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Curso de Extensão Universitária

Análise Espacial em Saúde, Olhares e Saberes da


Epidemiologia no contexto UFPE SOS MAR
Módulo I – Conhecendo o petróleo: química orgânica, a
cadeia produtiva do petróleo e a Saúde Humana
Universidade Federal de Pernambuco
Reitor Alfredo Macedo Gomes

Pró-Reitoria de Extensão e Cultura


Pró-reitor Oussama Naouar

Centro Acadêmico de Vitória


Professor José Eduardo Garcia

Núcleo De Saúde Pública


Professora Lívia Teixeira de Souza Maia

Projeto de Extensão UFPE SOS MAR – Saúde, Olhares e Saberes para


enfrentamento dos efeitos do derrame do petróleo nas praias de Pernambuco

Equipe
Coordenação
Professor José Marcos da Silva

Vice-coordenação
Professora Solange Lauretino dos Santos

Coordenação de Grupos de Ampliados de Trabalho e Tutores


Daniele Gomes da Silva
Daniella Oliveira Albuquerque Lins
Harlan Felix de Souza
Isadora Sabrina Ferreira dos Santos
Jonathan Willams do Nascimento
Laís Eduarda Silva de Arruda
Luana Gabriellen Maria da Silva
Myckel Jhonatas de Santana

2020
INTRODUÇÃO À QUÍMICA DO PETRÓLEO

José Marcos da Silva


PhD Human Rights in Contemporary Soicieties UC/PT
Thommas Gabriel Silva Marques dos Santos
Graduando em Licenciatura Plena em Química - UFRPE

INTRODUÇÃO

O Petróleo é um combustível fóssil que corresponde a uma substância oleosa cuja


densidade é inferior à da água e é inflamável. É considerado um dos principais recursos
naturais utilizados como fonte de energia da atualidade.

O petróleo apesar de já ser conhecido anteriormente, passou a ser explorado em


meados do século XIX e utilizado em larga escala a partir da criação dos motores movidos a
gasolina ou a óleo diesel. Na década de 70, o petróleo representava o carro chefe da economia,
correspondendo a quase 50% do consumo mundial de energia e mesmo que atualmente seu
uso esteja dando lugar a fontes alternativas de energia, ainda é uma das fontes de energia
mais utilizadas no mundo.

Sua fórmula é:
CnH2n+2 Originado da decomposição da matéria orgânica, o
petróleo é uma complexa mistura de compostos orgânicos e inorgânicos cuja densidade é
menor que a da água, na qual os hidrocarbonetos (elementos que se apresentam em longas
cadeias de carbono e hidrogênio) estão em predominância.
Além disso, em sua composição são encontrados também compostos
sulfurados (possuem um ou mais átomos de enxofre ligados a cadeia carbônica),
nitrogenados (também chamado de azotados, são compostos orgânicos que incluem em sua
formula o nitrogênio), oxigenados (compostos orgânicos formados por oxigênio como
aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos, éteres, ésteres, fenóis e álcoois), resinas
(compostos apolares de ácidos carboxílicos, terpenos e óleos), asfaltenos (Os asfaltenos são
misturas complexas de moléculas compostas de anéis poliaromáticos condensados, cadeias
alifáticas, anéis naftênicos, heteroátomos como o nitrogênio, oxigênio, enxofre e metais
como ferro e vanádio) e metais(íons metálicos de ferro cobre e zinco).
O Departamento Nacional de Produção Mineral classifica o petróleo de acordo com
seus subprodutos pós refino:

Quadro 01: classificação do petróleo, segundo Departamento Nacional de Produção Mineral,


Brasil, ano,

Classe Parafínica Corresponde aos óleos leves e de baixa viscosidade. O teor de


resina e asfalteno é inferior a 10%

Classe parafino-naftênica Corresponde aos óleos com viscosidade e densidade moderada.


O teor de resina e asfalteno é de 5 a 15%.

Classe naftênica Corresponde aos óleos menos representativos em relação ao


volume total de petróleo. Sua origem está relacionada à alteração
bioquímica dos óleos parafínicos e parafino- naftênicos

Classe aromática Corresponde aos óleos pesados. O teor de resina e asfalteno é de


intermediária 10 a 30%. Esse normalmente é encontrado no Oriente Médio e
na Venezuela.

Classe aromático-naftênica Corresponde aos óleos originados a partir dos processos


de degradação de óleos parafínicos. O teor de resina e asfalteno
é de mais de 35%. Geralmente encontrados na
África Ocidental.

Classe aromático-asfáltica Corresponde aos óleos originados a partir dos processos de


biodegradação. O teor de resina e asfalteno é de mais de 35%.
Pode ser encontrado no Canadá, Venezuela e na França.

Fonte: Departamento Nacional de Produção Mineral do Brasil.

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo[1], a composição química do petróleo


é uma combinação complexa de hidrocarbonetos (carbono e hidrogênio), podendo conter
também quantidades pequenas de nitrogênio, oxigênio, compostos de enxofre e íons
metálicos. Um exemplo comum - que pode variar de amostra para amostra - da proporção
entre os componentes do petróleo seria:
Carbono - 82% - é o elemento predominante no petróleo

Hidrogênio - 12% - atua com o carbono formando as

moléculas Nitrogênio - 4% - encontrado na forma de amina

Oxigênio - 1% - muito pouco é

encontrado Sais - 0,5% - raramente

aparecem

Metais (ferro, cobre etc.) - 0,5% - considerados como


resíduos.

O Instituto Americano de Petróleo considera que:

[...] A fim de se conhecer melhor a constituição do petróleo, a American Petroleum


Institute[2] (API) realizou análise em vários petróleos de diferentes origens
chegando as seguintes conclusões:
- Todos os petróleos contêm substancialmente os mesmos hidrocarbonetos, em
diferentes quantidades.
- A quantidade relativa de cada grupo de hidrocarbonetos presente varia
muito de petróleo para petróleo. Como consequência, segundo essas quantidades,
diferentes serão as características dos tipos
de petróleo.

- A quantidade relativa dos compostos individuais dentro de cada grupo de


hidrocarbonetos, no entanto, é aproximadamente da mesma ordem de grandeza
para diferentes petróleos. Apesar das informações sobre os danos à saúde humana
quando posto em contato com tal mistura, por não se sabe diferenciar os ácidos
perigosos e corrosivos, que são ofensivos à saúde humana (CHRISPINO; ATOMO,
2010).

HISTÓRIA

Acredita-se que o uso do petróleo esteja datado desde os primórdios da civilização. Povos
do Oriente Médio, Egito, Mesopotâmia, da China já haviam tido contato com o combustível
fóssil e o utilizado nas formas de betume, asfalto para pavimentação de estradas, iluminação,
lubrificação, fins bélicos.

A indústria petrolífera surgiu em meados do século XIX, quando foi desenvolvido o


processo de refinação do óleo na Escócia. O Azerbaidjão era, nesse período, o maior
produtor de petróleo, sua produção correspondia a mais de 50% da produção mundial.
No continente americano, o petróleo foi primeiramente encontrado no Canadá. No ano de
1859, iniciou-se a produção nos Estados Unidos por meio de um poço de
aproximadamente 21 metros perfurado na
Pensilvânia. Em 1960, foi criada a Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (OPEP), composta por países que representam cerca de 25% das reservas mundiais
de petróleo. O intuito da organização é de fortalecer os países
produtores de petróleo perante o mercado consumidor,restringindo
a oferta do óleo no mercado, bem como impulsionando
os preços no mercado internacional.

ORIGEM
O petróleo é originado a partir da decomposição de matéria orgânica,
especialmente, dos plânctons. As bactérias em ambientes com baixo teor de oxigênio
realizam a atividade de decomposição que acaba por se acumular em camadas do subsolo
que se encontram em bacias sedimentares, no assoalho oceânico, no fundo dos mares ou de
lagos e sob condições específicas de pressão. Ao longo dos anos, esses depósitos sofrem
diversas modificações até se transformarem no que corresponde à substância oleosa, o
petróleo.
Para que serve o Petróleo?

O petróleo, fonte de energia essencial para manutenção da sociedade, é utilizado


também como matéria-prima, segundo a DNPM, para a fabricação de plásticos, borrachas
sintéticas, tintas, solventes, produtos cosméticos, entre outros.

Derivados do petróleo
Os derivados do petróleo são obtidos a partir do que chamam de refino. O petróleo não
sai dos reservatórios prontos para serem comercializados, precisando, então, passar por um
processo de melhoramento a fim de atender às especificações do mercado. O refino é feito por
meio de processos químicos, como o craqueamento, reforma, alquilação, hidrotratamento,
entre outros.

