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Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação © Permanyer Portugal 2011
Margarida Martinho e Anabela Melo
Termos Definições
Menorragia Hemorragia uterina regular mas prolongada (> 7 dias) e/ou excessiva (> 80 ml)
Polimenorreia Hemorragia uterina ocorrendo de forma regular com intervalos <21 dias
Oligomenorreia Hemorragia uterina ocorrendo de forma regular com intervalos >35 dias
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2. CICLO MENSTRUAL NORMAL Nos extremos da idade reprodutiva da mulher
podem ocorrer com frequência alterações do
O ciclo menstrual, na maioria das mulheres, ciclo menstrual em função da prevalência dos
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é caracterizado por uma ovulação regular e ciclos anovulatórios. A menarca é geralmen-
uma sequência ordenada de sinais endócri- te seguida por um período variável de irre-
nos que se traduzem na previsibilidade, regu- gularidades menstruais habitualmente com
laridade e consistência das menstruações5,10. interlúnios longos, que progressivamente se
Resumidamente, na fase folicular do ciclo, vão encurtando e se tornam mais regulares à
os estrogénios aumentam progressivamen- medida que o funcionamento do eixo hipo-
te à medida que o folículo dominante se tálamo-hipofisário atinge a maturidade5,7,10.
desenvolve. Em resposta a esse aumento de No período da perimenopausa, também a
estrogénios e após o cataménio, o endomé- regularidade das ovulações sofre alterações e
trio regenera-se e prolifera a partir da sua estas tornam-se menos frequentes e os ciclos
camada funcional. Os estrogénios têm a ca- menstruais mais irregulares, com uma dura-
pacidade de induzir o aparecimento de re- ção média dos ciclos superior a 35 dias8.
ceptores endometriais para os estrogénios O ciclo menstrual normal tem uma duração
mas também para a progesterona. Após a de quatro a seis dias, um intervalo médio de
ovulação, que ocorre por acção do pico de 28 dias (± 7 dias) e a perda de sangue mens-
Luteinizing Hormone (LH), o corpo amarelo trual é em média de 30 ml6. Embora o inter-
mantém a produção de estradiol, mas inicia valo intermenstrual médio seja considerado
a produção de progesterona que se torna de 28 dias, só cerca de 15% dos ciclos mens-
preponderante. Por acção destas duas hor- truais em mulheres com idade reprodutora
monas, e durante a fase luteínica, o endo- têm essa duração e menos de 1% das mulhe-
métrio sofre uma transformação secretora e res referem ciclos menstruais regulares com
prepara-se para a implantação. menos de 21 dias ou mais de 35 dias9,10.
Quando não ocorre uma gravidez, o cor- Padrões menstruais com fluxos menstruais
po lúteo regride e ocorre uma diminuição excessivos (> 80 ml), prolongados (> 7 dias)
abrupta da produção de estrogénios e pro- ou frequentes (< 21 dias) associam-se ao apa-
gesterona, causando a nível endometrial al- recimento de anemia em 66% das mulheres.
terações vasculares e hemostáticas que têm
as prostaglandinas como um dos principais
mediadores e das quais resulta a desagrega- 3. HEMORRAGIAS DISFUNCIONAIS
ção e descamação endometrial que se tra-
duz objectivamente na menstruação. As hemorragias disfuncionais são um diag-
Este ciclo de acontecimentos é responsá- nóstico de exclusão e pressupõem a au-
vel por um padrão menstrual previsível e sência de patologia orgânica sistémica ou
consistente em termos de volume, fluxo e ginecológica ou outra causa iatrogénica que
intervalo6. Assim, menstruações regulares justifique as HUA. Classificam-se em ano-
reflectem a ocorrência regular de ovulação vulatórias ou ovulatórias. As hemorragias
e ao contrário, ciclos menstruais com inter- disfuncionais anovulatórias surgem num
valos irregulares e com uma variação na sua contexto de anovulação crónica. Nestas cir-
duração de mais de 10 dias entre ciclos são cunstâncias, ocorre uma produção contínua
habitualmente anovulatórios. Aumento da de estrogénios mas na ausência de ovulação
sensibilidade e tensão mamária, desconfor- não se forma corpo amarelo e não se pro-
to e distensão abdominal, alterações do hu- duz progesterona4. Os níveis de estrogénios
mor e corrimento vaginal mucoso são sinais variam em função do crescimento dos folí-
clínicos sugestivos de ovulação. culos recrutados e da sua regressão sem que
136 Capítulo 8
no entanto ocorra ovulação e produção de 23% em função da presença de critérios eco-
progesterona. Apesar da variação nos ní- gráficos. A incidência das hemorragias disfun-
veis de estrogénios, o resultado final é um cionais nas pacientes com SOP é de 29%14,15.
