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VALORAÇÃO AMBIENTAL

POR QUE VALORAR?

Determinar o valor econômico de um recurso ambiental é estimar o valor monetário deste


em relação aos outros bens e serviços disponíveis na economia. Qualquer que seja a forma de
gestão a ser desenvolvida por governos, organizações não governamentais, empresas ou mesmo
famílias, o gestor terá que equacionar o problema de alocar um orçamento financeiro limitado
frente a inúmeras opções de gastos que visam diferentes opções de investimentos ou de
consumo. Este problema de ordenar opções excludentes, frente a um orçamento limitado, é
percebido até mesmo no cotidiano das famílias quando os indivíduos estão a decidir como gastar
sua renda pessoal. Se a soma dos gastos de todas as opções não exceder o total de orçamento
financeiro disponível, então todas as opções poderão ser implementadas. Entretanto, na
realidade, observa-se geralmente o caso inverso: no qual o total de gastos previstos é maior que
o orçamento disponível. Desta forma, o gestor será obrigado a escolher um conjunto de opções
em detrimento de outro. Ou seja, haverá a necessidade de ordenar as opções que devem ser
preferíveis a outras. Uma análise de custo-benefício será sempre o expediente mais óbvio a ser
adotado em situações como esta. Assim, o gestor procurará comparar, em cada opção, o custo
de realizá-la versus o resultante benefício e decidir por aquela que acredita ter a relação custo-
benefício menor. A estimação destes custos e benefícios nem sempre é trivial, pois requer
primeiro, a capacidade de identificá-los e, segundo, a definição, a priori, de critérios que tornem
as estimativas destes comparáveis entre si e no tempo. Se estes custos e benefícios refletem os
gastos a preços de mercado dos bens e serviços comprados ou vendidos, o processo de
identificação e estimação é mais simples e objetivo. Custo e benefício serão, respectivamente, o
somatório dos valores monetários dos gastos e receitas. De forma simplificada, este é o processo
que norteia a tomada de decisão das empresas que procuram maximizar o seu lucro para
continuarem a expandir seus negócios.
Abstraindo, a princípio, as condições de pobreza absoluta, no caso das famílias (isto é, dos
consumidores) os gastos expressos em valores monetários estão associados aos benefícios
esperados deste consumo, dado o nível de renda disponível. A satisfação dos consumidores,
entretanto, deriva-se de todas as formas de consumo. Isto é, o bem-estar das pessoas é medido
tanto pelo consumo de bens e serviços, como pelo consumo de amenidades de origem
recreacional, política, cultural e ambiental. Esta interação, entre a disposição a pagar dos
consumidores pelos benefícios do consumo e a disposição a ofertar das empresas, é que define
os preços e as quantidades transacionados no mercado. Tendo em vista que o objetivo principal
dos investimentos públicos é a provisão de bens e serviços que aumentem o bem-estar das
pessoas, as decisões governamentais, de alocação de um orçamento limitado e insuficiente para
atender esta provisão, podem ser auxiliadas por uma análise social de custo-benefício. A análise
social de custo-benefício visa atribuir um valor social a todos os efeitos de um determinado
projeto, investimento ou política. Os efeitos negativos são encarados como custos e os positivos
são tratados como benefícios. Como se pretende comparar custos e benefícios, surge a
necessidade de expressá-los em uma medida comum, ou seja, em um mesmo numerário ou
unidade de conta. Por isso, estes custos e benefícios são expressos em termos monetários.
Todavia, existem algumas dificuldades neste processo de agregação de todos os efeitos em um
único indicador. Deve-se destacar que alguns bens e serviços públicos não são transacionados
em mercado e, portanto, não têm preços definidos.

O VALOR ECONÔMICO DOS RECURSOS AMBIENTAIS

Conforme discutido anteriormente, o valor econômico dos recursos ambientais geralmente


não é observável no mercado através de preços que reflitam seu custo de oportunidade. Então,
como identificar este valor econômico? Primeiro devemos perceber que o valor econômico dos
recursos ambientais é derivado de todos os seus atributos e, segundo, que estes atributos podem
estar ou não associados a um uso. Ou seja, o consumo de um recurso ambiental se realiza via
uso e não-uso.
Assim, é comum na literatura desagregar o valor econômico do recurso ambiental (VERA)
em valor de uso (VU) e valor de não-uso (VNU). Valores de uso podem ser, por sua vez,
desagregados em:
Valor de Uso Direto (VUD) - quando o indivíduo se utiliza atualmente de um recurso, por exemplo,
na forma de extração, visitação ou outra atividade de produção ou consumo direto;
Valor de Uso Indireto (VUI) - quando o benefício atual do recurso deriva-se das funções
ecossistêmicas, como, por exemplo, a proteção do solo e a estabilidade climática decorrente da
preservação das florestas;
Valor de Opção (VO) - quando o indivíduo atribui valor em usos direto e indireto que poderão ser
optados em futuro próximo e cuja preservação pode ser ameaçada. Por exemplo, o benefício
advindo de fármacos desenvolvidos com base em propriedades medicinais ainda não
descobertas de plantas em florestas tropicais.
O valor de não-uso (ou valor passivo) representa o valor de existência (VE) que está
dissociado do uso (embora represente consumo ambiental) e deriva-se de uma posição moral,
cultural, ética ou altruística em relação aos direitos de existência de espécies não-humanas ou
preservação de outras riquezas naturais, mesmo que estas não representem uso atual ou futuro
para o indivíduo. Uma expressão simples deste valor é a grande atração da opinião pública para
salvamento de baleias ou sua preservação em regiões remotas do planeta, onde a maioria das
pessoas nunca visitarão ou terão qualquer benefício de uso.
Classificação da Sustentabilidade de acordo com a Agenda 21

Sustentabilidade política - Refere-se ao processo de construção da cidadania para garantir a


incorporação plena dos indivíduos ao processo de desenvolvimento.
Sustentabilidade econômica - Refere-se a uma gestão eficiente dos recursos em geral e
caracteriza-se pela regularidade de fluxos do investimento público e privado. Implica a avaliação
da eficiência por processos macrossociais.
Sustentabilidade ecológica - Base física do processo de crescimento e tem como objetivo a
manutenção dos estoques dos recursos naturais, incorporados às atividades produtivas.
Sustentabilidade ambiental - Refere-se à manutenção da capacidade de sustentação dos
ecossistemas, o que implica a capacidade de absorção e recomposição dos ecossistemas em
face das agressões antrópicas.
Sustentabilidade social - Refere-se ao desenvolvimento e tem por objetivo a melhoria da
qualidade de vida da população. Para o caso de países com problemas de desigualdade e de
inclusão social, implica a adoção de políticas distributivas e a universalização de atendimento a
questões como saúde, educação, habitação e seguridade social.

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