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FICHA PARA CATÁLOGO

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
MOVIMENTO ABOLICIONISTA: A FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA COLETIVA
Autora Suely Aparecida do Carmo
Escola de atuação Escola Estadual Vale do Tigre – Ensino Fundamental
Município da escola Nova Londrina – Paraná
Núcleo Regional de Educação Loanda – Paraná
Orientador Prof.Ms. Vanderlei Amboni
UNESPAR – Universidade Estadual do Paraná –
Instituição de Ensino Superior
campus de Paranavaí
Disciplina/Área História
Produção Didático-pedagógica Unidade Didática
Relação Interdisciplinar Não há
Público Alvo Discentes da 7ª série do Ensino Fundamental
Avenida Presidente Juscelino Kubistchek de Oliveira,
Localização
361 – Centro. Nova Londrina CEP 87970-000

Esta proposta de intervenção respaldada no ensino de


História tem sua validade à medida que contribui para
a edificação de uma educação acima de tudo,
dialógica. Sua importância se faz ao revelar o perfil
histórico do momento estudado, contribuindo para a
construção da visão de mundo e do entendimento dos
fenômenos sociais ocorridos na atualidade.
Essa necessidade de criar um determinado raciocínio
é válida em todos os momentos, pois se cria uma
correlação dos fatos, enxergando-os como
componentes de uma história ao mesmo tempo
coletiva e individual.
Apresentação Formar uma consciência, se perceber um ser
socialmente constituído e participante de uma
sociedade heterogênea é uma condição de relação
com o mundo. Formar um cidadão consciente é o
caminho para consolidar uma sociedade mais humana
e coerente com os princípios de uma vida cidadã.
Um trabalho eficaz deve proporcionar reflexão acerca
do que se lê, vê, ouve e vivencia. Textos, imagens,
músicas e outras manifestações científicas são formas
de fazer com que o aluno comece criar essa leitura da
condição história em que vive. Trata-se de propor
simplesmente uma reflexão acerca do que os alunos já
conhecem e fazê-los entender além do censo comum.

Palavras-chave Escravidão, consciência, liberdade, sociedade.


SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ
CAMPUS DE PARANAVAÍ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL - PDE

Suely Aparecida do Carmo

Vanderlei Amboni (Orientador)

UNIDADE DIDÁTICA

MOVIMENTO ABOLICIONISTA: A FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA


COLETIVA

Paranavaí
2011
Orientações aos professores

a) Apresentação:

A presente produção didático-pedagógica elabora a partir dos


conhecimentos da área de História no que tange o conteúdo da abolição da
escravatura, faz com que se estabeleça uma reflexão acerca do processo
abolicionista no Brasil.
Tendo como princípio lógico a abolição como um acontecimento que não
foi instantâneo, mas durou séculos para sua efetivação mesmo após a
promulgação de uma série de leis com esse ideal.
Esse projeto se justifica mediante a necessidade de se conhecer o fluxo
dos acontecimentos e como foi a organização dos grupos abolicionistas,
incluindo os grupos sociais, os caifazes e outras formas de organização que
tão importantemente lutaram para a conquista da liberdade dos negros cativos.
O desenvolvimento desse trabalho proporcionará subsídios para que o
aluno perceba a atualidade desta temática e a necessidade de se pensar sobre
a constituição do povo brasileiro e as múltiplas etnias que formam o nosso
povo.
O público alvo para o desenvolvimento da proposta apresentada serão
os alunos da 7ª série/8° ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Vale
do Tigre – Ensino Fundamental.

b) Abordagem metodológica:

