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UNIVERSIDADE DE CABO VERDE

Faculdade de Ciências e Tecnologias – Curso de Geografia e Ordenamento do Território


Desenvolvimento Regional e Local
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9ª Aula Desenvolvimento Regional e Local Obs.


Dia: 06/04/2020 Sumário da Aula
Hora: 14-16 Conceitos de desenvolvimento sustentável
Sumário
Bibliografia O que é Desenvolvimento Sustentável. Dicionário Ambiental.
((o))eco, Rio de Janeiro, ago. 2014. Disponível em:
<https://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28588-o-que-e-
desenvolvimento-sustentavel/>.

Conceito

A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir


as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das
futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.

Histórico

O conceito de desenvolvimento sustentável foi reconhecido internacionalmente em 1972, na


Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, Suécia.
A comunidade internacional adotou a ideia de que o desenvolvimento socioeconómico e o meio
ambiente, até então tratados como questões separadas, podem ser geridos de uma forma mutuamente
benéfica.
Em 1983, é estabelecida a Comissão Mundial das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Esta comissão foi incumbida de investigar as preocupações levantadas nas
décadas anteriores acerca dos graves e negativos impactos das atividades humanas sobre o planeta, e
como os padrões de crescimento e desenvolvimento poderiam se tornar insustentáveis caso os limites
dos recursos naturais não fossem respeitados. O resultado desta investigação foi o Relatório “Nosso
Futuro Comum” publicado em abril de 1987.
O documento ficou conhecido como Relatório Brundtland, em referência à Gro Harlem
Brundtland, ex-primeira ministra norueguesa e médica que chefiou a comissão da ONU responsável
pelo trabalho. O Relatório Brundtland formalizou o conceito de desenvolvimento sustentável e o
tornou conhecido do público.

“Satisfazer as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de


suprir suas próprias necessidades “, cerne do conceito de desenvolvimento sustentável se tornou o
fundamento da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92),
realizada no Rio de Janeiro em 1992. O encontro foi um marco internacional, que reconheceu o
desenvolvimento sustentável como o grande desafio dos nossos dias, e também assinalou a primeira
tentativa internacional de elaborar planos de ação e estratégias neste sentido.

Componentes do desenvolvimento sustentável

O campo do desenvolvimento sustentável pode ser dividido em quatro componentes: a


sustentabilidade ambiental, a sustentabilidade económica, a sustentabilidade sociopolítica e a
sustentabilidade cultural.

A sustentabilidade ambiental consiste na manutenção das funções e componentes dos ecossistemas


para assegurar que continuem viáveis – capazes de se auto-reproduzir e se adaptar a alterações, para
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manter a sua variedade biológica. É também a capacidade que o ambiente natural tem de manter as
condições de vida para as pessoas e para os outros seres vivos, tendo em conta a habitabilidade, a
beleza do ambiente e a sua função como fonte de energias renováveis.

A sustentabilidade económica é um conjunto de medidas e politicas que visam a incorporação de


preocupações e conceitos ambientais e sociais. O lucro passa a ser também medido através da
perspetiva social e ambiental, o que leva à otimização do uso de recursos limitados e à gestão de
tecnologias de poupança de materiais e energia. A exploração sustentável dos recursos evita o seu
esgotamento.

A sustentabilidade sociopolítica é orientada para o desenvolvimento humano, a estabilidade das


instituições públicas e culturais, bem como a redução de conflitos sociais. É um veículo de
humanização da economia, e, ao mesmo tempo, pretende desenvolver o tecido social nos seus
componentes humanos e culturais. Vê o ser humano não como objeto, mas sim como objetivo do
desenvolvimento. Ele participa na formação de políticas que o afetam, decide, controla e executa
decisões.

A sustentabilidade cultural leva em consideração como os povos encaram os seus recursos


naturais, e sobretudo como são construídas e tratadas as relações com outros povos a curto e longo
prazo, com vista à criação de um mundo mais sustentável a todos os níveis sociais. A integração das
especificidades culturais na conceção, medição e prática do desenvolvimento sustentável é
fundamental, uma vez que assegura a participação da população local nos esforços de
desenvolvimento.

Princípios de um desenvolvimento sustentável

A terra demorou mais de três bilhões de anos para evoluir até o estágio em que se encontra, num
processo perfeito, sem nunca ter rompido a capacidade de sustentar a vida, num artifício complexo
de desenvolvimento, evolução e diversificação. Contudo o ser humano foi capaz de em pouco tempo
quebrar essa harmonia perfeita, em busca de satisfazer seu ego, esquecendo-se da mãe terra. O que
importa na sociedade capitalista é a lei da oferta e da procura, o lucro, independente das
consequências para o meio ambiente e o social.
Como componentes da Terra devemos buscar o reequilíbrio, fazendo com que o processo de
destruição o qual a impomos seja desacelerado, afim de que ela volte ao seu estado natural de
equilíbrio ou, ao menos, tenhamos a sensação de estabilidade, não prejudicando o ciclo natural de
energia da terrestre.
Para um efetivo desenvolvimento sustentável devemos ver o mundo de forma holística, do todo
às partes, devendo analisar os fatores ambientais, biológicos, económicos, físicos e culturais. Só uma
visão agregada permitirá a busca eficaz de uma sociedade sustentável. Para isso, devemos ver a
sociedade pelos três pilares: crescimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental.
Estes devem ser entendidos conjuntamente, para chegarmos num ponto de equilíbrio harmônico
entre o homem e a natureza.

