academia d.e Marinha, como
õiMt:ltuiçlo aut&>oma, b wu prim.ltivu iaetala((lca oo Mo.teiro de Slo Bento. O rcculameato beindo pelo
decreto a.• 27, de 31 de janeiro de 1839, tra.D8fc:re a Academia de Marinha para bordo de um navio de ~·
(a nau Pedro U ), oode, aoa tb"moa dble decreto, ~ a eer aquartd:ad.,. oa d~ que • ftcqOeatanm.
como iDtcmoa. Nc:ahama vaade rcfonna ee operou ao CD8Í.DO aava1. durante o 2.• rdnado. Sm 1866, a a.c:ola
de Marinha. Ol.f• aalaa eram artao ftcqikatadaa por 94 ahmoa (71 aapirantca e 23 civil), raaotiaha- cu.rao
k6ric:o r;enl o pqtieo, de 1 aoos, de mat&i.u IUadamentais e diK:iplin.aa apc:ciaja (utrooomia c - apl.ic:~~Ç(!ea
l oavq•çlo, b<ttka. t.6tica naval, trabalhoe hid.rocritlcoa, topoctaf"ta, m6qui.naa a vapor aplicadaa l na~
e con.truçlo naval), tendo o ensioo, no tíltlrao a.no, feito em navio armado en:IIUCfT8 e duzante .,.;qem de IOQ&o
C\lnO. Havia aioda a Eacola PrAtica de Attilharia de Marinha. Era 1886, oob • de=cninaçlo que ainda hoje
~ de Eacola Naval, rc:iínem...., a Jt.cola de Marioba e o Colqjo Naval. Pelo decreto o.• 1 256, de 10 de
.iaoeiro de 1891, roe~<poniliOu- a Reeola Naval, que: aiada funciouava, oos aeu• cdifldca, na Jlba du Snndu,
e euJa estrutura de ensino .., dividiu c:otlo em doia cur-: 1) o euno ~o de wo a.no; e 2) o cuno o.upetior,
de 1 IIDot. RDdo de 3, para 011 uplrantce, e de wn ano, para os guardA&- marinha, aluoot. t.e c:uno com_plc:t:ava..,
com'• 'ri.a&CIII de lostn~çio, de 3 Dleaet. "Apc:aar du ref~ por que oos tíltimot 11108 tem pa-do", eeaundo
proclaJuva orelatóriomiolaterial d e 11191, alo te aebava ainda essaacda "-'altura d" ouu eimilara em outroe pa!tea".
Foi DO prlmeú-o quartel do ll&:ulo atual na• duaa ~ de ALII:xAlroiW'IO D& AL&MC.U, e ~.
110 Clltimo dec&io 193()-.1910, que o eruioo naval adquiriu maior campla:idade de c:atrutura e reali&ou JX'OV-
maia r6pidoa, para oa quaia e:oatribuiu, em lar&• medida. a missão naval americaoa. A 8ecola Naval aeba..e
hc>je ioatalada D08 map!C0001 oclif1cioe que o covho GllmÍLJo VAJtOAS fb coa.t:Nir, na Uha de: VtlkcaiCDon,
lip4a ao coctineotc: por um atbTo. (Cfr. A. Z. FomzCA Cora. Eab6t;o 1Utt6rlco da Academia de Mtuinha ,
J873; KaNuro S&KA, s.coJa NaPal. &v ~tt'Dirio, 1908; l.OCAS ALEXA.>II>U Bort&UX, A B«:oltJ Nar al. &v hia ·
t6rico (17Cil-19J7). t.• paTtc - Da fuada(lo .l maioridade de Pwao 1L ll:lprcma Nadoaal, Rio de Janeiro, 1~).
436 A CULTURA BRASILEIRA
do ensino naval nesse regime.- até 1930, o ensino naval que, em 1916 ainda
se reduzia à Escola Naval, mais que centenária, e às escolas de aprendizes ma-
rinheiros, tomou um impulso maior, não só devido ãs suas diversas reformas,
das quais uma das mais importantes foi a da administração de ALEXANDRINO
DE ALENCAR, como também pelas influências da missão naval americana. O
ensino militar e o ensino naval entraram em uma fase nova, respectivamente
com a missão francesa, para o Exército, e a missão americana, p ara a Annada,
a cujas tradições, já ilustres, apesar de recentes,7 faltara até então, para enri-
quec!-las, a experiência dos grandes mestres estrangeiros.
Sem dúvida, a Esoola Militar, escreve TASSO FRAooso, "já existia com
wn plano de estudos aceitável, mas faltava-lhe o es&encial: professores com -
petentes e autorizados para ensinar-nos a arte de comando.. . Seus antigos
professores, verdadeiros auto-didatas, buscavam nos livros, com louvável em-
penho, o ensino que deviam transmitir aos ~lunos, mas falavam de operações
a que jamais haviam assistido. Devemos confessar (conclui o ilustre militar)
que só aprendemos realmente o serviço capital de Estado M aior, isto é , a arte
de dirigir tropas e provê-las, depois que a missão no-lo ensinou". As missões
militar e naval, depois da prim~ira guerra mundial; a experiência da revolução
de 30; o surto que tomou o militarismo no mundo e as exigências imperativas
da defesa nacional impuseram uma renovação total das t~cnicas militares e
do seu ensino que, complicand o-se a cultura e a arte da guerra, complicaram ·se
na mesma medida. Inaugura-se então, depois da revolução de 30, no govêrno
d o Presidente GETÚLIO VARGAS, o período, certamente mais brilhante e fe-
cundo do ensino militar e naval que se aperfeiçoam e se desenvolvem, nos di-
versos d omínios de suas especializações. Para remediar a sua primitiva rigidez,
suprir suas lacunas e seguir a evolução da ciência e da técnica que tendem a
especializar-se cada vez mais, e também para estenderem o seu campo de ação,
as instituições de instrução militar e naval foram conduzidas a constituir-se
em organismos novos, mais maleáveis, talvez mais restritos, mas por certo mais
adaptados às necessidades modernas. Não é só a organização do ensino que se
enriquece e se amplia na complexidade crescente de seus institutos, novos ou
reorganizados, prepostos à formação de oficiais das diveTSas armas, ao seu
aperfeiçoamento e especialização, como ao domínio da arte de comandar (Esoola
de Estado M aior), ao conhecimento da tática sanitária ou do mecanismo da
' intendência. N ão é menor o impulso no domínio d as realizações materiais;
criam-se escolas de aeronáutica; insta1arn-se as primeiras fábricas de aviõesj
entram em franca atividade os estaleiros d e construções navais e levantam-se,
em Resende e na Ilba de Villegaignon, magníficos ediflcios, para a instalação
das escolas tradicionais, destinadas à formação de oficiais do Exército e da
M arinha n acional.
Durante mais de um sêculo, desde que se fundou o Império, essas duas
carreiras militares e as profissões liberais eram as únicas que estavam ao al-
cnnce dos brasileiros, mediante educação superior: as at-ividades técnicas, ro-
tineiras ou ainda incipientes, nem exigiam preparação especial nem exerciam
sôbre a mocidade a menor atração. Quando se proclamou a I ndependência,
as formas da economia do Brasil semi-feudal, construido sôbre o regime da
escravidão, ainda não h aviam sido deslocadas pela revolução industrial que
começou a processar-se lentamente nos fms do século passado. A partir do
momento, porém, em que a sociedade brasileira atingiu um certo grau de dife-
renciação, a educação fundada essencialmente na distinção de classes, e com
uma base extremamente reduzida de ensino comum, entrou também ela a di-
7 Hlr~Qtr& Bo•or~or, Oa nosaos almirantetl. 8 volwn,.; Luc:.u A. Bnr:ttur, Mo'nlatro• dtt M•rinha
- 2 volwnea.
O ENSINO GERAL E OS ENSINOS ESPECIAIS 437
- - - -----
versificaNIC segundo as classes e profissões, marcando desde logo o seu sistema
pela tendência às carreiras liberais. A especialização profissional, no sentido
dessas carreiras, não era, no entanto, ditada apenas pelas necessidades sociais
do meio, mas correspondia tambêm à maneira pela qual o trabalho social era
dividido e organizado, nesse momento da história da civilização (referimo-nos
aos princípios do sêculo XIX), em que nem as ciências eram bastante apro-
fundadas, nem bastante extensas as aplicações que delas se faziam à indústria,
e, portanto, os programas das escolas superiores podiam abranger o conjunto
dos conhecimentos. O tipo de instrução e cultura, baseado sôbre as humani-
dades e orientado para as profissões liberais, era o que reclamava essa sociedade
que nos revela uma viagem, a cem anos, pelo Brasil. - sociedade trabalhada
por dissidencias poUticas, mas de uma população, mentalidade e costumes con-
formes, com um rudimentar sistema econômico, semelhante nos seus caracteres
exteriores e na sua organização interna, com suas liteiras e diligencias, com suas
tropas e carros de bois, e sem diferenças muito acentuadas entre a vida dos
campos, das fazendas e dos engenhos, e a das grandes aldeias, que eram as suas
cidades de sobrados, tranqüilas e sonolentas.
As atividades no campo industrial, quase inteiramente dominado pelos
escravos e mestiços, continuavam ainda reduzidas aos engenhos de açúcar, à
extração do ouro, nas Minas Gerais, e a pequenas indústrias, com seus núcleos
e concentrações de artífices. A indústria que repontara, com o apoio do braço
escravo, no fabrico do açúcar, no século XVII, e na explora~ão do ouro, no
século XVlll, empreendida em larga escala, mas segundo os velhos processos
importados pelos portugu~es. pode-se dizer que estava ainda, no sêculo XIX,
no período crepuscular, menos que na ante-manhã, vegetando na rotina e na
tradição. Do sistema de trabalho baseado no regime servil, e do predom.lnio,
em conseqüetlcia, do elemento escravo nas atividades manuais e mecânicas,
herdara essa sociedade apenas emergida do coloniato, o desinterêsse senão a
repugnância pelas profissões técnicas e pelos trabalhos flsicos. As artes e 0$
oficios, relegados pelo geral a escravos, mestiços e estrangeiros, eram aliás,
em todo o perfodo colonial, como observa FRANciSCO MONTOJOS, "privilêgio
dos imigrantes que avaramente transmitiam os seus conhecimentos, sonegando
muitas v~es a verdadeira técnica aos aprendizes, - técnica a que davam o
nome de "segredos do ofício". Nas tendas, com mestres incompetentes, a apren-
dizagem se fazia de modo empírico e sem finalidade educativa". A fôrça do
preconceito, em relação ao trabalho de base manual e mecânica, socialmente
pouco estimado, por ser tido como pr6prio de escravos, não podia deixar de
opor-se, nessa sociedade de elites acadêmicas, à propagação do ensino técnico,
agrícola, comercial e industrial, que não encontrava, no desenvolvimento das
indústrias, um elemento para vencer aquela prevenção herdada do sistema
colonial de ensino e de cultura e poderosamente favorecida pelo sistema eco-
nômico, agrícola e escravocrata, dominante, ao longo de todo o Im~rio.
Diante das necessidades sociais e da mentalidade corrente que reinava,
nessa sociedade liberal, de economia agrícola e de hábitos coloniais, organizada
s6bre uma lei de conformidade e preocupada com as suas criações literárias e
jurldicas, não se tomava possível nenhuma reação verdadeiramente eficaz em
favor dos oficios e profissões industriais. Certamente, já na 2.• metade do
skulo XIX, tomou-se tão considerável, na Europa e na América d o Norte,
o desenvolvimento das ciências e se estendeu por tal forma o domínio de suas
aplicações que começaram a surgir novas escolas especializadas e o próprio
ensino, no domúúo técnico, tendia a diversificar-se, tomando por base uma
indústria ou grupo de indústrias. Essa especialização de ensino que se ligava
menos à distinção de classes do que a uma crescente diversificação profissional,
_:.;
43:.:8:___ _ __ __ _:.:
A__:C:....:U=-=.
L-=T:....:U:....::R A BRAS I L E 1 R A
S RUI BAltBOSA , Discurao pronunciarfo no Liceu de Jlrtet e Oficios. em 23 lle nnvembto de 1881.
In "Ora~ do Apótatolo", págt. 69-1 U . Edição da "Reviata de Llnaua PortUI\U~u", Rio d e Jmneiro, 1923.
O ENSINO GERAL E OS ENSINOS ESPECIAIS_ _ _ _ _ _ 439
9 De tOdaa, cetl.am~nte a mais anti11.a do periodo repQblicano e a 1caunda que t e criou no paft, a
atual BtcOia Superior do A&rlculturR, de Piracicaba, foi fundada obmcntc em 1901, aob o .n ome de lbcola
Áll'lcola Prlllca Luta de Ouelroa, embora dlitaale de 1399 a lei que a criou (o .• 678) e rcmont.uee a 189,, •
primeira lei do Jktado de Silo Paulo, rdativa 110 enalno agrlc:ola e que autariaava a "f'unclar u~ 8ecola Superior
de Allficulture ", no Ketado. A ltlcola Aerk:ola Lutt de Qul!iroz que, doia ano& depo~, t ofteu completa reforma
com o reculamcot.o •P"ovado pelo decrct.o n .• 1 2«56, d e 18 de feverl!iro de 1905, de ac6rdo com a aut~
~tiva de 1903 (an. ,4, da lei a.• 896), compreendia oe cursoe elementar, m&lio e aupc:rlOI', dn tloado bte
l prcpvaçlo d~ profeiiOC'n de afp'kultura, &Hea tea de iad6.atria, t6::nlcoe para aervi~ ap'OOOmicoe o a.,o_
mo.. Reorca.nlaada, em 1912, ~la lei a.• l 536 que lhe sul)rimiu os c:unoa elementar c m6dlo; em 19111, pdo
d«reto a.• 3 070 que lhe deu nova estrutura; e m 1925, pela lei a.• 2 111 que autorinva a conferir o titulo
de ena;eohelro ap-Ooomo ao. que por ela ae diploma~. ~ em 1931 pelo decreto n.• S 206, foi incorponda,
em 1934, l Unlvenldadc de SAo Paulo. N o Rio Grande do Sul, o l.Datituto BOI'Iea de Weckirot, - ~
ooperiOI' de •srooomla e vctHin6ria, criada tamb&a 1>0e princlpiÕ!l dbtr ~o. - comtJtul coro o ID-titutD
Ncatauri (de eletrici4ade e DJC!elo.lca) c o d e Qu1mica lnd1Dtcial, a Univuoidade T knlc:a do RJo 01'aDd.e do
Sul. A Bec:ole Superior de Aulc:vltWa e VcteriniriG, do Rio de Janeiro, ~ de criaç1o mal. recente: em 1933,
c:om a ~laaç&o do Minlet&io da A&ricultura. -.>b a crientaçio do Mioatro j uAJU.Z T"vou. dadobl'ou-
em duu e.colaa, - a &colo Nadooal de~ e a Ettola. Nadoaal de V~ t:raatfcrm.udo-ae
• de QWm.iea. que eatJo ee ~ o euno d e qulmica indunrial que, em 1920, fOra IDeluldo oo MU aotl&o
~de atudot, e em 1926 ae datac:ara d e fllll estrutura interna.~· oa- coasidc:rado cuno aaoo. A atual
Becola Nadoaal d e Acr-.ia que rcault<>u, por deodo~to. da Sacola Superior de Al;rlc:\lltura c v_.;.
n.6ria, 8Cri Umalac~A, c:om \Jtl\4 nova ~caaizaçio, oos ediflc:ioa ~ na ~ F.aH&KOO CoiTA,
Miftlmo da Acrieultura (1937 - 1941), ao lcm 47 da Batnda. Rio-São Paulo, na s.iDda Plwnill.,nee, e ooe
quala fW>eioaarlo, CCIDAithvindo o maia craadioeo parqu.e agroo6mico do pals, alfm d - eecola, . . depeadtnclaa
do Centro Nadonal de Bonao e Poaqw..u ~. EtD 1917, por ioidatin de AJtTua BUMUDU. roi
fundada e:m ViÇOM a Blc;ola Superior de Avicultura e VeteriDãria, de M iau Gcraia: recoohcdda eomo oCacial
pdo eovemo d a Rep6bliea,.,... eacota, U>.~ dedicada à agri<:Wtura, com ICUI tre. ~. demeotar.
mMio e eupc:rb, 6 ~ du modelam iottituiçllea de eNino apieola do pala. A .-evt.ta bl·mcn.al Ceret,
q~>t .., publica na BKOia Superior d e Aqicultura, de V~. é tD&Dticla pelo Clube Ca-a, - aaeoc:laçio
eieat!Cieo.cultural da C11C01a, e K deottna a divulg~ç§o de ensina.mentos teóricO!! e pr6ticoo a6bre IIUieultura ,
vetcrlnirla e ind6ttliat rwa\s.
440
-----------------A CULTURA BRASILEIRA
~ Nacional de: A&rOil<>nU.. Na aest3o de F&-.NANDO CosTA, oo Mi.U.t&lo CS. A&ficult\11'11 (1937- 1941)
ucuenom-~ na BaixaCS. Ftumioc:noe, oo lcm 47, da atJ'Ilda Rio-Silo Paulo, oe edirtcioe deatioadoe l tnataJaçlo a.1o
t6 da .&oeol& Nacíooal de J.arooomla, como umbtm das depeod~ do Cen~ Nec:iooal de Boaloo c .Paqu!l&l
Acroo&nicaJ. Enaa obnot, oottvcb 11 toc1oe oo upectos, roram con.tnddAll wcUDdo "um piaDo pUJ&Jlatico e
arquitc:t6<\ico rulmeate lmpr'Htionantc p~~ra a cozutituição do çandia.o porque açoabmico bruileilo". Foi
eatlo projetado um va•to pl•no de reorcani&llçllo do ensloo agrloala, compn<CIIdmdo ~ de di~ va111 e
tlpoa. albn de: um caino, utcoalvo. datinado aoa iadivtduos allalfabetos ou com in.tnatlo primllria incompleta,
bem como aoe met~orca d~ 18 uoe, coro iMtru~o primária regular. c que teria mioütrado pdoa ap6oomoe, ..:lml-
m.tr.dOO'et rurais e tknicoe a~lcolaa. ~ euc: plano. -u-m insta18du: a) pelo mc:noa. uma acola mld.ia
em ceda E8tado da Uno.lo, para o ~no pron,.;cma~ a>Mio de agric:últu.r1h dado c:m cu..oe ele doit - - . pua oe
aclminiatnod.ora ruraà, c de tr& a.-, para os tkni.cos avf<:oias; b ) e c:iiK:o ac:olu rqloaala de apGDOIIWI, para
o ca.iDo wpcrior. mu>istr-.Jo em cu.-..oa de quatroanoa.. x- eatruture. eu..ioe ru.odamtntoe Mtiam lançadoe pelo
ma1no ata>alvo em ~ode ~. (á to pc:los acrviçoa d e fomento aplcola, e .e dae~~votvcna, em Mtltido wrtícal,
de Ac;rooomla eom oo div~ JU&U. de ensino agr1ca18 c: agnml>mico e t'W-
cocn u eecolaJ rejlioa&d, m~ e ouperiora. d e aÇODOQ1ia., devia ter como c:b.ve de abóbada a E~ Nedonal
de apcrleôçoament.o e de: apec;a..
li&eçlo. A Becola N IIC'ional de Acroaomla, - <:entro de imldia.ç6o de: ensino e pc.qu.ba qron6m>cat, eerie
orpnlsada como uma ituotituiçlo modelar, para =vir de padrão par2 as de:man. A.qudu lnlclatlftt e raliaQOa
de (rende vulto, como a amplitude dbte plano, ebran&Cildo o ensino a~rl.cola em todoe o. p-au.t, c: tmdo por c:eatro
o Rio ele )anero. e ectorca pcnfá".eOJ em tocloa oa Xotadoo, indicam nltic:lacneAte u cllt-c:t:I'Uee d o ,ovemo Gct4lio
Varru, em rclaçlo AO rcaloo prof"IIS>OO*l t6coico e. especialmente. ao cnaloo acroo6mlco. (Cfr. haJtAIQ)C)
~A - Conf~ pn>Q\ll'ldtd• a. eotnl:ft)oraçlio do decinio do govb-no do Sr. OnOuo VAl!OAa. MiniJt&lo
lia A3rkultura . lmJ)f'cn... Oficial, Rio .Jr Janeiro, 19<11).