Segundo a ANP, podem ser obtidos a partir do petróleo:

• Gás de petróleo: usado para aquecimento e na indústria

• Gás liquefeito de petróleo: usado na cozinha

• Nafta: matéria-prima para a indústria petroquímica e também transformado em gasolina

• Gasolina: utilizada como combustível

• Querosene: usado como combustível para turbinas a jato

• Óleo diesel: usado especialmente em transporte rodoviário, aquaviário e também


nas termoelétricas

• Óleo combustível: utilizado como fonte de calor na indústria

• Resíduos: são produtos utilizados como material para fabricar outros produtos
(coque, asfalto, ceras)

OBTENÇÃO DO PETRÓLEO

O petróleo pode ser encontrado em bacias sedimentares, que normalmente se


encontram em depósitos distantes da superfície. Sendo assim, o processo de obtenção do óleo
demanda equipamentos específicos e tecnologias aplicadas.

Esses instrumentos possibilitam a perfuração da rocha ao exercer pressão sobre ela


fazendo com que o petróleo ascenda à superfície. Essa extração deve ser planejada e
estudada, visto que a dificuldade encontrada na perfuração, muitas vezes, torna o processo
inviável e nada vantajoso economicamente.

EXTRAÇÃO

O processo de extração do petróleo é feito mediante três etapas básicas:

• Prospecção: representa a etapa de localização dos depósitos em bacias sedimentares a


partir de análises e observações do subsolo na região.

• Perfuração: Os depósitos, ao serem encontrados, são marcados e, posteriormente,


perfurados a fim de se analisar a viabilidade econômica da extração.

• Extração: Por meio de equipamentos especiais é feita a extração. Utiliza-se bombas em


plataformas e navios, quando a extração é feita no assoalho oceânico. Em terra, utiliza-
se os equipamentos necessários para bombear ou fazer jorrar o petróleo encontrado.

Países com as maiores reservas de petróleo:

Segundo a OPEP, no ano de 2018, o mundo consumiu petróleo como nunca antes:
cerca de 98,82 milhões de barris por dia. Os países com as maiores reservas mundiais são,
segundo dados da Agência de Inteligência dos Estados Unidos (CIA):

1. Venezuela: 300,9 bilhões de barris

2. Arábia Saudita: 266,5 bilhões de barris

3. Canadá: 169,7 bilhões de barris

4. Irã: 158,4 bilhões de barris

5. Iraque: 142,5 bilhões de barris

No ranking, os Estados Unidos encontram-se na 11° posição, com 36,5 bilhões de


barris e o Brasil na 15° posição, com 12,7 bilhões.

[1] Disponível em: http://www.anp.gov.br/petroleo-e-derivados2/petroleo

[2] Ver em:


www.escolaelectra.com.br/alumni/biblioteca/Fundamentos_da_Engenharia_do_Petroleo.p
df.

REFERÊNCIAS

SOUSA, Rafaela. "Petróleo"; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/geografia/petroleo.htm. Acesso em 20 de abril de 2020.
O PETRÓLEO E AS SITUAÇÕES DE RISCO

José Marcos da Silva

Phd Direitos Humanos, saúde global e políticas da Vida – Fiocruz.

Lia Giraldo da Silva Augusto.

MD Clínica Médica - Unicamp

O cenário da indústria do petróleo é complexo. Nesse capítulo são apontadas


implicações sociais e ambientais, especificamente, da cadeia produtiva das refinarias de
petróleo, com a finalidade de apresentar a relevância da vigilância em saúde ambiental para a
matriz produtiva e energética dela derivada.
Para Bayardino (2004), o século XX foi o século do petróleo. Nesse período, houve um
significativo crescimento das indústrias químicas de transformação, complexas e diversificadas,
em todo o mundo. Além de, o Brasil, deixar o transporte, praticamente, dependente de
combustíveis derivados do petróleo.
Na extração, no transporte, no refino, na transformação e no consumo do petróleo
acontece exposição humana aos produtos tóxicos derivados e importantes acidentes ambientais
ampliados que provocam enormes danos aos ecossistemas e a saúde.
A cadeia produtiva do petróleo é energética intensiva, consome enorme quantidade de
água e produz intensa contaminação dos recursos hídricos nos territórios onde estão instaladas
as plantas industriais.
O petróleo ainda é a principal matriz energética no mundo (INTERNACIONAL
ENERGY AGENCY, 2004), embora se busque outras fontes energéticas alternativas pelo fator
de ser uma fonte de energia não renovável (CAMPBELL; LAHERRÈRE, 1998).
A maior demanda vem do setor de transporte que, desde 1971, tem sido estimado em
1.000 milhões de toneladas equivalente por ano, com aumentos crescentes, estimando-se para
2026, cerca de 5.000 milhões de toneladas (AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, 2009),
um verdadeiro paradoxo.
A estrutura de produção de petróleo e gás no Brasil tem passado por importantes
modificações no final do século XX (BIELSCHOWSKY et al., 2002). Parte dessas
transformações deve-se a Emenda Constitucional nº 9 de 1995 que eliminou o monopólio de
exploração e produção de petróleo e a Lei 9.478 de 1997, que instituiu a Agência Nacional de
Petróleo (ANP). A busca, a prospecção e a lavra das jazidas de petróleo, hidrocarbonetos fluídos
e gás natural são da competência da União; bem como o refinamento de petróleo de origem
nacional ou estrangeira; a importação e exportação dos produtos e derivados; o transporte
marítimo do petróleo bruto de origem nacional e de derivados básicos de petróleo produzidos
no país, bem como o transporte, por meio de dutos, de petróleo bruto, seus derivativos e de gás
natural.
Contraditoriamente, no artigo quinto da Lei 9.478 de 1997, abre qualquer uma das
atividades previstas no artigo quarto, para ser executada mediante concessão para empresas
nacionais e internacionais.
A implantação da ANP significou, além de um novo arranjo administrativo, uma
mudança da ordem institucional. A sua implantação decorre da alteração dos três pilares básicos
da matriz institucional que vigorava até então, tais como regime estatal de monopólio de
exploração de recursos naturais, de concessão de serviços públicos e sistema de organização de
indústrias em rede. Essas mudanças implicaram inserção global de exploração de petróleo para
o Brasil (AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, 2009; RIBEIRO, 2011).
Em consequência disso a prospecção e exploração se ampliou de modo contínuo,
ultrapassando a marca de 639 mil barris/dia. A descoberta do pré-sal e a tecnologia para
prospecção marinha em águas profundas criou uma perspectiva de vantagem no cenário
internacional (RIBEIRO, 2011).
Uma grande quantidade de novos agentes econômicos nacionais e estrangeiros
envolvidos nas atividades de prospecção, produção e transporte criaram dificuldades para o
controle social perante essa diversidade (DIEESE, 2009). Como por exemplo, no ano de 2019,
a fragilização do Plano Nacional de Contingência para prevenção e mitigação de acidentes.
A abertura setorial com a participação e com novos investimentos da iniciativa privada
tem sido uma característica observada nas últimas duas décadas (AGÊNCIA NACIONAL DE
PETRÓLEO, 2005; PETROBRÁS, 2003), seguindo a receita neoliberal do consenso de
Washington.[1]
Sob o argumento de que o aumento da produção de petróleo nacional não consegue
acompanhar o aumento da demanda por derivativos leves, o comércio internacional tem sido
usado para adequar as estruturas de produção e de demanda, exportando óleo cru pesado por
um baixo valor, e importando derivados leves, de maior valor agregado, uma clara desvantagem
para o Brasil. Mas foi esse o argumento para a instalação de novas unidades de refino voltadas
para ampliar a capacidade do país ao patamar de 190 mil barris por dia (MARIANO, 2001;
VICTOR, 2003).
As refinarias de petróleo de Pernambuco (Refinaria Abreu e Lima) e do Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), por exemplo, representaram um acréscimo de
350.000 barris de petróleo processados por dia (BRASIL 2006).
O território onde se instala uma refinaria atrai diversificadas cadeias produtivas
secundárias pressionando o ambiente e o contexto de vida das populações antigas e que chegam
em busca de emprego, potencializando a ruptura dos sistemas de suporte da vida (PORTO,
2007; 2005; RATTNER, 2009).
Infelizmente os diversos governos não promoveram políticas sociais, especialmente, em
saúde, para acompanhar em tempo real as profundas transformações territoriais, tornando
vulneráveis grupos sociais e afetando claramente o seu perfil de morbimortalidade.
Esses impactos na saúde eram esperados e por estas razões medidas protetoras deveriam
ocupar um espaço privilegiado na agenda das políticas públicas, as quais deveriam exigir maior
compromisso do setor econômico implicados as consequências negativas. No entanto, o que se
observa de rotina é a privatização do bônus e a socialização do ônus nesses empreendimentos,
através dos investimentos públicos em infraestrutura, subsídios e incentivos fiscais, deixando
para o estado e para a sociedade o custo dos danos.
O processo de licenciamento ambiental deveria ter como fio condutor o princípio da
precaução de modo participativo, especialmente, contando com os segmentos sociais passíveis
de sofrer processos de vulneração. A precaução, próprio da saúde pública, deve estar explicitada
em todas as fases do processo de licenciamento ambiental (AUGUSTO; FREITAS, 1998).
É reconhecido que o crescimento econômico, sem políticas de bem-estar-social, tem
sido alcançado em detrimento da degradação dos biomas, comprometendo a manutenção dos
suportes de sustentação da vida (CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL, 2009; LEFF, 1998;
PORTO, 2007). As consequências, embora não lineares, são de grande magnitude manifestadas
no aumento das iniquidades, nas injustiças sociais, na violação de direitos humanos, na perda
da biodiversidade e na contaminação do solo, das águas e do ar (MONIÉ, 2003; PORTO, 2005,
2007; PORTO; MILANEZ, 2009), como também responsáveis pelas mudanças climáticas,
fenômeno este hoje denominado antropoceno.
Esse contexto coloca em pauta a necessidade premente de proposições que tratem as
situações de nocividades para a saúde humana na perspectiva de profunda prevenção, proteção
e de uma integrada mitigação. Dentre essas, está o estabelecimento de políticas voltadas à
proteção da vida que priorizem as ações no nível individual e coletivo.
Com a Constituição Federal de 1988, o Brasil foi dotado de um arcabouço jurídico
institucional avançado para regular os processos produtivos e os empreendimentos que
oferecem potenciais riscos de danos ao ambiente e à saúde humana.
Dentre os diversos procedimentos de avaliação de impacto ambiental (AIA), o Estudo
de Impacto Ambiental (EIA) poderia ser o principal instrumento normativo de prevenção e de
aplicação de princípios e ações de precaução (BRASIL, 2007; BRASIL, 1986, 1997;
INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS RENOVÁVEIS, 1995).
A exigência do (EIA) fundamenta o processo de licenciamento dos empreendimentos
com o objetivo de garantir a viabilidade, ou não, de sua implantação, no contexto
socioambiental frente aos possíveis danos, comprometendo as reproduções biológicas, físicas
sociais e culturais. Este é regulado pela lei 6.938/1981 e pelas resoluções 001/1986 e 237/1997
do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) (BRASIL, 1986, 1997; BRASIL, 2004,
2007).
Por seu caráter protetor e preventivo, esse estudo tem como missão, especialmente
importante, a garantia da promoção da saúde humana. Devido aos interesses econômicos,
corporativos e de poder, os conflitos de interesses estão inegavelmente presentes. É por esta
razão que os potenciais danos à saúde são pouco presumidos nesses estudos, chegando mesmo
a ser ocultados (CANCIO, 2008; RIGOTTO, 2009; SILVA et al., 2009).
Organismos Internacionais de Saúde apontam essas falhas e enfatizam a necessidade da
saúde ser profundamente considerada no processo de licenciamento ambiental, e devem, além
de apontar os problemas, propor as soluções, indicando claramente as responsabilidades dos
empreendedores por possíveis nocividades e danos (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE
SAÚDE, 2001).
Bisset (2009) afirma que entre as décadas de 1950 a 1970 foram desenvolvidas várias
técnicas para avaliação de custos e benefícios de projetos, mas que eram inadequadas por não
incluir todas as variáveis envolvidas na sua implementação, principalmente, aquelas ligadas à
obtenção de matéria prima, aos recursos naturais e ao impacto social de cada projeto na região
onde foram implementados.
Nos EUA, a pressão pública na década de 70 obrigou o governo a estabelecer uma
política ambiental nacional através da NEPA (National Environment Policy Act), que deu
origem a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) como processo de análise da variedade de
impactos, visando integrá-las na tomada de decisão dos projetos (MORRIS; THERIVEL,
1995).
No início, a AIA analisava apenas os meios físico e biótico, passando a incluir,
progressivamente, a análise de situações de riscos e os aspectos sociais, dentre eles, os da saúde.
Em meados dos anos 80 e 90 essa foi redirecionada. Passou a incluir a análise dos efeitos
cumulativos, implementação de uma estrutura de planejamento e de regulamentação visando o
estabelecimento de monitoramento, auditoria e de outros procedimentos de regulação
(BHATIA; WERNHAM, 2009; BISSET, 2009; MORRIS, 1995), isto principalmente motivado
pelo desastre industrial ampliado de Bhopal, em 1984, na Índia, provocado pelo vazamento
criminoso de isocianeto de metila da empresa química estadunidense Dow Química, com
milhares de mortos.

