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TERESINA – PI
2018
NAURO BARBOSA NEVES
DIMENSIONAMENTO DA VIGA PRINCIPAL DE UM PÓRTICO MÓVEL
TERESINA
2018
Dedico o presente trabalho a mulher mais forte
e guerreira que eu conheço, minha Mãe
Conceição, que sempre me motivou a continuar
seguindo em frente para conquistar meus
objetivos mesmo tendo que abdicar dos seus e
a nunca desistir diante das dificuldades, pois
são elas que nos tornam mais fortes.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela sua infinita ajuda e auxílio em todos os momentos da minha vida;
Aos meus pais João da Cruz Pereira Neves e Conceição de Maria Barbosa Queiroz pelo amor e
carinho incessantes e pela excelente educação que me deram durante toda minha vida;
Ao meu professor orientador Helder Pontes pela orientação, conselhos e motivação que me
disponibilizou na elaboração deste trabalho;
Ao amor da minha vida Larisse pelo carinho, apoio, inspiração e motivação diária e por sempre
me incentivar a batalhar pelos meus sonhos;
Por fim, mas não menos importante, aos meus irmãos de curso Heitor, Moacir, Iara, André,
Flaviane, Lucas Costa, Benedito, Dyecks, Ricardo, Thyálita e Wesley por cada conversa e palavras
de apoio nos momentos difíceis, por cada vitória conquistada juntos e pela nossa amizade que será
eterna.
“Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar. ”
Gonçalves Dias
RESUMO
Pórticos móveis são equipamentos destinados a movimentação de carga bastante versáteis, pois
podem percorrer toda a extensão de uma indústria. Este trabalho apresenta dimensionamento da
viga principal de um pórtico móvel para a futura instalação no setor de montagem de uma empresa
metal-mecânica. Toda a análise estrutural e dimensionamento tiveram como base as normas
técnicas NBR 8400 [1] e NBR 8800 [2], que levaram a seleção do perfil comercial W360x72,
fabricado pela empresa Gerdau, que foi o mais leve a se mostrar adequado para a tarefa estipulada
ao passar pelas verificações impostas pelas normas vigentes. Posteriormente este perfil foi
modelado no software Space Claim com as cargas e condições de contorno adicionadas e
considerando a situação mais crítica para estrutura. Após a modelagem o perfil passou por análise
estática em elementos finitos no software Ansys, onde foram observadas as tensões atuantes e a
deformação vertical, cujos resultados estão dentro dos limites normativos, atendendo assim o
objetivo proposto.
Cranes are projected to movimentation of heavy loads and if they were able to freely dislocations
inside an industry or comercial plant, then it became very versatile. This work presents normatives
requirements and others calculations procedures to project a main beam of a mobile gantry
destined to equip a mechanical-metal industry plant. A structural analisys and sizing were
developed accordingly to NBR 8400 [1] and NBR 8800 [2] normative prescriptions, that leaded
to a comercial cross section W360x72, manufactured by Gerdau, which was the lightest shape to
atends al requirements. The beam choosed was modeled in Space Claim with all boundary
conditions placed. Then, a structural analisys by FEM was carried out in Ansys, where the applied
tensions and displacements were verified and the results were consistents to the normative
prescriptions.
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 15
1.1.5.1. Tensão................................................................................................................ 37
1.1.5.2. Tensão normal ................................................................................................... 38
1.1.5.3 Tensão de cisalhamento ...................................................................................... 38
1.1.5.4 Tensão normal de flexão..................................................................................... 39
1.1.5.5 Tensões principais .............................................................................................. 40
1.1.5.6 Tensão equivalente de Von Mises ...................................................................... 41
1.1.6. Fundamentos de elementos finitos .................................................................... 42
4. CONCLUSÃO........................................................................................................... 64
1. INTRODUÇÃO
O presente estudo visa suprir a necessidade de uma empresa metal-mecânica que atue
no mercado metalúrgico e devido ao segmento de atuação, os principais produtos desenvolvidos
são de grande porte, pesados e com grandes dimensões. Para uma empresa com essas
características e que, por exemplo, disponha de dois caminhões Munck para auxiliar o processo de
montagem e movimentação da carga, muitas vezes os caminhões não estão disponíveis, pois
podem estar prestando algum serviço fora da empresa. Como consequência podem ocorrer atrasos
na produção e um mal aproveitamento do espaço interno do galpão devido os caminhões ocuparem
uma área considerável quando utilizados para movimentar carga, podendo até ocasionar acidentes
de trabalho.
