Você está na página 1de 66

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ

CAMPUS TERESINA CENTRAL


GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

NAURO BARBOSA NEVES

DIMENSIONAMENTO DA VIGA PRINCIPAL DE UM PÓRTICO MÓVEL

TERESINA – PI
2018
NAURO BARBOSA NEVES
DIMENSIONAMENTO DA VIGA PRINCIPAL DE UM PÓRTICO MÓVEL

Monografia apresentada ao Instituto Federal de


Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí como
parte das exigências para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. Helder Pontes Gomes

TERESINA
2018
Dedico o presente trabalho a mulher mais forte
e guerreira que eu conheço, minha Mãe
Conceição, que sempre me motivou a continuar
seguindo em frente para conquistar meus
objetivos mesmo tendo que abdicar dos seus e
a nunca desistir diante das dificuldades, pois
são elas que nos tornam mais fortes.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela sua infinita ajuda e auxílio em todos os momentos da minha vida;

Aos meus pais João da Cruz Pereira Neves e Conceição de Maria Barbosa Queiroz pelo amor e
carinho incessantes e pela excelente educação que me deram durante toda minha vida;

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí pela qualidade de ensino e de


profissionais que nele trabalham em especial a todo corpo docente do curso de engenharia
mecânica pelo conhecimento e aprendizado transmitidos durante o curso;

Ao meu professor orientador Helder Pontes pela orientação, conselhos e motivação que me
disponibilizou na elaboração deste trabalho;

Ao amor da minha vida Larisse pelo carinho, apoio, inspiração e motivação diária e por sempre
me incentivar a batalhar pelos meus sonhos;

Por fim, mas não menos importante, aos meus irmãos de curso Heitor, Moacir, Iara, André,
Flaviane, Lucas Costa, Benedito, Dyecks, Ricardo, Thyálita e Wesley por cada conversa e palavras
de apoio nos momentos difíceis, por cada vitória conquistada juntos e pela nossa amizade que será
eterna.
“Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar. ”
Gonçalves Dias
RESUMO

Pórticos móveis são equipamentos destinados a movimentação de carga bastante versáteis, pois
podem percorrer toda a extensão de uma indústria. Este trabalho apresenta dimensionamento da
viga principal de um pórtico móvel para a futura instalação no setor de montagem de uma empresa
metal-mecânica. Toda a análise estrutural e dimensionamento tiveram como base as normas
técnicas NBR 8400 [1] e NBR 8800 [2], que levaram a seleção do perfil comercial W360x72,
fabricado pela empresa Gerdau, que foi o mais leve a se mostrar adequado para a tarefa estipulada
ao passar pelas verificações impostas pelas normas vigentes. Posteriormente este perfil foi
modelado no software Space Claim com as cargas e condições de contorno adicionadas e
considerando a situação mais crítica para estrutura. Após a modelagem o perfil passou por análise
estática em elementos finitos no software Ansys, onde foram observadas as tensões atuantes e a
deformação vertical, cujos resultados estão dentro dos limites normativos, atendendo assim o
objetivo proposto.

Palavras-chave: Análise estrutural. Viga. Pórtico Móvel.


ABSTRACT

Cranes are projected to movimentation of heavy loads and if they were able to freely dislocations
inside an industry or comercial plant, then it became very versatile. This work presents normatives
requirements and others calculations procedures to project a main beam of a mobile gantry
destined to equip a mechanical-metal industry plant. A structural analisys and sizing were
developed accordingly to NBR 8400 [1] and NBR 8800 [2] normative prescriptions, that leaded
to a comercial cross section W360x72, manufactured by Gerdau, which was the lightest shape to
atends al requirements. The beam choosed was modeled in Space Claim with all boundary
conditions placed. Then, a structural analisys by FEM was carried out in Ansys, where the applied
tensions and displacements were verified and the results were consistents to the normative
prescriptions.

Keywords: Structural analiysis. Beam. Mobile gantry.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Principais grupos de máquinas de elevação e transporte....................................19


Figura 2 – Classificação das máquinas de elevação e transporte.........................................20
Figura 3 – Principais Máquinas de Elevação e Transporte..................................................21
Figura 4 – Exemplo de pórtico monobloco ou univiga........................................................24
Figura 5 – Exemplo de pórtico rolante de dupla-viga..........................................................25
Figura 6 – Exemplo de Semipórtico....................................................................................25
Figura 7 – Tabela de deslocamentos máximos....................................................................36
Figura 8 – Elemento infinitesimal.......................................................................................37
Figura 9 – Corpo em tração pura.........................................................................................38
Figura 10 – Processo de formação da tensão de cisalhamento............................................39
Figura 11 – Viga biapoiada em flexão pura.........................................................................39
Figura 12 – Segmento em flexão pura.................................................................................40
Figura 13 – Tensões principais em um elemento bidimensional.........................................41
Figura 14 – Elementos finitos mais comuns........................................................................43
Figura 15 – Carga no meio do vão.......................................................................................48
Figura 16 – Carga deslocada para uma das extremidades...................................................49
Figura 17 – Perfil W...........................................................................................................51
Figura 18 – Imagem 3D do perfil no SpaceClaim...............................................................53
Figura 19 – Resultado a utilização da ferramenta Midsurface no perfil
modelado............................................................................................................................54
Figura 20 – Project Schematic............................................................................................55
Figura 21 – Engineering Data.............................................................................................55
Figura 22 – Menu Outline...................................................................................................56
Figura 23 – Pressão e suportes de fixação...........................................................................57
Figura 24 – Geração da malha.............................................................................................58
Figura 25 – Malha mais refinada na região dos furos..........................................................58
Figura 26 – Deformação total da viga.................................................................................58
Figura 27 – Valores da tensão de Von Mises.......................................................................60
Figura 28 – Pico de tensão na aresta inferior do furo...........................................................61
Figura 29 – Formato que proporciona a alteração na tensão de Von Mises........................61
Figura 30 – Flambagem lateral com torção (FLT) .............................................................62
Figura 31 – Vista frontal da viga sofrendo FLT..................................................................63
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classes de utilização do equipamento...............................................................27


Tabela 2 - Estado de tensão de um elemento.......................................................................28
Tabela 3 – Classificação da estrutura dos equipamentos (ou elementos da estrutura) em
grupos.................................................................................................................................29
Tabela 4 – Classe de funcionamento..................................................................................29
Tabela 5 – Estado de solicitação dos mecanismos.............................................................30
Tabela 6 – Grupos dos mecanismos...................................................................................30
Tabela 7 – Valores do coeficiente dinâmico Ψ...................................................................31
Tabela 8 – Valores da pressão aerodinâmica......................................................................32
Tabela 9 – Valores do coeficiente de majoração Mx..........................................................34
Tabela 10 – Valores de q.....................................................................................................34
Tabela 11 – Valores de FSᵣ.................................................................................................34
Tabela 12 – Tempo de aceleração e acelerações.................................................................35
Tabela 13 – Propriedades do perfil W360x72.....................................................................51
LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


CAD – Computer-Aided Design
CC – Condições de Contorno
FLT – Flambagem lateral com torção
GL – Graus de Liberdade
MEF – Método dos Elementos Finitos
NBR – Normas Brasileira
NR – Norma Regulamentadora
LISTA DE SÍMBOLOS

A – Área da seção transversal


Aalma – Área da alma
E – Modulo de elasticidade
FSr – Coeficiente de segurança em relação a tensão de ruptura
I – Momento de inercia
L – Comprimento da viga principal
M – Momento fletor
Mmáx – Momento fletor máximo
Mx – Coeficiente de majoração
P – Carga total
Pa – Pressão aerodinâmica
q – Coeficiente que depende do grupo em que está classificado no mecanismo
Sg – Peso próprio
Sh – Esforços horizontais
Sl – Carga de serviço
Sw – Carga de vento
tm – Tempo médio
Vmáx – Esforço cortante máximo
Vw – Velocidade do vento
Wx – Módulo resistente
y – Distância da última fibra à linha neutra
δmáx – Deslocamento vertical máximo
σ’ – Tensão de Von Mises
σa – Tensão normal admissível
σf – Tensão de flexão
σr – Tensão de ruptura do material
σx – Tensão normal
τa – Tensão de cisalhamento admissível
τx – Tensão e cisalhamento
Ψ – Coeficiente dinâmico
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 15

1.1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 17


1.1.1. Movimentação de carga ..................................................................................... 17

1.1.2. Máquinas de elevação e transporte ................................................................... 18

1.1.3. Pórticos rolantes ................................................................................................. 23

1.1.3.1 Tipos de pórticos rolantes ................................................................................... 24

1.1.4. Normas do projeto .............................................................................................. 26

1.1.4.1 ABNT NBR 8400 Cálculo de equipamento para elevação e movimentação de


cargas .............................................................................................................................. 26
1.1.4.1.1 Classe de utilização do equipamento .............................................................. 27
1.1.4.1.2 Estado da carga ............................................................................................... 28
1.1.4.1.3. Classificação das estruturas em grupo .......................................................... 29
1.1.4.1.4. Classe de funcionamento ................................................................................ 29
1.1.4.1.5. Estado de solicitação dos mecanismos ........................................................... 30
1.1.4.1.6. Classificação dos mecanismos em grupo ....................................................... 30
1.1.4.1.7. Solicitações que interferem no cálculo da estrutura do equipamento ........... 31
1.1.4.1.8. Casos de solicitação ....................................................................................... 33
1.1.4.1.9. Coeficiente de majoração ............................................................................... 34
1.1.4.1.10. Coeficientes de segurança em relação a ruptura do material ..................... 34
1.1.4.1.11. Tempo de aceleração e acelerações ............................................................. 35
1.1.4.2 ABNT NBR 8800 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto de edifícios ....................................................................................................... 36