Ao iniciar o conteúdo de trabalho, há de se levantar as hipóteses dos


alunos sobre os conteúdos estudados, uma vez que considera os conteúdos
que os alunos já possuem das suas experiências, leituras e situações que
vivenciam na sociedade, na escola etc.
O conhecimento prévio, expresso pelas hipóteses que o aluno tem sobre
o conteúdo, será problematizado a partir das indagações que o professor
propor.
O aluno será oportunizado a pensar sobre a validade das situações que
ele aprendeu, percebendo que o conhecimento advindo das situações
cotidianas pode ser aperfeiçoado por meio da aquisição do conhecimento
científico.
A problematização é um importante passo para o estabelecimento de
uma carência no aluno, de forma que ele possa perceber-se no centro dos
acontecimentos dos fatos e se tornar desejoso por conhecer e resolver
questões que o conhecimento empírico possa gerar.
Para o desenvolvimento do conteúdo proposto, a fundamentação é
essencial. Essa etapa constitui-se da organização dos materiais, livros, fontes
de pesquisa e outros subsídios que contribuirão para que o aluno adquira
conhecimentos pertinentes e que sejam capazes de fazer com o objeto
cognoscível seja conhecido o mais integralmente possível.
O processo de instrumentalização é composto pela riqueza e qualidade
de informações que o professor trouxer para a sala de aula. Essa
instrumentalização só fará sentido caso o aluno perceba a atualidade dos
conteúdos estudados e principalmente a relação que esses conteúdos fazem
com sua vida, com sua realidade, pois essa é uma condição importante para
um ensino simbólico, eficaz e significativo.
A metodologia seguramente proporciona ao aluno um processo
inteiramente de reflexão acerca dos conteúdos, relacionando-os às formas de
manifestação dos mesmos – literatura, artes plásticas, música, entre outros.
O processo de apropriação e percepção da validade do conteúdo
proporcionará ao aluno um momento de transposição do conhecimento
adquirido. Essa transposição didática se faz quando for possível perceber a
abrangência dos conteúdos propostos, de forma que será possível estabelecer
um processo de reflexão e apropriação do conteúdo. Essa etapa permitirá ao
aluno reelaborar o conteúdo. A catarse é um importante passo e muito
individual, depende dos estímulos dos conteúdos e questionamentos do
professor.
Por fim, e muito importante é a prática social que se pretende com o
conteúdo.
Tudo o que se aprende só faz sentido se for possível elaborar o
conteúdo nas diversas exigências sociais que o aluno tiver. O aluno deverá
estar capacitado a aplicar o conteúdo na comunicação, entendimento de
situações e problemas que possam surgir nos estudos e no seu
desenvolvimento social.
As atividades propostas forma pensadas para proporcionar uma situação
real e eficaz de aprendizagem que leve o aluno a refletir sobre o conteúdo e as
manifestações dele em seu dia a dia e em suas vivências sociais.

c) Avaliação:

A avaliação da aprendizagem ocorrerá no transcurso da aplicação do


trabalho. A avaliação configura-se um instrumento de verificação da
aprendizagem, sendo primeiramente diagnóstica, pois pretende perceber os
conhecimentos que os alunos possuem referente o conhecimento estudado.
Essa avaliação segue em seu aspecto formativo, percebendo no
transcurso da prática como o conhecimento é construído e em que medida
ocorre sua apropriação de forma simbólica.
Essa avaliação formativa leva em consideração o ritmo de sala de aula,
o acontecimento dos fatos, da ação de educar-se, do envolvimento das
atividades, participação, produção de textos e atividades que cumpram os
objetivos traçados.
A sistematização dessa avaliação se faz no final do processo à medida
que as produções dos alunos servirão de base para a verificação do professor
e para sua reflexão sobre a validação dos objetivos.
UNIDADE DIDÁTICA
MOVIMENTO ABOLICIONISTA: A FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA
COLETIVA

Investigando o que você já conhece

Vamos refletir sobre o processo de abolição da escravidão no Brasil e


como foram as organizações dos grupos para lutar pela liberdade daqueles que
não tinham os mínimos direitos.
Para começo de conversa, vamos refletir sobre as seguintes questões e
discutir com professor e colegas sore o seu ponto de vista referente ao assunto
tratado.

a) O que é escravidão?
b) O que é trabalho escravo?
c) Você já ouviu falar em movimento abolicionista? Relate.
d) Os escravos lutaram por sua liberdade? Explique.