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aumento do seu valor e deste desequilíbrio Esta síndrome, assim como as situações asso-
hormonal resulta uma proliferação exage- ciadas à anovulação crónica, pela exposição
rada do endométrio e dilatação das artérias continuada a um ambiente de hiperestroge-
espiraladas sem o correspondente suporte nismo sem o efeito complementar da proges-
estrutural em termos de vascularização en- terona, condicionam um risco aumentado de
dometrial e fornecimento de nutrientes por aparecimento de hiperplasia do endométrio
acção da progesterona, ocorrendo graus va- ou mesmo adenocarcinoma do endométrio.
riáveis de necrose7. As hemorragias disfuncionais ovulatórias,
Em contraste com as situações de ciclo por vezes também designadas por menor-
menstrual normal, não ocorre uma desca- ragias ou hemorragias disfuncionais idiopá-
mação uniforme da camada funcional do ticas, diferem das anteriores pela regulari-
endométrio, o que condiciona um padrão ir- dade do aparecimento da hemorragia que
regular de hemorragia uterina habitualmen- frequentemente se associa a sintomas pré-
te com oligomenorreia ou hemorragia irre- menstruais sugestivos de ovulação. Esta
gular escassa e recorrente5. Eventualmente, hemorragia menstrual excessiva não é expli-
em função de um nível de estrogénios con- cada por doenças orgânicas (ginecológicas
tinuadamente elevados e por um mecanis- ou sistémicas) e não se associa a nenhuma
mo de retrocontrolo negativo hipotalâmico, situação iatrogénica nomeadamente rela-
pode ocorrer uma diminuição da produção cionada com medicações que aumentam o
de Follicule-Stimulating Hormone (FSH) e risco de hemorragia uterina (Quadro 2).
LH e de estrogénios11,12. Este facto condicio- O mecanismo fisiopatológico deste tipo de
na uma vasoconstrição e desagregação en- hemorragia uterina anormal não é ainda to-
dometrial com uma hemorragia uterina ex- talmente conhecido, mas diversos estudos
cessiva. Assim, com um nível continuamente sugerem que podem estar envolvidas alte-
elevado de estrogénios ocorrem intermiten- rações dos mecanismos de regulação dos
temente hemorragias uterinas excessivas e mediadores locais endometriais do ciclo
um nível mais baixo mas contínuo de estro- menstrual. Assim, embora histologicamente
génios é responsável por hemorragias uteri- o endométrio e o miométrio e a concentra-
nas intermitentes mas escassas13. ção de receptores para as hormonas sexuais
As hemorragias uterinas disfuncionais ano- sejam semelhantes em mulheres com pa-
vulatórias são comuns nos extremos da ida- drão menstrual normal e com hemorragia
de reprodutora e responsáveis pela maioria disfuncional ovulatória16,17, alterações de
das situações de HUA na adolescência e na diversos factores locais, nomeadamente da-
perimenopausa. queles envolvidos na vasculogénese (como
Situações de hiperandrogenismo, como a sín- a proliferação das células endoteliais e alte-
drome dos ovários poliquísticos (SOP), tumo- rações na composição e estrutura dos vasos
res produtores de androgénios e hiperplasia sanguíneos endometriais)18, alterações na
congénita da supra-renal e as situações de síntese e produção de prostaglandinas com
anovulação por falência ovárica prematura efeito vasodilatador19, alterações a nível
e por disfunção hipotalâmica por anorexia endometrial dos factores endoteliais como
