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Psicomotricidade
Material Teórico
Breve História do Corpo, do Movimento e da Psicomotricidade
Revisão Textual:
Profª. Dra. Maria Isabel Andrade Sousa Moniz
Breve História do Corpo, do Movimento
e da Psicomotricidade
• Introdução
• O Movimento
• O Movimento na Educação
• Psicomotricidade
Ao ler esta unidade e aprofundar seus estudos, você deve ter como foco a compreensão e
a contextualização do que representa o conhecimento e a reflexão sobre a interação entre
corpo, movimento e psicomotricidade no trabalho educativo do professor. O eixo central
desta unidade é a percepção do educador acerca da necessidade de dominar e refletir
sobre o tema e de compreender que a criança aprende através do corpo. Acesse no item
Documentos da Disciplina o conteúdo teórico.
Em seguida, leia com atenção as questões que compõem a Atividade de Sistematização,
procurando sempre interagir com a proposta apresentada.
Você encontrará a indicação de Materiais Complementares, que enriquecerão ainda mais
seu estudo sobre o tema. A bibliografia também constitui um material complementar valioso
para o aprofundamento do seu estudo.
Na Atividade de Aprofundamento da unidade, participe do Fórum que o levará a refletir
sobre a teoria estudada.
Então, bons estudos e lembre-se de que em caso de dúvidas estarei em contato com você,
através do ambiente virtual.
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Unidade: Breve História do Corpo, do Movimento e da Psicomotricidade
Contextualização
Para nosso momento de contextualização, sugerimos que leia um pequeno artigo da revista
Nova Escola intitulado: O corpo, o movimento e a aprendizagem.
O artigo fala da importância do trabalho com a dança nas escolas e defende a ideia
de que “quem dança tem mais facilidade para construir a imagem do próprio corpo, o
que é fundamental para o crescimento e a maturidade do indivíduo e a formação de sua
consciência social”.
Leia o artigo e faça uma reflexão sobre a importância da dança no currículo escolar.
Ressaltamos a importância do estudo da unidade para a sua formação pessoal e profissional.
A matéria está disponível no seguinte endereço eletrônico:
http://revistaescola.abril.com.br/arte/pratica-pedagogica/corpo-movimento-
aprendizagem-514704.shtml
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Introdução
Nesta unidade, ao estudarmos o que se conhece sobre o corpo e o movimento corporal,
veremos que o ser humano tem visões muito particulares do que é e o que significa o corpo, o
movimento e a psicomotricidade humana.
Como educadores, deveremos ter uma visão mais científica, mais aprofundada, pois vamos
trabalhar esses sentidos e funções em um ser humano em formação.
Assim sendo, veremos em pormenores o que cada um desses temas – corpo, movimento,
psicomotricidade – tem em particular e como interagem na formação da personalidade da
criança, contribuindo para que o adulto cresça em sua caminhada para uma formação dita
civilizada, consciente, cidadã, onde valores humanos e tecnológicos se harmonizem pela vida.
Desta forma, é necessário, primeiro, ter uma visão histórica de como cada sociedade, cada
cultura ao longo do tempo e de cada uma dentro do seu espaço, construiu e representou o
corpo humano, atribuindo-lhe certos atributos, negando outros e criando padrões referenciais
de beleza, saúde, postura, etc.
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Unidade: Breve História do Corpo, do Movimento e da Psicomotricidade
Você Sabia ?
O homem vitruviano é um conceito apresentado pelo arquiteto
romano Marco Vitruvio Polião. O conceito é considerado um cânone
das proporções do corpo humano, segundo um determinado
raciocínio matemático e baseando-se, em parte, na proporção áurea.
Desta forma, o homem descrito por Vitrúvio apresenta-se como um
modelo ideal para o ser humano, cujas proporções são perfeitas,
segundo o ideal clássico de beleza.
Homem Vitruviano, (1490) desenho
de Leonardo da Vinci.
Pensamos que por ser o nosso próprio corpo, uma propriedade nossa, teremos o domínio e
o conhecimento sobre ele.
