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Rio de Janeiro
2024
Tatiane Amorim Lima
Rio de Janeiro
2024
Tatiane Amorim Lima
Banca Examinadora
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Christiane Gouvêa dos Santos
Orientadora: Dra. em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva
Rio de Janeiro
2024
AGRADECIMENTOS
Ao meu marido Fabio pelo apoio e incentivo diário, por estar comigo em todos os
momentos, seja na alegria e nas dificuldades.
Às minhas filhas Marina e Luana, meus tesouros de vida, que me mantêm de pé todos
os dias!
Aos meus pais, Gilberto e Alda, minha base, sempre me incentivando em todas as
minhas escolhas.
Aos queridos professores Ernani e Valeria, por todo aprendizado adquirido ao longo do
curso.
À querida orientadora Christiane, que contribuiu muito para o desenvolvimento deste
trabalho, sempre com sugestões valiosas. Aprendi muito com você também!
Aos colegas do Hospital Federal de Ipanema, que me ajudaram e incentivaram a realizar
este projeto.
Aos meus colegas de turma da ENSP, especialmente à Luciana, Katty e Marcelo, por
tornarem minhas terças mais animadas e produtivas, com tantas trocas de conhecimento e
experiências.
RESUMO
Dysphagia is a swallowing disorder resulting from neurological and/or structural causes. It can
cause malnutrition, dehydration, pneumonia, social isolation, increase hospital stay, and
accelerate the death process. Some patients in palliative care may develop dysphagia. The
speech therapist in the palliative care team assists in the management of dysphagia and in more
effective communication, when this is also altered, helping the patient, family members and
teams in making decisions related to dysphagia, always respecting the patient's autonomy and
values. and beliefs. Objectives: to develop and apply a risk identification protocol for dysphagia
and/or bronchoaspiration, as well as to develop a safe oral feeding manual. Methodology: this
is an Intervention Project, in which a protocol was developed to identify risk factors for
dysphagia and/or bronchoaspiration and a safe oral feeding manual, to be applied to all patients
in hospitalized palliative care at the Federal Hospital of Ipanema. Results: the protocol was
applied to 30 patients, in the period between December 18, 2023 and January 31, 2024. It was
observed that the majority of patients in palliative care are female and the majority have cancer
as their diagnosis. Risk factors for dysphagia and/or bronchoaspiration were identified in
63.33% of patients. Conclusion: With the development of this protocol and the safe feeding
manual, it is expected to minimize the impacts of dysphagia and ensure safe and pleasurable
oral feeding for as long as possible and with better quality. As a future goal, we intend to expand
this protocol to be applied by other health professionals who assist patients in palliative care.
CP Cuidados Paliativos
INCA Instituto Nacional do Câncer
OMS Organização Mundial de Saúde
PARD Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia
PPB Protocolo Preventivo de Broncoaspiração
VO Via Oral
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 9
2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................. 12
3 OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 13
3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................... 13
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................................... 13
4 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................... 14
4.1 DISFAGIA E CUIDADOS PALIATIVOS ................................................................................. 14
4.2 TOMADA DE DECISÃO EM DISFAGIA ................................................................................ 16
4.3 DIETA DE CONFORTO ............................................................................................................ 18
4.4 PROTOCOLOS DE PREVENÇÃO DE BRONCOASPIRAÇÃO ............................................. 19
4.5 CARTILHAS E ORIENTAÇÕES .............................................................................................. 21
5 METODOLOGIA ............................................................................................................................ 23
6 CRONOGRAMA ............................................................................................................................. 26
7 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................................... 27
8 CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 32
APÊNDICE A: Protocolo de Identificação de Risco para Disfagia e/ou Broncoaspiração em
Pacientes em Cuidados Paliativos internados no Hospital Federal de Ipanema ........................... 35
APÊNDICE B: Manual para uma alimentação segura ................................................................... 37
9
1 INTRODUÇÃO
Diante disso, para que seja possível uma alimentação prazerosa e confortável, é
fundamental pensar na segurança do paciente, objetivando minimizar os riscos, especialmente
em pacientes em cuidados paliativos, que dependendo do estágio em que se encontra a doença
ou da presença de comorbidades, podem evoluir com disfagia e estarem mais suscetíveis à
episódios de broncoaspiração, comprometendo a qualidade de vida tanto dos pacientes como
dos familiares (PADOVANI, et al., 2007; LIMA et al. 2020).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (2002), cuidados paliativos são uma
abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes e famílias que enfrentam problemas
associados a doenças que ameaçam a vida, prevenindo e aliviando o sofrimento por meio da
identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e de outros problemas físicos,
psicossociais ou espirituais.
