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1.Fundamentos de saúde mental
1.1 Definição
A OMS entende a Saúde «como um estado de bem-estar físico,
mental e social, e não apenas a ausência de doença ou dor».
A saúde mental vai muito para além das doenças e das deficiências
mentais.
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As pessoas afetadas por problemas de saúde mental são muitas vezes
incompreendidas, estigmatizadas, excluídas ou marginalizadas, devido a
falsos conceitos, tais como:
- As doenças mentais são fruto da imaginação;
- As doenças mentais não têm cura;
- As pessoas com problemas mentais são pouco inteligentes,
preguiçosas, imprevisíveis ou perigosas.
Ao longo da vida, todos nós podemos ser afetados por algum problema
de saúde mental, de maior ou menor gravidade.
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1.2. Conceitos básicos de saúde mental
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Como observadores mais próximos da saúde e do bem-estar da criança,
os pais devem estar atentos às suas dúvidas e intuições. (Se, por algum
motivo, algum aspeto do desenvolvimento dos filhos - motor, cognitivo,
emocional ou comportamental - os preocupa, deverão pedir ajuda).
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- Seja designada a entidade responsável pela criação de condições
jurídicas, técnicas, orgânicas e funcionais que possibilitem a
implementação das presentes recomendações;
- Seja constituída uma comissão permanente de acompanhamento,
composta por representantes dos ministérios envolvidos, destinada a
monitorizar e avaliar o cumprimento das recomendações propostas.
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Sintomas Patológicos
Características:
- Intensos e frequentes;
- Persistam ao longo do desenvolvimento;
- Causam grave restrição em diferentes áreas da vida da criança;
- Repercussão no desenvolvimento psicológico normal;
- Meio envolvente patológico;
- Desadequados em relação à idade;
- Associação de múltiplos sintomas.
Na idade escolar
- Dificuldade de aprendizagem sem défice cognitivo e na ausência de
fatores pedagógicos adversos;
- Recusa escolar;
- Hiperatividade/agitação (excessiva ou para além da idade normal e
com práticas educativas parentais inadequadas);
- Ansiedade, preocupações ou medos excessivos;
- Dificuldade em adormecer, pesadelos muito frequentes;
- Agressividade, violência, oposição persistente, birras inexplicáveis e
desadequadas para a idade;
- Dificuldades na socialização, com isolamento ou relacionamento
desadequado com pares ou adultos;
- Somatizações múltiplas ou persistentes.
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2.2 Modelo preventivo - fatores de equilíbrio e de risco
1) Planear intervenções visando a saúde mental da criança e do adolescente,
incrementando serviços de atendimento nesta área;
2) Analisar a complexidade das situações adversas e de risco, identificando o
seu reflexo nas trajetórias de desenvolvimento (individual, familiar, social e
comunitário), são estratégias fundamentais tanto no âmbito da prevenção dos
problemas como da intervenção.
Os fatores de risco
O risco é deste modo, o resultado da interação dos vários fatores
vivenciados pela criança;
Fala-se em fatores de risco quando o desenvolvimento da criança pode
ser afetado por um conjunto de causas de carater limitativo que
originam situações desfavoráveis ao mesmo.
Existem duas categorias principais de “risco”:
- No risco biológico incluem-se crianças com antecedentes pessoais e
familiares preocupantes e que podem sugerir futuros défices.
- A 2º categoria de risco, denominada de risco ambiental, é aquela em
que se incluem as crianças cuja história pessoal e familiar inclui
ambientes familiares alterados ou problemas sociais graves, que podem
estruturar défices, sobretudo de natureza psicológica.
Centrados na criança (prematuridade, sofrimento neonatal, défice
cognitivo, separação materna precoce.
Fatores socio-ambientais (pobreza, fragilidade socioeconómica,
desemprego, habitação sobrelotada, isolamento relacional,
internamento da criança numa instituição…)
Configuração familiar (separação dos pais, violência, alcoolismo,
desentendimento crónico, doença crónica de um dos pais…)
Fatores de proteção
A OMS identificou, em estudos recentes, fatores que contribuem
para aumentar a resiliência e as competências pessoais e sociais
da criança, tais como o facto de possuir um vínculo forte com um
membro adulto da família, o facto de ser alvo de níveis elevados de
cuidados parentais e de possuir uma forte relação afetiva com os
pais.