1.1.5. Fundamentos de mecânica dos sólidos ............................................................. 37

1.1.5.1. Tensão................................................................................................................ 37
1.1.5.2. Tensão normal ................................................................................................... 38
1.1.5.3 Tensão de cisalhamento ...................................................................................... 38
1.1.5.4 Tensão normal de flexão..................................................................................... 39
1.1.5.5 Tensões principais .............................................................................................. 40
1.1.5.6 Tensão equivalente de Von Mises ...................................................................... 41
1.1.6. Fundamentos de elementos finitos .................................................................... 42

1.1.6.1 Dimensão e graus de liberdade dos elementos finitos ........................................ 43


1.1.6.2 Condições de contorno ....................................................................................... 44

2. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 45

2.1. CLASSIFICAÇÃO DA ESTRUTURA .................................................................. 45


2.2. DIMENSIONAMENTO DA VIGA PRINCIPAL .................................................. 47

2.2.1. Carga total da estrutura..................................................................................... 48

2.2.2. Momento fletor máximo ..................................................................................... 48

2.2.3. Esforço cortante máximo ................................................................................... 49

2.2.4. Tensão normal admissível .................................................................................. 49

2.2.5. Tensão de cisalhamento admissível ................................................................... 50

2.2.6. Escolha do perfil adequado................................................................................ 50

2.2.7. Verificação do perfil escolhido .......................................................................... 52

2.3. MODELAGEM DA VIGA PRINCIPAL NO SPACECLAIM ............................... 53


2.4. SIMULAÇÃO EM ELEMENTOS FINITOS DA VIGA PRINCIPAL NO
SOFTWARE ANSYS .................................................................................................... 54

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 59

4. CONCLUSÃO........................................................................................................... 64

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 65


15

1. INTRODUÇÃO

As máquinas de elevação e transporte são equipamentos essenciais no cenário


industrial moderno, e cada etapa da linha de produção de uma empresa depende da escolha
adequada da máquina de elevação e transporte e seu dimensionamento correto para garantir uma
operação eficiente.

Os pórticos móveis são estruturas destinadas a movimentação de carga bastante


versáteis pois podem percorrer toda a extensão da indústria não se restringindo apenas a um
sistema fixo de trilhos.

O presente estudo visa suprir a necessidade de uma empresa metal-mecânica que atue
no mercado metalúrgico e devido ao segmento de atuação, os principais produtos desenvolvidos
são de grande porte, pesados e com grandes dimensões. Para uma empresa com essas
características e que, por exemplo, disponha de dois caminhões Munck para auxiliar o processo de
montagem e movimentação da carga, muitas vezes os caminhões não estão disponíveis, pois
podem estar prestando algum serviço fora da empresa. Como consequência podem ocorrer atrasos
na produção e um mal aproveitamento do espaço interno do galpão devido os caminhões ocuparem
uma área considerável quando utilizados para movimentar carga, podendo até ocasionar acidentes
de trabalho.

A escolha correta da máquina de elevação e transporte, como um pórtico móvel, pode


agilizar o processo produtivo da empresa e diminuir os riscos de acidentes, e para que isso ocorra
o seu dimensionamento deve ser feito de forma correta, principalmente o dimensionamento da sua
viga principal, pois é ela que irá suportar a carga a ser movimentada.

O objetivo geral do trabalho é dimensionar a viga principal de um pórtico móvel para


a futura instalação no setor de montagem de uma empresa metal-mecânica, com os seguintes
objetivos específicos:

 Analisar as normas NBR 8400 [1] e NBR 8800 [2] para poder aplicar as diretrizes das
mesmas no projeto do pórtico móvel;
 Classificar e definir as características gerais do pórtico móvel, bem como as restrições de
projeto;
 Avaliar as solicitações atuantes na viga principal e dimensioná-la conforme as normas
vigentes;
 Realizar a modelagem da viga principal no Space Claim;
16

 Realizar simulação em elementos finitos da viga principal do pórtico móvel no software


Ansys.

Nota-se que a utilização de caminhões Munck não é indicada para a movimentação


das cargas que estão sendo deslocadas na indústria em questão, logo a aquisição de um pórtico
móvel visa ganho de produtividade, maior segurança aos funcionários e melhor utilização dos
caminhões em outras funções aumentando ainda mais o lucro da empresa.

Para projetos desse tipo deve-se inicialmente ter uma conversa com o proprietário da
empresa com o intuito de saber quais suas reais necessidades seguida de uma análise das dimensões
do galpão afim de definir as características principais do pórtico móvel como altura, comprimento
do vão, carga de serviço entre outras.

Após o dimensionamento do perfil é realizada uma análise estática em elementos


finitos no software Ansys afim de avaliar os esforços atuantes na viga principal do pórtico móvel.
O perfil foi modelado no Space Claim e, no Ansys, os esforços adicionados considerando a
situação mais crítica para estrutura, ou seja, quando todos os carregamentos estão atuando de forma
simultânea.

Este trabalho é dividido em 4 capítulos; o primeiro é a introdução, que fornece uma


visão total do trabalho de forma sucinta e objetiva juntamente com a fundamentação teórica, que
reúne a revisão dos trabalhos existentes sobre o tema, necessários para o desenvolvimento deste
trabalho. No segundo capítulo é apresentada a metodologia do trabalho, contendo também o
desenho em ambiente CAD e as configurações necessárias para a simulação em elementos finitos.
No terceiro capítulo são apresentados os principais resultados e as discussões pertinentes a estes.
O quarto capítulo é a conclusão, onde apresenta tudo o que foi comentado juntamente com a
solução do trabalho e por último é apresentado o referencial bibliográfico utilizado.
17

1.1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesse tópico será abordado o conceito de movimentação de cargas e suas principais


características. Em seguida se faz presente uma explanação sobre máquinas elevação e transporte
mostrando onde são empregadas, suas classificações e definições assim como suas vantagens e
desvantagens dando destaque para pórticos rolantes pois este será o equipamento em foco nesse
trabalho.

Também terão destaque as normas técnicas que regem os projetos de máquinas de


elevação e transporte e dimensionamento de estruturas em aço, onde estas serão a base para a
concretização deste trabalho visto que somente com elas é possível assegurar as características
desejáveis do produto.

Ainda neste tópico será feita uma revisão sobre as principais formas de tensão e
concentração de tensão, assim como o conceito de deformação e flambagem.

Se faz presente também uma análise sobre o que são elementos finitos, conceito de
elementos e seus graus de liberdade e o que são condições de contorno.

Esta revisão conta com as principais definições e expressões matemáticas usadas neste
trabalho. A inclusão delas é fundamental, uma vez que as definições vistas aqui serão usadas no
decorrer do mesmo.

1.1.1. Movimentação de carga

“A técnica de movimentação de cargas compreende as operações de elevação,


transporte e descarga de objetos e/ou materiais, e pode ser efetuada manualmente ou utilizando
sistemas mecânicos. ” PASSOS [7].

Ainda segundo Passos [7], seja na implementação das grandes obras ou na realização
de trabalhos simplificados, torna-se indiscutível a importância da movimentação de cargas para o
desenvolvimento da humanidade.

Desde a retirada da matéria prima, sua manufatura até o consumo ou uso pelo cliente,
a movimentação de carga está presente em todas as fases ou processos de um produto por ser uma
atividade essencial para ele independente de seu volume ou peso a ser movimentado.
18

Ainda segundo Passos [7] a técnica de movimentação de cargas abrange as operações


de elevação, transporte e descarga de objetos de forma manual ou utilizando sistemas mecânicos
e que se deve incluir no grupo de sistemas de movimentação os aparelhos e dispositivos que
elevam e movimentam cargas com massas compreendidas dentro dos limites das suas capacidades
nominais. Ele destaca que a eficiência na movimentação de carga vai depender de vários fatores,
onde os mais importantes são:

O que? – A carga a ser movimentada e/ou transportada deve possuir todas as suas
características definidas;

Onde? – Faz-se necessário conhecer o destino final da carga que será movida;

Com que velocidade? – Analisar o tempo necessário para realizar a movimentação da


carga;

Como? – Qual será o recurso utilizado para realizar a movimentação da carga.

Já segundo Rudenko [9] a movimentação em toda indústria é dividida em externa e


interna, as movimentações externas fornecem matéria-prima, artigos semiacabados e materiais
auxiliares e as movimentações internas transportam e distribuem as cargas que entram na empresa.

“Quando se busca uma redução de custo, um dos fatores importantes é o encurtamento


das distâncias percorridas tanto pela matéria prima quanto pelo produto final processado. ”
TAMASAUSKAS [11].

1.1.2. Máquinas de elevação e transporte

Rudenko [9] destaca que as máquinas de elevação e transporte são empregadas para
mover cargas em estabelecimentos, fábricas, nas indústrias, nos locais de construção e nos locais
de armazenagem e recarga de material, etc.

Já para Brasil [3], as máquinas de elevação e transporte tem como destino a


movimentação horizontal e vertical na indústria e nos canteiros de obra, de equipamentos e
materiais.

A execução correta e segura da tarefa de elevação e transporte de carga depende


diretamente da utilização do equipamento correto para a execução do trabalho. E para que se utilize
19

o equipamento correto será necessário conhecer qual o objeto vai ser movimentado, o espaço para
a realização dessa tarefa, entre outros fatores.

“Devido à grande diversidade de máquinas de elevação e transporte existentes, a sua


exata classificação é extremamente difícil. Essa tarefa é mais complicada ainda pelo fato de que
podemos basear-se em vários requisitos, como: projeto, finalidades, tipos de movimentação etc.”
RUDENKO [9].

Os principais grupos de máquinas de elevação e transporte são:

Figura 1- Principais grupos de máquinas de elevação e transporte.

Fonte: Elaborado por REMOR [8], p.16 a partir de BRASIL [3].