Analisar as normas NBR 8400 [1] e NBR 8800 [2] para poder aplicar as diretrizes das
mesmas no projeto do pórtico móvel;
Classificar e definir as características gerais do pórtico móvel, bem como as restrições de
projeto;
Avaliar as solicitações atuantes na viga principal e dimensioná-la conforme as normas
vigentes;
Realizar a modelagem da viga principal no Space Claim;
16
Para projetos desse tipo deve-se inicialmente ter uma conversa com o proprietário da
empresa com o intuito de saber quais suas reais necessidades seguida de uma análise das dimensões
do galpão afim de definir as características principais do pórtico móvel como altura, comprimento
do vão, carga de serviço entre outras.
Ainda neste tópico será feita uma revisão sobre as principais formas de tensão e
concentração de tensão, assim como o conceito de deformação e flambagem.
Se faz presente também uma análise sobre o que são elementos finitos, conceito de
elementos e seus graus de liberdade e o que são condições de contorno.
Esta revisão conta com as principais definições e expressões matemáticas usadas neste
trabalho. A inclusão delas é fundamental, uma vez que as definições vistas aqui serão usadas no
decorrer do mesmo.
Ainda segundo Passos [7], seja na implementação das grandes obras ou na realização
de trabalhos simplificados, torna-se indiscutível a importância da movimentação de cargas para o
desenvolvimento da humanidade.
Desde a retirada da matéria prima, sua manufatura até o consumo ou uso pelo cliente,
a movimentação de carga está presente em todas as fases ou processos de um produto por ser uma
atividade essencial para ele independente de seu volume ou peso a ser movimentado.
18
O que? – A carga a ser movimentada e/ou transportada deve possuir todas as suas
características definidas;
Onde? – Faz-se necessário conhecer o destino final da carga que será movida;
Rudenko [9] destaca que as máquinas de elevação e transporte são empregadas para
mover cargas em estabelecimentos, fábricas, nas indústrias, nos locais de construção e nos locais
de armazenagem e recarga de material, etc.
o equipamento correto será necessário conhecer qual o objeto vai ser movimentado, o espaço para
a realização dessa tarefa, entre outros fatores.
As máquinas de elevação e transporte possuem componentes que por sua vez sofrem
bastante esforço com muita frequência, e é de extrema importância que esses componentes não
rompam com esse esforço, o que ocasionaria a queda da carga, por isso eles devem ser fabricados
com um material de alta qualidade e seguir as instruções do fornecedor desse material.
22
Rudenko [9] ainda afirma que um sistema de transporte organizado sobre uma linha
racional melhora a qualidade de um produto, aumenta a produtividade de trabalho nos
departamentos, ajuda a economia e melhora as condições de trabalho.
Para Remor [8], pórticos rolantes são equipamentos projetados para a movimentação
de cargas de forma bastante versátil e podem ser utilizados tanto dentro de galpões industriais
quanto fora ao céu aberto. São diferentes das pontes rolantes por terem uma estrutura autônoma
que não dependem de estruturas do edifício para se sustentarem, irão depender apenas de um piso
regular compactado e de energia elétrica caso seja movido por um motor elétrico.
Segundo Sobue [10], seu objetivo é movimentar cargas nos eixos longitudinal,
transversal e vertical. Seus custos de manutenção e operação são baixos e podem abranger grandes
áreas, podendo suportar até 80 toneladas e ter vãos de até 40 metros dependendo da necessidade
do projeto, sendo empregados em usinas hidrelétricas, usinas de navegações, em portos,
mineradoras e na indústria em geral.
Sendo assim, o pórtico rolante é capaz de suprir as necessidades que uma empresa tem
de movimentação aérea de carga e ainda tem a vantagem de não ser necessária a modificação da
estrutura do local a ser instalado, o que proporciona ao dono da empresa a facilidade na
movimentação de equipamentos e produtos.
24
De acordo com Remor [8], dependendo do projeto os pórticos rolantes podem ser de
vários tipos e formatos. Os principais tipos são:
Monobloco ou Univiga;
Dupla-viga;
Semipórtico.
