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Resumo
O trabalho apresenta as ideias elaboradas pelo autor Alan Chalmers na obra intitulada “O que
é ciências afinal?”, considerada uma das melhores introduções à filosofia da ciência na
atualidade. O autor explica de forma didática os métodos e conceitos que caracterizam a
ciência, questionando inicialmente o status atribuído à atividade científica no contexto social
e a visão simplificada sobre o verdadeiro objetivo dos domínios da ciência. Na obra, o autor
procura esmiuçar a velha ortodoxia da filosofia da ciência pré-popperiana, seguindo da
apresentação da proposta de vários filósofos da ciência e os diversos debates que se
desdobraram sobre o estatuto da verdade. Com estilo bastante amigável na explicação de
diversos exemplos históricos e atuais da ciência, o autor objetiva combater a chamada
“ideologia da ciência”, mesmo reconhecendo que seu questionamento sobre “o que é ciência,
afinal?” foi presunçoso e que as generalizações universais em torno desta indagação não a
explicam.
Abstract
The paper presents the ideas developed by the author Alan Chalmers in the work entitled
"What is science anyway?”. Considered one of the best introductions to philosophy of science
today. The author explains in a didactic way the methods and concepts that characterize
science, initially questioning the status assigned to scientific activity in the social context and
the simplified view of the real aim of the fields of science. In the work the author tries to
scrutinize the old orthodoxy of the philosophy of pre-Popperian science, following the
presentation of the proposal of several philosophers of science and debates that unfolded on
the status of truth. With quite friendly style in explaining various historical and current
examples of science, the author aims to combat so-called "ideology of science", while
acknowledging that his questioning of "what science is, after all?" Was presumptuous and that
universal generalizations around this question not explain.
Credenciais do autor:
Alan Francis Chalmers nasceu em Bristol, Inglaterra, em 1939, e obteve uma licenciatura em
física na Universidade de Bristol, e seu mestrado em Física pela Universidade de Manchester.
Seu doutorado sobre a teoria eletromagnética JC Maxwell foi concedido pela Universidade de
Londres. Chalmers foi para a Austrália em 1971 e trabalhou por alguns anos na Universidade
de Sydney. Foi eleito membro da Academia de Letras, em 1997. Seu interesse de pesquisa
primária é a filosofia da ciência e ele é autor do livro best-seller que foi traduzido para muitas
línguas - O que é esta coisa chamada ciência? Foi professor visitante na Universidade de
Flinders Departamento de Filosofia desde 1999. Em 2007, e também atuou como professor
visitante na Universidade de Pittsburgh. Atualmente é professor associado da História e
Filosofia da Ciência departamento da Universidade de Sydney.
Conhecimento da obra
Desde sua primeira edição em 1976, o livro é considerado uma das melhores introduções à
filosofia da ciência. O autor explica de forma acessível os métodos e conceitos que
caracterizam a ciência e a distinguem de outras atividades humanas, não pretende ser uma
contribuição à história da filosofia da ciência. Seu propósito é analisar, pedagogicamente, o
desenvolvimento recente de algumas teorias modernas sobre a natureza da ciência, bem como,
sugerir alguns aperfeiçoamentos. Chalmers aborda a evolução destes conceitos, mostrando
que o método científico não é uma entidade estática e fixa, mas, que evolui à medida que
falhas e limitações são identificadas. Sua obra está organizada em quatorze capítulos, sendo a
primeira parte dedicada ao detalhamento dos conceitos "tradicionais", como observações
experimentais, inducionismo, a falsificabilidade, que são relacionados a posições extremas
defendidas no passado e que ainda influenciam as teorias modernas, onde surge de modo
expoente, Popper que tem suas ideias reconhecidas por qualquer cientista. A segunda parte,
totalmente revisada e ampliada na 2ª edição, tem-se as teorias mais modernas e menos
conhecidas fora dos círculos filosóficos - as teorias de Thomas Kuhn, Imre Lakatos, Paul
Feyerabend, onde são delineadas abordagens sobre o relativismo, objetivismo e o critério de
racionalidade do conhecimento, sendo finalizada com as impressões do autor sobre a busca de
descrições “verdadeiras” sobre os fenômenos, havendo uma grande preocupação, do mesmo,
em não ter se tornado contraditório.