20

Rudenko [9], definiu esses grupos da seguinte maneira:

Máquinas de Elevação: é o grupo de máquinas com mecanismos de elevação, que


possui a finalidade de mover cargas, principalmente em lotes;

Equipamento transportador: é o grupo de máquinas que não necessita possuir um


mecanismo de elevação, possui somente a função de mover cargas num fluxo contínuo;

Equipamento de superfície e elevado: é o grupo de máquinas que também pode não


ser provido de mecanismo de elevação e que geralmente manuseia cargas.

Já para Brasil [3], as máquinas de elevação e transporte podem ser classificadas de


acordo com o esquema apresentado no Figura 2:

Figura 2 - Classificação das máquinas de elevação e transporte.

Fonte: Elaborado por REMOR [8], p.17 a partir de BRASIL [3].


21

BRASIL [3] ainda destaca as principais características de cada equipamento desta


classificação, a partir daí foi elaborado por REMOR [8], p.18 um quadro com as definições
propostas pelo autor como mostra a figura 3:

Figura 3 – Principais Máquinas de Elevação e Transporte.

Fonte: Elaborado por REMOR [8], p.18 a partir de BRASIL [3].

As máquinas de elevação e transporte possuem componentes que por sua vez sofrem
bastante esforço com muita frequência, e é de extrema importância que esses componentes não
rompam com esse esforço, o que ocasionaria a queda da carga, por isso eles devem ser fabricados
com um material de alta qualidade e seguir as instruções do fornecedor desse material.
22

Segundo Rudenko [9], esses componentes são:

 Órgãos flexíveis de elevação (correntes e cabos);


 Polias, sistemas de polias, rodas dentadas para correntes;
 Dispositivos de manuseio de carga;
 Dispositivos de retenção e frenagem;
 Motores;
 Transmissões
 Componentes de transmissão (eixos e árvores, mancais, discos, etc.);
 Trilhos e rodas de translação;
 Estruturas de máquina (estrutura de guindastes);
 Aparelhos de controle.

Rudenko [9] ainda afirma que um sistema de transporte organizado sobre uma linha
racional melhora a qualidade de um produto, aumenta a produtividade de trabalho nos
departamentos, ajuda a economia e melhora as condições de trabalho.

E Passos [7], diz que a utilização de um equipamento de transporte e elevação de carga


traz inúmeros benefícios para a empresa que o utiliza, os quais são descritos a seguir:

 Redução de custo de mão de obra;


 Redução de custo de materiais;
 Redução de custo de despesas gerais;
 Aumento na capacidade produtiva
 Aumento de produção;
 Aumento da capacidade de estoque;
 Melhoria na circulação.

Apesar de muitas vantagens, os equipamentos de transporte e elevação também


causam algumas desvantagens e exigem algumas limitações, como por exemplo:

 Investimento inicial bem elevado;


 Espaços apropriados para a operação;
 Operadores muito bem treinados e habilitados.
23

De acordo com Passos [7], além dessas desvantagens, a movimentação desses


equipamentos pode trazer alguns riscos, dentre os principais riscos podemos citar o risco de morte
ou lesões graves por esmagamento em função de alguns fatores, como:

 A queda de cargas suspensas;


 Agarramento ou arrastamento dos equipamentos;
 Rompimento súbito de elementos de máquinas do equipamento;
 Tombamento de estruturas.

1.1.3. Pórticos rolantes

Para Remor [8], pórticos rolantes são equipamentos projetados para a movimentação
de cargas de forma bastante versátil e podem ser utilizados tanto dentro de galpões industriais
quanto fora ao céu aberto. São diferentes das pontes rolantes por terem uma estrutura autônoma
que não dependem de estruturas do edifício para se sustentarem, irão depender apenas de um piso
regular compactado e de energia elétrica caso seja movido por um motor elétrico.

Segundo Sobue [10], seu objetivo é movimentar cargas nos eixos longitudinal,
transversal e vertical. Seus custos de manutenção e operação são baixos e podem abranger grandes
áreas, podendo suportar até 80 toneladas e ter vãos de até 40 metros dependendo da necessidade
do projeto, sendo empregados em usinas hidrelétricas, usinas de navegações, em portos,
mineradoras e na indústria em geral.

Sendo assim, o pórtico rolante é capaz de suprir as necessidades que uma empresa tem
de movimentação aérea de carga e ainda tem a vantagem de não ser necessária a modificação da
estrutura do local a ser instalado, o que proporciona ao dono da empresa a facilidade na
movimentação de equipamentos e produtos.
24

1.1.3.1 Tipos de pórticos rolantes

De acordo com Remor [8], dependendo do projeto os pórticos rolantes podem ser de
vários tipos e formatos. Os principais tipos são:

 Monobloco ou Univiga;
 Dupla-viga;
 Semipórtico.

Pórtico Monobloco ou univiga é o pórtico projetado para ter apenas uma única viga
principal, e esta por sua vez pode ser de vários perfis diferentes, entre os mais utilizados é a viga
caixão e perfil I, como demostrado na Figura 4.

Figura 4 - Exemplo de pórtico monobloco ou univiga.

Fonte: www.qualitybor.com.br/pontes-e-porticos-rolantes

O conjunto talha-trolley é suspenso na mesa inferior e as cabeceiras são fixadas sobre


as colunas de sustentação do pórtico e nas extremidades da viga principal.
25

Pórticos dupla-viga. Como o próprio nome já diz são compostos por duas vigas
principais, possibilitando assim uma maior capacidade de elevação de carga e geralmente são
utilizados para erguer cargas acima de 20 ton.

Figura 5 - Exemplo de pórtico rolante de dupla-viga.

Fonte: www.qualitybor.com.br/pontes-e-porticos-rolantes

Semipórticos possuem apenas um lado com colunas, já sua outra extremidade é


suspensa por uma viga que geralmente está apoiada na parte superior de um edifício ou galpão da
mesma maneira que uma ponte rolante. Podendo esse ser univiga ou dupla-viga.

Figura 6 - Exemplo de Semipórtico.

Fonte: www.qualitybor.com.br/pontes-e-porticos-rolantes
26

1.1.4. Normas do projeto

No desenvolvimento desse trabalho foram utilizadas como base as normas da ABNT


NBR 8400 - Cálculo de equipamento para elevação e movimentação de cargas [1] e NBR 8800 -
Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios [2]. No intuito de
aplicar suas diretrizes nos cálculos de dimensionamento da viga principal do pórtico móvel.

1.1.4.1 ABNT NBR 8400 Cálculo de equipamento para elevação e movimentação de


cargas

De acordo com o item 1.1 da norma NBR 8400 [1], seu objetivo é fixar as diretrizes
básicas para o cálculo das partes estruturais e componentes mecânicos dos equipamentos de
levantamento e movimentação de cargas, independendo do grau de complexidade ou do tipo de
serviço do equipamento.

Já segundo o item 5.1 da norma NBR 8400 [1], as estruturas dos equipamentos serão
classificadas em diversos grupos, conforme o serviço que irão executar, a fim de serem
determinadas as solicitações que deverão ser levadas em consideração no projeto. Para
determinação do grupo a que pertence a estrutura de um equipamento, são levados em conta dois
fatores:

a) Classe de utilização;
b) Estado da carga.
27

1.1.4.1.1 Classe de utilização do equipamento

A classe de utilização dos equipamentos tem como objetivo classificar a estrutura dos
equipamentos em função da utilização do movimento de levantamento definindo quatro classes de
utilização conforme a Tabela 1.

Tabela 1 - Classes de utilização do equipamento

Classe Frequência de utilização do movimento de Número convencional de


de utilização levantamento ciclos de levantamento 𝑁𝑥

Utilização ocasional não regular, seguida de 6,3 x 104


A longos períodos de repouso

Utilização regular em serviço intermitente


B 2,0 x 105

Utilização regular em serviço intensivo


C 6,3 x 105

Utilização em serviço intensivo severo,


D 2,0 x 106
efetuado, por exemplo, em mais de um turno

Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).

Segundo a norma, para cada classe é estipulado um número teórico de ciclos de


levantamento que o equipamento fará durante sua vida útil. Este número serve para determinar
futuramente o número de ciclos de variações de tensões.
28

1.1.4.1.2 Estado da carga

O estado de carga caracteriza à proporção que o equipamento irá levantar uma carga
reduzida ou a carga máxima ao longo de sua vida útil com o intuito de caracterizar a severidade
do serviço que está sendo submetido. Na prática são considerados quatro estados de carga como
mostra a Tabela 2.

Tabela 2 - Estado de tensão de um elemento

Fração mínima de
Estado de tensões Definição tensão máxima

Elemento submetido excepcionalmente


à sua tensão máxima e comumente a
0 (muito leve) tensões muito reduzidas P=0

Elemento submetido raramente à sua


tensão máxima, mas comumente a
1 (leve) tensões da ordem de 1/3 da tensão
máxima P = 1/3

Elemento frequentemente submetido à


sua tensão máxima e comumente a
2 (médio) tensões compreendidas entre 1/3 a 2/3 P = 2/3
da tensão máxima

Elemento regularmente submetido à sua


3 (pesado) tensão máxima P=1

Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).
29

1.1.4.1.3. Classificação das estruturas em grupo

Tendo como base a classificação das classes de utilização e estado de cargas, é possível
classificar as estruturas ou seus elementos em seis grupos como mostra a Tabela 3.

Tabela 3 - Classificação da estrutura dos equipamentos (ou elementos da estrutura) em grupos


Classe de utilização e número convencional de ciclos de
Estado de cargas
levantamento (ou de tensões para um equipamento)
(ou estado de tensões
A B C D
para um elemento
6,3 x 104 2,0 x 105 63, x 105 2,0 x 106
0 (muito leve)
1 2 3 4
P=0
1 (leve)
2 3 4 5
P = 1/3
2 (médio)
3 4 5 6
P = 2/3
3 (pesado)
4 5 6 6
P=1
Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).