Segundo o grande psicanalista Jacques Lacan (ARANHA, 2003),
nos primeiros meses de nossas vidas (até os dezoito primeiros meses)
a criança tem uma visão corporal pela experiência, que se denomina
“experiência do espelho”: ela se alegra e ri ao conseguir se identificar
com a imagem refletida de sua figura. Nesse contexto, ela constrói a
figura do outro, que é diferente dela. Um adulto geralmente tem uma
experiência que antes de tudo é pré-cognitiva ou pré-reflexiva.
Muitas pessoas passam a vida sem conhecer o seu próprio corpo por dentro, não sabendo
como é e como funciona. Desconhecem a sua anatomia e sua fisiologia, essenciais para poder
usufruir do corpo e suas benesses.
Além dessas considerações, somente quando olhamos num espelho temos uma visão
aproximada do nosso corpo, pois, em geral, só vemos algumas partes dele e mesmo assim em
situações nem sempre reveladoras. Quando realizamos nossas atividades rotineiras e básicas,
como andar, correr, falar, rir, chorar, etc., temos visões emocionais ou fisiológicas. Temos quase
sempre uma visão corporal quando olhamos o outro. É com essa perspectiva, quase sempre
surpreendente, que nos reconhecemos quando somos filmados/gravados.
A primeira vez em que me vi filmada, pensei e exclamei: quem é essa figura? Será minha
irmã? Tenho uma tia parecida com essa mulher. Não consegui dissimular a minha surpresa.
Conhecemos muito mal o nosso corpo e os sons que emitimos. De agora em diante, veremos
algumas concepções a respeito dessa surpreendente e misteriosa “máquina”: o nosso corpo.
1. A visão Platônica
O mundo ocidental, com uma visão maniqueísta a respeito de quase tudo, tende a ver, explicar e
demonstrar o corpo humano em duas partes bastante distintas: corpo e alma.
A parte material, física, fisiológica é o corpo, enquanto a parte dita espiritual e consciente é
chamada de alma. Esse dualismo, que poderíamos chamar de dualis brinquedo construindo
mo psicofísico, tenta separar o indivisível.
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Essa relação já aparece entre os gregos no século V a.C. por meio de Platão, que admite
que a alma tenha vivido no mundo das ideias antes de se encarnar num corpo e, quando isso
acontece, a alma fica aprisionada ao corpo e acaba se degradando.
Platão demonstra no diálogo “O Banquete” que a alma superior deve controlar as paixões
ou seremos incapazes de comportamento moral adequado. Segundo Platão, o amor sensível
deve estar subordinado ao amor intelectual. Na Grécia, o berço das Olímpiadas, até a guerra
cessava por essa ocasião, daí o clássico ditado popular: “corpo são em mente sã”, de onde se
deduz que o corpo para estar com boa saúde deve estar subordinado às boas ideias. Amar
platonicamente é estar ligado primeiro às ideias, ao intelecto, à mente.
Maniqueísmo: Doutrina filosófica do persa Mani ou Manes (séc. III) segundo a qual o
mundo foi criado e é dominado por dois princípios antagônicos, o bem absoluto e o mal
absoluto. Forma de julgamento ou de avaliação que reduz uma questão a apenas dois aspectos
opostos e incompatíveis.
2. A visão medieval/ascetismo
O império romano se desagrega e os bárbaros migram marcando o fim da Antiguidade e o
início da Idade Média. O corpo passa a ser um sinal de pecado e a religião faz sua purificação por
meio do Ascetismo. Em grego, ascetismo significava exercício e depois, disciplina e autocontrole.
Ascese: Conjunto de exercícios (oração, meditação, etc.) que visam ao aperfeiçoamento espiritual.
Ascetismo: Prática da ascese para alcançar elevação espiritual. Moral fundada no desprezo
do corpo e das sensações físicas.
Neste período, a Igreja Católica era a grande controladora da vida e costumes na Europa
e entendia o corpo como um grande gerador de pecado, fase que começa a desaparecer
lentamente com o início do Renascimento.
