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Prática do Buda da Medicina e comentários pelo Lama Padma Samten, no

retiro “Sabedoria para uma Existência Significativa", transmitido on-line


desde o Cebb Bacupari no domingo, 29 de março de 2020.
Transcrição: Cristiane Aparecida da Cruz Machado
Revisão: Alessandra Pizzigatti e Gracinha Melo

Nós vamos fazer, agora, a prática do Buda da Medicina:

Pr#$ic# de Mend,i-#, o Bud# d# Medicin#

HUNG A form+ n-o f+bric+d+ de es4+r é isen4+ d+s 6imi4+ções d+


e6+bor+ç-o, o so6o-mor+d+ do ser, o suprem+men4e bem-+ven4ur+do Bud+
d+ Medicin+.

Azu6-negro escuro, p+cifico e sorriden4e, bri6h+ndo num+ +uréo6+ de 6uz.


Su+ m-o direi4+ segur+ o rei dos medic+men4os no ges4o d+ perfei4+
generosid+de; e + esFuerd+, um+ 4ige6+ de mendic+n4e no ges4o do eFui6íbrio
medi4+4ivo. Comp6e4o com 4od+s +s m+rc+s m+iores e menores d+ perfeiç-o,
e6e ves4e 4r+Ies do nirm+n+J+K+.

E6e es4M sen4+do sobre um 6ó4us e um disco de 6u+ n+ pos4ur+ v+Ir+. Em seu
cor+ç-o, sobre um 6ó4us e um disco de 6u+, es4Ḿ + si6+b+ HUNG circund+d+
pe6o m+n4r+.

EnFu+n4o o repi4o, o poço d+ exis4ênci+ cíc6ic+ é dr+g+do desde su+s


profundez+s.

A sílaba Hung corresponde à sabedoria de todos os Budas e à capacidade de


olhar as aparências comuns e reconhecer imediatamente Dharmakaya,
Darmata, a lucidez.

A form+ n-o f+bric+d+ de es4+r corresponde à kadag, ou a Grande Vacuidade


– a vacuidade que permeia todas as aparências.
Ainda que as aparências surjam, elas mudam constantemente. As aparências
são não-duais com a nossa própria mente. As aparências são experiências da
nossa própria mente, não-duais com a experiência dos sentidos físicos e com a
experiência ilusória da separação entre o objeto e o observador.

Enquanto as aparências surgem, e se sucedem, há uma base silenciosa da


mente que não tem nenhum conteúdo, que permanece incessantemente
disponível e presente. Veja isso.

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Essa base é o aspecto mais profundo em nós. Essa base não é uma ausência,
ela é uma base lúcida, é a base de onde surgem todas as sabedorias de todos
os Budas. É a fonte silenciosa de onde, ao olharmos a nossa própria experiência
mental e as aparências, a lucidez surge.

O Prajnaparamita descreve essa base como a que origina Rigpa, que origina a
lucidez. Ele descreve essa base como a mãe de todos os Budas dos tempos
passados, também dos tempos presentes e dos tempos futuros. Essa base
corresponde ao Buda primordial, corresponde a Samantabadra ou Kuntuzangpo.
Essa base é a natureza verdadeira do Buda da Medicina.

Quando aflitos pelas enfermidades nós buscamos socorro, e procuramos de um


modo profundo qual a origem desse socorro que pode vir a nós, nós terminamos
descobrindo o Buda da Medicina.

Enquanto contemplamos o Buda da Medicina descobrimos que o Buda da


Medicina é a expressão em que nós podemos ver o Buda Primordial, quando
estamos sob a aflição da enfermidade.

A form+ n-o f+bric+d+ de es4+r, é isen4+ d+s 6imi4+ções d+s e6+bor+ções, o


so6o-mor+d+ do ser, o suprem+men4e bem-+ven4ur+do Bud+ d+ Medicin+.

Azu6-negro escuro, p+cífico e sorriden4e...

A forma pacífica e sorridente do Buda da Medicina corresponde à nossa


experiência de paz e felicidade quando nós acessamos essa dimensão ampla,
inseparável do aspecto mais profundo em nós mesmos, inseparável de todos os
seres e de todos os Budas.

O acesso à experiência do Buda da Medicina nos trás diretamente a experiência


de paz e felicidade.

O Buda da Medicina brilha numa auréola de luz. A natureza primordial manifesta


a luminosidade incessante, a clara luz – que não é a luz do sol, é a clara luz que
surge dentro dos sonhos à noite, que manifesta todas as aparências.