De acordo com o item 5.4 da norma NBR 8400 [1], os diversos grupos indicados na
Tabela 3 classificam a estrutura para os equipamentos como um conjunto e determinam o valor do
coeficiente da majoração Mx, que por sua vez caracteriza o dimensionamento da estrutura.

1.1.4.1.4. Classe de funcionamento

No item 6.1.1 da norma NBR 8400 [1], é definido que a classe de funcionamento
caracteriza o tempo médio, estimado em número de horas de funcionamento diário do mecanismo.

A relação entre a classe de funcionamento e o tempo médio de funcionamento diário


estimado está expressa na Tabela 4.

Tabela 4 – Classe de funcionamento


Classe Tempo médio de Duração total
de funcionamento funcionamento diário teórica de
estimado (h) utilização (h)
V 0,25 tm ≤ 0,5 ≤ 800
V 0,5 0,5 < tm ≤ 1 1600
V1 1 < tm ≤ 2 3200
V2 2 < tm ≤ 4 6300
V3 4 < tm ≤ 8 12500
V4 8 < tm ≤ 16 25000
V5 tm > 16 50000

Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).
30

1.1.4.1.5. Estado de solicitação dos mecanismos

Segundo o item 6.1.2 da norma NBR 8400 [1], o estado de solicitação define a
proporção em que um mecanismo, ou elemento de mecanismo, é submetido a uma solicitação
reduzida ou à sua capacidade máxima.

A Tabela 5 mostra os estados de solicitação dos mecanismos, ou elementos de


mecanismos, definidos pela norma.

Tabela 5 – Estado de solicitação dos mecanismos

Estado de solicitação Definição Fração da solicitação


máxima
1 Mecanismos ou elementos de P =0
mecanismos sujeitos a
solicitações reduzidas e raras
vezes a solicitações máximas
2 Mecanismos ou elementos de P =1/3
mecanismos submetidos, durante
tempos sensivelmente iguais, a
solicitações reduzidas, médias e
máximas
3 Mecanismos ou elementos de P =2/3
mecanismos submetidos na
maioria das vezes a solicitações
próximas à solicitação P = 2/3 da
máxima
Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).

1.1.4.1.6. Classificação dos mecanismos em grupo

Tendo conhecimento das classes de funcionamento e dos estados de solicitação, é


possível classificar os mecanismos em 6 grupos assim como é mostrado na Tabela 6.

Tabela 6 – Grupos dos mecanismos


Estados de Classe de funcionamento
solicitações
V 0,25 V 0,5 V1 V2 V3 V4 V5
1 1Bm 1Bm 1Bm 1Am 2m 3m 4m
2 1Bm 1Bm 1Am 2m 3m 4m 5m
3 1Bm 1Am 2m 3m 4m 5m 5m
Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).
31

Os mecanismos que executam tarefas consideradas de alto risco como transporte de


material em fusão, transporte de produtos químicos ou corrosivos, deverão ser classificados em
um grupo imediatamente superior ao que seria, e para isso deverão ser combinados o estado de
solicitação e a classe de funcionamento.

1.1.4.1.7. Solicitações que interferem no cálculo da estrutura do equipamento

O cálculo estrutural do equipamento tem a função de determinar as tensões que estão


atuando durante seu funcionamento através das seguintes solicitações:
a) Principais;
b) Devidas aos movimentos verticais;
c) Devidas aos movimentos horizontais;
d) Devidas aos efeitos climáticos;
e) Diversas

Solicitações principais:

De acordo com a norma NBR 8400 [1], as solicitações poder ser de dois tipos:
a) As devidas aos pesos próprios dos elementos, Sg;
b) As devidas à carga de serviço, Sl.

Solicitações devidas aos movimentos verticais:

Estas solicitações são provenientes dos movimentos de içamento relativamente


bruscos de cargas e de choques verticais. No levantamento de carga de serviço, multiplica-se o
valor dessas solicitações por um fator chamado de coeficiente dinâmico (Ψ) que é obtido a partir
da Tabela 7.

Tabela 7 – Valores do coeficiente dinâmico Ψ

Equipamento Coeficiente dinâmico Faixa de velocidade de


Ψ elevação da carga (m/s)
1,15 0 < Vl ≤ 0,25
1 + 0,6 Vl 0,25 < Vl < 1
Pontes ou pórticos rolantes 1,60 Vl ≥ 1
1,15 0 < Vl < 0,5
1 + 0,3 Vl 0,5 < Vl < 1
Guindastes com lanças 1,3 Vl ≥ 1

Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).
32

Solicitações devidas aos movimentos horizontais:

Conforme o item 5.5.3.1 na norma NBR 8400 [1], o esforço horizontal a considerar
deve ser no mínimo de 1/30 da carga sobre as rodas motoras e no máximo ¼ desta carga.

Solicitações devidas aos efeitos climáticos:

Estas solicitações podem ser resultado de duas causas:

a) Ação do vento;
b) Variação de temperatura.

Como é dito no item 5.5.4.1 da norma NBR 8400 [1], a ação do vento é resultado dos
esforços de sobrepressão de depressão proporcionais a pressão aerodinâmica, esta por sua vez pode
ser determinada pela equação 1.

(𝑉𝑤)2
𝑃𝑎 = (1)
1,6

, onde: Vw = Velocidade do vento em m/s.

A Tabela 8 fornece os valores da pressão aerodinâmica em relação da altura do


equipamento em relação ao solo e da velocidade do vento, esta pressão aerodinâmica será utilizada
como a carga de vento (Sw) no dimensionamento da viga.

Tabela 8 – Valores da pressão aerodinâmica

Vento máximo
Vento limite de serviço (equipamento fora de serviço)
Altura em
relação ao
solo (m) Velocidade Pressão Velocidade Pressão
aerodinâmica aerodinâmica
(m/s) (Km/h) (N/m²) (m/s) (Km/h) (N/m²)
0 a 20 36 130 800
20 a 100 20 72 250 42 150 1100
Mais de 100 46 165 1300

Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).
33

1.1.4.1.8. Casos de solicitação

Segundo o item 5.6 da norma NBR 8400 [1], são previstos nos cálculos de
dimensionamento da estrutura dos equipamentos de elevação de transporte de carga três casos de
solicitações, que são eles:

 Caso I – serviço normal sem vento;


 Caso II – serviço normal com vento limite de serviço;
 Caso III – solicitações excepcionais.

Caso I – serviço normal sem vento:

Devem ser consideradas as solicitações estáticas devidas ao peso próprio Sg, as


solicitações devidas à carga de serviço Sl multiplicadas pelo coeficiente dinâmico Ψ, os efeitos
horizontais mais desfavoráveis Sh. O conjunto dessas solicitações deve ser multiplicado pelo
coeficiente de majoração Mx.

Caso II – serviço normal com vento limite de serviço:

Devem ser consideradas as mesmas solicitações do caso I, adicionando-se os efeitos


do vento limite de serviço Sw assim como é mostrado na equação 2.

𝑃 = 𝑀𝑥. (𝑆𝑔 + 𝛹. 𝑆𝑙 + 𝑆ℎ) + 𝑆𝑤 (2)

, onde:

 𝑃 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
 𝑀𝑥 = 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑗𝑜𝑟𝑎çã𝑜
 𝑆𝑔 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑝𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜
 𝛹 = 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑖𝑛â𝑚𝑖𝑐𝑜
 𝑆𝑙 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑟𝑣𝑖ç𝑜
 𝑆ℎ = 𝐸𝑠𝑓𝑜𝑟ç𝑜𝑠 ℎ𝑜𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑡𝑎𝑖𝑠
 𝑆𝑤 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜
34

Caso III – solicitações excepcionais:

As solicitações excepcionais se referem aos seguintes casos:

a) Equipamento fora de serviço com vento máximo;


b) Equipamento em serviço sob efeito de um amortecimento;

1.1.4.1.9. Coeficiente de majoração

O valor do coeficiente de majoração está diretamente ligado ao grupo de classificação


do equipamento, assim como mostra a Tabela 9.

Tabela 9 – Valores do coeficiente de majoração Mx

Grupos 1 2 3 4 5 6

Mx 1 1 1 1,06 1,12 1,20

Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).

1.1.4.1.10. Coeficientes de segurança em relação a ruptura do material

Tabela 10 – Valores de q
Tabela 11 - Valores de FSᵣ
Grupos de q
mecanismos Casos de FSᵣ
1Bm 1 solicitação
Caso I e II 2,8
1Am 1
Caso III 2
2m 1,12
Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado
3m 1,25 pelo autor (2018).

4m 1,40

5m 1,60

Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado


pelo autor (2018).
35

1.1.4.1.11. Tempo de aceleração e acelerações

A Tabela 12 disponibiliza valores de tempo de aceleração e acelerações recomendadas


para três faixas diferentes de velocidades.

Tabela 12 – Tempo de aceleração e acelerações

Velocidade a Equipamentos de Equipamentos de Equipamentos de altas


atingir velocidades lenta e velocidades média alta velocidades com fortes
média (aplicações comuns) acelerações

(m/s) (m/min) Tempos Acelerações Tempos Acelerações Tempos Acelerações


de (m/s²) de (m/s²) de (m/s²)
aceleração aceleração aceleração
(s) (s) (s)

4,00 240 - - 8,0 0,50 6,0 0,67


3,15 189 - - 7,1 0,44 5,4 0,58
2,50 150 - - 6,3 0,39 4,8 0,52
2,00 120 9,1 0,22 5,6 0,35 4,2 0,47
1,60 96 8,3 0,19 5,0 0,32 3,7 0,43
1,00 60 6,6 0,15 4,0 0,25 3,0 0,33
0,63 37,8 5,2 0,12 3,2 0,19 - -
0,40 24 4,1 0,089 2,5 0,16 - -
0,25 15 3,2 0,078 - - - -
0,16 9,6 2,5 0,064 - - - -

Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).
36

1.1.4.2 ABNT NBR 8800 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto de edifícios

De acordo com o item 1.1 da norma NBR 8800 [2], tem o objetivo de estabelecer
requisitos básicos que devem ser obedecidos no projeto de estruturas de aço e mistas de aço e
concreto onde:
a) Os perfis de aço sejam laminados ou soldados, ou os perfis tubulares com ou
sem costura;
b) As ligações sejam executadas com parafusos ou soldas.