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Unidade: Breve História do Corpo, do Movimento e da Psicomotricidade
Outras concepções sobre o corpo foram se estabelecendo nesse período. Baruch Espinoza
(1632-1677) afirma em sua obra não haver hierarquia entre Corpo e Espírito: o que existe é
uma relação de correspondência. Não existe um passivo e outro ativo, as forças se equilibram
e se correspondem. Espinoza é um filósofo da vida e diz: “É falsa a moral baseada no dever, é
falsa a moral baseada na falta e no mérito, é falsa a moral baseada em pecado e perdão”.
Para Espinoza, liberdade é autodeterminação, é autonomia. O Renascimento e a Idade
Moderna começam a libertar o corpo de todas as amarras externas que o prendiam.
É preciso consciência desse poder para lhe conferir legitimidade, porque todo instrumento
confere sentido a quem o usa: a arma para o caçador tem um sentido muito diverso do que lhe
dá um guerrilheiro.
Para que o corpo não use esse poder de maneira indiscriminada, segundo aqueles que detêm
a dominação, é preciso torná-lo dócil “a quem” usa esse corpo.
Ao longo dos tempos, a história mostra exemplos de sofrimento por parte daqueles que se
negaram a seguir padrões que deveriam seguir. O poder entende que comportamentos fiquem
dóceis pela domesticação. Usa-se o corpo para dobrar o espírito.
O autor defende que o capitalismo só aceita o corpo que ao mesmo tempo é capaz de
produzir e obedecer. Assim, na modernidade não se escraviza mais o corpo. Disciplina-se o
espírito e usa-se o corpo como moeda de troca.
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O procedimento para dominação do corpo é exercido por meio de um “olhar que vigia”
(muros altos, sinais, horários, controles de ponto, prêmios, ameaças, etc.). É preciso dominar,
sem que o outro perceba o domínio.
6. O educador e o corpo
Cabe ao educador conhecer significativamente o corpo humano, em especial o corpo das
crianças/adolescentes com o qual terá que trabalhar. O conhecimento anatômico – fisiológico
– hormonal é imprescindível, sob pena de não se conseguir resultados intelectuais devido ao
desconhecimento corporal.
A sua atuação frente ao aluno será determinante para ele olhar e sentir seu corpo, o corpo
do outro e formar a ideia corporal do ser humano. É no conhecimento e aceitação do nosso
próprio corpo que aceitaremos os corpos diferentes, das outras pessoas.
O Movimento
Quando estudamos o corpo e sua temporalidade, vimos também que é necessário o
estudo de sua anatomia e da sua fisiologia. Ao estudarmos o movimento do corpo humano,
em especial o das crianças / adolescentes, veremos que ele é uma importante dimensão da
cultura. O desenvolvimento do ser humano jamais poderá se completar sem que lhe organizem
e possibilitem movimentos e o seu conhecimento físico/anatômico.
Assim, é imperioso conhecer os movimentos: nós nos movimentamos já no ventre materno
e a partir do nascimento as crianças/bebês se movimentam de maneira contínua, adquirindo
com isso um controle corporal, de início limitado, mas que aos poucos se intensifica e cresce,
apropriando-se do entorno e suas possibilidades e interagindo com o mundo exterior.
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Unidade: Breve História do Corpo, do Movimento e da Psicomotricidade
Quando as crianças brincam, elas criam movimentos e ritmos próprios de sua cultura
e apropriam-se dos mesmos, aprofundando a cultura e tornando o seu meio mais rico
culturalmente. Quanto mais rico o meio nas suas expressões culturais, maior será a preservação
de seus costumes e tradições.
Toda e qualquer instituição de educação infantil deve favorecer um ambiente físico seguro e
socialmente agradável, para que as crianças, ao se sentirem protegidas e estimuladas, visual e
sinestesicamente, se arrisquem e promovam desafios sob a tutela do educador. Se esse
ambiente for pobre, pequena será sua manifestação, se for rico e propiciar desafios, grande será
sua atuação e ampliação cultural.
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A cultura do movimento é essencial para o desenvolvimento da psicomotricidade e
quanto mais rica for, maior será a produção intelectual da criança.