444 _ _ _ _ _ __ _A CULTURA BRASILEIRA
17 A ptUDeVa u.nivenidade que ee fwldoa no Btuil foi a do Rio de j aneiro, cn.da pelo dccnto o.• 14 343,
de 1 de eelcmlwo de 1920 c ot'la.o.laoda, o~ mQDlO ano, pelo decreto o.• 14 572 Qlle lhe aptOYOU a. atatut-
Bm 15127, I:Uodou- por loiC'IAtiva de t.bm>a Poa:HT&L, em Belo BoritODte, • Ooivenidade de Minaa GeRi&.
o ciecre:to que • t Oititulu roi ...m.do • 7 de setembro pelo Presidente A.-nô:no CAlu.ol e merendado por h.uc-
c:nco c.uuooa. Mas, taoto • Uoivcrsidade do Rio de Jtmeúo como • de 14ioaa Geral., ee eocutitulram
pela oimplea rcu!lilo d01 trà iMtitutoe tnldióooala de focmaçio pro{issiooal. • Fac:u1cS.adc de Direito, • de Mcdlcloa
e a Bacola de Zqcnhari& (ou Polit6cni<:a) e.atio existentes. Nenhum inatituto de alta apacialíuçlo !Atdec:Nal
446 _ _ _ _ _ _..:..A:.._C:..U-=-=L~
T U R A_ _!!_~~S I LEI R A
C' dendflce ae incorpoc'Ou n - orpnimlos uruvenitátioe. 2 de 1!131 que dato! a «caabaçlo verdadeiramente
W'livcrôúria do Btuil, imtltufda pelo decreto a.o 19 8Sl. de 11 de abril de 1931, ••liDado pelo Chefe do Govbno
Provi.twio, Or. GltTÓLlO VARGAS, e refet'elldado i>do Dr. FRAJ(CIICO C~. MlD\Rro de 'Kducaçb e Saúde.
~mbora • UAlvct'lld.ade do Rio de ]II.DeÜ'o oe tinsae auegado, pelo deaeto o.• 1!1 852, que lhe deu nova crcaoi-
uçlo, WDA Facu.Ld.ade de Edacaçio. Ci&cias e !Ltru. entre outru OICOiu, lll.o cbe;ou • aerlNtalada a~ 193!1
- oovo inttitulcl-o. J. Universidade de Mil>as Ga-aü, criada em 1927, e tcotcvUzada. de -.e6tdo com a lei
ftdc...l, em 1933, fotam Incorporada•, naee ano,l"''o decreto eotaduat o.• 2l 579, de 23 de março. a FllC'Uidade
de Dm:lto, a .Se Medicina, e a BKola de ~ que ainda boje s5.o o. C!noc:oe ioatJtutoa c:ompooeotea dbae
. .tema unlvcraidrio. A primàra Feculdade de Filosof"sa, Ciblda• e wtru, fWidada ao pata. por IAiciativa
of".cial. foi a elo Betado de Slo Paulo, c:riada e instalada ao 'py&Ao AltMAifDO SAI.u, e ii>CU'POI'IIda l Univenicàde
de SID Paulo ioltitulda pelo decreto ntadua.l n.• li 283, de 25 <!e Jaoeiro de 1!134, • ~o. csta.tutos foram apro-
...c~oe pelo coveroo federal, peJo dtcreto o.• 39, de 3 de .JeUm!)ro do ~ a.oo. O decretO estadual o.• S 758,
de 28 de novembt-o de 1934, que criou a UniV<Orlidade de Parto ~e. iodui, mtn o. .,.tabdcd1tlent01 q11e :o
cooatit:oem. uma ~e de 'Kd~ Ciênciu e Le~ (art. 2.•1, alncl.. por Uut.alar. Sllmmte, poia, a Uai-
va-wldade de SJo Paulo. c:riada em 1934, e a do Bruil, - em que te tntasfonnou. em 1937, a Uaiwnidade do
Rlo de ]aDcltO c que aboo«veu • do Oiltrit:o Federal, CUDdsda em 1935. - dup6em. DO RU aiboma, de institutos
de aiUM ntu601 c d.e ~uúa dcsiotereaada. no. divenl» domlDioa da dtocia pura. A16m da FIICUid&M de
Ylloeorta de Sio Bento, fllnclad& em 1908, quando o6 fUDàol>avam as curto. de f"llmo(la e ele letrU d6llsiea5, e
da &cole Livre de Sociologia e Poltticll, criada em 1932. ~~-"'em Sio Pa1llo. for.aro f\lndad01 depoi• de 1!139,
por inltlativa putjc:ulas-, o fa.tituto SaDta Ormla (VaaWade de Bdw:a.çlo. Cltodu e Lcttu). no Rio de Jaoeir<>,
o l mtituto Sedeo Sapientiac (Instituto Superior de Pedagogia, CifDciu e Letraa). dn Cbnqp de Santo Aeomnbo,
e, M~ 1!140. a Faculdade de FiiOIOf"sa, c;~ e Letra., da Onivenidade Católica do Braail.
O ENSINO GERAL E OS ENSINOS ESPECIAIS 447
senão pelo estudo e pela investigação da ciência pura o espúito científico, isto
é, a indagação completamente objetiva e livre de quaisquer considerações que
não sejam a investigação e o descobrimecto da verdade.IO
No entanto, apesar dessas e outras resistências, a Faculdade de Filosofia
de São Paulo, de tôd.as a mais antiga, apresentava em 1942, oito anos depois
de sua fundação, os caracteres de uma vida própria e sinais tão vigorcsos de
vitalidade que jâ não se falava em consolidá-la, mas em promover-lhe os pro-
gressos, de acôrdo com as suas funções especificas, no sistema universitário.
Em 1941, o número de alunos matriculados nas suas diversas seções ascendia
a 530, alêm dos 350 que se preparavam para seus cursos no Colégio Universi-
tário; e as inscrições de candidatos aos exames vestibulares em 1942 atingiam
a 408, numa afluência extraordinária só verificada atê então nas principais
faculdades de direito. Embora a proporção entre os estudantes que procuram
assuntos de cultura geral e os que se dedicam às ciências aplicadas, se tenha
m antido francamente favorável a êstes úlHmos, sendo cêrca de 3 para l, é certo
que mclhorou sensivelmente, como se pode inferir das matriculas em 1941
e 1942, nas diversas faculdades de filosofia, ciências e letras e, especialmente,
na de São. Paulo. Ao lado da especialização profissional, começava a desen-
volver-se e tomava o seu primeiro impulso a especialização intelectual e cien-
Ufica, sobretudo no domínio das ciências ÍlSicas e quSmicas, em que surgiram,
formados pela Faculdade de F-ilosofia de São Paulo, físicos como MARCELO
DAMY DOS SANTOS e MÁRIO SCBONBERG, cujos trabalhos sôbre física experi-
mental e flsica matemática tiveram grande repercussão nos meios científicos
internacionais.2o O primeir1>, licenciado em 1936, obteve no ano seguinte o
prêmio Wanderley de Física. pelo seu trabalho uum eletrômetro termoiônico
com método de compensação,. e, pelos seus estudos sôbre radiação e as téc-
nicas empregadas nesses estudos, a importante bõlsa do British Council, para
a estada de um ano em Cambridge, onde foram notãveis suas pesquisas sôbre
um novo método de registrar a passagem de corpúsculos cósmicos (Método de
Multivibrador) adotado já por alguns tlsicos na Inglaterra e nos Estados Unidos.
O segundo, MÁRIO SCBÕNBERG, deveu às suas primeiras publicações, em 1936
e 1937, um convite para trabalhar com DIRAc, em Cambridge, e FERMI, em
Roma, ambos detentores do prêmio Nobel; recebeu a bôlsa de estudos uGug-
genbeim Foundation" e realizou, entre outros trabalhos, já em número superior
a 40, estudo sôbre a função õ de DIRAc, a função de GREEN, as aplicações do
cálculo espinorial à física, a radiação cósmica ultra-mole e a radiação meso-
trônica, e uma valiosa contribuição à teoria das estrêlas novas.
10 "Embora reconhecendo o vatar p~ático da verdnde, - el!CI'eve P"RANOUICO CAMJ'OJ, com uma notável
preciallo, - nllo hfl de -er por e~ que a Ullivetaidadc a investigue e a bu~u~. Na investh:açllo da ve-<1114c,
outr·o lnterbse que nllo •~a o dela, ao iov& de contribuir pata o •cu deecobrimcnto, t6 contribuirá para cobri·la
c:om o ao:u vtu espe,...,, d""rigur6·1a ou coot'arcer-lhe e deformar.lhe a fac:e. A quhnlca olo te deaenvolvcu enquanto
o lntctb..: que pc-cai:! ia à pc,.qt.ú... ...,. um im:er&ac: de ardem pu...m.,atc p,..tie•, como o d" tranaformar outro.
a:octala em ouro; a medicina por ous ve2 permaneceu estacionitia "oquaato u citndaa pcecllaicu nAo .c eman-
c:lp.ram do lntcre.ee prAtico, difcteneiand<>-sc e.;:o diaciplinaa autOnomat c de éaritcr tc6rico. Aa citaciAu o«iai.
.., ainda permanecem em at.do rudimentar e emb:ioniirio. dev«m·DO exclutlvementc aoa iatcr&aa pr'tico. de
tOWI • ardem que na allll iavetipçAG e pela pr6:,xia naturca de eou obJeto, ioten~em com o interfue pura.-
mcntc te6rico pela ve'dade ~o verdade e pelo seu ..alor de verd.dc". (PJtA."fCUCO CAWI'OS - t>iaeuno proferido
em 1933 oa seallo liO!eoc de reabertura. dos cunoa wúvcnit6rio:t. In "Jornal do c-.(:n:lo" , Rio de Janeiro,
9 de lll&r'ÇO de 1933).
30 Em mala de um lkulo, desde que foi ilutitu!do o CIUiDo de Chica,~ a criaçlo, em 1&32, da r~
cedemo oaa faculdad.,. m6dieas, do Rio e da Sabia c:aa cieocia foi cultivada c:~trc oáe apeou como "ma~&ia
de cnaioo". O primeiro pro{_. da cadeira criada pela reforma de 3 de outu.~o de 1132, foi VtCL'f'T& FE1tAS111A
oa MAoAJ.BJa. citur~ formado pela E.eola G& Bahia em 18211 c 110nl1>8do em 1133 poc- coo:~ A Academia
Militar teve como (W'Imeiro professor de luica. c qutmica a Frei CUITÓOIO ALva Sulllo. Entre 01 que ~
.e dcat:Katam. no madstlrio dessa dbôplia.a. na Faculdade de Medicina do Rlo de jaJ>vro, li&W111D P'lt.ufclSCO
o& PAUl.A Ckc»UIO (ISOs-1854), de Minu Gera~ que ac: doutorou pela P'.K\IIdadc de Medkina de Paria c dci.::oa
aliUJll trabalhoe; AIIT6Nt0 SATT4lU!ft e F. LAJr~uROl>lt.tOOU PUIUitA (1887- 1936) que, CtD outraa ~
"com •ua ll6lidA a<w& metcmitica c rua habilidade experimtn~l, teria oldo (e.t:reve FaAJ<ctsco Vv..11<c10
Fu.uol um de - flticos, oo sentido ClC'lto da expn:asio". Foi l.AP'AllM'& Rooatoua PII.UUIA quem moatou.
- Faculdade, o maia modem<> d04 laboratório& de fll.ka no Bra,ail, ampliado c cnriqi>Cddo maia tarde por
CAALOI CNAO.U f'lJ.l(O. Mestres ilustres tivuam.oos outroa ceotroa d~ eruioo da Nolce, a antiaa Eacola Militar,
que te traoafonnoo n" E..:ola Central; a ESl:ola Politécnica, criada em 1875; • E.cola de Mina•, de Ouro Prtto,
O ENSINO GERAL E OS ENSINOS ESPECIAIS
eu.iu od&Cll.l remontam a 1875: a kola Naval c as diverus faculdade. d e medicina e e.colu de co11tmbaria que
ac fundMti('O, depoia que te lmtitulu o ~qime republicano. O Co<aelheiro Soou PITAMO.\ (BplfAnio Cindido dcl .
o primeiro prof-or d a :&.cola Polltl>cnica (1875}, viodo da &cola Central, foi o iniciador da rlaic:a uperimental
no BtuU. ~ove MoJU.U (1860-1930), meteorolog;rta de gnonde valor, que rqcu a CAdeira de Uaica na
B«ol.a Pollt6cnial. hQJc equipe_da de um labon1t6rio tido como um .U. ..,.;. bem apuelhodoe do pa!t l A UOUITO
DA.- DA. SU.vA ( 1~1939), com mala de 40 anoe de- magjat&io na :BecolA de Miou: OKAJt N irlt9AL o ..
GouvuA. WD do. . . - mai~Wa mcstree, do Colflio Pedro t i; PBnJto B.uul&To G.u.vXo. mntrc altamente re·
pUtado, DO .u tempo: Anouo o-a. V&ccmo. da Btcola Nnal, prole.« de 189 1 a 1915. roram 0\Rroe taotoe
prof-ea que concorrenm per~~ d~votve:r e elevar a um a.fvel mais alto o enaiJlO dnell dfoda, nu f\IU
diferenta aplkaç&.. SJo o - eontcmporloeol, eutre oatrae IDQtr.. t.mbbn de e61ida reputaçio, O ua.cfo10
Paa&uiA, da B«cta Polit.6c:nic., do Rio de ]a11Cito; Ao.ALBn:m M.a......u 1111: 01.-"'-lltA• da B..:ola Naval e,
eull'e 011 ma1e jovena. Lu fi CIMTL\ oo Puoo, da ltocala Pclli6::Dica d e Sio Paulo. NJo ec coabc«, por~ em
todo fiK pa1odo a\4 1936, oefthuma eoncribuiçio origjDal ao dauúaio da flaica matemitica c apcriJocnul.
Com a crlatlo da Fa.:uldade de Tllolol"aa de Slo P aulo, em 1934, inaU&W'•- uma OOYa rue aa evoloçAo
de.et eatudoa. e o Brull, ~ primeirll vez, toma« pruente, pdoo teUS rlalcoe, ,_ ma.i«a eeutrOII cientlíiC.OI
db mundo. Em 1937, dose bruileiroe. :W....acu.o O.un- oa SouL\ s.un-os. paulleta. de c.mp;nu. e Mhto
Sca&f-. ~bocaoo, amboe DaJddoe em 1914, e que fiuram aeua estudoe , _ Feeuldade. eob a orieo·
~ elo pr'CI"- lt:afJADO CLU W ATIUOIN, iniciam DO Bruil as jJrimeirb aüvl4ada clcnttroeaa qoe loc,raram
ter~ ooe JDeloe iatcrnaciocWL Todos o. trabalhoa c:b'c:a de 40. de MucSLO O.u.&r DOI~ de·
o-=. aa oplliiAo de G.I.A WATIIAOI!f, um eapfrito c:rúuior DOtávd e ama profunda cultura de r&lca, lllfm de
WDa rara laabiUdade expcrin>CDul. • u publica~ de alto valor cientlí.eo, de !oLúlo S<;xOH'auo. !6 o - ·
~ coroo ''um aplr\to pawtlr'allte do iDv..tip.dor e uma cultura iDvulpr ooe v6rioe ramoe ela roatem&tlca
c da (fàca."
Jl LtPMAlfM, 1'qchololi• der Berufa. P'c. ~83.
-u-
450 A CULTURA BRASILEIRA
23 O. ~ oa FkUldad.e de F'ilo.oí18, Cif:aciu e Letnu, de Slo Paulo, f\mdada c:m 1934, foram inau.
cunutoe, - a n o , por p c o f - esttangrin:la c:ootnnadoe oa F...a~. JtAlôa e Alem.a.Dha. Eram 110 todo 13
pro(ea«a, doe q1111il 6, franeueo; 4, itaüanoe e 3, alemiea• .Sm 1935 &TI~& eo.H&. coou-atado para a rn.....r..,
fol1u!Mtituldo por ]'&o\H MAUoOÉ, que rege esoa cadeira at~ boje; a P. Aa!IOI.III& B.\.1'1'11)11: 1 swof_. de IOCiotogia
dc.dc 1934, velo reunir- em 1935, CI.AUDE Lt\'1-S'I'UuliS, etn61"'o franl:b, a quem aucedc:u ROOIUt B.uTJD~t,
em 1938, e que~ atualmente pror_. e um dos diretora da &.c;ola LiV1"c: de Altoe a.tudoe, em Nova Voei<, oos
ltat..doe Uoldoe. O prof- SRMS·T M..ulCU5, de~·· foi contratado em 1936, para tuhltltuir BMn BJU~SLAV,
que falecera em mAio de 1935; Pt:zaRE MONJilUO foi iocumbldo, em 1935, do CW'eD de reocrar~a f't.iea e bun>aJa,
em lucv de PlttU& D&r~JfTAIMU que ee retirara para Bur'Opjl, d~il de: VIII co de pcrmaD!Dcia em Sio Paulo
O ENSINO GERAL E OS ENSINOS ESPECIAIS 453
núnio e dilatar o raio de suas aventuras. Já não são raras, de fato, as publicações
e monografias em que aparecem, com algumas vistas e mesmo contribuições
originais, e, em graus diferentes, um individualismo fundamental, um espfrito
critico e científico, até certo negativismo talvez mórbido, um respeito mais
profundo pelas idéias claras, o ·gõsto da objetividade e da análise e mesmo da
subtileza, aguçado por um sentido mais penetrante do complexo.
Essa tend~cia à especialização, em todos os domínios, e de que j á come-
çamos a colli~r os primeiros resultados, foi, porém, acompanhada do maior
esfõr90 realizado, na história da educação nacional, em prol da unidade moral
e espiritual, pela unidade de ensino, nas suas diretrizes essenciais. P ela pri-
meira vez, o gov~mo central, cuja influência se projetou sObre tOdas as orga-
nizações regionais, cuidoú seriamente do problema da educação popular e da
formação de um magistério primário nacional, por meio de uma organização
uniforme das escolas normais, a qual pennitisse a circulação horizontal de
estudantes, por transferência, e a de professores primários de um para outro
Estado da União. R eorganiza-se sôbre as mesmas bases, em todo o pafs, o
ensino secundário, oficial ou particular, que é diretamente fiscalizado pelo
govêrno federal, e cujo corpo docente se vai renovando, aos poucos, com pro-
fessores formados, sob uma orientação comum, e licenciados pelas faculdades
de filosofia , ciencias e letras. A extinção dos colégios militares, - dos quais
resta o do Rio, criado em 9 de março de 1889 e reorganizado pelo decreto n.0 371,
de 2 de maio de 1890, mas já prestes a passar, como tudo indica, ao Minist&io
da Educação, -tende a completar essa obra de unificação do ensino secundário
no Brasil. Nem é sõmente por essas e outras medidas postas em prática, no
plano da poUtica escolar, que sentimos a fôrça senão a impetuosidade dessa
vaga uniformizadora que tomou corpo e se alteou, sobretudo depois do golpe
de Estado, de 1937, e com o regime instituído pela nova Constituição. Cer-
tamente, tOdas as disposições das leis e decretos federais, visando à coorde-
nação dos ensinos, à continuidade e à interpenetração das educações, escolares
e post-escolares e ao desenvolvimento dos auxiliares mecânicos postos a serviço
dos ideais nacionais, t&n concorrido notàvelmente para se instituir, em bene-
ficio da unidade espiritual e moral do país, uma política nacional de educação.
Mas, se seguirmos de perto essas pulsações da consciência nacional, que pro-
cedem, por tOda parte, dos acontecimentos econômicos e sociais, mais pro·
fundos do que o jôgo aparente das fôrças poüticas, encontramos, como ele~
mentos de apoio e de propulsão de tôdas as iniciativas uniformizadoras, as
maiores faciHdades de comunicação e de transportes, as linhas de navegação
aérea, que já cortam o país em quase tôdas as direções, e os extraordinários
progressos da rádiodifusão que permite levar, em frações de segundos, a voz
do govêmo da União à's regiões mais distantes e antes quase inteiramente iso-
ladas, do território nacional.
e a Roa.T G.t.JUuç auec<l~ em 1935 o Prof. Pa~ Hou~U;AD&. substituído Iria &DOI depoõa, poo- AUtll&D Bo!fUlH,
atual pro(- ck Uacua e literatura r~. Botre oa prolesoores coctnbldoe, 0011 doia pr{meltoa a.- da
Faculdade. meootraVltln- çaadea nomea como L111Gt FANTA.PPrf, ital.iallo, oa aüli.e mawmiãca: Gt.u
WAcnu.ouc, l"lloMO de o.ucim~oto, oaturaliudo italiaJlo, ~u. fisic:a; HliWCluca Ray;llQO(..I)'f, alanlo, na qu.lmlca,
KJDGT Bassu.u, Da aociC)Ci.lo, Pú.ot RAW11'11CJn11, ~atnbán alemio, oa ~ c RoaatT OAUJç, (rancà,
na licer..tun, mtre outnlL am 193S roi contratado em PO<tngal. pua • cadeinl ck f'ilolocla ponua'11ba o pro-
r - .FaAJfçQCO Rall.o Gol'IÇAJ.VU (1935-36), a quem~ em 1938, o pro(CIICII' P'ID&l.IIIO P'louaJU.OO.