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Individuais (temperamento afetivo, afável, bom caráter, boas
capacidades cognitivas, idade, autoeficácia e autoestima,
competências sociais…)
Familiares (pais calorosos e apoio paterno, boas relações entre pais
e filhos, harmonia parental…)
Extrafamiliares (rede de apoio social como por exemplo avós, pares
e experiencia de sucesso escolar…)
Os fatores de proteção modificam a reação à situação que apresenta
o risco, ao reduzir o efeito do risco a as suas reações negativas
em cadeia.
A educação tem um papel fundamental na prevenção. Educar a
criança num ambiente seguro, no qual ela se sinta protegida,
diminuirá a probabilidade de comportamentos e situações de risco.
Crises acidentais
Estas crises são desencadeadas por um episódio assustador ou
perigosos em que a criança ou adolescente esteve envolvido
diretamente ou a que assistiu:
- Ser vitima ou testemunha de maus-tratos físicos, abuso sexual,
violência doméstica, assalto, crime, acidente de viação…
- Ser vítima ou testemunha de uma catástrofe como uma inundação,
incêndio, terramoto, guerra…
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- Ser diagnosticado com uma doença grave de possível evolução mortal.
Causando medo, ansiedade, depressão, isolamento e maior
dependência, estas situações se se prolongam sem tratamento,
interferem e podem mesmo bloquear o desenvolvimento e vida social e
escolar da criança ou do adolescente.
Crises desenvolvimentais
As crises de desenvolvimento acontecem no curso do desenvolvimento
normal do ser humano, estando associadas a determinados momentos
de transição.
Momentos nos quais sucedem crises de desenvolvimento na
infância/adolescência.
- A criança já devia andar (12 a 15 meses);
- Já devia falar (24 a 30 meses);
- Início da escola;
- Divergência entre aparência física e aptidões sociais/mentais;
- Irmãos mais novos que ultrapassam a “criança-problema”;
- A maioridade.
Funções familiares
Promover o afeto entre os membros da família;
Proporcionar segurança e aceitação pessoal promovendo o
desenvolvimento pessoal;
Proporcionar satisfação e sentimentos de utilidade através das
atividades que satisfazem os membros da família;
Assegurar a continuidade das relações proporcionando relações
duradouras entre os familiares;
Proporcionar estabilidade e socialização assegurando a continuidade da
cultura da sociedade correspondente;
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Geradora de autoridade e do sentimento do que é correto relacionado
com a aprendizagem das regras, normas, direitos e obrigações
caraterísticas das sociedades humanas;
Uma das suas principais responsabilidades é a educação e a formação
das pessoas. Na família dão-se múltiplas e exclusivas aprendizagens
estruturantes da personalidade, as quais são fundamentais para a
aquisição de outros saberes mais formais.
A par disto tudo, está o desenvolvimento da segurança porque na rede
de laços e de relações temos as experiencias de reencontro,
aprendemos a responsabilidade e a interdependência.
O processo educativo familiar é composto por mitos e realidades, ideias,
sentimentos e comportamentos, onde os pais tratam de facilitar o
desenvolvimento pessoal e social dos seus filhos, numa missão 24h/dia,
sem noites de descanso, sem férias e com uma duração legal de (pelo
menos) 18 anos.
Entende-se por modelo educativo familiar o conjunto de crenças,
valores, mitos e metas que fundamentam a educação dos filhos e que
se manifestam em normas, estilos de comunicação, estratégias e regras
de comportamento que regulam a interação dos pais com os seus filhos;
Para além destas funções, existe ainda uma função relativa à saúde, na
medida, em que a família protege a saúde dos seus membros, dando a
poio e resposta às necessidades básicas em situações de doença.
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Geralmente, as famílias de pessoas com doenças mentais não
sabem ou têm dificuldades em lidar com a sintomatologia e
comportamento dos seus familiares doentes.
- Exemplos: Alucinações, alterações de humor, comportamentos
violentos, apatia, descuido com a higiene pessoal…
A partir do séc. XX, surge profissionalmente o objetivo de ajudar a
família a encontrar soluções novas para os seus problemas
internos, e assim, diminuir manifestações de sofrimento
psicológico e responder às suas principais necessidades.
