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FABRÍCIO NOGUEIRA

GC BRAZIL

EXTINTORES DE INCÊNDIO:

Uma Orientação Técnica

Fundamentados em normas nacionais e


americana.

1 Edição

Brasil – Rio de Janeiro

Abril - 2017
Fabrício Nogueira

EXTINTORES DE INCÊNDIO:

Orientação Técnica

Todo este material foi baseado em normas, livros técnicos e


artigos científicos. Feito com o objetivo de gerar fundamentos
necessários para garantir conhecimentos mais profundos para
este assunto.

Espero que usufruam,

FABRÍCIO NOGUEIRA

II
ÍNDICE
UMA VISÃO GERAL ..................................................................................................... 1
Introdução..................................................................................................................... 1
O Que é Extintor de Incêndio ...................................................................................... 2
Classes de Fogo: ......................................................................................................... 3
Classificação dos Riscos da Ocupação .................................................................... 5
Classes de Risco de Ocupação ..................................................................................... 6
Métodos de Extinção de Fogo – Triângulo e Tetraedro do fogo .................................. 11
Estudo de Caso – Materiais Listados Pela UL ............................................................. 14

NORMATIZAÇÃO E REGRAS PARA EXTINTORES DE INCÊNDIO ........................ 15


As normas no Brasil ........................................................................................... 15
Diferenciação Entre Normas, Leis ou Regulamentos .................................................. 17
A Ausência de Normas de Segurança Contra Incêndio (SCI) ..................................... 18
A hierarquia das Legislações ....................................................................................... 18
Conclusão entre a Hierarquia das Normas .................................................................. 19
Normas de SCI – Balizadores de Um Sistema Vital .................................................... 19
Objetivo de cada uma das NBR relacionadas a Extintor de Incêndio ......................... 20
A Importância da Base Normativa Americana da NFPA no Cenário Brasileiro. .......... 21

Extintores de Incêndio............................................................................................... 22
Classificação dos Extintores ........................................................................................ 22
Identificando o Conteúdo do Extintor ........................................................................... 28
Unidade Extintora e Capacidade Extintora .................................................................. 31
Constituição do Extintor de Incêndio:........................................................................... 36
Tipos de Extintores ........................................................................................... 37
Estudo de Caso: Nem Sempre Usar Água .................................................................. 42

Projeto do Sistema de Extintor de Incêndio ............................................................ 43


Instalação dos Extintores ........................................................................................... 46
Inspeção, Manutenção e Recarga ............................................................................... 53

ANEXO A – Tabela de Cargas de Incêndio Por Ocupação (IT14-SP) .................... 58


ANEXO B – Valores de Referência – Potencial Calorífico (Hi) ............................... 64
ANEXO C - Planilha Para Cálculo da Carga de Incêndio........................................ 65
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 66
Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Extintor de Incêndio Séc XVI............................................................................ 1


Figura 2 - Logo ABNT e NFPA .......................................................................................... 3
Figura 3 - Cores e Formas de Simbologia de acordo com a classe .................................... 4
Figura 4 - Triângulo e Tetraedro do Fogo........................................................................ 11
Figura 5- Incêndio Prédio Eletrobrás - Rio de Janeiro ................................................... 14
Figura 6 - Extintor Classe K ............................................................................................ 25
Figura 7 – Anéis de Identificação de Manutenção, Amarelo – Ano 2012 ...................... 30
Figura 8 - Selo Inmetro de Inspeção e Manutenção ........................................................ 30
Figura 9 - Visão do Ensaio Prático Classe A ................................................................... 33
Figura 10 - Visão do Ensaio Prático Classe B ................................................................. 34
Figura 11 - Teste de Condutividade Para Agente Extintor Classe C ............................ 35
Figura 12 - Detalhamento de Componentes de Um Extintor de Incêndio ..................... 36
Figura 13 – Altura Mínima Para Parede e Piso .............................................................. 48
Figura 14 - Mínimo e Máximo Recomendado Para Extintores Em Parede ................... 49
Figura 15 - Visualização da Sinalização Com Obstrução das Caixas, Exemplo. ........... 50
Figura 16 - Altura da Sinalização na Parede .................................................................. 51
Figura 17 - Marcação no Piso das Instalações Industriais ............................................. 52

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Fabrício Nogueira

ÏNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Classes de Fogo ........................................................................................ 3


Quadro 2 - Simbologia das Classes de Fogo .............................................................. 4
Quadro 3 - Carga de Incêndio / m² ............................................................................ 7
Quadro 4 - Detalhamento NBR por número ........................................................... 20
Quadro 5 - Capacidade Mínima Extintora, Ext. Porátil / Agente Extintor .......... 32
Quadro 6 - Seleção de Extintor de Acordo Com a Classe ....................................... 43
Quadro 7 - Carga de Incêndio/m² ............................................................................ 44
Quadro 8 - Capacidade Mínima Extintora e Distância Mínima a Ser Percorrida 45
Quadro 9 - Níveis de Manutenção ........................................................................... 57

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

UMA VISÃO GERAL

Introdução

O extintor de incêndio teve seu primeiro registro na história ainda no século


XVI em um protótipo, de acordo com uma gravura do engenheiro, matemático
e químico, Jacob Besson, em seu próprio livro. Desde aquela época passou por
mudanças bem significativas, hoje o extintor de incêndio tem seu papel no
sistema de prevenção e combate Figura 1 - Extintor de Incêndio Séc XVI
a incêndios como um dos
primeiros aparelhos a serem
utilizados em caso do início do
incêndio. Com isso, praticamente
todos os estabelecimentos
comerciais devem possuir um
sistema de extintores de
incêndio. Fonte: Viola, 2005

O bom uso de um sistema de


extintores depende não apenas do equipamento em si, mas de uma
manutenção coerente e usuários treinados para seu uso eficiente. É
necessário conhecer as características diferentes da origem do incêndio, se o
material está energizado eletricamente, se tem material combustível
envolvido, se há gordura animal ou vegetal, o que vai exigir a utilização de
extintores próprios para cada tipo de princípio de incêndio.

Observe que quando falamos de extintores de incêndio deixamos claro que


este aparelho deve ser utilizado, para maior eficiência, ainda no princípio de
incêndio, ou foco do fogo, pois possui pouquíssimo tempo de autonomia, entre
20 a 60 segundos. Mais uma vez é importante treinar os usuários para
entender o equipamento, o tempo que tem para combater, o que vai combater,
e como deverá proceder.

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Fabrício Nogueira

O Que é Extintor de Incêndio

Os Extintores de Incêndios são equipamentos com pequena autonomia de


ação que são destinados ao combate do foco do fogo ou princípio de incêndio.
Possuem um manejo fácil e podem ser portáteis (pesando até 20 kg) ou sobre
rodas (> 20 kg e até 250 kg).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 12693, o


define como um aparelho de acionamento manual constituído de um
recipiente e por acessórios contendo agente extintor destinado a combater o
princípio de incêndio.

Já a National Fire Protection Association (NFPA), o define como um


dispositivo portátil o qual contém um agente extintor inibidor que
manualmente pode ser expelido através de diferenças de pressão com o
objetivo de remover ou extinguir um incêndio, podendo ser também sobre
rodas.

O extintor de incêndio é apresentado em diversos tamanhos, são basicamente


formados por um recipiente cilíndrico contendo um tipo de agente extintor em
seu interior.

De uma forma geral, os extintores de incêndio são classificados de acordo com


o seu agente extintor, os mais conhecidos são assim apresentados:

• Água Pressurizada (AP)

• Dióxido de Carbono (CO₂)

• Espuma Mecânica

• Pó Químico Seco (PQS)

• Gás Halogenado

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Classes de Fogo:

As classes de incêndio, ou classes de fogo, são abordados em algumas normas.


Como padrão nacional devemos sempre usar como referência a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) com suas Normas Brasileiras
Aprovadas (NBR). Nos EUA temos a National Fire Protection Association
(NFPA) que por muitas vezes serve de base para nossas NBRs. Na Europa, a
maior parte segue a ISO (International Organization Standartization).

Com base na NBR 12693, nas ISO 7165 e ISO 3941, temos 4 classes de
Incêndio: A, B, C e D. Já a NFPA 10, desde 1998, além destas quatro classes,
aponta a CLASSE K, vejamos:

Quadro 1 - Classes de Fogo

CLASSE CARACTERÍSTICAS

Fogo em materiais combustíveis sólidos tais como: Madeiras,


tecidos, papéis, borrachas, plásticos termoestáveis e outras
A
fibras orgânicas que queimem em superfície e em seu interior
deixando resíduos;

Fogo envolvendo líquidos e/ou gases inflamáveis ou


B combustíveis, plásticos e graxas, que se liquefazem por ação
do calor e queimam somente em superfície;

Fogo envolvendo equipamentos e instalações elétricas


C
energizados;

Fogo em metais combustíveis, tais como: magnésio, titânio,


D
zircônio, sódio, potássio e lítio.