(O desastre de Bhopal - Documentário History Channel)


https://www.youtube.com/watch?v=tgZwQ503uLo&feature=youtu.be

Na década de 1990, houve significante desenvolvimento na metodologia de AIA


baseado nos sucessos de sua implantação na Austrália, EUA, Nova Zelândia e Canadá, tendo
sido formalmente reconhecido como modelo para outros países durante a Eco 92 (MORRIS;
THERIVEL, 1995).
Atualmente, este processo está evoluindo para inclusão do conceito de sustentabilidade,
mediante o desenvolvimento da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) e de novas
convenções internacionais, como a da biodiversidade (BHATIA; WERNHAM, 2009; BISSET,
2000).
Para Bhatia e Wernham (2009), a AIA engloba as atividades necessárias para a
viabilização ambiental de um empreendimento de maneira mais adequada, pois apresentam
etapas abrangentes como: articulações com uma série de órgãos ambientais, agências
reguladoras e demais órgãos envolvidos com o licenciamento ambiental; estudo de localização
do empreendimento; elaboração, preparação, envio e acompanhamento da análise de vários
documentos necessários para a legalização ambiental do empreendimento, dentre eles, o Estudo
de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental; participação em audiências públicas
ou privadas; obtenção das respectivas licenças ambientais viabilizando o empreendimento
ambientalmente e outras atividades.
A avaliação de impacto ambiental deve constar do Estudo de Impacto Ambiental,
analisando, identificando e quantificando os impactos ambientais ocasionados pela efetivação
do empreendimento (BHATIA; WERNHAM, 2009).
No Brasil os órgãos estaduais de meio ambiente e o Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente (IBAMA) integram o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) que atua no
licenciamento de projetos de infra-estrutura. O IBAMA se ocupa com os projetos que envolvem
impactos em mais de um estado e nas atividades do setor de petróleo e gás na plataforma
continental, enquanto que os órgãos estaduais se limitam aos empreendimentos dentro dos
limites territoriais dos estados federados (INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE
E RECURSOS HÍDRICOS, 1995, 2009).
A despeito de toda essa configuração, o Sistema Nacional de Meio Ambiente e o
Sistema Único de Saúde (SUS) parece carecer de integração (ANELLO, 2009). É importante
colocar que a experiência brasileira, em se tratando de EIA, tem sido criticada, principalmente,
pela ausência de um diagnóstico situacional de saúde da população de referência no território
do empreendimento (CÂNCIO, 2008; ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE,
1996; RIGOTTO, 2009; SILVA et al., 2009), bem como da implementação de programas e
ações para atuar nos diversos níveis de prevenção em saúde.
Os questionamentos têm sido direcionados à exigência do reconhecimento dos impactos
que afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população. E se propõem que os EIA devam
incorporar a análise contextualizada das dimensões biológica, física e sociais com vistas a
identificar previamente os possíveis efeitos negativos ao ambiente e à saúde humana (BHATIA;
WERNHAM, 2009; BRASIL, 2007; CANCIO, 2008; SILVA et. al., 2009).
O enfoque conservacionista aplicado correntemente, não considera as relações entre as
lógicas da natureza e do social, dimensões que são interdependentes GURGEL et al., 2009,
SILVA et al., 2009). Esse reducionismo demonstra a falta de um olhar integrado considerando
o complexo problema socioambiental relacionado a implantação de grandes projetos,
especialmente os de infraestrutura energética (AUGUSTO, 2001; BHATIA; WERNHAM,
2009).
A incorporação no EIA, do tema da saúde, em seu conceito ampliado segundo a
compreensão de sua determinação social, representaria o que se espera de uma vigilância das
condições de vida, dos ambientes e dos contextos onde se desenvolvem os processos
reprodutivos da vida social, a fim de desenvolver ações, constituindo-se num instrumento de
monitoramento e informação para ações de promoção da qualidade de vida.
A compreensão da Política Nacional do Meio Ambiente, definida pela Lei 6.938/1981,
em que o direito ambiental deve ser aplicado onde houver interesse público (BRASIL, 2004;
MILARÉ, 2004; MORGAN, 1998) deveria ser uma orientação também no âmbito do Sistema
Único de Saúde - SUS.
Como exemplo temos a poluição do ar nas grandes cidades. Sabe-se que isso tem
contribuído para inúmeras enfermidades atingindo significativamente os grupos mais
vulneráveis, como crianças e idosos. A revisão dos padrões da qualidade do ar e adequação às
normas de emissão relativas aos poluidores atmosféricos deve ser uma atividade articulada entre
agências ambientais e a de vigilância em saúde ambiental do SUS.