No item C.3.1 da norma NBR 8800 [2], diz que os valores máximos para
deslocamentos verticais em uma viga simplesmente apoiada estão expressos na tabela C.1 que
neste trabalho será retratada na Figura 7.
Figura 7 – Tabela de deslocamentos máximos.

Fonte: Norma ABNT NBR 8800 [2].

Nota-se na figura que em vigas de rolamento o deslocamento vertical para pontes


rolantes (e nesse caso também se aplica à pórticos rolantes) com capacidade nominal inferior a
200 kN é igual a L/600, onde L é o comprimento da viga principal.
37

1.1.5. Fundamentos de mecânica dos sólidos

1.1.5.1. Tensão

Um material com uma geometria qualquer ao ser submetido a forças externas estará
sujeito ao fenômeno da tensão, esta é uma forma de demonstrar o efeito da distribuição da carga
interna ao longo do volume do corpo. Para o melhor estudo da tensão, geralmente, divide-se um
maior em elementos infinitesimais (cubos) o objeto de estudo, como mostra a figura 8. Ainda pode
acontecer de existir tensões diferentes em vários elementos infinitesimais ao mesmo tempo,
HIBBELER [4]; NORTON [6].

Figura 8 – Elemento infinitesimal

Fonte: Norton (2013)

As componentes das tensões que atuam perpendicularmente à face do cubo em uma


determinada direção são conhecidas como tensão normal. Podendo ser de tração (quando tendem
a puxar as faces opostas do cubo) ou de compressão (quando tendem a empurrar as faces opostas
do cubo). Existem ainda as componentes que atuam na direção paralela da face do cubo e são
denominadas de tensão de cisalhamento, que são sempre em pares e em faces opostas,
NORTON [6].
38

1.1.5.2. Tensão normal

Norton [6], afirma que existindo uma força aplicada no centroide de uma
determinada área e uma outra aplicada em uma face oposta, e essas forças sendo colineares e de
sentidos opostos, será obtido um corpo em compressão ou tração pura, como mostra a figura 9, e
irá gerar uma tensão normal (𝜎𝑥 ) que pode ser calculada de acordo com a equação 1:

𝑃
𝜎𝑥 = (1)
𝐴

, onde P é a força aplicada e A é área da seção transversal.

Figura 9 – Corpo em tração pura

Fonte: Norton [6].

1.1.5.3 Tensão de cisalhamento

Hibbeler [4], define a tensão de cisalhamento como a componente que age


paralelamente a área seccionada, considerando uma força F aplicada no centro da face, como
mostrada na figura 10(a), o corpo deverá deformar ao longo dos planos AB e CD. Fazendo o
diagrama de corpo livre, observa-se que duas componentes de forças V = F/2 aparecerá para
manter o corpo em equilíbrio, como mostra a figura 10(b). Assim, surgirá a tensão de cisalhamento
(𝜏𝑥 ), que aparece na figura 10(c), e é calculada conforme a equação 2:

𝑉
𝜏𝑥 = (2)
𝐴
, onde A é a área da seção AB ou CD.
39

Figura 10 – Processo de formação da tensão de cisalhamento

Fonte: Hibbeler [4].

1.1.5.4 Tensão normal de flexão

Em um corpo onde existe um determinado momento fletor M, estará associado a


ele uma tensão normal, sendo chamada de tensão de flexão. A figura 4 apresenta uma viga
biapoiada, com duas forças iguais P, que estão sendo aplicadas nos pontos A e B, que estão a
mesma distância das extremidades, NORTON [6].

Os gráficos do esforço cortante e do momento fletor para o caso em estudo, também


estão representados na figura 11 e, observa-se que entre os pontos A e B, que a viga está em flexão
pura, pois não há esforço cortante nessa região, NORTON [6].

Figura 11 – Viga biapoiada em flexão pura

Fonte: Norton [6].

Agora pode-se analisar a seção transversal da viga, esta aparece representada na figura
5, inicialmente sendo mostrada sem o carregamento 12(a). Sendo o momento positivo, a linha AA
deve sofrer compressão e a linha BB sofre tração, e a linha neutra (centroidal) não sofre nenhuma
deformação como mostrado na figura 12(b), que ainda mostra a distribuição da tensão ao longo da
seção transversal, NORTON [6].
40

Figura 12 – Segmento em flexão pura

Fonte: Norton [6].

De acordo com Norton [6], a tensão de flexão possui módulo zero na linha neutra e
é linearmente proporcional à distância y da linha neutra, e pode ser calculada conforme a
equação 3:

𝑀. 𝑦
𝜎𝑓 = − (3)
𝐼
, onde M é o momento fletor aplicado na região e I é o momento de inércia da área da seção
transversal.
Nas fibras externas, quando y tem sua dimensão máxima (c), é onde acontece a
máxima tensão de flexão, e é calculada de acordo a equação 4:
𝑀. 𝑐
𝜎𝑓 = (4)
𝐼

1.1.5.5 Tensões principais

Os sistemas de eixos usados para calcular as tensões aplicadas são arbitrários e são
escolhidos de forma a facilitar esse processo. Em qualquer sistema de coordenadas escolhido
sempre haverá planos nos quais as componentes de tensão de cisalhamento serão nulas, as tensões
normais que atuam nesses planos são chamadas de tensões principais e esses planos são chamados
de planos principais, NORTON [6].
41

Há ainda um conjunto de planos que estão a 45° dos planos principais onde as tensões
normais são nulas, as de cisalhamento são máximas e elas serão as tensões de cisalhamento
principais. A figura 13 mostra um determinado sistema de coordenadas com seus respectivos
planos e tensões principais, NORTON [6].

Figura 13 - Tensões principais em um elemento bidimensional

Fonte: Norton [6].

1.1.5.6 Tensão equivalente de Von Mises

Para casos onde existe uma tensão normal e uma de cisalhamento em um


determinado local, torna-se difícil o estudo do caso sob a análise de duas tensões simultaneamente.
A tensão equivalente de Von Mises, surge como uma ferramenta, que transforma essas tensões em
uma única tensão de tração uniaxial que criaria a mesma energia de deformação, sendo ela
comumente utilizada em estudos de materiais dúcteis, NORTON [6].

Norton [6], mostra que conhecendo as tensões principais, a tensão de Von Mises σ΄
em um caso tridimensional pode ser calculada de acordo com a equação 5:

𝜎΄ = √𝜎₁2 + 𝜎₂2 + 𝜎₃2 − 𝜎₁𝜎₂ − 𝜎₁𝜎₃ − 𝜎₂𝜎₃ (5)

É possível calcular ainda a tensão de Von Mises a partir das tensões aplicadas em
qualquer sistema de eixos arbitrários, a equação 6 demonstra esta forma.

2 2
[(𝜎𝑥 − 𝜎𝑦 ) + (𝜎𝑦 − 𝜎𝑧 ) + (𝜎𝑧 − 𝜎𝑥 )2 + 6(𝜏𝑥𝑦
2 + 𝜏 2 + 𝜏 2 )]
𝑦𝑧 𝑧𝑥
𝜎΄ = √ (6)
2
42

Para casos bidimensionais devem ser usadas as equações 7 ou 8, respectivamente.

𝜎′ = √𝜎₁2 − 𝜎1 𝜎3 + 𝜎3 ² (7)

𝜎΄ = √𝜎𝑥2 + 𝜎𝑦2 − 𝜎𝑥 𝜎𝑦 + 3𝜏𝑥𝑦


2 (8)

1.1.6. Fundamentos de elementos finitos

Com o avanço da tecnologia, engenheiros e cientistas foram capazes de desenvolver


modelos matemáticos, mesmo que aproximados, para descrever o comportamento físico da
maioria dos materiais usados na engenharia. Em quase sua totalidade, os modelos matemáticos
resultam em equações algébricas, diferencias, integrais ou em suas combinações. A resolução
dessas equações de uma forma fechadas ou algebricamente são raras e, para a sua resolução é
necessário a utilização de métodos numéricos que fornecem soluções aproximadas com uma
precisão razoável, KIM; SANKAR [5].

Entre os diferentes métodos numéricos que existem, o Métodos dos Elementos


Finitos surge como uma excelente ferramenta para resolver equações diferenciais parciais e
integral-diferenciais. O MEF resulta em programas computacionais versáteis que podem resolver
muitos problemas práticos com uma quantidade mínima de treinamento, isto faz dele
extremamente popular e preferido nas diversas áreas da engenharia e ciência aplicada, KIM;
SANKAR [5].

Kim e Sankar [5], afirmam que o princípio do MEF é dividir o sistema em


elementos menores (elementos finitos), identificar os graus de liberdade e, escrever as equações
que descrevem o comportamento de cada elemento e sua interação com os elementos vizinhos. As
equações no nível dos elementos são reunidas e organizadas para se obter as equações globais,
estas ao serem resolvidas, fornecem os graus de liberdade desconhecidos.

Destaca-se que o MEF é uma solução aproximada, que usa polinômios simples,
preferencialmente lineares ou quadráticos, dentro de cada elemento. Como os elementos estão
conectados ao longo de todo o sistema, é possível obter a solução aproximada do sistema usando
os polinômios das partes que o compõem, KIM; SANKAR [5].
43

1.1.6.1 Dimensão e graus de liberdade dos elementos finitos

Norton [6], classifica alguns dos elementos finitos, dividindo-os em grupos com
uma, duas e três dimensões, chamados de 1-D, 2-D e 3-D, conforme mostra a figura 14. Esses
grupos dimensionais definem quantos graus de liberdade cada nó de um elemento tem e, nota-se
que o elemento de linha está presente em todos os grupos.