Assim, o Buda da Medicina manifesta essa luz incessante. Essa luz incessante
é também a qualidade que nós mesmos temos.

Quando nós reconhecemos esse aspecto pacífico e sorridente em nós,


reconhecemos a forma não fabricada de estar, que é isenta das limitações da
elaboração. Reconhecemos que esse é o solo-morada do Buda da Medicina,
aquele que libera todo o sofrimento. Quando nós percebemos isso e
reconhecemos a auréola de luz, isso corresponde à autovisualização.

A autovisualização corresponde ao fato de que não há separação entre o Buda


Primordial, o Buda da Medicina e a nossa natureza mais profunda e, portanto, a
natureza verdadeira de nós mesmos.

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A autovisualização corresponde a liberação do engano de tomarmos refúgio
nas identidades construídas através dos Doze Elos da Originação Dependente,
nas identidades construídas a partir dos três venenos: da ignorância – avidya e
moha, da aquisitividade e da raiva.

Todas as ações criadas a partir dos três venenos conduzem às bolhas de


realidade e às identidades.

Aqui, quando nós reconhecemos + form+ n-o f+bric+d+ de es4+r, Fue é isen4+
d+s 6imi4+ções d+ e6+bor+ç-o, reconhecemos isso como so6o-mor+d+ do ser,
o suprem+men4e bem-+ven4ur+do Bud+ d+ Medicin+, quando vemos o seu
aspecto pacífico e sorridente como uma experiência inseparável da nossa
própria experiência e vemos o brilho da auréola de luz – essa é a forma
adequada de manifestarmos a visão do Buda da Medicina.

Su+ m-o direi4+ segur+ o rei dos medic+men4os no ges4o d+ perfei4+


generosid+de

Nós estamos aqui falando, agora, dos meios hábeis do Buda da Medicina.

Quando surge a sabedoria natural do Buda da Medicina – que é a sabedoria


Rigpa brotando desde a natureza primordial – essa sabedoria se manifesta
inseparável de Bodhicitta para o benefício de todos os seres.

Então, essa é a perfeita generosidade, a generosidade que não pode ser


nomeada como generosidade. É a expressão natural da lucidez da mente do
Buda e da lucidez que é inseparável da lucidez de todos os seres.

E + esFuerd+, um+ 4ige6+ de mendic+n4e no ges4o do eFui6íbrio medi4+4ivo


(a mente do Buda não oscila, ela é inseparável da mente de todos os seres)
Comp6e4o com 4od+s +s m+rc+s m+iores e menores d+ perfeiç-o

Ou seja, ele manifesta a condição completa de um Buda, ele veste os trajes


de Nirmanakaya, ele tem a aparência dos seres que ele busca beneficiar.

Ainda assim, a aparência que ele manifesta está livre dos três venenos, está livre
da ignorância - avidya, está livre da ignorância - moha; está livre da aquisitividade
e está livre da raiva. Ela está livre, também, das emoções perturbadoras dos seis
reinos. E está livre de cada um dos doze elos da originação dependente e, por
isso, o Buda da Medicina tem a aparência de Nirmanakaya.

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E6e es4M sen4+do sobre um 6ó4us e um disco de 6u+ n+ pos4ur+ v+Ir+

Ele senta sobre a lucidez de Bodhicitta que busca trazer benefícios a todos os
seres. Esse lótus tem mil pétalas, que correspondem a todos os meios hábeis
da manifestação do Buda. O disco de lua manifesta a luminosidade, a energia
natural que se originam da natureza primordial.

Em seu cor+ç-o, sobre um 6ó4us e um disco de 6u+, es4M + sí6+b+ HUNG,


circund+d+ pe6o m+n4r+

Essa é a expressão do meio hábil em ação. Então, nós temos a sílaba HUNG
que transforma a confusão em lucidez. No centro do nosso coração, que é a
união da mente e da energia, está a sílaba HUNG. Enquanto o mantra é recitado,
ele gira ao redor da sílaba HUNG – isso é a ação da nossa prática, é a ação da
recitação do mantra.

O princípio ativo do remédio que cura todas as aflições, que é o rei dos
medicamentos, é justamente a sílaba HUNG. A sílaba HUNG, quando se dirige
à multiplicidade de seres e à multiplicidade de dores em todas as direções,
elimina a ignorância, elimina avidya, elimina moha, elimina a aquisitividade e
também a raiva. A silaba HUNG elimina, ainda, as seis emoções perturbadoras.
Pelo poder da lucidez, todas essas aflições cedem.

enFu+n4o eu o repi4o, o poço d+ exis4ênci+ cíc6ic+ é dr+g+do desde su+s


profundez+s.