são também causa de hemorragias uterinas a diminuição do Vascular Endothelial Gro-
disfuncionais anovulatórias. A SOP tem uma wth Factor-A (VEGF-A) e a redução da ex-
prevalência de 3% se basearmos o diagnós- pressão da endotelina19,20 e o aumento da
tico em critérios endocrinológicos e de 17 a expressão do factor associado à hemorragia
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— Anticoagulantes
— Ácido acetilsalicílico
— Antidepressivos (inibidores selectivos da serotonina, antidepressivos tricíclicos)
— THS
— Tamoxifeno
— Corticosteróides
— Plantas: ginseng, gingko, derivados da soja
138 Capítulo 8
significativo da duração da menstruação (5,6- peças de histerectomia35 realizadas em pa-
6,1) com o início do tratamento. cientes sintomáticas. Nas pacientes sinto-
Outras medicações podem ser responsáveis máticas com adenomiose a menorragia é o
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por perdas sanguíneas anormais (Quadro 2). sintoma mais frequente, afectando cerca de
50% das pacientes. A sintomatologia não se
4.3. DOENÇAS DO APARELHO GENITAL correlaciona com a profundidade de «inva-
são» do miométrio36,37.
Excluindo a patologia da gravidez nas mu- As hiperplasias endometriais classificam-se
lheres em idade reprodutora, as causas or- em quatro classes (OMS) em função da sua
gânicas mais frequentes são as anomalias complexidade arquitectural e da presença
anatómicas, as situações neoplásicas ou de atipias celulares38. Esta classificação cor-
pré-neoplásicas do endométrio e mais rara- relaciona-se com a probabilidade de evo-
mente as infecções genitais altas, tumores lução para adenocarcinoma do endomé-
produtores de estrogénios e malformações trio39,40 (Quadro 3).
arteriovenosas uterinas. As hiperplasias endometriais encontram-se
As causas anatómicas como os miomas sub- em 0,7% de 1.702 biopsias do endométrio
mucosos, os pólipos endometriais e a ade- realizadas por menometrorragias41 e em
nomiose são com frequência responsáveis 7,2% (80/1.120) das biopsias realizadas por
por sintomas de perda menstrual excessiva histeroscopia. A prevalência da hiperplasia
ou prolongada e mais raramente causam aumenta com a idade e pode atingir 18,2%
perda hemorrágica uterina irregular. das causas de menometrorragias após os 50
Os miomas são a causa principal de menorra- anos35. O adenocarcinoma do endométrio é
gia em mulheres antes dos 40 anos33. A per- responsável por 0,5% dos casos de meno-
da menstrual seria explicada neste contexto metrorragias em mulheres em idade fértil. O
por alterações no desenvolvimento normal quadro 4 apresenta os factores de risco para
do endométrio, pelo aumento da superfície adenocarcinoma do endométrio.
endometrial e por alteração da contractilida- Os quadros infecciosos do aparelho genital
de miometrial34. superior, nomeadamente a endometrite,
Os pólipos endometriais representam a podem ser responsáveis por menometrorra-
causa principal de menometrorragias após gias42 embora a prevalência desta patologia
os 40 anos33. neste contexto seja desconhecida.
A adenomiose define-se pela presença de Os tumores tubários e os tumores ováricos
glândulas e estroma endometrial na espes- secretores de estrogénios são uma causa
sura do miométrio em exames histológicos. rara43-45 de menometrorragias e associam-se
A sua prevalência exacta na população é ao aparecimento de hiperplasia/adenocarci-
desconhecida mas detecta-se em 5-70% das noma do endométrio.