“Princípio é mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição


fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério
para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do
sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lha dá sentido harmônico” (SILVA, 2006, 91).
O direito ambiental não foge à regra de ser emanado de princípios, temos os seguintes: da
supremacia do bem ambiental, da prevenção, do desenvolvimento sustentável, da precaução, do
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poluidor-pagador, do usuário-pagador, da ubiquidade, da cooperação entre os povos, da participação,


da função socio-ambiental da propriedade, etc.
“Desenvolvimento sustentável”, segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa:
“processo de desenvolvimento econômico em que se procura preservar o meio ambiente, levando-
se em conta os interesses das futuras gerações.” A definição de desenvolvimento sustentável foi um
progresso paulatino e evolutivo do conceito de ecodesenvolvimento que, por ser um termo mais
difícil para debates em conferências foi substituído em 1987, na Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento. No relatório, o presidente da comissão Gro Harlem Brundtland,
utilizou e definiu
Desenvolvimento Sustentável, como sendo “aquele [desenvolvimento] que atende às necessidades
do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias
necessidades” (CMMAD, 1991, p. 46). Ficando conhecido como Relatório Brundtland, foi
finalmente incorporado como princípio na Eco-92 (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento). Importante observar que, por haver muitas semelhanças, os termos
podem ser usados como sendo sinônimos, como também se percebe, de acordo com as mudanças
políticas, econômicas e sociais e a relação homem/meio ambiente no tempo, implica na concepção
do seu significado, questiona o seu conceito, uma vez dada a complexidade e dificuldade de gerar a
sustentabilidade de um sistema, o que interfere na definição do termo.
Para Fritjof Capra, sustentabilidade é um complexo de organização que tem como
características: reciclagem, interdependência, parceria, flexibilidade e diversidade. Assim, para ele, a
sustentabilidade, não se refere apenas à preservação e conservação do meio ambiente na relação
homem e meio mas, a relação entre as cinco características já citadas. Também os princípios da
ecologia referentes à sustentação da vida: redes, ciclos, energia solar, alianças, diversidade e
equilíbrio dinâmico.
O desenvolvimento sustentável é firmado no tripé social, ambiental e econômico. O seu objetivo
é a redução das desigualdades sociais, evitar a degradação ambiental e promover o crescimento
econômico, sem a exploração descontrolada dos recursos naturais.
As ameaças ao equilíbrio ecológico são muitas: a erosão do solo, o desmatamento, o efeito-
estufa, o buraco na camada de ozônio, densidade demografia, a cadeia alimentar “destorcida”, os
recursos hídricos poluídos, a energia, aspetos ligados aos processos de urbanização, a extinção de
espécies animais, etc.

Direito ambiental e sustentabilidade

O direito ambiental é uma área do conhecimento jurídico que tem como objetivo estudar as
interações do homem com a natureza e os mecanismos legais para a proteção do meio ambiente. É
constituído de princípios, como o da prevenção na natureza, da precaução, da cooperação entre
povos e outros.
Já o desenvolvimento sustentável baseia-se no tripé social, ambiental e econômico, seu conceito
vem da ideia de gerar um desenvolvimento económico, porém, com a preocupação de preservar o
meio ambiente, pensando nas gerações futuras.
O direito ambiental está diretamente ligado ao desenvolvimento sustentável. Possui como
princípios: o usuário pagador, o acesso equitativo aos recursos naturais, o princípio da reparação e o
princípio da prevenção. Todos eles visam à utilização dos bens ambientais de forma equilibrada, com
preservação do patrimônio natural.
Podemos citar como alguns dos princípios do Desenvolvimento Sustentável no direito ambiental:
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• Princípio do usuário ou poluidor pagador: aquele indivíduo ou empresa que causar danos
ambientais terá que reparar os prejuízos por meio de pagamento dos custos para a preservação do
meio ambiente;

• Princípio da reparação: todo aquele que causar danos ao meio ambiente terá que concertar o que
fez de errado;

• Princípio do acesso equitativo aos recursos naturais: todos têm direito de utilizar, de forma
equilibrada, os recursos do meio ambiente;

• Princípio da prevenção: baseia-se na prevenção, onde os recursos naturais não podem ser
deteriorados, utiliza a conscientização como forma de prevenção;

Cada vez mais são criadas leis e princípios que visam a proteção do meio ambiente, logicamente sem
deixar de lado o desenvolvimento econômico. Todo esse cuidado faz-se necessário, uma vez que, os
recursos ambientais são esgotáveis. Visando harmonizar a preservação dos recursos ambientais e a
economia, o desenvolvimento sustentável busca soluções para preservar a vida. O princípio do
direito ambiental é um elemento fundamental para utilização correta dos recursos naturais, pois por
meio dele a legislação ambiental é criada e colocada em prática.

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