Pórtico Monobloco ou univiga é o pórtico projetado para ter apenas uma única viga
principal, e esta por sua vez pode ser de vários perfis diferentes, entre os mais utilizados é a viga
caixão e perfil I, como demostrado na Figura 4.
Fonte: www.qualitybor.com.br/pontes-e-porticos-rolantes
Pórticos dupla-viga. Como o próprio nome já diz são compostos por duas vigas
principais, possibilitando assim uma maior capacidade de elevação de carga e geralmente são
utilizados para erguer cargas acima de 20 ton.
Fonte: www.qualitybor.com.br/pontes-e-porticos-rolantes
Fonte: www.qualitybor.com.br/pontes-e-porticos-rolantes
26
De acordo com o item 1.1 da norma NBR 8400 [1], seu objetivo é fixar as diretrizes
básicas para o cálculo das partes estruturais e componentes mecânicos dos equipamentos de
levantamento e movimentação de cargas, independendo do grau de complexidade ou do tipo de
serviço do equipamento.
Já segundo o item 5.1 da norma NBR 8400 [1], as estruturas dos equipamentos serão
classificadas em diversos grupos, conforme o serviço que irão executar, a fim de serem
determinadas as solicitações que deverão ser levadas em consideração no projeto. Para
determinação do grupo a que pertence a estrutura de um equipamento, são levados em conta dois
fatores:
a) Classe de utilização;
b) Estado da carga.
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A classe de utilização dos equipamentos tem como objetivo classificar a estrutura dos
equipamentos em função da utilização do movimento de levantamento definindo quatro classes de
utilização conforme a Tabela 1.
Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).
O estado de carga caracteriza à proporção que o equipamento irá levantar uma carga
reduzida ou a carga máxima ao longo de sua vida útil com o intuito de caracterizar a severidade
do serviço que está sendo submetido. Na prática são considerados quatro estados de carga como
mostra a Tabela 2.
Fração mínima de
Estado de tensões Definição tensão máxima
Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).
29
Tendo como base a classificação das classes de utilização e estado de cargas, é possível
classificar as estruturas ou seus elementos em seis grupos como mostra a Tabela 3.
De acordo com o item 5.4 da norma NBR 8400 [1], os diversos grupos indicados na
Tabela 3 classificam a estrutura para os equipamentos como um conjunto e determinam o valor do
coeficiente da majoração Mx, que por sua vez caracteriza o dimensionamento da estrutura.
No item 6.1.1 da norma NBR 8400 [1], é definido que a classe de funcionamento
caracteriza o tempo médio, estimado em número de horas de funcionamento diário do mecanismo.
Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).
30
Segundo o item 6.1.2 da norma NBR 8400 [1], o estado de solicitação define a
proporção em que um mecanismo, ou elemento de mecanismo, é submetido a uma solicitação
reduzida ou à sua capacidade máxima.
Solicitações principais:
De acordo com a norma NBR 8400 [1], as solicitações poder ser de dois tipos:
a) As devidas aos pesos próprios dos elementos, Sg;
b) As devidas à carga de serviço, Sl.
Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).
32
Conforme o item 5.5.3.1 na norma NBR 8400 [1], o esforço horizontal a considerar
deve ser no mínimo de 1/30 da carga sobre as rodas motoras e no máximo ¼ desta carga.
a) Ação do vento;
b) Variação de temperatura.
Como é dito no item 5.5.4.1 da norma NBR 8400 [1], a ação do vento é resultado dos
esforços de sobrepressão de depressão proporcionais a pressão aerodinâmica, esta por sua vez pode
ser determinada pela equação 1.
(𝑉𝑤)2
𝑃𝑎 = (1)
1,6
Vento máximo
Vento limite de serviço (equipamento fora de serviço)
Altura em
relação ao
solo (m) Velocidade Pressão Velocidade Pressão
aerodinâmica aerodinâmica
(m/s) (Km/h) (N/m²) (m/s) (Km/h) (N/m²)
0 a 20 36 130 800
20 a 100 20 72 250 42 150 1100
Mais de 100 46 165 1300
Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).