Quando nós conseguimos reconhecer esse aspecto da natureza ilimitada, d+


form+ n-o f+bric+d+ de es4+r Fue é isen4+ d+s 6imi4+ções d+ e6+bor+ç-o, e
reconhecemos isso como solo-morada do Buda da Medicina, inseparável da
mente do Buda, inseparável da mente de todos os seres, brilhando numa auréola
de luz, segurando o rei dos medicamentos no gesto da perfeita generosidade;
quando nós vemos o mantra circundando a sílaba HUNG, e tomamos isso como
a visão do Buda da Medicina – que é inseparável da visão do Buda Primordial,
inseparável da nossa própria visão, inseparável do potencial de liberação de
todos os seres – então, nesse momento, nós podemos recitar o mantra. E nós
vemos diretamente que a natureza profunda e livre de cada ser, que é não-dual
com a mente de Buda, cura cada ser das aflições do poço da experiência cíclica
do samsara.

Então, enquanto repetimos o mantra, o poço da existência cíclica é dragado


desde suas profundezas.

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[LAMA FAZ A RECITACAO DO MANTRA]

OM NAMO BAGA WATE BEKA DZE GURU BE DURIA PRABA RADZAIA


TATA GATAIA ARHATE SAMIAK SAMBUDAIA | TADYATHA OM

BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

Enquanto nós recitamos podemos olhar com a nossa mente os seres que
queremos beneficiar.

Todos os seres que buscamos beneficiar têm uma relação não-dual com o solo-
morada do ser. Eles são inseparáveis no aspecto original, são inseparáveis da
natureza primordial do Buda Primordial. Eles já são inseparáveis, portanto, eles
têm o poder de se liberar totalmente. Esse poder de liberação é essencialmente
a capacidade de reconhecer os aspectos construídos como expressão luminosa
do solo morada do ser, da natureza não construída e livre. Ele vem da
capacidade de reconhecer e purificar as aparências como uma manifestação da
clara luz, incessantemente manifesta a partir da natureza primordial.

Então, nós adivinhamos isso. Nós olhamos para os nossos filhos, para os nossos
pais, para os nossos irmãos, para os nossos amigos – que podem estar em
aflição – e adivinhamos que eles podem, simplesmente, reconhecer todas as
aparências. E reconhecer a sua própria expressão luminosa, lúcida. Reconhecer
a sua própria inteligência condicionada como expressão de darmata, darmakaya,
tsal, lung, da energia incessantemente presente e radiante da natureza
primordial.

Quando nós recitamos, desse modo, é como se caminhássemos à frente


sinalizando o caminho aonde os outros podem se dirigir.

Se vocês estão visualizando pessoas que estão falecendo ou pessoas que


faleceram, é a mesma coisa. É como se vocês caminhassem na frente delas,
apontando o caminho pelo qual elas podem ir abandonando as aflições que
brotam dos três venenos – que brotam de um modo artificial dos três venenos –
reconhecendo o solo morada do ser, o lugar naturalmente livre e disponível.

E assim, nós podemos trazer benefícios aos seres vivos, aos seres que estão
em aflição, e aos seres que faleceram.

Nós podemos, não apenas olhar os seres humanos, mas olhar todos os seres.
Nós podemos olhar, também, todas as plantas, todas as expressões de vida que
se manifestam a partir da natureza primordial. Nós podemos olhar, também,
todas as bactérias e todos os vírus, que manifestam inteligência de construção
de outras realidades e de transformar seu próprio corpo físico em outras
expressões e, desse modo, se relacionarem à vida como um todo.

E nós ajudamos, produzimos essa experiência de trazer os benefícios a partir da


recitação do mantra e da visão correspondente ao Buda da Medicina e aos seus
meios hábeis.

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[LAMA FAZ A RECITACAO DO MANTRA]

OM NAMO BAGA WATE BEKA DZE GURU BE DURIA PRABA RADZAIA


TATA GATAIA ARHATE SAMIAK SAMBUDAIA | TADYATHA OM

BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

Enquanto nós recitamos, vocês não pensem que a recitação é alguma coisa
mística. A recitação é uma forma de mantermos um eixo na mente, que sustenta
a visão correspondente ao Buda da Medicina.

O que cura, o que produz a transformação é a visão. Essa visão é simbolizada


pela sílaba HUNG – que é então um medicamento que cura todas as aflições.