(Documentário – Cubatão vale da Morte - 1987)


https://www.youtube.com/watch?v=s6zzwvK0R5E&feature=youtu.be

Outro exemplo que ilustra bem essa articulação é o acesso à água para o consumo
humano. A falta de infraestrutura, de gestão e de regulação do uso da água nos processos
industriais comprometem a proteção dos recursos hídricos (captação, tratamento e adução),
causam diversos agravos à saúde e epidemias de difícil controle setorial (AUGUSTO et al.,
2008; BHATIA; WERNHAM, 2009; GIATTI, 2007; UNITED NATIONS ENVIRONMENT
PROGRAMME, 2009).
Por ser a saúde uma resultante do processo de determinação social, todos os aspectos
nele envolvidos devem ser observados no licenciamento ambiental, uma vez que tem de atender
a premissa da sustentabilidade, como a proteção dos biomas, a promoção de ambientes
saudáveis, que inclui infraestrutura adequada e cobertura assistencial de saúde de qualidade.
Como refere Tambelini e Câmara (1998) a saúde e o ambiente têm uma relação de
interdependência, que é parte integrante do fazer da Saúde Pública, considerando a
interdisciplinaridade e a intersetorialidade. A produção de indicadores, por exemplo, que
auxiliem o processo de informação deveria ser uma preocupação para os tomadores de decisão
e para a sociedade (AUGUSTO; BRANCO, 2003).
O que se deseja é que o EIA se constitua em instrumento que sirva para a tomada de
decisão, com a produção de informações úteis à sociedade e aos poderes públicos responsáveis
pelo monitoramento e controle da saúde e do ambiente, bem como de outros impactos no âmbito
social (AUGUSTO, 2009, ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE, 2005).
Destacar o tema da saúde nos EIA possibilita a adoção de medidas precaucionarias
frente as externalidades produzidas. A intersetorialidade é um requisito fundamental para que
o licenciamento ambiental seja integrando e articulando os atores sociais e governamentais
interessados. O licenciamento ambiental integrado deve se realizar a partir da análise de
impactos promovidos com propósitos comuns de proteção da vida (BHATIA, WERNHAM,
2009; DELL´ANNO, 2003).
A saúde pública cabe identificar as vulnerabilidades, as potenciais nocividades, e exigir
medidas preventivas por parte dos empreendedores ou responsáveis. A saúde dos trabalhadores
e da população devem ser examinadas frente a presunção de riscos e danos segundo as melhores
informações técnico-científicas, que devem considerar a preocupação dos atores sociais dos
lugares onde se localiza o empreendimento.
Aspectos habitacionais, educacionais, de emprego e renda, e cultural são condições que
serão afetadas pelo empreendimento, e consequentemente poderão produzir efeitos negativos
na saúde da população. A saúde pública deve utilizar de forma consistente os instrumentos da
Política Nacional do Meio Ambiente previstos na Lei 6.938/1981, pois o direito ambiental deve
ser aplicado integralmente pelos órgãos responsáveis pelas políticas públicas (BRASIL, 2004).
A indústria do petróleo tem sido reconhecida por afetar negativamente a qualidade do
ar, da água, do solo; os ecossistemas vivos, que inclui a saúde humana (ABADIE, 1999;
BARBOSA, 2007; MARIANO, 2001, 2007; SEVÁ FILHO 2010).
No Brasil, o petróleo tem ocupado um espaço importante no debate nacional sobre o
desenvolvimento econômico visando manter o país autossuficiente, e para tal o aumento da
capacidade das refinarias e da malha de distribuição de óleo e gás (CONSELHO FEDERAL
DE ECONOMIA, 2010).
As previsões apontaram no início dos anos 2.000 para a implantação de duas novas
refinarias e aperfeiçoamentos das plantas industriais já existentes (AGÊNCIA NACIONAL DE
PETRÓLEO, 2007).
A saúde dos trabalhadores das trabalhadoras tem uma preocupação especial devido as
nocividades específicas pela exposição aos hidrocarbonetos aromáticos e aos metais pesados
existentes nos ambientes de trabalho das refinarias de petróleo (FREITAS et al., 2001; SOUZA;
FREITAS, 2003; SEVÁ FILHO, 2008).
A poluição ambiental por ela produzida também extrapola os muros da fábrica,
alcançando comunidades de seu entorno e até mesmo grupos populacionais que habitam mais
distantes. O licenciamento ambiental traduz o principal instrumento de prevenção, ou
precaução, no momento de autorizar a implantação de processos produtivos cujos impactos
ameaçam a vida e a saúde.
É uma necessidade a devida avaliação dos possíveis impactos negativos em relação aos
principais projetos, nas políticas e programas, bem como, apontar indicadores de saúde e
ambiente que, de fato, sejam factíveis e coerentes com o compromisso com o desenvolvimento
sustentável (BRASIL, 2010).
O Brasil do ponto de vista ecológico, reúne cerca de 70% de todas as espécies vegetais
e animais do planeta, e do ponto de vista social, está marcado por situações de desigualdades e
injustiça ambiental, vulnerabilidades essas que devem ser observadas nos processos de
licenciamento ambiental (CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL, 2009; SAWYER, 2007;
SCARANO, 2007 ACSELRAD, 2004; LEFF, 1994; RATTNER, 2009).
Mudanças no perfil epidemiológico das populações já foram observadas e estudadas nos
territórios em que diversos empreendimentos poluidores foram implementados no país, em
períodos de exceção, em que não se tomaram as medidas preventivas. Esse passado são fortes
evidências desses impactos negativos, que não se deseja vê-lo repetidos (AUGUSTO, 2009;
IANNI, 2005).

(A verdade Apagada – Incêndio da Vila Socó)


https://www.youtube.com/watch?v=3vTmLLGIbpM&feature=youtu.be

Essas questões apontam para a relevância da participação do setor saúde no processo de


licenciamento ambiental como um aporte importante de conhecimento em saúde pública que
vai demandar a necessidade de formação de recursos humanos para atuar na área de saúde
ambiental (BRASIL, 2004).
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[1]Consenso de Washington, um conjunto de medidas cunhado pelo Fundo Monetário Mundial,


Banco Mundial e o Departamento de Tesouro dos Estados Unidos para entre outras promover
a disciplina fiscal; o reordenamento nas prioridades dos gastos públicos; liberalização do setor
financeiro; liberalização comercial; atração de investimentos diretos estrangeiros; privatização
de empresas estatais; desregulamentação da economia etc.
PETRÓLEO E SAÚDE HUMANA

José Marcos da Silva


Phd Direitos Humanos, saúde global e políticas da Vida – Fiocruz

INTRODUÇÃO

A excessiva poluição atmosférica é o resultado das políticas insustentáveis dos setores de


transportes, energia, gestão de resíduos e da indústria. De acordo com os novos dados da
Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS, 2014), uma em cada oito mortes em 2012 foi
provocada pela exposição à poluição do ar, estes dados confirmam que a poluição do ar é um
grande fator de risco ambiental para a saúde da humanidade. Sendo a doença pulmonar
obstrutiva crônica (Dpoc) responsável por 11% das mortes ligadas à poluição em ambientes
fechados; ao respirar as fuligens dos fogões a carvão ou a lenha, enquanto o câncer de pulmão
(6%) e as infecções respiratórias agudas em crianças correspondem aos outros 3% (WHO,
2014).

As altas concentrações de Material Particulado (MP) e outros compostos indicam que existe
uma poluição do ar, e esta contaminação pode ser causadas e/ou agravada pela ocorrência de
fatores climáticos que dificultam a dispersão dos poluentes, piorando a qualidade do ar. Essa
poluição causa problemas para aparelho respiratório que não podem ser desprezados
(SALDIVA, 2008). Podemos citar como exemplo, a região metropolitana de São Paulo, que em
2007, foi estimado que as fontes móveis seriam responsáveis por 90% da emissão de poluentes,
sendo 1,5 milhão de toneladas/ano de CO2, 365 mil toneladas/ano de hidrocarbonetos, 339 mil
toneladas/ano de NO3, 29,5 mil toneladas/ano de MP e 8,2 mil toneladas/ano de SO2 (CETESB,
2007).

Nesse sentido, tem sido discutido na literatura que o desenvolvimento de determinadas


patologias está associado principalmente à exposição aos Hidrocarbonetos Aromáticos
Policíclicos (HPAs) com destaque para o benzeno e a nafta petroquímica, os quais estão
associados a afecções do sistema respiratório ou neoplasias (GUTBERLET, 1996). Os HPAs
são poluentes orgânicos de importância ambiental e interesse toxicológico, pois muitos
apresentam propriedades pré-carcinogênicas e/ou mutagênicas para o ser humano e para os
animais (NETTO et al., 2000).
Os hidrocarbonetos naturais são formados a grandes pressões no interior da terra, abaixo de 150
km de profundidade, e são trazidos para zonas de menor pressão através de processos
geológicos, onde podem formar acumulações comerciais (petróleo, gás natural, carvão, etc.) e
os biocombustíveis, como os plásticos, ceras, solventes e óleos. Eles se acumulam em regiões
com poucas ondas como as baías e quando atingem áreas de terrenos argilosos como
manguezais, se ligam a vegetação e assim contaminam o alimento da fauna marinha local
(MOREIRA, 2010).