As metas dos cuidados consistem em identificar a doença o mais
cedo possível, tratar os sintomas, conferir aptidões às pessoas
doentes e aos seus familiares, manter a sua melhoria durante
certo período de tempo, evitar recaídas e reintegrar as pessoas
com doença mental na comunidade para que possam levar uma
vida normal.
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O conceito de vinculação designa o processo pelo qual o indivíduo
estabelece uma ligação afetiva privilegiada e duradoura com a figura que
habitualmente lhe dispensa os cuidados maternos.
Na ausência de uma relação próxima com uma figura adulta, as crianças
desenvolvem um fenómeno designado por Hospitalismo (René Spitz –
Psicanalista Austríaco).
O Hospitalismo é um conjunto de perturbações vividas por crianças
institucionalizadas e privadas de cuidados maternos e caracteriza-se por:
atraso no desenvolvimento corporal, dificuldades na habilidade manual e na
adaptação ao meio ambiente, atraso na linguagem, menor resistência a
doenças e apatia.
Contudo, o fenómeno de Hospitalismo não acontece a todas as crianças
porque há crianças que, apesar das circunstâncias negativas, conseguem
desenvolver-se equilibradamente.
As relações precoces do bebé são muito importantes porque os primeiros
anos são decisivos, no sentido de que certos padrões sociais têm muito mais
probabilidades de ser adquiridos nesta altura, como a capacidade de criar
vínculos com outras pessoas. Crianças que nunca foram amadas pelos pais,
terão dificuldades no futuro, no que respeita às suas relações íntimas.
Quando as crianças apresentam alterações de desenvolvimento tais como
dificuldades no andar, na fala, na visão e na audição, entre outros aspetos, a
melhor maneira de as ajudar é através da Intervenção Precoce.
O acompanhamento especializado destas crianças deve ser feito o mais
rapidamente possível e deve ser adequado às características de cada criança.
CRIANÇA PREMATURA
No contexto de desenvolvimento normativo da criança, o nascimento
prematuro tem sido destacado como um fator de elevado risco biológico, que
pode comprometer o desenvolvimento da criança.
Os problemas podem fazer-se sentir logo no período neonatal, podendo ou
não acompanhar a criança ao longo do seu percurso desenvolvimental,
nomeadamente na idade pré-escolar e após a entrada na escola.
A maioria dos problemas apresentados nas idades pré-escolar e escolar
consiste em dificuldades de aprendizagem, perturbação de hiperatividade com
défice de atenção, dificuldades na linguagem, comprometimento neurológico e
problemas escolares gerais.
O ambiente familiar e social, especialmente a interação com os pais e
prestadores de cuidados, constituem preditores significativos do
desenvolvimento.
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Contudo, em casos de nascimento prematuro, os próprios pais podem
também ser afetados, acrescentando à situação novos fatores de risco
relacionados com o seu próprio ajustamento psicológico e com as interações
que estabelecem com a criança.
Com efeito, esta é uma situação que pode também constituir um risco para
a saúde mental materna e para a dinâmica familiar. O nascimento prematuro
de um filho representa uma situação imprevista e provocadora de elevados
níveis de stresse para a família, incidindo principalmente na mãe, que muitas
vezes passa a manifestar sintomas de ansiedade e depressão.
Assim, apesar de se demonstrar que o impacto da condição de
prematuridade se pode prolongar ao longo da vida, encontrando-se associada
à ocorrência de perturbação depressiva, baixa autoestima, agressividade e
desajustamento social, prevalece a ideia de que um acompanhamento e
intervenção precoces adequados durante o desenvolvimento destas crianças
podem mudar este rumo e contrariar as consequências negativas da
perturbação neurológica precoce.
CRIANÇA HOSPITALIZADA
A experiência de hospitalização é fonte de stresse e ansiedade para a
maioria das crianças, podendo mesmo contribuir para um risco acrescido de
perturbações de comportamento e de psicopatologia a médio e longo prazo.
No entanto, sabemos hoje que é possível reduzir os efeitos negativos
dessa experiência, e mesmo potencializar os seus aspetos mais
enriquecedores.
