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Farmacocinética

Prof. Fúlvio Rieli Mendes


Farmacologia

• Farmadinâmica: estuda a ação das drogas sobre o


organismo (mecanismos de ação e efeitos
produzidos);

• Farmacocinética: estuda os processos e fatores


relacionados com a absorção, metabolização e
excreção das drogas.
FARMACOCINÉTICA: como o organismo interage com os fármacos?

VIA DE ADMINISTRAÇÃO

ABSORÇÃO

SANGUE
DISTRIBUIÇÃO
DISTRIBUIÇÃO DISTRIBUIÇÃO
ELIMINAÇÃO

ÓRGÃOS-ALVO
BIOTRANSFORMAÇÃO

FÍGADO OUTROS ÓRGÃOS

RINS
ELIMINAÇÃO
EXCREÇÃO

URINA
Farmacocinética

• Absorção, distribuição, biotransformação e excreção:


processos que envolvem passagem da substância
através de membranas celulares e outras barreiras;

• Propriedades físico-químicas das moléculas e da


membrana influenciam nos mecanismos de
passagem.
Transporte (translocação) do fármaco

• Fluxo de massa: transporte pela corrente sanguínea


– não depende da natureza química do fármaco

• Difusão: movimentação em pequenas distâncias


(transporte através de membranas celulares e
espaços intercelulares)
– lipossolubilidade é determinante na capacidade do fármaco
atravessar membranas biológicas
– velocidade de difusão depende do tamanho da molécula e da
sua difusibilidade
Movimento através de barreiras celulares
• Difusão passiva
– difusão direta através dos lipídeos
– difusão através de poros aquosos
• Difusão facilitada
– combinação com proteínas
transportadoras
• Pinocitose
– particularmente importante para
moléculas grandes e drogas pouco
lipossolúveis.
• Via transportador
– transporte seletivo e contra o gradiente
eletroquímico
• Passagem através de lacunas
(poros) intercelulares
Conceitos

• Coeficiente de permeabilidade (P): número de moléculas


que atravessam a membrana por unidade de área por
unidade de tempo

• Coeficiente de difusão: medida da mobilidade da


molécula na bicamada lipídica

• Coeficiente de partição (K): solubilidade da molécula na


membrana (lipossolubilidade)
• dada pela proporção da molécula distribuída na fase
orgânica (lipídica) e a fase aquosa
Lipossolubilidade
• É definida pelo coeficiente de partição de uma substância entre a fase
orgânica e fase aquosa

Corg
Corg
K =
Caq
Caq

Os fármacos que apresentam maior coeficiente de partição, tem maior


afinidade pela fase orgânica (lipídica) e, portanto, tendem a ultrapassar
com maior facilidade as biomembranas hidrofóbicas.
Coeficiente de ionização - pKa

> Indica a proporção de um fármaco que se encontra na sua forma ionizada e


não ionizada (protonada)

A equação de Henderson-Hasselbalch pode ser empregada


na previsão do comportamento cinético de fármacos

Drogas ácidas: pKa geralmente abaixo de 7


Bases: pKa geralmente acima de 7
Partição pelo pH
- pH ácido: maior ionização de bases fracas
- pH básico: maior ionização de ácidos fracos
- Um fármaco é melhor absorvido em pH no qual se encontra não ionizado

Aprisionamento iônico:
o pH de cada compartimento
influencia na ionização do
fármaco e na sua capacidade
de atravessar membranas
lipídicas
Revisando: pKa e partição pelo pH
> O coeficiente de ionização (pKa) indica a proporção de um fármaco que se
encontra na sua forma ionizada e não ionizada (protonada)

Ácido fraco (pKa = 5,5)