Tendo em vista que os cuidados paliativos baseiam-se em princípios que afirmam o
processo de morrer como algo natural, que prioriza o controle impecável de sintomas e alívio
da dor (HERMES; LAMARCA, 2013) é fundamental observar o paciente em sua integralidade,
dando atenção a todas as suas dimensões, para que seja possível definir a melhor abordagem
terapêutica pela equipe multiprofissional, buscando atender as necessidades dos pacientes e
seus familiares (MATSUMONO, 2012). Importante ressaltar que as tomadas de decisões
devem sempre ser compartilhadas entre paciente, família e profissionais de saúde, tendo o
paciente como o protagonista, respeitando suas preferências, escolhas, a fim de garantir a sua
autonomia (INCA, 2023).
As alterações de deglutição geram grande impacto na qualidade de vida do paciente e
de seus familiares (GABRIEL et al., 2021). O fonoaudiólogo é um dos profissionais que deve
compor a equipe interdisciplinar de cuidados paliativos. Sua atuação é de fundamental
importância na tomada de decisão quanto à indicação de vias alternativas de alimentação ou
quanto à suspensão ou manutenção da alimentação por via oral, adequação de consistências
alimentares, manobras posturais e de deglutição, utensílios utilizados durante as refeições,
objetivando uma alimentação por via oral prazerosa, confortável e segura, minimizando assim
os riscos de broncoaspiração (SANTOS; MITUUTI; LUCHESI, 2020; GABRIEL et al., 2021;
SILVA et al., 2023; INCA, 2023).
O fonoaudiólogo também auxilia no processo de comunicação, proporcionando maior
interação com os familiares e a equipe e auxiliando o mesmo nas tomadas de decisões (CARRO;
MORETI; PEREIRA, 2017). O paciente deve ser o protagonista do processo e a comunicação
é o ponto de partida, permitindo que o sujeito realize desejos, faça suas despedidas, resolva as
11
pendências, ou seja, que ele conduza sua própria vida com dignidade e respeito à sua autonomia
(INCA, 2023).
O objetivo do atendimento ao paciente paliativo é manter a alimentação por via oral de
forma segura e prazerosa pelo máximo de tempo possível, bem como promover uma
comunicação eficiente, possibilitando que suas decisões à cerca do seu tratamento, sejam
respeitadas, promovendo assim uma melhor qualidade de vida e um atendimento mais
humanizado (MENDES et al. 2022).
Em cuidados paliativos, tem se discutido muito sobre o termo dieta de conforto ou
Comfort Food, que tem o significado de “comida confortável” ou “comida que conforta”. Foi
criado em 1977 nos Estados Unidos, sendo definido como um alimento que seja gratificante
porque tem potencial para remeter às lembranças de casa, da família ou de amigos, dando razão
a um momento, a uma vida e a uma memória afetiva simbólica pela alimentação, o que provoca
conforto emocional (SILVA, 2016; CAMARGO; SANTOS; COSTA, 2023).
Caso o paciente não apresente contraindicação, a dieta de conforto pode ter qualquer
consistência, não existindo uma regra acerca do aspecto da refeição e deve ser individualizada,
respeitando suas preferências, seus valores e seu significado cultural. Para a indicação da dieta
de conforto, leva-se em consideração o prognóstico, os desejos expressados pelo paciente, a
avaliação dos riscos e benefícios da conduta, a causa primária que originou a dificuldade
alimentar, priorizando a qualidade de vida do paciente e seus familiares (CAMARGO;
SANTOS; COSTA, 2023). Em casos de disfagia, o fonoaudiólogo prescreve a consistência
mais segura, seguindo os princípios da dieta de conforto.