Os movimentos corporais da criança expressam desejos: de comunicação, afetividade e
interação com o ambiente que a rodeia. Essas possibilidades a fazem crescer culturalmente e a
levam a ações intencionais cada vez mais complexas e objetivas.
Veremos que a psicomotricidade, antes relegada ao estudo do desenvolvimento motor com
relevância para sua coordenação, tem nos dias atuais uma maior amplitude.
O Movimento na Educação
As diversas práticas pedagógicas que nos tempos
atuais marcam a educação refletem diversas
concepções em relação ao sentido que se deve dar
ao movimento nas creches, pré-escolas, escolas e
outras instituições afins.
É muito comum confundir movimentação com
indisciplina. Com o intuito de se assegurar ordem,
progresso, relações harmoniosas e uma atmosfera
civilizada, procura-se simplesmente suprimir a
ideia de movimento, cria-se um ambiente rígido
nas posturas para as crianças de diferentes idades.
“Vamos formar uma fila: pequenos à frente e grandes atrás”. “Fiquem sentados sem conversar
até a chegada do coordenador geral”. “Vamos fazer esta caminhada em ordem – sem bagunça”.
De maneira geral este tipo de imposição não leva em conta as disposições motoras da
criança/adolescente. Muitas vezes, o educador acredita que os movimentos que aí
se multiplicam atrapalham a aprendizagem. “Criança que se mexe não aprende, não se
concentra”. “Ela só pensa em brincar”.
Diante dessas assertivas, tão comuns nas escolas e no pensamento de alguns educadores,
poderemos concluir que educação e movimento não se coadunam. É imperioso dizer que não
poder movimentar-se, gesticular, é que impede o pensamento e a manutenção da atenção, tão
necessários à aprendizagem.
Existem práticas educacionais que ao perceberem a necessidade de movimentação
propõem exercícios limitados e deslocamentos em que a criança se movimenta apenas para
dispender energia.
Essas práticas que permitem apenas movimentos coordenados totalmente pelo educador
até podem ser eficientes para manter ordem e disciplina, porém impedem ou limitam as
manifestações de expressão que são extremamente reveladoras nas crianças/adolescentes para
se conhecer se gostaram ou não, se aprenderam ou não.
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Unidade: Breve História do Corpo, do Movimento e da Psicomotricidade
O movimento para as crianças é muito mais do que mover partes do corpo ou se deslocar.
Elas se expressam por meio de gestos e expressões faciais, utilizando o corpo como suporte.
O ato motor é um gesto expressivo de sua necessidade de se comunicar e dizer que está presente.
Ideias Chave
Nesse sentido, é importante que o educador observe e absorva a ideia de que a expressividade
e mobilidade são essenciais à educação. Grupo disciplinado não é aquele em que todos
ficam quietos e imóveis à espera de ordens e comandos.
Deslocamentos, conversas, brincadeiras, jogos, não podem ser considerados desordem, mas
sim manifestações naturais de alegria, desejo de participação e, portanto, guiados e dirigidos
pelo educador para o fim que se deseja.
As manifestações de motricidade têm um caráter lúdico e expressivo e permitirão ao educador
organizar e melhorar suas práticas educacionais.
Psicomotricidade
É essencial entendermos, depois de estudar o corpo e movimento, como a psicomotricidade
contribui para o processo de ensino e aprendizagem.
Não se concebe a criança de forma fragmentada e receptora de conteúdos. A complexidade
da aquisição de conhecimentos e sua relação com o mundo são evidenciadas.
A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade nos dá um conceito bastante amplo do que é
Psicomotricidade, como veremos a seguir:
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A história da psicomotricidade acompanha a história do corpo, que sofreu grandes
alterações desde a antiguidade até a atualidade. Segundo Fonseca (1995), desde Aristóteles
o corpo foi negligenciado em função do espírito, passando apenas a ser estudado no século
XIX, por neurologistas e depois por psiquiatras, visando entender as estruturas cerebrais e
esclarecer fatores patológicos.