A Hiat6ria da Civillsaçlo Amcrkane att\oe, de 1936 a ~0, a CUCO do P r d - PAUL VANO - Slu.W, OOrtt•
amc:ricaJ:ao. Bm 1941 CSICO<Itravam- aiada, profeaando cunm D& Faculdade de Filoeoraa 4~ Slo Paulo, 22
pror_.es estdn,eiroa. doe qu.W lida. de.de o primeiro ou aegundo llllO de •ua ~. Pa...-.m por-
F~, de.ck 1934, - acm CODtar oa -ittenteo ck labonltóriot, - 4S .pr0(~ e.tnul&dr.,., prOVe·
nlmta de div~ pa!M:I. Etob«a ma>or o I'OO'rimeuto d e professores e eotudanta bruilciroe QIK atiYC2'1UD
oo ea1ran&dro, para cunoe de apm'e:lço&mento e de eapeci•limção, foi c:ooatatlu o iD~ ~lu btlllu e 'f'iaceo.
de eotu~. De 1g37 a 1~2. obtJver&-m b6laa• de eotudoa 11 liceoc:iadoe, doa quala 3, por duat vtae.. Fi&cnm
c:unoe Q1)eciala, na Praoç•, dola ntudanta, na ln&latcrra, um, J>& It6lia, um, e tete ooe E.udoe Uoldoe, onde u
acham ainda dlv~ JlCCDC!adoe e para oode ~e dirigiu a eorrt:nte de eatudal>ta, dq>Oia que a 2.• cucrra DJII.Ddial
tornou extremamente dlffal a ~maA~, para eotudoe, em paúea europeua.
454 A CULTURA BRASILEIRA
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460 A CULTURA BRASILEIRA
Asuu, Brício, 202. ALVARENGA, Silva, 169l 180, 181, 209, 313,
Amutu, João Capistrano de, 13, 19, 27, 45, 323.
46, 60, 150, 170, 175, 176, 195. 196, ALVES, Castro, 169, 173, 184, 187, 188.
207, 234, 318, 322, 325, 426. ALVES., Conselheiro Rodrigues, 98, 163, 231,
ABREU, Casimíro de, 185. 441.
ABREu, Sílvio Fr6is de, 36, 234, ALVES, Hermilo, 76.
ADAMI, Hugo, 272. ALVEI!, J oão LUis, 146, 3171.
AFoNSO, Barão de Pedro, 231. ALvES, Francisco, 192.
AGACHE, Alfredo, 77. ALVES, Tomaz, 346.
AGASSJZ, E. Cary,. 25, 36. ALVIM, Cesârio, 231.
AGASStt, Louis, 25·, 36, 219, 225, 279, 342. AMADo, Genolino, 174, 198.
AGOS'l'J:Nl, Ângelo, 265. Ai!Aoo, Gilberto, 92, 93, 94. 97, 101, 162,
AGUIAR, Rafael Tobias de, 158. 163, 198, 224.
Auuts, Matias, 170, 179, 180. Alu.Do, Jorge, 120, 201.
ALB&a'ro, Armanda Alvaro, ~383. AMARAL, AfrAnio, 232.
ALBRR'l'O, Caetano, 155. A.MA.RAL, J\ma,deu, 201.
ALBUQUERQUE, Lucflio, 257. AMARAL, Azevedo, 330, 340, 358, 359, 361,
ALBUQUERQUE, Medeiros e, 202, 373, 384. 362, 367, 398, 401, 456.
ALEGRE, Manuel de Araújo Pôrto, Barão de AMARAL, Franci.sco Pedro do, 257.
Santo Ângelo, 187, 188, 255, 256, 259, AMARAL, Tarsila do,, 272.
260, 261, 265, 333. AMiRioo, P edro, 169, 243, 260, ·2 61, 262.
ALEMÃo, Francisco V.reire, 213, 214, 219, AMo!oo, Rodolfo, 261.
223, 355. ANcattTA, Padre José de, 125, 127, J29, 176,
ALEMB:&RT, D' 349. 177, 178, 254, 287, 289, 290, 291, 309.
ALENCAR, Alexandrino, 436. ANnERSEN, 284.
ALENCAR, José de, 29, 169, 173, 185, 1861 ANDRADE, Almir de, 116, 200, 203, 241,
188, 189, 20.1, 268, 354. 283.
ALENCA.~, J~ Martiniano de, 139. ANDRADE, Carlos Drurnmond, 201.
.ALENCAR:, ,O to de, 227, 228. ANDRADE, Conselheiro Nuno F erreira de., 346.
ALEXANDRINO, Pedro, 272. ANDRADE, Gomes Freire de, Conde de Boba·
ALFREDO, João, 343, 351, 355, 359. del.a , 325.
ALLPORT, 218. ANDRADE, Maria Guilhermina Loureiro de,
ALMEIDA, A. Osório de, 233, 4~3. '374.
ALMEIDA., Belmko de, 262.• 263. ANDRADE, Mário de, 182, 200, 253, 254, 255,
ALMEIDA, CÀlldido Mendes de, 441. 266, 267, 280, 269, 215, 276, 277, 283,
AL!m.IDA, Figueira de, 423. 284.
ALKEIDA, F . J. de Lacerda e, 170, 210, 234, 1\NpRADE, Murici, 203.
317, 323. ANDRADE,, Oswald., 58, 200.
ALllltt~ Guilherme de, 200. ANDÚJA, General, 76,
ALMEIDA, J. R , Pires de, 319, 356, 359, 388, ANDREONI , José Antônio - AntonU, 63, 179.
432. ANHANGUERA, 55.
ALMEIDA, José América de, 201, ANJOS, .Augusto dos, 194.
ALMEIDA, Manuel Antônio de, 189. AQUAVJVA, Padre Geraldo Cláudio, 299, 300.
ALXEIDA, Mârio de, 278. AQUJNO, João Pedro de, 346, 347, 356.
ALMEIDA, Miguel Osório de, 213, 242, 333, ~GÃO, A. F. Muniz, 240.
455. ARAGÃO, H enrique, 232.
ALMEIDA, M. Lopes de, 3.17, 318. Ast.uíBA, Graça, 200.
ALMEIDA, Renato, 276, 282, 283. ARARll'E, JÚNlOR, 196, 199.
ALMEIDA JdNJOlt, 243, 261, 262, 264, 266. ARAúJo, Nabuco de, 226.
ALilmiDA JÓNto:a., A. 1!'.1 230, 393, 402, 423. ARcos, Conde dos, 90.
464 A CULTURA BRASILEIRA - - - - - -- -
-30-
A CULTURA BRASILEIRA
84Jm>s, J oio Caetano dos, 188. SoAREs, Gabriel, 40, 45, 301.
SUrro~. ]aR AntOnio dos, 249. SoAJtES, J. C. de Macedo1 236, 422.
SAlrrol, L<acio JosE d oa, 444. SoAR&S, ]oK Eduardo de M&eedo, 415.
8ABrol, Marcelo Dami de Sousa. 448. SoARES, Teixeira, 159.
SA!fros, Marquesa de, 257. Sonú, A. A. de Azevedo, 373, 387.
8A.Jn'ol, M . P . de Oliveira, 356. Soo.Rá, Nélson Werneck, 102, 196, 204.
&Jorro~, Tomia Gomes doi, 260. SoUSA, Antônio Francilc:o de ~aula, 159.
84TT.umn, Ant6oio, 448. SoUSA, Antônio M onteiro de, 384.
Scsn.Lu, 6. Souu. Cruz e, 194.
Scmm7r, 237. Sousa.. Gabriel Soares de, 37, 40, 45, 175.
Sca:oaDT, Aforuo, 201. SoUSA, Irineu Evan&elista de, Bario de
Sc:anaoT, AU&UstO, 201. Mauá, 50, 56, 57. 93, 155, 158, 159.
ScawACJtB, c. A. Guilherme, n s Souu, Joaqwm Gomes de, 205, 226, 227,
Slm.UCK, 206. 355.
S&OA.t.t., Luar, 272. SouSA, José Paulino Soares de, 332, 343.
Sao&L, Gerardo, 391 . SoUSA, Luiz Vasconcelos e, 160, 223.
S&OURO, Vieconde de Pflrto, 41 , 195. SouSA, Manuel de, 219.
Sau.ow, von, 213. SouSA, Martim Mooso de, 41, 62, 63, 64, 80.
SBNA, Coata, 159, 164. SoUSA, Moreira de, 402.
Sátoxo, AntOnio, :197, 299, 312, 427. SouSA, Otávio Tarquínlo de, 202.
S~o. JOnatas, 81, 144, 147, 196, 204, SouSA, Pero Lopes de, 175.
242, 290, 319, 388, 419. SouSA, Tomé de, 45, 63, 81, 127, 287.
SultÃo, Frei Custódio Alve11, 135, 213, 214, SouSA, Washington Luiz Pereira de, 234,
228, 448. 235.
Savuo, Ricudo, 274. SotmNBA, Ooaquim Gomea de Souta), 169.
SiuUDIN, 232. SouTHBY, Roberto, 127, 129, 177, 180, 1515,
SaAw, Bernard, 168. 326.
Sluw, Paul Vanorden, 453. Sl>EHGLU, 270.
ScKoHURO, MArio, 449. Sl>INOLA, Bonf'un, 342.
SJc.u.o, 233. SPix. von, 37, 83, 216, 266, 349.
Slzonu&D, An~, 22, 35, 59, 122, 281. SPRucE, Richard, 217.
SIOAUD, J. F ., 166. S'rADBH, Hans, 176.
SD.vA, Ant6nio Carloe de Andrada e, 152, Stt~NRN, Karl von den, 237.
170, 210, 329, 333, 344, 446. Sl'E.Pm!.NSON, 61.
SILvA, AntbnJo de Morais, 2, 180, 326. Sl'ocJr:I.D. Aleand.re, 76.
SU.vA, Ant6nio JOIIt, 173, 178, 179. STocELER, Garção, 324.
Sn.v&, Auauato Barbosa da, 164, 449. Srocus, 226.
SD.vA, Bettencourt da. 265, 269, 333, 536. SntA._uss, 268.
So.VA, D. Duarte Leopoldo e, 146. SrRowsu, F ., 243.
SILVA, Franciec:o Manuel da, 256, 267, 277. SwAINSON, 217.
SILVA, FnmciiC& J(llia da, 194.
SILVA, Henrique J* da, :156, 257, 258.
Su..vA, Joio Mendes da, 178, 179. TAU.&YJU.ND, 199, 256.
Sa.vA, Joio Pinheiro da, 373. TAQt1ES, Pedro, 306.
Slt.vA, Joaqwm Caetano da, 195, 333, 340. TAUNAY, Mooso, 32, 49, 60, 67 , 77, 196, 220,
SILVA, Joaquim Carneiro da, 249. 234, 235, 242, 284.
Su.VA, Joe6 Bonifâclo de Andrada c, 9)., TAUNAY, Alfredo d'Eacragoolle, Vieconde de
137, 152, 170, 187, 190, 211, 212, 213, Taunay, 189, 268, 346.
236, 323, 329, 332, 34~. 349. TAUWAY, Augusto Maria, ~56, 257.
SILvA, Lafayette, 205. TADNAY, Féliz Emflio, Barilo de Taunay,
SILVA, Luiz Alves de Lima e, Duque de 73, 256, 258, 259, 27!1.
Caxias, 92. TAUNAY, Nicolau AntOnio, 256, 257, 253.
Sn.vA, Martim Ft-anc:isco de Andrada e, 152, TAuTPHoeus, Barão de, 346.
110, :no, 342. TAVAR.ES, Eduardo, 217.
Sn.vA, Moacir, 159. TAVA.RBS, Muniz, 139, 324.
SILva, Not~Ueira da, 237. TÁVOJtA. 331.
Sn.VA, o.c:ar Pereira da, 261, 456, 457. TÁVORA, Franklin, 188, 189.
Su.n, Pirajl da, 83. TÁvou, Juarez do Nascimento Fernandes,
Sn.VA, Valentim da Fon.aeea e, Mestre 422, 439.
Valentim, 243, 250, 271. TBri, Barão de, 221, 356.
8D.VADO, Am&ico, 221. TEIXEIRA, Anfsio S. , 382, 389, 391, 399, 401,
Sn.V&I:JIÃ, Alvaro da, 214, 444. 402, 406, 419, 424, 441, 451.
SDIOND, 163. TnnmA, Bento, 131.
SDloMl, L. V., 166. TslxEnu., Gomes, 227.
SDIONI&N, Roberto, 26, 29, 32, 41, 42, 44, TJtiDIJtA. Osvaldo, 176, 272.
46, 47, 51, 52, 56, 58, 59, 60, 102, 455. Tzl.Ba, Carlos Joe6 da Silva , 343.
Slouaru, ]oK, 253. THAvu, Nathaniel, 219.
SllaTB, Herbert, 349. 'I'BEv1n', Andrt, 176.
Smnr, Roberto C., 247, 249, 2S2, 272, 284. Tlmn., Erster, 32.
474 A C UL TU R A BRASILEIR A
Abolicionismo, V. Aboliç§o.
k.ademia
- de Belas-Artes, 264, 268, 362.
- de Belas-Artes da Bahia, 270.
-de Belas-Artes de Belêm, 269.
- de Belas-Artes de Belo Horizonte, 269.
- de Belas-Artes de Manaus, 269.
- Brallileira de Ciertcias, 209.
- Brasileira de Letras, 192.
- de Ciências de Paris, 226.
- Ciéntífica, 209,
- Imperial de Marinha, 433.
- de Marinha, 327, 435.
- Médico Cirúrgíca, 211.
- Militar, 211.
- Militar da Côrte, 433.
- Militar e de Marinha, 433.
- Nacional e Imperial de Marinha, 433.
- Nacional de Medicina, 166, 209.
-Naval~ 157.
- Real de Marinha, 157, 435.
Real- Militar, 157- 58, 327, 433.
Real - d e Pintura, Escultura e Arquitetura Civil, 328.
Açúcar
- e a agricultura latifundiária. 41-42.
civilização do-, 41-43.
desenvolvimento tecnológico e monocultura da cana-de - 151-52.
estrutura da primitiva sociedade colonial e o - . 82-84.
origem da cana - de-, 41.
produção, estatí!ltica, 42.
v. Eri.Aenlaoa
Africanos
o catolicismo e os-, 132- 33.
escravidão, V. Abolição. Escravidllo NeAra.
m6.sica populiU' brasileira e os - , 253-54.
popUlação africana no Brasil, 28-30'.
V. Assimilação.
Alricultura
cana-de-açúcar, V. Açúcar.
ca~. V. Café.
Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronómicas1 439.
478 _ _ _ _ _ _A CULTURA BRASILEIRA
A4ricultura
coivara, destruição da floresta pelo fogo, 49.
cooquiata do tolo, 8H6.
encenho, v. Entenho.
fumo, ettatística de produção, 42.
lavoura e os jesuítas, 307~.
monoc:ultura, V. Monocultura.
Patronato~~ Agrlcolas, 378.
pollcultura, 52-53, 375.
propriedades &&ricotas, V. Propriedade.
Real Horto, 212.
V. Bot•nica. &cola, Economia, Estatistica.
Ãtronomia, V. A~ricultura.
Aristocraoi•
- rural, na sociedade colonial, 85-86; e o regime monArquíco, 9().-9l.
- tetritonal, fOrça conservadora na República, 95-96.
educaçilo aristocrética , 334.
Arquitetura
a casa colonlal, 252-53.
- colonial, renascimento, 274-75; " função" dos elementos arquitetbnicos, 275.
- mode:rna, 275.
- rellciosa, 246; e a - civil, 252.
arte doe jardins e a-, 275.
"campanha da- tradicional", 274.
clauatros do Nordeste, 248-49.
desenvolvimento urbano no século XX e a-, 273-74.
içeju e conventos da Bahia, 135.
V. Academia. Arte, &.cola, Liceu, Mu~~et~, So.iedade.
Arte
amadurecimento art:útico do país, 281.
aparecimento da- no B.rasil, 246.
apogeu artístico e apogeu econômico, 248.
arquitetura, V. Arquitetura.
- aplicada, 265.
- aplicada à indústria, 279-80.
- , um fator de documentação cUltural, 243-44.
- dos jardins e a arquitetura, 275.
artea popular es e artes indígenas, 269-70.
caricatura, V. Caricatura.
centroa de cultura artlstica, 264,270.
c:uA.mica, 27 1,280.
ctftiea artt!tica, 281-83.
desceotralizaçio polltica e a-, 269.
desenho, V. D-nho.
desenvolvimento da- durante o domínio holandea, 2"""'"'~·
educação ett~tica do povo, 2.8 Hl.
etcultura, V. Etteul tura.
estilo barroeo, V. Barroco.
apanaão artlstica, 269-71.
mnutncia francesa e a - colonial, 256-59-265.
movimento artístico moderno, 282.
m~c:a. V. M611ic.a .
ourivesaria, 251-52-271.
pintura. V. Pintura .
p6blico e o artista, 278-81.
Rep6blica e o deaenvolvimeDto da-, no Brasil, 2#.
Serviço do Patrimbnio Histórico e Artístico Nacional, 421.
Toretltica, 249-50, 271.
V. Inetitui~ artf11ticae.
!NDICE DE ASSUNTOS 47SI
.t.irnil~o
- du elitu e a cultura jeaultica, 152.
- Etnica. 29-30, 33--34, 82, 10oH>7.
- eoc:ial, 22, 29, 33-34, 81-82, 10~7. 152~;,3. 178.
coJumim o a-, 178.
c:ontatoe lincfilsticoe e a lin~ vernãcuia. 178-79.
c:ultura nacional e as culturas ibérica e angl~ônica, 22; e as culturas ameriDdia, afri.
cana e ibérica, 82, 10oH>7; e a c:ultura sefardínic:a. 152.
mitcicenaçlo e a dinlncia IIOcia1 entre senhores e escravos, 81-82.
nacionalização das escolas do sul do pais, 413.
Àaaoci~
- dos Art:ist81 Brasileiros, 280.
- dos Artistas Pl6sticoa de S. Paulo, 280.
- Brasileira de Educação, 383-84, 385, 386, 391, 394.
- Brasileira de Imprensa, 415.
- B.r asileira de M6slca, 278.
- dos Geógrafos Brasileiros, 236.
assoclaçt'!ea cientlfíeaa, 166.
aaaociaçt'!ea profissionais, 166.
Inttituto "Brasii-E8tados Unidos", do R io de Janeiro, 416.
Uniilo Cultural "Brasil-Estados Unidos" de S. Paulo, 416.
Aetronomia
- no Brasil, 22()-22.
obeervat6ri01, V. Obaervat6rio.
A'"idede cienti/ica
antropoloeia, 229-30.
utronomia. 22()-22. V. Obeervat6rio.
- de bnuileiros e de C3t:ranceiros no Bnlsil, 222.
- durante o míniat&io do VIJCIOnde do Rio Branco, 224-25.
- 00 periodo bolandet, 206-07.
botlnica, V. BothtiCJJ.
Conereao Cientifico Americano, (vm), 423.
c:un01 de c:iettc:iu no Museu Nacional, 350.
desenvolvimento da- no Brasil, 205-34.
D. Pedro 11 e a-. 223--24, 349-50.
EnciclopEdia Brasileira, 417-.
''E8cola Baiana" e a - , 369.
Escola de Minas, centro de petquisaa cieQtificas, 158, 164.
estudos eientlfieoa e oa estudos Uter6rios 368; e a reforma da Universidade de Coimbra,
317; e a lavo\Ua cafeeira, 375.
espedições, V. Eçediç6.o.
filooofia o - , 238-11.
física, V. Ftsica.
ceo&Tafia, V. Geolralia.
ceologjo. e paleontologia, V. GooloAia, PaleontoloAia.
instituições cientificas e O. ]No VJ, 211-14; utilitarismo das, 368; e aa ttansfonnaçõet
eociaia, 438.