8,0 – - ionização

pH 5,5 – 50% ionizado

- pH ácido: maior ionização de bases fracas 3,0 - ¯ ionização


- pH alcalino: maior ionização de ácidos fracos
- Um fármaco é melhor absorvido em pH no qual se encontra não ionizado

pH ácido pH alcalino Absorção Eliminação renal

ácidos não ionizado estômago alcalinização da urina


fracos ionizado aumenta a eliminação
bases ionizado não intestino acidificação da urina
fracas ionizado aumenta a eliminação
Farmacocinética
Vias de
Administração

Absorção

Distribuição

Biotransformação

Excreção
Vias de administração
• Via digestiva
– via oral: mucosa oral, gástrica e intestinal
– via retal: mucosa retal
• Via parenteral
– via subcutânea (sc)
– via intramuscular (im)
– via intraperitoneal (ip)
– via intravenosa (iv)
• Via externa / tópica Considerações:
– via percutânea / transdérmica - forma farmacêutica
– mucosa nasal - volume
– mucosa conjuntival
- praticidade
– mucosa vaginal / mucosa uretral
- local de ação
• Via respiratória
- características de absorção
– mucosa alveolar e bronquiolar
– mucosa bronquial - tempo de ação
Vias de administração

• Via oral: sujeitas ao


metabolismo de 1ª
passagem
– grande metabolização
– menor toxicidade
– possibilita uso de pró-
fármaco
Vias de administração
• A biodisponibilidade do fármaco varia de acordo com a
via de administração
Forma farmacêutica

• Sólidas
– pós, comprimidos, drágeas, cápsulas, pílulas, grânulos,
pastilhas, supositórios, adesivos, pellets, extratos secos, etc
• Semi-sólidas
– pomadas, pastas, cremes, emplastos, etc
• Líquidas
– soluções, emulsões, suspensões, injeções, colírios, xaropes,
tinturas, loções, extratos fluídos, etc
• Gasosas
– aerosóis, inalantes
Forma farmacêutica

• A forma farmacêutica deve


levar em consideração a
via de administração, o
local de liberação do
fármaco e sua absorção e
tempo de ação
Fármacos de liberação controlada

• A forma farmacêutica é projetada para


liberar o fármaco em um local
apropriado ou para retardar sua
liberação, modificando a absorção e
por consequência a biodisponibilidade
e meia vida do fármaco.
Absorção
• Fatores que afetam a absorção gastrointestinal
– Motilidade gastrointestinal
• área da superfície de absorção, refeições, ação de fármacos, diarréia
– Fluxo sanguíneo esplâncnico
• circulação local (vasodilatação / vasoconstricção), volemia, reflexo digestivo
– Tamanho da partícula e formulação
• formas de liberação do fármaco, local e concentração
– Fatores físico-químicos
• pH, pka, concentração do fármaco, temperatura, reações químicas,
interações entre fármacos
Distribuição
• Ligação às proteínas plasmáticas
– albumina, b-globulina e glicoproteína ácida

• Fatores que interferem na quantidade


Albumina de ligação a proteínas:
Droga
+ • concentração do fármaco livre
Livre
Droga • afinidade pelos sítios de ligação
• concentração de proteínas

Plasma Músculo
Membrana

Volume aparente de distribuição: Vd= Q/Cp


Q = quantidade total do fármaco
Cp = concentração do fármaco presente no plasma
Ligação às proteínas plasmáticas

• Fatores que interferem na quantidade de


proteínas plasmáticas transportadoras:
• Fisiológicos
• idade, gravidez, estado hormonal

• Patológicos
• distúrbios renais, hepáticos,
cardíacos e tireoidianos
Transporte e distribuição
• Fatores importantes para a distribuição do fármaco:
– Relacionados ao organismo
• via de administração
• local e mecanismo de absorção
• ligação com proteínas de transporte
• barreiras celulares
• água total do organismo / fluxo sanguíneo dos órgãos
• capacidade de metabolização e eliminação
• idade e fatores genéticos
• estados fisiológicos e patológicos
– Ligados ao fármaco
• forma farmacêutica
• estado físico, tamanho molecular e estabilidade química
• solubilidade, difusibilidade e afinidade por proteínas plasmáticas
• grau de ionização e reatividade química
• veículo utilizado e associação com outros fármacos
Barreiras biológicas