33
Segundo o item 5.6 da norma NBR 8400 [1], são previstos nos cálculos de
dimensionamento da estrutura dos equipamentos de elevação de transporte de carga três casos de
solicitações, que são eles:
, onde:
𝑃 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑀𝑥 = 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑗𝑜𝑟𝑎çã𝑜
𝑆𝑔 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑝𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜
𝛹 = 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑖𝑛â𝑚𝑖𝑐𝑜
𝑆𝑙 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑟𝑣𝑖ç𝑜
𝑆ℎ = 𝐸𝑠𝑓𝑜𝑟ç𝑜𝑠 ℎ𝑜𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑡𝑎𝑖𝑠
𝑆𝑤 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜
34
Grupos 1 2 3 4 5 6
Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).
Tabela 10 – Valores de q
Tabela 11 - Valores de FSᵣ
Grupos de q
mecanismos Casos de FSᵣ
1Bm 1 solicitação
Caso I e II 2,8
1Am 1
Caso III 2
2m 1,12
Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado
3m 1,25 pelo autor (2018).
4m 1,40
5m 1,60
Fonte: Norma ABNT NBR 8400 [1], adaptado pelo autor (2018).
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1.1.4.2 ABNT NBR 8800 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto de edifícios
De acordo com o item 1.1 da norma NBR 8800 [2], tem o objetivo de estabelecer
requisitos básicos que devem ser obedecidos no projeto de estruturas de aço e mistas de aço e
concreto onde:
a) Os perfis de aço sejam laminados ou soldados, ou os perfis tubulares com ou
sem costura;
b) As ligações sejam executadas com parafusos ou soldas.
No item C.3.1 da norma NBR 8800 [2], diz que os valores máximos para
deslocamentos verticais em uma viga simplesmente apoiada estão expressos na tabela C.1 que
neste trabalho será retratada na Figura 7.
Figura 7 – Tabela de deslocamentos máximos.
1.1.5.1. Tensão
Um material com uma geometria qualquer ao ser submetido a forças externas estará
sujeito ao fenômeno da tensão, esta é uma forma de demonstrar o efeito da distribuição da carga
interna ao longo do volume do corpo. Para o melhor estudo da tensão, geralmente, divide-se um
maior em elementos infinitesimais (cubos) o objeto de estudo, como mostra a figura 8. Ainda pode
acontecer de existir tensões diferentes em vários elementos infinitesimais ao mesmo tempo,
HIBBELER [4]; NORTON [6].
Norton [6], afirma que existindo uma força aplicada no centroide de uma
determinada área e uma outra aplicada em uma face oposta, e essas forças sendo colineares e de
sentidos opostos, será obtido um corpo em compressão ou tração pura, como mostra a figura 9, e
irá gerar uma tensão normal (𝜎𝑥 ) que pode ser calculada de acordo com a equação 1:
𝑃
𝜎𝑥 = (1)
𝐴
𝑉
𝜏𝑥 = (2)
𝐴
, onde A é a área da seção AB ou CD.
39
Agora pode-se analisar a seção transversal da viga, esta aparece representada na figura
5, inicialmente sendo mostrada sem o carregamento 12(a). Sendo o momento positivo, a linha AA
deve sofrer compressão e a linha BB sofre tração, e a linha neutra (centroidal) não sofre nenhuma
deformação como mostrado na figura 12(b), que ainda mostra a distribuição da tensão ao longo da
seção transversal, NORTON [6].
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De acordo com Norton [6], a tensão de flexão possui módulo zero na linha neutra e
é linearmente proporcional à distância y da linha neutra, e pode ser calculada conforme a
equação 3:
𝑀. 𝑦
𝜎𝑓 = − (3)
𝐼
, onde M é o momento fletor aplicado na região e I é o momento de inércia da área da seção
transversal.
Nas fibras externas, quando y tem sua dimensão máxima (c), é onde acontece a
máxima tensão de flexão, e é calculada de acordo a equação 4:
𝑀. 𝑐
𝜎𝑓 = (4)
𝐼
Os sistemas de eixos usados para calcular as tensões aplicadas são arbitrários e são
escolhidos de forma a facilitar esse processo. Em qualquer sistema de coordenadas escolhido
sempre haverá planos nos quais as componentes de tensão de cisalhamento serão nulas, as tensões
normais que atuam nesses planos são chamadas de tensões principais e esses planos são chamados
de planos principais, NORTON [6].