Então, aqui, nós estamos colocando a nossa mente na forma da sílaba HUNG,
e a partir da sílaba HUNG estamos olhando as expressões da ignorância. A partir
desse olhar, com a sílaba HUNG, nós reconhecemos o solo morada do ser. E
reconhecemos a luminosidade da mente e a vida existindo em todos os lugares
como uma expressão luminosa da natureza primordial

[LAMA FAZ A RECITACAO DO MANTRA]

OM NAMO BAGA WATE BEKA DZE GURU BE DURIA PRABA RADZAIA


TATA GATAIA ARHATE SAMIAK SAMBUDAIA | TADYATHA OM

BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

Quando vocês se distraírem e a mente esvoaçar, perder o foco, é simplesmente


retornar, lembrar que podem retornar ao texto. Enquanto recitam ainda, vocês
retornam ao texto e lembram o que nós estamos fazendo – lembram do aspecto
primordial, lembram da sílaba HUNG que faz a transição desde o aspecto
condicionado ao reconhecimento da natureza luminosa, incessantemente
presente. E aí vocês, simplesmente, seguem a prática.

[LAMA FAZ A RECITACAO DO MANTRA]

OM NAMO BAGA WATE BEKA DZE GURU BE DURIA PRABA RADZAIA


TATA GATAIA ARHATE SAMIAK SAMBUDAIA | TADYATHA OM

BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

Enquanto fazemos a prática e não temos muita compreensão, nós podemos


passar por vários estágios.

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O primeiro estágio da prática é quando nós buscamos preservar a própria vida.
Então nós temos uma sensação comum da vida e buscamos preservar a vida.
Essa é a forma pela qual o Buda da Medicina surge no contato conosco – quando
nós temos uma aflição comum do mundo, proveniente dos doze elos, e nós
queremos preservar a nossa própria vida.

[LAMA FAZ A RECITACAO DO MANTRA]

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

Enquanto nós recitamos, isso pode ser muito longo, pode ser um trajeto espiritual
de uma duração incerta, pode ser uma vida, podem ser várias vidas também.

Em um certo momento, vamos perceber que a própria vida – como nós a


concebemos – ela é em si mesma a doença que nos afeta.

Nós reconhecemos a natureza livre da mente operando de um modo


condicionado, através dos doze elos, e produzindo a experiência comum da vida
– que é aquilo que nos afeta e inevitavelmente nos leva ao décimo segundo elo:
envelhecimento, decrepitude, doença e morte.

Nós reconhecemos que a própria vida, como nós estamos vendo, se expressa
através dos três venenos, das seis emoções perturbadoras. E assim nós temos
essa experiência de que a própria vida é um obstáculo. E nós seguimos
recitando:

[LAMA FAZ A RECITACAO DO MANTRA]

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

Aí nós vemos todas as expressões de vida presas nessa circunstância, e


aparentemente não há solução. E nós seguimos praticando.

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[LAMA FAZ A RECITACAO DO MANTRA]

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

E nós vemos todos os seres com impulsos equivocados, porque eles buscam
resolver os problemas da vida simplesmente mudando de paisagem mental,
mudando de bolha, transmigrando numa outra direção e fixados à upadana,
tentando acumular e ganhar algum nível de solidez. E reconhecemos que isso
não vai produzir resultados.

[LAMA FAZ A RECITACAO DO MANTRA]

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

E o que nos faz compreender melhor? O que nos faz compreender melhor é
justamente o fato de que nos aproximamos desse lugar amplo e livre – onde não
há conteúdos – e olhamos os conteúdos. Quando passamos a olhar os
conteúdos naturalmente purificamos esse lugar, progressivamente purificado,
que se aproxima do solo morada do ser aonde não há nenhuma limitação
proveniente da elaboração. Nos aproximamos da forma não fabricada de estar.

[[LAMA FAZ A RECITACAO DO MANTRA]

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

Nós reconhecemos que o processo que nos leva a compreender melhor é,


justamente, simbolizado pela sílaba HUNG.

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[LAMA FAZ A RECITACAO DO MANTRA]

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

Enquanto a nossa visão purifica reconhecemos que nós, assim como cada um
dos outros seres que estamos focando (esses seres, eles têm a natureza
luminosa dentro deles, que vai produzindo a partir de referenciais anteriores e
construídos – ou seja, vai construindo através do que nós chamamos de
originação dependente, vai construindo as expressões que eles mesmos
manifestam; é como o vírus, nesse momento, ele adquire uma outra forma) nós
também, incessantemente, adquirimos outras formas e outras formas.
Como que as nossas formas surgem? Elas surgem pela luminosidade da mente.
A luminosidade da mente é que faz com que as paredes que circundam cada um
de nós nas salas e nas casas, nos templos, onde nós estivermos adquiram
significados. Essa luminosidade da mente é o que vai nos permitir olhar para as
paredes e dizer:
- Isso é minha casa! Esse é o templo onde eu estou!