BARREIRA
PLACENTÁRIA

BARREIRA
CAPILAR

BARREIRA
HEMATOENCEFÁLICA
Eliminação de fármacos do organismo

XENOBIÓTICOS: poluentes ambientais, aditivos alimentares,


produtos cosméticos, agroquímicos, alimentos processados e
fármacos

BIOTRANSFORMAÇÃO x EXCREÇÃO

Mecanismos Influência da Interações


de variabilidade entre fármacos
detoxificação individual

Diferentes enzimas com


funções de
biotransformação
Eliminação de fármacos do organismo
FÁRMACOS
Biotransformação

INATIVOS METABÓLITOS ATIVOS

Atenuação da Estrutura química Farmacologicamente


atividade biológica modificada ativos

Ligação a
Excreção macromoléculas Redistribuição

- Carcinogênese
- Mutagênese
- Dano celular
Metabolização

• Conversão enzimática de uma substância em outra


• Ocorre principalmente no fígado
– enzimas microssomais, desidrogenases, amidases, transferases,
entre outras presentes no retículo endoplasmático liso e citosol
• Outros locais
• plasma (colinesterase plasmática)
• pulmões (algumas enzimas específicas)
• intestino (MAO)
• SNC (enzimas metabolizadoras dos neurotransmissores)

• No processo de metabolização (ou biotransformação)


ocorrem reações de fase I (catabólicas) e fase II
(anabólicas).
Exemplos de reações

Aspirina (ácido acetil salicílico): reação de hidrólise forma metabólito ativo,


que é conjugado com um grupamento glicorunil para poder ser eliminado.
Metabolização / biotransformação

• Reações de Fase I
– Introduzem ou expõem um grupo funcional no fármaco
– Formação de produtos quimicamente mais reativos (processo de
“funcionalização”)
– Metabólitos geralmente mais tóxicos, carcinogênicos (ex: paracetamol)
ü Oxidação (mais freqüentes) – geralmente via sistema P450
• ex: álcool, noradrenalina, tiramina
ü Redução - também muito comuns
• ex: varfarina
ü Hidrólise – não envolve enzimas microssomais
• Ocorre no plasma e em outros tecidos
• Reação comum em pró-fármacos (hidrólise de ligação éster ou amina)

As reações de fase I geram metabólitos ativos e inativos.


Metabolização / biotransformação

• Reações de Fase II
– Ocorrem principalmente no fígado, mas também no pulmão e rins

– Reações de conjugação com ácido glicurônico, sulfatos, glicil


– Reações de acetilação e metilação

– Produtos quase sempre inativos


– Produtos mais hidrofílicos, na maioria das vezes são facilmente
excretáveis
– Excreção na urina ou bile
Reações de Fase II

UDP-glicuronídeo

UDP-glicuronil transferase

FÁRMACO

FÁRMACO glicuronídio

Hidrossolúvel

Excreção
O sistema P450 (CYP)
• Conjunto de enzimas microssomais que são
responsáveis pela metabolização da maior parte dos
fármacos
• A maioria está presente no fígado (no retículo
endoplasmático liso)
• Variações de seus subtipos ocorrem entre as espécies e
indivíduos de diferentes etnias (polimorfismo genético)
Citocromos são proteínas, geralmente ligadas a uma
membrana, que efetuam o transporte de elétrons,
encontradas sob a forma de proteínas monoméricas ou
como subunidades de complexos enzimáticos maiores
catalisadores de reações redox.
Citocromo P450 (abreviado CYP, P450 ou CYP450) é
uma superfamília ampla e diversificada de proteínas
responsáveis por oxidar um grande número de
substâncias para torná-las mais polares e hidrossolúveis.
Algumas enzimas P450 e seus substratos
Modificação da atividade de enzimas
metabolizadoras
• Inibição enzimática: diminuição da atividade
– ocorre por ligação competitiva ou não competitiva
• competitiva: ligação de drogas que não são substratos
• não competitiva: formam um complexo estável com a enzima
• ex. enzimas inibidas: CYP, MAO, colinesterases, desidrogenases