Va fazer a leitura do texto Menina bonita do laço de fita de Ana Maria


Machado. Atendimento ao pressuposto teórico estabelecido pela Lei nº
10.639/2003 que acrescentou à Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) dois artigos: 26-A e 79-B. O primeiro estabelece o ensino sobre
cultura e história afro-brasileiras e especifica que o ensino deve privilegiar o
estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a
cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade.
O mesmo artigo ainda determina que tais conteúdos devem ser
ministrados dentro do currículo escolar, em especial nas áreas de Artes,
Literatura e História.
Leia o texto, dialogue com seu professor sobre o seu entendimento e em
seguida resolva os exercícios propostos.
MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA

(Ana Maria Machado)

Era uma vez uma menina linda, linda.


Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos
enroladinhos e bem negros.
A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na
chuva.
Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e
enfeitar com laços de fita coloridas.
Ela ficava parecendo uma princesa das terras da áfrica, ou uma fada do
Reino do Luar.
E, havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho
nervoso sempre tremelicando. O coelho achava a menina a pessoa mais linda
que ele tinha visto na vida.
E pensava:
- Ah, quando eu casar quero ter uma filha pretinha e linda que nem
ela...
Por isso, um dia ele foi até a casa da menina e perguntou:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão
pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina...
O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela.
Ficou bem negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo
aquele pretume, ele ficou branco outra vez.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o seu segredo para ser tão
pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café que perdeu o sono e passou a
noite toda fazendo xixi.
Mas não ficou nada preto.
- Menina bonita do laço de fita, qual o teu segredo para ser tão
pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão,
sem conseguir sair do lugar. O máximo que conseguiu foi fazer muito
cocozinho preto e redondo feito jabuticaba. Mas não ficou nada preto.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e... Já ia inventando outra coisa, uma história de
feijoada, quando a mãe dela que era uma mulata linda e risonha, resolveu se
meter e disse:
- Artes de uma avó preta que ela tinha...
Aí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina
devia estar mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é
com os pais, os tios, os avós e até com os parentes tortos.E se ele queria ter
uma filha pretinha e linda que nem a menina, tinha era que procurar uma
coelha preta para casar.
Não precisou procurar muito. Logo encontrou uma coelhinha escura
como a noite, que achava aquele coelho branco uma graça.
Foram namorando, casando e tiveram uma ninhada de filhotes, que
coelho quando desanda a ter filhote não para mais! Tinha coelhos de todas as
cores: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma
coelha bem pretinha.
Já se sabe, afilhada da tal menina bonita que morava na casa ao lado.
E quando a coelhinha saía de laço colorido no pescoço sempre
encontrava alguém que perguntava:
- Coelha bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão
pretinha?
E ela respondia:
- Conselhos da mãe da minha madrinha...
Para copiar e resolver em seu caderno.

ATIVIDADES
1. Qual a temática abordada no texto?
2. O que provoca humor na leitura?
3. Como podemos imaginar a menina bonita?
4. Qual era o desejo do coelho? O que ele fez?
5. Qual a lição que a história nos transmite?

Para refletir: diferentes leituras

Depois de responder às questões, socialize com os colegas e conheça


outras respostas diferentes da sua.
Nesse momento, vamos pensar sobre o trabalho desenvolvido pelo
negro na sociedade escrava, sua função nas lavouras de café, seus
sentimentos, suas angústias e a condição desumana em que viviam.

“O Lavrador de Café", de Portinari

Entusiasta das temáticas nacionais, o café


sempre foi um universo estimulante para o
pintor Candido Portinari. Entre as quase
cinco mil obras por ele pintadas, 56
representaram o cotidiano do cafeicultor.
Pudera, Portinari nasceu em uma fazenda
de café em Brodowski, interior de São
Paulo, em 29 de dezembro de 1903.
Atualmente, ―O Lavrador de Café‖
(1939) faz parte do acervo do Masp –
Museu de Arte de São Paulo. Como visto na
imagem, Portinari retrata um trabalhador
negro em uma fazenda de café no início do
século XX.