Através deste estudo, desejamos descrever os reais efeitos e ações dos hidrocarbonetos
relatando as condições de risco à saúde, e classificando as patologias causadas pelos mesmos
devido à exposição prolongada a estes compostos.

Uma contaminação por HPAs em seres humanos pode ocorrer por diversas vias, como por
exemplo, a inalação de ar, a ingestão de águas, solos, poeiras, alimentos, e o contato através da
pele (WHO, 1988). Os HPAs são compostos aromáticos formados por dois ou mais anéis
benzênicos, constituídos exclusivamente de carbono e hidrogênio, organizados sobre a forma
linear, angular ou agrupada (BOFFETTA et al. 1997).

Os HAPs e seus derivados são tóxicos e podem causar diversas patologias que são de grande
importância clínica, como por exemplo: a Bronquite e Pneumonite provocada por produtos
químicos, gases, fumaças e vapores, também chamada de bronquite química aguda; Edema
Pulmonar Agudo ou Edema Pulmonar Químico devido a exposição a produtos químicos, gases,
fumaças e vapores; Síndrome de Disfunção Reativa das Vias Aéreas (SDVA/RADS);
Bronquiolite Obliterante Crônica, Enfisema Crônico Difuso ou Fibrose Pulmonar Crônica
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999).

Os hidrocarbonetos aromáticos estão presentes em todos os tipos de petróleo. São encontrados


em pequenas quantidades na maioria deles, mas, são os que possuem maior toxicidade. Os
compostos com dois ou mais anéis aromáticos são denominados hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos (HPA) e classificados como poluentes orgânicos persistentes. Devido a sua
abundancia na composição do petróleo os hidrocarbonetos são utilizados como indicadores de
poluição sendo o composto BTEX (benzeno, tolueno, xileno) o indicador para contaminação da
gasolina, e para os demais derivados utiliza-se os Hidrocarbonetos Totais de Petróleo (HTP)
(VALENTIN, 2006).

Portanto, existe associação entre a exposição aos hidrocarbonetos e o desenvolvimento de


patologias, com destaque para aquelas que atingem a população humana. Neste presente
trabalho foi realizado uma Revisão de Literatura sobre os Hidrocarbonetos, onde reconhecemos
a sua relevância no desenvolvimento de determinadas patologias, relatando as condições de
risco à saúde, e classificando as patologias causadas pelos mesmos devido à exposição
prolongada a estes compostos.

HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS

Segundo Netto et al. (2000) podemos conceituar os HPAs como compostos aromáticos
formados por dois ou mais anéis benzênicos, constituídos exclusivamente de carbono e
hidrogênio, organizados sobre a forma linear, angular ou agrupada.

Figura 01: Estrutura molecular do Naftaleno e Benzo(a)Pireno.

Fonte: Biological variation in concentration of serum lipids. Disponível em:


<http://www.scielo.org.ar>.

Por outro lado, a CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, órgão que é
responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento e licenciamento de atividades geradoras
de poluição no Estado de São Paulo, conceitua os HAPs como uma classe de compostos
orgânicos semi-voláteis, formados por anéis benzênicos ligados de forma linear, angular ou
agrupados, contendo na sua estrutura somente carbono e hidrogênio.

Os HPAs representam uma família de mais de 100 compostos orgânicos, formados por carbono
e hidrogênio, Estes portanto são poluentes orgânicos de grande importância ambiental e de
interesse toxicológico, devido apresentar propriedades pré-carcinogênica e/ou mutagênicas para
homens e animais. Mesmo sendo semi-voláteis, muitos deles podem ser transportados até longas
distâncias e serem adsorvidos em material particulado e dentre os HPAs, o benzo(a)pireno é um
dos mais conhecidos e estudados (CARUSO, 2008).
CARACTERÍSTICAS TOXICOLÓGICAS

Do ponto de vista toxicológico, a principal importância dos HPAs são as evidências de sua
associação a diversos tipos de cânceres em seres humanos, principalmente os de pulmão,
bexiga, colo, reto e esôfago. Esta associação é sustentada por estudos epidemiológicos em
populações expostas e por estudos realizados em animais de laboratório (MASTRANGELO et
al. 1996).

O transporte destes poluentes no ambiente se dá principalmente por via atmosférica associado


ao material particulado fino, o que permite uma ampla distribuição desses compostos no
ambiente. Uma vez emitidos no ar, os HPAs podem ser depositados sob forma seca (vapor ou
particulada) ou úmida (precipitação na forma dissolvida) sobre sistemas aquáticos e terrestres
(GARBAN et al. 2002).

Esses contaminantes têm sua origem na combustão incompleta da matéria orgânica, origem
influenciada por fatores como temperatura e pressão que direcionam o perfil constituinte dos
mesmos (PAGE et al. 1999).

ABSORÇÃO

Devido ao seu caráter lipofílico os HPAs podem ser absorvidos no trato respiratório, no trato
gastrointestinal e através da pele, sendo rapidamente distribuídos pelo organismo. Estudos sobre
a retenção pulmonar de HPAs na forma cristalina, e após instilação intra-traqueal, onde eles são
colocados vagarosamente, indicam que eles são rapidamente absorvidos pelo trato respiratório
(WOLFF. Et al. 1989).

HPAs inalados são em sua maioria absorvidos na forma de partículas de fuligem. Após sua
deposição nas vias aéreas, as partículas podem ser eliminadas por reflexo bronquial. Os HPAs
podem ser parcialmente removidos das partículas por transporte na mucosa ciliada ou podem
penetrar nas células do epitélio bronquial, onde são metabolizadas (WHO. 1987).

A gasolina e o querosene são considerados depressores do Sistema Nervoso Central (SNC), eles
irritam a pele e os olhos. No trato respiratório sua absorção frequente do que por via digestiva.
Aconselha-se a não provocar o vômito devido ao alto risco de aspiração. Durante a ingestão
também ocorre aspiração, mais uma vez, o vômito do paciente deve ser evitado, pois, pode causar
severa pneumonite química. A morte do mesmo pode ocorrer por falência respiratória ou
fibrilação ventricular (JURAS, 2005).

Por outro lado, o benzeno é um solvente muito utilizado nos produtos das petroquímicas, é bem
absorvido por via oral e pulmonar, e muito pouco por via dérmica. Além disso, é um forte
irritante ocular e moderado irritante da pele (BRASIL, 1991).
HPAS, SAÚDE E AMBIENTE

A presença dos HPAs no Meio Ambiente pode contaminar os rios, os mares, as florestas, e o ar,
causando lesões irreparáveis à natureza e à saúde humana. Como citado anteriormente, essa
contaminação pode ocorrer por inalação do ar contaminado, pela ingestão de alimentos ou de
água contaminada. Os animais aquáticos, como por exemplo, os mexilhões e ostras tendem a
acumular HPAs e podem ser outra forma contaminante destas substâncias para os humanos
(GUILLÉN, 1994).

Um dos principais meios de transportes para os compostos orgânicos e inorgânicos é o ar, sejam
eles liberados devido a fontes naturais ou pela atividade humana. Os HPAs podem estar
apresentados na atmosfera na forma de vapor e serem absorvidos no material particulado.
Atividades petroquímicas como o processo e refino do petróleo, assim como acidentes que
envolvem derramamento direto de seus produtos e derivados em corpos receptores, como lagos,
rios e oceanos, também elevam consideravelmente os níveis ambientais de HPAs (YUNKER et
al. 2002).

Sua importância ambiental foi estabelecida e aceita pela comunidade científica, e estudos sobre
estes compostos tem englobado uma extensa variedade de aspectos. Entre eles, a cinética e as
reações na fase vapor, o desenvolvimento de metodologias analíticas e os estudos de campo
sobre concentrações atmosféricas, síntese, atividades cancerígena e mutagênica e processos de
remoção da atmosfera (NETTO et al. 1999).

De acordo com Algranti (1995), as doenças respiratórias por inalação de gases, fumos, vapores
e outras substâncias podem ser de curto e longo prazo. Assim, a sua natureza e os efeitos de
curto prazo submetem-se basicamente ao sítio principal onde ocorrerá a ação primária, da
concentração do agente na atmosfera e do tempo que se foi exposto. Esta localização primária
depende da solubilidade em água dos gases, dos vapores e do tamanho da partícula. Portanto,
as bronquites, as pneumonites e os edemas agudos são respostas semelhantes, em tempos
distintos e em sítios diferentes. Sendo assim, os gases que são irritantes podem causar lesões
celulares em toda a árvore respiratória. Mesmo que, a primeira lesão esteja situada no epitélio
respiratório, podemos ter lesões extensa também no subepitélio e região alveolar.
O início dos sintomas e a localização do dano será de acordo com a solubilidade do gás irritante
e a concentração do agente. Uma lesão celular ocorre devido a deposição ou formação de um
ácido, ou um radical livre, que destroem os tecidos das vias aéreas. Esta lesão na barreira celular
destas vias causa um edema, a inflamação, uma contratura da musculatura lisa e estimulação
dos receptores aferentes do sistema nervoso parassimpático, que irá levar à uma
broncoconstrição. As regiões epiteliais e subepiteliais passam por um remodelamento crônico,
referente as suas estruturas, devido a esta resposta inflamatória (MENDES, 1997).