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— Idade > 40 anos
— Ciclos anovulatórios
— Nuliparidade
— Infertilidade
— Tamoxifeno
— História familiar de cancro do endométrio e do cólon
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Quadro 5. Sinais clínicos a pesquisar em situações de hemorragias uterinas anormais
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— Antecedentes familiares de doença hemorrágica
— Hemorragia excessiva após extracção dentária
— Hemorragia excessiva após cirurgias
— Hemorragia excessiva após pequeno ferimento
— Hemorragia excessiva após o pós-parto
— Antecedentes de tratamento com ferro
— Antecedentes de transfusões
— Epistaxes frequentes e prolongadas (> 30 minutos)
— Gengivorragias frequentes e abundantes (várias por mês)
— Equimoses > 5 cm espontâneas e frequentes
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O hemograma completo com plaquetas, em incluir a determinação da progesterona na
função da intensidade das perdas hemáticas, fase luteínica, prolactina, testosterona livre e
duração e associação a sinais de anemia, é 17-hidroxiprogesterona50.
fundamental para avaliar a existência de ane-
mia ou trombocitopenia. No contexto de ane- 5.4. EXAMES DE IMAGEM
mia grave pode ter interesse complementar
este exame com determinação da ferritina de A ultra-sonografia pélvica, em especial a re-
forma a confirmar a carência de ferro. alizada por via transvaginal (USV), é o exa-
me imagiológico recomendado na avaliação
5.3.3. ESTUDO DA COAGULAÇÃO inicial das HUA complementando e exame
OU TESTES ESPECÍFICOS DE HEMOSTASE ginecológico e orientando a realização de
outros exames complementares de diagnós-
O estudo da coagulação ou testes específi- tico, nomeadamente a realização de biopsia
cos da hemostase (tempo de tromboplasti- de endométrio (BE). Esta só deverá ser reali-
na parcial activado, tempo de protrombina, zada «às cegas» na ausência de suspeita de
factor VIII, antigénio e actividade do factor lesões intracavitárias de natureza focal.
de Von Willebrand) podem ser necessários A USV assume particular relevo nas mulhe-
em mulheres com história sugestiva de de- res com HUA depois dos 40 anos, sobretudo
feitos da coagulação (Quadro 6). naquelas que apresentam factores de risco
para carcinoma do endométrio e é um exa-
5.3.4. ESTUDOS HORMONAIS me mandatório na avaliação das mulheres
pós-menopáusicas com hemorragia uterina.
Estudos hormonais específicos devem reali- No passado, e mesmo actualmente, a maioria
zar-se somente num contexto de anovulação dos protocolos clínicos defendiam a realiza-
crónica sobretudo na suspeita de SOP e no ção de BE na avaliação inicial das HUA, mas a
Com que frequência muda de pensos higiénicos/tampões nos dias de fluxo mais abundante?
Quantos pensos higiénicos/tampões usa durante em cada período menstrual?
Tem necessidade de mudar de penso higiénico durante a noite?
De que tamanho são os coágulos eliminados durante o período menstrual?
Foi informada por algum médico sobre se tem anemia?
Mulheres com uma perda menstrual normal tendem a:
Mudar os pensos higiénicos/tampões em intervalos de 3 h
Usar < que 21 pensos higiénicos/tampões por ciclo
Raramente necessitam de mudar pensos higiénicos durante a noite
Referem coágulos com < de 2 cm de diâmetro
Nega anemia
Adaptado de: Warner PE, Critchley HD, Lumsden MA, et al. Am J Obstet Gynecol. 2004;190:1216.
142 Capítulo 8
acuidade diagnóstica dos métodos ecográfi- gica ou sistémica. Factores como a idade,
cos e a possibilidade de avaliação adicional hábitos, patologia associada e desejo de fer-
das regiões anexiais permitem recomendar tilidade devem também ser considerados.
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este exame na avaliação inicial 51. Nas situações de hemorragia disfuncional a
A histerossonografia tem vindo a assumir um abordagem inicial é o tratamento médico e
papel de maior relevo sobretudo ao detectar a abordagem cirúrgica pode justificar-se nas
com maior acuidade lesões focais, em que a hemorragias disfuncionais ovulatórias no
histeroscopia se assume como método de caso de fracasso do tratamento médico.
eleição possibilitando um diagnóstico mais
preciso mas também, em muitas circunstân- 6.1. HEMORRAGIAS DISFUNCIONAIS
cias, tratamento imediato em ambulatório, ANOVULATÓRIAS
sem necessidade de recurso a anestesia ge-
ral e internamento, de forma simples segura Os anticoncepcionais orais estroprogestati-
e bem tolerada. Nas mulheres pré-menopáu- vos (ACO) são usados para regularizar o ciclo
sicas o exame deve realizar-se na fase inicial menstrual, controlar as HUA e como contra-
do ciclo (4-6.o dia). ceptivos se necessário, sendo a terapêutica
de 1.a linha.