41
Há ainda um conjunto de planos que estão a 45° dos planos principais onde as tensões
normais são nulas, as de cisalhamento são máximas e elas serão as tensões de cisalhamento
principais. A figura 13 mostra um determinado sistema de coordenadas com seus respectivos
planos e tensões principais, NORTON [6].
Norton [6], mostra que conhecendo as tensões principais, a tensão de Von Mises σ΄
em um caso tridimensional pode ser calculada de acordo com a equação 5:
É possível calcular ainda a tensão de Von Mises a partir das tensões aplicadas em
qualquer sistema de eixos arbitrários, a equação 6 demonstra esta forma.
2 2
[(𝜎𝑥 − 𝜎𝑦 ) + (𝜎𝑦 − 𝜎𝑧 ) + (𝜎𝑧 − 𝜎𝑥 )2 + 6(𝜏𝑥𝑦
2 + 𝜏 2 + 𝜏 2 )]
𝑦𝑧 𝑧𝑥
𝜎΄ = √ (6)
2
42
𝜎′ = √𝜎₁2 − 𝜎1 𝜎3 + 𝜎3 ² (7)
Destaca-se que o MEF é uma solução aproximada, que usa polinômios simples,
preferencialmente lineares ou quadráticos, dentro de cada elemento. Como os elementos estão
conectados ao longo de todo o sistema, é possível obter a solução aproximada do sistema usando
os polinômios das partes que o compõem, KIM; SANKAR [5].
43
Norton [6], classifica alguns dos elementos finitos, dividindo-os em grupos com
uma, duas e três dimensões, chamados de 1-D, 2-D e 3-D, conforme mostra a figura 14. Esses
grupos dimensionais definem quantos graus de liberdade cada nó de um elemento tem e, nota-se
que o elemento de linha está presente em todos os grupos.
Os elementos de linha 2-D têm 3 GL por nó e pode representar uma viga 2-D, com
momento e força em duas direções. Podem ainda, ser utilizados para modelar estruturas
tridimensionais se sua geometria e seu carregamento criam um caso de tensão plana ou deformação
plana no qual suas magnitudes são nulas na terceira dimensão. Para uma análise 2-D de uma viga
ser válida, todos os planos longitudinais devem permanecer em seus planos originais quando a
viga deflete, NORTON [6].
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2. MATERIAIS E MÉTODOS
Para este projeto foi realizada inicialmente uma conversa com o proprietário de uma
empresa metal-mecânica que atua no mercado metalúrgico e que, devido ao segmento de atuação,
seus principais produtos desenvolvidos são geralmente de grande porte, pesados e com grandes
dimensões. Esta conversa teve o intuito de saber quais suas reais necessidades, seguida de uma
análise das dimensões do galpão afim de definir as características principais do pórtico móvel
como altura, comprimento do vão, carga de serviço entre outras.
1. A classe de utilização;
2. O estado de carga;
3. A classificação da estrutura;
4. A classe de funcionamento;
5. A solicitação dos mecanismos;
6. O grupo de mecanismos.
46
De acordo com a Tabela 1 adaptada diretamente da norma NBR 8400 [1], que mostra
as classes de utilização dos equipamentos foi definido que o pórtico trabalhará de forma regular
em regime intermitente, sendo assim sua classe de utilização será a classe B, o que indica que seu
número convencional de ciclos de levantamentos será de 2,0 x 105.
Tendo como base a Tabela 2 que mostra o estado de tensão de um elemento e tem o
objetivo de caracterizar a severidade do serviço que o equipamento está sendo submetido, foi
definido que seu estado de tensão é o 2 (médio), onde seus elementos estão sendo submetidos
frequentemente à sua tensão máxima e comumente a tensões compreendidas entre 1/3 a 2/3 da
tensão máxima.
Foi definido que o tempo médio de funcionamento diário do pórtico será de 2 a 4 horas
por dia, sendo assim, de acordo com a Tabela 4 sua classe de funcionamento é a classe V2.
De acordo com a Tabela 5 que classifica o estado de solicitações dos mecanismos, foi
definido que o pórtico terá um estado de solicitação nível 3, onde os mecanismos ou elementos de
mecanismos serão submetidos a 2/3 das solicitações máximas.