Fogo em equipamentos de cozinha ou similares que


K
envolvem óleos vegetais e gorduras.

Fonte: O Autor, 2017.

Figura 2 - Logo ABNT e NFPA

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Fabrício Nogueira

Quadro 2 - Simbologia das Classes de Fogo

CLASSE FORMAS E CORES

Letra A na cor branca sobre triangulo de fundo verde, também


A representada pela figura de cor branca de lixeira e madeiras em
chamas num quadrado.

Letra B na cor branca sobre um quadrado na cor vermelha. Também


representada pela imagem na cor branca de recipiente de
B
combustível com derramando em chamas sobre um quadrado
vermelho.

Letra C na cor branca sobre um círculo na cor azul. Também


C representada na cor branca de um plugue de tomada em chamas
sobre um quadrado na cor azul.

Letra D na cor branca sobre uma estrela na cor amarela. Também


D pode ser representada pela imagem na cor branca de uma
engrenagem em chamas sobre um quadrado na cor amarela.

Letra K (letra inicial de Kitchen) na cor branca sobre um quadrado na


K cor preta. Também representado pela imagem na cor branca de
uma frigideira em chamas sobre um quadrado na cor preta.

Fonte: Brentano - A Proteção Contra Incêndios no Projeto de Edificações

Figura 3 - Cores e Formas de Simbologia de acordo com a classe

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Classificação dos Riscos da Ocupação

Antes de começar a classificar a área de atuação dos extintores, é importante


que as cargas térmicas, também chamadas cargas de fogo ou cargas de
incêndio, sejam dimensionadas. Esse cálculo pode ser aplicado a ambientes
ou edificações como um todo. O objetivo é garantir que o risco previsto esteja
associado à quantidade de extintores necessária para o combate ao foco do
fogo.

Para fazer isso se baseie na Instrução Técnica 14 de 2011 do Corpo de


Bombeiros de São Paulo (IT14-SP (2011)) e use as seguintes normas caso
queira maior aprofundamento:

- NBR-14432 (Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de


edificações – Procedimento);

- European Committee for Standardization. Eurocode 1 – ENV;

- Liga Federal de Combate a Incêndio da Áustria. TRVB - 126. 1987 e

- Despacho nº. 2073/2009 da Autoridade Nacional de Protecção Civil de


Portugal.

Observe ainda que o objetivo deste ebook não é esgotar este assunto, e sim
gerar conhecimentos gerais para aprofundamentos pelo leitor.

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Fabrício Nogueira

Classes de Risco de Ocupação

A classificação das edificações quanto ao risco de ocupação serve de base, não


apenas para adequação dos extintores de incêndio, mas para outros projetos.
Hoje não há normas ABNT que orientem tão bem quanto as seguintes bases
estaduais: Primeiramente o Decreto Estadual 56.819:2011 de São Paulo, e a
Lei complementar 14376:2013 do Rio Grande do Sul, estas observam que,
para garantir um sistema capaz de gerar uma proteção, deve-se observar
algumas características inerentes à edificação, são elas:

1. Ocupação,

2. Altura,

3. Área,

4. Carga de Incêndio e

5. Capacidade de Lotação (Apenas no decreto de Lei do RS)

Entre as classificações acima, o mais importante para o dimensionamento dos


extintores de incêndio em um ambiente é o cálculo da carga de incêndio. Com
apenas esse parâmetro, já será possível ter uma boa proteção em caso de
incêndio. Após o dimensionamento da carga de incêndio, adicionamos a
informação da capacidade extintora, que está balizada por ensaios
normatizados, logo será possível chegar ao projeto do sistema de extintores
compatível com a carga de incêndio estudada. Este ebook utiliza o Decreto
Estadual 56.819:2011 do estado de São Paulo e a IT14-SP (2011) como base.

Carga de Incêndio: quantidade de calor que pode ser liberada por um


determinado combustível em uma determinada área no momento de sua
queima. (IT14-SP (2011)).

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Como abordado acima, existe uma padronização do cálculo da carga de


incêndio para cada edificação ou ambiente. Para torna-la mais simples,
apenas três classes de cargas de incêndio (Decreto 56.819/2011 do estado de
São Paulo) foram listadas. Os riscos foram padronizados da seguinte forma:

Quadro 3 - Carga de Incêndio / m²

CARGA DE Quant. De Calor Que Pode Ser Liberado Por m²


INCÊNDIO

BAIXA OU Quando a carga liberada é menor ou igual a


PEQUENA. 300MJ/m²;

Quando a carga de incêndio está entre 300 e


MÉDIA
1.200 MJ/m²;

Quando a carga de Incêndio é superior a 1.200


GRANDE
MJ/m²;

Fonte: IT14-SP (2011)

Para identificar se a carga de incêndio da edificação ou ambiente estudado


poderá variar entre pequeno, médio ou grande, devemos conhecer os dois tipos
de cálculos possíveis a serem aplicados à edificação: o método do cálculo
probabilístico e o método de cálculo determinístico.

Com base na IT14-SP (2011), é possível chegar a algumas informações mais


conclusivas e então gerar uma classificação de risco do ambiente a ser
projetado, segue:

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Fabrício Nogueira

Nomenclaturas Específicas:

Carga de Incêndio: é a soma das energias caloríficas possíveis de serem


liberadas pela combustão completa de todos os materiais combustíveis em um
espaço, inclusive revestimentos das paredes, divisórias, pisos e tetos;

Unidade de Medida: Megajoules (MJ) por metros quadrados (m²)

Dois Tipos de Cálculos Possíveis:

Método de Cálculo Probabilístico:

É o método onde usamos a tabela ANEXO A – Tabela de Cargas de Incêndio


Por Ocupação (IT14-SP) que apresenta, de acordo com estudos probabilísticos,
a carga de incêndio existente na maioria das edificações daquele tipo.
Ocupações não listadas nas normas podem ser aproximadas por similaridade
com outras edificações.

Método de Cálculo Determinístico:

Este princípio pode ser encontrado na IT14-SP (2011) com o nome de Método
Determinístico ou na NBR 12693:2013 como o Método Para Levantamento da
Carga de Incêndio Específica.

Este método consiste na aplicação de uma fórmula, o seu objetivo é calcular a


carga de incêndio específica para edificações como depósitos, explosivos e
ocupações consideradas especiais.

De acordo com a NBR 12693:2013 e a IT14-SP (2011), teremos:

%# . '#
!"# =
(

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Onde:

q*+ é o valor da carga de incêndio específica, expresso em megajoules por


metro (MJ/m²) de área de piso;

M+ é a massa total de cada componente i do material combustível, expressa


em quilograma (kg). Esse valor não pode ser excedido durante a vida útil da
edificação, exceto quanto houver alteração de ocupação, ocasião em que M+
deve ser reavaliado;

H+ é o potencial calorífico específico de cada componente i do material


combustível, expresso em megajoules por quilograma (MJ/kg), conforme
ANEXO B – Valores de Referência – Potencial Calorífico (Hi).

A é a área do piso do compartimento, expressa em metros quadrados (m²).

para diversos tipos de materiais numa mesma edificação ou ambiente seguir


ANEXO C - Planilha Para Cálculo da Carga de Incêndio.

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Fabrício Nogueira

Orientações Gerais

Há um problema inerente ao Método de Cálculo Probabilístico que deve ser


levado em consideração no momento do projeto. Quando chegamos a
conclusões sobre a carga de incêndio através de tabelas para edificações que
tem o mesmo fim, colocamos em “cheque” o restante do trabalho. Ao analisar
um mesmo tipo de edificação, assumindo edificações com cargas de incêndio
por similaridade, pode-se apresentar ambientes com situações muito
diferentes. Por exemplo, alguns podem apresentar materiais com altas cargas
térmicas dispostas temporariamente em um ambiente durante uma reforma,
uma edificação pode utilizar carpetes com altas cargas de incêndio, em quanto
outro não utiliza carpetes.

É de altíssima importância calcular a carga térmica para cada edificação


utilizando o Método Determinístico. Não é possível supor, por probabilidade,
quais objetos e materiais que estão sendo utilizados para um processo ou um
projeto do edifício.