Figura 14 – Elementos finitos mais comuns

Fonte: Norton [6]

Os elementos de linha são adequados para modelar estruturas como: membros de


treliças e vigas com área de seção transversal constante. E podem ter 1, 2, 3 e 6 graus de liberdade
em cada nó, NORTON [6].

Um elemento de linha 1-D tem dois GL no total, um em cada nó. Fisicamente,


isso representa um elemento de treliça, conectado por pinos nas uniões com seus
vizinhos. O elemento de linha pode apenas transmitir força ao longo do seu comprimento
(unidimensional) e não pode suportar momento nos nós, NORTON [6].

Os elementos de linha 2-D têm 3 GL por nó e pode representar uma viga 2-D, com
momento e força em duas direções. Podem ainda, ser utilizados para modelar estruturas
tridimensionais se sua geometria e seu carregamento criam um caso de tensão plana ou deformação
plana no qual suas magnitudes são nulas na terceira dimensão. Para uma análise 2-D de uma viga
ser válida, todos os planos longitudinais devem permanecer em seus planos originais quando a
viga deflete, NORTON [6].
44

Nos elementos de linha 3-D têm 6 GL por nó e pode representar um eixo-viga


tridimensional com momentos e torques em adição às forças lineares nas três direções. E são os
elementos necessários para análise de componentes ou estrutura que possuem uma geometria
muito complexa, NORTON [6].

1.1.6.2 Condições de contorno

De acordo com Norton [6], a inclusão de condições de contorno (CC) na análise de


um determinado componente, que representam de acordo com a realidade as restrições, não é uma
tarefa simples e pode fazer a diferença entre uma solução razoável ou ridícula para o problema. O
uso dessas restrições deve ser aplicado aos nós do modelo.

Com o uso das condições de contorno, deve-se no mínimo, ter restrições em


número suficiente para remover qualquer grau de liberdade cinemático e manter a peça em
equilíbrio estático. Além disso, as conexões físicas de um componente com relação ao seu vizinho,
como em uma montagem em software CAD, por exemplo, devem ser modeladas as mais próximas
possíveis. Ainda, as CC não devem restringir nem permitir deformações que na verdade não
ocorreriam, NORTON [6].
45

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Para este projeto foi realizada inicialmente uma conversa com o proprietário de uma
empresa metal-mecânica que atua no mercado metalúrgico e que, devido ao segmento de atuação,
seus principais produtos desenvolvidos são geralmente de grande porte, pesados e com grandes
dimensões. Esta conversa teve o intuito de saber quais suas reais necessidades, seguida de uma
análise das dimensões do galpão afim de definir as características principais do pórtico móvel
como altura, comprimento do vão, carga de serviço entre outras.

Constatou-se então a necessidade de um pórtico rolante univiga que suportasse uma


carga de serviço de 4 Ton com 4 metros de altura por 4 metros de vão e com rodas instaladas em
sua base afim de dar maior mobilidade à estrutura para que a mesma possa percorrer toda a
extensão do galpão não se restringindo apenas a um sistema fixo de trilhos.

2.1. CLASSIFICAÇÃO DA ESTRUTURA

Tendo conhecimento das necessidades e características físicas da empresa, foi possível


definir as especificações que o pórtico deve possuir, sendo assim, para que sua estrutura suporte a
carga de serviço estipulada ela deve ser classificada e dimensionada de acordo com a norma técnica
NBR 8400 [1], que trata justamente do cálculo de equipamentos para levantamento e
movimentação de carga.

A partir da norma será possível definir informações importantes para o


dimensionamento da viga principal, essas informações serão divididas em 6 passos, que são:

1. A classe de utilização;
2. O estado de carga;
3. A classificação da estrutura;
4. A classe de funcionamento;
5. A solicitação dos mecanismos;
6. O grupo de mecanismos.
46

Definição da classe de utilização do equipamento:

De acordo com a Tabela 1 adaptada diretamente da norma NBR 8400 [1], que mostra
as classes de utilização dos equipamentos foi definido que o pórtico trabalhará de forma regular
em regime intermitente, sendo assim sua classe de utilização será a classe B, o que indica que seu
número convencional de ciclos de levantamentos será de 2,0 x 105.

Definição do estado de carga:

Tendo como base a Tabela 2 que mostra o estado de tensão de um elemento e tem o
objetivo de caracterizar a severidade do serviço que o equipamento está sendo submetido, foi
definido que seu estado de tensão é o 2 (médio), onde seus elementos estão sendo submetidos
frequentemente à sua tensão máxima e comumente a tensões compreendidas entre 1/3 a 2/3 da
tensão máxima.

Classificação do grupo das estruturas:

A partir do estado de tensões relacionado com o número convencional de ciclos de


levantamento, é possível classificar o grupo ao qual a estrutura pertence que é o grupo 4. Com isso
é obtido o valor do coeficiente de majoração Mx a partir da Tabela 8, que por sua vez corresponde
a 1,06.

Definição da classe de funcionamento:

Foi definido que o tempo médio de funcionamento diário do pórtico será de 2 a 4 horas
por dia, sendo assim, de acordo com a Tabela 4 sua classe de funcionamento é a classe V2.

Definição do estado de solicitações dos mecanismos:

De acordo com a Tabela 5 que classifica o estado de solicitações dos mecanismos, foi
definido que o pórtico terá um estado de solicitação nível 3, onde os mecanismos ou elementos de
mecanismos serão submetidos a 2/3 das solicitações máximas.

Definição do grupo dos mecanismos:

Relacionando o estado de solicitação dos mecanismos com sua classe de


funcionamento foi definido a partir da Tabela 6 que o grupo ao qual os mecanismos pertencem é
o grupo 3m.
47

Ainda segundo a norma NBR 8400 [1], o cálculo da estrutura é efetuado determinando
as tensões atuantes durante seu funcionamento. Essas tensões são avaliadas com base nas seguintes
solicitações:

 Solicitações sobre a estrutura estática, no estado mais desfavorável;


 Devidas ao movimento vertical;
 Devidas ao movimento horizontal;
 Efeitos da inércia devido a aceleração e desaceleração;
 Solicitações devido ao movimento transversal;
 Efeitos de choque.

Com essas informações é possível obter valores necessários no dimensionamento, que


são eles:

 Coeficiente de Majoração (Mx);


 Coeficiente dinâmico (Ψ);
 Tempos de aceleração.

Como foi dito anteriormente, o coeficiente de majoração Mx foi obtido a partir da


Tabela 8 e seu valor é de 1,06.

Já o coeficiente dinâmico Ψ pode ser definido utilizando a Tabela 7 que mostra valores
de coeficientes dinâmicos para diferentes faixas de velocidades de elevação de carga e diferentes
equipamentos. Foi definido então que o pórtico trabalhará com velocidade de elevação de carga
igual a 0,25 m/s o que indica de seu coeficiente dinâmico Ψ deve ser igual a 1,15.

A partir dessa velocidade de elevação de carga de 0,25 m/s é possível encontrar com a
ajuda da Tabela 10 o tempo de aceleração e a aceleração alcançada durante o içamento da carga
que foram respectivamente de 32 s e 0,078 m/s².

2.2. DIMENSIONAMENTO DA VIGA PRINCIPAL

Para uma melhor compreensão da parte do leitor, o cálculo dimensional da estrutura


será dividido em etapas, que são:

 Carga total da estrutura;


 Momento fletor máximo;
 Esforço cortante máximo;
48

 Tensão normal admissível;


 Tensão de cisalhamento admissível;
 Escolha do perfil adequado;
 Verificação do perfil escolhido.

2.2.1. Carga total da estrutura

Sabendo que o galpão da empresa possui aberturas laterais para possibilitar a


movimentação dos caminhões, o caso de solicitação escolhido foi o casso II, onde o equipamento
atua normalmente na presença de vento limite de serviço. Logo, é possível calcular a carga total
da estrutura a partir da equação 2 da seguinte maneira:

𝑃 = 𝑀𝑥 . (𝑆𝑔 + 𝛹. 𝑆𝑙 + 𝑆ℎ) + 𝑆𝑤

𝑃 = 1,06 . (423 + 1,15 . 4000 + 1033,75) + 250

, onde 𝑆𝑔 é a soma do peso próprio da viga de 288 kg mais o peso da talha elétrica de 135 kg,
obtendo assim uma carga P = 6670,155 kgf ou 65,4 kN. Inicialmente foi estipulou-se o peso
próprio da viga e posteriormente após a escolha do perfil o cálculo foi refeito o valor adequado
para o dimensiomento.

2.2.2. Momento fletor máximo

Por ser montada sobre uma estrutura alta (4 metros) e sobre rodas, os apoios não
conseguem restringir, com características de suportes indeslocáveis, movimentos na direção
horizontal e rotações de esgastamento integral. Considerando esses aspectos os apoios teriam
características de engastamento parcial, porém, como não se pode determinar o percentual desse
engastamento, decidiu-se de maneira conservadora adotar um modelo isostático biapoiado por
levar a um momento máximo maior que em outras condições de contorno.

Para calcular o momento fletor máximo na viga, a estrutura deve estar no seu estado
mais desfavorável, ou seja, com a carga no meio do vão, assim como mostra a figura 15.

Figura 15 – Carga no meio do vão.

Fonte: acervo do autor


49

𝑃.𝐿
A partir dessa situação aplica-se a equação 𝑀𝑚á𝑥 = , onde P é a carga total do
4
sistema e L é o comprimento do vão onde obtemos 𝑀𝑚á𝑥 = 65,4 𝑘𝑁. 𝑚.

2.2.3. Esforço cortante máximo

Para o cálculo do esforço cortante máximo a carga deve ser deslocada para uma de
suas extremidades pelo fato de que com a carga na extremidade o momento fletor é mínimo e por
consequência o esforço cortante é máximo, assim como é mostrado na figura 16.