Joé Bonifácio e au.a - , 21()-11.
matem6tiea, 226-27.
medicina, V. Medicina.
missões, V. M /IIJtljea cientificas.
naturalistas estrangeiros e a-, 207, 213-18.
objetividade na, 113--14, 159-60.
produçio Uteriria e a produção c:ientifiea, 205-«).
rd'orma pombalina e a-, 209.
revoluçio cientU'ica e o Brui.J, 208.
romantismo e a-, 223.
.oc:iolo&)a, 236-38.
viajantea franCC*!S e a-, 208.
V. Audemia, &toola, FI!ICuldade. Instituto. Sociedade.
At.Untioo
o - e a civilização bruileira, 19-20.
480 A CULTURA BRASIL&IRA
Barroco
estilo, 246-48.
- civU e o absolutismo político, 252.
clau.troe do Nordeste e o-, 248.
di!erenças regionais no-, 247-48.
Biblioteca
- "de Educação" (Cia. Melhoramentos), 392.
- Infantil de S. Paulo, 417.
- Nacional, 211, 229, 326, 349, 350.
- "Peda&6gica BraSI1eira" (Cia. Editora Nacional) 392.
- P6bUca, 211 .
-Municipal de S. Paulo, 417.
bibliotecaS, 229.
Conselho Bibliotecluio do Estado, 417.
cultura intelectual e as bibliotecas, 355.
Escola de Biblioteconomia, 417.
movimento bibliotecãrio, estatísticas, 417; na cidade de S. Paulo, 417.
BoMnica
- no Brasil, 213-14.
Jardim Botlnico do Rio de Janeiro, 135, 369.
Real Jardim Bottnico, 211, 228-29.
V. Atividade científica.
Burluesia
- oa sociedade colonial, 84.
desenvolvimento da - nas cidades, 84-85.
ensino t~co e a-,377.
jesuít.u e • -urbana, 308.
Ca!IJ
atração de imigrantes europeus pelo-, 50.
civili%açlo urbana e o-, 74-75.
de$1ocamento do eixo econômico e o - , 49-SO.
estailitica do - 50.
estrada.s de ferro e a produção cafeeira. 5~51.
eatrutura econômica do Imp&io e o-, 49-SO.
catudos científicos e o -. 375.
expansão arti.s tica em S. Paulo e o-, 27~71.
ori&em do cafeeiro, 51.
Cana-de..,t;úcar, V. Açúcar.
Cape16es, V. Clero.
CÃrAter
anâtiae do- coletivo, 104.
traços fundamentais do- brasileiro. 43, 107-21.
V. Mentalidade.
CÃricatura
- e o deaenho humoristico, 265.
caricaturistas, 265.
Casa, V. Habitaç8o.
Cau-Grande
capelães da- 133, 296.
a-, caracterfsticas da paisagem cultural, 43.
a l&reja e a-, 296-97.
ação dos jesuítas na- 296.
V. En,gonhos.
ÍNDICE DE ASSUNTOS 411
C.tequ-
- da coiOnia, 28&-a9.
columlm, 178.
jesuftu e 01 valores oativoa, 292.
fndioa e a - 310.
C.toliciemo
cateque~e, V. Catequeee.
Companhia de Jeaua, V. ]~uttas.
Condlio de Treoto, 127.
convento~ da Bahia, 133, 135-36.
crile da Ir;reja brasileira, 145-46.
cultura brasileira e o-, 131-32, 134-35, 145-46.
dilciplina moral católica e 01 jeau!tas, 294, 297-98.
doutrina pedagógica católica, 895-96.
escolas e o-, V. Esoolas.
&Tandea nguraa do-, da atuAlidade no Brasil, 14S-46.
iiJ'CjU da Bahia, 133.
lnllu~ciaa afro.l'ndiaa e o-, 132-33.
instituiÇões de ensino e o-, V. ColiJAio, Escola, Liceu , Seminúio de Olinda.
jesuftas, V. ]eaultaa.
laici:açlo do Estado e o-, 143-44.
liberdade de culto, 13HO.
mentalidade católica, 145-46, 298.
mi..&a e o - 129-30.
moateiroa, 136.
movimento pedagógico e o-, 395-96, 399.
oradora aacros do pe:riodo colonial, 134-35.
ordens e cooçegaçõea, V. Ordens católicas.
pedqoeia católica, 365; e pedagogia protestante. 348.
poUtica eaeo1ar da Içeja, 395.
polltlca de tnmaigencia do-, 132-33.
Queatio Religiosa, 137-38.
Kminúioa e o überaliamo, 134. V. Seminhio de Olirtda.
unilo Estado-Icreja, 137-40.
V. Clero, Reli~i•o.
Cer&.aUca, 271,280.
Central;.~, V. Unidade.
Centro.
- A.rtiatico Juventaa, 280.
- D . Vital de S. Paulo, 395-96, 408.
- Naolonal de Ensino e Pesquiaas Agroll.(}mkss, 439.
centros de eultur-a art{stiea, 263-64, 267.
CJdadtJB
atividade pattoril e o desenvolvimento daa-, 69-70, 71.
burguesia das-, 84-85.
- , capita.ía polrtieas, 74-75.
- , centros de cultura intelectual, 9-10.
- "fortal~". 62.
- do litoral, 71-72.
- e o movimento reformador da educação, 382.
- nas regié5es das minas, 67-68, 69-70.
- do ICrtio comparadas h do litoral, 71-72.
desenvolvimc;nto das- no ~o XIX e a arquitetura, 273-74.
en&enbol e u-, 64.
estrutura toc:ial ou-, 84-85.
evolução e funçlo da•- brasileiru, 62-77.
ranúlias patriarcal e operúia e a urbanizacão, 428.
fatbrea de detenvolvimento da eivilizacão urbana. 74-77.
habitação nas-1 67, 72, 85,252. V. Habitar;Xo.
j eauttaJ e a bur&uelia urbana, 308-o9.
migraç6ol e •• - . 74, 440.
- Sl -
482 A CULTURA BRASILEIRA
-------------------
Cidades
nfvel intelectual da classe média urbana, 340-41.
ori(em du - brafiteiras, 66.
paisa&em urbana. e rural no Brasil, 53.
J)Opl.l.t.çAo das- nos ~os XVI e xvn, 64; de S. Paulo, 382; de Recife c: Olinda, 65, 2+4-46.
toponfmia das - , 66. ·
Cinema
Divisão do - Educativo, 419.
funçio educativa do-, 418.
Inltituto Nacional do - Educativo, 419.
Serviços de Rãdio e - Educativo, 419.
Cif'ili•ar;&o
car6ter cristão da- nacional, 142-
- do açúcar, 43.
- da ârea paatoril, 86-87.
- do couro, 45-46.
- ind(gena, 3$-36.
- ocidental, 36.
- do ouro, 44-46.
- pottucuesa e os jesu!tas, 293-97.
~:onceito de - , 1- 11.
fat6res do desenvolvimento da- urballJl, 74-77.
influblàas amerlndia, africana e ib&ica na- brasileira, 82, 104-07; ibérica e anglo-su:6-
niea na- brasileira. 22; sefardínica na - brasileira, 151 .
V. Cultura, Mentalidade, Sociedade.
Cl•ro Ca t61ioo
eapeliies das Casas Grandes, 132, 296.
cultura hurnantstica e a carreira eclesiástica, 426.
desnacionalização do -145.
id6al liberais e o-, 323.
interpenetraçio dos mundos clerical e pedagógico, 348-49
letras e o - 134-35.
laicizaçlo do Estado e a atitude do-, 143-45.
unidade cultural e os capelães., 314-15.
V. C.toücismo.
Co.Ulio
- Ab!lio, 346.
- Americano Fluminense, 366.
- Americano (Pe~). 366.
- Americano (POrto Alegre), 348.
íNDICE DE ASSUNTOS
CoMAio
- Americano (Taubatt), 366.
- Bcmtett (Rjo de Janeiro), 366.
-Brandão, 332.
- de Campinu, 346.
- de Campo Bdo, 346.
- do Caraça, 136, 331, 346, 347.
- do Centmirio (Rjo Chande do Sul), 366.
-de Conconba.a do Campo, 346.
- Or-anbery, 366.
- du IrmA• Marcd.ina•, 146.
- da1 Innls do Sagrado Cora.Çiio de Jesus, 146.
- Jubela Hendrix (Belo Horizonte), 366.
- doa Jelllftaa (Deet&ro), 346.
-do Dr. Kopke, 346.
- Meneses Vieira, 332, 346.
- Metodiata (Ribeirão Preto), 366.
- Mineiro (Juiz de Fora), 366.
- Naval, 435.
- de N"OII8 Senhora de Sion, 146.
- dea Oiseaux, 146.
- Pedro 11, 332, 333, 362, 371, 372, 428; e a educação ariatocrática, 332; e o ensino secun·
d6río, 344; e o eoaino relicioso, 352; ginãaio de tipo clllssico, 334.
- Piracicabeno, 348, 366.
- Procreseo. 346.
- de S. Joio, (Bahia), 346.
- de S. Lu1s, (I tu), 332, 346.
- de S. Paulo, 289.
- de S. Pedro de Alclntara, 346.
- Stall, 346.
- Unilo (UnJiU&iana), 366.
"coltcim" doe jeauiw, 288, J()(H)S. 348.
primeiros colqioe Jeip e protestantes, 348-<t9.
CoJorú•~o
ComiJroio
civiluaçio urbana e o - ,74.
C6dtgo comercial, 155.
- do pau·brasil, trMico e monop61io, 40.
Companhia das lndias Ocidentais, 140.
enaino comercial, 439,441. V . E«ola, Ensino.
tranapotte e o-, 54-56.
~· da J.-ua. V. ]uultaa
Comu~, V. Meie» de ComunkaçKo
~naturaia
clima e u -, 23-24.
COitas, 26.
fauna e aa - , 25.
flora e as-, 24-26.
fronteiru geoct'éficas, 4 7.
aeolocia, 25-46.
484 A CULTURA BRA S ILEIRA
meio fl'.sico, 8.
rd!vo c as - , 22-23.
teoria das translações continentais. 18, 21.
ConferBncias
- Nacionais de Educação, 383, 3&6, 411- 12.
Quarta Confcr!ncia Nacional de Educação, 396, 498.
Quinta Confcr!ncia Nacional de Educação, 398, 401, 407
Con.relaçlSes cat6licas, 134-36.
Con~reuc»
Consorvat6rio
- Dramático e Music:al d e S. Paulo, 270.
- de Mdsica, 267, 362.
- de M<asica de P ôrto Alegre, 270.
- de Mdsica do Recife, 270.
Conatitu~o
~r te
CriH
- da Igreja brasileira, 1<13-44.
- de 1929, 99-JOO.
Critica
- artfatica, 281-83.
capfrito critico e pensamento pedagógico durante o Imp&io, 353.
Cultura
arte e a - francesa, 255-59, 263.
Assembl6a Constituinte de 1.933 c a renovação cultural. 407-()8.
"Bildune". 6.
catoliciamo c a - nacional, 131-32, 13+-36, 145-46.
centros de- arrutica. 264, 269-70.
conceito de-, 1-9.
conceito de- brasileira, 11}-12.
- cient:ffica no Brasil e a reforma da Universidade de Coimbra, 317: e a transforma~
social, 438.
- colonial, 131-32, 209, 309; obscurantismo do Brasil ua ~poca colonial, 209.
- das elites e do resto da população, 337.
- de carãtcr enciclopédico, 165-&i.
- holandesa e a - portugUêsa, 246-47.
- humanística, V. Humanismo.
ÍNDICE DE ASSUNTOS 485
Cultura
- indfcC'Ila, 35.
- juridic:a, 155.
- qualitativa, 413.
"Cultw'a tipo", 6.
Departamento de Propacanda e Difuaão Cultural do Minist&io da J\.lltiça, 418.
D. joio Vl e a-espec:ialimda, 156-57, 327, e a cultura ceral. 182-83.
10 de N ovembro de 1937 e a polftic:a cultural, 409-10.
evoluçio da- bruileira: o Império e a República, 36o-61.
iniciativa privada na -lUIC:iooal. 327-28.
j~ e a - brasileira, V. Jesultas.
" Kultur". 5~.
" Kulturkreile", 4.
" Kultunebic:bten", 4.
liberelilmo e a pe.iaacem cultural brasileira , 322-25.
n[vel cultural e aiatemaa eacolaree, 372-73.
orpnizaçlo econômica e o tipo de-, 437.
poiftica n acional de educação e-, 454.
proteatantilmo e a - brasileira, 141-42.
rmea biatóricas do desenvolvimento da-. 4Z5-26.
reliftiio ~ a - nacional, 127- 28.
RepOblica, do ponto de vista cultural, 370.
Semin6rio de Ollnda, aua in.n ueocia cultural, 318. V. Semiotrío de Olinda.
Sociedade de- Artfatica, 270.
unidade cultural do pala, V. Unidade.
IDlivenidadet e • rormaçlio de elites culturais, 445, seu papel em nosso mtema
cultural, 44H7.
V. Ataimihtç6o, Civili•l!ÇXo. Edu~o, Mentalidade, Profisdo.
DemocriiCia
- Administrativo do ServiQO P6blico, D. A. S. P ., 412, 454.
cultur'a hwnantttic:a e o eap[.rito democ:râtico, 428.
democ:rat:UaçJo do- enJioo, 409-10, 414, 429.
deecentralizaçio do ensino e a aproximação d e classes sociais, 379.
D.DKJ4rafia. V. Popu~.
Departamento
- Administrativo do Serviço P6blico, D. A. S. P ., 412, 454.
- Municipal de Cultura de S. Paulo, 236.
- de Propacanda e DiJu.alo Cultural do Ministério da justiça, 418.
DeHnllo
c:aricaturi.stu, 265-66.
- humorfatico e caricatura, 266.
Eecola de - e Pintura de Curitiba, 269.
V. Arte.
Diama.ntea, V. Mt'nas
Dire1'to
aac:ensão aocial e o çau de bacharel, 152-53, 301, 444.
a cultura jurídica , 155, nucimento, 166; e a cultura humanística e Uterâria , •426.
direçl'o polttica do pals e oe bacharas, 162-63.
Faculdades de - no paf•. 338.
innuettc:ia da mentalidade jurídica e Jll'Ofissi:onal, 377.
mentalidade jurídica na legislação escolar a partir d e 1891, 360.
prepoodet&ncia do j urídico .Obre o econômico, 163.
preatfcio do bachard, 161.
V. Le•ialaçlo.
Economia.
atraÇão de imi&rantea europeus e a - , 5o-51.
c:18llel ecooOmic:u e a literatw"a. 173, 178.
clauea eoc:im e a vida econOmica do pafa, 52-53.
deaenvolvimento tecnolócico e o eç6car, 151-52.
deainter&se ecoo&nico, 112-13.
divido do trabalho e hierarquia de tipos proíJ.SSionais, 443.
- no dec:enio de 1931-41, 439-40.
eacrevidão necre e o trabalho livre, 52, 358.
486 A CULTU RA BRASILEIRA _ _ _ _ __ _ __
Economia
evolução d e idéias educacionais e transformações econômicas, 382.
Faculdade de-, Política e Direito do D istrito Federal, 406.
fronteiras econ6micas, 47-48.
Ofiani.c.ação econômica e divetsifícação. educacional, 437; e d!Venificaçio profissional,
438; e o tipo de cult~ 437.
pequena propriedade e a - , 99--100.
sitti:D'Ia educacional e a evolução da vida econômica, 381, 391; e o nlvel econômico e cuJ.
tural, 373-74.
sociedade colonial: rua estrutura e a - do aÇ'Iicat, 82-85.
rurt'O induatrial e os novos problc:IJ'IaS, 98-99, 358, 440-41.
rdaçõe8 entre o apogeu econômico e o apogeu arttstico, 248.
V. Ã.l ricultura, Comércio, Estatí:.tica, Gado, Indú~ tria .
Educaç6o
Asabciação Brrurileira de - 383-84, 385, 386, 391, 394.
" Biblioteca de -.•, (Editada pela Cia. Melhoramentos de S. Paulo), 392.
" Biblioteca Peda&6iica BraJileiran (Editada pela Cia. Editora Nacional), 392.
bOJaas de eatudos para a Ammca do Norte, 452; para a Europa, 452: para a Univer~idade
de Coimbra, 317.
Cflltraliznçiio e descentralização educacional ,V . Unidade .
cinema educativo, v. c .·nema.
conçnaoe e confer~cia11 de-, V. Con/er~ncias, ConArtt~:ws .
debates de questõu de- 384, 386-87.
diversidade de--das várias classes sociais, 33.+-37, 340, 37~, 379, 436.
- est~tia~, 280-81.
- feminina, 372, 379.
- bumarúltica , V. Huma.nisr:no.
- jesuttica, V. ]uuítas.
educadores proteStantes e idéias pedagógicas americanaf, 366.
" Educ:ation Act", de Lord Fisber, 381.
eltatfst:ica da-, V. Eat•tl.tica.
~lia d os centros urbanos e o movimmto reformador da- 382.
cuaso de bachar& e doutores, 162.
fWlçâo IOCia1 da escola. 354-55.
crandes educadores brasileiros, 341, 3 73-74.
cnaus de bacharel e de Mestre em Artes c ascensão soetal, 152-53, 301.
Igrej a , sua poUtica escolar, 395; e as reformas pcdag6r;iCAS, 396-99, 400. V. Cato/ici~mo,
Proteatantiamo.
inidatlvat privadas e a -, 349.
i01trução e manifestação cultural n o Império, 354.
interpa~etraçio do mWldO clerical e do mWldo pedo.g6gico, 348-49.
legisht~ii.o nacional e a - , V. Corl$tituiçl.o. r..,gisl~o .
Manif'eato doa pioneiros da educação nova, 397- 98.
Ministério da Educação e Saúde, 393, 396, 411, 442, 417, 419, 420- 21.
Minist~rlo da Instrução, Correios e Telégrafos, 362.
naclonaliznção das escolas do sql do pais, 41l.
novaa correntes pedagógicas, 384-'87.
novos Ideais pedagógicos em Portugal, 312.
Pedagor;ium, 380; e a unidade do ensino nacional, 363.
poUtica educacional e cultw-al, 454--455; condições d e sua unidade orglnica, 387; como
funçio da política em geral, 454.
política educacional e a Independ@nci:l, 328-29.
poUtiat imperial de - e as atitudes pessoais do Im~rador, 3SQ-51.
polftica pof'tu&U~ e a - no Brasil, 302-06.
projetot de reforma, V. Reforma educacional.
prol'csaoces estraniciros, Missões 237-38, 446, 453.
r6dio educativo, V. RAdio.
reformas educacionais, V. Relor01a educacional.
reli&iõo, V. C.tolicivno, PcotestaDtismo, ReliAiHo.
renov~io da - e a Assembl6a Constituinte de 1933, 407; e a política Pan·americana,
416; e o Seminário d e Olinda, 324-25, V. Reforma edu~ion al.
revolução d e 1930 e a - , 392-94, 396, 398-402.
sistemas C$COI.ares federais e estaduais. 380; e as tra!Ufonnaçõeil políticas c!a Europa post ·
&Uerta, 381; e o nfvel econômico e cultural, 373-74.
univenidades, seu papel, 355, 445, 447. V. Universidades.
V. Cultura. Ensino, Bsoola, Tnstituições Pedal6,icas, 1Ai is/JJÇ8o, Pro fiulJes, Uni-
'ltlreidade.
1NDICE DE ASSUNTOS 487
EJitH
ualmi.laçio du - , 152.
c:lasle diriaente, uma dite intelectual, 375.
diterença entre a cultura das-e do resto da população, 337.
educação popo.lar e a formação de ~. 379-80.
~ção das -,132.
~ das- intcl«tuais, 169.
univenidade, eeu papel na formação das - culturais. 445.
Erllenharia
EKOla de-, 376. V. Eacola, Instituto.
- e estudoe objetivos, 159.
projeçio IOCial do e:neenheiro, 159, 162, 376, 444.
vultos da - no Bruil, 159.
Enlenhos
cidades e os-, 64.
- , foooe de meltlçaeem, 294.
- , fAbriC'I\S , fottaleaaa, 84.
senhor de enaenho e o jesuíta, 295.
V. Casa Grande.
..iatas, 197-98.