No ar, os HPAs estão constituídos entre a fase gasosa e o material particulado atmosférico
dependendo das condições ambientais. Grande parte dos HPAs do material particulado
atmosférico concentra-se nas partículas de menor diâmetro aerodinâmico que, devido às
características do sistema respiratório humano são capazes de atingir as vias respiratórias
internas onde os processos de eliminação de HPAs associados às partículas são lentos
(MIGUEL, et al. 1978)

O trato respiratório pode ser convenientemente dividido em duas regiões distintas: a região
extratorácica constituída pelas vias nasal e oral, faringe e laringe; e a região intratorácica que
inclui os brônquios, traqueia e alvéolos. A região extratorácica é muito susceptível a infecções
e doenças respiratórias. A deposição de partículas na região extratorácica é considerada a
primeira linha de defesa contra a penetração de partículas nas vias mais profundas, mas, também
é reconhecido como um sítio de efeitos tóxicos. A região intratorácica, por sua vez, é dividida
em região traqueobrônquica e região alveolar onde geralmente ocorre o câncer de pulmão e
outras enfermidades crônicas. As partículas menores têm um tempo de residência maior na
região intratorácica, permanecendo por semanas e até anos em contato direto com a membrana
alveolar (CHENG et al. 1995).

O PETRÓLEO

É uma mistura oleosa de aproximadamente 300 compostos inflamáveis, com odor característico
e sua coloração está entre o preto e o castanho escuro, dependendo da fonte geológica do
deposito. Em sua composição encontramos hidrocarbonetos, nitrogênio, enxofre, oxigênio e
alguns metais em traços. Os hidrocarbonetos são compostos formados por carbono e
hidrogênio, podendo ser agrupados de acordo com sua composição, em hidrocarbonetos
aromáticos, alcanos, alcenos, e cicloalcanos (KOLESNIKOVAS,2006).
Figura 02: Formula geral dos Alcanos, Alcenos e Cicloalcanos.

Alcanos: CnH2n+2 Alcenos: CnH2n


Cicloalcanos:CnHn

Fonte: Beer’s Law. Publicações eletrônicas. Disponível em:


<http://http://theokratos.wordpress.com/category/eletronica/.

Os alcanos são hidrocarbonetos de cadeia simples e ramificados (parafinas ou alifáticos


saturados) tem a maior fração na maioria dos petróleos, possuem baixa toxicidade e são
facilmente biodegradados. Os alcenos são de cadeia aberta, muito similar aos alcanos
distinguindo-se pela presença de ligação dupla entre os átomos de carbono (Olefinas). Os
cicloalcanos também são conhecidos como naftas, são compostos de cadeia fechada e saturada,
são resistentes à biodegradação e sua toxicidade é variável de acordo com a estrutura molecular.
Os hidrocarbonetos aromáticos são mais tóxicos que os compostos alifáticos (FELTRE, 1995).

Uma das principais fontes de hidrocarbonetos aromáticos e a destilação do carvão mineral em


coquerias e as várias operações na petroquímica, em particular na destilação do petróleo cru e
a transferência de hidrocarbonetos aromáticos menores, sendo estes processos importantes
fontes de exposição ao benzeno. Também podemos citaro tolueno, o xileno, e a nafta
petroquímica como os principais hidrocarbonetos prejudiciais à saúde (VIEIRA, 2013).

As fontes principais da produção do benzeno no Brasil, estão concentradas nos centros de


produção petroquímica, e o refino do petróleo é responsável por quase 95% da produção
nacional. O restante desta produção, cerca de 5%, vem da destilação fracionada dos óleos leves
de alcatrão e do complexo BTX (benzeno, tolueno, xileno). Entre os centros temos os parques
de Camaçari/BA, Triunfo/RS e Cubatão/SP (REVISTA TOCHA – FNP; 2010).

A nafta é uma matéria prima para solventes. É formada pela mistura de hidrocarbonetos
parafínicos, olefínicos, naftênicos e aromáticos constituídos principalmente de 4 a 10 átomos
de carbono. O maior perigo são os vapores inflamáveis que podem ser liberados, durante o seu
manuseio. Sob uso normal a rota de exposição do produto se dá por inalação e contato com a
pele (BRASIL, 2005).
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS

As doenças relacionadas ao Trato Respiratório são provocadas por agentes externos, como as
bactérias, a fumaça ou produtos químicos que podem levar o comprometimento do Sistema
Respiratório, ou evoluir para quadros mais graves (ROSE e RIPPEY, 2002).
Destacam- se no presente trabalho, as principais patologias respiratórias relacionadas com a
exposição aos HPAs (BRASIL, 2004):

BRONQUITES

A bronquite é um estado patológico no qual ocorre uma inflamação das vias respiratórias do
pulmão, incluindo qualquer parte dos brônquios, desde os brônquios primários até os brônquios
terciários. Pode ser aguda ou crônica e tem alta recorrência, acometendo principalmente os
idosos, as crianças, os neonatos e pessoas com doenças pulmonares ou expostas a fumaça
(ROBBINS, 2013).

Entre os sintomas destacam-se o desconforto no peito, a tosse com produção de muco, a


expectoração de verde-amarelada, a fadiga, a febre baixa, a falta de ar, o ronco ou chiado no
peito (COTRAN, 2005). Além disso, um indivíduo acometido com uma bronquite aguda ou
crônica também pode evoluir para uma pneumonia com desenvolvimento do Enfisema
Pulmonar, da Insuficiência Cardíaca ou da Hipertensão Pulmonar (FALCÃO, 2010). Na figura
03 visualizamos uma relação entre a patologia e os alvéolos saudáveis.

Figura 03: Bronquite crônica. Relação entre alvéolos sadios e com a patologia

Fonte: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica.Disponível em:


<http://www.drpereira.com.br/dpoc.htm>.
PNEUMONITES

As pneumonites são provocadas por hipersensibilidade, e fazem parte de um grupo de doenças


resultante das inalações repetidas e da sensibilização a um grande número de partículas sólidas
orgânicas. Verifica-se que uma vez afastado o agente causador, ela pode reverter e estabilizar
naturalmente. É comum que, mesmo após a cura da doença, o paciente sinta falta de ar ao realizar
esforços físicos, devido principalmente a fibrose pulmonar (MONTENEGRO, 1999).

Pessoas expostas a agentes externos também podem apresentar inflamação das vias aérea
superiores devido à exposição a gases e fumaça. A exposição a agentes como a gasolina,
querosene e o benzeno podem causar uma pneumonite química (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2013).

PNEUMONIA QUÍMICA

Ao contrário das outras pneumonias, a química, não é causada por vírus ou bactérias, mas sim
pela inalação de substâncias que agridem os pulmões, como a fumaça e outros produtos químicos.
Essas substâncias quando aspiradas vão para os pulmões e inflamam os alvéolos, que são as
estruturas que fazem o transporte do oxigênio para o sangue. Essas inflamações dificultam as
trocas respiratórias, causando a pneumonia e a insuficiência respiratória (PRUITT, 1975).

Diferente da pneumonia bacteriana, cuja a bactéria afeta apenas uma parte do pulmão, a
pneumonia química compromete todo o órgão. Entre as substancias que provocam a patologia
temos a fumaça, a gasolina, o querosene por aspiração, e o benzeno por inalação
(ENKHBAATAR, 2004).

Os pulmões são as estruturas com maior ocorrência de lesão, devido a inflamação dos alvéolos.
Essa inflamação é o principal sintoma da exposição, ela é causada pela fumaça que têm natureza
quente e é capaz de queimar as vias respiratórias dificultando a passagem de oxigênio para o
sangue através das trocas gasosas realizadas no pulmão (JORNAL DE PNEUMOLOGIA,
2013).

Na figura 04, podemos observar o processo provocado pela inalação de fumaça química nos
Pulmões.
Figura 04: Inalação de fumaça química.

Fonte: Jornal de pneumologia. Set 2002. Disponível


em:
<http://www.jornaldepneumologia.com.br>. Acesso em: 10 de abril 2014.

PNEUMONIAS POR PRODUTOS DO PETRÓLEO (PPP)

Como dito anteriormente, produtos derivados do petróleo como a gasolina, o querosene e outros
hidrocarbonetos, após serem ingeridos ou aspirados, e entrarem em contato com os pulmões,
podem ocasionar pneumonias de natureza química no homem.