Observe que a orientação da IT14-SP (2011) apresenta “para edificações


destinadas a explosivos (Grupo“L”) e ocupações especiais (Grupo “M”), aplica-
se a metodologia constante do Anexo C” (método determinístico).
Alternativamente para o grupo J também admite-se o uso do método
determinístico, não sendo, devemos implementar o método probabilístico,
deixando claro a utilização de tabela e números por probabilidade. Porém,
após o incêndio da Boate Kiss em Santa Maria-RS, os olhares do poder
normativo e regulador se voltaram para este problema de uma forma
emergencial. Um novo fôlego de discussões tem se empregado atualmente,
alterando assim as legislações dos estados, as quais veem ganhando mais
incrementos e caminhando para um cálculo mais individualista
(BRENTANO, 2005).

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Métodos de Extinção de Fogo – Triângulo e Tetraedro do fogo

Para que o fogo exista, há a necessidade da ocorrência de três elementos


básicos ao mesmo tempo: combustível (material), comburente (normalmente
o oxigênio) e uma fonte de calor, com isso teremos o TRIÂNGULO DO FOGO.
Observe que, com a descoberta do gás halon, esta teoria foi modificada
passando a ser chamado TETRAEDRO DO FOGO, que inseriu a ideia da
propagação ou a continuidade do fogo, através de uma reação em cadeia
(SEITO, 2005)

Figura 4 - Triângulo e Tetraedro do Fogo.

Sabendo de antemão que há a necessidade destes elementos para que haja


a ocorrência e continuidade do fogo, então devemos pensar na retirada de um
deles para finalizar a reação.

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Fabrício Nogueira

Extinção Por Isolamento

Este tipo de extinção acontece com a retirada do material combustível,


mais usual em incêndios em combustíveis que acontecem apenas na
superfície.

Um exemplo deste tipo de extinção ocorre em incêndios de tanques de


combustíveis, onde recorre-se a abertura de um dreno, em sua parte inferior,
para a retirada da parte do material que não entrou em combustão,
minimizando o tempo do incêndio e perdas materiais. Os tanques de
combustíveis já são projetados para este tipo de manobra de emergência.

Este tipo de neutralização é muito difícil em materiais de Classe Tipo A, pois


nesta classe, o fogo age não só na superfície, mas em profundidade no material
queimado.

Extinção Por Abafamento

Extinção por abafamento retira o ar (comburente) fazendo com que o fogo não
seja realimentado por mais oxigênio. Este tipo de técnica pode ser empregada
principalmente pela espuma aquosa, que ao ser espalhada sobre a área com o
fogo, cria uma barreira impedindo de que novas moléculas de oxigênio sirvam
de comburente para o fogo.

Extinção Por Resfriamento

Extinção por resfriamento ocorre através da retirada de calor gerado pela


queima. Neste caso, a água é utilizada de forma muito extensiva. Esta ação é
muito eficiente pois o processo de evaporação da água absorve muito calor do
ambiente. Elas são lançadas em gotículas para aumentar a área de contato a
fim da reação ocorra rapidamente.

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Extinção Por Quebra da Reação Química / Extinção Química

O efeito da quebra da reação em cadeia, ou extinção química, ocorre quando


um produto químico é lançado ao fogo e reage com o calor liberando produtos
incombustíveis (átomos e radicais livres) impedindo que reação química
reinicie.

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Fabrício Nogueira

Estudo de Caso – Materiais Listados Pela UL

Em 2004, no Centro do Rio de Janeiro, houve um violento incêndio em um


prédio de uma estatal que gerou altíssimos danos patrimoniais em 6 andares.
Dezenove pessoas, inclusive bombeiros militares, ficaram feridos
principalmente pela intoxicação gerada por fumaça da queima de materiais.
Após este incêndio, a setor de segurança do trabalho do prédio fez algumas
mudanças para melhorar a eficiência da proteção contra incêndio. Atualizou
os equipamentos de incêndio, reforçou o treinamento da brigada, mas o que
chamou atenção, foi a aquisição de móveis e materias incombustíveis. A partir
do incidente, a compra de móveis de escritório, carpetes, divisórias entre
outros, deveriam ser aprovados pela Underwrites Laboratories (UL) ou outras
certificações que garantissem que os produtos não propagassem o fogo,
gerassem menos fumaça e não liberassem gases tóxicos com a sua queima.
Ficou determinado que novos mobiliários deveriam ter aprovação da
segurança do trabalho para verificação dos certificados.

Figura 5- Incêndio Prédio Eletrobrás - Rio de Janeiro

Fonte: zonaderisco.blogspot.com.br

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

NORMATIZAÇÃO E REGRAS PARA EXTINTORES DE INCÊNDIO

Não são poucos os questionamentos sobre quais normas corretas que devem
padronizar, não só o sistema de extintor, mas todo o sistema de combate a
incêndio. Aqui vamos tentar responder algumas perguntas mais frequentes
deste âmbito.

As normas no Brasil seguem uma hierarquia. Primeiro devemos observar as


leis municipais, que estão presentes nas maiores capitais. Em seguida,
verificar as normas do Corpo de Bombeiros estadual, que atua normatizando
e fiscalizando as instalações e, e depois, verificar a ABNT/NBR.

Aqui se torna necessário uma explicação básica sobre o papel de cada um


destes atores normativos para o entendimento da hierarquia existente entre
as normas no Brasil.

As normas no Brasil

No Brasil, as legislações específicas de segurança contra incêndio têm a sua


origem em órgãos diferentes. Há, no entanto, uma obrigatoriedade de
cumprimento das legislações regionais, podendo ser municipais, e na maior
parte, estaduais. Isso deve-se principalmente à falta de uma legislação
específica nacional. Na década de 70, após grandes incêndios, houve a
necessidade de, rapidamente, criar legislações que regulamentassem práticas
que reduzissem a probabilidade que novas catástrofes ocorressem. Os estados
e alguns municípios conseguiram criar essas novas regras com maior
velocidade quando comparados aos órgãos federais. Esta regionalidade das
normas de segurança contra incêndio gera uma descentralização impedindo
uma ação central única. Isso resulta no favorecimento dos “especialistas
regionais” que criam barreiras para entrada de empresas de outros estados.
É importante citar ainda que há normas específicas de companhias de seguros
e do Ministério do Trabalho.

O autor Telmo Brentano, em seu livro: A Proteção Contra Incêndios no Projeto


de Edificações, aponta que as normas estaduais e municipais estão

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Fabrício Nogueira

desatualizadas, salvo algumas exceções. Esse impasse é potencializado ainda


por dois grandes órgãos procrastinadores, as assembleias legislativas e as
câmaras de vereadores.

A ABNT é órgão regulador que garante a maior abrangência e rigor do país,


porém enfrenta dificuldades financeiras e operacionais, causando
descontinuidade de atualizações periódicas das normas.

Brentano ainda faz uma crítica à demora excessiva do Congresso Nacional


para a criação e aprovação de uma norma de âmbito nacional, a qual serviria
de quesitos mínimos para municípios e estados que não possuem uma lei
específica de Segurança Contra Incêndio. Aponta ainda que São Paulo tem
sido modelo neste âmbito, com uma atualização frequente de sua norma
estadual e com uma divisão que torna de fácil entendimento ao leitor de sua
lei. Por essas facilidades, ela tem servido de base para a legislação de outros
estados.

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Diferenciação Entre Normas, Leis ou Regulamentos

A diferenciação de normas e leis ou regulamentos é importante para entender


a hierarquia existente entre elas hoje no Brasil. Para isso o site da ABNT
deixa claro a sua diferenciação como apontado abaixo:

NORMA

Norma é o documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo


reconhecido, que fornece regras, diretrizes ou características mínimas para
atividades ou para seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de
ordenação em um dado contexto (ABNT, 2014).

REGULAMENTO

Regulamento contém regras de caráter obrigatório, adotado por uma


autoridade. Um regulamento técnico estabelece requisitos técnicos
diretamente ou pela referência a uma norma, especificação técnica ou código
de prática. Um regulamento técnico pode ser complementado por diretrizes
técnicas, estabelecendo alguns meios para obtenção da conformidade com os
requisitos do regulamento, isto é, alguma prescrição julgada satisfatória para
obter conformidade. (ABNT, 2016).

LEI

A lei é uma norma jurídica ditada por uma autoridade pública competente,
em geral, é uma função que recai sobre os legisladores dos congressos
nacionais, com prévio debate e o texto que a impulsiona e que deverá observar
um cumprimento obrigatório por parte de todos os cidadãos.

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Fabrício Nogueira

A Ausência de Normas de Segurança Contra Incêndio (SCI)

Na ausência de normas e leis de âmbito municipal, estadual e federal,


devemos recorrer as normas da ABNT, elas tornam-se obrigatórias, como
apresentado texto do Código de Defesa do Consumidor no inciso VIII, do art.
39 da Lei Federal 8.078, uma vez que não há uma legislação específica a
ABNT é a única entidade reconhecida pelo Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO), as normas ABNT
passam automaticamente a serem referências para o determinado assunto.