Ainda segundo a norma NBR 8400 [1], o cálculo da estrutura é efetuado determinando
as tensões atuantes durante seu funcionamento. Essas tensões são avaliadas com base nas seguintes
solicitações:
Já o coeficiente dinâmico Ψ pode ser definido utilizando a Tabela 7 que mostra valores
de coeficientes dinâmicos para diferentes faixas de velocidades de elevação de carga e diferentes
equipamentos. Foi definido então que o pórtico trabalhará com velocidade de elevação de carga
igual a 0,25 m/s o que indica de seu coeficiente dinâmico Ψ deve ser igual a 1,15.
A partir dessa velocidade de elevação de carga de 0,25 m/s é possível encontrar com a
ajuda da Tabela 10 o tempo de aceleração e a aceleração alcançada durante o içamento da carga
que foram respectivamente de 32 s e 0,078 m/s².
𝑃 = 𝑀𝑥 . (𝑆𝑔 + 𝛹. 𝑆𝑙 + 𝑆ℎ) + 𝑆𝑤
, onde 𝑆𝑔 é a soma do peso próprio da viga de 288 kg mais o peso da talha elétrica de 135 kg,
obtendo assim uma carga P = 6670,155 kgf ou 65,4 kN. Inicialmente foi estipulou-se o peso
próprio da viga e posteriormente após a escolha do perfil o cálculo foi refeito o valor adequado
para o dimensiomento.
Por ser montada sobre uma estrutura alta (4 metros) e sobre rodas, os apoios não
conseguem restringir, com características de suportes indeslocáveis, movimentos na direção
horizontal e rotações de esgastamento integral. Considerando esses aspectos os apoios teriam
características de engastamento parcial, porém, como não se pode determinar o percentual desse
engastamento, decidiu-se de maneira conservadora adotar um modelo isostático biapoiado por
levar a um momento máximo maior que em outras condições de contorno.
Para calcular o momento fletor máximo na viga, a estrutura deve estar no seu estado
mais desfavorável, ou seja, com a carga no meio do vão, assim como mostra a figura 15.
𝑃.𝐿
A partir dessa situação aplica-se a equação 𝑀𝑚á𝑥 = , onde P é a carga total do
4
sistema e L é o comprimento do vão onde obtemos 𝑀𝑚á𝑥 = 65,4 𝑘𝑁. 𝑚.
Para o cálculo do esforço cortante máximo a carga deve ser deslocada para uma de
suas extremidades pelo fato de que com a carga na extremidade o momento fletor é mínimo e por
consequência o esforço cortante é máximo, assim como é mostrado na figura 16.
Foi definido previamente que o aço utilizado na confecção da viga principal será o
ASTM A 572 Grau 50 que possui limite de escoamento igual a 345 MPa e limite de resistência
igual a 450 MPa e seu fabricante é a empresa Gerdau.
Sabendo disso, de acordo com o item 6.6.1 da norma NBR 8400 [1], a tensão calculada
não deve ultrapassar a tensão admissível relacionada com a tensão de ruptura do material utilizado
e que o valor da tensão normal admissível é 𝜎ₐ = 128,57 𝑀𝑃𝑎 encontrado a partir da equação 9:
𝜎ᵣ
𝜎ₐ = (9)
𝑞.𝐹𝑆ᵣ
Segundo o item 5.8.1.2 da norma NBR 8400 [1], nos elementos solicitados ao
cisalhamento puro, a tensão de cisalhamento admissível é dada pela equação 10:
𝜎ₑ
𝜏ₐ = (10)
√3
, onde 𝜎ₑ corresponde a 60% da tensão de escoamento do material utilizado, então temos que
𝜏ₐ = 120 𝑀𝑃𝑎 .
Foram utilizadas duas maneiras para a escolha do perfil adequado para a construção
da viga principal do pórtico, são elas:
𝑀𝑚á𝑥
𝑊𝑥 = | | (11)
𝜎𝑎
Conforme descrito no item 2.4.2, a norma técnica NBR 8800 [2], estabelece que para
pontes e pórticos rolantes com capacidade nominal inferior a 200 kN o deslocamento vertical
máximo (𝛿𝑚á𝑥 ) não deve ultrapassar o valor de L/600, sendo L o comprimento do vão, então
temos que 𝛿𝑚á𝑥 = 6,67 𝑚𝑚.