Sendo assim, a alimentação para esses pacientes deve proporcionar prazer, diminuição
da ansiedade e aumento da autoestima, bem como garantir maior interação e comunicação com
os familiares (SANTOS; MITUUTI; LUCHESI, 2020). A alimentação não deve trazer
angústias para o paciente e seus limites devem ser respeitados, inserindo o paciente nas tomadas
de decisões relacionadas à disfagia, que devem ser compartilhadas com o mesmo, bem como
com os seus familiares (MENDES et al. 2022; SILVA et al. 2023).
A proposta deste trabalho é elaborar e aplicar um protocolo de identificação de risco
para disfagia e/ou broncoaspiração em pacientes em cuidados paliativos internados no Hospital
Federal de Ipanema, bem como elaborar um manual para uma alimentação segura.
12
2 JUSTIFICATIVA
Pacientes em cuidados paliativos podem ser acometidos pela disfagia, seja pela
progressão natural da doença ou pela presença de comorbidades. Essas alterações na deglutição
podem levar ao isolamento social, desnutrição, desidratação, pneumonia por broncoaspiração e
até mesmo acelerar o processo de morte.
Levando em consideração que as sequelas da disfagia podem gerar desconforto e
sofrimento ao paciente e sua família, e tais questões vão contra os princípios dos cuidados
paliativos, que buscam o alívio da dor e sofrimento, a não realização de medidas fúteis e a
melhora na qualidade de vida, a atuação do fonoaudiólogo dentro de uma unidade hospitalar,
irá auxiliar o paciente e os demais envolvidos no manejo das disfagias e no processo de tomadas
de decisões quanto à manutenção da alimentação por via oral, quanto às consistências
alimentares seguras e quanto à indicação de vias alternativas de alimentação.
Nesse contexto, a justificativa do presente trabalho é proporcionar uma alimentação com
mais conforto, prazer e menos riscos, conforme desejos e valores do paciente na consistência
mais adequada e segura, maximizando a qualidade de vida e garantindo assim sua dignidade.
13
3 OBJETIVOS
4 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Silva et al. (2023), a disfagia pode acarretar diversas complicações na saúde
dos pacientes, como a desnutrição, desidratação, a pneumonia, acarretando uma piora clínica,
elevando o risco de morte, consequentemente levando ao aumento do número do tempo das
internações. A disfagia em pacientes com câncer de cabeça e pescoço aumenta a probabilidade
de ansiedade, depressão, dor e perda de peso, diminuindo a sobrevida. Além disso, o distúrbio
da deglutição foi descrito como preditor de um prognóstico mais desfavorável (SILVA et al.,
2023).
Nas disfagias graves, a tosse, a asfixia, os problemas pulmonares podem ser
consequências da entrada de alimentos e/ou líquidos na via aérea, e podem resultar em déficits
nutricionais, de hidratação, pneumonias e até levar a morte. (PADOVANI et al., 2007).
A disfagia pode contribuir para uma piora da qualidade de vida dos pacientes em
cuidados paliativos, comprometendo sua saúde física e mental, levando ao isolamento social.
Isto ocorre porque pacientes com disfagia apresentam medo e vergonha de se alimentar em
público e ir em eventos sociais, devido às limitações e restrições alimentares (INCA, 2023).
Santos (2022) relata que as tomadas de decisões devem considerar as crenças, valores e
concepções do paciente, devendo ser compartilhadas com todos os envolvidos: pacientes,
familiares e profissionais de saúde, porém ficando atento para não haver transferência de
responsabilidade para o paciente nas tomadas de decisões.
Em Carro et al., (2017), a indicação de via alternativa de alimentação deve ser criteriosa.
Na possibilidade de se manter a alimentação por via oral, esta deve ser na consistência de menor
risco para broncoaspiração, sugerindo o fracionamento de volumes para evitar desconfortos
respiratórios. Além disso, deve-se considerar as preferências alimentares do paciente, podendo
muitas vezes ser alimentos trazidos pela família, cabendo ao fonoaudiólogo orientar quanto ao
preparo desse alimento em uma consistência de melhor adaptação para o paciente naquele
momento.
