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FÓRUM TEMÁTICO 01

 (10 pontos)
Discuta as relações entre filosofia e ciência. O que é cada uma delas? O que
as diferencia? O que as assemelha? Em que elas podem se beneficiar uma da
outra?
Neste fórum você será avaliado por quantidade de postagens, engajamento no
debate e fundamentação da sua resposta. Uma única postagem sem
engajamento no debate não será avaliada.

A partir de Aristóteles, a filosofia se ocupa em caracterizar a epistême, isto é, o


saber obtido metodicamente. O filósofo faz notadamente algo que hoje seria
feito por filósofos; todavia, em muitas das suas obras encontramos métodos de
investigação que são comuns atualmente na prática dos cientistas. Podemos
ainda observar desde os pré-socráticos tentativas relevantes para aplicar a
razão às questões metafísicas e epistemológicas, mas também às primeiras
teorias físicas. Ainda que não existisse uma disciplina intitulada filosofia da
ciência na antiguidade grega e no período medieval, já que o que conhecemos
atualmente por ciência era nomeada de filosofia natural, a ideia aristotélica de
conhecimento como verdade necessária perdurou por séculos e só começa a
se modificar com a ciência experimental moderna no século XVII, período em
que desponta o racionalismo do método cartesiano, o positivismo – em que as
sentenças científicas deveriam ser logicamente corretas e terem
fundamentação científica e, adiante, o positivismo crítico de Popper, que
compreende que por causa do problema da indução nunca poderia ser
verificado completamente uma sentença empírica geral. Outra mudança
importante surge com a publicação de A estrutura das revoluções científicas,
de Kuhn. Nela, o filósofo aponta que a ciência se baseia em paradigmas e que,
eventualmente, anomalias acarretam em crise científica – que pode resultar em
um novo modo de ver o mundo e fazer ciência, ou seja, uma revolução
científica. A teoria científica, portanto, é sempre uma teoria falseável, o que a
torna provisória.
A observação científica possui características próprias e, embora planejada e
sistemática, respeita a espontaneidade do objeto estudado, diferentemente do
experimento científico que é uma experiência controlada, onde se provoca
deliberadamente alguma mudança no objeto de estudo.
À medida que as ciências naturais vão aumentando e desenvolvendo
metodologias específicas, chega-se até mesmo a questionar se restaria algo
para a filosofia fazer. Contudo, o papel da filosofia é a de funcionar como
observadora crítica da ciência. Em outros termos, cabe a filosofia explicitar e
explorar as bases de justificação dos métodos científicos. Dessa perspectiva,
muitos filósofos ressaltam aproximações entre filosofia e ciência – dados de
observação e elementos racionais constituiriam um todo unificado. Vejamos,
por exemplo, o caso da física que, para descrever o mundo natural, utiliza
teorias altamente abstratas que parecem muito próximas dos raciocínios
filosóficos.

Referências:
CUPANI, Alberto. Filosofia da Ciência. Florianópolis: FILOSOFIA/EAD/UFSC,
2009.
SKLAR, Lawrence. A relação entre ciência e filosofia. Retirado
de Philosophy of Physics, de Lawrence Sklar (Oxford University Press, 1992).

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