51
𝑃.𝐿³
𝐼= (12)
48.𝐸.𝛿𝑚á𝑥
D 350 mm
bf 204 mm
tw 8,6 mm
tf 15,1 mm
H 320 mm
d’ 288 mm
R 5,47 mm
𝐼𝑥 20169 𝑐𝑚4
Fonte: http://tudo-sobre-pontes-
rolantes.com.br/perfil-i-s-w-caixao/
𝑊𝑥 1152,5 𝑐𝑚3
𝑀𝑚á𝑥 .𝑦
𝜎𝑥 = (13)
𝐼𝑥
𝑉𝑚á𝑥
𝜏𝑥 = | | (14)
𝐴𝑎𝑙𝑚𝑎
, onde seus valores são respectivamente 𝜎𝑥 = 53,34 MPa e 𝜏𝑥 = 17,81 MPa, portando o perfil
escolhido passa na verificação pois estão abaixo dos valores admissíveis.
53
Na construção do perfil foram feitas algumas modificações afim de que ele se adeque
à montagem final do pórtico, essas modificações foram a incorporação de enrijecedores em suas
extremidades e furos de meia polegada nas extremidades da mesa inferior para sua fixação, assim
como é mostrado na figura 18.
Na célula Engineering Data do Static structural é possível escolher o material que será
utilizado na modelagem da peça assim como mostra a figura 21, afim de que a simulação retrate
fielmente a realidade.
Em Static Structural estão todos os dados relacionados a análise, como a área que
sofrerá toda a pressão da carga e os pontos de fixação da estrutura. Todos os resultados como
deslocamentos, tensões, deformações e as forças que estão atuando na estrutura e em seus
componentes são agrupados dentro da pasta Solution contida dentro deste item.
57
A área que sofrerá toda a pressão da carga corresponde a área das rodas motoras do
trolley elétrico que ficará apoiado na parte central da mesa inferior da viga assim como é mostrado
na figura 23, o valor desta área é de 36892 mm², logo o valor da pressão aplicada é de 1,06 MPa.
Como a forma de fixação da viga será por meio de parafusos, foram adicionados como
suporte de fixação as paredes internas dos furos por onde irão passar os parafusos fixadores, assim
como também é mostrado na figura 23.
Continuando a escolha das condições de contorno, sabe-se que uma malha ideal é
aquela em que os elementos são igualmente divididos ao longo do corpo do objeto e para isso é de
fundamental importância a escolha adequada do elemento e do método de geração da malha. O
software por sua vez, dispões de vários tipos de geração de malha, contudo o elemento escolhido
para gerar a malha foi o linear 1D, pois como é citado no tópico 1.1.6.1 ele é o elemento ideal para
modelagem de componentes estruturais e o método escolhido foi o método direto, gerando assim
uma malha de qualidade, como é mostrado na figura 24 e figura 25 detalhando a malha mais
refinada na região dos furos.
Portanto, com o uso dessas configurações para geração da malha, nota-se uma malha
refinada em toda a estrutura da viga, gerando assim resultados precisos e confiáveis em qualquer
ponto do suporte.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Portanto o perfil escolhido está de acordo com o dimensionamento, pois como foi visto
no item 1.1.4.2 o valor da deformação vertical máxima de acordo com a norma NBR 8800 [2] é
de 6,67 mm.
Vale salientar que a escala da imagem foi ampliada para proporcionar um melhor
entendimento do leitor já que na escala real a deformação é imperceptível.
60
O seu valor máximo encontrado foi de 301,17 MPa. Esse valor elevado é ocasionado
por um pico de tensão que ocorre na aresta inferior de um dos furos de fixação da viga por ser um
local onde ocorre concentrações de tensão.
Este valor máximo pode ser desconsiderado da análise por dois motivos, o primeiro é
ser inferior a tensão limite de escoamento uma vez que esta tem valor igual a 345 MPa como foi
visto no item 2.2.4, que por sua vez, também mostra que a tensão normal admissível é calculada
utilizando-se como parâmetro a tensão de ruptura do material, logo o limite de escoamento por
mais que fosse ultrapassado não traria danos a estrutura.