Figura 16 – Carga deslocada para uma das extremidades

Fonte: acervo do autor

Calculando os esforços verticais da estrutura nessa situação obtemos valores iguais a


49,1 kN na extremidade mais próxima da carga e 16,4 kN na extremidade mais afastada da carga,
logo 𝑉𝑚á𝑥 = 49,1 𝑘𝑁.

2.2.4. Tensão normal admissível

Foi definido previamente que o aço utilizado na confecção da viga principal será o
ASTM A 572 Grau 50 que possui limite de escoamento igual a 345 MPa e limite de resistência
igual a 450 MPa e seu fabricante é a empresa Gerdau.

Sabendo disso, de acordo com o item 6.6.1 da norma NBR 8400 [1], a tensão calculada
não deve ultrapassar a tensão admissível relacionada com a tensão de ruptura do material utilizado
e que o valor da tensão normal admissível é 𝜎ₐ = 128,57 𝑀𝑃𝑎 encontrado a partir da equação 9:

𝜎ᵣ
𝜎ₐ = (9)
𝑞.𝐹𝑆ᵣ

, onde 𝜎ᵣ é o limite de resistência do material , q é um coeficiente que leva em conta certa


possibilidade de se ultrapassar a tensão calculada, devido as imperfeições do cálculo e aos
50

imprevistos podendo ser encontrado na Tabela 10 e 𝐹𝑆ᵣ é o coeficiente de segurança em relação


a ruptura do material e pode ser encontrado na Tabela 11.

2.2.5. Tensão de cisalhamento admissível

Segundo o item 5.8.1.2 da norma NBR 8400 [1], nos elementos solicitados ao
cisalhamento puro, a tensão de cisalhamento admissível é dada pela equação 10:

𝜎ₑ
𝜏ₐ = (10)
√3

, onde 𝜎ₑ corresponde a 60% da tensão de escoamento do material utilizado, então temos que

𝜏ₐ = 120 𝑀𝑃𝑎 .

2.2.6. Escolha do perfil adequado

Foram utilizadas duas maneiras para a escolha do perfil adequado para a construção
da viga principal do pórtico, são elas:

 Comparação do módulo resistente 𝑊𝑥 ;


 Comparação do momento de inercia 𝐼𝑥 .

Comparação do módulo resistente:

Conhecendo os valores do momento fletor máximo 𝑀𝑚á𝑥 e da tensão normal


admissível 𝜎ₐ , o módulo resistente 𝑊𝑥 , que pode ser calculado a partir da equação 11 tem valor
igual a 𝑊𝑥 = 508,44 𝑐𝑚³.

𝑀𝑚á𝑥
𝑊𝑥 = | | (11)
𝜎𝑎

Comparação do momento de inercia:

Conforme descrito no item 2.4.2, a norma técnica NBR 8800 [2], estabelece que para
pontes e pórticos rolantes com capacidade nominal inferior a 200 kN o deslocamento vertical
máximo (𝛿𝑚á𝑥 ) não deve ultrapassar o valor de L/600, sendo L o comprimento do vão, então
temos que 𝛿𝑚á𝑥 = 6,67 𝑚𝑚.
51

Assim o momento de inercia calculado a partir da equação 12 é 𝐼𝑥 = 6377,299 𝑐𝑚4 ,


onde o módulo de elasticidade 𝐸 é igual a 205 GPa, segundo o catalogo da Gerdau.

𝑃.𝐿³
𝐼= (12)
48.𝐸.𝛿𝑚á𝑥

Sabendo dos valores de 𝑊𝑥 e 𝐼𝑥 , foi possível selecionar o perfil comercial W360x72,


da empresa Gerdau, que tem suas dimensões descritas na figura 17 e valores expressos na
tabela 13.

Figura 17 – Perfil W Tabela 13 – Propriedades do perfil W360x72

Propriedade Valor Unidade

Massa linear 72 kg/m

D 350 mm

bf 204 mm

tw 8,6 mm

tf 15,1 mm

H 320 mm

d’ 288 mm

R 5,47 mm

𝐼𝑥 20169 𝑐𝑚4
Fonte: http://tudo-sobre-pontes-
rolantes.com.br/perfil-i-s-w-caixao/
𝑊𝑥 1152,5 𝑐𝑚3

Fonte: <www.gerdau.com.br> adaptado pelo


autor (2018).
52

2.2.7. Verificação do perfil escolhido

Para verificar se o perfil escolhido atende aos pré-requisitos do dimensionamento,


deve-se calcular sua tensão normal 𝜎𝑥 e tensão de cisalhamento 𝜏𝑥 afim de compara-las com as
tensões admissíveis.

Utilizando as equações 13 e 14 é possível calcular as tensões normal e de cisalhamento:

𝑀𝑚á𝑥 .𝑦
𝜎𝑥 = (13)
𝐼𝑥
𝑉𝑚á𝑥
𝜏𝑥 = | | (14)
𝐴𝑎𝑙𝑚𝑎

, onde seus valores são respectivamente 𝜎𝑥 = 53,34 MPa e 𝜏𝑥 = 17,81 MPa, portando o perfil
escolhido passa na verificação pois estão abaixo dos valores admissíveis.
53

2.3. MODELAGEM DA VIGA PRINCIPAL NO SPACECLAIM

Para a modelagem da viga principal foi escolhido o software SpaceClaim como


ferramenta de construção de sólidos 3D, pois o mesmo já vem incorporado ao software Ansys, o
que facilita a simulação em elementos finitos, não sendo necessário a importação da geometria de
outra plataforma de geração de sólidos 3D. A versão do Ansys utilizada neste trabalho foi a versão
estudantil 19.0.

Na construção do perfil foram feitas algumas modificações afim de que ele se adeque
à montagem final do pórtico, essas modificações foram a incorporação de enrijecedores em suas
extremidades e furos de meia polegada nas extremidades da mesa inferior para sua fixação, assim
como é mostrado na figura 18.

Figura 18 – Imagem 3D do perfil no SpaceClaim

Fonte: Acervo do autor


54

Foi utilizado a ferramenta Midsurface encontra na aba Prepare do SpaceClaim com


intuito de extrair os planos médios dos sólidos desenhados resultando no perfil mostrado na
figura 19.

Figura 19 – Resultado a utilização da ferramenta Midsurface no perfil modelado.

Fonte: Acervo do autor

2.4. SIMULAÇÃO EM ELEMENTOS FINITOS DA VIGA PRINCIPAL NO


SOFTWARE ANSYS

Após a modelagem a modelagem do perfil no SpaceClaim, realizou-se uma análise


estática em elementos finitos no software Ansys afim de avaliar os esforços atuantes na viga
principal do pórtico móvel.

Os esforços previamente dimensionados foram adicionados considerando a situação


mais crítica para a estrutura, ou seja, quando todos os carregamentos estão atuando de forma
simultânea.

Na aba Project do Ansys foram utilizadas as ferramentas Static Structural e Eigenvalue


Buckling de forma conjugada assim como mostra a figura 20, no intuito de avaliar não só os
esforços e deformações, mas também os possíveis efeitos de flambagem no perfil.
55

Figura 20 - Project Schematic

Fonte: Acervo do autor

Na célula Engineering Data do Static structural é possível escolher o material que será
utilizado na modelagem da peça assim como mostra a figura 21, afim de que a simulação retrate
fielmente a realidade.

Figura 21 – Engineering Data

Fonte: Acervo do autor


56

Na célula Model é onde todos as definições da geometria, sistemas de coordenadas,


conexões, ramificações de malha e esforços atuantes serão adicionados considerando a situação
mais crítica para a estrutura.

Clicando nela é aberta a ferramenta Mechanical da Multiple Systems, onde em seu


menu Outline observa-se os tópicos Geometry, Coordinate Systems, Conections, Mesh, Named
Selections, Static Structural e Eigenvalue Buckling responsáveis pelas configurações das
condições de contorno e malha do solido, assim como mostra a figura 22.

Figura 22 – Menu Outline

Fonte: Acervo do autor

O tópico Geometry representa a geometria anexada na forma de uma montagem ou


peça multicorpo de um sistema CAD que nesse caso foi modelada no SpaceClaim.

Coordinate Systems mostra as coordenadas X, Y e Z do sólido e seu ponto de origem


e em conections é possível definir conexões entre duas ou mais partes ou corpos, incluindo
configurações globais na exibição de detalhes que se aplicam a todos os objetos.

Em Mesh é onde se gerenciam todas as proprieades de malha e ferramentas para um


modelo, além de incluir controles globais que governam a malha por completo e Named Selections
são pastas criadas para anexar qualquer quantidade de objetos selecionados individualmente pelo
usuário.

Em Static Structural estão todos os dados relacionados a análise, como a área que
sofrerá toda a pressão da carga e os pontos de fixação da estrutura. Todos os resultados como
deslocamentos, tensões, deformações e as forças que estão atuando na estrutura e em seus
componentes são agrupados dentro da pasta Solution contida dentro deste item.
57

E com o uso do Eigenvalue Buckling é possível prever a resistência teórica a


flambagem de uma estrutura elástica ideal. Este método corresponde a uma abordagem didática,
no entanto algumas imperfeições e não-linearidades impedem que a maioria das estruturas reais
atinjam sua resistência elástica, logo o Eigenvalue Buckling pode produzir frequentemente
resultados rápidos, porém não conservativos.

Sabendo do que cada tópico é capaz de criar é possível estabelecer as condições de


contorno que foram utilizadas na simulação deste trabalho, começando pelas configurações da
carga externa que por sua vez foi escolhida ser adicionada em forma de pressão ao invés de força
pois favorece os resultados obtidos ao não proporcionar deformações localizadas.

A área que sofrerá toda a pressão da carga corresponde a área das rodas motoras do
trolley elétrico que ficará apoiado na parte central da mesa inferior da viga assim como é mostrado
na figura 23, o valor desta área é de 36892 mm², logo o valor da pressão aplicada é de 1,06 MPa.