• Indução enzimática: aumento da sua atividade


– ocorre principalmente por aumento da expressão gênica
– Também pode se dar por estabilização / diminuição da degradação
• ex. anestésicos gasosos, álcool, fumo, suco de toranja (grape fruit)

• A inibição ou indução podem ser provocadas pelo próprio


fármaco, por outros fármacos ou componentes da dieta
Pró-fármacos e metabólitos ativos
• A metabolização pode ser necessária para produzir um
metabólito ativo
– o metabólito pode ser tanto ou mais ativo que o fármaco inicial

Metanol: metabólito tóxico


Eliminação da droga
FÁRMACO NO SANGUE

Biotransformação Excreção
Enzimática

Renal Pulmonar
Biliar

Metabólito ar expirado
urina fezes
(facilmente excretável)

Outros locais: leite, saliva, suor, lágrimas.


Eliminação e reabsorção de
fármacos lipofílicos
• Células hepáticas transferem alguns fármacos e seus
metabólitos do plasma para a bile
– efeito reservatório: quando o fármaco ou metabólito é reabsorvido
Eliminação renal
• Principal forma de excreção de fármacos
– Alguns fármacos podem ser eliminados inalterados, mas
normalmente o metabólito é eliminado de modo mais eficaz
– Encontra-se deficiente em idosos e pacientes com doença renal

• Velocidade varia muito de um fármaco para outro


– penicilina: altamente eliminada na primeira passagem
– diazepam: eliminação bastante lenta

• Processos envolvidos na eliminação renal:


– Filtração glomerular: ocorre para a maioria dos fármacos
– Secreção tubular ativa: mecanismo mais importante
– Difusão passiva: recaptação de fármacos lipofílicos pelo epitélio
tubular
Filtração glomerular
• Grande maioria dos fármacos é filtrada dos capilares
(exceto as macromoléculas)
– cerca de 20% do fármaco é filtrado
• Não ocorre filtração de proteínas plasmáticas e dos
fármacos a ela ligados
Secreção tubular ativa

• Mecanismo ativo que ocorre nos capilares peritubulares


do túbulo proximal
• Transportadores inespecíficos (para ácidos e bases
orgânicas)
– podem movê-los contra o gradiente eletroquímico
• Promove também a depuração de parte do fármaco ligado
• Mecanismo mais importante para eliminação de fármacos
Difusão passiva pelo epitélio tubular
• Processo de reabsorção do fármaco lipofílico
• Fármaco hidrofílico é eliminado
– não consegue se difundir pelas membranas lipídicas
Secreção tubular e Reabsorção tubular

-Alta reabsorção de fármacos lipofílicos


-Alteração do pH da urina modifica reabsorção
- Alterações podem ser patológicas ou induzidas por fármacos
- Fármacos podem alterar o pH da urina por inibição de enzimas como a
anidrase carbônica e da bomba de prótons
- Fármacos ácidos: secretados mais rapidamente em urina alcalina
- Fármacos alcalinos: secretados mais rapidamente em urina ácida
ELIMINAÇÃO DE FÁRMACOS DO ORGANISMO

Rápida e completa
Lenta conversão a
conversão a metabólitos
metabólitos hidrofílicos
hidrofílicos

A B C D
Fármaco hidrofílico Fármaco lipofílico Fármaco lipofílico Fármaco lipofílico