E o segundo é por existir em uma porção inferior a 0.1% do volume total da viga de
forma que ao longo do seu corpo a tensão permanece quase constante, tendo apenas um leve
acréscimo no seu valor na parte inferior central.
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O acréscimo de tensão que ocorre na parte inferior central da viga tem valor igual
a 68,61 MPa, e é devido ao surgimento de uma tensão normal e uma de cisalhamento de forma
simultânea, e assim como é explicado no item 1.1.5.6, a tensão de Von Mises surgiu justamente
como uma ferramenta que transforma essas tensões em uma única tensão de tração uniaxial, dessa
forma ocorre esse aumento de tensão nesse local, pois como é visto na figura 29, seu formato
proporciona o surgimento dessas tensões.
A figura 31 mostra o detalhe da vista frontal da peça, o que nos dá uma melhor
compreensão desse deslocamento lateral.
Figura 31 – Vista frontal da viga sofrendo FLT
Como foi dito anteriormente no item 2.4 deste trabalho, o Eigenvalue Buckling é capaz
prever a resistência teórica a flambagem de uma estrutura elástica ideal, desta maneira, de todos
os modos de flambagem gerados na simulação, apenas este está condizente com a realidade, os
demais modos de flambagem contém imperfeições que impedem a estrutura de ser avaliada de
forma correta.
A deformação total da viga em seu estado mais crítico foi de 0,88 mm, o que
representa 13,2 % da deformação vertical admissível, logo está dentro do limite
estabelecido pela norma;
Na análise da tensão de Von Mises ocorreu um pico de tensão na aresta inferior
de um dos furos por ser um local de concentração de tensões, porém esse pico
pode ser desconsiderando pois não atinge o limite de ruptura do material e se
encontra apenas em uma porção inferior a 0,1 % do volume total. Dessa
maneira considerou-se que a tensão máxima encontrada foi de 68,61 MPa o
que representa 53,4 % da tensão admissível.
Na análise de resistência a flambagem observou-se um caso de flambagem
lateral com torção (FLT), contudo, sua máxima deformação foi de apenas
1,02 mm o que indica que é imperceptível e não causa nenhum risco a estrutura.
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4. CONCLUSÃO
Tomando como base a norma NBR 8400 [1] e NBR 8800[2], o cálculo dimensional
possibilitou a seleção do perfil comercial W360x72, fabricado pela empresa Gerdau, que se
mostrou o mais leve dentro dos perfis que passaram nas verificações da análise da tensão normal
e tensão de cisalhamento, ao compara-las com as tensões admissíveis, logo mostrou-se o perfil
mais econômico.
Portanto, através desse estudo foi possível dimensionar de forma adequada a viga principal
de um pórtico móvel e dessa forma, podemos concluir que a sua utilização como equipamento de
movimentação de cargas terá papel fundamental dentro de uma empresa metal-mecânica, trazendo
um aumento de produtividade e melhorando a segurança dos funcionários, atendendo assim o
objetivo proposto.
Uma sugestão para um futuro trabalho, seguindo a mesma linha de pesquisa na área de
máquinas de elevação e transporte, seria o dimensionamento de uma ponte rolante para futura
instalação no laboratório de usinagem do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Piauí – Campus Teresina Central, tendo em vista que a movimentação das máquinas dentro do
laboratório, atualmente, é feita de forma bastante rustica e exige uma demanda muito grande de
funcionários, logo a instalação de uma ponte rolante agilizaria esse processo e diminuiria a
demanda de funcionários e o risco de acidentes.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[3] BRASIL, Haroldo Vinagre. Máquinas de Levantamento. Rio de Janeiro: Editora Guanabara
Dois S.A. 1985.
[4] HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais I. Tradução Arlete Simille Marques. Revisão
técnica Sebastião Simões da Cunha Jr. 7. ed. São Paulo. Pearson Prentice Hall. 2010;
[6] NORTON, Robert L. Projeto de máquinas, uma abordagem integrada. São Paulo, 2014.
[7] PASSOS, Lucas da Costa dos. Pontes rolantes, guindastes giratórios e acessórios de
movimentação de cargas. Brasil. 2011.
[9] RUDENKO, N. Máquinas de elevação e transporte. Tradução de João Plaza. Rio de Janeiro:
Livros Técnicos e Científicos, Editora S.A. 1976.