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Série Tecnológica Cafeicultura

Amostragem de solos
SÉRIE TECNOLÓGICA CAFEICULTURA
AMOSTRAGEM DE SOLOS
Além de ser necessária como Época e frequência
uma prática rotineira na atividade
cafeeira, a amostragem de solo para Fazer a amostragem de solo na
análise química exige critérios para cultura do café em produção, antes da
melhor refletir as características do arruação e pelo menos 60 dias após a
solo amostrado. Caso contrário, po- última adubação. Repetir anualmente.
derá resultar em adubação e calagem
incorretas, com prejuízos econômicos Divisão da área
e ambientais.
Uma gleba é uma área homogê-
nea, definida não só pelo seu tama-
O que é a amostra de solo
nho, mas também, principalmente,
É uma pequena porção de 500 gra- por características que determinam a
mas de terra, que é enviada ao labora- sua homogeneidade. Recomenda-se
tório, representando um volume de solo que o seu tamanho não ultrapasse 10
milhares de vezes maior, daí o cuidado ha. A amostra do solo deve ser reti-
na sua obtenção. É constituída de várias rada, levando-se em conta o histórico
amostras simples, de acordo com o ta- de uso e manejo (vegetação, cultura
manho da gleba, que deve representar anterior, etc.), a localização, exposi-
áreas homogêneas. ção do terreno ao sol (face) e as ca-
racterísticas perceptíveis do solo (cor,
textura, etc.), para ser representativa
da área amostrada.

Local da amostragem
A amostragem deve ser feita numa
lavoura em produção, cujas raízes ab-
sorventes exploram, predominante-
mente, o solo sob a saia do cafeeiro
e por ser, também, esse o local onde
ocorre acidificação decorrente da adu-
bação nitrogenada. Quando se pre- mogênea, retiradas na camada de
tende conhecer, também, a condição 0 a 20 cm (camada arável), percor-
do solo nas entrelinhas, pode-se fazer rendo toda a área em zigue-zague.
uma amostragem no meio da rua do Caso o volume de cada amostra sim-
cafezal. São duas situações distintas, ples seja reduzido em função do tipo
que requerem duas amostras também de ferramenta usada, recomenda-se
distintas, que devem ser analisadas se- aumentar o número de subamostras,
paradamente. de modo a obter, pelo menos, 500
gramas de terra.
Número de subamostras ou
amostras simples Procedimentos

A amostra composta deve ser Caso haja necessidade, reco-


constituída de, pelo menos, 20 menda-se fazer apenas a retirada do
amostras simples, em cada gleba ho- cisco no ponto de amostragem, sem
a remoção da camada superficial do limpo. Deve-se usar sempre a mes-
solo. Evitar locais próximos de cupin- ma ferramenta, cavando sempre na
zeiros, formigueiros, árvores, cami- mesma profundidade e recolhendo a
nhos, locais de descarga de correti- mesma quantidade de terra nos di-
vos e fertilizantes, manchas de solo, versos pontos amostrados, gerando,
enfim, qualquer ponto discrepante assim, boa representatividade.
das características predominantes do Na amostragem, na camada de
terreno. Com auxílio de uma cava- 20 a 40 cm, deve-se aproveitar o
deira de boca ou um enxadão estrei- mesmo buraco já feito para a amos-
to, cavar um buraco retirando bem tra de 0 a 20 cm, utilizando, porém,
toda a terra. A seguir, retirar uma outro balde para o recolhimento da
fatia uniforme, de cima até embaixo, terra. A sonda é também recomenda-
e recolher em um balde de plástico da a esta finalidade.
Acondicionamento e adubação e calagem, deverão ser forne-
identificação da amostra cidas ao técnico junto com os resultados
do laboratório.
Para ser enviada ao laboratório,
a amostra deve ser acondicionada em Parâmetros a serem analisados
embalagem apropriada e livre de con-
taminação, identificada com nome do O índice de acidez, a concentração
produtor, da propriedade e da lavoura de hidrogênio + alumínio e os teores
ou talhão. Outras informações, como: de fósforo, potássio,cálcio, magnésio
número de pés, espaçamento, produção e alumínio sempre foram analisados
obtida e produção esperada, necessárias rotineiramente pelos laboratórios. No
para a interpretação e recomendação de entanto há outros parâmetros de inte-
resse, como: teor de argila e ou o ín- solo que possibilite o atingimento da
dice chamado fósforo remanescente, produtividade técnica e economicamen-
requeridos,entre outros, na determina- te viável, e devem, por isso, ser anali-
ção da necessidade de calagem. sados.
A disponibilidade do fósforo como No tocante aos teores de micro-
nutriente mantém estreita relação com nutrientes, presentes no solo em muito
a textura do solo (teor de argila) e qua- baixa concentração, a análise química
lidade da argila, que são, indiretamente, ainda é pouco eficiente na sua detec-
estimadas pelo índice fósforo remanes- ção, principalmente levando em conta
cente. possíveis contaminações ou imprecisões
Já a capacidade tamponante do originadas do processo de amostragem.
solo (que faz com que seja necessária A análise foliar assume, portanto,
maior dose de calcário para a elevação vital importância na complementação
do pH) relaciona-se diretamente com da análise de solo e deve ser adotada
a argila e é, também, influenciada pelo como prática rotineira na cafeicultura.
teor de matéria orgânica. Esta matéria
orgânica, se, por um lado, é importante
fonte de boro, por outro lado, em ex-
cesso, inibe a absorção, pelas raízes, de
cobre, manganês e zinco.
Finalmente, há que se considerar a
importância do enxofre para o cafeeiro, Engenheiro Agrônomo
sendo que baixos teores no solo podem João Eudes de Rezende
ser compensados pelo uso de formula- Escritório Local da Emater-MG de
ções que contenham este nutriente. Reduto
Os referidos parâmetros são, por- Fotos e ilustrações: J. Eudes
tanto, indispensáveis na interpretação
de uma análise e, consequentemente, Série Ciências Agrárias
na elaboração de um plano de aduba- Tema Agricultura
ção, calagem e condicionamento do Área Culturas

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