Segundo Santos et al. (2020), medidas invasivas devem ser evitadas em pacientes em
cuidados paliativos e a indicação de via alternativa de alimentação deve ser ponderada, podendo
ser indicada apenas se visarem garantir conforto e qualidade de vida, aliviando os sintomas e o
sofrimento do paciente e seus familiares. Ressalta também que há evidências na literatura de
que os malefícios da alimentação por via alternativa superam os benefícios. Santos et al. (2020),
citou outros estudos em seu artigo, mostrando que em cuidados paliativos não há mais o
objetivo de adequação nutricional, e que apesar de reduzir as chances de penetração e ou
aspiração laringotraqueal, a sonda nasoenteral não previne a pneumonia aspirativa. Contudo, a
decisão deve ser tomada em equipe, respeitando a escolha do paciente e da família.
estágio em que a doença se encontra, a fim de auxiliar a equipe, paciente e familiar nas tomadas
de decisões (SANTOS; MITUUTI; LUCHESI, 2020).
Carro et al. (2017) ressaltam que a disfagia merece uma atenção especial pelo
fonoaudiólogo que atua em cuidados paliativos, já que a alteração da deglutição pode colocar
em risco sua saúde física, podendo acelerar seu processo de morte por pneumonia ou
insuficiência respiratória, indo contra a filosofia de atendimento de cuidados paliativos.
Com o objetivo de prevenir episódios de broncoaspiração, alguns hospitais já possuem
protocolos de prevenção de broncoaspiração.
A identificação precoce dos riscos de disfagia e broncoaspiração, reduz o risco de
pneumonia, além dos impactos negativos que isto pode causar nos pacientes em cuidados
paliativos, onde o atendimento da equipe multiprofissional deve priorizar conforto e qualidade
de vida (PADOVANI et al., 2007; FÉLIX; VIANA, 2021).
De acordo com Pereira et al. (2023), medidas preventivas no ambiente hospitalar são de
fundamental importância e a fonoaudiologia auxilia na precaução dos riscos de broncoaspiração
e da incidência da disfagia, diminuindo a incidência de pneumonias aspirativas, o tempo de
internação e custos hospitalares.
Segundo Lima et al. (2020), uma ferramenta de triagem deve ser simples, rápida e
minimamente invasiva, e deve ser capaz de determinar fatores como: risco de penetração e/ou
aspiração, necessidade de avaliação funcional da deglutição e segurança da ingestão oral do
paciente.
Carro et al. (2017) em seu estudo, realizava visita fonoaudiológica em todos os leitos
de pacientes em cuidados paliativos internados em um hospital localizado no estado de São
Paulo. Durante essas visitas, caso fossem identificados fatores de risco para disfagia e/ou
broncoaspiração, esses pacientes recebiam avaliação fonoaudiológica completa e se estes
20
Conforme mencionado nos estudos acima, alguns protocolos eram aplicados pela
própria equipe de fonoaudiologia, enquanto outros, pela equipe de enfermagem.
Santos et al. (2020) citaram um estudo, mostrando que muitos familiares insistem para
que o paciente aceite a dieta, e quando questionados, muitos diziam que a alimentação era
necessária para manter o indivíduo forte e não deixá-lo morrer de fome ou sede.
Em outro estudo, também citado por Santos et al. (2020), foi realizada uma entrevista
com pacientes oncológicos em cuidados paliativos e seus cuidadores sobre sentidos e
significados sobre alimentação. A maioria referiu que precisava se alimentar para manterem-se
vivos, mesmo sem apresentar desejo.
Segundo Castro et al. (2017), na fase terminal da doença, alguns pacientes em cuidados
paliativos sofrem com a alimentação por via oral devido a desconfortos abdominais e náuseas,
mas continuam se alimentando apenas para agradar ou tranquilizar seus familiares.
Sendo assim, diante dessa ansiedade em querer ver seus familiares se alimentando e da
falta de informação quanto aos aspectos alimentares, seja sobre dieta de conforto ou sobre
alimentação com segurança e sem riscos de broncoaspiração, foi elaborada uma cartilha,
conforme apêndice B, abordando todos esses aspectos, possibilitando assim, esclarecer as
dúvidas, reduzir a angústia e tranquilizar os pacientes e seus cuidadores.