Disponível em: http://www.feitoagrao.com.br/blog/o-lavrador-de-cafe-pintura/


“Colheita de café”, de Portinari

Disponível em: http://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?tipo=ler&mat=22196&mostra-exibe-

A comparação das imagens deve possibilitar que percebamos o perfil do


negro retratado por Portinari em uma perspectiva bem real – o trabalho. Depois
de analisar as imagens, vamos pensar e debater oralmente sobre elas
respondendo às seguintes questões:

ATIVIDADE ORAL
O que seus braços inchados representam?
Quais os sentimentos dos escravos? Como trabalham? Quanto tempo?
Quais sons podemos ouvir em cada uma das imagens?
Qual é o papel do feitor?

O trabalho do negro constituiu grande oportunidade econômica aos


latifundiários que lucraram com os baixos custos com alimentação,
hospedagem e alta lucratividade com as altas cargas de trabalho e as grandes
quantidades de escravos adquiridas por preços baixos das mãos dos
traficantes de escravos.
Depois de muito se utilizar a escravidão como forma de crescimento
econômico, configurando a principal mão-de-obra para a sustentação da classe
cafeeira, essa situação foi gerando muitos incômodos a diversas classes
sociais, esses incômodos fizeram com fossem formados diversos grupos que
lutaram pela liberdade escrava.
Assista ao vídeo da Fundação Joaquim Nabuco e perceba como
foiapostura da sociedade escravocrata (intelectuais, políticos, fazendeiros,
comerciantes, advogados, entre outros), sua movimentação, organização e
meios de perpetuar seus interesses a favor da liberdade escrava.

VÍDEOS

DISPONÍVEL EM: http://www.fundaj.gov.br/video/episodio4.html


DISPONÍVEL EM: http://www.youtube.com/watch?v=Z50z1A0ThMM

Depois de ter assistido ao vídeo A escravidão, da Fundação Joaquim


Nabuco, discuta com seu professor sobre as movimentações sociais no intuito
de espalhar o ideal da luta pela liberdade dos escravos.
Houve uma concentração de esforços de diversos setores sociais e com
diferentes tipos de ações. O objetivo era o mesmo, lutar pela liberdade dos
escravos e pelo direito de optar.

ATIVIDADE
Elabore uma síntese em seu caderno, contendo 15 a 20 linhas sobre as
manifestações a favor da libertação dos escravos evidenciando o papel dos
grupos abolicionistas e a concentração de seus esforços. Em seguida,
socialize seu texto com seus colegas e professor fazendo sua exposição oral.

A situação gerada pela luta contra a escravidão incomodava os


principais utilizadores dessa mão-de-obra. A escravidão no Brasil era mantida
pelo tráfico negreiro através de navios negreiros que periodicamente
transportavam negros da África até nosso país e com isso sustentava a
produção nas fazendas cafeeiras.
Os abolicionistas – grupos que ficaram conhecidos por lutar pela
liberdade escrava – pensaram em lutar primeiramente contra o principal meio
de sustentação do número de escravos no Brasil – o tráfico negreiro.
Agora você conhecerá Navio Negreiro
a condição escrava nos Castro Alves
navios negreiros que
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
resultaram na Lei Contra o Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Tráfico de Escravos. Leia o
Como turba de infantes inquieta.
fragmento do poema de
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Castro Alves para entender
Os astros saltam como espumas de ouro...
através de sua descrição, a O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
condição em que os negros
trazidos da África viviam ao 'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
serem transportados nos Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
navios negreiros sem Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
higiene, sem higiene,
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
segurança, alimentação etc. Ao quente arfar das virações marinhas,
e associe com a pintura Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
também denominada Navio
negreiro, do artista Johann Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Moritz Rugendas. Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.