~tn
Encaino
aulaa e escol.os r~&ias, 313, 315-16; sua oricntaçjo c a estrutura da sociedade colonial
321-22.
ccntral.isaçio e descentralização do-, V. Unidade.
c:unoe de d~cias puru no 1\lu.ecu Nacional, 350.
democratizaçio do-, 409-10, 414; do-acomcUrio c a Conetituiçio de 91, 429.
- eapecial, 362, 432; Imperial Instituto de Meninoa Cqoa, 362; Instituto de Cqoa, 431-32;
Instituto de Surdoa Mudoa, 362, 431-32.
- feminino aecu.ndlrio, 372, 37g, 409; feminino wpaior, 379.
- bumanlltico, V. Harruanisrno.
- jewftico, V. J..utt...
- militar, 431, 433-37.
- naval, 433-37.
- nonnal, 374, 403-<>4; 453; formação de profes.ores primários, 450; formaçlo de profea·
eorea .ccundArios, 45o-51; freqüência feminina, 379; e a pcda&oeia notte-ameri·
cana, 365-75.
- objetivo c a Escola de Minas de Ouro Pr~. 341, 351.
- primAria, 373, 403, 408-09, 412-13; descentralizaçio do - c a constituição de 91, 359,
379-80; durante o Império, 335; estatística do-335, 344, 312-13, 429: CZJ)etlllo
do-, 429; formaçlo do professorado de-, 429; intervençlo da Unilo no - 386;
- jesuftioo, 291-92; tipo de -confiado às provinciu, 343.
- secund6rio, 34H7, 371-72, 404, 409,413, dero.ocratizaçilo do-.429; ''-de classe",
4:lP; oetaUetiea do-, 43P; ezpansãp, 409;- feminíoo, 372, 309, 40P; fcmnaçio
do profetaorado de- ,451;- jeS\Útico, 2~300, 301..02, contr61e do (I;Ovfrno central,
359-60; influ~cia relifriosa no-, 431: institutos particulares, 346-47; -e 01 Ja-
zarútaa, 347-48;- e os liceus, 345; rebai:Jamento de ofvel no, 429; reformas do-,
380, V. Reforma educacional; e os salesianos c beneditinos, 348;- de tipo elú-
sioo, 344.
- wperior, 393- 94, 404-05, 409, 413-14, 445-51, 453; durante o Imp&\o, 338-39, 340;
estatística do- 156, 336, 338, 376, 432, 444, 448; freqüb\cia fcmininll no- 379;
- e o aov!mo da União, 359-60;-jcsuitico, 199-300, 301;-proiaaional, 42~7 ;
43l-32; profiuional de base literária, 367~; profillionalila~ do-, 327-28,
368, 428-29, 432-33; reformas do-, 380. V. Reforme Educat:ioru&l.
- tknic:o e proliseional, 377-79, 404, 410, 441-42, 44:l-43, - e a burcuetia, 377;-co-
mcrcial, 439, 441-42: - c a constituição de 37, 442; coopereçio de l6bricu e ofi.
cinu, 442-43; estatísticu do-443-44:- no l mp&io, 336; indortrial, 443-45;
e • mf!ntalid.-f' ~l'"nt'T'ata, 337; - em S . Paulo, 439; -l'U~I'Ir e 111 ~evOhJçi5n
francesa, 431.
especializaçlo do - e o deaenvolvirnento das indústrias, 437, 441-+i2 e a transformaçio
tocial, 443-44.-
apanslo e - da Unrua ~êsa, 292, 296.
rmalidade profiaional do-. 154.
Fraoc:ilc:anoa e o - apoio A Refonna de Pombal, 316.
laiciuç1lo do - . 364-65. 366-67, 396-97.
488 A CUL'l'URA BRASILEIRA
Enamo
Eaoola
&cola
- Nacional de Veterinária, 439, ~2.
- Naval, 435-36.
- Normal de S. Paulo, 374.
- PoUtk:nica do Rio Grande do Sul, 367.
- Politknica do Rio de Janeiro, 152, 225--27, 362.
- Politbica de S . Paulo, 367, 374.
- Pritiea de Artilharia de Marinha, 435.
- Prortsaional Sousa ~ac (Distrito Federal), 377.
-Real de Ci~ciat. Arte• e Ofícios, 256, 328.
- Rqional de Meriti, (Estado do Rio de Janeiro), 383.
- Superior de A&ricultura "Luís de Queirw" , 375, 378, 439.
- Superior de Açicultura e Veterinária, 439, 442.
- Superior de Açicultura e Veterinária de Minas Ge['8is, 439.
- Superior de Guerra, 434, 435.
- Tkniea do Eú:rcito, 434.
- Tf;cnica do MackC"JUie Collqe, 441.
- de Veterin6rla, 434.
- de Veterin6rla de Olinda, 146.
escola• de altos estudos, missão das, 446-47.
escola• de aprendizes e artifices, 4391 442-43.
''eac:olaa" arUatlcas e deteentrali.tação política, 269.
ucolaJ de encenbaria, 376.
e8c:Olu n01 mosteiros, 135-36.
eecotaa prora.sionais, aç{c:olas, 439;- de comércio, 441; - industria is, 439.
CIC:OW protestantes no recime republicano, 366.
escolu do aul do pala, nac:ionaliJaçio, 412-13.
eKOlas superiorea, DOVOI dpoa, 432; predomfnio, 449.
escolu superiores prora.sionais no Império, função, 431-32.
eatats.tica C3c:Olar, V. &tat/atica.
&ztemato Aquino, 346.
funçio IOCial du - . 355.
inatitui~ p&rticularea de ensino $ecundário, 346-49.
Maclotnàe Colleae. 141, 348, 367, 375-76, 441.
Perto Alqre Collece, 366.
primeira• exo1u do Bruil, 131, 211-12, 288, 291, 348.
sinemas CIC:Olares e o nfvel econ6rnieo e cultural. 373.
V. Edu~. Enaino. Inatituiç&s Pedqt,~. Lefislaçl.o.
E.coUata
cultura- do periodo colonial, 209-lL
mentalidade- na Penlntula Ib&ica, 297.
Ecrtwíd~ Netra
abollcionilmo, V. Aboliçlo
atividade industrial e 01 c9CTavos, 53, 437.
deeenvolvimento da a&rlc:ultuta e a-. 437.
eatrutura econômica colonial e a-, 4t-42.
eetrutura !IOcial colonial e a-, 82-83.
Introdução da - , no Bruil, 43.
trabalho livre e a - , 358.
mentalidade escravoaata e o enaino técnico, 335-36.
miidcenaçio e a diltlncia social entre senhores e escravos, 82-83.
V. Alria.noa, AuimiJaç6o.
E.:lcultura
Aleijadinho, 24~50, 271.
- doa clauttroa do Nordeste, 247-48.
- moderna, 271.
- barroca, 246-48; barroco civil e o absolutismo pOlftico, 252; diferençu regionais na
- . 247-48.
raa.ud.mento da-. '271.
tortudca, 24~50, 271.
V. Azte, Inatítuiç{Seft artíaticas.
Etlpiríto
aUJeocia de- de cooperação, 115.
- cat6lieo, 288; renascimento do-, 145.
490 A CULTU RA BRASILEIRA
&plrito
- critico e a biblioçafia pedagógica brasileira no Império, 353.
- democrático e o ensino humanístico, 428.
- nadonal, V. Unidade.
- federativo, 90-91, 358-59.
V. Ment.Udade, Ca.r~ter.
&pjriti•zno
expansão do-, 142.
Federação esptrlta, 143.
& tad istas
- c • eloqüblcia parlamentar, 190-91.
- do Império, 91-92 .
.&tatiatic.a
bibliotecu, movimento, 416-17.
de~Cnvolvimento da-e a Revolução de 1930, 421-22.
- demoe:r6fica, V. Popular;&o.
- do ensino, analfabetismo, 373;- primário, 344, 354, 413, 429-30; - profissional, 440;
- aecundtu:io, 440.; -superior, 156, 336, 338, 376, 432, 4-44, 44R.
- da difusão de jomai.s, 415-16.
- da difuaão de revistas brasileiras, 415-16.
- du eac:olas de preparação àa profissões liberuis, 432.
- de ímiCJ1Ultes, 358, 373, 43g.....w,
- de ind6strias, capitais invertidos, 357; mão-de-obra, 437, 439-40; produção, 57-59.
440; de propriedade$, 44D-41.
- do movimento editorial de livros, 415.
- da produtão de açúcar, 42.
- do produção de café, 49-SO.
- da produção de couros, 46.
- da produção de diamantes, 44.
- da produçio de fumo, 42.
- da produção de ouro, 44.
- de propriedades qricolas, 99, 440-41.
- de ridios transmislores, 417-18.
- doa templos e religíões, 141-42,
lnatituto &asileiro de Cko&rafia e Estatística, 236, 422, 454.
rec:cnscarnmto, V. Popul~o.
serviços cstat:btic:os, 421-22.
EtnoloAia
estudos etnológicos no Brasil, 234-35.
Exped~s
Rxped.içã.o Agauiz, 219, 225.
~içio científica das províncias do N orte. 225.
Espedjção Marchoux-Simood, 163.
Expedição Thayer, 219.
V. Mi:ssiks científicas.
Ft~r;uldade
-de Direito da Bahia, 367.
- de Direito de Fortaleza, 367.
- de Direito de Manaus, 367.
- de Direito de Minas, 367, 444, 445.
- de Direito de Olinda , 154, 213, 431.
- de Direito do Pará, 367.
- de Direito de P &to Alegre , 367.
- de Direito do Recife, 336, 431.
- de Direito do Rio de Janeiro, 367.
1NDICE DE ASSUNTOS 4!1 1
Faculdade
- de Direito de S. Paulo, 154, 213, 33~37 .
-de Economia, Polltica e Direito da Univcnidade do Distrito Federal, 406.
-de FU010r14, Cienciu e Letras da Universidade do Diatrito Federal, 406, 414, ~7 -
- de Filoeof"~a, Cienciaa e Letras da Universidade de S. Paulo, 236, 406, 413, 446,
448, 450, 451 , 452.
- de Fíloeofia de S. Bento, 406.
- de Medicina de M inu Gerais, 444, 446.
- de Medicina de S. Paulo, 375.
- Nac:iooal de Filosofia, 406, 414, 446.
faculdades de direito, 155-56, 336.
faculdades de medicina do país, 338-376.
FamJlia
ação educativa doe jesuítas e a - patriarcal, 295.
dominio du "uandea famlliaa", 99-100.
- operúia c a urbanização, 428.
- patriarcal e a cultura hurnantatica, 4'28; e a urbanitaçãb, 4:18.
eolldez e ooeeito da -brasileira, 115.
Filoi/IOiia
detláa e-, 238-39.
- tiCOiútica, influhtcia, no Brasil 131-32, 297.
- de Pariu Brito, 241-42.
- poeitiviata, V. Poeitiviarno.
Fico
impôlto do quinto. 44.
subefdio literário, 313.
Plsica
- no Bruil, 219-20, 449.
llaic:os DO Brasil, 227-28.
Folclore
Sociedade de Etnocr.úla e - , 236.
Franco-maçonaria
Areópa&o de Itambé, 137.
Grande Oriente, 137.
hjat6ria da-, 137.
ideaia liberais e a -. 323.
uniio, lifeja e E11tado e a-. 137-38.
Fronteira•
- econ6micns e geogrâfica~. 47-48.
Gado
área pastoril, 85.
Casa da TOn-e, 45.
couro, civiliuçio do-, 45-46; estatístic:a da produção do-. 46.
criaçio do - e a ocupação do sertão, 45-46.
- vacum, oriaem no Brasil, 45.
pastoreio e u formações urbanas, 67-72.
Grau
- de bacharel, e aacensio social, 152-53, 301, 44-3-44; e a direção poUtica do pais, 162~4.
- de mestre em a.rtea e asoensão !IOc:ial, 301.
Geopafia
carta. itinerária e geo16cic:a, 225.
eatudot &eocrãfieo~ no Brasil, 234-35.
frOnteiras ceor;ráricu, 47-48.
492 A CUL TURA BRASILEIRA
G-eo~ralia
Geolo~ia e Paleontolo~ia
Gin~a.io
- Baiano, 332.
- de Barbacena, 332.
- do Rlo de Janeiro, 332.
&inhios evana~licos da Bahia, 141.
V . lnatitui9l$es pedaUJ~icas.
Gov6rno, V. Po/Jtica
Guerra
- dos Farrapos, 91-92. .
- ew"'p6a e o sistema educ:.acional bras1"1ciro, 381-39L
-do P ara&uai, 91, 433.
Habit111!;6o
cua colonial, 252-S3.
c:ua em S. Paulo, no século XVll, 67.
manaio urbana, 85.
tipo de - urbana, 73.
Hist6ri•
literatura e a - , 196-97.
Serviço do Patrimônio Híst6rico e Artístico Nacional, 420-21.
V. Inatituto, Mueeu.
Humanismo
carreira eclesiástica e o-, 426.
carreira juridica e o -, 426.
cultura literária e o-, 426-28.
diferenciação reaiona1 e-. 132.
dietinçAo de classes aociais e - , 427-28.
en1ino humanístico e as reforma~~ de P ombal, 427.
elp{rito demoaãtico e o-, 428.
estudos humanlst.ieos e a Provincia d e Minas Gerais, 347.
ramrua ~t:riarcal e o-. 428.
jeeultaa e o-, 298, 304, 306-07.
mentalidade humatústica e mentalidade poc;itivista, 36G-61, 364
unidade cultural nacional e o - , 132-33, 152, 427.
!~reja
lmi~raç6o, V. Populaçlo
Jrnprei!M
A-, no periodo rcpubliea.no, 415.
Aatoc:i.a çlo Brasileira de-, 415.
difusio da-, :l02.
- rqia, 211.
lmpretaio Nacional, 3:l5, 326.
lmprestlo Rqia, 325, 326.
liberdade de- e os movimentos políticos no lmp&io, 183-34.
V. Jornais, Reviatas.
lndioa. V. lndllens•
lndllenas
art~ populares' e artes-, 269-70.
clviliz'ação indfgena, 35-36.
defcaa doa- c oa jesuítas, 13G-31.
- e o catoliciamo, 133-34.
m(lsica popular, influ~cia afro-india, 254-SS.
população indfgena, 28-31.
reduções, 310.
temas- c o romantismo, 18~6.
os valores nativos e 01 jesuítas, 292.
V. AsalmilsçKo.
lndiriduah'a mo
- bcasileiro, 44, 114-17.
relaçio lndivfduo-Estado, 117- 18.
lnd6tllria
eapitaia invertidoJ na-, 357.
coopençio da- na educação profissional, 442.
desenvolvimento da- no Brasil, 55-57.
especi.al.izaçio prof'lsaional e a-, 437-38.
energia motof'l, 57-58.
eacolaa profwionais industriais, 438-39.
eacravos e mestiçlos na ind6.stria, 52. 431.
especialinção do enaino e a-, 437-43.
~taUstiea industrial, V. &tatlstica,
- extrativa, V. M•'neraçKo, Mina&.
- complementar da monocultura, 51.
industrioliamo, 56-59; condições indispensivei.i, S&-5'9.
inddstrias regionais, 269-70.
je&ufto.e e a - 3 07-08.
liceus industriais, V. Liceu.
mineração, V. Estatletica, Minas .
reprodução industrial de objetos artísticos, 280.
Superintendblc:ia do Ensino Industrial do Ministério da Educaçlo e Saddc, 441-U.
surto industrial de 1914 e 1920, 357; e a fisionomia da nação 438-39; e 01 novos problemas,
441-42: - em S. Paulo, 98-99.
Imtitu to
Imperial -de Menin.oa Cqos, 362.
- Aç{cola de I tahlra, ;f.J9.
- Agrícola de Ubctaba, 439.
494 A CULTURA BRASILEIRA
------------------
Instituto
- de Ac"ronomia e Veterinária ''Borges de MedtiTos". 378, '\39.
- Aaroa&nico de Campinas ou do Estado de S . Paulo, 370, 374-75, 404.
- de Artes da Universidade do Distrito Fedm~l, 406.
- Bacteriol6gieo, 375.
- de Belu·Artes de P ôrto Alegre, 269.
- Biol6gieo de S. Paulo, 375, 404.
- Brasil-Estados Unidos do Rio de janeiro, 416.
- Brasileiro de Geografia e Estatística, 236, 422, 454.
- But.antã, 375.
- Cairu, 417.
- d e Cqos, 432.
- de Educaçio, 403.
- de Eletricidade e Meclnica de Montauri, 439.
- Rletrotknico de I~ubá, 378, 439.
- Fluminense de Agricultura, 228.
- Gamon, 141.
- Ginasial (Passo Fundo), R. G. do Sul, 366.
- Granbery,, 141.
- de Higiene de S. Paulo, 404.
- Hlat6rico e Geográfico de Pernambuco, 135.
- Histórico e Geo.g rlúico do Rio d e Janeiro, 349,
- Histórico de S. Paulo, 235.
- Imperial Ardstico, 265.
- de ManKUinhos, 164-65, 231-34, 268-69.
- de Mol&tias Tropicais, (Hamburgo), 404.
- Nacional de Cinema Educativo, 419.
- Nacional de Estudos Pedagógicos, 412,413.
- Nacional do Livro, 417.
- Nacional de Música, 267, 270, 278, 362.
- de Par~. do Rio Grande do Sul, 439.
- Politbico de S. Paulo, 158.
- de Qulmica Indwtrial, 439.
- de Quúnica do Rio de Janeiro, 367.
- de Surdos-Mudos, 362, 432.
institutos cientificas, sua ímalidade utilitária, 368-69.
inetitutoa particulares de ensino secundário, 345-49.
institutoa de pesquisa e escolas para profisaões liberais, eat atbtica, 376.
Jardim
arte dos jardins e arquitetura, ns.
- Bot&nico do Rio de Janeiro, 135, 369.
Real Horto, 211.
Real Jardim Bot&nico, 211, 228-29.
) etJulta•
auimilaçào das etit:es c a cultura dos -152.
burguesia urbana e os - , 308.
casa vande e O&-, 29+-97.
"col~io" dos-, 289, 30D-02, 308, 348.
Companhia de Jesus no Brasil, 1 27~32, 348 grandes vultos, 288-89; hiat6nco, 287-88,
297-298.
CXIOtinuadorcs da obra dos-, 321-22.
eultura bruileira e os - , 425-26.
cultura dos-, 298.
d efesa dos • elvicolas e os-, 12~30_
educação colonial e os-,303-07; e a upulsão dos-, 134, 312- 17, 321-22.
enàno doa - no Brasil, 29~7; elementar, 291; m&lio e superior, 293-300; 306-07; re~
ao, 152.
czpultão dos-, em 1759, 312-17, 321-22; e o novo rumo da cultura braaileira, 153-54; o
ailtema de educação colonial e os - . 321-22.
bumandmo e os-, 298, 304, 3{)6-{)9.
ind6atria e oa - , 307~8.
- e o Colqio de S. Paulo, hist6rico, 289.
- e os valores nativos, 292.
lavoura e os-, 307-os.
Ungua tupi e os-, 171-80.
rniatOes de-, 127-29, 288.
lND J CE D E ASSUNTOS 495
J eeultas
m!Mi.o civilizadora d os-, 298-300.
mOtal e 01--. 127, 293, 299.
nac:ionalidade doe- c a co1oniraçào estrangeira, 348.
" N ovum Orpnum" e os-,311.
opinilo europea 16bre os-, 31()-11.
Padre J<* de Anchieta, apoltolado, 29()-91; biografta, 289-90.
pensamento pc<ia&ólico dos- e dos enciclopedistas franceses, 317-18
poUtica doe prlmeiroe covemadores e os-, 128-129.
poUtica educacional doe-, 291-96, 309.
poUtica de P ombal e os-, 311, 313.
propaeaçio da civilização portuguba e os-, 293, 296-98.
" R atio Studiorum" , 299.
reduçõet de {ndiot, 310.
semin6rloe e os-, 303-<>4.
trad içio cultural dos-, 3 18.
unidade nacional, unidade cultural e os- 309-10
unidade polltica c o apostolado jesultico, 291.
" verdadeiro m~todo de estudar'' , 311.
vida dos- em Piratinin&a. 128.
] o r~a
"Aurora Flwníncnsc", 183.
"Di!rloa Aaociadoa", 415.
"Di.irio de Notlciu" (Rio de Janeiro) 401.
"Di6rio de S. Paulo", 415.
" Diirio Oficial do Imp&io", 326.
