Você está na página 1de 4

AO JUÍZO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE FORTALEZA - CE.

(10 linhas)

LINDONILDO DE TAL, já devidamente qualificado nos


autos do Processo Crime nº ..., que lhe move a Justiça Pública, por meio de
seu procurador in fine assinado, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, inconformado com a respeitável decisão “a quo”, com base no
artigo 593, inciso I, do CPP, interpor RECURSO DE APELAÇÃO para o
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, esperando que seja a mesma
recebida e reformada. Razões em anexo.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Fortaleza, 07 de abril de 2020

Advogado ...
OAB...

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ.


(10 linhas)

RAZÕES DE APELAÇÃO

Apelante: Lindonildo de Tal


Apelado: O Ministério Público
Processo nº: ...

COLENDA CÂMARA
ÍNCLITOS JULGADORES,

I - DOS FUNDAMENTOS DE FATO

Trata-se de Ação Penal Pública Incondicionada em que A Justiça


Pública move contra o apelante Lindonildo de tal, imputando-lhe a prática do
crime previsto no art. 157, § 3º do CP (ou lei especial).
Após a instrução processual a denúncia foi julgada procedente,
restando o apelante condenado pela prática do crime de latrocínio previsto no
art. 157, § 3º, a pena de 30 anos de reclusão.
Assim, por não se conformar, Data vênia, com a respeitável
sentença a quo, que condenou o apelante, pretende assim, vê-la reformada por
essa Egrégia Corte, pelas razões e fundamentos que expõe a seguir.

II - DOS FUNDAMENTOS DE DIREITO


Em que pese o vasto conhecimento jurídico do juízo de 1ª
instância, o apelante não pode se conformar com a respeitável decisão
proferida, eis que está em desacordo com as provas acostadas nos presentes
autos e com a verdade dos fatos, conforme destacaremos nestas razões.

2.1 PRELIMINARMENTE
2.1.1 Nulidade do ato de reconhecimento da fotografia – art. 564, IV
combinado com os arts. 226 e 227, ambos do CPP

Depreende-se do caso que o denunciado Lindonildo de tal foi


condenado, haja vista ter sido reconhecido por fotografia pela esposa e filha da
vítima.
Excelências, há uma incoerência. Há um preceito imperativo que
exige certas etapas para realização de reconhecimento de pessoa, tendo a
necessidade de seguir os requisitos do art. 226.

Assim, a pessoa que tiver que fazer o reconhecimento,


descreverá a pessoa que deva ser reconhecida, enquanto a pessoa, cujo
reconhecimento se pretender, será colocada ao lado de outras que tiverem
qualquer semelhança.

No mesmo prisma, ao realizar o reconhecimento por fotografia,


deveria realizar-se conforme o artigo 226, balizando-se para manter o ato
dentro da legalidade.

Dessa forma, tendo em vista a ilegalidade do ato, por ter sido


contrário aos arts. 226 e 227, requer-se a declaração de nulidade do processo
“ab initio”, não configurando o crime previsto no art. 157, caput, bem como a
sua absolvição.

2.2 MÉRITO

No tocante à materialidade, está evidenciada por meio do Laudo


Pericial Cadavérico de fls. x dos autos.

Quanto à autoria, caberá uma análise mais detalhada acerca das


teses a seguir expostas:
2.2.1 Negativa de autoria

Verifica-se que no sentido da autoria, em qualquer momento o


apelante viu que os outros estavam armados, bem como desconhecia
totalmente que poderiam estar armados.

Ainda, o apelante sabia apenas que os denunciados foram


entregar alguns documentos em mãos para uma pessoa naquela cidade e
estava sem veículo, dando carona para Aparecido por ser irmão do seu amigo.

Caso Vossa Excelência entenda pela condenação que analise as


teses a seguir de acordo com o Princípio da Eventualidade:

2.2.2 Reconhecimento do parágrafo 2º do art. 29 do CP

Verifica-se dos autos, que o apelante, caso seja reconhecida sua


participação no crime, não quis participar do crime mais grave, qual seja, o
latrocínio, devendo aplicar-se a ele o crime menos grave, ou seja,
reconhecimento do crime previsto no art. 157, caput, por não ter sido previsível
o resultado mais grave.

Nesse sentido, requer-se a desclassificação do crime de latrocínio


para o crime de roubo, previsto no art. 157, caput, do CP.

2.2.3 Pena

No momento das circunstancias judiciais, o magistrado a quo


reconheceu os antecedentes do apelante, tendo em vista ter sido condenado
por roubou, na Comarca de Juazeiro do Norte-CE.
Entretanto, o referido processo encontra-se em grau de recurso,
nesse sentido não podendo ser considerado para fins de maus antecedentes,
por não ter transitado em julgado.

Com efeito, reconheceu ainda a agravante de reincidência,


majorando a pena em 30 anos, tendo em vista o referido crime
supramencionado.

Nesse prisma, o referido juízo a quo não se adequou ao disposto


nas súmulas 241 e 444 do STJ, tendo em vista a impossibilidade de se utilizar
a reincidência como circunstância agravante e circunstância judicial, bem como
a vedação da utilização de ações penais em curso para agravar a pena-base.

Ainda, o juízo a quo majorou a pena mínima em 5 anos, indo de


encontro à recomendação do CNJ, devendo majorar cada circunstância judicial
em 1/6 da pena mínima, ou seja, a pena base, se houver reconhecimento,
deveria ser 23 anos e 4 meses.

Sendo assim, requer o não reconhecimento da qualificadora como


causa de aumento de pena, levando em conta que o apelante desconhecia
todo o contexto fático e ao ouvir o som de disparo, buscou amparar a vítima,
tentando salvá-la, bem como o não reconhecimento da agravante da
reincidência e maus antecedentes, com fundamento nas súmulas 241 e 444 do
STJ.

III - DO PEDIDO

Ex positis e por tudo mais que dos autos consta, requer a Vossa
Excelência o conhecimento e o provimento do presente recurso para:

3.1 PRELIMINARMENTE:
a) Declarar a nulidade do ato de reconhecimento por fotografia,
bem como do processo “ab initio”, não configurando o crime
previsto no art. 157, caput, bem como a sua absolvição,
conforme art. 564, IV combinado com os arts. 226 e 227,
ambos do CPP.

3.2 NO MÉRITO:
a) absolver o apelante Lindonildo de tal, da imputação do crime
previsto no art. 157, §3º, com fundamento no art. 386, IV e V do CPP, para que
neste renomado Tribunal proceda-se a já tão costumeira e consagrada
JUSTIÇA!
b) Subsidiariamente, caso Vossa Excelência não entenda pela
absolvição, que seja desclassificado o crime de latrocínio para o crime de
roubo, previsto no art. 157, caput, do CP, por ser medida de Justiça;

c) Requer o não reconhecimento da qualificadora como causa de


aumento de pena, levando em conta que o apelante desconhecia todo o
contexto fático e ao ouvir o som de disparo, buscou amparar a vítima, tentando
salvá-la, bem como o não reconhecimento da agravante da reincidência e
maus antecedentes, com fundamento nas súmulas 241 e 444 do STJ.

Nestes termos
pede deferimento.

Fortaleza/CE, 07 de abril de 2020

Advogado ...
OAB...

Você também pode gostar