Dados de biossegurança da Fiocruz apontam que a estocagem de querosene em muitas


residências sem os devidos cuidados, tem aumentado o risco de acidentes com crianças, que
podem ingerir esta substância e desenvolver a pneumonia química (FIOCRUZ, 2014).

Segundo o Jornal de Pneumologia (2002), outra situação de risco para esta doença pode ser
observada em algumas oficinas mecânicas que usam o “torçal” (um tubo flexível) com a
finalidade de retirar combustível dos tanques dos veículos. Ao iniciar a operação, o trabalhador
faz uma forte sucção no “torçal”, cuja outra extremidade está imersa no combustível, e com isto
se arrisca a aspirar ao produto.

Dentre os principais sintomas da PPP temos: tosse, e a falta de ar; comum para todos os tipos de
intoxicação. Porém, há outros sinais que dependem de alguns fatores, como: o tipo e a toxicidade
da substância; o ambiente da exposição (ar livre, ou lugar fechado), o tempo de exposição, a
substância de contato (gases ou líquidos) (SEGEV et al. 1999).

Dependendo dos fatores citados acima, podem ser apresentados os sintomas de irritação no nariz,
nos olhos, nos lábios, na boca e na garganta; tosse seca ou tosse úmida, que produz muco claro,
amarelo ou verde; tosse úmida, com secreção rosada na saliva e presença de sangue;

náuseas ou dor abdominal; dor no peito; respiração dolorosa; dor de cabeça; fraqueza ou
desorientação (MERCK, 2014)

Estes sintomas podem demorar dias para aparecer, como ocorre na exposição a fumaça, por
exemplo, levando até três dias para o corpo manifestar as irritações na garganta ou a secreções
rosadas, fora a tosse e a falta de ar. Em casos mais agressivos é possível verificar os sintomas
de febre, queimaduras na boca, nariz ou pele, podendo apresentar pele pálida e suor labial,
pensamento alterado e raciocínio comprometido, inconsciência, inchaço dos olhos ou língua,
saliva espumosa resultante de tosse forte (PORTAL SAÚDE BRASIL, 2014).

SINUSITES

As sinusites são processos inflamatórios e/ou infecciosos dos seios da face. Geralmente
apresentam manifestações clínicas de fácil suspeita diagnóstica e sem gravidade, podendo
evoluir para complicações algumas vezes letais. Seu diagnóstico é através de exame físico como
a rinoscopia anterior e posterior, e a nasofibroscopia que pode revelar edema e secreção anormal
na mucosa meatal e pós-nasal (ABBAS, 2010).

Devido a sua localização as fossas nasais ficam expostas a estes agentes. As sinusites podem
ter origem ocupacional, sendo agudas ou crônicas, e provocadas por diversos fatores como: a
origem alérgica ou por inalação de agentes irritantes ou contaminantes. À exposição aos
compostos de hidrocarbonetos aromáticos apresentam elevadas associações com as neoplasias
das vias aéreas superiores, normalmente na cavidade nasal, dos seios paranasais e da laringe.
Algumas vezes as ações de gases irritantes podem provocar perfurações de septo nasal com
origem ocupacional, estas causam uma inflamação crônica, ulcerações na mucosa nasal e
necrose isquêmica da cartilagem septal. Estas perfurações não costumam atingir o septo ósseo
(BAGATIN, 2006).

ENFISEMA PULMONAR

Patologia crônica que se caracteriza pela destruição tecidual dos pulmões, os tornando
hiperinsuflados. Ocorre uma dilatação permanente nos espaços aéreos no final das terminações
dos bronquíolos devido à destruição das paredes das vias aéreas, sem a presença de fibrose. Esta
patologia está sempre associada a bronquites crônicas, e elas podem causar uma obstrução ao
fluxo de ar nas vias aéreas, tendo como resultando a doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC) (TECKLIN, 2003).
O enfisema pulmonar apresenta maior incidência em indivíduos do sexo masculino e de raça
branca, podendo ter uma relação com fatores genéticos. Como ele ocorre nas unidades
alveolares que fazem as trocas gasosas, estas trocas são feitas de maneira insatisfatória
diminuindo a quantidade de oxigênio disponível na corrente sanguínea, o indivíduo vai
apresentar falta de ar ao realizar exercícios ou tarefas que necessite de certo esforço. Quando
há perda da elasticidade pulmonar, fica mais difícil a saída de ar dos pulmões durante a
expiração (RODRIGUES, 2004). Os pacientes com enfisema pulmonar tornam-se
gradativamente incapacitados, com consequência a morte do mesmo por insuficiência
respiratória (ENRIGHT, 2005).

Essa patologia apresenta-se conforme a distribuição anatômica dentro do lóbulo e de acordo


com THOMSON (1994), podemos classificá-las morfologicamente em:

• Enfisema Centrolobular, o mais comum e ocorre nas partes centrais dos


lóbulos, envolvem os bronquíolos respiratórios e poupam os alvéolos distais;

• Enfisema Panlobular, envolvem os lóbulos de forma uniforme, estes


ficam dilatados do bronquíolo terminal aos alvéolos distais, tem maior ocorrência nos
lobos inferiores e geralmente está associado a deficiência da alfa-1-antitripsina;

• Enfisema Parasseptal, ele apresenta uma dilatação da porção mais


distal do ácino, havendo preservação da parte proximal;

• Enfisema Irregular, neste tipo o ácino é atingido irregularmente e


sempre está associado a regiões de fibrose, geralmente é assintomático

De acordo com estes dados podemos verificar na figura 05 a evolução do enfisema pulmonar
em relação às estruturas alveolares saudáveis.

Figura 05: Pulmão saudável x pulmão com enfisema.

Fonte: Núcleo de tratamento do enfisema do Hospital Moinho de Vento (RS).


Disponível em: <http//:www. ciclomed.com.br>.
NEOPLASIAS

Patologicamente é considerada um processo de crescimento celular, sendo chamado também de


neoplasma. O termo foi originalmente aplicado ao edema causado por uma inflamação. Os
neoplasmas causam edemas, mas há muito tempo o emprego não-neoplásico de tumor saiu de
uso, sendo usado portanto, o termo neoplasma ou hiperplasia (ROBBINS; COTRAN. 7ª ed.).

Segundo a ABNT(1987), resíduos sólidos de origem industrial não são desejáveis próximo as
populações urbanas, ou rurais. Esses resíduos têm em suas composições muitos agentes e/ou
compostos químicos de importância toxicológica reconhecida. O contato entre a população e o
resíduo leva à contaminação da pessoa e uma possível intoxicação, que pode ser aguda ou
crônica. O contato com estas substâncias pode ocorrer através do seu manuseio, caso seja um
produto encontrado facilmente e assim acessível as pessoas ou pela forma de disposição final
inadequada que foi descartado, causando uma contaminação do solo, da água e do ar (SISINNO,
2003).

Entre os principais hidrocarbonetos causadores das neoplasias podemos citar o benzeno. Esta
substância é utilizada em diversas aplicações, tal como na composição das tintas utilizadas nas
impressoras, das borrachas, dos adesivos e revestimentos, na limpeza a seco e em detergentes.
Também pode ser utilizado como solvente e fumigante. Segundo COSIPA(1986), indivíduos
expostos a ele pode adquirir leucemias, linfoma de Hodgkin, doenças no fígado, coração e rins,
e anemia aplástica.

As exposições a resíduos industriais causam algumas formas de cânceres. Porém, quando estes
resíduos são HPAs, estas patologias podem ser apresentadas como um angiossarcoma do fígado,
uma neoplasia maligna do pâncreas, neoplasia malignados brônquios e do pulmão (BOWLER;
CONE, 2001).

PREVENÇÃO E CONTROLE DOS HPAS

Desde a década de 80, já havia evidencias epidemiológicas de que o ar poluído poderia


contribuir para promoção de patologias, mesmo que nesta época não houvessem dados
conclusivos. Então, com o intuito de avaliar e monitorar possíveis grupos ocupacionais, vários
estudos foram feitos utilizando medidas de traços de benzo-pireno no ar como potenciais
indicadores dos níveis de poluição atmosférica (FERNANDES et al. 2002).

Na tabela abaixo podemos verificar os níveis de HPAs que já foram encontrados em amostras
de sedimentos nas áreas consideradas urbanas ou industriais estas apresentam níveis de HPAs
superiores quando são comparadas com regiões distantes de fontes de contaminação.

Tabela 01. Níveis de HPAs total (sedimento), segundo a literatura disponível.