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras


práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)

VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em


desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se
normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);

A hierarquia das Legislações

Após a década de 70, que foi marcada por incêndios de grandes proporções,
houve uma corrida de estados e municípios para responderem imediatamente
a opinião pública através de legislações regionais de combate a incêndio.
Neste cenário, o governo federal não conseguiu gerar uma legislação com a
mesma velocidade para todo o território. A referência nacional ficou a cargo
apenas da ABNT que, hoje, possui referências mais atuais quando
comparadas a maioria das leis regionais.

Com isso, cria-se uma restrição o qual especialistas de altíssimo nível por
muitas vezes ficam limitados às fronteiras regionais de seu estado por conta
da pluralidade de normas que devem ser seguidas no momento do projeto e
na execução.

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Conclusão entre a Hierarquia das Normas

Quando então houver lei municipal e/ou estadual, estas, normalmente, estão
em harmonia com a federal, a qual levará à uma complementariedade entre
elas, portanto todas devem ser atendidas. As NBRs devem ser observadas
quando as leis assim indicarem ou haja inexistência de leis ou regulamentos
pelo município, estado. (BRENTANO, 2005).

Normas de SCI – Balizadores de Um Sistema Vital

Diego Marcelino chama o sistema de segurança contra incêndios exigidos pelo


corpo de bombeiros, ou pelas NBR, como sendo sistemas vitais de segurança
contra incêndio. Essa definição se deve ao fato das normas exigirem uma
estrutura mínima para preservação da vida, ou seja, os projetistas de
sistemas de segurança contra incêndio deveriam apenas ter as normas como
uma referência básica e ter o conhecimento específico para desenvolver um
projeto completo e preparado para maioria das situações de emergência.

Diferente de outros sistemas da edificação, como água e elétrico, o sistema de


combate a incêndio tem o objetivo de preservar a vida. O proprietário deve
estar ciente que a busca por menores custos desse sistema, fatalmente
ocasiona um risco maior para os ocupantes.

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Fabrício Nogueira

Objetivo de cada uma das NBR relacionadas a Extintor de Incêndio

Quadro 4 - Detalhamento NBR por número

NORMAS TÍTULO OBJETIVO

Esta norma estabelece os requisitos


exigíveis para projeto, seleção e
ABNT Sistemas de proteção
instalação de extintores de incêndio
por extintores de
NBR 12693:2013 portáteis e sobre rodas, em edificações
incêndio
e áreas de risco, para combate a
princípio de incêndio.

Esta norma estabelece os requisitos


para conferência periódica e os
serviços de inspeção e manutenção de
ABNT Extintores de incêndio — extintores de incêndio portáteis e sobre
NBR 12962:2016 Inspeção e manutenção rodas, especificados nesta norma,
visando propiciar maior segurança ao
usuário e desempenho adequado do
produto no momento de sua utilização.

Esta norma especifica os requisitos que


ABNT Extintores de incêndio garantem a segurança, confiabilidade
NBR 15808:2017 portáteis e desempenho dos extintores de
incêndio sobre rodas.

Esta norma especifica os requisitos que


ABNT Extintores de incêndio garantem a segurança, confiabilidade
NBR 15809:2017 sobre rodas e desempenho dos extintores de
incêndio sobre rodas.

Cilindro de aço, sem


costura, para
Esta norma estabelece os requisitos e
fabricação de extintores
ABNT os métodos de ensaios para os cilindros
de incêndio portáteis e
de aço, sem costura, para fabricação
NBR 16357:2016 sobre rodas com carga
de extintores de incêndio com carga
de até 10 kg de CO₂ —
de até 10 kg de CO₂.
Requisitos e métodos de
ensaio

Esta norma fixa os requisitos mínimos


ABNT para propriedades físico-químicas, bem
NBR 9695:2012 Pó para extinção de como de desempenho, para agentes
Versão incêndio químicos na forma de pó utilizados
Corrigida:2014 para combate a incêndios nas classes
de fogo A, B e C

Fonte: Catálogo ABNT

20
Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

As normas de Segurança Contra Incêndio na ABNT são de responsabilidade


do CB24 que é o Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio, observe
que as normas deveriam ter uma alteração a cada 5 anos no máximo de acordo
com a própria ABNT, acontece que a ABNT passa por muitos desafios para
garantir essa atualização.

É muito importante que haja uma verificação se houve ou não uma


atualização posterior as datas indicadas a cima, para isso visite a página da
própria ABNT e faça uma pesquisa apenas com o número da norma em:

https://www.abntcatalogo.com.br/

A Importância da Base Normativa Americana da NFPA no Cenário


Brasileiro.

As normas brasileiras de segurança contra incêndio são, em sua maioria,


baseadas em normas internacionais, principalmente da NFPA por dois
motivos principais.

Primeiro – O Brasil, ainda hoje, é desprovido de bons centros de pesquisa e


laboratórios capazes de atualizar as normas com maior eficácia do que os
laboratórios americanos.

Segundo – No Brasil não há estatísticas que garantam uma ampla aplicação


das normas de incêndio, porém nos EUA há uma atualização constante de
acordo com os resultados apresentados nas estatísticas que há em todo o
território.

Principalmente por essas duas condições é que é comum as normas nacionais


serem baseadas em normas de outros países, principalmente da NFPA. Essa
entidade tem um dos maiores quadros de associados técnicos do mundo e a
presença em mais de 130 países, os quais servem de base para novos padrões.

21
Fabrício Nogueira

Extintores de Incêndio

Classificação dos Extintores

Os extintores de incêndio podem ser classificados de acordo com algumas


especificidades:

• O Tipo de Agente Extintor


• O Princípio de Extinção
• Sistema de Pressurização
• De Acordo Com Sua Massa Total

Quanto Ao Tipo de Agente Extintor

Os extintores recebem o nome de acordo com o tipo de agente extintor que


possui. Este extintor pode ser classificado em razão de sua massa, medido em
quilogramas (kg), ou de acordo com o seu volume, medido em litros (l).

Sendo assim teremos estes como os principais extintores encontrados no


Brasil:

À Base de Água

Água Pressurizada (AP) – Este tipo de extintor é comercializado, em


sua maioria, com o agente extintor e o gás propelente no mesmo
cilindro. Em outras versões o gás propelente fica em um cilindro
separado na sua lateral. Pode ser pressurizado com ar comprimido ou
N2. Objetivo é o combate ao incêndio Classe A, podendo oferecer risco
caso seja empregado em outras classes.

Líquido Gerador de Espuma (LGE) – O seu principal objetivo é


criar uma barreira através de suas ligações químicas que geram uma
superfície tensoativa, impedindo do ar entrar em contato com o
combustível. Objetiva o combate a incêndios da Classe A e B.

22
Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Pó Químico (PQ)

Pó tipo BC – Combate incêndio da Classe B e Classe C, normalmente


utilizam como o agente extintor o bicarbonato de sódio ou sais de
potássio.

Pó tipo ABC - Combatem incêndios Tipo A, B e C. A base de


monofosfato de amônia. Vale a pena um aprofundamento nesse tipo de
extintor, pois conta normalmente com uma capacidade extintora de
pelo menos 3x maior que o extintor BC, quando comparados a mesma
quantidade de substância.

Vale lembrar que, em equipamentos eletrônicos, este tipo de extintor de


incêndio vai deixar vestígios de pó, sendo muito difícil uma garantia de
funcionamento após a ação.

Dióxido de Carbono (CO₂)

Trata-se de uma substância inodora, utilizada com excelência na classe de fogo C. Passa
por testes para garantir a não condução elétrica para sua aprovação. É importante salientar
que tipo de agente extintor não conduz eletricidade e não deixa resíduos.

23
Fabrício Nogueira

Gás Halogênado / Halogenados (Gases Limpos)

Os gases halogenados surgiram na década de 60 e 70 como uma evolução ao


dióxido de carbono (CO₂), o objetivo era garantir a extinção do incêndio sem a
retirada do oxigênio, não oferecendo riscos em ambientes habitados, pois não
se trata de um gás asfixiante. A DuPont® foi a empresa que mais teve
aceitação com o lançamento do Halon 1301 (bromotrifluormetano) utilizado
normalmente como sistema de combate fixo. Para os extintores havia o Halon
1211 por sua capacidade de ser alto propelente.