Bem feliz quem ali pode nest'hora


Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!


Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!

Homens do mar! ó rudes marinheiros,


Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!
Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...

[...]

‗Navio negreiro‘, tela de Johann Moritz Rugendas (circa 1830). A crueldade do


tráfico de escravos certamente não era foco do ensino da disciplina um século
atrás, o que ilustra as mudanças profundas na perspectiva histórica ao longo
do tempo.

Disponível em http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/em-tempo/imagens/navionegreiro.jpg/view

A condição do conhecimento da realidade do tráfico escravo fez com


que se lutasse para diminuir essa atividade, foi então que em 1850, por meio
de muita insistência frente ao Parlamento brasileiro, foi aprovada a Lei Eusébio
de Queiroz com o intuito de acabar com o tráfico de escravos no Brasil.
Apesar da criação da lei, a atividade resistiu por longos anos. Fatores
como o suborno, a má política de fiscalização e até mesmo os interesses
políticos facilmente influenciáveis fizeram com que os efeitos dessa lei não
fossem tão intensos como se pretendia.
ATIVIDADE

Depois da leitura e reflexão sobre um fragmento do poema Navio


Negreiro de Castro Alves, depois de entender um pouco mais a condição em
que os escravos viviam ao ser transportados para o Brasil, condição esta que
deve fazer com que se reflita sobre os sentimentos que eram gerados no povo
escravo, faça uma releitura em forma de ilustração da obra Navio negreiro,
tela de Johann Moritz Rugendas – 1830.
Essa atividade deve ser feita em cartolina com os materiais disponíveis
e deve demonstrar seu sentimento sobre as condições dos escravos
transportados conforme o que você pode entender das leituras feitas.
Depois de pronto o seu trabalho, monte um mural no pátio da escola
onde o seu trabalho ficará exposto e todos poderão conhecer um pouco mais
sobre as terríveis condições nos navios negreiros, exponha também seus
textos elaborados na atividade anterior para que sejam feitas leituras e
conheçam mais sobre as manifestações a favor da liberdade escrava.

Investigando e teorizando

Agora que você chegou nesse importante momento, vamos conhecer


mais sobreos movimentos abolicionistas no Brasil, sua constituição e principais
atos dentro de uma série de fatos ocorridos no Brasil,a união das diversas
classes com ideais abolicionistas e a abolição como princípio de uma ainda
remota liberdade.
Faça a leitura do texto abaixo, reflita sobre a importância das
informações trazidas, exponha seu entendimento e discuta com seu professor
sobre os sentidos do texto, o momento histórico e a condição escrava retratada
pelo autor.
O PROCESSO DE ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO

No início da colonização do Brasil (século XVI), não havia trabalhadores para


a realização de trabalhos manuais pesados na colônia. Os portugueses
colonizadores tentaram usar o trabalho indígena nas lavouras. A escravidão
indígena não pôde ser levada adiante, pois os religiosos católicos se
posicionaram em defesa dos índios condenando sua escravidão. Logo, os
colonizadores buscaram outra alternativa. Eles buscaram negros na África
para submetê-los à força ao trabalho escravo em sua colônia. Foi neste
contexto que começou a entrada dos escravos africanos no Brasil.
Os negros africanos, trazidos da África, eram transportados nos porões dos
navios negreiros. Em função das péssimas condições deste meio de
transporte desumano, muitos morreram durante a viagem. Após
desembarcaram no Brasil eram comprados como mercadorias por fazendeiros
e senhores de engenho, que os tratavam de forma cruel e, muitas vezes,
violenta.
Ao chegar ao Brasil, milhares de escravos passavam a viver nas senzalas,
cuja vida era miserável, passando a viver com pouquíssimos restos de
comidas ou com uma polenta oferecida aos trabalhadores cativos. Seu leito
era o chão duro e bebiam o mínimo de água e trabalhavam o máximo que
aguentavam.
Embora muitos considerassem a escravidão normal e aceitável naquela
época, havia aqueles que eram contra este tipo de prática, porém era a
minoria e não tinham influência política suficiente para mudar a situação.
Contudo, a escravidão permaneceu por quase 300 anos. O principal fator que
manteve o sistema escravista por tantos anos foi o econômico. A economia do
Brasil contava quase que exclusivamente com o trabalho escravo para realizar
os trabalhos nas fazendas e nas minas. As providências para a libertação dos
escravos, de acordo com alguns políticos da época, deveriam ser tomadas
lentamente.
O início do processo de libertação dos escravos e fim da escravidão foi longo
e trabalhoso.
Na segunda metade do século XIX surgiu o movimento abolicionista, que
defendia a abolição da escravidão no Brasil. Joaquim Nabuco foi um dos
principais abolicionistas deste período. O processo abolicionista foi pouco a
pouco agregando vários grupos para trabalhar na luta pela liberdade escrava,
agindo muitas vezes contra a política. O Parlamento brasileiro, por exemplo,
ignorava os pedidos encaminhados para a agilidade do processo de
libertação, isso porque grande parte dos políticos era manipulada pelos
interesses latifundiários e agiam de acordo com aqueles que representavam.
Os abolicionistas, grupo formado por diversas classes, fazendeiros,
comerciantes, poetas, literatos, políticos e outros mais. Exerceu forte atividade
para a liberdade dos negros cativos. Outro grupo muito importante para a
liberdade escrava foi o grupo dos Caifazes. Esse grupo foi idealizado por
Antônio Bento de Sousa e Castro e organizava fugas de escravos no final do
século XIX. Antônio Bento e seus comparsas roubavam os negros e os
enviavam para o quilombo do Jabaquara (Santos). Então eles eram mandados
para a província cearense, local onde a igualdade racial já havia sido
decretada.
Outro grupo que se uniu em torno dos objetivos de libertação dos escravos foi
o grupo dos próprios negros cativos, pois se uniram nas senzalas e através de
sua cultura e das lutas contra a manipulação dos fazendeiros fizeram com que
se conhecesse a realidade da inquietação da condição em que viviam.
A região Sul do Brasil passou a empregar trabalhadores assalariados
brasileiros e imigrantes estrangeiros, a partir de 1870. Na região Norte, as
usinas produtoras de açúcar substituíram os primitivos engenhos, fato que
possibilitou o uso de um número menor de escravos. Já nos principais centros
urbanos, era grande a necessidade do surgimento de indústrias. Visando não
causar prejuízos financeiros aos proprietários rurais, o governo brasileiro,
pressionado pelo Reino Unido, foi alcançando seus objetivos lentamente.
A primeira etapa do processo foi tomada em 1850, com a extinção do tráfico
de escravos no Brasil. Vinte e um anos mais tarde, em de 28 de setembro de
1871, foi promulgada a Lei do Ventre-Livre. Esta lei tornava livres os filhos de
escravos que nascessem a partir da decretação da lei.
No ano de 1885, foi promulgada a lei Saraiva-Cotegipe (também conhecida
como Lei dos Sexagenários) que beneficiava os negros com mais de 65 anos
de idade.
Foi somente em 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea, que a liberdade
total e definitiva finalmente foi alcançada pelos negros brasileiros. Esta lei,
assinada pela Princesa Isabel (filha de D. Pedro II), abolia de vez a escravidão
em nosso país. O fim à escravidão era o princípio da Lei Áurea, contudo, esse
processo resistiu por muitos e muitos anos, a ilegalidade política e a
insistência dos fazendeiros eram as principais barreiras para distanciar os
objetivos da lei da realidade que se pretendia com sua criação.