Vários estudos têm demonstrado que a hospitalização é uma experiência
mais perturbadora durante a primeira infância e período pré-escolar,
nomeadamente entre os 6 meses e os 4 anos. Estes estudos tendem a
considerar este período como o mais problemático, e apontam como causas
para este facto, o tratar-se de um período em que a separação dos pais, e a
própria descontinuidade dos cuidados educativos, é mais perturbadora.
De igual modo, trata-se de uma idade onde os próprios tratamentos são,
provavelmente, percecionados como mais assustadores.
Os bebés mais pequenos (antes dos 6 meses) estariam em menor risco
por não terem ainda estabelecido relações de vinculação suficientemente
fortes e seletivas que pudessem ser ameaçadas com uma separação
relativamente breve.
As crianças mais velhas estariam mais protegidas pelas suas
capacidades cognitivas para manter relações estáveis apesar da separação,
mas também para compreender a necessidade de certos tratamentos e a
possibilidade de algum controlo dos medos e ansiedade.
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Neste sentido, reconhece-se que as crianças mais novas têm menos
competências para lidar com uma experiência perturbadora e incontrolável
como a hospitalização. A criança mais pequena tem menos capacidade para
compreender os procedimentos médicos e a situação de hospitalização, para
fazer perguntas, para recordar o que ouviu durante a preparação (quando esta
existiu), ou para compreender as explicações que lhe são dadas.
Como é evidente, a ansiedade e sofrimento associados ao internamento
hospitalar dependem, em larga medida, das condições inerentes à própria
doença, e aos procedimentos que seja necessário realizar.
Por outro lado, mesmo bastante jovem, a criança faz uma leitura do que
sente, vê e ouve, do que lhe explicam e do que lhe escondem, daquilo que
observa nos outros doentes, e retira as suas próprias conclusões.
Hoje sabe-se como é importante conjugar esforços e combinar
intervenções médicas e psicológicas para aliviar a dor associada a
procedimentos de diagnóstico e de tratamento, ou à própria doença. As
metodologias de distração, autocontrolo, inoculação de stresse, relaxamento,
imaginação guiada têm demonstrado a sua eficácia em situações de dor
aguda ou crónica.
Independentemente das condições gerais de hospitalização, é necessário
que o psicólogo, em conjunto com os outros técnicos de saúde e com a
educadora, esteja atento a estes problemas e disponibilize um atendimento
individualizado a estas famílias.
Atualmente, apesar da evolução nos cuidados pediátricos e nas práticas
de internamento, a implementação de programas de preparação para a
hospitalização continua a ser considerada necessária para evitar
manifestações de ansiedade durante e após o internamento, e para prevenir
outro tipo de perturbações no desenvolvimento ou no relacionamento familiar
a médio prazo.
A aproximação atual a esta problemática orienta-se para uma política que
preconiza:
Evitar o internamento hospital sempre que possível
Reduzir o período de internamento ao mínimo necessário
Organizar o espaço e serviço de pediatria em função das necessidades
globais da criança e da família
Integrar os pais como participantes informados e ativos da equipa de saúde
Preparar pais e criança para a hospitalização
Incentivar a presença de um familiar e a sua participação ativa nos cuidados
à criança
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Acompanhar psicologicamente e educacionalmente a criança e a família,
sempre que possível antes, durante e após o período de internamento.
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• Revolta ou agressividade contra um ou até contra ambos os pais.
• Sentimentos de culpa, sentindo-se responsável pela separação.
• Sentimento de estar “dividido por dentro”, tendo de tomar o partido de
um dos pais contra o outro.
• Desejo de juntar novamente os pais e recuperar a segurança perdida.
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• Interferir de modo intrusivo, seduzir, abusar ou atacar sexualmente a
criança (abusos sexuais).
• Não tratar adequadamente da criança, quer a nível dos cuidados
básicos (alimentação, higiene, repouso, proteção, educação, saúde), quer nos
aspetos afetivos e emocionais (ignorá-la, não a estimular, conversar ou
brincar com ela), (negligência).
O autor (ou autores) dos maus-tratos é quase sempre alguém próximo e
conhecido da criança, geralmente alguém da família: pai/mãe,
padrasto/madrasta, avós, tios, irmãos, amas ou respetivos familiares,
educadores, professores. É muito raro o mau trato ser causado por estranhos.