Setas azuis: fármaco hidrofílico


Setas laranjas: fármaco lipofílico
Reações adversas e efeitos tóxicos
• Efeitos tóxicos
• Relacionados com a ação farmacológica principal do fármaco
• Podem ocorrer quando há um aumento da dose ou interação entre fármacos.
• São previsíveis e podem ser classificadas como A (aumentadas)
• ex: hemorragias por anticoagulante, parada respiratória em função de dose
elevada de um sedativo / hipnótico

•Reações adversas:
•Não estão relacionadas com a ação farmacológica principal do fármaco
• Podem ser entendidas quando aparecem em conseqüência de dose
excessiva, mas com efeitos não relacionados ao modo de ação.
• ex: hepatotoxicidade ocasionada por analgésicos

• Podem ocorrer mesmo com doses terapêuticas


• São classificadas como B (bizarras) e são chamadas de idiossincráticas
• ex: anemia aplática com o uso de antibacterianos

PS: alguns autores consideram reações adversas todas as reações que não estão
relacionadas com o efeito desejado do fármaco.
Interações medicamentosas
“modificação do efeito de uma droga por outra
administrada antes, durante ou depois da primeira”

SINERGISMO: potencialização (aumento da ação farmacológica) de


uma droga pela utilização de outra.

A + B = Efeito AB
ANTAGONISMO: bloqueio do efeito do fármaco

FARMACOCINÉTICAS: absorção, transporte,


distribuição, biotransformação e excreção
INTERAÇÕES
FARMACODINÂMICAS: receptores e efeitos
farmacológicos

- Politerapia: hipertensão arterial, AIDS, insuficiência cardíaca congestiva,


infecções mistas, diabetes, tuberculose
Interações farmacocinéticas: absorção

Alteração da Alteração no pH
motilidade GI: gástrico:
catárticos, antiácidos,
laxanttes, antiulcerogênicos
anticolinérgicos
Alteração no fluxo
Quelação:
sangüíneo: etanol,
colestiramina, íons,
vasoconstritores
carbono ativado
estômago

FÁRMACOS ALTERADOS: AINES, CORTICÓIDES, DIGITÁLICOS,


ANTIBACTERIANOS, CETOCONAZOL, ANESTÉSICOS LOCAIS
Interações farmacocinéticas:
distribuição e transporte

Modificam a concentração do fármaco livre

Competição: ligação
com proteínas
plasmáticas

Fármacos afetados:
Fármacos anticoagulantes orais,
lipossolúveis: hipoglicemiantes orais,
benzodiazepínicos, fenitoína, antidepressivos
dipirona, etc tricíclicos
Interações farmacocinéticas:
biotransformação
INDUÇÃO INIBIÇÃO
FENOBARBITAL CETOCONAZOL
DIAZEPAM CIMETIDINA
CARBAMAZEPINA ERITROMICINA
FENITOÍNA
Diminuem
RIFAMPICINA metabolização

Aumentam a meia-
vida de fármacos
Transcrição de
genes da CYP
Reduzem a meia-
vida de fármacos
Efeitos tóxicos
Perda do efeito
Interações farmacocinéticas: excreção

Mecanismo:
competição por
transporte tubular
Fármacos
Fármacos que alterados:
alteram: salicilatos, metotrexato, lítio,
diuréticos acetilprocainamida
tiazídicos,
fenilbutazona
Biodisponibilidade

• Biodisponibilidade: a quantidade de uma substância


que, introduzida no organismo, ganha a circulação e,
portanto, torna-se disponível para exercer seu efeito
terapêutico
– A concentração da substância no plasma depende de fatores
como absorção, a distribuição pelos tecidos, metabolização e
excreção
– A biodisponibilidade pela via intravenosa é 100%
• Biodisponibilidade absoluta: comparação com via iv
• Biodisponibilidade relativa: comparação entre duas formulações
diferentes de um mesmo fármaco
Biodisponibilidade plasmática
• Área sob a curva (AUC = area under curve):
– representação gráfica que leva em consideração a quantidade
de droga disponível para se ligar ao seu alvo em um
determinado tempo (leva em consideração sua curva de
absorção e eliminação)
• Concentração máxima (Cmáx):
– concentração plasmática máxima (pico) que pode ser atingida
por um fármaco após sua absorção