O gás halon é mais eficiente que o CO₂ no combate a incêndio, combate


incêndios das classes A,B e C, permite ser aplicado em ambientes com pessoas
não apresentando risco de asfixia. No momento de seu reconhecimento, na
década de 70, centrais de computação, conjunto de equipamento de alto custo,
adotaram o gás. Houve um padrão de instalação que contava com o Halon
1301, produto que foi altamente comercializado até 1987 até o acordo de
Montreal. O Protocolo de Montreal exigiu a retirada do gás halon de
circulação, pois apresentava altíssima capacidade de destruir a camada de
ozônio, podendo chegar a 10 vezes mais prejudicial do que o CFC. Em 1994 o
Brasil ratificou o protocolo, por meio das Resoluções do CONAMA 13 de
13/12/95 e 229 de 20/08/97, depois substituídas pela 267 de 14/09/2000.

Após o tratado de Montreal houve uma corrida pelas empresas para criarem
gases que substituíssem o Halon 1211 e 1301, surgiram então duas classes de
Gases Limpos: Os Gases Inertes – os quais combatem o incêndio diminuindo
o oxigênio do ambiente até 12% (mínimo necessário sem risco à vida humana)
e Os Gases Ativos, que atua diretamente na retirada da energia térmica do
incêndio e na quebra da reação química em cadeia.

O gás halon ainda é permitido em casos especiais como exemplo, em


aeronaves. No Brasil, a Anac mantém uma diretriz de utilização do gás Halon
e classifica a sua utilização da seguinte forma:

Halon 1211/1301. São gases liquefeitos, classificados como agentes limpos


porque não deixam resíduos após descarga. Extinguem o fogo interrompendo
a reação da combustão.

24
Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

HALON 1301- Bromotrifluorometano

Para espaços ocupados de aeronaves, onde não existe ventilação forçada, não
há disponibilidade de máscaras de oxigênio e não há um segundo piloto, o
extintor de Halon 1301 é o escolhido e deve ter o mínimo de 8 segundos de
tempo de descarga.

HALON 1211- Bromoclorodifluorometano

O extintor de Halon 1211, indicado para espaços ocupados em aeronaves, deve


ter não menos de 8 segundos de tempo de descarga e alcance mínimo de 3
metros. Em pequenas aeronaves, certificadas para até quatro ocupantes, pode
ser usado em lugar do Halon 1301, que é o recomendado. Podem, também,
serem usados os extintores que combinam os agentes Halon 1211 e Halon
1301. (ANAC, 2008)

Líquidos Especiais

A norma americana NFPA 10 exige, desde 1998, que as Figura 6 - Extintor Classe K
cozinhas devem ser protegidas com extintores com líquidos
especiais para combater incêndios de classe K. São
identificados como agentes de líquidos especiais
principalmente por serem produtos com patentes protegidas.

No Brasil há duas marcas conhecidas que fazem a


comercialização deste tipo de extintor que pode ser adicionado
ao hall de produtos não exigidos que incrementam a segurança
contra incêndio mesmo de uma pequena cozinha. Possuem
normalmente garantia de 5 anos e trata-se de um ótimo
investimento adicional. Fonte: Site BUCKA

25
Fabrício Nogueira

Quanto Ao Princípio de Extinção

O princípio de extinção, ou a forma de ação sobre o fogo, é caracterizado pelo


tipo de reação causada pelo agente extintor quando lançado sobre o fogo. Ele
age de uma ou mais formas. Podem ser divididas em:

• Resfriamento

• Abafamento

• Quebra da Reação Química em Cadeia

Resfriamento

Quando utilizamos um agente extintor, ele absorve o calor do material e do


próprio fogo durante uma reação, ocasionando o resfriamento. Para este tipo
de extinção o agente extintor mais utilizado é água.

Abafamento

Neste caso o oxigênio é o gás que devemos retirar de cena para acabar com a
reação em cadeia. Para isso utilizamos o agente um extintor para expulsar o
oxigênio do ambiente. Podemos utilizar a espuma mecânica, por exemplo, que
ao entrar em contato com o fogo cria uma película isolando o fogo do ambiente
evitando a entrada de oxigênio.

Quebra Da Reação Em Cadeia

Pode utilizar agentes extintores que, ao ser direcionado ao fogo, atingem a


altas temperaturas e reagem liberando produtos incombustíveis quebrando a
reação em cadeia.

26
Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Quanto Ao Sistema de Pressurização

Extintor de Pressurização Direta

Neste Tipo de extintor há gás propelente, ele pode estar comprimido junto ao
agente extintor. Nestes casos, utilizam-se normalmente N2 ou ar comprimido
inserido mecanicamente no extintor.

Extintor de Pressurização Indireta

Neste caso o agente extintor fica separado do gás propelente. Cada um tem
seu compartimento próprio, porém podem estar no mesmo cilindro ou em
cilindros separados.

De Acordo com sua Massa Total

Observe que temos duas NBRs bem específicas quanto a massa total:

ABNT NBR 15808:2017 - Extintores de incêndio portáteis

ABNT NBR 15809:2017 - Extintores de incêndio sobre rodas

Os extintores portáteis são aqueles que tem sua massa total até 20 kg e os
extintores sobre rodas são aqueles acima de 20 kg até 250 kg.

A diferença entre o extintor portátil e o extintor sobre rodas é a quantidade


de agente extintor, a qual poderá garantir um maior tempo do combate ao
incêndio. Os extintores portáteis apresentam uma maior facilidade de
manuseio quando comparados aos extintores sobre rodas.

27
Fabrício Nogueira

Identificando o Conteúdo do Extintor

Todos os extintores devem possuir rótulos. O quadro de instruções deve conter


informações do agente extintor e o tipo de incêndio onde deve ser usado. O
detalhamento do que deve ter cada rótulo está na NBR 15808 e NBR 15809.

Observe que esta identificação deve assinalar


as classes de fogo proibidas, porque os
extintores nem sempre serão manuseados por
pessoas treinadas.

De uma forma mais completa há exigência pela


ABNT e pelo INMETRO de um quadro de
instruções com no mínimo as seguintes
informações:

ü O tipo e a carga nominal de agente extintor;


ü O valor (em kg ou litros) da carga nominal de agente extintor;
ü Classe de fogo;
ü Norma de fabricação;
ü Capacidade extintora, se esta tiver sido declarada pelo fabricante do extintor
de incêndio.
ü Instruções de operação (tamanho das letras não inferior a 5mm);
ü Faixa de temperatura de operação;
ü Pressão normal de carregamento para extintores de pressurização direta;
ü A descrição do gás expelente e sua quantidade, para extintores de
pressurização indireta (para N2, informar pressão e carga nominal em litros;
para CO₂, carga nominal em kg);

ü O termo “recarregar, quando aplicável, imediatamente após o uso ou ao


término da garantia”;
ü A expressão “carga para baixa temperatura”, quando aplicável;
ü Declaração de uso de aditivo anticongelante ou anticorrosivo, quando
aplicável (Vide Nota);
ü Informações complementares ao consumidor
ü Razão social
ü CNPJ, endereço da empresa registrada prestadora do serviço.

28
Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

O quadro de instruções deve ser aplicado sempre pela última empresa que fez
a manutenção de segundo e terceiro nível (ver tópico MANUTENÇÃO).

Observe ainda que há outros tipos de lacres e selos que devem ser fixados nos
extintores de incêndio que são baseados em Decretos de Lei. Um exemplo é a
portaria 206/2011, a qual não será objeto de estudo deste ebook, pois se trata
de uma legislação voltada para um público especialista em manutenção de
extintores, o que não é o nosso caso. Abrindo para orientações gerais, vale
ressaltar dois pontos:

1 - Anel de Identificação Externa de Manutenção

Elemento de controle adicionado ao extintor de incêndio, com a finalidade de


demonstrar que o extintor de incêndio foi desmontado para realização dos
serviços de manutenção nível 2 ou 3 (ver tópico MANUTENÇÃO), conforme
estabelecido no Regulamento Técnico de qualidade (RTQ) para os serviços de
inspeção técnica e manutenção de extintores de incêndio. (INMETRO, 2011).

Trata-se de identificação por anéis com coloração, indicando que o


equipamento passou por manutenção naquele ano. O objetivo deste anel é
garantir que o extintor tenha sido aberto durante a verificação de
componentes e nova pressurização. Há exigência de que sejam usadas cores
diferentes de acordo com o ano. A base que regulamenta os anéis e suas cores
é a portaria 412/2011, a qual orienta as cores que devem ser usadas até 2018.

29
Fabrício Nogueira

Figura 7 – Anéis de Identificação de Manutenção, Amarelo – Ano 2012

Fonte: bombeiroecia.blogspot.com.br

2 - Selo INMETRO – Data de Manutenção.

Este selo é do serviço de inspeção técnica e manutenção de extintores, nela


consta a data da manutenção. As informações de mês e ano da manutenção
devem ser destacadas pela empresa responsável.

Figura 8 - Selo Inmetro de Inspeção e Manutenção

Fonte: segurancadotrabalhodown.com

30
Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Unidade Extintora e Capacidade Extintora

Unidade Extintora

Uma unidade extintora é a quantidade mínima de agente extintor que deve


estar contido em um extintor de incêndio.

