Você está na página 1de 4

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO ORÇAMENTO E GESTÃO

Secretaria de Gestão Pública


Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais de Pessoal
Coordenação-Geral de Aplicação das Normas

NOTA TÉCNICA No 33/2015/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP


Assunto: Acumulação. Pensão filho inválido e aposentadoria por invalidez estatuária.

SUMÁRIO EXECUTIVO

1. Por intermédio do processo epigrafado, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional


solicita manifestação quanto à possibilidade de acumulação de aposentadoria estatutária civil,
por invalidez, paga pelo Ministério da Fazenda, com pensão estatutária civil, por morte, na
qualidade de filho maior inválido de que trata da Lei nº 3.373, de 1958, vinculado ao Ministério
da Saúde.

INFORMAÇÃO

2. Inicialmente, ressaltamos que corroboramos integralmente as conclusões


estampadas no Parecer PGFN/CJU/COJPN Nº 1237/2013. Vejamos:

a) parece-nos correta a manifestação da PRFN/2, que, ao discordar do posicionamento do


Serviço de Gestão de Pessoas do Núcleo Estadual do Paraná do Ministério da Saúde,
firmou que a pensão por morte em debate estaria sujeita a registro junto ao Tribunal de
Contas da União, pois este já sedimentou seu posicionamento no sentido de que, após a
promulgação da Constituição Federal de 1988, todos os órgãos e entidades da
Administração Pública Direta e Indireta devem submeter à sua apreciação, para fins de
registro, todos os atos de admissão de pessoal e de concessão de aposentadoria e pensões;
b) como, nos presentes autos, não há notícia de que a pensão concedida ao interessado,
em 28 de abril de 1992, teria sido submetida ao necessário registro junto ao TCU, não se
observa o decurso do prazo decadencial quinquenal previsto no artigo 54 da Lei no 9.784,
de 1999;
c) esta Coordenação-Geral Jurídica, na esteira de decisões consolidadas do Tribunal de
Contas da União, já firmou que a dependência econômica é um requisito fundamental
para fins de deferimento de pensão por morte, na forma da Lei no 3.373, de 1958;
d) esta CJU/PGFN e a SEGEP/MP já reconheceram a possibilidade de acumulação de
uma aposentadoria por invalidez vinculada ao Regime Geral de Previdência Social
(RGPS) com uma pensão por morte instituída na forma da Lei no 8.112, de 1990;
e) inexistindo vedação à acumulação de uma aposentadoria por invalidez e de uma
pensão por morte, na qualidade de filho inválido, quando ambas forem concedidas pelo
Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), impende seja aplicada a mesma lógica
observada na hipótese delineada na alínea anterior, sendo certa a existência de
manifestação do Tribunal de Contas da União no mesmo sentido;
f) se necessária a revisão da pensão por morte auferida pelo interessado, competirá
ao Ministério da Saúde fazê-lo. Como há notícia nos autos de que a unidade
administrativa responsável tem opinião divergente quanto aos requisitos a serem

1
observados para fins de concessão do benefício, afigura-se salutar o envio dos autos
à SEGEP/MP, para que se manifeste sobre as matérias tratadas no presente
Parecer, especialmente quanto à obrigatoriedade de comprovação de dependência
econômica ante o instituidor, para fins de concessão de pensão por morte, na forma
da Lei no 3.373, de 1958, ao filho inválido que é beneficiário de aposentadoria por
invalidez estatutária, bem como sobre a regularidade de tal acumulação.

3. Esta Secretaria de Gestão Pública editou a Orientação Normativa nº 13, de 2013,


que regulamenta a concessão e a manutenção da pensão amparada pela Lei nº 3.373, de 1958. O
referido normativo estabelece que, a exceção da esposa, da divorciada que receba pensão de
alimentos e do marido inválido, os dependentes do ex-servidor deverão comprovar a
dependência econômica em relação ao instituidor de pensão na data do óbito. Vejamos.

Art. 4º Além dos requisitos exigidos no art. 3º desta Orientação Normativa é


indispensável para a caracterização da condição de beneficiário, a comprovação da
dependência econômica em relação ao instituidor de pensão na data do óbito.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput aos beneficiários das alíneas "a" e "b"
do inciso I do art. 3º desta Orientação Normativa.
Art. 5º A comprovação da dependência econômica deverá observar os termos da
Orientação Normativa SRH/MP nº 9, de 5 de novembro de 2010.
Art. 6º Descaracteriza a dependência econômica a percepção de qualquer renda que
permita a subsistência condigna do beneficiário.
Art. 7º Quando da análise do requerimento do benefício de pensão, caberá à unidade de
recursos humanos avaliar por meio do exame da documentação apresentada e de outros
meios probatórios idôneos, a veracidade da situação econômica do requerente em relação
ao instituidor da pensão.

4. Assim, correto o entendimento da PGFN de que a dependência econômica é um


requisito fundamental para fins de deferimento de pensão por morte, na forma da Lei no 3.373, de
1958.

5. Assiste, ainda, razão àquela procuradoria, quando conclui, pela possibilidade de


acumulação de pensão estatutária com proventos de aposentadoria. Este órgão central já se
pronunciou no sentido de que a percepção de uma aposentadoria por invalidez pelo Regime Geral de
Previdência Social não impossibilita a percepção de pensão, desde que fique caracterizada a
existência de dependência econômica entre o beneficiário e o instituidor de pensão. Vejamos
excertos da Nota Técnica no 761/2010/COGES/DENOP/SRH/MP.