• Tmáx: tempo necessário para o


fármaco atingir a Cmáx

• Meia vida plasmática ou meia


vida de eliminação (T1/2): tempo
necessário para que 50% do fármaco
administrado seja eliminado
Área sob a curva

• A área sob a curva é calculada matematicamente pela determinação


da área trapezoidal
Concentração efetiva

• Intervalo ou margem terapêutica:


– Corresponde a faixa entre a concentração mínima efetiva e a
concentração máxima tolerada
– MTC: maximum tolerated concentration
– MEC: minimum effective concentration
Outros parâmetros farmacocinéticos
• Depuração ou clearance renal (CLr)
– É definido como a concentração do fármaco (em um volume
específico) removida pelos rins em uma unidade de tempo
– É dada pela fórmula:
onde: Cu = concentração urinária
Vu = velocidade do fluxo urinário
Cp = concentração plasmática

– Existe também a depuração hepática e depuração sistêmica

• Concentração estável (“steady state”):


– concentração teórica de equilíbrio de um fármaco atingida após
administração repetida regular
Variação da biodisponibilidade em função da formulação

CMT = concentração máxima tolerada


NPE = nível plasmático efetivo (concentração mínima efetiva)
Estudos de biodisponibilidade

• Biodisponibilidade in vitro
– Testes de equivalência farmacêutica
– Avalia solubilidade, dissolução e permeabilidade intestinal
• agitação, temperatura, quantidade e características do meio de
dissolução
• permeabilidade pode ser avaliada em cultura de células

• A biodisponibilidade in vivo avalia:


– quantidade ou proporção de fármaco absorvido a partir da
formulação farmacêutica;
– velocidade na qual o fármaco foi absorvido;
– duração da presença do fármaco nos líquidos biológicos e
tecidos;
– a relação entre níveis sanguíneos do fármaco e eficácia clínica
ou efeitos tóxicos.
Fatores que afetam a biodisponibilidade

• Idade, sexo, variações hormonais, condições patológicas e uso de


outras substâncias podem afetar a biodisponibilidade de um mesmo
fármaco para dois indivíduos
BIODISPONIBILIDADE
Modelo do compartimento único
• Modelo farmacocinético que tenta prever a
biodisponibilidade plasmática de um fármaco considerando
apenas o plasma
Modelo de dois compartimentos
• Leva em consideração o sangue (plasma) e tecidos como
compartimentos independentes
– A concentração dos fármacos nos dois compartimentos não é igual
Concentração plasmática X eliminação

Onde:
C(0) = concentração plasmática inicial
C(t) = concentração em um determinado tempo
CLs = depuração sistêmica
Vd = volume de distribuição

t1/2 (meia vida): tempo para que C(0) diminua


em 50%
Administração de doses repetidas

• Visam atingir um platô apropriado dentro do índice


terapêutico do fármaco
Concentração terapêutica

Tóxica

Terapêutica

Sub-Clínica
Doses repetidas e intervalo entre doses
Posologia X farmacocinética
• ADME (absorção, distribuição, metabolização e excreção)
• Forma farmacêutica, via de administração e dose devem ser
consideradas para obter o efeito terapêutico
• Intervalo de segurança: intervalo compreendido entre a dose
efetiva e a concentração máxima que não produza efeitos tóxicos
• Índice terapêutico: dose eficaz mediana (DE50) / dose letal
mediana (DL50)
75 15
Droga (mcg/mL)

Droga (mcg/mL)
50 B 10

25 5

A
C
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0

Tempo (horas) Tempo (horas)