Fonte: Disponível em: http://www.historiadobrasil.net/abolicaodaescravatura/

Você pode observar que existiram diferentes grupos sociais que se


uniram objetivando a abolição.
Esse processo foi complexo e mobilizou diversos setores, como literatos,
políticos, escravos, latifundiários, entre outros.
A história nos mostra que essa série de acontecimentos e mobilizações
da sociedade escravocrata foi importante para a conquista do começo da
liberdade, foi um momento decisivo para a formação do povo brasileiro.
Temos em mente que a abolição não foi um acontecimento tão simples e
imediato quanto se costuma pensar.
Os esforços concentrados dos grupos abolicionistas resultaram em
várias medidas muito importantes, contudo, a abolição de fato levou muitos
anos para que fosse realizada.
É notável o quanto as medidas tomadas pelos grupos abolicionistas
foram importantes, mas ao mesmo tempo em que houve essa força favorável à
abolição, houve um conjunto de forças consideradas reacionárias, pois foram
contra o processo que dava liberdade aos negros africanos cativos.
Depois de analisado o texto, discutido com seu professor e socializado
com seus colegas, leia atentamente as questões e responda-as em folha
separada e entregue ao professor.
ATIVIDADES
1. Que tipo de atividades braçais os escravos desenvolviam no trabalho?
2. Como você imagina a vida nas senzalas (alimentação, vida familiar,
etc)? Descreva.
3. Quais classes foram importantes para a conquista da abolição?
4. Comente sobre as principais leis que contribuíam para a conquista da
abolição:
a) Lei contra o tráfico de escravos no Brasil.
b) Lei do Ventre Livre.
c) Lei do Sexagenário.
5. Como foi a organização dos escravos para conquistar sua liberdade?
6. Quem foram os Caifazes? De que forma sua participação foi
importante? Comente.
7. Com base no que vimos e aprendemos, em sua opinião, o que é
liberdade? Todos têm liberdade? E como é vista a diferença racial
existente no Brasil?

Pense bem sobre as questões e responda de acordo com seu estudo.


Expresse sua opinião sempre defendendo seu ponto de vista por meio da
argumentação.
Após conhecer mais cobre os movimentos abolicionistas, você já sabe
que a formação do povo brasileiro esta inserida na diversidade de cores,
culturas e crenças.
Embora muito diferentes, os povos têm assegurado seu direito de ser
diferente. O princípio de igualdade racial entende que todos os povos têm
quanto seus direitos, deveres, acessibilidade e outros princípios igualitários.
Agora, assista ao vídeo e leia a letra da música Canto das três raças,
interpretada por Clara Nunes para entender o grito pela igualdade e em defesa
da diversidade racial em um país formado por diversas etnias.
Socializando o conteúdo: agora nós sabemos!

Após conhecer mais sobre a história da formação da população


brasileira no que compete a história, leia, reflita e conheça uma importante obra
que nos mostra um pouco dos sentimentos dos negros que vieram e
estabelecer no Brasil, terra em que eles acreditaram que poderiam ser felizes.

Canto Das Três Raças


Clara Nunes
Composição: Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro

Ninguém ouviu
Um soluçar de dor
No canto do Brasil
Um lamento triste
Sempre ecoou

Desde que o índio guerreiro


Foi pro cativeiro
E de lá cantou
Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares

No Quilombo dos Palmares


Onde se refugiou
Fora a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou
E de guerra em paz

De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor. ô, ô, ô, ô, ô, ô (4x)

E ecoa noite e dia


É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
Esse canto que devia
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor

Disponível em: http://letras.terra.com.br/clara-nunes/83169/


O vídeo abaixo ilustra com uma diversidade de imagens a música que
você acabou de conhecer.