“10. Todavia, há que se considerar que em recente manifestação aquela Corte de


Contas pronunciou-se em sentido contrário ao do Acórdão TCU no 1.006/2004-
Plenário, quando restar claro a condição de dependente do beneficiário em
relação ao instituidor, conforme destacado no Acórdão 1056/2010 - Segunda
Câmara:
9. Os pareceres propõem a ilegalidade da pensão em virtude da acumulação desta
com proventos de aposentadoria concedida sob o mesmo motivo pelo INSS –
Regime Geral de Previdência Social (fls. 20). Entretanto, devo esclarecer que

2
este Tribunal, ao apreciar inúmeros casos concretos, já concluiu pela
possibilidade de o beneficiário perceber, cumulativamente, com a pensão a
aposentadoria, uma vez que não existem vedações legais quanto a este aspecto.
Como exemplos mais emblemáticos de tais julgados cito as decisões 552/1995 e
750/1999, do Plenário, e 141/1997 da 2 a Câmara, e dos acórdãos 1.006/2004,
2.354/2007 e 2755/2009, do Plenário.
10. No entanto, esta Corte deliberou, também, que, no caso de benefício
concedido sob o fundamento do art. 217, II, a, da Lei 8.112/1990, há a presunção
relativa de que o inválido é dependente econômico de seus pais. Entretanto, tal
presunção pode ser afastada se demonstrado que o interessado dispõe de
condições para o próprio sustento. Segundo o entendimento, o objetivo da norma
não é assegurar o duplo ganho ou a melhoria da situação econômica do filho
inválido, mas apenas o seu sustento. Assim, se o sustento já estiver assegurado
por outra fonte, a concessão de pensão civil desvirtuaria a finalidade da lei.
11. Conclui-se, portanto, que as condições econômicas hão de ser examinadas no
caso concreto e ponderadas à luz da realidade brasileira (ver voto condutor do
acórdão 6715/2009-2a Câmara).

11. Ressalte-se que em reiterados julgados, o Tribunal de Contas da União tem


entendido que, além dos requisitos básicos dispostos na Lei no 8.112/1990 os
beneficiários de pensão, à exceção do cônjuge que goza de presunção absoluta de
dependência, ficarão sujeitos ao reconhecimento da dependência econômica em
relação ao instituidor. Neste sentido, podemos citar a Decisão 233/2000-TCU-1a
Câmara, in verbis:
...ainda que se admita que a supressão do benefício pensional tenha
reflexos negativos sobre o atual padrão de vida da interessada, não há
como reconhecer que tal benefício seja indispensável à sua subsistência.
(...)
15. Assim, o fato de a interessada ser aposentada por invalidez, pelo Instituto
Nacional do Seguro Social afasta, em princípio, a presunção legal de dependência
econômica. Contudo, as condições de saúde da interessada podem acarretar
despesas elevadas, sendo insuficientes seus próprios rendimentos para cobrir suas
despesas.
16. Com isso, se o seu sustento fosse assegurado pela renda de sua genitora, a
concessão de pensão seria legal e necessária.

6. Este entendimento é facilmente aplicável à acumulação de benefícios do Regime


Próprio – pensão e aposentadoria –. Por oportuno, verifique-se o entendimento do Superior
Tribunal de Justiça que vai ao encontro do ora defendido.

Superior Tribunal de Justiça. 6ª Turma


EDcl no AgRg no REsp 731249 / RJ
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO
ESPECIAL. PENSÃO POR MORTE. CUMULAÇÃO COM
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. 1. Consoante jurisprudência
do STJ, é perfeitamente possível acumulação de pensão por morte com
aposentadoria por invalidez, por possuírem naturezas distintas, com fatos
geradores diversos. 2. Embargos de declaração rejeitados. Decisão Vistos,
relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os
Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade,
rejeitar os embargos de declaração, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.
Os Srs. Ministros Nilson Naves, Paulo Gallotti, Maria Thereza de Assis Moura e

3
Og Fernandes votaram com a Sra. Ministra Relatora. Presidiu o julgamento o Sr.
Ministro Nilson Naves

CONCLUSÃO

7. Assim, este Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais de pessoal


corrobora integralmente as conclusões do Parecer PGFN/CJU/COJPN Nº 1237/2013, em
especial quanto à possiblidade de acumulação de pensão civil e aposentadoria estatutária, desde
que reste comprovado que o beneficiário da pensão era dependente economicamente do
instituidor, e que a pensão é necessária para a sua subsistência, haja vista que a dependência
econômica é um requisito fundamental para fins de deferimento e manutenção de pensão por morte,
na forma da Lei nº 3.373, de 1958.

8. Por fim, sugere-se que o Ministério da Fazenda informe ao Ministério da Saúde a


existência da referida acumulação de benefícios, para que aquela Pasta ministerial avalie se
subsiste os requisitos para a manutenção da pensão ao interessado na qualidade de filho maior
inválido de que trata da Lei nº 3.373, de 1958, nos termos da ON nº 13, de 2013.

À consideração da senhora Coordenadora-Geral.


Brasília, 24 de abril de 2015.

TEOMAIR CORREIA DE OLIVEIRA


Chefe da Divisão de Provimento, Vacância e Benefícios da Seguridade Social

De acordo. Ao Senhor Diretor para apreciação.


Brasília, 24 de abril de 2015.

ANA CRISTINA SÁ TELES D’ÁVILA


Coordenadora-Geral de Aplicação das Normas

Aprovo. Restituam-se os autos à Coordenação-Geral Jurídica da Procuradoria-


Geral da Fazenda Nacional, para conhecimento e providências que julgue necessárias.
Brasília, 24 de abril de 2015.

ROGÉRIO XAVIER ROCHA


Diretor do Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais de Pessoal

Você também pode gostar