"Diârio do Rio de Janeiro", 325.
difuaão doe-,eatatfstica, 415-16.
"Gazeta do Rio de J aneiro'', 325.
"J ornal do Brtlail", ~1.
"Jom.al do Com&cio", 415.
jom.al, demento de expan&io e unidade cultural, 415-16.
"0 Baiano". 183.
"0 Correio da Manhã", 41 S.
"0 Estado de S. P aulo", 415.
"0 I mparcial", 415.
''O Jornal". 401.
''Obeervador Conttitucional", 183.
"O Tamoio", 183.
''O Univenal", 183.
] ornaliamo
Grandea fi&Was do, - no perlodo republicano, 418.
.u.rto do-. e a liberdade de l mprenu., 183-84.
V, Aaooo/ag.fo, ] mpronfJIII, ]ornai 6.
wroura, v. A~riculturA
IA~ial_,.o
Administraçlo do Ensino
Ato Adicional de 1834, tranafere para os Estados a in.s trução primária, 359.
Decretos de 20 de abril de 1878 e de 19 de abril de 1879, abolem a obriaatoriedade do
ensino rdiaioeo no Col6aio P edro n, 352.
Decreto n ." 331-A de 1854, aia o Conselho D iretor da l ostruçio P6blica, 344.
Decreto n.• 667 de 16 de ag&to de 1890, cria o "Peda&ogium", 411.
Decreto o .• 3 890 de 1 de janeiro de 1901, institui o C6digo de EMino, 371.
Dc:creto o.• l 270 de 10 de janeiro de 18'91, Reíoona ~amim Corutant. 338.
Decreto de 5 de abril de 1911, Reforma Rivadâvia Correia, 371.
Decreto o .• 11 SJO de 18 de março de 1915, Reforma Carlos MuimUiano, 338"
Decreto o.• 16 782 de 13 de janeiro de 1925, Reforma Rocha Vaz, 338.
Decreto n .• 3 281 de 23 de janeiro de 1928, reforma o ensino p6blíco no Distrito
F edCf'a.l, 389,-91.
Decreto o.• 2 940 de 22 de dezembro de 1928, regulamenta a lei búic.a do enaioo
público, no Distrito F ederal, 391.
Decreto n .• 19 890 de 19 de abril de 1931, reforma Franciaco de Campos, 394.
Decreto eatadual n.• 5 884 de 21 de abril de 1933 (Estado de S. Paulo), orcaniu. o
Códlao de Edu<"açio, 419.
496 A CULTURA BRASILEIRA
Administrat;ão do Ensir;o
Decreto n.• 24 787 de 14 de julho de 1934, fixa as bases da Convenção Nacional
de Educação, 411.
Dtcreto n .• 580 de 31 de janeiro de 1938, cria o Instituto Nacional de Estudos
Pedag6gicos, 411.
Decreto n .• 868 de 18 de novembro de 1938, institui a Comiuão Nacional do Eft-
lino Primário, 411.
Decreto n.• 6 788 de 30 de janeiro de 1941, convoca a [ Conferencia Nacional ck
Educação, 411.
Lã n.• 378 de 13 de janeiro de 1937, cria no Minist~no da Educação e Sa6de, o ~na.
tituto Nacional de Pedagogia, dispõe sllbrc as Conferblclas Nacionais de Educação,
etc.• 419.
Diver«HJ
C6digo Civil. 155.
C6digo Comercial, 155.
con&olidação das lei.s civis, 155.
constituições, V. Constituiçilo.
Decreto de 28 de fevereiro de 1808, franqueia os portot do Brasil à navegação e ao
com~cio exterior, 211.
Decreto Imperial de 27 de junho de 1887, cria a Estação Agronômica de Campinas,
374.
D ecreto de 8 de fevereiro de 1892, transfere a Estação AgronOmicn de Campinas para
o donúnio do Estado de S. Paulo, com o nome de llllltituto AifonOmico, 374.
Decreto n.• 3 281 de 23 de janeiro de 1928, arts. 296, 297 e
Decreto n.• 2 940 de 22 de novembro de 1928, arts. 633 e 635, r~lamentam o
emprego do cinema para ÍlllS escolares, 419.
Decreto n.• 3 763 de 1 de fevereiro de 1932, cria, no Distrito Federal, a Divisio
do Cinema Educativo, 419.
Decreto estadual n.• 5 447 de 29 de março de 1932 (Estado de S. Paulo), reforma o
Instituto Agronômico. 375.
Decreto n.• 24 609 de 6 de julho de 1934, cria o I nstituto Nacional de Estatistiea,
422.
Decreto o.• 21 240 de 4 de abril de 1932, nacionaliza o ~etviço de censura d06 fil:mn
cinematogrificos, 419.
Decreto o.• .22 928 de 12 de julho de 1933, transforma em Monumento Nacional a
cid.a de de Ouro Prêto, 420.
Decreto o .• 24 735 de 14 de julho de 1934, cria a Inspetoria dos Monumentos Na-
cionais, 420.
Decreto estadual n.• 7 312 de 5 de julho de 1935, rerom'a o Instituto Agronômico,
375.
Decreto n.• 24 651 de 10 de julho de 1934, cria o Departamento de Propaganda e
Difusão Cultural no Ministério da Justiça, 419.
Decreto-lei n.o 25 de 30 de novembro de 1937, cria o Serviço do Patrimônio Histórico
e Ardstico Nacional, 420.
Decreto estadual n.• 2 227-A de 1937, refonna o Instituto Agronômico, 375.
Ensino ComercjaJ
Decreto n.• 17 329 de 19261 reorganiza o ensino comercinl federal, 441.
Decreto n.• 20 158 de 1931, reorganiza o ensino comercial federal, 441.
Entsino militar
Carta de lei de 4 de dezembro de 1810, funda a Real Academia Militar, 433.
Decnto n.o 1 536 de 25 de janeiro de 1855, cria a Ea:eola M1litar de Aplicação, 433.
Decreto n.• 2 116 de 1 de março de 1858, reorganua a Elc:ola Militar, 433.
Decreto n.• S 600 de 25 de abril de 1874, transforma a Exola Central Militar e.-
EKOla Politécnica, 433.
Decreto n.• 330 de 12 de abó1 de 1890, reorganiza as Escolas Militares do Rio de J•·
neiro e de POrto Alegre. 433.
Decreto n .• 1 256 de 10 de janeiro de 1891, reorganiza a Escola Naval, 435.
Ensino superior
Decreto de 1 de abril de 1813, cria a Academia M&iico Cirurgica, 211.
Carta Régia de 11 de ag&to d e .1827, cria dois c:unos de ci!ncias jurld.ico..soc:iais, 336.
Decreto n.• 1 386 de 28 de abn1 de 1854, dã nova orgonizaçiio aos cunos jurid.icm,
336.
Decreto n.0 1 134 de 30 de março de 1853, transfere a Faculdade de Direito d1!
Olinda para Recife. 336.
1NDICE DE ASSUNTOS
Enaino auperior
Decreto n.• 1 386 de 1853, rcorpniza os cursos jurfdicoe, 336.
Decreto n.• 1 387 de 28 de abril de 1854, reorgani.aa &I duas faculdades de medí·
cina do Imp&io, 338.
Decreto n.• 7 247 d.e 19 de abril de 1879, reforma o ensino m€dico, na Reforma Le-
&ncio de Carvalho, 338.
Decreto n.• 8 024 de 12 de março de 1881, reforma o ensino m€dieo, 338.
Decreto n.• 8 918 de 31 de março de 1883, reforma o emi.no mEdico, 338.
Decreto de 25 de outubro de 1884, reforma o ensino m€dieo, 338.
Decreto estadual n.• 1 266 de 18 de fevereito de 1905 (lUtado de S. P aulo), reforma
a E scola A&tfeola Luis de Queiroz, 439.
Decreto estadual n.• 1 536 de 1922 e 3 070 de 1919, reformam a .Eecola Agrleola LW.
de QueiroJ, 439.
Decreto n.• 19 851 dt' 11 de abril de 1931, organiza o enlino universit6.rio, 446,
450.
Decreto n .• 19 852 de 11 de abril de 1931, organiza a Universidade do Rio de Ja-
neiro, 446.
Decreto estadual n.• 22 579 de 27 de n1arço de 1933 (Estado de Minas Gerais), cria
a Universidade de Minas Gerais, 446.
Decreto n. 0 23 172 de 1933, cria a Escola Nacional de Química, 442.
Decreto estadual n.• 6 283 de 25 de janeiro de 1934 (Estado de S. Paulo), cria a Uni-
versidade de S. Paulo, 338.
Decreto n.• 5 758 de 28 de novembro de 1934, cria a Universidade de Ptlrto Aleere,
446.
Decreto n.• 24 738 de 14 de julho de 1934, cria a Universidade Tknica do Distrito
Federal, 442.
Lei n.• 452 de 5 de julho de 1937, organiza a Universidade do BruU e cria a Facul-
dade Nacional de Filosoísa. 414.
Lei estadual n .• 678 de 1901, (Estado de S. Paulo) , cria a Escola Superior de A.rricul·
tura de Piracicaba, 439.
Lei estadual n.• 2 111 de 1925 (Estado de S. Paulo), estabelece 01 títuloe a xrem eoo·
feridos pela Escola Ac:neola Luis de Queira%, 439.
Bnaino t6cmeo profiuional
Decreto n.• 4 073 de 30 de janeiro de 1942, orpni.m o ensino ticnieo prof'auiooal, 443.
Liberalismo
biocraf'~a de Azeredo Coutinho, 323.
dero e o-, 322- 23.
Franco-Maçonaria e o -, 323.
Içeja e o-, 133-34.
Inconíld~cia Mineir~ e o-, 323.
paiaa&em cultural do Brasil e o-, 322- 24.
unidade nacional e o-, 330.
Lioeu
- de Artes e Ofldoa do Rio de Janeiro, 265, 269, 377, 438.
- de Artes e Oficios d,e S. Paulo, 269.
- de Artes e Oficios do Recife, 269.
- de Artes e Oficios do SagJ"ado Coração de J esus, 136.
- Industrial de Go!Ania, 443.
- Industrial de Manaus, 443.
- Industrial de Pelotas, 443.
- Industrial de S. LU:s do Maranhão, 443.
- Industrial de Vitória, 443.
liceua e o ensino sec:und6rio, 34S.
liceus iodustria!.s, 442-43.
l.ln4ua
columi.m e a - vernicula, 178.
contatos Ungill.sticos, 177-78.
diferenciação lin&'illstica e diferenciação aocial. 177-78.
eclesihticos e a - vern6cula, 134.
ensino e aparulo da - portugutsa, 292, 297.
latim, 307, 309, 313.
lfnKUU populares, 177-78,
lfnl\1& tupi, 309, 313; e o jeaufta, 176-78, 179-80: e a portucuba,, 179-80.
reação nacionalista no domúúo literãrio e lingüistieo, 186-87.
unidade nacional e o vernâculo, 133-34.
Reforma Pombalina e • - , 209.
-32-
498 A CULTUR A BRASILEIRA
Literatura
Academia Brasileira de Letras, 192.
atmosfena IOC:ial e a - colonial. 175-76.
autorn e a.a preferências do público, 202-{)3.
c:eriter lusitano da- brasileira, 175-77.
carreiru eclesiástica e jurldica e a cultura literiria, 426.
ci~ e u letras, 168-ó9, 368.
conaeqú~cias do artiflcialismo literário, 174-75.
c:ultura buma.rústica e literária, 426-28.
D. Pedro u, IU8 influencia na - , 34-9.
diferenciação econômica e as elites !iterArias, 174, 178-79.
cnsa!tta.a, 188-90
ensino profiNional superior de base literária, 368.
Hiet6ria e a-, 194-96.
ideal abolícionista e a-, 187-88.
- peda&ó&ica, 353, 386; no Império e o espfrito critico, 353.
- polrtica, 183-84.
- popular, 202-03.
- , einal de classe, 174--75.
modernistas, 199-02.
movimento anti-romAntico na-, 192-93.
novos rumos da- e o movimento de 1922, 199-00.
oratória, 133-34, 190-91.
panfletários, 199
parnasianos, V. Parnasian~.
poeta• da tnconfidenda, 181-82.
prestf&io da - , e as especializações profUsionais, 167-69,
produção científica e produção literária. 205-o6.
realilmo na - , 188-92.
ritmo da -, 239.
r01Jl81'1Ce, 2oo-o2.
romantismo no Bra.ail, 184-88.
sãtira, 177.
Sociedade Literária do Rio de Janeiro, 209.
IOCicdades llterArias e o intercimbio cuít:Ural, 415-16.
ttndencias da - atual. 2oo-o2.
unidade cultural nacional e a cultura liter!ria, 42í .
V. Aaademia, Faculdade, Vida Intelectual.
Linoe
"Biblioteca de Educação" (Editada pela Cia. Melhoramentos), 392.
"Biblioteca Pedagógica Brasileira" (Editada pela Cia. Editora Nadonal), 392.
Instituto Cairo, 419.
Instituto Nacional do Livro, 417.
novo elemento de. espansão e unidade cultural, 416.;
movimento editorial de-, estátfstica, 415.
v. Biblioteca.
Marinha
Col~gio Naval, 436.
Companhia de Guardas-Marinhá, 435.
ensino naval, 433-37•
.Milllllo Noval Americana, 436.
V. Ac.dernia, Escola, Navega,ç6o.
ltlatern~tjca, 225-28
Medicina
interbee por estudos objetivos na-, 1~ .
- experimental, 2JQ-33.
- le&aJ, 22~31.
preetlgio aoci.al do mMico, 161-62, 376.
oe ld'a.rdins e a-, 160.
Sociedade de-, e Cirurgia do Rio de Janeiro, 166.
vultos da - , no Brasil, 161)-61.
V. Academia~ E5cola, Faculdade. Instituto.
INDICE DE ASSUNTO S
llentalidade
atitude em face doe homens de inteligência e daa coiua do e.s plrito, 174-75.
atitude em face da ciência, 169-70, 222-23, 238.
car6ter coletivo, 104.
deelnter~e econômico, 111-12.
apfrito de cooperação, 115-16.
hoepitalidade, 109-11.
inclinação pelo emprego póblico, 162.
individualismo, 43.
innumc:ia da cultura adardlnica na- brasileira, 151.
inteli(ência, 113-14.
- bruiteira, 427.
- católica, 144--46, 297-98.
- da zona do ~o e da zona litorAnea, 69-71.
- escravocrata e o ensino tmüco, 336.
- eteolútica na PenlniUla Ib&ica, 297.
- bumanútica e positivista, 36CH>l. 364.
- jwfdica na legialação eteolar de 1891, 360.
- juridico profialional, 376.
- portucueta. 427.
- protestante, 297-98.
- retórica n o reaime imperial e os problemas da vida nacional, 341.
objetividade, 113, 159.
patriotismo, 118-191 153.
persistblcia, 113-14.
positivúmo e a - brasileira, 366-67.,
relnçlio indiv(duo·Eatado, 117-18.
romantismo polftico e o -brasileira, 342.
sensibilidade, 113.
tend!nda oo lgualitarismo, 116.
traços psicológicos das raças formadoras da etnia nacional, 104-<IS.
transformações da- brasileira, 121.
valoriJ:ação do prestiiio pea~oal, 117.
verbali.emo, 222-23.
M&n.e
cidades das regiões das - , 67-69.
deslocamento do eixo político e a-, 45.
diarnantet, estatbt.ica da produção, 44.
Elcota de - ,157-58, 163-64, 225-26.
EICOla de - de Ouro Pr!to, 364, 3 76; e o emino objetivo, 341, 35 l.
impOsto do Quinto, 44.
incentivo para a ocupação do eolo, 43-44.
mineração, 6G-ól; no período colonial e suas conseqil!ncial, 44; e o ÍiUaUtarismo, 87-88 ;
e o individualiamo brasileiro, 43; e os movimentos migrat6rios internos, 43-44.
ouro, estatística da produção, 44.
~entimento nativista republicano e a mineração, 180.
Miner~o, V. Minas
Mineralo~ia
llli~ cientificas
Missão do Bario de Tef!, 221.
Miat&l holandesa•, 152, 206-07.
Mill&t de L . Crula, 221.
Misaio de Oliveira Locaille. 2ll.
V. E~o.
Ni~ reUiioaat
- cat6Ueat, 127-31.
- jeswticaa, 127-31, 288.
- protestantes, 129, 14o-42.
Modernismo
- na arquitetura, l75.
- na eacultura, 271-72, 275.
- na literatura, 199-03.
-no movimento artfstico geral, 282.
- na mdsica, 276-78.
- na pintura, 271-73, 275.
Monocultura
-do aç6ear e a ind6stria complementar, 51: e a pequena propriedade, 99.
- Nbstitulda pela polic:ultura. 52-53.
- e a tecnoiQ&ia, 151-52.
Moateirot
- e conventos, 135-36.
- e e.:ol.as. 135-36.
Mosteiro de S. Bento, 435.
Mulher
condiçAo tOCial da -no período colonial, 294-96.
educação feminina. 381; de nfvel secundário, 372.
lNDICE DE ASSUNTOS 501
Mulher
Dom~st:ica de Natal, 278.
Etcola
freq~cia feminina àa et001aa normais, 379; às escolas secund6riaa, 372, 379, 409; àa eacolM
auperiores, 379.
Jtlueeu
Americ:an Museum o! Natural Hiatory, 2.
- de Arte Rdi&iou, 4:10.
- de Copenhque, 218.
- de Etnografia de Col6nia, 4.
- Etnogr6fioo de Copenhque. 245.
- Hilt6rioo Nacional, :rss.
- Imperial, 225, 279.
- da lnc:oníld&lcla, 420.
- Mariano Procópio de Jw de Fora, 279.
- das MllllSet, 279.
- de Molda1em, 4:10.
- Nacional, 349-SO.
- Nacional de Artea do Rio de Janeiro, 279.
- do Ouro, 420.
- Paraense, 369.
- Pauliata, 369, 374.
- Real, 211, 213.
- da Univenidade de Oxford, 2.
Obeenat6rio
- Attron6mlro, 349.
- Imperial d o Rio de janeiro, 220, 221.
- primeiro- do Brasil, 2:10.
Pan-americaniliD'lo
lnltituto Brasil-Estados Unidos do Rio de Janeiro, 416.
renovação educacional no Bras:il e o - . 416.
Unlio Cultural Brasil-Estados Unidos de S. Paulo, 416.
Panf/etArioa, 199.
Parnaai11.m'arno, 193-94.
Putidoe po/JtiçOIS
an6lise dos - . 97.
auamcia de - . 96.
partidos conaervador e liberal, 92.
- nacionai.!l durant.e a Rep6blica, 96.
- rqpona.ia durante a República, 97-98.
Pa.toreio, V. Gado
Pintura bra1ikira
''eecola baiana", na-, 264.
evolução da-, 257-64, 272-73.
aran<Jes pintores braaileitoa do século XIX, ~60-62 .
modernismo na-, 271-73, 275.
pa.iaagiata• da-, 263.
- hietóriea, 260-62.
- d e COitUmea, 266.
- reali1ta, 262-63.
- de tradição nacional, 262-64.
tema brbllco na-, 261.
tema patriótico na-, 26G-261.
V. Arte, Instítui'çlSes artíst.iC<'iS.
Pol/tica
abolicionismo, V. Aboli~ .
absolutismo poUtieo e o bartoco civil, 252.
Auembl6& Constituinte de 1933 e a renovaçio pedag6gic:~ e cultural. 407.
Ato Adicional, V. Legiala~.
cent:rali.uçio e descentralização-. V. Unidade .
coneepç&:a realista e romênti.c a da-, 93-94.
Confederação do Equador, 135.
Constituições, V. Consti~o-
de&loeamento do eixo poUtico e a mineração, 44-45.
educaçio - e 01 intdectuais, 161-62.
" Edueation Act" , de Lord Fi.!lher, 381.
estados centrais, seu papel. 96.
evolução- e ascensão de uma classe de meat:iços, 342.
rede!ralismo, V. Sjaterna federativo.
Guerra doa ParTapos, 91.
Guerra do Paraguai, 94, 433.
Incotúid!ncia Mineira, t53, 323; n.ativismo e a-, 180; poetas da - , ISG-82; Museu da
Incont'idencia, 420.
lndepend~ncia ~ a nova - de educação, 328-29
tNDICE DE ASSUNTOS S03
l*olltlca
jesuftas e - coloniaJ. 12&-29; ~ a - de Pombal, 311, 313; c a unidade-, 291.
leia, v. Le~ial~.
litcntura - , 183-84.
pctidoe poUtioos, V. Partklo. polltia>s.