Na tentativa de iniciar a discussão sobre os fundamentos do conhecimento científico,
Chalmers chama atenção para o paradoxo que marca a compreensão da ciência nas sociedades
modernas, onde há o estabelecimento de uma concepção de senso comum, amplamente,
aceita, que define o conhecimento científico confiável, há contraditoriamente, uma visão
negativa sobre a atividade científica, provocada pelos malefícios do avanço científico, como a
bomba atômica e a poluição. Ainda assim, Chalmers destaca que a visão moderna de ciência
confere a si própria, uma autoridade que permite fazer uma distinção severa das outras formas
de conhecimento ou pseudociências, por estar estruturada como forma de conhecimento
superior apoiada por um método considerado seguro que permite derivar teorias verdadeiras
sobre a natureza. Essa visão é compreendida como consequência da revolução científica que
ocorreu principalmente durante o século XVII, levada a cabo por grandes cientistas pioneiros
como Galileu e Newton. Tais discussões são apresentas no Capitulo I, onde, enfaticamente,
Chalmers destaca a lógica indutivista, que considera a experiência como fonte de
conhecimento passando a confundir-se com a própria lógica científica, porém, nos Capítulos
II e III, o indutivismo é rigorosamente criticado, sendo considerado ingênuo ao estabelecer
que a observação e o experimento formam a base, a partir da qual, as leis e teorias, que
constituem o conhecimento científico, tornam-se indiscutíveis sendo refutada a justificativa
que as teorias são propostas através da cumulação de dados observados, seguidos de indução.
Desse modo, a crítica ao problema da indução, consiste em como justificar os meios que
permitem extrair das afirmações singulares, que resultam da observação, as afirmações
universais, que constituem o conhecimento científico. Chalmers não acredita ser possível
sobre o Realismo Não- Representativo são mais difíceis de tratar. Indagam sobre até onde
nossas teorias podem ser construídas como uma busca de descrições “verdadeiras” do que o
mundo “realmente” parece.
Conclusões do autor
Na tentativa de exaurir suas ideias sobre como as teorias cientificas se comportam e como
aplicá-las em um mundo inflexível, Chalmers chama atenção para o chamado realismo, termo
usado para caracterizar posições que adotam a noção de verdade, que tem o objetivo de
descrever algum aspecto do mundo. Em contrapartida, rejeita o instrumentalismo que é um
ponto de vista alternativo para descrever teorias, como instrumentos projetados para
relacionar um conjunto de elementos observáveis com outros e que, acredita oferecer uma
distinção clara entre conceitos teóricos e situações aplicáveis. O referido autor assinala as
dificuldades em trabalhar com a verdade porque seu uso pode levar a paradoxos e, até mesmo,
a contradições, mesmo utilizando uma linguagem adequada. Um componente importante da
análise da ciência de Feyerabend destacado por Chalmers é seu ponto de vista sobre a
incomensurabilidade, que tem algo em comum com o ponto de vista de Kuhn. Esse conceito
origina-se na dependência da observação com a teoria, em que os princípios fundamentais de
duas teorias rivais podem ser tão radicalmente diferentes que não é possível comparar
logicamente tais teorias. Chalmers realça o posicionamento de Feyerabend de que a ciência,
inclusive a física, não é superior a outras áreas de conhecimento, não aceitando que haja
predomínio da ciência, entrando em destaque a “atitude humanitária” da liberdade do
pesquisador de se sobrepor frente às restrições dos métodos e encorajando os indivíduos a
terem a liberdade de escolher entre a ciência e outras formas de conhecimento. Diante das
diversas reflexões, Chalmers declara que seu objetivo na referida obra é combater a chamada
“ideologia da ciência”. Muito embora, reconheça que seu questionamento sobre “o que é
ciência, afinal?” foi presunçoso e que as generalizações universais em torno desta indagação
não a explicam. O autor conclui advertindo que não se pode encarar ciência como único
campo de conhecimento existente.