A partir do discurso médico-neurológico tentou-se explicar diferentes disfunções cerebrais
que ocorriam sem que o cérebro fosse lesionado ou que se soubesse sobre sua lesão. As
primeiras pesquisas psicomotoras tiveram fundo neurológico, que já não podia explicar
alguns fenômenos patológicos.
Pela necessidade médica de encontrar respostas, foi empregada pela primeira vez, em 1870,
a palavra psicomotricidade. (FONSECA,1995)
Segundo Fonseca (1995, p.9)
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Unidade: Breve História do Corpo, do Movimento e da Psicomotricidade
O meio, ao propiciar as trocas com a criança, permite uma conquista que se amplia à medida
que as necessidades aumentam.
Henry Wallon (1879-1962), médico, pedagogo, psicólogo e filósofo francês, introduz a partir
de 1920 a ideia de que o movimento do corpo tem caráter pedagógico. O gesto e a ação são
representativos em si para a psicomotricidade, ajudando a ciência da educação a se redefinir e
renovar princípios educacionais.
Muito pouco citados por americanos e europeus, surgem autores soviéticos na área
de psiconeurologia, como Ozeretsky (citado por Guilman), Vygostsky e Luria, etc. É na
integração multidisciplinar e transdisciplinar que estará o futuro da evolução e atualização
da Psicomotricidade.
Cada gesto de uma criança carrega a marca do grupo ao qual ela pertence, tornando-se
assim também uma marca pessoal e individualizada (só sua).
Wallon é explícito ao afirmar que o meio ambiente onde se realiza a aprendizagem e o meio
de onde a criança emerge interferem diretamente na formação de sua identidade.
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A tradição cartesiana habituou-nos a desprender-nos do objeto: a atitude reflexiva purifica
simultaneamente a noção comum do corpo e a da alma, definindo o corpo como uma soma de
partes sem interior, e a alma como um ser inteiramente presente a si mesmo, sem distância. Essas
definições correlativas estabelecem a clareza em nós e fora de nós: transparência de um objeto
sem dobras, transparência de um sujeito que é apenas aquilo que pensa ser. O objeto é objeto do
começo ao fim, e a consciência é consciência do começo ao fim. Há dois sentidos e apenas dois
sentidos da palavra existir: existe-se como coisa ou existe-se como consciência. A experiência do
corpo próprio, ao contrário, revela-nos um modo de existir ambíguo. Se tento pensá-lo como um
conjunto de processos em terceira pessoa – “visão”, “motricidade”, “sexualidade” – percebo que
essas “funções” não podem estar ligadas entre si e ao mundo exterior por relação de causalidade,
todas elas estão confusamente retomadas e implicadas em um drama único. Portanto, o corpo
não é um objeto. Pela mesma razão, a consciência que tenho dele não é um pensamento, quer
dizer, não posso decompô-lo e recompô-lo para formar dele uma idéia clara. Sua unidade é
sempre implícita e confusa. Ele é sempre outra coisa que aquilo que ele é, sempre sexualidade ao
mesmo tempo que liberdade, enraizada na natureza no próprio momento em que se transforma
pela cultura, nunca fechado em si mesmo e nunca ultrapassado. Quer se trate do corpo do
outro ou do meu próprio corpo, não tenho outro meio de conhecer o corpo humano senão
vivê-lo, quer dizer, retomar por minha conta o drama que o transpassa e confundir-me com ele.
(MERLEAU-PONTY, 1999, p.268-269)
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Unidade: Breve História do Corpo, do Movimento e da Psicomotricidade
Material Complementar
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Como material complementar sugerimos que você leia o capítulo 2 (Educação psicomotora paginas
55 – 77) do livro Pedagogia do movimento: universo lúdico e psicomotricidade de Hermínia Regina
Bugeste Marinho... [et al.]. – 2. ed. – Curitiba: Ibpex, 2007.
O capitulo dois do livro trás uma importante contribuição para refletirmos sobre a importância da
psicomotricidade no desenvolvimento dos indivíduos. O referido livro encontra-se em E-books na
biblioteca Pearson da universidade.
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Referências
ARANHA, Maria Lucia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à
filosofia. 3.ed.revista.São Paulo: Moderna,2003.
BRASIL. Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.v.3
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