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Duração da prova: 120 minutos Março de 2019

– Elabore um discurso claro e organizado.


– Utilize uma linguagem correta e cuidada. Bom
trabalho!

GRUPO I

Leia atentamente as questões que lhe são colocadas, para responder aos itens que se
seguem. Irá ouvir o texto “Impressões digitais” duas vezes.

1. Para cada item (1.1. a 1.5.), selecione a opção que completa a frase, de acordo com
o sentido do texto.

1.1. As impressões digitais das pessoas


A. nunca são idênticas.
B. são idênticas nos gémeos.
C. podem ser encontradas apenas no dedo indicador.

1.2. Encontramos as nossas impressões digitais


A. nos dedos dos pés.
B. em documentos de identificação como o cartão do cidadão.
C. nos dedos dos nossos progenitores.

1.3. Uma pessoa cujo trabalho é identificar uma impressão digital denomina-se
A. copista.
B. endoscopista.
C. papiloscopista.

1.4. A impressão digital resulta,


A. apenas da influência genética.
B. da influência genética e dos movimentos que os bebés fazem na barriga da
mãe.
C. apenas dos movimentos que os bebés fazem na barriga da mãe.

1.5. As nossas impressões digitais começam a ser desenvolvidas quando ainda


estamos na barriga das nossas mães, logo por volta dos
A. três meses.
B. seis meses.
C. sete meses.
GRUPO II
Texto A

As sete maravilhas de Dom Quixote


Bruno Vieira Amaral
22 Abril 2016

“D. Quixote é uma obra tão original que quase quatro séculos depois continua a
ser a obra de ficção em prosa mais avançada que existe. E mesmo assim é
subestimada: é ao mesmo tempo o romance mais legível e, definitivamente, o mais
difícil”, escreveu o crítico literário Harold Bloom sobre a obra de Miguel de Cervantes,
5 que morreu há 400 anos, a 22 de abril de 1616. O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote
de La Mancha, cuja primeira parte foi publicada em 1605, abriu tantos caminhos para
a literatura que o mais seguro será dizer que nenhum grande escritor faltou ao
encontro com o seu Dom Quixote. […]

A dupla D. Quixote e Sancho Pança


10 [...] São inúmeras as razões para nos maravilharmos com Dom Quixote e a
química entre as duas personagens principais não será a menor delas. Fraco de
entendimento, Sancho Pança acompanha Dom Quixote na esperança de vir a reinar
uma ilha. Mesmo assim, é dele a voz sensata que procura dissuadir1 o cavaleiro
andante de se meter em trabalhos. À medida que a narrativa avança, o fiel escudeiro
15 vai sendo contagiado pela loucura do amo, primeiro por solidariedade, depois como
reconhecimento de que a crença de D. Quixote nas ficções afeta a realidade. Na
leitura que o romantismo alemão fazia da obra de Cervantes, D. Quixote era o
“espiritualista” e Sancho Pança, “o materialista”, interpretação reproduzida por Garrett
em Viagens na Minha Terra. Porém, sendo muitas as diferenças, desde logo as físicas
20 (D. Quixote é seco de carnes e Sancho é anafado), há uma ligação profunda entre os
dois, de amizade e de mútua proteção, a tal ponto que um só faz sentido com o outro.
O jogo de contrários, que dá azo a muitas situações cómicas, também permite que, a
cada momento, vejamos o mundo tal como é e o mundo tal como D. Quixote o
imagina. […]

Os moinhos de vento
25 De todas as imagens de D. Quixote, a mais universal será a do homem que
luta contra os moinhos de vento. É o símbolo das causas perdidas ou quase
impossíveis de concretizar, mas é também uma inspiração para sonhadores e
idealistas, aqueles que se veem como descendentes espirituais do cavaleiro
manchego2. […] A aventura acontece no capítulo VIII, na segunda saída de Dom
30 Quixote com o seu escudeiro, Sancho, à procura de aventuras. A certa altura,
deparam-se com trinta ou quarenta moinhos de vento. O cavaleiro diz-se com sorte
porque vai poder enfrentar aqueles gigantes. Sancho não percebe:
“– Que gigantes? – interrogou Sancho.
– Aqueles que além vês de braços desmesurados. Alguns medem quase duas
35 léguas de comprido…
– Atente bem, Vossa Mercê. O que se descortina além fora não são gigantes,
mas moinhos de vento. E o que parecem braços não são senão as velas que,
sopradas pela aragem, fazem girar as mós.”
Indiferente aos avisos sensatos de Sancho, D. Quixote encomenda-se à sua
40 senhora Dulcineia de Toboso, investe contra os moinhos de vento e acaba estatelado
no chão, debaixo do seu cavalo, Rocinante. Sucedem-se outras desventuras com
desfechos igualmente penosos: D. Quixote confunde rebanhos de ovelhas com
exércitos inimigos e acaba alvo das pedradas certeiras dos pastores que lhe metem
duas costelas para dentro e lhe fazem saltar três ou quatro queixais 3 para fora.
Nenhuma das outras ilusões nefastas que Cervantes inventou para o seu cavaleiro
teve a permanência dos moinhos de vento.

in https://observador.pt/especiais/as-sete-maravilhas-dom-quixote/
(adaptado e com supressões, consult. 26/01/2019)

NOTAS
1. dissuadir: fazer mudar de opinião, desaconselhar; 2. manchego: da região de La Mancha
(Espanha); 3. queixais: dentes molares.