5.5. BIOPSIA ENDOMETRIAL Nas mulheres com anovulação crónica, os
ACO servem também para prevenir os riscos
A BE está recomendada nas mulheres >35-40 endometriais de uma estimulação estrogé-
anos e com factores de risco para cancro do nica persistente sem oposição da progeste-
endométrio (Quadro 5) e nas HUA na pós- rona. Nas situações de contra-indicação dos
-menopausa. Esta biopsia pode realizar-se «às ACO, o tratamento cíclico com progestativos
cegas» ou sob controlo ecográfico ou histe- é também uma alternativa a considerar54 e o
roscópico. Considerando a taxa de 18% de fal- SIU com levonorgestrel tem vindo a assumir
sos negativos 53 da biopsia não orientada es- um papel cada vez mais importante, pela sua
tas só deve realizar-se se não houver suspeita eficácia na redução das perdas hemáticas e
de patologia focal da cavidade uterina e nes- acção local protectora a nível endometrial.
sas circunstâncias a pippelle é o método mais
testado e com uma sensibilidade de 97% e 6.2. HEMORRAGIAS DISFUNCIONAIS
especificidade de 100% nas situações de ade- OVULATÓRIAS
nocarcinoma do endométrio52. Nas situações
de hiperplasia com atipia a sua sensibilidade O tratamento médico assume papel pre-
pode baixar para os 81%52, pelo que se hou- ponderante e neste momento a utilização
ver persistência de sintomas e ausência de do SIU com levonorgestrel é considerada a
um diagnóstico é recomendada a realização abordagem de eleição com resultados su-
de histeroscopia e biopsia selectiva. periores aos da utilização de ACO e proges-
A utilização da biopsia ecoguiada em compa- tativos cíclicos55,56.
ração com a realizada sob controlo histeros- A utilização de anti-inflamatórios não-este-
cópico não apresenta nenhuma vantagem53. róides, nomeadamente o acido mefenâmico,
é uma alternativa eficaz e com resultados se-
melhantes aos dos ACO e danazol.
6. TRATAMENTO Quando o tratamento médico não é efi-
caz, a alternativa é a abordagem cirúrgica
O tratamento é individualizado e adaptado e a histerectomia é a opção mais eficaz mas
a cada situação específica, em especial nas também aquela que se associa a maior mor-
situações de patologia orgânica ginecoló- bilidade e tempo de recuperação. A ablação
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considerar nas mulheres que privilegiem um A avaliação inicial do primeiro episódio de
procedimento com menores riscos e uma re- metrorragias pós-menopausa envolve a rea-
cuperação mais rápida56. lização de BE, no entanto estudos recentes
e envolvendo análise de custo-benefício fa-
6.3. CASOS PARTICULARES vorecem a abordagem inicial por USV63,64 e
a realização e escolha do método de biopsia
6.3.1. HEMORRAGIAS UTERINAS ANORMAIS em função dos achados, valorizando-se uma
NA ADOLESCÊNCIA espessura endometrial superior a 4-5 mm ou
a suspeita de patologia intra-uterina focal63.
As alterações menstruais são frequentes A histeroscopia está indicada nas mulheres
na adolescência em função da maturação com suspeita de patologia intracavitária fo-
lenta do eixo hipotálamo-hipófise-ovário, cal, na persistência dos sintomas e eventu-
que se pode manter por 2-5 anos após a almente nas mulheres com factores de risco
menarca. Nesta faixa etária a anovulação fi- de carcinoma do endométrio52,53.
siológica é a causa mais frequente de HUA
com uma prevalência de 74% no estudo de
Claessens57, mas não é uma causa exclusiva Bibliografia
e embora menos frequentemente, outras
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