Esse manual foi elaborado com o objetivo de informar os pacientes em cuidados
paliativos e seus cuidadores quanto a alimentação por via oral de forma segura, minimizando
riscos de broncoaspiração, mesmo para os pacientes que não apresentam disfagia. Contribuindo
assim, para uma alimentação mais prazerosa, confortável e segura.
Segundo Pereira et al. (2023), as cartilhas foram criadas para promover o acesso à
informação por pessoas de diferentes classes sociais e graus de escolaridade.
Freitas et al. (2011) afirmam que materiais impressos, como cartazes, panfletos,
cartilhas, entre outros, possuem o objetivo de divulgar conteúdos importantes para a prevenção,
reforçam orientações repassadas oralmente e contribuem para a implementação dos cuidados
durante o tratamento pelo próprio indivíduo.
Pereira et al. (2023) elaboraram uma cartilha educativa para realizar uma alimentação
segura e prevenir os riscos de broncoaspiração para cuidadores de pacientes em cuidados
paliativos. Eles concluíram que a cartilha obteve alta aprovação pelo público pesquisado e foi
22
5 METODOLOGIA
Caso haja pontuação 0, considera-se que o paciente não apresenta risco para disfagia
e/ou broncoaspiração, não havendo indicação para avaliação fonoaudiológica. Contudo, os
pacientes e seus cuidadores também receberão o manual com as orientações.
Esse manual foi desenvolvido através da ferramenta Word, contendo conceitos de
disfagia e broncoaspiração, dieta de conforto e orientações quanto uma alimentação segura, e
apresenta linguagem simples e de fácil entendimento para que pessoas leigas possam
compreender as orientações.
O protocolo e o manual foram apresentados por meio de Power Point para a chefia
imediata e para a equipe multidisciplinar na reunião da Comissão de Cuidados Paliativos do
Hospital Federal de Ipanema. Essa Comissão é composta por médicos, enfermeiros,
fonoaudiólogos, assistentes sociais, psicólogos, fisioterapeutas e nutricionistas. As reuniões
ocorrem uma vez por semana com duração de aproximadamente uma hora, onde são discutidos
todos os pacientes que estão em cuidados paliativos, e/ou que serão inseridos no mesmo.
A identificação dos pacientes em cuidados paliativos é feita semanalmente durante as
reuniões da Comissão de Cuidados Paliativos. A partir da identificação desses pacientes, o
protocolo foi aplicado em até 24 horas pela equipe de fonoaudiologia ou de enfermagem.
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6 CRONOGRAMA
2023/2024
ATIVIDADES
AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR
Pesquisa Bibliográfica X X X X X X X
Elaboração do protocolo X X X
Apresentação do protocolo para a
X
equipe multidisciplinar
Treinamento das equipes de
X
fonoaudiologia e enfermagem
Aplicação do protocolo X X X
Apresentação do TCC X
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7 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Gráfico 1: gênero
Feminino
Masculino
Gráfico 2: idade
>60 anos
45-59 anos
qual o maior grupo de doenças responsáveis pelos cuidados paliativos em adultos, é o câncer,
com a estimativa de 28,2%. As demências ficaram em 4º lugar, representando 12,2%.
Gráfico 3: diagnóstico
Câncer
Alzheimer
Sim
Não
29
Em estudo realizado por Santos et al. (2020), 66% dos pacientes em cuidados paliativos
apresentavam tempo de trânsito oral aumentado na consistência néctar e 50% apresentavam
resíduos em cavidade oral após deglutição na consistência sólida. Também foi observado sinal
de “voz molhada” após deglutição em todas as consistências, e ausculta cervical positiva nas
consistências líquida e néctar. Todos os pacientes apresentavam algum grau de disfagia.
Após a identificação dos fatores de risco para disfagia e/ou broncoaspiração, esses 19
pacientes passaram por avaliação estrutural e funcional de deglutição e receberam o manual de
alimentação por via oral segura. O restante dos pacientes que não foram identificados fatores
de risco (36,67%), não passaram pela avaliação fonoaudiológica, porém receberam o manual.