- de cducaçlo, V. Edu~, Reforma educacional.
- de cducaçio em funçi.o da- 1eral, 454-SS.
- pau-americana e renovação educacional no B rasil, 411\.
positivismo, influmcia intelectual, 1~.
quadros ,ovemamentai8, crit&iM de organização, 163.
re&lismo na-, 93-94.
RcbeUlo Praieira, 91.
Reforma Pombalina, V. Reforma educacioruú.
Rqtncia, 91.
relaçio indivfduo·Estado, 117-18.
Rep6blica, V. RepfJblica.
revolta• e revoluç&a, V. Revoltu.
romantiamo - , 9-4, 342.
eurto lndultrial em S. Paulo, (1920) e a -, 98-99.
tratadoe, 8&-89.
uniJo I~teJa·Eatado, 137~0.
unidade - , V. Unidade.
Popu~o
afrlcanoa, 28-31.
amerindioe, 2&-31.
I:Oionol alemlet, 33.
c:olonoe Japoneaet, 33.
Ccmil8lo Cenaidria Nacional, 236, 421-22-
compoeiçio da-. 3S.
dmsidlde de-, 35, 39.
C'W'Ope\ll, 2~0, 51 .
imicraçlo e a vida urbena, 72-73, 43~ imigração branca, 32, 72-73; e a cultura nacional,
358, 367, 373, 382, 392; eetatfftica, 358, 373, 440-41.
mipaç&s internai e u coneentraçi5es urbanas, 44243: e a minetaçio, ~8.
movimcntoa de-, 31-33, 74.
- da cidade de S. Pawo, 382.
- dal ddadea noe ekuloe XVt e JCVU, ~5.
- CIOOlar, V. &tatletica.
Recmaeamento de 1920, 31; de 1872, J l ; de 1940, 31, 35, 37, 39, 236, 421-22.
Poaitiviamo
clawe militllr e o-, 361-62.
história do-, 143.
influbieía int electual e a politica do-, 14~-44.
mentalidade humanística e positivista, 143-44, 364.
- e a mentalidade brasileira, 368.
"Rdi~llo da humanidade", 143-44.
ProfiulSea
Propriedade
a crande - , sua. diorisão e uma nova foana de habitat, S3.
a pequena - , fat6ces de seu aparecimento, ~1 00.
propriedades agrícolas, estatística, 99, 440-41.
proprielàdes industriaia, atatí.stica, 441.
Prote~tantiamo
Públioo
R4dio
apardhot de-, estatística, 418.
Esta~ r6dio-tranllllissoras, estatistlca, 4liJ.
fu.nçio educativa do - , 417-18.
"Hora do Brui.l" , 418.
- Clube de Pernambuco, 418.
Serviço N acional de- difusão educativo, 418.
Serviooe de- e Cinema educativo, (S. P aulo), 418-19.
Rwiamo
precuraores do-, 190.
reação ao romantismo, 192-93.
- no Brasil, 191-93.
- na pintura, 262, 264.
- polft!co, 93-94.
R.lotnuA edu~onal
RJoe
rio Amuonas, 2G-21.
rio S. Franc:iJco, rio da unidade nacional, 27.
- de penetraçio, o Tiete, 27.
V . Na"elat;6o.
Romance
influencia eatnnceiras no- nacional, 201-G2.
n~nabUalUnno, 201 ~
- peicoJ6cico, 201..02.
Romantiamo
ideal aboUciooí1ta e o-, 187.
movimento anti·romintico, 192-93.
506 _ _ _ __ _ A CU LTU~_
A_B_R
_ AS!_LEIRA
Romantismo
pe~quisas cientffica.s e o -, 222-24.
precunores do - , 181.
raçio de carátet" realista, 192-93.
reação parnasiana, 193-94.
- no Brasil, 184-89.
- na m6sica, 267~.
- poUtico, 93-94, 342.
temu indígenas e o -, 185-86.
Saúde pfJblu
combate l febre atna1'ela, 163.
obra de aaneamento, 231.
R cvoluçio de 1930 e a-. 235.
" Serviçot de aaC!de para militares", 434.
V. lnetituto.
Semin.rlo de O/inda, 150, J53, 162, 314, 318. 323-25.
A2eredo Coutinho, bioçafia de, 323.
decad~da do - , 344.
influtnda cultural do-, 317- 18.
liberallamo e o - , 325.
novas tendtncias pedag6gical! no-, 323-24.
St!rra do Mar
- c a colonização do Brasil, 20. •
Se~t&o
Si1tema federativo
id6a federalista, 96, 100, 358, 359; desagrqadora da união nacional, 9~1 ; no Manifesto
Republicano de 70, 94.
V. Unidade.
Sociedade
- brasileira, um &,®ado de sociedace6 múltiplas, 343.
diferenciação social e diferenciação lingillstica, 177- 78.
estrallficaçio social e estratificação ~ica da- colonial, 81-83.
evoluçllo da - brasileira, 8~101.
igualitarismo e centralização da-, 1~1 .
cxploraçio de minas e novos tilJOS de - , 87-88.
Revoltas de 1922 e 1924 e a atmosfera social, 381.
- Brasileira de Belas-Artes, 280.
- Colonial, divisão, 85; estágio prê-wcial, 80; estrutura econômica da - , ~1 ; estrutura
rocial, 81-8.4; do interior e litoreana. 84-85; sua moral, 127-28.
- de Concertos Sinfônicos, 270.
- de Cultura ArtSstica, 270.
- de Etnografia e Folclore, 236.
- Liter6ria do Rio de Janeiro, 209.
- de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, 166.
- Metapsfquica de S. P aulo. 143.
- de Sociologia, 236.
sociedades cientificas e associações prorwionai.s, 166.
IOCiedadt'$ literârias e o intercâmbio cultural, 416.
tipo de instrução e a organização da-, 43~31.
tipos aoc:i:ú.s no Brasil, 81-82, 85-86, 89, 12()-21.
transformação social e a cultura cientffica, 439; e o ensino tktrico, 439-40; e a especiali-
zação do ensino, 442.
V. Cidadee, Cla sses.
Sociologia
desenvolvimento da- no Brasil, .236-38.
Sociedade de - , 236.
fNDICE DE ASSUNTOS 507
TNtro, 302-o3
evoluçlo do- no Bruil, 179-80.
- Municipal do Rio de Janeiro, 278.
T.mploa
atatfltica. 141 , 143.
- c:at6Hcoa, 133.
Teoria das tl'ana/6/ifil$~u continentai•, 18, 2L
TfiO«Jiia, 142.
T/pol eociaia, 81-82, 85~86, 89, 1~21
Tratado
- de Madrid, 89.
- de Santo lldeCooeo, 89.
- du TordetllhRa, 88.
Unidade
- cultural, e os capelães, 315; e a Icreja, 314; e os jeeuítac, 309-10; e os llvroe, jomaia e
reviataa 415-16.
- e deacentralillaçlo educacional, 331, 358-59, 378, 382, 41G-12, 419; e a apronmaçio
daa canuldas aociaia, 379; e o "Ato Adidonal", 33o-3l, 339, 343, 35HO; e a CODI·
tituiçlo de 1891, 359, 379, durante o ab:ulo XIX, 331-32; e o "Pedqocium", 363;
e a Reforma de Pombal, 3 16; e a unidade inteJeetual do Braail, 454.
- e deacentrali%açlo poUtica, 96, 10G-01; e o apottotlldo jCIUftic:o, 291-92 e a arte, 269;
e o ilualitarismo, 101; e o início da coloniza~, 81; e o aqundo Imp&;o, 92-93.
- nacional, eapfrito de, 88-92, 196-98 c as bandeiras, 88 c a cultura bwnanJitica e Ute-
rária, 427-28; e o federalismo, 90-91, 91-96, 358-59; e u id&a tibcraia, 330; e oa
jetU.Itu, 309-10; e os meios de comunicação, 4S4; e a mineraçlo. 180; e a nadoaa-
taaçlo daa C1ICOia! do sul do pa!s, 412-13; e o vcrnAc:ulo, 134.
Uninreidade
- Alcml, 407.
- de Belo Horizonte, 450.
- do Bruil, 406, 414, 442, 446, 452.
- Católica do Rio de Janeiro, 414.
- de Coimbra, 132, 152, 209, 302, 314, 3.16-17.
- do Diatrito Federal, 402, 406, 414, 446.
- de Minas Oeraia, 405, 414, 445, 446.
- de P&to Alqrc, 236, 446, 450.
- do Rio de Janeiro, 236, 332, 405, 446.
- de S. Paulo, 212, 236, 375, 405-06, 414, 439, 445-48, 451-52.
- T~cnica Federal, 442.
- T6c:niea de POrto Alegre, 450.
- T~cnica do Rio Grande do Sul, 439.
univcraidadea brasileiras, 394, 397, 405-06, 446-51, 45G-Sl.
universidades e a formação das elitca culturais, 445.
universidades, seu papel no noaao sistema cultural, 444-45, 446-47.
universidades ocidentail', 406--414.
Vi~ante• fl'anoeaH, 208
Vida intelectual
elitea intelectuais, V. Blites.
formaçio intelectual eminentemente litrrária, 150-51.
nova orientaçlo intelectual, 1~5; e a Revolução de 1930, 170.
oblc:urantiamo do Bruü colonial, 142-45, 209.
positivismo e a-, 143.
profi5li6es liberaia, V. ProlisslSes.
proteatantiamo e a-, 140-42.
t:ranaformaç&a econômicas e evolução das id.é ias, 382-83.
verbalismo, 222.
V. Atividade Cientlfiea, Cultura. Institu~ Pedq61ical, Literatura.
Zoololi~
- no Bruil, 214-15, 216.
I
Indice de gravuras
índice de gravuras
PARTE I
I • Patartá Curiaú (Rio Negro). Espessa floresta ribeirinha; ilhas com lagunàs e lagos.
RlcB, Haznilton. &plor.ation en Guyane Br&silienne. Prancha .XV.
;2. Vegetação densa, Clll'acter{Stica das. ilhas do baixo rio Negro.
.
Rlcz. Hamilton. Explotation en Guy,ute BriJsilienne. Prancha XXIII•
3. Baixo rio Negro. Troncos e ramos caídos por efeito da etO!Ião das águas.
Rios, Hamilton. Eicploration en Guyane Brésiüenne. Prancha .XXV.
4. Maloca Shiriana, no igara~ Linepenone (Uraricuera).
RICE, Hamilton. El.plotation en Gtzyane Br&silienne. Prancha LXXIII.
S, Vista acima da gax:ganta de Kulaihia, para sudoeste.
RICE, Hamilton. &tploration en Geyane Brésilienne. Pr.a ncha XC.
6. Trecho do rio Amazónas, nas vimuumças de Faro.
Foto REMBRANI>T.
7. Trecho do rio ~onas, nas vizinhanças de Faro.
Foto REMBRANDT .
a. Trecho do rio Amazonas, nas vizinhanças de Faro.
Foto REMBRANDT .
9. Camaubal em Parnatba.
Foto RDmRANDT.
10 . Doia juazeiros; árvore que resistem à s mais longas skas. Paisagem do Púluf.
Foto O. Doxmotnts. Travei in Bra•il, vol. :l, n . 0 1, p!Jl. 20.
11 . Canal de Iuna, nas cercanias de Bel&n do ParA. Um igarapé.
Foto REMBRANDT.
12. Carnaubal.
Foto REMBRAN'DT.
13. Cactus. Planta caracterist:ica das regiõc:s do Nordeste.
Foto do Departamento dé -"'Aricultwa. Brasil.
n .0 2, pág. 19.
14. Praia da areia preta, em Natal.
Foto REMBRANDT.
15. O pico do jiU'aguá, no Estado de S. Paulo.
16. SeJTa divisória entre S. Paulo e Minas. São Bento do. Sapucaí.
Foto da ENFA .
17. SeJTa doa órgãos, vista do alto de Teres6polis.
Foto ToRRI MAcem. Fototeca CentuJl do Com1elho Nacional de Geoúalia.
18. Rio ParaSba1 perto de Taubatê. Estado de S. Paulo.
Foto da ENFA.
19. Ponta da JurBa. Iguape. Estado de S. Paulo.
Foto da ENFA.
20. Catarata do Iguaçu ou Santa Maria. Rio Iguaçu.
Foto TourinA C/ub. Fototeca Cen.t ral do Conselho Nacional de GeoArafla.
:U. Ltdio Mayongong, caçando.
Rica, Harnüton. Erploration en Guyane B~&silienne. Prancha CXV.
512 A CULTURA BRASILEIRA
-.33-
514 A CULTURA BRASILEIRA
80. Fortaleza de Monte Serrat (que data da 6poca da invasão bolandC38). Salvador, Bahia.
Foto VOLTAlRE FRAGA. Instituto Brasileiro de Oeo~ralia e Eata t lstica..
81. Fortaleza de Santo Antônio {1772) em Salvador, Bahia.
Foto VOI.TAIRE FRAGA. Instituto Brasileiro de Oeo,ra/ia e Estatistica.
82. Batalha dos Guararapes. Óleo de V íTOR ldJtlRBL&S.
Foto Rl:IIUIRANDT.
83. A partida da Monção. Óleo de ALNEmA j(ÍNtOR.
Foto do Museu Pauh'sta.
84. Bandeirantet. Óleo de HENRIQUE BRRN.ARDELLJ.
Foto CA.R.LOS.
85 . Os primeiros povoadores e F'zRNÃO DIAS PAIS LWB.
Peristilo, lado esquerdo do Muaeu P~tulista. Foto do Mu&eu Paulista.
86. Pal6cio da justiça, que data de 1660. Salvador, Bahia.
Foto VoLTAJRE FRAGA. Instituto Brasileiro de Geografia e &tatfstica.
87. Ouro Pr~to. ITaca Tiradent~.
Foto RAdio Inconfidência de Minas Geral/f.
88. PMteon da In~:onfidência (antiga penitenciária). Ouro Preto.
Foto R!Jdio lnconlidênoia de Minas Gerais.
89, Antigo Palácio dos Vice-Reis e Palácio Imperial (hoje Departamento dos Correios e
T elêgrafOll).
Foto STILLE. Coleção da Faculdade de Filosofia de S. Paulo.
90. D. jOÃO VI. Óleo anônimo, talvez de josi LBANDRO D& CARVALHO. Igreja do Rosário,
Rlo de Janeiro.
Foto VOSYI.IUS. Coleçio do Serviço Nacional da Rooonseemento.
91 , Iodepend&lcia ou Morte. Óleo de ~oao AJ.twco.
Reproá~o da tela que se conserva no Sal~o de Honra do Museu P~tulista.
Foto do Museu Paulista.
92. ]OSt Botm>ÁCIO DE ANDRADA E Su.VA, o patriarca da l ndependàlcia.
Foto do Museu Paulista.
93 . Saçação de PEDRO 1. Óleo de J. B. DEBR&1' .
Foto R.E.wBRANOT.
94. Pah\cio da Aclamação em Salvador, Bahia.
Foto VOLTADUt FRAGA. Urbo Salvador. ln1tituto Brasileiro de Geografia
e Estatlstica.
95. PBDRO n , antes da maioridade. em 1840.
96. PIU>l!.O li, Imperador. Óleo de PEDRO Ax:úlco .
Foto REIIUIRANOT.
lNDlCE DE GRAVURAS SlS
106. Bario do Rio Branco Uoó MARIA DA SU.vA PARANBos, Rio de Janeiro. 1845-1912),
notivel blstoriador, ee6grafo e diplomata, o " Deus Terminua" do Brasil, na ez.
prea3o de RVl BAJt.BOSA.
Foto da Coleç6o Companhia Melhoramentoa de S. Paulo.
107 o O Conselheiro RODJUGUU ALns, que presidiu ã · transformaçi.o da cidade do Rio de J ..
neiro, com o Prefeito F. PEuut.\ P.usos e à obra de enin~o da febre amarela com
OsvALDO Cito~
118 . Uma senhora iDdo à missa. carregada numa cadeirinha (começos do skulo XIX).
DEBRET, J. B. - VoyaAe Pittoresque et Hil>torique au Brésil . 1834. III
volllD'le. Prancha S.
U 9. Uma manhã de quarta·feira santa, na lçcja.
DEliRE!', J. B. - Voyage Pittoresque et Hiatorique au Bmil. 1834. Ill
volua1e. Prancha 31.
120. Vendedor de flores à porta de uma lgTeja.
D EBR.E'l, J. B . - Voyage Pittoresque et Historlque a u Brésil. 1834. III
volume. Pranclta 6.
121. Um funcionârio do govarno, saindo de casa acompanhado de sua fam!lia.
DEBRET. J. B . - Voyage Pittoresque e t Historique au Brésil. 1834. II
volume. Prancha S.
122. H abitantes de Minas, principias do sêculo XIX.
RUGENDAS, J. M. - Voyage Pittoreaque au Bri:Jsil. 1835. Pr1U1cha 2/18.
123. Costumes de S. P aulo.
R uo&NI>AS, J. M-- Voyage Pittoresque au Br6sil. 183S. Prancha 2/1 7.
124. F amrua de fazendeiros.
RUGll:NDAS, J. M.- Voyage pittoresque au Br6sil. 1835. Prancha 3/17.
125. Jangadeiros.
Arquivo do Instituto Brasileico de Geo~ralia e Estatlstica.
126. Vaqueiro do Marajá.
Arquivo do l m;tituto Brasileico de Geo~rafia e Eatatfst ica.
127. Vaqueiro do Nordeste.
Arquivo do Instituto Brasileiro de GeoAralia e Estattstica .
128. Vaqueiro de Goiás (Habitant6 de Goiás).
RUG&NDAS, J . M.- Voyage Pittore4que au Br&sil. 183S. Prancha 2/19.
129. Colona. Tempera de CÂNDIDO PORTINARI.
Foto REMlnu.NDT. Propriedade do S r . MÁJUO DE AHDRAD2.
PARTE li
CAPÍTULO I - As instituições e as crenças religiosas
133. Pe. Jod t>E ANCHIETA, S. J.
(Canárias, 19-III-1534- EspJrito Santo, Brasil, 9-Vl-1597). Reprodu~o
do Gabinete de Etnotrafio d a Fttculdode de FilO/fOlia de S. Paulo.
134. A primeira millsa no Brasil. óleo de V iTOR MEtR&LBS.
Foto RlD.JBRANil'I.
135. Matriz e residmcia dos jesuttas em Rerigtiba, boje Anchieta, Esptrito Santo.
(É a própria casa p rimitiva res ta urada, onda fli(iate a UltiAa cela do
Arande apóstolo).
136. Pe. M.urUl!.I. DA N6BRLGA. S. J .
SeAundo uzna escultura convencional de FRANCISCO FRANCO, p ublicada
por SXRABIK LEn"E. Desenho de GJSELDA LoPES DA Sn.vA.
137. Frontisptcio da edição de 1836 do Catecisato Btasllico do Pe. ANYÕNlO DE .AV.d)o.
138. Último T amoio. Quadro de R ot>OLFO A.Yotoo.
Foto REVBRANDT.
139 . P e. ANTÔNIO VnnRA. (Lisboa, 1608-Bahia, 1697), jC$\llta com SO anos de serviços ao
Brasil e o maior pregador que se exprimiu em língua porlllgUba.
140. Sacristia da Catedral Salvador, Bahia.
Fo to VOLTAIRE FJL\GA. Instituto Brasileiro d• Geo~ralia e Es ta.tfstica.
lNDICE DE GRAV URAS 517
167. O Mosteiro de S. Bento, em Olinda. onde foi primitivamente instalado o curso juddico,
fundado em 1827.
168. Faculdade de Direito do Recife. F achada posterior e entrada da Biblioteca.
169. TI!IXBtRA Dlt FREITAS, autor da consolidação das leis civis, "o m:úor monumento jurl-
dioo que o Imp&io nos legou".
110. LAPAI&T& RODRIGUES PERBlRA (M"mas, 1837-R.io, 1917). Civilista e uma du maiores
culturas juridicas do pais.
171. R ut BARBOSA (Bahia, 1849- Petropolis, 1923). Jurista de notável saber e um dos maiores
advogados do Brasil.
Foto dtt. Coleção Companhia Melhorament011 de S. Paulo .
172 . CL<Svts BltVILAQUA, ' 'de cujas mãos saiu, para a sagração t~al. o projeto deitnitivo do
C6digo Civil Brasileiro".