1.1. O texto começa com uma observação sobre o D. Quixote de um crítico literário, de
seu nome:
A. Eduardo Lourenço.
B. Eduardo Prado Coelho.
C. Harold Bloom.
D. Felisberto Dias.

1.2. Miguel de Cervantes, autor de O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha,


publicou a primeira parte desta obra:
A. em 22 de abril de 1616.
B. em1605.
C. em 2016.
D. em 22 de abril de 2005.

1.3. Entre Dom Quixote e Sancho Pança, domina:


A. Uma enorme antipatia conflituosa.
B. A relação entre amo e escudeiro.
C. Uma química de amizade e proteção mútuas.
D. A relação entre um soldado e o seu capitão.

1.4. Aquela que será a imagem mais universal de D. Quixote, a do homem que luta
contra os moinhos de vento, ocorre:
A. no capítulo VIII, na terceira saída de Dom Quixote com o seu escudeiro,
Sancho, à procura de aventuras.
B. no capítulo VI, na segunda saída de Dom Quixote com o seu escudeiro,
Sancho, à procura de aventuras.
C. no capítulo VII, na segunda saída de Dom Quixote com o seu escudeiro,
Sancho, à procura de aventuras.
D. no capítulo VIII, na segunda saída de Dom Quixote com o seu escudeiro,
Sancho, à procura de aventuras.
1.5. Outra desventura referida é a da luta de D. Quixote com rebanhos de ovelhas que
o cavaleiro confunde com:
A. Gigantes.
B. Exércitos de inimigos.
C. Formigas.
D. Aias de Dulcineia de Toboso.

2. Indique o nome a que se refere o pronome pessoal “dele” em “Mesmo assim, é dele
a voz sensata” (l. 13).

Texto B

Leia atentamente o poema de António Gedeão. Se necessário, consulta as notas.

Impressão digital

Os meus olhos são uns olhos.


E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos1
onde outros, com outros olhos,
não veem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.


De tudo o mesmo se diz.
Onde uns veem luto e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz2.

Nas ruas ou nas estradas


onde passa tanta gente,
uns veem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo3 resplandecente.

Inútil seguir vizinhos,


querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.


Vê gigantes? São gigantes.

António Gedeão, “Impressão digital”


in Obra Completa, Lisboa: Relógio D’Água, 2004

NOTAS
1. escolhos: obstáculos. 2. matiz: tom, gradação. 3. halo: circunferência luminosa que resulta do reflexo
da luz.

3. Indique o que, em primeiro lugar, veem os olhos do sujeito poético.


3.1. O primeiro objeto que o sujeito poético vê é o mesmo que os outros veem?
Justifique a sua resposta com uma citação do poema.

4. Para cada item (4.1. e 4.2.), selecione a opção correta conforme o sentido do texto.

4.1. Os exemplos dados pelo sujeito poético para ilustrar a pluralidade de pontos de
vista apresenta a seguinte ordem:
A. Flores – luto – dores – cores – matiz – pedras pisadas – gnomos – fadas;
B. Flores – luto – dores – cores – matiz – pedras pisadas– fadas– gnomos;
C. Flores – dores – luto – cores – matiz – pedras pisadas – gnomos – fadas;
D. Flores – luto – dores – cores – matiz – pedras pisadas – gnomos – fadas.

4.2. Da pluralidade de pontos de vista, o sujeito poético conclui que


A. não deve haver vizinhos.
B. não há solidariedade possível entre as pessoas.
C. a forma como cada um vê a realidade depende do seu percurso de vida.
D. o mundo está envolvido por um halo.

4.2.1. Relacione o título do poema com essa “conclusão” do sujeito poético.

5. Sancho e D. Quixote defendem posições contrárias sobre o que veem.

5.1. Identifique essas posições.

5.2. Refira o que o sujeito poético pretende afirmar sobre essas posições, tendo em
conta os dois últimos versos do poema.

Grupo III

1. Forme uma família da palavra “vento.


________________; ____________________; _________________;
______________.

2. Construa frases com a seguintes palavras.


Colher/ colher banco/banco concerto/conserto descrição/descrição

3. Complete o quadro seguinte, de acordo com o exemplo.

Nome Verbo Adjetivo


amizade amigar amigo

louco

entardecer
Grupo IV

1. No final do texto A, encontra-se uma breve referência a uma outra desventura de D.


Quixote. Por outro lado, segundo o poema “Impressão digital”, tanto Sancho Pança
como D. Quixote, têm razão naquilo que veem.

1.1. Conhecendo o desfecho ou o final da desventura dos rebanhos, redija um


comentário desse episódio, tendo em conta os seguintes pontos:
– quem afinal tem razão, se Sancho Pança, se D. Quixote;
– o que leva D. Quixote a acometer os rebanhos;
– se fosses D. Quixote, que conclusão tirarias com a desventura ocorrida.

O seu texto deve ter entre 80 e 120 palavras.

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