Com relação à conduta fonoaudiológica após a realização da avaliação fonoaudiológica
nos pacientes com fatores de risco, 63,33% necessitaram apenas de gerenciamento
fonoaudiológico (modificação de consistência e volume, manobras posturais, modificação de
utensílios), 23,33% necessitaram de orientações, mas sem necessidade de acompanhamento
fonoaudiológico e 13,33% necessitaram de fonoterapia, incluindo exercícios oromiofuncionais
e estimulação sensorial.
Gerenciamento
Orientações
Fonoterapia
Esses dados corroboram com alguns estudos já citados aqui anteriormente, como Santos
et al. (2020), que em seu trabalho mostrou que apenas pequena amostra dos pacientes em
cuidados paliativos realizou exercícios para a melhora da função de deglutição, já que algumas
medidas terapêuticas podem aumentar o gasto energético e gerar algum desconforto. Neste
trabalho, 13,33% dos pacientes necessitaram de fonoterapia, possivelmente pelas comorbidades
associadas (acidente vascular encefálico previamente ao câncer).
No estudo de Santos et al. (2020), observou-se que as indicações terapêuticas mais
utilizadas foram: modificação de consistência (55%), múltiplas deglutições (45%) e deglutição
30
com esforço (15%), mostrando que essas estratégias contribuíram para minimizar os sinais
clínicos relacionados à disfagia.
31
8 CONCLUSÃO
A disfagia pode causar grandes impactos na vida dos pacientes em cuidados paliativos,
como desnutrição, desidratação, pneumonias, aumento do tempo de internação hospitalar,
isolamento social, podendo ainda acelerar o processo de morte.
Com a elaboração desse protocolo e do manual de alimentação segura, espera-se
minimizar esses impactos, diminuir a incidência de broncoaspiração, reduzir desnutrição e
desidratação, o tempo de internação hospitalar, diminuir as indicações desnecessárias de vias
alternativas de alimentação e garantir uma alimentação por via oral por mais tempo e com
qualidade, de acordo com a biografia do paciente, respeitando sua autonomia, valores, crenças
e cultura, aliando as condutas com os princípios dos cuidados paliativos.
Tendo em vista que o protocolo é aplicado pela equipe de fonoaudiologia e pela equipe
de enfermagem da clínica médica apenas, já que não houve tempo hábil para realizar o
treinamento de todas as equipes, estabeleço como meta futura a expansão deste protocolo para
ser aplicado pelos demais profissionais de saúde que assistem os pacientes em cuidados
paliativos.
32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Identificação do paciente
3. Aspectos respiratórios:
( ) Ar ambiente (0)
( ) Macronebulização (1)
( ) VNI (1)
( ) TQT (1)
36
( ) Engasgo (1)
( ) Tosse antes, durante e/ou após engolir os alimentos ou líquidos (1)
( ) O alimento ou líquidos saem pelo nariz (1)
( ) O alimento fica na boca mesmo depois de engolir (1)
( ) Fica muito tempo com o alimento na boca antes de engolir (1)
( ) Sente falta de ar durante ou após as refeições (1)
( ) Outras queixas? Quais? ___________________________________
Pontuação: ____
Conclusão:
( ) Avaliação Fonoaudiológica
( ) Sem indicação de Avaliação Fonoaudiológica
( ) Gerenciamento fonoaudiológico
( ) Fonoterapia
( ) Orientações gerais, mas sem necessidade de acompanhamento fonoaudiológico
Observação 1: Caso haja pontuação mínima de 1 (um), considera-se que o paciente apresenta
risco para disfagia e/ou broncoaspiração, sendo assim, realizar avaliação fonoaudiológica de
deglutição e estabelecer conduta específica. Além disso, o paciente e seu cuidador receberão
um manual com orientações gerais sobre alimentação por via oral segura.
Observação 2: Caso a pontuação seja 0 (zero), o paciente não é considerado de risco para
disfagia e/ou broncoaspiração, contudo, ele e o seu cuidador receberão um manual com
orientações gerais sobre alimentação por via oral segura.
37