Na verdade, a casa não é explicada pelas paredes – a casa, é uma construção


da luminosidade da nossa mente. Outras pessoas chegarão naquele lugar,
olharão as mesmas paredes e vão reconhecer aquilo como a casa deles.

Com essa visão Guru Rinpoche previu que o templo de Samye, nos tempos de
degenerescência, se tornaria abrigo de animais selvagens e, também, local de
tortura para seres dos infernos.

Essa é a capacidade luminosa da mente da construção das realidades. E assim,


quando nós olhamos os vários seres, enquanto nós recitamos o mantra e
mantendo a sílaba HUNG ao centro, nós vemos que todas as expressões de
todos os seres são manifestações luminosas, incessantes, inseparáveis do
aspecto primordial.

E nós seguimos recitando.

[LAMA FAZ A RECITACAO DO MANTRA]

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

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E agora, abandonamos a noção de que a vida é a doença, que a vida é o
obstáculo. Reconhecemos a manifestação da vida como o aspecto luminoso. O
aspecto mágico, extraordinário, expressão direta da natureza primordial. E com
isso nós libertamos a vida, da vida e da morte.

A vida agora, como nós olhamos, é uma expressão luminosa incessantemente


presente, inseparável da natureza que não flutua.

Esse é o resultado final da manifestação do Buda da Medicina. Esse é o


processo de cura. Nesse momento, a vida está livre de vida e morte, a vida está
livre da ignorância, está livre da expressão de avidya e de moha - ignorância. Ela
está livre de aquisitividade, ela está livre da raiva, ela está livre das seis emoções
perturbadoras: orgulho, inveja, desejo e apego, ignorância, moha, aquisitividade,
carência, raiva.

E seguimos recitando.

[LAMA FAZ A RECITACAO DO MANTRA]

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

Enquanto nós recitamos com essa clareza, entendemos porque o Buda da


Medicina é chamado o Supremamente Bem-Aventurado Buda da Medicina. Nós
sabemos porque ele é pacífico e sorridente, e porque ele brilha numa auréola de
luz, e porque ele tem esse HUNG circundado pelo mantra em seu coração.

Nós nos sentimos também supremamente bem-aventurados, nos sentimos


pacíficos e sorridentes. E sentimos que não só nós temos esse potencial, mas
todos os seres podem se manifestar como supremamente bem-aventurados,
como pacíficos e sorridentes.

Todos os seres podem brilhar numa auréola de luz, porque essa é a condição
natural deles. Todos os seres podem repousar no equilíbrio meditativo e podem
manifestar todas as marcas maiores e menores da perfeição. E podem se
expressar como nirmanakayas.

E assim, nós seguimos recitando.

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[LAMA FAZ A RECITACAO DO MANTRA]

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA

E assim, encerramos a prática.

Eu comentei dentro de cada parte da sadana e recitei, aproximadamente, três


vezes. Vocês podem recitar o tempo que quiserem, mantendo a compreensão
correspondente. Temos aqui um roteiro de prática.

Agora, a parte final:

Homen+gem! Ó Bud+ d+ Medicin+, Fue 4udo permei+, 4udo conhece e 4udo


vê, você dissip+ nossos sofrimen4os e enfermid+des.

Você concede +s Fu+6id+des dos J+i+s e o es4+do desper4o +4empor+6.


Curvo-me di+n4e de você e o 6ouvo, você Fue é o esp6endor d+ 4o4+6 perfeiç-o.

E assim, a prática do Buda da Medicina se encerra.

Vocês precisam entender que o Buda da Medicina, quando apresentado desse


modo, é o Esplendor da Total Perfeição.

Ele é aquele que concede os kaias, os corpos da Iluminação e o estado desperto


atemporal.

Por que? Porque o Buda da Medicina, é o próprio Buda Primordial. O Buda


Primordial não-dual com a nossa própria existência.

Então, nós entendemos a não-dualidade da nossa condição confusa originada


dos doze elos da originação dependente – nós a entendemos como expressão
luminosa da natureza última, inseparável do Buda Primordial. O Buda da
Medicina, portanto, é o veículo pelo qual nós, partindo de nossa enfermidade,
chegamos a isso – quando a fruição dessa visão se instala a prática está
completa.

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