Como a forma de fixação da viga será por meio de parafusos, foram adicionados como
suporte de fixação as paredes internas dos furos por onde irão passar os parafusos fixadores, assim
como também é mostrado na figura 23.

Figura 23 – Pressão e suportes de fixação

Fonte: Acervo do autor


58

Continuando a escolha das condições de contorno, sabe-se que uma malha ideal é
aquela em que os elementos são igualmente divididos ao longo do corpo do objeto e para isso é de
fundamental importância a escolha adequada do elemento e do método de geração da malha. O
software por sua vez, dispões de vários tipos de geração de malha, contudo o elemento escolhido
para gerar a malha foi o linear 1D, pois como é citado no tópico 1.1.6.1 ele é o elemento ideal para
modelagem de componentes estruturais e o método escolhido foi o método direto, gerando assim
uma malha de qualidade, como é mostrado na figura 24 e figura 25 detalhando a malha mais
refinada na região dos furos.

Figura 24 – Geração da malha

Fonte: Acervo do autor

Figura 25 – Malha mais refinada na região dos furos

Fonte: Acervo do autor


59

Portanto, com o uso dessas configurações para geração da malha, nota-se uma malha
refinada em toda a estrutura da viga, gerando assim resultados precisos e confiáveis em qualquer
ponto do suporte.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste tópico serão apresentados os resultados obtidos a partir da simulação em


elementos finitos no software Ansys com o intuito de avaliar o comportamento da viga principal
do pórtico móvel.

A figura 26 ilustra o resultado da deformação total obtido na simulação. O valor


máximo encontrado foi de 0,88 mm na fibra mais externa da parte central da mesa inferior, sendo
que na mesma região um pouco mais próximo da alma o valor da deformação diminui para
0,74 mm, logo essa pequena variação de 0,14 mm é irrelevante e não vai interferir na
movimentação do trolley.

Portanto o perfil escolhido está de acordo com o dimensionamento, pois como foi visto
no item 1.1.4.2 o valor da deformação vertical máxima de acordo com a norma NBR 8800 [2] é
de 6,67 mm.

Figura 26 – Deformação total da viga

Fonte: Acervo do autor

Vale salientar que a escala da imagem foi ampliada para proporcionar um melhor
entendimento do leitor já que na escala real a deformação é imperceptível.
60

Na figura 27 estão expressos os valores da tensão equivalente de Von Mises obtidos


na simulação.

Figura 27 – Valores da tensão de Von Mises

Fonte: Acervo do autor

O seu valor máximo encontrado foi de 301,17 MPa. Esse valor elevado é ocasionado
por um pico de tensão que ocorre na aresta inferior de um dos furos de fixação da viga por ser um
local onde ocorre concentrações de tensão.

Este valor máximo pode ser desconsiderado da análise por dois motivos, o primeiro é
ser inferior a tensão limite de escoamento uma vez que esta tem valor igual a 345 MPa como foi
visto no item 2.2.4, que por sua vez, também mostra que a tensão normal admissível é calculada
utilizando-se como parâmetro a tensão de ruptura do material, logo o limite de escoamento por
mais que fosse ultrapassado não traria danos a estrutura.

E o segundo é por existir em uma porção inferior a 0.1% do volume total da viga de
forma que ao longo do seu corpo a tensão permanece quase constante, tendo apenas um leve
acréscimo no seu valor na parte inferior central.
61

Figura 28 – Pico de tensão na aresta inferior do furo

Fonte: Acervo do autor

O acréscimo de tensão que ocorre na parte inferior central da viga tem valor igual
a 68,61 MPa, e é devido ao surgimento de uma tensão normal e uma de cisalhamento de forma
simultânea, e assim como é explicado no item 1.1.5.6, a tensão de Von Mises surgiu justamente
como uma ferramenta que transforma essas tensões em uma única tensão de tração uniaxial, dessa
forma ocorre esse aumento de tensão nesse local, pois como é visto na figura 29, seu formato
proporciona o surgimento dessas tensões.

Figura 29 – Formato que proporciona a alteração na tensão de Von Mises

Fonte: Acervo do autor


62

Na figura 30 temos o resultado de um dos modos de flambagem gerados na simulação


pela ferramenta Eigenvalue Buckling, onde é possível observar um caso bem nítido de flambagem
lateral com torção (FLT).

Figura 30 – Flambagem lateral com torção (FLT)

Fonte: Acervo do autor

Nota-se que o maior deslocamento de 1,02 mm ocorre na parte central da mesa


superior, isso ocorre pelo fato dessa região está sofrendo uma compressão, pois como a carga está
localizada no centro e exercendo uma força no sentido de cima para baixo, toda a região abaixo da
linha neura será tracionada e a região acima da linha neutra será comprimida. Como a mesa
superior está vinculada a alma, ela sofre uma resistência na direção vertical, logo seu deslocamento
tende para a lateral.
63

A figura 31 mostra o detalhe da vista frontal da peça, o que nos dá uma melhor
compreensão desse deslocamento lateral.
Figura 31 – Vista frontal da viga sofrendo FLT

Fonte: Acervo do autor

Como foi dito anteriormente no item 2.4 deste trabalho, o Eigenvalue Buckling é capaz
prever a resistência teórica a flambagem de uma estrutura elástica ideal, desta maneira, de todos
os modos de flambagem gerados na simulação, apenas este está condizente com a realidade, os
demais modos de flambagem contém imperfeições que impedem a estrutura de ser avaliada de
forma correta.

Analisado os resultados obtidos de deformação total, tensão de Von Mises e resistência


a flambagem, é possível observar que:

 A deformação total da viga em seu estado mais crítico foi de 0,88 mm, o que
representa 13,2 % da deformação vertical admissível, logo está dentro do limite
estabelecido pela norma;
 Na análise da tensão de Von Mises ocorreu um pico de tensão na aresta inferior
de um dos furos por ser um local de concentração de tensões, porém esse pico
pode ser desconsiderando pois não atinge o limite de ruptura do material e se
encontra apenas em uma porção inferior a 0,1 % do volume total. Dessa
maneira considerou-se que a tensão máxima encontrada foi de 68,61 MPa o
que representa 53,4 % da tensão admissível.
 Na análise de resistência a flambagem observou-se um caso de flambagem
lateral com torção (FLT), contudo, sua máxima deformação foi de apenas
1,02 mm o que indica que é imperceptível e não causa nenhum risco a estrutura.
64

4. CONCLUSÃO

Tomando como base a norma NBR 8400 [1] e NBR 8800[2], o cálculo dimensional
possibilitou a seleção do perfil comercial W360x72, fabricado pela empresa Gerdau, que se
mostrou o mais leve dentro dos perfis que passaram nas verificações da análise da tensão normal
e tensão de cisalhamento, ao compara-las com as tensões admissíveis, logo mostrou-se o perfil
mais econômico.

Com os resultados obtidos na simulação foi possível identificar os pontos máximos e


mínimos de tensão e deformação e constatou-se que todos estão dentro dos limites normativos,
observou-se ainda o surgimento de um pico de tensão na aresta inferior de um dos furos, contudo
este pico foi desconsiderado pois não atinge o limite de ruptura do material.

Portanto, através desse estudo foi possível dimensionar de forma adequada a viga principal
de um pórtico móvel e dessa forma, podemos concluir que a sua utilização como equipamento de
movimentação de cargas terá papel fundamental dentro de uma empresa metal-mecânica, trazendo
um aumento de produtividade e melhorando a segurança dos funcionários, atendendo assim o
objetivo proposto.

Uma sugestão para um futuro trabalho, seguindo a mesma linha de pesquisa na área de
máquinas de elevação e transporte, seria o dimensionamento de uma ponte rolante para futura
instalação no laboratório de usinagem do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Piauí – Campus Teresina Central, tendo em vista que a movimentação das máquinas dentro do
laboratório, atualmente, é feita de forma bastante rustica e exige uma demanda muito grande de
funcionários, logo a instalação de uma ponte rolante agilizaria esse processo e diminuiria a
demanda de funcionários e o risco de acidentes.
65

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8400: Cálculo de


equipamento para levantamento e movimentação de cargas. Brasil, ABNT. 1984.

[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: Projeto de estruturas


de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Brasil, ABNT. 2008.

[3] BRASIL, Haroldo Vinagre. Máquinas de Levantamento. Rio de Janeiro: Editora Guanabara
Dois S.A. 1985.

[4] HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais I. Tradução Arlete Simille Marques. Revisão
técnica Sebastião Simões da Cunha Jr. 7. ed. São Paulo. Pearson Prentice Hall. 2010;

[5] KIM, N. SANKAR, B. V. Introdução à análise e ao projeto em elementos finitos. Tradução


e revisão técnica Amir Elias Abdalla Kurbon. Rio de Janeiro. LTC, 2011;

[6] NORTON, Robert L. Projeto de máquinas, uma abordagem integrada. São Paulo, 2014.

[7] PASSOS, Lucas da Costa dos. Pontes rolantes, guindastes giratórios e acessórios de
movimentação de cargas. Brasil. 2011.

[8] REMOR, Gustavo Strassburger. Projeto conceitual de um pórtico rolante para


movimentação de pallets. Horizontina. 2012.

[9] RUDENKO, N. Máquinas de elevação e transporte. Tradução de João Plaza. Rio de Janeiro:
Livros Técnicos e Científicos, Editora S.A. 1976.

[10] SOBUE, Gustavo. Modelagem paramétrica de pórticos rolantes: estabilidade estrutural


e otimização. São Paulo. 2005.

[11] TAMASAUSKAS, Artur. Metodologia do projeto básico de equipamento de manuseio e


transporte de cargas - ponte rolante – aplicação não-siderúrgica. São Paulo, 2000.

Você também pode gostar