Tanto a NBR 12693 quanto a Instrução Técnica 21 de São Paulo 2011 (IT21-SP (2011))
apresentam uma quantidade mínima, uma unidade extintora, de agente extintor para cada
uma extintor de incêndio, são elas:

Água Espuma Pó Químico CO2


• 10 Litros • 9 Litros • 4 kg • 6 kg

Um trecho da NBR12693:2013 faz uma orientação importante, observe:

“As unidades extintoras devem ser as correspondentes a um só extintor, não


sendo aceitas combinações de dois ou mais extintores, à exceção do extintor de
espuma mecânica.” Essa obrigatoriedade é importantíssima, pois no
momento do incêndio, o tempo que o operador levará para buscar outro
extintor será fatal ao controle do princípio de incêndio.

31
Fabrício Nogueira

Capacidade Extintora

Mede a quantidade de agente extintor necessária para apagar um incêndio


com uma carga de incêndio definida pelas NBRs 15808 e 15809. Podemos
fazer uma analogia de carga de incêndio com a quantidade de fogo.

As figuras abaixo mostram as os vários tipos de cargas de incêndio que foram


padronizados segundo a NBR15808 e NBR15809. Elas estão divididas em
classes de fogo, Classes A, B e C.

Ensaios práticos para medir capacidade extintora da Classe A são feitos com
madeira, já os ensaios da Classe B são feitos com líquidos inflamáveis. Na
Classe C o ensaio prático é um o teste de condutividade pelo agente extintor.

A capacidade extintora de um extintor de incêndio é medida pela eficácia de


uma determinada quantidade de agente extintor sobre uma carga de
incêndio.

Quadro 5 - Capacidade Mínima Extintora, Ext. Porátil / Agente Extintor

AGENTE EXTINTOR CAPACIDADE EXTINTORA MÍNIMA

Água 2A

Espuma Mecânica 2A e 10B

Pó Químico BC 5B e C

*Pó Químico ABC 2A, 20B e C

CO2 5B e C

32
Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Observe as figuras:

Figura 9 - Visão do Ensaio Prático Classe A

33
Fabrício Nogueira

Figura 10 - Visão do Ensaio Prático


Classe B

34
Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Figura 11 - Teste de Condutividade Para Agente Extintor Classe C

A capacidade extintora é identificada por caracteres alfanuméricos. O número


irá identificar o tamanho do fogo, depois a letra (maiúscula) irá identifica a
classe.

É importante observar ainda que há uma capacidade mínima de agente


extintor de acordo com o seu agente extintor, são elas:

O extintor de pó químico do tipo ABC é muito eficiente, pois atua em vários Classes
de Incêndio, logo é importante para o momento de combate ao foco do fogo. Observe
que ele possui as seguintes capacidades extintoras: 2A, 20B e C. Equivale a
capacidade extintora de um extintor de água pressurizada de 10L (2A), dois
extintores de Espuma Mecânica cada um com 9 L (20B); e de um extintor de CO₂ de
6 kg.

35
Fabrício Nogueira

Constituição do Extintor de Incêndio:

Figura 12 - Detalhamento de Componentes de Um Extintor de Incêndio

Fonte: Site Meu Negócio Melhor

36
Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Tipos de Extintores

Extintores de Água Pressurizada

O extintor mais utilizado para riscos de Classe A é o extintor de água


pressurizada. Há possibilidade do líquido propelente estar misturado com a
água no mesmo cilindro, ou pode estar em um cilindro à parte. Normalmente
o nitrogênio é utilizado como gás propelente quando a pressurização é direta,
porém, quando indireta, o /01 é mais utilizado. Em casos onde a temperatura
ambiente permanecer abaixo de 4°C deve-se utilizar substâncias
anticongelantes.

Principais Características

• Carga do agente extintor é de 10 litros


• Carregado, possui normalmente massa bruta em torno de 15 kg;
• Tempo de descarga em torno de 60 segundos,
• Capacidade Extintora 2A;

Cuidados:

Caso o extintor de água pressurizada for utilizado sobre um incêndio Classe


B, a intensidade do fogo pode ser potencializada perigosamente, e se for usado
sobre o fogo Classe C, pode gerar choques elétricos no operador. Caso o mesmo
extintor for acionado sobre o fogo do Tipo K, pode causar pequenas explosões
emitindo gordura a altas temperaturas no operador.

37
Fabrício Nogueira

Modo De Manuseio

1. Retire o extintor do local acondicionado pela alça de manuseio, coloque-o


no piso;
2. Puxe a trava rompendo o lacre;
3. Faça um teste, acione o gatilho do extintor até o fim;
4. Transporte o extintor até o local do fogo e fique a favor do vento;
5. Posicione-se para o combate, direcione o jato do extintor para a base do
fogo, e faça movimento em leque;
6. Após a ação, certifique-se se houve extinção total do foco;

Obs.: Mesmo que extintor não tenha sido utilizado completamente, envie-o
para manutenção.

38
Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Extintores de Pó Químico Seco

O agente extintor pó químico está acondicionado com compostos químicos que


repelem a umidade. São pressurizados com N₂ ou CO₂, porém nunca com ar
comprimido, o qual por conter umidade e causar a perda de funcionalidade.

Principais Características

• Carga do agente extintor: 4 kg, 6 kg, 8 kg e 12 kg


• Massa Bruta Carregado: 6 kg, 9 kg, 12 kg e 17 kg;
• Tempo de descarga: 15 a 25 segundos dependendo da quantidade de
agente extintor,
• Capacidade Extintora: 2A; 20B; C

Pode ser utilizado em incêndios classe A, B, C e D (no caso de pó especial),


porém ele é mais eficiente no combate a incêndios do tipo B e D (quando
específico).

O tipo de pó químico utilizado necessariamente não oferece risco as pessoas


que o inalarem, pois não são tóxicos, eles também não são corrosivos. Não é
orientado o uso em equipamentos eletrônicos por ter a possibilidade de causar
danos aos equipamentos.

• Há extintores que combatem incêndio tipo B e C, utilizam como agente


extintor o bicarboneto de sódio e sais de potássio.
• Há outro tipo de extintor que pode combater ao mesmo tempo as classes
ABC, o chamado extintor de incêndio ABC ou polivalente, cujo agente
extintor é o mono fosfato de amônia. É importante ressaltar que a
capacidade extintora deste extintor é de pelo menos 3 x mais que um
extintor de classe BC.
• Pó químico para classe de fogo D são bem específicos, através de uma
mistura com base no grafite, cloretos e carbonetos específicos combatem
incêndio para determinados metais pirofóricos.

39
Fabrício Nogueira

Modo de Manuseio

1. Retire o extintor do local acondicionado pela alça de manuseio, coloque-o


no piso;
2. Puxe a trava rompendo o lacre;
3. Faça um teste, acione o gatilho do extintor até o fim;
4. Transporte o extintor até próximo ao local do fogo, fique a favor do vento;
5. Dirija para a posição de combate, direcione o jato do extintor para a base
do fogo, se lembrar faça movimento em leque;
6. Ao final do fogo se certifique que houve extinção e não irá ter nova
reignição;

40
Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Extintores para Riscos Classe C

O Gás CO₂ é o mais utilizado em extintores primeiramente por serem os mais


baratos entre os gases possíveis e liberados para este tipo de uso. E é usado
os gases por não deixarem resíduos em equipamento elétricos estando estes
energizados ou não.

Um cuidado que deve se ter ao utilizar o CO₂, é por se tratar de um gás


asfixiante, mesmo sendo não tóxico apresenta este risco por ser necessário
altas taxas de concentração para um combate eficiente.

Este cilindro não apresenta a solda na parte superior, o agente extintor fica
armazenado sobre pressão e quando acionado é descarregado a uma
temperatura baixíssima, cerca -700C, por isso a importância de se manipular
pelo punho (ou canopla) no momento de uso. Importante falar que o gás é
inodoro, incolor e não conduz eletricidade.

Principais Características

• Carga Extintora: 6 kg e 8 kg
• Uma Unidade Extintora: 6 kg
• Tempo de Descarga: 20 segundos
• Massa Total: 20 kg

A forma como os gases agem sobre o incêndio ocorre pela redução da


concentração de oxigênio no ambiente, eliminando um dos componentes do
tetraedro do fogo

Observe que o treinamento garantirá que os extintores sejam usados de forma


mais segura para o operador. Quando um extintor de /01 é acionado, o gás
sai a uma temperatura em torno de -700C, portanto pode provocar ferimentos
conhecidos como queimaduras de gelo seco. No momento da atuação, o
operador deverá manuseá-lo segurando em sua canopla ou punho de plástico.