VÍDEO
http://www.youtube.com/watch?v=jMn5alxlcsE&feature=related

Agora, vamos todos cantar juntos a música Canto das três raças,
composição de Mauro Duarte e Paulo Cesar Pinheiro, interpretação de Clara
Nunes.
Reflitam sobre os sentimentos transmitidos pela música, as imagens que
podemos formar e a situação descrita ao tratar das raças constituintes de um
povo.
Percebam que os índios foram os primeiros cativos e essa realidade
estendeu-se por séculos. Com isso, cumpre-se a tarefa de conhecer-se.
Conhecendo a cultura de um tempo passado permite um relacionamento
passado-presente, de forma de se efetive a consciência dos fatos e busque
elucidar a condição atual em que se vive.

ATIVIDADE ORAL
Do que fala a música?
Os gemidos que podemos perceber claramente na música fazem referência a
que sentimento? De quem?
Como podemos descrever a realidade escrava a partir da música?
Para verificação de aprendizado
ATIVIDADE DE PESQUISA
Em grupos ou duplas, façam uma pesquisa no laboratório do Programa
Paraná Digital, em livros didáticos, revistas especializadas e instrumentos de
pesquisa disponíveis na escola e reúnam informações sobre a consciência
negra e a luta dos grupos de combate ao racismo e à discriminação racial
existentes no Brasil.
De posse das informações obtidas formem textos de divulgação de opinião a
respeito da formação étnica do povo, salientando a importância de todas as
raças para a formação do povo genuinamente brasileiro, como de fato o é.
Essa pesquisa resultará a confecção do gênero textual específico, o panfleto,
a ser distribuído entre os alunos da escola.
O objetivo é disseminar informações sobre a temática para que se conheça
mais e mais a necessidade de abrangermos esse tema e tratá-lo de forma
racional e não preconceituosa.
Uma dica é utilizar imagens, ilustrações, gráficos e outros recursos visuais que
deixem seu panfleto mais atraente. Não se esqueça de usar o mais importante
e essencial na sua composição, a criatividade.

Os materiais produzidos servirão de base para uma avaliação que


verificará os resultados e perceberá o quanto os conteúdos foram significativos
aos alunos.

Considerações finais

O tema abolicionista envolve diretamente a formação étnica da


população brasileira e mostra como o povo é diferente e composto pelas várias
misturas.
É primordial entender que todos nós viemos dessas misturas e que
fazemos parte desse país miscigenado, cheio de costumes, cores, sotaques e
outros elementos que certamente contribuem para o Brasil ser o país da
diversidade.

REFERÊNCIAS

COMUNIDADE DE PESQUISA HISTÓRIA DO BRASIL. Disponível em:


<http://www.historiadobrasil.net/abolicaodaescravatura/> Acesso em 20 ago
2011.

COSTA, Emília Viotti da. A Abolição - História Popular. São Paulo: Global,
1994.
DIRETRIZES CURRÍCULARESDA EDUCAÇÃO BÁSICAda Rede Pública do
Estado do Paraná (História). Gonzales-Varas,Ignácio, 2009.

FEITO A GRÃO. Disponível em: <http://www.feitoagrao.com.br/blog/o-lavrador-


de-cafe-pintura/> Acesso em 20 ago 2011.

IANNI, Octávio. Escravidão e racismo. São Paulo: Editora Hucitec, 1978.

MACHADO, Maria Helena. O Plano e o Pânico: Os Movimentos Sociais na


Década da Abolição. Rio de Janeiro: Editora EFRJ, EDUSP, 2010.

MONTES, Maria Lucia. Quando o crime compensa. Disponível em


<http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=2555>. Acesso
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br/fichaTecnicaAula.html?aula=9516> Acesso em 20 ago 2011.

PORTAL TERRA / MÚSICAS. Disponível em: <http://letras.terra.com.br/clara-


nunes/83169/> Acesso em 20 ago 2011.

SENTO SÉ, Carolina de Souza Campos. História brasileira: Quilombo. 2009.


Disponível em: <http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/quilombo/>.
Acesso em 19 março 2011.

VILELA, Túlio. Um conflito entre irmãos. Disponível em < http://educacao.uol.


com.br/historia/guerra-de-secessao-origens.jhtm>. Acesso em 12 maio 2011.

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