Quando a criança é maltratada por alguém próximo, como acontece na
grande maioria dos casos, é-lhe muito difícil contar o sucedido. Por um lado o
adulto abusador pode tê-la ameaçado mas por outro pode ser a própria
criança que se sente culpada, tem vergonha ou medo que não acreditem nela
ou receio de ser castigada (Represálias…).
Além disso, a criança gosta muitas vezes do adulto que a maltrata e
portanto quer que ele deixe de a maltratar mas não quer que ele seja preso ou
que a família seja destruída.
Os sinais de sofrimento e mal-estar que estas situações causam à criança
não são muitas vezes evidentes ou específicos (podem também surgir em
situações muito diferentes). É portanto necessário estar atento para os
reconhecer e valorizar.
Uma criança maltratada fisicamente pode:
• Mostrar-se atenta, constantemente alerta, cautelosa e desconfiada em
relação aos adultos.
• Ter dificuldade em confiar nos outros e fazer amigos.
• Ser inibida, incapaz de brincar ou expressar-se espontaneamente,
colocar-se em posição de ser ameaçada ou agredida.
• Fazer birras, ser agressiva, violenta e ameaçar ou maltratar outros.
• Mentir, roubar, faltar às aulas e até envolver-se em problemas com a
polícia.
• Ter mau rendimento escolar, falta de concentração e evitar as atividades
em que tem de tirar a roupa (por exemplo ginástica).
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• Usar uma linguagem ou ideias sexualizadas nos jogos e brincadeiras, o
que normalmente só acontece em crianças mais velhas ou adolescentes ou
mostrar-se excessivamente sedutora ou provocadora.
• Recomeçar a urinar ou defecar nas calças ou na cama.
• Ter dificuldade em dormir ou pesadelos frequentes.
• Desenvolver uma doença do comportamento alimentar como uma
anorexia ou bulimia nervosa.
• Deixar de cuidar de si, ter uma má imagem de si própria, deprimir-se ou
auto-agredir-se (magoar-se a si própria, pensar ou tentar suicidar-se).
• Ter comportamentos de risco, tais como: fugir de casa, ter
comportamentos promíscuos, prostituir-se, consumir álcool ou drogas.
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Nalguns casos também a família poderá ser alvo de uma intervenção
especializada.
As crianças gravemente e prolongadamente maltratadas têm por vezes
comportamentos e relacionamentos muito difíceis, sendo também necessária
uma ajuda aos pais ou outros dadores de cuidados para lidarem com a
situação.
CRIANÇA PSICOSSOMÁTICA
As queixas físicas, sem que seja possível detetar uma causa médica, são
muito frequentes na criança que assim expressa o seu mal-estar psicológico
(dores psicossomáticas). Os sintomas mais frequentes são as dores de
barriga, dores de cabeça, enjoos e vómitos, dores musculares (nos membros
ou nas costas) e cansaço.
Muitas vezes estas queixas agravam-se devido a medos, preocupações
ou outros fatores emocionais relacionados com a escola, os amigos ou a vida
familiar.
As perturbações psicossomáticas traduzem queixas físicas (dores, mal
estar, desconforto), sem uma causa orgânica detetável, mas que são
realmente sentidas e reais para a criança.
Estes sintomas são muitas vezes determinados por situações de stresse
ou tensão emocional que afetam tanto o corpo como a mente e contribuem
para a origem e evolução de algumas doenças e sintomas.
O stresse intervém também na forma como a criança sente e reage às
manifestações da doença e até na própria evolução da doença.
Por vezes existe inicialmente uma doença física ou um traumatismo que
desencadeia o início das queixas mas, quando não se encontra uma
explicação médica para os sintomas, deve também pensar-se na possibilidade
que fatores psicológicos e emocionais possam estar a contribuir para o
problema.
Os sintomas físicos sem causa orgânica podem fazer parte dos sintomas
das perturbações de ansiedade ou perturbações depressivas.
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Estes sintomas interferem com a vida quotidiana tornando-a difícil,
desconfortável e preocupante para a criança e para a família. Geralmente a
criança acaba por ultrapassar a situação e resolver o stresse e a preocupação
que lhe deram origem.
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preocupar a criança e a família ainda mais, contribuindo até para manter ou
aumentar as queixas.
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