Bioequivalência
• Condição em que dois medicamentos com a mesma
formulação possuem biodisponibilidade equivalente,
com AUC, Cmáx e Tmáx semelhantes
– Avaliação é feita pelo método cruzado simples (“crossover”)
– Estudo é realizado com voluntários sadios (pesquisa fase I)
– Características individuais são consideradas
Nomenclatura de medicamentos
• Nome genérico: nomenclatura do princípio ativo,
definida pela denominação comum internacional
• Nome fantasia (ou de marca): nome pelo qual um
dado medicamento é comercializado por um laboratório
• Medicamento genérico: medicamento similar a um
produto de referência
– o medicamento genérico deve ser bioequivalente ao produto de
referência
– produtos de nome genérico que não passaram pela prova de
bioequivalência não são considerados medicamentos genéricos
Exemplo
Nome químico: 7-cloro-1,3-diidro-1-metil-5-fenil-2H-1,4-benzodiazepin-2-ona
Nome genérico: diazepam
Nome fantasia: Valium ®, Noam ®, Ansilive ®, Dienpax®
Genérico: diazepam genérico
Em resumo:
• A biodisponibilidade representa a fração da droga que
chega à circulação e portanto é capaz de produzir seu
efeito
• Variações da forma farmacêutica, posologia, estado
individual e interações medicamentosas vão influenciar
na biodisponibilidade e, consequentemente no efeito do
fármaco
• Dois fármacos são bioequivalentes quando possuem
mesma biodisponibilidade ao longo do tempo
Bibliografia utilizada:
• RITTER, J. M. ; RANG, H. P. ; DALE, M M. Farmacologia. 6.ed.
Elsevier. 2007.
– capítulos 7 e 8.
• DE LUCIA, R.; OLIVEIRA-FILHO, R.M.; PLANETA, C.S.;
GALLACCI, M.; AVELLAR M.C.W. Farmacologia integrada. 3.ed.
Revinter. 2007.
– capítulos 4 a 7 e 10.
• GOODMAN, L. S.; GILMAN, A. G.; HARDMAN, J. G.; LIMBIRD, L.
E. As bases farmacológicas da terapêutica. 11.ed. McGraw-Hill.
2007.
– capítulo 1.
Roteiro de estudo (farmacocinética):
• Diferenciar a farmacocinética da farmacodinâmica e relacionar quais os
processos estudados na farmacocinética.
• Reveja a terminologia utilizada nas aulas de farmacocinética, seu
significado e importância para o assunto.
• Entender como a lipossolubilidade do fármaco, seu pka e partição pelo pH
interferem na sua absorção, distribuição e eliminação.
• Considerar as diferentes vias de administração de fármacos, suas
propriedades, vantagens e desvantagens, assim como as características
das principais formas farmacêuticas utilizadas.
• Relacionar e discutir os fatores que afetam a absorção de um fármaco, sua
distribuição, metabolização e eliminação.
• Diferenciar as reações de biotransformação de fase 1 e fase 2, produtos e
consequências de cada uma e a importância para o processo de
eliminação do fármaco.
• Diferenciar os mecanismos de eliminação renal.
Roteiro de estudo:
• Entender os conceitos de biodisponibilidade, área sob a curva,
concentração máxima e tempo para atingir Cmáx.
• Esquematizar graficamente uma curva de concentração versus tempo de
um mesmo fármaco ou diferentes fármacos administrados por via
intravenosa, oral e uma terceira via a escolha e indicar para cada curva os
parâmetros: Cmáx, Tmáx e AUC.
• Discutir como um fármaco pode ser administrado de forma a manter a
concentração plasmática apropriada (faixa terapêutica).
• Diferenciar os modelos de um compartimento e dois compartimentos e
compará-los com o que ocorre de fato no organismo.
• Elencar as diferentes maneiras pela qual podem ocorrer interações
farmacocinéticas entre dois ou mais fármacos.
• Definir as condições para que um fármaco seja considerado bioequivalente
a um fármaco de referência e explicar a diferença entre nome genérico e
medicamente genérico.

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