HPAs Total REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


LOCALIZAÇÃO
(ng.g-¹)

ÁREAS REMOTAS

Europa central 1100 Fernandez, et.al. 1999

PARNA, Serra da bocaina, RJ (Brasil)


115 Meire, 2006

ÁREAS URBANAS E INDUSTRIAIS

Rio Paraíba do Sul, RJ (Brasil) 40000 Torres. Et al. 2002

Baía de Guanabara, RJ (Brasil) 8035 Meniconi, et al. 2002

Baía de Todos os Santos, BA (Brasil)


4163 Venturini e Tommasi, 2004

Lagoa dos Patos, RS (Brasil) 11780 Medeiros et al. 2005

Estuário de Santos, SP (Brasil) 68130 Bícego. Et al. 2006

Fonte: Meire, Rodrigo Ornelas: Aspectos ecotoxicológicos de hidrocarbonetos policíclicos


aromáticos. Ecol. Brasil – 188-201. 2007

Novas técnicas para monitorar a exposição humana vêm sendo desenvolvidas. Como segmentos
de DNA de células brancas do sangue danificados pelos HPAs e o benzo(a)pireno excretado na
urina, estes são utilizados como biomarcadores para medir a exposição aos HPAs em humanos
(STRICKLAND et al. 1996).

As propriedades contaminantes que alguns HPAs possuem, descrevem a razão para a sua
inclusão na maioria dos programas de monitoramento ambiental e saúde humana em diferentes
países no mundo (WHO, 1983). Estas propriedades são cruciais na ativação e formação de
agentes carcinogênicos (EPA. 1986).
MONITORAMENTO DA EXPOSIÇÃO POR HPAS E SEUS DERIVADOS

O monitoramento biológico da exposição aos HPAs pode ser efetuado através da avaliação das
mesmas como mistura ou individualmente da determinação da concentração de seus
metabólitos em fluidos biológicos ou ainda através do acompanhamento de um efeito
bioquímico resultante de sua presença no organismo (NETTO, 2000). Apresentados na tabela
02.

Tabela 2.Bioindicadores utilizados na avaliação da exposição a HPAs (FARMER,


1987).

TIPO DE
BIOINDICADOR
INFORMAÇÃO

Substância química e/ou seus metabólitos em material

Biológico (urina, etc) Dose interna*

Mutagenicidade urinária Dose interna

Tioéteres urinários Dose interna

Dose biológica
Adutos com proteínas
efetiva**

Adutos com DNA (RNA) Dose biológica efetiva

Proteínas oncogências Dose biológica efetiva

Mutações celulares Efeito biológico precoce

Aberrações cromossômicas Efeito biológico precoce

Troca de cromatides irmãs Efeito biológico precoce

Micronúcleos Efeito biológico precoce

Síntese não programada de DNA Efeito biológico precoce

* - Um indicador biológico de dose interna indica é a quantidade total da substância introduzida


no organismo. É usualmente a própria substância ou um de seus metabólitos presentes em
fluidos biológicos.

** - Um indicador de dose biológica efetiva indica a quantidade da substância que atingiu sítios
biológicos significativos. Geralmente esta indicação é dada através de produtos de interação da
substância ou seus metabólitos com macromoléculas celulares (DNA, RNA ou proteínas)
(JONGENEELEN, 1997).

Entre os hidrocarbonetos nocivos à saúde humana citaremos os principais que são produzidos
através do refino do petróleo.

PRINCIPAIS CONTAMINANTES

Uma descrição dos principais HPAs contaminantes que são obtidos através do refino do petróleo
e as consequências respiratórias causadas pela sua exposição prolongada. Como dito
anteriormente dentre os hidrocarbonetos temos o benzeno, a gasolina, e o querosene como
contaminantes importantes do meio ambiente.

BENZENO

É um líquido volátil, inflamável, transparente, incolor e excessivamente tóxico. É um solvente


orgânico que compõe a base dos hidrocarbonetos aromáticos, pois estes obrigatoriamente
possuem um anel ou núcleo de benzeno (BARRA, 2005).

Segundo os dados da ABIQUIM(1999), Ele é encontrado nos centros de produção


petroquímica, durante o refino do petróleo, sendo esta a principal fonte de produção de benzeno
no Brasil, este processo é responsável por quase 95% da produção total de benzeno no País. Os
outros 5% desta produção são conseguidos através da destilação fracionada dos óleos leves do
alcatrão e do composto BTX (benzeno, tolueno, xileno). Entre os principais centros de produção
temos os parques de Camaçari/BA, Triunfo/RS e Cubatão/SP. Outras fontes de hidrocarbonetos
aromáticos que podemos citar são a destilação do carvão mineral em coqueiras (estruturas que
possuem grupos de fornos) e outras operações petroquímicas, principalmente na destilação do
petróleo cru, também podemos citar na transferência de hidrocarbonetos menores, uma vez que
estes processos são importantes fontes de exposição pelo benzeno.

O benzeno pode estar presente como contaminante atmosférico, nas principais fontes emissoras
de HPAs; nas refinarias de petróleo que não possuem unidades de reforma aromática, onde esse
contaminante pode ser encontrado em concentrações muito baixas por volta de 1ppm ou menos
(FISPQ, 2012).

De acordo com Arcuri (2012), a exposição aguda ao benzeno tem efeitos tóxicos no sistema
nervoso central causando necrose e excitação seguida de sonolência, tonturas, cefaleias, náuseas,
dificuldade respiratória, convulsões e óbito. Exposições crônicas provocam alterações
hematológicas, neurológicas e neuropsicológicas. Entre as patologias relacionada ao agente
podemos citar: leucemias, síndromes mielodisplásicas, anemia aplástica, hipoplasiamedular,
púrpura e outras manifestações hemorrágicas, neutropenia tóxica. O benzeno também é
relacionado aos transtornos dos glóbulos brancos como a leucocitosee a reação leucemóide
(BRASIL, 2004).

Figura 06: Estrutura da ressonância do benzeno e seu Hibrido.

Fonte: Aromaticidade - Evolução histórica do conceito e critérios quantitativos.

QUEROSENE

Um hidrocarboneto líquido adquirido durante a destilação fracionada do petróleo sua produção


é através de destilação a pressão atmosférica. Seguido de um tratamento, que dá ao produto uma
qualidade apropriada ao seu bom desempenho. Ele é utilizado nas indústrias de tintas e na
limpeza industrial. Oferece à tinta uma evaporação e uma secagem lenta. A empresa brasileira,
Petrobras Distribuidora, produz dois tipos: o querosene iluminante usado em tintas e o querosene
para aviação (QAV-1), este é o combustível mais utilizado atualmente nas aeronaves com
motores a turbina (PETROBRÁS, 2014).

Este hidrocarboneto é um produto irritante para os olhos e pele. É um depressor do SNC. Podendo
causar a morte se aspirado para os pulmões. Tem efeitos narcóticos e provoca alucinações após
exposição repetida ou prolongada. Entre os principais sintomas da exposição observamos
vermelhidão e dor na pele; tosse, dor de garganta e falta de ar; tontura, náusea, dor de cabeça,
confusão mental, alucinação e perda de consciência. Produto de grande risco toxico para os
ambientes aquáticos (FISPQ, 2011).
NAFTA PETROQUÍMICA

É um produto líquido e transparente em temperatura ambiente, sua coloração também pode ser
amarelada, é isento de material em suspensão. Tem odor muito parecido com a gasolina (ANP,
2014).

É uma mistura de hidrocarbonetos parafínicos, olefínicos, naftênicos e aromáticos constituídos


principalmente de 4 a 10 átomos de carbono. Podemos visualiza-la através de cromatografia e
seu teor de benzeno é de cerca de 0,9%. A nafta é matéria prima para solventes. E o maior perigo
a saúde humana está em seus vapores inflamáveis que podem ser liberados, durante o seu
manuseio. Sob uso normal a exposição se dá por inalação e contato com a pele (FISPQ, 2009).
GASOLINA

É um líquido límpido e amarelado, não têm materiais em suspensão. Possuem um odor forte e
bem característico. Pertence à classe das substâncias do petróleo composta por naftas
complexas, constituídas de hidrocarbonetos com cadeias carbônicas de C4 a C12 e têm ponto
de ebulição de -20 a 230ºC. É um líquido inflamável que pode provocar irritação moderada à
pele/corrosão; suspeita-se que pode causar mutagenicidade em células germinativas, tendo
assim, características carcinogênicas; também é perigoso se aspirado, podendo provocar
afecções respiratórias de natureza química; danos ao SNC e ao fígado por exposição repetida
ou prolongada. É um potente contaminante ao ambiente aquático (FISPQ, 2013).

Entre os seus sintomas, podemos observar que esta substância provoca tosse, confusão, tontura,
sonolência, torpor e dor de cabeça, náusea e vômito; ressecamento e vermelhidão da pele e
vermelhidão nos olhos. No caso de ingestão devemos lavar a boca da vítima com água em
abundância, mas não induzir o vômito evitando assim a aspiração do hidrocarboneto
(CERQUEIRA, 2013).
AMÔNIA

Esta substancia não é um hidrocarboneto, mas, ela está presente nas águas dos drenos de tanques
de petróleo, é tóxica e corrosiva quando na presença de umidade, sendo aqui referenciada devido
à importância da sua toxidade, principalmente, para o sistema respiratório, onde provoca tosse,
e outras complicações respiratórias tais como inflamação aguda do sistema respiratório e o
edema pulmonar (PETROBRAS, 2014).
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