Quadro de referências
Na obra é possível perceber um ecletismo de abordagens utilizadas pelo autor que se reporta
às concepções conservadoras sobre o método científico até as teorias consideradas mais
modernas, na tentativa de estabelece um olhar sobre o pensar científico de uma maneira isenta
de complexidade. Desse modo, Chalmers engendra a discussão embasado nos postulados de
vários teóricos como Karl Popper, Imre Lakatos, Thomas Kuhn, Paul FFeyerabend, além de
utilizar, repetidamente, o recuso da exemplificação com fatos das teorias de Ptolomeu,
Copérnico, Darwin, Galileu, Newton e de Albert Einstein na tentativa de clarificar e
engrandecer o debate. Com base nesses pressupostos teóricos, Chalmers afirma que os
desenvolvimentos modernos na filosofia da ciência têm apontado com precisão e enfatizado
profundas dificuldades associadas à ideia de que a ciência repousa sobre um fundamento
seguro, adquirido através de procedimentos (observação, experimentos etc.) que possibilita
derivar teorias científicas de modo confiável de tal base. Não compartilha da crença que há
método que garanta às teorias científicas serem provadas verdadeiras ou, mesmo,
provavelmente verdadeiras. Enfatiza que tentativas de fornecer uma reconstrução simples e
diretamente lógica do “método científico”, encontram dificuldades ulteriores quando se
percebe que tampouco há método que possibilite que teorias científicas sejam
conclusivamente desaprovadas. É uma característica do desenvolvimento moderno nas teorias
do método científico, a crescente atenção que é prestada à história da ciência. O autor destaca
Apreciação da obra
Estilo
O estilo seguido pelo autor é técnico acadêmico, trata-se de uma progressão compreensiva na
forma de apresentar os variados temas. A discursividade empregada na extensão de toda obra
não parece tão simples. À primeira vista, as unidade de análise são estabelecidas pela
historicidade das descobertas científicas mais significativas na História da Ciência. O autor
divaga em variados exemplos da física, o que requer um “pente fino” para facilitar
determinada conexão do leitor com as categorias abordadas. Não houve evidência de concisão
na exposição. Por conseguinte, nos últimos capítulos, há uma retomada de algumas questões
descritas anteriormente, tornando a exposição mais pedagógica e profícua acerca das questões
complexas que envolvem a Filosofia da Ciência.
Forma
torna mais agradável e interessante. Pelo estilo, forma e complexidade dos temas, ela exige
leitores com certa base filosófica, conhecimentos em Matemática, Física, Química, Sociologia
e etc.
Indicação da obra
Pela complexidade do tema proposto, a obra poderá ser indicada a alunos dos cursos de
graduação em Filosofia, História da Ciência, Física, Matemática e Química podendo instigar
ao debate, à discussão e à pesquisa sobre a visão simplifica da ciência.
Agradecimentos e apoios
Destacamos o auxílio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas –
IFAM por oportunizar o conhecimento e o estudo de uma obra tão significativa sobre a
natureza da ciência através da disciplina Metodologia da Pesquisa Científica no Ensino
Tecnológico do Programa de Pós-graduação do Mestrado Profissional de Ensino Tecnológico
(MPET2014/IFAM) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM)
por fomentar a pesquisa e a qualificação dos profissionais da educação do Estado do
Amazonas.
Referências
CHALMERS, Alan F. O que é ciência afinal? Tradução: Raul Filker: 1ª. Ed. – São Paulo:
Brasiliense, 1993.