41
Fabrício Nogueira

Estudo de Caso: Nem Sempre Usar Água

A água é considerada um agente extintor universal (BRENTANO), podendo


ser utilizados em quase todos os materiais em combustão, porém nem todos.

Em 2004, o Edifício Sede da Petrobras foi tomado por um princípio de incêndio


que atingiu os três últimos pavimentos. O foco do fogo estava em uma sala de
baterias de telecomunicações. Durante a ação, os bombeiros lançaram água
sobre as baterias para controlar o incêndio, porém gerava um gás (de toxidade
desconhecida) muito intenso, o qual intensificava o fogo. Em função desta
reação química, a estratégia de combate foi alterada imediatamente, ao invés
de lançar água nas baterias, optou-se em isolar o foco do fogo lançando águas
no entorno.

Após algumas horas, o corpo de bombeiros enviou mais uma equipe, desta vez
mais especializada em produtos perigosos, com os equipamentos de proteção
individuais (EPI’s) próprios, pois agora estavam cientes da presença de gases
tóxicos. Extintores de Pó Químico Seco, existentes na própria edificação,
combateram o fogo, até a total extinção.

Observe que a brigada de incêndio não conseguiu identificar que tipo de


material havia naquela sala. Não é possível combater a um incêndio sem
saber o que está queimando, portanto é de suma importância que a brigada
de incêndio saiba exatamente o agente extintor para cada área e risco da
edificação. Caso a brigada insistisse em usar água, poderia aumentar a
emissão de gases tóxicos, logo aumentar o fogo gerando maiores danos à saúde
daqueles que estavam combatendo o incêndio. Concluímos que a importância
da equipe de brigada de incêndio entender e diagnosticar todos os riscos de
incêndio da edificação que atua é inegociável.

42
Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Projeto do Sistema de Extintor de Incêndio

Algumas premissas devem ser levadas em consideração para um projeto do


sistema de extintores de incêndio de sucesso.

Seleção do Extintor Correto

A seleção de um tipo de extintor incorreto para um ambiente pode fazer a


divisão entre o princípio de um incêndio e um incêndio de grandes proporções.
O uso de um extintor incorreto para uma classe de incêndio pode gerar danos
físicos ao operador, pois nem sempre o equipamento é manipulado por uma
pessoa possui treinamento adequado.

Segundo o Seito (2008), a criação do projeto deve levar em consideração


algumas variáveis para seleção dos extintores:

a) Classe de fogo com maior probabilidade de ocorrer no ambiente a ser


protegido
b) Tamanho do mais provável princípio de incêndio, seu desenvolvimento de
calor e fumaça. Esse último é um fator muito importante para a escolha de
extintor de maior capacidade extintora e maior alcance do agente extintor.
c) Tipo de risco da edificação: baixo, médio ou alto.

Quadro 6 - Seleção de Extintor de Acordo Com a Classe

AGENTE EXTINTOR
CLASSE DE
FOGO Espuma Pó Químico Haloge- Líquidos
Água CO₂ Pó BC Pó ABC
Mecânica Especial nados Especiais

A Excelente Bom - - Muito Bom - - -

B - Excelente Bom Excelente Excelente - Excelente -

C Muito Bom Muito Bom - Excelente -

D - - - - - Muito Bom - -

K - - - Muito Bom Muito Bom - - Excelente

Fonte: Brentano, 2005

43
Fabrício Nogueira

Classificação da Edificação ou Ambiente da Edificação e Distância Máxima a


Percorrer

Como foi visto anteriormente, a classificação da edificação para projetos de


sistema de extintores de incêndio será feita através da determinação de sua
carga de incêndio e será dividida como apresentado no quadro abaixo:

Quadro 7 - Carga de Incêndio/m²

CLASSIFICAÇÃO QUANT. DE CALOR QUE PODE SER LIBERADO POR m2

BAIXA OU PEQ. Quando a carga liberada é menor ou igual a 300 MJ/m2;

MÉDIA Quando a carga de incêndio está entre 300 e 1.200 MJ/m2;

GRANDE Quando a carga de Incêndio é superior a 1.200 MJ/m2;

Fonte: IT14-SP (2011)

Para cada uma das cargas de incêndio classificadas, Quadro 7 - Carga de


Incêndio/m², será exigida uma capacidade extintora já padronizados de acordo
com a NBR 12693 e a IT21-SP (2011). Da mesma forma, a distância mínima
a ser percorrida pelo operador do extintor é padronizada. Essa distância deve
ser medida do ponto de fixação do extintor a qualquer ponto que o extintor irá
proteger.

44
Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Quadro 8 - Capacidade Mínima Extintora e Distância Mínima a Ser


Percorrida

CAPACIDADE EXTINTORA MÍNIMA E DISTÂNCIAS MÁXIMAS A SEREM PERCORRIDAS

Capacidade Distância máxima a


Classe de Risco da Extintora Mínima ser percorrida
Classe de fogo
Ocupação
- m

Baixo 2A 25

A Médio 3A 20

Alto 4A 15

Baixo 20B 15

B Medio 40B 15

Alto 80B 15

C - C 15

D - - 20

Fonte: Brentano 2015

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Fabrício Nogueira

Instalação dos Extintores

Localização

A localização dos extintores deve satisfazer algumas necessidades


segundo Seito (2008).

1. Facilmente visíveis por meio de sinalização.


2. Bem distribuídos para cobrir a área protegida.
3. Fácil acesso levando-se em conta a portabilidade.
4. Sem obstáculos até o local de utilização.
5. Próximo aos locais de entrada e saída.
6. Não devem ficar atrás de portas de rotas de fuga.
7. Protegidos de acidentes provocados pela movimentação de pessoas,
veículos ou cargas.
8. Protegidos de intempéries e de ambientes agressivos com excesso de
calor, atmosferas corrosivas, maresias, vento e poluição.
9. Protegidos contra vandalismo.

A IT21-SP (2011) orienta ainda que salas fechadas com riscos


específicos devem ser protegidas por extintores de incêndio, que devem ser
instalados no lado externo da sala, exemplos:

• Casa de caldeira;
• Casa de bombas;
• Casa de força elétrica;
• Casa de máquinas;
• Galeria de transmissão;
• Incinerador;
• Elevador (casa de máquinas);
• Escada rolante (casa de máquinas);
• Quadro de redução para baixa tensão;
• Transformadores;
• Contêineres de telefonia;
• Gases ou líquidos combustíveis ou inflamáveis;
• Outros que necessitam de proteção adequada.

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Cuidado!!! Proximidades de compartimentos e áreas energizadas.

O único extintor que passa por testes para verificar a sua não condutividade
é o extintor de CO₂. Estes extintores devem estar localizados nas
proximidades de ambientes que tenham maior quantidade de materiais
elétricos energizados. Um dos primeiros procedimentos, em caso de incêndio,
que devem ser adotados é o corte da energia elétrica. Ao fazer isso, incêndios
que pertenciam a classe C passam a pertencer às classes B e/ou A, logo é
necessário que nas proximidades estejam localizados extintores que
combatam estas classes também. Os extintores de água pressurizada devem
ser muito bem sinalizados para garantir que um usuário com pouca
orientação saiba que não deve utilizar em equipamentos energizados, pois
geram risco de choque elétrico.

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Fabrício Nogueira

Posicionamento dos Extintores

Os extintores portáteis podem ser apoiados em um suporte sobre o piso e


podem estar em paredes.

Observe que para uma operação mais eficiente, é interessante que o extintor
esteja sobre uma base no piso, pois eles podem chegar a pesar 20 kg, logo a
retirada de um equipamento pesado da parede pode oferecer riscos de
acidente ao operador que não esteja habituado com seu peso. Contudo é
importante observar devem estar entre 10 e 20cm do chão, e na parede deve
ter altura máxima de 1,6m. É importante que a sinalização esteja numa
altura que alcance uma visão rápida daqueles estão nas proximidades.

Figura 13 – Altura Mínima Para Parede e Piso

Fonte: Decreto Nº 3950 DE 25/01/2010


Corpo de Bombeiros Militar de Tocantins

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Os extintores que ficam na parede, por uma questão estética ou de proteção


física do equipamento, podem estar no interior de nichos ou embutidos nas
paredes, sem que haja interferência na visualização pelo usuário. A NBR
15808 vai exigir que os suportes sejam resistentes a duas vezes o peso do
extintor.

Figura 14 - Mínimo e Máximo Recomendado Para Extintores Em Parede

Fonte: Blog Bombeiro Osvaldo

Cores dos Extintores

Os extintores devem ter seus recipientes pintados na cor vermelha,


preferencialmente de acordo com o padrão de pintura Munsell 5R 4/14. Há
ainda a possibilidade do recipiente ser construído em aço inoxidável, para
estes casos a pintura será opcional. (NBR 12962:2016).