173. P 2DRO LliSSA (Sâro, Minas, 1859-Rio, 1921). Profes.tor, j uiz e escritor de direito.
174. jo,Xo MaNDES, advogado, professor e juiz.
175. A Escola Central, que ae transformou em 1874 nn Escola Politknicn. (Hoje Escola N!i·
clont.~l de Engenharia).
176. ANDÚ REBOUÇAS, uma das maiores figuras da engen haria nacional.
177. PAULO DJ!: FRONTIN, engenheiro urbanista e ferroviário, entre cujns obrat avultam as
realizações de planos urbanísticos na cidade do Rjo de j aneiro e a duplicação da
linha, na serra do Mar, da Estrada de Ferro Central do Brasil.
178 . .FRANciSCO PEREIRA PASSOs, engenheiro, prefeito e remodelador da cidade do Rio de
j aneiro, que começou a transformar, no gov&-no Rodrigues Alves, de uma velha ci·
dacle colonial numa das maiores metr6poles moderna3.
179. SAT11RNINO DE Bturo, um dos nom~ mais ilustres da engenharia sanit!lria no Brasil.
180. FRANCISCO BICALHO, notável em engenharia de porto..
181. Tacumv. SoARES, q ue projetou e executou o plano da Estrada d e Ferro Curib"ba-Para·
naguá, admirável pelas suas obras de arte e pelo aeu traçad.o.
182, FRANCISCO PAlS LntE DE MoNLEVADE, engenheiro que, concebendo e começando a
executar, em 1913, com uma sâbia orientação, o plano de eletrificação da Companhia
Paulista de Estradas de Ferro, se tornou "o pioneiro e o iniciador da tra~o elétrica
pesada no Brasil".
183. i'~culdade de Medicina do Rio de J aneiro, jã no seu novo edificio à Praia Vermelha.
Foto Vosvt.rus. Coleç6o do Servi90 Nacional d e R ecen saamento.
184. A Faculdade de Medicina da Bahia.
Foto VoLTAI.RB FRAGA. Urbo Salvador. I nsti t uto Brasile.ko de GeoAralia
e Estatística.
185. Faculdade de Medicina de Pfuto Alegre, no Rio Grande do Sul. FachAr.la principal.
186 . Flv.NCISCO DE CAS'l'RO (Bahia, 1857-Rio, 1901). Grande médico e professor da Fa·
culdade de Medicina do Rio de J aneiro.
187. ARNALDO VIEIRA DE CARVALHO, mEdico-cirurgião, fundador e primeiro diretor da Fa·
culdade de Medicina de S. Paulo.
188, MJOU'EL Couro, médico e profe~ de cllnica na Faculdade de M edicina do Rio de Janeiro.
189 . MIGUEL PE.UillA, da Faculdooe de Medicina do Rio de janeiro.
190. OsvALDO CRUZ, higierüsta, saneador do Rio de J aneiro (1902-1906) e fundador do lns·
tituto de Manguinhos.
191. ~·miJe do rosto do "Sennam, que prqoo o Pe. ANTÔNIO Va&JJtA, ao entên"o dos
ossos dos enforcados", Lisboa, 1753.
192. P61pit.o da Igreja da Ajuda em que pregou o P e. Ant6nio Vieira.. Salvador, Bahia.
Foto VOLTAIRE FRAGA.. Inatituto Brasileiro de GeoArafia e Estatiatica.
193. Reprodusão fac-similar do frontisp!c:ió do poema Caramuru de SANTA RrTA D URÃo
Lisboa, 1781.
194 . F~-a,.mlle do frontispício do Uru~uai, poema de jost B.uft.ro DA G..útA. Lisboa, 1769.
íNDICE DE GRAVURAS 519
288. CARLOS GoltBa (Campinas, 1836-Bd&n do P ará. 1896), um dos grande. metodistas do
~o XIX e um dos mais poderosos artistas que o Brasil j6 produ.ciu.
Foto da Coleç6o Companhia Melhoramentos de S . Paulo .
289. Maquette do monumento "&Bandeiras". Trabalho notAvd do etcultoT VtToa Baz..
CJmlti!:T.
290. Detalhe do Monumento "Aa Bandeiras", de Vfroa BttzcBEltJt'f.
291. CatE. Oteo de CÂNDIDO PoRTtNAJU, um dos grande. pintore. brasileiros e o mais vi&o-
roso, dentre os modernos.
Propriedade do Museu de Belas·Artes do Rio de Janeiro.
292. S. João. Oleo de CbroiDO PoRTtN.uu.
Foto VOSYLJtJS. Propriedade do Sr. CARLOS GUINL& .
296, Mapa das zonas de densidade cultural d o B rasil e sua irradiação apro:rimnda.
PARTEm
C APfTULO I - O sentido religioso da educação colonial
297. Pá&ina de rosto da 1.• edição da Arte de Grammatica daJinloa mais uaada na co.ta
do Brasil, de jost D& ANCBIBTA, S. J., o primeiro e o mais completo dos enaaios
de listematin.ção gramatical da língua tupi. Publicado em Coimbra. em 1595.
Fotoo6pia do Gabinete de EtnoArafia da Faculdade de Filosofia de S .
Paulo.
298, PAgina de rosto do Vocabulario na linAua braaiüca, um dos mais vutos repositórios
da terminoloeia tupi no século XVII. D e autor de100nhecido, tru data de 1621.
Foi publicado em 1938.
Fotoo6pia do Gabinete de Etno8rafia da Faculdade de Filosofia de S .
Paulo.
299. Pllgina final do Vocabulario na /in.gua brasüica, de 1621, de autor desconhecido, e.-
crito em Piratininga e publicado por PLboo AIRoSA, em 1938.
Fotoo6pia do Gabinete de Etno8ctúia da Faculdade de Filosofia de S.
P11.ulo.
300. PAgina de rosto da t .• edição da Arte da linAua brasilica doPe. Lufs FroUJ:TBA (1576)
( ?)-1643), excelente contribuição para o estud.o do tupi falado no norte do Brasil.
Publíc"da prnv~v~l mente em 16~1. Ji.~emplar existente tU\ BibUoteCll Nacional
de Liaboa e único em todo o mundo (cf. SE.RAFIM L EITE).
Foto do Gabinete de Etnotrtúia d a Faculdade d e Filowlia de S. Pa u lo.
301. lifeja do anti&o Colégio dos Jesuftas. Salvador, Bahia.
Foto V OLTAIRE FRAGA. Institu to Brasileiro de Geografia e &tatidica.
302. Col~gio Santo I nAcio, em S. P aulo, no século XVIII.
ln Revista do Serviço do Património Hist6rico e Art lst ico Nacional,
n.• 4 1940.
303. Antip Mat:JU e Col~o S. Miguel dos Jesuftas, em Sant01. Quadro de SZNSDJTO CA·
urro.
304. Anti&o CoiE&io N. S. do T~, dos JCSllftas, em Paranacu/l.
Foto HDs, pertencante ao Arquivo do Secvi90 do Patrim6nio Histórico
e Artlatico Nacional.
305. Col~o N . S. do T llw, dos Jesuítas, em P aranaguA. Arcadas do clau.stro.
Foto flJtss, do Arquivo do Serviço do Pahim6nio Hiat6rico e Artistioo
NacionAl.
306. CoiEgio N. S. do T~, dos Jesufta.s, em Paranaguã. P6tio claustral, visto de uma das
arcado.
Foto c«Jido pelo Dr. D AVI c.&.luBJ:Ro, hiatoriador e dire tor do M useu
Corone.l Davi Carneiro, Curitiba, Paran~.
524 A CULTURA BRASILEIRA
326. O Col~giodo Careça, que tomou o nome à serra do Careça, em Minas Geraie, fundado
peloe padres Waristas em 1820, famoso pelo rigor de lUA dilciplina e como centro de
estudos bumanfsticos.
327 . D. PmltO II, patrono do Colégio Pedro n, em 1837. Desenho de Lvfs Al.BIXO Bou-
LANOE.R.
Colet;6o d e FRANCISCO MAR.QUE8 DOS SANTOS. Clieh6 de MA.NVKL PINTo
GASPAR.
328, B UNAJU)() PEJlBtaA DE VASCONCELOS, ministro do lmp&io, que referendou O decreto
de 2 de dezembro de 1837, com o qual se fundou o Colégio Pedro ri, baiudo por
Pa)JtO Auc1Jo LWA. regente interino, em nome do Imperador e Senboc O. PeDRO li.
329. Frei ANTOmo DB AJutÃBmA, bispo de Anemúria, primeiro Reitor do Col~o Pedro r I
(1838...39), substituído em 1839, quando pediu exoneração, por JOAQVlM CA&TANO
DA StLVA (1839-1851). Água forte de MoDESTO BRocos. Coleção da Biblioteca Na-
cional.
330 . Col~eio S. Luta, dos padres jesuftas, primeiros mestres do Brasil, fundado em 1867, em
I tu, no Eetado de S. P aulo.
331 . A Academia Imperial de Belaa Artes, do Rio de Janeiro. Projeto de GRANDJRAN DE
MONTIGNY, arquiteto da Missão Francesa que veio ao Brasil em 1816 (Edifício em
que mais tarde .ee instalou o Ministério da Fazenda).
Foto STILLB. Coldo da Faculdade da FilO«Jfia de S. Paulo.
332. MA.NlnL DB AltAÓJO P ORTo ALEGRa, barão de Santo Angelo (1806·1879), poeta e
pintor, profes,or e primeiro diretor brasileiro da Academia Imperial de Belas-Artes
Retrato de PI.Dao AMtRico
Foto CARLOS.
333. Aah.Jo Cú.ut Boaozs, barão de Maca~bas (Bahia, 1824-1896), m~ico e arande educador
com maiJ de 40 anoe de serviços ã educação nacional.
334. Jolo Pal>RO DE AQUJNO, engenheiro, fundadoc do Externato Aqulno (1867) pelo qual
posaram durante mais de meio século, milhares de estudante$, e em que Rut BAR-
BOSA se inspirou e colheu dados para o seu plano de reforma, em 1882.
335. Col~o Anchieta, fundado pelos padres jesuítas, em 1886, em Nova Frib~o. no Eatarlo
do Rio, e um dos mais importantes estabelecimentoe de ensino secwld6rio do país.
336. Pal>RO 11, que aempre revelou estraordinãrio inter~ pelas coiaas do espfrito e foi um
p-ande incentivador da obra de educação e de cultura. R etroto ofio.l de pouca di·
vulgação.
337 . MUJeu Nacional, antigo Museu Real e Museu Imperial, fundado por D. JoÃO VI, e em
que, a partir de 1876, e por iniciativa da LADm.AU NaTo, aeu diretor (1874-1893),
ee realizaram cursos de ciências e confer~cias pública•.
Foto,rafia do anti~ edificio em que foi primitivamente inBtalado o
Museu Real, e que depois foi ocupado pelo Arquivo Nacional, com a
transferência do Museu Nacional, em 1892, paz:a o PD1Aclo Imperial
do Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro. Cópia loto~ráfioo. do Ar·
338.
quivo Nacional.
.
Fac-aimi/e das assinaturas de El-Rci O. JOÃo VI, o fundador de instituições, de O. PeDRo
l, 6 criador dos cursos juridicos no BraSil e de D. P&DRO li, ~o nome se acha ligado
a t&Jas as iniciativas de caráter científico, no s~culo passado.
339. VISCONDE .0 0 Rto BRANco, em cujo ministério (1871-1876) surge a Escola de Minas
de Ouro Pr!to, criada em 1875, e se realizaram refonnas e iniciativas do maior al·
cance para a civilização brasileira.
340- HJoou GollCJtlX (1842-1919), francêl, organizador e primeiro diretor da Escola de Minas
de Ouro Pr!to.
341. ]OAQO'Dt CA.Notoo DA CosTA SENA (1852·1919), mineralocista e terceiro diretor da
E3cola de Minas de Ouro Prêto.
342, O conselheiro Ru1 BARBOSA, autor do famoso par~ n.• 64, com que justificou, como
relator da comissão nomeada em 12 de setembro de 1882, o projeto de reforma apre-
sentado pelo conaelbeiro DANUS, na CAmara doe ~utadoe.
Folo,rafia de 1918.
343. O conaelbeiro LsONcro Dlt CAttVALBO, ministro do l mp&io, o inovador, autor de re-
fonna• de cariter radical (1878), inspiradas nas id6aa libcnla.
526 A CULTURA BRASILElRJ\
364. Escola Urucuai, do Distrito Federal, construção em vários bloeoe (1928-1930). Vista
lateral tomada do pãtio da escola. uma daa maiores edificadas na administraç~
Antbnio Prado JWúor.
365. Elcola para d~bcia fisicos, na Quinta da Boa V'tSta (Distrito Federal. 1926-1930). Ga·
leria e fonte de um dos pãtios.
Foto NJCOL.U.
366. Grupo Eacolar Padre Correia de Almeida, de Belo Horizonte, em Minas Gerais, onde
o movimento renovador do ensino tomou notável impulso com FltANCJSOO Cuo>os
e MWo CA&A.SSANTA (1927-1930). Fachada principal.
367. Grupo E1100lar Pedro li, de Belo Horizonte. um dos mais importantes ediftcios escolares
oonatruldos na administração Francisco Campos, SecretArio de Estado, em Minas
Geraie. Galeriu e pátio interno.
368. Etcola Normal, depos I nstituto de Educação do Distrito Federal. Ediflclo construido
de 1928 a 1930 na adminiatra~o Antônio Prado Júnior.
Deeen.ho. Arquitetos Cóan~ e BRUBNS.
369. A Etcola Norma! do !?i1rito Federal, que em 1933 tomou nova orsanizoçio, aob o nome
de Instituto de Educação. Aspecto do pátio claustral.
Deaenho. Arquitetos COR1'EZ e BaUBNs.
370. A nova Escola N ormal do Distrito Federal reorganizada pelas reforma• de 1928 e 1933,
e inn.lada em eeus novos ediNcios constru1dos na adnúniltração Antônio Prado
J\\nior (1926-1930). VlSta de conjunto.
Aerofoto S. H. HoLLAND, Rio de Janeiro, 1930.
371. A N ova Escola Normal do Distrito Federal, reorganizada em 1928 e mais tarde, em 1933,
quando tomou o nome de Instituto de Educa,ção, e instalada em teUI novos ediftcioe
acabadoe de construir em 1930. Pátio central visto de uma du galerla.s do pavi-
mento t&reo.
Foto NtCOLAS, Rio, 1930.
372. EJc:ola Normal do Distrito Federal, hoje Instituto de Educação. Ginúio para exerdcios
ftaicos, com a ma magnifica $ala de aparelhos, banheiros, vestilrios e galeriu.
Foto NtCOJ.AS, Rio, 1930.
373. FRANCISCO Luís DA SILVA CAMPOS, um dos lideres da Revolução de 1930, primeiro
Ministro da Educação e Saúde, autor da mais importante reforma de ensino eecun-
dário e superior (1931), no regime republicano.
374. O Instituto Biológico de S. Paulo, criado em 1928, por iniciativa de A.HUJt NltiVA, an-
tigo anístente·chefe do Instituto Osvaldo Cruz, e reorganizado pelo professor RoCHA
LUlA, aeu otual diretor, e que foi tamb~ um dos colaboradores de OsvALDO Cauz.
Vista geral.
375. O Instituto Biológico de S. Paulo, grande instituição de estudos e pesquisas cientrficas,
no domlnio da patologia de todos os seres vivos, animais e vegetais, aobretudo dos
de maior inter~sae para o homem. Fachada principal.
376. Instituto Biolóajco de S. Paulo. Uma de suas fazendas u:perimentais.
377 . O lnatituto Biológico de S. Paulo, um dos maiores centros de pesquisa e de carAtcr técnico
ellistentea na Ammca e, como o Instituto Osvaldo Cruz. jé. com renome univerul.
Aapecto de um de seus laboratórios.
378. O Instituto .Açon6mico de Campinas, hoje um dos maioces centros cientilic:ot e tknioos.
prepostos, no Brasil, à investig~ de problemas de biolosia vqetaL Um dos novos
prMio. conttru!dos ao lado do antigo ediffcio.
379. Instituto Agroa6mico de Campinas. no Estado de S. P aulo. Vista de um ripado.
380. O observatório Altron6mic:o de S. Paulo, em suas novas e excelentes inn.I~ VISta
do conjunto dos edifícios.
Foto da ENFA.
381. A Faculdade de Filosofia, Cimcias e Letraa da Universidade de S. Paulo, - a primeira,
de iniciativa oficial, fundada no Brasil Aspecto de um de eeu.a edif[cios, vendo-,se
as estufas da Cadeira de Bot4nica.
Foto LtB&RMAN, S. Paulo, 1942.
528 A CU L TURA BRASILEIRA
404 . Etoola T&::nica do Exercito, l Praia Vermelha. no Rio de Janeiro, destinada l !ormaçlo
ele mcenheiroe militarei apecialindos.
Foto ROD.KaAUD.
405. A antica Jtecola Naval, c:vju ori&ens remontam l Academia Real de Marinb., (undada
an 1808, por D . Jolo VI. V"1Sta reral doe leiD editfciol na ilha das Enudaa.
Foto th E..ooJ. Na-ral. •
4()8, El<:ola Naval do Rio de Janeiro. Pitio central do novo e NDtuotO ediltc.io eonstru{do
oa Ilha de V"illqaicooo, hoje 1ipda ao cootioente.
Foto da l!eoú Na-ral.
407 . A Etcola Nacional de Belas-Artes, no seu novo edificio cooatrulclo depois da t:ransror-
maçlo do Rio de Janeiro e da abertura da Avenida Rio Branco, le(W1do 01 planoe
1
urbaníaticoe de Pu&UtA PA.SSOL
408. Eeeola Superior de Aaricultara LWa dl! Queiroz, em Pl.tacieaba, no Estado de S. Paulo.
Ediifc.io principal.
409. EtcOla T~ca Nacional, do Distrito Federal,- urna das RTandea escolaa tknicas do_
plano aiatem6tico de ensino industrial, projetado pelo &OV~no da Unlio e eatabele·
c:ldo pelo decreto-lei de 30 de Janeiro de 1942.
Foto do S.IY/f;o de Documentação do M,-niet6rio da &Jueao6o e Sa6de.
410. Eeeola Tknica Nacional do Diltrito Federal. Uma du galerias do p6tlo ~trai.
Foto do Senif;o de Docurnenútç&o do Miniet6rio da Bdu~o e S.úde.
411. Eacola Ttcnica de Vit6ria, no Eapirito Santo. Vista de ,conjunto.
Foto do Serviço de Document~ do Min i•tlrio da &Juuç6o e S.6de.
4J,. Elcola Tknica de Cwitiba, no Paraná,- uma das eecow deatinadaa, aecundo o plano
de enaino industrial da União, l fonnação de artffic:a e de meatrea de offc.io, noe
di venoe tctorea ind u.striai.s.
Foto do Seniço de Documen~ do M,.ni.t6rio da &Ju~~o e Sa6de.
413. Faculdade de Fil010f"w., Ci&lcias e Letru da Univerlidade de S. Paulo. Um dos labo-
rat6rioe da Cadeira de Zoologia.
Foto LtaUMAH, S . Paulo, 1941.
414. Instituto de EducaçJo do Rio de Janeiro, conat:ruido em 1928· 1930, reorconizado em
1933 e deat:iruK1o l formação de profeaaores primArias e de administradores eacolarH
e de orientadorea de ensino.
Foto NICOt..U, Rio, 1930.
415. Inltituto de Edueaçlo do Distrito Federal. Urna du amplu aalerlaa do terceiro pa·
vimento, abrindo para o suntuoso pitio ~tral.
Foto NICOLAI, Rio, 1930.
416. lnetituto de Educaçio, em Salvador, Bahia, com suas acelmtel instalações modernas.
Foto VoLTAm& Fa.AGA. Inetituto Brasileiro de Oeo~ralia e &tatlstica.
417 . .Eacola de Educaçio Flsica do Ex&cito, o mais importante centro e foco de irradiaçlo
da educaçio flsica nacional. Ediffcio principal, junto l Fortaleza de S. J oilo, Rio
de janeiro.
Foto do Arquivo da &cola de Educ:sç6o Flalca do Ez~rclto.
418. Eacola de Educação Flsica do Ex&cito junto à Fortalua de S. Joio,- escola pioneira
do movimento em favor da educação fieica no BruiL Conjunto de p6rtlcoe e t&Te
de HltauT .
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