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Fabrício Nogueira

Sinalização dos Extintores

Há dois tipos de sinalizações que devem ser observadas no momento do


posicionamento dos extintores de incêndio: a sinalização do piso, chamada
também de sinalização horizontal, e a sinalização vertical que é aquela
localizada nas paredes.

Alguns cuidados devem ser tomados para sinalização vertical. Ela deve ficar
acima do extintor em no mínimo 0,2m até 1,0m, porém, se mesmo assim,
houver obstrução à visualização da sinalização, deverá ser mais alta. Como
apresenta a Erro! Fonte de referência não encontrada. abaixo:

Figura 15 - Visualização da Sinalização Com Obstrução das Caixas, Exemplo.

Fonte: Blog Bombeiro Osvaldo

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Para o posicionamento do extintor quando estiver pendurado. Observe a Figura 16 e


verifique onde a sinalização deve ser fixada:

Figura 16 - Altura da Sinalização na Parede

Extintores Embutidos

Caso os extintores fiquem embutidos, é recomendado que a sinalização deste


local esteja perpendicular à parede e com a mesma altura das outras
sinalizações, mínimo de 0,2m a 1,0m, ou dependendo da necessidade de
visualização. Essa sinalização tem o objetivo de que as pessoas que se
aproximam pela lateral identifiquem o extintor de incêndio embutido, há
lugares inclusive que o chão da área do nicho é pintado de vermelho.

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Fabrício Nogueira

Sinalização Horizontal

A sinalização horizontal é feita sobre o piso para que não haja qualquer
obstrução daquela área. O piso deve ser marcado com um quadrado ou
retângulo de 1,0m, no mínimo, de fundo vermelho com bordas amarelas de
0,15m. Este local deve permanecer desobstruído constantemente com objetivo
de permitir acesso livre ao local. Veja um exemplo completo na figura

Figura 17 - Marcação no Piso das Instalações Industriais

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Inspeção, Manutenção e Recarga

Antes de falar das inspeções nos extintores de incêndio, relacionaremos os


erros mais encontrados no momento das vistorias segundo Brentano (2005).

Principais Erros Encontrados em Vistorias:

1. A falta de inspeção ou Manutenção;


2. O selo de aparelho novo em equipamento usado;
3. Extintor de pó químico apresentando empedramento;
4. Cilindros com pressão fora dos padrões.
5. Aparelhos Obstruídos
6. Tipo de agente extintor não adequado a sinalização
7. Tipo de agente extintor não adequado ao material combustível das
proximidades

O que fazer para evitar estes erros? Vamos verificar as inspeções e


manutenções orientadas:

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Fabrício Nogueira

Inspeção

A inspeção é a verificação efetuada por uma pessoa habilitada que vai à área
identificar situações que os extintores estejam fora do padrão de uso.

Inspeção Semanal ou Mensal

Em função da possibilidade de contato de pessoas com os extintores de


incêndio, as quais, por causa da desinformação, podem alterar a sua posição,
ou até mesmo, vandalizá-los, deve-se fazer uma inspeção semanal ou mensal
em todos os equipamentos.

• Deve ser feito uma Inspeção Visual para constatar que


principalmente:
• Devem estar em locais corretos e a sinalização de acordo com o
extintor;
• Devem estar com o lacre do pino de segurança intactos;
• Os acessos devem estar livres e a sinalização de piso desobstruída,
assim como uma rota para seu acesso;
• Não devem estar danificados fisicamente;
• Devem apresentar uma rota de fácil acesso;
• A sinalização deve estar aparente e ser de fácil identificação.

Inspeção Semestral

Uma vistoria, registrada em um documento, deve ser realizada para


identificar se a pressão dos extintores de incêndio, classe A e B, está dentro
das condições de ideais de uso.

O extintor de CO₂ deve ser avaliado por seu peso, ele não pode apresentar uma
perda superior a 10%, caso isso venha a acontecer deverá ser reenviado para
a empresa especializada em manutenção.

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Inspeção Anual

Os extintores de água pressurizada e pó químico devem ser enviados para


manutenção uma vez a cada 12 meses para mudança do lacre anual da ABNT
e fazer uma nova pressurização de seu agente extintor.

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Fabrício Nogueira

Manutenção

Observe que a ABNT apresenta através de sua NBR 12963 – Inspeção e


Manutenção de Extintores – que a manutenção deve ser efetuada
obrigatoriamente após o uso, ou quando alguma inconformidade for detectada
no extintor. Ela aponta três níveis de manutenção, são eles:

Manutenção de Primeiro Nível

É aquela manutenção que pode ser feita no momento que está sendo realizado
a inspeção por pessoas que passaram por treinamento e se encontram
habilitados para esta intervenção. São manutenções que não há a necessidade
de levar os extintores para uma empresa especializada.

Manutenção de Segundo Nível

São aquelas manutenções que devem ser feitas por equipamentos e oficinas
especializadas.

Manutenção de Terceiro Nível ou Vistora

Processo o qual o extintor passa por uma revisão geral, incluindo testes
hidrostáticos

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

Quadro 9 - Níveis de Manutenção

Níveis de
Situação
Manutenção

1 Quadro de instruções ilegível ou inexistente.

1 ou 2 Inexistência de algum componente.

Mangueira de Descarga apresentando danos, deformação ou ressecamento


1
Mangotinho, mangueira de descarga ou bocal de descarga, quando houver,
apresnetando entupimento que não seja posível reparar na inspeção

Lacre Violado

Anel de identificação externa violado

2 Vencimento do período especificado para frequencia da manutenção de segundo nível.

Extintor de incêndio parcial ou totalmente descarregado ou fora da faixa de operação.

Defeito nos sistema de rodagem, transporte ou acionamento.

Corrosão, danos térmicos e/ou mecânicos no recipiente ou no cilindro, e/ou em partes que
possam ser submetidas à pressão permanente, e/ou em partes externas contendo
mecanismo ou sistema de acionamento mecânico.

3
Data do último ensaio hidrostático igual ou superior a cinco anos. Quando a empresa
realizar manutenção em extintores de incêndio durante o ano limite para a realização do
ensaio hidrostático, a empresa deve obrigatoriamente realizar a manutenção terceiro nível.

Inexistência de data do último ensaio Hidrostático.

Fonte: NBR 12962:2016

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ANEXO A – Tabela de Cargas de Incêndio Por Ocupação (IT14-SP)

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

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ANEXO B – Valores de Referência – Potencial Calorífico (Hi)

Fonte: IT14-SP (2011)-

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Extintores de Incêndio: Orientação Técnica

ANEXO C - Planilha Para Cálculo da Carga de Incêndio

Fonte: IT14-SP (2011)

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Fabrício Nogueira

BIBLIOGRAFIA

______.INSTRUÇÃO TÉCNICA 14, São Paulo: Carga de Incêndio nas


Edificações e área de Risco. 2011

______.INSTRUÇÃO TÉCNICA 21, São Paulo: Sistema de Proteção por


Extintores de Incêndio. 2011

______.NBR 12962: Extintores de incêndio — Inspeção e manutenção. 2016

______.NBR 12693: Sistemas de proteção por extintores de incêndio. 2013

______.NBR 15808: Extintores de Incêndio Portáteis. 2013

______.NBR 15809: Extintores de Incêndio Sobre Rodas. 2013

______.NBR 15809: Extintores de Incêndio Sobre Rodas. 2013

BRENTANO, Telmo. A proteção contra incêndios no projeto de


edificações. T Edições, Porto Alegre, 2007.

GOUVEIA, Antônio Maria Claret de; MATTEDI, Domênica Loss. Estudo da


prescritividade das normas técnicas brasileiras de segurança contra
incêndio. 2011.

NATIONAL FIRE PROTECTION ASSOCIATION. Disponível em:


<http://www.nfpajla.org/pt/nfpa-em-america-latina/nfpa-em-
portugues#códigos-e-normas> Acesso em: 12 nov. 16.

SEITO, Alexandre Itiu et al. A segurança contra incêndio no Brasil. São


Paulo: Projeto Editora, p. 496, 2008.

TAVARES, R.M.; PROCORO, S.A.C.; DUARTE, D. Códigos Prescritivos x


Códigos baseados no desempenho: qual é a melhor opção para o
contexto do Brasil. XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção.
Curitiba, 2002.

VIOLA, ELIANA DELAIDI MONTEIRO. Uma Visão Crítica da Certificação


de Extintores de Incêndio Portáteis. Niterói. Dissertação (Mestrado
Profissional em Sistemas de Gestão)–Universidade Federal
Fluminense, 2006.

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